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ANÁLISE ESTRUTURAL II A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Adriano Rogério Kantoviscki Análise Estrutural II / KANTOVISCKI, A. R. - Multivix, 2023 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2023 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS UNIDADE 1 Diferenciação do solo fértil com o solo produtivo 26 UNIDADE 2 Vínculos e características 46 Vínculos e características 60 UNIDADE 3 Vínculos e características 75 UNIDADE 4 Formulações 106 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Estrutura 18 Materiais usados em construções 19 Estrutura com arcos 21 Tipos mais importantes de estruturas reticulares 22 Estruturação em obra 23 Estruturas reticulares 25 Equação estática 27 Obra sendo inspecionada 28 Forças que podem ser atuantes ou existentes em um sólido 29 Energia acústica 30 Estrutura metálica 31 Estrutura metálica 32 Estrutura metálica 33 Estrutura metálica 35 Energia de deformação e energia complementar 37 UNIDADE 2 Estrutura de concreto armado 42 Estruturas de concreto armado 43 Pilares de concreto armado 45 Estruturas hipoestáticas 47 Estruturas isostáticas 47 Estruturas hiperestáticas 48 Estrutura externamente hiperestática 49 Estrutura internamente hiperestática 50 Pórtico 52 Estrutura isostática 53 Estrutura hiperestática 53 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Engenheiro 54 Estruturas 56 Vigas com um grau hiperestático 58 Pórtico com um grau hiperestático 59 Treliças 59 Treliça com um grau hiperestático 61 Pórtico com um grau hiperestático 62 Treliça com um grau hiperestático – internamente hiperestática 63 Modelos de rótulas 63 Modelos de rótulas 64 UNIDADE 3 Estruturas de engenharia 71 Estruturas de engenharia 72 Vigas (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade 76 Alguns tipos de pórtico 77 Pórticos (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade 78 Proposta 2 de pórtico para a parte frontal do hotel 80 Cálculo do grau de hiperestaticidade da proposta 2 de pórtico para a parte frontal do hotel 80 Estrutura projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping 81 Segunda estrutura projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping 82 Estruturas estáveis de engenharia 83 Ponte com treliças 85 Dois tipos de treliças que apresentam dois graus de hiperestaticidade 86 Início da resolução da treliça internamente hiperestática 87 Projeto da ponte 87 Projeto de pórtico proposto 88 Projeto de treliça proposto 89 Projeto da ponte ferroviária treliçada 91 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 4 Estruturas de engenharia 96 Viga hiperestática 97 Estruturas de engenharia 98 Confecção de ferragem para viga de concreto armado 99 (a)Corpo submetido a diversas forças externas. (b) Corpo sujeito à aplicação de uma força virtual externa P’ 100 Confecção de edificação em concreto armado 107 (a) Viga com carga distribuída real e (b) Viga com força virtual 108 Relação entre momento fletor (M) o giro da seção transversal θ para material elástico linear 110 Viga com carga real P aplicada na extremidade livre 111 Treliça de cobertura 113 (a) Esforços normais (N’) gerados pela força virtual; (b) Esforços normais (N) gerados pelo carregamento real 114 Viga hiperestática 115 Confecção de edificação em concreto armado 116 Viga hiperestática desmembrada 117 UNIDADE 5 Viga hiperestática com 4 apoios 121 Estrutura de concreto armado 123 Estrutura de concreto armado 124 Viga hiperestática (a) e isostática (b) 124 Exemplo de superposição 126 Exemplo de viga com carregamento uniforme distribuído 128 Viga sem uma vinculação 130 (a) Carregamento (real e força virtual) no caso (0); (b) Carregamento (real e força virtual) no caso (1) 131 Viga hiperestática 132 Edificação em andamento com estrutura em concreto armado 134 (a) Pórtico hiperestático; (b) Magnitudes de deslocamento; (c) Sistema hipergeométrico 135 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Superposição dos casos básicos 136 a) Reações nos apoios fictícios para o caso (0); (b) Forças nos apoios fictícios para o caso (1) 137 Reações de engastamento perfeito para algumas situações de carregamentos 138 Coeficientes de rigidez locais para algumas situações de deslocamentos 139 (a) Viga; (b) Deslocabilidade 141 Casos (0) e (1) 141 UNIDADE 6 Viaduto: estrutura de concreto armado 149 (a) Treliça; (b) Coordenadas locais de um membro 150 Estrutura de ponte em treliças de aço 151 Deslocamentos axiais possíveis em uma barra de treliça 152 Execução de elemento estrutural de engenharia 157 Viga com a convenção de sinais – Processo de Cross 158 Viga indeslocável 159 Coeficiente de rigidez 160 Estrutura de piso, lajes e pilares em concreto armado 162 Pórtico hiperestático deslocável 163 Viga: exemplo teórico-prático 164 Trechos da viga analisada 165 Distribuição de momentos da viga analisada 165 Diagrama de momentos fletores gerado pelo programa Ftool, com valores exatos 166 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 14 1. INTRODUÇÃO E TEOREMAS FUNDAMENTAIS 17 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 17 1.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO 18 1.2 TEOREMAS FUNDAMENTAIS DA ANÁLISE ESTRUTURAL 29 2. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE 43 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 43 2.1 ESTRUTURAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS 43 2.2 ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS DE GRAU 1 57 3. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE – PARTE 2 71 INTRODUÇÃO DA UNIDADE71 3.1 ESTRUTURAS COM GRAUS MÚLTIPLOS DE HIPERESTATICIDADE 75 3.2 OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS 85 4. INTRODUÇÃO AO MÉTODO DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO 97 INTRODUÇÃO 97 4.1 MÉTODO DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO 98 4.2 TEOREMA DE CASTIGLIANO 111 5. MÉTODOS DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO 123 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 123 5.1 MÉTODO DAS FORÇAS: APROFUNDAMENTO 123 6 MÉTODO DA RIGIDEZ E PROCESSOS DE CROSS 149 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 149 6.1 MÉTODO DA RIGIDEZ 149 6.2 PROCESSO DE CROSS 158 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 12 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina Análise Estrutural II objetiva proporcionar um aprofundamento nos estudos das estruturas das áreas de engenharia. Uma estrutura é, para profissionais de engenharia, qualquer tipo de construção formada por um ou vários elementos interligados que se destinam a apoiar a ação de uma série de forças aplicadas a eles. Nesse contexto, vamos focar o desenvolvimento da competência de análise de estruturas (determinadas e indeterminadas), assim como a identificação da estaticidade e da estabilidade, prevendo com- portamentos e direcionando diagramas de esforços solicitantes. Trata-se de um curso importante nas disciplinas de base das áreas associadas à enge- nharia estrutural. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Compreender os conceitos básicos de estruturas e suas classificações. > Compreender os teoremas fundamentais da análise estrutural. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II A disciplina Análise Estrutural II objetiva proporcionar um aprofundamento nos estudos das estruturas das áreas de engenharia. Uma estrutura é, para profissionais de engenharia, qualquer tipo de construção formada por um ou vários elementos interligados que se destinam a apoiar a ação de uma série de forças aplicadas a eles. Nesse contexto, vamos focar o desenvolvimento da competência de análise de estruturas (determinadas e indeterminadas), assim como a identificação da estaticidade e da estabilidade, prevendo com- portamentos e direcionando diagramas de esforços solicitantes. Trata-se de um curso importante nas disciplinas de base das áreas associadas à enge- nharia estrutural. 1. INTRODUÇÃO E TEOREMAS FUNDAMENTAIS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará aprofundamentos iniciais dos conceitos básicos asso- ciados as estruturas e à classificação delas. A concepção de uma estrutura, por parte de profissionais de engenharia, divide-se em três fases: planejamento, projeto e construção. Na fase de projeto, que é a de interesse para a análise estrutural, as seguintes etapas podem ser distinguidas: • determinação da forma e das dimensões gerais — é o tipo de estrutura e geometria de acordo com a funcionalidade e as normas aplicáveis. Também determina os principais materiais a serem utilizados. • determinação de cargas — define as forças externas que atuam na estrutura, bem como todos os efeitos que podem afetar o comportamento (erros de forma, movimentos de suportes etc.). • análise — consiste em determinar as forças internas e as deformações que se originam na estrutura como consequência das cargas atuantes. Para realizar a análise de uma estrutura é necessário proceder primeiro a idealização dela, ou seja, assimilá-la a um modelo cujo cálculo é possível. Essa idealização é feita, basicamente, introduzindo algumas suposições sobre o comportamento dos elementos que compõem a estrutura, no modo como estes se ligam 16 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 e se sustentam. Uma vez idealizada a estrutura, faz-se a análise, calculando as deformações e os esforços que nela transparecem, utilizando para isso as próprias técnicas de análise estrutural. Para isso, temos sempre como dados de partida os valores de ações externas e as dimensões da estrutura, determinadas nas fases anteriores. Especificamente nesta unidade, trabalharemos definições iniciais correlacio- nando-as a algumas definições gerais. Também vamos nos aprofundar na classificação das estruturas e dos respectivos métodos de análise, convergin- do para aplicações e exemplos teórico-práticos. Ainda, abordaremos alguns dos teoremas fundamentais da análise estrutural, relacionando-os a energia potencial e trabalho e aos principais teoremas de energia; vamos também, nesses casos, finalizas com a aplicação de alguns exemplos teórico-práticos. 1.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO O problema que a análise estrutural tenta resolver é a determinação do estado de deformações e tensões que ocorrem no interior da estrutura, resultado de todas as ações que agem sobre ela. Como consequência, também tenta deter- minar as reações que aparecem no suporte da estrutura (KASSIMALI, 2016). Exceto em casos muito simples, para a análise da estrutura é necessário conhecer as dimensões transversais dos elementos que a compõe, mas essas dimensões são basicamente determinadas pelas forças internas que aparecem nos elementos, que a princípio são desconhecidos. Por isso, a análise de uma estrutura geralmente é iterativa até que forças e deformações internas alcançadas sejam adequadas às dimensões transversais dos elementos (GARRISON, 2018). 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Para iniciar esse processo iterativo de análise, alguns valores devem ser im- postos para as dimensões da seção transversal dos elementos, com base na experiência ou em um pré-dimensionamento, que normalmente se baseia em hipóteses simplificadoras. 1.1.1 DEFINIÇÕES INICIAIS E GERAIS Para que a análise de uma estrutura seja correta, é necessário que a idea- lização feita se aproxime o máximo possível do comportamento real (LEET; UANG; GILBERT, 2010). Para isso, vários aspectos devem ser considerados, tais como os seguintes. Arranjo espacial da estrutura Pode ser em uma, duas ou três dimensões. Tipos de cargas atuantes Estáticas ou dinâmicas, conforme sejam constantes no tempo ou variáveis com ele. Tipos de elementos que compõem a estrutura Elementos discretos (peças prismáticas), elementos contínuos ou mesmo estruturas mistas. Tipos de juntas estruturais entre os elementos Articuladas, rígidas (geralmente chamadas de embutidas) ou flexíveis. Comportamento do material Pode ser elástico, pois quando desaparecem as cargas o material retorna ao estado inicial, ou não (por exemplo, se houver plasticidade). Dentro de materiais elásticos, o caso mais usual é o linear, quando a tensão e a deformação são proporcionais. 18 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Pequenas deformações Ocorre quando a posição deformada da estrutura coincide com a posição indeformada. Isso simplifica a relação entre deformações e deslocamentos de um ponto, que é linear. Em caso contrário, é um problema de grande tensão, e a relação entre tensões e deslocamento não é linear. ESTRUTURA Fonte: ©wirestock, Freepik (2023). #pratodosverem: estrutura com a cor amarela sobre fundo azul. Entre todos os aspectos citados,focaremos, de modo geral, estruturas com as seguintes características: • estruturas formadas por elementos discretos; • submetidas a cargas que não variam no tempo, ou seja, em regime estático; • com juntas rígidas, articuladas ou flexíveis entre os elementos; • estendidas em uma, duas ou três dimensões; • constituídas de um material com comportamento elástico linear; e • com pequenas deformações. 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 1.1.2 CLASSIFICAÇÃO DE ESTRUTURAS E MÉTODOS DE ANÁLISE Realizar uma classificação detalhada das estruturas não é uma tarefa fácil, pois depende da tecnologia, dos materiais utilizados para a construção e do uso dado à estrutura. Por essa razão, apenas os tipos de estruturas mais usu- ais são incluídos por aqui, levando-se em conta as diferenças do ponto de vista da análise, mas não do ponto de vista da funcionalidade (MARTHA, 2022). MATERIAIS USADOS EM CONSTRUÇÕES Fonte: ©wirestock, Freepik (2023). #pratodosverem: trabalhador da construção civil instalando armações de aço em vigas de concreto. As primeiras definições do conceito de estrutura já orientam a considerar dois grandes tipos: com elementos discretos ou com elementos contínuos. Am- bos os tipos são detalhados a seguir. 20 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.2.1 ESTRUTURAS COM ELEMENTOS DISCRETOS (ESTRUTURAS RETICULARES) Segundo Martha (2022), nas estruturas reticulares, os elementos são clara- mente identificados e caracterizam-se por ter: • dimensão longitudinal muito maior que as outras duas; e • material agrupado em torno da linha central do elemento, que geralmente é reto. Esses elementos são, portanto, peças prismáticas e geralmente são chamados de barras. Os pontos de união de alguns elementos com outros são chamados nós, e cada elemento sempre tem dois nós extremos (MARTHA, 2022). Com isso, a estrutura se assemelha a uma grade formada pelos diferentes elementos unidos por nós. Na verdade, essas estruturas são geralmente cha- madas de reticulares. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ESTRUTURA COM ARCOS Fonte: ©wirestock, Freepik (2023). #pratodosverem: fotografia, em escala de cinza, da parte interna de um edifício com estruturas em arco. A união de alguns elementos com outros por meio de nós pode ser feita de diversas formas, sendo as mais importantes (MARTHA, 2022): • União rígida ou engastamento: impõe deslocamentos comuns e voltas ao elemento e ao nó, de modo que forças e momentos sejam transmitidos. • Articulação: permite diferentes rotações do elemento e do nó e não é transmitido na direção da junta. • Conexão flexível: as espiras do elemento e do nó são diferentes, porém transmitem um momento entre os dois elementos. Os tipos mais importantes de estruturas reticulares são mostrados na figura a seguir. 22 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TIPOS MAIS IMPORTANTES DE ESTRUTURAS RETICULARES Fonte: adaptada de Valle, Rovere e Pillar (2019). #pratodosverem: tipos mais importantes de estruturas reticulares, tais como viga, treliça plana, treliça espacial, pórtico plano e espacial, grelha e arco. 1.1.2.2 ESTRUTURAS COM ELEMENTOS CONTÍNUOS Nessas estruturas, nenhuma direção predominante é identificada a princípio, e o material é distribuído continuamente por toda a estrutura. O conceito de nó estrutural nem pode ser introduzido de forma intuitiva e simples, porque a análise é mais complexa do que para estruturas reticuladas, por isso não será abordada em nossos estudos. No entanto, a seguir, elencamos os casos mais comuns de estruturas contínuas, segundo Garrison (2018). 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II • Placas Consistem em um meio contínuo plano, de pequena espessura comparado com as dimensões transversais, com forças atuando perpendicularmente ao plano. São o equivalente contínuo de uma chapa plana. • Sólidos São meios tridimensionais contínuos submetidos a um estado geral de tensões e deformações. • Cascas São meios curvos contínuos, de pequena espessura. São o equivalente à soma de uma membrana e uma placa, cuja superfície diretriz é uma curva. Em termos de classificação dos métodos de análise, podemos dizer que os principais métodos de análise estrutural para estruturas discretas são resu- midos a seguir. Os métodos estão separados em quatro grandes blocos, com base na natureza de cada um. ESTRUTURAÇÃO EM OBRA Fonte: ©freestockcenter, Freepik (2023). #pratodosverem: homem trabalhando em construção com estruturas de vigas em armação de aço. 24 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Soluções analíticas: consistem em resolver diretamente as equações que controlam o problema, então geralmente só podem ser aplicadas a casos simples. • Integração da equação elástica para vigas. • Teoremas de Mohr para vigas. • Método da viga conjugada. • Empregos das equações da estática: só podem ser aplicadas em estruturas isostáticas. • Métodos do equilíbrio dos nós para treliças. • Método das seções para treliças. • Método da barra substituída para treliças. • Métodos baseados em flexibilidade. • Princípio do trabalho virtual complementar e do potencial estacionário. • Segundo teorema de Castigliano e teorema de Crotti-Engesser. • Método geral de flexibilidade (baseado no segundo teorema de Engesser). • Método da compatibilidade de deformações em vigas. • Fórmula dos três momentos para vigas. • Princípio de Müller-Breslau para cargas móveis. • Métodos baseados na rigidez. • Princípio do trabalho virtual complementar e princípio do potencial total estacionário. • Primeiro teorema de Castigliano. • Método da rigidez em formulação matricial, para qualquer tipo de estrutura. • Método de Cross ou da distribuição de momentos, para pórticos planos. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 1.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Os diferentes elementos que compõem uma estrutura reticular podem ser unidos, basicamente, por dois modos (GARRISON, 2018): Totalmente rígido Transmitindo entre os elementos unindo todas as forças e os momentos possíveis: três forças e três momentos no caso espacial e duas forças e um momento no caso plano. Nesse caso, todas as deformações dos elementos unidos são iguais. Por meio de juntas imperfeitas Permitem certo movimento relativo entre os elementos unidos. Essas uniões imperfeitas são obtidas com base no cancelamento da capacidade de transmissão de algumas das forças disseminadas entre os elementos. Uma vez eliminada essa capacidade de transmitir algum esforço, surge um movimento relativo entre os elementos, no sentido do esforço anulado. ESTRUTURAS RETICULARES Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: fotografia de estruturas reticulares pretas. 26 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 As condições de tensão zero impostas nas juntas entre os elementos da es- trutura são chamadas de condições de construção. A presença delas desem- penha um papel importante na estabilidade da estrutura ou na natureza isostática ou hiperestática. Os tipos de construção mais importantes estão exemplificados no quadro a seguir. DIFERENCIAÇÃO DO SOLO FÉRTIL COM O SOLO PRODUTIVO Tipo Esforço anulado Representação Articulação (ou rótula) Momento fletor Corredor Esforço cortante Deslizamento axial Força axial Junta de torque Momento de torqueRótula Dois momentos de flexão e um momento de torção Fonte: elaborado pelo autor (2023). #pratodosverem: quadro com os tipos mais importantes de construção de estruturas. Pode acontecer de, no mesmo ponto, existirem várias condições construtivas que devem ser identificadas independentemente, cujos efeitos se somam. Assim, por exemplo, a junta esférica é constituída de duas articulações ao lon- go de dois eixos perpendiculares ao elemento e uma articulação de torção (KASSIMALI, 2016). Então, em uma junta (ou nó) totalmente articulada de uma estrutura plana, alcançada por n barras, o número de condições construtivas é n-1. A enésima equação seria a equação estática da soma dos momentos zero na junta (ou nó). 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II EQUAÇÃO ESTÁTICA Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: representação da equação estática. 1.2 TEOREMAS FUNDAMENTAIS DA ANÁLISE ESTRUTURAL Vamos analisar agora alguns dos teoremas fundamentais em que se baseia a análise estrutural. O estudo é feito sob a óptica da mecânica dos sólidos, considerando um meio contínuo com o qual se obtém expressões bastante gerais, adequadas para serem utilizadas tanto na análise de estruturas discre- tas quanto contínuas. A hipótese de pequenas deformações é considerada aplicável: a posição de- formada do sólido coincide com a posição não deformada, com a qual podem ser estabelecidas as equações de equilíbrio estático na configuração inicial do sólido, que é conhecida (LEET; UANG; GILBERT, 2010). 28 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 OBRA SENDO INSPECIONADA Fonte: ©jcomp, Freepik (2023). #pratodosverem: profissional com o projeto da obra nas mãos, inspecionando a construção. Em princípio, assume-se um comportamento elástico do material, mas sem- pre que possível os desenvolvimentos são feitos com a maior generalidade, obtendo-se, por vezes, expressões válidas para casos elásticos lineares ou não lineares. Outro tema importante para ser abordado são as forças atuantes nos sólidos. De modo geral, podemos ter as seguintes forças atuando sobre os sólidos (VECCI, 1999): Forças distribuídas no volume do sólido Têm três componentes, sendo função dos pontos em que atuam no volume do sólido. Forças distribuídas na superfície do sólido Têm três componentes, sendo também função dos pontos em que atuam, embora sejam definidos apenas em pontos na superfície externa no sólido. 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Forças e momentos pontuais Aplicados em determinados pontos do sólido, sendo geralmente tratados de forma decomposta em todos os N componentes escalares e agrupados em um único vetor P. Além das forças atuantes, em cada ponto do sólido podem existir deforma- ções associadas a essas forças. A figura a seguir mostra, de forma genérica, as forças e as deformações que podem ser atuantes ou existentes em um sólido. FORÇAS QUE PODEM SER ATUANTES OU EXISTENTES EM UM SÓLIDO Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: representação, de forma genérica, das forças e deformações que podem ser atuantes ou existentes em um sólido. Perceba que podemos definir um vetor ∆, que contém os valores que o cam- po de deformação adota nos pontos de aplicação e na direção das forças pon- tuais aplicadas; ou seja, ∆ contém as deformações do sólido medidas na dire- ção das forças aplicadas, consideradas escalares. 1.2.1 ENERGIA POTENCIAL E TRABALHO Em qualquer tipo de sistema físico é possível associar as forças presentes e os possíveis deslocamentos na direção delas com a capacidade de realizar tra- balho, a qual se denomina energia. Sendo inerente à matéria, a energia pode ser observada de diversas maneiras, dependendo da natureza das forças exis- tentes no sistema (energia cinética, elétrica, química, térmica, acústica etc.) (MASCIA; FERNANDES, 2017). 30 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ENERGIA ACÚSTICA Fonte: ©kjpargeter, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem vetorial de ondas sonoras. Apesar de intimamente relacionados, trabalho e energia são conceitualmen- te bastante diferentes. As forças, em determinado sistema, realizam o traba- lho, ao passo que o sistema tem energia. Somente haverá realização de traba- lho quando ocorrer alteração na energia do sistema, pois ela assumirá outra forma. Assim, a energia química presente na dinamite pode ser convertida em calor e energia cinética ao realizar trabalho (MASCIA; FERNANDES, 2017). Em um corpo deformável, o carregamento externo induz o aparecimento de tensões internas que se modificam até que a configuração de equilíbrio seja alcançada. Para o caso de um material elástico, sabe-se que a forma original do corpo é recuperada após o descarregamento (MASCIA; FERNANDES, 2017). 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Consequentemente, pode-se afirmar que as forças internas têm capacidade de realizar trabalho definida como energia de deformação, pois resulta das deformações desenvolvidas no corpo. Dessa maneira, para se avaliar a quan- tidade de trabalho realizado em um evento físico, basta que se determine a variação de energia correspondente. ESTRUTURA METÁLICA Fonte: ©freestockcenter, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estruturação metálica em construção. O trabalho realizado no sistema é obtido por meio da soma, ao longo da traje- tória da partícula, do produto escalar entre os vetores de força (F) e a trajetória (s). Sendo Fs a componente da força na direção do caminho percorrido pela partícula e ds o deslocamento infinitesimal na direção desse caminho, o tra- balho infinitesimal realizado será: dW = Fs.ds Ainda nessa discussão, deve-se ressaltar a validade da Lei da Conservação da Energia para a classe de fenômenos físicos considerados em mecânica dos sólidos. 32 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Isso significa que a energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. O trabalho virtual é definido como o trabalho realizado pelas forças aplicadas à estrutura quando esta é submetida a um pequeno deslocamento hipotéti- co, denominado deslocamento virtual, compatível com as condições de apoio. ESTRUTURA METÁLICA Fonte: ©evening_tao, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estruturação metálica em construção. Para aplicar esse conceito a um sólido deformável, devemos variar o campo de deslocamentos u em uma magnitude du, que é o deslocamento virtual. Esse é um campo de deslocamentos contínuos que atende à condição de pequenas deformações e é compatível com todas as condições de suporte existentes no sólido. Isso quer dizer que, nas áreas do sólido em que há des- 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II locamentos impostos de valor conhecido, o deslocamento virtual é nulo. Du- rante essa variação do campo de deslocamentos, todas as forças aplicadas ao sólido permanecem constantes. Ao se aplicar a variação du também se produz uma variação deformacional dD no vetor de deformações na direção das forças pontuais. ESTRUTURA METÁLICA Fonte: ©evening_tao, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estruturação metálica em construção Agora, em relação à energia potencial, considere uma partícula de massa m sujeita à ação do campo gravitacional (constante g) localizada a uma altura h de um plano de referência. Se a partícula cai até esse plano, uma quantidade de trabalho é realizada pela força gravitacionalmg. É importante destacar que não se trata da energia potencial correspondente às duas posições distin- tas, mas sim da diferença entre elas. 34 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A energia de deformação e a energia complementar formam a base de vários métodos de solução em análise estrutural, os quais são aplicáveis a estruturas lineares e não lineares em geral (RAMALHO; SILVA, [2007]). A não linearidade no comportamento de uma estrutura se deve, basicamen- te, a duas causas. A mais óbvia ocorre quando o material tem curva, tensão e deformação não linear, sendo esse o caso típico de não linearidade física do material. Outra possível não linearidade é proveniente da geometria da estrutura soli- citada. Essa situação ocorre sempre que as deformações estruturais alteram a ação das cargas nela atuantes. Um exemplo é uma coluna com carga axial de valor acima da carga crítica. Nesse caso, observa-se que mesmo deslocamentos laterais muito pequenos da coluna afetam significativamente os momentos de flexão na coluna. Outro exemplo é o de uma viga submetida a grandes deformações. Em ambos os exemplos, considerou-se que o material da viga permanece elástico linear, por isso a não linearidade era devida apenas às mudanças na geometria da estrutura. Esses são, portanto, exemplos de casos em que ocor- re não linearidade geométrica. 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Independentemente da presença de não linearidade física ou geométrica, ad- mite-se sempre que o material da estrutura esteja sendo solicitado no regime elástico. Assim, os métodos de análise desenvolvidos por meio da energia de deformação e da energia complementar serão válidos para mais de um ciclo de carregamento na estrutura. Para materiais não elásticos, esses métodos ain- da podem ser válidos durante o primeiro ciclo de carregamento da estrutura. ESTRUTURA METÁLICA Fonte: ©freestockcenter, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estruturação metálica em construção. No caso especial em que existe linearidade física e geométrica, a estrutura se comporta linearmente e o princípio da superposição pode ser utilizado. Entretanto, no caso de estruturas não lineares, deve-se estar constantemente alerta para o fato de o princípio da superposição não ser aplicável. 1.2.2 PRINCIPAIS TEOREMAS DE ENERGIA Até o momento, podemos ver como a análise estrutural é de extrema impor- tância para a construção civil, dado que compreende a idealização do compor- tamento das estruturas, sendo definido em função de diversos parâmetros. Também vimos que é importante compreender os conceitos de trabalho e energia para que, posteriormente, o estudo seja aprofundado no trabalho vir- 36 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 tual, na energia de deformação, na energia potencial e na energia comple- mentar, considerando que esses conceitos permitem que o comportamento das estruturas seja mais bem compreendido. Entre os métodos que podem ser considerados como de aprofundamento da compreensão da análise estrutural temos os seguintes (MARTHA, 2005): • método da carga unitária para cálculo dos deslocamentos; • teoremas recíprocos; • energia de deformação e energia complementar; • método da energia de deformação; • método da energia potencial; • método de Rayleigh-Ritz; • teorema de Crotti-Engesser; • método das forças; • segundo teorema de Castigliano; e • energia de deformação e método da flexibilidade. 1.2.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TÉORICO- PRÁTICOS Para demonstrar os conceitos de energia, considera-se uma barra sujeita a uma força axial P que produz uma tensão σ = P/A e deformação ε = δ / L, con- forme mostrado na figura a seguir, no item (a). O material da barra é consi- derado elástico, com curva tensão-deformação não linear, mostrada no item (b) da figura. Então, a relação carga-deflexão, item (c) da figura, terá a mesma forma da curva tensão-deformação. 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ENERGIA DE DEFORMAÇÃO E ENERGIA COMPLEMENTAR Fonte: adaptada de Martha (2022). #pratodosverem: figura representando, de forma genérica, diagramas da barra submetida a uma força ou carga P, o diagrama tensão-deformação e o diagrama que mostra a carga versus a deflexão na peça. O trabalho realizado pela carga P é: E pode ser interpretado como sendo a área abaixo da curva carga-deflexão, conforme item (c) da figura anterior. Como a barra se comporta elasticamente e as perdas de energia durante o carregamento e o descarregamento são desprezadas (o sistema é conservati- vo), todo o trabalho realizado pela carga será armazenado na barra em forma de energia de deformação elástica, que poderá ser recuperado durante o des- carregamento. Logo, a energia de deformação é igual ao trabalho: ou ainda U Em que a energia de deformação u, por unidade de volume do material, pode ser obtida pela expressão a seguir, representando a área sob a curva tensão- -deformação no item (b) da figura anterior. 38 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Outra formulação importante é o trabalho complementar W*, representado pela área entre a curva carga-deflexão não linear e o eixo vertical, item (c) da figura. Geometricamente, esse trabalho complementa W, pois completa o retângulo apresentado no item (c) da figura. A energia complementar U*, portanto, é igual ao trabalho complementar das cargas, tal que: Similarmente: e Os conceitos de energia de deformação também são aplicáveis a estruturas sujeitas a outros tipos de carregamento, como torção e flexão. Normalmente, há várias cargas atuando em uma estrutura e, por essa razão, as energias de deformação e complementar devem ser obtidas mediante somatórios: e CONCLUSÃO Esta unidade objetivou apresentar uma introdução a respeito dos teoremas fundamentais básicos utilizados nos processos de análise de estruturas. Tam- bém estudamos algumas classificações e nos aprofundamos na compreen- são da energia potencial e do trabalho. Entendemos, de modo geral, que a estrutura deve ter um estado de tensões e deformações de modo que a falha estrutural não ocorra, levando a falha à destruição em qualquer um dos possíveis estados de carga. Nesse caso, com- preendemos que existe um campo amplo de limitações mais estritas e que são impostas dependendo do tipo de estrutura e da aplicação concreta. A limitação sempre imposta é a do valor máximo das tensões que surgem no material, em qualquer ponto da estrutura, a fim de evitar a ruptura ou a falha. Também nos aprofundamos na importância dos conceitos de energia de de- formação e energia complementar, que formam a base de alguns métodos 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II bastante eficientes na análise estrutural. Esses métodos podem ser aplicados para estruturas lineares e não lineares, como é o caso do princípio do trabalho virtual e o método da carga unitária. MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. MASCIA, N. T.; FERNANDES, B. Energia de deformação e teoremas da energia. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Estruturas, 2017. 2. VECCI, M. A. M. Análise estrutural I. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1999. 3. INTRODUÇÃO aos métodos de energia em estruturas | Tutorial mecânica. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Tutorial Mecânica.4. RAMALHO, J. B.; SILVA, R. R. Aplicações de métodos de energia a problemas de instabilidade de estruturas. Rio de Janeiro, RJ: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, [2007]. 5. CARVALHO, J. Teoria das estruturas: guia prático. Capítulo VII – Métodos de energia. UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Compreender os conceitos associados às estruturas estaticamente indeterminadas. > Compreender os conceitos associados às estruturas hiperestáticas de grau. 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 2. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará aprofundamentos e temáticas associadas à hiperesta- ticidade, tema muito importante na engenharia civil, pois são esses conheci- mentos que garantem que a grande maioria das edificações de engenharia se torne realidade. Conheceremos as análises de estruturas, cálculo de esforços e deslocamentos em elementos estruturais em geral. Vamos examinar como classificar a es- trutura em relação ao grau de hiperestaticidade. Essa classificação ajudará a determinar o modelo mais adequado para resolver a estrutura e obter como resultado as reações de apoio, a força cortante e o momento fletor. Aprofundaremos o conteúdo sobre as estruturas de grau 1, focando o enten- dimento, os modelos estruturais e as aplicações. Serão apresentadas as ra- zões para o uso de estruturas hiperestáticas, bem como as vantagens e as desvantagens. Além disso, serão explicadas as diferenças entre estruturas ex- ternamente e internamente hiperestáticas e como determinar o grau de hi- perestaticidade de cada uma delas. 2.1 ESTRUTURAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS Segundo Martha (2022), quando observamos um edifício em construção é possível notar que existem vigas apoiadas por diversas colunas. Esses diferen- tes elementos estruturais trabalham em conjunto para formar um sistema estrutural complexo que difere das vigas simples apoiadas. Isso ocorre porque essas estruturas possuem um número maior de incógni- tas do que de equações de equilíbrio. Portanto, para determinar as forças e deformações em uma estrutura estaticamente indeterminada é necessário utilizar outros métodos de análise. 42 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Segundo Martha (2022), uma das técnicas mais comuns para analisar estruturas estaticamente indeterminadas é o método da superposição de deformações, que consiste em analisar a estrutura separadamente para cada carregamento, e então somar as deformações resultantes para obter a deformação total da estrutura. Esse processo é repetido para cada força ou carregamento presente na estrutura, e ao final, as forças em cada elemento podem ser determinadas. Outro método comum para analisar estruturas estaticamente indeterminadas é o método dos deslocamentos, que envolve o uso de equações de compatibili- dade de deformações para determinar as relações entre os deslocamentos em diferentes partes da estrutura (PILLAR et al., 2021). As equações de equilíbrio são utilizadas para determinar as forças em cada elemento da estrutura. ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©bearfotos, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estrutura de concreto armado. 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Existem outras técnicas para analisar estruturas estaticamente indetermina- das, como o método das forças, o método da rigidez e o método da energia, cada um com vantagens e desvantagens. A escolha do método mais adequa- do depende das características específicas da estrutura em questão. É importante ressaltar que a análise de estruturas estaticamente indetermi- nadas é essencial para o projeto de estruturas complexas e eficientes. Essas estruturas podem ser encontradas em diversas aplicações, como pontes, edi- fícios e torres de transmissão, e a análise delas é fundamental para garantir a segurança e a durabilidade dessas estruturas. De modo geral, a resolução da complexidade em alguns tipos de estrutu- ras não é tão simples, porém, atualmente, existem métodos numéricos e de simulação que ajudam, de forma bastante significativa, nessas resoluções (KASSIMALI, 2016). 2.1.1 INTRODUÇÃO O que são as estruturas estaticamente indeterminadas? Quando uma estru- tura não pode ser analisada estaticamente, utilizando apenas equações (está- ticas) de equilíbrio, são definidas como estruturas estáticas indeterminadas. ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©ksandrphoto, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de estruturas de concreto armado. 44 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 As estruturas estáticas indeterminadas implicam que existe pelo menos uma força de reação desconhecida além das equações de equilíbrio, o que signi- fica que a soma das forças e os momentos em cada direção não é suficiente para resolver completamente a estrutura (KASSIMALI, 2016). Para as estruturas bidimensionais existem três equações de equilíbrio: Onde: Fx = Forças horizontais, Fy = Forças verticais e M = momentos. Para o caso de estruturas bidimensionais (discretas), podemos considerar que os vínculos estão alocados em um sistema planar e só podem se movimen- tar nesse plano. Em estruturas reais (tridimensionais), temos seis equações de equilíbrio, porém, as estruturas discretas representam, de forma bastante próxima do real, as estruturas usuais utilizadas na prática. Quanto aos vínculos, o tipo de vinculação pode interferir na análise da estrutu- ra. Os vínculos restringem a mobilidade da estrutura e o número de graus de mobilidade retirados pelos vínculos é um fator determinante para classificar a estrutura como hiperestática, isostática ou hipostática (PILLAR et al., 2021). A análise da estrutura é uma etapa fundamental no processo de projeto e construção de edificações. A escolha do tipo de vinculação utilizado na estru- tura é um aspecto importante a ser considerado, pois ela pode interferir dire- tamente na mobilidade da estrutura. Dessa forma, é necessário compreender como os vínculos restringem a mobilidade da estrutura e como isso pode afetar o desempenho da construção. 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II PILARES DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©bannafarsai, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de pilares de concreto armado. O número de graus de mobilidade retirados pelos vínculos também é um fator determinante para a classificação da estrutura como hiperestática, isos- tática ou hipostática. As estruturas hiperestáticas são aquelas que possuem mais graus de mobilidade do que o necessário para serem estáveis, enquanto as isostáticas possuem exatamente o número de graus de mobilidade neces- sário. Já as hipostáticas possuem menos graus de mobilidade do que o ne- cessário (PILLAR et al., 2021). É importante entender essas classificações para garantir a segurança e estabilidade da estrutura. 46 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 QUADRO 1 – VÍNCULOS E CARACTERÍSTICAS Nome do vínculo Símbolo Reações de apoio provocadas pelos vínculos Números de graus de mobilidade retirados pelo vínculo (n) Apoio móvel 1 Apoio fixo 2 Engaste 3 Fonte: adaptada de Vieira; Torres (2018, p. 36). #pratodosverem: tabela representando os vínculos e as características. Para cada vínculo há o nome, o símbolo utilizado, as reações de apoio provocadas por esse vínculo e o númerode graus de mobilidade retirados pelo vínculo. As estruturas hipoestáticas apresentam mobilidade no conjunto, pois a es- trutura apresenta partes móveis, o que não pode ser aceito para edificações. Esse tipo de estrutura não apresenta estabilidade, uma vez que a estrutura não é impedida de se deslocar, já que as equações de equilíbrio da estáti- ca pressupõem que a soma das forças verticais, horizontais e momentos deve ser igual a zero, o que não ocorre nesse caso (o número de reações de apoio na estrutura não é suficiente para garantir a estabilidade da estrutura) (PILLAR et al., 2021). As estruturas hipostáticas são aquelas que possuem menos graus de mobi- lidade do que o necessário para serem estáveis. Isso significa que, em alguns casos, o número de graus de mobilidade permitidos pelos apoios é inferior ao necessário para impedir que a estrutura se movimente, como pode ser ob- servado em alguns exemplos na figura a seguir. No entanto, há situações em que a estrutura não possui restrição em ambas as direções do plano, também resultando em uma estrutura hipostática. É importante notar que, devido ao movimento infinito e ao equilíbrio instável, essas estruturas não são adequa- das para projetos de construções que exijam estabilidade e segurança. 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ESTRUTURAS HIPOESTÁTICAS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 11-7 ). #pratodosverem: representação de alguns tipos de estruturas hipoestáticas, destacando as vinculações. As estruturas isostáticas são caracterizadas por apresentar um número de reações igual ao de incógnitas das equações de equilíbrio. Essas estruturas possuem um número de apoios suficiente para impedir que a estrutura se movimente, o que garante o equilíbrio e a estabilidade. Essa propriedade é importante para a segurança e eficiência de uma construção, e deve ser cui- dadosamente avaliada durante o processo de projeto e análise da estrutura. ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 11-2). #pratodosverem: representação de alguns tipos de estruturas isostáticas, destacando as vinculações. As estruturas hiperestáticas (conforme a figura a seguir) são estruturas que apresentam um número de reações nas vinculações que é maior que o nú- mero de equações da estática, não sendo possível determinar as reações de apoio utilizando somente essas equações. Essas estruturas apresentam equi- 48 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 líbrio estável e, apesar da complexidade de análise, a maioria das estruturas utilizadas é hiperestática (MARTHA, 2022). ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 12-3). #pratodosverem: representação de alguns tipos de estruturas hiperestáticas, destacando as vinculações. Segundo Martha (2022), as estruturas hiperestáticas apresentam várias van- tagens, sendo que entre as principais podemos citar: Estruturas mais seguras Ocorre uma distribuição de tensões mais uniforme. Menor deslocamento Existe uma maior rigidez estrutural devido ao menor grau de liberdade. Economia de material É possível a execução de vigas menores com economia de material. 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 2.1.2 GRAU HIPERESTÁTICO A determinação do grau hiperestático de uma estrutura é baseada na soma do grau hiperestático interno e externo. No caso das estruturas externamente hiperestáticas, observa-se que o número de reações é maior do que as equa- ções de equilíbrio da estática (PILLAR et al., 2021). Isso significa que o número de reações de apoio é superior a três. Essas estruturas apresentam maior complexidade e desafios em relação à análise e ao projeto, exigindo técnicas e metodologias específicas para garantir a estabilidade e a segurança. É importante avaliar cuidadosamente o grau hiperestático de uma estrutura durante o processo de projeto e análise para evitar problemas e riscos futuros. ESTRUTURA EXTERNAMENTE HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 15). #pratodosverem: representação de um tipo de estrutura externamente hiperestática. As estruturas internamente hiperestáticas são aquelas em que não existe a possibilidade de determinar os esforços das seções ao longo da estrutura, uti- lizando-se as equações de equilíbrio da estática (KASSIMALI, 2016). 50 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESTRUTURA INTERNAMENTE HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 15). #pratodosverem: representação de um tipo de estrutura internamente hiperestática. Em linhas gerais, as estruturas internamente hiperestáticas são caracteriza- das por apresentar todas as reações de apoio conhecidas. No entanto, devi- do à geometria da estrutura, um conjunto de barras não articuladas entre si formam uma poligonal fechada, como ilustrado na figura anterior. Essa condição de hiperestaticidade interna pode resultar em maiores esforços e deformações na estrutura, exigindo uma análise mais complexa e cuidadosa durante o processo de projeto e análise. É importante considerar a hiperesta- ticidade interna de uma estrutura para garantir a estabilidade e a segurança, evitando problemas e riscos futuros (MARTHA, 2022). Ao retirar algumas das reações da estrutura hiperestática seguindo critérios es- pecíficos, é possível torná-la estável e isostática, o que significa que o número de reações é igual ao número de equações de equilíbrio da estática. Assim, para uma estrutura isostática, é possível usar apenas as equações de equilíbrio da estática para resolver as reações de apoio e forças internas na estrutura. 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II O FTOOL é uma ferramenta de análise estrutural que permite estudar o comportamento de estruturas isostáticas e hiperestáticas. É um software gráfico interativo que pode ser baixado gratuitamente e utilizado para projetos de estruturas bidimensionais. Ele oferece uma ampla variedade de esquemas estáticos e fornece gráficos de momento fletor, esforço normal e cortante, linha elástica e configuração deformada após a definição de alguns parâmetros. O FTOOL foi criado pelo professor Luiz Fernando Martha e é uma ferramenta simples e fácil de usar para estudantes de engenharia e profissionais da área, (MARTHA, 2010). Para mais informações, visite o site. 2.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Exemplo prático-teórico 1. Você, como engenheiro recém-formado, abriu um pequeno escritório de engenharia e angariou o primeiro cliente, dono de um estabelecimento comercial na cidade que você mora. O cliente solicitou um projeto de pórtico na parte frontal do estabelecimento, objetivando me- lhorar a estética e as possibilidades de marketing. Para o direcionamento do projeto, você precisa definir o grau de hiperesta- ticidade desse pórtico e as possibilidades de vinculação para esse elemento construtivo e conjunto. No contexto da estabilidade das estruturas, a escolha do vínculo é fundamental, pois existem situações técnicas que não são possí- veis de serem executadas. Ao avaliar a estrutura do pórtico, a primeira opção a ser considerada é a de vinculação isostática, que consiste em ter apenas apoios simples (pinos ou rolamentos) nas extremidades da estrutura, sem qualquer tipo de restrição contra deslocamentos ou rotações. Essa opção é mais simples e fácil de cal- cular, porém, pode levar a maiores deformações na estrutura. https://www.ftool.com.br/ 52 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PÓRTICO Fonte: ©eyeofpaul,Freepik (2023). #pratodosverem: apresentação de pórticos de concreto armado. Para calcular as reações de apoio e os esforços na estrutura, basta utilizar as equações de equilíbrio da estática, que envolvem a soma das forças e dos mo- mentos em cada direção. Caso a opção de vinculação isostática não seja suficiente para garantir a es- tabilidade da estrutura, é necessário considerar opções de vinculação hipe- restática, adicionando apoios adicionais que restrinjam os movimentos da estrutura. Nesse caso, é preciso utilizar métodos mais avançados de análise estrutural, como o método das forças ou o método dos deslocamentos, que levam em conta as deformações da estrutura. 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ESTRUTURA ISOSTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 11). #pratodosverem: representação de um tipo de estruturas isostática. Adicionalmente, é importante considerar a possibilidade de optar por uma estrutura hiperestática, visto que esta apresenta maior número de variáveis desconhecidas em relação ao número de equações estáticas disponíveis. ESTRUTURA HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 12). #pratodosverem: representação de um tipo de estruturas hiperestática. Caso você escolha essa estrutura e esse tipo de vinculação, terá uma opção tecnicamente mais segura, com maior rigidez e menores possibilidades de deslocamento, apresentando as vantagens das estruturas hiperestáticas, en- tre elas a economia de material na obra. Exemplo prático-teórico 2. O seu pequeno escritório de engenharia foi con- tactado por uma construtora grande da região e fechou um grande projeto. O diretor da empresa fez contato diretamente com você, pois ele necessitava de um detalhamento teórico e uma assessoria técnica a respeito das desvan- tagens da utilização das estruturas hiperestáticas. As vantagens desse tipo de estrutura já eram conhecidas e estavam claras para esse executivo, pois os 54 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 engenheiros da empresa citada só explicavam as vantagens para ele, porém ele queria uma opinião de engenharia externa a respeito também das des- vantagens, para que pudesse tomar a melhor decisão. ENGENHEIRO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: engenheiro, utilizando EPI, com a planta da obra em mãos, avaliando o projeto. Para direcionar a explicação técnica, você prepara alguns slides para uma apresentação profissional a respeito do tema, destacando as seguintes des- vantagens em relação às estruturas hiperestáticas, quando comparadas às estruturas isostáticas (KASSIMALI, 2016). Modelos de cálculo mais avançados Podem apresentar maior complexidade na análise estrutural e no projeto, o que pode resultar em dificuldades durante a aplicação. A escolha do modelo de cálculo adequado dependerá das características da estrutura e dos objetivos do projeto. Possíveis recalques dos apoios Podem ocorrer devido à maior rigidez da estrutura e podem levar a mudanças nos valores de momento fletor e torçor, esforço cortante, 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II forças de reação e esforços normais dos elementos estruturais. É necessário considerar essas possibilidades durante a análise e o projeto estrutural para garantir a estabilidade e a segurança da estrutura. Tensões não consideradas As tensões geradas por má execução da obra ou utilização inadequada dos materiais, bem como variações de temperatura não consideradas, podem alterar a posição relativa dos elementos estruturais, resultando em variações nos esforços atuantes na estrutura. Por isso, é fundamental que sejam realizadas análises e verificações constantes para garantir a integridade e a segurança da estrutura em situações adversas. 2.2 ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS DE GRAU 1 As estruturas hiperestáticas de grau 1 são aquelas que apresentam apenas uma incógnita a mais que o número de equações de equilíbrio. Isso significa que, para resolver essas estruturas, precisamos de um modelo matemático adicio- nal, que leva em consideração a relação entre a deformação e a carga aplicada. Vamos explorar as características específicas de cada tipo de estrutura, como vigas, pórticos e treliças, e entender como a hiperestaticidade afeta o cálculo dessas estruturas. Também discutiremos os modelos matemáticos necessá- rios para resolver estruturas hiperestáticas de grau 1, o que é fundamental para o projeto e a análise dessas estruturas (KASSIMALI, 2016). 2.2.1 DEFINIÇÃO GERAL Uma estrutura tem grau de hiperestaticidade quando o número de incógni- tas relacionadas às reações estruturais é maior do que o número de equações de equilíbrio disponíveis para resolvê-las, havendo uma diferença de 1 entre esses valores. Para resolver uma estrutura plana é necessário conhecer os deslocamentos nas extremidades das barras que a compõem. Depois disso, os esforços nas seções podem ser determinados e, em seguida, os diagramas de momento e força cortante são traçados. O primeiro passo para calcular a estrutura é defi- nir o grau de hiperestaticidade. 56 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESTRUTURAS Fonte: ©archangel808892, Freepik (2023). #pratodosverem: foto de uma estrutura de engenharia. Com base nisso, o método de cálculo pode ser escolhido e os esforços máxi- mos solicitantes podem ser determinados. A partir desses esforços, verifica-se o dimensionamento das peças estruturais. Se não for possível determinar os esforços associados nas seções ao longo da estrutura após a obtenção das re- ações, a estrutura pode ser considerada hiperestática internamente, com um grau de hiperestaticidade igual a 1. Uma viga com apoio móvel na vertical é hipoestática e instável estruturalmente, mesmo que o número de equações seja menor que o número de reações (PILLAR et al., 2021). 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 2.2.2 MODELOS DE ESTRUTURAS E EXEMPLOS Já vimos que antes de realizar o cálculo de tensões e deformações em uma estrutura deve-se verificar se ela é estaticamente determinada ou estatica- mente indeterminada. Para determinar as reações de ligação basta simples- mente formular equações de equilíbrio ou não. Se for possível determinar reações de ligação com a formulação simples de equações de equilíbrio, a estrutura é chamada estaticamente determinada ou isostática. Caso contrário, a estrutura é dita estaticamente indeterminada, e sob esse conceito é necessário analisar duas situações: quando a estrutura tem condições de ligação, sejam elas internas ou externas, em número me- nor que o cinematicamente necessário; ou equivalentemente quando o nú- mero de equações de equilíbrio disponíveis é maior que o número de reações de ligação a serem determinadas. É o caso de estruturas consideradas hipos- táticas, em que são comumente utilizadas na engenharia mecânica (eixos de máquinas, por exemplo). Segundo Kassimali (2016), quando a estrutura apresenta condições de ligação, sejam elas internas ou externas, em número maior que o necessário cinema- ticamente ou equivalentemente quando o número de equações de equilíbrio disponíveis é menor que o número de reações de ligação a serem determina- das, as estruturas são ditas hiperestáticas, em que juntamente com as estru- turas isostáticas são comumente utilizadas na engenharia civil. 2.2.2.1 VIGAS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Em vigas com grau de hiperestaticidade, a determinação das reações de apoio e das rótulas é fundamental. As rótulas geram equações adicionais que se somam às equações de equilíbrio da estática para permitir a resolução do sistema. Em geral, as rótulassão pontos de articulação que permitem que a viga tenha um movimento de rotação livre em torno do eixo perpendicular ao plano da viga. A presença de rótulas pode aumentar o grau de hiperestatici- dade da viga e tornar o cálculo mais complexo. Para uma viga com rótulas, a fórmula para encontrar o grau hiperestático é: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, conforme figura 1, mostrada anteriormente. E Equações de equilíbrio da estática (=3). 58 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 r Número de rótulas. Veja dois tipos de vigas (com rótulas e sem rótula) e que apresentam um grau hiperestático. VIGAS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 24-5). #pratodosverem: dois exemplos de vigas com grau hiperestático. 2.2.2.2 PÓRTICOS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Pórticos são estruturas constituídas por barras dispostas vertical, horizontal ou inclinadamente, e que se interligam formando quadros. Eles são ampla- mente utilizados na engenharia, frequentemente apresentando arranjos es- truturais hiperestáticos (LEET; UANG; GILBERT, 2010). A fórmula utilizada para calcular o grau de hiperestaticidade de um pórtico é: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, conforme figura 1, mostrada anteriormente. E Equações de equilíbrio da estática (=3). r Número de equações referente à rótulas, dado pela seguinte equação: r = barras conectadas à rótula - 1 Observe um tipo de pórtico que apresenta um grau hiperestático. 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II PÓRTICO COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 26). #pratodosverem: exemplo de pórtico com um grau hiperestático. 2.2.2.3 TRELIÇAS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO De modo geral, as treliças são estruturas características formadas também por barras verticais, horizontais ou inclinadas que, quando estruturadas, for- mam triângulos planares entre si (MARTHA, 2022). TRELIÇAS Fonte: ©bannafarsai, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estrutura de treliça. 60 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Essas estruturas são bastante utilizadas em coberturas, pontes etc. Para a de- terminação do grau hiperestático em treliças, devemos resolver as seguintes incógnitas: • Número de barras (b). • Determinação das reações de apoio em função do tipo de vínculo (R). QUADRO 2 – VÍNCULOS E CARACTERÍSTICAS Nome do vínculo Símbolo Reações de apoio provocadas pelos vínculos Números de graus de mobilidade retirados pelo vínculo (n) Apoio móvel 1 Apoio fixo 2 Engaste 3 Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 36). #pratodosverem: tabela apresentando vínculos e características. Para cada vínculo há o nome, o símbolo utilizado, as reações de apoio provocadas por esse vínculo e o número de graus de mobilidade retirados pelo vínculo. Para estruturas isostáticas, o somatório de todas essas incógnitas deve ser igual a duas vezes o número de nós, conforme a equação a seguir: R + b = 2 * n Sendo n o número de nós. Para cada nó presente na estrutura, teremos duas equações. O grau de hiperestaticidade é dado então por: g = (R + b) – (2 * n) Quando g = 1, a estrutura se apresenta uma vez hiperestática. 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Tipo de treliça que se apresenta externamente hiperestática: TRELIÇA COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 40). #pratodosverem: representação de uma treliça com um grau hiperestático. Para a treliça mostrada anteriormente, a incógnita é a reação de apoio sendo, portanto, uma estrutura internamente hiperestática. Se a incógnita fosse os esforços nas barras, a estrutura seria internamente hiperestática. 2.2.3 APLICAÇÃO E MODELOS TEÓRICO- PRÁTICOS Vejamos mais exemplos teórico-práticos. 2.2.3.1 PÓRTICOS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Para os pórticos em geral, o grau de hiperestaticidade pode ser dado pela fórmula: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, conforme figura 1, mostrada anteriormente. E Equações de equilíbrio da estática (=3). r Número de equações referente as rótulas, dado pela seguinte equação: r = barras conectadas à rótula – 1 62 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PÓRTICO COM UM GRAU HIPERESTÁTICO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 44). #pratodosverem: imagem representando adicional de pórtico com um grau hiperestático. 2.2.3.2 TRELIÇAS COM UM GRAU HIPERESTÁTICO – CASO ESPECIAL Vimos que para a determinação do grau hiperestático em treliças devemos resolver as seguintes incógnitas: • Número de barras (b). • Determinação das reações de apoio em função do tipo de vínculo (R). Para estruturas isostáticas, o somatório de todas essas incógnitas deve ser igual a duas vezes o número de nós, conforme equação a seguir: R + b = 2 * n Sendo n o número de nós. Para cada nó presente na estrutura, teremos duas equações. O grau de hiperestaticidade é dado então por: g = (R + b) – (2 * n) Quando g = 1, a estrutura se apresenta uma vez hiperestática. A seguir, observe um tipo de treliça que é internamente hiperestática, pois as incógnitas para esse caso são os esforços nas barras. As barras que se cruzam em x não estão conectadas entre si, sendo barras independentes. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II TRELIÇA COM UM GRAU HIPERESTÁTICO – INTERNAMENTE HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 28-9). #pratodosverem: imagem de uma treliça com um grau hiperestático e internamente hiperestática. 2.2.3.3 ANÁLISE DE RÓTULAS PRESENTES NOS ARRANJOS ESTRUTURAIS Para as rótulas, é importante que façamos uma observação a respeito da for- ma como elas são colocadas nas barras, já que esse fator influencia na de- terminação do grau hiperestático (KASSIMALI, 2016). Perceba a diferença nos modelos de rótulas destacadas nos detalhes 1 e 2: MODELOS DE RÓTULAS Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: imagem de dois modelos de rótulas diferentes. Se tomarmos os pórticos 1 e 2 vamos perceber algumas diferenças nas estru- turas apresentadas. 64 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MODELOS DE RÓTULAS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 44). #pratodosverem: representação de dois modelos de pórticos com rótulas diferentes. Essa afirmação indica que, no pórtico 1, a estrutura tem um grau hiperestáti- co, enquanto no pórtico 2, a estrutura tem dois graus hiperestáticos. Isso sig- nifica que o modelo estrutural do pórtico 2 é mais rígido e menos propenso a deformações sob um mesmo carregamento em comparação ao pórtico 1, que é menos rígido e mais propenso a deformações. Segundo Kassimali (2016), para resolver uma estrutura hiperestática podemos considerar os seguintes tópicos: Determinar a natureza e o grau de hiperestaticidade da estrutura Existem diferentes tipos de estruturas hiperestáticas, e cada uma delas requer uma abordagem diferente para a resolução. É importante entender o número de graus de liberdade excessivos da estrutura, o que permitirá determinar as equações adicionais necessárias para a resolução. Utilizar um método de análise de estruturas Existem vários métodos de análise de estruturas hiperestáticas, sendo que os mais comuns são o Método dos Deslocamentos e o Método das Forças. Ambos os métodos envolvem a determinação das reações de apoio da estrutura, juntamente com os deslocamentos ou forças em cada elemento. A escolha do métododependerá da natureza da estrutura hiperestática e da preferência do analista. 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Definir as equações de equilíbrio As equações de equilíbrio incluem as equações de equilíbrio estático para cada nó, e para cada elemento da estrutura serão usadas na resolução da estrutura hiperestática. Estabelecer as equações de compatibilidade de deforma- ções São usadas para garantir que os deslocamentos e as rotações nos nós da estrutura sejam contínuos e compatíveis. As equações de compatibilidade de deformações também são importantes para garantir que as forças e os momentos internos nos elementos da estrutura estejam corretamente equilibrados. Resolver as equações simultâneas Envolve a aplicação de uma série de equações de equilíbrio junto com as equações de compatibilidade de deformações para determinar as reações de apoio, deslocamentos e forças em cada elemento da estrutura. Verificar a estabilidade da solução Envolve a verificação de que as forças internas e os deslocamentos calculados estão dentro dos limites aceitáveis e que a solução não é instável. Também é importante verificar se as tensões e deformações nos elementos da estrutura estão dentro dos limites aceitáveis. 66 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Estudamos, inicialmente, os conceitos associados com as estruturas estatica- mente indeterminadas a aprendermos a calcular o grau hiperestático para alguns tipos de estruturas. Partimos para um aprofundamento das estruturas hiperestáticas de grau 1, em que também estudamos alguns modelos e es- truturas mais comuns com os respectivos cálculos de hiperestaticidade. Com o avanço dos estudos de hiperestaticidade, é possível identificar uma série de desafios que precisam ser considerados no projeto e construção de estruturas desse tipo. Um dos principais desafios é a necessidade de uma análise estrutural mais rigorosa e precisa, que leve em conta não apenas as cargas estáticas, mas também as cargas dinâmicas, como vento, terremotos e outros fenômenos naturais. Outro desafio importante na construção de estruturas hiperestáticas é a es- colha adequada dos materiais e das técnicas construtivas. É fundamental es- colher materiais de alta qualidade e durabilidade que possam resistir a longo prazo aos esforços a que serão submetidos. Além disso, é preciso adotar técni- cas construtivas adequadas e garantir uma boa execução da obra, para que a estrutura possa funcionar de forma segura e eficiente ao longo da vida útil. Ao considerar esses desafios, é possível projetar e construir estruturas hiperes- táticas que sejam seguras, duráveis e eficientes em termos de desempenho. 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. LOPEZ, R. H. ECV5220: estruturas estaticamente indeterminadas. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Departamento de Engenharia Civil. 2018. 2. SOUZA, L. D. Cálculo de hiperestáticos em viga contínua. Revista Militar de Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 83-8, jan./mar. 1985. 3. SILVA, R. P.; BARROS, F. B. EES023: Análise Estrutural I. Apostila de Exercícios Versão 1.0. Universidade Federal de Minas Gerais: Belo Horizonte, 2020. 4. RAMALHO, J. B.; ROSAS E SILVA, R. Aplicações de métodos de energia a problemas de instabilidade de estruturas. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. 2007. 5. LA HOVERE, H. L.; MORAES, P. D. ECV 5220: Análise Estrutural II. Universidade Federal De Santa Catarina. Centro Tecnológico. Departamento De Engenharia Civil. Florianópolis, 2005. UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 68 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Compreender os conceitos associados às estruturas com graus múltiplos de hiperestaticidade. > Compreender os conceitos associados aos vários elementos estruturais com graus múltiplos de hiperestaticidade. 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 3. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE – PARTE 2 INTRODUÇÃO DA UNIDADE Já vimos que a análise estrutural é um ramo das ciências físicas preocupa- do com o comportamento de estruturas sob certas condições de projeto. As estruturas podem ser definidas como os sistemas que suportam cargas, e a palavra comportamento é entendida como a tendência a deformar, vibrar, entortar ou fluir, dependendo das condições em que são submetidas essas estruturas (MARTHA, 2022). A análise estrutural desempenha um papel importante em diversas áreas de engenharia, como a construção de edifícios, pontes, túneis e outras estruturas, bem como em setores como a aeronáutica e a indústria automotiva, onde é es- sencial entender e prever como as estruturas se comportam sob diferentes ti- pos de cargas e condições de uso. A análise estrutural também pode envolver a utilização de técnicas avançadas de simulação por computador e modelagem física para avaliar o desempenho das estruturas, e identificar possíveis proble- mas antes mesmo que a construção seja iniciada (KASSIMALI, 2016). Os resultados da análise estrutural são então usados para determinar as carac- terísticas das estruturas deformadas e verificar se são adequadas para suportar as cargas para as quais foram projetadas. A análise de estruturas tem como essência a determinação do estado de deformação e tensões na estrutura. A análise estrutural é um processo fundamental para o desenvolvimento de projetos seguros e eficientes de engenharia civil e mecânica. Quando se trata de estruturas, é essencial que sejam capazes de resistir às forças aplicadas a elas sem sofrer danos ou falhas. Por isso, a análise de estruturas é importante para determinar o estado de deformação e tensões na estrutura e verificar se ela é capaz de suportar as cargas para as quais foi projetada. Devemos considerar os seguintes fatores (MARTHA, 2022): 70 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Análise estrutural A análise estrutural é o processo de determinar o comportamento das estruturas sob diversas condições de carga e ambientais. Fatores que influenciam a análise estrutural Existem vários fatores que devem ser considerados na análise estrutural, incluindo condições ambientais, geometria da estrutura, cargas aplicadas e materiais utilizados. Condições ambientais As condições ambientais incluem fatores como temperatura, umidade, vento, vibração e terremotos, que podem afetar a estabilidade e a segurança da estrutura. Geometria da estrutura A geometria da estrutura se refere à forma da estrutura, incluindo o tamanho, a altura, a largura e o comprimento. Pode afetar a capacidade da estrutura de suportar cargas e resistir à deformação. Cargas aplicadas As cargas aplicadas incluem forças externas, tais como peso, pressão, vento e terremotos que atuam na estrutura. A análise das cargas aplicadas é importante para determinar a força que a estrutura precisa suportar. Materiais utilizados Os materiais utilizados na construção da estrutura têm grande influência na capacidade de suportar cargas e resistir à deformação. Os materiais devem ser escolhidos com base nas propriedades mecânicas, como resistência a tração, compressão e flexão. 71 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Características das estruturas deformadas A partir da análise estrutural, é possível determinar as característicasdas estruturas deformadas, como a forma como elas se deformam e as tensões que estão sendo aplicadas a elas. A análise das características das estruturas deformadas é importante para garantir que a estrutura seja segura e capaz de suportar as cargas aplicadas. Os resultados da análise estrutural são então usados para orientar o projeto de engenharia, desde a concepção até a construção. Com a informação sobre a resistência e o comportamento da estrutura, é possível fazer modificações no projeto original, se necessário, para garantir que a estrutura atenda às es- pecificações de segurança. O cálculo de tensões e deformações de uma determinada estrutura é obri- gatório em todos os projetos de engenharia e arquitetura. Entretanto, tal cálculo não é possível sem conhecer previamente a determinação estática ou indeterminação. É aqui que entra em jogo o grau de hiperestática, mag- nitude de suma importância na realização de inúmeras atividades típicas do mundo da construção. ESTRUTURAS DE ENGENHARIA Fonte: ©jakkapan21, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem que mostra pilares estruturais em construção. 72 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O grau de hiperestaticidade, também conhecido como grau de indetermi- nação estática, é um conceito importante em engenharia estrutural. Basica- mente, ele indica quantas forças redundantes existem em uma estrutura, ou seja, quantas forças desconhecidas são independentes e não podem ser de- terminadas pelas equações de equilíbrio disponíveis. Em outras palavras, o grau de hiperestaticidade indica quantas incógnitas estáticas há na estrutura em relação ao número de equações de equilíbrio que podem ser aplicadas. Em muitos casos, a hiperestaticidade é desejável, pois permite que a estrutu- ra seja mais resistente e estável. Porém, também pode tornar o projeto mais complexo, pois é necessário encontrar as forças redundantes para garantir o equilíbrio da estrutura. Existem diversas técnicas para resolver problemas de hiperestaticidade em estruturas, como os métodos das forças, dos desloca- mentos e o da rigidez. ESTRUTURAS DE ENGENHARIA Fonte: ©freestockcenter, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem que mostra pilares estruturais em construção. Além disso, é importante ressaltar que o grau de hiperestaticidade está direta- mente relacionado com a rigidez da estrutura. Em geral, quanto maior o grau de hiperestaticidade, maior será a rigidez da estrutura, o que pode ser vantajo- so em algumas situações, como em pontes ou edifícios altos, por exemplo. 73 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Por outro lado, é importante ter cuidado para não ultrapassar os limites da hiperestaticidade, pois isso pode levar a problemas como deformações ex- cessivas, trincas, fissuras e até mesmo o colapso da estrutura. Por isso, é fun- damental que engenheiros e projetistas levem em consideração o grau de hiperestaticidade nos projetos, para garantir a segurança e a estabilidade das estruturas. Esta unidade abordará aprofundamentos das estruturas que apresentam os chamados múltiplos graus de hiperestaticidade, com ênfase em alguns dos arranjos estruturais, como treliças, pontes treliçadas, pórticos simples e pórti- cos com anéis. 3.1 ESTRUTURAS COM GRAUS MÚLTIPLOS DE HIPERESTATICIDADE Conforme já estudamos em engenharia estrutural, um dos principais objeti- vos da análise estrutural é a determinação do estado de deformações e ten- sões que ocorrem no interior da estrutura, resultantes de todas as ações que agem sobre ela. Essa análise também busca determinar as reações que apa- recem no suporte da estrutura, o que é essencial para garantir a estabilidade e segurança da construção. Ao realizar a análise estrutural, é necessário considerar uma série de fatores, como as cargas atuantes na estrutura (como peso próprio, cargas externas, vento e terremotos), as características dos materiais utilizados na construção e a geometria da estrutura. Segundo Martha (2022), com base nesses dados, é possível determinar o comportamento da estrutura e identificar eventuais problemas, tais como: Concentração de tensões A concentração de tensões é um problema que ocorre quando a carga é aplicada em um ponto específico de uma estrutura. Isso pode levar a um aumento significativo na tensão no local, o que pode causar deformações excessivas ou até mesmo falhas na estrutura. É importante que os engenheiros civis e os cálculos estruturais considerem a possibilidade de concentração de tensões ao projetar e avaliar estruturas. 74 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Deformações excessivas As deformações excessivas são outro problema que pode ocorrer em estruturas quando a carga aplicada excede a capacidade de suporte. Isso pode levar a deformações permanentes na estrutura, o que pode prejudicar a integridade e a segurança. Os engenheiros civis e os cálculos estruturais devem considerar as propriedades mecânicas dos materiais utilizados na construção da estrutura e a carga que a estrutura precisa suportar para evitar deformações excessivas. Falhas devido à fadiga A fadiga é um processo pelo qual uma estrutura é submetida a carregamentos repetidos ao longo do tempo, o que pode levar a uma falha mesmo quando as cargas individuais aplicadas estão abaixo da capacidade de suporte da estrutura. As falhas devido à fadiga podem ocorrer em locais específicos da estrutura, como pontos de solda, conexões e outros pontos de concentração de tensão. Os engenheiros civis e os cálculos estruturais devem considerar a possibilidade de falhas devido à fadiga ao projetar e avaliar estruturas que serão submetidas a carregamentos repetidos ao longo do tempo, como pontes, viadutos e estruturas de suporte de torres eólicas. Existem diversas técnicas e métodos utilizados na análise estrutural, cada um com vantagens e limitações. Entre as técnicas mais comuns estão a análise estática, a análise dinâmica e a análise de elementos finitos. A análise estáti- ca é utilizada para determinar as tensões e deformações em uma estrutura quando esta está sujeita a cargas estáticas (KASSIMALI, 2016). 3.1.1 DEFINIÇÃO De maneira geral, uma estrutura é considerada hiperestática quando tem mais reações desconhecidas do que equações de equilíbrio da estática, com a diferença sendo maior do que 1. Caso seja impossível determinar os esforços das seções da estrutura utilizando apenas as equações de equilíbrio, mesmo após a obtenção das reações, então ela é considerada internamente hiperes- tática e pode apresentar um grau de hiperestaticidade igual ou superior a 1. Devemos também sempre lembrar das vinculações e das características, 75 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II conforme a figura a seguir, já que a análise da estrutura pode ser afetada pelo tipo de vinculação presente. Na prática, o vínculo reduz a mobilidade da es- trutura, e o número de graus de mobilidade retirado pelo vínculo é um fator crucial para classificar a estrutura como hiperestática, isostática ou hipostáti- ca. A figura a seguir ilustra as características e os tipos de vínculos presentes em uma estrutura. VÍNCULOS E CARACTERÍSTICAS Nome do vínculo Símbolo Reações de apoio provocadas pelos vínculos Números de graus de mobilidade retirados pelo vínculo (n) Apoio móvel 1 Apoio fixo 2 Engaste 3 Fonte: adaptada de Vieira; Torres (2018, p. 36). #pratodo Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 9-10). #pratodosverem: tabela representando os vínculos e as características deles. Para cada vínculo há o nome, o símbolo utilizado, as reações de apoio provocadas e o número de graus de mobilidade retirados pelo vínculo. 3.1.2 VIGAS EPÓRTICOS COM GRAUS MÚLTIPLOS DE HIPERESTATICIDADE Tratando das vigas com múltiplos graus de hiperestaticidade, elas podem ser definidas em função das reações de apoio (quantidade e tipos) e em função da presença de rótulas (quantidade e tipos). 76 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Caso uma viga tenha um apoio móvel na direção vertical, mesmo que o número de equações seja menor que o número de reações, essa viga pode se tornar instável e hipostática. Adicionalmente, se uma viga não apresentar nenhum vínculo que restrinja o movimento horizontal, ela deslizará e será hipostática, sendo então uma estrutura instável (GARRISON, 2018). Para o cálculo do grau hiperestático de uma viga devemos usar a seguinte equação: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, considerando os tipos de vínculos da figura 1. E Equações de equilíbrio da estática (=3). r Número de rótulas. As vigas são estruturas fundamentais das edificações e construções em geral. A figura a seguir detalha exemplos de vigas (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade. VIGAS (A E B) COM MÚLTIPLOS GRAUS DE HIPERESTATICIDADE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 24-5). #pratodosverem: dois exemplos (A e B) de vigas com múltiplos graus de hiperestaticidade. 77 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Focando agora os pórticos com alta hiperestaticidade, pode-se dizer que es- ses são estruturas compostas da junção de barras verticais, horizontais ou in- clinadas entre si. Essa estrutura é comumente empregada em diversos tipos de construções, tais como residências, obras públicas e edifícios em geral. ALGUNS TIPOS DE PÓRTICO Fonte: ©diana.grytsku, Freepik (2023). #pratodosverem: exemplo de dois tipos de pórtico. Considerando os pórticos, a maioria dos arranjos estruturais utilizados é hipe- restática. Para os pórticos, de um modo geral, o grau de hiperestaticidade é dado pela fórmula: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, considerando os tipos de vínculos da figura 1. E quações de equilíbrio da estática. r Número de equações referente às rótulas considerando a fórmula r = bar- ras conectadas à rotula – 1. 78 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A hiperestaticidade dos pórticos não depende apenas do arranjo estrutural ou geométrico, já que, mesmo com diferentes configurações, eles podem apresentar múltiplos graus de hiperestaticidade. No entanto, quando o arranjo estrutural tem um anel fechado, como mostrado no exemplo, há um acréscimo de três incógnitas ao número de apoios, exceto no caso de treliças (KASSIMALE, 2016). A figura a seguir detalha dois exemplos de pórticos (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade, no caso, 4 graus hiperestáticos. PÓRTICOS (A E B) COM MÚLTIPLOS GRAUS DE HIPERESTATICIDADE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 38). #pratodosverem: dois exemplos (A e B) de pórticos com múltiplos graus de hiperestaticidade. 79 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 3.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TÉORICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 1. Vamos retomar o exemplo do engenheiro recém- -formado que abriu um pequeno escritório de engenharia e angariou um primeiro cliente, dono de um estabelecimento comercial na cidade em que mora. O cliente solicitou o projeto de um novo modelo de pórtico na parte frontal do estabelecimento objetivando melhorar a estética e as possibilida- des de marketing. Devemos lembrar que, para o direcionamento do projeto, você precisa definir o grau de hiperestaticidade desse pórtico e as possibilidades de vinculação para esse elemento construtivo e o conjunto dele. Devemos lembrar também que, no contexto da estabilidade das estruturas, a escolha do vínculo é fundamental, pois existem situações técnicas que não são possíveis de serem executadas (MARTHA, 2022). Anteriormente, você sugeriu uma primeira opção de projeto, mas agora, como parte do trabalho de manutenção do hotel, sua empresa de engenharia rece- beu o desafio de executar uma estrutura de pórtico que apresenta múltiplos graus hiperestáticos. Nesse caso, você precisa seguir um procedimento de análise específico para esse tipo de estrutura. Para fazer a análise desse pórtico, que é apresentado na figura a seguir, é fun- damental ter um conhecimento aprofundado das particularidades desse tipo de arranjo estrutural e focar o cálculo exato do grau hiperestático total. 80 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PROPOSTA 2 DE PÓRTICO PARA A PARTE FRONTAL DO HOTEL Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 34). #pratodosverem: apresentação de um tipo de pórtico hiperestático. Devemos lembrar que para os pórticos, de modo geral, o grau de hiperestati- cidade e dado pela fórmula: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, considerando os tipos de vínculos da figura 1. E Equações de equilíbrio da estática. r Número de equações referente às rótulas. Portanto, para o pórtico considerado e que pode ser executado no jardim do hotel, temos: CÁLCULO DO GRAU DE HIPERESTATICIDADE DA PROPOSTA 2 DE PÓRTICO PARA A PARTE FRONTAL DO HOTEL Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 42). #pratodosverem: apresentação do cálculo do grau de hiperestaticidade da proposta 2 de pórtico para a parte frontal do hotel. 81 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Antes de escolher o método para calcular os esforços e momentos desse pórtico, é essencial que se calcule o grau de hiperestaticidade dele. Esse é o primeiro passo crucial nesse processo de análise estrutural (MARTHA, 2005). Exemplo teórico-prático 2. Sua empresa de engenharia foi contratada para calcular o grau hiperestático e executar a obra de uma estrutura projetada por um grupo de engenharia de manutenção de um grande shopping cen- ter. O projeto recebido por você é mostrado na figura a seguir: ESTRUTURA PROJETADA PELO GRUPO DE ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO DO SHOPPING Fonte: elaborado pelo autor (2023). #pratodosverem: projeto de estrutura que foi projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping. O projeto enviado trata-se de uma estrutura de pórtico com anéis fechados, sen- do que para cada anel, acrescenta-se mais três incógnitas ao número de apoios. Temos para o cálculo, então: R = 2 + 2 + 3 + 3 = 10 E = 3 r = 0 g = 10 - 3 = 7 Pórtico com 7 graus hiperestáticos 82 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Exemplo teórico-prático 3. Sua empresa de engenharia foi novamente con- tratada para calcular o grau hiperestático e executar a obra de uma estrutura projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do mesmo shopping center. O projeto recebido por você é mostrado na figura a seguir. SEGUNDA ESTRUTURA PROJETADA PELO GRUPO DE ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO DO SHOPPING Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: segundo projeto de estrutura que foi projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping. Novamente, o projeto enviado trata-se de uma estrutura de pórtico com anéis fechados um pouco mais complexa, com 6 anéis fechados, sendo que para cada anel acrescenta-se mais três incógnitas ao número de apoios. Temos para o cálculo, então: R = 2 + 2 + 3 + 3 + 3 + 3 + 3 + 3 = 22 E = 3 r = 0 g = 22 - 3 = 19 Pórtico com 19 graus hiperestáticos 83 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 3.2 OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS Vimos atéo momento que as estruturas, no que diz respeito ao comporta- mento estático, podem ser classificados como estáveis e instáveis. Estruturas estáveis são aquelas capazes de suportar um sistema geral de car- gas, cujos valores são limitados de tal forma que nenhuma falha devido à de- formação excessiva ocorre. As estruturas instáveis, por outro lado, não podem sustentar cargas, a menos que sejam de natureza especial. ESTRUTURAS ESTÁVEIS DE ENGENHARIA Fonte: ©evening_tao, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estrutura de engenharia em construção. Estruturas estáveis podem ser determinadas como estaticamente ou estati- camente estruturas indeterminadas também chamadas de estruturas hipe- restáticas, dependendo se as equações de equilíbrio são por si só suficientes para determinar ambas as reações como forças internas. Se forem suficientes, a estrutura é simplesmente classificada como determinada; caso contrário, como indeterminado, que também pode ser externamente e internamente indeterminados. 84 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Se o número de componentes de reações é maior que o número de equações independentes de equilíbrio, diz-se que a estrutura é externamente indeterminada. No entanto, se algumas forças internas do sistema não podem ser determinadas pela estática, mesmo que todas as reações sejam conhecidas, então a estrutura é classificada como internamente indeterminada (PILLAR; ROVERE; VALLE, 2019). Em qualquer um dos casos, a análise depende das propriedades físicas e ge- ométricas, ou seja, momentos de inércia, área e módulo de elasticidade dos elementos. 3.2.1 TRELIÇAS COM GRAUS MÚLTIPLOS DE HIPERESTACIDADE De modo geral, as treliças são sistemas construtivos utilizados de uma maneira bastante ampla na fabricação dos mais variados tipos de pontes, coberturas, tor- res etc. A figura a seguir destaca uma ponte metálica construída com treliças. 85 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II PONTE COM TRELIÇAS Fonte: ©evening_tao, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma ponte construída em estrutura metálica com treliças. Segundo Kassimale (2016), para as treliças, quando pretende-se determinar o grau hiperestático, deve-se considerar as seguintes incógnitas para serem resolvidas. Barras Deve-se determinar o número de barras da estrutura (b). Reações de apoio Deve-se determinar as reações nos apoios em função dos tipos de vínculos destacados na figura. Incógnitas No caso de uma estrutura isostática, a soma das incógnitas é sempre equivalente a duas vezes o número de nós. Essa é uma regra fundamental para o cálculo de estruturas nesse estado. 86 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Levando-se em consideração a resolução das incógnitas citadas e os fatores apresentados, chegamos à seguinte equação: R + b = 2 * n Onde: n = número de nós. Isso significa que para cada nó da estrutura, teremos duas equações. O grau de hiperestaticidade é dado por: G = (R + b) - (2 * n) Sendo que, quando g = 1, a estrutura será uma vez hiperestática. De modo geral, as treliças podem ser classificadas como hiperestáticas ex- ternamente ou internamente. A partir das formulações anteriores, é possível analisar as discrepâncias entre dois tipos de treliças, exemplificados nas figu- ras A e B, que apresentam diferentes níveis de hiperestaticidade. DOIS TIPOS DE TRELIÇAS QUE APRESENTAM DOIS GRAUS DE HIPERESTATICIDADE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 40). #pratodosverem: dois tipos de treliças que apresentam dois graus de hiperestaticidade com os respectivos cálculos. Note que, no exemplo A, a incógnita a ser encontrada é a reação de apoio e uma das barras centrais, fazendo com que a estrutura seja hiperestática externamente duas vezes. Por outro lado, no exemplo B, as barras que se cru- zam em “x” são independentes entre si e não têm ligação. A incógnita a ser descoberta, nesse caso, são os esforços nas barras, tornando a estrutura hipe- restática internamente duas vezes. Para solucionar a estrutura é necessário substituir as barras com hiperestaticidade por uma força normal de igual va- lor e sentido oposto em ambos os lados. A figura a seguir mostra o início da resolução da treliça internamente hiperestática apresentada anteriormente. 87 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II INÍCIO DA RESOLUÇÃO DA TRELIÇA INTERNAMENTE HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p.41). #pratodosverem: esquema e imagem que mostram o início da resolução da treliça internamente hiperestática. 3.2.2 PONTE TRELIÇADA: SITUAÇÃO- PROBLEMA Você foi contratado como engenheiro de obras e projetos em uma grande concessionária de rodovias. Durante uma reunião, foi atribuída a você a res- ponsabilidade de liderar o processo de desenvolvimento da solução estrutu- ral para uma ponte rodoviária que ligará duas pequenas cidades separadas por um rio. O Diretor de Engenharia da empresa entregou a você o proje- to inicial da ponte para que pudesse realizar uma análise técnica preliminar. Você percebeu que era necessário determinar o nível de hiperestaticidade da estrutura. O projeto da ponte está ilustrado na figura a seguir. PROJETO DA PONTE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 43). #pratodosverem: esquema do projeto de uma ponte rodoviária para ligação de duas pequenas cidades. 88 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para a conclusão da primeira fase do projeto é fundamental determinar o nú- mero de graus de hiperestaticidade presentes na estrutura, uma vez que essa informação será crucial na escolha do método para a resolução na próxima fase. R = 2 + 2 = 4 b = 23 n = 12 2n = 24 g = (4 + 23) - (2*12) = 3 É importante salientar que as barras que se cruzam não têm contato entre si e são elementos independentes. Logo, constata-se que essa estrutura apre- senta três graus de hiperestaticidade, sendo um deles externo e os outros dois internos. 3.2.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 1. Um grande centro comercial tem um projeto in- terno de ampliar o tamanho e criar uma galeria para várias lojas. Para isso, contratou a empresa de engenharia que você trabalha para encontrar uma solução viável, sendo que você, engenheiro, propôs o pórtico mostrado na fi- gura a seguir. PROJETO DE PÓRTICO PROPOSTO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 44). #pratodosverem: esquema do projeto de um pórtico. 89 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Você definiu em projeto que entre os pontos A e E ficarão as lojas, e entre os pontos E e F será o corredor de acesso a ser fixado na estrutura já existente. Um dos primeiros desafios do projeto é calcular o grau de hiperestaticidade do pórtico proposto, sendo que você propôs a seguinte sequência de cálculos. Para os pórticos, de um modo geral, o grau de hiperestaticidade é dado pela fórmula: g = R – (E + r) Onde: R Reações de apoio, considerando os tipos de vínculos da figura 1. E Equações de equilíbrio da estática. r Número de equações referente às rótulas considerando a fórmula r = bar- ras conectadas à rotula – 1. Sendo R = 3 + 3 + 2 = 8 E = 3 r = 0 g = 8 – (3) = 5 Exemplo teórico-prático 2. A construtora que você trabalha solicitou um pro- jeto e o cálculo de hiperestaticidade de uma treliça externamente hiperestá- tica com vínculo duplo de apoio fixo nas extremidades com 10 nós. Usando sua experiência e seus conhecimentos de engenharia, você propôs o seguinte projeto, conforme apresentadona figura a seguir. PROJETO DE TRELIÇA PROPOSTO Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: esquema do projeto de uma treliça com vínculo duplo de apoio fixo nas extremidades com 10 nós. 90 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Segundo Kassimali (2016), para o cálculo de treliças, quando pretende-se de- terminar o grau hiperestático, deve-se considerar as seguintes incógnitas para serem resolvidas: • Barras: deve-se determinar o número de barras da estrutura (b). • Reações de apoio: deve-se determinar as reações nos apoios em função dos tipos de vínculos destacados na figura 1. • Incógnitas: para uma estrutura isostática, a soma das incógnitas deve ser igual a duas vezes o número de nós. Levando-se em consideração a resolução das incógnitas citadas e os fatores apresentados, chegamos à seguinte equação: R + b = 2 * n Onde: n = número de nós. Isso significa que para cada nó da estrutura teremos duas equações. O grau de hiperestaticidade é dado por: G = (R + b) - (2 * n) Sendo que, quando g = 1 a estrutura será uma vez hiperestática. Seguindo as formulações apresentadas anteriormente, temos: R = 2 + 2 = 4 b = 18 n = 10 2n = 20 g = (4 + 18) - (2*10) = 2 Nesse caso, a incógnita consiste na reação de apoio e em uma das barras centrais, o que caracteriza a estrutura como sendo hiperestática duas vezes de maneira externa. Exemplo teórico-prático 3. A concessionária de obras que você trabalha como engenheiro de obras e projetos lhe deu uma nova missão de direcio- nar a solução estrutural para o projeto de uma ponte ferroviária. Essa ponte deve ser executada para permitir a passagem de uma composição entre dois pequenos rios que correm em paralelo e são divididos por uma faixa de terra. A equipe de engenharia, da qual você faz parte, chegou a uma convergência de proposta de projeto de uma ponte treliçada, conforme é apresentado na 91 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II figura a seguir, sendo que diretor de engenharia pediu para que você direcio- nasse a definição do grau de hiperestaticidade da estrutura. PROJETO DA PONTE FERROVIÁRIA TRELIÇADA Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: esquema do projeto de uma ponte ferroviária treliçada para a ligação entre margens de dois rios paralelos. Para qualquer tipo de projeto, na primeira etapa, devem ser definidos quan- tos graus de hiperestaticidade que essa estrutura tem. Para esse fim foram utilizadas as formulações já explicadas anteriormente, convergindo nos se- guintes cálculos: R = 2 + 2 +2 = 6 b = 31 n = 16 2n = 32 g = (6 + 31) - (2*16) = 5 É importante destacar que as barras que se cruzam não se tocam, sendo ele- mentos independentes. Portanto, essa estrutura é cinco vezes hiperestática, sendo três vezes externamente e duas vezes internamente. 92 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Esta unidade objetivou-se a apresentar um aprofundamento a respeito da hi- perestaticidade das estruturas. Estudamos que as estruturas estáveis podem ser determinadas estaticamente ou estruturas indeterminadas estaticamen- te, também chamadas de estruturas hiperestáticas, dependendo se as equa- ções de equilíbrio são por si só suficientes para determinar ambas as reações como forças internas. Estruturas hiperestáticas são estruturas estáveis que não apresentam ne- nhum grau de liberdade não restrito. Embora o número de reações de apoio seja maior que o número de equações de equilíbrio, nem toda estrutura com mais reações de apoio do que equações de equilíbrio é hiperestática, con- forme explicado em tópicos anteriores. O grau de hiperestaticidade de uma estrutura é equivalente ao número de conexões que podem ser eliminadas para transformá-la em uma estrutura isostática, sendo que uma estrutura isostática tem grau zero de hiperestaticidade. Tais estruturas não podem ser resolvidas apenas por meio das equações de equilíbrio da estática. Em suma, o grau de indeterminação de uma estrutura é o número de com- ponentes das reações e forças internas desconhecidas que excedem o núme- ro de equações de condição para o equilíbrio estático, ou seja, as estruturas hiperestáticas são caracterizadas pelo excesso de restrições, sendo assim, têm mais pontos de apoio ou conexões do que o número de equações de equilí- brio que podem ser usadas para analisá-las. 93 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. FREITAS, J. A. T.; TIAGO, C. Análise elástica de estruturas reticuladas. Universidade de Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2022. 2. MELO, A. M. C. de. Grau de indeterminação cinemática. Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Universidade Federal do Ceará, p. 1-6, [202-2]. 3. PILOTO, P. Mecânica estrutural I. Departamento de Mecânica Aplicada: Escola Superior de Tecnologia e de Gestão, 2013. 4. MAZILLI, C. E. N. et al. Mecânica das estruturas. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2010. 5. HIBBELER, R. C. Módulo 2 – Estruturas. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2011. UNIDADE 4 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 94 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Compreender, de forma introdutória, o que é o método das forças e dos deslocamentos, os principais teoremas e os princípios associados. > Compreender os princípios do Teorema de Castigliano e as aplicações. 95 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 4. INTRODUÇÃO AO MÉTODO DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO INTRODUÇÃO Conforme já estudamos, a análise estrutural é um ramo das ciências físicas preocupado com o comportamento de estruturas sob certas condições de projeto. As estruturas podem ser definidas como os sistemas que suportam cargas, e a palavra comportamento é entendida como a tendência a defor- mar, vibrar, entortar ou fluir, dependendo das condições a que são submeti- das essas estruturas. Os resultados da análise são então usados para determinar as características das estruturas deformadas e verificar se são adequadas para suportar as car- gas para as quais foram projetadas. A análise de estruturas tem como essên- cia a determinação do estado de deformação e tensões na estrutura. Estudamos que o grau de hiperestaticidade, também chamado de grau de in- determinação estática (GIE), é o número de forças redundantes na estrutura. Consiste, portanto, no número de forças desconhecidas que, sendo indepen- dentes, não podem ser determinadas por meio das equações de equilíbrio da estrutura, pois o número de incógnitas estáticas é maior que o número de equações de equilíbrio disponíveis. 96 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESTRUTURAS DE ENGENHARIA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estrutura de concreto armado. Nesta unidade, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo das estruturas hiperestáticas, pois vamos aprender a calcular as estruturas, ou seja, vamos aprender a calcular as reações de apoio nos vínculos, vamos também abordar cálculos das reações de apoio em diferentes tipos de vínculos, bem como os esforços presentes nas barras e possíveis deslocamentos nos pontos. Isto é, quando você, futuramente, projetar estruturas, poderá considerar nos proje- tos todas as vantagens que as estruturas hiperestáticas proporcionam. 4.1 MÉTODO DAS FORÇASE DO DESLOCAMENTO O Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) foi utilizado pela primeira vez por Gali- leu (1564-1642) no cálculo de mecanismos. No entanto, foi levantada de forma mais rigorosa por Lagrange (1736-1813), que desenvolveu a teoria variacional e lançou as bases da Mecânica Analítica. Esse princípio também foi enunciado por Johann Bernoulli, no ano de 1717, da seguinte forma: dado um corpo rígido, mantido em equilíbrio por um sistema de forças, o trabalho virtual realizado por esse sistema, durante um desloca- mento virtual, é zero. 97 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Um sistema material está em equilíbrio em uma determinada posição para qualquer deslocamento compatível com os elos quando a soma dos trabalhos virtuais das forças diretamente aplicadas é zero. 4.1.1 TEOREMAS E PRINCÍPIOS A fim de utilizar as estruturas hiperestáticas em nosso cotidiano, é necessário identificar a magnitude das cargas que agem sobre elas. Para alcançar essa compreensão, é crucial ter um entendimento mais aprofundado do Princípio ou Teorema do Trabalho Virtual, que será abordado posteriormente em nosso estudo (KASSIMALI, 2016). Vamos iniciar utilizando como exemplo a viga engastada (hiperestática) apre- sentada na figura a seguir. VIGA HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 61). #pratodosverem: representação de uma viga engastada (hiperestática). Antes de utilizar o Princípio do Trabalho Virtual em estruturas hiperestáticas, é fundamental entender e compreender a essência desse conceito objeti- vando aplicar de modo geral nas estruturas mais simplificadas, tais como as estruturas isostáticas. Adquirindo esse conhecimento podemos considerar, então, a aplicação do Princípio ou Teorema do Trabalho Virtual em estruturas mais complexas, tais como nas estruturas hiperestáticas. 98 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESTRUTURAS DE ENGENHARIA Fonte: ©pablesku, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de uma estrutura de concreto armado. De acordo com Garrison (2018), do ponto de vista físico, já foi observado que quando um ponto material é submetido a uma força F e sofre um desloca- mento d na mesma direção de F, a força F realiza um trabalho dado por: U = F . d Ao aplicar forças externas em um corpo ocorre a deformação dele, sendo que também será levado em consideração possíveis deslocamentos nos pontos onde as forças externas são aplicadas. Como resultado, as forças externas ge- ram a realização de um trabalho externo (Ue), que fica armazenado na estru- tura durante a deformação. Essa energia de deformação na forma de traba- lho também é conhecida como trabalho interno (Ui) e é liberado quando as forças externas deixam de atuar sobre o corpo, permitindo que ele retorne à configuração não deformada, desde que não exceda o limite elástico do ma- terial (GARRISON, 2018). 99 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II CONFECÇÃO DE FERRAGEM PARA VIGA DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©jcomp, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem da confecção de ferragem para viga de concreto armado. De modo geral, o PTV tem como base a Conservação de Energia e os princí- pios dela, podendo então ser expresso de forma matemática por: Ue = Ui Segundo Kassimali (2016), o Princípio do Trabalho Virtual pode ser utilizado para calcular a inclinação ou o deslocamento de um ponto em uma estrutu- ra. Para melhor compreensão desse princípio, vamos considerar um objeto submetido à várias forças externas, conforme representado na figura a seguir. Note que as forças consideradas externas (P1, P2 e P30) geram esforços inter- nos fi em diferentes pontos dos corpos, sendo que, em estruturas convencio- nais, como treliças, vigas ou pórticos, são representados como esforços (cor- tante, fletor, torçor e normal). 100 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 (A)CORPO SUBMETIDO A DIVERSAS FORÇAS EXTERNAS. (B) CORPO SUJEITO À APLICAÇÃO DE UMA FORÇA VIRTUAL EXTERNA P’ Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 51). #pratodosverem: representação de (a) corpo submetido a um conjunto de várias forças externas e em (b) um corpo no qual está aplicada uma força virtual externa P’. Observe que, como consequência da aplicação das forças externas, o corpo sofrerá deformações, resultando em deslocamentos externos Δn nos pontos em que as forças foram aplicadas, bem como deslocamentos internos d em diferentes pontos internos do corpo. O trabalho (ou energia) realizado pelas várias forças que agem de forma externa é igual ao produto da força pela magnitude do deslocamento externo. Adicionalmente, o resultado do esforço realizado internamente em determinado ponto é refletido no trabalho inter- no gerado pela movimentação interna que ocorre nesse mesmo ponto (MAR- THA, 2022). Considerando a Conservação de Energia juntamente aos princí- pios físicos, podemos expressar matematicamente esse conceito como: Segundo Martha (2022), para determinar o deslocamento Δ do ponto A da figura anterior na direção indicada, é possível utilizar o Princípio do Trabalho Virtual. Inicialmente, considera-se o corpo sem deformação, e aplica-se uma força externa virtual P’ na mesma direção do deslocamento Δ que se deseja determinar, como mostrado na Figura anterior, parte (b). Essa força virtual é imaginária, ou seja, não ocorre na realidade e pode ter qualquer intensidade, porém, por conveniência, para a análise de esforços internos em estruturas, utiliza-se uma força virtual unitária em termos de intensidade, ou seja, P’ = 1. Essa força virtual externa produzirá esforços virtuais internos fv, que serão alinhados em termos de compatibilidade com as regras de equilíbrio dos cor- 101 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II pos, conforme exemplificado na figura anterior, parte (b). Após a introdução de uma força virtual de magnitude unitária, as forças reais atuam sobre o corpo, causando deslocamentos externos reais Δ situados em A e deslocamentos considerados internos e reais chamados de “d” em pontos internos do corpo. Isso implicará que a força externa virtual P’ executará um trabalho virtual externo enquanto se move ao longo do deslocamento real Δ, enquanto cada esforço virtual interno fv, em cada ponto interno do corpo, executará um trabalho virtual interno durante o deslocamento interno real Δ. Assim, de forma matemática, de acordo com Martha (2022), o equaciona- mento do Princípio ou Teorema do Trabalho Virtual (PTV) pode ser expresso considerando a igualdade do trabalho virtual externo e do trabalho virtual interno, sendo realizado de forma distribuída em todos os pontos do corpo. Primeira consideração O Princípio dos Trabalhos Virtuais considera as forças atuantes no corpo como virtuais e os deslocamentos como reais, permitindo que se obtenha a deflexão e queda em um ponto da estrutura. Segunda consideração As forças virtuais externas P’ e os esforços virtuais internos fv não causam deslocamentos no corpo, mas são importantes para garantir que as forças agentes estejam equilibradas, sejam elas externas ou internas e, também, que exista uma compatibilidade entre os deslocamentos externos e internos. Terceira consideração Os esforços virtuais internos fv são gerados pela força virtual externa P’, e os deslocamentos internos reais d são gerados pelo deslocamento externo real Δ, ambos com base nas condições de equilíbrio e compatibilidade de deslocamentos. É fundamental lembrar que esses sistemas de forças e deslocamentos atuam no mesmo corpo (GARRISON, 2018). 102 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portariaMEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.1.2 MÉTODO DO TRABALHO VIRTUAL É possível utilizar a técnica do trabalho virtual para calcular um único movi- mento em uma direção específica em um ponto de uma estrutura ou um movimento linear em uma única direção em um ponto específico de uma es- trutura, seja ela uma treliça, viga ou pórtico, podendo ser caracterizado como um deslocamento unidirecional (MCCORMAC, 2009). Para isso, é necessário empregar a equação do PTV, que foi apresentada anteriormente: Se desejamos obter o deslocamento Δ em uma direção específica em um ponto da estrutura sujeita a um conjunto de forças reais, podemos usar o mé- todo do trabalho virtual. Com o propósito de realizar tal tarefa, é necessário aplicar uma unidade virtual de força (ou momento) na mesma orientação do movimento desejado no ponto em consideração. Isso produzirá esforços in- ternos virtuais (fv) que estão relacionados aos esforços (cortante, fletor, torçor e normal) nos vários pontos da estrutura. Para uma estrutura isostática é possível determinar rapidamente esses esforços internos traçando os diagramas de esforços solicitantes quando submetida apenas à força unitária (GOMES, 2009). Segundo Vieira e Torres (2018), os deslocamentos internos reais d que ocorrem na estrutura são compatíveis com o deslocamento externo real Δ que foi pro- vocado pelas forças reais. Esses deslocamentos internos são conhecidos como deformações e são influenciados pelos esforços atuantes na estrutura (cortan- te, fletor, torçor e normal). As equações que descrevem essas deformações são deduzidas a partir da teoria de Resistência dos Materiais e dependem das ca- racterísticas do elemento em questão. Sendo assim, a equação do Princípio do Trabalho Virtual permite determinar a incógnita Δ, que representa o desloca- mento real provocado pelas forças reais, conforme será explicado a seguir. As equações expostas explicam como diferentes tipos de esforços afetam as 103 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II deformações e giros de uma viga hiperestática. A equação dh=(X.Q.dx)/(G.A) descreve a deformação axial causada pelo esforço normal (N) e também a deformação por cisalhamento causada pelo esforço cortante (Q). A equação dθ=(M.dx)/(E.I) mostra como o momento fletor (M) causa um giro na viga, en- quanto a equação dφ=(T.dx)/(E.I t) descreve o giro de torção gerado pelo mo- mento torçor (T). Segundo Vieira e Torres (2018), essas equações levam em consideração as pro- priedades do material e da seção transversal da viga hiperestática, como os módulos de Young (longitudinal e transversal), a área da seção transversal (A) e o momento de inércia polar. Além disso, incluem o momento de inércia a torção (I_t) da seção transversal e o fator de forma X, que varia de acordo com o tipo de seção transversal utilizado. Segundo Vieira e Torres (2018), uma vez que as deformações são relativas a um elemento infinitesimal dx, é necessário multiplicá-las pelos esforços que agem nesse elemento e, em seguida, utilizar um processo de integração que deve ser realizado ao longo de todo o comprimento, obtendo, desse modo, a soma de todo o PTV interno em cada um dos pontos da estrutura. Para calcular a somatória do trabalho virtual interno em todos os pontos de uma estrutura é necessário multiplicar as deformações infinitesimais dx pelas forças que atuam nesses elementos infinitesimais e integrar essa expressão ao longo de todo o comprimento da estrutura. Dessa forma, é possível obter o trabalho virtual interno total na estrutura, correspondente às deformações infinitesimais que ocorrem em cada ponto da estrutura. Para um caso mais amplo, como uma estrutura sujeita a todos os quatro es- forços internos (força normal, força cortante, momento fletor e momento tor- çor), a soma do trabalho virtual interno total será a soma do trabalho virtual 104 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 interno de cada um dos quatro esforços em toda a estrutura. Segundo Vieira; Torres (2018), como explicado anteriormente, o trabalho virtual interno é cal- culado multiplicando o esforço interno virtual pela deformação real. Conse- quentemente, a equação do PTV se transforma em: Onde: — N’, Q’, M’ e T’ são os esforços virtuais internos, provocados pela força virtual unitária. — N, Q, M e T são os esforços internos reais, provocados pelas forças reais. É relevante ressaltar que é frequente a ocorrência de variações tanto nos esforços virtuais quanto nos esforços reais ao longo de todo o comprimento da estrutura, já que ambos são dependentes da posição x estrutura (SUSSEKIND, 1987). Em determinadas estruturas convencionais, é viável desconsiderar determi- nadas parcelas do PTV internos, sem comprometer o desfecho final de ma- neira expressiva. Tal procedimento é aplicável devido às discrepâncias signifi- cativas entre as parcelas, onde algumas produzem trabalhos virtuais internos em escala muito reduzida quando comparadas às demais. Segundo Vieira e Torres (2018), em algumas estruturas convencionais, pode-se negligenciar algumas parcelas do PTV interno sem afetar significativamente o resultado final. Isso é possível porque essas parcelas geram trabalhos muito menores quando comparados com outras parcelas de PTV internos, como: 105 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Nas treliças Pode-se desprezar a parcela dos trabalhos virtuais internos referentes ao esforço cortante e ao momento fletor, considerando apenas a parcela referente ao esforço normal. Nas vigas e pórticos Em algumas situações de vigas e pórticos convencionais, é possível negligenciar a contribuição dos trabalhos virtuais internos relacionados ao esforço cortante, desde que as cargas sejam moderadas e os vãos não sejam muito curtos. Nesses casos, é suficiente considerar apenas a parcela referente ao momento fletor para determinar o trabalho virtual interno total na estrutura. Torção Em alguns tipos de estruturas espaciais (grelhas e pórticos), pode- se desprezar a parcela dos trabalhos virtuais internos referentes ao esforço normal e ao momento fletor, considerando apenas a parcela referente à torção. Segundo Vieira e Torres (2018), de maneira geral, as deformações reais d são ocasionadas não apenas por esforços reais, mas também podem ser gera- das por variações de temperatura, como expansão ou dilatação térmica, e defeitos na fabricação, como barras que têm comprimentos diferentes dos previstos no projeto. Se ocorrerem esses efeitos, é preciso somar os trabalhos virtuais internos correspondentes aos demais trabalhos virtuais internos con- siderando o lado direito equacionado do PTV. Os trabalhos virtuais internos gerados pelas deformações reais resultantes desses efeitos também devem ser considerados. Os efeitos das deformações reais nas estruturas também devem considerar os trabalhos virtuais internos gerados. A seguir são apresentadas algumas for- mulações propostas por Vieira e Torres (2018): 106 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FORMULAÇÕES Expansão térmica (provoca uma deformação de flexão) Dilatação térmica (provoca uma deformação axial) Defeito de fabricação (provoca uma deformação axial) Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 56). #pratodosverem: tabela de formulações de coeficientes. Nas formulações mostradas, α se trata do coeficiente de dilatação térmica do material, Te é o delta (variação) de temperatura ocorrente nas fibras externas da barra, Ti é a variação de temperatura nas fibras internas da barra, h trata-se de altura considerando a seção transversal da barra, dL é a variação de com- primento da barra devido à variaçãode temperatura, e L é o comprimento total da barra. Segundo Vieira e Torres (2018), esses parâmetros são utilizados nas equações apresentadas para calcular as deformações resultantes de efeitos como ex- pansão térmica e defeitos de fabricação. O coeficiente de dilatação térmica α é uma propriedade do material que indica como ele se expande ou contrai quando há variação de temperatura. Te e Ti representam as variações de tem- peratura nas fibras externas e internas da barra, respectivamente. A altura da seção transversal da barra é representada por h, enquanto dL é a variação de comprimento da barra causada pela variação de temperatura. Por fim, L é o comprimento total da barra. 107 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Ao utilizar a equação do PTV em uma estrutura, é importante considerar os recalques de apoio. Apesar de não provocarem deformações na estrutura, eles causam um movimento de corpo rígido, que gera um trabalho virtual externo. Esse trabalho virtual externo deve ser adicionado considerado então o lado esquerdo do equacionamento do PTV. O trabalho virtual externo pode ser calculado multiplicando-se a reação de suporte virtual (no sentido do assentamento) produzida pela força virtual unitária pelo assentamento do suporte (deslocamento real) na mesma direção (PALHARES, 2016). CONFECÇÃO DE EDIFICAÇÃO EM CONCRETO ARMADO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: imagem que mostra a confecção de uma edificação em concreto armado. 108 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 1. Considere o elemento estrutural (viga) mostrado na figura (a) a seguir. Essa viga tem E = 2,2.108 KN/m2 e I = 5,1.10-4 m4. Ao utili- zar o PTV, é possível determinar o possível deslocamento vertical ocorrente na extremidade que está livre da viga, tendo em conta exclusivamente a parcela do trabalho virtual interno associada aos momentos de flexão. Ao empregar uma força virtual unitária na mesma posição e orientação do movimento desejado, conforme ilustrado na figura (b), podemos obter o re- sultado desejado, tendo: (A) VIGA COM CARGA DISTRIBUÍDA REAL E (B) VIGA COM FORÇA VIRTUAL Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 55). #pratodosverem: na figura é mostrada em (a) viga com carga distribuída real e (b) viga com força virtual Segundo Pillar et al. (2019), pela análise da estrutura, é possível obter as equa- ções relacionadas aos momentos fletores M’ e M considerando então a posi- ção “x” da viga em termos de comprimento. Essas equações podem ser de- terminadas tanto pela aplicação da força unitária exibida na figura anterior, parte (b), quanto pelo carregamento real mostrado na figura anterior, parte (a). Substituindo os valores obtidos na equação do PTV e resolvendo a integral ao longo dos 8 metros de comprimento da viga, é possível alcançar o resulta- do desejado. É possível estabelecer a origem da coordenada X em qualquer ponto, contanto que essa origem seja igual para a determinação de M’ e M. Levando em consideração que a tração no lado inferior da viga é negativa, temos: 109 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II M’ = 1.x e M = 15.x.(x/2) 7,5 x2 0,0684 = 68,4 cm Consideração 1 O deslocamento resultante da aplicação da força virtual unitária é diretamente proporcional ao momento fletor na seção transversal da viga, indicando que quanto maior o momento fletor, maior será o deslocamento resultante. Consideração 2 Na análise de estruturas é comum trabalhar com deslocamentos relativos entre diferentes pontos da estrutura em vez de deslocamentos absolutos, devido ao fato de que os deslocamentos absolutos podem ser afetados por movimentos de corpo rígido da estrutura como um todo. Consideração 3 É importante notar que o deslocamento calculado por meio do método dos trabalhos virtuais resultou em um valor positivo, o que indica que ele ocorre no mesmo sentido da força unitária que está sendo aplicada, ou seja, sentido para baixo. 4.2 TEOREMA DE CASTIGLIANO Uma técnica utilizada para encontrar os deslocamentos em sistemas elásti- cos lineares é o método de Castigliano, criado por Carlo Alberto Castigliano, que consiste na aplicação de derivadas calculadas de forma parcial (derivadas parciais) da energia de deformação (MARTHA, 2022). Em termos simples, o método de Castigliano estabelece que a variação de energia em um sistema elástico linear é proporcional ao produto da força cau- sadora pelo deslocamento resultante (LEET et al., 2020). Dessa forma, é possí- 110 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 vel utilizar derivadas parciais para relacionar as forças causais, deslocamentos e mudanças de energia. Para encontrar o deslocamento em um ponto espe- cífico de uma estrutura sob a ação de uma força P, basta aplicar o teorema e calcular a mudança de energia e a força causativa, onde temos: Em relação à flexão de uma viga feita de um material elástico linear, há uma relação linear entre o momento fletor M e o ângulo de rotação da seção trans- versal θ, como demonstrado no gráfico a seguir: RELAÇÃO ENTRE MOMENTO FLETOR (M) O GIRO DA SEÇÃO TRANSVERSAL Θ PARA MATERIAL ELÁSTICO LINEAR Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 58). #pratodosverem: gráfico que representa a relação entre o fletor (M) e o giro da seção transversal θ para material elástico linear Ao aumentar o momento M1 em um valor dM1 ocorre um aumento corres- pondente dθ1 no giro da seção transversal da viga. O trabalho realizado por M1 nesse aumento pode ser calculado pela multiplicação de M1 e dθ1, que é representado pela área sob a curva destacada no gráfico. A energia de de- formação acumulada na barra durante a variação do momento de 0 a M é obtida pela soma das várias áreas elementares, o que leva à formação de um triângulo localizado abaixo da linha do gráfico: Considerando um elemento infinitesimal dx da viga submetido a um giro dθ, temos: e 111 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Realizando a substituição e integrando sobre todo o comprimento L da viga, temos: = Empregando diretamente no teorema de Castigliano, temos: Para resolver essa equação, com o objetivo de facilitar, antes de realizar a inte- gração é necessário diferenciar o momento em relação a P, o que resulta na seguinte equação: 4.2.1 APLICAÇÃO DO TEOREMA DE CASTIGLIANO Para ilustrar esse método utilizaremos a viga engastada mostrada a seguir. No teorema de Castigliano, o objetivo é o de se calcular o deslocamento que ocorre verticalmente na extremidade livre da viga engastada por meio da aplicação da técnica metodológica do PTV (SORIANO; LIMA, 2006). Suponha que uma força vertical P seja aplicada na extremidade livre da viga, conforme apresentado na figura a seguir. VIGA COM CARGA REAL P APLICADA NA EXTREMIDADE LIVRE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 59). #pratodosverem: figura que representa uma viga com carga real P aplicada na extremidade livre. 112 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Inicialmente, é necessário obter a expressão do momento fletor na viga em função da coordenada x para o carregamento descrito na figura anterior. Em seguida, precisamos realizar a aplicação de derivadas parciais para o cál- culo do fletor em relação à força P que, de forma geral, é atuante no ponto e também na direção do deslocamento considerado ou desejado. Consideran- do que a tração na face inferior da viga seja positiva, temos: M = - P.x -15.x.(x/2) M = - P.x - 7,5 x2 Ao substituir o valor real da força P na equação, que nesse caso considerado é P = 0, já que essa força não está presente no carregamento original, temos: M = - P.x - 7,5 x2 e Então, por meio da aplicação da equação associada ao teorema de Castiglia- no, temos: 0,0684 = 68,4 cm Esse é o mesmo valor de deslocamento que encontramos pelo método PTV. 4.2.2 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS EM TRELIÇAS Para estudarmos essa aplicação vamos utilizar como referência o cálculo de um deslocamento na vertical que ocorre em um nó C presente em uma treli- ça de cobertura, conforme mostrado na figura, a seguir. 113 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II TRELIÇA DE COBERTURA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 61). #pratodosverem: ilustração de uma viga com carga real P aplicada na extremidade livre. Cada barra da treliça tem uma área de seção transversal de 500 mm2 ou 5.10- 4 m2, e o módulo de elasticidade do material utilizado na construção é de E = 20000 kN/cm2 ou 2.108 N/m2. A fim de calcular o deslocamento vertical ocorrente no nó C da treliça, é pre- ciso empregar uma força virtual com intensidade de 103 N (direção vertical) no referido nó. Em seguida, deve-se usar as equações de equilíbrio objetivando direcionar a determinação das reações de apoio (ou reações nos vínculos) e, utilizando-se do método de análise dos nós, encontrar os esforços normais em cada barra, conforme ilustrado na figura (a) a seguir. De modo análogo, podemos determinar reações e esforços ocorrentes nas barras da treliça que podem ser obtidos para a configuração real da treliça, tal como ilustrado na figura (b), a seguir. 114 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 (A) ESFORÇOS NORMAIS (N’) GERADOS PELA FORÇA VIRTUAL; (B) ESFORÇOS NORMAIS (N) GERADOS PELO CARREGAMENTO REAL Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 62). #pratodosverem: ilustração de duas treliças onde são mostrados em (a) os esforços normais (N’) gerados pela força virtual; (b) os esforços normais (N) gerados pelo carregamento real. Para as treliças, devemos considerar apenas a parcela referente aos esforços normas presente na equação do PTV: Os elementos N’ e N são constantes em toda a extensão de cada barra, de modo que a integral correspondente a cada barra com comprimento L pode ser expressa como segue: Assim, podemos calcular o trabalho virtual interno da treliça considerando o trabalho interno de cada barra e somando-os. Dessa forma, ao substituir os valores de N’ e N de cada barra, obtemos: 1,608 x 10-4 m = 0,168 mm O sinal positivo do deslocamento obtido indica que ele está na mesma dire- ção da força unitária aplicada, ou seja, para baixo. 115 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 4.2.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 2. Neste exemplo, vamos retomar a viga mostrada no início desta unidade, conforme mostrado na figura a seguir. VIGA HIPERESTÁTICA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 61). #pratodosverem: ilustração uma viga engastada (hiperestática). Para determinar as reações e os esforços em estruturas hiperestáticas, é necessário levar em consideração, além das condições de equilíbrio, a existência de compatibilidade entre os deslocamentos ocorrentes e as deformações presentes na estrutura, bem como devem ser consideradas as leis constitutivas da resistência dos materiais. Consequentemente, o Princípio do Trabalho Virtual é uma ferramenta útil na verificação do atendimento dessas condições de compatibilidade de deslocamentos em estruturas hiperestáticas. Em contraposição, em estruturas isostáticas, as condições de equilíbrio são suficientes para calcular as reações de apoio e os esforços na estrutura, não havendo então a necessidade de levar em consideração as condições compatíveis de deslocamentos e de resistência dos materiais (BARROS, 2004). 116 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Segundo Pillar et al. (2019), para determinar as reações e os esforços em estru- turas hiperestáticas, é necessário levar em consideração a resistência dos ma- teriais, as condições de equilíbrio da estática e também a real compatibilida- de associada com deslocamentos e deformações ocorrentes nos elementos estruturais. Consequentemente, o Princípio do Trabalho Virtual é uma ferra- menta útil na verificação do atendimento dessas condições de compatibili- dade de deslocamentos em estruturas hiperestáticas. CONFECÇÃO DE EDIFICAÇÃO EM CONCRETO ARMADO Fonte: ©wirestock, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem da confecção de uma edificação em concreto armado. Em contraste, em estruturas isostáticas, as condições de equilíbrio são sufi- cientes para determinar as reações de apoio e os esforços na estrutura, sem a necessidade de levar em consideração as condições citadas anteriormente. Se considerarmos a viga apresentada na figura a seguir, já sabemos, pelos es- tudos de hiperestaticidade, que se trata de uma viga hiperestática (uma vez hiperestática ou de grau um). A viga hiperestática exibida na figura (parte A) pode ser dividida em vigas isostáticas conforme mostrado nas partes B e C da figura, onde X é a repre- 117 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II sentação de uma reação de apoio no lado direito da viga hiperestática exibi- da. De acordo com o princípio da superposição, os efeitos das vigas (B) e (C) somados resultam na viga hiperestática da parte A. VIGA HIPERESTÁTICA DESMEMBRADA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 61). #pratodosverem: representação de uma viga engastada desmembrada. De forma geral, se considerarmos a compatibilidade de deslocamentos ao avaliarmos o deslocamento vertical ocorrente na extremidade direita da viga hiperestática observamos que é nulo. Além disso, observamos que os des- locamentos verticais ocorrentes na extremidade direita das vigas isostáticas mostradas em (B) e (C) sejam Δ0 e Δ1, respectivamente. Convergindo, temos a seguinte relação: Δr = Δ0 + Δ1, que pode ser simplificada para 0 = Δ0 + Δ1 e, consequentemente, Δ1 = -Δ0. A partir disso, podemos utilizar o PTV na viga isostática (B) para calcular Δ0, e em seguida, aplicar novamente o PTV na es- trutura, exigindo que Δ1 seja igual a -Δ0, para obter a reação X. CONCLUSÃO Apresentamos, nesta unidade, de forma introdutória, o processo do método das forças e dos deslocamentos, os principais teoremas e os princípios as- sociados. Estudamos, de forma mais profunda, o método do trabalho virtu- al com algumas aplicações práticas. Também direcionamos a compreensão dos princípios do segundo teorema de Castigliano e algumas das aplicações. Compreendemos que o método das forças, também conhecido como méto- do das deformações coerentes ou método das deformações compatíveis, é um método baseado na teoria da flexibilidade, que é utilizado para a análise de estruturas estaticamente indeterminadas. Estudamos que o método do trabalho virtual, também chamado de método da força virtual ou método da carga unitária, usa a lei da conservação da ener- 118 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 gia para obter a deflexão e a queda em um ponto de uma estrutura. Além disso, estudamos que esse método é aplicado tanto em estruturas isostáticas quanto em estruturas hiperestáticas, e é particularmente útil para esta últi- ma, considerando a insuficiência das condições de equilíbrio na determina- ção das reações de apoio e os esforços em tais estruturas. Este baseia-se no conceito deque, se uma força virtual é aplicada a uma estrutura, a energia potencial armazenada na estrutura devido à deformação é igual ao trabalho realizado pela força virtual. O método do trabalho virtual envolve a aplicação de uma carga unitária em cada uma das coordenadas da estrutura e, em seguida, a determinação do trabalho realizado por cada uma das cargas unitárias. A soma dos trabalhos realizados por cada carga unitária fornece o deslocamento total na estrutura. O método apresenta grande flexibilidade, uma vez que pode ser empregado em estruturas de qualquer formato, mesmo as de geometria mais complexa. Além disso, é possível utilizar o método do trabalho virtual em conjunto com outros métodos que podem gerar resultados de certa forma mais precisos. No entanto, em termos de engenharia e aplicações reais, devemos lembrar que o PTV é limitado a sistemas lineares e estáticos, e não leva em conta o comportamento dinâmico da estrutura, como a vibração. Percebemos ainda que o método desenvolvido por Carlo Alberto Castiglia- no é uma técnica utilizada para determinar os deslocamentos em sistemas lineares elásticos, a partir de cálculos que tomam como base derivação par- cial para a energia de deformação. O conceito fundamental pode ser com- preendido facilmente, pois uma alteração na energia tem uma equivalência no trabalho realizado, de acordo com a equivalência trabalho/energia. Assim, é possível estabelecer uma relação entre a força aplicada e o deslocamento resultante por meio da energia de deformação. Em outras palavras, a força aplicada é proporcional à variação da energia de deformação em relação ao deslocamento resultante, ou o deslocamento resultante é proporcional à va- riação da energia de deformação em relação à força aplicada. As derivadas parciais são essenciais para estabelecer essa relação matemática entre as for- ças aplicadas, deslocamentos resultantes e energia de deformação. 119 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. PALHARES, R. A. et al. Método dos deslocamentos para análise de estruturas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PONTOS E ESTRUTURAS, 9., Rio de Janeiro, maio 2016. Anais… Rio de Janeiro, 2016. 2. SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de estruturas: método das forças e método dos deslocamentos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2004. 3. VALLE, A. do; LA ROVERE, H. L.; PILLAR, N. M. de P. Apostila de análise estrutural I. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. 4. LINDENBERG NETO, H. Introdução à mecânica das estruturas. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1996. 5. BARROS, J. Teoremas energéticos. 2004. UNIDADE 5 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 120 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Entender, de forma mais profunda, a aplicação dos métodos das forças e deslocamentos em vigas. > Compreender as principais aplicações em vigas dos métodos dos deslocamentos. 121 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 5. MÉTODOS DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará aprofundamentos e temáticas associadas com o méto- do das forças e dos deslocamentos. Depois de estudarmos o Princípio do Trabalho Virtual (PTV) e compreender- mos como aplicá-lo para determinar os deslocamentos de estruturas isostáti- cas, agora podemos usá-lo para resolver as estruturas hiperestáticas. Uma das técnicas que pode ser usada para resolver esse tipo de estrutura é a utilização do método das forças, que emprega o Princípio do Trabalho Virtual. 5.1 MÉTODO DAS FORÇAS: APROFUNDAMENTO O método das forças é fundamental para elementos que vão ajudar na deter- minação da diagramação do que chamamos de momento fletor da viga, como o exemplo mostrado na figura a seguir. VIGA HIPERESTÁTICA COM 4 APOIOS Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 66). #pratodosverem: ilustração de uma viga hiperestática com quatro apoios. 122 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 5.1.1 DEFINIÇÃO O chamado método das forças é uma técnica procedimental utilizada na análi- se de estruturas hiperestáticas devendo obedecer às seguintes condições: • equilíbrio conforme condições da estática; • compatibilidade; e • avaliação da resistência dos materiais. É essencial garantir o equilíbrio de uma estrutura para a estabilidade dela, o que implica no balanceamento das reações de apoio e forças atuantes. A aplicação do método das forças exige que as equações do estático sejam amplamente conhecidas e usadas em estruturas isostáticas, segundo Vieira e Torres (2018). De acordo com Kassimali (2016), o comportamento dos materiais é a resposta às forças aplicadas. Para garantir que o método das forças seja compatível com o comportamento dos materiais utilizados, assume-se um comportamento elástico linear e deformações dentro dos limites de elasticidade. Uma estrutura é considerada compatível quando não apresenta rupturas nas diferentes partes e a deformação resultante é coerente com as restrições de deslocamento impostas pelas conexões de suporte (KASSIMALI, 2016). Para garantir essas condições ao usar o método das forças, escreveremos equações de compatibilidade física que garantam que a estrutura, de forma geral, respeite as condições de equilíbrio. 123 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©Albaregiya, Freepik (2023). #pratodosverem: estrutura de concreto armado em construção. É importante destacar que o método das forças é uma técnica de análise es- tática que leva em consideração o comportamento linear elástico dos mate- riais e as condições de equilíbrio, de compatibilidade e também de compor- tamento dos materiais. Essas condições devem ser respeitadas para garantir a eficácia do método. 124 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©Albaregiya, Freepik (2023). #pratodosverem: estrutura de concreto armado em uma construção. Na figura a seguir, o item a ilustra uma viga que é considerada hiperestática, pois tem quatro reações de apoio (duas reações — vertical e horizontal ocor- rente no apoio A, uma força ocorrente vertical no apoio móvel B e outra força ocorrente na vertical no apoio móvel em C, enquanto, conforme leis da estáti- ca, somente três equações (de equilíbrio) podem e devem ser aplicadas a ela. VIGA HIPERESTÁTICA (A) E ISOSTÁTICA (B) Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 68). #pratodosverem: ilustração duas vigas, uma hiperestática e outra isostática. 125 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Para resolver essa estrutura é necessário definir mais uma equação, o que resulta em quatro equações com quatro incógnitas gerando uma única solu- ção para esse sistema. Para encontrar a equação adicional necessária para resolver a estrutura hipe- restática, precisamos substituí-la por uma estrutura isostática mais simples e considerada equivalente (LEET; UANG; GILBERT, 2010). Isso é feito retirando-se uma das vinculações de apoio e aplicando a reação de apoio correspondente, como mostrado na figura anterior, parte (b). Desse modo, encontramos as quatro reações de apoio e direcionamos a resolução da estrutura hiperestáti- ca de acordo com as: ∑ Fx=0 ∑ Fy=0 ∑ M =0 Equações de equilíbrio Em que: Forças horizontais Fx Forças verticais Fy Momentos M Equaçãode compatibilidade ΔB = 0 5.1.2 MÉTODOS DAS FORÇAS EM VIGAS Como devemos usar equações de compatibilidade na resolução das estru- turas hiperestáticas? De modo geral, já vimos que para a aplicação do mé- todo das forças devemos direcionar as equações de compatibilidade (uma ou mais) e, para responder a essa pergunta de forma mais específica, é pre- ciso considerar o princípio da superposição, que se aplica a materiais elásti- cos lineares. Uma possível abordagem para solucionar o problema é dividir a estrutura isostática em partes menores, simplificando-a. Ao combinar essas estruturas menores, obtemos a estrutura isostática original. Para explicar esse processo, vamos utilizar a viga mostrada na figura anterior, parte (a), que é considerada hiperestática. A estrutura isostática fundamental da viga, mos- trada na figura anterior, parte (b), pode ser dividida em dois casos, chamados de (0) e (1), como mostrado na Figura a seguir. Quando somamos esses dois casos, obtemos a estrutura isostática fundamental da viga. 126 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 EXEMPLO DE SUPERPOSIÇÃO Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 69). #pratodosverem: exemplos de superposição de efeitos. Avaliando a viga, percebe-se que o deslocamento vertical em B deve ser nulo e, desse modo, a equação de compatibilidade para essa viga fica: ΔB = δ10 + δ11.By e ΔB = 0 Então: δ10 + δ11.By = 0, ou seja, y = - (δ10/ δ11) Depois de conhecer os deslocamentos no ponto B em dois casos específicos (0 e 1), é possível determinar uma das quatro incógnitas do problema, que é a reação de apoio em B (vertical), que é uma viga hiperestática. As incógnitas restantes (apoios em A: vertical e horizontal, e reação de apoio em C: vertical) são encontradas quando as avaliamos com base nas três equações de equilí- brio estático. Para calcular os deslocamentos no ponto B das estruturas isostáticas nos ca- sos (0) e (1), é preciso usar o Princípio dos Trabalhos Virtuais, conforme ilustra- do na figura anterior. O deslocamento d10 é obtido aplicando o PTV vertical- mente em B na estrutura do caso (0), enquanto o deslocamento d11 é obtido aplicando uma força virtual unitária na direção vertical em B na estrutura do caso (1), também utilizando o PTV. Percebemos, então, que as equações de compatibilidade são utilizadas para resolver problemas de estruturas hiperestáticas por meio da análise de deslo- camentos da estrutura. 127 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II A ideia é que uma estrutura hiperestática tenha mais restrições nos vínculos do que efetivamente o necessário para a estabilidade, o que implica que os deslocamentos da estrutura não podem ser encontrados apenas usando as equações de equilíbrio (KASSIMALI, 2016). Portanto, as equações de compatibilidade são usadas para relacionar os des- locamentos desconhecidos da estrutura com os deslocamentos que podem ser calculados usando as equações de equilíbrio. O processo de resolução de problemas de estruturas hiperestáticas usando equações de compatibilidade pode ser dividido em três etapas principais (LEET et al., 2010), conforme a seguir: Encontre o número de restrições Determine o número de restrições na estrutura usando as equações de equilíbrio. O número de equações de equilíbrio é igual ao número de restrições, não sendo suficientes para determinar completamente os deslocamentos da estrutura. Encontre o número de equações de compatibilidade O número de equações de compatibilidade é equivalente ao número de deslocamentos desconhecidos presente na estrutura. Essas equações são usadas para relacionar os deslocamentos desconhecidos com os deslocamentos que podem ser calculados usando as equações de equilíbrio. 128 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Resolva o referido sistema de equações gerado Resolva as equações de equilíbrio e de compatibilidade simultaneamente para determinar todos os deslocamentos da estrutura. As equações de compatibilidade são adicionadas ao sistema de equações de equilíbrio e resolvidas juntas para obter os valores dos deslocamentos desconhecidos. Em resumo, as equações de compatibilidade são usadas em conjunto com as equações de equilíbrio para resolver problemas de estruturas hiperestáticas, permitindo que os deslocamentos desconhecidos sejam determinados. 5.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TÉORICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 1. Você, engenheiro recém-formado, assinou con- trato de trabalho com uma grande empresa de engenharia, e um dos seus primeiros trabalhos internos foi o de direcionar a determinação das reações associadas com os apoios de viga mostrado na figura a seguir, sendo que essa viga tem E-I constante. EXEMPLO DE VIGA COM CARREGAMENTO UNIFORME DISTRIBUÍDO Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 70). #pratodosverem: exemplo de uma viga com carregamento distribuído. As vigas com E-I constante são chamadas de vigas que têm rigidez à flexão constante (E x I constante). Para direcionar o cálculo da viga pelo método dos deslocamentos, você pode seguir os seguintes passos (MARTHA, 2022): 129 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Determine o número de equações de compatibilidade Para uma viga com E x I constante, o número de equações de compatibilidade a serem usadas é igual ao número de graus de liberdade da viga que estão impedidos. Para uma viga simplesmente apoiada, há dois graus de liberdade impedidos, portanto, serão necessárias duas equações de compatibilidade. Determine os deslocamentos desconhecidos Para determinar as equações de compatibilidade você precisa conhecer os deslocamentos desconhecidos da viga. Para uma viga simplesmente apoiada, os deslocamentos desconhecidos são: uma deflexão existente no centro dessa viga e o ângulo de rotação em qualquer ponto. Aplique o princípio dos trabalhos virtuais Use o princípio dos trabalhos virtuais para encontrar os deslocamentos desconhecidos. Isso envolve a aplicação de uma carga virtual unitária em cada grau de liberdade impedido e o cálculo correspondente aos deslocamentos virtuais. Para uma viga simplesmente apoiada, a carga virtual unitária é aplicada no centro da viga para encontrar a deflexão, e em qualquer ponto da viga para encontrar o ângulo de rotação. Determine as equações de compatibilidade Use as equações de compatibilidade para determinar as relações entre os deslocamentos desconhecidos. Para uma viga simplesmente apoiada com E x I constante, as equações de compatibilidade são: a deflexão no centro da viga é igual a metade do deslocamento vertical nos apoios e o ângulo de rotação em qualquer ponto é igual ao deslocamento horizontal nos apoios dividido pela distância entre os apoios. Aplique as equações de equilíbrio Use as equações de equilíbrio para determinar as reações de apoio desconhecidas em termos dos deslocamentos desconhecidos encontrados nas equações de compatibilidade. 130 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Resolva as equações para as reações de apoio Substitua os valores dos deslocamentos desconhecidos nas equações de equilíbrio para solucionar as reações de apoio que eram desconhecidas até aquele momento. É importante lembrar que, para uma viga com rigidez à flexão constante (E x I constante), as reações de apoio serão proporcionais às cargas aplicadas e à distância entre os apoios. Além disso, para uma viga simplesmente apoiada, a reação vertical nos apoios será igual à metade da carga total aplicada. A viga mostrada anteriormente é uma vez hiperestática. Para resolvê-la, deve- mos então montar a estruturaisostática, sendo que para isso podemos retirar uma vinculação corresponde ao deslocamento vertical ocorrente no apoio B da viga, chegando, desse modo, nos casos 0 e 1 mostrados na figura a seguir. VIGA SEM UMA VINCULAÇÃO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 70). #pratodosverem: exemplo de uma viga sem uma vinculação. Com isso, obtemos a seguinte equação de compatibilidade: δ10 + δ11.By = 0, ou seja By = - (δ10/ δ11) Para obter os deslocamentos, aplicaremos o Método dos Trabalhos Virtuais (PTV) em duas etapas, levando-se em consideração os carregamentos reais considerados nos casos (0) e (1) ilustrados na figura anterior. A figura a seguir apresenta o PTV para o caso (0), levando em conta o carregamento real e a aplicação na direção do deslocamento de uma força unitária virtual chamada de δ10 (vertical). 131 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II (A) CARREGAMENTO (REAL E FORÇA VIRTUAL) NO CASO (0); (B) CARREGAMENTO (REAL E FORÇA VIRTUAL) NO CASO (1) Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 71). #pratodosverem: ilustração de carregamento real e força virtual do caso (0); (b) carregamento real e força virtual do caso (1). a) Determinação de δ10: M = -10.x.(x/2) = -5.x2 e M’ = x 1. 10= 0 L M ' . M .dx E . I = 0 10 x . ( 5. x 2) .dx E . I 5 E . I 0 10 x3.dx= 5. 10 4 4. E . I 1. 10=¿ 12500 E . I para baixo (em metros). b) Determinação de δ11: Na figura anterior (b), temos a representação do PTV para o caso 1, utilizando- -se do carregamento real desse caso e da força unitária virtual aplicada em B (nesse caso, ocorrente direção do deslocamento δ11 vertical): M = M’ = x 1. 11= 0 L M ' . M .dx E . I = 0 10 x . x . dx E . I = 1 E . I 0 10 x2 .dx 11=¿ 1000 3. E . I para cima (m/kN). Desse modo, podemos então determinar as quatro reações de apoio existen- te, adotando a convecção de giro anti-horário positivo. By= 10 11 = ( 12500E . I ) ( 10003. E . I ) =12500 E . I . 3. E . I 1000 =37,5 kN paracima . 132 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Fx=0 Ax = 0 MA=0 MA 10.10 .(102 )+37,5.10=0 MA=125 kN . mantihorário Fy=0 Ay 10.10+37,5=0 62,5 kN para cima 5.2 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS: APROFUNDAMENTO Na prática, quando lidamos com estruturas hiperestáticas com grandes graus de hiperestaticidade, o método dos deslocamentos se mostra de mais fácil aplicação, especialmente quando queremos implementar softwares para re- solução da estrutura de forma mais rápida. Isso ocorre porque o método dos deslocamentos usa soluções fundamentais conhecidas, o que facilita a pro- gramação computacional. É por isso que muitos programas de análise de es- truturas usam o método dos deslocamentos como base. Você, como engenheiro recém-formado e recém-contratado por uma em- presa de engenharia, decidiu então aplicar esse método para determinar os momentos fletores da viga hiperestática mostrada a seguir, sabendo que E.I = 104 kN.m2. VIGA HIPERESTÁTICA Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 83). #pratodosverem: ilustração de uma viga hiperestática. 133 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 5.2.1 DEFINIÇÃO De modo geral, o método das forças e o método dos deslocamentos seguem as condições de equilíbrio, de compatibilidade e as leis da resistência dos ma- teriais. No entanto, há diferença entre os dois métodos, conforme a seguir (VIEIRA; TORRES, 2018). Método das forças As forças (hiperestáticas) são incógnitas e são resolvidas por meio de equações de compatibilidade na forma de um sistema de forças. Método dos deslocamentos Os deslocamentos são incógnitas e são resolvidos por meio de um sistema de equações de equilíbrio. No método dos deslocamentos a estrutura é analisada a partir das deforma- ções que ocorrem sob a ação das cargas aplicadas, em contraste com o méto- do das forças que se baseia no equilíbrio das forças internas. Em certos casos, o método dos deslocamentos pode ser utilizado em conjunto com o método das forças para obter uma solução completa e precisa para as respostas estru- turais (VIEIRA; TORRES, 2018). 134 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 EDIFICAÇÃO EM ANDAMENTO COM ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO Fonte: ©jcomp, Freepik (2023). #pratodosverem: edificação em andamento em estrutura de concreto armado. Nos dois métodos (deslocamentos e forças), a superposição de casos básicos é utilizada para determinar a resposta da estrutura original. No entanto, há uma diferença na abordagem de atendimento das condições de equilíbrio e compatibilidade entre os dois métodos. No método das forças, a superposi- ção envolve casos básicos que garantem o equilíbrio da estrutura, e a com- patibilidade é satisfeita por meio de equações de compatibilidade. Por outro lado, no método dos deslocamentos, a superposição envolve casos básicos que respeitam a compatibilidade, e o equilíbrio é atendido por meio de equa- ções de equilíbrio. 135 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II O método das forças busca as forças que geram deslocamentos compatíveis, enquanto o método dos deslocamentos busca os deslocamentos que geram forças em equilíbrio (VIEIRA; TORRES, 2018). A primeira fase do método dos deslocamentos é determinar os deslocamen- tos nos nós da estrutura que são desconhecidos. Na figura a seguir, parte (a), por exemplo, os pontos nos nós A e C apresentam-se engastados, o que signi- fica que os únicos deslocamentos desconhecidos estão localizados no nó B e consistem em deslocamentos verticais, horizontais e uma rotação. Esses deslocamentos desconhecidos, que são chamados de magnitudes de deslocamento, são valores de incógnitas do problema e estão representados na figura, na parte (b), seguindo convencionalmente o sinal positivo confor- me indicado. (A) PÓRTICO HIPERESTÁTICO; (B) MAGNITUDES DE DESLOCAMENTO; (C) SISTEMA HIPERGEOMÉTRICO Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 84). #pratodosverem: ilustração de (a) Pórtico hiperestático; (b) Magnitude de deslocamentos; (c) Sistema hipergeométrico. Depois de encontrar as soluções cinemáticas para cada configuração de- formada conhecida, precisamos sobrepor esses casos básicos para isolar os efeitos dos carregamentos e das magnitudes de deslocamento na estrutura. 136 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para isso, definimos um sistema hipergeométrico que representa a estrutu- ra original com apoios fictícios adicionados para impedir os deslocamentos nodais. A sobreposição dos casos básicos é representada em uma figura, na qual podemos ver que a soma das configurações deformadas apresentada em cada um dos casos gera como resultado a configuração deformada apre- sentada na estrutura original. A figura a seguir ilustra os casos citados. SUPERPOSIÇÃO DOS CASOS BÁSICOS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 85). #pratodosverem: ilustração das superposições dos casos básicos. O caso inicial (0) analisa efeitos do carregamento existentes em cada barra da estrutura no sistema hipergeométrico, enquanto os casos (1), (2) e (3) investi- gam o efeito de cada deslocamento desconhecido, permitindo apenas um deslocamento ativo e mantendo os demais inativos. Para resolver cada caso, é necessário determinar as reações nos apoios fictí- cios (ß10) no caso (0), e também forças ou momentos existentes nos apoios fictícios (Kij) nos demais casos, de forma a manter a configuração deforma- da quando um deslocamento unitário é aplicado na direção e sentido con- siderado da deslocabilidade liberada (VIEIRA; TORRES, 2018). Comoestamos lidando com materiais elástico-lineares, multiplicamos os valores de Kij pela magnitude de deslocamento correspondente ao caso analisado para obter forças ou momentos (em apoios fictícios), seguindo um procedimento similar ao método das forças. A figura na parte (b) ilustra as forças Kij no caso (1). 137 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II A) REAÇÕES NOS APOIOS FICTÍCIOS PARA O CASO (0); (B) FORÇAS NOS APOIOS FICTÍCIOS PARA O CASO (1) Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 85). #pratodosverem: ilustração de (a) Reações nos apoios fictícios para o caso (0); (b) Forças nos apoios fictícios para o caso (1). Em seguida, é preciso garantir o restabelecimento das condições de equilí- brio. Como o nó, com as deslocabilidades, deve-se permanecer em equilíbrio, e a soma total das forças e momentos nesse nó deve ser igual a zero. Após, re- solvemos o sistema de equações objetivando determinar os valores das des- locabilidades D1, D2 e D3. Suponha que temos um nó com três deslocabilidades desconhecidas (D1, D2, D3). Sabemos que as forças aplicadas no nó são F1, F2 e F3, e os momentos aplicados são M1, M2 e M3. Para restabelecer as condições de equilíbrio podemos escrever as seguintes equações de equilíbrio: Somatório das forças na direção x: –F1 + F2.cos(60) + F3.cos(45) = 0 Somatório das forças na direção y: F2.sen(60) + F3.sen(45) = 0 Somatório de momentos em relação ao ponto de referência: M1 – F2.sen(60)L – F3.sen(45)*L = 0, em que L é a distância do nó ao ponto de referência. Essas equações formam um sistema de equações (com três incógnitas - D1, D2, D3). Resolvendo esse sistema, podemos encontrar os valores das desloca- bilidades desconhecidas. Supondo que as forças aplicadas e os momentos aplicados tenham os se- guintes valores: F1 = 100 N F2 = 150 N 138 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 F3 = 200 N M1 = 50 N.m M2 = 70 N.m M3 = 90 N.m Podemos resolver o sistema de equações para encontrar as deslocabilidades desconhecidas: –100 + 150.cos(60) + 200.cos(45) = 0 => D1 = 0,48 mm 150.sen(60) + 200.sen(45) = 0 => D2 = -0,39 mm 50 – 150.sen(60)L – 200.sen(45)*L = 0 => D3 = –0,16 mm Portanto, as deslocabilidades desconhecidas são D1 = 0,48 mm, D2 = -0,39 mm e D3 = –0,16 mm. 5.2.2 APLICAÇÃO EM VIGAS Antes de aplicar o método dos deslocamentos em vigas hiperestáticas, é ne- cessário determinar os valores das reações de apoio fictícias (ß10 e Kij) para diferentes cenários (VIEIRA; TORRES, 2018). Essas soluções são amplamente conhecidas e os valores podem ser encon- trados em uma figura ou tabela, como apresentado por Vieira e Torres (2018). REAÇÕES DE ENGASTAMENTO PERFEITO PARA ALGUMAS SITUAÇÕES DE CARREGAMENTOS Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 86-7). #pratodosverem: ilustrações de reações de engastamento perfeito para algumas situações de carregamentos. 139 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II As forças ou momentos que surgem nos apoios fictícios em outros casos são referidas como coeficientes de rigidez globais Kij. Esses coeficientes repre- sentam a força ou momento na direção do deslocamento Di, quando apenas um deslocamento Dj = 1 é aplicado. Para obter os coeficientes de rigidez globais, é necessário somar os valores dos coeficientes de rigidez locais, que são soluções já conhecidas e podem ser encontrados em uma figura ou tabela, conforme demonstrado por Vieira e Torres (2018), para cada tipo de deslocamento em questão. COEFICIENTES DE RIGIDEZ LOCAIS PARA ALGUMAS SITUAÇÕES DE DESLOCAMENTOS Fonte: adaptado de Vieira e Torres (2018, p. 87). #pratodosverem: ilustrações de alguns coeficientes de rigidez locais para algumas situações de deslocamentos. 140 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os coeficientes de rigidez locais são valores tabelados que indicam a rigidez de determinado elemento estrutural em relação a um tipo específico de deslocamento. Eles são expressos em unidades de força por unidade de deslocamento. Esses coeficientes são determinados pela análise de tensões e deformações na estrutura, considerando os materiais utilizados e as condições de suporte e carregamento (MCCORMAC, 2009). Para diferentes tipos de deslocamento, tais como deslocamentos longitudi- nais, transversais e rotacionais, os coeficientes de rigidez locais podem variar significativamente. Para o deslocamento transversal, os coeficientes de rigi- dez locais também podem variar significativamente, assim como para outros tipos de deslocamento, como deslocamentos longitudinais e rotacionais. Na prática, os coeficientes de rigidez locais são amplamente utilizados para determinar a rigidez e a estabilidade de diferentes elementos estruturais, tais como vigas, pilares e lajes. Eles são usados para projetar estruturas mais segu- ras e eficientes, levando em consideração as diferentes cargas e deslocamentos que a estrutura pode experimentar durante a vida útil (VIEIRA; TORRES, 2018). Em resumo, os coeficientes de rigidez locais são valores tabelados que des- crevem a rigidez de um elemento estrutural em relação a determinado tipo de deslocamento. Eles são fundamentais para projetar estruturas mais segu- ras e eficientes e são amplamente utilizados na engenharia civil e mecânica. 5.2.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Exemplo teórico-prático 1. Determine a rotação ocorrente no apoio B da viga mostrada na figura a seguir e que tem E.I = 105 kN.m2. 141 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II (A) VIGA; (B) DESLOCABILIDADE Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 88). #pratodosverem: ilustrações de (a) Viga e (b) Deslocabilidade. Como não sabemos qual é a quantidade de rotação que ocorre no apoio B, só há uma forma de o sistema se mover, que é a deslocabilidade D1, mostrada na figura anterior (parte b). Por causa disso, só existem duas possibilidades de movimento, representadas na figura como casos (0) e (1). CASOS (0) E (1) Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 88). #pratodosverem: ilustrações de casos (0) e (1). Pela figura anterior, que mostra as reações de engastamento perfeito para algumas situações de carregamentos, podemos então determinar o valor de ß10. Essa é uma reação de momento que ocorre no apoio direito (MBA0) de uma viga duplamente engastada quando está sujeita a uma carga concen- trada aplicada no meio do vão, juntamente com o valor da reação e do mo- mento gerado no apoio esquerdo (MAB0) (VIEIRA; TORRES, 2018). MAB 0 = P.L / 8 = 5.14 / 8 = 8,75 kN.m MAB 0 = - P.L / 8 = 5.14 / 8 = - 8,75 kN.m = ß10 142 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Pela figura que mostra os coeficientes de rigidez locais para algumas situ- ações de deslocamentos, podemos encontrar o valor de K11, que se trata do momento no apoio direito (MBA1) de uma viga engastada no lado oposto e que está submetida a uma rotação unitária, sendo que também podemos encontrar o momento no apoio esquerdo (MAB1): MAB 1 = (2.E.I) / L = 2.105 /14 = 1,42.104 kN.m / rad = K11 MAB 1 = (4.E.I) / L = 4.105 / 14 = 2,84.104 kN.m / rad = K11 Direcionando a montagem da equação de equilíbrio de momentos ocorren- tes no nó B e após, resolvendo para D1, temos: ß10 + K11 . D1 = 0 -8,75 kN.m + 2,84.10 4 kN.m/rad . D1 = 0 Temos: D1 = 0,0003077 rad. Se D1 é positivo, isso significa que o giro está ocorrendo no mesmo sentido que o giro unitário aplicado em B no caso (1), ou seja, o giro D1 é no sentido anti-horário. CONCLUSÃO Para o método das forças, concluímos que se trata de uma técnicautilizada para analisar a estabilidade e a resistência de estruturas. Ele é baseado no princípio de que o equilíbrio de uma estrutura está relacionado ao equilíbrio das partes componentes. O método consiste em considerar as forças desconhecidas que atuam em cada elemento da estrutura e resolver as equações de equilíbrio para essas forças. As forças desconhecidas em cada elemento são determinadas pelas condições de equilíbrio e pela relação entre as forças e as deformações. Essas forças são calculadas para cada elemento e, em seguida, utilizadas para cal- cular as chamadas reações de apoio e as forças internas em toda a estrutura. O método das forças é uma técnica simples e fácil de aplicar, mas é menos preciso do que outros métodos mais complexos, como o método dos deslo- camentos. Para aplicar o método das forças é necessário ter conhecimento prévio da geometria e das propriedades mecânicas de todos os elementos que em geral compõem a estrutura. O método é amplamente utilizado em engenharia civil e mecânica, principalmente em análises estruturais de edifí- cios, pontes, torres, entre outros tipos de estrutura. Além disso, o método das 143 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II forças é útil na determinação de cargas e reações de apoio em estruturas su- jeitas a cargas estáticas. Uma das principais vantagens do método das forças é que ele permite uma análise simplificada do comportamento estrutural, tornando possível a obtenção rápida de resultados que podem ser úteis na tomada de decisões. Para o método dos deslocamentos, concluímos que se trata de uma técnica utilizada para analisar a estabilidade e a resistência de estruturas. Ele é ba- seado no princípio de que o equilíbrio de uma estrutura está relacionado ao equilíbrio das partes componentes. O método consiste em dividir a estrutura em partes menores, ou elementos, e resolver as equações de equilíbrio para cada elemento. Os deslocamentos desconhecidos em cada nó da estrutura são determinados pelas condições de equilíbrio e pela relação entre as forças e os deslocamentos. Esses deslocamentos são calculados para cada nó e, em seguida, são utilizados para calcular as forças em cada elemento. O método dos deslocamentos é uma técnica precisa, mas é mais complicado do que outros métodos mais simples, como o método das forças. Para aplicar o método dos deslocamentos é necessário ter conhecimento prévio da geome- tria e das propriedades mecânicas dos elementos que compõem a estrutura. Uma das principais vantagens do método dos deslocamentos é que ele per- mite uma análise detalhada e precisa do comportamento estrutural, conside- rando-se as condições de contorno e as propriedades mecânicas dos mate- riais utilizados na estrutura. 144 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. VALLE, A. do; LA ROVERE, H. L.; PILLAR, N. M. de P. Apostila de Análise Estrutural I. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. 2. CALDERÓN, E. T. Teoria das estruturas I: exercícios e tabelas. Goiânia: Universidade Estadual de Goiás, 2014. 3. SCREMIN, J. J. Teoria das estruturas II: aula 06. [S.l.]: Universidade Positivo, 2021. 4. ÁLVARES, M. da S. Teoria das estruturas II. Goiânia: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2019. 5. COSTA, J. B. da. Estruturas de concreto armado II. Goiânia: Pontifícia Universidade Católica de Goiás. REFERÊNCIAS 145 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II UNIDADE 6 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 146 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II > Compreender o que é o método da rigidez e as matrizes de rigidez. > Compreender o processo de Cross e a aplicação em estruturas indeslocáveis e deslocáveis. 147 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 6 MÉTODO DA RIGIDEZ E PROCESSOS DE CROSS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, aprofundaremos o estudo do método dos deslocamentos, já abordado em unidades anteriores, e aprenderemos outros métodos para re- solver estruturas hiperestáticas que se baseiam nele. O primeiro método apresentado será o método da rigidez, amplamente utili- zado em programas computacionais de análise estrutural para resolver diver- sos tipos de estruturas. Abordaremos desde os conceitos básicos da teoria das estruturas até a resolução de problemas mais avançados. Com a utilização da notação matricial, que facilita a programação do método, será possível apren- der a analisar treliças, pórticos, vigas e outras estruturas hiperestáticas. Apre- sentaremos alguns fundamentos matemáticos do método da rigidez até a aplicação prática em problemas reais. O segundo método que estudaremos é o processo de Cross, que é um método rápido e prático direcionado para a resolução da hiperestaticidade das vigas. Ao concluir esta unidade, você estará apto a resolver diferentes tipos de estru- turas hiperestáticas e também poderá atuar na área de desenvolvimento de programas computacionais para análise estrutural. 6.1 MÉTODO DA RIGIDEZ A análise estrutural é uma área fundamental da engenharia civil e mecânica, que busca entender o comportamento de uma estrutura quando submetida a cargas externas. Vamos entender um pouco o que é o método da rigidez (MARTHA, 1993). 148 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Método da rigidez Técnica muito empregada em programas computacionais de análise estrutural direcionado para resolver estruturas mais complexas por meio da utilização de matrizes. Uso Esse método é capaz de resolver qualquer tipo de estrutura hiperestática e, por isso, é amplamente utilizado em projetos de construção civil, mecânica e aeroespacial. Análise É amplamente utilizado para desenvolver softwares de análise estrutural, pois é facilmente programável e pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura. O método da rigidez é uma aplicação do método dos deslocamentos, porém, usando a notação matricial, o que o torna conhecido como análise matricial. É uma técnica utilizada para analisar estruturas e determinar as forças e os deslocamentos presentes em cada elemento. Ele é amplamente empregado em engenharia civil e mecânica, sendo um dos métodos mais utilizados na análise de estruturas hiperestáticas (MARTHA, 1993). 149 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II VIADUTO: ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO Fonte: ©freestockcenter, Freepik (2023). #pratodosverem: imagem de um viaduto confeccionado em estrutura de concreto armado. O método da rigidez se baseia na utilização de matrizes para representar as características de rigidez de cada elemento da estrutura, como módulo de elasticidade, momento de inércia e comprimento. Por meio dessas matrizes, é possível montar um sistema de equações que representa a estrutura como um todo e, assim, determinar as forças e os deslocamentos de cada elemento (GARRISON, 2018). Uma das grandes vantagens do método da rigidez é a capacidade de lidar com estruturas complexas, como pontes suspensas e edifícios de vários anda- res. Ele também pode ser facilmente programado em computadores, o que o torna uma ferramenta importante na análise estrutural (GARRISON, 2018). O método da rigidez é um método aproximado e pode apresentar erros em estruturas com certas características, como a presença de grandes deforma- ções. Por isso, é importante que o engenheiro responsável pela análise estru- turaltenha conhecimento técnico adequado, além de experiência na aplica- ção desse método. 150 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 6.1.1 APLICAÇÃO EM TRELIÇAS Segundo Kassimali (2016), o método da rigidez é uma técnica utilizada na análise estrutural de diversos tipos de estruturas, desde treliças até pórticos em duas ou três dimensões, e a aplicação se dá pela divisão da estrutura em elementos, em que cada barra em uma treliça é um elemento. Ainda segundo Kassimali (2016), a abordagem do método é computacional, utilizando cálculos matriciais que facilitam a programação. O método da rigidez é uma técnica de análise estrutural que pode ser utilizada para resolver diversos tipos de estruturas como treliças, vigas ou pórticos, em duas ou três dimensões. Ele é uma simplificação do método dos elementos finitos e é baseado no método dos deslocamentos, com as mesmas etapas de cálculo (KASSIMALI, 2016). Partindo para uma etapa prática para a aplicação do método da rigidez em treliças, é necessário, primeiramente, identificar e numerar os membros (bar- ras) e os nós da treliça, que são as estruturas básicas que a compõem. Na figura a seguir é possível ver uma representação gráfica dessa numeração, em que os membros são numerados dentro de um quadrado e os nós são numerados dentro de um círculo. (A) TRELIÇA; (B) COORDENADAS LOCAIS DE UM MEMBRO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 160). #pratodosverem: ilustração de (a) uma treliça e (b) coordenadas locais de um membro. 151 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Para definir o início e o fim de cada membro, é desenhada uma seta voltada para o nó final de cada um deles. Essa etapa é fundamental para a aplicação do método, pois, por meio da numeração dos elementos, é possível criar as matrizes de rigidez e resolver o sistema de equações que levará aos desloca- mentos e esforços na estrutura. Em seguida, é necessário estabelecer as coordenadas globais e locais. Para isso, utiliza-se o sistema de coordenadas globais x e y, que está definido na fi- gura mostrada anteriormente, indicando direção e sentido para deslocamen- tos nodais e forças externas que atuam na treliça. ESTRUTURA DE PONTE EM TRELIÇAS DE AÇO Fonte: ©awesomecontent, Freepik (2023). #pratodosverem: ponte feita em treliças de aço. O próximo passo é a definição das coordenadas globais e os locais. As coorde- nadas globais x e y, como mostrado na figura anterior, parte (a) são utilizadas para indicar a direção e o sentido dos deslocamentos nodais e das forças ex- ternas aplicadas na treliça. Por outro lado, o sistema de coordenadas locais x’ e y’ é utilizado para apontar a direção e o sentido associado com deslocamen- tos e esforços internos em cada membro. Os graus de liberdade são os movimentos que podem acontecer em um nó de uma estrutura. Ao se analisar uma treliça plana, cada nó pode ter três des- locamentos possíveis: um na horizontal, um na vertical e uma rotação. No en- 152 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 tanto, como a rotação nos nós de uma treliça é totalmente livre e não afeta os momentos fletores nas barras da treliça, ela não é considerada como uma in- cógnita no problema. Os nós da treliça têm dois graus de liberdade (horizon- tal e vertical) numerados de acordo com as coordenadas globais. Os graus de liberdade desconhecidos são numerados antes dos conhecidos para facilitar a resolução do problema. 6.1.2 MATRIZES DE RIGIDEZ A matriz de rigidez de um membro é definida com base nas coordenadas lo- cais e relaciona a força e o deslocamento em uma barra. Para barras de treliça, as forças e os deslocamentos ocorrem somente ao longo do eixo longitudi- nal da barra. Quando um deslocamento unitário é aplicado ao longo do eixo longitudinal de uma barra de comprimento L, as forças nas extremidades da barra são dadas pelo coeficiente de rigidez local E.A/L e agem em direções opostas (VIEIRA; TORRES; 2018). Dessa forma, se o deslocamento aplicado na extremidade da barra não for unitário, pode-se obter a força necessária em cada extremidade da barra sim- plesmente multiplicando o coeficiente de rigidez local pelo valor do deslo- camento aplicado. Na figura a seguir são apresentados três casos possíveis ocorrentes de deslocamentos axiais que podem estar ocorrendo em uma barra de treliça. DESLOCAMENTOS AXIAIS POSSÍVEIS EM UMA BARRA DE TRELIÇA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 162). #pratodosverem: deslocamentos axiais possíveis em uma barra de treliça. No caso (1), um deslocamento di é aplicado no nó inicial da barra da treliça, o que causa a ocorrência de forças f’i e f ’f nos nós inicial e final da barra, respec- tivamente. A força f’i é positiva no sentido positivo do eixo x’ local, enquanto f’f 153 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II é negativa no sentido negativo do eixo x’. Os valores dessas forças são deter- minados pelo coeficiente de rigidez local da barra. Desse modo, temos: f ' i= E . A L di e f ’f¿ E . A L di No caso (2), um deslocamento df é aplicado no nó final da barra. Isso causa o surgimento de forças f’’i e f ’’f nos nós inicial e final da barra, respectivamente. A força f’’i é negativa, pois está no sentido negativo do eixo x’, enquanto a for- ça f’’f é positiva, pois está no sentido positivo do eixo x’. As forças têm valores dados por: f ' ' i= E . A L d e f ' ' f= E . A L d No caso (3) ocorre a aplicação de deslocamentos localizados (ambas as extre- midades da barra), sendo um no nó inicial e outro no nó final. As forças fi e ff que surgem nas extremidades da barra são obtidas pela superposição dos casos (1) e (2). fi= E . A L di E . A L df e ff= E . A L di E . A L f De modo geral, essas equações podem ser descritas na forma matricial, con- forme a seguir: [ fiff ]= E . AL [ 1 111 ][ didf ] f = k’d, em que k'= E . AL [ 1 111 ] A matriz k’ é conhecida como matriz de rigidez do membro e é igual para todas as barras de uma treliça. Tomando por base o conhecimento dos deslo- camentos nas extremidades da barra, podemos usar a equação mencionada anteriormente para determinar o valor da força axial atuando na barra. A matriz k’ representa a rigidez de um membro em relação às coordenadas locais x’ e y’. Para utilizar a matriz de rigidez em uma barra com um sistema de coordenadas local diferente do global, é necessário realizar a transforma- ção para as coordenadas globais x e y, já que cada barra de uma treliça pode apresentar um posicionamento e sistema de coordenadas locais distintos. Por exemplo, se uma barra estiver inclinada em relação às coordenadas globais, como mostrado na figura a seguir, é necessário realizar uma transformação para utilizar a matriz k’ nessas coordenadas (VIEIRA; TORRES; 2018). 154 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Depois de obtermos a matriz de rigidez global (k) para cada parte da treliça, podemos calcular a matriz de rigidez da treliça (K) somando as matrizes de rigidez de cada parte. A ordem da matriz de rigidez da treliça (K) será determinada pelo número de graus de liberdade da treliça. Cada matriz de rigidez individual (k) contribuirá para as posições dos graus de liberdade nas extremidades da parte correspondente (VIEIRA; TORRES; 2018). 6.1.3 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Segundo Souza (2017), a matriz de rigidez é uma ferramenta importante na análise estrutural, usada para determinar as forças e os deslocamentos em uma estrutura. Uma aplicação comum da matriz de rigidez ocorre na análise de estruturas de treliça. Um exemplo teórico-prático seria a análise de umaponte em treliça. A matriz de rigidez seria usada para determinar as forças e os deslocamentos nos ele- mentos da treliça, levando em conta as propriedades mecânicas dos mate- riais utilizados na construção da ponte e as condições de contorno. Suponha que a ponte seja composta de quatro elementos de treliça e que a matriz de rigidez de cada elemento seja conhecida. Para determinar as forças e os deslocamentos em cada elemento, a matriz de rigidez global da treliça seria calculada combinando as matrizes de rigidez individuais dos elementos. Uma vez que a matriz de rigidez global é conhecida, as forças e os desloca- mentos em cada elemento podem ser calculadas usando as equações de equilíbrio. Isso permitiria aos engenheiros determinar a força total exercida sobre a ponte e as tensões em cada elemento da treliça. Com essas informa- ções, os engenheiros podem garantir que a ponte seja segura e capaz de su- portar a carga que será colocada sobre ela (SOUZA, 2017). 155 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Embora a montagem manual da matriz de rigidez da estrutura possa ser um processo trabalhoso, é importante destacar como esse processo pode ser facilmente implementado em programas de computador que realizam análises estruturais. Isso permite que estruturas complexas sejam resolvidas de forma rápida e eficiente por meio de softwares especializados. Além disso, a utilização de programas de computador para análises estruturais permite a aplicação de diferentes métodos numéricos, o que pode aumentar a precisão das soluções obtidas e simplificar o trabalho dos engenheiros no projeto e na análise de estruturas (NUNES; VIEIRA, 2020). Segundo Martha (2010), em resumo, podemos considerar os quatro tópicos seguintes para explicar o método da rigidez. Método O método da rigidez é uma técnica de análise estrutural que utiliza a matriz de rigidez da estrutura para determinar as forças e os deslocamentos nos elementos dela. Formação A matriz de rigidez é formada pela soma das matrizes de rigidez dos elementos da estrutura, considerando as condições de contorno e as restrições impostas. Resolução A matriz de rigidez é resolvida por meio do método de Gauss ou de outro método de resolução de sistemas lineares para obter as forças e deslocamentos em cada elemento da estrutura. 156 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Aplicação O método da rigidez é amplamente utilizado na engenharia civil e mecânica para projetar e analisar estruturas complexas, como pontes, edifícios, torres e máquinas. 6.2 PROCESSO DE CROSS O processo de Cross é um método rápido e eficiente para resolver estruturas hiperestáticas, principalmente para vigas, e utiliza o método dos deslocamen- tos e a distribuição de momentos. É um método iterativo que envolve etapas simples e rápidas e é conhecido como um critério de parada para determinar a precisão desejada. Esse método é uma ferramenta útil para solucionar es- truturas hiperestáticas mais simples. O processo de Cross permite a utilização de tabelas e gráficos pré-compilados para diferentes tipos de carregamentos, reduzindo ainda mais o tempo necessário para realizar a análise estrutural. Porém, é importante ressaltar que o método só é válido para estruturas que atendem a certas condições, como a existência de apenas um grau de rotação em cada nó da viga. Em casos mais complexos, é necessário recorrer a outros métodos de análise estrutural (PEREIRA, 2019). 6.2.1 DEFINIÇÃO E APLICAÇÕES O processo de Cross é uma técnica iterativa utilizada para analisar estruturas hiperestáticas, como vigas, pórticos planos, grelhas e pórticos espaciais. Ele se baseia no equilíbrio dos nós da estrutura, em que a soma dos momentos aplicados deve ser nula, e utiliza o método dos deslocamentos para realizar a análise. O processo começa com a suposição de que todos os nós da estrutura estão 157 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II fixos, o que permite o cálculo dos momentos de engastamento perfeito nas extremidades das barras. Em seguida, a rotação de um nó é liberada, permi- tindo a distribuição dos momentos para as barras adjacentes com base na rigidez de cada uma. Esse processo é repetido, liberando-se um nó de cada vez, até que um critério de parada definido seja alcançado (PEREIRA, 2019). O processo de Cross é particularmente útil para a análise de vigas hiperes- táticas, pois a principal ideia é que, para que os nós da estrutura estejam em equilíbrio, a soma dos momentos nas extremidades das barras que chegam a um nó deve ser igual a zero. Isso torna o processo rápido e prático para resol- ver esse tipo de estrutura. É importante ressaltar que o critério de parada deve ser definido com cuida- do, pois influencia diretamente na precisão da resposta obtida. O método é eficiente para vigas hiperestáticas, mas pode ser aplicado a outros tipos de estruturas também. EXECUÇÃO DE ELEMENTO ESTRUTURAL DE ENGENHARIA Fonte: ©another69, Freepik (2023). #pratodosverem: execução de elemento estrutural de engenharia, em que trabalhadores preenchem estrutura com concreto. 158 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Após a aplicação do processo de Cross e a distribuição dos momentos em cada nó da estrutura, é possível calcular as reações de apoio e traçar os dia- gramas de momento fletor e força cortante da estrutura. É importante res- saltar que, durante o processo, é adotada a convenção de sinais em que os momentos que atuam no sentido anti-horário são considerados positivos, enquanto os momentos que atuam no sentido horário são considerados ne- gativos. Dessa forma, na análise de uma barra, o momento na extremidade esquerda será considerado positivo e o momento na extremidade direita será negativo (PEREIRA, 2019). VIGA COM A CONVENÇÃO DE SINAIS – PROCESSO DE CROSS Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: ilustração de uma viga com a convenção de sinais: processo de Cross. Segundo Leet, Uang e Gilbert (2010), geralmente, na representação gráfica das estruturas, os momentos positivos são indicados por setas no sentido anti- horário, enquanto os momentos negativos são indicados por setas no sentido horário. Essa convenção pode variar de acordo com a literatura ou a convenção adotada pela instituição ou país em questão. 6.2.2 ESTRUTURAS INDESLOCÁVEIS Segundo Ribeiro et al. (2017), as estruturas indeslocáveis são aquelas que não permitem o deslocamento lateral, sendo comuns em projetos de engenharia civil. Pórticos com contraventamentos ou outros mecanismos que impedem o deslocamento lateral dos nós são exemplos de pórticos indeslocáveis, assim como vigas rigidamente fixadas nos apoios. Essas estruturas são compostas 159 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II de elementos rígidos, como vigas e pórticos, que impedem o deslocamento lateral dos nós. VIGA INDESLOCÁVEL Fonte: elaborada pelo autor (2023). #pratodosverem: esquema de uma viga indeslocável. Em outras palavras, uma estrutura indeslocável é aquela que apresenta alta rigidez e pouca deformação sob a ação de cargas externas. Essas estruturas são importantes na engenharia civil, pois podem ser utilizadas em projetos em que é necessária alta resistência e estabilidade. Antes de utilizar o processo de Cross nessas estruturas, serão apresentadas algumas definições. 6.2.2.1 MOMENTOS DE ENGASTAMENTO PERFEITO (MEPS) Os momentos de engastamento são os momentos que surgem nas extremi- dades de uma barra quando ela está fixa. Esses momentos são iguais aos que foram mencionados anteriormente. 160 ANÁLISE ESTRUTURAL IIMULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os momentos de engastamento perfeito, ou MEPs, são importantes para de- terminar as reações de apoio e traçar os diagramas de momento fletor e força cortante de uma estrutura, especialmente em vigas hiperestáticas, nas quais o processo de Cross é utilizado. 6.2.2.2 COEFICIENTE DE RIGIDEZ O coeficiente de rigidez local, mencionado anteriormente, é aplicado quando um giro unitário ocorre na extremidade de uma barra e a extremidade oposta está engastada. Nessa situação, um momento de (4.E.I)/L deve ser aplicado na extremidade objetivando manter a barra deformada, conforme mostrado na figura a seguir, parte (a). Caso a extremidade oposta esteja articulada, o coeficiente de rigidez da barra será diferente e igual a (3.E.I)/L, conforme ilus- trado na figura a seguir, parte (b). COEFICIENTE DE RIGIDEZ Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 197). #pratodosverem: esquemas de coeficientes de rigidez: (a) extremidade oposta engastada e (b) extremidade oposta articulada. O coeficiente de rigidez é uma medida da resistência de uma estrutura à deformação sob carga. Ele é influenciado por fatores como o material da estrutura, as dimensões das seções transversais, o comprimento da barra e as condições de contorno nas extremidades da estrutura. É importante determinar corretamente o coeficiente de rigidez ao analisar estruturas, pois ele pode afetar significativamente o comportamento da estrutura sob carga. Além disso, o coeficiente de rigidez pode ser usado para projetar estruturas mais eficientes e para otimizar o uso dos materiais de construção (VIEIRA, TORRES, 2018). 161 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 6.2.2.3 FATOR DE PROPAGAÇÃO O fator de propagação é um parâmetro usado na análise de vigas e refere-se à parcela do momento que é transmitida de uma extremidade engastada para a outra extremidade engastada da viga. Em uma viga com ambas as extremidades engastadas, o momento total é dividido igualmente entre as duas extremidades. Se apenas uma extremidade estiver engastada, metade do momento gerado pela carga é transmitido para a extremidade livre da viga, enquanto a outra metade é suportada pela extremidade engastada. Por exemplo, em uma viga com uma extremidade engastada e outra livre, sujeita a uma carga concentrada na extremidade livre, o momento máximo ocorre na extremidade engastada e é igual a metade do momento gerado pela car- ga (SOUZA, 2017). Esse fator de propagação é importante na análise de vigas e deve ser levado em consideração na determinação dos momentos máximos na viga e das reações de apoio. 6.2.2.4 COEFICIENTE DE DISTRIBUIÇÃO Quando um momento M é aplicado em um nó que está conectado a n bar- ras, cada barra resistirá a uma parcela do momento, conhecida como coefi- ciente de distribuição. Esse coeficiente é calculado dividindo a rigidez da bar- ra em questão pela soma das rigidezes de todas as barras conectadas ao nó. O objetivo é garantir que a soma dos momentos nas extremidades de todas as barras seja igual ao momento total no nó, mantendo assim o equilíbrio. O coeficiente de distribuição pode ser calculado pela seguinte equação: = k i=1 n ki Em que: K Coeficiente de rigidez da barra analisada Ki Coeficiente de rigidez das n barras (enésimas barras) ligadas aos nós da estrutura. 162 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Segundo Lopez (2018), se um nó em uma estrutura tem três barras conectadas a ele, então haverá três coeficientes de distribuição correspondentes – um para cada barra. Utilizando essa abordagem, podemos usar o processo de Cross para resolver estruturas hiperestáticas, como vigas. 6.2.3 ESTRUTURAS DESLOCÁVEIS Segundo Ribeiro et al. (2017), estruturas deslocáveis são aquelas que têm des- locamentos laterais nos nós, o que significa que os nós podem se mover em direções horizontais ou verticais em relação à posição original da estrutura. Esses deslocamentos podem ser causados por forças externas, como vento, ou por variações de temperatura. ESTRUTURA DE PISO, LAJES E PILARES EM CONCRETO ARMADO Fonte: ©klingsup, Freepik (2023). #pratodosverem: estrutura de piso, lajes e pilares em concreto armado. A análise de estruturas deslocáveis é fundamental para garantir segurança e estabilidade em diferentes áreas da engenharia. Para resolver essas estrutu- 163 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II ras, é necessário aplicar o método dos deslocamentos e o processo de Cross, que permitem determinar as forças e os deslocamentos em cada elemento da estrutura. A análise de deslocabilidade considera apenas os deslocamen- tos laterais dos nós. Usando a superposição de efeitos, é possível decompor a estrutura em casos mais simples e obter resultados precisos e confiáveis. A análise de estruturas deslocáveis é essencial para garantir a integridade da estrutura e das pessoas que a utilizam. PÓRTICO HIPERESTÁTICO DESLOCÁVEL Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 204). #pratodosverem: esquema de um pórtico deslocável. Desse modo, o diagrama de momentos fletores reais da estrutura é dado por: M = M0 + M1.D1 Em resumo, para obter os diagramas de momentos fletores em uma estru- tura, é aplicado o processo de Cross aos casos (0) e (1) para determinar os momentos em cada barra e equilibrá-las, cada uma, isoladamente para en- contrar as reações de apoio. Em seguida, é utilizada a equação de equilíbrio das forças horizontais no nó com deslocabilidade para encontrar o valor de D1 e, assim, determinar o diagrama de momentos fletores M. Esse método é essencial para análise de estruturas e garantir a segurança e estabilidade de diferentes tipos de construções (SOUZA, 2017). 6.2.4 APLICAÇÃO E EXEMPLOS TEÓRICO- PRÁTICOS Vamos determinar os momentos fletores para a viga mostrada a seguir, utili- zando os passos do processo de Cross. 164 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 VIGA: EXEMPLO TEÓRICO-PRÁTICO Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 195). #pratodosverem: esquema de uma viga com quatro vínculos. Para estabelecer o ponto de término da iteração será adotado como cri- tério a interrupção quando os momentos atingirem valores inferiores a 0,1 kN.m, que podem ser arredondados para zero. Esse critério indica que, à medida que a magnitude dos momentos diminui, a contribuição para a resposta total da estrutura se torna insignificante, justificando a finaliza- ção do processo iterativo. Essa abordagem é comumente utilizada em análises estruturais iterativas, pois permite que se alcance uma solução aproximada da estrutura, com um número finito de iterações. Ao adotar esse critério de parada, o analista pode economizar tempo e recursos computacionais, sem comprometer significa- tivamente a precisão da solução. Para a resolução, devemos então isolar, conforme será apresentado na fi- gura a seguir, os três trechos da viga e, após, determinamos então os mo- mentos de engastamento perfeito e os respectivos coeficientes de rigidez de cada trecho: 165 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II TRECHOS DA VIGA ANALISADA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 205). #pratodosverem: trechos da viga analisada no exemplo teórico-prático. Fazendo a distribuição de momentos, temos: DISTRIBUIÇÃO DE MOMENTOS DA VIGA ANALISADA Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 206). #pratodosverem: distribuição de momentos da viga analisada no exemplo teórico-prático. 166 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017,Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Segundo Vieira e Torres (2018), é relevante destacar que, como o método de Cross é um processo iterativo que utiliza sucessivas estimativas, pequenas discrepâncias nos momentos dos nós podem ser consideradas aceitáveis. A partir dos valores dos momentos fletores em cada nó da viga, é possível gerar o diagrama de momentos fletores. No entanto, é importante ter em mente que, por ser um método aproximado, o resultado final do processo de Cross pode apresentar algumas diferenças em relação ao resultado exato. Quan- to mais iterações forem realizadas, mais próximo o resultado do processo de Cross estará do resultado exato. Para ilustrar essas diferenças, a figura subse- quente exibe o diagrama de momentos fletores exato da viga em questão, obtido por meio do software Ftool. DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES GERADO PELO PROGRAMA FTOOL, COM VALORES EXATOS Fonte: adaptada de Vieira e Torres (2018, p. 207). #pratodosverem: diagrama de momentos fletores, gerado pelo programa Ftool, com valores exatos. Antes de determinar os valores dos momentos máximos em cada seção da viga, é crucial obter as reações de apoio e desenhar o diagrama de força cor- tante da viga. Os métodos para realizar essas etapas serão explicados a seguir. Segundo Vieira e Torres (2018), em resumo, podemos considerar então os quatro tópicos seguintes para resumir o processo de Cross: Método Dividir a estrutura em segmentos menores, em que cada segmento é composto de duas barras adjacentes. 167 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II Aplicação Calcular os coeficientes de distribuição de cada segmento da estrutura, levando em consideração as condições de apoio, a geometria da estrutura e as propriedades dos materiais utilizados. Segmentação Aplicar o processo de Cross em cada segmento, que consiste em escrever as equações de equilíbrio e deslocabilidade do segmento e resolver o sistema de equações para obter os valores dos momentos fletores nos nós. Repetição Repetir o processo de Cross para todos os segmentos da estrutura, considerando as condições de continuidade nos nós compartilhados pelos segmentos adjacentes, até que os valores dos momentos fletores em todos os nós da estrutura sejam determinados. CONCLUSÃO Nesta unidade, foi abordado o método da rigidez e o processo de Cross. O mé- todo da rigidez consiste em utilizar as propriedades de rigidez dos elementos de uma estrutura para determinar as forças e os deslocamentos em cada nó, permitindo obter as reações de apoio e os diagramas de esforços internos da estrutura. É especialmente útil para resolver estruturas hiperestáticas. Já o processo de Cross é uma técnica utilizada para resolver estruturas hipe- restáticas dividindo-as em subestruturas isostáticas, permitindo calcular as reações de apoio, deslocamentos e esforços em cada elemento da estrutura original. É um método aproximado e quanto mais subestruturas isostáticas forem utilizadas, mais precisa será a solução obtida. Ambos os métodos são amplamente utilizados na engenharia civil e mecânica para projeto e dimen- sionamento de estruturas. 168 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre esse tema, acesse os links a seguir: 1. NUNES, D. C.; VIEIRA, G. S. Aplicação do método da rigidez direta para uma treliça espacial. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) — Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. 2. SOUZA, F. R. V. Implementação computacional do método da rigidez direta para análise de sistemas estruturais planos. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) — Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017. 3. RIBEIRO, L. F. S. et al. Aplicação do método da rigidez direta na análise matricial de treliças planas indeterminadas estaticamente. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Itumbiara, out. 2017. 4. PEREIRA, O. J. B. A. Introdução ao método de Cross. Lisboa: IST Técnico Lisboa, 2019. 5. MARTHA, L. F. Método da rigidez direta sob um enfoque matricial. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1993. https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/28112/1/AplicaçãoMétodoRigidez.pdf https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/28112/1/AplicaçãoMétodoRigidez.pdf https://www.monografias.ufop.br/bitstream/35400000/398/1/MONOGRAFIA_ImplementaçãoComputacionalMétodo.pdf https://www.monografias.ufop.br/bitstream/35400000/398/1/MONOGRAFIA_ImplementaçãoComputacionalMétodo.pdf https://www.monografias.ufop.br/bitstream/35400000/398/1/MONOGRAFIA_ImplementaçãoComputacionalMétodo.pdf http://eventos.ifg.edu.br/secitecitumbiara/wp-content/uploads/sites/9/2018/03/10.-Aplicação-do-método-da-rigidez-direta-na-análise-matricial-de-treliças.pdf http://eventos.ifg.edu.br/secitecitumbiara/wp-content/uploads/sites/9/2018/03/10.-Aplicação-do-método-da-rigidez-direta-na-análise-matricial-de-treliças.pdf http://eventos.ifg.edu.br/secitecitumbiara/wp-content/uploads/sites/9/2018/03/10.-Aplicação-do-método-da-rigidez-direta-na-análise-matricial-de-treliças.pdf http://www.civil.ist.utl.pt/~orlando/ae1/MCross.pdf http://www.civil.ist.utl.pt/~orlando/ae1/MCross.pdf https://web.tecgraf.puc-rio.br/ftp_pub/lfm/LFMartha-CalculoMatricialEstruturas.pdf https://web.tecgraf.puc-rio.br/ftp_pub/lfm/LFMartha-CalculoMatricialEstruturas.pdf 169 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANÁLISE ESTRUTURAL II 170 ANÁLISE ESTRUTURAL II MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 REFERÊNCIAS BARROS, J. 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INTRODUÇÃO E TEOREMAS FUNDAMENTAIS INTRODUÇÃO DA UNIDADE 1.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO 1.2 TEOREMAS FUNDAMENTAIS DA ANÁLISE ESTRUTURAL 2. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE INTRODUÇÃO DA UNIDADE 2.1 ESTRUTURAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS 2.2 ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS DE GRAU 1 3. ESTUDO DA HIPERESTATICIDADE – PARTE 2 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 3.1 ESTRUTURAS COM GRAUS MÚLTIPLOS DE HIPERESTATICIDADE 3.2 OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS 4. INTRODUÇÃO AO MÉTODO DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO INTRODUÇÃO 4.1 MÉTODO DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO 4.2 TEOREMA DE CASTIGLIANO 5. MÉTODOS DAS FORÇAS E DO DESLOCAMENTO INTRODUÇÃO DA UNIDADE 5.1 MÉTODO DAS FORÇAS: APROFUNDAMENTO 6 MÉTODO DA RIGIDEZ E PROCESSOS DE CROSS INTRODUÇÃO DA UNIDADE 6.1 MÉTODO DA RIGIDEZ 6.2 PROCESSO DE CROSS Estrutura Materiais usados em construções Estrutura com arcos Tipos mais importantes de estruturas reticulares Estruturação em obra Estruturas reticulares Equação estática Obra sendo inspecionada Forças que podem ser atuantes ou existentes em um sólido Energia acústica Estrutura metálica Estrutura metálica Estrutura metálica Estrutura metálica Energia de deformação e energia complementar Estrutura de concreto armado Estruturas de concreto armado Pilares de concreto armado Estruturas hipoestáticas Estruturas isostáticas Estruturas hiperestáticas Estrutura externamente hiperestática Estrutura internamente hiperestática Pórtico Estrutura isostática Estrutura hiperestática Engenheiro Estruturas Vigas com um grau hiperestático Pórtico com um grau hiperestático Treliças Treliça com um grau hiperestático Pórtico com um grau hiperestático Treliça com um grau hiperestático – internamentehiperestática Modelos de rótulas Modelos de rótulas Estruturas de engenharia Estruturas de engenharia Vigas (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade Alguns tipos de pórtico Pórticos (A e B) com múltiplos graus de hiperestaticidade Proposta 2 de pórtico para a parte frontal do hotel Cálculo do grau de hiperestaticidade da proposta 2 de pórtico para a parte frontal do hotel Estrutura projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping Segunda estrutura projetada pelo grupo de engenharia de manutenção do shopping Estruturas estáveis de engenharia Ponte com treliças Dois tipos de treliças que apresentam dois graus de hiperestaticidade Início da resolução da treliça internamente hiperestática Projeto da ponte Projeto de pórtico proposto Projeto de treliça proposto Projeto da ponte ferroviária treliçada Estruturas de engenharia Viga hiperestática Estruturas de engenharia Confecção de ferragem para viga de concreto armado (a)Corpo submetido a diversas forças externas. (b) Corpo sujeito à aplicação de uma força virtual externa P’ Confecção de edificação em concreto armado (a) Viga com carga distribuída real e (b) Viga com força virtual Relação entre momento fletor (M) o giro da seção transversal θ para material elástico linear Viga com carga real P aplicada na extremidade livre Treliça de cobertura (a) Esforços normais (N’) gerados pela força virtual; (b) Esforços normais (N) gerados pelo carregamento real Viga hiperestática Confecção de edificação em concreto armado Viga hiperestática desmembrada Viga hiperestática com 4 apoios Estrutura de concreto armado Estrutura de concreto armado Viga hiperestática (a) e isostática (b) Exemplo de superposição Exemplo de viga com carregamento uniforme distribuído Viga sem uma vinculação (a) Carregamento (real e força virtual) no caso (0); (b) Carregamento (real e força virtual) no caso (1) Viga hiperestática Edificação em andamento com estrutura em concreto armado (a) Pórtico hiperestático; (b) Magnitudes de deslocamento; (c) Sistema hipergeométrico Superposição dos casos básicos a) Reações nos apoios fictícios para o caso (0); (b) Forças nos apoios fictícios para o caso (1) Reações de engastamento perfeito para algumas situações de carregamentos Coeficientes de rigidez locais para algumas situações de deslocamentos (a) Viga; (b) Deslocabilidade Casos (0) e (1) Viaduto: estrutura de concreto armado (a) Treliça; (b) Coordenadas locais de um membro Estrutura de ponte em treliças de aço Deslocamentos axiais possíveis em uma barra de treliça Execução de elemento estrutural de engenharia Viga com a convenção de sinais – Processo de Cross Viga indeslocável Coeficiente de rigidez Estrutura de piso, lajes e pilares em concreto armado Pórtico hiperestático deslocável Viga: exemplo teórico-prático Trechos da viga analisada Distribuição de momentos da viga analisada Diagrama de momentos fletores gerado pelo programa Ftool, com valores exatos