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FARMACOLOGIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Deborah Galvão Coelho da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, abordaremos as principais características da farmacocinética 
e farmacodinâmica e seus principais efeitos em organismos vivos. De modo 
geral, farmacocinética e farmacodinâmica são a “base” da farmacologia, pois por 
meio delas é possível compreender as respostas sinalizadas pelo organismo, em 
resposta a um estímulo. 
Mas quais são essas respostas? 
Introdução à farmacologia 
Farmacologia é a ciência que estuda a ação e efeito das drogas em 
organismos vivos e a interação dessas drogas no sistema como um todo. Muitas 
são as áreas que envolvem a farmacologia, desde a origem do medicamento, 
incluindo pesquisa e desenvolvimento, testes laboratoriais e clínicos, até a 
prescrição e adesão ao tratamento. Desse modo, é dividida em muitas facetas 
que abrangem diferentes mecanismos e sistemas, mas que compartilham do 
mesmo objetivo: pontuar as características e mecanismos particulares dos 
fármacos e suas classes terapêuticas. 
TEMA 1 – INTRODUÇÃO À FARMACOCINÉTICA 
A farmacocinética é a área da farmacologia que estuda as fases iniciais 
do fármaco a partir da administração, sendo elas: absorção, distribuição, 
biotransformação, biodisponibilidade e excreção. Todas essas fases estão inter-
relacionadas e apresentam processos diferentes. 
A absorção e distribuição indicam a passagem das moléculas da droga do 
local de administração para o sangue e a passagem das moléculas da droga do 
sangue para os tecidos, respectivamente. A eliminação do medicamento pode 
ocorrer por biotransformação e pela passagem de moléculas do sangue para o 
exterior do corpo por meio da urina, bile ou outras vias. 
Os benefícios terapêuticos são obtidos a partir de um medicamento dentro 
de uma janela abaixo da qual não há benefício terapêutico e acima da qual 
existem efeitos nocivos (toxicidade). A estreita faixa terapêutica de alguns 
medicamentos significa que apenas pequenas variações na concentração 
sanguínea são necessárias para resultar em toxicidade (ou nenhum efeito). A 
chave para manter as concentrações de fármacos dentro da faixa terapêutica é 
 
 
3 
a biodisponibilidade, e os fatores que podem influenciar a biodisponibilidade são 
aspectos essenciais da farmacocinética. 
Para que um medicamento tenha efeito, exceto pela administração 
intravenosa, ele deve passar pelo menos por uma membrana. Para passar para 
a circulação sistêmica a partir do local da administração e, em alguns casos, 
chegar ao local da ação, um medicamento pode precisar superar barreiras 
físicas, químicas ou biológicas, como a barreira hematoencefálica. 
 Existem diferentes mecanismos pelos quais um medicamento é 
transportado através de uma membrana biológica. A difusão passiva (simples) 
requer um grau de solubilidade lipídica para atravessar a bicamada fosfolipídica 
e move-se usando o gradiente de concentração até o equilíbrio ser alcançado. A 
difusão facilitada não requer energia, nem pode se mover contra um gradiente 
de concentração, mas a droga se assemelha suficientemente ao ligante natural 
para se ligar à macromolécula transportadora e atravessar a membrana. 
O transporte ativo também capitaliza a semelhança do medicamento com 
o ligante natural, permitindo que ele se ligue às macromoléculas transportadoras; 
no entanto, esse processo usa energia para transportar um medicamento contra 
o gradiente de concentração. Existem outros mecanismos de transporte 
mediados por transportadores que são transportadores não específicos de 
medicamentos, como a glicoproteína-P. A pinocitose incorpora o fármaco em 
uma vesícula lipídica para transporte mediado pelo transportador no citoplasma 
celular. 
O transporte por meio de poros ou canais de íons pode ocorrer com o 
gradiente de concentração para pequenos medicamentos solúveis em água. 
Embora a farmacocinética seja essencialmente o estudo da absorção, 
distribuição, metabolismo e excreção dos fármacos, isto é, como o corpo afeta 
os fármacos, não se limita a indivíduos saudáveis, mas inclui variações na 
biodisponibilidade, condições fisiológicas ou patológicas, ajuste de dose 
relacionado à doença e interações medicamentosas. 
1.1 Vias de administração 
Vários fatores determinam a via de administração de um medicamento. 
Alguns medicamentos só podem produzir um efeito terapêutico positivo ou atingir 
níveis terapêuticos no sangue por meio de certas vias de administração. Por 
exemplo, medicamentos que são administrados por via oral geralmente passam 
 
 
4 
pelo metabolismo de primeira passagem, de modo que o efeito da droga pode 
não ser rápido como medicamentos que são administrados por via intravenosa 
(IV), nasal, intramuscular (IM), subcutânea (SC), retal ou sublingual, que não são 
submetidos a passar pelo metabolismo. As vantagens de não sofrer metabolismo 
de primeira passagem é especialmente importante em situações de emergência 
em que o efeito terapêutico do medicamento deve ser alcançado imediatamente. 
Existem métodos distintos para a administração de um medicamento ou 
droga. Esses métodos são: (1) administração tópica, (2) inalação, (3) 
administração oral, (4) parenteral e (5) administração retal. 
A administração tópica refere-se ao medicamento aplicado sobre uma 
superfície, como a pele. Essa via é uma das vias mais seguras, apresenta 
menores riscos de efeitos adversos, elimina a variável da biodisponibilidade 
observada na via oral e é de fácil adesão pelo paciente. Os medicamentos são 
apresentados em forma de pomadas, géis, cremes e emplastros, e devem ser 
administrados apenas no local da lesão. 
Na via inalatória, os fármacos se encontram na forma gasosa, como é o 
caso dos anestésicos inalatórios (exemplo: halotano), ou também em forma de 
cápsulas, comprimidos e spray, sendo estes muito utilizados por pacientes 
asmáticos ou que apresentem algum comprometimento brônquico pulmonar, 
necessitando do uso de um aparelho inalador. Depois de atingir os pulmões, os 
medicamentos atingem a circulação sistêmica. 
A via oral é a mais comum e conveniente via de administração de 
fármacos. Formas farmacêuticas como comprimidos, cápsulas, xaropes, 
suspensões e emulsões são tomadas por essa via. Ela é mais utilizada devido a 
vantagens como fácil administração, segurança para o paciente e ser indolor. No 
entanto, é contraindicada para pacientes que apresentam náuseas, vômitos, 
comprometimento gástrico e dificuldade de deglutição (como crianças). 
Na via parenteral, é necessário o uso de seringas e agulhas, sendo esse 
método considerado invasivo e doloroso para o paciente. As três principais vias 
parentéricas de administração de medicamentos são IV, IM e SC. Preparações 
injetáveis são geralmente soluções ou suspensões estéreis do fármaco em água 
ou outros veículos fisiologicamente aceitáveis. Os volumes entregues podem 
variar de mililitros a litros. O tempo de início da ação para administração 
intravenosa é de segundos e, para injeções IM e SC, é de minutos. É utilizada 
quando a via oral não é indicada e/ou requer início de ação rápido. 
 
 
5 
Finalmente, o medicamento pode estar na forma de um supositório e ser 
administrado por via retal. Embora a absorção do fármaco por esse método não 
seja tão utilizada quanto a administração oral, é muito eficaz devido a suas ações 
no local desejado. 
1.2 Absorção 
A absorção e os fatores que podem impedi-la afetam diretamente a 
biodisponibilidade do medicamento. A biodisponibilidade no contexto da 
farmacocinética é a fração do medicamento administrado que atinge a circulação 
sistêmica. Claramente, a injeção intravenosa e intra-arterial transfere o 
medicamento diretamente à circulação e fornece 100% de biodisponibilidade. 
Isso pressupõe que os medicamentos cheguem ao local da ação diretamente da 
circulação sistêmica. A medicação administradapor via oral (entérica) é a via 
mais simples e mais comum, mas pode ter biodisponibilidade variável, 
dependendo de muitos fatores que influenciam a absorção do medicamento, 
incluindo tamanho molecular do medicamento, solubilidade lipídica, grau de 
ionização, forma de dosagem (por exemplo, comprimido ou solução), natureza 
química do medicamento, fluxo sanguíneo (no local da administração), local de 
absorção e via de administração 
O grau de vascularização afeta o início da ação, com início lento da 
administração subcutânea, início intermediário da administração intramuscular e 
início rápido da administração intravenosa. A administração muscular requer 
difusão passiva de drogas altamente lipofílicas na pele. Essa abordagem fornece 
um início de ação lento e o potencial de entrega lenta e contínua de 
medicamentos. 
1.3 Distribuição 
O medicamento precisa ser distribuído para o local da ação em 
concentração suficiente para gerar a ação terapêutica. A distribuição envolve 
essencialmente o sistema circulatório, que distribui medicamentos para todos os 
tecidos, exceto o cérebro (por causa das barreiras da membrana). 
Consequentemente, o fluxo sanguíneo relativo para os tecidos afetará a dose 
necessária. Usando a difusão simples após injeção intravenosa como exemplo, 
a alta concentração plasmática inicial atinge o equilíbrio após a rápida entrada 
 
 
6 
nas células com alta perfusão. Os tecidos mal perfundidos continuarão a 
concentrar a droga e, assim, diminuirão as concentrações plasmáticas. Por sua 
vez, as altas concentrações de fármaco em tecidos bem perfundidos diminuirão 
o tempo para alcançar o equilíbrio por meio das membranas. 
1.4 Metabolismo 
O metabolismo dos medicamentos ocorre em grande parte no fígado, mas 
também pode ocorrer nos rins, pulmões, pele e trato gastrointestinal. O 
metabolismo envolve enzimas que modificam a droga em várias células (por 
exemplo, no fígado, nos hepatócitos). A maioria dos fármacos é formulada para 
ser lipossolúvel, de modo a poder atravessar as membranas da bicamada 
fosfolipídica e ser adequada para absorção oral. Como os fármacos lipossolúveis 
também seriam reabsorvidos da urina após a eliminação, o metabolismo dos 
fármacos lipossolúveis em estruturas hidrossolúveis é necessário para uma 
eliminação renal eficaz. 
Um pró-fármaco é um fármaco inativo que precisa passar pelo 
metabolismo para tomar forma ativa. Modificações a medicamentos são 
chamadas de biotransformações, e podem ser categorizadas como fase I ou fase 
II. A fase I – ou reações de oxidação, redução e hidrólise – pode ser referida 
como pré-conjugação. A oxidação geralmente adiciona um grupo polar à 
estrutura química de uma droga adicionando uma molécula de oxigênio; a 
redução tende a adicionar uma molécula de hidrogênio; e a hidrólise adiciona 
água. A fase II – ou reações de conjugação e hidrólise – geralmente facilitam a 
ligação do medicamento a uma molécula polar. A maioria dos medicamentos 
sofre metabolismo de fase I e fase II; no entanto, alguns passam apenas pela 
fase I ou pela II. 
1.5 Excreção 
Os fármacos e seus metabólitos podem ser eliminados do organismo por 
meio de vários mecanismos e de várias formas. Alguns medicamentos podem 
ter eliminação fracionada por várias vias. A eliminação de líquidos inclui 
principalmente a excreção renal e biliar (urina e bile), mas também a excreção 
no suor, lágrimas, saliva e leite materno. A excreção renal por filtração dos 
glomérulos pode ser seguida de reabsorção tubular para reter os principais 
 
 
7 
nutrientes e outras substâncias (por exemplo, aminoácidos e vitaminas). Alguns 
medicamentos também podem retornar à circulação por reabsorção. Da mesma 
forma, os medicamentos eliminados pelo sistema biliar podem ser reabsorvidos 
do intestino e devolvidos pela veia porta hepática (ciclo entero-hepático). Em 
ambas as circunstâncias, a duração efetiva do efeito do medicamento é 
prolongada. 
TEMA 2 – FARMACODINÂMICA 
Farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos das 
drogas no corpo; isso inclui os mecanismos de ação da droga e a relação entre 
concentração e efeito. Um exemplo típico de farmacodinâmica é como um 
medicamento interage quantitativamente com um receptor para produzir uma 
resposta (efeito). 
2.1 Receptores 
Receptores são uma das moléculas que interagem com os fármacos para 
produzir um efeito farmacológico no organismo. O efeito farmacodinâmico, às 
vezes chamado de efeito farmacológico, pode ser terapêutico e/ou causar 
toxicidade. Frequentemente, os medicamentos têm vários efeitos, incluindo a 
resposta terapêutica desejada, além de efeitos colaterais indesejados. Para 
muitos medicamentos, o efeito farmacodinâmico está relacionado à sua dose/ 
concentração; quanto maior a dose, maiores as concentrações de fármacos no 
corpo e mais intenso o efeito farmacodinâmico até um efeito máximo. É desejável 
que os efeitos colaterais e/ou toxicidade dos medicamentos ocorram em 
concentrações mais altas do que as concentrações necessárias para o efeito 
terapêutico. As alterações intracelulares iniciadas pelo complexo ligante-receptor 
podem ser por ação direta ou indireta; no entanto, o ligante geralmente funciona 
como agonista ou antagonista. Um agonista imitará o ligante endógeno para 
produzir uma resposta semelhante, enquanto um antagonista bloqueia o ligante 
usual e, assim, inibe a resposta fisiológica. Um agonista cria uma mudança 
conformacional no local da ação que imita o ligante fisiológico. 
A potência é determinada pela afinidade e eficácia. Um agonista completo 
tem alta eficácia. Um agonista parcial demonstra ação agonista e antagonista, 
que produz uma resposta truncada. Os efeitos submáximos representam eficácia 
 
 
8 
intermediária a baixa. Um antagonista se liga no local da ação, mas não produz 
a alteração conformacional; não produz uma resposta e bloqueia a ligação de 
um agonista (eficácia zero). O antagonismo competitivo reversível reflete a 
afinidade e propensão do antagonista à dissociação, com um ligante ou agonista 
de maior afinidade (ou mesmo em virtude de maior concentração) sendo capaz 
de deslocar o antagonista. O antagonismo competitivo irreversível ocorre quando 
a dissociação do antagonista do local de ação ocorre lenta ou absolutamente. 
TEMA 3 – AÇÃO DOS FÁRMACOS 
Há outros fatores de grande importância que mediam os efeitos dos 
fármacos, tais como especificidade, seletividade, afinidade, potência e eficácia. 
Especificidade é a medida da capacidade de um receptor de responder a um 
único ligante. A baixa especificidade geralmente resulta em respostas 
fisiológicas não direcionadas ou pretendidas pelo medicamento; efeitos 
colaterais são um bom exemplo. De fato, não é incomum que um medicamento 
seja desenvolvido com uma ação teórica, mas a baixa especificidade dessa ação 
prejudica a eficácia, enquanto um efeito colateral surge como o novo papel 
direcionado. A seletividade define a capacidade do receptor de distinguir entre 
drogas e tem as mesmas implicações que a especificidade. 
A afinidade define a força da atração entre a droga e seu receptor. Uma 
alta afinidade está geralmente associada a uma menor dose requerida (em 
comparação com baixa afinidade pelo mesmo receptor). A potência descreve a 
relação entre a dose do medicamento e a magnitude do efeito. Alta potência 
induz um efeito forte com uma dose baixa de medicamento. Eficácia é a potência 
in vivo ou a resposta máxima alcançada de um medicamento. 
A interação do fármaco no corpo (por exemplo, absorção, metabolismo e 
excreção) pode alterar a biodisponibilidade relativa e, assim, alterar o efeito 
teórico do fármaco. O metabolismo rápido de um medicamento de alta potência, 
por exemplo, pode torná-lo de baixa eficácia, enquanto a absorção rápida, o 
metabolismo mínimo de primeira passagem e a excreção retardada podem criar 
maior eficácia,apesar de uma potência muito menor. 
O medicamento ideal será de fácil administração, totalmente absorvido, 
não ligado ao plasma, de início rápido, eliminado espontaneamente, 
quimicamente estável, altamente seletivo e específico, e com alta afinidade, 
potência e eficácia. Também terá uma duração de ação útil, um alto índice 
 
 
9 
terapêutico (sem efeitos adversos) e nenhuma interação. No entanto, não 
existem exemplos de medicamentos sintéticos ou naturais que atendam a todos 
esses critérios. Além disso, pode haver circunstâncias em que essas 
propriedades ideais não sejam desejadas. Por exemplo, alta afinidade também 
pode causar uma ação prolongada que pode não ser desejável. Alta potência 
também nem sempre é desejável – por exemplo, em um medicamento com baixa 
seletividade. 
Todos os tipos de ligação estão envolvidos nas interações fármaco-
receptor, e cada local de ligação ao medicamento possui uma característica 
química única que é amplamente definida pelas proteínas presentes. Como o 
fármaco e o receptor interagem (estrutura, forma e reatividade) determina com 
que firmeza eles se ligam. Uma curta duração de ação para um medicamento 
geralmente está associada a vínculos mais fracos, ao modo que vínculos mais 
fortes produzem interações fármaco-receptor de maior duração (potencialmente 
irreversíveis). Na ligação fármaco-receptor, a taxa na qual a associação entre 
medicamento e receptor ocorre em relação à taxa de dissociação definirá a 
afinidade ou a força da atração. 
A baixa afinidade e, portanto, as maiores exigências de doses, estão 
associadas a medicamentos para os quais a taxa de dissociação é 
sensivelmente maior que a taxa de associação. Por outro lado, medicamentos 
de alta afinidade que requerem doses mais baixas de efeito tendem a estar 
associados a uma taxa de associação muito superior à taxa de dissociação. A 
constante de dissociação, que é simplesmente a razão entre a taxa de 
associação e a taxa de dissociação (menor significa maior afinidade), fornece 
informações sobre o efeito da droga e o efeito semi-máximo. 
TEMA 4 – RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA 
 O efeito de um medicamento é resultado da concentração do 
medicamento no local de ligação; no entanto, respostas específicas às 
concentrações de fármacos geralmente não são lineares e, considerando que o 
efeito do fármaco é uma função da dose e do tempo, existe um nível significativo 
de complexidade. O tempo para o estado estacionário é influenciado por vários 
fatores, incluindo a taxa de dissociação. Deve-se ter em mente que a curva de 
resposta ao medicamento varia entre os indivíduos para o mesmo medicamento 
e dose (por exemplo, entre dados demográficos de sexo, peso, raça e idade), 
 
 
10 
bem como dentro de um indivíduo (por exemplo, nível de hidratação, pressão 
arterial e doenças). Assim, uma curva de resposta a drogas representa uma 
resposta média que geralmente pode ser aplicada a uma população. 
 A curva dose-resposta fornece informações valiosas sobre as 
características do medicamento e permite a compreensão de vários conceitos 
farmacodinâmicos específicos: dose resposta, inclinação da curva e efeito 
máximo, potência e eficácia, dose eficaz 50%, dose letal 50%, janela terapêutica 
e índice terapêutico, tolerância, sensibilização, e ativação e antagonismo. As 
interações medicamentosas podem causar danos devido ao aumento do efeito 
da droga (levando a toxicidade) ou diminuição do efeito da droga (levando a falha 
terapêutica). Existem várias estratégias que podem ser usadas para reduzir o 
impacto das interações medicamentosas. As interações entre medicamentos 
(interações medicamentosas) são uma causa importante de dano ao paciente e 
são particularmente importantes a serem consideradas em pacientes idosos, 
devido a muitos fazerem uso de diversos medicamentos (também chamado de 
polifarmácia), e pelos efeitos degenerativos do envelhecimento, favorecendo a 
interação medicamentosa. 
TEMA 5 – INTERAÇÃO ENTRE FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
Alguns medicamentos podem inibir o metabolismo de outro medicamento, 
o que permite que a quantidade do medicamento se acumule no organismo, 
levando a potencial toxicidade se a dose não for diminuída. 
A interação medicamentosa ocorre quando a administração de um 
medicamento altera os efeitos clínicos de outro. O resultado pode ser um 
aumento ou diminuição dos efeitos benéficos ou prejudiciais do segundo agente. 
Embora o número de combinações usadas para interagir medicamentos seja 
muito grande, apenas um número pequeno é relevante na prática clínica. 
As interações de absorção envolvem mudanças na taxa ou extensão da 
absorção. A taxa de absorção da maioria dos medicamentos depende do 
esvaziamento gástrico no intestino delgado. Drogas que atrasam (por exemplo, 
drogas anticolinérgicas) ou aumentam (por exemplo, drogas procinéticas) 
influenciam a taxa de aumento da concentração plasmática, mas não a 
quantidade total de drogas absorvidas. Uma extensão da absorção pode ser 
influenciada por segundas drogas que se ligam para formar complexos 
insolúveis ou quelatos. 
 
 
11 
As interações de distribuição ocorrem quando os produtos são 
extensivamente conectados às proteínas, e a coadministração de um segundo 
pode ser alterada para uma forma ativa e não vinculada. Isso aumenta a 
quantidade de medicamento (não ligado) disponível para causar um efeito. Por 
exemplo, o diazepam desloca uma fenitoína das proteínas plasmáticas, 
resultando em aumento da concentração plasmática de fenitoína livre e em risco 
aumentado de toxicidade. Os efeitos do deslocamento proteico são geralmente 
menores, porque o metabolismo da droga afetada geralmente aumenta em 
paralelo com o aumento da concentração da droga livre. 
As interações de excreção envolvem principalmente alterações na 
excreção renal. Isso pode ser causado pela redução induzida por drogas com 
taxa de filtração glomerular (por exemplo, desidratação induzida por diuréticos, 
inibidores da ECA, AINEs), o que reduz a depuração e aumenta a concentração 
plasmática de muitos medicamentos, incluindo alguns com baixo índice 
terapêutico. 
Muitos medicamentos dependem do metabolismo das diferentes 
isoenzimas do citocromo P450 (CYP) no fígado. Os recursos em interação têm 
o potencial de aumentar as taxas de metabolismo, induzindo a formação de mais 
isoenzimas do CYP ou diminuindo o metabolismo, inibindo a atividade das 
isoenzimas. Os indutores enzimáticos (fenitoína, rifampicina) geralmente usam 
filtros de plasma, mas podem aumentar a conversão de um medicamento em 
forma ativa. Inibidores da enzima (por exemplo, claritromicina, cimetidina, suco 
de toranja) têm o efeito oposto. 
Os efeitos da indução enzimática geralmente levam pelo menos alguns 
dias para se manifestarem devido à necessidade de sintetizar uma nova enzima 
CYP. Por outro lado, os efeitos da inibição enzimática podem ser rápidos, com 
um medicamento rapidamente afetado para uma nova concentração mais alta 
no estado estacionário. 
NA PRÁTICA1 
Em um hospital, chegam dois pacientes se queixando de dor muscular 
intensa. O paciente A recebe diclofenaco via oral e o paciente B recebe 
diclofenaco intramuscular. O paciente B sente o alívio da dor em cerca de 15 
 
1 O gabarito do exercício pode ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências. 
 
 
12 
minutos após a injeção, já o paciente A não relata nenhuma melhora. Qual é a 
explicação para essa diferença? 
FINALIZANDO 
Concluímos esta aula revendo as principais características da 
farmacologia e sua extensão para a farmacocinética e farmacodinâmica. De 
modo geral, podemos definir que a farmacocinética descreve como o corpo afeta 
um medicamento, resultante da administração de uma certa dose do fármaco; 
enquanto a farmacodinâmica descreve o efeito observado resultante de 
determinadaconcentração do fármaco. Vimos também as interações que podem 
ocorrer entre esses sistemas, capazes de alterar os efeitos e as respostas dos 
fármacos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRUNTON, L. L; HILLAL, D.-.; BJORN, C. K. Goodman & Gilman’s: as bases 
farmacológicas da terapêutica. 12.ed. São Paulo: AMGH, 2012. 
CLARK, M. A.; FINKEL, R.; REY, J. A.; WHALEN, K. Farmacologia ilustrada. 
5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
GOLAN, D. E.; TASHJIAN JUNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, 
A. W. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacologia. 3. 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 
HALLWORTH. M. Clinical biochemistry: metabolic and clinical aspects. 3. ed. 
Churchill Livingstone, 2014. 
RANG, P. H.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J.; HENDERSON, G. Rang & Dale: 
farmacologia. 8. ed. São Paulo: Elsevier, 2016. 
 
 
 
14 
GABARITO 
A principal explicação para a diferença entre os dois pacientes está nos 
princípios da farmacocinética e da farmacodinâmica. O medicamento 
administrado por via oral ao paciente A passa pela fase de absorção, distribuição 
e metabolismo do fármaco para, a partir disso, fazer efeito. Já o paciente B, que 
recebeu a injeção intramuscular, teve o início de ação rápido, pois não passou 
pelo metabolismo de primeira passagem, promovendo uma ação mais rápida e 
contínua em relação à via oral.

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