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Indicadores e índices 
de saúde 
Muito provavelmente você já ouviu falar, 
seja em uma reportagem em algum 
noticiário ou tenha lido em algum artigo 
científico o termo indicador de saúde. E 
mesmo sem saber ao certo como se 
chegou neste indicador, você já 
compreendeu que se tratava de uma 
medida ou uma sinalização a qual continha 
uma informação, que permitia 
compreender o desempenho de uma 
determinada questão em saúde, certo? E é 
isso mesmo, o indicador de saúde, em 
suma, apresenta uma informação que 
auxilia profissionais a compreenderem 
determinadas realidades; a fazerem a 
leitura de como aquela situação em saúde 
se encontra naquele momento. Agora que 
você já compreendeu um pouco sobre a 
função do indicador, veja abaixo quais 
deles existem e compõem medidas 
necessárias que permitem aos 
profissionais fazerem reflexões, 
inferências, deduções sobre o cenário 
epidemiológico e a situação de saúde. 
1.1 Definição do indicador de saúde 
A OPAS (Organização Panamericana da 
Saúde), antes de definir o que seria 
um indicador, destaca que levou em conta 
o conceito de saúde adotado pela OMS 
(Organização Mundial da Saúde), que 
define a saúde, como “um completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a 
ausência de doença ou enfermidade” 
(WHO, 1946). A partir disso, passou a 
destacar que todo indicador de 
saúde nada mais é do que uma estimativa 
de uma dimensão em saúde, em uma 
população específica. Dessa forma, teria 
como função mensurar, com um certo 
grau de imprecisão, uma questão de 
relativa à saúde. 
Mas cabe destacar que há diferença entre 
mensurar e mensuração (OPAS, s/d; 
PORTA; 2014). 
O termo mensurar é um procedimento 
que permite aplicar uma escala ou um 
conjunto de variáveis.O 
termo mensuração apresenta a extensão, 
a dimensão a quantidade atribuída. 
Segundo a OPAS (s/d, on-line), o ato 
de mensurar é realizado por meio de: 
• Observação direta de um indivíduo 
• Observação de um grupo ou de um 
espaço geográfico 
Quando se trata da observação de grupos 
ou espaço geográfico definido, as 
mensurações são usadas para definir 
indicadores. Conforme Morgenstern 
(1995), tais mensurações podem ser de 
três tipos distintos. Veja abaixo. 
Consolidada 
Ambiental/ecológica 
Global 
Quando se mensuram grupos ou locais, 
tratamos da definição acerca de 
indicadores de saúde da população, que é 
distinto do indicador de saúde do 
indivíduo. Para isso, faz-se necessário 
definir o evento de interesse, a população 
específica, destacando critérios que se 
referem à inclusão ou exclusão. Dessa 
forma, quando mensuramos dimensões de 
saúde de uma população, que não a de um 
indivíduo, estamos propensos à realização 
de estimativas que apresentam um certo 
grau de imprecisão quando chegamos ao 
dado final (MORGENSTERN, 1995). 
Mas além da definição da OPAS, existem 
outras classificações. Pereira (1995) aponta 
o conceito de indicador em saúde, que em 
geral é abordado como medida-síntese, 
que revela uma situação, um compilado de 
dados que, por si só, não seria claro, não 
seria evidente. Assim, quando tratamos de 
indicadores de saúde, sabemos que se 
refere à capacidade de mensurar um 
aspecto em saúde que diz respeito a uma 
população definida, normalmente essa 
população é apontada por critérios de 
inclusão e exclusão. 
Para facilitar o entendimento, 
consideraremos a partir das definições 
existentes na literatura, a título de melhor 
compreensão da unidade, que o indicador 
é uma mensuração, uma medida-síntese, o 
qual reflete uma determinada situação. 
Diante disso, compreende-se que um 
indicador, por si só, pode conter 
informações relevantes acerca dos 
cenários de saúde, demonstrando, por 
exemplo, como está o desempenho de um 
sistema de saúde (PEREIRA, 1995; OPAS, 
s/d). Portanto, é ferramenta que permite 
descrever e monitorar a situação em saúde 
de uma população. 
Os atributos se relacionam às 
características ou qualidades da saúde, e 
as dimensões da saúde compreendem o 
bem-estar físico, emocional, espiritual, 
ambiental, mental e social (PEREIRA, 1995; 
OPAS, s/d). 
No entanto, quando tratamos de 
indicadores, é importante distinguir 
algumas definições. Dados e índices, por 
exemplo, por mais que pareçam 
sinônimos, distinguem-se entre si na 
função que exercem na saúde pública e na 
epidemiologia. 
Para melhor compreender a diferença, 
podemos pensar que o dado será a fonte 
de informação ao indicador, o qual produz 
informação que leva ao conhecimento do 
cenário e permite a tomada de decisão em 
saúde, ou seja, a ação de melhoria ou 
manutenção das estratégias utilizadas 
(OPAS, s/d). Veja abaixo o espiral de 
hierarquia de conceitos em saúde pública 
para melhor recordar destas diferenças. 
#PraCegoVer: A imagem mostra a espiral 
de hierarquia de conceitos em saúde 
pública. 
E, se mesmo visualizando o espiral acima, 
ainda persistirem dúvidas acerca da 
diferença existente entre dado e indicador, 
veja a situação para melhor compreendê-
los. 
Quando trabalhamos a taxa de prevalência 
de pacientes com diabetes Mellitus em uma 
população específica no ano de 2019, 
estamos nos referindo ao indicador de 
saúde. Mas para que possamos chegar a 
este indicador, precisamos de dados. Por 
isso, a importância da fixação do espiral 
acima! 
Nesse sentido, os dados seriam o número 
de casos de diabetes mellitus em 
residentes existentes em um determinado 
período, nesse caso, no ano de 2019 
(numerador), e a população total residente 
naquele local (denominador). A esses 
dados, métodos de cálculo são aplicados 
para se chegar até o total do indicador. 
Mas, muito embora exista uma diferença 
quando analisamos sob a ótica da 
epidemiologia e da saúde pública, não 
podemos descartar a possibilidade de que 
o dado de cada novo caso de diabetes 
mellitus é também um indicador. E essa 
informação reflete os hábitos de vida 
populacionais ou a predisposição existente 
em determinadas pessoas, demonstrando 
um evento, situação que pode ser mediada 
por ações em saúde, e enfatizada pelos 
serviços que, nesse caso, poderiam ser 
ações de promoção à saúde, por exemplo. 
Além disso, destacamos que índice e 
indicador também não podem ser 
igualados, já que o primeiro expressa uma 
série de dimensões, diferente do indicador, 
que traduz somente um enfoque, como, 
por exemplo, a mortalidade. Assim, o 
índice irá incorporar numa única medida, 
mais de um indicador. Por exemplo, o IDH 
(índice de desenvolvimento humano), 
utilizado na saúde pública, e que 
contabiliza diversos indicadores (UNASUS, 
2014). 
1.2 Modalidades de indicadores 
de saúde 
Dentre os indicadores existentes, seis 
modalidades são consideradas as mais 
utilizadas e que estão destacadas abaixo: 
• indicadores demográficos; 
• indicadores socioeconômicos; 
• indicadores de mortalidade; 
• indicadores de morbidade e 
fatores de risco; 
• indicadores de recurso; e 
• indicadores de cobertura. 
Para melhor compreensão dos 
subconjuntos que compõem cada 
indicador, veja abaixo alguns exemplos. 
Exemplos de indicadores demográficos: 
• população total; 
• proporção de idosos na população; 
• taxa bruta de natalidade. 
Taxa bruta de natalidade: refere-se ao 
número de nascidos vivos, por mil 
habitantes na população residente em 
determinado espaço geográfico, no ano 
considerado. 
Exemplos de indicadores 
socioeconômicos: 
• taxa de analfabetismo; 
• níveis de escolaridade; 
• taxa de desemprego. 
Taxa de desemprego: percentual da 
população residente economicamente 
ativa que se encontra sem trabalho na 
semana de referência, em determinado 
espaço geográfico, no ano considerado. 
Exemplos de indicadores de mortalidade: 
• taxa de mortalidade infantil; 
• razão de mortalidade materna; 
• taxa de mortalidade em menores 
de 5 anos. 
Taxa de mortalidade em menores de 5 
anos: númerode óbitos de menores de 
cinco anos de idade, por mil nascidos vivos, 
na população residente em determinado 
espaço geográfico, no ano considerado. 
Exemplos de indicadores de morbidade 
e fatores de risco: 
• incidência de sarampo; 
• incidência de sífilis congênita; 
• taxa de prevalência de 
aleitamento materno. 
Incidência de sarampo: número absoluto 
de casos novos confirmados de sarampo 
na população residente em determinado 
espaço geográfico, no ano considerado. 
Exemplos de indicadores de recurso: 
• número de profissionais de saúde 
por habitante; 
• número de leitos hospitalares por 
habitante; 
• valor médio pago por internação 
hospitalar no SUS. 
Número de profissionais de saúde por 
habitante: número de profissionais de 
saúde em atividade, por mil habitantes, 
segundo categorias, em determinado 
espaço geográfico, no ano considerado. 
Exemplos de indicadores de cobertura: 
• número de consultas médicas por 
habitante; 
• cobertura vacinal; 
• cobertura de consultas de pré-
natal. 
Cobertura de consultas de pré-natal: 
distribuição percentual de mulheres com 
filhos nascidos vivos segundo o número de 
consultas de pré-natal, na população 
residente em determinado espaço 
geográfico, no ano considerado. 
Como observado, os cálculos para obtenção 
dos indicadores se distinguem conforme o 
que buscamos. Porém, com o tempo, ao 
realizar a leitura detalhada, você consegue 
perceber que, a depender do indicador, é 
possível chegar à dedução do cálculo. Mas 
isso exige prática, atenção e leitura sobre 
questões do universo da epidemiologia. 
O Datasus é uma plataforma nacional de acesso e 
disponibiliza informações que subsidiam análises 
objetivas da situação sanitária, tomadas de decisões, 
baseadas em evidências, e elaboração de programas 
de ações de saúde. O site é importante fonte de 
informações para os serviços vinculados ao SUS no 
Brasil. Nele, você encontra indicadores de saúde, bem 
como suas formas de cálculo e dados atualizados 
(DATASUS, 2012). 
2 Avaliação de 
indicadores em saúde 
Quando estamos tratando de saúde, não 
há como negar a importância de que para 
se fazer gestão é preciso avaliar o que 
estamos fazendo, bem como as decisões 
tomadas e os resultados alcançados. É 
quase um vai e vem, precisamos por vezes 
rever nossa tomada de decisão, pensar em 
novas tentativas, estimar recursos e 
analisar as metas. E é nesse sentido que a 
avaliação em saúde se torna fator potente 
para auxílio no planejamento. 
Por isso, trataremos acerca da avaliação 
em saúde, sobre o que é avaliação? Se 
existe diferença entre avaliação e 
monitoramento e quais seriam as 
diferenças, quais as semelhanças? Como 
reconhecer a demanda pela avaliação da 
estrutura, do processo do resultado? Ao 
final, você perceberá a necessidade dessa 
ferramenta para o trabalho em saúde. 
2.1 Modelo de avaliação em 
saúde 
O conceito de avaliação é ainda debatido 
na literatura, no entanto, existe um 
consenso de que a avaliação deve levar a 
um juízo de valor sobre o objeto avaliado. 
Dessa forma, o conceito definido por 
Patton nos serve de guia. 
Avaliação é a coleta sistemática de dados sobre 
atividades, características e efeitos de 
programas para uso de interessados, de forma 
a reduzir incertezas, melhorar a efetividade e 
tomar decisões com respeito ao que aquele 
programa está fazendo, quais são seus 
resultados e como pode ser ajustado (PATTON, 
1990, p. 32). 
Assim a avaliação é ferramenta que pode 
ser aplicada desde o cuidado realizado ao 
indivíduo e família, pelo profissional no 
serviço de saúde, até a avaliação de 
complexos sistemas municipais, estaduais 
e nacionais de saúde, pelos gestores. 
Nesse sentido, muitas técnicas e métodos 
têm sido desenvolvidos e aplicados. 
No que tange o monitoramento, embora 
similares, sua especificidade está baseada 
na definição de Brasil (2009, p.11), “O 
processo de acompanhamento da 
implementação de determinadas ações, 
tomando-se como base o que um projeto 
(ou equivalente) estabelece como metas de 
sua implementação”. 
Ou seja, trata-se de uma ferramenta que 
acompanha objetivos, metas, se de fato 
estão sendo alcançadas. Sendo um 
acompanhamento sistemático sobre 
projetos, programas que são 
compactuados. 
Pois bem, agora que você compreendeu a 
diferença entre monitoramento e 
avaliação, vamos adentrar no universo da 
avaliação em saúde. 
Das abordagens existentes de avaliação em 
saúde, temos o modelo de referência de 
Donabedian (1990) que enfoca “estrutura - 
processo - resultado”. Tal modelo 
apresenta três componentes da avaliação, 
e é um dos mais utilizados. Veja abaixo. 
Estrutura Processo 
Resultado 
2.2 Natureza da avaliação em 
saúde 
Foi durante os anos 70 que a avaliação das 
ações sanitárias passou a ganhar espaço, 
em meio a um contexto histórico em que o 
Estado passava a se responsabilizar 
financeiramente por alguns serviços de 
saúde, tornando-se indispensável o 
controle sobre os custos do sistema. Nesse 
sentido, as decisões precisavam se 
fundamentar em informações, 
demandando uma necessidade avaliativa. 
Dessa forma, a natureza da avaliação em 
saúde tomou duas dimensões (HARTZ, 
1997). 
A natureza normativa segue uma linha 
mais tradicional de avaliação que se 
preocupa em julgar o cumprimento das 
normas estabelecidas, ou seja, julga a 
realidade que se observa a partir da 
intervenção realizada. Pode-se avaliar por 
meio de normas e critérios. Aqui, quando 
tratamos de intervenção, estamos nos 
referindo àquela realizada sob um 
problema de saúde, trata-se do meio que 
utilizamos para resolver um problema 
cotidiano do trabalho na área da saúde 
(HARTZ, 1997). 
É uma avaliação que ocorre a partir de 
critérios e normas, distinguindo-se da 
natureza avaliativa porque esta utiliza 
procedimento científico como método 
avaliativo. 
Este tipo de avaliação auxilia 
substancialmente nas fases de implantação 
de ações, de políticas, programas e 
serviços. Intenciona-se medir e julgar uma 
intervenção a partir de normas definidas 
(HARTZ, 1997; UNASUS, 2014). 
A natureza avaliativa busca o julgamento 
a partir de métodos científicos, indo desde 
a análise da pertinência dos fundamentos 
teóricos, da produtividade e de resultados 
de uma intervenção, relacionando-os com 
o contexto no qual se situa (UNASUS, 
2014). 
A comparação com normas e padrões é 
insuficiente para essa avaliação, que deve 
ser aplicada no momento da implantação. 
Nessa modalidade de avaliação deve estar 
incluída a perspectiva de propor 
alternativas aos problemas identificados 
(UNASUS, 2014). 
Perguntas de natureza avaliativa são 
similares às perguntas de uma pesquisa 
científica (HARTZ, 1997). Esse tipo de 
questão busca estabelecer uma relação 
entre a intervenção a ser avaliada e o 
resultado da intervenção. Veja um exemplo 
de pergunta avaliativa: As ações das 
equipes de saúde das unidades básicas 
têm garantido acesso à saúde? Ou talvez, a 
estratégia de realizar teste do pezinho de 3 
a 5 dias é efetiva? Da mesma forma, uma 
pergunta que se torna não avaliativa, seria 
por exemplo a de que fatores estão 
associados ao aumento dos casos de febre 
amarela? Pois essa seria uma questão que 
somente citaria os fatores. 
Uma intervenção pode ter dois tipos de 
avaliação, seja a normativa como a 
avaliativa. Quando buscamos estudar cada 
um dos componentes da intervenção em 
relação a normas e critérios estamos 
realizando uma avaliação normativa. Mas 
se quisermos examinar, por um 
procedimento científico, as relações que 
existem entre os diferentes componentes 
de uma intervenção, estaremos usando um 
tipo de pesquisa avaliativa (HARTZ, 1997). 
2.3 Atributos de um bom 
indicador de saúde 
Agora que você já compreendeu um pouco 
sobre os indicadores de saúde, veja o que 
faz um indicador ser de qualidade. 
Validade 
Mensurabilidade 
RelevânciaCusto-efetividade 
DDefine-se o grau de excelência de um indicador 
pela sua validade (capacidade de medir o que se 
pretende 
2.4 Fonte de informação de 
indicadores para avaliação e 
monitoramento em saúde 
Sabemos que alguns indicadores se 
concentram em bases de dados oficiais 
nacionais. Os sistemas de informação em 
saúde são instrumentos padronizados de 
monitoramento e coleta de dados, eles 
fornecem informações para análise e 
melhor compreensão de importantes 
problemas de saúde da população, 
subsidiando a tomada de decisão para a 
gestão dos problemas de saúde. No Brasil, 
a avaliação em saúde ocorre pelo 
monitoramento destes dados e indicadores 
em alguns sistemas, como destacado a 
seguir. 
Nessas bases e sistemas de informações, 
de forma mais frequente, são os 
indicadores, os dados de mortalidade e de 
morbidade que são monitorados por 
profissionais da saúde. Dessa forma, os 
sistemas auxiliam em processos de 
diagnóstico de situação de saúde e no 
monitoramento. 
3 Medidas de 
frequência de doenças 
Situações cotidianas no exercício do 
trabalho em saúde exigem o conhecimento 
de prevalência e incidência, que dizem 
respeito a medidas de frequência de 
doenças. Ambas são extremamente 
importantes para a compreensão dos 
dados e indicadores epidemiológicos e 
para a leitura da evolução das doenças, 
tratando de medidas de ocorrência de 
eventos, comorbidades, doenças, auxiliam 
no planejamento em saúde e no 
monitoramento das ações e melhorias de 
políticas voltadas à saúde. 
3.1 Prevalência 
Trata-se de uma taxa que mede o número 
de indivíduos em uma população, que 
apresentam uma doença num dado 
momento, num tempo definido 
(FRONTEIRA, 2018). Em outras palavras, 
prevalência se refere ao número de casos 
novos e velhos de uma doença em um 
determinado tempo, ou seja, trata-se da 
proporção da população que já possui a 
doença (BONITA; BEAGLEHOLE; 
KJELLSTROM, 2010). 
Os principais fatores que determinam 
a taxa de prevalência de uma doença são: a 
severidade da doença, que significa que se 
muitas pessoas estão morrendo, a 
prevalência é menor. A duração da doença, 
ou seja, se uma doença tem curta duração, 
sua prevalência será menor se comparada 
a uma doença com longa duração. 
Finalmente, o número de casos novos 
também é determinante na prevalência de 
uma doença, que significa dizer que se 
muitas pessoas contraírem a doença, a 
prevalência será maior se comparada a 
uma doença que as pessoas dificilmente 
contraem (BONITA; BEAGLEHOLE; 
KJELLSTROM, 2010). 
Para conseguirmos calcular a prevalência 
de uma doença na população, usamos 
como fórmula de cálculo: 
Prevalência = Número de casos 
existentes x constante (ex.: 100 ou 1000) 
Número de pessoas na população 
Veja abaixo uma situação hipotética para 
conseguir relacionar com sua prática 
profissional. 
Imagine, por exemplo, que em uma 
semana todos os profissionais de saúde de 
um hospital fizeram teste para detectar o 
vírus da Covid-19. Dos 400 profissionais de 
saúde participantes, 40 tiveram resultado 
positivo para o Coronavírus (Covid-19). Ou 
seja: 
Aplicando o cálculo de prevalência 
percebemos o seguinte: 
Prevalência = Número de casos existentes 
(40) x 100 = 10 casos existentes 
Número de pessoas (400) 
Ou seja, 40/400= 0,01 que ao ser 
multiplicado por uma constante, nesse 
caso pode ser pela constante de 100 que é 
uma potência mais “fácil” para 
compreender os dados, teremos um total 
de 10 casos existentes de Covid-19 a cada 
100 profissionais de saúde. 
3.2 Incidência 
Trata-se da velocidade em que novos casos 
ocorrem em uma população, ou seja, diz 
respeito ao número de casos novos de uma 
doença em um determinado período, que 
poderá ser em dias, em meses, em ano, 
dentre outros, a depender do período que 
se objetiva colher aquele dado (BONITA; 
BEAGLEHOLE; KJELLSTROM, 2010). Para a 
OPAS (s/d) a incidência, do ponto de vista 
matemático, trabalha a probabilidade em 
que um indivíduo pertencente a uma 
população em risco seja afetado pela 
doença de interesse num determinado 
tempo. 
Assim, a definição de sua fórmula de 
cálculo ocorre pelo número de casos novos 
de uma doença, dividido pela população 
em risco da doença, pela população que 
está exposta a determinada doença em 
pesquisa, considerando a população de um 
espaço geográfico específico, num período 
específico. 
Veja abaixo como fica a fórmula de cálculo 
da incidência: 
Incidência = Número de casos em um 
determinado período x constante (ex.: 100 
ou 1000) 
Número de pessoas expostas ao risco no 
período 
Lembra-se da prevalência de Covid-19 que 
calculamos acima? Vamos pensar agora na 
mesma situação, para que você perceba o 
uso de ambas as medidas de frequência 
em uma mesma situação de saúde, mas 
agora numa tentativa de compreender 
a incidência. 
Imagine, por exemplo, que dentre 400 
profissionais de saúde acompanhados 
durante um mês e que trabalham em um 
hospital de referência, foram 
diagnosticados 20 novos casos do vírus da 
Covid-19 dentre eles, qual seria a taxa de 
incidência de Covid-19 para cada 100 
profissionais de saúde por mês? 
Aplicando o cálculo de incidência 
percebemos o seguinte: 
Incidência = Número de casos novos em 
um mês (20) x constante (100) = 5 casos 
novos/semana 
Número de pessoas expostas ao risco no 
mês (400) 
Ou seja, 20/400= 0,05 que ao ser 
multiplicado por uma constante, nesse 
caso pela constante de 100 que é uma 
potência mais “fácil” para compreender os 
dados, teremos um total de 5 casos novos 
de Covid-19 a cada 100 profissionais por 
mês. 
4 Relação e distinções 
entre prevalência e 
incidência 
Após compreender a incidência e 
prevalência, cabe destacar que 
costumeiramente, o uso de ambas, pode 
ocorrer em distintas situações. Veja abaixo 
as diferenças existentes entre a prevalência 
e a incidência: 
Usualmente, em doenças agudas, aplica-se 
mais a verificação da incidência, ao passo 
que para doenças crônicas, percebe-se em 
sua maioria a determinação da 
prevalência. No entanto, isso vai depender 
de qual o meu objetivo enquanto 
profissional, se é conhecer os dados novos 
de uma determinada doença na população 
ou se é reconhecer o número de casos 
existentes nesta população (BONITA; 
BEAGLEHOLE; KJELLSTROM, 2010). 
Taxas de incidência e prevalência com 
frequência são questões cobradas em 
provas e em concursos públicos na área da 
saúde, isso porque ambas as definições 
podem confundir os profissionais da saúde 
que não estão habituados a utilizarem 
estes termos. 
Uma dica importante para distingui-las é se 
lembrar que quando se referir a: 
*casos novos de uma determinada 
doença = trata-se de incidência; 
*casos existentes de uma determina 
doença = trata-se de taxa de 
prevalência. 
Claro que o enunciado da questão deve 
sempre ser levado em conta e é 
extremamente importante para validar 
esta dica! 
Dentre os indicadores mais utilizados em 
saúde, encontram-se os de mortalidade. 
Por isso, estudaremos um pouco mais essa 
especificidade. 
4.1 Indicadores de mortalidade 
Dentre os principais indicadores de 
mortalidade, estão o de Mortalidade 
proporcional por causa que envolve as 
doenças, por exemplo Diabetes, Câncer, 
Acidente Vascular Encefálico, dentre 
outras; Taxa ou coeficiente de mortalidade 
geral; Taxa de mortalidade específica por 
sexo, idade ou causa e os indicadores de 
Mortalidade infantil e de Mortalidade 
materna (UNASUS, 2014). 
Trata-se de um indicador que apresentará 
os óbitos por região, por causa, por sexo 
ou por idade (PEREIRA, 1995). Podendo ser 
obtido pela fórmula de cálculo: 
Número de óbitos por determinada causa 
em determinado período x constante (100, 
1000 ou outra) 
 Total de óbitos no período 
Para aplicar este cálculo em uma situação 
habitual podemos pensar por exemplo na 
situação hipotética descrita abaixo. 
Em 2019morreram 550 mil pessoas em 
um determinado país, por câncer. No total, 
o número de óbitos no período e neste 
mesmo país foi de 1,5 milhão de pessoas. 
Dessa forma, podemos dizer que de cada 
100 mortes ocorridas em 2019, 36 foram 
por câncer. 
A taxa de mortalidade geral a qual se 
refere a toda população é simples e fácil no 
que tange a obtenção dos dados, sendo 
realizada por meio do cálculo: 
Taxa de mortalidade geral = Número de 
óbitos e um determinado período x 
constante (ex.: 100 ou 1000) 
População no meio do período 
Essa taxa também é factível de calcular a 
mortalidade por sexo, por idade ou por 
causa (PEREIRA, 1995). 
Veja um exemplo para sua mensuração 
quando se define a característica da 
mortalidade que se busca. 
Número de óbitos por idade no período x 
constante (100, 1000 ou outra) 
População da mesma idade na metade do 
período 
A taxa de mortalidade infantil permite 
estimar o risco de morte que uma 
população de nascidos vivos até um ano, 
de um determinado local está exposto 
(PEREIRA, 1995), conforme o método de 
cálculo abaixo: 
Número de óbitos de menores de 1 ano no 
período x 1000 
Número de nascidos vivos no período 
Trata-se este de um indicador que também 
permite conhecer a qualidade de vida e de 
desenvolvimento, já que expressa a 
situação de saúde de uma comunidade 
(UNASUS, 2014). 
O indicador da mortalidade 
materna também permite aos 
profissionais reconhecerem o 
desenvolvimento de determinados países e 
a qualidade de vida, já que as questões que 
estão relacionadas ao seu aumento ou 
declínio, dizem respeito ao estilo de vida, 
ao acompanhamento de pré-natal pelas 
mulheres, bem como a nutrição e aos 
hábitos de vida das pessoas. 
Para aplicar o cálculo deste indicador, 
utilizamos como numerador e 
denominador: 
Número de óbitos maternos x 100.000 
 Número de nascidos vivos 
Cabe enfatizar que a OMS define como 
óbito materno a morte de uma mulher 
durante a gestação ou dentro do período 
de puerpério, independente da duração da 
gravidez, tendo relação com a gravidez ou 
sendo agravada por ela (OMS, 1997). 
4.2 Esperança de vida 
O indicador esperança de vida ao nascer 
ou expectativa de vida ao nascer, ou 
também denominado vida média ao 
nascer, expressa a longevidade da 
população além de representar uma 
medida da mortalidade e de indicar 
melhores condições de vida da população 
(DATASUS, 2020), pois se pensarmos que 
quanto maior a esperança de vida, 
indubitavelmente estaremos dizendo que 
melhores são as condições de vida da 
população. 
Em se tratando do conceito deste 
indicador, trata-se do número médio de 
anos de vida esperados para uma pessoa 
recém-nascida, considerando o padrão de 
mortalidade no período e também, o 
determinado espaço geográfico e o 
período pesquisado (DATASUS, 2020). 
A usabilidade deste indicador está 
principalmente na análise de variações 
geográficas na expectativa de vida 
populacional, sendo importante para a 
avaliação dos níveis de vida da população. 
Dessa forma, este indicador propicia 
avaliações quanto ao planejamento, gestão 
das políticas e ações em saúde voltadas à 
população, principalmente à população 
idosa (DATASUS, 2020). 
Em um período de 15 anos, a expectativa 
de vida ao nascer do brasileiro se elevou, 
isso significa dizer que a qualidade de vida 
também, pois ao compararmos o ano de 
2000 ao de 2015, percebe-se uma elevação 
média de 5 anos, podendo estar 
relacionado a melhores hábitos de vida, a 
maior acesso às ações e serviços de saúde, 
dentre outros inúmeros fatores que são 
reflexos importantes na qualidade de vida 
e por conseguinte, na esperança de vida ao 
nascer. 
AVA 4 
1 Fecundidade 
A fecundidade refere-se à geração de 
filhos. É a capacidade de procriar e, com 
o aumento da sua prole, deixa 
descendentes. Como a epidemiologia 
estuda a população e a relação saúde-
doença, a fecundidade é algo fundamental 
para esta relação. A epidemiologia é 
dinâmica, e sofre constantes mudança 
devido à alteração na população, e estas 
mudanças podem ter início com a 
alterações nas taxas de fecundidade. O 
Brasil passou por grandes mudanças no 
século XX. Estas transformações estão 
relacionadas, principalmente, com a 
estrutura e com a dinâmica populacional 
brasileira. O principal determinante para 
que esta mudança tenha ocorrido é 
a fecundidade, que, no século XX, teve 
uma redução nos números de forma 
rápida e de maneira intensa nos países 
mais populosos no mundo. 
1.1 Fecundidade e fertilidade 
Apesar de a fecundidade ser um fator 
relevante para a mudança, ela não anda 
sozinha. A fertilidade também acompanha 
a fecundidade. Ambos os 
termos, fecundidade e fertilidade trazem 
referência à geração de filhos. 
Contudo,mesmo com a referência similar, 
eles não são sinônimos. Para evitar 
confusão sobre os seus significados, vamos 
começar trazendo a definição de ambos. 
A fecundidade possui algumas definições. 
A Associação Internacional de 
Epidemiologia - IEA (international 
epidemiolocal association) traz, no seu 
dicionário de epidemiologia, que é 
apresentado por Porta (2008, p. 93), o 
seguinte conceito para fecundidade: 
A capacidade de produzir filhos vivos. A 
fecundidade é difícil de medir, pois se refere à 
capacidade teórica de uma mulher de 
conceber e carregar um feto a termo. Se uma 
mulher produz um nascimento vivo, sabe-se 
que ela e seu parceiro foram fecundos durante 
algum tempo no passado. 
Este mesmo dicionário da associação 
Internacional de epidemiologia também 
traz a definição para fecundidade. “A 
produção real de filhotes vivos. 
Natimortos, mortes fetais e abortos não 
são incluídos na medição da fertilidade em 
uma população. Veja também gravidade; 
paridade” (PORTA, 2008. p. 93). 
Estas são algumas definições utilizadas 
internacionalmente. Porém, acredito que 
podemos utilizar outros conceitos para 
fecundidade e fertilidade mais próximos da 
realidade brasileira. Assim, segundo 
Pereira (1995, p. 145) a fecundidade é a “ 
geração de filhos, isto é, a materialização 
do potencial de procriar, é a informação 
prática de interesse, que é dada pelas 
medidas de fecundidade”. Assim, pode-se 
perceber que este autor menciona que a 
fecundidade é o potencial de procriar, 
mesmo que, de maneira prática, algumas 
mulheres possa não ser fecundas, por 
serem estéreis ou inférteis (PEREIRA, 1995). 
Segundo Pereira (1995, p. 145), também a 
fertilidade pode ser definida como: “a 
capacidade de gerar filhos. Toda mulher, 
teoricamente, tem essa capacidade, desde 
a menarca à menopausa”. Já, neste caso, 
seria a simples possibilidade de poder 
gerar filhos, ou simplesmente, de 
engravidar. 
De maneira geral, a faixa etária que é 
utilizada para determinar a fecundidade 
das mulheres é entre 15 e 49 anos de 
idade. No entanto, em algumas delas, a 
menarca pode ocorrer antes dessa idade, o 
que indica que ela já poderia ter filhos. 
Embora isso possa acontecer, para facilitar 
o assunto em termos estatísticos, utiliza-se 
15 anos como limite inferior e também 
pelo fato de a maioria dos nascimentos no 
Brasil ocorrer após essa idade. 
1.2 Estudos de fecundidade, 
origem dos dados 
Para estudar a fecundidade de 
determinada população, é importante 
conhecer onde ir buscar tal informação. É 
importante procurar uma fonte confiável e, 
se possível, oficial, pois assim não haverá 
“erros” nos dados. Apesar de o 
termo erro não significar que não possui 
nenhum viés, ele simplesmente aponta que 
os dados são oficiais e apresentados 
pelas autoridades, o que não exime a 
ocorrência de subnotificação, devido 
a erro durante o processo, erro no 
preenchimento ou, simplesmente, 
por falta de interesse do responsável. 
1.3 Registro civil 
Os registros civis são uma fonte rica em 
informações para a epidemiologia. Neles, 
podemos encontrar diversas informações 
sobrea sociedade e, com isso, é possível 
inferir a tendência de saúde de toda a 
população. Mesmo que estes dados 
possam conter erros ou imprecisões, não 
invalidam a sua utilização, pois, com eles, é 
possível fazer uma avaliação aproximada 
da situação em quase que em tempo real. 
Tanto o IBGE (instituto brasileiro de 
geografia e estatística) quanto o Ministério 
da Saúde coletam estas informações sobre 
os nascidos vivos no País. 
1.4 Inquéritos 
Hoje os inquéritos são menos utilizados 
devido ao alto custo. Contudo, em locais 
onde os registros de nascimentos são 
bastante imprecisos ou onde ocorra um 
número expressivo de nascimentos não 
notificados, é necessária a utilização de 
inquéritos para avaliar esse dado. 
Atualmente, o IBGE realiza uma pesquisa 
amostral para conhecer a fecundidade de 
toda a população. 
2 Coeficiente de 
fecundidade 
O coeficiente de fecundidade, assim como 
outros valores de nascimento vivos em 
uma dada população, pode ser relacionado 
com outros valores. A utilização de um 
coeficiente ou taxa é uma maneira que 
permite comparar os valores entre as 
regiões. Como exemplo, podemos pensar 
que o nascimento no município de São 
Paulo (SP) é maior do que o número de 
nascimento em Porto Velho (RO). Porém, 
isso se deve ao fato que, na capital 
paulista, possui mais pessoas vivendo lá, o 
que, consequentemente, faz com que lá 
ocorra o nascimento de mais bebês - 
quando comparado a Manaus ou a outro 
município brasileiro. 
O termo coeficiente, que em inglês 
também é coeficiente, praticamente não é 
utilizado nos termos epidemiológicos no 
idioma inglês, que é o idioma de origem da 
epidemiologia. Assim, em textos 
brasileiros taxa e coeficiente podem ser 
considerados sinônimos. Porém, alguns 
utilizam taxa para macro indicadores e 
coeficiente para micro indicadores, mas 
isso não é uma definição. 
Por isso, utilizamos coeficientes ou taxas, 
e é possível comparar diferentes locais, 
pois, durante o cálculo, é levado em 
consideração a população exposta ao 
evento, nesse caso, as mulheres. 
2.1 Taxa de fecundidade geral 
A TFG (taxa de fecundidade geral) traz a 
relação entre número de nascimentos 
vivos em determinado período. Para o 
cálculo, são consideradas mulheres com 
idade entre 15 e 49 anos. Este é um 
indicador bastante refinado (PORTA, 2008). 
A taxa de fecundidade é definida como: 
TFG=(Número de nascidos vivos no 
período)/(Número de mulheres entre 15 e 
49 anos ) ×1000 
Este indicador que é extremamente útil, 
porém, possui algumas limitações. Uma 
delas é, justamente, a estrutura etária da 
população. Por diversos motivos, as 
mulheres não possuem filhos na mesma 
faixa etária. Assim, a faixa etária é um 
instrumento extremamente importante. 
Por isso, a taxa de fecundidade geral não é 
muito utilizada. Dessa forma, a taxa de 
fecundidade geral por idade e a taxa de 
fecundidade total são mais utilizadas do 
que a taxa de fecundidade geral. 
2.2 Taxa de fecundidade 
específica por idade 
A taxa de fecundidade específica por idade 
faz a relação entre o número de nascidos 
vivos (em relação a uma determinada 
idade da mãe) e o número total de 
mulheres na população que possui a 
mesma idade. Para esta taxa, é necessário 
conhecer a idade da mãe para que se 
possa calcular este indicador (PEREIRA, 
1995). 
A fecundidade não é homogênea em todas 
as faixas etárias, e esta heterogeneidade é 
decorrente de diversos motivos em relação 
à idade da mulher. O próprio IBGE (2012) 
traz a definição para a taxa de fecundidade 
especifica por idade. 
A taxa específica de fecundidade por idade 
da mulher refere-se ao quociente entre o 
número de filhos tidos nascidos vivos de 
mães em um determinado grupo etário e o 
número de mulheres nesse mesmo grupo, 
indicando o número médio de filhos que 
uma mulher teria dentro daquele grupo 
etário (IBGE, 2012, p. 75). 
2.3 Taxa de fecundidade total 
A TFT (taxa de fecundidade total) é 
calculada a partir das taxas de fecundidade 
específicas. Ela é bastante empregada 
quando se compara populações 
distintas. O dicionário da Associação 
Internacional de Epidemiologia, que é 
apresentado por Porta (2008, p. 93) traz o 
seguinte conceito para taxa de fecundidade 
total: 
O número médio de filhos que nasceriam por 
mulher se todas as mulheres vivessem até o 
fim de seus anos férteis e tivessem filhos de 
acordo com um determinado conjunto de 
taxas de fertilidade específicas da idade. É 
calculada somando as taxas de fertilidade 
específicas para cada idade e multiplicando 
pelo intervalo em que as idades são 
agrupadas. A TFT é uma medida importante de 
fertilidade. 
3 Natalidade 
A natalidade é a quantidade de pessoas 
que nasceram em relação à população. 
Com isso, são excluídos os natimortos e 
são considerados somente os que 
nasceram vivos. Conforme a OMS 
(organização mundial da saúde), 
2009, nascimento vivo é a expulsão 
completa do corpo da mãe independente 
da duração da gravidez. Que após o parto, 
ele seja capaz de respirar ou de ter 
qualquer sinal de vida, com o cordão 
umbilical cortado ou não. Cada produto de 
um parto que reúna estas condições é 
considerado uma criança viva. 
3.1 Taxa de natalidade 
A natalidade também pode ser medida na 
população. Para isso, utilizamos a taxa de 
natalidade e o dicionário da Associação 
Internacional de Epidemiologia para 
conceituá-la. 
“Uma taxa resumida com base no número 
de nascidos vivos em uma população 
durante um determinado período, 
geralmente, 1 ano (PORTA, 2008, p. 93)”. E 
ela pode ser dada pela seguinte formula: 
TN=(Número de nascidos vivos no 
período)/(População no meio do período) 
×1000 
Como é possível observar nessa fórmula, 
o numerador é a quantidade de nascido 
em determinado período, geralmente, um 
ano. Contudo, esse lapso pode ser maior. 
Já o denominador inclui a população da 
metade do período. Entra como população: 
homens, mulheres, adultos e crianças. 
Como a taxa de natalidade leva em conta a 
estrutura da população, ela varia com a 
alteração dessa estrutura. Assim a taxa 
oscila com o tempo, e essa mudança pode 
ser resultante das mudanças no 
numerador e no denominador. Mesmo que 
a taxa sofra com alterações da estrutura da 
população, ela é de grande valia para 
sabermos o que está acontecendo com os 
indivíduos ao longo do tempo (PEREIRA, 
1995). 
Ao analisar a taxa de natalidade por longos 
períodos, é preciso ter cuidado, pois a taxa 
varia com a estrutura da população. 
Contudo, quando esta observação é em 
curto período, não é necessário se 
preocupar com esta questão. Outra 
importância para a utilização da taxa de 
natalidade é devido ao fato de ela permitir 
acompanhar o crescimento natural da 
população. Isso é possível ao comparar a 
taxa de natalidade com a taxa de 
mortalidade; quando a primeira é maior do 
que a segunda, ocorre um aumento 
natural da população (PEREIRA, 1995). 
A epidemiologia faz uso dessa taxa para 
poder planejar as suas atividades nos 
serviços de saúde-doença, como o 
planejamento de leitos, hospitais, 
programas habitacionais etc. 
3.2 Sub-registro de nascimento 
O número de nascimento é feito por meio 
dos dados oficiais. Logo, se uma pessoa 
não é registrada, ela não existe para o 
Estado; o que pode deixá-la fora dos 
programas governamentais e fazer com 
essa pessoa sem registro tenha 
dificuldades para ter acesso aos programas 
de saúde. Por isso, o sub-registro é algo 
que preocupa a epidemiologia, visto que 
não se sabe o número total de nascidos, o 
que não permite a ampliação dos sistemas 
de saúde na região. No passado, esse 
número era enorme. Na década de 40, o 
total de sub-registros de nascimento 
chegava a 40% em alguns Estados. Com o 
passar do tempo, esse número reduziu 
drasticamente, mas ainda existe isso no 
Brasil (PEREIRA, 1995). 
Apesar de parecer um pouco fantasiosa,ainda hoje ocorre sub-registro no país. Os 
dados oficiais do IBGE, no censo de 2010, 
apontou que cerca de 599 mil crianças com 
idade inferior a 10 anos não têm registro 
de nascimento. Essas crianças sem registro 
corresponde à aproximadamente 2% de 
crianças menores de 10 anos (IBGE, 2010). 
Em termos estatísticos, o sub-registro é 
sempre quando o registro ocorre após um 
ano de nascimento. Existe um problema 
social do sub-registro, porém, o grande 
problema para a epidemiologia é que, se o 
sub-registro for em grande quantidade, 
isso pode impossibilitar as estatísticas 
oficiais como fonte de informações. 
Diversos são os motivos para que ocorra os 
sub-registros. Eles podem variar por 
características regionais ou sociais, dentre 
elas a distância dos cartórios ou o custo de 
deslocamento. Outro impeditivo pode ser o 
desconhecimento sobre a importância do 
registro ou sobre a própria paternidade da 
criança. 
Algumas ações como o Bolsa Família, 
auxílio-maternidade e o BPC (benefício de 
prestação continuada), pagos INSS, são 
fatores que ajudam na redução dos sub-
registros, pois, as famílias, para serem 
atendidas por estas programas e políticas 
sociais, precisam estar com todos os 
documentos em dia (MELO, 2019). 
4 Composição da 
população 
A população é composta por seus 
indivíduos, e a composição da população 
não é igual nos diferentes locais ou ao 
longo do tempo. Por isso, idade e sexo são 
reflexos da história que esta população 
teve e também da dinâmica populacional. 
4.1 Composição por idade e 
sexo 
A epidemiologia estuda quem, quando e 
onde os agravos ocorrem. Para isso, 
entender a influência dos fatores 
demográficos é de grande importância 
para os epidemiologistas. Ao conhecer os 
fatores demográficos, pode-se saber quais 
as características da população e quais 
agravos podem ocorrer. 
As diferenças na população são 
apresentadas quando se procura 
configurar a estrutura dessa população, em 
relação ao local de residência, estado civil, 
profissão, nível econômico. As variáveis 
demográficas são inúmeras, porém as mais 
apresentadas em trabalhos 
epidemiológicos são idade, sexo e local de 
residência. 
Diversas são as características e formas de 
apresentar estes dados. Essa mudança é 
devida à redução das taxas de fecundidade 
total no Brasil, e a composição da 
população brasileira também vem se 
alterando. Essas modificações são 
perceptíveis a cada censo demográfico 
divulgado pelo IBGE. 
A estrutura etária da população residente 
no Brasil sofreu profundas mudanças nos 
últimos 50 anos. Em 1960, o país tinha uma 
população mais jovem, com maior 
concentração na base da pirâmide. Em 
2010, a estrutura mudou devido ao 
envelhecimento da população e houve 
ainda um alargamento da pirâmide na 
faixa etária dos 15 aos 35 anos. 
4.2 Descrição da população 
Diversos são os motivos para a 
estruturação da população para a 
epidemiologia, um surto de determinado 
agravo, que acometa mais idosos, ou 
mulheres acima de 60 anos. Ao saber a 
estrutura da população, a epidemiologia 
pode utilizar estas questões para 
o planejamento das ações de 
intervenção. 
Outro exemplo para conhecer a 
importância do perfil da população é 
durante a implantação de um novo 
atendimento. Se você está na equipe de 
implantação de uma maternidade, onde 
antes não havia, é importante conhecer a 
população para buscar saber qual é a 
demanda que esta nova unidade de saúde 
deverá estar preparada para atender. 
Existem diversos meios para conhecer 
estas informações, seja por meio oficial, 
como pelo censo populacional, ou por 
meio outros dados. A população em certa 
idade (20 anos) é o resultado do número 
de nascimentos de 20 anos atrás menos a 
mortalidade que este grupo estava sujeito 
desde o nascimento. Esta é uma maneira 
de descrever a população em certo lugar. 
4.3 Razão de sexo 
A razão de sexo é uma das medidas mais 
importantes. Ela aponta a variável 
demográfica mais conhecida e a mais 
importante. O equilíbrio entre os sexos na 
população humana é o que determina a 
união monogâmica. A razão de sexo é a 
medida mais utilizada, e ela compara a 
proporção de homens e mulheres. 
Conforme o dicionário da Associação 
Internacional de Epidemiologia, 
apresentado por Porta (2008, p. 228), o 
conceito de razão de sexo é: “a proporção 
de um sexo para o outro. Geralmente 
definida como a proporção de homens 
para mulheres (ou das bandas observadas 
em homens e mulheres).” E ele pode ser 
dado pela seguinte fórmula: 
RS = Número de homens em determinado 
lugar em certo período/Número de 
mulheres em determinado lugar em certo 
período ×100 
A razão de sexo pode ser utilizada para a 
análise de algumas características da 
população como fecundidade, mortalidade, 
migração, mortalidade. A razão de sexo 
permite comparar, de maneira direta, a 
composição do sexo da população. 
No Brasil, a razão de sexo é maior na zona 
rural do que na urbana, conforme os dados 
disponibilizados pelo censo populacional 
de 2010 e também possui mais homens na 
zona urbana do que na zona rural. No País, 
é possível perceber como a razão de sexo 
se altera com o tempo. Veja a seguir. 
4.4 Razão de dependência 
A razão de dependência também é 
utilizada para conhecer uma população. Ela 
mede a porcentagem da população 
potencialmente inativa em relação à 
população potencialmente ativa. 
O dicionário da Associação Internacional de 
Epidemiologia que é apresentado por 
Porta (2008, p. 63) traz o seguinte conceito 
para razão de dependência: 
Proporção de crianças e idosos em uma 
população em comparação a todos os outros 
(isto é, a proporção de economicamente 
inativo para economicamente ativo); “Crianças” 
são geralmente definidas com menos de 15 
anos de idade e “idosos” com 65 anos ou mais. 
A razão de dependência pode ser dada 
pela seguinte formula: 
RS = (Nº indivíduos ≤14 anos)+(Nº 
indivíduos≥65 anos))/(Nº indivíduos 
entre 15 a 64 anos) ×100 
Como a epidemiologia tem como pilar as 
ciências sociais, ela se preocupa com 
indicadores sociais - quanto menor for esta 
relação mais problemas sociais a região 
pode ter. Esses problemas sociais que esta 
população pode vir a apresentar, 
provavelmente, irá trazer problemas e 
agravos no futuro para esta população. 
5 Epidemiologia das 
doenças transmissíveis 
(doenças infecciosas) 
As doenças transmissíveis são um 
importante fator de morte dos indivíduos, 
afligindo diversas pessoas pelo mundo. A 
doença é um desajuste no organismo, que 
ocorre em função de uma falha no 
equilíbrio natural do corpo. Durante o 
estágio inicial da doença, o organismo 
detecta a presença de vírus e tenta 
combatê-lo. Caso o sistema imune consiga 
vencê-lo, a doença não passa da fase 
subclínica. As doenças podem ser: 
• infecciosas; e 
• não infecciosas. 
Agora vamos aprofundar nas doenças 
infecciosas. 
5.1 Doenças transmissíveis: 
definição 
As doenças infecciosas ou também 
conhecidas como doenças 
transmissíveis podem ser explicadas 
como cujo o agente etiológico é vivo e 
transmissível. Todas as doenças que o 
agente “parasita” outro indivíduo e pode 
migrar (transmitir) para outro indivíduo é 
causador de doença. Nesse caso, o parasita 
pode ser definido como vírus, bactéria, 
helminto, protozoário, assim seria a 
definição de um agente causador de 
doença, ou a própria definição do termo, 
em que causa uma relação desarmônica, 
nesse caso a doença. 
A maioria das doenças infecciosas estão 
relacionadas à pobreza, à miséria. Assim 
alguma dessas doenças transmissíveis 
estão intimamente ligadas à pobreza ou à 
falta de condições sanitárias adequadas. O 
epidemiologista atua, principalmente, em 
detectar a ocorrência da doença e 
implementar intervenções para resultados 
rápidos para interromper a cadeia de 
transmissão para outras pessoas, além de 
propor açõesque previnam a ocorrência 
dessas enfermidades. Assim, as doenças 
transmissíveis são aquelas causadas por 
agentes infecciosos específicos: bactéria, 
vírus, protozoário, helminto, fungo ou 
príon, ocorrendo após a transmissão de 
algum desses agentes, de uma pessoa ou 
animal infectado para um hospedeiro 
suscetível. Compreender este processo de 
transmissão é fundamental para o 
conhecimento e recomendações efetivas 
de prevenção e controle das doenças. 
O ambiente está intimamente interligado 
com a transmissibilidade das doenças. 
Cada agente etiológico tem uma relação 
diferente com o ambiente. No caso da 
esquistossomose, a doença precisa de um 
vetor, nesse caso caramujo que está em 
um ambiente aquático. Porém, se a doença 
for dengue, o ambiente irá influenciar de 
maneira diferente. Nesse caso, o vetor, que 
voa livre durante o dia, irá buscar uma 
pessoa para exercer a solenofagia e pode, 
nesse momento, inocular o vírus do 
dengue. No caso da gripe, uma pessoa 
transmite para outra, e o ambiente 
influencia de outra maneira. 
Diversas doenças transmissíveis possuem 
estrutura epidemiológica diferente. Alguns 
indivíduos podem ser hospedeiro quando 
sua função for servir para que a infecção 
cresça, e ele poderá servir como 
reservatório da doença quando ajudar na 
manutenção da enfermidade. 
5.2 Transmissão do agravo 
Em se falando de doenças transmissíveis, o 
principal fato é como ocorre essa 
transmissão. Transmissão da doença é o 
termo utilizado por profissionais da saúde 
para afirmar a passagem do agravo entre 
pessoas. Contudo, esse termo menciona a 
doença, o que na verdade ocorre é 
a passagem do agente etiológico, o que 
por si só não pode garantir a 
manifestação da doença. Na realidade, 
pode-se entender que ocorre 
a transmissão do agente etiológico ou 
infeccioso. Como exemplo podemos citar 
a gripe, onde a transmissão da gripe na 
verdade é a transmissão do vírus influenza, 
o que não caracteriza a transmissão da 
doença, pois o indivíduo pode estar 
imunizado por vacina ou outro fator. 
5.3 Elo de transmissão e 
manutenção 
A transmissão do agente pode ocorrer 
desde que tenha alguns fatores: 
• hospedeiro susceptível; 
• indivíduos não imunes e não 
infectados; 
• veículo ou vetor; 
• agente infeccioso; 
• ecossistema favorável. 
Apesar de o ecossistema estar em último, 
ele é o mais importante para a 
transmissão. É por meio dele que todos os 
outros agentes interagem para a 
manutenção e transmissão do agente. 
O agente infeccioso é o patógeno causador 
do agravo, da doença, ele pode ser 
o Plasmodium spp. Schistosoma mansoni, 
Trypanossoma cruzi. Cada um desses 
agentes infecciosos são causadores de 
uma doença diferente, sendo malária, 
esquistossomose e doença de chagas, 
respectivamente. 
O hospedeiro é de extrema importância. 
Ele alberga a agente, aquele pode ser 
o hospedeiro, onde os sintomas são 
manifestados, ou como reservatório. 
O reservatório possui grande papel para 
manter o agente etiológico e a manutenção 
do ciclo da doença. O reservatório também 
pode sofrer as ações da doença. Às vezes, 
devido a fatores imunológicos referentes 
ao reservatório, esta fase clínica pode 
ocorrer após anos ou meses depois do 
contágio. 
Além dessa característica referente ao 
hospedeiro, é necessário que ele seja 
susceptível à infecção. No decorrer da vida, 
o indivíduo tem contatos diários com 
diversos patógenos. Porém, devido ao fato 
imunológico inerente ao hospedeiro, como 
imunização prévia, entre outros, a infecção 
pode não instalar. 
Para o agente passar entre os hospedeiros, 
é necessário um veículo. Os veículos são 
objetos ou materiais que servem de meio 
para transportar o agente infeccioso, como 
água, poeira, solo, aerossóis etc. 
Caso o agente seja transportado por 
um ser vivo, este recebe o nome de vetor. 
O vetor é qualquer ser vivo que seja capas 
de transportar o agente infeccioso até o 
novo hospedeiro. Para que a espécie seja 
considerada vetor, o agente deve ser capaz 
de reproduzir no vetor. É o caso da malária, 
dengue ou Esquistossomose. O agente 
infeccioso é capaz de reproduzir no vetor. 
Nesse caso, o vetor pode ser mecânico, 
como é o caso do Trypanossoma evansi no 
continente americano, em que as moscas 
do gênero Tabanidae spp. ou Stomoxys 
spp. que são consideradas vetores 
mecânicos ou, conforme alguns 
autores, inoculadores mecânicos. Para 
ser considerado vetor propriamente dito, o 
agente infeccioso deve ser capaz de 
reproduzir nele, isso não ocorre 
no Trypanossoma evansi e seus vetores no 
continente americano. 
5.4 Modelos de transmissão 
Hoje possuem alguns modelos para 
esclarecer a transmissão das doenças, 
sendo elas: 
transmissão horizontal ocorre quando o 
agente infeccioso é transmitido de 
pessoa em pessoa, ou seja, de uma 
pessoa para outra. Transmissão direta: é 
quando um indivíduo contaminado e 
infectado consegue transmitir o agente 
a outro indivíduo, seja por meio das 
mãos ou secreções oro nasais. Ou 
quando o agente é lançado dentro do 
outro indivíduo. Nesse caso, podemos 
pensar nas doenças sexualmente 
transmissíveis. A transmissão horizontal 
também pode ser indireta. Aqui, o 
agente necessita de agente mediador. 
Nesse caso, pode ser um vetor ou 
veículo. 
6 Epidemiologia das 
doenças não transmissíveis 
(doenças não infecciosas) 
A epidemiologia é uma ciência em 
constante mudança. Antes as doenças 
infeciosas eram um grande problema, hoje 
já não é assim. Com o advento do 
antibiótico, e o avanço da medicina 
as doenças não transmissíveis ou 
doenças crônicas se tornaram um grande 
problema global de saúde. Essas doenças 
são responsáveis por um grande número 
de mortes ou incapacidades. 
O Brasil vem mudando o perfil da sua 
população. A pirâmide etária antes possuía 
uma base mais larga, indicando que o País 
era uma população mais jovem, com 
grande concentração de pessoas com 
menos de 15 anos. Com o passar do 
tempo, está ocorrendo um estreitamento 
na base da pirâmide populacional. Esse 
estreitamento deve continuar fazendo o 
país passar por uma transição 
demográfica. 
6.1 Modelo explicativo das 
causas das doenças não 
transmissíveis 
O modelo explicativo para as doenças não 
transmissíveis é utilizado para doenças 
infecciosas, pois aqui, a doença deve-se a 
uma única causa. Isso não é aplicado nas 
doenças crônicas, pois elas são provocadas 
por uma cadeia de eventos de causalidade 
e não por um agente único. Ou seja, são 
consideradas doenças multifatoriais. 
Neste modelo, possuem alguns elementos 
que podem influenciar essa causalidade 
como. Veja a seguir. 
Biologia humana 
Ambiente 
Estilo de vida 
Organização de 
atenção à saúde 
6.2 Evitar doenças não 
transmissíveis 
Como as doenças crônicas não são 
transmissíveis, você pode se perguntar 
como evitá-las? Nas doenças transmissíveis 
existe sempre algum meio para evitar a 
proliferação dessas doenças ao afastar-se 
do indivíduo que tenha contato com o 
agente etiológico. No caso das doenças não 
transmissíveis, como não ocorre a 
transmissão, não existe esse meio de 
atuação para a epidemiologia. No entanto, 
alguns fatores são modificáveis com 
o estilo de vida. Portanto, a epidemiologia, 
juntamente com a Organização de Atenção 
à Saúde, busca modificar esses coeficientes 
pode reduzir a incidência desses casos. 
Como exemplos, podemos citar o tabaco, a 
atividade física, o uso excessivo de álcool, a 
dieta não saudável, a obesidade, o 
colesterol, entre outros. Logo, a 
epidemiologia irá atuar nesses fatores 
modificáveis. 
Esses fatores modificáveis estão sempre 
em constante mudança e transição. No 
passado, a má nutrição infantil era um 
grande problema; hoje a obesidade 
infantil se tornou um enorme óbice. 
Atualmente, três de cada quatro 
óbitos têm como causa doenças não 
transmissíveis. No Brasil, as principaisdoenças não transmissíveis são: doenças 
cardiovasculares, câncer, doenças 
respiratórias crônicas e diabetes. 
6.3 Abordagem para doenças 
não transmissíveis 
A abordagem para as doenças não 
transmissíveis deve ser feita em todas as 
etapas da vida dos indivíduos, desde os 
cuidados durante a gestação até a velhice 
dessa população. Neste caso, os fatores de 
risco estão difundidos por toda a 
sociedade, sendo estes fatores genéticos, 
comportamentais. Para evitar a epidemias 
das doenças crônicas, é necessária uma 
abordagem voltada para toda a sociedade, 
na qual deve incluir 
intervenções preventivas ou assistenciai. 
A atuação em todo o ciclo da vida é 
importante para a redução dos casos. Com 
o tempo, o risco aumenta, uma vez que as 
multicausas vão se acumulando no 
decorrer da vida das pessoas e, assim, o 
risco aumenta com o passar dos anos. 
A promoção à saúde deve iniciar na 
gravidez, nos cuidados pré-natais, 
passando pela nutrição correta e pelo 
aleitamento materno. Esses fatores são 
importantes na infância e na adolescência. 
Durante a vida adulta, os riscos mudam. 
Nessa fase, devemos cuidar de questões 
como o tabagismo, o estresse e o 
álcool (MALTA et al, 2018). 
Quando a epidemiologia atua de maneira 
eficaz no combate aos fatores de risco, é 
possível pensar que existe fatores de 
proteção, como a alimentação saudável e 
atividade física. Os cuidados nessas esferas 
devem iniciar na infância e persistir por 
toda a vida adulta (MALTA et al, 2018). 
Quando ocorre a interferência nos fatores 
de risco e estes se tornam fatores de 
proteção, o acúmulo do risco reduz 
durante a vida, e isso pode ser um 
determinante para o surgimento ou não da 
doença. 
Quando as medidas de prevenção das 
doenças crônicas falham, é necessário 
implementar ações voltadas para os 
portadores dessas enfermidades. Nestes 
casos, deve ocorrer uma atuação mais 
efetiva da atenção em saúde, visando 
reduzir o impacto dos danos causados por 
doenças crônicas. 
7 Vigilância 
epidemiológica 
A vigilância epidemiologia é definida no 
país pela Lei n. 8.080. Leia a seguir o que 
diz a norma. 
Entende-se por vigilância epidemiológica um 
conjunto de ações que proporcionam o 
conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes 
e condicionantes de saúde individual ou 
coletiva, com a finalidade de recomendar e 
adotar as medidas de prevenção e controle das 
doenças ou agravos (BRASIL, 1990, on-line). 
A vigilância epidemiológica teve início nos 
séculos XIX e XX, quando Oswaldo Cruz deu 
início ao controle da peste bubônica, febre 
amarela e varíola. Cada um contava com 
uma abordagem diferente, a peste 
bubônica era combatida com a eliminação 
dos ratos, a febre amarela, através da 
eliminação do vetor e erradicação dos 
criadouros, outra medida que era adotada 
era a melhora das moradias. A varíola foi 
com a vacinação em massa de todas as 
pessoas, essas ações eram bastante 
polêmicas e causou o evento conhecido 
como revolta da vacina na então capital 
nacional Rio de Janeiro. 
A primeira ação que pode ser considerado 
como uma ação nacional de vigilância 
epidemiológica foi a campanha nacional de 
erradicação da varíola, que ocorreu entre 
1966 – 1973. Esta campanha fomentou a 
organização das unidades de vigilância e 
das secretárias municipais e estatuais. Por 
meio da campanha de erradicação da 
varíola teve início no País uma lista de 
doenças cujo a notificação deveria ocorrer 
semanalmente a Fundação serviço de 
saúde pública. Esse não foi um processo 
simples, devido ao tamanho do país e ao 
início destas ações até então inéditas no 
Brasil. Com esse processo foi consolidar e 
estruturas tanto a nível local, estadual e 
nacional informações técnicas e propor 
campanhas de doenças com evitáveis por 
meio da imunização, nascia assim as 
campanhas nacionais de 
vacinação (CAVALCANTI et al, 2018). 
7.1 Objetivos e métodos no 
sistema de vigilância 
epidemiológica 
Muitos podem ser os objetivos da vigilância 
epidemiológica ou a definição do objetivo, 
porém, o principal objetivo da vigilância 
epidemiológica é estudar o conjunto de 
doenças e o comportamento 
epidemiológico sobre vigilância. Ao se fazer 
esse acompanhamento das doenças sobre 
vigilância possibilita detectar de maneira 
antecipada dos surtos, epidemias ou 
alterações na ocorrência espacial das 
doenças. 
Outro objetivo da vigilância epidemiológica, 
é a de recomendar as ações preventivas e 
as medidas de controle das doenças que 
estão sob vigilância e acompanhamento. 
Quando se trata de doenças transmissíveis, 
a vigilância epidemiológica possui como 
objetivo a quebra da interrupção de 
transmissão, buscando assim interromper 
a cadeia de transmissão das doenças. 
Outro objetivo da vigilância na área de 
saúde pública é identificar e localizar novos 
agravos ou problemas de saúde pública. 
O método utilizado para o sistema de 
vigilância epidemiológica pode ser vários, 
porém, todo o método de coleta procura 
incluir a coleta de dados, identificação dos 
agravos, o mecanismo de detecção a 
análise e interpretação dos dados 
coletados. Além de saber como 
acompanhar os agravos, é importante 
saber quais doenças deve ser 
acompanhada. O sistema de vigilância leva 
em consideração quais as doenças devem 
ter vigilância é levado em conta a 
incidência ou a prevalência dessa doença, 
outros indicadores que devem ser levados 
em conta é a mortalidade e a letalidade da 
doença, assim, a gravidade da doença é 
levado em conta (CAVALCANTI et al, 2018). 
Como estes fatores pode levar a confusão 
de quais doenças deve ocorrer a vigilância, 
no Brasil existe doenças de notificação 
compulsória cujo deve obrigatoriamente 
tem que ser acompanhado. Todas essas 
doenças estão relatadas na Portaria n. 204, 
de 17 de fevereiro de 2016. 
Os dados para a vigilância epidemiológica 
podem ser obtidos por meio da notificação 
dos casos a partir dos serviços de saúde, 
hospitais, ambulatórios, laboratórios. Esses 
podem ser a fonte de dados para a 
vigilância, podendo ser utilizado somente 
uma dessas fontes isoladas ou 
combinadas, a depender do agravo ou 
doença. 
7.2 Investigação epidemiológica 
A investigação epidemiológica procura 
apurar alguns fatores que possam ter 
favorecido o indivíduo a adoecer. A 
investigação epidemiológica procura 
identificar fatores ou ações, hábitos ou 
costumes, habitação ou presença de 
insetos no domicilio, fonte de alimento ou 
água, uso de substâncias licitas e ilícitas. A 
investigação epidemiológica busca assim 
identificar a causa da doença, o vetor, o 
local ou fonte de infecção da doença. A 
investigação epidemiológica pode ser 
realizada de duas maneiras 
distintas. Clínico-laboratorial e caso-
índice. A investigação epidemiológica 
clínico-laboratorial objetiva esclarecer o 
diagnóstico e as informações sobre o caso-
índice. 
A informação “de campo” é o momento 
muito importante para a investigação 
epidemiológica que possui o objetivo de ir 
mais fundo durante a investigação que 
houve início no momento da entrevista no 
caso-índice. As informações “de campo” 
busca coletar informações 
complementares que podem contribuir 
para a fonte de infecção ou fatores de risco 
relacionada com a transmissão da doença 
e auxiliando na descoberta de novos casos 
ou outros indivíduos que por ventura 
venham a ser exposto aos mesmo risco e 
na investigação “de campo” também busca 
orientar a população da profilaxia que deve 
ser adotada (BRASIL 2017; CAVALCANTI et 
al, 2018). 
Cada doenças possui um processo de 
investigação e este processo deve ser 
padronizado, por isso no Brasil possui o 
Guia de vigilância em Saúde, onde nele 
padroniza as medidas de vigilância a serem 
adotadas, no caso de leishmaniose visceral 
humana deve realizar a investigação de 
vetor e reservatório canino, casoseja 
confirmado for esquistossomose, deve 
investigar a origem do caso se autóctone 
ou não e a fonte de investigação com a 
pesquisa do caramujo do 
gênero Biomphalaria spp (BRASIL 2017). 
Hoje o modelo que é adota no Brasil quem 
é recomendado para a vigilância também é 
responsável peal gestão e execução das 
medidas de controle e prevenção a serem 
adotadas e práticas a depender do agravo. 
Adotar este modela apesar de apresentar 
uma contração de tarefa em determinado 
órgão, essa medida é importante pela 
aproximação de quem determina o caso e 
quem deve implementar a prevenção e 
profilaxia do agravo. Assim, o mesmo 
órgão responsável pela vigilância também 
faz a prevenção. 
As informações geradas por meio do 
sistema de vigilância são de grande valia e 
extrema importância, pois, todos que 
possuem interesse nessa informação pode 
utiliza-la e consulta-la. Ao divulgar as 
informações é possível demonstrar a todos 
que de alguma maneira estão envolvidos 
no sistema de vigilância a sua importância, 
como uma alimentação continua, ocorre a 
entrada de dados brutos e saem 
informações concretas por meio dos 
boletins epidemiológicos. Outra vantagem 
da divulgação é com a avaliação das 
mediadas de intervenção onde qualquer 
participante do sistema de vigilância 
epidemiológica pode ajudar nessa 
avaliação de intervenção ou evolução do 
agravo. 
As medidas de intervenção precisam ser 
avaliadas periodicamente, com a 
alimentação continua do sistema de 
vigilância é possível avaliar a eficácia da 
intervenção que foi adotado, essa avaliação 
ocorre por meio das series temporais de 
incidência e prevalência das doenças ou 
agravos que estão sob vigilância. Com isso 
é possível saber a eficácia das medidas de 
intervenção adotada e com esse 
conhecimento adaptar as medidas ou 
mantê-las. 
8 Métodos de investigação 
epidemiológica 
A epidemiologia busca uma relação entre 
saúde-doença. Contudo, como dever ser 
realizada esta pesquisa pra responder 
estar questões? Para isso, a epidemiologia 
busca responder a estes temas que estão 
relacionados aos diversos agravos para a 
saúde. Para isso, a epidemiologia busca, 
por meio da interpretação dos dados, 
responder a estes questionamentos. 
Diversos são os meios para realizar a 
investigação epidemiológica e, a depender 
do tipo o método, eles são alterados. 
Destes métodos, os estudos 
epidemiológicos utilizam ferramentas para 
trazer as respostas. Com isso, a 
epidemiologia divide os estudos em dois 
grandes grupos. Veja a seguir. 
Estudos descritivo 
Estudos analíticos 
O delineamento epidemiológico consiste 
em traçar um caminho de acordo com os 
dados e buscar resposta para as 
perguntas. O delineamento está 
relacionado com o desenho do estudo, a 
técnica ou o método aplicado do estudo. A 
epidemiologia existe alguns delineamentos 
epidemiológicos que podem ser escolhidos 
a depender do objetivo pretendido ou dos 
dados disponíveis, agora nós iremos 
estudar esses delineamentos. 
8.1 Estudo transversal ou 
seccional 
Os estudos transversais são utilizados para 
conhecer a situação de determinado 
agravo no tempo, naquele momento. 
Assim, é utilizado para estimar os 
paramentos da população alvo do 
estudo. Este delineamento é caracterizado 
pela observação de determina quantidade 
de indivíduos em um único momento. Os 
estudos transversais apresentam três 
elementos essenciais: 
• as medidas feitas em único 
momento no tempo; 
• excelentes para descrever uma 
variável ou a distribuição de 
determinado agravo; 
• constitui hoje o único desenho que 
permite conhecer a prevalência de 
um agravo. 
Os resultados podem contribuir para a 
dentição de características demográfica ou 
característica clinicas do grupo que foi 
objeto de estudo ou ainda revelar uma 
associação importante. Além disso, por 
meio dos estudos transversais, é 
possível gerar hipótese e estudar 
múltiplas associações. Por ser o único 
delineamento que permite conhecer a 
prevalência, esse tipo de estudo também é 
conhecido como estudo de prevalência. 
Para esse tipo de estudo, é realizado a 
amostragem da população. Assim ocorre a 
comparação entre quatro tipo de 
indivíduos: 
• expostos e doentes; 
• não exposto e doentes; 
• exposto e não doente; 
• não exposto e não doente. os 
resultados. 
São apresentados como razão de chance 
ou Odds ratio. Assim, é possível responder 
a chance de desenvolver a doença no 
grupo de expostos é maior (ou menor) do 
que no grupo de não-expostos. 
Nesse tipo de estudo, a unidade de 
análise é o indivíduo, e a ideia principal 
desse tipo de estudo é verificar na amostra 
as variáveis de exposição e o desfecho. 
A principal desvantagem dos estudos 
transversais é pela dificuldade em 
estabelecer uma relação de causa. Como 
este estudo utiliza uma amostra da 
população, ele é impraticável em 
doenças raras, justamente pela 
dificuldade de se amostrar os indivíduos 
doentes na população. Ou viés que pode 
apresentar é em relação a prevalência, 
pois, doenças de longa duração tendem a 
ter uma prevalência mais alta. Neste 
exemplo, podemos citar a doença de 
chagas crônica. Alguns locais podem 
possuir uma prevalência alta, porém, a 
incidência será zero ou baixa nessa 
doença. Outro erro que pode ocorrer é 
devido à amostragem, que, se não for 
realizada de maneira aleatória, pode 
comprometer a validade do 
estudo (MEDRONHO et al, 2009). 
8.2 Estudo ecológico 
O termo ecológico vai mais além de 
verificar as variáveis ambientais, esse 
termo traz uma explicação mais ampla da 
população e o ambiente. Os estudos 
ecológicos ou estudos agregados buscam 
avaliar de que maneira os contextos social 
ou ambiental podem afetar a saúde de 
grupos populacionais. Neste caso, as 
medidas coletadas no nível individual são 
incapazes de refletir adequadamente os 
processos que ocorrem no nível 
coletivo (MEDRONHO et al, 2009). Nesse 
caso os dados são agregados para buscar 
identificar uma relação. 
Os estudos ecológicos se baseiam na 
comparação entre variáveis que possam 
estar relacionadas a exposição que uma 
população foi submetida e compara esses 
valores com outras populações para avaliar 
o nível de exposição ou múltiplas 
exposição. Nesse caso o epidemiologista 
utiliza várias informações e medidas 
agregadas e compara todas elas com 
variáveis ambientais e globais. 
Os estudos ecológicos são bastante 
utilizados na epidemiologia devido à rápida 
execução, pois os dados já podem ter sido 
coletados anteriormente. Por isso, 
possuem um baixo custo na execução. 
O principal objetivo desse tipo de estudo é 
gerar e testar hipóteses, e avaliar a 
efetividade das medidas de intervenção na 
população. Um exemplo foi apresentado 
por um estudo ecológico no qual foi 
levantada uma possível associação entre o 
El nino e os casos de leishmaniose 
tegumentar americana (CARDOSO et al, 
2019). Este é um exemplo onde nos 
estudos ecológicos não foi possível testar 
esta hipótese. Porém, ao observar os 
dados, os pesquisadores foram capazes de 
gerá-la. 
Outra forma em que os estudos ecológicos 
são muito utilizados é para mensurar a 
efetividade de um programa de saúde 
implementado. Esse tipo de ação é 
bastante usado pelos órgãos de saúde 
pública. 
Além disso, os estudos ecológicos podem 
ser exploratórios, em que é possível 
comparar taxas em diversas regiões ao 
mesmo tempo ou comparar a evolução ao 
longo de um período. Em Belo Horizonte 
(MG), os pesquisadores puderam observar 
uma maior ocorrência dos casos de 
leishmaniose visceral canina nas mesmas 
regiões onde ocorreram casos de 
leishmaniose visceral humana. Porém, a 
leishmaniose canina ocorria antes dos 
casos humanos (ARRUDA et al, 2019). Há 
também os estudos ecológicos analíticos, 
em que é possível associar entre os 
diferentes níveis de exposição média e taxa 
da doença entre osdiferentes grupos. 
As principais desvantagens dos estudos 
ecológicos são a impossibilidade de 
associar a exposição e a doença em nível 
individual. Certos casos podem ocorrer 
associação em nível ecológico, porém, 
quando vai testar em nível do indivíduo, 
essa associação não é observada. E a outra 
a outra desvantagem é fato da dificuldade 
de controlar os efeitos de confusão no 
estudo, com resultados do nível de 
exposição média (MEDRONHO et al, 2009). 
8.3 Caso-controle 
Os estudos de caso controle são 
utilizados na epidemiologia, e partem, 
principalmente, da presença ou ausência 
do agravo. Eles recebem esse nome 
porque o estudo é baseado em caso: 
• grupo que apresenta o desfecho e 
controle; e 
• grupo que não apresenta o agravo 
de interesse. 
Como os grupos são fundamentais para a 
validade do estudo, diz-se que todo estudo 
de caso-controle é retrospectivo, pois, a 
partir do indivíduo doente, e ao compará-lo 
com os indivíduos não doentes volta no 
passado para comparar o que pode ter 
ocorrido para a doença, ou seja, quais 
foram os fatores de exposição. 
Nesse tipo de estudo não estima a 
prevalência, nesse caso o número de casos 
e controle vai depender da amostra 
necessária e isso não depende da 
proporção de casos na população. O 
processo de amostragem é baseado na 
presença ou ausência da doença. 
Os diferentes delineamentos, apesar de 
serem semelhantes em alguns aspectos, 
possuem a sua peculiaridade. Caso-
controle: seleciona casos com doenças e 
controles sem doença, e compara a 
frequência da exposição. Transversal: 
estima a prevalência da doença na 
população, ou em estratos dessa 
população. 
Esse delineamento é ótimo para doenças 
raras ou de longa duração, porém, quando 
o processo de exposição for raro, esse 
estudo não apresenta boa validade. Sendo 
assim, ineficiente em exposições raras. 
Outra característica: somente é possível 
estudar um desfecho por vez. 
Para a seleção dos controles, eles devem 
ser comparáveis com os casos. Ambos 
devem ter o risco igual para a exposição. 
Assim, o nível de exposição que é 
observado nos controles é o nível esperado 
em toda a população. 
Os controles são importantes pois, com 
eles, é possível estimar a frequência da 
exposição esperada na população. Além 
disso, é por meio dos controles que se 
pode validar o estudo, pois a seleção 
incorreta dos controles pode inviabilizar a 
pesquisa. O processo de seleção dos 
controles deve ser independente 
do status da exposição, com uma 
quantidade de quatro controle por caso. 
Dessa forma, esse valor será considerado a 
quantidade máxima. Outro fato importante 
para os controles é que eles devem fazer 
parte da população que originou os casos. 
Se isso não for possível, eles devem ter 
características similares aos casos. 
O estudo de caso-controle volta no 
tempo. Porém, isso é feito por meio de 
questionários ou entrevistas, em que se 
busca identificar o fator de exposição para 
comparar doentes e não doentes expostos, 
e doentes e não doentes com não 
expostos. Sendo assim, você parte do 
presente para o passado. 
Este tipo de estudo possui alguns vieses 
como o de aferição, e o evento ou a 
variável de exposição pode não ter sido 
relatada corretamente e hoje não é mais 
possível refazer essa aferição. Outro viés 
comum em estudo de caso-controle é o 
viés do observado, que este pode 
classificar de maneira errada o evento ou a 
exposição. O viés de 
sobrevivência também é algo que pode 
ocorrer em estudo de caso controle, pois 
os óbitos precoces são excluídos do estudo 
e somente entram na análise os casos 
prevalentes. A exclusão dos casos de 
óbitos precoce ocorre não por opção do 
epidemiologista, mas sim pelo fato de não 
ser possível acompanhar o indivíduo. 
Como nesse estudo não é possível calcular 
a prevalência ou a incidência, nesse caso 
deve-se calcular a odds da exposição em 
relação os casos e controle. Para isso, 
calcula-se a odds a doença entre expostos 
e odds da doença entre não expostos. 
Assim, chega-se à odds relativa. Caso o 
valor seja maior que 1, há associação, e ela 
é positiva; agora quando o valor 
da odds for menor do que 1, possui uma 
associação negativa, quando o valor 
da odds for igual a 1, o risco entre exposto 
e não exposto é igual (PEREIRA, 1995). 
O viés de memória é algo extremamente 
comum neste tipo de estudo. Ele ocorre 
devido ao fato de a exposição ter ocorrido 
no passado, e a memória pode enganar. 
Como esse estudo parte do presente para 
o passado, o viés de memória está 
presente em quase todos os estudos de 
caso-controle e, infelizmente, este viés está 
totalmente fora do controle do 
epidemiologista. 
Além dos vieses que possam ocorrer no 
estudo de caso-controle, existem algumas 
desvantagens como a dificuldade de 
seleção dos controles. A dificuldade na 
validação de algumas informações do 
passado, e o estudo detalhado para a 
exposição são difíceis de conseguir. 
8.4 Estudo de caso-controle 
pareado 
O estudo de caso-controle pareado tem as 
mesmas características do caso- controle. 
Porém, possui uma variação na seleção dos 
controles. Neste caso, o processo de 
seleção dos controles deve possuir 
características iguais aos casos como idade, 
seco, status econômico, data e internação 
etc. 
Aqui pode ocorrer o pareamento 
individual, em que cada controle é similar 
aos casos para uma ou mais variáveis 
especificas ou também um super 
pareamento; neste caso, o pareamento é 
socioeconômico ou ambiental. 
8.5 Coorte 
Os estudos de coorte são completos, 
a população é acompanhada por longos 
períodos. Eles partem da exposição, na 
qual o processo de amostragem, cujos 
indivíduos são selecionados com a 
presença ou ausência da exposição. Neste 
caso, os indivíduos ainda não 
apresentaram o agravo. Esse 
acompanhamento pode seguir por 10, 20, 
50 anos ou mais; não existe um tempo 
determinado para o acompanhamento. 
Porém, quanto maior for o 
acompanhamento, mais informações 
poderão ser coletadas. O tempo de 
acompanhamento depende do agravo 
de estudo. 
Outro tipo de estudo de coorte são as 
coortes de nascimento, em que são 
selecionados indivíduos ao nascer e estes 
são acompanhados por longos períodos. 
Neste caso, a amostra representativa é 
selecionada ao nascimento e é 
acompanhada por muitos anos - com o 
consentimento de seus pais - para rastrear 
sua saúde, desenvolvimento, educação e 
outras circunstâncias da vida. No decorrer 
no tempo, o foco do estudo de coorte de 
nascimento pode ir mudando, pois, as 
características dos participantes, também 
vão alterando. 
Independentemente do tipo de coorte, 
sempre ocorre a comparação entre os 
grupos expostos e os não expostos e a 
incidência, mortalidade ou letalidade são 
calculados. A exposição que estiver 
relacionada com o agravo ou determinado 
comportamento ou fator de risco, haverá 
uma maior incidência da doença entre os 
expostos em comparação aos não 
expostos. 
Existem dois tipos básicos de estudos de 
coorte: 
• retrospectivos; e 
• prospectivos. 
Os estudos prospectivos irão seguir o 
curso natural do tempo. Neste caso, um 
estudo de coorte de nascimento, é um 
exemplo estudo de coorte prospectivo. 
Assim, iniciam-se os acompanhamentos 
dos sujeitos no presente e continuam para 
saber qual será o desfecho futuro. Um 
exemplo pode ser o peso ao nascer 
(exposição). Ele pode influenciar na 
mortalidade infantil. Assim seria um estudo 
de coorte prospectivo, desde que se inicia 
o acompanhamento ao 
nascer (MEDRONHO et al, 2009). 
Os estudos de coorte retrospectivos são 
semelhantes aos prospectivo. A diferença é 
que no presente “volta-se no tempo” para 
saber se os indivíduos examinam os dados 
para saber aqueles que haviam sido 
expostos e não expostos no passado. 
Também podemos ter como exemplo o 
nascimento. Para basta pensarmos em 
mãesque foram expostas à cocaína. Avalia-
se se elas se tiveram o parto prematuro 
(MEDRONHO et al, 2009). Estes são 
exemplos onde um coorte pode responder 
diferentes perguntas, e analisar diferentes 
exposições e agravos. 
O estudo de coorte difere do estudo de 
caso controle, pois o estudo de caso 
controle é baseado na presença ou 
ausência da doença, e o estudo de 
coorte é baseado na presença ou 
ausência da exposição. 
Hoje existem diversos coortes sendo 
realizados no mundo. Porém, os de 
grandes impactos são as coortes de 
nascimento. No Brasil, é realizado um 
estudo de coorte de nascimento em 
Pelotas. Este é um estudo de base 
populacional, que começou em 1982, com 
a primeira amostragem. Houve uma 
segunda amostragem de recém-nascidos 
em 1993, e uma terceira amostragem em 
2004. Todos os indivíduos ainda são 
acompanhados até os dias presentes. 
A principal vantagem dos estudos de 
coorte é a possibilidade de medir a 
incidência, e também é possível produzir 
medidas diretas de risco. Por meio desse 
estudo, é possível produzir um alto poder 
de análise, tendo um grande conhecimento 
das variáveis que foram expostas. Como 
nem tudo é só vantagens, existe algumas 
desvantagens neste tipo de estudo, como 
a vulnerabilidade de perdas durante o 
seguimento e o alto custo devido ao longo 
tempo de acompanhamento. Os estudos 
de coortes são inadequados para doenças 
que possuem baixa frequência ou agravos 
raros.

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