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Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho Tratamento da diabetes ➛ Diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos ➛ Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros Classificação da diabetes: ➛ DM-1: deficiência de insulina por autodestruição imune das células beta-pancreáticas ➛ DM-2: resistência à insulina combinada com a perda progressiva de secreção de insulina ➛ DM gestacional ➛ DM monogenica (MODY) Sinais e sintomas: ➛ DM-1: cansaço fácil, muita sede, aumento do apetite, emagrecimento, urina aumenta ➛ DM-2: cansaço fácil, aumento do apetite, muita sede, ganho de peso, urina aumentada Diagnóstico: ➛ Insulina é um hormônio anabolizante ➛ Insulina é liberada pela célula beta-pancreática em casos de hiperglicemia ✓ Receptor de insulina: tirosina-quinase -> presente no músculo esquelético, tecido adiposo e hepatócitos - Síntese de glicogênese e lipogenese ✓ Transportador de insulina: GLUT-4 -> presente na musculatura esquelética e no tecido adiposo - Ao ativar o receptor tirosina-quinase há a ativação de respostas intracelulares e uma dessas respostas aumenta a exposição do GLUT-4, fazendo com que haja um aumento da captação de glicose nas células, controlando a glicemia Tratamento da diabetes Introdução: Insulina e célula beta-pancreática: Hemoglobina glicada: ➛ Reflete o comportando da glicemia do paciente nos últimos três meses Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho Liberação de insulina: ➛ Glicose entra na célula beta-pancreática através do transportador GLUT-2 (presente na célula beta) ➛ Glicose é armazenada na forma de moléculas de ATP após passar pelo ciclo de krebs ➛ Presença do Canal de íons K+ sensíveis ao ATP na célula beta-pancreática ✓ O potássio tende a sair quando o canal está aberto pois há uma concentração maior de K+ dentro da célula ✓ O excesso de ATP, por conta da hiperglicemia, bloqueia esse canal - aumenta a concentração de K+ dentro da célula (processo de despolarização) ➛ Presença do Canal de Ca+2 sensíveis a voltagem na célula beta-pancreática ✓ Ao despolarizar há abertura do canal de cálcio fazendo com que haja um influxo desse íon (aumento da concentração de Ca+2 intracelular) ✓ Cálcio é responsável por fazer exocitose -> liberação de insulina na circulação ➛ Presença de um receptor metabotrópico na célula beta- pancreática (acoplado a uma proteína G) ✓ Incretinas (GLP1 e GYP) se ligam aos receptores metabotropicos e aumentam a produção de AMPc que fosforila e ativa outras proteínas, facilitando a exocitose ✓ Incretinas - hormônio liberado pelas células do TGI ✓ São importantes para liberação de insulina ✓ Enzima DPP-4: produzida para controlar os efeitos da incretinas ➛ Secretagogos de insulina (hipoglicemiantes): ✓ Inibidores da DPP-4: ao inibir essa enzima haverá uma maior ação de incretinas, fazendo com que haja uma maior liberação de insulina ✓ Sulfonilureias e Metiglinidas: agem bloqueando o canal de K+ sensíveis ao ATP, facilitando a despolarização e a exocitose liberando insulina ✓ Incretinomiméticas de GLP1: agonista de GLP1, ativa o metabotropico e aumenta a secreção de insulina ➛ Sensibilizadores de insulina (anti-hiperglicemiantes): biguandas e tiazolidinedionas ➛ Moduladores da absorção de nutrientes no TGI: inibidores de alfa-glicosidade intestinal ➛ Inibidores da SGLT-2 (promovem glicosúria): dalagliflozina, empagliflozina e canagliflozina Sulfonilureias: ➛ Classe secretagogo de insulina (hipoglicemiante) ➛ Clorpromida, glibenclamida, gliclazida, glipizida, glimepirida ➛ As sulfonilureias bloqueiam canais de K+ resultando na despolarização e influxo de cálcio que induz a exocitose da insulina (agem sobre a células beta- pancreáticas) Receptor adrenérgico alfa-2 acoplado a proteína G (metabotrópico) -> adrenalina agindo nesse receptor inibe a liberação de insulina Fármac Hipoglicemiant: Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho Uso clinico: ➛ DM-2 fases inicias (presença de células beta) com 50-80% de resposta em pacientes selecionados ➛ Glibenclamida - risco aumentado de hipoglicemia (disfunção renal), porém pouco atravessa a placenta, sendo uma escolha alternativa a insulina em gestantes ➛ Alto potencial de redução da HbA1C (2%) ➛ Controle da glicemia de jejum e de 24h Efeitos colaterais: ➛ Aumento de massa corporal (cuidado com pacientes obesos) ➛ Hipoglicemia (principalmente glibenclamida e clorpropamida - cuidado com pacientes idosos e com pessoas incapacitadas) ➛ Glipizida ou glimepirida são mais mais seguro na disfunção renal Interação medicamentosa: ➛ Fármacos que podem potencializar os efeitos das sulfonilureias causando hipoglicemia: ✓ Antifúngicos azois ✓ Beta-bloqueadores ✓ Cloranfenicol ✓ Claritromicina ✓ Inibidores de monoaminoxidase ✓ Probenecida ✓ Sulfonamida ➛ Fármacos que podem reduzir os efeitos das sulfonilureias causando a perda do controle da glicemia: ✓ Antipsicóticos atípicos ✓ Corticosteroides ✓ Diuréticos ✓ Niacina ✓ Fenotiazinicos ✓ Simpaticomiméticos Metiglinidas: ➛ Classe secretagogo de insulina ➛ Repaglinida, nateglinida ➛ As glinidas bloqueiam canais de K+ resultando na despolarização e influxo de cálcio que induz a exocitose da insulina (agem sobre as células beta-pancreáticas) ➛ Início de ação rápida e duração mais curta ➛ Reguladores glicêmicos pós-prandiais ➛ Menos potentes que as sulfonilureias Farmacocinética: ➛ Bem absorvidos via oral, administrado antes das refeições ➛ Metabolização pela CYP3A4 e renal ➛ Excreção pela bile ➛ Redução de 1% da HbA1C com a nateglinida e de 1,5-2% com a repaglinida Interação medicamentosa: ➛ Fármacos que inibem CYP3A4: itraconazol, fluconazol, eritromicina e claritromicina ➛ Fármacos que induzem CYP3A4: barbitúricos, carbamazepina e rifampicina Efeitos colaterais: ➛ Aumento de massa corporal ➛ Hipoglicemia - menor risco comparado com as sulfoniluréias ➛ Não devem ser utilizados associadas com as sulfoniluréias pois haverá sobreposição dos mecanismos, aumentando o risco de hipoglicemia Incretinomiméticos: ➛ Classe secretagogo de insulina ➛ Exenatida e liraglutida ➛ Pode ocorrer a redução da massa corporal pois aumenta o metabolismo de lipídeos e induz saciedade ➛ São análogos do hormônio incretinas GLP-1 e atuam como agonistas do receptor GLP-1 ➛ Foram associados a pancreatite ➛ Em animais roedores induziu tumor na tireoide ➛ Efeitos adversos: náuseas, êmese, diarreia e constipação Uso clínico: ➛ Diminuem glicose pós prandial por aumentar insulina, diminuir glucagon, atraso no esvaziamento gástrico, aumenta a saciedade (efeito no SNC) ➛ Modesta diminuição do peso (2,5-4Kg) Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho ➛ Reduzem acúmulo de gordura hepática. ➛ Potencial médio de redução da HbA1c (0,5 - 0,8%) Inibidores da dpp-4: ➛ Classe secretagogo de insulina ➛ Linagliptina, sitagliptina, saxofliptina, alogliptina ➛ São neutros em relação a massa corporal ➛ São bem tolerados ➛ Inibe a enzima DPP-4, que é responsável pela inativação dos hormônios incretinas (GLP-1), assim estes fármacos prolongam o efeito da incretinas e aumenta a liberação de insulina Uso clínico: ➛ Utilizados em monoterapia ou em associação (metformina, sulfonilureia, insulina) ➛ Potencial médio de redução da HbA1c Farmacocinética: ➛ Bem absorvidos via oral ➛ Atinge concentrações plasmáticas máximas 1-4 h ➛ Biodisponibilidade 87% ➛ Metabolismopela CYP3A4 e CYP2C8 ➛ 79% é excretada inalterada na urina; eliminação: 13% fezes e 87% urina ➛ Meia-vida de 12-4h Efeitos colaterais: ➛ Dor abdominal, náusea, vômito, diarreia ➛ Aumento discreto dos níveis séricos de creatinina ➛ Pancreatite Advertências: ➛ É necessário ajuste de dose em pacientes com doença renal moderada ou grave ➛ Podem causar hipoglicemia em associação com sulfonilureias e insulina ➛ Os níveis de digoxina devem ser monitorados em pacientes em uso de digoxina e sitagliptina Biguanidas - metformina: ➛ Sensibilizador a insulina ➛ Metformina: fármaco de primeira escolha ✓ Não é de primeira escolha quando tem disfunção renal - metformina é 100% excretada por meio renal ➛ É hipoglicemiante - objetiva diminuir a quantidade de glicose vascular ➛ Pode ocorrer a redução da massa corporal pois estimula a enzima AMPk, aumentando o metabolismo de lipídeos 1) inibição da flineogenese hepática, síntese de ácidos graxos e colesterol 2) Melhora captação de glicose pelo músculo periférico 3) Aumenta a atividade do receptor de insulina 4) Reduz níveis séricos de lipídeos 5) Diminuição do peso corporal ➛ Contraindicado em disfunção renal (acidose láctica) ➛ Uso prolongado interfere na absorção de vitamina B12 ➛ Age no fígado - age nas células hepáticas reduzindo a gliconeogênese (produção de glicose por meio de proteínas - realizado durante jejum), impedindo que a glicose saia do fígado e entre na circulação ➛ Age no músculo esquelético - aumenta o AMPc e o AMPk (proteína que é responsável por fosforilar e ativar cadeias de respostas) -> expõe o GLUT-4 causando o aumento da captação de glicose por uma via diferente da insulina Usos clínicos: ➛ Obesos resistentes a insulina ➛ Síndrome do ovário policístico Farmacocinética: ➛ Absorção no ID ➛ Pico de ação de 2h Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho ➛ Meia vida de 4-5h ➛ Não se liga a proteínas plasmáticas ➛ Eliminação renal não metabolizada Efeitos colaterais: ➛ Cólicas abdominais - retarda absorção de glicose no TGI, fazendo com que a glicose se acumule no TGI interagindo com a microbiota (bactérias, fungos) ➛ Perda de peso ➛ Dispepsia ➛ Náuseas e vômitos ➛ Deficiência de cobalamina - vitamina B12 - por interferência na absorção Inibidores da alfa-glicosidase: ➛ Modulador da absorção no TGI ➛ Acarbose e miglitol ➛ Enzima alfa-glicosidase: quebra carboidratos grandes em pequenos ✓ Importante pois facilita a absorção ➛ Fármacos que inibem essa enzima faz com que diminua a absorção pois não tem a quebra dos carboidratos ➛ A alfa-glicosidase é uma enzima que hidrolisa carboidratos em açucares simples (glicose) que podem ser absorvidos, desta forma os fármacos inibidores da alfa-glicosidade resultando em níveis mais baixos de glicose pós-prandial ➛ Não causam hipoglicemia como monoterapia ➛ Não interfere na massa corporal ➛ Recomendado no tratamento de idosos Acarbose: ➛ Diminui absorção de mono e dissacarídeos por inibir a alfa- glicosidase intestinal ➛ Baixo potencial de redução da A1C (0,5-0,8%) Efeitos adversos: ➛ Flatulência, diarreia, dor abdominal ➛ Pode elevar enzimas hepáticas (reversível) ➛ Eficácia associada ao uso pré-prandial para prevenção da hiperglicemia pós-prandial Inibidores da sglt-2: ➛ Inibidores do co-transporte sódio-glicose ➛ Canagliflozina, daoagliflozina, empagliflozina, dapagliflozina ➛ Risco aumentado de infecção genital (3-5%) e do trato urinário (1-2%) ➛ Contra Indicação em Insuficiência Renal Crônica ➛ Aumentam a excreção de glicose (glicosúria e baixa a PAS em 4-6mmHg) ➛ Uso em associação com outras drogas VO ou insulina ➛ Combinação com metformina e Inibidores DPP-4 ➛ Tratamento do DM-1 (uso de insulina de ação rápida e lenta) ➛ DM-1 se caracteriza por produção insuficiente de insulina, sendo assim o tratamento medicamentoso depende da reposição desse hormônio ➛ Objetiva repor a insulina basal (jejum) e controlar a glicemia pós-prandial ➛ Vias de administração: SC, intranasal, IM, IV ➛ Formulações: ✓ Ação ultra rápida: lispro, asparte e glulisina ✓ Ação rápida: regular ✓ Ação intermediária: NPH ✓ Ação longa: glargina, detemir ✓ Ação ultra-longa: glardina U300, degludeca Insulinoterapia: Camila Mariana Castro de Oliveira Medicina Nove de Julho Objetivos da insulinoterapia: ➛ Diminuir os sintomas da hiperglicemia (fadiga, poliuria, perda de peso) ➛ Prevenir e diminuir as descompensações agudas ➛ Prevenir e diminuir as complicações de órgãos alvo Insulinas prandiais: ➛ Controle da glicemia pós-prandial ➛ Descontrole pós-prandial: mexe na de ação rápida Ultra-rápida: ➛ Lispro, asparte, glulisina ➛ Aplicadas 15 min antes das refeições (ou no momento) ➛ SC ou infusão contínua SC ➛ Causam menos hipoglicemia que a regular Rápida (regular): ➛ Aplicada: 30-45 min antes da refeição. ➛ Risco de hipoglicemia tardia ➛ Uso de 100UI/ml - pode ser aplicada IV ou IM ➛ Uso de 500 UI/ml - só pode ser aplicada via SC ➛ Pode ser misturada com à NPH insulinas basais: ➛ Controle da glicemia em jejum Intermediária: ➛ NPH ➛ Aspecto turvo ➛ Absorve gradualmente após injeção SC ➛ Início de ação 2-4 h ➛ Administrada 2-4x/dia, podendo ser junto com a regular ou ultra-rápidas Longa: ➛ Glardina, detemir ➛ Liberação gradual, sem pico, ao longo de 24h ➛ Glargina 1x/dia; Detemir 2x/dia ➛ Menor ganho ponderal ➛ Podem ser administrada em qualquer hora do dia, mas fixando esses horários Ultra-longa: ➛ Glardina U300, degluteca ➛ Absorção lenta por depósito SC ➛ Aplicação 1x/dia ➛ Menor incidência de hipoglicemia ➛ Maior flexibilidade de horário Efeitos adversos: ➛ Hipoglicemia ➛ Leve aumento de peso ➛ Reação alérgica é rara ➛ Lipoatrofia é rara, mais vinculada a preparados mais antigos. ➛ Lipohipertrofia/lipodistrofia - ação anabólica da insulina por aplicações sucessivas no mesmo local O tratamento com insulina deve ser iniciado o mais rápido possível após o diagnóstico (geralmente dentro das 6 h, em caso de cetonúria), para prevenir a descompensação metabólica e a cetoacidose diabética (CAD) Insulina inalatória - prandial ➛ Inalação com dispositivo próprio ➛ Pode ser combinada com insulinas de longa ação e tem mais rápido índio de ação e duração que as SC ➛ Provoca tosse e irritação na garganta Transporte da insulina: Em uso: temperatura ambiente, sem ultrapassar 30° e evitando mudanças bruscas de temperatura (bolsa térmica) Lacrada: em bolsa térmica entre 2 a 8°