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Prévia do material em texto

ISBN 978850262394-1
Miltons, Michelle Merética
Microeconomia / Michelle Merética Miltons ; coordenador Fabiano
Távora. - São Paulo : Saraiva, 2016. - (Coleção diplomata)
1. Microeconomia I. Távora, Fabiano. II. Título. III. Série.
15-09315 CDD-338.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Microeconomia 338.5
Diretor editorial Luiz Roberto Curia
Gerente editorial Thaís de Camargo Rodrigues
Gerência de concursos Roberto Navarro
Editoria de conteúdo Iris Ferrão
Assistente editorial Thiago Fraga | Verônica Pivisan Reis
Coordenação geral Clarissa Boraschi Maria
Preparação de originais Maria Izabel Barreiros Bitencourt Bressan e Ana
Cristina Garcia (coords.) | Liana Ganiko Brito | Luciana Cordeiro
Shirakawa
Projeto gráfico Isabela Teles Veras
Arte e diagramação Know-how editorial
Revisão de provas Amélia Kassis Ward e Ana Beatriz Fraga Moreira
(coords.) | Daniele Debora de Souza | Willians Calazans de Vasconcelos de
Melo
Conversão para E-pub Guilherme Henrique Martins Salvador
Serviços editoriais Elaine Cristina da Silva | Kelli Priscila Pinto | Marília
Cordeiro
Capa Aero Comunicação / Danilo Zanott
Data de fechamento da edição: 1-10-2015
Dúvidas?
Acesse www.editorasaraiva.com.br/direito
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
ou forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos
direitos autorais é crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
http://www.editorasaraiva.com.br/direito
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES POR ANO
1 - Noções Preliminares
Economia: conceito
Alocação de recursos escassos: o cerne da economia
Quanto à raridade
Quanto ao destino
Quanto à posse
Curva de Possibilidades de Produção ou Curva de Transformação
Modelos Econômicos
Ingredientes dos Modelos Econômicos
Variáveis
Constantes
Parâmetros
Equações e Identidades
Estática Comparativa
Eficiência de Pareto
2 - Fundamentos da Microeconomia: oferta e demanda
Teoria elementar da demanda
1. Demanda em função do preço do bem
Deslocamentos da Curva e ao Longo da Curva
2. Demanda em função do preço dos outros bens
3. Demanda em função da renda do consumidor
4. Demanda em função dos gostos do consumidor
5. Demanda em função das expectativas do consumidor
Demanda de mercado
Teoria elementar da oferta
1. Oferta em função do preço do bem
2. Oferta em função do preço dos demais bens
3. Oferta em função do preço dos fatores de produção
4. Oferta em função da tecnologia
5. Oferta em função das expectativas
Teoria elementar do funcionamento do mercado
Alterações no equilíbrio
3 - Elasticidades
Elasticidade-preço da demanda
Elasticidade-renda da demanda
Elasticidade preço-cruzada da demanda
Elasticidade-preço da oferta
Casos extremos
4 - Teoria do Consumidor
Teoria da Utilidade
Excedente e Equilíbrio do Consumidor
O comportamento do consumidor
As preferências do consumidor
Preferências do consumidor: premissas básicas
Curvas de Indiferença
Mapas de Indiferença
Propriedades das Curvas de Indiferença
Taxa Marginal de Substituição - TMS
Substitutos Perfeitos
Complementos Perfeitos
Males
Restrição Orçamentária
Escolha do Consumidor
Solução de Canto
Mudanças no Equilíbrio do Consumidor: Efeitos preço, renda e substituição
Mudança nos preços
Alteração no preço de um dos bens
Alteração no preço dos dois bens
Efeito-Preço
Efeito-Renda e Efeito-Substituição
Efeito-Renda
Efeito-Substituição
Análise do Efeito-Preço
Derivando a Curva de Demanda a partir do Efeito-Preço
Efeito-preço total
Efeito-renda superior ao Efeito-Substituição: os Bens de Giffen
Preferência Revelada
Demanda de Mercado
Excedente do Consumidor
Considerações Finais
5 - Teoria da Firma I - Produção
Introdução
As decisões da firma sobre a produção
A Função de Produção
Curto e Longo Prazos
Análise de Curto Prazo: As decisões da firma quando um insumo é fixo e
outro variável
As Curvas de Produto Total, Médio e Marginal
A relação entre as curvas de produto total, médio e marginal
Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes14
Análise de Longo Prazo: Produção com dois insumos variáveis
Isoquantas
Rendimentos Marginais Decrescentes
Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST)
Propriedades das Isoquantas
Casos especiais da Função de Produção
Rendimentos de Escala
Avanços tecnológicos
6 - Teoria da Firma II - Custos de Produção
Introdução
Que custos são estes?
Custos Irreversíveis ou Irrecuperáveis
Custos de Oportunidade
Custos Implícitos e Explícitos
Economia X Contabilidade: a diferença entre os conceitos de custos
Custos Fixos e Variáveis
Lucro
Custo Médio e Marginal
Análise de Curto Prazo
As Curvas de Custo
Curva de custo total
Curvas de custo fixo, variável e total
Curvas de custo médio
Curva de custo marginal
Comparando as curvas de custo
Relação entre custo marginal e médio
Custos no Longo Prazo
Custo de Utilização dos Ativos de Capital
Minimização de Custos
Linhas de Isocusto
otimização
Caminho de Expansão
Custo Total e Médio de Longo Prazo
Escala mínima eficiente
Custo Médio e Marginal
Custos Marginais no Longo Prazo
Economias e Deseconomias de Escala
7 - Intervenção do Estado na Economia
Política de Controle de Preços
Política de preços mínimos
Programa de compras
Programa de subsídios
Primeiro caso: demanda preço-inelástica - programa de compras
Segundo caso: demanda preço elástica - programa de subsídios
A ineficiência da Política de Preços Mínimos
Aplicação - Salário Mínimo
Política de Preços Máximos
Política de Controle de Quantidades
Impostos
Como a imposição de um imposto afeta o equilíbrio de mercado
Imposto específico ou seletivo
Exemplo
Imposto ad valorem
Exemplo 7.2
Quem paga o imposto? A Incidência Tributária
Impostos sobre os compradores
Incidência Tributária e Elasticidade - preço
A influência advinda do imposto
8 - Estruturas de Mercado I - Concorrência Perfeita
Maximização de Lucros
Nível ótimo de produção no curto prazo
Regra de Suspensão das Atividades
Curva de Oferta no Curto Prazo
Curva de oferta de mercado no curto prazo
Definição do nível de produção no longo prazo
Equilíbrio no Longo Prazo: Lucro Econômico21 Zero
Equilíbrio competitivo de longo prazo
Eficiência
A Eficiência dos Mercados Perfeitamente Competitivos
9 - Estruturas de Mercado II - Monopólio
Concorrência Imperfeita
O Poder de Mercado do Monopólio
Surgimento dos Monopólios
Monopólio Natural
Receita Média e Marginal
Definição do nível de produção do monopolista
Exemplo algébrico e numérico
A ineficiência do Monopólio
O custo do monopólio para o bem-estar
Captura da Renda (Rent Seeking)
Reação ao monopólio: políticas públicas
Comportamento monopolista
Excedente do Produtor
Discriminação de preços de 1º grau
Discriminação de preços de 2º grau
Discriminação de preços de 3º grau
Discriminação de preços intertemporal
Preço de pico
Tarifa em duas partes
Venda em pacote
Venda casada
Propaganda
10 - Estruturas de Mercado III - Oligopólio
Características dos mercados oligopolizados
Oligopólio de Conluio
Equilíbrio de Nash
Lucros do Oligopólio
Cartel
Teoria dos Jogos
O Dilema dos Prisioneiros
Referências Bibliográficas
1. Noções Preliminares
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e demanda
3. Elasticidades
4. Teoria do Consumidor
5. Teoria da Firma I - Produção
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
7. Intervenção do Estado na Economia
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência Perfeita
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
10. estruturas de mercado Iii - Oligopólio
Exercícios de Fixação
1. Noções Preliminares
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e demanda
3. Elasticidades
4. Teoria do Consumidor
5. Teoria da Firma I - Produção
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
7. Intervenção do Estado na Economia
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência Perfeita
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
10. estruturas de mercado iii - Oligopólio
Gabarito Comentado
1. Noções Preliminares
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e demanda
3. Elasticidades
4. Teoria do Consumidor
5. Teoria da Firma I - Produção
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
7. Intervenção do Estadona Economia
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência Perfeita
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
10. estruturas de mercado iii - Oligopólio
Exercícios Resolvidos do CACD - Teste de Pré-Seleção (TPS)
1. Noções Preliminares
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e demanda
3. Elasticidades
4. Teoria do Consumidor
5. Teoria da Firma I - Produção
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
7. Intervenção do Estado na Economia
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência Perfeita
9. Monopólio
10. Oligopólio
AUTORA
Michelle Merética Miltons
Bacharel em ciências econômicas pela UFPR, com mestrado em Teoria
Econômica pela UEM-PR. Prepara alunos para o Concurso de Admissão à
Carreira Diplomática há sete anos, lecionando microeconomia,
macroeconomia, economia internacional, formação econômica do Brasil e
economia brasileira contemporânea. Atuou em cursinhos preparatórios -
presenciais e on-line -, grupos pequenos e por meio de videoaulas.
Atualmente é Professora e Coordenadora da Ciclo EAD, curso on-line
preparatório para concursos públicos, notadamente para a carreira
diplomática.
Coordenador
Fabiano Távora
Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC) - Turma
do Centenário - 2003. Especialista em Gestão Empresarial pela Fundação
Getulio Vargas (FGV) - 2005. Mestre em Direito dos Negócios pelo Ilustre
Colégio de Advogados de Madri (ICAM) e pela Universidade Francisco de
Vitória (UFV) - 2008. Mestre em Direito Constitucional aplicado às
Relações Econômicas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) - 2012.
Advogado. Diretor-geral do Curso Diplomata - Fortaleza/CE. Foi
Coordenador do único curso de graduação em Relações Internacionais do
Estado do Ceará, pertencente à Faculdade Stella Maris. Professor de Direito
Internacional para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática.
Professor de Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado,
Direito do Comércio Exterior e Direito Constitucional em cursos de
graduação e pós-graduação.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus. Por meio desta obra, Ele me ensinou o valor da
perseverança.
À minha mãe, Lúcia, e à minha irmã Aline, que me incentivaram da
primeira palavra ao último “ponto final”. Amo vocês.
Ao meu querido esposo, Cesar, que aguentou firme ao meu lado, apesar das
ausências intensas em função do trabalho extensivo de pesquisa.
À minha linda e princesa filha Sarah, que tantas vezes teve que abrir mão da
companhia da mamãe “só mais um pouquinho” para que esta obra fosse
finalizada. Te amo, sua maravilhosa!
À minha querida filha Mariana, que esteve feliz e saltitante em minha
barriga durante boa parte da confecção desta obra. Na outra parte, feliz e
saltitante ao meu lado, aprendendo a conviver com uma mãe bem atarefada!
Te amo sua fofucha, preciosa e linda!
À minha querida prima Ceres, pelo incentivo, carinho e encorajamento.
À Lélia, cunhada e assistente incansável pela parceria e encorajamento:
“quem tem fé, tem fé”!
Ao Fabiano Távora, organizador, pela imensa paciência, longanimidade,
incentivo e consideração. Estendo os agradecimentos ao Davi e à Mávila.
Vocês merecem o melhor!
À Giuliane Paulista, pela colaboração direta na obra.
Ao Rodrigo Goyena Soares, professor, pelo estímulo firme e decidido.
Ao Bruno Blanco, candidato ao CACD, pelo encorajamento contínuo.
À Daniela Marques Medeiros, professora, pela amizade, palavras de
encorajamento e parceria.
A todos os guerreiros candidatos à vaga na Diplomacia!
E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta obra
fosse finalizada.
Recebam, de coração, meu muito obrigada!
PREFÁCIO*
Dez anos atrás, recebi a notícia de que havia sido aprovado no concurso do
Instituto Rio Branco para a carreira diplomática. Era difícil acreditar que
meu nome estava na lista de aprovados, que o meu antigo sonho tornara-se
realidade. Aquele momento deu-me a impressão de ser um divisor de águas,
o primeiro passo da carreira que por tantos anos me fascinara.
Hoje, percebo que o primeiro passo para a carreira diplomática havia sido
dado em um momento anterior, quando comecei meus estudos de
preparação para o concurso. A preparação para a carreira diplomática exige
o desenvolvimento da capacidade de analisar politicamente a combinação
de diferentes fatores da sociedade. Essa capacidade pode ser adquirida pela
leitura atenta de diferentes pensadores e exposição a diferentes
manifestações artísticas, o que requer uma caminhada de constantes
descobertas.
Essa caminhada é feita em direção às mais profundas e fundamentais
características da sociedade brasileira, percorrendo a longa estrada que
lentamente mostra as cores que delineiam o multifacetado cenário que é o
Brasil. A preparação para a carreira diplomática requer este (re)encontro
com o Brasil, este momento em que o futuro diplomata reflete sobre seu
país e sobre seu povo. Eu diria que o processo de preparação é uma
caminhada para dentro.
Ao caminhar em direção às profundezas do Brasil, o futuro diplomata se
defrontará com perspectivas históricas, geopolíticas, econômicas e jurídicas
da realidade brasileira que lhe proporcionarão o arcabouço intelectual para
sua contínua defesa dos interesses do Brasil e do povo brasileiro no exterior.
Essa observação de quem somos como povo e como país é fundamental
para o trabalho cotidiano dos diplomatas brasileiros, principalmente porque
também pressupõe as relações do Brasil com outros países. Ao
compreender a história política externa brasileira, o candidato poderá
perceber características do Brasil que explicam como o país percebe sua
inserção no mundo.
É interessante notar que essa caminhada para dentro é o início de uma
carreira feita para fora, em contato com o mundo. Os diplomatas são os
emissários que também contam para o mundo o que é o Brasil e o que é ser
brasileiro. A aprovação no concurso do Instituto Rio Branco não é,
portanto, o primeiro passo da carreira. É o momento em que a caminhada
para dentro do Brasil se completou e passa a ser uma viagem para fora, para
relatar ao mundo o que nós somos e o que pensamos.
Devo confessar que a minha caminhada foi bem difícil. Quando comecei a
me preparar para o concurso, poucas cidades brasileiras tinham estruturas
que guiassem os estudos dos candidatos para o concurso. Apesar de ter
certeza de que nunca nenhuma leitura é inútil, estou certo de que a
imensidão de pensadores e artistas que conformam o pensamento brasileiro
é difícil de ser abordada no momento de preparação para o concurso.
Lembro-me de que sempre busquei obras que me guiassem os estudos, mas
não tive a sorte de naquele momento haver publicações neste sentido.
Foi com muita alegria que recebi o convite para escrever sobre minha
experiência pessoal como jovem diplomata brasileiro em uma coleção que
ajudará na caminhada preparatória dos futuros diplomatas. Esta coleção
ajudará meus futuros colegas a seguir por caminhos mais rápidos e seguros
para encontrar o sentido da brasilidade e a essência do Brasil. Congratulo-
me com a Editora Saraiva, com os autores e com o organizador da coleção,
Fabiano Távora, pela brilhante iniciativa e pelo excelente trabalho.
Aos meus futuros colegas diplomatas, desejo boa sorte nessa caminhada.
Espero que se aventurem a descobrir cada sabor deste vasto banquete que é
a brasilidade e que se permitam vivenciar cada nota da sinfonia que é o
Brasil. Espero também que possamos um dia sentar para tomar um café e
conversar sobre o que vimos e, juntos, contar aos nossos amigos de outros
países o que é o Brasil.
Pequim, novembro de 2014.
Romero Maia
APRESENTAÇÃO**
Indubitavelmente, o concurso para o Instituto Rio Branco, uma das escolas
de formação de diplomatas mais respeitadas do mundo, é o concurso mais
tradicional e difícil do Brasil. Todos os anos, milhares de candidatos, muito
bem preparados, disputam as poucas vagas que são disponibilizadas. Passar
nessa seleção não é só uma questão de quem estuda mais, envolve muitos
outros fatores.
Depois de muito observar essa seleção, nasceu a ideia de desenvolver um
projetoímpar, pioneiro, que possibilitasse aos candidatos o acesso a uma
ferramenta que os ajudasse a entender melhor a banca examinadora, o
histórico dos exames, o contexto das provas, o grau de dificuldade e
aprofundamento teórico das disciplinas, de forma mais prática. Um grupo
de professores com bastante experiência no concurso do IRBr formataria
uma coleção para atender este objetivo.
Os livros foram escritos com base nos editais e nas questões dos últimos 13
anos. Uma análise quantitativa e qualitativa do que foi abordado em prova
foi realizado detalhadamente. Cada autor tinha a missão de construir uma
obra que o aluno pudesse ler, estudar e ter como alicerce de sua preparação.
Sabemos, e somos claros, que nenhum livro consegue abordar todo o
conteúdo programático do IRBr, mas, nesta coleção, o candidato encontrará
a melhor base disponível e pública para os seus estudos.
A Coleção Diplomata é composta dos seguintes volumes: Direito
internacional público; Direito interno I - Constituição, organização e
responsabilidade do Estado brasileiro; Direito interno II - Estado, poder e
direitos e garantias fundamentais (no prelo); Economia internacional e
brasileira (no prelo); Espanhol (no prelo); Francês (no prelo); Geografia I -
Epistemologia, política e meio ambiente; Geografia II - Geografia
econômica; História do Brasil I - O tempo das Monarquias; História do
Brasil II - O tempo das Repúblicas; História geral; Inglês; Macroeconomia;
Microeconomia; Política internacional I - A política externa brasileira e os
novos padrões de inserção no sistema internacional do século XXI; Política
internacional II - Relações do Brasil com as economias emergentes e o
diálogo com os países desenvolvidos; Português.
Todos os livros, excetuando os de língua portuguesa e inglesa, são
separados por capítulos de acordo com o edital do concurso. Todos os itens
do edital foram abordados, fundamentados numa doutrina ampla e
atualizada, de acordo com as indicações do IRBr. Os doutrinadores que
mais influenciam a banca do exame foram utilizados como base de cada
obra. Junte-se a isso a experiência e a sensibilidade de cada autor, que
acumulam experiências em sala de aula de vários locais (Brasília, São
Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte, Recife,
Salvador, Teresina ...).
Cada livro, antes da parte teórica, apresenta os estudos qualitativos e
quantitativos das provas de seleção de 2003 até 2014. Por meio de gráficos,
os candidatos têm acesso fácil aos temas mais e menos cobrados para o
concurso de Diplomata. Acreditamos que esse instrumento é uma maneira
inteligente de entender a banca examinadora, composta por doutrinadores
renomados, bastante conceituados em suas áreas.
No final de cada livro, os autores apresentam uma bibliografia completa e
separada por assuntos. Assim, o candidato pode ampliar seus
conhecimentos com a segurança de que parte de uma boa base e sem o
percalço de ler textos ou obras que são de menor importância para o
concurso.
As questões são separadas por assunto, tudo em conformidade com o edital.
Se desejar, o aluno pode fazer todas as questões dos últimos anos, de
determinado assunto, logo após estudar a respectiva matéria. Dessa forma,
poderá mensurar seu aprendizado.
Portanto, apresentamos aos candidatos do IRBr, além de uma coleção que
apresenta um conteúdo teórico muito rico, bastante pesquisado, uma
verdadeira e forte estratégia para enfrentar o concurso mais difícil do Brasil.
Seguindo esses passos, acreditamos, seguramente, que você poderá ser um
DIPLOMATA.
Fortaleza, 29 de julho de 2015.
Fabiano Távora
EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES
POR ANO***
1. Noções Preliminares
Economia: conceito
A economia é uma ciência social que se ocupa do estudo de como os
indivíduos fazem uso de recursos produtivos escassos para produzir bens e
serviços e distribuí-los entre as pessoas a fim de satisfazer suas
necessidades1.
Por “necessidade”, entende-se um desejo que envolva a escolha de um bem
econômico que possa realizar socialmente uma pessoa ou colaborar para
sua sobrevivência2.
Dois são os ramos centrais da teoria econômica: a microeconomia e a
macroeconomia. O primeiro cuida em como consumidores, produtores e
empresas se comportam e interagem na economia, enquanto o segundo
estuda os agregados econômicos - consumo, investimento, taxa de juros,
nível de preços e de emprego.
Este livro segue, em linhas gerais, a ordem apresentada no edital do
Concurso de Admissão à Carreira Diplomática - CACD, já que almeja ser
uma importante ferramenta nesta difícil preparação3.
Alocação de recursos escassos: o cerne da
economia
Todos os indivíduos têm necessidades. Pode-se dizer até que elas são
ilimitadas. Por outro lado, os recursos necessários para supri-las são
limitados. E aqui está o dilema que deu origem à ciência econômica: como
alocar recursos limitados no atendimento de necessidades ilimitadas? O
objeto de estudo da ciência econômica fica assim definido, portanto: como
economizar os recursos disponíveis4.
Já que não há como atender às necessidades de todos os indivíduos, famílias
e empresas, a sociedade deve buscar formas de maximizar sua satisfação a
partir da alocação dos recursos disponíveis, escassos por natureza5.
Cuide para não confundir escassez com pobreza. Esta significa a posse de
poucos bens, ao passo que aquela informa que há mais desejos do que bens
para satisfazê-los, mesmo que haja muitos bens. Da mesma forma, escassez
não se confunde com limitação. Bens podem ter uma oferta limitada, mas se
não forem demandados, não é possível afirmar que são escassos6. Nem
todos os bens são escassos. Entendendo bem como algo que permite a
satisfação de uma ou mais necessidades humanas7, podemos classificá-los
quanto à raridade, quanto ao destino e quanto à posse.
Quanto à raridade
Os bens podem ser livres ou econômicos. Os bens livres são aqueles cuja
quantidade disponível é ilimitada (no sentido de que atende a todos os seres
humanos, sem a necessidade de alocação). Além disso, não há relações
econômicas envolvidas em seu uso e, por conseguinte, não apresentam
preço de mercado. Exemplos são o ar, a luz do sol e o mar.
Bens econômicos - que são os que nos interessam - são aqueles cuja
quantidade é limitada, ou seja, são escassos, gerando, dessa forma, a
necessidade de serem alocados por meio do sistema de preços. É a escassez
de recursos disponíveis que gera a escassez dos bens econômicos.
Quanto ao destino
Os bens econômicos podem ser de consumo ou de capital. Os bens de
consumo são aqueles usados diretamente na satisfação de necessidades
humanas e se subdividem em duráveis (como os eletrodomésticos) e não
duráveis (como os alimentos). Os bens de capital são aqueles usados na
fabricação de outros bens, como as máquinas e as instalações.
Os bens intermediários são transformados ou incorporados ao processo
produtivo de outros bens, sendo ali consumidos. São exemplos os insumos,
as matérias-primas e os componentes.
A diferença entre os bens finais e os intermediários é que os primeiros são
comercializados para uso ou consumo final e os últimos ainda serão
transformados. Dessa forma, já que os bens de capital não são
“consumidos” ao longo do processo de produção, enquadram-se como bens
finais8.
Quanto à posse
Os bens econômicos também podem ser privados ou públicos. Os privados
são aqueles produzidos e possuídos por particulares, como os móveis e os
eletrodomésticos, ao passo que os públicos são os bens fornecidos pelo
setor público, como a educação, os serviços de saúde, a segurança e os
transportes.
A questão da escassez é subjetiva. O que tem algum valor para mim não
necessariamente o tem para você. Apesar de essencial, não é necessário
pagar mais que R$ 4,00 por uma garrafa de meio litro de água no Brasil. No
Norte da África, por outro lado, provavelmente o preço seja maior. Essa não
é a realidade no norte da África e essa diferença de preço se explica, em
grande medida, pela disponibilidade do bem nos diferentes locais. Além
disso, as próprias necessidadesse alteram com o tempo. Há quinze anos, os
correios e o telefone pareciam atender muito bem às demandas de
comunicação a longa distância. Não é necessário dizer que hoje tais meios
estão longe de ser os escolhidos pela maior parte da população que tem
acesso à internet. Assim, os problemas da economia permanecem os
mesmos, mas adquirem diferentes roupagens com o passar dos anos.
Diante de todas essas questões, torna-se possível definir a economia como
sendo o estudo da alocação de recursos escassos entre fins competitivos e
usos alternativos, a fim de satisfazer as diferentes e ilimitadas necessidades
humanas.
Os problemas econômicos que surgem a partir do conceito de economia se
resumem em: o que e quanto produzir? Como e para quem produzir?
Produzir bens que atendam às necessidades em quantidade adequada,
minimizando custos e maximizando os resultados - entendam-se lucros para
as firmas e bem-estar para os consumidores - para indivíduos, empresas e
governos. Especificar melhor esta resposta genérica também é tarefa da
economia.
As questões acima parecem referir-se mais às decisões das empresas. Mas é
importante destacar que as empresas tomam decisões baseadas nos
comportamentos previstos dos consumidores. E como são estes
comportamentos? É possível generalizar ao menos os aspectos comuns?
Comecemos com uma pergunta simples: o que o leva a adquirir um bem?
Salvo em casos excêntricos, adquire-se um bem pela utilidade por ele
proporcionada: satisfação de uma necessidade, geração de bem-estar ou
prazer. Dada a questão da escassez de recursos, todos precisam escolher.
Uma calça ou uma bolsa? Um livro ou uma videoaula? Esse tipo de escolha
ou trade off9 se estende também a decisões que, não necessariamente,
implicam a aquisição de um bem: estudar economia ou inglês? Distribuição
de renda ou crescimento econômico? Conhecer as opções auxiliam os
agentes na tomada de decisões.
Há formas de lidar com a escassez de um país e seu estudo ajuda a nortear o
entendimento da economia. Entre elas, destacam-se:
a) garantir que os recursos escassos sejam plenamente empregados;
b) cuidar para que o emprego dos recursos seja feito de maneira
economicamente eficiente;
c) promover o crescimento econômico;
d) reduzir o impacto da escassez sobre os indivíduos afetados pela pobreza
por intermédio da melhor distribuição dos recursos10.
Assim, a escassez pode ser administrada e seu problema minimizado via
pleno emprego, eficiência econômica, crescimento e redistribuição de
renda.
Em economia, não somente o que se deseja fazer ou comprar é importante.
O que se deixa de fazer ou comprar também é. Na tomada de decisões, faz-
se necessário comparar custos e benefícios e isso envolve não só o dinheiro,
mas também o tempo, as emoções, as expectativas e tantos outros aspectos
objetivos e subjetivos. E aqui entra o conceito de custo de oportunidade11:
é o que se abre mão para a obtenção da coisa desejada. Ao ler este livro e
optar por dedicar este tempo ao estudo da economia, você pode estar
abrindo mão de assistir a um bom filme ou de sair com os amigos. Assim, o
custo de oportunidade de estudar economia para você, neste caso, é deixar
de assistir a seu filme ou de sair.
Outro aspecto interessante sobre nosso comportamento, como
consumidores, é de cunho quantitativo e diz respeito a tomada de decisões
baseada em pequenas variações, ou melhor, em alterações marginais.
Suponha uma dona de casa, fazendo compras na feira e decidindo a
quantidade de tomates que irá adquirir. Ela pensa na salada, no molho e na
pizza e fica na dúvida se leva 8 ou 10 unidades, e não se levará 10 quilos ou
absolutamente nenhum tomate. Sua decisão será mais bem tomada se ela
levar em consideração as próximas refeições e não, por exemplo, se ela
pensar nos tomates para o mês inteiro (o que, salvo mediante algum
processo de congelamento, não seria recomendado). E assim ocorre com
quase todas as decisões dos consumidores e dos produtores racionais: a
tomada de decisão que envolve algum tipo de gasto, em geral, é feita
assumindo-se a ideia de margem, de acréscimos pequenos ou unitários.
O comportamento do consumidor será estudado com mais detalhes em
capítulo específico, destinado ao tema. As noções vistas até aqui serão úteis
e importantes para a compreensão dos fundamentos da oferta e da demanda.
Curva de Possibilidades de Produção ou Curva de
Transformação
A escassez e as alternativas de produção podem ser estudadas a partir do
conceito de curva ou fronteira de possibilidade de produção ou curva de
transformação. Esta curva delimita a fronteira máxima que uma economia é
capaz de produzir, considerando seus limitados recursos disponíveis e o
nível de conhecimento tecnológico12. A sociedade deve determinar de
antemão quais as possíveis combinações de produtos.
A Figura 1.1 apresenta opções de produção disponíveis para uma economia
hipotética. Aqui a noção de escassez é evidenciada. O modelo da FPP adota
algumas premissas:
a) Os recursos produtivos são fixos ou constantes.
b) O conhecimento tecnológico (know-how) é constante.
c) Dois produtos, grupos ou classes de produtos(ex: milho e soja; produtos
agrícolas e industriais ou arroz tipo 1 e arroz tipo 2) são produzidos (tal
simplificação permite análise a partir da leitura de um gráfico
bidimensional)13.
Dados os recursos limitados, o aumento da produção do bem B só será
possível se houver redução na produção do bem A. As combinações
possíveis desses dois bens são mostradas nos pontos da curva - como em A
e em C - e nos pontos situados na área sob a curva - como em B.
O conjunto de pontos que compõem a curva é denominado fronteira de
possibilidades de produção, pois delimita e separa as possíveis combinações
daquelas não disponíveis14 (toda a área fora da curva, como o ponto D).
Figura 1.1. Curva de possibilidades de produção
Pontos abaixo da curva indicam que há recursos ociosos, ou seja,
desemprego de parte dos fatores de produção ou que os recursos da
economia estão sendo usados de forma ineficiente, resultando em uma
combinação que não é a máxima que se pode alcançar em termos de
produção. Assim, uma “economia que produz num ponto abaixo da curva
de possibilidades de produção sempre pode aumentar sua produção e
melhorar sua condição”15.
Se a economia, por outro lado, estiver operando num ponto sobre a curva de
possibilidade de produção, não lhe será possível aumentar a produção de
um dos bens sem reduzir ou sacrificar a produção do outro. Este aspecto da
curva deixam claras as noções de escassez e de custo de oportunidade.
Observe que, se a economia estiver operando de maneira eficiente, ou seja,
em algum ponto sobre a fronteira de possibilidades de produção, ela estará
em pleno emprego. Todos os recursos disponíveis para produzir estão sendo
eficientemente empregados e estes existem em quantidade fixa (escassez).
Para produzir mais de um, é necessário produzir menos de outro. Este
sacrifício na produção de um em prol do aumento da produção de outro é o
custo de oportunidade16.
O custo de oportunidade é crescente, ou seja, quanto mais nos deslocarmos
ao longo da fronteira, maior será o sacrifício exigido em termos do quanto
se deixará de produzir do bem A para incrementar a produção do bem B17.
Por esta razão, a curva de possibilidades de produção é côncava em relação
à origem dos eixos cartesianos.
A fronteira de possibilidades de produção não é necessariamente estática.
Se a economia adquirir mais recursos produtivos - mão de obra, recursos
naturais, know-how tecnológico - ela poderá produzir mais de ambos os
bens. Graficamente, a situação é representada por um deslocamento para
fora da curva (Figura 1.2).
Figura 1.2. Deslocamento da curva de possibilidade da curva de produção
A economia em questão também pode sofrer um revés capaz de deslocar
sua fronteira para dentro. É o caso de desastres naturais, que destruam parte
do estoque disponível de recursos naturais ou guerras, que reduzam a
população economicamente ativa. Esta economia terá menos fatores e suas
opçõesde produção serão, assim, restringidas18.
As mudanças tecnológicas podem afetar a produção de um dos bens
produzidos de forma mais intensa do que a do outro19. Uma inovação no
processo de seleção de grãos, por exemplo, terá impacto na produção
agrícola maior do que na produção de bens industriais em geral. Neste caso,
o deslocamento da curva será maior em relação ao eixo que representa o
bem cuja produção foi mais impactada pela inovação (Figura 1.3).
Figura 1.3. Deslocamento da curva de possibilidades de produção
Modelos Econômicos
O estudo da teoria econômica faz uso de modelos, que nada mais são do
que simplificações da realidade, representações grosseiras de situações que
são muito complexas. Assuntos difíceis podem assim ser estudados
isolando-se apenas as variáveis mais significativas.
Um modelo econômico é relevante justamente porque elimina detalhes de
menor importância, permitindo ao pesquisador focar nas características
essenciais da realidade econômica estudada20.
A teoria econômica, neste sentido, é uma simplificação, uma abstração da
realidade, já que a economia real é muito complexa. É impossível conhecer
todas as inter-relações de uma vez só. Além disso, nem todas as inter-
relações possuem a mesma importância. Assim, é necessário selecionar os
fatores julgados mais importantes, focando a atenção apenas nesses
elementos. Considera-se que os demais permanecem constantes.
Via de regra, procura-se adotar o modelo mais simples possível, suficiente
para descrever a situação econômica em análise. Em seguida, são-lhe
acrescentadas complicações - necessárias - para torná-lo mais coerente com
a realidade. Os modelos econômicos são usados tanto na economia positiva
- aquela que procura descrever como a economia funciona - como na
normativa - que descreve como a economia deveria funcionar.
Ingredientes dos Modelos Econômicos
Os modelos são estruturas teóricas não necessariamente matemáticas. Mas
se forem matemáticas, em geral, serão constituídas por equações que
descreverão sua estrutura. Ao relacionar de forma definida algumas
variáveis entre si, as equações dão forma matemática ao conjunto de
supostos analíticos do modelo. Em seguida, por meio da aplicação de
operações matemáticas relevantes, inferências e conclusões podem ser
tiradas de forma lógica21.
Passemos à definição dos “ingredientes” dos modelos econômicos
matemáticos: as variáveis, as constantes, os parâmetros, as equações e as
identidades.
Variáveis
A variável é, como seu próprio nome indica, algo que pode assumir
diferentes valores, devendo ser representada por um símbolo. Há inúmeros
exemplos na economia: preços (P), custos (C), receitas (R), importações
(M), investimento (I), entre outros.
Um modelo econômico, desde que construído de forma apropriada, pode
ser resolvido gerando-se os valores das soluções de um determinado
número de variáveis22.
Há dois tipos de variáveis: as endógenas, ou dependentes, e as exógenas, ou
independentes. Variáveis endógenas são aquelas cujos valores pretende-se
encontrar ao solucionar o modelo (são originadas dentro ou internamente ao
modelo). Variáveis exógenas são aquelas cujos valores são, por hipótese,
determinados por forças externas ao modelo (originadas exteriormente). Em
uma função genérica do tipo y = ax + b, a variável y é a endógena, porque
será determinada pela solução do modelo indicado por ax + b. A variável x
é exógena, já que a explicação sobre sua determinação encontra-se fora
deste modelo em análise.
Uma variável considerada endógena em um modelo pode ser exógena em
outro. A variável preço, por exemplo, é uma variável endógena na
determinação do equilíbrio do mercado de arroz. Já na teoria do
consumidor, ela á um dado e, portanto, deve ser considerada exógena.
Constantes
A constante é uma magnitude que não varia. As variáveis, muitas vezes,
aparecem combinadas com números fixos ou constantes. Ex.: 7P ou 20Q.
Quando a constante estiver associada a uma variável, ela será chamada de
coeficiente.
O coeficiente pode ser numérico - por exemplo 8P - ou simbólico - como
aP. Quando utilizamos um coeficiente simbólico, conferimos-lhe maior grau
de generalidade, já que ele pode assumir qualquer valor.
Parâmetros
Em uma expressão ou equação, o parâmetro é uma letra distinta da variável,
cujo valor numérico pode ser fixado arbitrariamente. É uma constante
variável e, por este comportamento específico, recebe também o nome
especial de parâmetro ou constante paramétrica.
O parâmetro é uma constante que se encontra associada a uma variável, mas
pode assumir mais de um valor. Por isso, o parâmetro é uma “constante
variável”. Mesmo podendo assumir diferentes valores, ele deve ser
interpretado como um dado no modelo. Por essa razão, usa-se a palavra
constante, mesmo que seja paramétrica.
Os parâmetros, de certa forma, se parecem com as variáveis exógenas, já
que ambos são tratados como dados no modelo. A diferença é que os
parâmetros são constantes - ainda que paramétricas -, ao passo que as
variáveis variam23.
Equações e Identidades
Em um modelo, as variáveis devem se relacionar entre si por meio de
equações ou desigualdades. Há três tipos de equações: as equações de
definição, as equações de comportamento e as condições de equilíbrio.
a) Equações de definição: são aquelas que estabelecem uma identidade
entre duas expressões alternativas que possuem exatamente o mesmo
significado. Um exemplo seria a função lucro, que o apresenta como sendo
a diferença entre receitas e custos: L = R - C.
b) Equações de comportamento: especificam a maneira pela qual uma
variável se comporta em resposta a mudança em outras variáveis. Pode
envolver comportamento humano, como, por exemplo, a variação do
consumo de sorvete em função do aumento da renda no mês de dezembro
ou não, como quando se analisa a alteração da produtividade em razão de
uma inovação tecnológica.
c) Condição de equilíbrio: é relevante sempre que o modelo envolver a
noção de equilíbrio. A condição de equilíbrio é uma equação que descreve o
pré-requisito para o equilíbrio. Exemplo seria a equação que iguala a
quantidade ofertada com a demandada no mercado: Qd = Qs.
Estática Comparativa
Ao longo dos próximos capítulos, estudaremos a oferta e a demanda de
mercado, bem como a determinação dos preços e das quantidades que o
equilibra. Em algum momento, poderemos indagar como o preço de
equilíbrio se altera diante de variações nas condições de mercado. Este
importante exercício é chamado de estática comparativa, pois compara duas
situações estáticas de equilíbrio, sem se ocupar na dinâmica24 da
movimentação das variáveis entre um equilíbrio e outro.
A estática comparativa preocupa-se, portanto, com a comparação entre os
equilíbrios25.
Eficiência de Pareto
Eficiência econômica ou eficiência de Pareto é um importante conceito.
Segundo GOLBERG, “um arranjo social é definido como Pareto - ótimo se,
e somente se, o bem-estar de alguém não possa ser aumentado sem a
diminuição do bem-estar de outrem”26.
Nesse sentido, se for possível melhorar a situação de uma pessoa sem piorar
a de nenhuma outra, diz-se que houve uma melhoria de Pareto. Assim, se
uma alocação de recursos permitir que a melhoria de Pareto aconteça, então
ela não atingiu o ótimo, ou seja, ela é ineficiente no sentido de Pareto. Por
outro lado, se a alocação não possibilita tal melhoria, ela será considerada
eficiente no sentido de Pareto27.
Bens e serviços são alocados de forma eficiente se “todos as trocas que
beneficiam ambas as partes são feitas, até o ponto em que necessariamente
alguém perderá com uma troca adicional”28.
2. Fundamentos da
Microeconomia:
oferta e demanda1
Várias questões importantes podem ser estudadas a partir dos fundamentos
da oferta e da demanda de mercado. Como as firmas determinam a
quantidade a ser vendida de determinado produto e por que alteram suas
decisões de acordo com o comportamento de seus consumidores? Quais são
as consequências da interferência do governo no mercado com a adoção de
políticas de preços mínimosou de incentivos à produção? Como a
imposição de tributos afeta produtores e consumidores?
Na tentativa de descrever o comportamento dos agentes econômicos, faz-se
necessária a adoção de uma estrutura que oriente a análise. É comum, em
economia, basear esta estrutura em dois princípios:
a) Otimização;
b) Equilíbrio.
O princípio da otimização afirma que as pessoas procuram escolher o
melhor padrão de consumo disponível e as empresas, a maior lucratividade.
A noção de equilíbrio sugere que os preços ajustam-se para igualar a
quantidade demandada à ofertada2.
As curvas de oferta e demanda são excelentes ferramentas para descrever o
mecanismo de mercado. Mas o que é mercado? Cada bem ou serviço, salvo
algumas exceções, conta com vários ofertantes e vários demandantes. O
grupo de compradores e vendedores de um determinado bem ou serviço
compõe seu mercado. Assim, os consumidores, juntos, determinam a
demanda total daquele bem ou serviço e os ofertantes, juntos, a oferta total.
Supondo que não haja interferência do governo, a oferta e a demanda de
determinado bem entrarão em equilíbrio e, neste ponto, preços e
quantidades ofertadas e demandadas serão determinados. A reação às outras
variáveis determinará a alteração deste equilíbrio3.
Os mercados podem apresentar formas diferentes, com mais ou menos
compradores e vendedores, com semelhanças profundas ou importantes
diferenças entre os produtos comercializados. Em capítulos posteriores,
serão estudados os três tipos de mercado solicitados no edital para o
CACD4: concorrência perfeita, monopólio e oligopólio.
Para o estudo da teoria elementar do funcionamento do mercado, por
simplificação, vamos considerar que os mercados estão em concorrência
perfeita. Neste tipo de mercado, supõe-se que os bens ofertados são todos
iguais e que há tantos compradores e vendedores que sua influência sobre o
preço é nula, ou seja, ambos devem aceitar o preço determinado pelo
mercado, sendo, por isso, chamados de tomadores de preço ou price takers.
Lembre-se de que, ao elaborar uma questão discursiva de cunho teórico na
prova, o candidato deverá iniciá-la apresentando as hipóteses do modelo
adotado. A teoria que será discutida a partir de agora considera a
prevalência de mercados em concorrência perfeita.
Teoria elementar da demanda
A demanda não é uma aquisição. Não é efetivamente uma compra. É um
desejo, uma aspiração por determinado bem ou serviço. Ao analisar o edital
para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática - CACD, um
candidato pode desejar adquirir toda a bibliografia, montando uma
invejável biblioteca. Ele demanda livros para o concurso, mas não
necessariamente adquire todos os que gostaria. Se determinada livraria
divulgasse uma queima de estoque, este candidato poderia transformar sua
aspiração - demanda - em realidade - compra. Tal atitude permite descrever
o comportamento deste consumidor como sendo àquele definido pela teoria
econômica: quanto menor o preço, maior a quantidade demandada. Se a
demanda converter-se efetivamente em compra, tanto melhor. Mas, se não,
pelo menos saberemos que preços menores o convidarão a fazê-lo.
Em resumo, a demanda representa o quanto os consumidores desejam
comprar e não necessariamente o que eles realmente compram5.
A demanda individual é também um fluxo por unidade de tempo,
expressando-se por uma certa quantidade em dado período6. Por exemplo,
um candidato ao CACD demanda aproximadamente 40 horas de aula das
matérias exigidas no edital em cursinhos preparatórios por mês (e não
simplesmente 40 horas de aula).
A teoria da demanda foi construída a partir de hipóteses sobre o
comportamento dos consumidores. Estes possuem orçamentos restritos -
recursos limitados - e precisam tomar decisões, fazer escolhas entre as
alternativas disponíveis. A combinação escolhida primará pelo máximo de
satisfação ou utilidade, respeitando o limite imposto pela renda.
Os fundamentos da demanda têm por base o conceito de utilidade, que nada
mais é do que o grau de satisfação atribuído pelos consumidores aos bens
que desejam adquirir. Aqui, cabe uma distinção entre duas teorias: a do
valor-utilidade e a do valor-trabalho.
A teoria do valor-utilidade, representante da visão utilitarista, assume que o
valor de um bem é definido pela satisfação que este representa para o
consumidor.
Já a teoria do valor-trabalho, adotada por economistas clássicos com Adam
Smith, David Ricardo, Thomas Malthus e também por Karl Max, considera
que o valor dos bens é determinado pelo lado da oferta, por meio dos custos
a eles incorporados, sendo a mão de obra o mais representativo.
A teoria do valor-utilidade permitiu que se definissem os conceitos de valor
de uso e valor de troca. O valor de uso indica o quanto de utilidade ou bem-
estar o bem representa para o consumidor, ao passo que o valor de troca é
definido pelo preço de mercado7.
A teoria da demanda, que estudaremos neste capítulo, tem por base a teoria
do valor-utilidade. Avançaremos no conceito de utilidade no capítulo sobre
a teoria do consumidor.
Que variáveis determinam a demanda de um consumidor por um bem?
Certamente, o preço está no topo da lista. Mas escolher comprar ou não
uma calça jeans também depende de outros fatores, dos quais os principais
seriam: o preço da bermuda jeans, a renda do indivíduo e as preferências
pessoais. A opinião dos amigos, a temperatura no dia, o resultado do jogo
de futebol, tudo isso também pode pesar na decisão. Mas, certamente, muito
menos do que as primeiras variáveis mencionadas. Como é da essência da
teoria o simplificar a realidade, deixemos de lado as infinitas variáveis com
peso menor e analisemos somente as mais recorrentes e realmente
importantes. Nesse sentido, diz-se que a demanda por um bem é uma
função de seu preço, do preço de outros bens que lhe guardem alguma
relação - seja de substitutibilidade, seja de complementaridade - da renda do
consumidor, de seus gostos pessoais e da expectativa que ele tem quanto ao
comportamento futuro do mercado. Matematicamente:
Dx = f (Px, P1, P2, …, Pn, R, G, E)
A demanda Dx de um bem x é uma função de seu preço Px, do preço dos
demais bens, P1, P2, ... Pn, da renda do indivíduo R, de seus gostos G e de
suas expectativas E.
A influência dessas variáveis sobre a demanda deve ser estudada de forma
separada. Para tanto, faz-se uso da hipótese simplificadora coeteris paribus -
cada variável será considerada isoladamente - ou melhor, será analisado o
efeito de uma variável sobre a outra, ou da alteração de uma variável sobre
o comportamento da outra, considerando tudo o mais constante. Diz-se, por
exemplo, que, coeteris paribus, a demanda por um bem é uma função de seu
preço.
Vejamos a influência de cada uma dessas variáveis sobre a demanda.
1. Demanda em função do preço do bem
A relação entre quantidade demandada e preço de um bem pode ser
expressa matematicamente da seguinte forma:
Dx = f (Px)
A demanda D de um bem x é uma função de seu preço Px, coeteris
paribus.
A demanda por um bem, em geral, guarda relação negativa com seu preço,
ou seja, quanto maior o preço, menor a quantidade demandada. Esta relação
é a mais fundamental e, por esta razão, dá-se o nome de curva de demanda8
o gráfico que a representa:
Figura 2.1. Curva de Demanda
A curva de demanda relaciona preços e quantidades que os consumidores
desejam adquirir. Um preço mais baixo estimula os consumidores que já
tenham adquirido certo bem a comprá-los em quantidades maiores.
No entanto, esta teoria admite duas exceções: os bens de Giffen e os bens
de Veblen. Bens de Giffen são aqueles que têm sua demanda aumentada
quando há aumento no preço. Esse comportamento é diferente da maioria
dos produtos, que são mais procurados à medida que seu preço cai. A
elasticidade-preço da demanda é positiva (quanto maior o preço, maior a
demanda) e sua curva de demanda é crescente. Ex.: pão9. Bens de Veblen
são bens de consumo ostentatório, tais como joias, objetos de arte e
automóveis de luxo. Quando o preço aumenta, aumenta também a
quantidadedemandada.
Deslocamentos da Curva e ao Longo da Curva
Quando uma das variáveis que influenciam a demanda se altera, há
mudanças na própria demanda representadas por deslocamentos da própria
curva ou ao longo da curva.
Os deslocamentos ao longo da curva ocorrem quando uma das variáveis
representadas nos eixos cartesianos se altera. Como no caso da curva de
demanda a variável dependente é a quantidade e a variável independente é o
preço, espera-se que, quando os preços se alterarem, haja,
consequentemente, mudança nas quantidades. Suponha que o preço de
determinado bem x aumente de P1 para P2. Pela relação fundamental,
sabemos que a demanda por ele - considerando que se trata de um bem
normal - diminuirá, da quantidade Q 1 para Q 2. Assim, há um
deslocamento ao longo da curva de demanda, do ponto A para o ponto B.
Graficamente:
Figura 2.2. Deslocamento ao longo da curva de demanda
Por outro lado, considerando a função demanda, quando alguma das outras
variáveis que a influenciam se altera - preços dos demais bens, renda ou
gostos do consumidor - haverá um deslocamento da própria curva.
Suponha, por exemplo, que uma inovação tecnológica tenha propiciado o
surgimento de uma nova linha de adoçantes dietéticos, cujo sabor se
assemelha de tal forma ao açúcar que determinado consumidor (ou mesmo
muitos consumidores) decida reduzir drasticamente seu consumo em prol
do aumento do consumo do novo produto. A curva de demanda deste
consumidor por açúcar sofrerá um deslocamento para trás, em função da
mudança no gosto do consumidor, considerando o preço do açúcar
constante:
Figura 2.3. Deslocamento da Curva de Demanda
O deslocamento da curva ocorrerá sempre que as variáveis que a
influenciam se alterarem. A direção do deslocamento segue um raciocínio
intuitivo: para a frente e para a direita quando tal alteração provocar
aumento da quantidade demandada; para trás e para a esquerda, quando o
resultado for uma redução nesta quantidade.
Quando ocorrem deslocamentos da curva de demanda, diz-se que houve
uma mudança na demanda. Quando os deslocamentos ocorrem ao longo da
curva, diz que que houve mudança na quantidade demandada.
2. Demanda em função do preço dos outros bens
A relação entre quantidade demandada e preço de outros bens pode ser
expressa matematicamente da seguinte forma:
Dx = f (Pi)
A demanda D de um bem x é uma função do preço dos demais bens, Pi,
coeteris paribus.
Quando o preço do bem i aumenta, a demanda do bem x poderá aumentar
ou diminuir, dependendo da relação existente entre ambos. Quando o
aumento do preço do bem i provoca aumento na demanda pelo bem x, os
bens x e i são substitutos ou concorrentes. O exemplo clássico de bens
substitutos é a manteiga e a margarina. Quando o preço da manteiga
aumenta, espera-se que a demanda da margarina aumente.
Por outro lado, se o aumento do preço do bem i provocar redução na
demanda do bem x, diz-se que ambos são complementares entre si. Estes
bens são consumidos conjuntamente, como as lanternas e as pilhas.
Podemos expressar essas relações matematicamente e graficamente10. Seja:
• qid = a quantidade demandada do bem i num período t;
• pi = preço do bem i num período t;
• ps = preço do bem substituto ou concorrente/t.
• pc =preço do bem complementar/t.
Temos que:
; coeteris paribus, os bens serão substitutos ou concorrentes.
Caso ocorra um aumento em ps, a curva de demanda de i se deslocará para
a frente e para a direita. Admitamos o exemplo da manteiga (i) e margarina
(s) na Figura 2.4.
Figura 2.4. Deslocamento da curva de demanda por manteiga: bens
substitutos
Caso haja um aumento no preço da margarina (s), a curva de demanda por
manteiga se deslocará para a direita, o que indica aumento da quantidade
demandada deste bem em substituição àquele. Por outro lado:
; coeteris paribus, os bens serão complementares.
Diante de um aumento dos preços das pilhas (i), espera-se que a demanda
por lanternas (c) se reduza (Figura 2.5).
Figura 2.5. Deslocamento da curva de demanda por lanternas: bens
complementares
Havendo um aumento no preço das pilhas, a curva de demanda desloca-se
para baixo e para a esquerda, reduzindo a quantidade demandada deste bem,
acompanhando a redução observada na demanda das pilhas.
3. Demanda em função da renda do consumidor
Depois do preço, certamente a influência da renda sobre a demanda é a
mais importante:
Dx = f (R)
A demanda D de um bem x é uma função da renda do consumidor, R,
coeteris paribus.
Na maioria das vezes, a relação entre renda e demanda é positiva, ou seja,
quando a renda do consumidor aumenta, a demanda por um bem também
aumenta. Esse caso geral ocorre com os chamados bens normais. Há bens
cuja demanda cessa quando o consumidor dá-se por satisfeito, os chamados
bens de consumo saciado ou neutro. Por fim, há ainda os bens que têm sua
demanda reduzida quando a renda aumenta, os bens inferiores.
Graficamente:
Figura 2.6. Tipos de bens, de acordo com a relação entre a renda e a
quantidade demandada
Matematicamente, temos:
• ; os bens são normais;
• ; os bens são inferiores;
• ; os bens são de consumo saciado ou neutros11.
4. Demanda em função dos gostos do consumidor
Essa relação é bem intuitiva. Se um consumidor apresentar preferência por
um bem, quando comparado a outro, alternativo, sua demanda por ele será
superior à demanda pelo bem menos preferido.
Dx = f (G)
A demanda D de um bem x é uma função dos gostos do consumidor G,
coeteris paribus.
5. Demanda em função das expectativas do consumidor
As expectativas que os consumidores fazem com respeito ao futuro
influenciam suas decisões de compra hoje. Por exemplo, um grupo de
consumidores é informado de que, no final de semana, haverá uma queima
de estoques em certa loja de departamento, eles podem preferir aguardar a
data para fazer suas compras, o que diminuirá a demanda pelos produtos ali
comercializados hoje.
Dx = f (E)
A demanda D de um bem x é uma função das expectativas E, coeteris
paribus.
Demanda de mercado
A soma das demandas individuais fornece a demanda de mercado. Se, ao
preço de R$ 1,00, um consumidor demande 2 maçãs e outro consumidor
demande 5, e ambos sejam os únicos consumidores de determinado
mercado, a demanda de mercado por maçãs, ao preço de R$ 1,00, será
composta de 7 unidades.
A curva de demanda de mercado é, dessa forma, a soma horizontal das
curvas de demanda individuais, já que se somam somente as quantidades e
não os preços.
Outra “variável” que também desloca a demanda - mas que não é
mencionada claramente nos livros-textos - é a própria demanda. Como
assim? Às vezes, questões sugerem que a demanda por determinado bem,
digamos, um livro, aumentou, mas não há uma explicação clara sobre o que
gerou essa alteração. O fato é que se houver uma questão que indique a
alteração da demanda, salvo pela mudança de preços - o que geraria
alterações apenas ao longo da curva - a demanda se deslocará!
Teoria elementar da oferta
Do outro lado da história, encontra-se o ofertante. Este, em geral, deseja
oferecer mais de determinado bem quando seu preço se eleva. A oferta não
é efetivamente uma venda. Da mesma forma que a demanda, é uma
vontade, uma aspiração. Há vários fatores que determinam a oferta, mas,
assim como ocorre com a demanda, o preço é a variável mais importante.
Daí ser a curva de oferta justamente a representação gráfica desta relação.
Esta curva mostra a quantidade de mercadorias que os ofertantes estão
dispostos a vender a cada preço, coeteris paribus.
As outras variáveis que influenciam a oferta são o preço de outros bens que
lhe guardem alguma relação (substitutibilidade ou complementaridade), o
preço dos fatores de produção, a mudança tecnológica e as expectativas.
Matematicamente:
Sx = f (Px, P1, P2, …, Pn, p1, p2, ..., pn, T, E)
A oferta Sx de um bem x é uma função de seu preço Px, do preço dos
demais bens, P1, P2, ... Pn, do preço dos fatores de produção p1, p2, ..., pn,
da tecnologia T e das expectativas E.
A influência de cada uma das variáveis acima sobre a ofertaserá vista
separadamente.
1. Oferta em função do preço do bem
Quando aumenta o preço de um bem, a oferta também aumenta.
Matematicamente:
Sx = f (Px)
A oferta S de um bem x é uma função de seu preço Px, coeteris paribus.
A curva de oferta mostra esta relação. Sua inclinação é ascendente,
demonstrando a relação positiva entre as variáveis: quanto mais altos os
preços, mais os ofertantes desejam produzir e vender.
Figura 2.7. Curva de oferta
2. Oferta em função do preço dos demais bens
Para entender essa relação, suponha um agricultor que, iniciando a época da
semeadura, precisa decidir entre plantar milho ou feijão. Se o preço do
feijão no mercado aumentar, sua produção se tornará mais interessante do
que a de milho e, em se efetivando a decisão, a oferta de milho no mercado
se reduzirá.
Sx = f (P1, P2, ..., Pn)
A oferta S de um bem x é uma função do preço dos demais bens, P1, P2,
..., Pn, coeteris paribus.
3. Oferta em função do preço dos fatores de produção
O preço dos fatores de produção - terra, capital e trabalho - determina, junto
com a tecnologia utilizada no processo produtivo, os custos de produção.
Assim, caso haja um aumento do preço de um ou mais fatores, os custos
aumentarão, alterando a lucratividade relativa das diferentes opções de
produção, provocando deslocamentos nas curvas de ofertas dos respectivos
produtos.
Sx = f (p1, p2, ..., pn)
A oferta S de um bem x é uma função do preço dos fatores de produção
(p1, p2, ..., pn), coeteris paribus.
4. Oferta em função da tecnologia
Quando uma inovação tecnológica reduz o custo de produção das empresas,
a lucratividade relativa aumenta, provocando deslocamentos da curva de
oferta para frente.
Sx = f (T)
A oferta S de um bem x é uma função da tecnologia T empregada na
produção, coeteris paribus.
Exemplo recente no Brasil foram as inovações na agricultura, graças às
pesquisas da Embrapa, que permitiram o desenvolvimento de variedades da
soja no cerrado com êxito e produtividade. Tal descoberta trouxe como
resultado o aumento da produção e das exportações brasileiras desta
commoditie e um deslocamento da curva de oferta agregada de soja para a
frente e para a direita.
5. Oferta em função das expectativas
As expectativas também exercem seu papel na oferta. Caso um ofertante de
um bem verifique que os preços de sua mercadoria estão em ascensão, ele
poderá optar por acumular estoques e aguardar o momento mais propício,
para, então, disponibilizar seus produtos no mercado.
Sx = f (E)
A oferta S de um bem x é uma função das expectativas E dos ofertantes em
relação ao comportamento futuro do mercado, coeteris paribus.
Da mesma forma que ocorre com a demanda, quando os preços se alteram,
há uma alteração ao longo da curva de oferta. Quando a alteração se dá nas
demais variáveis que a influenciam - preço dos demais bens, preço dos
fatores de produção ou tecnologia -, ocorre um deslocamento da curva.
Fenômenos da natureza também podem provocar alterações na oferta. Uma
tempestade que destrua a plantação, uma chuva de pedras que amasse toda
uma frota de veículos, um terremoto que destrua as estruturas de uma
cidade. Essas alterações podem ser muito significativas e provocam
deslocamentos da curva de oferta desses bens para trás.
Teoria elementar do funcionamento do mercado
Como visto, a relação mais fundamental, tanto do lado da demanda quanto
do lado da oferta é entre preços e quantidades demandadas e ofertadas.
A Figura 2.8 apresenta a representação gráfica do equilíbrio de mercado,
que é o ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam (ponto
A)12.
Figura 2.8. Curvas de oferta e demanda
Px representa o preço que iguala as quantidades ofertadas e demandadas no
mercado. A teoria econômica preconiza que os preços se ajustam para
equilibrar ambas as forças, e tal tendência é chamada de mecanismo de
mercado. Nesse ponto, não há escassez nem excesso de oferta, não havendo
pressão para que o preço se modifique. O equilíbrio nem sempre é
verificado na prática, sendo que tal tendência serve para indicar a direção da
mudança, até que o equilíbrio aconteça.
Quando o mercado está em desequilíbrio, as forças de oferta e demanda
entram em ação. Suponha que os preços de um bem qualquer estivessem
acima do preço de equilíbrio. Essa situação provocaria certa atratividade
por parte dos produtores, que passariam a produzir quantidades maiores do
que as que os consumidores estariam dispostos a adquirir. Assim, haveria
um excesso de oferta sobre a demanda. Observando a formação de estoques
indesejados, os produtores dariam início a uma redução de preços, até que o
preço de equilíbrio fosse novamente atingido. A Figura 2.9 mostra essa
situação. As setas indicam a direção da tendência ao equilíbrio.
Figura 2.9. Desequilíbrio
Da mesma forma, se, por qualquer razão, o preço estiver abaixo do preço de
equilíbrio, configurar-se-á uma situação de escassez. A pressão se dará no
sentido do aumento dos preços, até que o equilíbrio se restabeleça.
Alterações no equilíbrio
Quando ocorrem deslocamentos nas curvas de oferta ou demanda, o
equilíbrio também se altera. Suponha, inicialmente, que o crescimento do
PIB per capita tenha aumentado a renda da classe C. Tal situação provocará,
por exemplo, um deslocamento da curva de demanda por carne bovina de
primeira para a frente e para a direita, supondo ser a carne um bem normal.
A Figura 2.10 apresenta esta situação:
Figura 2.10. Deslocamento da curva de demanda por carne bovina
A demanda mais alta, representada pelo deslocamento da curva de Dx1 para
Dx2, trará, como resultado, uma quantidade de equilíbrio maior, Q x2, e um
preço de equilíbrio Px2 também maior. O ponto de equilíbrio passa de A
para B. Os consumidores, agora, estão pagando um preço maior e as
empresas estão produzindo uma quantidade maior, em decorrência do
aumento da renda.
Na prática, as curvas de oferta e demanda sempre se deslocam. A economia
é dinâmica, e a renda da população está sempre sofrendo alterações, seja
para cima, seja para baixo. A demanda por vários bens é sazonal,
aumentando em determinados períodos - no Natal, no verão, por ocasião de
inovações tecnológicas ou descobertas científicas - e reduzindo em outros.
Tudo isso altera a posição das curvas, alterando o equilíbrio de mercado.
Também é possível ocorrer alteração em ambas as curvas em um mesmo
momento. Supondo que uma campanha televisiva apresente os benefícios
do consumo do leite, e, sendo bem-sucedida, teria como resposta uma
alteração na demanda com consequente deslocamento da curva para a frente
e para a direita. Suponha, ainda, que, poucos dias após tal campanha, uma
seca aumente os custos de produção do leite, provocando um deslocamento
da curva de oferta de leite para trás e para a esquerda (Figura 2.11).
Nesta situação, em que estamos supondo, por simplificação, que o montante
dos deslocamentos é igual, a campanha televisiva provocaria o
deslocamento da curva de demanda Dx1 para Dx2, alterando o ponto de
equilíbrio de A para B, resultando quantidade maior, Q x2, e preços
maiores, Px2. A subsequente mudança na curva de oferta para trás, de Sx1
para Sx2, resultante do aumento dos custos de produção em função da seca,
teria como resultado o aumento ainda maior dos preços, de Px2 para Px3,
mas o retorno da quantidade de equilíbrio ao valor inicial, Q x2.
Figura 2.11. Deslocamento da oferta e da demanda por leite
Essa análise deixa clara a necessidade de saber a dimensão dessas
mudanças. O próximo capítulo cuidará de qualificar a dependência da oferta
e da demanda em relação aos preços e às demais variáveis que as afetam.
3. Elasticidades1
Vimos no capítulo 2 que a oferta e a demanda respondem às alterações nas
variáveis que as influenciam, resta saber: quanto? Essa resposta passa pelo
conceito de elasticidade. A elasticidade mede a resposta que consumidores
e produtores dão às alterações das condições de mercado. As ferramentas
estudadas até aqui ganharão muito mais importância e precisão com este
conceito.
Elasticidade-preçoda demanda
A elasticidade-preço da demanda mostra o quanto a demanda responde a
variações no preço dos bens. Quanto mais ela o fizer, mais elástica será a
demanda. Se a resposta for pequena, diz-se que a demanda é preço-
inelástica.
A elasticidade-preço da demanda é determinada pelo comportamento do
consumidor, regido por suas preferências pessoais. Tais preferências são
formadas com base em diversos aspectos, objetivos e subjetivos. Apesar
desta aproximação genérica, podemos enumerar alguns comportamentos
típicos importantes. O primeiro diz respeito ao grau de substitutibilidade. Se
um bem tiver vários substitutos próximos, o aumento de seu preço
provocará grande redução na quantidade demandada, ou seja, ele
apresentará uma alta elasticidade-preço. O segundo relaciona-se com a
necessidade: bens necessários - remédios, consultas ao dentista, escola -, em
geral, são inelásticos. Mesmo que seus preços subam, a demanda não
costuma cair muito. Claro que essa noção varia de pessoa para pessoa, já
que aquilo que é indispensável para um não necessariamente o é para outro.
Outro fator que deve ser levado em consideração é o período de tempo
compreendido na análise. Se considerarmos um horizonte temporal curto,
os bens tenderão a apresentar menos elasticidade-preço do que em períodos
mais longos. Os consumidores, acostumados a utilizar o serviço de telefonia
de determinada operadora, podem demorar a perceber que o uso de novas
tecnologias, igualmente eficientes, reduz seus gastos. Neste primeiro
momento, a demanda pelo serviço de telefonia é preço-inelástica. Com o
tempo, mais e mais pessoas migrarão para o novo serviço, tornando a
demanda pelo primeiro preço-elástica.
A elasticidade-preço da demanda é, assim, a variação percentual da
quantidade demandada do bem x, para cada unidade de variação percentual
no preço bem x.
A elasticidade varia ao longo da curva de demanda. Assim, para seu
cálculo, há que se definir dois pontos no gráfico, a fim de se calcular
corretamente seu valor. O valor das elasticidades será diferente se
considerarmos o ponto A, o ponto B ou mesmo o ponto médio entre eles.
Considere a seguinte curva de demanda:
Figura 3.1. Curva de demanda
Para o cálculo da elasticidade no ponto A, basta utilizar a seguinte fórmula:
(1)
A variação (D) de Q corresponde a Q B - Q A, e a variação de P, PB-PA:
(2)
Da mesma forma, a elasticidade no ponto B é:
(3)
A elasticidade entre os pontos A e B é diferente da elasticidade entre os
pontos B e A. Uma forma de resolver esse inconveniente é calcular a
elasticidade no ponto médio ou no arco AB. Esse cálculo é chamado de
método do ponto médio.
A elasticidade no arco AB ou elasticidade no ponto médio é dada por:
(4)
O resultado deste cálculo será, necessariamente, um número negativo, já
que estamos tratando da curva de demanda, cuja inclinação é negativa. Mas,
a fim de facilitar a interpretação, ele deve ser tomado em termos absolutos,
ou seja, em módulo. O valor variará de zero a infinito. Quando hD > |-1|, a
demanda é preço-elástica; quando hD = |-1|, a demanda é chamada preço-
unitária; e finalmente, quando hD < |-1|, a demanda é preço-inelástica.
Considere a seguinte curva de demanda:
Figura 3.2. Cálculo da elasticidade-preço da demanda
A elasticidade-preço no ponto A é:
Já que , a demanda no ponto A é preço-unitária.
No ponto B, a elasticidade-preço da demanda é:
No ponto B, , ou seja, a demanda é preço-elástica.
Por último, no arco AB, temos:
No arco AB, , ou seja, a demanda é preço-elástica. Observe
que este valor está entre os valores encontrados nos pontos A e B, o que era
esperado.
O que significam, exatamente, esses valores? Quando a demanda é preço-
elástica, a quantidade varia mais que proporcionalmente ao preço. Ao
contrário, quando ela é preço-inelástica, a mudança da quantidade é
proporcionalmente menor do que a variação do preço. A partir desta
conclusão, é possível analisar o efeito sobre a receita total das firmas. Tal
ferramenta será útil na decisão de aumentar ou não os preços dos produtos
das empresas.
A receita total é definida como sendo o preço vezes a quantidade vendida,
RT = P x Q. O Quadro 3.1 apresenta um resumo de qual é a reação da
receita total diante de alterações nos preços de acordo com a elasticidade-
preço da demanda.
Quadro 3.1. Relação entre a elasticidade-preço da demanda e a receita total
das firmas
Valor da
Elasticidade Interpretação Preço de
X Receita Total
ηD > |-1| Demanda preço-elástica Aumenta Diminui
ηD = |-1| Demanda preço-unitária Aumenta Permanece
constante
ηD < |-1| Demanda preço- Aumenta Aumenta
inelástica
O exemplo estudado anteriormente permite dizer que se uma firma estiver
diante de uma demanda com tais características, terá aumento em seu lucro
se reduzir seus preços, já que a demanda responderá a tal estímulo de forma
mais que proporcional. Sua receita total irá aumentar.
Há alguns fatores que influenciam na elasticidade-preço da demanda:
a) existência de bens substitutos: quanto melhores substitutos tiver o bem,
maior deverá ser sua elasticidade;
b) o peso do bem no orçamento: se for pouco substituível, quanto menor
seu peso no orçamento, menor sua elasticidade;
c) essencialidade do bem: quanto mais essencial o bem, menor sua
elasticidade.
Elasticidade-renda da demanda
A elasticidade-renda informa qual é a sensibilidade do consumidor em
resposta a variações na renda. Por definição, é a variação percentual da
quantidade demandada dividido pela variação percentual da renda:
(5)
Bens normais têm elasticidades-renda positivas, já que a relação entre renda
e quantidade demandada é direta. No caso dos bens inferiores, a
elasticidade-renda é negativa, já que o aumento da renda provoca redução
da quantidade demandada. Bens essenciais são, em geral, renda-inelásticos,
ao passo que os bens supérfluos apresentam elasticidade-renda alta.
Elasticidade preço-cruzada da demanda
Quando se deseja analisar o efeito do aumento do preço de um bem na
demanda de outro bem que lhe guarde alguma relação - substitutibilidade
ou complementaridade - deve-se utilizar o conceito de elasticidade cruzada.
Aqui, comparam-se variações percentuais de quantidade demandada de um
bem com variações percentuais no preço de outro bem, coeteris paribus. A
Figura 3.3 apresenta, no eixo y, os preços do bem y e, no eixo x, as
quantidades demandadas do bem x.
Figura 3.3. Curva de demanda de y em função do preço de x
A elasticidade cruzada pode variar de menos infinito (- ∞) a mais infinito (+
∞)2. Bens complementares terão elasticidade cruzada negativa e bens
substitutos, positiva.
A fórmula para o cálculo da elasticidade-preço cruzada da demanda é:
(6)
Se hxy < 0, os bens são complementares, e se hxy > 0, os bens são
substitutos.
Suponha que dois bens x e y têm relação entre si. Supondo que, no ponto A,
a quantidade demandada de x seja de 10 unidades quando o preço de y é 20
e que, no ponto B, a quantidade demandada de x seja de 25 unidades
quando o preço de y é 40. O gráfico já revela importantes informações
sobre essa relação:
Figura 3.4. Curva de demanda de x em função do preço de y
A elasticidade-preço cruzada da demanda pode ser calculada por meio da
fórmula:
Como a demanda tem elasticidade-preço cruzada positiva, os bens são
substitutos. Quando o preço muda de 20 para 40, ou seja, dobra, a demanda
aumenta de 10 para 25 - mais do que dobra, indicando que a sensibilidade
dessa mudança é alta ou elástica.
A demanda pode ter também elasticidade-preço unitária, quando hd= (1),
indicando uma proporcionalidade rigorosa na variação de preços e
quantidades. Uma curva com elasticidade unitária em toda sua extensão é
representada por uma hipérbole retangular (Figura 3.5).
Figura 3.5. Curva de Demanda de elasticidade preço-unitária em toda a
extensão
Os retângulos opostos por qualquer dos pontos da curva (A ou B)
representam a quantidade demandada multiplicada pelo preço unitário, ou
seja, as despesas totais naquele ponto. A hipérbole retangular apresenta a
propriedade deter os pontos que se localizam sobre ela opondo-se a um
retângulo de área igual3.
A demanda pode apresentar características extremas em relação à
elasticidade. Quando a elasticidade tender ao infinito, está-se diante de uma
demanda perfeitamente elástica4.
Figura 3.6. Demanda perfeitamente elástica (hD → ∞)
Uma demanda com a característica apresentada na Figura 3.6 representa
uma situação de sensibilidade infinita. Ao preço Px, os demandantes estão
dispostos a demandar qualquer quantidade. Se o preço for maior que Px, no
entanto, não haverá demanda e, se menor, a demanda será infinita.
Por outro lado, quando o valor de h tender a zero, a curva de demanda será
vertical, definindo um caso de procura anelástica, rígida ou plenamente
inelástica em relação ao preço. Neste caso, a qualquer preço, a quantidade
demandada será rigorosamente a mesma.
Elasticidade-preço da oferta
Já vimos que a relação fundamental da oferta - preços e quantidades - é
positiva, ou seja, quando o preço aumenta, aumenta a quantidade que os
ofertantes desejam oferecer. A elasticidade medirá a sensibilidade dessa
variação.
A elasticidade-preço da oferta é a variação percentual na quantidade
ofertada do bem x para cada unidade de variação percentual em seu preço.
A fórmula é semelhante à elasticidade-preço da demanda, com a diferença
de ser, o resultado, necessariamente um número positivo, dada a inclinação
ascendente da curva de oferta.
Se a elasticidade for maior que 1 (ES>1), a oferta é preço-elástica. Se ES =
1, a oferta é de elasticidade unitária e, por fim, se ES< 1, a oferta é preço-
inelástica.
Casos extremos
Quando a elasticidade-preço da oferta é igual a zero, a curva de oferta é
uma reta vertical. A Figura 3.7 ilustra essa situação.
Figura 3.7. Oferta perfeitamente inelástica ou anelástica (ES = 0)
Uma curva de oferta vertical indica que não há qualquer sensibilidade da
oferta à variação de preços. Assim, a qualquer preço a quantidade ofertada
será a mesma. Um exemplo um tanto imperfeito seria a extração de um
metal precioso. Sua oferta depende de fatores como sua disponibilidade na
natureza, a habilidade dos mineradores em extraí-lo, a eficiência do
maquinário empregado, mas não do preço5.
No outro extremo, encontra-se a elasticidade-preço da oferta infinita,
representada por uma curva de oferta horizontal.
Figura 3.8. Oferta perfeitamente elástica (ES =∞)
Uma oferta com elasticidade infinita indica uma sensibilidade à variação de
preços também infinita. Ao preço Px, os produtores estão dispostos a ofertar
qualquer quantidade. Se o preço for inferior a Px, não há interesse por parte
dos ofertantes em comercializar o bem, ou seja, a quantidade ofertada é
igual a zero. Um exemplo também um tanto imperfeito seriam as
commodities. Os ofertantes são tomadores de preço e colocam seus
produtos à venda ao preço do mercado. Não há interesse em vender a
preços menores, já que, ao preço de mercado, toda sua produção é
adquirida.
O domínio do conceito - e fórmulas - da elasticidade é fundamental para o
CACD. Em geral, ele aparece como parte da compreensão de problemas
envolvendo conceitos mais amplos e pode comprometer toda a resposta,
caso seja mal calculado ou interpretado.
4. Teoria do Consumidor
Os consumidores tomam suas decisões de consumo baseados em variáveis
estudadas no capítulo sobre a demanda: preços, renda, gostos, alternativas e
expectativas. O estudo da função demanda permitiu uma análise
interessante, porém não completa. Quais são as decisões que estariam por
trás da curva de demanda? Como a renda restringe o consumo dos
consumidores? Como as alterações na renda modificam as preferências?
Todas essas perguntas precisam ser respondidas satisfatoriamente se
queremos entender a Teoria do Consumidor. Esse é o propósito deste
capítulo1.
Teoria da Utilidade
Vamos expandir um pouco mais a questão da utilidade, tratada
preliminarmente no Capítulo 2.
A razão principal pela qual as pessoas desejam adquirir mercadorias é a
satisfação que aquela compra lhe trará. Não seria razoável supor que
consumidores demandassem mercadorias indesejáveis.
A satisfação que um bem proporciona pode ser medida, ainda que de forma
teórica - já que não há como dizer quanto um sorvete satisfaz em dias de
intenso verão ou como um chá quente o faz no inverno rigoroso. Sabe-se
que, em ambos os casos, o prazer proporcionado é considerável -, com o
uso do conceito de utilidade.
Os consumidores obtêm a utilidade quando se apropriam de bens que lhes
fornecem algum prazer e evitando os que lhes trazem insatisfação2. A
utilidade é uma noção importante, pois simplifica a explicação sobre a
ordenação das preferências.
Suponhamos que um candidato ao CACD deseje adquirir um livro de
introdução à economia, sabedor de que, para ser bem-sucedido no certame -
e supondo que até o momento, seja leigo -, precisará de, no mínimo, três
livros distintos e, no máximo, dez livros. A compra do primeiro livro trará
grande utilidade, bem como a do segundo e terceiro. A aquisição do quarto,
quinto e sexto livro será também bem vista. A do nono livro, embora traga
ainda satisfação, não trará tanta empolgação, já que, para dar conta de tanta
leitura, o candidato provavelmente tenha que abrir mão de fazer outras
atividades, como o estudo de outras matérias, de maior peso na primeira
fase do concurso. Chegará um ponto em que o acréscimo de mais um livro
trará um benefício muito pequeno ao candidato, já que, neste ponto, ele
sentir-se-á “satisfeito” - sua meta será, agora, somente concluir as leituras.
Assim, pode-se dizer que a utilidade total da compra de livros de economia
cresce à medida que aumenta o número de títulos adquiridos, mas a
utilidade acrescentada à utilidade total vai diminuindo conforme se aumenta
a quantidade, ou seja, a utilidade marginal é decrescente. A utilidade
marginal é, assim, o acréscimo à utilidade total que ocorre quando do
consumo de uma unidade a mais do bem. Conforme se aumenta o consumo
de uma mesma mercadoria, menor é a satisfação que o indivíduo tem pela
nova compra, quando comparada com a compra anterior, comportamento
sintetizado pela seguinte lei:
Lei da Utilidade Marginal Decrescente: à medida que o consumo de
determinado bem aumenta, sua utilidade marginal diminui.
Graficamente, podemos representar a relação entre a utilidade total e o
consumo dos livros de noções de economia na Figura 4.1.
Figura 4.1. Utilidade total na compra de livros de economia
Observe que a utilidade total é crescente, mas a taxa de crescimento é cada
vez menor. A utilidade proporcionada pela compra do primeiro livro -
representada no ponto A e igual a 12 - é maior do que a obtida pela
aquisição do segundo - representada pelo ponto B e igual a 22 menos 12, ou
seja, 10. A soma das utilidades marginais 12 e 10 nos fornece a utilidade
total no ponto B, 22. Veja que, conforme se avança na curva de utilidade
total, menor é o acréscimo gerado por uma unidade a mais, até o ponto em
que a compra de um livro adicional torna-se indiferente ao consumidor: do
ponto I ao ponto J, a utilidade total permanece em 45, não havendo
utilidade marginal.
Se optarmos por uma representação gráfica esquemática da curva de
utilidade marginal, a lei da utilidade marginal decrescente ficará bem mais
clara (Figura 4.2).
Vimos que a aquisição de seis livros acrescentava três unidades de utilidade
em relação à aquisição de cinco títulos (ponto A). A curva de utilidade
marginal tem inclinação descendente e a área abaixo da curva representa a
utilidade total do consumo.
Figura 4.2. Utilidade marginal na compra de livros de economia
Excedente e Equilíbrio do Consumidor
Para avançarmos na teoria, será necessário adotarmos uma simplificação.
Tratei acima dos livros de economia em um pacote, pois o sentido da
explicação se manteve. Mas, na realidade, a teoria do consumidor considera
um bem único, homogêneo (não faria sentido supormos que um candidato
adquiriu 10 livros iguais), tal como uma garrafa de gasosa de framboesa de
2 litros (este será nossoexemplo, a partir de agora).
Pela lei da utilidade marginal decrescente, sabemos que a primeira garrafa
de gasosa trará uma utilidade maior do que a segunda, e assim por diante.
Assim, é razoável supor que um consumidor deste tipo de refrigerante
estará disposto a pagar mais pela primeira garrafa, dada sua intensa vontade
e sede, quem sabe, uns R$ 6,00. Pela segunda garrafa, o mesmo comprador
estará disposto a pagar um pouco menos, já que a vontade não é tão grande,
talvez R$ 5,00. Pela terceira, menos ainda, algo como R$ 3,00. A partir da
sexta garrafa, não haverá mais interesse pela compra de gasosas.
O preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por uma unidade
adicional de determinada mercadoria é chamado de preço marginal de
reserva e é tanto maior quanto maior for a utilidade marginal. Assim, pode-
se dizer que o preço marginal de reserva é uma medida da utilidade
marginal3.
A Figura 4.3 mostra a relação entre o preço marginal de reserva e a
quantidade consumida de garrafas de gasosa. Suponha que o preço de
mercado da gasosa seja igual a R$ 3,00. O ponto de equilíbrio é aquele
onde o preço marginal de reserva iguala-se ao preço de mercado (ponto A).
Figura 4.3. Preço marginal de reserva e quantidade consumida de gasosa
Quando da aquisição da primeira garrafa de gasosa, o consumidor se depara
com um preço de mercado inferior ao que estava disposto a pagar. Isso se
repete na segunda unidade. A diferença entre o preço marginal de reserva e
o preço de mercado é chamada de excedente do consumidor. Qual será,
então, a quantidade efetivamente adquirida pelo consumidor? Aquela
representada pelo ponto A, onde o preço marginal de reserva se iguala ao
preço de mercado. Este ponto representa o equilíbrio do consumidor.
Assim, um consumidor está em seu equilíbrio no ponto de interseção entre a
curva de demanda e o preço de mercado. Observe que o equilíbrio “envolve
compras crescentes de um bem até que sua utilidade marginal caia
exatamente ao nível de seu preço”4. A Figura 4.3 representa, dessa forma, a
própria curva de demanda do consumidor.
O excedente do consumidor, representado pela área em cinza situada abaixo
da curva de demanda e acima do preço de mercado, é a “diferença entre o
montante máximo que o consumidor estaria disposto a pagar e o que ele
efetivamente paga”5.
Observe que no ponto de equilíbrio não há excedente, pois aqui houve uma
coincidência entre o que o consumidor está disposto a pagar e aquilo que o
mercado cobra6.
O comportamento do consumidor
Já sabemos que uma mercadoria é demandada se possuir utilidade e
também já estudamos como “medir”, ainda que de forma subjetiva, esta
utilidade. Passaremos agora a analisar o aspecto comportamental do
consumidor, sabendo que este precisa alocar sua renda, limitada, entre bens
e serviços diversos com diferentes utilidades.
Analisaremos o comportamento do consumidor em três etapas: a) as
preferências ou gostos pessoais; b) a limitação da renda; e c) as escolhas.
Na primeira etapa, procuraremos descrever as razões pelas quais um
indivíduo prefere um bem a outro, analisando premissas gerais que se
encaixam no comportamento geral dos consumidores. Na segunda, veremos
como a restrição orçamentária limita a quantidade de bens e faz com que os
consumidores aloquem seus recursos entre as diferentes alternativas. Com
estas ferramentas em mãos, poderemos finalmente analisar como os
consumidores, limitados por sua renda, farão escolhas que maximizem sua
utilidade.
A teoria econômica é uma representação da realidade. Todos nós já fizemos
compras com base em variáveis que não foram citadas aqui: impulso,
empolgação, raiva e outros sentimentos que talvez substituam nossa atitude
racional por uma atitude impetuosa. Considerar esses elementos na teoria
dificultaria demais a tarefa de descrever uma regra geral, que é o que nos
interessa. Assim, adotaremos simplificações a fim de compreendermos o
comportamento geral de todos os consumidores, o que nos dará ferramentas
suficientes para entender o funcionamento do mercado.
As preferências do consumidor
Dada a infinidade de bens e serviços disponíveis e interessantes no
mercado, não faria muito sentido analisarmos as preferências dos
consumidores entre dois ou três bens. Em vez disso, estudaremos suas
preferências entre duas cestas de bens ou cestas de mercado. Uma cesta de
mercado é um conjunto de bens com quantidades determinadas de cada um,
podendo conter, por exemplo, peças de vestuário, produtos alimentícios,
itens de limpeza ou uma combinação de todos, requerida pelos
consumidores em certo período - mensalmente ou semanalmente, por
exemplo.
Os consumidores escolherão cestas de bens que lhe satisfaçam da melhor
forma possível. A Tabela 4.1 apresenta algumas cestas de mercado,
compostas de itens de alimentação e vestuário.
Tabela 4.1. Cestas de bens
Cestas Alimento (unidade) Vestuário (unidade)
A 25 35
B 15 55
C 45 25
E 35 45
F 15 25
G 15 45
A cesta de mercado A contém 25 unidades de alimento e 35 unidades de
vestuário. A cesta B tem apenas 15 unidades de alimento, mas tem 55
unidades de vestuário. Como saber qual das cestas é a preferida? Qual delas
o consumidor irá adquirir?
O comportamento do consumidor é descrito a partir de suas preferências
reveladas. Assim, precisamos dirigir-lhe algumas perguntas, como, por
exemplo, qual das cestas, A ou B, ele prefere? Para o traçado de uma teoria
coerente, supõe-se que suas preferências são coerentes e racionais.
Preferências do consumidor: premissas básicas
Na maior parte das situações, três premissas descrevem satisfatoriamente as
preferências dos consumidores:
1. As preferências são completas ou integrais. Preferências completas
significam que os consumidores podem comparar e ordenar todas as cestas
de mercado. Para quaisquer cestas de bens, A e B, o consumidor manifesta
se prefere A a B, B a A ou se é indiferente a qualquer delas, ou seja, se
ambas as cestas o deixariam igualmente satisfeito, com o mesmo nível de
utilidade. Este tipo de preferência não considera os preços, pois, se assim
fosse, essa influência certamente modificaria sua preferência. Assim,
embora certo consumidor prefira McDonalds do que Hamburgueres
Fominha, se o preço fosse considerado, ele compraria a segunda opção.
2. Transitividade. Preferências transitivas significam que, se um
consumidor revela que prefere a cesta A a B e que prefere a cesta B a C,
então, pode-se afirmar que ele também prefere A a C. Tal premissa garante
consistência às escolhas do consumidor.
3. Quantidades maiores são sempre melhores do que quantidades menores.
Essa premissa só faz sentido se admitirmos que todas as mercadorias
consideradas são desejáveis, de maneira que ter mais de cada um dos bens é
preferível a ter menos.
Estas três premissas auxiliarão na compreensão do comportamento do
consumidor, já que dão lógica e consistência à análise.
Curvas de Indiferença
As preferências do consumidor podem ser representadas graficamente por
meio das chamadas curvas de indiferença, que nada mais são do que a
representação de todas as combinações de cestas de mercadorias que
conferem ao consumidor o mesmo nível de utilidade ou satisfação. Todos os
pontos da curva de indiferença representam combinações de cestas para as
quais o consumidor é indiferente.
A ordenação das preferências deve ser feita observando-se as premissas da
transitividade, integralidade e da quantidade (mais é melhor que menos). A
Figura 4.4 apresenta todas as opções de cestas descritas na Tabela 4.1.
Figura 4.4. Representação das preferências do consumidor
Pela terceira premissa das preferências do consumidor, sabemos que mais é
sempre melhor que menos. Assim, cestas de mercadorias que possuírem
mais de ambas serão preferíveis às cestas que possuírem menos. Sabemos
que a cesta E é preferível à cesta A e à cesta F, pois tem mais unidades de
alimento e de vestuário. Todas as cestas de mercado que estiverem
localizadas acima e à direita de determinada cesta lhe serão preferíveis.
Para facilitar a visualização,vejamos a mesma representação geométrica
das cestas na Figura 4.5, que apresenta todas as cestas preferíveis à cesta A
na área cinza-escura e as menos preferíveis na área cinza-clara.
Figura 4.5. Ordenação das preferências
Todas as cestas localizadas na área em cinza-escuro são preferíveis à cesta
A, e não somente a cesta E, explícita na figura. Da mesma forma, todas as
cestas abaixo e à esquerda da cesta A, identificadas pela área em cinza-
claro, são menos preferíveis, já que contêm menos unidades de alimento e
de vestuário por semana.
A comparação entre as cestas A e B já é mais difícil. A cesta B possui mais
unidades de vestuário e a cesta A, mais unidades de alimento. Semelhante
fato ocorre na comparação da cesta C com a da cesta E, por exemplo. Como
saber qual delas é a preferida?
A curva de indiferença é a ferramenta gráfica adequada para nos auxiliar
nessa tarefa. Sabendo que ela indica combinações de cestas em que o
consumidor é indiferente, quaisquer cestas localizadas acima e à direita da
curva serão preferíveis à cesta localizada na curva e quaisquer cestas que
estiverem abaixo e à esquerda serão menos preferíveis. A Figura 4.6
apresenta a curva de indiferença.
Figura 4.6. Curva de indiferença
A curva de indiferença revela que o consumidor é indiferente às cestas B, A
e C. Isso significa que, ao reduzir o consumo de 55 para 35 unidades de
vestuário, desde que haja o aumento de 15 para 25 unidades de alimento, o
alimento confere ao consumidor o mesmo nível de satisfação. O mesmo
ocorre quando nos movemos da cesta A, com 35 unidades de vestuário e 25
unidades de alimento, para a cesta C, com 25 unidades de vestuário e 45 de
alimento.
A cesta E continua sendo preferível à cesta A e, como agora, a curva de
indiferença revelou que as cestas C e B se equiparam a A; sabe-se que a
cesta E também é preferível a elas. É por esta razão que a curva de
indiferença tem inclinação negativa, da esquerda para a direita, pois, se a
inclinação fosse ascendente ligando, por exemplo, na mesma curva as
cestas F, A e E, estaríamos afirmando que o consumidor seria indiferente a
estas combinações. No entanto, a cesta A tem mais dos dois bens do que a
cesta F e a E tem mais dos dois bens do que ambas. Observe esta
representação na Figura 4.7.
Figura 4.7. Curva de Indiferença com inclinação positiva: situação
impossível
Fica claro que a cesta E é preferível à cesta F e não indiferente a ela. Assim,
cestas com inclinação positiva não fazem sentido teórico.
Mapas de Indiferença
Considerando todas as combinações possíveis entre unidades de alimento e
vestuário, podemos traçar um conjunto de curvas de indiferença, o chamado
mapa de indiferença. Cada curva de indiferença representa combinações as
quais o consumidor é indiferente. Os mapas de indiferença apresentam
infinitas curvas, sendo que as mais altas ou mais distantes da origem
apresentam combinações preferíveis.
A Figura 4.8 apresenta um mapa de indiferença com quatro curvas. A curva
U4 representa um nível de satisfação superior à curva U3 e assim por
diante.
Figura 4.8. Mapa de Indiferença
Observe que a cesta A possui mais unidades de alimento e de vestuário do
que a cesta B e, portanto, é-lhe preferível. Mas mesmo uma cesta que
possua, por exemplo, menos unidades de alimento que a cesta B, como a
cesta D, por exemplo, é-lhe preferível em razão de estar situada na curva de
indiferença U4, mais distante da origem7. Tal fato se explica porque este
consumidor acha-se mais do que compensado pela maior quantidade de
unidades de vestuário presentes na cesta D.
Propriedades das Curvas de Indiferença
Em razão de as curvas de indiferença refletirem preferências, é possível
delimitar quatro importantes propriedades:
1. Curvas de indiferença mais distante da origem são preferíveis às curvas
mais próximas. Como visto, considerando que os bens que compõem a
cesta são desejáveis, os consumidores sempre preferirão quantidades
maiores do que menores. Curvas de indiferença mais distantes da origem
apresentam quantidades maiores dos bens do que curvas mais próximas à
origem.
2. As curvas de indiferença têm inclinação negativa. Propriedade já
estudada anteriormente, necessária para a coerência da teoria.
3. As curvas de indiferença não se cruzam nem se tangenciam. Esta
propriedade pode ser melhor visualizada na Figura 4.9, que mostra a
situação contrária, na hipótese delas se cruzarem.
Figura 4.9. Curvas de indiferença que se cruzam: situação impossível
Se a situação descrita na figura acima fosse possível, diríamos que o
consumidor é indiferente às cestas A e B, por estarem situadas na curva de
indiferença U1. Da mesma forma, diríamos que este consumidor é
indiferente às cestas B e C, por estarem situadas na curva de indiferença
U2. Assim, de acordo com a premissa da transitividade, o consumidor
também seria indiferente às cestas A e C, o que contraria a premissa de que
mais é sempre melhor que menos, já que a cesta C tem mais de ambos os
bens, quando comparada com A.
4. As curvas de indiferença são convexas em relação à origem. A inclinação
da curva de indiferença fornece a taxa marginal de substituição, ou seja, a
taxa a qual o consumidor está disposto a trocar um dos bens da cesta de
mercadorias por outro. Este tema merece um tópico à parte.
Taxa Marginal de Substituição - TMS
A TMS de um bem y por um bem x equivale à quantidade máxima que um
consumidor está disposto a renunciar de y para obter uma unidade adicional
de x. Uma TMS igual a 3, por exemplo, indica que o consumidor abriria
mão de 3 unidades de y para obter 1 unidade a mais de x. A TMS, dessa
forma, mede o valor que o consumidor confere a uma unidade adicional de
um bem em termos de outro.
A fim de evitar confusões, vamos definir a TMS em termos de quantidade
de bens representadas no eixo y (vertical) de que o consumidor está
disposto a abrir mão para obter uma unidade adicional do bem representado
no eixo x (horizontal).
Figura 4.10. Taxa marginal de substituição
Podemos indicar a variação em unidades de vestuário por DV e a variação
em unidades de alimento por DA. Assim, a TMS é:
(1)
Como a variação em V é sempre negativa, já que se admite que o
consumidor está desistindo de unidade de vestuário para obter mais
unidades de alimento, a inserção no sinal negativo na fórmula tem o
objetivo de tornar a TMS positiva, facilitando a análise. Ao informar a TMS
com um número positivo, lembre que estamos considerando seu valor em
termos absolutos, ou em módulo8.
A taxa marginal de substituição em qualquer ponto da curva de indiferença
tem seu valor, em módulo, igual à inclinação da curva de indiferença
naquele ponto. Na Figura 4.7, a TMS entre os pontos A e B é 5, entre os
pontos B e C é 2 e, entre os pontos C e D, 1. Está claro que a TMS cai
conforme nos movimentamos para baixo na curva de indiferença. Isso
ocorre devido a uma importante premissa relativa às preferências do
consumidor: a convexidade das curvas de indiferença.
A premissa da convexidade implica que a inclinação da curva de
indiferença torna-se menos negativa à medida que nos movemos para baixo
ao longo da curva, indicando que a TMS está diminuindo. É o que ocorre
com a curva U1, da Figura 4.10.
Essa premissa tem um sentido intuitivo muito claro: conforme quantidades
maiores de alimento são consumidas, é esperado que o indivíduo esteja
cada vez menos disposto a abrir mão de unidades de vestuário para adquirir
mais alimentos. À medida que nos movemos ao longo da curva de
indiferença, a utilidade marginal do alimento vai caindo, estando o
consumidor cada vez menos disposto a abrir mão de unidades de vestuário.
Será que um consumidor típico está realmente igualmente satisfeito com
uma cesta com muito alimento e pouco vestuário ou com muito vestuário e
pouco alimento? A TMS indica que os consumidores parecem apresentar
um nível de utilidade maior com cestas mais balanceadas, tais como a cesta
C, com 4 unidades de vestuário e 5 de alimento, do que com cestas com
uma pequena quantidade de um bem e grande de outro,como a cesta A,
com 11 unidades de vestuário e 3 de alimento.
As curvas de indiferença podem ser mais ou menos inclinadas, indicando o
grau de disposição do indivíduo em substituir um bem por outro.
Substitutos Perfeitos
Quando um consumidor é completamente indiferente a dois bens - café e
chá, por exemplo - diz-se que estes bens são substitutos perfeitos (para este
consumidor). A Figura 4.11 apresenta esta situação extrema.
Observe que, para aumentar o consumo de chá em 1 unidade (de 1 para 2,
por exemplo), o indivíduo está disposto a abrir mão de 1 unidade de café.
Na verdade, este consumidor sempre está disposto a trocar um pelo outro,
indicando sua indiferença com respeito a esta escolha. A TMS é igual a 1.
Figura 4.11. Substitutos perfeitos: TMS constante
O que identifica um mapa de indiferença como sendo representativo de
substitutos perfeitos, não é o fato de a TMS ser igual a 1, e sim, ser
constante. Se ela for sempre 2 ou sempre 5, também estaremos diante de
substitutos perfeitos. Assim, por exemplo, um consumidor pode estar
sempre disposto a substituir 2 fatias de torrada por uma 1 fatia de pão ou 5
aulas de um cursinho presencial de economia, com duração de 1 hora cada,
por 1 videoaula de 5 horas da mesma matéria. Isso significa que a
inclinação não precisa ser igual a -1.
Complementos Perfeitos
Quando, para um consumidor, só é interessante consumir um bem
juntamente com outro e essa é uma condição para seu uso, como ocorre
com o sapato direito e o esquerdo9, diz-se que os bens são complementos
perfeitos.
Figura 4.12. Complementos perfeitos: TMS igual a zero ou a infinito
Observe que um sapato direito adicional não representaria nenhuma
satisfação a mais para um consumidor. Só lhe interessa o consumo de
ambos os lados conjuntamente. Neste caso, a taxa marginal de substituição
entre eles será zero quando houver mais sapatos direitos do que esquerdos,
pois o consumidor não abrirá mão de nenhuma unidade adicional do sapato
esquerdo para obter uma unidade a mais do direito. Por outro lado, a taxa
será infinita quando houver mais sapatos esquerdos do que direitos, pois o
consumidor está disposto a abrir mão de todos os excessos esquerdos menos
um para conseguir uma unidade a mais do sapato direito.
Assim, dois bens são chamados de complementos perfeitos quando um não
é consumido sem o outro. As curvas de indiferença tem formato de L,
formando ângulos retos.
Na prática, são poucos os exemplos de substitutos perfeitos ou
complementos perfeitos. O mais comum são curvas de indiferença
convexas10 que não chegam a formar ângulos de 90º11.
Males
Um “bem” é considerado um mal quando o consumidor prefere quantidades
menores do que maiores. Para inserir adequadamente os males no estudo
das preferências, basta considerar sua ausência como um bem. Por exemplo,
se a radiação é considerada um mal, a ausência dela será considerada um
bem. Esta simplificação permite que as premissas básicas da teoria do
consumidor permaneçam úteis e válidas.
Restrição Orçamentária
Compreendida a teoria da ordenação das preferências, vejamos agora como
os consumidores definem suas aquisições considerando a limitação da
renda.
Sendo Q A a quantidade de itens alimentícios consumida por Carlos, e PA
seu preço, Q V a quantidade de peças de vestuário e PV seu preço, o gasto
total de Carlos com itens de sua cesta de consumo pode ser representado
por:
Gasto Total = PAQ A + PVQ V (2)
Sendo R a renda de Carlos, temos que:
PAQ A + PVQ V ≤ R (3)
Essa expressão indica que o gasto de Carlos com alimentos e roupas está
sujeito a uma restrição orçamentária, sendo-lhe igual ou menor. Como
estamos conduzindo essa análise no sentido da maximização da utilidade do
consumidor, considere que não há interesse em que se sobre algum recurso,
ou seja, toda a renda de Carlos deverá ser usada na aquisição de alimentos e
vestuário. Assim:
PAQ A + PVQ V= R (4)
Essa expressão representa a linha do orçamento e mostra todas as
combinações de alimentos e vestuário para os quais o total gasto seja
equivalente à renda. Observe que, enquanto a curva de indiferença diz
respeito ao conjunto de bens e serviços que o consumidor aspira comprar,
considerando suas preferências, a restrição orçamentária mostra quantos
bens e serviços o consumidor realmente pode adquirir12.
Suponha que Carlos perceba renda mensal de R$ 1.200,00 e que o preço de
uma unidade de alimento seja igual a R$ 30,00. Para encontrarmos a linha
do orçamento, precisamos de pelo menos dois pontos. Assim, se toda a
renda de Carlos for alocada na aquisição de alimentos (ou seja, V = 0), ele
poderá comprar 120 unidades (1.200/10 = 120). Se Carlos gastar toda sua
renda na aquisição de roupas, ele poderá adquirir 40 unidades (1.200/30 =
40). Com estes dois pontos, chamados de notáveis, é possível traçar o
gráfico13:
Figura 4.13. Linha do orçamento
Para determinar as outras combinações possíveis que resultam na mesma
renda gasta, devemos encontrar a equação da linha do orçamento. Lembre
que retas com inclinação descendente são expressões gráficas das funções
de primeiro grau com inclinação - ou coeficiente angular - negativa e que a
expressão genérica correspondente a este tipo de função é Y = ax + b, sendo
a o coeficiente angular (inclinação da reta) e b o coeficiente linear
(intercepto).
A reta desta função passa pelos pontos (0,40) e (120,0). Substituindo estes
pares ordenados na função genérica, temos:
Y = ax + B
40 = 0a + b
b = 40
Y = ax + b
0 = 120a + b
Substituindo b:
120 a + 40 = 0
a = 
Para encontrarmos a equação da reta, basta substituirmos a e b na forma
genérica Y = ax + b:
Definida a função, o leitor poderá brincar com os números, atribuindo
valores à variável x para encontrar os valores de Y. A Tabela 4.1 apresenta
algumas combinações possíveis para a distribuição da renda de Carlos, dada
sua restrição orçamentária.
Tabela 4.2. Cestas de Consumo de Carlos
Cesta de Consumo Alimentos (unidades) Vestuário (unidades)
A 0 40
B 30 30
C 45 25
D 60 20
E 90 10
F 120 0
Graficamente:
Figura 4.14 Cestas de consumo de Carlos
A inclinação da linha do orçamento é igual ao coeficiente angular da
equação da reta, . Ela representa a razão dos preços das duas
mercadorias em termos relativos (ou seja, o preço de um bem em termos do
outro), mostrando-nos a proporção pela qual os dois itens podem ser
trocados sem alteração no gasto.
Escolha do Consumidor
Considerando as preferências e as restrições no orçamento de Carlos, é
possível determinar como ele definirá a melhor alocação de seus recursos
limitados na aquisição da cesta que maximiza sua utilidade. Tal cesta deve
satisfazer as seguintes condições:
a) Situar-se sobre a linha do orçamento. Para compreender esta condição,
observe as cestas representadas pelos pontos A, B e C de Carlos na figura
abaixo.
Figura 4.15. Cestas de mercado de Carlos
Partindo da hipótese de que o consumidor não poupa14 - ou seja, gasta toda
sua renda no consumo presente - a aquisição da cesta A representaria uma
subutilização da renda disponível. Como, por hipótese, sempre é preferível
mais do que menos, essa escolha não representa a maximização da utilidade
de Carlos, pois alguns bens deixaram de ser adquiridos.
A cesta C, embora claramente preferível, não pode ser adquirida por Carlos
em virtude da restrição orçamentária. Assim, a cesta escolhida
necessariamente deve estar sobre a linha do orçamento, tal qual a cesta B.
b) Proporcionar ao consumidor a combinação preferida dos bens.
Considerando o mapa de indiferença, faz-se necessário determinar não
somente qual a curva de indiferença abrigará a combinação preferida de
Carlos, como também qual ponto desta curva representará sua escolha
ótima.
O problema da escolha do consumidor será resolvido ao se analisar o mapa
de indiferença de Carlos no mesmo gráfico da restrição orçamentária.
A Figura 4.16 apresenta o mapa de indiferença de Carlos. Sabemos que a
curva de indiferença que lhe confere o maior grau de satisfação é aquela
mais distante da origem, U3. Noentanto, todos os pontos desta curva estão
localizados acima da linha do orçamento, sendo-lhe, portanto, inacessíveis.
Assim, a cesta C não corresponde à sua escolha ótima, mesmo estando
situada sobre a curva de indiferença preferível.
Figura 4.16. O Ótimo do consumidor
A curva de indiferença U1 representa as combinações menos preferíveis a
Carlos e, por esta razão, mesmo cruzando a linha do orçamento (como no
ponto D), não constitui sua escolha ótima.
A cesta B une o útil ao financeiramente possível, pois representa uma
combinação preferível às cestas localizadas em U1, como a D, e coerentes
com a restrição orçamentária de Carlos. Lembre-se que a linha de restrição
orçamentária e o mapa de indiferença são construídos de forma
independente. O mapa de indiferença apresenta o que o consumidor deseja
comprar e a linha de orçamento, o que ele pode. Quando ambos são
combinados, a escolha do consumidor é definida15. Assim, podemos,
finalmente, concluir:
A cesta de mercado que maximiza a utilidade do consumidor é aquela
situada sobre a curva de indiferença mais elevada que tangencia a linha de
orçamento.
Observe que a cesta B representa o ponto de tangência entre a curva de
indiferença U2 e a linha do orçamento. Neste ponto, as inclinações
coincidem. Como a TMS corresponde à inclinação da curva de indiferença,
a maximização da utilidade ocorre no ponto em que a TMS é igual à razão
entre os preços relativos:
(5)
O consumidor desfrutará da maximização da utilidade ao ajustar o
consumo dos dois bens de tal forma que a TMS se iguale à razão entre os
preços.
Em outras palavras, o ótimo é atingido quando o custo de uma unidade
adicional do bem se iguala ao benefício proporcionado pelo consumo desta
unidade adicional, ou seja, quando o custo marginal é igual à utilidade
marginal.
Solução de Canto
Dependendo dos bens considerados na análise das preferências, alguns
consumidores podem adotar soluções extremas. Suponha, por exemplo, que
Blenda tenha que decidir alocar sua renda entre chocolate light ou chocolate
normal, bens claramente substitutos. Se Blenda estiver de dieta, poderá
optar por adquirir apenas chocolates light insossos (L) e nada de chocolates
gordurosos e saborosos (C). Tal decisão pode ser representada no gráfico, e
representa uma solução de canto.
Figura 4.17. Solução de canto
O ponto B representa a escolha ótima de Blenda. Observe que a TMS de
chocolate light por chocolate normal é maior do que a inclinação da linha
de restrição orçamentária, indicando que Blenda já atingiu o limite possível.
Na solução de canto, a TMS é diferente da razão entre os preços. Na
verdade, ela é igual ou maior que esta razão:
(6)
Assim, conclui-se que:
A condição UMg = CMg só ocorre quando todos os bens são consumidos,
sendo inválida na solução de canto.
Mudanças no Equilíbrio do Consumidor: Efeitos
preço, renda e substituição
Suponha que Carlos receba uma boa notícia: uma promoção no emprego
que lhe renderá 20% de aumento salarial. A renda maior permitirá a Carlos
o consumo de mais unidades de ambos os bens e é representada por um
deslocamento paralelo da linha de restrição orçamentária para frente
(direita), conforme a Figura 4.18.
Figura 4.18. Deslocamento da linha de restrição orçamentária
Quando o aumento da renda traduzir-se em aumento no consumo de ambos
os bens, diz-se que estes bens são normais. Se, por outro lado, o aumento da
renda provocar redução no consumo, diz-se que este bem é inferior. A
Figura 4.19 foi traçada considerando dois bens: presunto e mortadela, sendo
este último um bem inferior para este consumidor. Observe que, com o
aumento da renda, o consumidor reduz sua quantidade consumida
de mortadela.
Figura 4.19. Bens normais e inferiores
Mudança nos preços
Para avaliarmos como os deslocamentos da linha de restrição orçamentária
ocorrem diante de variações nos preços, consideremos duas situações: a)
quando o preço de um dos dois bens considerados se modifica; b) quando
ambos os bens têm seu preço alterado.
Alteração no preço de um dos bens
Suponhamos que o vestuário sofra um aumento de preço de R$ 30,00 para
R$ 50,00 a unidade, e o preço dos alimentos permaneça o mesmo. Sendo a
renda de Carlos constante e igual a R$ 1.200,00, agora, se ele optar por
gastá-la toda com vestuário, poderá adquirir somente 24 unidades em vez
das 40 anteriores. Como não houve alteração no preço dos alimentos, a
linha do orçamento ainda cruza o eixo x em 120, mas sofrerá uma rotação
para baixo, a partir de seu ponto de interseção com o eixo y.
Figura 4.20. Deslocamento da linha de restrição orçamentária
Se Carlos manifestar preferência pela aquisição somente de alimentos, ele
não será afetado pela alteração dos preços das roupas. Mas se ele usar boa
parte de sua renda na compra de peças de vestuário, verá seu poder de
compra reduzido pelo aumento de preços.
Alteração no preço dos dois bens
Suponhamos agora que haja uma redução proporcional nos preços em 10%
de ambos os bens, de tal maneira que a razão entre eles não se altere. Neste
caso, independentemente das preferências individuais de Carlos, seu poder
aquisitivo aumentou, pois agora, com a mesma renda, é possível adquirir
mais de ambos os bens. A linha do orçamento se desloca para frente e a
interseção com os eixos muda.
A inclinação da linha do orçamento era de -1/3. A nova inclinação, obtida
pela razão -44,4/133,3 também é -1/3. Assim, a nova linha de orçamento
será paralela à anterior (Figura 4.21).
O poder aquisitivo de Carlos aumentará, seja porque sua renda aumentou,
seja porque os preços dos bens caíram.
Figura 4.21. Aumento da renda
Se tanto os preços dos bens quanto a renda de Carlos aumentarem em 10%,
a linha do orçamento não sofrerá alteração alguma, já que o aumento da
renda apenas compensou o aumento do nível de preços.
Efeito-Preço
É a variação no equilíbrio do consumidor decorrente de alteração nos
preços dos bens. Ele se decompõe em efeito-renda e efeito-substituição.
Efeito-Renda e Efeito-Substituição
Estudamos o que acontece com a linha do orçamento quando a renda do
consumidor ou o preço dos bens se altera. Veremos agora a reação do
consumidor diante dessas alterações. Ele pode alterar seu comportamento
consumindo mais ou menos dos bens ou pode substituir o consumo de certa
quantidade de um bem por uma quantidade maior do outro. Estes
comportamentos descrevem os efeitos-renda e substituição.
Efeito-Renda
Ocorre quando, diante de variações no poder aquisitivo do consumidor -
seja pela mudança nos preços ou pela alteração na renda - o consumo se
modifica como fruto do deslocamento do consumidor para outra curva de
indiferença. Suponha novamente que o preço do vestuário tenha subido para
R$ 50,00 e a linha do orçamento tenha sofrido uma rotação para baixo, a
partir do eixo y, como na Figura 4.22.
Figura 4.22. Aumento da renda
Em virtude da queda do poder aquisitivo, o equilíbrio do consumidor
ocorrerá em uma curva de indiferença inferior CI2.
Efeito-Substituição
Ocorre quando, diante de uma alteração no poder aquisitivo do consumidor,
este dê preferência a uma combinação diferente entre os bens, substituindo,
em parte, um pelo outro. Diferentemente do que ocorre no efeito-renda,
onde o consumidor migra para uma nova curva de indiferença, no efeito-
substituição, a preferência do consumidor se desloca ao longo da mesma
curva, para um ponto diferente, com outra inclinação e, portanto, outra
TMS.
Para melhor definição, considere dois bens substitutos: cachorro-quente e
pastéis de carne e que, inicialmente, o primeiro custe R$ 5,00 e o segundo,
R$ 3,00. Considere que Carlos dispõe de R$ 60,00 por mês para consumo
desses produtos (Figura 4.23).
Figura 4.23. Consumo de Carlos
O ponto A apresenta a combinação ótima de Carlos: nove cachorros-
quentes e cinco pastéis por mês.
Suponha que o cachorro-quente tenha seu preço reduzido para R$ 4,00. A
linha do orçamento sofrerá uma rotação a partir do eixo das ordenadas para
uma nova interseção em 12 unidades (Figura 4.24).
Figura 4.24. Efeito-substituiçãoO efeito-substituição é visto no gráfico através da movimentação ao longo
da curva de indiferença CI1, do ponto A para o ponto C, com outra
inclinação (paralela à nova linha de restrição orçamentária).
Análise do Efeito-Preço
Agora veremos o efeito-preço decomposto em seu efeito-renda e efeito-
substituição em uma única análise gráfica16, mantendo o exemplo anterior,
onde Carlos escolhe entre cachorros-quentes e pastéis de carne e
considerando a queda do preço do cachorro-quente para R$ 4,00.
O deslocamento do consumidor ocorre do ponto A até o ponto C e pode ser
compreendido em duas partes:
1º movimento: ocorre do ponto A até o ponto B e representa a alteração na
composição da escolha do consumidor, onde ele deixa de consumir alguns
pastéis de carne para usufruir da promoção, adquirindo mais cachorros-
quentes.
Figura 4.25. Efeito-Renda e Efeito-Substituição
Observe que, em razão de o consumidor situar-se na mesma curva de
indiferença, não houve alteração do bem-estar, mas tão somente na TMS,
indicando variação dos preços relativos.
2º movimento: Dá-se do ponto B ao ponto C. Veja que não faria sentido
teórico o consumidor “conformar-se” com a combinação representada em
B, pois ela está em uma curva de indiferença posicionada aquém de sua
nova restrição orçamentária que, portanto, não é maximizadora de utilidade.
Assim, ele se deslocará para o ponto C, em curva de indiferença preferível,
já que localizada mais distante da origem, no ponto em que ela tangencia a
nova linha de restrição orçamentária. Observe que a inclinação da CI1 no
ponto B é idêntica à CI2 no ponto C.
Assim, o deslocamento de A para B explicita o efeito-substituição, e o de B
para C, o efeito-renda.
Derivando a Curva de Demanda a partir do
Efeito-Preço
Retomando o exemplo das escolhas de Carlos, suponha agora que o pastel
de carne tenha seu preço reduzido para $ 2,00 e, em um segundo momento,
para $ 1,00. Suponha também que tanto a renda de Carlos quanto o preço
do cachorro-quente tenham se mantido constantes. Sabemos que essa
alteração nos preços do pastel de carne provocará uma rotação na linha de
restrição orçamentária para a direita e Carlos terá novos pontos de
equilíbrio. A Figura 4.26 ilustra a situação.
Observe que, para cada preço do pastel de carne, há uma quantidade
demandada correspondente.
Como vimos, a demanda de um bem é uma função de seu preço, coeteris
paribus:
Dx = f(Px)
Figura 4.26. Alteração na renda e no preço de um dos bens
Assim, ao determinarmos a quantidade a ser consumida para cada nível de
preços, podemos construir a curva de demanda do consumidor.
Figura 4.27. Derivação da curva de demanda
Mesmo sem o cálculo dos respectivos pontos de ótimo A, B e C, é possível
traçar a curva de demanda de Carlos por pastel de carne, sabendo que PA
(3,00)> PB (2,00) > PC (1,00) e que, portanto, Q A < Q B < Q C.
A linha de preço-consumo representa as combinações dos bens
considerados que maximizam a utilidade e que estão associadas a cada
preço possível do pastel de carne
O gráfico construído a partir da linha de preço-consumo17 relaciona os
preços às quantidades demandadas de pastel de carne, sendo a curva
resultante denominada curva de demanda do consumidor.
Ela apresenta duas propriedades:
1. Conforme nos movemos ao longo da curva de demanda, a utilidade
associada a cada preço varia, pois quanto mais barato for o produto, maior
sua utilidade (à medida que cai o preço do bem, o consumidor migra para
uma curva de indiferença mais distante da origem).
2. O consumidor atingirá o ótimo em cada ponto da curva de demanda
quando a TMS de pastel por cachorro-quente for igual à razão entre seus
preços. O sentido é intuitivo: o valor relativo do pastel cai conforme o
consumidor adquire maiores quantidades deste alimento.
Finalmente, observe que a curva de demanda pode ser derivada de duas
formas distintas: a primeira, utilizando a noção de utilidade marginal e a
segunda, a de curvas de indiferença. Esta última abordagem também
contribuiu para explicar os fatores que tendem a aumentar ou a reduzir a
variação da quantidade demandada em relação ao preço, ou seja, a
elasticidade-preço da demanda.
Para uma análise qualitativa do efeito rendimento, basta verificarmos o
valor da elasticidade-renda da demanda por um bem. Lembre-se que ela
pode ser calculada como a variação percentual da renda. Quando a
elasticidade-renda for elevada, a demanda por esses bens crescerá conforme
se verifica aumento de renda. É o caso dos automóveis luxuosos. Já bens
com baixa elasticidade-renda indicam que a mudança na renda não alterará
muito seu consumo. Exemplo são os alimentos básicos18.
Algumas características dos bens podem ser entendidas a partir da análise
dos efeitos-renda e substituição. Por exemplo, quando a curva de demanda,
derivada do efeito-preço, tiver alta elasticidade-preço, veremos que os
efeitos-renda e substituição são fortes, indicando que o bem em questão tem
substitutos próximos.
Por outro lado, bens de difícil substituição e que representam pouco no
orçamento do consumidor, como a pimenta, apresentarão, diante de
alterações de renda, efeitos renda e substituição pequenos e a demanda
tenderá a ser inelástica em relação ao preço.
Efeito-preço total
Resumindo o que foi dito sobre efeito-renda e efeito-substituição até agora,
uma redução no preço de um bem provoca: a) um efeito-substituição,
representado pela tendência do consumidor em adquirir uma quantidade
maior do bem que se tornou relativamente mais barato e uma quantidade
menor do bem relativamente mais caro; b) um efeito-renda, traduzido no
aumento do poder de compra do consumidor. O efeito total é dado pela
soma de ambos:
Efeito total = efeito-renda + efeito-substituição
A direção do efeito-substituição é sempre a mesma: uma queda no preço de
um bem provoca um aumento no consumo de seu substituto. Mas o efeito-
renda pode provocar variações positivas ou negativas:
a) se o efeito-renda for positivo, o bem é normal;
b) se o efeito-renda for negativo, ou seja, se diante do aumento da renda o
consumo se retrair, o bem é inferior.
É importante destacar que mesmo no caso de bens inferiores, dificilmente o
efeito-renda superará o efeito-substituição, de maneira que mesmo se o
preço que cair for o do bem inferior (havendo na cesta considerada um bem
normal e outro inferior), seu consumo quase sempre aumentará. A Figura
4.28 ilustra esta situação.19
Figura 4.28. Bens inferiores19
Carlos parte do equilíbrio inicial em X1, na linha do orçamento LO1. Com
a queda nos preços dos pastéis de carne, a linha do orçamento se desloca
para LO2 e o novo ótimo de Carlos passa a ser representado pelo ponto B,
na tangência com a nova curva de indiferença CI2.
Essa alteração no equilíbrio de Carlos pode ser decomposta no efeito-
substituição X1E positivo, ligado ao deslocamento do ponto A ao ponto C e
no efeito-renda negativo, EX2(representando o movimento de C para B).
Como o efeito-renda é negativo, o pastel de carne é considerado um bem
inferior. Mas, apesar disso, Carlos ainda vai optar por demandar mais pastel
de carne, pois o efeito-substituição supera o efeito-renda.
Efeito-renda superior ao Efeito-Substituição: os
Bens de Giffen
Se acontecer de o efeito-renda ser realmente maior que o efeito-
substituição, a curva de demanda também será atípica: terá uma inclinação
positiva. É o caso dos Bens de Giffen. A Figura 4.29 ilustra este raro
episódio.
Suponha que Carlos tenha duas opções em ir para faculdade, metrô ou
ônibus, e opte pelo ônibus em função do preço da passagem. O ótimo inicial
é representado pelo ponto A. Após a redução do preço das passagens de
ônibus, a maioria dos passageiros do metrô migra para este meio de
transporte, tornando seu uso desagradável para Carlos. Por esta razão,
Carlos move-se para B, adquirindo menos passagens de ônibus.
Figura 4.29. Bens de Giffen
Como o efeito-renda EX2 é maior que o efeito-substituição X1E, a queda
no preço das passagens de ônibus faz a demanda de Carlos por elas cair.
A Figura 4.33 apresentaduas possíveis curvas de indiferença de Carlos.
Preferência Revelada
Até aqui vimos como as preferências de um indivíduo, representadas por
curvas de indiferença e restringidas pelo orçamento, conduzem às escolhas
do consumidor.
Se conhecermos as escolhas de um consumidor diante de mudanças nos
preços e na renda poderemos, de modo inverso, determinar suas
preferências.
Suponha duas cestas de mercado, A e B, sendo B mais cara do que A. Se o
consumidor escolher adquirir B em vez de A, mesmo sendo ela mais cara,
isso significa que este consumidor realmente prefere a cesta B.
A Figura 4.30 apresenta duas linhas de orçamento de Carlos e cestas
formadas por pastéis de carne e cachorro-quente.
Figura 4.30. Preferência Revelada
Se, diante das possibilidades descritas pelas cestas A e B, Carlos escolhesse
a cesta A, diríamos que A é preferível a B, pois ambas podem ser
compradas com o mesmo orçamento. Mas como comparar as cestas A e C,
considerando que elas estão situadas em linhas de orçamento distintas?
Para isso, precisamos saber o que acontece se uma mudança nos preços
relativos (aqui, um aumento do preço dos cachorros-quentes e uma redução
no preço dos pastéis de carne) fizer a linha do orçamento deslocar-se para
LO2. Digamos que Carlos, diante do novo orçamento, prefira C à B. Como
A é preferível à B e B é preferível à C, é possível inferir que A é preferível
a C.
Já que A é preferível a B e a C, infere-se que A é também preferível a todas
as cestas localizadas abaixo de ambas as linhas do orçamento, representado
pela área hachurada na Figura 4.31.
A esta informação pode-se acrescentar uma das propriedades das
preferências: é sempre preferível mais do que menos. Assim, todas as cestas
localizadas acima e à direita de A lhe são preferíveis (área escura da Figura
4.32).
Figura 4.31. Preferências de Carlos
Figura 4.32. Preferências de Carlos
Conclui-se que a curva de indiferença de Carlos está localizada na área não
hachurada nem escura da Figura 4.32.
Se dispusermos de informações sobre as preferências reveladas, poderemos
confirmar se as escolhas do consumidor dão fundamento empírico às
hipóteses da Teoria do Consumidor, aumentando o nível de consistência do
estudo.
Figura 4.33. Curva de Indiferença de Carlos
Demanda de Mercado
Ao considerarmos o mercado como um todo, faz-se necessário tão somente
somar as curvas de demanda dos consumidores individuais.
Assim, considere quatro consumidores: Carlos, Blenda, Reinaldo e
Fernanda. Todos gostam de pastel de carne, mas diante dos diferentes
preços, demandam quantidades distintas. A Tabela 4.3 relaciona a demanda
individual para cada preço do pastel:
Tabela 4.3. Demanda por pastéis de carne
Preço do Pastel de
Carne Carlos Blenda Reinaldo Fernanda Demanda de
Mercado
1 20 8 6 2 36
2 15 4 5 1 25
3 10 1 4 0 15
A soma das demandas individuais fornece a demanda de mercado e esta
pode ser representada graficamente pela soma vertical das curvas.
Figura 4.34. Demanda de Mercado
Observe que sempre que novos consumidores entram no mercado, a curva
de demanda agregada (demanda de mercado) se desloca para a direita.
Excedente do Consumidor
Definimos o excedente do consumidor como sendo a diferença entre o
preço marginal de reserva e o preço de mercado. Quando se tem
informações sobre a curva de demanda, é possível calcular o excedente do
consumidor.
Considere a curva de demanda de Carlos por pastéis de carne conforme
dados da Tabela 4.2. O excedente do consumidor pode ser calculado pela
área situada abaixo da curva de demanda e acima do preço de mercado
(aqui, igual a 2).
Tabela 4.4. Demanda de Carlos
Preço do pastel de carne Demanda de Carlos
1 20
2 15
3 10
4 5
5 0
Figura 4.35. Excedente do Consumidor
Por ser um triângulo retângulo, a área é calculada pela seguinte fórmula:
(7)
O excedente de Carlos é, portanto, $ 22,50.
Considerações Finais
O estudo da Teoria do Consumidor fornece importante fundamento teórico
para a compreensão do comportamento dos agentes diante das opções de
consumo, considerando suas limitações orçamentárias. Nos próximos
capítulos, voltaremos nossa atenção ao estudo da firma, procurando
compreender como os produtores e vendedores se comportam diante de
diferentes combinações de insumos, no intuito de maximizar seus lucros,
seja pela maximização do produto, seja pela minimização dos custos.
5. Teoria da Firma I - Produção
Introdução
Tendo estudado o lado da demanda, vimos o comportamento dos
consumidores diante das opções de consumo, dadas suas restrições
orçamentárias. Agora, resta-nos estudar o comportamento da firma e o
faremos utilizando-nos da Teoria da Firma, sendo este capítulo dedicado à
Teoria da Produção1 e o próximo, à Teoria dos Custos de Produção.
A capacidade produtiva de uma nação é determinada pelo tamanho e pelas
características da população economicamente ativa, pela qualidade e
quantidade do capital disponível e pelo nível tecnológico2.
Uma firma é uma entidade que adquire fatores de produção ou insumos e os
transforma em produtos (bens ou serviços) para a comercialização. Essa
transformação do insumo em produto é descrita pela função de produção.
Como as empresas transformam insumos em produtos atrativos? Como as
empresas gerenciam as atividades de produção? Como uma firma toma
estas decisões com base na minimização de custos e como eles variam com
o volume produzido? Estas e outras questões são nosso objeto de estudo a
partir de agora.
As decisões da firma sobre a produção
As decisões da firma sobre a produção envolvem, basicamente, três
aspectos:
1) Tecnologia disponível: para produzir certa quantidade de bens, a empresa
precisa combinar diferentes quantidades e tipos de insumos. Tal
combinação está intimamente ligada à tecnologia, pois empresas com
menor automatização, por exemplo, necessitarão de mais mão de obra para
produzir do que outras do mesmo setor, que disponham de mais
equipamentos, por exemplo.
2) Custos de produção: com o objetivo de maximizar seus lucros, as
empresas procuram minimizar seus custos.
3) Insumos: dada a tecnologia e definido o preço dos insumos, a quantidade
a ser usada de cada insumo passa a ser fundamental.
É a partir da análise destes três importantes aspectos da Teoria da Firma que
assentaremos as discussões deste e do próximo capítulo.
Independentemente do tipo de atividade econômica ou das características
específicas de cada empresa, a Teoria da Firma pressupõe que o produtor
objetiva produzir de forma eficiente, ou seja, produzir o máximo possível,
dada uma quantidade de fatores de produção, evitando desperdícios e com o
menor custo, a fim de gerar o máximo em lucros3.
A definição acerca do processo de produção a ser adotado depende da
eficiência, tecnológica ou econômica. Do ponto de vista da eficiência
técnica ou tecnológica, a firma deve escolher o processo que lhe permitir
uma mesma quantidade de produto, usando da menor quantidade física de
fatores de produção. Já o ponto de vista econômico leva a firma a preferir o
processo que lhe permita produzir a mesma quantidade com o menor custo
de produção4.
A Função de Produção
Os insumos de produção podem ser divididos em trabalho, matérias-primas
e capital. O primeiro considera os trabalhadores de tempo integral ou
parcial, qualificados ou não. As matérias-primas são inúmeras e vão desde a
água até suprimentos diversos que serão transformados em produto final. O
capital inclui o terreno, as construções, o maquinário e os estoques5.
Para que se defina quanto de produto se obterá a partir de uma quantidade
fixa de insumos ou fatores de produção, é necessário conhecer o estado da
tecnologia disponível6. A relação entre a quantidade de fatores de produção
e a quantidade máxima de produto final a ser obtido dada uma certa
tecnologia é chamada de função de produção. Para simplificar, suponha que
haja apenas dois insumos: trabalho (L) e capital (K). A função pode ser
expressa matematicamente como:
q = F(K,L) (1)
Esta expressão nos informa que a quantidade de produtoq é uma função da
quantidade utilizada dos insumos capital e trabalho. Ela revela qual é a
quantidade máxima do produto q que pode ser produzido a partir de uma
combinação dos insumos K e L7.
Para cada produto ou serviço existente na economia há, teoricamente, uma
função de produção diferente. Assim, elas são incontáveis e, muitas vezes,
não são escritas ou utilizadas, de fato. Mesmo assim, representam uma
forma relevante de descrição da capacidade produtiva de uma empresa8.
Como insumos e produtos variam ao longo do tempo, eles são considerados
fluxos por período. Adotaremos aqui o período de um ano.
A função de produção só pode ser definida em termos positivos, tanto dos
insumos quanto do produto9. Assim:
q > 0; x1> 0; x2> 0
Conforme o nível tecnológico se modifique, a composição da função de
produção também se alterará. Essa noção é bastante intuitiva pois, diante de
avanços tecnológicos, as empresas podem optar, por exemplo, por usar mais
de um fator de produção (ex.: capital) em detrimento de outro (ex.:
trabalho), a fim de se obter maior quantidade de produto final.
Não confunda a função de produção com a função oferta. Enquanto a
função oferta relaciona a quantidade produzida com os preços dos fatores
de produção, a função de produção relaciona fatores de produção à
quantidade física do bem produzido10.
Curto e Longo Prazos
Os avanços tecnológicos, os conhecimentos específicos e o treinamento da
mão de obra são fundamentais para firmas que pretendem crescer e ocupar
posição de relevo no mercado. Mas nada disso é conquistado do dia para a
noite. As firmas passam por longos processos de aprendizagem e, por
tentativas e erros, melhoram seus produtos e processos.
Se considerarmos um horizonte temporal relativamente curto, como um ou
dois meses, é bem provável que as empresas não consigam realizar
importantes alterações na combinação dos insumos de produção. Quando
pelo menos um insumo não pode ser modificado ou quando pelo menos um
fator de produção é fixo, diz-se que a análise é de curto prazo. Quando
todos os insumos tornam-se variáveis, diz-se que a análise é de longo
prazo11.
A função de produção de curto prazo é, portanto, definida considerando que
pelo menos um fator é fixo. Assim:
q = f(x1, x2*), (2)
sendo:
q = quantidade produzida
x1 = insumo variável
x2*= insumo fixo
Para alterar a quantidade produzida, a firma só poderá modificar a
quantidade do insumo variável, contando com a proporção determinada do
fator fixo. As firmas podem, por exemplo, contratar mais trabalhadores ou
utilizar a capacidade ociosa das máquinas já adquiridas no curto prazo.
Ampliar as instalações já caracteriza uma decisão de longo prazo. É
importante salientar que o curto e o longo prazos, embora apresentem
aspectos temporais, são diferentes para cada caso. Não podemos limitá-los a
um determinado período de tempo, pois uma pequena empresa pode
considerar o prazo de doze meses como curto prazo, pois o aluguel de sua
sede é considerado fixo, e doze meses mais um dia como longo prazo, já
que, a partir daí, pode-se optar por uma mudança para maiores instalações.
Já uma montadora de automóveis pode considerar longo prazo como o
período de dez anos quando, após crescimento populacional razoável, a
empresa decida ampliar suas fábricas.
Assim, no longo prazo, todos os insumos de produção podem ser
modificados a fim de se obter um custo mais baixo de produção. Antes de
analisarmos as decisões da firma no longo prazo, vamos considerar o curto
prazo.
Análise de Curto Prazo: As decisões da firma
quando um insumo é fixo e outro variável
Na análise de curto prazo, a firma pode alterar a quantidade do insumo
variável a fim de obter um produto final maior. Considerando apenas capital
e trabalho, a empresa só conseguirá aumentar a quantidade produzida
contratando mais mão de obra.
Suponha uma firma que fabrique um tipo de tênis. A Tabela 5.1 apresenta
os níveis de produção para cada combinação entre capital fixo e insumo
variável (trabalho), bem como o produto médio e marginal, calculados com
base nas informações das três primeiras colunas.
Tabela 5.1. Produção de Tênis (1 insumo fixo, 1 insumo variável)
No de
costureiras
(L)
Quantidade de capital, em
termos monetários (K)
Produto
Total (Q)
Produto
Médio
(PMe)
Produto
Marginal
(PMg)
0 20 0 - -
1 20 20 20 20
2 20 60 30 40
3 20 120 40 60
4 20 160 40 40
5 20 190 38 30
6 20 216 36 26
7 20 224 32 8
8 20 224 18 0
9 20 216 24 -8
10 20 200 20 -16
A primeira coluna da tabela mostra a quantidade de costureiras, o insumo
variável. A segunda mostra a quantidade fixa de capital, em termos
monetários (indicando o valor dos equipamentos de costura em mil
unidades monetárias).
A terceira coluna apresenta o produto total, sendo a multiplicação do
número de costureiras contratadas pela quantidade de capital. A quarta
coluna mostra o produto médio do trabalho12, ou seja, a produção por
unidade de trabalho. Ele pode ser calculado da seguinte forma:
(3)
O produto médio fornece um importante indicador do processo produtivo: a
produtividade do fator trabalho. Ele indica qual a quantidade de bens cada
trabalhador produz, em média, dado o capital fixo disponível. O
comportamento desta variável indica que, a partir da quarta costureira, a
produtividade individual começa a declinar.
Por que isso ocorre? É fácil visualizar mentalmente um galpão, com três
máquinas de costura e três costureiras trabalhando eficientemente. Mas, em
seu “exercício mental”, imagine este galpão recebendo mais e mais
costureiras, sem o concomitante investimento em capital fixo. O ambiente
ficará prejudicado por vários motivos: algumas costureiras poderão cortar
os moldes, enquanto outra verifica os acabamentos. Mas alguma
trabalhadora ficará ociosa e aproveitará o tempo para contar as últimas
novidades para as demais, que reduzirão seu ritmo de trabalho. Haverá um
momento em que a contratação de novas costureiras tornará o trabalho
contraproducente.
A quinta coluna da tabela apresenta outro importante indicador da
contribuição do trabalho ao processo produtivo: o produto marginal do
trabalho13 (PMgL). Ele representa a quantidade adicional de produto final
gerado ao se adicionar uma unidade do insumo trabalho. A pergunta que
esta variável responde é: quanto a contratação da última costureira
representou no produto final?. Observe, por exemplo, que a contratação da
terceira trabalhadora representou um acréscimo de 60 pares de tênis à
produção total (120 - 60). O produto marginal do trabalho é calculado,
portanto, da seguinte forma:
(4)
Caso o insumo fixo venha a ser alterado - o que tornará a análise de longo
prazo - o PMgL provavelmente aumentará, já que as novas costureiras
possivelmente serão mais produtivas se dispuserem de mais máquinas para
trabalhar.
Na Tabela 5.1, é possível visualizar o comportamento da PMgL. A
contratação das primeiras três costureiras proporciona um produto marginal
do trabalho crescente. A partir da contratação da quarta, o produto marginal
começa a declinar, indicando que a contribuição das novas costureiras ainda
acrescenta ao produto total, mas de forma decrescente. Na contratação da
oitava costureira, o produto marginal chega a zero, indicando que já não há
acréscimo no produto total com a variação do insumo trabalho. A partir daí,
o produto marginal torna-se negativo, indicando que novas contratações
atrapalharão o processo produtivo e reduzirão o produto total.
As Curvas de Produto Total, Médio e Marginal
A Figura 5.1 apresenta gráficos contendo as informações da Tabela 5.1,
sendo o primeiro representativo do produto total e o segundo, dos produtos
médio e marginal. Como todas essas variáveis são expressas como funções
da produção total e da quantidade de trabalho (número de costureiras
contratadas), é possível analisar o comportamento das curvas comparando
alguns pontos específicos.
Vejamos então o comportamento de cada uma das curvas separadamente e,
depois, comparativamente.
Curva de Produto Total: apresenta o total produzidoconforme o insumo
trabalho é adicionado. Do ponto de origem até o ponto B, a curva apresenta
crescimento a taxas crescentes. A partir do ponto B até o ponto D, a curva
continua ascendendo, porém com inclinação cada vez menor, indicando um
crescimento a taxas decrescentes. No ponto D, equivalente à contratação da
oitava costureira, a curva atinge seu ponto máximo, com inclinação igual a
zero, a partir do qual passa a decrescer.
Curva de Produto Médio: é uma curva, em geral, menos acentuada, que
cresce até atingir um ponto máximo, em E, e depois decresce. Como a
função de produção é sempre definida em valores positivos, o produto
médio decresce, mas não atinge números negativos.
Curva do Produto Marginal: esta curva é essencial na decisão da firma
sobre quanto contratar. Observe que ela atinge seu ponto máximo antes das
curvas de produto médio e total e cai de forma acentuada logo em seguida.
Figura 5.1. Produto total, médio e variável
A relação entre as curvas de produto total, médio
e marginal
Várias inferências podem ser feitas a partir da leitura dos gráficos com
respeito à relação entre as curvas de produto total, médio e marginal. Vamos
explorar algumas delas:
1) O produto marginal é positivo quando a produção está crescendo, zero
quando está constante e negativo quando está decrescendo.
2) A curva do produto marginal cruza o eixo das abcissas no ponto onde a
inclinação da curva de produto total é zero, ou seja, quando esta atinge seu
pico.
3) A curva de produto marginal torna-se negativa quando a curva de
produto total começa a decrescer, significando que novas contratações
provocarão queda na produção.
4) Quando o produto marginal é maior que o produto médio, ou seja, antes
do ponto E no segundo gráfico, o produto médio está crescendo. Nesta fase,
a contratação de novas costureiras está aumentando a produção total a um
ritmo interessante, pois a média por trabalhador está crescendo.
5) Quando o produto marginal é menor que o produto médio, este é
decrescente.
6) Quando o produto médio atinge seu máximo, a curva de produto
marginal cruza com a do produto médio. Neste ponto (E), ambas são iguais.
Na curva do produto total, observa-se que a produção, até ali (ponto C),
crescia a taxas crescentes e, a partir dali, passa a crescer a taxas
decrescentes.
7) A inclinação da curva de produto total fornece, a cada ponto, o produto
marginal do fator variável.
8) A inclinação da linha traçada entre o ponto de origem e o ponto
correspondente sobre a curva de produto total fornece o produto médio do
trabalho.
Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes14
Conforme o uso do fator de produção variável aumenta em incrementos
iguais, mantendo-se os demais fixos, a produção adicional cresce cada vez
menos, a partir de determinado ponto. Observe novamente a Tabela 5.1. Até
a contratação da terceira costureira, o produto marginal do trabalho cresceu.
A partir da quarta costureira, a lei dos rendimentos marginais decrescentes
começa a vigorar e o produto marginal cai até atingir valores negativos.
A lei dos rendimentos marginais decrescentes pode ser assim descrita:
Lei dos rendimentos marginais decrescentes: ao aumentar a quantidade do
fator de produção variável, mantidos os outros constantes, o produto total
inicialmente crescerá a taxas crescentes. A partir de certa quantidade
utilizada do fator variável, crescerá a taxas decrescentes até que, a um dado
nível de utilização do fator variável, ele sofrerá decréscimo.
Análise de Longo Prazo: Produção com dois
insumos variáveis
No longo prazo, todos os insumos de produção são variáveis e a firma pode
definir várias formas de combinar os fatores para atingir um produto total
maior. A função de produção de longo prazo pode ser expressa, em termos
genéricos, como:
q = f(x1, x2, x3,...xn), sendo q a quantidade produzida e x1, ...xn os fatores
de produção associados às respectivas quantidades.
Considerando, por simplificação, apenas dois fatores de produção, temos
que:
q = f(x1, x2), sendo x1, x2 fatores variáveis, capital (K) e trabalho (L). Ou:
q = f(K, L)
A diferença fundamental entre o curto e o longo prazo é que não existem
retornos decrescentes no longo prazo. Os retornos decrescentes acontecem
porque um insumo é fixo enquanto o outro varia. No longo prazo, a firma
pode modificar todos os fatores de produção, incluindo o tamanho de suas
instalações15.
Isoquantas
Isoquantas são curvas que representam todas as combinações possíveis de
insumos de produção que geram o mesmo produto final.
A Tabela 5.2 apresenta informações sobre a produção de uma firma
hipotética, com diferentes combinações de capital e trabalho.
Tabela 5.2. Produto Total, considerando capital e trabalho variáveis
Trabalho (no de trabalhadores contratados/ano)
Capital/ano 1 2 3 4 5
1 40 80 110 130 150
2 80 120 150 170 180
3 110 150 180 200 210
4 130 170 200 220 230
5 150 180 210 230 240
A Tabela mostra, por exemplo, que quando a firma opta por contratar um
trabalhador e cinco unidades de capital, 150 unidades do produto final serão
fabricadas. Outras combinações são possíveis e representam este mesmo
produto final (150): dois trabalhadores e três unidades de capital; três
trabalhadores e duas unidades de capital ou cinco trabalhadores e uma
unidade de capital.
Estas combinações podem ser representadas por uma isoquanta, conforme a
Figura 5.2.
Figura 5.2. Isoquantas
As isoquantas apresentam duas importantes características:
a) possuem inclinação negativa: o que indica que, para a mesma quantidade
produzida, se aumentar a quantidade de um dos insumos de produção,
deverá haver redução da quantidade do outro insumo. Esta substituição é
representada pela TMST.
b) são convexas em relação à origem dos eixos cartesianos: observe na
Figura 5.2 que, à medida que aumentamos a quantidade de trabalhadores e
reduzimos a de capital, a TMST diminui, evidenciando a dificuldade
crescente de substituição de um fator por outro16.
Quando, no mesmo gráfico, um conjunto de isoquantas é apresentado,
temos o mapa de produção17. Observe, na Figura 5.3, que cada isoquanta
está associada a uma quantidade produzida distinta, de modo que as
isoquantas mais distantes da origem representam níveis de produção mais
elevados18.
No ponto A, a combinação de duas unidades de capital com três
trabalhadores proporciona à empresa um produto total igual a 150 (ponto
A). Na isoquanta mais próxima da origem, todas as combinações dos
insumos K e L fornecem uma quantidade produzida igual a 110, tal como
visto no ponto B, com três trabalhadores e uma unidade de capital.
Figura 5.3. Mapa de produção
As isoquantas dão aos tomadores de decisão das firmas flexibilidade para
definir a contratação dos insumos, visando atingir certo nível de produção.
Esta flexibilidade se mostrará muito útil quando incorporarmos à teoria a
questão dos custos de produção.
Rendimentos Marginais Decrescentes
Mesmo na análise de longo prazo, a lei dos rendimentos marginais
decrescentes está em vigor19. Mas, para analisar seus efeitos, é necessário
verificar o que acontece com o produto quando um dos insumos varia,
permanecendo o outro constante20. Considere o seguinte mapa de
isoquantas, traçado a partir de alguns dados da Tabela 5.2.
Figura 5.4. Mapa de Produção
Suponha o capital constante em três unidades/ano. Conforme a quantidade
do insumo trabalho se eleva, incrementos cada vez menores no produto
total são observados. Repare que, ao aumentar a contratação de
trabalhadores de uma para duas unidades, a quantidade produzida se eleva
em 40 unidades (150-110). Ao contratar um terceiro trabalhador, o produto
total aumenta, mas menos do que antes (180-150 = 30). Conclui-se que a lei
dos rendimentos decrescentes é válida tanto no curto quanto no longo
prazo.
Análise semelhante pode ser feita considerando o trabalho constante e o
capital variável. Perceba que, conforme o capital é adicionado no processo
produtivo, mantendo-se constante o número de trabalhadores, o produto
total é incrementado a taxas decrescentes.Figura 5.5. Mapa de produção
Observe que o produto marginal decresce de 40 para 30 e, por fim, para 20.
Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST)
Vimos até aqui como diferentes insumos de produção podem ser
combinados no processo produtivo para resultar num determinado produto
total. Para manter o produto total igual, o acréscimo de um insumo requer a
redução em outro. A inclinação da isoquanta mostra quanto um insumo
pode ser substituído por outro, mantendo-se constante o nível de produção.
A taxa marginal de substituição técnica do insumo trabalho pelo capital,
apresentada em termos positivos, representa, portanto, a queda máxima
possível na quantidade de um dos insumos de produção quando uma
unidade a mais do outro é adicionada, sendo o produto total mantido
constante.
para um nível constante de q.
(5)
A Figura 5.6 apresenta o cálculo da TMST para o nível de produção 150.
Figura 5.6. TMST
Note que, ao se passar do ponto A para o ponto B, o fator capital é reduzido
em três unidades e o fator trabalho, aumentado em duas e essa alteração na
composição não modificou o produto final, que permanece 150. A TMST é
igual a 1,5.
A maior parte dos bens originados na economia é produzida com insumos
que estão em algum ponto entre substitutos perfeitos e complementos
perfeitos: um insumo pode substituir outro, mas a TMST não é constante. A
substituição de um insumo por outro é cada vez mais difícil, o que faz
bastante sentido intuitivo (acrescentar cada vez mais costureiras, abrindo
mão de máquinas de costura será uma opção cada vez menos
recomendada). Isso significa que a TMST fica cada vez menor, ou decresce
da esquerda para a direita ao longo de uma isoquanta21.
Propriedades das Isoquantas
As isoquantas têm comportamento característico descrito pelas seguintes
propriedades:
1) são convexas em relação à origem;
2) são negativamente inclinadas;
3) em um mapa de produção, não se cruzam nem há pontos de tangência
entre elas.
Conforme nos deslocamos ao longo da curva de indiferença, a TMST cai,
indicando a limitação da produtividade dos insumos de produção.
Conforme se adiciona mais de um insumo à custa da redução do outro,
menor a produtividade do primeiro. Isso sinaliza que um processo
produtivo, para ser eficiente, pede uma combinação equilibrada entre
os insumos.
Se considerarmos o acréscimo marginal de um dos insumos, ou seja, quanto
se reduz no uso do capital, por exemplo, para, acrescentando uma unidade
do fator trabalho, a produção manter-se constante, é possível expressar a
TMST como uma função dos produtos marginais do capital e do trabalho:
(6)
Para compreendermos melhor esta relação, basta lembrar que o aumento do
produto total, fruto do acréscimo de uma unidade do insumo trabalho (ou
seja, o produto marginal do trabalho) é igual ao PMgL multiplicado pela
variação do insumo trabalho: (PMgL)(DL). O mesmo se dá com o capital:
(PMgK)(DK). Como a produção é constante ao longo de uma mesma
isoquanta, a produção deve ser igual a zero. Assim:
(PMgL)(∆L) + (PMgK)(∆K) = 0
Manipulando um pouco a equação, temos que:
(7)
Assim, a TMST entre os insumos capital (K) e trabalho (L) é igual à razão
entre os produtos marginais destes insumos.
Casos especiais da Função de Produção
O que acontece quando os insumos de produção são substitutos perfeitos
entre si? A Figura 5.7 mostra esta possibilidade.
As isoquantas são linhas retas paralelas, com inclinação descendente,
indicando que a produção de um certo bem - por exemplo, pães de forma -
pode ser feita quase toda só com o capital, no ponto A - por exemplo, uma
máquina de fazer pães - quase toda só com trabalho, no ponto C - um
padeiro - ou com uma combinação equilibrada de ambos, no ponto B.
Figura 5.7. Substitutos perfeitos
E se, por outro lado, a substituição entre os insumos for impossível? A
Figura 5.8 ilustra o formato destas isoquantas.
Figura 5.8. Função de produção com substituição impossível entre os
insumos
Este tipo de função - a função de produção de proporções fixas ou de
Leontief22 - mostra que só é possível aumentar o produto total - ou seja,
migrar de uma isoquanta para outra - mantendo uma combinação
proporcional e específica entre os insumos. Uma serra elétrica, por
exemplo, só pode ser operada por um trabalhador. Seria muito perigoso um
colega querer ajudá-lo ou dar a um único corajoso a possibilidade de
manusear duas máquinas por vez! Assim, para dobrar a produção (corte de
madeira), seria necessário dobrar ambos os insumos.
A proporção fixa não precisa ser de um para um. Uma firma pode produzir
um litro de suco de laranja com 10 unidades de laranja e 300 ml de água23.
Rendimentos de Escala
No longo prazo, quando todos os insumos são variáveis, a empresa dispõe
de maior flexibilidade para decidir as combinações de insumos no objetivo
de produzir mais a um menor custo. Se ela resolver aumentar a utilização de
todos os fatores de produção na mesma proporção, estará alterando a escala
de produção24.
Os rendimentos à escala mostram, portanto, quanto o produto total crescerá
diante do aumento proporcional de todos os fatores de produção.
Rendimentos Crescentes de Escala: ocorrem quando um aumento de todos
os fatores de produção proporciona um aumento mais que proporcional no
produto total.
Rendimentos Constantes à Escala: ocorrem quando um aumento de todos os
insumos de produção leva a um aumento proporcional da produção.
Rendimentos Decrescentes à Escala: neste caso, se os insumos de produção
forem dobrados, por exemplo, o produto total menos que dobrará (ou seja, a
variação será menos que proporcional).
A Figura 5.9 ilustra essas três situações.
A presença de rendimentos decrescentes de escala revela que os aumentos
da escala de produção da empresa reduzirão a eficiência com que os fatores
de produção são utilizados. Já os rendimentos constantes de escala indicam
que as alterações do volume de produção da empresa não terão qualquer
influência sobre a eficiência da utilização dos fatores25.
Em geral, as empresas, ao longo de seu processo de crescimento,
experimentam fases com rendimentos crescentes, constantes e decrescentes
de escala. Para visualizar esta evolução, suponha uma pequena empresa de
cosméticos que, no início de suas atividades, conte com poucos boticários e
instalações modestas.
Com o sucesso do produto, os empresários optam por ampliar instalações,
contratar funcionários e dividir melhor as tarefas na empresa. A compra de
materiais no atacado, a contratação de novos funcionários com salários
coerentes aos pisos de mercado e o melhor aproveitamento do espaço
conduzirá a empresa a ganhos de escala. Com o tempo, as vendas se
estabelecem e o ritmo de crescimento pode manter-se constante. Já não
haverá tanta economia pelas compras no atacado (pois mesmo em grandes
quantidades, há um custo mínimo dos produtos que não pode mais ser
reduzido) e a empresa pode apresentar rendimentos constantes à escala.
Figura 5.9. Rendimentos de escala
Agora suponhamos que um diretor novo assuma o controle da empresa e,
por sua falta de prática diante da já grande empresa, se atrapalhe na tarefa
administrativa e isso provoque algumas perdas nas negociações com
fornecedores. Essa dificuldade pode se traduzir em menor fiscalização das
atividades dos funcionários, redundando em queda da produtividade. Enfim,
é o momento em que a empresa está crescendo de forma menos que
proporcional ao aumento dos insumos.
Assim, embora a tecnologia e a melhoria da produtividade possam,
inicialmente, trazer rendimentos constantes ou crescentes à escala, as
dificuldades de gestão e controle podem acabar conduzindo as empresas -
principalmente as muito grandes - a rendimentos decrescentes de escala.
Avanços tecnológicos
Quando uma empresa usufrui do progresso científico, talvez pelo
desenvolvimento de novas máquinas, e isto lhe traz melhorias no processo
de produção, a função de produção da firma se desloca para cima. A Figura
5.10 apresenta esta situação.
Figura 5.10. Avanços na tecnologia
A Figura 5.10 apresentao que acontece com a função de produção de uma
firma diante de um avanço tecnológico. A produção se modifica para níveis
mais elevados, considerando a mesma quantidade de insumos.
Há inúmeros exemplos de inovações tecnológicas que trouxeram expansão
da produção em vários setores: celulares, computadores, descobertas na
área agrícola, farmacêutica, entre outros.
A inovação tecnológica pode se dar no produto ou no processo. Inovações
de produto ocorrem quando há alterações na qualidade, composição ou
características do produto. E inovações no processo, quando um novo
conhecimento técnico faz com que as técnicas de produção melhorem.
6. Teoria da Firma II - Custos de
Produção
Introdução
Dando continuidade ao estudo da Teoria da Firma, neste capítulo daremos
ênfase ao outro lado das decisões da empresa em sua busca pela
maximização de lucros: os custos de produção1. Assim como a firma
procura maximizar a produção para dado custo total, a ela também interessa
minimizar o custo total para dado nível de produção2.
Que custos são estes?
Soa um tanto genérico afirmar que as firmas buscam minimizar seus custos
de produção. Afinal, de quais custos nos referimos?
Custos Irreversíveis ou Irrecuperáveis
Como o nome sugere, são os dispêndios feitos pela firma que não podem
ser recuperados. É o caso das máquinas e equipamentos desenvolvidos para
objetivos específicos, não tendo qualquer utilidade em outras tarefas. Por
esta razão, têm custo de oportunidade igual a zero e, dessa forma, não
deveriam exercer qualquer influência nas decisões da empresa, tampouco
seu gasto ser considerado como parte da estrutura de custos da empresa3.
A ideia por trás do conceito de custo irreversível é que, como ele já foi
despendido tendo sido uma boa decisão de investimento ou não, já não há
influência sobre as decisões atuais.
Custos de Oportunidade
Referem-se aos custos pelas oportunidades perdidas, ou por aquilo que se
deixou de fazer em função de uma escolha alternativa.
Os custos de oportunidade são considerados custos econômicos, pois devem
influenciar nas decisões da empresa. Aplicar recursos no aumento da
capacidade produtiva em vez de mantê-los rendendo juros no mercado
financeiro é uma decisão que envolve importante oportunidade alternativa e
deve ser levada em conta. Assim, o custo de oportunidade de algo consiste
naquilo que se abre mão para adquiri-lo4.
Custos Implícitos e Explícitos
Os custos de oportunidade que não exigem gastos monetários são um tipo
de custo implícito.
Este tipo de custo é medido pelo valor, em termos monetários, de todos os
benefícios dos quais se teve que abrir mão5. É possível calcular o custo de
oportunidade, por exemplo, calculando o que se teria ganhado com um uso
alternativo dos recursos disponíveis. Os custos explícitos, por outro lado,
representam custos que necessitam desembolsos monetários.
Economia X Contabilidade: a diferença entre os
conceitos de custos
Existe uma importante diferença entre os conceitos relativos a custos
considerados pelos economistas e pelos contadores. Enquanto os primeiros
preocupam-se com os custos relacionados ao uso dos fatores de produção
(custos econômicos), os últimos consideram as despesas correntes e a
depreciação do capital.
A Tabela 6.1 faz uma comparação didática entre os custos considerados por
economistas e contadores.
Tabela 6.1. Custos Econômicos x Custos Contábeis
1 - Custos de oportunidade x custo contábil
Economia Contabilidade
Custo de oportunidade considerado
importante, pois revela os custos
relacionados às oportunidades
alternativas perdidas quando a empresa
não otimiza o uso das reservas.
Custo contábil:
despesas correntes +
depreciação do capital.
2 - Depreciação do Capital
Considera o desgaste real dos bens de
capital, respeitando as diferenças entre os
ativos.
A legislação fiscal define a
percentagem de depreciação,
que pode ser lançada como custo
das empresas.
3 - Custos Irreversíveis
Não devem ser considerados como
custos, e, portanto, não podem influenciar
nas decisões da empresa.
Por representarem despesas
correntes, são considerados
lançamentos contábeis tanto sua
aquisição quanto seu desgaste
(depreciação).
Custos Fixos e Variáveis
No curto prazo, a maior parte dos custos da empresa são fixos, ou seja,
existem independentemente do nível de produção6. Essa inflexibilidade
decorre de: a) rigidez do mercado de trabalho - não se contrata ou demite
uma equipe de um dia para o outro; e b) necessidade de aquisição de um
nível mínimo de insumos e matérias-primas.
No longo prazo, a maior parte dos custos da firma é variável, ou seja, os
custos variam como o nível de produção, pois o nível de compras dos
insumos é mais bem adaptado à produção e à venda da empresa, os
trabalhadores podem ser desligados, o maquinário desnecessário pode ser
vendido e outros adquiridos.
O custo total é a soma do custo fixo e o variável. A classificação dos custos
como fixos e variáveis é importante na tomada de decisão das empresas,
pois, quando há intenção de ampliar ou reduzir o nível de operação, as
medidas são diferentes de acordo com o horizonte temporal considerado.
Por exemplo, no curto prazo pode-se negociar preços dos insumos e realizar
programas de aumento de produtividade; no longo, estabelecer com mais
clareza a real necessidade de equipamentos, instalações ou contratações e
demissões.
Lucro
O objetivo principal das empresas é maximizar lucros. A definição de lucro
é a diferença entre a receita total - montante recebido pela empresa pela
venda de seus produtos - e a despesa total - gastos totais, sejam custos fixos,
sejam variáveis.
LucroTOTAL = Receita TOTAL - Despesa TOTAL
L = RT - CT (1)
A receita é calculada a partir da multiplicação do preço pela quantidade
vendida. Já o custo total é a soma dos custos fixos com os variáveis.
Na determinação dos custos totais é importante que se certifique que todos
os fatores de produção usados pela empresa foram considerados, incluindo
o pro labore do administrador. Todos os insumos e produtos devem ser
avaliados em termos de custo de oportunidade7.
Custo Médio e Marginal
O custo marginal (CMg) é o custo incremental gerado pela produção de
uma unidade adicional de produto. Como o custo fixo - como o próprio
nome sugere - não se altera, o custo marginal representa o aumento
incremental do custo variável quando a produção aumenta em uma unidade.
O custo marginal pode ser apresentado em termos algébricos:
(2)
Observe que como ∆CF=0 (o custo fixo não se modifica com o nível de
produção), ∆CV=∆CT (a variação do custo variável é igual à variação do
custo total).
O custo médio (CMe) ou custo total médio (CTMe) é o custo total dividido
pelo volume de produção, representando o custo por unidade de produto.
Ele se divide em:
Custo Fixo Médio (CFMe): custo fixo dividido pelo nível da produção:
(3)
Custo variável médio (CVMe): custo variável dividido pelo nível da
produção:
(4)
A Tabela 6.2 apresenta uma estrutura de custos hipotética de uma pequena
empresa fabricante de tênis, a Delta Shoes.
Tabela 6.2. Estrutura de Custos da Delta Shoes
Quantidade
produzida de
pares de
tênis/dia
Custo
Fixo
(u.m.)
Custo
Variável
(u.m.)
Custo
Total
(u.m.)
CFMe
(u.m. por
unidade)
CVMe CTMe
CMg
(u.m.
por
unidade)
0 5 0 5 - - - -
1 5 10 15 5,00 10,00 15,00 10
2 5 18 23 2,50 9,00 11,50 8
3 5 24 29 1,67 8,00 9,67 6
4 5 28 33 1,25 7,00 8,25 4
5 5 32 37 1,00 6,40 7,40 4
6 5 38 43 0,83 6,33 7,17 6
7 5 46 51 0,71 6,57 7,29 8
8 5 56 61 0,63 7,00 7,63 10
9 5 68 73 0,56 7,56 8,11 12
10 5 82 87 0,50 8,20 8,70 14
Análise de Curto Prazo
No curto prazo, pelo menos um fator de produção é fixo, de maneira que o
nível de produto final só pode ser aumentado ou diminuído modificando-se
o uso do fator variável.
Supondo x1F o fator fixo - instalações da empresa - e x2 o fator variável -
mão de obra - a função de produção pode ser assim representada:
q = f(x1F, x2)
Aqui entra em vigor a lei dos rendimentos decrescentes do fator variável.
Como visto no capítuloanterior, quando o produto marginal do fator
variável apresenta trajetória de queda - situação inevitável e comum quando
a firma só pode ampliar sua capacidade aumentando a contratação de novos
funcionários - ocorrem rendimentos decrescentes. Em decorrência disto, o
custo total e o custo variável subirão conforme o nível de produção
aumenta.
Considerando que o custo do trabalho é sua remuneração (salário, w), o
custo marginal pode ser assim calculado:
(5)
(6)
sendo ∆L a variação ao fator trabalho (ou a quantidade extra de mão de
obra).
As expressões acima informam que o custo marginal é a variação do custo
variável gerada pela variação do produto total, ou, ainda, que o custo
marginal é o custo unitário do trabalhador adicional, a saber, seu salário
variável multiplicado pela quantidade adicional de mão de obra ∆L.
No capítulo anterior, vimos o conceito de produto marginal do trabalho,
PMgL, como sendo a mudança no produto total trazido pelo aumento em
uma unidade de insumo trabalho (ou seja, a contratação de uma pessoa a
mais):8
(7)
Para que uma unidade adicional seja produzida:
(8)
Substituindo (4) em (2):
(9)
A equação 9 diz que, considerando a existência de apenas um insumo
variável, o custo marginal é igual ao seu preço (aqui, salário) dividido por
seu produto marginal.
Se o PMgL for baixo, muito trabalho adicional será necessário para que o
produto total aumente, resultando em alto custo marginal. Se o PMgL for
alto, poucas contratações são necessárias para elevar o nível de produção e
o custo marginal é baixo.
A lei dos rendimentos marginais decrescentes diz que conforme se aumenta
o insumo trabalho, o produto marginal cai e, por conseguinte, os custos
marginais aumentam.
Na Tabela 6.2, observe que o custo marginal cai entre os níveis de produção
entre 0 e 4 unidades, aumentando em seguida, atestando a validade da lei
dos rendimentos marginais decrescentes.
As Curvas de Custo
Curva de custo total
A Figura 6.1 apresenta os dados da quarta coluna da Tabela 6.2.
Figura 6.1. Curva esquemática de custo total da Delta Shoes
Observe que a inclinação da curva aumenta à medida que o nível de
produção se eleva, indicando a presença da lei dos rendimentos marginais
decrescentes. A contratação de novos trabalhadores tem um custo cada vez
maior.
Curvas de custo fixo, variável e total
A Figura 6.2 apresenta os dados das colunas 2, 3 e 4 da Tabela 6.2. A curva
de custo fixo é uma linha reta pois, como visto, ele não se altera com a
variação da quantidade produzida.
Figura 6.2. Curvas de custo fixo, variável e total
Como o custo variável depende do nível de produção, quando este é zero, o
custo variável também é. À medida que o nível de produção aumenta, o
custo variável também cresce.
O custo total é a soma vertical das curvas de custo variável e custo fixo. Ela
começa em 5, indicando que mesmo com produção igual a zero, os custos
fixos devem ser considerados. Seu formato acompanha a curva de custo
variável, mantendo uma distância vertical de 5 unidades monetárias.
Observe que a partir de determinado ponto, as curvas de CV e CT crescem
a taxas crescentes. Isso significa que, considerando a planta de operação da
firma como fixa, o aumento da produção, até certo ponto, ocorre a custos
decrescentes. Mas uma expansão mais intensa da produção pode saturar os
equipamentos e o crescimento dos custos se fará a taxas crescentes,
refletindo a lei dos custos crescentes. Produtividades crescentes estão
ligadas a custos decrescentes e vice-versa9.
Curvas de custo médio
A Figura 6.3 apresenta os interessantes formatos das curvas de custo médio
(total, variável e fixo).
Figura 6.3. Custos Médios - Fixo, Variável e Total
A curva de custo fixo médio (CFMe) é declinante em toda sua extensão,
indicando que, conforme a produção aumenta, menor é o custo fixo por
unidade produzida.
A curva de custo variável médio inicia declinando porque as primeiras
contratações resultam em um produto marginal positivo, reduzindo o custo
por unidade produzida. Mas na medida em que apenas o insumo trabalho é
modificado, a lei dos rendimentos marginais decrescentes entra em vigor e
os custos começam a subir.
A curva de custo total médio tem o formato de “U”10. Para
compreendermos melhor, vamos a um exemplo. Suponha que uma pequena
empresa “recém-nascida”, a Alfa Shoes, pretenda competir futuramente
com a Delta Shoes e inicie sua produção de tênis. Ela começará produzindo
apenas uma unidade por semana e seus custos variáveis médios
corresponderão ao custo variável da produção deste único par de tênis.
Bem-sucedida, a empresa aumenta sua produção para duas unidades por
semana. Como ainda não é necessário contratar uma nova costureira para
fabricar apenas duas unidades, os custos variáveis médios caem. Supondo
que Alfa Shoes permaneça em sua trajetória expansiva, passando a contratar
mais funcionários e, como não poderá alterar suas instalações no curto
prazo, os fatores fixos acabam restringindo o processo produtivo. Já os
custos fixos do Alfa Shoes caem conforme ela expande sua produção. Por
essa razão, a curva de CFMe é declinante.
A Figura 6.4 abaixo mostra, de forma esquemática, a construção da curva
de custo médio11.
Figura 6.4. Curvas de custo
Em A, o custo fixo médio diminui quando a produção aumenta. Em B, a
curva de custo variável começou declinante, mas em seguida ascende,
indicando que os custos variáveis médios podem crescer com o aumento da
produção. Em C, a curva do custo total médio é construída a partir da
combinação das duas anteriores, resultando numa curva em forma de U. O
declínio inicial dos custos médios ocorre em função da queda dos custos
fixos médios. O aumento que se verifica a seguir resulta do crescimento dos
custos variáveis médios. E o resultado é a curva em U do custo total médio.
Curva de custo marginal
A maioria das curvas de custo marginal de curto prazo também tem a forma
de U, já que, graças aos ganhos de produtividade observados na contratação
dos primeiros funcionários, o custo marginal das primeiras unidades de
produção é decrescente. Para níveis superiores de produção, o custo
marginal torna-se crescente.
Figura 6.5. Custo marginal
Comparando as curvas de custo
Os gráficos abaixo foram construídos a partir dos dados da Tabela 6.2 e
representam as curvas estudadas até aqui.
Figura 6.6. Curvas de custo
Várias são as considerações e relações entre as curvas representadas nos
gráficos acima. Para efeitos didáticos, a apresentação será feita por etapas
para, em seguida, ser resumida em uma tabela.
Relação entre custo marginal e médio
Estas curvas são intimamente relacionadas. Eis algumas importantes
inferências:
• Quando o custo marginal é menor que o custo total médio, o custo médio
está declinando.
• Quando custo médio é menor que o custo marginal, o custo médio está
aumentando.
• No ponto em que o custo marginal é igual ao custo médio, a curva de
custo médio tem inclinação igual a zero12.
• A curva de custo marginal cruza a curva de custo total médio e a curva de
custo variável médio em seu ponto de mínimo13. Neste ponto, a curva de
custo marginal encontra-se em sua fase crescente.
• No ponto inferior da curva de custo médio em forma de U, CMg=CMe, no
ponto de mínimo do CMe. Esta relação é essencial, pois uma firma, ao
procurar o menor custo médio de produção, deve saber qual o nível de
produção em que os custos marginais sejam iguais aos custos médios
(variáveis ou totais)14.
Custos no Longo Prazo
A flexibilidade da empresa na tomada de decisões relativas aos gastos
aumenta consideravelmente no longo prazo15, pois torna-se possível
intensificar o uso de todos os insumos de produção na ampliação da
capacidade produtiva. Vejamos como a empresa define a combinação dos
insumos visando minimizar os custos totais de produção, analisando a
relação entre o volume de produção e os custos no longo prazo.
Custo de Utilização dos Ativos de Capital
No processo produtivo, as empresas necessitam realizar investimentos na
aquisição ou locação de máquinas,equipamentos e instalações. Para uma
análise sobre este tipo de gasto - os custos de uso do capital - será
necessário presumir que todo capital é alugado. O valor dos bens de capital
adquiridos deve ser amortizado ao longo de sua vida útil.
Essa amortização, feita periodicamente (a cada ano, por exemplo),
corresponde à depreciação econômica do capital.
Além da depreciação, o custo de oportunidade também deve ser
considerado, ou seja, o quanto se deixou de ganhar por não usar o recurso
despendido em outros investimentos com risco similar.
Assim, o custo de uso do capital consiste na soma da depreciação
econômica mais o custo de oportunidade, medido pela multiplicação da taxa
de retorno esperado com a aplicação financeira alternativa pelo valor do
capital16.
O custo de uso do capital pode ser expresso como uma taxa por unidade
monetária investida em capital:
r = taxa de depreciação + taxa de juros
Para ilustrar, suponha que uma papelaria tenha adquirido uma máquina
fotocopiadora automática por R$ 100.000,00, prevista para durar dez anos.
Se a papelaria tivesse usado aquele recurso em aplicações no mercado
financeiro, teria tido um retorno médio de 5% ao ano. O custo de uso do
capital no primeiro ano17 é de:
Minimização de Custos
Uma das decisões mais cruciais das empresas consiste em definir a melhor
combinação de insumos que resulte em um certo nível de produção com o
menor custo possível.
Por simplificação, considere dois insumos: trabalho (em horas trabalhadas
por ano) e capital (em horas de uso do equipamento por ano). A quantidade
a ser empregada destes insumos depende de seus preços, seja a
remuneração do trabalho (salário), seja o custo de uso do capital. O custo de
uso tanto pode ser o equivalente à taxa de juro, conforme explicado no item
anterior, quanto a taxa de locação, definida como o custo de seu
arrendamento anual. Considera-se que o mercado de ambos os fatores de
produção - mercado de trabalho e mercado de capital - são competitivos, ou
seja, que seus preços não são afetados pelas decisões da empresa em
análise.
Feitas estas colocações, algumas simplificações serão adotadas para facilitar
o estudo a partir deste ponto:
1. Não faremos distinção entre capital adquirido ou alugado. Todo capital
adquirido será considerado como se tivesse sido arrendado, com uma taxa
equivalente ao custo de uso do capital.
2. As empresas tratam todo custo irreversível como um custo fixo que é
dispersado com o passar dos anos.
Linhas de Isocusto
As linhas de isocusto mostram todas as combinações possíveis de trabalho e
capital que representam, para afirma, o mesmo custo total18. Recorde que a
curva de custo total representa a soma dos custos de trabalho wL e capital
rK (sendo w, salários, L, mão de obra; r, taxa de uso do capital, e K,
capital):
c = wL + rK (10)
Para cada nível de custo total, há uma linha de isocusto distinta
representada pela equação (10).
A Figura 6.7 apresenta linhas de isocusto. Cada uma delas indica
combinações possíveis de capital e trabalho que podem ser adquiridas com
o respectivo custo total.
Figura 6.7. Linhas de Isocusto
Observe que a combinação indicada no ponto A representa uma certa
combinação de insumos que resulta na quantidade produzida q1, a um custo
total C2. Já as combinações B e C representam a mesma quantidade
produzida q1, mas a custos superiores, indicados pela isocusto C3.
Como os preços dos fatores de produção são dados, isocusto tem inclinação
negativa, o que significa que se a empresa optar por aumentar a contratação
de um dos insumos de produção, deverá reduzir a quantidade utilizada do
outro, mantendo constante o gasto total19.
Retomemos a equação do custo total e vamos manipulá-la
convenientemente:
Nesta apresentação, fica mais simples compreendermos a representação
gráfica da isocusto:
(11)
• Coeficiente linear ou intercepto: 
• Coeficiente angular ou inclinação: , que equivale à , a razão
entre a remuneração do trabalho (w) e o custo do uso do capital (r).
Tal inclinação nos mostra que o custo total não se modifica quando a
empresa deixa de gastar w com uma unidade de trabalho para aumentar o
equivalente a r unidades monetárias em capital.
Confuso? Então vamos a um exemplo. Suponha que a remuneração diária
de um trabalhador fosse R$ 80,00 e o custo diário de locação da máquina
necessária à produção fosse de R$ 20,00. A empresa pode reduzir a
contratação de um trabalhador naquele dia e quadruplicar o número de
máquinas sem alteração do custo total.
otimização
Definido o nível de produção, como encontrar o ponto nesta isoquanta que
representa uma combinação de insumos cujo custo total seja o menor
possível? Em outras palavras, como atingir um nível de produção
minimizando os custos totais? Vejamos a Figura 6.8.
Figura 6.8. Minimização de custos
Ao nível do orçamento C1, a firma não é capaz de adquirir uma
combinação de insumos que resulte no nível de produção q1. Este só é
possível em isocustos iguais ou superiores (mais distantes da origem) a C2.
Isocustos mais elevadas que C2, no entanto, representam custos totais
maiores. Como o intuito é atingir o nível de produção q1 com o menor
custo, a isocusto escolhida será a C2.
A minimização de custos será obtida no ponto em que a isoquanta q1
tangenciar a isocusto, ou seja, no ponto A. Note que, neste ponto, as
inclinações da isocusto e da isoquanta - esta medida pela TMST -
coincidem. Este ponto é também chamado de Equilíbrio do Produtor. Há
uma combinação ótima dos fatores de produção, já que, dados os custos, a
quantidade produzida é maximizada20.
Quando o preço de um dos insumos se altera, muda também a relação entre
eles, de maneira que a inclinação da isocusto se modifica. A lógica é a
mesma utilizada na teoria do consumidor, quando a reta de restrição
orçamentária ficava mais ou menos inclinada, de acordo com o preço dos
bens que compunham a cesta do consumidor. A Figura 6.9 mostra esta
alteração, considerando um aumento no insumo trabalho.
Figura 6.9. Aumento do preço do insumo trabalho
Observe que, como o gasto com o trabalho aumentou, a firma opta
racionalmente pela redução do uso do insumo trabalho (de L1 para L2),
substituindo-o por mais unidades de capital (de K1 para K2) e, desta forma,
mantém o mesmo nível de produção q1.
E, falando em substituição de insumos, recorde que a TMST de capital por
trabalho equivale à inclinação da isoquanta com sinal negativo21:
(12)
E, como visto no capítulo anterior, a TMST equivale à razão entre os
produtos marginais do trabalho e do capital:
(13)
Visto que a inclinação da isocusto é dada por ou 
, quando uma empresa minimiza o custo de produção, temos
que:
Inclinação da isocusto = 
Inclinação da isoquanta = 
No ponto de tangência entre a isoquanta e a isocusto, as inclinações de
ambas se igualam. Logo:
Ou, rearranjando:
(14)
O que representa esta equação?
1) indica o produto marginal do trabalho (PMgL), ou seja, o
produto adicional resultante do gasto de uma unidade monetária adicional
com o insumo trabalho (w).
2) indica o produto marginal do capital (PMgK), ou seja, o
produto adicional resultante do gasto de uma unidade monetária adicional
com o insumo capital (r).
Supondo w = 50 e PMgL, em determinado nível de produção, igual a 100,
ou seja, a contratação de um trabalhador adicional por $ 50,00 gera um
aumento na produção em 100 unidades. Assim, o produto adicional por
unidade monetária gasta em trabalho será:
Considere ainda que r = 25 e que uma unidade a mais de capital
proporcione um aumento do produto também de 100 unidades. Então,
temos que:
Já que uma unidade monetária adicional gasta em capital produz duas vezes
mais que a unidade gasta em trabalho, a empresa escolherá uma
combinação de insumos com mais capital e menos trabalho.
Ocorre que essa relação se modifica com o tempo, pois o uso de menos
unidades de trabalho torna a PMgL maior, o que fará a empresa, num
segundo momento, optar por uma quantidade menor de capital e maior de
trabalho.
A conclusão é que a empresa minimizaráseu custo de produção no ponto
onde a produção de uma unidade adicional custará o mesmo,
independentemente do insumo a ser acrescentado22.
Uma empresa minimizadora de custos escolhe a combinação de insumos
de produção de tal maneira que a última unidade monetária despendida em
qualquer um dos insumos adicionados ao processo produtivo resulte na
mesma quantidade de produto marginal, ou seja, .
Caminho de Expansão
Como os custos da empresa dependem do nível de produção? Para
responder a esta pergunta e sabendo que a empresa minimiza seus custos no
ponto de tangência entre a isoquanta e a isocusto, considere a Figura 6.10,
representativa de diferentes isoquantas e isocustos, cada uma mostrando um
nível diferente de produção e custos.
Figura 6.10. Caminho de expansão
Os pontos A, B e C representam a minimização de custos para cada nível de
produção q1, q2 e q3. O caminho de expansão é a reta que passa pelos
pontos A, B e C, mostrando as combinações de trabalho e capital para os
quais a empresa minimiza seus custos em cada nível de produção no longo
prazo.
Custo Total e Médio de Longo Prazo
O comportamento das curvas de custo total e médio de longo prazo está
diretamente ligado ao tamanho da planta adotada para a operação. Para cada
tamanho escolhido, haverá um custo total de curto prazo (CTCP) e um
custo total de longo prazo (CTLP), bem como um custo médio de curto
prazo (CMeCP) e um custo médio de longo prazo (CMeLP) que otimizarão
a quantidade produzida. Veremos que, para cada nível ótimo de produção,
os custos totais e médios de curto e longo prazos serão iguais23.
A relevância do estudo das curvas de custo médio é maior do que as de
custo total e, por essa razão, daremos mais ênfase à primeira. Vimos que, no
curto prazo, a curva de custo médio tem formato de U. No longo prazo, o
formato de U permanece24, mas por razões distintas25.
A diferença entre o curto e o longo prazo está na flexibilidade da empresa.
No curto prazo, ela poderá alterar seus insumos variáveis. No longo prazo,
poderá alterar ambos. Assim, o caminho de expansão de longo prazo é uma
linha reta que passa pela origem, como visto na Figura 6.10.
A Figura 6.11 apresenta o caminho de expansão para o curto e o longo
prazo.
Figura 6.11. Caminho de expansão no curto e no longo prazo
No curto prazo, o capital (K) é fixo e o custo de produção não pode ser
minimizado. O nível de produção original está representado pela isoquanta
q1. No curto prazo, a expansão só pode ocorrer se o insumo trabalho subir
de L1 para L3, pois K está fixo em K1. Observe que este novo nível
representa um custo igual a C3, a isocusto mais distante da origem.
Já no longo prazo, como ambos os insumos são flexíveis, o mesmo nível de
produção q2 pode ser atingido com o menor custo, equivalente à isocusto
C2, com capital igual a K2 e trabalho igual a L2.
Escala mínima eficiente
É possível quantificar a extensão das economias de escala na produção de
determinado bem a partir da definição de sua escala mínima eficiente de
produção. A escala mínima eficiente é conceituada como o nível de
produção em que as economias de escala são esgotadas26. Graficamente, é
a quantidade na qual a curva de custo médio de longo prazo se torna
horizontal27(ponto D na Figura 6.12).
Figura 6.12. Curva de custo médio de longo prazo com escala mínima
eficiente evidenciada
Quando uma empresa inicia seus trabalhos produzindo uma quantidade
inferior que a escala mínima eficiente, como no ponto A, um aumento na
produção - para B - reduz seu custo médio de longo prazo. Uma vez
atingida a escala mínima eficiente - ponto D - um aumento na produção não
diminui mais o custo médio de longo prazo.
Custo Médio e Marginal
Estando convencidos de que a flexibilidade da empresa aumenta no longo
prazo, permitindo que ela reduza seus custos unitários, passemos à análise
das curvas de custo médio (CMe) e custo marginal (CMg) no longo prazo.
A escala de operação da firma e a quantidade necessária de insumos capital
e trabalho para minimizar custos são os principais determinantes do formato
das curvas de longo prazo.
Situações possíveis:
1) Produção com rendimentos constantes de escala em todos os níveis: a
duplicação dos insumos resulta na duplicação da produção. Com preços
constantes dos insumos, o custo médio é o mesmo, independentemente da
quantidade produzida.
2) Produção com rendimentos crescentes de escala: a duplicação dos
insumos gera um crescimento de mais do que o dobro do nível de produção.
O custo médio cai com o aumento da produção.
3) Produção com rendimentos decrescentes de escala: a duplicação dos
insumos leva a um crescimento de menos do que o dobro do nível de
produção e o custo médio se eleva com o aumento da produção.
No longo prazo, a maioria das empresas dispõe de tecnologia de produção
que inicialmente apresenta rendimentos crescentes de escala, depois
rendimentos constantes e, depois, decrescentes de escala.
A curva de custo médio de longo prazo (CMeLP), assim como a de curto
prazo, tem formato de U em razão dos rendimentos crescentes (fase
declinante da curva) e decrescentes (fase ascendente da curva) de escala.
Curvas de Custo Médio:
• A curva de custo médio de curto prazo (CMeCP) tem formato de U em
razão, principalmente, da vigência da lei dos rendimentos decrescentes do
fator variável.
• A curva de custo médio de longo prazo (CMeLP) tem formato de U por
causa dos rendimentos crescentes e decrescentes de escala.
A Figura 6.13 apresenta a curva de custo médio de curto prazo e a de longo
prazo28.
Figura 6.13. Curvas de custo médio
A curva de custo médio de curto prazo deve tangenciar a curva de custo
médio de longo prazo. Como há vários tamanhos possíveis de fábricas, é
necessário escolher, no curto prazo, qual curva apresenta o menor custo de
produção.
Suponha que um empresário, tentando definir sua curva de custo, disponha
de apenas cinco escolhas diferentes. A Figura 6.14 apresenta cinco curvas
de CMe associadas a diferentes tamanhos de fábricas.
Figura 6.14. Curvas de custo médio para diferentes tamanhos de fábricas
Para encontrarmos a curva de custo médio de longo prazo, basta
verificarmos qual das curvas equivale ao custo mínimo associado à
obtenção de um determinado nível de produção. A curva de custo médio de
longo prazo será a envoltória inferior das curvas de custo médio de curto
prazo (Figura 6.15).
Figura 6.15. Curva de custo médio de longo prazo
Observe que no ponto A, a curva de CMeCP tangencia a curva de CMeLP
no ponto mínimo desta. Essa “coincidência” revela algo importante: o nível
de produção q* é tanto a dimensão ideal para a fábrica quanto o nível de
produção ótimo para esta dimensão ideal, já que, nestes pontos mínimos, o
CTMeCP é igual ao CTMeLP29.
Custos Marginais no Longo Prazo
A curva de custo marginal de longo prazo (CMgLP) mede a variação dos
custos totais de longo prazo conforme a produção aumenta. Dessa forma,
ela não é, como a curva de CMeLP, uma envoltória das curvas de custo
marginal de curto prazo (CMgCP).
Para construirmos a curva de CMgLP, observamos primeiro as curvas de
CMeCP e cada CMgCP a elas associado30.
O CMgLP, para qualquer nível de produção, deve ser igual ao CMgCP
associado à dimensão ideal da fábrica que objetiva produzir y.
Em outras palavras, a curva de CMgLP é formada pelos pontos das curvas
de CMgCP que indicam o nível ótimo de produção relativo a cada tamanho
ideal de fábrica31.
O traçado das curvas de CMgCP, CMgLP e CMeCP associados a apenas
um tamanho da firma, para facilitar a compreensão, é apresentado na Figura
6.1632.
Figura 6.16. Curvas de custo médio e marginal de curto e longo prazos
Economias e Deseconomias de Escala
Na análise da relação entre custos e escala de produção, é importante
considerar que, ao se modificar as proporções entre os insumos, o caminho
de expansão não é uma linha reta e os conceitos relativos a rendimentos de
escala não são aplicáveis33. Em vez disso nos referimos a economias ou
deseconomias de escala.
O formato da curva de custo médiode longo prazo nos traz informações
acerca da tecnologia aplicada na produção34. Quando o CMeLP cai para
níveis crescentes de produção, há economias de escala. Nesta situação, a
empresa consegue duplicar a produção menos que dobrando seus custos35.
Quando o CMeLP aumenta quando a produção aumenta, há deseconomias
de escala. Neste momento, a duplicação da produção representa custos mais
do que dobrados36.
As economias de escala podem abranger rendimentos de escala, mas
atenção para a diferença dos conceitos. As economias de escala permitem
que as combinações entre insumos se modifiquem, conforme o nível de
produção cresça. Isso condiz com o formato de U da curva de custo, pois a
firma pode desfrutar de economias de escala para níveis menores de
produção e deseconomias para níveis mais elevados. Os rendimentos de
escala ocorrem quando os insumos são dobrados e isso resulta em aumento
de mais do que o dobro da produção. Já as economias de escala ocorrem
quando é possível dobrar a produção com um aumento de menos do que o
dobro dos custos.
7. Intervenção do Estado na
Economia
Até aqui, estudamos o funcionamento das forças de oferta e demanda.
Vimos como chegar ao equilíbrio onde preços e quantidades são
determinados. Neste capítulo, passaremos a estudar a intervenção do
governo na economia via política de controle de preços, e de quantidades e
impostos.
A primeira pergunta que o leitor atento deve-se fazer neste momento é: é
conveniente que o Estado intervenha na economia? Para os teóricos
clássicos, a resposta seria negativa. Segundo eles, a presença do Estado
impõe distorções. Neste capítulo, porém, veremos que, apesar da imposição
de distorções, a intervenção governamental pode ajudar a corrigir ou pelo
menos a minimizar flutuações econômicas que trazem efeitos indesejados
para o mercado.
Política de Controle de Preços
Estudamos nos capítulos anteriores que o mercado se move para o
equilíbrio, ou seja, o preço se ajusta para igualar a oferta e a demanda de
bens. O equilíbrio, no entanto, nem sempre é sinônimo de satisfação.
Os consumidores, se pudessem, pagariam menos pelos produtos
demandados, ao passo que os vendedores desejariam receber mais. Se estes
agentes tiverem argumentos morais ou políticos convincentes (como, por
exemplo, reduzir o impacto da especulação imobiliária, melhorar o nível de
salários, aumentando o consumo agregado da economia, etc.), podem
pressionar o governo para que este realize algum tipo de intervenção.
Quando o governo intervém na economia, regulando seus preços, ele está
impondo uma política de controle de preços. Esta política pode ser no
sentido de impor os preços mínimos, ou seja, um piso para os preços, ou
preços máximos, um teto1.
Veremos que ao intervir na economia, efeitos indesejados são inevitáveis. O
estudo que se seguirá assume, por hipótese, que os mercados estão em
concorrência perfeita2.
Política de preços mínimos
A fixação ou a garantia de preços mínimos ou de pisos para preços tem por
objetivo proteger o produtor - em geral o produtor agrícola - das flutuações
econômicas que possam provocar, por exemplo, queda intensa nos preços
de seus produtos ou simplesmente garantir-lhe uma renda mínima3.
Suponha, inicialmente, que, por qualquer razão, o preço de um determinado
produto agrícola tenha sofrido forte redução. Caso não haja intervenção do
governo neste mercado, a receita dos agricultores pode vir a diminuir
consideravelmente, dependendo da elasticidade da demanda. Se, como em
geral acontece, a demanda deste produto for inelástica em relação ao preço,
o agricultor que dependa da venda deste produto pode vir a sofrer perdas.
Essa variação nos preços deste bem agrícola específico, dependendo do
tamanho do mercado que este produtor ou este grupo de produtores atende,
pode também influenciar outros mercados agrícolas. Ao observar a queda
de sua renda, os produtores deste primeiro bem provavelmente pensarão
duas vezes antes de insistir na continuidade da produção. No momento da
decisão acerca do que plantar, eles poderão migrar para outra cultura. A
consequência será a redução da oferta do primeiro bem, o que causará
aumento de seu preço. Haverá, por outro lado, aumento da oferta deste
outro produto. Se todo grupo de agricultores pensar da mesma forma,
haverá escassez no mercado do primeiro bem e excesso do segundo bem,
com queda de preços. Essa movimentação caracteriza a flutuação
econômica de curto prazo. É aqui que, muitas vezes, há pressão para a
intervenção governamental4.
Com o objetivo de minimizar tais flutuações o governo pode intervir no
mercado fixando preços mínimos para um determinado bem, por exemplo,
a soja. Dessa forma, garantirá aos produtores uma remuneração mínima.
A Figura 7.1 apresenta esta situação. O preço de equilíbrio é representado
por P* e o preço mínimo por PMín.
Figura 7.1. Preço mínimo abaixo do preço de equilíbrio
Quando o preço mínimo é menor que o preço de mercado, como na Figura
7.1, a política de preços mínimos não é efetivamente utilizada, pois, neste
caso, o produtor é convencido a vender diretamente ao mercado para
receber um preço maior por unidade vendida em vez de recorrer ao governo
para receber PMín por unidade. Não há vantagem prática da política de
preços mínimos nesta situação, salvo por algum tipo de efeito psicológico,
já que se garante certa proteção contra uma queda acentuada nos preços.
Caso o preço mínimo estabelecido pelo governo seja maior que o preço de
mercado, a política apresentará seus efeitos. Observe na Figura 7.2 que
haverá excesso de oferta. Nesta situação, os produtores evidentemente vão
preferir vender ao preço estabelecido pelo governo, já que ele é superior ao
de equilíbrio de mercado. A este preço, a quantidade ofertada será Q S. Já a
quantidade demandada será Q D. Verifica-se, portanto, um excesso de
oferta dado pela diferença Q S-Q D.
Figura 7.2. Preço mínimo acima do preço de equilíbrio
O excedente é um efeito indesejado desta política. Não basta ao governo
determinar a imposição de um preço mínimo. Ele precisará garantir que
aquela oferta de produtos será efetivamente vendida, para que os produtores
recebam a renda almejada. Nova intervenção, portanto, se fará necessária.
Ela poderá assumir a forma de um programa de compras ou de um
programa de subsídios. Vejamos cada um deles.
Programa de compras
Aqui, o governo intervém no mercado adquirindo o excedente indicado na
Figura 7.3 ao preço mínimo por ele determinado. Observe as alterações na
curva de demanda decorrentes desta intervenção. Como o próprio governo
tornou-se, junto com a população, um comprador do bem, ele vai provocar
um deslocamento da curva de demanda para cima e para a direita. Lembre-
se que a curva de demanda de mercado é a somatória das curvas de
demanda individuais, que, aqui, são representadas pela demanda da
população e pela demanda do governo. Um novo equilíbrio é estabelecido
no ponto B com uma quantidade Q S e um preço PMín.
Figura 7.3. Programa de compras
Como medir o benefício gerado aos produtores? Por meio do cálculo da
área delimitada pelos pontos PMín, Q S e o ponto de origem do gráfico.
Assim:
RT = PMínQs
A área que representa a receita total dos produtores está representada na
Figura 7.4 e, se representada por todos os pontos que delimitam a área, será
dada por:
RT = OPMínBQ S
Figura 7.4. Receita total dos produtores - Programa de compras
Esta política trouxe apenas benefícios? Não. Também há gastos do governo
que antes da política não havia, representados pela área Q DABQ S (Figura
7.5).
Figura 7.5. Gastos do governo - Programa de compras
Observe ainda que ao preço PMín há menos consumidores dispostos a
comprar o produto (Q D<Q*), pois o preço está superior ao de equilíbrio de
mercado. O resultado da política é que o produtor aumentou seu excedente,
o consumidor teve seu excedente reduzido e o governo efetuou gastos com
a compra dos excessos.
Programa de subsídios
Neste tipo de intervenção, os preços serão comercializados conforme as
regras do mercado, ouseja, se sofreram redução brusca ou não, será este o
preço efetivamente comercializado. Os consumidores adquirirão o produto
a um preço menor, portanto, que o preço de equilíbrio inicial, conforme
mostra a Figura 7.6. O governo, a fim de manter a receita dos produtores,
lhes pagará um subsídio, sendo este calculado pela diferença entre o preço
de mercado e o preço mínimo por ele estabelecido anteriormente.
Figura 7.6. Gastos do governo - Programa de subsídios
A receita total dos produtores será representada pela área hachurada da
Figura 7.7 que liga os pontos O, PMín, B e Q S. O governo terá gastos
representados pela área P1PMínBA, ao passo que os consumidores gastarão
o equivalente à área O P1AQ S5.
Figura 7.7. Receita total - Programa de subsídios
Neste tipo de política, os consumidores adquirem quantidades maiores do
que no programa de compras, os produtores recebem quantia equivalente e
o governo também necessita realizar gastos que serão tanto maiores quanto
mais inelástica for a demanda.
O governo deve decidir qual o programa adotar. Para isso, respeitando a
lógica da economicidade, deverá analisar a elasticidade da demanda pelo
produto cujo preço foi protegido, para definir o tipo de programa a ser
adotado. Evidentemente, deverá optar pelo programa que lhe represente
menor despesa.
Primeiro caso: demanda preço-inelástica - programa de
compras
Na presença de uma demanda preço-inelástica, o governo deverá optar pelo
programa de compras. Observe a Figura 7.8 para verificar, visualmente, que
seus gastos serão menores com a adoção do programa de compras do que
com a opção pelo programa de subsídios.
Figura 7.8. Gastos do governo - Programa de compras e de subsídios
Uma demanda preço-inelástica significa, na prática, que os consumidores
não são tão sensíveis a variações nos preços do produto. Assim, manter o
preço em PMín não reduzirá tão bruscamente a demanda dos consumidores
e, portanto, não causará tantos gastos ao governo. A receita total dos
produtores com o aumento do preço é representada pela área P1, PMín PA
(Figura 7. 9).
Figura 7.9. Receita total dos produtores com demanda preço-inelástica:
programa de compras
Segundo caso: demanda preço elástica - programa de subsídios
Aqui, os consumidores se mostram muito mais sensíveis à variação de
preços. Portanto, insistir num programa de compras que mantenha o preço
ao nível PMín representará uma queda considerável das compras da
população, aumentando muito a despesa governamental. Fica claro,
portanto, que a adoção do programa de subsídios aqui será mais
conveniente. A redução dos preços terá o efeito de estimular a demanda,
que passará a ocorrer no nível Q S. A Figura 7.10 apresenta os gastos do
governo representados pela área P1PMínBA e os gastos dos consumidores,
pela área OP1AQ S. A receita dos produtores é representada por toda a área
OPMínBQ S.
Figura 7.10. Gastos do governo e dos consumidores com demanda elástica:
programa de subsídios
A ineficiência da Política de Preços Mínimos
Vimos que a imposição de preços mínimos em patamares superiores ao
preço de equilíbrio ao de mercado gera excedentes de produção. A menos
que nova intervenção aconteça (caso que acabamos de estudar), haverá
ineficiências:
a) alocação ineficiente das vendas entre os ofertantes6;
b) desperdício de recursos;
c) possível burla de um grupo de vendedores, que eventualmente
comercializem seus produtos por preços menores que o estabelecido pelo
governo para abocanhar uma fatia maior do mercado7.
Aplicação - Salário Mínimo
Uma aplicação interessante à política de preços mínimos é o salário
mínimo. Sabemos que o salário mínimo é determinado pelo governo para
garantir aos trabalhadores uma remuneração mínima. Na ausência de salário
mínimo, o mercado de trabalho funciona como um mercado qualquer
sujeito a ação das forças de oferta e demanda por mão de obra. Na teoria
clássica, o sistema de preços é flexível e se ajusta para garantir o equilíbrio
entre oferta e demanda. Aqui também o preço da mão de obra, ou seja, sua
remuneração, se ajusta para determinar o nível de emprego de equilíbrio.
A determinação, por parte do governo, de um salário mínimo acima do
ponto de equilíbrio de mercado resulta na geração de um excedente de mão
de obra, já que, a este salário, haverá mais pessoas ofertando mão de obra
do que vagas de emprego8.
Conforme a Figura 7.11, o resultado da obrigatoriedade do salário mínimo é
o aumento da remuneração dos trabalhadores que conseguem vagas,
representados pela quantidade Q D, com o consequente desemprego do
grupo de trabalhadores que não conseguem vagas a este nível de salário9.
O salário mínimo traz, portanto, vantagens e desvantagens. Se, por um lado,
garante uma remuneração mínima adequada ao trabalhador ou pelo menos
suficiente para a sua subsistência - já que em geral o salário mínimo é
calculado a partir das necessidades básicas de consumo de um indivíduo -
ele também traz o inconveniente de aumentar o nível de desemprego da
economia. Por esta razão, há um debate a respeito da eficácia de se estipular
este tipo de proteção trabalhista. Grupos de trabalhadores podem preferir
receber um salário menor, em vez de correrem o risco de ficar
desempregados.
Figura 7.11. Salário mínimo
Política de Preços Máximos
Enquanto a política de preços mínimos objetiva defender o produtor das
flutuações intensas de preços, a política de preços máximos ou de teto para
os preços visa a defesa do consumidor. Se o governo perceber que o preço
de equilíbrio está muito alto, prejudicando os consumidores, pode optar
pela intervenção, fixando um preço teto, sendo que este deve,
evidentemente, ser menor que o preço de equilíbrio. De outra sorte, será não
compulsório e o preço de equilíbrio é o que efetivamente prevalecerá no
mercado.
A política de preços máximos é representada na Figura 7.12. PMáx é o
preço tabelado estipulado pelo governo. A este preço, há mais pessoas
demandando do que ofertando. A demanda é representada por Q D e a
oferta, por Q S.
Figura 7.12. Política de preços máximos
Observe que essa diferença entre a quantidade ofertada e a demandada
provoca uma situação de escassez. Diferentemente daquilo que estudamos
na política de preços mínimos, aqui não há um programa governamental
que possa ser aplicado para garantir aos consumidores o fornecimento da
quantidade requerida, salvo a importação deste mesmo bem. Supondo,
porém, que tal não seja possível, algumas situações, como a cobrança de
ágios ou surgimento de filas, poderão acontecer.
Outras ineficiências poderão acontecer:
a) alocação ineficiente das compras pelos consumidores10;
b) desperdício de recursos;
c) formação de mercados paralelos (negros).
Uma forma de tentar minimizar os prejuízos decorrentes destas
consequências da escassez do produto é a determinação, por parte do
governo, do racionamento. O governo, por meio de critérios diferenciados,
pode estipular uma quantidade máxima por pessoa ou família a ser
adquirida num determinado período de tempo. Embora o racionamento seja
uma maneira de equacionar os problemas da distribuição, o fato é que a
imposição da política de preços máximos, apesar da prometida proteção
conferida ao consumidor, limita quantitativamente o consumo. Quando esta
limitação se dá em virtude de problemas climáticos, como seca, enchentes,
geadas ou outros, o racionamento se mostra uma opção inteligente de
efetuar a distribuição dos relativamente poucos bens disponíveis. Porém,
cada situação deve ser cuidadosamente analisada pelo governo.
Dependendo das características do bem, uma flexibilização da política pode
regular o mercado sem que traga tanta restrição às quantidades
consumidas11.
Política de Controle de Quantidades
O governo pode escolher a adoção de uma política de controle de
quantidades ou cotas e, assim, regular a quantidade de um bem
comercializado, em vez do preço. Em geral, a limitação é feita pela adoção
de licenças, sendo que somente os agentes que dispuserem delas poderão
atender a demanda pelo bem ou serviçode maneira legal.
Exemplo desse tipo de política seria a limitação da quantidade em quilos ou
toneladas que se pode pescar de determinado peixe. Os controles de
quantidades estabelecem apenas limites superiores (e não inferiores) para as
quantidades12. Considere os dados da Tabela 7.1:
Tabela 7.1. Efeitos das cotas no mercado de salmão
Preço(por kg)
Quantidade demandada
(kg/ano)
Quantidade ofertada
(kg/ano)
R$ 30,00 2 10
R$ 25,00 4 8
R$ 20,00 6 6
R$ 15,00 8 4
R$ 10,00 10 2
A Figura 7.13 mostra os efeitos da imposição de cotas no mercado de
salmão no Brasil. Considere que há 1.000 pescadores do produto no país:
Figura 7.13. Efeito das cotas no mercado de salmão
A Tabela 7.1 apresenta os preços da demanda e da oferta para cada
quantidade, ou seja, o preço pelo qual tal quantidade seria demandada e
ofertada, respectivamente. Caso o governo, por razões ambientais, imponha
uma cota de 2 kg de salmão por pescador por ano, emitindo licenças
correspondentes, o preço pago pelos consumidores (preço de demanda)
aumentará para R$ 30,00 o quilo, conforme o ponto A da Figura 7.13. O
preço de oferta de 2 kg de salmão por quilo é de apenas R$ 10,0013,
conforme o ponto B.
A diferença entre o preço de demanda e o de oferta (R$ 20,00) vai para o
dono da licença. Assim, a renda da cota introduz uma cunha entre os
preços, gerando ineficiências e estimulando a atividade ilegal.
Observe que se as cotas fossem fixadas em 8 kg, ou seja, acima da
quantidade de equilíbrio, ela não teria efeito algum.
Impostos
Os impostos são a principal forma de geração de receitas por parte dos
governos, que os utilizam para fazer frente às suas inúmeras despesas.
Nesta seção, analisaremos os efeitos da imposição da tributação sobre o
mercado. Veremos o estudo do ônus no imposto, ou seja, como ele recai
sobre compradores e vendedores e também a geração de distorções no
mercado.
Os impostos podem ser diretos ou indiretos: são diretos quando incidirem
diretamente sobre a renda dos contribuintes, e indiretos, se forem cobrados
sobre o preço dos bens ou serviços.
No Brasil, os impostos indiretos como o ICMS, ISS ou IPI são regressivos
em relação à renda, já que penalizam as classes sociais mais pobres, ao
passo que os diretos, como o Imposto de Renda, são progressivos, já que o
percentual da alíquota do imposto é tanto maior quanto maior for a renda14.
Os impostos podem ser também específicos ou ad valorem. Imposto
específico é aquele cobrado por unidade, não sendo, necessariamente,
proporcional ao valor do bem. Exemplo: Pode-se cobrar, por exemplo, R$
100,00 por unidade de uma geladeira frost-free importada. Diferencia-se do
imposto ad valorem, já que este cobra um percentual fixo sobre o valor
monetário de cada unidade vendida. Assim, o valor do imposto aumenta
conforme aumenta o preço do bem.
Como a imposição de um imposto afeta o
equilíbrio de mercado
Imposto específico ou seletivo
A partir da imposição de um imposto específico, definem-se duas curvas de
oferta:
S = f(p); a oferta S como função do preço p, de um bem qualquer, sem a
incidência de impostos;
S’ = f(p’); a oferta S’ como função do preço p’, considerando o imposto.
Assim, p é o preço de mercado pago pelo consumidor e p’ é o preço
relevante para o produtor (preço de mercado menos o imposto T), ou
seja15:
p’ = p - T
O preço recebido pelo produtor é a diferença entre o que foi pago pelo
consumidor e o imposto pago ao governo.
Note que a imposição do imposto equivale a um custo adicional para o
produtor e, como tal, provocará um deslocamento da curva de oferta para
trás em distância vertical equivalente ao valor do imposto. Por que isso
acontece? Porque o imposto é um custo adicionado, aumentando o custo
marginal das empresas, fazendo com que produzam menos a qualquer preço
dado16.
Exemplo
Admita que a curva de oferta de determinado bem seja dada pela função S =
30 + 6p. Se o governo impuser um imposto específico no valor de R$ 15,00
a unidade, como ficaria a nova curva de oferta e como esta variação pode
ser representada graficamente?
A nova curva de oferta será assim representada:
S’ = -30 + 6p’
p’ = p - T
T = 15
S’ = -30 + 6 (p - T)
S’ = -30 + 6 (p - 15)
S’ = -30 + 6p - 90
S’ = 6p - 120
Observe que o coeficiente angular de ambas as curvas é o mesmo, 6. Isso
significa que a inclinação das curvas é igual, alterando-se apenas o ponto de
interseção com o eixo dos preços (intercepto), conforme a Figura 7.14.
Figura 7.14. Curvas de oferta com e sem imposto específico
Um imposto coloca uma cunha entre o valor pago pelo consumidor e o
valor recebido pelo produtor17. Isso fica mais claro na Figura 7.15.
Figura 7.15. Cunha Tributária
A inserção da curva de demanda no gráfico deixa mais evidente a
visualização da cunha tributária18.
Imposto ad valorem
No caso de um imposto colocado como um percentual do preço do bem,
teremos:
p’ = p-tp =p(1-t), sendo t a alíquota ou percentual do imposto, p o preço de
mercado e p’ o preço recebido pelo produtor.
Exemplo 7.2
Suponha que a curva de oferta de determinado produto seja dado pela
mesma equação do exemplo anterior: S = 30+6p. Se o governo impuser um
imposto ad valorem de 10% (t = 0,1), como ficaria a nova curva de oferta?
Como representar graficamente esta mudança?
A nova curva ficará assim:
S’ = -30 + 6p’
p’ = p - pt ou p’ - p(1 - t)
S’ = -30 + 6p(1 - t)
S’ = -30 + 6p(1 - 0,1)
S’ = -30 + 6p(0,9)
S = 5,4p - 30
Note que o intercepto é o mesmo para ambas as curvas, ao passo que a
inclinação, dada pelo coeficiente angular, reduziu de 6 para 5,4 conforme
ilustrado na Figura 7.16.
Figura 7.16. Curvas de Oferta com e sem imposto ad valorem
A distância entre S e S’, na vertical, é assim como ocorre com o imposto
específico, o valor em $ do imposto (T). A diferença é que, no caso do
imposto ad valorem, o valor de T aumenta quando o preço aumenta19.
Quem paga o imposto? A Incidência Tributária
O ônus do imposto é compartilhado por compradores e revendedores, já que
os primeiros pagam preços acima do ponto de equilíbrio sem imposto e os
últimos recebem menos20.
O conceito de incidência tributária aqui discutido diz respeito ao seu sentido
econômico - sobre quem recai o ônus - e não em seu sentido legal - quem
recolhe o imposto aos cofres públicos21.
A Figura 7.17 apresenta graficamente a imposição de um imposto
específico cobrado dos vendedores, sendo p o preço de equilíbrio na
ausência de impostos, p1 o preço pago pelos consumidores e p’ o preço
recebido pelo vendedor, estes dois últimos já considerando a incidência do
imposto.
Figura 7.17. Incidência de um imposto específico
Algumas inferências podem ser feitas a partir da leitura do gráfico:
a) O consumidor arca com o montante equivalente à diferença entre o que
paga com o imposto (p1) menos o que pagaria sem o imposto (p*), vezes a
quantidade adquirida:
(p1 - p*).q1
b) O vendedor paga o valor correspondente à diferença entre o que
receberia sem o imposto (p*) e o que recebe após o imposto (p’), vezes a
quantidade vendida:
(p* - p’).q1
c) Por fim, o governo arrecada uma receita (A) igual à soma das duas
parcelas anteriores, ou o valor do imposto vezes a quantidade vendida, ou
seja:
A = T.q1
Em termos teóricos, a diferença entre impostos lançados sobre compradores
e vendedores é que, no primeiro caso, será a curva de demanda que se
deslocará para trás, em distância vertical equivalente ao valor do imposto e,
no segundo, como visto, é a curva de oferta que se desloca22.
Observe que a receita arrecadada pelo governo, no caso do imposto
específico, equivale à área do retângulo com altura correspondente à cunha
introduzida entre as curvas de oferta e demanda pelo imposto e cuja largura
equivale à quantidade comprada e vendida em sua vigência23.
Impostos sobre os compradores
Caso o imposto seja cobrado dos consumidores, ou melhor, dos
compradores de determinado produto, observaremos um deslocamento na
curva de demanda deste mercado específico. Segundo o descrito na Figura
7.18, a imposição de um imposto sobre o ladoconsumidor provoca um
deslocamento para trás da curva de demanda. Este deslocamento é
exatamente da magnitude do imposto cobrado, ou seja, a distância vertical
entre a nova curva de demanda e a anterior corresponde ao valor do
imposto, quando este for um imposto específico.
Figura 7.18. Imposto sobre os compradores
Incidência Tributária e Elasticidade - preço
Entendendo que compradores e vendedores repartem o ônus do imposto,
cabe indagar se tal partição se dá sempre em montantes iguais.
A resposta é nem sempre. O lado do mercado mais sensível à variação de
preços, ou seja, mais preço elástico, se adaptará melhor à variação de preços
e, portanto, arcará menos com o imposto. A Figura 7.19 apresenta duas
situações: em (a), a demanda é mais rígida do que a oferta e em (b), a oferta
é mais rígida do que a demanda.
Observe que em (a), os consumidores arcam com uma parcela bem maior
do que os vendedores [(p - p*) > (p* - p’)], ao passo que em (b), o oposto
acontece [(p - p*) < (p* - p’)]. Assim, o lado mais rígido ou inelástico do
mercado arca mais com o ônus do imposto.
O raciocínio é simples: quanto mais elástica for a demanda, menos
dispostos estarão os compradores a pagar preços maiores por quantidades
menores (observe que a quantidade comercializada se reduz de q* para qT,
outra distorção trazida pelo imposto)24.
Por outro lado, se a oferta for muito inelástica, os vendedores estão diante
da falta de alternativas razoáveis para a produção do bem25.
Figura 7.19. Elasticidade e Incidência Tributária
A influência advinda do imposto
A imposição de imposto sobre produtos provoca uma distorção na alocação
dos recursos. A Figura 7.20 ilustra este fato.
Figura 7.20. O peso-morto dos impostos
Se a incidência de um imposto provoca o aumento do preço de mercado de
p* para p1, o excedente do consumidor se reduzirá no montante equivalente
à área A+B. Situação paralela ocorre do lado do produtor, que tem seu
excedente diminuído em C+D.
Como o governo arrecada o equivalente à área A+C, pode-se inferir que o
efeito líquido da imposição dos impostos é a geração de uma perda,
denominada peso-morto e representada pelas áreas dos triângulos B e D.
Esta área ilustra a piora na alocação de recursos e, portanto, no bem-estar
geral da sociedade26.
Quanto mais elásticas forem as curvas de oferta e demanda, maior será o
peso-morto dos impostos27.
8. Estruturas de Mercado I -
Concorrência Perfeita
Os primeiros capítulos desta obra se ocuparam em analisar o
comportamento de dois importantes agentes da microeconomia: o
consumidor e a firma. A partir de agora, passaremos ao estudo das
estruturas de mercado, com o objetivo principal de entender sua
organização e os aspectos essenciais da oferta e da demanda1.
Há três tipos de estruturas de mercado2:
1) Estruturas básicas clássicas: concorrência perfeita e monopólio. Aqui e
na próxima classificação, pressupõe-se que as firmas sejam maximizadoras
de lucros e que haja informação perfeita.
2) Outras estruturas clássicas: concorrência monopolística, oligopólio,
monopsônio e monopólio bilateral. Como esta obra pretende atender ao
CACD, só estudaremos o oligopólio3.
3) Modelos marginalistas de oligopólio. Estudaremos apenas alguns
aspectos genéricos dentro da classificação anterior. Os principais modelos
marginalistas são: Cournot, Swezy, o cartel perfeito e os modelos de
liderança-preço.
Neste capítulo, ocupar-nos-emos do estudo da primeira das estruturas
clássicas: a concorrência perfeita4.
O modelo de concorrência perfeita5 vinha sendo adotado implicitamente
nos capítulos deste livro que trataram das questões relacionadas à oferta e à
demanda. As principais características do modelo de competição perfeita
são as seguintes:
a) os agentes são tomadores de preços;
b) não há barreiras para a livre entrada e saída de empresas
(permeabilidade); e
c) os produtos são homogêneos e substitutos perfeitos entre si.
Além dessas características, outras também distinguem a concorrência
perfeita das demais estruturas:
a) não há nenhum tipo de coalizão entre produtores e vendedores, já que
todos atuam de maneira independente6.
b) os preços são estabelecidos pelas forças de oferta e demanda, livres de
influências. Eles podem modificar-se, mas tão somente como fruto de
alterações nas variáveis que definem as funções de oferta e demanda7.
Nesta estrutura de mercado, há muitas empresas concorrentes entre si e
cada uma responde pela oferta de uma pequena parcela da produção, de tal
maneira que suas decisões não exercem qualquer influência sobre o
mercado. Todas as empresas aceitam esse preço, sendo chamadas de
tomadoras ou aceitadoras de preços. Os consumidores também não
exercem, individualmente, influência sobre preços, sendo também
considerados aceitadores de preços8.
Cada empresa só se preocupa com a quantidade de bens que deseja
produzir, pois qualquer que seja esta quantidade, ela só poderá vendê-la ao
preço de mercado9.
A aceitação de preços se dá em mercados onde as empresas produzem
produtos homogêneos. O exemplo mais usual é o das commodities
agrícolas. Um produtor de arroz não precisa se preocupar com a
determinação do preço do seu produto, já que ele deverá vendê-lo ao preço
de mercado assim como seus concorrentes.
Em um mercado em concorrência perfeita, tanto compradores quanto
vendedores são compelidos a aceitar os preços como dados, sendo
responsáveis apenas pela fixação das quantidades. Assim, os agentes
consideram o preço como inalterável e reagem definindo a quantidade que
desejam comprar ou vender a este preço10.
Neste mercado, não há barreiras à entrada, o que significa dizer que não há
custos exagerados ou diferenciados que tornem a entrada muito difícil ou a
saída penosa. Assim, tanto os vendedores podem entrar ou sair com
facilidade do setor quanto os compradores podem mudar de fornecedor sem
dificuldades.
São poucos os mercados, na prática, perfeitamente competitivos. É muito
mais recorrente a existência de mercados altamente competitivos, com
empresas se defrontando com curvas de demanda muito elásticas em
relação ao preço e poucas barreiras à entrada e saída11. Já que há poucos -
ou inexistentes - mercados nesta condição no mundo real, por que estudá-
los? Há pelo menos três razões12:
a) a concorrência perfeita é um modelo que conduz à alocação ótima dos
recursos;
b) o estudo do comportamento de empresas sob a estrutura perfeitamente
competitiva, ainda que abstrato, serve como uma referência para
intervenções governamentais corretivas ou políticas de defesa à
concorrência;
c) as estruturas de mercado são definidas a partir da comparação com o
modelo de concorrência perfeita.
O estudo da concorrência perfeita, portanto, serve-nos como um modelo
referencial para o estudo de todas as demais estruturas.
A curva de demanda no mercado perfeitamente competitivo pode ser
representada pela Figura 8.1.
Figura 8.1. A curva de demanda de empresa e de mercado
Observe que o gráfico é representado em duas partes. Na primeira, a curva
de demanda com que se defronta a empresa é perfeitamente elástica, pois a
firma em concorrência perfeita entende que, se aumentar o preço para um
nível superior ao preço de mercado, não venderá nada. Se vender ao preço
de mercado, suas vendas são certas, bastando definir a quantidade. Se
vender abaixo dos preços de mercado, toda a demanda do mercado será
dela13.
A curva de demanda de mercado apresenta a relação entre o preço de
mercado e a produção comercializada total. Já a curva de demanda com que
se defronta a empresa mostra a relação entre preço de mercado e a produção
daquela empresa.
Como a curva de demanda com que se defronta a empresa é horizontal, ela
pode vender uma unidade a mais de produto sem variar o preço. Isso
significa que a receita total aumenta em uma quantidade equivalente ao
preço. A receita marginal é a variação na receita quanto uma unidade a mais
é vendida e também será igual ao preço. Assim, a curva de demanda com
que se defronta uma empresa competitiva coincide com suas curvas de
receitamédia e marginal. Isso significa que o preço, a receita média e a
marginal serão idênticos ao longo de toda esta curva de demanda.
Assumindo que as empresas competitivas buscam maximizar seus lucros e
lembrando que os lucros são equivalentes às receitas menos os custos,
analisemos agora as receitas.
A função lucro pode ser assim apresentada:
L(q) = R(q) - C(q) (1)
Ou, omitindo (q), que indica que as variáveis dependem do nível de
produção:
L = R - C (2)
Quando a diferença entre as receitas e os custos for máxima, a empresa
estará maximizando lucros.
A Figura 8.2 apresenta as curvas de custo, receita e lucro da empresa.
Figura 8.2. Custo, lucro e receita
Algumas importantes considerações podem ser feitas sobre essas curvas:
1. A inclinação da curva de receita total é a receita marginal. Ela mostra o
quanto varia a receita quando a produção aumenta em uma unidade. Dada
uma função receita total, a receita marginal pode ser calculada como a
derivada da função receita total.
2. A inclinação da curva de custo total é o custo marginal, que indica o
quanto varia o custo quando a produção é aumentada em uma unidade.
Dada uma função custo total, o custo marginal é calculado pela derivada
daquela função.
3. A receita é zero quando o produto é zero, pois nada foi produzido e,
portanto, nada foi vendido.
4. O custo é positivo quando o produto é zero, pois no curto prazo há custos
fixos.
5. Para níveis de produção que variam de zero a q1, os custos são maiores
que as receitas e o lucro é negativo.
6. Para níveis de produção entre q1 e q2, as receitas são maiores que os
custos e o lucro é positivo.
7. Para níveis elevados de produção, a saber, valores superiores a q2, os
custos são mais elevados que as receitas e o lucro torna-se negativo.
8. No ponto onde as receitas são iguais aos custos, ou seja, nos níveis de
produção q1 e q2, o lucro é zero.
9. No ponto onde a distância entre custos e receitas é maior, o lucro é
máximo, no nível de produção q*.
10. No ponto de lucro máximo q*, as inclinações das curvas de receita e
custo - que representam a receita marginal e o custo marginal - são iguais.
11. A empresa maximiza os lucros, portanto, quando o custo marginal é
igual à receita marginal, ou seja, CMg = RMg.
Maximização de Lucros
Como a curva de demanda com que se defronta a empresa competitiva é
perfeitamente elástica, coincidindo com a receita média, a receita marginal
e o preço, e como a empresa maximiza seus lucros no ponto onde a receita
marginal é igual ao custo marginal, então a empresa competitiva deve
escolher o nível de produção correspondente ao ponto onde o custo
marginal seja igual ao preço: RMg = CMg = P. O preço de equilíbrio em um
mercado perfeitamente competitivo é aquele que, após estabelecido pelas
forças de oferta e demanda, tende a manter-se enquanto os fatores de
produção que tiverem determinado as posições das curvas de oferta e
procura de mercado não alterarem14.
O ponto de equilíbrio neste tipo de mercado, portanto, situa-se na interseção
das curvas de oferta e demanda de mercado, uma vez que é esse o único
ponto em que demanda e oferta coincidem.
Nível ótimo de produção no curto prazo
No curto prazo, seguindo a lógica adotada nos capítulos anteriores, o capital
constitui-se no insumo fixo e o trabalho, no variável. Passemos a considerar
que também as matérias-primas são insumos variáveis e ambos devem ser
combinados para se chegar ao nível ideal de produção.
A Figura 8.3 apresenta as curvas de custo e lucro da empresa competitiva.
Como visto, a curva de demanda coincide com a de receita média e
marginal e o preço de mercado, sendo representada por uma reta horizontal
que corta o eixo y em 50 (preço de mercado de um bem qualquer).
Figura 8.3. Curva de custo marginal e o lucro da empresa
Algumas inferências podem ser feitas a partir da análise desta figura:
1. A maximização dos lucros ocorre no ponto em que CMg = RMg = P, ou
seja, no ponto A, com o produto total igual a 10 e preço igual a 50. A
receita total é RT = pq, ou seja, 50 × 10 = 500.
2. Se a empresa competitiva produzir menos que 10, digamos 7, a receita
marginal será maior que o custo marginal. Mas, neste ponto, apenas 7
unidades estão sendo produzidas e vendidas a um preço menor. Portanto, a
receita é 7 × 40 = 280. Convém que se aumente a produção para ampliar os
lucros. A área hachurada entre os níveis de produção 7 e 10 mostra a perda
de lucros associada à produção de um nível menor.
3. Se a empresa optar por produzir 13 unidades, por exemplo, o custo
marginal será maior que a receita marginal. A área hachurada entre q = 10 e
q = 13 apresenta o lucro perdido quando o nível de produção é 13.
4. O ponto de maximização ocorre onde a receita marginal é igual ao custo
marginal, estando esta última curva em sua fase ascendente.
5. A condição de maximização de lucros no ponto onde RMg = CMg é
válida para qualquer estrutura de mercado.
Regra de Suspensão das Atividades
Nem sempre a empresa está usufruindo de lucros iguais a zero ou positivos.
Por vezes, ela enfrenta períodos de prejuízo que podem levá-la a tomar
algumas decisões:
1. No curto prazo, a empresa em prejuízo deve optar por continuar suas
atividades ou suspendê-las temporariamente, visando minimizar seus
gastos.
2. No longo prazo, a empresa em prejuízo deve optar por manter suas
atividades ou sair do mercado15.
A diferença principal consiste no fato de, no curto prazo, as empresas terem
custos fixos, mas não os terem no longo prazo. A empresa que paralisa
temporariamente suas atividades deve continuar pagando seus custos fixos,
ao passo que a que se retira do mercado deixa de gastar com todos os custos
envolvidos no processo de produção16.
O que aconteceria se uma empresa optasse por paralisar suas atividades
temporariamente? Seria o caso de uma loja de veraneio que fabrique roupas
de banho no litoral paranaense a R$ 35,00 a peça17. O custo do aluguel da
fábrica onde se confeccionaram os trajes se mantém durante o inverno, mas
nada é gasto com costureiras free lancer ou com matérias-primas caso a
empresa opte em só trabalhar a partir dos dois meses que antecedem o verão
(outubro e novembro) até o final da estação (fevereiro).
Se a confecção paralisar suas atividades entre março e setembro, ela perderá
a (pouca) receita da venda de seu produto, mas, ao mesmo tempo, não
gastará na compra de matérias-primas nem nas diárias das costureiras. O
gasto que permanecerá será referente ao custo fixo: o aluguel das
instalações das fábricas, por exemplo.
A Figura 8.4 ilustra a situação. Se a empresa de trajes de banho vender seus
produtos no inverno, só atrairá clientes se o fizer a preços menores e isso
será percebido pelo setor. Assim, o preço de mercado será menor, digamos,
R$ 20,00.
Figura 8.4. Definição do preço
No ponto C, o custo marginal é igual a P2 (R$ 20,00), sendo ambos
menores do que o custo total médio. Assim, a empresa, ao cobrar este
preço, está amargando um prejuízo. Mas ela deve optar por continuar
produzindo, pois outra forma de otimizar os resultados é minimizando as
perdas. Se a empresa parar de produzir, ela deverá arcar com os custos fixos
da mesma forma, pois assinou um contrato de aluguel. Assim, será melhor
continuar a produzir desde que as receitas sejam maiores que os custos
variáveis. A Figura 8.5 ilustra esta análise.
Figura 8.5. Ponto de Encerramento
Se o preço de mercado cair ainda mais, para R$ 15,00, por exemplo18, uma
dura realidade para a empresa virá à tona: a situação onde as receitas não
cobrem nem os custos variáveis médios - talvez a remuneração da única
costureira freelancer contratada e as poucas matérias-primas adquiridas.
Nesta situação, a empresa está literalmente “pagando para trabalhar”, já que
gasta mais com a fabricação do produto do que com o que pode ser
reembolsado por sua venda.
Assim, para preços abaixo do ponto de encerramento, a empresa deve
encerrar suas atividades, minimizando prejuízos que se reduzirão aos custos
fixos19 (neste caso, o aluguel, cujo contrato aindanão vencera).
Regra de Encerramento: o nível de encerramento equivale ao ponto onde P
= CMg = CVMe mínimo. Aqui, as receitas cobrem apenas os custos
variáveis ou os prejuízos equivalem aos custos fixos. Quando P < CVMe, a
empresa deve encerrar suas atividades para minimizar seus prejuízos.
Curva de Oferta no Curto Prazo
A regra de encerramento é útil para descrever o formato da curva de oferta
da empresa no curto prazo. Como ela encerrará suas atividades quando o
preço de seu produto for menor que o custo variável médio mínimo, a curva
de oferta acompanhará a curva de custo marginal apenas em sua porção
ascendente, acima do ponto de encerramento, conforme a Figura 8.6.
Figura 8.6. Curva de oferta da empresa no curto prazo
A empresa escolherá um nível de produção em que o custo marginal seja
igual ao preço e esteja acima do custo variável médio mínimo. Assim, a
curva de oferta de curto prazo é apresentada como a linha tracejada na
Figura 8.6.
Curva de oferta de mercado no curto prazo
A quantidade total de cada bem ofertado no mercado corresponde à soma
das quantidades ofertadas individualmente, ao nível de preços do mercado.
A curva de oferta de mercado, portanto, é a soma horizontal das curvas de
oferta de todos os produtores individuais daquele bem.
Suponha que haja três empresas ofertantes de maiôs de praia vermelhos no
litoral paranaense, comercializados ao preço unitário de $ 35,00. A curva de
oferta individual, como visto, corresponde ao trecho da curva de custo
marginal que se situa acima do custo variável médio. A Figura 8.7 ilustra
tanto as três curvas de oferta individual quanto a curva de oferta do
mercado.
Figura 8.7. A curva de oferta do mercado
Observe que a terceira empresa apresenta uma curva de custo variável
médio mais baixa que as outras e, por esta razão, a curva de mercado S
inicia no preço P1 e continua até o preço P2, quando, em razão do aumento
da oferta a este nível de preços, ela muda de direção20. Como todas as
empresas tem seus pontos críticos acima de P2, a quantidade ofertada total
do mercado é a soma das quantidades ofertadas pelas três empresas.
Definição do nível de produção no longo prazo
No longo prazo, quando todos os fatores de produção são variáveis e a
empresa dispõe de maior flexibilidade, definir o nível de produção que
maximiza o lucro se resume em adotar a mesma regra geral que a válida
para o curto prazo, mas agora tomando por referência as curvas de custo
médio e marginal de longo prazo.
A Figura 8.8 compara os níveis ótimos de produto total no curto e longo
prazos.
Figura 8.8. Níveis ótimos do produto no curto e longo prazos
Considerando o preço de mercado igual a $ 35,00, algumas inferências
podem ser feitas:
1. No curto prazo, a empresa maximiza lucros ao definir sua produção no
nível que iguala o custo marginal ao preço. Isso ocorre no ponto mínimo da
curva de custo total médio, o ponto B do gráfico, com nível de produção
igual a q1.
2. No longo prazo, a curva de custo médio de longo prazo reflete a presença
de economias de escala em sua porção descendente - até o nível de
produção q2 - e deseconomias de escala em sua porção ascendente - a partir
de q2.
3. A curva de custo marginal de longo prazo cruza a curva de custo total
médio de longo prazo em seu ponto mínimo, no nível de produção q2.
4. O nível de produção de longo prazo que proporciona a maximização de
lucros para a empresa corresponde ao nível onde o custo marginal de longo
prazo é igual ao preço (CMgLP = P).
Equilíbrio no Longo Prazo: Lucro Econômico21
Zero
A análise da condição de encerramento é de curto prazo e informa que as
empresas devem encerrar suas atividades quando não conseguirem cobrir
seus custos variáveis. Mas, no longo prazo, todos os custos são variáveis.
Desta forma, as empresas só produzirão no longo prazo quando o preço de
mercado estiver igual ou acima do ponto crítico, quando CTMe = P22.
O preço, no longo prazo, deve cobrir os custos totais das empresas do setor,
incluindo os gastos com a remuneração do trabalho, com as matérias-
primas, equipamentos e instalações, além do custos de oportunidade.
Assim, o preço de longo prazo deve também ser igual ou maior que o preço
médio de longo prazo. Neste ponto, o lucro será zero.
Se os preços caírem para níveis abaixo do ponto crítico, as empresas
deixarão o setor e a curva de oferta de mercado se retrairá, deslocando-se
para a esquerda e conduzindo-as ao aumento de preços até o nível em que o
setor encontre-se novamente com lucros normais (iguais a zero).
Se, por outro lado, os preços subirem para acima do ponto crítico, as
empresas serão estimuladas a entrar no setor, provocando um deslocamento
da curva de oferta de mercado para frente com consequente redução de
preços até o nível de equilíbrio de lucro zero.
Conclui-se que, no longo prazo, o preço tende para o nível do ponto crítico,
onde as empresas cobrem a totalidade de seus custos. Lembre-se que estes
custos incluem, além dos já especificados, a remuneração dos proprietários
e todos os outros custos implícitos23. Ter lucro zero24 é, portanto,
suficientemente interessante às empresas perfeitamente competitivas.
Equilíbrio competitivo de longo prazo
Em uma situação em que todas as empresas do setor estejam usufruindo de
lucro econômico zero, não há estímulos para entrada nem saída de novas
empresas.
No equilíbrio competitivo de longo prazo, todas as empresas do setor estão,
portanto:
a) maximizando seus lucros;
b) desestimuladas a sair;
c) com um preço que iguala a oferta do setor com a demanda dos
consumidores.
Eficiência
Tendo concluído o estudo sobre mercados perfeitamente competitivos,
passemos à análise da alocação eficiente de recursos (ou simplesmente
eficiência). Uma economia é eficiente se puder proporcionar aos seus
consumidores a maior quantidade possível de bens e serviços, dados a
tecnologia disponível e os recursos limitados.
Como estudado no Capítulo 1, a eficiência ou o ótimo de Pareto acontece
quando não é possível reorganizar a produção de forma a melhorar a
situação de um indivíduo sem que se piore a situação de outro. Sob
condições de eficiência, a utilidade de uma pessoa só pode ser aumentada se
a utilidade de outra diminuir25.
Em termos agregados, o conceito de eficiência está relacionado ao de
fronteira de possibilidade de produção (FPP)26. Pontos localizados no
interior da FPP, como o ponto A na Figura 8.9, indicam que esta economia
tem capacidade ociosa e, portanto, é ineficiente. Ao nos movermos para a
fronteira, como, por exemplo, para o ponto B, ninguém precisa arcar com
redução de utilidade. A economia eficiente encontra-se em sua FPP. Bens e
serviços ofertados devem estar maximizando as utilidades dos
consumidores.
Figura 8.9. Fronteira de Possibilidade de Produção
A Eficiência dos Mercados Perfeitamente
Competitivos
A alocação de recursos na estrutura de mercado perfeitamente competitiva é
eficiente27. Para melhor compreensão acerca desta afirmação, considere
uma situação ideal, onde os produtores concorrenciais ofertem alimentos a
um preço dado de mercado. Considere, ainda, as seguintes hipóteses
restritivas:
1. Todos os consumidores são idênticos, agem racionalmente e dispõem de
informação perfeita.
2. As pessoas exigem salários crescentes ao trabalharem por mais tempo,
pois aumentar as horas de trabalho as obriga a reduzir as horas de lazer e
essa escolha torna as horas de trabalho adicionais cada vez mais penosas e
desgastantes.
3. Os consumidores adquirem alimentos e cada unidade adicional resulta
em níveis decrescentes de utilidade marginal.
4. Como os alimentos são plantados em áreas fixas de terra, cada
trabalhador adicional representa uma produção incremental de alimentos
cada vez menor, dada a vigência da lei dos rendimentos decrescentes.
A Figura 8.10 apresenta o equilíbrio nesta economia em concorrência
perfeita.
Figura 8.10. Equilíbrio em Concorrência Perfeita
Na estrutura perfeitamente competitiva, há muitos compradores e muitos
vendedores. Todos os produtores ofertamseus produtos no mercado. A
curva ascendente da Figura 8.10 representa a soma das curvas de custo
marginal, ao passo que a curva descendente mostra a utilidade dos
consumidores pelo consumo de unidades adicionais de alimento. No
equilíbrio de concorrência perfeita, representado pelo ponto E, o ganho
marginal da última unidade de alimentos é exatamente igual ao custo
marginal do trabalho exigido para produzir a última unidade de alimento.
O custo de produção dos alimentos, representado pela desutilidade marginal
do trabalho é mostrada na área em cinza escuro da Figura 8.10. A porção
em cinza claro acima da curva de custo marginal e abaixo da curva de
demanda representam o ganho econômico líquido do equilíbrio em
concorrência perfeita.
Observe que não é possível reorganizar a produção dos alimentos de forma
a obter um ganho líquido maior do que a representada pelo mercado
concorrencial.
Admite-se que, se todos os mercados estiveram estruturados e operando nos
moldes da concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio deve corresponder à
eficiência social por quatro razões:
a) Eficiência produtiva: a alocação eficiente dos recursos se verificará, pois
os interesses dos produtores serão atendidos, o que aqui implica a operação
a custos mínimos. Tal otimização tende a se estender para todos os outros
mercados.
b) Conciliação de interesses: os interesses privados e públicos não divergem
e soluções socialmente eficientes são encontradas.
c) Eficiência alocativa: a combinação final dos produtos resultantes da
adoção da concorrência perfeita em todos os mercados conduz a uma
eficiência alocativa ótima.
d) Pleno emprego: não há desemprego involuntário dos fatores de produção
em mercados perfeitamente competitivos. A economia estará operando
sobre suas possibilidades máximas de produção28.
Dada a relevância do assunto, vamos explorar um pouco mais esta
conclusão. No ponto de ótimo:
1. O preço é igual à utilidade marginal (P = UMg): os consumidores
demandam alimentos até o ponto em que P = UMg.
2. O preço é igual ao custo marginal (P=CMg): os produtores ofertam
alimentos até o ponto em que seu preço é igual ao custo da última unidade
ofertada. O custo marginal representa o custo em termos de desutilidade do
trabalho, pois, para a produção de alimentos, foram necessárias penosas
horas de atividade.
3. A utilidade marginal é igual ao custo marginal (UMg = CMg): esta
assertiva deriva das anteriores e significa que a utilidade gerada com o
consumo da última unidade de alimento é igual à utilidade perdida com o
trabalho exigido para a sua produção.
A condição da UMg = CMg indica que o ganho marginal para a sociedade
da última unidade consumida é igual ao custo marginal para a sociedade da
última unidade produzida. Esta condição assegura que o equilíbrio em
concorrência perfeita seja eficiente.
A análise para um mercado específico ilustra de forma simplificada o que
aconteceria numa economia composta por muitos consumidores e
produtores e também com produtos diferentes. Desde que se adote a
premissa de que todos os mercados estão em concorrência perfeita, é
possível conceituar a eficiência produtiva como sendo um ponto sobre a
fronteira de possibilidades de produção. Nesta situação, não há
reorganização produtiva que possibilite que o mesmo nível de produção de
cada setor seja produzido com um custo menor.
Para “arredondar” melhor essas análises, faz-se necessário acrescentar uma
condição: os consumidores maximizadores de utilidade distribuem seus
recursos entre os diferentes bens até que a utilidade marginal da última
unidade monetária seja igual para todos os bens consumidos.
Se as condições ideais estão presentes, uma economia concorrencial é
eficiente mesmo para um número ilimitado de bens e fatores de produção.
Quando os custos e as utilidades marginais se igualam na economia
concorrencial, ela é eficiente. Todos os diferentes setores devem igualar os
custos marginais às utilidades marginais.
Para finalizar, é importante destacar que os mercados competitivos
eficientes nem sempre são sinônimos de equidade na repartição destes
recursos. Eficiência é um conceito de otimização: melhor alocação de
recursos no sentido de menores custos de produção e maiores utilidades
marginais. Mas isso não assegura melhor repartição desses benefícios. Cabe
à sociedade a atuação para modificar a distribuição dos rendimentos,
corrigindo os problemas que as forças de oferta e demanda por si sós não
podem resolver.
9. Estruturas de Mercado II -
Monopólio1
Concorrência Imperfeita
A concorrência perfeita, como o nome sugere, é muito mais a descrição de
um modelo teórico do que aquilo que frequentemente visualizamos na
prática. Há, na verdade, muitos mercados altamente competitivos, com
características semelhantes às estudadas, mas não exatamente iguais. Ainda
assim, o estudo do caso extremo é sempre relevante, pois permite a
compreensão do que aconteceria nos limites possíveis, facilitando o estudo
dos casos “intermediários”.
O mais comum, no entanto, é a presença de algumas poucas empresas
liderando diferentes segmentos. Quando num setor houver a presença de
ofertantes individuais que tenham alguma influência na determinação dos
preços - o que não significa total controle - esse setor é de concorrência
imperfeita2. O poder discricionário sobre os preços varia entre os
indivíduos e é tanto maior quanto mais concentrada for a estrutura.
A rivalidade existe na concorrência imperfeita, pois todos desejam
aumentar sua participação no mercado. Esta competição pode assumir a
forma de publicidade, melhoria da qualidade dos produtos ou outras
estratégias para conquistar mais clientes.
A Figura 9.1 apresenta a diferença principal entre a concorrência perfeita e
a imperfeita: o formato da curva de demanda com que se defronta a
empresa competitiva é uma reta horizontal, refletindo o fato de a empresa
poder vender tudo o que deseja ao preço de mercado e para o competidor
imperfeito, a curva de demanda é negativamente inclinada. Assim, para
aumentar a quantidade vendida é necessário que o preço de mercado se
reduza.
Figura 9.1. Curvas de Demanda
Para um concorrente perfeito, a demanda é perfeitamente elástica, ao passo
que, para o concorrente imperfeito, a demanda tem elasticidade finita.
Há três estruturas de mercado que se enquadram como concorrência
imperfeita: o monopólio, o oligopólio e a concorrência monopolística. No
monopólio, há apenas um fornecedor de um produto sem substitutos
próximos no mercado. Seu poder de mercado - ou seja, sua influência na
determinação dos preços - é bem significativo, embora não seja total. O
oligopólio é uma estrutura que conta com poucos fornecedores - talvez 2,5
ou mesmo 10, dependendo do tamanho do mercado considerado - onde
cada empresa pode, individualmente, influenciar os preços de mercado. A
concorrência monopolística3 representa um mercado com muitos
vendedores produzindo produtos diferenciados.
Este capítulo se ocupará do estudo do monopólio.
O Poder de Mercado do Monopólio
O monopolista é o único produtor de determinado produto, sendo que ele
mesmo controla diretamente a quantidade ofertada. Isso não significa que
ele pode cobrar qualquer preço em suas mercadorias, pois valores
exorbitantes expulsariam muitos consumidores e a lucratividade da empresa
cairia.
Definir a quantidade a ser produzida é uma questão crucial para o
monopolista, e isso deve ser feito com base na análise dos custos e das
características da procura pelo produto. O preço de venda será definido de
acordo com a curva de demanda do mercado4.
Assume-se implicitamente que o monopolista não supõe que seus lucros
elevados sejam suficientes pra atrair concorrentes ou que seus altos preços
reduzam o interesse de seu mercado consumidor, ou seja, ele acredita que
permanecerá como monopolista mesmo no longo prazo. Essa “segurança”
lhe é dada pela característica dos produtos que oferece, sem substitutos
próximos5.
Surgimento dos Monopólios
Uma das principais causas para a existência de monopólios são asbarreiras
à entrada, como leis e regulamentações governamentais que limitam o
número de empresas no setor ou ainda a presença de custos muito
elevados6 na geração de uma nova empresa7.
O monopólio também pode surgir caso o governo da região conceda a uma
empresa o direito de exclusividade sobre a produção e a comercialização de
algum bem, seja por influência política, seja por um interesse público
observado pelo governo, como ocorre na legislação de patentes e direitos
autorais. Pode ser benéfico para a população que o governo garanta a tal
proteção, ainda que temporária, dando à empresa a lucratividade necessária
para continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento8. É claro que esta
atitude traz consequência sobre os preços dos produtos, mais elevados do
que seriam na ausência dos monopólios9.
Outro tipo de barreira à entrada ocorre quando uma empresa monopolista
controla um insumo crucial na produção de determinado bem ou serviço, o
que pode impedir a entrada de concorrentes. Um exemplo hipotético seria o
controle de jazidas de determinado minério10.
Monopólio Natural
Um monopólio natural existe quando uma empresa consegue, sozinha,
ofertar seu produto no mercado a um custo menor do que faria um número
maior de empresas. Tal situação ocorre quando o monopólio apresenta
economias de escala.
No monopólio natural, a empresa conta com custos médios e marginais
sempre decrescentes, desfrutando de economias de escala de forma
permanente11. A Figura 9.2 ilustra o comportamento dos custos de um
monopólio natural.
Figura 9.2. Monopólio Natural
Observe que a curva de custo total médio (CTMe) é declinante em toda a
sua extensão. Isto nos informa que, caso a produção seja dividida entre mais
empresas, cada uma delas produzirá uma quantidade menor, aumentando os
custos médios. A empresa em monopólio natural consegue, portanto,
produzir qualquer quantidade a um custo menor12.
É possível prever quando um setor será competitivo ou monopolizado a
partir da análise das curvas de custo médio e de demanda. O ponto chave é
o tamanho da escala mínima de eficiência, que é aquela que indica qual é o
nível de produção que minimiza o custo médio em relação ao tamanho da
demanda13.
A Figura 9.3 mostra as relações entre as curvas de custo médio e marginal e
as curvas de demanda do mercado para o monopólio natural (a), o
oligopólio (b) e a concorrência perfeita (c).
Observe que em (c), a curva de demanda da indústria encontra-se tão
distante da escala eficiente de uma única empresa que é possível
coexistirem muitos concorrentes perfeitos. Em (b), os custos permitem que
o nível de produção seja maior em relação à demanda total da indústria, de
forma que é possível apenas a presença de umas poucas empresas
oligopolizadas ofertando no setor. Já em (a), observa-se a presença de
economias de escala e a formação do monopólio natural, graças à queda
rápida e contínua de custos14.
Figura 9.3. Curvas de custo médio e marginal e de demanda
Receita Média e Marginal
A receita média do monopolista coincide com a curva de demanda do
mercado. Para definir qual é o nível de produção que maximiza os lucros, a
receita marginal - obtida a partir da variação na receita total ao se variar a
produção em uma unidade - também deve ser conhecida.
Suponha que uma empresa monopolista se depare com uma curva de
demanda representada pela seguinte função: P = 8 - Q. A partir desta
equação, os dados sobre as receitas média, marginal e total podem ser
calculados. Eles estão representados na Tabela 9.1.
Tabela 9.1. Receitas total, média e marginal
Preço
unitário
(u.m.)
Quantidade
produzida (un)
Receita Total (P
× Q) (u.m.)
Receita
Média
(RT/q)
Receita
Marginal
(DRT/Dq)
8 0 0 0 -
7 1 7 7 7
6 2 12 6 5
5 3 15 5 3
4 4 16 4 1
3 5 15 3 -1
2 6 12 2 -3
Quando o preço é igual a 8, nada é produzido (q = 0). Quando o preço cai
para 7, uma unidade é vendida e a receita total, assim como a marginal, é 7.
A venda da segunda unidade gera uma receita marginal de 5 e uma receita
média de 6. Conforme novas unidades vão sendo vendidas, menor é a
receita marginal. A venda da quinta unidade em diante resulta numa receita
marginal negativa.
Outra importante consideração diz respeito à relação entre a receita
marginal e o preço. Como a curva de demanda tem inclinação descendente,
o preço (que equivale à receita média) é maior que a receita marginal pois,
ao se reduzir o preço do produto, com o objetivo de aumentar a quantidade
vendida, todas as unidades são comercializadas a este novo preço. Assim,
ao se reduzir o preço de $ 5,00 u.m. para $ 4,00 u.m., a quantidade sobe de
3 para 4 e a receita total sobe de $ 15,00 para $ 16,00. A receita marginal
cai de 3 para 1, ou seja, RMg < P.
Os dados presentes na Tabela 9.1 permitem o traçado das curvas de receita
marginal e média, está equivalente à curva de demanda do monopolista
(Figura 9.4).
Figura 9.4. Curvas de demanda e receita marginal do monopolista
Definição do nível de produção do monopolista
De uma coisa já sabemos: que o nível de produção que maximiza os lucros
para qualquer estrutura de mercado, inclusive para o monopólio,
corresponde ao ponto em que o custo marginal é igual à receita marginal.
A Figura 9.5 apresenta a definição do nível de produção do monopolista.
Nela estão representados:
• a curva de demanda com que se defronta o monopolista, ou seja, a curva
de demanda de mercado D, negativamente inclinada e equivalente à receita
média. Esta curva mostra o preço unitário para cada nível de produção;
• as curvas de custo: CMe e CMg;
• a curva de receita marginal.
Figura 9.5. Maximização de lucros no monopólio
Para a quantidade Q*, RMg = CMg. Para a definição do preço, basta
verificar, na curva de demanda, o preço condizente com esta quantidade15.
Caso o monopolista resolva aumentar a quantidade produzida para Q 2, por
exemplo, o custo marginal será maior que a receita marginal. O lucro do
monopolista seria ampliado se o nível de produção se reduzisse para Q*. E
se o monopolista diminuísse seu nível de produção para Q 1, RMg > CMg
mas, embora o preço seja maior, a quantidade vendida seria menor e o lucro
não seria maximizado16. Assim, o ponto onde o monopolista maximiza
seus lucros é aquele onde RMg = CMg e P > CMg.
Em termos algébricos, podemos demonstrar a razão pela qual a quantidade
Q* é a que maximiza o lucro do monopolista. Comecemos pela definição de
lucro (L):
L(Q) = R(Q) - C(Q) (1)
Conforme Q aumenta, partindo do zero, o lucro começa a subir até alcançar
um pico e depois passa a diminuir. A quantidade que maximiza o lucro é a
que corresponde ao ponto onde o lucro adicional gerado por um pequeno
aumento em Q seja igual a zero (DL/DQ = 0).
Assim, dividindo (1) por Q:
L = R - C
Em termos de variação, temos que:
(2)
Sabemos que DR/DQ é a receita marginal e DC/DQ é o custo marginal.
Assim, para que o lucro seja maximizado, RMg - CMg = 0 ou RMg = CMg.
Exemplo algébrico e numérico
Suponha uma empresa monopolista com custo total de produção
representado pela seguinte função: C(Q) = 100 + Q2. Como o custo total é
dividido em uma parte fixa e outra variável, podemos inferir que o custo
fixo é 100 - pois não depende da quantidade produzida - e o variável, Q2.
Assuma que a demanda seja dada pela seguinte função: P(Q) = 80 - Q. Para
determinarmos o ponto de maximização de lucros, é necessário
encontrarmos a receita marginal e o custo marginal.
A receita total é dada por RT = PQ. Substituindo P na equação da demanda,
temos que:
RT = PQ
RT = (80 - Q)Q
RT = 80Q - Q2
A receita marginal é dada pela derivada da função receita total:
O custo marginal, por sua vez, é dado pela derivada da função custo total:
CT(Q) = 100 + Q2
CMg = 2Q
O lucro é maximizado quando RMg = CMg:
80 - 2Q = 2Q
4Q = 80
Q = 20
Para encontrarmos o preço, basta substituir a quantidade encontrada na
função demanda:
P(Q) = 80 - Q
P(Q) = 80-20
P(Q) = 60
O lucro é maximizado, portanto, no nível de produção 3 e a um preço de 9.
A Figura 9.6 apresenta graficamente os resultados encontrados.Figura 9.6. Maximização dos Lucros
Observe que quando a produção é zero, o lucro é negativo e equivalente aos
custos fixos.Conforme o nível de produção aumenta de 0 a 20, o lucro
aumenta até atingir o máximo.
A Figura 9.7 apresenta as curvas de custo, receita e lucro. As curvas de
custo e lucro se cruzam em Q = 20. O preço respectivo é de 60 a unidade e
o custo médio é 500/20 = 25 a unidade. O lucro médio é 60 - 25 = 35. Uma
vez que 20 unidades são comercializadas, o lucro total é 20 × 35 = 700.
Figura 9.7. Curvas de custo, receita e lucro
A ineficiência do Monopólio
O monopólio cobra preços maiores do que o custo marginal, ao contrário do
que ocorre em concorrência perfeita, onde o preço é igual ao custo
marginal. Assim, o preço do monopólio é mais alto e a quantidade inferior
ao que seria se a empresa fosse competitiva. Os consumidores são
prejudicados, mas os produtores beneficiados. Em termos da sociedade, há
ganhos ou perdas de bem-estar na estrutura monopolista?
A Figura 9.8 representa a determinação do nível de produção para o
monopólio.
Figura 9.8. Determinação do nível de produção para o monopólio
No ponto onde CMg = RMg, determina-se a quantidade a ser produzida Q
M e, na curva de demanda, define-se o preço PM.
Admita, por hipótese, que esta empresa experimente comportar-se
competitivamente, considerando o preço de mercado como dado. A Figura
9.9 apresenta o nível de produção e o preço competitivos.
Figura 9.9. Determinação dos preços e das quantidades no monopólio e na
concorrência perfeita
Assim, se a empresa agir competitivamente, terá preço igual a PCP e nível
de produção equivalente a Q CP. Se agir como monopólio, terá preços
iguais a PMon (>PCP) e quantidades equivalentes a Q Mon(<Q CP).
A pergunta que se pretende responder é se o nível de produção do
monopólio é eficiente no sentido de Pareto.
Precisamos recordar que a área de demanda negativamente inclinada mostra
quanto os consumidores estão dispostos a pagar para cada unidade adicional
de um bem. Observe que o preço é maior que o custo marginal na Figura
9.9 para todos os níveis de produção entre Q Mon e Q CP. Isso mostra que,
neste trecho da curva de demanda, os consumidores estão dispostos a pagar
mais por uma unidade adicional do bem do que o custo de sua produção.
Isso mostra que o nível eficiente de produção pode melhorar!
Diante disso, por que o monopolista simplesmente não reduz seu preço para
algum nível entre PMon e PCP, a fim de aumentar sua quantidade
demandada também de Q Mon para Q CP?O monopolista venderia
unidades adicionais por preços melhores se não tivesse que reduzir o preço
de todas as unidades à venda. Ao caminhar de Q Mon em direção a Q CP, o
preço se reduz para todas as unidades, fazendo a lucratividade do
monopolista também cair. Por esta razão, ele mantém sua produção em Q
Mon e seu preço em PMon, de modo que podemos afirmar que a estrutura
monopolista é ineficiente no sentido de Pareto.
O custo do monopólio para o bem-estar
Quanto o monopólio é ineficiente17? A forma de analisar as alterações de
bem-estar é analisando as variações nos excedentes do produtor e
consumidor.
A Figura 9.10 mostra as alterações nos excedentes do consumidor e
produtor quando se altera a estrutura de mercado, passando de monopólio
para concorrência perfeita. Analisemos a situação pelo lado do consumidor
e do monopolista.
Figura 9.10. Excedente do consumidor no monopólio e na concorrência
perfeita
O excedente do produtor monopolista reduz-se em A em função do preço
mais baixo nas unidades anteriores. Por outro lado, o excedente sobe em C
graças ao aumento da quantidade vendida. O excedente do consumidor
aumenta em A, pois os consumidores podem comprar as unidades que já
adquiriam a preço inferior. Ainda, o excedente sobe em B, pois mais
unidades são vendidas.
Feitas estas considerações, conclui-se que:
a) A presença do monopólio transfere a área A do consumidor para o
monopolista18. Aqui não há alteração no bem-estar total.
b) As áreas B + C representam o ônus devido ao monopólio19 ou o peso
morto20, indicando quanto piorou a situação dos consumidores que arcam
com os preços de monopólio em vez dos competitivos.
Em suma, o ônus do monopólio surge porque a empresa produz e
comercializa uma quantidade de produto menor que o nível que maximiza o
excedente total. O ônus ou peso morto indica a redução de quantidade
comercializada, dado o preço maior21.
Captura da Renda (Rent Seeking)
O peso morto gerado pelo monopólio pode ser ainda maior do que o
representado pelas áreas B e C da Figura 9.11. Isso acontece porque a
empresa, para manter-se um monopólio, pode envolver-se na chamada
captura de renda, gastando muito com esforços não relacionados à
produção. Este comportamento varia desde atividades de lobby
(negociações políticas, contribuições em campanhas eleitorais, entre outros)
para influenciar na elaboração de normas que impeçam a entrada de
concorrentes, passando pelo uso de propagandas que desencorajem a
legislação antitruste, até o não uso de parte da capacidade instalada da
empresa para mostrar aos prováveis concorrentes que não vale a pena entrar
no mercado, já que eles não conseguirão vender o suficiente para gerar
lucros compensadores.
O estímulo que os monopolistas têm em gastar com a captura de renda está
relacionado, portanto, aos ganhos de ser um monopólio (a diferença entre o
retângulo A e a área C na Figura 9.10). Quanto maior for a transferência do
excedente do consumidor para o monopolista (retângulo A), maior o custo
social gerado pelo monopólio22.
Reação ao monopólio: políticas públicas
Uma vez que o equilíbrio do monopólio ocorre num ponto socialmente
ineficiente, o governo pode atuar no sentido de reduzir sua frequência nos
mercados ou limitando sua ação. As políticas podem ser:
1) regulamentação de preços;
2) legislação antitruste;
3) estatização de monopólios privados23.
A regulamentação de preços em uma estrutura de mercado eficiente gera
um peso morto. A alteração numa situação de ótimo só pode gerar piora,
distanciando o mercado dos níveis de produção socialmente eficientes. No
entanto, o monopólio é um ineficiente de Pareto24 e, portanto, pode ser
regulamentado no sentido de redução de seu poder de mercado.
A regulamentação de preços pode reduzir o peso morto trazido pelo
monopólio, pois estabelece um teto que diminui o excedente do produtor e
diminui as perdas de excedente do consumidor. No entanto, determinar
preços-teto para monopólios não é uma tarefa tão simples, pois se o preço
for estabelecido ao nível do custo marginal em monopólios com custo
médio declinante (monopólios naturais), os preços também estarão abaixo
dos custos médios e a empresa sofrerá prejuízos25. A Figura 9.11 ilustra
esta situação.
Figura 9.11. Regulamentação de preços no monopólio
Observe que o CTMe é declinante em razão de ser este um monopólio
natural (CMg26< CTMe). O prejuízo corresponde à área hachurada,
presente se a empresa for obrigada a cobrar um preço igual ao custo
marginal.
O governo pode minimizar o problema do prejuízo concedendo um subsídio
ao monopolista ou fixando um preço acima do custo marginal. Em ambos
os casos, porém, há geração de peso morto. Por estas e outras razões, em
geral o que se assiste é a permissão de que monopolistas mantenham seus
lucros mais elevados sem a presença da fixação de preços pelo custo
marginal27.
A legislação antitruste é outra forma de atuação do governo no sentido de
limitar o poder de monopólio.
O governo pode, finalmente, para reduzir os danos sociais do monopólio,
tornar-se seu proprietário e administrador. No entanto, se mal gerenciado, o
monopólio pode representar ineficiências caras à sociedade, já que
consumidores e contribuintes perdem.
Comportamento monopolista
As estruturas estudadas até aqui - concorrência perfeita e monopólio - são
os casos extremos da teoria. Mas a maior parte das indústrias está em algum
ponto entre estes dois extremos. As empresas costumam apresentar
características que as aproximam maisde um ou outro extremo.
Se uma empresa dispuser de algum grau de “poder de monopólio”,
influenciando significativamente os preços de mercado dos produtos por ela
vendidos, ela poderá adotar estratégias para aumentar ainda mais este poder.
Estudaremos, a partir de agora, algumas estratégias adotadas pelos
monopólios para aumentar seus ganhos: a discriminação de preços de 1º, 2º
e 3º graus, a discriminação de preços intertemporal, a tarifa em duas partes,
a venda em pacote, a venda casada e o marketing.
Excedente do Produtor
As estratégias adotadas pelos monopolistas para aumentar seu poder de
mercado são, na prática, formas de transferir o excedente do consumidor
para o produtor28.
A Figura 9.12 apresenta a definição do nível de produção do monopolista.
Figura 9.12. Determinação do nível de produção do monopolista
Se, na tentativa de vender uma quantidade maior, o monopolista
estabelecesse seu nível de produção em Q 1, ele forçaria para baixo - para
P1 - o preço de toda sua produção. E é por esta razão que ele trabalha num
nível ineficiente (Q*, P*), limitando sua produção a um nível em que os
consumidores possam pagar por seus produtos mais do que seu custo de
produção.
Mas, e se o monopolista mantivesse o preço P* para a quantidade Q* e
também vendesse Q 1 - Q* à porção de consumidores dispostos a pagar P1
pela quantidade Q 1? Ou, melhor ainda, se ele pudesse cobrar P2 pela venda
ao grupo de consumidores localizados entre os pontos D e C da curva de
demanda? Ora, este pequeno grupo está disposto a pagar mais por seus
produtos, mas acaba se beneficiando do preço P* estabelecido pelo
monopolista. Em outras palavras, poderia o monopolista capturar uma
parcela maior do excedente do consumidor para si? Sim, ele poderia.
A venda de diferentes unidades do mesmo produto a diferentes preços é
denominada discriminação de preços. O problema para o monopolista
torna-se, então, como identificar os clientes dispostos a pagar mais e
conseguir aplicar-lhes preços diferenciados. Há três tipos de discriminação
de preços:
1) A venda de diferentes unidades do produto a preços diferentes. Esta
prática é chamada de discriminação de preços de 1º grau ou discriminação
perfeita de preços.
2) A venda a diferentes preços conforme a quantidade adquirida. Ocorre,
por exemplo, nos descontos das compras no atacado. Esta modalidade é
denominada discriminação de preços de 2º grau.
3) A venda do mesmo produto para pessoas diferentes a preços diferentes.
Esta é a discriminação de 3º grau, onde grupos específicos desfrutam de
preços melhores, como, por exemplo, os descontos para estudantes29.
Todos os esquemas de discriminação de preços apresentam a mesma
estratégia subjacente: a segmentação de mercado e a cobrança de preços
diferenciados30.
Vejamos com mais detalhes como funciona cada uma dessas estratégias
monopolistas.
Discriminação de preços de 1º grau
Se, ao visitar a loja do monopolista, cada consumidor pusesse uma placa na
testa dizendo o quanto está disposto a pagar por cada unidade dos produtos
à venda, o monopolista pacientemente venderia a cada um ao respectivo
preço, até o preço-limite equivalente o ponto onde o custo marginal iguala-
se à receita marginal. Essa captura do excedente seria tão completa que tal
estratégia mereceria o nome que adotamos na teoria: discriminação perfeita
de preços. Nesta situação, o preço cobrado ao consumidor é seu preço
marginal de reserva máximo.
Com este tipo de discriminação, a quantidade comercializada aumenta para
o nível da concorrência perfeita, mas o excedente do consumidor, sendo
completamente capturado pelo monopolista, passa a ser zero.
Figura 9.13. O excedente do consumidor e a discriminação de preços
O monopólio que pratica a discriminação de preços de 1º grau apresenta
uma curva de demanda coincidente com a curva de receita marginal. O
monopolista se apropria de todo o excedente do consumidor e seu lucro é
igual ao excedente econômico total. Assim, o benefício social total é maior,
pois o volume de produção maximiza o excedente econômico total. A
eficiência é máxima, mas não a equidade, já que o monopolista se apropria
dos excedentes do produtor e consumidor31.
A discriminação perfeita de preços é um conceito teórico e idealizado,
muito raro na prática. Sua compreensão, no entanto, tem relevância teórica,
pois fornece um exemplo de uma outra forma de alocar recursos que
também se enquadra no conceito de eficiência ou ótimo de Pareto, ainda
que a distribuição dos excedentes seja benéfica apenas para o monopolista,
que se apropria de todo o excedente32.
Discriminação de preços de 2º grau
A discriminação de preços de 2º grau também é chamada de fixação não
linear de preços, pois o preço por unidade produzida não é constante e, sim,
depende da quantidade adquirida. As empresas que prestam serviços de
utilidade pública, em geral, praticam este tipo de discriminação33. Outros o
fazem concedendo descontos pela compra do mesmo produto em diferentes
quantidades. Exemplo seriam os xampus: paga-se, por exemplo, R$ 10,00
num frasco de 250ml (corresponde a R$ 40,00 o litro) e R$ 16,00 num de
500ml (corresponde a R$ 32,00 o litro).
Discriminação de preços de 3º grau
A discriminação de preços de 3º grau é a mais comum e consiste em
segmentar os consumidores em grupos com curvas de demanda separadas,
cobrando preços diferenciados para cada um deles34. Esta prática garante
que a última unidade vendida do bem em cada mercado proporcione a
mesma receita marginal35. Exemplo são os produtos “normais” e os da
“série ouro” ou os da “série especial comemorativa”, as tarifas aéreas
(primeira classe e classe econômica), a água mineral normal e a água
light36, entre outros.
Se verificado que a discriminação de preços de 3º grau é possível e uma vez
divididos os consumidores em grupos, de acordo com as características da
demanda, o preço deve ser estipulado para cada um deles37.
A empresa discriminadora de preços fixará preços menores para os grupos
mais sensíveis aos preços, ou seja, com demanda preço-elástica e preços
mais altos para os grupos mais insensíveis, com demanda preço-inelástica.
É o caso da concessão de descontos para estudantes e idosos. Em geral,
estes grupos têm renda menor e, por isso, pesquisam mais antes de comprar,
sendo mais sensíveis com demanda mais elástica. A empresa aumenta seus
lucros ao discriminar preços a seu favor, já que captura um grupo de
consumidores que provavelmente não compraria se vigorasse, para os bens
ou serviços em questão, o preço de monopólio.
Discriminação de preços intertemporal
Este tipo de discriminação de preços separa os consumidores em grupos de
demanda alta e baixa. Altos preços são cobrados inicialmente e depois,
preços mais baixos.
É o caso dos lançamentos de TVs a led, Ipads, tablets e outros produtos de
ponta. Um grupo pequeno de consumidores, com pressa em adquirir o
lançamento, paga um preço elevado. Depois, o preço começa a cair e atingir
grupos maiores. A Figura 9.14 apresenta dois grupos de demanda,
representados por D1 e D2. O grupo D1 é mais preço-inelástico e seu preço
de reserva é mais elevado. A empresa capta o excedente dos consumidores
ao cobrar P1, que mostram alta demanda pelo bem e não querem esperar
para comprá-lo. Depois que estes consumidores adquirem o produto, o
preço cai para P2, atraindo um grupo bem maior de consumidores,
representado pela curva de demanda D238.
Figura 9.14. Discriminação de preços intertemporal
Preço de pico
Neste caso de discriminação de preço, preços diferentes são cobrados em
períodos diferentes. O resultado aqui é um aumento da eficiência
econômica, pois o preço cobrado é próximo ao custo marginal de produção.
A prestação de alguns serviços de utilidade pública, como o fornecimento
de água e luz, por exemplo, tem demandas diferentes ao longo do dia,
atingindo o pico no início da noite, por exemplo. O custo marginal também
aumenta nestes horários, dadas as restrições de capacidade. Por esta razão, a
prática de preços diferenciados nestes períodos é lucrativae mais eficiente
do que a cobrança do mesmo preço durante todo o dia. A eficiência maior
acontece porque os preços se aproximam do custo marginal e a soma dos
excedentes do produtor e do consumidor são maiores também.
Tarifa em duas partes
Muito utilizada em bares e em parques de diversão, a tarifa em duas partes é
uma estratégia que precifica o bem ou serviço com uma taxa de entrada e
uma de uso. A empresa precisa definir como aplicar a precificação: se cobra
um preço alto de entrada e um mais baixo pelo uso dos serviços ou compra
de bens, ou vice-versa39.
Venda em pacote
A venda em pacote consiste na prática de vender dois ou mais produtos em
conjunto, como um pacote. Esse tipo de estratégia costuma funcionar bem
quando um ofertante de dois bens tem demandas diferentes para cada um
deles para os mesmos consumidores. Por exemplo, um consumidor pode
adquirir um pacote turístico com direito a passagens aéreas mais hotel mais
guia turístico, mesmo sem fazer nenhuma questão do guia. Se a empresa
vendesse os serviços separadamente e o comportamento desse consumidor
fosse típico, as vendas do serviço de guia turístico cairiam muito. Então,
para esta empresa, a venda em pacotes é uma estratégia mais lucrativa40.
Venda casada
A venda em pacote é um tipo de venda casada. Mas o termo é genérico e
refere-se a qualquer tipo de exigência por parte da empresa de que um
produto seja vendido seguindo certa combinação. O exemplo mais comum
são os pacotes de softwares. Trata-se de vários produtos vendidos como se
fosse um. Esta vinculação nas vendas pode ser praticada:
a) em função do comportamento do consumidor;
b) pela economia de custos;
c) pelo fato de os bens vendidos em pacote serem complementares entre
si41.
Como exemplo da questão do comportamento do consumidor, considere
uma caixa de bombons com três tipos diferentes de chocolate. Os
consumidores do tipo A preferem o chocolate A e os do grupo B preferem
os chocolates B e C. Suas preferências estão diretamente relacionadas aos
seus preços de reserva, ou seja, cada grupo se mostra disposto a pagar mais
pelo chocolate preferido. Se a empresa separar os chocolates, o grupo A
provavelmente só adquirirá A e o grupo B, apenas o B e o C. Se os
consumidores só puderem comprar a caixa toda, a empresa lucrará mais.
Propaganda
A propaganda faz parte da estratégia de venda das empresas com poder de
mercado. As decisões de quanto gastar, com o objetivo de aumentar os
lucros, dependem das características da demanda.
Quando a empresa investe em propaganda, sua curva de demanda se
desloca para cima e para a direita, pois a demanda é influenciada por esta
estratégia. As receitas média e marginal também se deslocam para a direita.
A propaganda é considerada um custo fixo42 e, por isso, a curva de custo
fixo também se desloca, aumentando o custo médio. Mas o custo marginal
permanece o mesmo (pois não houve variação do custo variável, que
modifica o custo marginal). A Figura 9.15 apresenta os efeitos da prática da
propaganda.
Figura 9.15. Propaganda e seus efeitos
A empresa produzirá a quantidade Q 1 (onde RMg’ = CMg). O preço
cobrado será mais alto, P1, e o lucro total L1, representado pela área
sombreada em cinza claro, é maior. A empresa, portanto, tem benefícios
maiores quando investe em propaganda43.
10
10. Estruturas de Mercado III -
Oligopólio
A terceira e última estrutura de mercado que passaremos a estudar, o
oligopólio1, representa um mercado com poucos produtores competindo
entre si. Há barreiras à entrada de novas empresas e os produtos são
diferenciados ou não.
Empresas oligopolistas detêm poder de mercado, ou seja, influenciam na
determinação do preço de seus bens. O quanto elas o exercem e portanto,
qual sua lucratividade, depende da interação entre as empresas de cada
setor, que podem adotar um comportamento cooperativo ou competitivo. As
empresas agem de forma estratégica, ou seja, tomam decisões sobre níveis
de preços e produção levando em conta as possíveis reações dos
concorrentes.
Características dos mercados oligopolizados
Existem pelo menos três aspetos em comum presentes nas empresas em
mercados oligopolizados: as barreiras à entrada, os altos custos de
implantação e a interação estratégica2.
Se um ramo de atividade exigir altos gastos com a implantação de novas
empresas, como o setor de aviação, a escala mínima eficiente de
funcionamento ocorre num nível alto de produção. Por essa razão, poucas
empresas conseguem manter-se no setor de forma lucrativa e é provável que
um oligopólio se estabeleça.
Havendo elevadas economias de escala ou outros tipos de barreiras à
entrada, como exigências por parte do governo, poucas empresas
conseguem se estabelecer e a concorrência diminui.
Por fim, poucas empresas atuando no mercado conhecem - ou procuram
conhecer - melhor seus concorrentes, dando ocasião à interação estratégica.
Aqui, as empresas dependem das ações de suas rivais para tomar suas
próprias decisões.
Como concorrentes imperfeitos, os oligopólios cobram preços acima dos
custos marginais, condição suficiente para a alocação ineficiente de
recursos. Quanto mais concentrada a indústria, maior a chance das
empresas obterem lucros acima do normal (ou seja, diferente de zero),
embora, por vezes, sejam lucros apenas ligeiramente maiores que os
normais.
Uma das vantagens dos ramos mais concentrados é que são deles os
maiores gastos com pesquisa e desenvolvimento. E eles o fazem tentando
superar seus rivais e permitindo importantes inovações que beneficiarão a
sociedade.
Oligopólio de Conluio
Quando há poucas empresas atuando num setor, seu comportamento é
determinado pelas ações de seus concorrentes e, diante delas, pode-se optar
pela cooperação ou pela competição (não cooperação):
Comportamento não cooperativo: acontece quando a empresa adota ações e
estratégias de vendas sem a realização de acordos com seus concorrentes,
originando uma briga por uma fatia maior do mercado e guerra de preços.
Comportamento cooperativo: ocorre quando as empresas desejam reduzir a
competição entre si e passam a agir de forma colaborativa, estabelecendo
seus preços de forma conjunta ou repartindo o mercado. Como esse
comportamento é danoso ao consumidor, as leis antitruste proíbem o
conluio entre empresas que objetivam determinar preços ou repartir
mercados entre si. Por essa razão, os conluios são, muitas vezes, tácitos.
Nada é dito ou acordado explicitamente, mas a reação do concorrente diante
da mudança de preços do primeiro, por exemplo, demonstra a cooperação.
Se o conluio for bem-sucedido, os lucros podem ser bem razoáveis3 e o
excedente do consumidor se reduz.
Suponha que três empresas aéreas que ofertem voos para o mesmo trecho
estejam agindo de forma não cooperativa e a guerra de preços seja
estabelecida, para a alegria dos consumidores. De um dia para outro, após a
fixação de um preço maior para o respectivo trecho pela empresa A, a
empresa B opte por agir cooperativamente, acompanhando o aumento de
preços. A empresa C observa o comportamento das rivais e considera
interessante também ajustar seus preços, já tão defasados pela guerra
estabelecida até ali. Está posta a situação do conluio tácito: agora, as três
concorrentes podem chegar ao equilíbrio do oligopólio de conluio com um
preço mais alto, maximizando seus lucros totais4.
Equilíbrio de Nash
A partir do comportamento cooperativo, as empresas procurarão fazer o
melhor possível, considerando as ações de seus concorrentes. E seus
concorrentes, por sua vez, atuando também cooperativamente, procurarão
fazer o melhor que podem a partir das ações dos demais. A partir daí, cada
empresa passa a levar em conta as ações de seu concorrente e pressupõe que
ele aja da mesma forma5.
Este comportamento lógico dá o embasamento para a determinação do
equilíbrio do oligopólio. Este, explicado pela primeira vez em 1951 pelo
matemático John Nash, recebeu o nome de Equilíbrio de Nash.
O Equilíbrio de Nash é uma situação em que os agentes econômicos,
interagindo entre si, definem a melhorestratégia baseados nas estratégias
escolhidas pelos concorrentes6. Cada empresa faz o melhor possível em
resposta às ações de seus concorrentes.
Lucros do Oligopólio
Voltemos ao exemplo das empresas A, B e C que começaram a atuar, de
forma tácita, cooperativamente. A Figura 10.1 apresenta a situação da
empresa oligopolista A.
Figura 10.1. Curva de demanda do oligopolista A
O oligopolista A traça sua curva de demanda admitindo que as concorrentes
B e C seguirão suas modificações de preços. Com base nesta suposição,
admite-se que a curva de demanda tem a mesma elasticidade que a curva de
demanda por passagens aéreas do trecho ofertado pelas três empresas. A
empresa A terá 1/3 do mercado enquanto as concorrentes acompanharem
seus preços7.
O equilíbrio do oligopólio, onde os lucros são maximizados, está
representado no ponto E da Figura 10.1, onde a curva de custo marginal
cruza a de receita marginal, assim como ocorre em todas as estruturas. O
preço é determinado admitindo-se que a curva de demanda traçada
corresponde à demanda total do mercado atendido pelas três empresas,
estando representado pelo ponto A.
Note que o preço P corresponde ao preço de monopólio, sendo bem
superior ao custo marginal8.
Quando empresas oligopolistas trabalham cooperativamente - de forma
tácita ou explícita - conluiando-se para maximizarem os lucros conjuntos, a
quantidade produzida, os preços praticados e os lucros resultantes são os
de monopólio.
Apesar da atratividade dos altos lucros, a prática do conluio é dificultada
por barreiras óbvias: a) o conluio é ilegal; b) nada impede que, após um
tempo agindo cooperativamente, uma empresa “quebre” o acordo e ofereça
preços melhores aos clientes para abocanhar uma maior fatia de mercado,
passando a agir, portanto, competitivamente; c) quando os mercados
oligopolizados têm mais do que umas cinco ou seis empresas, os preços não
são públicos e a tecnologia se modifica rapidamente, é bem mais recorrente
a “quebra” do conluio tácito e as empresas tornam a agir agressivamente
para conquistar mais mercados; d) a concorrência externa (produtos
importados) combate contra os conluios.
Se os oligopolistas agirem de forma não cooperativa, não alcançarão o
preço de monopólio, pois estarão “guerreando” entre si por fatias maiores
do mercado. Para que um oligopólio de conluio funcione bem e os preços
sejam mantidos altos, é necessário reduzir o volume da produção. Mas
diante de uma guerra de preços, cada oligopolista aumenta sua produção
individual para capturar uma parcela maior de mercado. Visto que este
comportamento tende a ser adotado por todos os concorrentes, a produção
aumenta e o preço cai9. Mas os oligopolistas sabem que se continuarem
aumentando a produção, os preços cairão até níveis de concorrência
perfeita, que implicam em lucros econômicos normais (iguais a zero), o que
não lhes atrai. Dessa forma, eles não prosseguem nesse aumento de
produção até o ponto onde o preço for igual ao custo marginal. Assim:
Quando as empresas oligopolistas agem de forma não cooperativa,
definindo individualmente seu nível de produção com o objetivo de
maximizarem seus lucros, a quantidade produzida será maior que a
quantidade do monopólio e menor do que a da concorrência perfeita. O
preço será menor do que o de monopólio, mas maior do que o de
concorrência perfeita. E, portanto, os lucros serão positivos, mas menores
do que os de monopólio.
A Tabela 10.1 apresenta a comparação esquemática entre as estruturas
estudadas até aqui: concorrência perfeita, monopólio e oligopólio.
Tabela 10.1. Estruturas de Mercado - comparação esquemática
Concorrência
Perfeita Monopólio Oligopólio (não
cooperativo)
Definição da
quantidade a
ser produzida
No ponto
onde RMg =
CMg
No ponto onde RMg = CMg
No ponto onde
RMg = CMg.
Como a
demanda é
dividida entre
um grupo de
empresas, a
quantidade é
menor do que a
do monopólio
Definição
do preço CMg = P P>CMg
Como há
concorrência
entre poucas
empresas, o
preço é menor
do que o de
monopólio
Bem-estar Socialmente
eficiente
Socialmente ineficiente.
Exceção: discriminação de
preços perfeita. Aqui, a
alocação é eficiente no
Socialmente
ineficiente
sentido de Pareto, mas quem
se apropria da totalidade do
excedente é o monopolista
Lucro
Lucro
normal (ou
lucro
econômico
zero no
longo prazo)
Lucro positivo
Lucro positivo,
mas inferior ao
de monopólio
Poder de
mercado
Não há.
Empresas
são
tomadoras de
preços (price
takers)
Grande. Empresas são
determinadoras de preços
(price makers). O que limita
os preços é a demanda de
mercado
Exercem poder
de mercado
menor do que o
monopólio, já
que enfrentam
concorrência
Cartel
Enquanto o conluio é um acordo - explícito ou tácito - entre empresas num
ramo oligopolizado que definem preços e quantidades a serem praticados
no mercado, o cartel representa o grupo de empresas que age em conluio ou
coalizão. Quando o cartel - que é proibido nas legislações antitruste - é
formado, o mercado é atendido da mesma forma que um monopólio.
O cartel procura formas de limitar a ação das forças de mercado da livre
concorrência para garantir lucros maiores10.
Teoria dos Jogos
Creio que parece claro ao leitor que, visando a maximização de lucros, os
oligopolistas talvez preferissem agir em conluio, desfrutando dos resultados
do monopólio. Mas isso só acontece se todos os concorrentes agirem
cooperativamente, condição nem sempre presente, pois, dada sua
ilegalidade, a maioria das empresas prefere não ter motivos para ser
penalizada. No entanto, sem a presença de acordos explícitos, por muitas
vezes espera-se que o concorrente aja cooperativamente. Por exemplo, se
uma empresa e seu concorrente puderem estimar um preço que maximize
lucros com o qual estariam concordes se realizassem um acordo, poderia
parecer bem a uma delas determinar este preço e esperar que o concorrente
faça o mesmo. Uma vez que este o faça, ambos gozarão de lucros
superiores11.
A teoria dos jogos estuda o comportamento das pessoas - e evidentemente
pode ser aplicado ao comportamento empresarial - em situações
estratégicas, ou seja, quando um dos envolvidos, ao tomar decisões sobre
como agir, deve levar em conta as possíveis reações do outro. Esta teoria é
bem útil no estudo do comportamento das empresas oligopolistas, pois,
nesta estrutura, toda decisão sobre a determinação de preços e quantidades a
serem produzidas depende da reação dos rivais.
Em linhas gerais, a teoria apresenta “jogadores” que definem estratégias
para maximizar seus resultados. Se as empresas forem os jogadores - como
em geral ocorre, já que a teoria foi desenvolvida para explicar o seu
comportamento diante dos concorrentes -, elas podem, então, escolher
preços ou quantidades a serem produzidas como sua estratégia. A lista de
estratégias, para cada jogador, é chamada de combinação de estratégias. O
problema central da Teoria dos Jogos é a previsão do que os jogadores
farão. Em outras palavras, o problema central da teoria dos jogos é prever a
combinação de estratégias que será escolhida pelo outro jogador12.
O Dilema dos Prisioneiros
O Equilíbrio de Nash ocorre em mercados oligopolistas não cooperativos.
Cada empresa, objetivado maximizar seus lucros, toma suas decisões
baseadas nas ações dos rivais. O lucro obtido é maior que o de concorrência
perfeita e menor do que o de monopólio ou o de oligopólio de conluio.
O exemplo clássico da teoria dos jogos é o Dilema dos Prisioneiros, que
retrata bem o impasse vivido pelos oligopolistas. A história é a seguinte.
Dois prisioneiros13 foram acusados de ter cometido um crime. Ambos
foram capturados pela polícia e colocados em celas diferentes. Foi pedido a
cada um deles a colaboração, no sentido de confessarem seus atos. Os
resultados possíveis seriam os seguintes:
1) Se ambos os prisioneiros confessarem seus crimes, cada um será
condenado a cinco anos de prisão.
2) Se nenhum dos dois criminosos confessarem o crime, um processo
jurídico mais complexo se instaurará. Os advogados trabalharão para provar
suas inocências, entrandocom recursos e eles receberão uma condenação de
dois anos.
3) Se um dos dois prisioneiros confessar o crime e o outro não, o que
confessou sofrerá pena mínima de 1 ano e o outro será condenado a 10 anos
de prisão.
Diante destas possibilidades, está instaurado o dilema: confessar ou não?
A Tabela 10.2 apresenta a chamada Matriz de Payoff e resume os possíveis
resultados. Observe que o Dilema dos Prisioneiros é um jogo e seu objetivo
é mostrar o quão difícil é obter a cooperação mesmo quando ela for
mutuamente benéfica14.
Os payoffs (resultados possíveis) são negativos, pois estão retratando perdas
(anos de prisão). Os prisioneiros não podem conversar entre si, entrando
num acordo explícito pois, se o fizessem, combinariam em não confessar e
ambos ficariam na prisão por dois anos.
Mas sem poder se falar, e sem saber se podem ou não confiar no outro, os
riscos são maiores ao não confessar. Se A não confessar, poderá beneficiar
B e ficar preso por 10 anos. Se A confessar, será preso por no máximo 5
anos, ou se B não confessar, A ficará apenas 1 ano na prisão. Assim,
independentemente do que faça B, A estará melhor se confessar. B pensará
da mesma forma e provavelmente acabará confessando. O resultado do jogo
é que ambos provavelmente confessarão, sendo condenados a cinco anos de
prisão.
Tabela 10.2. Matriz de Payoff do Dilema dos Prisioneiros
Prisioneiro B
Confessa Não confessa
Prisioneiro A
Confessa -5, -5 -1, -10
Não confessa -10, -1 -2, -2
Referências Bibliográficas
1. Noções Preliminares
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 1.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 1.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 1.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro: teoria e exercícios.
4. ed., 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 1.
VICECONTI, P. E.; NEVES, S. Introdução à economia. 2. ed. São Paulo:
Frase Editora, 1996. Cap. 1.
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e
demanda
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 4.
PINDICK, R. S., RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 2.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 6.
3. Elasticidades
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 5.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 2.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 6.
4. Teoria do Consumidor
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 21.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 3.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 5.
5. Teoria da Firma I - Produção
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 6.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 7.
SAMUELSON, P. A.; NORHAUS, W. D. Economia. 16. ed. Altragide
(Portugal): McGraw Hill, 1999. Cap. 6.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia. Micro e macro: teoria e exercícios.
Glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2009. Cap. 5.
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 13.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 7.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 7.
7. Intervenção do Estado na Economia
KRUGMAN, P. R.; WELLS, R. Introdução à economia. Trad. Helga
Hoffmann. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Cap. 4.
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 6.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 6.
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência
Perfeita
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 14.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 8.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. Equipe
de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Cap. 8.
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
KRUGMAN, P. R.; WELLS, R. Introdução à economia. Trad. Helga
Hoffmann. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Cap. 14.
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 15.
PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 10.
10. estruturas de mercado Iii - Oligopólio
MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original Maria José Cyhar Monteiro. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001. Cap. 16.
PINDICK, R.S.; RUBINFELD, D.L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 12.
SAMUELSON, P. A.; NORHAUS, W. D. Economia. 16. ed. Altragide
(Portugal): McGraw Hill, 1999. Cap.10.
Exercícios de Fixação
1. Noções Preliminares
1. Acerca do objeto de estudo da economia e seus desdobramentos, assinale
a alternativa incorreta.
a) A lei da escassez informa que a economia deve procurar produzir o
máximo possível em bens e serviços, dados os recursos escassos
disponíveis.
b) A escassez dos recursos existentes e disponíveis provoca a escassez dos
bens econômicos.
c) A escassez para a economia tem o mesmo sentido da pobreza, ou seja,
posse de um número limitado de bens diante da necessidade ilimitada dos
agentes.
d) A economia pode ser definida como uma ciência social que estuda de
que forma as pessoas utilizam seus recursos produtivos escassos na
produção de bens e serviços, com vistas a satisfazer as necessidades
humanas.
e) Se um bem não tiver procura, não se pode dizer que é escasso.
2. Sobre a modelagem econômica e os elementos que a compõe, julgue C
ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Por representar uma simplificação da realidade, a elaboração de um
modelo econômico exige que se considere inicialmente o máximo de
variáveis explicativas para, em seguida, proceder com a simplificação e
eliminação daquelas que se mostrarem de importânciasecundária.
b) ( ) Os modelos econômicos podem ser resolvidos quando são
encontrados os valores das variáveis exógenas.
c) ( ) O parâmetro e as variáveis endógenas recebem o mesmo tratamento
na modelagem econômica.
d) ( ) Os parâmetros são constantes variáveis.
3. Suponha que uma economia produza apenas dois bens: calças e
geladeiras. A curva de possibilidades de produção está representada pela
Figura 1.4.
Figura 1.4. Curva de possibilidades de produção
A este respeito, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) O custo de oportunidade para o ponto B é zero.
b) ( ) Diante de um avanço tecnológico, haverá um deslocamento ao longo
da curva de possibilidade de produção, como, por exemplo, ponto A para o
ponto D.
c) ( ) Quanto maiores forem os recursos produtivos disponíveis, mais
afastada da origem a curva de transformação estará.
d) ( ) A curva de transformação é convexa em relação à origem, indicando a
escassez dos recursos disponíveis.
4. O conceito de eficiência econômica é relevante na determinação da
alocação dos recursos escassos da economia. A este respeito, é correto
afirmar:
a) Somente se o aumento do bem-estar de um indivíduo representar uma
redução menos que proporcional no bem-estar de outro é que o arranjo
Pareto-ótimo é verificado.
b) Se for possível melhorar a situação de um indivíduo sem alterar a de
outro, diz-se que esta economia atingiu o ótimo de Pareto.
c) Quando a alocação de recursos na economia não permitir uma melhoria
de Pareto, ela será considerada eficiente no sentido de Pareto.
d) A alocação de bens e serviços em uma economia será eficiente se e
somente se for possível realizar trocas adicionais sem perdas para nenhuma
das partes.
e) O ótimo de Pareto é frequentemente verificado em mercados
oligopolizados.
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e
demanda
1. O estudo do comportamento da demanda do consumidor é essencial na
compreensão dos fundamentos da microeconomia. Sobre este tema, julgue
C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) A demanda por um bem ou serviço representa a quantidade consumida
para diferentes níveis de preço.
b) ( ) A demanda por um bem é uma função de seu preço e do preço de
outros bens que lhe guardam relações de complementaridade ou
substitutibilidade.
c) ( ) Caso a elasticidade-preço da demanda seja positiva, a curva terá
inclinação crescente.
d) ( ) Caso um aumento no preço de um bem qualquer x provoque a redução
na quantidade demandada de outro bem y, pode-se afirmar que x e y são
concorrentes.
2. Sobre a relação entre a demanda por um bem e a renda do consumidor,
julgue C ou E as sentenças abaixo.
a) ( ) Sejam dois bens quaisquer. Se estes forem substitutos, o aumento no
preço de um provocará um deslocamento da curva de demanda do outro
para trás.
b) ( ) A elasticidade-renda da demanda por bens de consumo neutro é zero.
c) ( ) A maior parte dos bens econômicos disponíveis é normal.
d) ( ) A classificação de bens como inferiores ou normais pode variar entre
os indivíduos, a depender de suas preferências.
3. Admita que o governo de Pirapó, preocupado com os problemas ósseos
verificados na população, resolva adotar medidas que estimulem o consumo
de alimentos ricos em cálcio e em vitamina D. Para o primeiro objetivo,
adota um campanha televisiva, focada na divulgação dos benefícios do
leite. E para garantir o consumo da vitamina D, subsidia a produção de
suplementos vitamínicos. A este respeito, assinale a alternativa incorreta.
a) Espera-se que a campanha televisiva modifique os gostos do consumidor,
contribuindo para que a curva de demanda do mercado local do leite se
desloque para frente.
b) A adoção da política de subsídios, se bem-sucedida, deslocará a curva de
demanda por suplementos vitamínicos para a direita e para cima.
c) O enunciado da questão deixa implícito que o leite e a vitamina D são
bens complementares e, no sentido propagado pelo governo de Pirapó,
devem ser consumidos conjuntamente.
d) Se os consumidores forem muitos sensíveis à variação dos preços dos
suplementos vitamínicos, a política de subsídios adotada pelo governo
deverá ser muito bem-sucedida.
e) Está implícito no enunciado que o governo considera que o suplemento
se comporta como um bem normal.
4. Acerca da teoria elementar da oferta, julgue C ou E os itens a seguir.
a) ( ) Diferentemente da demanda, que é um desejo, uma aspiração, a oferta
é, efetivamente, a venda de quantidades em função do preço, S(x) = f(px).
b) ( ) A oferta de um bem é negativamente relacionada aos custos de
produção.
c) ( ) A oferta de um bem necessariamente sofrerá alterações se os preços
de outros bens quaisquer variarem.
d) ( ) Um avanço tecnológico que aumente a produtividade marginal do
trabalho na produção de motores a álcool provocará um deslocamento na
curva de oferta de veículos movidos a este combustível para a direita e para
baixo.
5. O equilíbrio de mercado é uma situação em que a oferta e a demanda se
igualam. Sobre este tema, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) O equilíbrio de mercado ocorre em apenas um ponto da curva de
oferta.
b) ( ) O equilíbrio de mercado descreve uma situação em que há
coincidência de desejos entre produtos e consumidores.
c) ( ) Caso o preço vigente seja, por qualquer razão, superior ao preço de
mercado, poderá haver formação indesejada de estoques e pressão para o
retorno do preço ao ponto de equilíbrio.
d) ( ) Segundo os clássicos, a economia está sempre em seu ponto de
equilíbrio.
3. Elasticidades
1. O estudo das elasticidades é fundamental para a compreensão do
comportamento da oferta e da demanda. Acerca deste tema, julgue C ou E
as assertivas a seguir.
a) ( ) Quanto mais a demanda responder às variações de preço de um
determinado bem, mais elástica ela é.
b) ( ) É impossível que a curva de demanda apresente elasticidade preço-
unitário em toda a sua extensão.
c) ( ) O horizonte temporal de análise em nada influencia a elasticidade-
preço da demanda.
d) ( ) A elasticidade entre dois pontos de uma curva de demanda é a mesma,
se a considerarmos de um ponto A para outro ponto B, ou se o fizermos do
ponto B para o A.
2. A Figura 3.9 apresenta a curva de demanda de Jonas por sabonetes/mês.
Admitindo que o mercado em questão é perfeitamente competitivo, julgue
C ou E as assertivas seguintes, acerca das informações contidas no gráfico.
Figura 3.9. Curva de demanda por sabonetes de Jonas
a) ( ) A demanda por sabonetes de Jonas é preço-elástica no ponto A.
b) ( ) A demanda no ponto médio tem elasticidade-preço menor em relação
do que no ponto A.
c) ( ) É possível inferir que, se os preços do sabonete aumentarem muito,
Jonas deixará de consumi-los.
d) ( ) Para Jonas, os sabonetes são facilmente substituíveis.
3. Acerca da relação entre a demanda e a receita total, é correto afirmar:
a) Se a elasticidade-preço da demanda for maior que -1, a receita total
diminui com o aumento dos preços.
b) Diante de uma demanda preço-elástica, os produtos são encorajados a
aumentar seus preços para maximizar seus lucros.
c) Quando, diante de uma redução de preços, for observado crescimento na
receita, é possível que o bem em análise seja essencial.
d) Quanto mais substitutos tiver um bem, maior será a receita total quando
houver queda de preços.
e) Se a demanda por um bem for preço-unitária, a receita total e o preço
variarão no mesmo sentido.
4. O estudo da elasticidade cruzada da demanda fornece importantes
informações sobre a classificação dos bens. A esse respeito, julgue C ou E
as assertivas seguintes.
a) ( ) A elasticidade-cruzada da demanda permite que se comparem
variações percentuais da quantidade de um bem com variações percentuais
no preço de outro bem.
b) ( ) Se a elasticidade-cruzada for um número negativo, os bens serão
substitutos.
c) ( ) A elasticidade-preço cruzada pode variar de -1 a +1.
d) ( ) Bens como café e leite têm elasticidade-preço cruzada da demanda
positiva.
5. Julgue C ou E os itens a seguir, que versam sobre a elasticidade da oferta.
a) ( ) Quando a elasticidade-preçoda oferta é zero, a curva de oferta é uma
reta horizontal.
b) ( ) Uma oferta anelástica tem elasticidade tendente ao infinito.
c) ( ) Se a elasticidade-preço da oferta for infinita, a sensibilidade à variação
de preços também será.
d) ( ) A oferta de bens agrícolas é, em geral, preço-inelástica no longo
prazo.
4. Teoria do Consumidor
1. Acerca da noção de utilidade, julgue C ou E os itens a seguir.
a) ( ) A utilidade marginal de um bem qualquer decresce à medida que seu
consumo aumenta, movimento oposto ao verificado na utilidade total.
b) ( ) A taxa de crescimento da utilidade total de um bem é tanto menor
quanto menores forem os incrementos marginais da utilidade.
c) ( ) Quanto maior for a utilidade marginal de um bem, maior será o preço
marginal de reserva do consumidor.
d) ( ) Quanto mais essencial for um bem, maior será o preço marginal de
reserva máximo e menos inclinada será a curva de demanda daquele bem.
2. São premissas das preferências do consumidor, exceto:
a) Integralidade.
b) Completude.
c) Transitividade.
d) Convexidade.
e) Quantidades maiores são preferíveis às menores.
3. A noção acerca do custo de oportunidade implícita nas escolhas do
consumidor é importante para bem compreender seu comportamento. A
este respeito, julque C ou E as assertivas seguintes.
a) ( ) A taxa marginal de substituição entre dois bens quaisquer é sempre
negativa.
b) ( ) A inclinação da curva de indiferença é a mesma em toda sua extensão.
c) ( ) A taxa marginal de substituição indica que, em geral, os consumidores
tendem a apresentar níveis maiores de utilidade com cestas mais
balanceadas do que com cestas que possuem poucas unidades de um bem e
muitos de outro.
d) ( ) Se um consumidor é completamente indiferente entre uma barra de
chocolate ou uma porção de sorvetes, a taxa marginal de substituição das
curvas de indiferença que representam seu mapa de indiferença é constante.
4. Acerca da maximização da utilidade pelo consumidor, julgue C ou E os
itens a seguir.
a) ( ) O maior grau de satisfação de um consumidor é obtido pela curva de
indiferença mais distante da origem dos eixos cartesianos.
b) ( ) O consumidor maximizará sua utilidade quando ajustar o consumo de
dois bens de tal forma que a taxa marginal de substituição se iguale à razão
entre os preços.
c) ( ) Na solução de canto, a taxa marginal de substituição é diferente da
razão entre os preços.
d) ( ) A condição de igualdade entre a utilidade marginal e custo marginal é
válida na solução de canto.
5. Acerca da mudança no equilíbrio do consumidor, julgue C ou E as
assertivas a seguir.
a) ( ) Se o consumo de um bem se modificar em razão de variações no
poder aquisitivo de um consumidor, haverá deslocamento deste para uma
nova curva de indiferença.
b) ( ) Diferentemente do que ocorre no efeito-renda, no efeito-substituição o
consumidor migra para um ponto na mesma curva de indiferença.
c) ( ) Quando a curva de demanda tiver elevada elasticidade-preço, o efeito-
renda e substituição serão fortes.
d) ( ) Bens de difícil substituição que representam pouco orçamento do
consumidor terão, diante de variações na renda, efeitos-renda e substituição
pequenos e a demanda tenderá a ser preço-inelástica.
5. Teoria da Firma I - Produção
1. A função de produção de uma empresa descreve a combinação de
insumos necessários que resultam em determinado produto total. Sobre este
importante aspecto da Teoria da Firma, julgue C ou E os itens a seguir.
a) ( ) A função de produção revela qual é a quantidade máxima de produto
que pode ser produzida a partir de uma combinação dos insumos.
b) ( ) Caso o nível tecnológico relevante para a firma se modifique, a
composição da função de produção também tende a se alterar.
c) ( ) A função de produção onde pelo menos um fator é fixo
necessariamente alude ao curto prazo.
d) ( ) No curto prazo, a firma só pode modificar a quantidade do insumo
variável se desejar ampliar seu produto total final.
2. Acerca da relação entre curvas de produto total, médio e marginal, julgue
C ou E as assertivas.
a) ( ) O produto marginal é positivo quando a produção está crescendo,
unitário se o produto não sofrer alteração no ponto de decrescimento da
curva de produto total.
b) ( ) A curva do produto marginal cruza o eixo das abscissas no ponto em
que a inclinação da curva de produto total é máxima.
c) ( ) A inclinação da curva de produto total informa o produto marginal do
fator variável.
d) ( ) Quando o produto marginal é maior que o produto médio, este é
decrescente.
3. Sobre a teoria da firma no longo prazo, assinale a opção incorreta.
a) No longo prazo não existem retornos decrescente.
b) As isoquantas são ferramentas importantes do estudo da Teoria da
Produção apenas no longo prazo.
c) A TMST da isoquanta deixa evidente que à medida que nos movemos ao
longo de uma isoquanta, mais difícil é a substituição de um fator produtivo
por outro.
d) A lei dos rendimentos marginais decrescentes não é válida no longo
prazo.
e) As isoquantas fornecem aos empresários flexibilidade para decidir o
quanto empregar de cada insumo, visando atingir certo nível de produção.
4. Sobre os casos especiais da função de produção, julgue C ou E os itens a
seguir.
a) ( ) Processos produtivos que possam ser desenvolvidos por um único
fator de produção, seja capital, seja trabalho. Terão isoquantas representadas
por linhas retas paralelas.
b) ( ) Se a substituição entre insumos de produção for impossível, as
isoquantas terão inclinação igual a zero.
c) ( ) Uma função de produção de proporções fixas tem, necessariamente,
TMST = 1.
d) ( ) Quando o aumento do produto total só se faz com o aumento
proporcional dos insumos, a função de produção é de Leontief.
5. Ao alterar a escala de produção, a firma pode experimentar rendimentos
à escala. Sobre este assunto, julgue C ou E os itens abaixo.
a) ( ) Quando um aumento de todos os insumos de produção conduzem a
um aumento proporcional da produção, a firma não está usufruindo de
rendimentos à escala.
b) ( ) Quando a variação no produto total é menos que proporcional à
variação nos insumos, diz-se que há rendimentos decrescentes à escala.
c) ( ) Em geral, ao longo da expansão das empresas, elas experimentam
fases com rendimentos crescentes, constantes e decrescentes de escala.
d) ( ) Se o aumento dos insumos de produção provocar queda no produto
total, a empresa está diante de rendimentos decrescentes.
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
1. A decisão de obter lucros da firma passa tanto pela maximização do
produto total dada a combinação de insumos possível e descrita pela função
de produção quanto pela minimização dos custos. A respeito da questão dos
custos, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Os custos irreversíveis exercem pouca influência sobre as decisões das
empresas.
b) ( ) Os custos irreversíveis têm custo de oportunidade zero.
c) ( ) Custos de oportunidade representam tanto custos contábeis quanto
custos econômicos.
d) ( ) Por não exigirem dispêndios monetários, os custos de oportunidade
são custos implícitos.
2. A respeito dos custos total, médio e marginal das empresas, julgue C ou
E as assertivas a seguir.
a) ( ) Se o produto marginal do trabalho for alto, muito trabalho adicional se
fará necessário para que o produto total aumente, o que implica em elevado
custo marginal.
b) ( ) Segundo a lei dos rendimentos marginais decrescentes, conforme
novas unidades de um insumo variável forem sendo adicionados ao
processo produtivo, o produto marginal e os custos marginais movem-se em
direções opostas.
c) ( ) A curva de custo fixo médio (CFMe) é declinante em toda a sua
extensão.
d) ( ) A queda inicial observada nos custos médios ocorre em função da
queda dos custos fixos médios, ao passo que o aumento verificado em
seguida resulta do crescimento dos custos variáveis médios.
3. Acerca da relação entre custo variável e médio, assinale a alternativa
correta.
a) Quando o custo marginal é maior que o custo médio, este está
declinando.
b)A curva de custo marginal cruza a curva de custo total médio na fase
crescente desta última.
c) No ponto em que a curva de custo marginal cruza com a curva de custo
variável médio, a primeira está em sua porção declinante.
d) No ponto inferior da curva de custo médio, o custo marginal iguala-se a
ela.
e) No ponto em que o custo marginal é igual ao custo médio, a curva de
custo médio está completamente inclinada, ou seja, tem inclinação igual a
1.
4. Considere os dados da Tabela 6.4 para julgar as assertivas (C ou E) a
seguir.
Tabela 6.4a - Custos de Produção da Gama Shoes (custos em unidades
monetárias)
Quantidade
produzida de
pares de tênis por
dia
Custo
Fixo
(CF)
Custo
Variável
(CV)
Custo
Total
(CT)
Custo
Variável
Médio
(CVMe)
Custo
Total
Médio
(CTMe)
Custo
Marginal
(CMg)
0 6 0 a g m s
1 6 8 b h n t
2 6 13 c i o u
3 6 17 d j p v
4 6 22 e k q x
5 6 32 f l r z
a) ( ) Os custos marginais da Gama Shoes indicam a presença da lei dos
rendimentos decrescentes do fator variável.
b) ( ) As letras d, k, r e v correspondem, respectivamente, a 23; 3,67; 7,67 e
4.
c) ( ) A curva de custo total tem o mesmo formato da curva de custo
variável.
d) ( ) Quando o custo marginal é menor que o custo total médio, este está
declinando.
5. Acerca de Teoria dos Custos, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) A curva de custo médio de longo prazo tem formato de U em função
dos rendimentos de escala.
b) ( ) O custo marginal de longo prazo, para qualquer nível de produção,
deve ser igual ao custo marginal de curto prazo associado à dimensão ideal
da fábrica.
c) ( ) Quando o custo médio de longo prazo aumenta diante do aumento da
produção, diz-se que há economias de escala.
d) ( ) Os rendimentos de escala ocorrem quando é possível dobrar a
produção com um aumento de menos do que o dobro dos custos.
7. Intervenção do Estado na Economia
1. Diante de flutuações bruscas nos preços internacionais de algumas
commodities, o governo de Soropá opta por intervir no mercado, garantindo
preços mínimos aos produtores de trigo. Com base nestas informações,
julgue C ou E as assertivas abaixo.
a) ( ) Como a demanda por trigo o é, em geral, preço-elástica, o governo
deverá garantir que o produto seja vendido no mercado e, para tanto, deverá
também adotar um programa de compras.
b) ( ) A adoção de um programa de compras ou de subsídios não se faz
necessária neste caso, dadas as características presumíveis da demanda.
c) ( ) Se a população de Soropá for, em sua maioria, de baixa renda, espera-
se que o governo adote também um programa de subsídios pra compensar a
queda nas vendas do trigo.
d) ( ) Dada a essencialidade do produto, o governo de Soropá será
indiferente à adoção de um programa de compras ou de subsídios.
2. Acerca da intervenção do governo na economia via política de preços
máximos, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Quando o preço-teto é estabelecido em patamar superior ao preço de
equilíbrio, ele torna-se compulsório.
b) ( ) A imposição de tetos de preço provoca uma situação de escassez
geradora de novas distorções.
c) ( ) Um exemplo típico deste tipo de política é a lei do salário mínimo.
d) ( ) O governo pode tentar minimizar os problemas gerados pela política
de preços máximos pela adoção de um programa de compras.
3. Acerca da política de cotas, julgue C ou E as assertivas seguintes:
a) ( ) A política de controle de quantidades é uma forma alternativa de
intervenção governamental, onde o governo, através da emissão de licenças,
limita a quantidade comercializável de um bem.
b) ( ) A política de cotas estabelece limites - pisos e tetos - para as
quantidades comercializáveis de um bem.
c) ( ) A introdução de cotas de produção impõe uma cunha entre os preços
de demanda e oferta, gerando ineficiência alocativa e estimulando a
atividade ilegal.
d) ( ) Caso as cotas sejam fixadas abaixo da quantidade de equilíbrio, elas
não terão efeitos no mercado.
4. Caso a curva de oferta de certo bem for representada pela equação S = 10
+ 2p e o governo determinar um imposto ad valorem de 20%, a nova curva
de oferta será expressa por
a) S’ = -12 + 2,4p
b) S’ = 3,2p - 20
c) S’ = 1,6p + 10
d) S’ = 10 + 1,6p
e) S’ = 1,6p - 10
5. Os impostos representam para os governos sua principal fonte de
receitas. Acerca deste assunto, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Se o governo impor um imposto específico sobre determinado bem,
sua oferta retrairá, mas o intercepto da curva de oferta antes e depois de sua
incidência não modificará.
b) ( ) O ônus do imposto é compartilhado entre compradores e vendedores,
sendo que os últimos recebem preços abaixo do ponto de equilíbrio sem
imposto.
c) ( ) Quanto mais elástica for a demanda, mais os compradores arcarão
com o ônus do imposto.
d) ( ) O efeito líquido da imposição de imposto é a geração de peso morto,
que representa uma ineficiência alocativa. Este pelo morto tenderá a ser
maior quanto mais inelásticas forem as curvas de oferta e demanda.
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência
Perfeita
1. Sobre as características dos mercados em concorrência perfeita, julgue C
ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Os agentes são tomadores de preço.
b) ( ) Cada empresa se ocupa em determinar a quantidade de bens a ser
ofertada, sem preocupar-se com os preços.
c) ( ) Os produtos ofertados neste mercado são similares e complementares
entre si.
d) ( ) O mercado é permeável, ou seja, não há barreiras para entrada e saída
de empresas.
2. Acerca das curvas de custo, lucro e receita nos mercados em
concorrência perfeita, assinale a alternativa correta.
a) No ponto do gráfico representativo das curvas de custo, receita e lucro
totais, quando a distância entre custos e receitas é máxima, o lucro é
maximizado.
b) A inclinação da curva de custo marginal fornece o valor do custo total
naquele ponto.
c) O custo é positivo mesmo com produto igual a zero, pela presença de
insumos variáveis no curto prazo.
d) No ponto de lucro máximo, as inclinações das curvas de receita e custo
são zero.
e) Quando as receitas são iguais aos custos, o lucro é maximizado.
3. Uma firma em concorrência perfeita, diante de uma situação de
prejuízos, deve tomar decisões acerca de sua permanência ou não no
mercado. Acerca deste tema, julgue C ou E os itens a seguir.
a) ( ) Quando as receitas de uma empresa apenas cobrirem seus custos
variáveis ou os prejuízos forem iguais aos custos fixos, a empresa deve
encerrar suas atividades.
b) ( ) Quando os preços forem iguais ao custo marginal, mas abaixo do
custo total médio mínimo, a empresa deve encerrar suas atividades.
c) ( ) Se o custo total médio for maior que o custo marginal, a empresa deve
continuar produzindo, a despeito dos prejuízos.
d) ( ) As opções que uma empresa competitiva em prejuízo dispõe no curto
prazo são somente continuar ou encerrar sua atividades.
4. Acerca da oferta da empresa competitiva no curto prazo, julgue C ou E
os itens a seguir.
a) ( ) A curva de oferta acompanha a curva de custo marginal apenas acima
do ponto de encerramento.
b) ( ) O nível de produção escolhido pela empresa, representado na curva de
oferta, atenderá à igualdade CMg =P.
c) ( ) A curva de oferta é sempre ascendente.
d) ( ) No trecho entre o ponto crítico e o ponto de encerramento, a curva de
oferta é descontinuada.
5. Os mercados em concorrência perfeita são eficientes no sentido de
Pareto. Assinale a alternativa que não descreve ou desenvolve corretamente
esta informação.
a) O ganho marginal para a sociedade da última unidade consumida é igual
ao custo marginal para a sociedade da última unidade produzida.
b) Os consumidores distribuem seus recursos entre diferentes bens até que a
utilidade marginal da última unidade monetária seja igual para todos os
bens consumidos.
c) A eficiência dos mercados competitivos implica em equidade e bem-estar
social.
d) A concorrência perfeita é a forma mais eficiente, economicamente
falando, de alocação dos recursos escassos entre necessidades ilimitadas.
e) O preçoé igual ao custo marginal, o que indica que produtores ofertarão
seus bens até o ponto em que seu preço for igual ao custo da última unidade
ofertada.
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
1. Sobre a concorrência imperfeita, é incorreto afirmar:
a) São mais comuns casos empíricos de monopólio puro do que de
concorrência perfeita.
b) Os ofertantes têm influência na determinação de preços.
c) A concorrência imperfeita convive com a rivalidade, embora possa haver
comportamentos cooperativos.
d) A curva de demanda tem o mesmo formato da curva da concorrência
perfeita, considerando o setor como um todo.
e) O poder de mercado do monopólio é total.
2. Acerca do monopólio, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Se uma empresa for capaz de ofertar um produto no mercado a um
custo inferior do que faria um maior número de empresas, ele será um
monopólio puro.
b) ( ) Um monopólio natural apresenta economias de escala de forma
permanente.
c) ( ) O monopólio natural apresenta curva de custo total médio em formato
de U.
d) ( ) Quando a curva de demanda da indústria encontra-se muito distante
da escala eficiente de uma única empresa, a curva de custo médio será
decrescente em toda sua extensão.
3. Suponha que uma empresa monopolista apresente a seguinte função de
custo total: CT(Q) = 25 + Q2 e que a demanda neste mercado é
representada pela função P(Q) = 60 - Q. Com base nestas informações,
julgue os itens seguintes (C ou E):
a) ( ) A receita marginal é igual a RMg = 60 - 2Q.
b) ( ) O lucro é maximizado quando a quantidade produzida é igual a 10.
c) ( ) O lucro é maximizado a um preço de 50.
d) ( ) Conforme o nível de produção aumenta de 0 a 10, o lucro aumenta até
atingir seu máximo.
4. Acerca da relação entre o bem-estar social e o monopólio, julgue C ou E
as assertivas a seguir.
a) ( ) O nível de produto no monopólio é menor e o preço maior do que em
concorrência perfeita.
b) ( ) O monopolista captura o excedente do consumidor, sendo tanto maior
tal captura quanto maior for a discriminação de preços por ele praticado.
c) ( ) O monopólio gera peso morto, inexistente no caso da concorrência
perfeita.
d) ( ) É possível que o monopólio apresente uma alocação Pareto-eficiente.
5. A respeito do comportamento do monopolista maximizador de lucros,
julgue C ou E as assertivas seguintes:
a) ( ) A fixação não linear de preços é uma estratégia que visa segmentar o
mercado e ofertar produtos a preços diferentes para cada grupo.
b) ( ) O lançamento recente das televisões a LED no Brasil contou com
forte discriminação intertemporal de preços.
c) ( ) Parques aquáticos no Brasil atuam como monopolistas que praticam a
tarifa em duas partes.
d) ( ) A venda em pacote se diferencia da venda casada por só ocorrer com
três ou mais produtos ou serviços conjuntamente.
10. estruturas de mercado iii - Oligopólio
1. Acerca das características dos mercados oligopolizados, julgue C ou E as
assertivas a seguir.
a) ( ) Estão presentes nos mercados em oligopólio as seguintes
características: barreiras à entrada, altos custos de implantação e interação
estratégica.
b) ( ) Um dos motivos que pode favorecer a implantação de oligopólios são
os altos gastos de implantação, que exigem que a escala mínima eficiente
ocorra num alto nível de produção.
c) ( ) Apesar de apresentar ineficiências alocativas, os oligopólios também
trazem benefícios à sociedade, como investimentos consideráveis em
pesquisa e desenvolvimento.
d) ( ) Em mercados oligopolizados, as empresas dependem das ações de
suas rivais para tomar sua próprias decisões.
2. Quando empresas em mercados oligopolizados atuam de forma
cooperativa, forma-se o chamado oligopólio de conluio. A este respeito,
julgue C ou E os itens.
a) ( ) Se um conluio tácito for estabelecido, o excedente do consumidor se
reduzirá.
b) ( ) O Equilíbrio de Nash pode ocorrer quando há cooperação estratégica e
interação entre empresas oligopolistas.
c) ( ) A prática do conluio é facilitada quando houver um número maior de
empresas, e quando os preços não são públicos.
d) ( ) Quando empresas oligopolistas agem de forma cooperativa, em
conluio, os lucros resultantes são os de monopólio.
3. Se empresas em mercados oligopolizados optarem por agir de forma não
cooperativa, apresentarão as seguintes características, exceto:
a) Maximização de lucros.
b) Quantidade produzida maior que a da concorrência perfeita.
c) Lucros positivos e menores que os de monopólio.
d) Preços maiores que os de concorrência perfeita.
e) As empresas definem individualmente preços e quantidades, procurando
minimizar custos.
4. Comparando as estruturas de mercado oligopolizadas com as de
monopólio e concorrência perfeita, é possível tirar importantes conclusões.
A este respeito, julgue C ou E as assertivas a seguir.
a) ( ) Em todas as estruturas, o preço é igual ao custo marginal.
b) ( ) Pelo fato de enfrentarem concorrência, o oligopólio não cooperativo
não tem poder de mercado relevante.
c) ( ) Há um caso específico onde o monopólio, assim como a concorrência
perfeita, é eficiente no sentido de Pareto. O mesmo não se pode dizer do
oligopólio.
d) ( ) Em todas as estruturas citadas, no enunciado, o lucro é maximizado
quando RMg = CMg.
5. Julgue C ou E as assertivas acerca da Teoria dos Jogos.
a) ( ) O problema central da Teoria dos Jogos é a previsão acerca do
comportamento do rival.
b) ( ) O objetivo do jogo denominado Dilema dos Prisioneiros é mostrar
quão dificultoso é conseguir a cooperação, mesmo quando ela é
mutuamente benéfica.
c) ( ) O Dilema dos Prisioneiros mostra que as empresas podem confiar nas
ações de seus concorrentes, pois apesar das dificuldades de cooperação,
todas almejam lucros maiores.
d) ( ) Na estrutura descrita pela Teoria dos Jogos, toda a determinação de
preços e quantidades a serem produzidas depende da reação dos rivais.
Gabarito Comentado
1. Noções Preliminares
Questão 1
Resposta: letra C
É importante não confundir escassez - quando há mais desejos do que bens
para satisfazê-los - com a posse de poucos bens. Trata-se de conceitos
distintos, pois a escassez pode existir mesmo quando houver muitos bens.
Questão 2
a) E
A regra geral é oposta: procura-se adotar um modelo inicial simples para,
em seguida, acrescentar-lhe as complicações necessárias para torná-lo mais
coerente com a realidade por ele descrita.
b) E
Lembre-se que as variáveis exógenas são aquelas cujos valores são
determinados por forças externas ao modelo. A variável endógena é que
será determinada por sua solução.
c) E
Os parâmetros são constantes associadas a uma variável, podendo assumir
diferentes valores. Diferentemente da variável endógena, cujo valor é dado
pela solução do modelo, os parâmetros são tratados como dados. Neste
sentido, assemelham-se à variáveis exógenas.
d) C
O valor numérico do parâmetro pode ser arbitrariamente fixado. Por ser
uma constante variável, recebe também o nome de constante paramética.
Questão 3
a) C
Observe que como o ponto B encontra-se dentro da área limitada pela curva
de possibilidades de produção, não há sacrifício algum para aumentar a
produção de ambos os bens.
b) E
Variações tecnológicas deslocam a curva de possibilidade de produção para
fora.
c) C
A afirmativa é válida para quaisquer variações nos fatores considerados
constantes.
d) E
A curva de transformação é côncava em relação à origem dos eixos
cartesianos. É também decrescente, em razão da limitação dos recursos
disponíveis.
Questão 4
Resposta: letra C
a) E
O ótimo paretiano não traz consigo a noção de proporcionalidade, sendo
simplesmente definido como a situação em que não é possível aumentar o
bem-estar de um sem reduzir o de outro.
b) E
Enquanto tal situação for possível, não se atingiu a otimização. Cada vez
que se melhora a situação de um indivíduo sem piorar a de outro, houve
uma melhoria de Pareto.
c) C
Nesta situação, não será possível alocar os recursos de forma mais eficiente,
pois qualquer melhoria na situação de um indivíduo necessariamentepiorará a situação de outro.
d) E
Se esta situação se verificar, o ótimo de Pareto ainda não terá sido atingido,
sendo, portanto, possível melhorar a alocação dos recursos nesta economia.
e) E
A alocação de recursos em mercados oligopolizados não pode ser
considerado Pareto-eficiente, pela presença de excedentes do produtor, já
que preços são estabelecidos acima do custo marginal. O ótimo de Pareto é
observado em mercados de concorrência perfeita, quando estes se
encontram no ponto de equilíbrio nulo de longo prazo.
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e
demanda
Questão 1
a) E
A demanda é uma aspiração, um desejo, e não efetivamente uma compra. É
determinada por um conjunto de variáveis, das quais a mais relevante é o
preço do bem demandado.
b) C
O candidato pode ter sido levado a erro neste item por entender que a
assertiva está incompleta. Mas tal como aparece nas provas elaboradas pelo
Cespe, fato de estar incompleta não torna a assertiva incorreta. Fica a dica!
c) C
Esta sentença descreve um caso extremamente raro chamado Paradoxo (ou
bens) de Giffen. A inclinação da curva, neste caso, é positiva, indicando que
um aumento no preço aumenta a demanda pelo bem.
d) E
Neste caso, os bens são complementares entre si.
Questão 2
a) E
A curva de demanda do segundo bem se deslocará para a direita e para a
frente.
b) C
Bens de consumo saciado ou neutro são aqueles em que não se verifica a
alteração no consumo diante do aumento da renda, o que equivale afirmar
que a elasticidade-renda da demanda é zero.
c) C
A maioria dos bens econômicos apresenta um comportamento normal no
tocante à relação renda-demanda: diante de aumentos de renda, verifica-se
aumento na quantidade demandada.
d) C
O que pode ser um bem inferior para mim (ex.: mortadela de frango) pode
não o ser para outrem.
Questão 3
Resposta: letra B
a) C
Dispensa comentários.
b) E
A política de subsídios fará com que o preço do suplemento caia pra o
consumidor final, provocando um deslocamento ao longo da curva de
demanda.
c) C
Esta é exatamente a ideia que o governo quer transmitir à população.
d) C
Neste caso, a elasticidade-preço será alta, e reduções no preço tenderá a
aumentar fortemente o consumo.
e) C
Espera-se que o aumento da renda real dos consumidores, graças ao
aumento do poder de compra resultante da queda do preço do suplemento,
provoque aumento na demanda. Assim, fica implícito que o governo
assumiu que o suplemento é um bem normal.
Questão 4
a) E
Assim como ocorre com a demanda, a oferta é um desejo, uma aspiração,
um plano.
b) C
Quanto maiores os preços dos fatores de produção, menor tende a ser a
oferta. A relação é, pois, negativa.
c) E
É importante destacar que a relação S(x) = f (Py, P2z,...Pi) é válida se y, z e
i tiverem alguma relação com o bem x. A assertiva é coerente se x e y
forem substitutos, por exemplo: Mas não há razão para supor que o
aumento dos preços do trigo provoque alguma relação direta na produção
de sabonetes.
d) C
A oferta é uma função da tecnologia (t), coeteris paribus: S(x) = F (t).
Mudança em T provoca deslocamento da curva de oferta para frente (para a
direita e para baixo).
Questão 5
a) C
Como a curva de demanda é decrescente e a de oferta, crescente, o ponto de
interseção entre elas é único. Somente ali haverá o equilíbrio, com um
preço p* e uma quantidade q*.
b) C
No ponto de equilíbrio, os consumidores desejam comprar exatamente a
mesma quantidade que os produtores desejam vender.
c) C
A situação descreve um excesso de oferta.
d) E
O equilíbrio é a tendência do mercado, mas não necessariamente sua regra.
O item C, inclusive, descreveu uma situação de desequilíbrio temporário.
3. Elasticidades
Questão 1
a) C
A elasticidade-preço da demanda é conceituada como sendo a sensibilidade
da demanda diante das variações de preço.
b) E
Trata-se de um caso típico, mas possível.
c) E
Em geral, em intervalos mais curtos de tempo, os bens tendem a apresentar
elasticidade-preço menores do que em períodos mais amplos.
d) E
A elasticidade entre os pontos A e B é diferente da elasticidade entre os
pontos B e A.
Questão 2
a) C
Resolução:
Os pontos são os seguintes:
PA = 1
PB = 1,2
Q A= 6
Q B = 4
|-1,67| > 1. A demanda é preço-elástica no ponto A.
b) A
Resolução:
A elasticidade no ponto médio ou no arco é dada por:
|-2,2| > |-1,67|.
c) E
As elasticidades-preço variam ao longo da curva de demanda. A própria
inclinação do início da curva mostra que, para quantidades menores, Jonas
pagaria preços mais elevados, o que evidencia uma maior inelasticidade-
preço neste trecho da curva.
d) E
As informações presentes no gráfico, inclusive sua curvatura, mostram uma
inelasticidade-preço para quantidades baixas, o que indica que a
substituição não é tão simples (a informação é intuitiva, principalmente
porque a questão fala de sabonetes em geral).
Questão 3
Resposta: letra D
a) E
Observe que o item não fala “em módulo”, o que torna o item errado. Se hD
= -0,5, por exemplo, -0,5>-1 (para não se confundir, pense na temperatura).
E -0,5 representa uma demanda preço-inelástica. Se o preço do bem
aumentar, a receita total aumentará também.
b) E
Se a demanda é preço-elástica, os produtores vão preferir segurar seus
preços, evitando queda na receita total.
c) E
Quanto mais essencial o bem, menor sua elasticidade. E diante de baixas
elasticidades-preço da demanda, a receita total diminui com a redução de
preços.
d) C
Quanto melhores (ou mais) substitutos tiver um bem, maior deverá ser sua
elasticidade-preço. Por isso, a receita total aumenta com a queda de preços.
e) E
Se a demanda for preço-unitária, a receita total permanecerá constante
diante da variação de preços.
Questão 4
a) C
Conceitual.
b) E
Se hxy < 0, os bens são complementares. Isso significa que o aumento nos
preços de x faz a quantidade demandada de y cair.
c) E
Ela pode variar de -∞ a +∞.
d) E
Por serem bens complementares, a elasticidade-preço cruzada é negativa.
Questão 5
a) E
Neste caso, a curva é uma reta vertical.
b) E
Oferta anelástica ou perfeitamente inelástica tem elasticidade igual a zero.
c) C
Isso significa que ao preço Px da Figura 3.10, os produtores estarão
dispostos a ofertar qualquer quantidade.
Figura 3.10. Oferta perfeitamente elástica (ES= ∞)
d) E
No longo prazo, a rigidez da oferta tende a ceder e os agricultores optam
pela produção do bem cujo preço de mercado é mais vantajoso. Sua oferta
é, portanto, preço-elástica.
4. Teoria do Consumidor
Questão 1
a) C
A utilidade total cresce conforme mais unidades do bem vão sendo
consumidas. Mas os incrementos marginais na utilidade são cada vez
maiores, como preconiza a Lei da Utilidade Marginal Decrescente.
b) C
A utilidade total tem comportamento crescente até atingir seu pico (quando
a UMg = 0), e seus acréscimos vão ocorrendo a taxas cada vez menores.
c) C
Subentende-se que o item refere-se a um ponto específico da curva de
demanda. Em um ponto qualquer onde a utilidade marginal for alta, o preço
marginal de reserva - o máximo que um consumidor está disposto a pagar -
será também alto.
d) E
Bens essenciais têm demanda preço-inelástica, o que significa que os
consumidores são pouco sensíveis à variação nos preços. Quanto mais
essencial, mais inelástica a demanda e, portanto, mais inclinada (vertical)
será a curva.
Questão 2
a) C
As preferências são completas ou integrais, ou seja, para quaisquer cestas A
e B, o consumidor manifesta se prefere A a B, B a A ou se é indiferente a
qualquer delas.
b) C
Completude e integralidade aqui têm o mesmo sentido. Vale a justificativa
do item anterior.
c) C
Preferências transitivas significam que se um consumidor manifesta
preferência pela cesta A em vez da B, e B em vez da C, então ele também
prefere A a C.
d) E
Não há sentido em falar de convexidade das preferências. Haveria sentido
se estivéssemos nos referindo à curvas de indiferença, mas não às
preferências em geral.
e) C
Considerando que todos os bens são desejáveis,assume-se que ter mais é
sempre preferível a ter menos.
Questão 3
a) C
Pelo fato de a taxa marginal de substituição ser calculada a partir da curva
de indiferença, que tem inclinação negativa, ela mede o sacrifício requerido
pelo consumidor, ou seja, o quanto se deixa de consumir de um bem A para
elevar em uma unidade o consumo do bem B. Aqui, a noção de custo de
oportunidade está implícita.
b) E
A inclinação modifica-se ao longo da curva.
c) C
Este é o comportamento típico, geral. A regra, no entanto, admite exceções
(fato que não é suficiente para tornar a assertiva errada).
d) C
O item descreve o caso dos substitutos perfeitos, onde as curvas de
indiferença são representadas por linhas retas paralelas.
Questão 4
a) C
À primeira vista, o candidato pode ter julgado o item como incompleto, já
que ele não fala nada sobre a restrição orçamentária. Mas não esqueça que
esse tipo de assertiva é muito recorrente nas provas do Cespe. O fato de
estar incompleto não torna o item errado. Maior satisfação o consumidor
terá com as cestas localizadas em curvas de indiferença mais distantes da
origem pelo simples fato de elas terem mais unidades do que menos de
ambos os bens.
b) C
A maximização da utilidade ocorre no ponto em que a taxa marginal de
substituição é igual à razão entre os preços relativos: TMS = PA/PB.
c) C
Neste caso, a taxa marginal de substituição será maior ou igual a esta razão:
TMS ≥ PA/PB.
d) E
A taxa marginal de substituição de um bem por outro, no caso da solução de
canto, é maior que a inclinação da linha de restrição orçamentária. Assim, a
condição UMg = CMg é inválida na solução de canto.
Questão 5
a) C
O item descreve o efeito-renda.
b) C
Ao fazer isso, o consumidor estará em um ponto diferente da curva de
indiferença, com nova inclinação e, portanto, outra taxa marginal de
substituição.
c) C
Isso significa que o bem em análise tem substitutos próximos.
d) C
Para ficar mais fácil a compreensão, pense em um item com estas
características como o sal. Efeito-renda e substituição pequenas e baixa
elasticidade-preço da demanda.
5. Teoria da Firma I - Produção
Questão 1
a) C
Conceitual.
b) C
Diante de avanços tecnológicos, as firmas podem optar por usar mais de um
insumo e reduzir o uso de outro, por exemplo, visando obter um produto
final maior.
c) C
Se há insumos fixos, a análise é de curto prazo.
d) C
Como o nome sugere, insumos fixos não podem ser alterados. Doutra sorte,
já não serão fixos, e a análise será considerada de longo prazo.
Questão 2
a) E
O item está quase todo correto. O erro é que o produto marginal é zero
quando a produção está constante.
b) E
A curva do produto marginal cruza o eixo das abscissas (eixo x) no ponto
em que a inclinação da curva de produto total é zero, ou seja, quando esta
atinge seu pico.
c) C
Da mesma forma, a derivada de função produto total fornece o produto
marginal.
d) E
Quando o produto marginal é menor que médio, este é decrescente.
Questão 3
Resposta: letra D
a) C
Os retornos crescentes acontecem no curto prazo, já que são verificados
quando um insumo é fixo enquanto o outro varia. Mesmo assim, a lei dos
rendimentos marginais decrescentes é válida.
b) C
Como as isoquantas são curvas que representam todas as combinações
possíveis de insumos que geram o mesmo produto final, admite-se que
ambos são variáveis. Assim, a análise é de longo prazo.
c) C
O item descreve uma das propriedades da isoquanta, a saber, a convexidade
em relação à origem. Ela mostra que a TMST diminui ao longo da curva, o
que mostra que a substituição de um fator por outro é cada vez mais difícil.
d) E
A lei dos rendimentos decrescentes, por prever pelo menos um fator de
produção fixo, é um fenômeno tipicamente de curto prazo. No entanto,
mesmo na análise de longo prazo, a lei permanece válida, como visto nas
Figuras 5.4 e 5.5.
e) C
Este é um dos objetivos da construção de isoquantas: mostrar combinações
possíveis de insumos de produção que forneçam o mesmo produto final.
Questão 4
a) C
O item descreve a função de produção para substitutos perfeitos.
b) E
Se a substituição entre insumos for impossível, está-se diante de uma
função de produção de proporções fixas, cujas isoquantas têm formato de
“L”.
c) E
A proporção fixa não precisa ser de um para um. O importante é que a
proporção entre insumos seja fixa (ainda que 1 para 2, 1 para 10, etc.).
d) C
Neste caso, só se migra de uma isoquanta para outra mantendo-se uma
combinação específica e proporcional entre os insumos. As isoquantas têm
formato de “L”.
Questão 5
a) E
No caso descrito, o processo produtivo está na fase dos rendimentos
constantes à escala.
b) C
Conceitual.
c) C
Trata-se de uma característica comum entre as empresas, ao longo de seu
processo de crescimento.
d) E
Situação incomum, não? Se ocorrer, é porque há algum tipo de problema
com estes insumos. Os rendimentos não estão decrescentes, eles estão
negativos!
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
Questão 1
a) E
Tais custos, como o nome já diz, já foram feitos e não podem ser
recuperados. Por isso, não exercem (ou não deveriam exercer) influência
sobre as decisões atuais da empresa.
b) C
Recorde que este é o caso, por exemplo, de máquinas adquiridas para
objetivos específicos, não apresentando utilidade para outras coisas. Assim,
tem custo de oportunidade zero.
c) E
Custos de oportunidade são custos econômicos e devem ser considerados
nas decisões da empresa, pois engloba a questão das oportunidades
alternativas de investimento.
d) C
Acrescente-se que, embora não exija o dispêndio monetário, ele é medido
pelo valor monetário dos benefícios dos quais se teve que abrir mão.
Questão 2
a) E
Se o PMgT for baixo é que muito trabalho adicional se fará necessário. O
restante da assertiva está correto.
b) C
Neste caso, o produto marginal cai e o custo marginal aumenta.
c) C
O fato indica que menor é o custo fixo por unidade produzida conforme o
nível de produção aumenta.
d) C
O item explica o formato e U da curva de custo total médio.
Questão 3
Resposta: letra D
a) E
Quando o custo marginal é menor que o custo médio, este está declinando.
b) E
A curva de custo marginal cruza a curva de custo total médio em seu ponto
de mínimo.
c) E
A curva de custo marginal está em sua fase crescente ao cruzar com a curva
de custo variável médio.
d) C
O ponto inferior da curva de custo médio é seu ponto de mínimo. É ali que
a curva de custo marginal cruza a curva de custo médio. Assim, CMg =
CMe em seu ponto mínimo.
e) E
No ponto em que o custo marginal é igual ao custo médio, a curva de custo
médio tem inclinação igual a zero.
Questão 4
a) C
Será útil refazermos a tabela, completando as letras indicadas.
Tabela 6.4b - Custos (completos) de Produção da Gama Shoes
Quantidade
produzida de
pares de tênis por
dia
Custo
Fixo
(CF)
Custo
Variável
(CV)
Custo
Total
(CT)
Custo
Variável
Médio
(CVMe)
Custo
Total
Médio
(CTMe)
Custo
Marginal
(CMg)
0 6 0 6 0 0 0
1 6 8 14 8 14 8
2 6 13 19 6,5 9,5 5
3 6 17 23 3,67 7,67 4
4 6 22 28 5,5 7 5
5 6 32 38 6,4 7,6 10
Observe que o custo marginal decresce nas primeiras três unidades, mas
volta a crescer a partir da quarta unidade do produto.
Isso confirma a vigência da lei dos rendimentos decrescentes do fator
variável a partir da quarta unidade.
b) E
Conforme dados da tabela completa, as letras correspondem,
respectivamente, a 23; 5,5; 7,6 e 5.
c) C
A diferença existente entre elas é apenas a distância vertical,
correspondente ao custo fixo e igual a 6.
d) C
O custo marginal é menor que o custo médio total nas unidades 0 a 4.
Observe que neste trecho, o custo total médio está declinando. O fato é
coerente com a teoria econômica estudada.
Questão 5
a) C
Na fase declinante da curva, há rendimentos crescentes e na fase
ascendente, rendimentos decrescentes de escala.
b) C
Conceitual.
c) E
O item descreve as deseconomias de escala.
d) E
O conceito descrito no item é o de economias de escala. Os rendimentosde
escala ocorrem quando, ao dobrarem-se os insumos, a produção mais do
que dobra.
7. Intervenção do Estado na Economia
Questão 1
a) E
A demanda por bens considerados essenciais costuma ser preço-inelástica,
salvo se houver substitutos próximos. Dada a característica deduzida da
demanda, o governo deve adotar realmente um programa de compras. Caso
o enunciado afirmasse que tal demanda é preço-elástica, então o governo
deveria adotar o programa de subsídios.
b) E
A imposição de preços mínimos estabelece um preço superior ao preço de
equilíbrio de mercado. Por esta razão, sem nova intervenção
governamental, haverá excedente de produção, quase que
independentemente das características da demanda (exceção para o caso
extremo de demanda completamente inelástica). Se a demanda for
inelástica, a redução nas quantidades demandadas será menor, mais ainda
acontecerá, sendo justificável a nova intervenção governamental via adoção
de um programa de compras.
c) C
O que garante a resposta afirmativa é a expressão “espera-se que”, ou seja,
não obrigatoriamente isso ocorrerá, mas é bem provável que sim. Uma
população de baixa renda costuma ter elasticidade-preço da demanda alta,
sendo muito sensível, portanto, à variação de preços. Espera-se que o
governo adote o programa de subsídios para não prejudicá-la com os preços
mais altos.
d) E
A escolha entre o programa de compras e o de subsídios é uma questão de
economicidade e deverá ser definida a partir da análise da elasticidade-
preço da demanda.
Questão 2
a) E
Neste caso, o que prevalecerá no mercado é o próprio preço de mercado.
b) C
Alguns exemplos dessas distorções seriam a cobrança de ágios, o
surgimento de filas e mercado negro ou paralelo.
c) E
A imposição de um salário mínimo é exemplo de uma política de preços
mínimos.
d) E
Muito pelo contrário, isso só agravaria o problema da escassez!
Questão 3
a) C
Conceitual.
b) E
Não há sentido em definir um limite quantitativo inferior.
c) C
Outro efeito é o aumento dos preços.
d) E
As cotas são fixadas, em geral, abaixo da quantidade de equilíbrio, gerando
ineficiências alocativas. Se fixadas acima do equilíbrio, e não surtirão
efeitos no mercado.
Questão 4
Resposta: letra D
Resolução:
S = - 10 + 2p
t = 0,2
p’ = p(1 - t)
p’ = p (1 - 0,2)
p’ = 0,8p
S’ = - 10 + 2p’
S’ = 10 + 2 (0,8p)
S’ = - 10 + 1,6p
Questão 5
a) E
O item está certo até “sua oferta retrairá”. O intercepto modificará. O que
permanecerá é o coeficiente angular (inclinação).
b) C
Por outro lado, os compradores pagam preços acima do ponto de equilíbrio.
c) E
O lado mais inelástico arca mais com o ônus do imposto.
d) E
A primeira sentença está correta. O peso morto será maior, no entanto,
quanto maiores forem as elasticidades-preço da oferta e da demanda.
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência
Perfeita
Questão 1
a) C
Tanto consumidores quanto produtores neste mercado não têm poder de
influenciar preços.
b) C
Os preços são dados e as empresas devem definir o quanto ofertar.
c) E
Os produtos são homogêneos, substitutos perfeitos entre si.
d) C
Não há barreiras à entrada, ou seja, os custos para tal não são exagerados.
Não impedem a movimentação de empresas atraídas por lucros normais ou
repelidas por prejuízos.
Questão 2
Resposta: letra A
a) C
Neste ponto, CMg = RMg também.
b) E
A inclinação da curva de custo total é que fornece o custo marginal a cada
ponto.
c) E
O custo é positivo mesmo com produto igual a zero pela presença dos
custos fixos no curto prazo.
d) E
Não necessariamente. Neste ponto, as inclinações são iguais, mas podem
apresentar valores diferentes de zero.
e) E
O lucro é maximizado quando a receita marginal é igual ao custo marginal.
Questão 3
a) C
O item descreve a regra de encerramento.
b) E
Quando os preços estiverem abaixo do custo total médio, não
necessariamente a empresa deverá encerrar suas atividades. Ela deverá
fazê-lo se o preço estiver abaixo do custo variável médio.
c) E
O item está incompleto e aqui a ausência de detalhamento tornou o item
errado.
Observe a Figura 8.11, que apresenta o ponto de encerramento:
Figura 8.11. Ponto de encerramento
Preços abaixo do ponto B indicam uma situação em que a empresa deve
encerrar suas atividades. Mas pontos entre A e B, a empresa continua, a
despeito dos prejuízos.
d) E
Lembre-se que, no curto prazo, há custos fixos e variáveis. Então, a
empresa pode optar por paralisar temporariamente suas atividades, visando
minimizar seus gastos.
Questão 4
a) C
Abaixo deste ponto, a empresa não está mais ofertando, pois encerrou suas
atividades.
b) C
O preço é sempre igual ao custo marginal em concorrência perfeita.
c) E
Há uma porção horizontal da curva de oferta, conforme a Figura 8.12.
Figura 8.12. Curva de oferta da empresa no curto prazo
d) E
A curva de oferta continua, evidentemente, entre estes dois pontos, pois há
produção com prejuízos, mas positiva.
Questão 5
Resposta: letra C
a) C
O item descreve a condição UMg = CMg, que garante a eficiência dos
mercados perfeitamente competitivos.
b) C
Esta é mais uma forma de descrever a eficiência em concorrência perfeita.
c) E
Lembre que o conceito de eficiência aqui tratado é no sentido de Pareto e,
portanto, nem sempre é sinônimo de equidade.
d) C
Correto, porque é esta estrutura que garante o ótimo de Pareto.
e) C
Esta condição (P = CMg) está presente no ponto de ótimo (embora também
esteja presente quando a empresa está em prejuízo) e, portanto, é um
desenvolvimento coerente da noção de eficiência alocativa da concorrência
perfeita.
9. estruturas de mercado ii - Monopólio
Questão 1
a) C
Alguns autores afirmam que a concorrência perfeita, nos moldes exatos
apresentados pela teoria microeconômica, não existe na prática.
b) C
E a influência é tanto maior quanto mais concentrada for a estrutura de
mercado.
c) C
No caso do oligopólio de conluio, por exemplo; o comportamento é
cooperativo.
d) C
A curva de demanda é negativamente inclinada e isso é uma regra geral
para qualquer estrutura de mercado. No caso da concorrência perfeita, para
a firma individual, ela é completamente elástica, pois a fatia de mercado
que lhe cabe é tão pequena que faz-se necessário apenas definir a
quantidade a ser ofertada.
e) E
Seu poder de mercado é bem significativo, mas não é total, pois ele se
depara com uma curva de demanda negativamente inclinada que limita sua
capacidade de determinar preços.
Questão 2
a) E
O item descreve um monopólio natural.
b) C
No monopólio natural, a empresa tem custos médios e marginais sempre
decrescentes e, por esta razão, desfruta permanentemente de economias de
escala.
c) E
A curva de custo total médio, neste caso, é declinante em toda sua extensão.
d) E
Presentes as características da primeira parte do item (até “única empresa”),
será possível coexistirem muitos concorrentes perfeitos e, portanto, a curva
de custo médio das empresas terá formato de “U”.
Questão 3
a) C
A receita total é dada por RT = PQ. Substituindo P na equação de demanda,
temos:
RT = PQ
RT = (60 - Q)Q
RT = 60Q - Q2
A receita marginal é calculada a partir da derivada da função receita total:
b) E
O lucro é maximizado quanto RMg = CMg. Resta-nos calcular o CMg,
dado pela derivada da função custo total.
CMg = 2Q
CMg = RMg
60 - 2Q = 2Q
4Q = 60
Q = 15
c) E
Para encontrarmos o preço que maximiza o lucro, basta substituirmos o Q
encontrado na função demanda:
P(Q) = 60 - Q
P(Q) = 60 - 15
P(Q) = 45
d) E
Como calculado no item B, o lucro é maximizado apenas com Q = 15.
Questão 4
a) C
Essa é a conclusão acerca da perda de bem-estar no monopólio.
b) C
No limite, o monopolista captura totalmente o excedente do consumidor se
a discriminação de preços for perfeita.
c) C
Eis outra evidência da ineficiência alocativa do monopólio.
d) C
Esta situação é possível no caso da discriminação perfeita de preços, mas
quem se apropria da totalidade do excedente é o monopolista.
Questão 5
a) E
A fixação não linearde preços, também chamada de discriminação de
preços de 2º grau, é uma estratégia utilizada que consiste em estipular
preços distintos dependendo da quantidade adquirida.
b) C
Neste tipo de discriminação os consumidores são divididos em demanda
alta e baixa. Inicialmente altos preços são cobrados (ex.: lançamentos de
produtos de alta tecnologia, como as televisões a LED) para depois serem
cobrados preços mais baixos.
c) C
A tarifa em duas partes é uma estratégia que divide o preço em duas partes:
uma parte pela entrada e outra pelo uso.
d) E
A venda em pacote é um tipo de venda casada, referindo-se à exigência da
empresa no sentido de que um produto será vendido segundo certa
combinação.
Não há limite quantitativo específico, pois o nome refere-se a uma
estratégia.
10. estruturas de mercado iii - Oligopólio
Questão 1
a) C
Conceitual.
b) C
É o que acontece no setor de aviação, por exemplo.
c) C
Aí está uma das vantagens do oligopólio que dificilmente se veria em
mercados mais competitivos.
d) C
A partir do comportamento das rivais, optar-se-á pela competição ou pela
cooperação.
Questão 2
a) C
Nesta situação, as empresas optaram por atuar de forma cooperativa,
aumentando seus preços e, portanto, seus lucros às custas do excedente do
consumidor.
b) C
Este equilíbrio efetivamente ocorrerá se estas empresas definirem a melhor
estratégia possível baseadas nas estratégias escolhidas pelos concorrentes.
c) E
Neste caso, o conluio é dificultado. A “quebra” do conluio tácito será bem
mais recorrente.
d) C
Se agirem em conluio - seja tácito, seja explicito -, a quantidade produzida,
os preços praticados e os lucros equivalem aos de monopólio.
Questão 3
Resposta: letra B
a) C
A maximização de lucros, por si só, é objetivo de todas as firmas e, dentro
das características e limitações de cada estrutura de mercado, é atingido
sempre no ponto onde CMg = RMg.
b) E
A quantidade produzida é menor que a da concorrência perfeita.
c) C
Correto, pois não houve acordo e a guerra de preços foi estabelecida.
d) C
Lembrando que há poder de mercado nos oligopólios.
e) C
Como o comportamento é não cooperativo, a prática de maximizar lucros
ou minimizar custos é feita individualmente.
Questão 4
a) E
O preço é igual ao custo marginal somente em concorrência perfeita. Nas
demais, P>CMg.
b) E
Os oligopólios têm poder relevante de mercado, mas, se não cooperativo,
inferior ao do monopólio.
c) C
O caso específico que o item se refere é o da discriminação de preços
perfeita. Quem se apropria da totalidade do excedente, neste caso, é o
monopólio.
d) C
Neste ponto, definem-se as quantidades a serem produzidas.
Questão 5
a) C
Este é justamente seu dilema. Uma empresa ou jogador precisa prever o que
o oponente fará.
b) C
O dilema vivido pelos prisioneiros deixa clara esta dificuldade.
c) E
O Dilema mostra o oposto, que as empresas não podem agir confiando
plenamente no oponente, já que nem sempre ele agirá de forma cooperativa.
d) C
Daí a utilidade da Teoria no estudo do comportamento das empresas
oligopolistas.
Exercícios Resolvidos do CACD -
Teste de Pré-Seleção (TPS)
1. Noções Preliminares
1. (Prova 2003 - Questão 27) Considerando os conceitos básicos da análise
econômica e de sua evolução, julgue os itens a seguir.
1. ( ) A recente retomada econômica nos Estados Unidos da América
(EUA) contribuiu pra reduzir os níveis de desemprego naquele país. Como
consequência, a cura de possibilidades de produção da economia americana
foi deslocada para a direita.
Resposta: A curva de possibilidades de produção representa as combinações
possíveis de produção para uma determinada economia, admitindo-se, por
simplificação, que somente dois bens econômicos (ou grupos de bens)
sejam produzidos.
A economia estará sobre esta curva ou fronteira se estiver em pleno
emprego dos fatores de produção. Observe que o item descreve a presença
de desemprego nos Estados Unidos, que teria sido reduzido em função da
retomada econômica. Assim, antes do fato, o país encontra-se em algum
ponto sob a área de curva de possibilidades de produção (como no ponto A
da Figura 1.5) e deslocou-se pra algum outro ponto mais próximo à
fronteira (como o ponto B). O fato de os níveis de desemprego terem sido
reduzidos e não eliminados indica que o país ainda não se encontra sobre
sua fronteira.
Figura 1.5. Curva de Possibilidades de Produção dos EUA
O item está errado.
2. ( ) Quando as datas do concurso de admissão à carreira de diplomata
coincidem com aquelas do concurso para assessor legislativo, o custo de
oportunidade de fazer a segunda seleção aumenta substancialmente para os
candidatos que tencionam submeter-se aos dois certames.
Resposta: O custo de oportunidade mostra o sacrifício da oportunidade
perdida, ou o custo daquilo não foi escolhido.
O item afirma que a coincidência de datas do certame aumenta o custo de
oportunidade dos candidatos. De fato, ele será obrigado a sacrificar uma das
oportunidades em prol da outra. Seu custo de oportunidade aumentou
muito, portanto.
O item está correto.
3. ( ) A crítica marxista considerava que as leis econômicas, em vez de
proposições gerais, estavam associadas a estágios históricos específicos,
coincidindo, nesse aspecto, com a análise de John Stuart Mill.
Resposta: Karl Marx1 (1818-1883) criticou os processos analíticos e suas
conclusões.
Preocupou-se com épocas históricas específicas contestando os casos
hipotéticos dos clássicos, as construções abstratas que não levavam em
conta a dinâmica interna do processo histórico, nem as leis econômicas
peculiares aos estágios históricos.
Neste ponto, sua análise não coincide com a de John Stuart Mill (1806-
1873). Apesar de contemporâneos, Mill é um representante do pensamento
clássico, o qual sistematiza e consolida. Acompanha de perto o pensamento
de David Ricardo e alerta para os perigos da competição no futuro.
Interpreta a evolução dos acontecimentos de forma um pouco diferente da
de Malthus, mas reconhece seu trabalho.
O item está errado.
2. (Prova de 2004, questão 123) O postulado marxista de que cada estágio
da história é governado por leis econômicas distintas corrobora a visão
clássica, que exclui a existência de leis universais, como ilustrado no
princípio malthusiano do crescimento populacional.
Resposta: Item muito parecido com anterior, da prova de 2003. De fato,
Marx faz uso do método histórico-dialético e considera que cada estágio da
história é governado por leis econômicas diferentes. Neste sentido, critica
as generalizações universais dos economistas clássicos. Em tempo, Marx
critica a teoria malthusiana do crescimento populacional.
O item está errado.
2. Fundamentos da Microeconomia: oferta e
demanda
1. (Prova de 2003 - Questão 27) Considerando os conceitos básicos da
análise econômica e de sua evolução, julgue o item a seguir.
( ) O pacote recente do governo brasileiro que injetou crédito de R$ 400
milhões para a compra de eletrodomésticos deslocará a curva de demanda
de eletroeletrônicos para cima e para a direita, e a curva de oferta desses
bens, para baixo e para a esquerda.
Resposta: O efeito direto do aumento do crédito na economia é o aumento
do consumo. Em termos microeconômicos, a variável afetada é a renda do
consumidor, R. Em termos macroeconômicos, o agregado diretamente
impactado é o consumo, C. Como D (x) = f (R), coeteris paribus, uma
alteração na renda (ainda que seja na forma de um empréstimo, observe que
a injeção de crédito aumentou temporariamente o poder de compra dos
consumidores, sendo tal variação equivalente a uma alteração de renda)
desloca a curva de demanda para a frente (Figura 2.12).
Figura 2.12. Deslocamento da curva de demanda por eletrodomésticos
Em termos macroeconômicos, a injeção de crédito representa um aumento
no consumo. Como a demanda agregada2 é dada pela soma dos gastos com
consumo, investimento e despesas do governo3, a curva se deslocará para a
frente (para a direita e para cima), conforme Figura 2.13.
Figura 2.13. Deslocamentoda curva de demanda agregada por
eletrodomésticos
E qual seria a resposta da oferta?
No curto prazo, a oferta de bens tende a ser mais inelástica, ou seja, as
fábricas precisam ajustar sua produção para atender a esta expansão
repentina da demanda. Então, inicialmente, a resposta da oferta traduz-se
em um deslocamento ao longo da curva, do ponto A para o ponto B da
Figura 2.14.
Figura 2.14. Resposta da oferta ao estímulo dado pela política de expansão
do crédito
No curto prazo, o preço dos eletrodomésticos aumentará para P2 e a
quantidade aumentará relativamente pouco.
No médio e longo prazos, espera-se que as firmas adaptem-se à expansão da
demanda, aumentando a produção de eletrodomésticos, o que tornará a
curva de oferta mais elástica. O deslocamento é, portanto, ao longo da
curva4 (Figura 2.15).
Figura 2.15. Resposta da oferta no longo prazo
Os preços são mais baixos do que no curto prazo e as quantidades maiores.
O item está errado, na parte relativa à oferta.
2. (Prova de 2004) A microeconomia estuda o comportamento individual
dos agentes econômicos e, por essa razão, constitui sólido fundamento à
análise dos agregados econômicos. A esse respeito, julgue os itens
seguintes.
1. ( ) (Questão 125) O recrudescimento, na Ásia, da gripe do frango,
conhecida cientificamente como influenza aviária, abre novos mercados
para o produto brasileiro e desloca, para cima e para a direita, a curva por
demanda de carne de frango no Brasil.
Resposta: Para desenvolvermos corretamente a análise deste item, é
importante atentar para o fato de haver dois mercados produtores e dois
mercados consumidores bem definidos, a saber:
• produtores brasileiros de carne de frango (“produto brasileiro”);
• produtores asiáticos de carne de frango (informação implícita na assertiva
acerca da gripe aviária);
• consumidores brasileiros de frango (“curva de demanda de carne de
frango no Brasil”);
• consumidores de frango do resto do mundo (“novos mercados”).
O recrudescimento da gripe do frango na Ásia provoca redução da oferta do
produto, representado por um deslocamento da curva de oferta para trás
(Figura 2.16).
Figura 2.16. Retração na oferta asiática de frango
Caso a doença não tenha atingido todas as aves, a oferta asiática sofrerá
redução, com aumento de preço de p1 para p2.
A demanda por carne de frango no resto do mundo, por sua vez, não é
afetada, já que há outros produtores, como o Brasil, do produto. Assim,
graças à concorrência internacional, o fato abre novos mercados para os
produtores não asiáticos, deslocando a curva de demanda para cima e para a
direita.
É intuitivo admitir que os próprios consumidores brasileiros, ao que tudo
indica, atendidos parcialmente pelo mercado asiático, terão parte de sua
demanda deslocada para os produtos brasileiros. O aumento da demanda
por carne de frango no Brasil é, assim, verificado, conforme Figura 2.17.
Figura 2.17. Curva de demanda de carne de frango no Brasil
O item está correto.
2. ( ) (Questão 126) A comercialização dos bilhetes das companhias aéreas
realizada por via eletrônica, ao reduzir os custos dessas empresas, desloca,
para baixo e para a direita, a curva de oferta de passagens aéreas.
Resposta: Para afirmarmos com segurança que a curva de oferta sofre
algum tipo de deslocamento, é útil recordar sua função: Sx = f(px, p1, p2 ...
pn, p1, p2, ... pn, T, E), ou seja, a oferta S, de um bem x, é uma função de
preço Px, dos preços dos demais bens, P1, P2 ... Pn, do preço dos fatores de
produção p1, p2, ... pn, da tecnologia T e das expectativas E.
A redução dos custos de produção das companhias aéreas afeta p,
melhorando a situação das empresas deslocando a curva de oferta de
passagens aéreas para a direita e para baixo, conforme a Figura 2.18,
resultando em preços menores e quantidades maiores (ponto B).
Figura 2.18. Deslocamento da curva de oferta de passagens aéreas
O item está correto.
3. (Prova de 2008 - Questão 59, Caderno Norte) Considere-se que, em
determinado mercado, a curva de demanda de um bem seja dada por Qd =
10 - 3p, e a curva de oferta desse mesmo bem seja dada por Qo = 5 + 2p,
em que p seja o preço do bem. Nessas condições, é correto concluir que o
equilíbrio nesse mercado será atingido para
a) p = 1
b) p = 2
c) p = 3
d) p = 5
e) p = 10
Resposta: Essa questão é muito simples. Sabe-se que, no ponto de
equilíbrio, Qd=Qo. Assim, para encontrarmos preços e quantidades, basta
igualarmos as duas equações:
Qd = 10 - 3p
Qo = 5 + 2p
Qd = Qo
10 - 3p = 5 + 2p
-5p = -5
P = 1
(Q = 7)
Figura 2.19. Equilíbrio entre oferta e demanda
O ponto de equilíbrio está representado por A na Figura 2.19. A resposta
correta é a letra “a”.
4. (Prova de 2012 - Questão 61, Tipo I) Com base na teoria
microeconômica, julgue (C ou E) os itens que seguem.
1. ( ) (Item 3) Suponha que o aumento substancial dos preços cobrados para
o estacionamento de veículos nas grandes cidades eleve a quantidade
demandada de corridas de táxi nesses locais. Dessa forma, conclui-se que
esse aumento de preços provoca um deslocamento ao longo da curva de
demanda por serviços de táxi.
Resposta: O serviço de estacionamento de veículos nas grandes cidades e as
corridas de táxi podem ser classificados como substitutos. Assim, espera-se
que o aumento dos preços do primeiro provoque aumento da demanda pelo
segundo. Haverá um deslocamento da curva de demanda por serviços de
táxi, conforme Figura 2.20.
Figura 2.20. Deslocamento da curva de demanda por serviços de táxi
O resultado serão preços maiores para este serviço (P2) e quantidades
também maiores (q2). O item está errado.
2. ( ) (Item 4) Mudanças legislativas que facilitem a entrada de mão de obra
estrangeira especializada na área de eletrônica contribuem para deslocar -
para baixo e para a direita - a curva de oferta de longo prazo da indústria
eletrônica.
Resposta: Lembre que a função oferta é definida como S = f(px, p1,
p2,...pn, p, T, E), sendo p os custos de produção. Se a oferta de mão de obra
aumentar, o custo por unidade cai (pressionando salários para baixo).
Custos menores contribuem para deslocar, para baixo e para a direita, a
curva de oferta, conforme a Figura 2.21.
Figura 2.21. Oferta na indústria eletrônica
O item está certo.
3. Elasticidades
1. (Prova de 2003 - Questão 27) Considerando os conceitos básicos da
análise econômica e de sua evolução, julgue o item a seguir.
( ) (Item 3) Supondo que a criminalidade e os gastos com o consumo de
drogas são positivamente relacionados e que a demanda de drogas é preço-
inelástica, políticas antidrogas fundamentadas no combate ao tráfico
elevarão o preço das drogas e aumentarão os gastos com esses produtos,
agravando, assim, os níveis de criminalidade.
Resposta: O objetivo da repressão ao tráfico é reduzir o consumo de drogas.
Mas o impacto direto da política atinge mais os vendedores do que os
consumidores.
As políticas antidrogas, se bem-sucedidas, retirarão parte do “produto” do
mercado. A curva de oferta de drogas se deslocará pra trás (Figura 3.11).
Figura 3.11. Oferta de drogas após a política de repressão ao tráfico
O resultado será um preço maior (p2) e a quantidades menores (q1).
O fato de a demanda ser preço-inelástica influencia em muito o gasto total
com as drogas que aumenta. O gasto total dos consumidores antes da
política é representado pela Figura 3.12 (a) e o gasto total (preço x
quantidade) após a repressão, pela Figura 3.12 (b).
Os gastos com estes produtos aumentarão e, por esta razão, espera-se que
aumentem também os níveis de criminalidade, dada a estreita correlação5
existente entre estas variáveis.
Figura 3.12. Gasto com drogas
O item está correto.
2. (Prova de 2008-Questão 60, Caderno Norte) A elasticidade-preço de
demanda de um bem é fundamental para se compreender a reação da
quantidade demandada a mudanças em seu preço. Com relação a esse tema,
julgue (C ou E) os itens seguintes.
1. ( ) Quando o módulo da elasticidade-preço de demanda de um bem é
superior a 1, esse bem tem demanda elástica, e a receitatotal se reduz
quando seu preço se eleva.
Resposta: Antes de respondermos ao item, vamos recordar a relação entre
elasticidade-preço da demanda e receita total. Observe o Quadro 3.2:
Quadro 3.2. Elasticidade e Receita Total
Valor da
Elasticidade Interpretação Preço de
X Receita Total
ηD > |-1| Demanda preço-elástica Aumenta Diminui
ηD = |-1| Demanda preço-unitária Aumenta Permanece
constante
ηD < |-1| Demanda preço-
inelástica Aumenta Aumenta
A primeira linha da tabela mostra a relação descrita no item: quando o
módulo da elasticidade-preço é maior que 1, ou seja, hD>|-1|, esse bem tem
demanda preço-elástica. Se seu preço aumentar, os consumidores, muito
sensíveis a esta variação, reduzirão consideravelmente sua demanda. O
resultado será uma queda na receita total.
A queda na receita pode ser visualizada na Figura 3.13.
Figura 3.13. Demanda preço-elástica: queda na receita total decorrente de
aumento do preço
O item está certo.
2. ( ) Quando o módulo da elasticidade-preço da demanda de um bem é
igual a 1, a receita total não se altera quando há variação no preço.
Resposta: Esse item descreve a segunda linha do Quadro 3.2: módulo da
elasticidade-preço igual a 1, ou seja, hD = |-1|. Neste caso, a receita total
permanece constante diante de variações no preço.
O item está correto.
3. ( ) Bens que têm pequena participação no orçamento tendem a ter uma
demanda inelástica em relação ao preço.
Resposta: Bens que representam pouco no orçamento do consumidor,
quando sofrem alterações de preços, quase passam desapercebidas.
Tomemos como exemplo o sal. Se o quilo custa R$ 0,80, um consumidor
comprará um pacote. Se no mês seguinte o preço quintuplicar para R$ 4,00
o quilo, o consumidor típico muito provavelmente ainda comprará um
pacote. A demanda desse tipo de bem é, portanto, preço-inelástica.
Item correto.
4. ( ) Bens essenciais têm demanda elástica em relação ao preço.
Resposta: Quanto mais essencial for um bem, menor será a elasticidade-
preço da demanda. Considere que certo consumidor necessite adquirir uma
caixa de um remédio tarja preta, necessário para controlar alguma função
vital de seu organismo: Se o preço do remédio sofrer alteração, o
consumidor muito provavelmente não modificará a quantidade demandada.
O item está errado.
3. (Prova de 2010 - Questão 54, Caderno D) A análise das demandas
individuais e de mercado constitui um dos pilares da teoria
microeconômica. Acerca desse assunto, julgue C ou E.
( ) (Item 4) Campanhas publicitárias bem-sucedidas, além de deslocarem,
para cima e para a direita, a curva de demanda de mercado do produto
anunciado, contribuem, quando promovem a fidelização do cliente, para
tornar essa curva mais preço-inelástica.
Resposta: Ao analisar o efeito das alterações em uma variável sobre a outra
nas curvas de oferta e demanda, é importante recordar a respectiva função:
D(x) = f(px, p1, p2,...pn, R, G, E). Isolando a variável relevante do item,
D(x) = f(G), coeteris paribus, ou seja, a demanda é uma função dos gostos
do consumidor.
Campanhas publicitárias, se bem-sucedidas, modificarão os gostos dos
consumidores, provocando o deslocamento da curva de demanda pelos bens
objetos da propaganda para cima e para a direita. Se, além disso, a
campanha promover a fidelização dos clientes, eles se tornarão menos
sensíveis à variação dos preços. A curva de demanda também se tornará,
portanto, mais preço-inelástica (Figura 3.14).
Figura 3.14. Efeitos de uma campanha publicitária bem-sucedida sobre a
demanda
4. Teoria do Consumidor
1. (Prova de 2010 - Questão 54, Caderno D) A análise das demandas
individuais e de mercado constitui um dos pilares da teoria
microeconômica. Acerca desse assunto, julgue C ou E.
( ) (Item 1) Nos mercados competitivos, a escolha ótima a ser feita por
determinado consumidor corresponde à escolha em que a taxa marginal de
substituição entre dois bens quaisquer é igual para todos os consumidores.
Resposta: A taxa marginal de substituição (TMS) entre dois bens x e y é a
quantidade máxima de um bem que um consumidor está disposto a deixar
de consumir para obter uma unidade adicional de um outro bem.
Assim, se a TMS for 4, o consumidor estará disposto a desistir de 4
unidades de y para conseguir uma unidade adicional de x.
E a escolha ótima do consumidor é a escolha racional da quantidade de cada
bem visando maximizar o grau de satisfação que poderá obter, considerando
o orçamento limitado de que dispõe.
A cesta maximizadora de utilidade deve satisfazer duas condições:
a) deverá estar sobre a linha do orçamento;
b) deverá dar ao consumidor sua combinação preferida de bens e serviços.
Assim, a cesta de mercado que maximiza a satisfação deve estar sobre a
curva de indiferença mais elevada com a qual a linha de restrição
orçamentária tenha contato.
A Figura 4.36 ilustra esse ponto de equilíbrio.
A escolha ótima é representada no ponto A, onde a curva de indiferença
tangencia a linha orçamentária. Neste ponto, as inclinações de ambos são
iguais e representam a taxa marginal de substituição (TMS) de x por y.
Figura 4.36. Equilíbrio do consumidor
Como a TMS (-DV/DA) é igual à inclinação da curva de indiferença (sinal
negativo), o grau de satisfação é maximizado no ponto em que
TMS = PA/PV
A satisfação é maximizada quando a TMS (de V por A) é igual à razão
entre os preços (de A sobre V). Recorde que a condição TMS = PA/PV é
um exemplo de situação de otimização.
A maximização é atingida quando o benefício marginal - o benefício
associado ao consumo de uma unidade adicional de alimento - é igual ao
custo marginal - o custo da unidade adicional de alimento (UMg = CMg).
Em mercado competitivo, todos os consumidores estão no ponto de
alocação eficiente de recursos. Assim, como todas as empresas têm lucro
normal (nulo) de longo prazo (CMg = RMg), todos os consumidores estão
no ponto ótimo (UMg = CMg).
O item está certo.
2. (Prova de 2010 - Questão 54, Caderno D) A análise das demandas
individuais e de mercado constitui um dos pilares da teoria
microeconômica. Acerca desse assunto, julgue C ou E.
( ) (Item 3) Supondo-se que, no Brasil, o uso de transporte coletivo seja um
bem inferior, conclui-se que o efeito renda decorrente do aumento do preço
das passagens de ônibus contribui para reforçar o efeito substituição, o que
reduz a demanda por esse tipo de transporte.
Resposta: É importante atentar para alguns detalhes deste item. Em
primeiro lugar, repare que ele menciona “o uso de transporte coletivo”.
Como não está especificado, entende-se qualquer tipo de transporte
coletivo.
Recorde que a classificação dos bens no tocante à relação renda e
quantidade demandada é entre bens normais, de consumo saciado e
inferiores. Estes são caracterizados por terem sua demanda reduzida quando
aumenta o nível de renda, o que implica que há substitutos para o bem.
Para substituir o transporte público por outro meio de transporte (carro), a
renda teria que aumentar bastante. Se o bem/serviço em questão tivesse
substitutos próximos, teríamos a situação descrita pela Figura 4.37.6
Figura 4.37. Efeito-renda e efeito-substituição de um bem inferior6
Mas como não há7 - pois não seria razoável admitir o carro ou o serviço
diário de táxi como substitutos próximos ao transporte público -, a demanda
por este serviço permanece. O item está errado.
3. (Prova de 2012 - Questão 61, Tipo I) Com base na teoria
microeconômica, julgue C ou E o item que segue.
( ) Considere que um consumidor gaste toda a sua renda com a compra de
bens e serviços. Nessa hipótese, não é possível que todos os bens da cesta
de consumo desse consumidor sejam bens inferiores.
Resposta: Bens inferiores são bens cujo consumo diminui diante do
aumento da renda. A elasticidade da demanda é negativa (a relação entre
renda e demanda é negativa).
Se todos os bens de uma cesta forem inferiores, diante do aumento da
renda, o consumo de todos eles diminuiria, não havendo substitutos
“normais”. Assim, não seria possível completar a cesta após o aumento da
renda.
É obrigatóriohaver, portanto, nas cestas dos consumidores, bens normais.
O item está correto.
5. Teoria da Firma I - Produção
1. (Prova de 2010 - Questão 55, Caderno D) Considerando a teoria da
produção e dos custos, que fornece importantes elementos para a análise da
formação de preços em distintos ambientes de mercado, julgue C ou E.
( ) (Item 2) Se, para determinada empresa, trabalhadores sem qualificação
específica e máquinas executam exatamente o mesmo tipo de tarefa, então,
para essa empresa, as isoquantas entre esses dois insumos podem ser
representadas como linhas retas paralelas.
Resposta: O item descreve a função de produção quando os insumos (K, L)
são substitutos perfeitos. Neste caso, a TMST é constante em todos os
pontos da isoquanta.
Figura 5.11. Função de produção para insumos substitutos perfeitos
Quando as isoquantas são linhas retas, a TMST é constante. Isso significa
que a taxa em que capital e trabalho podem substituir um ao outro é a
mesma, não importando o nível de insumos que esteja sendo utilizado.
O item está correto.
2. (Prova de 2012 - Questão 61, Tipo I) Com base na teoria
microeconômica, julgue C ou E o item que segue.
( ) (Item 2) Sabendo-se que a função de serviços administrativos de
determinado órgão público exige um computador para cada funcionário,
conclui-se que as isoquantas entre esses dois insumos são formadas por
linhas retas paralelas, cuja inclinação é igual a -1.
Resposta: O item descreve uma função de produção de proporções fixas ou
função de produção de Leontieff. Aqui a substituição de insumos de
produção é impossível. Cada nível de produção exige uma combinação
específica de trabalho e capital.
Não se pode obter produção maior, salvo se forem incluídos mais capital
(computadores) e mais trabalho (funcionários) na proporção especificada.
As isoquantas apresentam formato em L (Figura 5.12).
Figura 5.12. Função de produção de proporções fixas
Os pontos A, B e C representam combinações tecnicamente eficientes dos
insumos. Níveis maiores de produção ocorrerão apenas se houver acréscimo
tanto de trabalho quanto de capital.
O item está incorreto.
6. Teoria da Firma II - Custos de Produção
1. (Prova de 2009 - Questão 54, Caderno Verde) Para produzir Q unidades
de certo bem, uma firma arca sempre com um custo fixo (CF) de R$
100,00, além de um custo variável (CV) que depende da quantidade
produzida, sendo marginalmente crescente e assim definido: CV = 2 Q2.
Nessa situação hipotética, o custo médio total (CMT) da firma na produção
de 10 unidades é igual a:
a) R$ 12,00
b) R$ 20,00
c) R$ 30,00
d) R$ 50,00
e) R$ 100,00
Resposta: Para resolver esta questão simples, basta lembrar que o custo
total (CT) é dado pela soma do custo fixo (CF) com a variável (CV). Ainda,
que o custo total médio (CTM) é calculado a partir da divisão do custo total
(CT) pela quantidade produzida (Q). Assim:
CF = 100
CV = 2Q2
CT = CF + CV
CT = 100 + 2Q2
Q = 10
CT = 100 + 2(100)
CT = 100 + 200
CT = 300
CTM = 300/10
CTM = 30
A resposta correta é a letra C.
2. (Prova de 2012 - Questão 62, Tipo I) Com base na análise das estruturas
de mercado, crucial para o entendimento da formação dos preços nos
diferentes setores da economia, julgue C ou E o item subsequente.
( ) (Item 2) Alegar que as escolas públicas brasileiras, por serem muito
pequenas, apresentam custos médios elevados é um raciocínio consistente
com a existência de economia de escala na produção do ensino público.
Resposta: As economias de escala indicam que a produção de uma firma
pode dobrar sem que para isso seja necessário dobrar os custos.
A estrutura de uma escola pequena no Brasil tem custos médios elevados
pois, mesmo com o tamanho reduzido, exige a presença de salas,
laboratórios, bibliotecas, pátios e áreas que são aproveitadas por uma
quantidade relativamente pequena de alunos. O custo médio tende a ser
elevado.
Se as escolas fossem maiores, certamente o custo médio reduziria, pois a
porção fixa seria distribuída entre um número mais elevado de alunos.
Assim, os argumentos são consistentes.
O item está correto.
7. Intervenção do Estado na Economia
1. (Prova de 2013 - Questão 65, Tipo I) Supondo que o governo adote um
novo imposto específico sobre a venda de um bem em um mercado de
concorrência perfeita e considerando a distribuição da incidência tributária
entre vendedores e consumidores, julgue C ou E os itens a seguir.
1. ( ) Se a elasticidade-preço da demanda for infinita, os vendedores
abandonarão o mercado.
Resposta: A Figura 7.21 apresenta um caso de elasticidade-preço da
demanda infinita, com a incidência de um imposto específico.
Figura 7.21. Demanda com elasticidade-preço infinita: incidência de
imposto específico
O imposto específico desloca a curva de oferta ou de demanda para trás.
Admitindo-se que ele foi lançado sobre os vendedores, a curva de oferta se
deslocará de S para S’. O preço de equilíbrio não sofrerá alteração,
permanecendo em Px. A quantidade, no entanto, se reduzirá de q* para qT.
O produtor receberá o preço p’, ao passo que o consumidor pagará o mesmo
preço de antes do imposto. Apesar da cunha tributária existente entre oferta
e demanda, não há qualquer razão para supor que os vendedores
abandonarão o mercado.
O item está incorreto.
2. ( ) Vendedores e consumidores arcarão com o peso do imposto, conforme
a sensibilidade das curvas de oferta e demanda às variações de preço.
Resposta: O item é conceitual e está correto. O ônus do imposto é dividido
entre consumidores e vendedores, sendo que o lado mais inelástico arca
com proporção maior. Este fato ficou evidente na relação do item anterior.
No limite, uma demanda infinitamente elástica fez os consumidores ficarem
isentos do pagamento do imposto. Isso até poderia confundir o candidato no
item que agora estudamos. Mas fique atento. Assertivas genéricas e
conceituais, via de regra, valem para os casos gerais. Exceções são tratadas
à parte e costumam ser explicitadas no comando das questões. A Figura
7.22 mostra a regra geral, válida para o item. Ali, admitiu-se que o imposto
foi lançado sobre os consumidores. Se a cobrança fosse feita diretamente
sobre os vendedores, a curva de oferta é que se deslocaria para trás, em
distância vertical equivalente ao valor do imposto.
Figura 7.22. Incidência Tributária
O item está correto.
3. ( ) Vendedores irão transferir aos compradores o valor relativo a toda
incidência do novo imposto, o que aumentará o preço do bem.
Resposta: Como visto no item anterior, o ônus do imposto recai sobre os
dois lados do mercado. O preço do bem aumenta e o lado mais inelástico
arcará com proporção maior deste custo.
O item está errado.
4. ( ) Quanto menor for a elasticidade-preço da demanda, maior será a
incidência do tributo para os consumidores.
Resposta: Como vimos, o lado mais inelástico arca com proporção maior do
ônus do imposto. Assim, se a elasticidade-preço da demanda for pequena,
serão os consumidores que pagarão maior parcela do tributo.
O item está correto.
2. (Prova de 2010 - Questão 54, Caderno D) A análise das demandas
individuais e de mercado constitui um dos pilares da teoria
microeconômica. Acerca desse assunto, julgue C ou E.
( ) (Item 2) A fixação de um preço mínimo para determinado produto
agrícola resulta em excedentes agrícolas, que serão tanto mais elevados
quanto mais inelástica for a curva de oferta de mercado do produto
beneficiado por esse tipo de política.
Resposta: Sabe-se que a política de preços mínimos, para ser compulsória,
deve estabelecer preços acima do ponto de equilíbrio de mercado (Figura
7.23). O resultado imediato, dada a diferença entre a quantidade demandada
e ofertada (Qs>Qd), é a formação de excedentes.
Figura 7.23. Política de preços mínimos
Se a oferta for muito preço-inelástico, no entanto, ela não se ajustará tão
rapidamente ao estímulo governamental. Como mostra a Figura 7.24, os
excedentes serão tanto menores quanto mais inelástica for a curva de oferta.
Figura 7.24. Política de preços mínimos com oferta preço-inelásticaO item está errado.
8. Estruturas de Mercado I - Concorrência
Perfeita
1. (Prova de 2012 - Questão 62) Com base na análise das estruturas de
mercado, crucial para o entendimento da formação dos preços nos
diferentes setores da economia, julgue C ou E o item subsequente.
( ) (Item 3) Nos mercados competitivos, a maximização dos lucros no curto
prazo, que exige que o preços seja superior ao custo médio de produção,
impede uma firma de operar com perdas.
Resposta: Nos mercados competitivos, a maximização de lucros ocorre no
ponto em que o preço é igual ao custo médio, no ponto mínimo deste
último. É possível, no entanto, que as empresas usufruam de lucros
positivos ou prejuízos no curto prazo, situação que logo tende a reverter-se
em favor do equilíbrio. O preço pode, portanto, estar temporariamente
acima do custo médio, mas isso não impede que, em algum outro momento,
a firma opere com perdas. As situações de lucro, prejuízo e equilíbrio são
apresentadas na Figura 8.13.
Figura 8.13. Lucro e prejuízo em concorrência perfeita no curto prazo
O item está incorreto.
2. (Prova de 2014 - Questão 68) Com relação a características dos mercados
e comportamento de produtores e consumidores, julgue C ou E o item
subsequente.
( ) Em um mercado em que há muitos produtores e muitos consumidores de
tal modo que um produtor isoladamente não pode fixar o preço de seu
produto, é a igualdade entre receita e custo marginais que determinará a
quantidade que o produtor deverá produzir para maximizar o lucro.
Resposta: O item está correto e é conceitual. Descreve o caso da
concorrência perfeita, onde o lucro normal (lucro econômico zero) é obtido
no ponto em que RMg = Cmg.
9. Monopólio
1. (Prova 2004 - Questão 127) Contrariamente ao que ocorre com empresas
monopolistas, a curva de receita marginal de firmas que atuam em
mercados competitivos situa-se abaixo da curva de receita média.
Resposta: Para elucidar a questão, vejamos as curvas de receita marginal
(RMg) e de receita média (RMe) para mercados em concorrência perfeita e
em monopólios:
Figura 9.16. Curvas de receita média e marginal nos mercados em
concorrência perfeita
Figura 9.17. Curvas de receita média e marginal no monopólio
Observe que, no caso da concorrência perfeita, as curvas de RMg e RMe
coincidem, ao passo que, no monopólio, a curva de RMg situa-se abaixo da
curva de RMe.
O item está errado.
2. (Prova de 2009 - Questão 57, Caderno Verde) Considere as condições de
equilíbrio de mercados em concorrência perfeita, de um lado, e, de outro, de
mercados sujeitos ao monopólio. Considere, também, que, em ambas as
condições, os produtores visem ao lucro (L), que resulta da maximização do
excedente da receita total (RT) em relação ao custo total da produção (CT).
Considere, ainda, que, ao maximizar o lucro, os produtores levem em
consideração, entre outras variáveis, o preço (P), a quantidade produzida
(Q), a receita marginal (RMg) e o custo marginal (CMg). Com base nessas
considerações, julgue C ou E os itens que seguem.
1. ( ) Em ambas as condições citadas, os preços equivalem ao custo
marginal.
Resposta: Em concorrência perfeita, os preços equivalem ao custo marginal,
P = CMg. Mas, no caso do monopólio, os preços são maiores do que o
custo marginal, P>CMg. Essa condição lhe garante lucros econômicos
positivos.
O item está incorreto.
2. ( ) Na condição de mercados sujeitos ao monopólio, a receita marginal
(RMg) equivale ao custo marginal (CMg), ou seja, RMg = CMg.
Resposta: Essa é uma assertiva válida para qualquer uma das estruturas de
mercado, embora esteja incompleta. A condição RMg = CMg é verificada
no ponto de maximização de lucros, onde as quantidades a serem
produzidas são determinadas.
O item, ainda que incompleto, está correto.
3. ( ) Em concorrência perfeita, o preço é igual à receita marginal, mas
inferior ao custo marginal, ou seja, P = RMg<CMg.
Resposta: Mais uma vez, o item está incompleto, pois não identifica a
identidade como sendo válida para o ponto de maximização de lucros. Na
ausência desta informação, admite-se que o candidato fará tal inferência.
Recordemos o gráfico do equilíbrio nulo de longo prazo (Figura 9.18).
Figura 9.18. Equilíbrio em concorrência perfeita
O ponto A representa o equilíbrio. Observe que, neste ponto, P = RMg =
CMg.
O item está errado, portanto.
4. ( ) Em concorrência perfeita, o custo total médio (CT/Q) equivale ao
custo marginal (CMg).
Resposta: Novamente a redação do item está incompleta, porque o CMg
corresponde ao CTMe no ponto mínimo deste último apenas no ponto
crítico (ou de equilíbrio).
Diferentemente dos itens anteriores, este foi anulado.
Figura 9.19. Concorrência perfeita: o custo médio e marginal
3. (Prova de 2010 - Questão 55, Caderno D) Considerando a teoria da
produção e dos custos, que fornece importantes elementos para a análise da
formação de preços em distintos ambientes de mercado, julgue C ou E.
( ) Políticas de dumping adotadas por empresas que vendem seus produtos
nos mercados internacionais a um preço inferior ao praticado no mercado
doméstico podem ser consideradas ações próprias de monopolista
discriminador de preços que visa à maximização de lucros.
Resposta: A política do dumping, descrita corretamente no enunciado do
item, é uma ação que só pode ter êxito se seu executor tiver considerável
poder de mercado. Tal ação é conhecida como discriminação de preços de
terceiro grau, conceituada como a prática de dividir os consumidores em
dois ou mais grupos com curvas de demanda separadas e cobrar preços
diferentes de cada grupo.
Assim, este tipo de atitude é própria de monopolistas que praticam a
discriminação de preços e que, evidentemente, visam maximizar seus
lucros.
O item está certo.
4. (Prova de 2012 - Questão 62, Tipo I) Com base na análise das estruturas
de mercado, crucial para o entendimento da formação dos preços nos
diferentes setores da economia, julgue C ou E o item subsequente.
( ) (Item 4) O fato de as passagens aéreas compradas com antecedência
serem, em geral, mais baratas que as compradas de última hora é
compatível com a suposição de que as companhias aéreas atuam como
monopólios que praticam discriminação de preços.
Resposta: Como já vimos, a discriminação de preços é a prática de cobrar
preços diferentes de clientes diferentes, sendo possível nos monopólios, já
que estes possuem poder de mercado.
Os consumidores de passagens aéreas apresentam dois tipos característicos
de comportamento:
a) compram com antecedência, buscando melhores preços. Sua demanda é
preço-elástico. É o caso dos turistas e de passageiros com viagens
programadas antecipadamente;
b) compram nas vésperas ou mesmo no dia da viagem. A demanda deste
grupo é mais inelástica em relação ao preço, como acontece com
passageiros que viajam a negócios, em virtude de imprevistos ou urgências.
Assim, os argumentos apresentados no item são compatíveis.
O item está correto.
5. (Prova de 2014 - Questão 68) Com relação a características dos mercados
e comportamento de produtores e consumidores, julgue C ou E os itens
subsequentes.
1. ( ) (Item 2) Entre as condições que contribuem para impedir a entrada de
produtores concorrentes em um mercado monopolista, inclui-se a
capacidade do produtor de diferenciar seu produto, criando e mantendo, por
exemplo, uma imagem de tradição e estabilidade, ou mesmo, inversamente,
de renovação e inovação.
Resposta: A princípio, o item parece estar errado porque o monopólio
pressupõe a presença de um único ator como ofertante: o monopolista.
Porém, é importante salientar que a condição de monopólio não
necessariamente perdurará para sempre. Apesar do setor contar com
relevantes barreiras à entrada, muitas vezes os monopolistas investem em
propaganda, em inovação e em diferenciação dos produtos para garantir a
manutenção de sua posição exclusiva. A ideia de tradição e estabilidade
pode garantir que seu mercado consumidor mantenha-se fiel diante de
possível quebra do monopólio. A inovação e a renovação, por outro lado,
são conceitosrelacionados à pesquisa e ao desenvolvimento, em geral mais
praticados por empresas com lucros positivos. O item está, portanto,
correto.
2. ( ) (Item 4) Uma das características de um mercado competitivo ou de
concorrência perfeita é a homogeneidade do produto, ainda que as marcas
acentuem diferenças nas qualidades do produto; nesse caso, os
consumidores irão preferir marcas de menor preço.
Resposta: A concorrência perfeita admite, como hipótese, que os produtos
são idênticos ou substitutos perfeitos. Se houver qualquer tipo de
diferenciação que permita a ordenação das preferências por parte dos
consumidores, a hipótese não é atendida. O item está errado, pois descreve
a competição ou concorrência monopolística.
10. Oligopólio
1. (Prova de 2010 - Questão 55, Caderno D) Considerando a teoria da
produção e dos custos, que fornece importantes elementos para a análise da
formação de preços em distintos ambientes de mercado, julgue C ou E.
( ) (Item 4) O êxito de um cartel depende não apenas das similaridades -
considerando-se tamanho e poder de mercado - entre as diferentes firmas
que o compõem, mas também da demanda do mercado em que o cartel
opera, a qual deve ser elástica em relação ao preço.
Resposta: O cartel é formado quando os produtores concordam
explicitamente em agir em conjunto na determinação de preços e níveis de
produção. Deve haver espaço para poder de monopólio. Quanto mais
inelástica for a curva de demanda, mais o cartel tem condições de elevar os
preços a níveis bem superiores aos de concorrência perfeita.
Se a demanda for muito elástica em relação ao preço, provavelmente o
mercado conta com substitutos ou o bem não é tão essencial, já que as
variações para cima dos preços tenderão a reduzir muito a quantidade
demandada. Assim, um dos requisitos do sucesso do cartel é que seu
mercado apresente alta inelasticidade-preço da demanda.
O item está errado.
2. (Prova de 2012 - Questão 62) Com base na análise das estruturas de
mercado, crucial para o entendimento da formação dos preços nos
diferentes setores da economia, julgue C ou E o item subsequente.
( ) A cartelização de determinado mercado é facilitada quando as firmas que
o compõem são do mesmo tamanho e se confrontam com demandas
elásticas.
Resposta: Como já vimos, o cartel ocorre quando os produtores concordam
explicitamente em agir em conjunto na determinação de preços e níveis de
produção.
Para que tenha êxito, o cartel deve cumprir duas condições:
a) formação de uma organização estável, cujos membros consigam realizar
acordos relativos a preços e níveis de produção e, depois, cumprirem com o
combinado;
b) deve haver espaço para o poder de monopólio.
O tamanho das empresas não é uma condição indispensável, portanto.
Quanto mais inelástica for a curva de demanda, mais o cartel tem condições
de elevar os preços a níveis bem superiores aos de concorrência perfeita.
O item está errado.
3. (Prova de 2010 - Questão 55, Caderno D) Considerando a teoria da
produção e dos custos, que fornece importantes elementos para a análise da
formação de preços em distintos ambientes de mercado, julgue C ou E.
( ) (Item 3) A presença de substanciais economias externas de escala em
determinada indústria é compatível com a existência de uma curva de oferta
de longo prazo positivamente inclinada.
Resposta: As economias de escala estão presentes quando é possível dobrar
a produção menos que dobrando os custos. Elas se referem mais ao curto
prazo, pois a redução de custos unitários, em geral, ocorre por causa da
diluição do custo fixo em um maior número de unidades produzidas.
A curva de oferta tende a ser mais rígida no curto prazo do que no longo
prazo e, na maioria dos casos, tem inclinação positiva no longo prazo.
Ocorre que, se a firma estiver usufruindo de substanciais economias de
escala, significa que sua produção está crescendo a uma taxa mais rápida do
que o crescimento de seus custos. Nesta fase, o custo marginal está em
queda.
No caso do monopólio natural, por exemplo, as firmas usufruem de
consideráveis rendimentos externos de escala e sua curva de custo marginal
é apenas descendente. No caso dos oligopólios, ela entra em sua fase
ascendente mais tardiamente do que ocorre em concorrência perfeita. A
Figura 10.2 apresenta estes casos:
Figura 10.2. Curvas de custo médio e marginal e de demanda
Como a curva de custo marginal representa a curva de oferta no caso da
concorrência perfeita e dos mercados de concorrência imperfeita, à exceção
do monopólio (que não apresenta curva de oferta), observa-se uma
inclinação descendente da curva de oferta neste caso específico. Em
resumo, a porção da curva de custo marginal que está em queda nos casos
(b) e (c) representam a presença de economias de escala na produção,
momento em que há inclinação descendente da curva de oferta, portanto.
Como o item fala em “substanciais economias externas de escala”, ele
descreve melhor o caso (b).
Portanto, os argumentos apresentados no comando do item são válidos para
situações distintas, não sendo compatíveis entre si. O item está errado.
4. (Prova de 2014 - Questão 68) Com relação a características dos mercados
e comportamento de produtores e consumidores, julgue C ou E o item
subsequente.
( ) (Item 3) Mercados com poucos atores, em que a interdependência de
ações é uma característica marcante, podem ser representados como um
jogo, cujo resultado, associado a uma estratégia, é denominado playoff.
Considera-se relativamente mais fácil utilizar a forma estratégica em
situações em que um jogador (empresa) deva agir sem o conhecimento da
ação de seu concorrente.
Resposta: O gabarito preliminar deste item o apresentou como correto, mas
foi alterado para errado em função do uso do termo playoff em vez de
payoff. O restante do item, no entanto, está correto, já que a forma
estratégica é utilizada quando o jogador desconhece a ação do concorrente,
o que impossibilita um acordo tácito ou explícito.
* As opiniões deste Prefácio são de cunho pessoal, não refletindo
necessariamente as posições do Ministério das Relações Exteriores.
** Os textos publicados nesta obra, bem como as informações fornecidas
nas tabelas de incidência e nos seus respectivos gráficos, são de
responsabilidade exclusiva dos autores e do coordenador da Coleção. A
finalidade desta obra é publicar teoria e questões relevantes para os
candidatos ao concurso de Diplomata, cabendo à Editora respeitar a
liberdade de pensamento e manifestação de cada autor.
*** Nas tabelas, o “0” significa que não foi cobrada nenhuma questão do
assunto e o “-” significa que a disciplina não constava no Edital.
Atenção! Muitas questões do Teste de Pré-seleção do IRBr abordam mais
de um tópico do Edital. As questões de múltipla escolha foram consideradas
como uma única questão e cada um dos itens das questões do tipo Certo ou
Errado é contabilizado como uma questão.
1 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro: teoria e
exercícios. 4. ed., 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. 1.
2 PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia.
Equipe de Professores da USP. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, Cap. 1.
3 Conforme os temas solicitados em edital forem aparecendo no texto,
serão inseridas notas de rodapé com a indicação respectiva.
4 VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
5 A escassez pode ser definida como sendo uma “situação na qual os
recursos - tudo aquilo que usamos para produzir bens e serviços - são
limitados em quantidade, mas podem ser usados de diferentes maneiras”.
O’ SULLIVAN, A; SHEFFRIN, S., Introdução à economia: princípios e
ferramentas. Trad. Maria Lúcia G. L. Rosa. Revisora e coautora: Marislei
Nishijima. São Paulo: Prentice Hall, 2004, Cap. 1.
6 PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5. ed. rev. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005, Cap. 1.
7 PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. (orgs.). Op. cit.
8 VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos da
economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, Cap. 1.
9 Um trade off é uma decisão ou um conflitode escolha. É a renúncia de
uma coisa, aspecto ou qualidade de algo para se obter outra.
10 TISDELL, C. A. Microeconomia: a teoria da alocação econômica. Trad.
Carmem Terezinha Santoro. São Paulo: Atlas, 1978, Cap. 1.
11 PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
12 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro: teoria e
exercícios. Glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 4. ed., 6.
reimpr. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. 1.
13 VICECONTI, P. E.; NEVES, S. Introdução à economia. 2. ed. São
Paulo: Frase Editora, 1996, Cap. 1.
14 O’SULLIVAN, A.; SHEFFRIN, S. Op. cit.
15 O’ SULLIVAN, A.; SHEFFRIN, S. Op. cit.
16 Também chamado, neste caso, de custo de transformação (VICECONTI,
P. E.; NEVES, S. Op. cit.).
17 O motivo pelo qual o custo de oportunidade é crescente é que, à medida
que fatores de produção são deslocados de um produto para outro, estes
fatores mostram-se cada vez mais ineficientes. Aqui se observa a vigência
da lei dos rendimentos crescentes, objeto de estudo posterior.
18 O’ SULLIVAN; SHEFFRIN, S. Op. cit.
19 PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
20 VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 7. ed. Trad. Maria
José Cyhlar Monteiro e Ricardo Doninelli. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006,
Cap. 1.
21 CHIANG, A. Matemática para economistas. Trad. Roberto Campos
Moraes. Revisor técnico Luiz Salvador Lopes. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil: Ed. USP, 1982, Cap. 2.
22 CRESPO, A. A. Estatística fácil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Apêndice. Instrumental Matemático.
23 MURELO, A. C.; BONETTO, G. A. Matemática aplicada à
administração, economia e contabilidade. São Paulo: Thomson, 2004, Caps.
1, 2 e 3.
24 A dinâmica trata da trajetória das variáveis e do processo de ajustamento
em si. Esta obra tratará apenas da estática. SALVATORE. D.
Microeconomia. Trad. e rev. Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1984.
25 VARIAN, H. R. Op. cit.
26 GOLDBERG, D. K. Controle de políticas públicas pelo Judiciário:
welfarismo em um mundo imperfeito. In: SALGADO, L. H.; MOTTA, R.
S. (eds.). Regulação e concorrência no Brasil: governança, incentivos e
eficiência. Rio de Janeiro: IPEA, 2007, Cap. 3.
27 VARIAN, H. R. Op. cit.
28 GOLDBERG, D. K. Op. cit.
1 Este capítulo atende aos seguintes tópicos do Edital 2015: 1.1. Demanda
do Consumidor e 1.2. Oferta do Produtor.
2 VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 7. ed. Trad. Maria
José Cyhlar Monteiro e Ricardo Doninelli. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006,
Cap. 1.
3 VARIAN (op. cit.) reconhece que a noção de equilíbrio é de compreensão
menos indutiva, já que é esperado que, em algum momento, não haja
compatibilidade entre a oferta e a demanda. O autor pondera que, embora as
alterações de mercado que justifiquem esse desequilíbrio possam levar
tempo para acontecer e que, por essa razão, estas e outras mudanças possam
introduzir distorções ou desequilíbrios, isso, em geral, não acontece. O que
é relevante na análise econômica é o equilíbrio e não a maneira que o
mercado atinge ou modifica este equilíbrio.
4 Conforme Edital do Concurso de 2015.
5 LIPSEY, R. G.; STEINER, P. O. Economics. 2. ed. New York, 1969, Cap.
6.
6 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia. micro e macro: teoria e
exercícios. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. 2.
7 VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
8 Assim, pode-se definir a curva de demanda como “uma curva que
expressa a relação entre a quantidade demandada e os preços” (VARIAN,
H. R. Op. cit.).
9 O “caso dos bens de Giffen” ou o Paradoxo de Giffen descreve uma
situação extremamente excepcional em que a baixa do preço de um bem
conduz a uma redução das compras. O economista Robert Giffen observou
este comportamento nas compras de pão, feitas por famílias muito pobres,
no século XIX. O caso, portanto, não se aplicava à demanda por pão, em
geral, mas especificadamente à demanda por pão por famílias
extremamente pobres (MORGAN, E. V. Introdução à economia. Trad.
Augusto Reis. Revisor técnico Breno Granja C. Filho. São Paulo: Saraiva,
1979).
10 Conforme VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
11 VASCONCELLOS, M. A. S. Op. cit.
12 Neste ponto, VARIAN (op. cit.) pondera que a definição dos preços e
quantidades de equilíbrio depende, até certo ponto, do horizonte temporal
considerado na análise, sendo que, para determinados bens, a oferta tende a
ser mais rígida no curto do que no longo prazo. A curva pode, inclusive, ser
apresentada com uma reta vertical, indicando a total rigidez da oferta
(elasticidade zero) no curto prazo.
1 Este capítulo atende ao seguinte tópico do Edital 2015: 1.1. Elasticidade-
preço e elasticidade-renda.
2 LIPSEY, R. G.; STEINER, P. O. Economics. 2. ed. New York, 1969, Cap.
7.
3 MORGAN, E. V. Introdução à economia. Trad. Augusto Reis. Revisor
técnico Breno Granja C. Filho. São Paulo: Saraiva, 1979, Cap. 4.
4 ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed., 9. reimpr. São Paulo:
Atlas, 2012, Cap. 8.
5 É evidente que o preço será mais alto quanto mais tal metal seja
requisitado pelo mercado e quanto maior a dificuldade em extraí-lo da
natureza. Mas mesmo que seu preço atinja patamares muito elevados, sua
oferta não aumentará, pois está limitada aos demais fatores mencionados.
1 Este capítulo atende aos seguintes tópicos do Edital 2015: 1.1. Demanda
do Consumidor. Preferências. Equilíbrio do Consumidor. Curva de
Demanda.
2 PINDICK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Trad. Eleotério
Prado, Thelma Guimarães e Luciana do Amaral Teixeira. 7. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2010, Cap. 3.
3 Segundo VARIAN, “o preço de reserva de uma pessoa é o preço em
relação ao qual essa pessoa é indiferente entre comprar ou não comprar o
bem” (Microeconomia: princípios básicos. Trad. Maria José Cyhlar
Monteiro e Ricardo Doninelli. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006).
4 WONNACOTT et al. Economia. Tradução, revisão e adaptação de Yeda
Rorato Crusius et al. São Paulo: McGraw - Hill do Brasil, 1982, Cap. 18, p.
438.
5 WONNACOTT et al. Op. cit., p. 439.
6 Simonsen critica o uso do conceito de excedente do consumidor -
formulado graficamente por Marshall - pelo fato de existirem certos
produtos e serviços extremamente úteis aos consumidores, mas que não
podem ser mantidos de forma exclusiva por consumidores que estão
dispostos a pagar por eles, como, por exemplo, bens e serviços de uso
coletivo e outros bens ou serviços indivisíveis. Para estes casos específicos,
o conceito marshalliano de excedente do consumidor mostra-se inadequado
(SIMONSEN, M. H. Teoria microeconômica. Rio de Janeiro: FGV, 1967,
Cap. 2).
7 Eis uma vantagem da abordagem da curva de indiferença: não há a
necessidade de nos preocuparmos com a medida das utilidades, bastando
entender que as curvas mais distantes da origem são preferíveis às mais
próximas. Não é preciso saber o quanto o são. Evitar problemas com as
medidas de utilidade marginal foi um dos principais argumentos favoráveis
à abordagem das curvas de indiferença apresentadas no livro Valor e
capital, pelo Nobel de Economia J. R. Hicks (WONNACOTT, P. et al. Op.
cit.).
8 Convém fazer essa ressalva em uma eventual questão discursiva que
aborde o tema.
9 Esse exemplo, embora bem ilustrativo, costuma ser muito questionado
pelos alunos, pelo simples fato de que os pares de sapato são vistos,
corretamente, como um único bem. Mas a suposição adotada aqui - e na
maioria dos livros-texto sobre o tema - esclarece bem a total rejeição do
consumidor em ter mais unidades de um dos dois pares ao custo de ter
menos do outro.
10 Lembre-se de que a concavidade ou convexidade das curvas é definida
em relação à origem dos eixos cartesianos.
11 MANKIW, G. N. Introdução à economia: princípios de micro e
macroeconomia. Trad. da 2. ed. original de Maria José Cyhar Monteiro. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2001.
12 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia. Micro e macro. Teoria e
exercícios. Glossário com os 300 princípios conceitos econômicos. 4. ed. 6.
reimpr. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. 2.
13 Pontos notáveis são os pontos que cortam os eixos cartesianos.

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