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Aula 28 – Prosa de 30 
 
 
 
 
 
 
99 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
Questão 01 (Uern 2015) 
Considere o texto e a imagem a seguir. 
O decênio de 1930 teve como característica própria um grande 
surto do romance, tão brilhante quanto o que se verificou entre 
1880 e 1910, e que apenas em pequena parte dependeu da 
estética modernista. 
(Antônio Candido e J. Aderaldo Castello. Presença da Literatura 
Brasileira: Modernismo. São Paulo / Rio de Janeiro: Difel, 1979.) 
 
O comentário do especialista associado à imagem apresenta e 
representa características importantes da prosa modernista da 
geração de 1930. Em relação à produção literária identificada, 
assinale a alternativa correta. 
a) A preocupação com a documentação da realidade presente no 
Pré-Modernismo é retomada. 
b) Utiliza-se uma linguagem rebuscada objetivando demonstrar a 
importância do tema abordado. 
c) O regionalismo é explorado de forma preconceituosa, 
demonstrando com exagero a situação difícil das regiões 
retratadas. 
d) O desejo por um país melhor, isento de desigualdades sociais, 
faz com que os romancistas de 1930 descrevam cenários e 
personagens idealizados. 
 
Questão 02 (Upe-ssa 3 2016) 
A literatura de 1930 é demarcada por uma temática social, em que 
o urbano e o rural se intercruzam, haja vista os romances de José 
Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado. Os dois primeiros 
autores dão prioridade às histórias que transcorrem em espaço 
rural; a mesma coisa já não se pode afirmar em relação à obra de 
Jorge Amado, pois grande parte dela tem como ambiente a cidade 
da Bahia, atual Salvador. 
Com base no exposto, observe as imagens a seguir: 
 
 
 
Analise as seguintes afirmativas: 
I. As três imagens referem-se, de modo simultâneo, às obras dos 
romancistas de trinta, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e 
Jorge Amado, pois a produção artística desses autores relata 
acontecimentos que ocorrem nos três espaços representados nas 
imagens expostas. 
II. Dos três autores mencionados, dois deles têm textos 
memorialistas, Graciliano Ramos, por relatar as memórias dos 
anos que passou na prisão, e Jorge Amado, quando narra a 
história dos amores de Gabriela com Nacib e de Dona Flor com os 
seus dois maridos. 
III. Há antagonismo entre as imagens 1, 2 e 3, respectivamente, 
com os romances de José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge 
Amado os quais, pelo fato de fazerem parte da geração 
denominada regionalista, mimetizam, de modo crítico, aspectos da 
realidade que têm por cenários o campo e a cidade. 
IV. A imagem 2 representa o espaço onde transcorrem os 
acontecimentos relatados nos romances do ciclo do açúcar, de 
José Lins do Rego, enquanto a 3 relaciona-se com o cenário da 
seca, tema central de Vidas Secas. Trata-se de uma narrativa de 
Graciliano Ramos, na qual o animal e o homem se equivalem, pois, 
enquanto Fabiano se considera “bicho”, Baleia nutre sentimentos 
humanos. 
V. Dos três autores, o único que apresenta, na maioria de seus 
romances, um cenário urbano tal qual se encontra representado na 
imagem 3 é Jorge Amado, cuja crítica social se volta para 
acontecimentos na cidade da Bahia, atual Salvador. 
Está(ão) CORRETA(S) apenas 
a) I, II e III. 
b) I e II. 
c) IV. 
d) I e V. 
e) I, III e IV. 
 
Questão 03 (Unisc 2016) 
Leia atentamente o trecho do romance O Quinze, de Rachel de 
Queiroz, e, depois, analise as afirmativas a seguir. 
“Novamente a cavalo no pedrês, Vicente marchava através da 
estrada vermelha e pedregosa, orlada pela galharia negra da 
caatinga morta. Os cascos do animal pareciam tirar fogo nos 
seixos do caminho. Lagartixas davam carreirinhas intermitentes por 
cima das folhas secas no chão que estalavam como papel 
queimado. 
O céu, transparente que doía, vibrava, tremendo feito uma gaze 
repuxada. 
Vicente sentia por toda parte uma impressão ressequida de calor e 
aspereza. 
Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum juazeiro 
ainda escapo à devastação da rama; mas em geral as pobres 
árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos galhos 
como membros amputados e a casca toda raspada em grandes 
zonas brancas. 
E o chão, que em outro tempo a sombra cobria, era uma confusão 
 
 
 
 
 100 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
desolada de galhos secos, cuja agressividade ainda mais se 
acentuava pelos espinhos. 
(...) 
Quando Vicente se despediu, e montou ligeiro no cavalo que 
arrancou de galope, Conceição estirou-se na rede e ficou olhando 
o vulto branco que a poeira ruiva envolvia, até o ver se sumir atrás 
de um grupo de umarizeiras da várzea. 
Todo o dia a cavalo, trabalhando, alegre e dedicado, Vicente 
sempre fora assim, amigo do mato, do sertão, de tudo o que era 
inculto e rude. Sempre o conhecera querendo ser vaqueiro como 
um caboclo desambicioso, apesar do desgosto que com isso sentia 
a gente dele. 
E a moça lembrou-se de certa vez, em casa do Major, no dia em 
que se inaugurou o gramofone, e as meninas, e ela própria, que 
também estava lá, puseram-se a dançar. Os pares eram o filho 
mais velho da casa – hoje casado e promotor no Cariri – e dois 
outros rapazes, colegas dele, que tinham vindo passar as férias no 
sertão.” 
QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. São Paulo: Siciliano, 1993, p. 13-17. 
 
I. O trecho apresenta um narrador em primeira pessoa. 
II. Os personagens não apresentam um grande aprofundamento 
psicológico. 
III. Nos parágrafos citados, observa-se uma identificação entre o 
espaço e o personagem masculino. 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas. 
d) Nenhuma afirmativa está correta. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
TEXTO 
Na América Latina do século XX, em incontáveis momentos, a 
criação artística articulou-se com utopias ou perspectivas de 
transformação social. Em diferentes contextos, artistas usaram sua 
produção para corroborar determinados projetos políticos ou 
consentiram que suas criações fossem apropriadas e sustentadas 
por movimentos políticos, dentro ou fora do Estado. 
PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São 
Paulo: Contexto, 2014, p. 187-188. 
 
Questão 04 (Puccamp 2017) 
É exemplo de uma literatura engajada em projetos de 
transformação social uma parte expressiva da obra romanesca de 
Jorge Amado, na qual, por exemplo, ressalta, em tom de denúncia, 
a) o melancólico final dos velhos engenhos açucareiros da Paraíba, 
como narrado nostalgicamente em Fogo morto. 
b) a reação da sociedade conservadora à vida marginal dos 
meninos abandonados, exposta com crueza em Capitães da areia. 
c) a brutalidade dos coronéis nordestinos do início do século, de 
hábitos ainda escravocratas, tal como se registra em São 
Bernardo. 
d) os hábitos autoritários da casta favorecida pela industrialização 
do cacau, apontados em Os velhos marinheiros. 
e) o papel político revolucionário assumido no sertão baiano pela 
protagonista de Gabriela, cravo e canela. 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a 
cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu 
de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus 
dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga 
desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi 
transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. 
Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que 
não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu só queria 
com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os 
matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da 
cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinhamdinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da 
vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as 
filhas e pais de santo cantam: 
 
 Ele é mesmo nosso pai 
 e é quem pode nos ajudar... 
 
 Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o 
esqueçam avisa no seu cântico de despedida: 
 
 Ora, adeus, ó meus filhinhos, 
 Qu’eu vou e torno a vortá... 
 
 E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa 
noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste 
Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele. 
Jorge Amado, Capitães da Areia. 
 
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas 
atingidas por determinadas doenças. 
 
Questão 05 (Fuvest 2016) 
Costuma-se reconhecer que Capitães da Areia pertence ao assim 
chamado “romance de 1930”, que registra importantes 
transformações pelas quais passava o Modernismo no Brasil, à 
medida que esse movimento se expandia e diversificava. 
 
No excerto, considerado no contexto do livro de que faz parte, 
constitui marca desse pertencimento 
a) o experimentalismo estético, de caráter vanguardista, visível no 
abundante emprego de neologismos. 
b) o tratamento preferencial de realidades bem determinadas, com 
foco nos problemas sociais nelas envolvidos. 
c) a utilização do determinismo geográfico e racial, na interpretação 
dos fatos narrados. 
d) a adoção do primitivismo da “Arte Negra” como modelo formal, à 
semelhança do que fizera o Cubismo europeu. 
e) o uso de recursos próprios dos textos jornalísticos, em especial, 
a preferência pelo relato imparcial e objetivo. 
 
Questão 06 (Fuvest 2016) 
Apesar das diferenças notáveis que existem entre estas obras, um 
aspecto comum ao texto de Capitães da Areia, considerado no 
contexto do livro, e Vidas secas, de Graciliano Ramos, é 
a) a consideração conjunta e integrada de questões culturais e 
conflitos de classe. 
b) a reprodução fiel da variante oral-popular da linguagem, como 
recurso principal na caracterização das personagens. 
c) o engajamento nas correntes literárias nacionalistas, que 
rejeitavam a opção por temas regionais. 
d) o emprego do discurso doutrinário, de caráter panfletário e 
didatizante, próprio do “realismo socialista”. 
e) o tratamento enfático e conjugado da mestiçagem racial e da 
desigualdade social. 
Aula 28 – Prosa de 30 
 
 
 
 
 
 
101 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
Questão 07 (Fuvest 2016) 
Considere as seguintes afirmações referentes ao texto de Jorge 
Amado: 
I. Do ponto de vista do excerto, considerado no contexto da obra a 
que pertence, a religião de origem africana comporta um aspecto 
de resistência cultural e política. 
II. Fica pressuposta no texto a ideia de que, na época em que se 
passa a história nele narrada, o Brasil ainda conservava formas de 
privação de direitos e de exclusão social advindas do período 
colonial. 
III. Os contrastes de natureza social, cultural e regional que o texto 
registra permitem concluir corretamente que o Brasil passou por 
processos de modernização descompassados e desiguais. 
 
Está correto o que se afirma em 
a) I, somente. 
b) II, somente. 
c) I e II, somente. 
d) II e III, somente. 
e) I, II e III. 
 
Questão 08 (Ufba 2012) 
O Mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal, 
provavelmente o sertão ia pegar fogo. Vinham em bandos, 
arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam 
e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o sul. O 
casal agoniado sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e 
aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o 
gado. Sinha Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a 
testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cabras, 
que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela 
estivesse tresvariando. [...] 
 Fabiano estirou o beiço e enrugou mais a testa suada: 
impossível compreender a intenção da mulher. [...] 
 — Chi! Que fim de mundo! 
 Não permaneceria ali muito tempo. No silêncio comprido só se 
ouvia um rumor de asas. Como era que sinha Vitória tinha dito? A 
frase dela tornou ao espírito de Fabiano e logo a significação 
apareceu. As arribações bebiam a água. Bem. O gado curtia sede 
e morria. Muito bem. As arribações matavam o gado. Estava certo. 
Matutando, a gente via que era assim, mas sinha Vitória largava 
tiradas embaraçosas. Agora Fabiano percebia o que ela queria 
dizer. Esqueceu a infelicidade próxima, riu-se encantado com a 
esperteza de sinha Vitória. Uma pessoa como aquela valia ouro. 
Tinha ideias, sim senhor, tinha muita coisa no miolo. Nas situações 
difíceis encontrava saída. Então! Descobrir que as arribações 
matavam o gado! E matavam. Àquela hora o mulungu do 
bebedouro, sem folhas e sem flores, uma garrancharia pelada, 
enfeitava-se de penas. 
 [...] 
 Alargou o passo, desceu a ladeira, pisou a terra de aluvião, 
aproximou-se do bebedouro. Havia um bater doido de asas por 
cima da poça de água preta, a garrancheira do mulungu estava 
completamente invisível. Pestes. Quando elas desciam do sertão, 
acabava-se tudo. O gado ia finar-se, até os espinhos secariam. 
 Suspirou. Que havia de fazer? Fugir de novo, aboletar-se 
noutro lugar, recomeçar a vida. [...] 
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 74. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record. 
1998, p. 108-110. 
 
De acordo com esse trecho de Vidas Secas, inserido na obra, é 
verdadeiro o que se afirma nas proposições 
01) A personagem Fabiano aparece nessa narrativa — uma 
produção regionalista do Modernismo da década de 30 — como 
um representante do sertanejo, de consciência embotada e 
raciocínio lento. 
02) O texto apresenta mais de um sujeito discursivo, pois a 
personagem sinha Vitória vai gradativamente ocupando todo o 
espaço no pensamento de Fabiano. 
04) A personagem Fabiano, no seu circuito de fugas sem causas 
bem determinadas, torna-se cada vez mais fragilizada aos olhos da 
família. 
08) O pensamento de sinha Vitória incita a curiosidade de Fabiano 
e ele percebe a realidade da seca transfigurada poeticamente. 
16) Sinha Vitória, na narrativa, representa um elemento humano 
que possui um olhar capaz de compactar uma multiplicidade de 
imagens no sertão nordestino. 
32) A narrativa deixa evidente um estilo pseudoacadêmico do 
narrador, que prevalecerá por toda a obra. 
 
Questão 09 (Upe 2015) 
“No dia seguinte, Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o 
negócio, notou que as operações de Sinhá Vitória, como de 
costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação 
habitual: a diferença era proveniente de juros. 
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, 
via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com 
certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, 
e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, 
entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? 
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! 
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o 
vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. 
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era 
preciso barulho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. 
[...] 
O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o 
tijolo. [...] 
Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, 
procurando adivinhar quanto lhe tinham furtado. Não podia dizer 
em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado 
quase de graça e ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era 
safadeza.” 
 
Sobre o fragmento do capítulo Contas, do romance Vidas secas, 
de Graciliano Ramos, assinale a alternativa CORRETA. 
a) Ao se referir a Sinhá Vitória, Fabiano admite que “a mulher tinha 
miolo.” Essa afirmação significa que a esposa era inteligente,tinha 
frequentado escola, sabia fazer conta, diferentemente dele, que 
“era bruto”, pois, também, não sabia ler nem fazer conta, nunca 
havia frequentado a escola. 
b) Quando o narrador personagem afirma que “O amo abrandou, e 
Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo,” significa que a 
personagem percebeu que a altivez era a única arma que possuía 
para enfrentar o proprietário das terras onde trabalhava, por isso 
resolveu camuflar o orgulho saindo sem dar as costas ao amo. 
c) No final do segundo parágrafo, quando se lê: “Passar a vida 
inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! 
Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta 
de alforria!”, tem-se um discurso direto, pois o narrador se afasta e 
deixa Fabiano demonstrar, de forma direta, que tem a consciência 
da exploração do patrão quando faz uso dos verbos no presente. 
d) Graciliano Ramos cria duas comparações ao usar o vocábulo 
 
 
 
 
 102 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
branco para designar o patrão e, posteriormente, ao atribuir ao 
narrador o enunciado: “Trabalhar como negro e nunca arranjar 
carta de alforria!” coloca a personagem na condição de submisso, 
tal qual a de um escravo sem direito à liberdade, o que contraria os 
princípios do romance regionalista de 1930. 
e) Há algumas expressões usadas por Graciliano Ramos que 
quebram a verossimilhança existente entre a linguagem, a 
condição social e o nível de escolaridade de Fabiano, pois são 
metáforas eruditas, tais como: “perdeu os estribos”, batendo no 
chão como cascos” e “baixou a pancada e amunhecou”. 
 
Texto I 
“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu 
não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos 
para este mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da 
eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa 
contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior 
defeito deste livro és tu leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o 
livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo 
regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, 
guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, 
urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...” 
(Assis, Machado de, Memórias póstumas de Brás Cubas. Porto Alegre, RS: L&PM, 
2012. p. 159) 
 
Texto II 
“Passemos por alto sobre os anos que decorreram desde o 
nascimento e batizado do nosso memorando, e vamos encontrá-lo 
já na idade de sete anos. Digamos unicamente que durante todo 
esse tempo o menino não desmentiu aquilo que anunciara desde 
que nasceu: atormentava a vizinhança com um choro sempre em 
oitava alta; era colérico; tinha ojeriza particular à madrinha, a quem 
não podia encarar, e era estranhão até não poder mais.” 
(Almeida, Manuel Antônio de, Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: 
Panda Books, 2015, p. 14.) 
 
Texto III 
“Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça 
dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a 
semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, 
desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou 
assinar a orelha de um cabrito. Se pudesse economizar durante 
alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, que é do 
chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de 
milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto 
das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando 
espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. 
Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. 
Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se.” 
(Ramos, Graciliano, Vidas secas. - 92.ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 93) 
 
Questão 10 (Usf 2016) 
O processo de construção de um romance perpassa por variados 
elementos, entre os quais o tempo, espaço, tema, narrador e os 
personagens. Analise as assertivas a respeito dos romances lidos 
e das técnicas de elaboração narrativa e assinale o que for correto. 
I. Vidas secas, Memórias de um sargento de milícias e Memórias 
póstumas de Brás Cubas, de forma mais ou menos acentuada, têm 
em comum a presença do recurso conhecido por discurso indireto 
livre. 
II. A sobriedade formal do narrador em terceira pessoa do texto III 
contrasta com a atitude desafiadora e a irreverência com que se 
porta o narrador do texto I. 
III. Os excertos I e II apresentam traços em comum, como a 
conversa com o leitor e a ausência de idealização. 
IV. As obras lidas registram uma abordagem que suscita uma 
análise crítica da sociedade da época: a exploração do homem 
pelo homem, tanto no aspecto psicológico, como no aspecto 
político-social. 
V. As obras de onde foram retirados os excertos I e III apresentam 
como traço comum a presença de análise psicológica, ainda que o 
objetivo maior de Vidas secas seja a denúncia da miséria derivada 
da seca. 
É correto o que se afirma apenas em 
a) I, II, III e V. b) II, III e IV. c) II, III e V. 
d) I, IV e V. e) I, II, III, IV e V. 
 
Questão 11 (Espm 2017) 
A respeito da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, o crítico 
literário e professor João Luiz Lafetá afirma: 
Todo valor se transforma – ilusoriamente – em valor de troca. E 
toda relação humana se transforma – destruidoramente – numa 
relação entre coisas, entre possuído e possuidor. Tal é a relação 
estabelecida entre Paulo Honório e o mundo. Seu desenvolvido 
sentimento de propriedade leva-o a considerar todos que o cercam 
como coisas que se manipulam à vontade e se possui. 
 
O trecho de São Bernardo que melhor exemplifica a análise do 
crítico literário é: 
a) “Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, 
para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a 
escrever.” 
b) “Madalena entrou aqui cheia de bons sentimentos e bons 
propósitos. Os sentimentos e os propósitos esbarraram com a mi-
nha brutalidade e o meu egoísmo.” 
c) “Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram 
bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, 
como Casimiro Lopes, e muitos bichos para o serviço do campo, 
bois mansos.” 
d) “E a desconfiança terrível que me aponta inimigos em toda a 
parte! A desconfiança é também uma consequência da profissão.” 
e) “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que 
me deu uma alma agreste.” 
 
Questão 12 (Enem PPL 2015) 
TEXTO I 
Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses 
idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho verde, meu acarajé 
cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais comparações 
gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e 
caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e 
dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, 
aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo 
fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na 
cama. 
AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966. 
 
TEXTO II 
As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. 
Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido 
gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era 
outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura 
a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele 
Aula 28 – Prosa de 30 
 
 
 
 
 
 
103 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, 
Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava 
a jeito dos prazeres e dos afazeres. 
COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das 
Letras, 2002. 
 
Tema recorrente na obra de Jorge amara, a figura feminina 
aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à quese vê 
no texto do moçambicano Mia Couto. 
 
Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu 
contexto doméstico, observa-se que 
a) desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, 
incompatível com a mulher casada. 
b) a mulher tem um comportamento marcado por convenções de 
papéis sexuais. 
c) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, 
olhares e silêncios que ensaiam. 
d) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, 
como no mito bíblico da serpente. 
e) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino 
nos espaços público e íntimo. 
 
Questão 13 (Enem 2003) 
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um 
acontecimento para a meninada. (..) andava léguas e léguas a pé, 
de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil 
e Uma Noites (..) era uma grande artista para dramatizar. Tinha 
uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, 
intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (..) Havia 
sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O 
que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela 
punha nos seus descritivos. (..) Os rios e as florestas por onde 
andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e 
a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de 
Pernambuco. 
(José Lins do Rego. "Menino de engenho") 
 
A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas 
histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem: 
a) "O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco". 
b) "Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e 
adivinhações". 
c) "Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de 
prodígio". 
d) "Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e 
Uma Noites". 
e) "Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de 
prosa, como notas explicativas". 
 
Questão 14 (Uel) 
Refere-se a José Lins do Rego a seguinte afirmação: 
a) Tão próximo do estilo oral, ele nos narra o que viu e o que sabe 
da vida do nordeste, sobretudo da agonia dos engenhos e das 
personagens que não se livram do peso do passado. 
b) Suas personagens podem parecer secas como a natureza da 
caatinga, mas isso não lhes elimina a complexidade psicológica, 
que este autor faz ver com seu estilo duro, preciso, objetivo. 
c) Ninguém o superou em sua forma de ironizar, em sua 
capacidade de tratar dos assuntos mais graves com um humor 
impiedoso, fruto da inteligência e da melancolia. 
d) Em seus contos de estreia já se podia prever o grande 
romancista, podia-se pressentir o fôlego maior de uma linguagem 
revolucionária, aberta à invenção e ao falar sertanejo das suas 
Gerais. 
e) Seu regionalismo é saboroso e arrebatador, transportando-nos 
para o tempo heroico das sagas gaúchas e fazendo-nos viver as 
histórias violentas das famílias em conflito. 
 
Questão 15 (Enem 2015) 
Exmº Sr. Governador: 
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela 
Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928. 
[...] 
ADMINISTRAÇÃO 
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. 
De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda 
aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no 
arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as 
datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; 
todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se 
derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua 
- um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um 
telegrama. 
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929. 
GRACILlANO RAMOS 
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962. 
 
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, 
prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do 
estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção 
por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor 
a) emprega sinais de pontuação em excesso. 
b) recorre a termos e expressões em desuso no português. 
c) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar 
intimidade com o destinatário. 
d) privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar 
conhecimento especializado. 
e) expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga 
emocional.

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