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TRANQUILIZANTESTRANQUILIZANTES FARMACOLOGIA DO SNC Os tranquilizantes servem para ajudar a médica veterinária no manejo (contenção química) ou serem utilizados como medicamentos pré-anestésicos. Tranquilizantes menores: São utilizados em neuroses, consideradas menos graves do que as psicoses. Tranquilizantes maiores: Empregados para o tratamento das psicoses, doenças consideradas mais graves. Em Medicina Veterinária, tanto os tranquilizantes maiores como os menores são usados principalmente para a contenção química dos animais e na pré -anestesia, além de transtornos comportamentais. TRANQUILIZANTES Produzem ataraxia (estado de relativa indiferença aos estímulos externos). Os tranquilizantes maiores atuam seletivamente em algumas regiões do sistema nervoso central (SNC): núcleos talâmicos, hipotálamo, vias aferentes sensitivas, estruturas límbicas e sistema motor; também são capazes de atuar na periferia, afetando o sistema nervoso autônomo. TRANQUILIZANTES MAIORES São chamados de antipsicóticos, pois na medicina são utilizados para tratar transtornos mentais, as psicoses ou esquizofrenia. Essas medicações bloqueiam os receptores dopaminérgicos pós-sináptico, tornando-os incapazes de responderem ao neurotransmissor dopamina. Atuam também nos receptores pré-snapticos dopaminérgicos, causando a não produção e liberação da dopamina. Com o bloqueio do receptores, a dopamina se acumula na fenda sináptica, sendo geradas enzimas que degradam a dopamina em metabólitos ((ácido homovanílico, HVA; e ácido di - hidroxifenilacético, DOPAC), mas sem alterar os níveis de dopamina, ocorre então, o aumento na taxa de renovação (turnover) do neurotransmissor. TRANQUILIZANTES MAIORES DOPAMINA QUEBRA RE N O VA ÇÃ O METABOLITOS Bloqueio dos receptores no sistema nigroestriatal: é responsável pela catalepsia (perda da motilidade voluntária, com rigidez espástica dos músculos, permitindo que os membros permaneçam em qualquer posição em que sejam colocados, por tempo indeterminado), pela abolição de estereotipia (movimentos que se repetem compulsivamente no tempo, sem variação e aparentemente sem objetivo) Bloqueio dos receptores do sistema mesocortical ou mesolímbico: é responsável pela atividade antipsicótica e pelo antagonismo da toxicidade provocada pela anfetamina. Bloqueio dos receptores dopaminérgicos do sistema tuberoinfundibular: explica a hipersecreção de prolactina e algumas alterações endócrinas, como a diminuição da secreção dos neuro hormônios hipotalâmicos (TSH, ACTH, LH, FSH e ADH) e, ainda, hipotermia. Bloqueio no centro emético: justifica o efeito antiemético. TRANQUILIZANTES MAIORES O que ocorre quando o neurotransmissor Dopamina não é liberado em diversas áreas do córtex cerebral: Efeitos dos Tranquilizantes Maiores: Diminuição da agressividade dos animais; inibição das reações vegetativas emocionais; Potencialização dos efeitos dos hipnóticos, dos anestésicos gerais, dos opiáceos e dos analgésicos anti - inflamatórios; Diminuição do limiar convulsivo (favorecem o aparecimento das convulsões). TRANQUILIZANTES MAIORES Deriva dos fenotiazínicos Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Acepromazina Bloqueia os receptores de dopamina pós- sinápticos no SNC e também podem inibir a liberação e aumentar a taxa de renovação da dopamina. Em cães e gatos, o início de ação após uma dose IM ou SC é aproximadamente 10–15 minutos e 3–5 minutos após uma dose IV. Os efeitos analgésicos podem persistir por apenas 15 a 30 minutos, mas as ações sedativas podem durar de 1 a 2 horas, dependendo da dose administrada Dopamina Emético Metronidazol Ondansetrona Opiódes Produzir efeito prolongado na depressão ou inativação do sistema motor quando fornecido a animais sensíveis. Sonolência, apatia, excitação paradoxal em animais predispostos, diminuição do limiar convulsivo, hipotermia com participação periférica; bradicardia que pode ser mascarada taquicardia reflexa à hipotensão; em felinos pode diminuir a produção de lágrimas. Sedativo Medicação pré- anestésica; Transporte de animais; Cães/gatos:0,03 a 0,1 mg/kg, IM, IV; 1a 3 mg/kg, VO Suínos: 0,03 a 0,04 mg/kg, IM, IV Equinos: 0,02 a 0,1 mg/kg, IM, IV Ruminantes: 0,05 mg/kg, IV; 0,1a 0,4 mg/kg, IM Clorpromazina Atua como um antagonista dos receptores de dopamina no sistema nervoso central. Ela bloqueia seletivamente os receptores D2 da dopamina, diminuindo a atividade dopaminérgica e exercendo efeitos tranquilizantes e sedativos nos animais. A clorpromazina é metabolizada principalmente no fígado por enzimas do citocromo P450, resultando em vários metabólitos ativos e inativos. Os principais metabólitos incluem a N- desmetilclorpromazina (atividade semelhante à clorpromazina) e a clorpromazina sulfoxida (atividade reduzida). Amidorona Atropina Fenobarbital Hidróxido de Alumínio Levodopa Toxicidade: Organofosforados (aumenta ação do mesmo) Sonolência, apatia, excitação paradoxal, hipotermia, diminuição do limiar convulsivo e taquicardia. Tranquilizante para viagens e procedimentos ambulatórias Disfunção cognitiva em cães Antiemético Cães/gatos:0,5 a 4 mg/kg, IV;1a6 mg/kg, IM;3a8 mg/kg VO Suínos:1 a 2 mg/kg, IM, IV Equinos: 1 a2 mg/kg, IM Ruminantes:0,2 a 1 mg/kg, IV; 1 a 4 mg/kg, IM Deriva dos fenotiazínicos Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Levomepromazina Atua principalmente como antagonista dos receptores dopaminérgicos D2 no sistema nervoso central. Metabolizada principalmente no fígado, por enzimas hepáticas, em metabólitos inativos. A taxa de metabolismo pode variar entre as espécies animais. Em alguns animais, como cavalos, o metabolismo da levomepromazina pode ser mais lento, prolongando sua ação. Só efeitos sinergicos com anestésicos gerais, bloqueadores neuromusaculares, sedativos e tranquilizantes Sonolência, apatia, excitação paradoxal, hipotermia, diminuição do limiar convulsivo e taquicardia. Os felinos podem apresentar reações extra-piramidais (tremores musculares, trismo da musculatura mastigatória, ausência de reflexos posturais, letargia, diarréia e perda do tônus do esfíncter anal). Antiemético Sedação Tranquilizante Cães e gatos:1 mg/kg, IM, IV Suínos:1 mg/kg, IM, IV Equinos:0,5 a 1 mg/kg, IM Ruminantes:0,3 a 0,5 mg/kg, IV;1 mg/kg, IM TRANQUILIZANTES MENORES São denominados também: ansiolíticos, calmantes, psico- harmonizantes, psicossedativos, estabilizadores emocionais e tranquilizantes. Classificação Os ansiolíticos em uso atualmente podem ser agrupados, conforme sua estrutura química, em: Benzodiazepínicos (diazepam, clordiazepóxido etc.) Buspirona Bloqueadores beta- adrenérgicos (propranolol, oxprenolol) Propanodiólicos (meprobamato, carisoprodol, clormezazona). BENZODIAZEPÍNICOS Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonista s Efeitos Colaterais Uso Dose Diazepam aumentam a inibição sináptica mediada pelo GABA. O receptor para benzodiazepínico é uma parte integrante do receptor GABAA É altamente lipossolúvel e amplamente distribuído por todo o corpo. Atravessa prontamente a barreira hematoencefálica. Hidróxico de alumínio Levodopa Maropitant Teofilina Baixa incidência de efeitos colaterais, no entanto, podem ocorrer: ataxia, agitação e excitação, quando administrados em animais com estado de alerta normal. Pré-anestesico Cães e Gatos: 0,1 - 0,5 mg / kg Equinos: 0,03 - 0,5 mg / kg Bovinos: IV, IM 0,5 - 1,5 mg / kg Clonazepam aumentam a inibição sináptica mediada pelo GABA. O receptor para benzodiazepínico é uma parte integrante do receptor GABAA Em cães, a biodisponibilidade oral do clonazepam é variável (20- 60%), mas absorção é rápida. A ligação às proteínas é de cerca de 82% e o fármaco atravessa rapidamente o SNC. Barbitúrico Carbapemazina Fenitoína desenvolve tolerância em cães e pode piorar as convulsões generalizadas tônicas. Este medicamento é mais efetivo quando utilizado em combinação com o fenobarbital. Tranquilizante Cães:0,05 a 0,2 mg/kg, IV;ou0,5 Gatos: 0,016 mg / kg Clorazepato aumentam a inibição sináptica mediada pelo GABA. O receptor para benzodiazepínico é uma parte integrante do receptor GABAA Meia -vida deste medicamento é tão curta que precisa ser administrado várias vezes ao dia para se ter o efeito desejado. Cetaconazol Cimetidina Eritromicina Fenitoína Sedação, ataxia, hipersecreção do trato respiratório superior e alterações gastrointestinais. Tranquilizante Cães: 0,2 - 1 mg / kg Gatos: 0,2 - 0,5 mg / kg AZAPIRONA Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Buspirona Atuação como agonista parcial em receptores serotoninérgicos, com grande afinidade aos receptores 5 HT1A: nos receptores pré -sinápticos somatodendríticos (autorreceptores). Além disto, este medicamento também atua em receptores dopaminérgicos (antagonista D20), mas acredita- se que este fato não contribua para o efeito ansiolítico deste medicamento. Rifampicina Toxicidade: Verapamil Podem ocorrer ainda tontura, sonolência e distúrbios gastrointestinais. Ausência de efeito sedativo e a sua grande margem de segurança. Somente tranqulização Cães: 1 a 2 mg/kg, VO, a cada 8 a 12 h; Gatos: 0,5 - 1 mg / kg Bloqueadores beta-adrenérgicos Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Propranolol Bloqueio de alguns efeitos produzidos pela norepinefrina, neurotransmissor que é liberado em situações de medo ou de ansiedade. É um beta-bloqueador lipofílico e sofre alta depuração de primeira passagem no fígado; a biodisponibilidade oral baixa e alta variabilidade nas concentrações plasmáticas e efeitos nos pacientes. Adrenalina Ampicilina Fenitoína Fenobarbital Bradicardia, depressão miocárdica, redução do débito cardíaco Utilizado para fobia ao barulho. Cães: VO 0,2 - 1 mg / kg a cada 8h Gatos: 2,5 - 5 mg / animal a cada 8h AGONISTAS DE α2-ADRENORRECEPTORES Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Xilazina impede a liberação de norepinefrina através da inibição do influxo de íons Ca ++ na membrana neuronal. A absorção é rápida após a injeção IM. A duração do efeito é dependente da dose, mas pode durar aproximadamente 1,5 horas. Barbiturícos Cetamina Ioimbina Tolazolina, Atipamezol Aumento da diurese, hiperglicemia, hipoinsulinemia, alteração da motilidade gastrointestinal, aumento da resistência vascular e do consumo de oxigênio do trato gastrointestinal, salivação, piloereção, transpiração, prolapso peniano e tremores musculares leves. conteção de animais, promoção da analgesia e de miorrelaxamento de ação central e como agente pré-anestésico. Este medicamento potencializa os efeitos dos anestésicos de maneira mais eficiente que os tranquilizantes maiores; podem ser usados isoladamente ou em associação com outros tranquilizantes, para diminuir os efeitos colaterais, bem como promover a neuroleptoanalgesia. Equinos: 0,5 a1,1 mg/kg, IV;1a2 mg/kg, IM Bovinos: 0,03a0,1 mg/kg, IV;0,1a0,2 mg/kg, IM Ovinos:0,05a0,1 mg/kg, IV;0,1 a 0,3 mg/kg, IM Caprinos: 0,01 a 0,5 mg/kg, IV;0,05 a 0,5 mg/kg, IM Suínos:2 a 3 mg/kg, IM Cães e gatos:0,5a1 mg/kg, IV;1a3 mg/kg, IM Detomidina É um agonista de receptores α2 adrenérgicos localizados pré-sinapticamente, os quais, quando estimulados, impedem a liberação de noradrenalina através da inibição do influxo de íons cálcio na membrana neuronal. Após a administração pelas vias parenterais, os agonistas alfa 2 são rapidamente distribuidos pelos vários tecidos, em particular o SNC e biotransformados. A principal via de eliminação é a renal Pode ocorrer depressão cardiovascular - bradicardia inicial e hipertensão seguida de hipotensão, arritmias; depressão respiratória; diminuição da temperatura corporal. É indicada como sedativo, adjuvante anestésico e analgésico com o objetivo de facilitar a manipulação em exames , procedimentos diagnósticos, tratamentos, limpeza de ouvidos ou dentes e pequenas cirurgias. Equinos: 0,01a 0,04 mg/kg, IV;0,04 a 0,08 mg/kg, IM Bovinos:0,03 a 0,06 mg/kg, IV AGONISTAS DE α2-ADRENORRECEPTORES Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Medetomidina É um agonista de receptores α2 adrenérgicos localizados pré- sinapticamente, os quais, quando estimulados, impedem a liberação de noradrenalina através da inibição do influxo de íons cálcio na membrana neuronal. A medetomidina pode ser administrada em diferentes formas, como injeção intramuscular, injeção intravenosa ou administração tópica em algumas formulações. A velocidade e o grau de absorção dependem da via de administração e do local de administração. Bradicardia, depressão respiratória, hipotermia, micção involuntária e dor no sítio da injeção. Raramente podem ocorrer sedação prolongada, excitação paradoxal, reações de hipersensibilidade, apneia e morte por colapso circulatório. Sedação Analgesia Pré-anestésico Restrição de movimentos Cães: 0,03 a 0,04 mg/kg, IM Gatos: 0,08 a 0,11 mg/kg, IM Dexmedetomidi na É um agonista de receptores α2 adrenérgicos localizados pré- sinapticamente, os quais, quando estimulados, impedem a liberação de noradrenalina através da inibição do influxo de íons cálcio na membrana neuronal. Em cães, quando a dexmedetomidina é administrada por via intramuscular (IM), ela é absorvida com uma biodisponibilidade de 60% e atinge níveis plasmáticos máximos em cerca de 35 minutos. O volume de distribuição é de 0,9 litros por quilograma e a meia-vida de eliminação é de aproximadamente 40-50 minutos. Vômito é o sinal mais comum. Pode ocorrer também depressão cardiovascular - bradicardia inicial e hipertensão seguida de hipotensão, arritmias; depressão respiratória; diminuição da temperatura corporal. Sedação Analgesia Pré-anestésico Restrição de movimentos Cães:375μg/m 2, IV;500μg/m 2 , IM Gatos:40μg/kg, IM AGONISTAS DE α2-ADRENORRECEPTORES Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Romifidina É um agonista de receptores α2 adrenérgicos localizados pré- sinapticamente, os quais, quando estimulados, impedem a liberação de noradrenalina através da inibição do influxo de íons cálcio na membrana neuronal. A romifidina apresenta ação rápida, com início dos efeitos em 2 minutos, e a duração mais prolongada do que a da xilazina ou detomidina, chegando a 1,5 hora. Pode causar bradicardia, arritmias, sudorese, sialorréia e atonia intestinal. Análogo da clonidina (agonista alfa2- adrenérgico) sedativo e analgésico. Utilizado para facilitar o manejo durante procedimentos em equinos. Equinos: 0,04 a 0,1 mg/kg, IV AGONISTAS DE α2-ADRENORRECEPTORES Fármaco Mecanismo de ação Farmacocinética Antagonistas Efeitos Colaterais Uso Dose Romifidina É um agonista de receptores α2 adrenérgicos localizados pré- sinapticamente, os quais, quando estimulados, impedem a liberação de noradrenalina através da inibição do influxo de íons cálcio na membrana neuronal. A romifidina apresenta ação rápida, com início dos efeitos em 2 minutos, e a duração mais prolongada do que a da xilazina ou detomidina, chegando a 1,5 hora. Pode causar bradicardia, arritmias, sudorese, sialorréia e atonia intestinal. Análogo da clonidina (agonista alfa2- adrenérgico) sedativo e analgésico. Utilizado para facilitar o manejo durante procedimentos em equinos. Equinos: 0,04 a 0,1 mg/kg, IV