Prévia do material em texto
Autor: Prof. Guilherme Juliani de Carvalho Colaboradores: Profa. Sandra Castilho Prof. Mauro Kiehn Responsabilidade Social nas Organizações Professor conteudista: Guilherme Juliani de Carvalho Doutorando em Administração pela UNIP, mestre em Administração de Empresas – Gestão Estratégica de Organizações pela Universidade Fumec (2013), graduando em Ciências Contábeis pela UNIP e graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Senac/SP (2016) e em Comunicação Social – Relações Públicas pelo Centro Universitário Newton Paiva (2009). Possui especialização em Planejamento, Gestão e Implementação da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (2015), MBA em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário UNA (2010) e em Gestão de Negócios pela mesma instituição (2010). Atua como docente universitário desde 2010 nas áreas de gestão, marketing, projetos e empreendedorismo. É coordenador de graduação e pós-graduação com publicações em diversos congressos, anais e revistas científicas, além de capítulos de livros. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C331r Carvalho, Guilherme Juliani de. Responsabilidade Social nas Organizações / Guilherme Juliani de Carvalho. – São Paulo: Editora Sol, 2023. 156 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Responsabilidade social. 2. Sustentabilidade. 3. Normas. I. Título. CDU 658.114.8 U517.18 – 22 Luana Miranda Profa. Sandra Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora das Unidades Universitárias Profa. Silvia Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Souza Luiza Gomyde Sumário Responsabilidade Social nas Organizações APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 COMPREENSÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL .............................................................................. 11 1.1 Conceitos e definições........................................................................................................................ 11 1.2 Evolução e aplicação das práticas de responsabilidade social .......................................... 17 1.3 Crescimento econômico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável .................................................................................................................................................... 24 1.3.1 Agenda 2030 e objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU ................................. 27 1.4 Responsabilidade social corporativa: responsabilidade social empresarial e responsabilidade social ambiental ........................................................................................................ 30 2 PRINCÍPIOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................................................................... 33 2.1 Formas de atuação em responsabilidade social ....................................................................... 33 2.2 Responsabilidade social corporativa e cidadania empresarial ........................................... 35 2.3 FNQ, Instituto Ethos e seus indicadores ...................................................................................... 38 3 TERCEIRO SETOR .............................................................................................................................................. 46 3.1 A construção do terceiro setor ....................................................................................................... 50 3.2 O terceiro setor e seu papel na sociedade ................................................................................. 52 4 SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................................................ 53 4.1 Pilares da sustentabilidade ............................................................................................................... 59 4.2 A sustentabilidade e a responsabilidade social ........................................................................ 62 4.3 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) ............................................................................................ 63 4.4 Agenda ambiental ................................................................................................................................ 66 4.5 Pegada ambiental ................................................................................................................................. 68 Unidade II 5 CONTABILIDADE AMBIENTAL E BALANÇO SOCIAL ............................................................................. 76 5.1 Contabilidade ambiental ................................................................................................................... 76 5.2 Balanço social e relatório de sustentabilidade ......................................................................... 77 5.3 Incentivos fiscais para prática de responsabilidade social .................................................. 80 5.4 Greenwashing ........................................................................................................................................ 83 6 NORMAS E CERTIFICAÇÕES EM RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................................... 88 6.1 Qualidade ................................................................................................................................................. 89 6.2 Ambiental ................................................................................................................................................ 90 6.3 Saúde e segurança ............................................................................................................................... 90 6.4 Sustentabilidade e responsabilidade social ............................................................................... 91 6.5 ISO 26000 ................................................................................................................................................ 94 Unidade III 7 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOB A ÓTICA DE DIFERENTES PÚBLICOS ...................................101 7.1 Diferentes públicos envolvidos na prática de responsabilidade social .........................101 7.2 Responsabilidade social na esfera pública ...............................................................................104 7.3 Accountability ......................................................................................................................................1067.4 Ética empresarial ................................................................................................................................107 7.5 Boas práticas de responsabilidade social ..................................................................................110 7.6 Marketing social .................................................................................................................................115 8 PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS EM RESPONSABILIDADE SOCIAL ..............................................120 8.1 Princípios da sustentabilidade associados ao desenvolvimento social e à gestão padrão ESG ................................................................................................................................120 8.2 Envolvimento das empresas com o desenvolvimento social: da filantropia à gestão socialmente responsável ......................................................................................................126 8.3 Design sustentável .............................................................................................................................129 8.4 Economia circular ...............................................................................................................................132 7 APRESENTAÇÃO Esta disciplina trata do significado da responsabilidade social organizacional e dos seus princípios e práticas desejadas. Aborda também a avaliação das práticas de responsabilidade social e de seus resultados, bem como dos seus novos desafios nas organizações. Objetivando saber os princípios e as práticas desejados e como avaliar sua aplicação e seus resultados, a disciplina Responsabilidade Social nas Organizações busca apresentar aos alunos a visão crítica da gestão socialmente responsável. Nela, discutiremos desde os conceitos e evolução da responsabilidade social até os mais recentes temas da área. Ao longo da discussão o aluno poderá compreender a importância da responsabilidade social nas organizações, as ferramentas de práticas de gestão socialmente responsável, a legislação que incide sobre este assunto e, por fim, a prática ESG, modelo de gestão socialmente responsável de emergente importância para as empresas em todo o mundo. O discente compreenderá também acerca das principais certificações e prêmios setoriais, assim como entenderá as relações do tema com diversos públicos e os incentivos fiscais dados às organizações que adotam práticas sustentáveis. Ao final desta disciplina, o aluno deverá estar apto a desenvolver projetos sustentáveis em suas organizações, bem como atuar junto ao terceiro setor e entender a responsividade das companhias na sociedade em que atua. Espera-se que ele desenvolva competências, senso crítico e capacidade de contextualização, visão estratégica, pensamento sistêmico, orientação para processos, orientação para resultados, consciência ética e social, além de solução de problemas no que diz respeito às práticas de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas. INTRODUÇÃO A responsabilidade social nos negócios, também conhecida como responsabilidade social das organizações, refere-se a pessoas e organizações que se comportam e conduzem negócios de forma ética e com sensibilidade em relação a questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Esforçar-se pela responsabilidade social ajuda indivíduos, organizações e governos a ter um impacto positivo no desenvolvimento dos negócios e na sociedade. Decisões de negócios inteligentes não são apenas uma questão de contar valores monetários em curto prazo. Tomadores de decisão sábios consideram o impacto futuro das escolhas de hoje nas pessoas, na comunidade e nos clientes, bem como em suas opiniões. Embora os resultados de negócios, o investimento, a livre iniciativa e outras forças econômicas tradicionais continuem a impulsionar a indústria, a reputação das organizações e sua capacidade de competir efetivamente em todo o mundo dependem da integração dos esforços de responsabilidade social na tomada de decisões e na melhoria do desempenho. 8 Ser uma empresa socialmente responsável pode reforçar a imagem de uma instituição e construir sua marca. A responsabilidade social capacita os funcionários a alavancar os recursos corporativos à sua disposição para fazer o bem. Programas formais de responsabilidade social corporativa podem aumentar o moral dos funcionários e levar a uma maior produtividade na força de trabalho. Nos últimos anos tem-se visto o crescimento de danos ambientais, sociais e econômicos com consequências irreversíveis causadas pela falta de atuação socialmente responsável das organizações. Em 2015, ocorreu o rompimento da barragem em Mariana, no subdistrito de Bento Rodrigues, Minas Gerais. Em 2019, a cidade atingida foi Brumadinho, também em Minas Gerais, em que o rompimento de outra barragem de uma mineradora devastou florestas, rios, a população ribeirinha e cessou 270 vidas (PASSARINHO, 2019). Vejam que esses acidentes geraram danos não apenas ambientais, mas sociais, econômicos e cuja recuperação poderá levar décadas. Figura 1 – Área devastada pelo rompimento da barragem em Brumadinho Disponível em: https://bit.ly/3Shbqh7. Acesso em: 3 out. 2022. Kaplan (2016) apontou que se continuarmos produzindo (e não descartando adequadamente) plásticos nas taxas atuais, a quantidade deles no oceano superará a de peixes em 2050. Existe um instrumento chamado pegada ecológica, que é a única métrica utilizada na medição de quanta natureza temos e quanta natureza usamos. Conforme a World Population Review (2021), a pegada ecológica média mundial foi de 2,75 hectares globais por pessoa (22,6 bilhões no total) e a biocapacidade média foi de 1,63 hectares globais em 2021. Isso mostra que estamos consumindo mais do planeta do que ele consegue regenerar. 9 Veja no mapa a seguir que os países mais desenvolvidos são aqueles que têm maior déficit de regeneração ambiental: 2.00 4.00 6.00 8.00 Pegada ecológica (per capita) 10.00 12.00 14.00 16.000.00 Figura 2 – Pegada ecológica 2021 Adaptado de: https://cutt.ly/mMO6AYW. Acesso em: 3 out. 2022. O meio ambiente não é o único a sofrer o impacto das organizações: a sociedade, de forma ampla, também é impactada. A escravidão moderna é infligida a milhões de pessoas em todo o mundo, mas muitas vezes possui outra denominação, fazendo com que muitos não saibam de sua existência. No Brasil, a Agência Brasil apontou que 942 trabalhadores foram resgatados em 2020 em situação análoga à escravidão. De acordo com o instituto, as pessoas que foram resgatadas do trabalho escravo atuavam nas seguintes áreas: 17% estavam em atividades de produção florestal; 15% no cultivo do café e 10% na criação de bovinos (PASSOS, 2021). Além disso, é importante destacar que a responsabilidade social das organizações deve voltar-se aos consumidores. Processos limpos de produção, cumprimento de prazos, qualidade de produtos e serviços fazem parte do que é entregue ao consumidor por uma empresa socialmente responsável. E assim se faz o grande desafio das organizações contemporâneas. Muito além da gestão de custos, gestão de operações, aumento de mercado e outros fatores decisivos para sobrevivência das empresas, é necessário que os gestores estejam atentos à pressão dos diferentes públicos – governo, consumidores, funcionários, sociedade, entidades não governamentais – para uma atuação mais responsável, minimizando os impactos negativos de suas operações. Manter a responsabilidade social em uma empresa garante que a integridade da sociedade e o meio ambiente sejam protegidos. Muitas 10 vezes, as implicações éticas de uma decisão/ação são negligenciadas para ganho pessoal e os benefícios são geralmente materiais. Todavia, isso não pode mais ser a predominância nas organizações. As práticas de negócios socialmente responsáveis referem-se às atividades corporativas cujo objetivo principal é beneficiar indivíduos, uma comunidadeou o meio ambiente. Eles incluem patrocínio, subsídios, doação de produtos, voluntariado corporativo, envolvimento da comunidade etc. Assim, entender a responsabilidade social é fundamental para que o futuro profissional de Administração compreenda como uma organização é responsável pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento transparente e ético que contribui para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar de todos. Sustentado pelos principais autores da área e pelos mais recentes artigos e dados publicados, este livro-texto busca contribuir para a formação de gestores socialmente responsáveis, com amplo conhecimento sobre as práticas, certificações, incentivos e benefícios da responsabilidade social. Na unidade I serão discutidos os conceitos de responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e crescimento econômico. O estudante ainda irá aprender sobre sustentabilidade e seus pilares, o terceiro setor e sua formação e contribuição social, bem como a Fundação Nacional de Qualidade e o Instituto Ethos. Na unidade II, por sua vez, estarão os conteúdos sobre contabilidade e balanço ambiental, assim como as certificações concedidas às empresas que praticam responsabilidade social. Por fim, na unidade III, o discente aprenderá sobre os diferentes públicos envolvidos na prática de responsabilidade social e as mais contemporâneas discussões da área, como gestão ESG, economia circular e design sustentável. Bons estudos! 11 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Unidade I 1 COMPREENSÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 1.1 Conceitos e definições Há muito tempo temos visto que a relação das organizações com a sociedade tem mudado. Muito além de aumentar a margem de lucro, ganhar mais mercado ou abrir filiais, as empresas passaram a entender que suas ações geram impactos na sociedade, e esses, por sua vez, nem sempre são positivos. Até recentemente, a maioria das grandes empresas era conduzida quase exclusivamente com um objetivo em mente: lucro. A maximização dos lucros estava no centro de todas as ações ou iniciativas adotadas. Começaram a surgir, então, pressões de várias frentes da sociedade: consumidores, governo, investidores, organizações não governamentais e outros, que fizeram com que as companhias passassem a adotar práticas de responsabilidade social em sua gestão, e assim, nas últimas décadas, mais líderes empresariais reconheceram que têm a responsabilidade de fazer mais do que simplesmente maximizar os lucros para acionistas e executivos. Em vez disso, buscam não apenas o melhor para suas instituições, mas para as pessoas, o planeta e a sociedade em geral. Há vários benefícios em adicionar iniciativas de responsabilidade social em uma organização: eles abrangem desde o aumento da produtividade até a atração dos melhores talentos. Permitem ainda que a empresa melhore a sua reputação geral, o que pode abrir portas para novas oportunidades. Escolher qual iniciativa é mais apropriada requer uma consideração cuidadosa, mas antes de falarmos sobre iniciativas de responsabilidade social nas organizações (RSO), definiremos o motivo de tal tema ser tão caro aos gestores. A responsabilidade social é uma filosofia de gestão na qual indivíduos ou empresas são responsáveis por cumprir seu dever cívico e tomar ações que beneficiem a sociedade como um todo. Se uma empresa ou pessoa estiver pensando em realizar algo que possa prejudicar o meio ambiente ou a sociedade, ela é considerada socialmente irresponsável. De acordo com esse conceito, os gestores devem tomar decisões que não apenas maximizem os lucros, mas protejam os interesses da comunidade e da sociedade. Vejamos alguns exemplos na sequência: A ideia de responsabilidade social empresarial parte do princípio de que as empresas têm responsabilidade direta sobre muitos problemas que abalam a sociedade, e, com isso, têm condições e o dever de colaborar para que haja um desenvolvimento equilibrado. De acordo com essa premissa, as ações realizadas pelas empresas através de suas técnicas e recursos visando atingir seus objetivos materiais podem também colaborar para resolução de problemas sociais (PASSOS; BORGES, 2021, p. 240). 12 Unidade I Responsabilidade social corporativa relaciona-se principalmente à obtenção de resultados de decisões organizacionais relativas às questões ou problemas específicos que (por algum padrão normativo) têm efeitos benéficos, e não adversos, efeitos sobre as partes interessadas corporativas pertinentes. A correção normativa dos produtos da ação corporativa tem sido o foco principal da responsabilidade social corporativa (EPSTEIN, 1987, p. 104). Domingos (2007, p. 81) define que a RSO “compreende ações concretas expostas publicamente para anunciar uma nova postura dos dirigentes dos sistemas de produção frente às contradições e às tensões provocadas pelo capitalismo na sociedade”. Responsabilidade social nas organizações é a ideia de que uma empresa tem responsabilidade com a sociedade que existe ao seu redor. As instituições que adotam a responsabilidade social corporativa geralmente são organizadas de maneira que as capacita a ser e agir de maneira socialmente responsável. Trata-se de uma forma de autorregulação que pode ser expressa em iniciativas ou estratégias, dependendo dos objetivos de uma organização (YEVDOKIMOVA et al., 2018). De forma geral, pode-se entendê-la como a prática que além de maximizar o valor para o acionista, deve agir de forma a beneficiar a sociedade. As empresas socialmente responsáveis precisam seguir políticas que promovam o bem-estar da sociedade e do meio ambiente, ao mesmo tempo que diminuem os impactos negativos sobre eles. Lembrete Responsabilidade social não é cumprir a lei ou fazer ações isoladas que não estejam alinhadas aos reais valores da organização. Cumprir a lei é obrigação da organização e práticas de responsabilidade social são aquelas conforme os princípios, valores, missão e visão da empresa. O Banco Mundial, em 2003, definiu responsabilidade social como o compromisso das empresas em contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os funcionários, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar a qualidade de vida, de maneira que seja boa para os negócios e o desenvolvimento (PETKOSKI; TWOSE, 2003). Exatamente o que significa “socialmente responsável” varia de uma organização para outra. As empresas geralmente são guiadas por um conceito conhecido como triple bottom line (TBL), que determina que uma companhia deve se comprometer a medir seu impacto social e ambiental, bem como seus lucros. O ditado “lucro, pessoas, planeta” é frequentemente usado para resumir a força motriz por trás do referido conceito. Ao adotar o TBL, a organização passa a levar em conta as questões econômicas, sociais e ambientais em suas tomadas de decisões. A definição dos conceitos do TBL, de acordo com a Fundação Nacional da Qualidade (2018) abrange: 13 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • Responsabilidade ambiental: crê que as organizações devem se comportar da maneira mais ecológica possível. É uma das formas mais comuns de responsabilidade social corporativa. Algumas empresas usam o termo “gestão ambiental” para se referir a tais iniciativas. As instituições que buscam adotar a responsabilidade ambiental podem fazê-lo de várias maneiras: — redução da poluição, das emissões de gases de efeito estufa, do uso de plásticos descartáveis, do consumo de água e do lixo em geral; — aumento da dependência de energia renovável, de recursos sustentáveis e materiais reciclados ou parcialmente reciclados; — compensação do impacto ambiental negativo, por exemplo, plantando árvores, financiando pesquisas e doando para causas relacionadas. Figura 3 – Responsabilidade ambiental Disponível em:: https://bit.ly/3rGqfyS. Disponível em: 3 out. 2022. • Responsabilidade ética: preocupa-seem garantir que uma organização opere de maneira justa e ética. Aquelas que adotam a responsabilidade ética visam obter um tratamento justo de todas as partes interessadas, incluindo liderança, investidores, funcionários, fornecedores e clientes. 14 Unidade I Por meio dessa prática de responsabilidade ética, o que as organizações podem fazer é atuar com a ética de distintas formas, por exemplo, definir um salário mínimo além do piso determinado. Ainda nesta conduta uma empresa pode trabalhar unicamente com fornecedores que entreguem produtos, ingredientes, materiais ou componentes que sejam adquiridos de acordo com os padrões de livre-comércio. Consequentemente, muitas corporações contam com processos para garantir que não estejam comprando produtos resultantes de trabalho escravo ou infantil. • Responsabilidade filantrópica: refere-se ao objetivo de uma empresa de tornar ativamente o mundo e a sociedade um lugar melhor. Além de agir da forma mais ética e ambientalmente amigável possível, as organizações movidas pela responsabilidade filantrópica geralmente dedicam uma parte de seus ganhos. Enquanto muitas delas doam para instituições de caridade e organizações sem fins lucrativos que se alinham com suas missões orientadoras, outras doam para causas nobres que não se relacionam diretamente com seus negócios. Há ainda aquelas que criam seu próprio fundo ou organização de caridade para retribuir. • Responsabilidade econômica: trata-se da prática de uma empresa apoiar todas as suas decisões financeiras em seu compromisso de fazer o bem nas áreas listadas anteriormente. O objetivo final não é simplesmente maximizar os lucros, mas impactar positivamente o meio ambiente, as pessoas e a sociedade. Portanto, com as definições dadas, pode-se definir a RSO como as metas organizacionais alinhadas com sustentabilidade e preservação de recursos para as próximas gerações e com respeito às pessoas em sua diversidade, focando na redução de desigualdades. De forma geral, trata-se de uma prática que, se adotada por todas as organizações, poderá gerar um planeta com menos poluição, lixo, exploração de mão de obra, entre outros. A ideia de responsabilidade social nas organizações é tema de discussão desde a década de 1950. No entanto, foi apenas mais tarde que as pessoas começaram a entender seu significado e impacto. Um marco na discussão do assunto foi a publicação da pirâmide da responsabilidade social corporativa de Archie Carroll, em 1991. Sua simplicidade, mas capacidade de descrever a ideia de responsabilidade social com quatro áreas, tornou a pirâmide uma das teorias corporativas de RSC mais aceitas desde então. A pirâmide de Carroll sugere que a empresa tem total responsabilidade em quatro níveis: econômico, jurídico, ético e filantrópico. 15 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Responsabilidade econômica: ser lucrativa, pois antes de atingir as outras responsabilidades, uma empresa deve ter a capacidade de arcar com seus compromissos financeiros RSO Responsabilidade legal: seguir a lei, uma vez que ela é codificação da sociedade do certo e do errado Responsabilidade ética: obrigar-se a fazer o que é certo, justo, combater a corrupção e agir de forma transparente Responsabilidade filantrópica: ser uma empresa cidadã e desenvolver práticas de melhoras na qualidade de vida Figura 4 – Pirâmide de Carroll Adaptado de: Appio, Madruga e Frizon (2018). Conforme os autores da figura acima, as definições de cada pilar da pirâmide são: • Responsabilidade econômica: produzir bens e serviços que a sociedade necessita e lucrar com eles. As empresas têm acionistas que esperam e exigem um retorno razoável de seus investimentos, funcionários que desejam fazer seu trabalho com segurança e justiça, bem como clientes que querem produtos de qualidade por preços justos. Trata-se da base da pirâmide sobre a qual todas as outras camadas repousam. A responsabilidade econômica na RSE é a obrigação de ser lucrativo e a única maneira de uma empresa sobreviver e apoiar a sociedade a longo prazo. • Responsabilidade legal: obedecer a lei é o segundo nível da pirâmide e obrigação legal da empresa. Esta é a responsabilidade mais importante dos quatro níveis, pois mostrará como ela conduz seus negócios no mercado. As leis trabalhistas, a concorrência com outras corporações, os regulamentos tributários e a saúde e segurança dos funcionários são alguns exemplos das responsabilidades legais que uma instituição deve cumprir. Deixar de ser legalmente responsável pode ser muito ruim para as companhias. • Responsabilidade ética: fazer a coisa certa, ser justo em todas as situações e evitar danos. Uma empresa não deve apenas obedecer à lei, mas precisa fazer seus negócios de forma ética. Ao contrário dos dois primeiros níveis, trata-se de algo que ela não é obrigada a fazer. No entanto, é melhor que a corporação seja ética, pois isso não apenas mostra a seus stakeholders que eles 16 Unidade I são morais e justos, como também as pessoas se sentirão mais confortáveis comprando seus bens/serviços. Ser ecologicamente correto e tratar fornecedores/funcionários adequadamente são alguns exemplos de responsabilidade ética. • Responsabilidade filantrópica: no topo da pirâmide, ocupando o menor espaço está a filantropia. As empresas são criticadas há muito tempo por sua pegada de carbono, sua participação na poluição, seu uso de recursos naturais e muito mais. Para contrabalançar esses negativos, elas devem “retribuir” à comunidade de onde tiram. Embora este seja o nível mais alto de RSC, ele não deve ser menosprezado, pois muitas pessoas gostariam de fazer negócios com instituições que retribuem à sociedade. A responsabilidade filantrópica é mais do que apenas fazer o que é certo, significa algo que se mantém fiel aos valores da companhia. • Responsabilidade social nas organizações (RSO): segundo a pirâmide de Carroll, negócio responsável é aquele que qualifica todos os níveis de responsabilidade antes de assumir a filantropia. Sem cumprir as outras responsabilidades, um negócio não pode se sustentar. Lembrete Para atingir a responsabilidade social nas organizações (topo da pirâmide), a empresa deve cumprir todos os seus pilares anteriores: econômica, legal, filantrópica. Em suma, a definição de quatro partes de responsabilidade social e a pirâmide de Carroll oferecem uma estrutura conceitual para organizações que consiste nas responsabilidades econômica, legal, ética e filantrópica ou discricionária. A responsabilidade econômica para obter lucro é esperada por seus acionistas, já a responsabilidade ética é aguardada pela sociedade. A responsabilidade filantrópica ou discricionária das corporações é esperada e desejada pela sociedade. Com o tempo, as definições para cada uma das quatro categorias podem mudar ou evoluir. Observação A responsabilidade social nas organizações não pode ser confundida com caridade: a caridade tem fins assistenciais e é um mero paliativo para graves problemas sociais, enquanto a responsabilidade social é uma prática institucionalizada na empresa. Existe uma longa e variada discussão associada à evolução do conceito de responsabilidade social. A crença atual de que as corporações têm responsabilidade para com a sociedade não é nova. De fato, é possível traçar a preocupação da empresa com a sociedade há vários séculos (AGUDELO; JÓHANNSDÓTTIR; DAVÍDSDÓTTIR, 2019). No entanto, apenas nas décadas de 1930 e 1940 que o papel dos executivos e o desempenho social das corporações começaram a aparecer na literatura e autores começaram a discutir quais eram as responsabilidades sociais específicas das empresas. Nas décadas 17 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES seguintes as expectativas sociais em relação ao comportamento empresarial mudaram, assim como o conceito de responsabilidade social empresarial (RSE). 1.2 Evolução e aplicação das práticas de responsabilidade social A responsabilidade social corporativa(RSC) tem sido anunciada como a maneira pela qual as corporações se posicionam. Nos últimos tempos, o escopo da RSE evoluiu além da escola de administração e da retórica empresarial para se tornar um termo reconhecido pela maioria da sociedade. Embora o termo RSC possa fazer parte da linguagem geral, as nuances do conceito escapam a muitas pessoas. Isso pode ser atribuído ao desenvolvimento fluido da ideologia e, de acordo com sua evolução, tem estado em constante fluxo. As discussões sobre RSE avançaram consideravelmente nos últimos anos, tanto que a RSC pode agora ser considerada uma ferramenta estratégica na relação entre empresas, governo e stakeholders. Os estudos de Carroll (2015) apontam que já na década de 1920 os gerentes das organizações, na época, passaram a assumir a responsabilidade de equilibrar a maximização dos lucros com os interesses do mercado e das comunidades. Posteriormente, com o crescimento dos negócios durante a Segunda Guerra Mundial e na década de 1940, as empresas passaram a ser vistas como instituições com responsabilidades sociais e uma discussão mais ampla sobre o tema começou a ocorrer. Apesar de datar de 1920, a responsabilidade social nas organizações somente passou a ser teorizada e discutida na academia na década de 1950, quando Howard Bowen publicou, em 1953 nos Estados Unidos, o livro Responsibilities of the businessman (Responsabilidades sociais do homem de negócios) (CARMO, 2015). Na década de 1970, os estudos sobre responsabilidade social nas organizações iniciaram, então, uma investigação acerca da capacidade de desempenho social das companhias, e pode-se inferir que muito mais que apenas assumir as responsabilidades dos impactos causados na sociedade, as empresas deveriam responder pelos seus atos, e estas respostas seriam dadas através da criação de mecanismos de identificação, mapeamento e ação socialmente responsáveis perante a sociedade. A seguir é apresentada uma visão sobre a discussão de responsabilidade social ao longo das décadas: • Décadas de 1950 e 1960: somente no início da década de 1950 que a noção de quais eram as responsabilidades sociais das organizações foi abordada pela literatura e pôde ser entendida como o começo da moderna construção de definição de responsabilidade social corporativa. Na verdade foi aproximando-se dos anos 1960 que a pesquisa acadêmica e teórica, foco da RSE, concentrou-se no nível social de análise, dando-lhe implicações práticas (CARMO, 2015). • Década de 1970: a responsabilidade social passa, efetivamente, a fazer parte das práticas de gestão organizacional. O sentimento antiguerra, o contexto social geral e um crescente senso de consciência na sociedade durante o final da década de 1960 se traduziram em um baixo nível de confiança nos negócios para atender às necessidades e desejos do público (WATERHOUSE, 2017). De fato, o baixo nível de confiança no setor empresarial atingiu um ponto significativo quando, em 1969, um grande 18 Unidade I derramamento de óleo na costa de Santa Barbara, Califórnia, foi alvo de protestos maciços nos EUA e, eventualmente, resultou na criação do primeiro Dia da Terra, comemorado em 1970. Durante o evento, 20 milhões de pessoas se juntaram a protestos para exigir um ambiente limpo e sustentável, além de lutar contra a poluição causada principalmente por corporações (derramamentos de óleo, lixões tóxicos, fábricas poluidoras e usinas de energia). Esse dia influenciou a agenda política dos EUA de forma tão decisiva que desempenhou um papel significativo na criação da Agência de Proteção Ambiental (EPA) no final de 1970 e foi traduzido em uma nova estrutura regulatória que mais tarde motivaria o comportamento corporativo e criaria responsabilidades adicionais para corporações (AGUDELO; JÓHANNSDÓTTIR; DAVÍDSDÓTTIR, 2019). • Década de 1980: com a implantação da responsabilidade social durante a década de 1970, cresceu o número de legislações que atendiam às preocupações sociais da época e deu um conjunto mais amplo de responsabilidades às corporações. Em contraste, durante a década de 1980, os governos de Reagan (EUA) e Thatcher (Reino Unido) promoveram uma nova linha de pensamento para a política com um forte foco na redução da pressão sobre as empresas e visando reduzir os altos níveis de inflação que ambos os locais enfrentavam. Para Reagan e Thatcher, o crescimento e a força das economias de seus países dependiam de sua capacidade de manter um ambiente de livre-mercado com o mínimo de intervenção estatal possível. Para isso, os principais objetivos econômicos de Reagan centraram-se na redução das regulamentações sobre o setor privado, o que foi complementado com reduções de impostos (AGUDELO; JÓHANNSDÓTTIR; DAVÍDSDÓTTIR, 2019). Durante a década de 1980, com crescimento exponencial da indústria mundial, as práticas de responsabilidade social começaram a ser questionadas pelos governos. • Década de 1990: importantes eventos internacionais influenciaram a perspectiva internacional para responsabilidade e a abordagem do desenvolvimento sustentável. Os mais relevantes incluem a criação do Agência Europeia do Ambiente (1990), a reunião da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, que levou à Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a adoção da Agenda 21 e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) (1992), além da adoção do Protocolo de Quioto (1997). A formação desses organismos e a adoção de acordos internacionais representaram esforços para estabelecer normas no que diz respeito a questões relacionadas ao clima e diretamente ao comportamento corporativo. A década de 1990 retoma o intenso interesse por responsabilidade social nas organizações e, de fato, foi durante ela que o conceito ganhou apelo internacional, talvez como resultado da abordagem internacional para o desenvolvimento sustentável da época combinada à globalização. • Anos 2000: logo no início dos anos 2000 intensifica-se a cobrança pelo reconhecimento e pela implementação da responsabilidade social nas organizações. Nesse período, a discussão estava pautada em dois momentos: o primeiro está focado no reconhecimento e expansão de RSO e sua implementação, enquanto o segundo concentra-se na abordagem estratégica para a RSO fornecida pelas publicações acadêmicas da época. O debate em torno da RSO foi adiantado várias vezes por figuras públicas, como, por exemplo, o presidente Reagan que, com o objetivo de estimular a economia e gerar crescimento econômico no final da década de 1980, apelou ao setor privado para práticas de negócios mais responsáveis e enfatizou que as corporações deveriam 19 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES assumir um papel de liderança na responsabilidade social (CARROLL, 2015). Durante a década de 1990, foi o presidente Clinton quem trouxe a atenção para a noção de cidadania corporativa e responsabilidade social com a criação do Prêmio Ron Brown de Liderança Corporativa para empresas que eram boas cidadãs corporativas (BATTAGELLO, 2013). Observação Classificamos a responsabilidade social não considerando uma nomenclatura. Então, entendam responsabilidade social nas organizações (RSO), responsabilidade social empresarial (RSE) ou responsabilidade social corporativa (RSC) como o mesmo conceito. Ainda nos anos 2000, a abordagem estratégica para RSE passou a ir além da influência institucional e pública na implementação da RSC, e chegaram contribuições relevantes ao conceito por meio da literatura acadêmica. Nos primeiros anos do século XXI, as políticas corporativas mudaram em resposta ao interesse público e, como resultado, muitas vezes tiveram um impacto social positivo. Isso significava que o escopo de responsabilidade social (do ponto de vista empresarial) era agora inclusivo para um conjunto mais amplo de partes interessadas, e uma nova definição de responsabilidade social corporativa (RSC) referia-se às obrigações da instituiçãopara com seus stakeholders – pessoas afetadas pelas políticas corporativas e práticas. Essas obrigações vão além das exigências legais e dos deveres da empresa para com seus acionistas. O cumprimento delas destina-se a minimizar qualquer prejuízo e maximizar o impacto benéfico em longo prazo da firma na sociedade (BATTAGELLO, 2013). • Anos 2010: o conceito de criação de valor compartilhado foi desenvolvido por Porter e Kramer, que o explicaram como um passo necessário na evolução dos negócios e o definiram como: “políticas e práticas operacionais que melhoram a competitividade de uma empresa, ao mesmo tempo que promovem as condições econômicas e sociais das comunidades onde opera. Criação de valor compartilhado concentra-se em identificar e expandir as conexões entre o progresso social e o progresso econômico” (PORTER; KRAMER, 2011, p. 2). • Anos 2020: nos dias de hoje, as organizações passaram a utilizar as práticas de responsabilidade social como instrumento de gestão e tomada de decisões. O surgimento de certificações de qualidade, ambientais, sociais e econômicas inseriram as empresas em uma busca pelas mais sustentáveis práticas de mercado. A responsabilidade social nas organizações abre caminho para uma prática mais incisiva nas companhias: a gestão ESG. Na figura a seguir, temos uma linha do tempo resumindo a evolução da discussão da responsabilidade social das organizações: 20 Unidade I Anos 1960: os empresários têm uma ampla obrigação para com a sociedade em termos de valores econômicos e humanos Anos 2010: Poster discute as práticas de RSO como forma de agregar valor às organizações Anos 2020: as práticas de RSO devem ser institucionalizadas na tomada de decisão e ocorre o surgimento do modelo de gestão ESG Anos 1970: o termo responsabilidade social corporativo tornou-se popular graças ao sentimento antiguerra Anos 2000: há o aumento da pressão nas organizações para implementação de práticas de RSO Anos 1980: existe um recuo nas discurssões sobre RSO devido a alguns governos defenderem menos pressão nas organizações Anos 1990: é apresentada a pirêmide de Carroll, na qual os tipos de responsabilidade são delineados Figura 5 – Linha do tempo da discussão de RSO No Brasil, a discussão sobre responsabilidade social nas organizações iniciou-se bem tardiamente. Somente no início dos anos 1990 a responsabilidade social se disseminou na forma de diretrizes de estratégias empresariais no país. Antes disso, a RSO era vista pelos gestores brasileiros como filantropia e benemerência, atuando com doações e ações de caridade em momentos isolados, visando muito mais a construção de uma imagem empresarial positiva que a responsabilidade social em si. Em meados de 2010, em Genebra, na Suíça, a Organização Internacional de Normalização, visando uma discussão mais generalista sobre responsabilidade social, editou a ISO 26000, cujo objetivo principal era intensificar e padronizar o comportamento ético, transparente e responsável das empresas com foco no desenvolvimento sustentável. A partir dela, o Brasil foi pioneiro em criar sua própria orientação para a RSO e implementou a NBR ISO 16001, em 2012, desenvolvida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Esta NBR tinha o papel principal de normatizar os sistemas de gestão da responsabilidade social e ambiental no país. Assim, com o objetivo de promover a RSE no Brasil, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) propôs um modelo de “balanço social”. A ideia era fornecer o “Selo Balanço Social Ibase/Betinho”, que funcionaria como um marco para a empresa que pretendia ser vista como socialmente responsável. Ele seria concedido a companhias que atuassem de forma responsável com a sociedade e o meio ambiente (DE SINAY et al., 2019). 21 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES O modelo para elaboração de balanços sociais continha informações financeiras sobre desembolsos obrigatórios e discricionários que beneficiam empregados (indicadores sociais internos), sociedade (indicadores sociais externos), meio ambiente (indicadores ambientais), não discriminatório e planejamento de carreira, além de informações acerca da divisão dos benefícios entre os stakeholders e detalhamento do papel de cidadania da corporação. Desde então, muitas empresas brasileiras (Itaú, Natura, Bradesco, Unilever, Ambev, Magazine Luiza, entre outras) têm adotado práticas exitosas de responsabilidade social. Não existe uma lei que as obrigue a fazerem investimento em ações ambientais e sociais no país – por isso, entende-se que as companhias que adotam tais práticas têm como filosofia de gestão não apenas o aumento dos seus lucros, mas também o desenvolvimento sustentável e social (CRISÓSTOMO; FREIRE; PARENTE, 2014). Saiba mais Quer saber mais sobre as práticas de responsabilidade social das organizações? Acesse o link a seguir e conheça os relatórios de resultados econômicos e socioambientais da Natura. NATURA. Relatório Integrado Natura & Co. [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/vMP4esF. Acesso em: 3 out. 2022. A rede Magazine Luiza, por exemplo, em seu site, dispõe de um espaço para divulgação de suas práticas de responsabilidade social. Sendo os pilares dela os seguintes: funcionários, clientes, fornecedores, meio ambiente e sociedade. A empresa acredita que: valorizar pessoas, promover esforços em torno de causas comuns e investir no cultivo da alma dos seus clientes e colaboradores são atributos reforçados diariamente no Magazine Luiza, que acredita que deve muito do que construiu até hoje à sociedade. Ao estilo democrático de gestão e ao “Jeito Luiza de Ser” adotados pela empresa, está atrelada uma significativa diversidade de ações que visam promover benefícios para todos, quer sejam funcionários, clientes, fornecedores, meio ambiente ou sociedade. Afinal, o Magazine Luiza tem com um dos seus valores a crença de que as pessoas são a força e a vitalidade da organização. Valorizar pessoas também significa valorizar a diversidade, independente de idade, sexo ou origem social, e o Magazine Luiza possui programas específicos para incluir e respeitar as diferenças entre as pessoas, como o programa de inclusão de pessoas com deficiência, o programa de contratação de jovens aprendizes e trainees e o atendimento diferenciado para mulheres que querem crescer na empresa (MAGAZINE LUIZA, s.d.). 22 Unidade I Saiba mais Conheça as práticas de responsabilidade social da rede Magazine Luiza no link a seguir: MAGAZINE LUIZA. Compromisso com a sociedade. Magazine Luiza, Franca, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2rIluoQ. Acesso em: 3 out. 2022. No Brasil é utilizado um ranking de empresas que vem avaliando a reputação das corporações desde o ano 2000 no que diz respeito à responsabilidade social e governança corporativa na Espanha e América Latina, chamado Ranking Merco (Monitor Empresarial de Reputação Corporativa). O estudo e o ranking são realizados pelo Instituto Análisis e Investigación, conforme a Norma ISO 20252 (a norma estabelece os termos, as definições e os requisitos de serviço para prestadores de serviço que realizam pesquisas de mercado, de opinião e social, incluindo insights e análises de dados). De acordo com esse ranking, as empresas mais bem classificadas em responsabilidade e governança são (MERCO, 2019): • Natura. • Ambev. • Grupo Boticário. • Bradesco. • Magazine Luiza. • Itaú Unibanco. • Avon. • Nestlé. • Coca-Cola. • Google. • Renner. • Unilever. 23 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • Toyota. • Santander. • GPA. • Vivo. • Mercado Livre. • Johnson & Johnson. • Hospital Sírio-Libanês. • Lojas Americanas. • Gerdau. • Porto Seguro. • Banco do Brasil. • McDonald’s. • Amazon. • BRF. • Carrefour. • Netflix. • Petrobras. • Alpargatas. Observação O ranking mencionado não classifica apenas empresas brasileiras, mas também multinacionais que atuam no país. 24 UnidadeI Já o ranking Best for the World, de acordo com a revista Forbes, apontou que 39 empresas brasileiras estão entre as melhores do mundo em práticas de responsabilidade social (39 EMPRESAS…, 2021). Elas oferecem, além do retorno financeiro, impactos positivos para a sociedade e o meio ambiente. Podemos citar como exemplos: YouGreen, Natura, Grupo Gaia e outras. Pode-se perceber, então, que apesar de tardiamente discutida pelos gestores no Brasil, a responsabilidade social tem ganhado força nos últimos anos, e as empresas estão desenvolvendo práticas consolidadas e exitosas em suas gestões. É importante ressaltar que não basta ter uma atividade ou outra de ação social, mas sim um modelo institucionalizado que vise a sustentabilidade econômica da organização e o desenvolvimento ambiental e social. 1.3 Crescimento econômico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável O crescimento econômico é definido como o aumento na produção de bens e serviços em um país. Como ele mede o valor dos bens produzidos, e não apenas a quantidade, métricas como o Produto Interno Bruto (PIB) são frequentemente usadas. Em geral, os aumentos na produção agregada se correlacionam com a elevação da produtividade marginal de cada residente, levando ao crescimento da renda média, maiores gastos do consumidor e melhor padrão de vida (CARVALHO et al., 2015). A Revolução Industrial é um exemplo significativo do crescimento econômico. A montagem automatizada nas fábricas transferiu os trabalhadores para funções mais qualificadas e especializadas, aprimorando a tecnologia. O trabalho qualificado e a tecnologia aprimorada, por sua vez, aumentaram os bens de capital disponíveis, resultando em maior produção e acabaram com as fomes periódicas, levando ao aumento da população (ROLIM; JATOBÁ; BELO, 2014). O crescimento econômico é o aumento do valor dos bens e serviços de uma economia, o que gera mais lucro para as empresas. Como resultado, os preços das ações sobem. Isso dá às companhias capital para investir e contratar mais funcionários (CARVALHO et al., 2015). À medida que mais empregos são criados, a renda aumenta. Os consumidores têm mais dinheiro para comprar produtos e serviços adicionais, e as compras geram um crescimento maior. Por essa razão, todos os países desejam um crescimento econômico positivo. Isso o torna o indicador econômico mais observado (ROLIM; JATOBÁ; BELO, 2014). De acordo com Rolim, Jatobá e Belo (2014, p. 6), Desenvolvimento Econômico, por sua vez, são programas, políticas ou atividades que buscam melhorar o bem-estar econômico e a qualidade de vida de uma comunidade. O que “desenvolvimento econômico” significa para você dependerá da comunidade em que você vive. Cada comunidade tem suas próprias oportunidades, desafios e prioridades. 25 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Assim, pode-se definir desenvolvimento econômico como a criação de riqueza a partir da qual os benefícios da comunidade são realizados. É mais do que um programa de emprego: trata-se de um investimento no crescimento da sua economia e na melhoria da prosperidade e qualidade de vida de todos os residentes (ROLIM; JATOBÁ; BELO, 2014). Do ponto de vista público, o desenvolvimento econômico local envolve a alocação de recursos limitados – terra, trabalho, capital e empreendedorismo de forma que tenha um efeito positivo sobre o nível de atividade empresarial, emprego, padrões de distribuição de renda e solvência fiscal. Ele, também conhecido como crescimento ou avanço econômico, refere-se à geração de riqueza que é encontrada em benefício e avanço da sociedade. Não se encontra apenas em projetos de desenvolvimento isolados, mas no avanço geral da economia em relação a fatores como educação, disponibilidade de recursos e padrão de vida. A importância do desenvolvimento econômico está no bem-estar da população. Seu conceito é um fator-chave no processo de tomada de decisão das autoridades soberanas na elaboração de políticas. O desenvolvimento econômico depende fortemente da alocação eficiente de recursos (razão para o lento crescimento das economias de comando). Ele não é encontrado exclusivamente em projetos, mas em abordagens econômicas, como os recursos são alocados para as indústrias que mais precisam deles. O estímulo do comércio por meio de políticas, leis e regulamentações é outra medida de promoção do crescimento econômico (SILVA; NELSON; SILVA, 2018). O termo “desenvolvimento econômico” é comumente associado a conceitos como industrialização e modernização por ser o avanço uma característica-chave dos fundamentos dos conceitos. Se uma nação pode se desenvolver, seus cidadãos devem se tornar mais ricos e, assim, serem capazes de escapar das armadilhas da pobreza. Isso é amplamente verdade, mas não pode ser usado como um quadro de referência isolado por causa dos elementos econômicos que ignora. Os benefícios sociais, políticos e econômicos não são os únicos resultados do crescimento e do avanço; fatores como inflação, custos de vida mais altos e maiores disparidades de riqueza estão todos intimamente associados ao desenvolvimento econômico (SILVA; NELSON; SILVA, 2018). Se uma economia está passando por um desenvolvimento significativo, ela está se expandindo e crescendo naturalmente. Esse crescimento é encontrado em como a força de trabalho, por exemplo, se torna cada vez mais educada. A educação crescente dos trabalhadores faz com que eles recebam salários maiores. Salários maiores significam que eles têm mais poder de compra para sair e adquirir bens e serviços. Por fim, o mais importante dos conceitos: desenvolvimento sustentável. Trata-se do desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de fazê-lo às suas próprias demandas. Ele nasceu como um esforço das nações para promover um modelo de desenvolvimento econômico global compatível com a conservação ambiental e a equidade social (SILVA; NELSON; SILVA, 2018). 26 Unidade I O desenvolvimento sustentável tornou-se um manifesto político a partir do qual cidadãos, organizações civis, empresas e governos se orientam para promover ações voltadas para um objetivo comum: a sustentabilidade. De acordo com o exposto pelos autores (2018, p. 14), o desenvolvimento sustentável baseia-se em três pilares: • desenvolvimento que tenha em conta a satisfação das necessidades das gerações presentes; • desenvolvimento ecologicamente correto; • desenvolvimento que não sacrifica os direitos das gerações futuras. O impulso para o crescimento econômico resultou em problemas como a degradação ambiental e as disparidades sociais. O desenvolvimento sustentável prescreve uma abordagem mais equilibrada ao crescimento que progride o desenvolvimento em três pilares subjacentes: inclusão social, sustentabilidade ambiental e prosperidade econômica (CARVALHO et al., 2015). Todos os países devem atender às suas necessidades básicas de emprego, alimentação, energia, água e saneamento. Para os autores (2015), o sustentável nos estimula a conservar e aprimorar nossos recursos, mudando gradualmente como desenvolvemos e usamos tecnologias. Todos os países devem atender às suas necessidades básicas de emprego, alimentação, energia, água e saneamento. Observação O desenvolvimento sustentável refere-se ao desenvolvimento global da qualidade de vida em uma nação, que inclui o crescimento econômico. Já o desenvolvimento econômico diz respeito ao aumento do crescimento monetário de uma nação em um determinado período. No conceito de desenvolvimento sustentável existe a metodologia 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar), que trata de minimizar a quantidade de resíduos que produzimos, reutilizar produtos o máximo que pudermos e reciclar quaisquer materiais que possam ser usados para uma nova finalidade. A Iniciativa 3R visa promover os 3Rs globalmente, de modo a construir uma sociedade de ciclo material sólido por meio do uso eficaz de recursos e materiais.Conforme Andrade (2020, p. 9), O princípio de redução de resíduos, reutilização e reciclagem de recursos e produtos é frequentemente chamado de 3Rs. Reduzir significa optar por usar as coisas com cuidado para reduzir a quantidade de resíduos gerados. A reutilização envolve o uso repetido de itens ou partes de itens que ainda 27 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES possuem aspectos utilizáveis. Reciclagem significa o uso dos próprios resíduos como recursos. A minimização de resíduos pode ser alcançada de maneira eficiente, concentrando-se principalmente no primeiro dos 3Rs, “reduzir”, seguido de “reutilizar” e depois “reciclar”. Reduzir é simplesmente criar menos resíduos. Trata-se do melhor método para manter o ambiente limpo, por isso é o primeiro dos 3 Rs. Ao reduzir, você interrompe o problema na fonte. Fazer menos resíduos significa que há menos itens para limpar. Reutilizar é pegar algo antigo ou indesejado que você poderia jogar fora e encontrar um novo uso. Existem várias maneiras de reutilizar itens para ajudar a reduzir sua pegada de lixo (ANDRADE, 2020). 1.3.1 Agenda 2030 e objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU Ganhando impulso desde a Conferência da ONU de 1972 sobre Meio Ambiente Humano até a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável ONU 2015, a Agenda 2030 é o fechamento, após mais de quatro décadas, do diálogo multilateral e debate sobre desafios ambientais, sociais e econômicos enfrentados pela comunidade mundial. Adotado como resultado de extensas negociações entre os Estados membros, a responsabilidade pela implementação da Agenda 2030 depende principalmente dos governos dos grandes países (CARVALHO, 2019). A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi lançada por uma cúpula da ONU em Nova York, de 25 a 27 de setembro de 2015, e visava acabar com a pobreza em todas as suas formas. Ela previa um mundo de respeito universal pelos direitos humanos e pela dignidade humana, o Estado de Direito, a justiça, a igualdade e a não discriminação. Baseava-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos tratados internacionais de direitos humanos e enfatizava as responsabilidades de todos os Estados de respeitar, proteger e promover os direitos humanos. Há forte ênfase no empoderamento das mulheres e de grupos vulneráveis, como crianças, jovens, pessoas com deficiência, idosos, refugiados, deslocados internos e migrantes (MOREIRA et al., 2019). Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda e suas 169 metas objetivavam erradicar a pobreza e realizar os direitos humanos de todos, além de alcançar a igualdade de gênero. Ao endossá-la, a comunidade mundial reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. No acordo, 193 Estados-membros se comprometeram a garantir um crescimento econômico sustentado e inclusivo, com proteção ambiental, e, para isso, pacífico e cooperativo. A Agenda 2030 é universal, transformadora e baseada em direitos. Trata-se de um plano de ação ambicioso para países, o sistema da ONU e todos os outros atores. Ela é o plano mais abrangente até hoje para eliminar a pobreza extrema, reduzir a desigualdade, e proteger o planeta. A Agenda vai além da retórica e estabelece um apelo concreto à ação para pessoas, planeta e prosperidade (CARVALHO, 2019). Os princípios fundamentais que sustentam a Agenda 2030 incorporam o seguinte núcleo de princípios (PNUD, 2016): 28 Unidade I • Universalidade: tem alcance universal e comprometimento de todos os países, a despeito dos níveis e status de rendimento de desenvolvimento, para contribuir a um esforço abrangente de desenvolvimento sustentável. A Agenda é aplicável em todos os países, em quaisquer contextos e sempre. • Não deixando ninguém para trás: visa beneficiar todas as pessoas e compromete-se a não deixar ninguém para trás, estendendo a mão a todas as pessoas necessitadas e carentes, onde quer que elas estejam, de maneira que demonstre seus objetivos, desafios e vulnerabilidades específicos. Isso gera uma demanda sem precedentes por dados desagregados para analisar os resultados e rastrear progressos. • Interconexão e indivisibilidade: baseia-se na interligação e natureza indivisível de seus 17 ODS. É fundamental que todas entidades responsáveis pela implementação dos ODS os tratem em sua totalidade, em vez de abordá-los como uma lista de menus de objetivos. • Inclusão: exige a participação de todos os segmentos da sociedade, independentemente de sua raça, gênero, etnia e identidade para contribuir com a implementação. • Parcerias com várias partes interessadas: requere o estabelecimento de parcerias multissetoriais para mobilizar e compartilhar conhecimento, experiência, tecnologia e recursos financeiros em todos os países. No centro da Agenda 2030 estão cinco dimensões: pessoas, prosperidade, planeta, parceria e paz, também conhecidos como os 5 Ps. Tradicionalmente, eles são vistos através da lente de três elementos centrais: inclusão, crescimento econômico e proteção. O conceito de desenvolvimento sustentável ganhou um significado mais rico com a adoção da Agenda 2030, que se baseia nessa tradicional abordagem adicionando dois componentes críticos: parceria e paz. A sustentabilidade genuína fica no núcleo dessas cinco dimensões (PNUD, 2016). Lembrete A Agenda 2030 afirma que, para pôr o mundo em um caminho sustentável, é preciso tomar medidas ousadas e transformadoras. De acordo com Moreira et al. (2019), a Agenda 2030 deu origem, então, aos 17 ODS, que têm como pilares: respeito à Terra e à vida em toda a sua diversidade; cuidado da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor; construção de sociedades democráticas, justas, participativas, sustentáveis e pacíficas; garantia da generosidade e beleza da Terra para as gerações presentes e futuras. Os objetivos globais e a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável buscam acabar com a pobreza e a fome, realizar os direitos humanos de todos, alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, além de garantir a proteção duradoura do 29 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES planeta e seus recursos naturais. Tais propósitos estabelecem relação entre eles e, na maioria das vezes, o acerto em um deles será o ponto para o sucesso do outro. São os objetivos: 16 Paz, justiça e instituições eficazes 17 Parcerias e meios de implementação 14 Vida na água 15 Vida terrestre11 Cidades e comunidades sustentáveis 12 Consumo e produção sustentáveis 13 Ação contra a mudança global do clima 3 Saúde e bem-estar 2 Fome zero e agricultura sustentável 4 Educação de qualidade 5 Igualdade de gênero 1 Erradicação da pobreza 6 Água potável e saneamento 7 Energia acessível e limpa 8 Trabalho decente e crescimento econômico 9 Indústria, inovação e infraestrutura 10 Redução das desigualdades Figura 6 – Dezessete objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) Adaptada de: https://bit.ly/3fKgigX. Acesso em: 3 out. 2022. • Objetivo 1: acabar com a pobreza em todas as suas formas e localidades. • Objetivo 2: erradicar a fome e buscar o alcance da segurança alimentar através da melhoria nutricional e da agricultura sustentável. • Objetivo 3: promover a vida saudável através do bem-estar para todos, indiferentemente da faixa etária. • Objetivo 4: estimular a educação inclusiva, equalitária e com qualidade, visando promover oportunidades e aprendizagem. • Objetivo 5: alcançar o fim da desigualdade de gênero com o empoderamento feminino. • Objetivo 6: ter disponibilidade de gestão sustentável dos recursos hídricos e saneamento universal. 30 Unidade I • Objetivo 7: assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos. • Objetivo 8: incentivar o crescimento econômico sustentável, inclusivo e perene, gerando empregos em sua plenitude e condições de trabalho decentes. • Objetivo 9: construir infraestruturas resilientes, bem como a promoção da indústriainclusiva e sustentável, buscando a inovação. • Objetivo 10: reduzir a desigualdade, dentro ou entre os países. • Objetivo 11: transformar cidades com assentamentos humanos em locais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. • Objetivo 12: tornar a produção e o consumo sustentáveis. • Objetivo 13: buscar ações urgentes e efetivas para combater mudanças climáticas. • Objetivo 14: atentar-se à conservação e ao uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos. • Objetivo 15: impor a proteção, recuperação e promoção para uso sustentável dos ecossistemas terrestres, buscando a sustentabilidade das florestas, combatendo a desertificação e degradação da terra. • Objetivo 16: fomentar as sociedades de forma pacífica e inclusiva para o desenvolvimento sustentável, de modo que todos tenham acesso à justiça, através de instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. • Objetivo 17: fortalecer os meios de implementação e revitalização visando a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Os ODS fornecem orientação mundial para encarar os desafios globais enfrentados pela comunidade internacional. Trata-se de proteger melhor os fundamentos naturais da vida e nosso planeta em todos os lugares e para todos, bem como preservar as oportunidades das pessoas de viver com dignidade e prosperidade ao longo de gerações (MOREIRA et al., 2019). 1.4 Responsabilidade social corporativa: responsabilidade social empresarial e responsabilidade social ambiental Até recentemente, a maioria das grandes empresas era conduzida quase exclusivamente com um objetivo em mente: lucro. A maximização dos lucros estava no centro de todas as ações ou iniciativas adotadas. 31 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Nas últimas décadas, porém, mais líderes empresariais reconheceram que têm a responsabilidade de fazer mais do que simplesmente maximizar os lucros para acionistas e executivos. Em vez disso, eles possuem a responsabilidade social de fazer o melhor não apenas para suas empresas, mas para as pessoas, o planeta e a sociedade em geral (NGUYEN et al., 2020). A responsabilidade social é um conceito de gestão pelo qual as empresas integram preocupações sociais e ambientais em suas operações de negócios e interações com seus stakeholders. Essa percepção levou ao surgimento de instituições que se identificam como socialmente responsáveis. Algumas delas até carregam designações ou selos, como B Corporation (B Corp), sociedades de propósito social (SPCs) e sociedades de responsabilidade limitada (L3Cs) (NGUYEN et al., 2020). Observação Nguyen et al. (2020) classificam as empresas em três tipos: • A certificação B Corp é a designação de que uma empresa está atendendo a altos padrões de desempenho verificado, responsabilidade e transparência em fatores de benefícios de funcionários e doações de caridade para práticas da cadeia de suprimentos e insumos. • A empresa de propósito social é aquela cuja razão de ser duradoura é criar um mundo melhor. Trata-se de um motor do bem, gerando benefícios sociais pelo próprio ato de fazer negócios. Seu crescimento é uma força positiva na sociedade. • A sociedade de responsabilidade limitada (LLP) opera para promover significativamente a realização de um ou mais propósitos beneficentes ou educacionais da organização. As corporações que adotam a responsabilidade social corporativa geralmente são organizadas de maneira que as capacita a ser e agir de maneira socialmente responsável. Trata-se de uma forma de autorregulação que pode ser expressa em iniciativas ou estratégias, dependendo dos objetivos de uma organização (SERAO et al., 2017). Exatamente o que significa “socialmente responsável” varia de uma organização para outra. As empresas geralmente são guiadas por um conceito conhecido como triple bottom line, que determina que elas devem se comprometer a medir seu impacto social e ambiental, bem como seus lucros. As palavras lucro, pessoas e planeta são frequentemente usadas para resumir a força motriz por trás do triple bottom line (NGUYEN et al., 2020). Existem três tipos de responsabilidade social das organizações, que se diferenciam de acordo com as práticas nelas desenvolvidas: responsabilidade social corporativa (RSC), responsabilidade social empresarial (RSE) e responsabilidade social ambiental (RSA). 32 Unidade I A responsabilidade social corporativa refere-se a como a empresa gerencia suas relações com seus funcionários e suas ações para melhoria de vida deles, seus familiares e comunidades em que estão inseridos. A RSC está associada ao compromisso contínuo da companhia em atuar de forma ética, buscando desenvolvimento econômico, mas, também, promover o desenvolvimento da qualidade de vida de sua força de trabalho, da comunidade em que fazem parte (RIBEIRO, 2002). Já a responsabilidade social empresarial está relacionada não apenas com a empresa, mas, principalmente, com todos seus stakeholders. A definição do conceito se aproxima muito à da RSC, mas ao contrário desta, que foca o público interno, a RSE amplia sua atuação para toda a sociedade e stakeholders envolvidos. Além de desenvolver a responsabilidade social para os diretamente envolvidos no negócio, ela aumenta seu campo de atuação (RIBEIRO, 2002). Por fim, temos a responsabilidade social ambiental. A RSA é o tipo mais completo e abrangente de responsabilidade social: além de todas as ações vistas na RSC e RSE. Aqui, são incluídas atitudes que reduzam o impacto negativo no meio ambiente. Uma empresa ao criar um planejamento ambiental tem ações bem claras e específicas para levar benefícios à sociedade e ao meio ambiente (RIBEIRO, 2002). Portanto, os três tipos de responsabilidade social podem ser aplicados em diferentes instituições empresariais, em diversos contextos e com variados objetivos. A responsabilidade social, ainda, pode ser tradicionalmente dividida em quatro categorias (SERAO et al., 2017): • Responsabilidade econômica: apoia todas as suas decisões financeiras em seu compromisso de fazer o bem nas áreas listadas anteriormente. O objetivo final não é simplesmente maximizar os lucros, mas impactar positivamente o meio ambiente, as pessoas e a sociedade. • Responsabilidade legal: significa deveres específicos impostos a uma pessoa para cuidar ou fornecer a outra, incluindo responsabilidade por obrigações pessoais conforme concedidas por meio de uma procuração ou ordem judicial. Como o negócio é uma entidade em si, também deve seguir leis e regras. Cada empresa tem a responsabilidade de operar nos limites estabelecidos pelas leis. • Responsabilidade ética: representa manter – e até mesmo melhorar – seus resultados financeiros, ao mesmo tempo em que estabelece um padrão alto para dar uma contribuição positiva à sociedade. Em parte, os líderes esclarecidos da empresa podem desafiar os gerentes seniores e outros funcionários a estabelecer metas para atividades que vão desde a filantropia comunitária até a excelência ambiental. As responsabilidades éticas representam aquelas normas, padrões ou expectativas que refletem o que funcionários, consumidores e acionistas consideram justo para manter a proteção ou o respeito dos direitos morais das partes interessadas. Elas são importantes para a atuação de maneira consistente com as expectativas das normas sociais e éticas. • Responsabilidade filantrópica: refere-se ao objetivo de uma empresa de tornar ativamente o mundo e a sociedade um lugar melhor. Além de agir da forma mais ética e ambientalmente amigável possível, as organizações movidas pela responsabilidade filantrópica em geral dedicam uma parte de 33 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES seus ganhos. Enquanto muitas companhias doam para instituições de caridade e organizações sem fins lucrativos que se alinham com suas missões orientadoras, outras doam para causas nobres que não se relacionam diretamente com seus negócios. Outros chegam ao ponto de criar seu próprio fundoou organização de caridade para retribuir (SERAO et al., 2017, p. 17). 2 PRINCÍPIOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 2.1 Formas de atuação em responsabilidade social É inevitável a percepção que nos dias atuais as empresas passaram a entender que deve agir de forma a impactar, positivamente, a comunidade em que estão inseridas. O lucro se tornou uma consequência da boa atuação organizacional (INSTITUTO ETHOS, 2020). A responsabilidade social corporativa, também conhecida como RSE, é o conceito de que uma empresa tem a responsabilidade de fazer o bem. RSE significa que uma empresa deve autorregular suas ações e ser socialmente responsável perante seus clientes, partes interessadas e o mundo em geral. Mas o que isso realmente significa na prática? Tipos de responsabilidade social corporativa A responsabilidade social corporativa é tradicionalmente dividida em quatro categorias: ambiental, ética, filantrópica e econômica. Responsabilidade ambiental A responsabilidade ambiental refere-se à crença de que as organizações devem se comportar da maneira mais ecológica possível. É uma das formas mais comuns. Algumas empresas usam o termo “gestão ambiental” para se referir a tais iniciativas. As corporações que buscam adotar a responsabilidade ambiental podem fazê-la de várias maneiras: • redução da poluição e da emissão de gases que contribuem para intensificação do efeito estufa; • adoção do uso de plásticos biodegradáveis, além do aumento do reaproveitamento da água e reciclagem do lixo gerado pelo sistema produtivo; • potencialização do uso de energia de fonte limpa, recursos sustentáveis e materiais reciclados ou parcialmente reciclados; • criação de ações que busquem compensar o impacto ambiental negativo, por exemplo, plantando árvores, financiando pesquisas e doando para causas relacionadas. As preocupações ambientais regularmente são machetes – seja um problema de longo prazo, como as mudanças climáticas globais, ou um problema mais local, como o derramamento de produtos químicos 34 Unidade I tóxicos. As empresas que se alinham a esses esforços ajudam a minimizar os problemas ambientais tomando medidas como a redução da pegada de carbono geral. Embora as grandes corporações recebam a maior parte da atenção por seus compromissos ambientais – a General Mills se comprometeu com uma redução de 28% nas emissões de gases de efeito estufa, por exemplo – também há muitas oportunidades para pequenas e médias instituições (TENÓRIO, 2015). Muitas ações podem ser desenvolvidas pelas organizações. É possível elaborar programas de reciclagem de resíduos, uso de energia limpas (eólica, por exemplo), redução do uso de produtos químicos. Veja que estes são alguns caminhos, mais simples, para que a companhia possa iniciar sua atuação em responsabilidade ambiental. Tais ações podem, também, ser desenvolvidas em efeito cascata, envolvendo tanto os fornecedores quanto os revendedores de seus produtos, ampliando os compromissos ambientais a toda cadeia de suprimentos (TENÓRIO, 2015). Responsabilidade ética A responsabilidade social é uma teoria ética na qual os indivíduos são responsáveis pelo cumprimento de seu dever cívico, e as ações de um indivíduo devem beneficiar toda a sociedade. Dessa forma, é preciso haver um equilíbrio entre o crescimento econômico e o bem-estar da sociedade e do meio ambiente. Se esse equilíbrio for mantido, a responsabilidade social será cumprida. As empresas desenvolveram um sistema de responsabilidade social adaptado ao seu ambiente. Se a responsabilidade social é mantida em uma corporação, os funcionários e o meio ambiente são considerados iguais à economia dela. Tal manutenção garante que a integridade da sociedade e o meio ambiente sejam protegidos. Muitas vezes, as implicações éticas de uma decisão/ação são negligenciadas para ganho pessoal e os benefícios são em geral materiais. Isso frequentemente se manifesta em empresas que tentam burlar as regulamentações ambientais. A premissa da responsabilidade ética é que como os negócios são agentes que realizam ações que afetam o mundo ao seu redor, eles devem se comportar de maneira que não causem danos, sofrimento, desperdício ou destruição injustificados. Podemos entender a responsabilidade ética em termos de quem ou o que as ações da empresa afetam. As comunidades locais e instituições de caridade sempre precisam de ajuda. Líderes empresariais inteligentes sabem que estar envolvido na comunidade de maneira produtiva também é bom para a empresa. Dê aos funcionários a oportunidade de ajudar uma escola local a plantar árvores ou trabalhar com o conselho da cidade para lidar com os sem-teto na área. Os líderes empresariais têm a oportunidade de escolher onde investir os esforços voluntários para melhor ajudar a área local com a instituição. O importante para as corporações é escolher uma causa e contribuir com seu tempo (TENÓRIO, 2015). Responsabilidade filantrópica A responsabilidade filantrópica refere-se ao objetivo de uma empresa de ativamente tornar o mundo e a sociedade um lugar melhor. Além de agir da forma mais ética e ambientalmente amigável possível, as organizações movidas pela responsabilidade filantrópica geralmente dedicam uma parte de seus 35 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES ganhos. Ela envolve o ato de promover e melhorar o bem-estar e a boa vontade humana. Isso também pode ser descrito como ser um bom cidadão corporativo. É digno de nota que a pirâmide de Carroll representa uma das primeiras tentativas de mesclar responsabilidades tangíveis e intangíveis que são responsabilidades econômicas e sociais, respectivamente. Ainda conforme Tenório (2015), as maiores empresas possuem diretrizes filantrópicas. Podemos citar como exemplo a Microsoft, que colabora de modo direto com a Fundação Bill e Melinda Gates para levar tecnologia a comunidades em todos os lugares. Ela compreende que seu sucesso requer não apenas inovação contínua, mas a construção de uma próxima geração capaz de entender, empregar e aperfeiçoar a tecnologia. Responsabilidade econômica A responsabilidade econômica é a prática de uma empresa apoiar todas as suas decisões financeiras em seu compromisso de fazer o bem nas áreas listadas anteriormente. O objetivo final não é simplesmente maximizar os lucros, mas impactar positivamente o meio ambiente, as pessoas e a sociedade (TENÓRIO, 2015). 2.2 Responsabilidade social corporativa e cidadania empresarial No mundo de hoje, espera-se cada vez mais que as empresas sejam responsáveis por como suas práticas impactam a sociedade e o meio ambiente. A responsabilidade social corporativa (RSC) não é mais apenas uma prática comercial respeitada ou um diferencial da marca, mas uma demanda social e econômica. Ela define o modelo de negócios e o grau de responsabilidade que as empresas devem manter para ter um impacto positivo no mundo. O modelo de RSC descreve como uma companhia pode ser responsável perante si mesma, sua equipe, seus stakeholders, o público e os ambientes global e local. Todos os negócios têm responsabilidades éticas e legais básicas; no entanto, os negócios mais bem-sucedidos estabelecem uma base sólida de cidadania corporativa, demonstrando um compromisso com o comportamento ético ao criar um equilíbrio entre as necessidades dos acionistas e aquelas da comunidade e do meio ambiente no entorno. Essas práticas ajudam a atrair consumidores e estabelecer fidelidade à marca e à empresa (SALGADO, 2021). A implementação de um modelo de RSC faz mais do que apenas ajudar o meio ambiente e a sociedade, tem um impacto positivo na reputação de uma empresa. À medida que as pessoas estão se tornando mais socialmente conscientes, elas optam por priorizar negócios focados na responsabilidade social. As práticas de RSC também ajudam a aumentar o moral dos funcionários, pois colaboradores e empregadores ganham um maior senso de propósito em seu trabalho. Compreender as formas adequadas de implementar um modelo de RSC tornou-sevital para as organizações, e quando elas conseguem estabelecer um processo organizacional socialmente responsável, de excelência que apresente resultados duradouros, gerem mudanças na sociedade, dizemos se tratar de uma empresa cidadã. A cidadania corporativa refere-se às responsabilidades de uma companhia para com 36 Unidade I a sociedade e corresponde ao exercício pleno da responsabilidade social pela corporação (TORRES; FACHIN, 2020). Cidadania corporativa é o reconhecimento de que uma empresa, corporação ou organização empresarial, tem responsabilidades sociais, culturais e ambientais para com a comunidade na qual busca licença para operar, bem como econômicas e financeiras para seus acionistas ou stakeholders imediatos. Ela envolve uma instituição que aceita a necessidade, muitas vezes, de mudanças internas e externas radicais, a fim de melhor cumprir suas responsabilidades para com todos os seus stakeholders (diretos ou indiretos), a fim de estabelecer e manter o sucesso sustentável para a companhia e, como resultado desse sucesso, alcançar o sucesso sustentável de longo prazo para a comunidade em geral (TORRES; FACHIN, 2020). A cidadania corporativa está se tornando cada vez mais importante à medida que investidores individuais e institucionais começam a buscar empresas que tenham orientações socialmente responsáveis, como suas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) e o objetivo é produzir melhores padrões de vida e qualidade de vida para as comunidades que as cercam e ainda manter a rentabilidade para os stakeholders (SALGADO, 2021). As empresas passam por fases crescentes durante o processo de desenvolvimento da cidadania corporativa. Conforme Salgado (2021), são eles: • Elementar. • Engajador. • Inovador. • Integrador. • Transformador. O primeiro estágio é o elementar. Neste momento, as atividades cidadãs de uma empresa envolvem práticas básicas e não claramente definidas. Isso porque a consciência de cidadania, ainda, é baixa, as companhias ainda estão aprendendo como praticar. É muito comum que as micro e pequenas empresas fiquem neste estágio e não consigam evoluir para os demais. Aqui, as corporações tendem a cumprir as leis e seguir diretrizes de um ambiente de trabalho seguro, mas não dispõem de recursos suficientes para desenvolverem um programa maior. O segundo estágio, considerando a evolução a partir do estágio elementar, é o engajador. Nele, as organizações desenvolvem políticas mais robustas, com envolvimento amplo de funcionários e os gerentes iniciam seus processos de envolvimento e crença nas ações. Vejam que a alta gestão começa a se engajar no processo. 37 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES O terceiro estágio, com políticas de cidadania mais abrangentes, é conhecido como o estágio inovador. Neste período, nota-se mais reuniões com os acionistas sobre o assunto cidadania empresarial, além de parceria com outros órgãos que também atuem nesta frente. O quarto estágio é conhecido como integrador. Ele implica em formalização e registro das atividades de cidadania, bem como na integração dessas atividades com todos os processos organizacionais. Os resultados das ações de cidadania passam a ser mensurados e a fazer parte dos resultados estratégicos das corporações. O quinto e último estágio, o mais evoluído deles, é o transformador. Nele, a empresa extrapola os limites físicos de suas instalações e busca formas de transformar a sociedade. As ações de cidadania deixam ser ações que acompanham os processos para se tornarem práticas que direcionam o processo. O envolvimento econômico e social é uma parte regular do dia a dia de uma empresa nesta fase. Dois exemplos de empresas cidadãs são Starbucks e Disney. A Starbucks alcançou marcos de cidadania corporativa, incluindo atingir 99% de café de origem ética. Para isso, criou uma rede global de agricultores, investiu em construções verdes em suas lojas, disponibilizou recursos para milhões de horas de serviços comunitários, criou programa de educação e formação para parceiros, comunidades e funcionários. Um novo programa da empresa é contratar 10 mil refugiados em 75 países, reduzir o impacto ambiental de seus copos e envolver seus funcionários na liderança ambiental (OGOLA; MÀRIA, 2020). A Walt Disney Company geralmente está no topo da lista de iniciativas de empresas cidadãs bem-sucedidas. Walt Disney sempre acreditou que qualquer coisa que leve seu nome é algo pelo qual deve-se sentir responsável. Agir com responsabilidade tem sido uma prioridade fundamental para a empresa, e ela busca continuamente alternativas inovadoras para reduzir seu impacto no meio ambiente. Em 2009, a Disney começou a se esforçar para atingir metas ambientais. Como parte de sua estratégia, ela também fornece subsídios filantrópicos, tendo direcionado mais de US$ 75 milhões para salvar a vida selvagem e proteger o planeta (OGOLA; MÀRIA, 2020). Com a meta de longo prazo de atingir um estado de zero emissões líquidas de gases de efeito estufa e resíduos, a Disney se comprometeu a reduzir suas emissões pela metade até 2020. Em 2018, ela reduziu com sucesso suas emissões líquidas em 44%, bem como desviou 54% de seus resíduos de aterros e incineração com o objetivo de chegar a 60% em 2020. Ao divulgar suas metas, ela responsabiliza a si própria, seus acionistas e seus clientes (OGOLA; MÀRIA, 2020). Ao ser uma pessoa ativa em uma comunidade política, é possível classificar tal indivíduo como cidadão. Considera-se cidadania ao se atender aos requisitos legais de uma comunidade, e a cidade envolve direitos e deveres de pessoas e organizações. Para ser uma empresa cidadã, é necessário concentrar-se na importância da responsabilidade social. Partindo dos acionistas, comunidade, governo, consumidores, até os funcionários, todos são responsáveis por cumprir os padrões legais, econômicos e éticos. As corporações então reúnem suas pessoas e recursos para melhorar a qualidade de vida da sociedade, mantendo-se lucrativas. 38 Unidade I 2.3 FNQ, Instituto Ethos e seus indicadores Criada em 11 de outubro de 1991, com objetivo de disseminar as práticas de excelência e transformação das organizações, a Fundação Nacional de Qualidade (FNQ, s.d.) afirma que “a organização que caminha com a FNQ na trajetória rumo ao sucesso têm colhido bons frutos, melhorado a sua gestão e alcançado resultados que se refletem positivamente, inclusive, na sua cadeia de valor”. Ainda, de acordo com o site da FNQ (s.d.), A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é uma Entidade Privada, sem fins lucrativos, criada em 1991 e conta com uma equipe própria, rede de clientes, parceiros, apoiadores e voluntários em torno de sua causa: a busca contínua da Excelência por meio da Gestão, Inovação e Ciência, e a consequente contribuição para o aumento da produtividade das organizações e da competitividade do País, com ética e sustentabilidade. A FNQ traz uma visão moderna de gestão, alicerçada em um sistema, plataforma e tecnologias desenvolvidas de forma estruturada e prática, e que aporta às organizações, conhecimento, ferramentas e processos relevantes para a construção e execução de resultados através de metodologias de capacitação, diagnóstico, mentoria, gestão e coordenação de projetos e programas. Com a missão de disseminar os fundamentos da excelência em gestão para todos os tipos de organização, a FNQ busca aperfeiçoar e tornar as empresas mais competitivas através das melhores práticas de gestão. Vejamos os seus pilares na figura a seguir: Aspiração 2025: ser relevante e autêntica no propósito Crença: promover a perenidade das empresas através da adaptação Causa: apoiar e capacitar as organizações Propósito: transformar pela gestão Figura 7 – Pilares da FNQ 39 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Com valores como pensamento sistêmico, atuação em redes, aprendizado organizacional, inovação, agilidade, liderança transformadora, visão de futuro,conhecimento sobre clientes e mercados, valorização das pessoas e da cultura, decisões fundamentadas, orientação por processos e geração de valor, e, com destaque para responsabilidade social. A FNQ, para premiar as melhores práticas de gestão das organizações, criou em 2001 o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), que é capaz de avaliar o grau de maturidade da gestão de diferentes organizações em diversos segmentos e portes, sejam elas empresas públicas, privadas ou multinacionais. Além da premiação, o MEG pode ser utilizado para que as empresas promovam melhorias contínuas em seus processos e os tornem mais eficientes (FNQ, 2018b). Este modelo de gestão, proposto pela FNQ, não é um manual ou um conjunto de regras que as organizações devem seguir, mas um instrumento que busca levantar reflexões de como a empresa gerencia seus processos e implementa melhorias em suas práticas gerenciais. De acordo com a Fundação Nacional de Qualidade (FNQ, 2018b), o Modelo de Excelência de Gestão está pautado em 13 fundamentos: • Pensamento sistêmico, cujo objetivo é compreender como os diferentes aspectos de uma organização podem funcionar de maneira interdependente. • Atuação em rede, que busca investigar a cooperação entre os indivíduos e organizações baseada em objetivos comuns e competências que se complementam. • Aprendizado organizacional que prega o compromisso em compartilhar conhecimento e experiências buscando tornar os processos mais eficientes e eficazes. • Inovação organizacional, que discute a criação em um ambiente em que a criatividade e a inovação sejam favorecidas. • Agilidade, cujo foco de estudo é o compromisso em simplificar os processos, tornando-os mais fluidos, ágeis e menos burocráticos. • Liderança transformadora, criando líderes que sejam exemplos e inspiração para os liderados. • Olhar para o futuro, em que o MEG mostra a importância de se estar atento as tendências do mercado e o foco em resultados de longo prazo. • Conhecimento sobre os mercados e clientes, mostrando que a organização deve entender comportamento, características, expectativas e necessidades de seus consumidores. • Valorização das pessoas e da cultura, enfatizando que as organizações devem se comprometer em ofertar condições de desenvolvimento para seus funcionários e valorizar seus esforços. 40 Unidade I • Decisões fundamentais, pregando que as decisões organizacionais devem estar sempre baseadas em dados concretos e seguros. • Orientação por processos, orientando as organizações para que suas tarefas, atividades e responsabilidades formem processos que gerem valor para seus clientes. • Geração de valor, todos os stakeholders devem ser impactados com geração de valor a partir de resultados econômicos, ambientais e sociais. • Responsabilidade social, cuja compreensão dos impactados resultantes das atividades da organização na sociedade, no meio ambiente e na economia devem estar regidos pela ética, sustentabilidade e compromisso social. Entre estes 13 critérios do MEG, a FNQ (2018b) apresenta ainda oito itens que devem ser considerados pelas empresas que buscam excelência em gestão: • Informações e conhecimento. • Clientes. • Liderança. • Sociedade. • Pessoas. • Estratégias e planos. • Processos. • Resultados. E você deve estar se perguntando: quais as vantagens que uma empresa obtém ao se alinhar a FNQ para cumprimento dos fundamentos do MEG? São elas: • Alinhamento e integração de toda a organização. • Otimização da cadeia de valor. • Maior competitividade. • Aumento da confiança dos stakeholders. • Estímulo aos comprometimentos e à cooperação. 41 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Os estudos de Cajazeira e Barbieri (2006) apontam que as empresas premiadas pelo Prêmio Nacional de Qualidade em Gestão, fornecido pela FNQ, são aquelas com práticas ativas e sustentáveis de responsabilidade social. Segundo eles (2006, p. 1): “percebe-se um alinhamento entre a evolução dos Critérios de Excelência da Fundação Nacional da Qualidade com os entendimentos mais atuais de responsabilidade social”. Ainda, os autores (2006, p. 14) dizem que: A pesquisa mostra que as empresas ganhadoras do PNQ pesquisadas estão em um patamar socioambiental referencial. Mostra também que a gestão impulsionada pelos critérios do Prêmio Nacional da Qualidade está afinada com os novos entendimentos sobre responsabilidade social. A pesquisa permite afirmar que há fortes indícios de que as empresas nacionais de classe mundial adotam valores e normas de conduta condizentes com esse novo entendimento. Com isso essas empresas deixam de ser apenas problemas para se tornarem também solução, seja pela prática e pelo exemplo, seja mostrando que a competitividade pode ser parceira do cuidado com o meio ambiente e com a busca de sociedade mais justa. Para a FNQ (2015), A compreensão do papel da organização no desenvolvimento da sociedade em que está inserida é parte fundamental da tomada de consciência e da implementação de uma cultura sustentável, em que é possível mensurar e minimizar impactos, assim como contribuir para melhorias das condições de vida. É isso o que defende o nono Fundamento do Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), tornando a organização responsável pelas suas decisões e atividades. O Instituto Ethos foi fundado em 1998. Segundo Reis (2009), a palavra éthos significa conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento (instituições, afazeres etc.) e da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos de uma determinada coletividade, época ou região, e tem como missão mobilizar, incentivar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Além disso, busca a compreensão e incorporação gradual do conceito de comportamento empresarial socialmente responsável etc. Em conformidade com informações contidas em seu site (INSTITUTO ETHOS, s.d.b), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não governamental criada para mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. 42 Unidade I Observação Uma Oscip é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor (SEBRAE, 2019). O Instituto Ethos estabelece o conceito de responsabilidade social empresarial como a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (AFLALO, 2012, p. 1). Reconhecido por ser um polo de troca de conhecimento, vivência, experiência e aprendizado sobre responsabilidade social, o Instituto Ethos busca desenvolver novas ferramentas para auxiliar o setor privado na análise de suas práticas e gestão. Seu propósito fundamental é aprofundar seu compromisso com as práticas de RSO e desenvolvimento sustentável. Ao longo de seus mais de 20 anos de existência, o Instituto Ethos se tornou uma referência internacional no assunto, estabelecendo parcerias em diversos projetos ao redor do mundo e hoje tem mais de mil empresas associadas em seu portfólio. Para plena execução das atividades, ele norteia os trabalhos baseado em quatro grandes áreas: direitos humanos, integridade, meio ambiente e gestão sustentável. Seu site descreve estas áreas como (INSTITUTO ETHOS, s.d.c): • Direitos humanos: um dos passos básicos para diminuir a desigualdade social éempoderar grupos discriminados por meio da inclusão no mercado de trabalho. • Integridade: acreditamos que a ética nas relações é um pilar imprescindível para o desenvolvimento econômico. Desde 1998, estamos engajados nessa agenda. • Meio ambiente: os governos devem agir mundialmente para impedir que o aquecimento global afete de modo profundo a vida no planeta. • Gestão sustentável: empresas sustentáveis são mais competitivas e geram muito valor. 43 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Para direcionar as práticas de responsabilidade social, o Instituto criou alguns indicadores, conhecidos como indicadores Ethos, que são ferramentas visando apoiar a gestão socialmente responsável das empresas. Estes indicadores consistem em um questionário para autodiagnóstico do modelo de gestão da companhia e, ao final do preenchimento do questionário, é possível obter um relatório que permite um diagnóstico da situação atual da organização e o planejamento e a gestão de metas para o avanço da gestão na temática da responsabilidade social organizacional. De acordo com o Instituto (2013b, p. 9): Os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis foram desenvolvidos para estar a serviço dos negócios. Trazem novas aplicações e funcionalidades, das quais destacamos: total flexibilidade para aplicação por parte das empresas; geração de relatórios mais próximos da realidade empresarial, com dados orientados para as áreas funcionais, os quais apoiarão efetivamente a gestão; e mecanismos para planejamento, compartilhamento de dados com as partes interessadas, monitoramento de compromissos e pactos em RSE/sustentabilidade e desenvolvimento da sustentabilidade nas cadeias de valor. Ainda conforme o site do Instituto (2013b, p. 10), o questionário abrange quatro dimensões: • Básica: composta de 12 indicadores, esta seleção compreende questões que dizem respeito a uma abordagem mais ampla sobre os temas tratados nas diferentes dimensões. • Essencial: com 24 indicadores, esta categoria aborda questões relevantes às empresas na perspectiva de diferentes partes interessadas. Ela representa o que tradicionalmente se reconhece como a “agenda mínima” da RSE/sustentabilidade. • Ampla: reúne 36 indicadores que incorporam desdobramentos relativos à “agenda mínima” da RSE/sustentabilidade. • Abrangente: é o conjunto dos 47 indicadores desenvolvidos para a nova geração. Eles incluem questões de vanguarda e inserem um olhar da empresa sobre sua própria evolução na gestão sustentável e socialmente responsável. Vejamos a representação de tais dados na figura a seguir: 44 Unidade I Básica: 12 indicadores Essencial: 24 indicadores Ampla: 36 indicadores Abrangente: 47 indicadores Figura 8 – Indicadores Ethos Adaptada de: Instituto Ethos (2013b). Saiba mais Quer conhecer melhor os indicadores Ethos? Acesse o link a seguir: INSTITUTO ETHOS. Documentos de apoio à aplicação. São Paulo, [s.d.a]. Disponível em: https://bit.ly/3C9E4KL. Acesso em: 3 out. 2022. Lembrete O Instituto Ethos não é um órgão regulador, mas uma Oscip que apresenta diretrizes para organizações que querem seguir práticas de responsabilidade social em sua gestão. Os indicadores serão apresentados no quadro a seguir em quatro dimensões: visão e estratégia, governança e gestão, social e ambiental. 45 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Quadro 1 – Dimensões dos indicadores Ethos Dimensão Critérios avaliados Visão e estratégia — Estratégias para a sustentabilidade — Proposta de valor — Modelo de negócios Governança e gestão Subtema: Governança e conduta — Código de conduta — Governança da organização (empresas de capital fechado) — Governança da organização (empresas de capital aberto) — Compromissos voluntários e participação em iniciativas de RSE/Sustentabilidade — Engajamento das partes interessadas Subtema: Prestação de contas — Relações com investidores e relatórios financeiros — Relatórios de sustentabilidade e relatórios integrados — Comunicação com responsabilidade social Social Subtema: Situações de risco para os direitos humanos — Monitoramento de impactos do negócio nos direitos humanos — Trabalho infantil na cadeia de suprimentos — Trabalho forçado (ou análogo ao escravo) na cadeia de suprimentos Subtema: Ações afirmativas — Promoção da diversidade e equidade Subtema: Relações de trabalho — Relação com empregados (efetivos, terceirizados, temporários ou parciais) — Relações com sindicatos Subtema: Desenvolvimento humano, benefícios e treinamento — Remuneração e benefícios — Compromisso com o desenvolvimento profissional — Comportamento frente a demissões e empregabilidade — Subtema: Saúde e segurança no trabalho e qualidade de vida — Saúde e segurança dos empregados — Condições de trabalho, qualidade de vida e jornada de trabalho Subtema: Respeito ao direito do consumidor — Relacionamento com o consumidor — Impacto decorrente do uso dos produtos ou serviços Subtema: Consumo consciente — Estratégia de comunicação responsável e educação para o consumo consciente Subtema: Gestão de impactos na comunidade e desenvolvimento — Gestão dos impactos da empresa na comunidade — Compromisso com o desenvolvimento da comunidade e gestão das ações sociais — Apoio ao desenvolvimento de fornecedor 46 Unidade I Dimensão Critérios avaliados Ambiental Subtema: Mudanças climáticas — Governança das ações relacionadas às mudanças climáticas — Adaptação às mudanças climáticas Subtema: Gestão e monitoramento dos impactos sobre os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade — Sistema de gestão ambiental — Prevenção da poluição — Uso sustentável de recursos: materiais — Uso sustentável de recursos: água — Uso sustentável de recursos: energia — Uso sustentável da biodiversidade e restauração dos habitats naturais — Educação e conscientização ambiental Subtema: Impactos do consumo — Impactos do transporte, logística e distribuição — Logística reversa Adaptado de: Indicadores Ethos (2013b). Saiba mais Quer conhecer cada uma das dimensões dos indicadores Ethos em detalhes? Acesse o link a seguir: INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos para negócios sustentáveis e responsáveis. 2013b. Disponível em: https://bit.ly/3fus3bd. Acesso em: 3 out. 2022. 3 TERCEIRO SETOR As economias da maioria dos países compreendem três setores: público (governo), privado (negócios) e sem fins lucrativos (sociedade civil). As organizações do setor público são de propriedade do governo. Elas fornecem bens e serviços para o benefício da comunidade e são administradas pelo governo, operando com dinheiro arrecadado de impostos. Já as organizações do setor privado são de propriedade de indivíduos. Esses negócios são movidos pelo lucro, que beneficia os proprietários, acionistas e investidores. Eles são financiados por dinheiro privado dos acionistas e empréstimos bancários. Por fim, as organizações do terceiro setor são de propriedade e administradas voluntariamente por pessoas que não estabelecem relação direta com o governo. Elas não são dirigidas pela necessidade de obter lucro, mas de desenvolvimento da sociedade (HUDSON, 1999). As organizações do terceiro setor podem ser administradas como uma empresa social. Para Fontana e Schmidt (2021, p. 278), “o terceiro setor – entendido como conjunto das organizações da sociedade civil, e não como conjunto 47 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES de entidades sem fins lucrativos – expressa duas características humanas fundamentais: a cooperação e o altruísmo”. Observação O terceiro setor pode ser uma parceria entre organizações sociais e o governo, em que um entra com o conhecimento e a capacidade de fazer, enquanto o outro, com recursos financeiros. Terceiro setor é um termo usado para descrever as organizações que não são do setor público nem do setor privado. Inclui organizações voluntárias e comunitárias (tanto instituições de caridade registradas quanto outras, como associações e grupos comunitários), empresas sociais ecooperativas (FONTANA; SCHMIDT, 2021). Uma corporação que atua no terceiro setor deve prezar pela ajuda mútua, ética, transparência, governança, democracia, equidade e justiça social: Figura 9 – Valores das organizações do terceiro setor Disponível em: https://bit.ly/3CILYfR. Acesso em: 3 out. 2022. Para Hudson (1999), as organizações do terceiro setor (OTS) geralmente: • são independentes do governo. Esta é uma parte importante da história e cultura do setor; • são “dirigidas ao valor”. Quer dizer, são motivadas pelo desejo de alcançar objetivos sociais (por exemplo, melhorar o bem-estar público, o meio ambiente ou o bem-estar econômico) em vez do desejo de distribuir lucros; e reinvestir quaisquer excedentes gerados na prossecução dos seus objetivos. Por esta razão, às vezes são chamadas de organizações sem fins lucrativos. 48 Unidade I As organizações do terceiro setor podem assumir várias formas jurídicas. Muitas são simples associações de pessoas com valores e objetivos compartilhados. Podem ter, também, status de empresa, mas com uma abordagem sem fins lucrativos. Ou ainda, serem compostas através de estatuto de caridade ou empresas de interesse comunitário, sociedades industriais e de previdência ou cooperativas. De forma geral, o terceiro setor é um termo abrangente que descreve uma série de diferentes organizações com variadas estruturas e propósitos. Ele possui diversas denominações: setor voluntário, organizações não governamentais, organizações sem fins lucrativos – particularmente em discussões públicas sobre política. Todos esses descrevem organizações que compartilham iguais elementos fundamentais, conforme veremos na sequência (HUDSON, 1999): • Não governamentais: embora muitas vezes trabalhem com ou ao lado de agências governamentais e possam receber financiamento ou comissões governamentais, as organizações do terceiro setor são independentes do governo. • Sem fins lucrativos: as organizações do terceiro setor captam recursos e geram excedentes financeiros para investir em objetivos sociais, ambientais ou culturais. Eles não procuram obter lucros como um fim em si mesmo. • Orientada por valores: as organizações do terceiro setor perseguem objetivos específicos, muitas vezes alinhados com perspectivas sociais e políticas particulares. Elas podem estar associadas ou trabalhar com partidos políticos, mas um partido político não é uma organização do terceiro setor. Entre os benefícios que as organizações do terceiro setor podem oferecer, destacam-se (HUDSON, 1999): • quando há parceria entre o primeiro e o terceiro setores, o governo investe recursos e o terceiro setor executa as atividades, suprindo necessidades da população; • compreensão das carências dos usuários de serviços e comunidades que o setor público precisa atender; • proximidade com as pessoas que o setor público quer atingir; • capacidade de entregar resultados que o setor público tem dificuldade de realizar por conta própria; • inovação no desenvolvimento de soluções; • desempenho na prestação de serviços à população. É comum que a maioria das organizações do terceiro setor se dedique a uma questão específica que precisa ser resolvida (por exemplo, acesso à saúde) ou a um grupo específico da sociedade (acessibilidade) que precisa de apoio e representação. Elas podem fornecer serviços relacionados a essas questões (por 49 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES exemplo, administrar um abrigo para mulheres ou fornecer aconselhamento jurídico). Outras trabalham em uma ampla gama de questões sociais. Os grupos do terceiro setor tentam alcançar seus objetivos por meio de uma vasta atuação. Alguns, como angariação de fundos, prestação de serviços ou outras formas de apoio direto e aconselhamento aos grupos que ajudam, tratam de ação imediata. No entanto, as organizações do terceiro setor geralmente também desejam apoiar a assistência direta com mudanças sistêmicas ou de longo prazo, envolvendo alterações em políticas locais, nacionais ou internacionais relevantes. De acordo com Fontana e Schmidt (2021, p. 18), “Elas procuram trazer essas mudanças políticas de muitas maneiras diferentes, todas as quais oferecem oportunidades potenciais para colaboração ou contribuição acadêmica”. Lembrete Organizações do terceiro setor são empresas particulares (não são públicas, apesar de poderem contar com verba pública) que atuam por iniciativa própria prestando atividades de interesse público, sem fins lucrativos. As organizações do segundo setor (privado) também podem atuar no terceiro setor. Como? Através de patrocínios, incentivos, programas de inclusão, ou até mesmo criando fundações que possibilitem a oferta de serviços à população. Podemos citar como exemplo o Banco Bradesco. O Banco Bradesco criou, em 1956, na cidade de São Paulo, a Fundação São Paulo de Piratininga objetivando proporcionar educação e profissionalização a crianças, jovens e adultos e, em 1967, sua denominação foi alterada, adotando em definitivo o nome Fundação Bradesco. Desde então, ele mantém a fundação educacional com missão de promover formação humanista para desenvolver futuras lideranças em todas as regiões do país (FUNDAÇÃO BRADESCO, s.d.). Assim, a Fundação Bradesco pode ser caracterizada como a atuação de uma organização do segundo setor no terceiro setor. Ela foi um dos primeiros projetos de investimento social privado do Brasil, institui-se a Fundação, com o objetivo de proporcionar educação gratuita e de qualidade para crianças, jovens e adultos, prioritariamente em regiões de vulnerabilidade socioeconômica (FUNDAÇÃO BRADESCO, s.d.). 50 Unidade I Saiba mais Quer conhecer mais sobre a Fundação Bradesco? Acesse o link a seguir e veja como uma fundação atua no terceiro setor. FUNDAÇÃO BRADESCO. História marcante. Fundação Bradesco, Osasco, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3ybVntK. Acesso em: 3 out. 2022. . 3.1 A construção do terceiro setor O envolvimento do terceiro setor na prestação de serviços públicos tem uma longa história, que vem desde 1800 e o estabelecimento de organizações que prestavam serviços de assistência social em uma época em que a provisão pública era limitada. Apesar do desenvolvimento do Estado de bem-estar social no século XX, a provisão do terceiro setor continuou. As reformas das décadas de 1980 e 1990 levaram a novas mudanças nessa relação, com o governo conservador buscando substituir a previdência pública por provedores privados e voluntários. A mercantilização e a contratação foram continuadas pelos governos trabalhistas do início do século XXI, como parte de um compromisso mais geral de revisões no mix de provedores de bem-estar, capturados em sua noção de “terceira via”. Os trabalhadores foram proativos na promoção da escolha e inovação na prestação de serviços públicos por meio do envolvimento de provedores do terceiro setor e no apoio a eles para desenvolver a capacidade de licitar e prestar serviços (LOPEZ; LEÃO; GRANGEIA, 2011). O terceiro setor atua, portanto, como um termo abrangente para uma série de empresas que diferem de acordo com os contextos e histórias locais. Baseia-se em ideias de capital social e ação comunitária com ênfase no bem comum. É comumente confundido com o setor voluntário ou comunitário, economia social e empresa social. Não obstante, o termo tem real força na medida em que governos e instituições supraestatais, como a União Europeia, promovem, financiam e se engajam com a ideia de terceiro setor, dotando-o de considerável potência instrumental. A ideia de um terceiro setor surgiu nos Estados Unidos durante a década de 1970, quando foi usado por Amitai Etzioni e outros em estudos de políticas públicas e gestão para pensar formas econômicas e organizacionais emergentes em um contexto pós-industrial (ALEXANDER, 2010). O termo então foi deixado de lado até ser redescoberto e defendido na Europa durante o final dos anos 1980. Esse renascimento refletiu uma mudança de ênfase na indústriade desenvolvimento de projetos de cima para baixo para iniciativas de base concebidas no que se refere a um modelo de governança mais distribuído (desenvolvimento e ONGs). Também coincidiu com o surgimento da New Public Management (NPM), Nova Gestão Pública, que endossou os princípios de mercado para administrar bens e serviços estatais, terceirizando muitos desses serviços para empresas privadas ou o terceiro setor (ALEXANDER, 2010). Desde o início dos estudos do terceiro setor, foram empregadas caracterizações amplas do Estado, do mercado e do terceiro setor, que ainda são corriqueiras. O papel do Estado, nessa visão, é garantir o bem Luana Miranda 51 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES público, mas está sobrecarregado de burocracia; o mercado é eficiente, mas busca apenas maximizar o valor para o acionista; o terceiro setor une o melhor dos dois mundos: eficiência e interesse público. Compreender o contexto dos anos 1990 e posteriores é essencial para entender a natureza do terceiro setor atualmente. A mudança não foi apenas quantitativa, mas qualitativa. Com a retração do Estado em muitas regiões do mundo, com o deslocamento de grande parte da indústria para países subdesenvolvidos, o desemprego para o trabalho braçal aumentou. O crescimento dos setores de serviços e culturais no lugar das indústrias foi acompanhado de uma modificação da composição de gênero e classe do setor voluntário. Mais homens começaram a entrar no que era tradicionalmente um setor dominado por mulheres de classe média (LOPEZ; LEÃO; GRANGEIA, 2011). No Brasil, alguns estudiosos defendem que o terceiro setor começou ainda no século XVI, com a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Santos, no ano de 1543. Desde a sua criação até os dias hoje, a instituição presta apoio assistencial e hospitalar, sendo a primeira referência histórica de uma entidade do terceiro setor no país (ALEXANDER, 2010). Mas o efetivo uso do termo aqui ficou datado da década de 1970, quando organizações começaram a se unir para ocupar um espaço público onde o Estado não chegava ou não tinha condições de suprir as demandas. O modelo atual de terceiro setor (e a legislação vigente sobre ele), oficializando a parceria da sociedade civil e empresas privadas com a administração pública, é um resultado do século XX (LOPEZ; LEÃO; GRANGEIA, 2011). Para os autores (2011), durante muito tempo se pregou a ideologia do Estado liberal como mínima intervenção estatal, mas a história mostrou que para políticas públicas, tal intervenção não atendia às demandas sociais e, por outro lado, a intervenção máxima prejudicava as demandas das empresas privadas. Ao longo da história, é possível perceber que a intervenção mínima do Estado, como funcionava o Estado liberal, não era eficaz para garantir as demandas sociais. Além disso, a intervenção estatal máxima, característica do Estado social, não atendia às carências da sociedade civil. A potencialização do terceiro setor foi impulsionada pela mudança do perfil do mercado e do comportamento social. A crescente necessidade para que as organizações tivessem um papel que fosse além da geração de lucros e fossem reconhecidas como uma empresa cidadã, adotando uma postura de contribuição para solução de problemas sociais e desenvolvimento da sociedade, fez com que elas assumissem um compromisso ético, destinando recursos e ações para suas práticas de responsabilidade social (LOPEZ; LEÃO; GRANGEIA, 2011). E assim, muitas organizações surgiram no terceiro setor no Brasil, como, por exemplo, aquelas sem fins lucrativos, que somente podem realizar atividades que deveriam ser atendidas pelo setor público, como educação, assistência, assistência social, meio ambiente, saúde, cultura, ciência e outras necessidades não satisfeitas para o bem-estar da sociedade civil (ALEXANDER, 2010). Luana Miranda 52 Unidade I Observação Partidos políticos não são organizações do terceiro setor. 3.2 O terceiro setor e seu papel na sociedade O terceiro setor é um termo abrangente com uma série de diferentes organizações com variadas estruturas e propósitos, não pertencentes nem ao setor público (ou seja, o Estado) nem ao setor privado (empresa privada com fins lucrativos). Há diversas nomenclaturas usadas para descrever tais corporações – o setor voluntário, organizações não governamentais, organizações sem fins lucrativos – particularmente em discussões públicas sobre política. Elas incluem: • Organizações não governamentais (ONGs): foram assim chamadas pela primeira vez no Artigo 71 da Carta das Nações Unidas recém-formadas em 1945. Embora as ONGs não tenham uma definição fixa ou formal, elas geralmente são definidas como entidades sem fins lucrativos independentes da influência governamental (embora possam receber financiamento do governo). Como se pode perceber pela definição básica, a diferença entre organizações sem fins lucrativos e ONGs é pequena. Geralmente, o rótulo de ONG é dado àquelas que operam em âmbito internacional, embora alguns países classifiquem seus próprios grupos da sociedade civil como ONGs. As atividades das ONGs incluem, mas não se limitam a, trabalho ambiental, social e de direitos humanos. Elas podem trabalhar para promover mudanças sociais ou políticas em larga escala ou muito localmente. As ONGs desempenham um papel crítico no desenvolvimento da sociedade, na melhoria das comunidades e na promoção da participação cidadã (TACHIZAWA, 2019). • Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): Uma Oscip é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A Oscip está prevista no ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda (SEBRAE, 2019, p. 1). As Oscips são tituladas pelo Ministério da Justiça do Brasil, que almeja, principalmente, facilitar a realização de parcerias e convênios entre a iniciativa privada e órgãos públicos. Podem ser qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei n. 9.790/1999 (ALVES; KOGA, 2006). 53 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Saiba mais A fim de conhecer melhor a Lei n. 9.970, acesse o link a seguir: BRASIL. Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999. Brasília, 1999. Disponível em: https://cutt.ly/zMP5maz. Acesso em: 3 out. 2022. • Fundação: organizações sem fins lucrativos que apoiam atividades de caridade para servir ao bem comum. As fundações são muitas vezes criadas com doações – dinheiro dado por indivíduos, famílias ou corporações. Elas geralmente fazem doações ou operam programas com a renda obtida com o investimento das doações. De modo geral, uma fundação é uma corporação sem fins lucrativos ou um fundo de caridade que faz doações a organizações, instituições ou indivíduos para fins de caridade, como ciência, educação, cultura e religião. Existem dois tipos de fundação: fundações privadas e instituições de caridade públicas doadoras. O dinheiro de uma fundação privada vem de uma família, um indivíduo ou uma corporação. Um exemplo de fundação privada é a Fundação Bradesco. As fundações privadas devem atender a um requisito de pagamento, o que significa que precisam doar certa quantia de seus ativos todos os anos. Uma instituição de caridade pública doadora (às vezes chamada de fundação pública) recebe seu dinheiro de muitas fontes diferentes, como fundações, indivíduos e agências governamentais. A maioria das fundações comunitárias também é composta deinstituições beneficentes públicas (MPSC, 2015). 4 SUSTENTABILIDADE Embora o conceito de sustentabilidade seja uma ideia relativamente nova, o movimento como um todo tem raízes na justiça social, conservacionismo, internacionalismo e outros movimentos do passado com histórias ricas. No final do século XX, muitas dessas ideias se uniam na chamada para o desenvolvimento sustentável (IANQUITO, 2018; CARVALHO, 2019). No sentido mais amplo, a sustentabilidade refere-se à capacidade de manter ou apoiar um processo continuamente ao longo do tempo. Nos contextos de negócios e políticas, ela busca evitar o esgotamento dos recursos naturais ou físicos, para que permaneçam disponíveis no longo prazo. Etimologicamente, a palavra sustentabilidade vem de sustentável + idade. E sustentável é, por exemplo, uma composição de sustentável + capaz. Então, se começarmos do início, sustain significa “dar suporte a”, “suportar”, “suportar” ou “manter” (CARVALHO, 2019). O que é sustentabilidade, então? Sustentável é um adjetivo para algo que pode ser sustentado. No final das contas, ela talvez possa ser vista como o processo por algo mantido em um determinado nível (CARVALHO, 2019). 54 Unidade I A definição mais citada de sustentabilidade é a integração da saúde ambiental, equidade social e vitalidade econômica para criar comunidades prósperas, saudáveis, diversas e resilientes para esta geração e as próximas. A prática da sustentabilidade reconhece como essas questões estão interconectadas e requerem uma abordagem sistêmica e um reconhecimento da complexidade. Trata-se de atender às nossas próprias necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as carências delas. Além dos recursos naturais, precisamos dos recursos econômicos. Sustentabilidade não é apenas ambientalismo. Incorporado na maioria das definições de sustentabilidade, também encontramos preocupações com a equidade social e o desenvolvimento econômico (IANQUITO, 2018). Atualmente sustentabilidade costuma ser definida como os processos e ações através dos quais a humanidade evita o esgotamento dos recursos naturais, a fim de manter um equilíbrio ecológico que não permita que a qualidade de vida das sociedades modernas diminua. Vejamos o exemplo da sua linha do tempo a seguir: 2015 Objetivos do desenvolvimento sustentável e Agenda 2030 2020 Campanha Race to zero: reduzir ao máximo as emissões de CO2 e neutralizar resíduos 2021 Intensificação da Gestão ESG 1979 Clima de primeiro mundo Conferência abre a ciência das mudanças climáticas 1987 Relatório Brundtland consolida décadas de trabalho em sustentabilidade e desenvolvimento 1990 Surge o conceito do Triple bottom line (ambiental, social e econômico) 1992 Encontros da Cúpula da Terra no Rio para agir e adotar a Agenda 21 1993 Convenção sobre Recursos Biológicos e a diversidade como princípio da precaução 1997 O Protocolo de Kyoto toma o primeiro passo para parar mudanças climáticas perigosas 2000 Com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a justiça social atende à saúde pública e ao ambientalismo 2012 Rio+20 faz balanço de duas décadas de esforços em desenvolvimento sustentável Figura 10 – Infográfico da sustentabilidade 55 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Saiba mais A fim de conhecer mais sobre o Relatório de Brundtland, leia a seguinte obra: COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1991. As práticas sustentáveis apoiam a saúde e a vitalidade ecológica, humana e econômica. A sustentabilidade pressupõe que os recursos são finitos e devem ser usados de forma conservadora e sensata, tendo em vista as prioridades de longo prazo e as consequências do modo como os recursos são empregados. Em termos mais simples, a sustentabilidade diz respeito aos nossos filhos e netos, e ao mundo que deixaremos para eles (CARVALHO, 2019). Ela, como valor, é compartilhada por muitos indivíduos e organizações que a demonstram em suas políticas, atividades e comportamentos cotidianos. As pessoas atribuíram um papel importante ao desenvolvimento do nosso ambiente atual e das circunstâncias sociais, bem como ao o futuro das gerações, que devem criar soluções e se adaptar. A adoção de práticas sustentáveis traz impactos a longo prazo. Por exemplo, se cada funcionário de escritório do Reino Unido utilizasse um grampo a menos por dia e o substituísse por um clipe de papel reutilizável, 120 toneladas de aço seriam economizadas em um ano (CARVALHO, 2019). Assim, a sustentabilidade tem sido amplamente utilizada para melhorias em áreas como superexploração de recursos naturais, operações de manufatura (seu uso de energia e subprodutos poluentes), consumo linear de produtos, direção dos investimentos, estilo de vida do cidadão, compra por parte do consumidor, comportamentos, desenvolvimentos tecnológicos ou mudanças empresariais e institucionais gerais. Enquanto uma ação causar pouco, menos ou nenhum dano ao mundo natural - sob a crença (nem sempre assegurada) de que os ecossistemas continuarão operando e gerando as condições que permitem que a qualidade de vida das sociedades modernas não diminua, alguém será frequentemente reivindicado como sustentável (CARVALHO, 2019). As visões sobre sustentabilidade parecem ter foco no momento presente e em manter as coisas em um certo nível. Por sua vez, o desenvolvimento sustentável se concentra mais em uma visão de longo prazo. Adicionar o conceito de sustentável significa não apenas que a humanidade deve satisfazer suas necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de fazerem o mesmo, mas que com isso vem a ideia de progresso social e aumento na qualidade de vida em todo o mundo. A principal questão para investidores e executivos é se a sustentabilidade é ou não uma vantagem para uma empresa. A sustentabilidade fornece um propósito maior e alguns novos resultados para as companhias buscarem e as ajuda a renovar seus compromissos com metas básicas como eficiência, crescimento sustentável e valor para o acionista (HAANAES; OLYNEC, 2022). 56 Unidade I Talvez mais importante, uma estratégia de sustentabilidade compartilhada publicamente pode oferecer benefícios difíceis de quantificar, como boa vontade pública e melhor reputação. Se isso ajuda uma empresa a obter crédito por coisas que ela já está fazendo, por que não? Para as companhias que não conseguem apontar uma visão geral de sustentabilidade, no entanto, não há uma consequência real no mercado – ainda. A tendência parece ser tornar a sustentabilidade um compromisso público com suas práticas básicas de negócios, assim como o compliance é para empresas de capital aberto. Se isso acontecer, as instituições que não tiverem um plano de sustentabilidade poderão ver uma penalidade de mercado, em vez de empresas proativas verem um prêmio de mercado (HAANAES; OLYNEC, 2022). Para algumas corporações, a sustentabilidade representa uma oportunidade de organizar diversos esforços sob um conceito abrangente e obter crédito público por isso. Para outras, sustentabilidade significa responder a perguntas difíceis sobre como e por que suas práticas de negócios podem ter um impacto sério, ainda que gradual, em suas operações. A sustentabilidade abrange toda a cadeia de suprimentos de um negócio, exigindo responsabilidade desde o nível primário, passando pelos fornecedores, até os varejistas. Se produzir algo de forma sustentável torna-se uma vantagem competitiva para o abastecimento de corporações multinacionais, isso pode reconfigurar algumas das linhas de abastecimento globais que se desenvolveram com base exclusivamente na produção de baixo custo. Claro que esse cenário depende de quão fortemente as corporações adotam a sustentabilidade e se é uma verdadeira mudança de direção ou apenas mencionado. Lembrete Sustentabilidade não deve ser aplicada emum ou outro processo da organização, mas em toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores até o descarte dos restos de sua produção e consumo de seus produtos. Algumas práticas de sustentabilidade nas empresas que podemos destacar são: • Reduzir desperdícios na sua linha de produção, em consumo de água e energia. • Adotar fontes de energia renováveis. • Criar sistemas de reutilização de água. • Evitar matérias-primas poluentes e de longa duração de decomposição na natureza. • Dedicar esforço em logística reversa. • Investir em reuso, reciclagem e reutilização (3Rs); 57 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • Empregar em desenvolvimento social e comunitário; • Prezar pela transparência e honestidade na gestão empresarial. Figura 11 – Energia limpa, energia solar, reutilização, preservação ambiental, uso consciente de água, reciclagem e reuso: exemplos de práticas sustentáveis Disponível em:: https://bit.ly/3fV6L6S. Acesso em: 3 out. 2022. O site Portal do Tratamento de Água apresenta um case de sucesso de reutilização da água no sistema produtivo. Vamos vê-lo na sequência: Um exemplo disso é a parceria junto à Nestlé em Jalisco com a Veolia. Onde o desafio, era expandir sua fábrica de produtos lácteos localizada em Lagos de Moreno (Jalisco-México), uma região muito seca que enfrenta escassez de água, principalmente devido ao crescimento da população nos últimos 60 anos. A fábrica produz 600.000 toneladas por mês da fórmula infantil Nantli, uma das marcas mais rentáveis da Nestlé. Para o seu funcionamento, é necessário 1,6 milhão de litros de água por dia, o equivalente ao volume necessário para encher uma piscina olímpica ou o consumo médio diário de 6.400 pessoas no México. Para cumprir a meta da companhia de reduzir o consumo de água em 40% por tonelada de produto em todas as suas fábricas. Como solução, a Veolia adicionou novas tecnologias para tratar dos efluentes na estação de tratamento de águas residuais da Nestlé. A fábrica não depende de fontes de água externas. A solução da Veolia Water 58 Unidade I Technologies permite o tratamento e a reutilização dos efluentes em duas etapas. Primeiro, a combinação de um sistema de polimento e um sistema Aquantis MBR trata o efluente e elimina partículas sólidas. Em seguida, a etapa de osmose reversa retém as gorduras e sais dissolvidos e, finalmente, permite que a água seja reutilizada para aplicações de produção não alimentar, como torres de resfriamento, irrigação de jardins, fontes e limpeza. Benefícios para a Nestlé: — Melhorar a imagem da marca e sua reputação, para aumentar seus lucros e diminuir sua pegada ecológica; — Melhorar sua velocidade de comercialização entregando a planta antes do prazo estabelecido; — Garantir o prosseguimento da licença graças a um suprimento confiável de água e diminuir a dependência de água doce em uma região de estresse hídrico; — Mitigar o risco de interrupção da produção devido ao acesso insuficiente à água; — O projeto contribuiu para o sucesso da Nestlé em termos de redução do consumo de água a nível mundial em 1/3 nos últimos 10 anos, mesmo com o aumento da produção global (REUSO…, 2021). Mas apesar de o conceito de sustentabilidade remeter, com muita facilidade, ao meio ambiente, é necessário entender que tal prática nas organizações está pautada em três pilares: econômico, ambiental e social – triple bottom line. O pilar social consiste em práticas que beneficiam os colaboradores da empresa, os consumidores e a comunidade em geral. O pilar econômico, ou governança, refere-se à manutenção de práticas contábeis honestas e transparentes e conformidade regulatória. Já o pilar ambiental diz respeito à preservação e recuperação do meio ambiente (IANQUITO, 2018). Vamos discutir cada um deles no próximo tópico deste capítulo. Observação Uma organização não pode ser punida, criminalmente, se não praticar a sustentabilidade. Isso somente pode acontecer se ela descumprir a Lei, como, por exemplo, jogar dejetos em rios, sonegar impostos, utilizar mão de obra infantil, entre outros. 59 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES 4.1 Pilares da sustentabilidade Muito se pensa a sustentabilidade como um conceito de gestão ambiental, mas a prática extrapola o pilar meio ambiente e engloba, também, os pilares social e ambiental. Para que uma empresa seja considerada sustentável, é obrigatório que ela tenha práticas ativas nestas três esferas, conhecidas como triple bottom line (FREITAS, 2019). Na gestão sustentável, o triple bottom line (TBL) orienta que as empresas devem se comprometer a se concentrar tanto nas preocupações sociais e ambientais quanto nos lucros. A teoria TBL postula que, em vez de um resultado final, deve haver três: lucro, pessoas e o planeta. Um TBL procura medir o nível de compromisso de uma corporação com a responsabilidade social corporativa e seu impacto no meio ambiente ao longo do tempo (FREITAS, 2019). Pilar ambiental A integridade ecológica é mantida, todos os recursos ambientais da Terra são conservados em equilíbrio enquanto os recursos naturais internos são consumidos por humanos a uma taxa em que são capazes de reabastecer-se. O pilar ambiental geralmente recebe mais atenção. Muitas empresas estão focadas em reduzir suas pegadas de carbono, resíduos de embalagens, uso de água ou outros danos ao meio ambiente. Além de ajudar o planeta, essas práticas podem ter um impacto financeiro positivo. Por exemplo, diminuir o uso de materiais de embalagem significa menos gastos, e maior eficiência de combustível também ajuda no orçamento da empresa (IANQUITO, 2018). Como exemplo, podemos citar o fato de o Walmart ter aderido às embalagens por meio de sua iniciativa de desperdício zero, pressionando por menos embalagens em toda a sua cadeia de suprimentos e mais daquelas provenientes de materiais reciclados ou reutilizados. Um dos desafios com o pilar ambiental é que o impacto de um negócio muitas vezes não é totalmente custeado, o que significa que há externalidades que não se refletem nos preços ao consumidor. Os custos totais de águas residuais, dióxido de carbono, recuperação de terras e resíduos em geral não são fáceis de calcular, porque as empresas nem sempre são as que estão presas aos resíduos que produzem. É aí que entra o benchmarking para tentar quantificar essas externalidades, a fim de que o progresso na redução delas possa ser rastreado e relatado de maneira significativa (GEIGER; SWIM; BENSON, 2021). Pilar econômico As comunidades humanas em todo o mundo são capazes de manter sua independência e ter acesso aos recursos que necessitam, financeiros e outros, para atender às suas carências. Sistemas econômicos estão intactos e as atividades estão disponíveis para todos, como fontes seguras de subsistência. 60 Unidade I O pilar econômico da sustentabilidade é aquele no qual a maioria das empresas sente que está em terreno firme. Para ser sustentável, um negócio deve ser lucrativo. Dito isso, o lucro não pode superar os outros dois pilares. Na verdade, o lucro a qualquer custo não é um pilar econômico. As atividades que se enquadram no pilar econômico incluem compliance, governança adequada e gestão de riscos. Embora já sejam apostas de mesa para a maioria das empresas norte-americanas, elas não são o padrão global (IANQUITO, 2018). Às vezes, este pilar é chamado de governança, referindo-se à boa governança corporativa. Isso significa que os conselhos de administração e a administração se alinham aos interesses dos acionistas, bem como aos da comunidade da empresa, cadeias de valor e clientes finais (GEIGER; SWIM; BENSON, 2021). Com relação à governança, os investidores podem querer saber que uma empresa utiliza métodos contábeis precisos e transparentes e que os acionistas têm a oportunidade de votar em questões importantes. Eles também podem desejar garantias de que as companhias evitem conflitos de interesse na escolha dos membros do conselho, não usem contribuiçõespolíticas para obter tratamento indevidamente favorável e, claro, não se envolvam em práticas ilegais. É a inclusão do pilar econômico e do lucro que possibilitam que as corporações adiram às estratégias de sustentabilidade. O pilar econômico fornece um contrapeso a medidas extremas que as empresas às vezes são pressionadas a adotar, como abandonar combustíveis fósseis ou fertilizantes químicos instantaneamente, em vez de introduzir mudanças gradualmente (GEIGER; SWIM; BENSON, 2021). Pilar social Direitos humanos universais e necessidades básicas são alcançáveis por todas as pessoas que têm acesso a recursos suficientes para manter suas famílias e comunidades saudáveis e seguras. Comunidades saudáveis têm líderes que garantem direitos trabalhistas e culturais, respeitando todas as pessoas, que são protegidas da discriminação (GEIGER; SWIM; BENSON, 2021). Uma empresa sustentável deve ter o apoio e a aprovação de seus funcionários, partes interessadas e da comunidade em que opera. As abordagens para garantir e manter esse apoio são várias, mas tudo se resume a tratar os colaboradores com justiça e ser um bom vizinho e membro da comunidade, tanto local como globalmente. Do lado dos funcionários, as empresas se concentram em estratégias de retenção e engajamento, incluindo benefícios mais responsivos, como melhores benefícios de maternidade e família, agendamento flexível e oportunidades de aprendizado e desenvolvimento. Para o envolvimento da comunidade, as corporações criaram muitas maneiras de retribuir, incluindo angariação de fundos, patrocínio, bolsas de estudo e investimento em projetos públicos locais (IANQUITO, 2018). Em uma escala social global, uma empresa precisa estar ciente de como sua cadeia de suprimentos é preenchida. O trabalho infantil entra no produto final? As pessoas são pagas de forma justa? O ambiente de trabalho é seguro? Conforme Scheel (2021), algumas práticas do pilar social são: 61 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • regeneração urbana; • desenvolvimento da comunidade; • diversidade cultural; • progresso da força de trabalho; • justiça social e igualdade; • direitos humanos; • globalização, consumismo e comércio ético; • saúde e bem-estar. Todas as ações de sustentabilidade podem ser demonstradas em um relatório. O relatório de sustentabilidade corporativa é um processo em que as empresas publicam regularmente metas de sustentabilidade e relatam seu progresso em alcançá-las, de forma que ajuda o público a entender como a companhia está contribuindo para uma economia global sustentável. Ele pode incluir informações sobre o uso de recursos da empresa, os efeitos positivos e negativos de suas operações no meio ambiente e suas estratégias para se tornar mais sustentável no futuro. Explicar os três pilares da sustentabilidade primeiro requer definir sustentabilidade. O conceito surgiu do ativismo ambiental e é entendido como a garantia de que a geração atual possa atender às suas necessidades sem tornar isso impossível para as gerações futuras. Ou seja, podemos sustentar a nós mesmos e à posteridade apenas com práticas que não prejudiquem o futuro (GEIGER; SWIM; BENSON, 2021). É evidente que os problemas ambientais não podem ser resolvidos isoladamente dos outros. Quando a economia de uma nação está ruim, ela geralmente reduz suas metas ambientais. Onde há guerra ou pobreza opressiva, o meio ambiente sofre muito. Todo o resto parece uma prioridade maior. Podemos falar sobre sustentabilidade social, econômica e ambiental. Se pensarmos em sustentabilidade como o telhado de um edifício que protege seus ocupantes, vemos que são necessários os três pilares para sustentá-lo. A fraqueza em qualquer pilar coloca o telhado em risco de desabar. Embora a frase três pilares da sustentabilidade seja comum, o gráfico mais útil que explica como eles se relacionam é o diagrama de Venn, ele relaciona três esferas da sustentabilidade. Em ambos os casos, nenhum deles pode funcionar de forma otimizada (sem os outros). Vejamos o exemplo na figura a seguir e a sua explicação: 62 Unidade I Econômico Social Ambiental 1 2 3 4 Figura 12 – A interação dos três pilares da sustentabilidade • 1: sustentabilidade ambiental e social se combinam para tornar as condições de vida de todos suportáveis e possíveis de crescimento. • 2: sustentabilidade econômica e social se combinam para tornar as condições de vida de todos iguais. • 3: sustentabilidade ambiental e econômica se combinam para viabilizar as condições de vida de todos. • 4: condições de empresas sustentáveis exigem a interseção de todas as três facetas (anteriores). A partir deste diagrama de Venn, podemos inferir que os três pilares de sustentabilidade, ou três esferas de sustentabilidade, precisam de interação total entre os elementos que compõem a prática. De alguma forma, temos de ficar de olho tanto na estrutura geral quanto em todos os detalhes para construirmos uma empresa sustentável. 4.2 A sustentabilidade e a responsabilidade social Para as empresas, é útil pensar em responsabilidade social no contexto da visão/missão do negócio. Quais são as responsabilidades da companhia, por que ela existe e como ela vai cumprir essas responsabilidades e metas? Também é útil considerar sustentabilidade no contexto de como o negócio irá operar, especialmente com foco nos recursos de origens naturais que consomem tanto diretamente (por exemplo, carvão) quanto indiretamente (por exemplo, hidroeletricidade) (FURTADO et al., 2019). Responsabilidade social e sustentabilidade são termos frequentemente usados de forma intercambiável, mas há uma diferença distinta e é importante que a entendamos. 63 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Essencialmente, a sustentabilidade diz respeito à redução do impacto ambiental a partir da redução do consumo (reduzir, reciclar, reutilizar). A responsabilidade corporativa inclui a sustentabilidade, mas refere-se ao relacionamento mais amplo entre a organização, seus principais grupos de stakeholders e a comunidade (VOEGTLIN; SCHERER, 2017). A responsabilidade social corporativa, muitas vezes chamada simplesmente de RSC, diz respeito a fazer negócios de maneira que beneficie, em vez de prejudicar, a sociedade e o meio ambiente. A sustentabilidade empresarial refere-se à capacidade de uma empresa de sobreviver no futuro e, eventualmente, a seus atuais proprietários (VOEGTLIN; SCHERER, 2017). Para muitas companhias, tratar bem o meio ambiente é importante para a prática e a imagem do negócio, e isso se reflete em seus programas de responsabilidade social corporativa (RSC) (FURTADO et al., 2019). Além de ser uma prática socialmente responsável, é um bom negócio. Embora a sustentabilidade ambiental seja geralmente parte da responsabilidade social corporativa, ela não se concentra apenas na sustentabilidade. A marca de roupas Patagonia é um exemplo de empresa com forte prática de RSE focada na sustentabilidade. Seus esforços para reduzir sua emissão de carbono são evidentes em suas práticas ecologicamente corretas (FURTADO et al., 2019). Parece justo argumentar que as instituições devem ir muito além da RSC, integrando a sustentabilidade em suas respectivas estratégias e operações e ajudando a resolver os principais problemas econômicos, ambientais e sociais – mesmo aqueles não relacionados aos seus negócios. 4.3 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) Um sistema de gestão ambiental (SGA) é um conjunto de processos e práticas que permite que uma organização reduza seus impactos ambientais e aumente sua eficiência operacional. Por exemplo: uma editora pode implementar a estrutura SGA para gerenciar e reduzir o uso de papel, mudando para comunicação interna somente por e-mail, além de revisar e avaliar os processos de gestão de resíduos e criar uma política para descarte responsável de cartuchos de toner usados (BENEDITO, 2021). As funções básicas de uma boa gestão ambiental são: estabelecimento de metas; gestão da informação;apoio à tomada de decisão; organização e planejamento da gestão ambiental; programas de gestão ambiental; pilotagem; implementação e controle; comunicação; e auditoria interna e externa. A gestão ambiental ajuda a identificar os fatores que podem levar à degradação ambiental e auxilia nas previsões futuras que podem afetar a vida das gerações presentes e futuras. Seu principal objetivo é manter e melhorar os recursos ambientais como ar, solo, florestas, água e combustíveis fósseis. Um SGA fornece à empresa uma estrutura através da qual seu desempenho ambiental pode ser monitorado, melhorado e controlado (IATRIDIS; KESIDOU, 2018). 64 Unidade I Algumas organizações adotaram a estrutura especificada em padrões nacionais ou internacionais, que estabelecem os requisitos de um SGA, e tiveram seus sistemas avaliados externamente e certificados. Outras desenvolveram seu SGA de forma mais informal. Qualquer que seja a abordagem adotada, os elementos da estrutura do SGA serão em grande parte os mesmos. Para Benedito (2021), um SGA eficaz irá: • Definir responsabilidades ambientais para todos os funcionários. • Identificar oportunidades para reduzir resíduos, incluindo matérias-primas, uso de utilidades e custos de descarte de resíduos. • Aumentar os lucros. • Reduzir o risco de multas por descumprimento da legislação ambiental. • Garantir que todas as operações tenham procedimentos para minimizar seus impactos ambientais. • Registrar o desempenho ambiental em relação às metas estabelecidas. • Fornecer uma trilha de auditoria clara. • Atrair acionistas e investidores. A maioria das organizações adota uma abordagem sistemática para o gerenciamento de suas operações diárias. Ao longo dos anos, os diferentes elementos de tais sistemas tornaram-se mais definidos e abordagens padronizadas foram desenvolvidas para ajudar as companhias a gerenciar certas funções, como qualidade, por exemplo (IATRIDIS; KESIDOU, 2018). Um sistema de gestão ambiental é um conjunto de regras internas definidas por um conjunto de políticas, processos, procedimentos e registros. Ele define como uma empresa irá identificar, avaliar, monitorar e manter as interações com o meio ambiente para evitar impactos ambientais negativos. Quando implementado em sua empresa, o SGA precisa ser específico para os processos utilizados, por isso é importante adequá-lo às suas necessidades. A ISO 14001 fornece algumas diretrizes para um bom SGA a fim de ajudar a garantir que não haja perda dos elementos de um bom sistema (BENEDITO, 2021). Desta forma, a International Organization for Standardization (ISO) ajuda a padronizar como um SGA é projetado. Uma das melhores maneiras de garantir que o sistema inclua todos os processos aplicáveis é consultar um conjunto padrão de requisitos para SGA. O padrão ISO 14001 é o principal conjunto para isso, reconhecido em todo o mundo, e define e descreve todas as políticas, processos, procedimentos e registros típicos necessários para um SGA bem-sucedido. Não é prescritivo, o que significa que especifica o que precisa ser feito, mas não como, e pode ser usado e adaptado às necessidades de qualquer organização. 65 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Os processos de SGA começam com a identificação das formas como os processos de negócios da empresa interagem com o meio ambiente e, em seguida, fornecem os controles e procedimentos para garantir que os impactos negativos sejam evitados. Eles também incluem a identificação de todos os requisitos ambientais, legais e de terceiros, que são impostos às atividades da corporação. Além disso, os processos de suporte para que isso aconteça são controlados como parte do sistema. Isso incluirá o gerenciamento de recursos como pessoas e equipamentos, procedimentos para controlar documentos e registros e documentos que definem como controlar produtos ou serviços que não atendem aos requisitos (IATRIDIS; KESIDOU, 2018). Por fim, alguns processos do SGA são projetados para monitorar os procedimentos que são implementados para o sistema levar à melhoria. Eles incluirão um método de auditoria dos processos do sistema, meios de aplicação de ações corretivas e preventivas para problemas e uma maneira de a administração revisar o sistema para garantir que os requisitos sejam atendidos e os planos de melhoria sejam feitos. O SGA vai além do cumprimento da lei. Espera-se que uma empresa conheça e atenda a todos os requisitos ambientais especificados para suas operações, mas nem todas o fazem para melhorar suas operações no que diz respeito à redução dos impactos negativos ao meio ambiente. Essa é a razão de haver um sistema de gestão ambiental, e é o maior argumento de venda para uma instituição querer implementá-lo. Reduzir seu impacto ambiental pode ajudar a ganhar participação de mercado em um mundo com crescente consciência ambiental (IATRIDIS; KESIDOU, 2018). O grupo Nissan é um exemplo de implantação de um SGA. Ele busca a promoção e avanço de suas atividades de proteção ambiental. O grupo atualizou sua estrutura organizacional ambiental e construiu um sistema de gestão de risco para situações de emergência, incluindo as habilidades de resposta a emergências no caso de um acidente ambiental. Na missão de promover atividades que reduzam impacto ambiental, o grupo tem avançado constantemente os esforços para obter a certificação ISO 14001. Grande parte das fábricas de produção domésticas e locais de negócios, bem como aquelas no exterior, receberam certificação ISO 14001. Além disso, o processo de desenvolvimento de produtos busca implementar conceitos e especificações para reduzir o impacto ambiental desde as etapas de planejamento até os projetos finais (IATRIDIS; KESIDOU, 2018). A Nissan realiza auditorias ambientais internas e auditorias independentes de terceiros para garantir que o SGA esteja operando conforme o esperado, verificar o andamento dos processos de melhoria e confirmar que cada organização está em conformidade com as políticas ambientais. Para as auditorias internas, contrata-se auditores ambientais independentes a fim de conduzir auditorias objetivas para verificar o funcionamento do SGA e o status e desempenho ambiental com o objetivo de confirmar a eficácia do sistema. Conforme Murmura et al. (2018), entre as ações do grupo estão: • Projetos de coleta seletiva. • Certificação ISO. 66 Unidade I • Criação de uma central de resíduos. • Construção de bacias de contenção. • Projetos de tratamento de esgoto. • Projetos de aproveitamento de chuva. • Aquisição de contêineres de reciclagem. Ainda para os autores (2018), até agora o grupo pode notar como principais vantagens de implantação do SGA: • Redução de custos, extinguindo-se as multas que eram pagas pelo não atendimento da legislação ambiental. • Uso racional dos recursos naturais. • Criação de programas para conscientização ambiental dos colaboradores. • Monitoramento das atividades e produtos e seus respectivos impactos sobre o meio ambiente; • Destino correto dos resíduos gerados no processo. • Impacto positivo de sua imagem nas relações públicas, em relação ao compromisso ambiental. 4.4 Agenda ambiental Buscando estimular as instituições públicas a implantarem práticas de sustentabilidade, o Ministério do Meio Ambiente criou a agenda ambiental. Ela se destina às instituições públicas federais, estaduais e municipais e aos três Poderes da república (Executivo, Legislativo e Judiciário). O programa sustenta-se em seis pilares: • Uso racional dos recursos naturais e bens públicos. • Gestão de resíduos gerados. • Qualidade de vida no ambiente de trabalho. • Sensibilização e capacitação dos servidores. • Compras públicas sustentáveis. • Construções sustentáveis. 67 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES De forma geral, a agenda ambiental pauta-se em: reuso/reciclagem, logística reversa, visão global de sustentabilidade, uso consciente de energia, diminuição de uso de plástico e derivados, reflorestamentoe preservação ambiental, e energias alternativas e limpas. Figura 13 – Elementos da agenda ambiental Disponível em: https://bit.ly/3rKBaaE. Acesso em: 3 out. 2022. No Portal Brasileiro de Dados Abertos (2022), é possível definir a agenda ambiental como: um programa do Ministério do Meio Ambiente que objetiva estimular os órgãos públicos do país a implementarem práticas de sustentabilidade. A adoção da A3P demonstra a preocupação do órgão em obter eficiência na atividade pública enquanto promove a preservação do meio ambiente. Ao seguir as diretrizes estabelecidas pela Agenda, o órgão público protege a natureza e, em consequência, consegue reduzir seus gastos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2022), é de fundamental importância que a direção da instituição comunique, voluntariamente, ao público interno e externo da instituição, a decisão de implementar a agenda ambiental. Em seguida, deve ser feito um amplo trabalho de divulgação, conscientização e sensibilização, com palestras e folhetos informativos junto ao público envolvido nesse processo; O relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que: O Brasil possui uma estrutura legislativa abrangente e consistente para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. No entanto, as taxas 68 Unidade I crescentes de desmatamento e outras fortes pressões sobre as riquezas naturais do Brasil exigem mais esforços em todos os níveis de governo para implementar esses requisitos rigorosos. Instrumentos econômicos para a proteção da biodiversidade, como pagamentos por serviços ecossistêmicos e compensações de biodiversidade, continuam a ser amplamente usados, mas nem sempre de forma eficaz (OCDE, 2021, p. 6). Assim, a agenda ambiental inclui diversos objetivos acordados internacionalmente, abrangendo vários desafios sociais e ecológicos (por exemplo, mudanças climáticas, conservação da biodiversidade, cooperação econômica, migração e, mais recentemente, resposta à pandemia). Quase todas as nações, organizações não governamentais e grandes corporações participam de iniciativas que abordam um ou mais desses objetivos políticos. No entanto, nossa capacidade de fornecer evidências científicas oportunas e precisas para resolver esses problemas permanece limitada. 4.5 Pegada ambiental As pegadas ambientais, também chamadas de pegadas ecológicas, são medidas quantitativas que mostram a apropriação dos recursos naturais pelo homem. As pegadas são divididas em pegadas ambientais, econômicas e sociais. O conceito de “pegada” tem origem na ideia de pegada ecológica (EF, do inglês ecological footprint), introduzida por Rees, em 1992. Após a sua introdução, várias outras pegadas ambientais foram introduzidas. Cada uma delas indica classes particulares de pressões associadas ao processo, produto ou atividade da perspectiva do ciclo de vida (SANTOS et al., 2021). A pegada ecológica acompanha o uso de superfícies produtivas. Normalmente, essas áreas são: terras de cultivo, pastagens, pesqueiros, áreas construídas, área florestal e demanda de carbono em terra. Hoje, o termo pegada ambiental é usado tanto pela comunidade científica quanto pela comunidade corporativa. Trata-se de uma medida multicritério para calcular o desempenho ambiental de um produto, serviço ou organização com base em uma abordagem de ciclo de vida (LAMIM-GUEDES, 2018). Ela (também conhecida como pegada ecológica) leva em consideração a totalidade da oferta e demanda de bens e serviços para o planeta. Ao fazê-lo, assume-se que toda a população segue um determinado estilo de vida caracterizado por uma pessoa conhecida ou um grupo delas (LAMIM-GUEDES, 2018). A estimativa da pegada ambiental começa com o cálculo da terra, água ou mar necessários para fornecer alimentos, moradia, mobilidade e bens e serviços de uma pessoa em uma determinada região. Ela depende da área em que a pessoa reside. A razão é que os ecossistemas diferem em sua capacidade de produzir materiais biológicos e absorver CO². Isso é conhecido como “biocapacidade” (SANTOS et al., 2021). Os resultados da pegada ambiental são dados no número de “planetas Terra” que seriam necessários para sustentar a humanidade se todos seguissem o estilo de vida estimado. A pegada de carbono é a parte que mais cresce da pegada ambiental geral da humanidade – sendo responsável por 54% da pegada ambiental geral (SANTOS et al., 2021). 69 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Seus resultados são expressos em hectares globais (GHA), pois desta maneira universalizam os resultados e permitem uma comparação entre várias cidades e países do mundo, entendendo o impacto de cada um na capacidade ecológica global. Calcular a pegada ecológica não é uma tarefa difícil. Já existem sites e softwares que possibilitam a cada indivíduo medir a sua própria. Uma pontuação determinada a partir dos hábitos alimentares, de moradia, bens, serviços, transportes e outros itens mostrará o impacto de cada um. Com a pontuação em mãos é possível analisar o impacto que o consumo individual gera no planeta. Saiba mais Quer saber qual é sua pegada ambiental? Acesse qualquer um dos links a seguir e faça seu cálculo, para que você possa também ajudar na preservação do planeta. GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. What is your ecological footprint? Global Footprint Network, Oakland, c2022. Disponível em: https://cutt.ly/ h1iClx0. Acesso em: 3 out. 2022. ETNOIDEIA. Calcula a tua pegada ecológica! Etnoideia, [s. l.], 30 set. 2002. Disponível em: https://cutt.ly/gMAr5RJ. Acesso em: 3 out. 2022. A biocapacidade do planeta representa sua capacidade de regenerar o que as pessoas exigem. Ela é, portanto, o potencial dos ecossistemas de produzir materiais biológicos utilizados pelas pessoas e de absorver os resíduos gerados pelo homem, sob os atuais esquemas de gestão e tecnologias de extração (SANTOS; ERTHAL JUNIOR; BARCELLOS, 2021). Figura 14 – Pegada ambiental e regeneração ambiental Disponível em: https://cutt.ly/81iVdx6. Acesso em: 3 out. 2022. 70 Unidade I Basicamente, a biocapacidade mede a capacidade de uma determinada área de gerar recursos renováveis e de absorver quaisquer resíduos gerados pelo seu consumo, ou seja, de sustentar uma população humana. Se a pegada ecológica de uma dada população excede sua biocapacidade, essa população tem um déficit ecológico (SANTOS; ERTHAL JUNIOR; BARCELLOS, 2021). Santos et al. (2021) apontam que a pegada ambiental mundial média é de 2,7 hectares globais por pessoas. E a biocapacidade, atualmente, é de 1,8 hectare global por indivíduo. Isso significa que estamos consumindo mais do que o planeta consegue regenerar. 71 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Resumo Nesta unidade, o primeiro passo foi entendermos o conceito, o surgimento e a evolução da responsabilidade social nas organizações. Aprendemos que a responsabilidade social nos negócios, também conhecida como responsabilidade social corporativa (RSC), refere-se a pessoas e organizações que se comportam e conduzem negócios de forma ética e com sensibilidade em relação a questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Em seguida, foram discutidos os níveis de responsabilidade social praticada pela organização com base na pirâmide de Carroll. Esta pirâmide sugere que a empresa tem total responsabilidade em quatro níveis – econômico, jurídico, ético e filantrópico. Observamos que, para atingir a responsabilidade social nas organizações (topo da pirâmide), a companhia deve cumprir todos os pilares anteriores da pirâmide. As origens da responsabilidade social começam na antiguidade com o entendimento da necessidade de o comércio proteger seus recursos. Suas primeiras ideias surgiram durante os tempos coloniais, quando os comerciantes doaram para asilos, escolas e orfanatos. Embora a adoção generalizada da RSC tenha sido relativamente recente, ela tem suas raízes no final de 1800, quando a ascensão da filantropia combinada com a deterioraçãodas condições de trabalho fez com que algumas empresas reconsiderassem seus modelos de produção. Um ponto relevante é diferenciar as conceituações de crescimento econômico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável sempre nos incentiva a conservar e aprimorar nossos recursos, mudando gradualmente as maneiras como desenvolvemos e usamos as tecnologias, e ele deve ser o praticado. Falamos ainda dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU, também conhecidos como objetivos globais, que foram adotados em 2015 como um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que até 2030 todas as pessoas desfrutassem de paz e prosperidade. A Agenda 2030 afirma que, para pôr o mundo em um caminho sustentável, é preciso tomar medidas ousadas e transformadoras. Apresentamos o Instituto Ethos e seus indicadores, bem como a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Estas são entidades que direcionam, apresentam diretrizes e estimulam as organizações a praticarem responsabilidade social. Discutimos e exemplificamos o terceiro setor, que pode ser uma 72 Unidade I parceria entre organizações sociais e o governo, na qual um entra com o conhecimento e a capacidade de fazer e o outro com recursos financeiros. Exibimos um item extremante importante, a sustentabilidade. Demonstramos o conceito de responsabilidade social, sua evolução e os três pilares que a compõe: econômico, social e ambiental, e destacamos que ela não deve ser aplicada esporadicamente, mas em toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores até o descarte dos restos de sua produção e consumo de seus itens. Por fim, discutimos o sistema de gestão ambiental (SGA), sua aplicação e exemplos, bem como o conceito de pegada ambiental. Buscamos introduzir os principais ideais e evoluções da responsabilidade social e outras práticas utilizadas pelas organizações em uma gestão mais sustentável. 73 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. O que é responsabilidade social empresarial O conceito de responsabilidade social empresarial tem relação com o compromisso das empresas com a sociedade. Ele vai além de questões econômicas, como a geração de lucros e empregos. Uma empresa socialmente responsável deve pautar suas ações em uma gestão ética e transparente. Para isso, precisa envolver questões como a qualidade de vida e o bem-estar do público interno da corporação, o relacionamento com os stakeholders e a redução de impactos negativos na comunidade e no ambiente. Para que a responsabilidade social empresarial seja incorporada ao DNA da empresa, é preciso que sua implantação seja acompanhada de uma mudança profunda e real de cultura e comportamento. Adaptado de: https://bit.ly/3CVgZ0l. Acesso em: 3 out. 2022. Com base no exposto e nos seus conhecimentos sobre o tema, avalie as afirmativas. I – A partir dos anos 2020, as práticas de responsabilidade social tornaram-se instrumentos de gestão empresarial. II – Na década de 1980, o movimento em prol das práticas de responsabilidade social corporativa arrefeceu, uma vez que o pensamento político naquele momento era de reduzir a pressão sobre as organizações. III – A preocupação das empresas com o tema responsabilidade social é recente, já que a discussão sobre a importância do desempenho social das corporações surgiu a partir do início do século XXI. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa C. 74 Unidade I Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a partir de 2020, em busca de práticas de mercado mais sustentáveis, as empresas passaram a usar as condutas de responsabilidade social como ferramentas de tomada de decisão e de gestão. II – Afirmativa correta. Justificativa: na década de 1980, em virtude das altas taxas de inflação enfrentadas pelos EUA e pelo Reino Unido, houve redução na intervenção estatal, o que reduziu a pressão dos governos sobre as empresas e as práticas de responsabilidade fiscal foram colocadas em xeque. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a atenção das corporações acerca das responsabilidades sociais surgiu na década de 1920, e a partir da década de 1950 iniciaram-se os estudos e as teorizações do tema, com a publicação, em 1953, do livro Responsibilities of the businessman, de Howard Bowen. A partir da década de 1970, as ações de responsabilidade social passaram a fazer parte das práticas empresariais. Questão 2. Os consumidores valorizam cada vez mais as empresas que desenvolvem ações de responsabilidade social. Além do efetivo benefício à sociedade, essa postura corporativa traz resultados positivos para a imagem das companhias que de fato se engajam nas causas sociais. Para isso, elas podem adotar alguns modelos ou tipos de responsabilidade social, mostrados a seguir. • Responsabilidade social corporativa – RSC. • Responsabilidade social ambiental – RSA. • Responsabilidade social empresarial – RSE. Em relação a esses tipos de responsabilidade social, avalie as descrições a seguir. Descrição I – Trata-se do conjunto de ações organizacionais que têm a finalidade de zelar pelo bem-estar da sociedade e de seus stakeholders. Descrição II – Trata-se do conjunto de ações organizacionais que têm a finalidade de zelar pelo bem-estar do público interno, de suas famílias e das comunidades em que a empresa está inserida. Descrição III – Trata-se do conjunto de ações organizacionais mais abrangente, completo e corrente, que visa a atender às necessidades não apenas da sociedade. 75 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES As descrições I, II e III referem-se, respectivamente, aos seguintes tipos de responsabilidade social: A) Responsabilidade social corporativa – RSC, Responsabilidade social ambiental – RSA e Responsabilidade social empresarial – RSE. B) Responsabilidade social ambiental – RSA, Responsabilidade social corporativa – RSC e Responsabilidade social empresarial – RSE. C) Responsabilidade social empresarial – RSE, Responsabilidade social corporativa – RSC e Responsabilidade social ambiental – RSA. D) Responsabilidade social corporativa – RSC, Responsabilidade social empresarial – RSE e Responsabilidade social ambiental – RSA. E) Responsabilidade social empresarial – RSE, Responsabilidade social ambiental – RSA e Responsabilidade social corporativa – RSC. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão A responsabilidade social empresarial – RSE refere-se às ações tomadas pela empresa que asseguram a redução de impactos negativos de sua atividade para com a sociedade e os seus stakeholders. A responsabilidade social corporativa – RSC refere-se às ações tomadas pela empresa que asseguram a redução de impactos negativos de sua atividade para com seus funcionários, familiares e comunidade. A responsabilidade social ambiental – RSA é o tipo mais abrangente de responsabilidade social. Refere-se às ações tomadas pela empresa para a redução de impactos negativos de sua atividade para com o meio ambiente e para conferir benefícios à sociedade em geral. 76 Unidade II Unidade II 5 CONTABILIDADE AMBIENTAL E BALANÇO SOCIAL A ideia de contabilidade social e ambiental assumiu várias formas na segunda metade do século XX. Essa tendência desenvolveu‑se notavelmente na França com o Bilan Sociétal e no Reino Unido com a contabilidade social e a auditoria (FREITAS, 2018). A contabilidade ambiental, também chamada de contabilidade verde, refere‑se à modificação do Sistema de Contas Nacionais (SCN) para incorporar o uso ou esgotamento dos recursos naturais. Trata‑se de uma ferramenta vital para auxiliar na gestão dos custos ambientais e operacionais dos recursos naturais (TINOCO; KRAEMER, 2004). Ao longo do tempo e das culturas, a ideia de contabilidade social assumiu muitas formas. Deve, portanto, ser entendida como uma correntede pensamento alinhada com a noção de mensuração do impacto social e não como um método preciso. Por exemplo, alguns autores referem‑se não apenas à contabilidade, mas à auditoria e aos relatórios (FREITAS, 2018). Um desses relatórios, e talvez o mais importante, é o balanço social. Ele contém as seguintes informações: extrato das pessoas ocupadas; tabela dos movimentos de pessoal durante o exercício; declaração contendo dados sobre as atividades de formação frequentadas pelos trabalhadores, cujo custo é suportado pelo empregador. 5.1 Contabilidade ambiental Freitas (2018) define contabilidade ambiental como: ramo da contabilidade em que são registrados e controlados dados correspondentes a ações da empresa que afetam o meio ambiente. Esse relatório funciona como um registro do patrimônio ambiental, apontando monetariamente os benefícios, prejuízos e resultados da exploração do meio ambiente. A contabilidade ambiental é composta de três facetas principais: custo de conservação ambiental (valor monetário), benefícios de conservação ambiental (unidades físicas) e benefício econômico associado às atividades de conservação ambiental (valor monetário) (BREDA, 2020). Ela visa alcançar o desenvolvimento sustentável, manter um relacionamento favorável com a comunidade e buscar ações de conservação ambiental eficazes e eficientes (TINOCO; KRAEMER, 2004). 77 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Freitas (2018) aponta que os componentes da contabilidade ambiental são: • Despesas ambientais: aquelas utilizadas para o gerenciamento ambiental e que forem consumidas pela área administrativa da empresa. • Custos ambientais: aqueles relacionados direta ou indiretamente com a proteção ao meio ambiente, como tratamento de poluentes e resíduos, recuperação de áreas contaminadas, entre outros. • Perdas ambientais: aquelas que não proporcionarão benefício para a empresa, ou seja, serão gastos utilizados para cobrir acidentes ou questões imprevistas relacionadas ao meio ambiente. • Receitas ambientais: aquelas ligadas à prestação de serviços envolvidos com a área de gestão ambiental, bem como venda de produtos reciclados ou ainda redução de consumo de água ou energia. • Ativos ambientais: aqueles representados por bens e direitos que possuam capacidade de geração de benefício futuro e estejam ligados à preservação ambiental. • Passivos ambientais: aqueles valores que serão sacrificados pela empresa para preservar ou proteger o meio ambiente, decorrentes de ações planejadas ou ainda de condutas inadequadas da empresa. O autor (2018) afirma ainda, que: O foco da contabilidade ambiental está na sustentabilidade, na responsabilidade social e no relacionamento com a comunidade. Atualmente, já não podem prevalecer apenas os interesses financeiros da organização, pois a manutenção de uma empresa no mercado depende também do equilíbrio que ela conseguir estabelecer entre as próprias motivações econômicas, os interesses da administração pública e o entorno comunitário. Dessa forma, a contabilidade ambiental é muitas vezes defendida como componente da responsabilidade social empresarial (ou RSE). Como cada vez mais existe uma preocupação geral com o meio ambiente e a responsabilidade social, surgiram demonstrativos contábeis que permitiram a apresentação de dados contábeis ligados ao tema, como, por exemplo, o balanço social e o relatório de sustentabilidade. 5.2 Balanço social e relatório de sustentabilidade O balanço social pode ser definido como o instrumento no qual são detalhados os custos e benefícios do impacto das ações ou atividades que uma empresa realiza na sociedade. Trata‑se de um instrumento através do qual as instituições têm de comunicar a sua situação laboral e as práticas de formação em que os trabalhadores participaram. O balanço social contém informações específicas sobre a força de trabalho: número de pessoas empregadas, movimentação de pessoal, formação. Ele deve incluir os aspectos positivos e negativos que foram realizados (TINOCO; KRAEMER, 2004). 78 Unidade II Entre os itens positivos pode haver criação de empregos, treinamento de pessoal, geração de riqueza e doações. Devem também ser incluídas as medidas tomadas para reduzir os custos sociais (negativos) e os atos que proporcionem um valor acrescentado positivo à sociedade. Quanto aos custos sociais (ou aspectos negativos), existem aqueles que têm a ver com a poluição ambiental, acústica e visual. Também estão incluídas as atividades que geram conflitos sociais, acidentes de trabalho, exploração excessiva dos recursos naturais, doenças e desemprego (TINOCO; KRAEMER, 2004). Observação Ao contrário do balanço patrimonial, não existe obrigatoriedade de divulgação do balanço social. A principal finalidade do balanço social é construir práticas de responsabilidade social com maior transparência e visibilidade às informações que interessam a todos os stakeholders da organização, como acionistas, empregados, investidores, consumidores e comunidade. Já o relatório de sustentabilidade é a divulgação e comunicação das metas ambientais, sociais e de governança – bem como o progresso de uma empresa em relação a elas. Os benefícios desses relatórios incluem a melhoria da reputação corporativa, a construção da confiança do consumidor, o aumento da inovação e até a melhoria da gestão de riscos (OLIVEIRA; SILVA; MOREIRA, 2019). Por meio do relatório de sustentabilidade, as empresas comunicam seu desempenho e impactos em uma ampla gama de temas de sustentabilidade, abrangendo parâmetros ambientais, sociais e de governança. Ele permite que as corporações sejam mais transparentes sobre os riscos e oportunidades que enfrentam, dando aos stakeholders uma visão maior do desempenho além do resultado final. Construir e manter a confiança em empresas e governos é fundamental para criar uma economia global sustentável e um mundo próspero. Todos os dias são tomadas decisões que têm impactos diretos em seus stakeholders, relacionadas a instituições financeiras, organizações trabalhistas, sociedade civil, cidadãos e o nível de confiança que eles têm. Essas deliberações raramente são baseadas apenas em informações financeiras e em geral consideram riscos e oportunidades relacionados a uma variedade de fatores de curto e longo prazo. Os temas de sustentabilidade estão cada vez mais integrados a esses processos decisórios (OLIVEIRA; SILVA; MOREIRA, 2019). Consequentemente, o relatório de sustentabilidade corporativa (RSC) representa um mecanismo potencial para gerar dados e medir o progresso e a contribuição das empresas para os objetivos globais de desenvolvimento sustentável, pois pode ajudar as empresas e organizações a medir seu desempenho em todas as dimensões do desenvolvimento sustentável. De acordo com Souza, De Benedicto e Silva (2021), são benefícios do relatório de sustentabilidade: • aumentar a compreensão dos riscos e oportunidades; 79 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • realçar a ligação entre o desempenho financeiro e não financeiro; • influenciar a estratégia de gestão de longo prazo, políticas e planos de negócios; • agilizar processos, reduzindo custos e melhorando a eficiência; • comparar e avaliar o desempenho de sustentabilidade em relação a leis, normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; • ajudar as empresas a evitar falhas ambientais, sociais e de governança divulgadas; • possibilitar a comparação de desempenho internamente e entre organizações e setores; • mitigar impactos ambientais, sociais e de governança negativos, melhorando a reputação e a fidelidade à marca; • permitir que as partes interessadas externas entendam o verdadeiro valor da organização, com os ativos tangíveis e intangíveis; • demonstrar como a organização influencia e é influenciada pelas expectativas sobre o desenvolvimento sustentável. Os benefícios dos relatórios de sustentabilidade incluem melhor gerenciamento de risco, otimização de custose economia, facilitação da tomada de decisões e maior confiança e reputação corporativa – em relação aos clientes como investidores (SOUZA; DE BENEDICTO; SILVA, 2021). De qualquer forma, isso parece lógico: como as preocupações sociais e ambientais implicam em ameaças futuras aos negócios, investir tempo e recursos em soluções de sustentabilidade pode permitir que qualquer empresa enfrente desafios. Em outras palavras, o relato de sustentabilidade é uma forma de fortalecer sua estratégia de longo prazo. Saiba mais Quer saber como um relatório de sustentabilidade é apresentado? Acesse os sites a seguir e veja os relatórios de sustentabilidade da Enel e Natura. ENEL. Relatório anual de sustentabilidade: Enel Brasil 2021. São Paulo: Enel Brasil, 2022. Disponível em: https://cutt.ly/UMAuav2. Acesso em: 3 out. 2022. NATURA. Relatório anual Natura 2020. Cajamar: Natura, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/5MAytdO. Acesso em: 3 out. 2022. 80 Unidade II 5.3 Incentivos fiscais para prática de responsabilidade social As práticas de responsabilidade social ganharam um forte aliado no início dos anos 1990 no Brasil: os incentivos fiscais para motivar empresas a investirem em responsabilidade social. A primeira lei de incentivo brasileira, o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), data de 1991 e marca uma nova era para a responsabilidade social nas organizações (NELSON, 2018). Os incentivos fiscais consistem no abatimento do valor de impostos devidos que serão destinados a algum programa ambiental, social, saúde e esporte. Para o autor (2018), eles significam que as organizações privadas – e também pessoas físicas – podem direcionar parte dos seus impostos para iniciativas que promovam o desenvolvimento e bem‑estar social. Observação Pessoas físicas, também, podem destinar parte do seu imposto de renda devido para práticas que promovam o desenvolvimento e bem‑estar social. Os incentivos fiscais promovidos pelos governos municipais, estaduais e federal contribuem para que as empresas estejam mais empenhadas em se engajarem em ações de responsabilidade social, mas devemos deixar claro que a sua utilização é opcional e nenhuma companhia é obrigada a utilizar‑se deles (NELSON, 2018). Porém, algumas regras são obrigatórias para o uso dos incentivos, e a principal delas é: a empresa para fazer o abatimento do imposto devido, deve, obrigatoriamente, ter optado pelo lucro real. As organizações dispõem de três maneiras de aferirem seus lucros: real, presumido e arbitrado. O artigo 10 da Lei n. 9.532 veda a dedução tributária no que diz respeito aos incentivos ficais, para corporações que tenham optado pelos lucros presumido e arbitrado. Conforme o Portal Tributário (s.d.), “o lucro real, de acordo com o regulamento de imposto de renda é formado pelo lucro líquido da empresa, ajustado pelas adições exigidas e pelas exclusões ou compensações permitidas pela lei”. Algumas empresas, como as listadas a seguir, são obrigadas, por lei, a optarem pelo lucro real (CRCRS, 2016): • Bancos comerciais, bancos de investimentos ou de desenvolvimento. • Sociedades de crédito, financiamento e investimento. • Crédito imobiliário. • Corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio. • Distribuidora de títulos e valores mobiliários. 81 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • Cooperativas de crédito. • Empresas de seguro privado e capitalização. • Entidades de previdência privada aberta. Para facilitar o entendimento, podemos definir que os incentivos fiscais voltados à prática de responsabilidade social pelas organizações não consistem em menos pagamento de impostos. O poder público faz uma renúncia fiscal e o imposto devido é direcionado para áreas consideradas carentes de investimento pela gestão pública. Conforme Pamplona (2018), seis em cada dez organizações lançam mão dos incentivos fiscais ao realizarem seus ajustes tributários. De acordo com a reportagem, foram quase 3 bilhões de reais destinados a ações de responsabilidade social nos últimos anos através dos incentivos. Lembrete Os incentivos fiscais não significam que as empresas pagam menos impostos. Não há desconto no valor total a ser pago. Trata‑se de uma forma de direcionar até, no máximo, 9% do imposto devido para algum programa de responsabilidade social. A fim de melhor aproveitar esta oportunidade, é necessário que a empresa identifique qual é o imposto que mais impacta em suas finanças, isso porque o direcionamento dos valores pode ocorrer em três esferas: municipais, estaduais e federal (CRCRS, 2016): • Municipais: incentivos são utilizados no imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), imposto sobre propriedade predial urbano (IPTU) e imposto de transmissão de bens imóveis (ITBI). • Estaduais: incentivos são utilizados no imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte (ICMS). • Federal: incentivos são utilizados no imposto de renda de pessoa física (IRPF) e no imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ). Observação Existe um valor máximo do imposto de renda devido, seja ele por pessoa física ou jurídica, que pode ser direcionado aos incentivos fiscais: 6% para pessoas físicas e 9% para pessoas jurídicas. 82 Unidade II O imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) tem alíquota base de 15% e sobre a base de cálculo que ultrapasse R$ 240.000 anuais ou proporcional mensal, e ainda incide o adicional de 10%. Os benefícios concedidos a título de incentivo fiscal e que são passíveis de redução do imposto a ser pago são calculados apenas sobre a alíquota base. Após calcular normalmente o imposto, o contribuinte poderá descontar do valor devido as contribuições efetuadas a determinados órgãos, fundos ou projetos de interesse do governo (BRASIL, 1996). Para direcionamento do imposto devido, é necessário que o programa a qual se destina a verba esteja cadastrado em alguma das categorias a seguir: a) Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente (Funcriança) e Fundos dos Direitos do Idoso; b) Operações de caráter cultural; c) Projetos audiovisuais; e d) Atividades desportivas. Segundo a Receita Federal do Brasil (s.d.), as regras para destinação das verbas para os campos a seguir são: • Fundo dos direitos da criança e do adolescente: conforme o art. 88 da Lei n. 8.069 (BRASIL, 1990), do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) prevê a criação de fundos vinculados aos conselhos dos direitos da criança e do adolescente com o intuito de buscar recursos destinados a assegurar a esses grupos o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá‑los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. A legislação permite destinar 1% do imposto de renda devido para tais fundos, ou seja, em vez de recolher diretamente aos cofres públicos, a empresa optante pelo lucro real destina diretamente para a instituição ou projeto a ser beneficiado. • Fundos dos direitos do idoso: com o mesmo intuito e funcionamento similar, apenas com público‑alvo diferente, foi instituído o Fundo dos Direitos do Idoso, por meio da Lei n. 12.213/2010, no qual a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto de renda devido, em cada período de apuração, o total das doações feitas aos fundos nacional, estaduais ou municipais do idoso, devidamente comprovadas, vedada a dedução como despesa operacional. Entretanto, o limite de 1% é cumulativo com as doações efetuadas aos fundos dos direitos da criança e do adolescente, portanto concorrem entre si. • Atividades desportivas: os projetos esportivos deverão ser aprovados pelo Ministério da Cidadania, com proponentes que não tenham fins lucrativos, e devem estar ligados ao desporto educacional, de participação ou de rendimento. Os valores das doações ou patrocínios em dinheiro captados são depositados em uma conta abertaem nome do proponente e por projeto. Da mesma forma que as doações efetuadas ao fundo da criança e do adolescente, o limite aqui da dedução dos valores doados ou de patrocínio é de 1% do imposto de renda devido, sempre lembrando que o percentual é calculado sobre a alíquota base de 15%. Também não é permitida a dedução da doação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2020). • Lei de incentivo à cultura: os investimentos em projetos culturais podem ser efetuados utilizando‑se até 4% do imposto de renda anual total (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2021). 83 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • Lei do audiovisual: a empresa que aplicar em obras audiovisuais, registradas na Agência Nacional do Cinema (Ancine) criada pela Medida Provisória 2.228‑1, de 6 de setembro de 2001, que é o órgão responsável pelo controle da política audiovisual nacional, poderá deduzir todo o valor aplicado, limitado a 4% do imposto devido pelas pessoas jurídicas e a 6% do imposto devido pelas pessoas físicas, conforme prevê o art. 1º‑A da Lei n. 8.685 (BRASIL, 2001). Saiba mais O estado de São Paulo dispõe de um programa de incentivo estadual chamado ProAC. A empresa que patrocina um projeto aprovado pelo ProAC recebe de volta 100% do valor repassado na forma de desconto no ICMS devido. Conheça mais sobre este programa no site a seguir: PROAC. [Homepage]. ProAC, São Paulo, c2022. Disponível em: https://cutt.ly/U0Wyub8. Acesso em: 3 out. 2022. O VRProjetos (2020) apresenta alguns projetos que podem ser patrocinados pelas pessoas jurídicas e físicas e utilizados como benefícios fiscais: O primeiro é o Estante de Histórias, que pode ser realizado em qualquer região do país e está em sua 5ª edição. Ele consiste na doação de uma estante lúdica com 100 livros infantis, recursos lúdicos para contação de histórias, além de eventos de promoção e incentivo à leitura que são realizados por experts no tema. Outro projeto que pode ser enviado para qualquer parte do Brasil é o Sacola Literária, que doa um acervo de 200 livros para diferentes públicos (crianças, jovens e adultos), incluindo obras nacionais e internacionais. Por fim, o projeto Book Truck, que transforma um veículo (furgão) em uma biblioteca itinerante, que apresenta de forma lúdica a experiência da leitura para mais de 40.000 pessoas por onde ele passar. Dessa forma, as empresas podem manter o cuidado com a comunidade e ajudar o governo a cumprir sua meta de universalização das bibliotecas escolares até 2024, o que traria muitos benefícios para a educação do povo brasileiro. 5.4 Greenwashing A forma como consideramos nossos hábitos de consumo está mudando completamente devido ao mundo enfrentar uma indiscutível crise climática, social e ambiental. Quase todos os produtos que compramos e serviços que utilizamos afetam o meio ambiente, por isso faz sentido que agir a tendência da nova geração (MANGINI et al., 2020). Para os autores (2020), com isso em mente, muitas corporações, empresas e marcas começaram a anunciar produtos e serviços ecologicamente corretos em um esforço para promover a conscientização sobre o papel de seu setor nas mudanças climáticas. Sapatos e sofás estão sendo feitos de couro sintético, carros rotulados como “ecologicamente corretos” e cada vez mais embalagens de alimentos se tornam recicláveis. 84 Unidade II Embora seja um grande passo adiante, nem tudo são boas notícias. Marcar algo como ecologicamente correto, sustentável, vegano ou verde não significa que sempre seja sustentável. A este fenômeno dá‑se o nome de greenwashing; várias corporações têm participado dele, consciente ou inconscientemente. Em tradução literal, seu nome significa lavagem verde. E o que seria isso? Trata‑se da prática de rotular algo como bom para o meio ambiente sem realmente ser bom para o meio ambiente (BRAGA JUNIOR et al., 2019). O termo foi originalmente cunhado pelo ativista ambiental Jay Westerveld em meados de 1980. Ao se hospedar em um hotel, ele viu uma placa que pedia aos hóspedes que reutilizassem toalhas para ajudar a salvar o meio ambiente. Westerveld notou a ironia de a placa demonstrar que o hotel não havia tentado “salvar o meio ambiente” em nenhuma outra operação. Isso o levou a acreditar que o hotel pretendia economizar dinheiro não lavando toalhas, e fez isso escondendo‑se atrás do rótulo ecológico (BRAGA JUNIOR et al., 2019). A frase greenwashing chegou às manchetes quando a ativista ambiental Greta Thunberg chamou a atenção da indústria da moda por participar do fenômeno. Em um post de mídia social que acompanhou seu anúncio de capa, ela disse que muitos estão fazendo parecer que a indústria da moda está começando a assumir a responsabilidade, gastando quantias exorbitantes em campanhas nas quais se retrata como sustentável, ética, verde, neutra ao clima e justa (JONG; HULUBA; BELDAD, 2020). Greenwashing também pode se referir ao momento no qual as empresas desviam a atenção dos danos ambientais que causam ou quando se colocam como aliadas na luta pela justiça climática quando, na realidade, não o são. Uma análise recente da publicidade relacionada à cúpula climática COP26 encontrou uma lavagem verde desenfreada por empresas em plataformas de mídia social. Trata‑se da atuação de sustentabilidade sem nenhuma ação de sustentabilidade. Na sua forma mais simples, o greenwashing pode ser um truque sutil de embalagem. Pense na embalagem de ovos criados em que aparecem fotos de colinas, galinhas soltas nos campos e áreas verdes na caixa. Não há qualquer afirmação direta de sustentabilidade e criação orgânica dos animais, mas há uma tentativa de nos guiar para longe da realidade de como esses ovos foram gerados, com animais criados a base de rações, presos em gaiolas apertadas. Lembrete Greenwashing refere‑se à quando empresas e organizações enganam seus consumidores fazendo‑os acreditar que um produto, serviço que fornecem ou a própria organização é ambientalmente amigável ou sustentável, quando não o é. 85 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Observação Três coisas que você precisa saber sobre greenwashing: • É uma estratégia de marketing que induz o consumidor a acreditar que uma empresa se preocupa com o meio ambiente apesar de suas ações. • A indústria da moda é uma de suas maiores perpetradoras, com marcas como Asos, H&M e Zara sendo criticadas nos últimos anos. • Não é um fenômeno novo, tem sido um problema desde a década de 1980. A indústria alimentícia também tem sido uma grande culpada quando se trata de greenwashing, com empresas como Nestlé e Lay’s chips sendo acusadas de contribuírem fortemente para o problema global do lixo plástico ou serem insustentáveis em seu processo de produção. Outras indústrias que foram acusadas são a automotiva, com a BMW, que anuncia um carro elétrico de carbono zero que provou ter a opção de incluir um motor à gasolina; a indústria de hospitalidade, em que hotéis anunciam prêmios de sustentabilidade que não condizem com a realidade; e a indústria da beleza, em marcas como Tarte Cosmetics e The Body Shop (JONG; HULUBA; BELDAD, 2020). O problema é se tratar de uma ferramenta de marketing usada para gerar lucro, em vez de assumir responsabilidade ambiental. Com a crise climática tão terrível, os consumidores, especialmente aqueles da geração Z, estão mais cautelosos ao comprar produtos ou serviços que não levam em consideração os interesses ambientais. Eles também são mais propensos a gastar a quantia extra de dinheiro necessária para garantir que adquiram itens ecologicamente corretos – o que significa que, se uma empresa aumentar o preço de um produto e rotulá‑lo como sustentável, poderá ganhar muito mais dinheiro do que se não o tivesse comercializado dessa forma (JONG; HULUBA; BELDAD, 2020). Trata‑se essencialmente de exploração, pois as empresas priorizam as oportunidades financeiras ao parecerem ambientalmente responsáveis, semfazer ativamente as mudanças necessárias para realmente o serem. Elas não reconhecem o impacto relacionado ao clima que suas escolhas de marketing podem causar. Este é um grande problema, pois essa forma de fazer negócios pode não diminuir a poluição e a degradação ambiental. Na prática, as corporações estão preocupadas em “regar as plantas” visando apenas o retorno financeiro. 86 Unidade II Figura 15 – Regar plantas Disponível em: https://bit.ly/3T7KRvw. Acesso em: 3 out. 2022. Como identificar o greenwashing (BRAGA JUNIOR et al., 2019)? Ninguém gosta de ser enganado, especialmente quando se trata de prejudicar o planeta. Identificar e chamar a atenção para o greenwashing é importante para ajudar a acabar com o fenômeno. Aqui estão algumas coisas que podem ser feitas: • Desconfie de chavões verdes: empresas e produtos afirmam ser ambientalmente responsáveis usando palavras como “ecologicamente correto”, “reciclado”, “sustentável”, “vegano”, “consciente”. Eles usarão esses termos sem explicar como conseguiram atingir esse status. Quando você os vir, faça sua pesquisa para observar se deram mais informações; se não forneceram, provavelmente é greenwashing. • Pesquise a empresa: embora alguns produtos e serviços sejam anunciados como, ou realmente sejam ambientalmente conscientes, sua empresa anfitriã pode não o ser. Pense em comprar um cinto de couro vegano de um fabricante de jeans que polui ativamente os rios ou chocolate com embalagem reciclável de uma companhia que também vende garrafas plásticas de água de uso único. • Procure verificação: se uma empresa está realmente fazendo o que afirma, na maioria das vezes ela será verificada por terceiros. Isso significa que a instituição deveria ter recebido a aprovação de uma organização de auditoria ambiental. A lavagem verde não é ilegal em todos os lugares, a fraude ambiental direta é ilegal nos Estados Unidos e atualmente há ações sendo tomadas para implementar uma lei contra ela na Europa. Com isso em mente, vale a pena pesquisar se o greenwashing é ilegal no país onde um produto ou serviço 87 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES é produzido e acompanhar um processo de denúncia oficial para ajudar a garantir que a empresa seja punida (BRAGA JUNIOR et al., 2019). Mangini et al. (2020, p. 3) rotularam o greenwashing como “desinformação corporativa”. Já Braga Junior et al. (2019, p. 6) definiram o termo como “o ato de enganar consumidores em relação às práticas ambientais das organizações ou os benefícios ambientais de um produto ou serviço”. Eles caracterizaram a lavagem verde em termos de organizações combinando desempenho ambiental ruim com alegações sobre seu desempenho ambiental. Alguns exemplos ocorridos no Brasil podem ser objetos de nossa discussão. Em 2017, a montadora de automóveis Fiat trouxe para as mídias uma campanha que levantou questionamento das entidades ambientais do país. Ela fez a divulgação de um pneu verde, em que destacava como benefícios do tal produto o baixo consumo de combustível e a durabilidade. Após atuação das entidades ambientais e do consumidor, foi inferido que não havia como um pneu ser verde, principalmente devido ao seu modelo de produção e descarte. O resultado foi uma advertência do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pela prática de greenwashing. Outra prática que podemos trazer para nossa reflexão aconteceu em 2008, quando a Nestlé lançou uma marca de água mineral cujo slogan era: água engarrafada é o produto mais ambientalmente responsável do mundo. As entidades protetoras do meio ambiente mais uma vez agiram, questionando não a água em si, mas a embalagem em que ela era disponibilizada, gerando lixo, que levava anos para se decompor. O greenwashing pode ser apresentado como ambíguo, superficial, vago ou com falta de informação, utilizando ainda imagens, símbolos, slogans que visam mostrar propriedades ecológicas que não existem (BRAGA JUNIOR et al., 2019). Além disso, ele destaca fatos irrelevantes para disfarçar o fraco desempenho ambiental que reflete no comportamento do consumidor. Saiba mais Um bom exemplo da prática de greenwashing está no documentário Seaspiracy. Ele discute o impacto da pesca comercial e atraiu o apoio de celebridades e aplausos dos fãs com sua imagem condenatória dos danos que a indústria causa à vida oceânica. SEASPIRACY. Direção: Ali Tabrizi. Santa Rosa: AUM Films Disrupt Studios, 2021. 89 min. 88 Unidade II 6 NORMAS E CERTIFICAÇÕES EM RESPONSABILIDADE SOCIAL A responsabilidade social nas organizações não deve ser uma prática que vise apenas certificações, construção de imagem positiva ou valorização das ações nas bolsas de valores. Ela precisa ser algo institucional, enraizada, visando a recuperação e a construção de uma sociedade melhor para todos. Mas não se pode negar que a prática de responsabilidade social favorece, e muito, aos ativos intangíveis da organização, como reputação, marca e imagem que o público venha a ter da empresa. Assim, há algumas certificações que podem ser concedidas às instituições que estabelecem determinadas práticas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, s.d.) define certificação como “[...] um processo no qual uma entidade independente (3ª parte) avalia se determinado produto atende às normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na coleta e em ensaios de amostras”. Tais certificações não são normativas, ou seja, não são obrigatórias, mas muitas empresas fazem o pleito para poder comprovar as suas práticas socialmente responsáveis. Divididas em categorias de certificações ambientais, sociais, saúde e segurança, esse reconhecimento é feito pelo Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social (PBCRS). De acordo com o Inmetro (s.d.b), este programa “é um processo voluntário, no qual a organização busca demonstrar aos clientes e à sociedade, por meio de uma avaliação de terceira parte, que o sistema de gestão atende aos princípios da responsabilidade social”. A concessão de uma certificação envolve três agentes: o Inmetro (gestor do PBCRS), a ABNT (agente normalizador) e uma terceira parte, o acreditador (agente responsável por direcionar, avaliar, inspecionar e conceder a certificação). O programa brasileiro de certificação em responsabilidade social considera que as principais vantagens das certificações são (INMETRO, s.d.b): • estímulo a um processo decisório com pareceres fundamentados e baseados na melhor compreensão das expectativas da sociedade, das oportunidades associadas à responsabilidade social (inclusive com mais controle dos riscos legais) e dos riscos de não ser socialmente responsável; • melhoria das práticas de gestão de risco da organização; • evolução da reputação da organização e promoção de mais confiança por parte do público; • suporte à licença de operação de uma organização; • geração de inovação; 89 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • avanço da competitividade da organização, incluindo acesso a financiamento e status de parceiro preferencial; • progresso do relacionamento da organização com as partes interessadas, expondo‑a a novas perspectivas e ao contato com diferentes partes interessadas; • aumento da fidelidade, do envolvimento, da participação e da moral dos empregados; • refinamento da saúde e segurança dos trabalhadores de ambos os sexos; • impacto positivo na capacidade da organização de recrutar, motivar e reter os empregados; • economia resultante do aumento de produtividade e eficiência no uso dos recursos, redução no consumo de energia e água, diminuição do desperdício e recuperação de subprodutos valiosos; • maior confiabilidade e equidade das transações por meio de envolvimento político responsável, concorrência leal e combate à corrupção; • prevenção ou redução de possíveis conflitos com consumidores referentes a produtos ou serviços. Entre as certificações que iremos ver a seguir, destacaremos que aquelas referentesà qualidade são as únicas normativas, ou seja, obrigatórias. Sendo as principais a ISO da família 9000. ISO é uma sigla para International Organization for Standardization, que significa Organização Internacional de Normalização. Trata‑se de uma respeitada organização mundial que cuida dos padrões de normatização de procedimentos (SORATTO et al., 2006). 6.1 Qualidade A ISO 9001 é conhecida como a norma internacional que apresenta e direciona os requisitos para um sistema de gestão da qualidade (SGQ). As organizações utilizam‑na para demonstrar a capacidade de fornecer consistentemente produtos e serviços que atendem aos requisitos do cliente e regulamentares. Trata‑se do padrão mais acessível da série ISO 9000 e o único da série que as empresas podem certificar (MARIANI, 2006). Figura 16 – Símbolo que uma empresa certificada ISO 9001 pode utilizar Disponível em: https://bit.ly/3EEiyRc. Acesso em: 3 out. 2022. 90 Unidade II A ISO 9002 refere‑se à certificação empresarial que segue um padrão publicado pela ISO. Conforme Mariani (2006), a ISO criou diretrizes para garantia de qualidade na instalação, produção e prestação de serviços. A ISO 9003 é uma certificação não específica da indústria, que destina‑se a empresas que não precisam de controle de projeto, processo, compra ou manutenção, mas usam inspeção e teste como meio de determinar se os produtos ou serviços finais atendem aos requisitos (MARIANI, 2006). Também é muito comum encontrarmos as ISOs como NBRs, isto é, quando adaptadas para normas ABNT no Brasil, por exemplo: ABNT NBR ISO 9001, ABNT NBR ISO 9002 e ABNT NBR ISO 9003. Elas indiretamente contribuem para a RSE em função da melhoria contínua de qualidade (MARIANI, 2006). 6.2 Ambiental Vejamos na sequência algumas certificações ambientais: • EMAS: o EU Eco‑Management and Audit Scheme (EMAS) é um instrumento de gestão integrada desenvolvido pela Comissão Europeia para empresas e outras organizações avaliarem, reportarem e melhorarem o seu desempenho ambiental (BORGES, 2021). • ISO 14001: a ISO 14001 é a norma internacional que especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental (SGA) eficaz. Ela fornece uma estrutura que uma organização pode seguir, em vez de estabelecer requisitos de desempenho ambiental. Esta ISO também pode ser encontrada como NBR 14001, que diz ser adaptada para normas ABNT no Brasil como ABNT NBR ISO 14001: A ABNT NBR ISO 14001 é uma norma aceita internacionalmente que define os requisitos para colocar um sistema da gestão ambiental em vigor. Ela ajuda a melhorar o desempenho das empresas por meio da utilização eficiente dos recursos e da redução da quantidade de resíduos, ganhando assim vantagem competitiva e a confiança das partes interessadas (ABNT, 2015). Alguns dos seus pilares são: cumprimento da legislação ambiental; diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais de cada atividade; procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou diminuir os impactos ambientais e pessoal devidamente treinado e qualificado. 6.3 Saúde e segurança Vejamos na sequência algumas certificações de saúde e segurança: • OHSAS 18001: OHSAS 18000 é uma especificação internacional de sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. Ela compreende duas partes, 18001 e 18002, e abrange várias outras publicações. A OHSAS 18001 é uma série de avaliação de saúde e segurança ocupacional para sistemas de gestão de saúde e segurança que estabelece diretrizes para eliminar ou minimizar o risco para os funcionários e outras partes interessadas que possam estar expostas aos riscos associados às suas atividades, além de implementar, manter e melhorar continuamente o ambiente de trabalho. 91 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • ISO 45001: a ISO 45001 é uma norma internacional para saúde e segurança no trabalho desenvolvida por comitês de normas nacionais e internacionais independentes do governo. Foi introduzida em março de 2018, substituindo o BS OHSAS 18001. A principal diferença entre ambos os padrões é que a ISO 45001 adota uma abordagem proativa que exige que os riscos de perigo sejam avaliados e remediados antes que causem acidentes e lesões, enquanto a OHSAS 18001 adota uma abordagem reativa que se concentra apenas nos riscos e não nas soluções (ISO, s.d.). • ISO 45005: gestão de saúde e segurança no trabalho — Diretrizes gerais para um trabalho seguro durante a pandemia de COVID‑19. Este documento fornece diretrizes para as organizações sobre como gerenciar os riscos decorrentes da pandemia para proteger a saúde, a segurança e o bem‑estar relacionados ao trabalho (ISO, s.d.). • HCS e HHPS: o Human Cosmetic Standard (HCS) e o Humane Household Products Standard (HHPS) são os únicos padrões internacionais para produtos cosméticos e produtos de limpeza que confirmam que os itens e seus ingredientes não foram testados em animais. Vejamos o seu símbolo na sequência: Figura 17 – Símbolo das empresas que não testam produtos em animais Disponível em: https://bit.ly/3g0ez7e. Acesso em: 3 out. 2022. 6.4 Sustentabilidade e responsabilidade social Vejamos na sequência algumas certificações de sustentabilidade e responsabilidade social: • FSC e FSC Brasil: o FSC é o principal catalisador e força definidora para uma melhor gestão florestal e transformação do mercado, mudando a tendência global das florestas para o uso sustentável, conservação, restauração e respeito por todos. Tornar‑se certificado pelo FSC mostra que você atende aos mais altos padrões sociais e ambientais do mercado. A preocupação pública com o estado das florestas e dos recursos madeireiros do mundo está aumentando, e o FSC oferece uma solução confiável para questões ambientais e sociais complexas. Existem três tipos de certificação: manejo florestal, cadeia de custódia e madeira controlada (BORGES, 2021). Vejamos seu selo na sequência: 92 Unidade II Figura 18 – Selo FSC para empresas certificadas Disponível em: https://bit.ly/3rHseTB. Acesso em: 3 out. 2022. • MSC: o Marine Stewardship Council é uma organização internacional sem fins lucrativos. Ele reconhece e recompensa os esforços para proteger os oceanos e salvaguardar os suprimentos de frutos do mar para o futuro. Vejamos o seu selo na sequência: Figura 19 – Selo MSC para empresas certificadas Disponível em: https://bit.ly/3ROgXv5. Acesso em: 3 out. 2022. • AA1000: a série de padrões AA1000 da AccountAbility é formada por estruturas baseadas em princípios usadas por empresas globais, empresas privadas, governos e outras organizações públicas e privadas para demonstrar liderança e desempenho em prestação de contas, responsabilidade e sustentabilidade. Ela pode ser definida como o conjunto de princípios e padrões de prestação de contas que contribuem para o sucesso da implementação de políticas de sustentabilidade. Seus princípios são: inclusão – as pessoas devem ter voz nas decisões que as afetam; materialidade ‑ os tomadores de decisão devem identificar e ser claros sobre os tópicos de sustentabilidade que importam; capacidade de resposta – as organizações devem agir de forma transparente sobre temas materiais de sustentabilidade e seus impactos relacionados. Portanto, representa um fator‑chave para o desempenho econômico, social e ambiental (DAYANKAC, 2022). 93 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • GRI: a GRI (Global Reporting Initiative) é a organização internacional independente que ajuda empresas e outras organizações a assumirem a responsabilidade por seus impactos, fornecendo‑lhes a linguagem global comum para comunicá‑los. Para permitir que todas as instituições relatem seu desempenho econômico, ambiental, social e de governança, a GRI produz gratuitamente diretrizes para relatórios de sustentabilidade. • SA8000: o SA 8000 é um padrão de certificação internacional que incentiva as organizações a desenvolver, manter e aplicar práticas socialmente aceitáveis no local de trabalho. Seus critérios foram desenvolvidos a partir de várioscódigos da indústria e corporativos para criar um padrão de conformidade com o bem‑estar social. Alguns dos pilares desta certificação são: gestão eficiente e eficaz para realização do trabalho em nome da organização, melhoria dos sistemas de governança corporativa na organização, aumento do desempenho e controle da cadeia de suprimentos na organização, além do crescimento da taxa de retenção de funcionários na empresa. • NBR 16001: a NBR 16001 foi desenvolvida em 2004 pela ABNT e tem como objetivo estabelecer padrões para a implantação de um sistema de gestão de responsabilidade social nas organizações. A ABNT NBR 16001 adota uma definição ampla de responsabilidade social, em que são incorporadas as dimensões ambientais, econômicas e sociais da sustentabilidade, bem como o engajamento das partes interessadas e a participação delas em todo o processo. Implantar, manter e aprimorar um sistema para tal, além de assegurar‑se de sua conformidade com a legislação aplicável e com a sua política da responsabilidade social e gerar o engajamento das partes interessadas nos processos são os requisitos desta NBR. Ela menciona os objetivos, metas e programas que a organização deve contemplar na área de responsabilidade social (SORATTO et al., 2006). Entre as várias orientações da ISO, destacam‑se: — boas práticas de governança corporativa; — combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção; — práticas leais de concorrência; — combate ao trabalho infantil, seguindo o Estatuto da Criança e do Adolescente; — remuneração justa, benefícios básicos e combate ao trabalho forçado; — inclusão e diversidade no ambiente de trabalho; — promoção do desenvolvimento profissional; — promoção da saúde e segurança no ambiente de trabalho; — processos de produção sustentáveis desde os fornecedores até o consumidor final; — promoção do desenvolvimento sustentável. 94 Unidade II Saiba mais Quer conhecer mais sobre a NBR 16001? Acesse o site do Inmetro e leia o artigo a seguir: INMETRO. A norma nacional – ABNT NBR 16001. Inmetro, Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/tMAonML. Acesso em: 3 out 2022. Lembrete • Certificação: um processo no qual uma entidade independente (3ª parte) avalia se determinado produto atende às normas técnicas. • Normas: padrões a serem seguidos para cumprimento dos processos e obtenção das certificações. As certificações não são obrigatórias e não geram multas. 6.5 ISO 26000 Para empresas e organizações comprometidas em operar de forma socialmente responsável, existe a ISO 26000. Trata‑se de uma norma internacional desenvolvida para ajudar as corporações a avaliar e abordar suas responsabilidades sociais. Sua versão mais recente, ISO 26000:2010, foi revisada e confirmada pela última vez em 2017 (INMETRO, s.d.b). Ela fornece orientação para aqueles que reconhecem que o respeito à sociedade e ao meio ambiente é um fator crítico de sucesso. Ainda de acordo com o referido órgão (s.d.b), além de ser a coisa certa a fazer, a aplicação da ISO 26000 é cada vez mais vista como uma forma de avaliar o compromisso de uma organização com a sustentabilidade e seu desempenho geral. A ISO 26000 destina‑se a ajudar as instituições a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Incentiva‑os a ir além da legalidade do cumprimento, reconhecendo que tal fato é um dever fundamental e uma parte essencial do seu programa de responsabilidade social. A norma busca promover um entendimento da responsabilidade social enquanto complementa – mas não substitui – outras ferramentas e iniciativas existentes. Ao aplicar a ISO 26000, as organizações devem considerar questões social, ambiental, legal, cultural, político e organizacional, bem como as diferenças nas condições econômicas, sendo consistente com normas internacionais de comportamento (PARK; KIM, 2011). Não se trata de uma norma de sistema de gestão. Não contém requisitos e, como tal, não pode ser utilizada para certificação. Qualquer oferta ou alegação de certificação, de acordo com a ISO 26000, seria uma deturpação de sua intenção e propósito (INMETRO, 2022). 95 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Mais de 80 países adotaram a ISO 26000:2010 como padrão nacional, fazem parte: EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha e França, bem como muitos países em desenvolvimento. Milhares de empresas e organizações em todo o mundo usam o padrão, incluindo marcas globais como Coca‑Cola e Starbucks (PARK; KIM, 2011). Em conformidade com Deus, Seles e Vieira (2014), o desempenho de uma organização em responsabilidade social pode influenciar, entre outras coisas, em: • vantagem competitiva; • reputação; • capacidade de atrair e reter trabalhadores ou membros, clientes e usuários; • manutenção do moral dos funcionários, comprometimento e produtividade; • percepção de investidores, proprietários, doadores, patrocinadores e comunidade financeira; • relacionamento com empresas, governos, mídia, fornecedores, pares, clientes e comunidade na qual opera. A ISO 26000 destina‑se a ajudar todos os tipos de organizações nos setores público, privado e sem fins lucrativos. Seus temas centrais abordam questões que são relevantes a todas as empresas, independentemente do tamanho ou localização. Eles devem ser adaptados a qualquer setor, incluindo energia, transporte, manufatura, varejo e alimentos. Embora os primeiros adotantes do padrão fossem muitas vezes corporações multinacionais, a ISO 26000 foi projetada com a flexibilidade de ser usada por todos, inclusive por hospitais, escolas e instituições de caridade sem fins lucrativos. Observação A certificação é um interesse da organização. Não há nenhuma lei, por exemplo, que obrigue a empresa a ser certificada pela ISO 26000. 96 Unidade II Resumo Nesta unidade, apresentamos para discussão e aprendizagem a contabilidade e as certificações como aliadas da responsabilidade social. Falamos sobre contabilidade ambiental, balanço social e relatório de sustentabilidade e incentivos fiscais. De forma ampla, a contabilidade ambiental, também chamada de contabilidade verde, refere‑se à modificação do Sistema de Contas Nacionais para incorporar o uso ou esgotamento dos recursos naturais. Trata‑se de uma ferramenta vital para auxiliar na gestão dos custos ambientais e operacionais dos recursos naturais. Devemos relembrar que o Conselho Federal de Contabilidade (2020) afirma que a contabilidade ambiental é composta de três facetas principais: custo de conservação ambiental (valor monetário), benefícios de conservação ambiental (unidades físicas) e benefício econômico associado às atividades de conservação ambiental (valor monetário). Vimos que na contabilidade ambiental existem alguns demonstrativos contábeis como o balanço social e o relatório de sustentabilidade. O balanço social pode ser definido como o instrumento no qual são detalhados os custos e benefícios do impacto das ações ou atividades que uma empresa realiza na sociedade. Já o relatório de sustentabilidade é a divulgação e comunicação das metas ambientais, sociais e de governança, bem como o progresso de uma empresa em relação a elas. Ainda tratamos acerca dos incentivos fiscais oferecidos a organizações e pessoas que praticam responsabilidade social, eles consistem no abatimento do valor de impostos devidos que são destinados a algum programa ambiental, social, esportivo e de saúde. Na sequência, lidamos com o conceito de greenwashing, que é considerado uma alegação infundada para enganar os consumidores a acreditar que os produtos de uma companhia são ecologicamente corretos. Por exemplo, as empresas envolvidas no comportamento de lavagem verde podem alegar que seus produtos são de materiais reciclados ou têm benefícios de economia de energia. Posteriormente, focamos nas certificações em responsabilidade social. Foram apresentadas e discutidas certificações de qualidade, ambiental, saúde e segurança e sustentabilidade e responsabilidade social. Devemos semprenos lembrar que a certificação é um processo no qual uma entidade independente (3ª parte) avalia se determinado 97 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES produto atende às normas técnicas. Não se trata de algo obrigatório ou que gere multas. Por fim, exibimos a ISO 26000. Trata‑se de uma norma internacional desenvolvida para ajudar as organizações a avaliar e abordar suas responsabilidades sociais, destina‑se a ajudá‑las a contribuir para o desenvolvimento sustentável. Incentivando‑as a ir além da legalidade cumprimento, reconhecendo que o cumprimento da lei é um dever fundamental e uma parte essencial do programa de responsabilidade social. 98 Unidade II Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. A contabilidade ambiental como diferencial comercial É cada vez maior o número de consumidores que levam em consideração as decisões ambientais de uma empresa e o seu consequente envolvimento com a sociedade na hora de comprar um produto. Empresas que sabem capitalizar essa preocupação com o meio ambiente, portanto, podem ter benefícios comerciais diretos decorrentes dessa política, como melhoras na percepção de marca, publicidade espontânea e defesa dos consumidores nas redes sociais. Adaptado de: https://bit.ly/3yt2eyW. Acesso em: 3 out. 2022. Com base no exposto e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I – As despesas ambientais são aquelas relacionadas direta ou indiretamente com a proteção do meio ambiente, como o tratamento de resíduos de produção. II – Na contabilidade ambiental, as perdas representam os recursos utilizados para saldar os valores decorrentes dos acidentes ambientais. III – As receitas ambientais representam os bens e direitos relacionados à preservação ambiental que tenham a capacidade de formação de proventos futuros. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa B. 99 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: as despesas ambientais são aquelas relacionadas com o gerenciamento ambiental, ou seja, as que têm relação com a área administrativa da empresa. II – Afirmativa correta. Justificativa: as perdas ambientais são aquelas que representam gastos para amortizar imprevistos relacionados ao meio ambiente, como eventuais acidentes e desastres ambientais. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: as receitas ambientais são aquelas oriundas das vendas de produtos reciclados e afins ou da prestação de serviços relacionados com a gestão ambiental. Questão 2. Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I – O termo greenwashing diz respeito às práticas que as empresas ambientalmente responsáveis empregam quando informam aos clientes que um determinado produto é “amigo” do meio ambiente. porque II – Existem produtos que se intitulam ambientalmente corretos, no entanto, não apresentam certificações nem ingredientes que comprovam tal característica. É correto afirmar que: A) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. B) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira. C) A primeira asserção é verdadeira, e a segunda asserção é falsa. D) A primeira asserção é falsa, e a segunda asserção é verdadeira. E) As duas asserções são falsas. Resposta correta: alternativa D. 100 Unidade II Análise da questão A primeira asserção é falsa, pois o termo greenwashing refere‑se à prática empresarial de rotular produtos como ecologicamente corretos, mas que nem sempre são sustentáveis. A comunicação, para atrair o cliente, pode apresentar um apelo ecológico; no entanto, trata‑se apenas de uma falsa aparência de sustentabilidade, ou seja, uma prática enganosa. A segunda asserção é verdadeira, pois o uso do greenwashing deixa o consumidor em dúvida sobre as características ecológicas de alguns produtos que na prática não cumprem o que está descrito em suas embalagens. 101 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Unidade III 7 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOB A ÓTICA DE DIFERENTES PÚBLICOS 7.1 Diferentes públicos envolvidos na prática de responsabilidade social Agora, mais do que nunca, é essencial que as empresas se concentrem na responsabilidade social corporativa ou em seus esforços para melhorar comunidades, meio ambiente e sociedades em que operam. Clientes, funcionários, fornecedores e outras partes interessadas têm uma expectativa crescente de que seus valores estejam alinhados com os negócios com os quais trabalham e de onde consomem ou mantêm qualquer tipo de relação. Na verdade, 87% dos consumidores estão interessados em ouvir sobre os impactos sociais, de saúde, ambientais e de segurança dos produtos que compram e da empresa que os fabrica. Os compradores atuais estão bem informados e conscientes sobre os eventos atuais, impacto social e padrões éticos. Eles esperam que as companhias reflitam essas preocupações e seu papel dentro delas (TOPSUN, 2021). A responsabilidade social se destina a diferentes públicos com os quais as organizações mantêm algum tipo de relação. A norma internacional que fornece orientação sobre responsabilidade social, chamada ISO 26000, define um stakeholder como um indivíduo ou grupo que tem interesse em qualquer decisão ou atividade de uma companhia. As partes interessadas são indivíduos, grupos ou organizações diretamente envolvidos ou indiretamente afetados por um projeto, produto, serviço ou empresa. Como tal, as partes interessadas também afetam por que e como uma corporação faz negócios (WILLIAMSON; BURKE; BEINECKE, 2011). Dessa forma, considerando que a responsabilidade social das organizações deve abranger diferentes públicos, é importante que se determine quem são tais públicos e quais são as ações voltadas a cada um deles. • Usuários como partes interessadas: pessoas do tipo stakeholder que usarão os produtos de seu projeto ou programa. Eles são os beneficiários dos resultados, podendo ser clientes. Trata‑se de um grupo muito importante das partes interessadas ou de outro departamento interno. Por exemplo, no caso de entregar um novo pacote de software para sua equipe de vendas, as partes interessadas seriam a equipe de vendas (TENÓRIO, 2015). • Governança como partes interessadas: pessoas ou grupos de pessoas que têm interesse em como as coisas são gerenciadas no projeto ou programa. Por exemplo, conselhos de administração ou grupos de direção se enquadram nesta categoria, pois geralmente têm o trabalho de monitorar a qualidade do projeto à medida que ele se desenvolve e fornece aconselhamento e orientação ao longo de seu curso. Aqui, os stakeholders pertencem a auditores, reguladores e executivos de saúde e segurança. 102 Unidade III • Influenciadores como stakeholders: pessoas que têm o poder de influenciar decisões e a capacidade de mudar a direção de um determinado projeto ou programa. Neste grupo, as partes interessadas pertencem a sindicatos e grupos de lobby, pois são conhecidos por terem a capacidade de impactar o andamento de um projeto e proteger e melhorar o resultado. • Provedores como partes interessadas: como seria de esperar, fornecedores e vendedores se enquadram nesta categoria. Mais especificamente, o trabalho de um fornecedor é fornecer uma empresa. Além disso, o grupo de fornecedores pode abranger um número maior de perfis, incluindo parceiros de negócios, contratados temporários, equipe de catering e qualquer outra pessoa que forneça recursos para o projeto ou programa (WILLIAMSON; BURKE; BEINECKE, 2011). A equipe pode ser tanto de usuários quanto influenciadores – especialmente se você estiver pesquisando sobre as necessidades de treinamento, por exemplo, e depois moldando o programa como resultado das descobertas. A seguir, definiremos alguns públicos e como a responsabilidade social impacta neles. A responsabilidade social voltada para o público interno temfoco os colaboradores, com o objetivo de motivá‑los e criar um ambiente de trabalho favorável. O Instituto Ethos (2013a) afirma que O funcionário é um dos mais importantes stakeholders da empresa. Atuar de forma socialmente responsável com o público interno significa mais do que respeitar os direitos garantidos pela legislação. Isso é imprescindível, mas também é necessário investir no seu desenvolvimento pessoal e profissional, assim como oferecer sucessivas melhorias nas suas condições de trabalho. É preciso ainda respeitar as culturas locais e manter um relacionamento ético e responsável com as minorias e com as instituições que representam seus interesses. Nesse novo cenário, o público interno deve estar inserido nas decisões estratégicas relacionadas a incremento de produtividade, substituição de recursos, avaliação de fornecedores, melhorias operacionais e outras medidas que corroborem para o desenvolvimento contínuo da empresa na adoção de uma gestão socialmente responsável. Nesse contexto, as empresas têm o desafio de aumentar os níveis de competitividade e produtividade, paralelamente à preocupação com a legitimidade social de sua atuação. O dinamismo dessa equação está representado pela necessidade constante de mudanças, que vão da escolha da matéria‑prima para concepção dos produtos à abordagem dos processos produtivos. Outro público que merece atenção das empresas nas práticas de responsabilidade social é o dos fornecedores. Todas as empresas, incluindo fornecedores, assumem a responsabilidade de não prejudicar o meio ambiente, reduzir o desperdício e a poluição, controlar as emissões de gases e cumprir as regulamentações governamentais, ao mesmo tempo em que diminuem seus custos e aumentam seus lucros. Aquelas que adotam a abordagem de busca de valor integram sistematicamente suas políticas 103 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES ambientais em suas estratégias de negócios de longo prazo, refletem essas políticas em suas decisões e compartilham isso com todos os seus stakeholders, estimulando‑os a integrar as políticas ambientais aos seus próprios processos de negócios (TOMEI, 1984). Podemos falar ainda como um stakeholder impactado pela responsabilidade social das organizações junto à comunidade em que a empresa está inserida: o engajamento da comunidade é um dos pilares fundamentais da responsabilidade social corporativa (RSC), ao lado da preocupação com o local de trabalho, o mercado e o meio ambiente. Tal envolvimento pode acontecer de diferentes formas. Por exemplo, algumas companhias optam por apoiar uma instituição de caridade local com contribuições financeiras ou abrir vagas de trabalho exclusivas para jovens da comunidade local. Neste sentido, a RSE é definida como um sistema de gestão das relações entre a empresa e o meio em que ela está inserida (stakeholders e comunidades locais). As corporações implementam a RSC voluntariamente, sem serem obrigadas por lei a atingir objetivos sociais e ambientais em suas atividades diárias de negócios. Elas podem ser responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social, bem como pela proteção ambiental, a fim de melhorar a qualidade de vida dos moradores, pois possuem as ferramentas necessárias para influenciar a forma e a direção do desenvolvimento da cidade (SOUZA; MARCON, 2002). É importante destacarmos o governo como um público de interesse da responsabilidade social das empresas. Estudos têm demonstrado que a RSE cria valor social e melhora o bem‑estar social, o que constitui os principais objetivos da política governamental. Parece natural, portanto, estimular a maior colaboração entre as esferas pública e privada, pois suas intenções são muitas vezes complementares. A RSE não apenas pode impactar a sociedade em que vivemos e criar uma comunidade mais saudável, como poderá ser parte de uma estratégia de negócios para o sucesso. Constrói uma posição ética crucial, na qual os membros são responsáveis pelo cumprimento de seu dever público (TOMEI, 2014). Por fim, mas não menos importante, estão os consumidores. De acordo com Markstein e Certus Insights (apud SOUZA; MARCON, 2002), 70% dos consumidores querem saber como as marcas que apoiam estão abordando questões sociais e ambientais, e 46% deles prestam muita atenção a esses esforços ao tomar decisões de compra. O aspecto dos consumidores da RSE é conhecido como responsabilidade social do consumidor (CnSR). A responsabilidade social do consumidor pode ser definida como consumidores individuais socialmente conscientes ou moralmente motivados que compram produtos éticos que correspondem às suas preocupações éticas. A responsabilidade social no marketing envolve focar esforços na atração de consumidores que desejam fazer uma diferença positiva em suas compras. Muitas empresas adotaram elementos socialmente responsáveis em suas estratégias de marketing para ajudar uma comunidade por meio de serviços e produtos benéficos (SOUZA; MARCON, 2002). Aqui foram apresentados alguns stakeholders das organizações que podem ser impactados pelas práticas de responsabilidade social. Fazem parte deles: proprietários, acionistas, investidores, governo, organizações não governamentais e grupos de interesse especial, comunidades, mídia, funcionários, consumidores, fornecedores, parceiros de negócios e concorrentes. O motivo de ser uma empresa socialmente responsável significa, antes de tudo, perceber a posição da instituição não apenas no 104 Unidade III mercado, mas na sociedade e conhecer os benefícios não somente dos atuais lucros econômicos de curto prazo, mas do reconhecimento da empresa por toda a sociedade em longo prazo. E essencial lembrar que esforçar‑se pela responsabilidade social ajuda indivíduos, organizações e governos a ter um impacto positivo no desenvolvimento, nos negócios e na sociedade. 7.2 Responsabilidade social na esfera pública Em vez de nos concentrarmos apenas nas corporações, devemos perguntar quando os governos reafirmarão seu papel adequado como provedores de bens públicos e promotores do progresso social. As empresas sozinhas não podem resolver problemas em escala global. Mas mesmo que pudessem, elas poderiam falir ou ser adquiridas e, portanto, não seriam capazes de substituir a máquina permanente dos Estados. As multinacionais constantemente se consolidam e se separam, e não há razão para supor que uma determinada corporação (ou mesmo um setor inteiro) ainda existirá uma geração – ou mesmo dez anos a partir de agora. Por outro lado, é razoável esperar que a maioria dos governos desejará e deve aproveitar sua continuidade para oferecer soluções para problemas de longo prazo (SAHU; PANIGRAHY, 2016). Como o governo pode contribuir mais para os esforços de responsabilidade social? Para responder a essa pergunta, precisamos entender melhor o papel dele na promoção e apoio a iniciativas e campanhas de responsabilidade social. Embora seja mais comumente associada ao setor de negócios corporativos, é muito importante prestar atenção às principais partes interessadas, como governos federal, estadual e municipal. Nas últimas décadas, os governos juntaram‑se a outras partes interessadas para assumir um papel relevante como impulsionador da responsabilidade social e adotar funções do setor público no fortalecimento de iniciativas (LOPES, 2015). Agora que o mundo moderno se tornou inerentemente globalizado com suas economias e desafios políticos, a estrutura fornecida pelas iniciativas de responsabilidade social fornece à sociedade uma maneira de aprender como é a colaboração bem‑sucedida entre corporações, governos e sociedade. Os governos empregam vários métodos para incentivar melhores práticas de RSE na esfera privada, muitos dos quais refletem abordagens não intrusivas e não intencionais. Mais crucialmente, os governos estão na posição de aumentar a conscientização e desenvolver capacidades de RSE entre empresas e partes interessadas – um papel importante devido à natureza amplamentevoluntária da RSE. Quanto mais as pessoas estiverem cientes dos desafios sociais enfrentados pelas empresas, maior a probabilidade de que a atenção se concentre no desenvolvimento de soluções para lidar com esses problemas (LOPES, 2015). A colaboração entre o governo e o setor privado é, sem dúvida, uma das maneiras mais eficazes de melhorar os padrões nacionais de RSE nas empresas. Ao estabelecer as bases para padrões mínimos de RSE e encorajar as companhias a ultrapassarem esse limite, o envolvimento do governo pode garantir que os objetivos sociais sejam seguidos e que as iniciativas voluntárias de RSE sejam realizadas de acordo com um padrão apropriado (BEZERRA; SHIMIZU, 2021). 105 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES As agências do setor público podem abordar preocupações sobre questões climáticas, erradicação da corrupção, respeito pelos direitos civis fundamentais de todos os cidadãos, segurança nos investimentos, sustentabilidade, bem como outras áreas de interesse ou preocupação nacional ou local. Estudos têm demonstrado que a RSE cria valor social e melhora o bem‑estar social, o que constitui os principais objetivos da política governamental. Parece natural, portanto, estimular mais colaboração entre as esferas pública e privada, pois seus fins são muitas vezes complementares. A principal razão por trás da RSE, muitas vezes referida como o princípio triple bottom line, implica que as empresas não devem servir apenas como fins econômicos, mas sociais e ambientais. Essa ideia é reflexiva se os principais objetivos políticos do governo (e, portanto, a cooperação entre as duas esferas) pode promover melhor esses objetivos e trazer melhorias nas práticas de RSE nas corporações (BEZERRA; SHIMIZU, 2021). O governo fornece informações vitais ao setor privado por meio de iniciativas que incluem sites que informam às empresas sobre a RSE e seu papel nos negócios e na sociedade. Relatórios sobre RSE, bem como diretrizes patrocinadas pelo governo, ajudam as instituições a lidar com preocupações individuais que podem prevalecer em seu setor e práticas. As corporações podem consultar recursos on‑line para obter informações sobre os problemas predominantes e como resolvê‑los. O fornecimento de dados e diretrizes emitidos pelo Estado ajuda as empresas a se conscientizarem das questões de RSE predominantes em todos os setores. O governo também está envolvido no estabelecimento de padrões por meio do fornecimento de estruturas de políticas que incentivam as empresas a melhorar seu desempenho além dos padrões legais mínimos. O papel de formulação de políticas governamentais é crucial para promover a RSE entre diferentes indústrias em âmbito, incentivando o endurecimento dos padrões em todos os setores. Incentivos econômicos são frequentemente usados para facilitar práticas socialmente responsáveis (BEZERRA; SHIMIZU, 2021). Assim, os governos desempenham um papel importante no apoio às iniciativas de responsabilidade social corporativa. Eles podem legislar, fomentar, fazer parcerias com empresas e endossar boas práticas para facilitar o desenvolvimento da RSC. Para Gomes e Valdisser (2018), algumas práticas de responsabilidade social que a esfera pública pode adotar são: • criar um ambiente favorável para gestão e interação social; • conscientizar e estimular o debate público sobre desafios e questões sociais; • promover iniciativas de RSE endossando ou convidando empresas e obtendo apoio da comunidade em geral; • reconhecer formalmente as iniciativas de responsabilidade social; • desenvolver documentos de orientação e certificações de RSE; • construir capacidades de RSE nas empresas, sociedade civil e autoridades públicas através de formações, plataformas de internet etc.; 106 Unidade III • convocar empresas e partes interessadas como extensão da capacitação; • mediar (ou seja, arbitragem ativa, mas neutra) interesses (por exemplo, em órgãos tripartidos) que podem se basear no papel de convocação; • financiar a investigação e facilitar a criação de redes de investigadores no contexto da RSE; • arcar com iniciativas de RSE; • participar de parcerias público‑privadas; • gerar ferramentas para a gestão da RSE. Em resumo, os governos federal, estadual e municipal desempenham grande papel para ajudar a resolver os problemas mais prementes da sociedade. É importante que todos os setores desempenhem uma função na tentativa de alcançar uma mudança de comportamento bem‑sucedida. Muitas empresas esperam por negócios e muitos governos foram cooptados ou sobrecarregados por interesses privados. Aumentar a responsabilidade social intersetorial e estabelecer mais parcerias parece ser a resposta de uma maior responsabilização no futuro, e promover esse tipo de engajamento é exatamente como os governos podem contribuir para os esforços de responsabilidade social (SAHU; PANIGRAHY, 2016). 7.3 Accountability A responsabilidade social está ligada à responsabilização pessoal e refere‑se às atitudes de cidadãos e organizações responsáveis que consideram os impactos de suas ações na comunidade em geral. Medeiros, Crantschaninov e Silva (2013, p. 2) definem accountability como: prestação de contas, mas alguns autores e estudiosos da gestão pública defendem que os termos controle, fiscalização, responsabilização, compromisso, proatividade e transparência também podem ser usados para defini‑la. Ainda para os autores (2013), responsabilização social é definida como uma abordagem para a construção da responsabilização que se baseia no engajamento cívico, ou seja, são cidadãos comuns e/ou organizações da sociedade civil que participam direta ou indiretamente da responsabilização. As empresas geralmente são movidas pelo lucro. Como tal, elas respondem a seus acionistas, liderança, investidores ou outras partes interessadas relacionadas. Mas muitas pessoas acreditam que o resultado final de uma companhia não deve ser o único fator motivador. Na verdade, as instituições e seus líderes também devem ser responsabilizados por suas ações. Isso é feito por meio da responsabilidade corporativa. Conforme observado, a responsabilidade corporativa significa que uma empresa assume a obrigação por todas e quaisquer de suas ações. Isso pode se dar pelo seu sucesso financeiro (ou falta dele) e, mais importante, em áreas como responsabilidade social e sustentabilidade. Ou seja, as corporações são 107 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES responsáveis não apenas por seus stakeholders financeiros, mas por outros, como seus funcionários, comunidade e público em geral. A responsabilidade corporativa sustenta que as empresas devem ser responsabilizadas pelo impacto de suas ações na sociedade e no meio ambiente. É também um conceito importante para investidores e acionistas preocupados com o investimento ético. Essa estratégia envolve a escolha do investimento com base em princípios éticos (MEDEIROS; CRANTSCHANINOV; SILVA, 2013). O termo responsabilidade corporativa refere‑se ao desempenho de uma empresa em áreas não financeiras, como responsabilidade social, sustentabilidade e governança corporativa. Ela defende que o desempenho financeiro não deve ser o único objetivo importante de uma companhia e que os acionistas não são as únicas pessoas pelas quais uma instituição deve ser responsável. Na verdade, inclui partes interessadas, como funcionários e membros da comunidade, como aqueles que exigem responsabilidade (TAMVADA, 2020). 7.4 Ética empresarial Como já visto, ética vem da palavra grega ethos, que significa caráter moral, e significa saber a diferença entre o certo e o errado e continuar fazendo a coisa certa. Decisões comerciais éticas podem ser baseadas em sua consciência ou em princípios. Em ambos os casos, os indivíduos tomam suas próprias decisões de acordo com as leis do país ou com suas crenças centrais (RODA; FONSECA; KROM, 2020). No âmbito dos negócios, os líderes corporativos devem seguir o comportamento correto para o bem detodos, incluindo acionistas, partes interessadas, funcionários, clientes e a comunidade. As atividades comerciais não podem prejudicar pessoas, produtos ou serviços e têm de ajudar a proteger a reputação da empresa. Ética nos negócios são os princípios morais que atuam como diretrizes para a forma como uma empresa é conduzida e efetua suas transações. De muitas maneiras, as mesmas diretrizes que os indivíduos usam para se comportar de maneira aceitável em ambientes pessoais e profissionais se aplicam às corporações (FERRELL et al., 2019). A ética nos negócios é fundamental em tempos de mudanças. Em épocas boas e estáveis, é comum que bons valores sejam dados como garantidos. Por outro lado, durante crise ou confusão, a ética das pessoas tende a guiar seu comportamento. A resposta geral a isso é questionar e examinar o comportamento para garantir que a boa ética seja praticada no local de trabalho (RODA; FONSECA; KROM, 2020). A missão, a visão e os valores de uma empresa formam um credo que descreve o mais alto conjunto de itens sob os quais uma instituição opera. Eles representam os tipos de pensamentos e comportamentos que os funcionários e outras partes interessadas devem aspirar. Um código de ética formal é um pouco diferente. Trata‑se de uma política que afirma o que os funcionários e outros não devem fazer, e é específico para aqueles que trabalham sob ele. Nas grandes companhias, eles podem 108 Unidade III estabelecer códigos de ética específicos para departamentos individuais e outro geral que todos devem cumprir. Observação Os códigos de ética são mais do que um mecanismo legal. O comportamento ético faz parte da cultura corporativa, sendo que a linguagem e o comportamento apropriados começam no topo. A ética nos negócios pode ser um desafio porque decisões geralmente são um reflexo de crenças e culturas, além da própria cultura corporativa. Os relacionamentos são complicados e nem sempre há uma resposta adequada e clara. As avaliações culturais podem ser uma parte valiosa para entender se determinados comportamentos estão de acordo com o código de ética de uma empresa (RODA; FONSECA; KROM, 2020). A ética empresarial é a aplicação de valores éticos ao comportamento empresarial. Ela é relevante tanto para a conduta dos indivíduos quanto para a conduta da organização. Aplica‑se a todos e quaisquer aspectos da conduta empresarial, desde as estratégias da diretoria e como as empresas tratam seus funcionários e fornecedores até a técnicas de vendas e práticas contábeis. Agir eticamente significa determinar o que é certo e o que é errado. De acordo com Roda, Fonseca e Krom (2020), existem padrões básicos em todo o mundo ditando o que é errado ou antiético em termos de práticas de negócios. Por exemplo, suponha que a Empresa A trabalhe com um contato da Empresa B, um indivíduo por meio do qual eles negociam todos os preços dos suprimentos que compram da Empresa B. Ela naturalmente deseja obter os melhores preços nos suprimentos. Quando o indivíduo da Empresa B chega ao seu escritório em casa para negociar um novo contrato, ela o coloca em um hotel de primeira linha, na melhor suíte, e garante que todos os seus desejos e necessidades sejam atendidos enquanto ele estiver lá (MOREIRA, 2020). Em termos técnicos, a prática não é ilegal. No entanto, pode ser considerada uma área cinzenta – perto, mas não exatamente, de suborno – porque o indivíduo provavelmente estará mais inclinado a dar à Empresa A uma redução de preço às custas de obter o melhor negócio para sua própria empresa. A responsabilidade social é o dever de uma sociedade de tomar decisões éticas que impactem positivamente a sociedade. As organizações precisam considerar como suas ações afetam as comunidades para criar relacionamentos de confiança duradouros. A fim de serem socialmente responsáveis, elas precisam seguir rigorosamente seus códigos de ética (FERRELL et al., 2019). Moreira (2020) considera que os programas de responsabilidade social podem elevar o moral dos funcionários no local de trabalho e levar a uma maior produtividade, o que afeta a lucratividade da 109 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES empresa. Aquelas que implementam iniciativas de responsabilidade social conseguem aumentar a retenção e a fidelidade dos clientes. Assim, a ética empresarial diz respeito não apenas às obrigações sociais, mas àquelas para com funcionários, clientes, fornecedores e concorrentes. A RSE é sobre até que ponto as empresas devem algo à sociedade em geral (ou seja, aqueles que não têm um envolvimento direto com o negócio) (MOREIRA, 2020). O objetivo do negócio é obter o máximo lucro para proprietários e acionistas. Essa é uma afirmação simples que não descreve como as empresas podem ou não fazer seus negócios. A busca pela lucratividade não dá a elas a liberdade de ignorar a lei ou prejudicar grupos ou indivíduos no processo. Os dois termos são frequentemente usados de forma intercambiável, mas têm significados distintos. A diferença entre ética empresarial e responsabilidade social é uma questão importante a ser considerada por todas as companhias. Embora as formas que a ética e a responsabilidade social assumem variem significativamente entre as empresas, cada uma delas tem um lugar em cada organização (FERRELL et al., 2019). Para garantir uma atuação ética nos negócios e responsabilidade social, muitas corporações estabelecem um programa de gestão da ética que está de acordo com sua missão, visão e valores. Cada programa de ética é único para a organização. Tal programa é projetado para ensinar aos funcionários os valores e políticas que definem o padrão de comportamento para aqueles que trabalham dentro e ao redor da empresa. Lembrete Um dos pilares da responsabilidade social é a ética. Então, não há como uma empresa dizer que pratica responsabilidade social se ela não age de maneira ética. Para ser socialmente responsável, uma companhia deve ser, obrigatoriamente, ética. Conforme Moreira (2020), os princípios éticos mais comuns adotados pelas organizações são: • transparência; • integridade; • confiabilidade; • fidelidade; • igualdade; • compaixão; 110 Unidade III • respeito; • legalidade; • excelência; • responsabilidade; • manutenção da reputação; • prestação de contas. 7.5 Boas práticas de responsabilidade social Melhorar a gestão de RSC (com a sustentabilidade como um pilar fundamental) tornou‑se um ponto importante entre as organizações que buscam impulsionar o engajamento dos funcionários, construir o valor da marca e, mais importante, alcançar mudanças duradouras nas comunidades locais, enfim, das corporações que visam uma atuação socialmente responsável. As empresas socialmente responsáveis devem adotar políticas que promovam o bem‑estar da sociedade e do meio ambiente, ao mesmo tempo em que diminuem os impactos negativos sobre eles. Elas podem agir com responsabilidade de várias maneiras, promovendo o voluntariado, fazendo mudanças que beneficiem o meio ambiente e participando de doações de caridade. Para Mello e Mello (2018), consumidores e funcionários podem perceber quando os esforços de RSO de uma organização não estão alinhados com sua missão, visão e valores gerais. Mas quando as companhias acertam, o impacto é observado em todos os aspectos. Quando uma empresa alinha sua missão e sua visão às práticas de responsabilidade social, podemos dizer que ela avaliou seus valores fundamentais, pesquisou seus funcionários e conduziu avaliações de necessidades com parceiros externos para entender qual deveria ser o verdadeiro propósito de suas iniciativas. Assim, buscando colocar em funcionamento as melhores práticas de responsabilidade social, as organizações devem reunir um quadro de funcionários que as represente bem. Eles devem ser multifuncionais e interdepartamentais. Além disso, essa equipe precisa se basear na definição de agenda que a empresa fez em torno de valores centrais e do objetivo geral doseu trabalho de responsabilidade social. Eles têm de aprimorar seus propósitos amplos em um plano preliminar para enfrentar desafios específicos e abordar as principais oportunidades, ao mesmo tempo em que estabelecem metas claras e concretas a serem medidas ao longo do caminho (SAAVEDRA, 2011). 111 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Observação As melhores práticas de responsabilidade social nas organizações estão alinhadas à melhoria contínua da atuação socialmente responsável da instituição. Mas, conforme a autora (2011), as melhores práticas de responsabilidade social não se limitam aos funcionários. Não devemos nos esquecer dos fornecedores e vendedores. Eles são seus parceiros na entrega de bens e serviços aos clientes e não há motivo para não serem incentivados a ajudar a impulsionar seus esforços socialmente responsáveis. Lembrete Os gerentes devem estar sem à procura de práticas estratégicas e novas ferramentas promissoras que ajudarão suas iniciativas para atingir os objetivos organizacionais considerando a responsabilidade social. Para empresas socialmente responsáveis, as práticas de RSO devem ser o filtro pelo qual todas as suas iniciativas corporativas mais amplas passam. Não apenas as realidades ambientais exigem isso, mas consumidores e funcionários podem ver diretamente através de organizações que atuam de maneira que beneficiam a sociedade de forma ambiental, econômica e social. De acordo com Saavedra (2011), para atuar nas melhores práticas de responsabilidade social, as organizações devem: • definir metas mensuráveis; • envolver as partes interessadas locais no trabalho de RSO; • mapear oportunidades de sustentabilidade em toda a organização; • construir sistemas sustentáveis internamente; • avaliar o ciclo de vida de seus bens e serviços; • apresentar relatórios regularmente sobre iniciativas de sustentabilidade. Tomar essas medidas no contexto do trabalho permite que as empresas facilitem projetos significativos que envolvam mais profundamente os consumidores e funcionários, ao mesmo tempo em que alcançam um impacto verdadeiramente sustentável quando se trata de responsabilidade social. 112 Unidade III Outro ponto que merece atenção pelas empresas é a flexibilidade de atuação: permaneça flexível o suficiente para responder às realidades em mudança nas comunidades, mantendo o que sua organização e sua equipe inicialmente se propuseram a realizar. Pode ser complicado, mas sustentar um compromisso de longo prazo com o trabalho ajudará a suavizar os inevitáveis obstáculos no caminho. À medida que a prática da responsabilidade social pelas corporações se tornou mais difundida, algumas melhores práticas foram reconhecidas. Por exemplo, a Johnson & Johnson, na sua atuação em dispositivos médicos, buscou a responsabilidade social de duas maneiras. Primeiramente, eles se comprometeram firmemente a obter suas necessidades energéticas de fontes de energia renováveis, como a energia eólica. Depois, eles apoiaram projetos de caridade que forneciam água potável em áreas do mundo onde ela é escassa. Por outro lado, a Coca‑Cola concentrou‑se em tornar sua grande cadeia de suprimentos mais ecológica e socialmente responsável por meio da transição gradual de sua frota de caminhões de entrega para veículos que usam combustíveis alternativos, como eletricidade, em vez de combustíveis refinados de petróleo tradicionais, gasolina e diesel (SAAVEDRA, 2011). Quando as práticas socialmente responsáveis de uma empresa são incorporadas ou integradas às suas principais operações de negócios, elas tendem a ser mais fáceis de implementar, sustentar e obter uma melhor resposta pública. Muitas instituições se saíram bem ao adotar práticas socialmente responsáveis antes de serem exigidas por leis ou regulamentos. Por exemplo, as corporações podem tomar medidas substanciais para limpar as águas residuais de suas instalações de produção além do que é exigido por lei. Ao fazê‑lo, conseguem ser reconhecidas como líderes do setor em suas práticas (SAAVEDRA, 2011). Quer saber como escolher as melhores práticas de responsabilidade social para sua organização? Conforme Mello e Mello (2018), as etapas a serem seguidas são: • Escolha os valores corporativos: comece estabelecendo quais são os valores centrais da empresa e aprendendo quais questões são as prioridades para os indivíduos e comunidades que esperam impactar. Eles podem incluir uma combinação de objetivos internos e externos, como práticas de negócios ambientalmente sustentáveis, educação de funcionários e clientes sobre segurança de medicamentos prescritos e programas educacionais na comunidade. As causas com as quais uma empresa se alinha não precisam estar diretamente relacionadas aos produtos ou serviços da empresa. • Alinhe as atividades de responsabilidade social corporativa em vários departamentos: as organizações que seguem as melhores práticas de responsabilidade social corporativa otimizam seus recursos internos e reúnem vários departamentos para se envolverem. Equipes dedicadas de RSO são muito importantes no desenvolvimento e supervisão do programa e devem trabalhar para definir referências e métricas de sucesso e comunicar os resultados interna e externamente. • Forme parcerias estratégicas: as empresas utilizam as melhores práticas de responsabilidade social corporativa para investir filantropicamente em áreas nas quais não possuem total 113 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES expertise, e as parcerias muitas vezes são parte fundamental do processo. Fazer parceria com outras organizações é uma grande vantagem, sejam elas sem ou com fins lucrativos, que trazem experiência e recursos valiosos para o projeto. É importante estabelecer um prazo claro e identificar o impacto social nos investimentos e benefícios comerciais para cada parte. Parcerias complementares e mutuamente benéficas abrem oportunidades, geram soluções criativas e causam o maior impacto. A responsabilidade social corporativa vem em muitas formas. Mesmo a menor empresa pode impactar a mudança social fazendo uma simples doação para um banco de alimentos local. Em conformidade com Mejías, Paz e Pardo (2016), alguns dos exemplos mais comuns de RSE incluem: • reduzir as pegadas de carbono; • melhorar as políticas trabalhistas; • participar do comércio justo; • ter diversidade, equidade e inclusão; • fazer doações globais de caridade; • voluntariar‑se de modo comunitário e virtual; • criar políticas corporativas que beneficiam o meio ambiente; • realizar investimentos social e ambientalmente conscientes. Para Mello e Mello (2018), embora as iniciativas de impacto social sejam construídas em torno da melhoria da comunidade, elas devem fortalecer os negócios ao mesmo tempo. Aproveitar o reconhecimento da marca e as oportunidades de construção de reputação é parte fundamental disso. Obviamente é necessário que a equipe executiva esteja investida na causa e reconheça seus benefícios empresariais para que apoiem as ações de RSO. Fornecer atualizações regulares de atividades de impacto social para a liderança irá empolgá‑los e envolvê‑los no processo. Conforme Mejías, Paz e Pardo (2016), constam a seguir alguns exemplos de melhores práticas de RSO adotadas pelas organizações: • Johnson & Johnson: um excelente exemplo de RSO na linha de frente é a grande pioneira farmacêutica Johnson & Johnson. Ela se concentrou em reduzir seu impacto no planeta por três décadas. Suas iniciativas foram desde o aproveitamento do poder do vento até o fornecimento de água potável para comunidades em todo o mundo. A aquisição de um fornecedor de energia de permitiu que a empresa reduzisse a poluição ao mesmo tempo em que fornecia uma alternativa renovável e econômica à eletricidade. Ela continua buscando 114 Unidade III opções de energia renovável com o objetivo de ter 100% de suas necessidades energéticas de fontes renováveis até 2025. Figura 20 – Usina de energia eólica, como a adotadapela Johnson & Johnson Disponível em: https://cutt.ly/B1oykGL. Acesso em: 3 out. 2022. • Coca‑Cola: como marca, a Coca‑Cola coloca grande foco na sustentabilidade. As áreas‑chave são clima, embalagem e agricultura, com a gestão da água e a qualidade do produto. Sua mensagem é “um mundo sem resíduos”, com o objetivo de coletar e reciclar cada garrafa, tornando suas embalagens 100% recicláveis e repondo toda a água usada na criação de suas bebidas de volta ao meio ambiente para garantir a segurança hídrica. Ela pretende que, até 2030, tenha reduzido sua pegada de carbono em 25%. • Netflix e Spotify: do ponto de vista social, empresas como Netflix e Spotify oferecem benefícios para apoiar seus funcionários e familiares. A Netflix fornece 52 semanas de licença parental paga ao pai biológico e ao pai não biológico (que inclui filhos adotivos). Isso pode ser feito a qualquer momento, seja no primeiro ano de vida da criança ou em outro momento adequado às suas necessidades. O Spotify possui um programa semelhante, embora por um período mais curto – 24 semanas de licença remunerada. Quando se trata de causas sociais, ambas usam suas plataformas de mídia social para mostrar apoio a movimentos como o mês do orgulho e sustentabilidade ambiental. A Netflix é um exemplo de como atingir – e atrair – públicos de nicho e minorias por meio de mídias sociais inteligentes. • Pfizer: quando ocorre um desastre, a assistência de emergência na área da saúde é crucial. Para ajudar nessas circunstâncias, a Pfizer tem uma abordagem tripla; doações de produtos, bolsas de pesquisa e soluções do problema. Subsídios foram concedidos a países como o Haiti após o furacão 115 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Matthew e a crise global de refugiados na Europa e no Oriente Médio. Este dinheiro é fornecido em cooperação com ONGs para alcançar o maior número possível de pessoas. Durante a pandemia de covid‑19, por meio de seu programa Global Medical Grants, a Pfizer forneceu 5 milhões de dólares para ajudar a melhorar o reconhecimento, diagnóstico, tratamento e gerenciamento de pacientes. Além disso, foram disponibilizados subsídios para clínicas, centros médicos e hospitais a fim de melhorar o gerenciamento e o resultado dos pacientes com a doença. 7.6 Marketing social O marketing social é uma abordagem usada para desenvolver atividades destinadas a mudar ou manter o comportamento das pessoas em benefício dos indivíduos e da sociedade como um todo. Ainda que o termo tenha sido criado formalmente por Philip Kotler e Gerald Zaltman em 1971, usado na época para descrever ações de marketing que poderiam mudar o comportamento social, pode‑se dizer que o conceito de marketing social está presente na literatura desde a década de 1960. Variações do marketing social têm sido aplicadas, desde então, para promover segurança no trânsito, controle do tabagismo, prevenção de drogas, imunizações infantis, melhoria da nutrição e dieta e comportamento ambiental, bem como para reduzir a mortalidade infantil. Combinando ideias do marketing comercial e das ciências sociais, o marketing social é uma ferramenta para influenciar o comportamento de forma sustentável e econômica, visando promover causas sociais ou de interesse geral. Ele alinha‑se, notavelmente, com os valores sociais dos alvos para convencê‑los. Philip Kotler resumiu o desafio no título de seu livro publicado em 2008: Marketing social: mudando o comportamento para fazer o bem (LEE; KOTLER, 2019). O marketing social não deve ser confundido com publicidade social ou mesmo com comunicação social. Nas palavras de Kotler e Zaltman, ele é o design, implementação e monitoramento de programas projetados para influenciar a aceitabilidade de ideias sociais e que incorporam planejamento, preços, comunicação, distribuição e considerações de pesquisa de marketing (LIRA et al., 2019). Em uma estrutura de negócios clássica, a pesquisa de mercado é realizada, um produto é desenvolvido para atender às necessidades dos alvos e, em seguida, comercializado. Essa dimensão de desenvolvimento ad hoc também existe no marketing social, mas não se limita a um item específico. Vender a ideia social (não beba e dirija, respeite os limites de velocidade, separe seu lixo) exige que sejam desenvolvidos diferentes produtos para viabilizar as ações. No caso de prevenção contra dirigir embriagado, devemos alterar leis específicas para aumentar as penalidades incorridas. Dessa forma, percebe‑se que o marketing social é o uso de princípios e técnicas de marketing comercial para melhorar o bem‑estar das pessoas e o ambiente físico, social e econômico em que vivem. Trata‑se de uma abordagem cuidadosamente planejada e de longo prazo para mudar o comportamento humano. 116 Unidade III Este marketing usa o mesmo conjunto de ferramentas para vender comportamentos saudáveis nos quatro princípios básicos de marketing comercial. De acordo com Meira e Santos (2012), eles são chamados de 4 Ps e estão apresentados a seguir: • P1 – Produto é o que você está comercializando: o produto é uma mudança de comportamento ou de atitude. Por exemplo, uma campanha pode ser projetada para aumentar o uso de preservativos ou para convencer os adolescentes de que espalhar fake news é prejudicial ou perigoso. • P2 – Preço é o custo: o preço é o custo da mudança de comportamento. É difícil precificar os custos pessoais do uso do preservativo quando o indivíduo se compromete com um novo comportamento que foi identificado como inconveniente, demorado e constrangedor. O objetivo aqui é reformular a transformação de comportamento recomendada para que o consumidor perceba que os benefícios da mudança superam os esforços ou custos. • P3 – Praça (ou local) é onde e como a população prioritária pode ser alcançada: o lugar representa todos os esforços para tornar a mudança de comportamento o mais fácil possível para um consumidor. Pode significar oferecer preservativos gratuitos ou baratos em locais convenientes (ou seja, escolas, bares ou banheiros). • P4 – Promoções são as formas utilizadas para notificar o público sobre as mensagens de mudança: a publicidade é apenas um método para atingir esse objetivo. Uma campanha de promoção inclui a incorporação de mensagens sobre a mudança de comportamento recomendada em todos os programas existentes na comunidade para reforçar a mensagem em vários níveis. O marketing social emprega um quinto P que não está incluído nas campanhas comerciais. Este componente especial é, de acordo com Meira e Santos (2012): • P5 – Política é a intenção de influenciar a política que não será punitiva, mas promoverá mudanças positivas de comportamento. O marketing social tem um propósito social e não lucrativo, como o marketing comercial. Ele integra conceitos de marketing para impulsionar a mudança de comportamento para o benefício em longo prazo e o bem‑estar da sociedade. Ele tenta mudar o comportamento das pessoas em benefício do mercado e dos lucros das empresas (LIRA et al., 2019). Os crescentes problemas sociais e ambientais incentivam as pessoas a se preocuparem mais com nossa sustentabilidade no futuro. O marketing comercial geralmente se preocupa mais com aspectos dos lucros do negócio e da satisfação do cliente – e, muitas vezes, ignora os impactos ambientais ou sociais negativos. Para Akbar et al. (2021), o marketing social questiona se o conceito de marketing comercial é a filosofia certa quando enfrentamos vários problemas, como: • danos ambientais, como poluição do ar, resíduos e aquecimento global; 117 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES • esgotamento dos recursos naturais devido ao comportamento explorador; • fome e pobreza; • obesidade e outros problemas de saúde; • baixo acesso à educação, saúde e outros serviços sociais. Tais adversidades criam então várias pressões sobre os negócios e a sociedade tem exigido que as preocupações sejam maiores com os problemas sociais e ambientais, não apenas com o lucro.As empresas, então, incluem as pessoas e o planeta como seu objetivo, além do lucro. Elas pensam em como satisfazer as necessidades dos consumidores no presente e agem também de acordo com os melhores interesses de longo prazo. Conforme Akbar et al. (2021), algumas formas de as organizações adotarem o marketing social são: • redução de produtos prejudiciais ao meio ambiente; • campanha antitabagismo para diminuição das taxas de tabagismo; • campanhas para promoção de padrões alimentares saudáveis, por exemplo, a fim de reduzir o consumo de fast‑food e aumentar o consumo de alimentos orgânicos; • campanha para atenuar o comportamento de dirigir embriagado; • campanha para conter o comportamento violento; • campanha para abrandar a pegada de carbono e promover a conservação de energia, usando a sua forma limpa. O marketing social fornece uma vantagem competitiva para as empresas. Os consumidores preferem comprar produtos de entidades que sejam éticas e socialmente responsáveis. Espera‑se que tais tendências cresçam em popularidade à medida que as campanhas e as preocupações com questões sociais e ambientais aumentam. Trata‑se da aplicação de técnicas de marketing para atingir objetivos sociais e ambientais e isso está conforme a responsabilidade social nas organizações. A RSO é uma prática corporativa que exige o investimento voluntário de recursos corporativos para minimizar os impactos negativos de suas operações e geralmente contribuir para o bem‑estar social com uma intenção estratégica. No entanto, podem existir distinções entre a adoção dos dois conceitos. As diferenças aparecem em uma análise científica e comparativa aprofundada – a responsabilidade social corporativa é um investimento de longo prazo na reputação corporativa e no reconhecimento da marca enquanto 118 Unidade III socialmente responsável, enquanto o marketing social se esforça para mudar o comportamento do consumidor, a fim de obter benefícios para a organização e a sociedade. Observação O marketing social estabelece relação direta entre empresas e consumidores, já a responsabilidade social é uma prática exclusiva das organizações que impactam a sociedade. O marketing social envolve focar esforços na atração de consumidores que desejam fazer uma diferença positiva em suas compras. Para Akbar et al. (2021), muitas empresas adotaram elementos socialmente responsáveis em suas estratégias de marketing para ajudar uma comunidade por meio de serviços e produtos benéficos. Segundo Meira e Santos (2012), existem diferentes tipos de marketing social, que podem ser: • Marketing de filantropia: a empresa doa dinheiro ou parte do lucro para ONGs, associações sociais. • Marketing de campanhas sociais: uma marca pode fazer isso nas embalagens dos seus produtos ou nas suas redes sociais, aliando‑se a uma certa instituição ou até a uma entidade governamental para o efeito. • Marketing solidário de relacionamento: uma maior proximidade pode ser estimulada entre o público‑alvo e a empresa através de ações sociais. • Marketing de promoção social: doação de parte das vendas de um produto ou serviço para alguma ação social (por exemplo, a ação do McDonald’s – McDia Feliz). • Marketing de patrocínio: o patrocínio a projetos sociais é outra maneira muita utilizada no marketing social. Não podemos confundir aquilo é determinado em lei com marketing social. Por exemplo, as imagens e avisos vindos em maços de cigarro. As advertências sanitárias que ali constam foram impostas pela Portaria n. 490/1988, em que todas as empresas tabagistas deveriam inserir em suas campanhas: o Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde (INCA, 2020). A partir de 2001, a Medida Provisória n. 2.134‑30, de 24 de maio, determinou ainda que advertências antitabagistas deveriam aparecer nos maços em forma de imagem (INCA, 2021). 119 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Figura 21 – Advertência em maços de cigarro imposta por lei Adaptada de: https://bit.ly/3EvMFu8. Acesso em: 3 out. 2022. Lembrete Marketing social é uma iniciativa não determinada por lei. Aquilo que é estabelecido por lei não pode ser visto como marketing social. Vejam este estudo realizado pela FIA Business School (2018, p. 1), que cita o McDia Feliz como um caso de sucesso de marketing social: A iniciativa do McDonald’s talvez seja a campanha de marketing social de maior fama em todo o mundo. Presente em mais de 20 países, o McDia Feliz completou, em 2018, 30 anos de atuação no Brasil. Ao todo, mais de 260 milhões de reais foram destinados a instituições que lutam contra o câncer infanto‑juvenil no país. Para quem ainda não conhece, a campanha ocorre em um dia do ano, normalmente no último sábado do mês de agosto. Ela reverte ao tratamento contra o câncer todo o valor arrecadado com as vendas do sanduíche Big Mac, isoladamente, ou em algum combo com bebida e batatas fritas. 120 Unidade III Figura 22 – Chamada do McDia Feliz Disponível em: https://bit.ly/3SXSghu. Acesso em: 3 out. 2022. 8 PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS EM RESPONSABILIDADE SOCIAL 8.1 Princípios da sustentabilidade associados ao desenvolvimento social e à gestão padrão ESG Não se pode negar que as organizações têm buscado, arduamente, melhorar a sua imagem junto a sociedade e demais stakeholders em todo o mundo. Uma parte significativa disso é desenvolver declarações, ações e planos claros para minimizar ou erradicar danos à sociedade e ao meio ambiente. Todas essas ações, políticas, planos e grupos fazem parte da estrutura ambiental, social e de governança, conhecida pela sigla ESG (Environmental, Social and Governance). A prática do investimento ESG começou na década de 1960 como investimento socialmente responsável, com investidores excluindo ações ou indústrias inteiras de seus portfólios com base em atividades comerciais como produção de tabaco ou envolvimento no regime do apartheid sul‑africano. Hoje, considerações éticas e alinhamento com valores continuam sendo motivações comuns de muitos investidores ESG, mas o campo se expandiu para considerar também a materialidade financeira (MONTEIRO et al., 2021). Para os autores (2021), a gestão ESG ganhou notoriedade em 2005 como resultado de uma iniciativa das nações unidas. As políticas, práticas e compromissos corporativos de ESG capturaram o interesse do consumidor e do mundo empresarial, pois os compradores não estão mais procurando contratar o fornecedor mais barato – querem aquele que causa menos danos, tem a posição mais clara sobre justiça social e antidiscriminação, e se compromete a continuar a melhorar os esforços para o meio ambiente e a sociedade. O E em ESG, critério ambiental, inclui a energia que sua empresa consome e os resíduos que despeja, os recursos de que necessita e as consequências para a vida seres como resultado. Não menos importante, ele abrange as emissões de carbono e as mudanças climáticas. A letra S, critérios sociais, aborda os relacionamentos e a reputação que sua companhia tem com pessoas e instituições nas 121 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES comunidades onde são feitos negócios. O pilar S inclui relações de trabalho, diversidade e inclusão. O G, governança, é o sistema interno de práticas, controles e procedimentos que a instituição adota para se governar, tomar decisões eficazes, cumprir a lei, e atender às necessidades das partes interessadas externas. A discussão acerca da gestão ESG se torna relevante, principalmente, porque tem sido – mais do que nunca – exigido um papel de responsabilidade social e ambiental das organizações. Afinal, qual é o papel responsável das empresas perante a sociedade? Os consumidores de hoje têm muito mais informações sobre o que estão buscando e tentam escolher marcas que tenham práticas responsáveis (VOLTOLINI, 2021). Um dado que mostra a importância do ESG é a busca por financiamentos empresariais. Para expandir, as companhias precisam se preocupar com seu impacto no mundo. Nos EUA, os fundosfocados em ESG tiveram mais do que um salto duplo para US$ 51,1 bilhões, de US$ 21,4 bilhões, e um aumento de quase dez vezes, de US$ 5,4 bilhões em 2019. Na Ásia, excluindo o Japão, os ativos de fundos sustentáveis gerenciados quase triplicaram – para US$ 36,7 bilhões em março de 2021 – em relação ao ano anterior (PARK; JANG, 2021). Lembrete ESG refere‑se às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelente governança corporativa. Ter uma gestão ESG vai muito além de ter um departamento ESG na empresa, uma vez que essas práticas devem fazer parte do seu negócio como um todo, desde sua missão, passando pela visão e valores. Diversidade e inclusão, que são pontos ESG, por exemplo, têm a capacidade de aumentar a criatividade em sua corporação, e isso pode impactar positivamente nos resultados financeiros, além de tornar os ambientes mais agradáveis, melhorar a retenção de funcionários e o senso de propósito. Não é o trabalho de uma pessoa, mas algo que toda a sua instituição deve fazer de mãos dadas diariamente (LINHARES, 2017). Alguns pontos, para cada um dos pilares que podem ser adotados para organizações que buscam gerir seu negócio através do ESG, incluem: • Para o E, as empresas podem realizar ações para diminuir seu impacto na natureza, seja reduzindo o consumo de água em suas instalações ou alterando a fórmula de um produto para que, ao descartá‑lo, não polua as águas subterrâneas, por exemplo. Para Voltolini (2021), entre as macroquestões que preocupam as empresas podemos encontrar: — aquecimento global e emissões de carbono; — poluição do ar e da água; 122 Unidade III — desmatamento e exploração madeireira; — energia renovável; — gestão de resíduos; — escassez de recursos naturais; — biodiversidade. • Já o S (social) refere‑se a todas as pessoas com as quais a empresa se relaciona ou impacta, seja com seus produtos ou sua localização. Conforme o autor (2021), entre as principais questões sociais abordadas pelas empresas hoje tem‑se: — diversidade corporativa; — dados e privacidade; — ambientes de trabalho seguros e inclusivos; — respeito aos direitos dos funcionários; — ações positivas. • Quanto à letra G, discute‑se as práticas de gestão de uma empresa, suas políticas que favorecem as duas letras anteriores e, assim, permitem que ela atinja o seu melhor. De acordo com Monteiro et al. (2021), entre os seus temas mais importantes estão: — políticas de ética e conduta; — gestão de recursos; — economia circular; — relacionamento com órgãos públicos; — eficiência operacional; — conselho ESG; — linha direta de denúncias; — estruturação de grupos de ação e afinidade. 123 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Como um todo, ESG é uma estrutura de práticas e, quando trazida à luz, coloca uma empresa à frente de seus concorrentes, com uma visão clara de como construir o futuro. E isso, hoje, é um indicador importante para os investidores que querem ter certeza de que receberão sua parte. Assim sendo, segundo Voltolini (2021), para desenvolver práticas e estratégias ESG, as companhias devem: • compreender a natureza do seu negócio e o impacto que ele tem no mundo, seja negativo, positivo ou neutro; • olhar para dentro, é preciso que haja uma visão clara do cenário de diversidade da empresa; • envolver todo o leito executivo na criação e execução de estratégias ESG; • ter metas e objetivos claros, cumprindo os ODS da ONU para obter ajudar nesta missão; • definir uma comissão multidisciplinar para iniciar os trabalhos. Social: desenvolvimento de pessoas, saúde, segurança, diversidade Governança: transparência, conformidade, compliance, auditoria, ética Ambiental: gestão de resíduos, da água e da energia, redução de emissão de gases, uso responsável de recursos ESG Figura 23 – Pilares da ESG Em conformidade com Park e Jang (2021), como resultado o ESG é um impulsionador do fluxo de caixa das empresas de cinco maneiras específicas: • facilitando o crescimento sustentável; • reduzindo custos; 124 Unidade III • minimizando intervenções regulatórias e legais; • aumentando a produtividade dos funcionários; • otimizando investimentos e despesas de capital. Lembrete Critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) são um conjunto de padrões para as operações de uma empresa que investidores socialmente conscientes usam a fim de selecionar investimentos potenciais. De forma ampla, a gestão ESG deve levar a organização a uma reflexão e ao processo de autoconhecimento para que possa entender a natureza do negócio e o impacto de suas atividades no mundo. Atualmente, algumas empresas já despertaram para a importância de ter um impacto positivo e o fazem por meio de seus modelos de negócios. Elas são chamadas de negócios sociais (PARK; JANG, 2021). Há também casos de corporações que impactam negativamente o mundo, como indústrias de mineração ou aquelas que utilizam muita água potável para fabricar seus produtos, por exemplo. Nessas situações, o melhor curso de ação é pensar em como transformar o impacto negativo em neutro. Um exemplo disso seria investir em reflorestamento como forma de compensar as emissões de carbono de outras atividades. Outro modo seria empregar soluções que reduzissem o desperdício de água e os desafios da cadeia de suprimentos em gestão hídrica, economia circular, agricultura sustentável e ação climática (PARK; JANG, 2021). Após identificar como a organização impacta a sociedade, deve‑se envolver todo o nível executivo, para que fique claro para eles o que é ESG, pois a adoção de estratégias nessa área impacta diretamente todo o planejamento estratégico. Ao buscar orientação sobre essas ações, as empresas podem assinar o Pacto Global da ONU, comprometendo‑se assim com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Eles são colocados em várias áreas, e as instituições conseguem priorizar quais objetivos podem ser mais bem atendidos com base em seu desempenho (ONU, s.d.). Por fim, ao se preparar para adotar estratégias ESG, as empresas podem montar um comitê sobre o tema, com pessoas de diferentes áreas, cuja missão será pensar em ações concretas para além de estimular toda a companhia a refletir sobre e incorporar essa estratégia em sua cultura. A gestão ESG pode ser adotada por companhias de qualquer porte: enquanto as grandes empresas conseguem ter equipes dedicadas para cuidar de suas medidas ESG e se beneficiar delas, as pequenas podem se beneficiar de uma tomada de decisão mais rápida, flexibilidade e contato mais próximo com seus clientes, o que os ajuda a entender melhor suas necessidades. 125 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Pequenos passos “verdes”, como mudar para embalagens mais ecológicas, recibos digitais, uso de energia renovável e gerenciamento eficaz de resíduos realizados por pequenas empresas, podem ajudar muito a economizar custos e reduzir sua pegada de carbono. As principais empresas brasileiras, de capital aberto, que adotam práticas ESG em sua gestão são: • Lojas Renner S.A. • Banco Santander S.A. • Natura Cosméticos S.A. • Itaú Unibanco S.A. • Banco Bradesco S.A. • Suzano S.A. • Localiza Hertz S.A. • WEG Motores S.A. Um bom exemplo de adoção ESG na gestão vem do Banco Itaú, que é membro integrante de 18 acordos com instituições comprometidas com a sociedade. Para executar sua gestão ESG, a instituição firmou compromisso com 46 metas e indicadores alinhados com os ODS da ONU e tem adotado energia 100% oriunda de fontes renováveis para seus prédios, agências e data centers, objetivando ser uma empresa neutra em emissão de carbono. Outra empresa brasileira, e talvez a maior referência em ESG no país, é a Natura. Seu destaque atual vai para o programa Amazônia Viva. Desde 2010, ela já investiu mais de 400 milhões de dólares em suas iniciativas sustentáveis para gestão de resíduos e promoção da inclusão e diversidade. Saiba mais Quer entender melhor maissobre as práticas ESG da Natura? Acesse o link a seguir: NATURA. Visão de sustentabilidade 2050. Natura, 2014. Disponível em: https://cutt.ly/zMApWcS. Acesso em: 3 out. 2022. Você sabia que a Gestão ESG difere‑se das práticas de responsabilidade social? 126 Unidade III As práticas de responsabilidade social das organizações (RSO) já são discutidas há mais tempo, e emergiram no ambiente organizacional para padronizar a adoção de medidas de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas na sociedade. A RSO tem por objetivo definir as ações e estratégias de uma empresa que busca gerar impactos positivos para o meio ambiente, funcionários, comunidades, meio ambiente (LINHARES, 2017). Ainda para Linhares (2017), a gestão ESG tem como objetivo capturar todos os riscos e oportunidades não financeiros inerentes às atividades do dia a dia de uma empresa. As práticas ESG são mensuradas por uma série de itens e fatores como relatórios anuais de sustentabilidade corporativa, demonstrações financeiras e outras informações públicas divulgadas por uma instituição. Trata‑se de uma prática do mercado sobre sustentabilidade e responsabilidade social, mas não da mesma forma como era discutido anteriormente, uma vez que a RSO almejava cumprir uma série de formalidades, mas na prática não eram empresas culturalmente envolvidas com o meio ambiente, sociedade e governança. O ESG surgiu para expor uma profunda lacuna entre as organizações e um propósito maior, fortalecida pelo principal anseio de lucratividade e crescimento no mercado. 8.2 Envolvimento das empresas com o desenvolvimento social: da filantropia à gestão socialmente responsável O conceito de RSE, mesmo no mundo desenvolvido, evoluiu de negócios individuais para a filantropia, principalmente no século XIX pós‑Revolução Industrial. No entanto, ela era distinta da filantropia corporativa, uma vez que tratava das atividades sociais como parte das operações rotineiras de uma empresa, com seu lucro econômico servindo ao objetivo a longo prazo de contribuir para o bem‑estar social. A sustentabilidade corporativa é mais uma iteração de RSE e refere‑se a uma estratégia proativa para garantir o crescimento de uma organização em longo prazo, adotando uma abordagem de desenvolvimento equilibrada para o lucro, as pessoas e o planeta. Há uma crescente percepção de que as companhias fariam bem em incorporar a sustentabilidade como um elemento da estratégia de negócios, porque tal compromisso pode realmente melhorar o desempenho dos processos organizacionais (JAYAKUMAR, 2016). Para Carmo (2019), no mundo desenvolvido descobriu‑se que o tamanho da empresa e os padrões de propriedade influenciam o relacionamento empresa‑sociedade e a orientação de RSE. As grandes corporações geralmente adotam um processo formal, abordagem estratégica para a RSE com base nas relações com as partes interessadas e uma retórica de caso de negócios, enquanto as pequenas empresas familiares utilizam uma abordagem informal. A filantropia corporativa e a responsabilidade social corporativa são conceitos semelhantes que muitas vezes se sobrepõem na prática. Na verdade, a relação entre RSE e filantropia geralmente é difícil de distinguir, já que os termos podem ser usados de forma intercambiável. Conforme Jayakumar (2016), normalmente a filantropia é integrada a um plano de responsabilidade social corporativa mais amplo. Ambos são conceitos positivos projetados para fornecer recursos corporativos à comunidade que a companhia atende, e a doação também pode ser direcionada a causas específicas. A divisão fica bem clara quando analisamos com atenção o contexto de cada uma e elas são praticadas simultaneamente 127 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES pelas corporações. A diferença entre filantropia e caridade é menos clara, e os termos geralmente têm maior sobreposição (CARMO, 2019). O que é filantropia corporativa? A filantropia é mais frequentemente vista na forma de contribuições financeiras, mas também pode incluir tempo e recursos. O conceito por trás dela envolve fazer um esforço para impulsionar a mudança social. Não são apenas as doações de caridade que podem ser direcionadas a vários cenários de doação direta, como socorro em desastres ou alimentação de sem‑teto. A filantropia envolve encontrar uma solução de longo prazo para os sem‑teto, em vez de fornecer ajuda temporária. No âmbito corporativo, ela é praticada de diversas maneiras. Muitas corporações simplesmente doam dinheiro para causas que visam trazer mudanças sociais. Elas podem ou não colocar sua marca na causa e levar crédito pelos recursos oferecidos. Carmo (2019) alega que esse tipo de doação geralmente acontece sem qualquer envolvimento direto fora dos fundos oferecidos. As instituições também podem estar diretamente envolvidas na filantropia por meio de parcerias estreitas com uma causa ou, em alguns casos, realizando os esforços internamente. Algumas delas têm departamentos inteiros dedicados a gerenciar suas doações de caridade e programas filantrópicos. Embora filantropia e caridade sejam separadas por definição, ambas são comumente agrupadas em uma única categoria na atmosfera corporativa. Trata‑se de programas de doação que não se limitam necessariamente às comunidades onde operam. Na maioria das vezes, as empresas simplesmente selecionam as causas e contribuem financeiramente (FORMÁNKOVÁ; SKŘIČKOVÁ; HRDLIČKOVÁ, 2015). O que é responsabilidade social corporativa (RSC)? A responsabilidade social corporativa (RSC) envolve diretamente o modelo de negócios da corporação e suas práticas de negócios. Está um passo além da filantropia ao envolver diretamente a corporação nas causas e na comunidade. Por exemplo, uma empresa de mineração deve implementar programas de limpeza para mitigar a poluição da operação. A RSC não é obrigatória e nem sempre é praticada, mas deve ser um aspecto importante de qualquer corporação de grande porte, pois alguns efeitos colaterais podem advir das práticas de negócios. Responsabilidade social empresarial ou RSE significa que a corporação trabalha para mitigar os efeitos potencialmente negativos na comunidade, bem como para resolver os efeitos sociais, ambientais e na saúde pública em geral. Então, qual é a diferença entre RSE e filantropia? A filantropia é simplesmente uma forma de reinvestir a riqueza em uma causa. Pode acontecer no lazer da corporação; é puramente opcional. Se a corporação não participar de filantropia, isso provavelmente não afetará a forma como ela é vista. A falha em implementar a RSE, no entanto, a colocará sob uma projeção negativa (FORMÁNKOVÁ; SKŘIČKOVÁ; HRDLIČKOVÁ, 2015). O exemplo da mineração é bem comum, e existem vários deles na extração de recursos naturais, porque o negócio tem fortes impactos ambientais. Se a empresa de mineração remover todos os metais preciosos possíveis e abandonar o local de mineração que está lixiviando produtos químicos em cursos 128 Unidade III d’água locais, ela estará falhando com a comunidade e renunciando às suas obrigações de RSC. Os mesmos princípios se aplicariam a uma companhia de carvão que não lida com questões de saúde do trabalhador. Deixar de abordar diretamente a saúde da comunidade e os efeitos ambientais significa que a corporação está falhando com a comunidade, em vez de servi‑la (MATIAS; NASCIMENTO, 2021). Um programa de RSC contrataria equipes de mitigação para selar e tampar os locais de mineração a fim de impedir a lixiviação química prejudicial, ou estabeleceria serviços de saúde na comunidade para tratar o pulmão negro, bem como outros problemas respiratórios desenvolvidos durante o trabalho no subsolo. Os programas de RSE são práticos e, em última análise, demonstram que a corporação se preocupa com as questões criadas como resultado de seu modelo de negócios. A RSE, na prática, muitas vezes parece muito diferente do que deveria, no entanto. Muitas empresas implementam programas do tipo sentir‑se bem para colocarsua marca em uma luz favorável, mas eles oferecem pouco em termos de recursos. Qual é a diferença entre filantropia e caridade? Filantropia e caridade são fáceis de confundir, e as linhas são muitas vezes indistintas. A caridade é uma doação direta da corporação para a caridade; não há amarras e a caridade pode ser qualquer causa sem fins lucrativos. A filantropia envolve uma causa que tenta resolver um problema. Uma ação de caridade seria algo como dinheiro dado para entregar medicamentos para o câncer a indivíduos que não podem pagar tratamentos. No caso da filantropia, envolveria a busca da cura para a doença. Em ambos os casos, o curso de ação mais provável envolveria uma contribuição financeira direta para a organização sem fins lucrativos (MATIAS; NASCIMENTO, 2021). Uma única organização sem fins lucrativos também pode estar envolvida com doações de caridade e filantropia. Por exemplo, é possível oferecer tratamentos para o Alzheimer enquanto trabalha para encontrar uma cura. Os dois não são mutuamente excludentes, o que torna difícil definir a doação de uma corporação. Segundo Matias e Nascimento (2021), neste caso, a melhor maneira de a corporação fazer a distinção é especificar o que a doação deve representar. Com uma grande doação, ela pode até solicitar relatórios de gastos a fim de garantir que o dinheiro e os recursos estejam sendo usados como pretendido. Em última análise, a empresa deve distinguir entre os tipos de contribuições que faz. Em muitos casos, ela simplesmente opta por não definir entre filantropia e doação de caridade, porque isso não afeta a forma como arquiva as contribuições durante a época fiscal. A menos que esteja promovendo o fato de que contribui para uma causa específica, é improvável que receba escrutínio. No entanto, muitas corporações irão alavancar suas doações em campanhas de relações públicas e marketing, e a distinção se torna mais importante. Não há repercussão legal para confundir doação beneficente e filantropia, pois todas são direcionadas a organizações sem fins lucrativos, mas qualquer empresa que faça um esforço sincero para doar, estará atenta às causas que representam. Se elas estiverem realmente doando com uma intenção específica, distinguirão os tipos de doações que são distribuídos e poderão criar mídia em torno de uma causa específica para que possam aumentar a 129 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES conscientização e a capacidade da organização sem fins lucrativos de arrecadar fundos e continuar trabalhando (JAYAKUMAR, 2016). A RSE é algo muito maior do que atos únicos de doação de caridade por empresas como parte de uma oferta para ser (ou visto como) um bom cidadão corporativo, e talvez com alguns benefícios adicionais de marketing ou relações públicas. Quando a filantropia corporativa faz parte de um programa de RSE eficiente, todos se beneficiam: sua marca, seus funcionários, seus resultados financeiros, seus clientes, suas causas e sua comunidade. Para Matias e Nascimento (2021), a filantropia corporativa não apenas ajuda a tornar o mundo um lugar melhor, mas deixa o seu negócio mais bem‑sucedido. Enquanto a filantropia corporativa se concentra apoio a áreas obrigatórias e projetos de utilidade pública, a RSE foca no impacto geral das ações da empresa na sociedade – nomeadamente, nos âmbitos nacional e global. 8.3 Design sustentável A utilização de uma filosofia de design sustentável incentiva decisões em cada fase do processo de design que reduzirão os impactos negativos no meio ambiente e na saúde dos ocupantes, sem comprometer o resultado final. Silva (2021) considera ser uma abordagem integrada e holística que incentiva o compromisso e as compensações. Essa abordagem integrada impacta positivamente todas as fases do ciclo de vida de um edifício, incluindo projeto, construção, operação e desativação. Designers sustentáveis usam estratégias para melhorar a eficiência energética e hídrica e a qualidade do ar interno, e especificam produtos ambientalmente preferíveis, como bambu e cortiça para pisos. O design sustentável é um método para projetar o ambiente construído, equilibrando os objetivos sociais, ambientais e econômicos. Todos devem ser igualmente integrados e equilibrados para alcançar uma solução verdadeiramente sustentável. Conhecido também como Design for the Environment (DfE), é uma abordagem de design para reduzir o impacto geral na saúde humana e no meio ambiente de um produto, processo ou serviço, em que os impactos são considerados em todo o seu ciclo de vida (SILVA, 2021; ANDRADE; BASAGLIA; SILVA, 2021). Conforme Andrade, Basaglia e Silva (2021), a adoção do design sustentável otimiza a relação e interação do sistema econômico e do sistema ambiental, e se esforça para produzir um desenvolvimento sustentável e integração empresarial. A força motriz do DfE inclui clientes, agências internacionais e agências governamentais, que são partes interessadas no bem‑estar ambiental. As metodologias e ferramentas do DfE geralmente se enquadram em três categorias soltas, a saber: tomada de decisão, suporte ao projeto e fluxo de materiais. Nele, há vários facilitadores para a tomada de decisões, exemplos dos quais incluem estratégias de fim de vida e Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Com o desenvolvimento do DfE, são necessárias metodologias e ferramentas sofisticadas de apoio ao projeto para a sua fase inicial quanto ao impacto ambiental, servindo de orientação aos engenheiros projetistas. 130 Unidade III Projeto e construção sustentável de edifícios é a prática de criar estruturas e usar processos ambientalmente responsáveis e eficientes em termos de recursos ao longo do ciclo de vida – desde a seleção do local até o projeto, construção, operação, manutenção, renovação e, finalmente, desconstrução. Andrade, Basaglia e Silva (2021) alegam que o design sustentável busca reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente, a saúde e o conforto dos ocupantes do edifício, melhorando assim o desempenho do edifício. Os objetivos básicos da sustentabilidade são diminuir o consumo de recursos não renováveis, minimizar o desperdício e criar ambientes saudáveis e produtivos. Além de incluir espaços verdes, os exemplos incluem (SILVA, 2021): • minimizar o consumo de energia não renovável; • usar o maior número possível de produtos reciclados; • utilizar produtos ambientalmente preferíveis; • empregar energias de fonte limpa. Figura 24 – Energia eólica: fonte de energia limpa Disponível em: https://bit.ly/3COmyh0. Acesso em: 3 out. 2022. 131 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Conforme Andrade, Basaglia e Silva (2021), os princípios de design sustentável incluem a capacidade de: • otimizar o potencial de produção; • minimizar o consumo de energia não renovável; • usar produtos ambientalmente responsáveis; • proteger e conservar a água; • melhorar a qualidade ambiental interna; • aprimorar as práticas operacionais e de manutenção do sistema produtivo. Essas iniciativas e as transformações resultantes se somam ao que é mais conhecido como responsabilidade social corporativa (RSC), que busca conscientizar e atuar em torno das operações de uma empresa, seu impacto no meio ambiente e na presença e alavancagem necessárias para enfrentar os desafios ligados ao desenvolvimento sustentável. Entre as técnicas que ganham destaque está o upcycling. Para Andrade, Basaglia e Silva (2021), upcycling é uma abordagem de design na qual você transforma subprodutos, resíduos, materiais ou produtos em desuso em algo novo de melhor qualidade e maior valor. Ao reutilizar materiais que já existem, economizamos energia, água, produtos químicos e outros recursos. Conforme os autores (2021), o termo “design sustentável” refere‑se a uma série de técnicas, princípios e metodologias usados particularmente em engenharia, economia, tecnologia, negócios, meio ambiente e disciplinas políticas para incorporar considerações ambientais no design, processo e fabricaçãode produtos e serviços. O design para o ambiente está intimamente ligado à abordagem da ecologia industrial. A ecologia industrial se esforça para reduzir a geração de resíduos e maximizar o uso de resíduos e subprodutos no final do ciclo de vida, introduzindo‑os como matéria‑prima alternativa sempre e quando possível. O objetivo dessa lógica de substituição de recursos é melhorar a competitividade por meio da redução do uso de materiais e do consumo de energia. Um bom exemplo do uso de design sustentável é o prédio administrativo da empresa Natura. Projetado pelo escritório Dal Pian Arquitetos, ele alinha integração entre construção e ambiente externo, máxima utilização de luz natural e interação social. Para alcançar tais objetivos, a construção possui bastante vidro, paisagismo e jardins, além de clarões espalhados (VAZ, 2017). Conforme a autora (2017), desde que foi inaugurada, em 2016, a construção já foi certificada com o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), certificação concedida pelo Green Building Council Brasil, e atestada que segue rigorosos critérios de obra sustentável, uso racional de água e energia, valorização da flora local, e respeito às prioridades regionais. Luana Miranda Text Box ap 132 Unidade III Ainda segundo Vaz (2017), seguem alguns números da obra: • 14% dos materiais utilizados na construção tiveram conteúdo reciclado; • 41,2% do material empregado na obra foram extraídos e manufaturados em um raio de até 800 quilômetros, diminuindo a demanda por transporte e favorecendo o consumo local; • 100% da madeira incorporada na construção foi extraída de forma legalizada e sempre que possível com certificação FSC (Forest Stewardship Council); • 97% dos resíduos recicláveis gerados durante a obra foram desviados de aterro e encaminhados para reaproveitamento. Respeitando a natureza e a densa vegetação, os arquitetos projetaram o edifício de aproximadamente 100 metros de comprimento para parecer uma torre horizontal transparente e altamente permeável. A estrutura transparente parece flutuar em meio à profusa vegetação natural do local, com funcionários e visitantes entrando por uma passarela acima das copas das árvores. Vazios e reflexos de jardins na fachada de vidro equilibram a estrutura. Internamente, os espaços se desdobram em torno de um grande vazio central que sobe por todos os pavimentos, com jardins internos e passarelas também com vista para o imenso pátio. O vazio é pontuado por elevadores panorâmicos e uma série de escadas que unem o espaço, reforçando o conceito de uma estrutura transparente na qual todas as áreas são abertas e permeáveis para facilitar a conexão entre as pessoas e a natureza. Tal transparência revela o fluxo e movimento dos usuários para o exterior, criando um visual dinâmico. Uma grande cobertura unifica toda a estrutura, ao mesmo tempo que permite a passagem da luz natural, essencial para os inúmeros espaços verdes interiores e para a qualidade de vida dos utilizadores (VAZ, 2017). Em linha com os princípios de economia de energia e sustentabilidade visando a ecoeficiência, as fachadas são protegidas por um sistema de brise‑soleil que mitiga a luz solar direta tanto no exterior como no interior. O telhado verde aumenta o isolamento térmico do edifício. As áreas internas são organizadas para proporcionar espaços de trabalho não convencionais, dinâmicos e fluidos para os funcionários. A arquitetura do Nasp ilustra os princípios fundamentais que regem e orientam a companhia: sustentabilidade, inovação, transparência e compromisso socioambiental. 8.4 Economia circular A noção de circularidade tem profundas origens históricas e filosóficas. A ideia de feedback, de ciclos em sistemas do mundo real, é antiga e tem ecos em várias escolas de filosofia. Ela desfrutou de um renascimento nos países industrializados após a Segunda Guerra Mundial, quando o advento de estudos baseados em computador de sistemas não lineares revelou inequivocamente a natureza complexa, inter‑relacionada e, portanto, imprevisível do mundo em que vivemos – mais semelhante a um metabolismo do que a uma máquina. Com os avanços atuais, a tecnologia digital tem o poder de apoiar a transição para uma economia circular, aumentando radicalmente a virtualização, a desmaterialização, a transparência e a inteligência orientada por feedback (JABBOUR, 2019). 133 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Para Rainatto, Sousa e Jabbour (2021), economia circular é um sistema econômico no qual produtos e serviços são comercializados em ciclos fechados ou “ciclos” Trata‑se de uma economia em que o crescimento não é alimentado por e nem dependente de recursos finitos. A economia circular é uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento econômico, projetada para beneficiar as empresas, a sociedade e o meio ambiente. Em contraste com o modelo linear “pegar‑fazer‑descartar”, a economia circular é regenerativa por design e visa dissociar gradualmente o crescimento do consumo de recursos finitos (OLIVEIRA; SILVA; MOREIRA, 2019). Depois de definir o que é realmente uma economia, este caminho de aprendizagem explora as nuances do conceito de economia circular, incluindo a diferença entre materiais biológicos e técnicos, as diferentes oportunidades que existem para manter materiais e produtos em uso e a história da ideia. Vejamos sua representação na figura a seguir. ECONOMIA CIRCULAR Sistemas vivos Energia de recursos renováveis Nutrientes biológicos Nutrientes técnicos ECONOMIA LINEAR Utilização de energia de recursos finitos De sp er dí ci oPegue > Faça > Descarte Nutrientes técnicos e biológicos misturados Figura 25 – Modelo da economia circular Fonte: Berndtsson (2015, p. 5). Em uma economia circular, os fabricantes projetam produtos para serem reutilizáveis. Por exemplo, os dispositivos elétricos são elaborados de forma a serem mais fáceis de reparar. Produtos e matérias‑primas também são reutilizados o máximo possível – reciclando plástico em paletes para fazer novos itens plásticos, por exemplo. Jabbour (2019) considera que, embora diferentes organizações que focam na economia circular tenham definições variadas, muitas concordam que ela se caracteriza como uma economia regenerativa por design, com o objetivo de reter o máximo de valor possível de produtos, peças e materiais. Rainatto, Sousa e Jabbour (2021, p. 2) apontam quatro motivos para a adoção da economia circular por empresas que buscam ser socialmente responsáveis: 134 Unidade III 1) O desperdício na cadeia de produção. É causado pela ineficiência produtiva e pelos problemas logísticos, e também pela despreocupação no desenvolvimento do projeto do produto, que faz com que uma quantidade significativa de insumos (retalhos, sobras, arestas etc.) não seja incorporada aos produtos finais nem reaproveitados em outros processos. 2) Os resíduos no final da vida do produto. Os níveis de reciclagem da maioria dos materiais são ínfimos se comparados com a quantidade de matéria‑prima bruta que é utilizada. Mesmo os materiais que são mais valiosos e que já possuem tecnologias adequadas de reciclagem têm taxas de reciclagem baixas. Parte desse desperdício é também problema de projeto, pois os produtos não são construídos pensando na sua destinação final, o que impossibilita em muitos casos a correta destinação final. 3) O uso de energia. A maior parte da energia utilizada no processo produtivo acontece na extração e transformação de matérias‑primas. Quando tais matérias são descartadas após o uso, há uma perda imensa de energia, sendo que essa poderia ser mantida no sistema produtivo, evitando grandes perdas. 4) A erosão dos ecossistemas. À medida que a população mundial aumenta, juntamente com o consumo e a produção, a pressão sobre os ecossistemas naturais aumenta, retirando dos mesmos em quantidades maiores do que a capacidade destes de se recompor. Isso também é considerado com perda econômica, além do fatode que a permanência desse tipo de utilização afeta a vida no planeta terra. Ela é capaz de criar um sistema que permita longevidade, uso otimizado, reforma, remanufatura e reciclagem de produtos e materiais, mantendo a continuidade da qualidade dos itens para os usuários, o que pode ser alcançado sem perda de receita ou custos extras. Para Jabbour (2019), uma economia circular, portanto, requer mudanças fundamentais em vários sistemas. Os objetivos finais de redução do consumo de recursos e da poluição ambiental subjacentes ao conceito de economia circular são problemas complexos com soluções pouco claras. Em nossa economia atual, a produção é toda feita a partir de recursos extraídos da natureza, e os dejetos dela jogamos fora como lixo – o processo é linear. Em uma economia circular, por outro lado, o primeiro passo é parar de produzir resíduos. Em seguida, é necessária uma transição para energias e materiais renováveis. Ela dissocia a atividade econômica do consumo de recursos finitos. Trata‑se de um sistema resiliente que é bom para os negócios, as pessoas e o meio ambiente (OLIVEIRA; SILVA; MOREIRA, 2019). 135 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Em uma economia circular, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde geral do sistema. O conceito reconhece a importância da economia que precisa funcionar de forma eficaz em todas as escalas – para grandes e pequenas empresas, para organizações e indivíduos, global e localmente. Conforme os autores (2019), ela se baseia em três princípios: • Projetar o lixo e a poluição: revela e projeta os impactos negativos da atividade econômica que causam danos à saúde humana e aos sistemas naturais. Isso inclui a liberação de gases de efeito estufa e substâncias perigosas, a poluição do ar, da terra e da água, bem como resíduos estruturais, como o congestionamento do tráfego. • Manter produtos e materiais em uso: favorece atividades que preservam o valor na forma de energia, trabalho e materiais. Isso significa projetar para durabilidade, reutilização, remanufatura e reciclagem para manter produtos, componentes e materiais circulando na economia. Os sistemas circulares fazem uso eficaz de materiais de base biológica, incentivando diversas práticas para eles à medida que alternam entre a economia e os sistemas naturais. • Regenerar sistemas naturais: evita o uso de recursos não renováveis e preserva ou aprimora os renováveis, por exemplo, devolvendo nutrientes valiosos ao solo para apoiar a regeneração ou usando energia renovável em vez de depender de combustíveis fósseis. A economia circular vem ganhando força com líderes empresariais e governamentais. Sua implantação surge pela oportunidade de dissociar gradualmente o crescimento econômico de insumos de recursos virgens, incentivar a inovação, aumentar o crescimento e criar empregos. Se fizermos a transição para uma economia circular, o impacto será sentido em toda a sociedade. Os benefícios potenciais da mudança vão além da economia e entram no ambiente natural. Ao eliminar resíduos e poluição, manter produtos e materiais em uso e regenerar em vez de degradar os sistemas naturais, a economia circular representa uma poderosa contribuição para alcançar as metas climáticas globais. As empresas se beneficiariam significativamente mudando suas operações de acordo com os princípios da economia circular. Esses benefícios incluem a criação de novas oportunidades de lucro, custos reduzidos devido a menores requisitos de material virgem e relacionamentos mais fortes com os clientes. A economia circular beneficiará não apenas as empresas, o meio ambiente e a economia em geral, mas o indivíduo. Desde o aumento da renda disponível até a melhoria das condições de vida e impactos na saúde associados, os benefícios para os cidadãos de um sistema baseado nos princípios da circularidade são significativos (SILVA et al., 2019). Não há solução simples e nenhuma parte do sistema produtivo pode ser deixada de lado na busca da mudança do sistema. Modelos de negócios, design de produtos e serviços, legislação, práticas contábeis, planejamento urbano, práticas agrícolas, extração de materiais, fabricação e muito mais, todos atualmente têm qualidades indesejáveis de uma perspectiva circular. No entanto, não podemos mudar apenas um elemento do sistema existente e esperar a transformação de que precisamos. Silva et al. (2019) creem que a mudança de sistemas é difícil de alcançar e grandes ideias muitas vezes não 136 Unidade III se concretizam devido a falhas no gerenciamento das complexidades envolvidas. O que devemos fazer, porém, é aprender a entender como sistemas complexos – como uma economia – funcionam, porque o entendimento é o primeiro passo para a criação de melhores soluções. Construir uma economia circular é uma RSC. “Reduzir, reutilizar, reciclar”. Essa frase é prolífica na conversa global em torno dos esforços e iniciativas de sustentabilidade. O modelo de responsabilidade social corporativa (RSC) é particularmente interessante não apenas pela dimensão ética da empresa, mas como fator de melhoria estratégica do negócio que combina os conceitos de RSE e economia circular como possíveis soluções para o desenvolvimento de processos empresariais sustentáveis. As empresas não devem ser isentas dos princípios de reduzir, reutilizar, reciclar. Na verdade, precisariam ser responsáveis pela implementação das estratégias sustentáveis. A economia circular é um bom negócio. Quando as corporações implementam práticas sustentáveis, elas não estão somente ajudando o meio ambiente, mas a empresa como um todo. A responsabilidade social empresarial (RSE) e a economia circular (EC) podem ser integradas apesar de terem um enfoque teórico distinto. Observação A responsabilidade social tem um enfoque de práticas da empresa para o ambiente externo, enquanto a economia circular discute as mudanças internas na organização. Vejamos a seguir três exemplos de utilização da economia circular: • Nike: a Nike afirma que 71% de seus calçados são feitos com materiais reciclados de seu próprio processo de fabricação. Em 2015, a marca recuperou 92% de seus resíduos. O seu relatório de sustentabilidade inclui esforços para atingir o desperdício zero na cadeia de suprimentos, investir em tecnologias para gerar 100% de energia renovável em suas fábricas e reduzir a produção de produtos químicos tóxicos de processos de morte ao entrar no meio ambiente (JABBOUR, 2019). • Cidade do Cabo: o Western Cape Industrial Symbiosis Program (WISP) é um modelo de economia circular que conecta empresas com negócios e recursos não utilizados ou residuais, como água, logística, conhecimento e materiais. Uma rede de pesca desfiada, por exemplo, pode virar uma rede de futebol em uma escola. O WISP catalisou o desenvolvimento de mais programas na região, prometendo assim mais empregos, benefícios ambientais e receitas. 137 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Figura 26 – Vista área da Cidade do Cabo Disponível em: https://cutt.ly/b1oardB. Acesso em: 3 out. 2022. • Lojas sociais: a missão de resgate em Gotemburgo abriu lojas sociais, como a MatRätt, onde os menos favorecidos podem comprar alimentos a preços bastante reduzidos. Os alimentos lá vendidos foram doados, por exemplo, por produtores de alimentos, mercearias e atacadistas e são de boa qualidade, mas não podem mais ser vendidos devido a prazos curtos de validade, falhas de beleza ou similares. 138 Unidade III Resumo Nesta unidade mostramos que a responsabilidade social das organizações pode envolver e impactar diferentes públicos. Clientes, funcionários, fornecedores e outras partes interessadas têm uma expectativa crescente de que seus valores estejam alinhados com os negócios com os quais trabalham e de onde consomem ou mantêm qualquer tipo de relação. Foram apresentados alguns stakeholders. Outro tema muito relevante discutido foi a responsabilidade social na esfera pública. Afinal, os governostambém devem ser vistos como organizações sem lucros, que prestam serviços para o bem‑estar e desenvolvimento da sociedade. No cenário público, o governo pode empregar vários métodos para incentivar melhores práticas de RSE na esfera privada, bem como pode desenvolver ações próprias que visem aplicar a responsabilidade social em suas ações, tal como preservação ambiental, recuperação de áreas, incentivo à educação, desenvolvimento de comunidades e outros. Tratamos acerca da responsabilidade social, que está ligada à responsabilização pessoal e refere‑se às atitudes de cidadãos e organizações responsáveis que consideram os impactos de suas ações na comunidade em geral. Apresentamos o conceito e a aplicação da accountability nas ações de responsabilidade social, e definimos que ela é a garantia de que um indivíduo ou uma organização será avaliado em seu desempenho ou comportamento relacionado a algo pelo qual é responsável. O termo diz respeito à responsabilidade. Exibimos a ideia de aplicação e importância da ética organizacional. A ética nos negócios é relevante tanto para a conduta dos indivíduos quanto para a da organização como um todo. Aplica‑se a todos e quaisquer aspectos da conduta empresarial, desde as estratégias da diretoria e como as empresas tratam seus funcionários e fornecedores até técnicas de vendas e práticas contábeis. Apresentamos as melhores práticas de responsabilidade social, demonstrando formas de construir ações de RSE e exemplos reais de empresas que adotaram a responsabilidade social em suas condutas. Vimos o marketing social, que é uma abordagem usada para desenvolver atividades destinadas a mudar ou manter o comportamento das pessoas em benefício dos indivíduos e da sociedade como um todo. Trouxemos os mais recentes assuntos que envolvem a prática de responsabilidade social: gestão ESG, design sustentável e economia circular. 139 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES A gestão ESG se refere às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelente governança corporativa. As vantagens de sua abordagem proativa vão além de apaziguar os acionistas institucionais e criar uma boa história de relações públicas. Um programa ESG robusto pode abrir o acesso a grandes pools de capital, construir uma marca corporativa mais forte e promover o crescimento sustentável de longo prazo, beneficiando empresas e investidores. Já o design sustentável usa estratégias para melhorar a eficiência energética e hídrica e a qualidade do ar interno, e específica produtos ambientalmente preferíveis, como bambu e cortiça para pisos. O design sustentável busca reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente, a saúde e o conforto dos ocupantes do edifício, melhorando assim o desempenho da obra. Tratamos ainda da economia circular, que é uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento econômico projetada para beneficiar as empresas, a sociedade e o meio ambiente. Nela, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde geral do sistema. O conceito reconhece a importância da economia que precisa funcionar de forma eficaz em todas as escalas – nas grandes e pequenas empresas, para organizações e indivíduos, global e localmente. Por fim, o discente aprendeu que uma empresa que se interessa por questões sociais mais amplas, e não apenas por aquelas que afetam suas margens de lucro, atrairá clientes que compartilham os mesmos valores, além de promover um desenvolvimento sustentável, minimizando os impactos que suas atividades possam causar no meio ambiente e na sociedade. Portanto, faz sentido para os negócios operarem de forma sustentável. Também cabe aos gestores o fato de saberem que é papel das organizações retribuir à comunidade, participar de causas filantrópicas e fornecer valor social positivo. 140 Unidade III Exercícios Questão 1. Avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I – Marketing social é um conjunto de estratégias colocadas em prática por uma organização que tem por objetivo promover a reputação e o prestígio de determinada marca, e consequentemente de seus produtos e serviços. porque II – Os serviços e produtos idealizados pelo marketing social visam gerar uma mudança de comportamento do consumidor, cujo objetivo é evidenciar as questões socioambientais. É correto afirmar que: A) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira. B) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira. C) A primeira asserção é verdadeira, e a segunda asserção é falsa. D) A primeira asserção é falsa, e a segunda asserção é verdadeira. E) As duas asserções são falsas. Resposta correta: alternativa E. Análise da questão A primeira asserção é falsa, pois o marketing social tem propósitos diferentes do marketing comercial. O primeiro é voltado para a promoção de causas socioambientais e se propõe a influenciar hábitos sustentáveis. O marketing comercial constitui‑se de um conjunto de estratégias que visam trazer lucro para a empresa. A segunda asserção é falsa, pois a ideia do marketing social é promover conceitos e atitudes socioambientais conscientes e responsáveis, e não produtos e serviços. 141 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES Questão 2. Leia o trecho a seguir. Environmental, Social and Governance (ESG) O ESG surgiu no mercado financeiro como uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas. A sigla surgiu a primeira vez em 2004, em um grupo de trabalho do Principles for Responsible Investment (PRI), rede ligada à ONU que tem objetivo de convencer investidores sobre investimentos sustentáveis. Adaptado de: https://bit.ly/3CnwYUr. Acesso em: 30 set. 2022. Com base no exposto e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I – O conceito ESG refere‑se às boas práticas empresariais que têm compromisso com a sustentabilidade, com o meio ambiente, o social e a governança corporativa. II – O “E” da sigla ESG relaciona‑se com a energia consumida pela empresa, a emissão de resíduos e as relações de trabalho. III – A governança é um aspecto pertinente ao conceito ESG. Trata‑se de boas práticas em relação ao meio ambiente, ao social e à gestão empresarial sustentável. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o conceito ESG (Environmental, Social and Governance)e faz referência às boas práticas corporativas no que tange aos aspectos ambientais (environment), sociais (social) e de governança (governance). Tais aspectos proporcionam ganhos para as empresas, uma vez que clientes e investidores atribuem mais valor às corporações que são responsáveis com o meio 142 Unidade III ambiente e com a sociedade, assim como com a governança corporativa, que trata da fiscalização e do controle empresariais. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a letra “E” da sigla ESG refere‑se às questões ambientais, como consumo de água e de energia, despejo de resíduos e outros. As relações de trabalho referem‑se à letra “S” da sigla ESG, ou seja, questões sociais. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o aspecto governança, ou seja, a letra “G” da sigla ESG, refere‑se às boas práticas de governança empresarial, isto é, ao emprego de um sistema de controle interno de processos e procedimentos, de modo a mitigar riscos, demonstrar transparência nas operações, atender às expectativas das partes interessadas, cumprir a lei e preservar o valor da organização. 143 REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS SEASPIRACY. Direção: Ali Tabrizi. Santa Rosa: AUM Films Disrupt Studios, 2021. 89 min. TEXTUAIS 39 EMPRESAS brasileiras estão entre as melhores do mundo em práticas ESG. Forbes Brasil, São Paulo, 19 jul. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3ydslKe. Acesso em: 3 out.2022. ABNT. Introdução à ABNT NBR ISO 14001:2015. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/z12sl2F. Acesso em: 3 out. 2022. ABNT. Sobre a certificação. ABNT, Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3CCtYE1. Acesso em: 3 out. 2022. AFLALO, H. M. O Instituto Ethos e a responsabilidade social: transparência e monitoramento. Ecopolítica, São Paulo, v. 2, p. 159‑161, 2012. Disponível em: https://cutt.ly/Y12sDRg. Acesso em: 3 out. 2022. AGUDELO, M. A. L.; JÓHANNSDÓTTIR, L.; DAVÍDSDÓTTIR, B. A literature review of the history and evolution of corporate social responsibility. International Journal of Corporate Social Responsibility, New York, v. 4, n. 1, p. 1‑23, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3fHOp9e. Acesso em: 3 out. 2022. AKBAR, M. B. et al. An analysis of social marketing practice: factors associated with success. Health Marketing Quarterly, Abingdon, v. 39, n. 4, p. 356‑376, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3Egh0wH. Acesso em: 3 out. 2022. ALEXANDER, C. The Third Sector. In: HART, K.; LAVILLE, J.‑L.; CATTANI, A. D. The Human Economy. Cambridge: Polity Press, 2010. p. 213‑224. ALVES, M. A.; KOGA, N. M. Brazilian nonprofit organizations and the new legal framework: an institutional perspective. Brazilian Administration Review, Maringá, v. 3, n. 3, p. 68‑83, 2006. Disponível em: https://cutt.ly/v12g0Nt. Acesso em: 3 out. 2022. ANDRADE, J. M. Reduzir, reutilizar e reciclar: uma proposta de educação ambiental. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CONEDU), 7., 2020, Maceió. Anais [...]. Maceió: Realize, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3M2Ed7l. Acesso em: 3 out. 2022. ANDRADE, N. A.; BASAGLIA, A. P.; SILVA, A. C. Uma abordagem do design de interação para desenvolver produtos ambientalmente sustentáveis. In: SIMPÓSIO DE DESIGN SUSTENTÁVEL, 8., 2021, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: SDS2021, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3fEEFN9. Acesso em: 3 out. 2022. 144 APPIO, J.; MADRUGA, B. P.; FRIZON, N. N. Responsabilidade social empresarial: um estudo de caso à luz da concepção piramidal de Archie Carroll. Sistemas & Gestão, Niterói, v. 13, n. 3, p. 394‑401, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3CuyWCD. Acesso em: 3 out. 2022. BATTAGELLO, L. A. Responsabilidade social empresarial e parcerias sociais: modelo relacional e estudo de caso. 2013. Dissertação (Mestrado em Gestão Internacional) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3LZTy8X. Acesso em: 3 out. 2022. BENEDITO, E. S. Sistema de Gestão Ambiental (SGA): a evolução da certificação das empresas brasileiras na norma ISO 14001. Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, Curitiba, v. 6, n. 3, p. 54‑67, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3E9pwh2. Acesso em: 3 out. 2022. BERNDTSSON, M. Circular Economy and Sustainable Development. 2015. Thesis (Master in Sustainable Development) – Department of Earth Sciences, Uppsala University, Uppsala, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3roFOuP. Acesso em: 3 out. 2022. BEZERRA, M. L. R.; SHIMIZU, H. E. A covid‑19 e o princípio da responsabilidade social e saúde: uma análise crítica. Research, Society and Development, Vargem Grande Paulista, v. 10, n. 14, p. 1‑7, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/E12xUMx. Acesso em: 3 out. 2022. BORGES, F. F. Certificação ambiental e indicadores de sustentabilidade da agricultura. Ciência & Tecnologia, Jaboticabal, v. 12, n. 1, p. 87‑96, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3M94xgo. Acesso em: 3 out. 2022. BRAGA JUNIOR, S. et al. Greenwashing effect, attitudes, and beliefs in green consumption. Rausp Management Journal, São Paulo, v. 54, n. 2, p. 226‑241, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3e58OVt. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, 1990. Disponível em: https://cutt.ly/cMPtEIz. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível em: https://bit.ly/3SUrUw3. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999. Brasília, 1999. Disponível em: https://cutt.ly/zMP5maz. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Medida Provisória n. 2.228‑1, de 6 de setembro de 2001. Brasília, 2001. Disponível em: https://bit.ly/3CsTpHK. Acesso em: 3 out. 2022. BREDA. Z. I. A contabilidade e as dimensões econômicas, sociais e ambientais dos relatórios de sustentabilidade. Conselho Federal de Contabilidade, Brasília, 4 dez. 2020. Disponível em: https://cutt.ly/qMPryRT. Acesso em: 3 out. 2022. 145 CAJAZEIRA, J. E. R.; BARBIERI, J. C. Responsabilidade social e excelência empresarial: um estudo com empresas ganhadoras do Prêmio Nacional da Qualidade. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS‑GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO (EnANPAD), 30., 2006, Salvador. Anais [...]. Maringá: ANPAD, 2006. CARMO, I. L. A responsabilidade social como instrumento de gestão nas empresas brasileiras. 2019. Monografia (Bacharelado em Administração) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3CrfkPA. Acesso em: 3 out. 2022. CARMO, L. O. Evolução da responsabilidade social empresarial e a introdução ao caso brasileiro. Revista de Administração Aplicada, Macapá, v. 1, n. 2, p. 118‑137, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3UV9MEi. Acesso em: 3 out. 2022. CARROLL, A. B. Corporate social responsibility: the centerpiece of competing and complementary frameworks. Organizational Dynamics, Amsterdam, v. 44, n. 2, p. 87‑96, 2015. CARVALHO, F. T. A agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da ONU e seus atores: o impacto do desenvolvimento sustentável nas relações internacionais. Confluências, Niterói, v. 21, n. 3, p. 5‑19, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3E9QZiJ. Acesso em: 3 out. 2022. CARVALHO, G. O. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: uma visão contemporânea. Gestão & Sustentabilidade Ambiental, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 779‑792, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3rr2pHb. Acesso em: 3 out. 2022. CARVALHO, N. L. et al. Desenvolvimento sustentável x desenvolvimento econômico. Revista Monografias Ambientais, Santa Maria, v. 14, n. 3, p. 109‑117, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3M2tpGo. Acesso em: 3 out. 2022. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1991. CRCRS. Manual de incentivos fiscais para investimentos sociais, culturais, desportivos e na saúde. 7. ed. Porto Alegre: CRCRS, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3ybYUIk. Acesso em: 3 out. 2022. CRISÓSTOMO, V. L.; FREIRE, F. S; PARENTE, P. H. N. An analysis of corporate social responsibility in Brazil: growth, firm size, sector and internal stakeholders involved in policy definition. Pensamiento y Gestión, Barranquilla, n. 37, p. 125‑149, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3RBPOf1. Acesso em: 3 out. 2022. DAYANKAC, A. AA1000: verification of sustainability reports. DQS India, Bangalore, 3 nov. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3V18kQE. Acesso em: 3 out. 2022. DE SINAY, M. et al. Brazilian trends in the practice of corporate social responsibility. International Journal of Logistics Systems and Management, Geneva, v. 33, n. 1, p. 26‑41, 2019. 146 DEUS, R. M.; SELES, B. M. R.; VIEIRA, K. R. O. As organizações e a ISO 26000: revisão dos conceitos, dos motivadores e das barreiras de implementação. Gestão & Produção, São Carlos, v. 21, n. 4, p. 793‑809, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3EesCR4. Acesso em: 3 out. 2022. DOMINGOS, M. L. C. Responsabilidade social nas organizações de trabalho: benevolência ou culpa? Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 27, n. 1, p. 80‑93, 2007. Disponível em: https://bit.ly/3UXHfOr. Acesso em: 3 out. 2022. ENEL. Relatório anual de sustentabilidade: Enel Brasil 2021. São Paulo: Enel Brasil, 2022. Disponível em: https://cutt.ly/UMAuav2. Acesso em: 3 out. 2022. EPSTEIN, E. M. The corporate social policy process: beyond business ethics, corporate social responsibility, and corporatesocial responsiveness. California Management Review, Thousand Oaks, v. 29, n. 3, p. 99‑114, 1987. ETNOIDEIA. Calcula a tua pegada ecológica! Etnoideia, [s. l.], 30 set. 2002. Disponível em: https://cutt.ly/gMAr5RJ. Acesso em: 3 out. 2022. FERRELL, O. C. et al. Business ethics, corporate social responsibility, and brand attitudes: an exploratory study. Journal of Business Research, New York, v. 95, p. 491‑501, 2019. FIA BUSINESS SCHOOL. Marketing social: o que é, exemplos e como fazer. FIA, São Paulo, 28 dez. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3V0KkNC. Acesso em: 3 out. 2022. FNQ História da FNQ: há três décadas dedicada à excelência da gestão. FNQ, São Paulo, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3C3DGgY. Acesso em: 3 out. 2022. FNQ. Gestão sustentável. São Paulo: FNQ, 2018a. Disponível em: https://bit.ly/3M40Gkr. Acesso em: 3 out. 2022. FNQ. Modelo de Excelência da Gestão. São Paulo: FNQ, 2018b. Disponível em: https://cutt.ly/w1WaXxv. Acesso em: 29 nov. 2022. FNQ. A prática da valorização da responsabilidade social. FNQ, São Paulo, 14 jul. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3SALOMU. Acesso em: 3 out. 2022. FONTANA, E.; SCHMIDT, J. P. Um conceito forte de terceiro setor à luz da tradição associativa. Revista de Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 26, n. 1, p. 278‑304, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3ycUXDd. Acesso em: 3 out. 2022. FORMÁNKOVÁ, S.; SKŘIČKOVÁ, E.; HRDLIČKOVÁ, A. The role of corporate philanthropy in CSR. In: INTERNATIONAL SCIENTIFIC CONFERENCE CORPORATE SOCIAL RESPONSIBILITY AND HUMAN RESOURCE MANAGEMENT IN V4 COUNTRIES, 1., 2015, Nitra. Anais […]. Nitra: Slovak University of Agriculture, 2015. p. 19‑25. Disponível em: https://cutt.ly/r12Oagb. Acesso em: 3 out. 2022. 147 FREITAS, J. Sustentabilidade: direito ao futuro. 4. ed. São Paulo: Fórum, 2019. FREITAS, R. O que é contabilidade ambiental? Jornal Contábil, Araguari, 7 dez. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3gmbezK. Acesso em: 3 out. 2022. FUNDAÇÃO BRADESCO. História marcante. Fundação Bradesco, Osasco, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3ybVntK. Acesso em: 3 out. 2022. FURTADO, L. L. et al. Relação entre sustentabilidade e inovação: uma análise da legitimidade organizacional das empresas do setor elétrico brasileiro. Revista Catarinense da Ciência Contábil, Florianópolis, v. 18, p. 1‑16, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3SAuB6i. Acesso em: 3 out. 2022. GEIGER, N.; SWIM, J. K.; BENSON, L. Using the three‑pillar model of sustainability to understand lay reactions to climate policy: a multilevel approach. Environmental Science & Policy, Amsterdam, v. 126, p. 132‑141, 2021. GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. What is your ecological footprint? Global Footprint Network, Oakland, c2022. Disponível em: https://cutt.ly/h1iClx0. Acesso em: 3 out. 2022. GOMES, T.; VALDISSER, C. Responsabilidade social na gestão pública: um estudo de caso no Cras do município de Grupiara – MG. GeTeC, Monte Carmelo, v. 7, n. 18, p. 41‑57, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/p12ZtIL. Acesso em: 3 out. 2022. HAANAES, K.; OLYNEC, N. Why all businesses should embrace sustainability. IMD, Lausanne, 9 May 2022. Disponível em: https://bit.ly/2Cjoa2U. Acesso em: 3 out. 2022. HUDSON, M. Administrando organizações do terceiro setor: o desafio de administrar sem receita. São Paulo: Makron Books, 1999. IANQUITO, B. O. A sustentabilidade e suas dimensões. Revista da ESMESC, Florianópolis, v. 25, n. 31, p. 157‑178, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3RDgkV8. Acesso em: 3 out. 2022. IATRIDIS, K.; KESIDOU, E. What Drives Substantive Versus Symbolic Implementation of ISSO 14001 in a Time of Economic Crisis? Insights from Greek Manufacturing Companies. Journal of Business Ethics, New York, v. 148, n. 10, p. 859‑877, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/C12CgTr. Acesso em: 3 out. 2022. INCA. Rotulagem das embalagens. Instituto Nacional de Câncer, Brasília, 18 nov. 2020. Disponível em: https://cutt.ly/k19d3qh. Acesso em: 3 out 2022. INMETRO. ISO 26000. Inmetro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3e5ltYk. Acesso em: 3 out 2022. INMETRO. A norma nacional – ABNT NBR 16001. Inmetro, Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/tMAonML. Acesso em: 3 out 2022. 148 INMETRO. Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social. Inmetro, Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3yfvmd0. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. Áreas de atuação. Instituto Ethos, São Paulo, [s.d.c]. Disponível em: https://bit.ly/3g4uAtd. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. Documentos de apoio à aplicação. Instituto Ethos, São Paulo, [s.d.a]. Disponível em: https://bit.ly/3C9E4KL. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. Incentivando a gestão empresarial socialmente responsável. Instituto Ethos, São Paulo, 2013a. Disponível em: https://bit.ly/3yipLm7. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos para negócios sustentáveis e responsáveis. Instituto Ethos, São Paulo, 2013b. Disponível em: https://bit.ly/3fus3bd. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. O instituto. Instituto Ethos, São Paulo, [s.d.b]. Disponível em: https://bit.ly/3Rtq7x6. Acesso em: 3 out. 2022. INSTITUTO ETHOS. Qual o papel da responsabilidade social empresarial na garantia de direitos? Instituto Ethos, São Paulo, 6 maio 2020. Disponível em: https://bit.ly/3EdoCQw. Acesso em: 3 out. 2022. ISO. ISO 45000 Family: occupational health and safety. ISO, Geneva, [s.d.]. Disponível em: https://bit. ly/3M3aqLO. Acesso em: 3 out. 2022. JABBOUR, A. B. L. Going in circles: new business models for efficiency and value. Journal of Business Strategy, Bingley, v. 40, n. 4, p. 36‑43, 2019. JAYAKUMAR, T. From philantropy to strategic corporate sustainability: a case study in India. Journal of Business Strategy, Bingley, v. 37, n. 6, p. 39‑50, 2016. JONG, M. D. T.; HULUBA, G.; BELDAD, A. D. Different shades of greenwashing: consumers’ reactions to environmental lies, half‑lies, and organizations taking credit for following legal obligations. Journal of Business and Technical Communication, Thousand Oaks, v. 34, n. 1, p. 38‑76, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3e5xFII. Acesso em: 3 out. 2022. KAPLAN, S. By 2050, there will be more plastic than fish in the world’s oceans. The Washington Post, Washington, 20 jan. 2016. Disponível em: https://wapo.st/3EjXj7c. Acesso em: 3 out. 2022. KOTLER, P., ZALTMAN, G. Social Marketing: an Approach to Planned Social Change. Journal of Marketing, Ann Arbor, v. 35, n. 3, p. 3‑12, 1971. LAMIM‑GUEDES, V. Pegada ecológica: consumo de recursos naturais e meio ambiente. Educação Ambiental em Ação, [s. l.], v. 10, n. 38, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3e2c6J9. Acesso em: 3 out. 2022. 149 LEE, N. R.; KOTLER, P. Marketing social: influenciando comportamentos para o bem. São Paulo: Saraiva Uni, 2019. LINHARES, H. C. Análise do desempenho financeiro de investimentos ESG nos países emergentes e desenvolvidos. 2017. Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) – Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3CwImgP. Acesso em: 3 out. 2022. LIRA, L. A. et al. O que se vem falando a respeito de marketing social como estratégia nas organizações. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2019, Ponta Grossa. Anais [...]. Ponta Grossa: ADM 2019, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3SUCtiV. Acesso em: 3 out. 2022. LOPES, M. M. C. A influência dos stakeholders na responsabilidade social empresarial estratégica. 2015. Tese (Doutorado em Marketing) – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3rudR4R. Acesso em: 3 out. 2022. LOPEZ, F. G.; LEÃO, L. S.; GRANGEIA, M. L. State, Third Sector, and the Political Sphere in Brazil. International Journal of Sociology, Ann Arbor, v. 41, n. 2, p. 50‑73, 2011. MAGAZINE LUIZA. Compromisso com a sociedade. Magazine Luiza, Franca, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2rIluoQ. Acesso em: 3 out. 2022. MANGINI, E. R. et al. Greenwashingstudy and consumers’ behavioral intentions. Consumer Behavior Review, Recife, v. 4, n. 3, p. 229‑244, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3e5qD6J. Acesso em: 3 out. 2022. MARIANI, É. J. As normas ISO. Revista Cientifica Eletrônica de Administração, [s. l.], v. 6, n. 10, p. 1‑6, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3EdnEUB. Acesso em: 3 out. 2022. MARQUES, V. L.; ALLEDI FILHO, C. (org.). Responsabilidade social, conceitos e práticas: construindo o caminho para a sustentabilidade nas organizações. São Paulo: Atlas, 2012. MATIAS, J. L.; NASCIMENTO, L. Q. Responsabilidade social, filantropia e o papel social da empresa na pandemia de covid‑19. RJLB, Lisboa, v. 7, n. 4, p. 867‑890, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3RG2BNo. Acesso em: 3 out. 2022. MEDEIROS, A. K.; CRANTSCHANINOV, T. I.; SILVA, F. C. Estudos sobre accountability no Brasil: meta‑análise de periódicos brasileiros das áreas de administração, administração pública, ciência política e ciências sociais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n. 3, p. 745‑755, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3rvWMYk. Acesso em: 3 out. 2022. MEIRA, P. R. S.; SANTOS, C. P. Programas de marketing social: proposição e exame de uma estrutura conceitual de avaliação de resultados. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 46, n. 2, p. 493‑522, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3fIgJIP. Acesso em: 3 out. 2022. 150 MEJÍAS, A. M.; PAZ, E.; PARDO, J. E. Efficiency and sustainability through the best practices in the Logistics Social Responsibility framework. International Journal of Operations & Production Management, Bingley, v. 36, n. 2, p. 164‑199, 2016. MELLO, M. F.; MELLO, A. Z. Uma análise das práticas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade como estratégias de empresas industriais do setor moveleiro: um estudo de caso. Gestão & Produção, São Carlos, v. 25, n. 1, p. 81‑93, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3SBGSYp. Acesso em: 3 out. 2022. MERCO. Resultados Merco: responsabilidade social e governança corporativa Brasil. 6. ed. [S. l.]: Merco, 2019. MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Perguntas frequentes: lei de incentivo. Gov.br, Brasília, 6 maio 2020. Disponível em: https://bit.ly/3yhvBnI. Acesso em: 3 out. 2022. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Aderir ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P (A3P). Gov.br, Brasília, 25 jul. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3V4fW4Y. Acesso em: 3 out. 2022. MONTEIRO, G. F. A. et al. ESG: disentangling the governance pillar. Rausp Management Journal, São Paulo, v. 56, n. 4, p. 482‑487, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3C8gT3B. Acesso em: 3 out. 2022. MOREIRA, A. M. A. Ética empresarial e sustentabilidade em momentos de crise: uma análise sob a perspectiva do princípio da solidariedade. Revista de Direito e Sustentabilidade, Florianópolis, v. 6, n. 2, p. 79‑98, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CzP2Lj. Acesso em: 3 out. 2022. MOREIRA, M. R. et al. O Brasil rumo a 2030? Percepções de especialistas brasileiros(as) em saúde sobre o potencial de o País cumprir os ODS Brazil heading to 2030. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. esp. 7, p. 22‑35, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3yg7DJv. Acesso em: 3 out. 2022. MPSC. Fundação: conceito, características principais e instituição. MPSC, Florianópolis, 18 jul. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3e3waL4. Acesso em: 3 out. 2022. MURMURA, F. et al. Evaluation of Italian Companies’ Perception About ISO 14001 and Eco Management and Audit Scheme III: Motivations, Benefits and Barriers. Journal of Cleaner Production, Amsterdam, v. 174, p. 691‑700, 2018. NATURA. Relatório anual Natura 2020. Cajamar: Natura, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/5MAytdO. Acesso em: 3 out. 2022. NATURA. Relatório integrado Natura & Co. Natura, Cajamar, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/vMP4esF. Acesso em: 3 out. 2022. NATURA. Visão de sustentabilidade 2050. Cajamar: Natura, 2014. Disponível em: https://cutt.ly/zMApWcS. Acesso em: 3 out. 2022. 151 NELSON, R. A. R. Da questão dos incentivos fiscais na República Federativa do Brasil. Revista de La Facultad de Derecho, Montevideo, n. 45, p. 1‑37, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3e6Yaxi. Acesso em: 3 out. 2022. NGUYEN, T. et al. Impact of corporate social responsibility on organizational commitment through organizational trust and organizational identification. Management Science Letters, Vancouver, v. 10, n. 14, p. 3453‑3462, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CxErAn. Acesso em: 3 out. 2022. OCDE. Avaliação do progresso do Brasil na implementação das recomendações previstas na Avaliação de Desempenho Ambiental e na promoção de seu alinhamento com o acervo básico da OCDE sobre meio ambiente. São Paulo: Conectas, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3SQgDgE. Acesso em: 3 out. 2022. OGOLA, F. O.; MÀRIA, J. F. Mechanisms for development in corporate citizenship: a multi‑level review. International Journal of Corporate Social Responsibility, New York, v. 5, n. 7, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3e3zmq0. Acesso em: 3 out. 2022. OLIVEIRA, A. C. V.; SILVA, A. S.; MOREIRA, Í. T. A. Economia circular: conceitos e contribuições na gestão de resíduos urbanos. Revista de Desenvolvimento Econômico (RDE), Salvador, v. 3, n. 44, p. 273‑289, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3SA9Vvt. Acesso em: 3 out. 2022. ONU. Sobre o nosso trabalho para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável no Brasil. ONU, Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/A19TpJq. Acesso em: 3 out. 2022. PAMPLONA, P. Investimento social no Brasil chega a R$ 2,9 bi, mas cai 18% em dois anos. Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 fev. 2018. Disponível em: https://cutt.ly/S1OOiKU. Acesso em: 3 out. 2022. PARK, J. Y.; KIM, S. W. Global corporate social responsibility standard, ISO 26000 and its effect on the society. Asian Journal on Quality, Bingley, v. 12, n. 3, p. 315‑322, 2011. PARK, S. R.; JANG, J. Y. The impact of ESG management on investment decision: institutional investors’ perceptions of country‑specific ESG criteria. International Journal of Financial Studies, Basel, v. 9, n. 3, p. 48, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3CyslqE. Acesso em: 3 out. 2022. PASSARINHO, N. Tragédia com barragem da Vale em Brumadinho pode ser a pior no mundo em 3 décadas. BBC News Brasil, São Paulo, 29 jan. 2019. Disponível em https://bbc.in/2MEOB6S. Acesso em: 3 out. 2022. PASSOS, G. Quase mil pessoas são resgatadas de trabalho escravo no Brasil em 2020. Agência Brasil, Brasília, 11 maio 2021. Disponível em: https://bit.ly/3SFy8jN. Acesso em: 3 out. 2022. PASSOS, T. A.; BORGES, M. S. Responsabilidade social empresarial: uma análise bibliométrica da produção cientifica no século XXI. Revista de Gestão e Desenvolvimento, Novo Hamburgo, v. 18, n. 3, p. 237‑262, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3STIWuk. Acesso em: 3 out. 2022. 152 PETKOSKI, D.; TWOSE, N. (ed.). Public Policy for Corporate Social Responsibility. Washington: World Bank Institute, 2003. (WBI Series on Corporate Responsibility, Accountability, and Sustainable Competitiveness). Disponível em: https://bit.ly/3EAaP72. Acesso em: 3 out. 2022. PNUD. Acompanhando a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável: subsídios iniciais do Sistema das Nações Unidas no Brasil sobre a identificação de indicadores nacionais referentes aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília: PNUD, 2016. Disponível em: https://cutt.ly/h19Lity. Acesso em: 3 out. 2022. PNUD. Relatório do desenvolvimento humano 2015. Nova York: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/I1QfRgj. Acesso em: 29 nov. 2022. PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS. Agenda ambiental na administração pública – A3P. Gov.br, Brasília, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3ygGS7Q. Acesso em: 3 out. 2022. PORTAL TRIBUTÁRIO. Ajustes ao lucro líquido no lucro real: Livro Lalur: adições e exclusões. Portal Tributário, [s. l.], [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/a19Pnda. Acesso em: 3 out. 2022. PORTER,M. E.; KRAMER, M. R. Creating shared value. Harvard Business Review, 2011. PROAC. [Homepage]. ProAC, São Paulo, c2022. Disponível em: https://cutt.ly/U0Wyub8. Acesso em: 3 out. 2022. RAINATTO, G.; SOUSA, G.; JABBOUR, A. B. Dimensões da economia circular: uma proposta teórica. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO (SEMEAD), 24., 2021, on‑line. Anais […]. São Paulo: PPGA FEA USP, 2021. Disponível em: https://cutt.ly/n19A5Jm. Acesso em: 3 out. 2022. REIS, T. Éthos. E‑Dicionário de Termos Literários, Lisboa, 30 dez. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3V6knfC. Acesso em: 3 out. 2022. REUSO de água na indústria de alimentos e bebidas. Portal Tratamento de Água, São Paulo, 1 nov. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3e4E5YL. Acesso em: 3 out. 2022. RFB. Campanha destinação: o imposto de renda a serviço da cidadania. Receita Federal, Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3ruWiSb. Acesso em: 3 out. 2022. RIBEIRO, M. S. A evolução dos conceitos de responsabilidade social. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 9., 2002, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: CBC, 2002. Disponível em: https://bit.ly/3efqei2. Acesso em: 3 out. 2022. RODA, F.; FONSECA, R.; KROM, V. Ética empresarial: um compromisso social que pode maximizar resultados. In: ENCONTRO LATINO‑AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA, 8.; ENCONTRO LATINO‑AMERICANO DE PÓS‑GRADUAÇÃO, 4., 2020, São José dos Campos. Anais [...]. São José dos Campos: Universidade do Vale do Paraíba, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CB9Bqo. Acesso em: 3 out. 2022. 153 ROLIM, F. P.; JATOBÁ, A. C.; BELO, M. A. O desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico: uma abordagem no âmbito das políticas públicas. Revista Direito & Desenvolvimento, João Pessoa, v. 5, n. 10, p. 95‑110, 2014. SAAVEDRA, C. Responsabilidade social nas organizações contemporâneas: valores ou interesse? In: ENCONTRO LATINO‑AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 15., 2011, São José dos Campos. Anais [...]. São José dos Campos: Inic, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3CaChW2. Acesso em: 3 out. 2022. SAHU, M.; PANIGRAHY, D. Corporate social responsibility: public sector vs private sector – a myth or reality? In: ANNUAL INTERNATIONAL SEMINAR PROCEEDINGS, 17., 2016, New Delhi. Anais [...]. New Delhi, 2016. SALGADO, J. Microempreendedor individual e a noção de cidadania empresarial. Revista Mídia e Cotidiano, Niterói, v. 15, n. 1, p. 192‑212, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3ec1irV. Acesso em: 3 out. 2022. SANTOS, R. S. et al. O uso da pegada ecológica como metodologia para educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), São Paulo, v. 16, n. 4, p. 516‑535, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3V1E3RU. Acesso em: 3 out. 2022. SANTOS, W. A.; ERTHAL JUNIOR, M.; BARCELLOS, R. G. Biocapacidade dos biomas brasileiros a partir de conceitos da pegada ecológica energética. Revista Ambiente e Sociedade, São Paulo, v. 24, 2021. Disponível em: https://tinyurl.com/bdhjfuzz. Acesso em: 3 out. 2022. SCHEEL, R. Sustainability in 2021: everything companies should know. Forbes Business Council, New York, 4 Feb. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3fzjiN6. Acesso em: 3 out. 2022. SEBRAE. Entenda o que são OSCIPs e como elas funcionam. Sebrae, São Paulo, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3V7wsBa. Acesso em: 3 out. 2022. SERAO, L. A. J. et al. Valorização do tema “responsabilidade social” em instituições de ensino superior? Análise de cursos de Administração no estado do Rio de Janeiro. Cadernos Ebape Brasil, Rio de Janeiro, v. 15, ed. esp., p. 462‑481, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3CCsTMs. Acesso em: 3 out. 2022. SILVA, D. A.; NELSON, A. V.; SILVA, M. A. Do desenvolvimento como crescimento econômico ao desenvolvimento como liberdade: a evolução de um conceito. Desenvolvimento em Questão, Ijuí, v. 16, n. 42, p. 1‑16, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3SYbZNv. Acesso em: 3 out. 2022. SILVA, J. T. O bem viver e perspectivas para o design sustentável. DAT Journal, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 142‑156, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3CAMcWn. Acesso em: 3 out. 2022. SILVA, V. L. et al. Vantagens, barreiras e estratégias para economia circular: uma abordagem teórica. Exacta, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 238‑255, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3fNYLEw. Acesso em: 3 out. 2022. 154 SORATTO, A. N. et al. Sistema da gestão da responsabilidade social: desafios para a certificação NBR 16001. Revista Gestão Industrial, Ponta Grossa, v. 2, n. 4, p. 13‑25, 2006. Disponível em: https://cutt.ly/619Hurq. Acesso em: 3 out. 2022. SOUZA, M. J. B.; MARCON, R. A responsabilidade social das empresas para com consumidores, acionistas e sociedade. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 2., 2002, Recife. Anais [...]. Recife: Observatório da Realidade Organizacional, 2002. SOUZA, T. C. G.; DE BENEDICTO, S. C.; SILVA, L. H. V. Relatório de sustentabilidade: proposta de aplicação em uma Instituição de Ensino Superior comunitária à luz da Global Reporting Initiative (GRI). Revista de Administração Contabilidade e Sustentabilidade (Reunir), [s. l.], v. 11, n. 2, p. 76‑89, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3fsWnmA. Acesso em: 3 out. 2022. TACHIZAWA, T. Organizações não governamentais e terceiro setor: criação de ONGs e estratégias de atuação. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. TAMVADA, M. Corporate social responsibility and accountability: a new theoretical foundation for regulating CSR. International Journal of Corporate Social Responsibility, New York, v. 5, n. 2, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3Ma0WyH. Acesso em: 3 out. 2022. TENÓRIO, F. G. Responsabilidade social empresarial: teoria e prática. São Paulo: FGV, 2015. TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004. TOMEI, P. A. Responsabilidade social de empresas: análise qualitativa da opinião do empresariado nacional. Revista de Administração de Empresas (RAE), São Paulo, v. 24, n. 4, p. 190‑202, 1984. Disponível em: https://bit.ly/3RzbiJf. Acesso em: 3 out. 2022. TOPSUN ENERGIA SOLAR. Responsabilidade social: Pesquisa aponta que 87% dos brasileiros preferem empresas com práticas sustentáveis. G1, São Paulo, 2 mar. 2021. Disponível em: http://glo.bo/3SClWR4. Acesso em: 3 out. 2022. TORRES, G. C. T.; FACHIN, Z. Cidadania corporativa e responsabilidade social: interfaces do envolvimento empresarial com a sociedade. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, Pouso Alegre, v. 36, n. 1, p. 183‑200, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CLjsu5. Acesso em: 3 out. 2022. VAZ, T. Natura terá sede de vidro e cercada por árvores em São Paulo. Exame, São Paulo, 18 ago. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3emOrmL. Acesso em: 3 out. 2022. VOEGTLIN, C.; SCHERER, A. G. Responsible innovation and the innovation of responsibility: governing sustainable development in a globalized world. Journal of Business Ethics, New York, v. 143, n. 2, p. 227‑243, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3CljhEq. Acesso em: 3 out. 2022. 155 VOLTOLINI, R. Vamos falar de ESG? Provocações de um pioneiro em sustentabilidade empresarial. Belo Horizonte: Voo, 2021. VRPROJETOS. Incentivos fiscais para empresas que querem realizar ações sociais. VRProjetos, [s. l.], 15 out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3Exovja. Acesso em: 3 out. 2022. WATERHOUSE, B. C. The personal, the political and the profitable: business and protest culture, 1960s‑1980s. Financial History, New York, n. 121, p. 14‑17, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3T7TciH. Acesso em: 3 out. 2022. WILLIAMSON, A. L.; BURKE, B. F.; BEINECKE, R. H. Public service and social responsibility: a role for public affairs in undergraduate business education. Journal of Public Affairs Education, v. 17, n. 3, p. 367‑384, 2011. WORLD POPULATION REVIEW. Ecological Footprint by Country 2021. World Population Review, [s. l.], 25 fev. 2022. Disponível em: https://cutt.ly/j19JVi4. Acesso em: 3 out. 2022. YEVDOKIMOVA, M. et al. Evolution of Social Responsibility Applied to the Concept of Sustainable Development:Mainstream of the 20th Century. Journal of Security and Sustainability Issues, Vilnius, v. 8, n. 1, p. 69‑79, 2018. Disponível em: https://cutt.ly/P19KUNQ. Acesso em: 3 out. 2022. 156 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000