Prévia do material em texto
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Rosemary Trabold Nicácio Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar os pressupostos teóricos elaborados por Henri Wallon. � Descrever os aspectos motor, afetivo e cognitivo relacionando com os estágios de desenvolvimento de Wallon. � Identificar os estágios do desenvolvimento nos processos de ensino e aprendizagem. Introdução Houve considerável avanço nas discussões sobre a educação para o século XXI, mas ainda precisamos refletir sobre vários aspectos. Em primeiro lugar, é necessária a compreensão de que a função primordial da educação é a humanização, o que exige a consciência de que somos seres integrais, formados por um organismo físico, cognitivo, emocional, afetivo, social, cultural, entre outros. Portanto, somos seres complexos. É essa com- plexidade que tem permitido a ampliação dos estudos sobre os seres humanos, em especial, as crianças e sua relação com a aprendizagem, ou seja, a psicogenética. Alguns dos estudos que integram o campo da psicologia e da pe- dagogia — ou seja, que analisam os seres humanos e sua relação com a aprendizagem — apoiam-se na teoria psicogenética, que é um mo- delo explicativo, desenvolvido por Jean Piaget, em 1930. Ele estabelece relações entre a mente (psique) e a origem (a gênese) dos processos evolutivos dos indivíduos. Contudo, Piaget não foi o único a desenvolver estudos psicogenéticos, outros grandes nomes também contribuíram com os avanços nesta área. Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Graças a esses avanços, aos poucos, foram introduzidas, nas escolas, preocupações com a afetividade e sua estreita relação com o desenvolvi- mento infantil. O francês Henri Wallon (1879-1962) é um dos precursores da ideia de que as crianças não são apenas seres cognitivos, mas integrais — sociais, biológicos, afetivos e intelectuais. Neste capítulo, você vai conhecer as contribuições de Henri Wallon para o desenvolvimento humano, seus pressupostos teóricos, os está- gios do desenvolvimento e a relação da afetividade com o ensino e a aprendizagem. 1 Pressupostos teóricos de Henri Wallon Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962) era médico, psicólogo, filósofo e ainda atuou como político pelo partido comunista, influenciando na política educacional francesa do pós-guerra. Sua primeira formação foi em filosofia, e isso o levou à docência. Contudo, um ano depois, iniciou a faculdade de Medicina e, em seguida, cursou Psicologia, a partir de quando passou a atuar, durante algum tempo, na psiquiatria, em especial na psiquiatria infantil. Durante esse trabalho, coletou depoimentos de 214 crianças com retardos, doenças neurológicas, psicomotoras e anomalias em geral. Esses, posterior- mente, embasariam sua tese de doutorado. Contudo, antes que terminasse seus estudos, foi convocado a servir na Primeira Guerra Mundial como médico e, ao retornar, concluiu que seus estudos iniciais estavam obsoletos. Então, reescreveu sua tese que, quando publicada, recebeu o título de “A criança turbulenta”. Nesses estudos, ele evidencia sua preocupação em apreender a criança em sua totalidade, sem que mente e corpo estivessem separados, e reconheceu que era necessário olhar esse ser humano a partir da psicologia, mas por meio de uma nova abordagem. Assim, pensou o desenvolvimento humano na perspectiva psicogenética. Contudo, como veremos mais adiante, algumas especificidades em seu percurso metodológico diferenciaram-no de Piaget, apesar de concordarem em muitos aspectos. O interesse pela psicologia da infância, pouco difundido na época, levou- -o a fazer inúmeras palestras na Sorbonne Université, a mais tradicional universidade francesa. Entretanto, Wallon sentia que lhe faltava algo e, assim, acabou abrindo um consultório em um bairro operário para dar atendimento médico-psicológico. Tempos depois, ao se aproximar de professores primá- Afetividade e processos de ensino e aprendizagem2 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 rios, instalou um laboratório em uma escola do subúrbio de Paris, criando um espaço para ensino e pesquisa voltados ao desenvolvimento infantil. Realizou entrevistas sobre a adaptação escolar e social, e essa experiência o aproximou da educação infantil, levando-o à direção “[…] do primeiro laboratório de psicobiologia da criança na Escola Prática de Altos Estudos”, em Paris, ficando responsável, novamente, pelo ensino e pelas pesquisas. Devido à sua preocupação de que as pesquisas tivessem aplicações práticas, desenvolveu estudos sobre psicomotricidade, mecanismos da memória, entre outros (GRATIOT-ALFANDÈRY, 2010, p. 13). Wallon, em 1931, foi a Moscou, para integrar o Círculo da Nova Rússia. Nesses estudos, definiu sua psicologia como dialética e publicou, em 1934 (SILVA, 2007, p. 6): […] aquele que é considerado seu primeiro grande livro, “As origens do caráter”, no qual já se encontram desenvolvidas as suas principais teses so- bre o desenvolvimento do eu e o papel da emoção e do movimento nesse desenvolvimento. É por meio desses estudos, em Moscou, que a psicogenética de Wallon associa-se ao materialismo dialético, uma vez que compreende o desenvolvi- mento como processo contínuo, caracterizando um modelo heurístico com as várias facetas da dimensão humana de maneira indissociável. Por isso, para Wallon, o desenvolvimento orgânico, que tanto valoriza, está intrinsecamente ligado à cognição e à afetividade, em uma complexa relação dialética com o social (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010). Segundo Mahoney e Almeida (2005), Wallon entendia que, para estudar a criança, era preciso analisar o meio em que ela se desenvolve. Essa ideia pode ser compreendida nesta transcrição: O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele deverá corresponder a suas necessidades e às suas aptidões sensório-motoras e, depois, psicomoto- ras[…]Não é menos verdadeiro que a sociedade coloca o homem na presença de novos meios, novas necessidades e novos recursos que aumentam possi- bilidades de evolução e diferenciação individual. A constituição biológica da criança, ao nascer, não será a única lei de seu destino posterior. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias de sua existência, da qual não se exclui sua possibilidade de escolha pessoal…Os meios em que vive a criança e aqueles com quem ela sonha constituem a “forma” que amolda sua pessoa. Não se trata de uma marca aceita passivamente (WALLON, 1975 apud MAHONEY; ALMEIDA, 2005, p. 17). 3Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 É possível identificar em Wallon a relação dialética do sujeito com o meio em que vive, destacando que sempre há rupturas e sobreposições por meio de alternâncias funcionais. Dessa forma, as mudanças nunca são lineares, e uma etapa do desenvolvimento implica a incorporação das condições anteriores com sua ampliação ou ressignificação. A criança atravessará diferentes estágios nos quais haverá momentos de maior interiorização e outros mais voltados ao exterior — como veremos mais adiante nos estágios do desenvolvimento. Essas alternâncias, ou domínios funcionais, são, para Wallon, constructos teóricos que ajudam a compreender os processos de desenvolvimento, como pode ser compreendido na explicação do próprio autor: Nada poderia dar a conhecer melhor a sua estrutura, os seus altos e baixos, que a observação, na criança, das suas componentes e relações mútuas exibidas ao longo do tempo. De maneira geral, isto tem como consequência um conheci- mento detalhado das trocas e adaptações recíprocas de que são susceptíveis os diferentes domínios funcionais (WALLON, 1968, p. 141). Assim, dentre os domínios funcionais, em que ocorrem os estudos das etapas que a criança percorre, estão os da afetividade, do ato motor (movimento) e do conhecimento (cognitivo),que são partes de um todo inseparável — a pessoa, que é o quarto domínio funcional. Para Wallon, a afetividade é central na construção do conhecimento e da própria pessoa. Ele destaca que a criança, ao nascer, tem total dependência do adulto para que suas necessidades básicas sejam atendidas e, dessa forma, possa sobreviver. Quando a ela chora de fome, por exemplo, o adulto é mobilizado na sua direção. Essa mobilização ocorre pela força da emotividade. Mas cabe destacar que, para Wallon, a emotividade não é vista como um ato orgânico, mas como uma ação social, pois vem muito antes e ainda supera os recursos cognitivos. Por isso, ele define o ser humano como organicamente social. Isso porque está nessa força da emotividade humana e em seu caráter contagio- so e epidêmico as condições para que seja mediada pela cultura, interpretada pelo adulto e promotora, a partir de então, do desenvolvimento cognitivo da criança. Significa dizer que o bebê expressa sua insatisfação por meio do choro, que de início é sua única maneira de relacionar-se. Esse choro mobiliza a mãe e ela o interpreta de acordo com seus valores e significados culturais. A interação entre ambos será responsável pelo desencadeamento das funções cognitivas na criança (GRATIOT-ALFANDÈRY, 2010, p. 37). Afetividade e processos de ensino e aprendizagem4 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Assim, essa força da emotividade está ligada ao desenvolvimento inicial da criança, pois, como ela não se reconhece como um sujeito diferenciado dos demais, suas manifestações afetivas estão ligadas à percepção. A percepção é tanto atividade como sensação; é essencialmente adaptação. Todo edifício da vida mental se constrói, nos seus diferentes níveis, através da adaptação à nossa atividade ao objeto, e o que dirige a adaptação são os efeitos da atividade sobre a própria atividade (WALLON, 1968, p. 68). Dessa forma, compreendemos a afetividade como um domínio funcional, cujas diferentes manifestações vão se tornando cada vez mais complexas ao longo do desenvolvimento. Quando trata da afetividade, Wallon se refere a um conjunto de funções ligadas à emoção, a sentimentos e à paixão. E cada uma dessas funções envolve diferentes níveis de duração, visibilidade e intensidade. A afetividade é, tam- bém, compreendida como algo que afeta, tanto interna quanto externamente, o aspecto motor e cognitivo. Nessa perspectiva, as emoções “[…] consistem essencialmente em sistemas de atitudes que respondem a uma determinada espécie de situação”. Por isso, elas são mais empíricas e de curta duração, enquanto os sentimentos são representacionais, com maior duração, e, por fim, as paixões são mais intensas e duradouras (NOGUEIRA; LEAL, 2018, p. 189). Para exemplificar essa complexidade, podemos observar uma criança antes dos três anos, quando tem ataques de ciúmes dos irmãos ou colegas na escola. Esse descontrole mostra que “[…] a paixão pode ser viva e profunda” na criança. Já, por volta dos 3 anos de idade, quando começa a se voltar para si mesma e reconhecer sua independência do outro, mesmo sendo um processo gradativo, a criança começa a desenvolver o autocontrole, minimizando os ataques de ciúmes, a necessidade egoísta de atenção somente para si, o que faz surgir “[…] o poder de tornar a emoção silenciosa” (WALLON, 1968, p. 154). Para Wallon, a formação da pessoa emerge do meio orgânico, e a afetivi- dade é sua manifestação. Contudo, pouco a pouco, é influenciada pelo meio social. Em uma perspectiva dialética, começa a transformação desse domínio funcional, possibilitando o desenvolvimento da cognição. Mahoney e Almeida (2005, p. 18) descrevem que o domínio cognitivo: […] oferece um conjunto de funções que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por meio de imagens, noções, ideias e representações. É ele que permite ainda registrar e rever o passado, fixar e analisar o presente e projetar futuros possíveis e imaginários. 5Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Entre as funções do domínio cognitivo destacadas pelas autoras, também salientamos a aquisição e o uso da linguagem, a aprendizagem e a capacidade de resolver problemas. Para Wallon, a cognição, assim como a afetividade, tem sua origem no desenvolvimento orgânico que evoluirá em uma sucessão de estágios. Para o autor, nessa evolução, a criança adquire a linguagem, mas destaca que “[…] é do meio que depende o sistema linguístico cujo uso a criança adquire” (WALLON, 1968, p. 53). Nesse processo contínuo, ou estágios de desenvolvimento, ocorre a mesma integração entre o biológico e o social. Porém, na perspectiva biológica, o processo já está determinado, haja vista a própria condição da espécie hu- mana. Todavia, no que se relaciona ao aspecto social, o processo é aberto, uma vez que os campos social e cultural, ao se integrarem às condições humanas, tendem a se diferenciar. Segundo Nogueira e Leal (2018, p. 192) a “[…] afetividade e inteligência, portanto, alternam-se ao longo do processo, caracterizando, em cada um dos estágios, uma dessas funções”, pois, a cada etapa do estágio de desenvol- vimento, novas situações são criadas e, consequentemente, novos recursos afetivos, motores e cognitivos são acionados em cada uma delas. Dessa ma- neira, as condições iniciais integram-se às novas a cada novo estágio — como veremos no próximo tópico. Outra característica apontada é que, nos estágios em que a afetividade predomina, se percebe que o sujeito se volta para dentro de si e, quando a inteligência ou cognição sobressaem, ao exterior, na descoberta do outro e na construção do mundo externo (MAHONEY; ALMEIDA, 2005 apud NOGUEIRA; LEAL, 2018, p. 192). Wallon, em sua obra, se apoiou nos pressupostos apresentados — ou seja, na integração dos domínios funcionais, que são o ato motor (movimento), a afetividade, o cognitivo e a pessoa, que, na perspectiva de sua psicogenética dialética, constitui o todo indissociável. O desenvolvimento, assim, perpassa esses domínios funcionais, e, nesse processo, são mediados pelo social. A seguir, vamos conhecer melhor cada domínio funcional dentro dos estágios de desenvolvimento da teoria psicogenética de Wallon. 2 Estágios do desenvolvimento de Wallon Ao iniciarmos a apresentação dos estágios do desenvolvimento na perspectiva de Wallon, é importante esclarecer alguns aspectos que diferem dos estágios do desenvolvimento de Piaget, que são muito conhecidos. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem6 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Os estágios do desenvolvimento não utilizam a idade como indicador principal, ainda que ela apareça como uma referência. A partir do primeiro estágio, prioriza-se ora a predominância da afetividade, ora da cognição, ao invés da idade. Essa característica se deve à metodologia adotada, pois, no movimento dialético, o contexto social e as diferentes experiências interferem no desenvolvimento. Você também perceberá que o apoio a conteúdos culturais reais é que define as características em cada um dos estágios, que permitem ajustes ao contexto. E, como já abordado anteriormente, Wallon entende que o desenvolvimento é processual e se modifica ao longo da vida. 1º estágio: impulsivo e emocional O estágio impulsivo está demarcado por Wallon do nascimento até os 3 meses, e o emocional, dos 3 meses a 1 ano. Lembrando de que as idades são meras referências e não predominam sobre a análise de desenvolvimento feita por esse autor. No primeiro estágio, a criança estabelece suas primeiras relações sociais e o contato com o ambiente, quando predomina a afetividade sobre a cognição. Segundo Gratiot-Alfandèry (2010, p. 35): [...] os movimentos do bebê, de início, são caóticos mas as relações que esta- belece, gradualmente permitem que a criança passe da desordem gestual às emoções diferenciadas. Essas primeiras relações são predominantementeafetivas, geradas do ato motor que está se desenvolvendo. A motricidade, segundo Kolyniak Filho (2010, p. 55), se constrói na relação recíproca entre as heranças biológica e sócio-histórica. Wallon explica que os movimentos vão promovendo as primeiras rela- ções com o meio e com as pessoas que cercam as crianças. Destaca que os movimentos reflexos possibilitam o surgimento de movimentos diferentes em condições socioculturais específicas — o que chamou de movimentos involuntários, ou seja, aqueles que dependem dos estímulos sensoriais rece- bidos. Esses movimentos involuntários, ao longo do processo de maturação e da qualidade das interações sociais, possibilitarão o surgimento da função simbólica e da linguagem. Lembrando de que a linguagem nasce dos gestos, o que será analisado no estágio seguinte. 7Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Por isso, segundo Wallon (1968), no primeiro estágio, as condições bioló- gicas e a relação da criança com a família promovem seu amadurecimento, pois, quanto maior o estímulo, maior será o desenvolvimento, e o movimento involuntário torna-se voluntário, à medida que se complexifica a interação. Na perspectiva de Wallon, a criança tem todo genótipo (genética) em po- tencial para ser desenvolvido, o que está relacionado às disposições existentes desde o início de sua formação. Essas disposições podem desenvolver-se de diferentes formas, pois há forte influência do ambiente sobre as características genéticas, que permitem que alguns aspectos se desenvolvam mais rapidamente do que outros, evidenciando o seu fenótipo (característica desenvolvida pela influência do meio), que é um fator de diferenciação entre as pessoas. Quanto à relação do organismo com a afetividade, podemos exemplificar imaginando que um bebê, logo ao nascer, sentirá contrações musculares no abdômen, que correspondem aos espasmos provocados pela fome. Essa movimentação, explica Wallon, não pode ser percebida ou vista. No entanto, há um choro como reação que, impulsionada de forma orgânica, leva a criança ao estabelecimento de um contato social. A partir daí, estabelece, pelas sen- sações — que são de incômodo pela fome e, depois, de prazer pela satisfação e saciedade —, uma comunicação com o meio. Assim, de maneira sucessiva e progressiva, o ato motor, orgânico, vai ampliando-se por meio dos aspectos afetivos. Essa sensibilidade do próprio corpo foi chamada de proprioceptiva (voltada para o interior da criança), opondo-se à sensibilidade exteroceptiva (externa). Mas, no desenvolvimento dela, começa uma comunicação com a mãe e o seio que amamenta, ou com a mamadeira. A criança terá um novo desafio: diferenciar o que disso tudo é parte dela e o que é ou representa o outro (a mãe). Wallon (1968, p. 67) nos explica: […] a impressão exteroceptiva e o movimento que lhe corresponde situam- -se nas duas extremidades dum circuito mais ou menos vasto. Entre o olho que observa o objeto e a mão que o agarra não há nenhuma semelhança de órgãos. Entre a impressão visual e as contrações musculares existem sistemas complexos de conexões nervosas. São necessários longos meses para que a criança deles possa dispor. A maturação orgânica dos centros e a aprendizagem vão-se completando de etapa a etapa. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem8 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Essa relação de afetividade e movimentos orgânicos foi denominada de reação circular, pela característica de progresso que os movimentos e a reação a eles provocam. Outro aspecto da criança com o meio está na estreita e mútua relação entre a mãe e o bebê. Segundo Amorim et al. (2012, p. 311): […] Wallon (1979) entende […] que o bebê humano passa por um período de imperícia prolongada, em que o outro social é condição fundamental à sobre- vivência da criança. Porém, o que promoveria a ligação não seria a existência de sistemas que impeliriam a criança em busca de proximidade. Para Wallon, a necessária sociabilidade dependeria da solidariedade de comportamentos e atitudes entre o bebê e as pessoas do entorno. E aquela solidariedade de comportamentos seria possibilitada inicialmente por um aparelho expressivo (emoção) que teria força contagiosa, a qual propaga expressividade de um indivíduo a outro, assegurando a comunidade necessária das reações. Para Wallon, as emoções estão na base da filogênese e fornecem o primeiro e mais forte vínculo entre os seres da espécie. A mãe, a partir do seu universo cultural, acolhe o bebê e estabelece com ele uma relação que se caracteriza como simbiótica. Vamos relembrar o significado de simbiose, mas dentro do contexto da psicologia e psicanálise. De acordo com Chatelard e Cerqueira (2015, p. 258): O termo simbiose, proveniente dos étimos gregos sym (junto de) e bios (vida), foi originariamente empregado pelas ciências biológicas para designar uma relação funcional estreita, harmônica e produtiva entre dois organismos, os quais interagem de modo ativo visando ao proveito mútuo. A palavra foi tomada por empréstimo da biologia pela pediatra e psicanalista americana Margaret Mahler, a partir de suas pesquisas de observação da relação mãe-bebê. Posteriormente, foi reconhecida na clínica psicanalítica, estudada e modificada, em relação ao seu significado biológico original, por outros autores […]. Assim, o conceito de simbiose, que no âmbito da psicanálise se encontra inserido na fenomenologia das relações de objeto, alcançou uma posição de destaque em inúme- ros estudos, sendo atualmente encontrado com maior frequência na literatura psicanalítica. 9Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 É nesse estágio que a criança inicia a percepção do “eu” e, aos poucos, vai tomando consciência corporal e separando-se do outro. 2º estágio: sensório-motor e projetivo Neste segundo estágio, temos, como idade referencial para o sensório-motor, dos 12 aos 18 meses e, o projetivo, até os 3 anos. É definido como projetivo porque o ato cognitivo ou mental projeta-se nos atos motores. Segundo Dantas (2019), de maneira quase simultânea, a função simbólica, sustentada pelo meio humano, surge gradualmente: pelo fim do segundo ano, a habilidade da fala e as condutas representativas estão presentes de modo inegável, tecendo uma forma inédita de relação com a realidade, capaz de emancipar a inteligência do quadro imediato de percepção. Essa função, no início bastante frágil, apoia-se durante muito tempo nos gestos que a transportam, e se projeta em atos: Wallon, portanto, a chama de projetiva. Há uma relação mais intensa com o exterior (exteroceptiva) e o ato mental (cognitivo), pois a criança passa a intensificar o seu contato com os objetos e se questiona sobre eles — quer saber o nome das coisas e para que servem. Essa relação, entretanto, apresenta os campos funcionais de maneira indissociável. Ou seja, o movimento (ato motor) e o pensamento (cognição/conhecimento) são simultaneamente utilizados para as situações vividas pela criança. Assim, a inteligência é denominada como prática, pois ocorre em situações nas quais a criança explora e conhece o mundo pela manipulação dos objetos e pelo seu deslocamento no espaço físico. Essa relação possibilita o nascimento da função simbólica (etapa projetiva), e, juntamente com a linguagem, a criança inicia o pensamento discursivo, podendo atribuir significado ao signo, ou seja, a cada objeto, atribui uma representação. Segundo Wallon (1968, p. 186): Através da linguagem, o objeto do pensamento deixa de ser exclusivamente o que, pela sua presença, se impõe à percepção. Ela fornece à representação das coisas que já não existem ou que poderiam existir o meio para serem evocadas, e confrontadas entre si e com o que é atualmente sentido. Ao mesmo tempo que reintegra o presente. Ela sobrepõe aos momentos de experiência vivida o mundo dossignos, que são os pontos de referência do pensamento, num meio em que este pode imaginar e seguir livres trajetórias, unir o que estava desunido, separar o que tinha sido simultâneo. Mas essa substituição da coisa pelo signo não se efetua sem dificuldades, sem conflitos. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem10 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Ao explicar que a criança poderá “[…] unir o que estava desunido, separar o que tinha sido simultâneo”, Wallon evidencia um jeito de pensar, que é natural nessa etapa da infância: o sincretismo. Ou seja, misturam a fantasia e a realidade sem diferenciação. Dantas (2019) nos explica que o sincretismo é capaz não só de alcançar os conteúdos, mas também os processos do pensamento inicial: os próprios mecanismos de assimilação e oposição não se distinguem ou diferenciam, permitindo que duas coisas sejam simultaneamente assimiladas e opostas, como os conteúdos de “sol” e “céu” ao olhar para cima. Os conflitos gerados pelo sincretismo, para a criança, vão sendo minimizados à medida que amplia suas possibilidades de interação de si mesma com os objetos e o meio. Essa realidade se transformará quando ela fortalecer a função simbólica. 3º estágio: personalismo Para Wallon, esse estágio ocorre entre os 3 e os 6 anos, aproximadamente, e representa a consciência do “eu”, a diferenciação dos outros, sua imagem corporal é construída, por isso esse estágio é, também, conhecido como estágio do espelho. A afetividade predomina e está presente na construção da sua personali- dade, na busca por compreender o que a diferencia do outro. Segundo Wallon (1968, p. 229): O seu nome, o seu apelido, a sua idade, o seu domicílio, constroem-lhe uma imagem da sua pequena personalidade, de que aliás se faz com que testemunha dos seus próprios pensamentos. Já é capaz de observar, dispersa-se menos e prossegue a ocupação encetada com mais tranquilidade e perseverança. A criança vivencia a tarefa de construir a si mesma e, para isso, precisará opor-se ao outro para se reconhecer. Portanto, é nas experiências sociais e no seu interesse pelas pessoas que predominam as relações afetivas, o que não ocorre de forma tranquila, mas em meio a crises e contradições. Segundo Nogueira e Leal (2018, p. 199): […] a passagem do estágio sensório-motor para o personalismo ‘exige uma alternância de função, uma subordinação da função da inteligência, para que o predomínio da afetividade possa, neste momento do desenvolvimen- to, emergir e orientar o processo de constituição da pessoa’. Portanto, essa continuação no desenvolvimento da criança será permeada por conquistas, mas também por conflitos e contradições que aparecerão e reaparecerão ao longo do desenvolvimento. 11Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Juntamente com a conquista de si mesma, emerge, também, a consciência de sua imagem corporal, parte a parte e na sua totalidade. Além disso, modifica- -se a linguagem que utiliza para falar de si — antes, referia-se a si mesma na terceira pessoa e, a partir desse estágio, passa a utilizar dos pronomes “eu”, “mim” em substituição ao uso do nome. Por exemplo, quando Maria, uma criança de 3 anos, se dirige à mãe para pedir sua mamadeira, diz: “Mamãe, a Maria quer mamar”. Destaca-se, ainda o uso do pronome possessivo “meu/ minha” que, segundo Nogueira e Leal (2018, p. 199), “[…] fixa nas coisas direitos duradouros, prerrogativas ou pretensões do eu”. Essas mudanças fazem parte de um processo em que conquistas e conflitos estarão presentes no desenvolvimento da criança. Nesse estágio, a criança passa por três momentos diferentes: o primeiro é o de oposição, quando ela está construindo a imagem de si mesma e precisa opor-se ao outro — trata-se do momento de constantes “crises”; o segundo momento é o da sedução, quando ela precisa sentir-se prestigiada e agradar ao outro — denominada “idade da graça”; por fim, no terceiro, predomina a imitação, que corresponde ao momento em que ela imita as características do outro que a agradam. A criança passará da inteligência prática para a discursiva por meio da imitação, que é o movimento voltado para a atividade em si. Inicialmente, a criança faz a imitação de forma automática, mas, aos poucos, vai acrescen- tando gestos próprios. Nesse momento, ela transita de dentro de si e para fora, sucessivamente, e de forma antagônica. Vasconcellos (1996, p. 35) descreve o significado da imitação, de acordo com Wallon: A imitação é uma ação que ao iniciar-se na alienação de quem imita, im- pregnado por uma impressão externa (fusão no modelo), se modifica e se transforma, diferenciando-se do que imitou, constituindo, um novo patamar de comunicação e novas estruturas mentais de descortinamento do significado das coisas. Através da imitação, a criança, simultaneamente, começa a se expressar (instrumento de relação) e a experienciar (instrumento cognitivo) o significado da natureza e o sentido das trocas sociais. Depois dessa fase, a imitação passa a ser eletiva, e os modelos serão as pessoas que a criança admira. Assim, inicia a construção da sua personalidade, apoiada na afetividade e no conhecimento de si. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem12 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 4º estágio: categorial O estágio categorial tem como referência o período entre os 6 e 11 anos de idade e a predominância do domínio cognitivo. Ele é subdividido em dois momentos: o pré-categorial e o categorial. O primeiro, pré-categorial, compreende o período entre os 6 e 9 anos, tendo como principal característica o pensamento em pares, ou seja: […] esses pares formam-se por contrastes ou oposições tanto quanto por vín- culos ou semelhanças. É o par que sustenta o pensamento sincrético. Enquanto seu mundo interno é povoado de sonhos e fantasias, o externo é repleto de símbolos e códigos culturais, é nesse contexto que desenvolve sua inteligência, na qual o sincretismo é um fator determinante (SOUZA et al., 2012, p. 135). Nesse momento, a criança passa a operar “intelectualmente” com represen- tações mentais e conceitos, mas não consegue destacar a unidade do todo — por isso o pensamento por pares. Ainda presa ao sincretismo, observa-se quatro características: a fabulação (invenção de histórias), a tautologia (repetição de palavras), a elisão (exclusão de alguns elementos ou incoerência) e a contradi- ção (os argumentos são alterados durante a fala, evidenciando contradições). Em seguida, no momento categorial, a criança desenvolve a autodisciplina mental, o que Wallon definiu como atenção. A objetividade substitui o sin- cretismo, e o raciocínio simbólico começa a avançar, sendo possível pensar conceitualmente, apresentar a memória voluntária e a associação de ideias. 5º estágio: puberdade e adolescência Este estágio ocorre após os 11 anos, com predomínio do domínio afetivo, e o adolescente se volta, novamente, para si mesmo, buscando a definição da sua personalidade. Nesse novo período de imersão dentro de si mesmo, ele busca pela autonomia diante dos conflitos com que se depara. Caracteriza-se, também, pelas alterações hormonais e do esquema corporal. Há uma ambivalência de sentimentos: Nesse estágio, o jovem nega a infância, sente-se perdido em relação a si mesmo e a seu corpo, questiona valores paternos e busca fugir do domínio dos mesmos. Há nesta etapa uma necessidade de conquista, de renovação, de aventuras (SOUZA et al., 2012, p. 137). 13Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 A necessidade de mudanças e conquistas leva os jovens a fazerem suas opções religiosas, ideológicas, políticas, entre outras, questionando todos os valores e posicionamentos em busca de sua identidade. 6º estágio: adulto Observa-se um equilíbrio entre o afetivo e o cognitivo, a definição dos valores e a coerência entreo comportamento e os valores assumidos. Há, também, o equilíbrio em relação a si mesmo e ao outro. Segundo Amaral (2014, p. 601), “[…] no adulto, com o controle cortical sobre as situações, as relações Eu-Outro tendem a ser mais igualitárias”. Uma característica que permeia todas as etapas dos estágios de desen- volvimento de Wallon é o pensamento dialético que alterna momentos de maior extroversão e o olhar para fora de si com os momentos de introspecção, ou seja, o olhar para dentro de si. O momento de introspecção sempre tem a predominância da dimensão afetiva, enquanto, nos momentos de externali- zação, predomina a dimensão cognitiva. Apenas no estágio inicial coexistem as dimensões motora e afetiva. Essas características se alternarão ao longo de toda a vida, sempre em uma relação dialética. 3 Processos de ensino e aprendizagem Os estudos de Wallon, como já dissemos, trouxeram muitas contribuições para a educação. Vamos conhecer agora como os processos de ensino e aprendizagem relacionam-se com os diferentes estágios do desenvolvimento. A psicogenética de Wallon estabelece uma relação indissociável dos seres humanos e o meio, ou seja, não há desenvolvimento fora do espaço social. Na perspectiva de Wallon, o meio é um campo no qual “[…] o indivíduo age, com os recursos que dispõe no momento”, podendo ser o meio físico, o cultural ou o social, por envolverem a existência humana (DAVIS et al., 2012, p. 72). A escola, por exemplo, tem uma função importante e específica com o conhecimento. Por isso, Wallon considera que é um meio funcional que possibilita o desenvolvimento humano em todos os seus estágios. Segundo Davis et al. (2012, p. 72), na escola: Afetividade e processos de ensino e aprendizagem14 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 […] estão os grupos e, na dialética walloniana, meios e grupos podem, por vezes, coincidir. Pode-se considerar a classe um grupo, que contém, em geral, ainda outros grupos menores. Para Wallon, o grupo tem objetivos determi- nados, que levam a sua composição e à divisão de tarefas; no grupo também se aprende a diferenciar novos tipos de relações, a tomar conhecimento dos recursos e limites do coletivo e de cada um de seus membros; o grupo coloca a criança e o adolescente entre duas exigências opostas e complementares: o desejo de pertença, que exige identificação com os objetivos do grupo; e o desejo de diferenciar-se, ocupando um lugar na estrutura do grupo. As relações dialéticas são marcadas pela oposição e complementação, características fundamentais na obra de Wallon. Além disso, os domínios funcionais — movimento, afetividade e cognição — exercem influência signi- ficativa para a construção do conhecimento dentro da escola. As capacidades cognitivas são responsáveis pela apropriação do conhecimento, e a afetividade, pelos sentimentos e paixões vividas nas relações múltiplas do espaço escolar. Por fim, toda sua motricidade lhe possibilita os movimentos e as relações com o espaço. Enfim, as dimensões funcionais compõem a pessoa, o humano. Então, se entendemos, como Wallon, a escola como um meio funcional onde a criança pode desenvolver-se, é preciso compreender que o meio precisa oferecer as condições adequadas para que isso aconteça. Um ambiente deve dar acolhimento, que significa receber o outro como ele é. Dito de forma mais clara, para receber a criança como criança, respeitando-a e aceitando-a do jeito que é, com todas as suas características, é preciso que a visão adultocêntrica seja deslocada e permita a expressividade integral da criança. A escola tradicional, tão criticada por Wallon, por sua visão reducionista, durante muito tempo, olhou apenas a dimensão cognitiva da criança. E a organização pedagógica seguiu nessa direção. Hoje, precisamos reconstruir o ambiente escolar para o acolhimento de crianças que possuem uma dimensão cognitiva, afetiva, motora e que, na sua totalidade, interage com esse meio e com as pessoas que nele existem. Estágios de desenvolvimento no início da educação básica Se, em Wallon, os estágios não se apoiam rigidamente nas idades das crianças, na legislação brasileira, temos uma boa referência para estabelecer um parâme- tro dialógico entre esses estágios e os espaços educacionais. Segundo a nossa LDB (Lei 9.394/96), a educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica, tem por “[…] finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 15Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 5 (cinco) anos” (artigo 29). E, às crianças de 0 a 3 anos, essa educação será oferecida nas creches (art. 30, adaptado) (BRASIL, 1996, documento on-line). Assim, esses espaços são, acima de tudo, ambientes para o desenvolvimento humano na sua integralidade e que recebem crianças em um estágio de desen- volvimento que requer cuidados específicos. A seguir, vamos exemplificar trazendo a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. Educação infantil Creche — 1º estágio As crianças, no estágio impulsivo e emocional, interagem com o meio pelo movimento e pela afetividade, predominantemente. Primeiro, com as pessoas no entorno, depois, com os objetos. Inicialmente, os movimentos são caóticos e sem controle, servindo apenas para a satisfação de necessidades básicas — por isso são tão dependentes. Na creche, a figura materna é substituída pela professora ou monitora, mas a relação estabelecida precisa afetar as duas, em uma relação simbiótica. Ou seja, a saciedade das necessidades da criança promoverá um prazer que deve ser correspondido por quem a alimenta, a mantém limpa e aquecida, pois esse efeito circular é fundamental para seu desenvolvimento. Como Cintra e Almeida (2017, p. 207) explicam: Inicialmente, o bebê realiza, de modo casual, um movimento que produz um efeito que lhe agrada. Busca, então, repetir o movimento, com a intenção de reproduzir o mesmo efeito. Essas atividades são conhecidas como reações circulares. Nelas, a sensação suscita o gesto apropriado para reproduzi- -la, primeiramente para que possa ser reconhecida e, posteriormente, para modificá-la. Essa associação entre os campos sensoriais e musculares só é possível com a maturação neurológica que envolve esses diferentes campos e que permite a coordenação da cabeça, dos olhos e da mão (grifo nosso). O primeiro ano de vida é, portanto, fundamental para que a criança desen- volva as capacidades motoras que lhe servirão para avançar em seu espaço de exploração e, aos poucos, ampliar sua atenção a um ambiente maior, pois ela começará a andar. As crianças, nesse estágio, precisam ser estimuladas, por meio de um contato mais próximo das pessoas e, também, da presença de objetos que servirão ao seu desenvolvimento psicomotor. Quando falamos em contato mais próximo, estamos nos referindo à possibilidade de diálogo, no qual o respon- sável possa acolher e interpretar as reações do bebê e agir para lhe oferecer o Afetividade e processos de ensino e aprendizagem16 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 conforto que busca, como a troca da fralda, o alimento, etc. Contudo, sendo essa relação responsável pelo desenvolvimento da afetividade, o cuidado deve ser acompanhado do sorriso e da conversa com uma voz suave e carinhosa, pois a expressão é o fio condutor do diálogo nessa etapa do desenvolvimento. Por isso, atividades como cantar para a criança ou ler histórias correspondem à construção dos vínculos afetivos. Ao final do primeiro ano, intensifica-se o movimento coordenado (ao que se denomina praxia), como pegar um objeto, tirar a chupeta e colocá-la novamente na boca, empurrar o que não quer. Dessa maneira, na exploração do mundo físico, inicia o deslocamento do foco para a realidade objetiva. Para Dantas (1990 apud GALVÃO, 1998, p. 57): “[…] a razão nasce da emoção e vive da sua morte”, ou seja, nesse momento, a dimensão funcional pre- dominante passaráa ser a cognitiva, iniciando, assim, o estágio sensório-motor. Creche — 2º estágio O estágio sensório-motor e projetivo é o momento de desenvolvimento da capacidade de locomoção, quando a criança começa a andar e desenvolve a linguagem. Ao aprender a andar, ela necessita de espaço para se deslocar e explorar tanto o espaço como o próprio movimento, como esclarece Galvão (1998, p. 52): Deslocando-se de um lugar para outro, ela pode construir, com sua atividade, um espaço único no qual pode alcançar ou ultrapassar cada objeto, ir e vir, meio contínuo e homogêneo, e não mais somente ambiente fortuito do momento. Dessa forma, a rotina na creche deve prever esse momento, para que as crianças possam explorar um espaço mais amplo que o berço em que des- cansam, e desenvolver a sua capacidade cognitiva que se dirige para fora de si, para o mundo exterior. As professoras podem realizar atividades no espaço aberto da creche, levando as crianças a ampliarem a dimensão espacial, andando com apoio, se necessário, ou permitindo que caminhem sozinhas para o fortalecimento muscular e o desenvolvimento da autonomia. Há muitas brincadeiras que podem realizar entre elas com foco nos movimentos, como: empilhar os brinquedos, levando as peças de um lugar para outro, por exemplo; entregar uma bola ao coleguinha que está distante e voltar; buscar água em uma torneira para molhar as plantas; explorar a natureza; mexer na terra, entre outras. 17Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 O desenvolvimento da linguagem, nessa etapa, tem um significado impor- tante para a criança, pois, ao falar uma palavra, está representando o objeto que pronuncia. A capacidade cognitiva desenvolve-se para que, por meio dela, sejam objetivados os seus desejos. Tanto andar quanto falar significam a conquista do mundo simbólico. Para Wallon, a linguagem é o impulsionador da inteligência, pois o desen- volvimento da linguagem corresponde ao do pensamento, em uma relação de reciprocidade pois. Isso porque a linguagem expressa um pensamento e age como estruturadora dele (GALVÃO, 1998). Dessa forma, as atividades que envolvem a oralidade entre crianças promo- vem o desenvolvimento da dimensão cognitiva, uma vez que, ao expressar o que pensa, a criança busca argumentos e contra argumentos, em uma relação também dialética. Além disso, aproxima-se de novas palavras, apropriando-se da cultura. Segundo Galvão (1998, p. 38): [...] é a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os instrumentos para sua evolução. O simples amadurecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades intelectuais mais complexas. Para que se desenvolvam, precisam interagir com “alimento cultural”, isto é, linguagem e conhecimento. Assim, as parlendas, quadrinhas, músicas folclóricas, fábulas e contos são excelentes atividades para o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e para a aquisição da cultura. Além disso, é nessa fase que se observa o pensa- mento sincrético, onde “[…] tudo pode se ligar a tudo, as representações orais (ideias e imagens) se combinam de formas variadas e inusitadas”, aproximando- -se de uma linguagem mais poética que lógica (GALVÃO, 1998, p. 67). Mesmo que nesse estágio predomine a dimensão cognitiva, essa ocorre em decorrência das origens afetivas. Por isso, a subjetividade está tão presente no processo de construção do pensamento e da linguagem. Como o desen- volvimento, para Wallon, é processual e contínuo, da subjetividade emergirá uma representação mais objetiva da realidade, em estágios mais avançados. Pré-escola — 3º estágio A formação da personalidade e da consciência de si é a principal característica desse estágio que abrange as crianças, aproximadamente, dos 3 aos 6 anos. Há o retorno à dimensão afetiva. No entanto, vêm incorporados os recursos intelectuais com o desenvolvimento da linguagem. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem18 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 O amadurecimento da linguagem e a consciência de si modificam o dis- curso. A criança deixa de se referir a si mesma na terceira pessoa e incorpora os pronomes pessoais, caracterizando seu posicionamento frente ao mundo e ao outro, delineando sua personalidade e tomando a si mesma como referência em tudo o que realiza. E, a partir dessas características, surgem os primeiros conflitos, muito observados no convívio escolar. A oposição a tudo que é diferente dela traduz-se em um comportamento cada vez mais elaborado com cenas de ciúmes, birras e, até mesmo, “acessos de tirania e dissimulação”, mostrando-se, muitas vezes, agressiva com os coleguinhas e/ou o professor. Atitudes como a disputa por um brinquedo do amiguinho são frequentes — muito mais do que desejar o brinquedo, a disputa é o que interessa (GALVÃO, 1998, p. 47). Assim, nessa etapa, é preciso haver muita compreensão com o momento vivido pela criança. Ao invés de lhe devolver a mesma agressividade, o pro- fessor deve acalmá-la e conversar. Muitas vezes, observa-se, nas escolas, atitudes como colocar a criança sentada sozinha para que “pense sobre o que fez”, mas isso não é possível para ela naquele momento. A situação vivida não é falta de educação ou retrato da violência doméstica, mas uma etapa do seu desenvolvimento, momento em que está construindo sua personalidade e compreendendo a sua existência como independente das outras pessoas e circunstâncias das quais participa. É possível observar a ampliação da auto- nomia e diminuição do sincretismo da personalidade. As brincadeiras com os cantinhos da beleza, pentear e arrumar o cabelo, enfeitar-se são atividades muito prazerosas e permitem que o lado mais po- sitivo dessa etapa seja evidenciado como o da sedução e imitação. A sedução se caracteriza pelo empenho da criança em se fazer admirar pelos outros — daí a relevância em se arrumar, limpar e perfumar. Na fase da imitação, a criança tenta incorporar as atitudes e o papel social de outras pessoas, quando as brincadeiras de faz-de-conta predominam. Ao brincar e assumir outros papéis sociais, alargam-se suas possibilidades, além do enriquecimento da sua própria personalidade. Por isso, é importante que essas atividades façam parte da rotina das crianças no final da educação infantil. Para Wallon, esse é o momento propício para a criança se expressar, se colocar em confronto com o outro para interagir com ele. Dessa forma, ele sugere atividades no campo da arte que favorecem a expressão e as vivências subjetivas. O Quadro 1 traz uma síntese dos estágios de desenvolvimento da criança, visto até aqui, e o estágio categorial que será abordado na sequência. 19Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Fonte: Adaptado de Wallon (1968). Estágio de desenvol- vimento Dimensão funcional e direção pre- dominantes Principais aprendi- zagens Tipos de atividades Impulsivo e emocional (de zero a 1 ano) Motora e afetiva; introspectivo (para dentro de si) Conhecer- -se, diferen- ciando-se do espaço e do outro � Ouvir a voz carinhosa; � ter suas necessida- des atendidas; � pegar objetos; � manusear diferentes superfícies e texturas; � músicas e histórias. Sensório- -motor e projetivo (1 a 3 anos) Cognitiva (aberta ao conhecimento do mundo exterior) Diferenciar-se no todo, ampliando o domínio espacial e a linguagem � Brincadeiras que esti- mulem o movimento corporal, como andar em espaço aberto, brincar de cento- peia em que todos estão ligados uns nos outros andando; � cantar, contar e recontar histórias; � pintar, desenhar. Personalismo (3 aos 6 anos) Afetiva e introspectiva (volta-se para si) A consciência de si e seu lugar no mundo (autonomia) � Cantinho da beleza, estímulo à higiene; � atividades de pintura, desenho e modelagem; � teatro, brincadeiras de faz-de-conta. Categorial(dos 6 aos 11 anos) Cognitivo Expande-se para fora de si A descoberta do mundo em suas diferen- ças e seme- lhanças; ideias e represen- tações mais elaboradas � Jogos de raciocínio lógico; � brincadeiras que esti- mulem a observação das características dos objetos, uso mais elaborado da lingua- gem para definição das coisas e de seus atributos, etc. Quadro 1. Os estágios de desenvolvimento e sua relação com as atividades de ensino Afetividade e processos de ensino e aprendizagem20 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Anos iniciais do ensino fundamental — 4º estágio O estágio categorial é estabelecido a partir dos 6 anos, aproximadamente, e prolonga-se até cerca de 11 anos, predominando o domínio cognitivo na direção do conhecimento para o mundo exterior. A chegada no ensino fun- damental representa o início da alfabetização e a aprendizagem de conteúdos mais sistematizados. Assim, é preciso compreender como o domínio cognitivo apresenta-se nesse estágio. A função categorial retrata o momento em que o pensamento executa ações mais elaboradas, como formar categorias, organizar algo de maneira seriada, apoiando-se sobre “[…] um fundo simbólico estável […] que favorece a objetivação do real”, e possibilita que as crianças tenham controle sobre as coisas e ajustem o pensamento à realidade (GALVÃO, 1998, p. 70). Quando Wallon afirma que, nesse estágio, a criança pode formar categorias, “[…] supõe a separação entre qualidade e coisa”, ou seja, percebe os objetos e/ou pessoas independentemente do atributo que se liga a ele. Assim, o pen- samento abstrato vai se constituindo, e desenvolve-se a capacidade de análise e síntese, a generalização e a comparação. Esse pensamento mais elaborado é fundamental para a criança compreender o sistema de escrita e o dos números naturais. No entanto, a prática de ensino precisa ir ao encontro desse processo de pensamento, isto é, as práticas não podem ser expositivas com vistas à repetição sem sentido e desprendida da realidade social, pois não atenderá ou estimulará o desenvolvimento cognitivo e desestabilizará emocionalmente as crianças que não conseguirão interagir com o objeto de aprendizagem. A função categorial permite a nítida diferenciação do sujeito e do objeto e dos objetos entre si, o que é favorecido com práticas de ensino que se utilizam de objetos socioculturais reais. A escrita do nome, tão utilizada para que a criança interaja com a escrita, precisa ser ampliada com o conhecimento do nome dos colegas na lista de chamada ou fixada nos objetos que pertencem a cada um, o que é comum na escola. Os números, não podem ser apresentados como uma sequência a ser copiada, mas identificados nos diferentes usos sociais, como o número da casa em que mora, a data do aniversário, o tamanho do sapato e tantos outros. Somente após reconhecida sua função social, a sistematização poderá ser realizada. 21Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Enfim, como destaca Galvão (1998, p. 72): ao interagir com o conhecimento formal, o pensamento se apropria das di- ferenciações já feitas pela cultura, as quais contribuem para a realização das diferenciações que devem ser realizadas pelo próprio indivíduo. A redução do sincretismo e a consolidação da função categorial são processos em estreita dependência do meio cultural. Superar obstáculos que dificultam a com- preensão objetiva da realidade não é tarefa exclusiva ao pensamento infantil. É uma tarefa constante do próprio pensamento científico, desde a origem e até hoje às voltas com a superação de contradições que obscurecem a compreensão da realidade. Nesse plano da razão histórica, vê-se que as categorias de pen- samento vigentes são periodicamente submetidas a reformulações, sendo o progresso intelectual resultado de conflitos e não de pacífica acumulação. No plano individual, o conflito também aparece como combustível para o progresso do pensamento. Conflito entre as aptidões intelectuais da criança e as tarefas que o meio lhe impõe, entre os seus recursos e a estrutura das coisas. A escola não deve transitar entre o autoritarismo e a inflexibilidade tradi- cionais ou a permissividade total, em que a falsa ideia de que a criança deve construir sua aprendizagem acaba por abandoná-la à própria sorte. Para Wallon, a escola é um espaço para a construção do saber sistematizado, mas adverte que os educadores precisam compreender e adaptar suas ações pedagógicas a um aluno real e integral, cujas capacidades motora, cognitiva e afetiva constituem-se na pessoa que é. Neste capítulo, você pode compreender os pressupostos teóricos da teoria de Henri Wallon, além de acompanhar a descrição dos aspectos por ele evi- denciados, como o desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, para, assim, identificar os diferentes estágios de desenvolvimento humano dessa teoria. AMARAL, L. R. A questão do Eu e do Outro na psicogenética walloniana. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 31, n. 4, p. 595–604, out./dez. 2014. Disponível em: https://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-166X2014000400013&lng=pt&nr m=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. AMORIM, K. S. et al. O bebê e a construção de significações, em relações afetivas e contex- tos culturais diversos. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 20, n. 2, p. 309–326, dez. 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413- -389X2012000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem22 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu- cação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 20 ago. 2020. CHATELARD, D. S.; CERQUEIRA, A. C. O conceito de simbiose em psicanálise: uma revisão de literatura. Ágora – Estudos em Teoria Psicanalítica, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 257–271, jul./dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1516-14982015000200257&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 ago. 2020. CINTRA, F. B. M.; ALMEIDA, L. R. Uma leitura walloniana do movimento: crianças de seis anos no ensino fundamental. Psicologia Escolar e Educacional, Maringá, v. 21, n. 2, maio/ago. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ abstract&pid=S1413-85572017000200205&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. DANTAS, H. Do ato motor ao ato mental: a gênese da inteligência segundo Wallon. In: TAILLE, Y. L.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 28. ed. São Paulo: Summus, 2019. p. 35–46. DAVIS, C. L. F. et al. Abordagens vygotskiana, walloniana e piagetiana: diferentes olha- res para a sala de aula. Psicologia da Educação, São Paulo, n. 34, p. 63–83, jun. 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414- -69752012000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educar em Revista, Curitiba, v. 26, n. 36, p. 21–38, 2010. Dis- ponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/17577. Acesso em: 20 ago. 2020. GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. 134 p. (Coleção Educação e Conhecimento). GRATIOT-ALFANDÈRY, H. Henri Wallon. Recife: Fundação Joaquim Nabuco; Massangana, 2010. 134 p. (Coleção Educadores). Disponível em: http://www.dominiopublico.gov. br/download/texto/me4686.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020. KOLYNIAK FILHO, C. Motricidade e aprendizagem: algumas implicações para a edu- cação escolar. Construção Psicopedagógica, São Paulo, v. 18, n. 17, p. 53–66, dez. 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415--69542010000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. R. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contri- buições de Henri Wallon. Psicologia da Educação, São Paulo, n. 20, p. 11–30, jun. 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415- -69542010000200005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020. NOGUEIRA, M. O. G.; LEAL, D. Teorias da aprendizagem: um encontro entre os pensa- mentos filosófico, pedagógicos e psicológico. 3. ed. Curitiba: InterSaberes, 2018. 358 p. SILVA, D. L. Do gesto ao símbolo: a teoria de Henri Wallon sobre a formação simbólica. Educar em Revista, Curitiba, v. 23, n. 30, p. 145–163, jul./dez. 2007. Disponível em: https:// revistas.ufpr.br/educar/article/view/11382. Acesso em: 20 ago. 2020. 23Afetividade e processos de ensino e aprendizagem Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. SOUZA, A. F. L. et al. Henri Wallon: sua teoria e a relação da mesma com a prática. Ícone – Revista de Letras, São Luís de Montes Belos, v. 10, n. 2, p. 129–141, ago. 2012. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/icone/article/view/5047. Acesso em: 20 ago. 2020. VASCONCELLOS, V. M. R. Wallon e o papel da imitação na emergência de significado no desenvolvimento infantil. In: PEDROSA, M. I. (org.). Investigação da criança em interação social. Recife: UFPE, 1996. p. 33–47. (Coletâneas da ANPEPP, v. 1, n. 4). Disponível em: https://www.anpepp.org.br/acervo/Colets/v01n04a04.pdf. Acesso em: 27/07/2020. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968. 238 p. Afetividade e processos de ensino e aprendizagem24 Identificação interna do documento JNY71VRW2M-UZR7BI1