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Anos Iniciais do Ensino Fundamental 55 PEDAGOGIA Aula e sala de aula: algumas reflexões sobre aprender e ambientes de aprendizagem Robson Alves dos Santos Mestre em Educação, Arte e História da Cultura. Pedagogo. Especia- lista em Folclore Brasileiro. Professor no Centro Universitário Senac, Campus Santo Amaro, São Paulo-SP D13 – Didática Geral Edson do Carmo Inforsato Doutor em Educação. Professor no Departamento de Didática da Uni- versidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara-SP Anos Iniciais do Ensino Fundamental56 PEDAGOGIA Sonhamos com uma escola que, sendo séria, jamais vire sisuda. A seriedade não precisa de ser pesada. Quanto mais leve é a seriedade, mais eficaz e convincente é ela. Sonhamos com uma escola que, porque séria, se dedique ao ensino de forma competente, mas, dedicada, séria e competentemente ao ensino, seja uma escola geradora de alegria. O que há de sério, até de penoso, de trabalhoso, nos processos de ensinar e aprender, de conhecer, não transforma este que fazer em algo triste. Pelo contrário, a alegria de ensinar e aprender deve acompanhar professores e alunos em suas buscas constantes. Precisamos é remover os obstáculos que dificultam que a alegria tome conta de nós e não aceitar que ensinar e aprender são práticas necessariamente enfadonhas e tristes. (FREIRE, 1991, p. 37) Aprender certamente tem uma relação intrínseca com um estado psicológico dominado pela motivação, no sentido de um impulso interno que move o sujeito para a assimilação de algo. Se ela, a motivação, não está manifesta nele (sujeito), é preciso buscá-la. Nossa tradição escolar, tributária dos jesuítas, associou aprender com extenuação, com exercícios repetidos ad nauseam, com tarefas entediantes, afugentando a alegria ou o prazer de qualquer ato de aprendizado. Daí talvez venha a contrariedade das crianças quando elas têm que voltar às aulas, terminadas as férias. Sabem que terão que submeter seus corpos e suas mentes a limitações e ordens que se contrapõem ao seu espírito de curiosidade, de troca com os colegas, de invenções sobre o que fazer e de expansão interativa que suas idades e suas experiências cotidianas conformam. Enfim terão que enfrentar as aulas com todo o seu ritual de tristeza e, consequentemente, de tédio. O que é aula? A palavra aula, no seu sentido etimológico, deriva do latim, com o significado de “pátio, palácio, curral, gaiola” e do grego, com o significado de “pátio ou morada”. Se a etimologia nos aponta a aula como pátio, buscar entender a aula é, acima de tudo, refletir sobre os espaços onde ela pode acontecer. E para isso, é preciso entender o que se chama de espaço, neste caso. Escolhemos a definição do professor Enrico Battini, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Turin (apud FORNEIRO, 2008. p. 51) que indica ser “necessário entender o espaço como um espaço de vida, no qual a vida acontece e se desenvolve”1. Espaço, portanto, refere-se ao espaço físico onde a aula acontece, o qual contém objetos, materiais didáticos, mobiliários e a decoração (cartazes, trabalhos de alunos etc.). Já o ambiente vai além do lugar físico, ele é constituído pelo conjunto de espaços físicos e pelas relações que ali se estabelecem – relações entre as crianças, delas com os adultos, delas com a sociedade etc. Por isso é fundamental conceber o espaço da sala de aula como um lugar propício para as interações. Se os alunos apenas contam com a possibilidade de se enfileirarem