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GINECOLOGIA ABORDAGEM SINDRÔMICA 2024 @casalmedresumos É expressamente proibida a reprodução, parcial ou total, do conteúdo, conforme preceitua a lei 9610/98. O uso e a reprodução desautorizada do material imputa em crime de violação de direito autoral, que está previsto no artigo 184 do Código Penal, sob o risco de detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. Se você compactua de qualquer forma com a reprodução indevida, saiba que está cometendo CRIME. O seu acesso é concedido pela plataforma da Kiwify, detentora do programa DRM Social (Digital Right Management), que possui um conjunto de tecnologias que são aplicadas visando inibir a reprodução e/ou compartilhamento indesejado de arquivos digitais. São monitorados acessos suspeitos e envios indevidos dos arquivos fornecidos a você, que são protegidos por senha, com seu nome e CPF na forma de marca d’água no rodapé de todas as páginas. SÍNDROMES DE TRANMISSÃO SEXUAL NEOPLASIAS GINECOLÓGICAS CICLO MENSTRUAL, SÍNDROME PRÉ- MENSTRUAL, INCONTINÊNCIA URINÁRIA E DISTOPIA GENITAL AMENORREIA, SOP, INFERTILIDADE E INCONGRUÊNCIA DE GÊNERO SANGRAMENTOS GINECOLÓGICOS BENIGNOS, DISMENORREIA, ANTICONCEPÇÃO E CLIMATÉRIO 5 13 27 35 42 ABORDAGEM SINDRÔMICA GINECOLOGIA Quais as possibilidades? (1) Síndrome do CORRIMENTO GENITAL/URETRAL Trato Genital Inferior Vulvovaginites Cervicites Trato Genital Superior DIP (2) Síndrome da ÚLCERA GENITAL (3) Síndrome da VERRUGA GENITAL 1. Vulvovaginites Mais comuns: vaginose > candidíase > tricomoníase Vaginose Bacteriana Agente: - POLIMICROBIANA! GARDNERELLA VAGINALIS Bacterioides sp Mobiluncus sp Mycoplasma hominis Peptoestreptococcus sp Quadro Clínico: - METADE É ASSINTOMÁTICA! - ODOR: fétido, piora após o coito e menstruação - CORRIMENTO: acinzentado e homogêneo Diagnóstico: CRITÉRIOS DE AMSEL (3 dos 4) (1) Corrimento branco-acinzentado, fino, homogêneo (2) pH vaginal > 4,5 (3) Teste das aminas (Whiff) positivo (4) Microscopia direta: clue-cells De acordo com o MS, o PADRÃO-OURO PARA DIAGNÓSTICO é o GRADIENTE DE NUGENT (GRAM) = número de bactérias e lactobacilos patogênicos (escore > 7). Tratamento: - METRONIDAZOL 250MG 2CP VO 12/12H 7 DIAS OU - METRONIDAZOL CREME VAGINAL 100MG/G 1X/NOITE 5 DIAS No tratamento tópico, idealmente se abster de relações sexuais para aumentar a eficácia do tratamento. Reforçar o uso pela noite! - NÃO PRECISA TRATAR PARCEIRO! - A PRESENÇA ISOLADA DE GARDENERELLA NÃO INDICA O TRATAMENTO. - EVITAR ÁLCOOL DURANTE O TRATAMENTO E ATÉ 24H APÓS O SEU TÉRMINO (EFEITO ANTABUSE) SE RECORRENTE: METRONIDAZOL GEL 10 DIAS + ÁCIDO BÓRICO 21 DIAS + METRONIDAZOL GEL 2X/SEMANA 4-6 MESES esquema promissor segundo o MS, mas que ainda requer validação com estudo prospectivo randomizado. E NA GRAVIDEZ E PUERPÉRIO? - TEM QUE TRATAR! Segundo o MS, o metronidazol pode ser usado! Candidíase Agente: - CANDIDA SP. Principalmente ALBICANS - Se de repetição (4 ou + episódios/ano): Desconfiar de não-albicans Fatores de Risco: - Gravidez, obesidade, ACO de alta dose de estrogênio, corticoide, imunossupressão, hábitos de higiene, vestuário, antibióticos, DM descompensado Quadro Clínico: - SINAIS INFLAMATÓRIOS: PRURIDO (!), disúria, dispareunia, edema, hiperemia - ODOR: sem odor - CORRIMENTO: grumoso, branco, aderido Diagnóstico: (1) Prurido, corrimento branco aderido, em nata (2) pH vaginal < 4,5 (!) (3) Teste das aminas (Whiff) negativo (4) Microscopia direta: hifas e pseudo-hifas. Tratamento: - MICONAZOL CREME 2% LOCAL 7 NOITES OU - NISTATINA CREME 100.000UI LOCAL POR 14 NOITES OU DETALHE: orientar abstinência sexual durante o tratamento para aumentar a eficácia da medicação. - FLUCONAZOL 150MG VO DU - ITRACONAZOL 100MG 2CP VO 12/12H 1 DIA SE RECORRENTE (> 4/ANO): FLUCONAZOL D1, D4 e D7 OU ITRACONAZOL 100mg 2cp VO 12/12h 1 dia OU MICONAZOL creme 10-14 dias + FLUCONAZOL 150mg 1x/semana por 6 meses OU MICONAZOL creme 2x/semana por 6 meses OU ÓVULO VAGINAL 1x/semana por 6 meses - TRATAR PARCEIRO SOMENTE SE MANIFESTAÇÕES (ex: balanopostite) - O ACHADO ISOLADO DE CANDIDA NÃO INDICA O TRATAMENTO. E NA GRAVIDEZ? - FAZER TRATAMENTO TÓPICO! Síndromes de Transmissão Sexual @ casalmedresumos Imagem: MSD Manuals Imagem: Shutterstock Imagem: Dr. André Luiz Vasconcelos Imagem: researchgate.com 5 Tricomoníase Agente: TRICHOMONAS VAGINALIS Se tem trichomonas, houve contato sexual! Quadro Clínico: - SINAIS INFLAMATÓRIOS: irritação, hiperemia, prurido, COLPITE (COLO EM FRAMBOESA/ASPECTO TIGROIDE) - ODOR: fétido - CORRIMENTO: abundante, bolhoso, purulento Diagnóstico: (1) Corrimento amarelo-esverdeado, bolhoso, colo em framboesa (2) pH > 5 (3) Teste das aminas (Whiff) pode estar positivo (4) Microscopia direta: protozoário móvel Obs: corrimento bolhoso também pode estar presente na vaginose! Tratamento: - METRONIDAZOL 400MG, 5COMP VO, DU OU - METRONIDAZOL 250MG 2CP 12/12H VO - CDC: tinidazol e secnidazol são opções - NÃO PODE CREME E NÃO PODE CLINDAMICINA! - O ACHADO ISOLADO DE TRICHOMONAS INDICA O TRATAMENTO! Se tem trichomonas, houve contato sexual! - CONVOCAR PARCEIRO E TRATAR PARCEIRO (!) + - RASTREAR OUTRAS DST (!) - Cuidado com o EFEITO ANTABUSE! E NA GRAVIDEZ E PUERPÉRIO? - TEM QUE TRATAR! Segundo o MS, o metronidazol pode ser usado! Ilustrando... Diagnóstico Diferencial... VULVOVAGINITE INESPECÍFICA Causa mais comum de corrimento vaginal na infância, relacionado a erros de higiene, vestuário... Não tem agente etiológico específico O diagnóstico é de EXCLUSÃO (exame físico, exame a fresco, EPF (é comum a oxiuríase “passear” entre a região anal e a vagina) O tratamento é feito com medidas de higiene, modificação de vestuário, banhos de assento, tratamento das verminoses Se corrimento vaginal de repetição na infância que não responde ao tratamento citado acima, pensar em CORPO ESTRANHO. VAGINITE DESCAMATIVA Corrimento purulento pH alcalino Predomínio de células profundas, basais e parabasais, ↑PNM Flora vaginal tipo 3 (cocos gram positivos). Tratamento com clindamicina creme local a 2% 5g 7 dias. VAGINOSE CITOLÍTICA Leucorreia Prurido pH < 4,5 Sem patógenos a microscopia. Aumento de lactobacilos e citólise. Tratamento com ducha vaginal e alcalinização com bicarbonato. VAGINITE ATRÓFICA Corrimento amarelado Prurido pH > 5 Sem patógenos à microscopia ↑PNM (!) e de células basais/parabasais. Tratamento com estrogênio tópico. 2. Cervicites ABAIXO DO ORIFÍCIO EXTERNO: CERVICITE ACIMA DO ORIFÍCIO INTERNO: DIP Agentes: - GONOCOCO E CLAMÍDIA Fatores de Risco: - Transmissão sexual (DST clássica) - Coitarca precoce - IST/DIP prévias - Parceiro com IST Clínica/Diagnóstico: - CORRIMENTO CERVICAL PURULENTO, COLO HIPEREMIADO, FRIÁVEL, SINUSORRAGIA E DISPAREUNIA. Tratamento: - CEFTRIAXONE 500MG IM DU + - AZITRO 500MG, 2CP VO DU OU - DOXICICLINA 100MG VO, 2X/DIA, 7 DIAS Complicação: - DIP Candidíase Tricomoníase Vaginose Imagem: Pinterest Imagem: sanarmed.com 6 3. Uretrites “TUDO IGUAL A CERVICITE!” Clínica: - CORRIMENTO URETRAL PURULENTO Tratamento: GRAM DISPONÍVEL? DIPLOCOCO GRAM NEGATIVO INTRACELULAR Negativo: trata clamídia Positivo: trata gonococo e clamídia GRAM NÃO DISPONÍVEL? TRATA GONOCOCO E CLAMÍDIA! E A BARTOLINITE? Já foi questão da USP! Conceito: INFECÇÃO NA GLÂNDUA DE BARTOLIN Agentes: GONOCOCO, CLAMÍDIA E OUTROS Clínica: DOR IMPORTANTE Conduta: DRENAGEM (↑recorrência), MARSUPIALIZAÇÃO ou BARTOLINECTOMIA. 4. Doença Inflamatória Pélvica (DIP) Qualquer espectro clínico que se manifeste acima do orifício interno, é considerado como DIP! Ex: endometrite, salpingite... Agentes: - GONOCOCO E CLAMÍDIA (agentes primários) e depois POLIMICROBIANA - Em usuárias de DIU: pensar em ACTINOMYCES ISRAELLI Fatores de Risco: - IST prévia, coitarca precoce, tampão, ducha, múltiplos parceirosDiagnóstico: 3 MAIORES + 1 MENOR OU 1 ELABORADO (3) Critérios Maiores “as 3 dores” - Dor hipogástrica - Dor anexial - Dor à mobilização do colo (1) Critérios Menores “sinal de infecção clínica ou laboratorial” - Febre, leucocitose, VHS/PCR↑, cervicite... - Comprovação de gonococo, clamídia ou micoplasma (1) Critérios Elaborados “vejo a doença” - Endometrite na biópsia - Abscesso tubo-ovariano ou no fundo de saco (USGTV/RNM) - DIP na laparoscopia Tratamento: Classificando... CLASSIFICAÇÃO DE MONIF: Estágio 1: sem peritonite Estágio 2: com peritonite Estágio 3: oclusão de trompa/abscesso tubo-ovariano Estágio 4: abscesso > 10cm ou roto Tratando... Ambulatorial: estágio 1 (sempre reavaliar em 48-72h) Hospitalar: estágios 2, 3 e 4. Hospitalar: gravidez, ausência de melhora após 72h, intolerância ou baixa adesão ao tratamento, estado geral grave (febre, vômitos), dificuldade na exclusão de emergência cirúrgica (apendicite, ectópica), imunocomprometidos ATENÇÃO! No estágio 4, o tratamento, além de hospitalar, também é cirúrgico. Pacientes especiais NÃO ESQUEÇA! - Gestantes - Imunocomprometidos - Sem melhora após 72h Esquemas: Tratamento Ambulatorial: - CEFTRIAXONE 500MG IM DU + - METRONIDAZOL 400-500MG 12/12H VO 14 DIAS + - DOXICICLINA 100MG VO 12/12H 14 DIAS Tratamento Hospitalar: - CEFTRIAXONE 1G IV 14 DIAS + - METRONIDAZOL 400MG IV 12/12H 14 DIAS + - DOXICICLINA 100MG 12/12H VO 14 DIAS OU - CLINDAMICINA 900MG 8/8H IV + - GENTAMICINA 2MG/KG IV (ataque) + 1,5MG/KG 8/8H (manutenção) NÃO SE ESQUECER DE CONVOCAR, TRATAR PARCEIRO E RASTREAR DST (!) Tratamento Cirúrgico Quando? FALHA DO TRATAMENTO CLÍNICO MASSA PÉLVICA QUE PERSISTE OU AUMENTA, APESAR DO TRATAMENTO SUSPEITA DE ROTURA DE ABSCESSO TUBO-OVARIANO ABSCESSO DE FUNDO DE SACO DE DOUGLAS HEMOPERITÔNIO Tratamento/Situações Especiais: - Parceiros dos últimos 2 meses: TRATAR com CEFTRIAXONE 500mg IM + AZITROMICINA 1G VO DU - Adolescentes: NÃO REQUEREM INTERNAÇÃO DE ROTINA - Gestantes: INTERNAÇÃO COM ATBTERAPIA IV - Usuárias de DIU: NÃO HÁ NECESSIDADE DE REMOÇÃO IMEDIATA. Se ausência de melhora com o tratamento, retira, caso há tenham sido feitas 2 doses de ATB (para evitar translocação bacteriana na retirada). SEMPRE HOSPITALAR! Imagem: clinicarubensdoval.com.br Imagem: souenfermagem.com.br Imagem: Netter 7 Complicações: PRECOCES ABSCESSO TUBO-OVARIANO FASE AGUDA DA SÍNDROME DE FITZ HUGH CURTIS: exsudato purulento na cápsula de Glisson (fígado) MORTE TARDIAS DISPAREUNIA DOR PÉLVICA CRÔNICA INFERTILIDADE PRENHEZ ECTÓPICA FASE CRÔNICA DA SFHC: aderências em corda de violino na cápsula de Glisson Considerações Finais: Valorizar a clínica e o exame físico Correlacionar com o B-HCG quantitativo Lembre que gravidez ectópica é diagnóstico diferencial! Se tratamento ambulatorial: SEMPRE REAVALIAR em 48-72h Se dúvida: internar e fazer avaliação evolutiva comparativa USGTV: é peça-chave no diagnóstico de complicações LAPAROSCOPIA: é diagnóstica e terapêutica nos casos de massa pélvica que permanecem ou aumentam de tamanho apesar de ATBterapia. 5. Úlceras Genitais TRÊS PERGUNTAS PRÁTICAS PARA O DIAGNÓSTICO! Múltiplas? - Sim: herpes, cancro mole, donovanose - Não: sífilis, linfogranuloma Dolorosas? - Sim: herpes (base limpa), cancro mole (base suja) - Não: sífilis, linfogranuloma, donovanose Adenopatia com fistulização? - Sim: cancro mole (único orifício), linfogranuloma (múltiplos orifícios) - Não: herpes, sífilis, donovanose* (*) Não configura adenopatia, na verdade. São os corpúsculos de Donovan. Sífilis Agente: - TREPONEMA PALLIDUM Formas Clínicas: Primária: CANCRO DURO (ÚNICA, INDOLOR, QUE SOME SOZINHA) Secundária: CONDILOMA PLANO (principalmente mãos/pés), ROSÉOLA, SÍFILIDES, MADAROSE Terciária: GOMAS, TABES DORSALIS, ANEURISMA AÓRTICO, ARTROPATIA DE CHARCOT Diagnóstico Laboratorial: - TREPONÊMICO (teste rápido, FTA-ABS, TPHA, EQL): POSITIVA PRIMEIRO - NÃO TREPONÊMICO (VDRL, RPR): POSITIVA EM 1-3 SEMANAS O MS RECOMENDA AMBOS PARA O DIAGNÓSTICO! TREPONÊMICO REAGENTE + NÃO TREPONÊMICO REAGENTE = DIAGNÓSTICO CONFIRMADO Iniciar o tratamento com ambos positivos Ideal: primeiro teste rápido Se discordantes: solicitar 3º teste E na gestante? 1 teste positivo: INICIAR TRATAMENTO e aguardar o resultado do segundo teste Obs: o padrão-ouro para diagnóstico na sífilis primária é o EXAME EM CAMPO ESCURO (colhe material e identifica). Interpretando a Sorologia: Ñ TREPONÊMICO TREPONÊMICO INTERPRETAÇÃO NEGATIVO NEGATIVO Não é sífilis ou é janela imunológica NEGATIVO POSITIVO Precoce ou curada POSITIVO NEGATIVO Falso-positivo POSITIVO POSITIVO Não tratada ou tratada recentemente ATENÇÃO! NÃO TREPONÊMICO (EX: VDRL) Rastreio e seguimento TREPONÊMICO (EX: FTA-ABS) “Tem ou teve sífilis” Síndrome de Fitz Hugh Curtis Imagem: extranet.hgf.ce.gov.br Imagens: mdsaude.com e MSD Manuals | Google 8 Tratamento: - Primária, Secundária, Latente Recente (< 1 ano): PB 1x 2,4M UI IM - Terciária/Latente Tardia (> 1 ano): PB 3x 2,4M UI IM - Intervalo semanal entre as doses, com tolerância de até 9 dias (mudança recente MS 2023)! Se passar desse período, reiniciar o esquema! - TRATAR PARCEIRO E RASTREAR OUTRAS DST! Controle de cura: - VDRL TRIMESTRAL 3, 6, 9 e 12 meses (GERAL) - VDRL MENSAL até 12 meses (GESTANTES) Tratamento Inadequado na Gestação: Quando? Incompleto ou com outra medicação que não a penicilina Iniciado há menos de 30 dias do parto Se gestante alérgica a penicilina? DESSENSIBILIZAÇÃO! Se não der certo: estearato de eritromicina! Herpes Agente: - HERPES SIMPLEX TIPO 2 (GENITAIS) - HERPES SIMPLEX TIPO 1 (ORAIS) Clínica/Diagnóstico: - VESÍCULAS (!) E ÚLCERAS DOLOROSAS E LIMPAS; ADENOPATIA DOLOROSA QUE NÃO FISTULIZA. - Geralmente lesões em MÚLTIPLOS ESTÁGIOS EVOLUTIVOS! - Se PRIMOINFECÇÃO: MIALGIA, ARTRALGIA, SINAIS SISTÊMICOS... Podem estar associados! Métodos Diagnósticos Possíveis: - Citologia: citodiagnóstico de TZANCK (multinucleação e balonização celular) - Papanicolau: inclusões virais - Sorologia: elevação dos títulos em 4 semanas - Imunofluorescência direta: anticorpos monoclonais Tratamento: PRIMOINFECÇÃO/RECORRÊNCIA: - ACICLOVIR 200MG 2CP 3X/DIA POR 7-10 DIAS + SINTOMÁTICOS - Se recorrência: 5 dias SUPRESSÃO (se > 6 episódios/ano): - ACICLOVIR 200MG 2CP 2X/DIA POR 6 MESES E NA GESTANTE? - IGUAL, mas avaliar aciclovir em tratamento supressivo a partir de IG > 36 semanas para reduzir o risco de lesão ativa próximo do parto LESÃO HERPÉTICA ATIVA CONTRAINDICA O PARTO NORMAL (indicação absoluta de cesariana). É questão clássica de prova! Cancro Mole ou Cancroide Agente: - HAEMOPHILUS DUCREYI Clínica/Diagnóstico: - MÚLTIPLAS ÚLCERAS DOLOROSAS, COM FUNDO SUJO; ADENOPATIA QUE FISTULIZA PARA UM ÚNICO ORIFÍCIO. Métodos Diagnósticos Possíveis: - Bacterioscopia (GRAM ou GIEMSA): cocobacilos gram-negativos em paliçada ou impressão digital ou disposição “em cardume de peixe” ou em cadeias isoladas. Tratamento: - AZITROMICINA 500mg 2CP VO DU OU CEFTRIAXONE 250MG IM DU - CONVOCAR, TRATAR PARCEIRO E RASTREAR OUTRAS DST! Linfogranuloma Venéreo Agente: - CHLAMYDIA TRACHOMATIS sorotipos L1, L2 E L3 Atenção: uretrite, cervicite e DIP = sorotipos D a K Clínica/Diagnóstico: - PÁPULA/ÚLCERA INDOLOR, ADENOPATIA DOLOROSA QUE FISTULIZA (MÚLTIPLOS ORIFÍCIOS/“BICO DE REGADOR”) Métodos Diagnósticos Possíveis: - Bacterioscopia (GRAM): inclusões intracelulares - Teste de Frei - Fixação de Complemento: reação cruzada com outras infecções por clamídia. Se altos títulos (> 1:64) ou elevação em 4x em 2 semanas = doença atual - Imunofluorescência: IgG > 1:64 ou IgM > 6 - Cultura: células McCoy ou HeLa Tratamento: - DOXICICLINA 100MG VO 12/12H 21 DIAS - 2ª opção: AZITROMICINA 500MG 2CP 1X/SEMANA 21 DIAS - TRATAR PARCEIRO SINTOMÁTICO COM O MESMO ESQUEMA! - Parceiro assintomático:AZITRO 500MG 2CP VO DU OU DOXICILINA 100MG VO 12/12H 7 DIAS E na gestação? - AZITROMICINA 500mg 2cp VO 1x/semana por 21 DIAS Imagem: drakeillafreitas.com.br Imagem: mdsaude.com + google imagens Imagem: Importância do Diagnóstico Clínico-Laboratorial do HS2 na Gestação | Carlos Alberto Medeiros Neto e colaboradores Imagens: tuasaude.com 9 Mnemônico para Clamídia C cervicite L linfogranuloma A adenite M múltiplas fistulizações I imunofluorescência Di doxiciclina A azitromicina Donovanose Agente: - KLEBSIELLA (CALYMMATOBACTERIUM) GRANULOMATIS Clínica/Diagnóstico: - ÚLCERA PROFUNDA, INDOLOR E CRÔNICA; BIÓPSIA COM CORPÚSCULOS DE DONOVAN. - “QUADRO ARRASTADO QUE PARECE CÂNCER” - LESÕES EM ESPELHO Métodos Diagnósticos Possíveis: - Esfregaço com coloração de Wright, Giemsa ou Leishman ou Histopatológico: corpúsculos de Donovan (corpos intracelulares com largas células mononucleares) Tratamento: - AZITROMICINA 500mg 2P VO 1X/SEMAMA 21 DIAS OU ATÉ CICATRIZAÇÃO - Segunda opção: DOXICICLINA 100MG VO 12/12H 21 DIAS OU ATÉ CICATRIZAÇÃO RESUMO PARA A PROVA... Sífilis sem dor sem fistulização some Cancro mole com dor na úlcera com fistulização no linfonodo Linfogranuloma linfonodo fistuliza (bico de regador) Herpes úlcera dói, mas é limpa; tem vesícula Donovanose úlcera crônica e indolor ABORDAGEM SINDRÔMICA PELO MS Em casos de escassez de métodos diagnósticos, podemos seguir o seguinte algoritmo de acordo com o MS: ÚLCERA > 4 SEMANAS? NÃO SIM VESÍCULAS? Tratar: - Linfogranuloma - Sífilis - Donovanose - Cancroide SIM! Tratar: - Herpes NÃO! Tratar: - Sífilis - Cancroide Violência Sexual CONDUTAS BUROCRÁTICAS - ACOLHIMENTO à vítima. Não exigir BO ou perícia para atender. - PACIENTE: tem o direito a lavrar um BO e de se submeter ao exame de corpo de delito - PROFISSIONAL DE SAÚDE: comunicar à autoridade policial em caso de indícios ou confirmação do crime de estupro (Portaria 2.561 de Setembro/2020 REVOGADA). Atualmente (2023), NÃO HÁ OBRIGAÇÃO DE COMUNICAR A AUTORIDADE POLICIAL! - NOTIFICAÇÃO compulsória IMEDIATA ao SINAN - NOTIFICAÇÃO ao Conselho Tutelar ou Vara da Infância (criança: < 12 anos; adolescente: < 18 anos) CONDUTAS MÉDICAS - PROFILAXIA IST NÃO VIRAIS (prazo para início: 14 dias) Sífilis PENICILINA BENZATINA 2.400.00 U IM DU Gonorreia CEFTRIAXONE 500mg IM DU Clamídia Cancroide AZITROMICINA 1g VO DU Tricomoniase METRONIDAZOL 2g VO DU Resumindo... “ABCM” A = azitromicina; B = benzetacil; C = ceftriaxone M = metronidazol - PROFILAXIA IST VIRAIS HIV (até 72 horas) ESQUEMA COMBINADO Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir por 28 dias Hepatite B (início até 24-48h, máximo 14 dias) VACINAÇÃO: 0, 1 e 6 meses (deltoide) IMUNOGLOBULINA 0,06ml/kg: (glúteo) HPV VACINAÇÃO: se 9-45 anos para não vacinados Se 9-14 anos: 2 doses Se 14-45 anos: 3 doses ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA LEVONORGESTREL 1,5MG VO (o mais rápido possível, preferencialmente até 72h, no máximo até 5 dias) - Para quem? Mulheres e adolescentes expostas a gravidez contato certo ou duvidoso com sêmen, independente do período do ciclo menstrual em que se encontrem, que tenham tido a primeira menstruação e que estejam antes da menopausa. - SÓ EM EJACULAÇÃO VAGINAL (não vale para anal). Imagem: medcentersauderio.com.br Imagens: hpvonline.com.br 10 E se a paciente engravidar? É DIREITO: Evoluir com a gravidez Evoluir com a gravidez e encaminhar a criança para adoção Interromper a gestação PROCEDIMENTOS DE INTERRUPÇÃO TERMO DE RELATO CIRCUNSTANCIADO - Detalhamento de como ocorreu o agravo - Assinado pela gestante, perante dois profissionais de saúde BOLETIM DE OCORRÊNCIA - Não há necessidade aqui! PARECER TÉCNICO - Médico: anamnese, exame físico geral e ginecológico; avaliação do laudo USG. É necessário que haja correlação entre a idade gestacional e a data que ocorreu o evento. TERMO DE APROVAÇÃO DE INTERRUPÇÃO - Atenção e avaliação especializada por parte da equipe multiprofissional* (*) 3 integrantes: obstetra, anestesista, enfermeiro, assistente social ou psicólogo (3 destes 5 tem que assinar) TERMO DE RESPONSABILIDADE - Assinatura da gestante com advertência sobre os crimes de falsidade ideológica e de abortamento. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - Linguagem acessível, declaração expressa sobre a decisão voluntária e consciente da interrupção da gravidez. 6. Verrugas Genitais Papiloma Vírus Humano (HPV) Características Gerais: - DNA VÍRUS (família Papoviridae) - INFECTA EPITÉLIOS ESCAMOSOS (lesões cutaneomucosas “verrugas genitais” = CONDILOMA ACUMINADO) - MAIS DE 200 TIPOS (40 acometem o trato anogenital) 3 cursos clínicos possíveis - Ficar de forma LATENTE nas células: o organismo debela a infecção - Manifestação CLÍNICA (verrugas) - Manifestações SUBCLÍNICAS (detectadas pela colpocitologia) Transmissão: - ATIVIDADE SEXUAL: qualquer tipo - Parto: excepcional - RN: lesões cutaneomucosas, papilomatose recorrente de laringe Subtipos de HPV: MAIS ONCOGÊNICOS 16: carcinoma de células escamosas 18: adenocarcinoma BAIXO RISCO ONCOGÊNICO 6 e 11: condilomas genitais, papilomas laríngeos Prevenção da Infecção pelo HPV: PRESERVATIVO MASCULINO E FEMININO Transmissão: microabrasões na mucosa ou na pele Proteção PARCIAL durante a relação sexual (existe possibilidade de contágio via contato da pele da região perineal e bolsa escrotal) VACINA ANTI-HPV VLP’s (Vírus-Like Particles) BIVALENTE QUADRIVALENTE HPV: 16/18 (por reação cruzada, também cobre alguns outros sorotipos. Ñ cobre exclusivamente 16 e 18) Recomendação do fabricante: 3 doses: 0, 1, 6 meses HPV: 6/11/16/18 Recomendação do fabricante: 3 doses: 0, 2, 6 meses Recomendação do MS: (!) Meninos e Meninas 9-14 anos: 2 doses: 0, 6 meses OBS: se passar dos 14 anos e não vacinar, basta tomar a vacina no particular (perde a gratuidade) Imunossuprimidos 9-45 anos: 3 doses: 0, 2, 6 meses (*) Se imunossuprimido: requer prescrição médica NONAVALENTE HPV: 6/11/16/18 + 31/33/45/52/58 disponível somente na rede PARTICULAR! Meninos e Meninas 9-14 anos: 2 doses Meninos e Meninas > 15 anos: 3 doses Após os 45 anos: somente com prescrição médica (*) Transplante de órgãos sólidos, transplantes MO, oncológicos, PVHIV Diagnóstico: CLÍNICO lesões típicas (CONDILOMA ACUMINADO, lesões “EXOFÍTICAS”, semelhantes a “crista de galo”) BIÓPSIA Quando? Dúvida Lesões atípicas Sem resposta ao tratamento Lesões suspeitas em paciente com imunodeficiência Suspeita de CA Como proceder em gestantes? PRÉ-NATAL Objetivo: Remoção das lesões Opções: ÁCIDO TRICLOACÉTICO (ATA) EXÉRESE CIRÚRGICA COM ELETROCAUTÉRIO OU TANGENCIAL (SHAVING): grande número de lesões e/ou extensa área acometida Contraindicados pela TERATOGENICIDADE: PODOFILINA, 5-FLURACIL e IMIQUIMODE PARTO - Via OBSTÉTRICA. Cesariana: em casos de OBSTRUÇÃO DO CANAL DE PARTO. A conduta em não gestantes veremos com mais detalhes no resumo de CA de colo uterino! Imagens: tuasaude.com 11 FIXAÇÃO DO CONTEÚDO VULVOVAGINITES pH < 4,5 Candidíase Clue-Cells Vaginose Sempre tratar parceiro Tricomoníase Protozoário móvel Tricomoníase Hifas e pseudo-hifas Candidíase Não trata com metronidazol Candidíase Comum em crianças Inespecífica (relação com corpo estranho e condições higiênicas precárias) DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) Patógenos primários Gonococo e Clamídia Patógeno da DIP em usuárias de DIU Actinomyces israelli Critérios Maiores ou Mínimos Presença de DOR Critérios Menores ou Adicionais Alterações no exame físico e/ou exames laboratoriais Critérios Elaborados ou Definitivos Procedimentos diagnósticos elaborados (USGTV, RNM, BX por HSC, LSC) Conduta na endometrite Tratamento ambulatorial (reavaliar em 48-72h) Conduta na salpingite sem peritonite Tratamento ambulatorial (reavaliar em 48-72h) Condutano abscesso tubo- ovariano íntegro Internação + ATB IV Conduta no abscesso tubo- ovariano roto e abscesso de fundo de saco de Douglas Internação + ATB IV + Cirurgia ÚLCERAS GENITAIS Úlcera indolor que desaparece + linfadenopatia sem fistulização Sífilis primária Lesões em vários estágios evolutivos ou úlceras múltiplas, dolorosas, fundo limpo, linfadenopatia sem fistulização Herpes genital Fistuliza em bico de regador Linfogranuloma venéreo Úlceras dolorosas com fistulização em orifício único Cancro mole Úlcera crônica, indolor, em espelho, sem fistulização, diagnóstico por biópsia Donovanose VIOLÊNCIA SEXUAL Primeira escolha nas ISTs não virais ABC + M Tempo ideal para profilaxia antiretroviral do HIV Primeiras 24h: ideal Até 72h: máximo Primeira escolha na profilaxia antiretroviral do HIV TDF + 3TC + DTG Tempo ideal para imunoprofilaxia contra a hepatite B em não imunizadas ou que desconhecem o status vacinal Vacina 0, 1, 6 Imunoglobulina 48h (ideal) até 14 dias (máximo) Método de escolha e tempo ideal para anticoncepção de emergência Levonorgestrel Ideal: até 72h Máximo: 5 dias Imagem: Adobe Stock 12 1. Afecções Benignas das Mamas Mastalgia Adensamento e cisto Derrame Papilar Nódulo mamário Processos inflamatórios Derrame Papilar Saída de secreção pela papila CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICA PATOLÓGICA Descarga Provocada Espontânea Ductos Multiductal Uniductal Lateralidade Bilateral Unilateral Cor Multicolorida Aquosa/Sanguínea Frequência/Intensidade Esporádica Profusa/Persistente GALACTORREIA Láctea, bilateral PSEUDODERRAMES Papilas invertidas, erosões traumáticas, lesões eczematoides AFBM Seroesverdeado ECTASIA DUCTAL Amarelo-esverdeado Espesso PAPILOMA INTRADUCTAL Sanguinolento (50%) Serossanguinolento (50%) CARCINOMA Água de rocha ou sanguinolento GRAVIDEZ Sanguinolento/Láctea MASTITE Purulento ATENÇÃO! Principal causa de derrame papilar: PAPILOMA INTRADUCTAL Segunda principal causa: CARCINOMA Diagnóstico: ANAMNESE Uso de fármacos? (ex: plasil, ranitidina, neurolépticos, ACO, etc) Risco para CA de mama? EXAME FÍSICO É realmente um derrame? É espontâneo ou provocado? Qual a coloração? Pesquisar características Identificar o ponto de gatilho Há nódulo palpável? CITOPATOLOGIA Se negativa, NÃO EXCLUI CÂNCER MAMOGRAFIA Excluir nódulos e microcalcificações USG DAS MAMAS Complementar à MMG Indicada em jovens (< 40 anos) A RESSONÂNCIA é excelente alternativa, apesar do alto custo e ↓disponibilidade Quando suspeitar de malignidade? ESPONTÂNEO, UNIDUCTAL, UNILATERAL “ÁGUA DE ROCHA” OU SANGUINOLENTO Como investigar os nódulos suspeitos? USG ou MMG Se normais: CIRURGIA (ressecção ductal) Escolha do ducto para ressecar: EXPRESSÃO RADIAL Se alteradas: INVESTIGAR conforme a anormalidade encontrada Tratamento: FISIOLÓGICO - ORIENTAÇÃO: não requer investigação ou tratamento GALACTORREIA - SUSPENSÃO DO MEDICAMENTO: se causa farmacológica - CABERGOLINA/BROMOCRIPTINA: se micro/macroadenoma - CIRURGIA: se sintomas compressivos PATOLÓGICO - BIÓPSIA CIRÚRGICA: Lembre que o somente o citopatológico negativo não exclui CA! Papiloma: EXÉRESE DO DUCTO PRINCIPAL Câncer: DEPENDE DO TAMANHO E HISTOPATOLÓGICO/IMUNOHISTOQUÍMICA Adensamentos e Cistos Conceitos: - Fazem parte das ALTERAÇÕES FUNCIONAIS BENIGNAS DAS MAMAS - Acompanhadas de MASTALGIA CÍCLICA (relação com ciclo menstrual) ADENSAMENTOS: área de endurecimento localizado CISTOS: etapa involutiva do lóbulo mamário DERRAME PAPILAR: bilateral, multiductal, seroesverdeado. Não faz parte da tríade. A clássica é mastalgia + adensamentos + cistos. Diagnóstico: ANAMNESE - Dor mamária cíclica - História de cistos EXAME FÍSICO - Inespecífico para a dor - Espessamentos mamários - Tumor (benigno) mais nas regiões centrais, móvel, firme-elástico, indolor - Descarga papilar seroesverdeada, multiductal, bilateral USG DAS MAMAS CISTOS Anecoico Bem delimitado Lateral > vertical REFORÇO acústico posterior Cápsula ecogênica Sombra lateral Mastite Puerperal Neoplasias Ginecológicas @ casalmedresumos Afec. Funcionais Benignas das Mamas (AFBM) Fibroadenoma Imagem: drpixel.fcm.unicamp.br 13 Tratamento: MASTALGIA CÍCLICA - ORIENTAR/TRANQUILIZAR: excluir câncer, medicar o mínimo, sustentação adequada ADENSAMENTO - ACOMPANHAR: excluir câncer (exame de imagem, normalmente USG), não requer tratamento CISTOS - EXPECTANTE! - PAAF TERAPÊUTICA: se dor associada, macrocistos - CIRURGIA: se > 2 recidivas, PAAF com saída de material sanguinolento, massa residual após PAAF, nódulo sólido Nódulos Mamários Definição/Classificação: - Lesões identificadas em 3 dimensões: C x L x P CARACTERÍSTICAS BENIGNIDADE MALIGNIDADE MOBILIDADE Móveis Aderidos CONSISTÊNCIA Firme e elástica Endurecida/pétrea CONTORNO/MARGENS Regulares Definidas Irregulares Indefinidas DERRAME PAPILAR - Sanguinolento ou água de rocha OUTROS - Retração da pele e/ou papilar Invasão de pele ou da parede torácica Diagnóstico: ANAMNESE Identificar fatores de risco EXAME FÍSICO É realmente um nódulo? Móvel ou aderido? Regular ou irregular? Fibroelástico ou pétreo? PAAF Se DP + líquido amarelo-esverdeado e sem lesão residual fazer USG/MMG de acordo com idade Se > 2 recidivas, derrame papilar sanguinolento, massa residual ou nódulo sólido USG/MMG de acordo com idade + BIÓPSIA USG MAMAS DIFERENCIA nódulo sólido x cístico Útil nos casos de MMG INCONCLUSIVA (BIRADS 0) Avaliação em JOVEM e GESTANTE NÓDULO SUSPEITO Ecos irregulares Contornos irregulares Vertical > lateral SOMBRA acústica posterior RESSONÂNCIA Indicações: complementar a investigação em pacientes com prótese mamária, múltiplas cirurgias prévias, BIRADS 0, jovens com alto risco de câncer... Desvantagens: não mostra lesões < 2mm ou microcalcificação... Não é rastreio de câncer! MAMOGRAFIA No caso da avaliação de nódulos palpáveis: É DIAGNÓSTICA! No caso de lesões subclínicas: RASTREAMENTO! Incidências: Mediolateral oblíqua - Aparece axila e grande peitoral - Diz se o nódulo é superior ou inferior Crâniocaudal - Não aparece axila e grande peitoral - Diz se o nódulo é medial/interno ou lateral/externo Classificação de BIRADS BIRADS 0: inconclusiva (ex: densa) Conduta: USG, RNM ou MMG com compressão e magnificação BIRADS 1: nenhuma alteração (só mama) Conduta: repetir de acordo com a idade BIRADS 2: alterações benignas (regular, homogêneo, calcificação grosseira, em pipoca) Conduta: repetir de acordo com a idade BIRADS 3: duvidosa (provavelmente benigna) Conduta: repetir em 6 meses e acompanhar por 3 anos (6/6 meses no 1º ano e depois anual). Se nesses 3 anos a conclusão é de que se trata de um nódulo benigno, ele acaba sendo reclassificado como BIRADS 2. BIRADS 4-5: suspeita/fortemente suspeita (espiculado, microcalcificação pleomórfica, letra chinesa, agrupada) Conduta: biópsia + avaliação histopatológica BIRADS 6: achados com malignidade confirmada (acompanhamento) Craniocaudal NÓDULO SUSPEITO NO USG Mediolateral Oblíqua Imagem: vitalimagem.com.br 14 Como fazer a biópsia? AMBULATORIAL CORE BIOPSY Punção com agulha grossa Para NÓDULOS MAMOTOMIA Biópsia percutânea a vácuo Para MICROCALCIFICAÇÕES Core biopsy é mais fácil de se realizar e mais disponível. A mamotomia é mais cara, menos disponível, tem risco de complicação de pneumotórax, mas tem a vantagem de obter um fragmento maior da lesão. CIRÚRGICA (padrão-ouro) Se ausência de Core Biopsy/Mamotomia ou biópsia ambulatorial negativa com alta suspeita de câncer... INCISIONAL: Retira PARTE do tumor Útil para lesões MAIORES EXCISIONAL: Retira TODO o tumor Útil para lesões MENORES Também é o método de escolha para CISTO SUSPEITO E como funciona a biópsiade lesões não palpáveis na ausência de mamotomia? - Utiliza-se o FIO DE KOPANS para MARCAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA POR ESTEROTAXIA. Pode ser útil nos casos de microcalcificações em que a mamotomia não está disponível. RECAPITULANDO A CONDUTA NOS NÓDULOS MAMÁRIOS PRIMEIRO: EXAME CLÍNICO Sugere benignidade: móvel, regular, fibroelástico, sem retração Sugere malignidade: aderido, irregular, duro, com retração de pele Atenção: metade dos CA de mama são encontrados no QUADRANTE SUPERIOR EXTERNO (onde tem mais glândula). SEGUNDO: PAAF (diz se é sólido ou cístico) OU EXAME DE IMAGEM (direto, sem PAAF, para evitar “agulhada”, também é conduta possível) Se líquido amarelo-esverdeado: não deve ser CA (pode descartar, não precisa análise citológica) = MMG OU USG DE ACORDO COM A IDADE (se > 40 anos, optar por MMG). Se líquido sanguinolento, > 2 recidivas (mesmo se 2x multicolor), massa residual ou nódulo sólido: BIÓPSIA (antes da biópsia, tem que fazer exame de imagem) Nódulos Mamários Benignos FIBROADENOMA - ASSINTOMÁTICO (maioria) - FIBROELÁSTICO, BEM DELIMITADO, NÃO ADERIDO A PLANO PROFUNDO - JOVENS: 20-35 ANOS - EXÉRESE SE: > 35 anos, aumento de tamanho - Histopatológico: ESTROMA HIPOCELULAR TUMOR FILOIDES - Pacientes 30-50 anos - CRESCIMENTO RÁPIDO - RECORRÊNCIA LOCAL - Parece fibroadenoma que cresce rápido: tem que fazer biópsia para confirmar que é tumor filoides! - Conduta: RESSECÇÃO COM MARGEM CIRÚRGICA - Histopatológico: ESTREOMA HIPERCELULAR ESTEATONECROSE - Nódulo APÓS TRAUMA (trauma recente e em mulher jovem!). Desaparece sozinho - Mais comum em MAMAS VOLUMOSAS PAPILOMA INTRADUCTAL - Paciente 30-50 anos - Derrame papilar sanguinolento (50%) ou serossanguinolento (50%) - Nódulo ÚNICO - Incisão justa ou peri- areolar - Conduta: EXÉRESE DO DUCTO ACOMETIDO Imagem: American Câncer Society Imagem: UNIFESP Imagem: FEBRASGO Imagens: Dr. Renato | Ultrassom Lifeson Imagens: pt.wikipedia.org 15 Mastalgia Tipos: CÍCLICA VARIA COM O CICLO fase lútea tardia Bilateral principalmente em quadrante superior lateral ACÍCLICA SEM ASSOCIAÇÃO COM O CICLO EXTRA-MAMÁRIA PAREDE TORÁCICA/OUTROS SÍTIOS (angina pectoris, zooster...) CARACTERÍSTICAS DOR CÍCLICA DOR ACÍCLICA INÍCIO 3ª década 4ª década VARIAÇÃO C/CICLO Sim Não LOCALIZAÇÃO Bilateral Difusa Unilateral Localizada Pode ser bilateral (ex: atletas) TIPO Peso Hipersensibilidade Queimação Pontada EXAME FÍSICO Inespecífico Pobre Pode apresentar alterações Causas: CÍCLICA AFBM ACÍCLICA ECTASIA DUCTAL MASTITE ADENOSE ESCLEROSANTE EXTRAMAMÁRIA SÍNDROME DE TIETZE: inflamação da articulação costocondral DOENÇA DE MONDOR: tromboflebite de veias superficiais do tórax e da parte superior do abdome NEVRALGIA INTERCOSTAL CONTRATURA MUSCULAR Diagnóstico: - ANAMNESE + EXAME FÍSICO: avaliar a necessidade de exames complementares de acordo com os achados - RX DE TÓRAX: pode ser importante para excluir causas não-mamárias - MMG ou USG: podem ser importantes para excluir câncer Conduta: EXPECTANTE (!) - ORIENTAÇÃO: esclarecimento, sustentação mecânica da mama - AVALIAR TRATAMENTO SOMENTE SE: Sintomas > 6 meses ou Alterações das atividades diárias e/ou de qualidade de vida MEDICAMENTOSO - NÃO É CURATIVO! - TAMOXIFENO: mais eficaz (10mg/dia por 3-6 meses). Usar apenas em casos excepcionais para a mastalgia benigna! - DANAZOL: única droga liberada pelo FDA! Efeito colateral: hiperandrogenismo. - ANALGÉSICOS + AINE: se dor extramamária Mastite Puerperal Aguda 2ª a 5ª semana do puerpério Causas: - Pega incorreta, fissura mamária, estase láctea, má higiene Agente Etiológico: - S. AUREUS (principal pela maioria das referências) - S. EPIDERMIDIS Diagnóstico: - Clínico: SINAIS FLOGÍSTICOS + FEBRE Tratamento: - MANTER ALEITAMENTO - MELHORAR SUSTENTAÇÃO DA MAMA - ATB: CEFALEXINA Complicação: - ABSCESSO MAMÁRIO Imagem: shutterstock.com | MatoomMi Imagens: pt.wikipedia.org 16 2. Afecções Malignas das Mamas Câncer de Mama Definição: - Proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os ductos ou lóbulos mamários História Natural: - A MAIORIA obedece a seguinte sequência: Epitélio normal Hiperplasia epitelial típica Hiperplasia epitelial atípica Carcinoma intraductal (ou ductal in situ) ou intralobular (ou lobular in situ) Carcinoma invasor Segundo a maioria das fontes, a lesão PRECURSORA do câncer de mama é o carcinoma INTRADUCTAL/DUCTAL in situ. A lesão INTRALOBULAR/LOBULAR IN SITU, seria um MARCADOR DE RISCO. Entretanto, algumas fontes também consideram o intralobular como lesão precursora. Fatores de Risco: MUITO IMPORTANTE SABER EM ONCOLOGIA GINECOLÓGICA! SEXO FEMININO IDADE > 40 ANOS HISTÓRIA DE CA DE MAMA HISTÓRIA FAMILIAR POSITIVA EXPOSIÇÃO AOS ESTRÓGENOS Menarca precoce Menopausa tardia Nuliparidade Primiparidade idosa Dieta rica em gordura e obesidade Terapia hormonal/ACO (*polêmica na literatura) MUTAÇÕES BRCA1/2 LESÕES DE RISCO Hiperplasia ductal atípica Hiperplasia lobular atípica Carcinoma lobular in situ OBSERVAÇÃO Todos (exceto CA in situ, hiperplasia atípica e sexo feminino) também valem para CA de ovário! NÃO CONSTITUEM FATORES DE RISCO PEGADINHAS DE PROVA! Ectasia ductal Hamartoma Fibroadenoma Adenoma não esclerosante AFBM/Cistos Metaplasia apócrina/escamosa Fibrose Mastite Tipos Histológicos: - Lesões precursoras: ductal e lobular in situ - Ductal infiltrante: tipo invasor + comum (prognóstico melhor). - Lobular infiltrante: bilateral e multicêntrico (prognóstico pior). - CA inflamatório: pior prognóstico, metastização precoce, localmente avançado (‘invade pele’ ‘casca de laranja’). - Doença de Paget: unilateral, evolução lenta, destrói papila, ausência de prurido, não responde a CTC, evolução centrífuga. Diagnóstico com biópsia (glândula mamária + PELE). É importante diferenciar com eczema! Rastreamento: Antes de começar... POPULAÇÃO DE ALTO RISCO Parente de 1º grau com história de CA de mama antes dos 50 anos Parente de 1º grau com história de CA de ovário ou CA de mama bilateral Parente masculino com história de CA de mama Lesões atípicas ou CA lobular in situ Mutações BRCA1 e BRCA2 Radioterapia entre 10-30 anos de idade Ministério da Saúde - População de risco habitual: MMG BIENAL 50-69 ANOS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES - Desde 2015, o MS NÃO RECOMENDA O ENSINO DO AUTOEXAME DAS MAMAS e o PRÓPRIO EXAME CLÍNICO PELO MÉDICO como método de rastreamento. - População de alto risco: NÃO FOI ABORDADO pelo MS pelas Diretrizes de 2015. CBR/SBM/FEBRASGO - População de risco habitual: MMG ANUAL 40-69 ANOS** ** Se > 70 anos: pode prolongar o rastreamento, mas deve-se levar em consideração APENAS pacientes com expectativa de vida maior que 7 anos que podem ser submetidas a tratamento de câncer, considerando suas comorbidades. - População de alto risco: MMG ANTES DOS 40 ANOS Para as pacientes com alto risco para câncer de mama, recomenda-se estratégia de rastreamento individualizada para cada uma em consulta com seu especialista. O benefício esperado deve sempre ser pesado contra os riscos envolvidos, lembrando que a mama jovem pode ser mais sensível ao efeito carcinogênico da radiação. Lembrar também que em mamas densas, mais comuns nessa faixa etária, não só a sensibilidade da mamografia está diminuída, como a dose de radiação dispensada pelo mamógrafo é maior. Panorama Geral Eczema Doença de Paget - Uni ou bilateral (geralmente bi) - Não destrói papila - Responde ao corticoide - Unilateral - Destrói papila - Ñ responde ao corticoide Doença de Paget MMG é o melhor exame para rastreamento, inclusive para usuárias de prótese! 17 Tratamento: Tipos de Cirurgia Conservadora - Quando? IN SITU, < 20% DA MAMA - Opções: SEGMENTECTOMIA/QUADRANTECTOMIA - É OBRIGATÓRIA A REALIZAÇÃO DE RT ADJUVANTE/PÓS- OPERATÓRIA! - Contraindicações: doença multicêntrica, relação mama/tumor ruim,impossibilidade de rádio pós-operatória e gestação (relativa) Radical/Mastectomia - Quando? > 20% DA MAMA, MULTICÊNTRICO OU CONTRAINDICAÇÃO A CG CONSERVADORA SIMPLES: sem esvaziamento axilar (só tira mama e pele) HALSTED: tira os 2 peitorais (“radical”) +/- esvaziamento axilar PATEY: tira o peitoral menor (“pai = tira o irmão caçula da briga”) +/- esvaziamento axilar MADDEN: deixa os 2 peitorais (“mãe = boazinha”) +/- esvaziamento axilar Se Tumor Infiltrante = AVALIAR AXILA! BIÓPSIA DE LINFONODO SENTINELA Primeiro linfonodo a drenar a região tumoral SE NEGATIVO: EVITA DISSECÇÃO AXILAR RADICAL NÃO PRECISA FAZER SE LINFONODO PALPÁVEL OU TUMOR LOCALMENTE AVANÇADO ATENÇÃO! SE LINFONODO SENTINELA POSITIVO, MAS SOMENTE COM 2 LINFONODOS, EXISTE UMA TENDÊNCIA A EVITAR O ESVAZIAMENTO CLÁSSICO. ESVAZIAMENTO AXILAR RADICAL Complicação clássica: ESCÁPULA ALADA (lesão do NERVO TORÁCICO LONGO = INERVA O MÚSCULO SERRÁTIL ANTERIOR). Outra complicação possível: ALTERAÇÕES SENSITIVAS NA FACE MEDIAL DO BRAÇO (lesão do NERVO INTERCOSTOBRAQUIAL) Pausa antes de prosseguir... TIPOS DE CÂNCER DE ACORDO COM A IMUNOHISTOQUÍMICA LUMINAL A TRIPLO NEGATIVO HER-2 Receptor Estrogênio + - Receptor Progesterona + - Superexpressão HER-2 - - + Ter receptor hormonal é bom, pois favorece algumas modalidades terapêuticas! QT Adjuvante Quando? - TUMORES > 1CM - LINFONODO POSITIVO (> N1) - METÁSTASE HEMATOGÊNICA (M1) - SUPEREXPRESSÃO DO HER-2 - RECEPTOR HORMONAL NEGATIVO DETALHES! Total de 6-8 ciclos Iniciar em torno de 4-6 semanas após a cirurgia (ou em até 20 dias após, se receptor hormonal negativo) QT Neoadjuvante Quando? - FEITA ANTES DA CIRURGIA PARA REDUZIR O TUMOR (> 5-6CM) - TUMOR LOCALMENTE AVANÇADO - SE FIZER, NÃO PRECISA QT ADJUVANTE DEPOIS. ATENÇÃO! NA NEOPLASIA DE MAMA, GERALMENTE NÃO SE FAZ QT NEOADJUVANTE + QT ADJUVANTE. OU É UMA, OU É OUTRA! RT Adjuvante Quando? - SE FIZER, FAZER APÓS A QT! - APÓS CIRURGIA CONSERVADORA - TUMORES > 4CM Hormonioterapia - SE FIZER, FAZER APÓS A QT! Se fizer antes, é deletério! - NÃO TER RECEPTOR HORMONAL = MAU PROGNÓSTICO! - SE RECEPTOR ESTROGÊNIO POSITIVO TAMOXIFENO NA PRÉ-MENOPAUSA (antagonista para mama, mas agonista para endométrio) OU INIBIDORES DE AROMATASE NA PÓS-MENOPAUSA POR 5 ANOS. Terapia Alvo Dirigida - TRASTUZUMABE SE SUPEREXPRESSÃO DE HER2 (relação com pior prognóstico e agressividade). - LAPATINIBE SE FALHA OU DOENÇA METASTÁTICA Imagem: pesquisaclinica.roche.com.br Imagem: A.D.A.M 18 3. Câncer de Ovário Fatores de Risco: HISTÓRIA FAMILIAR (↑3x) Menacme longa Idade (+/- 60 anos) Nuliparidade (↑30-60%) Mutação BRCA (síndrome CA mama-ovário hereditária) Indutores de ovulação Síndrome de Lynch II Tabagismo (subtipo mucinoso) Dieta rica em gordura Obesidade Fatores de Proteção: - AMAMENTAÇÃO: inibe a função ovariana - USO DE ANOVULATÓRIOS: quimioprevenção (reduz 50% do risco) - SALPINGO-OOFORECTOMIA PROFILÁTICA: considerar em casos de mutação BRCA - LAQUEADURA TUBÁRIA: ↓vascularização p/ o ovário (reduz 30% do isco) Rastreamento: - A MAIORIA DAS FONTES NÃO RECOMENDA PARA AS POPULAÇÕES DE BAIXO RISCO! Em síndromes genéticas, existem algumas recomendações! RASTREIO (não há consenso!) SÍNDROMES GENÉTICAS RISCO HABITUAL Semestral a Anual Dosar CA-125 USGTV - Anual Exame pélvico Dopplerfluxometria Exame pélvico USGTV Diagnóstico: CLÍNICA E USG = SUSPEITA! CARACTERÍSTICAS BENIGNO MALIGNO IDADE Menacme Pré e pós-menacme ASCITE Não Sim MOBILIDADE Móvel Fixo CONSISTÊNCIA Cístico Endurecido/Sólido SEPTOS Ausentes ou finos Espessos: > 3mm PAPILAS Ausentes Presentes: > 4 ACOMETIMENTO Unilateral Bilateral FUNDO DE SACO Liso Nodular DOPPLER – IR (índice de resistência) Alto < 0,4 DIAGNÓSTICO DEFINITIVO: HISTOPATOLÓGICO! Se tem “suspeita”, é laparotomia + biópsia! Mnemônico S sólida U USG doppler com baixa IR (< 0,4) S septada (principalmente espesso) P papilas E espessamento de parede I irregular T tamanho > 8-10cm A antes/após menacme (criança e mulher após menopausa) FIQUE DE OLHO NOS EXTREMOS! Se essa lesão apareceu em uma pré-púbere, a chance de ser maligna é de 50%. Tumor de ovário em criança: metade é câncer! Se mulher no menacme, geralmente é folículo, corpo lúteo que não involuiu... A conduta é expectante! Essa é a questão que mais cai de tumor de ovário. E a mulher menopausada? Volte a pensar em malignidade. E o CA 125? PRINCIPAL MARCADOR! PONTOS NEGATIVOS: PODE ESTAR NORMAL NAS FASES INICIAIS DO CÂNCER (por isso não serve como rastreio) É INESPECÍFICO (também aumenta em DIP, mioma, gravidez, adenomiose, etc) PONTOS POSITIVOS: COMPLEMENTA a avaliação tumoral Útil para o ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO Panorama Geral dos Marcadores: CA-125 Epitélio celômico Tumores epiteliais VR < 35 Pouco específico CA 19.9 Também conhecido como antígeno de Lewis Tumores mucinosos (especificidade = 80%) VR < 40 HCG AFP Coriocarcinomas Embrionários/Germinativos Tumor trofoblastico de sítio placentário CEA Tumores mucinosos Tumores embrionários DHL Disgerminoma 4. Tumores Benignos dos Ovários Não neoplásicos Neoplásicos CISTOS FUNCIONAIS (folicular/corpo lúteo) ENDOMETRIOMAS ABSCESSO TUBO- OVARIANO TERATOMA BENIGNO: pode torcer e gerar abdome agudo CISTOADENOMA (seroso e mucinoso) Se mucinoso: grandes volumes, pode evoluir com pseudomixoma peritoneal STRUMA OVARII: massa anexial + crise tireotóxica FIBROMAS: relacionado à SÍNDROME DE MEIGS TUMOR DE BRENNER: também podem estar relacionados à síndrome de MEIGS, são compostos por CÉLULAS CUBOIDES CLARAS conhecidas como NINHOS DE CÉLULAS DE WALTHARD. CORPO LÚTEO HEMORRÁGICO - É o 2º cisto funcional mais comum (o 1º é o folicular) - Pode haver DOR ABDOMINAL, MASSA ANEXIAL, ATRASO MENSTRUAL (diagnóstico diferencial com gravidez ectópica) - USG evidencia SANGUE DENTRO DO FOLÍCULO (aspecto HETEROGÊNEO/RETICULAR) - Doppler evidencia ANEL DE FOGO - A maioria REGRIDE ESPONTANEAMENTE a conduta é analgesia e observar - Se hemorragia intensa e instabilidade hemodinâmica: cirurgia SÍNDROME DE MEIGS TU DE OVÁRIO BENIGNO (geralmente fibroma) + ASCITE + DERRAME PLEURAL A cirurgia nos tumores benignos é CONSERVADORA (ex: OOFOROPLASTIA) Imagens: Research Gate | drdanielpaulino.com.br CORPO LÚTEO HEMORRÁGICO + ANEL DE FOGO TERATOMA 19 UMA COMPLICAÇÃO DOS CISTOS FUNCIONAIS É A TORÇÃO OVARIANA - Pode ocorrer com FOLÍCULOS DE GRANDES DIMENSÕES (> 8CM), que acabam gerando maior risco de torção, ruptura e hemorragia. - É causa de ABDOME AGUDO EM MULHERES (dor pélvica aguda, relacionada a posição, esforço e relação sexual + massa anexial palpável dolorosa ao toque vaginal + leucocitose). - A conduta é LAPAROSCOPIA (“tempo é parênquima ovariano”) - Se menacme = TENTAR PRESERVAR OVÁRIO - Se necrose intensa = OOFORECTOMIA 5. Tumores Malignos dos Ovários EPITELIAIS ADENOCARCINOMA SEROSO: mais comum ADENOCARCINOMA MUCINOSO: pseudomixoma peritoneal Pseudomixoma = adenocarcinoma mucinoso ou tumor de apêndice. GERMINATIVO DISGERMINOMA: germinativo maligno + comum TERATOMA IMATURO: pseudopuberdade precoce CORDÃO SEXUAL ANDROBLASTOMA: secreta androgênio (questão USP 2016) TUMOR DE KRUKENBERG METÁSTASE ADVINDA DO TGI: células em anel de sinete Não existe células em anel de sinete no ovário! Se encontrar, só pode ser metástase... 6. Estadiamento/Tratamento dos Tumores de Ovários Estadiamento: IA: Apenas em um ovário IB: Bilateral IC: Cápsula rota ou Citologia positiva II: pelve III: abdome IV: metástase for a do abdome Já adiantando... Em casos de tumores bem diferenciados (IA/IB/G1/G2) e idade fértil, podemos avaliar salpingooforectomia unilateral, preservando outro o outro ovário para reprodução! Disseminação: - TRANSCELÔMICA (principal) e LINFÁTICA Disseminação em ginecologia é principalmenteLINFÁTICA, exceto o ovário, que tem disseminação principalmente transcelômica! Tratamento: CISTO FUNCIONAL A MAIORIA REGRIDE, COM OU SEM ANTICONCEPCIONAL. O ACO previne a formação de novos cistos funcionais, mas não promove a regressão do já existente. Se persistir após 6-8 semanas, podemos optar por manter observação ou por fazer LAPAROSCOPIA + BIÓPSIA DE CONGELAÇÃO DA PEÇA EM SALA CIRÚRGICA. PROVAVELMENTE BENIGNA (TERATOMA/ADENOMA...) Parte direto para LAPAROSCOPIA + BIÓPSIA DE CONGELAÇÃO. SE “SUSPEITA”/MALIGNO: LAPAROSCOPIA + BIÓPSIA DE CONGELAÇÃO + REFERENCIAR PARA ONCOGINECO E depois da biópsia de congelação? - SE NEGATIVA PARA MALIGNIDADE: TRATAMENTO LAPAROSCÓPICO (CISTECTOMIA, OOFOROPLASTIA) - SE POSITIVA PARA MALIGNIDADE: LAPAROTOMIA/LAPAROSCOPIA + completar estadiamento com BIÓPSIAS PERITONEAIS + HISTERECTOMIA TOTAL + SALPINGO-OOFORECTOMIA BILATERAL + OMENTECTOMIA INFRACÓLICA + RESSECAR IMPLANTES E LINFONODOS PÉLVICOS E PARA-AÓRTICOS Se jovem IA/IB/GI (bem diferenciado) + desejo de gestação: avaliar salpingo- ooforectomia UNILATERAL para preservar função reprodutiva! E os tumores BODERLINE? - COM pretensão reprodutiva: CONSERVADOR (salpingooforectomia unilateral ou cistectomia em ovário único ou tumor bilateral) - SEM pretensão reprodutiva: RADICAL (histerectomia total e salpingooforectomia bilateral) - Fazer em AMBAS AS SITUAÇÕES: Lavado peritoneal Omentectomia Múltiplas biópsias Apendicectomia: a depender da histologia do tumor QT ADJUVANTE Quando? > IC ou tumor indiferenciado (G3) É para quase todo mundo... Geralmente descobrimos em fase mais tardia, visto que não há rastreamento para a população geral! Você só não faria para IA e IB; e G2 (moderadamente diferenciado) e G1 (bem diferenciado). Difícil acontecer! Organizando o tratamento... (1) CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA (VLSC/ROBÓTICA) OU LAPAROTOMIA EXPLORADORA (2) CITOLOGIA PERITONEAL (de lavado ou líquido ascítico) (3) AVALIAÇÃO DA PELVE Se radical: histerectomia total e salpingooforectomia bilateral Se conservador: salpingooforectomia unilateral (4) AVALIAÇÃO DO ABDOME Biópsias peritoneais e exérese de implantes Omentectomia infracólica (5) AVALIAÇÃO DE LINFONODOS PÉLVICOS E PARA-AÓRTICOS Linfadenectomia pélvica: rotina Linfadenectomia paraórtica: somente se biópsia de congelação de linfonodos pélvicos for positiva. Alguns serviços, entretanto, também recomendam de rotina. Polêmico na literatura. (6) QT ADJUVANTE: Se > IC ou tumor indiferenciado (G3) LEMBRE! Se jovem IA/IB/GI (bem diferenciado): avaliar salpingo-ooforectomia UNILATERAL para preservar função reprodutiva! institutobuenorj.com.br 20 7. Hiperplasia e Câncer de Endométrio Fatores de Risco: - Obesidade (principal), idade > 60 anos, nuliparidade, raça branca, anovulação crônica, menacme longo (menarca precoce e menopausa tardia), DM, hiperplasia atípica, HAS (polêmica na literatura) Fatores de Proteção: - Multiparidade, tabagismo (cuidado) (!), ACO, qualquer AC com progesterona, DIU de progesterona “PROGESTERONA = PROTEÇÃO” PAUSA! Perceba que O TABAGISMO É FATOR PROTETOR EM VÁRIAS DOENÇAS HIPERESTROGÊNICAS: câncer de endométrio, miomatose uterina, endometriose... Para iniciar... Sangramento uterino anormal + mulher menopausada = pensar em? Atrofia (30%) Terapia hormonal (30%) CA de endométrio (15%) Hiperplasia de endométrio (5%) Suspeita Ultrassonográfica: - Menopausa + Endométrio: 4-5mm sem TH 8mm com TH Suspeita Colpocitológica: - CÉLULA ENDOMETRIAL APÓS MENOPAUSA Diagnóstico: - Se clínica (SUA persistente), fatores de risco (história familiar, etc) e/ou USG suspeitos (espessura > 4-5mm): realizar INVESTIGAÇÃO ENDOMETRIAL com BIÓPSIA PARA ESTUDO HISTOPATOLÓGICO. Como? Cureta de Novak Curetagem uterina Histeroscopia com biópsia dirigida (sob visualização direta) = padrão ouro Quais os possíveis achados? PÓLIPOS Tipos: Cervical (10%): ou não causa nada, ou causa SINUSIORRAGIA Endometrial: maioria ASSINTOMÁTICOS Diagnóstico: Suspeita: USG Confirmação: histeroscopia Conduta: Polipectomia por histeroscopia LESÕES PRECURSORAS/CÂNCER - Hiperplasias (precedem 80% dos CA de endométrio) - Hiperplasia é laudo histopatológico! - Tipos de hiperplasia (OMS): SIMPLES SEM ATIPIA (1% vira câncer); COMPLEXA SEM ATIPIA (3%); simples com atipia (8%); COMPLEXA COM ATIPIA (29%). Pelo International Endometrial Group... “Dividiram apenas como “com ou sem atipia” BENIGNA OU SEM ATIPIA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL ENDOMETRIAL (NIE) OU ATÍPICA Tratamento das Hiperplasias BENIGNA OU SEM ATIPIA - Abordar fatores de risco, terapia medicamentosa e observar - Biópsia endometrial a cada 6 meses - Padrão: PROGESTERONA - Histerectomia: se pós-menopausa ou falha no tratamento clínico NIE OU COM ATIPIA - Biópsia endometrial a cada 3 meses - Padrão: HISTERECTOMIA TOTAL + SOB* + COLETA DE LAVADO PERITONEAL (*) salpingooforectomia bilateral algumas referências indicam - Progesterona: se desejo de gestar ou alto risco cirúrgico Diferentes Classificações vs Manejo OMS IECG ACOG Categorização Funcional Manejo Simples Sem atipia Hiperplasia Benigna Efeito Estrogênico Progesterona Complexa Sem atipia Simples Com atipia Hiperplasia Atípica ou NIE Pré-câncer Cirurgia ou Progesterona Complexa Com atipia Adenocarcinoma Adenocarcinoma Câncer Estadiamento Particularidades TIPOS PATOGÊNICOS: - TIPO I: Exposição ao estrogênio ↓Grau Menor invasão miometrial Bom prognóstico - TIPO II: Sem exposição ao estrogênio ↑Grau Maior invasão miometrial Endométrio atrófico Pacientes mais velhas/magras Mau prognóstico TIPOS HISTOLÓGICOS - Adenocarcinoma ENDOMETRIOIDE é o mais comum (84%) VIA DE DISSEMINAÇÃO - LINFÁTICA: mais comum - Invasão do miométrio e colo por contiguidade são comuns ESTADIAMENTO: - CIRÚRGICO! - A RESSONÂNCIA pode avaliar a INVASÃO MIOMETRIAL/CERVICAL, bem como LINFONODOS ACOMETIDOS e METÁSTASES RESUMÃO DO TRATAMENTO - LAPAROTOMIA = estadiamento e tratamento (HT abdominal + lavado peritoneal + anexectomia bilateral + linfadenectomia) OBS: linfadenectomia é dispensada no estádio IAG1 - RADIOTERAPIA: se > 50% de invasão miometrial (> IB) - QUIMIOTERAPIA: se metástase (“ultrapassou o útero”) Imagem: clicazago.com.br Imagem: fernandoguastella.com.br Imagem: wikipedia.pt 21 8. Lesões Precursoras Cervicais e CA de Colo Uterino Conceitos Fundamentais: ASC-US/ASC-H Atipia escamosa de significado indeterminado/alto grau Células ESCAMOSAS LIE-BG Lesão intraepitelial de baixo grau LIE-AG/CA IN SITU Lesão intraepitelial de alto grau AGC Atipia glandular cervical Células GLANDULARES Sempre avaliar endométrio! ADENOCARCINOMA IN SITU Histologia do Colo Uterino: - Vulva, vagina e colo de útero*: predomina o epitélio ESCAMOSO - Canal cervical: predomina o epitélio COLUNAR (*) Detalhe em relação a histologia do colo uterino: - Endocérvice: predomínio do epitélio COLUNAR - JEC: junção escamo-colunar aqui pode haver o processo de METAPLASIA ESCAMOSA (é fisiológico = epitélio escamoso “cobrindo” o epitélio colunar, gerando o aparecimento dos CISTOS DE NABOTH, que também são fisiológicos) - Ectocérvice: predomínio do epitélio ESCAMOSO Fatores de Risco: - INFECÇÃO PELO HPV - COITARCA PRECOCE - MÚLTIPLOS PARCEIROS - IST’S - Outros: ACO combinados orais (indiretamente relacionados pela redução no uso de preservativos), TABAGISMO, baixa imunidade, multiparidade, desnutrição, má higiene genital, baixo nível socioeconômico, radiação ionizante HPV: - Mais oncogênicos: 16 (!) e 18 - Condilomas genitais: 6 e 11 (baixo potencial oncogênico) Achados citológicos compatíveis com o efeito citopático do HPV: COILOCITOSE, DISCARIOSE e DISCERATOSE. Prevenção Primária: CONDOM + VACINA* (*) VACINA ANTI-HPV VLP’s (Vírus-Like Particles partículas semelhantes a vírus) BIVALENTE QUADRIVALENTE HPV: 16/18 (por reação cruzada,também cobre alguns outros sorotipos. Ñ cobre exclusivamente 16 e 18) Recomendação do fabricante: 3 doses: 0, 1, 6 meses HPV: 6/11/16/18 Recomendação do fabricante: 3 doses: 0, 2, 6 meses Recomendação do MS: (!) Meninos e Meninas 9-14 anos: 2 doses: 0, 6 meses OBS: se passar dos 14 anos e não vacinar, basta tomar a vacina no particular (perde a gratuidade) Imunossuprimidos 9-45 anos: 3 doses: 0, 2, 6 meses (*) Se imunossuprimido: requer prescrição médica NONAVALENTE HPV: 6/11/16/18 + 31/33/45/52/58 disponível somente na rede PARTICULAR! Meninos e Meninas 9-14 anos: 2 doses Meninos e Meninas > 15 anos: 3 doses Após os 45 anos: somente com prescrição médica (*) Transplante de órgãos sólidos, transplantes MO, oncológicos, PVHIV IMPORTANTE! HÁ RECOMENDAÇÃO DE VACINAR MESMO SE JÁ HOUVER LESÃO ATIVA! COMO TRATAR O CONDILOMA ACUMINADO (HPV 6/11)? (1) ELETROCAUTÉRIO (LASER): se lesões EXTENSAS (2) ÁCIDO TRICOLOROACÉTICO: se lesões PEQUENAS. Boa alternativa em GESTANTES (não pode podofilina questão clássica de prova) (3) IMUNOMODULADORES: alternativa para tratamento DOMICILIAR Prevenção Secundária: (1º) Anamnese + Exame Físico + COLPOCITOLOGIA (2º) COLPOSCOPIA (3º) BIÓPSIA DIRIGIDA + ESTUDO HISTOPATOLÓGICO CLÍNICA - LIE/iniciais: ASSINTOMÁTICOS/SINUSIORRAGIA - Estágios avançados: DOR, CORRIMENTO FÉTIDO, SUA (metrorragia) - EXAME ESPECULAR + TOQUES VAGINAL/RETAL* (*) Importante para avaliar paramétrio (foco de metástase) Normal Cistos de Naboth Imagens: mdsaude.com Imagens: A.D.A.M 22 (*) RISCO CRESCENTE DE MALIGNIDADE NA COLPOSCOPIA: LESÃO ACETOBRANCA > PONTILHADO FINO > MOSAICO GROSSEIRO > VASOS ATÍPICOS PERCEBA OS TERMOS SUGESTIVOS DE MALIGNIDADE: “DENSO”, “GROSSEIRO”, “IODO NEGATIVO”, “VASOS ATÍPICOS”, “SUPERFÍCIE IRREGULAR”, “EROSÃO”, “ULCERAÇÃO” Estadiamento/Tratamento: Antes de prosseguir... TIPOS DE EXCISÃO EXCISÃO TIPO 1 - Doença ectocervical - Doença que não se estende mais de 1cm no canal cervical - Zona de Transformação do tipo 1 EXCISÃO TIPO 2 - Doença que ultrapassa a JEC - Exérese entre 1,5-2,0cm - Zona de Transformação do tipo 2 EXCISÃO TIPO 3 (“CONE”) - Maior profundidade de excisão - Maioria das NIC até 1cm do canal cervical - Exérese entre 2,0-2,5cm de canal - Zona de Transformação do tipo 3 COLPOCITOLOGIA (1) QUANDO COLHER? - 1x/ano e após 2 negativos passa a colher a cada 3 anos - Entre 25-64 anos, após sexarca - Se 64 anos + 2 normais nos últimos 5 anos: não precisa mais colher - Situações especiais: Gestante: igual a não-grávida HIV+: logo após a sexarca, 6/6m no 1º anos e depois anual, mas se CD4 < 200, mantém coleta de 6/6m Virgem: não colher Após histerectomia por doença benigna (ex: miomatose uterina) em história de lesão de alto grau: não precisa mais colher (2) COMO COLHER? COLETA “DUPLA” - Coleta ECTOCERVICAL: espátula de Ayre - Coleta ENDOCERVICAL: escova endocervical - Não esquecer de fixar o material na lâmina (3) COMO CONDUZIR? LIE-BG (LSIL) Repetir 6 meses (> 25 anos) ou 3 anos (< 25 anos). ASC-US Repetir (se menopausada: repetir a próxima com creme de estrógeno) 6 meses (> 30 anos) ou 12 meses (25-29 anos) ou 3 anos (< 25 anos). ASC-H Colposcopia AGC (AGUS) Colposcopia com avaliação de canal (escovado, curetagem ou histeroscopia) LIE-AG (HSIL) Colposcopia AOI (Atipia de Origem Indefinida) Colposcopia HIV + LIE-BG ou ASC-US Colposcopia Se macroscopicamente parece CA: Indicar biópsia (nem precisa da colposcopia se a lesão for ↑visível) COLPOSCOPIA + BIÓPSIA CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA! (1) ÁCIDO ACÉTICO - Coagulação de proteínas em áreas com muita mitose - ↑Atividade proteica fica acetobranca (2) TESTE DE SCHILLER (LUGOL) - O lugol tem trofismo pelo glicogênio! - ↓Glicogênio fica iodo negativo (Schiller +) Iodo positivo = Schiller negativo Iodo negativo = Schiller positivo CUIDADO! - Gestante = biópsia só na suspeita de invasão* (vasos atípicos + superfície irregular + erosão/ulceração) - Se insatisfatória (não viu JEC): avaliar canal endocervical. Como? Escovado endocervical Curetagem endocervical Histeroscopia (especial pacientes com AGC) (3) ESTUDO HISTOPATOLÓGICO: - Possibilidades: LESÕES INTRA-EPITELIAIS OU CA CERVICAL ORDEM CRESCENTE DE RISCO ACETOBRANCA PONTILHADO M.GROSSEIRO V. ATÍPICOS Imagens: Dr. Francisco J. Candido dos Reis (USP) Manual do Ministério da Saúde 23 NÃO CONFUNDA! - A conização é um tipo de excisão tipo 3! - A conização pode ser feita tanto com alça (via CAF), como com cone a frio. O termo CAF (Cirurgia de Alta Frequência) serviu para popularizar o método de excisão da ZT (zona de transformação) com Junção Escamocolunar (JEC) visível e até o primeiro centímetro do canal. Todavia, o termo CAF passou a ser utilizado indistintamente para biópsias e, com a disseminação das técnicas de conização por eletrocirurgia, tornou-se muito difícil saber qual procedimento realizado quando havia relato de uma mulher ter sido submetida a uma CAD. Para disciplinar o uso desses termos, o MS definiu que O TRATAMENTO EXCISIONAL AMBULATORIAL DEVERIA SER CHAMADO DE EZT (EXÉRESE DA ZONA DE TRANSFORMAÇÃO). Qualquer outra abordagem que tenha por objetivo retirar a ZT endocervical era denominada conização, independente do método utilizado para sua realização (por eletrocirurgia, por laser ou bisturi convencional). Agora vamos tratar! Feita a biópsia e o estudo histopatológico, lembre que temos duas possibilidades de resultados: NIC ou câncer cervical! (1) Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NIC) - NIC 1: expectante - NIC 1 persistente (2 anos): destrutivo (CRIOTERAPIA OU CAUTERIZAÇÃO) - NIC 2, NIC 3, CA in situ: exérese qual tipo de excisão escolher? EXCISÃO TIPO 3/CONIZAÇÃO, SE: Suspeita de invasão OU Sem limite da lesão OU JEC não visível (colposcopia insatisfatória). PROTOCOLO “VER E TRATAR” “EZT PULANDO A BIÓPSIA” - A estratégia “ver e tratar” consiste na INSTITUIÇÃO DE TRATAMENTO COM BASE EM UM TESTE DE RASTREAMENTO POSITIVO, SEM OUTROS TESTES DE DIAGNÓSTICO. - Pode propiciar um TRATAMENTO AMBULATORIAL, que pode ser feito na primeira consulta, em um menor tempo e MENOR TAXA DE PERDAS no seguimento. Esse método foi considerado viável e com boa aceitabilidade, quando comparado à conduta com biópsia prévia. - É indicada em MULHERES COM CITOLOGIAS CERVICAIS OU ACHADOS COLPOSCÓPICOS QUE SUGIRAM LESÕES DE ALTO GRAU. CONSTITUEM CONDIÇÕES PARA SE ADOTAR A ESTRATÉGIA “VER E TRATAR”: - PRESENÇA DE ACHADOS ANORMAIS MAIORES (ALTO GRAU – HSIL/LIE- AG) A PARTIR DOS 25 ANOS - JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR (JEC) VISÍVEL: ZONA DE TRANSFORMAÇÃO (ZT) TIPOS 1 OU 2; - LESÃO RESTRITA AO COLO (LIMITES VISÍVEIS) - AUSÊNCIA DE SUSPEITA DE INVASÃO OU DOENÇA GLANDULAR (“A LESÃO NÃO PARECE CÂNCER”) A ESTRATÉGIA “VER E TRATAR” NÃO É RECOMENDADA: - Em mulheres com citologia de ASC-US E LSIL; - Em mulheres ATÉ 24 ANOS COM ACHADOS COLPOSCÓPICOS MAIORES: devem ser submetidas à biópsia e, se esta for compatível com NIC 2/3, deve-se seguir a recomendação específica. (2) Câncer Cervical: - O MAIS COMUM É O EPIDERMOIDE (+ relacionado com HPV 16) - EM SEGUNDO LUGAR: ADENOCARCINOMA (+ relacionado ao HPV 18) Vias de Disseminação: - Primeiro lugar: CONTIGUIDADE (vagina e corpo uterino) - Segundo lugar: LINFÁTICA Grupo primário de linfonodos: paracervicais, obturadores, ilíacos; Grupo secundário de linfonodos: ilíacos comuns, para-aórticos e inguinais. - Terceiro lugar: HEMATOGÊNICA (fígado, pulmões, ossos) Estadiamento – FIGO 2018: CLÍNICO COMPLEMENTADO COM EXAMES DE IMAGEM (RESSONÂNCIA) - Estádio 0: carcinoma in situ (CONE é diagnóstico e terapêutico) - Estádio 1: restrito ao colo uterino (tamanho normal: 3,5-4cm) 1A1: < 3mm de profundidade 1A2: > 3-5mm de profundidade 1B1: > 5mm e < 2cm de profundidade 1B2: > 2-4cm de profundidade 1B3: > 4cm de profundidade- Estádio 2: 2A: parte superior da vagina 2A1: < 4cm 2A2: > 4cm 2B: invade paramétrio (a partir daqui, só QT) visto pelo toque retal - Estádio 3: 3A: terço inferior da vagina 3B: parede pélvica/hidronefrose/exclusão renal 3C1: linfonodo pélvico 3C2: linfonodo para-aórtico - Estádio 4: 4A: bexiga e reto 4B: metástase à distância Manual do Ministério da Saúde Imagem: doceru.com 24 Antes de prosseguir... TIPOS DE HISTERECTOMIA: Agora vamos tratar! - Estádio 0: EZT TIPO 3 (CONE) é diagnóstico e terapêutico - Estádio 1A1: padrão = HISTERECTOMIA TIPO 1 (se deseja gestação: cone ou traquelectomia) - Estádio 1A2: padrão = HISTERECTOMIA TIPO 2 (PIVER II) + LINFADENECTOMIA PÉLVICA - Estádio 1B1/1B2: padrão = HISTERECTOMIA TIPO 3 (WERTHEIM- MEIGS) - Estádio 1B3 ou 2A1: WERTHEIM-MEIGS ou QT/RT se ↑risco cirúrgico - Estádio > 2A2: QT/RT (*) Wertheim-Meigs: histerectomia total + retirada dos paramétrios e uterossacros + terço superior da vagina + linfadenectomia pélvica. Anexectomia não é obrigatória (individualizar). FIXAÇÃO DO CONTEÚDO! AFECÇÕES BENIGNAS DAS MAMAS Principal causa de mastalgia AFBM Principal causa de derrame papilar Papiloma intraductal Nódulo mamário benigno mais comum Fibroadenoma Principal exame de imagem em jovens USG de mamas Rastreamento de CA de mama MMG Agente etiológico das mastites S. aureus AFECÇÕES MALIGNAS DAS MAMAS Principal fator de risco CA Sexo feminino Mutações genéticas na síndrome de CA de mama e ovário hereditária Lócus do gene BRCA1 (17q21) Lócus do gene BRCA2 (13q12) Tipo histológico mais comum de CA Carcinoma ductal infiltrante Tipo de CA de mama bilateral Carcinoma lobular infiltrante Tipo de CA de mama de pior prognóstico Inflamatório Tendência à recorrência local Tumor filoides Escápula alada Lesão torácico longo QT no CA de mama? CA infiltrante RT no CA de mama Cirurgia conservadora BIRADS 4-5 Histopatológico BIRADS 1-2 Rotina AFECÇÕES MALIGNAS DOS OVÁRIOS Corpos psamomatosos Cistoadenocarcinoma seroso Corpúsculo de Shiller Duval Tumores do seio endodérmico Corpúsculos de Carl-Exner Tumores da teca-granulosa Pseudomixoma peritoneal Cistoadenocarcinoma mucinoso Células em anel de sinete Tumor de Krukenberg Síndrome de Meigs Fibroma e tumor de Brenner Principal fator de risco para CA História familiar Fatores de proteção Amamentação, ACO, ooforectomia, laqueadura tubária Forma mais precoce de disseminação Transcelômica Tipo histológico de pior prognóstico entre os epiteliais Carcinoma de células claras Metástases à distância Fígado, pulmão e cérebro HE e CA DE ENDOMÉTRIO Tipo mais comum Endometrioide Fatores de risco Estrogênio (SOP, menarca precoce, menopausa tardia, TRH com estrogênio, nuliparidade), diabetes, HAS, raça branca, idade > 60 anos Principal fator de risco Obesidade Fatores protetores Multiparidade, ACO, SIU de Progesterona, tabagismo Lesão precursora Hiperplasia endometrial atípica Tratamento das Hiperplasias Sem atipia: progesterona (ou HTA) Com atipia: HTA (ou progesterona) Diagnóstico Histeroscopia com biósia Tratamento CA de endométrio Estadiamento: pan- histerectomia + RT se > IB + QT se metástase a distância LIE E CA DE COLO Principal fator de risco HPV Tipos oncogênicos 16 e 18 Tipos histológicos Epidermoide (80%) Adenocarcinoma (15%) Disseminação Contiguidade, linfática, hematogênica Rastreamento Colpocitologia Início de rastreio MS: 25 anos (atividade sexual) Periodicidade Após 2 resultados anuais normais, coleta de 3-3 anos Interrupção do rastreio 64 anos Imagem: Hic et Nunc 25 9. Neoplasia Intraepitelial Vulvar (NIV) Conceitos Iniciais: - A CARCINOGÊNESE VULVAR pode partir de 2 lesões distintas: LÍQUEN ESCLEROSO ou INFECÇÃO PELO HPV 16/18. Ambas podem evoluir para uma neoplasia intraepitelial vulvar (NIV). Perceba que a NIV “diferenciada” nada tem a ver com a infecção por HPV! Quando se trata deste vírus, estamos nos referindo a NIV do tipo usual e carcinoma “indiferenciado”. Classificação das NIV: NIV ESCAMOSA NIV NÃO ESCAMOSA - Lesão de baixo grau de vulva (condiloma plano ou efeito citopático do HPV) - Lesão de alto grau de vulva (NIV usual) - NIV diferenciada - Doença de Paget - Melanoma in situ Não é o foco no momento! NIV ESCAMOSA Epidemiologia: NIV DIFERENCIADA NIV USUAL (LESÃO DE ALTO GRAU) - Rara - Pós-menopausa - Reconhecimento macroscópico mais difícil - Relacionada ao líquen escleroso - Sem relação com atividade sexual - Sem relação com tabagismo - Mais frequente - Menacme e pós-menopausa - Reconhecimento macroscópico mais fácil - Relacionada ao HPV - Relação com atividade sexual - Relação com tabagismo Histologia: NIV DIFERENCIADA NIV USUAL (LESÃO DE ALTO GRAU) - O termo “diferenciada” se refere justamente ao aspecto histológico - Atipia presente apenas na camada basal de epitélio com diferenciação mantida - Toda a espessura do epitélio está comprometida - Epitélio indiferenciado Características: NIV DIFERENCIADA NIV USUAL (LESÃO DE ALTO GRAU) - Rara - Tumores HPV-negativos - Pacientes IDOSAS - Associadas ao LÍQUEN ESCLEROSO - Lesão ECZEMATOSA - Lesão ERITROPLÁSICA - Lesão PAPULOSA Unifocal Hiperceratótica Branca Áreas negras Áreas eritroplásicas Aspecto verrucoso Conduta: - VULVECTOMIA SUPERFICIAL PARCIAL Excisão ampla da lesão Escolha para lesões pequenas unifocais Margem de segurança de 1cm em toda a extensão Curso Clínico: - A lesão de alto grau (NIV tipo usual) apresenta taxa de progressão de 5-87% e taxa de recorrência de 12-36% Fatores de Risco para Progressão/Recorrência: NIV DIFERENCIADA NIV USUAL (LESÃO DE ALTO GRAU) - Comprometimento de margens - Envolvimento de anexos cutâneos - Mutação do gene p53 - Origem virótica da lesão - Multifocalidade e multicentricidade da lesão - Comprometimento de margens - Envolvimento de anexos cutâneos 10. Câncer de Vulva Conceitos Iniciais: - Representa 4% das neoplasias malignas do trato genital inferior - É a 4ª neoplasia ginecológica mais prevalente - A maioria acomete a pele dos lábios - O acometimento de clitóris e glândulas vestibulares é raro Tipos Histológicos: - Carcinoma ESCAMOSO: 90% - Melanoma: 2-4% Fatores de Risco: - Infecção por HPV, líquen escleroso, NIV, fumo, história prévia de CA de colo Quadro Clínico: - PRECOCE: PRURIDO VALVAR CRÔNICO - TARDIO: MASSA TUMORAL, SANGRAMENTO, ULCERAÇÃO Diagnóstico: - Vulvoscopia: em desuso, não tem correlação com histopatológico - O diagnóstico definitivo é com o BIÓPSIA VULVAR + ESTUDO HISTOPATOLÓGICO LOCAL DA BIÓPSIA: CENTRO da lesão SE LESÕES EXTENSAS: MÚLTIPLAS biópsias Prevenção Primária: - Vacina HPV quadrivalante: ↓prevalência de lesões pré-malignas não cervicais Prevenção Secundária: - Sem evidências de rastreamento! - Avaliação precoce de sinais e sintomas: LESÕES PIGMENTADAS E/OU ÚLCERAS IRREGULARES E PRURIDO VULVAR CRÔNICO Prevenção Terciária: - Envolve o manejo das lesões pré-malignas Vias de Disseminação: - 1ª: CONTIGUIDADE vagina, uretra e ânus - 2ª: LINFÁTICA inguinais e femorais - 3ª HEMATOGÊNICA fígado, pulmões e ossos Estadiamento: - ESTÁDIO 0: carcinoma in situ - ESTÁDIO I: confinado a vulva e < 2cm + linfonodos inguinais negativos - ESTÁDIO II: confinado a vulva e > 2cm + linfonodos inguinais negativos - ESTÁDIO III: qualquer tamanho + invasão de uretra, vagina ou ânus + linfonodos inguinais positivos unilateralmente - ESTÁDIO IV: qualquer tamanho + invasão porção superior da uretra, mucosa vesical, mucosa retal, osso pélvico +/- linfonodos positivos bilateralmente ou metástase a distância Tratamento: - ESTÁDIO I: EXCISÃO LOCAL REGIONAL +/- linfadenectomia - ESTÁDIO II: Padrão: VULVECTOMIA RADICAL + linfadenectomia inguinal e femoral RADIOTERAPIA: se margens exíguas ou comprometidas, invasão estromal ou angiolinfática Tratamento conservador: excisão radical commargens > 1cm - ESTÁDIO III/IV: QT/RT Líquen Escleroso HPV 16/18 NIV Diferenciada Lesão de Alto Grau (NIV Tipo Carcinoma Bem Diferenciado Carcinoma Indiferenciado Imagem: dedicae.com.br 26 1. Ciclo Menstrual Fisiologia Menstrual: CICLO MENSTRUAL NORMAL - Duração: 21-35 dias - Fluxo: 2-6 dias - Perda sanguínea: 20-60ml EVENTOS PRINCIPAIS DO CICLO MENSTRUAL Maturação folicular Ovulação Preparação do endométrio para nidação EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIO HIPOTÁLAMO: GNRH* HIPÓFISE: FSH/LH (gonadotrofinas) OVÁRIO: estrogênio/progesterona ÚTERO: proliferação, secreção e menstruação (*) A secreção de GnRH é PULSÁTIL (varia com frequência e amplitude) - Alta frequência e baixa amplitude: FSH (1ª fase/antes da ovulação) - Baixa frequência e alta amplitude: LH (2ª fase/depois da ovulação) Divisão do Ciclo: Ciclo Ovariano Eventos: FOLICULOGÊNESE + ESTEROIDOGÊNESE FOLICULOGÊNESE RECRUTAMENTO INICIAL RECRUTAMENTO CÍCLICO Independem das gonadotrofinas! Estímulo: ativinas, TGF-beta, BMPs, GDF-9, fator de célula tronco (SCF) Dependem das gonadotrofinas! Estímulo: FSH e LH ESTEROIDOGÊNESE TEORIA DAS 2 CÉLULAS-2 GONADOTROFINAS Ovários: - Células da TECA: androgênios - Células da GRANULOSA: estrogênio e inibina B na fase folicular; progesterona e inibina A na fase lútea Nas células da teca... - Pela ação do LH: colesterol > androstenediona e testosterona Nas células da granulosa... - Pela ação do FSH: androgênios > estrona/estradiol (aromatização) Ciclo Menstrual, Sd. Pré-Menstrual, Incont. Urinária e Distopia Genital @ casalmedresumos Imagem: MSD Manuals Imagem: stodocu.com Imagem: lecturio.com Imagem: draduzanavieira.med.br 27 FASES DO CICLO OVARIANO FASE FOLICULAR - Vai do recrutamento (1º DIA) à ovulação - ↑FSH ↑ESTROGÊNIO ↑INIBINA B - O aumento do FSH já ocorre no final do ciclo anterior com a regressão do corpo lúteo - Seleção do folículo dominante (mais receptores de FSH) FASE OVULATÓRIA (ou apenas “fenômeno ovulatório”) - Pico de estrogênio > pico de LH - Estradiol > 200pg/ml e por cerca de 50h - ↑LH ↑PROSTAGLANDINAS “luteinização da granulosa” = receptores de LH nas células da granulosa (!) OVULAÇÃO OCORRE 32-36 HORAS APÓS O INÍCIO DO AUMENTO DE LH E 10-12 HORAS APÓS O SEU PICO MÁXIMO (!) Ocorre AUMENTO DISCRETO DA PROGESTERONA 12-24H ANTES DA OVULAÇÃO FASE LÚTEA - Vai da ovulação até o início da menstruação - ↑PROGESTERONA ↑INIBINA A - Folículo roto > corpo lúteo hemorrágico > corpo lúteo maduro > corpo albicans (amarelo) - Duração FIXA de mais ou menos 14 dias - Regressão do corpo lúteo = queda de E, P e inibina A > elevação de FSH > tudo começa novamente. Ciclo Uterino Existem 3 camadas endometriais: (1) COMPACTA (superficial) (2) ESPONJOSA (média) (3) BASAL (profunda). As camadas que descamam são a compacta e parte da esponjosa, que correspondem a CAMADA FUNCIONAL. A basal não descama! FASES DO CICLO UTERINO FASE PROLIFERATIVA - Via ESTROGÊNIO Inicial: glândulas modestas, curtas e pequenas Tardia: glândulas mais alongadas/enrodilhadas FASE SECRETORA - Via PROGESTERONA Inicial: glândulas ainda mais alongadas, bem diferenciadas Tardia: glândulas mais longas, tortuosas, dilatadas, glicogênio na superfície FASE MENSTRUAL - Descamação do endométrio Efeitos em Outros Órgãos: MAMA - Fase folicular (via estrogênio): sem alterações aparentes - Fase lútea (via progesterona): HIPERTROFIA DOS LÓBULOS (pode haver mastalgia por congestão) COLO UTERINO/MUCO CERVICAL - Fase folicular (via estrogênio): FILANTE + CRISTALIZAÇÃO - Fase lútea (via progesterona): ESPESSO Muco Filante 28 2. Síndrome Pré-Menstrual e Síndrome Disfórica Pré-Menstrual Várias mulheres apresentam sintoma físicos, psicológicos e cognitivos, caracteristicamente antes do ciclo pré-menstrual! Conceitos Iniciais: - SPM: 3-8% Sintomas LEVES-MODERADOS Poucos dias antes do fluxo menstrual (7-10 dias) Menor interferência na vida cotidiana - SDPM: 2% Sintomas MAIS INTENSOS Duram aproximadamente 14 dias Cessam a partir do primeiro dia do ciclo Extremo MAIS GRAVE E INCAPACITANTE dos transtornos menstruais Fisiopatologia: - ETIOLOGIA MULTIFATORIAL através da INTERAÇÃO entre: Estrogênio e progesterona Beta-endofrina Prostaglandinas Sistema nervoso autônomo Serotonina GABA Muita coisa ainda não foi desvendada pela literatura! Diagnóstico: SPM - UM SINTOMA AFETIVO: ansiedade, irritabilidade, labilidade emocional, explosão de raiva + - UM SINTOMA SOMÁTICO: mastalgia, cefaleia, edema abdominal ou em extremidades - Critério obrigatório: nos ÚLTIMOS 3 CICLOS CONSECUTIVOS, durante 5 DIAS QUE ANTECEDEM A MENSTRUAÇÃO OU FASE LÚTEA SPDM - PELO MENOS 1 CRITÉRIO MAIOR: labilidade ou irritabilidade/raiva ou humor deprimido ou ansiedade acentuada + - UM OU MAIS DOS SEGUINTES (para totalizar 5 sintomas, contando com os do critério maior): ↓interesse, fadiga, ↓concentração, ↑apetite, insônia ou sonolência, mastalgia, edema, ganho de peso - Critérios obrigatórios: DIÁRIO DE SINTOMAS POR VÁRIOS CICLOS (até 1 ANO) > 5 SINTOMAS NA SEMANA QUE ANTECEDE A MENSTRUAÇÃO, COM MELHORA APÓS O SEU INÍCIO. EXCLUIR DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS ASSOCIADOS! Tratamento: - ATIVIDADE FÍSICA: 3x/semana em torno de 30 minutos - DIETA: Hipossódica Substância diuréticas Alimentos ricos em triptofano Reduzir cafeína, carne vermelha, álcool - PSICOTERAPIA: para ambos (SPM e SPDM) Se refratariedade... EDEMA ACO ou Diurético/Espironolactona (a estabilidade hormonal e/ou a diureticoterapia melhoram o edema) CEFALEIA/ ENXAQUECA Analgésicos AINE Ergotamina (se refratariedade a analgésicos e AINES) Sumatriptano (para as crises agudas graves) MASTALGIA Agonista dopaminérgico Tamoxifeno (casos graves) SPM GRAVE e SDPM Inibidor da Recaptação de Serotonina contínuo Inibidor da Recaptação de Serotonina intermitente (administrado na fase lútea) Para o diagnóstico... Os sintomas devem aparecer e ser restritos na FASE LÚTEA do ciclo! Fonte: MedicinaNET + Steiner e Colaboradores 29 3. Incontinência Urinária Conceitos: - Perda INVOLUNTÁRIA de urina (não vale para crianças) - Mais comum em MULHERES - Falha na continência urinária RECEPTORES Vesicais: - ADRENÉRGICOS: alfa e beta - COLINÉRGICOS: muscarínicos ENCHIMENTO Vesical: - Simpático: ativo - Alfa: contração esfincteriana Beta: relaxamento do detrusor Parassimpático: inativo ESVAZIAMENTO Vesical: - Simpático: inativo - Parassimpático: ativo M2/M3: contração do detrusor Simpático = Segura urina Parassimpático = Perde urina Fatores de Risco: - ↑Idade - ↓Estrogênio - Obesidade - Doenças crônicas: DPOC, DM, AVC, trauma raquimedular - Cirurgias prévias: urológicas e oncológicas - História obstétrica: parto normal > cesariana - História ginecológica: status hormonal (pós-menopausa) Quadro Clínico: INCONTINÊNCIA DE ESFORÇO Tosse, espirro, ao levantar... Perda SINCRÔNICA aos esforços BEXIGA HIPERATIVA Urgência, polaciúria, nictúria Desejo incontrolável PERDA INSENSÍVEL FÍSTULA (VESICO OU URETEROVAGINAL) “Corrimento que não melhora com nada” Perda contínua para vagina História de cirurgia pélvica (Wertheim-Meigs), radioterapia Cistoscopia (bexiga) ou urografia (ureter) TRANSBORDAMENTO Lesões neurológicas (parkinsonismo, trauma raquimedular, deficiência B12), DM Bexigoma Diagnóstico: EXAME FÍSICO + EXAMES COMPLEMENTARES EXAME FÍSICO Avaliar IMC, PROLAPSOS e fazer TESTE DE ESFORÇO (ex: Valsalva) EXAMES COMPLEMENTARES URINA EAS: pesquisa de cálculos, neoplasias, corpo estranho UROCULTURA: pesquisa de infecções TESTE DO COTONETE (da uretra até JUV): > 30º entre repouso e esforço USGTV: deslocamento do colo vesical > 10mm em relação a borda INFERIOR da sínfise púbica CISTOSCOPIA: (pedir se > 50 anos, irritação súbita, hematúria = pensar em CA de bexiga) URODINÂMICA: quando pedir? IUEsem perda no exame físico Antes de cirurgia para resolução do quadro de incontinência Prolapso vaginal anterior IU mista Falha no tratamento clínico COMO FUNCIONA A URODINÂMICA? Existem 3 fases importantes (1) UROFLUXOMETRIA: avalia o fluxo livre/esvaziamento inicial (2) CISTOMETRIA: avalia a fase de enchimento (atividade do detrusor) NÃO PODE HAVER: Perda de urina Dor Contração do detrusor (3) ESTUDO MICCIONAL: avalia a fase de esvaziamento final P DETRUSOR = P VESICAL – P ABDOMINAL ATENÇÃO! A pressão do detrusor é igual a diferença entre a pressão vesical e a pressão abdominal! Na IUE, não há contração do detrusor! IU DE ESFORÇO Pode ocorrer por hipermobilidade do colo vesical ou por defeito esfincteriano! Conseguimos diferenciar através da urodinâmica através da PPE (pressão de perda ao esforço) Hipermobilidade vesical ou defeito esfincteriano? - HIPERMOBILIDADE VESICAL: PPE > 90CMH2O - DEFEITO ESFINCTERIANO: PPE < 60CMH2O PRESSÃO ABDOMINAL PRESSÃO VESICAL PRESSÃO DETRUSORA β M α Imagem: eumedicoresidente.com.br 30 Como tratar? - O TRATAMENTO INICIAL É CLÍNICO: reduzir peso, fisioterapia (biofeedback/eletroestimulação, etc), exercícios perineais (KEGEL), duloxetina (inibidor da receptação de serotonina, papel secundário)... - Se o tratamento clínico não resolver, realizamos a urodinâmica e partimos para o tratamento cirúrgico! HIPERMOBILIDADE: SLING DEFEITO ESFINCTERIANO: SLING (TVT/TOT) BEXIGA HIPERATIVA “Síndrome de urgência ou urgeincontinência” - Corresponde a contrações não inibidas/involuntárias do detrusor! - O diagnóstico de bexiga hiperativa é clínico! - A hiperatividade do detrusor é laudo urodinâmico! Como tratar? - O tratamento SEMPRE É CLÍNICO! - Medidas gerais: redução do peso, cafeína e fumo; cinesioterapia (alguns autores falam que é melhor que o tratamento farmacológico) e eletroestimulação - Medicamentos: ANTICOLINÉRGICOS (OXIBUTININA, TOLTERODINA, darifenacina, solifenacina) CONTRAINDICAÇÕES AOS ANTICOLINÉRGICOS: arritmias, glaucoma de ângulo fechado, gestação/lactação - Opções: mirabegrona (agonista beta-3-adrenérgico), imipramina ATENÇÃO! A cirurgia de Kelly-Kennedy NÃO É uma boa opção (cura: 40%) Passando a régua no tratamento... IU DE ESFORÇO CONSERVADOR Redução de peso Fisioterapia (Kegel, biofeedback) FARMACOLÓGICO Duloxetina (ISRS): não é 1ª linha Agonistas alfa-adrenérgicos: ↑risco de AVE CIRÚRGICO Hipermobilidade vesical: SLING Defeito esfincteriano: SLING (TVT/TOT) Preferência pela técnica RETROPÚBICA BEXIGA HIPERATIVA GERAIS Redução de peso, cafeína e fumo FISIOTERAPIA Cinesioterapia Eletroestimulação A fisioterapia não é tão eficaz aqui como é na IU de esforço! MEDICAMENTOSO ANTICOLINÉRGICOS - Representantes: oxibutinina, tolterodina, darifenacina e solifenacina - Contraindicações: arritmias, glaucoma de ângulo fechado, gestação/lactação AGONISTAS BETA-3 - Representante: mirabegrona - Mecanismo: ação direta no detrusor e indireta na redução de liberação de acetilcolina - Vantagem: mesma eficácia e menos efeitos adversos ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - Representante: imipramina - Mecanismo: ação anticolinérgica e alfa- adrenérgica TOXINA BOTULÍNICA - Pode ser usada em casos refratários e que eventualmente possuem doenças neurológicas que também se beneficiam do seu uso Fístula Vesicovaginal Comunicação anormal entre a bexiga e a vagina - NÃO COMPLICADA (PÓS-CIRURGIA OU PÓS-TRAUMA): pós-histerectomia, correção de prolapso, correção de incontinência, biópsia vesical ou vaginal, trauma penetrante, fratura de bacia - COMPLEXA (PÓS-PARTO, PÓS-RT OU PÓS-CA AVANÇADO): cirurgia obstétrica isquêmica, CA pélvico avançado - CLÍNICA: DRENAGEM CONTÍNUA DE URINA PELA VAGINA (imediata ou até 3 semanas de pós-operatório). SE PÓS-RT: pode ocorrer meses ou anos pós- término. Perda contínua de urina, com maior fluxo, dificilmente a paciente consegue urinar por conta própria. - DIAGNÓSTICO: acúmulo de urina na vagina no exame especular, CISTOSCOPIA está sempre indicada (uso do corante de azul de metileno ou índigo carmim podem ser usados para auxiliar); urografia excretora para avaliação do trato urinário superior, visto que +/- 12% têm associação com lesão de ureter; TC ou RNM devem ser individualizadas. COMO DIFERENCIAR DA FÍSTULA URETEROVAGINAL? CATETER TRANSURETRAL COM CORANTE + EXAME ESPECULAR COM INSERÇÃO DE TAMPÃO VAGINAL E AVALIAÇÃO DA COLORAÇÃO DESSE TAMPÃO. SE COROU: FÍSTULA VESICOVAGINAL SE NÃO COROU: FÍSTULA URETEROVAGINAL TRATAMENTO: - INICIAL: CATETERISMO VESICAL por 3-4 semanas e observar FECHAMENTO ESPONTÂNEO (!!!). SE NÃO FECHAR... - FÍSTULA PEQUENA E NÃO COMPLICADA: FULGURAÇÃO ou ABORDAGEM CIRÚRGICA TARDIA POR VIA VAGINAL OU ABDOMINAL (3-6 meses) no intuito de reduzir edema e facilitar a identificação. - FÍSTULA > 2CM E COMPLICADA OU ALTA: ABORDAGEM CIRÚRGICA POR VIA ABDOMINAL Síndrome da Bexiga Dolorosa (ou Cistite Intersticial) - Urgência e polaciúria + DOR à distensão vesical que ALIVIA AO URINAR. Pode ser causa de DOR PÉLVICA CRÔNICA (> 6 meses). A MAIORIA DOS PACIENTES tem entre 40-60 ANOS. A FISIOPATOLOGIA é POUCO CONHECIDA, mas o DEFEITO NA CAMADA DE GLICOSAMINOGLICANOS é a teoria mais aceita. A CISTOSCOPIA é fundamental e pode evidenciar GLOMERAÇÕES OU ÚLCERA DE HUNNER após instilar soro. Em casos de maior gravidade, a manobra de HIDRODISTENSÃO na cistoscopia (enchimento 70 e 100cmH2O/2 mi) facilita a visualização de glomerações e úlceras. O diagnóstico é de EXCLUSÃO (sem ITU, sem hiperatividade do detrusor) e o TRATAMENTO envolve a sequência: dieta, MEV, treinamento vesical > AMITRIPTILINA 50mg/noite (cimetidina 400mg 2x/dia é opção) > MEDICAÇÕES INTRAVESICAIS (DMSO, HEPARINA, LIDOCAÍNA, ÁCIDO HIALURÔNICO, OXIBUTININA OU PENTOSANO POLISSULFATO INTRAVESICAL [PPO]) > TRATAMENTO CIRÚRGICO Imagem: smallscargyn.com Imagem: ccmurology.com 31 4. Distopia Genital Conceitos: DISTOPIA É DIFERENTE DE PROLAPSO! Distopia: deslocamento de um órgão de sua posição ou local habitual Prolapso: descenso da parede vaginal anterior e/ou posterior e/ou do ápice vaginal Anatomia: NÍVEIS DE DELANCEY NÍVEL I = SUSPENSÃO APICAL - Ligamentos uterossacros e cardinais - Relação com prolapsos uterinos, de cúpula e com as enteroceles NÍVEL II = FIXAÇÃO LATERAL - Fáscias pubocervical e retovaginal + suas inserções - Relação com CISTOCELES e RETOCELES NÍVEL III = FUSÃO (DISTAL) - Relação com INCONTINÊNCIA URINÁRIA e ROTURA PERINEAL (hipermobilidade uretral e perineal) APARELHO DE SUSPENSÃO LIGAMENTOS - Anteriores: pubovesicouterinos - Laterais: cardinais ou paramétrios - Posteriores: uterossacros APARELHO DE SUSTENTAÇÃO MÚSCULOS - DIAFRAGMA PÉLVICO: ELevador do ânus (ileococcígeo, pubococcígeo e puborretal) e coccígeo - DIAFRAGMA UROGENITAL: transverso superficial e profundo do períneo, esfíncter uretral, esfíncter anal, isquiocavernoso e bulbocavernoso - FÁSCIA ENDOPÉLVICA Obs: os músculos lesados numa episiotomia médio-lateral são o BULBOCAVERNOSO e o TRANSVERSO SUPERFICIAL DO PERÍNEO. Em alguns casos também pode haver secção do PUBORRETAL (depende da extensão da episio). Fisiopatologia: - DESEQUILÍBRIO entre a integridade das estruturas de suspensão e sustentação Suspensão: por situações que geram aumento da pressão intra-abdominal Sustentação: por alterações congênitas Fatores de Risco: - MULTIPARIDADE - ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: parto vaginal, fórcipe, período expulsivo prolongado... - IDADE > 60 ANOS - HISTÓRIA FAMILIAR - RAÇA BRANCA - ANOMALIAS CONGÊNITAS: espinha bífida e agenesia sacrococcígea - OBESIDADE - AUMENTO CRÔNICO DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL: DPOC, constipação intestinal... - DEFEITOS QUALITATIVOS DO COLÁGENO: síndrome de Ehlers- Danlos, Marfan... - ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS: trauma raquimedular, neuropatia diabética, etc. - ROTURA PERINEAL - ENFRAQUECIMENTO DOS LIGAMENTOS CARDINAIS - RETROVERSÃO E MEDIOVERSÃO UTERINAS: elevação crônica da pressão intra-abdominalVAGINA SACRO PÚBIS RETINÁCULO PERIUTERINO DE MARTIN Imagens: Netter Imagens: Netter 32 Exame Físico: - Deve ser realizado com MANOBRA DE ESFORÇO (posição ginecológica e ortostática) - HISTERÔMETRO e ESPÉCULO para quantificar o prolapso - O DIAGNÓSTICO de prolapso é feito apenas se DESLOCAMENTO > 2CM DA PROJEÇÃO HABITUAL DO ÓRGÃO GENITAL (!) - A maioria dos defeitos são COMBINADOS (anterior x posterior) Classificação POP-Q: Olhar sempre para as letras MINÚSCULAS! - Aa e Ba: parede anterior - Ap e Bp: parede posterior - C: colo ou cúpula (considerar cúpula se histerectomizada) - D: fundo de saco de Douglas (inexistente em histerectomizadas) Como interpretar? - Carúncula himenal: ponto 0 (zero) Negativo: internos à carúncula himenal (“dentro da vagina”) Positivo: externos à carúncula himenal (“além do hímen”) -3 Aa -3 Ba -8 C +3 Aa +8 Ba +8 C 2 HG 3 CP 10 CVT 4,5 HG 1,5 CP 8 CVT -3 Ap -3 Bp -9 D +3 Ap +8 Bp ---- D SEM PROLAPSO EVERSÃO VAGINAL COMPLETA CVT = comprimento vaginal total (mede 8-10cm) HG = hiato genital (só costuma cair em R3) CP = corpo perineal (só costuma cair em R3) MUITA ATENÇÃO AQUI! PARA O PROLAPSO UTERINO! VALOR ANATÔMICO DO C: -6, -7 E -8! Se o colo estiver em -5, temos um prolapso (de 1º grau, pois ainda está dentro da vagina). Se estiver no plano 0 (introito vaginal) ou até +5, o prolapso é de segundo grau. Se estiver positivo a partir de +6, significa que esse útero está todo para fora: é de 3º grau. PARA PROLAPSO DE PAREDE VAGINAL ANTERIOR OU POSTERIOR! BASTA ESTAR POSITIVO PARA DIZERMOS QUE HÁ PROLAPSO! ROTURA PERINEAL 1º grau = pele e mucosa 2º grau: músculo 3º grau: ânus 4º grau: reto Tratamento: Prolapso de Parede Vaginal Anterior Cistocele - Em 80% dos casos é por DEFEITO PARAVAGINAL = ASSOCIAÇÃO COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO Tratamento: - Cirurgia: COLPORRAFIA ANTERIOR COM RECONSTRUÇÃO DA FÁSCIA PUBOVESICOUTERINA (abertura da parede vaginal anterior + plicatura da fáscia pubovesicocervical na linha média) - Recidiva: considerar o uso de TELA Prolapso de Parede Vaginal Posterior Retocele Tratamento: - Cirurgia: COLPORRAFIA POSTERIOR COM SUTURA DA FÁSCIA RETOVAGINAL (abertura da parede vaginal posterior + plicatura dos músculos elevadores do ânus na linha média) Prolapso de Parede Vaginal Posterior Enterocele Tratamento: - Cirurgia: EXÉRESE DO SACO HERNIÁRIO E OBLITERAÇÃO DO FUNDO DE SACO Via vaginal: CULDOSPLATIA DE MCCALL Via abdominal: MOSCHOWITZ ESTADIAMENTO ICS Estádio 0: ausência de prolapso Estádio 1: prolapso acima de -1 Estádio 2: prolapso entre -1 e +1 Estágio 3: prolapso entre +1 e 2cm a menos que o CVT Estágio 4: eversão completa do trato genital inferior (> ao CVT - 2cm) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO INTROITO VAGINAL 1ºGrau: antes do introito 2ºGrau: órgão prolapsado se exterioriza parcialmente depois do introito 3ºGrau: órgão prolapsado se exterioriza totalmente depois do introito Imagens: doulabrasil.com.br 33 Prolapso Apical Uterino Para diferenciar de colo hipertrófico, realizamos a MEDIDA DO COLO Medir com histerômetro do canal endocervical Suspeitar se canal endocervical maior que 5cm - COLO HIPERTRÓFICO: colo longo sem prolapso do fundo de saco - PROLAPSO: colo normal e com prolapso do fundo de saco Tratamento: Estádios I e II: cirurgia de MANCHESTER ou DONALD-FOTHERGILL “Manchester = manter o útero” Cirurgia: AMPUTAÇÃO DO COLO UTERINO + SUTURA DOS LIGAMENTOS CARDINAIS NO COTO CERVICAL ANTERIOR Indicações: alongamento hipertrófico do colo ou pretensões reprodutivas Estádios III e IV: HISTERECTOMIA VAGINAL Risco cirúrgico alto: COLPOCLEISE OU “CIRURGIA DE LEFORT” (obliteração da vagina reservada para mulheres sem vida sexual ativa impede penetração) Se alto risco cirúrgico + vida sexual ativa: EXERCÍCIOS DE KEGEL, PESSÁRIOS (resposta terapêutica costuma ser insatisfatória) Prolapso Apical Cúpula Vaginal (Elitrocele) Sempre (!) é uma complicação PÓS-HISTERECTOMIA! Tratamento: - SACROCOLPOPEXIA: FIXAÇÃO DA CÚPULA VAGINAL AO PROMONTÓRIO/LIGAMENTO UTEROSSACRO (PROMONTOFIXAÇÃO) ou FIXAÇÃO DA CÚPULA VAGINAL NA APONEUROSE DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL ou FIXAÇÃO DA CÚPULA VAGINAL NO LIGAMENTO SACROESPINHOSO ou COLPOCLEISE (cirurgia de Le Fort) para quem não mantém atividade sexual Considerações Finais: POP (prolapso de órgão pélvico) pode ser tratado com pessários, mas há pouca disponibilidade e baixa eficácia terapêutica Treinamento dos músculos do assoalho não regride prolapsos graves/acentuados Telas para prolapso de parede anterior somente em recidivas ou estádio > 3 No prolapso apical, cirurgias conservadoras possuem maior recorrência Não há vantagens para uso de telas nos prolapsos de compartimento posterior FIXAÇÃO DO CONTEÚDO! CICLO MENSTRUAL Fases do ciclo ovariano Folicular e lútea Fases do ciclo uterino Proliferativa e secretora Recrutamento e desenvolvimento folicular FSH Hormônio responsável pela ovulação LH Hormônio responsável pelo pico de LH Estrogênio Hormônios que inibem FSH Estrogênio e inibina Converte androgênios em estrogênios Aromatase Hormônio produzido pelo corpo lúteo Progesterona INCONTINÊNCIA URINÁRIA Tipos mais comuns Esforço (+ comum) e bexiga hiperativa Exame padrão-ouro Estudo urodinâmico Tipos de IUE Hipermobilidade vesical (HV) Defeito esfincteriano (DE) Terapêutica inicial para IUE Fisioterapia Cirurgia de escolha para hipermobilidade vesical e defeito esfincteriano SLING PPE para diagnóstico de DE < 60cm H2O PPE para diagnóstico de HV > 90cm H2O Medicações para hiperatividade do detrusor Anticolinérgicos Agonistas beta-3 DISTOPIAS Estruturas de suspensão Ligamentos pubovesicouterinos, cardinais e uterossacros Estruturas de sustentação Diafragmas pélvico, urogenital e fáscia endopélvica Diafragma pélvico Músculos levantadores do ânus e músculo (isquio)coccígeo Porções dos levantadores do ânus Ileococcígeo, pubococcígeo e puborretal Diafragma urogenital Músculos transverso profundo, esfíncter anal, uretra externo, músculos isquiocavernosos, bulbocavernosos e transversos superficiais Correção cistocele Colporrafia anterior com plicatura na fáscia pubovesicouterina Correção retocele Colporrafia posterior com plicatura na fáscia retovaginal Prolapso uterino Estádio I e II: Manchester Estádio III e IV: histerectomia Prolapso de cúpula Fixação ao promontório do sacro ou músculo reto- abdominal; ou ligamento sacroespinhoso ou colpocleise (Le Fort) Imagem: fernandoguastella.com.br 34 1. Amenorreia Conceitos: AUSÊNCIA DE MENSTRUAÇÃO NA MENACME! → Primária: - *14 ANOS sem menstruação e SEM o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (telarca > pubarca > menarca) - *16 ANOS sem menstruação, mas COM o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários → Secundária: - Sem menstruação por 6 MESES ou por 3 CICLOS → Atraso menstrual: - Não atinge o limite temporal citado acima Relevância Clínica - Sinal de atraso ou falha no desenvolvimento feminino ou no funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. - Sintomas de várias entidades clínicas possíveis Compartimentos: IV Hipotálamo GnRH III Hipófise anterior FSH/LH II Ovários Estrogênio e progesterona I Uterovaginal - Amenorreia Primária Aspectos Principais: SEMPRE OBSERVAR - PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS (mamas desenvolvidas) - PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE ÚTERO - NÍVEIS DE FSH Investigação: 1º ANAMNESE + EXAME FÍSICO Anamnese: idade, história patológica pregressa (comorbidades, uso de medicações), relações sexuais (gravidez, dispareunia) Exame físico: altura, peso, hirsutismo, acne, fácies, caracteres sexuais secundários, vulva/vagina, colo/útero/anexos 2º DOSAGEM DE FSH OU AVALIAÇÃO UTEROVAGINAL CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS PRESENTES? Não: problema em ovário, hipotálamo ou hipófise. DOSAR FSH! ▪ Se elevado: disgenesiagonadal = pedir CARIÓTIPO! ▪ Se diminuído: RNM/TC ou TESTE DO GNRH para ver se é problema em hipófise ou hipotálamo (ex: síndrome de Kallman) ✓ Com resposta: causa HIPOTALÂMICA ✓ Sem resposta: causa HIPOFISÁRIA Sim: ovário, hipotálamo e hipófise normais = fazer AVALIAÇÃO UTEROVAGINAL! ▪ Vagina ausente ou curta: CARIÓTIPO + USG/RNM PELVE (ex: Morris e Rokitansky) ▪ Vagina normal: TESTES DIAGNÓSTICOS (ex: hímen imperfurado, septo vaginal transverso... Causas obstrutivas). A investigação se torna semelhante as causas 2ªs! (*) HÍMEN IMPERFURADO ▪ Caracteres sexuais secundários bem desenvolvidos ▪ Não menstrua, mas apresenta as cólicas menstruais Amenorreia Secundária Investigação: 1º ANAMNESE + EXAME FÍSICO + DESCARTAR GESTAÇÃO (β-HCG) Anamnese: idade, história patológica pregressa e familiar, atraso menstrual, regularidade do ciclo, manipulação uterina, uso de medicamentos, sinais e sintomas (neurológicos, de hipoestrogenismo) Exame físico: altura, peso, IMC, hirsutismo, acne, fácies, galactorreia, caracteres sexuais secundários, vulva/vagina, colo/útero/anexos 2º TSH + PROLACTINA Descartar hipotireoidismo/hiperprolactinemia* (*) Hiperprolactinemia Causas: ▪ ADENOMAS: diagnóstico com RNM DE SELA TÚRCICA. O tratamento inicial (independente se macro ou microprolactinoma) é clínico (agonista dopaminérgico [CABERGOLINA OU BROMOCRIPTINA]). A cabergolina é mais usada pela comodidade posológica e menos efeitos colaterais. Bromocriptina gera muito efeito colateral gástrico. ▪ MEDICAMENTOSA: metoclopramida, neurolépticos, tricícilos, ranitidina, ACO... ▪ OUTRAS: gravidez, lactação, estimulação tátil, lesão torácica (queimadura extensa), insuficiência renal, Cushing, hipotireoidismo, cirrose, insuficiência renal, radioterapia, estresse... Amenorreia, SOP, Infertilidade e Incongruência de Gênero *Febrasgo: usa 13 e 15 anos Imagens: Adobe Stock Imagens: dreamstime.com @ casalmedresumos 35 3º TESTE DA PROGESTERONA (P4) Avalia os níveis de estrogênio e a patência do trato de saída - Fazer diidrogesterona 10mg ou medroxiprogesterona 10mg por 5- 10 dias ▪ Se sangrar: ANOVULAÇÃO/SOP (falta progesterona) ▪ Se não sangrar: falta de estrogênio? Problema anatômico? Lesão de endométrio? Obstrução ao fluxo? PROSSEGUIR! 4º TESTES DO ESTROGÊNIO + PROGESTERONA Avalia endométrio e patência do trato de saída - Fazer estrogênio (EC 1,25mg/dia ou valerato de E2 2mg/dia) 21 dias + progesterona 5 dias ▪ Se sangrar: é FALTA DE ESTROGÊNIO (problema no ovário, hipófise ou hipotálamo = compartimento 2, 3 ou 4). As causas uterovaginais estão excluídas. Prosseguir! ▪ Se não sangrar: ALTERAÇÃO UTEROVAGINAL (compartimento 1). Pedir USG, histeroscopia, RNM... 5º DOSAGEM DE FSH Causa ovariana ou central? ▪ FSH > 20: CAUSA OVARIANA (compartimento 2) = hipogonadismo hipergonadotrófico ▪ FSH normal ou < 5: CAUSA CENTRAL (compartimento 3 ou 4) = hipogonadismo hipogonadotrófico. Prosseguir! 6º TESTE DO GNRH (OU NEUROIMAGEM) Causa hipofisária ou hipotalâmica? - Administrar GNRH e ver como a hipófise responde ▪ Se LH e FSH elevados (> 20%): problema HIPOTALÂMICO (compartimento 1) ▪ Se LH e FSH não elevados: problema HIPOFISÁRIO (compartimento 2) Causas de Amenorreia: PRIMÁRIA ▪ Disgenesias gonadais (50%) ▪ Hipogonadismo de causa hipotalâmica (20%) ▪ Ausência de útero, cérvice ou vagina (15%) ▪ Septo vaginal ou hímen imperfurado (5%) ▪ Doença hipofisária (5%) SECUNDÁRIA ▪ Causas ovarianas (40%) ▪ Causas hipotalâmicas (35%) ▪ Causas hipofisárias (19%) ▪ Causas uterinas (5%) Hipotalâmicas - CRANIOFARINGIOMAS - SÍNDROME DE KALLMAN ▪ Amenorreia 1ª + infantilismo sexual + anosmia + cegueira p/cores - ESTRESSE, ANOREXIA, EXERCÍCIOS FÍSICOS Hipofisárias - PROLACTINOMA - SÍNDROME DE SHEEHAN ▪ Necrose hipofisária pós-parto ▪ Exemplo: DPP/atonia uterina ▪ Desconfiar se houve necessidade de transfusão. ▪ Se intenso, pode haver hipopituitarismo completo. ▪ Dica principal de prova: agalactia logo após o parto. Ovarianas - INSUFICIÊNCIA OVARIANA PREMATURA (ou falência ovariana precoce) ▪ Idade < 40 anos com clínica climatérica + esgotamento folicular + FSH > 25-40 - SÍNDROME DE SAVAGE ▪ Folículo resistente às gonadotrofinas ▪ Pode ser causa de amenorreia primária ou secundária Obs: a melhor forma de diferenciar falência ovariana precoce de síndrome de Savage é através da biópsia ovariana. Ambas são tratadas com reposição hormonal. - DISGENESIA GONADAL: ▪ Infantilismo sexual e ↑FSH ▪ Principal causa de amenorreia primária (é importante pedir cariótipo/Turner é a mais comum). ▪ Se no cariótipo vier Y, tem que retirar a gônada! (*) SÍNDROME DE TURNER - Cariótipo: 45X0 - Pescoço alado, tórax em escudo, baixa estatura... (*) SÍNDROME DE SWYER - DISGENESIA GONADAL COM Y (cariótipo: 46XY) - O testículo é FIBROSADO Cariótipo masculino com fenótipo feminino, pois não há produção do hormônio anti-Mulleriano. Ou seja, há útero, trompa e 2/3 superiores da vagina. O 1/3 inferior também é feminino, pois não há a produção de androgênios por esse testículo. - GENITÁLIA EXTERNA E INTERNA FEMININA! - Conduta: RETIRAR A GÔNADA (risco de evolução cancerígena) 36 Uterovaginais SÍNDROME DE MRKH (MAYER-ROKTANSKY) ▪ 46 XX ▪ Amenorreia primária ▪ Vagina curta e sem útero SÍNDROME DE ASHERMAN ▪ Lesão endometrial pós procedimento. ▪ Tratar com histeroscopia para desfazer as sinéquias. HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA ▪ Principal causa de genitália ambígua na mulher ▪ Masculinização da genitália (pseudo-hermafroditismo feminino). ▪ Principal causa: deficiência de 21-hidroxilase, cursando com ↑17-OH progesterona e ↑androgênios Clássico em prova... (*) SÍNDROME DE MAYER-ROKTANSKY-KUSTER-HAUSER (MRKH) - Agenesia Mulleriana. Cariótipo 46XX (feminino) - Clínica: amenorreia primária COM CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS, sem útero, vagina curta e PELOS NORMAIS - Tem ovários normais (*) SÍNDROME DA INSENSIBILIDADE ANDROGÊNICA COMPLETA (MORRIS) - Defeito de receptores androgênicos. Cariótipo: 46XY (masculino) - Clínica: amenorreia primária, MAMA PEQUENA, sem útero, vagina curta, mas SEM PELOS - Tem testículo (pode simular hérnia) SÍNDROME DE MRKH SIAC (Morris) Agenesia Mulleriana Defeito no receptor androgênico 46, XX (feminino) 46, XY (masculino) Gônadas: ovários normais Gônadas: testículos Clínica: amenorreia primária, com caracteres sexuais secundários, sem útero, vagina curta e pelo normal Clínica: amenorreia primária, mama hipodesenvolvida, sem útero, vagina curta, mas sem pelos 2. Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) Também chamada de anovulação crônica hiperandrogênica Introdução: - ENDOCRINOPATIA MAIS COMUM DA MULHER: 5-10% - PRINCIPAL CAUSA DE HIPERANDROGENISMO DAS MULHERES: 80% - 90% das pacientes que tem ciclos irregulares tem SOP - 30-40% das mulheres inférteis tem SOP - Associa-se com resistência insulínica em +/- 50% dos casos Fisiopatologia: HETEROGENEIDADE DE MECANISMOS! ▪ AUMENTO DA AMPLITUDE DOS PULSOS DE LH ▪ HIPERINSULINEMIA E RESISTÊNCIA INSULÍNICA ▪ DESREGULAÇÃO NO CITOCROMO P450C17: aumento de androstenediona e testosterona ▪ ↓SHBG E ↓IGFBP-I: aumento de testosterona livre, estrogênios e IGF-I SHBG (proteína transportadora de hormônio sexual) está DIMINUÍDA, permitindo que a fração livre desses hormônios aja de forma exacerbada! ↑LH, HIPERINSULINEMIA, ↑ANDROGÊNIOS = ESTEROIDOGÊNESE ANÔMALA ▪ ↑Produção ovariana de androgênios ▪ Ambiente HIPERANDROGÊNICO ▪ Ausência de folículo dominante > atresia folicular > OVÁRIOS POLICÍSTICOS > ANOVULAÇÃO Quadro Clínico: - Pela resistência insulínica: ACANTOSE NIGRICANS, OBESIDADE - Pelo hiperandrogenismo: ACNE, ALOPECIA, HIRSUTISMO (“pelo grosso de distribuição masculina” diagnosticado com Ferriman > 8 ou > 4 em orientais e > em algumas outras etnias), PELE OLEOSA - Pela anovulação: PROLIFERAÇÃO ENDOMETRIAL, ALTERAÇÕES GONADOTRÓFICAS, IRREGULARIDADE MENSTRUALE INFERTILIDADE Imagem: satjotfertility.com Imagens: elsevier.es 37 Fenótipos: A: tem os 3 critérios B: sem alterações à USGTV C: sem anovulação D: sem hiperandrogenismo Diagnóstico Diferencial: CAUSAS ESPECÍFICAS DE ANOVULAÇÃO HIPERANDROGÊNICA - Tireoidopatias, disfunção hipotalâmica, Cushing, HAC de início tardio, insuficiência ovariana prematura, tumores secretores, hiperprolactinemia, androgenioterapia SEM CAUSA ESPECÍFICA... - SOP! Laboratório: - Diante de tantas causas de anovulação hiperandrogênica, é importante EXCLUIR OUTRAS DOENÇAS: ▪ TSH ▪ PROLACTINA ▪ 17-OH PROGESTERONA (< 200: exclui HAC) ▪ CORTISOL (cushing) É TÍPICO DE SOP! ▪ ↑Testosterona total e livre ▪ ↑Androstenediona ▪ ↑S-DHEA ▪ ↑Resistência insulínica ▪ ↑LH, estrogênio ▪ ↑Prolactina (às vezes) ▪ ↓SHBG e FSH ↓ ou normal “TUDO SOBE, EXCETO FSH E SHBG” E progesterona, se for fenótipo C (sem anovulação) Obs: SDHEA é um hormônio exclusivo da adrenal! Não é problema de ovário! Se estiver > 700, é importante pedir TC/RNM para descartar neoplasia de adrenal. Diagnóstico: → Critérios de Rotterdam (se 2 dos 3 seguintes: SOP) (1) OVÁRIOS POLICÍSTICOS À USG: ▪ > 12 folículos de 2-9mm ou ovário com volume > 10cm3 ▪ Mudança atual (ASRM & ESHRE): 20 ou mais folículos, e não 12! O diagnóstico ultrassonográfico é MATEMÁTICO! - Baseia-se em números e medidas! - O aspecto subjetivo do ovário NÃO é importante. Obs: existe taxa de 20% de falso positivo na USG. (2) OLIGO OU ANOVULAÇÃO (3) HIPERANDROGENISMO CLÍNICO OU BIOQUÍMICO CRÍTICAS AOS CRITÉRIOS: não leva em conta a resistência insulínica! Fluxograma Diagnóstico: LEMBRE QUE É MUITO IMPORTANTE EXCLUIR OUTRAS CAUSAS! Repercussões Clínicas: - Pela resistência insulínica: DM (10%), HAS (40%), DISLIPIDEMIA, OBESIDADE, DOENÇA CARDIOVASCULAR (↑risco IAM 7x) - Pelo hiperandrogenismo: ANOVULAÇÃO, ESTÉTICA... - Pela anovulação e efeito estrogênico: INFERTILIDADE, HIPERPLASIA/CA DE ENDOMÉTRIO, CA DE OVÁRIO Avaliação Clínica: Diante de tantas repercussões, é fundamental: ▪ Aferição da PA ▪ Medida da circunferência abdominal ▪ Glicemia de jejum ▪ TOTG ▪ Lipidograma Imagem: portalsecad.artmed.com.br | adaptada de Escobar Morreale (2018) Imagem: FEBRASGO Imagens: Clínica Ultra D – Diagnósticos Médicos 38 Tratamento: É INDIVIDUALIZADO! - Todos os casos: ATIVIDADE FÍSICA + DIETA FRACIONADA + PERDER PESO - Controle de resistência insulínica: METFORMINA - Hiperandrogenismo: ACO, DROSPERINONA/CIPROTERONA (progesteronas com ação anti-androgênica/maior risco de trombose), TRATAMENTO ESTÉTICO (ex: laser, clareamento) - Regularização + controle do ciclo e proteção endometrial: ACO ou PROGESTERONA ISOLADA (oral ou DIU de levonorgestrel) - Restauração da fertilidade: DIETA + ATIVIDADE FÍSICA > CLOMIFENO (literatura brasileira) ou LETROZOL (ASRM & ESHRE) > CLOMIFENO + METFORMINA > GONADOTROFINA ou FIV. Tem que saber essa sequência para a prova! 3. Infertilidade Conceitos: - AUSÊNCIA DE GRAVIDEZ APÓS 1 ANO DE COITO DESPROTEGIDO - Não confunda com esterilidade (incapacidade permanente) Causas: - Fator masculino: 35% - Fator tuboperitoneal: 35% - Anovulação: 15% Investigação: → Idade da mulher: - < 35 anos: aguardar até 1 ano - > 35 anos: imediatamente ou esperar 6 meses → Frequência das relações: 2-3x por semana → Não se esquecer de sempre convocar o parceiro! Cuidado: Filhos anteriores não excluem o (a) paciente da investigação! Avaliação Básica - HORMÔNIOS: ▪ FSH ▪ TSH ▪ Prolactina ▪ Hormônio anti-mulleriano - USGTV + HISTEROSSALPINGOGRAFIA* + ESPERMOGRAMA MELHOR MOMENTO PARA COLETA DOS EXAMES - 3º dia: FSH - 5º dia: USGTV - 7º dia: HSG - 22º dia: progesterona - Qualquer momento: TSH, prolactina, anti-mulleriano, espermograma Avaliação Avançada Pedir se a avaliação básica estiver alterada! - “VIDEO” ▪ VideoLAPAROSCOPIA: padrão-ouro para fator tuboperitoneal ▪ VideoHISTEROSCOPIA: padrão-ouro para cavidade endometrial e fator uterino Na infertilidade masculina... ESPERMOGRAMA ▪ Normal: não repetir. ▪ Anormal: repetir após 3 meses ▪ Se azoospermia: biópsia testicular (não produz ou não “sai”?) (*) Morfologia de Kruger: um dos parâmetros avaliados no espermograma = leva em consideração a qualidade e o formato dos gametas. Na infertilidade feminina... Para anovulação... DOSAGEM DE PROGESTERONA ▪ Na fase lútea (21º-24º dia) DOSAGEM DE FSH ▪ Na fase folicular precoce (idealmente 3º dia) ▪ FSH < 10 do 3º-5º dia = boa reserva ovariana ▪ Avaliação qualitativa dos folículos DOSAGEM DE HORMÔNIO ANTI-MULLERIANO ▪ Não sofre interferência com a fase do ciclo (pode ser dosada a qualquer momento). ▪ Avaliação mais quantitativa do folílculo. ▪ É caro, não tem no SUS. USGTV SERIADA: ▪ Documentar a ovulação ▪ Programar coito ou intervenção (FIV) ▪ Contagem de folículos (avalia sucesso/prognóstico da reprodução assistida) 39 Para o fator tuboperitoneal... HISTEROSSALPINGOGRAFIA: ▪ Exame INICIAL para fator tuboperitoneal. ▪ Trompa pérvia = prova de Cotte positiva. ▪ Trombo obstruída = prova de Cotte negativa VIDEOLAPAROSCOPIA ▪ Exame PADRÃO-OURO para fator tuboperitoneal. ▪ Solicitar se prova de Cotte negativa. Para o fator uterino... HISTEROSCOPIA: ▪ Exame PADRÃO-OURO para cavidade endometrial. ▪ USGTV e histerossalpingografia já fazem uma avaliação inicial. Para o fator cervical... TESTE PÓS-COITO OU TESTE DE SIMS ▪ Em desuso ▪ Avalia a interação do espermatozoide com o muco Tratamento: RECOMENDAÇÕES GERAIS ▪ Cessar tabagismo ▪ Cessar etilismo ▪ Diminuir consumo de cafeína. ▪ Perder peso se IMC > 27 ▪ Ganhar peso se IMC < 17. FATOR MASCULINO TRATAMENTO INDICAÇÕES CIRURGIA - Varicocele ▪ Polêmico na literatura ▪ Individualizar caso a caso - Reanastomose do ducto deferente pós- vasectomia GONADOTROFINAS - Hipogonadismo hipogonadotrófico TERAPIA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA - INSEMINAÇÃO INTRA-UTERINA (IIU): se concentração de espermatozoides > 5 x 106/ml + morfologia e motilidade normais - FIV COM ICSI (micromanipulação de gametas): se concentração de espermatozoides < 5 x 106/ml (fator masculino grave) DOAÇÃO DE SÊMEN - Azoospermia não obstrutiva FATOR TUBOPERITONEAL TRATAMENTO INDICAÇÕES CIRURGIA/LAPAROSCOPIA - Lise de aderências pélvicas - < 35 anos com obstrução distal, obstrução cornual “Paciente jovem, com boa reserva funcional, sem qualquer indicação a FIV.” TERAPIA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA ICSI - Se a desobstrução tubária distal é impossível; - Se a desobstrução tubária cornual é impossível em < 35 anos; - Obstrução cornual em > 35 anos FATOR OVARIANO TRATAMENTO INDICAÇÕES CORREÇÃO DA ENDOCRINOPATIA CIRURGIA/DOL (Drilling Ovariano) SOP - Se falha na indução da ovulação: DOL (Drilling Ovariano) é uma alternativa em casos em que a laparoscopia será realizada por outro motivo INDUÇÃO DA OVULAÇÃO COM CLOMIFENO - Anovulação INDUÇÃO DA OVULAÇÃO COM GONADOTROFINAS - Se resistência ao clomifeno TERAPIA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA Baixa reserva! - Concentração de FSH > 15 e/ou CFA (contagem de folículos) < 5-7 em ambos os ovários Polêmico e confuso na literatura! O que costuma cair é a indução da ovulação. OVODOAÇÃO Insuficiência ovariana prematura, disgenesias gonadais 40 FATOR UTERINO - HISTEROSCOPIA (retirada de pólipos, mioma, septos...) SEM CAUSA APARENTE (TODOS OS EXAMES CITADOS ANTERIORMENTE NORMAIS) - INSEMINAÇÃO INTRA-UTERINA OU FIV COM ICSI ATENÇÃO! “TROMPAS FIXAS” SUGEREM ADERÊNCIA PÉLVICA ATENÇÃO! SE FATOR TUBOPERITONEAL E ESPERMOGRAMA ALTERADOS: FIV FIXAÇÃO DO CONTEÚDO! AMENORREIA Teste da progesterona Sangra: compartimento II Não sangra: teste E + P Teste do estrogênio + progesterona Não sangra: compartimento I Sangra: compartimento II, III e IV (dosagem FSH, neuroimagem ou teste GnRH Principal causa de amenorreia primária Disgenesia gonadal Principal causa de amenorreiasecundária Gravidez Principal causa de disgenesia gonadal Turner (45, X) Amenorreia primária + 46, XX + caracteres secundários normais Agenesia mulleriana Principal tumor hipofisário causador de amenorreia Prolactinoma Principal causa ovariana de amenorreia SOP SOP Sinonímia Anovulação crônica hiperandrogênica Suspeita clínica Ciclos irregulares e hiperandrogenismo Sinal cutâneo de resistência insulínica Acantose nigricans O que diminui no perfil laboratorial SHBG/FSH Número de critérios de Rotterdam para diagnóstico de SOP 2 dos 3 critérios Primeira escolha para regularização dos ciclos menstruais ACO ou progestagenioterapia Primeira escolha para resistência insulínica Metformina Primeira escolha para indução de ovulação MEV > clomifeno ou letrozol INFERTILIDADE Avaliação Básica Hormônios, USGTV, HSG, progesterona (fim do ciclo), espermograma 4. Incongruência de Gênero (1) SEXO BIOLÓGICO - DESIGNADO AO NASCER: MENINA (XX)/MENINO (XY) (2) GÊNERO - Relação com PAPÉIS SOCIAIS: MASCULINO/FEMININO - NÃO BINÁRIO: não se sente pertencente a nenhum dos gêneros (“não se identifica com o papel social masculino ou feminino”) Interpretando a IDENTIDADE DE GÊNERO - CIS-GÊNERO: sexo biológico = gênero - TRANS-GÊNERO: sexo biológico ≠ gênero = a isso chamamos de “incongruência de gênero” Entendendo os termos... - MULHER-TRANS: GÊNERO FEMININO + SEXO MASCULINO AO NASCER (nasceu com sexo biológico masculino, mas se enxerga com papel social feminino) - HOMEM-TRANS: GÊNERO MASCULINO + SEXO FEMININO AO NASCER (nasceu com sexo biológico feminino, mas se enxerga com papel social masculino) - NOME SOCIAL: é o nome de escolha da pessoa trans (3) ORIENTAÇÃO SEXUAL - Relacionada a ATRAÇÃO SEXUAL/ROMÂNTICA - HETEROSSEXUAL, HOMOSSEXUAL, BISSEXUAL - Está relacionada ao GÊNERO do qual a pessoa se identifica Manifestações Clínicas: - Início típico: INFÂNCIA OU ADOLESCÊNCIA - Forte desejo de PERTENCER A OUTRO GÊNERO - Não se identifica com roupas e brincadeiras do gênero - Não se identifica com a sua anatomia sexual - DURAÇÃO MAIOR QUE 6 MESES Não confundir incongruência com DISFORIA DE GÊNERO, que está relacionada ao estresse psíquico, cultural e social gerado pela incongruência. Tratamento: - HORMÔNIOTERAPIA A PARTIR DOS 18 ANOS! ▪ MULHER TRANS: ESTRADIOL + ESPIRONOLACTONA (para redução dos feitos androgênicos) ▪ HOMEM TRANS: TESTOSTERONA - TRATAMENTO CIRÚRGICO A PARTIR DOS 21 ANOS! ▪ MULHER TRANS: VAGINOPLASTIA, PRÓTESE DE MAMAS, REDUÇÃO CIRÚRGICA DA CARTILAGEM TIREOIDE ▪ HOMEM TRANS: MASTECTOMIA, HISTERECTOMIA, SALPINGO-OOFORECTOMIA, NEOFALOPLASTIA ▪ SÃO PROCEDIMENTOS IRREVERSÍVEIS! Rastreamentos: EXAME MULHER TRANS HOMEM TRANS CA Mama A partir dos 50 anos se fatores de risco adicionais - Mamas intactas: igual mulher- cis - Pós-mastectomia: exame anual axilar e da parede torácica CA Colo Útero - - Colo intacto: igual mulheres-cis - Sem colo: sem rastreio CA Próstata Igual homem-cis - 41 1. Sangramento Uterino Anormal Definições: - MUDANÇA NO PADRÃO DE SANGRAMENTO MENSTRUAL com alteração nos ÚLTIMOS 6 MESES O que é normal? ▪ FREQUÊNCIA: 21-35 dias (média: 28 dias) ▪ DURAÇÃO: 2-6 dias ▪ VOLUME: 20-60ml Conceitos Importantes: - Prevalência de 3-30% em idade reprodutiva - Correspondem a 30% das consultas ambulatoriais - Maior prevalência nos extremos da vida reprodutiva Terminologia: MENORRAGIA Intervalos regulares Duração prolongada Fluxo excessivo METRORRAGIA Intervalos regulares Duração +/- prolongada Fluxo normal MENOMETRORRAGIA Intervalos regulares Duração prolongada Fluxo excessivo HIPER/HIPOMENORREIA Relação com fluxo/volume Hipermenorreia: fluxo excessivo e duração normal Hipomenorreia: fluxo reduzido e duração normal ou reduzida POLI/OLIGOMENORREIA Relação com frequência Polimenorreia: frequência < 21 dias Oligomenorreia: frequência > 35 dias OPSOMENORREIA Sangramento que ocorre em intervalo de 35-45 dias ESPANIOMENORREIA Sangramento que ocorre em intervalo de 45-60 dias PROIOMENORREIA Sangramento que ocorre em intervalo de 18-25 dias ou encurtamento do ciclo de 3-5 dias ATENÇÃO! Esses termos variam MUITO na literatura! Classificação: SUA AGUDO ▪ Necessita intervenção imediata para cessar o sangramento SUA CRÔNICO ▪ Sangramento anormal em volume, duração ou frequência presente por pelo menos 6 meses Etiologia: “SUA É UM DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO E NÃO CAUSAL” SISTEMA PALM-COEIN Disfuncional (SUD) ou “Não Estrutural por Disfunção Ovulatória” Conceitos: - Sangramento DIFERENTE DO HABITUAL (normal da paciente), com alteração na duração e/ou frequência e/ou volume → o termo “disfuncional” tem sido abandonado, mas ainda podemos ver questões de prova usando-o. - NENHUMA CAUSA ORGÂNICA É IDENTIFICADA - É diagnóstico de EXCLUSÃO Epidemiologia: - Geralmente mulheres no EXTREMO DE VIDA REPRODUTIVA - Aproximadamente 20% são ADOLESCENTES - Em 50% dos casos são mulheres de 40-50 anos Orgânico - Possui CAUSA ORGÂNICA ▪ Pólipos, adenomiose, mioma, câncer... Investigação Diagnóstica: (1) ANAMNESE + EXAME FÍSICO/EXAME ESPECULAR - ANAMNESE: história menstrual (atraso/ciclicidade), uso de medicações, doenças associadas (coagulopatias), última colpocitologia, idade (existem causas específicas por faixa etária → ver adiante), questionar se é sexualmente ativa (gestação, abortamento, IST); momento do sangramento → sangramento pós-coito sugere trauma, IST ou CA de colo. - EXAME FÍSICO: galactorreia, úlceras, lacerações vaginais, corpo estranho, lesões em colo de útero, lesões em ânus, toque bimanual para avaliar volume uterino e anexos, inspeção geral para avaliar obesidade, sinais de hiperandrogenismo, etc. - PESQUISAR/QUESTIONAR PRESENÇA DE DOENÇAS SISTÊMICAS: tireoidopatias, hiperprolactinemia, hepatopatia, insuficiência renal... EXAMES COMPLEMENTARES Individualizar cada caso e solicitar somente o necessário de acordo com os achados de anamnese e exame físico! - Hemograma, beta-HCG, USGTV*, colpocitologia, histeroscopia com biópsia (se fatores de risco), coagulograma, TSH, prolactina, função renal/hepática, etc. Sang. Ginecológicos Benignos, Dismenorreia, Anticoncepção e Climatério @ casalmedresumos 42 (*) RELEMBRANDO... ENDOMÉTRIO SUSPEITO NA PÓS-MENOPAUSA - Menor que 4-5mm, mas com fatores de risco ou SUA persistente - Maior que 4-5mm sem terapia hormonal - Maior que 8mm com terapia hormonal - Realizar avaliação endometrial + biópsia (histeroscopia é o padrão-ouro) ETIOLOGIA PROVÁVEL DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA → NEONATAL - Privação de estrogênio materno → INFÂNCIA - Corpo estranho/infecção inespecífica - Importante excluir: trama/abuso sexual (incomum lesão himenal) - Importante excluir câncer ▪ Vagina: sarcoma botrioide ▪ Ovário: puberdade precoce → ADOLESCÊNCIA - Disfuncional (2 primeiros anos após menarca → “imaturidade do eixo”) - Importante excluir: gravidez, infecção específica, SOP, coagulopatias (doença de Von Willebrand, PTI...) → ADULTA - Disfuncional por anovulação/anormalidades da gravidez - Importante excluir: infecção específica, neoplasias hormônio- dependentes benignas (mioma, adenomiose, pólipo), neoplasias malignas → PÓS-MENOPAUSA - Atrofia endometrial (30%)/terapia hormonal (30%) - Importante excluir: câncer de endométrio DICAS DA PROVÁVEL ETIOLOGIA - PÓS-COITO: pensar em cervicite, CA de colo, laceração vaginal - MENACME: se sexualmente ativa e sem contraceptivo eficaz, pedir beta-HCG para descartar gravidez - USO DE MEDICAMENTOS: escape pelo contraceptivo, terapia hormonal na pós-menopausa, sulpirida, metoclopramida, etc. Conduta e Manejo Terapêutico: - Se causa orgânica: TRATAR A CONDIÇÃO DE BASE! - Excluídas as causas orgânicas... Deve ser sangramento DISFUNCIONAL ✓ Causa: anovulatórios em 80-85% dos casos ✓ Ocorre especialmente nos extremos da vida reprodutiva▪ Puberdade: pensar em IMATURIDADE DO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIO ▪ Menacme: mecanismo de feedback inapropriado (pensar em SOP) ▪ Climatério: pensar em INSUFICIÊNCIA PROGRESSIVA DA FUNÇÃO OVARIANA Entendendo a participação de estrogênio e progesterona no controle do sangramento... ESTROGENIOTERAPIA - Promove a rápida reepitelização (fortalece a malha reticular do estroma de sustentação) e INTERROMPE O SANGRAMENTO, gerando maior crescimento/proliferação da espessura endometrial. PROGESTOGENIOTERAPIA - Interrompe o efeito proliferativo do estrogênio sobre o endométrio - Não promove a reepitelização do epitélio e NÃO PROMOVE A INTERRUPÇÃO DO SANGRAMENTO Como tratar? Existem diversos esquemas possíveis (segue tabela da FEBRASGO). Como sugestão, podemos usar: - HORMONAIS: ▪ ESTROGÊNIO CONJUGADO (EEC) 1,25mg VO 6/6h 3 semanas + AMP (PROGESTERONA) 10 dias (!) ou ▪ ACO (30-35mcg EE) 8/8h até parar sangramento (mínimo de 48h) e após 1cp/dia por 21 dias. - NÃO HORMONAIS: AINES, ANTIFIBRINOLÍTICO - Se não houver resposta: métodos cirúrgicos, tais como ablação endometrial (por balão térmico ou histeroscopia) ou mesmo a histerectomia. 2. Pólipos Uterinos Definições: - PROJEÇÕES GLANDULARES E ESTROMAIS (lesões em relevo) na cavidade uterina - Características BENIGNAS e BAIXO POTENCIAL DE MALIGNIZAÇÃO (0,5-3%) Quadro Clínico: - SINUSIORRAGIA/SUA + DISMENORREIA SECUNDÁRIA LEVE Na verdade... - CERVICAL: ou não causa nada, ou causa SINUSIORRAGIA - ENDOMETRIAL: maioria ASSINTOMÁTICOS Diagnóstico: - Exame especular - Suspeita: USGTV (IMAGEM HIPERECOGÊNICA) - Confirmação: histeroscopia Conduta: - POLIPECTOMIA POR HISTEROSCOPIA Se menacme, sem fator de risco para câncer e menor que 1,5cm: CONDUTA EXPECTANTE É ACEITÁVEL FEBRASGO 43 PÓLIPO NO USG: HIPERECOICO MIOMA NO USG: HIPOECOICO 3. Leiomiomatose Uterina Conceitos: - Tumores BENIGNOS: fibras musculares lisas do útero + estroma do tecido conjuntivo em proporções variáveis. - Origem MONOCLONAL - Localização clássica: CORPO E CÉRVICE UTERINOS - PSEUDOCÁPSULA: estrutura muscular que circunda os miomas e facilita sua ressecção cirúrgica Fatores Associados: - HERANÇA GENÉTICA - RAÇA NEGRA > branca - Condições aterogênicas (HAS) - Possui RECEPTORES DE ESTROGÊNIO, PROGESTERONA E AROMATASE. Portanto: RISCO ▪ Menarca precoce ▪ Nuliparidade ▪ Obesidade PROTEÇÃO ▪ Tabagismo ▪ Primiparidade precoce ▪ ACO Quadro Clínico: ▪ MAIORIA É ASSINTOMÁTICO ▪ Subseroso: efeito compressivo/dor pélvica ▪ Intramural: SUA/dismenorreia ▪ Submucoso: SUA/infertilidade ✓ O submucoso pode ser pediculado (ñ pode embolização) ou séssil Diagnóstico: SÃO SUFICIENTES: EXAME FÍSICO + USGTV EXAME FÍSICO ▪ Matriz uterina aumentada, irregularidade uterina no toque USGTV: ▪ NÓDULOS HIPOECOICOS RESSONÂNCIA ▪ Maior precisão ▪ Boa indicação quando mais de 4 miomas ▪ Boa indicação se miométrio até a serosa ▪ Complementa a classificação ▪ Controle de tratamento ▪ Auxilia na decisão terapêutica HISTEROSCOPIA ▪ Também auxilia na decisão terapêutica ▪ Permite visão direta do mioma submucoso ▪ Confirmação diagnóstica ▪ Avalia doenças associadas ▪ Permite a classificação do mioma ▪ Permite o estudo histopatológico com biópsia ▪ Controle de tratamento e complicações Classificação (FIGO): 2-5: TRANSMURAL ▪ SUBMUCOSO: 0 (pediculado) > 1 > 2 ▪ INTRAMURAL: 3 > 4 (só intramural) ▪ SUBSEROSO: 5 > 6 > 7 (pediculado) Classificação (Sociedade Europeia de Endoscopia Ginecológica | ESGE): ▪ FIGO 0 = NÍVEL 0 ESGE ▪ FIGO 1 = NÍVEL 1 ESGE ▪ FIGO 2 = NÍVEL 2 ESGE Classificação de Lasmar/Step-W: Size: tamanho do nódulo em centímetros Topography: topografia do mioma Extension: extensão da base em relação à parede uterina Penetration: penetração do nódulo no miométrio Lateral Wall: acometimento da parede lateral 44 Tratamento: SEMPRE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO: SINTOMA X DESEJO DE GESTAÇÃO - Assintomática: NÃO TRATAR - Sintomática com sangramento leve/moderado: EXPECTANTE/CLÍNICO (ACO para redução do sangramento, apesar do risco de crescer o mioma) - Sintomática com sangramento intenso e nulípara: MIOMECTOMIA - Sintomática com sangramento intenso e multípara: HISTERECTOMIA ou HISTEROSCOPIA + RESSECÇÃO se SUBMUCOSO nível 0 e 1 ESGE/FIGO ou 0-4 LASMAR (miomectomia de baixa complexidade) e 5-6 LASMAR (miomectomia de alta complexidade com preparo e/ou em 2 tempos) Medicação no Preparo Cirúrgico: ANÁLOGO DO GNRH (geralmente 3 meses é suficiente) ▪ Reduz tumor e a anemia (por cessar o sangramento) ▪ Pode dificultar a retirada cirúrgica por reduzir a hidratação da pseudocápsula ▪ Evitar uso por mais de 6 meses (risco de osteoporose) IMPORTANTE! - Se poucos miomas submucosos em multíparas, pode realizar a miomectomia histeroscópica, poupando a retirada do útero. - Remédio não trata mioma! Quando usar EMBOLIZAÇÃO DE ARTÉRIA UTERINA? - Miomas múltiplos, não pediculados, com desejo de gestação - Esse conceito não vale para nulíparas! Um êmbolo pode soltar e ir para o ovário levando a insuficiência ovariana! É polêmico... Quais os tipos de degeneração dos miomas? - Hialina: mais comum - Rubra/vermelha/carnosa/necrose asséptica: gestante ATENÇÃO! Duas coisas podem sair pelo colo: MIOMA e PÓLIPO! O mioma parido gera muita cólica menstrual! Se não houver nada (ou apenas sangramento pós-coito), pensar em pólipo! 4. Adenomiose Conceitos: - TECIDO ENDOMETRIAL NO MIOMÉTRIO → tecido heterotópico endometrial (glândula e estroma) na intimidade do miométrio - Sequência: hipertrofia > hiperplasia > INFLAMAÇÃO Classificação: FOCAL ▪ Conjunto focal circunscrito ▪ Adenomioma → diagnóstico diferencial importante com leiomioma. Aqui, não há cápsula circundando! DIFUSA ▪ Distribuição por todo o miométrio ▪ Mais comum ▪ Parede posterior é a mais acometida Clínica: - SUA (50%), DISMENORREIA SECUNDÁRIA E PROGRESSIVA (30%) e AUMENTO/AMOLECIMENTO GLOBAL UTERINO (“útero em bala de canhão”) - DISPAREUNIA e DOR PÉLVICA CRÔNICA podem ocorrer Diagnóstico: USGTV: ▪ Evidencia MIOMÉTRIO HETEROGÊNEO (aspecto em “queijo suíço”, “raios solares”). ▪ Um USGTV normal não exclui o diagnóstico! Baixa sensibilidade. RESSONÂNCIA PÉLVICA: ▪ ZONA JUNCIONAL MIOENDOMETRIAL > 12MM É ALTAMENTE SUGESTIVO e já permite início do tratamento. BIÓPSIA: ▪ Padrão-ouro ▪ Diagnóstico de certeza Tratamento: - Definitivo: HISTERECTOMIA - Pré-menopausa: CLÍNICO (DIU progesterona, ablação endométrio*...) Sem desejo de gestação atual: ▪ DIU de progesterona Inférteis: ▪ Análogo do GNRH ou DIU de progesterona (uso por 6 meses) Na FIV: ▪ Protocolos longos com análogo do GNRH (por 6 meses antes do procedimento) Prole constituída: ▪ Histerectomia (*) Ablação: opção para quem quiser preservar o útero, mas não tem interesse em função reprodutiva. Não tem sido recomendado segundo as evidências mais atuais. 45 4. Endometriose Conceitos: - ENDOMÉTRIO (glândulas e estroma) FORA DO ÚTERO, o que induz uma reação INFLAMATÓRIA CRÔNICA. - Acomete 5-10% das mulheres na menacme - Corresponde a 50% das causas de dor pélvica crônica - Costuma ser diagnosticada com atraso de 7-10 anos - Localização mais comum: OVÁRIO Fatores de Risco: - EXPOSIÇÃO AOS ESTRÓGENOS ▪ Menacme longo (menarca precoce/menopausa tardia) ▪ Nuliparidade ▪ Primigravidez tardia - REFLUXO MENSTRUAL ▪ Ciclos curtos ▪ Fluxo aumentado ▪ Malformações mullerianas ▪ Estenoses iatrogênicas - HISTÓRIA FAMILIAR POSITIVA Fatores de Proteção: - MULTIPARIDADE - INTERVALOS DE LACTAÇÃO PROLONGADA - MENARCA TARDIA Fisiopatologia: - Em 75-90% dos casos ocorre REGURGITAÇÃO TRANSTUBÁRIA (fisiológica na maioria das mulheres) - Mecanismo não é totalmente esclarecido, mas sabe-se que há envolvimento de efluente menstrual, sistema imune e liberação de toxinas. Clínica: - Dor pélvica crônica - Dismenorreia secundária - Dispareunia de profundidade- Disúria - Disquezia - Dor lombar - Dificuldade para gestar (possível causa de infertilidade) Marcadores Biológicos: - CA-125, TNF-alfa, IL-8, VEGF, Glicodelina A = não existe marcador específico! Marcador Clínico: - DISMENORREIA SECUNDÁRIA! Diagnóstico: - Clínico: HISTÓRIA CLÍNICA - Exame físico: NÓDULO AO TOQUE VAGINAL/RETAL, ÚTERO FIXO, DOLOROSO E MASSA ANEXIAL - USGTV com preparo: ENDOMETRIOMA (“cisto com pús/sangue dentro”) ▪ Mais útil para doença “mais central” (ex: intestino, bexiga) - Ressonância com preparo: ruim para implantes pequenos e peritoneais ▪ Mais útil para “doença mais lateral e em andar superior” USTVG E RNM COM PREPARO = atualmente os exames de escolha para mapeamento/estadiamento! A laparoscopia é reservada para situações mais específicas! - Laparoscopia + biópsia: padrão-ouro, mas não tem sido mais recomendada de rotina para o diagnóstico! Quando indicar? ▪ Exames normais e falha terapêutica ▪ Suspeita de estádios avançados ▪ Infertilidade ❖ Utilizar para fins diagnóstico E TERAPÊUTICO nesses casos! ✓ Atividade das lesões: VERMELHA > PRETA > BRANCA ✓ Não existe correlação direta entre a extensão das lesões e a dor CA-125: não define doença, pouco sensível e específico, mas pode ser usado para avaliar gravidade e acompanhar o pós-tratamento. Pode estar alterado em casos de gestação, adenomiose, DIP, tumor ovariano, etc. O melhor momento para coleta é entre o 1°-3º dia do ciclo. 46 Tratamento: CONDUTA EXPECTANTE ▪ Sem sintomas ou sintomas mínimos ▪ Mulheres na perimenopausa TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ▪ AINE: controle sintomático/evitar uso prolongado ▪ (1) PROGESTOGÊNIOS/ACO: primeira linha, uso contínuo, levam ao estado de “pseudogravidez” ▪ (2) DANAZOL, INIBIDORES DA AROMATASE E ANÁLOGOS DO GNRH: outras opções, mas com risco de efeitos adversos: “pseudomenopausa”, hiperandrogenismo, osteoporose... O análogo do GNRH geralmente só é utilizado em casos de preparo pré-operatório. Então... → Dor: INICIALMENTE CLÍNICO ▪ ACO combinado, progesterona, análogo de GnRH (por pouco tempo), inibidor de aromatase. ▪ Se não der certo: tratamento cirúrgico* ▪ Se endometrioma > 4-6cm, lesão em ureter, íleo, apêndice ou retossigmoide (sinais de suboclusão): tratamento cirúrgico* → Endometrioma: - A melhor conduta é a CISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA (retirar o tumor com toda a sua cápsula). Não é para tirar o ovário! (*) Tratamento Cirúrgico - Preferencialmente por via minimamente invasiva: laparoscopia ou robótica - Preservar o útero e tecido ovariano sadios: cirurgia “tecido-redutora” - O sucesso terapêutico é cirurgião-dependente → Infertilidade: - O tratamento clínico não resolve! - Endometriose mínima ou leve: LAPAROSCOPIA - Endometriose severa: LAPAROSCOPIA OU FIV Resumão para a prova... - MIOMA: SUA Obs: SUA ao coito: pensar em POLIPOSE - ADENOMIOSE: SUA + dismenorreia secundária - ENDOMETRIOSE: dismenorreia secundária + infertilidade 5. Dismenorreia Conceitos Iniciais: - “MENSTRUAÇÃO DIFÍCIL” ou “DOR PÉLVICA” associada ao período menstrual. Realizado o diagnóstico clínico, é importante realizar a diferenciação entre a dismenorreia primária e secundária. - PRIMÁRIA: ▪ Também chamada de “intrínseca”, “funcional” ou “idiopática” ▪ Ausência de doença pélvica detectável - SECUNDÁRIA: ▪ Também chamada de “extrínseca”, “adquirida” ou “orgânica” ▪ Presença de ginecopatias ou outras causas (ex: endometriose, adenomiose) Fisiopatologia: - A dismenorreia secundária é decorrente da sua doença de base. A dismenorreia primária tem como ponto-chave o ↑ÁCIDO ARACDÔNICO, que resulta na liberação de mediadores inflamatórios (leucotrieno, prostaglandinas e tromboxano), resultando em vasoconstrição e contração miometrial, que causam DOR, MAL-ESTAR, NÁUSEA, LOMBALGIA, etc. Classificação: CARACTERÍSTICAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA INÍCIO 2 anos pós- menarca Independe da menarca MANIFESTAÇÃO Imediatamente antes ou no início do fluxo Antes e durante o fluxo + com piora dos sintomas ao longo do tempo CLÍNICA Dor em hipogastro Náusea ou vômito Cefaleia Dor lombar e em MMII Dor pélvica crônica + Dispareunia (na maioria das vezes “profunda”) EXAME CLÍNICO (TOQUE VAGINAL) Não há achados significativos Dor, nódulos, massas pélvicas EXAMES SUBSIDIÁRIOS Normais CA-125 USGTV RNM Causas Secundárias: INTRAUTERINAS EXTRAUTERINAS NÃO-GINECOLÓGICAS - Adenomiose - Leiomioma - DIU - Abortamento - Anom. mullerianas - Est. cervical - Endometriose - DIP - Aderências - Grav. ectópica - Psicossomáticas (depressão) - Sínd. do cólon irritável - Constipação crônica - DII - Dor miofascial - Infecção urinária - Litíase renal Investigação e Tratamento: FEBRASGO FEBRASGO 47 Crédito: Dr. Alberto Freitas 6. Anticoncepção Conceito: - Maneira pela qual uma ou mais AÇÕES, DISPOSITIVOS OU MEDICAMENTOS são utilizados para EVITAR OU REDUZIR A CHANCE DE GRAVIDEZ. Escolha do Método: LEVAR EM CONSIDERAÇÃO Eficácia Inocuidade Aceitabilidade e preferência Facilidade de uso Reversibilidade Custo Risco, efeitos colaterais, efeitos benéficos adicionais Índice de Pearl: ▪ Quanto menor, mais efetivo ▪ Quanto maior, menos efetivo Ilustrando... Critérios de Elegibilidade dos Métodos: ▪ Categoria 1: pode usar ▪ Categoria 2: pode usar com cautela (benefício > risco) ▪ Categoria 3: contraindicação relativa (risco > benefício) ▪ Categoria 4: contraindicação absoluta Métodos Hormonais COMBINADOS SÓ PROGESTERONA ORAL ORAL INJETÁVEL MENSAL INJETÁVEL TRIMESTRAL ANEL IMPLANTE ADESIVO SIU MECANISMO DE AÇÃO: 1º Inibe ovulação 2º Espessamento do muco cervical 3º Altera motilidade da tuba 4º Torna o endométrio inóspito (descidualização) QUEM PROMOVE ANOVULAÇÃO? - Pílula: depende - Injetável trimestral: sim - Implante: sim - SIU: não PÍLULA Representantes: - DESOGESTREL: ✓ Promove ANOVULAÇÃO + eficaz - LEVONORGESTREL e NORETISTERONA (minipílulas): ✓ Anovulação menos eficaz. - Todas são indicadas no ALEITAMENTO e PERIMENOPAUSA INJETÁVEL TRIMESTRAL Representante: - ACETATO DE MEDROXIPROGESTERONA Repercussões: ✓ Amenorreia ✓ Androgenismo ✓ Aumento de peso ✓ Absorção de cálcio reduzida + osteopenia (reversível após a suspensão do uso) IMPLANTE SUBDÉRMICO Representante: - ETONORGESTREL Mecanismo: ✓ Inibe a ovulação por bloqueio de LH ✓ Altera o muco cervical ✓ Atrofia o endométrio - Causa AMENORREIA POR 3 ANOS - Causa REDUÇÃO DAS CÓLICAS MENSTRUAIS - Efeitos colaterais: irregularidade menstrual (spotting), retenção hídrica e ganho de peso, acne, cefaleia, mastalgia QUEM NÃO PODE USAR? - ALEITAMENTO < 6 MESES - Risco de TROMBOSE - Risco pessoal de DOENÇA CEREBROVASCULAR - Risco pessoal de DOENÇA CARDIOVASCULAR - HEPATOPATIAS: hepatite aguda, tumor maligno, adenoma, cirrose descompensada, rifampicina e anticonvulsivantes (exceto ácido valproico) - CA DE MAMA atual ou prévio (familiar não entra) - DOENÇA DE VESÍCULA: colestase com ACO, doença atual - CLÁSSICOS DE PROVA: FUMO > 15 CIGARROS APÓS 35 ANOS, DM COM VASCULOPATIA, HAS GRAVE, ENXAQUECA COM AURA (!!!) QUEM NÃO PODE USAR? - TROMBOSE ATUAL - ALEITAMENTO < 6 SEMANAS ▪ Só injetável trimestral (categoria 3) ▪ Nas primeiras 6 semanas, só pode minipílula e implante - HEPATOPATIAS: cirrose descompensada, adenoma, câncer - CA DE MAMA: atual (categoria 4) ou passado (categoria 3) 48 PASSAR O OLHO PARA NÃO ESQUECER E FIXAR! Só progesterona... Minipílula - Mecanismo de ação: altera muco cervical e atrofia endométrio - Ideal: amamentação ou peri-menopausa. Entrando em desuso! Atualmente são substituídas pelo Desogestrel, que promove anovulação de forma mais eficaz. Injetável Trimestral/Implante Subdérmico - Mecanismo de ação: altera muco, endométrio e anovulação - Problemas: ganho de peso, edema, aumento de pilificação - Uso prolongado de injetável trimestral: risco de osteoporose Contraindicações:- Categoria 3: gravidez, tumor hepático, HAS grave, AVE, TVP e TEP agudo - Categoria 4: câncer de mama atual (única) ATENÇÃO! Após o parto amamentando? “Antigamente, não se fazia nada nas primeiras 6 semanas!” - Sim: minipílula e implante subdérmico (categoria 2) - Não: toda progesterona é categoria 1 Combinados... ACO, adesivo, anel vaginal e injeção mensal - Mecanismo de ação: alteram endométrio, muco cervical, anovulação e alteram movimento ciliar na trompa ▪ Estrogênio: inibe FSH ▪ Progesterona: inibe LH - Diminuem a eficácia dos ACO: rifampcina, anticonvulsivantes, antirretrovirais Contraindicações: - Categoria 4: amamentação < 6 semanas pós-parto, CA de mama atual, fumo (> 15 cigarros/dia) após 35 anos, IAM, TVP, TEP e AVE atual ou prévio, enxaqueca com aura - Progesterona mais trombogênica: ciproterona DIU LARC L LONG A ACTING R REVERSIBLE C CONTRACEPTION → DIU DE LEVONORGESTREL 52mg de levonorgestrel (20mcg/dia) - Dura 5-7 ANOS - Atrofia endométrio e torna o muco hostil - Função, motilidade e capacitação espermática são alterados - NÃO PROMOVE ANOVULAÇÃO - Vantagens: amenorreia, reduz cólicas - Efeitos colaterais: spotting, cefaleia, mastalgia, cistos funcionais → DIU DE COBRE OU PRATA - Dura 5 ANOS (prata) ou 10 ANOS (cobre) - Ação irritativa, inflamatória e espermicida - Reduz sobrevida do óvulo - Evitar se dismenorreia/sangramento - NÃO PROMOVE ANOVULAÇÃO - Vantagens: não interfere na libido, nas relações sexuais, não interage com outras medicações, útil nas contraindicações aos métodos hormonais - Efeitos colaterais: spotting, cólicas (DIU de cobre), ↑fluxo Contraindicações: “ALTERAÇÕES INTRAUTERINAS” ▪ SUSPEITA DE GRAVIDEZ ▪ DISTORÇÃO DA CAVIDADE ✓ Anomalias útero-cervicais ✓ Mioma ✓ Pós-parto entre 3-28 dias) ▪ SANGRAMENTO INEXPLICADO ▪ CA GINECOLÓGICO ✓ Colo uterino ✓ Endométrio ✓ Ovário ✓ Mama ✓ Doença trofoblástica gestacional ▪ INFECÇÃO PÉLVICA ✓ AIDS sem TARV e/ou HIV avançado ✓ Risco elevado para IST ✓ Pós-abortamento séptico ✓ Cervicite purulenta ✓ Infeção por clamídia ou gonococo ✓ BK pélvica ✓ DIP atual (passado de DIP não é contraindicação!) ATENÇÃO! (1) DIU + DIP = ATB + avaliar em 48h. Se melhorar: deixa; se piorar: tira (2) pode QUALQUER DIU antes de 48h pós-parto (!), independente de amamentação. Caso contrário, esperar 4 semanas. Métodos Comportamentais TABELINHA, CURVA TÉRMICA, MUCO CERVICAL - Desaconselhar o uso isolado Métodos de Barreira CONDOM E DIAFRAGMA - Alta taxa de falha - Úteis para proteção para DST (parcial para HPV e herpes) - Condom feminino confere área maior de proteção que o masculino Métodos Cirúrgicos/Esterilização Definitiva PROJETO APROVADO 2022 - Critérios: idade > 21 anos ou > 2 filhos (mudou) - Cônjuge NÃO precisa assinar (mudou) - Pode fazer no parto (mudou) - > 60 dias entre a vontade e a cirurgia - Em prova prática: sempre oferecer outros métodos, mesmo que a paciente preencha os critérios. Contracepção de Emergência - Mecanismo de ação: ALTERA OVULAÇÃO E ATROFIA ENDOMÉTRIO = o mecanismo exato depende do momento em que é administrado! 1ª Fase (antes do pico do LH) 2ª fase Altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo ou retardando a ovulação. Se usado muito próximo a rotura folicular, pode haver falha. Modifica a viscosidade do muco cervical e impede ou dificulta a movimentação dos espermatozoides 49 RISCOS DA TRH CA de mama AVE Doença cardiovascular Tromboembolismo Alternativas: - LEVONORGESTREL 1cp 1,5mg DU (!) - Método Yuspe: maiores taxas de falha - DIU de cobre: risco aumentado de IST. Não é recomendado em vítimas de violência sexual. Considerações: - Eficaz até 5 dias (quanto mais precoce, mais eficaz) - O uso repetitivo ou frequente da anticoncepção de emergência compromete a eficácia! - Efeitos colaterais: *náusea e vômitos (40-50%), cefaleia, mastalgia, tontura (*) Se vomitar em até 2h da tomada = tomar novamente! Contraindicações: - A única contraindicação absoluta é a gravidez - Categoria 2 da OMS (usar com cautela): AVC, tromboembolismo, enxaqueca grave, diabetes com complicações vasculares. Não são contraindicações (nem relativas, nem absolutas)! Não há registro de efeitos teratogênicos 7. Climatério Conceitos: - PRIMEIROS INDÍCIOS DE FALHA OVARIANA ATÉ 65 ANOS - PRÉ-MENOPAUSA: ▪ ↓Folículos e folículos envelhecidos: ↓Inibina > ↑FSH - MENOPAUSA E PÓS-MENOPAUSA: ▪ Ovário não produz E e P > E circulante (aromatização) > estrona Diagnóstico: - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO CLIMATÉRIO: ALTERAÇÃO MENSTRUAL (primeira), FOGACHOS, insônia, síndrome genitourinária (ATROFIA), dispareunia, aumento do risco de OSTEOPOROSE - O DIAGNÓSTICO DE MENOPAUSA é CLÍNICO: > 1 ano da última menstruação Laboratório: - FSH > 40 e estradiol < 20: diagnóstico diferencial com FALÊNCIA OVARIANA PRECOCE em casos de amenorreia secundária (“menopausa precoce”). O diagnóstico de climatério e menopausa é clínico, mas a dosagem do FSH pode ser útil nos casos em que as manifestações clínicas surjam antes dos 40 anos, pela suspeita de insuficiência ovariana prematura. Indicações de TRH: - INDICAÇÃO MAIS COMUM: FOGACHO - QUANDO? < 10 ANOS DO INÍCIO DOS SINTOMAS E < 60 ANOS DE IDADE (“janela de oportunidade”) Qual terapia escolher? - Com útero: E + P - Sem útero: apenas E - Sem útero com endometriose: E + P Qual via escolher? - DM, HAS, fumo, risco de trombose, hipertrigliceridemia, doenças hepáticas (“patologias em geral”): parenteral (TRANSDÉRMICA → adesivo ou PERCUTÂNEA → gel) - Colesterol alto (↓HDL↑LDL): comprimido (VO) - Progesterona: oral ou SIU DE LNG (só serve para proteger o endométrio) Contraindicações? - CA de mama (ou lesões precursoras) ou endométrio (prévio ou atual) - TEP/TVP atual (avaliar via de administração) - História de AVE/IAM - Sangramento vaginal indeterminado - LES (↑risco trombose) - Doença hepática ativa e grave - Meningioma (para progesterona) - Porfiria (polêmico) Opções não hormonais? - Metildopa - Clonidina - ISRS E IRSNS Regras básicas: - Iniciar o MAIS PRECOCE POSSÍVEL - Usar a MENOR DOSE E O MENOR TEMPO POSSÍVEL → não há receita de bolo e nem tempo específico para o uso! DIABETES Parenteral HIPERTENSÃO TABAGISMO RISCO DE TROMBOSE HIPERTRIGLICERIDEMIA DOENÇAS HEPÁTICAS HIPERCOLESTEROLEMIA (LDL) Oral SÍNDROME GENITOURINÁRIA Tópica (*) Nesses casos, mesmo sendo de administração tópica, não há segurança para usar em casos de história de CA de mama! Cuidado em prova! DETALHE! Para os casos de DISFUNÇÃO SEXUAL isoladamente, NÃO HÁ INDICAÇÃO DE TRH! Porém, nos casos de DISFUNÇÃO SEXUAL + SINTOMAS CLIMATÉRICOS, a TIBOLONA é excelente opção! ▪ As contraindicações citadas anteriormente também valem aqui! ▪ É uma terapia hormonal com CARACTERÍSTICAS ESTROGÊNICA, PROGESTOGÊNICA E ANDROGÊNICA ▪ BENEFÍCIOS ESTROGÊNICOS: melhora atrofia, sintomas vasomotores e risco de fratura ▪ BENEFÍCIOS ANDROGÊNICOS: melhora na função sexual e libido 8. Osteoporose Conceitos Iniciais: - Doença esquelética caracterizada pela redução da resistência óssea predispondo ao aumento do risco de fratura. - É a PRINCIPAL CAUSA DE FRATURA NA POPULAÇÃO > 50 ANOS - Maior incidência de fraturas onde há PREDOMÍNIO DE OSSO TRABECULAR ▪ CORPOS VERTEBRAIS ▪ COLO DO FÊMUR/FÊMUR PROXIMAL ▪ ANTEBRAÇO A massa óssea é composta por 80% de osso CORTICAL (mais “dura”) e 20% de osso TRABECULAR (“mais porosa, aspecto de favo de mel’), que é a parte metabolicamente mais ativa e também a mais suscetível a fraturas Fatores de Risco: - Atenção para IDADE (mais importante), HISTÓRIA FAMLIAR, RAÇA BRANCA E HIPOESTROGENISMO - OUTROS: uso de corticoide, tabagismo, quedas recentes, baixa ingesta de cálcio, alta ingesta de fósforo, diabetes, sedentarismo, heparina, hiperparatireoidismo, doença renal crônica, uso de acetato de medroxiprogesterona, déficit de visão, demência, etc.Imagem: alamy.com 50 Diagnóstico: (1) FRATURA DE FRAGILIDADE OU (2) DENSITOMETRIA ÓSSEA (DMO) COM T-SCORE < 2,5DP CATEGORIAS PARA DIAGNÓSTICO SEGUNDO A OMS NORMAL T-SCORE > - 1 OSTEOPENIA T-SCORE entre – 1 e – 2,5 OSTEOPOROSE T-SCORE < 2,5 OSTEOPOROSE ESTABELECIDA T-SCORE < 2,5 e presença de uma ou mais fraturas por fragilidade óssea (colo do fêmur, transtrocantérica, punho-distal de rádio e coluna) Critérios estabelecidos para COLUNA LOMBAR, COLO DO FÊMUR OU TERÇO MÉDIO DISTAL DO RÁDIO T-SCORE: comparação da massa óssea do indivíduo testado com a média da massa óssea de uma população ADULTA, JOVEM, SAUDÁVEL Z-SCORE: comparação da massa óssea do indivíduo testado com a média da massa óssea de uma população PAREADA PELA IDADE E SEXO Ambos são medidos em DESVIO PADRÃO. Indicações de Densitometria Óssea (DMO): Não é para todo mundo! ▪ Mulheres > 65 anos ou homens > 70 anos ▪ Mulheres pós-menopausa < 65 anos e homens 50-70 anos com risco ▪ Adultos com fraturas de fragilidade ▪ Adultos com condição associada à perda de massa óssea ▪ Adultos em uso de medicações associadas com perda óssea ▪ Quando a terapia farmacológica está sendo considerada ▪ Para monitorar a eficácia do tratamento Organizando as principais... SEM FATOR DE RISCO: - Mulheres: > 65 anos - Homens: > 70 anos COM FATOR DE RISCO*: - Mulheres: pós-menopausa - Homens: 50-69 anos (*) FATORES DE RISCO: baixo peso corporal, doença crônica (AR, PAGET, DRC, outra doença óssea), uso de corticoide por > 3 meses) COM FRATURA: - > 50 anos Tratamento Não-Medicamentoso: - EXERCÍCIOS FÍSICOS RESISTIDOS: treinamento de resistência apropriado para a idade e capacidade funcional → reforço do quadríceps e exercícios sob ação da gravidade são os mais indicados. - EXERCÍCIOS DE EQUILÍBRIO: dança, tai-chi, fisioterapia - PREVENÇÃO DE QUEDAS: revisão de medicamentos psicoativos e outros associados ao risco de queda; avaliação de problemas neurológicos; correção de distúrbios visuais e auditivos e medidas de segurança ambiental. - ABANDONO DO TABAGISMO E INGESTA ETÍLICA EXCESSIVA - DIETA RICA EM CÁLCIO (leite e derivados, peixe e verduras: espinafrem brócolis e folhas escuras) COM INGESTA DIÁRIA DE 1000-1200mg - DIETA RICA EM VITAMINA D (salmão, sardinha, ovos, cogumelos) - EXPOSIÇÃO SOLAR ANTES DAS 10H OU APÓS AS 16H E a SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO E VITAMINA D? - SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO: recomendada para pacientes com restrições alimentares que dificultem atingir a ingestão mínima diária de 1.200mg/dia para mulheres com mais de 50 anos - SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D: após determinação dos níveis séricos de 25-OH-vitamina D. ✓ MENOR QUE 20: 50.000UI 1X/SEMANA POR 8 SEMANAS + NOVA REAVALIAÇÃO ✓ MAIOR QUE 30: 600-2.000UI 1X/DIA (diverge em literatura) ✓ Doses mais elevadas poderão ser utilizadas em casos especiais: cirurgia bariátrica, doença inflamatória intestinal, doenças crônicas ou quando níveis de vitamina D não são mantidos com as doses habitualmente preconizadas. Tratamento Medicamentoso: INDICAÇÕES DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: ✓ Fratura VERTEBRAL (clínica ou assintomática) ✓ Fratura de QUADRIL (clínica ou assintomática) ✓ Densitometria óssea com T-SCORE < 2,5DP de quadril (fêmur total ou colo do fêmur) ou lombar ✓ Baixa massa óssea e mais de 3 fatores de risco ✓ História prévia de fraturas por fragilidade OPÇÕES MEDICAMENTOSAS: ANTIREABSORTIVOS/ANTICATABÓLICOS - BIFOSFONATO (alendronato, risedronato, ibandronato): 1ª opção. ▪ Inibem a atividade osteoclástica (anticatabólicos) ▪ Não se deitar por 30 minutos após a ingesta ▪ Opções: alendronato (10mg/dia ou 70mg/semana VO) ou risedronato (5mgdia ou 35mg/semana VO) ▪ Contraindicações: esofagopatia, ClCr < 30 (!) - DENOSUMABE: se intolerância/contraindicação ao bifosfonato. - RALOXIFENO: mais restrito para risco de CA de mama, pós-menopausa sem sintomas vasomotores ANABÓLICOS - ANÁLOGOS PTH (TERIPARATIDA): se osteoporose grave (< 3,5DP ou com fratura) (!) - Outros: aloparatida/romosumabe (anticorpo antiesclerostina) TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL - Melhor opção para mulheres pós-menopausa com sintomas climatéricos/vasomotores FRATURA POR FRAGILIDADE é definida pela OMS como "UMA FRATURA CAUSADA POR UM TRAUMA QUE SERIA INSUFICIENTE PARA FRATURAR UM OSSO NORMAL, RESULTADO DE UMA REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA COMPRESSIVA OU TORSIONAL" 51 FIXAÇÃO DO CONTEÚDO! SUA/SUD Definição SUD SUA sem causas orgânicas Diagnóstico de exclusão Maior prevalência SUD Extremos da vida reprodutiva SUD na adolescência Imaturidade do eixo H-H-O SUD na perimenopausa Insuficiência ovariana gradativa Tratamento do SUD Hormonioterapia Tratamento do SUD grave Estrogenioterapia Tratamento do SUA Tratar a condição de base Principal causa orgânica de SUA Leiomioma SUA/PALM Sinusiorragia + SUA + dismenorreia leve Pólipos Dismenorreia + sangramento Adenomiose SUA sem dismenorreia Miomatose Tratamento dos pólipos endocervicais ou endometriais Histeroscopia + polipectomia Tratamento da adenomiose Com desejo de gestação DIU progesterona Análogos GNRH Tratamento da adenomiose Com infertilidade DIU de progesterona Análogos GNRH + FIV ou ressecção Tratamento da adenomiose Com prole completa Histerectomia Tratamento da miomatose Sem sintomas Expectante Tratamento da miomatose Sem desejo de gravidez Histerectomia Tratamento da miomatose Com desejo de gravidez Miomectomia ENDOMETRIOSE Conceito Tecido endometrial fora do útero Clínica Dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica, infertilidade USGTV – Avaliação Endometrioma ovariano RM – Limitação Implantes diminutos e peritoneais Laparoscopia Não há correlação direta entre a extensão das lesões a intensidade da dor Diagnóstico definitivo Histopatológico Escolha no tratamento clínico ACO e progesterona Tratamento do endometrioma Cistectomia laparoscópica Tipo de abordagem cirúrgica Tecido-Redutora ou “tissue” redutora DISMENORREIA Clínica 1ª: dor em hipogastro, cefaleia, náusea, lombalgia 2ª: dor pélvica crônica + dispareunia ANTICONCEPÇÃO Tipos de orais Combinados (E + P) Só P Efeitos do ACO Anovulação, muco espesso, endométrio decidualizado, redução da motilidade tubária Progesterona com efeito anovulatório Desogestrel, injetável, implante Candidatas à laqueadura > 21 anos ou 2 filhos vivos Anticoncepção de emergência mais eficaz Levonorgestrel Anticoncepção de emergência contraindicada na violência DIU de cobre CLIMATÉRIO Via de administração TRH Patologias em geral = Parenteral Colesterol alto = Comprimido Regimes da TRH Com útero = E + P Sem útero = E Prevenção com a TRH Não é eficaz na prevenção de DCV ou Alzheimer Tempo de uso da TRH Menor tempo e dose possíveis OSTEOPOROSE Diagnóstico T-Score < 2,5 Cálcio Recomendada para pacientes com restrições alimentares que dificultem atingir a ingestão mínima diária de 1.200mg/dia para mulheres com mais de 50 anos Vitamina D - Menor que 20: 50.000UI 1x/semana por 8 semanas + nova reavaliação - Maior que 30: 600-2.000UI 1x/dia (diverge em literatura) Fratura de Fragilidade Causada por um trauma que seria insuficiente para fraturar um osso normal, resultado de uma redução da resistência compressiva ou torsional Indicações DMO Sem fator de risco: - Mulheres: > 65 anos - Homens: > 70 anos Com fator de risco: - Mulheres: pós-menopausa - Homens: 50-69 anos Bifosfonatos Não se deitar por 30 minutos após a ingesta Contraindicações: esofagopatia, clcr < 30 52