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AS ORIGENS DA IDADE MÉDIA UNIDADE 1 AS ORIGENS DO ISLAMISMO TÓPICO 5 1 INTRODUÇÃO Desde o início do século XXI, o Islamismo parece estar o tempo todo em evidência. Os atentados de 11 de setembro de 2001, a crise no Oriente Médio, as polêmicas sobre símbolos religiosos na Europa, tudo parece apontar para uma tensão entre Ocidente e Oriente, entre cristãos e muçulmanos. A ideia de um “choque de civilizações” é controversa e exagerada, mas não temos como negar que existe pelo menos um estranhamento entre o mundo ocidental e os valores do Islamismo. A polêmica tese do “choque de civilizações”, elaborada pelo cientista político Samuel Huntington, diz que os con�itos mundiais, neste período pós-Guerra Fria, serão travados entre civilizações, não entre ideologias. Huntington aponta principalmente a tensão entre o mundo ocidental (europeu e norte- americano), com seus valores democráticos, seculares e racionalistas, e o mundo islâmico, entendido por ele como detentor de valores opostos a esses. Esse estranhamento não é recente; pelo contrário, vem desde a época do surgimento do Islã. Além das questões religiosas, que tanto aproximam como afastam cristãos e muçulmanos, os seguidores dessas religiões entraram em Unidade 1 - Tópico 5 guerra incontáveis vezes na História e, de certa forma, esse confronto ajudou a criar o mundo que conhecemos hoje. No entanto, não é apenas pelos con�itos com o Ocidente que devemos compreender o Islamismo. O surgimento dessa religião, a cultura que ela criou e as relações dos muçulmanos com os outros povos são eventos extraordinários por si sós. Nas grandes cidades muçulmanas, abastecidas com sistemas de esgoto, iluminação noturna, universidades e bibliotecas públicas, viviam mercadores de todas as partes do mundo conhecido, de Portugal à China, das estepes da Rússia à África ao sul do Saara, que abasteciam os bazares com todos os tipos imagináveis de produtos e de experiências culturais. Poetas, �lósofos e cientistas tinham à sua disposição, em árabe ou persa, obras gregas de Aristóteles há muito esquecidas no Ocidente. Judeus, muçulmanos e cristãos conviviam em harmonia, sem perseguições religiosas nem discriminações por causa de etnia ou religião. Se na chamada Antiguidade Clássica o mundo “civilizado” falava grego e latim, um viajante do século VIII ou do XII não teria dúvidas: o auge da civilização humana naquela época parecia ser um povo que falava árabe e rezava voltando-se para Meca. GIORDANI, Mário Curtis. História do mundo árabe medieval. Petrópolis: Vozes, 1997. SUGESTÕES DE LEITURA Prezado(a) acadêmico(a), existem diversos livros que podem nos dar uma visão mais precisa sobre o mundo muçulmano, dos pontos de vista político e cultural. Quatro obras, facilmente acessíveis no mercado editorial brasileiro, podem servir de referência mais imediata: Para uma visão mais factual do mundo islâmico, ver o livro de: O livro é parte de uma série de títulos que o autor escreveu sobre História Geral, em um estilo bastante descritivo e detalhado, mas como costuma ocorrer em obras dessa magnitude, sem o compromisso com uma re�exão teórico-metodológica mais aprofundada. É um bom ponto de partida, mas vale a pena complementá-lo com obras posteriores. Para discussões mais recentes e mais críticas sobre o mundo islâmico, ver: Unidade 1 - Tópico 5 HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. MAALOUF, Amin. As Cruzadas vistas pelos Árabes. São Paulo: Brasiliense, 1988. SAID, Edward. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 2 UMA NOVA FÉ: O ISLAMISMO O Islamismo é, hoje, a segunda maior religião do mundo em número de seguidores, e a que cresce mais rapidamente, de acordo com o U.S. Center for World Mission. Em todo o mundo, são cerca de 1,5 a 1,8 bilhão de muçulmanos, e esse número vem aumentando consistentemente, não apenas pelo crescimento demográ�co nas regiões de população muçulmana, mas por conversões em países em que o Islã não é a religião original. Ao mesmo tempo, o imaginário ocidental atribui um papel muito negativo ao Islã. Estamos habituados a associar os muçulmanos à imagem de guerra e fanatismo religioso, para não mencionar a suposta intolerância em relação às mulheres, que são constantemente noticiadas pela mídia televisiva e jornalística. No entanto, é importante termos em mente que essa visão ocidental pejorativa sobre os árabes é um estereótipo reducionista e, muitas vezes, mentiroso, criado em parte por ignorância e em parte intencionalmente, como propaganda política de guerra. Reduzir o Islã ao terrorismo fundamentalista é tão errado quanto seria considerar todos os cristãos como fanáticos religiosos dispostos a passar no �o da espada qualquer um que duvide de sua fé. É claro que existem, nas duas religiões, pessoas dispostas a isso, mas é claro, também, que essas pessoas são uma ín�ma minoria em populações que são, em sua quase totalidade, pací�cas. Como estudiosos de História, não nos cabe julgar o Islã e, muito menos, aceitar sem questionamento as visões preconceituosas criadas sobre ele. Por isso, precisamos conhecer o que é o Islã, como surgiu e por que tem obtido esse sucesso extraordinário. 2.1 OS PRIMÓRDIOS: A ARÁBIA DO SÉCULO VII O Islamismo surgiu na Península Arábica, uma região desértica localizada entre a África e o Oriente Médio, ao sul da Palestina. A proximidade com culturas muito Unidade 1 - Tópico 5 antigas, como as do Egito, da Etiópia, do Levante (Síria, Líbano e Jordânia), do Iêmen e do Irã (terra dos impérios de Ciro e Xerxes, e dos impérios Parto e Sassânida), fez dessa região uma zona de convergência cultural e religiosa privilegiada desde tempos muito remotos. A população da península organizava- se, essencialmente, entre os beduínos – tribos nômades de língua árabe que viviam no deserto – e os moradores das cidades, como Meca. Não devemos, contudo, entender os nômades do deserto da Arábia como povos isolados. Segundo o historiador Ciro Flamarion Cardoso (1994), os beduínos mantinham estreitas relações com os povos sedentários dos centros urbanos da península e do Oriente Próximo, através do comércio e como soldados dos exércitos imperiais bizantinos ou sassânidas. As relações com os sedentários, marcadas por uma complementaridade ecológica e econômica, variaram muito no plano político. Hoje se sabe que as acusações de banditismo, de barbárie, de pilhagens, de invasões feitas aos nômades, muitas vezes, se originam, de fato, na propaganda dos Estados urbanos desejosos de impor tributos ou outras obrigações às tribos das estepes, desertos ou montanhas (CARDOSO, 1994, p. 40). Os beduínos estavam organizados, desde cerca de 1500 a.C., em comunidades formadas a partir de famílias patriarcais. Os líderes dessas comunidades eram chamados de xeques (literalmente, “anciãos”). As diversas tribos nômades que viviam na região central da Arábia (desértica) estavam em constantes disputas pelos oásis – os raros locais onde existia água e pastagem para os animais (carneiros, ovelhas e camelos). No entanto, a Arábia não é composta apenas de desertos: no litoral do Mar Vermelho e do Oceano Índico, um intenso comércio mercantil �oresceu com as regiões próximas ao Mar Vermelho, no Golfo Pérsico e no Oceano Índico. As caravanas cameleiras atravessavam o deserto rumo ao norte, onde as regiões vassalas do Império Sassânida ofereciam enormes oportunidades comerciais. Além disso, o clima ameno do sul da Arábia permitia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. Essas populações eram, em sua maioria, politeístas, embora alguns indivíduos, que tinham contato com as regiões próximas, adotassem alguma das religiões dos povos vizinhos, como: Judaísmo, Cristianismo ou Zoroastrismo. Certamente, essas religiões eram conhecidas dos primeiros muçulmanos, como se pode veri�car pela grande vinculação dos episódios narrados no Alcorão com a tradição religiosajudaico-cristã. Com tudo isso, como podemos veri�car, a Arábia, embora predominantemente desértica, estava plenamente inserida no contexto econômico e social das regiões próximas. Unidade 1 - Tópico 5 2.2 MAOMÉ E A CRIAÇÃO DO ISLAMISMO A religião muçulmana viria a uni�car todas essas populações, diversi�cadas e politeístas, em torno da crença em um único deus. Até o advento do Islamismo, os árabes cultuavam os astros e as manifestações da natureza e tinham como um de seus objetos de veneração a “pedra negra”, guardada na Caaba, em Meca. Segundo a tradição, ela teria sido enviada por Deus a Adão e seria originalmente branca: teria se tornada negra devido aos pecados dos homens. A cidade de Meca foi construída sobre um oásis, e tornou-se desde muito cedo um importante centro religioso e comercial. Na época do nascimento de Maomé (ca. 570 d.C.), a cidade era governada pela tribo dos coraixitas, grupo que enriqueceu com as transações comerciais e as peregrinações dos que se dirigiam à cidade para fazer votos aos deuses na Caaba. “ca.” (em itálico) é uma abreviatura consagrada do latim circa, que quer dizer “cerca de”; na dúvida, substituir o “ca.” por “cerca de”, Maomé (ou Muhammad, na gra�a árabe) nasceu entre os coraixitas, embora não �zesse parte dos segmentos mais abastados da tribo. Órfão desde cedo, foi criado pelo tio Abu Talib e tornou-se mercador e pastor. Aos 25 anos, casou-se com Khadija, uma rica viúva comerciante. Aos 40 anos, Maomé começou a ter visões em que um anjo o incitava a proclamar a existência de um deus único. Embora logo tenha arregimentado seguidores, a pregação de Maomé trouxe-lhe a ira dos comerciantes da cidade, que temiam perder os negócios voltados aos cultos politeístas. Perseguidos em Meca, Maomé e seus seguidores refugiaram-se em 622 na cidade de Yathrib (que passou a se chamar Medina), onde os preceitos do Islamismo começaram a ser organizados e sistematizados. Aos poucos, os cidadãos de Medina foram se convertendo à nova fé e Maomé passou a dispor de um efetivo de guerreiros capaz de vencer o con�ito entre as duas cidades. Finalmente, conquistaram Meca em 630. Unidade 1 - Tópico 5 A ida de Maomé e seus seguidores para Medina, chamada Hégira, é considerada pelos muçulmanos como o momento fundamental da sua religião. Os muçulmanos não entendem a Hégira como uma fuga, mas como uma migração. A partir desse momento, o Islamismo se organizou como sistema político e religioso. O CALENDÁRIO ISLÂMICO O calendário islâmico é contado a partir da migração de Maomé a Medina. Portanto, o ano 1 AH (Ano da Hégira) inicia-se em 622 d.C. O calendário islâmico não segue uma contagem solar (ou seja, o ano não tem 365,25 dias), mas puramente lunar. O ano é composto de 12 meses de 28 ou 29 dias, que se iniciam sempre quando a Lua crescente é avistada ao pôr do Sol. Dessa forma, o ano tem cerca de 11 dias a menos do que o do nosso calendário. Portanto, embora tenham decorrido 1390 anos entre a Hégira e o ano de 2012, o ano islâmico que se iniciou em 15 de novembro de 2012 foi 1434 AH. 2.3 MORTE E SUCESSÃO DE MAOMÉ Após a conquista de Meca, a população local converteu-se rapidamente ao Islã e Maomé dispôs de uma grande força militar para lançar conquistas por toda a Península Arábica. Recomendando a prática do jihad – termo normalmente (mas de forma inapropriada, conforme interpretações islâmicas) traduzido como “guerra santa”, Maomé contou com a ajuda dos �éis para conquistar toda a Península Arábica em dois anos. Nos últimos meses de sua vida, Maomé promoveu o último evento fundamental da religião islâmica: a peregrinação à Caaba, que passou a ser obrigatória aos �éis uma vez na vida, da forma como Maomé a fez. Após a morte do Profeta, em 632 d.C. (ano 10 d.H.), o poder político passou a ser disputado entre o genro de Maomé, Ali, e seu grande amigo Abu Bakr, que foi escolhido pela comunidade como novo líder. A disputa gerou uma cisão religiosa entre os muçulmanos, que passaram a se dividir entre xiitas e sunitas, respectivamente, conforme o reconhecimento da autoridade de Ali e de Abu Bakr. Unidade 1 - Tópico 5 Prezado(a) acadêmico(a), é muito importante desfazermos algumas concepções equivocadas e, muitas vezes, mal-intencionadas que se tem, na nossa cultura, sobre alguns termos do Islamismo. Em particular, os termos jihad e xiita precisam ser bem compreendidos. Jihad não é sinônimo de guerra santa, mas, de acordo com algumas interpretações, é uma atitude de defesa da fé, em todas as suas formas. Xiita, igualmente, não é sinônimo de fanático, mas é o nome de uma das divisões religiosas do Islamismo. Os xiitas não são mais nem menos “fanáticos” (nunca use esse termo!) do que os sunitas, os católicos, os protestantes, os bahá’i ou os membros de qualquer outra facção religiosa. O termo xiita signi�cando fanático (e, portanto, “perigoso”) foi popularizado no Ocidente por grupos políticos ultraconservadores, no contexto da rivalidade política entre EUA e Irã que se seguiu à Revolução Islâmica promovida pelo Aiatolá Khomeini, em 1979. Traduz, portanto, um discurso político reacionário, calculado para despertar o pânico na opinião pública e justi�car intervenções militares. Perceba que, hoje, apenas veículos de comunicação ultraconservadores utilizam o termo xiita com esse sentido. Pelo bem da atitude crítica que um professor de História deve ter, elimine essa expressão de seu vocabulário (inclusive no famigerado “ecoxiita”) e, sempre que necessário, chame a atenção das pessoas para isso. 3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ISLAMISMO O Islamismo é uma religião monoteísta, ou seja, o muçulmano acredita na existência de um único deus – chamado, em árabe, de Allah. Este é o mesmo deus dos judeus e dos cristãos, e também é este o nome que os cristãos que falam árabe utilizam para se referir a Deus. O Islamismo, além disso, é uma religião abraâmica, ou seja, baseia-se na tradição religiosa judaica, que via em Abraão o patriarca fundamental. Por isso, o Islã aceita essa tradição religiosa, contida na Torá judaica e na Bíblia cristã, apesar de dar interpretações distintas a muitas das passagens que ali estão. Pela tradição muçulmana, o Islã representa a mensagem verdadeira de Deus, que havia sido corrompida por interpretações anteriores, mas que teria sido revelada em toda a sua pureza a Maomé. O propósito da vida, para os muçulmanos, é louvar e servir a Deus. O termo islã vem da palavra árabe para “submissão”. Unidade 1 - Tópico 5 Os judeus esperam a vinda de um Messias, enviado por Deus para libertá-los. Os cristãos identi�cam esse Messias com a �gura de Jesus Cristo. Os muçulmanos consideram que não existe um Messias divino; há apenas profetas, dos quais Maomé é o último e mais perfeito. Jesus Cristo (a quem os muçulmanos denominam Issa) não é, para eles, o �lho de Deus. É apenas um profeta anterior a Maomé. ÁRABE OU MUÇULMANO? Costuma haver grande confusão entre os termos “árabe” e “muçulmano”. Árabe é a designação de uma etnia, formada por pessoas que nasceram, ou cujos ancestrais vieram da Península Arábica e que falam a língua árabe, de origem semita. Nesse sentido, é árabe a maioria dos habitantes da atual Arábia Saudita, mas também dos Emirados Árabes Unidos, Egito, Iraque e outros países, mas não a maioria dos iranianos, turcos, afegãos ou nigerianos. Em um sentido mais restrito, árabe pode designar uma nacionalidade, aplicada aos moradores dos Emirados Árabes Unidos. Muçulmano é a designação dos �éis de uma religião, de pessoas que reconhecem em Maomé o profeta, e que seguem seus preceitos.Pessoas de qualquer etnia podem ser muçulmanas e, curiosamente, os árabes são, há muitos séculos, minoria no Islã: dos dez países islâmicos mais populosos hoje, apenas o Egito é etnicamente árabe. Há, também, árabes que não são muçulmanos, como é o caso da maioria dos libaneses (cristãos). A principal diferença entre essas três religiões é, essencialmente, a seguinte: Prezado(a)acadêmico(a), o que estamos falando aqui sobre o Islamismo não tem, de nenhuma forma, a intenção de “confundir suas crenças”, nem de “doutrinar” ou “converter” você. Os próprios autores, aliás, nem muçulmanos são... Mas o Islamismo é uma das maiores religiões do mundo e o seu surgimento in�uenciou enormemente a história mundial, e é por esse motivo que precisamos, como historiadores, conhecê-lo de forma relativamente detalhada, independente de convicções religiosas. Se isso faz ou não sentido para você, é questão inteiramente pessoal. O mesmo valerá, Unidade 1 - Tópico 5 no futuro, para qualquer outra religião ou perspectiva �losó�ca que você estudar. Lembre-se: para ser um bom estudioso ou professor de História, é preciso manter a cabeça aberta a várias perspectivas, buscar conhecer os diversos lados possíveis de uma questão e não julgar as atitudes ou as crenças de ninguém. Por isso, não leia sobre o Islamismo (ou qualquer outra religião) pensando “isso não é verdade, porque eu sei/o padre disse/ não tem lógica/ na Bíblia fala que...”; essa atitude é inadequada para quem deseja estudar História. No �m das contas, para os historiadores, pouco importa se uma coisa é ou não “verdadeira”, ou se existe ou não uma “Verdade”. O que importa é como as pessoas entenderam e lidaram com isso. E quando você mesmo(a) for professor(a), incite seus alunos a fazerem a mesma coisa. 3.1 OS CINCO PILARES DO ISLà Os preceitos básicos do Islamismo podem ser resumidos nos cinco pilares, que são: 1. O testemunho: o �el deve repetir a fórmula “só há um Deus e Maomé é o seu profeta”. Deus é único, onipotente, onisciente, senhor absoluto da Terra e da vontade dos homens. Sabe e controla tudo o que acontece, aconteceu e acontecerá. Maomé é, para o muçulmano, o último profeta que existirá, pois sua mensagem é perfeita. 2. As preces: o �el tem a obrigação de rezar cinco vezes ao dia. A prece é feita recitando-se versos do Alcorão em língua árabe, com o corpo voltado na direção de Meca (se o �el não conseguir descobrir qual o lado correto, basta supor). Pode ser feita em uma mesquita ou em qualquer outro lugar onde o �el esteja FIGURA 14 - MUÇULMANOS REALIZANDO AS PRECES, VOLTADOS PARA A CAABA EM MECA Unidade 1 - Tópico 5 FONTE: Disponível em: <http://www.neurosoup.com/mosque_prayer.jpg>. Acesso em: 17 out. 2012. 3. Os tributos: o �el tem a obrigação de dar parte dos seus rendimentos para auxiliar aos pobres ou necessitados. Essa contribuição, chamada zakat, é diferente da esmola, que é opcional: o zakat é uma obrigação religiosa. 4. O jejum: o �el é obrigado a guardar jejum de comida e bebida, enquanto houver luz natural, no mês do Ramadã. Essa obrigatoriedade pode ser dispensada para crianças ou pessoas enfermas. Além do jejum, nesse período o �el está proibido de manter relações sexuais. 5. A peregrinação: o �el deve viajar a Meca, em peregrinação, pelo menos uma vez na vida, se suas condições econômicas assim lhe permitirem. Uma vez em Meca, deverá cumprir uma série de rituais ao redor da Caaba e em outros pontos na cidade. Segundo Maria Yedda Leite Linhares (1989), “o Islã não é apenas o conjunto dos dogmas teológicos e normas sociais [...], é, antes de tudo, um tipo de comunidade civil guiada pelas leis do Corão e por uma herança cultural comum”. (LINHARES, 1989, p. 20). FIGURA 15 - O SANTUÁRIO DA CAABA EM 2008, DURANTE A ÉPOCA DA PEREGRINAÇÃO DOS MUÇULMANOS (HAJJ ) Unidade 1 - Tópico 5 http://www.neurosoup.com/mosque_prayer.jpg FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flic kr_-_Al_Jazeera_English.jpg>. Acesso em: 19 jul. 2012. 3.2 O ALCORÃO O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos. De acordo com a tradição islâmica, o Alcorão representa com perfeição a palavra de Deus e existe desde sempre. Por esse motivo, é chamado de “O Livro Incriado”. Ele teria sido simplesmente revelado a Maomé em 114 capítulos, ou suras, das quais 92 ditadas em Meca e as outras 22 suras em Medina. O conteúdo do Alcorão vai muito além das questões estritamente religiosas: traz preceitos morais, interpretações islâmicas de episódios da tradição religiosa judaica, legislação e situações do quotidiano. Por isso é frequentemente utilizado como referência básica para os sistemas legais dos países que adotam o Islamismo como religião o�cial. Prezado(a) acadêmico(a), você já viu algumas vezes, neste tópico, falar em “tradição islâmica”. Com esse termo estamos nos referindo a pontos centrais da crença muçulmana, que não constam diretamente do Alcorão (ou mesmo das Sunas ou dos Hadiths), mas que foram interpretados dessa forma pelos Unidade 1 - Tópico 5 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flickr_-_Al_Jazeera_English.jpg http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Al-Haram_mosque_-_Flickr_-_Al_Jazeera_English.jpg estudiosos da religião. Algumas dessas tradições podem parecer absurdas ou totalmente contrárias à razão. Mas lembre-se: o compromisso da tradição islâmica não é com a razão e sim com a interpretação do Livro Sagrado. Toda religião parte de pressupostos que parecem absurdos aos não crentes, mas não cabe ao historiador julgar se esses preceitos têm alguma validade racional, teológica ou metafísica. De acordo com a tradição sunita, o Alcorão não foi escrito por Maomé. Ele teria recebido a revelação das suras diretamente de Allah, e estas eram anotadas por pessoas próximas a ele. Temendo que o conteúdo do livro se perdesse, o primeiro califa, Abu Bakr, ordenou a transcrição do livro pouco tempo após a morte de Maomé. Foi apenas no reinado do terceiro califa, Uthman Ibn A�an (às vezes, traduzido em português como Osman ou Omã), que o texto �nal, como é conhecido hoje, foi consolidado a partir das diferentes versões que já existiam. O texto �nal foi copiado e difundido para toda a ummah (mundo islâmico) que, àquela altura, como veremos, já era bastante extensa. Já os xiitas, talvez por não reconhecerem a autoridade de Abu Bakr, em função dos con�itos que surgiram na sucessão de Maomé, atribuem ao próprio profeta essa tarefa. Os estudiosos do assunto consideram em sua maioria que os sunitas estão corretos. Independentemente das desavenças, o conteúdo do Alcorão, para ambos os ramos do Islã, é idêntico. FIGURA 16 - PÁGINAS DO ALCORÃO RICAMENTE TRABALHADAS Unidade 1 - Tópico 5 FONTE: Disponível em: <http://www.alquranacademy.co.uk/images/quran22.jpg>. Acesso em: 17 out. 2012. “CORÃO” OU “ALCORÃO”? O termo “Alcorão”, utilizado, frequentemente, para descrever o nome do livro sagrado dos muçulmanos, popularizou-se em Portugal durante a ocupação islâmica, na Idade Média. O pre�xo “al” representa, na língua árabe, o artigo de�nido “o”; em português, passou a ser utilizado em centenas de palavras de origem árabe que foram incorporadas ao idioma: algodão, alface, alcaide, aldrava, algibeira, almoxarifado, almanaque, e muitas outras. O termo “Alcorão” segue a mesma regra. “Alcorão” signi�ca “a recitação”. Recentemente, temos visto na imprensa o termo “Corão”. É a tradução direta do termo utilizado em francês (Coran) e inglês (Koran ou, como tem sido comum hoje, Qur’an), entre outras línguas, para designar o livro. Lembre-se de que a França e a Inglaterra não foram ocupadas pelos árabes, então não �zeram essa incorporação do “al”. Termos de origem árabe que em português incorporam o artigo (arroz, açúcar, algodão), não o fazem em francês (riz, sucre, coton) nem em inglês (rice, sugar, cotton). Em português, os dois termos são corretos, mas é preferível o termo clássico “Alcorão”. Unidade 1 - Tópico 5 http://www.alquranacademy.co.uk/images/quran22.jpg os Hadiths, que são extensas compilações das tradições e das declarações de Maomé sobre os mais variados assuntos ou de interpretações feitas sobre essas declarações por doutores da lei, das quais as mais respeitadas são as de Muhammad al-Bukhari; as Sunas, descrição daquiloque Maomé fazia, acreditava ou aprovava. Alguns estudiosos consideram as sunas e os hadiths equivalentes. Ao contrário dos sunitas, que baseiam sua conduta nas sunas (daí o nome), os muçulmanos xiitas não aceitam a maior parte das sunas e têm suas próprias compilações; e a Sharia, o código moral e religioso do Islã, que trata dos mais variados aspectos da legislação e da vida quotidiana dos muçulmanos: alimentação, higiene, conduta, vestimenta, comércio etc. Os muçulmanos tratam o Alcorão como uma revelação divina diretamente recebida por Maomé. Por esse motivo, consideram heresia atribuir-lhe a autoria do livro; segundo eles, o autor do Alcorão é o próprio Deus. Apenas para você ter uma ideia do estilo e do conteúdo do Alcorão, apresentamos os primeiros versículos da sura 96, chamada Al-Alaq (“O Coágulo”). Este trecho é considerado, por quase todos os intérpretes do Alcorão, como os primeiros versos revelados a Maomé. À direita, também para você ter uma ideia do estilo de escrita árabe, o texto original (que é lido da direita para a esquerda). Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. ِحیِم ْحَمِن الرَّ ِ الرَّ بِْسِم �َّ Recita em nome de teu Senhor que criou, 1اْقرَ أْ بِاْسِم رَ بَِّك الَِّذي َخلََق Criou o homem de sangue coagulado. نَساَن ِمْن َعلٍَق 2َخلََق اْإلِ Recita. E teu senhor é o mais generoso, 3اْقرَ أْ َورَ بَُّك اْألَْكرَ ُم Que ensinou com a pena, 4الَِّذي َعلََّم بِاْلقَلَِم Ensinou ao homem o que ele não sabia. نَساَن َما لَْم یَْعلَْم 5َعلََّم اْإلِ FONTE: O Alcorão. Tradução de Mansour Chalitta. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2011, p. 479. 3.3 O DIREITO ISLÂMICO: OS HADITHS, AS SUNAS E A SHARIA Além dos preceitos do Alcorão, os muçulmanos baseiam-se também em outros textos, que geralmente vêm para con�rmar os ditos de Maomé ou garantir a aprovação ou desaprovação de uma determinada prática e que constituem, juntamente com o Alcorão, a base da jurisprudência islâmica. Dentre esses textos encontramos três fontes principais: Unidade 1 - Tópico 5 3.3.1 As escolas de interpretação da lei Durante os primeiros 200 anos do Islamismo, surgiram quatro escolas de interpretação da lei islâmica. As três primeiras escolas (Hana�ta, Malikita e Sha�ita) guardam diversas semelhanças entre si, mas a quarta escola, Hanbalita, é mais tradicionalista e conservadora. As três primeiras escolas consideram todas as quatro como igualmente ortodoxas, mas os hanbalitas não retribuem a reverência. Os hanbalitas eram pouco expressivos até o início do século XVII, quando a corrente wah habi tornou-se mais poderosa. Atualmente, os wahabitas são a doutrina religiosa dominante na Arábia Saudita e sua associação com os hanbalitas explica a interpretação severa que se dá à sharia na Arábia Saudita atual e que nas últimas décadas tornou-se mais popular entre grupos fundamentalistas islâmicos em diversas outras regiões. Mesmo entre os muçulmanos, são severas as críticas ao fundamentalismo da interpretação da sharia naquele país. FIGURA 17 - Mapa: A distribuição das escolas de interpretação da lei (Fiqh) pelo mundo islâmico. Nos tons mais escuros, os locais de predominância xi ita FONTE: Disponível em: <http://ayshawazwaz.�les.wordpress.com/2010/02/muslimdistribution3b.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2012. 3.4 O MODELO DE CONDUTA DO PROFETA Por �m, outro guia para a conduta dos muçulmanos é o exemplo do Profeta. Os muçulmanos consideram Maomé um modelo de conduta a ser imitado, e por isso Unidade 1 - Tópico 5 http://ayshawazwaz.files.wordpress.com/2010/02/muslimdistribution3b.jpg vários de seus hábitos foram incorporados pelos muçulmanos. Alguns críticos do Islã (mesmo críticos “de dentro”) condenam o recurso exagerado a isso, pois, em última análise, isso tenderia a perpetuar práticas da Arábia do século VIII – anacrônicas, portanto. 3.5 O MISTICISMO ISLÂMICO: O SUFISMO Outro elemento muito importante para a constituição da cultura e da sociedade islâmica foi o misticismo muçulmano, denominado su�smo. O misticismo su� parece ter sido in�uenciado por práticas oriundas de outras culturas, talvez mesmo do Cristianismo bizantino, mas tem suas características profundamente vinculadas à cultura onde se originou. Uma mescla de tradições árabes, persas, levantinas (ou seja, do Levante, região da Síria e Palestina) e, posteriormente, das outras culturas incorporadas ao Islã, como a turca. O su�smo desenvolveu-se ao longo dos primeiros séculos do Islã, primeiramente como um modelo de conduta interior, que buscava respostas para como o �el deveria proceder diante de Deus. Com o tempo, tornou-se uma doutrina do amor divino e, posteriormente, uma busca de Deus interna e pessoal, o que colocou o su�smo em con�ito com a autoridade dos ulemás (doutores da Lei) e, na visão desses, até mesmo com o Alcorão. Controvérsias políticas à parte, o su�smo continha, efetivamente, uma ameaça em potencial à autoridade da sharia. Seu objetivo era a busca de Deus pela verdade interior, não pelas determinações legais. Por volta de 1500, quase todos os muçulmanos eram su�s. Como se pode ver, o Islamismo tem “formatos” que não condizem em nada com a ideia de fundamentalismo que se faz dele, assim como tem doutrinas intransigentes que não aceitam nenhuma perspectiva diferente da sua (é o caso dos wahabitas – ver item 3.3.1). O su�smo guarda uma notável semelhança, mantidas as devidas proporções, com o misticismo das ordens monásticas cristãs. Centenas de ordens su�s surgiram ao longo dos quase 1500 anos de Islã, e elas mantinham entre si grandes diferenças, muitas delas exigindo uma postura ascética dos seus seguidores. O su�smo foi muito importante como mecanismo difusor de cultura, pois tem como um de seus fundamentos a transmissão de seus preceitos, e também como agente estabilizador da sociedade, ao tomar para si a responsabilidade de manutenção de escolas, orfanatos, bibliotecas, hospitais e mesquitas. Por tudo isso, foi um dos elementos fundamentais de difusão do Islã entre os povos conquistados, do estabelecimento de uma certa homogeneidade cultural no mundo muçulmano, e do notável �orescimento cultural ocorrido entre os séculos VIII – XIII, aproximadamente, que �cou conhecido como “A Era de Ouro do Islã”. S Unidade 1 - Tópico 5 A “Era de Ouro” do Islamismo será estudada na Unidade 2 deste caderno. Caro(a) acadêmico(a), apresentamos agora alguns trechos do livro Introdução ao Islã, de Muhammad Hamidullah (Rio de Janeiro: Sociedade Bene�cente Muçulmana do Rio de Janeiro, 1993), que traz descrições sobre o quotidiano dos muçulmanos. Para os que têm interesse, vale a pena uma leitura mais abrangente do texto. Boa leitura! LEITURA COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO AO ISLAM Muhammad Hamidullah 521. Em seguida, vem o nascimento involuntário, quando nasce uma criança numa família muçulmana. Imediatamente após a parteira terminar o seu trabalho, pronuncia-se o adan no ouvido direito da criança, e a icáma no seu ouvido esquerdo, de modo a fazer com que a primeira coisa que o recém-nascido escute seja o testemunho da fé, o chamado ao louvor do Criador e o pedido de graças pelo seu bem-estar. O adan, ou “Chamado à Oração”, é o seguinte: “Deus é o Maior”, (quatro vezes), “Eu testemunho que não há outra divindade, além de Deus” (duas vezes). “Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus” (duas vezes). “Vinde para a oração” (duas vezes). “Vinde para a salvação” (duas vezes). “Deus é o Maior” (duas vezes). “Não há outra divindade, além de Deus”. A icáma ou a preparação para a oração, é formulada nos seguintes termos: “Deus é Maior! Deus é Maior! Testemunho que não há outra divindade além de Deus; testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus! Vinde para a oração; vinde para a salvação; a oração está prestes a começar; a oração está prestes a começar; Deus é Maior; Deus é Maior. Não há outra divindade além de Deus”. Os Primeiros Anos de Vida 522. Quando se cortam, pela primeira vez, os cabelos da criança, costuma-se distribuir o equivalenteao peso destes em prata ou o valor correspondente em dinheiro, entre os pobres. Se se dispõe de meios para tanto, abate-se uma cabra ou uma ovelha, para festejar a ocasião com os pobres e com os amigos. 523. Não há uma idade especí�ca, mas a circuncisão é feita, no menino, quando ainda em tenra idade. Para os adultos convertidos isto não é obrigatório. Unidade 1 - Tópico 5 524. Quando a criança chega à idade adequada para iniciar os seus estudos, logo após os primeiros quatro anos, organiza-se uma festa em família, ocasião em que a criança recebe a sua primeira lição. Para promover um augúrio, lê-se, diante da criança, os primeiros cinco versículos da 96ª Surata do Alcorão, que consistem da primeira revelação que sobreveio ao iletrado Profeta do Islã, e que se refere à leitura e à escrita. Faz-se a criança repetir palavra por palavra esse texto. Eis uma tradução [...]: “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. 1. Lê, em nome do teu Senhor, que criou; 2. Criou o homem de um coágulo. 3. Lê, que teu Senhor é Generosíssimo, 4. Que ensinou através do cálamo, 5. Ensinou ao homem o que este não sabia. (96ª Surata, versículos 1-5). [...] Morte 535. O muçulmano moribundo, em seu leito de morte, deve procurar pronunciar a seguinte pro�ssão de fé: “Não há outra divindade além de Deus, Mohammad é o Mensageiro de Deus.” As pessoas que estiverem ao redor do moribundo poderão ajudar, repetindo essa fórmula, para a pessoa que está nos estertores da morte. 537. É proibido gastar com fausto em sepulcros, que devem ser os mais simples possíveis; devemos, ao invés disso, gastar tais valores com os pobres e com aqueles que merecem e rogar a Deus para que a recompensa dessa caridade seja dada ao falecido. Hábitos Gerais 538. Além das horas dedicadas diariamente às orações e o jejum anual, certos hábitos são recomendados aos muçulmanos. O mais importante é o de estudar continuamente o texto e a tradução do Alcorão, meditar sobre o seu conteúdo, para assimilar as suas diretrizes na vida quotidiana. O que pode causar mais felicidade do que a invocação da Palavra de Deus? 539. Devemos dizer Bismil-lah (i.é, em nome de Deus) quando estivermos para começar qualquer ato, e alhamdulil-lah (i.é, louvado seja Deus) ao terminar o mesmo. Quando se pretende ou se promete algo para o futuro, deve-se dizer imediatamente inchaal-lah (i.é., se Deus quiser). 540. Quando dois muçulmanos se encontram, saúdam-se, dizendo: As-salamu ‘alaikum (que a paz esteja convosco). Pode se responder do mesmo modo, ou dizer Wa’alaiht-mus-salaam (que a paz esteja convosco). 541. Devemos nos habituar a glori�car Deus, ao nos deitarmos e levantarmos: Subhanallah (glori�cado seja Deus) é a fórmula mais simples. Devemos, também, invocar a misericórdia de Deus para com o Profeta, usando, por exemplo, a seguinte fórmula: Al-lá-humma sal-li’ala Mohammad wa baarik wa sal-lim (i.e., que Deus abençoe Mohammad e lhe dê paz). Unidade 1 - Tópico 5 RESUMO DO TÓPICO O Islamismo é uma religião monoteísta fundada por Maomé, na região da Arábia, no século VII. O marco inicial do Islamismo acontece com a migração de Maomé e seus seguidores (a Hégira), da cidade de Meca para Medina, em 622 d.C. Os princípios básicos do Islamismo são a crença em um único deus (chamado Allah), nas profecias de Maomé, na palavra divina (o Alcorão) e nos cinco pilares. Os cinco pilares do Islã são o testemunho, as cinco preces diárias, o pagamento dos tributos, o jejum no mês do Ramadã e a peregrinação a Meca, ao menos uma vez na vida. O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, contém, além da palavra de Deus, na visão dos muçulmanos, também preceitos morais e legais detalhados, que serviram para organizar o direito islâmico (a sharia). Além do Alcorão, a sharia retira seus preceitos dos hadiths e das sunas, que reúnem declarações e práticas de Maomé. Existem diversas correntes dentro do Islã. As mais importantes são os sunitas e os xiitas. 542. O Profeta preferia o lado direito. Quando calçava as sandálias, calçava primeiro o pé direito, e depois o esquerdo, e exatamente o contrário quando as tirava; quando vestia uma camisa, vestia primeiro o braço direito, depois o esquerdo; quando penteava o cabelo, penteava-o primeiro do lado direito, e depois do esquerdo; ao entrar numa casa, ou na mesquita, fazia-o primeiro com o pé direito, depois com o esquerdo; mas quando entrava no banheiro, fazia-o primeiro com o pé esquerdo, e, ao sair, com o pé direito na frente. Quando tirava a roupa, calçados, etc., despia primeiro o braço, perna ou pé esquerdo. Quando distribuía algo, ele começava sempre pelos que estavam à sua direita e terminava com os que estavam à esquerda. FONTE: HAMIDULLAH, Muhammad. Introdução ao Islam. Rio de Janeiro: Sociedade Bene�cente Muçulmana do Rio de Janeiro, 1993. Neste tópico você viu que: Unidade 1 - Tópico 5 Também o misticismo islâmico (su�smo) teve papel importante na difusão e aperfeiçoamento do Islamismo. AUTOATIVIDADES Responder Tópico 4 Unidade 2 Conteúdo escrito por: UNIDADE 1 - TÓPICO 5 1 Elabore uma síntese explicativa sobre o Islamismo. Todos os direitos reservados © Prof. Fabiano Dauwe Prof. Thiago Juliano Sayão Prof. Itamar Siebert Unidade 1 - Tópico 5 https://livrodigital.uniasselvi.com.br/HIS27_historia_medieval/unidade2.html