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Filo Rotifera Os rotíferos são pequenos animais aquáticos, com a maioria das espécies medindo menos de 1 mm de comprimento, embora sejam extremamente diversos e complexos. Existem mais de 2.000 espécies de rotíferos, predominantemente em ambientes de água doce, com algumas espécies marinhas. O nome do filo, Rotifera ou Rotatoria, derivado dos redemoinhos formados na água pela coroa ciliada em sua extremidade anterior, uma característica marcante desses organismos. Características Morfológicas e Anatomia Os rotíferos apresentam um corpo alongado, cilíndrico ou sacular e sua estrutura corporal é segmentada em três partes principais: a cabeça, o tronco e o pé. A cabeça é frequentemente ornamentada com uma coroa de cílios, chamada de corona. O tronco contém a maioria dos órgãos internos e composta por uma cutícula resistente que oferece proteção e suporte. O pé, localizado na extremidade posterior do corpo, é geralmente retrátil e possui glândulas adesivas. Internamente a boca está ligada ao mástax por meio de uma faringe ciliada. O mástax contém uma estrutura exclusiva dos rotíferos, chamada trofos, que atua como uma mandíbula. O cérebro está localizado atrás do mástax e à frente do saco retrocerebral, No tronco, a parte terminal do mástax se liga ao estômago através do esôfago. Na região apical ventral do estômago, encontram-se as glândulas gástricas. O estômago conecta-se ao intestino, que se liga ao ânus. Ventralmente ao estômago, estão localizados o ovário e o vitelário. Nas laterais do tronco, há um par de tubos chamados protonefrídios, que convergem na base da bexiga. A bexiga, por sua vez, conecta-se à parte terminal do intestino, próxima ao ânus, que se localiza na parte dorsal terminal do tronco Sustentação e Locomoção A sustentação nos rotíferos é fornecida pela combinação da cutícula externa e do esqueleto hidrostático. A cutícula proporciona rigidez e proteção, enquanto o esqueleto hidrostático, formado pela pressão do líquido na cavidade corporal, confere flexibilidade e facilita os movimentos. A locomoção é realizada principalmente através do movimento dos cílios na corona. Esses cílios batem de forma coordenada, criando correntes de água que impulsionam o rotífero para frente. Além disso, algumas espécies podem se mover por contrações do corpo, permitindo um movimento mais lento, mas preciso. O pé também desempenha um papel na locomoção, especialmente em espécies que se fixam temporariamente em superfícies, utilizando suas glândulas adesivas para ancoragem e deslocamento. Respiração Os rotíferos não possuem estruturas respiratórias especializadas como brânquias ou pulmões. A respiração ocorre através da difusão direta de gases através da parede corporal. A pequena espessura da cutícula e a grande área de superfície em relação ao volume corporal facilitam a troca gasosa eficiente. Oxigênio é absorvido diretamente da água circundante, e dióxido de carbono é liberado pelo mesmo processo. Circulação O sistema circulatório nos rotíferos é bastante simples e consiste principalmente na movimentação de líquidos dentro da cavidade corporal. O fluido corporal, também conhecido como pseudoceloma, circula através dos movimentos do corpo e dos cílios, distribuindo nutrientes, gases e resíduos metabólicos. Não há coração ou vasos sanguíneos especializados; a distribuição de substâncias é realizada através do movimento do fluido interno, que entra em contato direto com as células do corpo. Alimentação e Digestão Os rotíferos são predominantemente microfágicos, alimentando-se de partículas suspensas na água, como bactérias, algas, protozoários e detritos orgânicos. A corona de cílios na cabeça cria correntes de água que direcionam as partículas alimentares para a boca. Uma estrutura chamada de mastax, localizada no trato digestivo anterior, contém músculos e peças quitinosas que trituram o alimento antes de sua passagem para o estômago. No estômago, as glândulas gástricas secretam enzimas digestivas que decompõem os alimentos em nutrientes absorvíveis. O intestino continua o processo de digestão e absorção, e os resíduos não digeridos são excretados através do ânus. Esse sistema digestivo completo permite aos rotíferos processar eficientemente uma variedade de fontes alimentares. Excreção O processo de excreção começa com a filtragem dos líquidos corporais nas células-flama. Essas células têm cílios que batem sincronizadamente, criando uma pressão negativa que permite a passagem de líquidos da hemocele (cavidade corporal) para o interior das células-flama. A filtragem remove os metabólitos e outros resíduos, que são então direcionados através dos túbulos protonefridiais. Os túbulos protonefridiais são divididos em várias partes: túbulo coletor, região ascendente, alça distal, região descendente e alça proximal. A urina primária passa por essas regiões, onde ocorre a reabsorção de substâncias úteis e a concentração de resíduos. Nos rotíferos que possuem uma bexiga urinária, a urina concentrada é transportada para a bexiga, onde é armazenada temporariamente. Quando a bexiga se contrai, a urina é expelida para a cloaca e, em seguida, para o ambiente externo. Nos Bdelloidea, que não têm bexiga, os resíduos são armazenados diretamente na cloaca contrátil e expelidos periodicamente. Sistema Nervoso O sistema nervoso dos rotíferos é relativamente simples, mas eficiente, composto por um cérebro rudimentar (gânglio cerebral) localizado na cabeça, que se conecta a nervos longitudinais que percorrem o corpo. O cérebro coordena a atividade muscular e ciliar, permitindo a locomoção, a captura de alimentos e a resposta a estímulos ambientais. Os rotíferos possuem estruturas sensoriais que incluem ocelos (manchas oculares) para detectar luz e outras células sensoriais que respondem a estímulos químicos e táteis. Essas estruturas permitem aos rotíferos navegar em seu ambiente, encontrar alimento e evitar predadores. Reprodução A reprodução nos rotíferos pode ocorrer de forma assexuada ou sexuada, dependendo das condições ambientais e da espécie. A reprodução assexuada é predominante e geralmente ocorre por partenogênese, onde fêmeas produzem ovos diploides que se desenvolvem sem fertilização. Este modo de reprodução permite a rápida expansão populacional em condições favoráveis. A reprodução sexuada envolve a produção de machos e fêmeas. Os machos são geralmente menores e têm vida curta, existindo apenas para fertilizar os ovos produzidos pelas fêmeas. Os ovos fertilizados podem desenvolver-se diretamente em novos indivíduos ou entrar em uma fase de dormência (cistos) resistente a condições ambientais adversas. Esses cistos podem sobreviver por longos períodos e eclodir quando as condições se tornam favoráveis novamente, garantindo a continuidade da espécie. O filo Rotifera apresenta uma reprodução diversificada que varia entre sexuada e assexuada, dependendo do grupo taxonômico. Nos Monogononta, as fêmeas podem reproduzir-se tanto sexuadamente, com a fertilização dos ovos por machos durante a cópula, quanto assexuadamente por partenogênese, gerando descendentes geneticamente idênticos. Em contraste, os Bdelloidea são exclusivamente partenogenéticos, sem a presença de machos, reproduzindo-se por ovos haploides que se desenvolvem diretamente em fêmeas. Já os Seisonacea realizam reprodução sexuada, onde as fêmeas possuem estruturas reprodutivas pareadas e os machos desempenham papel na fertilização dos ovos. Os rotíferos podem ser ovíparos, com ovos desenvolvendo-se externamente ao corpo da fêmea, ou ovovivíparos, onde os ovos eclodem dentro do corpo materno. Essa diversidade de estratégias reprodutivas nos rotíferos reflete adaptações evolutivas para maximizar o sucesso reprodutivo em diferentes condições ambientais.