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O MEIO AMBIENTE NA CF/88 
Por Equipe RSC Online 
Atualizado em 07/02/2024 
 
SUMÁRIO 
1. Conceito de Direito Ambiental ....................................................................................................... 2 
1.1. Direito ambiental na concepção objetiva e subjetiva ............................................................. 3 
1.2. Evolução histórica do direito ambiental ................................................................................. 5 
1.3. Pressupostos filosóficos da proteção ao meio ambiente ....................................................... 6 
2. O Meio Ambiente na CF/88 ........................................................................................................... 7 
2.1. Instrumentos de Proteção Ambiental Expressamente Previstos na CF/88 ............................ 9 
2.2. Repartição de competência em matéria ambiental .............................................................. 15 
2.2.1. Competência legislativa ............................................................................................ 17 
2.2.2. Competência material ............................................................................................... 21 
2.2.3. Competência exclusiva da União .............................................................................. 22 
2.2.4. Tabela Síntese – Competência Ambiental ................................................................. 24 
2.3. A tutela constitucional do meio ambiente............................................................................. 24 
2.3.1. Proteção do meio ambiente como princípio da ordem econômica ............................. 24 
2.3.2. Equidade intergeracional: o direito das gerações futuras ao meio ambiente ............. 26 
2.3.3. Meio ambiente agrário (art. 186 da CF) ..................................................................... 26 
2.4. O Direito Ambiental e as Constituições Estaduais ............................................................... 27 
3. Ambientalismo Social X Preservacionismo ................................................................................. 27 
4. Bens Ambientais ......................................................................................................................... 28 
4.1. Conceito .............................................................................................................................. 28 
4.2. Espécies .............................................................................................................................. 29 
4.3. Propriedade dos bens ambientais ....................................................................................... 30 
4.4. Instrumentos de proteção .................................................................................................... 30 
 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
2 
1. CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL 
O Direito Ambiental pode ser conceituado como um ramo do direito complexo, de normas 
regulamentadoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade 
do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras 
gerações. O meio ambiente faz parte do mínimo existencial, é um verdadeiro direito difuso. 
Trata-se de ciência autônoma, com independência garantida, pelo fato de possuir prin-
cípios diretores próprios, os quais estão previstos no art. 225 da Constituição Federal, bem como 
na Lei nº 6.938/81, responsável por dispor sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Celso Antônio 
Pacheco Fiorillo). 
 
No geral, suas normas têm caráter imperativo e coercitivo, sujeitas aos princípios maiores do 
Direito Administrativo de Indisponibilidade do Interesse Público e Supremacia do Interesse Público 
sobre o Privado. 
Meio ambiente, por sua vez, é compreendido como o conjunto de fatores exteriores que 
agem de forma permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e 
com os quais têm de interagir para sobreviver. 
A lei traz o conceito de meio ambiente, mas restringindo-o (o conceito) ao meio ambiente 
natural. O conceito legal de meio ambiente encontra-se no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81: “o conjunto 
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas” (a literalidade da norma já foi muito cobrada 
em provas). 
Tal conceito tem como principais fontes internacionais: 
a) A Conferência de Estocolmo de 1972: a partir dela que as Constituições posteriores pas-
saram a adotar o princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito 
fundamental. Foi o primeiro instrumento internacional de grande relevância que reconheceu 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
3 
a necessidade de uma reação global ao problema da deterioração ambiental, tendo sido 
marcadamente antropocêntrica, ou seja, com foco no ser humano como único merecedor 
de resguardo na biosfera. 
b) Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92): re-
sultou numa série de documentos e Convenções, como a CDB, a Convenção sobre Mudanças 
do Clima e a Agenda 21. Ela reafirmou uma série de princípios da Conferência de Estocolmo. 
c) Protocolo de Kyoto: firmado em 1997, teve o objetivo precípuo de promover o controle cli-
mático da terra por intermédio da diminuição da emissão de gases de efeito estufa. 
d) Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável: realizada em Johannesburgo, 
em 2002, serviu para reforçar e acelerar as metas e compromissos firmados nos encontros 
anteriores. 
1.1. Direito ambiental na concepção objetiva e subjetiva 
O direito ao meio ambiente manifesta desdobramento em duas dimensões conexas entre si 
e dispostas no mesmo patamar: a objetiva e a subjetiva. 
A enumeração do plexo de responsabilidades a cargo do Poder Público para garantia da 
salvaguarda do equilíbrio ecológico, que encontra no § 1º do art. 225 de nossa Lei Maior sua matriz, 
é uma vertente inconteste da dimensão objetiva. 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de de-
fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies 
e ecossistemas; 
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades 
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
4 
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente; 
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função 
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
São obrigações de fazer que têm como devedor o Estado e como credora a sociedade, im-
pondo àqueleatuar, entre outras frentes, no sentido de: (i) criar e proteger eficazmente unidades de 
conservação ambiental, (ii) exigir estudos prévios de impacto ambiental para licenciar a instalação 
de obra potencialmente geradora de poluição; (iii) coibir práticas que submetam animais a crueldade; 
(iv) ministrar a educação ambiental a todos os segmentos estudantis. 
Ainda como elemento de dimensão objetiva, convém aludir à proibição de retrocesso na 
seara ecológica, hábil a legitimar, por exemplo, o incentivo à expansão de veículos que usem 
fontes de combustível menos poluidoras que as de origem fóssil, com a consequente hostilidade 
a iniciativas que possam implicar o manejo de fontes eventualmente mais nocivas que as de 
origem petrolífera. 
 Observação: o princípio da proibição de retrocesso ambiental foi um dos principais fundamen-
tos da decisão do STF que reconheceu a inconstitucionalidade da revogação de Resolução do Co-
nama, que protegia o meio ambiente, sem que fosse substituída ou atualizada por outra que também 
assegurasse proteção. Nesse sentido, o Informativo 1055 do STF explica: 
“Assim, a mera revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis necessá-
rios ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição ou atualização, compromete a 
observância do texto constitucional, da legislação vigente e de compromissos internacionais. 
(...) 
Nesse contexto, ao revogar normativa necessária e primária de proteção ambiental na seara hídrica, 
o ato normativo impugnado implicou evidente retrocesso na proteção e defesa dos direitos funda-
mentais à vida, à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois revela autêntica situ-
ação de degradação de ecossistemas essenciais à preservação da vida sadia, comprometimento da 
integridade de processos ecológicos essenciais e perda de biodiversidade, assim como o recrudes-
cimento da supressão de cobertura vegetal em áreas legalmente protegidas”. STF. Plenário. ADPF 
748 /DF, Rel. Min. Rosa Weber, j. 20/05/2022. 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
5 
No mesmo sentido: “É inconstitucional – por configurar retrocesso institucional e socioambiental, 
dada sua incompatibilidade com o modelo da democracia constitucional e violação a preceitos fun-
damentais – o Decreto 9.806/2019 que, sob a justificativa da liberdade de conformação decisória 
administrativa, foi editado para dispor sobre regras de composição e funcionamento do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e promoveu alterações quanto à representação de seus mem-
bros e ao seu processo decisório.” 
STF. Plenário. ADPF 623/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgamento 19/05/2023. 
Deslocando os holofotes do Estado para o cidadão, a dimensão subjetiva do meio ambi-
ente é pontuada pela consagração de prerrogativas de exercício individualizado em prol do 
equilíbrio ecológico. Boa ilustração disso é a legitimidade ativa conferida a “qualquer cidadão” para 
a propositura de ação popular que objetive anular ato lesivo ao meio ambiente, constante do art. 5º, 
LXXIII, da Constituição Federal. De assinalar que a pretensão deduzida nesse tipo de demanda tanto 
pode questionar prática estatal ambientalmente perniciosa quanto ação particular violadora do equi-
líbrio de um ecossistema. 
São, também, emblemáticas maneiras de expressão da dimensão subjetiva as consultas e 
audiências públicas, as quais são realizadas com o fito de colher opiniões e análises para balizar 
decisões representativas de impacto sobre o meio ambiente, o que ocorre amiúde quando são anun-
ciados projetos de instalação de usinas hidrelétricas, em especial daqueles em terras indígenas, a 
cujo respeito o § 3º do art. 231 da CF estabelece o seguinte procedimento: 
Art. 231, (...) 
§ 3º. O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra 
das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso 
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resulta-
dos da lavra, na forma da lei. 
 
1.2. Evolução histórica do direito ambiental 
a) Visão individualista: trata-se de uma fase individualista. Nessa fase não se pensava no meio 
ambiente, haja vista que o ser humano ainda buscava os direitos de 1ª Geração. 
b) Visão fragmentária: é marcado no início do século XX, quando os direitos de 2ª Geração 
vieram à tona. Nessa fase ainda não se pensava no meio ambiente. O objeto de atuação era 
a preservação de bens que continham uma utilidade econômica. Tem-se o Código de Mine-
ração de 1967, o Código de Águas de 1934 e o Código Florestal de 1965, que buscavam 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
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proteger a floresta e outras formas de vegetação nativa que tinham utilidade econômica. Esse 
modelo que restringe a proteção ambiental à utilidade econômica foi superado pela fase 
holística. 
c) Visão holística: século XXI. Da necessidade de um Estado fraternal, sobretudo após as gran-
des guerras, eclodem os direitos de 3ª geração. É aqui que se começa a dar um olhar dife-
renciado ao meio ambiente conjugado com os direitos transindividuais. É aqui que o direito 
ambiental ganha destaque. Reconhece que o Meio Ambiente possui um valor em si mesmo, 
independentemente do aspecto econômico. O bem ambiental, então, tem um valor ético e 
igualmente econômico. 
 Essa fase corresponde ao século XXI, que está no Estado Constitucional Ecológico 
no qual tutela-se a biodiversidade, o conhecimento tradicional associado, a questão da própria 
Convenção 169 da OIT, a Constituição com o Meio Ambiente natural, cultural, artificial e do 
trabalho que possuem um valor holístico para a geração atual, para as gerações futuras, in-
dependente da aferição monetária. 
 
1.3. Pressupostos filosóficos da proteção ao meio ambiente 
A tutela do direito ambiental no ordenamento jurídico teve início na década de 70. A visão do 
direito ambiental foi progredindo com o tempo: 
a) Visão Antropocentrista: a proteção ambiental busca, ao fim, a proteção do próprio ser hu-
mano, ocorrendo em seu benefício. 
b) Visão Biocentrista: a proteção ambiental busca, ao fim, a proteção de todos os seres vivos 
e não apenas a proteção do ser humano. 
c) Ecocentrista: a proteção ambiental é um fim em si mesmo, sendo o meio ambiente conside-
rado sujeito de direitos. O meio ambiente deve ser tutelado ainda que isso não beneficie o ser 
humano ou os seres vivos como um todo. 
 A Constituição Federal de 1988 é antropocêntrica? 
É correto afirmar que a CF/88 adota o antropocentrismo mitigado. Nosso ordenamento 
jurídico protege os fatores e recursos ambientais que têm uma utilidade direta para o ser humano, 
mas também os que têm utilidade indireta. Exatamente em razão da proteção desses recursos 
 
 
 
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ambientais, que têm utilidade meramente indireta ao ser humano, é que se pode afirmar que a 
CF/88 mudou a sua postura de antropocentrismo puro para o antropocentrismo mitigado, 
posto que, nesse caso, o fundamento da proteção ambiental não será apenas o ser humano (antro-
pocentrismo), mas também os seres vivos como um todo (biocentrismo) ou a natureza enquanto um 
fim em si mesma (ecocentrismo). Se o Brasil adotasse o antropocentrismo puro e simples, somente 
seriam tutelados os recursos ambientais que interessassem diretamente aos seres humanos. Esse 
tema já foi objeto de prova! 
2. O MEIO AMBIENTE NA CF/88 
É de suma importância o conhecimento do tratamento dado pela CF/88 ao Direito Ambiental. 
Com efeito, além de lançar as bases da matéria, o tratamento ambiental posteriormente é discipli-
nado por várias normas infraconstitucionais que tem como lastro a Carta Constitucional, o que 
demanda a compreensão do ponto para a evolução adequada do estudo futuro. 
Inicialmente, ressalta-se quenenhuma Constituição brasileira anterior havia dedicado dispo-
sição específica à defesa do meio ambiente. Desde a Constituição de 1934, todas elas cuidaram da 
proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico do país, relegando ao meio ambiente trata-
mento diluído e pontual1. 
 
1 Constituição do Império, de 1824: apenas cuidou da proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão. 
Primeira constituição republicana 1891: atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas 
minas e terras. 
Constituição de 1934: dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural; con-
feriu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua 
exploração. 
Constituição de 1937: também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e naturais, 
bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza; inclui entre as matérias de competên-
cia da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca, e sua exploração; cuidou ainda da competên-
cia legislativa sobre subsolo e tratou da proteção das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos. 
Constituição de 1946: além de manter a defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico, conservou como 
competência da União legislar sobre normas gerais da defesa da saúde, das riquezas do subsolo, das águas, 
florestas, caça e pesca. 
Constituição de 1967: insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico; disse 
ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca 
e água. 
Constituição de 1969: emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa 
do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. No tocante à divisão de competência, manteve as disposições 
da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que “a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, 
o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades” e que “o mau uso da terra impedirá 
o proprietário de receber incentivos e auxílio do governo”. Cabe observar a introdução, aqui, do vocábulo “eco-
lógico” em textos legais. 
 
 
 
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A dimensão conferida ao tema é ampla e se espraia ao longo da Constituição Federal de 
1988, cujo diploma pode ser denominado “verde”, tal o destaque que confere à proteção ambiental. 
A partir daqui que surge a expressão “meio ambiente” de forma expressa. 
De acordo com a CF/88, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e 
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (art. 225). 
Essa frase significa o seguinte: 
• Todos: o meio ambiente pertence a todos e a cada um ao mesmo tempo, se enquadrando 
na categoria de direitos transindividuais. É um interesse difuso e, pode, portanto, ser objeto 
de tutela em ações coletivas (ex.: ação civil pública ou ação popular). 
• Todos têm direito: trata-se de um direito público subjetivo de natureza difusa, oponível erga 
omnes, completado pelo direito de exercício da ação popular para a proteção ambiental pre-
vista no art. 5º, LXXIII. 
• Bem de uso comum do povo: significa que o meio ambiente é indisponível, já que não se 
trata de um bem dominical, não pertence ao domínio público. Refere-se à expressão “todos”. 
• Sadia qualidade de vida: a sadia qualidade foi uma inovação constitucional, visto que as 
Constituições brasileiras sempre consagraram o direito à vida, mas sem expressar preocupa-
ção com sua qualidade. 
• Impondo-se ao Poder Público e à coletividade: trata-se do reconhecimento de que o Poder 
Público, por si só, não é capaz de cuidar e preservar o meio ambiente. A coletividade, ou seja, 
a sociedade civil, é obrigada a colaborar na proteção. 
• Presentes e futuras gerações: trata-se da consagração do princípio da solidariedade inter-
geracional, à frente delineado. 
O STF já teve a oportunidade de conceituar meio ambiente “como um típico direito de ter-
ceira geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano”. 
As regras de direito ambiental não recaem apenas sobre bens públicos da União, Es-
tados e Municípios, recaem também sobre propriedades particulares. A legislação ambiental, 
quando traz as restrições ao exercício do direito de propriedade, atinge também as propriedades 
 
 
 
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particulares, porque o meio ambiente não é um bem público2, o meio ambiente é um bem de inte-
resse público. 
Além de ser bem de interesse público, fala-se que o meio ambiente é Bem Jurídico 
Transversal: cabe ao Direito Ambiental disciplinar a intervenção humana no meio ambiente. 
Existem normas ambientais em todos os ramos jurídicos. 
Ex.: a Lei de Licitações (Lei 14.133/21) inseriu o desenvolvimento nacional sustentável como 
uma diretriz geral e um princípio que deve ser perseguido em sua aplicação; a função social da 
propriedade no Direito Civil; a tributação ambiental no Direito Tributário; os crimes ambientais no 
Direito Penal; a base no Direito Constitucional e a teoria geral que decorre do Direito Administrativo. 
Há, ainda, os tratados internacionais que tratam da matéria e a correlação do direito econômico com 
o meio ambiente por força do art. 170, VI da CF/88. 
Art. 170, CF/88. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: 
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambi-
ental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
 
2.1. Instrumentos de Proteção Ambiental Expressamente Previstos na CF/88 
A Constituição da República prevê, em seus dispositivos, os seguintes instrumentos ou obri-
gações impostos ao Poder Público: 
a) Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais: 
Processos ecológicos essenciais são os governados, sustentados ou intensamente afetados 
pelos ecossistemas, sendo indispensáveis à produção de alimentos, à saúde e outros aspectos da 
sobrevivência humana e do desenvolvimento sustentável. Cuida-se de garantir, através de ações 
conjugadas de todas as esferas e modalidades do Poder Público, o que se encontra em boas condi-
ções originais, e de recuperar o que foi degradado. 
 
2 Isso realmente está certo. Se o meio ambiente fosse um bem público, não haveria a possibilidade de existên-
cia de propriedades particulares, tudo seria do domínio do Estado. 
 
 
 
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b) Manejo ecológico das espécies e ecossistemas: 
Manejo ecológico é a gestão e utilização dos recursos naturais pelo homem, baseada em 
princípios e métodos que preservam a integridade dos ecossistemas, com redução da interferência 
humana nos mecanismos de autorregulação dos seres vivos e do meio físico. 
c) Preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético do País e fiscali-
zação das entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético: 
Essa proteção foi prevista na Lei nº 11.105/05 e na Convenção da Diversidade Biológica de 
que o Brasil é signatário. 
No dizer da Convenção da Biodiversidade, esta vem a ser a variedade de seres que compõe 
a vida na Terra, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre 
outros, os ecossistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos eco-
lógicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidadedentro de espécies, entre espécies 
e ecossistemas. 
Preservar a biodiversidade significa reconhecer, inventariar, e manter o leque dessas diferen-
ças de organismos vivos. Hoje, existe uma grande preocupação no que diz respeito ao patrimônio 
genético. 
d) Definição, em todas as unidades da Federação, de espaços territoriais e seus compo-
nentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos 
atributos que justifiquem sua proteção: 
Trata-se da expressa previsão das unidades de conservação pela Constituição da Repú-
blica, que nada mais são do que espaços especialmente protegidos, seja integral ou parcialmente. 
Importante ressaltar que a vedação da utilização não ficou unificada para todos os tipos de 
unidades de conservação, variando conforme o tipo de unidade, já que a própria instituição depende 
dos atributos que se reconhecem e que se quer proteger. 
Veja que a própria Constituição impõe que somente lei poderá alterar ou suprimir tais es-
paços. A delimitação ou instituição (criação) de um espaço territorialmente protegido pode ser 
feito por decreto ou lei: é uma exceção ao paralelismo das formas. 
 
 
 
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e) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a 
que se dará publicidade: 
Previsão expressa do EIA, acrescentando expressamente a Constituição o fato de que os 
estudos devem ser prévios, a fim de evitar interpretações maquiavélicas. Inclusive, o STF várias 
vezes já julgou que não podem os demais entes dispensar o EIA3; o que eles podem fazer é criar 
controles mais rígidos. Menos, nunca4. 
f) Controle da produção, comercialização e emprego de técnicas que comportem risco 
para a vida e meio ambiente: 
Essa disposição constitucional foi disciplinada, em parte, pela lei que regula a disposição no 
meio ambiente de agrotóxicos (Lei 7.802/1989). 
g) Promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para a preservação do meio ambiente: 
A educação ambiental está prevista na Lei nº 9.795/99. 
h) Proteção da fauna e flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco 
sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à 
crueldade: 
A proteção à fauna foi prevista na Lei nº 5.197/67, enquanto a proteção à flora, no Código 
Florestal (Lei nº 12.651/2012). 
 
3 Ementa: Agravo Regimental no Recurso Extraordinário. Constitucional. Ambiental. Impossibilidade de lei 
estadual dispensar estudo prévio de impacto ambiental. Agravo improvido. I – O Plenário desta Corte, ao 
julgar a ADI 1.086/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão, assentou que a previsão, por norma estadual, de dispensa 
ao estudo de impacto ambiental viola o art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal. II – Agravo regimental 
improvido. 
(RE 631753 AgR, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 07/06/2011, DJe-119 DI-
VULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011 EMENT VOL-02549-02 PP-00214 RT v. 100, n. 911, 2011, p. 459-461) 
4 EIA destina-se à prevenção de danos. Foi inspirado em modelo americano e introduzido em nosso ordena-
mento pela lei 6.938/81, de 02.07.1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento industrial nas 
áreas críticas de poluição. 
Seu objetivo é evitar que um projeto (obra ou atividade), justificável sob o ponto de vista econômico, revele-se 
posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente. 
Valoriza-se a vocação essencialmente preventiva do direito ambiental. Foi justamente para prever o dano, 
antes de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que seja elaborado no momento certo: 
antes do início da execução, ou mesmo antes de atos preparatórios do projeto. 
 
 
 
Direito Ambiental – O Meio Ambiente na CF 88 Por Equipe RSC Online 
 
 
12 
Com base neste dispositivo, o STF julgou inconstitucional lei estadual que regulamenta a 
atividade da vaquejada: 
É inconstitucional a prática da vaquejada 
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. 
Segundo decidiu o STF, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual 
esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. 
A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não 
possa ser permitida. 
A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valori-
zação e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso VII do § 1º 
do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. 
STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842)5. 
Pouco mais de um mês após a decisão supramencionada, o Congresso Nacional, em reação 
legislativa editou a Lei nº 13.364/2016, que prevê a vaquejada como sendo manifestação da cultura 
nacional. No entanto, esta lei, sozinha, não teria força jurídica suficiente para superar a decisão do 
STF. Isso porque, na visão do Supremo, a prática da vaquejada não era proibida por ausência de lei. 
Ao contrário, a Corte entendeu que, mesmo havendo lei regulamentando a atividade, a vaquejada 
era inconstitucional por violar o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. 
Ciente disso, o Congresso Nacional decidiu alterar a própria Constituição, nela inserindo a 
previsão expressa de que são permitidas práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam 
manifestações culturais. 
Veja a íntegra do § 7º que foi inserido pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88: 
Art. 225. (...) 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as 
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º 
do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do pa-
trimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar 
dos animais envolvidos. 
Cumpre ressaltar que a Lei 13.364/2016 ganhou novas disposições no ano de 2019. O 
seu art. 3º-B e seu § 1º passou a assegurar a proteção ao bem-estar animal e prever sanções 
 
5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional a prática da vaquejada. Buscador Dizer o Direito, 
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dba1cdfcf635938 
9d170caadb3223ad2>. Acesso em: 15/09/2021. 
 
 
 
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13 
para os casos de descumprimento das normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento, ao reconhecer associações ou entidades legais que explorem 
atividades de: rodeio, a vaquejada, o laço e as modalidades esportivas equestres (Incluído pela 
Lei nº 13.873, de 2019). 
Foi uma tentativa de superação legislativa da jurisprudência (reversão jurisprudencial), uma 
manifestação de ativismo congressual. É um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina 
de “efeito backlash”.6
Também com fundamento no art. 225, § 1º, da CF, o STF decidiu que não é permitido o 
abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos: 
“É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais 
apreendidos em situação de maus-tratos. 
O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe qualquer espécie de maus-tratos aos 
animais. 
O art. 25, § 1º da Lei 9.605/98 afirma que os animais apreendidos serão prioritariamente libertados em 
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entreguesa 
jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabi-
lidade de técnicos habilitados. 
Até que os animais sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles sejam man-
tidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. 
Assim, não é constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser 
resgatados de situações de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos.” 
STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021. 
i) Imposição da obrigação de recuperar o meio ambiente degradado por aquele que explorar 
recursos minerais: 
Trata-se de uma especial obrigação imposta pela CF aos exploradores de recursos minerais, 
tendo em vista o histórico de degradação deixado pela exploração desse setor. 
j) Sujeição dos infratores pessoas físicas e jurídicas praticantes de condutas considera-
das lesivas ao meio ambiente a sanções penais e administrativas, independentemente 
da obrigação de reparar o dano: 
Trata-se da consagração da tríplice responsabilização, penal, administrativa e civil. 
 
6 Fonte: dizer o direito: www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html. 
 
 
 
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14 
k) Especial preservação, na forma da lei, da Floresta Amazônica, Serra do Mar, Mata Atlân-
tica, Pantanal Mato-grossense e da Zona Costeira (note que não há a previsão da Caatinga 
e do Cerrado no art. 225, § 4º, CF/88 – isso também já foi explorado em provas): 
Tão grande foi a preocupação do legislador constitucional com a manutenção desses vastos 
territórios, que os considerou patrimônio nacional, estabelecendo, em consonância com a devida 
proteção aos direitos de terceira geração, uma limitação ao seu uso, que só se dará na forma da lei 
e dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente. 
A expressão patrimônio nacional significa o dever de todos quanto à preservação e adequado 
aproveitamento econômico. Assim, não quer dizer que este patrimônio integre necessariamente o 
patrimônio do Estado, sendo este um administrador dele. Nesse sentido: 
A Mata Atlântica integra o patrimônio nacional nos termos do art. 225, § 4º, da CF/88. Isso não signi-
fica, contudo, que ela seja considerada como bem da União. STF. 1ª Turma. RE 300244, Rel. Min. 
Moreira Alves, julgado em 20/11/2001. 
A exploração econômica não prejudicaria a preservação ao meio ambiente? 
Há duas correntes para justificar essa relação. O preservacionismo, no qual, o meio ambi-
ente deve ser protegido a qualquer custo, e, de outro lado, o ambientalismo social que assevera 
pela possibilidade de exploração e aproveitamento econômico ao passo de que também deve ser 
protegido, ou seja, se forma sustentável (comportamentos ambientalmente corretos). 
O Ambientalismo Social vai ao encontro do entendimento do STF, explicitado na ADI 3540, se-
gundo o qual o direito ambiental representa a necessidade de assegurar o justo equilíbrio entre as 
necessidades da economia e as necessidades da ecologia. Esse é o diálogo que permeia toda a dis-
ciplina, sob o ponto de vista do ambientalismo social. É justamente nessa atuação do Estado sobre o 
domínio econômico por indução que o direito ambiental ganha importância, pois podem ser concedidos 
benefícios a pessoas e empresas comprometidas com o respeito ao meio ambiente. Sendo assim, 
por exemplo, aquele que tem uma área de reserva legal maior do que a que estava obrigado poderá 
vender o excedente. Outro exemplo é o programa "Palmas Solar", instituído no município de Pal-
mas/TO, que concede descontos no IPTU para o indivíduo que instalar placas solares na residência. 
Da mesma forma, o programa instituído pela "Eletropaulo", em São Paulo/SP, que concede desconto 
na conta de luz para o indivíduo que reciclar o lixo. São programas que estimulam condutas ambien-
talmente corretas, que reverterão em benefício de todos. O ICMS ecológico é outro exemplo cujos 
estados que já o regulamentaram podem ser encontrados em seu site. 
l) Obrigatoriedade de lei federal prever a localização de usinas nucleares para que pos-
sam ser instaladas. 
 
 
 
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15 
2.2. Repartição de competência em matéria ambiental 
A repartição de competências e atribuições ambientais é tema objeto de reiterado questiona-
mento, sendo importante conhecer as divisões estabelecidas na CF/88 e na legislação infraconstitu-
cional, em especial na LC 140/11. 
A repartição de competências é o tema controvertido pelos seguintes motivos: 
 Pela primeira vez, nossa Constituição (de 1988) distinguiu, em matéria ambiental, competências 
administrativas (administrativas) e legislativas (concorrentes), sem fixar, com segurança, onde 
começa e termina a atuação de cada ente, gerando superposição de competências; 
 O legislador constituinte utilizou-se de conceitos jurídicos indeterminados como “interesse lo-
cal” e “normas gerais”, bem como a doutrina e a jurisprudência também os utilizam, sem de-
finir precisamente seu conteúdo, a exemplo do que seria “predominância de interesse”. 
 Somente 23 anos após a vigência da CF/88 houve a promulgação da Lei Complementar 
140/2011, que regulamenta a repartição de competências administrativas em matéria ambi-
ental. A lei foi objeto de ação direta de inconstitucionalidade, julgada em dezembro de 2022: 
“A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante atribuição prévia e es-
tática das competências administrativas de fiscalização ambiental aos entes federados, atende às exi-
gências do princípio da subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação, cuja finalidade 
é conferir efetividade nos encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos fundamentais. 
Essa escolha legislativa imprime racionalidade e eficiência na organização administrativa do poder de 
polícia ambiental, eis que afasta a atuação simultânea e sobreposta dos diversos órgãos ambientais 
dos entes federativos para o mesmo procedimento ou ato. Além disso, o princípio da subsidiariedade 
– enquanto expressão do valor da democracia e dos deveres fundamentais de proteção – está devida-
mente observado, pois o modelo federativo privilegia a atuação precípua do ente político mais próximo 
à realidade do fato e da sociedade, cabendo ao ente político maior uma atuação supletiva. 
No caso, não há que se falar em substituição da competência comum por competência privativa, por-
que essa dimensão estática das competências administrativas é articulada à dimensão dinâmica, per-
formada pelas atuações supletivas e subsidiárias. 
Ademais, a previsão de instrumentos de cooperação institucional interfederativa – a exemplo da dele-
gação voluntária de atribuições e da execução de ações administrativas, nos limites da previsão legis-
lativa, com prazo indeterminado – fortalece o viés cooperativo idealizado pela legislação impugnada, 
visto que autoriza e fomenta a conversação institucional para o remanejamento das competências fe-
derativas, seja de licenciamento, seja de controle ou de fiscalização. 
É inconstitucional regra que autoriza estado indeterminado de prorrogação automática de licença am-
biental. No ponto, o legislador foi insuficiente em sua regulamentação, uma vez que não disciplinou 
qualquer consequência para a hipótese da omissão ou mora imotivada e desproporcional do órgão 
ambiental diante de pedido de renovação de licença ambiental. Deve incidir o mesmo resultado nor-
mativo previsto para a hipótese de omissão do agir administrativo no processo de licenciamento, eis 
que o legislador ofereceu resposta adequada, consistente na atuação supletiva de outro ente federado 
(LC 140/2011, art. 15). 
 
 
 
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No exercício da cooperação administrativa cabe atuação suplementar – ainda que não conflitiva – da 
União com a dos órgãos estadual e municipal. Nesse contexto, o critério da prevalência de auto de 
infração do órgão licenciador (LC 140/2011, art. 17, § 3º) não oferece resposta aos deveres fundamen-
tais de proteção, nas situações de omissão ou falha da atuação daquele órgão na atividade fiscaliza-
tória e sancionatória, por insuficiência ou inadequação da medida adotada para prevenir ou reparar 
situação de ilícito ou dano ambiental. 
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou improcedentes 
os pedidos de declaração de inconstitucionalidade dos arts. 4º, V e VI, 7º, XIII, XIV, h, XV e pará-
grafo único, 8º, XIII e XIV, 9º, XIII e XIV, 14, § 3º, 15, 17, caput e §§ 2º, 20 e 21, todos da LC 
140/2011 e, por arrastamento, da integralidade da legislação; e julgou parcialmente procedente a 
ação para conferir interpretação conforme a Constituição Federal: (i) ao § 4º do art. 14 da LC 
140/2011, para o fim de estabelecer que a omissão ou mora administrativa imotivada e despropor-
cional na manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação de licenças ambientais instaura 
a competência supletiva do art. 15; e (ii) ao § 3º do art. 17 da LC 140/2011, esclarecendo que a 
prevalência do auto de infração lavrado pelo órgão originalmente competente para o licenciamento 
ou autorização ambiental não exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que com-
provada omissão ou insuficiência na tutela fiscalizatória.” 
STF. Plenário. ADI 4757/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 12/12/2022. 
A repartição das competências nas Federações é matéria reservada à Constituição, sendo 
emanação direta da própria estruturação do Estado Federal, caracterizado pela divisão do poder 
político em diversas esferas, notadamente no Brasil onde o Município é ente federativo. 
O que norteia a repartição de competências é a predominância do interesse, segundo o 
qual caberá à União as matérias de predominante interesse geral, nacional, ou regional quando 
ultrapassarem mais de um Estado, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de 
predominante interesse regional (rectius: estadual), e aos Municípios os predominantes inte-
resses locais. 
 Diante da dúvida em responder um quesito sobre competência, verifique sempre a 
qual ente da federação é mais condizente a defesa do meio ambiente em questão. Metade da 
questão estará respondida! 
A Constituição de 1988 busca o equilíbrio federativo (Federalismo Cooperativo) por meio 
de uma repartição de poderes que se fundamenta na técnica da enumeração de poderes da 
União, dos poderes remanescentes para os Estados e poderes definidos indicativamente para os 
Municípios. Também se verificam áreas comuns de atuação paralela e setores concorrentes en-
tre União e Estados, em que se outorga à primeira as normas gerais e aos últimos as normas 
específicas (CF, art. 24, §§ 1º e 2º), e ainda, suplementação pela legislação municipal nos casos 
de interesse local (CF, art. 30, I e II). 
 
 
 
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Assim, nos artigos 21 e 23 da CF (artigos ímpares) temos as competências administrativas, 
enquanto que nos arts. 22 e 24 (artigos pares) temos as competências legislativas. Subdividem-se, 
pois, as competências em: 
2.2.1. Competência legislativa 
A CF/88 atribuiu competência legislativa concorrente7 sobre assuntos do meio ambiente à 
União, aos Estados e ao Distrito Federal, conforme dispõe o art. 24, VI e VII8, sendo que à União caberá 
legislar sobre normas gerais, enquanto os Estados e DF deverão suplementar essas normas. 
A concorrência enseja a possibilidade de iniciativa na área da legislação ambiental para os 
Estados e DF se a União se mantiver inerte9. Entretanto, essa competência, chamada “plena” (cha-
mada também de competência supletiva), não pode exorbitar da peculiaridade ou interesse do 
próprio Estado (limite qualitativo) e terá que se ajustar ao disposto em norma federal super-
veniente (limite temporal), a qual suspenderá a legislação estadual no que for incompatível. A 
competência concorrente poderá exercer-se não só quanto à elaboração de leis, mas de decretos, 
resoluções e portarias. 
 
7 O STF analisou a matéria desenvolvendo entendimento vinculado à competência concorrente para legislar 
sobre proteção ao meio ambiente em face do art. 24 da CR (ADInMC 2.396-MS. rel. Min. Ellen Gracie). 
8 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VI – 
florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção 
do meio ambiente e controle da poluição; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico 
e paisagístico. 
9 CR/88. Art. 24. § 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legis-
lativa plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) 
Administrativa ou 
Material 
a) exclusiva (art. 21) União 
b) comum, cumulativa ou paralela (art. 23) União, Estados, DF e Município 
Legislativa ou 
formal 
a) privativa (art. 22) União 
b) concorrente (art. 24) União, Estados e DF 
c) suplementar (art. 24, § 2º e 30, I e II) Estados e Municípios 
d) exclusiva (art. 25, §§ 1º e 2º) Estados 
 
 
 
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Aos Municípios também é atribuída competência legislativa, porém ela é suplementar 
supletiva, determinando o art. 30, II, competir a eles suplementar a legislação federal e a esta-
dual no que couber10. 
 Em suma: À União cabe a fixação de pisos mínimos de proteção ao meio ambiente, enquanto 
aos Estados, DF e Municípios, atendendo aos interesses regionais e locais, a de um “teto” de proteção. 
Assim, os Estados, DF e Municípios jamais poderão legislar de modo a oferecer menos proteção ao 
meio ambiente do que a União, nas normas que forem nacionais, e não nas federais. 
A doutrina constitucional divide a competência suplementar dos Estados e do DF em com-
petência complementar e competência supletiva. A primeira hipótese se dá quando os referidos 
entes editam normas específicas após a edição da norma geral da União, ocorrendo assim, um 
complemento de lei já existente. Já na segunda hipótese, qual seja a competência supletiva, a União 
ainda não editou a norma geral, ocasião em que os Estados e DF exercerão a competência suple-
tiva, vale dizer, haverá a produção de lei regional de forma plena (em razão da inércia do Congresso 
Nacional). Embora prevista aos municípios a competência supletiva, no art. 30, I e II da CF/88, alguns 
autores consideram que essa “supletividade” não é plena como a dos Estados e DF, haja vista, não 
terem sido os municípios contemplados na competência concorrente do art. 24, caput, do mesmo 
diploma legal, somado ao fato de haver uma restrição legiferante “sobre assuntos locais” e sem con-
trariar as normas estaduais, além das normas constitucionais. 
Sobre o tema, sem contrariar a Constituição: 
Lei nº 6.938/81 
Art. 6º [...] 
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas 
supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem 
estabelecidos pelo CONAMA. 
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elabo-
rar as normas mencionadas no parágrafo anterior. 
 
10 O Ministério do Meio Ambiente elaborou um roteiro básico elencando matérias que considera incluídas entre 
os “assuntos de interesse local”, passíveis de tratamento por lei municipal: a) licenciamento ambiental; 2) plano 
diretor do Município; 3) lei do uso e ocupação do solo; 4) Código de Obras; 5) Código deposturas municipais; 
6) legislação tributária municipal; g) Lei do orçamento do município. 
 
 
 
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Segundo o STJ, a legislação municipal não pode reduzir a proteção conferida às áreas de 
preservação permanente previstas pelo Código Florestal, conforme explicita o Informativo 643 
do STJ: 
A legislação municipal não pode reduzir a proteção conferida às áreas de preservação perma-
nente previstas pelo Código Florestal 
A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal dos cursos d'água, 
em toda sua extensão, fixado pelo Código Florestal. 
A norma federal conferiu uma proteção mínima, cabendo à legislação municipal apenas intensificar o 
grau de proteção às margens dos cursos d'água, ou quando muito, manter o patamar de proteção 
(jamais reduzir a proteção ambiental). 
STJ. 2ª Turma. AREsp 1312435-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 07/02/2019 (Info 643)11. 
Também vale destacar o teor do Informativo 975 do STF: 
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para desenvolvimento, experi-
mentos e testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus componentes. 
A proteção da fauna é matéria de competência legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88). 
A Lei federal nº 11.794/2008 possui uma natureza permissiva, autorizando, a utilização de animais em 
atividades de ensino e pesquisas científicas, desde que sejam observadas algumas condições relaci-
onadas aos procedimentos adotados, que visam a evitar e/ou atenuar o sofrimento dos animais. 
Mesmo o que o tema tenha sido tratado de forma mais restrita pela lei estadual, isso não se mostra 
inconstitucional porque, em princípio, é possível que os Estados editem normas mais protetivas ao 
meio ambiente, com fundamento em suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu inte-
resse, conforme o caso. 
STF. Plenário. ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020 (Info 975)12. 
Em julgado do STF, entendeu-se que é inconstitucional a norma estadual que apresenta 
possibilidades de dispensa ou simplificação do licenciamento ambiental para atividades de 
lavra a céu aberto – aquela que ocorre quando os minerais estão localizados na superfície –, vez 
que o ato legislativo invadiria competência legislativa da União, a quem cabe a edição de normas 
gerais sobre a proteção do meio ambiente. É o que esclarece o Informativo 1014 do STF: 
 
11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A legislação municipal não pode reduzir a proteção conferida às áreas 
de preservação permanente previstas pelo Código Florestal. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2f635a9fe4a4d8d1ec9e3a111cc02f4b>. 
Acesso em: 15/09/2021 
12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para de-
senvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/185e48a43c7f63acf74b1bd58827b510>. 
Acesso em: 15/09/2021. 
 
 
 
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É inconstitucional lei estadual que institua dispensa e licenciamento simplificado ambiental 
para atividades de lavra a céu aberto 
“É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do licencia-
mento ambiental para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da União 
para editar normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 
2º, da Constituição Federal. 
Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual 
que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração 
afronta o caput do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da prevenção”. 
STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014) 13. 
Por outro lado, o tribunal decidiu que é constitucional a norma estadual que cria modelo sim-
plificado de licenciamento para regularização de atividades ou empreendimentos em instalação ou 
funcionamento, e para atividades de baixo e médio potencial poluidor: 
“Cabe à União elaborar as normas gerais sobre proteção do meio ambiente e responsabilidade por 
dano ambiental, de modo a fixar, no interesse nacional, as diretrizes que devem ser observadas pelas 
demais unidades federativas (CF/1988, art. 24, VI e VIII). Assim, em matéria de licenciamento ambien-
tal, os estados possuem competência suplementar, a fim de atender às peculiaridades locais e preen-
cherem lacunas normativas que atendam às características e necessidades regionais. Conforme juris-
prudência desta Corte, os estados podem criar procedimentos ambientais simplificados em comple-
mentação à legislação federal. Na espécie, a lei estadual impugnada criou a Licença de Regularização 
(LR) e a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), as quais se situam no âmbito normativo 
concorrente e concretizam o dever constitucional de suplementar a legislação sobre licenciamento am-
biental (Lei federal 6.938/1981), à luz da predominância do interesse em estabelecer procedimentos 
específicos para atividades e empreendimentos locais.” 
STF. Plenário. ADI 5.014/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 10/11/2023. 
Por fim, ainda sobre o tema competência legislativa, o STF entendeu que não afronta a com-
petência legislativa norma estadual que proíbe caça em seu território, de acordo com Informativo 
1022 do STF: 
Norma estadual pode proibir a caça em seu território 
Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça 
em seu respectivo território. 
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022)14. 
 
13 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional lei estadual que institua dispensa e licenciamento sim-
plificado ambiental para atividades de lavra a céu aberto. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/03b92cd507ff5870df0db7f074728830>. 
Acesso em: 15/09/2021. 
14 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Norma estadual pode proibir a caça em seu território. Buscador Dizer 
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c5f775 
6d9f92a8954884ec415f79d120>. Acesso em: 15/09/2021. 
 
 
 
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 Atenção: A possibilidade de complementação da legislação federal para o atendimento de 
interesse regional não permite que Estado-Membro simplifique o licenciamento ambiental para ativi-
dades de lavra garimpeira. 
É inconstitucional a legislação estadual que, flexibilizando exigência legal para o desenvolvimento de 
atividade potencialmente poluidora, cria modalidade mais simplificada de licenciamento ambiental. 
É inconstitucional lei estadual que regulamenta aspectos da atividade garimpeira, nomeadamente, 
ao estabelecer conceitos a ela relacionados, delimitar áreas para seu exercício e autorizar o uso de 
azougue (mercúrio) em determinadas condições. 
STF. Plenário. ADI 6672/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/9/2021 (Info 1029)15. 
2.2.2. Competência material 
Competência material é a competência administrativa propriamente dita, que atribui a uma 
esfera de poder o direito de fiscalizar e impor sanções em caso de descumprimento da lei. 
Em regra, o policiamento de determinada atividade é da atribuição da pessoa de Direito Público 
interno dotada de competência legislativa sobre a mesma (nesse caso, órgãos do Poder Executivo, como 
o Ministério do Meio Ambiente, o CONAMA e por simetria aos demaisentes federados). Qualquer ente 
público tem competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que a norma não tenha sido de autoria 
do ente que a aplica (competência comum, material ou administrativa). 
O art. 23, VI e VII, da CF/88 dispõe que os três níveis da federação têm competência para tomar 
medidas em prol da defesa do meio ambiente, da flora e fauna, contra poluição etc., ficando agora ao 
critério das prefeituras executar também normas federais ou estaduais, quando necessário. 
Por vezes, o fato de a competência ser comum a todos os entes federados poderá tornar 
difícil a tarefa de discernir qual norma administrativa será a mais adequada a uma determinada situ-
ação. Os critérios que deverão ser verificados para tal análise são: (a) o critério da predominância 
do interesse; (b) o critério da colaboração ou cooperação entre os entes federados, conforme prevê 
 
15 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A possibilidade de complementação da legislação federal para o aten-
dimento de interesse regional não permite que Estado-Membro simplifique o licenciamento ambiental para 
atividades de lavra garimpeira. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordize-
rodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8989e07fc124e7a9bcbdebcc8ace2bc0>. Acesso em: 20/01/2022. 
 
 
 
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22 
o p. único do art. 23, da CF16. Desse modo, deve-se buscar, como regra, privilegiar a norma que 
atenda de forma mais efetiva ao interesse comum. 
Os trabalhos de proteção e cooperação relativos ao meio ambiente já vêm sendo feitos con-
juntamente pelos órgãos federais e estaduais com a formulação do SISNAMA – Sistema Nacional 
do Meio Ambiente, concebido pela Lei nº 6.938/8117. 
O CONAMA (órgão integrante do SISNAMA), através da Resolução nº 237/97, procurou 
partilhar a competência ambiental administrativa, dispondo sobre o licenciamento ambiental a ser 
feito pelo IBAMA (art. 4º), estabelecendo as competências dos Estados e DF (art. 5º), determinando 
a área de competência dos Municípios (art. 6º) e estabelecendo que os empreendimentos e ati-
vidades serão licenciados em um nível de competência (art. 7º). 
Sobre a atuação do CONAMA em matéria de licenciamento, há o preceito do art. 8º, I da Lei nº 
6.938/81, que diz, em seu inciso I, que compete ao CONAMA “I – estabelecer, mediante proposta do 
IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a 
ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”. O inciso é claro, mostra que instituir 
normas e critérios para o licenciamento não se confunde com atribuir competência aos entes federa-
dos, verificando-se explícita invasão de competência e quebra de hierarquia administrativa, acarre-
tando vício de inconstitucionalidade e ilegalidade aos artigos da resolução supracitada. 
A repartição ou atribuição de competências que versem sobre o meio ambiente (tanto a com-
petência legiferante como a administrativa) não são permitidas por leis, e sim, pela CF/88, salvo 
quando ela própria autorizar, como o foi na regulamentação pela Lei Complementar 140/11. 
2.2.3. Competência exclusiva da União 
Além da competência comum vista acima, a União possui competência administrativa exclu-
siva em matéria ambiental, nos termos do art. 21 da CF/88: 
 
16 Art. 23. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito 
nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). 
17 Art. 1º. Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do artigo 23 e no artigo 235 da Constituição, estabelece 
a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. 
Art. 6º. Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, 
bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade 
ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (...). 
 
 
 
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23 
Art. 21. Compete à União: 
IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvi-
mento econômico e social; 
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, 
em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
XV – organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de 
âmbito nacional; 
XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga 
de direitos de seu uso; 
XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos; 
XXII – executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal 
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante 
aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para 
pesquisa e uso agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de radioisó-
topos para pesquisa e uso médicos; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma 
associativa. 
Os recursos minerais pertencem à União, e não ao proprietário do solo, cabendo, por-
tanto, à administração federal, autorizar a sua exploração. O mesmo pode ser sustentado em 
relação à pesquisa e à lavra das jazidas de petróleo (consultar a CF/88, art. 176, e seus pará-
grafos, e art. 177). Com relação às atividades nucleares, pela importância e gravidade da matéria, 
pelos riscos decorrentes da má administração e pela responsabilidade do Brasil, não apenas 
para com os seus cidadãos, mas também com os demais Estados, a União exerce o monopólio 
da sua exploração. 
 
 
 
 
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24 
2.2.4. Tabela Síntese – Competência Ambiental 
Competência Constitucional em Matéria Ambiental 
Competência comum 
União, Estados, 
DF e Municípios 
Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas (art. 23, VI). 
Competência exclusiva União 
Aproveitamento energético dos cursos de água; instituir sis-
tema nacional de gerenciamento de recursos hídricos. 
Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da 
atividade de garimpagem; organizar, manter e executar a 
inspeção do trabalho. 
Competência concorrente 
União, Estados e 
DF (Municípios, 
residual) 
Legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da 
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção 
do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, VI). 
Competência privativa União 
Legislar sobre “águas e energia” (art. 22, IV), “jazidas, minas 
e outros recursos minerais” (art. 22, XII). 
2.3. A tutela constitucional do meio ambiente 
2.3.1. Proteção do meio ambiente como princípio da ordem econômica18 
A ordem econômica brasileira, fundada na valorização do trabalho humano e na livreiniciativa 
tem, entre seus princípios, a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação. 
Esse é um dos principais avanços de nossas Constituições da República em relação à tutela 
ambiental. Nos termos da CF/88, estão desconformes – e, portanto, não podem prevalecer – ativi-
dades decorrentes da iniciativa privada19 que violem a proteção ao meio ambiente. Ou seja, a 
propriedade privada, base da ordem econômica constitucional, deixa de cumprir sua função social – 
elementar para sua garantia constitucional – quando se insurge contra o meio ambiente. 
 
18 CR/88 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem 
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: (...)VI – defesa do meio ambiente. 
19 Da pública também, mas, nesse caso, com fundamento no art. 225. 
 
 
 
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25 
Para disciplinar as relações econômicas, surge a edição de normas interventivas e de 
controle da atividade econômica, para proporcionar um desenvolvimento equilibrado e sustentá-
vel, com influência da política econômica estatal. A atividade econômica está ligada direta ou 
indiretamente à exploração e utilização do meio ambiente em diversos ramos de sua atividade. 
A natureza econômica do direito ambiental deve ser percebida como o fato de que a pre-
servação e sustentabilidade da utilização racional dos recursos ambientais deve ser dire-
cionada de forma a assegurar um padrão constante de melhoria da qualidade de vida dos 
seres humanos. 
Os instrumentos financeiros e creditícios são importantes para a efetivação dos ditames 
da ordem econômica e da defesa do meio ambiente. A atividade financeira nacional deve "promover 
o desenvolvimento equilibrado do País" e, ao mesmo tempo, "servir aos interesses da coletividade". 
Quando a Constituição assim determina, ela igualmente está garantindo que o desenvolvimento eco-
nômico se proceda de forma harmônica com a defesa do meio ambiente. Isto se depreende do fato de 
que a justiça social se constitui num objetivo nacional ou no interesse da sociedade brasileira que 
impregna toda a Carta Magna, notadamente o capítulo da ordem econômica e o capítulo do meio 
ambiente. Assim os mecanismos financeiros e creditícios são poderosos instrumentos a serviço do 
equilíbrio entre atividade econômica e preservação do meio ambiente. A concessão de crédito para as 
atividades menos poluidoras e para o desenvolvimento de tecnologias "limpas" pode contribuir para a 
implementação prática da harmonia dos objetivos constitucionais. 
Outro instrumento conciliador do conflito entre o desenvolvimento econômico e a defesa 
do meio ambiente é o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), fundamental para o gerenci-
amento territorial da atividade econômica. A partir dele, é possível chegar a uma alocação terri-
torial compatível com a exploração racional dos recursos naturais. É instrumento de gestão 
territorial que subsidia a implantação das atividades econômicas, tendo em vista a distri-
buição geograficamente desigual de recursos naturais. Ele deve necessariamente ser 
seguido pelos setores público e privado, pois tem caráter vinculativo. Ele abrange três aspectos: 
o ambiental, o econômico e o social. 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é outro instrumento importantíssimo para se manipular a 
relação economia-ecologia. Sendo um estudo científico multidisciplinar, ele é capaz de visualizar uma 
variada gama de consequências dos empreendimentos econômicos, abrangendo não só os aspectos 
econômicos e ambientais, mas, sobretudo, as consequências sociais. É importante instrumento auxiliar 
na tomada de decisões necessárias à implantação dos empreendimentos econômicos, notadamente no 
que diz respeito às ações mitigadoras das consequências ambientais e sociais negativas. 
 
 
 
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Instrumentos de conciliação do 
desenvolvimento econômico com 
a proteção ambiental 
Instrumentos Tributários (premiais e inibitórios) 
Instrumentos financeiros e creditícios 
Zoneamento Ecológico-Econômico 
Estudos de Impacto ambiental 
 
2.3.2. Equidade intergeracional: o direito das gerações futuras ao meio ambiente 
Quando se protege juridicamente o bem ambiental, busca-se a proteção de um direito difuso e, desta 
forma, este se encontra desvinculado do tradicional direito público e privado, mas, sim, visa à conser-
vação de um bem que pertence à coletividade como um todo e cujo controle é feito de forma solidária 
entre o Estado e os cidadãos. 
Nos termos dos ditames constitucionais a preservação ambiental é necessária tendo em 
vista as gerações presentes e futuras. Trata-se de uma equidade intergeracional e comple-
tamente diferenciada da regra tradicional do direito, pois protegem-se os seres vivos futuros 
(humanos ou não) e alcança-se a proteção de um direito biodifuso de caráter futuro...” (José 
Rubens Morato Leite). 
A reserva dos bens ambientais (água, ar e solo), com a sua utilização atual, passaria a 
ser equitativa se fosse demonstrado que ela estaria sendo feita para evitar o esgotamento dos 
recursos, com a guarda desses para as gerações futuras. 
A equidade no acesso aos recursos ambientais deve ser enfocada não só com relação à 
localização espacial dos usuários atuais, como em relação aos usuários potenciais das gerações 
vindouras. Um posicionamento equânime não é fácil de ser encontrado, exigindo considerações de 
ordem ética, científica e econômica das gerações atuais e uma avaliação prospectiva das necessi-
dades futuras, nem sempre possíveis de serem conhecidas e medidas no presente. 
2.3.3. Meio ambiente agrário (art. 186 da CF) 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo 
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
 
 
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27 
2.4. O Direito Ambiental e as Constituições Estaduais 
Como visto, a competência legislativa sobre o Direito Ambiental é concorrente, cabendo à União 
o estabelecimento de normas gerais e aos Estados e DF complementar a legislação nacional. 
Referida legislação foi estabelecida pela Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do 
Meio Ambiente. Tal lei previu a instituição do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), o qual 
é composto, dentre outros, por órgãos de todos os entes da federação. 
Aos Municípios, lembre-se, caberá apenas suplementar a legislação federal e estadual 
em matérias de interesse local, no que couber. 
Não podem, entretanto, os demais entes usurpar as competências exclusivas da União, 
assim como conferir menor proteção do que a Constituição ou modificar as competências dos Pode-
res, fazendo submeter, por exemplo, à aprovação do Poder Legislativo algo que deveria ser aprovado 
somente pelo Executivo. Nesse sentido: 
Ementa: Ação Direta de Inconstitucionalidade. Art. 187 da Constituição do Estado do Espírito Santo. 
Relatório de impacto ambiental. Aprovação pela Assembléia Legislativa. Vício material. Afronta aos 
artigos 58, § 2º, e 225, § 1º, da Constituição do Brasil. 1. É inconstitucional preceito da Constituição 
do Estado do Espírito Santo que submete o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – ao crivo 
de comissão permanente e específica da Assembléia Legislativa. 2. A concessão de autorizaçãopara desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do 
Poder de Polícia – ato da Administração Pública – entenda-se ato do Poder Executivo. 3. Ação julgada 
procedente para declarar inconstitucional o trecho final do artigo § 3º do artigo 187 da Constituição do 
Estado do Espírito Santo. 
(ADI 1505, Relator(a): Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2004, DJ 04-03-2005 PP-
00010 EMENT VOL-02182-01 PP-00067 LEXSTF v. 27, n. 316, 2005, p. 27-36 RDA n. 240, 2005, p. 
298-303 RTJ VOL-00193-01 PP-00058) 
3. AMBIENTALISMO SOCIAL X PRESERVACIONISMO 
Há basicamente duas correntes doutrinárias que debatem a forma com que o meio ambiente 
e a economia devem se relacionar: 
(i) O chamado ambientalismo social ou socioambientalismo – busca localizar o ser hu-
mano no centro do direito ambiental (corresponde ao comando do nosso legislador cons-
titucional ao definir o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos princípios basi-
lares de nosso ordenamento jurídico); 
(ii) O preservacionismo ou movimento ambiental tradicional – dá maior prevalência aos 
bens ambientais. Considera a intervenção humana de maneira geral uma ameaça à con-
 
 
 
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servação ambiental e defende que as unidades de conservação deveriam ser perma-
nentemente protegidas. Tende a seguir modelos de preservação ambiental importados de 
países desenvolvidos. 
No ambientalismo social, o direito ambiental seria conceituado como o conjunto de regras 
e princípios que visam à preservação do meio ambiente, na condição de direito fundamental e 
essencial à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. No preservacionismo, o 
direito ambiental visaria à preservação do meio ambiente, pelo simples interesse na manutenção 
dos bens ambientais. 
4. BENS AMBIENTAIS 
4.1. Conceito 
De acordo com a clássica divisão dos ramos do Direito em Público e Privado, os bens podem 
ser classificados como públicos ou particulares, conforme a titularidade do domínio. 
Contudo, como frisa Édis Milaré, diante de uma realidade em que “tudo decorre de um fenômeno 
correntio, segundo o qual os homens, para satisfação de suas novas e múltiplas necessidades, que são 
ilimitadas, disputam os bens da natureza, por definição limitados”, surge a necessidade de preocupação 
com o meio ambiente e sua preservação. Desse modo, a classificação de bens em públicos e priva-
dos torna-se insuficiente, fazendo-se necessária a ampliação para abranger uma terceira catego-
ria, o bem ambiental, composto de elementos que depassam o binômio anterior. 
Como destaca José Afonso da Silva, existem “elementos físicos do meio ambiente que tam-
bém não são suscetíveis de apropriação privada, como o ar, a água, que são, já por si, bens de uso 
comum do povo” e, tal como o direito à qualidade ambiental, previsto no artigo 225 da Constituição 
Federal, “não são bens públicos nem particulares”, são “bens de interesse público, dotados de um 
regime jurídico especial, enquanto essenciais à sadia qualidade de vida e vinculados, assim, a um 
fim de interesse coletivo”. 
Assim, percebe-se que a CF/88 incluiu o meio ambiente como um bem jurídico autônomo, 
cuja proteção decorre de normas constitucionais de aplicabilidade ou eficácia imediata. 
Ressalte-se, no entanto, que a classificação dos bens ambientais como uma categoria autô-
noma não é aceita pacificamente na doutrina. Para alguns autores, a CF/88, no art. 225, caput, 
expressamente indica que os bens ambientais são bens de uso comum do povo. Dessa forma, 
a natureza seria verdadeiramente de bens públicos à disposição de toda a coletividade. 
 
 
 
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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de de-
fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Para essa doutrina, portanto, não há que se falar em uma terceira categoria de bens. O inte-
resse difuso apenas cria para o “macrobem” meio ambiente (gênero), que é público e imaterial, um 
regime jurídico protetivo específico. 
a) Meio ambiente sadio, objeto de direito difuso = Macrobem = Imaterialidade. É um ele-
mento metaindividual, de fruição de todos, ou seja, tem aspecto difuso. 
b) Bens isoladamente considerados (água, mata ciliar etc.) = Microbens = Materialidade. 
É aquela de titularidade de um particular ou do poder público. 
Como importante consequência deste entendimento, tem-se que o meio ambiente, enquanto 
macrobem de natureza pública de uso comum do povo, não admite desafetação, pois isso preju-
dicaria toda uma comunidade de pessoas, indeterminadas e indefinidas, diminuindo a qualidade de 
vida do grupo. Ressalta-se, entretanto, que, apesar de ser público, não está sujeito à titularidade 
plena do Poder Público, como se verifica nos bens de uso especial ou dominicais, pois o uso não é 
individual, mas de todos. Sendo indeterminados os seus titulares, constitui bem difuso. 
O microbem ambiental, por outro lado, pode assumir a qualidade de particular, de uso indivi-
dual, mas deverá sempre, em razão do interesse público, cumprir conjuntamente as funções social 
e ambiental (funções previstas na CF/88), a fim de resguardar o macrobem, o direito ao meio ambi-
ente protegido. 
4.2. Espécies 
Os bens ambientais podem ser classificados em naturais, artificiais, culturais e do 
trabalho. 
a) Naturais: elementos bióticos e abióticos, seres vivos e não vivos de um ecossistema. Ex.: 
solo, flora, fauna, as águas etc. 
b) Artificiais: bens ambientais construídos ou alterados pela ação do ser humano. 
c) Culturais: conjunto de bens que possuem valor histórico, artístico, arqueológico, refletindo a 
história e identidade de um povo. 
 
 
 
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d) Do trabalho: integrantes do meio ambiente do trabalho, consistentes em segurança e saúde 
do trabalho, edificações, utensílios, máquinas, equipamentos, aspectos de ordem física e bi-
ológica, condições, leis, influências e interações que integram o local de trabalho; 
e) Meio ambiente genético: É o conjunto de seres vivos do planeta Terra que constituem a 
biodiversidade do planeta. 
4.3. Propriedade dos bens ambientais 
Há divergência quanto ao tema. Parte da doutrina entende não haver titularidade plena, 
pois se trata de bens de todos, difusos, afastando-se, a possibilidade de serem públicos ou 
privados. Uma segunda corrente sustenta a natureza pública e privada dos bens da natureza. 
A Constituição atribui aos entes públicos a titularidade de diversos bens ambientais, como os 
lagos, rios, terrenos marginais, praias fluviais, ilhas, recursos naturais na plataforma continental, ja-
zidas, potenciais de energia hidráulica, terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental etc. 
(arts. 20, 26 e 176 da CF). 
Conclui-se, assim, que alguns bens ambientais são de domínio público. Entretanto, o “mi-
crobem” ambiental é espécie (o solo, os animais etc.), componente do “macrobem” meio am-
biente, e pode ser apropriado e submetido à titularidade estatal ou particular, mas nem por 
isso perde a característica de bem difuso. Independentemente da classificação, deverá, nos 
termos da legislação de regência, cumprir função social e ambiental. 
Portanto, não há incompatibilidade quanto ao domínio privado de bens ambientais. Como ex-
plicita Paulo Bessa, “a Constituição Federal estabeleceu que, mesmo no domínio privado, podem ser 
fixadas obrigações para que os proprietários assegurem a fruição, por todos, dos aspectos ambientais 
de bens de sua propriedade. A fruição, contudo, é mediata, e não imediata. O proprietário de uma 
floresta permanece proprietário da mesma, e pode estabelecer interdições quanto à penetração epermanência de estranhos no interior de sua propriedade. Entretanto, está obrigado a não degradar as 
características ecológicas que, estas sim, são de uso comum, tais como a beleza cênica, a produção 
de oxigênio, o equilíbrio térmico gerado pela floresta, o refúgio de animais silvestres etc.”. 
4.4. Instrumentos de proteção 
O bem ambiental conta com proteção que inclui, primordialmente, a responsabilização e 
recomposição do dano ambiental, na via judicial e administrativa, através da atuação da própria 
Administração Pública, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas. 
 
 
 
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Dentre os instrumentos de proteção, ressalta-se a ação civil pública, prevista na Constituição 
Federal de 1988 e regulamentada pela Lei 7.347/85. 
Sobre o tema, destacam-se os seguintes julgados: 
Direito processual civil e ambiental. Legitimidade para a propositura de ação civil pública em 
defesa de zona de amortecimento de parque nacional. 
O MPF possui legitimidade para propor, na Justiça Federal, ação civil pública que vise à proteção de 
zona de amortecimento de parque nacional, ainda que a referida área não seja de domínio da União. 
Com efeito, tratando-se de proteção ao meio ambiente, não há competência exclusiva de um ente da 
Federação para promover medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser exercido 
pelos quatro entes federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam ocor-
rendo e da competência para o licenciamento. Deve-se considerar que o domínio da área em que o 
dano ou o risco de dano se manifesta é apenas um dos critérios definidores da legitimidade para agir 
do MPF. Ademais, convém ressaltar que o poder-dever de fiscalização dos outros entes deve ser exer-
cido quando determinada atividade esteja, sem o devido acompanhamento do órgão local, causando 
danos ao meio ambiente. AgRg no REsp 1.373.302-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 
11/6/2013. 
Direito processual civil e ambiental. Cumulação das obrigações de recomposição do meio am-
biente e de compensação por dano moral coletivo. 
Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença 
condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente 
degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo. Isso por-
que vigora em nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, que, ao 
determinar a responsabilização do agente por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permite 
a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar. REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Her-
man Benjamin, julgado em 28/5/2013. 
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou 
à de não fazer cumulada com a de indenizar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018 
Dano ambiental. Mortandade. Pássaros. 
O MP estadual, recorrido, ajuizou, na origem, ação civil pública em desfavor da empresa agrícola, 
recorrente, sob a alegação de que essa seria responsável por dano ambiental por uso de agrotóxico 
ilegal, o que teria causado grande mortandade de pássaros. A recorrente, em contestação, entre outras 
alegações, sustentou a descaracterização do mencionado dano, arguindo que pouco mais de trezentas 
aves teriam morrido, sem que tenha havido efetivo comprometimento do meio ambiente. A sentença 
julgou procedente a ação, condenando a recorrente a pagar a importância de R$ 150 mil em indeniza-
ção a ser revertida para o meio ambiente local, em recomposição do dano ambiental causado com a 
morte de 1.300 pássaros da fauna silvestre, o que se manteve em grau de apelação. Nesta instância 
especial, ao apreciar a controvérsia, consignou o Min. Relator que a existência de um dano ambiental 
não só encerra a necessidade de reconstituição do meio ambiente no que for possível, com a neces-
sária punição do poluidor (princípio do poluidor-pagador), mas também traz em seu bojo a necessidade 
de evitar que o fato venha a repetir-se, o que justifica medidas coercitivas e punições que terão, inclu-
sive, natureza educativa. Precedentes citados: REsp 1.120.117-AC, DJe 19/11/2009, e REsp 
1.114.893-MG. REsp 1.164.630-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/11/2010. 
Demarcação. Reserva legal. Averbação. 
Na espécie, em ação civil pública (ACP), o tribunal a quo manteve sentença de procedência do pedido, 
determinando a demarcação e averbação de reserva legal, pois o fato de ter havido desmatamento, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347Compilada.htm
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1373302
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1328753
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1164630
 
 
 
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32 
mesmo que realizado por antecessores, não afastaria a obrigação de instituir a reserva. No REsp, o 
recorrente aponta violação, entre outros temas, do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981, alegando que 
não se poderia impor a obrigação de reparar dano ambiental a particular adquirente de imóvel já com 
o mencionado dano, porquanto ausente o nexo de causalidade, o que o isentaria da responsabilidade. 
Por ter como fonte a própria lei e por incidir sobre as propriedades em si, configura dever jurídico 
(obrigação ex lege) que se transfere automaticamente com a transferência do domínio (obrigação pro-
pter rem), podendo, em consequência, ser imediatamente exigível do proprietário atual independente-
mente de qualquer indagação a respeito da boa-fé do adquirente ou de outro nexo causal que não o 
que se estabelece pela titularidade do domínio. Precedentes citados: REsp 1.087.370-PR, DJe 
27/11/2009; REsp 453.875-PR, DJe 11/11/2009, e EREsp 218.781-PR. REsp 1.179.316-SP, Rel. Min. 
Teori Albino Zavascki, julgado em 15/6/2010. 
Nesse sentido: Agora temos a publicação da Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem 
natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anterio-
res, à escolha do credor. Importante. Aprovada em 12/12/2018. 
Dano ambiental. Brejo. Litisconsórcio. 
Foi ajuizada ação civil pública contra a usina ora recorrida, pois se constatou que ela promovia a dre-
nagem de um reservatório natural (brejo). Por sua vez, as instâncias ordinárias consideraram improce-
dente o pedido ao fundamento de que a usina só deu continuidade ao que o próprio Poder Público 
começou. Nesse panorama, afastou-se, preliminarmente, a necessidade de o órgão federal, também 
reputado degradador, integrar a lide; pois, mesmo havendo vários agentes poluidores, a jurisprudência 
do STJ é firme quanto a não ser obrigatória a formação de litisconsórcio, visto que a responsabilidade 
de reparação integral do dano ambiental é solidária (permite demandar qualquer um ou todos eles). 
Pela mesma razão, a jurisprudência deste Superior Tribunal entende que os envolvidos não podem 
alegar que não contribuíram de forma direta e própria para o dano ambiental, como forma de afastar a 
responsabilidade de reparar. Estão assentadas, no acórdão e na sentença, a premissa de que a usina 
continuou as atividades degradantes iniciadas pelo Poder Público, o que aumentou a lesão ao meio 
ambiente, e a de que sua atividade preservaria uma rodovia construída sobre aterro contíguo ao bre-
jeiro. Contudo, não há dúvidas de que houve dano ambiental e contribuição da usina para tanto, mesmo 
que reconhecido pelas instâncias ordinárias ser o Poder Público, também, degradador. Assim, aplicam-
se os arts. 3º, IV, e 4º, VII, da Lei n. 6.938/1981. Anote-se que a usina poderá, em outra ação, cobrar 
de quem considerecabível parte das despesas de recuperação. 
REsp 880.160-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/5/2010. 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1179316
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp880160
	1. Conceito de Direito Ambiental
	2. O Meio Ambiente na CF/88
	3. Ambientalismo Social X Preservacionismo
	4. Bens Ambientais

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