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Polyana Túrmina Torres LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA – SEMANA 5 ESTAÇÃO 1 – FARMACOLOGIA DO ETANOL. Objetivo: conhecer as principais características farmacológicas das classes terapêuticas utilizadas na dependência do álcool. Instruções: o etanol é a substancia de abuso mais usada na sociedade moderna. Pensa-se que o etanol exerce os seus efeitos desejados e tóxicos por meio de vários mecanismos, incluindo aumento dos efeitos do neurotransmissor inibitório GABA, induzindo a liberação de opioides endógenos e alterando os niveis de serotonina e dopamina. O etanol é um depressor seletivo do SNC em baixas concentrações, resultando em diminuição da inibição e no característico comportamento do bêbado ou loquacidade. Em concentrações elevadas, ele é um depressor geral do SNC, o que pode resultar em coma e depressão respiratória. O etanol é absorvido no estomago e no duodeno, e o alimento retarda e diminui a absorção. Os picos de etanol em geral são alcançados entre 20 minutos e 1 hora após a ingestão. O etanol é biotransformado no fígado pela álcool-desidrogenase em acetaldeído e então pela aldeído-desidrogenase em acetato. O manejo medico da intoxicação aguda com etanol inclui o cuidado de apoio sintomático e a administração de tiamina e ácido fólico para prevenir a encefalopatia de Wernicke e a anemia macrocítica. ATIVIDADE 1 1. ASSOCIAR AS FICHAS COM OS MECANISMOS DE AÇÃO DE CADA CLASSE MEDICAMENTOSA. BENZODIAZEPÍNICOS: eles potencializam a ação do GABA nos canais de cloreto. O GABA inibe a atividade dos neurônios no cérebro, reduzindo a sua excitação. Os benzodiazepínicos se ligam a receptores específicos nos neurônios, os receptores GABA-A. Quando os benzodiazepínicos se ligam aos receptores GABA-A, eles intensificam a ação do GABA – resultando em uma maior inibição neuronal, assim, os neurônios ficam menos propensos a disparar impulsos elétricos e há uma diminuição da atividade cerebral. A potencialização do GABA leva a efeitos como redução da ansiedade, relaxamento muscular, sedação e prevenção de convulsões. DISSULFIRAM: medicação usada no tratamento do alcoolismo, com o objetivo de dissuadir o consumo de álcool. Seu mecanismo envolve a inibição da enzima aldeído-desidrogenase, responsável por converter acetaldeído em ácido acético. Com a enzima inibida, o acetaldeído se acumula no corpo, resultando em reações adversas desagradáveis, como náuseas, vômitos, rubor, palpitações e dor de cabeça, sempre que álcool é consumido. ACAMPROSATO: O consumo crônico de álcool perturba o equilíbrio dos neurotransmissores excitatórios (como o glutamato) e inibitórios (como o GABA) no cérebro. Isso leva a uma hiperexcitabilidade neuronal, que pode contribuir para o desejo intenso por álcool. O acamprosato atua modulando os receptores de glutamato no cérebro, ele parece ajudar a restaurar o equilíbrio entre os sistemas excitatórios e inibitórios, reduzindo a hiperexcitabilidade neural. Ao equilibrar os sistemas de neurotransmissores, o acamprosato pode reduzir os desejos intensos e a compulsão por álcool que são frequentemente experimentados por indivíduos em recuperação do alcoolismo – ele ajuda a manter a sobriedade, reduzindo a probabilidade de recaída e facilitando a abstinência prolongada do álcool. NALTREXONA: A naltrexona é um antagonista dos receptores opioides, o que significa que ela se liga a esses receptores nos neurônios, mas não ativa uma resposta. Ao ocupar esses receptores, ela bloqueia a ação de substancias opioides endógenas (produzidas pelo nosso corpo) e exógenas (como a heroína ou morfina). Os opioides, quando ativam os receptores opioides no cérebro, induzem uma sensação de euforia e recompensa. Esse é um dos principais motivos pelo qual essa substancia é viciante. A naltrexona, bloqueando esses receptores, impede a ativação e a sensação de recompensa, tornando o uso de opioides menos gratificante. Ao diminuir a recompensa associada ao uso de opioides, a naltrexona pode ajudar a reduzir os desejos intensos por essas substancias. Isso torna mais fácil para pessoas em recuperação resistir à tentação de recair no uso de opioides. Além do tratamento da dependência de opioides, a naltrexona também é usada no tratamento do alcoolismo, pois ele atua em alguns sistemas de recompensa do cérebro que também envolvem receptores opioides. Polyana Túrmina Torres 2. ESQUEMATIZE COMO OCORRE O METABOLISMO DO ETANOL. 3. DESCREVA O MECANISMO DE AÇÃO DO ETANOL. Após ser ingerido, o etanol é rapidamente absorvido pelo TGI e entra na corrente sanguínea e é distribuído por todo o corpo, incluindo o cérebro (onde exerce seus efeitos). O etanol é um depressor do SNC, ele reduz a atividade neuronal, diminuindo a excitação e a comunicação entre os neurônios, seus efeitos incluem: sedação, diminuição da libido, alteração da coordenação motora – leva a comportamentos impulsivos. Ele afeta neurotransmissores importantes, aumentando a ação do GABA que é inibitório. Ao mesmo tempo, ele reduz a ação do glutamato, que é excitatório, contribuindo para a depressão do SNC e podendo afetar a função cognitiva. O etanol também ativa o sistema de recompensa, levando a liberação de dopamina (prazer e recompensa). Essa ativação contribui para os efeitos agradáveis, incentivando o consumo. 4. LER O CASO CLINICO E RESPONDER AS PERGUNTAS. Identificação: G.S., 34 anos, masculino, casado, branco, garçom, procedente de Porto Alegre. História clínica: O paciente abusava de bebidas alcoólicas já há alguns anos, fazendo uso de 2 doses de destilados por dia, além de várias cervejas. Não ingeria qualquer bebida alcoólica cerca de 12 h antes do atendimento, em uma tentativa de parar de beber. Passara mal durante a noite, com insônia e ansiedade. Pela manhã, apareceram tremor de extremidades, sudorese, náuseas, vômitos e cólicas abdominais. Nestas condições, foi levado pela esposa ao serviço médico. Na consulta, disse estar confuso e informou ter percepções caracterizáveis como alucinações visuais. Ao exame físico, observaram-se agitação, tremores intensos e sudorese profusa, temperatura axilar de 37,5°C e taquipneia. Não havia outras alterações significativas. Frente ao quadro descrito, decidiu-se pela internação do paciente. A conduta constou de diazepam, na dose de 10 mg, IV, administrada lentamente, e observação. As manifestações regrediram parcialmente, sendo necessária a suplementação de dose. Com o controle obtido, planejou-se o esquema de manutenção e o programa de tratamento do alcoolismo. Polyana Túrmina Torres a. Explique o que é síndrome de abstinência do álcool e suas possíveis manifestações. Conjunto de sintomas físicos e psicológicos que ocorrem quando uma pessoa que é dependente de álcool de repente interrompe ou reduz significativamente seu consumo de álcool. Essa síndrome é uma resposta do corpo à falta da substancia à qual se tornou fisicamente adaptado. As manifestações podem incluir: tremores, sudorese excessiva, náuseas e vômitos, cefaleia, PA elevada, taquicardia, convulsões, ansiedade, depressão, irritabilidade, alucinações, delirium Tremens. b. Justifique a indicação de diazepam como tratamento. A indicação do diazepam como tratamento é justificada pela necessidade de controlar os sintomas de abstinência alcoólica aguda. Ele possui propriedades ansiolíticas, sedativas, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. Seu mecanismo envolve a potencialização do GABA no SNC. c. O que é Delirium e por que isso ocorre? Qual a recomendação terapêutica nessa situação? Estado de confusão mental aguda e temporária que se caracteriza por alterações no funcionamento cognitivo, percepção e consciência. Essa condição pode ser causada por abstinência de substancias, infecçõesgraves, distúrbios metabólicos, medicamentos, trauma ou cirurgia, demência, etc. A recomendação terapêutica pode incluir ambiente calmo e seguro ao paciente, medicamentos como antipsicóticos e apoio multidisciplinar. ESTAÇÃO 2 – FARMACOLOGIA DOS ANSIOLÍTICOS Objetivo: conhecer sobre o uso dos benzodiazepínicos. Instruções: Os benzodiazepínicos pertencem a uma classe de medicamentos que são utilizados como sedativos, ansiolíticos, hipnóticos e anticonvulsivantes. O uso e abuso desses medicamentos contribui para riscos a saúde, principalmente na população idosa, que usa de forma prolongada e irracional, submetendo-se a efeitos indesejáveis. A Síndrome de Abstinência dos Benzodiazepínicos) provoca sinais/sintomas físicos e psíquicos, podendo ser ambas de grau menor e maior. Os sinais menores são acompanhados de tremores, palpitações, sudorese, insônia, irritabilidade, entre outros; os sinais maiores são presenciados por convulsões, alucinações e delírios. O Flumazenil (Lanexat®) é indicado para promover a reversão completa ou parcial dos efeitos sedativos centrais dos benzodiazepínicos. O Flumazenil é um antídoto capaz de sustentar as funções vitais do paciente, porém seu efeito é curto, principalmente quando comparado aos BZD de ação longa, como o Diazepam. ATIVIDADE 1 1. LER O CASO CLÍNICO E RESPONDER AS PERGUNTAS. Uma mulher de 22 anos de idade é trazida para o serviço de emergência por ambulância devido a uma tentativa de suicídio. Logo depois de um passeio, ela chamou o namorado dizendo que havia tomado muitas pílulas para dormir. Durante o exame, ela está letárgica, mas geme e move todas as extremidades sob estímulos dolorosos. Sua pressão arterial é de 110/70 mmHg, a frequência cardíaca é de 80 bpm e a saturação de oxigênio é de 99%. Suas pupilas têm tamanho normal e são reativas à luz. Seus reflexos tendíneos profundos estão normais bilateralmente. No local, ela recebeu um bólus intravenoso de dextrose e uma ampola de naloxona sem resposta. Seu namorado, com quem teve uma discussão, trouxe o vidro do medicamento usado, em que se lê “lorazepam”. a. Qual é o mecanismo celular de ação dessa classe de medicamentos? Esquematize sua resposta na mesa. ESTIMULO INICIAL (Estresse, ansiedade – libera glutamato) ATIVAÇÃO DOS RECEPTORES GABA (GABA-A) POTENCIALIZAÇÃO DA AÇÃO DO GABA (Reduz excitação neuronal) EFEITO GLOBAL (Redução da ansiedade, sedação, relaxamento muscular) Polyana Túrmina Torres b. Quais as ações terapêuticas dos benzodiazepínicos? Ansiolíticos, sedativos (indução do sono), relaxantes musculares, anticonvulsivantes, pré-anestésicos, controles de sintomas de abstinência, tratamento de transtornos psiquiátricos. c. Como os benzodiazepínicos podem ser classificados e no que se baseia essa classificação? Aponte as diferenças em relação ao uso deles e os representantes através de uma tabela. Classificação Duração de ação Potência Representantes Curta duração 4 – 6 horas Alta Alprazolam, lorazepam Intermediaria duração 6 – 12 horas Média Diazepam, clonazepam Longa duração > 12 horas baixa Cloridiazepóxido, flurazepam d. Os benzodiazepínicos estão entre os fármacos mais vendidos no mundo. Eles entraram no mercado na década de 1960, foram se popularizando e passaram a substituir os barbitúricos. Quais os fatores favoreceram esta substituição? Os barbitúricos caíram em desuso pelo alto efeito de toxicidade do SNC. Eles não são moduladores alostéricos, i que fornece um risco maior de depressão do SNC. Eles atuam com ou sem GABA e atualmente são utilizados como anestésicos. ATIVIDADE 2 2. SITUAÇÃO CLÍNICA: J.M.K, 45 anos, sexo masculino, apresenta-se ao pronto-socorro com sonolência, confusão mental e dificuldade para se comunicar. A história clínica revela que ele tem um histórico de transtorno de ansiedade e estava em tratamento com alprazolam. J.M.K tinha um histórico de transtorno de ansiedade generalizada, para o qual estava sendo tratado com alprazolam 1 mg, 2 vezes ao dia, por cerca de 6 meses. Ele decidiu interromper o medicamento abruptamente por conta própria, pois achava que estava "melhor". No entanto, nas últimas 24 horas, começou a sentir sintomas de abstinência, incluindo tremores, sudorese, agitação e insônia. Desesperado para aliviar esses sintomas, João tomou acidentalmente uma quantidade significativa de alprazolam adicional. Seu amigo, que estava presente no momento, notou a ingestão excessiva e trouxe João ao hospital. J.M.K foi imediatamente colocado em monitoramento cardíaco e oximetria de pulso. Dada a sonolência e confusão de João, foi administrado flumazenil, intravenosamente (IV), de acordo com as diretrizes de dosagem recomendadas. João foi continuamente monitorado quanto a qualquer aumento na agitação, convulsões ou outros efeitos adversos. a. Quais os possíveis efeitos adversos dos benzodiazepínicos? Síndrome de abstinência, dependência, tolerância, sedação e sonolência, prejuízo cognitivo, comprometimento da coordenação, depressão respiratória, interação medicamentosa. b. Qual a classe farmacológica pertence o flumazenil? Antagonistas dos receptores de benzodiazepínicos. c. Justifique o uso do flumazenil no paciente citado na situação clínica acima. Ele foi utilizado pois o flumazenil promove a reversão completa ou parcial dos efeitos sedativos centrais dos benzodiazepínicos – antidoto capaz de sustentar as funções vitais do paciente.