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31
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE
ELLEN GABRIELA GHENO
GABRIEL HENRIQUE DE SOUZA BARROS
SERGIO GERARDO BOISIER ETCHEVERRY
TOLEDO
2023
ELLEN GABRIELA GHENO
GABRIEL HENRIQUE DE SOUZA BARROS
SERGIO GERARDO BOISIER ETCHEVERRY
Trabalho apresentado como requisito avaliativo da disciplina de Desenvolvimento Econômico da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
Professor (a): Ricardo Rippel
TOLEDO
2023
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - SUBSISTEMA E LISTA DE CAPITAL INTANGÍVEL	10
Figura 2 - NUEVOS ESCENARIOS DEL DESARROLLO REGIONAL	13
Figura 3 - NUEVO ESCENARIO CONTEXTUAL	16
Figura 4 - CRECIMIENTO TERRITORIAL EXÓGENO	18
Figura 5 - NUEVOS ESCENARIOS DEL DESARROLLO REGIONAL	19
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	5
2	BIOGRAFIA	6
3	ESTUDOS	9
4	A AMBIGUIDADE INTRÍNSECA DA DESCENTRALIZAÇÃO	11
5	NOVOS CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E NOVOS CONCEITOS REGIONAIS	12
5.1	NOVOS CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL	13
6	A DINÂMICA DA DESCENTRALIZAÇÃO	15
6.1	SOBRE AS CONFIGURAÇÕES	15
6.2	NOVO CENÁRIO CONTEXTUAL	16
6.3	CRESCIMENTO TERRITORIAL EXÓGENO	18
6.4	SOBRE A GESTÃO	18
6.5	NOVO CENÁRIO ESTRATÉGICO	19
7	SOBRE OS GOVERNOS ESTADUAIS E REGIONAIS	21
8	DESENVOLVIMENTO REGIONAL	23
9	VOO DE UMA PIPA: UMA METAFORA DE TEORIA DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL.	26
10	LIVROS E OBRAS	28
11	MORTE	29
12	CURIOSIDADES	30
13	CONCLUSÃO	31
REFERÊNCIAS	32
INTRODUÇÃO
Sergio Boisier, foi um grande economista, com forte influência no mundo da pesquisa e da gestão territorial. Como acadêmico chileno, ficou reconhecido por suas contribuições significativas no campo do desenvolvimento regional e planejamento territorial. 
Suas inúmeras obras abrangem temas como a desigualdade socioeconômica, a importância das regiões no desenvolvimento e a dimensão das políticas públicas no crescimento econômico. Boisier foi um protetor da descentralização e da autonomia local como meio de promover um desenvolvimento mais abrangente. Suas ideias inovadoras continuam a influenciar estudiosos e profissionais no campo do desenvolvimento regional.
Incluem-se neste trabalho os novos conceitos sobre os fatores causais do desenvolvimento em escala territorial, fortalecendo a necessidade de formularem projetos políticos para uma articulação espessa, e inteligente, com o intuito de criarem novos processos de desenvolvimento.
Desse modo, o projeto trará sobre sua vida pessoal e profissional, dando prioridade a descentralização. Sua importância na economia é muito clara, porém pouco reconhecida. 
BIOGRAFIA
Boisier nasceu no dia 5 de fevereiro de 1939, no sul do Chile, em Purén. Sendo considerado até hoje um dos mais notáveis pensadores latino-americanos, com uma enorme influência no mundo da pesquisa e da gestão territorial.
Sua infância remete-se à casa de seus avós, que era repleta de pinturas, pianos, armas de caça e rádios. Ele acabou herdando alguns desses objetos de recordação e foi lá onde Sergio aprendeu francês.
Em 1949 terminou sua educação primária no Liceo Alemán em Los Angeles, e os estudos secundários no Liceo Alemán de Santiago.
Durante seus trabalhos nas plantações de trigo, Boisier conheceu uma das duas aranhas mais venenosas que existem no Chile, chamada “aranha do trigo”, cuja mordida pode causar a morte, porém seu efeito mais conhecido era produzir priapismo em homens. E com a falta de pesquisas científicas em andamento para decifrar o veneno, Sergio desenvolveu um artigo científico sobre sinergia local, o artigo foi publicado por uma importante revista científica de economia.
Na sua graduação, começou a estudar Engenharia na Universidade do Chile. Porém com muitas reprovações foi forçado a retornar ao primeiro semestre, começando novamente seus estudos. Isso fez com que em 1957 ele ingressasse na Faculdade de Ciências Econômicas pela Universidade do Chile. Também fez parte de um seleto grupo de economistas que estudaram na Universidade da Pensilvânia.
Como economista se aprofundou no desenvolvimento territorial, iniciando seus estudos em sua própria cidade, onde o que chamou sua atenção foi o desenvolvimento histórico de uma cidade que nunca teve mais de 5 mil habitantes, com produtividade, avanço tecnológico, comércio, arte e cultura. Considerando que Purén tinha eletricidade muito antes de outras cidades pequenas, com forte produção em indústria madeireira e metalomecânica.
Boisier também foi chamado para ser Professor no Centro Universitário Regional de Temuco, sendo responsável pelos cursos de Teoria Econômica, Administração e Estatísticas. Se aprofundando no tema regional e o levando a descobrir o texto clássico do Walter Isard, Métodos de análise regional, despertando seu interesse no Departamento de Ciências Regionais da Universidade da Pensilvânia, dirigido pelo Isard.
Sergio foi professor de Teoria Econômica, na Escola de Economia da Universidade do Chile, em Valparaíso. E durante esse período foi nomeado Chefe do Departamento de Economia, numa Escola que a Faculdade criou como Escola de Administração. E com isso, Sergio formou um grupo de professores com Manuel Achurra, Gabriel Pumarino e Guido Miranda, para trabalhar a questão regional.
Em sua carreira profissional Sergio foi chefe da Divisão de Análise Quantitativa e chefe do Departamento de Planificação Regional do Escritório de Planificação Nacional do Chile durante a década de 1960. Em 1970, Sergio fez parte da Organização das Nações Unidas (ONU), primeiro no escritório da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) no Brasil, depois na Argentina e no Panamá, com o Escritório de Cooperação Técnica das Nações Unidas e, posteriormente, no Instituto Latino-Americano e do Caribe de Planificação Econômica e Social (ILPES), em Santiago do Chile.
Seu primeiro trabalho e muito renomado, foi publicado pelo ILPES em 1974, com o título “Industrialización, Urbanización, Polarización: hacia um enfoque unificado”. E nessa obra Sergio reúne uma análise crítica e adaptada às condições do contexto territorial e institucional latino-americano, a proposta de pólos de desenvolvimento. As dimensões institucional, política e social ganharam relevância em suas obras e análises.
Sergio alcançou uma bolsa da Fundação Rockefeller e foi admitido em 1966 no Departamento de Ciências Regionais da Universidade da Pensilvânia. Nesse período, ele foi o único chileno a se formar pelo Departamento de Ciências Regionais na Universidade da Pensilvânia.
Em 1969, a ODEPLAN publicou a intitulada Política de desenvolvimento nacional. Com diretrizes nacionais e regionais, onde Sergio escreveu de próprio punho os capítulos “A política geral de desenvolvimento regional” e a “Síntese das estratégias regionais”. Nestes capítulos, o economista Sergio Boisier descreve a região nas seguintes palavras: “região como instrumento de ação para a política de desenvolvimento e como um instrumento de participação do indivíduo, objeto e sujeito do planejamento”.
Algum tempo depois a CEPAL o ofereceu o cargo de Diretor Interino, do Escritório para o Brasil, no Rio de Janeiro. Na época o Brasil era o maior e mais complexo país da América Latina, devido ao período mais duro do Governo Militar do Brasil, e Sergio não falava português, sendo um grande desafio para o pensador.
Na época, o governo brasileiro era liderado pelo General Emílio Garrastazú Medici, chefe do Governo, e António Delfim Neto, um economista de extrema-direita como Ministro da Fazenda, inimigo declarado da CEPAL. Nesse período Boisier estabeleceu dois projetos de pesquisa: um sobre o sistema, área urbana brasileira e as diferenças de salários e de produtividade industrial observadas no sistema, e o outro, uma “investigação” sobre o que foi feito em termos de planejamento público no nível subnacional, para o qual foi escolhido os estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia como exemplos reais.
Posteriormente ingressou no Programa de Capacitação do ILPES, em parceria com Carlos de Mattos, Claudio Marinho, Reynaldo Bajraj, Eduardo García, Verónica Silva e Juan Martín,onde realizaram uma investigação financiada pelos Países Baixos sobre planejamento em países pequenos.
Foi diretor adjunto do Programa de Assessoria do ILPES e ao longo desses 24 anos como dirigente do projeto ele apresentou algumas inovações institucionais muito importantes, como, o acordo ILPES/ISS (Instituto de Estudos Sociais de Haia, Holanda) concluído diretamente com o Reitor Jos Hilhorst. Que permitiu contar com a colaboração acadêmica de professores do ISS (Hilhorst, Helsimg Uribe-Echevarría, Dunham, Lathrop) nos cursos de planejamento regional e, sobretudo, permitiu ao ILPES enviar anualmente ao ISS os melhores participantes dos cursos do Instituto, para obter o título de Mestre no ISS.
Até o período apresentado, Sergio já havia publicado 15 livros, em espanhol e inglês, além dos inúmeros artigos em espanhol, inglês, português, francês tailandês. Já em 1999, seu período de pesquisas e obras diminui, devido a sua aposentadoria, que ele não aceitou, pois sentia que estava no melhor momento de sua capacidade intelectual.
Já aposentado, Sergio, resolve entrar na área da consultoria privada, criando um organismo virtual, com a logo de um gato, pois para ele o gato é o único animal doméstico fiel ao território, não às pessoas, perfeito para um indivíduo que durante toda a sua vida foi dedicada justamente ao território. Nomeou seu negócio de CATS (Centro de Análise e Ação do Território e da Sociedade). 
ESTUDOS
Depois de sua aposentadoria, em 2007, Sergio obteve seu doutorado, aos 68 anos, em Economia Aplicada, na Universidade de Alcalá, Henares, Espanha. Com isso introduziu no discurso de desenvolvimento regional uma série de novos conceitos. Apresentando as regiões como territórios com uma estrutura complexa, acrescentando que as estruturas eram abertas. Apresentando uma nova tipologia de regiões, regiões pivô, regiões associativas e regiões virtuais e deu exemplos empíricos desta classificação e desta ordenação hierárquica de regiões. Classificou também as regiões em duas categorias, as regiões como quase estados (regiões com um elevado nível de descentralização) ou, como quase empresas (regiões que na sua gestão introduzem métodos específicos para gestão corporativa).
Introduziu a noção prigoginiana de emergências sistêmicas e manteve a ideia que o crescimento territorial é uma propriedade emergente dos sistemas territoriais complexos e sua interação com o meio ambiente, juntamente com o desenvolvimento, que é uma propriedade emergente de sistemas territoriais complexos altamente conectados, com propriedades emergentes que derivam da interação interna dos vários subsistemas. Além disso, começou a explorar novas formas de capital, além da economia, falando de capitais intangíveis, como os autores europeus.
Os capitais intangíveis são fundamentais para compreender e promover o desenvolvimento, pois o crescimento econômico está localizado no mundo do “ter”, enquanto o desenvolvimento, para Sergio, está localizado no mundo do “ser”. Sintetizando os processos sociais de mudança territorial (crescimento e desenvolvimento) em um único gráfico. 
Figura 1 - SUBSISTEMA E LISTA DE CAPITAL INTANGÍVEL
Fonte: autoria própria 
Sergio escreveu e desenvolveu diversas obras, artigos e estudos sobre o desenvolvimento territorial ao redor do mundo. Entre seus trabalhos mais renomados e utilizados, será citado nessa pesquisa alguns deles, como a ´´Ambiguidade intrínseca da descentralização´´.
A AMBIGUIDADE INTRÍNSECA DA DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização, para Boisier, é uma questão instrumental ajudando a explicar a sua natureza elusiva, a sua conversão em bandeira de governo e de oposição, raramente aceito na sua dualidade.
Nesse sentido a desconcentração representa uma transferência de capacidade de decisão de um determinado nível hierárquico para um nível inferior dentro da mesma organização, sendo consequentemente uma questão interna que requer apenas a vontade do mais alto nível hierárquico. Já a descentralização, envolve a criação de uma entidade diferente daquela a partir da qual será transferida a capacidade de decisão, sendo necessário uma personalidade jurídica própria, de recursos e de regras de funcionamento próprias.
Nos processos de descentralização pode-se dar origem a três modalidades de descentralização:
Funcional, quando é criada uma entidade com personalidade jurídica, regras e orçamento próprio, as suas ações estão limitadas a uma função, atividade ou setor (por exemplo, uma empresa pública de produção de eletricidade);
Territorial, quando é criada uma entidade com as características indicadas, de âmbito multissetorial, mas cuja ação se restringe a um espaço político/administrativo definido (por exemplo, um governo regional);
Política, atendidos os requisitos básicos, a geração da entidade decorre de processos eleitorais populares, secretos e informados, como, por exemplo, um Município. O que mais interessa nesta ocasião é referir-se às modalidades "mistas" que podem ser concebidas combinando as três anteriores em pares, e entre elas a combinação de uma descentralização simultaneamente territorial e política (um governo regional eleito) é a de maior interesse. Interesse, sendo ao mesmo tempo uma aspiração sincera em países com um regime político unitário.
Uma democracia sólida gera uma ampla distribuição social do poder político, logo a descentralização. E na economia, descentralização, significa disputas por espaços políticos, essas disputas possuem grande chance de serem vencidas, quando setores contrários ao governo autoritário estão participando, produzindo uma inadmissível incoerência lógica a priori e a posteriori.
NOVOS CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E NOVOS CONCEITOS REGIONAIS 
O desenvolvimento regional é um processo que se desenvolve em três cenários interdependentes, sendo um novo cenário contextual, há um novo cenário estratégico e há um novo cenário político. O contextual é relacionado aos processos de abertura comercial externa e abertura política interna, o estratégico está ligado ao surgimento de uma nova geografia altamente virtual e de novas modalidades de gestão territorial, e de gestão e política é relacionado a modernização do Estado e reinvenção dos governos territoriais.
Através globalização se localizam dois elementos, a microeletrônica (que torna tecnicamente possível a globalização) e a nova ordem política internacional (caracterizada pelo "monopólio político", pela "multipolaridade econômica" e pelo "regionalismo aberto", ou seja, segundo a CEPAL descreve a atual simultaneidade e multiplicidade dos acordos comerciais dos países). 
A abertura externa possui o propósito de posicionar as exportações nacionais em duas áreas do comércio internacional: modernidade e competitividade. Modernidade significa ofertar produtos e serviços com maior nível de tecnologia. Já a competitividade significa ofertar produtos e serviços que aumentem frequentemente a sua parte de mercado. 
E para Boisier, os territórios serão valorizados novamente durante a globalização (Boisier, 2001; Morgan, 2001; OCDE, 2001), se tornando novos atores da competição internacional por capital, tecnologia e mercados e para competir os territórios organizados, necessitam de uma autonomia no quadro de um projeto nacional de descentralização.
A gestão territorial leva à melhoria da qualidade de vida das populações, à redução das diferenças na qualidade de vida entre grupos populacionais localizados em diferentes pontos do país, à tentativa de colocar o território em questão em uma melhor posição, exigindo a criação de um novo quadro cognitivo. O quadro inclui duas formas cognitivas, sendo o conhecimento estrutural, capaz de nos ensinar que todo território organizado é simultaneamente um sistema (aberto), e o conhecimento funcional mostrando a causalidade e a dinâmica contemporânea dos dois processos mais importantes de mudança social para cada território, o crescimento económico e o desenvolvimento social.
NOVOS CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Figura 2 - NUEVOS ESCENARIOS DEL DESARROLLO REGIONALFonte: Sergio Boisier (1999)
O desenvolvimento urbano e regional é impulsionado pela competição global por investimentos em capital, avanços tecnológicos e acesso aos mercados. A globalização atua como uma lente curva, destacando uma perspectiva microeconômica quando observada de um ponto e uma visão macroeconômica quando examinada de outro.
A revolução científica e tecnológica (RCT) em andamento está redefinindo a geografia industrial, impulsionada pela miniaturização, na mudança “para trás” nas economias de escala e na capacidade de fragmentar processos produtivos sem comprometer a rentabilidade ou eficiência. Essa transformação requer uma transição das empresas de decisões centralizadas para estruturas mais descentralizadas, facilitada pelo processo político de abertura interna.
Por trás da descentralização, ou seja, da força que está impulsionando o processo político de abertura interna, é possível distinguir quatro aspectos que no seu conjunto estão gerando ambientes mais propícios à descentralização.
Primeiramente, as inovações nos setores de comunicação e transporte, causaram a diminuição dos custos nesses dois setores, devido às tecnologias avançadas e práticas de gestão inovadoras. Essas transformações não apenas promovem a eficiência econômica, mas também fomentam a criação de ambientes organizacionais propícios para sistemas descentralizados de tomada de decisão.
O segundo aspecto, refere-se os processos de transformação do Estado, que também geram ambientes descentralizadores, aponta-se duas necessidades atuais, a de modificar o Estado como órgão regulador do regime de acumulação, e a de transferir poder a diversas organizações da sociedade civil para materializar o compromisso político em favor da sociedade civil.
O terceiro aspecto aponta a descentralização como uma força que em alguns casos resulta em atitudes patológicas que acabam por destruir o próprio Estado, como na Europa. E em quarto lugar, a descentralização está relacionada às tendências de privatização integradas no atual modelo de política econômica, sendo uma consequência do domínio da globalização em muitas partes do mundo. Quando as atividades que produzem prestadores de bens ou serviços, o número de tomadores de decisão independentes em um sistema econômico aumenta ocorrendo um fenômeno de redistribuição de poder. 
A abertura interna fragmenta a população em dois aspectos: equidade e participação. Isso implica em uma distribuição mais justa dos benefícios provenientes da abertura externa e concede à população um papel mais ativo na definição das opções políticas específicas de cada nível territorial.
A DINÂMICA DA DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização é causada por quatro outras forças primárias que devem ser reveladas para compreender a própria natureza da descentralização.
A descentralização incentivada através da Revolução Científica e Tecnológica (RCT), afetando a produção industrial, os sistemas de comunicações e os sistemas de transporte. Gerando um ambiente favorável para a introdução de sistemas descentralizados de tomada de decisão.
A descentralização ativada pela reforma do Estado. Onde somos um só, e para que isso seja possível é necessário retornar às instituições da sociedade civil a sua autonomia historicamente perdida, e isto equivale à descentralização social.
A descentralização fomentada por uma busca de autonomia por parte das organizações da sociedade civil, principalmente das organizações de base territorial.
A descentralização é incentivada pelas atuais linhas de privatização. Onde a privatização permite o surgimento de uma nova decisão independente no sistema em debate, causando uma expansão do número de decisões independentes presentes no sistema.
Outra força por trás da descentralização e que não se pode ser competitivo no mundo de hoje com estruturas centralizadas porque elas não têm a velocidade necessária, onde a abertura externa da globalização obriga necessariamente a uma abertura interna de natureza política (Boisier, 1996).
SOBRE AS CONFIGURAÇÕES 
Em seus trabalhos, Boisier explicava que para maximizar o sucesso na competição internacional, é necessário ser rápido e flexível, aproveitando rapidamente as oportunidades e respondendo de forma versátil às demandas do contexto, em diferentes escalas e estruturas. A maleabilidade também entra como uma chave para esse sucesso, destacando a capacidade de encaixar a estrutura conforme o ambiente. Sergio acrescenta outras três características a essa explicação, sendo a cultura, como produtora de identidade que surge como fator adicional de competitividade, ao introduzir diferenciação em mercados que tendem à homogeneização. Em segundo lugar, a capacidade de reconstituir a estrutura quando é danificada por elementos exógenos, e em terceiro lugar, destaca-se a complexidade sistêmica do território organizado, aplicando o princípio da 'variedade necessária' de Ashby à competição internacional. Em um jogo complexo com regras desenvolvidas, vencer não é possível por meio de sistemas simples.
O novo cenário contextual, como já apresentado, se refere ao processo de abertura externa, impelido pela força da globalização, e o processo de abertura interna, impulsionado pela força da descentralização. 
NOVO CENÁRIO CONTEXTUAL
Figura 3 - NUEVO ESCENARIO CONTEXTUAL
Fonte: Sergio Boisier (1999)
A complexidade (Morin, 1994) tem várias dimensões: multiplicidade de subsistemas reconhecíveis dentro do sistema em questão, hierarquia de tais subsistemas, articulações não lineares entre elementos e recursividade. A busca pela preferência internacional agora envolve maximizar as chances de sucesso no jogo global. O preço das pequenas dimensões deve ser equilibrado com outras características práticas. Surge uma abordagem de arranjos territoriais múltiplos, organizados hierarquicamente, centrados na ideia de 'região pivô' - o menor território organizado com conformidade sistêmica, cultura identitária e resiliência. Essas regiões pivô podem se associar democraticamente, formando 'regiões associativas' maiores.
Por último, as regiões pivô ou regiões associativas podem estabelecer acordos e compromissos estratégicos de longo prazo entre elas, com fins definidos, como desenvolver novos produtos de alta tecnologia e melhor posicionar-se na cena internacional. Utilizando mecanismos regulatórios específicos e sem depender de proximidade geográfica, busca-se criar 'regiões virtuais', às corporações virtuais semelhantes que são comuns no cenário empresarial internacional (Boisier, 1994).
Esta nova estrutura composta por múltiplas regiões representa a implementação de um paradigma “de baixo para cima”, que contrasta com o paradigma dominante “de centro para baixo”. É também importante notar que esta forma de permitir a emergência de regiões é essencialmente democrática, entregando a iniciativa e a sanção às próprias comunidades locais.
Buscando identificar quais são os fatores que determinam atualmente os processos de crescimento e desenvolvimento econômico de um território. O crescimento econômico territorial depende do modo como funciona uma matriz de seis fatores: com a acumulação de capital, a acumulação de conhecimento, a acumulação de capital humano, o “projeto nacional” e o seu componente territorial.
O quadro da política econômica nacional global e sectorial que implícita e diferencialmente "recompensa e pune" o crescimento de cada território, e a procura externa. Quando estes seis fatores são vistos do ponto de vista dos agentes que operam “por trás” deles através das suas decisões, os atores normalmente estão fora dele e, portanto, o governo territorial não pode controlá-los. No máximo pode influenciar as suas decisões, o que depende diretamente da sua capacidade de negociação e da sua capacidade promocional. Observe a Figura 3 
CRESCIMENTO TERRITORIAL EXÓGENO
Figura 4 - CRECIMIENTO TERRITORIAL EXÓGENO
Fonte: Sergio Boisier (1999)
O desenvolvimento social apresenta questões de maior complexidade, transformando a concepção anteriormente vinculada ao crescimento para umainterpretação atual como um processo intangível. Agora, é visto como a capacidade de criar condições que potencializam a transformação do ser humano em pessoa humana, abrangendo sua individualidade, sociabilidade e sua capacidade contínua de conhecer, aprender e amar.
SOBRE A GESTÃO 
Os novos conceitos na gestão do desenvolvimento regional são muito relevantes, destacando-se o duplo desafio enfrentado pelas autoridades territoriais na atualidade. A região é agora considerada um quase-estado. Este conceito é utilizado para colocar a questão do poder político em primeiro lugar. Onde todas as regiões estão ligadas entre si por relações de dominação e dependência, ordenadas hierarquicamente. O que acontece é que para obter um resultado ótimo do ponto de vista global (máximo crescimento económico), para atingir a sub otimização de certas partes do sistema, como algumas regiões, recorre-se à aplicação de diversas formas de dominação, caracterizadas pela apropriação desequilibrada do poder político.
NOVO CENÁRIO ESTRATÉGICO
Figura 5 - NUEVOS ESCENARIOS DEL DESARROLLO REGIONAL
Fonte: Sergio Boisier (1999)
Formas de denominação no sistema regional e atualmente de natureza quantitativa (Constituem um obstáculo significativo ao crescimento econômico regional), ora de natureza qualitativa (O estímulo ao crescimento ocorre, mas é direcionado aos interesses da região dominante, em detrimento da população da região dependente).
As relações apresentadas sucedem de um controle desigual do poder político, logo romper a relação de dominação significa, para a região, armazenar poder político. Uma região acumula poder político através de dois processos, primeiro, por meio da transferência do poder político integrado em um projeto nacional descentralizado, e segundo, através da formação de poder político por meio do consenso, pacto social, cultura da cooperação e habilidade de coletivamente construir um projeto de desenvolvimento. Criando o projeto político regional, como instrumento de criação de poder político.
Assim, o conceito de região como um quase-estado é uma espécie de lembrete da necessidade de impor uma visão política do desenvolvimento regional. A acumulação de poder político está intrinsecamente ligada à estrutura social e ao funcionamento da sociedade em uma região, destacando a importância crucial de abordar questões políticas e sociológicas para promover o desenvolvimento. Isso contrasta com as abordagens economicistas do passado.
Já a região como uma quase-empresa, tem se sugerido trazer para o nível da gestão regional alguns procedimentos típicos do planejamento estratégico, tal como é praticado pelas grandes corporações. Com isso se defende que todo governo territorial deve propor uma estratégia, responda a quatro questões que envolvem o reconhecimento de quatro pares de variáveis:
 i) O que produzir e onde vender? A seleção de um perfil produtivo regional deverá basear-se preferencialmente no desenvolvimento de vantagens comparativas dinâmicas ou competitivas, agregando cada vez mais progresso técnico à produção regional. A região também deve assumir a responsabilidade de encerrar (ex ante e não ex post) atividades que não sejam competitivas em nível nacional ou internacional. É necessário realizar pesquisas de mercado e estabelecer sistemas de marketing para identificar e criar os nichos de mercado mais estratégicos.
ii) Que projetos desenvolver e como financiá-los? O desenvolvimento estará disponível para potenciais investidores e de acordo com o perfil produtivo previamente delineado. O financiamento deve estar vinculado agora a uma moderna “engenharia financeira”.
iii) Que recursos humanos dispõe e como utilizá-los? Deve-se avaliar as características qualitativas da população. Nessa etapa, a associatividade entre governo e sistema científico e a tecnologia regional é fundamental.
v) O que é a imagem corporativa e como ela é promovida? É necessário criar imagens corporativas que reflitam integridade e singularidade, promovendo-as através de diversos meios, como feiras, eventos e escritórios de promoção empresarial.
SOBRE OS GOVERNOS ESTADUAIS E REGIONAIS
O cenário político é o terceiro cenário do desenvolvimento regional, e se constrói no cruzamento de dois processos: a modernização do Estado e as novas funções do Estado. O tema da modernização do Estado é recorrente no discurso político e acadêmico atual em toda a América Latina. Porém assimilam a modernização à simples redução da entidade estatal, olhando a modernização do Estado como uma questão meramente tecnocrática.
Um aspecto muitas vezes negligenciado da modernização é a modernização do Estado em termos territoriais. No caso do Chile, as referências à Lei Orgânica do Governo e Administração Regional de 1993 são frequentes, mas essa abordagem é vista como mais formal do que substancial. O país demonstra uma forte aderência literal à norma, com uma crença difusa de que a lei é suficiente para resolver problemas. No entanto, é destacado que, além da modernização, é crucial procurar a modernidade. Num estudo recente (Boisier, 1995), sublinha-se que um Estado moderno em termos territoriais deve apresentar certas características.
Em 1995 Sergio argumenta sobre a questão da modernização do Estado, especialmente do ponto de vista territorial, destacando características que um Estado moderno deve possuir nesse contexto. São apresentados doze pontos que delineiam as características desejadas para um Estado moderno, incluindo compreensão da estrutura sistêmica territorial, descentralização, inter-relação entre objetivos nacionais e território, capacidade de construir cenários territoriais futuros, incorporação da territorialidade ao projeto político nacional, reconhecimento como instituição em dois níveis, aceitação da variedade e flexibilidade nas estruturas de governança, incorporação de velocidade em quase-estados regionais, estabelecimento de um quadro regulamentar mínimo, estímulo à liderança política e animação social nas estruturas regionais, e capacidade de realizar liderança territorial e política.
O investimento público nas regiões, recebe um destaque sobre a necessidade de novas formas de governo para permitir o acesso a recursos diversos. Além disso, são propostas duas novas tarefas para os governos regionais: lideranças regionais e animação regional.
A importância da negociação ascendente, especialmente em um contexto de globalização e aumento da mobilidade espacial do capital é ressaltada, a necessidade de os governos regionais assumirem novas tarefas, como liderança regional e animação, para se tornarem atores relevantes no desenvolvimento de suas regiões. A profissionalização das administrações regionais e a elaboração de projetos regionais são apontadas como passos importantes nesse processo.
A capacidade de inovação local ou regional é discutida, destacando a importância da sinergia e integração de funções-chave para impulsionar o desenvolvimento regional endógeno. O papel das redes regionais de interação sinérgica, incluindo instituições de educação, pesquisa, desenvolvimento, consultorias, capital de risco e decisões locais, é enfatizado.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
A descentralização representa a aplicação, de princípios políticos da subsidiariedade, segundo os quais cada organização social é competente para intervir na sua esfera (funcional ou territorial), transferindo "para cima", neste contexto, entender a subsidiariedade como parte integrante do princípio moral da solidariedade, não apenas no nível funcional, mas também no nível territorial. 
Defendia a construção do poder político local-regional como condição necessária para uma maior participação democrática dos cidadãos no destino de seu entorno espacial, pois para Boisier "não se mudam as coisas por voluntarismo, senão mediante o uso do poder". O poder político, para Boisier, é proveniente de duas fontes: a descentralização como a transferência de poder, e a concertação social, como uma verdadeira criação de poder.
Boisier também dizia que o poder que se acumula na comunidaderegional não é um poder para fazer uma revolução, suficiente somente para modificações nos parâmetros do estilo de desenvolvimento, não do sistema.
A governança territorial se conecta com a gestão social na medida em que ambas compartilham a ideia da inserção da ação coletiva organizada na participação e decisão do destino dos rumos da sociedade.
A sua prática pode incidir sobre três tipos de processos: a definição de uma estratégia de desenvolvimento territorial e a implementação das condições necessárias para sua gestão; a construção de consensos mínimos, através da instauração de diferentes formas de concertação social como exercício da ação coletiva e por fim; e a construção de uma visão prospectiva de futuro.
E em termos geográficos, a gestão territorial pode ser utilizada para se referir aos processos de tomada de decisão dos atores sociais, econômicos e institucionais de um determinado âmbito espacial, sobre a apropriação e uso dos territórios tendo em vista a definição de estratégias de desenvolvimento. 
Boisier defendia a construção do poder político local-regional como condição necessária para uma maior participação democrática dos cidadãos no destino de seu entorno espacial. O desenvolvimento (local, regional, territorial) pode ser entendido como um processo de mudança estrutural empreendido por uma sociedade organizada territorialmente, sustentado no aprimoramento dos recursos e ativos existentes no local. Com vistas à dinamização socioeconômica e a melhoria da qualidade de vida de sua população.
Boisier levantava a questão da cultura centralista, que fez referência a um livro publicado em 1984, chamado “A tradição centralista da América latina", que em sua opinião traz contribuições significativas para compreender os atuais desafios dos processos de descentralização. Sergio respondia a questão de o motivo da descentralização não avançar, e segundo ele, isso se explica, principalmente, por condicionantes de caráter cultural.
E segundo a obra por ele referida, existiriam quatro aspectos que conspiram contra a descentralização. O primeiro é o fato de que na América Latina não houve uma revolução industrial como a que se produziu na Europa no século XVIII, não originando uma nova classe social que viesse contestar a distribuição do poder. O segundo fato é que não houve uma revolução política, como a Impulsionada pela Revolução Francesa e seus desdobramentos em outros países, o que modificou radicalmente a relação entre o Estado e a Sociedade Civil, enfatizando uma distribuição do poder político. O terceiro fator é que na América Latina prevaleceu uma religião, a católica, não ocorrendo como na Europa, o mesmo nível de influência do protestantismo. Pois essa relação entre religião e Estado, na Europa, contribuiu para a manutenção do conservadorismo, com seus reflexos na cultura e na política. Já o último fator foi que na América Latina não tivemos o fenômeno do feudalismo. Esses fenômenos, na Europa, significaram um novo padrão de distribuição territorial do poder político, com a relação entre o rei e os ducados, onde os educandos tinham mais poder que o próprio rei, ou seja, o poder se descentraliza.
Sergio destaca a dificuldade de remover a mentalidade centralista enraizada na cultura da América Latina. A dependência e o centralismo parecem se alimentar mutuamente. O ex-presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, enfatiza a necessidade de reconhecer o caráter cultural tanto da centralização quanto da descentralização. Ele argumenta que a mudança cultural é essencial para promover a descentralização, envolvendo uma alteração nos padrões de comportamento individual e social, baseados em autoestima, responsabilidade e subsidiariedade. Portanto, embora a descentralização possa ser estabelecida formalmente por meio de decretos ou leis, a remoção do centralismo enraizado nas mentes das pessoas é um processo mais complexo e assimétrico em relação à construção e desconstrução.
Outro aspecto ressaltado por Boisier, é o fato de que, na colonização ibérica, seus conquistadores trouxeram na sua bagagem os valores da religião católica, brutalmente machista e sendo uma forma muito centralista de criar o Estado. Tais elementos traiam um dos princípios da descentralização: que a soberania se radica no povo. Mas, não foi a sociedade que criou o Estado, mas o Estado criou a sociedade, e, infelizmente, à sua imagem e semelhança, portanto, centralista. Além disso, o Estado impõe à sociedade estruturas absolutamente homogêneas, como um vício oriundo da modernidade. Assim, a sociedade herdou dos colonizadores um padrão de Estado e sociedade de cunho conservador e centralista.
Um dos problemas atribuídos a todas as experiências atuais de descentralização é a falta de autonomia, principalmente, política e financeira. Para Boisier, a centralização e descentralização não são necessariamente opostas, mas processos que caminham juntos.
VOO DE UMA PIPA: UMA METAFORA DE TEORIA DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL.
A “Teoria do Desenvolvimento Territorial", de Sergio Boisier, apresenta uma reflexão sobre o processo de desenvolvimento e as recentes transformações que impactam a temática. Sergio, argumenta que as teorias tradicionais de desenvolvimento não são mais suficientes para lidar com as complexidades do mundo atual e propõe uma nova abordagem usando a metáfora de voar uma pipa.
A discussão se inicia sobre as intensas mudanças que ocorrem em todo o mundo, incluindo a globalização, os avanços na tecnologia e as mudanças políticas, que tornam as teorias conhecidas de desenvolvimento obsoletas. Em face dessas mudanças, é destacado a importância de novos conhecimentos para que possamos compreender os processos de mudança e, assim, intervir de forma mais eficaz. Ele destaca o perigo de sermos reduzidos a meros objetos, utilizáveis, descartáveis e nunca alcançar a categoria de sujeitos de mudança.
Sergio salienta a importância da abordagem territorial para o desenvolvimento. Ele argumenta que as regiões e territórios têm características e dinâmicas únicas que precisam ser consideradas no processo de desenvolvimento e critica as abordagens simplistas que enfatizam o crescimento econômico como a única medida de desenvolvimento, ignorando outros aspectos importantes, como a qualidade de vida das pessoas e a diversidade cultural.
Sergio propõe a metáfora de voar uma pipa para explicar sua visão sobre o desenvolvimento territorial. De acordo com ele, a construção de uma pipa envolve o design, a construção e a operação da pipa, bem como o vento favorável. Da mesma forma, o desenvolvimento territorial deve ser visto como um processo integral que envolve diversos elementos interdependentes, como recursos naturais, sociais e humanos, parcerias, capacidades institucionais e inovação. A importância da sinergia entre esses elementos para o desenvolvimento territorial é enfatizada de que o sucesso do desenvolvimento não depende apenas do acúmulo de recursos, mas da capacidade das pessoas de trabalharem juntas para gerar valor e inovação. Ele argumenta que o desenvolvimento territorial deve ser entendido como um processo contínuo de aprendizagem, adaptação e melhoria.
O planejamento estratégico e a governança participativa para o desenvolvimento territorial possuem uma coordenação entre atores sociais, governos, empresas e organizações é fundamental para a promoção do desenvolvimento territorial, Sergio defende o uso de estratégias participativas que envolvam as pessoas locais no processo de tomada de decisão e na implementação de projetos. O papel das políticas públicas no desenvolvimento territorial é explicado pelas políticas que incentivem a inovação, a diversificação produtiva e a criação de empregos de qualidade e a necessidade de políticas que promovam a inclusão social e a redução das desigualdades regionais.
A crítica de Boisier aos modelos de planejamento centralizado é que desta forma eles limitam a capacidade das pessoas locais de tomarem decisões sobre seu futuro. Ele argumenta que as políticas públicasdevem ser orientadas pelo princípio de subsidiariedade, ou seja, devem ser concebidas e geridas no nível mais próximo das pessoas afetadas por elas. 
A inovação no processo territorial é um processo dinâmico que envolve interação entre atores sociais, governos, empresas e organizações, a inovação deve ser apoiada por políticas públicas e estratégias de desenvolvimento que incentivem a colaboração, a transferência de tecnologia e a criação de redes de conhecimento. Boisier ainda defende o uso da tecnologia de informação e comunicação no processo de desenvolvimento territorial. Ele argumenta que o uso destas tecnologias pode ajudar a superar as barreiras de distância e tempo e promover a comunicação e a colaboração entre atores locais e globais.
A avaliação e o monitoramento são essenciais para garantir que as políticas e estratégias de desenvolvimento territorial sejam eficazes e capazes de gerar benefícios para as pessoas locais. Além disso, Sergio argumenta que a avaliação e o monitoramento podem ajudar a construir evidências para o aprimoramento constante dos processos de desenvolvimento territorial.
LIVROS E OBRAS
Sergio Boisier é um grande autor na área do desenvolvimento regional e territorial. Ao longo da sua carreira, escreveu numerosos livros, artigos e ensaios que abordam temas relacionados com o planeamento regional, a descentralização, o desenvolvimento local e a governação. Algumas de suas obras e pesquisas mais notáveis incluem:
· “Teorías y metáforas sobre desarrollo territorial”.
· “¿Hay espacio para el desarrollo local en la globalización?”
· Diseño de Planes Regionales - Métodos y técnicas de planificación regional.
· Desenvolvimento regional e urbano - diferenciais de produtividade e salários industriais.
· Territorio, Estado y sociedad en Chile. La dialéctica de la descentralización: entre la geografía y la gobernabilidad.
Além desses livros e artigos Sergio Boisier escreveu inúmeros artigos e ensaios em revistas acadêmicas e livros coletivos. Suas contribuições tiveram um impacto significativo na literatura sobre desenvolvimento regional e na formulação de políticas públicas na América Latina e em outros lugares.
MORTE 
No dia 19 de outubro de 2022, anunciava-se o falecimento do economista e destacado pensador latino-americano, com grande influência na pesquisa e na gestão territorial, Sergio Boisier. Nos deixando aos 83 anos em Santiago do Chile.
CURIOSIDADES
Além de um grande pensador e economista, Sergio, também foi um poeta ao longo de sua vida, um exemplo de suas habilidades é o poema “Receita da caçarola Las Condes” escrito pelo professor Boisier no final da década de 1970, no qual reflete com humor e ironia sobre a sociedade da época e a segregação existente.
CONCLUSÃO
Sergio Boisier, deixou um legado significativo no desenvolvimento regional e no ordenamento do território, abordando questões relevantes como a desigualdade socioeconômica e a importância da região no crescimento econômico. Como defensor da descentralização, ele revolucionou ao introduzir o conceito de causas do desenvolvimento territorial e ao promover a necessidade de um projeto político claro. Apesar do reconhecimento limitado, sua influência permanece, destacando a importância de reconhecer suas contribuições para o avanço do pensamento econômico e do desenvolvimento regional.
Dessa maneira, podemos destacar Sergio como um grande agente no desenvolvimento regional, sem deixar de lado suas contribuições como defensor da descentralização e da autonomia local. Ele argumentava que esses elementos eram fundamentais para um desenvolvimento integrado adaptado às características de cada região, sendo inovador ao introduzir novos conceitos relacionados com as causas do desenvolvimento territorial. Isso evidencia a amplitude e profundidade da contribuição de Sergio Boisier no domínio do desenvolvimento regional e econômico, demonstrando como suas ideias continuam a influenciar estudiosos e profissionais interessados nessas áreas.
REFERÊNCIAS
González, Luis. Boisier, Sergio. PORTAL CONTEMPORÂNEO DA AMÉRICA LATINA E CARIBE. Disponível em: Boisier, Sergio - Portal Contemporâneo da América Latina e Caribe (usp.br) Acesso em: 17 de novembro de 2023.
MEMORIAS DE VIDA DE SERGIO GERARDO BOISIER ETCHEVERRY. Revista eletrônica do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade de Contestado, Mafra, ano 4, n. 1, p. 200-241, jan./jun. 2014. Disponível em: Memorias de Vida de Sergio Gerardo Boisier Etcheverry | DRd - Desenvolvimento Regional em debate (unc.br) Acesso em: 17 de novembro de 2023.
Desenvolvimento territorial e descentralização. Desenvolvimento no local e nas mãos das pessoas. Revista Eure (Vol. XXX, No. 90), pp.27-40, Santiago do Chile, setembro de 2004.
BOISIER, Sergio. Teorías y metáforas sobre desarrollo territorial. 1999, Santiago de Chile, CEPAL.
El vuelo de una cometa. Una metáfora para una teoría del desarrollo territorial. Revista Eure (Vol. XXIII, No. 69), pp. 7-29, Santiago do Chile, julho de 1997.
Instituto de Estudios Urbanos y Territoriales da Pontificia Universidad Católica de Chile. IEUT UC comunica el sensible fallecimiento de Sergio Boisier, economista y destacado pensador latinoamericano, gran influencia para la investigación y gestión territorial. Disponível em: IEUT UC comunica el sensible fallecimiento de Sergio Boisier, economista y destacado pensador latinoamericano, gran influencia para la investigación y gestión territorial - Instituto de estudios Urbanos y Territoriales UC Acesso em: 17 de novembro de 2023.
Universidad Austral de Chile. FACEA homenajeó al académico regionalista Sergio Boisier. Disponível em: FACEA homenajeó al académico regionalista Sergio Boisier – Noticias UACh Acesso em: 17 de novembro de 2023.
BOISIER, Sergio. ¿HAY ESPACIO PARA EL DESARROLLO LOCAL EN LA GLOBALIZACIÓN?. REVISTA DE LA CEPAL 86, ago. 2005.
BOISIER, Sergio. Diseño de Planes Regionales - Métodos y técnicas de planificación regional. 1976, Madrid: Colegio Oficial de Ingenieros de Caminos, Canales y Puertos.
BOISIER, Sergio; SMOLKA, Martin; BARROS, Aluizio. Desenvolvimento regional e urbano: diferenciais de produtividade e salários industriais. 1976, Rio de Janeiro, IPEA.
BOISIER, Sergio. Territorio, Estado y sociedad en Chile. La dialéctica de la descentralización: entre la geografía y la gobernabilidad. 2011, Editorial Académica Española.
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