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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obras 
Exasiu 
Profa. Luana Signorelli 
Lewis Carroll – Alice no 
País das Maravilhas 
Análise de obra da leitura obrigatória: Lewis Carroll – 
Alice no País das Maravilhas. Resumo, análise, crítica, exercícios 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
PDF DE ANÁLISE 
Literárias 
Exasi
u 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 2 
Professora Luana Signorelli 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 3 
1. LITERATURA INFANTO-JUVENIL 4 
1.1. LEWIS CARROLL 6 
2. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 6 
2.1. PRÉ-LEITURA 6 
2.2. RESUMO ANALÍTICO 9 
3. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 38 
3.1. GABARITO 39 
4. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 39 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 3 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, alunos. 
O meu nome é Luana. Sou Mestra em Literatura e 
Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e 
Doutoranda em Teoria e História Literária pela Universidade 
Estadual de Campinas (Unicamp), já qualificada. Tenho 13 
anos de experiência com revisão e padronização textual e 12 
anos em curso pré-vestibular, tendo passado por instituições 
conhecidas e renomadas. 
Lembrem-se sempre de nosso lema: 
 
 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
 
Hoje vamos ter uma Aula de Obras Literárias. Segundo o nosso cronograma, eis o que 
vamos estudar hoje: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS 
AULA ÚNICA 
Título da aula: Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas 
Descrição do conteúdo programático da aula: Análise de obra da 
leitura obrigatória: Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas. 
Resumo, análise, crítica, exercícios. 
 
Lembrando de alguns recados importantes: 
• O curso de Literatura é diferente do curso de Obras Literárias. No curso de Literatura, 
estudamos teoria e historiografia literária e no curso de Obras Literárias a lista obrigatória 
da instituição. 
• O curso contemplará TODAS as Obras Literárias! O curso de Obras Literárias costuma 
ser dividido entre a equipe e as obras são lançadas separadamente de acordo com 
cronogramas pessoais. 
• Como se trata de uma aula de análise de obra literária, eu irei organizar a aula da seguinte 
maneira: 
➢ Pré-aula: contextualização e informações sobre o autor, Lewis Carroll; 
➢ Análise: Alice no País das Maravilhas (resumo e análise); 
➢ Pós-aula: questões sem e com comentários. 
 
Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 4 
1. LITERATURA INFANTO-JUVENIL 
 
Hoje nós vamos estudar uma obra de literatura infanto-juvenil, categoria que nem 
sempre existiu na história literária brasileira. Portanto, vamos começar com a conceitualização e 
explicar como ela se desenvolveu historicamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não há nos manuais de literatura um capítulo à parte para a literatura infanto-juvenil. 
Geralmente, ela é trabalhada pela abordagem de autores e obras mesmo, pois há alguns autores 
que decidem dedicar parte de sua obra para a literatura infanto-juvenil, mas não são todos. 
Normalmente também, a literatura infanto-juvenil vem acompanhada da preocupação com a 
alfabetização e a formação de um hábito leitor em um público jovem. Então, o mais importante é 
que a literatura infanto-juvenil não tenha só personagens infanto-juvenis, como também uma 
linguagem voltada para o público-alvo infanto-juvenil, que se caracteriza por ser mais lúdica e 
metafórica. 
A pesquisadora Denise Curia aponta que a criança também é uma leitura. A discussão 
inicial deve se voltar para este questionamento: quem é o leitor? 
 
 
A literatura infanto-juvenil aparece na História Literária Brasileira no século XIX. Até 
então, nem as crianças eram representadas nem havia uma preocupação em criar uma literatura 
direcionada para o público jovem. No Romantismo, a criança tinha um papel revolucionário: 
basta lembrar do personagem Gavroche em “Os miseráveis” (1862), de Victor Hugo. Esse lado 
Literatura 
infanto-juvenil
Personagens 
infanto-juvenis
Público-alvo 
infanto-juvenil
Ruth Rocha, consagrada escritora de livros infantis e infantojuvenis, diz acertadamente que 
existem três categorias de crianças/adolescentes: os que se tornarão leitores naturalmente, sem 
que seja necessário nenhum esforço para levá-los a isso; os que não se tornarão leitores de jeito 
nenhum, por mais atraente que a leitura se apresente a eles; e aqueles que se tornarão leitores se 
forem adequadamente estimulados. Estes constituem, a juízo de Ruth Rocha, o contingente 
majoritário (CURIA, 2012, p. 3). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 5 
social da criança também chega no Romantismo brasileiro, a ver o roubo da infância dos 
escravos, o que é retratado no poema “Criança” de Castro Alves. Também em 1862 começa a 
produção de “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll, que explora um universo mais 
fantasioso. Em todo caso, no século XIX a representação da criança na literatura ainda era 
ambígua: 
• Parte mostrava o lado ruim da infância: “O trabalho infantil começou no Brasil a partir de 
1891, devido principalmente ao desenvolvimento industrial.” (ABAURRE; PONTARA, 
2005, p. 438). 
• No Romantismo, também havia outro lado: personagens meio infantilizadas por serem 
idealizadas. 
 
Já Machado de Assis, no Realismo, representa uma criança já maliciosa em “Memórias 
póstumas de Brás Cubas” (1881). Era uma criança propensa a humilhar os escravos e acusá-
los, sendo que suas denúncias aos pais faziam com que fossem torturados. Porém, ele cresce e 
se torna um cínico. Machado de Assis também escreveu o “Conto da Escola”, com personagens 
infantis, mas público adulto. 
Ainda no Realismo, há um outro autor chamado Raul Pompeia que escreveu um livro cujo 
protagonista é uma criança. O diferencial desse livro é que ele adota a mesma tendência do 
memorialismo, a mesma usada em “Cazuza”. O livro é “O Ateneu” (1888), que conta a história 
de Sérgio, um menino que vai com 11 anos de idade. Há a teoria dos dois narradores, já que 
o Sérgio escritor não poderia ser o mesmo que viveu as experiências. Neste livro, o ponto de 
vista está na primeira pessoa do singular. 
No Pré-Modernismo, o principal escritor infanto-juvenil foi Monteiro Lobato. O Sítio do 
Pica-Pau Amarelo é um conjunto de histórias que foram publicadas entre 1921 e 1939. Foi 
adaptado em 1970 para a TV. Trata-se da literatura infanto-juvenil propriamente dita, pois os 
personagens são crianças e a linguagem também se volta para o público jovem. 
Do Modernismo, alguns escritores dedicaram parte de sua obra à produção infanto-
juvenil. A capacidade de apresentar o olhar infantil encontra maestria em contos de Guimarães 
Rosa, como “Campo Geral” (1964), especialmente com a história de Miguilim. Outros exemplos 
podem ser citados, como Clarice Lispector com “A vida íntima de Laura” (1974) e Cecília 
Meireles, com “Ou isto ou aquilo” (1964). 
 
É no contexto de transição do Romantismo para o Realismo, e 
ainda na prefiguração do Modernismo, que se situa o livro “Alice 
no País das Maravilhas”. 
 
 
O lado de exploração também aparece em “Capitães da Areia” 
(1937) de Jorge Amado. Mais exemplos: Érico Veríssimo: “Os três 
porquinhos pobres”; e Mário Quintana, com “Sapato furado” (1994). A 
continuação dessa importância se dá, mesmo na era tecnocientífica. 
Da Literatura Brasileira Contemporânea, destacam-se 
autores como Ana Maria Machado e o cartunista Ziraldo, que criou o 
Menino Maluquinho(imagem ao lado). 
 
 
 
Fonte: Flickr. Disponível em: https://tinyurl.com/3y24a9zv. Acesso em: 07 nov. 2022. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 6 
1.1. LEWIS CARROLL 
 
LEWIS CARROLL é o pseudônimo de Charles Ludwige 
Dodgson, nascido em 27 de janeiro de 1832 em Cheshire, 
Inglaterra. Suas obras mais famosas são Aventuras de Alice no 
País das Maravilhas – publicada em 1865 e escrita para Alice 
Liddell, filha do deão do Christ Church – e a sua continuação, 
Através do Espelho, publicada em 1872. Carroll morreu em 14 
de julho de 1898, em decorrência de uma bronquite. 
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / 
Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá. Trad. Maria Luiza X 
de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 317). 
 
 
 
 
As ilustrações nessa edição utilizada do livro são de John Tenniel (1820-
1914), que nasceu em Londres e desenhava modelos. Ele contribuiu para a 
revista satírica Punch e produziu mais de 2.000 ilustrações, tendo também 
ilustrado uma edição de 1848 das fábulas de Esopo. Porém, as ilustrações 
utilizadas nessa aula são de autoria da nossa Equipe de Ilustradores. 
 
2. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 
 
Prezados alunos. 
Vamos adentrar agora na análise de uma obra de literatura infanto-juvenil do século XIX. 
Por isso, elenquei alguns tópicos para prestarmos atenção. 
 
2.1. PRÉ-LEITURA 
 LITERATURA INFANTO-JUVENIL? As personagens das histórias não 
necessariamente são jovens ou crianças, mas a linguagem da obra se dirige para um público 
predominantemente infanto-juvenil. Tem para ensinar até para adultos. O mais impactante 
porque é do ponto de vista de uma criança. Trata-se de outro patamar da criança na literatura: 
um meio-termo, até mesmo irônico. É ainda uma transição entre o infantil e o adulto (mundo 
convencional). 
 CONTO DE FADAS. CONTO DE FADAS. O crítico 
literário Massaud Moisés (2013, p. 284-285), diz que há várias 
formas de maravilhoso: o maravilhoso cristão, científico, 
fantástico etc. Uma das primeiras aparições do maravilhoso na 
história da literatura vai ser em “As mil e uma noites”, quando 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 7 
animais falam. Cuidado: é diferente (≠) de realismo fantástico (décadas de 60 e 70 na América 
Latina em ocasião da ascensão de governos totalitários). 
 EXISTENCIALISMO. Costuma-se indicar por esse termo, desde 1930 
aproximadamente, um conjunto de filosofias ou de correntes filosóficas cuja marca comum não 
são os pressupostos e as conclusões (que são diferentes), mas o instrumento de que se valem: 
a análise da existência. Essas correntes entendem a palavra existência, vale dizer, como o modo 
de ser próprio do homem enquanto é um modo de ser no mundo, em determinada situação, 
analisável em termos de possibilidade. A análise existencial é, portanto, a análise das situações 
mais comuns ou fundamentais em que o homem vem a encontrar-se. Nessas situações, 
obviamente, o homem nunca é e nunca encerra em si a totalidade infinita, o mundo, o ser 
ou a natureza” (ABBAGNANO, 2007, p. 402, grifo meus). Antecipação também da psicanálise: 
Sigmund Freud – Interpretação dos sonhos (1899), sendo prefiguração também das principais 
vanguardas modernistas. 
 
 RESUMO DAS PRINCIPAIS VANGUARDAS 
 
 
 
 
 IRONIA. A ironia pode aparecer de várias formas, como dizer o contrário do que se 
quer dizer; quebra de expectativas; imprevisibilidade; peripécias; comentários ácidos. Colabora 
Futurismo: velocidade; apologia das máquinas: recusa da 
tradição; elogio do ritmo de vida moderna; valorização das 
cidades: Marinetti.
Cubismo: simultaneidade; pluriperspectivismo; formas 
geométricas; colagem: Picasso e Oswald de Andrade.
Expressionismo: irracionalismo, deformação do objeto 
representado, imagem mediada pelos sentimentos do artista: 
Kafka e Raul Pompeia. 
Surrealismo: imagens imprevisíveis, automatismo, ilogicidade, 
sonho: Salvador Dalí e Murilo Mendes.
Dadaísmo: anarquia; nonsense, crítica, dadá não é nada: Marcel 
Duchamp e Mário de Andrade. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 8 
com o duplo sentido e também com o humor, reforçando o caráter cômico. Exemplos: “historinhas 
divertidas”. 
 ALEGORIA. “Etimologicamente, o grego alegoria significa ‘dizer o outro’, dizer alguma 
coisa diferente do sentido literal. Regra geral, a alegoria reporta-se a uma história ou a uma 
situação que joga com sentidos duplos e figurados, sem limites textuais (pode ocorrer num 
simples poema como num romance inteiro), pelo que também tem afinidades com a parábola e 
a fábula.” (Carlos Ceia) 
 
 RESUMO DAS PRINCIPAIS TÉCNICAS 
 
 
 
ESTRUTURA 
 
 
• Uso de palavra ou expressão nova, ger. com base em léxico, semântica e 
sintaxe preexistentes, na mesma língua ou em outra; qualquer palavra 
ou expressão resultante desse processo. Exemplo: merluza e merlustrar.
NEOLOGISMO
• Jogo ambíguo de palavras baseado na semelhança de sons entre elas. 
Pode ser considerado sinônimo da paranomásia: efeito de texto 
provocado a partir da relação semântica de paronímia. Palavras 
parecidas. Exemplo: corpo e porco; um sorriso sem gato.
TROCADILHO
• Dito geralmente sucinto, rico em imagens, que expressa suposta 
sabedoria popular; máxima; ditado; pensamento. Exemplo: “Seja o que 
você parece ser” (moral da Duquesa).
PROVÉRBIO
Poema + Pela toca 
do Coelho
A lagoa de lágrimas 
+ poema
Uma corrida em 
comitê e uma 
história comprida + 
poema concretista
Bill paga o pato
Conselho de uma 
Lagarta + poema
Porco e pimenta + 
poema
Um chá maluco + 
poema do 
enlouquecimento
O campo de croqué 
da Rainha
A história da 
Tartaruga Falsa
A Quadrilha da 
Lagosta + 
3 poemas
Quem roubou as 
tortas? + 
julgamento em 
forma de poema 
O depoimento de 
Alice + poema 
explicado
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 9 
2.2. RESUMO ANALÍTICO 
 
Poema de abertura 
 
(...) Imperiosa, Prima estabelece: 
“Começar já”; enquanto Secunda, 
Mais brandamente, encarece: 
“Que não tenha pé nem cabeça!” 
E Tertia um ror de palpites oferece 
Mas só um a cada minuto. 
 
Depois, por súbito silêncio tomadas, 
Vão em fantasia perseguindo 
A criança-sonho em sua jornada 
Por uma terra nova e encantada, 
A tagarelar com bichos pela estrada 
– Ouvem crédulas, extasiadas. 
 
E sempre que a história esgotava 
Os poços da fantasia, 
E debilmente eu ousava insinuar, 
Na busca que o encanto quebrar: 
“O resto para depois...” “Mas já é depois!” 
Ouvia as três vozes alegres a gritar. 
 
Foi assim que, bem devagar, 
O País das Maravilhas foi urdido, 
Um episódio vindo a outro se ligar – 
E agora a história está pronta, 
Desvie o barco, comandante! Para casa! 
O sol declina, já vai se retirar 
 
Alice! Recebe este conto de fadas 
E guarda-o, com mão delicada, 
Como a um sonho de primavera 
Que à teia da memória se entretece, 
Como a guirlanda de flores murchas que 
A cabeça dos peregrinos guarnece. (CARROLL, 2009, p. 10-11, grifos meus). 
 
 
Nesse poema, observa-se polifonia (presença de, pelo menos, três vozes, 
incluindo o eu lírico e o diálogo entre duas personagens). Poderia ser, 
ainda, uma antecipação dos três personagens principais do livro, com quem 
Alice dialoga: GATO, CHAPELEIRO, RAINHA – Prima, Secunda, Tertia. O 
chamado “sonho de primavera”, estabelece intertextualidade com o cânone 
inglês, “Sonho de uma noite de verão” (1594), comédia teatral de William 
Shakespeare, obra produzida 271 anos antes. Nesse poema, também é 
introduzido o motivo do poço junto com a queda. 
 
 
William Shakespeare 
(1564-1616) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 10 
Capítulo 1 – Pela toca do Coelho 
 
 Ao cair, cair, Alice se encontra em ummomento de suspensão, no 
qual tem tempo para pensar no que aprendeu na escola. Por exemplo, 
que até o centro da terra deveria ter uns seis mil quilômetros. É quando 
ela começa um monólogo interior para lhe fazer companhia a si 
mesma e se propõe enigmas: morcegos comem gatos? “Pois, vejam 
bem, havia acontecido tanta coisa esquisita ultimamente que Alice 
tinha começado a pensar que raríssimas coisas eram realmente 
impossíveis” (CARROLL, 2009, p. 18). 
 
Fonte: Pixabay. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MONÓLOGO INTERIOR 
 O primeiro a utilizá-lo foi o escritor francês Édouard Dujardin no livro Os loureiros estão cortados 
(1931). Outros a utilizá-lo foram Laurence Sterne e James Joyce. A vanguarda do surrealismo o aplicou 
na literatura. 
 Trata-se de uma técnica, propriamente literária, de apreensão e apresentação do fluxo de 
consciência (o seu equivalente em inglês – stream of consciousness). É uma forma estilística na qual se 
discerne um caminho de pensamento dentro da cabeça da personagem. 
 Corresponde a “psique” ou “mente”, a consciência recobre toda a área dos processos mentais, 
inclusive as camadas pré-verbais. Daí que a descrição onisciente e o solilóquio (ato de alguém 
conversar consigo próprio; monólogo) constituam, além do monólogo interior, técnicas de captação 
ou representação do fluxo de consciência. 
 O monólogo interior se caracteriza por acontecer na cabeça da personagem na mente da 
personagem (mónos, único, sozinho; lógos, palavra, discurso), como se o “eu” se dirigisse a si próprio. 
Na realidade, continua a ser um diálogo, uma vez que subentende a presença de um interlocutor, 
virtual ou real, incluindo a própria personagem, assim desdobrada em duas entidades mentais (o “eu” 
e o “outro”), que trocam ideias ou impressões como pessoas diferentes. 
 Consiste na detecção dos estratos psíquicos situados antes da verbalização deliberada e identifica-
se pela desarticulação lógica das frases. O ato de escrever empresta alguma ordem ao caos, mas tudo 
se passa como se o conteúdo inconsciente ou subconsciente vazasse no papel com seu peculiar 
desconcerto. 
 Já a Livre Associação das Ideias é um método desenvolvido na psicanálise, em que palavras 
descoladas são pronunciadas, incentivadas geralmente por um gatilho. Portanto é estimulada, não 
natural. É a dubiedade do indivíduo, um mergulho nele mesmo. 
Fonte: MOISÉS, 2013, p. 317-319 (adaptado). 
 
Alice se preocupa em sumir completamente, coisa que ela, naturalmente, nunca viu. Ela 
mesma se aconselha a não chorar. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 11 
“Alice no País das Maravlihas” antecipa em 59 anos o Manifesto 
surrealista de André Breton (1924). Uma das principais discussões 
no livro é o caráter de real, já que Alice não sabe se enlouqueceu ou 
se está sonhando. 
 Uma alusão ao fim do século XIX e seus entorpecentes: Alice, magicamente, encontra um 
bilhete escrito: COMA-ME. Ao comer e beber, ela entra em brincadeiras de crescer e diminuir 
de tamanho (deformação) e encontra uma série de desafios de QI em que precisa chegar a 
uma solução. 
 A ironia? A toca é do coelho, mas ele nem aparece: “(...) não há dúvida de que isso 
geralmente acontece quando se come bolo, mas Alice tinha se acostumado tanto a esperar só 
coisas esquisitas acontecerem que lhe parecia muito sem graça e maçante que a vida seguisse 
de maneira habitual” (CARROLL, 2009, p. 22). 
 
Capítulo 2 – A lagoa de lágrimas 
 
O capítulo começa com um duplo superlativo, que é ao mesmo tempo um pleonasmo: 
“cada vez mais estranhíssimo!” (CARROLL, 2009, p. 23). Alice está tão grande que mal vê seus 
pés, e decide deixar um recado para o pé direito: ela mesmo reconhece que é um disparate 
(absurdo, non sense). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O narrador se compadece da Alice, e frequentemente repete: “Pobre Alice!” 
 
Alice apanhou o leque e as luvas, e, como fazia muito calor no salão, ficou se 
abanando sem parar enquanto falava: “Ai, ai! Como tudo está esquisito hoje! E ontem as 
coisas aconteciam exatamente como de costume. Será que fui trocada durante a noite? 
Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei esta manhã? Tenho uma ligeira 
lembrança de que me senti um bocadinho diferente. Mas, se não sou a mesma, a 
próxima pergunta é ‘Afinal de contas quem sou eu?’ Ah, este é o grande enigma!” E 
começou a pensar em todas as crianças da sua idade que conhecia, para ver se podia 
ter sido trocada por alguma delas. (CARROLL, 2009, 25). 
 
 
E Alice fala de suas colegas: Ada (de cachos longos) e Mabel (que era pobre). 
 
 
 
E o Coelho, quando surge, não é para ajudar. Ele é uma distração: 
Alice só não pegou a chave por causa dele. Ela começava a agir de maneira 
autômata: pôs a luva sem perceber. Enquanto isso, encolhia e crescia sem se 
lembrar da chave. Lembra-se da gramática latina do irmão e agora há um 
camundongo que entende francês, pois reage com medo quando ela diz: “Où 
est ma chatte? (onde está meu gato?). 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 12 
A GATA DINAH 
 
 
 
 
 Até agora, parecia ser um mundo habitado só por animais: comuns e fantásticos. Novos 
personagens são apresentados: Dodô e Aguieta (aguiazinha). De tanto chorar, Alice forma uma 
lagoa, por meio da qual é transportada para uma praia. E, de repente, a chave parece não ser 
mais um problema. Alice tem uma visão distante de praia: sempre perto do trem. 
 
Capítulo 3 – Uma corrida em comitê e uma história comprida 
 
 O capítulo começa com o adjetivo “estrambótico”. Como era extravagante aquele grupo 
formado na praia. Alice briga com o Papagaio, que nem é um animal comum na Inglaterra. A 
turma acha que discute História, mas nem sabem o significado de “isso”. Animais aprendendo 
história parece ser uma inadequação: alguns demonstram desinteresse e outros manifestam 
ignorância. 
 O narrador intruso mostra uma marca temporal: “Ora”, disse o Dodô, “a melhor maneira 
de explicar é fazer.” (E, como você pode querer experimentar a coisa por conta própria, num dia 
de inverno, vou lhe contar como o Dodô a organizou)” (CARROLL, 2009, p. 35-36). 
 Todo mundo ganhou a tal da corrida, e Alice foi a mais prejudicada, pois ganhou o que 
já era dela e ainda era um dedal. “Alice achou aquilo tudo muito absurdo, mas todos pareciam 
tão sérios que não ousou rir; como não lhe ocorreu nada para dizer, simplesmente fez uma 
reverência e pegou o dedal, com o ar mais solene que arranjou” (idem, p. 38). Então, fez seu 
papel de humana como provedora. Quando começa a contar a história de sua gata Dinah como 
predadora, de repente, assusta a sua plateia. E ela se viu só. A galera se afastou, sob pretextos 
variados. 
ALERTA: POEMA CONCRETISTA 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 13 
 
Fonte: CARROLL, 1916, p. 18. 
 
 
CONCRETISMO (anos 1950): movimento liderado por grupo de poetas 
que buscam criar poesia visual, que utilize de efeitos gráficos que a 
palavra pode proporcionar. As palavras formam verdadeiras imagens. Os 
principais poetas são Décio Pignatari e os irmãos Campos. Se inspiram 
nas vanguardas como o futurismo. 
CONCRETISMO 
 Aparece já mais recentemente, a partir de 1950, sob as influências de 
tendências anteriores em que se rastreiam as ideias de Mallarmé, Apollinaire, Pound, 
Cummings, e outros. O concretismo caracteriza-se pelo intento de reduzir a expressão a 
signos concretos, dando ênfase à representação gráfica da linguagem. Na linguagem as 
palavras não aparecem na forma lógica e ordenada de frase ou de discurso, porém 
soltas, livres, autossuficientes. A expressão consubstancia-se num plano de valor verbi-
voco-visual (palavra-som-figura). Utiliza-se o ideograma, o poema figurativo à moda 
dos caligramas de Apollinaire (...). 
No Brasil, a revista “Nolgandres” (São Paulo) reuniu o seu grupo de vanguarda com 
DécioPignatari, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo, Reinaldo 
Jarim e outros. 
Fonte: TAVARES, 2002, p. 97-98, grifo meu (adaptado). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 14 
JAGUADARTE (FRAGMENTO) 
 
Augusto de Campos – Jaguardate 
(tradução) 
Lewis Carroll – Jabberwocky 
(original) 
Era briluz. As lesmolisas touvas 
Roldavam e relviam nos gramilvos. 
Estavam mimsicais as pintalouvas, 
E os momirratos davam grilvos. 
 
“Foge do Jaguadarte, o que não morre! 
Garra que agarra, bocarra que urra! 
Foge da ave felfel, meu filho, e corre 
Do frumioso babassurra!” 
‘Twas brillig, and the slithy toves 
 Did gyre and gimble in the wabe: 
All mimsy were the borogoves, 
 And the mome raths outgrabe. 
 
Beware the Jabberwock, my son! 
 The jaws that bite, the claws that catch! 
Beware the Jubjub bird and shun 
The frumious Bandersnatch!” (…) 
 
Fonte: CARROLL, 2014 (adaptado). 
 
Augusto de Campos, sobre o poema: “Do JABBERWOCKY (JAGUADARTE) de Lewis Carroll 
(1832-1898) o mínimo que se pode dizer é que é um dos poemas fundantes da modernidade. 
Um poema infantojuvenil para todas as idades. Suas palavras-valise, que empacotam dois ou 
três vocábulos num só, são a matriz do romance-invenção Finnegans-Wake (Finícius Revém), 
de James Joyce, ao mesmo tempo que preludiam as especulações de Freud sobre as 
associações de palavras, como familionário (família + milionário), expressão criada por 
Heinrich Heine (CARROLL, 2014). 
 
Augusto de Campos nasceu em São Paulo, em 
14 de fevereiro de 1931. Está completando, portanto, 
90 anos! Tive a oportunidade de estudar com sua 
neta, Raquel Campos, na Universidade de Brasília, 
autora da seguinte Tese de Doutorado sobre o próprio 
avô: “Entre vivas e vaias: a visualidade concreta de 
Augusto de Campos”. É poeta, tradutor e crítico. 
Esteve ligado ao movimento concretista, junto com 
Décio Pignatari e seu irmão Haroldo de Campos. Seu 
primeiro livro de poesias foi O rei menos o reino (1951). 
Contribuiu para a revista Noigandres. Sua obra-prima 
é: Viva vaia (1979). 
 
CENA DO LIVRO 
Em seguida todos se juntaram em torno dela de novo, enquanto o Dodô a 
presenteava solenemente com um dedal, dizendo: “Humildemente lhe pedimos que 
aceite este elegante dedal”; e, quando encerrou esse breve discurso, todos aplaudiram. 
Alice achou tudo aquilo muito absurdo, mas todos pareciam tão sérios que não 
ousou rir; como não lhe ocorreu nada para dizer, simplesmente fez uma reverência e 
pegou o dedal, com o ar mais solene que arranjou (CARROLL, 2009, p. 38). 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 15 
 
CORRIDA EM COMITÊ 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 – Bill paga o pato 
 
 Bill era o lagarto, mas o capítulo começa com o Coelho Branco. Ele e Dinah são 
Leitmotive. O Coelho está preocupado com a Duquesa (mencionada já no capítulo 2). Ele 
confunde Alice com Mary Ann (supostamente, sua empregada). Alice se vê em um mal-
entendido e precisa ir buscar as luvas dele em sua casa. O nome do coelho: B. Nessa casa, 
Alice encontra uma garrafinha mágica, escrito agora BEBA-ME. Ao bebê-la, cresce, e modifica 
as próprias estruturas do lugar. 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 16 
 
 Richard Wagner LEITMOTIV 
 Fonte: Pixabay. 
 
 
 No geral, assinala “os motivos centrais que se repetem numa obra, ou na totalidade da 
obra, de um poeta ou prosador” (KAYSER, 1958). 
 Verdadeiramente, porém, a recorrência de um objeto no decurso de uma obra não 
constitui, por si só, um Leitmotiv; para sê-lo, é preciso que o seu reaparecimento 
envolva alguma significação especial. 
Fonte: MOISÉS, 2013, p. 267-268 (grifo meu). 
 
Alice lamenta ter ido atrás do Coelho e se lembra de que em sua casa era muito mais 
confortável. Preocupa-se com o envelhecimento e com o crescimento: tem consciência de 
que uma hora se chega ao limite. 
 Em um teatro de vozes, ela ouve o que acontece a seu redor. 
Como nas Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift, os 
animais ao seu redor se tornaram liliputianos (escala reduzida). 
Tentam tirá-la de lá e sugerem cortar o seu braço. Bill é um lagarto 
e é uma ironia ele pagar o pato. Ele cai em um lugar que Alice acha 
que é uma estufa de pepinos. Seus comparsas tentam reavivá-lo, 
dando-lhe de beber. 
 Após esse episódio esdrúxulo, Alice foge para a floresta. 
Parecia um plano excelente, com a exceção de que não sabia por 
onde começar (ironia). Até que encontra um cachorro, que vai guiá-
la através de uma árvore. Para os seres pequenos, tudo parece 
grande e ameaçador: Alice tinha medo de ser pisoteada pelo cão. 
 
Jonathan Swift (1667-1745) 
 
CENA DO LIVRO 
Que pena! Era tarde para se lamentar! Continuou crescendo, crescendo, e dali a 
pouco teve de se ajoelhar no chão; mais um instante e não havia mais espaço para tal; 
tentou então o artifício de se deitar com um cotovelo contra a porta e outro braço enrolado 
em volta da cabeça. Mas ainda continuou crescendo, e, como último recurso, enfiou um 
braço pela janela afora e um pé pela chaminé acima, murmurando: “Agora não posso 
fazer mais nada, aconteça o que acontecer. O que vai ser de mim?” (CARROLL, 2009, 
45). 
Utilizado inicialmente na linguagem musical, 
sobretudo em relação às óperas de Wagner, o 
vocábulo designava uma técnica mediante a qual se 
associavam, ao longo da composição, uma melodia 
ou harmonia e uma pessoa ou ideia. 
Transferida para os domínios literários, dentro 
e fora dos círculos germânicos, a palavra nem sempre 
tem sido empregada univocamente, mercê de sua 
vizinhança e confusão com “motivo”, “tema”, “tópos”. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 17 
 
 
 
 
Capítulo 5 – Conselho de uma Lagarta 
 
A Lagarta é lacônica; sua função é fazer Alice chegar nas 
respostas. Também faz Alice se lembrar de cantigas populares: 
“Como pode a abelhinha atarefada” e “Está velho, pai William”. Há outro 
poema, também absurdo: equilibrar no nariz uma enguia. Alice não 
disse nada e estava atônita com a Lagarta, que só sabia contestá-la. 
Primeira vez que não estava sendo tratada como criança. A Lagarta dá 
seu último conselho: comer um lado do cogumelo iria fazê-la crescer e 
o outro lado, diminuir. 
 Ao sair de lá, Alice passeia pela floresta. Mas seu pescoço é 
confundido com uma cobra. A Pomba estava desabafando de ter que 
vigiar as cobras. Alice agora faz testes (ciência → experiência), até 
chegar na altura correta. 
 
“Quem é você?” 
Não era um começo de conversa muito animador. Alice respondeu, meio 
encabulada: “Eu... Eu mal sei, Sir, neste exato momento... Pelo menos sei que quem eu 
era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças desde 
então.” 
“Que quer dizer com isso?” esbravejou a Lagarta. “Explique-se!” 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 18 
“Receio não poder me explicar”, respondeu Alice, “porque não sou a mesma, 
entende?” 
“Não entendo”, disse a Lagarta. 
“Receio não poder ser mais clara”, Alice respondeu com muita polidez, “pois eu 
mesma não consigo entender, para começar; e ser de tantos tamanhos diferentes num 
dia é muito perturbador.” 
“Não é”, disse a Lagarta. (CARROLL, 2009, 55). 
Capítulo 6 – Porco e pimenta 
 
Da floresta, Alice chega numa casa muito estranha. Em frente dela, há um lacaio que é 
Peixe e outro que é Sapo. Dentro, a Duquesa fala da Rainha. É mencionado o famigerado jogo 
de croqué. Um pratarraz (prato grande) é arremessado: a casa não vive em paz. “Mas, afinal, 
você deve entrar?, disse o Lacaio. “Esta é a primeira pergunta” (CARROLL, 2009, p. 69). O tal 
Lacaio não responde nada, a não ser o mesmo com variações. Ironia agora é teruma porta que 
se abre tão facilmente. 
Também havia um gato, que é de Cheshire, que sorri de ponta a ponta. O bebê se chama 
Porco. Duquesa contesta a Alice por não saber nada e ainda se acha no direito de dar conselhos: 
“Se cada um cuidasse da própria vida, o mundo giraria bem mais depressa” (idem, p. 72). Por 
falar em revolução, também acha que pode mandar como a rainha: cortar as cabeças. É uma 
casa guiada pela violência. 
 
Falo bravo com meu garoto, 
Bato nele quando espirra 
Pois só assim toma gosto 
Por pimenta e não faz birra (CARROLL, 2009, 73). 
 
O GATO DE CHESHIRE 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 19 
Sinopse: em Coringa, Arthur Fleck (Joaquin 
Phoenix) trabalha como palhaço para uma 
agência de talentos e, toda semana, precisa 
comparecer a uma agente social, devido aos 
seus conhecidos problemas mentais. Após ser 
demitido, Fleck reage mal à gozação de três 
homens em pleno metrô e os mata. Os 
assassinatos iniciam um movimento popular 
contra a elite de Gotham City, da qual Thomas 
Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante. 
A Duquesa diz para Alice cuidar do Bebê-Porco (papel de mãe), pois foi se arrumar para 
se encontrar com a Rainha. Todos sabiam que atrasos eram fatais. Alice pensa que se não 
levasse a criança consigo, iriam matá-la. Pôs a criaturinha no chão e foi caminhar no bosque, 
acompanhada do Gato de Cheshire (o stalker, o espreitador, o arranjador, amigável e perigoso 
ao mesmo tempo, filósofo: dedução, o fantasma). O companheiro perfeito pra Dinah: por que não 
levar a ele? 
 Nesse capítulo, há menção à Lebre de Março e ao Chapeleiro, primeiro personagem 
masculino humano (parâmetro). O gato a convidou para o croqué da rainha, como se fosse um 
amigo íntimo. 
 O fato é que Alice guardou os pedaços de cogumelos como amuleto/arma. Seguiu o 
conselho da Lagarta: controle-se. 
 
 
“Oh! É inevitável!”, disse o Gato; “somos todos loucos aqui. Eu 
sou louco. Você é louca.” (CARROLL, 2009, 73, grifo meu). 
 
 
 
 Filme: Coringa (2019) 
 
 
 
 
 
 
CENA DO LIVRO 
“Se cada um cuidasse da própria vida”, disse a Duquesa num resmungo rouco, “o 
mundo giraria bem mais depressa.” 
“O que não seria uma vantagem”, emendou Alice, muito satisfeita por ter uma 
oportunidade de exibir um pouco da sua sabedoria. “Pense só no que seria feito do dia 
e da noite! Veja, a Terra leva vinte e quatro horas para completar sua revolução...” 
“Por falar em revolução”, disse a Duquesa, “cortem-lhe a cabeça!” (CARROLL, 2009, 
p. 72). 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO AUTORAL – PROFA. LUANA SIGNORELLI – SPRINT UNICAMP 2024 
 
 “Mas não quero me meter com gente louca”, Alice observou. 
 “Oh! É inevitável”, disse o Gato; “somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca”. 
 “Como sabe que sou louca?” perguntou Alice. 
 “Só pode ser”, respondeu o Gato, “ou não teria vindo parar aqui.” 
Alice não achava que isso provasse coisa alguma; apesar disso, continuou: “E como sabe 
que você é louco?” 
 “Para começar”, disse o Gato, “um cachorro não é louco. Admite isso?” 
 “Suponho que sim”, disse Alice. 
 “Pois bem”, continuou o Gato, “você sabe, um cachorro rosna quando está zangado e 
abana a cauda quando está contente. Ora, eu rosno quando estou contente e abano a 
cauda quando estou zangado. Portanto, sou louco.” 
 “Chamo isso ronronar, não rosnar”, disse Alice. 
CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas / Alice através do espelho e o que Alice 
encontrou por lá. Trad. Maria Luiza X. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 77-78). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 21 
 
O trecho acima é um diálogo que brinca com suposições lógico-filosóficas. Nesse sentido, 
assinale o que for correto. 
a) Alice tem a modéstia de admitir o seu desvario, e é por conta desse ato de humildade 
que consegue entrar no País das Maravilhas. 
b) O Gato, sendo amigo de outros seres, como do Coelho e do Gato, destaca que o 
componente da loucura é mais frequente entre animais. 
c) Foi preciso que Alice enlouquecesse para chegar no País das Maravilhas, e é só porque 
está maluca que consegue conversar com gatos. 
d) Pode ser considerada uma forma de loucura quando a emissão sonora, enquanto 
linguagem corporal, não se adequar à realidade. 
 
COMENTÁRIOS 
 Questão de interpretação de texto literário. 
 Alternativa A: incorreta. Ela não admite que está louca. Pelo contrário: em um primeiro 
momento, tem a prepotência de não querer se juntar a seres que ela julgava como loucos. 
 Alternativa B: incorreta. O Coelho não é mencionado no trecho e não se associa à 
loucura. Pelo contrário; ele vive preocupado em se atrasar. 
 Alternativa C: incorreta. O fato de conversar com animais não é necessariamente um 
traço de loucura. 
 Alternativa D: correta – gabarito. Porque o Gato emite um som que corresponde a uma 
ação contrária do que está fazendo na realidade é que ele se considera louco. 
Gabarito: D. 
 
 
 
Capítulo 7 – Um chá maluco 
 
Alice logo se vê em um jardim de uma casa. O chá ocorria em 
ambiente externo. Ou melhor, desocorria; inocorria. Estavam 
presentes: Lebre de Março (não era de Fevereiro nem de Abril) e o 
Chapeleiro (inútil taxá-lo de Maluco, se todos lá o são). Também 
estava semi-presente o Caxinguelê (esquilo), pois este vivia 
dormindo e mal participava das conversas e falava mesmo dormindo. 
A mesa enorme estava toda posta e eles só trocavam de lugar (como 
se fossem um relógio). 
 Absurdo servir vinho pra criança, o chá é mesmo louco. Logo, 
para passar o tempo, começam adivinhações filosóficas. É proposto 
o enigma do corvo e da escrivaninha, que não faz sentido nenhum. 
 
Fonte: Pixabay. 
 
Nenhum sentido em se preocupar com o tempo: mergulhar o relógio no chá. 
Alice suspirou, entediada. “Acho que vocês poderiam fazer alguma coisa melhor com 
o tempo”, disse, “do que gastá-lo com adivinhações que não têm resposta.” 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 22 
 “Se você conhecesse o Tempo tão b em quanto eu”, disse o Chapeleiro, “falaria dele 
com mais respeito. (...) Atrevo-me a dizer que você nunca chegou a falar com o Tempo!” 
(CARROLL, 2009, 84). 
 
 O Caxinguelê dá a sua grande contribuição com o “Poema do enlouquecimento”: “Pisca, 
pisca, ó morcego! / Que eu aqui quero sossego!” (CARROLL, 2009, p. 85). O Chapeleiro só por 
usar um chapéu acha que controla o tempo; mas é a Rainha de Copas que controla o tempo dos 
outros. O chá é a metáfora do tempo passando: dança das cadeiras. 
 Naquele lugar, havia um relógio parado e é sempre a hora do chá: condenação: 
suspender o tempo. Não adianta consertar as suas engrenagens passando manteiga nelas que 
não vai funcionar! 
 O Caxinguelê é apelado para contar uma história. Seu relato: eram três irmãs, Elsie, Lacie, 
Tillie, que moravam em um poço de melado → retorno do motivo do poço no meio da história. 
Era um poço do qual se tiravam todas as coisas com letra M: maçaricos, maçanetas, memória e 
mesmice (concretas e abstratas) → mimsey, do poema “Jaguadarte”. 
 Cuidado com o que deseja, Alice! “Seja como for, lá é que não volto nunca mais!” 
exclamou Alice enquanto avançava com cuidado pelo bosque. “Foi o chá mais idiota de que 
participei em toda a minha vida!” (idem, p. 91). 
 No próximo capítulo, ela terá a chance de voltar e fazer tudo como queria agora que já 
sabia a solução, pois voltou ao início. 
CENA DO LIVRO 
“Por que com M?” perguntou Alice. 
“Por que não?” quis saber a Lebre de Março. 
Alice se calou. 
A essa altura o Caxinguelê fechara os olhos e estava começando a cochilar; mas, a 
um beliscão do Chapeleiro, despertou com um guinchinho e continuou: “...que começa 
comM, como maçaricos, e maçanetas, e memória e mesmice... como quando se diz 
‘anda tudo uma mesmice’... já viu coisa parecida com tirar uma mesmice?” 
“Ora, agora você me pergunta”, disse Alice, confusíssima, “Não penso...” 
“Nesse caso não deveria falar”, disse o Chapeleiro. 
Essa grosseria foi mais do que Alice podia suportar: levantou-se revoltadíssima e 
foi embora; o Caxinguelê adormeceu no mesmo instante, e nenhum dos outros tomou o 
menor conhecimento da sua saída, embora ela tenha olhado para trás uma ou duas 
vezes, com uma ponta de esperança de que a chamassem de volta; a última vez que os 
viu, estavam tentando enfiar o Caxinguelê no bule de chá. 
“Seja lá como for, lá é que não volto nunca mais!” exclamou Alice, enquanto 
avançava com cuidado pelo bosque. “Foi o chá mais idiota de que participei em toda a 
minha vida!” 
Tédio
Curiosidade
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 23 
Exatamente quando dizia isso, percebeu que uma das árvores tinha uma porta, 
dando para seu interior. “Isto é muito curioso!” pensou. “Mas hoje tudo é curioso. Por que 
não dar uma entradinha?” E foi o que fez. (CARROLL, 2009, p. 90-91, grifos meus). 
Os superlativos acentuam o caráter angustiado da menina que se vê tão 
contrariada e não é levada a sério. 
 
O CHÁ MALUCO 
 
 
 
Capítulo 8 – O campo de croqué da Rainha 
 
Alice já havia trapaceado no mesmo jogo que a rainha joga; tudo indica de que ela iria 
mandar bem naquele jogo... Se fosse um jogo normal! Mas nada naquele lugar é como ela 
verdadeiramente conhecia. Chegando em outro jardim, Alice encontra o Baralho: personagens 
despersonalizadas e enumeradas. Todos se preparam, com a maior afobação (questão de vida 
ou morte), para a chegada da Rainha. 
 Alice se apresenta pelo nome, coisa que antes ela não fizera por estar em dúvida. Em 
frente da Rainha, ela não titubeia. Atrás do baralho, são todos iguais. O Rei é tímido, um capacho 
da Rainha, que centraliza toda a força, personagem temível, símbolo do poder absolutista. 
 O Coelho ansioso retorna e informa que a duquesa havia sido condenada à morte. Motivo: 
atraso. Já havia sido presa. No jogo de croqué, animais são usados no jogo, à mercê dos 
caprichos humanos. Literalmente, era um jogo que fugia das mãos. Apesar das ordens, nada é 
concretizado ao vivo. A Rainha é temperamental demais ou não é para ser levada a sério. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 24 
Pergunta certeira do Gato: se Alice gostara da Rainha (naturalmente levanta uma suspeita). Mas, 
quando questionada, a defesa de Alice se afrouxa e leva à condenação do Gato. 
CENA DO LIVRO 
O ponto de vista do carrasco era que não se podia cortar uma cabeça fora a menos 
que houvesse um corpo do qual cortá-la; que nunca tinha feito coisa parecida antes e 
não ia começar naquela altura da sua vida. 
O ponto de vista do Rei era que tudo que tinha cabeça podia ser decapitado, e que o 
resto era despautério. 
O ponto de vista da Rainha era que, se não se tomasse uma medida a respeito 
imediatamente, mandaria executar todo mundo, sem exceção. (Foi esta última 
observação que deixou todo o grupo tão sério e preocupado). 
A única coisa que ocorreu a Alice foi dizer: “Ele pertence à Duquesa; deveriam 
perguntar a ela.” 
“Ela está na prisão”, disse a Rainha ao carrasco; “traga-a aqui.” E o carrasco partiu 
como uma flecha. 
A cabeça do Gato começou a sumir assim que o carrasco se foi e, quando ele chegou 
de volta com a Duquesa, já sumira por completo; diante disso o Rei e o carrasco 
puseram-se a correr freneticamente para cima e para baixo à procura dela, enquanto o 
resto do grupo voltava ao jogo. (CARROLL, 2009, 103). 
 
Os três pontos de vista – do carrasco, do Rei e da Rainha – lembram 
as três vozes do poema inicial. 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 25 
Capítulo 9 – A história da Tartaruga falsa 
 
Uma suspensão na história em seu clímax: Alice tinha autoridade naquele meio e era 
ouvida, nem ela sabia como nem porquê. Por causa disso, evitou tragédias maiores e conseguiu 
ser acompanhada para esperar os desenlaces. 
 Ao se encontrar com a Duquesa, ela descobriu que tudo tem uma moral; é melhor cuidar 
dos sentidos. Por exemplo: mostarda não parece um vegetal, mas é: “Seja o que você parece 
ser” (CARROLL, 2009, p. 106). Duquesa se mostra oportunista, tentando comprar Alice 
concordando com seus disparates. Contesta Alice quando ela está quieta e não responde, 
perguntando se ela está pensando de novo, ao que Alice responde: “Tenho o direito de pensar” 
(idem, p. 107). 
 Alice é a única poupada, por algum motivo. O rei discretamente desfez as ordens da rainha 
Em um determinado momento, o narrador dialoga com as ilustrações, como se fosse uma 
rubrica: pede para irmos na página 111 (estamos na 109) para ver o que é grifo, se nós não 
soubermos. 
 Aquele era mesmo um País Maravilhoso: um mundo em que o Grifo é mais inofensivo que 
a Rainha. O próprio Grifo confessa que é uma fantasia da Rainha e o que ela ordena não se 
concretiza → mecanismo do medo coletivo para impor a ordem. 
 Há uma crítica ao sistema escolar, e uma contestação de todas as matérias: francês, 
música e lavanderia, aritmética, extras. O Grifo é meio ríspido, quase comete bullying (chama 
Alice de burra). 
 
Capítulo 10 – A Quadrilha da Lagosta 
 
Se dançam Alice, o Grifo e a Tartaruga Falsa, há uma ironia: uma dança de lagostas sem 
lagosta. Elas estão apenas no poema. 
 Jogo de quer não me quer: brincar com flores lembra a grinalda de margaridas (gatilho 
inconsciente); a história da Inglaterra com a França lembra a lição antes da corrida em comitê. 
Mito da queda: “A razão é,” disse o Grifo, “que elas queriam ir com as lagostas para a 
dança. Então foram jogadas no mar. Então sofreram uma queda muito longa. Então prenderam 
a cauda firme na boca. Então não conseguiram mais tirá-las de lá. É isso” (CARROLL, 2009, p. 
120). 
 A Tartaruga Falsa se defende: “Quero dizer o que digo” (idem, p. 121) → a história se 
conta a si mesma. Trocadilho e neologismo: merluza e merlustrar. Agora outros poemas: “Esta 
é a voz do preguiçoso”; “Passei pelo jardim” e “Que bela sopa”. 
 
A HISTÓRIA SE CONTA ELA MESMA 
CENA DO LIVRO 
“Claro que não”, disse a Tartaruga Falsa. “Ora, se um peixe viesse me contar que 
estava saindo de viagem, eu diria: ‘Com que delfim?’” 
“Não quer dizer ‘com que fim’?” perguntou Alice. 
“Quero dizer o que digo”, respondeu a Tartaruga Falsa num tom melindrado. E o 
Grifo acrescentou: “Vamos, agora conte-nos algumas das suas aventuras”. 
“Eu poderia lhes contar minhas aventuras... começando por esta manhã”, disse Alice 
um pouco tímida; “mas não adianta voltar a ontem, porque eu era uma pessoa diferente.” 
“Explique isso tudo”, disse a Tartaruga Falsa. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 26 
“Não, não! Primeiro as aventuras!” impacientou-se o Grifo. “Explicações tomam um 
tempo medonho.” 
Assim, Alice começou a lhes contar suas aventuras desde o momento em que viu o 
Coelho Branco pela primeira vez. No começo aquilo a deixou um pouco nervosa – as 
duas criaturas estavam tão perto dela, uma de cada lado, e abriam tanto os olhos e as 
bocas –, mas à medida que contava ganhou coragem. Seus ouvintes ficaram imóveis 
até ela chegar à parte em que recitara “Está velho, Pai William” para a Lagarta e as 
palavras tinham saído todas diferentes; nesse ponto a Tartaruga Falsa respirou e 
declarou: “Isso é muito curioso.” 
“Eu diria que mais curioso não poderia ser”, disse o Grifo (CARROLL, 2009, p. 121-
122). 
 
 
 
Capítulo 11 – Quem roubou as tortas? 
 
Retornam ao tribunal e agora é sério, é para valer... Só que não! Enquanto esperam, havia 
comes e bebes, para matar o tempo. E alguém ia ser morto por causa de comida: o Valete 
agrilhoado, tortas dispostasna mesa, uma banca com jurados. Alice tinha orgulho de saber 
daquelas coisas e como um julgamento funcionava. 
O narrador dialoga novamente com o leitor (rubrica): pede para a gente olhar a caricatura 
antes do sumário para ver como era a peruca do rei. Por falar nele, o rei é o próprio juiz. Estava 
presente também Bill, o lagarto, escrevendo numa lousa com giz. Alice odiava o barulho e lhe 
roubou o instrumento de escrita. 
Crítica à escrita mecanizada: os animais sequer entendiam o que estavam escrevendo. 
Há manipulação da opinião pública, porque um roubo é assumido. Alice não pode evitar de 
crescer. No final, na confusão, todas as testemunhas fogem. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 27 
 
A Rainha de Copas fez várias tortas 
Todas numa só fornada 
O Valete de Copas furtou as tortas 
E não deixou sobrar nada! (CARROLL, 2009, 130). 
 
Capítulo 12 – O depoimento de Alice 
 
Alice estava crescendo, não parava de crescer... A própria Alice fez uma analogia: jurados 
derrubados e aquário quebrado (gatilho inconsciente). O cúmulo do absurdo é que acham que 
Alice passou dos três quilômetros de altura: ela agora é o ser mais assustador, mais do que a 
Rainha. 
 A Carta do condenado valete é um poema. Ironicamente, é primeira coisa sagaz que o rei: 
constatou que a Carta não era assinada e que isso, por si só, era suspeito e incriminador. O 
poema aparentemente é sem sentido: segue a explicação do poema, verso a verso: didático, 
escolar. “Não lhe contes que ela lhes deu sua aprovação, /Pois este sempre será /Um segredo, 
guardado no coração, /Entre ti e teu amigo cá” (CARROLL, 2009, p. 143). 
 Quando questionada, Alice contesta a Rainha e se recusa a falar. Alice volta pro seu 
tamanho normal e enfrenta o exército de baralho até que... ela acorda na ribanceira! 
CENA DO LIVRO 
“É um trocadilho!” o Rei 
acrescentou num tom 
ofendido, e todos riram. “Que 
o júri pronuncie seu veredito”, 
disse, mais ou menos pela 
vigésima vez naquele dia. 
“Não, não!” disse a 
Rainha. “Primeiro a 
sentença... depois o veredito.” 
“Mas que absurdo!” Alice 
disse alto. “Que ideia, ter a 
sentença primeiro!” 
“Cale a boca!” disse a 
Rainha, virando um pimentão. 
“Não calo!” disse Alice. 
“Cortem-lhe a cabeça!” berrou a Rainha. Ninguém se mexeu. 
“Quem se importa com vocês?” disse Alice (a essa altura, tinha chegado a seu 
tamanho normal). “Não passam de um baralho!” 
A essas palavras o baralho inteiro se ergueu no ar e veio voando para cima dela: 
Alice deu um gritinho, um pouco de medo e um pouco de raiva, tentou repeli-los e se viu 
deitada na ribanceira, a cabeça no colo da irmã, que afastava delicadamente algumas 
folhas secas que haviam avoejado das árvores até seu rosto. 
“Acorde, Alice querida!” disse sua irmã. “Mas que sono comprido você dormiu!” 
(CARROLL, 2009, p. 145-146). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 28 
 
Há um segundo sonho, o da irmã: meio sonho, semi-sonho, sem toda a grandeza, pois 
já traz em si toda a adivinhação da insípida realidade. Tudo era prático e havia 
correspondências idênticas. 
 
 
 
 
Ficou ali sentada, os olhos fechados, e quase acreditou estar no País das 
Maravilhas, embora soubesse que bastaria abri-los e tudo se transformaria em insípida 
realidade... a relva só farfalharia ao vento, e as águas da lagoa só se encrespariam ao 
ondular dos juncos... As xícaras de chá tilintantes se transformariam no tinir dos sinos 
das ovelhas, e os gritos agudos da Rainha na voz do pastorzinho... e os espirros do 
bebê, o guincho do Grifo, e todos os outros barulhos esquisitos se converteriam (ela 
sabia) no alarido do movimentado terreiro da fazenda... Enquanto os mugidos do gado à 
distância iriam tomar o lugar dos soluços tristes da Tartaruga Falsa. 
Por fim, imaginou como seria essa mesma irmãzinha quando, no futuro, fosse uma 
mulher adulta; e como conservaria, em seus anos maduros, o coração simples e 
amoroso de sua infância; e como iria reunir outras criancinhas à sua volta e tornar os 
olhos delas brilhantes e impacientes com muitas histórias estranhas, talvez até com o 
sonho do País das Maravilhas de tanto tempo atrás; e como iria sofrer com todas as 
mágoas simples dessas crianças, e encontrar prazer em todas as alegrias simples delas, 
lembrando sua própria vida de criança, e os dias felizes de verão. (CARROLL, 2009, 
148-149, grifo meu). 
A LINHA TÊNUE ENTRE REALIDADE E SONHO/LOUCURA 
 
 
 
Sonho de 
Alice
País das 
Maravilhas
Vida às avessas e 
conversa com os 
animais 
(supralógico)
Sonho da 
irmã
Realidade
Decodificação dos 
símbolos
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 29 
 
 
 
 
 
 
LINHA DO TEMPO DOS FILMES SOBRE ALICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1951
Alice no 
País das 
Maravlihas 
(Studios 
Disney)
1985 
Alice no 
País das 
Maravilhas 
- partes 
1 e 2
1999
Alice no 
País das 
Maravilhas
2008
A menina 
no País 
das 
Maravilhas
2010
Alice no 
País das 
Maravilhas
2016
Alice 
através do 
espelho
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 30 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DE “ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO” 
 
Prezados alunos, essa seção serve para complementar o seu material. 
Prestem atenção, sobretudo, aos temas que dialogarem diretamente com o 
primeiro livro, “Alice no País das Maravilhas”. 
 
Capítulo 1 – A casa do espelho 
 
Se “Alice no País das Maravilhas” era um sonho de verão, este livro, 
por sua vez, “Alice através do espelho”, é como um conto de inverno (como 
se resistisse ao tempo). Se no primeiro livro a gata predominante era Dinah, 
agora é uma outra gata: Kitty. Alice brincava com ela e um novelo de lã, 
quando adormece de novo. 
Dessa vez, ela entra pelo espelho de sua casa, que se situa em cima 
do aparador: este é um lugar de poder ver e não ser vista. 
Ela ajuda a peça de xadrez do Rei que caiu e estava tentando se 
espanar. A Rainha Vermelha está junto, mas tudo está um caos. 
 
Capítulo 2 – O jardim das flores vivas 
 
Há a personificação de uma casa, de onde Alice sempre saía para o jardim, mas para 
onde ela sempre entrava de volta. 
Quando Alice finalmente consegue ir para o jardim, o que ela queria, tem consciência de 
voltar ao normal. Conversa com várias rosas (polifonia: Lírio-Tigre; Margarida; Esporinha, entre 
outros) que perguntam se Alice é da “cor certa”. 
A Rainha Vermelha, do jogo de xadrez do início, aparece crescida. Alice recebe ordens 
da rainha. Segue uma importante definição de absurdo: 
 
A Rainha Vermelha sacudiu a cabeça. “Pode chamar de ‘absurdo’, se quiser”, disse, 
“mas já ouvi absurdos que fariam este parecer tão sensato quanto um dicionário!” 
(CARROLL, 2009, p. 183). 
 
Visto de cima de um morro, para Alice, o mundo aparece como um tabuleiro de jogo de 
xadrez (o que se remete ao mapa apresentado no início); porém, apesar da aparente lógica, 
aquela ainda era uma terra dos contrários. Menção a uma personagem que não é explicada: Lily. 
Confrontada pela Rainha, Alice diz que vai refletir mais tarde. Terminam uma discussão 
maluca comendo secos biscoito (como no início do outro livro). Para seguir a viagem e não se 
Fonte: 
Pixabay. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 31 
perder naquelas terras, o conselho principal tinha a ver com a própria identidade de Alice: 
lembre-se de quem é. 
 
Capítulo 3 – Insetos do espelho 
 
E Alice descobre que passear por ali era como estudar geografia. Inicia uma viagem de 
trem, em que as pessoas estão muito preocupadas com dinheiro, perguntando-se o que é que 
valeria mil libras. Elas pensam em forma de coro (polifonia). 
Mas há a voz interior em fonte menor: Mosquito, que depois atende pelo nome de 
Moscavalo. 
 
“De que serve terem nomes”, disse o Mosquito,“se não atendem por eles?” 
“Não serve de nada para eles”, disse Alice, “mas é útil para as pessoas que lhes dão 
nomes, suponho. Senão, para que afinal as coisas têm nome?” (CARROLL, 2009, p. 
195). 
 
Também Pero Vaz de Caminha, na Carta de Achamento do 
Quinhentismo literário brasileiro, expõe a importância da questão 
dos nomes: nomear é poder. 
 
A partir disso, Alice se preocupa em perder o seu próprio nome, porque isso, ali naquelas 
terras, poderia significar correr o risco de perder a sua própria identidade. Especialmente, na sua 
próxima parada, que era o bosque das coisas sem nome. 
O tal do Moscavalo era um cara dado a piadas. Mas, na verdade, isso tinha um sentido 
tragicômico: fazer piadas e chorar ao mesmo tempo. 
O fim aberto do capítulo é aberto, pois termina com a expressão “podiam ser”, começando 
com o título na página seguinte. 
 
Capítulo 4 – Tweedledum e Tweedledlee 
 
E não é que, para apresentar os famosos irmãos gêmeos, há uma música? Toda essa 
maluquice Alice iria contar para a irmã depois. É um verdadeiro trava-línguas! 
 
“Tweedledum e Tweedledee 
Andam em grande rulho 
Pois, disse Tweedledum, Tweedledee 
Desafinava seu chocalho. 
 
Iam os dois se engalfinhar, 
Quando um corvo imenso, escuro, 
Veio nossos heróis espantar, 
E os dois fugiram, em grande apuro.” 
(CARROLL, 2009, p. 204). 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 32 
É nesse capítulo que também aparece o famoso poema da morsa e do carpinteiro: eles 
davam palestras para ostrinhas, apenas para seduzi-las e comê-las depois. É o reconhecimento 
de que tudo é estranho, o que lembra a corrida de comitê do primeiro livro. 
No fim desse capítulo, Alice se depara com o Rei Vermelho roncando e dá conta da 
possibilidade de ele estar sonhando com a própria Alice, como se ela pudesse ter existência só 
no sonho dele. Segue uma importante definição de sonho: 
 
 
 
 
 
“Se o Rei acordasse”, acrescentou Tweedledum, “você sumiria... puf!... exatamente 
como uma vela!” 
“Não sumiria!” Alice exclamou indignada. “Além disso, se sou só uma espécie de 
coisa no sonho dele, gostaria de saber o que vocês são?” 
“Idem”, disse Tweedledum. 
“Idem, ibidem”, gritou Tweedledee. 
E gritou tão alto que Alice não pôde se impedir de dizer: “Psss! Receio que vá 
acordá-lo se fizer tanto barulho.” 
“Bem, não adianta você falar sobre acordá-lo”, disse Tweedledum, “quando não 
passa de uma das coisas do sonho dele. Você sabe muito bem que não é real.” 
“Eu sou real!” disse Alice e começou a chorar. 
“Não vai ficar nem um pingo mais real chorando”, observou Tweedledee. “Não há 
motivo para choro”. 
“Se eu não fosse real”, disse Alice – meio rindo por entre as lágrimas, tão absurdo 
aquilo tudo parecia –, “não conseguiria chorar”. 
“Espero que não imagine que suas lágrimas são reais!” Tweedledum interrompeu-a, 
num tom de profundo desdém. (CARROLL, 2009, p. 214). 
 
Nesse sentido, Alice defende a sua própria existência. O capítulo todo é como se fosse 
uma colagem cubista. Em uma das partes, há menção à cabeça cortada do primeiro livro. 
 
Capítulo 5 – Lã e água 
 
O xale da Rainha Branca ficou preso, que confusão! Ela estava passando com um cavalo. 
Alice já não se sabe mais a quem “se adereçar”. 
Há uma discussão sobre o que é “hoje”, já que naquelas terras os dias se repetem. 
 
“Não a entendo”, disse Alice. “É horrivelmente confuso!” 
“É isso que dá viver às avessas”, disse a Rainha com doçura: “sempre deixa a gente 
um pouco tonta no começo...” 
“Viver às avessas!” Alice repetiu em grande assombro. “Nunca ouvi falar de tal 
coisa!” 
“...mas há uma grande vantagem nisso: a nossa memória funciona nos dois 
sentidos.” (CARROLL, 2009, p. 224). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 33 
Existe uma alusão ao mensageiro do rei que cometeu um crime. Alice começa a sentir 
solidão, sentir as coisas antes de elas acontecerem. Alice estava com sete anos e meio, o que 
responde à Rainha. Só que tudo continuava sendo um grande absurdo. 
 
“Não posso acreditar nisso” disse Alice. 
“Não?” disse a Rainha, com muita pena. “Tente de novo: respire fundo e feche os 
olhos.” 
Alice riu. “Não adianta tentar”, disse; “não se pode acreditar em coisas impossíveis.” 
“Com Certeza não tem muita prática”, disse a Rainha. “Quando eu era da sua idade, 
sempre praticava meia hora por dia. Ora, algumas vezes cheguei a acreditar e maté seis 
coisas impossíveis antes do café da manhã. Lá se vai meu xale de novo! (CARROLL, 
2009, p. 227-228). 
 
E, como uma metamorfa, a Rainha se transforma numa ovelha. Em sua loja, Alice tenta 
alcançar os objetos, que vivem mudando de lugar → analogia do que não se pode alcançar. 
 
Capítulo 6 – Humpty Dumpty 
 
É nos apresentado o personagem de Humpty Dumpty. Não 
é como se ele tivesse o nome escrito na cara, era só um John Doe. 
Mas precisa se explicar, e eis o que o seu nome poderia significar: 
• a expressão, em inglês, é pejorativa, usada para caracterizar 
alguém “baixinho e gordo”; 
• uma possível origem do termo dataria do final do século XVIII 
e viria do personagem da cantiga para crianças “Humpty-
Dumpty”; 
• poderia ser ainda um canhão usado na Guerra Civil inglesa 
(1642-1649); 
• a sonoridade aludiria a Ricardo III, que era corcunda e manco 
(ironia com a História da Inglaterra). 
 
 
Humpty Dumpty está sentado em um muro e o tempo inteiro há a preocupação quanto à 
queda do ovo. Ele conversa com Alice e retoma a discussão dos nomes. 
 
“Meu nome é Alice, mas…” 
“Um nome bem bobo!” Humpty Dumpty a interrompeu com impaciência. “O que 
significa?” 
“Um nome deve significar alguma coisa?” Alice perguntou ambiguamente. 
“Claro que deve”, Humpty Dumpty respondeu com uma risada curta. Com um nome 
como o seu, você poderia ter praticamente qualquer formato.” 
(…) 
“Mas ‘glória’ não significa ‘um belo e demolidor argumento’”, Alice objetou. 
“Quando eu uso uma palavra”, disse Humpty Dumpty num tom bastante 
desdenhoso, “ela significa exatamente o que quero que signifique: nem mais nem 
menos.” (CARROLL, 2009, p. 239 e 245). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 34 
No meio desse capítulo, há uma conta de subtração. E 
também uma menção ao sorriso de orelha a orelha lembra o Gato de 
Cheshire, bem como a alusão ao desaniversário, presente também 
no primeiro livro. Nesse capítulo, também está o famoso poema do 
Pargarávio, um monstro mitológico, poema este que está inteiro ao 
contrário! (como se o livro estivesse sendo colocado, literalmente, 
em frente ao espelho). Também é nesse capítulo que há a importante 
definição de palavra-valise: 
 
Fonte: Pixabay. 
 
“Como isso soave muito auspicioso, Alice repetiu a primeira estrofe: 
 
Solumbrava, e os lubriciosos touvos 
Em vertigiros persondavam as verdentes; 
Trisciturnos calavam-se os gaiolouvos 
E os porverdidos estriguilavam frentes. 
 
“Isso basta para começar”, Humpty Dumpty interrompeu-a, “há um bocado de 
palavras difíceis aí. ‘Solumbrava’ quer dizer que a tarde caía, é aquela hora em que o 
sol vai baixando e as sombras se alongam.” 
“Isso explica direitinho”, disse Alice. “E lubriciosos?” 
“Bem, ‘lubriciosos’ significa lúbricos, que é o mesmo que escorregadios, e operosos, 
ágeis. Entende, é uma palavra-valise… há dois sentidos embalados numa palavra só.” 
(CARROLL, 2009, p. 246-247, grifo meu). 
 
 
É com o estrondo de uma voz de trovão que o capítulo acaba. 
 
Capítulo 7 – O Leão e o Unicórnio 
 
Como nas alegorias de Gil Vicente, aqui Alice vê Ninguém. Nesse capítulo, o Rei Branco 
aparece e os seus dois mensageiros com H: Haigha e Hatta. Há uma ironia quanto às maneiras 
anglo-saxãs. 
Aparece ainda uma canção popular e o animal Capturandam. O capítulo se encerra 
novamente com um barulho estrondoso. 
O Leão e o Unicórnio deveriam guerrear entre si, mas estão mais preocupados com um 
bolo depassas. 
 
Capítulo 8 – É uma invenção minha 
 
Alice duvida se estava sonhando, mas havia sinal do bolo (prato). Agora cavaleiros 
estavam brigando pela dama. O Cavaleiro Branco a salva para ajudá-la a se tornar Rainha. Ele 
surge em um cavalo, cheio de suas bugigangas. Orgulha-se de duas invenções, mas a verdade 
é que o Cavaleiro estava atrapalhado. 
 
“Como consegue continuar falando tão calmamente de cabeça para baixo?” Alice 
perguntou, enquanto o puxava pelos pés e o deitava num monte na borda do fosso. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 35 
O Cavaleiro pareceu surpreso com a pergunta. “Que me importa onde está o meu 
corpo?” disse. “Minha mente continua trabalhando do mesmo jeito. Na verdade, quanto 
mais de cabeça para baixo estou, mais invento coisas novas.” (CARROLL, 2009, p. 279). 
 
Há uma nova canção: um poema sobre qualquer coisa, como olhos de hadoque (tipo de 
peixe) ou velho homem velho ou ainda modos e meios e ainda mais sentado na 
porteira. Com certeza, essa é a aventura da qual Alice mais vai lembrar: Alice 
estava tentando sorver a imagem do Cavaleiro como se fosse um quadro. 
Alice reconheceu que a canção não era invenção: “Eu lhe darei tudo, mais 
não posso dar” era sobre como enriquecer. No fim, ela ganha uma coroa de ouro. 
 
Capítulo 9 – Rainha Alice 
 
A rainha mais jovem da História, já que Alice tinha sete anos e meio. Tendo vencido todo 
o jogo de tabuleiro, Alice chega num monte onde estão a Rainha Branca e a Vermelha sentadas 
a seu lado. Ela usa a sua coroa e estava sempre pronta para discussão. Apesar das piadas, há 
um convite para um jantar. 
Para passar o tempo, elas se propõem charadas, como descobrir uma palavra de uma 
letra só, e se a causa do trovão é o relâmpago: “Alice suspirou e desistiu. ‘É exatamente como 
um enigma sem resposta!’ pensou” (CARROLL, 2009, p. 294). 
Eram três rainhas agora, e duas estavam dormindo. O tal do jantar esperado seria como 
se fosse o chá maluco do primeiro livro. 
As comidas se apresentam e a há o comprimento da perna de carneiro e do pudim, que 
reclamou ao ser cortada, como se fosse uma indelicadeza, uma falta de respeito tratar assim os 
seus convidados. 
Ninguém recitaria poemas, pois era como se todos os poemas fossem sobre peixes. As 
suas rainhas soam como as duas vozes no ouvido no ouvido de Alice. 
 
O narrador já mostra como seria Alice contando tudo depois. Há uma terrível confusão: 
a Rainha Branca se perdeu na sopa e a Rainha Vermelha estava em vias de se transformar em 
gata... 
 
Capítulo 10 – Sacudida 
 
Se antes a Rainha Branca se transformou em ovelha, agora a Rainha Vermelha se 
transformou em gata. 
 
Capítulo 11 – Despertar 
 
A Rainha Vermelha já se transformou em gata → capítulo relâmpago. 
 
Capítulo 12 – Quem sonhou? 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 36 
 
 
É exposto um método de conversação com gatos; o livro propõe toda uma outra forma de 
comunicação → linguagem animal. 
 
“Vossa Vermelha Majestade não devia ronronar tão alto!”, disse Alice, esfregando 
os olhos e dirigindo-se à gatinha de maneira respeitosa, mas com certa severidade. 
“Você me acordou de um... oh, um sonho tão lindo! E esteve junto comigo, Kitty... por 
todo o mundo do Espelho. Sabia disso, querida?” 
Os gatinhos têm o hábito muito inconveniente (Alice comentara uma vez) de sempre 
ronronar, seja o que for que se lhes diga. “Se pelo menos só ronronassem para dizer 
‘sim’ e miassem para dizer ‘não’, ou alguma regra desse gênero”, ela dissera, “seria 
possível manter uma conversa! Mas como se pode conversar com uma pessoa se ela 
diz sempre a mesma coisa?” (CARROLL, 2009, p. 313). 
 
Alice faz associações: a Rainha Vermelha e a Rainha Branca eram como se fossem Kitty 
e Snowdrop (floco de nete), respectivamente → e a Dinah, mãe delas, a própria Alice, a terceira 
rainha. 
Gatos gostam de peixe, um animal que apareceu bastante ao longo do sonho desse livro. 
E, no final, fica a dúvida: quem sonhou? Alice ou o Rei Vermelho? É o enigma do narrador a 
nós. Dinah seria o Rei Vermelho? Porque, se fosse, seria como que o sonho da gata. 
 
Poema de encerramento de “Alice através do espelho” 
 
Apesar de que este foi um sono de inverno, o poema fala em uma “idílica tarde de verão” 
→ paradoxo. E ainda, no final, propõe a vida como um sonho. 
 
 
 
 
 
“Encantadas, pela corrente se deixam levar... 
Lentamente sucumbindo ao fascínio da 
Lenda... Que mais é viver senão sonhar?” (CARROLL, 2009, p. 316). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUADRO SINÓPTICO 
“ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS” (1865) 
 
 
CATEGORIA DESCRIÇÃO 
ESTRUTURA 
Romance estruturado em 12 capítulos, junto com poema inicial + 
10 poemas ao longo do livro (11 poemas ao todo, quase mesmo 
número de capítulos). 
PERSONAGENS 
Alice; a sua irmã; o Coelho; o Camundongo; o Chapeleiro Maluco; a 
Lebre de Março; Bill; a Lagarta; o Gato de Cheshire; a Duquesa; a 
Rainha, entre outros. 
TEMPO 
Tempo indeterminado. 
ESPAÇO 
Inglaterra da segunda metade do século XIX. 
ENREDO 
Alice é uma mocinha muito curiosa, mas que certo dia estava de 
folga, pois estava passeando no parque. É quando adormece que 
entra no País das Maravilhas, um lugar onde o que aprendeu no 
colégio não faz sentido e nenhum conhecimento seu funciona, já que 
tudo é ao contrário, a começar pela própria língua. Alice aumenta e 
diminui de tamanho com muita facilidade, e precisa achar soluções 
para se adaptar àquele mundo. Quando menos percebe, está 
conversando com seres fantásticos, em sua maioria, figuras 
animalizadas. 
CONFLITO 
Alice caminha pelo País das Maravilhas e a obra não é uma narrativa 
não linear. Entre as várias personagens que Alice encontra pelo 
caminho, algumas são mais importantes. Por exemplo, o Chapeleiro 
Maluco e a Lebre de Março lhe oferecem um banquete, momento que 
faz Alice pensar na questão do tempo. Já a Lagarta faz pensar em 
quem Alice é e na rapidez das transformações. 
CLÍMAX 
Em um dos principais confrontos, Alice se vê obrigada a jogar o 
maluco jogo de croqué da Rainha, uma autoridade arbitrária que, a 
qualquer deslize, manda que cortem as cabeças. Nesse sentido, o 
Rei é uma figura submissa e apática. Alice também se vê acusada e 
já está sendo caçada pelo Exército de Cartas (em forma de baralho) 
quando acorda de seu sonho. 
DESFECHO 
Alice explica o sonho que teve para a sua irmã mais nova. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 38 
3. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
 
1. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Inédita – Professora Luana Signorelli) “Alice 
no País das Maravilhas” (1865), de Lewis Carroll, é uma novela fantástica que conta 
com a presença de muitos animais. Acerca de sua simbologia, assinale o que for 
correto. 
a) Os flamingos estão na corrida em comitê e eles representam a generosidade, pois aceitam 
acolher a Alice, como estrangeira, dando-lhe o que para eles seria considerado a maior 
preciosidade: o dedal como presente. 
b) Bill é um Lagarto, que trabalha em parceria com o Coelho Branco. Ambos estão 
preocupados em se atrasar para o chá da Rainha, conhecendo seu comportamento 
temperamental, eles poderiam morrer até o fim do dia. Além de animais pequenos, também 
teriam vida curta. 
c) O Gato de Cheshire é a contraparte da gata. Trata-se de um dos animais favoritos de Alice 
e, estando ela em um lugar irreconhecível, consiste em um elo com a sua realidade mais 
familiar. Por isso, Dinah é frequentemente lembrada, ainda que a menção a ela cause ofensa 
a outros animais do reino. 
d) O Caxinguelê é o oposto da Lebre de Março, assim como o Grifo se opõe à Tartaruga 
Falsa. São personagens que servem para traçar um paradoxo e, por causa disso, vivem 
frequentementebrigando. Alice tenta apaziguá-los, antecipando o sentido de resolução do 
tribunal. 
 
 
2. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 
SPRINT UNICAMP 2024) 
 
“Quem é você?” 
Não era um começo de conversa muito animador. Alice respondeu, meio 
encabulada: “Eu... Eu mal sei, Sir, neste exato momento... Pelo menos sei que quem 
eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças 
desde então.” 
“Que quer dizer com isso?” esbravejou a Lagarta. “Explique-se!” 
“Receio não poder me explicar”, respondeu Alice, “porque não sou a mesma, 
entende?” 
“Não entendo”, disse a Lagarta. 
“Receio não poder ser mais clara”, Alice respondeu com muita polidez, “pois eu 
mesma não consigo entender, para começar; e ser de tantos tamanhos diferentes num 
dia é muito perturbador.” 
“Não é”, disse a Lagarta. 
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá. 
Trad. Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 55). 
 
Identifique o melhor provérbio que se adequa a este diálogo entre Alice e a Lagarta. 
a) “A corda sempre arrebenta do lado mais fraco”. 
b) “De grão em grão, a galinha enche o papo”. 
c) “Para bom entendedor, meia palavra basta”. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 39 
d) “Quem não tem cão caça com gato”. 
 
 
3. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 
SPRINT UNICAMP 2024) 
 
 
“Ham!” fez o Camundongo com ar importante. “Estão todos prontos? Esta é a coisa 
mais seca que eu conheço. Silêncio do princípio ao fim, por favor! ‘Guilherme, o 
Conquistador, cuja causa era apoiada pelo papa, logo se rendeu aos ingleses, que 
queriam líderes, e andavam ultimamente muito acostumados com usurpação e 
conquista. Edwin e Morcar, condes da Mércia e da Nortúmbria...” 
 
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá. 
Trad. Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 34). 
 
A fala do Camundongo expressa que no processo de dominação dois elementos 
podem ser levados em consideração: usurpação e conquista. Nesse sentido, assinale 
a alternativa que apresentar uma associação correta quanto a trechos extraídos da 
“Carta de Achamento” de Pero Vaz de Caminha. 
a) “Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque 
o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado.” (usurpação) 
b) “Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e 
novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.” (conquista) 
c) “Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E 
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.” (usurpação) 
d) “E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se 
algum pouco me alonguei, ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez 
assim pôr pelo miúdo.” (conquista) 
 
3.1. GABARITO 
 
 
1) C 2) C 3) B 
 
4. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 
 
 
1. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Inédita – Professora Luana Signorelli) “Alice 
no País das Maravilhas” (1865), de Lewis Carroll, é uma novela fantástica que conta 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 40 
com a presença de muitos animais. Acerca de sua simbologia, assinale o que for 
correto. 
a) Os flamingos estão na corrida em comitê e eles representam a generosidade, pois aceitam 
acolher a Alice, como estrangeira, dando-lhe o que para eles seria considerado a maior 
preciosidade: o dedal como presente. 
b) Bill é um Lagarto, que trabalha em parceria com o Coelho Branco. Ambos estão 
preocupados em se atrasar para o chá da Rainha, conhecendo seu comportamento 
temperamental, eles poderiam morrer até o fim do dia. Além de animais pequenos, também 
teriam vida curta. 
c) O Gato de Cheshire é a contraparte da gata. Trata-se de um dos animais favoritos de Alice 
e, estando ela em um lugar irreconhecível, consiste em um elo com a sua realidade mais 
familiar. Por isso, Dinah é frequentemente lembrada, ainda que a menção a ela cause ofensa 
a outros animais do reino. 
d) O Caxinguelê é o oposto da Lebre de Março, assim como o Grifo se opõe à Tartaruga 
Falsa. São personagens que servem para traçar um paradoxo e, por causa disso, vivem 
frequentemente brigando. Alice tenta apaziguá-los, antecipando o sentido de resolução do 
tribunal. 
 
Comentários: 
Questão de verificação de leitura. 
 Alternativa A: incorreta. Os flamingos não estão presentes na corrida em comitê (capítulo 
3). Nela, estão presentes o Dodô, a Aguieta, o Papagaio, o Camundongo e outros pássaros. Os 
flamingos são usados como tacos no jogo de croqué da Rainha (capítulo 8). 
 Alternativa B: incorreta. Bill é um Lagarto, mas não tem parceria com o Coelho Branco. 
 Alternativa C: correta – gabarito. O gato de Cheshire na obra apresenta várias 
simbologias: stalker, o espreitador, o arranjador, amigável e perigoso ao mesmo tempo, o filósofo 
(ajuda Alice por enigmas de dedução), o fantasma etc. É um gatilho que faz Alice se lembrar de 
seu animal de estimação: a gata Dinah. 
 Alternativa D: incorreta. Pode haver desentendimentos, mas Alice não tenta apaziguá-los. 
Sua função não é a de juíza só porque ela é humana: às vezes, são os humanos que têm menos 
juízo. 
Gabarito: C. 
 
 
2. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 
SPRINT UNICAMP 2024) 
 
“Quem é você?” 
Não era um começo de conversa muito animador. Alice respondeu, meio 
encabulada: “Eu... Eu mal sei, Sir, neste exato momento... Pelo menos sei que quem 
eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças 
desde então.” 
“Que quer dizer com isso?” esbravejou a Lagarta. “Explique-se!” 
“Receio não poder me explicar”, respondeu Alice, “porque não sou a mesma, 
entende?” 
“Não entendo”, disse a Lagarta. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 41 
“Receio não poder ser mais clara”, Alice respondeu com muita polidez, “pois eu 
mesma não consigo entender, para começar; e ser de tantos tamanhos diferentes num 
dia é muito perturbador.” 
“Não é”, disse a Lagarta. 
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá. 
Trad. Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 55). 
 
Identifique o melhor provérbio que se adequa a este diálogo entre Alice e a Lagarta. 
a) “A corda sempre arrebenta do lado mais fraco”. 
b) “De grão em grão, a galinha enche o papo”. 
c) “Para bom entendedor, meia palavra basta”. 
d) “Quem não tem cão caça com gato”. 
 
Comentários: 
Questão de interpretação de texto literário/bagagem cultural. 
Alternativa A: incorreta. Tal ditado afirma que as classes menos favorecidas tendem a ser 
prejudicadas. 
Alternativa B: incorreta. É um provérbio que ensina paciência e persistência. 
Alternativa C: correta – gabarito. Alice disse algo que a Lagarta desgostou, pois a menina 
considera apenas o seu ponto de vista. Quando a Lagarta retruca a moça, é sutil e indireta em 
sua colocação. 
Alternativa D: incorreta. Quando não temos recursos adequados, devemos improvisar. 
Cuidado: apesar de o gato de Cheshire ser um personagem importante nessa obra, tal ditado 
não se refere ao diálogo em questão. 
Gabarito: C. 
 
 
3. (Estratégia Vestibulares 2023 – Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 
SPRINT UNICAMP 2024) 
 
 
“Ham!” fez o Camundongo com ar importante. “Estão todos prontos? Esta é a coisa 
mais seca que eu conheço. Silêncio do princípio ao fim, por favor! ‘Guilherme, o 
Conquistador, cuja causa era apoiada pelo papa, logo se rendeu aos ingleses, que 
queriamlíderes, e andavam ultimamente muito acostumados com usurpação e 
conquista. Edwin e Morcar, condes da Mércia e da Nortúmbria...” 
 
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá. 
Trad. Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009 (p. 34). 
 
A fala do Camundongo expressa que no processo de dominação dois elementos 
podem ser levados em consideração: usurpação e conquista. Nesse sentido, assinale 
a alternativa que apresentar uma associação correta quanto a trechos extraídos da 
“Carta de Achamento” de Pero Vaz de Caminha. 
a) “Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque 
o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado.” (usurpação) 
b) “Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e 
novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.” (conquista) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 42 
c) “Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E 
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.” (usurpação) 
d) “E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se 
algum pouco me alonguei, ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez 
assim pôr pelo miúdo.” (conquista) 
 
Comentários: 
Questão de interpretação de texto literário; literatura comparada e identificação de trecho. 
Alternativa A: incorreta. Pero Vaz de Caminha não quer usurpar o cargo dos marinheiros, 
apenas dizer que o seu ofício se fazia necessário na operação, por se tratar de conhecimentos 
técnicos. 
Alternativa B: correta – gabarito. A conquista está precisamente na exploração de metais 
preciosos. 
Alternativa C: incorreta. Trata-se de um processo de aculturação e não de usurpação. 
Alternativa D: incorreta. Nessa passagem, o autor justifica as suas escolhas estilísticas. 
Gabarito: B. 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 5. 
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. Disponível em: http://tinyurl.com/y5d7eheb. Acesso em: 8 
set. 2023. 
 
ADORO CINEMA. Sinopses oficiais. Disponível em: https://www.adorocinema.com. Acesso 
em: 24 mar. 2023. 
 
ART, LITERATURE & FAIRYTALES. 6 versões de Alice no País das Maravilhas para assistir. 
Disponível em: https://tinyurl.com/npvpjv5f. Acesso em: 8 set. 2023. 
 
CARROLL, Lewis. Alice in Wonderland. Nova Iorque: Sam’l Gabriel Sons & Company, 1916. 
 
______. Aventuras de Alice no País das Maravilhas / Através do Espelho e o que Alice 
encontrou por lá. Trad. Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. 
 
______. Jaguardate. Trad. Augusto de Campos. São Paulo: Editora Nhambiquara, 2014. 
 
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento a el-rei D. Manuel I. Fonte: Domínio Público: 
Disponível em: https://tinyurl.com/zr8ddzsk. Acesso em: 8 set. 2023. 
 
CEIA, Carlos. E-dicionário de termos literários. Disponível em: https://tinyurl.com/yrkeddmp. 
Acesso em: 26 mar. 2023. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – AULA DE OBRAS LITERÁRIAS 
 
LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 43 
CURIA, Denise. A Literatura Infanto-juvenil na Contemporaneidade: um outro olhar para o 
literário em sala de aula. Revista Thema, v. 9, n. 2, 2012. 
 
IMDB. Cartazes oficiais de filmes. Disponível em: https://www.imdb.com/. Acesso em: 24 mar. 
2023. 
 
FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Trad. Renato Zwick. Porto Alegre: LP&M, 2012 
(v. 1 e 2). 
 
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. 
 
SWIFT, Jonathan. As viagens de Gulliver. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia 
das Letras; Penguin Books, 2010. 
 
TAVARES, Hênio. Teoria literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eu me coloco à disposição de vocês para sanar eventuais dúvidas. 
Tenho a meta de responder ao Fórum de Dúvidas, com a qualidade e a profundidade 
exigidas, assim como podem me encontrar em redes sociais. Além disso, temos Sala VIP. 
 
 
 
 
Versão Data Modificações Professora 
1 08/09/2023 Entrega da primeira versão. Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
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LEWIS CARROLL – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS 44 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli

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