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Metodologias aplicadas a microbiologia na analise clinica. Introdução • Diversos tipos de microrganismos estão no ambiente. • Muitos deles adquirem resistência a varias substancias produzidas para combate-los. Microrganismos multi-resistentes Meios de cultura • São substancias que fornecem tudo que é necessário para que o microrganismo se estabeleça e se multiplique In vitro. • Todas as bactérias de interesse sanitário crescem bem em condições de laboratório em meios de cultura comuns. • As técnicas de cultivo, isolamento e contagem exigem a manipulação de amostras contaminadas, meios de culturas e material de vidro estéreis e equipamentos diversos. • Os meios de cultura são preparados industrialmente e são disponíveis no mercado desidratados, em pó. • Devem se ter cuidado no preparo de meios – Checar PH. – Uso de agua destilada, bi-destilada ou ultra pura. – Esterelização antes do uso. • Em relação a sua composição química, os meios de cultura são considerados naturais e artificiais e básicos e complexos. Meios de cultura naturais • Usados na antiguidade – origem vegetal (frutas, rodelas de batata) – animal (ovos) – industrialização simples (pão). • Permitia a observação de microrganismos decompositores. – (bolores, leveduras e bactérias, entre outros) • Inespecifico, fácil contaminação por diversos microrganismos. Meios de cultura artificiais • possuem substâncias químicas definidas ou não e, em geral, são denominados de meios complexos. – líquidos, – semissólidos – Sólidos • Sua característica física depende da concentração de Agar-agar ou demais agentes solidificantes em sua composição. Meios liquidos • Crescimento disperso no volume do meio. • Superficie com maior concentração de oxigênio. • Crescimento microbiano visualizado – turbidez do tubo. – Mudança de cor do meio. – Produção de gás. Crescimento microbiano em meio de cultura • Não apresentam ingredientes solidificantes em sua composição. • São fornecidos na forma em pó, quando adicionados de água são verdadeiros caldos. • Podem ser usados como – Reativadores de culturas microbianas (caldo lactosado) – Seletivos para determinados microrganismos (Caldo verde Brilhante Billis 2%) – Repiques de microrganismos (Caldo nutriente ou BHI) – Provas bioquímicas no geral. • Os Meios de Cultura Líquidos são distribuídos em tubos de ensaio e cobertos com tampa de metal ou tampão de algodão. Para detectar a produção de gás, coloca-se no interior do tubo um pequeno tubinho invertido (Tubo de Durham) e esteriliza-se o conjunto. • Caldo lactosado • Caldo VB • Caldo BHI Meios de cultura semissolidos • Possuem o agente solidificante numa quantidade baixa – 0,08%, 0,5% ou até 1% • Consistencia intermediaria entre liquido e solido • Permite diferentes concentrações de oxigênio • Utilizada para testes de motilidade da cepa e para maior conservação de culturas puras. • Conhecido como meio estoque. • Teste de motilidade Meios de cultura sólidos • Tem agente solidificante em sua composição variando de 1,5% a 2% • Microrganismos ficam presos na superfície do agar • Possibilidade de ver microrganismos a olho nú. • Permite estimar a quantidade aproximada de microrganismos numa amostra. • Ex: Considerando que uma única célula de E. coli se multiplica a cada 30 minutos sob condições ótimas de crescimento; em 24 horas, uma colônia teria 282 trilhões de bactérias (conglomerados de bactérias). • Podem ser classificados em 3 tipos: – Não seletivos: também denominados meios de cultura simples, permitem o crescimento de numerosas bactérias, capazes de se desenvolverem com esses nutrientes e em pH e temperaturas determinadas. – Seletivos: são meios de culturas que incluem ou excluem algum ingrediente que favorecem o crescimento de um microrganismo determinado (por exemplo, a ausência de compostos de nitrogênio permitirá o desenvolvimento de bactérias fixadoras de N2 ). Meios seletivos são todos aqueles utilizados na confirmação bioquímica das bactérias • De enriquecimento: contêm substâncias específicas para um determinado microrganismo ou grupo de 139 microrganismos, o qual favorece o seu desenvolvimento seletivo sobre o resto da biota microbiana. Por exemplo, a incorporação de Na2 SO4, em um ambiente anaeróbio de cultivo, enriquece o crescimento das bactérias redutoras do sulfato que utilizam esse composto no seu metabolismo como aceptor final de elétrons. A presença de ferro gera condições preferenciais para bactérias oxidantes do ferro se for um ambiente aeróbio, e de forma idêntica, a presença de enxofre, entre muitos outros elementos. Para as bactérias de interesse médico de difícil crescimento (fastidiosas), adicionam-se gema de ovo, sangue, plasma, soro e leite. • Facilita a identificação bacteriana ou de grupos bacterianos presentes no meio de cultura. • Os meios de cultura são adquiridos prontos e desidratados, e são preparados seguindo as indicações dos fabricantes. • Os meios de cultura com ágar são preparados e esterilizados em balões de vidro. • Distribuídos em placas de Petri estéreis, onde se deixam solidificar a temperatura ambiente. • Preservam-se na geladeira em caixas plásticas bem fechadas para evitar seu ressecamento. A semeadura é feita da seguinte forma... • Condições de assepsia total. • Usam-se alças descartáveis ou autoclavaveis para semeadura • Ou gotejamento diretamente no meio de cultura. • As amostras devem ser agitadas vigorosamente para auxiliar na quebra dos conglomerados bacterianos formados na amostra. • Metodologia para inoculação por estrias (esgotamento) em placa de Petri para obtenção de colônias isoladas – 1. Agitar energicamente o tubo com a amostra. – 2. Esterilizar a alça bacteriológica na chama. – 3. Abrir o tubo de ensaio com a suspensão bacteriana a ser semeada perto da chama e flambar suavemente a boca – não esquentar demasiado que pode quebrar o vidro. Não deixar a tampa do tubo na bancada para não haver contaminação; este deve ficar na palma da mão, a mesma que sustenta a pipeta e apertando na parte superior com o dedo mínimo. Ao flambar, gera-se uma zona quente ao redor da boca do tubo que impede a entrada de microrganismos contaminantes do ar – 4. Introduzir perto da chama a alça bacteriológica resfriada no tubo com a cultura, retirar a alça carregada; flambar a boca do tubo novamente, tampar o tubo e depositá-lo na grade suporte de tubos. Manter sempre a alça com o material na mão direita. – 5. Com a outra mão, abrir perto do fogo a placa de Petri que está na bancada de trabalho em posição invertida, com a base para cima. – 6. Estriar o cultivo para esgotamento (Figura 5). – 7. Fechar a placa de Petri, esterilizar a alça por calor na chama e colocar as placas na estufa bacteriológica. • Em seguida é feita a incubação em estufa bacteriológica na temperatura indicada para o microrganismo analisado • Cada colônia teoricamente se forma de uma única bactéria que ficou presa no agar e se reproduziu continuamente. • Algumas bactérias ficam presas muito próximas e ao se multiplicar elas acabam juntando as colônias impossibilitando a analise. • Para evitar isso se deve diluir a amostra em solução salina para diminuir a concentração de microrganismos presentes na analise e facilitar a leitura dos resultados. Métodos de Quantificação • Metodos diretos de quantificação – Microscopio – Contagem direta – câmera de contagem • Procedimento com câmera de newbawer. – Microscopio – Contagem direta – Lamina com cavidades marcadas – Quadrados de diferentes tamanhos porem gravados na lamina – Quantidade exata de amostra diluída Procedimentos • 1. Colocar a lamínula sobre a área marcada na câmara de contagem. As lamínulas são especiais e devem fornecer a profundidade correta da câmara de contagem. Não devem ser usadas lamínulas comuns que não proporcionarão o volume de 0,1mL. • 2. Homogeneizar bem asuspensão bacteriana e sob condições de assepsia, transferir 0,1 mL para um tubo de ensaio ou para um tubo eppendorf. • 3. Adicionar 0,3 mL de corante azul de tripano 0,2% ao tubo, obtém-se a diluição 1/4. O uso de microscópio de contraste de fase evita o uso de corantes. • 4. Misturar bem o tubo e retirar uma alíquota de 0,5 mL com pipeta (recomenda-se usar pipeta automática). • 5. Deve-se encostar a ponta da pipeta na borda da lamínula e deixar escorrer suavemente o líquido da pipeta. Preencher cuidadosamente a câmara de contagem, a suspensão deve preencher apenas um lado da câmara e não deve atingir os canais de laterais da área de contagem. Deixar as células sedimentarem por 2 minutos. • 6. Focalizar no microscópio a área demarcada da câmara de contagem com a objetiva de menor aumento (X 10). • Contagem da área central com mais divisões • contagem das quatro áreas com menor divisão e dividir o valor por 4 para obter a media. • Celulas nas linhas divisórias devem ser quantificadas – Contudo deve-se quantificar células nas linhas inferior e esquerda apenas – Celulas localizadas nas linhas superior e direita não devem ser quantificadas • 7. A suspensão utilizada foi inicialmente diluída a 1/4, portanto o número de células contadas será igual à média dos 4 campos ou áreas contadas e multiplicadas pelo fator de diluição que foi 4. • 8. O cálculo é então o seguinte: – para obter o número de células/mL, deve-se multiplicar o valor obtido por 10.000, pois: – 1 mL = 1 cc – 1 cc = 10 x 10 x 10 mm = 1.000 mm3 – Na câmara de Neubauer, o número de células contadas está contido no volume de 0,1 mm3 , então se deve multiplicar por 10, portanto 10 x 1.000 = 10.000 Técnica de quantificação de tubos múltiplos • Utiliza-se meios líquidos para cultivo. • Maior chance de erro • Teste probabilístico • Cada diluição é inoculada repetidas vezes nas mesmas condições. • Após incubação é verificada a a turbidez, a mudança de cor ou a produção de gás nos tubos indicando atividade bacteriana. • O resultado vem a partir da combinação de tubos positivos de três diluições decimais consecutivas • Utiliza-se uma tabela que indicará a densidade bacteriana por 100 mL de amostra. Técnica de contagens em placa de petri • Após estabilização dos microrganismos • Utiliza-se Lupa para contagem • Para a leitura, que deve ser cuidadosa se feita a olho nu, as colônias devem ser contadas com ajuda de uma lupa, pelo menos duas vezes cada placa. Placas não contadas no dia da leitura podem ser preservadas na geladeira entre 5 e 10o C, apenas por 24 horas. • Existem duas técnicas utilizadas para contagem em placa – Pour plate: A técnica de “pour plate”, ou de vertido em placa, envolve a adição do meio de cultura fundido ao inóculo colocado previamente numa placa de Petri estéril. – Spread plate: A técnica de “spread plate”, ou de espalhamento em superfície, e consiste no espalhamento ou distribuição homogênea do inóculo da amostra na superfície do meio de cultura sólido e estéril. Resultados • Os resultados são expressos como nº de colônias de bactérias/mL ou Unidades Formadoras de Colônias (UFC). mL-1; • Após a incubação, são escolhidas as placas de Petri com aproximadamente 30 a 300 UFC, e é feita a contagem do número de colônias com auxílio de um contador de colônias. Testes de sensibilidade aos antimicrobianos Antibióticos Mecanismos de resistência Mutações no DNA bacteriano Aquisição de plasmídios contendo genes de resistência • Exemplos: 1) Produção de -Lactamases 2) Alterações ribossômicas 3) Alterações de permeabilidade da membrana celular da bactéria 4) Bomba de efluxo Antibiograma Finalidade Avaliar in vitro a interação fármaco x bactéria • Determinando a sensibilidade • Concentração inibitória mínima Orientar o Tratamento Microbiologia Clínica Teste de sensibilidade - Métodos • Kirby-Bauer: Difusão com disco (disco-difusão) • Diluição em caldo (macro ou micro) • E-test Disco – difusão ou antibiograma Princípio • Qualitativo • Baixo custo, Rapidez, Padronização e interpretação fácil • Flexibilidade na escolha dos Antimicrobianos • 12 antimicrobianos por placa Princípio do Métodos Disco-difusão Detecção de beta-lactamase (ESBL) KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase Disco – difusão ou antibiograma Interpretação e relato dos resultados • Sensível: Dosagem habitual do antimicrobiano testado inibe o crescimento bacteriano • Intermediário: Concentrações maiores do que as usuais podem inibir o microrganismo • Resistente: Não é inibido Princípio do Métodos Disco-difusão - Ágar Mueller Hinton Discos de papel filtro Fatores de Influências: velocidade de difusão, ph 7,2 a 7,4, estocagem das placas, temperatura e quantidade de ágar, inóculo bacteriano Padrão de Turvação de Sulfato de Bário - Escala (0,5) de Macfarland 15 minutos após a colocação dos discos são invertidas e incubadas Leitura dos halos 24 horas após incubação (Utilizar cepas padrão ) mm Leitura e interpretação Macrodiluição em caldo • Os testes de sensibilidade são indicados para qualquer organismo que contribua a um processo infeccioso que justifique quimioterapia antimicrobiana, se sua sensibilidade não pode ser predita, de maneira confiável, a partir da identificação do organismo • Deve-se selecionar colônias, isoladas em placas de ágar, de cada tipo de organismo que possa desempenhar um papel patogênico e testar sua sensibilidade • Neste método podemos estimar: • Concentração inibitória mínima (CIM): menor concentração da droga que inibe o crescimento microbiano. • Concentração bactericida mínima (CBM): menor concentração da droga que mata pelo menos 99,9% do inóculo microbiano. • Metodologia – 1. Preparação dos tubos com as concentrações da droga; – 2. Preparação do inóculo (0,5 McFarland); – 3. Aplicação do inóculo nos tubos; – 4. Incubação em anaerobiose. • Vantagens – Custo mais efetivo; Fácil de ser executado; São úteis para isolados único. Pode ser determinada a CBM. Utilizado para microrganismos como Clostridium spp. (swarming). • Desvantagens – Dificuldade na determinação da CIM em microrganismo que não apresentam turbidez após crescimento (Dialister). Não é viável para muitos isolados. Diluição em Ágar • Na diluição em agar deve ser preparado previamente placas de petri com a substancia a ser testada diluida no meio de cultura. • Metodologia – 1. Preparação das placas com as concentrações da droga; – 2. Secagem das placas; – 3. Preparação do inóculo (0,5 McFarland); – 4. Aplicação do inóculo no replicador de Steers; – 5. Carimbar nas placas; – 6. Esperar secar. Incubação em anaerobiose. • Vantagens – Várias cepas podem ser testadas ao mesmo tempo; Viável para todos os anaeróbios, mesmo os mais exigentes. • Desvantagens – Não é conveniente para apenas um isolado; CBM não pode ser determinado; Teste dispendioso e incômodo. Microdiluição • Microplacas onde são preparados meios com substancia antibiotica. • Metodologia – 1. Preparação da placa com as concentrações da droga; – 2. Preparação do inóculo (0,5 McFarland); – 3. Aplicação do inóculo com carimbador; – 4. Incubação em anaerobiose. • Vantagens – Placas podem ser preparadas antecipadamente e congeladas ou serem compradas prontas; Viável para um único isolado ou vários. • Desvantagens – Não é favorável para crescimento de muitos anaeróbios (Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella); Dificuldade na determinação da CIM. 79 Etest®Difusão 81 E-test - MIC 82 Interpretação do E-test Figura representativa de um E-TEST Poder bactericida do soro (PBS) Teste realizado para verificar o efeito antimicrobiano do soro de pacientes em uso de antimicrobiano a pelo menos 72 horas e com infecção grave. Consiste em expor o microrganismo ao soro do paciente tratado com um determinado agente antimicrobianoe observar qual o comportamento do microrganismo em relação ao soro do paciente tratado.