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F R E N T E 3 169 Os vasos linfáticos são responsáveis pelo transporte da linfa, um líquido esbranquiçado/amarelado que possui água, proteínas e glóbulos brancos Os vasos são dispostos parale- lamente ao sistema circulatório e têm como função principal drenar o líquido (proveniente do sangue) que se acumula no espaço intersticial Através da rede de vasos, esse líquido é devolvido ao sangue. O baço é um órgão essencial no sistema imune, pois participa do processo de produção de anticorpos Já as tonsilas são aglomerados de tecido linfoide, mas que não entram em contato direto com os vasos linfáticos Resposta inflamatória Uma lesão na pele causada por um espinho, por exemplo, pode introduzir algumas bactérias capazes de proliferar no organismo e causar danos maiores. O organismo desenvolve, em situações como essa, uma resposta de defesa conhecida como reação inflamatória. O tecido atingido apresenta quatro sinais: calor, rubor (vermelhidão), tumor (aumento de volume) e dor. A área afetada passa a receber maior fluxo sanguíneo, tornando a região mais avermelhada e com temperatura mais alta que o normal. A permeabilidade dos capilares aumenta e isso propicia liberação de líquido para o fluido intersticial, au- mentando o volume do tecido (tumor) e causando o inchaço característico. Há também a liberação de substâncias (como as bradicininas) que provocam dor. O local é envolvido por uma rede de fibrina, coibindo e dificultando a dispersão das bactérias infectantes para ou- tras partes do organismo. Leucócitos dos tipos neutrófilos e monócitos atravessam a parede dos capilares (processo chamado diapedese) e fagocitam bactérias (Fig. 3). Trava-se uma verdadeira batalha contra os invasores, na qual ocorre a morte de vários tipos de células: bactérias, leucócitos e célu- las do tecido atingido; esse conjunto constitui o pus. A bolsa formada pelo acúmulo de pus constitui um abscesso e, com o tempo, o conteúdo é eliminado para a superfície da pele por meio de uma abertura. Apesar do desconforto, a reação inflamatória, dentro de certos limites, é benéfica ao organismo, pois corresponde ao combate aos agentes invasores. (toxinas). Os anticorpos são proteínas de defesa capazes de se ligar a antígenos específicos, evitando ou minimizando os potenciais danos que eles possam causar; os anticorpos são específicos para os antígenos aos quais se ligam. Antígenos introduzidos no organismo nem sempre são potencialmente perigosos, como ocorre no caso de transplantes e de transfusões sanguíneas. O sistema imu- nitário, contudo, não tem esse “discernimento” sobre as “intenções” do antígeno, pois a seleção natural, ao longo de milhões de anos, reconheceu os elementos não per- tencentes ao organismo como fonte de perigo potencial A resposta imune, propriamente dita, é o processo de combate aos antígenos invasores, promovendo a defesa do organismo, ou seja, sua imunização; apresenta duas modalidades: imunização humoral e imunização celular. Quando tratamos de resposta imune, é importante salientar os tipos de células de defesa presentes no organismo. Os leucócitos (ou glóbulos brancos do sangue) são as célu- las responsáveis pelo combate a antígenos e dividem-se em diversos grupos celulares: linfócitos e os macrófagos. Os linfócitos podem apresentar se como linfócitos T ou B, sendo ambos de vários tipos (Tab. 1). A imunização humoral envolve a produção de anticorpos e a imunização celular envolve a atuação das células de defesa. O processo de resposta imune é iniciado a partir do momento em que os antígenos invadem pela primeira vez o organismo; assim, o sistema imunitário é acionado. Os linfóci- tos B são responsáveis pelo reconhecimento dos invasores e, quando entram em contato com o antígeno, são estimu- lados a se dividirem e a se diferenciarem em plasmócitos. Os plasmócitos realizam a síntese de anticorpos e os linfócitos T4 (ou CD4) conhecidos como linfócitos auxi- liadores –, linfócitos T8 e linfócitos B podem se converter em linfócitos de memória (Tab. 1). O ataque aos antígenos é feito então pelos anticorpos. Fig. 3 Alguns aspectos da reação inflamatória, incluindo a diapedese de leucócitos e a fagocitose de microrganismos. Células envolvidas Atuação Macrófagos � Fagocitam microrganismos e expõem alguns de seus antígenos na superfície de sua própria membrana � Apresentam esses antígenos a linfócitos T4 Linfócitos T4 (auxiliadores) � Estimulados por interleucinas, multiplicam-se e diferenciam-se em células de memória imunitária. � Estimulam, também por meio de interleucinas, os linfócitos T8 e os linfócitos B. Linfócitos T8 (citotóxicos) � Destroem determinadas células (como as provenientes de transplantes, as cancerosas e as que possuem vírus) por meio de perforinas (substâncias que lesam a membrana plasmática das células) Linfócitos B � Estimulados por interleucinas, multiplicam-se e completam o reconhecimento do antígeno. � Alguns se convertem em células de memória imunitária e outros em plasmócitos. Plasmócitos � Resultam da diferenciação de linfócitos B � São responsáveis pela síntese de anticorpos Tab. 1 Principais células que atuam na resposta imune. Resposta imune O organismo pode reconhecer estruturas que não são próprias do corpo, mas provenientes do ambiente. Antígeno é o nome dado às estruturas que podem ser reconhecidas como corpos estranhos ao organismo, como os vírus, as bactérias, os protozoários e diversos tipos de substâncias BIOLOGIA Capítulo 13 Sistema imunitário170 A primeira exposição ao antígeno desencadeia a res- posta imunitária primária que demora alguns dias para iniciar a síntese de anticorpos, atingindo, no final do pro- cesso, concentração plasmática reduzida dessas proteínas A produção de anticorpos é estimulada pela presença do antígeno no organismo; com o desaparecimento do an tígeno, cessa a produção de anticorpos, mas permanecem as células de memória imunológica. Isso acontece, pois, com o tempo, o organismo pode entrar novamente em contato com o mesmo antígeno e assim poderá ser desencadeada a resposta imunitária secundária, com a participação dessas células O resultado dessa resposta é a síntese mais rápida de anticorpos que atingem concentração plasmática mais ele- vada e garantem o combate mais eficaz do antígeno (Fig 4). Caso o organismo seja exposto novamente ao mesmo an tígeno, as células de memória desencadearão uma rápida produção de anticorpos específicos contra aquele antígeno invasor ou atacarão as células infectadas diretamente (no caso da utilização de linfócitos T8). O organismo humano pode ser protegido por meio de soros ou de vacinas. Resposta primária Primeiro contato com o antígeno Segundo contato com o antígeno Nível de anticorpos Resposta secundária Fig. 4 Gráfico representativo da variação do nível de anticorpos na resposta imune primária e secundária. Soro imune e imunização passiva O soro é um produto que contém anticorpos prontos. Um exemplo é o soro empregado para tratar pessoas que sofreram acidentes com mordidas de serpentes, como a cascavel. O veneno dessa serpente é extremamente peri goso e pode causar a morte do indivíduo. O tratamento é efetuado com o emprego de soro anticrotálico. A obtenção desse soro envolve uma série de procedimentos: o vene no é retirado de serpentes, diluído e depois aplicado em um cavalo. O sistema imunitário do animal é estimulado a produzir anticorpos. Posteriormente, retira-se uma parte do sangue do cavalo e dele é extraída a fração que contém anticorpos, obtendo-se o soro anticrotálico. Esse soro não é eficaz no tratamento de acidentes com veneno de jararaca, que requer um outro tipo de soro, o antibotrópico. Isso se deve ao fato de os anticorpos serem específicos em relação aos seus antígenos. O soro imune tem, portanto, anticorpos prontos e apre- senta uma atuação rápida, tendo efeito curativo, ou seja, é empregado para o tratamento de um distúrbio. Por outrolado, a presença dos anticorpos do soro é de pequena durabilidade, uma vez que são destruídos no fígado após alguns dias. O emprego de soro corresponde a uma imunização passiva (pois a pessoa não produz os anticorpos) e é um processo de imunização artificial, pois requer uma série de procedimentos técnicos e não tem ocorrência em con- dições naturais. A imunização passiva não desenvolve memória imunológica e o organismo não fica preparado para outro contato com o antígeno. Um exemplo de imunização passiva natural ocorre quando uma mulher grávida transfere anticorpos para o feto Assim, quando a criança nasce, tem uma proteção contra vários agentes do ambiente O aleitamento ma terno também transfere anticorpos da mãe para o filho, o que representa outra modalidade de imunização passiva natural. Vacina e imunização ativa A vacina tem a finalidade de preparar o organismo para o contato com um antígeno potencialmente peri- goso, como toxinas, bactérias ou vírus. Na preparação de uma vacina, isola-se o antígeno e ele é introduzido no organismo Os antígenos da vacina estimulam o sistema imunitário a produzir anticorpos específicos Esse proce- dimento desenvolve memória imunológica e prepara o organismo para um futuro contato com o antígeno. Caso o novo contato ocorra, o organismo produzirá grande quan- tidade de anticorpos em um curto intervalo de tempo. Assim, a vacina tem ação preventiva, seu efeito é mais lento do que o emprego de soro, porém tem maior durabi lidade Trata se de uma modalidade de imunização ativa, pois o indivíduo produz seus próprios anticorpos; também é uma forma de imunização artificial, pois envolve uma série de procedimentos técnicos e não tem ocorrência natural. Quando uma pessoa contrai uma doença (saram- po, por exemplo), pode sobreviver à enfermidade e ficar imune a ela. Trata-se de um processo de imunização ativa e natural A preparação da vacina envolve uma série de proce- dimentos técnicos. Em alguns casos, pode-se empregar bactérias ou vírus mortos (vírus sem capacidade de re- produção) na preparação da vacina. Há também vacinas preparadas com o emprego de vírus vivos enfraquecidos, sem capacidade de produzir doença em um indivíduo cujo sistema imunitário esteja funcionando adequadamente; é o caso da vacina contra a febre amarela e da vacina Sabin (contra a poliomielite). Já a vacina antitetânica é produzida a partir da toxina que a bactéria causadora do tétano produz e não da própria bactéria. F R E N T E 3 171 1 Quais são as primeiras barreiras que os agentes potencialmente perigosos encontram ao tentarem entrar em nosso corpo? 2 O sistema imunitário é constituído por órgãos primários e secundários. Quais são eles e como participam na defesa do organismo? 3 Como ocorre a chamada reação inflamatória? 4 O que é resposta imune? 5 O que é o soro? Em que casos ele é usado? 6 Sobre a vacina, responda: a) Para que é usada? b) De que é feita? c) Como funciona? Revisando 1 UFPR Os anticorpos, componentes do nosso sistema de defesa, são proteínas sintetizadas para combater agentes externos (bactérias e vírus, por exemplo) ou seus produtos e permanecem na corrente sanguínea prontos para nos proteger da ação de patógenos, muitas vezes por períodos bastante longos. Os anti corpos também são capazes de proteger o embrião humano, na vida intrauterina. Em relação às caracterís ticas dos anticorpos, é correto afirmar que: 01 são capazes de neutralizar toxinas bacterianas. 02 são capazes de neutralizar os vírus. 04 são produzidos somente pela vacinação. 08 podem atravessar a barreira placentária. 16 são dotados de memória imunológica. 32 são capazes de imobilizar os microrganismos. Soma: 2 PUC Minas Os anticorpos são proteínas específicas de defesa do corpo. O gráfico abaixo representa o re- sultado de duas aplicações de mesmo antígeno, em intervalos diferentes. Concentração de anticorpos plasmáticos Tempo 1a aplicação 2a aplicação Exercícios propostos