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AS ORIGENS DA IDADE MÉDIA
UNIDADE 1
AS ORIGENS DO ISLAMISMO
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Desde o início do século XXI, o Islamismo parece estar o tempo todo em evidência.
Os atentados de 11 de setembro de 2001, a crise no Oriente Médio, as polêmicas
sobre símbolos religiosos na Europa, tudo parece apontar para uma tensão entre
Ocidente e Oriente, entre cristãos e muçulmanos. A ideia de um “choque de
civilizações” é controversa e exagerada, mas não temos como negar que existe
pelo menos um estranhamento entre o mundo ocidental e os valores do
Islamismo.
A polêmica tese do “choque de civilizações”, elaborada pelo cientista político
Samuel Huntington, diz que os con�itos mundiais, neste período pós-Guerra
Fria, serão travados entre civilizações, não entre ideologias. Huntington
aponta principalmente a tensão entre o mundo ocidental (europeu e norte-
americano), com seus valores democráticos, seculares e racionalistas, e o
mundo islâmico, entendido por ele como detentor de valores opostos a
esses.
Esse estranhamento não é recente; pelo contrário, vem desde a época do
surgimento do Islã. Além das questões religiosas, que tanto aproximam como
afastam cristãos e muçulmanos, os seguidores dessas religiões entraram em
Unidade 1 - Tópico 5 
guerra incontáveis vezes na História e, de certa forma, esse confronto ajudou a
criar o mundo que conhecemos hoje.
No entanto, não é apenas pelos con�itos com o Ocidente que devemos
compreender o Islamismo. O surgimento dessa religião, a cultura que ela criou e
as relações dos muçulmanos com os outros povos são eventos extraordinários por
si sós.
Nas grandes cidades muçulmanas, abastecidas com sistemas de esgoto,
iluminação noturna, universidades e bibliotecas públicas, viviam mercadores de
todas as partes do mundo conhecido, de Portugal à China, das estepes da Rússia à
África ao sul do Saara, que abasteciam os bazares com todos os tipos imagináveis
de produtos e de experiências culturais.
Poetas, �lósofos e cientistas tinham à sua disposição, em árabe ou persa, obras
gregas de Aristóteles há muito esquecidas no Ocidente. Judeus, muçulmanos e
cristãos conviviam em harmonia, sem perseguições religiosas nem discriminações
por causa de etnia ou religião.
Se na chamada Antiguidade Clássica o mundo “civilizado” falava grego e latim, um
viajante do século VIII ou do XII não teria dúvidas: o auge da civilização humana
naquela época parecia ser um povo que falava árabe e rezava voltando-se para
Meca.
GIORDANI, Mário Curtis. História do mundo árabe medieval. Petrópolis:
Vozes, 1997.
SUGESTÕES DE LEITURA
Prezado(a) acadêmico(a), existem diversos livros que podem nos dar uma
visão mais precisa sobre o mundo muçulmano, dos pontos de vista político e
cultural. Quatro obras, facilmente acessíveis no mercado editorial brasileiro,
podem servir de referência mais imediata:
Para uma visão mais factual do mundo islâmico, ver o livro de:
O livro é parte de uma série de títulos que o autor escreveu sobre História
Geral, em um estilo bastante descritivo e detalhado, mas como costuma
ocorrer em obras dessa magnitude, sem o compromisso com uma re�exão
teórico-metodológica mais aprofundada. É um bom ponto de partida, mas
vale a pena complementá-lo com obras posteriores.
Para discussões mais recentes e mais críticas sobre o mundo islâmico, ver:
Unidade 1 - Tópico 5 
HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
MAALOUF, Amin. As Cruzadas vistas pelos Árabes. São Paulo:
Brasiliense, 1988.
SAID, Edward. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008.
2 UMA NOVA FÉ: O ISLAMISMO
O Islamismo é, hoje, a segunda maior religião do mundo em número de
seguidores, e a que cresce mais rapidamente, de acordo com o U.S. Center for
World Mission. Em todo o mundo, são cerca de 1,5 a 1,8 bilhão de muçulmanos, e
esse número vem aumentando consistentemente, não apenas pelo crescimento
demográ�co nas regiões de população muçulmana, mas por conversões em países
em que o Islã não é a religião original.
Ao mesmo tempo, o imaginário ocidental atribui um papel muito negativo ao Islã.
Estamos habituados a associar os muçulmanos à imagem de guerra e fanatismo
religioso, para não mencionar a suposta intolerância em relação às mulheres, que
são constantemente noticiadas pela mídia televisiva e jornalística.
No entanto, é importante termos em mente que essa visão ocidental pejorativa
sobre os árabes é um estereótipo reducionista e, muitas vezes, mentiroso, criado
em parte por ignorância e em parte intencionalmente, como propaganda política
de guerra. Reduzir o Islã ao terrorismo fundamentalista é tão errado quanto seria
considerar todos os cristãos como fanáticos religiosos dispostos a passar no �o da
espada qualquer um que duvide de sua fé.
É claro que existem, nas duas religiões, pessoas dispostas a isso, mas é claro,
também, que essas pessoas são uma ín�ma minoria em populações que são, em
sua quase totalidade, pací�cas.
Como estudiosos de História, não nos cabe julgar o Islã e, muito menos, aceitar
sem questionamento as visões preconceituosas criadas sobre ele. Por isso,
precisamos conhecer o que é o Islã, como surgiu e por que tem obtido esse
sucesso extraordinário.
2.1 OS PRIMÓRDIOS: A ARÁBIA DO SÉCULO VII
O Islamismo surgiu na Península Arábica, uma região desértica localizada entre a
África e o Oriente Médio, ao sul da Palestina. A proximidade com culturas muito
Unidade 1 - Tópico 5 
antigas, como as do Egito, da Etiópia, do Levante (Síria, Líbano e Jordânia), do
Iêmen e do Irã (terra dos impérios de Ciro e Xerxes, e dos impérios Parto e
Sassânida), fez dessa região uma zona de convergência cultural e religiosa
privilegiada desde tempos muito remotos. A população da península organizava-
se, essencialmente, entre os beduínos – tribos nômades de língua árabe que
viviam no deserto – e os moradores das cidades, como Meca.
Não devemos, contudo, entender os nômades do deserto da Arábia como povos
isolados. Segundo o historiador Ciro Flamarion Cardoso (1994), os beduínos
mantinham estreitas relações com os povos sedentários dos centros urbanos da
península e do Oriente Próximo, através do comércio e como soldados dos
exércitos imperiais bizantinos ou sassânidas.
As relações com os sedentários, marcadas por uma complementaridade ecológica
e econômica, variaram muito no plano político. Hoje se sabe que as acusações de
banditismo, de barbárie, de pilhagens, de invasões feitas aos nômades, muitas
vezes, se originam, de fato, na propaganda dos Estados urbanos desejosos de
impor tributos ou outras obrigações às tribos das estepes, desertos ou montanhas
(CARDOSO, 1994, p. 40).
Os beduínos estavam organizados, desde cerca de 1500 a.C., em comunidades
formadas a partir de famílias patriarcais. Os líderes dessas comunidades eram
chamados de xeques (literalmente, “anciãos”).
As diversas tribos nômades que viviam na região central da Arábia (desértica)
estavam em constantes disputas pelos oásis – os raros locais onde existia água e
pastagem para os animais (carneiros, ovelhas e camelos). No entanto, a Arábia não
é composta apenas de desertos: no litoral do Mar Vermelho e do Oceano Índico,
um intenso comércio mercantil �oresceu com as regiões próximas ao Mar
Vermelho, no Golfo Pérsico e no Oceano Índico. As caravanas cameleiras
atravessavam o deserto rumo ao norte, onde as regiões vassalas do Império
Sassânida ofereciam enormes oportunidades comerciais. Além disso, o clima
ameno do sul da Arábia permitia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária.
Essas populações eram, em sua maioria, politeístas, embora alguns indivíduos, que
tinham contato com as regiões próximas, adotassem alguma das religiões dos
povos vizinhos, como: Judaísmo, Cristianismo ou Zoroastrismo. Certamente, essas
religiões eram conhecidas dos primeiros muçulmanos, como se pode veri�car pela
grande vinculação dos episódios narrados no Alcorão com a tradição religiosajudaico-cristã.
Com tudo isso, como podemos veri�car, a Arábia, embora predominantemente
desértica, estava plenamente inserida no contexto econômico e social das regiões
próximas.
Unidade 1 - Tópico 5 
2.2  MAOMÉ E A CRIAÇÃO DO ISLAMISMO
A religião muçulmana viria a uni�car todas essas populações, diversi�cadas e
politeístas, em torno da crença em um único deus. Até o advento do Islamismo, os
árabes cultuavam os astros e as manifestações da natureza e tinham como um de
seus objetos de veneração a “pedra negra”, guardada na Caaba, em Meca.
Segundo a tradição, ela teria sido enviada por Deus a Adão e seria originalmente
branca: teria se tornada negra devido aos pecados dos homens.
A cidade de Meca foi construída sobre um oásis, e tornou-se desde muito cedo um
importante centro religioso e comercial. Na época do nascimento de Maomé (ca.
570 d.C.), a cidade era governada pela tribo dos coraixitas, grupo que enriqueceu
com as transações comerciais e as peregrinações dos que se dirigiam à cidade
para fazer votos aos deuses na Caaba.
“ca.” (em itálico) é uma abreviatura consagrada do latim circa, que quer dizer
“cerca de”; na dúvida, substituir o “ca.” por “cerca de”,
Maomé (ou Muhammad, na gra�a árabe) nasceu entre os coraixitas, embora não
�zesse parte dos segmentos mais abastados da tribo. Órfão desde cedo, foi criado
pelo tio Abu Talib e tornou-se mercador e pastor.
Aos 25 anos, casou-se com Khadija, uma rica viúva comerciante. Aos 40 anos,
Maomé começou a ter visões em que um anjo o incitava a proclamar a existência
de um deus único. Embora logo tenha arregimentado seguidores, a pregação de
Maomé trouxe-lhe a ira dos comerciantes da cidade, que temiam perder os
negócios voltados aos cultos politeístas.
Perseguidos em Meca, Maomé e seus seguidores refugiaram-se em 622 na cidade
de Yathrib (que passou a se chamar Medina), onde os preceitos do Islamismo
começaram a ser organizados e sistematizados. Aos poucos, os cidadãos de
Medina foram se convertendo à nova fé e Maomé passou a dispor de um efetivo
de guerreiros capaz de vencer o con�ito entre as duas cidades.  Finalmente,
conquistaram Meca em 630.
Unidade 1 - Tópico 5 
A ida de Maomé e seus seguidores para Medina, chamada Hégira, é
considerada pelos muçulmanos como o momento fundamental da sua
religião. Os muçulmanos não entendem a Hégira como uma fuga, mas como
uma migração. A partir desse momento, o Islamismo se organizou como
sistema político e religioso.
O CALENDÁRIO ISLÂMICO
O calendário islâmico é contado a partir da migração de Maomé a Medina.
Portanto, o ano 1 AH (Ano da Hégira) inicia-se em 622 d.C. O calendário
islâmico não segue uma contagem solar (ou seja, o ano não tem 365,25 dias),
mas puramente lunar. O ano é composto de 12 meses de 28 ou 29 dias, que
se iniciam sempre quando a Lua crescente é avistada ao pôr do Sol. Dessa
forma, o ano tem cerca de 11 dias a menos do que o do nosso calendário.
Portanto, embora tenham decorrido 1390 anos entre a Hégira e o ano de
2012, o ano islâmico que se iniciou em 15 de novembro de 2012 foi 1434 AH.
2.3 MORTE E SUCESSÃO DE MAOMÉ
Após a conquista de Meca, a população local converteu-se rapidamente ao Islã e
Maomé dispôs de uma grande força militar para lançar conquistas por toda a
Península Arábica. Recomendando a prática do jihad – termo normalmente (mas
de forma inapropriada, conforme interpretações islâmicas) traduzido como
“guerra santa”, Maomé contou com a ajuda dos �éis para conquistar toda a
Península Arábica em dois anos.
Nos últimos meses de sua vida, Maomé promoveu o último evento fundamental
da religião islâmica: a peregrinação à Caaba, que passou a ser obrigatória aos �éis
uma vez na vida, da forma como Maomé a fez.
Após a morte do Profeta, em 632 d.C. (ano 10 d.H.), o poder político passou a ser
disputado entre o genro de Maomé, Ali, e seu grande amigo Abu Bakr, que foi
escolhido pela comunidade como novo líder. A disputa gerou uma cisão religiosa
entre os muçulmanos, que passaram a se dividir entre xiitas e sunitas,
respectivamente, conforme o reconhecimento da autoridade de Ali e de Abu Bakr. 
Unidade 1 - Tópico 5 
Prezado(a) acadêmico(a), é muito importante desfazermos algumas
concepções equivocadas e, muitas vezes, mal-intencionadas que se tem, na
nossa cultura, sobre alguns termos do Islamismo. Em particular, os termos
jihad e xiita precisam ser bem compreendidos. Jihad não é sinônimo de
guerra santa, mas, de acordo com algumas interpretações, é uma atitude de
defesa da fé, em todas as suas formas. Xiita, igualmente, não é sinônimo de
fanático, mas é o nome de uma das divisões religiosas do Islamismo. Os
xiitas não são mais nem menos “fanáticos” (nunca use esse termo!) do que os
sunitas, os católicos, os protestantes, os bahá’i ou os membros de qualquer
outra facção religiosa.
O termo xiita signi�cando fanático (e, portanto, “perigoso”) foi popularizado
no Ocidente por grupos políticos ultraconservadores, no contexto da
rivalidade política entre EUA e Irã que se seguiu à Revolução Islâmica
promovida pelo Aiatolá Khomeini, em 1979. Traduz, portanto, um discurso
político reacionário, calculado para despertar o pânico na opinião pública e
justi�car intervenções militares. Perceba que, hoje, apenas veículos de
comunicação ultraconservadores utilizam o termo xiita com esse sentido.
Pelo bem da atitude crítica que um professor de História deve ter, elimine
essa expressão de seu vocabulário (inclusive no famigerado “ecoxiita”) e,
sempre que necessário, chame a atenção das pessoas para isso.
3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ISLAMISMO
O Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, o muçulmano acredita na
existência de um único deus – chamado, em árabe, de Allah. Este é o mesmo deus
dos judeus e dos cristãos, e também é este o nome que os cristãos que falam
árabe utilizam para se referir a Deus. O Islamismo, além disso, é uma religião
abraâmica, ou seja, baseia-se na tradição religiosa judaica, que via em Abraão o
patriarca fundamental. Por isso, o Islã aceita essa tradição religiosa, contida na
Torá judaica e na Bíblia cristã, apesar de dar interpretações distintas a muitas das
passagens que ali estão.
Pela tradição muçulmana, o Islã representa a mensagem verdadeira de Deus, que
havia sido corrompida por interpretações anteriores, mas que teria sido revelada
em toda a sua pureza a Maomé. O propósito da vida, para os muçulmanos, é
louvar e servir a Deus. O termo islã vem da palavra árabe para “submissão”.
Unidade 1 - Tópico 5 
Os judeus esperam a vinda de um Messias, enviado por Deus para libertá-los.
Os cristãos identi�cam esse Messias com a �gura de Jesus Cristo.
Os muçulmanos consideram que não existe um Messias divino; há apenas
profetas, dos quais Maomé é o último e mais perfeito. Jesus Cristo (a quem os
muçulmanos denominam Issa) não é, para eles, o �lho de Deus. É apenas um
profeta anterior a Maomé.
ÁRABE OU MUÇULMANO?
Costuma haver grande confusão entre os termos “árabe” e “muçulmano”.
Árabe é a designação de uma etnia, formada por pessoas que nasceram, ou
cujos ancestrais vieram da Península Arábica e que falam a língua árabe, de
origem semita. Nesse sentido, é árabe a maioria dos habitantes da atual
Arábia Saudita, mas também dos Emirados Árabes Unidos, Egito, Iraque e
outros países, mas não a maioria dos iranianos, turcos, afegãos ou
nigerianos.
Em um sentido mais restrito, árabe pode designar uma nacionalidade,
aplicada aos moradores dos Emirados Árabes Unidos.
Muçulmano é a designação dos �éis de uma religião, de pessoas que
reconhecem em Maomé o profeta, e que seguem seus preceitos.Pessoas de
qualquer etnia podem ser muçulmanas e, curiosamente, os árabes são, há
muitos séculos, minoria no Islã: dos dez países islâmicos mais populosos
hoje, apenas o Egito é etnicamente árabe. Há, também, árabes que não são
muçulmanos, como é o caso da maioria dos libaneses (cristãos).
A principal diferença entre essas três religiões é, essencialmente, a seguinte:
Prezado(a)acadêmico(a), o que estamos falando aqui sobre o Islamismo não
tem, de nenhuma forma, a intenção de “confundir suas crenças”, nem de
“doutrinar” ou “converter” você. Os próprios autores, aliás, nem muçulmanos
são... Mas o Islamismo é uma das maiores religiões do mundo e o seu
surgimento in�uenciou enormemente a história mundial, e é por esse
motivo que precisamos, como historiadores, conhecê-lo de forma
relativamente detalhada, independente de convicções religiosas. Se isso faz
ou não sentido para você, é questão inteiramente pessoal. O mesmo valerá,
Unidade 1 - Tópico 5 
no futuro, para qualquer outra religião ou perspectiva �losó�ca que você
estudar.
Lembre-se: para ser um bom estudioso ou professor de História, é preciso
manter a cabeça aberta a várias perspectivas, buscar conhecer os diversos
lados possíveis de uma questão e não julgar as atitudes ou as crenças de
ninguém. Por isso, não leia sobre o Islamismo (ou qualquer outra religião)
pensando “isso não é verdade, porque eu sei/o padre disse/ não tem lógica/
na Bíblia fala que...”; essa atitude é inadequada para quem deseja estudar
História.
No �m das contas, para os historiadores, pouco importa se uma coisa é ou
não “verdadeira”, ou se existe ou não uma “Verdade”. O que importa é como
as pessoas entenderam e lidaram com isso.
E quando você mesmo(a) for professor(a), incite seus alunos a fazerem a
mesma coisa.
3.1 OS CINCO PILARES DO ISLÃ
Os preceitos básicos do Islamismo podem ser resumidos nos cinco pilares, que
são:
1. O testemunho: o �el deve repetir a fórmula “só há um Deus e Maomé é o seu
profeta”. Deus é único, onipotente, onisciente, senhor absoluto da Terra e da
vontade dos homens. Sabe e controla tudo o que acontece, aconteceu e
acontecerá. Maomé é, para o muçulmano, o último profeta que existirá, pois sua
mensagem é perfeita.
2. As preces: o �el tem a obrigação de rezar cinco vezes ao dia. A prece é feita
recitando-se versos do Alcorão em língua árabe, com o corpo voltado na direção
de Meca (se o �el não conseguir descobrir qual o lado correto, basta supor). Pode
ser feita em uma mesquita ou em qualquer outro lugar onde o �el esteja
FIGURA 14 - MUÇULMANOS REALIZANDO AS PRECES, VOLTADOS PARA A
CAABA EM MECA
Unidade 1 - Tópico 5 
FONTE: Disponível em: <http://www.neurosoup.com/mosque_prayer.jpg>. Acesso em: 17  out.  2012.
3. Os tributos: o �el tem a obrigação de dar parte dos seus rendimentos para
auxiliar aos pobres ou necessitados. Essa contribuição, chamada zakat, é diferente
da esmola, que é opcional: o zakat é uma obrigação religiosa.
4. O jejum: o �el é obrigado a guardar jejum de comida e bebida, enquanto houver
luz natural, no mês do Ramadã. Essa obrigatoriedade pode ser dispensada para
crianças ou pessoas enfermas. Além do jejum, nesse período o �el está proibido de
manter relações sexuais.
5. A peregrinação: o �el deve viajar a Meca, em peregrinação, pelo menos uma vez
na vida, se suas condições econômicas assim lhe permitirem. Uma vez em Meca,
deverá cumprir uma série de rituais ao redor da Caaba e em outros pontos na
cidade.
Segundo Maria Yedda Leite Linhares (1989), “o Islã não é apenas o conjunto dos
dogmas teológicos e normas sociais [...], é, antes de tudo, um tipo de comunidade
civil guiada pelas leis do Corão e por uma herança cultural comum”. (LINHARES,
1989, p. 20).
FIGURA 15 - O SANTUÁRIO DA CAABA EM 2008, DURANTE A ÉPOCA DA
PEREGRINAÇÃO DOS MUÇULMANOS (HAJJ )
Unidade 1 - Tópico 5 
http://www.neurosoup.com/mosque_prayer.jpg
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flic
kr_-_Al_Jazeera_English.jpg>. Acesso em: 19  jul.  2012.
3.2 O ALCORÃO
O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos. De acordo com a tradição islâmica, o
Alcorão representa com perfeição a palavra de Deus e existe desde sempre. Por
esse motivo, é chamado de “O Livro Incriado”. Ele teria sido simplesmente revelado
a Maomé em 114 capítulos, ou suras, das quais 92 ditadas em Meca e as outras 22
suras em Medina.
O conteúdo do Alcorão vai muito além das questões estritamente religiosas: traz
preceitos morais, interpretações islâmicas de episódios da tradição religiosa
judaica, legislação e situações do quotidiano. Por isso é frequentemente utilizado
como referência básica para os sistemas legais dos países que adotam o Islamismo
como religião o�cial.
Prezado(a) acadêmico(a), você já  viu algumas vezes, neste tópico, falar em
“tradição islâmica”. Com esse termo estamos nos referindo a pontos centrais
da crença muçulmana, que não constam diretamente do Alcorão (ou mesmo
das Sunas ou dos Hadiths), mas que foram interpretados dessa forma pelos
Unidade 1 - Tópico 5 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flickr_-_Al_Jazeera_English.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flickr_-_Al_Jazeera_English.jpg
estudiosos da religião. Algumas dessas tradições podem parecer absurdas
ou totalmente contrárias à razão. Mas lembre-se: o compromisso da tradição
islâmica não é com a razão e sim com a interpretação do Livro Sagrado. Toda
religião parte de pressupostos que parecem absurdos aos não crentes, mas
não cabe ao historiador julgar se esses preceitos têm alguma validade
racional, teológica ou metafísica.
De acordo com a tradição sunita, o Alcorão não foi escrito por Maomé. Ele teria
recebido a revelação das suras diretamente de Allah, e estas eram anotadas por
pessoas próximas a ele. Temendo que o conteúdo do livro se perdesse, o primeiro
califa, Abu Bakr, ordenou a transcrição do livro pouco tempo após a morte de
Maomé.
Foi apenas no reinado do terceiro califa, Uthman Ibn A�an (às vezes, traduzido em
português como Osman ou Omã), que o texto �nal, como é conhecido hoje, foi
consolidado a partir das diferentes versões que já existiam. O texto �nal foi
copiado e difundido para toda a ummah (mundo islâmico) que, àquela altura,
como veremos, já era bastante extensa.
Já os xiitas, talvez por não reconhecerem a autoridade de Abu Bakr, em função dos
con�itos que surgiram na sucessão de Maomé, atribuem ao próprio profeta essa
tarefa. Os estudiosos do assunto consideram em sua maioria que os sunitas estão
corretos. Independentemente das desavenças, o conteúdo do Alcorão, para ambos
os ramos do Islã, é idêntico.
FIGURA 16 - PÁGINAS DO ALCORÃO RICAMENTE TRABALHADAS
Unidade 1 - Tópico 5 
FONTE: Disponível em: <http://www.alquranacademy.co.uk/images/quran22.jpg>. Acesso em: 17  out. 
2012.
“CORÃO” OU “ALCORÃO”?
O termo “Alcorão”, utilizado, frequentemente, para descrever o nome do
livro sagrado dos muçulmanos, popularizou-se em Portugal durante a
ocupação islâmica, na Idade Média. O pre�xo “al” representa, na língua
árabe, o artigo de�nido “o”; em português, passou a ser utilizado em
centenas de palavras de origem árabe que foram incorporadas ao idioma:
algodão, alface, alcaide, aldrava, algibeira, almoxarifado, almanaque, e
muitas outras. O termo “Alcorão” segue a mesma regra. “Alcorão” signi�ca “a
recitação”.
Recentemente, temos visto na imprensa o termo “Corão”. É a tradução direta
do termo utilizado em francês (Coran) e inglês (Koran ou, como tem sido
comum hoje, Qur’an), entre outras línguas, para designar o livro. Lembre-se
de que a França e a Inglaterra não foram ocupadas pelos árabes, então não
�zeram essa incorporação do “al”. Termos de origem árabe que em
português incorporam o artigo (arroz, açúcar, algodão), não o fazem em
francês (riz, sucre, coton) nem em inglês (rice, sugar, cotton). Em português,
os dois termos são corretos, mas é preferível o termo clássico “Alcorão”.
Unidade 1 - Tópico 5 
http://www.alquranacademy.co.uk/images/quran22.jpg
os Hadiths, que são extensas compilações das tradições e das declarações de
Maomé sobre os mais variados assuntos ou de interpretações feitas sobre
essas declarações por doutores da lei, das quais as mais respeitadas são as
de Muhammad al-Bukhari;
as Sunas, descrição daquiloque Maomé fazia, acreditava ou aprovava. Alguns
estudiosos consideram as sunas e os hadiths equivalentes. Ao contrário dos
sunitas, que baseiam sua conduta nas sunas (daí o nome), os muçulmanos
xiitas não aceitam a maior parte das sunas e têm suas próprias compilações;
e
a Sharia, o código moral e religioso do Islã, que trata dos mais variados
aspectos da legislação e da vida quotidiana dos muçulmanos: alimentação,
higiene, conduta, vestimenta, comércio etc.
Os muçulmanos tratam o Alcorão como uma revelação divina diretamente
recebida por Maomé. Por esse motivo, consideram heresia atribuir-lhe a autoria do
livro; segundo eles, o autor do Alcorão é o próprio Deus.
Apenas para você ter uma ideia do estilo e do conteúdo do Alcorão, apresentamos
os primeiros versículos da sura 96, chamada Al-Alaq (“O Coágulo”). Este trecho é
considerado, por quase todos os intérpretes do Alcorão, como os primeiros versos
revelados a Maomé. À direita, também para você ter uma ideia do estilo de escrita
árabe, o texto original (que é lido da direita para a esquerda).
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. ِحیِم ْحَمِن الرَّ ِ الرَّ بِْسِم �َّ
Recita em nome de teu Senhor que criou, 1اْقرَ أْ بِاْسِم رَ بَِّك الَِّذي َخلََق 
 Criou o homem de sangue coagulado. نَساَن ِمْن َعلٍَق 2َخلََق اْإلِ
 Recita. E teu senhor é o mais generoso, 3اْقرَ أْ َورَ بَُّك اْألَْكرَ ُم
 Que ensinou com a pena, 4الَِّذي َعلََّم بِاْلقَلَِم
 Ensinou ao homem o que ele não sabia. نَساَن َما لَْم یَْعلَْم 5َعلََّم اْإلِ
FONTE: O Alcorão. Tradução de Mansour Chalitta. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2011, p. 479.
3.3 O DIREITO ISLÂMICO: OS HADITHS, AS SUNAS E A SHARIA
Além dos preceitos do Alcorão, os muçulmanos baseiam-se também em outros
textos, que geralmente vêm para con�rmar os ditos de Maomé ou garantir a
aprovação ou desaprovação de uma determinada prática e que constituem,
juntamente com o Alcorão, a base da jurisprudência islâmica.
Dentre esses textos encontramos três fontes principais:
Unidade 1 - Tópico 5 
3.3.1 As escolas de interpretação da lei
Durante os primeiros 200 anos do Islamismo, surgiram quatro escolas de
interpretação da lei islâmica. As três primeiras escolas (Hana�ta, Malikita e Sha�ita)
guardam diversas semelhanças entre si, mas a quarta escola, Hanbalita, é mais
tradicionalista e conservadora.
As três primeiras escolas consideram todas as quatro como igualmente ortodoxas,
mas os hanbalitas não retribuem a reverência. Os hanbalitas eram pouco
expressivos até o início do século XVII, quando a corrente wah habi tornou-se mais
poderosa.
Atualmente, os wahabitas são a doutrina religiosa dominante na Arábia Saudita e
sua associação com os hanbalitas explica a interpretação severa que se dá à sharia
na Arábia Saudita atual e que nas últimas décadas tornou-se mais popular entre
grupos fundamentalistas islâmicos em diversas outras regiões.
Mesmo entre os muçulmanos, são severas as críticas ao fundamentalismo da
interpretação da sharia naquele país.
FIGURA 17 - Mapa: A distribuição das escolas de interpretação da lei (Fiqh)
pelo mundo islâmico. Nos tons mais escuros, os locais de predominância
xi ita
FONTE: Disponível em: <http://ayshawazwaz.�les.wordpress.com/2010/02/muslimdistribution3b.jpg>.
Acesso em: 25 nov.  2012.
3.4 O MODELO DE CONDUTA DO PROFETA
Por �m, outro guia para a conduta dos muçulmanos é o exemplo do Profeta. Os
muçulmanos consideram Maomé um modelo de conduta a ser imitado, e por isso
Unidade 1 - Tópico 5 
http://ayshawazwaz.files.wordpress.com/2010/02/muslimdistribution3b.jpg
vários de seus hábitos foram incorporados pelos muçulmanos. Alguns críticos do
Islã (mesmo críticos “de dentro”) condenam o recurso exagerado a isso, pois, em
última análise, isso tenderia a perpetuar práticas da Arábia do século VIII –
anacrônicas, portanto.
3.5 O MISTICISMO ISLÂMICO: O SUFISMO
Outro elemento muito importante para a constituição da cultura e da sociedade
islâmica foi o misticismo muçulmano, denominado su�smo. O misticismo su�
parece ter sido in�uenciado por práticas oriundas de outras culturas, talvez
mesmo do Cristianismo bizantino, mas tem suas características profundamente
vinculadas à cultura onde se originou.
Uma mescla de tradições árabes, persas, levantinas (ou seja, do Levante, região da
Síria e Palestina) e, posteriormente, das outras culturas incorporadas ao Islã, como
a turca.
O su�smo desenvolveu-se ao longo dos primeiros séculos do Islã, primeiramente
como um modelo de conduta interior, que buscava respostas para como o �el
deveria proceder diante de Deus. Com o tempo, tornou-se uma doutrina do amor
divino e, posteriormente, uma busca de Deus interna e pessoal, o que colocou o
su�smo em con�ito com a autoridade dos ulemás (doutores da Lei) e, na visão
desses, até mesmo com o Alcorão.
Controvérsias políticas à parte, o su�smo continha, efetivamente, uma ameaça em
potencial à autoridade da sharia. Seu objetivo era a busca de Deus pela verdade
interior, não pelas determinações legais. Por volta de 1500, quase todos os
muçulmanos eram su�s. Como se pode ver, o Islamismo tem “formatos” que não
condizem em nada com a ideia de fundamentalismo que se faz dele, assim como
tem doutrinas intransigentes que não aceitam nenhuma perspectiva diferente da
sua (é o caso dos wahabitas – ver item 3.3.1).
O su�smo guarda uma notável semelhança, mantidas as devidas proporções, com
o misticismo das ordens monásticas cristãs. Centenas de ordens su�s surgiram ao
longo dos quase 1500 anos de Islã, e elas mantinham entre si grandes diferenças,
muitas delas exigindo uma postura ascética dos seus seguidores.
O su�smo foi muito importante como mecanismo difusor de cultura, pois tem
como um de seus fundamentos a transmissão de seus preceitos, e também como
agente estabilizador da sociedade, ao tomar para si a responsabilidade de
manutenção de escolas, orfanatos, bibliotecas, hospitais e mesquitas.
Por tudo isso, foi um dos elementos fundamentais de difusão do Islã entre os
povos conquistados, do estabelecimento de uma certa homogeneidade cultural no
mundo muçulmano, e do notável �orescimento cultural ocorrido entre os séculos
VIII – XIII, aproximadamente, que �cou conhecido como “A Era de Ouro do Islã”.
S
Unidade 1 - Tópico 5 
A “Era de Ouro” do Islamismo será estudada na Unidade 2 deste caderno.
Caro(a) acadêmico(a), apresentamos agora alguns trechos do livro Introdução ao
Islã, de Muhammad Hamidullah (Rio de Janeiro: Sociedade Bene�cente Muçulmana
do Rio de Janeiro, 1993), que traz descrições sobre o quotidiano dos muçulmanos.
Para os que têm interesse, vale a pena uma leitura mais abrangente do texto. Boa
leitura!
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO AO ISLAM
Muhammad Hamidullah
521. Em seguida, vem o nascimento involuntário, quando nasce uma criança numa
família muçulmana. Imediatamente após a parteira terminar o seu trabalho,
pronuncia-se o adan no ouvido direito da criança, e a icáma no seu ouvido
esquerdo, de modo a fazer com que a primeira coisa que o recém-nascido escute
seja o testemunho da fé, o chamado ao louvor do Criador e o pedido de graças
pelo seu bem-estar. O adan, ou “Chamado à Oração”, é o seguinte: “Deus é o
Maior”, (quatro vezes), “Eu testemunho que não há outra divindade, além de Deus”
(duas vezes). “Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus” (duas vezes).
“Vinde para a oração” (duas vezes). “Vinde para a salvação” (duas vezes). “Deus é o
Maior” (duas vezes). “Não há outra divindade, além de Deus”. A icáma ou a
preparação para a oração, é formulada nos seguintes termos: “Deus é Maior! Deus
é Maior! Testemunho que não há outra divindade além de Deus; testemunho que
Mohammad é o Mensageiro de Deus! Vinde para a oração; vinde para a salvação; a
oração está prestes a começar; a oração está prestes a começar; Deus é Maior;
Deus é Maior. Não há outra divindade além de Deus”.
Os Primeiros Anos de Vida
522. Quando se cortam, pela primeira vez, os cabelos da criança, costuma-se
distribuir o equivalenteao peso destes em prata ou o valor correspondente em
dinheiro, entre os pobres. Se se dispõe de meios para tanto, abate-se uma cabra
ou uma ovelha, para festejar a ocasião com os pobres e com os amigos.
523. Não há uma idade especí�ca, mas a circuncisão é feita, no menino, quando
ainda em tenra idade. Para os adultos convertidos isto não é obrigatório.
Unidade 1 - Tópico 5 
524. Quando a criança chega à idade adequada para iniciar os seus estudos, logo
após os primeiros quatro anos, organiza-se uma festa em família, ocasião em que
a criança recebe a sua primeira lição. Para promover um augúrio, lê-se, diante da
criança, os primeiros cinco versículos da 96ª Surata do Alcorão, que consistem da
primeira revelação que sobreveio ao iletrado Profeta do Islã, e que se refere à
leitura e à escrita. Faz-se a criança repetir palavra por palavra esse texto. Eis uma
tradução [...]: “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. 1. Lê, em nome do
teu Senhor, que criou; 2. Criou o homem de um coágulo. 3. Lê, que teu Senhor é
Generosíssimo, 4. Que ensinou através do cálamo, 5. Ensinou ao homem o que
este não sabia. (96ª Surata, versículos 1-5). [...]
Morte
535. O muçulmano moribundo, em seu leito de morte, deve procurar pronunciar a
seguinte pro�ssão de fé: “Não há outra divindade além de Deus, Mohammad é o
Mensageiro de Deus.” As pessoas que estiverem ao redor do moribundo poderão
ajudar, repetindo essa fórmula, para a pessoa que está nos estertores da morte.
537. É proibido gastar com fausto em sepulcros, que devem ser os mais simples
possíveis; devemos, ao invés disso, gastar tais valores com os pobres e com
aqueles que merecem e rogar a Deus para que a recompensa dessa caridade seja
dada ao falecido.
Hábitos Gerais
538. Além das horas dedicadas diariamente às orações e o jejum anual, certos
hábitos são recomendados aos muçulmanos. O mais importante é o de estudar
continuamente o texto e a tradução do Alcorão, meditar sobre o seu conteúdo,
para assimilar as suas diretrizes na vida quotidiana. O que pode causar mais
felicidade do que a invocação da Palavra de Deus?
539. Devemos dizer Bismil-lah (i.é, em nome de Deus) quando estivermos para
começar qualquer ato, e alhamdulil-lah (i.é, louvado seja Deus) ao terminar o
mesmo. Quando se pretende ou se promete algo para o futuro, deve-se dizer
imediatamente inchaal-lah (i.é., se Deus quiser).
540. Quando dois muçulmanos se encontram, saúdam-se, dizendo: As-salamu
‘alaikum (que a paz esteja convosco). Pode se responder do mesmo modo, ou dizer
Wa’alaiht-mus-salaam (que a paz esteja convosco).
541. Devemos nos habituar a glori�car Deus, ao nos deitarmos e levantarmos:
Subhanallah (glori�cado seja Deus) é a fórmula mais simples. Devemos, também,
invocar a misericórdia de Deus para com o Profeta, usando, por exemplo, a
seguinte fórmula: Al-lá-humma sal-li’ala Mohammad wa baarik wa sal-lim (i.e., que
Deus abençoe Mohammad e lhe dê paz).
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RESUMO DO TÓPICO
O Islamismo é uma religião monoteísta fundada por Maomé, na região da
Arábia, no século VII.
O marco inicial do Islamismo acontece com a migração de Maomé e seus
seguidores (a Hégira), da cidade de Meca para Medina, em 622 d.C.
Os princípios básicos do Islamismo são a crença em um único deus (chamado
Allah), nas profecias de Maomé, na palavra divina (o Alcorão) e nos cinco
pilares.
Os cinco pilares do Islã são o testemunho, as cinco preces diárias, o
pagamento dos tributos, o jejum no mês do Ramadã e a peregrinação a
Meca, ao menos uma vez na vida.
O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, contém, além da palavra de Deus,
na visão dos muçulmanos, também preceitos morais e legais detalhados, que
serviram para organizar o direito islâmico (a sharia).
Além do Alcorão, a sharia retira seus preceitos dos hadiths e das sunas, que
reúnem declarações e práticas de Maomé.
Existem diversas correntes dentro do Islã. As mais importantes são os sunitas
e os xiitas.
542. O Profeta preferia o lado direito. Quando calçava as sandálias, calçava
primeiro o pé direito, e depois o esquerdo, e exatamente o contrário quando as
tirava; quando vestia uma camisa, vestia primeiro o braço direito, depois o
esquerdo; quando penteava o cabelo, penteava-o primeiro do lado direito, e
depois do esquerdo; ao entrar numa casa, ou na mesquita, fazia-o primeiro com o
pé direito, depois com o esquerdo; mas quando entrava no banheiro, fazia-o
primeiro com o pé esquerdo, e, ao sair, com o pé direito na frente. Quando tirava a
roupa, calçados, etc., despia primeiro o braço, perna ou pé esquerdo. Quando
distribuía algo, ele começava sempre pelos que estavam à sua direita e terminava
com os que estavam à esquerda.
FONTE: HAMIDULLAH, Muhammad. Introdução ao Islam. Rio de Janeiro: Sociedade Bene�cente Muçulmana do Rio de
Janeiro, 1993.
Neste tópico você viu que:
Unidade 1 - Tópico 5 
Também o misticismo islâmico (su�smo) teve papel importante na difusão e
aperfeiçoamento do Islamismo.
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