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GESTÃO DE MARCAS E DE FRANQUIAS GESTÃO DE MARCAS E DE FRANQUIAS A474 Alves, Ronaldo de Jesus Gestão de marcas e franquias [livro eletrônico] / Ronaldo de Jesus Alves. – Rio de Janeiro: UVA, 2019. 2,2 MB : PDF. ISBN 978-85-5459-096-3 1. Branding (Marketing). 2. Marca registrada. 3. Marca de produtos - Administração. 4. Franquias (Comércio varejista). I. Universidade Veiga de Almeida. II. Título. CDD – 658.827 Copyright © UVA 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEÚDO Ronaldo de Jesus Alves REVISÃO Janaina Senna Luiz Werneck Maia Francine F. Souza PROJETO GRÁFICO UVA DIAGRAMAÇÃO UVA Bibliotecária Katia Cavalheiro CRB 7 - 4826. Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UVA. SUMÁRIO Apresentação Autor 6 7 Estratégias de construção da marca 26 • O que é branding? • Portfólio de marcas • Brand equity: quanto a marca agrega de patrimônio a uma empresa? UNIDADE 2 8 • O que é marca? Tipos de marca • Posicionamento e processos de criação do nome da marca • Diretrizes para o posicionamento de marca O que é e como fazer a gestão de uma marca? UNIDADE 1 SUMÁRIO Conceitos, definições e serviços de franchising 62 • O sistema de franchising • Aspectos jurídicos e econômico-financeiros do franchising • Vantagens e desvantagens e papéis de franqueadores e franqueados UNIDADE 4 46 • Estratégia de branding e arquiteturas de marcas • Estratégia de marca e relacionamento com clientes • Extensões de linha e introdução de novos produtos Estratégias de branding e arquiteturas de marcas UNIDADE 3 6 A disciplina Gestão de Marcas e de Franquias abordará os diversos aspectos do branding, sua complexidade de funcionamento, a gestão e construção de marcas fortes, como também o mercado de franchising no Brasil, cuja importância tem sido cada vez mais reconhecida, o que torna o país o quarto maior mercado de franquias do mundo. Ao terminarmos os estudos desta disciplina, o aluno estará apto a aplicar ferramentas de gestão da marca na orientação da construção de sua identidade, na avaliação de sua saúde de marca e até mesmo na mensuração de seu patrimônio para a empresa. No que diz respeito ao sistema de franchising, essa modalidade vem crescendo de maneira consolidada no país, contribuindo para o aumento do PIB nacional e estabelecendo-se como uma excelente opção de expansão dos negócios, de empreendedorismo e empregabilidade. A disciplina também apresenta o sistema de franchising e sua importância na economia brasileira, bem como suas modalidades e utilização como estratégia de expansão. APRESENTAÇÃO 7 RONALDO DE JESUS ALVES Mestre em Administração pela Universidade Estácio de Sá – Unesa (2004), pós-graduado em Educação a Distância pelo Centro Universitário Uniseb Interativo (2016), especialista em Marketing Empresarial pela Unesa (2000), especialista em Qualificação para o Magistério Superior (2004) e graduado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Augusto Motta – Unisuam (1994). Ex-coordenador geral do CST em Marketing da Unesa, modalidade EAD (2007-2014), ex-coordenador geral do CST em Marketing da Unesa, modalidade presencial (2007-2012), ex-coordenador do CST em Marketing da Universidade Veiga de Almeida – UVA (2015-2016). Tem experiência em planejamento, organização e coordenação das atividades acadêmicas e vivência em construção de cursos e currículos de graduação e graduação tecnológica. AUTOR O que é e como fazer a gestão de uma marca? UNIDADE 1 9 Neste tópico estudaremos o conceito de marca como a união de características intangíveis e tangíveis combinadas a uma identidade que serve para identificar produtos ou serviços e se diferenciar dos concorrentes. Também estudaremos a definição de marca como a união de nomes, termos ou símbolos, com o intuito de caracterizar todo o sistema, que se une para entregar serviços ou oferecer produtos a seus consumidores específicos. Estudaremos também como ela se apresenta para os clientes de uma organização, identificando as oportunidades de melhoria nos processos de sua criação e posicionamento. INTRODUÇÃO Nesta unidade, o aluno será capaz de compreender o conceito de marca e os requisitos para sua administração eficaz. OBJETIVO 10 O que é marca? Tipos de marca Neste tópico definiremos o que é uma marca e como ela se apresenta para os clientes de uma organização. Para começar nossos estudos, primeiramente explicaremos o que é uma marca: as marcas ou brands (“marcas”, em inglês) já vêm sendo utilizadas há muitos séculos. Elas têm acompanhado a evolução do consumo desde tempos imemoriais, acompanhando a evolução da humanidade desde o começo dos simples processos de troca comercial, ou escambo, até o grande consumo organizado da sociedade atual. Estudos apontam a origem das marcas até mesmo antes das civilizações da Grécia e Roma antigas. A necessidade de procurar uma identificação única e diferenciada levou a humanidade a criar nomes e simbologias específicas já nos tempos bíblicos, quando a marca originalmente identificava a procedência do ítem, como o “ouro puro de Ofir” ou os “cedros do Líbano”, registrados por Salomão no Livro dos Reis de Israel. O advento do consumo em massa, entretanto, possibilitado pela revolução tecnológica e por novos e melhores meios de comunicação e distribuição do início do século XIX, foi o que impulsionou o desenvolvimento das marcas e o processo de gestão nos moldes hoje conhecidos. Nessa época, os grandes fabricantes identificaram nas marcas um potencial para o crescimento do negócio. Atualmente a definição de marca ganhou novos contornos. Na definição da American Marketing Association – AMA — “marca é um nome, termo, sinal, símbolo, desenho ou combinação desses elementos — que deve identificar os bens ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los dos da concorrência”. O consagrado autor de marketing Philip Kotler diz que a marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho que identifica o fabricante ou vendedor de um produto ou serviço. De acordo com a Lei nº 9.279/1996, marca é o sinal distintivo visualmente perceptível que não está no rol das proibições expressamente previstas na referida legislação. Simplificando, marca é todo sinal distintivo que serve para destacar, no mercado consumidor, produtos ou serviços a ela vinculados. No que diz respeito ao mundo dos negócios, o posicionamento forte de uma marca define sua personalidade, adiciona valores e fideliza o cliente, que se identifica e interage com seus produtos e serviços. 11 Podemos afirmar então que a principal característica da marca é a capacidade de eliminar a necessidade prévia que uma pessoa possa ter de receber informações sobre um produto ou serviço. Fazer o consumidor lembrar de uma marca, fazer com que ele a associe a valores tais como qualidade, honestidade e integridade, requer um grande esforço e constitui-se num dos grandes desafios dos profissionais de marketing. A origem da palavra brand A palavra brand (“marca”, em inglês) tem sua origem na palavra escandinava brandr, cujo significado é “queimar”, e foi nesse contexto que os saxões adotaram o termo. A prática comumente utilizada pelos proprietários de gado de usar o fogo para marcar seus animaise, dessa forma, poder identificar a propriedade e posse de bens materiais, permitindo aos criadores de gado distinguirem as suas reses, ainda hoje é usada por alguns pecuaristas. No cenário empresarial, a preocupação com a gestão de marcas surgiu a partir da descentralização do produto como centro gravitacional das estratégias de uma organização. Nos anos 1990, grandes organizações mundiais começaram a direcionar seus negócios muito mais para a gestão das marcas que para a fabricação dos produtos como resposta à visão, à postura, à estratégia e ao enfoque necessário às mudanças nos mercados. A gestão de marca, ou branding, surge então como resposta à necessidade de criação de uma estratégia clara que abordasse o público-alvo dessas corporações, criando valor para elas. A globalização e as mudanças no comportamento do consumidor exigiram das organizações um trabalho completo e integrado da marca como uma ferramenta imprescindível para o êxito da gestão empresarial. A gestão estratégica de marcas MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e assista ao conteúdo complementar propos- to pelo professor. 12 passa a ser utilizada pelas empresas para expressar e tangibilizar suas promessas e ofertas, impulsionada pelos elementos do composto da comunicação de marketing, como a publicidade, a promoção de vendas e as relações públicas, entre outras tantas importantes ferramentas visíveis e não visíveis. As funções que as marcas desempenham junto aos consumidores Como já dissemos anteriormente, as marcas podem assumir um significado especial para os consumidores, capaz de mudar suas percepções e experiências em relação a um determinado produto ou serviço. Dois produtos idênticos podem ser avaliados de maneira diferente em relação aos seus benefícios por um indivíduo ou uma organização, dependendo da identificação ou atribuição de marca que lhes são dadas. As cincos principais funções que as marcas desempenham junto aos consumidores são: 1- Identificação da origem do produto Essa é a função mais óbvia (mas não a menos importante). As organizações estão cada vez mais atentas à elaboração de programas de marketing que levem em conta as experiências dos consumidores com suas marcas: elas entenderam que o contato com as marcas ao longo da experiência de consumo faz com que eles estabeleçam a classificação e identificação de determinados produtos que satisfazem ou não suas necessidades, em termos de qualidade esperada. 2- Simplificação do processo de decisão de compra Conforme já foi visto, a experiência do consumidor com determinadas marcas faz com que a necessidade de informação prévia sobre o produto seja irrelevante. A imagem forte das marcas se torna, assim, um agente simplificador na decisão de compra de produtos/ serviços. Sob uma perspectiva econômica, podemos afirmar que marcas consolidadas permitem a redução dos custos de busca de produtos por parte dos consumidores tanto em termos de esforços psíquicos, ou seja, de quanto têm que pensar sobre o produto, quanto em termos de esforços físicos. Em outras palavras, quanto terão que disponibilizar de tempo para sua procura. 13 3- Criação de vínculo com o fabricante do produto O relacionamento entre uma empresa e seus consumidores pode ser visto como um tipo de pacto ou vínculo cujo significado, incorporado pela experiência com uma marca, pode ser bastante profundo. A lealdade e confiança dos consumidores com determinadas organizações passa pela certeza de que a marca (ou marcas oferecidas) atenderá a suas expectativas, provendo satisfação por meio de funcionamento consistente do produto, além do acompanhamento de um adequado mix de marketing. 4- Elementos simbólicos Algumas marcas podem assumir um significado especial para os consumidores, capaz de transformar suas percepções e experiências em relação a um determinado produto ou serviço. Elas transcendem seu papel de gerar benefícios funcionais aos seus consumidores e, não raras vezes, passam a servir como dispositivos de projeção de sua autoimagem. Em outras palavras, a associação de sua imagem pessoal com o consumo/ uso de determinados produtos pode comunicar a outras pessoas (e a si mesmo) o tipo de pessoa que são ou gostariam de ser. 5 - As marcas podem funcionar como indicativos de qualidade Outra função importante das marcas é sua capacidade de sinalizar aos consumidores as características do produto. Os atributos e benefícios de uma marca podem ser classificados em três categorias principais: 1. Bens de pesquisa: em que a simples inspeção visual do consumidor pode auxiliar a avaliação dos consumidores em aspectos como tamanho, robustez, estilo e cor, dentre outros. 2. Bens de experiência: em que os testes e experimentações do produto podem auxiliar na percepção de seus atributos (ex.: test drive; amostras grátis). 3. Bens de credibilidade: exemplos em que serviços agregados, como garantias, coberturas etc., auxiliam na transmissão de segurança para os consumidores, influenciando o processo de decisão de compra. Nesse caso, podemos afirmar que há uma tendência de os consumidores comprarem marcas conhecidas, ou seja, como elas já tiveram boas experiências anteriores, elas utilizam essa vivência como forma de reduzir riscos físicos, funcionais, financeiros, sociais, psicológicos e de tempo. 14 Posicionamento e processos de criação do nome da marca Neste tópico vamos falar sobre posicionamento e processos de criação do nome da marca além de identificar oportunidades de melhoria nos processos de criação do nome da marca. Você está preparado? O americano Scott A. Bedbury, consultor de branding, CEO da Brandstream, uma das mais importantes empresas de branding da atualidade, diz que: Uma marca é o somatório do bom, do ruim, do feio e do que não faz parte da estratégia. É definida tanto pelo seu melhor produto quanto pelo pior. É definida tanto pela propaganda premiada quanto pelos piores anúncios. Tanto pelas grandiosas palavras do CEO como pelos comentários negativos de um consumidor. As marcas absorvem conteúdo, imagens, sensações e tornam-se conceitos psicológicos na mente do público. Como tal, não se pode controlá-las por completo. No máximo, é possível orientá-las e influenciá-las. É inegável a importância e o valor das marcas na sociedade atual, contudo a manutenção ou a melhoria da consciência da marca, sua qualidade e funcionalidade percebidas, bem como suas associações positivas, demandam uma cuidadosa administração para que não ocorra a depreciação do seu valor patrimonial. Se nos primórdios da gestão das marcas tínhamos apenas produtos pouco diferenciados (as chamadas commodities, isto é, produtos de baixo valor agregado, sem diferenciação), oriundos da orientação da produção em massa e preço baixo, hoje evoluímos para produtos com marca, cujo valor agregado e diferenciação são decorrentes do aumento da concorrência (e a consequente multiplicação de marcas) em todos os mercados. 15 Figura 1: Marcas fortes fazem com que os consumidores aceitem melhor seu produto, paguem mais por ele, indiquem seus serviços a outras pessoas e, consequentemente, ganhem novos clientes. A soma desses fatores criou um cenário bem mais complexo e trouxe maiores desafios para os gestores de marcas, ocasionando uma maior dificuldade de diferenciação, o que leva, naturalmente, a uma maior pressão por preço e consequente maior esforço para a construção de marcas. Cliente não compra produtos e serviços, compra valor percebido! É comum ouvirmos os executivos de marketing dizerem que o cliente não compra produtos e serviços, ele compra aquilo que o produto/serviço pode fazer por ele (as satisfações e experiências de consumo advindas da sua posse ou uso), isto é, compra valor percebido. E, nessa batalha de percepções, o vencedor é aquele capaz de ser mais efetivo em fazer com que seus consumidores percebam maior valor em sua oferta, tornando-se clientes habituais. E, para que essas estratégiasde marketing sejam bem-sucedidas, esses consumidores precisam ser convencidos de que existem diferenças entre as marcas que competem na mesma categoria de produto ou serviço. Como criar uma marca? Como criar uma marca forte e conseguir um bom posicionamento no mercado? Essa preocupação é, sem dúvidas, o cerne do pensamento de muitos estrategistas e de gente que entende o poder que uma marca forte exerce para o sucesso dos negócios de uma organização. Antes de qualquer coisa, as experiências das marcas mais bem-sucedidas apontam que a sua essência não pode ser resumida à criação de um logo. A marca é muito mais do que isso: ela é um conjunto de características que engloba, além do logo, o posicionamento, o slogan e a identidade. As marcas devem representar o sentimento que as organizações têm em relação ao seu público-alvo. 16 Marcas memoráveis como Coca-Cola, Apple, Procter & Gamble, McDonald’s, entre outras gigantes, entenderam que é necessária uma compreensão muito bem definida de fatores, como o mercado, o público-alvo e os concorrentes, entre outros. É necessário conhecer (e muito!) o tipo de gente que a empresa deseja atingir: quais são as suas principais características, gostos, convicções, preferências e quais outras marcas eles costumam consumir? Outro ponto de convergência entre as marcas mais fortes do mercado é que todas elas possuem um padrão. A sua identidade (alma) pode ser vista em toda a sua comunicação, em seus produtos/serviços, nas suas redes sociais, nas suas instalações físicas, nos uniformes dos colaboradores, nas embalagens, nos brindes etc. Grandes players como a Nestlé e McDonald’s buscam constantemente uma estratégia de marca que faz com que até mesmo pequenos detalhes não sejam esquecidos e ajudem a construir a reputação da marca, não só na cabeça e no coração de seus clientes, como também por aqueles que visualizam a marca. A construção de uma identidade de marca é muito importante, porque é capaz de representar a missão e os valores de uma empresa. A Coca-Cola sabe bem disso, pois, além de ter uma identidade visual superconhecida há mais de um século, ela construiu uma comunicação de marca que evoca um sentimento desejado por seus consumidores: felicidade. E essa palavra, felicidade, se tornou uma espécie de mantra, presente em todas as suas campanhas, em frases como “abra a felicidade”, “explosão de felicidade”, “momentos felizes”, “fábrica de felicidade” etc. A proteção de uma marca Se você ficou com vontade de criar uma marca para um negócio seu, é importante que você saiba que, para que ela não seja copiada e utilizada sem sua permissão (pessoa ou organização), ela precisa ser registrada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI, que é a entidade brasileira responsável pelo registro e pela concessão de marcas e patentes. 17 MIDIATECA Quer saber mais sobre o registro de marcas? Acesse a midiateca da Unidade 1 e assista ao conteúdo complementar proposto pelo professor. 18 Diretrizes para o posicionamento de marca Nesta etapa vamos buscar definir os processos de posicionamento do nome da marca de uma organização. Já vimos que a gestão de uma marca é algo importantíssimo para a estratégia de marketing de uma organização, certo? O gerenciamento bem-sucedido das marcas auxilia a empresa a gerir o processo de lembrança, estímulos de compra e fidelização, ao estimular a confiança do cliente por meio da agregação de valores para a construção de uma marca forte. Agora vamos falar da importância do posicionamento da marca para a consolidação dessa estratégia de marketing. Philip Kotler, conceituado autor de marketing, afirma que o posicionamento de marca é “o ato de planejar a oferta e a imagem da empresa, de modo que ela ocupe um lugar distinto e valorizado na mente dos clientes-alvo” (KOTLER; KELLER, 2012). Podemos dizer que posicionar uma marca significa explicar para o mercado quais são os valores (por exemplo: inovação, qualidade percebida, preço, atendimento, flexibilidade, proximidade etc.) que justificam preferir uma marca em detrimento de outra concorrente no mesmo segmento de atuação. O posicionamento da marca, então, vai orientar a estratégia de marketing para a construção do significado da marca em relação às concorrentes ao responder pelo menos três perguntas: Qual é nosso público-alvo? Quais de seus problemas e necessidades vamos resolver? Por que a nossa marca (empresa/produto) é a melhor alternativa? 19 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e assista ao conteúdo complementar propos- to pelo professor. No livro Administração de marketing (KOTLER; KELLER, 2012), Philip Kotler ainda defende a ideia de que, no processo de construção de um posicionamento de marca e entendimento do mercado em que deseja atuar, a empresa passa por pelo menos três estágios: a segmentação, a identificação e o posicionamento de mercado. Segmentação de mercado Nessa etapa, a organização vai, em primeiro lugar, identificar as bases para a segmentação de mercado e desenvolver os perfis de cada segmento, isto é, dividir em estratos o “grande leque” de consumidores de um mesmo produto e/ou serviço. Identificação de mercado (atratividade e seleção dos segmentos) Desenvolvimento de avaliação de atratividade do segmento. Seleção dos segmentos-alvo podendo, por exemplo, escolher manter o foco em um único segmento, em vários segmentos, no desenvolvimento de uma marca específica em um mercado específico ou em um mercado total. Posicionamento de mercado Desenvolvimento do posicionamento para os segmentos-alvo. Desenvolvimento de um mix de marketing, ajustando-o para cada segmento. 20 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e assista ao conteúdo complementar propos- to pelo professor. Como criar uma marca forte e conseguir um bom posicionamento no mercado? A experiência de criação de uma marca Antes de qualquer coisa, as experiências das marcas mais bem-sucedidas apontam que sua essência não pode ser resumida à criação de um logo. A marca é muito mais do que isso: ela é um conjunto de características que engloba, além do logo, o posicionamento, o slogan e a identidade. As marcas devem representar o sentimento que as organizações têm em relação ao seu público-alvo. Nos dias atuais, a marca deixou de ser apenas uma forma de identificar um produto ou serviço, ou apenas cumprir a representação visual da empresa (por meio da união de logotipia e símbolo): hoje a marca se tornou não só um indicativo de qualidade para consumidores e consequente ativo para retorno financeiro, como também uma importante fonte de vantagem competitiva. Ela é então o conjunto de percepções que os consumidores criam a respeito de um produto, serviço ou empresa e que alimentam seu relacionamento emocional, gerando valor intangível (o valor agregado atribuído ao produto ou serviço exclusivamente pela presença da marca). Ela é tudo que eles pensam, sentem, ouvem, leem e conhecem sobre ela. 21 A diferenciação como fonte de vantagem competitiva Na perspectiva do consumidor, a diferenciação ocorre quando ele passa a escolher as marcas não apenas pelo seu benefício funcional (pelo que ela faz por ele), mas por aquilo que elas permitem que ele seja (isto é, o modo como ele se sente quando a utiliza, incluindo aí até a possibilidade de inserção em um determinado grupo social). É por essa razão que as empresas procuram se tornar cada vez mais difíceis de serem copiadas por suas concorrentes, investindo pesadamente em atributos subjetivos que culminem no desenvolvimento de uma personalidade, cultura ou estilo de vida que possibilite ao seu público-alvo se identificar com a marca e criar vínculos com ela. Conjunto da diferenciação Os conceitos de “pontos de diferença” e “pontos de paridade” foram desenvolvidos por Brian Sternthal e Alice Tybout, da Universidade de Northwestern, e consistem na busca de atributos que façam com que a marca (produto/serviço) não seja apenas mais umano mercado, utilizados para definir corretamente o posicionamento de uma marca numa estratégia de diferenciação bem-sucedida. Pontos de diferença São atributos ou benefícios (capacidade de satisfazer as necessidades dos consumidores alvo da empresa) que os consumidores associam fortemente com uma marca, aceitam como superiores ou exclusivos sobre outros produtos da categoria, avaliam positivamente, acreditando que não os poderão encontrar com a mesma intensidade em uma marca concorrente. Esses pontos de diferença envolvem aspectos como atributos e benefícios de desempenho, associações de imagem (ex.: utilização de celebridades, artistas, esportistas etc.), qualidade superior e custos baixos. Existem pelo menos três critérios-chave que tornam esses pontos de diferença desejáveis para o consumidor: eles têm que ser relevantes, ter distintividade e ter credibilidade. • Relevância: o consumidor deve achar o ponto de diferença pessoalmente relevante e importante. • Distintividade: os consumidores-alvo devem achar o ponto de diferença peculiar e superior. • Credibilidade: o ponto de diferença tem que ser plausível e confiável. 22 Pontos de paridade São associações que não são necessariamente exclusivas para a marca, mas podem ser compartilhadas por outras marcas. Esse tipo de associação assume duas formas básicas: a paridade de categoria e a paridade de concorrência. A primeira aponta para o significado de a marca oferecer recursos de categoria necessários para participar da competição. Esses recursos (atributos e benefícios) são vistos pelos consumidores como essenciais para que a oferta seja legítima e crível dentro de uma categoria de produtos e serviços. Já os pontos projetados pela marca para anular os pontos de diferença de um concorrente são chamados de paridade de concorrência. Muitas vezes, quando a marca não tem a qualidade percebida em comparação com a concorrência, ela pode tentar conseguir “empatar” nas áreas em que os concorrentes estão encontrando vantagem e obter vantagens em outras áreas, criando uma posição competitiva forte. Em certas situações, a chave para uma estratégia de posicionamento vencedora não é conseguir um ponto de distintividade em relação a outras marcas, mas, sim, conseguir comunicar os pontos de paridade necessários. NA PRÁTICA Se você tiver boa memória, certamente conseguirá se lembrar do único modelo de alpargata que era vendida até 1993. Naquela época, o produto era voltado ao consumidor de baixa renda e podia ser encontrado em apenas três cores. Por isso o público-alvo começou a ter vergonha de usar as sandálias, pois elas eram associadas à falta de dinheiro. 23 O crescimento da marca Rider — que contava com uma boa estratégia de mar- keting — e da pirataria das sandálias levou a Havaianas a um período financeiro crítico. A única forma de sobreviver era não só reconquistar as classes baixas, como garantir uma mudança de posicionamento que elevasse o status dos chinelos. Então, em 1994, surgiram as Havaianas Top, com 40 opções de cores e três vezes mais caras que as originais. Para convencer o consumidor, propagandas protagonizadas por celebridades eram veiculadas em todas as mídias, ajudan- do a elevar o valor da marca. Não demorou para que a classe média aderisse em peso ao uso das sandálias. O resultado não poderia ser melhor: a empresa se restabeleceu como líder de mercado e até hoje é considerada um exemplo de reconstrução de marca em nível mundial. Adaptado de: Reposicionamento de marca: conheça 5 cases que deram certo. Fonte: <http://www.incomum.in/case-marketing>. http://www.incomum.in/case-marketing 24 Resumo da Unidade 1 Nesta unidade foi feita a apresentação dos conceitos fundamentais para o entendimento do que é e como fazer a gestão de uma marca. Você conheceu ainda o conceito de marca e os requisitos para sua administração eficaz. Não podemos negar a importância, o valor e o fascínio que certas marcas exercem em nossa sociedade. Nos estudos desta unidade podemos entender a marca como a união de características intangíveis e tangíveis, combinadas a uma identidade que serve para identificar produtos ou serviços e se diferenciar dos concorrentes. Também conhecemos as cinco principais funções que as marcas desempenham junto aos consumidores e, ainda, as estratégias de branding que auxiliam a empresa a gerir o processo de lembrança, estímulos de compra, fidelização e construção de uma marca forte. CONCEITO 25 Referências KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Educa- tion, 2012, p. 267-294. MARTINS, J. R. Branding: o manual para você criar, avaliar e gerenciar marcas. 3. ed. rev. e ampl. Global Brands, 2006, p. 8-9. Estratégias de construção da marca UNIDADE 2 27 Nesta unidade, vamos abordar as principais estratégias e ferramentas utilizadas pelas empresas na construção de marcas fortes. Vamos abordar conceitos como branding e brand equity, além de entender a necessidade de as empresas investirem em um portfólio de marcas consistente. Ao final, espera-se que o aluno possa aplicar o conhecimento das ferramentas de marketing adquirido na gestão de marcas e franquias. INTRODUÇÃO OBJETIVO Nesta unidade, você será capaz de aplicar as ferramentas de marketing às marcas e franquias. 28 O que é branding? Na Unidade 1, buscamos conceituar de maneira bem objetiva que o principal desafio da gestão de marcas é adaptar-se à evolução acelerada dos mercados e, assim sendo, criar valor percebido entre marca e consumidor é fundamental para que as empresas possam sobreviver e prosperar em mercados cada vez mais competitivos. Vimos também que as atividades de branding ou brand management (gestão de marca) são atividades cujo principal objetivo é a criação de uma posição única, relevante e distintiva na cabeça e no coração do público-alvo de uma organização. Marcas sólidas e bem posicionadas trazem diferenciação e valor para o negócio e se constituem (tal qual o nome de uma pessoa) no maior patrimônio que se pode criar e desejar. A imagem é o fator decisivo para a escolha da marca. Figura 1: Branding envolve desde a concepção da marca até as ações cotidianas de marketing da empresa. E quando falamos sobre marca, é comum fazermos associações mentais com a logo de uma empresa, não é mesmo? Apesar dessa correlação não ser errada, o conceito de marca é mais amplo do que a simples criação de um nome ou símbolo gráfico diferenciado como forma de identificação. Como foi explicado anteriormente, a marca envolve a experiência que será vivida pelo cliente e que o auxiliará na identificação de uma empresa e seus produtos ou serviços. As marcas auxiliam na criação de valor para o consumidor. Elas diferenciam e valorizam aquele que as usa ou as consome. É comum a crença de que ela transmite a sua identidade às pessoas e, numa situação em que a multiplicidade da oferta de produtos/ serviços muitas vezes pode atrapalhar a diferenciação, a marca facilita o reconhecimento e favorece a fidelidade ao garantir um nível de performance desejado. Como exemplo as bebidas alcoólicas, os televisores, os eletrônicos etc. 29 O poder das marcas envolve tudo aquilo que os produtos ou serviços representam para o cliente e traduzem o que o cliente deseja na experiência de consumo. Essa associação mental de benefícios/satisfações é que vai contribuir para a decisão favorável do cliente no momento da decisão de compra. E é por essa razão que as promessas feitas pela marca (qualidade esperada) tem de encontrar correspondência com a realidade de seu negócio. É aí que entra o branding. As atividades de branding As atividades de branding são importantes atividades estratégicas e de planejamento que devem ocupar a mente dos gestores. Elas vão muito além da criação de um logotipo bonito ou de um design arrojado e inovador: as atividades de branding contemplam programas bem desenvolvidos e estruturados que tem por objetivo garantirque todos os processos de criação e gestão da marca sejam integrados para buscar o estreitamento do relacionamento com o cliente. Por meio do alinhamento entre a promessa e a entrega de valor para o cliente, uma eficiente estratégia de gestão de marcas contribui para a geração de maiores vendas e maior lucratividade para a empresa e seus acionistas. A tendência de implementação de estratégias de branding cada vez mais bem pensadas, como parte das atividades de marketing de uma organização, se torna cada vez mais necessárias. Para tal, as organizações terão de aprender a desenvolver e integrar ferramentas de gestão do valor da marca com um único objetivo: fazer com que esse valor seja percebido por seu público por meio da troca de experiências entre marca e consumidor. São as estratégias de branding que vão estabelecer elos de relacionamento com o consumidor que irão contribuir para a construção da percepção do consumidor em relação à imagem da empresa de uma forma positiva, de tal modo que exceda (e muito!) a qualidade percebida do produto. E é esse envolvimento que vai garantir a lucratividade e é por isso que podemos afirmar que branding é, na verdade, a percepção de seus clientes em relação à marca, e não o que a empresa gostaria que ela fosse. Uma gestão de marcas eficiente que culmine numa consequente criação de imagem sólida e bem posicionada da empresa e de seus produtos/serviços gera níveis de lucratividade muito superiores à média do mercado. O branding é um empreendimento profundamente competitivo, em que as marcas são construídas não somente para competirem contra seus rivais imediatos, mas também para gerar reputação e reconhecimento para a melhoria dos resultados do negócio e até mesmo a redução dos investimentos em comunicação (publicidade, propaganda etc.), 30 além de auxiliar na construção de um universo próprio e memorável para a empresa. Na perspectiva do branding a marca agora é um conceito que tem vida própria e pode e deve ser separado do produto. Figura 2: O objetivo do branding é despertar sensações e criar conexões conscientes e inconscientes, que serão cruciais para que o cliente escolha a sua marca no momento de decisão de compra do produto ou serviço. Fatores que devem ser considerados numa estratégia de branding O profissional de branding britânico, Wally Olins, em seu livro A marca (2005), definiu branding da seguinte maneira: “persuadir os de fora a comprar e persuadir os de dentro a acreditar”. Essa frase explica a essência do que é branding. Mas na prática, significa a administração da(s) marca(s) de uma organização, e para isso é preciso que alguns importantes fatores sejam considerados, como, por exemplo, o crescimento da concorrência, que aumentou a necessidade de criação de estratégias de diferenciação, a fragmentação da mídia de massa e o surgimento de novas formas de comunicação que trouxeram novas formas de comunicação e forçaram os gestores a buscar novas formas de planejar seus orçamentos de marketing, a explosão da Internet e o consequente aumento ao acesso a informações por parte dos clientes e, ainda, a multiplicidade de oferta possibilitada pelas extensões de novas marcas e novos produtos. Todas essas coisas, aliadas à responsabilidade sobre os profissionais de marketing quanto a melhores performances por resultados financeiros, tornaram as decisões de marketing ainda mais complexas. 31 Endobranding Nós já vimos que as ações de branding estão focadas no ambiente externo à empresa, na gestão do relacionamento da marca junto aos consumidores. Da mesma maneira, o endobranding trabalha com a projeção de uma imagem referente à marca. A principal diferença, nesse caso, é que todas essas ações são voltadas para posicionar a marca no ambiente interno da empresa, explicar e comunicar ao público interno os valores da marca (empresa), garantindo que todos entendam claramente o significado dela para os consumidores. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar separado pelo professor. 32 Portfólio de marcas O que é uma estratégia de portfólio de marcas? A criação de um portfólio de marcas fortes, relevantes e diferenciadas tem como principais objetivos a criação de sinergia, clareza e potencial de alavancagem dos produtos/serviços oferecidos por uma organização. As marcas do portfólio são utilizadas para possibilitar e dar suporte às estratégias de negócios da empresa, seja para abordagem de novos mercados, clientes ou mesmo para fazer frente a um concorrente dentro de um mesmo segmento de mercado. Gerenciar uma estratégia de portfólio de marcas envolve, dentre outras situações, tomar decisões como acréscimo, exclusão ou priorização de uma marca do portfólio para investimentos nas estratégias de comunicação ou distribuição. Por exemplo: a) Estabelecer as diferenças, os papéis e as interdependências das marcas existentes dentro do portfólio. b) Extensão de marca à outra categoria de produto, entrando em um setor em que ela ainda não está inserida. Exemplo, a marca Ferrari, que comercializa camisas, perfumes e sapatos. c) Utilização da marca corporativa em ações promocionais ou lançamento de um novo produto ou mesmo no patrocínio de uma pessoa ou evento. d) Criação de elementos diferenciadores de marcas, como, por exemplo, componentes ou tecnologias exclusivas. e) Expandir seu uso como marca endossante, isto é, garantir o lançamento de novos produtos sob o espectro da marca corporativa. Empresas podem lançar mão da estratégia de multimarcas porque as marcas existentes em seu portfólio podem não ser percebidas de maneira igualmente favorável por todos os segmentos de mercado em que a empresa atua ou gostaria de atuar. Por estas razões, algumas empresas decidem adotar as chamadas “marcas guarda- chuva”: uma marca guarda-chuva é utilizada, então, para definir um agrupamento de ofertas de produto (Toyota Corolla, Etios, Pryus, Camry, Yaris, etc.) sob uma marca comum (Toyota). A utilização da estratégia de marcas guarda-chuva, como Sony (p. ex., Vaio, Bravia, Xperia), pode ser uma maneira mais eficaz e adequada para se ganhar distintividade, relevância e visibilidade. Contudo, as empresas devem ter uma atenção especial para evitar a sobreposição (canibalismo), ou seja, marcas concorrendo entre si pelo mesmo tipo de consumidor. Por isso, cada marca deve ter um público-alvo e um posicionamento distinto. 33 O papel principal da construção de um portfólio de marcas é auxiliar na construção da marca guarda-chuva e na captação dos recursos necessários para o gerenciamento de marcas, e para tal o gerenciamento de um portfólio de marcas deve-se considerar não apenas o momento atual da marca, mas o espaço futuro que terá ao avançar. As marcas, para serem mais bem alavancadas, precisam fazer parte de um plano de longo prazo que estabeleça a imagem que se deseja obter no futuro e o escopo final dos produtos e serviços oferecidos, levando em conta o passo a passo que as levará até lá, e quais serão as ações que deverão ser realizadas para obterem sucesso. Em face da complexidade dos cenários, da pressão competitiva, da operação em diversos mercados e múltiplos (algumas vezes distintos) produtos, serviços e canais em que atuam, é imperativo que organizações como Coca-Cola, Procter & Gamble, HP, Sony, Visa, Apple etc. tenham um portfólio de marcas coeso e bem definido. As marcas podem exercer papéis diferentes em um portfólio de marcas, por exemplo: Marcas de combate ou flanqueadoras Se uma marca é atacada por um concorrente com uma oferta de preço ou com uma posição privilegiada no mercado, a função das marcas de combate é utilizar uma marca de combate ou de confronto para bater o competidor, protegendo assim a marca original do desgaste, criando pontos de paridade com as concorrentes, protegendo, dessa forma, as marcas estratégicas. É importante destacar que essas marcas não podem se tornar atraentes a ponto de se apropriarem das vendasdas marcas de referência, “canibalizando” a marca principal. Marcas vacas leiteiras Mesmo com o declínio de suas vendas, algumas marcas podem ser mantidas, pois ainda conseguem gerar uma boa lucratividade e um bom relacionamento com um grande número de clientes, sem que isso signifique algum apoio de marketing, já que são marcas conhecidas e consolidadas que não requerem tanto investimento como as outras marcas de um portfólio. As vendas podem estar estagnadas ou caindo, mas há uma base de clientes leais que provavelmente não quer deixar a marca e, portanto, é mais lucrativo para a empresa mantê-las em seu portfólio de marcas do que retirá-las do mercado. 34 Extensões de linha e marcas de entrada Muitas marcas lançam extensões de linha ou de marca em uma categoria de produto cuja característica básica é a variação em termos de preço e qualidade. A estratégia de extensão de linha ou extensão de linha de produto ocorre quando uma marca lança novos produtos baseada em outro já existente, dentro de uma categoria na qual ela já está estabelecida. Nesse tipo de ação a empresa aproveita-se da percepção de qualidade adquirida em uma marca já existente e consolidada e procura adicionar novos produtos a essa mesma marca, utilizando-se de novos formatos, tamanhos, preços, sabores, cores, ingredientes e embalagens. A combinação desses elementos pode proporcionar o surgimento de novos itens no portfólio de marcas apenas com a realização de pequenos ajustes nos produtos e marcas existentes. Esse tipo de estratégia contribui significativamente para a atualização da marca, ao promover mudanças positivas no mix de produtos, oferecendo novas opções para os consumidores. Marcas premium O conceito de marca premium é construído sobre atributos específicos, tangíveis e intangíveis, que lhe dão um senso de valor. A tradução dos aspectos materiais em sentimentos imateriais, pilar dessa construção, incorpora conceitos como status, raridade, sensualidade, mistério, confiança, autenticidade, pontos que evidenciam a importância de explorar a experiência acima de tudo, o que se torna mais verdadeiro no mercado de luxo. Uma marca forte permite a cobrança de preços mais altos (price premium ou acréscimo de preço suportado pela marca). Figura 3: A cultura corporativa da rede de Hotéis Ritz Carlton dá autenticidade à sua proposta de valor. Fonte: mundodasmarcas.blogspot.com. 35 Por outro lado, o papel que uma marca própria ou de preço baixo exerce é o de atrair clientes para a empresa ao gerar tráfego no ponto de venda. É muito comum as redes varejistas se utilizarem desse tipo de oferta com o objetivo de atrair a experimentação e depois aproximar os clientes das marcas de preço mais alto. Concluindo: Antigamente, a maioria das marcas era única. Com a segmentação dos mercados, as marcas se especializam: Essa evolução da maneira de gerenciar as marcas evidencia também a necessidade de compreensão por parte dos gestores, do papel que cada uma das marcas representa dentro do portfólio de marcas da empresa, isto é, a definição quanto ao que se quer que ela faça pela empresa, como também um posicionamento bem claro e definido quanto aos benefícios que elas oferecerão aos consumidores. Sendo assim, as marcas poderão maximizar suas estratégias de ampliação de mercado e minimizar os riscos advindos do assédio de seus competidores. Brahma - Uma cerveja Coca-cola Um refrigerante Amex Um cartão de crédito Brahma Brahma Chopp Brahma Light Brahma Extra Coca-cola Coca Light Coca Zero Coca com Stevia Amex Platinum Gold Silver 36 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar proposto pelo professor. 37 Brand equity: quanto a marca agrega de patrimônio a uma empresa? Fatores formadores do brand equity David Aaker, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e autor do livro Estratégia de portfólio de marcas: criando relevância, diferenciação, força, alavancagem, clareza, constante em nossa bibliografia, conceituou brand equity como um “conjunto de ativos (e de obrigações) inerentes a uma marca registrada e a um símbolo, que é acrescentado ao (ou subtraído do) valor proporcionado por um produto ou serviço em benefício da empresa ou de seus clientes”. O conceito de brand equity ou “patrimônio da marca” ou “valor da marca”, um dos mais importantes conceitos surgidos no marketing na década de 1980, refere-se “à força dos diferenciais (valor intangível) que uma marca tem, no processo de percepção e escolha por parte do público consumidor e que contribui para o crescimento sustentado dos lucros”. O Marketing Science Institute (2018), que conta com uma rede de acadêmicos de marketing de escolas de negócios de todo o mundo, além de executivos de marketing de mais de 60 empresas líderes sediada em Massachusetts, EUA, acredita que o brand equity reflete a maneira como os clientes (consumidores) sentem, pensam e reagem às experiências com uma marca, afetando até mesmo a percepção de preços e, consequentemente, os lucros obtidos e a participação de mercado de uma empresa. Essa organização define brand equity como: Conjunto de associações e comportamentos da parte de clientes, membros do canal e empresa controladora da marca que permite à marca ganhar maior volume ou maiores margens de que conseguiria sem o nome de marca e que lhe dá uma vantagem forte, sustentável e diferenciada sobre os concorrentes. 38 Brand equity baseado no cliente É o brand equity sob a ótica do consumidor, seja esse um indivíduo ou uma organização. Ele pode ser definido como o efeito diferencial que o conhecimento de uma marca exerce na resposta do consumidor às ações de marketing propostas por essa marca. Uma marca possui brand equity com efeito positivo quando o conhecimento da marca provoca uma resposta favorável do consumidor. As marcas têm o poder de fixarem na mente dos consumidores por meio do conjunto de experiências desses com a marca. Sendo assim, é fundamental a qualidade do investimento em sua construção, para que ela seja capaz de proporcionar lembranças positivas e duradouras. Quando o consumidor passou por experiências agradáveis com a marca anteriormente, quando ela é identificada e reconhecida, ele tende a reagir mais favoravelmente a um produto e à forma como ele é divulgado, do que em situações em que a marca não é identificada. Uma marca possui um brand equity negativo se os consumidores reagem menos favoravelmente à atividade de marketing da marca sob as mesmas circunstâncias. Dessa forma, podemos afirmar que a chave para o sucesso e a permanência de uma marca por meio da criação de uma estratégia de brand equity é resultado das experiências do consumidor e seu conhecimento de marca. A estratégia por trás das marcas mais valiosas do mundo Figura 4: Modelo BRANDZ, um dos mais difundidos, desenvolvido pela consultoria de marketing Millward Brown. Segundo a empresa, as marcas com maior brand equity do mundo seguem esses princípios bási- cos: elas são relevantes (atendem às necessidades do consumidor), diferenciadas (ditam tendências e são únicas em seu mercado) e são referência (são marcas top of mind, representantes de sua categoria). Fonte: viverdeblog.com Relevância: atendem às necessidades do consumidor Diferenciação: ditam tendências e são únicas em seu mercado. Referências: são marcas Top of mind, representantes de sua categoria http://: https://viverdeblog.com/brand-equity/ 39 Força das associações de marca O quanto os consumidores consideram a marca crível no que diz respeito aos seus atributos (aspectos descritivos de um produto ou serviço) e benefícios (valores e significados pessoais que os consumidores relacionam aos atributos da marca) pode ser construído de várias maneiras, mas nada se sobrepõe à experiência direta com a marca. A experiência é a fonte de informação que cria os mais fortes atributos da marca e associações de benefício. Quanto mais profundamenteuma pessoa pensar nas informações sobre o produto e relacioná-las com o conhecimento que ela já tem sobre a marca, mais forte será o resultado das associações de marca. Para que a criação de uma estratégia vencedora de brand equity seja conquistada, uma empresa terá que trabalhar de maneira eficiente dois fatores: sua capacidade real ou potencial de desempenho, sua capacidade . As diretrizes do brand equity Aaker e Erich Joachimsthaler, fundador e CEO da Vivaldi Partners Group, no livro Como construir marcas líderes (2002), assinalam as seguintes diretrizes para a criação de brand equity: • A capacidade de manter o cliente leal à marca em meio a ofertas de outros competidores. • Notoriedade — o reconhecimento intrínseco percebido pelos consumidores a atributos tangíveis ou mesmo intangíveis. • A clara diferenciação da superioridade percebida em relação aos produtos concorrentes. • Percepção de associações diretas ou indiretas muitas vezes relacionadas a fatores socioculturais e de autoestima que vão além da qualidade percebida. • Outros ativos como patentes, marcas registradas e relações com distribuidores que ajudam na identificação, reconhecimento e percepção da marca por parte do consumidor. 40 Quais os fatores formadores do brand equity? Lembrança de marca. Consiste no desempenho do reconhecimento de marca e da lembrança espontânea de marca por meio de uma eficiente estratégia de comunicação com o público. Para que isso aconteça é necessário muito mais do que apenas oferecer um bom produto ou serviço. Reconhecimento de marca. Uma estratégia de reconhecimento de marca visa a colocar sua marca na mente dos consumidores de maneira positiva, de modo que eles possam confirmar corretamente se já viram ou ouviram sobre ela quando esta lhes for apresentada. Lembrança espontânea de marca. Capacidade dos consumidores de registrarem os aspectos da marca e lembrá-la, quando lhes são sugeridas a categoria do produto, as necessidades satisfeitas por essa categoria ou uma situação de compra ou utilização. Assim, quanto mais seus clientes forem expostos à comunicação de marca, virem sua marca, lerem sobre ela, experimentarem seus produtos e serviços, maior será a probabilidade de obter sucesso nessa ação. Imagem de marca Podemos defini-la como o resultado das percepções do consumidor relativas à marca, refletidas pelas associações de todos os sinais emitidos pela marca em sua memória, como nome de marca, símbolos visuais, produtos, serviços, estratégias de marketing e de comunicação etc. Philip Kottler, um dos mais conceituados autores de marketing, disse, certa vez, que em marketing a percepção é mais importante que a realidade, porque é a percepção do efeito real do comportamento do consumidor. No que diz respeito à imagem da marca, as percepções podem ser criadas de várias maneiras: • Por meio de fontes de informação (propaganda, publicidade) geradas pela área de marketing. • Pela própria experiência do consumidor com os diversos aspectos da marca. • Pela comunicação de marketing e informações sobre a marca passadas pela empresa. • Por fontes de informação neutras (como por exemplo, revista especializada ou sites). • Pelas impressões proporcionadas pela própria marca (seu nome e logo, por exemplo). • Pelas associações causadas pela marca com determinada empresa, país, canais de distribuição, pessoas, lugares ou um evento específico. 41 Para que uma resposta diferenciada seja criada, é importante que as organizações saibam realizar uma correta associação de diferenciais exclusivos e significativos à marca, de tal forma que ela possa seduzir, atrair e oferecer ao consumidor uma boa razão para comprá-la. “A marca é a cara de uma estratégia de negócios.” Scott Galloway, Prophet Brand Strategy Para refletir MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar proposto pelo professor. NA PRÁTICA O case NATURA NATURA — BEM ESTAR BEM O caso da Natura é diferenciado porque a empresa não estava em uma situação financeira ruim quando reposicionou a marca. Ela sempre foi associada à qualidade dos produtos e à inovação. Porém, uma pesquisa com consultores, consumidores e revendedoras mostrou que a marca já não atendia os anseios de evolução da empresa. 42 Então, buscou-se resgatar os propósitos fundadores da Natura: humanismo, equilíbrio, transparência e criatividade. Com um foco cada vez maior em ingredientes nativos brasileiros, a nova imagem foi reformulada para passar a leveza de produtos naturais, focados na saúde. Assim nasceu a nova Natura, com mudanças significativas especialmente na logomarca. A antiga, toda em verde, com um visual pesado, passava uma imagem tradicional. A nova, mais leve e colorida, consegue deixar claros os princípios de modernidade, leveza e movimento que a marca carrega. A Natura temia que o consumidor mais fiel pudesse rejeitar o novo visual da logo e, por isso, houve uma intensa campanha para preparar as consultoras e lançar a identidade visual para o público de forma natural. Assim, as embalagens foram substituídas aos poucos, até que a nova marca fosse aceita plenamente. Fonte: adaptado de Reposicionamento de marca: conheça 5 cases que deram certo. Fonte: incomum.in http://www.incomum.in/case-marketing. 43 Resumo da Unidade 2 Nesta Unidade 2 reforçamos a questão da imagem de marca relacionada com as percepções do consumidor em relação a ela, tomando por base as associações da marca em sua memória. Também definimos o que é branding ao conceituar a atividade como algo que vai muito além da criação de um logotipo bonito ou de um design arrojado e inovador, envolvendo os processos de criação e gestão da marca integrados para buscar o estreitamento do relacionamento com o cliente. No terceiro tópico destacamos o conceito de brand equity como uma função do nível de lembrança da marca e da qualidade das associações de marca. Qualquer CEO que não consiga articular claramente os ativos intangíveis de sua marca e compreender sua conexão com os clientes está em dificuldades. (Charlotte Beers, J. Walter Thompson) CONCEITO Essa unidade apresentou a ideia de que o conhecimento de marca pode ser exprimido por dois fatores: lembrança de marca e imagem de marca. A lembrança de marca está ligada à expectativa de ela ser reconhecida ou lembrada e às várias situações de compra e consumo em que vem à mente. Já a imagem de marca está relacionada com as percepções do consumidor em relação à marca, tomando por base as associações da marca em sua memória. Também verificamos como as atividades de branding vão muito além da criação de um logotipo bonito ou de um design arrojado e inovador exemplificando como as atividades de branding objetivam garantir que todos os processos de criação e gestão da marca sejam integrados para buscar o estreitamento do relacionamento com o cliente. 44 Por último, destacamos o conceito de brand equity baseado no cliente, o qual mostrou que os efeitos do conhecimento de marca sobre o cliente podem ser muito positivos. O conhecimento de marca na mente dos consumidores é fundamental para a criação e gestão do brand equity. Por isso, podemos concluir que brand equity é uma função do nível de lembrança da marca e da qualidade das associações de marca. 45 Referências AAKER, D. A. Estratégia de portfólio de marcas: criando: relevância, diferenciação, força, alavancagem, clareza. Porto Alegre: Bookman, 2007 . JOACHIMSTHALER, E. Como construir marcas líderes. 2. ed. São Paulo: Futura, 2002. KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education, 2012, cap. 10, p. 303-325). Estratégias de branding e arquiteturas de marcas UNIDADE 3 47 OBJETIVO Nesta unidade, iremos estudar a chamada estratégia de arquitetura que cuida da escolha dos elementos de marca comuns ou distintos a serem utilizados (marca, logotipos, símbolos etc.) e da natureza de elementos de marca novos e/ouexistentes a serem aplicados a novos produtos. Estudaremos também o conceito de hierarquia de marcas, que ordena os nomes de marca e define o número e a natureza de elementos de marca comuns e distintivos para todos os produtos da empresa. Também abordaremos a necessidade da introdução de novos produtos como ação fundamental para o crescimento de uma empresa em uma perspectiva de longo prazo. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de selecionar o conteúdo técnico e conceitual sobre gestão e arquitetura de marcas. 48 Estratégia de branding e arquiteturas de marcas Com a evolução dos mercados, a competição entre empresas de negócios do mesmo segmento ocasionou uma disputa que passou a determinar como estratégia vencedora as empresas que vendem os mesmos tipos de produtos com diferenciais de exclusividade e de marca. Essa necessidade advinda dessa competição acirrada fez com que as empresas passassem a investir em branding e também a montar arquiteturas de marcas, de acordo com a maneira como a empresa trabalha seu portfólio de produtos. A arquitetura de marcas é a estratégia delineada com o propósito de determinar quais elementos da marca-mãe serão utilizados para inserir nos produtos e demais extensões de marcas, deixando claro para seus consumidores, parceiros e fornecedores que tipos de produtos e serviços oferece, qual a sinergia ou relacionamento entre eles e em qual categoria a empresa está competindo, organizando todos os produtos em sua mente. Uma arquitetura de marcas eficientemente conduzida personifica a marca, determinando a imagem que deve representar, reflete sua identidade com consistência e viabiliza a proposta corporativa e das marcas de produtos para todos aqueles que interagem com ela. Como a evolução dos mercados e do comportamento do consumidor são variáveis dinâmicas, a estratégia de arquitetura da marca deve ser adaptada aos ciclos de vida da empresa sem, contudo, adotar ações que levem a empresa a mudar sua identidade. O que se deseja com a adoção dessa estratégia é investir nas forças que a auxiliem em uma perfeita adaptação rápida às novas condições dos novos cenários de negócios. A estratégia de arquitetura de marcas de uma empresa diz respeito aos elementos de marca comuns ou distintos aplicados aos diferentes produtos e serviços vendidos pela empresa e sua relação entre eles, isto é, a combinação lógica e estratégica de seu portfólio de produtos. A arquitetura de marca vai auxiliar as empresas na definição do nome e desenho de cada marca (e dos elementos de marca podem ser aplicados aos produtos ― marca, logotipos, símbolos etc.) e estudar as melhores estratégias para determinada empresa que ofereça uma sinergia entre elas, para que consigam sustentar o sistema escolhido. 49 Uma estratégia de arquitetura de marcas tem como objetivo organizar a oferta dos elementos de marca de acordo com os objetivos e o perfil da companhia. Ela auxilia a empresa na definição de quais os nomes de marca, símbolos e slogans serão utilizados para criação dos produtos que serão lançados por meio do processo de extensão de marca. Como todo tratado, a arquitetura da marca definida para a empresa é, na prática, um conjunto de direcionamentos e regras que determina o relacionamento entre a “proposta de valor” da empresa (mix de produtos/marcas/serviços) e seus clientes. Contudo, para entendermos melhor como funciona a estratégia de arquitetura de marcas, é preciso definir alguns conceitos: • Mix de produtos é a variedade de artigos que uma empresa coloca à venda para seus clientes. • Mix de marcas pode ser entendido como o conjunto de todas as linhas e itens de produtos oferecidos por uma empresa ao mercado. A linha de produtos é a definição estratégica da linha atual dos produtos ofertados pela empresa, dos produtos novos que serão introduzidos na linha de produtos a serem descontinuados futuramente. Uma linha de produtos se constitui em um grupo de itens de uma mesma categoria, cujos aspectos de funcionalidade e semelhança mostram íntima correlação: eles funcionam de maneira similar, atendem clientes que têm necessidades e desejos semelhantes, são disponibilizados nos mesmos canais de distribuição e normalmente são vendidos na mesma faixa de preços. Uma linha de produtos pode ser constituída de uma marca-mãe que teve sua linha ampliada ou de marcas diferentes. As estratégias de arquitetura de marcas vão responder a dois fatores principais: amplitude e profundidade. Como será a amplitude (relações marca/produto e extensão de marca)? E a profundidade (relações produto/marca, e portfólio ou mix de marcas)? A amplitude de uma estratégia de arquitetura de marcas No que diz respeito à amplitude de uma estratégia de arquitetura de marcas, os gestores deverão analisar como se dará a organização do número e da natureza de suas marcas, como será organizado o mix de produtos e quais deles é potencial para fabricação, ou seja, irá analisar quantas linhas de produtos a empresa deve manter (amplitude do mix) e quantos itens dessa linha devem ser oferecidos (profundidade do mix). 50 Profundidade de uma estratégia de arquitetura de marcas A profundidade de uma estratégia de arquitetura de marcas irá analisar e estabelecer quantas e quais marcas irão compor seu mix. A criação de múltiplas marcas é realizada para atender vários segmentos de mercados, divididos por categorias de preço, canais de distribuição e praças diferentes. Na maioria das vezes, as empresas inserem marcas múltiplas, porque não tem em seus portfólios marcas favoráveis a todos os tipos de público-alvo que ela deseja atender. Algumas razões para lançar marcas múltiplas: • Aumento de participação de mercado e dependência dos canais (varejistas ou intermediários). • Retenção de possíveis clientes que estão em busca de variedade e que, caso não sejam atendidos, podem mudar para outra marca. • Atrair clientes de outros competidores que buscam variedade e que estão dispostos a mudar de fornecedor. • Aumento da concorrência dentro das equipes de vendas da empresa. • Economias de escala em propaganda, vendas, merchandising e distribuição física. • Para simplificar, podemos dizer que a ideia principal para a elaboração de um portfólio de marcas é maximizar os lucros da empresa, atendendo vários segmentos de mercados e ampliando seus públicos, ou seja, cada marca irá atender determinado público-alvo, e, assim, cada marca não interfere no segmento da outra, não concorrendo entre si. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre a arquitetura de mar- ca indicado como material complementar pelo professor. 51 Estratégia de marca e relacionamento com clientes A ideia de uma estratégia de marca forte e envolvente pressupõe a capacidade de criar expectativas e satisfazer clientes. E se, em grande parte das situações, o valor patrimonial de uma organização é representado pela marca, a relação positiva entre valor de marca e retorno de lucro deve ser advinda de uma estratégia de mercado centrada no consumidor e em seus interesses (desejos e necessidades). Marcas fortes buscam posicionar-se de maneira superior em relação a seus competidores, desenvolvendo pontos de distintividade atrativos para o consumidor e viáveis para a empresa. Outro ponto importantíssimo é a criação da chamada arquitetura da marca, que projete uma estrutura de marca bem definida, identificando qual é o potencial de cada uma dentro do portfólio da empresa, e estabelecer uma hierarquia entre elas. Para Aaker (2018), “[...] produtos são fáceis de copiar, mas é difícil competir com os aspectos intangíveis de uma marca e imitar os valores, as pessoas e os programas de uma organização”. Hierarquia de marca e brand target Podemos entender o estabelecimento de uma hierarquia de marcas como a criação de submarcas de uma marca principal com papéis estratégicos claros, com o objetivo de alavancar o valor da marca em novos produtos/serviçose maximizar sua participação de mercado. Essa estratégia de desenvolvimento de marca, conduzida de maneira adequada pode aumentar (e muito!) o valor de uma organização. Diversos elementos podem ser utilizados na estrutura e identificação de uma organização: identidade visual, assinatura visual, identidade corporativa etc. Um processo de branding que passe por um entendimento claro de como esses elementos se comportam dentro de um sistema de marca é essencial para traçar estratégias e facilitar o processo de gerenciamento da marca. 52 Chamamos de assinatura visual a combinação do logotipo e símbolo, isto é, o sinal gráfico que distingue uma organização, produto/serviço/ideia, composto pelo nome em grafia própria (lettering) e/ou símbolo. Fonte: johnniewalker.com Quando uma marca, nome, produto ou ideia é representada visualmente sob determinada forma, podemos dizer que ela tem uma identidade. O conjunto de elementos gráficos que formam a personalidade visual de um nome, ideia, produto ou serviço é o que pode ser chamado de identidade visual. A assinatura visual de uma empresa cumpre papel relevante que vai além da simples identificação: ela pode auxiliar na construção de uma maior identificação com seus clientes por meio de sua identidade, estabelecendo o significado da missão, das ideias e dos valores daquilo que referencia, seja um produto/serviço, uma empresa, seja até mesmo um país. O que significa uma marca corporativa? Vimos anteriormente que os nomes de marcas de produtos muitas vezes não se restringem a um único nome: eles podem ser constituídos de uma combinação de múltiplos elementos de nome de marca que podem estar limitados a uma faixa restrita de produtos ou compartilhados por muitos produtos diferentes. Marcas corporativas já existem há bastante tempo. Com certeza, quando falamos o nome Nestlé, a imagem que vem à sua mente é a de um pássaro cuidando de seus filhotes, no “pequeno ninho” de seu logo. Essa talvez seja uma das lembranças de marca mais poderosas da atualidade e que mostra de maneira inequívoca a força de uma marca-mãe. https://www.johnniewalker.com/pt-br/ 53 A marca corporativa é aquilo o que a empresa diz que é e faz — sua promessa fundamental. É o que identifica a corporação por trás da oferta. A gestão de uma marca corporativa desponta como elemento que proporciona a identidade da marca como uma variável para se diferenciar, marcar, identificar e assegurar suas promessas num mercado crescente e altamente competitivo. A marca corporativa funciona como um marca guarda-chuva de todas suas linhas de produto. Um mesmo nome de marca é colocado em todos os produtos. Este modelo é utilizado por grandes empresas como Honda (motos, carros, motores para barcos, jet ski, cortadores de grama), Philips (lâmpadas, aparelho de som, barbeadores elétricos), Samsung (computadores, eletrodomésticos) etc. A marca guarda-chuva acompanha o nome genérico do produto como Sony aparelhos de som, câmeras fotográficas, Smart TVs etc. Marcas de família, individual e modificadores A marca de família engloba diversas classes de produtos. Já a marca Individual é aquela que traz em seu escopo outras marcas associadas a produtos da empresa. O modificador é o que caracteriza um item da linha definindo um ponto final do sistema. • Marca corporativa (ou de empresa): Renault. • Marca de família: Duster. • Marca individual: Oroch. • Modificador (item ou modelo designativo): Expression. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre marca corporativa indicado como material complementar pelo professor. Fonte: renault.com.br https://www.renault.com.br/veiculos/conheca-nossa-gama/duster-oroch.html 54 Extensões de linha e introdução de novos produtos Grande parte das empresas se depara com algumas dessas situações em sua trajetória: experimentar o crescimento por meio da inserção em novos mercados, buscar o aumento de participação nos mercados em que já atua ou criar novos segmentos para sua atuação. Uma maneira consistente de fazer isso é criar novas marcas ou aumentar os valores de marcas existentes. A estratégia de lançar novos produtos em novos mercados é sempre mais arriscada. Ela requer um senso muito claro das necessidades de seus consumidores, a análise de suas capacidades de produção e o emprego de ações mais competitivas, como a elaboração de um aprimorado planejamento de comunicação, e, portanto, devem ser evitadas, sendo utilizadas somente em última instância. A criação de novas marcas para competição em mercados conhecidos é uma das maneiras mais utilizadas para a promoção do crescimento e ganhos futuros porque a empresa pode contar com o domínio do conhecimento de uma variável importantíssima: o conhecimento em relação ao consumidor. Partindo do princípio que as empresas consideram as marcas como importantes ativos, elas podem se valer de três alternativas diferentes para a introdução de um novo produto: 1 – Desenvolver uma nova marca especificamente para o novo produto. 2 – A utilização de uma de suas marcas existentes. 3 – A combinação de uma nova marca com uma marca existente. O processo de extensão de uma marca se dá quando as empresas utilizam um nome de marca consolidado para introduzir um novo produto. Nos casos em que a marca existente dá origem a uma extensão de marca, ela é chamada de marca-mãe. Quando ocorre o caso de combinar uma marca existente com uma nova marca, temos uma extensão de submarca. Segundo Kotler (2012), existem duas categorias para classificar extensões de marca: Extensão de linha: essa estratégia é utilizada quando se usa a marca-mãe para nomear um novo produto visando atender a um segmento de mercado inserido dentro da categoria de produtos que a marca-mãe atende que esteja ávido por mais variedades. A marca pode ser diversificada por meio de novos sabores, formas, cores, ingredientes, embalagens, tamanhos. 55 Uma extensão de linha funciona bem quando conquista vendas de marcas concorrentes, não se sobrepondo ou canibalizando outras marcas da empresa. Exemplo: óleo Liza. Fonte: mundodasmarcas.blogspot.com Extensão de categoria: a marca-mãe é usada para entrar em uma categoria de produto diferente daquela atualmente atendida pela marca-mãe (exemplo: Bic). A marca Bic, comumente lembrada por suas canetas esferográficas, é, segundo ela mesma, a número 01 do mundo em isqueiros de bolso e ainda fabrica lâminas de barbear. Fonte: bicworld.com Outro exemplo interessante é o da Bentley, famosa marca inglesa de automóveis que, por meio de várias parcerias, oferece uma extensa linha de roupas, acessórios, canetas, relógios, bolsas, perfumes e outros. Profissionais de marketing afirmam que o uso dos valores da marca-mãe é o principal fator de sucesso de novas marcas por meio da extensão de linha. Porém podemos verificar também o caso de marcas de sucesso que não vieram de extensão de linha como é o caso do isotônico Gatorade, do medicamento Viagra para disfunção erétil e da bebida de soja Ades. http://mundodasmarcas.blogspot.com/2010/07/liza.htm https://www.bicworld.com/pt/sobre-nos/quem-somos 56 Existem, pelo menos, sete estratégias para determinar uma extensão de marca: 1. A Introdução do mesmo produto sob uma forma diferente. Exemplo: Coca-Cola com stevia. 2. Introdução de produtos com o sabor, ingrediente ou componente distintivo da marca. Exemplo: licor Häagen-Dazs. 3. Introdução de produtos próximos da marca. Exemplo: Nívea (sabonetes, desodorantes, shampoos e outros produtos também Nívea). 4. Introdução de produtos relevantes para o público da marca. Exemplos: consórcios Porto Seguro e cheques de viagem Visa. 5. Introdução de produtos que capitalizam a experiência e o conhecimento técnico percebidos da empresa, isto é, suas competências distintivas. Exemplos: cortadores de grama Honda e copiadoras Canon. 6. Introdução de produtos que refletem o aspecto, atributo ou benefício característico da marca. Exemplo: produtos delimpeza Veja. 7. Introduzir produtos que capitalizam a imagem ou prestígio distintivo da marca. Exemplos: óculos de sol e relógios Tommy Hilfiger. As razões para a utilização de uma estratégia de extensão de marca vão além de facilitar a aceitação de novos produtos e conquistar novos clientes para a marca. As extensões também podem proporcionar outros benefícios à marca-mãe e à empresa como um todo como, por exemplo, a facilitação do entendimento do significado da marca e realce da imagem da marca-mãe, a revitalização da marca e até mesmo a possibilidade do emprego de novas extensões. Multimarcas: é a utilização de diferentes marcas em uma mesma categoria de produtos, buscando explorar os diversos segmentos de mercado de uma mesma categoria. Exemplo: a Unilever oferta “sabonetes” com as marcas Dove, Gessy, Lux e Rexona. Dentre as razões para o uso de marcas múltiplas podemos destacar o aumento da cobertura de mercado, atendendo melhor a segmentos específicos, a proteção de sua posição de mercado e a atração de novos consumidores. 57 Marca nova: o lançamento de uma nova marca em uma nova categoria é utilizado quando a empresa quer impedir prejuízos com as marcas atuais e evitar agregar o novo produto a marcas existentes. Marca própria: o conceito de marca própria define o conjunto de marcas pertencentes a um varejista ou atacadista, que levam o mesmo nome da empresa ou levam outro nome (marca diferente) e que é utilizada em uma linha ou variedade de itens sob distribuição controlada ou exclusiva. O número de lares brasileiros que consumiu algum produto do segmento de marca própria alcançou um número de R$ 32 milhões. Fonte: ohoje.com Quais são as vantagens das extensões de marca? Além de proporcionar uma maior oferta de variedades ao consumidor e a eliminação do custo do desenvolvimento de uma nova marca, outras vantagens perceptíveis nas extensões de marca são as que indicam que elas podem auxiliar na aceitação de um novo produto por meio de: Extensões de marca Vantagens Desvantagens • Maior oferta de variedades ao consumidor. • Eliminação do custo do desenvolvimento de uma nova marca. • Fracassar e prejudicar a imagem da marca-mãe. • Canibalizar as vendas da marca-mãe ao serem bem-sucedidas. http://ohoje.com/noticia/economia/n/153697/t/o-mercado-da-marca-propria-esta-sendo-explorado-no-estado 58 • Melhoria da imagem da marca. • Diminuição do risco percebido por clientes. • Maior possibilidade de distribuição e experimentação. • Maior eficiência nos gastos relativos à promoção (comunicação da marca). • Diminuição dos custos de lançamento e acompanhamento. • Criação mais eficiente de embalagens e rótulos. • Trazer confusão na mente dos consumidores. • Enfrentar resistência dos varejistas. • Eliminar a chance de desenvolver uma nova marca. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre logomarcas famosas indicado como material complementar pelo professor. 59 NA PRÁTICA Toda organização, dentro do seu ciclo de vida, em determinado momento, terá que buscar a ampliação de seus mercados, por meio do lançamento de novos produtos ou linhas de produtos. Mas acreditem: essa não é uma tarefa fácil. Isso pode ser comprovado com a incursão de empresas, consagradas e respeitadas por sua competência em marketing que fracassaram de maneira retumbante no desenvolvimento dessa estratégia. Até mesmo grandes empresas fracassaram na estratégia de diversificação de suas linhas de produto. Exemplo reais são o da Colgate e da Bic, que tiveram ideias que foram condenadas ao fracasso e tornaram-se grandes desastres de marketing. Em 1982, a Colgate decidiu usar seu nome em uma série de produtos alimentícios chamado “Entradas de cozinha da Colgate”. A ideia dos criadores deve ter sido de que os consumidores iriam comer a sua refeição Colgate, e, em seguida, escovar os dentes com creme dental Colgate. Mas as vendas não decolaram, e o produto saiu rapidamente do mercado. A Bic, em 1988, por sua vez, resolveu tentar a sorte no ramo do “underwear” e... bem, você se lembra das roupas íntimas da marca? Pouca gente lembraria. Conhecida por vender uma série de itens descartáveis, como lâminas de barbear, isqueiros e canetas, a marca decidiu vender roupas íntimas descartáveis. O produto não durou muito no mercado após seu lançamento, no Reino Unido. O produto fracassou. Ao que parece, o público feminino, principal alvo dessa estratégia fracassada, não estava disposto a comprar roupa de baixo “descartável”. Fonte: 8 produtos que deram errado desde o lançamento. Disponível em: https://exame.abril.com.br/marketing/8-produtos-que-deram-errado-desde-o- lancamento/. https://exame.abril.com.br/marketing/8-produtos-que-deram-errado-desde-o-lancamento/ https://exame.abril.com.br/marketing/8-produtos-que-deram-errado-desde-o-lancamento/ 60 Resumo da Unidade 3 Esta unidade apresentou questões relacionadas a estratégias de branding e de arquitetura de marcas com o propósito de determinar quais elementos da marca-mãe serão utilizados nos produtos e demais extensões de marcas. A estratégia de arquitetura de marcas de uma empresa diz respeito aos elementos que ela escolhe para aplicar a todos os produtos e serviços que oferece. A hierarquia de marcas é uma ferramenta estratégica fundamental, pois ajuda a formular estratégias de marca, definindo relacionamentos entre marcas e produtos. Para estruturar e nomear suas marcas, bem como estabelecer o relacionamento entre elas, usamos o conceito de arquitetura de marca, que pode ser classificada de três formas: monolítica, endossada e livre. Por fim, esta unidade apresentou os conceitos de extensão de marca, extensão de linha, multimarcas, novas marcas e marcas próprias. CONCEITO No tópico 1 desta Unidade 3 verificamos o conceito de estratégia de arquitetura de marcas de uma empresa como a forma que diz respeito à combinação lógica e estratégica de todos os elementos de seu portfólio de produtos e serviços. O tópico 2 serviu para apresentar o conceito de hierarquia de marcas como instrumento para formular estratégias de marca, estruturá-la, nomear marcas e como estabelecer o relacionamento entre elas. Por fim, o tópico 3 apresentou os conceitos de extensão de marca, extensão de linha, multimarcas, novas marcas e marcas próprias utilizados para promover o crescimento por meio da entrada em novos mercados, buscar o aumento de participação nos mercados onde já atua ou criar novos segmentos para sua atuação. 61 Referências KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education, 2012, cap. 9, p. 290-294. BH1: Marketing e Tecnologia (Site). O ABC do valor da marca. Disponível em: https:// www.bh1.com.br/administracao-de-marketing/o-abc-do-valor-da-marca/. Acesso em: 29 mar. 2019. https://www.bh1.com.br/administracao-de-marketing/o-abc-do-valor-da-marca/ https://www.bh1.com.br/administracao-de-marketing/o-abc-do-valor-da-marca/ Conceitos, definições e serviços de franchising UNIDADE 4 63 OBJETIVO Nesta unidade 4 apresentaremos como funciona o sistema de franchising e qual a sua importância na economia brasileira. Ao final desta unidade, espera-se que o aluno seja capaz de identificar o sistema de franchising, suas modalidades e utilização como estratégia de expansão de um negócio. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Aplicar os conceitos de gestão de marcas nas operações de Franquias. 64 O sistema de franchising O que é uma franquia? A cada ano, o setor de franquias vem crescendo no Brasil com taxas superiores ao PIB. Muitos segmentos no Brasil utilizam o franchising como estratégia de expansão de seus negócios. Quando você vê a marca da sereia da rede de cafeterias do Starbucks ou o M amarelo do McDonald’s, provavelmente você está dentro de uma franquia ou em contato com algum aspecto do branding dessas gigantes. O modelo de franquias que conhecemos se desenvolveu e vem se consolidandoa partir de soluções encontradas por empreendedores, em resposta aos problemas que enfrentavam em seus negócios. A Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994, estabelece as regras de funcionamento do sistema de franchising no Brasil. Ela assim define franquia: Franquia empresarial (franchising) é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de uma marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também, ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício (BRASIL, 1994, Art. 2). Para entendermos melhor o que é uma franquia, vamos definir os papéis que os principais atores desse sistema desempenham: o franqueador é aquele que concede a franquia do seu negócio ao franqueado e o franqueado: aquele que recebe a concessão da franquia. No livro Franchising: Aprenda com os especialistas, de Beto Filho (et al.), (2013), Alain Guettá, presidente da Guetta Franchising e um dos maiores especialistas em formatação de redes de negócios do Brasil, explica que “a franquia em si é como o ‘kit capacitação’ que o franqueado recebe para implantar e depois operar aquele negócio nos moldes definidos pelo franqueador” (p. 49). O conteúdo básico do kit? Marca, direitos, conhecimentos e serviços! 65 Especialistas em marketing como Philip Kotler, dentre outros, colocam grande ênfase na questão mercadológica da distribuição como o grande diferencial das franquias. Seguindo essa linha, vamos relembrar dois dos conceitos básicos de marketing do chamado marketing mix, popularmente conhecido como os 4 Ps: o produto e a praça. Produto: “Combinação de bens e serviços que a empresa oferece ao mercado-alvo.” Praça: “Atividades da empresa que tornam o produto disponível aos consumidores-alvo” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 503). Figura 6: Ter uma franquia de uma determinada marca significa basicamente que você possui um irmão gêmeo ou um clone de um negócio. O sistema de franchising brasileiro Segundo o Guia Franquias de Sucesso (https://guiafranquiasdesucesso.com/), o Brasil foi o quarto maior mercado do mundo em número de marcas em 2018 (atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Coreia do Sul) e o sexto maior em número de unidades Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo sobre franchising indicado como conteúdo complementar pelo professor. MIDIATECA https://guiafranquiasdesucesso.com/ 66 franqueadas. O franchising brasileiro hoje já conta com cerca de 130.000 unidades de franquias se tornando um dos maiores países para essa modalidade, com mais de 100 marcas nacionais presentes em mais outros 50 países. Um retrato muito interessante que expressa o interesse e a disposição do brasileiro para empreender. Franquias e a taxa de mortalidade de empresas Dados da Associação Brasileira de Franchising – ABF (https://www.abf.com.br/) apontam que, de cada cem franquias abertas, apenas cinco fecham até o segundo ano de vida. A razão dessa baixa taxa de mortalidade se explica: por serem modelos de negócios que já foram testados junto ao público, as franquias possuem duas características que contribuem para esses índices: o conhecimento do perfil do cliente e a possibilidade de prever, por meio de pesquisas, em quais locais ela pode ter maiores possibilidades de sucesso. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae realizou uma pesquisa em 2016 que apontou um índice de mortalidade de 23% entre as empresas comuns. Isso significa que, de cada cem empresas que abrem suas portas, 23 fecham até o segundo ano de funcionamento (https://datasebrae.com.br/sobrevivencia-das- empresas/). No franchising, segundo a ABF, a cada 100 franquias abertas, apenas 15 encerram suas operações no mesmo período. Franchising: um sistema reprodutor de modelos de negócios bem-sucedidos Numa franquia, os processos de trabalho devem ser levantados detalhadamente e formalizados para garantir a preservação da qualidade presente em todo o negócio, evitando o chamado “ jeitinho”. Para o cliente, a padronização é imprescindível, pois garante o mesmo nível de funcionamento, satisfação e percepção de valor em todas as unidades da rede. Manuais, treinamento e consultoria de campo Nos manuais de franchising podemos encontrar todo o conhecimento formalizado pela empresa sobre a operação: entendimento das estratégias do negócio, expansão e escolha de ponto, arquitetura, cultura, marketing, utilização da marca e identidade visual, rotinas de treinamento, implantação e supervisão de rede, atendimento a clientes etc. https://www.abf.com.br/ https://datasebrae.com.br/sobrevivencia-das-empresas/ https://datasebrae.com.br/sobrevivencia-das-empresas/ 67 Ele deve ser utilizado como instrumento de facilitação para a prática operacional pelos franqueados do padrão desenvolvido pelo franqueador. Treinamento O sistema de franchising pressupõe um processo de formação continuada em que a capacitação e a reciclagem dos profissionais nesse segmento devem se dar de forma muito mais dinâmica e eficiente, e devem contribuir expressivamente para a qualidade que se quer obter da operação resultando no sucesso do negócio. 68 Aspectos jurídicos e econômico-financeiros do franchising Já entendemos que uma franquia é um modelo de negócios cuja operação é copiada e transferida para outro ponto comercial com autorização daquele que detém os direitos de criação do modelo, não é mesmo? Agora é importante que saibamos interpretar os aspectos econômico-financeiros e a legislação específica da administração de franchising. Vamos lá? Aspectos jurídicos e econômico-financeiros do franchising No tópico I, fizemos alusão à lei nº 8.955/1994 cuja finalidade é estabelecer e regulamentar a atividade de franchising no Brasil. Essa lei é entendida por muitos juristas como de uma clareza muito grande e que, portanto, deve ser lida por todos aqueles que tenham interesse no setor. Ela estabelece a necessidade de toda empresa franqueadora entregar a Circular de Oferta de Franquia – COF ao potencial franqueado. A Circular de Oferta de Franquia – COF É o documento que fornece as principais informações comerciais, financeiras e jurídicas da franquia para investidores interessados em adquirir e operar o negócio oferecido pelo franqueador e aquilo que se espera do franqueado, tais como: Histórico detalhado e credenciais da empresa; descrição do negócio franqueado; definição quanto ao território de atuação do franqueado; participação dos sócios em outros empreendimentos; serviços de suporte prestados; taxas e valores a serem gastos para seu ingresso e remunerações periódicas (ex.: royalties e fundo de propaganda etc.). 69 Figura 7: Normalmente, essa Circular de Oferta de Franquia – COF é passada às mãos do franqueado com um prazo de dez dias de antecedência à assinatura do contrato ou de qualquer pagamento à franqueadora acompanhada de uma cláusula de confidencialidade. Contrato de franquia O contrato de franquia estabelece, detalhadamente, os direitos e deveres entre as partes. Muitas vezes, é antecedido por um pré-contrato, que pode se justificar para regular a fase que antecede a assinatura do contrato. Aspectos econômicos e financeiros Toda franquia tem como base uma relação comercial que deverá proporcionar lucros para o franqueador e seu franqueado. O franqueador tem um negócio modelado e estruturado que será utilizado pelo franqueado, por sua conta e risco, mas com todo apoio da rede franqueadora. Esse negócio formatado envolve: • A cessão de uso da marca (que deve estar registrada no Instituto Nacional da Proprie- dade Industrial – INPI). • A transferência de know-how, ou seja, conhecimentos, metodologias e informações de todo o negócio, que deverão estar padronizados eformalizados em manuais ope- racionais. • Todo apoio para implantação e operação do negócio. Para tal, o franqueador será remunerado pelo franqueado por meio de taxas. 70 Objeto de aprendizagem Conheça as principais taxas por meio das quais o franqueado remunera o franqueador. Taxa inicial de franquia Também conhecida como taxa de adesão, taxa de filiação ou franchise fee inicial, é o primeiro pagamento realizado pelo franqueado para fazer parte do sistema da rede. Ela representa de 10 a 15 % do investimento inicial (excluindo o ponto comercial) e geralmente é feito por ocasião da assinatura do contrato (ou do pré-contrato) e não é restituída no caso de uma posterior desistência. A definição de seu valor está pautada em alguns fatores como o renome da marca; a amplitude dos serviços que serão prestados; os preços praticados pelas franquias concorrentes e a amortização das despesas efetuada para a padronização da rede. Royalties É o pagamento periódico realizado pelo franqueado em função do uso contínuo do modelo de negócios do franqueador. Pode ser cobrado de várias formas, como por exemplo: percentual sobre o faturamento bruto mensal; royalties embutidos na compra de algum material ou insumo; royalties fixos — valor fixo mensal, independente do faturamento; e royalties mínimos — um percentual do faturamento ou um valor mínimo mensal, o que for maior. Taxa de publicidade (ou de marketing) É a contribuição que visa custear as ações de marketing da rede e tem dois objetivos distintos: as ações institucionais que visam promover a marca como um todo e as ações locais que têm seu foco na promoção da unidade franqueada específica em seu território. Essa taxa é cobrada simultânea e periodicamente com os royalties, normalmente na forma de um percentual do faturamento — de 1 a 3 %. 71 Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo sobre estratégias de marketing para a franquia indicado como material complementar pelo professor MIDIATECA Investimento inicial O investimento inicial que inclui a formação de capital de giro (recursos para financiar os eventuais prejuízos iniciais até o atingimento do ponto de equilíbrio e/ou a criação de uma reserva financeira para cobrir “furos de caixa” decorrentes de sazonalidades e/ou imprevistos) deve estar descrito na COF, detalhando-se aspectos referentes ao investimento imobiliário, como o custo do ponto (chamado de “luvas”), reformas e instalações, equipamentos diversos, formação de estoques iniciais, marketing inaugural e outras despesas pré-operacionais. 72 Vantagens e desvantagens e papéis de fran- queadores e franqueados Franchising: vantagens e desvantagens Muitas das vezes, o que leva alguém a investir em uma marca renomada e bem- sucedida é a sensação de minimização de riscos. É bem verdade que o crescimento do mercado de franquias no Brasil e no mundo se apoia no fato de ser um sistema multiplicador de modelos de negócio bem-sucedidos. Contudo, não obstante o avanço do setor de franchising, realidade que se consolida no Brasil e no mundo, é necessário que o investimento seja precedido de uma análise dos aspectos positivos e negativos da gestão. Esse é o tema deste tópico que estamos começando. É razoável entender que as dúvidas por parte daqueles que pretendem partir para a atividade de abrir um empreendimento baseado nesse modelo ainda podem persistir. Talvez, para o empreendedor, o receio mais frequente seja a decisão de abrir um negócio próprio ou uma franquia. Vamos fazer uma análise das vantagens e desvantagens de cada caso. Vantagens para o franqueado As principais vantagens para um franqueado, sem sombra de dúvidas, residem na associação a um empreendimento cujo modelo de negócios já foi testado e aceito pelos consumidores. A utilização da marca do franqueador, já conhecida e de boa reputação, é o fruto mais “desejável” dessa relação. Além disso, um franqueado pode enxergar vantagens na compra de equipamentos, materiais e insumos, pois usufrui da economia de escala proporcionada pela rede e se beneficia também do compartilhamento de custos, como os de propaganda e outros que sejam do interesse da rede como um todo. O treinamento oferecido pela franqueadora que envolve a formação e a capacitação dos profissionais é uma característica inerente ao sistema. Ele recebe suporte contínuo para sua operação desde os estágios iniciais de contato até o desenvolvimento das operações da unidade. Como os negócios funcionam como uma rede, o empreendedor tem a quem recorrer e com quem compartilhar soluções, caso ocorra algum tipo de problema. Essa situação 73 pode significar um risco menor do que o investimento num negócio independente, pois ajuda a minimizar os riscos de mortalidade do negócio. A possibilidade de maior facilidade na obtenção de crédito é outra vantagem, pois o risco é menor para a entidade financeira. Desvantagens para o franqueado No entanto, como em tudo na vida, a associação com um franqueador pode se tornar uma relação de difícil convívio por conta de uma série de situações: em primeiro lugar, por que um franqueado não pode tomar decisões de maneira independente. Ele precisa acatar as diretrizes do franqueador e pode esbarrar em situação em que terá pouca (ou nenhuma) independência para iniciativas e inovações. Outras questões deverão ser observadas tais como o fato da liquidez de seu negócio depender de cláusulas contratuais estabelecidas e ter seu desempenho em parte atrelado ao desempenho da rede e do franqueador, o que pode significar, em alguns casos, a lentidão em mudanças estratégicas e táticas que podem limitar o crescimento do negócio. Ainda outras situações adversas podem ocorrer, tais como o fato de o franqueado descobrir rapidamente que o franqueador não é a “babá” que ele esperava. O franqueado deve estar atento ao fato de que um modelo de franquia pode eventualmente sofrer com o insucesso de outros franqueados e/ou da franqueadora. Como ele “paga” na entrada e mensalmente pelas vantagens apresentadas anteriormente também pode encontrar dificuldades (e custo) para sair do negócio, até mesmo em situações em que esteja sofrendo por ineficiências logísticas ou de suprimento do franqueador, eventuais tabelamentos de preço e controle externo de estoques. Vantagens para o franqueador Além da aceleração do processo de expansão e fortalecimento da marca com recursos de terceiros por meio da cessão do direito de uso de uma marca, a maior das vantagens para o franqueador é que existe um dono e não um gerente na ponta do negócio. Podemos entender que a dedicação de um empresário é, em geral, maior do que a de um gerente! Algumas outras vantagens podem ser observadas nesse modelo de negócios. É interessante pensar que o franqueador tem várias cabeças à disposição para pensar o negócio e isso faz com que ele possa partilhar conhecimentos e melhores práticas com a rede. Como o franqueador em muitas situações é compelido a modular, simplificar e 74 racionalizar ao extremo sua operação, ele pode viabilizar formatos menores de operação para atingir nichos específicos de mercado e gerar escala rapidamente por intermédio da liderança de diferentes canais distributivos de forma integrada e sinérgica. O conhecimento local/regional do franqueado também é uma das vantagens adquiridas nesse processo. Ainda, o estabelecimento de outros parceiros interessados no sucesso do negócio pode ampliar a rede de escuta dos clientes, o que diminui o tempo de reação frente a ameaças e oportunidades. Outras vantagens que podem ser verificadas são uma maior capacidade de obtenção de recursos para publicidade à medida que a rede cresce e os custos operacionais reduzem em comparação com uma loja própria. Desvantagens para o franqueador O fato de existir um dono e não um gerente na ponta do negócio que foi apresentado como vantagem anteriormente dentro da visão do franqueador, apresenta como desvantagem a exigência de modelo de gestãomais participativo. O franqueador precisará aprender a ser gestor de redes: liderar o máximo e comandar o mínimo e isso exigirá maior necessidade de atenção nos relacionamentos e o perfil de uma pessoa ou grupo que vai iniciar um novo empreendimento está associado diretamente ao seu sucesso. O franqueador terá que entender que, mesmo arcando de custos permanentes de formatação da rede, de treinamentos, supervisão, suporte e manutenção dos padrões de atendimento/produto/preço, ele dificilmente deixará de lidar com uma parcela de gente insatisfeita e, o que é pior: ao disseminar os segredos de seu negócio, poderá estar formando um concorrente com muito potencial. Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo sobre a expansão de negócios indicado como material complementar pelo professor. MIDIATECA 75 Considerações finais O setor de franquias, como estratégia de expansão de seus negócios, tem contribuído de várias maneiras para o crescimento econômico do Brasil. É um modelo de negócios que vem crescendo, destacando-se pela capacidade de geração de empregos de forma intensiva e alcançando uma posição de grande destaque no varejo nacional. É claro que optar por aderir a uma franquia não é obviamente sinônimo de sucesso, pois todo o negócio tem um risco em si, porém com a alta mortalidade dos novos negócios (80% deles fecha antes de cinco anos de operação, segundo o Sebrae), pesquisas de mercado demonstram que o índice de mortalidade das franquias é substancialmente mais baixo do que o dos novos negócios: nos sistemas franqueados esse percentual não ultrapassa os 15%. O índice de sucesso é realmente um bom argumento para se investir em franchising. Ainda, o fato de todo o processo ser essencialmente formal, acaba por trazer um grande número de negócios para a legalidade, o que torna a atividade um poderoso instrumento de combate à sonegação fiscal. NA PRÁTICA Breno Paquelet, especialista em negociação pela Harvard Business School e em Estratégia Empresarial pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e com experiência de 6 anos em empresa administradora de shopping center, conhece bem de perto o universo do franchising. Para ele, investir em uma unidade franqueada tem a vantagem de se entrar em um negócio que já está rodando. “É um modelo que já enfrentou o mercado e teve que se adaptar ou se reforçar para sobreviver e crescer. A taxa de mortalidade de franquias é pelo menos quatro vezes menor do que a de outros negócios. De cada 100 abertas, apenas cinco fecham nos dois primeiros anos — fase crítica para um empreendimento. Você tem a oportunidade de adquirir experiência na gestão de um negócio próprio, porém contando com o apoio profissional da rede — vantagem muito importante para aumentar as chances de sobrevivência”, observa. 76 Já entendemos que, na adoção de um modelo de franquias, a relação de parceria entre franqueador baseada em confiança, transparência, proximidade é fundamental para construir uma cultura colaborativa. Para quem pensa em começar um negócio próprio (no caso de pessoas que têm perfil empreendedor, mas não gostam de ficar restritas às regras, têm um bom conhecimento de gestão e uma ideia inovadora, já analisaram o mercado e estão cientes das possibilidades de sucesso), talvez a possibilidade de investimento em um negócio independente seja mais atrativa. No entanto, quais são as vantagens e desvantagens do negócio próprio? Vantagens A grande vantagem em ter o próprio negócio é ser chefe de si mesmo, tendo autonomia para trabalhar e para fazer aquilo que se quer. Além disso, podemos considerar outros pontos como: um menor investimento inicial e maior margem de lucro. E essas situações estarão atreladas à possibilidade de fazer o próprio salário, a realização pessoal que pode atrair o respeito e admiração dos outros; gozar de benefícios fiscais (o que pode compensar abrir a própria empresa) e, na hipótese de crescimento do negócio, contar com a oportunidade de mudança ou venda — quem sabe o negócio pode se tornar uma franquia? Ou ainda, se não der certo, a facilidade de sair do negócio. Desvantagens Como fator principal de desvantagem na escolha de um negócio próprio, podemos destacar a alta taxa de mortalidade. Além disso, outros fatores devem ser considerados, como por exemplo: uma maior dificuldade na obtenção de crédito, poucos recursos para propaganda e maior tempo de retorno sobre o investimento. Adaptado de: Dúvida cruel: é melhor começar um negócio do zero ou investir numa unidade franqueada? Disponível em: <https://www.suafranquia.com/ noticias/especial/2018/10/duvida-cruel-e-melhor-comecar-um-negocio-do- zero-ou-investir-numa-unidade-franqueada/>. Acesso em: 29 abr. 2019. 77 Resumo da Unidade 4 No estudo do tópico I desta unidade, pudemos verificar que o sistema de franchising é uma forma de empreender menos arriscada por diversos motivos: o principal deles é a oportunidade de investir em uma marca já conhecida e bem-sucedida, que desperta interesse pela imediata associação à sensação de minimização de riscos. É por esse caminho que milhares de brasileiros têm encontrado a opção de desenvolver uma atividade empreendedora. Do ponto de vista do marketing, podemos dizer que o sistema de franchising é uma alternativa para que os produtos (ou serviços) possam ser disponibilizados aos consumidores-alvo, portanto, é um canal de distribuição. Ele pode ser definido como um acordo ou licença entre duas partes, que dá a um grupo de pessoas, os franqueados, o direito de negociar ou utilizar um produto, marca ou negócio. Isto é, uma forma de empreender que se caracteriza pela cessão por parte de uma rede franqueadora de seu modelo de negócio bem-sucedido a um franqueado, que passa a utilizar as competências desenvolvidas no gerenciamento de sua marca, seus métodos, conhecimentos, sua experiência e reputação em troca de uma remuneração. No tópico II, verificamos também que, por ser um modelo de negócios, ele precisa de cuidados especiais em sua avaliação. Antes mesmo de qualquer coisa, o empreendedor deverá fazer analisar os setores com que mais se identifica e direcionar a sua busca por uma oportunidade. Outro passo importante abordado nesse tópico é que, na tomada de decisão é necessária a verificação detalhada da Circular de Oferta de Franquia, pois é nesse documento que o franqueado irá encontrar todas as informações relevantes a respeito do negócio, conhecer formalmente o franqueador e saber exatamente o que poderá esperar da franquia. O tópico III apresentou a principal dúvida de um empreendedor: abrir o próprio negócio ou uma franquia? Foram mostradas as vantagens e desvantagens de cada uma das escolhas, observando que, em linhas gerais, o perfil de uma pessoa ou um grupo que vai iniciar um novo empreendimento é que poderá determinar o sucesso do empreendimento. 78 CONCEITO Nesta unidade, pudemos entender como funciona um modelo de negócios cada vez mais crescente no Brasil e no mundo: o sistema de franquias. Verificamos os conceitos básicos, as relações entre franqueador e franqueados e os cuidados que toda franquia deve ter para preservar seu padrão de qualidade: formalização de seus métodos de trabalho em manuais, treinamento e consultoria de campo. Foram apresentados também a lei brasileira do franchising e a Circular de Oferta de Franquia – COF, como também os contratos que determinam direitos e obrigações entre as partes e auxiliam a regular a relação franqueador versus franqueados. Foram explicadas questões econômico-financeiras como as taxas que remuneram o franqueador, a composição do investimento inicial, estudo econômico e fontes de financiamento. Por fim, a discussão abordou uma das mais frequentes dúvidas de um empreendedor: se o ideal é abrir seu próprio negócio ou uma franquia, apresentando as vantagens e desvantagens de cada uma das escolhas. 79 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING – ABF. Disponível em:<https://www.abf. com.br/>. Acesso em: 3 abr. 2019. BRASIL. Lei nº 8.955, de 15 de Dezembro de 1994. Brasília. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8955.htm>. Acesso em: 22 mar. 2019. GUETTÁ, A. et al. Franchising: aprenda com os especialistas. Rio de Janeiro: ABF - Rio, 2013. GUIA FRANQUIAS DE SUCESSO. Disponível em: <https://guiafranquiasdesucesso.com/>. Acesso em: 3 abr. 2019. KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education, 2012. PORTAL DO FRANCHISING. Portal com conteúdo sobre o mercado de franquias. Disponível em: <https://www.portaldofranchising.com.br/>.Acesso em: 3 abr. 2019. SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/>. Acesso em: 3 abr. 2019. https://www.abf.com.br/ https://www.abf.com.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8955.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8955.htm https://guiafranquiasdesucesso.com/ https://www.portaldofranchising.com.br/ http://www.sebrae.com.br/