Prévia do material em texto
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Faculdade de Minas P ág in a2 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4 TRAJETÓRIA EVOLUTIVA DO RECURSOS HUMANOS ............................... 5 AS PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES ......................................................... 10 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS 14 A GLOBALIZAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS .............................................................................................................. 16 O fator humano como estratégico para as organizações ........................... 17 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HUMANOS ................. 19 ATIVIDADES ESSENCIAIS EM RECURSOS HUMANOS ............................ 22 VÍDEO DE APOIO ......................................................................................... 25 TÍTULO 1: O NOVO GESTOR DE PESSOAS ........................................... 25 TÍTULO 2: O PROFISSIONAL DE RECURSOS HUMANOS ..................... 25 MATERIAIS DE APOIO ................................................................................. 26 Texto 1....................................................................................................... 26 Texto 2....................................................................................................... 47 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 56 Faculdade de Minas P ág in a3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas P ág in a4 INTRODUÇÃO A valorização do fator humano no campo do trabalho vem passando por grandes mudanças ao longo das últimas décadas e, apesar de não ocorrer uniformemente em todos os contextos, vem trazendo o ser humano e as suas necessidades para o centro das preocupações. Embora essas mudanças possam parecer, por vezes, algo natural, deve-se salientar que decorrem de construções coletivas, marcadas por eventos cruciais que possibilitaram a evolução na perspectiva da importância do fator humano nas organizações. Temas gerenciais como planejamento, controle e processo decisório, organização do trabalho, equipamentos e investimentos, produção e programação, qualificação, treinamento, responsabilidade sócio-ambiental e relacionamento externo também ganharam novo destaque e vem sendo amplamente desenvolvidos, fator extremamente importante para a captação de investimentos financeiros, capital responsável por suportar o crescimento das usinas e manter sua competitividade. De acordo com Shikida et al. (2002), não mais existem nas usinas aquelas concepções rígidas de controle administrativo, mas sim, diretrizes trabalhadas e planejadas mediante a interdependência dinâmica das estruturas internas associadas às condições macroambientais. Verificam-se novos modelos de gestão no interior da agroindústria sucroalcooleira que aumentam a integração das áreas agrícola, industrial e comercial, trazendo importantes efeitos nas relações “a montante” e “a jusante” da cadeia produtiva. Diante do cenário de um mundo globalizado e as características contextuais que afetam diretamente o mundo da produção serão apontas nesta apostila, visando possibilitar ao seus estudiosos, assim como profissionais da área, a localização da administração de recursos humanos como uma função essencial, que exige uma atuação integrada dessa área com todos os outros setores da empresa. E assim, para que aconteça essa compreensão, serão apresentadas informações sobre a lógica a ser seguida no Planejamento Estratégico de Recursos Humanos., ou seja a Evolução do conceito de RH. Faculdade de Minas P ág in a5 TRAJETÓRIA EVOLUTIVA DO RECURSOS HUMANOS É amplamente aceito que o domínio da gestão de RH como tema em ambos os currículos universitários, sobremaneira no ambiente mundial dos negócios nasceu na América do Norte entre os anos de 1910 e 1920. Com o passar do tempo, várias denominações foram usadas: gestão dos empregados, gestão do trabalho, administração pessoal, relações de trabalho, relações industriais, gestão das relações industriais e relações dos empregados. No entanto, o termo atual, gestão de recursos humanos, só foi introduzido por volta da década de 1950 (KAUFMAN, 2002). Druckeri (1954 apud Marciano, 1995, p. 1) foi o responsável pela invenção deste termo, referenciando os trabalhadores como recursos humanos que possuíam uma qualidade individual que os distinguia dos demais recursos organizacionais: "a habilidade de coordenar, integrar, julgar e imaginar”. De acordo com Strauss (2001) o termo foi primeiramente utilizado como substituto na literatura quando Charles Myers, Paul Pigors e F. Malmiir e nomearam adotando esta nova expressão. Já Kaufman (2002) ressalta que, somente no final da década de 1980, a expressão foi definitivamente consolidada. Dulebohn et al (1995 apud Kaufman, 2002, p.965) relata que: [...] a conotação do termo gestão de RH é distinta de administração do pessoal das seguintes maneiras. Em primeiro lugar, a gestão de pessoal implica em RH como gastos, indica uma ênfase organizacional em ativos humanos. Em segundo lugar, administração do pessoal significa um grupo administrativo de funções de RH discretas, além da manutenção de atividades reativas, passivas e secundárias para as outras funções empresariais. Mas, por outro lado, a gestão de RH indica uma atitude pró- ativa, uma integração de todas as funções de RH e um reforço para sua expansão, seu posicionamento e sua importância estratégica dentro das organizações. A passagem transcrita confirma as constantes batalhas enfrentadas pela função de RH para justificar a sua importância estratégica dentro das organizações. Contudo, no que se refere às características sociais e culturais de cada época, seu desenvolvimento foi marcado, ao longo da história, pelo atendimento de um conjunto de necessidades empresarias, que se renova a partir de constatações de mudança, sempre exigindo novas adequações gerenciais (STEWART, 1996). Faculdade de Minas P ág in a6 Acompanhar o processo que determinou estas adoções terminológicas é também acompanhar as novas perspectivas sobre a sua filosofia e conceitualização. Desta forma, busca-se sistematizar as ideias acerca das mudanças no âmbito das relações de trabalho para que se possa compreender as políticas organizacionais adotadas para geri-las. Milkovich e Boudreau (2000) estruturam esta evolução em quatro fases, conforme se pode observar na Figura 1. Já Fischer (1998) subdivide o processo evolutivo da gestão de RH em quatro modelos: 1. Modelo de gestão como departamento de pessoal(Revolução industrial- Década de 20); 2. Modelos de gestão do comportamento humano (Década de 20-60); 3. Modelo estratégico de gestão de pessoas (Década de 70-80); 4. Modelo competitivo de gestão de pessoas (Década de 90-Dias atuais). Meshoulam (1984, p.24-38), em sua dissertação de mestrado, “Um modelo de desenvolvimento para gestão estratégica de recursos humanos”, explica esta evolução de RH por meio a construção de blocos históricos, ressaltando a importância de se considerar cada etapa, interdependente, determinante da etapa subsequente. O crescimento e desenvolvimento das atividades de RH, com o passar do tempo, agregou novas experiências, conhecimentos e habilidades para sua existência, objetivando, principalmente, responder às necessidades de mudança organizacional. Faculdade de Minas P ág in a7 Figura 1. Evolução de RH: do modelo industrial ao modelo de alta flexibilidade. Fonte: Baseado em Milkovich e Boudreau, 2000, p.500-502. Faculdade de Minas P ág in a8 Diversas são as abordagens para o estudo evolutivo de RH e, conforme aponta Fleury e Fischer (1992), esses tipos de abordagens preliminares mostram os caminhos de análise para algumas indagações fundamentais como: as mudanças no cenário político-econômico propiciam a emergência de novos padrões de relações de trabalho? As organizações estão adotando políticas de gestão de pessoas que atendem a tais mudanças? Estas repercutem sobre as relações de poder entre categorias no interior das organizações? Estas políticas obedecem a algum padrão técnico ou político que pode ser identificado como traço comum de mudança? Figura 2: Quadro 1 - Histórico de crescimento e desenvolvimento de RH. Faculdade de Minas P ág in a9 Fonte: Baseado em Meshoulam, 1984, p.38-58. Faculdade de Minas P ág in a1 0 AS PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES É comum ouvir a afirmação que as organizações são constituídas por pessoas, afinal, toda a produção que desenvolvemos como civilização, ao longo dos séculos, decorre do trabalho humano. É certo que as organizações, verdadeiramente, são constituídas de pessoas e para as pessoas. No entanto, a afirmação feita por Lacombe (2005), de que as organizações são constituídas de pessoas, é sempre necessária, no sentido de reiterar a importância de se compreender as pessoas e as suas relações na sociedade, que é formada por organizações complexas. Máquinas, tecnologia, recursos financeiros e estratégias não são suficientes para que se faça uma organização. As pessoas, com suas percepções, características peculiares, crenças, desejos e frustrações, enfim, com suas individualidades, é que permitem a existência de uma organização. A compreensão sobre o valor do ser humano em sua diversidade cultural e em sua particularidade pessoal implica em reconhecê-lo não apenas como um animal político, como realmente é, mas, antes de tudo, como um indivíduo. Seguindo o pensamento de Bertalanffy (apud LACOMBE, 2005, p. 13): A sociedade humana não é uma comunidade de formigas ou cupins, governada por instintos herdados e controlada pelas leis da totalidade superior. A sociedade é baseada nas realizações do indivíduo e estará condenada se ele for transformado numa roda dentada da máquina social. Assim, de acordo com o autor, pode-se afirmar que desconsiderar a individualidade dos seres humanos e suas necessidades transforma as organizações em máquinas, que não resistirão a competição dos tempos pós-modernos. Cada indivíduo é único, assim como cada organização é única, com as mais variadas formas de atendimento de suas necessidades. As organizações, necessariamente, precisam de uma estrutura planejada para obterem um bom desempenho, de acordo com as demandas que se apresentam em face da tecnologia, circunstâncias do mercado, diversidade de produtos e velocidade de mudanças. Cria-se, sem dúvida, uma interdependência entre as pessoas e as organizações onde elas trabalham. Faculdade de Minas P ág in a1 1 Chiavenato (2014) afirma que não é possível separar a existência das pessoas do seu trabalho, visto que precisam dele não apenas para subsistir, mas para atingir os mais diversos objetivos pessoais e profissionais, terem sucesso e serem bem- sucedidas. Nessa interdependência, as organizações dependem inevitavelmente das pessoas para atingir seus objetivos globais e estratégicos, produzir bens e serviços, atender os clientes e competir nos mercados. Ou seja, ambas as partes dependem uma da outra. Vale ressaltar que para falar de interdependência entre organizações e pessoas exige que se esclareça que ambas têm objetivos próprios e diferentes, os quais nem sempre coincidem e nem sempre são de fácil ajuste. A Figura 3, a seguir, apresenta essas diferenças: Figura 3: Objetivos organizacionais e objetivos individuais das pessoas Fonte: Chiavenato (2014). Para Lacombe (2005), os fatores tecnologia, situação mercadológica, diversidade e tamanho da organização geram graus de incerteza e complexidade que variam e exigem que se desenvolvam estratégias com estruturas apropriadas para que sejam estimulados comportamentos e atitudes adequados ao alcance dos objetivos, tanto nos administradores quanto nos trabalhadores. Lacombe (2005, p. 8) Faculdade de Minas P ág in a1 2 denomina organização como “um grupo de pessoas que se constitui de forma organizada para atingir objetivos comuns”. Desta forma vale questionar o fato de como administrar para produzir resultados positivos, para que cada trabalhador tenha o conhecimento do seu papel, seja cooperador para produzir bons resultados. Batitucci (2000) inicia uma discussão sobre as organizações e seus recursos humanos questionando como criar e manter um ‘sistema social integrado’ (a organização) se ele é estruturalmente formado por componentes de extrema variabilidade e diferenciação?”. Como unir, direcionar e delimitar as energias tão singulares dos seres humanos? E apresenta quatro elementos essenciais: 1. Pessoas e suas individualidades. 2. Um objetivo comum: a integração só é possível quando se consegue reunir pessoas em torno de um objetivo comum, conhecido e abraçado, para que o paradoxo Individualidade x Trabalho Cooperativo seja resolvido. 3. Divisão do trabalho: segundo aptidões, expectativas e motivações, cada pessoa fará a sua parte do todo. 4. Coordenação e liderança: que organizará a divisão do trabalho e ajustará as possíveis disfunções. Tanto as empresas quanto as pessoas precisam determinar seus objetivos. Para as empresas, a falta de objetivos as deixarão à deriva, sem conseguir elaborar um plano estratégico. Para as pessoas, a falta de objetivos levará à geração da ansiedade, doenças e desorganizações (LACOMBE, 2005). Assim, cabe aos gestores procurar identificar os objetivos das pessoas e da organização, conciliando as metas de ambos. Pelo menos teoricamente, a maioria das organizações já reconhecem a importância das pessoas e da forma como são administradas, para que se alcance o sucesso. Embora nem todas consigam, ainda, colocar em prática essa visão, é Faculdade de Minas P ág in a1 3 inegável o valor que se vem atribuindo ao ser humano no trabalho ao longo das últimas décadas. Faculdade de Minas P ág in a1 4 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS Ao longo do processo histórico, as relações entre empregador e empregado vêm se transformando de forma cada vez mais acelerada. No contexto atual, principalmente frente às transformações políticas, econômicas, mercadológicas e tecnológicas, a rapidez e dramaticidade das mudanças têm exigido que as organizações, por via de seus gestores, realizem exercícios de criatividade e coragem para enfrentar as mudanças em uma velocidade e magnitudenunca antes imaginadas (MARRAS, 2011). Assim, de acordo com essa evolução, observa-se que vem ganhando cada vez mais relevância o fator humano dentro das organizações, sendo a área de recursos humanos uma das áreas empresariais que mais tem sofrido mudanças. Em muitas organizações, a expressão Administração de Recursos Humanos (ARH) está sendo substituída por Gestão de Pessoas (GP) Gestão do Talento Humano, Gestão de Parceiros ou Colaboradores, Gestão de Competências, Gestão do Capital Humano, entre outros termos. São terminologias diferentes, com tendências ideológicas nítidas, mas todas procuram atender às demandas do atual contexto globalizado. Nesta primeira unidade, consideramos importante que fiquem esclarecidos os diferentes sentidos que os termos Recursos Humanos (RH) ou Gestão de Pessoas (GP) podem assumir. Segundo Chiavenato (2014): 1. RH/GP como função ou departamento: refere-se à unidade operacional como prestadora de serviços de recrutamento e seleção, treinamento, remuneração, higiene e segurança, benefícios, entre outros. Assume, aqui, a chamada função de staff, ou seja, é uma área prestadora de serviços de consultoria interna, aconselhamento e informação. Faculdade de Minas P ág in a1 5 2. RH/GP como um conjunto de práticas de recursos humanos: refere-se aos procedimentos, ao modo como a organização realiza as atividades de recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, benefícios, entre outras. 3. RH/GP como profissão: refere-se aos profissionais que trabalham com as pessoas nas organizações: selecionadoras, treinadoras, administradoras, engenheiros de segurança etc. Faculdade de Minas P ág in a1 6 A GLOBALIZAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS Pode-se verificar, pelas informações já apontadas nos tópicos anteriores, que, no século XX, ocorreu a estruturação da gestão de pessoas de forma estratégica, especialmente a partir do final da década de 90. Nessa época, a ideia de Gestão de Pessoas foi diferenciada por alguns autores da área de Administração de Recursos Humanos. Segundo Fidelis e Banov (2007), a ideia básica da Gestão de Pessoas está em colocar, na relação organização/colaboradores, o foco central para o alcance de resultados para a organização, apontando que a relevância, agora, é o fator humano. Já se foi o tempo em que pequenas ou grandes empresas estavam preocupadas apenas com a concorrência em suas cidades, em suas regiões ou, no máximo, em regiões vizinhas. Não apenas no Brasil, mas em todos os lugares, um aumento na competição global e nas oportunidades de comercialização, impulsionadas pela rápida comunicação via satélite e internet, fazem do mercado um espaço com fronteiras cada vez mais estendidas. Assim como frisa Dutra (2009, p. 1), atualmente “a organização faz parte de um gigantesco ambiente, não controlado por nós e, portanto, estamos todos nós dependentes do que acontece ‘lá fora’”. Com turbulências e incertezas presentes, seja qual for o tipo e tamanho da organização, todos os esforços deverão ser empenhados para o planejamento, organização, direção, liderança, coordenação e controle, com uma visão empresarial, ambiental e interativa, a nossa organização e o resto do mundo! Em face desse contexto e considerando a velocidade acelerada com que o mundo vem mudando, as organizações que pretendem se manter no mercado precisam encorajar e desenvolver o pensamento estratégico em seus gerentes e funcionários. Mais do que nunca, é percebido o valor das pessoas nas organizações. Embora seja uma visão bastante propalada hoje, nem sempre ela é reconhecida por quem dirige as organizações. As duas frases apresentadas a seguir, retiradas de Faculdade de Minas P ág in a1 7 Lacombe (2005), refletem, em grande parte, a relevância que uma gestão estratégica deveria dar ao seu pessoal. O futuro dos seus negócios está nas mãos dos seus empregados (MORITA apud LACOMBE, 2005, p. 239). Uma empresa é uma entidade do meio social. É constituída de pessoas. O resultado de uma empresa depende muito mais do desempenho das pessoas do que da excelência de seus manuais ou estruturas de organização (BELTRÃO apud LACOMBE, 2005, p. 239). A necessidade de um novo modelo de gestão de pessoas ocorreu devido às pressões tanto externas quanto internas às organizações. Em termos externos, a globalização dos sistemas financeiros, de comercialização e de produção exigiram das empresas a adoção de novos pensamentos e modos de lidar com o fator humano. O sistema globalizado de produção, com uma concorrência acirrada entre produtos e preços, busca parcerias com fornecedores, clientes e concorrentes em termos globais, fazendo que as organizações fiquem mais flexíveis a mudanças para atenderem às demandas. A necessidade de flexibilidade exigiu uma postura de descentralização das decisões, tornando os gestores responsáveis pelos recursos de forma geral, humanos, financeiros, materiais, tecnológicos e de informação (DUTRA, 2009), para conseguirem manter as suas vantagens competitivas em termos não apenas regionais, mas também internacionais. Nesse movimento, muda-se o perfil dos gestores, que devem ser capazes de atuar em um contexto em que a dependência da empresa é cada vez maior em relação ao grau de envolvimento e comprometimento de seus colaboradores. O fator humano como estratégico para as organizações Nas fases regidas pela administração científica, ainda seguida por grande parte das organizações no mercado brasileiro atual, a preocupação das empresas e dos administradores era em relação à focalização no aperfeiçoamento individual por processos mecânicos, sendo a qualidade e a produtividade vistas como sinônimos de competência e habilidades. Todavia, as céleres mudanças mercadológicas exigiram Faculdade de Minas P ág in a1 8 que novos modelos de gestão de pessoas surgissem. As pressões externas e internas no contexto atual descortinaram, para as organizações, a necessidade do planejamento e da organização com base nas pessoas, se desejam alcançar comprometimento e motivação por meio de seus colaboradores (FIDELIS; BANOV, 2007). Nesse sentido, o trabalho vem deixando de ser percebido apenas como um meio para a sobrevivência ou acúmulo de riquezas, passando a ser visto como um meio de autodesenvolvimento pessoal e profissional. As organizações não podem mais ignorar essa mudança de perspectiva. Dutra (2009, p. 25) indica alguns aspectos para os quais o envolvimento e comprometimento dos colaboradores passou a ser crucial: Produtividade e qualidade dos produtos e serviços. Velocidade na internalização de novas tecnologias. Otimização da capacidade instalada. Criação de oportunidades para a aplicação das competências organizacionais. Velocidade de resposta para o ambiente/mercado. É possível perceber, ainda, que, diante desses fatores cruciais, as empresas foram obrigadas a se preocupar com as necessidades e expectativas de seus funcionários. Se o mercado globalizado se apresenta como forte pressão externa, os funcionários e suas necessidades se constituem como uma pressão vinda de dentro da própria organização, exigindo reflexões sobre a gestão de pessoas, mudando o foco do pensamento tradicional para um pensamento estratégico: do controle de pessoas para o desenvolvimento de pessoas (DUTRA, 2009). Neste caso, fala-se aqui da necessidade do Planejamento Estratégico de Recursos Humanos. Faculdade de Minas P ág in a1 9 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HUMANOS As mudanças no ambiente global, que implicam em pressões internas e externas à empresa, exigem mudanças organizadas as quais Chiavenato (2014) denomina de estratégia organizacional: “a maneira pela qual a empresa se comporta diante do ambiente que a circunda, procurando aproveitaras oportunidades possíveis do ambiente e neutralizar as ameaças potenciais que rondam os negócios” (CHIAVENATO, 2014, p. 64). A estratégia organizacional procura soluções para as exigências que o mercado altamente competitivo apresenta e deve ser baseada em dois tipos de análise: a) Análise ambiental: é um mapeamento sobre o que há no entorno. E verifica as oportunidades que devem ser aproveitadas e as ameaças que se deverão evitar ou neutralizar. b) Análise organizacional: verifica os pontos fortes e fracos da empresa, quais habilidades e capacidades existem ou ainda são necessárias implementar, corrigir ou melhorar. Com essas análises, a empresa poderá adotar estratégias tanto mais flexíveis e ágeis quanto exigir as mudanças ambientais, o que demandará o envolvimento global da organização para a elaboração de uma estratégia que responda às seguintes questões: o que somos? O que queremos ser? Como fazer? O que fazer? Aonde chegar? Alinhado ao planejamento estratégico da empresa como um todo, está o planejamento estratégico de RH, com a função de contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais em cada uma de suas áreas e para o alcance dos objetivos individuais dos funcionários. Em outras palavras, o planejamento estratégico procura uma sintonia entre a busca pelas metas dos negócios e o comprometimento e satisfação das pessoas. Faculdade de Minas P ág in a2 0 Sobre o RH estratégico, Sheppeck e Militello (2000 apud DESSLER, 2003, p. 15) sustentam que: RH estratégico significa admitir a função de RH como uma parceira estratégica na formulação das estratégias da empresa, assim como na implementação dessas estratégias por meio de uma série de atividades consistentes de RH realizadas internamente, como recrutamento, seleção, treinamento e remuneração de pessoal. Marras (2011) indica algumas variáveis contextuais que devem ser motivo de transformação das tradicionais práticas de recursos humanos para práticas estratégicas de recursos humanos, ou seja, de ARH para AERH. São elas: a globalização dos mercados e seus desdobramentos nas organizações, e a mudança na filosofia de vida das pessoas, em todos os sentidos da existência humana. Para o autor, não é mais possível ao empresário, pensando na lógica do lucro, ignorar as seguintes constatações nos dias de hoje: Para otimizar a produtividade, é necessária a “vontade” do trabalhador. Para influir nessa “vontade”, não cabe mais o “capitalismo selvagem”. O trabalhador precisa ter possibilidade financeira de consumir, para não quebrar o ciclo produtivo. O querer fazer, o saber fazer e o poder fazer são fatores essenciais para manter vantagem competitiva no mercado. É preciso investir a longo prazo em todos os recursos organizacionais, especialmente os recursos humanos. O desenvolvimento de políticas que influenciem a “vontade” e que reflitam no comportamento e produtividade dos trabalhadores dependerá do ambiente organizacional que a empresa for capaz de prover. A cultura da empresa deve acompanhar as mudanças históricas e conseguir que seus funcionários acompanhem o processo, com dinamismo e adaptação ao novo cenário empresarial. Essas colocações fundamentais dos autores comentados nesta unidade devem ser levadas em conta ao se realizar todas as atividades pertinentes ao RH, objetivando maiores índices de qualidade e produtividade, além de redesenhar uma Faculdade de Minas P ág in a2 1 cultura organizacional que compartilhe crenças e valores entre empresa e funcionários, comprometidos com objetivos comuns. Faculdade de Minas P ág in a2 2 ATIVIDADES ESSENCIAIS EM RECURSOS HUMANOS As atividades essenciais de RH fazem parte de um sistema empresarial dinâmico, em contínua interação com o ambiente. Segundo Carvalho, Nascimento e Serafim (2012), os sistemas que compõem a empresa, como o financeiro, informática, compras, marketing, recursos humanos, entre outros, devem ser vistos como estratégicos, por buscarem atingir objetivos organizacionais globais. Nessa perspectiva, os autores caracterizam o sistema de recursos humanos como um sistema aberto (por sua interação constante com o meio), que tem como objetivo “enfrentar e superar de forma racional, eficiente e eficaz os inúmeros e crescentes desafios do ambiente interno da empresa em questão de gestão adequada do contingente disponível” (CARVALHO; NASCIMENTO; SERAFIM, 2012, p. 6). Diferentes autores apresentam sistematizações para esclarecer o órgão de recursos humanos e as atividades essenciais de ARH, ressaltando a importância de as atividades serem realizadas de forma integrada, pois o mau direcionamento de uma pode comprometer as demais. Vale apontar aqui, as perspectivas de Marras (2011) e Chiavenato (2014), dois autores que vêm realizando trabalhos aprofundados e sistemáticos na área de ARH/GP. Chiavenato (2014) organiza as funções de ARH em seis processos básicos. A saber: 1. Agregar pessoas. 2. Aplicar pessoas. 3. Recompensar pessoas. 4. Manter pessoas. 5. Desenvolver pessoas. 6. Monitorar pessoas. Na Figura 4 abaixo, estão indicadas as atividades ou subprocessos referentes a cada um dos seis processos: Faculdade de Minas P ág in a2 3 Figura 4: Processos básicos de gestão de pessoas Fonte: Chiavenato (2014) Marras (2011) afirma que o sistema de ARH é composto por um conjunto de subsistemas que, individualmente, será responsável por cada uma das funções da ARH e que, dependendo do formato de cada organização, cada uma desenvolverá o desenho do seu sistema, que poderá conter os seguintes subsistemas: 1. Recrutamento e Seleção (R&S). 2. Treinamento e Desenvolvimento (T&D). 3. Remuneração ou Cargos e Salários (C&S). 4. Higiene e Segurança do Trabalho (HST). 5. Departamento de Pessoal (DP). 6. Relações Trabalhistas (RT). 7. Serviços Sociais e Benefícios (SSB). Faculdade de Minas P ág in a2 4 8. Serviços Gerais (SG) etc. 9. Nas próximas unidades, trataremos de alguns desses subsistemas, especialmente daqueles que, sob a nossa perspectiva, são essenciais para o desenvolvimento de políticas e práticas de gestão de pessoas em uma empresa organizada. Faculdade de Minas P ág in a2 5 VÍDEO DE APOIO Assista à entrevista de Mário Sérgio Cortella, filósofo, professor, consultor, que fala sobre o novo gestor de pessoas que interessa às organizações. Ele é autor do livro Vida e Carreira: um Equilíbrio Possível?, em parceria com Pedro Mandelli. TÍTULO 1: O NOVO GESTOR DE PESSOAS Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=KezS2QxMajg>. Acessado em 13 de março de 2023. No próximo vídeo O Beduka Profissões procura trazer uma visão de mercado clara, prática e real de cada profissão. O mercado de trabalho está bastante aquecido para o profissional de Recursos Humanos, principalmente com a crise econômica que exige das empresas uma gestão mais eficiente das equipes, a fim de elevar a produtividade. Esse profissional também desenvolve e gerencia planos de carreira nas empresas, elabora planos de recrutamento, seleção, avaliação, treinamento de pessoal e muito mais. Confira as dicas valiosas do Edson Durão, que é Consultor em Gestão de Pessoas, Estruturação de RH e Gestão por Competências pela Negocial RH. TÍTULO 2: O PROFISSIONAL DE RECURSOS HUMANOS Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=3mXoOojqvDw>. Acessado em 13 de março de 2023. https://www.youtube.com/watch?v=KezS2QxMajg Faculdade de Minas P ág in a2 6 MATERIAIS DE APOIO Texto 1 CLASSIFICAÇÃO DOS PAPÉIS GERENCIAIS DE RH Para uma melhor compreensão do papel de RH nas organizações é importante entender como as empresas estão mudando e as tendências que estão fazendo com que as mudanças ocorram (DESSLER,2003). Aparentemente, o questionamento que Ulrich (1998) faz no início de sua obra traduz esta preocupação: as empresas que desejam ser competitivas já identificaram os desafios organizacionais a serem considerados por seus gestores? O RH dispõe de um enorme potencial para melhorias e uma formidável oportunidade para as mudanças, mas como transformar a área de mero agente passivo para agente ativo e de mero agente reativo para agente proativo? Para Bohlander et al (2003) competir por meio de pessoas é apenas um suporte às ações gerenciais. A gestão de RH verdadeira deve ajudar a mesclar vários aspectos no gerenciamento organizacional, equilibrando suas forças para atender às diversas demandas competitivas. De acordo com Lawler III et al (2006) a competição global, a tecnologia da informação, os novos conhecimentos, o aumento da qualificação profissional e uma série de outras modificações no ambiente empresarial estão obrigando as organizações a avaliar, constantemente, suas operações. As empresas estão adotando novas tecnologias, mudando suas estruturas e melhorando seus processos de trabalho para responder à demanda e às necessidades de sua base de clientes. Uma das tarefas fundamentais dos profissionais de RH é avaliar as mudanças nos meios econômico-social, tecnológico e político para elaborar estratégias de crescimento na empresa. Dentro desta perspectiva, a tendência vem sendo a consolidação do conhecimento como uma das principais fontes geradoras de Faculdade de Minas P ág in a2 7 vantagens competitivas, em razão, principalmente, das fortes pressões por diferenciação (BECKER et al, 2001). Sendo assim, a gestão do capital humano deve ser uma parte importante da estratégia de qualquer corporação. O papel desempenhado pelo RH, com foco tradicionalmente administrativo e profissional, dedicado apenas ao gerenciamento de benefícios e de atividades rotineiras, como folha de pagamentos e outras funções operacionais, vem passando de uma simples função de manutenção dos registros para uma reconhecida posição de parceira estratégica (FERRIS; JUDGE, 1991). Tendo como base o estudo evolutivo da função e as perspectivas de mudança e desafios competitivos enfrentados pela área, Lawler III et al (2006) desenvolveu uma linha de pensamento para descrever quais papéis o RH desempenha nas organizações: 1. Papel usual da gestão de RH, voltado para o atendimento das necessidades de controle e custo e cumprimento dos objetivos e planejamento; 2. Papel de parceria de negócios, que enfatiza a flexibilidade na execução das tarefas, desenvolvimento pessoal e organizacional em consonância e redesenho das capacidades e competências; e 3. Papel de parceria estratégica, que permite que o RH participe da formulação e implementação da estratégia empresarial (Quadro 2). Como se pode verificar, a área de RH é muito sensível às mudanças que ocorrem no ambiente, mas será que, apenas por isso, ela deveria ser considerada estratégica? Somente pelo fato das pessoas serem, hoje, fundamentais na busca de vantagem competitiva e na criação de valor já leva a uma concepção de administração estratégica de RH? Truss e Gratton (1994, p.663) definem a administração estratégica de RH como “a união da administração de recursos humanos com as metas e objetivos estratégicos para melhorar o desempenho da empresa e desenvolver culturas organizacionais que encorajam a inovação e flexibilidade”. Guest e Hoque (1994) advertem que as estratégias do negócio e as políticas de pessoal devem estar integradas entre si e os valores dos gerentes de linha devem estar suficientemente alinhados com a filosofia de pessoal para assegurar a implementação do sistema de gestão de RH estratégico. Isto significa dizer que a Faculdade de Minas P ág in a2 8 função de RH assume a responsabilidade pela formulação e implementação das estratégias da empresa (YOUNDT et al, 1996). Se o foco da estratégia corporativa é criar vantagem competitiva sustentável, o da estratégia de RH é igualmente nítido e consiste em maximizar a contribuição do capital humano para o mesmo objetivo, gerar valor para os stakeholders. Para ser um parceiro estratégico, os executivos precisam ter conhecimento das estratégias de negócios, desenho e mudança organizacional e precisam saber como integrar as práticas de RH a estas estratégias para que possam suportar os desenhos organizacionais. O futuro da função de RH nas organizações é incerto. Efetivamente, deparando-se com essas mudanças, RH tem que focar em quanto ele pode agregar de valor na empresa e quais os resultados que isso pode gerar (LAWLER III et al, 2006). Faculdade de Minas P ág in a2 9 Figura 1: Quadro 2- Papéis da gestão de RH. Fonte: Baseado em Lawler III et al, 2006, p.3. Faculdade de Minas P ág in a3 0 Métodos Adotou-se, portanto, um estudo de caráter qualitativo com natureza descritiva. Para Martins (2006) este tipo de avaliação é caracterizado pela descrição, compreensão e interpretação de fatos. Já para Selltiz et al (1965), seu planejamento precisa ser suficientemente flexível, de modo a permitir a consideração de diferentes aspectos acerca de um mesmo fenômeno. Gil (2002) argumenta que este tipo de pesquisa possui como objetivo primordial o relato das características de determinada população/fenômeno ou, então, o estabelecimento das relações entre as variáveis para melhor entendimento do problema. Desta forma, utilizou- se o método de múltiplos casos, que Segundo Yin (2005) é adequado para as situações em que se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Para Martins (2006) o método do estudo de caso é uma investigação empírica que pesquisa fenômenos dentro de seu próprio contexto (pesquisa naturalística), onde o pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, ou seja, busca apenas apreender a totalidade de uma situação, compreendê-la e interpretá-la para criativamente descrever a complexidade de um objeto delimitado, o que contribui de forma relevante para o desenvolvimento de estudos investigativos. As informações de campo foram coletadas por meio de uma pesquisa survey (aplicação de questionários e realização de entrevistas com os gestores de RH das usinas). As práticas de RH utilizadas para análise foram abordadas mediante a consideração de três seções presentes no questionário traduzido do estudo de Lawler III et al (2006), professor da Marshal School of Business – Southern California University: os recursos humanos que compõem a organização, as iniciativas estratégicas organizacionais e as mudanças nas funções de RH. Faculdade de Minas P ág in a3 1 Estas seções apresentaram oito temas centrais que foram focos de análise: o papel do RH e suas atividades, as decisões para recursos/talentos, o desenho da função, a terceirização, a tecnologia da informação, os processos de análises e métricas, as habilidades de recursos humanos e, por último, a efetividade da área. Por fim, para interpretar os dados utilizou-se a análise de conteúdo. Freitas e Janissek (2000) afirmam que a técnica de análise de conteúdo permite o aprofundamento dos significados das ações e relações humanas, permite ir além do que se tem como resultado claro e manifesto, pôde-se obter por inferência até mesmo aquilo que o entrevistado deixou subentendido. Análise dos resultados Ao deparar com as informações obtidas dos questionários devidamente tabulados e das entrevistas transcritas pode-se identificar características, que em certos aspectos diferenciam as organizações uma das outras, especialmente pelo nível de conhecimento de RH e/ou grau de adoção de determinadas práticas.Quando foram consideradas algumas particularidades organizacionais se tornou possível compreender melhor a realidade da gestão de RH do setor sucroalcooleiro. No Figura 2, Quadro 3, seguem as análises descritivas e comparativas dos três casos selecionados. Faculdade de Minas P ág in a3 2 Figura 2: Quadro 3 - Descrição das usinas. USINA DESCRIÇÃO USINA A 61 anos de atuação no mercado; 3800 funcionários; Compõe um grupo de 7 usinas, no entanto, há 3 unidades administrativas com processos gerenciais independentes, inclusive esta unidade; Capacidade de moagem: 3,8 milhões de toneladas; Faturamento de R$206 milhões na safra 2007/08; Produção: 207 toneladas de açúcar e 156 mil litros de álcool (anidro e hidratado). Quadro de RH com 66 funcionários. Faculdade de Minas P ág in a3 3 USINA B 77 anos de atuação no mercado; 5000 funcionários; O grupo de 4 usinas é coordenador por esta unidade (centro de serviços compartilhados); Capacidade de moagem: 8,8 milhões de toneladas; Faturamento de R$310 milhões na safra 2007/08; Produção: 187 toneladas de açúcar e 209 mil litros de álcool (anidro e hidratado). Quadro de RH com 35 funcionários. USINA C 71 anos de atuação no mercado; 8600 funcionários; O grupo de 3 usinas é coordenador por esta unidade (centro de serviços compartilhados) e 1 escritório administrativo em São Paulo; Capacidade de moagem: 10,3 milhões de toneladas; Faturamento de R$500 milhões na safra 2007/08; Produção: 331 toneladas de açúcar e 366 mil litros de álcool (anidro e hidratado). Quadro de RH com 20 funcionários Faculdade de Minas P ág in a3 4 Para identificar o papel de gestão que o RH desempenha é necessário compreender as iniciativas estratégicas e as políticas e práticas adotadas por cada usina. Isto possibilita analisar as diferenças e semelhanças entre cada uma delas. Sendo assim, fez-se uma descrição das práticas de gestão de RH destas usinas considerando o grau de importância dado a cada atividade proposta pelo estudo de Lawler III et al (2006). O procedimento para a descrição destes casos obedeceu a seguinte estrutura: I) foram selecionados os dados respondidos pertinentes a cada seção do questionário (estrutura de análise semelhante à Lawler III et al, 2006) e depois acrescentadas as informações obtidas na entrevista com o gestor de RH; II) foram descritas as usinas; e III) foram apontadas semelhanças e diferenças entre a gestão de RH das usinas. Cabe ressaltar que os respondentes dos questionários e os participantes das entrevistas foram os mesmos em cada usina. Iniciativas estratégicas Os recursos humanos organizacionais estão inseridos em um ambiente organizacional tão turbulento quanto o ambiente competitivo do próprio mercado onde as usinas se encontram. Isso mostra a grande necessidade, hoje, das empresas proporem novas iniciativas estratégicas que possam mudar sua competência, o modo como o RH é gerenciado, suas expectativas e as relações com seus empregados. O Figura 3, Quadro 4, mostra o foco estratégico das usinas estudadas. As similaridades observadas nos três casos referem-se às iniciativas voltadas para a liderança em custos (desempenho organizacional), para a qualidade (qualidade e velocidade) e para as estratégias de capital humano para obtenção de vantagem competitiva (estratégias baseadas em conhecimento). No entanto, destacam-se também, grandes diferenças entre elas: Faculdade de Minas P ág in a3 5 • A usina A se volta para as atividades estratégicas percebidas como extremamente importantes para a empresa, ou seja, possui um processo de transformação mais específico e com baixa complexidade, concentrado em apenas duas iniciativas; • Nas usinas B e C os processos de mudança organizacional se apresentam respectivamente, com média e alta complexidade, pois são relacionadas diversas iniciativas estratégicas importantes (8 e 11); • A usina C possui e precisa de um maior esforço no atendimento das necessidades estratégicas organizacionais, haja vista a maior relação entre o número de empregados supervisionados por cada funcionário de RH, o que não ocorre nas usinas A e B. Isso sem considerar a maior complexidade (número de iniciativas estratégicas). Portanto, pode-se destacar em um primeiro momento um maior envolvimento das usinas B e C com estratégias mais modernas tendo em vista sua complexidade. Figura 3: Quadro 4 - Diferenças entre o foco estratégico das usinas. USINA FOCO ESTRATÉGICO CARACTERÍSTICAS GERENCIAIS USINA A Qualidade e velocidade; Desempenho organizacional. Foco restrito de atuação estratégica; Direção tem foco restrito de cobrança do RH, voltado apenas para os resultados obtidos; Baixa complexidade: 6 iniciativas estratégicas; 58 empregados /funcionário de RH. USINA B Estratégia baseada em informação; Estratégia baseada em conhecimento; Core−business; Desempenho organizacional; Qualidade e velocidade; Crescimento. Não possui especificidade estratégica de atuação Direção tem foco amplo de cobrança do RH, voltado para os resultados obtidos e desenvolvimento (Planejamento Estratégico); Média complexidade: 8 iniciativas estratégicas; 143 empregados / funcionário de RH. USINA C Estratégia baseada em conhecimento; Estratégia baseada em informação; Desempenho organizacional. Média especificidade estratégica de atuação; Direção tem foco médio de cobrança do RH, voltado para os resultados obtidos e desenvolvimento; Alta complexidade: 11 iniciativas estratégicas; 430 empregados / funcionário de RH. Faculdade de Minas P ág in a3 6 O papel de RH e suas atividades O foco deste tópico está vinculado ao aprendizado, ou seja, seu maior objetivo é aprender em que extensão a função de RH está se tornando um parceiro estratégico, se esta é uma realidade para as usinas estudadas e para o setor sucroalcooleiro em geral e qual desenho organizacional das práticas de RH está associado a esta parceria estratégica. Por causa da dinamicidade do ambiente dos negócios é razoável e natural esperar que a ênfase da função de RH em meio a uma variedade de papéis e atividades tenha mudado. O interesse reside em descobrir, se o aumento de atenção dado aos serviços estratégicos, como o desenho e desenvolvimento organizacional, está afetando a percepção de efetividade da função de RH. Quanto tem aumentado ou diminuído a atenção dada às atividades tradicionais de RH: planejamento, compensação, recrutamento, seleção e sistemas de informação de RH? Afinal, o RH está trabalhando de modo mais estratégico ou não? Figura 4: Porcentagem de tempo gasto com as atividades de RH nas usinas nos últimos anos. Faculdade de Minas P ág in a3 7 Quando se visualiza a Figura 4, observa-se uma forte diminuição do tempo gasto com as atividades de administração de contratos, não pelo fato de haver um processo de terceirização forte, porque isso não acontece de forma considerável em nenhuma empresa, mas sim, pela necessidade de dedicação maior às atividades de parceria estratégica e desenvolvimento de sistemas e práticas de RH, grandemente aumentadas. Nota-se também, que há algumas inconsistências entre as informações passadas pelos gestores das usinas. O aumento no tempo gasto pelo RH nas atividades de parceria estratégica da usina A para atender apenas dois focos estratégicos: qualidade e velocidade e desempenho organizacional (Quadro 4) é maior que o tempo gasto pelas outras duas usinas, B e C, que possuem iniciativas estratégicas mais complexas e aumentaram seu gasto em apenas 10%. Pode-se questionar, também, serealmente seria possível que a usina B apresentasse a 5-7 anos atrás apenas 15% de todo seu tempo gasto com as atividades transacionais do RH? De certa forma, esta foi a única usina que não apresentou mudanças no quadro gerencial de RH no período analisado, o que ocorreu com a usina A e C (2005 e 2006, respectivamente). Outra questão curiosa se trata do maior tempo gasto com atividades de desenvolvimento que com atividades de provisão dos serviços de RH nos três casos. Já quando se compara os dados do Figura 5, Quadro 5 pode-se visualizar algumas mudanças comuns que estão acontecendo no foco das atividades de RH das usinas nos últimos 5-7 anos: sistemas de informação de RH, ações afirmativas, registros de pessoas empregadas, compensação, planejamento de RH, planejamento estratégico e desenvolvimento organizacional (os três últimos itens estão relacionados à orientação estratégica do RH na usina e correspondem ao critério desenho e desenvolvimento). Faculdade de Minas P ág in a3 8 Figura 5: Quadro 5 - Foco das atividades de RH nas usinas nos últimos 5-7 anos USINA FOCO DAS ATIVIDADES (últimos 5−7 anos) CARACTERÍSTICAS GERENCIAIS USINA A Desenho e desenvolvimento; Métricas; Sistemas de informação em RH; Relações sindicais. Maior abertura de espaço para as organizações sindicais e necessidade de mensuração dos resultados financeiros de RH; InconSiStência: desenho e desenvolvimento. USINA B Desenho e desenvolvimento; Compensação e benefícios; Recrutamento e seleção; Sistemas de informação em RH. Mudança estrutural em RH e elaboração do planejamento estratégico; criação e desenvolvimento interno dos sistemas de informação (personalizados); avaliação de desempenho por meio de indicadores; profissionalização da seleção e equalização de cargos e salários. USINA C Desenho e desenvolvimento; Compensação e benefícios; Sistemas de informação em RH; Relações sindicais. Políticas de remuneração variável, maior processo de aproximação, relacionamento e negociação sindical e o suporte para concretização da estratégia; InconSiStência: desenvolvimento dos empregados e treinamento. Sendo assim, uma atividade em particular chama atenção: a recente e cada vez mais comum, prática de inserção das ações afirmativas nas atividades principais do RH das organizações em geral. Todas as usinas atribuem uma mudança grande no foco das atividades voltadas para concessão de oportunidades a menores aprendizes e portadores de necessidades especiais. Por último faz-se menção aos aspectos legais e regulatórios, com destaque para o registro de pessoas empregadas. Mesmo apesar da grande diminuição na porcentagem de tempo gasto com a execução destas atividades de RH nos últimos 5-7 anos, todas as usinas permaneceram com o mesmo nível de atenção ou foco. Contudo, é importante destacar as duas grandes inconsistências quando comparadas as respostas dos questionários e discursos dos gestores. A primeira se refere à grande importância atribuída pelo gestor da usina A ao desenho e desenvolvimento, que não reflete o foco estratégico organizacional e em nenhum momento é identificada em suas características gerenciais. A segunda relata uma baixa mudança de foco nas atividades relacionadas ao desenvolvimento dos funcionários da usina C, o que não confirma a declaração do gestor de RH: “há uma alta orientação para as atividades de desenvolvimento dos funcionários, um dos elementos estratégicos mais importantes no processo de crescimento da usina”. Faculdade de Minas P ág in a3 9 O Quadro 6 mostra em quais atividades estratégicas o RH é mais atuante. Desta forma, quando se compara os dados percebem-se grandes diferenças na atuação do RH nas atividades estratégicas das usinas estudadas. Pode-se perceber que a usina A possui um departamento de RH atuante, no entanto, quando se confronta alguns dados, como o caso da falta de percepção e flexibilidade dos líderes do negócio para integração do RH nas atividades estratégicas, há apenas uma caracterização do discurso e não da prática gerencial. Mesmo assim, não se pode dizer que o RH não atua nas atividades estratégicas, ela o faz, porém com menor intensidade; apenas quando chamada para isso. Já quando se analisa a usina B, pode-se descrever uma atividade voltada para a parceria estratégica prática, pois várias mudanças são realizadas, formuladas, gerenciadas pela área. A usina C também atua em algumas atividades estratégicas, como no processo de condução de mudanças. Esta atividade caracteriza o esforço de implantação, que fica a critério da área após a formulação ou desenvolvimento da estratégia. O detalhe importante: a empresa participa apenas quando a diretoria permite. Figura 6: Quadro 6 - Atuação do RH nas atividades estratégicas organizacionais. USINA ATUAÇÃO DO RH NAS ATIVIDADES ESTRATÉGICAS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA CLASSIFICAÇÃO USINA A Foco incipiente ou nenhum foco na construção de uma parceria estratégica. Participação condicionada a necessidade e flexibilidade dos líderes do negócio (grande limitação). USINA B Foco de moderado a alto na construção de uma parceria estratégica. Mudanças são propostas, gerenciadas e implementadas pela área de RH. USINA C Foco diretamente voltado para a parceria de negócios (suporte às atividades estratégicas organizacionais). Ajuda na condução e implantação dos processos de mudança. A Figura 7, Quadro 7 mostra as atividades estratégicas do RH atualmente. O que se pode notar é um moderado foco nas atividades de manutenção do banco de dados estratégicos de talentos. Nas demais atividades são apresentadas muitas diferenças. A usina A possui um foco estratégico voltado para o suporte de RH à diretoria no processo de tomada de decisão e mudança, na usina B se destaca a estratégia de capital humano integrada à estratégia de negócios e na usina C Faculdade de Minas P ág in a4 0 encontra-se um foco estratégico direcionado para o suporte, gestão e condução das mudanças organizacionais. Figura 7: Quadro 7 - Atividades estratégicas de RH nas usinas USINA ATIVIDADES ESTRATÉGICAS DE RH CARACTERÍSTICAS GERENCIAIS USINA A Proporciona suporte analítico para as tomadas de decisão de negócios e proporciona dados de RH para suporte à gestão das mudanças. Função gerencial em que prevalece às atividades de gestão tradicional voltadas especificamente para apresentação de resultados e negociações sindicais. USINA B A estratégia de capital humano é integrada a estratégia de negócios. Programa de desenvolvimento gerencial e de liderança que incluiu as atividades de alinhamento cultural e estratégico organizacional. USINA C Proporciona dados de RH para suporte à gestão das mudanças, conduz processos de mudança e toma decisões sobre gestão do capital humano baseado em informações, dados objetivos. “Não há uma participação do RH nas atividades de formulação estratégica, apenas nas ações tomadas pelo RH para sua concretização” O Quadro 7 apresenta um exame das mudanças, ou seja, busca analisar que caminho vem sendo seguido na organização das funções de RH para aumentar o valor que elas proporcionam. O desenho das funções de RH nas usinas opera, atualmente, em grande extensão, voltado para as atividades de eficiência dos recursos e, a maior importância para o futuro está pautada no desenvolvimento cada vez mais intenso destas mesmas atividades. O grande destaque está na composição das atividades realizadas pela equipe de serviços da usina B, que considerada uma grande participação de outros departamentos funcionais no desenvolvimento dos sistemas e políticas de RH. Além disso, há em moderada extensão, apoio do RH nos negóciose reconhecimento da expertise proporcionada pelo processo de terceirização. Nota-se também baixo interesse em as atividades de desenvolvimento dos talentos, que se apresenta pequena extensão nas usinas A e B e não possui perspectiva futura, com exceção da usina C, que planeja contratar profissionais seniores de fora da organização. Faculdade de Minas P ág in a4 1 Figura 8: Quadro 8 - Desenho das funções de RH nas usinas USINA FUNÇÕES DE RH (atual) FUNÇÕES DE RH (importância para o futuro) USINA A unções de RH direcionadas em enorme extensão para eficiência dos recursos (baixo custo dos serviços de RH). ficiência de recursos e descentralização USINA B unções de RH baseadas em: equipes de serviços, descentralização, eficiência de recursos e tecnologia da informação. quipe de serviços em RH e eficiência de recursos USINA C unções de RH baseadas enormemente nas equipes de serviços e em grande extensão para a eficiência de recursos. quipe de serviços em RH e eficiência de recursos O Quadro 8 mostra as diferentes avaliações e visões das usinas para os critérios: desenvolvimento de talentos, terceirização dos serviços, tecnologia da informação, sistemas de análise e métricas de RH, satisfação com as habilidades de seus profissionais e, por último, satisfação geral com o departamento. Figura 9: Quadro 9 - Avaliação dos demais critérios para classificação do papel de RH das usinas. USINA A USINA B USINA C RECURSOS E TALENTOS Apenas os líderes de RH têm um bom entendimento sobre onde e por que o capital humano faz a grande diferença. Líderes de RH conectam assuntos de capital intelectual à estratégia de negócios. Líderes possuem um bom entendimento sobre onde e por que o capital humano faz a grande diferença. TERCEIROS Terceiriza parcialmente as atividades de recrutamento. Terceiriza parcialmente as atividades de seleção e ações afirmativas. Terceiriza as atividades de treinamento gerencial. TI Sistema de TI muito desenvolvido. Sistema de TI menos desenvolvido (programas são desenvolvidos internamente e ainda não estão integrados). Sistema de TI medianamente desenvolvido; centralizado. ANÁLISES E MÉTRICAS Conduz análises de custo benefício, coletam indicadores e analisam comparativamente dados de outras empresas. A maioria dos processos estão sendo construídos, mesmo sendo de grande importância. Medem o impacto empresarial de programas de RH, coletam indicadores e analisam comparativamente dados de outras empresas. Faculdade de Minas P ág in a4 2 HABILIDADES 61 a 80% dos profissionais/gestores de RH apresentam as habilidades necessárias (Habilidades técnicas, administrativas e de mensuração). 81 a 99% dos profissionais/gestores de RH apresentam as habilidades necessárias (Dinâmica organizacional). 81 a 99% dos profissionais/gestores de RH apresentam as habilidades necessárias (Habilidades técnicas e de mensuração). EFICÁCIA Satisfação geral de 80% das necessidades apresentadas. Satisfação geral de 70% das necessidades apresentadas. Satisfação quase total das necessidades apresentadas. Classificação dos papéis de RH Usina A Visualiza-se na usina A um papel de gestão usual de RH em que se pode notar algumas atividades de parceria de negócios. O que prevalece, no entanto, são as preocupações do gestor em atender as iniciativas estratégicas da empresa: qualidade e liderança de custos. De acordo com as mudanças ocorridas nas atividades de RH, verifica-se um foco estratégico que objetiva dar suporte analítico para tomada de decisão e gestão das mudanças (Figura 10). Percebe-se, portanto, uma tendência em direção a adoção de atividades que relacionam desempenho e também a capacidade de mudança: avaliar a prontidão organizacional, desenhar a estrutura e planejar e implementar a estratégia. O RH, neste caso, possui um baixo número de pessoas nas áreas corporativas (gerentes e profissionais de RH) e um padrão cultural inflexível, que não evolui para adaptar-se a necessidade de visão estratégica. Figura 10: Papel da gestão de RH na usina A. Faculdade de Minas P ág in a4 3 Usina B A usina B possui um papel de parceria dos negócios, em que se pode notar muitas atividades de parceria estratégica e uma transição forte para esse novo papel. Não existe nesta empresa uma especificidade estratégica, há uma preocupação moderada em todas as iniciativas: crescimento, negócio central, qualidade e velocidade, estratégia baseada em informação, estratégia baseada em conhecimento e desempenho organizacional. Desta forma, de acordo com as mudanças ocorridas nas atividades de RH, verifica-se uma estratégia de capital humano integrada à estratégia de negócios (Figura 11). Percebe-se, assim, uma tendência em direção a adoção de atividades que relacionam o desenho e desenvolvimento (planejamento de RH, planejamento estratégico, desenvolvimento e desenho organizacional) e também avalia a prontidão da organização para implementar estratégias, ajuda no desenho dos critérios para o sucesso estratégico e ajuda a planejar e implementar a estratégia. O RH, neste caso, possui um número moderado de pessoas nas áreas corporativas (gerentes e profissionais de RH) e um padrão cultural flexível, que se evolui constantemente para adaptar à necessidade de visão estratégica. Figura 11: Papel da gestão de RH na usina B. Faculdade de Minas P ág in a4 4 Usina C Quando se trata da usina C, nota-se que esta possui um papel de parceria dos negócios, em que se pode notar uma leve atuação ainda consistente nas atividades usuais e uma leve tendência de transição para o papel de parceria estratégica. No caso específico desta empresa, as especificidades estratégicas se referem à estratégia baseada em informação, estratégia baseada em conhecimento e desempenho organizacional. Desta forma, prevalece às preocupações do gestor de RH em atender esta necessidade. De acordo com as mudanças ocorridas, verifica-se um foco estratégico que objetiva conduzir os processos de mudança e proporcionar dados de RH para suporte à gestão de mudanças (Figura 12). Percebe-se, assim, uma tendência em direção a adoção de atividades que relacionam o desenho e desenvolvimento (planejamento de RH, planejamento estratégico, desenvolvimento e desenho organizacional) e também ajuda a desenhar a estrutura organizacional para implementar estratégias, ajuda no desenho dos critérios para o sucesso estratégico e ajuda a planejar e implementar a estratégia. O RH, neste caso, possui um número moderado de pessoas nas áreas corporativas (gerentes e profissionais) e um padrão cultural com flexibilidade moderada, que apresenta algumas evoluções para se adaptar à necessidade de visão estratégica. Figura 12: Papel da gestão de RH na usina C. Considerações finais Faculdade de Minas P ág in a4 5 O movimento em direção a administração profissionalizada pressiona as usinas a adotarem modelos de gestão cada vez mais dinâmicos e estratégicos de RH, mas isso não significa que elas estejam atuando dessa forma no ambiente organizacional. Observa-se pelos resultados da pesquisa que as usinas apresentam papéis gerenciais divergentes, diferenciados apenas pelo nível de instrução e/ou grau de adoção a determinadas práticas. Mesmo com o processo de expansão do setor, a maioria das usinas, no entanto, não têm ainda uma visão estratégica voltada para a implantação de sistemas de gestão, em especial do RH. Muitas delas administram a área conforme o modelo antigo de departamento pessoal, que tem uma função mais burocrática de orientação para os serviços transacionais. Ummodelo eficiente de gestão de pessoas, que atenda as demandas geradas pela profissionalização e competitividade do setor vai muito além disso, e englobam as atividades de conexão do capital humano a estratégia de negócios da empresa. Atividades como a identificação ou desenho de opções estratégicas, planejamento para implementação da estratégia, avaliação da prontidão organizacional para implementação estratégica, desenho da estrutura organizacional e trabalho conjunto com a diretoria empresarial são as novas funções estratégicas do RH. É desta maneira que se constrói um ambiente favorável para as mudanças e, possivelmente, se cria condições para uma maior contribuição da área (criação de valor). Constata-se também, que o maior desafio para a implantação do papel de parceria estratégica é a dificuldade de mudança dos valores gerenciais presentes nas usinas, que possuem ainda, em sua grande maioria, uma administração tradicional e familiar. Isto relata um problema que ainda se apresenta muito comum no setor: como convencer ou mostrar para a diretoria a importância de se gerenciar estrategicamente as pessoas da organização? A confiança é o ponto que merece maior destaque no processo de desenvolvimento estratégico de RH. Há certa rigidez e resistência da diretoria com relação à participação do RH nas atividades de gerenciamento estratégico do negócio. Portanto pode-se verificar que, embora estas sejam usinas que compõem o Faculdade de Minas P ág in a4 6 grupo das maiores produtoras nacionais de açúcar e álcool, ainda não apresentam estruturas gerenciais totalmente interdependentes e que muitas vezes têm na resistência o principal fator limitador de desenvolvimento e competitividade. Faculdade de Minas P ág in a4 7 Texto 2 Material disponível em:< https://pt.slideshare.net/130682/marketing-e- recursos-humanos-22209081>. Acessado em 13 de março de 2023. Faculdade de Minas P ág in a4 8 Faculdade de Minas P ág in a4 9 Faculdade de Minas P ág in a5 0 Faculdade de Minas P ág in a5 1 Faculdade de Minas P ág in a5 2 Faculdade de Minas P ág in a5 3 Faculdade de Minas P ág in a5 4 Faculdade de Minas P ág in a5 5 Faculdade de Minas P ág in a5 6 REFERÊNCIAS ANSELMI, Renato. RH deve se alinhar aos objetivos e perfil da empresa. Jornal Cana. Jun/2007, p.64. ARAÚJO, L. C. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2006. BECKER, B. E; HUSELID, M. A; ULRICH, D. Gestão estratégica de pessoas com scorecard: interligando pessoas, estratégia e performance.Tradução Afonso Celso da Cunha Serra. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. BECKER, B. Gestão estratégica de pessoas com scorecard.10 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. BOHLANDER, G.; SNELL, S.; SHERMAN, A. A administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. BOHLANDER, G; SNELL, S; SHERMAN, A. Administração de Recursos Humanos. Tradução Maria Lúcia G. Leite. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. BRAGA: Universidade do Minho. Boselie, J., Dietz, G., & Boon, C. Commonalities and contradictions iin research on human resource management and performance. Human Resource Management, 67-94.2005. CHIAVENATO, Adalberto. Administração nos Novos Tempos: os novos Horizontes em Administração. Ed. 3ª, Editora Manole, São Paulo, 2004. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 1ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DESSLER, G. Administração de Recursos Humanos. Tradução Cecília Leão Oderich. 2 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. DRUCKER, Peter F. The practice of management. New York: Harper Row, 1954. DRUCKER, Peter. Administração de Organizações sem fins lucrativos. São Paulo: Pioneira/Fund Vanzolini, 1991. ESTEVES, M. T. Práticas de gestão de recursos humanos e atitudes e comportamentos no trabalho: estudo de caso do sector bancário português. Lisboa: Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.2008. FERREIRA, A. Fatores de motivação no trabalho: o que pensam os líderes. Dissertação (mestrado) – Universidade federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, 2006. FISCHER, A. L. A constituição do modelo competitivo de gestão de pessoas no Brasil: um estudo sobre as empresas consideradas exemplares.1998. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade de São Paulo; Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FEA/USP. São Paulo-SP. FISCHER, A. L. As pessoas na organização. 9 ed. São Paulo: Gente, 2002. Faculdade de Minas P ág in a5 7 FLEURY Maria Tereza, FISCHER, Rosa Maria. Relações de Trabalho e políticas de gestão uma história das questões atuais. Revista de Administração, São Paulo, v.27, n.4, p.5-15, out./dez. 1992. FRANCO, S. Recrutamento e Seleção: a hora da verdade. São Paulo: Gente, 2002. FREITAS, H.; JANISSEK, R. Análise léxica e análise de conteúdo: técnicas complementares, sequenciais e recorrentes para exploração de dados qualitativos. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000, 176p. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4ed. São Paulo: Atlas, 2002. GUEST, D.; HOQUE, K. Yes, personnel does make a diference. Personnel Manegement. London. IPD, v.26, no.11, November, 1994. KAUFMAN, B. E. The role of economics and industrial relations in the delopment of the Field of personnel/human resource management. Management Decision; 40/10, 2002; ABI/INFORM Global. LAWLER III, E. E; BOUDREAU, J. W; MOHRMAN, S. A. with AliceYee Mark, Beth Neilson and Nora Osganian. Achieving Strategic Excellence: An assessment of Human Resource Organizations. Stanford Business School. Stanford, California 2006. MARCIANO, V. M. The origins and development of human resource management. Academy of Management Journal; 1995; ABI/INFORM Global. MARTINS, G. de A. Estudo de caso: Uma estratégia de pesquisa.1ed. São Paulo: Editora Atlas,2006.102 p. MESHOULAM, Ilan. A Development model for Human Resource Management. 1984. 606 f. Dissertação (Mestrado em Administração de Negócios) – University Microfilms International, Boston University, 1984. MILKOVICH, G. T.; BOUDREAU, J. W.; tradução MARCONDES, R. C. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 2000. MONTEIRO, L. F. O impacto das best pratices de gestão do capital humano nas organizações em portugal. Braga: Universidade do Minho.2008. PAAUWE, J., & BOSELIE, J. P. HRM and performance: what’s next? Obtido em 30 de Setembro de 2011, de DigitalCommons@ILR:2005. SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M., COOK, S. M. Métodos de pesquisa das relações sociais. São Paulo: Herder, 1965. SHIKIDA, Pery Francisco Assis et al. Notas sobre dinâmica tecnológica e agroindústria canavieira no Brasil. In: Agroindústria canavieira no Brasil: evolução, desenvolvimento e desafios. São Paulo: Atlas, 2002. STEWART, T. A. Human resources bites back. Fortune, May, 1996. STRAUSS, G. HRM in the USA: correcting some Britsh impressions. International Journal. STRAUSS, G. HRM in the USA: correcting some Britsh impressions. International Journal of Human Resource Management; Vol. 12, 2001, 6, ABI/INFORM Global. Faculdade de Minas P ág in a5 8 TOLEDO, F. Administração de pessoal, desenvolvimento de recursos humanos. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. ULRICH, D. Os campeões de recursos humanos: Inovando para obter os melhoresresultados. São Paulo: Futura, 1998. VELOSO, A. D. (2007). O impacto da gestão de recursos humanos na performance organizacional. 2007. VERGARA, S. C. Gestão de pessoas. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. WOOD, T.; PICARELLI,V. Remuneração Estratégica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman. 2005. YOUNDT, M. A; SNELL, S. A; DEAN, J. W. Jr; LEPAK, D. P. Human Resource Management, manufacturing strategy and firm performance. Academy of Management Journal; Aug 1996; 39, ABI/INFORM Global.