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Copyright© 2016 by Conquista Editora e Coaching Ltda. Todos os direitos desta edição são reservados a Conquista Editora. DIRETORES CONQUISTA EDITORA Barbara Chagas Rodrigues e Farney Coutinho Moreira SUPERVISÃO E PROJETO DE EDIÇÃO Barbara Chagas DESGIN CAPA Publit Soluções Editoriais REVISÃO Victor Hugo Bin DIAGRAMAÇÃO Luciana Figueiredo IMPRESSÃO Walprint Gráfica Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. w w w .c o n q u is t a e d it o r a .c o m .b r INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! http://www.conquistaeditora.com.br AGRADECIMENTOS BRUNA ALMEIDA A Deus, por me guiar na recuperação e ter colocado pessoas tão especiais em meu caminho, que puderam me ajudar; A Maira Baptistussi, minha psicóloga, a quem chamo de megablaster. Além de excelente profissional, esteve ao meu lado mesmo fora do consultório, acudindo-me, orientando-me, ajudando-me. Agradeço também por ter acreditado em mim. Assim, fizemos do nosso grande sonho uma pequena e especial obra literária que almeja ajudar pessoas que vivem situações semelhantes; A minha amiga/irmã (de coração) Amanda, que esteve comigo em todos os momentos, socorrendo-me em qualquer horário. Como ela teve paciência comigo!; À minha amiga/mãe (de coração) Telma, a pessoa mais pre sente em minha vida enquanto morei em Brasília; À minha amiga Cristina que, mesmo longe, mandava energias positivas e me orientava com sábias palavras; Â minha chefia (setor da empresa que cito no livro), que acreditou em meu potencial e me convidou para trabalhar no administrativo da empresa no momento mais delicado do meu processo; À minha família (pais e irmãos), que me apoiaram nas minhas decisões. Deus colocou anjos em minha vida e eu soube enxergá-los na hora certa! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! AGRADECIMENTOS MAIRA BAPTISTUSSI A Deus e a toda energia cósmica e divina, pelos encontros da vida e a sabedoria em conduzi-los da melhor forma; A minha parceira Bruna Almeida, eterna cliente diamond, como falamos, pois confiou a vida, a intimidade e os sonhos mais preciosos a mim, o que c de grande valia; Ao meu amado companheiro Diego que, além de ser meu porto seguro e aconchego diário, incentiva-me a buscar novos desafios e a criar diferentes projetos dentro da minha profissão. Parceiro de ouro! Entende as minhas ausências, apoia a minha entrega profissional e, acima de tudo, ama com toda intensidade; A minha família, que tanto participou da minha forma ção pessoal e profissional, de modo que, construí-me como uma pessoa sensível, que me entrego às relações afetivas de forma verdadeira, especialmente a partir dos modelos que tive; A todos os professores que participaram da minha for mação, desde a professora do primário até a orientadora do doutorado, afinal, todos fizeram parte da profissional que fui me tornando; À vida e às experiências que ela me conferiu, as quais arrisquei-me a experimentar; pois acredito que é agindo que construímos nossa história e saboreamos novos sentimentos! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Sumário PREFÁCIO...........................................................................................7 INTRODUÇÃO................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 - O INÍCIO DE UMA HISTÓRIA DE AMOR................................................................................................. 15 CAPÍTULO 2 - QUEM ERA CARLOS?................................. 25 EXERCÍCIO - O EU E O OUTRO..........................................48 CAPÍTULO 3 - SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS GERADOS DURANTE O RELACIONAMENTO.................................................................. 55 CAPÍTULO 4 - COMO A ALIANÇA FOI SENDO CONSTRUÍDA?..............................................................................65 CAPÍTULO 5 - QUANDO E COMO ME VI EMOCIONALMENTE ADOECIDA...................................... 81 EXERCÍCIO - REGISTRO DE SENTIMENTOS............. 83 EXERCÍCIO - REGISTRO DE COMPORTAMENTOS 85 CAPÍTULO 6 - 0 PAPEL DA CONSCIÊNCIA NA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO................................ 91 CAPÍTULO 7 - COMO SAÍ DA DEPRESSÃO E VIREI O JOGO................................................................................................ 103 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ANEXO 1 - DICAS DE AUTO-OBSERVAÇÁO: PENSAMENTOS E COMPORTAMENTOS QUE PODEM AJUDAR NA MELHORA .........................................................125 ANEXO 2 - DICAS DE AUTO-OBSERVAÇAO PAPA MELHORAR A QUALIDADE DO SEU RELACIONAMENTO ...............................................................133 DESFECHO...................................................................................137 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................139 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! PREFÁCIO Este livro nasceu da vontade de ajudar as pessoas que vivem ou viveram um relacionamento amoroso difícil. Não tem a pre tensão de defender algum tipo de feminismo, religião, ou tecer críticas infundadas ao comportamento masculino. Pretende-se abordar questões emocionais ligadas aos sentimentos e compor tamentos de homens c mulheres diante de frustrações amorosas, que resultaram na perda da vontade de: cuidar-se, amar-se e, consequentemente, viver. Além de refletir sobre possíveis ferra mentas comportamentais que podem ajudar a lidar com as dores produzidas nessas relações, de modo que favoreça o enfrenta- mento dos medos e das inseguranças. Decidi escrever este livro em parceria com Maira Baptis- tussi, minha psicóloga, em função da sinergia que tínhamos nas sessões terapêuticas (durante um ano e meio dediquei-me inten- samente ao tratamento psicológico). Sempre fui uma pensadora. Questionadora e com gosto pela produção, mas não havia perce bido. Eu escrevia muito (para mim mesma) sobre a relação com o meu ex-namorado e, muitas vezes, busquei fontes literárias sobre o assunto. Não obtive êxito na busca. Assim, pensei: por que não escrever um livro relatando o meu caso clínico - sob a Alianças Imperfeitas | 7 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! supervisão da minha terapeuta —, explicando e descrevendo o que eu sentia; o que me gerava sofrimento e como consegui su perar tudo isso? Minha psicóloga também tinha essa vontade. O desejo de ajudar pessoas a partir das nossas experiências, de re gistrar instrumentos práticos de enfrentamento de adversidades... Sempre sonhou que alguma cliente dela escrevesse um livro re latando os comportamentos de mudança diante das dores e das perdas. E foi assim. Unimos o útil ao agradável; o trabalho ao prazer, c o sonho se tornou realidade. Neste caso, diferente de um conto de fadas, um conto em que as pessoas possam se iden tificar e pensar em saídas para as dificuldades que muitas vezes atravancam a vida por anos e anos. “É IMPOSSÍVEL VIVER SEM TER FALHADO EM ALGUMA COISA. A MENOS QUE VOCÊ VIVA TÃO CUIDADOSAMENTE QUE NÃO TENHA VIVIDO NADA.” J .K ROWLING, AUTORA DE H a r r y P o r t e r O relacionamento amoroso que descreverei me fez apren der muito. Por isso, tive vontade de compartilhá-lo. Lembrando que cada caso é um caso e cada história tem suas peculiaridades. O relato desta experiência pode despertar em você o desejo de mudança: agir, de fato, sobre o que lhe traz sofrimento, com preendendo quais aspectos da sua história de vida e das suas características pessoais dificultam na hora em que precisa tomar decisões. Eu e minha terapeuta sempre falamos sobre este aspec to: fazer da experiência dolorosa uma grande aprendizagempara novas situações e não uma fonte de lamentos c paralisia. As cidades em que os fatos ocorreram e os nomes das personagens foram mudados para proteger suas identidades e mantê-las em sigilo. 8 | Bruna Almeida e Maim Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INTRODUÇÃO O que está escrito neste livro, de repente, fará você se per guntar: como ela permitiu isso? Talvez, se eu estivesse lendo a história dc alguém, sem viver o que essa pessoa viveu, também faria a mesma pergunta. Geralmente temos o hábito de julgar sem vivenciar as histórias alheias. Isso pode ocasionar análises precipitadas e con sequências desastrosas. Não temos o direito de julgar, nem de criticar alguém que esteja passando por um processo dolorido. Como diz minha terapeuta: “coração é terra aonde ninguém vai”. Cada um é cada um, por isso, não é indicado criticar as pes soas por situações que as levaram a agir dc algumas maneiras. Só quem está na pele é que provou determinadas sensações. Quem teve uma experiência negativa, provavelmente sabe mensurar a dor e a tristeza que cultivou no coração. Os espectadores jamais saberão, com precisão, o que se passa entre as quatro paredes de um casal. Quantos homens e mulheres existem no mundo com medo de se relacionar de verdade? Quantos estão despreparados para amar? O que as pessoas entendem sobre o conceito de amor? Alianças Imperfeitas | 9 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Meu relacionamento com Carlos durou quase dois anos. Sim, quase dois anos! Mas, não foram anos pacíficos, não foram anos felizes. Na vida, nunca experimentei um sentimento que me machucasse tanto. Muitas vezes ficamos cegos diante de de terminados sentimentos. “Não se m e d e o v a l o r d e u m h o m e m RELAS SUAS ROUPAS OU PELOS BENS QUE POSSUI. O VERDADEIRO VALOR DO HOMEM ESTÁ EM SEU CARÁTER, EM SUAS IDEIAS E NA NOBREZA DOS SEUS IDEAIS.” C h ARLIE C haplin Fiz muitas coisas que sempre critiquei em um relaciona mento. E, por que fiz isso? Porque eu estava apaixonada! Pelo menos achava que estava. Será que eu só queria ter alguém comigo? É uma questão importante que vamos abordar no livro. A diferença entre os sentimentos é fundamental para nossas escolhas e decisões. As vezes, parece amor, mas não é. Parece paixão, mas não é. Essas confusões geram riscos e armadilhas psicológicas que podem nos aprisionar e tirar o melhor de nós. Nunca senti um misto de emoções tão intenso. Estar com ele era uma realização plena. Longe dele, sentia uma ansieda de gigantesca, misturada ao desamparo. Quando Carlos voltava para a cidade dele, era um sentimento desesperador de troca, rejeição, frustração. Explicarei melhor adiante. “A MORTE NÃO É A MAIOR PERDA DA VIDA. A MAIOR PERDA DA VIDA É O QUE MORRE DENTRO DE NÓS ENQUANTO VIVEMOS...” ĴPablo PiCASSO______________________^ 10 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Tive crises horríveis de ansiedade, as quais provocavam a sensação de morte. Eu desejava morrer, pois não queria sentir mais aquilo. Imagino quantas pessoas sintam algo parecido. O anseio pela morte, somente para aliviar a dor e não para, de fato, morrer. Foram muitas separações, na tentativa de me livrar daquele relacionamento, mas não conseguia me desgarrar. Toda vez que eu terminava, nós acabávamos voltando. O que senti não desejo a ninguém. Foi horrível! Sensibilizei toda a família e os principais amigos por causa das minhas cri ses. Tive que procurar ajuda profissional. Afastei-me do trabalho para saber o que estava acontecendo comigo e o que seria mais saudável para retomar as rédeas da minha vida. Nada do que eu fazia produzia resultados... Carlos estava sempre ausente nos momentos importantes, mas dizia que me amava e eu não sabia o que fazer. Estava diante de um dilema: abrir mão de um grande amor ou me dar à chance de ser feliz ao lado dele? A l g u m d ia d i r e i : “ N á o f o i Fá c i l , MAS CONSEGUI.” RENATO RUSSO Adivinha pelo que optei? É uma pena, mas eu não pensava que um grande amor pode ser, às vezes, um suposto amor. “A FELICIDADE É UM PROBLEMA INDIVI DUAL. A q u i n e n h u m c o n se l h o é v a l id o . C a d a u m d ev e p r o c u r a r , p o r s i , t o r n a r - se f e l iz .” F r e u d Alianças Imperfeitas | 11 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 1 O INÍCIO DE UMA HISTÓRIA DE AMOR A vida está repleta de pessoas com dificuldade de se rela cionar. Pessoas que sabem pouco sobre o amor. Resistentes ao vínculo e à entrega. Como o ser humano é complexo! Existem também homens e mulheres que estão sempre em busca de um relacionamento, da felicidade conjugal, de um parceiro ideal ou pelo menos real. E sp e r o q u e a n t e s d e e n c o n t r a r a p e s so a CERTA, VOCÊ SE ENCONTRE. PARA QUE NÃO A SOBRECARREGUE COM A INGRATA RESPONSABILIDADE DE TE FAZER FELIZ.” F la v io S iq u e ir a Muitas vezes, vivemos o equívoco de procurar a nossa fe licidade no outro. Achar que o outro pode fazer isso por nós, quando na verdade, a felicidade tem que estar primeiro dentro de nós. Construída e descoberta por nós mesmos. O relaciona mento tem que ser um “p lu s” em nossa vida, não a base dela. Temos que focar em metas e objetivos. Em um relacionamento, aprender a ser independente emocionalmente. A nossa vida não pode estar nas mãos de outra pessoa. Tem que estar em nossas mãos! Uma grande amiga me ensinou que “uma relação será melhor quanto menos precisarmos dela”. Este aprendizado vale ouro, pois amor é diferente de dependência. Alianças Imperfeitas | 15 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! /C ; : \ TUDO E UMA QUESTÃO DE HUMOR E DE a t it u d e : m u d e . D eixe d e c o l o c a r su a FELICIDADE NA MÃO DOS OUTROS.” , M a r t i ia M e d e ir o s Bem, diante de todos os sentimentos experimentados na quela relação, resolvi escrever a minha história. O ano era 2012. Eu, Letícia, tinha 32 anos quando tudo começou. Sou nascida e criada em Florianópolis, mas morava em Brasília há quase 2 anos, por conta do trabalho. Carlos tinha 44 anos e estava na mesma condição que eu. Nasceu em Floria nópolis e trabalhava em Brasília. Trabalhávamos em uma Em presa Aérea. Eu, comissária de voo; ele, piloto. Nunca havia tido contato muito profundo com Carlos. Pelo contrário, a primeira vez que o vi, não havia nada que me despertasse nele. Um dia, fui escalada para voar com Carlos. Foi a primeira vez que voamos juntos. O voo partiu de Brasília e retornou, horas depois, à nossa base (chamamos de bate-volta). Nada de interessante aconteceu nesse dia. Para mim, foi um voo como outro qualquer. O piloto demonstrou ser uma pessoa bastante agradável. Conversamos normalmcnte. Nada demais. Ao final do voo pediu o número do meu celular, mas não imaginei a in tenção dele porque era normal termos o contato uns dos outros. A Empresa era pequena, o que fazia o vínculo de amizade ser grande. E nós ainda éramos da mesma cidade. Era comum pegarmos voos juntos e seguirmos para a base ou voltarmos para casa. Nossa amizade aumentou. Em nossas conversas Carlos já havia comentado sobre a “esposa” Verônica e falado sobre o relacionamento. Inclusive, comentou que ela teve câncer, por isso não puderam ter filho, 16 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! embora fosse louco para ser pai. Entre outrascoisas, falara que eu era linda, inteligente; que tinha ótimo inglês, várias qualida des... Blá-blá-blá... Saímos pela primeira vez, como amigos, no segundo se mestre de 2011, sob uma circunstância um pouco penosa para mim. Eu havia ido à ginecologista fazer exames de rotina e ela identificou um caroço em meu seio direito. “Estes detalhes são importantes, pois cada pedaço da nossa vida interfere para que a nossa história caminhe para um lado ou para outro. A terapia ajuda a encontrar e a compreender cada componente, cada pedaço da his tória, para entender melhor as nossas escolhas.”1 Há 10 anos eu havia operado este seio. Fiquei com medo de ter que passar por nova cirurgia, de ser algo mais sério. Quan do saí do consultório, não sei o porquê, mas resolvi ligar para o Carlos. Acho que por ele ter comentado sobre o problema que a mulher teve no seio. Também pelo fato de estar sozinha e sem al guém para chorar. Atendeu-me prontamente. Por coincidência, estava em Brasília e se sensibilizou com o meu caso. Perguntou onde eu estava e foi ao meu encontro. Sentamo-nos em um lin do bistrot. Conversamos por longas horas. “C a d a s o n h o q u e v o c ê d e ix a p a ra TRÁS, É UM PEDAÇO DO SEU FUTURO QUE DEIXA DE EXISTIR.” STEVE JOBS Eu era solteira, buscava um companheiro de verdade e tinha 0 sonho de casar e ter filhos. Carlos estava em um relaciona mento complexo. Queria se separar da mulher, mas, por medo e 1 Frases em negrito - frases da Terapeuta que iam ajudando Letícia a discriminar melhor os seus sentimentos e perceber o contexto em que estava vivendo. Alianças Imperfeitas | 17 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sentimento de culpa, mantinha-se preso a uma relação adoecida. Dizia que o relacionamento com Verônica era apenas de amizade e não havia mais nada entre eles. Nesse dia percebi as intenções dele, mas fingi não ter en tendido. A meu ver, talvez fosse cedo demais. Nada aconteceu. Em março de 2012, houve uma auditoria internacional na empresa e fui chamada para participar. Trabalharia mais no administrativo do que voando. Nessa época, a empresa passava por uma reestruturação. Mudaria toda a frota de equipamentos2. Carlos foi chamado para fazer as negociações fora do país, devi do à fluência na língua inglesa. Ambos trabalhávamos adminis trativamente. Eu no Brasil, ele no exterior. Certo dia estava escalada para um voo com destino a São José do Rio Preto. Iria à noite, ficaria lá o dia inteiro e voltaria na manhã seguinte. Estive no hotel o tempo todo. Um lugar maravilhoso! Havia um gramado com piscina, o que me fez muito bem, pois nunca gostei de ficar confinada no quarto. Em 22 de maio de 2012, eu estava sentada à mesa, ao ar livre, à beira da piscina. Conversava com outros tripulantes. Es tudava em meu notebook que estava conectado ao wi-fi, quan do o bate-papo da rede social chamou. Era Carlos no Facebook. Ficamos horas conversando de forma natural e espontânea. Ele estava fora do país, aparentemente precisava de companhia e me viu online. De repente, a conversa tomou um rumo mais sério e Carlos se declarou para mim: “Letícia, eu estou apaixonado por você! ” 2 Chamamos os aviões dc Equipamentos. Voávamos em um modelo específico de avião que passou a ser outro. E quando isso ocorre toda a Tripulação tem que fazer um treinamento sobre esse avião para manter-se familiarizado com os equipamentos de emergência e procedimentos a serem adotados em caso de uma emergência porque cada avião tem suas particularidades. (RUSSOMANO, 2012) 18 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Naturalmente, espantei-me, pois nunca o havia desejado como homem, muito menos esperava que alguém falasse isso pelo computador. Ele não me conhecia o suficiente para se de clarar tão repentinamente. Fiquei pasma e assustada! Achei meio insano da parte dele, falar algo tão profundo sem ser pessoal mente. Como alguém podia falar sobre esse sentimento sem ser olho no olho? Sem ter tido contato físico? Sem nunca ter beijado? Em um tempo tão curto? “Vo c ê n ão p o d e t e r m e d o d e p e r d e r QUEM VOCÊ AMA PARA ALGUÉM. AFINAL, VOCÊ NÃO TEM AS PESSOAS. VÒCÊ ESTÁ c o m e l a s . Logo, se v o c ê n ã o a s p o s s u i , VOCÊ NÃO PODE PERDÊ-LAS.” A n a C a r o l in a Resolvi ir para o meu quarto no hotel. Queria conversar com mais privacidade e entender melhor o contexto daquela de claração. Pensei: “seria carência?”, afinal, Carlos estava fora do país há vários dias. Não foi esse o motivo. Explicou que resolveu se declarar porque um dos pilotos que estava com ele (voltaria antes dele ao Brasil), confidenciou que tinha interesse em mim. Então, por medo de me perder, resolveu abrir o coração. “Observe bem esse comportamento. Carlos já se reve lava muito: ansioso, controlador e até inconsequente, como discutiremos mais adiante.” Carlos era uma pessoa muito agradável, inteligente e sedu tora. Conversamos por longas horas. Eu queria entender melhor tudo aquilo. Desde então, nos falávamos todos os dias. Ele me cativava cada vez mais e me mostrava suas intenções. Tinha bom papo, era inteligente... Encantei-me. Alianças Imperfeitas | 19 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Ao conhecê-lo melhor, comecei a entender seu relacio namento. Sempre fui contra a ideia de me envolver com um homem comprometido. Mas, a forma como falava sobre o “casamento” me fez acreditar que realmente não havia mais en volvimento sexual e afetivo com a mulher. Tornara-se amizade. O fato dela ter tido câncer pesava demais na história e, segundo ele, Verônica não tinha mais ninguém na vida (nem os pais). Portanto, Carlos sentia-se responsável por ela. De qualquer for ma, eu dizia que para nos envolvermos ele teria que se separar. Mas era uma conversa que deveríamos ter pessoalmente. Carlos demorou a regressar ao Brasil mais do que o pre visto, por conta dos compromissos complexos que a empresa confiou a ele. Nossa comunicação se manteve por rede social, webcam e celular. Após várias longas conversas diárias ele conse guiu conquistar o meu coração. A intensidade e a sedução dele, somadas à minha carência e fragilidade naquele momento, resultaram em uma mistura explosiva. No início, juro que tentei me esquivar, pois sabia do com promisso com Verônica, mas ele foi envolvente demais e eu desejava muito o amor. Senti que era sincero. Sentia amor quando ele falava comigo. Percebia que tinha medo de me perder por estar longe. Via o desespero em querer voltar logo ao Brasil para namorarmos. Os olhos dele brilhavam pela webcam quando falava comigo. Sorria para mim... Enfim, eu vi e senti verdade em tudo o que estava acontecendo. Era um homem apaixonado, pensava em ter filho (ele que ria que fosse comigo. Pelo menos dizia que sonhava com uma filha de olhos azuis, iguais aos meus); era inteligente, agradável... Uau! Achei que tinha encontrado o meu príncipe encantado! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Apaixonei-me por Carlos sem nunca ter dado um beijo nele. Talvez tenha me apaixonado pelas palavras, pelas ideias e pelo que ele dizia querer comigo. Vou discutir isso mais adiante. Carlos demorou quase dois meses para voltar ao Brasil. Minha ansiedade de vê-lo, tocá-lo, beijá-lo era gigante! Estava apaixonadíssima. Nunca havia sentido algo semelhante na vida. Era um estado de plenitude, de realização, de emoção. Era só sorrisos e êxtase! Nada me irritava. O mundo ficou cor de rosa e o céu cheio de nuvens de coração. Finalmente chegou o dia dele regressar ao Brasil... “Na v id a n a d a a c o n t e c e p o r a c a s o : QUANDO ACHAMOS QUE PERDEMOS ALGO, GANHAMOS OUTRO. M aS SÓ PER CEBEMOS ISSO QUANDO ESTE ALGO DEI XOU DE TER IMPORTÂNCIA.” FERNANDA I z íd io d eO l iv e i r a Ao meu diretor dei a desculpa de que precisava ajudar a minha chefe naquele dia. Quando cheguei, nossa! Meu coração estava na garganta! Nossos olhos se encontraram e todo o meu corpo ficou estremecido. Nosso romance era segredo, por isso Carlos usou a desculpa para a chefia de sair da sala para fumar (eu odiava cigarros, mas nunca senti cheiro de nicotina nele. Só sentia cheiro de paixão, amor, desejo...), assim poderíamos nos encontrar. Ninguém deveria saber por que eu não queria ser vista como amante. Não me sentia amante. Nossa história era indescritível. Mágica. Ao menos para mim, pessoa verdadeira, sonhadora e que desejava, de fato, ter um parceiro. Desci as escadas, ansiosa para encontrá-lo no estacionamen to, foi lá que aconteceu o nosso primeiro beijo. Uma explosão Alianças Imperfeitas | 21 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! de sentimentos! Estremeci da cabeça aos pés. Tive vontade de chorar, tamanha alegria que senti. A noite saímos para jantar. Fomos a um restaurante bem le gal. Bebemos vinho e fomos a um hotel, pois minha chefe-amiga estava morando comigo e a casa que Carlos ficava em Brasília deveria estar imunda depois de meses fechada. Nossa primeira noite foi de tirar o fôlego. Eu estava muito nervosa e sem graça, mas definitivamente apaixonada. A grande questão é: apaixonada, exatamente por quem? Por quê? No final de semana ele estava de folga. Não ficou comigo. Foi para Florianópolis, para a casa em que morava com Verônica. A partir desse fim de semana, uma nova história começava e o meu príncipe parecia virar um sapo. “ E n tã o o P r ín c i p e v ir o u u m s a p o . C a z u z a e R o b e r t o F r e ja t r\ J 22 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPITULO 2 QUEM ERA CARLOS? Contradições começaram a aparecer... Dúvidas a brotar.... A insegurança a massacrar... O relacionamento a me adoecer... “A DÚVIDA É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA.” A r is t ó t e l e s Carlos falava que me amava fazia tempo. Muito antes de começarmos a amizade. Depois que se declarou, repetia que me amava inúmeras vezes. Seja pela internet, seja pelo telefone. “Isso é um complicador: alguém dizendo que te ama com tanta veemência. Amor é algo forte, que se de seja sempre. Aprendemos, desde criança, a esperar por um amor, ainda mais se ele for encantado. Esse conceito de príncipe encantado é em geral um mode lo social, que vai desde os contos de fadas às relações familiares cotidianas.” Como estava confortável para eu viver a ilusão de ter en contrado alguém do jeito que eu esperava, Carlos parecia ser perfeito. Mas não era. Iludi-me! Alianças Imperfeitas | 25 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ^ “A VERDADE É QUE O P rÍNCIPE ENCANTADO^ TALVEZ NÃO VENHA. E A OUTRA VERDADE É QUE VOCÊ AINDA PODE TRANSFORMAR EM P r ín c ip e q u a l q u e r s a p o q u e e x ist a p o r a í .” A n a C a r o l in a O pior de tudo é a cegueira. É não enxergar que: algo de errado está acontecendo, as coisas estão fugindo do controle, alguma atitude precisa ser tomada o quanto antes! O RELACIONAMENTO COM A “ESPOSA” Carlos e Verônica não eram casados oficialmente. Mas isso pouco importava, pois, muitos fatores os mantinham ligados. Ele relatava estar aprisionado a ela e sem saída, mas sempre apaixonado por mim. Dizia que não havia mais nada entre eles. Eram apenas amigos. Tinham muitos compromissos financeiros, negócios juntos, além do envolvimento com a música. Tinham um estúdio. Eram apaixonados por música, e isso era bastante importante entre eles. Verônica era bem empregada e após o falecimento dos pais herdara muitos bens. Carlos também tinha um bom emprego. Construíram uma bela casa e um bom patrimônio. Mantinham um relacionamento aberto. Nunca entendi di reito... Como tinham mais amizade do que um relacionamento amoroso propriamente dito, Carlos poderia se relacionar com qualquer pessoa que quisesse, menos comigo. Por quê? “F iq u e c o m u m a m o r q u e t e d ê r e s p o s tas e n ã o p r o b l e m a s . S e g u r a n ç a e n ão m e d o . C o n f ia n ç a e n ão m a is d ú v id a s .” Pa u l o c o e l h o 26 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Quando Carlos estava fora do país (na viagem em que se declarou para mim), Verônica foi ao encontro dele. Leu a con versa que tivemos no bate-papo, principalmente a parte em que havia dito que queria ter uma filha comigo. Verônica não podia ter filhos e aquilo foi uma ameaça gigante. Até então, ela sabia que Carlos jamais pediria a separação, mas diante de uma mu lher como eu, que podia dar a ele um filho, algo que ela nunca poderia, enxergou o “casamento” abalado e passou a ter crises. Sim, o relacionamento era aberto, mas tudo ficava bem desde que nenhuma mulher tirasse a situação do controle dela. As crises de Verônica eram por ciúmes, vitimização e ma nipulação. Resumiam-se em ameaças de suicídio por ingestão de doses exageradas de remédios. Toda vez que Carlos mencio nava a separação, ela apresentava argumentos de suicídio. Toda vez que descobria algo sobre mim, tinha esse comportamento. No passado, Carlos presenciara o suicídio de uma amiga e tinha medo que a história se repetisse. Verônica jogava baixo porque sabia que essa arma funcionava. Ele não queria carregar o peso da culpa, caso a ameaça virasse realidade após a separação. Assim, ela o prendia. Tudo indicava que a culpa e o medo o mantinham na relação. “Esse contexto era o mais observável, fora todos os fato res que não tínhamos acesso. O “coração”, o verdadeiro “self” de um indivíduo, é um universo imenso e o que conseguimos perceber é parte dele. O que nos é dito. O que alguns comportamentos nos mostram. A outra parte fica guardada, só é observada por quem vivência, sente e, além de tudo, conhece sobre si mesmo.” Carlos esperava que eu acreditasse que não havia intimidade entre eles. Eu até acreditava! Mas toda vez que estava em Flo- Alianças Imperfeitas \ 11 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! rianópolis, não me ligava, nem se manifestava. Sentia-me péssima. Sentia-me a outra. Sempre exigia um posicionamento, mas recebia outra desculpa. Segundo ele, a separação, naquele momento, não seria possível. Pedia paciência. Eu me sentia mal com tudo aquilo, mas queria que a situação fosse resolvida, sendo o resultado positivo ou negativo (Carlos se separando de Verônica ou de mim). Os dias se passaram - os meses também - e nenhuma mu dança significativa, como o rompimento entre os dois. Pelo con trário, ele me contava o que acontecia em casa. Coisas como: “assinamos um contrato novo para tocar no lugar X”; “ela teve uma crise e se entupiu de remédios. Tentou se matar e eu tive que levá-la ao hospital”. Essas conversas me faziam acreditar que o desfecho da história demoraria a acontecer... Ele falava com pesar, sem forças para mudar... eu não queria ser uma enfermeira emocional. Queria atitude. Mas, ao mesmo tempo, estava presa àquele homem sem atitudes. Nada parecia suficiente para fazê-lo se separar de Verônica, nem mesmo a ideia de termos uma filha, que era a coisa que Carlos mais queria na vida. -----------------------------------------------------------------------------------> v “O u DIZIA QUE QUERIA... ESSA É UMA QUESTÃO DO COMPORTAMENTO HUMANO. U m a c o is a é o q u e se d iz , o u t r a é o ^ QUE SE FAZ.” M a IRA B a PTISTUSSI__________ j Na verdade, ele não se separava porque... bem... E difícilen tender e explicar os porquês dele; mais ainda, entender os meus. Mantinha-me ligada a ele, mesmo nesse contexto... Ele, de alguma forma, ligado a Verônica. Carlos sabia que não estava agindo de forma correta, mas não fazia nada para mudar porque não conseguia. Talvez fosse 28 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! um trauma gerado na adolescência, por conta da separação dos pais. Não gostava do pai por causa da forma grotesca que aban donou a mãe. Ficaram um bom tempo sem se falarem e hoje o contato entre eles é esporádico e breve. Eu tentei reaproximá-los, mas foi em vão. “Essa limitação emocional fazia com que qualquer his tória que Carlos vivesse com alguém fosse difícil. Com isso, podemos observar um aspecto: ele dizia querer a separação, mas tinha medo. O medo, relacionado aos possíveis comportamentos de Verônica, caso se sepa rassem, era alimentado por ela. No entanto, provavel mente foi construído em sua história de vida. Isso tudo revela a complexidade do comportamento humano. A mistura das variáveis que influenciam nossas escolhas: história familiar, contexto profissional, pensamentos, sentimentos e comportamentos do próprio indivíduo e das pessoas relacionadas. Por isso é difícil julgar, o que não significa dizer que é simples conviver com tudo isso, ainda mais à espera de um homem com quem conviveu e que não conseguia tomar uma decisão. A história de Carlos e Verônica era muito pesada. De alguma forma parecia se relacionar com história de seu pai e remetia a uma mistura de pavor da morte dela, com a culpa de abandoná-la e muito medo do futuro” j “O FUTURO DEPENDERÁ DAQUILO QUE FA- j l ZEMOS NO PRESENTE.” M a HATMA G h ANDI J “Podemos entender o comportamento do outro, sua história, seus porquês, mas daí a querer ter essa pessoa ao seu lado é outra questão. Entender é parte do proces so de decidir.” Alianças Imperfeitas | 29 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Mas ele não queria uma filha? Como podia querer cons truir uma família comigo preso a um relacionamento com outra pessoa? Eu só queria namorar, noivar, casar e ter filhos. Ele queria uma filha. Não estou no mundo para realizar os caprichos de um ho mem adulto. Quando falávamos em casamento era como se eu ti vesse levando-o para uma guerra, em que não haveria sobreviventes. Ele realmente achava que eu engravidaria sem a base de um relacionamento concreto? Conseguia enxergar que Carlos estava sendo manipulador, por isso, muitas vezes reagia, confrontava a passividade dele. O problema é que eu estava muito envolvida. Tomada pela emoção, não conseguia recuar na relação. Muito além do casamento, eu queria atenção e afeto. Não do jeito dele, aonde esses cuidados (praticados por quem ama), eram oferecidos de forma inconstante - dependiam das necessi dades e dos desejos dele. Como ele respondia a isso? Dizia que não podia dar o que eu desejava, mas queria estar comigo. Ou seja, sempre atribuía a mim, a responsabilidade de não estarmos perto. Louco isso, não? Eu perguntava se iríamos ficar juntos à noite, como todos os casais “normais” fazem. Ele achava que era cobrança e não aparecia. Quando tocava no assunto, Carlos se esquivava. Aliás, fugia de qualquer situação que ameaçasse sua zona de conforto. Era muito acomodado e a nossa situação esta va, de certa forma, confortável para ele. Para mim, foi incômoda desde o início. Eu queria me casar. Na verdade, antes disso eu só queria um namoro normal. Falava em casamento porque ele queria filhos, o que para mim, sem casamento seria impossível. Era algo que confrontava meus princípios. Antes de Verônica, Carlos já havia se casado por dez anos. Foi um fracasso, segundo ele. Depois da frustração de duas uniões, 30 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! não queria saber de se casar novamente. Mas eu nunca havia me casado e precisava dessa experiência. Queria um companheiro, ele queria uma companhia para quando e como quisesse. “Você deve estar se perguntando: por que Letícia conti nuava com ele? O discurso de Carlos era contraditório, as ações incoerentes (tratava Letícia como a mulher de sua vida, mãe de sua filha de olhos azuis. Depois, ela era a namorada eventual. Ora dizia frases inebriantes de sedução, ora desaparecia repentinamente, maltratando- -a). Apesar da inconsistência, Carlos parecia gerar nela muito desejo em tê-lo como parceiro. Experimentava momentos bons e sonhava junto dele. Estes eram alguns fatores que prendiam Letícia a Carlos, mesmo com as inseguranças produzidas por ele: a incoerência entre o dizer e o fazer. ” O MANIPULADOR E SEDUTOR Carlos dizia que nunca havia sentido por alguém o que sentia por mim; Dizia que pensava em mim o tempo todo; Dizia ter raiva do tanto que pensava em mim; Dizia que eu era a pessoa mais importante da vida dele; Dizia que eu havia jogado um feitiço nele, porque não conseguia ficar livre de mim. Quando estávamos juntos, ele era tão carinhoso, tão perfei to! Sentia-me tão preenchida. Queria viver aquele amor. Aquela paixão. Nunca havia sentido nada parecido em toda a minha vida, nem sabia que isso existia. Desde o início, sempre me incomodei por Carlos ser casado. Eu não queria ser responsável por destruir um lar. Alianças Imperfeitas | 31 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Não queria relacionar-me com um homem comprometido. Não queria ser apontada como a outra. Não queria me submeter a essa situação. Carlos me fez acreditar que tudo se resolveria rápi do. Nosso amor seria lindo e maravilhoso. Apaixonada, acredita ria em qualquer coisa que me dissesse. No entanto, não precisei de muito tempo para perceber que Carlos era a pessoa mais ausente que conheci até hoje. Como ele podia dizer que me amava? Como podia falar tantas coisas lindas e não ficar por perto? Como podia dizer “quero estar do seu lado”, e não estar? Como podia dizer “te amo”, e ir a Florianópolis no mesmo momento? Como podia dizer “quero te ver feliz”, e provocar somente inse gurança em mim? Como podia dizer que era pegajoso e carente, e querer ficar sozinho? Como podia dizer que não sabia o que queria da vida? Eram muitas perguntas sem respostas. Muitos dizeres incoerentes com os fazeres... DE CARNE, MAS TEMOS^SOMOS FEITOS DE VIVER COMO SE FÔSSEMOS DE FERRO.” ^ F r e u d J Carlos havia dito coisas lindas enquanto esteve fora do país. Palavras que demonstraram verdade, amor e carinho. Mas, suas atitudes contraditórias produziam diversos sentimen tos em mim: insegurança, medo, ansiedade e dúvida. Muitas dúvidas sobre o que ele realmente queria. “Esse jeito de viver é enlouquecedor. A incoerência en tre o que uma pessoa diz e o que ela faz deixa o outro 32 | Bruna Almeida eMaira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sem rumo. Sem o entendimento sobre a realidade, em constante expectativa, ansiedade e angústia.” “VOCÊ É LIVRE PARA FAZER SUAS ESCOLHAS, MAS É PRISIONEIRO DAS CONSEQUÊNCIAS.” Pa b l o N e r u d a Por que ele falava uma coisa e fazia outra? Quando questio nado, não assumia a responsabilidade da incoerência, atribuía a mim, à minha expectativa, à minha ansiedade. Nesse caso, de pendendo do grau de autoconhecimento, pode-se adoecer com mais ou menos facilidade. “Se me conheço pouco, passo a acreditar no que o outro diz... Com autoconhecimento, o indivíduo consegue entender seu funcionamento diante das cir cunstâncias, possíveis comportamentos e sentimentos dentro de cada contexto. E provavelmente melhor nos diferenciamos do outro...” “ E l e d is s e p a r a E la i r se t r a t a r , e f o i ISSO QUE ELA FEZ: TRATOU DO CABELO, TRATOU A PELE, TRATOU DO CORPO, TRA TOU DE CONHECERGENTE NOVA, TRATOU DE VIAJAR, TRATOU DE RIR, TRATOU DE SE DIVERTIR... E FOI SE TRATANDO QUE PER CEBEU QUE NÃO PRECISAVA DELE PARA SER AMADA... E SEM ELE, TRATOU DE SER FE LIZ.” T a t i B e r n a r d i MEDO DE VÍNCULOS E ESQUIVAS DE PROBLEMAS Carlos queria muito ser pai. Mas será que teria condições de ser pai se tinha medo de se vincular? Ele tinha comportamen tos egoístas no relacionamento. Não demonstrava amor com ati Alianças Imperfeitas | 33 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! tudes. Achava que para amar bastava falar que amava. Seu conceito de amor era bem diferente do meu conceito de amor. Carlos parecia querer mais conquistar do que amar; mais seduzir que partilhar; mais controlar do que “parceirar”. linha medo de se prender novamente e se frustrar em um novo relacionamento. Além do quê, conseguiu viver em um casamento de 10 anos com Verônica, construído à base de liberdade em que cada um fazia o quisesse. “O casamento com Letícia seria tradicional. Para Car los, um relacionamento como esse seria como compará- lo a um pássaro que fora libertado de uma gaiola, mas precisava voltar para dentro dela. Isso significava rom per com o padrão do medo de se vincular e de esquivar de problemas... E para isso ele precisava se entender, se conhecer e também decidir...” Eu insistia muito na mudança de comportamento dele. Ele dizia que eu era teimosa. “Não era teimosia, era autovalorização. Estavam jun tos há muito tempo (quase dois anos). Era hora dele assumir as responsabilidades em sua vida.” Carlos tinha desculpas para não se apegar, nem se separar: Falava que era por causa do trabalho, pois passava por uma situação financeira ruim. Noutras vezes, dizia querer ir para outra empresa, em outro país, e não sabia como ficaria a situação. De pois, era porque Verônica precisava dele. Ou seja, tinha muitos medos: de enfrentar, de se entregar, de ficar sem dinheiro... Blá- -blá-blá. Evadia-se dos problemas, por isso, só se doava em alguns momentos, quando era favorável para ele. Parecia não ter capaci dade de se conectar a ninguém. Nas ações, Carlos não se entregava de verdade, mas nas palavras sim. Daí, mais uma vez, a angústia produzida pela incoerência dele tomava conta de mim. 34 | Bruna Almeida e Mairn Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Quando eu pedia para que chegasse mais cedo em casa, porque eu sentia saudades, ele achava que eu estava sendo auto ritária e não aparecia. O medo de compromisso o fazia pensar que qualquer coisa que eu fizesse, por menor que fosse, era sinal de que queria aprisioná-lo, assim, ele fugia. “A cobrança era excessiva porque a falta também era excessiva. E assim um comportamento reforça o outro: um cobra muito porque o outro se ausenta, o outro se ausenta porque o outro cobra...” Funcionava dessa forma: quando cu pedia um pouco mais de presença ou cobrava atenção. Ele se esquivava mais. A situa ção chegava ao meu limite. Eu terminava o relacionamento, mas o amava. Ele insistia para que reatássemos e eu cedia. Foram várias idas e vindas. “Isso é péssimo! Acaba com qualquer respeito em uma relação. O outro pensa que pode fazer sempre a mesma coisa porque sabe que terá o parceiro de volta. E você, quando termina, fica na expectativa da volta, mesmo in conscientemente. Assim, o término não resolve a situação, pelo contrário, pode reforçar no outro a ideia de que será daquela forma novamente.” “Náo dá pra julg a r idas e vindas de u m RELACIONAMENTO, PORQUE A DECISÃO É COM PLEXA, ENVOLVE VÁRIOS FATORES INTERNOS E EXTERNOS. A EMOÇÃO NÁO CONSEGUE DECIDIR p o r si... Q uem t e m que d ecid ir é você . ” M a ir a B a p t is t u s s i Eu conversava, falava e ele não abria a boca. O relacio namento foi perdendo o respeito. Era para estarmos vivendo o Alianças Imperfeitas | 35 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ápice do amor e não o das brigas. Eu ficava na expectativa do próximo acontecimento ruim. Isso era péssimo! Toda vez que voltávamos, ele vinha mais aberto, cheio de promessas. Fazia isso, provavelmente para me reconquistar, mas não durava uma semana e tudo voltava a ser como antes. “C o n f ie . . . e m q u e m v ê t r ê s c o is a s e m VOCÊ: A TRISTEZA POR TRÁS DE SEU SOR RISO, O AMOR POR TRÁS DE SUA RAIVA E A RAZÁO POR TRÁS DE SEU SILÊNCIO.” C a IO yF . A b r e u “Ele precisava sentir-se sempre no controle e não enxer gava que viver um amor de verdade é não ter controle desta forma. E para manter o controle tinha esse padrão intermitente: ora ficava longe e produzia a falta dele, ora se reaproximava com falas fortes, de amor e sedução.” O medo de vincular-se ia além de um relacionamento do dia a dia. Como alguém que ama, quer ficar somente sozinho? Fazer as coisas sozinho... Viajar sozinho... E ele falava isso com a maior naturalidade! Carlos fazia as coisas sem dar satisfação, mas um relacionamento não é feito de uma só pessoa. Estava acostuma do à liberdade, a morar sozinho (viveu fora do país por muitos anos antes de entrar na empresa que nos conhecemos). Era acos tumado a não dar satisfação do que fazia. Não estou dizendo que o outro tenha que ligar para falar tudo o que está fazendo (dizer que está saindo de casa, indo ao banheiro, almoçando, jantan do...). Nada disso! Sufocar é algo terrível. Mas não custa dizer: “vou viajar porque preciso pensar na minha vida”. Não querer dizer para onde vai é um tanto estranho, não acha? E desse tipo 36 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! de satisfação a que me refiro. Se você está em um relacionamen to, não é mais só você. E uma parceria! “Agora estamos falando do eu, do você e do “nós”. O relacionamento não é uma via de mão única. E respeito, é consideração, é parceria. E saber ser flexível e estar atento às necessidades do outro, além de suas próprias necessidades.” E os telefonemas? Ligava quando ele estava cm Florianópo lis, mas Carlos não me atendia... Eu tinha que esperar... Tinha um “namorado” e não podia ligar a hora que eu queria! “Parece que para Carlos, estes comportamentos sig nificavam que não tinha clareza de como era viver um relacionamento de fato. Talvez sonhasse com isso, mas não conseguia agir para concretizar esse sonho.” A sua história não favorecia. A arrogância o traía e meus sentimentos eram ora alimentados, ora machucados. Eu queria um relacionamento normal, saudável, em que pudesse ter um companheiro. Alguém que estivesse ao meu lado quando preci sasse. Tenho noção de que nenhum relacionamento é um “mar de rosas”, perfeito. “Apesar de imperfeitos, os relacionamentos podem ser saudáveis, sem causar tanto sofrimento ao outro. Aliás, precisa agregar mais paz do que dor.” O EGOÍSMO E A VITIMIZAÇÁO Carlos sempre se colocava em primeiro lugar. Via-me quando sentia vontade. Ficava comigo quando era conveniente Alianças Imperfeitas | 37 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! para ele. Se tinha algum problema, a vontade dele predominava. Toda vez que precisava de mim, eu estava ao lado para ajudá-lo, mas sabia que não podia contar com ele para nada. Falava que estava com saudades, sentindo-me sozinha. Ouvia dele coisas do tipo: “hoje não estou bem, quero ficar sozinho”. Eu nunca sabia se podia esperar por ele. Sempre se queixava de algum problema e se ausentava da minha vida. Isso gerava ansiedade e desamparo tamanhos. Um buraco aumentava dentro em mim. Ao mesmo tempo em que doía, estranhamente, mantinha-me mais presa a ele, na expectativa de viver o amor sonhado e prometido. “E muito angustiante, pois náo se sabe quando virá o que mais se espera. Sintoma de ansiedade clássico. Re mete à expectativa de algo que está por acontecer,nesse caso, sem data, previsáo, indícios, o que conduz à an gústia, ao medo de não dar certo e a forte sensação de incontrolabilidade.” Destaquei algumas situações, dentre várias que ocorreram durante o relacionamento com Carlos, que me fizeram refletir sobre o egoísmo dele. Imagine três situações básicas, mas que para mim, foram marcantes e doídas demais: • Minha avó materna tinha 82 anos e estava doente. Sendo tão idosa, imaginávamos que ela não suportaria muito. Não su portou. Faleceu e eu precisava do Carlos ao meu lado. Onde ele estava? Em Florianópolis com Verônica e, como sempre, não atendia nem retornava às minhas ligações. Fui ao enter ro da minha avó sem ouvir uma palavra de apoio dele. • Comprei um carro. Era um desafio muito grande para mim, pois morria de medo de dirigir. Na mesma semana 38 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! da compra, acidentei-me. Bati com o automóvel. Onde ele estava? Em Florianópolis com Verônica. • Sofri um acidente de carro. Um capotamento. Minha mãe quem dirigia. Fui para o hospital na maca da ambulância e com colete cervical. Onde estava Carlos? Estava mal, em silêncio. Não podia ser incomodado! “Ele tinha a disponibilidade financeira em alguns mo mentos, mas não tinha a disponibilidade emocional. Não era parceiro. Ser parceiro é estar ao lado quando o outro precisa, mesmo que seja necessário abrir mão de alguma coisa.” Quero deixar claro que o apoio não precisa ser o tempo todo, em qualquer circunstância, mas nos momentos principais da vida. “A ÁGUA INTEIRA DO MAR NÁO PODE AFUNDAR UM NAVIO, A MENOS QUE IN VADA SEU INTERIOR. Da MESMA FORMA A NEGATIVIDADE DO MUNDO NÃO PODE TE DERRUBAR, A MENOS QUE VOCÊ PERMITA QUE ELA PERMANEÇA DENTRO DE VOCÊ.” Carlos amava ficar no mundinho dele. Gostava da solidão por escolha. Adorava tocar os instrumentos musicais que tinha, pilotar avião, dirigir... E isso me matava por dentro! “Era assim que fugia dos problemas e da própria neces sidade de tomar uma decisão. Dessa forma, fugia tam bém da ansiedade dele.” j Alianças Imperfeitas | 39 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! NOSSAS DIFERENÇAS Cada vez mais enxergava o quanto aquela pessoa estava distante da minha realidade: Ele era fraco, eu de fibra; ele não enfrentava os problemas, eu enfrentava qualquer coisa. Éramos incompatíveis. “Além da incompatibilidade de vontades e característi cas de personalidade, Carlos era uma pessoa de ‘baixa energia’... Instável. Distorcia a realidade. Atribuía culpa ao outro e muitas vezes produzia angústia, inquietude, falta de paz, o que é quase psicotizante.”3 Se fôssemos simplesmente diferentes em vários aspectos, como a maioria dos casais, estaria tudo certo. Mas éramos di ferentes em pontos essenciais de como lidar com a vida: Eu, intensa, entregue, pronta para amar. Ele, distante, fechado e pouco disposto para o amor. O mais engraçado é que diante da complexidade, Carlos se achava — como dizem popularmente - “a última bolacha do pacote”. Dizia ser humilde, mas era pura maquiagem. Adorava ser elogiado, estar cm evidência e achava que só a opinião dele estava certa. Amava filosofia. Via tudo de forma filosófica e usava isso para evitar as responsabilidades. Dava a volta em “todo o universo” para explicar que a culpa era de um plano maior, que todos éramos vítimas das armadilhas da vida. “Na verdade, Carlos era vaidoso e exibia falsa humilda de. Disfarçava a arrogância através da intelectualidade. Tudo para esquivar-se da vida com pose e discurso de enfrentamento. ” 3 Sensação de psicose = perda da noção de realidade. (J.D.Nasio, 2001) 40 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Essas contradições dificultavam tudo. Aparentava ser quem não era; dizia sentir o que nem sei se sentia; fazia promessas e não cumpria. Eu não havia percebido o quão complexo ele era, até discutir esses aspectos com a minha terapeuta durante o tratamento. r« Ví Por que alguém se envolve tanto em uma relação a ponto de ficar cego? Eu não conseguia enxergar todas as incompatibili dades com a clareza necessária. “Neste contexto entra o olhar da psicóloga, fazendo a ponte para que a pessoa envolvida emocionalmente se entenda melhor. A partir da identificação das emoções e projetos de vida. A psicóloga auxilia na compreensão de si próprio e da relação que se estabelece com o outro, de modo que a pessoa envolvida enxerga as contingências com mais clareza e tem maiores condições para escolher com critérios mais bem definidos.” Na h o r a d a v e r d a d e n in g u é m e n can a A VIDA. É POSSÍVEL ENGANAR O ’ ROFESSOR, OS PAIS...M AS ENGANAR A UDA É IMPOSSÍVEL. Na HORA DA VER DADE A VIDA SE ENCARREGA DE POR TO- )AS AS PESSOAS NO SEU DEVIDO LUGAR.“ Ro b e r t o S h in y a s h ik i Alianças Imperfeitas | 41 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! RESUMO: QUEM ERA CARLOS - Alguns padrões e tendências de Comportamento MANIPULADOR E SEDUTOR 1. Comportamentos incoerentes que geravam dúvida, insegu rança e desconfiança; 2. Tinha o comportamento completamente oposto ao da maioria dos homens com que Letícia havia se relacionado; 3. Camuflava os sentimentos para que os outros não perce bessem a tristeza causada por várias frustrações; 4. Sempre que terminavam, ao reatarem agia da mesma for ma: mais comprometido. Porém o comportamento não passava de uma semana; 5. Racional, seduzia com as palavras. Tinha argumentos bem construídos e falas envolventes. Quem tem compromisso com a verdade não age do jeito que ele agia - muitas vezes inconsequente; “E isso confunde o outro.” 6. Galanteador. Não observava os efeitos que produzia no outro; 7. Gostava mais de conquistar do que de amar; mais de seduzir do que de partilhar; mais de controlar do que “parceirar”; 8. Quando estava fora do Brasil, enchia os ouvidos de Letícia com frases bonitas, mas quando teve a oportunidade de traduzir em gestos, não o fez; 9. Muitas vezes falou que queria namorar Letícia, estar junto, mas não podia... 42 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Quero, mas não posso. É quase a mesma coisa que di zer: “não quero”. Típico de pessoas que usam isso como desculpa.” “Você sa b e q u e a l g u é m t e a m a não PELO O QUE ELA FALA, MAS PELO O QUE ELA FAZ. O AMOR NÃO SOBREVIVE DE TEO RIAS.” Pe. Fábio de M elo MEDO DE VTNCULAÇÂO E ESQUIVAS DE PROBLEMAS 1. Não demonstrava cuidado, carinho, interesse em ficar per to e fazer planos; 2. Fugia de qualquer solução de problema para se eximir das responsabilidades. Não queria ser responsável pela separa ção, pela morte (medo de Verônica cometer suicídio, não queria sentir-se culpado), por nada... 3. Relatos de culpa e medo - Atribuição de culpa ao outro e sempre com justificativas para o medo de enfrentamento; 4. Padrão de esquivar-se de problemas. Evitava falar, reclamar, ou impor opiniões para não brigar; 3. Suas vontades e seus interesses eram mais importantes. Tudo tinha que ser como e quando ele desejava e qualquer coisa que interferisse no relacionamento ou no humor - como dinheiro, culpa, depressão - recuava; 6. Homem mais velho que não sabia o que queria da vida. Inseguro, precisava de suporte emocional (muleta). Não queria sair da zona de conforto, mesmo que a situação em que vivia não lhe fizesse bem; 7. Culpava a vida e o universo pelos infortúnios, desta forma, eximia-se de responsabilidades; Alianças Imperfeitas \ 43 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Se ele é humano sem condições, Letícia é humana com limites 8. As idas e vindas durante o relacionamentoresultou na per da do respeito; 9. Medo de criar vínculos, de ter a individualidade invadida, dificuldade de entregar-se ao outro, fez com que se doasse apenas em alguns momentos, quando era favorável para ele. Não estava inteiro e Letícia não o queria pela metade; “Tudo indica que não era inteiro para Verônica tam bém, o que aumentava a possibilidade da dificuldade de vinculação ser algo significativo em sua história 10. Afastava-se quando era pressionado. Ao pedir que ficasse com ela, esquivava-se mais; 11. Falava que queria ser o pai da filha de Letícia para envolvê-la. Não queria ter a responsabilidade de um compromisso sério, ou seja, não queria se casar (só queria ter filhos). Confundia o conceito de relacionamento (para ele, signifi cava aprisionamento); ‘A PAIXÃO FAZ PARTE DOS DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO, ASSIM COMO OS ME DOS, AS FANTASIAS E AS FORMAS DE SE RELA CIONAR c o m o m u n d o ”. M a ir a Ba p t ist u ssi V_____________ ________________ J 12. Tinha medo da vida. Medo de: posicionamento, de correr riscos, de perder o controle das situações, do modo que agia e, assim, estava sempre na defensiva, se protegendo, se escondendo, talvez até de si próprio... “Para Carlos, criar vínculos significava ser controlado pelo outro. Controle era algo que o amedrontava 44 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! EGOÍSMO E VITIMIZAÇÂO 1. Preocupação excessiva em: ter perdas financeiras na relação com Verônica no que se tratava em partilha de bens - caso se separasse; ou perdas financeiras na empresa, se algum imprevisto acontecesse; 2. Inúmeras desculpas para não ficar com Letícia, o que deno tava egoísmo em alguns momentos. A que mais usava era “não estou bem c preciso ficar sozinho”; 3. Descomprometimento afetivo com o outro, e poucos com portamentos empáticos no sentido de se pôr no lugar da outra pessoa; 4. Individualista, precisava ficar sozinho em muitos momen tos. Pensava demasiadamente em si mesmo, por isso tinha medo da entrega; “ In d iv id u a l id a d e n ã o e x c l u i p a r c e r ia E p a r c e r ia n ã o s ig n if ic a c o n t r o l e .” M a ir a B a p t is t u s s i 3. Importava-se pouco com o outro. Não gostava de dar satis fação, viajava sozinho — relacionamento unilateral; 6. Bon vivan t, prezava pela liberdade. Aparentava não ter con dições de oferecer a nenhuma mulher o que ela precisava: compromisso, estabilidade; 7. Vitimização. Atribuía à Letícia a responsabilidade dos erros do relacionamento. Sentia-se pressionado por ela. A posi ção de vítima era muito forte. Agia com Letícia exatamente como Verônica agia com ele. Inclusive, em uma ocasião, ameaçou suicidar-se caso o namoro chegasse ao fim. Con tudo, recebeu a seguinte resposta: “Pode se matar. Comigo esse jogo não funciona e eu não terei o menor remorso”. Depois disso, nunca mais ameaçou se matar; Alianças Imperfeitas | 45 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “A vitimização é um comportamento egoísta, que muitas vezes funciona como manipulação. Letícia tinha o direito de não aceitar, mesmo entendendo a história dele.” 8. Egoísta, era ausente da vida dela, mas a mantinha na rela ção através de palavras românticas; 9. Depressivo, vivia no vai-e-vem emocional. Para ele as coisas nunca estavam boas. Inquieto, ora queria viver ao lado de Letícia, ora queria fugir. Preferia conviver com a doença a tratar-se e ter uma relação afetiva saudável; 10. Persecutório. Achava que tudo era pessoal, contra ele. Usa va da autopiedade para explicar as dificuldades emocionais, ou seja, os problemas afetivos mal resolvidos que levaram ao fracasso todos os seus relacionamentos; 11. Repetia o discurso: “Sou pegajoso e carente”, mas gostava de ser solitário; “Quero estar sempre por perto”, mas não estava; “Te amo”, mas não era presente; “Quero te ver fe liz”, mas apenas provocava insegurança; “N e m se m p r e q u e m e st á d o se u l a d o , ESTÁ COM VOCÊ.” M a IRA Ba PTISTUSSI 12. Para justificar a necessidade de permanecer no casamento, dizia que Verônica não tinha família; “Vo c ê é q u e m d e c id e o q u e vai se r ETERNO EM VOCÊ, NO SEU CORAÇÃO. D e u s n o s d á o d o m d e e t e r n iz a r em NÓS O QUE VALE A PENA, E ESQUECER DEFI- NITIVAMENTE AQUILO QUE NÃO VALE.” P e . Fá b io d e M elo 46 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Para Carlos, a companheira deveria respeitar tudo o que ele quisesse e não o que é importante em uma relação de cumplicidade. Para Letícia, o compa nheirismo vinha do cuidado, da vontade de ajudar o outro em qualquer dificuldade, estar presente, preocupar-se...” 13. Supervalorizava seus problemas e, por menor que fosse, fa zia parecer algo trágico. Contudo, quando teve oportuni dade para demonstrar seu lado parceiro não o fez. AS DIFERENÇAS 1. De forma geral, Carlos estava distante da realidade de Letícia. Ela queria um relacionamento normal. Alguém que pudesse dividir os momentos de felicidade e de tristeza; 2. Ele queria controlar todas as situações. Viver um amor de verdade não é ter o controle de tudo; 3. Letícia tinha fibra para enfrentar as diversidades. Carlos ti nha pouca energia. Ou seja, ela se propunha a fazer coisas pelo relacionamento. Era intensa, entregue, pronta para amar. Ele, distante, fechado e pouco aberto ao amor. “Carlos tinha pontos negativos que para Letícia eram insuportáveis. Em síntese, era alguém que es tava e não estava na relação, ora presente com as palavras, ora com o corpo, reforçando os maiores desejos de Letícia, driblando as expectativas. Ao mesmo tempo, criava e minava os sonhos dela. Um jogo difícil de jogar, fácil de entrar e conflituoso para se tomar decisões.” Alianças Imperfeitas | 47 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! EXERCÍCIO - O EU E O OUTRO Minha psicóloga dizia que podemos entender o comporta mento do outro, a história dele, os porquês, mas querer ter a pessoa ao nosso lado é outra questão. Entender essa diferença faz parte do processo para decidir continuar ou não em uma relação destrutiva. Para tentar entender a diferença, minha terapeuta sugeriu que eu fizesse alguns exercícios de auto-observação e observação do outro. Desta forma, eu avaliaria melhor os meus sentimentos c faria as minhas escolhas. 1. Liste os aspectos negativos da relação. Eu listei e deram várias páginas, então, perguntei-me: será que ele é compatível comigo? “Quando lembrar-se dele (a), reflita sobre as situações ruins que vivenciaram. Elas foram reais. Pense nas ati tudes que tomou, nas migalhas que se sujeitou a receber e descreva o mal que sentia”. 48 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Durante o tratamento, a psicóloga me ajudou a perceber que Carlos não se encaixava em minha vida. Entendi que não tínhamos muitas afinidades e que a relação não era saudável. Para enxergar a falta de compatibilidade, fiz um exercício que, para mim, foi revelador, espero que também seja para você. Alianças Imperfeitas | 49 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! (Consegue perceber que o que você quer é muito do que você é?) 50 | B m na Almeida e M aira Baptistiissi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 5. Agora, liste as características que, para você, seria insupor tável no outro. Se o que for importante para você, é o que ele (a) tem de mais insuportável, é hora de repensar o relacionamento. Alianças Imperfeitas | 51 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuandoimpressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 3 SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS GERADOS DURANTE O RELACIONAMENTO SENTIMENTOS GERADOS - OS EFEITOS NA PELE Foquei tanto naquela paixão. Dediquei-me para resolver questões que não eram minhas (a separação dele, a tristeza dele, a depressão dele...), que adoeci... “Esse é um aspecto que gera muitos prejuízos emo cionais, a confusão que algumas pessoas fazem entre amar e depender, entre cuidar do outro e deixar de cuidar de si.” Eu dava espaço, conselhos. Colocava-me à disposição para ajudá-lo, mas as questões deveriam ser resolvidas por ele e não por mim. Até tentava ajudar no que precisava, mas Carlos não estava disposto a se abrir. “Não ex iste fa lia d e t e m p o , ex iste fal ta DE INTERESSE. PORQUE QUANDO A GEN TE QUER MESMO, A MADRUGADA VIRA DIA, QUARTA-FEIRA VIRA SÁBADO E UM MOMENTO VIRA OPORTUNIDADE.” PEDRO BiAL Dava-me prazos, dizia que resolveria os problemas. A separação, por exemplo. Esperei demais pelas atitudes dele: eu estava pronta para recebê-lo, mas ele não fazia muito para que o Alianças Imperfeitas | 55 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! relacionamento desse certo... Era carinhosa, preparava surpresas, como jantares, mas ele não se importava. “Que a g en te sa ib a a d ife re n ça e n t r e es pera r e pe r d e r t e m p o .” C e c ília M e ireles “Parecia que havia descaso da parte de Carlos, na verda de, nunca saberemos ao certo o que se passa no coração e na cabeça de alguém. Mas, as atitudes são um indicativo importante. Funcionam como sinais. No caso dele, mui tas atitudes indicavam descaso com o relacionamento.” Sinto muita mágoa quando penso que ele não teve as mes mas demonstrações de carinho comigo. Claro, em uma relação o comportamento dos parceiros não é idêntico, mas tem que haver troca, parceria e mínima compatibilidade. Esse era o pro blema. Dei muito poder a ele e perdi o controle sobre os meus sentimentos. Fiz mais por ele do que eu deveria. Deixei as rédeas da minha vida nas mãos dele. Onde eu estava com a cabeça? Era um mix de sentimentos ruins. Penso que a dor emo cional é mais dolorosa do que a dor física, pois não cicatrizam da mesma forma. : \So O TEMPO E NOVAS AÇOES PARA FECHAR AS FERIDAS EMOCIONAIS. S e NÃO MUDAR MOS O COMPORTAMENTO, O TEMPO DE CICATRIZAÇÃO SERÁ MAIS LONGO.” M a IRA ^ B a p t is t u s s i_______________________________j Depois que Carlos percebeu que eu havia sido conquista da, não investiu mais. Usava da força de suas belas palavras para manter em mim, acesa, a esperança de tê-lo ao meu lado. Fiquei tão apaixonada e inebriada que queria estar com ele todos os 56 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! segundos da minha vida e, diante da paixão confessada, esperava dele o mesmo desejo de estar ao meu lado. Eu estava linda, sol teira, com disposição para enfrentar qualquer coisa, mas ele não me deixava entrar em seu espaço emocional. Enquanto eu ansiava pela próxima folga para ficarmos jun tos, ele preferia ir para Florianópolis. Fazia planos sozinho, ele não compartilhava das mesmas vontades. Esperava ao menos uma demonstração de que eu era importante para Carlos, afinal, repetia que estava apaixonado. Tc-lo pela metade machucava e gerava demasiada ansiedade em mim. A espera por momentos juntos era angustiante e humilhante. Além da ansiedade, a expectativa e a frustração começaram a me adoecer. Eu queria que aquela situação se resolvesse logo, da noite para o dia. Mas, não conseguia resolver. O problema não se defini ria por si e ele não se esforçava para que houvesse um desfecho. “A C a p a c id a d e d e s e c o l o c a r n o l u g a r DO OUTRO É UMA DAS FUNÇÕES MAIS IM PORTANTE DA INTELIGÊNCIA. DEMONSTRA O GRAU DE MATURIDADE DA PESSOA.” A u g u s t o C u r y Desanimada, nada do que eu fazia produzia resultados. As coisas ao meu redor começaram a ficar sem graça. O trabalho já não me satisfazia, a cidade onde eu adorava trabalhar não era mais a mesma. Não tinha mais prazeres. Perdi a vontade de sair de casa, da cama; de falar ao telefone... Não sentia fome. Ema greci dez quilos em um mês. As pessoas falavam comigo e eu não prestava atenção. O tempo se arrastava. Os segundos viravam horas. A única coisa que eu queria era o Carlos. E, o mais sério: eu me perdi de mim mesma. Tinha a sensação de estar flutuando, sentia-me vazia, sem rumo e com muito medo. Alianças Imperfeitas | 57 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Nessa hora você tem vontade de se agarrar a qual quer pedra, parede, poste... qualquer coisa que pa reça segura.” Tive crises de ansiedade fortíssimas. Doía demais! Faltava-me o ar, comprimia o peito. Queria dormir e não acordar mais ou acordar com tudo resolvido. Pensava em morrer, pois a sensação de morte aliviava a minha dor. E assustadora a sensação de morte. E uma dor muito pro funda e dilacerante. “A sensação de morte corresponde à expectativa criada e não concretizada. Trata-se da morte de um sonho.” “A ansiedade, muitas vezes é fruto de uma situação em que o indivíduo sente a iminência de que não terá des fecho. Algo que foge ao controle, pois depende de outra pessoa. Sendo assim, para diminuir a ansiedade é pre ciso encontrar novas maneiras de agir e novos objetivos a atingir.” O mais complicado é que ele me acusava de ser controla dora, sem admitir a parcela de culpa que tinha por ter desenca deado muito daqueles sentimentos em mim. Eu queria deixar de ser ansiosa, mas me sentia desvalorizada. Tinha falta de ar, palpitações. A sensação de que o mundo acabaria era latente... Eu deixava de existir a cada minuto. Entrei em um estado vege- tativo destrutivo. Sentia-me abandonada. “O desamparo é equivalente à depressão porque, em um instante assim, nada que você possa fazer gera resul tado, ou seja, uma imensa sensação de que tudo foge ao controle. Como um trem desgovernado.” 58 | Bruna Almeida e Mairn Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Estava insegura no relacionamento. T inha medo de ser trocada, mas era frustrada por viver a expectativa de um amor verdadeiro que não se tornava realidade...Tinha crises de abstinência mesmo quando estávamos juntos, pois Carlos estava e não estava ao mesmo tempo. Ou seja, era uma constante insegurança. O comportamento dele começou a afetar o que antes não afetava. “A abstinência faz você sentir que a única coisa que im porta no mundo é o outro, por isso, todo o resto perde a graça, o sentido e o sabor. E realmente muito parecido com uma abstinência de drogas ou alimento. Seu corpo passa a precisar daquilo como se fosse oxigênio.” Sofri muito em pouco tempo e isso virou marca na pele. Abriu-se feridas. Ao invés das desculpas, ele podia ter agido diferente. “As pessoas que passam por um problema igual rela tam a sensação de morte, de ansiedade, abstinência... Para vencer a abstinência é necessário enfrentar a situação.” Queria saber quando tudo terminaria e como seria depois. Eram muitas perguntas sem respostas. Faziam-me perder a paz, a concen tração. Quando as crises de ansiedade se tornaram mais frequentes, a vontade de morrer, para não sentir aquela sensação, voltava. Tive os mais variados tipos de sentimentos e comporta mentos durante o relacionamento. Eu precisava sair daquela si tuação. Não queria mais ter Carlos cm minha vida. Desejava me separar dele e não o ver nunca mais. Pensei em sair da empresa várias vezes. Fugir da cidade, do Brasil, do mundo! Mas sabia que fugir não adiantaria. Precisava cuidarde mim, caso contrário, o fantasma me seguiria para onde eu fosse. Alianças Imperfeitas | 59 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! M inha terapeuta sempre dizia: “você pode m udar o am biente físico, sair da cidade, voar pelo m undo, mas, m uitas vezes precisamos m udar o am biente interno para a dor, de fato, ser curada. E preciso reavaliar seus pensamentos, en tender seus comportamentos e tomar novas decisões. A gin do e pensando diferente, você provavelmente vai se sentir diferente.” SENTIMENTOS GERADOS - RESUMO 1. Adoecimentos psicológicos: - Ansiedade extrema (falta de ar e palpitações); - Estados depressivos (sensação de desamparo e perda de controle); - Angústia e dor; - Expectativa; - Frustração; - Sensação de morte; - Pensamentos obsessivos; - Mágoa; - Impotência; - Medo; - Insegurança; - Rejeição; - Culpa; - Anedonia (sem prazer em nada); - Senso de desvalorização; - Abstinência do suposto afeto; - Pensamentos do tipo: “O mundo está acabando”; “A vida não tem sentido”; - Comportamentos do tipo: “As pessoas falavam comigo e eu não prestava atenção”; “Apresentava um estado vegetativo”; “Certeza de que serei trocada e abandonada”. 60 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! COMPORTAMENTOS GERADOS Meu Deus era muito sofrimento! Eu não dormia direito. Tinha insônia, pesadelos, acordava sem rumo, com o coração agitado. Sentia uma falta de ar horrível. Pensava em Carlos. Olhava a minha cama vazia. Não podia ligar para ele. E ligaria para quê? Não iria resolver o meu problema. A adrenalina estava a mil em meu corpo. Desgastei-me e perdi o encanto pelas coisas simples da vida. Não conseguia estudar, trabalhava arrastada, não olhava mais o céu e nem o brilho das estrelas, que era algo divertido para mim. Eu que sempre havia sido produtiva. Nunca tinha ficado sem ler, sem estudar, sem criar, via-me sem encanto por nada. “Quando a energia é muito usada. Quando passamos por algo difícil, doloroso, o nosso corpo sofre e responde a isso. No processo de entendimento do que aconteceu é preciso canalizar energia para o enfrentamento dos medos e para a reconstrução das novas ações.” O relacionamento me fazia muito mal. A complexidade emocional de Carlos me anulava. Era o contrário de uma relação saudável, que extrai o melhor da pessoa. Assim, estagnei na vida. Tive perdas financeiras por não ter investido nos estudos e sérios prejuízos emocionais. “Este tipo de pessoa te conduz a um caminho e quan do você se dá conta, perdeu-se. Náo é de propósito, mas é o que o ela sabe fazer. E você por uma fragi lidade emocional, um desejo imenso de amar e por um sonho construído tem dificuldades em romper e se libertar.” Alianças Imperfeitas | 61 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! COMPORTAMENTOS GERADOS - RESUMO 1. Muitos pesadelos - acordava com falta de ar; 2. Dificuldade para dormir; 3. Dificuldade para comer; 4. Sem rumo e objetivos; 5. Dificuldade para se concentrar; 6. Baixa disposição e energia; 7. Perda de encantamento pela vida; 8. Estagnação profissional; 9. Perda de confiança em Carlos, no relacionamento; 10. Foco em coisas ruins. “N in g u é m é d ig n o d o o á s is se n ão APRENDER A ATRAVESSAR S E U S DESER TOS.” A u g u st o C u r y V_____________ ________________) 62 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 4 COMO A ALIANÇA FOI SENDO CONSTRUÍDA? Sabia que o que estava acontecendo comigo não era natural. Havia algo de errado. Eu não estava bem. Não conseguia me me xer e perguntava, por que isso acontecia? Questionava-me sobre o porquê de prender-me a um sentimento que não fazia bem. Ape sar de estar lúcida sobre as dificuldades de Carlos, ainda assim era difícil o processo para conseguir me desvincular dele. Na terapia, surpreendi-me e talvez você também se surpreenda. “Curiosa incoerência: você tem consciência do que te faz sofrer, porém, tem medo do enfrentamento. Isso é amor? E medo de não encontrar outra pessoa para cui dar de você? E medo da solidão? Ou até mesmo pouco autoconhecimento que não sabe todos os seus poderes como indivíduo?” No processo terapêutico, fiz um trabalho de autodescoberta e libertação das culpas. Reconhecimento dos meus motivos, sonhos e limites. Nesse percurso listei os possíveis porquês que me prendiam àquele homem, ao suposto amor. A tão desejada aliança perfeita... 1. O primeiro “Eu te amo” para algtiém que precisava ser amada Quando tudo aconteceu eu estava solteira, morava sozinha, minha família não morava comigo em Brasília. Tinha poucos Alianças Imperfeitas | 65 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! amigos, estava um pouco carente e com vontade de ter um re lacionamento. Cansada de “bater cabeça” com namorados pro blemáticos. Tinha sofrido decepções, frustrações. Era o cenário perfeito para um homem envolvente que dizia me amar. “Quando se sente amada, você tem a sensação de que suas dores serão amenizadas e sua caminhada será mais segura.” Não queria ficar com alguém por ficar. Na aviação, um re lacionamento sério às vezes é mais difícil de manter-se do que em outras áreas (ainda mais se baseando em minhas experiências passadas), por isso não tinha pretensão de me envolver com al guém da empresa. Mas, deixei-me levar por Carlos. Prendi-me ao relacionamento, em grande parte, por conta da carência e da solidão. Tudo aconteceu de forma determinante. A história do “eu te amo” somado ao “quero uma filha com os seus olhos”, fez-me acreditar que ele era a pessoa com quem eu iria me casar, ter filhos. Constituir família. Carlos tinha atributos importantes do homem que eu queria ao meu lado. A partir do discurso dele construí a imagem do par perfeito, aquele que sonhava desde criança, o dos contos de fadas. Com 32 anos eu ainda sonhava com o príncipe encantado. Meu histórico infantil também contribuiu. Meus pais se separaram quando eu era adolescente. Achei que isso nunca tivesse interferido em minha formação, pois na época senti um alívio por eles terem se separado. Minha mãe estava superin- feliz e eu não queria vê-la daquela forma. Como eu era muito nova na época, cheguei a ter mágoa do meu pai, por ele não ter cuidado direito da minha mãe. A história deles contribuiu para a minha insegurança, pois minha mãe sofreu demais no relac ionamento. Fui testemunha de situações que eu não queria que 66 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! acontecessem comigo, como a falta de comprometimento e de postura do meu pai como chefe de família. Tive uma infância difícil, com muitas privações. Faltava dinheiro para tudo. Ele nunca se esforçou para melhorar de vida - talvez por ele ser jovem na época, e querer desbravar o mundo ao mesmo tem po que tinha que se preocupar com a família. Ela sempre foi a guerreira. Casou-se com 18 anos, trabalhou e foi responsável pela minha base escolar. Esforçou-se para custear meus estudos em uma escola particular. Pagou curso de Inglês para mim e para minha irmã. Eu sempre quis ser independente como ela. Aprendi também que um relacionamento infeliz pode gerar muita insegurança. (Vale ressaltar que hoje, graças a Deus, meu pai se tornou um homem bem diferente, empresário, mais maduro e consciente de suas responsabilidades — e nos damos muito bem.) “Achou que tinha encontrado o príncipe encantado porque ele proporcionou em você a sensação que sem pre sonhou. Parecia ser a pessoa que figurava em seu imaginário.Sem falar que num primeiro momento pa recia ser tudo o que ela havia idealizado: companheiro, participativo, cuidador... Essa possibilidade num con texto de privação tem muito valor.” Essa foi a mistura explosiva. Eu, carente, desejava um par ceiro. Ele, sedutor, não mediu as consequências que aquele “eu te amo” tomaria. “No deserto, água vale mais que ouro, e assim funcionava, no caso, eu estava no deserto, e Carlos era o meu ouro.” Percebi que é muito importante não se deixar levar pela carência, pois, em função disso as pessoas podem entrar em Alianças Imperfeitas | 67 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! relacionamentos ruins e incompatíveis, por conta dos vazios e desejos, que nos conduzem a uma percepção distorcida do que é importante para nós. “Não PROCURE ALGUÉM QUE TE COMPLE TE. C o m p l e t e a s i m e s m o e p r o c u r e ALGUÉM QUE TE TRANSBORDE.” CLARICE . INSPECTOR 2. Muito amor, paixão e idealização Nunca havia amado ninguém como o amei. Na verdade, era uma paixão muito forte! Resolvi dar uma chance, ou melhor, vá rias chances principalmcnte por dois motivos: Compatibilidade de algumas características e querer viver uma história de amor com a intensidade que ele prometia, com a força que ela parecia ter. Ele tinha importantes qualidades, somadas a um grande poder de sedução. Carlos era: Ótimo profissional; Um gentlem an. Abria a porta do carro, cantava para mim, escolhia músicas que tinham a ver com a nossa história. Saíamos sempre para jantar, não me deixava pagar a conta, o que era sedutor... Superagradável e muito inteligente. Tinha um repertório variado de assuntos, filosofava sobre tudo. Eu adorava sua filosofia no início, depois passou a me irritar, pois percebi que ele a usava para se esquivar. Minha psicóloga descrevia o comportamento dele evidenciando que as filosofias po diam confundir e não esclarecer; Carinhoso. Punha-me para dormir fazendo cafuné; 68 I Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Estudava inglês comigo porque o dele era perfeito; Tínhamos uma química muito forte. A gente “dava cho que”. Era uma coisa inexplicável; Bem articulado verbalmente: “Quero ficar velhinho com você”; “Quero resolver essa situação”; “Quero te namorar de verdade, sem problemas”; “Quero uma filha de olhos azuis”; “Estarei ao seu lado para sempre”; “Te amo, como nunca amei ninguém”; “Não paro de pensar em você um minuto sequer”. “U m g r a m a d e a ç ã o v a le m a is d o q u e UMA TONELADA DE TEORIA.” F r IEDRICH E n g e l e s Pena que palavras não são ações, apenas nos envolvem. Escrevendo este livro, percebi que, na verdade, tínhamos poucas afinidades para eu ter me prendido daquela maneira. Foi mais pela vontade de viver um amor perfeito do que pelas qua lidades e comportamentos dele. 3. Muita ilusão e a sensação de ter encontrado o grande amor “S e m s o n h o s , a v id a n ã o t e m b r il h o . S e m m e t a s , o s s o n h o s n ã o t e m a l ic e r c e s . S e m p r io r id a d e s , o s s o n h o s n ão SE TORNAM REAIS. SONHE, TRACE METAS, ESTABELEÇA PRIORIDADES E CORRA RISCOS PARA EXECUTAR SEUS SONHOS. M eLIIOR É ERRAR POR TENTAR, DO QUE ERRAR POR SE OMITIR NÃO TENHA MEDO DOS TROPEÇOS DA JORNADA.” AUGUSTO CuRY Alianças Imperfeitas | 69 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Ele contribuiu para que eu construísse uma imagem ideali zada. Preencheu, em minha cabeça, os requisitos da pessoa que eu idealizava. Projetei nele tudo o que eu queria em um homem. Era o meu sonho de amor ideal. “Desta forma acalmou toda uma expectativa e re alização de um sonho. A busca por alguém cessava ali, confortando o coração e preenchendo os vazios. Além de dim inuir possíveis custos de ir em busca de um novo alguém, minimizar riscos de outras dores. ” Depois que, de fato, o conheci, ficaram somente as expec tativas, pois as qualidades só apareciam quando ele estava junto de mim. Mas só estávamos juntos quando ele queria. “E enlouquecedor. A pessoa diz coisas que você quer ouvir, te acalenta em alguns momentos e fica distante em outros, provocando uma intermitência de sensações e aumentando a ansiedade e a expectativa.” Tive poucos períodos maravilhosos com ele. Momentos que dependiam dele. Eu não tinha controle algum. Era sempre quando ele queria, quando ele podia, quando ele determinava, quando ele... quando ele... O mais difícil é que eram instantes de ilusão, porque não representavam, de fato, o que ele dizia. Carlos criou para mim um mundo imaginário, em que nos casaríamos, formaríamos a nossa família. Mas, e depois? Eu morria de medo do depois. Teria um filho e ficaria sem um marido por perto. Eu não via o depois... “O comportamento inconstante é uma forma muito eficiente de controle do outro: ora muito presente, ora 70 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ausente, produzindo a sensação de insegurança, como se a qualquer momento outro alguém pudesse aparecer para ameaçar o ‘amor ideal’.” 4. Diferença de idade Carlos era mais velho do que eu 12 anos. Sempre gostei de homens mais velhos. Na minha cabeça eram mais maduros, estáveis profissionalmente. Haviam curtido tudo o que tinham que curtir. Assim, pensava que estariam em busca do mesmo que eu, um relacionamento concreto, seguro. “A história de que relacionamentos com homens mais velhos é melhor porque são experientes não funciona como regra. Não garante a saúde de um relacionamen to. A idade não determina como uma pessoa funciona. O repertório comportamental que ela apresenta é o que nos indica sobre quem esse indivíduo é, como pensa, age e quais objetivos têm na vida.” 5. Muita culpa Culpava-me constantemente por fazer menos do que po dia. Ele, sempre cheio de problemas. Eu acreditava que tinha que ser companheira, compreensiva e estar ao lado. Tinha medo de parecer radical, exigente demais e perder a oportunidade de ser feliz com ele. Sem falar que Carlos me culpava por algumas situações, dizia que eu precisava esperar. “Era um universo de emoções: culpa por exigir demais. Medo de perder o amor. Desejo de ter uma família. ” O pior, eu aceitava as culpas. Alianças Impeifeitas | 71 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ^ ‘A c e i t a m o s c e r t a s c o is a s q u a n d o ^ NÃO ENXERGAMOS CLARAMENTE A SITUA ÇÃO. N e st e m o m e n t o , e n t r a e m c e n a NOVAMENTE, O PAPEL DO AUTOCONHE- c i m e n t o . Q u a n t o m a i s v o c ê se c o n h e c e , MENOS VOCÊ ENXERGA ERRADO.” ^ M a ir a B a p t i s t u s s i_______________________j 6. Empada Sempre busco compreender os sentimentos das pessoas. Ponho-me no lugar do outro por receio de fazer menos ou ser injusta. Quando determinava limites em nosso relacionamento, pensava: “ai meu Deus! Será que não estou sendo radical? Estou fazendo a coisa certa?”, dessa forma, ele ganhou força, sabia que eu amolecia. “Ficava presa à ideia de ter o amor idealizado e perdia o foco da realidade. Por um bom tempo olhava a historia sob a ótica dele, de suas limitações emocionais, mas a ponto de perder a análise de todo o contexto real.” Entrava em conflito comigo mesma, porque vislumbrava um relacionamento em potencial, mas com uma pessoa comple xa que não me fazia bem. 7. Enxergava-me velha Que tolice! Eu me sentia velha com apenas 32 anos! T i nha medo de não encontrar alguém. Achava um desperdício nos amarmos tanto e não vivermos aquele sentimento com plenitude. Mas, não estava em minhas mãos, ele tinha que querer também. 72 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Parece que quando amamosalguém, acreditamos que fazer a relação dar certo depende somente de nós. Na verdade, depende do outro também. Por isso, o relacio namento amoroso pode gerar ansiedade e a sensação de pouco controle.” O fato de me considerar velha fez aumentar o sonho de constituir uma família. Perceba como nosso foco muda: antes eu pensava em casar, mas não estava com pressa. Depois que co nheci Carlos, esse desejo se tornou uma guerra dentro de mim. Queria vencê-la a todo custo. Depositei todas as minhas expec tativas nele... Graças a Deus, desisti! “As VEZES, NÃO CONSEGUIR O QUE VOCÊ QUER É UMA TREMENDA SORTE.” D a LAI L a m a “O sonho estava em Letícia. Era dela, não de Carlos. Invista em uma aliança consigo mesma. Dedique-se aos seus compromissos. Seja independente emocionalmen te. Faça planos, trace metas e objetivos que dependam apenas de você. Não viva a espera de um casamento, de uma pessoa que seja do jeito que quer. Não projete seus sonhos no outro. Isso pode te fragilizar.” “L e m b r e - se d a sa b e d o r ia d a á g u a : e la NUNCA DISCUTE COM UM OBSTÁCULO, SIMPLESMENTE O CONTORNA.” AUGUSTO CuRY 8. Insegurança por perder o projeto de vida Quando pensava na separação, ficava angustiada, com medo de não suportar vê-lo no trabalho ou na mesma cidade. Alianças Imperfeitas | 73 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Brasília era difícil sem ele. Aliás, a cidade era sinônimo de Car los: o mesmo trabalho, poucos amigos... Sem contar a minha família que não estava por perto. Quando terminava com ele e o via na cidade, ou nos voos, sentia-me supermal, questionava-me se estava fazendo a coisa certa. Ficava fora do prumo. Para mim, abrir mão dele era o mesmo que desistir do meu projeto de vida. Essa certeza era mais forte do que o medo de ficar sem ele. Era o mesmo que assistir ao meu sonho indo embora... Sentia-me péssima com ele, mas ficava desesperada sem ele. A ideia de que seria impossível encontrar outro alguém para constituir família me atormentava. Por isso, quando Carlos me pedia para voltar, eu não resistia e voltava. 9. Complexo de inferioridade Sentia-me incompleta. Havia em mim a necessidade de ter alguém. Iludi-me com a ideia de que um completava o outro. E uma doce ilusão! Ninguém completa ninguém. Sentir-me velha para um relacionamento também contribuiu para que eu me agarrasse à primeira oportunidade que surgiu. Eu não tinha razões para me sentir inferior. Era indepen dente, morava sozinha, tinha minhas coisas, recebia elogios pelo meu trabalho (tinha uma posição privilegiada). Formação em MBA. Fiz vários cursos e mesmo que eu não tivesse feito, não tinha o direito de me sentir inferior. Nutria o sentimento de inferioridade porque a minha autoestima estava baixa. Incons cientemente, achava que ele era melhor do que eu. “Quando a nossa autoestima está baixa, somos presas fáceis para a manipulação. E preciso compreender os porquês da autoestima frágil e trabalhar essa questão. Autoestima é muito mais que cuidar da imagem, mas 74 | Bruna Almeida e Mairn Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sim cuidar do todo: quem sou eu, no que tenho valor, quais minhas conquistas e habilidades, pelo que me en canto em mim mesma?” 10. Ingenuidade na percepção de alguns eventos Acreditava na mudança dele. Principalmente por conta da minha pureza (de certa forma), carência e pela capacidade de manipulação e sedução que Carlos tinha. “O recomeço está carregado de muitas frustrações, principalmente medo. E o medo muitas vezes náo nos faz perceber a realidade com clareza, é uma emoçáo que contamina muito o conhecimento” 11. A necessidade de conhecê-lo em outro estado civil Precisava saber como era Carlos solteiro. Diante de várias idas e vindas, num dado momento, cansei-me e resolvi dar um basta. Consegui ficar longe dele durante 4 meses. Após esse tempo, ele voltou e disse que ha via se separado. “Só tomou a atitude de se separar porque Letícia deu choques de realidade para provocar novas emoções nele e colocar limites na relação.” Nossa! Carlos apareceu para mim, e disse que estava soltei ro! Balancei. Eu havia recebido alta na terapia e tinha medo de voltar para ele. Pensava: como seria Carlos solteiro? Precisava da resposta, de ter certeza que ele seria diferente. Saber se o mundo estava certo ou se eu estava certa. Iria até as últimas consequências para não me culpar depois. Precisava Alianças Imperfeitas | 75 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! acreditar que tinha feito tudo o que poderia. Então, resolvi dar mais uma chance. Principalmente porque precisava tirar a dúvi da da minha cabeça: “Como seria? Ficaríamos juntos cm nossas folgas? Namoraríamos como todos namoram?”. Estava curiosa, mas não me surpreendi com o que vi, vivi e senti. Adivinhe?! Depois que se separou, falava repetidamente sobre o sacri fício que fez por mim (a vida cômoda que havia perdido); de tudo que abriu mão para ficar comigo (os planos dele); de toda perda financeira (casa confortável, por exemplo). Admitia sentir falta da mansão, dos cachorros, do estúdio; e ao mesmo tempo - contraditório - afirmava estar aliviado. “Mudar a vida náo é mudar os comportamentos e ações. Ele estava num novo contexto, mas com comportamen tos velhos! E num novo cenário tem que haver novos comportamentos. ” Disse, entre muitas coisas, que havia se separado, mas ain da tinha que formalizar o processo com o advogado. Ou seja, formalizar a partilha dos bens (bens = Dinheiro = ponto fraco de Carlos). Será que eu conseguiria esperar o desfecho, tendo passado por tudo o que passei? Como sempre, todo problema fazia Carlos se fechar em seu quadrado. Então, imagine como ele me tratou até a assinatura dos papéis. Era fim de ano... Por estar na chefia, consegui voar com ele. Pernoitaríamos em Salvador para passar o ano novo. Comprei espumante, taças, snacks... várias coisinhas, para passarmos a virada do ano em 76 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! grande estilo. Mas Carlos estava mal. Affl Quando casado car regava o fardo de ter um compromisso. Separado, estava amar gurado pelas perdas. Meu Deus! Ele nunca estava bem. Parecia acostumado a viver sofrendo. Pelo menos foi essa a ideia que sempre me passou. Minha virada de ano foi péssima! Carlos ignorou todos os meus preparativos e confinou-se no quarto, sozinho. Dá para acreditar? Estávamos em Salvador, em uma pousada maravilho sa. Juntos. Em grande estilo e ele, simplesmente, ficou no quar to! Passei a noite de Réveillon sozinha! No dia seguinte estava decidida a terminar, mas tive que me conter. Tínhamos vários dias de voo juntos. Na semana seguinte passaríamos por uma grande auditoria internacional e eu não que ria que os problemas emocionais atrapalhassem o meu trabalho. Após a auditoria, consegui uma semana de folga. Esperei um pouco mais para terminar, pois queria paz na viagem. Foi nessa viagem que sofri “aquele” acidente de carro que mencionei lá no começo. Deus escreve certo por linhas tortas. Depois do acidente, tive a certeza de que Carlos precisava sair da minha vida. Eu podia ter morrido e ele estava preocupado com o seu mundo particular. E interessante e ao mesmo tempo absurdo o fato de que nos deixamos levar pelos nossos parceiros. Eles conhecem os nossos pontos fracos e se utilizam deles. “Quando nos conhecemos bem. Sabemos quais são as nossas fraquezas e os nossos pontos fortes. Quando sa bemos o que queremos e o que não queremos, o outro perde a força que tem sobre nós.” Alianças Imperfeitas | 77 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Uma relação doente nos traz muitos sentimentos ruins. E doloroso escrever tudo isso, mas, ao mesmotempo em que escrevo, liberto-me de todo mal que senti. Fortaleço-me e reafirmo tudo o que vivi, senti e escolhi. “Você n u n c a sa b e a f o r ç a q u e t e m , até QUE SUA ÚNICA ALTERNATIVA É SER FOR TE.” J o h n n y d e p p 78 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 5 QUANDO E COMO ME VI EMOCIONALMENTE ADOECIDA Quando eu entrei na empresa (local em que aconteceu grande parte dessa história) fiz amizade com uma comissária da minha turma, chamada Andressa. Nos conhecemos em Brasília, durante o treinamento. Fui escalada para trabalhar em Manaus e ela para a base de Brasília. Nossa amizade ficou tão forte du rante o treinamento que, meses depois, quando já estávamos voando, pedi transferência de Manaus para Brasília só para mo rarmos juntas. Assim, nos faríamos companhia. Infelizmente, um ano depois, Andressa foi demitida e eu fiquei sozinha em Brasília. Nossa amizade, contudo, continuou. Ela se tomou uma irmã para mim. Éramos muito grudadas e confidentes. Foi por intermédio dela que conheci o curso sobre qualidade de vida. Era ministrado por psicólogos e, na minha turma, a psicóloga Cláudia percebeu como eu estava. No dia seguinte, ligou-me e disse que queria conversar pessoalmente comigo. Nos encontramos e ela me orientou a procurar um psiquiatra e um psicólogo, pois necessitava de ajuda. Tinha razão. Eu pre cisava muito de ajuda! “Não t e n h a m e d o d a v id a ! T e n h a MEDO DE NÃO VIVÊ-LA.” AUGUSTO CuRY Pensei que fosse apenas um baixo astral, mas não passa va... A gente acha que consegue sair de determinadas situações Alianças Imperfeitas | 81 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sozinha, mas, muitas vezes não é tão simples assim. Eu estava doente e não havia percebido. “ D e c id i n ã o f ic a r t r is t e . C e rt a s c o i sa s NÃO VALEM MINHA DOR.” CAZUZA V. J Procurei um psiquiatra. O diagnóstico era depressão cir cunstancial. O médico sugeriu um afastamento Queria que me afastasse do trabalho por vários meses. Eu não queria, mas era necessário. Solicitei ao médico apenas 15 dias. Tentaria tirar férias para não prejudicar a mim, financeiramente, e à empresa, com a falta de uma funcionária. Consegui quinze dias de dispensa médi ca, mais as minhas férias. Não queria entrar pelo INSS4 Resolvi terminar com o Carlos mais uma vez para me tratar. Comecei com remédio aliado à terapia e ao curso de qualidade de vida. Foi um ótimo conjunto. Tive respostas significativas e rápidas ao meu tratamen to, porque o encarei com muita seriedade e dedicação. Tive ótimos profissionais me ajudando. Mas o fantasma do Carlos estava sempre me assediando... O mesmo discurso: “que me amava”, “seria diferente”... Voltei para ele incontáveis vezes e 4 INSS - são as iniciais dc Instituto Nacional do Seguro Social, servindo para designar o órgão federal responsável pela Previdência e pertencente ao Ministério da Previdência Social, ligado ao Governo Federal Brasileiro. O INSS é responsável por receber as contribuições dos indivíduos, e tem como função fazer os paga mentos de aposentadorias, auxílio-doença, pensão por morte, auxílio-acidente, e outros vários benefícios previstos por lei. “Muitas vezes a ajuda psicológica não é bem entendida. E questionada por ser um trabalho feito através da con versa. Na realidade, falar pode levar à cura, pois nos faz enxergar melhor. Enxergando melhor a nós mesmos, a mudança fica mais palpável.” 82 | Bruna Almeida e Maira Baptistusü INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! essa história parecia não ter fim, embora não tivesse chance desse relacionamento dar certo. Estava tudo à minha frente. Não queria acreditar, aceitar... 1 \“Se v o c ê e st á d e p r im id o , v o c ê e st á v i v e n d o NO PASSADO. Se v o c ê e st á a n s io s o , VOCÊ ESTÁ VIVENDO NO FUTURO. Se VOCÊ ESTÁ EM PAZ, VOCÊ ESTÁ VIVENDO , NO PRESENTE.” LaO TZU EXERCÍCIO - REGISTRO DE SENTIMENTOS Abaixo está um exercício que me ajudou bastante (fiz por conta própria e depois mostrei à minha psicóloga). Resolvi escrever sobre: • O que eu estava passando no relacionamento; • O que eu estava sentindo; • O que Carlos fazia e me machucava. Preencher esses espaços ajudava a clarear minha ideia de quem era Carlos e me continha a cair na armadilha da culpa. Graças a esses registros, consegui escrever este livro. Minha tera peuta sempre dizia que registrar ajuda a perceber melhor o que se sente e o que se quer. Escreva tudo o que está passando em seu relacionamento: Alianças Im perfeitas \ 83 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Escreva tudo o que você está sentindo: “Somos seres humanos e nossa tendência é nos per dermos em nossas emoções porque quando amamos ampliamos o pouco de bom do outro e esquecemos as coisas ruins.” Escreva tudo o que o seu parceiro faz que te machuca: 84 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! EXERCÍCIO - REGISTRO DE COMPORTAMENTOS O que depende de você para mudar esses sentimentos e como agir para ter sentimentos melhores? Após a realização desse exercício passei a enxergar Carlos melhor. Cada vez que meu coração e minha mente se confun diam com algum comportamento dele, eu lia tudo o que havia escrito como forma de proteção ao padrão repetitivo. Alianças Imperfeitas | 85 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ^ A q u il o q u e n o s fe r e é a q u il o q u e ^ NOS CURA. A VIDA TEM SIDO MUITO DURA COMIGO, MAS AO MESMO TEMPO TEM ME ENSINADO MUITA COISA.” CAIO F e RNAN- ^ d o d e A b r e u _____________________________ ^ Então, por que o relacionamento não deu certo? Ainda tem dúvidas? “Um relacionamento é construído de várias formas. Náo é só o amor que liga duas pessoas. Tem o compa nheirismo, o respeito, a lealdade, a compatibilidade. Sáo muitos fatores que váo além das palavras.” Um relacionamento cheio de amor é construído entre duas pessoas, mas pode ser destruído por vários fatores. Comporta mentos, atitudes do outro ou, às vezes, nossas atitudes fazem com que o relacionamento esfrie, perca o encanto. “O relacionamento é construído ou destruído, como uma casa. Para ser sólido tem que ter uma boa funda ção, materiais de qualidade, bem colocados e amor em cada pedaço.” Dos vários fatores citados em outros capítulos, para que esse relacionamento desse certo seria necessário que ele se tra tasse. Enfrentasse seus fantasmas e desse uma chance para sentir outras coisas que não fosse o medo. “Ele tinha que entender que a vontade de viver de Letí- cia era positiva, não de controle e posse. Relacionamen to requer troca. Carlos precisava saber que coragem de viver é diferente de controle. Há vários tipos de amor, mas não é um sentimento movido por dependência, nem pelo medo.” 86 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Ele precisava entender que eu só reagia de forma irritante quando me sentia ameaçada. Qualquer atitude dele que me fi zesse sentir no mesmo contexto, já me gerava insegurança. “Todos esses indícios, fatos e comportamentos de Car los, indicavam que ele não era o homem da sua vida. O parceiro ideal tem a ver com alguém de comportamen tos saudáveis. Respeitoso, verdadeiro, companheiro, que se preocupe de fato, com a relação.” Eu não estava preocupada cm encontrar a cara metade, porque não acredito nisso. Só queria um relacionamento nor mal: companheirismo,respeito, lealdade. A sociedade prega o conceito de cara metade como se fosse algo divino; na verdade, tem relação com encontro de momentos, sentimentos, objetivos semelhantes e características. O autoconhecimento e todo o tratamento me curaram de um mal que eu pensei não ter cura. Na terapia, percebi o mais importante: sabia viver muito bem sem ele. Pensei que não con seguiria, mas consegui! “Isso se chama “teste de realidade”, a pessoa experi menta algo que imagina não conseguir. E quando se vê capaz, se olha diferente e sua autovalorização começa a aumentar... Isso é fantástico, pois o medo perde espaço para a força de enfrentar.” CONSEGUI! EU ESTAVA CURADA! Alianças Imperfeitas | 87 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 6 O PAPEL DA CONSCIÊNCIA NA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO O autoconhecimento é fundamental para que possamos mudar as situações que nos incomodam, os sentimentos que nos machucam e os comportamentos que nos prejudicam. Depois que Cláudia, psicóloga que ministrou o curso sobre Qualidade de Vida, me disse que eu precisava de tratamento, procurei ajuda. Ao iniciar o processo terapêutico, descobri, aos poucos, como é importante nos conhecermos para fazermos melhores escolhas. Conhecia exatamente os meus pontos fracos, os meus pon tos fortes, minhas necessidades e meus limites. Sabia o que que ria da vida, o que não queria e, o mais importante: estava lúcida com tudo o que estava acontecendo. Queria uma realização plena. Não queria me humilhar para ter um relacionamento. Carlos manipulava, vitimava-se, esquivava-se, e me mantinha na expectativa de viver o amor, mas, ao mesmo tempo, o autoconhecimento me mantinha aten ta à realidade e às perdas por esperá-lo. ------------------------ : N ”E O QUE É SER PARCEIRO? E ESTAR DO LADO QUANDO PRECISA, MESMO QUE O OUTRO TENHA QUE ABRIR MÁO DF, UMA COISA SUA. E SE O OUTRO NÃO SOUBER SER PARCEIRO, A CHANCE DE DAR CERTO DIMI- , E MUITO.” M a IRA Ba PTISTUSSINUI Alianças Imperfeitas | 91 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Ele achava que eu aceitaria aquela situação e me cozinharia em banho-maria até quando quisesse. Estava ficando mal acos tumado com o ciclo do relacionamento: nos separávamos ■=> ele melhorava uma semana ^ voltava a ser o mesmo ^ nos separá vamos... Por isso, no dia em que resolvi, de fato, dar um basta, ele não acreditou. “Quanto mais tempo longe do outro que lhe faz o mal disfarçado de bem, menos importância e significado ele terá.” Então, a partir de agora eu só passarei a assumir compromis sos se for para me realizar. Do contrário, não quero. Diferenças sempre existirão, mas, que o amor, o respeito, a compatibilidade e a lealdade sejam maiores. “S e n t ir a l ív io é ir se l iv r a n d o d a d o r .” M a ir a B a p t is t u s s i Eu sentia falta de alguém: um companheiro, parceiro, que estivesse disposto a dividir, pois o amor é bilateral e as palavras não são ações. Queria um companheiro de verdade, Carlos era apenas companhia. Questionava-me muito se eu sentia a falta dele. Quando me separava, tinha momento em que sentia até certo alívio. “Sentia alívio porque a dor era muito grande. Quando a angústia é muito forte durante a convivência, a dor da perda se mistura a um alívio daquilo que lhe faz mal.” Eu tinha que me relacionar com outras pessoas: amigos. Precisava existir além do Carlos. Focar no que era real, en- 92 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! gajar-me em novos objetivos. Produzir novas sensações. Olhar o mundo. Fazer novos projetos. Os meus sentimentos não podiam ficar restritos à ansiedade de tê-lo ou no medo de não tê-lo. “Aprenda a ter um hobbie. Cuide de suas coisas: corpo, roupa, leitura. Alimente-se de coisas que não façam referência à angústia de Carlos. Uma relação vai ser melhor quanto menos precisar dela. E Letícia precisava existir por inteira, com autoestima, autoconfiança, pro jetos e sonhos seus.” Tinha que quebrar mais barreiras, porque quanto mais bar reiras eu quebrasse, mais livre ficaria. Precisava: perder o medo de dirigir, praticar um esporte, ler um livro... Escrever este livro. Tudo isso colaboraria para a ampliação do meu universo emo cional, e consequentemente, estaria liberta do que me fazia mal. “Quanto mais enfrentamos, mais segurança produzi mos em nós mesmos.” Tinha que me dar a chance de agir diferente. Escolher en tre viver na insegurança ou me libertar do peso daquela relação. Não precisava aceitar migalhas, alguém pela metade. Mas essa consciência era construída em meu processo terapêutico. Eu tinha que me proteger dele. A única forma era me afas tando. Mudar a estratégia para obter resultados diferentes. “Se der um tempo e ele não voltar, significa que você teria que se contentar com o pouco que recebia dele. Questione-se: realmente precisa passar por isso? O ama? E uma questão de ganhar a situação ou de aliviar a ca rência?” Era necessário me fortalecer para aprender a viver sem ele. Alianças Imperfeitas \ 93 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “O amor não poderia suportar uma constante falta de respeito! Tem que pôr limites e, na terapia, nós traba lhamos para que você viva sem ele, se preciso for. Será que era realmente um amor tão forte assim?” Não podia abrir brecha para dúvidas. “Analisou. Deu chance, mas o comportamento dele não mudou. Está viciado em um padrão. A mudança tem que partir de Carlos. Ele tem que querer a mudan ça. Não é você quem tem que mudá-lo.” Precisava enfrentar a abstinência. Vivi sem ele antes, conseguiria novamente. “Onde está sua vida? Faça o que for possível sem gran des exigências. Esperar o tempo da abstinência. Ela leva a um comportamento obsessivo compulsivo, do tipo: “eu não quero aceitar”, “não vivo sem”. Passada essa fase, seu racional entra em exercício. A terapia ajuda nesse processo, porque deixa o indivíduo mais coeren te, analítico, com a postura de decidir e enfrentar, seja o que for - em nome da saúde emocional. Enquanto você não passar pelo processo de abstinência, não con seguirá fazer outra coisa. Desespera-se. Tem episódios de ansiedade. Não dorme. Tem vários comportamentos disfimeionais. Não tem vontade de fazer outras coisas, porque a falta da pessoa é o que mais importa. “Então, o primeiro passo após a consciência de si, do outro e da relação, é superar a abstinência.” Essa abstinência que tinha por Carlos se comparava à gerada pelo uso de drogas.5 Tinha que me permitir ser feliz. Não podia 5 Abstinência: Junto com ela, existe as crises de abstinência, que são as mudan ças bruscas no comportamento de pessoas que estão muito dependentes de uma substância. (CABRAL, 2006) 94 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! deixar minhas realizações estagnadas, senão teria mais perdas. Pre cisava mudar meus conceitos sobre relacionamento. Desmistificar coisas que ficaram enraizadas dentro de mim. Coisas ruins, das per das que tive durante o período em que deixei de investir em meus projetos. Era necessário fechar o ciclo daquele relacionamento... Colocar um ponto final. “ O C a m i n h o q u e e u e s c o l h i é o d o a m o r . Não im p o r t a m a s d o r e s , a s ANGÚSTIAS, NEM AS DECEPÇÕES QUE VOU TER QUE ENCARAR. ESCOLHI SER VERDADEIRA. No MEU CAMINHO, O ABRAÇO É APERTADO, O APERTO DE MÃO É s i n c e r o . P o r i s s o , n ã o e s t r a n h e aMINHA MANEIRA DE SORRIR E TE DESE JAR TANTO BEM. Eu SOU AQUELA PES SOA QUE ACREDITA NO BEM. É ASSIM QUE EU ENXERGO A VIDA E É ASSIM QUE EU ACREDITO QUE VALE A PENA VIVER.” C l a r ic e L i s p e c t o r “O relacionamento depende do outro também. De você depende enxergar o que está acontecendo. Será que ele é um bom parceiro? Você o ama? Pergunte- -se. Faça escolhas que possam ser feitas somente por você, ou seja, ficar ou não com alguém é somente da sua alçada.” Eu tinha que ter ações de autovalorização. Precisava am pliar a vida. Ter novos estímulos. Confiar no meu potencial, afinal, tudo o que me propus a fazer eu consegui. Acreditar em outros desafios, além de decidir que aquele homem não servia para mim. Alianças Imperfeitas | 95 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! O MELHOR DE SI MESMA EM CADA PEQUENO GESTO: BANHO, ALIMENTO, s o n o . . . E n t r e e m c o n t a t o c o m o se u CORPO, c o m o s e u s o r r i s o , c o m su a pe l e e s e u s s o n h o s , p o is a s s im você RE TOMA A CONVIVÊNCIA CONSIGO PRÓPRIA E O OUTRO DIMINUI DE VALOR...” M a IRA Ba p t is t u s s i “Perceba bem: tudo o que se propôs a fazer, você fez. Isso mostra que tem garra para ir até o fim, resultando em sucesso, alívio e paz.” Eu não podia perder energia gratuita porque isso me trazia prejuízos, inclusive em termos de saúde. Não podia jogar fora toda a minha capacidade de viver e de amar. Como dizia minha terapeuta: “a capacidade de amar é sua e você pode vivenciá-la com outra pessoa”. “Não jogue sua energia fora. Não caia nessa armadilha psicológica. Você pode ou não permitir manter-se nessa prisão.” Eu tinha que estipular prazos e respeitá-los, para não me agredir. Colocar limites no outro. Determinar espaço e respeitar os próprios sentimentos. “Tendo equilíbrio nessas duas coisas: assumir seu limi te, conseguir lidar com ele e colocar limite no outro, aumentará a probabilidade de um viver mais tranqui lamente. Tem que dizer o que pensa, sente. Defender sua opinião, sua postura, sem ferir o direito do outro. Em suma: uma vida equilibrada se baseia em assumir limites. Assim, estará consciente para respeitar-se e di minuir as expectativas.” 96 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Tinha que evitar encontros, acreditar que eu merecia mais. Uma pessoa melhor, menos complicada. Precisava acreditar em meus sonhos: ter uma família, paz no coração, projetos em comum. “C o is a b o a é t e r p o r p e r t o q u e m faz a GENTE FELIZ.” M a RCELLE M e LO “A dificuldade de entrega e de resolução de problemas é dele. Lembre-se, a capacidade de amar é sua e existem pessoas, diferentes de Carlos, com essa mesma capaci dade. Não se culpe, pois não estamos lidando com al guém que funcione de forma simples. Ele se apresenta persecutório, egocêntrico, vaidoso, que se faz de vítima e se esquiva, gerando uma insegurança doentia. Portan to, como apoiar alguém que te deixa desestabilizada?” Tinha que preencher a vida com coisas prazerosas, que en riquecem e ampliassem as relações para enxergar outras coisas no mundo. “Como vou me preencher? Estudando, pensando nos meus objetivos, escrevendo o livro, lendo livros. Como vou am pliar? Fazendo coisas sociáveis. Alimentando-me de coisas e de pessoas para não depender de um relacionamento.” Precisava enxergar que a minha oscilação de comportamen to, decorrente da falta que sentia de Carlos, não era o “querer o Carlos”, mas sim, querer uma pessoa que poderia me dar algo que ele não podia. Tinha consciência de que eu deveria ficar com alguém livre de tanta confusão. “Ele é uma pessoa complicada. Vai e vem. Dá e tira. E um jogo muito difícil.” Alianças Imperfeitas | 97 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Eu sou a verdade. A entrega, o compromisso. Me doava e me dispunha muito; ele não. Portanto, era necessário ser mais realista diante da situação. Não poderia deixar-me iludir. Tinha consciência de que se investisse em outra relação, o passado viraria pó! Ainda não tinha virado pó porque me ligava a ele em termos afetivos. RELACIONAMENTO E ANDAR JUNTO, RE MANDO OS MESMOS OBJETIVOS.” M a IRA Ba p t is t u s s i Era claro para mim, de que antes de ter um filho, eu precisava de um marido. Carlos nem namorado era. Por tanto, voltar para ele era quase como dar um tiro no pé. Sabia que existia nele sentimentos e desejos por mim, mas a cabeça complexa não permitia que fosse um bom parceiro para mim. “Caiu na armadilha da carência. O eu te amo ‘em Francês’, a sedução dele, somados à sua personalidade ingênua, pura e sonhadora.” “ P r e e n c h e r a v id a p a ra n ão f ic a r d e p e n d e n t e d o o u t r o é u m a e s c o l h a de SAÚDE EMOCIONAL.” M a IRA B a PTISTUSSI V_________________ ________________ J Era necessário escolher: viver daquele jeito ou me dar a chance de ser feliz de verdade, por inteira. Mesmo sonhando e desejando, conseguia analisar... “A capacidade de amar é sua. Ame quem te ama. Carlos está muito distante da sua realidade.” 98 I Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ^ “A in d a b e m q u e s e m p r e e x ist e o u t r o ^ DIA. E OUTROS SONHOS. E OUTROS RISOS. E OUTRAS COISAS. E OUTRAS PESSOAS. E OUTROS AMORES.” WÍLLIAM S h AKESPEARE “C o m o t e m p o , v o c ê va i p e r c e b e n d o QUE, PARA SER FELIZ, VOCÊ PRECISA APRENDER A GOSTAR DE VOCÊ, A CUIDAR DE VOCÊ E, PRINCIPALMENTE, A GOSTAR DE QUEM TAMBÉM GOSTA DE VOCÊ. Q u in t a n aM a r io Alianças Imperfeitas | 99 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! CAPÍTULO 7 COMO SAÍ DA DEPRESSÃO E VIREI O JO G O Durante o relacionamento eu adoeci. Como me livrei da depressão? Quais fatores me ajudaram a virar o jogo? A vontade de mudança tem que partir de você! Está dis posto a enfrentar a realidade? Se sim, siga em frente, sem medo, porque o melhor está por vir. “Se v o c ê n ã o p o d e m u d a r se u d e s t in o , MUDE SUA ATITUDE!” AmY TaN Antes de começar a enfrentar o processo é necessário ter paciência e querer, de fato, mudar e não se colocar na posição de vítima. Ter força de vontade, determinação e enxergar além do curto prazo. “O processo de ‘cura’ advém de uma compreensão de si mesmo, do comportamento do outro e do funcionamen to da relação. Entendendo-se esses três aspectos, tudo fica mais fácil, além de analisar consequências futuras.” Engajei-me e dediquei-me bastante durante o tratamento. O processo de recuperação c demorado. Um dia você consegue, no outro não. Cobre-se menos. Tome suas atitudes dentro dos seus limites e das suas possibilidades. Vá aos poucos. Cada um tem seu tempo. No final, o que importa é o resultado. Alianças Imperfeitas | 103 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Faça exercícios de flexibilidade. Eu sei que a espera é angus tiante, a dor e a ansiedade fazem os minutos se tornarem anos, porém, faça atividades, tenha comportamentos que ajudem a diminuir a ansiedade. Como? O que você gosta de fazer? Faça! Mesmo que não tenha vontade para nada, faça pelo menos um pouquinho. Se começar a fazer, a vontade chega aos poucos. ^ ‘ M a n t r a sa g r a d o p a ra a n s ie d a d e . S e^ HOJE NÃO DEU PARA FAZER ALGO QUE SE PROPÔS, FAÇA AMANHA... UM DIA DE CADA VEZ E SEMPRE EM MOVIMENTO.” M a IRA Ba p t is t u s s i Eu tive quemudar... Lembra que pedi férias para sair do foco do problema? Foi aí que minha mudança começou. Minha família me auxiliou e apoiou nesse processo. Minha mãe queria que eu saísse da em presa, mas, como eu disse, “faça aquilo que seu coração manda!”. Sentia que não era a hora de sair de lá. Precisava ver o desfecho da situação e o mais importante: encará-la de frente. Felizmente, ouvi minha voz interior... “O MUNDO É GIGANTE E CHEIO DE OPOR TUNIDADES. N ão f iq u e r e s t r it o à u m PROBLEMA, POIS PODE DEIXAR DE ENXER GAR UM UNIVERSO.” MAIRA BAPTISTUSSI N o período em que fiquei afastada, minha chefe me ligou para oferecer uma promoção. Seria para o cargo de comissária instrutora (treinaria as novas comissárias contratadas). Fiquei em dúvida e perguntei se podia responder depois. Pensei, pensei, pensei... Resolvi aceitar. Encarei a oportunidade como um desa fio que mudaria a minha rotina e poderia ajudar no tratamento. 104 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Estava com medo, claro. Era novidade e me sentia insegura por causa da depressão. Mas agarrei a chance com unhas e dentes. Foi só o começo. Tive muitos comportamentos e fatores que me ajudaram a sair da depressão, dentre estes amizades sólidas. Os amigos te ouvem e, como têm a visão de fora sobre o rela cionamento, podem ajudar a clarear as ideias. O olhar de quem está de fora aumenta a chance de você perceber os sentimentos: sabemos melhor o que é doce se conhecemos o amargo. “A p r e n d i c o m a n a t u r e z a a m e d e ix a r - m e CORTAR E VOLTAR SEMPRE INTEIRA.” C e c íl ia M e ir e l e s Tive duas grandes amigas que me ajudaram muito nesse processo: Andressa, como já citei, estava à minha disposição a qualquer hora do dia. Sempre soube de tudo sobre mim. Quan do entrei naquele relacionamento, contava tudo a ela. Até cu entrar em colapso! Não sei como teve tanta paciência comigo. Sabia dos detalhes. Ouvia-me sem criticar, e o que é melhor, não opinava muito na minha relação. Eu falava ao telefone, todos os dias, por horas com ela. Quando pedia conselho Andressa me dava. Éramos parecidas. Antes de Carlos eu era bem resolvida nas questões do coração. Sempre fui superprática para resolver os meus conflitos amorosos e no das minhas amigas, inclusive. Havia ajudado Andressa muitas vezes em seus relacionamentos, mas nenhum deles se comparou ao meu. Não sei se eu teria a mesma paciência que ela teve. Dizem que descobrimos os gran des amigos nos piores momentos. Pois é, tenho certeza disso. Maya foi outra grande amiga. Também morava em Brasí lia. Nos conhecemos em 2011, quando uma colega de trabalho me indicou ao dentista dela. No consultório a secretária que me atendeu indicou o serviço de drenagem de Maya. Além de dre- Alianças Imperfeitas | 105 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! nagem, fazia massagens relaxantes e limpeza de pele. Marquei um horário com ela. Começamos a conversar e resolvi fazer um pacote de drenagem, já que estava na dieta. Naquela época estava um pouco acima do peso. Nossa amizade começou muito antes de Carlos entrar na minha vida e perdurou até os dias atuais. Enquanto vivenciava todas aquelas emoções, Maya me aju dou muito. Ouvia-me com frequência e carinho. Outra amiga ouvinte, que não criticava e nem dava opiniões. Era disso que eu precisava: ser ouvida. O consultório dela ficava a dez minutos de ônibus e uma hora a pé. Ia andando, já que na época eu não tinha carro. Fazia uma caminhada. Admirava a natureza e me distraía. A sala da Maya era tão aconchegante e de energia tão positiva, que eu me viciei nas visitas. Ir ao consultório, além de distração, ajudou-me a elevar minha autoestima. Maya era uma pessoa muito religiosa, oriental, frequentava um templo chama do “Mahikari”6 e sempre fazia orações de purificação do meu espírito, mente e corpo. Aquilo me fazia tão bem! Sempre tive o costume de contar os meus problemas amo rosos para várias amigas. Com o tempo parei dc fazer isso. Além de não ajudar a resolver os meus problemas, elas ficavam com raiva de Carlos. Não queria que ninguém sentisse raiva dele por que não sabia como seria o amanhã. Mas, é natural que as pes soas que gostam da gente tomem partido. Minha mãe Carolina e minha Irmã jéssica sabiam do Carlos. Não sabiam de todas as idas e vindas que tivemos porque eu não queria que elas ficas 6 Mahikari é um novo movimento religioso japonês onde seus membros acredi- ram ser esta uma arte espiritualista que tem por objetivo a renovação espiritual de toda a humanidade. Os movimentos, quase sempre, se utilizam de uma técnica chamada “arte Mahikari” (ou O kiyom e) que, de acordo com os adeptos, é uma sagrada arte concedida por Deus, para transmitir a Luz D ivin a com o objetivo de purificar o espírito, a mente e o corpo. Essa energia é transmitida através da imposição da mão pelos praticantes e segundo eles, tem como objetivo transmitir a luz para as pessoas. (OZAKI, 1990) 106 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sem preocupadas. No início do relacionamento, em uma das crises de ansiedade, minha mãe viu o meu sofrimento e ficou bastante preocupada, com medo que eu surtasse e fizesse alguma bobagem. Tem pessoas que recorrem ao suicídio como meio de acabar com os problemas. Eu era espiritualizada demais para me deixar levar por uma atitude como essa. Em um momento, falei para minha mãe que havíamos ter minado, mesmo não tendo, porque não queria que ela visse o meu sofrimento, além de ser difícil lidar com o julgamento, com a incompreensão e até com a necessidade de proteção vinda de quem nos quer bem. Era fácil disfarçar, afinal de contas, eu esta va morando sozinha em Brasília. Diante do meu contexto, achei melhor contar apenas com duas amigas, até eu encontrar minha psicóloga rnegablaster, Alice. Marquei consulta com ela depois da conversa com Cláudia, no curso sobre qualidade de vida. Sempre quis fazer terapia e já havia iniciado com duas outras psicólogas em Florianópolis, temporariamente, para resolver problemas circunstanciais e es pecíficos, mas ninguém que houvesse me cativado. Quando cheguei ao consultório da Dra. Alice, eu estava muito nervosa e não sabia por onde começar. Quando a vi, ela me transmitiu tanta energia boa, acolheu-me de forma tão es pecial, deu-me um feedback descritivo com uma clareza que eu não havia me dado conta. Depois da primeira consulta passei a frequentar o aconchegante consultório, de quebra, libertei bas tante os ouvidos das minhas amigas. Minha terapeuta analítico-comportamental7, além de me ouvir, orientava-me a encontrar uma direção. Ajudava-me a 7 Terapia Analítico Comportamental é uma prática psicológica clínica baseada na ciência da Análise do Comportamento, que objetiva basicamente o autoconheci- mento e autocontrole do indivíduo. Alianças Imperfeitas \ 107 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! pensar, a perceber meus sentimentos e minhas atitudes; a com preender melhor os comportamentos de Carlos. Tudo isso sem decidir por mim, claro. O problema de pensar por nós mesmos é que às vezes não conseguimos sair do lugar e encontrar um caminho eficaz. A terapia me ajudou a enxergar quem eu sou; quem era Carlos e nossas limitações como um casal. Um conselho: não saia falando dos seus problemas para todo mundo, no desespero, como se alguém pudesse ter a solu ção para eles ou reforçar os seus pensamentos. Isso é uma ilusão! Em geral, nossos amigos ficarão com raiva do parceiro (a). E importante ter alguém para desabafar, que nos ajude a entender melhor o momento difícil, mas escolha com critério e cuidado. “Letícia teve mudanças práticas e operacionais que fo ram possíveis com a compreensão de sua história(suas regras, carências, medos, desejos, sonhos, relações fami liares), de seu “self” (características pessoais, tendências comportamentais, sentimentos mais presentes, valores) e do entendimento das consequências de cada escolha... Ao entender essa dinâmica, ela foi conseguindo agir di ferente e, consequentemente, sentir-se diferente.” Abaixo descreverei uma gama de atividades que bus quei para quebrar meu comportamento depressivo, ou de abstinência: 1. Depois que passei a morar em Brasília, que é uma cidade bem bonita, costumava fazer caminhadas. Havia avenidas compridas em que eu levava duas horas só curtindo o exer cício. Mas, depois do que vivi, a caminhada passou a ser terapêutica, tanto no sentido de aliviar a ansiedade, como para ampliar minhas reflexões. Além de ajudar o corpo, 108 | Bruna Almeida c Maira Baptutussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ajudava muito a mente porque atividade física libera sero- tonina, substância que dá prazer8. 2. Resolvi entrar na academia para fazer musculação. Fazia não para ficar com o corpo bonito, mas para ocupar meu tempo e, principalmente, minha cabeça. Queria matar a ociosidade que me consumia. Isso me ajudou um pouco, mas como eu estava com um problema na coluna, acabei desanimando e parei. A atividade física amplia sensações e a academia pode sempre nos render amigos, ganhos emo cionais e sociais. 3. Sempre gostei de ler... foi muito difícil começar a ler algo porque minha mente flutuava... Fui tentando, tentando. Persistência era algo necessário, mesmo que difícil. Pro curava ler assuntos que eu gostava e que me prendiam a atenção. Não adiantava tentar ler algo para estudar porque não me concentrava. Tinha que ser algo que me prendesse a atenção, urna leitura que quando você começa, não quer pa rar. Sempre gostei de ler sobre espiritismo e entender como funcionam esses fenômenos. Depois de tudo que me acon teceu, passei a ler mais sobre o assunto. Li vários livros. Além de aprender bastante, era uma ótima fonte de distração. 4. Saía com algumas amigas para jogar conversa fora, algo diurno porque nunca gostei da noite. 3. Precisava experimentar novas sensações, então, às vezes, quando estava sem ter o que fazer ou quando saía da tera pia, ia a uma boa padaria, pedia algo bem gostoso e comia aquilo com os cinco sentidos. Observava as pessoas e 8 A scrotonina é uma substância neurotransmissora que ajuda a regular a sensação de dor, do apetite, do humor e do sono. Níveis elevados de serotonina são associa dos a melhora no padrão do sono. Baixos níveis de serotonina são encontrados em pessoas que têm um limiar baixo de dor, estão deprimidas ou sofrem de alguma forma de insônia. (SIZER, 2003) Alianças Imperfeitas | 109 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 6 . 7. 8. pensava na vida. Refletia sobre tudo o que eu havia viven- ciado na minha sessão. Gostava também de apreciar a natureza e as belezas que me rodeavam. Passei a reparar mais nas coisas que havia pelo caminho, a sentir os sabores e os cheiros, a olhar as cores, a ouvir os sons e a tatear o que estava por perto, sentir melhor o mundo. Admirar é algo que se faz pouco hoje em dia, mas alivia as dores e enriquece a alma... Comecei a fazer muito do pouco. O que significa isso? Aprendi a sentir prazer nos pequenos detalhes, como ad mirar as coisas boas da vida, a natureza, o sol, a chuva, o cheiro de terra molhada... O fato de estar viva, com saúde. Ter emprego, família e amigos que me amam e me que rem bem. Estar trabalhando em projetos meus e vendo os resultados deles... Quando você começa a se enxergar, percebe o outro e o mundo de forma mais precisa, o que te fortalece para tomar decisões de saúde emocional. “Às VEZES VOCÊ TEM QUE MORRER POR DENTRO PARA LEVANTAR-SE DAS PRÓPRIAS CINZAS E ACREDITAR EM SI MESMO PARA SE TORNAR UMA NOVA PESSOA.” SuSANA H ii .m e r Só chegava em casa quando estava anoitecendo porque era a hora que me fazia bem ficar em casa sozinha. Isso, em se tratando de Brasília, local onde não tinha parentes. Porque em Florianópolis, eu adorava ficar em casa a qualquer hora. Em Brasília, gostava de ficar em casa só à noite, porque sabia que estava quase na hora de dormir. Adorava assistir às novelas. Novelas sim, qual é o problema? Se for algo que te distraia e te faça bem, você deve fazer. Se preferir ver fil mes, ótimo. Se quiser fazer qualquer outra atividade, faça! 110 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! A questão é fazer algo que lhe agracie, que lhe faça bem e que produza prazer. 9. Minha casa nunca ficou tão limpa. Fazia faxinas para passar o tempo. Lavava, passava, inventava qualquer coisa para aliviar minha angústia. “E ss e é u m d o s se g r e d o s : m o v im e n t a r o CORPO E A VIDA, POIS A AÇÃO PRODUZ NO VAS SENSAÇÕES, E ESTAS PODEM IR GRADA- TIVAMENTE APLACANDO A DEPRESSÃO, LEM BRANDO QUE NOSSOS COMPORTAMENTOS PRODUZEM NOVOS SENTIMENTOS.” M a IRA B a p t is t u s s i 10. Nas vezes em que eu estava de folga em Brasília e não tinha como voltar para Florianópolis, inventava coisas para fazer na rua o dia todo. Ia a pé mesmo. As vezes, simplesmente ficava sentada no pátio da igreja, sentia o tempo passar e rezava. Almoçava na rua, lanchava na rua... Fazia tudo o que eu tinha vontade de fazer, principalmente cuidar de mim, coisas voltadas para mim. Busquei segurança em: trabalhar bem, cuidar do meu cor po, socializar-me mais... Esse aspecto de cuidar de mim foi ótimo para a autoesti- ma e essencial para conseguir melhorar. Foi importante cuidar de mim, mas sem ser egoísta. Sabia que a minha família sentia a minha falta. Por isso, ia sempre para casa. Minha irmã mais velha (Parceira demais. Não tenho palavras... só digo que ela é a melhor irmã do mundo!) e minha mãe (bastante protetora e cuidadosa comigo) sentiam muita falta de mim. Sempre fomos muito grudadas e amigas. Alianças Imperfeitas | 111 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “Tudo isso contribui para a segurança e para ficar, de fato, independente emocionalmente. Proporcionando a ampliação de afetos e descoberta de novos sentidos.” 11. Sempre que podia, ia a Florianópolis ficar com minha fa mília. Evitava ficar sozinha e ociosa para não gerar crises de ansiedade. Sabia que aquilo não me fazia bem. Mesmo não tendo forças para sair de Brasília, esforçava-me a ir, pois sa bia que se ficasse pioraria. Amava minha casa de Florianó polis. O quintal que tinha lá. Os cachorros... Amava ficar na sala com a família, vendo filmes e comendo “gordiccs”... Sabia que me sentiria melhor naquele lugar. Quando estava lá, colocava uma roupa bem bonita, maquiagem bem-feita (tinha que me sentir bela, valorizada). Era um exercício constante que eu fazia mesmo sem vontade... “A depressão é uma doença que não quer te ver bem e nessa luta você tem que vencer... Enfrentar, mesmo que rendo fugir...” 12. A busca por profissionais qualificados foi essencial na mi nha recuperação, além, claro, da minha determinação. Digo isso porque é possível melhorar sozinha, com esforço pessoal, mas o apoio de amigos verdadeiros e a análise de um profissional de qualidade catalisam o processo, dimi nuem a dor e cicatrizam as feridas com mais facilidade. 13. Sempre acreditei em Deus, mas quando algo desse tipo acontece com a gente, parece que Ele não está olhando por nós. Somente parece! Se passamos pelo que passamos é porque temos que passar. Deus sabe de todas as coisas e tudo tem uma razão para acontecer. Sempre acredite numa força maior porque milagres acontecem sim. Tenha fé! Bus que força dentro de você! 112 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Acho válidodeixar claro que não estou defendendo uma religião, mas sim, o comportamento de acreditar em algo que te ajude a se fortalecer e a enfrentar. A fé pode ser em um deus, na vida, na esperança de dias melhores... Quando estamos desesperados, procuramos várias fontes de espiritualidade: a igreja, o espiritismo, a cigana. Procurei por tudo que tivesse uma palavra positiva, um sinal de que algo de bom acon teceria. Eu estava no fundo do poço e recorri a todos os meios que poderiam sinalizar alguma melhora. Isso é natural em períodos de sofrimento. E o importante é que minha terapeuta, mesmo tra balhando com uma abordagem psicológica, puramente científica, respeitou minhas escolhas e em nenhum momento as julgou. Isso mantinha o meu alívio e aumentava a força do vínculo entre nós, consequentemente favorecia a evolução do processo terapêutico. 14. Tenho uma amiga que joga cartas, a Carmem. Conheço-a desde 2004. Joga taro terapêutico9. Aliás, nos tornamos amigas porque passei a ser cliente assídua. Ela me ajudou muito, em vários ou tros momentos da minha vida e continua me ajudando até hoje. Jogava cartas para mim, orientava-me com as respostas do jogo e me socorria sempre que eu precisava. Carmem também foi muito importante na minha recuperação. 15. Procurei por várias fontes literárias sobre relacionamentos como forma de me ajudar, porque achava que eu tinha pro blemas, sentia-me culpada. Mas não encontrei nada que se 9 O tarot é um meio de acesso às profundezas da Consciência. O tarot terapêutico trabalha com a arte divinatória. Orienta os caminhos do consulente, ajudando-os a saber decidir, resolver, solucionar as questões que aparecem na leitura. Leva o consulente ao conhecimento de si, desperta a capacidade de realizar e perceber que pode mediante seus potenciais atingir um equilíbrio mental, espiritual e emocional. (ZIEGLER, 1993) Alianças Imperfeitas | 113 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! parecesse com o meu caso. Durante uma das minhas ses sões terapêuticas, revelei que gostaria de escrever um livro sobre o que estava passando, para ajudar outras pessoas. Na verdade, sempre quis escrever um livro, só não sabia sobre o que escrever. Como nunca encontrei nada a respeito do que eu precisava naquele momento, resolvi usar minha experiência para tentar ajudar as pessoas que passam ou passaram pela mesma dor. Dra. Alice também tinha o mesmo sonho, e resolvemos fazer essa par ceria. Mergulhei nessa obra, o que me ocupou, fez-me sentir útil e, principalmente, fez com que eu enxergasse, com lupa, quem sou e quem eu era na relação. Escrever me fez muito bem. Descobri um novo interesse, além de ajudar a refinar mais as minhas percepções sobre o que vivi. “Escrever é uma forma de cura. Além do exercício de auto- observação, permite a confirmação das análises feitas.” 16. Depois que comecei a fazer terapia e saí do foco do proble ma, passei a ver o fenômeno de outro jeito. O tratamento me ajudou a enxergar o que eu precisava: meus limites e minhas necessidades. Percebi que Carlos, de fato, não es tava me dando o que eu mais necessitava. Alice me ajudou a compreender que eu não era culpada do fracasso do meu relacionamento. A esquiva de Carlos em se comprometer com as responsabilidades do nosso relacionamento era muito grande. Pelo contrário, Alice me disse que eu era do tada de um grande potencial, tanto intelectual, quanto de consciência da situação. Assim, quando comecei a tomar atitudes voltadas para mim; a prestar mais atenção no que me fazia bem, percebi que meu astral começou a mudar. Planos começaram a brotar. Percebi que se tivesse que viver 114 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sem aquele homem, eu saberia viver muito bem. A autoes- tima aumentava e a dependência diminuía - um processo de saúde e não de doença. 17. Não ouvia músicas românticas, muito menos filmes român ticos, porque me deprimiam. Concentrava-me em coisas mais alegres do que dramáticas, afinal, se estava engajada em sair da depressão, como poderia alimentar comporta mentos que me manteriam nela? Assim, não fazia nada do que me remetia à doença! Precisava de comportamentos que não reforçassem o meu estado depressivo. 18. Pensava em como estaria um ano depois do término do relacionamento. O amanhã reservava a esperança de que eu ficaria curada da depressão e a vida me daria outras oportu nidades. Lembrava-me de como era o meu sorriso antes, e sabia que o queria de volta. Quando a tempestade passasse, riria de tudo aquilo. E é verdade, estou rindo de tudo isso agora. Quando entramos em determinadas situações, achamos que é o fim de tudo. A vida e seus prazeres acabaram. Sempre penso e pensava nos pós. Às vezes é difícil encarar determinadas situações, principalmente quando estão atreladas ao emocional afetivo. Perceba que se algo depende de você, basta enfrentar. No contexto emocional afetivo, depende do outro também e quan do nos sentimos sem o controle da situação, a relação pode nos adoecer, como aconteceu comigo. Não se sinta incapaz por isso ter acontecido. Ninguém está imune à paixão, ao sofrimento. A questão é não deixar de enfrentá-los para ter o sorriso de volta. 19. Estava disposta a enfrentar a maior barreira emocional da minha vida, dirigir! Em 2013 resolvi comprar um carro. Eu já tinha habilitação desde 2002, quando comecei Alianças Imperfeitas | 115 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! a frequentar a autoescola em Florianópolis, mas ninguém acreditava em meu potencial. Precisava passar por essa expe riência. Morria de medo de dirigir. Quando tirei a habilitação, dirigi pela primeira vez com minha mãe junto a mim. Foi a pior coisa que fiz! Ela me dei xou superinsegura e me fez acreditar que eu era incapaz de fazer aquilo, daí a minha resistência ao volante. Mas, em Brasília, era eu sozinha. Tinha que fazer por mim. Estava cansada de depen der de táxi (gastar dinheiro). Depender de carona e, principal mente, de viver com o medo. Era habilitada há dez anos e nunca havia encarado esse medo. Criei resistência. Alice conseguiu me ajudar. Dedico a ela o resultado por eu dirigir. Na mesma semana que peguei o carro, infelizmente o bati. Não desanimei. Dirigir novamente, após a batida, não foi tão difícil como pensei que seria. Se consegui enfrentar a direção de um carro, que era o maior medo da minha vida, encararia qualquer coisa! Se a direção do volante estava em minha mão, a direção da minha vida também teria que estar! “Perceba que a melhora de um comportamento ajuda na melhora de outros, pois você se sente mais capaz. Isso c muito importante!” 20. Andressa, que havia saído de Brasília quando foi demitida, retornou para morar com os pais. Eles tinham comprado um apartamento há algum tempo porque o filho Breno já morava lá. Breno era casado e tinha uma empresa com a es posa. Queria que o pai, quando se aposentasse, trabalhasse com ele. Seu Armando aposentou-se logo que o apartamento ficou pronto. Então, mudou-se para Brasília. Andressa foi em seguida. 116 | Bruna Almeida e Maira fíaptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Não me senti mais sozinha na cidade. É importante não ficar isolada nesses momentos, mas não é fácil, o estado depressivo nos puxa para o isolamento e para a solidão. “A VIDA É BREVE, MAS CABE NELA MUITO MAIS DO QUE SOMOS CAPAZES DE VIVER.” J o sé S a r a m a g o 21. Passei a não criticar nada nem ninguém. Tinha a mania de julgar os outros e dizer que isso ou aquilo não era certo. Ledo engano! Só sabemos o que cada um passa em deter minadas situações quando estamos nela. E difícil quando somos protagonistas da história. 22. Não deixe ninguém decidir sua vida por você. A vida é sua! Portanto, faça o que seu coraçãomandar, mas sem deixar de usar a cabeça. As vezes, o coração nos traí. Perceba os sinais que aparecem, além dos seus sentimentos. 23. Seja mais realista. Não deposite toda sua capacidade, vontade de viver e energia numa armadilha psicológica que o outro te coloca. Você tem que ter as rédeas da sua vida nas mãos. Não pague um preço alto por causa de alguém! Não se engane, o outro não vai te salvar. Só você pode fazer isso. Ficamos angus tiados, inseguros. Achamos que, mais importante do que viver o amor, é ter um marido ou vencer a batalha. Tenha determi nação e acredite que isso vai passar. Isso vai passar! 24. Trabalhando na chefia em horário comercial, ou seja, de segunda à sexta, manhã e tarde (na vida de um tripulante, não temos horários fixos e sim uma escala programada com horários diversos e variados), pude fazer outras atividades que me beneficiaram. 25. Observava-me ora sem Carlos, ora com Carlos! Nossa! Como é delicioso estar em paz! Sim, em paz! Depois que Alianças Imperfeitas \ 117 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! terminei com Carlos, tive muita clareza do que aconteceu e vi que era muito melhor viver sem ele. Sentia-me mais leve e bonita. As pessoas que me conhecem também percebe ram e comentaram - várias vezes - que eu parecia melhor. De fato, eu estava tãooo leveeee! Eu tinha medo de não conseguir ser a mesma, mas... EU NÁO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER O QUÁO BOM É VIRAR O JOGO! COMO É BOM SE LI VRAR DAQUILO QUE NÁO TE FAZ BEM! “L iv r e - se d o q u e t e faz m a l , d o q u e t e PRENDE, DE TUDO O QUE TE IMPEDE DE SER FELIZ E SEGUIR EM FRENTE. ESQUEÇA OS LIMITES, ALIÁS, ELES NUNCA EXISTI RAM.” Ana Carolina. Depois de todo o tratamento: terapia, remédios, decisão de terminar com Carlos, mudança de comportamento, liber tação da culpa, de não estar sendo boa o suficiente; voltei a ser a Letícia de antes. Aliás, a Letícia de antes, porém, mais forte, independente e sem culpas, com uma nova aprendizagem sobre a vida. “To ME LIVRANDO DE TUDO QUE ME ATRA SA, ME ENGANA, ME SEGURA, ME RETÉM. To ME APROXIMANDO DE TUDO QUE ME FAZ COMPLETO, ME FAZ FELIZ E QUE ME q u e r b e m . . . ” C a io F e r n a n d o A b r e u Queria ter orgulho de mim mesma. Via-me como perso nagem de um filme e me perguntava o que eu deveria fazer. Ambicionava um final feliz. Não almejava ser a personagem no 118 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! papsl de vítima, mas a de atitudes, que enfrentava as barreiras parí. chegar onde queria. Foi o que eu fiz! “Ame mais a si próprio do que ao outro. Valorize-se e faça projetos para a sua vida. Não viva a vida de nin guém. Viva a sua. O relacionamento será melhor quanto melhor você estiver! Quando o vínculo de amor superar a dependência. Dê a chance de recomeçar, de ser feliz! “C a d a u m d e n ó s c o m p õ e a su a h is t ó r ia . C a d a s e r e m s i c a r r e g a o d o m d e s e r c a pa z de s e r f e l iz .” A l m ir S a t e r “Em qualquer relacionamento do mundo, por melhor que seja, temos que constatar que podemos viver sem aquela pessoa. A vida é muito dinâmica. Por exemplo, não sabemos quando vamos morrer, nem se vamos nos apaixonar por outra pessoa. Antes de mais nada, a vida vivida é a nossa própria vida!” DEPOIS QUE VOCÊ SAI DA DEPRESSÃO Quando venci o estado de depressão, senti-me deveras cansada! “Se im a g in e n u m a c e n a d e f il m e . E sse f il m e é d a s u a h is t ó r ia . G o st a r ia de SER ESSA PESSOA MESMO? T e RIA ORGULHO DELA? O QUE VOCÊ GOSTARIA DE MUDAR?” B r u n a A l m e id a Depois de tudo o que passei e escrevi (após a terapia); hoje, consigo ver a situação por outro ângulo. Afastei-me do foco do problema. Dei o ponto de partida para isso e percebi que viver Alianças Imperfeitas | 119 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! com o Carlos seria o mesmo que estar permanentemente na in segurança e no medo. “E esses sentimentos apagam o ser humano, porque o nosso sistema nervoso tem como função primordial a defesa do organismo, desta forma, sobra pouco do fun cionamento para outras emoções. O corpo fica o tempo inteiro se defendendo dos possíveis ‘perigos’ que amea çam o equilíbrio. Na prática, a energia vai toda embora. Medo e ansiedade são sentimentos que requerem prote ção e o corpo tem que ficar preparado para isso.” “Toda situação ou pessoa que gera ansiedade, medo e insegurança, acabam por ‘roubar’ a maior parte da nossa energia cerebral, pois o ser humano precisa estar pronto para se proteger e se defender. Por isso é desejá vel que busquemos em um relacionamento sentimentos opostos a estes. Devemos respeitar os próprios limites e o tempo de recuperação da energia investida.” DEPOIS DA ALTA NA TERAPIA - VIRANDO O JOGO Quando comecei a fazer terapia minha vida mudou! Não tinha mais medo de ficar sozinha (é melhor do que vi ver na angústia). Passei a impor limites para tudo na minha vida. “Estabelecer limites deixa as pessoas mais conscientes, assim, é mais fácil manejar as emoções (impor limites ao outro faz com que você se respeite mais).” Sei do meu valor e tudo o que fiz por aquele homem, por tanto, não vou me deixar seduzir... Os sentimentos negativos que ele me causou foram grandes ferramentas para conseguir dizer não e não voltar atrás... Pensar em tudo o que passei, reler 120 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! sobre o que vivi, o processo de melhoria (adoeci, enfrentei, saí da depressão), fizeram-me ver que eu rcalmente não poderia pôr tudo em uma lata de lixo. Fortaleci-me dia a dia para não reatar com ele. Não podia voltar para Carlos e correr o risco de adoecer novamente. Pagaria um preço muito alto se fizesse isso de novo. Analisei todos os meus comportamentos antes de começar a terapia e depois. Uau! Foram muitas coisas! Não teria saído dessa sem a ajuda dela, minha megablaster Alice. Ao menos, não de forma tão sólida e saudável. Abaixo, descreverei algumas mudanças significativas que vieram com o processo terapêutico e pode esclarecer a dimensão da transformação que vivenciei. ANTES DA TERAPIA DEPOIS DA TERAPIA Muita expectativa e idealização. Menos fantasia e mais realidade. Vivia em um estado vegetativo destrutivo. Estado de atividade e mais au- toestima. Ações de cuidado pes soal, crescimento profissional e prazer. Medo. Menos medo e mais ação (proporciona mais segurança, autoestima e autoconfiança). Dependente emocionalmente de Carlos. Achava que não sa beria viver sem ele. Era insegura. Minha vida estava nas mãos dele. Menos dependência, mais inde pendência e enfrentamento, mais segurança e controle da própria vida. Tomei as rédeas dela, apren di a viver comigo mesma, a ter mais atitude e determinação. Estagnei na vida. Passei a produzir. Tudo o que me proponho a fazer hoje, faço para sentir o prazer dos resultados. Alianças Imperfeitas | 121 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! No período de maior dor, exis tia Letícia e suas expectativas. No período mais saudável, exis tia Letícia e seus projetos. Não sabia o que estava aconte cendo com os meus sentimentos. Passei a entender o cenário complexo (entender a mim mesma e as minhas necessida des emocionais). Não sabia se estava fazendo a Consegui identificar melhor o coisa certa em terminar com Carlos, porque não tinha certe za de nada. Não sabia se queria continuar naquela relação. que quero e o que não quero (não quero mais Carlos com aquele egoísmo dele). Isso é produto do autoconhecimento. O amor, a culpa, o medo e a insegurança, não me deixavam enxergar. Com a redução da culpa, da in segurança e do medo,as coisas ficaram mais claras. Estava carente e aceitava o pou co que era oferecido. Permitirei que alguém entre na minha vida se for para somar e não somente para preencher a carência. Perdia tempo e saúde no âmbito profissional. Retomei o trabalho com muita dedicação e comprometimento. Sem me dar conta, passei a ser mais valorizada em meu ofício. Muito inocente na percepção dos comportamentos das outras pessoas e dos meus próprios. Percebo comportamentos para não cair em determinadas arma dilhas. Muito perfeccionista. O que me produzia muita culpa Aprendi que não vou acertar sempre, por isso me cobro me nos. Tornei-me mais flexível e carrego menos culpa. Queria que tudo se resolvesse da noite para o dia. Menos imediatista, mais auto- controlada, avaliando melhor as consequências. Sempre voltava para Carlos e caía na vitimização dele. Aprendi a dizer mais “NÁO”, respeitando-me mais. 122 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Tinha crises de ansiedade. Menos ansiosa, resultado de es tar mais segura. Era mais egoísta em relação à minha família. Não dava muita importância aos eventos fami- liares/sociais. Mais aberta aos afetos familia- res/sociais. Eu fui muito abençoada. Tive pessoas (ao meu lado) e si tuações que me ajudaram a sair daquele quadro, sobretudo co ragem para mudar. “Essa questão da coragem para mudar é fundamental, pois, às vezes, as pessoas se mantêm na doença pelo medo da mudança! Mudar dói, mas não mudar dói mais ainda.” Simplesmente aconteceram milagres em minha vida. Ao longo da minha história, percebeu quais foram eles? Quando estamos imersos na dor é necessário se abrir para a vida, para cada milagre (porque foram milagres para mim). Abri-me, dediquei-me e agradeci... Ao enxergar a vida com outros olhos (esforçar-me para mudar, tratar-me, pensar que tudo passaria, ter fé de dias melhores), muitas coisas boas aconteceram. Estava mais feliz, mais leve. Amando o que fazia no trabalho, a construção do livro. Cuidando das minhas feridas para cicatrizá-las e dar lugar ao próximo relacionamento. “Q u a n d o a l g u é m e n c o n t r a se u c a m i n h o , PRECISA TER CORAGEM SUFICIENTE PARA DAR PASSOS ERRADOS. As DECEPÇÕES, AS DERROTAS, O DESANIMO SÁO FERRAMEN TAS q u e D e u s u t il iz a p a r a m o s t r a r a e s t r a d a .” Pa u l o C o e l h o Alianças Imperfeitas | 123 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ANEXO 1 DICAS DE AUTO-OBSERVAÇÃO: PENSAMENTOS E COMPORTAMENTOS QUE PODEM AJUDAR NA MELHORA EXEMPLOS DE PERGUNTAS E RESPOSTAS QUE ME AJUDARAM 1. O que Carlos significou na minha vida? Aprendizado de um conjunto de comportamentos: Para um próximo relacionamento, vou de peito e coração aber tos, mas terei calma. Só farei pelo outro se receber também. Vou doar de mim, para aquele que merecer meu valor e meu respeito. Não me permitirei passar pela mesma situação. Se eu for surpreendida por algo parecido, vou impor mais limites antes de entrar de cabeça no relacionamento. Aprendi a ter mais autocontrole, a estabelecer limites e a me valorizar. 2. Por que estou me desligando de Carlos? Resolvi não viver mais assim, sofri demais e precisava ser menos idealista. Perceber a realidade e me conscientizar dos meus objetivos e sonhos. E por que sofri? Porque fui inocente, idealizei alguém que, em meus sonhos, era ele. Carlos contribuiu, pois mostrou-se, especialmente através das palavras, que poderia ser essa pessoa. Alianças Imperfeitas | 125 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Desligo-me dele também por que: Tive a necessidade de autovalorização e de auto-respeito. Se eu não cuidar do meu corpo, onde eu vou morar?; Prejuízos emocionais, profissionais e financeiros; Fui roubada de mim mesma; Amarguei a perda do brilho. O risco de perder o emprego. O adoecimento psicológico; Percebi que ele me fazia muito mal com a ausência, com as expectativas geradas, com a incoerência entre falar e não fazer, dar e tirar; com o egoísmo e com a vitimização; Na relação eu me perdia e não me encontrava! “U m a m o r nÁo po d e se r a s s im : r e ch e a d o COM DOR'” M a iRA BaPTISTUSSI 3. Como começou minha história com Carlos e por que a dificuldade de rompimento? Carlos chegou quando eu estava carente. Preencheu o vazio com os ideais de um sonho. Apesar da minha idade, meu mundo ainda era cor de rosa. Esperava o príncipe encantado. No início o discurso dele foi poderoso demais. Um homem apaixonado, querendo um filho. Tinha emprego estável, era inteligentíssimo, cativante, importante, cheiroso, carinhoso... Assim, quando vi quem era Carlos, já estava apaixonada e as contradições de suas palavras com as suas ações dificultavam a minha percepção, ao mesmo tempo em que aumentavam a minha ansiedade. “Po rtan to , pla n t e se u ja r d im e d eco re SUA ALMA, AO INVÉS DE ESPERAR QUE ALGUÉM LHE FRAGA FLORES.” WlLLIAM SHAKESPEARE V_________________ __ _______________ J 126 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Estava apaixonada pelo que havia sonhado e entreguei nas mãos dele todas as minhas expectativas. Difícil escapar do rela cionamento. Era como perder tudo o que sonhara. Eu apenas tinha que entender que poderia ser feliz com outra pessoa, com alguém mais leve, que quisesse ser um companheiro, não apenas companhia. 4. O que aprendi com essa história? Enxergar a coerência que existe entre o que se diz e o que se faz (a pessoa está sendo ou não coerente com as coisas que estão acontecendo?). Analisar os dados c as atitudes. 5. O que significou a terapia em minha vida? Libertação de Carlos. Autoconhecimento. Mudança de comportamentos. Tornei-me uma Letícia mais forte. Como aprendi sobre mim! Questionei coisas que nunca havia questio nado em minha vida. Para conseguir a libertação, entrei em contato com o meu “eu”. Foi necessária muita dedicação, horas estudan do, refletindo e olhando para dentro de mim, analisando os meus pensamentos e os meus sentimentos. Aproveitei os momentos de solidão para reflexão. A terapia funcionava como um norte, mas meu esforço acelerou a compreensão de mim mesma, dele e da relação, o que me fortaleceu para a tomada de decisão. Nunca pensei tanto em toda a minha vida. Refiro-me ao pensamento com direção. Não estava sozinha, tinha Alice para me ajudar na compreensão de mim mesma, na organização dos meus pensamentos e na tomada de decisão. Eis o papel crucial da terapia. Alianças Imperfeitas | 127 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! • O que você quer de um parceiro (a)? Ele (a) tem os pontos negativos que para você são insuportáveis? A probabilidade de que a relação te faça mal é alta? • Há compatibilidade entre vocês? Em termos de ideais, de sentimentos, de objetivos e de características? Falam a mes ma língua e querem coisas parecidas? • Quais motivos o prendem a essa pessoa? São plausíveis? Você aceita? Ele (a) lhe dá o que você precisa? • O que tem tirado de proveito dessa relação? Analise ganhos e perdas. O que ele (a) tem feito por você? • O que o outro te provoca? Raiva, frustração, mágoa, inse gurança? O que te agrega? O que tem lhe dado? O que tem lhe causado? O que tem lhe tirado? • O que você sente quando estão longe um do outro? • O que ele (a) quer do relacionamento? O discurso é coe rente com os atos? • Ele (a) se faz de vítima diante das situações e não se com promete com clareza? • Ele (a) dá prazos para resolver as interferências no relacio namento? Vocês conversam a respeito? • Você sente que é prioridade na vida dele (a) ou tem, ao menos,indícios de que pode ser? Na balança da vida dele (a), onde você está? • Você imagina o futuro ao lado dele (a)? Como se sente? • Quais são os seus medos em relação a ele (a) e ao seu futu ro? Tem coragem de lhe dar um filho? Por quê? O que sente quando pensa nisso? • Os bons momentos são maiores que os momentos ruins? • Sente-se culpada (o)? Por que a dificuldade em terminar a relação? Continue a perguntar-se sobre outras questões: 128 | Bmna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Acha que ele (a) te ama? Quem ama faz o que ele (a) faz? Mesmo que ame, o amor sustenta tantas incompatibilidades? Será que projetou nele (a) a pessoa que sonhou? Como foi quando a realidade se chocou com a ilusão? Como você se sente quando se lembra de tudo que ele (a) te fez? Está investindo em quê? Que parceiro (a) é esse (a)? O que é o amor? E parceria, contar com a verdade; é entre- prazer e leveza... Lembre-se disso! Alianças Imperfeitas | 129 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ANEXO 2 DICAS DE AUTO-OBSERVAÇAO PARA MELHORAR A QUALIDADE DO SEU RELACIONAMENTO Não mude sua vida, seus compromissos e objetivos com muita frequência por conta do outro. Claro que uma rela ção requer ajustes, mas a troca com equilíbrio e parceria é fundamental; Não perca oportunidades de emprego por causa de nin guém. Na vida é preciso fazer o que depende de nós, e não ficar à mercê do outro! No relacionamento não tem só “eu”, e sim, “eu, você, nós”. A relação é uma via de mão dupla. Preste atenção no que depende de você: trabalhar, desbravar o mundo. O relacio namento depende do outro também; A relação não pode ser o sustento de sua vida. Quanto menos você depender dela, melhor será; A capacidade de amar e escolher são seus. Você escolhe ficar em uma relação que não te faz bem ou parte para outra; Quando a gente discrimina e percebe que nem tudo de pende da gente em uma situação, nos libertamos; O amor é importante, mas sozinho não se sustenta. Tem que ter compatibilidade e equilíbrio. Todas as relações têm pontos negativos, mas eles precisam ser menos importantes do que os positivos; Foque no que é possível viver, não na fantasia. Cuidado com a idealização do príncipe encantado! Alianças Imperfeitas | 133 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Pense que você pode estar se livrando de um grande proble ma e que há alguém melhor te esperando. Mesmo que não tenha alguém te esperando, você terá a sua independência de volta! No meu caso, se Carlos quisesse ter lutado pelo nosso amor, teria feito porque teve tempo e oportunidade; O outro tem responsabilidades na construção de suas emo ções (na idealização, num compromisso firmado, na expec tativa, nas atitudes, nas palavras, nas promessas). Não se culpe sozinha (o)! Não se culpe pelos erros e dificuldade emocionais do outro; Você tem o direito de não aceitar as imposições. O que tiver que fazer, faça por você! Quando alguém não quer assumir responsabilidades, co meça a esquivar-se em suas respostas; Aceite que não controlamos tudo; Seja humilde e agradeça pelo que está passando, pois tudo é aprendizado e provavelmente te tornará uma pessoa mais forte e melhor; “ S o r r is o s e a b r a ç o s e s p o n t â n e o s ME EMOCIONAM. PALAVRAS ATÉ ME CONQUISTAM TEMPORARIAMENTE, MAS ATITUDES ME GANHAM PARA SEM PRE.“ C l a r ic e L i s p e c t o r Não fique com ninguém apenas por uma satisfação se xual, ou pelo medo de ficar sozinha, pois em algum momento as consequências desta escolha frágil virão. E se ficar com alguém por medo, a relação já começa sem fundação (lembra quando falamos da construção da casa?); 134 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Dinheiro não traz felicidade, especialmente quando gera dependência. Não se prenda a alguém por causa de dinhei ro. Esforce-se para não depender de ninguém; Organize suas ideias numa terapia para tomar uma decisão. Se o outro não se movimenta, coloque limites, mude a es tratégia para obter resultados diferentes; Organize tudo o que você tem. Suas qualidades. Pois so mos quem somos em anos de formação; /c : : \A SUA SENSAÇAO NAO PODE FICAR RESTRITA À ANSIEDADE DE TÊ-LO OU O MEDO DE NÃO t ê - l o .” M a ir a Ba p t is t u s si V________________ _ _______________ J Quando estiver vulnerável e sentir saudade e culpa, lem bre-se de todo o contexto que você viveu. Não abra brechas para duvidar dos acontecimentos reais; Tenha comportamentos que quebrem o desamparo e a an siedade. Fortaleça-se com a terapia e em outras atividades que aplaquem os sentimentos negativos; Tente ser firme em seu posicionamento, senão ficará sob o controle do outro; Quanto maior a frustração, mais tempo precisará para re cuperar-se; A mudança de comportamento deve ser gradual para con seguir mantê-la; Não deixe ninguém tirar o seu brilho; Nunca perca as esperanças de ter uma boa história de amor! Jamais! Não tenha medo de amar, de se entregar. Viva o amor! Mergulhe, mas tenha sempre os seus pés no chão. Observe. Analise bem os comportamentos do outro. Não sabe se é amor? O amor é leve, não é dúvida, é prazeroso! Alianças Imperfeitas | 135 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! AO CHORE PELO QUE VOCE PERDEU, LUTE PELO QUE VOCÊ TEM. NÁO CHORE PELO QUE ESTÁ MORTO, LUTE POR AQUILO QUE NASCEU EM VOCÊ. Não c h o r e p o r q u e m t e a b a n d o n o u , LUTE POR QUEM ESTÁ DO SEU LADO. NÃO CHORE POR QUEM TE ODEIA, LUTE POR QUEM TE QUER FELIZ. NÃO CHORE PELO TEU PASSADO, LUTE PELO TEU PRESENTE. NÃO CHORE PELO TEU SOFRIMENTO, LUTE PELA TUA FELICIDADE. NÃO É FÁCIL SER FELIZ, TEMOS QUE ABRIR MÃO DE VÁRIAS COISAS. Fa ZER ESCOLHAS E TER CORAGEM DE ASSUMIR ÔNUS E BÔNUS PARA SER FELIZ. C o m o t e m p o v a m o s a p r e n d e n d o q u e NADA É IMPOSSÍVEL DE SOLUCIONAR, APE NAS SIGA ADIANTE COM QUE QUER E LUTA PARA ESTAR COM VOCÊ. S e ENGANA QUEM ACHA QUE A RIQUEZA E O STATUS ATRAEM A INVEJA... AS PESSOAS INVEJAM MESMO É O SORRISO FÁCIL, A LUZ PRÓPRIA, A FELICIDADE SIMPLES E SINCERA E A PAZ INTERIOR...” O ra ç ã o d a f e l ic id a d e (Pa p a F r a n c is c o ) 136 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! DESFECHO Não foi um processo fácil. Tive que controlar a minha an siedade, inclusive durante o tratamento psicológico. Porque na primeira consulta eu já queria sair da sessão com toda a minha vida resolvida. Eu sabia que não era bem por aí, mas a dor que eu carregava era tão dilacerante e minha psicóloga era tão especial para lidar com as minhas questões que eu não queria sair de per to dela. Naquele momento ela era o meu porto seguro. A única pessoa que eu podia confidenciar tudo, sem medo, vergonha. Não resolvi apenas o problema com Carlos, mas muitos con flitos internos que há anos atormentavam a minha vida e eram imperceptíveis para mim. E importante olhar para dentro de nós. Conhecer-se melhor. Se eu tivesse feito terapia antes, talvez não tivesse caído na armadilha de Carlos. Mas, tudo tem uma razão para acontecer. Por isso, agradeço mesmo diante de todo o sofrimento que passei. Conheci pessoas maravilhosas. Aprendi muito. Sou outra pessoa e, mais importante ainda, livrei-me da quilo que me fazia mal: a relação doentia que tinha com Carlos. Não tenha vergonha, medo... E preciso humildade no pro cesso de cura. Acredite que tudo vai passar!Boa sorte em seu tratamento! Que seus caminhos estejam abertos para a conquista e a felicidade!!! Alianças Imperfeitas \ 137 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! “IMAGINE SUA VIDA COMO UMA RODA GIGANTE... HOJE VOCÊ ESTÁ POR BAIXO, ESPERE, TENHA PACIÊNCIA, DEDIQUE-SE, CUIDE DE SI... LOGO LOGO VOCÊ ESTA RÁ NO TOPO!!! SE EU CONSEGUI, VOCÊ TAMBÉM VAI CONSEGUIR!!” FOCO, FORÇA E FÉÜ! BRUNA ALMEIDA FIM 138 | Bruna Almeida e Maira Baptistussi INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRAL, Álvaro. Dicionário técnico de Psicologia. São Paulo: Cultrix,2006 - pag 10 J .D. Nasio ET AL. Os grandes casos de psicose. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001- pag 154 OSAKI, Andre Mazao. As religiões japonesas no Brasil. São Paulo: Loyola, 1990. — pag 80 RUSSOMANO, Thais. Fisiologia Aeroespacial: conhecimen tos essenciais para voar com segurança. Porto Alegre: ediPUCRS, 2012 - pag 18 SIZER, Frances Sienkiewicz. Nutrição: Conceitos e Contro vérsias. Barueri- SP — Manole, 2003. - pag 503 ZIEGLER, Gerd. Taro: Espelho da Alma. Manual para o taro de Aleister Cowley. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993 Alianças Imperfeitas \ 139 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! BRUNA ALMEIDA MAI RA BAPTISTUSSI Alianças Imperfeitas Virando o Jogo INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! (21) 2146 2592 w w w .c o n q u is t a e d it o r a .c o m .b r INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! http://www.conquistaeditora.com.br V o c ê já d e m o n s t r o u m u i t o a m o r p o r a l g u é m nu ma re l a ç ã o , mas o o u t r o n ã o r e t r i b u í a ? L e t íc i a , a p e r s o n a g e m dessa h i s t ó r i a , ta m b é m : "Claro, em uma relação o co m p o r t a m a n t o d o s p a r c e i r o s nã o é i d ê n t i c o , mas t e m q ua h a v e r t r o c a , p a r c e r i a e m í n i m a c o m p a t i b i l i d a d e . Esse era o p r o b l e m a . De i m u i t o p o d e r a e l e e p e r d i o c o n t r o l e s o b r e os m e u s s e n t i m e n t o s . Fi z m a i s p o r e l e d o q u e eu d e v e r i a . D e i x e i as r é d e a s da m i nh a v i d a nas m ã o s d e l e . O n d e eu e s t a v a c o m a c a b e ç a ? " O l e i t o r j á d e v e t e r p a s s a d o ou c o n h e c i d o a l g u é m q ue p a s s o u p o r essa s i t u a ç ã o . Uma r e l a ç ã o q ue t i n h a a p a r e n t e m e n t e t u d o p a r a d a r c e r t o , p e l o m e n o s no c o m e ç o . Qu e v o c ê d e s e j o u , s o n h o u e v i v e u a r d u a m e n t e . S e g u r a n d o f i r m e p a r a q u e não a c a b a s s e . O n d e v o c ê f a z i a d e t u d o p e l o o u t r o , mas n ão r e c e b i a e m t r o c a na m es m a i n t e n s i d a d e . C o m o s a b e r se esses são s i na i s de um r e l a c i o n a m e n t o " n a t u r a l ” ou um r e l a c i o n a m e n t o q u e e s t á " s a i n d o d os t r i l h o s ” ? A p e r s o n a g e m d es s a h i s t ó r i a não c o n s e g u i a s a i r d i ss o - m e s m o e n x e r g a n d o t u d o o que a c o n t e c i a . P o r q u e p a r a e la f o i t ã o d i f í c i l s a i r de a l g o q u e já n ão a f a z i a b e m , f a z e n d o - a v i v e r d o i s a n o s de um p e s a d e l o ? Um r e l a c i o n a m e n t o p r o b l e m á t i c o q ue c o m e ç o u t i r a n d o seu s o n o , d e p o i s sua s aúde . . . sua v o n t a d e de v i v e r . . . e a c a b o u n um q u a d r o d e p r e s s i v o s e g u i d o de c r i s es de a n s i e d a d e . T o m a r a t i t u d e s d e f i n i t i v a s q u a n d o se e s t á s u b m e r s o n um s e n t i m e n t o t ã o d o l o r o s o c o m a l g u é m q u e se a m a não é f á c i l . E s t a r no c e n t r o da e s p i r a l , c o m o “ p r í n c i p e e n c a n t a d o ” d a n d o c a da v e z ma i s s i na i s de se r na v e r d a d e n a d a m a i s q ue um sapo . . . M e r g u l h e nessa h i s t ó r i a e v e j a c o m o L e t í c i a s u p e r o u essa d o r e v i r o u o j o g o . Sa i ba q ue , p o r ma i s d i f í c i l q ue a s i t u a ç ã o p a r e ç a , s e m p r e há a l g u é m p o r p e r t o c o m as f e r r a m e n t a s c e r t a s ( u m a a j u d a , um c o n s e l h o ) p a r a l he d a r as m ã os ! Essa é uma o b r a de a u t o a n á l i s e e de s u p e r a ç ã o . S u p e r a ç ã o d i a n t e de s i t u a ç õ e s q ue , de t ã o c o r r i q u e i r a s , nos d o e m . S e n t i m o - n o s e n c u r r a l a d o s , sem sa í da ; a c h a n d o q ue não h a v e r á d e p o i s , e s u p o r t a r a q u i l o é o q ue nos r e s t a . Mas não é... A o t e r m i n a r d e l e r , a l g o s o b r e o m o d o de v o c ê l i d a r c o m o o u t r o e c o n s i g o m e s m o m u d a r á . U ma a u s ê n c i a r e p e n t i n a n ão será só u ma " a u s ê n c i a ” , u ma p a l a v r a ma l f a l a d a m a i s de u ma v e z não é a p e n a s a l g o d i t o “ s e m q u e r e r " . O i n t u i t o d e s s e l i v r o é q ue , ao f i na l , v o c ê se ja c a p a z d e s a i r d e s e us p r ó p r i o s b u r a c o s e n ão c a i r ma i s ne l es . S a b e r que ao c h e g a r m o s no f u n d o do p o ç o , não p r e c i s a m o s f i c a r a l i ; p o d e m o s t o m a r i m p u l s o p a r a v o l t a r à s u p e r f í c i e . E q u e um b o m r e l a c i o n a m e n t o d e v e c o m e ç a r c o m v o c ê m e s m o , s o b r e c o n h e c e r suas l i m i t a ç õ e s , seus p o n t o s f o r t e s e f r a c o s , e se r f e l i z c o m i sso. E o q ue v i e r , q ue v e n h a p a r a s o m a r . . . e t r a n s b o r d a r a f e l i c i d a d e q ue v o c ê já p os su i d e n t r o d e si . " C o m o t e m p o , v o c ê v a i p e r c e b e n d o q u e , p a r a s e r f e l i z , v o c ê p r e c i s a a p r e n d e r a g o s t a r d e v o c ê , a c u i d a r d e v o c ê e, p r i n c i p a l m e n t e , a g o s t a r d e q u e m t a m b é m g o s t a d e v o c ê " . M a r i o Q u i n t a n a BRU N A A L M E I D A G r a d u a d a em A d m i n i s t r a ç ã o - U N E S A - RJ; M B A G e s t ã o de N e g ó c i o s S u s t e n t á v e i s - UFF L A T E C - RJ; C o m i s s á r i a de B o r d o e C o a c h . M A IR A B A P T IS T U S S I P s i c ó l o g a , T e r a p e u t a A n a l í t i c o C o m p o r t a m e n t a l c o m E s p e c i a l i z a ç ã o em: A n á l i s e e S í n t e s e em C o n t e x t o s T e r a p ê u t i c o s pe l a UFSCar ; M e s t r e em P s i c o l o g i a E x p e r i m e n t a l p e l a PUC- SP; D o u t o r a em P s i c o l o g i a E x p e r i m e n t a l pe l a USP- SP; E x p e r i ê n c i a de 15 anos em d o c ê n c i a em c u r s o s de g r a d u a ç ã o e p ó s - g r a d u a ç ã o em P s i c o l o g i a ; E x p e r i ê n c i a c l í n i c a de 18 a n o s em P s i c o l o g i a C l í n i ca . AGRADECIMENTOS BRUNA ALMEIDA AGRADECIMENTOS MAIRA BAPTISTUSSI Sumário PREFÁCIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 - O INÍCIO DE UMA HISTÓRIA DE AMOR CAPITULO 2 QUEM ERA CARLOS? O RELACIONAMENTO COM A “ESPOSA” O MANIPULADOR E SEDUTOR MEDO DE VÍNCULOS E ESQUIVAS DE PROBLEMAS O EGOÍSMO E A VITIMIZAÇÁO NOSSAS DIFERENÇAS RESUMO: QUEM ERA CARLOS - Alguns padrões e tendências de Comportamento MANIPULADOR E SEDUTOR MEDO DE VTNCULAÇÂOE ESQUIVAS DE PROBLEMAS EGOÍSMO E VITIMIZAÇÂO AS DIFERENÇAS EXERCÍCIO - O EU E O OUTRO CAPÍTULO 3 - SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS GERADOS DURANTE O RELACIONAMENTO SENTIMENTOS GERADOS - OS EFEITOS NA PELE SENTIMENTOS GERADOS - RESUMO CAPÍTULO 4 - COMO A ALIANÇA FOI SENDO CONSTRUÍDA? CAPÍTULO 5 - QUANDO E COMO ME VI EMOCIONALMENTE ADOECIDA EXERCÍCIO - REGISTRO DE SENTIMENTOS EXERCÍCIO - REGISTRO DE COMPORTAMENTOS CAPÍTULO 6 O PAPEL DA CONSCIÊNCIA NA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO V _ J CAPÍTULO 7 - COMO SAÍ DA DEPRESSÃO E VIREI O JOGO EU NÁO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER O QUÁO BOM É VIRAR O JOGO! COMO É BOM SE LIVRAR DAQUILO QUE NÁO TE FAZ BEM! DEPOIS QUE VOCÊ SAI DA DEPRESSÃO DEPOIS DA ALTA NA TERAPIA - VIRANDO O JOGO EXEMPLOS DE PERGUNTAS E RESPOSTAS QUE ME AJUDARAM 1. O que Carlos significou na minha vida? 2. Por que estou me desligando de Carlos? ANEXO 1 - DICAS DE AUTO-OBSERVAÇÁO: PENSAMENTOS E COMPORTAMENTOS QUE PODEM AJUDAR NA MELHORA ANEXO 2 - DICAS DE AUTO-OBSERVAÇAO PARA MELHORAR A QUALIDADE DO SEU RELACIONAMENTO DESFECHO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS