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O conceito de responsabilidade social corporativa 
 
No que consiste e quais são os propósitos da responsabilidade social corporativa? Qual a sua importância no 
contexto empresarial e nas relações com a sociedade? Essas são perguntas que nos conduzem para uma nova 
dimensão do papel das empresas no mundo contemporâneo. 
Em primeiro lugar, é preciso refletir sobre o significado do termo empresa. A compreensão usual é que se 
constitui de uma atividade econômica organizada com a finalidade de obtenção de lucro. Desde o início do 
sistema de produção capitalista, o sentido da atividade econômica por meio de organizações de variados 
tipos sempre esteve vocacionado para a maximização da lucratividade a partir da redução de custos e do 
aumento da produção, ou seja, uma dimensão de caráter eminentemente econômico. 
Todavia, a empresa, enquanto atividade, transformou-se tanto em relação à maneira pela qual se dá a sua 
configuração quanto no que se refere à sua importância social. A empresa é um agente fundamental para o 
ciclo econômico na medida em que vincula nos processos produtivos mão de obra e insumos com a geração 
de renda e as transformações significativas no ambiente natural e social. Por essa razão e considerando os 
impactos das suas atividades, as empresas não estão livres das discussões sobre a sua responsabilidade no 
quadro do desenvolvimento, especialmente o sustentável. 
Na década de 1950, no cenário norte-americano, Howard Bowen lançou a obra Social Responsabilities of 
the Businessman, considerada a primeira reflexão acadêmica a respeito do tema da responsabilidade social. 
O autor não se restringiu às questões filantrópicas e pontuou a importância do compromisso das empresas 
para a melhoria das condições sociais da sociedade (JUNCO; FLORENCIO; BUSTELO, 2014). 
No Brasil, é a partir da década de 1990 que o tema da responsabilidade social passa a ser importante para a 
administração e gestão organizacional. Coube ao Instituto Ethos estimular a adoção das práticas de 
Responsabilidade Social Corporativa (também chamada de Responsabilidade Social Empresarial) no espaço 
de negócios brasileiro. 
As discussões sobre a responsabilidade social contribuíram para que a ciência jurídica incorporasse um 
redimensionamento da concepção da atividade empresarial em nossa sociedade. Nesse sentido, a função 
social da empresa é um dos aspectos centrais da Constituição Federal de 1988, em que a atividade 
econômica é uma conjugação dos interesses dos proprietários com os da coletividade. No capítulo sobre a 
ordem econômica, a Carta Magna disciplina os princípios da livre iniciativa e concorrência à luz da justiça 
social e de uma sociedade livre, justa e solidária. As empresas estão vinculadas a conservar e nutrir respeito 
à ordem econômica e social por meio da preservação do meio ambiente, da proteção aos consumidores e aos 
trabalhadores (BRASIL, 1988). As empresas têm uma função social destacada e não vinculada 
exclusivamente à questão econômica. 
Em que pese a centralidade da função social da empresa no universo jurídico, ela não se confunde com a 
responsabilidade social corporativa. Essa é mais ampla e representa um compromisso das empresas além do 
processo econômico e legal para um engajamento social e ambiental em sociedade. Por essa razão, o 
desempenho da atividade econômica em conformidade com a legislação é somente um dos elementos da 
responsabilidade social corporativa. 
Com esses apontamentos, indaga-se: como conceituar a responsabilidade social corporativa? No âmbito 
internacional, uma importante normatização, a ISO 26000:2010, estabelece os parâmetros para a 
responsabilidade social, que, por sua vez, apresenta o seguinte conceito: 
A responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações em incorporarem 
considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas 
decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento ético e transparente 
que contribua para o desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja 
consistente com as normas internacionais de comportamento. Também implica que a responsabilidade social 
esteja integrada em toda a organização, seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das 
partes interessadas. (ABNT, 2010, p. 6) 
Para o Instituto Ethos, a responsabilidade social corporativa é definida como: 
[...] a forma de gestão que se define pela relação ética, transparente e solidária da empresa com todos os 
públicos com os quais ela se relaciona [...] e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o 
desenvolvimento sustentável da sociedade, de forma a preservar recursos ambientais e culturais para 
gerações futuras, respeitar a diversidade e promover a redução das desigualdades sociais. (EMPRESAS..., 
2006, p. 17) 
Nota-se, portanto, que a responsabilidade social corporativa expressa uma convenção empresarial, 
representativa do novo contexto das empresas que estão eticamente comprometidas com os processos 
econômicos, sociais e ambientais. 
 
 
Os elementos estruturantes da responsabilidade 
social corporativa 
 
A responsabilidade social corporativa é uma convenção que estabelece compromissos éticos quanto ao papel 
e à ponderação das consequências da atividade empresarial. Dessa forma, a empresa passa a figurar não 
apenas como um agente econômico, mas como um vetor para a construção de valores de uma sociedade 
compromissada com a qualidade de vida e com a sustentabilidade. 
Nesse sentido, como compreender a responsabilidade social corporativa? Há diversos modelos, mas um dos 
principais estabelece e articula quatro categorias de responsabilidade social: (i) econômica; (ii) legal; (iii) 
ética; (iv) de ação discricionária (CARROL, 1979 apud AMORIM, 2009). As duas primeiras 
responsabilidades são inerentes às atividades empresariais, na medida em que o objetivo econômico de uma 
empresa não pode prescindir da observância da legislação, seja tributária, trabalhista ou ambiental. A 
responsabilidade ética, por sua vez, expressa o compromisso da transparência, da lealdade nas relações, 
inclusive intergeracional, ou seja, de garantir os recursos naturais para as gerações futuras. A 
responsabilidade discricionária, por fim, é o engajamento voluntário com os projetos comunitários (sociais, 
educacionais, recreativos), que contribuem para mudanças na sociedade (AMORIM, 2009). 
Os princípios estruturantes da responsabilidade social corporativa estão estabelecidos na norma 
internacional ISO 26000:2010 (ABNT, 2010). O primeiro deles é a accountability, isto é, a obrigação da 
empresa em ser responsável por suas ações e decisões, o que implica a prestação de 
contas. Accountability deve ser entendida como a 
“[...] condição de responsabilizar-se por decisões e atividades e prestar contas destas decisões e atividades 
aos órgãos de governança de uma organização, a autoridades legais e, de modo mais amplo, às partes 
interessadas da organização” (ABNT, 2010, p. 2). 
O segundo princípio é a transparência, que consiste em divulgar de forma clara e objetiva as consequências 
dos impactos de suas atividades nas comunidades afetadas. O terceiro princípio é o comportamento ético, 
que significa integridade, a organização deve se estabelecer com base na honestidade e no compromisso com 
valores em prol da comunidade e do meio ambiente. O quarto princípio é o respeito pelos interesses das 
partes interessadas, isto é, identificar os stakeholders (que são todas as partes envolvidas e interessadas em 
um negócio), ouvindo-os ativamente e considerando as suas proposições. O quinto princípio é o respeito 
pelo Estado de Direito, ou seja, a organização deve aceitar e respeitar as normas jurídicas constituintes do 
Estado. O sexto princípio é o respeito pelas normas internacionais de comportamento,com a adoção de 
comportamentos organizacionais responsáveis e comprometidos com as melhores práticas de governança 
social e ambiental, mesmo em países em que as normas sejam mais flexíveis. O sétimo e último princípio é 
o respeito pelos direitos humanos em sua compreensão de universalidade, como direitos para todas as 
pessoas, sem quaisquer tipos de discriminações, em todos os lugares do planeta. O respeito aos direitos 
humanos impõe igualmente a sua promoção, isto é, o engajamento de promovê-los em conformidade com os 
preceitos da Carta Internacional dos Direitos Humanos. 
A responsabilidade social corporativa equivale a um novo estágio de entendimento do papel da empresa. Ela 
conduz a empresa a uma dimensão de cidadania, como uma empresa-cidadã. Supera-se a ideia de uma 
empresa como um negócio, de interesse exclusivo dos investidores, ou mesmo de uma empresa como 
organização social (MARTINELLI, 1997 apud AMORIM, 2009). 
A empresa-cidadã tem 
“[...] uma concepção estratégica e um compromisso ético, resultando na satisfação das expectativas e 
respeito pelos parceiros” (AMORIM, 2009, p. 134). 
A empresa olha para si mesma, e a sociedade e o mercado a olham também para avaliar a sua contribuição e 
participação no processo de redução dos problemas socioambientais. Neste cenário, a empresa articula ações 
a partir de objetivos que não consistem em práticas comerciais ou em resultados econômicos imediatos; ela 
passa a atuar como um agente social (AMORIM, 2009). Nota-se, destarte, que a responsabilidade social 
corporativa contém um núcleo de cidadania empresarial, com ganhos e resultados tanto internamente quanto 
externamente que, em última análise, são representativos dos compromissos com a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
A aplicação da responsabilidade social corporativa 
 
A responsabilidade social corporativa, como já destacado, é de implementação voluntária. Por essa razão, há 
diversas estratégias para torná-la efetiva no contexto empresarial, de acordo com o setor econômico e o 
tamanho da empresa. Todavia, o aspecto fundamental é que toda e qualquer empresa pode adotar os 
preceitos da responsabilidade social corporativa. 
A norma ISO 26000:2010 fornece algumas diretrizes de campos temáticos e de reconhecido interesse e 
relevância social. As empresas podem, ao dialogar com as expectativas e necessidades das partes 
interessadas, articular ações concretas. As diretrizes funcionam como temas centrais, a partir dos quais a 
organização poderá identificar questões peculiares, relevantes, estabelecendo suas prioridades de ação. 
Então, como áreas centrais, tem-se: governança organizacional; direitos humanos; práticas de trabalho; meio 
ambiente; práticas leais de operação; questões relativas ao consumidor; envolvimento e desenvolvimento da 
comunidade (ABNT, 2010). 
É preciso destacar que a responsabilidade social corporativa demanda o cumprimento de deveres, isto é, 
ações reais. Por este motivo, é primordial enxergar a responsabilidade social corporativa no sentido de ações 
a serem desempenhadas. Não se trata de algo teórico, mas de medidas reais, efetivas, na expectativa de 
transformação. 
A compreensão da responsabilidade social corporativa impõe a conjugação de duas perspectivas. Na 
primeira, a responsabilidade social corporativa está relacionada com as condutas internas (JONES, 
1997 apud AMORIM, 2009), que dizem respeito às dinâmicas operacionais da empresa. Neste caso, estão 
incluídas as ações no contexto de programas de relação com os empregados, sobretudo no que tange ao 
respeito aos direitos sociais do trabalho, assim como na geração de uma percepção interna de satisfação e de 
mútua colaboração, num ambiente laboral que proporcione o crescimento profissional e a igualdade de 
oportunidades. No mesmo sentido, a responsabilidade social perpassa pela estruturação de um programa de 
integridade e governança corporativa que esteja imbuído do máximo respeito aos direitos dos colaboradores, 
permitindo-lhes o desenvolvimento integral e o engajamento nas ações empresariais. 
No plano interno, ainda há de se pontuar ações no campo do respeito aos direitos humanos, principalmente 
para promover a igualdade de gênero, evitando práticas discriminatórios de quaisquer tipos, bem como 
integração e acessibilidade de pessoas com deficiência. Enumeram-se, ainda, programas de ética 
corporativa, com especial atenção à prevenção de assédio sexual e moral, programas de relacionamento 
interno, para promover uma política de recursos humanos pautada na conciliação e no respeito mútuo das 
diferenças e singularidades, programas de capacitação em responsabilidade social corporativa com enfoque 
na integração da empresa junto à comunidade local, bem como o estabelecimento de códigos de conduta no 
relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros comerciais. 
A segunda perspectiva da responsabilidade social corporativa é voltada ao plano externo, com a participação 
da corporação em ações fora dos seus interesses diretos e imediatos (AMORIM, 2009), por meio de 
investimento e destinação de recursos a programas sociais, de proteção ambiental, de conscientização 
sanitária etc., criados e mantidos pela própria empresa, ou em parceria com organizações não 
governamentais ou mesmo com as entidades do Poder Público. Como destaque, há o desenvolvimento de 
projetos socioeducacionais junto às comunidades, atendimento de grupos de risco e pessoas em situação de 
vulnerabilidade e projetos para a conservação e recuperação de áreas degradadas pelas próprias atividades 
empresariais. O plano externo é estabelecido entre a empresa em suas relações com o entorno, seja a 
comunidade ou meio ambiente. 
Como se pode notar, a responsabilidade social corporativa contempla inúmeras possibilidades de atuação 
para a empresa, a qual caberá definir o conjunto de ações pertinentes ao seu modelo de negócios ou à 
dimensão que pretende conferir ênfase em sua atuação. 
 
Neste vídeo, estudaremos um tema central para compreender o papel das empresas no 
contexto da sustentabilidade: a responsabilidade social corporativa. Você conhecerá os 
aspectos conceituais e os elementos estruturantes para uma atuação empresarial 
socialmente responsável. Ao final, conhecerá também algumas possibilidades de 
aplicação da responsabilidade social no contexto das organizações. Vamos juntos? 
Estou te aguardando para essa aula! 
 
 
 
 
 
 
Saiba mais 
 
No Brasil, a divulgação das iniciativas de responsabilidade social corporativa está associada ao trabalho 
do Instituto Ethos. Trata-se da principal organização na promoção de cursos e capacitações para o 
desenvolvimento sustentável na área empresarial. Conhecer o trabalho desse instituto, por meio de suas 
publicações e eventos, é uma forma de aprofundar nas temáticas para uma governança socialmente 
responsável. A sugestão, portanto, é você conhecer o trabalho da entidade por meio de seu site. Bons 
estudos! 
 
Introdução 
 
Querido aluno, é uma alegria tê-lo conosco nesta aula em que discutiremos os indicadores de 
sustentabilidade, que são as práticas e os procedimentos para que uma empresa se apresente como 
responsável ecologicamente perante o mercado e os seus consumidores. 
https://www.ethos.org.br/
Para que uma empresa seja considerada como sustentável, é necessário mais do que o cumprimento das 
obrigações legais. Exige-se que ela adote processos e procedimentos que reduzam os seus impactos no meio 
ambiente. Uma das principais iniciativas nesse sentido é a adoção de um sistema de gestão ambiental, com a 
adoção de uma política empresarial que conjugue o planejamento e o gerenciamento dos impactos de suas 
atividades. Por isso, estudaremos a implantação da ISO 14001:2015, que é uma das principais normas 
internacionais para a implementação de um sistema de gestão ambiental. 
Vamos juntos no estudo dessa instigante temática! 
 
A importância dos indicadoresde sustentabilidade 
 
Atualmente, o discurso sobre a sustentabilidade é dominante em todos os setores, público ou privado. Trata-
se de uma demanda que conjuga o compromisso com o planeta e o ambiente de negócios. No entanto, a 
sustentabilidade não pode estar restrita à articulação de seus pressupostos em um plano meramente retórico, 
são necessários critérios para aferir se, de fato, uma organização adota processos, procedimentos e práticas 
sustentáveis. E ainda que uma empresa respalde um conjunto de práticas sustentáveis, elas nem sempre são 
suficientes para que essa se atribua a prerrogativa de ser sustentável. Diante disso, como caracterizar uma 
empresa comprometida com a sustentabilidade? 
Em um primeiro momento, o compromisso básico com a sustentabilidade está no cumprimento das 
disposições legais, em especial das políticas públicas ambientais. Nelas temos as normas jurídicas de 
comando e controle, ou seja, aquelas que estabelecem imposições para as empresas para, em seguida, serem 
fiscalizadas pelas autoridades competentes pelo cumprimento. O licenciamento ambiental é um exemplo na 
medida em que, após a empresa cumprir com os procedimentos legais (comando) e obter a licença de 
operação, então, ela passa a ser fiscalizada pelos órgãos ambientais (controle). 
Mas, para que uma organização seja considerada sustentável, é preciso mais que a submissão à legislação 
ambiental, a qual, apesar de obrigatória, se encontra no nível elementar. 
Para ser sustentável, a empresa precisa conferir outros aspectos estruturais em seus negócios, como a 
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, conjugando as exigências legais com a definição de uma 
política ambiental empresarial, que tenha como referência o planejamento e o gerenciamento ambiental de 
suas atividades (SEIFFERT, 2007). Nesse sentido, em um Sistema de Gestão Ambiental, a política 
empresarial traduz o propósito da empresa com os seus compromissos para a proteção do meio ambiente. O 
nível de planejamento envolve a adequação do uso dos recursos naturais, isto é, a conjugação do 
cumprimento dos objetivos das políticas públicas com as aspirações da sociedade no que se refere aos 
impactos ambientais da empresa. Já o gerenciamento ambiental está no caráter mais tático, operacional, com 
o 
“[...] conjunto de ações destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente [...]” 
(SEIFFERT, 2007, p. 54). 
Mas, qual a importância de um Sistema de Gestão Ambiental? Além de lidar com as pressões dos agentes 
públicos e privados, há o compromisso de minimizar ao máximo os efeitos prejudiciais de suas atividades 
econômicas sobre o meio ambiente. Por isso, um Sistema de Gestão Ambiental inclui a estrutura 
organizacional e o conjunto de elementos de planejamento, procedimentos, processos e práticas para 
implementar e manter uma política ambiental na organização (ABNT, 2015). 
Nesse contexto, o gerenciamento ambiental assume relevância na medida em que busca o que foi prometido 
no plano discursivo, ou seja, a coerência exigida entre os compromissos assumidos e a realidade das práticas 
com efeitos na redução dos impactos deletérios de uma determinada organização. Entendendo o 
gerenciamento como o nível operacional da sustentabilidade, é por meio dele que verificamos se os aspectos 
legais e de planejamento são observados; se, de fato, o Sistema de Gestão Ambiental é eficiente para a 
proteção do meio ambiente. 
Por essa razão, o próprio ambiente de negócios estabeleceu um conjunto de parâmetros, instrumentos e 
certificações para a sustentabilidade. Eles são responsáveis por verificar e atestar se uma organização adota 
em sua estrutura organizacional, de fato, normas e procedimentos que articulam os pilares da 
sustentabilidade. 
 
 
 
 
 
Principais indicadores de sustentabilidade 
empresarial 
 
Há um conjunto de processos, procedimentos e práticas que são balizadores dos indicadores de desempenho 
para a sustentabilidade ambiental em nível corporativo. Em comum, eles procuram minimizar os impactos 
negativos de uma atividade ou de um empreendimento sobre o meio ambiente. 
Um dos mais importantes parâmetros para a sustentabilidade empresarial é a exigência de avaliar o ciclo de 
vida de produtos, que consiste nos 
“[...] estágios consecutivos e encadeados de um sistema de produto (ou serviço), desde a aquisição da 
matéria-prima ou de sua geração, a partir de recursos naturais até a disposição final” (ABNT, 2015, p. 5). 
Essa avaliação é uma abordagem do berço ao túmulo, ou seja, desde a matéria-prima, passando pelo 
processo produtivo, o consumo, até a disposição final ambientalmente adequada, que é a distribuição desse 
produto enquanto resíduo sólido que se transformou em rejeito, considerado aquele que não pode mais ser 
tratado ou que o tratamento é inviável economicamente. 
A legislação brasileira, a propósito, na Lei nº 12.305/2010, que definiu a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, estabelece entre os seus objetivos a implementação do ciclo de vida dos produtos, inclusive 
instituindo uma responsabilidade compartilhada para todos os envolvidos, como fabricantes, importadores, 
distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo 
dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Desde a fabricação até a disposição final dos rejeitos em aterros, 
todos possuem uma responsabilidade individualizada e encadeada, inclusive os consumidores, que, por 
exemplo, devem entregar os resíduos de seu consumo nos sistemas de coleta seletiva. No âmbito 
empresarial, é preciso avaliar todos os riscos de um produto, da extração enquanto recurso natural aos 
impactos do seu processo produtivo e de sua disposição final, tudo com vistas a proteger a saúde humana e o 
meio ambiente. 
De igual perspectiva, é necessário destacar a ecoeficiência, que é um conceito que 
“[...] descreve uma visão para a produção de bens e serviços que possuam valor econômico enquanto 
reduzem os impactos ecológicos da produção” (CAMARA, 2009, p. 237). 
Ou seja, processos produtivos que reduzam a intensidade de materiais e energia, assim como adotem 
processos de reciclagem e tratamentos de resíduos sólidos. A ecoeficiência também está prevista na Lei da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos, como 
a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que 
satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do 
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do 
planeta. (BRASIL, 2010, [s. p.]) 
Esse conceito da legislação brasileira destaca que a satisfação das necessidades da presente geração deve ser 
de forma a não comprometer a capacidade de sustentação dos recursos naturais planetários para as futuras 
gerações, consignando uma concepção de ética intergeracional. Com a ecoeficiência, temos reciprocamente 
a melhoria econômica e da imagem da empresa perante as autoridades governamentais e a sociedade, na 
medida que assume o valor de gerar negócios levando em consideração a capacidade de suporte do planeta, 
tanto na extração de recursos naturais quanto no que se refere à capacidade em receber resíduos e rejeitos 
(CAMARA, 2009). 
Outro importante indicador de desempenho é o método da Produção mais Limpa (P + L), criado pelas 
Nações Unidas. Trata-se de uma estratégia preventiva e estratégica para otimizar a eficiência no uso de 
matérias-primas e minimizar os resíduos gerados no processo produtivo, exigindo um processo de inovação 
permanente nas empresas. O P + L atua por níveis operacionais. O primeiro nível de P + L é que a empresa 
deve minimizar a geração de resíduos de sua atividade, na própria origem ou fonte, seja com a mudança de 
matéria-prima, seja com o uso de tecnologias limpas. O segundo nível é a reciclagem interna de seus 
produtos,que consiste em serem usados no próprio processo produtivo da empresa. Por fim, em um terceiro 
nível, adotar a reciclagem externa, isto é, quando o resíduo de uma empresa é aproveitado por outra 
empresa, minimizando, assim, os impactos na geração de resíduos. 
Por fim, a rotulagem verde ou ambiental, que são selos, marcas ou símbolos utilizados para conferir 
orientação aos consumidores finais sobre a origem e observância de padrões ambientais para determinados 
produtos ou serviços disponíveis no mercado (SEIFFERT, 2007). Assim, nos rótulos de embalagens de um 
produto, temos a rotulagem ou selo verde. Normalmente, a rotulagem é feita por entidades independentes, de 
forma a garantir a confiabilidade e seriedade das etapas de verificação da conformidade ambiental de um 
produto. A rotulagem verde contribui reciprocamente com a empresa e com os consumidores, ao incentivar 
o consumo ambiental consciente. Em conjunto com a rotulagem, temos a certificação ambiental, que se 
relaciona com os métodos e processos de produção de uma atividade econômica. Enquanto a rotulagem é 
destinada para os consumidores finais, a certificação é direcionada para as indústrias que usam os recursos, 
como no caso da certificação florestal no Brasil, que atesta a origem legal da madeira manejada de forma 
adequada e poderá ser usada em outros setores econômicos com a garantia de sua origem. 
 
Aplicação dos indicadores de sustentabilidade no 
contexto empresarial 
 
Um dos principais programas internacionais para a sustentabilidade corporativa é a norma ISO 14001:2015, 
que articula um conjunto de preceitos e requisitos para a implementação de um sistema de gestão que 
melhore o desempenho ambiental de uma organização. No Brasil, essa norma é de responsabilidade da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e tem como objetivo 
“[...] prover às organizações uma estrutura para a proteção do meio ambiente e possibilitar uma resposta às 
mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas” (ABNT, 2015, p. 
viii). 
Ao adotar a ISO 14001:2015, a empresa deve se comprometer com uma abordagem chamada de Plan-Do-
Check-Act (PDCA), que traduzido para o português seria: planejar, fazer, checar e agir. Cada verbo 
representa um ciclo da abordagem para um Sistema de Gestão Ambiental, isoladamente ou em conjunto 
(ABNT, 2015). 
O primeiro ciclo é planejar, com o estabelecimento dos objetivos e processos necessários para o Sistema de 
Gestão Ambiental da empresa. O segundo ciclo é fazer, que consiste na execução do que foi planejado. O 
terceiro ciclo é checar, que consiste em 
“[...] monitorar e medir os processos em relação à política ambiental, incluindo seus compromissos, 
objetivos ambientais e critérios operacionais, e reportar os resultados” (ABNT, 2015, p. ix). 
Por fim, o quarto ciclo é agir e refere-se à tomada de ações para a melhoria contínua do sistema de gestão 
ambiental. 
A figura a seguir é representativa do PDCA: 
 
Figura 1 | Relação entre o ciclo PDCA e a estrutura da Norma ISO 14.001:2015. Fonte: ABNT (2015, p. x). 
Com o Sistema de Gestão Ambiental da ISO 14001:2015, a organização deverá definir o seu propósito e os 
objetivos ambientais que pretende assumir e/ou melhorar. No que se refere ao conteúdo, um Sistema de 
Gestão Ambiental deve contemplar alguns pontos norteadores, a saber: (i) o papel da liderança; (ii) 
planejamento; (iii) apoio; (iv) operação; (v) avaliação de desempenho; (vi) melhoria (ABNT, 2015). 
Em primeiro plano, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental passa pelas lideranças da 
organização, com o comprometimento e a definição de política ambiental compatível com as exigências da 
empresa. Em seguida, o planejamento, que se dá por meio de ações para abordar os riscos e as oportunidades 
de um sistema de gestão ambiental. Nisso, a empresa deve 
“[....] determinar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços os quais ela possa controlar 
e aqueles que ela possa influenciar, e seus impactos ambientais associados [...]” (ABNT, 2015, p. 10). 
A referência para o planejamento é a avaliação para o ciclo de vida do produto, como abordamos no tópico 
anterior. O terceiro ciclo é o apoio, com a comunicação e conscientização sobre o Sistema de Gestão 
Ambiental pelos colaboradores de todos os níveis da organização, que, de acordo com suas funções, possam 
receber capacitações e treinamentos correspondentes ao programa. O quarto ciclo é o de operação, com os 
critérios operacionais do seu processo produtivo, sendo que 
“a organização deve controlar mudanças planejadas e analisar criticamente as consequências de mudanças 
não intencionais, tomando ações para mitigar quaisquer efeitos adversos [...]” (ABNT, 2015, p. 15). 
Essa etapa também deve assegurar respostas para prevenir e mitigar impactos ambientais adversos, assim 
como para os casos de emergências. O quinto ciclo é sobre a avaliação de desempenho, em que a empresa 
deve monitorar, analisar e avaliar o seu desempenho ambiental. Isso inclui a realização de auditorias 
internas, de forma a avaliar o sistema de gestão ambiental, com as ações necessárias, corretivas ou de 
mudança dos procedimentos ambientais. Por fim, o ciclo de melhoria, que consiste na melhoria contínua da 
adequação e eficácia do seu Sistema de Gestão Ambiental. 
Ao adotar todas essas etapas, a empresa recebe a certificação ISO 14001:2015, que traduz o seu 
compromisso com a sustentabilidade e a melhoria ambiental contínua em seus negócios, reduzindo os seus 
impactos no ambiente e contribuindo na melhoria da sua imagem e das suas relações com o mercado e os 
consumidores. 
 
Neste vídeo, faremos uma abordagem sobre os indicadores de sustentabilidade 
ambiental. Você conhecerá as etapas e como se implementa um sistema de gestão 
ambiental. Além disso, estudará alguns dos principais parâmetros para a 
sustentabilidade empresarial, como a avaliação do ciclo de vida dos produtos, 
a ecoeficiência, o programa produção mais limpa e o selo verde. Vamos juntos? Estou 
te aguardando para essa aula! 
Saiba mais 
 
Conhecer os projetos e as práticas empresariais para a sustentabilidade é uma forma de diversificar as 
alternativas e respostas aos problemas enfrentados no cotidiano profissional. Uma das iniciativas que 
conjuga as inovações e orientações do setor empresarial brasileiro para a sustentabilidade é o Conselho 
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), uma associação civil sem fins 
lucrativos. O CEBDS é integrado por algumas das maiores empresas, que representam quase metade do PIB 
brasileiro, e é responsável por estudos e publicações para a construção de um país mais justo e sustentável. 
Como destaque, sugerimos conhecer o documento Visão Brasil 2050, em que o CEBDS destaca os 
elementos para uma agenda sustentável para as empresas brasileiras até o ano de 2050. Bons estudos! 
 
Introdução 
 
Estudante, atualmente, a Agenda 2030 é a principal referência para a sustentabilidade em nível global. Trata-
se de um documento firmado por todos os países que integram a Organização das Nações Unidas, que 
assumiram o compromisso de implementar até o ano de 2030 um conjunto de 17 objetivos e 169 metas para 
o desenvolvimento sustentável. 
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, as organizações e o planeta. Por sua relevância, 
estudaremos cada um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Eles, de forma fundamental, 
propugnam a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões como um requisito fundamental 
para um planeta que conjugue o respeito à dignidade da pessoa humana e a proteção à natureza. 
Conhecer os objetivos e as metas da Agenda 2030 são requisitos importantes para uma atuação profissional 
em diálogo com a sustentabilidade. 
Venha conosco! 
 
 
 
 
 
 
 
https://cebds.org/wp-content/uploads/2014/03/CEBDS_visao_brasil_2050_-_vfinal_2012.pdfO surgimento da agenda 2030 
 
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é, atualmente, o mais importante documento das 
prioridades globais para a sustentabilidade. Firmada em setembro 2015 e com vigência a partir de 1º de 
janeiro de 2016, ela traduz o compromisso comum dos 193 países da Organização das Nações Unidas 
(ONU) para atender aos objetivos e às metas para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Ela 
articula, em essência, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental. 
O conteúdo da Agenda 2030 contém uma declaração formal e um plano de ação para o cumprimento dos 17 
(dezessete) Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (conhecidos pela sigla ODS), com 169 metas 
associadas. Os objetivos e as metas da Agenda 2030 baseiam-se nas principais declarações e convenções do 
sistema global de direitos humanos e nas conferências ambientais no âmbito da ONU. Por isso, os preceitos 
da Agenda 2030 assentam-se na afirmação da concepção universal dos direitos humanos, com os seus 
valores de dignidade da pessoa humana e de igualdade e não discriminação. Isto é, uma concepção integral, 
indivisível e interdependente de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. 
O plano de ação da Agenda 2030 estrutura-se nos chamados 5 Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e 
Parcerias. Trata-se do compromisso de que os seres humanos possam viver com prosperidade e paz em um 
mundo ambientalmente saudável e, para que isso seja possível, as parcerias entre atores internacionais e 
nacionais são fundamentais. 
Em seu preâmbulo, o documento reconhece que 
“a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior 
desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável” (ONU, 2015, p. 1). 
Por isso, erradicar a pobreza extrema é condição para que a sustentabilidade seja uma possibilidade para os 
objetivos da Agenda 2030. A partir desse ponto crucial, temos os demais compromissos dos signatários da 
Agenda 2030, dos quais destacamos (ONU, 2015): 
1. Comprometimento com a educação de qualidade em todos os níveis. 
2. Promoção da saúde física e mental e cobertura universal da saúde de qualidade. 
3. Compromisso com a mudança nos padrões de produção e consumo, de forma a garantir a sustentabilidade. 
4. Reconhecimento da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima como o fórum 
intergovernamental para negociar a resposta global à mudança climática, diante do caráter transfronteiriço das 
mudanças do clima, que exige a cooperação de todos os países. 
5. Reconhecimento que o desenvolvimento depende da gestão sustentável dos recursos naturais do planeta. 
6. Reconhecimento da importância do desenvolvimento e da gestão urbana sustentáveis como condição da 
qualidade de vida. 
7. O reconhecimento que a paz e a segurança são essenciais para o desenvolvimento sustentável, com sociedades 
justas e pacíficas, assentadas no Estado de Direito e no respeito aos direitos humanos. 
8. O compromisso na promoção da diversidade cultural, da tolerância e do respeito mútuo para uma ética de 
cidadania global em um mundo de responsabilidades compartilhadas. Refere-se ao reconhecimento que todas 
as culturas podem contribuir para o desenvolvimento sustentável. 
Em constatação ao momento histórico e aos riscos subjacentes, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento 
Sustentável traz, em suas linhas finais, um chamado à ação para mudar o mundo, por meio de uma 
articulação em todas as escalas e níveis de atuação no planeta, do global ao local, do público ao privado, em 
um engajamento com o planeta, a nossa casa comum. 
Para a Agenda 2030, 
“o futuro da humanidade e do nosso planeta está em nossas mãos” (ONU, 2015, p. 16). 
E conclui: 
“temos mapeado o caminho para o desenvolvimento sustentável; será para todos nós, para garantir que a 
jornada seja bem-sucedida e seus ganhos irreversíveis” (ONU, 2015, p. 16). 
 
O conteúdo da agenda 2030 
 
O cerne da Agenda 2030 são os 17 (dezessete) Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS). Cada um 
deles representa um propósito a ser implementado em todos os países do mundo. Os ODS devem ser 
compreendidos como integrados e indivisíveis, mas a aplicação de cada qual deve levar em consideração as 
singularidades e realidades de cada país, de acordo com o seu estágio face aos desafios do desenvolvimento. 
Nesse sentido, para compreender a Agenda 2030, é necessário relacionar o conteúdo de cada um dos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 
Figura 1 | Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Fonte: Nações Unidas Brasil (c2013, [s. p.]). 
O Objetivo 1 é “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” (ONU, 2015, p. 19). O 
combate à pobreza extrema é o pressuposto para que seja possível o cumprimento dos demais objetivos. 
Afinal, um cenário de pobreza não permite o exercício dos mais elementares direitos da pessoa humana. 
O Objetivo 2 é “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a 
agricultura sustentável” (ONU, 2015, p. 19). Esse é um objetivo múltiplo, mas que estabelece os sistemas 
sustentáveis de produção de alimentos como meio para reduzir as vulnerabilidades nutricionais e a fome em 
todo o planeta. 
O Objetivo 3 é “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” 
(ONU, 2015, p. 19). Esse compromisso procura reduzir a mortalidade em todos os estágios da vida, do 
nascimento à velhice. Ademais, que todos possam ter acesso a um sistema de saúde universal, cujo 
financiamento deve ser uma prioridade. 
O Objetivo 4 é “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de 
aprendizagem ao longo da vida para todos” (ONU, 2015, p. 19). Temos aqui a educação de meninos e 
meninas, em todos os estágios, como uma condição para uma vida digna. De igual forma, erradicar o 
analfabetismo em todas as idades. Esse objetivo estabelece o investimento adequado tanto em infraestrutura 
quanto na formação de professores, inclusive para o ensino das técnicas e habilidades para o 
desenvolvimento sustentável. 
O Objetivo 5 é “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (ONU, 2015, p. 
19). Trata-se reciprocamente de um objetivo e de um pressuposto para um mundo plural e dialógico, em que 
mulheres e meninas possam exercer plenamente os seus direitos e liberdades em igualdade de condições, 
sem discriminações e violências. 
O Objetivo 6 é “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos” (ONU, 
2015, p. 19). Para tanto, garantir o acesso equitativo à água potável, segura e acessível para todos, assim 
como saneamento como condição de saúde. 
O Objetivo 7 é “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos” 
(ONU, 2015, p. 19). Energia como elemento de dignidade de comunidades e pessoas, assim como a sua 
geração por meio de energias renováveis. 
O Objetivo 8 é “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e 
produtivo e trabalho decente para todos” (ONU, 2015, p. 19). Esse é um objetivo econômico, com 
incentivos às políticas de desenvolvimento e de eficiência dos processos de produção e consumo. Também, 
de emprego decente em um sistema de proteção trabalhista a homens e mulheres. 
O Objetivo 9 é “construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e 
fomentar a inovação” (ONU, 2015, p. 19). Nele, comtemplam-se infraestruturas resilientes e confiáveis; 
modernização para tornar as indústrias sustentáveis; investimentos em pesquisas tecnológicas para as 
inovações necessárias. 
O Objetivo 10 é “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles” (ONU, 2015, p. 20). A redução das 
desigualdades e a promoção da inclusão social,política e econômica são imperativas no mundo 
contemporâneo. Isso passa por políticas de proteção social para todos. 
O Objetivo 11 é “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e 
sustentáveis” (ONU, 2015, p. 20). Em um planeta que a maior parte da população vive em cidades, cabe a 
exigência de uma urbanização inclusiva e sustentável, com garantia de habitação, serviços públicos de 
qualidade, redução da poluição e proteção ao patrimônio histórico. Também, tornar as cidades resilientes 
para os desafios da mudança do clima. 
O Objetivo 12 é “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis” (ONU, 2015, p. 20), ou seja, a 
gestão eficiente dos recursos naturais, por meio de políticas públicas sustentáveis, tais como a redução do 
desperdício de alimentos, redução de resíduos etc. E o fundamental: a conscientização e reflexão dos 
padrões de consumo em sociedade. 
O Objetivo 13 é “tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos” (ONU, 2015, 
p. 20). Trata-se do imperativo de reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação face às mudanças 
climáticas. 
O Objetivo 14 é a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o 
desenvolvimento sustentável” (ONU, 2015, p. 20). Significa reduzir a poluição marinha e a acidificação dos 
oceanos, que são riscos para a sustentabilidade global. 
O Objetivo 15 é “proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de 
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a 
perda de biodiversidade” (ONU, 2015, p. 20). Traduz a necessidade de proteção das florestas do mundo e da 
biodiversidade, que são constitutivos do suporte da vida humana na terra. 
O Objetivo 16 é “promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, 
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em 
todos os níveis” (ONU, 2015, p. 20). Para tanto, reduzir a violência em todas as suas formas, proteger as 
liberdades fundamentais e fortalecer o Estado de Direito. 
Por fim, o Objetivo 17, que é “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o 
desenvolvimento sustentável (ONU, 2015, p. 20)”. Esse último objetivo conjuga finanças, tecnologia, 
parcerias, enfim, cooperação nacional e internacional, para que os países possam executar, de fato, os 
objetivos de desenvolvimento sustentável. 
 
A aplicação da agenda 2030 nas organizações 
 
A implementação dos ODS demanda o engajamento de governos, organizações e sociedade civil. Apesar de 
facultativo, esses objetivos conjugam um compromisso comum para a promoção dos direitos humanos e da 
sustentabilidade planetária. No entanto, as ênfases nos objetivos e nas metas são uma decisão das respectivas 
organizações. 
No que se refere ao Brasil, por meio do Decreto nº 8.892/2016, foi criada a Comissão Nacional para os 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com a finalidade de internalizar, difundir e dar transparência ao 
processo de implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. De início, o 
Brasil assumiu formalmente a promessa de observar e concretizar os ODS, contudo, com a mudança de 
governos, o Decreto nº 10.179/2019 revogou a norma que criou a Comissão brasileira. Atualmente, não há 
qualquer dispositivo legal que estabeleça as incumbências do Estado brasileiro quanto ao cumprimento dos 
objetivos e das metas da Agenda 2030. Essa é uma situação que coloca o Brasil em dissonância com as 
exigências comuns do tabuleiro das relações internacionais, em que o cumprimento da Agenda 2030 é uma 
delas. Até mesmo porque o Brasil é um país central para o enfrentamento das mudanças climáticas e para a 
estabilidade dos sistemas de sustentação da vida no planeta. 
No que se refere às organizações empresariais, há em nível internacional um compromisso para a realização 
da Agenda 2030. Trata-se do Pacto Global da ONU, uma iniciativa voluntária que reflete a preocupação de 
líderes e corporações com a sustentabilidade. O Pacto Global conjuga os princípios fundamentais para os 
negócios no contexto do desenvolvimento sustentável, estabelecidos a partir de documentos do Sistema 
Global de Direitos Humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos; a Declaração da 
Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; a Declaração 
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. 
Esses documentos são estruturantes das quatro responsabilidades do Pacto Global, a saber: (i) direitos 
humanos, (ii) trabalho, (iii) meio ambiente e (iii) combate à corrupção (ONU, 2022). Essas 
responsabilidades são representativas dos princípios e valores universais que devem ser incorporados no 
ambiente de negócios em nível global. 
Por sua vez, essas responsabilidades são estruturantes dos 10 (dez) princípios do Pacto Global, que as 
empresas se comprometem a seguir (ONU, 2022). Em matéria de direitos humanos, as empresas se 
comprometem a respeitá-los conforme os documentos do sistema internacional (Princípio 01). Além disso, 
comprometem-se a não participar de violações de direitos humanos (Princípio 02). No que se refere ao 
aspecto de trabalho, as empresas devem a liberdade de associação dos trabalhadores e reconhecer a 
negociação coletiva (Princípio 03); eliminar o trabalho forçado (Princípio 04); abolir o trabalho infantil 
(Princípio 05) e eliminar a discriminação no emprego (Princípio 06). Quanto à proteção do meio ambiente, 
as empresas devem apoiar a prevenção aos danos ambientais (Princípio 07); promover a responsabilidade 
ambiental (Princípio 08) e estimular o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ecologicamente corretas 
(Princípio 09). Por fim, no que tange à corrupção, as empresas devem se comprometer a combatê-la em 
todas as suas formas (Princípio 10). 
Na edição 2020 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, foi lançado o Programa Ambição pelos 
ODS, uma iniciativa do Pacto Global com metas para auxiliar as empresas que desejam atuar pelos objetivos 
e pelas metas da Agenda 2030. A figura a seguir relaciona as principais referências (chamadas 
de benchmarks) do programa. 
Figura 2 | Principais referências (benchmarks) do Programa Ambição pelos ODS. Fonte: ONU ([s. d.], p. 5). 
A empresa poderá, de acordo com a sua área de atuação, escolher uma ou mais referências para os seus 
negócios. Conforme o Pacto Global (ONU, 2022), os critérios de sucesso empresarial e os modelos 
econômicos estão mudando, e isso significa que as empresas podem assumir um protagonismo diante dos 
desafios para a vida das pessoas e para o planeta. 
Por fim, diante da inércia do governo brasileiro na implantação dos ODS, o setor empresarial tem se 
articulado para conferir a sua contribuição no cenário do Pacto Global e do Programa Ambição pelos ODS, 
até mesmo porque uma das condições para o recebimento de investimentos oriundos de fundos 
internacionais é a observância da Agenda 2030. Portanto, os ODS são uma necessidade no ambiente 
corporativo, como também uma oportunidade de negócios baseados em valores e compromissos para um 
futuro comum. 
 
Neste vídeo, estudaremos uma das principais iniciativas globais para a 
sustentabilidade: a Agenda 2030. Trata-se de um documento firmado em 2015 por 
todos os países da ONU com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o ano 
de 2030. A Agenda 2030 preocupa-se com a prosperidade e a paz global, com 
compromissos que governos, corporações e pessoas devem assumir para a 
sustentabilidade. Estudaremos, assim, os principais aspectos da Agenda 2030. Estou te 
aguardando! 
 
 
 
 
 
Saiba mais 
 
A Agenda 2030 conjuga 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas associadas.Como se pode notar, trata-se de um extenso programa para direcionar o mundo para a sustentabilidade. 
Portanto, é importante que você conheça o detalhamento de uma cada um dos ODS, articulando a 
correspondência com a sua atuação profissional. Nesse sentido, recomendamos acessar o endereço 
eletrônico do escritório da ONU no Brasil. 
Além disso, há várias iniciativas nos órgãos governamentais brasileiros para a implementação da Agenda 
2030, como no caso do Conselho Nacional de Justiça, do Supremo Tribunal Federal e do Instituto 
Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada. Bons estudos! 
 
Introdução 
 
Estudante, uma das mais importantes discussões no universo empresarial é o paradigma ESG. Mas, você 
sabe o que significa ESG? 
https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/crime/embaixadores-da-juventude/conhea-mais/a-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentvel.html
https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/agenda-2030/
https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/
https://www.ipea.gov.br/ods/
https://www.ipea.gov.br/ods/
A sigla ESG é a conjugação de três palavras da língua inglesa que estabelecem os parâmetros para a 
sustentabilidade corporativa, que em português significam: o ambiental, o social e a governança. O ESG tem 
origem no mercado de investimentos, como um parâmetro norteador para a alocação de recursos financeiros 
em empresas que se comprometem com as práticas de sustentabilidade. Hoje, adotar o paradigma ESG é 
tanto um compromisso com o planeta quanto uma garantia de manutenção da empresa no tabuleiro das 
relações econômicas. Afinal, para uma empresa expandir, precisa de investimentos e, hoje, eles são alocados 
principalmente naquelas que adotam as práticas ESG. 
Vamos conhecer um pouco mais sobre ESG? 
Tenho certeza de que você vai gostar desse conteúdo! 
 
O conceito de ESG 
 
A complexidade dos desafios ambientais contemporâneos assume destaque na agenda das organizações e 
corporações. Elas reconhecem que o engajamento para a superação dos problemas impõe uma avaliação 
permanente das relações econômicas com o entorno, incluindo pessoas, meio ambiente e o próprio mercado. 
À medida que surgem questões no tabuleiro das relações globais, novos paradigmas são estabelecidos. É 
nessa perspectiva que o ESG é uma tendência presente em todas as discussões corporativas internacionais. 
Mas, o que é ESG? Qual a sua origem? E como as diretrizes e os programas de ESG estão impactando o 
mundo corporativo? Essas são perguntas fundamentais para que possamos compreender como o ESG é, 
hoje, o principal referencial para os investimentos de fundos do mercado financeiro e para outros setores 
empresariais. 
ESG é a sigla para três expressões da língua inglesa: environmental (meio ambiente), social (com o mesmo 
sentido em português) e governance (governança). Essas palavras representam o conjunto de programas e 
práticas de uma organização em sua atuação no mercado, isto é, empresas que atuam diretamente em 
observância aos parâmetros ambientais, que conjugam o compromisso social com os seus colaboradores e a 
comunidade do entorno do empreendimento e adotam procedimentos de governança corporativa em 
conformidade com os aspectos legais e éticos nos negócios. 
A sigla ESG surgiu em uma publicação do Pacto Global das Nações Unidas (ONU) em parceria com o 
Banco Mundial denominada Who Cares Wins (Quem se Importa Ganha), de 2004, vinculado ao setor do 
mercado de capitais. No ano seguinte, a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (Pnuma; a sigla em inglês é UNEP-FI) lançou o Relatório Freshfield, elaborado pelo escritório de 
advocacia Freshfields Bruckhaus Deringer, sobre a importância, a legalidade e a responsabilidade fiduciária 
das estratégias ESG para o mercado de investimentos (ONU, 2009). Fala-se em responsabilidade fiduciária 
porque essa é a relação estabelecida entre o investidor e o gestor, ou seja, os gestores de fundos devem 
alocar os recursos financeiros dos investidores para empresas que estejam alinhadas com os princípios de 
ESG. Nota-se que o conceito de ESG surgiu diretamente da preocupação do setor de finanças ao perceber a 
relação entre as questões ambientais e o desempenho financeiro das organizações a médio e longo prazo 
(LEMME, 2018). Investimentos, portanto, devem ser destinados a empresas que compreendem e 
implementam as questões de ESG como estruturantes do seu modelo de negócios. 
A importância dessa concepção levou a iniciativa financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (Pnuma) a elaborar, em atenção à solicitação do Secretário-Geral das Nações Unidas, um 
documento específico, os Princípios para o Investimento Responsável (ONU, 2019), com os compromissos 
para a incorporação do ESG nas decisões de investimentos. São seis os princípios para o investimento 
sustentável. O primeiro é incorporar os temas de ESG às análises de investimento e aos processos de tomada 
de decisão. Os fundos e as carteiras de investimentos internacionais devem considerar as questões de ESG 
na alocação de seus recursos. O segundo princípio é incorporar os temas de ESG às políticas e práticas de 
propriedade de ativos das organizações de investimentos. O terceiro princípio é fazer com que as entidades 
que recebem investimentos façam a divulgação de suas ações relacionadas aos temas de ESG. Empresas que 
recebem investimentos devem declarar que incorporaram os padrões de ESG. O quarto princípio é promover 
a aceitação e implementação dos quatro princípios anteriores dentro do setor do investimento. O quinto 
princípio é a articulação dos fundos para trabalharem unidos para ampliar a eficácia na implementação dos 
princípios. Por fim, o sexto princípio estabelece que os signatários do documento se comprometam a 
divulgar relatórios sobre atividades e progresso da implementação dos princípios para o investimento 
responsável (ONU, 2019). 
Mas, qual a importância das questões de ESG? Estabelecer o paradigma de ESG é uma decisão sobre o 
futuro sustentável de uma empresa. Como vimos, os parâmetros de ESG são decisivos para que fundos de 
investimentos internacionais escolham as empresas em que pretendem alocar os recursos sob sua custódia, 
isto é, a destinação de investimentos internacionais e nacionais, atualmente, é orientada para empresas 
alinhadas e focadas nos pilares de ESG. Afinal, em uma economia de mercado, os agentes financeiros 
influenciam diretamente as decisões de setores, empresas e empreendedores (LEMME, 2018). Uma empresa 
que não esteja atenta a essas questões não terá os investimentos ou financiamentos necessários para a 
expansão dos seus negócios. Para exemplificar: as atividades produtivas em geral precisam de empréstimos 
para os seus negócios, que são obtidos em instituições financeiras, como é o caso dos bancos. As diretrizes 
socioambientais, nos dias atuais, são norteadoras para a concessão desses financiamentos, até mesmo porque 
nenhuma instituição quer ser associada ou responsabilizada por danos ambientais. 
Outro aspecto a ser considerado é que as empresas que adotam as questões de ESG articulam ativos 
intangíveis como valor e reputação, que são importantes nas relações de mercado e com o consumidor. Ora, 
uma empresa não fará negócios com uma outra empresa que não tenha compromisso com os parâmetros 
ambientais, que se beneficia do desmatamento ilegal ou que adota processos produtivos que estão em 
dissonância com os padrões globais de redução da emissão dos gases de efeito estufa. Da mesma forma, qual 
o valor de uma empresa que adota políticas discriminatórias quanto a gênero e raça e que tem condutas que 
são atentatórias aos direitos humanos? Ou ainda, usa relatórios de governança incompletos ou enganosos 
para maquiar as suas finanças e situação financeira. Por esse conjunto de razões, os valores de ESG são 
fundamentais para a sustentabilidade corporativa, razão pela qual vão assumindo um papel decentralidade 
nas discussões econômicas em todo o planeta. 
 
Os elementos estruturantes do ESG 
 
Agora que você conhece a origem e a importância do paradigma de ESG, aprofundaremos a discussão sobre 
os seus elementos estruturantes, em especial, o sentido de cada uma de suas letras. 
A letra “E” significa Environmental ou, em português, Ambiental. Trata-se do parâmetro que traz uma 
constatação imediata: sem um planeta habitável, sustentável, não há como se falar ou mensurar o social e a 
governança. O Ambiental preocupa-se com os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, em 
especial, os efeitos da mudança do clima sobre os sistemas de sustentação da vida. Com as transformações 
climáticas cada vez mais intensas, esse parâmetro traz a importância do compromisso corporativo com a 
redução da emissão de gases de efeito estufa. Por isso, um aspecto fundamental está na substituição da 
matriz energética, de uma economia baseada na queima dos combustíveis fósseis, para uma economia de 
baixo carbono. Além disso, no Ambiental, temos a gestão de recursos naturais, como os hídricos, cuja 
disponibilidade encontra-se comprometida pela escassez e pela poluição. Por isso, a necessidade de apoiar 
empresas que façam uso eficiente desse recurso. Na mesma perspectiva, o uso racional e adequado do solo, 
evitando os desmatamentos e as queimadas, assim como é fundamental a proteção de espaços ambientais, 
como as áreas de preservação permanente e as reservas legais. 
Outro ponto está na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos. Em uma sociedade de consumo, é 
preciso pensar em procedimentos que articulem a avaliação pelo ciclo de vida dos produtos, desde o 
desenvolvimento, a obtenção de matérias-primas, o consumo até a disposição final. É necessário avaliar o 
impacto de um produto, de sua concepção até o momento final, quando se torna rejeito – que é o resíduo 
sólido que não pode ser mais tratado ou não é mais viável economicamente – e será destinado a um aterro. 
Essa avaliação empresarial é de suma importância para reduzir a produção de resíduos sólidos e, por 
evidente, os riscos para a saúde humana e o meio ambiente. 
A letra “S”, por sua vez, significa Social, e indica as questões sociais, de como a empresa se relaciona com o 
cumprimento e a promoção dos direitos humanos, assim como suas relações com os stakeholders – tais 
como funcionários, fornecedores, clientes e a comunidade do entorno. No contexto empresarial, fala-se, 
hoje, em um capitalismo de stakeholders, ou seja, que além do lucro busque criar valor para todas as partes 
que se relacionam com a empresa. 
No Social, a organização deve se comprometer com a promoção do trabalho digno e decente para os seus 
colaboradores. Trata-se de conjugar a observância necessária à legislação trabalhista com aspectos como a 
proteção social, a promoção de expedientes de reconhecimento da diversidade e de eliminação da 
discriminação nas relações de trabalho. Por proteção social entende-se: garantir aos colaboradores a redução 
de riscos e incertezas em suas atividades, respeitando a saúde física e mental. De igual forma, a empresa 
deve garantir o acesso equitativo de grupos vulneráveis e minorias às relações de trabalho, em respeito à 
diversidade. E isso passa por processos admissionais e de convivência laboral sem discriminações. Como 
exemplo temos a questão de gênero, o respeito e o reconhecimento das mulheres no mercado de trabalho, 
inclusive em cargos de chefia e direção. No que se refere às pessoas com deficiência, a garantia do trabalho 
em igualdade de condições com as demais pessoas e sem discriminações. Apesar da ênfase nas questões 
laborais, o “S” inclui o respeito amplo aos direitos humanos, em todas a suas dimensões: como direitos civis 
e políticos (primeira dimensão); direitos econômicos, sociais e culturais (segunda dimensão); direitos de 
solidariedade (terceira dimensão). Essa conjugação expressa a leitura de universalidade, indivisibilidade e 
interdependência dos direitos humanos, ou seja, são direitos para todas as pessoas, sem discriminações, em 
que essas dimensões de direitos formam um núcleo fundamental, pois são recíprocos entre si. Afinal, como 
falar em direitos sociais e econômicos sem um meio ambiente sadio? Isso mostra como esses direitos se 
relacionam e são fundamentais para uma sociedade dialógica e democrática. 
A letra “G”, por fim, é para Governance, ou em português Governança Corporativa. Trata-se da base 
estrutural do paradigma de ESG, porque é por meio dela que temos a cultura organizacional da empresa e o 
seu alinhamento com a sustentabilidade. Uma governança estabelece de forma objetiva a articulação do seu 
propósito com os objetivos do negócio. Ela impõe a transparência nas informações, com 
“[...] políticas corporativas transparentes que protejam seus clientes, seu modelo de negócios e preservem a 
credibilidade e reputação” (MOTA FILHO, 2022, p. 650). 
Por isso, a governança corporativa conjuga o combate à corrupção e de todas as formas de favorecimentos 
por meios ilícitos e antiéticos, porque essas condutas reduzem recursos destinados à sociedade e solapam a 
confiança da empresa. 
 
A aplicação dos programas de ESG 
 
A implementação de um programa de ESG em uma organização é facultativa, mas revela um compromisso 
com os stakeholders, a comunidade, o planeta e, por evidente, a sua própria permanência no sistema de 
relações econômicas. Adotar o processo de ESG, contudo, não é uma decisão retórica de supostamente 
afirmar valores ecológicos e de proteção ambiental. Isso porque temos casos de empresas que proclamam a 
adoção de padrões de sustentabilidade, mas que estiveram envolvidas em acidentes ambientais e outros 
procedimentos incompatíveis. 
Trata-se do denominado greenwashing (em português, lavagem verde), que consiste na prática de utilizar o 
marketing verde, com propagandas e retóricas de alinhamento ambiental, mas que, na prática, é uma cortiça 
de fumaça para iludir os consumidores. Ou ainda, de forma mais sensível, a desconexão entre a publicidade 
ecológica e a realidade da empresa, que continua a manter processos produtivos com impactos prejudiciais 
ao meio ambiente. 
E por que isso ocorre? Possivelmente, porque não há uma regulamentação das dinâmicas de ESG. Apesar 
dos relatórios de sustentabilidade sobre ESG em determinados setores da economia mundial, não há no 
Brasil regulamento sobre a questão. Por isso, para evitar situações como greenwashing, as estratégias de 
ESG exigem ações concretas, um engajamento efetivo da organização com a sustentabilidade. 
O primeiro passo para a implementação de ESG está na governança corporativa, isto é, 
“[...] um alinhamento entre a parte formal (das políticas, regimentos e códigos) e a parte informal (que é esse 
dia a dia) da empresa e sua cultura” (DONAGGIO, 2022, p. 417). 
Apesar de ser um elemento importante em empresas multinacionais e de grande porte, a governança é 
possível naquelas empresas de médio e pequeno porte; para tanto, basta existir uma estrutura mínima de 
controle e monitoramento interno dos riscos de suas atividades. 
Algumas estratégias são fundamentais para se verificar a governança corporativa, entre elas: as práticas de 
gestão alinhadas ao ESG; o diálogo e a publicidade sobre os seus processos e procedimentos; o combate à 
corrupção e a adoção de programas de compliance. 
Segundo Halla (2022), a governança em aderência ao ESG está ligada aos fatores como definição de 
propósito da empresa, com declaração pública de seus valores e objetivos, assim como estabelecer em seu 
corpo de governança uma composição que respeite a diversidade de gênero e social. Da mesma forma, os 
relatórios de sustentabilidade da empresa (também chamados de relatórios corporativos socioambientais) 
devem ser elaborados de forma a contemplar 
“[...] os temas que os stakeholders ou partes interessadas têm de dúvidas em relaçãoà empresa” (HALLA, 
2022, p. 589) 
inclusive no que se refere às questões de riscos do empreendimento, saúde financeira e fiscal etc. Em todos 
os níveis empresariais, deve haver o compromisso com o combate às condutas que se configuram como 
corrupção por meio de orientação e treinamentos internos e pela assunção de políticas semelhantes em 
relação aos parceiros do negócio, ou seja, não comprar ou transacionar com empresas envolvidas em casos 
de corrupção. 
Uma das principais instâncias para o cumprimento dos princípios de ESG e que tem sido adotada pelas 
grandes corporações são os programas de compliance, que contribuem para minimizar os riscos e orientar a 
empresa na observância dos padrões legais e éticos nos negócios. Sobre a importância e abrangência 
de compliance ambiental, Marchezini destaca que ele 
[...] vai além da mera obediência à normas e regulamentos administrativos ou de políticas voluntárias de 
responsabilidade socioambiental. Contribui para uma redução significativa dos riscos de desastres e 
escândalos ambientais com proteção da imagem, para o aprimoramento de processos voltando-se à 
racionalização do uso de recursos naturais e do barateamento dos custos de produção; viabiliza maior 
acessibilidade a processos seletivos e licitações e, agora, investimentos; reduz custos processuais, com 
controle preventivo de responsabilização. (MARCHEZINI, 2022, p. 102) 
Nota-se, portanto, que o compliance ambiental é um programa multidimensional, conjugando a 
sustentabilidade a partir das variáveis econômica, social, legal, ética e ambiental (MARCHEZINI, 2022) de 
forma contínua. O monitoramento e a revisão de processos e procedimentos quando necessários são 
elementos que garantem a integridade e a confiabilidade sobre a adoção das práticas de ESG. Ademais, essa 
conjugação de fatores contribui para o ganho de imagem da empresa perante a sociedade e o mercado. 
A partir dos elementos delineados, temos a estruturação do paradigma de ESG, que será presente na cultura 
organizacional e no fluxo operacional e produtivo da empresa. 
 
Esse vídeo tem como conteúdo o estudo de uma das mais importantes iniciativas para 
a sustentabilidade no universo empresarial: o paradigma ESG. Trata-se do tema do 
momento no contexto de negócios em nível global. Conheceremos os parâmetros e as 
práticas ESG e como impactam diretamente nos principais aspectos das corporações. 
Essa é uma discussão fundamental para o seu futuro profissional. Vamos juntos? Estou 
te aguardando! 
Saiba mais 
 
Uma forma de aprofundar os estudos sobre o paradigma ESG é ler e conhecer os relatórios de 
sustentabilidade de algumas das principais empresas da economia brasileira. Eles permitem visualizar como 
os aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa são conjugados no ecossistema da empresa. 
Assim, a primeira sugestão é conhecer o relatório ESG da empresa Cogna Educação. 
Em outro setor econômico, sugerimos conhecer as dinâmicas ESG da Petrobras. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
https://www.esgcogna.com.br/wp-content/uploads/2022/08/relatorio_sustentabilidade_cogna_2021_ago2022.pdf
https://www.investidorpetrobras.com.br/esg-meio-ambiente-social-e-governanca/apresentacoes-e-relatorios-e-webinars/
Governança para a sustentabilidade 
 
Se, em um primeiro momento, as empresas foram vistas como empreendimentos organizados para a 
produção de bens e serviços em busca da lucratividade, atualmente essa concepção é insuficiente para 
conjugar as determinações e expectativas que elas assumem no mundo contemporâneo. Afinal, em um 
cenário de desafios sistêmicos, com mudanças climáticas e pressões sobre os recursos naturais, a garantia da 
sustentabilidade perpassa o redimensionamento dos processos e procedimentos das corporações. 
A empresa deve ser compreendida, hoje, como um agente social diante dos impactos de suas atividades na 
sociedade e no meio ambiente. Tanto que a Constituição Federal instituiu a função social da empresa, 
princípio que procura compatibilizar as suas prerrogativas econômicas com as exigências sociais, dos 
consumidores e de proteção ao meio ambiente. 
Esse redirecionamento da atuação das empresas é expresso por meio da responsabilidade social corporativa, 
uma estratégia que estabelece compromissos éticos como estruturantes das relações empresariais com a 
sociedade e o meio ambiente. A responsabilidade social corporativa efetiva-se pela articulação dos deveres 
legais com a gestão ética e transparente das operações internas e externas, efetuadas em diálogo com as 
partes envolvidas direta ou indiretamente com os negócios da empresa. 
O engajamento das empresas com a sustentabilidade desdobra-se em uma série de parâmetros que são 
norteadores do universo de negócios. Instrumentos regulatórios e econômicos são utilizados para que uma 
corporação esteja alinhada com as exigências sociais e ambientais. Para exemplificar: empresas buscam 
adotar métricas internacionais de sustentabilidade, como é o caso da norma ISO 140001:2015, que dispõe 
sobre as diretrizes e os critérios de um sistema de gestão para a melhoria ambiental de suas atividades. 
Em nível global, a Organização das Nações Unidas (ONU) concebeu a Agenda 2030 como o documento que 
sintetiza os compromissos da humanidade com um planeta sustentável. Por meio da Agenda 2030, foram 
definidos 17 objetivos e 169 metas para que todos – governos, corporações e pessoas – se engajem para a 
sustentabilidade em todas as dimensões, nas escalas global, nacional, regional e local. O cumprimento da 
Agenda 2030 foi assumido pelo universo empresarial, que estabeleceu, por meio da ONU, o Pacto Global, 
uma iniciativa com as responsabilidades e os princípios que devem ser seguidos pelas empresas em busca da 
sustentabilidade corporativa. 
No contexto dos fundos de investimentos, surgiu o paradigma ESG, que se apresenta como a principal 
articulação para a sustentabilidade corporativa no âmbito internacional. As práticas de ESG, com os seus 
parâmetros ambientais, sociais e de governança corporativa, condicionam os investimentos das instituições 
financeiras mundiais. Isso significa que o ESG é reciprocamente um mecanismo para efetivar as dimensões 
da sustentabilidade e um garantidor de investimentos para uma empresa. Portanto, adotar os princípios de 
ESG é condição de permanência a longo prazo da corporação no tabuleiro das relações econômicas em 
conformidade com os padrões mundiais de desenvolvimento sustentável. 
 
Neste vídeo, faremos uma abordagem sobre as principais perspectivas da 
responsabilidade social corporativa. Identificaremos as principais dinâmicas da 
sustentabilidade empresarial e seus elementos estruturantes. Destacaremos a 
importância da Agenda 2030 e, especialmente, o principal instrumento de 
sustentabilidade global: o paradigma ESG, com os seus parâmetros ambiental, social e 
de governança. Quero convidá-lo para dialogarmos sobre as perspectivas e 
possibilidades da sustentabilidade. Vamos juntos? 
Estudo de caso 
 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha como consultor na área corporativa e foi 
contratado por uma empresa que enfrenta problemas de relacionamento com a comunidade do entorno, 
especificamente a acusação de haver incompatibilidade entre o marketing verde de seus produtos e as 
dinâmicas que adota em suas operações empresariais. 
Nesse sentido, a contratante é considerada pelo mercado como uma empresa ambientalmente responsável, 
pelo fato de possuir processo produtivo com o uso de matéria-prima com certificação ambiental e de seus 
produtos possuírem rotulagem verde. Esses instrumentos norteiam a narrativa da empresa junto aos seus 
consumidores finais ao declarar-se alinhada com o desenvolvimento sustentável. Ademais, anualmente, a 
empresa efetua a publicação de um relatório corporativo socioambiental, em que destaca as suas políticas 
verdes e exterioriza os dados e as informaçõessobre os impactos dos seus produtos no meio ambiente. 
Em que pese essas iniciativas, uma organização não governamental (ONG) que atua na comunidade onde a 
empresa está localizada tem efetuado uma série de questionamentos. Segundo a ONG, ainda que a empresa 
detenha selo verde para os seus produtos e certificação ambiental dos componentes do seu processo 
produtivo, essas métricas são insuficientes para considerá-la como ambientalmente responsável. Isso porque 
a empresa não tem adotado os procedimentos necessários para o gerenciamento dos seus resíduos sólidos, 
com o descarte em locais inapropriados e mesmo efetuando lançamento direto de seus efluentes em um 
corpo d’água que atravessa a cidade mais próxima, gerando poluição. 
A ONG, ainda, acusa a empresa de manipular as informações constantes do seu relatório corporativo 
socioambiental, com a divulgação seletiva dos pontos positivos e a omissão dos impactos ambientais 
negativos das suas atividades. Ademais, a empresa confere ênfase oportunista em projetos sociais na 
comunidade, de forma a causar boa impressão no mercado e nos consumidores, mas que são iniciativas 
oriundas de obrigações firmadas em processos judiciais, não de forma espontânea. Por fim, a empresa é 
conhecida pelos seus problemas nas relações laborais, com condutas discriminatórias quanto à paridade de 
gênero e pessoas com deficiência. 
Nesse cenário, a situação se agravou com a divulgação dos questionamentos da ONG nos principais meios 
de comunicação da região, que atribuíram à empresa a prática de greenwashing (lavagem verde), de 
propagação de um marketing verde oportunista e enganoso. 
Preocupada com essa situação, você foi contratado pela empresa em questão para elaborar uma estratégia 
ambiental efetiva, de forma a suplantar os problemas apresentados e conferir a credibilidade necessária. 
Reflita 
Procure refletir sobre a importância da ética e da transparência nas relações empresariais com o mercado e 
os consumidores finais. Note como procedimentos e práticas em sentido contrário causam desgastes e 
prejuízos a uma empresa, comprometendo a imagem e a credibilidade, além dos prejuízos de ordem 
financeira. 
 
 
Juntos, articularemos os principais aspectos para a resolução do nosso estudo de caso. 
Em primeiro lugar, na qualidade de consultor, é necessário verificar a procedência ou 
não das denúncias apresentadas pela ONG. Esse é o ponto de partida, porque, em caso 
de confirmação, a empresa deverá, de imediato, empenhar providências para 
minimizar os impactos no meio ambiente, em especial, quando ao gerenciamento dos 
resíduos sólidos, sob pena de possível responsabilidade ambiental civil, penal e 
administrativa. 
Como você foi contratado para elaborar uma estratégia socioambiental, essa será a 
discussão. Em que pese a empresa possuir selo verde para os seus produtos e adquirir 
matéria-prima certificada, esses instrumentos, apesar de importantes, são insuficientes 
para que a empresa seja considerada sustentável, considerando as informações 
prestadas. Devem ser mantidos, mas conjugados com outras medidas a serem 
consideradas pela empresa. 
Nessa perspectiva, como consultor, você poderá propor à empresa a implementação 
das práticas ESG nos seus negócios, de modo a inseri-la no principal paradigma da 
sustentabilidade corporativa global. Para tanto, a empresa deverá definir claramente a 
atuação ambiental e social pretendida, por meio de uma decisão de governança 
corporativa, com a definição dos propósitos e objetivos. Trata-se de assumir um claro 
compromisso que procure superar o plano retórico e as medidas pontuais. 
No âmbito interno, a empresa poderá estabelecer um programa de compliance, de 
modo a minimizar os riscos e orientar a observância dos padrões legais e éticos nos 
negócios. Esse programa poderá balizar, inclusive, o relatório corporativo 
socioambiental, de modo a avaliá-lo criticamente e evitar a inserção de informações 
distorcidas ou que omitam os impactos ambientais das suas atividades. A transparência 
e a ética são elementos para conferir credibilidade ao relatório em questão, inclusive 
com a possibilidade de revisão pelos parceiros de negócios e mesmo de receber os 
complementos e as críticas das entidades ambientalistas que atuam na área da 
empresa. 
Em conjunto, o programa de compliance deverá estabelecer os parâmetros de 
contratações de pessoal pela empresa, com processos admissionais que contemplem o 
acesso equitativo de gênero e outros grupos vulneráveis e minorias nos seus quadros, 
em respeito à diversidade. Além disso, garantir que o dia a dia das relações laborais 
ocorra sem discriminações, em medidas além das prescrições legais. 
Ademais, o programa de compliance deve estabelecer regras e procedimentos para que 
as compras sejam efetuadas em empresas que conjuguem os preceitos e valores da 
sustentabilidade e que não aceitem condutas dissonantes à ética e probidade em seus 
negócios. 
Quantos aos projetos comunitários, que a empresa os estabeleça em uma perspectiva 
voluntária, seja diretamente ou estabelecendo parcerias com outras entidades que 
promovam atividades sociais, culturais ou ambientais. Esses projetos auxiliam nas 
transformações sociais no entorno e com ganhos de valor à empresa. 
No que se refere às dinâmicas ambientais, os selos e as certificações devem ser 
mantidos, entretanto é preciso adotar um sistema de gestão ambiental que traga 
melhorias efetivas para a empresa. Nesse ponto, a implementação da norma ISO 
140001:2015 seria uma possibilidade. Há de se conferir atenção ao gerenciamento de 
resíduos e rejeitos de suas atividades produtivas, que deverão ser destinados 
corretamente e não serem lançados de forma inadequada. Até mesmo porque há uma 
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, conforme define a 
legislação brasileira. Essas são, em síntese, algumas medidas para orientar a sua 
atuação como consultor profissional.

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