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Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ASCARIDÍASE Parasitologia PERGUNTAS ● Indique os exames diagnósticos utilizados e as formas parasitárias encontradas? Identificação microscópica de ovos nas fezes. Não são usados testes sorológicos. ● Descreva os tipos de ovos de Ascaris lumbricoides com as suas principais características? Ovos férteis e não férteis. ○ Ovos férteis: arredondados, possuem casca grossa com uma camada externa mamilonada de cor marrom e medem entre 45 e 75 um. Em alguns casos a camada exterior está ausente (ovos decorticados). ○ Ovos não férteis: alongados e maiores (até 90 um). Casca fina e camada mamilonada mais variável, apresentando grandes protuberâncias ou nenhuma. Contêm uma massa de grânulos que ficam refratários ao microscópio. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS ● Considerado o mais “cosmopolita” dos parasitos humanos. ○ Cosmopolita pois é mais prevalente em regiões com falta de saneamento básico ● Causa subnutrição e o depauperamento físico e mental. ● Está associada a fatores sociais, econômicos e culturais→ expansão (migrações humanas) e baixas condições de moradia e ambientais aumenta as infecções. ● Varia de acordo com o clima, fatores ambientais e sociais. ● Habitat: intestino delgado do homem, principalmente jejuno e íleo. 1 ● MORFOLOGIA ● O tamanho dos vermes adultos depende de vários fatores: carga parasitária e estado nutricional do hospedeiro. ● Macho: possui vestíbulo bucal contornado por 3 fortes lábios com serrilha de dentículos. A cauda curvilínea, e ele é menor que a fêmea. Pode chegar até 30 cm. ○ Depois da boca tem o esôfago musculoso e o testículo retilíneo (filiforme e enovelado que se diferencia em canal deferente, canal ejaculador que se abre na cloaca e possui espículos que auxiliam na cópula). ○ O reto fica na porção posterior. ● Fêmea: é maior que o macho, possui cauda retilínea. A cor, boca e aparelho digestivo são semelhantes. ○ Tem 2 ovários filiformes e enovelados que continuam como oviductos e que, por sua vez, se diferenciam em úteros para se unir em uma única vagina que vai se exteriorizar pela vulva. ○ Ovidutos: é onde a fêmea armazena os ovos→ tomar cuidado quando for retirar para não romper. ● Ovos: presença de ovos férteis e não férteis. ○ Ovo fértil não embrionado: castanho (pigmento das fezes). Grandes e ovais, presença de membrana mamilonada típica que é secretada pela parede uterina é constituída de mucopolissacarídeos. 2 ■ Alguns ovos férteis podem não ter a membrana mamilonada, o que dificulta a identificação. ○ Após essa membrana segue uma média e uma interna impermeável à água. ○ São muito resistentes ao meio ambiente. ○ Esses ovos são férteis mas não tem o embrião formado ainda. ○ Sua eclosão ocorre no intestino, no estômago sofrem apenas estímulo para eclosão, devido a presença de mais de uma camada. ○ Ovo fértil embrionado: presença de larvas (L2). ○ Ovo infértil: alongados, membrana mamilonada delgada e irregular. É mais quadrangular e irregular, diferente do fértil que era arredondado. Citoplasma granuloso. ● CICLO ● Monoxênico. ● Ingestão de alimentos ou água contaminada com ovos contendo L2 que depois vão ter muda para L3. ● Transmissão: ingestão de alimentos ou água contaminada com ovos contendo L1 ou L2 (muitas vezes há contaminação de água para irrigação). ○ Quando o ovo é ingerido ele vai eclodir no intestino, diferente de outras helmintoses que entravam pela penetração e caiam na circulação. ○ Ovo contendo L1 ingerido→ eclosão da larva L2 no intestino→ sofre a L3 e penetra na mucosa→ no pulmão vão mudar para L4 e se houver ciclo de loss ocorre a L5. ■ Para penetrar na mucosa precisa de L3. ● Veiculação mecânica: poeira, insetos (moscas e baratas). 3 ● ● São necessários de 2 a 3 meses desde a ingestão de ovos infecciosos até a oviposição pela fêmea adulta. ● Cada fêmea é capaz de ovipor 200.000 ovos não embrionados por dia. Esses ovos vão se tornar embrionados em 15 dias. ○ Quanto maior é a fêmea, mais ovos ela coloca. ○ Porém, quando tem uma hiperinfecção as fêmeas e machos são menores pela falta de espaço e pela competição. ● Contaminação subungueal. ● Não é comum que o verme se fixe no intestino, fica solto. Se locomove por movimentos circulares. Trajeto 4 ● ● Ovo ingerido→ intestino→ eclosão da larva que pode penetrar e ir para a corrente sanguínea. ○ Quando chegam ao intestino pela segunda vez, são vermes adultos. ● Dentro do ovo forma-se a larva L1 (rabditóide, que vai eclodir), após 1 semana ela sofre muda e se transforma em L2 e depois, quando passa pelo estômago, em L3 infectante filarióide. ● As larvas eclodem no intestino delgado. As L3 atravessam a parede intestinal e invadem o fígado 24 horas após a infecção. ● 2 a 3 dias: chegam no coração, atravessam a veia cava e após 4-5 dias estão nos pulmões (Ciclo de Loss). ● 8 dias: as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos sofrem outra muda para L5 e sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegam até a faringe. Daí podem ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas atravessando inócuas o estômago e fixando no intestino delgado. ○ Se ocorrer o ciclo de Loss ela sofre a muda para o 5° estágio. ● 1 mês: transformam-se em adultos jovens. ● 60 dias: alcançam a maturidade sexual e são encontrados ovos nas fezes. ● Quando há uma hiperinfecção esses parasitos podem sair pela boca ou nariz. PATOGENIA 5 Larvas ● Lesões hepáticas com focos hemorrágicos e necrose tornando o órgão fibrosado. ● Pulmões: pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. ● Síndrome de Loeffler: edemaciação, eosinofilia, alergia, febre, bronquite e pneumonia. ○ Tosse com muco e sangue – presença de larvas; ● Em infecções de baixa carga parasitária, não se observam muitas alterações. ● Nas infecções maciças encontraremos lesões hepáticas e pulmonares. ● Estas manifestações são comuns em crianças (desnutridas e imunossuprimidas). Vermes adultos ● Nas infecções com baixa carga parasitária (3-4 vermes), é assintomática ● Nas infecções médias (30-40 vermes), ou maciças (100 vermes ou mais), pode-se observar as seguintes alterações: ● 1) Ação tóxica: imunocomplexos alergizantes do hospedeiro (se ligam às células de defesa do hospedeiro), causando edema, urticária, convulsões epileptiformes. ● 2) Ação espoliadora: consumo de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas A e C, levando o paciente, principalmente crianças, à subdesnutrição e ao depauperamento físico e mental. ● 3) Ação mecânica: irritação da parede do ID, e podem enovelar-se na luz intestinal levando à obstrução→ bolo de ascaris. ● 4) Localização ectópica: em pacientes com alguma carga parasitária, ou uso incorreto do medicamento (dosagem que não matou todos, e as que sobraram migram para se salvar), pode levar a um deslocamento do helminto de seu hábitat normal→ Ascaris errático. ○ Muitas fêmeas também contribuem para a localização ectópica, pois elas migram para não competir umas com as outras. ○ Apêndice cecal: apendicite aguda. ○ Canal do colédoco: obstrução. ○ Canal de wirsung: pancreatite aguda. ○ Eliminação de vermes pela boca e pelas narinas. ○ Outros locais: ouvido médio, trompa de Eustáquio, narinas. ● Manchas cutâneas: baixa de vitaminas devido a ação espoliadora do parasito. ● A gravidade da infecção está relacionada com a quantidade de parasitos no hospedeiro. 6 DIAGNÓSTICO ● Clínico: difícil de ser feito mesmo nas formas sintomáticas (semelhanças com outras parasitoses). ● EPF: encontro de ovos do parasito nas fezes ou tecidos do paciente, sedimentação ou centrifugação, Kato-Katz (pode ser usado, mas não é padrão ouro, mais usado para a esquistossomose). ○ HPJ: Métodos de Centrifugação em Éter Sulfúrico. ○ Método de lutz: concentração, qualitativo. ○ Kato Katz: Métodos de concentração por Tanização. ● Exame macroscópico: presença de vermes adultos nas fezes. Ocorre quando a pessoa está tomando medicação ou quando tem alto parasitismo. FATORES RELACIONADOS A ALTA PREVALÊNCIA ● Elevadaprodução de ovos. ● Viabilidade do ovo infectante no meio ambiente (meses a 1 ano). ● Concentração da população vivendo em condições precárias. ● Presença de ovos no peridomicílio. ● Condições climáticas favoráveis (temperatura e umidade elevada). ● Dispersão de ovos: chuvas, ventos, poeiras e insetos. PROFILAXIA ● Em função da resistência aos desinfetantes usuais e a grande presença de ovos no peridomicílio, as medidas profiláticas definitivas são: ● Educação sanitária. ● Construção de fossas sépticas. ● Higiene pessoal. ● Tratamento em massa da população periodicamente. ● Proteção de alimentos contra insetos e preparação adequada. TRATAMENTO ● O tratamento requer além do medicamento específico, cuidados especiais na 7 alimentação. Solicitar EPF novamente depois de uns meses, medicação só faz efeito em vermes adultos no intestino. ● Tratar o infectado e os outros membros da família para sanar o problema, pois pacientes assintomáticos são fontes de ovos→ importância epidemiológica. ● Tetramisol e Levamisole, piperazina (indicada nos casos de obstrução intestinal); mebendazol, pamoato de pirantel, albendazol, ivermectina (mais recente, com 100% de cura). ● Nos casos de oclusão ou suboclusão, recomenda-se jejum e sonda nasogástrica com hexa hidrato de piperazina e óleo mineral, não resolvendo recomenda-se cirurgia. ● Utilização de antibióticos: evitar infecções secundárias (pois o verme vem do intestino onde tem muita bactéria) e tem alguns que agem contra helmintos. ● Muita desnutrição causa imunossupressão em crianças. OVOS ● ● Trichuris trichiura tem duas bolinhas na extremidade e o do A. lumbricoides tem a membrana mamilonada. 8 9