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FUNDAMENTOS E PRÁTICA NO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: //shre.ink/1pE4 Os primórdios da educação física escolar são vinculados às práticas corporais realizadas nas escolas europeias no final do século XVIII. Enquanto disciplina pedagógica e cientifica ela surge de necessidades concretas destas sociedades. Cabe lembrar, que, nesse momento histórico, no contexto do continente europeu, desenvolviam-se os estados nacionais e a burguesia como classe social dominante, decorrente da Revolução Francesa e Revolução Industrial. Portanto, os primórdios da educação física na escola foram caracterizados por ideias nacionalistas, baseada em valores que buscavam fortalecer a ideia defesa dos estados nacionais; tinham ainda caráter higienista, voltando-se para à disciplina, limpeza e organização social e, consequentemente, à saúde das pessoas e comunidades (COLETIVO DE AUTORES, 2009). No final do século XIX, no Brasi, atividades ligadas ao esforço físico no âmbito da formação educacional era recebida com forte resistência, visto que, o trabalho corporal era associado aos escravos negros. Assim, apesar do apoio do governo imperial e de setores da elite intelectual, havia forte resistência da aristocracia brasileira em relação ao ensino da educação física. No entanto, em 1851, a Reforma Couto Ferraz tornou obrigatória a educação física nas escolas do município da Corte (SIMÕES et al, 2010). A educação física nesse período, além de possuir uma perspectiva higienista, de manutenção da saúde e de corpos fortes, suportava também influência do pensamento eugenista, de “pureza da raça branca”, orientado especialmente para a esterilização de deficientes, a realização de exames pré- nupciais e a proibição de casamentos consanguíneos e da “mistura” entre brancos e negros (BRASIL, 1997). Geralmente, os professores que desenvolviam as aulas de ginástica nas escolas eram militares, que traziam para o contexto escolar a disciplina e o respeito à hierarquia contidos nessa instituição. A primeira escola civil de formação de professores de educação física foi criada em 1939 (COLETIVO DE AUTORES, 2009). 1.1 Objeto de estudo da Educação Física – EF Existem três perspectivas que tomamos como objetos de estudo da EF: movimento humano; cultura corporal de movimento; cultura corporal. Foi elaborado por Sérgio (1987), a noção de disciplina científica da EF como Ciência da Motricidade Humana, indicando o movimento humano como objeto de estudo desta ciência, o autor confirma que a ciência das habilidades motoras apresenta um lugar entre as ciências do homem, tendo como objeto de estudo uma região da realidade bem específica: o movimento humano. Ao pensarmos que a EF traz como objeto o movimento humano, percebemos que ela estuda o corpo, ou até mesmo partes dele, que se deslocam no espaço (KUNZ, 1991). Entende-se, assim, que para estudar algum esporte, por exemplo, os gestos motores (movimentos do corpo) precisam ser isoladamente identificados e analisados, pois se privilegia aquilo que se movimenta no espaço, além de estimular dualidade mente e corpo. Na escola as crianças necessitam se adaptar as normas e regras ditadas pelo professor e/ou treinador. Está presente o caráter anti-dialético na medida em que não se tem um sujeito (ser humano) que interage com a realidade, que a transforma e é transformado, mas um corpo (ou parte dele) que se mexe. Exemplo: Baseado neste mesmo exemplo, “se pensarmos nos sentidos, representações e historicidade das diferentes práticas corporais envolvidas, podemos entender que são culturas seculares e que, para serem compreendidas, não podem ser reduzidas a análises biomecânicas e/ou fisiológicas” (FILIPPINI, 2010). Essa divisão (fragmentação em partes) mesmo que “juntado” não representa o todo, mas uma ideia de encaixar as partes que foram isoladas, como preconiza a perspectiva positivista de totalidade. A vinculação forçada de um espírito e de um corpo, resultaria na totalidade “Homem”, é uma visão positivista de totalidade, pois a explica como soma das partes. Esse princípio também é responsável pela ideia corriqueira na sala de aula de que é preciso estar atento às três entidades contidas no corpo dos nossos alunos: a afetiva, a cognitiva e a motora, pois, procedendo desse modo, estar-se-á abordando o Ao analisar um movimento de chute da capoeira na perspectiva do movimento humano, o gesto motor e a performance podem ser comparados, em mesmo nível, com o chute no jogo de futebol, como se o gesto da perna em ambas manifestações pudessem ser isolado do corpo ao qual pertence, como se o corpo pudesse ser isolado do ser humano que age e o ser humano pudesse ser isolado da história e da cultura em que está inserido. como totalidade e, portanto, dando conta de uma educação integral (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). Essa fragmentação pode ser também identificada quando pensamos na historicidade das manifestações que compõem o objeto de estudo da EF, onde na preparação do movimento humano o tempo é considerado somente um sistema de medições utilizado para sequenciar eventos e comparar suas durações. Sobre a conexão positivista dessa perspectiva, Bracht (2007), afirma que seus defensores “permitem ver o objeto não como uma construção social e histórica, mas como um elemento natural e universal, deste modo, não histórico, neutro política e ideologicamente, propriedades que marcam, também, a concepção de ciência onde irão sustentar suas propostas”. Manifestando-se sua característica histórica, porque para compreender o fenômeno enfatiza a categoria espaço (situando-o em seu meio ambiente, o cenário, o lugar e o contexto geográfico), e as categorias tempo (duração da existência das formações materiais e a relação de cada uma delas com as formações anteriores e posteriores) e historicidade (origem, evolução, transformação) são secundarizadas para explicar os fenômenos. Como oposição a esta perspectiva, surgem aquelas culturas corporais e cultura corporal de movimento que irão defender a existência de um corpo/ser humano que produz cultura, ou seja, que trata de uma especificidade da cultura referente ao corpo que quando se movimenta se reveste de significações e sentidos. Com certeza não basta tratar o movimento do corpo ou do ser humano como algo que produz cultura para ser considerada uma perspectiva progressista, pelo contrário, o recorte de classe está presente também na produção cultural. A naturalização do objeto da EF, por outro lado, seja alocando- o no plano do biológico ou do psicológico, retira dele o caráter histórico e com isso sua marca social. O significado da cultura corporal como objeto de estudo da EF, assume princípios científicos e filosóficos materialistas ondea atividade humana (e não o movimento) é o alicerce da produção dessa parte da cultura, suas manifestações são concebidas por meio de seus significados socialmente construídos e de seu sentido de momento histórico, embora isso não signifique “perder de vista os objetivos relacionados com a formação corporal, física, dos alunos, senão, recolocá-los no âmbito espaço-temporal da vida real de uma sociedade de classes” (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). A cultura do corpo parte da categoria do trabalho como atividade humana que produz suas condições objetivas e subjetivas de existência, aonde a cultura é produto da atividade do ser humano e das relações que estabelece com os demais. As manifestações culturais do corpo são, deste modo, sistematizações organizadas a partir desta atividade humana não material, pois seu produto é inseparável do ato de sua produção, em resposta a algumas condições historicamente estabelecidas cujos processos de transformações se materializam em uma sociedade dividida em classes, dotando estas manifestações de sentido objetivo em direção a determinadas necessidades de consolidação de um dado projeto histórico. Por exemplo, o significado predatório, competitivo e individualista da perspectiva hegemônica do esporte está sendo elaborado e desenvolvido hoje em um período da história da humanidade em que vivenciamos o sistema do capital como modo de produção da existência e que os seres humanos devem ser “disciplinados” para internalizar suas determinações de valorização do capital que, atualmente exacerba os valores competitivos e individualistas como medida de sobrevivência e de “sucesso”. Assim como a categoria atividade produz um conjunto de relações, conexões e determinações que se manifestam nas ações do ser humano. Esse agir humano não pode ser reduzido à percepção de linguagem, justamente porque na relação dialética entre sujeito e objeto não há primazia da subjetividade e das formas de comunicação sobre a atividade prática objetiva. A objetividade e a subjetividade estão unidas em resposta à algumas precisões existentes. Partindo destas necessidades, é que o ser humano se obrigou a atravessar um rio e a partir desta atividade prática evoluiu formas de fazê-lo que, posteriormente, foi sendo sistematizada em uma modalidade esportiva como a natação, um produto cultural não-material. Em outras palavras, o ser humano não nasceu saltando, arremessando ou jogando. Foram desenvolvidas essas atividades em certas épocas históricas específicas em respostas a necessidades humanas (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). Essas afirmações pretendem traçar uma crítica às tendências idealistas da EF que se revigoram juntamente com a necessidade de revitalizar o modo de produção do capital para manter-se como forma hegemônica de produção e reprodução da vida. A defesa da cultura do corpo é, portanto, a síntese científica e filosófica da EF que se opõe a esse projeto de sociedade que esgotou suas possibilidades de humanização. Há três fundamentais esferas no que diz respeito ao desenvolvimento de aprendizagens e competências, que são as dimensões: procedimental, conceitual e atitudinal. A dimensão procedimental refere-se a saber fazer, o que envolve a tomada de decisões e a habilidade de realizar algum gesto ou por exemplo participar de algum jogo ou esporte. A esfera conceitual tende a conhecer conceitos, significados, símbolos, processos históricos, menciona aos aprendizados intelectuais que giram em torno de determinado conteúdo. E, finalmente, a dimensão atitudinal diz respeito a ações, valores e normas unidas às relações humanas. Esses três elementos são sintetizados na educação física escolar em competências que os alunos precisam desenvolver, tais como: Entender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual; Criar e aplicar estratégias para a resolução de desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo; Refletir, criticamente, as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, até mesmo no contexto das atividades laborais; Detectar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas; Identificar as maneiras de produção dos preconceitos, entender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes; Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados impostos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam; Distinguir as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos; Desfrutar das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer e ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde; Conhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, sugerindo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário; Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, apreciando o trabalho coletivo e o protagonismo. Essas aptidões estão alinhadas com a ideia de desenvolvimento pleno dos indivíduos, presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Constituição Federal (BRASIL, 1988; 1996). As práticas corporais são conexas a uma ampla gama de elementos, que apontam ao desenvolvimento de aspectos afetivos, sociais, psicológicos, culturais e biológicos dos educandos, para o pleno exercício da vida, da cidadania e do trabalho. O professor de educação física na organização do planejamento dessas atividades no desenvolvimento de suas aulas, precisa levar em consideração também a orientação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto a quais atividades realizar em cada ano do ensino fundamental. O Quadro 1 que veremos a seguir, apresenta uma síntese da organização proposta por esse documento nos anos iniciais do ensino fundamental. Quadro 1 - Brincadeiras e jogos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental Fonte: Adaptado de Brasil (2017). Perceba que possui uma sequência lógica na organização desses conteúdos, que vão de atividades mais básicas para as mais complexas, como no caso dos esportes. Começam com esportes de marca e precisão, como as provas de atletismo, e logo após incluem esportes como futebol, basquetebol ou tênis, que determinam maior habilidade e maturidade tática. Logicamente deve-se iniciar as atividades que estão mais próximas dos alunos, para depois introduzir as mais distantes. Como as brincadeiras e jogos que estão descritos no Quadro 1, eles partem da ideia de conhecer e compartilhar aquelas atividades que estão presentes no contexto da comunidade onde a criança convive e na região onde se encontra (estado), visto que, a partir do 3º ano, amplie-se o espectro para atividades do Brasil e do mundo. A seguir no quadro 2, veremos a sequência das atividades que precisar ser trabalhadas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Quadro 2 - Atividades do 6º ao 9º ano do ensino fundamental Fonte: Adaptado de Brasil (2017). A BNCC recomenda para o ensino médio, que os conteúdos inseridos no ensino fundamental, sejam aprofundados. Atualmente, existem variedades de publicações nessas temáticas, que podem ser empregadas como embasamento para o trabalho na escola, pelos professores de EF. 2 COMPREENDENDO À EDUCAÇÃO FÍSICA No campo de Educação Física, especialmente na Educação Física Escolar, houve no Brasil um grande progresso nos últimos vinteanos. No início, era considerada uma área de atuação necessariamente prática, sem fundamentação teórica. Os cursos de graduação eram limitados a reproduzir técnicas de movimento quase sempre esportivas. Em seguida, passou a ter suporte teórico de referenciais originais e criativos provindos de várias áreas do conhecimento e de diferentes autores. Possuí o importante aporte dos conhecimentos das Ciências Humanas, fato que permitiu a discussão da Educação Física na Escola como uma área de conhecimento ancorada na cultura e produtora de cultura. Outro elemento importante dos últimos anos foi a formação de mestres e doutores na área, que possibilitou que os cursos de graduação em Educação Física ganhas sem densidade acadêmica e os profissionais egressos dessas instituições pudessem basear-se em abordagens ou teorias para atuarem nas escolas (RANGEL, 2006). 2.1 Esporte e lazer O esporte e o lazer, na condição de temas envolvidos com políticas públicas, são vistos como áreas distintas nas administrações públicas. São várias possibilidades de atuação e áreas de conhecimento, que podem e necessitam ser exploradas com o intuito de promover ações eficientes e atingir resultados favoráveis a toda a população (UNGHERI; ISAYAMA, 2019). Na área esportiva e do lazer, a gestão responde por uma demanda de organizações públicas e privadas que buscam um melhor desenvolvimento por meio da utilização de processos e modelos eficientes de gestão. Percebe-se, deste modo, que o profissional da educação física precisa ter um conhecimento básico de administração e gestão, visto que suas atribuições, especialmente se envolvido na organização de eventos de esporte e lazer, exigem aptidões e habilidades de gerenciamento. Várias propostas teóricas foram apresentadas durante todo o século XX, visando sistematizar o conjunto teórico referente à administração, que acabou sendo denominado Teoria Geral da Administração (TGA). Existe, de fato, uma trajetória linear da TGA, principiando pelos antecedentes históricos da administração, desde a antiguidade, passando pela Idade Média, até os dias atuais, estabelecendo-se como uma ciência moderna e focando no processo administrativo, cujas funções estão ilustradas abaixo na Figura 1. Figura 1 – Funções do processo administrativo Fonte: Adaptado de Farias (2013, p.20). As variáveis envolvidas no processo administrativo causaram, no decorrer do tempo, o desenvolvimento de correntes distintas, que distinguiram o progresso da TGA, contemplando os processos organizacionais das empresas sob uma logística interativa e interdependente. Essas variáveis abrangem as tarefas, a estrutura, as pessoas, o ambiente, a tecnologia e a competitividade (CHIAVENATO, 2020). Realmente, elas representam os principais objetos de estudo da administração. Sua manipulação é muito complexa e sistematizada, visto que elas são influenciáveis e influenciadas. Assim sendo, se uma variável for manipulada, automaticamente vai induzir mudanças em outras, em maior ou menor nível. A TGA tem um efeito cumulativo e gradual. O fato é que cada umas das teorias administrativas surgiram em resposta às demandas de seus períodos respectivos, mas sem ignorar o que havia sido construído em termos de teoria, até então. Dessa maneira, todas conseguiram à sua maneira, atender de forma satisfatória os conflitos que as circunscreviam, e algumas correntes atualmente são aplicáveis, demonstrando sua atemporalidade (CHIAVENATO, 2003; 2020). O educador esportivo que atua como gestor em modalidades esportivas e de lazer, além de possuir conhecimentos básicos de gestão, deve entender em que consiste um planejamento estratégico e saber como implantá-lo, para organizar e planejar projetos e programas conforme com as restrições do Governo (no âmbito das políticas públicas) ou da organização, mas respondendo tanto quanto possível, às necessidades da população (CASEY, 2011). A origem da palavra “lazer” vem do latim licere, que significa “lícito”. Refere-se algo que é permitido, além de em um sentido mais amplo, sugere liberdade. Contudo, ao refletir sobre o significado de lazer, fazemos automaticamente referência ao tempo livre, ou seja, fora do horário de trabalho. Geralmente, o objetivo principal do lazer, é a procura pela satisfação e prazer, além do descanso, entretenimento, socialização ou, até mesmo, do desejo de aprimorar quaisquer conhecimentos. Conforme sua evolução, o significado de lazer tem sido foco de muita atenção, considerando a grande tendência da sua prática como uma dimensão social da vida. O lazer nas diferentes culturas Devido à diversidade humana, observam-se formas desordenadas de sociedade no que diz respeito à cultura, levando em conta a origem e tendências. Em relação às inúmeras manifestações culturais, seja nas artes plásticas, no cinema, na música, na literatura ou no esporte, nem sempre os temas são acessíveis ou compreensíveis. Com base nesse pressuposto, é necessário no mínimo conhecer ou reconhecer o perfil da respectiva cultura antes de formar uma opinião (MELO, 2012). O lazer pode ser entendido de forma ampla como uma experiência prazerosa e uma prática despretensiosa. Nesse acontecimento, busca-se uma situação que traga satisfação. O tempo disponível também é um fator relevante, na decisão de se envolver por umas práticas contemplativas ou para nenhum outro propósito que não seja o entretenimento (MARCELLINO, 2013). Segundo Darido e Rangel (2019), um estudo realizado com professores de Educação Física de uma rede estadual e particular, foi abordado sobre a importância da inclusão de estudos a respeito do lazer na escola, foram relacionadas as seguintes opiniões e sugestões: debater com os alunos sobre as vivências pertinentes ao lazer, bem como as suas diversidades de raça, idade e características físicas; estimular as práticas de atividades físicas e esportes, de experiências fora da escola e que sejam relatadas ao professor pelos alunos; dar prioridade aos conteúdos próprios das aulas de Educação Física escolar, favorecendo as experiências prévias e potencializando melhores hábitos, nos momentos de lazer fora da escola; sugerir estudos e debates relacionado ao lazer físico, lazer no esporte e lazer conexo ao meio ambiente; enfatizar os elementos lúdicos, por intermédio de propostas referentes a temas culturais físicos e esportivos; Propõe-se uma formação mais crítica e autônoma dos alunos, sobre a cultura corporal, para que seja possível filtrarem as informações veiculadas pela mídia; Manifestar o quanto o lazer pode ser demonstrado e vivenciado pelas atitudes das pessoas e, não somente necessariamente por acesso a recursos de alto custo; impulsionar a solidariedade, o respeito e a inclusão em todas as vivências, sejam físicas ou no esporte; Mesmo que apresente respeito com o perfil do grupo que atende, o profissional que trabalha na área do lazer, precisa ser criterioso na oferta de opções de atividades físicas. Essas atividades necessitam garantir uma diversidade de opções de atividades físicas associadas, ainda que dentro de limites seguros. Refere-se a estimular a prática de atividades físicas alertando sobre a sua importância para a longevidade e a qualidade de vida (MELO, 2012). Esse profissional precisa contemplar a cultura artística no seu planejamento sob um aspecto amplo e dimensional. Essa atribuição diz respeito a uma prática educativa e de sensibilização do seu público, mediante uma proposta de múltiplas expressões, mas essencialmente oportunizando experiências novas. Quando o lazer se integra na vivência das pessoas, a verdadeira proposta não consiste somente em contribuir para o desenvolvimento do senso artístico delas, como através da formação de artistas plásticos, escritores, músicos, mas também em despertar a sensibilidadepara o prazer. Este pode ser percebido nas atividades que abrangem pintura, canto, tocar instrumentos musicais e escrita. Embora, as formas de diálogo com a história da arte são valorizadas na área profissional (MELO, 2012). O tempo livre relacionado ao lazer não deveria existir por estar associado ao trabalho, muito menos ser justificado por ele. O intuito do lazer deve estar diretamente relacionado ao prazer pelas atividades em si. Contudo, nada impede que todos encontrem seu próprio significado (MELO, 2012). Tanto as palestras quanto os cursos que fazem parte do entretenimento e, principalmente, das atividades de lazer, devem estar associados a interesses que não sejam de natureza profissional. São exemplos de interesses intelectuais: um médico que ama cinema e busca por informações a respeito desse tema; um engenheiro que admira ler sobre a história da música, na condição de hobby; um professor de matemática que está sempre atualizado sobre história da arte, por ir em exposições nos momentos livres. A pessoas mais idosas, possuem uma frequente busca por atividades de natureza intelectual. Depois da aposentadoria, a tendência é atingir o que não foi possível antes de se aposentar, devido às limitações do trabalho. Por isso, é muito comum encontrar em programas de lazer para idosos atividades como palestras e cursos. Em torno da cultura intelectual, há a mesma relatividade quanto à diferenciação com outras áreas de interesses culturais, cabendo ao profissional que atua nas horas vagas propor uma prática voltada para a socialização. Deve-se atentar para as expectativas específicas do grupo e para a centralização do objetivo principal que, neste caso, é o interesse intelectual (MELO, 2012). Lazer e práticas corporais Para entender como as práticas físicas corporais podem ser vistas como métodos de desenvolvimento do lazer, algumas considerações, precisam ser feitas. As atividades pertinentes ao lazer, apresentam consistemente dois parâmetros básicos: o prazer e a livre escolha. O prazer advindo das atividades de lazer está relacionado diretamente à escolha de quem as pratica, indicando um “sentir-se bem” na execução. As decisões não devem estar associadas a uma obrigação, ou seja, as práticas não devem depender da vontade de outras pessoas. Ressalta-se que a atividades de lazer não devem ser executadas em horários que coincidam com às atividades de caráter “formal” ou “obrigatória”, como o trabalho (ALVES, 2014; MARCELLINO, 2000). Analisando o livre arbítrio do lazer, ou a livre escolha, os ambientes artísticos, intelectuais, físicos, manuais, turísticos e sociais destacam-se como áreas de execução, indicados como cenários favoráveis. Sendo assim, os conceitos de lazer passivo e lazer ativo surgiram. O lazer passivo refere-se as atividades que não exigem ações motoras propriamente ditas, ou nas quais a pessoa participa ou interage como assistente, como em conversas informais, momentos de repouso, observação de movimento ou paisagem, e reflexão. O lazer ativo estabelece mais energia e, portanto, maior esforço físico, como andar, correr, caminhar, praticar esportes e brincar (ALVES, 2014; MACEDO, 1995). Surgem no lazer passivo algumas controvérsias e/ou limitações, em relação aos tipos de lazer que requerem consumo, como cinemas, teatros, shopping centers, televisão, jogos de videogame ou de tabuleiro e, ainda, atividades em determinados parques. O lazer ativo se refere àquele ligado sobretudo às atividades físicas, como as caminhadas, as práticas esportivas e as lúdicas, através de brincadeiras e jogos (ALVES, 2014; PEREIRA, 1998). Lazer e educação física escolar no Brasil A ligação entre a educação e o lazer existe desde que, a preocupação com o lazer foi reconhecida no Brasil. Os programas pioneiros, que priorizavam a atividade física, tiveram grande atuação norte-americana, visto que já existia uma correlação entre as duas áreas (lazer e educação). Naquela época, as aulas de educação física possuíam um perfil higienista, o que favorecia a proximidade das duas áreas, pois o tempo livre já contribuía para manter a saúde dos trabalhadores (CARVALHO, 2010). Com a criação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), a nível universitário, o lazer ganhou maior visibilidade nacionalmente, devido ao surgimento de polos de ensino abordando o tema “lazer” ligado à recreação. Sequencialmente dentro da ENEFD, no ano de 1945, o professor Antônio Pereira Lira fez a proposta de criar a cátedra de Recreação e Jogos, após visita à Argentina e ao Uruguai, onde pôde conhecer a educação física regional, em escolas de formação que já ministravam a educação física como disciplina. A partir desse momento, ampliou-se a oferta de componentes curriculares e de cursos incluindo o lazer nos cursos de educação física (CARVALHO, 2010). 2.2 Gestor esportivo: Aplicabilidade da teoria e das ferramentas gerenciais Dada a crescente demanda por gestores esportivos em decorrência da projeção do esporte na sociedade, é importante que a formação do profissional da educação física observe conteúdo sobre os conceitos básicos da administração e suas teorias. Além disso, é necessário que o profissional saiba aplicar este conhecimento em sua prática profissional, mesmo que não seja, propriamente, um gestor. Em 1971, estudos realizados já mostravam desenvolvimentos na indústria do esporte, de construções e de instalações destinadas à educação física, aos esportes e à recreação, mas não se mencionavam assuntos como administração esportiva ou gestão. Entretanto, segundo Bastos (2003), o campo profissional do gestor público esportivo brasileiro vem se desenhando desde 1941, com a normatização da estrutura esportiva no País, e nasceu para sistematizar o modo de administrar e de organizar um evento esportivo e/ou uma unidade esportiva sistematização que se tornou um fator chave para uma boa evolução do esporte e eventos esportivos em geral, principalmente para a realização dos megaeventos no País na década de 2010. Deste modo, o aparecimento da gestão esportiva no País foi um resultado inevitável da propagação do esporte, visto que a evolução do desporto, em todas suas manifestações, solicita a participação de pessoal competente para gerir as mais complexas circunstâncias. Dessa maneira, uma boa gestão esportiva é sinônimo de organização e coordenação apropriadas de atividades, de pessoas, de regras, de intenções e de continuidade. Exemplo: Nos eventos esportivos, o papel do gestor é supervisionar o planejamento, a coordenação e o controle do projeto, motivando todos os envolvidos a perseguir os mesmos objetivos. No ambiente escolar, habilidades gerenciais são essenciais para planejar e implementar aulas que respeitem o desenvolvimento físico e psicológico de crianças e adolescentes, associando as possibilidades curriculares com melhor desempenho esportivo. 3 EDUCAÇÃO FÍSICA: CONTEXTO ATUAL E FINALIDADES https://shre.ink/1DB0 A cultura física possui o propósito de ser socialmente compartilhada, como uma prática pela sociedade ativa e valorizada; assim, é vista como um objeto de estudo e apreciação. A produção do conhecimento humano passa obrigatoriamente pela integração de conteúdos sociais e culturais que foram historicamente construídos (PEREZ, 2020). Segundo Bento (2004), é na cultura que se constituem as construções e reconstruções dos sentidos da vida humana, transformando sua forma de expressão em concordância com o contexto histórico-social. A cultura física pode ser compreendida como um amplo espectro de informação, como ginástica, condicionamento físico para a saúde, motricidade, esporte e manifestações corporais tradicionais. A abordagem na educação física (EF) dessa cultura, precisa fazer frente às questões que estãopor trás do aspecto motor. Deste modo, a abordagem da cultura física na escola, caracteriza-se pelo exercício da cidadania, que é a prática dos nossos direitos e deveres diante o Estado, o outro e si mesmo. Esse exercício está ligado ao processo de formação de um cidadão crítico, consciente da realidade social em que vive e que está informado de ideais e valores, para poder intervir na defesa das suas preferências (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Na escola brasileira, a prática de exercícios físicos foi influenciada pela área médica, enfatizando os pronunciamentos de higiene, saúde e eugenia, os interesses militares e, no final dos anos 1960, também os grupos políticos dominantes que a viam como um esporte artefato complementar da ação. Nesse sentido, iniciou-se a função de escolher o mais adequado para representar o país em diversas competições. Com o objetivo de formar um exército de jovens fortes e saudáveis e desmobilizar as forças da oposição, as aulas na escola obteve apoio do governo militar. Fortalecendo assim os vínculos entre esporte e nacionalismo (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Os desígnios e as propostas educacionais de EF, foram se modificando ao longo dos últimos anos, e todas as tendências, atualmente influenciam na criação do profissional e suas práticas pedagógicas. Assim como em diversos artefatos curriculares, não existe uma única forma de pensar e implementar a disciplina na escola. Após decênio de 1980, esse modelo de esporte de alto rendimento para as escolas foi fortemente criticado e como alternativas surgiram novas maneiras de pensar na Educação Física na escola. Essas reflexões levaram a um tempo de crise que culminou na publicação de diversos livros e artigos que, além de criticar as características predominantes nesse campo, buscaram desenvolver propostas e pressupostos que aproximassem da realidade e da função escolar. É importante citar que mesmo com as alterações discursivas, nomeadamente acadêmicas, as características deste modelo ainda influenciam muitos professores e a sua prática (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Não tão somente instruir-se de habilidades motoras desenvolvendo aptidões físicas, é necessário aprender, porém não é suficiente. Quando o estudante estuda os princípios táticos e técnicos de um desporto comunitário, ele também necessita se instruir a estabelecer para realiza-lo socialmente, deve entender as normas como elemento que possibilita o jogo (logo também deve aprender a explanar e as regras se aplicam a você), aprenda a admirar o competidor como parceiro e não como rival, porque se o mesmo não existisse não haveria competição esportiva. É primordial que as vivências da cultura física, sejam contextualizadas com os conteúdos de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. Na Figura 1, poderemos realizar uma reflexão sobre como o esporte se transformou desde os jogos olímpicos da antiguidade até seu os dias atuais, analisando seus elementos estéticos ou discutindo a sua espetacularização e mercantilização. Figura 1 - Estátua grega do Discóbolo de Mirón (produzida em torno de 455 a.C.) (a) e Gerd Kanter, da Estônia: o “discóbolo” da Era Moderna tem a melhor marca de 2008 (b) Fonte: Adaptado de Globo Esporte (2008, documento on-line). É possível também refletir sobre as manifestações físicas tradicionais, como a capoeira (Figura 2), e como elas transmitem a importância de uma identidade cultural histórica refletida no conteúdo das aulas de EF, esporte, dança, luta ou o jogo. Isso possibilita a aproximação e o resgate de manifestações culturais de uma população e permite fazer elos com a linguagem utilizada, a comida e as situações de interpretação do folclore africano. Figura 2 - A capoeira como manifestação cultural (a) e Conteúdo das aulas de educação física (b) Fonte: Adaptado de São Paulo (2018, documento on-line) (figura a); Soares e Vichessi (2013, documento on-line) (figura b). Devem ser elaborados programas em que os cidadãos participem, tais como: ginástica, aeróbica, natação e musculação. Classificar a qualidade de serviço em instituições públicas e privadas e distinguir práticas que fornece melhor saúde e bem-estar. A instrução da educação física exige um processo a longo prazo, conduzindo o aluno a descoberta de razões e significados nas práticas físicas que instigam ao avanço de comportamentos positivos, acarretando na obtenção de condutas adequadas à sua prática, administra os dados científicos e filosóficos relativos à cultura do corpo em movimento, captação e análise de seu intelecto orientando seu anseio e emoções para a prática e destaque do corpo em movimento (BETTI, 1992). A Educação Física como os diversos dados do currículo, fornece aos alunos conhecimentos específicos. No entanto não é uma compreensão que possa ser assimilada à parte da experiência concreta. Pode tornar-se um argumento sobre a cultura física do movimento, para despojá-la dos recursos de sua especificidade, deve constituir um trabalho pedagógico com essa cultura. Essa atuação pedagógica, constituirá sempre uma experiência penetrada da corporeidade do vivenciar e do associar-se. A dimensão cognitiva sucessivamente se torna esse substrato físico. O professor de Educação Física deve ajudar o aluno ao entendimento dos seus sentimentos e conexão na esfera da cultura física do movimento. A modalidade e intensidade de prática corporal foram apropriadas para mim? Faz me sentir bem? Houve significativas para mim? Me para mim alguma satisfação? Exagerei-me? Quais são os sinais de fadiga para mim? Quais práticas que devo relacionar ao meu bem-estar ou fadiga? Quais condições a sociedade em que vivo oferece para se praticar esta atividade? Os grupos sociais interessados nesta prática, quais são? O estudante através da EF será conduzido progressiva e cuidadosamente a uma concentração crítica que o encaminhe a possuir autonomia para desfrutar da cultura física de movimento (BETTI, 1994a, 1994b). Prevenir problemas posturais possíveis necessita ser sempre uma intenção, através de exercícios e dados exclusivos sobre o assunto. A segunda fase inicia-se também com a sistematização de conceitos teóricos sobre a cultura física do movimento, onde se procura a ligação entre experiência e compreensão, bem como o entrelaçamento com outras disciplinas (especialmente ciências naturais, históricas e sociais). 3.1 Cultura corporal de movimento A favor do ensino de qualidade, além de diversificação de conteúdos na escola, é necessário para aprofundar o conhecimento, ou seja, tratá-lo e abordá- lo tridimensionalmente os vários aspectos que fazem sua importância. Isto é, quando se trata de futebol, é preciso ir mais além do lazer (técnicas e táticas), a sua presença na cultura, suas mudanças ao longo da história, dificuldades do desenvolvimento do futebol feminino (causas e efeitos), a mitificação dos atletas de futebol, os grandes nomes do passado, a violência nos campos de futebol etc. Isto significa, que é necessário ir além do jogo normal. Nesse contexto, o papel da educação física, constituirá muito mais que ensinar esportes, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas eloquente, e transmitir conhecimento sobre o próprio corpo em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas cobre também os valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter em relação às atividades corporais (dimensão atitudinal) e, finalmente, tentar garantir o direito do aluno de saber por que está fazendo este ou aquele movimento, que dizer, quais são os conceitos que estão conectados a tais procedimentos ( dimensão conceitual). Em sala de aula, a prática concreta possui o significado de que o aluno necessita treinar a jogar queimada, futebol de casais ou basquetebol, mas junto com esse conhecimento, ele necessitainstruir-se de quais os são as benfeitorias de tais práticas, visto que, tais manifestações de cultura física, atualmente são relacionadas às atividades da mídia televisiva, da imprensa, entre outras. Dessa maneira, além de ensinar a realizar, sua finalidade é que os estudantes obtenham uma contextualização das informações e também que aprendam a se relacionar com os colegas, distinguir quais valores estão por trás de tais práticas (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Conforme Kunz (1994), o esporte como conteúdo hegemônico bloqueia o avanço das finalidades mais amplas na educação física, como o sentido expressivo, criativo e comunicativo. Para facilitar a adesão dos alunos às práticas de movimentos corporais seria importante diferençar-se vividas em sala de aula além dos esportes tradicionais (futebol, voleibol, basquetebol). Na verdade, a inclusão e possibilidade da ginástica, experiências de lazer, entretenimento, danças podem facilitar a adesão do aluno na medida em que aumentam as chances de uma possível identificação. Ressalta-se que a educação física escolar deve incluir o máximo possível que os alunos em geral incorporem o conteúdo proposto e desenvolvam estratégias adequadas para ele. A exceção que caracterizou historicamente a educação física nas escolas não é mais aceitável. Os alunos em geral possuem o direito de adquirir do conhecimento gerados pela cultura corporal (DARIDO, JÚNIOR, 2015). As práticas dessa cultura são capazes de constituir objetos e pesquisas sobre os povos e sua produção cultural. Além de ensinar fertilidade física, as aulas de educação física podem possibilitar a reflexão relacionada com o corpo, sociedade, ética, estética, relações interpessoais e intrapessoais. Assim, a vivência com as práticas físicas permite uma ampliação para incluir o conhecimento do que está sendo praticado e buscar respostas mais complexas para questões específicas. Exemplo: Recentemente somos prováveis consumidores de entretenimento esportivo, Tradicionalmente, os alunos jogam futebol na escola. Mas o futebol também pode fornecer percepções mais profundas sobre o desenvolvimento técnico, tático e estratégico por meio do treinamento sistematizado de fundamentos e conceitos. Por outro lado, estudar a história de futebol no Brasil, também permite uma reflexão sócio-política, a evolução do esporte-espetáculo, as relações trabalhistas, o ufanismo, o fanatismo, a violência das torcidas organizadas, a ascensão do futebol feminino etc. como espectadores ou torcedores nos estádios e nas quadras. O avanço das escolas de ginástica e esportes acolhe as classes medianas e altas. Os centros públicos de esporte e lazer oferecem programas de treinamento físico para o público em geral, mesmo que de forma insatisfatória. Distintivamente a cultura do corpo em movimento é compartilhada socialmente, seja como um exercício ativo ou simplesmente como informação. Essa valorização social legitimou a manifestação de pesquisas científicas e filosóficas sobre movimento, atividade física, habilidades motoras ou o indivíduo em movimento. Uma perspectiva mais crítica, foi desenvolvida pelos adolescentes e não dão tanto crédito à EF. A atividade física é primordial na vida do ser humano de 12 à 13 anos, também é preciso dar lugar a outras áreas que demonstram interessados como: trabalho, sexualidade, vestibular, etc... Exibir atributos únicos e inovadores no ensino médio que levam em consideração as novas fases cognitivas e socioemocionais enfrentadas pelos adolescentes. Este dever não implica um objetivo de integração dos alunos em uma cultura de movimento físico. Por outra perspectiva, o desenvolvimento do pensamento abstrato e coerente, das habilidades analíticas e críticas já que existem nessa faixa etária, consentem uma abordagem dos aspectos teóricos: socioculturais e biológicos, mais complexas. Uma cultura de desfrutar do exercício físico de forma autónoma. Aprender sobre isso em grupos deve vir da experiência com atividade física para fins recreativos, de saúde/bem-estar e de competição atlética. 4 O ensino da Educação Física Fonte: https://shre.ink/1zFa Refletir sobre a prática física é perseguir a visão de longo prazo em aliar a educação física à uma perspectiva artística, voltada para o desenvolvimento das capacidades físicas, que historicamente tem priorizado em pensar a prática física pela simples realização do exercício físico corporal. Não nascemos já sabendo pular, saltar ou mesmo manipular objetos, mas nos adaptamos às exigências impostas pelo nosso ambiente. É impossível para um recém-nascido andar, porque sua constituição não permite que ele execute esses movimentos. Uma criança só dará os primeiros passos quando seu corpo estiver fisicamente preparado, impulsionado pela necessidade proporcionada pelos meios, seja para alcançar um objetivo que não pode alcançar, seja para algum lugar de interesse (SEED-PR, 2006). A capacidade de vivenciar situações sociais e desfrutar de atividades recreativas, sem ser utilitária, é essencial para a saúde e contribui para o bem- estar coletivo. Por exemplo, sabe-se que a mortalidade por doenças cardiovasculares está aumentando, e entre os fatores de risco mais importantes estão o sedentarismo e o estresse. O tempo livre e a disponibilidade de recursos para o lazer e o esporte são necessidades básicas e, portanto, direitos civis. O corpo e a mente constituem o ser humano. De acordo com Sampaio (2006), a saúde é um fator fundamental no processo do desenvolvimento físico- corporal do ser humano: A saúde encontra-se como uma das possibilidades de sentido dos corpos em sua construção cultural. Falar de saúde é dar expressão ao corpo. É escutá-lo como corpo expressivo, sensível, vulnerável, transcendente, marcado por experiências pessoais singulares e coletivas que podem ser de inclusão ou de exclusão ao defrontar-se no cotidiano (SAMPAIO, 2006 p. 80). No ser humano, há uma tendência à automatização do controle ao realizar ações, das mais simples às mais complexas. Este processo depende da quantidade e qualidade do exercício para os diferentes estilos de movimento do e da atenção dada a estes exercícios. Quanto maior a probabilidade de uma criança pular, girar ou dançar, mais automaticamente essas ações serão executadas. Menos atenção é necessária para controlar sua execução, e essa necessidade pode ser usada para dominar os mesmos movimentos e assumir outros desafios. Essa tendência à automação favorece o processo de aprendizado em práticas de cultura física, desde que seja compreendida como uma função dinâmica e evolutiva como parte integrante do processo de aprendizagem e não como um objetivo (MEC/SEF, 1997). Os humanos são criaturas de movimento, explorando como e por que os humanos se movem, os efeitos do movimento sobre si mesmos e o mundo ao seu redor, compreendemos sobre a beleza e o significado do movimento e suas inter-relações com outros domínios. Domínios esses que incluem percepções e emoções. Poucos, se houver, têm um escopo de estudo tão amplo. Em conclusão, o esporte visa desenvolver o bem-estar geral de cada indivíduo por meio do exercício. Os resultados educacionais da experiência de exercício não se limitam aos benefícios físicos. O conceito de educação física deve ser visto em um nível mais amplo e aberto, incluindo a mente e o corpo. O homem é entendido aqui como social, histórico, incompleto e, portanto, em constante mudança. Essa compreensão requer uma abordagem teórica da educação física que contextualize as práticas físicas e as relacione com os interesses políticos, econômicos, sociais e culturais que as moldam (SEED-PR, 2006). Zunino (2008) relatou que o exercício é uma das formas mais eficazes de interagir com as pessoas e uma ferramenta relacionada para adquirir e melhorar novas habilidadesmotoras e psicológicas, uma prática educativa que não só potencializa capacidades físicas como a consciência e compreensão da realidade de forma democrática, humana e diversa, pois nesta etapa educativa o movimento deve ser considerado uma mensagem e um meio de exercício. 4.1 Desenvolvimento do ensino da Educação Física A maioria dos esportes hoje é baseada no modelo de desenvolvimento. Segundo o modelo de desenvolvimento de Gallahue e Ozmun (2005), o desenvolvimento motor ocorre durante a idade em que a criança está inserida no ambiente escolar, assim as aulas de Educação Física devem auxiliar esse desenvolvimento através de suas atividades. O desenvolvimento motor está dividido em quatro fases: Motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. Os mesmos são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente. Motora rudimentar: vai do nascimento até 2 anos de idade. Esta etapa inicia assim que o córtex motor se estabelece no controle de movimentos, mesmo que alguns movimentos reflexivos ainda estejam presentes. Motora fundamental: envolve a criança que se encontra no período entre 4 e 7 anos de idade, onde é desenvolvida a coordenação motora, o controle motor e habilidades de cada fase da criança. Tendo assim uma base para seu desenvolvimento nas outras fases durante os processos de ensino e aprendizagem ao longo da vida Motora especializada: é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes O modelo de desenvolvimento se sustenta na ideia de que a atividade física contribui para o desenvolvimento geral por meio do uso de atividade física bem planejada. Isso inclui a aquisição e melhoria de habilidades motoras, o desenvolvimento e manutenção da forma física para a saúde e o bem-estar, a aquisição de conhecimento sobre atividade física e a promoção de atitudes positivas em relação ao aprendizado ao longo da vida e participação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD) 9.394, trouxe alguns avanços para a área da educação física. Inseriu-a como disciplina obrigatória nas grades curriculares das escolas brasileiras, reconhecendo-a como componente curricular e também como área de estudo relevante na formação global dos indivíduos (BRASIL, 1996). A relação entre a formação dos profissionais da Educação Física e a pesquisa científica é tratada por Prado (2015), quando explica que: O professor de Educação Física no processo de sua formação adquire conhecimentos generalizados, humanísticos e críticos. Tais conhecimentos irão qualificá-lo para uma atuação profissional fundamentada sob os parâmetros do rigor científico, em reflexões filosóficas e na conduta ética. Sob estas perspectivas o profissional de Educação Física no decorrer de sua formação adquire conhecimentos buscados nas raízes epistemológicas das diversas correntes que compõem a cultura do movimento, a Educação Física escolar e os esportes nos seus diversos níveis de expressão e rendimento, desenvolvendo seu senso crítico com relação a seu campo de atuação profissional (PRADO, 2015, p. 7) 4.2 O gênero no ensino da Educação Física As muitas diferenças comportamentais entre meninos e meninas não podem ser negadas. É dever de qualquer professor reconhecer isso e tentar não o prejudicar. Reconhecer as questões de gênero em uma aula de educação física é uma forma de ajudar os jovens a construir relações de igualdade e respeito às diferenças que complementam e suplementam o melhor de homens e mulheres a entender e aprender uns com os outros para serem mais abertos e equilibrados (DARIDO, 2012). A discriminação de gênero nas escolas é uma grande dificuldade para os pedagogos, pois se trata de valores e normas culturais que mudam muito lentamente, e principalmente nas aulas de educação física essa diferença (meninos/meninas) é reforçada (SOUSA, 2007). Há habilidades que as meninas e meninos eventualmente desenvolvem por meio de uma maior experiência; mas é importante que haja uma diferença de estilo entre tais e entre diferentes pessoas engajadas na mesma atividade lúdica ou expressiva. São modos diferentes de ser e fazer as coisas que devem se complementar e enriquecer, ao invés de entrar em conflitos baseados em estereótipos e preconceitos. Uma particular atenção deve ser dada às diferenças de habilidades entre meninos e meninas. Muitas dessas diferenças são social e culturalmente determinadas e resultam não apenas das experiências passadas de cada aluno, mas também de preconceitos e comportamentos estereotipados. As habilidades com a bola, por exemplo, um dos objetos centrais da cultura lúdica, criam uma oportunidade de praticar e experimentar esse material. Socialmente, esse exercício é mais proporcional para os meninos, que, portanto, se desenvolvem mais que as meninas (RODRIGUES, 2012). Um dos pilares da realidade entre meninos e meninas nas as aulas de educação física estão relacionadas as habilidade e resistência em relação ao gênero dos participantes, o fator dominante na incompatibilidade de gênero nas aulas mistas é esta diferenciação ((ABREU, 1990). 4.3 Aspectos sociais Falando do aspecto social do esporte, Bracht (1997) também menciona o esporte como fator de conflito ao analisar sua função. Na busca de "performances", prevalece a abordagem técnica, com ênfase exagerada nos gestos artísticos. Essa abordagem, além de não favorecer o desenvolvimento psicomotor do aluno, resultaria na reprodução das características da sociedade atual. O movimento corporificado, neste fio, só reforça o atual nível de opressão da classe trabalhadora pelo capitalismo ao se alienar, não promove a visão crítica, mas sim a ideia de conformismo e submissão à injustiça social impondo sua própria regras e truques. Surge a necessidade de realizar uma pedagogia desportiva que permita aos sujeitos oprimidos, o acesso a uma cultura esportiva desmistificada. Possibilitar, por meio desta pedagogia, que os mesmos sujeitos possam avaliar criticamente o esporte, situá-lo e relacioná-lo com todo o contexto sócio-econômico-político e cultural (BRACHT, 1997). A importância da avaliação de aprendizagem não se limita à necessidade de verificar se o aluno domina o conteúdo; vai além porque é parte integrante do sistema educacional em todos os níveis decisórios do ensino-aprendizagem. Segundo Luckesi (2005), o ponto de partida da avaliação deve ser a busca dos melhores resultados possíveis e, essencialmente, trata-se de aceitar a realidade como ela realmente é. Em outras palavras, lidar com os fatos como eles se apresentam, seja com sucesso ou não. Aceitar a realidade dos fatos é o primeiro passo para agir. Sem aceitar a realidade do indivíduo, não é possível uma intervenção pedagógica bem-sucedida. Ao professor de educação física orienta-se a ir além dos muros da escola, adquirir os contornos e a linhagem da sociedade, aderir ao movimento popular e lutar pelos direitos sociais com quem realmente precisa. Tem que lidar com a classe trabalhadora e lutar por ela. Ele também deve ter uma consciência politizada, sempre lutando para lutar pelos direitos dos que estão sob sua responsabilidade. Educação física escolar ensina a criança a vivenciar a vitória e a derrota, a respeitar o próximo e tratar a todos com igualdade. Assim, o aluno aprende a ser disciplinado e a vencer nos jogos e na vida porque encontrará muita competição. Frequentemente, eles precisam cooperar com os outros para atingir seus objetivos, um comportamento que os professores de educação física chamam de camaradagem. As possibilidades de mudança ocorreram se o professor de educação físicaatuar como educador, assumindo um papel de liderança em benefício daqueles que mais precisam, sob pena de suas conquistas não agregarem valor relevante. O professor não é responsável apenas pelo conteúdo da matéria que ensina, mas também por preparar seus alunos para uma vida social, que lhes permita compreender plenamente a realidade e buscar o consequente aperfeiçoamento individual e coletivo (GOMES; VASCONCELOS, 2015). Os alunos entendem que esportes e outras atividades físicas não devem ser somente de domínio de atletas ou pagantes de academias e clubes. Valorizar essas atividades e exigir o acesso de todos é uma atitude a ser adotada com base nos conhecimentos adquiridos nas aulas de educação física. Além de: Informações sobre o corpo, seus processos de crescimento e desenvolvimento; Desenvolvimento de bons hábitos alimentares; Higiene e função corporal; Desenvolvimento do corpo, função e potencial físico do indivíduo; Entendimento como a atividade física como um dos direitos humanos básicos; Formação de hábitos de autocuidado e criação de relacionamentos humanos que trabalham juntos para integrar a dimensão da sexualidade de forma prazerosa e segura (MEC/SEF, 1997). 4.4 Educação Física e os PCNs A importância da educação física escolar é realmente indiscutível, pois seu projeto pedagógico tem como foco a interação e inclusão dos participantes no âmbito social, e com a formulação e reformulação dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), ganhou importância ao dar maior ênfase ao as suas diferentes dimensões. É importante para as crianças serem movidas conhecer os valores que incluem o movimento, estabelecendo hábitos saudáveis e adquirindo outros conhecimentos relacionados com as diferentes áreas da educação (SÁNCHES, 2011). Trazer abordagens psicomotoras, construtivistas, desenvolvimentistas e críticas para o discurso da educação física nas escolas ampliou essa visão. Nesse sentido, os parâmetros curriculares nacionais oferecem participação nesse processo pedagógico, subsidiando a discussão e implementação de propostas curriculares aplicáveis à realidade dos alunos de cada escola (PRADO, 2015). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas às abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar (BRASIL, 2001). Se um dos objetivos da educação é ajudar as crianças a viverem em grupo de forma produtiva e cooperativa, é necessário criar situações em que aprendam a falar, ouvir os outros, ajudar, pedir ajuda, trocar ideias e experiências eles se beneficiam de críticas e conselhos, uma situação que pode ser praticada. Quando se considera que a experiência e a capacidade física variam amplamente, não pode esperar que uma equipe inteira faça a mesma tarefa ou atividade para produzir os mesmos resultados de aprendizagem para todos. Portanto, favorecer a troca de repertórios e os procedimentos de resolução de problemas de movimento, fazendo uso de variadas formas de organização das atividades (MEC/SEF, 1997). Aprender educação física, fisicamente envolve certos riscos relacionados ao movimento, por exemplo, em situações em que o equilíbrio corporal é necessário, existe inevitavelmente a possibilidade de desequilíbrio. Portanto, mesmo considerando que escorregões, pequenas colisões, quedas, bolas e golpes com uma corda não podem ser completamente evitados, cabe ao próprio professor organizar o trabalho de ensino e situações de aprendizagem, para que esses pequenos incidentes sejam tão possível menor (MEC/SEF, 1997). Segundo Darido (2012), a dinâmica criada por atividades relacionadas ao conteúdo de jogos, esportes, dança, luta livre e ginástica nas aulas de educação física potencializa conflitos e questões relacionadas a atitudes e valores. Quando se trata de um problema de disciplina, o mais importante é que o professor defina as regras de convivência com os alunos, e também as sanções por descumprir as regras. E, tão importante quanto definir as regras, é fornecer as razões para o estabelecimento das regras, ou seja, revelar os princípios das regras. Por exemplo, ao desenvolver o jogo, o professor percebe que alguns participantes estão fugindo das regras em benefício de sua equipe. O grupo o desrespeita ao assumir uma postura que limita as atividades. É hora de fechar e fazer todo mundo se perguntar o que está acontecendo, o professore podem fazer algumas perguntas básicas: As regras colocadas não estão de acordo com o que vocês querem? Alguém está se sentido prejudicado com as regras colocadas? Se as regras estão de acordo por que devemos obedecê-las e/ou cumpri-las? Que relação existe em obedecer e/ou desrespeitar as regras em nosso cotidiano? E o respeito ao professor? O que significa um professor para a sociedade? O que o esporte nos ensina para nossas vidas? O medo ou confusão de um aluno sobre um risco de segurança física é motivo suficiente para se recusar a participar de uma atividade e, sob nenhuma circunstância, um aluno pode ser coagido ou obrigado a participar de uma atividade. As propostas devem desafiar e não ameaçar o aluno, e como essa medida varia de pessoa para pessoa, a organização da atividade deve considerar esse aspecto da segurança física individualmente. Outra característica da maioria das situações de exercício físico é a grande tensão somática que o próprio movimento cria no corpo, principalmente nas danças, lutas, jogos e brincadeiras. A elevação do coração e dos tendões, a antecipação de prazer e satisfação e a oportunidade de gritar e celebrar criam o contexto em que é experimentado, raiva, medo, vergonha, alegria e tristeza e intensamente expressos (MEC/SEF, 1997). Os delicados limites entre o controle e o descontrole dessas emoções são submetidos ao teste, vivenciado fisicamente e com tal intensidade que pode ser inédito para o aluno. A expressão desses sentimentos por meio de expressões verbais, risos, choro ou agressões deve ser reconhecida como objeto de ensino e aprendizagem, de modo que seja pautada no respeito a si e ao próximo (MEC/SEF, 1997). Por desconhecimento, medo ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas com deficiência física foram (e são) excluídas das aulas de educação física. A participação nesta aula pode trazer muitos benefícios para estas crianças principalmente em termos de habilidades afetivas e integração social. A maioria das pessoas com deficiência apresenta características faciais, alterações morfológicas ou problemas de coordenação que as distinguem das demais. A atitude dos alunos face a estas diferenças é construída na comunidade e depende muito da atitude que o professor adota. É possível integrar esta criança no grupo, respeitando os seus limites e ao mesmo tempo dando-lhe a oportunidade de desenvolver o seu potencial. Uma aula de educação física pode promover o desenvolvimento de uma atitude valiosa e de respeito próprio para pessoas com deficiência, e a convivência com elas possibilita a formação de solidariedade, respeito, aceitação, sem preconceitos (MEC/SEF, 1997). Os PCNs visam contextualizar o conteúdo da educação física com a sociedade da qual fazemos parte, e a educação física deve trabalhar questões interdisciplinares, transdisciplinares e de vanguarda, promovendo o desenvolvimento da ética e da cidadania e autonomia. Em suma, afirma-se que aabrangência da educação física no ambiente escolar foi fruto de mudanças consideráveis no nível político e social e que hoje é considerada um elemento importante na formação do cidadão brasileiro. Fato este reforçado pela Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 2003). Na disciplina de Educação Física, o crescimento e aquisição dos alunos ocorre de forma lúdica e dinâmica, pouco a pouco, quando os resultados escolares melhoram, é um meio de mudar positivamente o comportamento, inclusive, muitos outros aspectos: aprender através das aulas de educação física melhora significativamente o comportamento social dos alunos, porque por exemplo a transversalidade pessoas, além de desenvolver aspectos cognitivos e motores, tornaram-se cidadãos críticos, formadores de opinião e ideais conscientes da realidade caótica que nos atormenta, éticos, flexíveis, tolerantes e respeitosos diante de tanta diferença. Percebemos que a educação física na escola é essencial porque promove o desenvolvimento psicomotor e é o maior iniciador da comunicação entre os alunos, não apenas por meio do conhecimento físico, mas também ensinando e aprimorando seus valores éticos, morais, sociais, políticos e culturais, e devido a essas características, devemos dar à educação física a mesma importância no currículo que as outras disciplinas, percebendo que somente a educação física pode alcançar e despertar no aluno uma sensação até então acidental de liberdade e leveza de espírito, porque trata do desenvolvimento e aprimoramento do corpo e da mente. 5 Esporte e educação Fonte: https://shre.ink/1wSw Para a maioria dos que frequentaram a escola, a lembrança das aulas de Educação Física é significativa: para alguns, uma experiência agradável, sucesso, muitas vitórias; uma lembrança amarga para os outros, de um sentimento de incompetência, falta de jeito, medo de errar. O documento de exercício apresenta uma proposta que visa democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da região, com o objetivo de ampliar, a partir de um ponto de vista puramente biológico, um trabalho que combina a dimensão afetiva, cognitiva e sociocultural dos alunos. Contém as questões básicas que o professor considerara ao desenvolver seu trabalho, discussões, planejamentos e avaliações que subsidiam a prática escolar (MEC/SEF, 1997). A educação e o esporte são temas que têm grande importância no universo acadêmico, e o trabalho já realizado tem demonstrado que o desporto é um componente fundamental para envolver crianças, adolescentes e jovens no ambiente de aprendizagem. O desafio é construir uma educação precedida por princípios e valores sociais, morais e éticos. E usando esportes nesse intensão fica muito mais acessível e lucrativo construir seus chamados valores (SANTOS, 2018). Por muitos anos, o esporte foi considerado totalmente atlético e a atividade física pouco contextualizada ao ambiente escolar, o que significava que havia uma grande distância entre esporte e educação. No entanto, com tantas pesquisas e estudos nas áreas de educação e saúde, percebe-se que há uma grande necessidade de incluir a prática esportiva no contexto escolar (SANTOS, 2018). Betti (1998) enfatiza a tarefa da Educação Física para preparar alunos para serem praticante lúdico e ativos, introduzindo-os e integrando-os em uma cultura corporal do movimento, formando um cidadão que produz, reproduz e faz mudanças. Para que os alunos desfrutem de jogos, esportes, dança e ginástica para sua qualidade de vida, o professor de Educação Física deve ajudá-los a entender seus sentimentos em relação à cultura física do movimento. É importante trazer para a escola a discussão sobre a metodologia utilizada nestes esportes, hoje, várias delas adotam a Educação Física como o principal conteúdo, para que o aluno compreenda o propósito de aprender sobre práticas esportivas no ambiente escolar. Outra forma de aprender, é especificar o esporte de rendimento nas aulas de Educação Física, separando-o do esporte de lazer para que o aluno compreenda a prática de cada manifestação representada na sociedade. Os educadores físicos podem utilizar diversos métodos, tanto práticos quanto teóricos, para lidar com essas manifestações (MOURA, 2012). O esporte pode ser ensinado ao aluno de forma atrativa para que leve essa atividade consigo para o resto da vida. Nesta abordagem, Kunz (2004) acredita que o objetivo principal do esporte na escola é, que todos tenham condições de vivenciar e entrar no mundo do esporte, de forma holística, ou seja, pratique-o, critique-o, com a oportunidade de recriá-lo, modificá-lo e muito mais. Resumindo, faça do desporto uma parte da sua vida. Essa seria a transformação didático-pedagógica de esportes em disciplina escolar. A Educação Física escolar como parte do currículo da educação básica sempre esteve sob muitos pontos de interrogação. São analisadas as questões discutidas por Fensterseifer e González (2010, p. 11) sobre o tema da cultura física do exercício: Não teríamos atividade física sem Educação Física na escola? Não nos exercitaríamos sem Educação Física na escola? Não nos socializaríamos sem Educação Física na escola? Não haveria lazer sem Educação Física na escola? Não teríamos aptidão física sem Educação Física na escola? Não teríamos esporte, ginástica, dança, lutas, jogos... sem Educação Física na escola? Não teríamos saúde sem Educação Física na escola? Sabemos que todas as respostas para essas perguntas são “sim”. Mas o que emerge agora da justificativa para fazer uma Educação Física adequada é entender como ela lida com os conteúdos e disciplinas já presentes na escola. Durante o recreio, os alunos praticam jogos, desporto, atividade física, e quando vão para a escola ou para casa, praticam atividade física e comunicam com os colegas. Então, qual a importância da Educação Física na escola? Algumas respostas carecem de uma teorização mais ampla sobre os fundamentos da Educação Física escolar, como por exemplo: a) Educação Física é educação por meio das atividades corporais; b) Educação Física é educação pelo movimento; c) Educação Física é esporte de rendimento; d) Educação Física é educação do movimento; e) Educação Física é educação sobre o movimento [...] a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 50). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) entende a Educação Física como a parte responsável pelo desenvolvimento das práticas físicas em suas diferentes formas de codificação e significado social. Somando-a junto com português, artes e línguas estrangeiras: Em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimento devem ser atendidos, tais como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos (BRASIL, 2018, p.217). Assim, a tarefa do professor é descobrir como trabalhar a prática do esporte nas atividades pedagógicas, para ser uma ferramenta na luta contra a competitividade, a individualidade e descobrir também como pode ser referenciado esses exercícios, torná-los visíveis em nossa sociedade. Compartilhamos essa filosofia de Educação Física porque, ao sair para o mundo com um propósito, você se move e, ao fazê-lo, cria e recria cultura. O esporte pode, portanto, ser considerado fora do fenômeno olímpico com valores como ludicidade, conhecimento de si e do mundo, forma de sociabilidade,prática colaborativa, vetor existencial, mudança individual e coletiva, embora alguns ainda tenham uma visão distorcida e outros não vejam o ponto educacional nas aulas de Educação Física (SANTOS, 2021). 6 O ESPORTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA Fonte: https://shre.ink/1wSi A principal tarefa da Educação Física é incentivar e estimular as crianças a praticar esportes, dançar, exercitar-se para melhorar a qualidade de vida. A disciplina ajuda a desenvolver habilidades cognitivas e comportamentais e a combater doenças associadas ao sedentarismo, fortalece músculos e articulações. Mas a atividade não se resume apenas à área física em si, o movimento também é importante para o desenvolvimento social das crianças, pois além de aumentar a autoconfiança, os alunos podem interagir e se comunicar uns com os outros por meio de jogos e atividades. As crianças que brincam, correm e se movimentam tendem a ser mais saudáveis, terem melhor rendimento escolar, humor, concentração, controle de peso e pode ajudar no desenvolvimento da coordenação motora. Observe na tabela o que a Educação Física promoverá aos alunos de acordo com o ano escolar que se encontram: Educação infantil (1º ao 3º ano) Ciclo de Organização da Identificação da Realidade. Devem conter possibilidades de autoconhecimento e ações próprias. Devem também evocar o reconhecimento dos espaços exteriores, sejam eles naturais (campo de futebol no meio da rua) ou artificiais (campo fechado). Devem estimular a identificação de possibilidades de ação com objetos em contexto e também em relação à sua natureza. A relação entre pensamento e ação também deve ser promovida por meio da explicação clara do objeto, podendo ser por meio de uma imagem. Os fundamentos e práticas da Educação Física devem continuar a promover a comunicação com outras áreas da educação, por exemplo nas relações sociais: criança-família, criança-criança, criança-professor, criança-adulto. Além disso, deve incluir as realidades da vida adulta, como trabalho, comunidade e religião. Por fim, devem incluir auto-organização, convivência com grupos sociais, auto avaliação e avaliação coletiva de atividades: por exemplo, no desenvolvimento de brinquedos de uso individual ou coletivo. 4º ao 6º ano Ciclo de Iniciação à Sistematização do Conhecimento. Devem ter conteúdos que proponha jogar de forma mais técnica e usar o pensamento tático, com o objetivo de provocar a reflexão sobre o jogo e como ele pode ser melhor executado. Deve oferecer o desenvolvimento da capacidade de organizar jogos, decidir sobre sua forma, regras, compreendê-los e aceitar a vontade do coletivo. 7º ao 9º ano Ciclo de Ampliação da Sistematização do Conhecimento. Nesta fase, o objetivo é focar principalmente na ordem técnico- tática. Os exercícios individuais e em grupo devem ser praticados e avaliados tanto técnica quanto tática. O conteúdo dos jogos também deve incluir uma decisão sobre os níveis de resultados alcançados, não especialmente o placar que determina o vencedor e o perdedor do jogo, mas principalmente sua melhor execução. Fonte: https://shre.ink/1XLu Nos Parâmetros Curriculares Nacionais o esporte na Educação Física deve ser baseado em três princípios: Princípio da inclusão A sistematização de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação e reflexão concretas e efetivas. Busca- -se reverter o quadro histórico da área de seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultantes da valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. Princípio da diversidade O princípio da diversidade aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. Categorias de conteúdos Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais mantêm uma grande proximidade, na medida em que o objeto central da cultura corporal de movimento gira em torno do fazer, do compreender e do sentir com o corpo. Gestão Escolar: desafios e possibilidades 130 Incluem-se nessas categorias os próprios processos de aprendizagem, organização e avaliação. Os conteúdos atitudinais apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivencia-los de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do currículo oculto (BRASIL, 1998, p. 19). Segundo Oliveira (1985), dentre as visões da Educação Física escolar, a visão humanista deveria ser a mais compatível com os cargos educacionais atuais. O professor de Educação Física como representante desse processo, deve possuir qualidades que enfatizem seu compromisso humanístico. O professor de Educação Física, humanista, integra-se efetivamente no ambiente escolar em que atua, formando um verdadeiro agente educacional, utiliza jogos, esportes, dança e ginástica - além de técnicas próprias - como meios para atingir seus objetivos educacionais, vê o aluno como um ser humano, se preocupa com a transparência do aprendizado do aluno ao longo de sua vida, muito mais do que o desempenho esportivo. A pedagogia centrada na cidadania só pode acontecer se a escola for um espaço democrático. Ao escolher a cultura do movimento físico como referência para a Educação Física na escola, com o acesso a essa cultura para todos pode- se criar condições para que os alunos a sintam, repitam, reconstruam e modifiquem. É necessário assegurar uma abordagem pedagógica adequada, pois a tarefa do profissional é descobrir e partilhar com os alunos várias possibilidades de aplicação. Precisamos definitivamente excluir da Educação Física escolar a simples reprodução de gestos esportivos, passando a ter o esporte como um forte instrumento pedagógico, formando cidadãos que reflitam sobre os valores e atitudes (BARROSO; DARIDO, 2006). É importante que um profissional do esporte, trabalhando com conteúdos esportivos, dê condições para que os alunos vivenciem, ao invés de descartar a importância de aprender a realizar movimentos e gestos específicos do esporte, mas isso não deve ser limitado em apenas que saibam como fazê-lo, é importante que o esporte também receba atenção especial de acordo com seus procedimentos conceituais, que incluem origens, desenvolvimento, mudanças. Da mesma forma, o professor não pode deixar de utilizar os fenômenos esportivos para se referir aos procedimentos de atitude, procurando sensibilizar os alunos por meio de reflexões e discussões para que adotem determinados padrões de comportamento perante a sociedade, como participação, cooperação, comprometimento e responsabilidade, respeito, honestidade, etc (BARROSO; DARIDO, 2006). Procuramos enfatizar o fato de que o esporte possui um conjunto muito rico de características que os especialistas em Educação Física escolar podem explorar. Não podemos mais limitar-nos a apenas dar aos alunos a capacidade de realizar determinados movimentos e ainda privilegiar pessoas com determinados meios, mas criar condições para que todos, independentemente das diferenças, possam aprender os conteúdos esportivos da Educação Física (BARROSO; DARIDO, 2006). Quando observamos uma criança brincando, imediatamente imaginamos que ela está se divertindo, se comunicando com seus colegas. No entanto, o aspecto pode ir além do simples entretenimento. A brincadeirapode proporcionar inúmeras oportunidades de aprendizado que ampliam o repertório motor da criança. Imagine um simples jogo de pega-pega, correndo, a criança aprende a manter o equilíbrio, perceber o espaço, desenvolve o controle de velocidade e habilidades de evasão. As habilidades desenvolvidas na tarefa são inúmeras, entretanto ela não está preocupada com o deslocamento do basquete, do futebol ou ainda com a velocidade do atletismo. O pega-pega, para a criança, é apenas um jogo divertido que pode ser jogado várias vezes, com colegas diferentes e em modos diferentes (PEREIRA, 2004). O esporte é um fator reformador na escola, onde a criança que o pratica aprende a seguir as regras com metodologia própria e com inúmeras possibilidades. O aprendizado do esporte na escola pode ser feito enfatizando seu caráter lúdico, oferecendo aos alunos a oportunidade de sentir, aprender, desfrutar, manter o interesse pelo esporte e também promover o fortalecimento da Educação Física como disciplina. Tudo isso com objetivos pedagógicos que superam as metas de esportes exatamente quando é praticado (PAES, 1996). Existe uma fase muito preciosa na vida das crianças, uma altura em que querem fazer tudo, saber tudo o que lhes é apresentado. Esse período exige muito cuidado porque, às vezes, quando a frustração aparece, a criança pode assumir e vivenciar aversão pelos outros, descartando a visão de si mesma. Acredita-se que praticar esportes com suas vitórias e derrotas contribui para o autoconhecimento, desenvolvimento do caráter, superação de dificuldades, personalidade e o "eu" interior (KUNZ, 2009). Para que essas experiências de sucesso apareçam e se tornem cada vez mais comuns no espaço escolar, temos muitos desafios pela frente, bem como planos para continuar o desenvolvimento da Educação Física no Ensino Médio. González (2006) afirma que este desafio é dividido em três níveis: O primeiro plano é reunir esforços conjuntos, melhores condições de ensino, melhorias de infraestrutura, melhores salários, ambientes e jornadas comuns de aprendizado e trabalho nas escolas. O segundo plano concretiza-se na nossa necessidade de construir uma identidade profissional relacionada com a nossa escola, o que significa levar a sério esta instituição como parte de um projeto profissional, compreendê-la e comprometer-se com uma missão social. O terceiro plano é levar a sério a Ciência do Exercício, torná-la um componente do currículo, onde inevitavelmente transcende a responsabilidade de ensino e capacita o aluno a se envolver com a cultura de forma independente, crítica e criativa. Procuramos enfatizar o fato de que o esporte possui recursos riquíssimos que podem ser explorados pelos educadores físicos da escola. Não podemos mais nos limitar a dar aos alunos o conhecimento para fazer certos movimentos e favorecer aqueles com certas condições, mas criar condições que independem de raça, sexo e idade a aprendizagem de conteúdos esportivos nas aulas de Educação Física (RODRIGUES, 2012). Entendemos que valorizar professores e alunos como pessoas é o que faz o movimento e o esporte atingirem seus objetivos, que seria o cultivo da autoimagem, de acordo com a importância que se apresentam uns aos outros, onde se cria entre eles uma boa relação afetiva e sobretudo um sentimento de respeito e amor. Percebemos que a função da unidade escolar é proporcionar um ambiente onde todos entendam que é preciso buscar o próprio desenvolvimento. Esse processo deve envolver tanto os professores quanto os alunos que enfrentam os desafios de mudar os rumos da escola a que pertencem de forma mais significativa, mais humana, mais digna e mais justa. Para que esse relacionamento realmente aconteça, ele deve ocorrer de dentro para fora, ou seja, de um nível pessoal. Deixe o momento ser seu puro reflexo no mundo, consciência de sua singularidade, de você como uma pessoa inacabada, ciente de suas possibilidades e limites (RODRIGUES, 2012). 7 A Educação Segundo Gadot (2005), a educação tornou-se uma das condições básicas para que as pessoas usufruam dos bens e serviços disponíveis na sociedade. Cada pessoa recebe um direito comum necessário para exercer os outros estabelecidos nas sociedades democráticas. Por isso, a educação é um direito reconhecido e afirmado na legislação brasileira e em quase todos os países do mundo. No Brasil, vale citar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como documento de referência nacional para os direitos educacionais e gerais e a Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas, como um dos documentos de referência para sua universalidade no mundo. Assim, recusar a educação significa negar a uma pessoa o acesso aos direitos humanos básicos; significa que a cidadania é incompleta sem educação. O sociólogo Émile Durkheim (1858-1917), especialista em educação e pesquisa social, trata do assunto como forma de integração do indivíduo à sociedade. Do ponto de vista deste autor, poderíamos dizer que a educação ocorre desde o nascimento de cada indivíduo até o último dia de sua vida (DURKHEIM, 1973). Trata-se do processo de “entrada” e pertencimento a uma determinada sociedade, que se dá por meio da chamada socialização. Esta socialização refere-se ao modo de Durkheim (1973) em que um determinado indivíduo torna- se membro de um grupo ou sociedade e passa a o seguir e obedecer aos mesmos códigos e regras que por sua vez aprende através de processos educativos. Poderíamos pensar na seguinte analogia: quando nascemos, somos um livro em branco escrito durante o nosso processo social. Socialização nos leva a uma certa cultura através da educação. Assim, o ser biológico torna-se um ser social através do processo de educação, cujas regras, normas e conteúdos fazem sentido para o grupo. A educação posiciona e forma a cultura de um indivíduo e forma-o também nos processos sociais, políticos e culturais, que o acompanham ao longo da sua vida. Isso acontece de duas maneiras: uma que consideramos formal por seu caráter normativo, planejado, especializado e deliberado, e outra que chamamos de informal porque acontece fora do ensino formal, mas de forma sistemática e metódica (GOMES; VITORINO, 2017). A educação humana segue o desenvolvimento histórico, é transmitida de geração em geração e é adaptada às necessidades das pessoas. Para Osinski (2002, p.7) “é o homem, com sua conduta, seus comportamentos e atos, quem faz a história, a arte e transmite seus conhecimentos por meio do ensino, formal e informal, perfazendo o caminho de um processo evolutivo e progressivo denominado educação”. A família é a instituição mais importante responsável pela educação informal, através da qual são ensinados hábitos humanos como falar, andar, comer, religião, cultura. Por outro lado, a escola é a instituição responsável pela educação formal, onde o a transmissão do conhecimento científico está acontecendo. 7.1 Educação formal e não formal A necessidade de educação formal concentrada nas escolas nasce após o surgimento do capitalismo, com a grande mudança na forma de produção, com a indústria e dos processos artesanais, como resultado da industrialização das cidades. Este novo processo de produção exigia conhecimento específico e científico, que não poderia ser obtido naturalmente, como acontecia no campo, esse conhecimento tinha que ser ensinado sistematicamente (LIMA; et al, 2019). Sabe-se que a educação formal é organizada, acontece em determinado local, sistematizada, com análise de conteúdo, ou seja, regulamentado por leis, normas da instituição educacional. Formalmente, aguarda os resultados, analisando os dados de planos implementados anteriormente. É garantida à população desde a Constituição Federal de 1988. Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivadacom a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). Na perspectiva nacional da estruturação da educação, o documento responsável pela matéria educacional é a Lei nº 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) ou, ainda, Lei Darcy Ribeiro. À estrutura geral do ensino formal, a estrutura do ensino nacional é a seguinte: Fonte: https://shre.ink/cB5H Na LDB, as diversas unidades federativas - União, Distrito Federal, Estados e Municípios - têm competência para organizar seus sistemas de ensino, cabendo à União a coordenação da política nacional de educação, que inclui atribuições de membros em diferentes níveis e sistemas que cumprem uma função redistributiva, adicional e normativa (BRASIL, 1996). Em outras palavras, a União deve ser responsável por fazer leis para sistematizar, dividir ou lidar com a falta de recursos no sistema público nacional de educação. Além do financiamento, organização e estrutura legislativa, a LDB também enfatiza o papel da União em trabalhar com os governos federal, estaduais e municipais para desenvolver habilidades e diretrizes que orientem o currículo e o conteúdo curricular mínimo para a educação infantil, educação primária e secundária, para garantir educação básica comum no distrito nacional (GOMES; VITORINO, 2017). Para se ter uma convivência harmoniosa e produtiva em uma sociedade baseada na diversidade de culturas, economia e modo de pensar, é necessário criar regras que visem controlar e administrar as relações sociais. Assim, a formação dos membros da sociedade deve conter essencialmente dentro dessa norma social. A escola apresenta-se como o principal meio de educar os indivíduos e baseia-se em regras sociais integradas, organizando suas atividades de forma padronizada, separando os indivíduos por faixa etária segundo uma certa rotina definida, agendas, sem falar nas regras de comportamento social na sala de aula, destinadas a respeitar e reproduzir esses comportamentos como parte do "livre arbítrio" da sociedade fora das salas de aula. Por essas razões, a escola é a parte principal e fundamental da verdadeira "arquitetura" da educação formal (SANTOS; GERMANO, 2015). Em geral, pode-se argumentar que a educação formal se refere à transmissão de conceitos científicos, mas que não necessariamente se limita a esse campo. Por mais diferentes que sejam as disciplinas aplicadas, a educação formal é apresentada como uma unidade formada pelos objetivos da educação. Read (2001) complementa: “Pressupõe-se, portanto, que o objetivo geral da educação seja propiciar o crescimento do que é individual em cada ser humano, ao mesmo tempo em que harmoniza a individualidade assim desenvolvida com a unidade orgânica do grupo social ao qual o indivíduo pertence” (READ, 2001, p.9). Neste processo, podemos observar várias vertentes curriculares que conferem aos alunos a autonomia necessária para o exercício da cidadania nos contextos e situações que podem ocorrer nas mais diversas rotinas sociais, sendo por isso parte integrante do processo educativo e não a única possibilidade de educação social. Isso é expresso por Siqueira (2004, p.43) onde afirma que “a pessoa, se educada, se constrói em diversos ambientes – a escola é mais um ambiente que se soma a estes outros – e a partir de diversas experiências”. Na sociedade globalizada de hoje, em constante mudança, a escola deve preparar os alunos para as mudanças políticas, culturais e sociais. Para Ferreira (2001), sem dúvida, um dos objetivos mais importantes da educação é estimular o desenvolvimento da autonomia, ajudar os alunos a se tornarem moral e intelectualmente livres, a pensar e agir com independência. Essa independência, esse pensamento livre e responsável só é possível se o aluno compreender sua responsabilidade no pensamento e na ação. A realidade é que nem todos têm acesso à educação formal e, portanto, outros contextos nos quais um indivíduo pode adquirir a capacidade de agir em situações cotidianas são altamente valorizados. Compreender fenômenos, obter informação, saber como se comportar em qualquer contexto, expressar opiniões fundamentadas são apenas algumas coisas que não são tratadas apenas em escolas (SANTOS; GERMANO, 2015). É possível que pensar na educação informal nos leve a nos opor à formal. Mas seríamos simples. Basicamente, a educação não formal pode ser definida de acordo com Gadot (2005): [...] por aquilo que ela é, pela sua especificidade e não por sua oposição à educação formal. Gostaria também de demonstrar que o conceito de educação sustentado pela Convenção dos Direitos da Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba as experiências de vida, e os processos de aprendizagem não formais, que desenvolvem a autonomia da criança (GADOT, 2005, p.2). Isso significa dizer que educação não formal não é o oposto da educação formal, existem diferenças, mas semelhanças. Não se pode dizer que a primeira é “nativa”, já que é composta por escolhas, intencionalidades no seu desenvolvimento; além do processo de aprendizagem não ser espontâneo, tal como na segunda (GONH, 2013). A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e cultura própria, de pertencimento e sentimentos herdados; e a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas (GOHN, 2006, p. 28). As formações das pessoas ocorrem em situações e lugares/espaços interativos que são estruturados por instruções e referências comuns e coletivas do grupo. A participação é voluntária, mas geralmente está relacionada a alguns aspectos como trajetória, sentimento de pertencimento a um grupo, experiência ou mesmo escolha em determinadas atividades e processos sociais como movimentos sociais. Os movimentos sociais têm uma atividade educativa informal muito importante, porque trabalham em função da aprendizagem, participação, troca e transmissão de conhecimentos (GOMES; VITORINO, 2017). Desta forma, percebe-se que a educação informal de uma pessoa será definida pelo ambiente em que ela vive, ou seja, trata-se de uma herança cultural. Podemos apontar que um dos princípios da educação informal é a construção e transmissão do conhecimento e formação social, política e cultural. Prepara, forma e produz conhecimento em cidadãos, educa as pessoas em polidez, em contraste com barbárie, egoísmo, individualismo. Poderíamos sistematizar as principais características da educação informal (GONH, 2013): Não é seriada em classes, idades, conteúdos; Atua sobre aspectos subjetivos do grupo; Desenvolvimento de laços afetivos entre os integrantes do grupo; Fortalece a construção da identidade grupal – capital social. Mesmo na aprendizagem informal, a espontaneidade é uma característica forte, basta pensar que os bons conselhos que você recebe de seus pais não exigem um tempo fixo ou intervalos ou um caderno pré-determinado. Em outras palavras, inclui aprendizados adquiridos por meio de atividades cotidianas e geralmente podem ser definidos como aqueles que resultam da experiência vivida e podem ser aprimorados por meio da prática. Em geral, uma das maiores diferenças desse tipo de treinamento é que os processos de ensino e aprendizagem ocorrem simultaneamente, sem uma sequência lógica programada de eventos que de fato vise a aprendizagem. Nas palavras de Gaspar (2002): Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os conhecimentos são partilhados em meio a umainteração sociocultural que tem, como única condição necessária e suficiente, existir quem saiba e quem queira ou precise saber. Nela, ensino e aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das vezes, os próprios participantes do processo deles tenham consciência (GASPAR, 2002, p.173). Gohn (2006) enfatiza a importância da educação não formal porque é “voltada para o ser humano como um todo”. Embora ambas as modalidades tenham objetivos muito semelhantes, a educação não formal possui objetivos próprios relacionados à forma e ao espaço em que essas práticas são realizadas. Novamente, observamos a complementaridade mútua dos métodos de aprendizagem discutidos, embora ocorram em locais diferentes e tenham objetivos específicos. A harmonização do ensino formal e informal põe em causa as competências organizativas e administrativas da escola e dos seus representantes; a possibilidade de combinar tais propostas requer uma conexão entre as necessidades educacionais dos currículos educacionais formais e as necessidades da comunidade escolar no nível da educação informal. Assim, esta proposta é elaborada não só pelo planejamento e gestão, mas também por formadores qualificados e preparados para responder às novas exigências. Portanto, precisamos introduzir novas funções organizacionais e pedagógicas, atendendo às exigências atuais do processo de desenvolvimento econômico, científico e tecnológico. Diante desse pensamento, entendemos que a escola deve adotar uma política de expansão de sua área de atuação, não se limitando à entrega de conteúdos pré-determinados, mas alterando suas características educacionais (LEITE E DI GIORGI, 2004). 8 A educação física na educação formal e não formal Nas últimas décadas, a educação física passou por uma enorme revolução conceitual em sua teoria e prática. A formação, centrada na atuação em contextos escolares, formou profissionais que poderiam atuar em especialidades da saúde coletiva, com forte enfoque na perspectiva e promoção da saúde. Se expandiu para atingir indústrias antes não exploradas por esses profissionais que trabalham hoje em escolas, ginásios, clubes, centros de saúde, empresas, spas e muitas outras áreas que envolvem educação para a saúde (BENDRATH, 2010). Uma das áreas abertas deste profissional está diretamente relacionada a Organizações Não Governamentais (ONG’s) que estão cada vez mais envolvidas com lazer, esporte inclusivo e atividade física como forma de mudar a cruel realidade de muitos brasileiros, neste caso, acabam em comunidades localizadas em grandes áreas metropolitanas de vulnerabilidade social. A formação de profissionais de educação física para atuar neste segmento é, porém, limitada e distante diante dos modelos atuais, que se encontra fragmentada em escolas de educação física, cuja licenciatura incide na formação nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e bacharelado em educação física, com ênfase na promoção da saúde treinamento atlético, desempenho humano. Portanto, essa nova perspectiva educacional carece de discussão, inclui aspectos de ambos os cursos de estudo (BENDRATH, 2010). Educação não formal, inserida em um contexto amplo, tratando de questões sociais, educacionais e de qualidade de vida, apoiada nas discussões das principais organizações internacionais (FMI, BIRD, UNESCO) e Organizações Não Governamentais (ONG), veem na educação o principal fator para reduzir a desigualdade social e desenvolver o país (BENDRATH, 2010). Os problemas decorrentes da globalização da economia e dos movimentos sociais foram aumentando e fortalecendo as criações de ONGs, as quais, atualmente, já são uma realidade no Brasil e no mundo. Nessa manifestação, a educação do aprendizado vai abrindo horizontes e acaba servindo de escada para o cidadão galgar degraus no trabalho e ter uma visão de mundo ampliada pelos conhecimentos adquiridos na Educação não-formal (LIMA, DIAS, 2008, p.161). Como os padrões educacionais mudaram devido a uma avalanche de globalização e influência de organizações internacionais, a escola formal passou a desempenhar um papel mais decisivo na formação dos futuros cidadãos e também do capital humano. Nesse sentido, a escola tornou-se um estado pacífico, civil e comunitário, que educa e prepara para o mercado de trabalho. Coube ao modelo não-formal a função de se adequar às lacunas existentes na educação formal (BENDRATH, 2010). A aplicação da educação não formal assenta seus argumentos nos fundamentos da expansão escolar e democratização, a sua dimensão política penetra por fronteiras rígidas e burocráticas, sistematizada em classes e faixas etárias, e decorrente de determinados problemas comunitários ou situações especiais. Alguns modelos de educação não formal têm uma base significativa e um reflexo de resultados promissores, Di Giorgi (2001) já apresentou exemplos bem-sucedidos do que ele mesmo chama de experiências práticas de educação, que segundo o autor, geralmente tem resultados surpreendentes, não apenas no campo do conhecimento, mas no desenvolvimento humano como um todo. Essa proposta vem sendo ampliada, por constituir uma importante alternativa de suporte ao modelo tradicional e representar melhoria nos aspectos de convívio comunitário. O modelo informal passa pela ideia de atividades voltadas para as necessidades locais, não seguindo os caminhos do individualismo, mas construindo elementos que promovam a individualidade e o trabalho coletivo. Esta educação informal é responsável pela participação comum sem discriminação, para crianças e jovens, adultos e idosos, apoiando a ideia de educação inclusiva (BENDRATH, 2010). Algumas iniciativas nesse sentido têm mostrado redução significativa da violência no ambiente escolar, em escolas abertas à comunidade e que oferecem projetos sociais em modelos informais, onde oficinas esportivas e culturais atendem às necessidades locais para fortalecer a vínculo entre a escola e a comunidade (BENDRATH, 2010). Sublinhar a participação e o papel do professor neste contexto é necessário para compreender o que pode ser considerado sucesso ou insucesso. Propostas educacionais concretas e efetivas são feitas não apenas por políticas públicas e conselhos educacionais, mas também por professores. Ensinar é um trabalho com pessoas, por pessoas, para pessoas (TARDIF; LESSARD, 2005). A educação física tem um espaço garantido diante do conjunto das atividades pedagógicas. O professor de Educação Física atua na escola com o corpo em movimento, numa perspectiva educacional, baseando sua atuação pedagógica das diversas abordagens existentes na área. Possui além dos componentes pedagógicos e sociais, uma gama de conhecimentos morfofisiológicos ao qual lhe dá subsídios a compreender o corpo humano em esforço e lhe permite minimizar o risco de lesões dos alunos participantes de suas aulas (SILVA, 2011). O próprio PCN de Educação Física enfatiza a importância de trabalhar com a disciplina nas primeiras séries do Ensino Fundamental, para que os alunos possam desenvolver suas habilidades físicas desde cedo além da educação básica a oportunidade de participar em atividades culturais (jogos, esportes, batalhas, ginástica e danças), atividades de lazer e situações que permitem a expressão de sentimentos, afetos e emoções (BRASIL, 1997). De acordo com o PCN, assume-se que nas aulas de Educação Física os alunos podem participar de atividades físicas diferentes sem julgar seus pares com base em preconceito, atividade ou questões sociais; conhecer suas habilidades e limitações corporais; reconhecer, avaliar e apreciar as várias manifestações da cultura física que existem todos os dias e desenvolver autonomia em jogos e jogos físicos simples (BRASIL, 1997). Considerando a afirmação acima e com base em vários estudos, a educação física, ministrada por profissionaisqualificados na área, proporciona aos alunos diversas informações e oportunidades de vivenciar e desfrutar de situações de convívio, atividades recreativas sem caráter utilitário, indispensáveis ao seu desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo. Porém, não basta que a aula se desenvolva, que o professor conheça bem o trabalho e a didática e os métodos de ensino da Educação Física nas classes elementares. Para tanto, verifica-se que no estágio atual, o professor mais indicado para o cargo é o professor de educação física, devido a uma formação especial, que possibilita uma estrutura melhor e mais adequada das aulas, com o objetivo do desenvolvimento geral dos alunos (HENKEL, 2014). Outro ponto importante na metodologia de trabalho do ensino de Educação Física é a organização e estrutura das aulas, ou seja, o tempo pedagogicamente necessário para o processo de aquisição do conhecimento. Freire e Scaglia (2009) defendem uma proposta em que a estrutura da aula é dividida em três partes: a primeira parte ocorre no início da aula, onde o professor conversa com os alunos sobre o que acontecerá durante a aula, esta atividade também forma a consciência dos alunos sobre suas atividades, ajuda no planejamento e sugestões dos alunos; a segunda parte trata de atividades práticas, quando de acordo com o objetivo da aula de educação física, são realizadas atividades de exercícios e; a terceira parte, como um momento de calma, onde acontece o relaxamento e diálogo sobre o que foi feito na aula, essa parte é importante para refletir se os objetivos foram atingidos e a compreensão dos alunos de suas práticas. A educação moderna e inovadora está constantemente em busca de novos métodos e ferramentas que diversifiquem o trabalho coletivo. Assim, o aluno é colocado como sujeito principal deste trabalho, modificando sua realidade. A tarefa da Educação Física é mais do que incentivar o esporte, ela dá aos alunos a oportunidade de vivenciar outras culturas, compreender as formas de manifestação e os seus significados, ir além de praticar os movimentos corporais corretos. É esse ensino moderno e revigorante que deve- se ver nas aulas de Educação Física. Portanto, é preciso que o educador, a escola e a comunidade estejam abertos aos progressos e mudanças da sociedade, onde o conhecimento é o tema principal da convivência das pessoas, construída pelas relações humanas e o corpo social nascido das relações humanas e também qualidade de vida estável. 9 cultura do movimento humano E EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: https://shre.ink/crSJ Nossos corpos são projetados para se mover de diferentes maneiras, tais movimentos são originários dos ancestrais, que criaram a cultura ao longo dos séculos com movimentos que sobrevivem até hoje, tudo o que eles fizessem foi inserido em um contexto cultural (SILVA; MONT'ALVERNE, 2021). A cultura do movimento corporal é a intersecção de conhecimento e representação, práticas corporais que mudaram ao longo do tempo, que adquirem um caráter um tanto utilitário e estão diretamente relacionadas à realidade objetiva com suas exigências de sobrevivência, adaptação ao meio, produção de bens, resolução de problemas, sendo conceitualmente mais próximas ao trabalho; quanto lúdico, realizadas com fim em si mesmas, por prazer e divertimento, e de certo modo diferenciada do trabalho (BRASIL, 1998). Ao compreender a aprendizagem como um processo corporal e não apenas intelectual, destacamos o investimento de Dias e Melo (2011, p. 3), onde defende que “a aprendizagem na educação escolarizada se torna mais significativa quando o aluno a vivencia com seu próprio corpo e não somente imobilizado numa carteira. Afinal, não podemos esquecer que tudo que aprendemos antes de ir à escola é em movimento, brincando”. Segundo Kunz (2006), o movimento humano é a linguagem da comunicação humana e da relação com o mundo. Sua negação limita as possibilidades de serem aceitos, incluídos e acolhidos em seu grupo social, condição importante para a construção de sua identidade. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), um dos objetivos da educação primária é expor que os alunos devem “perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente”. (BRASIL, p. 02, 2001). Assim, achamos importante tratar da cultura do movimento físico por meio da Educação Física, pois possui forte influência no desenvolvimento dos alunos. O conceito de cultura corporal de movimento para Bracht (1996), compreende que É uma linguagem, com especificidade, é claro, mas que enquanto cultura habita o mundo do simbólico. A naturalização do objeto da EF por outro lado, seja alocando-o no plano do biológico ou do psicológico, retira dele o caráter histórico e com isso sua marca social. Ora, o que qualifica o movimento enquanto humano é o sentindo/significado do mover-se. Sentido/significado mediado simbolicamente e que o colocam no plano da cultura (BRACHT, 1996, p. 24). O conceito de cultura deve ser entendido como um produto da sociedade, um coletivo e, portanto, um tipo de grupo ao qual os indivíduos pertencem e estão incluídos. As pessoas desenvolvem, constroem e resgatam nossa cultura em grupos por meio da socialização, de acordo com os movimentos sociais vivenciados em cada época, e que são transmitidas por gerações. No contexto da escola, a disciplina do exercício tem uma apresentação muito importante com a cultura física, pois nas várias culturas humanas sempre há características lúdicas. É por isso que esta disciplina incluiu em seu estudo os seguintes conteúdos: jogos e brincadeiras, esportes, ginástica, danças, batalhas e exercícios físicos de aventura na natureza como forma de relacionar o homem com o contexto da cultura de um corpo em movimento (BRASIL, 2018). Segundo Betti (2001), entende-se que o conceito de cultura corporal do movimento representa parte de uma cultura geral que inclui formas culturais construídas historicamente na prática da mobilidade humana em níveis materiais e simbólicos. Seu intuito é melhorar qualitativamente as práticas básicas, por meio de referências científicas, filosóficas, pedagógicas e estéticas. Em resumo, o conceito de cultura do movimento também explica a capacidade de nós, humanos, de produzir, reproduzir, criar e recriar o movimento por meio de nossos comportamentos, ações e condutas, que estão completamente interligados no movimento e na cultura, dos quais são transferidos dos pais para os filhos no meio onde vivem. O coletivo de autores (1992), busca entender como a cultura corporal e as atividades socialmente construídas desde os primórdios da humanidade se expressam, por meio de brincadeiras, esportes, combate, ginástica, dança e atividades circenses. Nesse sentido, esses autores defendem que pensar a cultura física favorece os interesses das classes populares, pois valores como o individualismo, a competição e o confronto rejeitam a solidariedade, a cooperação e a apropriação cultural essenciais para a liberdade de expressão. Pensar que a cultura do movimento envolve a relação entre corpo e natureza através de uma lógica recursiva, ou seja, imaginar que as tecnologias corporais influenciaram a atividade orgânica e a troca cultural, criando e recriando brincadeiras, danças, esportes, lutas ou ginásticas, provocam mudanças tanto no corpo quanto na sociedade onde se estabelecem. Vemos este recurso quando existem distúrbios na comunicação orgânica, como psicopatologias, distúrbios metabólicos e hormonais, que podem levar a desequilíbrios nos códigos de linguagem ou prejudicar a capacidade de criar e imaginar. A criação humana também pode afetar os códigos primários, ou seja, os relativos a cada atividade orgânica, assim: Um determinado espetáculo,um poema ou um romance, um ritual, uma dança, uma peça musical ou teatral, ou até mesmo a narrativa empolgada de uma partida esportiva podem emocionar alguém até as lágrimas, afetando, ainda que por momentos, seu equilíbrio biológico, ou seja, alterando o ritmo e a qualidade da comunicação intraorgânica (Baitello Júnior, 1999, p. 41). Entendemos que textos culturais, como danças, jogos, esportes, batalhas ou ginásticas, estão em constante relação com códigos de atividade orgânica e de linguagem. Mauss (1974), reconhece que as ações corporais são fenômenos biopsicossociológicos, se empenhava em tecer a relação entre biologia e cultura, pois reconhecia que certas técnicas corporais influenciam fenômenos biológicos. Quanto ao significado dessas práticas corporais, verificamos que elas têm sentidos originais dependendo do local de produção e podem mudar de acordo com os novos contextos e interpretações das pessoas que as vivenciam ou apreciam. Nesse sentido, a simbologia das técnicas corporais varia conforme a educação, as diferentes experiências e o intercâmbio cultural. Uma postura pode ser permitida em um lugar e proibida em outro, como Mauss (1974) indica. Jogos, danças, esportes, batalhas ou ginásticas criadas no local ou em outro lugar são recriadas pelos participantes. Novas formas de usar o corpo surgem, adquirem outros significados e também mudam de objetivos. Essa capacidade de transcender bairros, cidades, estados e países, além de serem considerados sistemas de comunicação, também é influenciada pelo que é valorizado nas sociedades em que estão estabelecidos e, em última análise, submetidos aos ditames do mercado, da economia e aparência. Sublinhando o que preconiza Baitello Júnior (1999), se você reconhecer os códigos específicos de cada cultura, é possível compreendê-la, permitindo assim a comunicação entre elas, mesmo que diferentes. 9.1 EPISTEMOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: https://shre.ink/cr14 Assim como a ética se ocupa das questões morais e a política trata do funcionamento da sociedade, a epistemologia se ocupa do saber. Considerando a agenda pós-moderna ou as propostas e críticas às ideias de educação, buscamos especificar a discussão sobre a forma e o conteúdo da epistemologia da Educação Física como suporte para a prática pedagógica na escola, encontrando uma adição de matriz pós-moderna e crítica ao campo. O debate sobre sua ligação com a epistemologia se estende além da história recente da Educação Física e entre os teóricos mais respeitados também há um consenso sobre a natureza do status científico da área, ou seja, seu objeto de conhecimento e especificidade que unanimemente representam o campo científico da Educação Física. No entanto, é claro que se deve levar em conta a multidisciplinaridade que forma as matrizes teórico-filosóficas da Educação Física, os conteúdos, teorias e métodos das práticas sociais esportivas e de lazer (SCAPIN; SOUZA, 2022). Betti (2005) coloca a teoria da Educação Física em duas matrizes: Científica: como campo do conhecimento científico; Pedagógico: como prática pedagógica e prática de intervenção social. Como forma de superar tal dualismo, o autor propôs então uma teoria da Educação Física entendida como um “campo dinâmico de investigação e reflexão” sistematizada da seguinte forma: A teoria assim proposta poderia sistematizar e criticar conhecimentos científicos e filosóficos, receber e enviar demandas à prática social, e às Ciências e à Filosofia. A “prática” passaria a configurar-se como possibilidade de mediação entre a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o “fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer” (BETTI, 2005, p. 183). Nessa explanação, o autor já se pronunciou sobre o lugar da Educação Física como prática pedagógica ou, como ele a caracteriza, um campo acadêmico-profissional com necessidades e características próprias, que utiliza várias ciências e filosofias para construir objetos de reflexão e sua intervenção pedagógica para orientação prática e intervenção social, tentando quebrar o dualismo entre científico x pedagógico (BETTI, 2005). Nesse sentido, as ciências do esporte (fisiologia e medicina esportiva) foram estabelecidas de forma interdisciplinar, Bracht (1999) explica que: A produção acadêmica volta-se para o fenômeno esportivo. É a importância social e política desse fenômeno que faz parecer legítimo o investimento em ciência neste campo. Por sua vez, aqueles que atuam no campo ou tem interfaces com ele privilegiam o tema do esporte porque é ele que oferece as melhores possibilidades de acumulação de capital simbólico por via de seu tratamento científico. São pesquisas que dele se ocupam que têm maiores chances de serem reconhecidas no campo e fora dele. Ou seja, é a importância política e social do fenômeno esportivo (ou desempenho esportivo do país em nível internacional) que confere legitimidade ao próprio campo acadêmico da EF ou das Ciências do Esporte ou EF e Ciências do Esporte (EF & CE) (BRACHT, 1999, p. 20-21). Vale ressaltar também que nessa tentativa de se firmar como ciência, outras nomenclaturas e correntes científicas independentes foram absorvidas pela educação física. Podemos citar: Cinesiologia baseada na Ciência ou a Ciência do movimento humano; e Ciência de Motricidade Humana, fundamentada a partir dos pressupostos das Ciências Humanas e tendo como objeto a motricidade ou o movimento (MORSCHBACHER, 2016). Frizzo (2013) também contribuiu para a discussão sobre Educação Física e para a discussão científica da área. Colocando o objeto do movimento humano nos fundamentos idealistas e antidialéticos da filosofia da educação física e da produção do conhecimento, o autor menciona que nesse conceito não há sujeito ou pessoa que atue, na realidade, há quem mude e é por ele alterado, mas sem considerar a historicidade e a totalidade, no plano das mediações e contradições produtivas da vida e das manifestações corporais, um corpo ou parte dele que “se mexe”. Essa noção pode ser melhor compreendida no seguinte exemplo do autor: Por exemplo, ao analisar um movimento de chute da capoeira na perspectiva do movimento humano, o gesto motor e a performance podem ser comparados, em mesmo nível, com o chute no jogo de futebol, como se o gesto da perna em ambas manifestações pudesse ser isolado do corpo ao qual pertence, como se o corpo pudesse ser isolado do ser humano que age e o ser humano pudesse ser isolado da história e da cultura em que está inserido (FRIZZO, 2013, p. 195). Buscando saber mais sobre o debate epistemológico na Educação Física, juntamente com a análise da produção científica do século XXI, nos deparamos com os estudos do autor Bungenstab (2022). O gráfico representa o número de artigos publicados em cada período durante os anos de 2001 até 2019, observe: Gráfico - Frequência de artigos que contém a presença do termo “epistemologia” em cada periódico a partir do século XXI (2001-2019) Fonte: https://shre.ink/crOb A partir deste mapeamento pode-se constatar, sobre o atual debate epistemológico da área da Educação Física, os seguintes termos de quantidade no século XXI: A revista Motrivivência publicou um total de 676 artigos, desses apenas nove apresentaram o termo “epistemologia”. Tais artigos representam apenas 1,3% do total de artigos; A revista Pensar a Prática publicou 830 artigos neste século e apenas 2% tratam da temática aqui estudada; A revista Movimento, por sua vez, publicou 1000 trabalhos, sendo 2,8% contendo o termo “epistemologia”; A RBCE publicou 919 artigos, destes, 1,5% referem-se ao debate epistemológico; A revista Motriz obteve um total de 1050 textos publicados sendo que 0,3% sobre o termo “epistemologia” (BUNGENSTAB,2022); Pode-se dizer que o debate epistemológico no setor de Educação Física brasileira na primeira década do século XXI se concentrou como parte das revoluções epistemológicas. No entanto, nota-se também que a discussão ocorreu nas seguintes áreas: Discussões sobre o dualismo das ciências naturais e humanas e; Específico para a presença das humanidades no campo da educação física, considerando o dualismo específico entre teorias "críticas" e teorias "pós- modernas" (BUNGENSTAB, 2022). Parece que é preciso continuar protegendo a diversidade de teorias e ideias no campo, antes de tudo, porque permite que o debate permaneça no nível da luta entre as ciências e as matrizes teóricas, mas também permite que entre o escopo da discussão envolvendo autores específicos e suas leituras. Assim, o campo da Educação Física poderá (re)descrever seu desenvolvimento como campo de conhecimento pensante e em movimento (BUNGENSTAB, 2022). 10 Educação física e as interações com a sociologia do trabalho As mudanças tecnológicas trazidas pela Revolução Industrial alteraram as relações sociais, levando a uma reavaliação das formas como a interação humana é analisada e interpretada. Esse fenômeno moderno cria novos conhecimentos nas humanidades juntamente com inovação na pesquisa acadêmica. Após o surgimento do mundo moderno, a Sociologia foi estruturada como uma disciplina que analisa mudanças na vida econômica, política, intelectual, emocional e cultural da sociedade capitalista. Assim, a Sociologia nasceu para dar respostas aos problemas decorrentes das novas configurações dos mercados industriais, provocando relações complexas na vida da sociedade (UFMS, 2013). Utilizando-se do referencial dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio (2000), cabe à Sociologia abordar dois eixos fundamentais, que são: A relação entre indivíduo e sociedade a partir da influência da ação individual sobre os processos sociais, além do processo inverso; A dinâmica social, processos que envolvem a manutenção da ordem e a mudança social. Ainda conforme Pereira (2007), isso deve ser orientado a partir de: Conceitos, Temas Teorias, ou mesmo com esses itens articulados. Segundo Giddens (2004, p.24), a sociologia: É o estudo da vida social humana, dos grupos e das sociedades (...) seu objeto de estudo é nosso próprio comportamento como seres sociais. A abrangência do estudo sociológico é extremamente vasta, incluindo desde a análise de encontros ocasionais entre indivíduos na rua até a investigação de processos sociais globais. (...) A sociologia mostra a necessidade de assumir uma visão mais ampla sobre por que somos como somos e por que agimos como agimos. Ela nos ensina que aquilo que encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser bem assim e que os ‘dados’ de nossa vida são fortemente influenciados por forças históricas e sociais. Entender os modos sutis, porém complexos e profundos, pelos quais nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social é fundamental para a abordagem sociológica. A educação não surge da abstração e não ocorre no vácuo, combina elementos formados em relações intersubjetivas carregadas com as crenças e valores do intérprete situados em histórias, trocas simbólicas, correspondências afetivas, interesses sociais e cenários políticos. Nesse contexto, a educação configura-se como uma interação entre objetos de auto entrega à experiência de aprendizagem, uma lógica do acontecimento, não abrangida pela lógica dos conceitos. Uma visão intermediária da atividade pedagógica permite reciprocidade entre sujeito e sociedade. Nesse sentido, a educação ocorre por meio da interação, que abre oportunidades de imprevisibilidade e novidade, pois desperta liberdade e criatividade. Ela requer a formação integral da pessoa, de suas aptidões físicas, intelectuais e morais, cujo objetivo não é apenas a preparação de aptidões, mas também a concretização do caráter e da personalidade social (UFMS, 2013). O nível de conhecimento e a capacidade de aplicar soluções aos problemas que surgem na estrutura social são determinados a partir de um repertório cognitivo construído por indivíduos reconhecidos como detentores de conhecimentos especializados e que receberam formação especial que lhes confere o direito de intervenção, em vários assuntos e setores que compõem a sociedade. Esses sujeitos passam por uma formação profissional formal que lhes permite obter uma posição de um código de ética mais legítimo e é regulamentado por instituições interessadas em sua especialização. A aquisição de conhecimentos únicos e a educação especial são privilégios da reserva de mercado como direito - e esse é o privilégio da ajuda profissional (FONSECA, 2017). Segundo Bracht (1997), a chegada das Ciências Humanas e sociais na cultura física dá origem ao que o autor chama de movimento ou cultura física progressiva, e se opõe a outras formas de justificação/legitimação do campo até então em hegemônicas. A mais visível é a base biológica ou conceito do corpo humano e do movimento. Assim, na tentativa de contrapor a esse ponto de vista sobre a educação física, pesquisadores com orientação sociológica ou das ciências humanas instauraram debates sobre os aspectos históricos e sociais da estrutura do corpo humano. As interfaces esportivas conectam a profissão a várias funções. Um profissional pode ser entendido como um técnico-perito a partir dos fundamentos da competência, tendo a atribuição como identidade central. A segunda interface tem como base a Educação Física como área de especialização, onde a discussão dos fundamentos epistemológicos e disciplinar se alinha com a identidade profissional acadêmica e científica. A própria interface profissional representa o diálogo entre a prática profissional e o mercado, as responsabilidades e competências assumidas nos diferentes campos de atuação e, por fim, a interface social do profissional, que se refere ao protagonismo em questões hegemônicas ou emergentes em benefício da sociedade (FONSECA, 2017). Quanto aos avançados na área, concordamos com Bracht (1996) quando aponta que um dos principais eixos opostos do paradigma da aptidão física surgiu por meio da análise da educação física, a função social da educação e especialmente a educação física como componentes da sociedade capitalista, portanto caracterizada por dominância e diferenças de classe. Segue-se que: O movimento instalado na EF brasileira a partir da década de 1980, ao menos em uma de suas vertentes (aquela que vai buscar fundamentação pedagógica na Pedagogia Histórico Crítica) [...] ao invés de controlar o movimento apenas no sentido mecânico- fisiológico, encarando-o agora como fenômeno cultural, pretende dirigi- lo a partir da “consciência crítica dos determinantes socio-políticos- econômicos que sobre eles recaem” (Bracht, 1996, p. 26). A ampla discussão das questões sociais na educação física contém as características de uma produção científica sociológica típica, o que Latour (1994) chamou de "sociologia da sociedade", ou seja, é o social que explica o já estabelecido e concentra-se principalmente na atividade humana "intencional". Nas palavras do autor: Quando os sociólogos do social pronunciam as palavras “sociedade”, “poder”, “estrutura” e “contexto”, dão em geral um salto adiante para conectar um vasto conjunto de vida e história, mobilizar forças gigantescas, detectar padrões dramáticos a partir de interações confusas, ver por toda parte, nos casos à mão, ainda mais exemplos de tipos bem conhecidos e revelar, nos bastidores, algumas forças ocultas que manipulam os cordéis (Latour, 1994, p. 43). Como resultado das associações, o social é fluido, móvel e em constante mudança, portanto, não pode ser usado como explicação, deve ser explicado (LATOUR, 2012).Para Dacosta (2006), a expansão do campo da Educação Física nas últimas duas décadas levou à presença de especialistas fora de áreas já conhecidas como escolas, clubes e ginásios, e agregou novos espaços como hospitais, clínicas, indústria, tecnologia, desenvolvimento do turismo e lazer, administração pública e muitos outros objetos onde é necessário um especialista em movimento. Para atender a tais demandas, os profissionais transitam por diversos setores, no próprio mercado de trabalho, e estão sujeitos a condições contraditórias, baixa avaliação e status profissional. A partir desse cenário, alguns estudos têm problematizado a necessidade de se examinar mais de perto os resultados profissionais e as condições de trabalho e autocuidado dos que atuam na "promoção da saúde", e como a reorganização do mundo do trabalho influenciou na construção da autonomia pedagógica da educação física, que está cada vez mais ameaçada em relação ao ensino formalizado; além disso, pesquisas que investigam a fragilidade das relações de trabalho e como a imagem social da educação física transcende a dimensão acadêmica e a definição legal (PRONI, 2010). Os agentes escolares podem nem perceber, mas na verdade alguns elementos da sociologia e da educação física, principalmente o corpo e o esporte (mas não só), estão marcados nos corredores da cultura midiática cada vez mais nos pátios, ginásios e salas de aula. Basta passear por qualquer escola e rapidamente verá crianças e jovens vestindo roupas típicas do mundo dos esportes, como camisetas de times de futebol famosos, roupas largas e largas típicas de um skatista ou de um jogador de basquete de rua. E não se trata apenas de roupas, mas grande parte da discussão entre os alunos se refere à busca por um corpo "em forma", dietas iniciadas por revistas, uma nova aventura em meio à natureza anunciada na TV, ou mesmo imitações e danças relevantes que se popularizam e espalham algum tipo de vulgaridade entre crianças e jovens entre outros. É possível discutir fenômenos sociais como homogeneização, comercialização, espetáculo, dinâmicas culturais, violência/civilização, consumismo, sociedade, individualização, entre tantos outros (MEZZAROBA, 2012). O papel social em torno das práticas físicas também ressignifica os conteúdos e as formas de ser profissional do esporte. À luz das diferentes interfaces da educação física, que noção de identidade profissional coletiva pode ser assim definida? Quais são as características que orientam a finalidade do trabalho profissional ou que realmente diferenciam a natureza da intervenção para o sujeito e para a comunidade como um todo? A resistência dos próprios profissionais em investir na descrição dos saberes profissionais, dificuldades em fortalecer a rede de contribuições entre as partes constituintes do campo acadêmico e as organizações profissionais, resultando em alienação e distanciamento dos profissionais, o conceito geral de pertencer a uma comunidade (FONSECA, 2017). Assim, a população mais ampla imersa na cultura midiática formou seus conhecimentos tanto de Sociologia quanto de Educação Física de forma fragmentada e simplificada, contando com um tipo de informação dispersa, dividida, contextualizada e inconsistente. As crianças e jovens trazem esses conhecimentos para a escola e para as aulas dessas duas áreas - exigindo novas habilidades dessas disciplinas, ou seja, mediar esse processo de criação de conhecimento sobre os fenômenos socioculturais em relação às especificidades da "sociedade" (no caso da Sociologia) e "cultura do movimento" (no caso da Educação Física) em diálogo direto com a informação midiática (MEZZAROBA, 2012). Qualquer exercício que ultrapasse as "fronteiras" e "caixas" das áreas de conhecimento torna-se uma tarefa complexa. Apesar disso, e face ao que se vê e observa no meio escolar – e obviamente também no contexto da sociedade – é necessário uma abordagem mais abrangente e eficaz dos alunos (MEZZAROBA, 2012). A estrutura social é muito complexa. Quanto mais entendemos os atores envolvidos na forma e na dinâmica de cada dimensão do nosso sistema social, mais tendemos a pensar no nível de conhecimento produzido e na necessidade de novos conhecimentos a serem resolvidos nesta estrutura complexa. O conhecimento acadêmico justifica a autoridade de uma profissão, mas as organizações profissionais têm a responsabilidade direta de mediar as relações dos profissionais com o público e sua prática. O comprometimento com a carreira está vinculado ao debate social sobre o papel da Educação Física, que vai muito além do debate sobre promoção da saúde, mas inclui questões relacionadas às raízes do exercício, como herança cultural ou ação afirmativa, ou como ações de afirmação pela emancipação do sujeito, com as tensões entre o que é licito e ilícito, às ações preocupadas com as questões de gênero, entre inúmeras outras, intermediadas pelas demandas sociais. Todos esses são papéis importantes que negociam interfaces acadêmicas, éticas e profissionais. É no diálogo com as interfaces esportivas que as organizações profissionais têm apontado as fragilidades do sistema. Os supervisores agem pela autorregulação do grupo profissional (FONSECA, 2017). 10.1 Políticas na Educação Física e suas significações A atuação da Educação Física no meio reproduz uma alocução acadêmica que vem predominando ao prolixo da tradição da Educação Física brasileira, que se apoia no discurso tecnicista, extremamente mecanicista e positivista e que, portanto, acaba por servir de organização básica, fundamental à manutenção das relações sociais de poder dominante. A implementação prática da Educação Física como disciplina e sua relação com as políticas públicas no setor educacional brasileiro estão inseridas em um contexto histórico específico (SAVIANI, 2006; COLETIVO, 1992). A Educação Física como disciplina escolar no Brasil remete às influências acadêmicas da matriz eurocêntrica. Embora historicamente sua inserção no campo científico esteja associada a meados do século XIX, sua aplicação é comum nas primeiras décadas do século XX, quando o componente principal é uma combinação de atividade física, uma disciplina que prepara um novo homem mais forte, mais habilidoso e empreendedor que procurou conhecer e controlar o corpo, para utilizá-lo com eficácia (BARBOSA, 2001). O ponto máximo da vinculação entre o Estado brasileiro e a Educação Física foi a criação da Divisão da Educação Física – DEF, em 1931, ligado ao Ministério da Educação e Saúde: Esta Divisão seria a responsável por sistematizar e regulamentar a partir de então todo o processo de formação profissional cabendo também à DEF autorizar o funcionamento de outras escolas. Também era responsabilidade da DEF atuar conjuntamente com a Juventude Brasileira – criada com o objetivo de promover a educação física, cívica e moral dos brasileiros dentro e fora da escola, para indivíduos dentro de uma faixa etária pré-determinada – e com a instalação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos - ENEFD, criada pelo Decreto Lei n. º1.212, de 17 de abril de 1939 instalada em 01 de agosto do mesmo ano, adotaria o Método Francês e seria dirigida por um militar o Major Inácio de Freitas Rolim, formando assim a base de sustentação do projeto educacional proposto pelo Estado Novo (LEANDRO, 2002. p. 32). Outra importante contribuição que o Estado Novo deu à Educação Física como parte da legitimação desse tipo de governança foi a utilização dessa prática social para promover a disciplina moral e o preparo físico dos cidadãos, como forma de prepará-los para o cumprimento de suas obrigações perante a economia e defesa do Estado (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Após o fim do Estado Novo e a redação da nova Carta Magna, a Educação Física passou a ser vista como mera prática docente. No entanto,sua preparação acadêmica diferia das outras faculdades, porque exigia apenas um curso intermédio e durava dois anos, ao contrário de outras faculdades criadas na mesma época (pedagogia, filosofia e letras) que duravam quatro anos. Foram formados especialistas nos seguintes níveis: técnicos, especialistas, observadores e docentes. Em 1950, o curso de Educação Física passou de dois para três anos e, em 1950, exigia vestibular, certificado de conclusão de curso clássico ou científico (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Apesar das diversas intervenções, ordens e coerções do regime militar (1964/84), no campo das políticas públicas de Educação Física nas escolas brasileiras, é preciso considerar que os campos de ação dos regimes militares haviam limitações e dependia consenso, consentimento e apropriações feitas pelos atores sociais quando confrontados com as diretrizes do governo (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Não é por acaso que a educação adquire um novo lugar entre as políticas sociais e públicas. Aqui não mais sob a ótica da igualdade, mas sob a da equidade. Esta era uma forma de aliar o combate à pobreza e a autonomia local à educação na nova política (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Embora a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) tenha incorporado à Educação Física ao currículo escolar, essa implementação, na verdade, só ocorreu depois de regulamentações e prescrições rígidas e específicas. Hoje, há um grande debate e discussão sobre a ordem oficial desse plantio. De qualquer forma, concordamos que a implementação da Educação Física no sistema escolar tem levado à discriminação e à exclusão. Estas ocorreram ao tornar o treinamento físico opcional para alunos que trabalham em escolas, mulheres com filhos, maiores de 30 anos e deficientes físicos e clínicos. Difundiu-se a ideia de que, facultando tal prática ao aluno, estaria permitindo a ele o exercício a um direito de escolha. Mas esses são os segmentos-alvo que mais precisam aprender a educá-los para a preservação do patrimônio físico (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Não se pode dizer que a política pública seja diretamente responsável por tal discriminação, mas pode-se dizer que ela está imbuída de ideologias discriminatórias que facilmente aparecem como ações concretas quando implementadas (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Impressionantemente, a Educação Física deve sempre ser justificada para estar disponível para a população escolar, que geralmente é a mais excluída dos benefícios sociais. O exercício físico para repor as energias é como a cesta básica do corpo: só se dá o essencial. A buscas para que a prática da educação física, em suas diversas funções, não seja vista apenas como uma aprendizagem por lazer. Em seu sentido histórico, o lazer é um modo de vida que permite um homem se tornar humano. Ainda bem que a elite governante não está disposta a ceder aos estratos sociais mais distantes. É um patrimônio cultural que deve ser apagado da história brasileira (BARBOSA; BARBOSA, 2010). A proposta de educação física do PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) estabelece que o projeto proposto pelo professor deve ser apresentado à equipe pedagógica para aprovação e, se aprovado, pode ser incluído na proposta de trabalho da escola. A eventual presença de aprovação ou veto é uma oportunidade perversa e está prevista na nova forma de gestão da escola não apenas para turmas especiais, mas para todos os alunos, tanto noturno quanto diurno, de acordo com a atividade física (BARBOSA; BARBOSA, 2010). Os conteúdos para uma prática de educação física escolar estão propostos nos PCNs. Por serem somente parâmetros, a possibilidade de realização das sugestões existentes está diretamente relacionada com as condições objetivas do ambiente local. É nesse sentido que parece ser revelada a realidade da equidade. O quadro onde tais práticas se inserem ainda é bastante recente e não permite uma avaliação mais definitiva, mas aponta desde já para a necessidade de acompanhamento e constante avaliação e reflexão dessa nova realidade educacional, particularmente da Educação Física (BARBOSA; BARBOSA, 2010). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______. BRASIL. 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