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FACULDADE EDUCARE COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS Fraudes em Alimentos Prof. Marcus Neves São alterações, adulterações e falsificações realizadas com a finalidade de obtenção de maiores lucros. Estas operações procuram ocultar ou mascarar as más condições estruturais e sanitárias dos produtos e atribuir-lhes requisitos que não possuem. As fraudes podem ser explicadas pela coexistência de três fatores primários: a existência de golpistas (fraudadores), disponibilidade de vítimas vulneráveis (consumidores) e a deficiência de controle rigoroso e eficaz FRAUDES EM ALIMENTOS FRAUDES EM ALIMENTOS: UM PROBLEMA MUNDIAL Custo global de fraudes para a indústria de alimentos: € 30 bilhões/ano Diversas Redes internacionais de identificação e pesquisa de fraudes em alimentos: Agência Nacional de Viglância Sanitária (ANVISA), Food Fraud Network (FFN), Food Integrity, The Food Authenticity Network, Authent-Net (Food Authenticity Research Network) TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Alteração: modificações que afetam as características (qualidades físicas e químicas, estado de rigidez e capacidade nutritiva), podendo ser enzimáticas, químicas, microbiológicas. Resultado de negligência, ignorância, desleixo ou desobediência às normas estabelecidas durante a fase de processamento, conservação ou armazenamento dos produtos. (Falha de procedimento - Não Intencional) Adulteração: fraudes intencionais e que alteram pouco as características sensoriais dos alimentos, mas geralmente levam a grandes prejuízos nutricionais ou econômicos. Requer análises específicas para sua detecção e pode ser subdividida em diferentes modalidades. (Adição, Remoção ou Substituição - Intencional) Falsificação: consiste em enganar o consumidor, induzindo-o a adquirir produto de nível inferior, julgando-o superior. TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Alteração As modificações realizadas alteram/destroem algumas partes ou totalmente as características essenciais do alimento. Alimento sofreu ação de agentes físicos, químicos, microbianos e enzimáticos. Ex: Uso corantes em carne para deixa-la com aspecto de carne fresca. Uso excessivo de amaciante para deixa-la com aspecto de carne de primeira TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Adulteração Pouca alteração nas características sensoriais dos alimentos: dificulta a visualização pelo consumidor Geralmente são necessárias análises específicas para sua detecção Tipos de adulteração: 1- Por adição de alimentos e substâncias inferiores Café Leite Pimenta do reino Sal e açúcar Adição de milho raízes, casca de cereais, cevada Adição de água, soda caústica, água oxigenada Adição de semente de mamão seca e moída, serragem de madeira Adição de areia, corantes TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Adulteração Tipos de adulteração: 2- Por retirada de constituintes dos alimentos: Retirada de um ou mais constituintes do produto, para utilização na produção outros de alimentos, ou para venda separada Ex: Retirada de nata do requeijão 3- Por substituição de um ou mais constituintes do produto: Substituição de um ou mais constituintes do alimento por por outros que transmitem ao produto as mesmas características do original, podendo ocorrer perdas significativas de nutrientes. Ex: substituição de farinha por farelos de cascas de cereais, substituição de nata por amido em requeijão. TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Adulteração Tipos de adulteração: 4- Por substituição: Substituição de parte do alimento original por partes de outras matrizes alimentares Carne moída Massas de bolo Pães integrais Mistura ou substituição da carne bovina por de outras espécies. Ovo citado na embalagem trocado por corante Farinhas integrais trocada por farinha branca 5- Por simulação de quantidade: A quantidade de alimento existente na embalagem é diferente da especificada no rótulo. ☞ Objetivo: ganhar da concorrência com preços mais baratos à custa de menor utilização de matéria prima Ex: Macarrão embalado em pacotes, com menor quantidade da que se encontra em produtos concorrentes TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Adulteração Tipos de adulteração: 6- Por recuperação fraudulenta de características sensoriais: Recuperação fraudulenta das cateríticas sensoriais de alimentos em fase de degradação. Carnes salgadas Feijão velho Frutas não sazonadas Peixes São lavadas para eliminar manchas vermelhas causadas por bactérias e ressalgadas. Feijões de safra antiga são tratados com óleos para ficarem com aparência brilhante Coloradas por pigmentos sintéticos Pincelagem das guelras com corantes TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Fraudes por Falsificação Consiste em enganar o consumidor, induzindo-o a adquirir o alimento de nível inferior, julgando-o de categoria superior. Tipos de falsificação: 1- Quanto a qualidade: Relacionada com a categoria do produto. É vendido como se fosse de alta qualidade, quando na verdade é de classe inferior. Carnes Laranjas Ovos Peixes Cortes de 2ª ou 3ª vendidos como carne de 1ª; Contrapeso de carnes diferentes De qualidade inferior como se fosse seletas. Ovos de espécies inferiores como marreco vendido como se fosse de galinha Peixes de categoria inferior vendido como se fosse bacalhau TIPOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Tipos de falsificação: 2- Quanto ao peso: Ocorre no momento da comercialização, durante as pesagens. Ex: Pesagens de produtos em balanças não aferidas convenientemente; Carnes pesadas com pelancas, cartilagens, sebo ou carnes de qualidades inferior 3- Por sofisticação: É uma variante de falsificação, na qual ocorre maior dose de sutileza de raciocínio e de ousadia. Recursos empregados pelos falsificadores: aproveitamento de rótulos, de etiquetas, de garrafas, de latas e de outros tipos de embalagens, geralmente de origem estrangeira Ex.: Bebidas: conseguem compradores e consumidores, que não percebem sua falsa qualidade EXEMPLOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS EXEMPLOS DE FRAUDES EM ALIMENTOS Continua PROCESSO DE FALSIFICAÇÃO DE BEBIDAS PROCESSO DE FALSIFICAÇÃO DE BEBIDAS FRAUDES EM ALIMENTOS ORIGEM ANIMAL 1- Quando os produtos tenham sido elaborados em condições, que contrariem as especificações e determinações fixadas; TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS Adição de CMS (carne mecanicamente separada) acima do percentual permitido pela legislação Salsichas e mortadelas máximo 60% Mortadela de carne de aves no máximo 40% Mortadela do tipo Bologna no máximo 20% Linguiças cozidas, no percentual máximo de 20% Linguiças frescais: não é permitido Produtos dessecados (salames): não é permitido O que a legislação diz › “Carne Mecanicamente Separada (CMS) é aquela obtida por meio de processo mecânico de moagem e separação de ossos, carcaças ou partes de carcaças de animais de açougue (aves, bovinos e suínos), destinada à elaboração de produtos cárneos específicos, não sendo permitida a utilização de cabeças, pés e patas, e que tenham sido aprovados para o consumo humano pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”. Riscos da adição de CMS acima do percentual permitido pela legislação Aumento do teor de cálcio: predisposição à formação de cálculos renais e biliares Maior teor de condroitina: polissacarídeo glicosaminoglicano de difícil digestão Menor teor proteico do alimento Maior suscetibilidade à oxidação lipídica pH (6,6): favorável da detrioração microbiana 1- Quando os produtos tenham sido elaborados em condições, que contrariem as especificações e determinações fixadas Adição excessiva de miúdos (estômago, coração, língua, fígado, rins, miolos) Devem ser obedecidas as normas como por exemplo a adição de no máximo 10% de miúdos em salsichas não tipificadas Mortadela Bolonha, mortadela Italiana: nãoé permitido 1- Quando os produtos tenham sido elaborados em condições, que contrariem as especificações e determinaçõesfixadas; Adição de amido ou adição de amido em teor acima do permitido Salsicha não tipificada: máx. 2% Mortadela: máx. 5% Patê: máx. 10% Mortadela Bolonha, Mortadela Italiana: não é permitida adição de amido Linguiça: não é permitida a adição de amido Teste para presença de amido usando iodo 2- Supressão de um ou mais elementos e substituição por outros visando aumento de volume ou de peso, em detrimento da sua composição normal ou do valor nutritivo intrínseco; Excesso de salmoura/solução de cura TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS Máx. 20% do peso do músculo: presunto, cortes temperados INJEÇÃO MANUALc INJEÇÃO AUTOMATIZADA 3- Quando os produtos tenham sido coloridos ou aromatizados sem prévia autorização e não conste declaração no rótulo. Adição de sulfito (dióxido de enxofre-SO2) TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS Agente antimicrobiano: efeito inibitório sobre bactérias e leveduras em pH < 3 Agente redutor: proporciona coloração vermelha e aparência de frescor Permitido em camarão e lagosta: máx. 100 ppm no produto final cru para inibição de escurecimento enzimático Excesso de sulfito Pessoas com intolerância: anafilaxia, urticária, erupções cutâneas, ataques asmáticos, angioedema, hipotensão, náusea, irritação gástrica local, dores de cabeça, distúrbio do comportamento, diarreia. Sulfito degrada a vitamina B1 (tiamina) TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS 3- Quando os produtos tenham sido coloridos ou aromatizados sem prévia autorização e não conste declaração no rótulo. Uso de corantes impróprios: banho de anelina em carcaça de frango Objetivo: dar aparência de galinha caipira Corante: Solução de anelina Carcaça corada TIPOS DE FALSIFICAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS 1- Quando os produtos forem elaborados, preparados, expostos ao consumo com forma, caracteres e rotulagem que constituem processos especiais de privilégio ou exclusividade de outrem, sem que seus legítimos proprietários tenham dado autorização. Quando for caracterizada indução a erro na fase de comercialização do alimento (certificação) Ausência de documento de certificação de legitimidade, que deveria ser fornecido por associações de produtores 1- Quando os produtos forem elaborados, preparados, expostos ao consumo com forma, caracteres e rotulagem que constituem processos especiais de privilégio ou exclusividade de outrem, sem que seus legítimos proprietários tenham dado autorização. Comercialização de produtos de qualidade inferior como produto de qualidade superior Carne de 2ª Carne de 2ª CARNE DE 1ª TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS 1- Quando os produtos forem elaborados, preparados, expostos ao consumo com forma, caracteres e rotulagem que constituem processos especiais de privilégio ou exclusividade de outrem, sem que seus legítimos proprietários tenham dado autorização. Denominação de cortes de menor valor comercial por cortes de maior valor a) Peixinho ou coió como filé mignon b) Miolo de pá em bife como bife de patinho c) Fralda (ponta agulha) como aba de alcatra d) Coxão duro como picanha TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS 1- Quando os produtos forem elaborados, preparados, expostos ao consumo com forma, caracteres e rotulagem que constituem processos especiais de privilégio ou exclusividade de outrem, sem que seus legítimos proprietários tenham dado autorização. Quando forem usadas denominação diferentes das previstas em Regulamento ou em fórmulas aprovadas TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PRODUTOS CÁRNEOS Salame Italiano Salame Tipo Italiano FRAUDES EM PESCADOS TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PESCADOS 1. Pescado de qualidade inferior comercializado como outros de qualidade superior Pescado tipo bacalhau Saithe (Pollachiusvirens) e Ling (Molvamolva) rotulados como a espécie mais nobre (Gadus mohua ouGadus Macrocephalus) TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PESCADOS ESCLARECENDO..... TIPOS DE BACALHAU Gadus morhua, Gadus macrocephalus e Gadus ogac Bacalhau da Groelândia Outros peixes salgados seco tipo bacalhau COMO IDENTIFICAR O VERDADEIRO BACALHAU Gadus morhua, Gadus macrocephalus e Gadus ogac A forma do peixe: o legítimo bacalhau é largo e permite corte em lombos. O rabo do peixe: deve ser quase reto ou ligeiramente curvado para dentro e de cor uniforme. Se tiver uma espécie de “bordado” branco na extremidade, não é o legítimo. Cor do peixe: o bacalhau de verdade é cor palha. Fuja dos branquinhos, esses são falsos. A pele: no verdadeiro bacalhau a pele solta com facilidade. TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PESCADOS 2. Pescado de qualidade inferior comercializado como outros de qualidade superior Salmão criado em cativeiro comercializado como salmão selvagem TIPOS DE ADULTERAÇÕES EM PESCADOS 3. Fraude no peso - Adição de água em pescado ☞ Ocorre na etapa de glaciamento ☞ Processo de cobrir o produto com uma camada de gelo, que pode ter diferentes espessuras ☞ Imersão ou pulverização de água gelada, com ou sem aditivos, no pescado congelado individualmente O glaceamento é permitido pela leigislação. Incluisive tem diversas vantagens, como: Proteger contra ação do oxigênio Evitar evaporação da umidade natural do pescado Evitar a descoloração do produto Evitar a perda de qualidade durante a estocagem Prolongar tempo de armazenamento O que não é permitido é o excesso de água no glaceamento!!!! São realizadas análises como método de inspeção FR A U D E S E M L E IT E De acordo com a legislação brasileira, é considerado fraude: Adição de água; Retirada de qualquer dos seus componentes (exceto a gordura nos tipos “C” e“magro”); Adição de substâncias conservadoras ou de quaisquer elementos estranhos à sua composição; Ser de um tipo e apresentar-se rotulado como de outro de categoria superior; Cru vendido como pasteurizado; Ser exposto ao consumo sem as devidas inviolabilidade. PRINCIPAIS FRAUDES EM LEITE 1. Adição de água Objetivo: aumentar o volume do produto, Como detectar? Observar os valores obtidos na crioscopia (-0,512 °C) e densidade. A densidade fica reduzida e a crioscopia mais alta O valor se aproxima do ponto de congelamento da água. PRINCIPAIS FRAUDES EM LEITE 2. Adição de CONSERVANTES Objetivo: aumentar a conservação e mascarar a acidez Conservantes mais utilizados: bicarbonatos, formol, peróxido de hidrogênio (água oxigenada), hipoclorito de sódio.. Como detectar? Através de análises laboratoriais PRINCIPAIS FRAUDES EM LEITE 3. Adição de reconstituintes Objetivo: aumentar o volume Mais utilizados: Amido. Possui a densidade muito próxima a do leite. Mascara a fraude por adição de água Como detectar? Através de análises laboratoriais e filtração