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Metodologia do Ensino de História Ensino de História no Contexto da Lei 11.645/2008: Desafios e Possibilidades de Trabalho 1. A Lei n.º 11.645, sancionada em março de 2008, salienta uma dinâmica que a aproxima da experiência mencionada em relação à lei promulgada em 2003. Qual é essa dinâmica que as aproxima? E. Atender a demanda histórica do Movimento Negro e visibilidade dos povos indígenas. A Lei n.º 11.645/2008 altera a Lei n.º 9.394/1996, modificada pela Lei n.º 10.639/2003, a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena” em todas as escolas públicas e privadas, a fim de responder historicamente aos movimentos sociais e dar visibilidade aos povos indígenas. 2. Pode-se perceber elementos relevantes da Lei nº 11.645 na Constituição Federal de 1988, apresentada no artigo 210, que reconheceu a interculturalidade brasileira, sendo exposto no seguinte texto: “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Qual a intencionalidade deste texto? D. Para responder demandas de movimentos sociais que reivindicam igualdade. A inserção dessas temáticas se iniciou ainda na Constituição Federal de 1988 como encaminhamentos para atender demanda histórica do Movimento Negro, contribuindo para colocar oficialmente discursos e vozes historicamente silenciados nos currículos das nossas escolas. No que tange à Lei n.º 11.645, sancionada em março de 2008, foi uma dinâmica que a aproxima da experiência mencionada em relação à lei promulgada em 2003, dando agora visibilidade às demandas dos povos indígenas, conquistada em função de sua mobilização política. 3. A partir da lei 11.645, promulgada em março de 2008, várias iniciativas legais são adotadas com vistas a institucionalizar a implementação de uma educação que atente para a diversidade que pauta as relações étnico-raciais em nossa sociedade. A quem podemos atribuir um dos principais papéis nesse processo, para que a política seja realmente efetivada na prática? C. Aos professores. As competências a serem acionadas para gerar a subversão dos processos invisibilizatórios que se imprimiram às populações negra e indígena enfrentam entraves que transitam por toda a ordem de fatores, um dos quais diz respeito à prática dos professores, por isso a importância de investir na formação docente. 4. Quando se pensa nos manuais didáticos na historiografia da história indígena, principalmente da história do século XIX, o que se tem contado e escrito, geralmente, é a história do vencedor, dentro de uma visão europeizante e monopolizadora. Esse contexto nos apresenta que tipo de visão histórica sobre os negros e índios no Brasil? B. Os negros e índios são representados como sujeitos vitimizados e inferiores. O índio é tratado como se formasse um todo homogêneo, ignorando a rica diversidade sociocultural existente; eram “supersticiosos”, “selvagens”, ”bárbaros”, em estágio de civilização mais atrasado; foram grandes colaboradores de seus conquistadores e exploradores portugueses; viviam nas florestas, felizes e conservando a sua cultura própria; eram atores coadjuvantes da história europeia; não faziam parte do Brasil. Quanto aos negros, são tratados também com a mesma homegeneidade, todos iguais, sem pátria, que vieram para ser mão de obra e sem reação ao sofrimento. 5. Analise o trecho encontrado num livro didático para o 3.º ano do Ensino Fundamental. O tema era “Diversidade étnica e cultural”, um pequeno texto que identifica a caça, a pesca e a coleta de plantas silvestres praticadas pelos indígenas, que diz: “Os povos indígenas retiravam tudo o que precisavam da natureza. Praticavam a caça, a pesca e a coleta de plantas silvestres. Alguns povos plantavam mandioca, batata-doce, milho, abóbora, entre outros produtos.” O mesmo livro apresenta uma imagem dos índios sem roupas, caçando e pescando. Qual a intencionalidade dessa obra pedagógica? C. Apresentar o índio como um estereótipo dos costumes primitivos. Esse livro didático revela a negação da existência das diversas nações indígenas que viviam no território brasileiro, apresenta ainda a noção de índio genérico, o mito do bom selvagem. A obrigatoriedade da Lei traz, sim, um diálogo intercultural, porém a violência que se exerce sobre esses povos, de cristianização e morte de suas línguas, ainda persiste em pleno século XXI por meio dos livros que foram distribuidos nas escolas. Ensino da História Local e a Construção da Identidade 1. O termo história local está presente em diversas diretrizes e legislações referentes ao ensino de história na educação básica. Sobre o sentido de local, é correto afirmar que está relacionado a: B. uma abordagem que considera o local como uma construção cultural. A noção de local empregada pela história local faz referência a uma série de construções, que passam das escolhas efetuadas pelos historiadores e vão até as questões culturais que atravessam essas opções. Portanto, não se trata necessariamente de uma divisão administrativa, geográfica ou política, a priori, mas de um processo de seleção. 2. Uma diretriz de ensino, por meio de uma lei ou de um plano de ação, tem como objetivo alertar os professores sobre a importância do trabalho com determinadas temáticas em sala de aula. Em relação à legislação e às diretrizes educacionais brasileiras que citam o ensino de história local, é correto afirmar que: Você acertou! A. incentivam o ensino da história local, ressaltando as diversidades regionais brasileiras. A legislação brasileira e as diretrizes para sua aplicação fomentam o ensino da história local como forma de aprimorar os processos de aprendizagem histórica do aluno, além de recomendar sua utilização como mecanismo de formação e valorização das identidades e dos pertencimentos. 3. A história menor é conceituada como uma história de resistência por se contrapor à história maior. Sobre esta última, é correto afirmar que se caracteriza por: C. uma narrativa unívoca e homogeneizante. A história maior, a qual a história menor se contrapõe, é uma narrativa unívoca e homogeneizante, geralmente sustentada em uma ideia eurocêntrica de história e da experiência humana. Por isso, a história menor visa a uma escrita e um ensino de história mais democráticos e plurais. 4. O ensino e a aprendizagem de história podem ser desenvolvidos por meio de várias abordagens e estratégias, e algumas com mais sucesso do que outras em função de contextos culturais e socioeconômicos. Sobre a possibilidade de aprendizagem da história por meio da história local, é correto afirmar que: D. o processo de aprendizagem da história por meio da abordagem da história local possibilita a formação e a valorização de identidades por permitir aos alunos se reconhecerem como agentes sociais de um mundo em constante transformação. O processo de aprendizagem da história por meio da abordagem da história local possibilita a formação e a valorização de identidades por permitir aos alunos se reconhecerem como agentes sociais de um mundo em constante transformação. Permite seu reconhecimento como sujeitos históricos, atravessados por múltiplas constituições identitárias: culturais, étnicas, religiosas. Assim, a diversidade deve ser respeitada na escrita e no ensino de história. 5. Leia as frases a seguir, que descrevem situações hipotéticas: I – Um professor propõe aos alunos que pesquisem e escrevam a história da comunidade, por meio de fontes escritas e de entrevistas orais com os moradores. II – Um professor propõe aos alunos um estudo sobre as estátuas existentes nas praças da cidade, perguntando a eles quem são os homenageados e o porquê. III – Um professor propõe aos alunos um estudo sobre os heróis nacionais, ressaltando a importância que tiveram na construção da história do Brasil. Qual(ais) situação(ões)representa(m) prática(s) de história local? C. Apenas a I e a II. Representam práticas de história local as situações I e II, visto que a proposição da história da comunidade por meio da utilização de fontes escritas e orais, bem como a ideia de um estudo sobre a estatuária da cidade são práticas que remetem às discussões sobre a história local e sua problematização na formação da identidade dos alunos. A situação III, que envolve um enaltecimento dos heróis nacionais, reproduz uma lógica histórica em que não se problematiza a escolha desses personagens, nem se questiona sua representatividade para os demais sujeitos históricos. O ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental no Contexto da BNCC 1. Cada título de unidade temática contém os objetos de conhecimento a serem trabalhados e a indicação das habilidades que devem ser desenvolvidas durante a unidade. Alguns objetos de conhecimento pressupõem mais de uma habilidade e comportam conteúdos diversos. Levando-se em conta o descrito na norma, é possível trabalhar outras habilidades, além das elencadas a cada objeto de conhecimento da unidade temática? Você acertou! A. Sim. A norma não impede que outros conteúdos e/ou habilidades sejam trabalhados, apenas indica os conteúdos e as habilidades mínimas e essenciais à aplicação correta de cada parte da unidade temática. A BNCC indica o mínimo necessário para o desenvolvimento de cada etapa. Não impede sua ampliação ou a comunicação com outras habilidades e conteúdos referentes a etapas já cumpridas ou mais avançadas. Sendo assim, a norma não impede que outros conteúdos e/ou habilidades sejam trabalhados, apenas indica os conteúdos e habilidades mínimas e essenciais à aplicação correta de cada parte da unidade temática. 2. Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Quantas competências gerais a BNCC prevê que sejam desenvolvidas, e quantas competências específicas determina para a disciplina de história? B. 10 competências gerais e 7 competências específicas. A BNCC prevê o desenvolvimento de 10 competências gerais e 7 competências específicas para a área de história. Essas competências se relacionam diferentemente entre si, a depender da temática e das habilidades a serem desenvolvidas em cada etapa. 3. A BNCC determinou habilidades a serem desenvolvidas em cada etapa do ensino fundamental e classificou-as por códigos alfanuméricos, de forma a facilitar ao educador o acesso de seu conteúdo a partir do próprio texto da Base, ou reconhecer em documentos as referências nela contidas. Os códigos indicam, sequencialmente, o nível educacional, o ano, a disciplina e o número da habilidade, conforme elencada na BNCC. Como deve ser descrita a terceira habilidade elencada, referente à disciplina de história, área de conhecimento das ciências humanas, para o segundo ano do ensino fundamental? C. Pelo código alfanumérico EF02HI03. A terceira habilidade elencada, referente à disciplina de história, área de conhecimento das ciências humanas, para o segundo ano do ensino fundamental deve ser descrita pelo código alfanumérico EF02HI03: EF, de ensino fundamental; 02, que referencia o ano na etapa; HI, referente à disciplina história; e 03, referente ao texto que expressa a habilidade em questão. As demais referências indicam: EI - educação infantil e EM - ensino médio; HG (de história e geografia ) e CH (de ciências humanas) não existem no código alfanumérico da BNCC. Por fim, as siglas indicadoras do nível de ensino e das disciplinas são sempre escrita em maiúsculas. 4. Avalições educacionais são formas de levantamento, verificação de dados e construção de indicadores a partir dos quais se possa desenvolver políticas educacionais e avaliar desempenhos e o desenvolvimento dos alunos, das redes e sistemas de ensino e da aplicação efetiva de políticas públicas da educação. A avaliação processual formativa é realizada em pequena escala e avalia principalmente o aluno no âmbito pessoal. Quais são as funções básicas da avaliação processual formativa? C. Investigativa, de acompanhamento, tradicional ou somativa. São três as funções básicas da avaliação processual formativa: investigativa, para averiguar o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades do aluno no início do ano; de acompanhamento, realizada durante todo o periodo letivo, objetivando, entre outras coisas, o auxílio ao educando e os ajustes na forma de ensinar; e tradicional ou somativa, aquelas que ocorrem em bimestres, semestres, etc. e no final do ano letivo para medir o conhecimento adquirido. Provas escritas ou orais, pesquisas e seminários são instrumentos de avaliação, não funções avaliativas. 5. A história é uma disciplina que se relaciona com muitas outras em maior ou menor grau, conforme seu objeto específico de estudo em cada caso. Entre a história e as disciplinas "auxiliares" há uma gama de conceitos que são utilizados em comum. No entanto, três conceitos são fundamentais para o ensino de história. Quais são eles? E. Espaço, tempo e contexto. A história é uma disciplina que estuda a ação do homem no espaço dentro de um dado contexto. Embora os demais conceitos expressos nas outras afirmativas também sejam trabalhados na disciplina, os seus conceitos essenciais são tempo, espaço e contexto. O Uso de Fontes Históricas do Ensino de História 1. As fontes históricas são divididas entre primárias e secundárias, e subdivididas como voluntárias ou involuntárias. São classificados como fontes primárias voluntárias: D. Anais, bulas, registros cartoriais. Fontes primárias voluntárias são documentos oficiais e voluntários que correspondem a uma intencionalidade (registrar para a posteridade ou ordenar e conceder algo a alguém), sendo exemplos: anais, bulas, registros cartoriais. Enciclopédias, Wikipedia, biografias são fontes secundárias voluntárias. 2. Os alunos levaram para a escola os seguintes vestígios para usar como fonte: uma certidão de nascimento, um filme sobre Júlio César e um rosário que pertenceu à avó da avó. Sabendo que as fontes históricas se classificam em primárias e secundárias, voluntárias e involuntárias, públicas ou privadas, e obedecem a uma classificação tipológica também, classifique as fontes levadas pelos alunos. E. A certidão é uma fonte primária, voluntária e escrita. O filme é uma fonte secundária, voluntária e não escrita. O rosário é uma fonte primária, involuntária e não escrita. A certidão é uma fonte primária, voluntária (alguém se propõe a fazer) e escrita. O filme sobre Júlio César não pode ser fonte primária, já que não existiam as tecnologias para filmagem na sua época. Logo, classifica-se como fonte secundária, pois é uma interpretação da vida ou dos escritos dele; é voluntário, pois foi realizado para atender a alguma finalidade; e iconográfico, logo, não escrito. O rosário é uma fonte primária, involuntária e não escrita. 3. O Materialismo Histórico, surgido no séc. XIX, colocou em perspectiva a importância do estudo das relações econômico-sociais e os conflitos existentes entre os detentores de meios de produção e os não detentores, opressores e oprimidos. Ele preconiza que o desenvolvimento dos modos de produção e das tecnologias impactam sobre o social, o jurídico e o político. Essa corrente histórica se desenvolve a partir dos escritos de quem? C. Engels e Marx desenvolveram obras que deram origem ao Materialismo Histórico. Os elementos cujas obras deram ensejo à corrente denominada Materialismo Histórico foram Marx e Engels (séc. XIX). Tucídides era historiador da antiguidade e foi o primeiro a se preocupar com a veracidade das fontes, mas não com o modo de produção nem com o conflito de classes. Leopold Von Ranke (séc. XIX) é considerado o fundador da Escola Histórica Alemã, e foi o precursor da Crítica Documental e um dos responsáveis pela entronização da história enquanto disciplina. O grupode Annales surgiu no séc. XX e, embora trabalhe com conceitos de história-problema com oposição à história factual, é outra corrente historiográfica. A obra de Fernand Braudel, escritor da segunda geração de Annales, embora trate de questões econômicas da longa duração no Mediterrâneo, as relaciona antes com a geografia. 4. Vickery sugere que se crie nos educandos determinado tipo de “cultura”, que também atende aos critérios de desenvolvimento de habilidades da BNCC e da pesquisa com fontes para a escrita histórica. Pensando nisso, qual é o tipo de cultura que deverá ser desenvolvido? C. Cultura da indagação. Segundo o entendimento exposto, os alunos deverão desenvolver a cultura da indagação, que atende a certas habilidades inscritas na BNCC e à necessidade do historiador de investigar as fontes indagando sobre sua origem, veracidade, intenções, etc. Cultura material e imaterial são tipos de fontes. Cultura documental positivista se refere à aceitação do documento oficial como verdade sem maiores indagações. Uma cultura da parcialidade não atenderia a nenhuma das situações. 5. Três elementos são apontados por Carver e referenciados por Vickery como importantes para o desenvolvimento de indivíduos pensantes, e podem ser trabalhados em sala de aula através do uso das fontes históricas como instrumentos pedagógicos atendendo igualmente à BNCC. São eles: B. Agência, belonging (pertencimento) e competência. Os três itens elencados por Carver e referenciados no trabalho de Vickery são: agência (aprendizagem ativa), belonging (pertencimento – noção de pertencimento a um ou a vários grupos, comunidades, etc.) e competência (aprendizagem e aplicação do conhecimento em diferentes áreas). Todos contemplados também pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O desenvolvimento das habilidades, juntamente com os objetos de conhecimento, formará as competências. O desenvolvimento psicomotor e a motricidade não dizem respeito à questão do pensamento crítico. O desenvolvimento sociocultural está implícito na BNCC e o socioemocional é uma das metas da Base. O Livro Didático de História: Estratégias de Uso 1. Diferentes materiais podem ser utilizados em sala de aula como suporte para as atividades de ensino e aprendizado, e um deles é o livro didático. Assinale a alternativa que contém uma definição correta do que é um livro didático. B. Um livro didático é um produto cultural, que reflete as dimensões culturais, políticas e sociais de uma sociedade, e é utilizado em sala de aula com finalidades educacionais. O livro didático é um instrumento utilizado em sala de aula para complementar as atividades de ensino e aprendizado. Esse produto explicita, a partir das escolhas efetuadas pelos autores de acontecimentos, de temas, de estruturação de narrativas, seus posicionamentos ideológicos, políticos e sociais, trazendo marcas do momento em que foi elaborado. Por isso, podemos afirmar que o livro didático é um produto da cultura que o elabora. 2. Sobre a utilização dos livros didáticos como fonte para pesquisas, são feitas as seguintes afirmações: I) Os livros didáticos podem ser utilizados como fontes de pesquisa única e exclusivamente de pesquisas históricas. II) Os livros didáticos permitem compreender outras dinâmicas da cultura escolar, da constituição do currículo e de práticas docentes. III) Os livros didáticos podem ser transformados em fontes históricas, desde que possibilitem responder às perguntas direcionadas a eles. Qual(is) está(ão) correta(s)? E. II e III. Os livros didáticos podem ser utilizados como fontes de pesquisas para as mais diferentes áreas do conhecimento, não se limitando ao campo da história. A limitação do uso desse material como fonte está nas perguntas que o pesquisador elaborará ao material, e nas possibilidades de respostas contidas no livro didático. Por fim, o estudo dos livros didáticos permite desvelar os meandros da educação, evidenciando práticas de ensino, organização de currículo e outras dinâmicas da cultura escolar. 3. Assinale a alternativa que apresenta a principal contraposição entre uma prática tradicional de utilização do livro didático na aula de História e uma prática vinculada a reflexões mais contemporâneas: B. Uso do livro didático como "verdade" absoluta – uso do livro didático com espaços para a criação e a experimentação por parte do aluno. Durante muito tempo, o conteúdo do livro didático foi considerado por alunos e professores como uma verdade absoluta, como se não tivesse uma autoria ou não fosse produzido a partir dos mesmos princípios da produção de outros bens culturais. Recentemente, os livros didáticos têm proposto mais atividades que levam em consideração o protagonismo dos alunos, permitindo que eles criem a partir do conteúdo presente naqueles materiais. 4. Sobre o livro didático enquanto produto cultural, são feitas as seguintes afirmações: I) Compreender um livro didático como uma mercadoria não exclui a possibilidade de entendê-lo como um produto cultural. II) O livro didático não tem influência sobre a forma como os alunos passam a conceber a história e a cultura. III) Juntamente com outros produtos culturais, o livro didático estabelece certas representações que são fundamentais para a compreensão da alteridade e o respeito à diversidade. Qual(is) está(ão) correta(s)? D. Apenas I e III. Compreender um livro didático como uma mercadoria não exclui a possibilidade de entendê-lo como um produto cultural, pois a cultura não exclui e também não é excluída pelas análises econômicas. Por ser um produto cultural, o livro didático é influenciado e influencia a forma como os alunos concebem a história e a cultura, juntamente com outros produtos culturais. Esse conjunto de "bens culturais" estabelece certas representações que são fundamentais para a compreensão da alteridade e o respeito à diversidade. 5. Leia o trecho abaixo: "Então, o texto didático pode se tornar um importante instrumento para diminuir a distância entre a pesquisa histórica e o conhecimento escolar, os quais funcionam, ainda nos dias de hoje, como linguagens quase opostas. Pesquisa e ensino se encontram em poucos momentos, senão em parcos instantes de fuga que certos professores realizam em relação aos currículos. É um descompasso o que há entre a investigação e o ensino de história." Nilton Mullet Pereira. Representações da Idade Média no Livro Didático. A partir da leitura do texto, poder-se-ia afirmar que uma das possibilidades de uso do livro didático seria: B. Como forma de instigar a prática da pesquisa histórica em sala de aula. O texto demonstra que a prática de pesquisa histórica pode ser uma forma de aproximar a pesquisa e o ensino, e pode ser uma habilidade a ser desenvolvida por alunos, mas também por professores na educação básica, rompendo com a postura de passividade em relação à recepção de conteúdos provenientes da academia. Ensino da História Geral e possibilidades didáticas 1. É equivocado restringir a história como o estudo do ontem, pois a análise do passado é aproximada e, portanto, incompleta. Além disso, “todos os fatos do passado, foram, entre uns e outros fatos do presente” (BLOCH, 2001, p. 73). A ideia de que os fatos do passado foram fatos do presente expressa: Você acertou! A. uma concepção da ideia de tempo para além dos cortes de passado, presente e futuro. A historiografia presente não considera mais a visão do passado como único objeto do saber histórico, visto que as divisões do tempo são criações do homem para se situar. A concepção positivista concebe a história em uma visão teleológica em direção a um fim. O ensino pode não compreender o tempo como um todo, mas ele "tateia" o tempo, por meio de hipóteses e evidências. A concepção de um passado idealizado é fruto das perspectivas teleológicas distintas, como a religião e o próprio Positivismo. O estudo de história é decorrente das ações dos homens no tempo. 2. Uma das possibilidades da transmissão da aprendizagem da história se dá pela transversalidade ou interdisciplinaridade.O diagrama de Venn, ao ser colocado como um potencial recurso para o ensino de história, acaba concordando com concepções da história apregoadas pela/pelos: E. escola dos Annales. A Escola de Annales incentiva a utilização de outras disciplinas e ciências para se pensar historicamente. Os positivistas concebem história como relação de causa e efeito. Os pós-modernos superam noções de valores intrínsecos entre eventos históricos. A micro-história parte do particular ao geral/universal, não garantindo nenhuma relação entre fenômenos históricos em comum. A história cultural é um corte de visão teórica da história, não um modelo de conceber história. 3. Dar nomes a períodos históricos ou criar conceitos para a realidade de um dado momento histórico é uma prática da história. Essa forma de lidar com a história é uma maneira de deixar o ensino mais apreensível. No entanto, alguns conceitos podem ser impregnados de visões distorcidas dos homens em seu tempo história, como foi o caso da ideia de "séculos das luzes", criado na Idade Moderna, que objetivava: C. impor uma visão pejorativa à denominada Idade Média e sua predominância da força da Igreja. Herdeiros de um olhar do Renascimento, taxativo em relação ao medievo, os iluministas afirmavam ser a razão e a ciência a verdadeira fonte do conhecimento, impondo uma visão pejorativa da Idade Média. Os iluministas queriam romper com a hegemonia dos valores tradicionais da sociedade europeia. O conceito de "século das trevas" se aplicava a uma visão torpe da Idade Média. Embora aberta a perspectivas universais no campo do ensino, a laicidade comum ao Iluminismo se propunha a separar o conhecimento científico do conhecimento de viés religioso. O conceito de Santo Agostinho era de uma iluminação divina, mas nada disso tinha relação com a ideia do "século das luzes". 4. Ao longo da história, intelectuais ou não criaram conceitos e expressões para explicar a realidade ou algum tipo de ilusão da realidade. No mundo digital, os memes são expressões dessa era e sua existência se assemelha a qual ideia? C. Mimesis. A existência dos memes se assemelha à ideia de mimesis, que expressa uma realidade copiada. Nemesis é o nome de uma filha da divindade grega Nix. A amnesis é o verdadeiro conhecimento, ao contrário da mimesis. Entelequia expressa a noção de realidade e potência. Aletheia expressa uma concepção de verdade. 5. A produção do conhecimento histórico é algo intrínseco à realidade, além de perpetuar uma identidade de construções aos sujeitos. Tal perspectiva pode ser pensada, ou não, pelas afirmações a seguir. I. A história, como mãe mestra, é a única ferramenta que o homem se compreende no mundo. II. O ensino de história ratifica uma visão teleológica que pode restringir a aprendizagem. III. O ensino de história deve se pautar pela linearidade das relações entre causa e efeito, em um viés positivista. IV. História e ensino de história nem sempre dialogam, visto que as aplicações de ambos podem variar no tempo, no espaço e nos sujeitos. Estão corretas as afirmativas: D. II e IV, apenas. Estão corretas apenas as afirmativas II e IV. O ensino de perspectiva linear ainda é uma realidade no ensino de história e nem sempre consegue dialogar com a história. No entanto, a história não é a única possibilidade de o homem se ver e compreender no mundo. Um ensino de matriz linear ignora contradições e marginalidades nas ações do homem no tempo. Temas transversais e projetos didáticos no ensino de história 1. Muito se fala acerca da necessidade de se desenvolver no aluno o respeito ao patrimônio histórico. Maria Lima e outros profissionais da área colocam como chave o desenvolvimento da "consciência histórica" (LIMA, 2014, p. 53). O desenvolvimento dessa consciência envolve: Você acertou! A. o desenvolvimento no aluno da noção de que ele é um agente da história e deve ter um olhar crítico sobre ela. Para que o aluno desenvolva o respeito pelo patrimônio histórico, é um ponto-chave que ele desenvolva a consciência histórica, isto é, que ele é um agente da história e deve sempre ter um olhar crítico sobre ela. Colocar-se em uma posição passiva ou acrítica não contribui para que ele se conscientize de que o patrimônio histórico é parte da história dele também, pois não desenvolve qualquer elo de identidade ou senso de responsabilidade para com a sua preservação. 2. Uma ferramenta importante para se desenvolver a consciência histórica e auxiliar os alunos a compreenderem a realidade que os cercam seria o uso de metodologias ativas e de temas transversais. Assinale a alternativa que apresenta o motivo correto de se conjugar esses dois itens. C. A primeira ajudaria o aluno a sair de um papel passivo para se colocar em um papel ativo, e a segunda o ajudaria a enxergar ligações entre diferentes áreas do conhecimento em um mesmo tema. A grande importância de se conjugar metodologias ativas com temas transversais é fazer o aluno assumir um papel ativo e fazê-lo enxergar ligações entre diferentes áreas do conhecimento. Com isso ele desenvolve a capacidade de relacionar diferentes conteúdos, além de desenvolver autonomia no aprendizado, competências que são extremamente necessárias para que ele tenha uma visão de mundo mais ampla e consiga se adaptar a diversas situações. O contrário pode torná-lo alguém extremamente limitado e passivo, fadado a repetir ideias sem questioná-las, além de um profissional automatizado. 3. Acerca de se trabalhar com temas ligados ao respeito à diversidade religiosa e sexual, um dos principais problemas é lidar com a postura de alunos e responsáveis que discordam desses temas. Ao se encarar esse tipo de postura, o professor deve: B. de forma educada, explicar aos alunos e responsáveis os seus motivos, as leis que o amparam e as consequências que eles encararão caso não façam o trabalho. Dada a importância desses assuntos, os PCNs, as DCNs e a LDB determinam a sua obrigatoriedade em sala de aula. Sendo assim, o docente deve deixar bem claro que há leis que o amparam e as consequências que os estudantes enfrentarão, porém sempre de maneira educada e dialogando com os alunos e responsáveis. Em situações como essa, o medo de se posicionar e de causar polêmica, ou oferecer trabalhos alternativos, ou ainda acionar outras instâncias pode levar à reprodução de preconceitos e comportamentos intolerantes. 4. Os PCNs e os DCNs destacam a importância da história regional como forma de se desenvolver uma identidade cultural nos alunos e o respeito ao patrimônio histórico. Sobre esse assunto, a posição do docente deve ser: Você acertou! C. tentar relacionar o conteúdo da história global e de uma história local. Trabalhar a história local é uma obrigação legal e pode ser uma excelente ferramenta para não apenas ajudar os alunos a criarem uma identidade cultural e um elo de identificação com a disciplina: o ideal é sempre buscar relacionar os conteúdos mais gerais com a história local. Ignorar o currículo básico ou a história local torna o trabalho do professor incompleto, o que não contribuirá para que o aluno aprenda a contribuir relações entre a história da sua região e contextos maiores. Deixar a decisão para os alunos e responsáveis ou para a direção representará tanto a perda da autonomia pedagógica do professor quanto uma preocupação desnecessária para a direção da escola. 5. O calendário letivo sempre conta com datas comemorativas que devem ser trabalhadas. No entanto, a respeito delas há um currículo que deve ser trabalhado. Sendo assim, a postura do docente deve ser: Você acertou! A. utilizar as datas como ponto de partida, sem prejudicar o currículo. Apesar de as datas representarem boas oportunidades para criar, elas não devem representar uma dificuldade para se trabalhar o currículo mínimo. Então, não basta equilibrar o uso das datas e do currículo. Na medida do possível, o ideal é que as datas sirvam como ponto de partida para se trabalhar o currículo. Ignorar ou privilegiar as datas para trabalhar o currículo ou vice-versa não contribuirápara criar um elo de identificação do aluno com o currículo nem o ajudará a aprender a relacionar seu dia a dia com o currículo apresentado. Tecnologias e Novos Suportes de Informação: Possibilidades para o Processo da Aprendizagem Histórica 1. As tecnologias têm impactado as instituições e as relações humanas desde o final do século XX, inserindo-as na chamada "cultura digital". Assim, uma escola inserida na cultura digital é uma escola que: Você acertou! A. realiza a inserção digital e tecnológica do estudante, alfabetizando-o nesses meios, e possui práticas pedagógicas relacionadas às mudanças trazidas pela cultura digital. Uma escola inserida na cultura digital é aquela que proporciona uma instrumentalização da tecnologia para a educação, mas também modifica práticas pedagógicas, ou seja, de ensino e aprendizado, para se adequar aos preceitos da cultura digital. Caso contrário, as TICs passam a ser utilizadas apenas como exemplificação ou diversificação de pedagogias tradicionais de ensino. 2. As TICs proporcionaram muitas inovações para o ensino de história. Sobre essas inovações, é CORRETO dizer que: B. as TICs possibilitaram extrapolar a narrativa textual, majoritariamente utilizada no ensino de história. As TICS, com suas múltiplas formas de narrativas, que englobam o audiovisual e até a simulação, permitiram que o ensino de história rompesse com a narrativa textual, majoritariamente utilizada no ensino e na aprendizagem dessa disciplina. 3. A incorporação das TICs à educação básica reflete em um desafio para o Brasil. Pensando nisso, sobre as políticas públicas elaboradas no país para a educação e a tecnologia, é CORRETO dizer que: E. existem iniciativas de fomento à inter-relação entre educação e tecnologia, ainda que desatualizadas, e o tema está presente na Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental. No Brasil, segue em vigor o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), de 1997, e a temática da educação e da tecnologia pode ser encontrada em uma série de tópicos da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental. 4. Diversas habilidades podem ser desenvolvidas com o ensino e a aprendizagem por meio das TICs. Dentre elas, destaca-se: Você acertou! A. pesquisa qualificada na Internet, desenvolvimento de autoria compartilhada, interação e participação na resolução de problemas. O uso das TICs possibilita o desenvolvimento de habilidades que permitem ao aluno compreender que a atividade de pesquisa na Internet é um procedimento crítico; que ele pode, juntamente aos seus colegas, elaborar materiais coletivamente; e que pode resolver problemas interagindo e participando com o grupo. 5. As TICs representaram para a educação uma série de questionamentos a métodos e práticas de ensino de aprendizagem. Particularmente, em relação ao ensino de história, as TICs: D. levaram a uma problematização da relação entre o saber escolar e o aprendizado adquirido em espaços não formais de ensino, como a Internet. As TICs significaram questões de ordem epistemológica como o enfrentamento ao aprendizado da história realizado em espaços não formais de ensino, como a Internet, e de que forma esse conhecimento se confronta com os saberes escolares. image1.wmf