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1)
Língua Portuguesa para Oficial (PMMA/CBMMA) 2023
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Ordenação: Por Matéria e Assunto (data)
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Prova Integral (PI)/2021
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
Texto
Queimadas no Pantanal em 2020 superaram recorde histórico
Número de focos de queimadas registrados em 2020 superaram o total de três anos anteriores, segundo
o Inpe. (Dândara Genelhú em 08h52 - 02/01/2021)
Marcado com cenário de fogo e fumaça, causados pelas queimadas, o Pantanal foi o bioma mais afetado
em 2020. O índice de queimadas registrado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foi o
maior da história.
Assim, desde 1998, quando começaram a monitorar a situação, não havia sido registrada tamanha
destruição por queimadas. Apenas em 2020, foram 22.116 focos de incêndio contabilizados pelo Inpe. O
bioma faz parte do território de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Além de ser o maior registro histórico de queimadas, esta foi a primeira vez em que o Pantanal registrou
mais de 12,5 mil focos de incêndio. Antes, o recorde de queimadas era de 12.536 focos, em 2005. Então,
se comparado o mesmo período dos anos com maiores índices de queimadas, o aumento do último ano
foi de 76.41%.
Indo mais além, 2020 teve mais focos de incêndio no Pantanal do que os três anos anteriores juntos. Em
2019 foram 10.025 focos, em 2018 foram 1.691 e 2017 registrou 5.773. Com isso, somam 17.489 focos
de queimadas.
Pantanal sul-mato-grossense
No MS foram registrados 12.080 focos de queimadas em 2020. De acordo com a CNN, o último número
expressivo no Estado aconteceu em 2005, quando houveram 12.904 focos de incêndio.
Então, segundo levantamento do INPE, a semana com mais focos registrados foi de 28 de setembro até
04 de outubro de 2020. Neste período foram contabilizados 1.276 focos de queimadas.
Assim, mais de 40 mil km2 do Pantanal inteiro foram devastados até novembro. Ou seja, cerca de 30%
do bioma já foi devastado. O apontamento foi realizado pelo LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites
Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e divulgado pela CNN. [...]
Texto reproduzido fielmente conforme publicado em https://www.midiamax.com.br/cotidiano/2021/queimadas-no-
pantanal-em-2020-superaram-recorde-historico (acesso em 02/01/2021)
Nas opções abaixo, foram transcritos trechos do texto. Marque aquela que apresenta desvio da Norma
Culta da Língua Portuguesa:
a) Além de ser o maior registro histórico de queimadas, esta foi a primeira vez em que o Pantanal
registrou mais de 12,5 mil focos de incêndio.
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2)
3)
b) Assim, desde 1998, quando começaram a monitorar a situação, não havia sido registrada
tamanha destruição por queimadas.
c) O bioma faz parte do território de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
d) No MS foram registrados 12.080 focos de queimadas em 2020.
e) De acordo com a CNN, o último número expressivo no estado aconteceu em 2005, quando
houveram 12.904 focos de incêndio.
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2019
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
(URCA/2020.1) Observe as palavras destacadas nos versos, em seguida, marque a opção que o plural
aparece grafado corretamente:
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
a) Os príncipes procuraram por todos os sótões das casas;
b) O convite era para todas as estaçãos
c) Os capitões arregimentaram seus subordinados;
d) Os caçadores checaram seu cãos;
e) O conselho deliberativo era formado por anciães.
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2018
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
TEXTO II: O QUE SÃO VALORES HUMANOS
São fundamentos morais e espirituais da consciência humana. Todos os seres humanos podem e devem
tomar conhecimento dos valores a eles inerentes. A causa dos conflitos que afligem a humanidade está
na negação dos valores como suporte e inspiração para o desenvolvimento integral do potencial
individual e conseqüentemente do potencial social. Temos nos valores morais e espirituais o grande
instrumento de aprimoramento e o traço de união dos povos, sem distinção. Os valores humanos
promovem a verdadeira prosperidade do homem, da nação e do mundo.
(Disponível em<TRABALHANDO COM TEXTO Professora:Mariângela-Geografia- pt.scribd.com/doc>Acesso em 17 set
2018)
Algumas alterações foram introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, pelos países falantes deste
idioma e aprovado, no Brasil, pelo Decreto no 6.583, de 29 de setembro de 2008 e alterado pelo Decreto
no 7.875, de 27 de dezembro de 2012.
Podemos dizer que o TEXTO II foi escrito antes desse acordo ser homologado ao observar como está
grafada a palavra
a) consciência.
b) afligem.
c) está.
d) potencial.
e) conseqüentemente.
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4)
5)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2017
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
Em que opção todos os termos sublinhados foram corretamente grafados?
a) A desinteria é um dos principais sintomas de infeccão intestinal.
b) Antes de abrir o envólucro, é necessário umidecê-Io.
c) Enquanto a bandeira não foi hastiada, os transeuntes não puderam circular livremente.
d) Comprei o produto por uma pechincha. Por isso, resolvi dar uma gorjeta para o vendedor.
e) A recisão do contrato não foi feita por causa da paralizacão dos trabalhadores.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2016
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando
sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,
nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são
potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do
"sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que
guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e,
até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma
o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são
esquecidos. Eles são desnecessários corno "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de
um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se
opõe à que nos deforma por estagnação. A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.
[ ... ]
Para aprender a perguntar, porque o pensamento dependa formal, mas porque ler é um precisamos
aprender a ler. Não da gramática ou da língua tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a
entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de
nós mesmos.
Pensar, esse muitas vezes emsimples e ao lamentável que cultura em que ato que está faltando entre
nós, começa aí, silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto mesmo tempo complexo que é ler um livro.
É as pessoas sucumbam ao clima programado da ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca
prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos
que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha
descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e
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6)
diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela
mesma - é algo bem diferente.
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
https://resvitacultural.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)
Assinale a opção na qual a palavra em destaque está de acordo com a ortografia oficial.
a) Diante dos impecilhos, o importante é lutar para superá-los diariamente.
b) A imerção no trabalho levou-o, temporariamente, a esquecer os problemas pessoais.
c) Muitas foram as exceções apresentadas ao projeto inicial dos novos empreendedores.
d) A pretenção dos candidatos impressionou, negativamente, os jurados.
e) Somente os mazoquistas aceitam que viver é sofrer constantemente.
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IME - CFG (IME)/IME/2015
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
LEIA OS TEXTOS A SEGUIR E UTILIZE-OS PARA SOLUÇÃO DA QUESTÃO.
Texto 1
A QUÍMICA EM NOSSAS VIDAS
Carlos Corrêa
Há a ideia generalizada de que o que é natural é bom e o que é sintético, o que resulta da ação do
homem, é mau. Não vou citar os terremotos, tsunamis e tempestades, tudo natural, que não têm nada
de bom, mas certas substâncias naturais muito más, como as toxinas produzidas naturalmente por certas
bactérias e os vírus, todos tão na moda nestes últimos tempos. Dentre os maiores venenos que existem,
seis são naturais. Só o sarin (gás dos nervos) e as dioxinas é que são de origem sintética.
Muitos alimentos contêm substâncias naturais que podem causar doenças, como por exemplo o
isocianato de alila (alho, mostarda) que pode originar tumores, o benzopireno (defumados, churrascos)
causador de câncer do estômago, os cianetos (amêndoas amargas, mandioca) que são tóxicos, as
hidrazinas (cogumelos) que são cancerígenas, a saxtoxina (marisco) e a tetrodotoxina (peixe estragado)
que causam paralisia e morte, certos taninos (café, cacau) causadores de câncer do esôfago e da boca e
muitos outros.
A má imagem da Química resulta da sua má utilização e deve-se particularmente à dispersão de resíduos
no ambiente (que levam ao aquecimento global e mudanças climáticas, ao buraco da camada de ozônio
e à contaminação das águas e solos) e à utilização de aditivos alimentares e pesticidas.
Muitos desses males são o resultado da pouca educação dos cidadãos. Quem separa e compacta o lixo?
Quem entrega nas farmácias os medicamentos que se encontram fora do prazo de validade? Quem trata
os efluentes dos currais e das pocilgas? Quem deixa toda a espécie de lixo nas areias das nossas praias e
matas? Quem usa e abusa do automóvel? Quem berra contra as queimadas mas enche a sala de fumaça,
intoxicando toda a família? Quem não admira o fogo de artifício, que enche a atmosfera e as águas de
metais pesados?
Há o hábito de utilizar a expressão “substância química” para designar substâncias sintetizadas,
imprimindo-lhes um ar perverso, de substância maldita. Há tempos passou na TV um anúncio destinado
a combater o uso do tabaco que dizia: “… o fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias químicas
tóxicas, irritantes e cancerígenas…”. Bastaria referir “substâncias”, mas teve de aparecer o qualificativo
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“químicas” para lhes dar um ar mais tenebroso. Todas as substâncias, naturais ou de síntese, são
“substâncias químicas”! Todas as substâncias, naturais ou de síntese, podem ser prejudiciais à saúde!
Tudo depende da dose.
Qualquer dia aparecerá uma notícia na TV referindo, logo a seguir às notícias dos dirigentes e jogadores
de futebol, que “A água, substância com a fórmula molecular H2O, foi a substância química responsável
por muitas mortes nas nossas praias”… por falta de cuidado! Porque os Químicos determinaram as
estruturas e propriedades dessas substâncias, haverá razão para lhes chamar “substâncias químicas”?
Estamos sendo envenenados pelas muitas “substâncias químicas” que invadem as nossas vidas?
A ideia de que o câncer está aumentando devido a essas “substâncias químicas” é desmentida pelas
estatísticas sobre o assunto, à exceção do fumo do tabaco, que é a maior causa de aumento do câncer
do pulmão e das vias respiratórias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um aumento do
número de cânceres. Curiosamente, o tabaco é natural e essas 4000 substâncias tóxicas, irritantes e
cancerígenas resultam da queima das folhas do tabaco. A reação de combustão não foi inventada pelos
químicos; vem da idade da pedra, quando o homem descobriu o fogo.
O número de cânceres das vias respiratórias na mulher só começou a crescer em meados dos anos 60,
com a emancipação da mulher e o subsequente uso do cigarro. É o tipo de câncer responsável pelo
maior número de mortes nos Estados Unidos. Não é verdade que as substâncias de síntese (as
“substâncias químicas”) sejam uma causa importante de câncer; isso sucede somente quando há
exposição a altas doses. As maiores causas de câncer são o cigarro, o excesso de álcool, certas viroses,
inflamações crônicas e problemas hormonais. A melhor defesa é uma dieta rica em frutos e vegetais.
Há alguns anos, metade das substâncias testadas (naturais e sintéticas) em roedores deram resultado
positivo em alguns testes de carcinogenicidade. Muitos alimentos contêm substâncias naturais que dão
resultado positivo, como é o caso do café torrado, embora esse resultado não possa ser diretamente
relacionado ao aparecimento de um câncer, pois apenas a presença de doses muito elevadas das
substâncias pode justificar tal relação.
Embora um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Coração de Sheba, Israel, mostrasse
que a cafeína do café tem propriedades antioxidantes, atuando no combate a radicais livres, diminuindo
o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, a verdade é que, há meia dúzia de anos, só
3% dos compostos existentes no café tinham sido testados. Das trinta substâncias testadas no café
torrado, vinte e uma eram cancerígenas em roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar
de tomar café? Certamente que não. O que sucede é que a Química é hoje capaz de detectar e
caracterizar quantidades minúsculas de substâncias, o que não sucedia no passado. Como se disse, o
veneno está na dose e essas substâncias estão presentes em concentrações demasiado pequenas para
causar danos.
Diante do que se sabe das substâncias analisadas até aqui, todos concordam que o importante é
consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais. Isso compensa inclusive riscos associados à
possível presença de pequenas quantidades de pesticidas.
CORRÊA, Carlos. A Química em nossas vidas. Disponível em: <http://www.cienciahoje.pt/index.php?
oid=49746&op=all>. Acesso em 17 Abr 2015. (Texto adaptado)
Texto 2
CONSUMIDORES COM MAIS ACESSO À INFORMAÇÃO QUESTIONAM A VERDADE QUE LHES É
VENDIDA
Ênio Rodrigo
Se você é mulher, talvez já tenha observado com mais atenção como a publicidade de produtos de
beleza, especialmente os voltados a tratamentos de rejuvenescimento, usualmente possuem novíssimos
"componentes anti-idade" e "micro-cápsulas" que ajudam "a sua pele a ter mais firmeza em oito dias",
por exemplo, ou mesmo que determinados organismos"vivos" (mesmo depois de envazados,
transportados e acondicionados em prateleiras com pouco controle de temperatura) fervilham aos
milhões dentro de um vasilhame esperando para serem ingeridos ajudando a regular sua flora intestinal.
Homens, crianças, e todo tipo de público também não estão fora do alcance desse discurso que utiliza
um recurso cada vez mais presente na publicidade: a ciência e a tecnologia como argumento de venda.
Silvania Sousa do Nascimento, doutora em didática da ciência e tecnologia pela Universidade Paris VI e
professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), enxerga nesse
processo um resquício da visão positivista, na qual a ciência pode ser entendida como verdade absoluta.
"A visão de que a ciência é a baliza ética da verdade e o mito do cientista como gênio criador é
amplamente difundida, mas entra, cada vez mais, em atrito com a realidade, principalmente em uma
sociedade informacional, como a nossa", acrescenta.
Para entender esse processo numa sociedade pautada na dinâmica da informação, Ricardo Cavallini,
consultor corporativo e autor do livro O marketing depois de amanhã (Universo dos Livros, 2007), afirma
que, primeiramente, devemos repensar a noção de público específico ou senso comum. "Essas
categorizações estão sendo postas de lado. A publicidade contemporânea trata com pessoas e elas têm
cada vez mais acesso à informação e é assim que vejo a comunicação: com fronteiras menos marcadas e
deixando de lado o paradigma de que o público é passivo", acredita. Silvania concorda e diz que a
sociedade começa a perceber que a verdade suprema é estanque, não condiz com o dia-a-dia. "Ao se
depararem com uma informação, as pessoas começam a pesquisar e isso as aproxima do fazer científico,
ou seja, de que a verdade é questionável", enfatiza.
Para a professora da UFMG, isso cria o "jornalista contínuo", um indivíduo que põe a verdade à prova o
tempo todo. "A noção de ciência atual é a de verdade em construção, ou seja, de que determinados
produtos ou processos imediatamente anteriores à ação atual, são defasados".
Cavallini considera que há três linhas de pensamento possíveis que poderiam explicar a utilização do
recurso da imagem científica para vender: a quantidade de informação que a ciência pode agregar a um
produto; o quanto essa informação pode ser usada como diferencial na concorrência entre produtos
similares; e a ciência como um selo de qualidade ou garantia. Ele cita o caso dos chamados produtos
"verdes", associados a determinadas características com viés ecológico ou produtos que precisam de
algum tipo de "auditoria" para comprovarem seu discurso. "Na mídia, a ciência entra como mecanismo
de validação, criando uma marca de avanço tecnológico, mesmo que por pouquíssimo tempo", finaliza
Silvania.
O fascínio por determinados temas científicos segue a lógica da saturação do termo, ou seja, ecoar algo
que já esteja exercendo certo fascínio na sociedade. "O interesse do público muda bastante e a
publicidade se aproveita desses temas que estão na mídia para recriá-los a partir de um jogo de sedução
com a linguagem" diz Cristina Bruzzo, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e que acompanhou a apropriação da imagem da molécula de DNA pelas mídias
(inclusive publicidade). "A imagem do DNA, por exemplo, foi acrescida de diversos sentidos, que não o
sentido original para a ciência, e transformado em discurso de venda de diversos produtos", diz.
Onde estão os dados comprovando as afirmações científicas, no entanto? De acordo com Eduardo
Corrêa, do Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária (Conar) os anúncios, antes de serem
veiculados com qualquer informação de cunho científico, devem trazer os registros de comprovação das
pesquisas em órgãos competentes. Segundo ele, o Conar não tem o papel de avalizar metodologias ou
resultados, o que fica a cargo do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
ou outros órgãos. "O consumidor pode pedir uma revisão ou confirmação científica dos dados
apresentados, contudo em 99% dos casos esses certificados são garantia de qualidade. Se surgirem
dúvidas, quanto a dados numéricos de pesquisas de opinião pública, temos analistas no Conar que
podem dar seus pareceres", esclarece Corrêa. Mesmo assim, de acordo com ele, os processos
investigatórios são raríssimos.
RODRIGO, Enio. Ciência e cultura na publicidade. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?
pid=S0009-67252009000100006&script=sci_arttext>.Acesso em 22/04/2015.
Texto 3
SOLUÇÃO
João Paiva
Eu quero uma solução
homogênea, preparada,
coisa certa, controlada
para ter tudo na mão.
Solução para questão
que não ouso resolver.
Diluída num balão
elixir pra me entreter.
Faço centrifugação
para ter ar uniforme
uso varinha conforme,
seja mágica ou não.
Busco uma solução
tudo lindo, direitinho
eu quero ter tudo certinho
ter o mundo nesta mão.
Procuro mistura,
então aqueço tudo em cadinho.
E vejo não ter solução
mas apenas um caminho...
PAIVA, João. Quase poesia, quase química. Disponível em: <http://www.spq.pt/files/docs/boletim/poesia/quase-
poesia-quase-quimica-jpaiva2012.pdf> Acesso em: 22/04/2015.
TEXTO 4
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
"Quem usa e abusa do automóvel?" (4º parágrafo, texto 1).
Assinale a opção em que a regra ortográfica diverge em relação à grafia dos verbos acima apresentados.
7)
8)
a) simboli_ar
b) anali__ar
c) improvi__ar
d) pesqui__ar
e) parali__ar
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Qual opção apresenta o termo corretamente redigido conforme a norma culta da Língua Portuguesa?
a) Os jovens da Geração Y estão sempre anciosos por constantes desafios.
b) A extensão da capacidade dos jovens de fazer várias tarefas pode ser percebida na utilização das
ferramentas virtuais.
c) O Departamento de Educação dos Estados Unidos pesquizou o desempenho cognitivo e
motivacional de crianças que tiveram acesso a ferramentas virtuais.
d) Os jovens da Geração Y têm certo despreso pela rigidez por isso não consegue passar mais de
três meses no mesmo trabalho.
e) A análize que se faz do jovem dessa nova geração também leva em conta o questionamento
sobre a realização pessoal e profissional.
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Quando a rede vira um vício
Com o título "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet
Anônimos: "Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério".
Logo obteve resposta de um colega da rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em
frente ao computador. Preciso de ajuda". O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela
dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da
própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para
Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países
estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web – com concentração na faixa dos 15 aos
29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre comum viciado em álcool ou em drogas, o doente
desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do
exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconectado, e seu
desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim,
momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos,
perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo – e completamente virtual".
Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para
estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta
reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço
central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se
deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. " Como a internet faz parte do dia a
dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente
detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem
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mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta – até culminar,
pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas
na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras
profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por
sanduíches – que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a
vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: " Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do
que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem".
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão estatística para
isso – eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia –, mas pesa também uma
explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos
entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de "aliviar os sentimentos
negativos", tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num
momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente
favorável para que eles se expressem livremente". No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no
vício se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50%
deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário
que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração
é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção
de começo, meio ou fim.
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a
dependência em internet é reconhecida – e tratada – como uma doença. Surgiram grupos especializados
por toda parte. "Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", conta
um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80%
voltam a níveis aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se
mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à
bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de
conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas
horas diárias, o caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor.
Na avaliação de uma das psicólogas, "Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os
filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade
de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.
Marque a opção cuja grafia de todas as palavras está correta.
a) Um sinal claro de nossa evazão social é termos mais amigos na rede do que fora dela.
b) A proposta do texto não parece estravagante. Há, de certa forma, a necessidade de se chegar a
uma dose ideal no uso da internet .
c) Se uma vida mais consciente nos restitui a quase extinta vida social, que empecilhos mais fortes
nos impediriam de desfrutá-la?
d) O fato de a dependência em internet ser uma doença não exclue, é obvio, o empenho de
encorporarmos formas razoáveis de utilização da web.
e) Quem vive de forma mais displiscente não é capaz de perceber a drástica situação vivida pelos
jovens na era digital. Mas aquele que atribue importância a essa realidade procura analisar tudo com
cuidado.
9)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2009
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
Eles blogam. E você?
Após o surgimento da rede mundial de computadores, no início da década de 1990, testemunhamos uma
revolução nas tecnologias de comunicação instantânea. Nós, que nascemos em um mundo anterior à
Internet, aprendemos a viver no universo constituído por coisas palpáveis: casas, máquinas, roupas etc.
O contato se estabelecia entre seres humanos reais por meios "físicos": cartas, telefonemas, encontros.
Em um mundo concreto, a escola não poderia ser diferente: livros, giz, carteiras, quadro-negro, mural.
Esse espaço é ainda hoje definido por uma série de símbolos de um tempo passado e tem se mantido
relativamente inalterado desde o século XIX. Os alunos atuais, porém, são nativos digitais. Em outras
palavras: nasceram em um mundo no qual já existiam computadores, Internet, telefone celular,
tocadores de MP3, videogames, programas de comunicação instantânea (MSN, Google Talk etc.) e muitas
outras ferramentas da era digital. Seu mundo é definido por coisas imateriais: imagens, dados e sons que
trafegam e são armazenados no espaço virtual.
Um dos aspectos mais sedutores do ciberespaço é o seu poder de articulação social. Foi no fim da
década de 1990 que os usuários da Internet descobriram uma ferramenta facilitadora da interação
escrita entre diferentes pessoas conectadas em uma rede virtual: os weblogs, que logo ficaram
conhecidos como blogs. O termo é formado pelas palavras web (rede, em inglês) e log (registro,
anotação diária ) A velocidade de reprodução da blogosfera é assustadora: 120 mil novos blogs por dia,
1,4 blog por semana.
O blog se caracteriza por apresentar as observações pessoais de seu "dono" (o criador do blog) sobre
temas que variam de acordo com os interesses do blogueiro e também de acordo com o tipo de blog. As
possibilidades são infinitas: há blogs pessoais, políticos, culturais, esportivos, jornalísticos, de humor etc.
Os textos que o blogueiro insere no blog são chamados de posts. Em português, o termo já deu origem a
um verbo, "postar", que significa "escrever uma entrada em um blog". Os posts são cronológicos, porém
apresentados em ordem inversa: sempre do mais recente para o mais antigo. Os internautas que visitam
um blog podem fazer comentários aos posts.
Justamente porque facilitam a comunicação e permitem a interação entre usuários de todas as partes, os
blogs são interessantes ferramentas pedagógicas. Se a escola é o espaço preferencial para a construção
do conhecimento, nada mais lógico do que levar os blogs para a sala de aula, porque elestêm como
vocação a produção de conteúdo. Por que não criar um blog de uma turma, do qual participem todos os
alunos, para comentar temas atuais, para debater questões polêmicas, para criar um contexto real em
que o texto escrito surja como algo natural?
Na blogosfera, informação é poder. E os jovens sabem disso, porque conhecem o ciberespaço. O
entusiasmo pela criação de um blog coletivo certamente será acompanhado pelo desejo de transformá-lo
em ponto de parada obrigatória para os leitores que vagam no universo virtual. E esse desejo será um
motivador muito importante. Para conquistar leitores, os autores de um blog precisam não só ter o que
dizer, mas também saber como dizer o que querem, escolher imagens instigantes, criar títulos
provocadores.
Uma vez criado o blog da turma, as possibilidades pedagógicas a ele associadas multiplicam-se. Para
gerar conteúdo consistente é necessário pesquisar, considerar diferentes pontos de vista sobre temas
polêmicos, avaliar a necessidade de ilustrar determinados conceitos com imagens, definir critérios para a
moderação dos comentários, escolher os temas preferenciais a serem abordados etc. Todos esses
procedimentos estão na base da construção de conhecimento. Outro aspecto muito importante é que os
jovens, em uma situação rara no espaço escolar, vão constatar que, nesse caso, quem domina o
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10)
conhecimento são eles. Pela primeira vez não precisarão virar "analógicos" para se adaptar ao universo
da sala de aula. Eu blogo. Eles blogam. E você?
Maria Luiza Abaurre, in Revista Carta na Escola. (adaptado)
Observe as frases abaixo.
I - Como continha informações imprecindíveis aos alunos, o blog teve repercusão imediata.
II- Um blog não deve ter conteúdo obsceno, que provoque ultraje ou constranja os usuários.
III- A criação de blogs das turmas começou como algo despretencioso, mas a destreza dos alunos
motivou todo o colégio.
IV - Graças à cessão de material por parte dos professores, minha turma teve o privilégio de criar
um blog voltado para os assuntos tratados em sala.
Assinale a opção em que TODAS as palavras estão grafadas corretamente.
a) Apenas nas frases I e III.
b) Apenas nas frases II e III.
c) Apenas nas frases II e IV.
d) Apenas nas frases I, II e III.
e) Apenas nas frases I, III e IV.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2007
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
O aluno computador
Era uma vez um jovem casal muito feliz. Ela estava grávida e eles esperavam com grande ansiedade o
filho que nasceria. Transcorridos os nove meses de gravidez, ela deu à luz um lindo computador! Que
felicidade ter um computador como filho! Era o filho que desejavam! Por isso eles haviam rezado muito,
durante toda a gravidez. O batizado foi uma festança. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque
julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização.
Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.
E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo o que os professores ensinavam. E não
reclamava. Seus companheiros reclamavam, diziam que aquelas coisas que lhes eram ensinadas não
faziam sentido. Não aprendiam. Tiravam notas ruins. Ficavam de recuperação, o que não acontecia com
Memorioso.
Ele memorizava com a mesma facilidade a maneira de extrair raiz quadrada, reações químicas, fórmulas
de física, acidentes geográficos, datas de eventos históricos, regras de gramática, livros inteiros. A
memória de Memorioso era perfeita.
Ele só tirava dez. E isso era motivo de grande orgulho para os seus pais. Os outros casais, pais e mães
de colegas de Memorioso, morriam de inveja. Quando seus filhos chegavam em casa trazendo boletins
com notas vermelhas, eles gritavam: " Por que você não é como Memorioso? "
Memorioso foi o primeiro no vestibular o cursinho que ele freqüentava publicou sua fotografia em
outdoors. Apareceu na televisão como exemplo a ser seguido por todos os jovens. Na universidade, foi a
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11)
mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura.
Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Ganhou medalhas e mesmo uma bolsa para
doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Depois da cerimônia acadêmica, estavam
todos felizes no jantar. Até que uma linda moça se aproximou de Memorioso: " Eu gostaria de lhe fazer
urna pergunta " , disse a jovem. " Pode fazer " , respondeu Memorioso, confiante. Ele sabia todas as
respostas. Aí ela fez a pergunta: "De tudo o que você tem memorizado, o que mais te comove? ".
Memorioso ficou em silêncio. Aquela pergunta nunca lhe havia sido feita. Os circuitos de sua memória
funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas ela não estava registrada em sua
memória. Onde poderia estar? Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu. E, de
repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua
cabeça, enquanto a fumaça saía por suas orelhas. Memorioso primeiro travou. Depois de responder a
estímulos. Depois apagou, entrou em coma. Levado às pressas para o hospital de computadores,
verificaram que o seu disco rígido estava irreparavelmente danificado. Há perguntas para as quais a
memória não consegue responder. É preciso coração.
Revista Educação, fevereiro de 2007 - com adaptação.
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das frases abaixo.
O menino de raiva ao ver o pai ser pelo chefe.
Depois da minha fala, imaginei que a lição ia efeito.
Meu primeiro para a professora saiu meio resmungado.
O prejuízo da firma foi .
a) soava/ destratado/ sortir/ comprimento/ vultuoso
b) suava/ destratado/ surtir/ cumprimento/ vultoso
c) suava/ distratado/ surtir/ comprimento/ vultoso
d) soava/ distratado/ surtir/ comprimento/ vultoso
e) suava/ distratado/ sortir/ cumprimento/ vultuoso
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Marinha - Alun (CN)/CN/2005
Língua Portuguesa (Português) - Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
Declaração de amor
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi
profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de ter sutilezas e de reagir às vezes
com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de
sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve.
Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível
de uma frase. Eu gosto de manejá-la - como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas
rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que
escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de
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12)
língua já feita. Todos nós que 20 escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa
que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi
aprofundada. O que recebi de herança não me chega.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria
pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se
absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português.
Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse
virgem. e límpida.
(LISPECTOR,Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 134-5.)
Os vocábulos "alerteza", "portuguesa", "imprevisível" e "rédeas" estão corretamente grafados. Assinale a
opção que apresenta todas as palavras também com a grafia correta.
a) Experto, silhueta, disenteria, empecilho, nódoa.
b) Poleiro, maisena, marquesa, paletó, previlégio.
c) Amorosa, distensão, meretíssimo, mágua, umedecer.
d) Pagem, encaixar, percurso, candeeiro, boeiro.
e) Analisar, realisar, guela, encher, chuviscar.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Analise o emprego das palavras destacadas nas frases abaixo. Coloque (C) quando o emprego
estiver correto e (E) quando estiver errado, assinalando a seguir a opção correta.
( ) Cerca de cem pessoas compareceram à sessão de autógrafos daquela famosa escritora gaúcha.
( ) As ideias difundidas pelo autor vêm de encontro às expectativas da maioria dos brasileiros, mas
isso não desqualifica o livro.
( ) Daqui há três meses, haverá um novo show da minha banda preferida: mal posso esperar esse
evento!
( ) Dez autores foram convidados, naquela seção solene, a compor a mesa principal; os demais
ficaram na plateia do auditório.
( ) Vários convidados não sabiam aonde ficava o auditório, mais as recepcionistas estavam ali para
orientá-los.
( ) Nenhum dos concorrentes entendeu o porquê de o evento ter sido adiado, tampouco os
próprios apresentadores.
a) E - C - E - E - C - E
b) C - C - E - E - E - C
c) C - E - C - C - E - E
d) E - E - C - C - C - C
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13)
e) C - C - E - C - C - E
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Marinha - Alun (CN)/CN/2021
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Texto 1
Nunca imaginei um dia
Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como "eu jamais vou fazer isso" ou "nem morta eu faço
aquilo", limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de
instruções que nos autoimpomos. As vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar
esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém completamente diferente de mim, diferente a
um ponto radical mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro "nunca imaginei um dia". Feitos para ficarem a
dois planetas de distância um do outro. Mas o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão
confortável num mundo planejado, inaugurei a instabilidade emocional na minha vida. Prendi a
respiração e dei um belo mergulho.
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre
respeitosa com o mar e chata para molhar os cabelos afundei em busca de tartarugas gigantes e peixes
coloridos no mar de Fernando de Noronha. Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que
quase me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha primeira cavalgada depois dos
40, em São Francisco de Paula: Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show: do Zeca
Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, me infiltrei na torcida do Olímpico num
jogo entre Grêmio e Corinthians, mesmo sendo colorada.
Meu paladar deixou de ser monótono: comecei a provar alimentos que nunca havia provado antes. E
muitas outras coisas vetadas por causa do "medo do ridículo" receberam alvará de soltura. O ridículo
deixou de existir na minha vida.
Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque me permitindo ser um "eu" mais amplo. E sinto que é um
caminho sem volta.
Um mês atrás participei de outro capítulo da série "Nunca imaginei um dia". Viajei numa excursão, eu
que sempre rejeitei essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou sozinha, mas foi uma
experiência fascinante, ainda mais que a viagem não tinha como destino um pais do circuito Elizabeth
Arden (Paris-Londres-Nova York), mas um pais africano, muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de
Atacama, no Chile, será meu provável "nunca imaginei um dia" do próximo ano.
E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que nunca me permiti, o ato que me faria
merecer uma camisa-de-força: eu, que nunca me comovi com bichos de estimação, adotei um gato de
rua.
Pode colocar a culpa no espírito natalino: trouxe um bichano de três meses pra casa, surpreendendo
minhas filhas, que já haviam se acostumado com a ideia de ter uma mãe sem coração. E o que mais me
estarrece: estou apaixonada por ele.
Ainda há muitas experiências a conferir: fazer compras pela internet, andar num balão cozinhar
dignamente, me tatuar, ler livros pelo kindle, viajar de navio e mais umas 400 coisas que nunca imaginei
fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem essa também: deixei de ser tão cética.
Já que é improvável que o próximo ano seja diferente de qualquer outro, que a novidade sejamos nós.
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14)
Medeiros, Martha. Nunca imaginei um dia. 2009. Disponível em:
http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nuncaimaginei- um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev.
2021.
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas do período abaixo. "
alguns anos, ampliar suas descobertas e suas emoções, a autora passou a vivenciar
inovações, foi a adoção de um gato de rua a comovente."
a) Há - a fim de - bastantes - mas - mais
b) Há - afim de - bastantes - mais - mais
c) A - a fim de - bastante - mas - mais
d) A - afim de - bastantes - mais - mas
e) Há - a fim de - bastante - mas - mais
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CMCG - CA (CMCG)/CMCG/6º Ano do Ensino Fundamental/2021
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Leia a tirinha abaixo para responder ao item.
Disponível em:tirinhasarmandinho.tumblr.com Acesso em 26 de julho de 2021.Acesso em: 29 JUL 21.
Leia o fragmento de texto abaixo.
"Pense bem antes de adotar um bichinho".
Analise os termos grifados nas orações abaixo e assinale a alternativa que apresenta a mesma relação de
sentido e significado do termo destacado.
a) Fui mal na prova.
b) Ele é muito forte.
c) Ele não enxerga de longe.
d) Fruta faz bem para a saúde.
e) Na competição ele correu devagar.
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15)
16)
17)
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2021
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Leia o trecho inicial do ensaio “Saber para quê?”, do neurocientista Sidarta Ribeiro, para responder à
questão.
Vem da Antiguidade a metáfora de que o conhecimento se acumula como o volume de uma esfera em
expansão. Por meio da observação e da experimentação ampliamos nosso saber sobre o universo. A
superfície da esfera representa os pontos de contato com o desconhecido. À medida em que ela se
expande, surgem as novas perguntas que vamos formulando. Por essa razão, o incógnito — aquilo que
sabemos que ignoramos — cresce junto com o conhecimento. Lá fora, além da superfície da esfera, jaz o
insabido verdadeiro: todas as coisas que nem sabemos que não sabemos. Mas saber para quê?
Parafraseando o dito popular, pouca ciência com sabedoria é muito, muita ciência sem sabedoria é nada.
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.)
“À medida que ela se expande, surgem as novas perguntas que vamos formulando.”
No contexto em que se insere, o trecho sublinhado expressa ideia de
a) consequência.
b) comparação.
c) condição.
d) finalidade.
e) proporção.
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Instituto AOCP - Vest (FCN)/FCN/2019
LínguaPortuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Assinale a alternativa que apresenta a frase em que a ortografia empregada esteja de acordo com a
norma-padrão.
a) O solitário ficou a fim de sair após imaginar a festa.
b) Saíram afim de ir à festa.
c) Senão fosse à festa, ficaria incomodado.
d) Todos os amigos ficaram aonde haviam marcado a festa.
e) Eles foram à festa para não ficarem de mal humor.
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Instituto Consulplan - Vest (UNIFACIG)/UNIFACIG/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
A saúde em pedaços: os determinantes
sociais da saúde (DSS)
A redução da saúde à sua dimensão biológica se constitui em um dos maiores dilemas da área. Isso
porque essa visão estreita fundamenta práticas de pouco alcance quando se trata de saúde coletiva,
porquanto prioriza a assistência individual e curativa, constituindo-se em uma espiral em torno das
doenças e que, exatamente por isso, ajuda a reproduzi-las. Porém, essa concepção, embora hegemônica,
não existe sem ser tensionada.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX, tentou destacar que
saúde não é só a ausência de doença. Todavia, pouco explica o porquê disso, uma vez que, como diria
Ana Lúcia Magela de Rezende, na sua “Dialética da Saúde”, cai na tautologia de definir a saúde como
sendo o completo bem-estar físico, psíquico e social. Ora, dizer que saúde é bem-estar é o mesmo que
dizer que seis é meia dúzia. O que é o bem-estar?
Na formulação da OMS essa questão permanece vaga. O uso do termo completo junto a bem-estar torna
o conceito ainda mais problemático, tendo em vista seu caráter absolutista e, logo, inalcançável nestes
termos.
Foi o campo da Saúde do Trabalhador e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva (com
origens na Medicina Social Latino-Americana) que superaram as dicotomias entre saúde e doença, social
e biológico, e individual e coletivo ao formularem a concepção de saúde enquanto processo.
Considerando tal processualidade, nem estamos absolutamente doentes nem absolutamente sãos, mas
em contínuo movimento entre essas condições. Saúde e doença são dois momentos de um mesmo
processo, coexistem, uma explicando a existência da outra.
O predomínio de uma ou de outra depende do recorte e/ou ângulo de análise em cada momento e
contexto. Essa forma de entender a saúde rompe com o pragmatismo biologicista, mas sem negar que a
dimensão biológica é parte relevante do processo saúde-doença.
Possui o mérito (com autores como Berlinguer, Donnangelo, Laurell, Arouca, Tambellini, Breilh, Nogueira,
entre outros) de demonstrar que, embora a saúde se manifeste individual e biologicamente, ela é fruto
de um processo de determinação social. Processo esse que é histórico e dinâmico, uno mas heterogêneo.
Na verdade, só pode ser processo por causa dessas características. Ele nem pode ser considerado
estaticamente ou como algo imutável ou imune às transformações sociais, nem pode ser considerado
como um conjunto de fragmentos ou fatores quase que autônomos uns dos outros ou, muito menos,
como uma massa homogênea e amorfa.
(Diego de Oliveira Souza. Doutor em Serviço
Social/UERJ. Professor do PPGSSUFAL/Maceió e da graduação em Enfermagem/UFAL/Arapiraca.
Disponível em:https://docs.wixstatic.com/ugd/15557d_eae93514d26e4 aecb5e50ab81243343f.pdf.
Acesso em agosto de 2019. Adaptado.)
“Todavia, pouco explica o porquê disso, [...]” (2º§) Sabendo-se que as palavras recebem diferentes
classificações de acordo com a classe em se inserem, analise as afirmativas a seguir.
I. O termo “porquê” classifica-se como substantivo no contexto em análise.
II. O determinante que antecede o “porquê” é elemento responsável por torná-lo um substantivo.
III. Caso o termo “disso” fosse omitido e o “porquê” estivesse no final da frase, não poderia ser
classificado como substantivo, mas sim como uma conjunção.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, II e III.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2018
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1416838
18)
19)
20)
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Explique o motivo da utilização dos “porquês” neste trecho: Estava cansado, porque calculara
logaritmo o dia inteiro. Além disso, não gosto da rota feita e todos sabem o porquê.”
a) Os dois porquês são utilizados aqui para trazer a explicação para o cansaço do sujeito e para o
fato de não gostar de ir ao show ao vivo, um estando sem acento porque está no início da frase e o
outro levando acento porque está no final da frase.
b) A primeira forma indica causa, tendo o valor de “porém”, não estando acentuado porque é um
substantivo que está no início de frase. A segunda indica explicação, estando acentuado porque é um
substantivo que está no final da frase.
c) A primeira forma indica motivo, tendo o valor de “pois”, não sendo acentuado porque não é um
substantivo. A segunda também indica um motivo, não sendo substantivo e levando o acento apenas
porque está no final da frase.
d) A primeira forma indica causa, tendo o valor de “pois”, não estando acentuado porque é um
substantivo e que está no início da frase. A segunda também indica causa, estando acentuado porque
é um substantivo que está no final da frase.
e) A primeira forma indica a explicação para o sujeito estar cansado, tendo o valor de “pois”. A
segunda é um substantivo, o qual indica que o sujeito não gosta de shows ao vivo e que todos sabem
disso, podendo ser substituído por “motivo”.
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2017
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Há algumas delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas. Dadas
as proposições abaixo, marque a opção que preenche corretamente as lacunas:
Major Quaresma saiu ____ alguns minutos.
O mapa indica que o subúrbio fica ____ meia hora daqui.
Daqui ____ um ano iremos viajar.
Não vejo Ricardo Coração dos Outros ____ dias.
a) a; há; há; a
b) há; a; a; há
c) a; há; a; há
d) há; há; a; a
e) a; a; há; há.
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IBGP - Vest (UNIVAÇO)/UNIVAÇO/Medicina/2015
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
O paradoxo do ‘pau de selfie’
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Quando cunhou a expressão "década do eu" para definir os anos 1970 nos EUA, o escritor Tom Wolfe
não imaginava que, 40 anos depois, a febre global do "pau de selfie" colocaria o individualismo daquela
geração no chinelo. Para quem ainda consegue ignorar: "selfie stick", que em português ganhou essa
genial tradução, descreve um bastão extensor que acomoda, em sua extremidade, um smartphone ou
câmera fotográfica. Serve para ampliar o enquadramento de autorretratos – ou selfies.
Poderia ser mais um acessório tecnológico banal, mas ganhou vida própria. Listado como uma das
melhores invenções de 2014 pela revista "Time", protagonista de metade das chacotas postadas na
internet e objeto de extensas reportagens e análises, o "pau de selfie" é o gadget mais falado, usado,
discutido e ridicularizado da vida real e digital.
Chamado de "pochete tecnológica" por sua suposta cafonice, ou de "narcisstick", algo como "basto
narcísico", o acessório já foi debatido por seus efeitos no turismo (viajantes já obcecados por registrar a
própria imagem agora o fariam de maneiramais explícita e às vezes desrespeitosa, com o basto esticado
na cara de alguém), nas relações sociais (seria o fim do "tira uma foto pra mim?"), na psique coletiva
(estaríamos levando o narcisismo às últimas consequências) e, por fim, na segurança pública (seu uso foi
proibido em estádios de futebol no Reino Unido e no Ceará).
De tão controverso tornou-se popular ou de tão popular tornou-se controverso?
Arrisco outra hipótese. O que o bastão trouxe de novo, já que selfies povoam o mundo há algum tempo,
foi escancarar nossa vaidade e permanente necessidade de aprovação. É mais difícil ficar indiferente ao
ato de empunhar uma vareta do que ao simples "autoclique" com o celular.
O estardalhaço da cena incomoda não só porque é "ridícula", como resumem os críticos, mas também
talvez porque nos lembre de nossa própria carência de admiração, atenção, pertencimento.
E não adianta dizer "comigo não". Do prêmio Nobel ao "like" no Instagram, é a busca por
reconhecimento que move a maior parte de nossas conquistas.
Há maneiras muito distintas de fazê-lo, verdade. Mas seria ingenuidade (ou hipocrisia) achar que só
aquele fulano sorridente a disparar flashes sobre si mesmo quer ser querido, validado pelos outros.
As distorções que levaram exacerbação desse sentimento são outro capítulo. Mas rir do grupinho
amontoado diante da câmera talvez diga mais sobre nós mesmos do que sobre eles.
Antes de compartilhar a próxima piada sobre "pau de selfie", talvez seja melhor se lembrar de que
estamos todos juntos nessa foto.
MACEDO, Lulie. Folha de S. Paulo, 23 jan. 2015.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao
/2015/01/1579145-lulie-macedo-o-paradoxo-do-pau-deselfie. shtml.
Acesso em: 23 fev. 2015
O conector “mas” introduz a ideia de adição em
a) Poderia ser mais um acessório tecnológico banal, mas ganhou vida própria.
b) O estardalhaço da cena incomoda não só porque é "ridícula", como resumem os críticos, mas
também talvez porque nos lembre de nossa própria carência de admiração, atenção, pertencimento.
c) Mas seria ingenuidade (ou hipocrisia) achar que só aquele fulano sorridente a disparar flashes
sobre si mesmo quer ser querido, validado pelos outros.
d) Mas rir do grupinho amontoado diante da câmera talvez diga mais sobre nós mesmos do que
sobre eles.
21)
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Texto 01
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema
fundamental dos Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de
textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de
física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de
destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com
poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta
aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam
transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a
brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das
autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar essa
responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida
de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando
disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão
social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a
sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até
noturnos, parece estar aumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em
alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O
mercado observa a carência de pessoa qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a
sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da população seja
sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita, também, o
aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa
educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas a educação no Brasil. Em http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-
da-educacao-no-brasil-657.html-Com adaptações)
Assinale a opção correta quanto à grafia da palavra em destaque.
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22)
a) Eduardo saiu de casa, definitivamente, mas não disse porque.
b) Estudo porquê a concorrência no mercado de trabalho é grande.
c) Alguém sabe o porque de a loja de calçados estar fechada hoje?
d) O biólogo explicou o motivo por que as plantas estão ressecadas.
e) Por que as crianças ficaram gripadas, não viajaremos esta semana.
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito
tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado
que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos
computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás,
ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno
para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
o uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os
detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes
sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que
estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma
tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema
é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça
sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza aum texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
imagens etc.
Ai, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças
prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos,
levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento
etc.
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em
seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes
e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso,
caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
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23)
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse
trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.
SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado
Assinale a opção em que corretamente, de acordo com o o termo destacado está grafado contexto em
que foi utilizado.
a) Ela precisa estar atenta às informações de algumas emissoras de rádio a cerca do trânsito.
b) Com O advento da tecnologia, são tantos os estímulos e tanta pressão por que passam as pessoas.
c) Uma pessoa dirigindo precisa estar mas atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente.
d) Os adultos mau conseguem focar sua atenção em uma única coisa.
e) As crianças, afim de dar conta de várias coisas ao mesmo tempo, são muito exigidas desde o início
da vida.
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
TEXTO I
Campeonato do desperdício
No campeonato do desperdício, somos campeões em várias modalidades. Algumas de que nos
orgulhamos e outras de que nem tanto. Meu amigo Adamastor, antropólogo das horas vagas, não me
deu as causas primeiras de nossa primazia, mas forneceu-me uma lista em que somos imbatíveis. Claro,
das modalidades que "nem tanto".
Vocês já ouviram falar em lixo rico? Somos os campeões. Nosso lixo faria a fartura de um Haiti. Com o
que jogamos fora e que poderia ser aproveitado, poder-se-ia alimentar muito mais do que a população
do Haiti. Há pesquisas do assunto e cálculos exatos que "nem tanto". Somos um país pobre com mania
de rico. E nosso lixo é mais rico do que o lixo dos países ricos. Meu falecido pai costumava dizer: rico
raspa o queijo com as costas da faca; remediado corta uma casca bem fininha; pobre, contudo, arranca
uma lasca imensa do queijo. Meu pai dizia, e tenho a impressão que meu pai era um homem
preconceituoso, mas em termos de manuseio dos alimentos nacionais, arrancamos uma lasca imensa do
queijo, ah, sim, arrancamos.
Outra modalidade em que somos campeões absolutos, o desperdício do transporte. Ninguém no mundo
consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Não viajo pouco e me considero testemunha
ocular. A Anhanguera, por exemplo, tem verdadeiras plantações de soja em suas margens. Quando pego
uma traseira de caminhão e aquela chuva de grãos me assusta, penso rápido e fico calmo: faz parte da
competição e temos de ser campeões.
Na construção civil o desperdício chega a ser escandaloso. Um dia o Adamastor, antropólogo das horas
vagas, me veio com uma folha de jornal onde se liam estatísticas indecentes. Com o que se joga fora de
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1277885
24)
material (do mais bruto ao mais sofisticado), o Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA
exige e ainda poderia exportar cidades para o mundo.
Antigamente, este que vos atormenta, levava um litro lavado para trocar por outro cheio de leite. Você,
caro leitor, talvez nem tenha notícia disso. Mas era assim. Agora, compra-se o leite e sua embalagem
internamente aluminizada para jogá-la no lixo. Quanto de nosso petróleo vai para o lixo em forma de
sacos plásticos? Vocês já ouviram falar que o petróleo é um recurso inesgotável? Claro que não! Mas
sente algum remorso ao jogar os sacos trazidos do supermercado no lixo? Claro que não. Nossa cultura
de mosaico nos tirou a capacidade de ligar os fenômenos entre si.
E o que desperdiçamos de talentos, de esforço educacional? São advogados atendendo em balcão de
banco, engenheiros vendendo cachorro-quente nas avenidas de São Paulo, são gênios que se
desperdiçam diariamente como se fossem recursos, eles também, inesgotáveis. No dia em que a gente
precisar, vai lá e pega. No dia em que a gente precisar, pode não existir mais. Não importa, vivemos no
melhor dos mundos, segundo a opinião do Adamastor, o gigante, plagiando um tal de Dr. pangloss, que
ironizava um tal de Leibniz.
BRAFF, Menalton. Em www.cartacapital.com.br - Acesso em 14 jan., 2013
- adaptado.
Dr.Pangloss - personagem de Cândido, de Voltaire. Caracteriza-se pelo extremo otimismo.
Leibniz - Autor da teoria de que nada acontece ao acaso. Estamos no melhor dos mundos possíveis, o ser
só é, só existe, porque é o melhor possível.
Adamastor, o gigante - personificação do Cabo das Tormentas, em Os Lusíadas, do escritor português
Luiz Vaz de Camões.
Assinale a opção em que o termo destacado está grafado corretamente.
a) Você talvez mau tenha notícia de que o nosso lixo faria a fartura de um Haiti.
b) Outra modalidade de desperdício porque passamos é a do transporte de grãos.
c) O Brasil poderia construir mas estádios se não fosse o desperdício.
d) Há pesquisas e cálculos acerca do desperdício de talentos no país.
e) Como já ouviram falar, a um longo debate sobre sermos um país pobre com mania de rico.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2012
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Vereadores municipais receberam um documento em que o conteúdo do texto solicita o seguinte:
Senhores(as) vereadores(as) indígenas do município dos sonhos,
Após cumprimentá-los(as), solicito que Vossas Senhorias visitem a _______ de vendas da imobiliária Sol
da Manhã para a compra do terreno em que será projetada a plantação de manivas ainda este ano.
Ressalto a importância de prestar informações _______ população quanto à _______ do direito do
terreno assinado pela prefeitura.
Portanto, marquem uma _____ extraordinária para maiores esclarecimento aos demais evitando, assim,
um _____ entendido.
Preencha os espaços em branco e marque a alternativa que exige a escrita dos vocábulos corretamente:
A alternativa com a ordem CORRETA é:
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25)
a) Seção, à, sessão, cessão, mau
b) Sessão, à , cessão, seção, mal
c) Cessão, à, sessão, cessão, mal
d) Cessão, mau, seção, sessão, à
e) Seção, mal, cessão, seção, à
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Geração Y
Eles já foram acusados de tudo: distraídos, superficiais, impacientes, preocupados consigo mesmos e até
egoístas. Mas se preocupam com o ambiente, têm fortes valoresmorais e estão prontos para mudar o
mundo. São interessados em construir um mundo melhor e, em pouco tempo, vão tomar conta do
planeta. Eis algumas outras de suas características: só fazem o que gostam; não conseguem passar mais
de três meses no mesmo trabalho. Concebidos na era digital, democrática e da ruptura da família
tradicional, essa garotada está acostumada a pedir e ter o que quer.
Com vinte e poucos anos, esses jovens são os representantes da chamada Geração Y, um grupo que
está, aos poucos, provocando uma revolução silenciosa. Sem as bandeiras e o estardalhaço das gerações
dos anos 60 e 70, mas com a mesma força poderosa de mudança, eles sabem que as normas do
passado não funcionam - e as novas estão inventando sozinhos.
A novidade é que esse "umbiguismo" não é, necessariamente, negativo. Dizem que esses jovens estão
aptos a desenvolver a autorrealização, algo que, até hoje, foi apenas um conceito. Questionando o que é
a realização pessoal e profissional e buscando agir de acordo com seus próprios interesses, estão
levando a sociedade a um novo estágio, que será muito diferente do que conhecemos.
No trabalho, é comum os recém-contratados pularem de um emprego para o outro, tratarem os
superiores como colegas de turma ou baterem a porta quando não são reconhecidos. Não são revoltados
e têm valores éticos muito fortes; priorizam o aprendizado e as relações humanas. Mas é preciso, antes
de tudo, aprender a conversar com eles para que essas características sejam reveladas.
Essa é a primeira geração que não precisou aprender a dominar as máquinas, mas nasceu com TV,
computador e comunicação rápida dentro de casa. Parece um dado sem importância, mas estudos
comprovam que quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente. Uma
pesquisa do Departamento de Educação dos Estados Unidos revelou que crianças que usam programas
online para aprender ficam nove pontos acima da média geral e são mais motivadas.
Para alguns, são indivíduos multitarefas: ao mesmo tempo em que estudam, são capazes de ler notícias
na internet, checar a página do Facebook, escutar música e ainda prestar atenção na conversa ao lado.
Para eles, a velocidade é outra. Os resultados precisam ser mais rápidos, e os desafios, constantes. É
mais ou menos como se os nascidos nas duas últimas décadas fossem um celular de última geração.
Revista Galileu (Adaptado)
Qual a opção correta, no que diz respeito à grafia e ao emprego apropriado de formas e expressões que
causam dúvidas a quem pretende escrever na modalidade culta?
a) Aonde querem chegar os jovens da Geração Y com a prática da autorrealização e o desejo de
construir um mundo melhor?
b) A geração do milênio tem se constituído público-alvo das empresas do segmento computacional,
por que sabem utilizar aparelhos de alta tecnologia.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1281990
26)
c) Acerca de trinta anos, segundo alguns autores, nascia a Geração Y, também chamada geração da
Internet.
d) Sob o suposto "umbiguismo" da Geração Y, não devemos pensar que se preocupa, pura e
simplesmente, com seus próprios interesses.
e) Mau passaram a conviver com o computador, os jovens da geração do milênio demonstraram
destreza e muita aptidão no manuseio de diversas e inovadoras ferramentas virtuais.
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
Quando a rede vira um vício
Com o título "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet
Anônimos: "Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério".
Logo obteve resposta de um colega da rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em
frente ao computador. Preciso de ajuda". O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela
dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da
própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para
Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países
estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web – com concentração na faixa dos 15 aos
29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente
desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do
exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconectado, e seu
desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim,
momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos,
perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo – e completamente virtual".
Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para
estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta
reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço
central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se
deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. " Como a internet faz parte do dia a
dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente
detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem
mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta – até culminar,
pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas
na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras
profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por
sanduíches – que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a
vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: " Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do
que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem".
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão estatística para
isso – eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia –, mas pesa também uma
explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos
entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de "aliviar os sentimentos
negativos", tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num
momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente
favorável para que eles se expressem livremente". No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no
vício se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50%
deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário
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27)
que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração
é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção
de começo, meio ou fim.
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a
dependência em internet é reconhecida – e tratada – como uma doença. Surgiram grupos especializados
por toda parte. "Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", conta
um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80%
voltam a níveis aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que semantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à
bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de
conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas
horas diárias, o caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor.
Na avaliação de uma das psicólogas, "Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os
filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade
de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.
Marque a opção que obedece às regras de emprego do termo destacado.
a) Por quê não há ainda uma dose ideal para o uso da internet os pais devem temê-la?
b) Os psiquiatras e psicólogos procuram saber por quê o jovem fica conectado à web por uma
eternidade.
c) Investigar por que ter mais amigos na rede do que fora dela é um dos desafios levantados pelos
psicólogos.
d) Em relação à dependência da web, é preciso investigar porquê isso acontece, mas sempre com a
intenção de agir em busca de soluções.
e) Procura-se detectar porque alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para
estabelecer com ela uma relação doentia.
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O aluno computador
Era uma vez um jovem casal muito feliz. Ela estava grávida e eles esperavam com grande ansiedade o
filho que nasceria. Transcorridos os nove meses de gravidez, ela deu à luz um lindo computador! Que
felicidade ter um computador como filho! Era o filho que desejavam! Por isso eles haviam rezado muito,
durante toda a gravidez. O batizado foi uma festança. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque
julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização.
Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.
E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo o que os professores ensinavam. E não
reclamava. Seus companheiros reclamavam, diziam que aquelas coisas que lhes eram ensinadas não
faziam sentido. Não aprendiam. Tiravam notas ruins. Ficavam de recuperação, o que não acontecia com
Memorioso.
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28)
Ele memorizava com a mesma facilidade a maneira de extrair raiz quadrada, reações químicas, fórmulas
de física, acidentes geográficos, datas de eventos históricos, regras de gramática, livros inteiros. A
memória de Memorioso era perfeita.
Ele só tirava dez. E isso era motivo de grande orgulho para os seus pais. Os outros casais, pais e mães
de colegas de Memorioso, morriam de inveja. Quando seus filhos chegavam em casa trazendo boletins
com notas vermelhas, eles gritavam: " Por que você não é como Memorioso? "
Memorioso foi o primeiro no vestibular o cursinho que ele freqüentava publicou sua fotografia em
outdoors. Apareceu na televisão como exemplo a ser seguido por todos os jovens. Na universidade, foi a
mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura.
Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Ganhou medalhas e mesmo uma bolsa para
doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Depois da cerimônia acadêmica, estavam
todos felizes no jantar. Até que uma linda moça se aproximou de Memorioso: " Eu gostaria de lhe fazer
urna pergunta " , disse a jovem. " Pode fazer " , respondeu Memorioso, confiante. Ele sabia todas as
respostas. Aí ela fez a pergunta: "De tudo o que você tem memorizado, o que mais te comove? ".
Memorioso ficou em silêncio. Aquela pergunta nunca lhe havia sido feita. Os circuitos de sua memória
funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas ela não estava registrada em sua
memória. Onde poderia estar? Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu. E, de
repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua
cabeça, enquanto a fumaça saía por suas orelhas. Memorioso primeiro travou. Depois de responder a
estímulos. Depois apagou, entrou em coma. Levado às pressas para o hospital de computadores,
verificaram que o seu disco rígido estava irreparavelmente danificado. Há perguntas para as quais a
memória não consegue responder. É preciso coração.
Revista Educação, fevereiro de 2007 - com adaptação.
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas das sentenças abaixo.
O progresso chegou subúrbio. Daqui alguns anos, ninguém se lembrará
das casinhas que, pouco tempo, marcaram a paisagem familiar.
a) aquele/ a/ a
b) àquele/ à/ há
c) aquele/ à / à
d) aquele/ à/ há
e) àquele/ a/ há
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Marinha - Alun (CN)/CN/2006
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porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
O amigo da onça
A Onça, que é bicho valente - mas nem sempre atilado, como se pensa -, estava quietinha no seu canto,
quando lhe apareceu o compadre Lobo e lhe foi dizendo:
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- Saiba de uma coisa, comadre Onça: você - com perdão da palavra não é, como supõe, o bicho mais
valente e destemido que existe no mundo, nem também o Leão, com toda a sua prosa de rei dos
animais.
- Como assim! - gritou a Onça, enfurecida. Então, como é isso, grande pedaço de idiota? Haverá bicho
mais valente e poderoso do que eu?
O Lobo, adoçando a voz, respondeu:
- Ó comadre, me perdoe. Estou arrependido de dizer tal coisa ... Mas a minha intenção foi preveni la
contra um bicho terrível que apareceu nesta paragem. Uma pessoa prevenida vale por duas.
- Sim, não deixa você de ter alguma razão acudiu a Onça mais acomodada. Mas sempre quero saber o
nome desse bicho. Como se chama?
Esse bicho, comadre, chama-se homem, conforme me disse o amigo papagaio. Nunca vi em minha vida
animal de mais perigosa valentia. Ele sim, e ninguém mais, é o que me parece ser mesmo o verdadeiro
rei dos animais. Basta dizer que, de longe, o vi matar, com dois espirros, nada menos do que um leão e
uma hiena. Ih! Comadre, com o estrondo dos espirros parecia que tudo ia pelos ares. Deus nos livre!
- Oh! Compadre, não me diga!
- É como lhe conto. E o que mais admira é ser o bicho-homem de pequeno porte. Parece até fraco, e é
muito mal servido de unhas e dentes. Deve ser um bicho misterioso e encantado.
- Pois queira ou não queira, tem de mostrar-se o bicho, ou então, agora mesmo perderá a vida.
- Lá por isso não seja - disse o Lobo amedrontado.
- Iremos. Mas havemos de tomar todas as precauções. Eu - com a sua licença - posso correr mais do que
a comadre. Assim, levaremos uma embira daquelas que não arrebentam nunca. Amarro uma das pontas
no pescoço da comadre e a outra em minha cintura. Em caso de perigo, se for preciso fugir, a comadre e
eu corremos.
Fugir! Veja lá o que diz! Você já viu, seu podrela, alguma vez onça fugir?
- Não me expliquei bem. Eu é que fugirei. A comadre será apenas arrastada por mim. Isso não é fugir.
Está certo?
- Está bem. Faremos como propõe.
E partiram. A Onça com a embira atada ao pescoço, e o Lobo, muito respeitoso e tímido, a puxá-la.
Quando chegaram ao destino, o bicho-homem, surpreendido ao avistá-los, tirou da cinta a garrucha e,
atarantado, bateu fogo, isto é, espirrou, uma, duas vezes, que foi mesmo um estrondo de todos os
diabos.
O Lobo então mais que depressa disparou numa corrida desabalada, redobrando quanto podia as forças
para arrastar a Onça pela forte embira que tinha atado no pescoço dela.De repente, já muito distante, o Lobo sentiu que a Onça estava mais pesada. Parou então e contemplou
a companheira estendida no chão, com os dentes arreganhados, sem o mais leve movimento.
O Lobo, sem perceber que a Onça havia morrido enforcada no laço da embira - antes pensando que
estivesse apenas cansada - , disse-lhe, tremendo como varas verdes:
- He lá, comadre! Não ri não que o negócio é sério!
29)
(GOMES, Lindolfo. IN: literatura universal. Janeiro: Ediouro, 2001, Os 100 melhores contos de humor da Org. Flávio
Moreira da Costa. Rio de p. 522-3.)
Em "... muito mal servido de unhas e dentes.", o termo destacado é uma palavra homônima empregada
corretamente no texto. Assinale a opção em que a lacuna da sentença seja preenchida pela primeira
expressão entre parênteses.
a) O Lobo procurou a Onça ___________ de prevenir-lhe a respeito do bicho-homem. (afim/ a fim)
b) Os momentos _______________ passaram a Onça e o Lobo foram muito tensos. (por que /
porque)
c) A onça ordenou ao Lobo que a levasse até o bicho-homem, ____________ o mataria. (se não/
senão)
d) A Onça não queria fazer uma ______________ de seus direitos ao bicho- homem. (seção/cessão)
e) O Lobo foi ____________ da morte de um leão e uma hiena. (expectador/espectador)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2004
Língua Portuguesa (Português) - Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que,
porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
INFÂNCIA
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca mais se
[esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu ... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro ... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé
(Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p.53-4.)
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30)
Nas palavras "cosendo" e "comprida" foi observada a correta grafia em função do contexto em que as
palavras foram utilizadas. Assinale a opção em que a regra ortográfica foi respeitada.
a) A seção da câmara dos vereadores foi interrompida.
b) Mandou caçar o mandato do deputado.
c) Falamos a cerca de futebol.
d) Estudou afim de passar no concurso.
e) Ele é experto em Matemática.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Inicial maiúscula
TEXTO 2
Em Busca de Novas Armas Contra o Aedes Aegypt
O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha já foi diagnosticado com dengue duas vezes. Nenhuma
surpresa. O coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo
CruzI) (Fiocruz) e professor da MedicinaII) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul vive no Brasil,
país castigado pela doença nas últimas três décadas e por outras também transmitidas pelo Aedes
aegypt. Essas epidemias, explica o pesquisador nesta entrevista, devem continuar décadas adiante:
“Ainda utilizamos o modelo de controle do mosquito que foi exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz”.
Nem as águas de março que acabaram de fechar o verão são promessa de uma trégua. “Temos
observado que, em algumas localidades do Brasil, o padrão de ocorrência da dengue tem se mantido
estável mesmo fora do verão. Isso aponta o óbvio: a população e as autoridades sanitárias têm de atuar
durante todo o ano, e não somente no verão. Infelizmente, isso não ocorre em um padrão homogêneo”,
ensina Cunha, que comemora, no entanto, abordagens promissoras para o controle do mosquito e vê
uma melhora da vigilância nas últimas décadas.
Ciência Hoje: O Brasil sofreu recentemente com grandes surtos de dengue, zika e febre
amarela. Devemos esperar novos surtos em breve? O que dizem os dados epidemiológicos?
Rivaldo Venâncio da Cunha: As doenças transmitidas pelo Aedes continuarão ocorrendo nos próximos
20 ou 30 anos. Por que continuarão ocorrendo? Porque utilizamos o modelo de controle do mosquito que
foi exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz e, depois, com Clementino Fraga e outros. Se não houver
uma nova abordagem para controle do vetor, continuaremos tendo epidemias, porque, infelizmente, as
questões estruturais da sociedade permanecem praticamente inalteradas. Essa bárbara segregação social
que o Brasil tem, esse apartheid social, que é fruto de séculos, criou condições para haver comunidades
extremamente vulneráveis, onde a coleta do lixo, quando existe, é feita de forma inadequada, e nas
quais o fornecimento de água é irregular. São lugares onde o EstadoIII) inexiste. Há comunidades em que
policiais não podem entrar a qualquer hora, imagine um agente de controle de vetores. Essa
complexidade urbana não aparenta que será modificada nos próximos anos.
CUNHA, Rivaldo Venâncio da. Em Busca de Novas Armas Contra o Aedes Aegypt. Ciência Hoje, São Paulo, n.353,
abr. 2019. Entrevista concedida a Valquíria Daher. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/artigo/em-busca-de-
novasarmas- contra-o-aedes-aegypt/. Acessado em 27 de abril de 2019.
Quanto à utilização de letras maiúsculas no texto 2, atente para as seguintes assertivas:
I. A expressão “Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz” é
utilizada com letras maiúsculas para realçar o nome da instituição em questão.
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31)
II. A palavra “Medicina” é grafada, no texto 2, com letra maiúscula, porque o autor considera esse
termo como uma área do saber, diferenciando-a das demais áreas.
III. O termo “Estado” aparece, no texto 2, com letra maiúscula, porque significa uma entidade de
direito público administrativo que congrega várias instâncias do poder público.
Está correto o que se afirma em
a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.
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FUNCERN - CTNM (IF RN)/IF RN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
TEXTO 1
Dez anos da Lei das Cotas
Rosane Garcia
postado em 08/07/2022 | 06:00
A Lei das Cotas (nº 12.711/2012), que reserva 50% das vagas em universidade e institutos federais para
negros, completará uma década em 28 de agosto próximo. Ao longo desses 10 anos, ela se tornou mais
inclusiva, ao abrir espaço para indígenas e estudantes da rede pública, segmentos da sociedade que,
como os negros, foram, historicamente, segregados pelo Estado, pautado pelo racismo estrutural e
ambiental, base orientadora da formulação de políticas públicas excludentes.
Vista como uma reparação por danos provocados aos negros, após mais de 300 anos de escravidão, o
novo marco legal esbarrou na reação dos abomináveis racistas e escravagistas contemporâneos,
indignados com a conquista do movimento negro, que completou 40 anos neste 2022. Congressistas
foram ao Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar a nova lei.
Entre os argumentos, havia a alegação de que a regra privilegia pretos e pardos em detrimento dos
direitos dos brancos, tornando desigual a disputa por uma vaga nas universidades. É puro deboche falar
em desigualdade, quando todas as ações do poder público e setor privado sempre mortificaram o artigo
da Constituição anterior a de 1988, em que todos "são iguais perante as leis". Escárnio.
Um discurso ridículo, ante os mais de 300 anos de escravidão, tortura e assassinatos de homens,
mulheres e crianças sequestrados em terras africanas. Um crime de lesa-humanidade nunca reparado
pelo Estado brasileiro. Pelo contrário. Ter muitos escravos e ser dono de grandes extensões de terra —
latifúndios — representavamo poder político do explorador. Hoje, a eliminação de negros ainda é fato
corriqueiro, protagonizado por integrantes de forças de segurança pública em investidas nas periferias
dos centros urbanos.
Em uma década, a Lei das Cotas mudou o perfil das universidades brasileiras. Nesse período, o número
de alunos negros cresceu em torno de 400%. Hoje, eles somam mais de 38% dos estudantes, embora o
povo preto seja 56% da população brasileira.
O movimento pela diversidade tem mexido com as organizações privadas. Hoje, grandes corporações do
setor privado com compromisso social, nos mais diferentes ramos de atividade, criam programas para
que profissionais negros ocupem cargos de chefia ou de coordenação dentro das empresas. Uma
mudança importante no comportamento do empresariado, cujo olhar passa a enxergar a pluralidade
étnica e, também, de gêneros no país.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2472495
32)
Mesmo com todos os efeitos positivos, a Lei das Cotas tem sido rechaçada por grupos conservadores e
neonazistas, inconformados com a presença dos negros nas universidades ou em postos de mando em
algumas empresas. Esses segmentos têm representantes no Congresso e incitam os parlamentares a não
revalidarem a Lei das Cotas. As eleições de novembro podem ser um escudo, para evitar o
estilhaçamento da legislação. Mas, considerando-se a atual composição do parlamento, é preciso ficar
atento, pois o compromisso da maioria não tem sido, em hipótese alguma, com a sociedade. E, menos
ainda, com os afro-brasileiros.
Texto adaptado para fins pedagógicos. Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/07/5020827-artigo-dez-anos-da-lei-das-cotas.html.
Acesso em: 28 ago. 2022
TEXTO 2
Disponível em: https://nanabritomorais.jusbrasil.com.br/114688343/as-cotas-para-negros-por-que-mudei-de-
opiniao. Acesso em: 28 ago. 2022.
Entre os argumentos, havia a alegação de que (1) a regra privilegia pretos e pardos em detrimento dos
direitos dos brancos, tornando desigual a disputa por uma vaga nas universidades. É puro deboche falar
em desigualdade, quando todas as ações do poder público e setor privado sempre mortificaram o artigo
da Constituição anterior a de 1988, em que (2) todos (3) "são iguais perante as leis" (3). Escárnio (4).
O vocábulo ESCÁRNIO (4) é acentuado pelo mesmo motivo de
a) público.
b) étnica.
c) abomináveis.
d) completará.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Texto
Atalhos
Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos
inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde .demora pra
entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2228536
33)
Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo
amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo,
demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48.
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar
sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo
empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas
desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho
do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma
certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se nos momentos de afeto, pra todo o resto é melhor
atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e
voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um
cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência
para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.
MEDEIROS, Martha. Atalhos, 2004.{adaptado)
Assinale a opção em que todas as palavras são acentuadas pelas mesmas regras de cálice, obrigatório e
aí, respectivamente.
a) Álibi, infância, café.
b) Biquíni, balaústre, céu.
c) Lâmpada, álbum, maracujá.
d) Pudéssemos, cáries, saúde.
e) História, pônei, bisavô.
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IME - CFG (IME)/IME/2021
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Texto 1
ENGENHEIROS DA VITÓRIA
Solução de problemas na história
[...] Quando se fala na eficiência em conseguir equipamentos de combate e transferir combatentes de A
para B, os britânicos são campeões; certamente isso não foi por causa de alguma inteligência especial,
mas pela ampla experiência em organização e senso crítico depois de enfrentar chances adversas em
1940, juntamente com a perspectiva de derrota. Aqui a necessidade foi a mãe da invenção. Eles tinham
que defender suas cidades, transportar tropas até o Egito, apoiar os gregos, proteger as fronteiras da
Índia, trazer os Estados Unidos para a guerra e depois levar aquele imenso potencial americano para a
área da Europa. Era mais um problema a ser resolvido. Como foi possível fazer com que 2 milhões de
soldados americanos, depois de chegar às bases de Clyde, fossem para bases no sul da Inglaterra
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2090383
preparando-se para o ataque à Normandia, quando a maior parte das ferrovias britânicas estava ocupada
em transportar vagões de carvão para as fábricas de ferro e aço que não podiam parar de produzir?
Como se viu, uma organização composta por pessoas que cresceram decorando os horários da estrada
de ferro de Bradshaw como passatempo pode fazer isso, enquanto os altos comandantes consideravam
que tudo estava garantido porque confiavam na capacidade de seus administradores de nível médio.
Churchill acreditava que o melhor era não se preocupar demais com os problemas, pois tudo se
resolveria, isto é, uma maneira havia de ser encontrada, passo a passo.
Há uma outra forma de pensar sobre essa história de soluções de problemas, e ela vem de um exemplo
bem contemporâneo. Em novembro de 2011, enquanto o genial líder da Apple, Steve Jobs, recebia
inúmeras homenagens póstumas, um artigo intrigante foi publicado na revista New Yorker. Nele o autor,
Malcom Gladwell, argumentava que Jobs não era o inventor de uma máquina ou de uma ideia que
mudou o mundo; poucos seres o são (exceto talvez Leonardo da Vinci e Thomas Edison). Na verdade,
seu brilhantismo estava em adotar invenções alheias que não deram certo, a partir das quais construía,
modificava e fazia aperfeiçoamentos constantes. Para usar uma linguagem atual, ele era um tweaker, e
sua genialidade impulsionou como nunca o aumento de eficiência dos produtos de sua companhia.
A história do sucesso de Steve Jobs, contudo, não era nova. A chegada da Revolução Industrial do
século XVIII na Grã-Bretanha – muito provavelmente a maior revolução para explicar a ascensão do
Ocidente – ocorreu porque o país possuía uma imensa coleção de tweakers em sua cultura que
encorajaram o progresso [...]
A história da evolução do tanque T-34 soviético, de um grande pedaço de metal mal projetado e fraco
para uma arma de guerra mortífera, segura e de grande mobilidade, não foi uma história contínua de
tweaking? Não foi esse também o caso do grande bombardeiro americano, o B-29, que no início estava
tão mergulhado em dificuldades que chegou a se propor seu cancelamento até que as equipes da Boeing
resolveramos problemas? E as miraculosas histórias do P-51 Mustang, dos tanques de Percy Hobart e de
um poderoso sistema de radar tão pequeno que poderia ser inserido no nariz de um avião patrulha de
longa distância e virar a maré na Batalha do Atlântico? Depois que se unem os diversos pedaços
espalhados, tudo se encaixa. Mas todos esses projetos exigiram tempo e apoio.
Na verdade, os administradores de grandes companhias mundiais provavelmente se surpreendam diante,
digamos, do planejamento e orquestração do almirante Ramsay nos cincos desembarques simultâneos
no Dia D e gostariam de poder realizar um décimo do que ele fez.
Em suma, a vitória em grandes guerras sempre requer organização superior, o que, por sua vez, exige
pessoas que possam dirigir essas organizações, não com um interesse apenas moderado, mas da
maneira mais competente possível e com estilo que permitirá às pessoas de fora propor ideias novas na
busca da vitória. Os chefes não podem fazer isso tudo sozinhos, por mais que sejam criativos e dotados
de energia. É necessário haver um sistema de apoio, uma cultura de encorajamento, feedbacks
eficientes, uma capacidade de aprender com os revezes, uma habilidade de fazer as coisas acontecerem.
E tudo isto tem de ser feito de uma maneira que seja melhor do que aquela do inimigo. É assim que as
guerras são vencidas. [...]
O mesmo reconhecimento merecem, por certo, os militares de nível médio que mudaram a Segunda
Guerra Mundial, transformando as agressões do Eixo em 1942 em avanços irreversíveis dos Aliados em
1943-44, e finalmente destruindo a Alemanha e o Japão. É verdade, alguns desses indivíduos,
armamentos e organizações são reconhecidos, mas em geral de uma forma fragmentada e popularizada.
É raro que esses fios isolados sejam tecidos em conjunto para mostrar como os avanços afetaram as
muitas campanhas, fazendo a balança pender para o lado dos Aliados durante o conflito global. Mais raro
ainda é a compreensão de como o trabalho desses vários solucionadores de problemas também precisa
ser incluído numa importante “cultura do encorajamento” para garantir que simples declarações e
intenções estratégicas de grandes líderes se tornem realidade e não murchem nas tempestades da
guerra. Se isso é o que acontece, então vivemos com uma grande lacuna em nossa compreensão de
como a Segunda Guerra Mundial foi vencida em seus anos cruciais.
34)
KENNEDY, Paul. Engenheiros da Vitória: Os responsáveis pela reviravolta na Segunda Guerra Mundial. 1ª ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 407- 428 (texto adaptado).
Assinale a alternativa em que as palavras recebem o acento gráfico de acordo com as mesmas regras de
acentuação das palavras abaixo transcritas, respectivamente:
LÍDER , INCLUÍDO
a) ânsia, balaústre
b) bíceps, ciúme
c) líderes, difícil
d) país, ciúme
e) fácil, fiéis
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IME - CFG (IME)/IME/2021
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Texto 3
Lima Barreto (1881-1922) viveu em um período de intensas transformações sociais no País, marcado
pela abolição da escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanização crescente.
Filho de pais negros (o pai era tipógrafo e a mãe, professora), Lima Barreto abordou principalmente os
temas e os personagens típicos dos subúrbios cariocas, cruzando os limites da realidade e da ficção.
Nessa perspectiva, o conto A nova Califórnia, publicado em 1916, faz uma alusão à Corrida do ouro, nos
Estados Unidos, da primeira metade do século XIX, para condenar ironicamente a ganância e a busca do
enriquecimento fácil.
Sinopse do conto
Raimundo Flamel, um químico, chega à pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois,
ele encontra uma fórmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria
profundamente a cidade, até então, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some
misteriosamente. A partir daí, o cemitério é profanado, ocorrendo vários roubos de cadáveres.
A NOVA CALIFÓRNIA
Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia ao
nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase
diariamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um
maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros,
pacotes...
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na venda
perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.
– Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante construção: um
forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de vidros, facas sem
corte, copos como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras
como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila.
Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um
tipo que tinha parte com o tinhoso.
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Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a
chiar, e olhava a chaminé da sala de jantar a fumegar, não deixava de persignar-se e rezar um “credo”
em voz baixa; e, não fora a intervenção do farmacêutico, o subdelegado teria ido dar um cerco à casa
daquele indivíduo suspeito, que inquietava a imaginação de toda uma população.
Tomando em consideração as informações de Fabrício, o boticário Bastos concluíra que o desconhecido
devia ser um sábio, um grande químico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus
trabalhos científicos.
Homem formado e respeitado na cidade, vereador, médico também, porque o doutor Jerônimo não
gostava de receitar e se fizera sócio da farmácia para mais em paz viver, a opinião de Bastos levou
tranquilidade a todas as consciências e fez com que a população cercasse de uma silenciosa admiração a
pessoa do grande químico, que viera habitar a cidade.
De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando
perdidamente as águas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepúsculo, todos
se descobriam e não era raro que às “boas noites” acrescentassem “doutor”. E tocava muito o coração
daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianças, a maneira pela qual as contemplava,
parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer.
Na verdade, era de ver-se, sob a doçura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava
aquelas crianças pretas, tão lisas de pele e tão tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e
também as brancas, de pele baça, gretada e áspera, vivendo amparadas na necessária caquexia dos
trópicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razão de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda
a sua ternura com Paulo e Virgínia e esquecer-se dos escravos que os cercavam...
Em poucos dias a admiração pelo sábio era quase geral, e não o era unicamente porque havia alguém
que não tinha em grande conta os méritos do novo habitante. Capitão Pelino, mestre-escola e redator da
Gazeta de Tubiacanga, órgão local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sábio. “Vocês hão
de ver, dizia ele, quem é esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladrão fugido do Rio.”
A sua opinião em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival
para a fama de sábio de que gozava. Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio, era
gramático. Ninguém escrevia em Tubiacanga que não levasse bordoada do capitão Pelino, e mesmo
quando se falava em algum homem notável lá no Rio, ele não deixava de dizer: “Não há dúvida! O
homem tem talento, mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’... ”. E contraía os lábioscomo se tivesse engolido
alguma coisa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores
glórias nacionais. Um sábio...
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o Cândido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter
passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito
abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dois dedos de
prosa. Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se tão somente a
ouvir. Quando, porém, dos lábios de alguém escapava a menor incorreção de linguagem, intervinha e
emendava. “Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... ” Por aí, o mestre-escola intervinha com
mansuetude evangélica: “Não diga ‘asseguro’, senhor Bernardes; em português é garanto”.
E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e
outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres,
continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sábio veio distraí-lo um pouco da sua
missão. Todo o seu esforço voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia tão inopinadamente.
Foram vãs as suas palavras e a sua eloquência: não só Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas,
como era generoso – pai da pobreza – e o farmacêutico vira numa revista de específicos seu nome citado
como químico de valor.
35)
BARRETO, Lima. A nova Califórnia e outros contos. São Paulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado).
“Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se tão somente a ouvir.”
Segundo os preceitos da gramática normativa, a única alternativa, dentre as citadas abaixo, em que
todos os vocábulos possuem o acento prosódico diferente do encontrado na palavra em destaque
“avaro” é:
a) cateter, recorde, filantropo.
b) nobel, ureter, recorde.
c) pudico, recorde, ibero.
d) nobel, mister, ureter.
e) misantropo, mister, nobel.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2021
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
TEXTO I
Garimpo na Amazônia: um problema de todos nós
A atividade garimpeira está longe de ser um problema
que atinge exclusivamente os povos indígenas e, com a
omissão do Estado, ela se firma como uma questão de
saúde pública.
A bacia do rio Tapajós se transformou no epicentro do garimpo na Amazônia, que hoje se espalha como
uma epidemia e configura mais uma grave ameaça ao equilíbrio ecológico do bioma. Nesta região, para
além dos garimpos localizados nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, encontramos nada menos
que outros 418 garimpos no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável e mais 124 nas
Unidades de Proteção Integral.
Entre as áreas protegidas, o avanço do garimpo nas terras indígenas ganha ares de tragédia e é
impulsionado não só pelo crime organizado, que financia a extração e a compra do ouro explorado
desses territórios, mas também pela desorganização proposital do Estado para enfrentar esta atividade
criminosa dentro destes territórios; que se traduzem na manutenção de um ciclo infinito de violações
contra o meio ambiente e os povos indígenas.
No Pará, Amazonas e Roraima, as terras indígenas Munduruku, Kayapó e Yanomami e são palco de um
amplo espectro de violações perpetradas pelo garimpo contra os povos indígenas da Amazônia e da
omissão do Estado brasileiro, que, apesar das diversas denúncias e pedidos de socorro, segue
protegendo os criminosos que impõem a barbárie em pleno século 21.
Provocado pela resistência dos Munduruku à destruição do seu território e consequentemente do seu
modo de vida, no dia 15 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) recorreu ao Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF-1) para que o mesmo obrigue o governo brasileiro a retomar, em regime de
urgência, todas as operações de combate aos garimpos localizados no interior das terras indígenas
Munduruku e Sai Cinza, no sudoeste do Pará; haja vista que as operações foram interrompidas após
reunião do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que se reuniu com garimpeiros não indígenas e
indígenas que atuam dentro do território Munduruku.
Para além dos impactos ambientais que ameaçam a integridade ecológica das áreas invadidas, o garimpo
está longe de ser uma questão que prejudica exclusivamente os indígenas, pois promove uma série de
outros impactos que não se restringem ao ambiente onde a atividade se desenvolve, a exemplo da
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36)
contaminação por mercúrio que afeta, por exemplo, as milhares de pessoas que compõem a população
ribeirinha da Amazônia e que se alimentam periodicamente de peixe, uma vez que os peixes,
especialmente os chamados predadores, atuam como concentradores naturais de mercúrio, que uma vez
acumulado no corpo humanos, causa toda uma ordem de problemas nos rins, fígado, aparelho digestivo
e no sistema nervoso central.
Por tudo isso, não restam dúvidas de que a atividade garimpeira há muito se estabeleceu como um
problema ambiental e de polícia, mas ainda precisa ser reconhecida sobretudo como um problema de
saúde pública, que impõe mudanças radicais no modo de vida das populações amazônicas, sejam elas
indígenas ou não. Assim, ações de denúncia e combate ao garimpo empreendidas pelo povo Munduruku
e outros povos, não podem ser ignoradas pelo restante da sociedade brasileira, especialmente porque
tais ações são muito mais que pedidos de socorro, elas constituem-se num chamado ao debate
civilizatório requerido pelo século em que vivemos. A sociedade brasileira não pode mais aceitar conviver
com uma prática tão nefasta ao meio ambiente e a todos os brasileiros.
Extraído de: https://www.greenpeace.org/brasil/
blog/garimpo-naamazonia- um-problema-de-todos-nos/. Acesso em 25 de maio de 2021
Quanto à acentuação gráfica das palavras retiradas do texto I: “Pará”; “indígena”; “Amazônia” e
“mercúrio”, podemos classificá-las, respectivamente, como:
a) Oxítona; proparoxítona; proparoxítona; paroxítona;
b) Paroxítona; paroxítona; proparoxítona; paroxítona;
c) Oxítona; proparoxítona; paroxítona; paroxítona;
d) Proparoxítona; proparoxítona; paroxítona; paroxítona;
e) Oxítona, proparoxítona; paroxítona; proparoxítona.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2021
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Texto 1
Nunca imaginei um dia
Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como "eu jamais vou fazer isso" ou "nem morta eu faço
aquilo", limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de
instruções que nos autoimpomos. As vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar
esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém completamente diferente de mim, diferente a
um ponto radical mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro "nunca imaginei um dia". Feitos para ficarem a
dois planetas de distância um do outro. Mas o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão
confortável num mundo planejado, inaugurei a instabilidade emocional na minha vida. Prendi a
respiração e dei um belo mergulho.
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre
respeitosa com o mar e chata para molhar os cabelos afundei em busca de tartarugas gigantes e peixes
coloridos no mar de Fernando de Noronha. Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que
quase me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha primeira cavalgada depois dos
40, em São Francisco de Paula: Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show: do Zeca
Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, me infiltrei na torcida do Olímpico num
jogo entre Grêmio e Corinthians, mesmo sendo colorada.
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Meupaladar deixou de ser monótono: comecei a provar alimentos que nunca havia provado antes. E
muitas outras coisas vetadas por causa do "medo do ridículo" receberam alvará de soltura. O ridículo
deixou de existir na minha vida.
Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque me permitindo ser um "eu" mais amplo. E sinto que é um
caminho sem volta.
Um mês atrás participei de outro capítulo da série "Nunca imaginei um dia". Viajei numa excursão, eu
que sempre rejeitei essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou sozinha, mas foi uma
experiência fascinante, ainda mais que a viagem não tinha como destino um pais do circuito Elizabeth
Arden (Paris-Londres-Nova York), mas um pais africano, muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de
Atacama, no Chile, será meu provável "nunca imaginei um dia" do próximo ano.
E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que nunca me permiti, o ato que me faria
merecer uma camisa-de-força: eu, que nunca me comovi com bichos de estimação, adotei um gato de
rua.
Pode colocar a culpa no espírito natalino: trouxe um bichano de três meses pra casa, surpreendendo
minhas filhas, que já haviam se acostumado com a ideia de ter uma mãe sem coração. E o que mais me
estarrece: estou apaixonada por ele.
Ainda há muitas experiências a conferir: fazer compras pela internet, andar num balão cozinhar
dignamente, me tatuar, ler livros pelo kindle, viajar de navio e mais umas 400 coisas que nunca imaginei
fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem essa também: deixei de ser tão cética.
Já que é improvável que o próximo ano seja diferente de qualquer outro, que a novidade sejamos nós.
Medeiros, Martha. Nunca imaginei um dia. 2009. Disponível em:
http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nuncaimaginei- um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev.
2021.
Assinale a opção que apresenta palavras que devem ser acentuadas seguindo, respectivamente, as
mesmas regras das palavras em destaque nos trechos: "[ ... ] sempre me senti tão confortável [ ... ]"
(2º§); "O ridículo deixou de existir na minha vida." (4º§); e"[ ... ] que a novidade sejamos nós". (10º§)
:·
a) Carater, comodo, pa.
b) Cascavel, cubículo, no.
c) Armazem, albuns, açai.
d) Aprazível, bíceps, atras.
e) Cartomancia, alcool, soror.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Saúde/2020
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
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37)
38)
Sobre os elementos linguísticos que compõem a mensagem veiculada nessa publicidade, está correto o
que se afirma na alternativa
a) “Gripe” e “doença” são substantivos com a sílaba tônica na mesma posição, possuem o mesmo
número de sílabas, mas exercem diferentes funções sintáticas na oração.
b) “séria” qualifica o vocábulo “doença”, sendo acentuada por ser paroxítona terminada em ditongo
decrescente.
c) “se”, em Vacine-se”, complementa o sentido da forma verbal que se encontra na voz reflexiva.
d) “de”, em “de 10 de abril”, nas duas ocorrências, apresentase como especificador do tempo.
e) “a” é um conector intervocabular que, no contexto, expressa a ideia de distância.
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IME - CFG (IME)/IME/2019
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista
carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional
efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma
psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de
conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações
promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era
exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas
experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que
reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele,
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se.
Texto 1
Capítulo IV
UMA TEORIA NOVA
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por
todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo
que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos
mais heroicos.
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado em temperar um
medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2043495
Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os
cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se
explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito,
quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr
Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes
amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve
dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa
ele recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção
até o pescoço.
– Estou muito contente, disse ele.
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula.
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me
atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma
investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face
da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão;
começo a suspeitar que é um continente.
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia.
No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande
cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como
um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na
história. Assim, apontou com especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar,
Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos
e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se
admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu.
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia,
principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo;
declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem
equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que comoas demais vilas, arraiais e povoações
da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio de
cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca.
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as
ruas do povoado, com uma matraca na mão.
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, – um
remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da
vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era
conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele
justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador
de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer
trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto
cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta
confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime mereciam o
desprezo do nosso século.
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário.
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor
começar pela execução.
– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola,
que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A
razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la,
que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de
execução.
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão
perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?
Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o
desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas.
A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a teologia não soube
enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1939>. Acesso em:
12/08/2019.
_____________________________________
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da
antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha
da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no
entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no
continente europeu.
Texto 2
XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
39)
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
“Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia,
principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiamo,
declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”.”
Assinale a alternativa na qual o(s) vocábulo(s) acentuado(s) recebe(m) o acento gráfico com base na
mesma justificativa gramatical utilizada na palavra em destaque:
a) “Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro [...]”
b) “Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os cronistas [...]”
c) “Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.”
d) “[...] reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí.”
e) “[...] chegava a entendê-la, que era uma obra absurda [...]”
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
TEXTO 3
O Açúcar
Ferreira Gullar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por
milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o
Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
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40)
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de
fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em
Ipanema.
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1980. p.277-278.
A divisão social do trabalho, expressa no texto 3, é destacada acentuadamente nos versos
a) “Vejo-o puro / e afável ao paladar / como beijo de moça, água / na pele, flor que se dissolve na
boca” .
b) “Este açúcar veio / da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, / dono da mercearia” ).
c) “Em usinas escuras, / homens de vida amarga / e dura / produziram este açúcar / branco e puro /
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema” .
d) “Este açúcar era cana / e veio dos canaviais extensos / que não nascem por acaso / no regaço do
vale”).
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2019
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
O texto a seguir é um excerto de uma notícia veiculada no Diário do Nordeste, Do dia 13 de maio de
2019. Observe as palavras destacadas e marque a alternativa INCORRETA.
Três integrantes de facção criminosa com atuação no Ceará foram presos pela Delegacia de Repressão
às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil do Estado. Os suspeitos foram detidos na
última sexta-feira (10), em Mossoró, no Rio Grande do Norte. As informações foram divulgadas
durante coletiva de imprensa na sede da Draco na manhã desta segunda (13), pelo titular da delegacia,
Harley Filho.
Os presos são Antônio Iago da Silva, 26, o Magnata; Carlos Sérgio Galdino Facó, 35, conhecido como
Morada; e Dhelk Vieira Silvestre, 29. Todos já tinham antecedentes criminais e são suspeitos de uma
série de crimes no Estado, incluindo participação direta na onda de ataques criminosos que assolou o
Ceará entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, de acordo com Harley.
a) As palavras Ceará, Mossoró e já comportam a mesma regra de acentuação gráfica;
b) Série é acentuada por ser uma paroxítona terminada em ditongo crescente;
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41)
c) O acento grave de às é um caso de regência nominal;
d) Antônio e sériesão acentuadas pela mesma regra;
e) Já é um monossílabo tônico.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta
Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu
meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia
evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, ela iniciou a mensagem com um "bom dia,
amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-Ia pra festa.
Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse
que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para
mim, em quem confia 100%. Como não chamá-Ia para a próxima ceia de Natal aqui em casa?
Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando
condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho
a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as
fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me
comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim,
mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das
distâncias suprimidas: nunca fomos tão Intimas de todos.
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta. Intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o
que,' infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas
amam você, mesmo sem conhecê-Ia de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em
entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um
amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. E/e não
está nem ai para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que
você o adote.
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns
aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo
sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente
por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se Intimo a seu modo. Já
alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do
outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.
Martha Medeiros - http://www.revistaversar.com.br/redes-sociais-Intimidade/::(com adaptações)
Assinale a opção que apresenta palavras que devem ser acentuadas seguindo as mesmas regras,
respectivamente, das palavras destacadas no trecho "A diferença - a favor do cachorro - é que este está
realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se intimo a seu
modo." (7°§).
a) Ruim, aprazivel, penultimo.
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42)
43)
b) Hifens, climax, hiperbole.
c) Parabens, exequivel, interim.
d) Açai, gratuito, rubrica.
e) Tenaz, improvavel, alcoolico.
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Instituto AOCP - Vest (FCN)/FCN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Assinale a alternativa em que os seguintes pares de palavras são acentuados de acordo com a
mesma regra.
a) Solitária – meditação.
b) Aí – é.
c) Televisão – frágeis.
d) Sensível – ninguém.
e) Ausência – silêncio.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Medicina/2018
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Malala luta pelo acesso à escola de meninas no Paquistão e sobreviveu a uma tentativa de homicídio
por parte de talibãs, em 2012. A jovem foi baleada por militantes em 9 outubro de 2012, no vale de
Swat, na província rebelde paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa. O Talibã assumiu a autoria do ataque,
alegando em comunicado que Malala foi visada por promover o “secularismo” no país. Depois de receber
tratamento médico inicial no Paquistão, Malala foi enviada para o Reino Unido, onde reside atualmente
com sua família.
Antes do atentado, Malala vinha fazendo campanha pelo direito das meninas à educação em Swat, além
de ser uma crítica veemente dos extremistas islâmicos. Ela foi elogiada mundo afora por escrever sobre
as atrocidades do Talibã num blog da BBC no idioma urdu.
Malala percorreu um longo caminho desde então, sendo um ícone internacional da resistência, do
fortalecimento das mulheres e do direito à educação. Entre as numerosas distinções que recebeu está o
prestigioso prêmio de direitos humanos Sakharov, da União Europeia. Ela também foi a ganhadora do
Prêmio Nobel da Paz em 2014. Em seu próprio país, no entanto, é desprezada por muitos, que a acusam
de ser agente dos EUA, decidida a difamar o Paquistão e o islã.
Em 2017, Malala foi nomeada Mensageira da Paz pela ONU. Numa cerimônia na sede das Nações Unidas
em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, entregou-lhe o grande prêmio, dizendo ter-
se sentido inspirado pelo “compromisso inabalável” da jovem com a paz, assim como por sua
“determinação em promover um mundo melhor”.
MALALA YOUSAFZAI vem a São Paulo falar sobre direito à educação Disponível em:
<http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: set. 2018.
Tomando como referência os conhecimentos sobre acentuação gráfica, é correto afirmar que os
vocábulos,
a) “homicídio” e “prêmio” são acentuados por diferentes razões.
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44)
b) “país” e “além”, recebem sinal diacrítico, no primeiro caso, porque o “í” faz hiato com a vogal
anterior e forma sílaba com “s”, e, no segundo, porque é oxítona com a terminação "em".
c) “islâmicos” e “ícone”, por serem trissilábicos, levam, respectivamente, acento circunflexo e agudo,
devido à pronúncia fechada e aberta que possuem.
d) “está” e “também” pertencem ao grupo das palavras cuja tônica é a última sílaba e todas são
assinaladas graficamente.
e) “próprio” e “inabalável” aparecem sinalizados da mesma maneira por se tratar de proparoxítonos.
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminadose humildes,
lembrando passadas eras...
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Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico- era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentinocomparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
45)
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
Assinale a alternativa em que os vocábulos são acentuados de acordo com as mesmas regras de
acentuação gráfica das palavras abaixo transcritas, respectivamente:
sandália (verso 7, texto 1); úmida (verso 17, texto 1); só (verso 28, texto 1); sensível (verso 55, texto
2); conteúdo (verso 95, texto 2).
a) réstia, sifilítico, vê, grátis, baú
b) água, família, há, revólver, frágil
c) infância, matéria, à, móveis, saúva
d) estória, poético, têm, viúva, maiúscula
e) solitária, fáceis, deixá-lo, médio, carícia
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Marinha - Alun (CN)/CN/2017
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Assinale a opção na qual a palavra em destaque está acentuada conforme a regra ortográfica
vigente.
a) O marido estava com os pêlos do braço emaranhados por esfregá-los na toalha.
b) Alegando estar com cefaléia, a mulher continuou em silêncio até o final do jantar.
c) O marido pediu ao garçom uma pêra flambada com calda de chocolate para dois.
d) A mulher não prestou atenção ao escarcéu que o marido fez por causa da Interne!.
e) De um pólo a outro, muitos abdicam de uma conversa ao vivo para usar o whatsApp.
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46)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2016
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando
sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,
nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são
potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do
"sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que
guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e,
até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma
o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são
esquecidos. Eles são desnecessários corno "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de
um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se
opõe à que nos deforma por estagnação. A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.
[ ... ]
Para aprender a perguntar, porque o pensamento dependa formal, mas porque ler é um precisamos
aprender a ler. Não da gramática ou da língua tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a
entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de
nós mesmos.
Pensar, esse muitas vezes em simples e ao lamentável que cultura em que ato que está faltando entre
nós, começa aí, silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto mesmo tempo complexo que é ler um livro.
É as pessoas sucumbam ao clima programado da ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livronunca
prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos
que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha
descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e
diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela
mesma - é algo bem diferente.
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
https://resvitacultural.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)
Em que opção a acentuação do termo destacado está correta?
a) A prática da leitura constrói cidadãos capazes de entender criticamente a realidade.
b) De acordo com O texto, pessoas que lêem, desenvolvem o raciocínio e falam melhor.
c) Quando o conferencista enfatizou a importância da leitura, foi ovacionado pela platéia.
d) A ignorância prepotente deforma por estagnação, pois o indivíduo pára de questionar.
e) Se os livros são fundamentais na formação das pessoas, é bom que se averigúem as causas da
diminuição da leitura.
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IME - CFG (IME)/IME/2015
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
LEIA OS TEXTOS A SEGUIR E UTILIZE-OS PARA SOLUÇÃO DA QUESTÃO.
Texto 1
A QUÍMICA EM NOSSAS VIDAS
Carlos Corrêa
Há a ideia generalizada de que o que é natural é bom e o que é sintético, o que resulta da ação do
homem, é mau. Não vou citar os terremotos, tsunamis e tempestades, tudo natural, que não têm nada
de bom, mas certas substâncias naturais muito más, como as toxinas produzidas naturalmente por certas
bactérias e os vírus, todos tão na moda nestes últimos tempos. Dentre os maiores venenos que existem,
seis são naturais. Só o sarin (gás dos nervos) e as dioxinas é que são de origem sintética.
Muitos alimentos contêm substâncias naturais que podem causar doenças, como por exemplo o
isocianato de alila (alho, mostarda) que pode originar tumores, o benzopireno (defumados, churrascos)
causador de câncer do estômago, os cianetos (amêndoas amargas, mandioca) que são tóxicos, as
hidrazinas (cogumelos) que são cancerígenas, a saxtoxina (marisco) e a tetrodotoxina (peixe estragado)
que causam paralisia e morte, certos taninos (café, cacau) causadores de câncer do esôfago e da boca e
muitos outros.
A má imagem da Química resulta da sua má utilização e deve-se particularmente à dispersão de resíduos
no ambiente (que levam ao aquecimento global e mudanças climáticas, ao buraco da camada de ozônio
e à contaminação das águas e solos) e à utilização de aditivos alimentares e pesticidas.
Muitos desses males são o resultado da pouca educação dos cidadãos. Quem separa e compacta o lixo?
Quem entrega nas farmácias os medicamentos que se encontram fora do prazo de validade? Quem trata
os efluentes dos currais e das pocilgas? Quem deixa toda a espécie de lixo nas areias das nossas praias e
matas? Quem usa e abusa do automóvel? Quem berra contra as queimadas mas enche a sala de fumaça,
intoxicando toda a família? Quem não admira o fogo de artifício, que enche a atmosfera e as águas de
metais pesados?
Há o hábito de utilizar a expressão “substância química” para designar substâncias sintetizadas,
imprimindo-lhes um ar perverso, de substância maldita. Há tempos passou na TV um anúncio destinado
a combater o uso do tabaco que dizia: “… o fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias químicas
tóxicas, irritantes e cancerígenas…”. Bastaria referir “substâncias”, mas teve de aparecer o qualificativo
“químicas” para lhes dar um ar mais tenebroso. Todas as substâncias, naturais ou de síntese, são
“substâncias químicas”! Todas as substâncias, naturais ou de síntese, podem ser prejudiciais à saúde!
Tudo depende da dose.
Qualquer dia aparecerá uma notícia na TV referindo, logo a seguir às notícias dos dirigentes e jogadores
de futebol, que “A água, substância com a fórmula molecular H2O, foi a substância química responsável
por muitas mortes nas nossas praias”… por falta de cuidado! Porque os Químicos determinaram as
estruturas e propriedades dessas substâncias, haverá razão para lhes chamar “substâncias químicas”?
Estamos sendo envenenados pelas muitas “substâncias químicas” que invadem as nossas vidas?
A ideia de que o câncer está aumentando devido a essas “substâncias químicas” é desmentida pelas
estatísticas sobre o assunto, à exceção do fumo do tabaco, que é a maior causa de aumento do câncer
do pulmão e das vias respiratórias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um aumento do
número de cânceres. Curiosamente, o tabaco é natural e essas 4000 substâncias tóxicas, irritantes e
cancerígenas resultam da queima das folhas do tabaco. A reação de combustão não foi inventada pelos
químicos; vem da idade da pedra, quando o homem descobriu o fogo.
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O número de cânceres das vias respiratórias na mulher só começou a crescer em meados dos anos 60,
com a emancipação da mulher e o subsequente uso do cigarro. É o tipo de câncer responsável pelo
maior número de mortes nos Estados Unidos. Não é verdade que as substâncias de síntese (as
“substâncias químicas”) sejam uma causa importante de câncer; isso sucede somente quando há
exposição a altas doses. As maiores causas de câncer são o cigarro, o excesso de álcool, certas viroses,
inflamações crônicas e problemas hormonais. A melhor defesa é uma dieta rica em frutos e vegetais.
Há alguns anos, metade das substâncias testadas (naturais e sintéticas) em roedores deram resultado
positivo em alguns testes de carcinogenicidade. Muitos alimentos contêm substâncias naturais que dão
resultado positivo, como é o caso do café torrado, embora esse resultado não possa ser diretamente
relacionado ao aparecimento de um câncer, pois apenas a presença de doses muito elevadas das
substâncias pode justificar tal relação.
Embora um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Coração de Sheba, Israel, mostrasse
que a cafeína do café tem propriedades antioxidantes, atuando no combate a radicais livres, diminuindo
o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, a verdade é que, há meia dúzia de anos, só
3% dos compostos existentes no café tinham sido testados. Das trinta substâncias testadas no café
torrado, vinte e uma eram cancerígenas em roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar
de tomar café? Certamente que não. O que sucede é que a Química é hoje capaz de detectar e
caracterizar quantidades minúsculas de substâncias, o que não sucedia no passado. Como se disse, o
veneno está na dose e essas substâncias estão presentes em concentrações demasiado pequenas para
causar danos.
Diante do que se sabe das substâncias analisadas até aqui, todos concordam que o importante é
consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais. Isso compensa inclusive riscos associados à
possível presença de pequenas quantidades de pesticidas.
CORRÊA, Carlos. A Química em nossas vidas. Disponível em: <http://www.cienciahoje.pt/index.php?
oid=49746&op=all>. Acesso em 17 Abr 2015. (Texto adaptado)
Texto 2
CONSUMIDORES COM MAIS ACESSO À INFORMAÇÃO QUESTIONAM A VERDADE QUE LHES É
VENDIDA
Ênio Rodrigo
Se você é mulher, talvez já tenha observado com mais atenção como a publicidade de produtos de
beleza, especialmente os voltados a tratamentos de rejuvenescimento, usualmente possuem novíssimos
"componentes anti-idade" e "micro-cápsulas" que ajudam "a sua pele a ter mais firmeza em oito dias",
por exemplo, ou mesmo que determinados organismos "vivos" (mesmo depois de envazados,
transportados e acondicionados em prateleiras com pouco controle de temperatura) fervilham aos
milhões dentro de um vasilhame esperando para serem ingeridos ajudando a regular sua flora intestinal.
Homens, crianças, e todo tipo de público também não estão fora do alcance desse discurso que utiliza
um recurso cada vez mais presente na publicidade:a ciência e a tecnologia como argumento de venda.
Silvania Sousa do Nascimento, doutora em didática da ciência e tecnologia pela Universidade Paris VI e
professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), enxerga nesse
processo um resquício da visão positivista, na qual a ciência pode ser entendida como verdade absoluta.
"A visão de que a ciência é a baliza ética da verdade e o mito do cientista como gênio criador é
amplamente difundida, mas entra, cada vez mais, em atrito com a realidade, principalmente em uma
sociedade informacional, como a nossa", acrescenta.
Para entender esse processo numa sociedade pautada na dinâmica da informação, Ricardo Cavallini,
consultor corporativo e autor do livro O marketing depois de amanhã (Universo dos Livros, 2007), afirma
que, primeiramente, devemos repensar a noção de público específico ou senso comum. "Essas
categorizações estão sendo postas de lado. A publicidade contemporânea trata com pessoas e elas têm
cada vez mais acesso à informação e é assim que vejo a comunicação: com fronteiras menos marcadas e
deixando de lado o paradigma de que o público é passivo", acredita. Silvania concorda e diz que a
sociedade começa a perceber que a verdade suprema é estanque, não condiz com o dia-a-dia. "Ao se
depararem com uma informação, as pessoas começam a pesquisar e isso as aproxima do fazer científico,
ou seja, de que a verdade é questionável", enfatiza.
Para a professora da UFMG, isso cria o "jornalista contínuo", um indivíduo que põe a verdade à prova o
tempo todo. "A noção de ciência atual é a de verdade em construção, ou seja, de que determinados
produtos ou processos imediatamente anteriores à ação atual, são defasados".
Cavallini considera que há três linhas de pensamento possíveis que poderiam explicar a utilização do
recurso da imagem científica para vender: a quantidade de informação que a ciência pode agregar a um
produto; o quanto essa informação pode ser usada como diferencial na concorrência entre produtos
similares; e a ciência como um selo de qualidade ou garantia. Ele cita o caso dos chamados produtos
"verdes", associados a determinadas características com viés ecológico ou produtos que precisam de
algum tipo de "auditoria" para comprovarem seu discurso. "Na mídia, a ciência entra como mecanismo
de validação, criando uma marca de avanço tecnológico, mesmo que por pouquíssimo tempo", finaliza
Silvania.
O fascínio por determinados temas científicos segue a lógica da saturação do termo, ou seja, ecoar algo
que já esteja exercendo certo fascínio na sociedade. "O interesse do público muda bastante e a
publicidade se aproveita desses temas que estão na mídia para recriá-los a partir de um jogo de sedução
com a linguagem" diz Cristina Bruzzo, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e que acompanhou a apropriação da imagem da molécula de DNA pelas mídias
(inclusive publicidade). "A imagem do DNA, por exemplo, foi acrescida de diversos sentidos, que não o
sentido original para a ciência, e transformado em discurso de venda de diversos produtos", diz.
Onde estão os dados comprovando as afirmações científicas, no entanto? De acordo com Eduardo
Corrêa, do Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária (Conar) os anúncios, antes de serem
veiculados com qualquer informação de cunho científico, devem trazer os registros de comprovação das
pesquisas em órgãos competentes. Segundo ele, o Conar não tem o papel de avalizar metodologias ou
resultados, o que fica a cargo do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
ou outros órgãos. "O consumidor pode pedir uma revisão ou confirmação científica dos dados
apresentados, contudo em 99% dos casos esses certificados são garantia de qualidade. Se surgirem
dúvidas, quanto a dados numéricos de pesquisas de opinião pública, temos analistas no Conar que
podem dar seus pareceres", esclarece Corrêa. Mesmo assim, de acordo com ele, os processos
investigatórios são raríssimos.
RODRIGO, Enio. Ciência e cultura na publicidade. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?
pid=S0009-67252009000100006&script=sci_arttext>.Acesso em 22/04/2015.
Texto 3
SOLUÇÃO
João Paiva
Eu quero uma solução
homogênea, preparada,
coisa certa, controlada
para ter tudo na mão.
Solução para questão
que não ouso resolver.
Diluída num balão
elixir pra me entreter.
Faço centrifugação
para ter ar uniforme
uso varinha conforme,
seja mágica ou não.
48)
Busco uma solução
tudo lindo, direitinho
eu quero ter tudo certinho
ter o mundo nesta mão.
Procuro mistura,
então aqueço tudo em cadinho.
E vejo não ter solução
mas apenas um caminho...
PAIVA, João. Quase poesia, quase química. Disponível em: <http://www.spq.pt/files/docs/boletim/poesia/quase-
poesia-quase-quimica-jpaiva2012.pdf> Acesso em: 22/04/2015.
TEXTO 4
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
Dentre os vocábulos abaixo, assinale aquele cuja regra de acentuação é diversa daquela usada no
vocábulo destacado em:
"(...) a verdade é questionável ". (3º parágrafo, texto 2)
a) abdômen
b) fóssil
c) fascínio
d) tórax
e) câncer
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Marinha - Alun (CN)/CN/2015
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Texto 01
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema
fundamental dos Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
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apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de
textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de
física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de
destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com
poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta
aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam
transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a
brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das
autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar essa
responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida
de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando
disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão
social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a
sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até
noturnos, parece estaraumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em
alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O
mercado observa a carência de pessoa qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a
sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da população seja
sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita, também, o
aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa
educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas a educação no Brasil. Em http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-
da-educacao-no-brasil-657.html-Com adaptações)
Assinale a opção na qual as palavras foram acentuadas pelo mesmo motivo que "aritméticos",
"prioritária", "cálculos" e "Taubaté", respectivamente.
a) rotatória, cólica, vermífugo, Maringá.
b) hebdomadário, ausência, andrógino, Itajaí.
c) farmacêutico, ípsilon, síndrome, Piauí.
d) alaúde, húngaro, déspota, Grajaú.
49)
e) anêmona, glúten, nômade, Tribobó.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2014
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito
tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado
que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos
computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás,
ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno
para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
o uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os
detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes
sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que
estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma
tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema
é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça
sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
imagens etc.
Ai, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças
prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos,
levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento
etc.
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em
seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes
e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso,
caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse
trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.
SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado.
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50)
51)
Assinale a opção em que as palavras destacadas recebem, respectivamente, a mesma classificação
quanto à acentuação gráfica que as palavras sublinhadas em "Se está difícil para nós, adultos[ ... ].
Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos[ ... ]." (6°§).
a) "Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos
carros[ ... ]." (2 ° §)
b) "Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido a um texto?" (5°§)
c) "[ ... ] às informações de alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento
mental [ ... ]." (2°§)
d) "[ ... ] quando precisam focar a atenção e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. E é
preciso lembrar [ ... ]." (11°§)
e) "[ ... ]profusão de estímulos [ ... ]; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias
coisas[ . .. ]." (6°§)
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2013
Língua Portuguesa (Português) - Acentuação
Leia o trecho abaixo de Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa.
Compadre meu Quelémem sempre diz que eu posso aquietar meu temer de consciência, que sendo bem-
assistido, terríveis bons espíritos me protegem. Ipe! Com gosto... Como é de são efeito, ajudo com meu
querer acreditar. Mas nem sempre posso. O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro,
sou nascido diferente. Eu sou eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas
desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre – o senhor
solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!
Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas
misérias... Tanta gente - dá susto se saber – e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se
casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e
negócios bons... De sorte que carece de se escolher: ou a gente se tece de viver no safado comum, ou
cuida de só religião só. Eu podia ser: padre sacerdote, se não chefe de jagunços; para outras coisas não
fui parido.
Fonte: ROSA, João Guimarães – Grande Sertão: Veredas, 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Conforme o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, algumas palavras perderam a acentuação
gráfica. Assinale a alternativa cujas palavras não são mais acentuadas.
a) Possível, negócios, idéias.
b) Assembléias, sábios, políticos.
c) Consciência, tranqüilidade, terrível.
d) Idéia, assembléia, tranqüilidade.
e) Espírito, idéias, missionário.
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FAUEL - Vest (IF PR)/IF PR/Nível Superior/2014
Língua Portuguesa (Português) - Questões Mescladas de Ortografia
FACULTATIVO
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Carlos Drummond de Andrade
Estatuto dos Funcionários, artigo 249: “O dia 28 de outubro será consagrado ao ServidorPúblico (com
maiúsculas).
Então é feriado, raciona o escriturário, que, justamente, tem um “programa” na pauta para essas
emergências. Não, responde-lhe o governo, que tem o programa de trabalhar; é consagrado, mas não é
feriado.
É, não é, e o dia se passou na dureza, sem ponto facultativo. Saberão os groelandeses o que seja ponto
facultativo? (Os brasileiros sabem.) É descanso obrigatório, no duro. João Brandão, o de alma virginal,
não entendia assim, e lá um dia em que o Departamento Meteorológico anunciava: “céu azul, praia,
ponto facultativo”, não lhe apetecendo a casa nem as atividades lúdicas, deliberou usar de sua
“faculdade” de assinar o ponto no Instituto Nacional da Goiaba, que, como é do domínio público, estuda
as causas da inexistência dessa matéria-prima na composição das goiabadas.
Hoje deve haver menos gente por lá, conjecturou; ótimo, porque assim trabalho à vontade.
Nossas repartições atingiram tal grau de dinamismo e fragor, que chega a ser desejável o não
comparecimento de 90 por cento dos funcionários, para que os restante possam, na calma, produzir um
bocadinho. E o inocente João via no ponto facultativo essa virtude de afastar os menos diligentes, ou os
mais futebolísticos, que cediam lugar à turma dos “caxias”.
Encontrou cerradas as grandes portas de bronze, ouro e pórtico, e nenhum sinal de vida nos arredores.
Nenhum – a não ser aquele gato que se lambia à sombra de um tinhorão. Era, pela naturalidade da
pose, dono do jardim que orna a fachada do Instituto, mas – sentia-se pela ágata dos olhos – não
possuía as chaves do prédio.
João Brandão tentou forçar as portas, mas as portas mantiveram-se surdas e nada facultativas.
Correu a telefonar de uma confeitaria para a residência do chefe, mas o chefe pescava em Mangaratiba,
jogava pingue-pongue em Correias, estudava holandês com uma nativa, na Barra da Tijuca; é certo que
o telefone não respondeu. João decidiu-se a penetrar no edifício galgando-lhe a fachada e utilizando
vidraça que os serventes sempre deixam aberta, na previsão de casos como esse, talvez. E começava a
fazê-lo, com a teimosia calma dos Brandões, quando em vigia brotou na grama e puxou-o pela perna.
– Desce daí, moço. Então não está vendo que é dia de descansar.
– Perdão, é dia em que se pode ou não descansar, e eu estou com o expediente atrasado.
– Desce – repetiu o outro com tédio. – Olha que te encanam se você começa a virar macaco pela parede
acima.
– Mas, e o senhor porque então está vigiando, se é dia de descanso?
– Estou aqui porque a patroa me escaramuçou, dizendo que não quer vagabundo em casa. Não tenho
para onde ir, tá bem?
João Brandão aquiesceu, porque o outro parecia disposto a tudo, inclusive a trabalhar de braço, a fim
de impedir que ele trabalhasse de pena. Era como se o vigia lhe dissesse: “Veja bem, está estragando
meu dia. Então não sabe o que quer dizer facultativo?” João pensava saber, mas nesse momento teve a
intuição de que o verdadeiro sentido das palavras não está no dicionário; está na vida, no uso que delas
fazemos. Pensou na Constituição e nos milhares de leis que declaram obrigatórias milhares de coisas, e
essas coisas, na prática, são facultativas ou inexistentes. Retirou-se, digno, e foi decifrar palavras
cruzadas.
52)
Analise as afirmativas e marque (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas e, em seguida assinale a
sequência correta de cima para baixo:
( ) As paroxítonas “matéria” e “tédio” são acentuadas por terminarem em ditongo decrescente.
( ) A mesma regra de acentuação que vale para “lá” vale também pra “está”.
( ) As palavras “daí” e “possuía” obedecem à mesma regra de acentuação.
( ) As palavras “práticas” e “lúdica” são acentuadas por ser uma proparoxítona.
( ) A paroxítona “desejável” recebe acento por terminar em “El” assim como “alúguel” e “rével”.
a) V – V – F – F – F.
b) V – F – F – V – V.
c) V – F – V – F – V.
d) F – F – V – V – F.
e) F – V – V – V – F.
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IME - CFG (IME)/IME/2012
Língua Portuguesa (Português) - Questões Mescladas de Ortografia
LEIA OS DOIS TEXTOS A SEGUIR E RESPONDA À QUESTÃO.
Texto I
A IMPORTÂNCIA DO NÚMERO ZERO (Maria Fernanda Vomero – Abril de 2001)
A invenção do zero foi uma das maiores aventuras intelectuais da
humanidade – e não só para a matemática.
As regras que valem para todos os outros não servem para ele. Só as obedece como e quando bem
entende. “Assim faço a diferença”, costuma dizer. Mas não é nem um pouco egoísta. Pelo contrário.
Quanto mais à direita ele vai, mais aumenta o valor do colega da esquerda, multiplicando-o por dez, 100
ou 1.000. Trata-se de um revolucionário. Com ar de bonachão, dá de ombros quando é comparado ao
nada. “Sou mesmo”, diz. “Mas isso significa ser tudo.” Com vocês, o número zero – que ganha, nestas
páginas, o papel que lhe é de direito: o de protagonista de uma odisseia intelectual que mudou o rumo
das ciências exatas e trouxe novas reflexões para a história das ideias.
Pode soar como exagero atribuir tal importância a um número aparentemente inócuo. Às vezes, você até
esquece que ele existe. Quem se preocupa em anotar que voltou da feira com zero laranjas? Ou que
comprou ração para seus zero cachorrinhos? Só fica preocupado quando descobre um zero na conta
bancária. Mesmo assim, logo que chega o pagamento seguinte, não sobra nem lembrança daquele
número gorducho.
O símbolo “0” e o nome zero estão relacionados à ideia de nenhum, não-existente, nulo. Seu conceito foi
pouco estudado ao longo dos séculos. Hoje, mal desperta alguma curiosidade, apesar de ser
absolutamente instigante. “O ponto principal é o fato de o zero ser e não ser. Ao mesmo tempo indicar o
nada e trazer embutido em si algum conteúdo”, diz o astrônomo Walter Maciel, professor da Universidade
de São Paulo. Se essa dialética parece complicada para você, cidadão do século XXI, imagine para as
tribos primitivas que viveram muitos séculos antes de Cristo.
A cultura indiana antiga já trazia uma noção de vazio bem antes do conceito matemático de zero. “Num
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dicionário de sânscrito, você encontra uma explicação bastante detalhada sobre o termo indiano para o
zero, que é shúnya”, afirma o físico Roberto de Andrade Martins, do Grupo de História e Teoria da Ciência
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Como adjetivo, shúnya significa vazio, deserto, estéril.
Aplica-se a uma pessoa solitária, sem amigos; a um indivíduo indiferente ou insensível. O termo descreve
um sentimento de ausência, a falta de algo, uma ação sem resultados. Como substantivo, shúnya refere-
se ao nada, ao vácuo, à inexistência. A partir do século VIII d.C., os árabes levaram para a Europa, junto
com os outros algarismos, tanto o símbolo que os indianos haviam criado para o zero quanto à própria
ideia de vazio, nulo, não-existente. E difundiram o termo shúnya – que, em árabe, se tornou shifr e foi
latinizado para zephirum, depois zéfiro, zefro e, por fim, zero.
Bem distante da Índia, nas Américas, por volta dos séculos IV e III a.C., os maias também deduziram
uma representação para o nada. O sistema de numeração deles era composto por pontos e traços, que
indicavam unidades e dezenas. Tinham duas notações para o zero. A primeira era uma elipse fechada
que lembrava um olho. Servia para compor os números. A segunda notação, simbólica, remetia a um dos
calendários dos maias. O conceito do vazio era tão significativo entre eles que havia uma divindade
específica para o zero: era o deus Zero, o deus da Morte. “Os maias foram os inventores desse número
no continente americano. A partir deles, outros grupos, como os astecas, conheceram o princípio do
zero”, diz o historiador Leandro Karnal, da Unicamp.
E os geniais gregos, o que pensavam a respeito do zero? Nada. Apesar dos avanços na geometria e na
lógica, os gregos jamais conceberam uma representação do vazio, que, para eles, era um conceito até
mesmo antiestético. Não fazia sentido existir vazio num mundo tãobem organizado e lógico – seria o
caos, um fator de desordem. (Os filósofos pré-socráticos levaram em conta o conceito de vazio entre as
partículas, mas a ideia não vingou.) Aristóteles chegou a dizer que a natureza tinha horror ao vácuo.
“Conceber o conceito do zero exigiu uma abstração muito grande”, diz o historiador da matemática
Ubiratan D’Ambrosio, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Quando o homem aprendeu
a calcular, há cerca de 5.000 anos, fazia associações simples a partir de situações concretas: para cada
ovelha, uma pedrinha. Duas ovelhas, duas pedrinhas e assim por diante. “Se sobrassem pedras, o pastor
sabia que provavelmente alguma ovelha tinha sido atacada por um lobo ou se desgarrado das demais”,
diz o matemático Irineu Bicudo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro. O passo
seguinte foi representar graficamente esses números com símbolos e fazer contas com eles.
Os babilônios, que viveram na Mesopotâmia (onde hoje é o Iraque) por volta do ano 2.500 a.C., foram os
primeiros a chegar a uma noção de zero. Pioneiros na arte de calcular, criaram o que hoje se chama de
“sistema de numeração posicional”. Apesar do nome comprido, a ideia é simples. “Nesse sistema, os
algarismos têm valor pela posição que ocupam”, explica Irineu. Trata-se do sistema que utilizamos
atualmente. Veja o número 222 – o valor do 2 depende da posição em que ele se encontra: o primeiro
vale 200, o segundo 20 e o terceiro 2. Outros povos antigos, como os egípcios e os gregos, não usavam
esse sistema – continuavam a atribuir a cada número um sinal diferente, fechando os olhos para a
possibilidade matemática do zero.
O sistema posicional facilitou, e muito, os cálculos dos babilônios. Contudo, era comum que muitas
contas resultassem em números que apresentavam uma posição vazia, como o nosso 401. (Note que,
depois do 4, não há número na casa das dezenas. Se você não indicasse essa ausência com o zero, o
401 se tornaria 41, causando enorme confusão.) O que, então, os babilônios fizeram? Como ainda não
tinham o zero, deixaram um espaço vazio separando os números, a fim de indicar que naquela coluna do
meio não havia nenhum algarismo (era como se escrevêssemos 4_1). O palco para a estreia do zero
estava pronto. Com o tempo, para evitar qualquer confusão na hora de copiar os números de uma tábua
de barro para outra, os babilônios passaram a separar os números com alguns sinais específicos. “Os
babilônios tentaram representar graficamente o nada, mostrando o abstrato de uma forma concreta”, diz
Ubiratan.
Perceba como um problema prático – a necessidade de separar números e apontar colunas vazias –
levou a uma tentativa de sinalizar o não-existente. “Trata-se de uma abstração bastante sofisticada
representar a inexistência de medida, o vazio enquanto número, ou seja, o zero”, diz a historiadora da
ciência Ana Maria Alfonso Goldfarb, da PUC. “Temos apenas projeções culturais a respeito do que é
abstrato”, afirma Leandro Karnal. Na tentativa de tornar concreta uma situação imaginária, cada povo
busca as referências que tem à mão. Veja o caso dos chineses: eles representavam o zero com um
caractere chamado ling, que significava “aquilo que ficou para trás”, como os pingos de chuva depois de
uma tempestade. Trata-se de um exercício tremendo de abstração. Você já parou para pensar como,
pessoalmente, encara o vazio?
Apesar de ser atraente, o zero não foi recebido de braços abertos pela Europa, quando apareceu por lá,
levado pelos árabes. “É surpreendente ver quanta resistência a noção de zero encontrou: o medo do
novo e do desconhecido, superstições sobre o nada relacionadas ao diabo, uma relutância em pensar”,
diz o matemático americano Robert Kaplan, autor do livro The Nothing That Is (O Nada que Existe,
recém-lançado no Brasil) e orientador de um grupo de estudos sobre a matemática na Universidade
Harvard. O receio diante do zero vem desde a Idade Média. Os povos medievais o ignoravam
solenemente. “Com o zero, qualquer um poderia fazer contas”, diz Ana Maria. “Os matemáticos da época
achavam que popularizar o cálculo era o mesmo que jogar pérolas aos porcos.” Seria uma revolução.
Por isso, Kaplan considera o zero um número subversivo. “Ele nos obriga a repensar tudo o que alguma
vez já demos por certo: da divisão aritmética à natureza de movimento, do cálculo à possibilidade de
algo surgir do nada”, afirma. Tornou-se fundamental para a ciência, da computação à astronomia, da
química à física. “O cálculo integral e diferencial, desenvolvido por Newton e Leibniz, seria inviável sem o
zero”, diz Walter Maciel. Nesse tipo de cálculo, para determinar a velocidade instantânea de um carro,
por exemplo, você deve levar em conta um intervalo de tempo infinitamente curto, que tende a zero. (É
estranho calcular quanto o carro se deslocou em “zero segundos”, mas é assim que funciona.) “O cálculo
integral está na base de tudo o que a ciência construiu nos últimos 200 anos”, diz Maciel.
Ainda hoje o conceito de zero segue revirando nossas ideias. Falta muito para entendermos a
complexidade desse número. Para o Ocidente, o zero continua a ser uma mera abstração. Segundo
Eduardo Basto de Albuquerque, professor de história das religiões da Unesp, em Assis, o pensamento
filosófico ocidental trabalha com dois grandes paradigmas que não comportam um vazio cheio de
sentido, como o indiano: o aristotélico (o mundo é o que vemos e tocamos com nossos sentidos) e o
platônico (o mundo é um reflexo de essências imutáveis e eternas, que não podemos atingir pelos
sentidos e sim pela imaginação e pelo conhecimento). “O Ocidente pensa o nada em oposição à
existência de Deus: se não há Deus, então é o nada”, diz Eduardo. Ora, mesmo na ausência, poderia
haver a presença de Deus. E o vazio pode ser uma realidade. É só pensar na teoria atômica,
desenvolvida no século XX: o mundo é formado por partículas diminutas que precisam de um vazio entre
elas para se mover.
Talvez o zero assuste porque carrega com ele um outro paradigma: o de um nada que existe
efetivamente.
Na matemática, por mais que pareça limitado a um ou dois papéis, a função do zero também é “especial”
– como ele mesmo faz questão de mostrar – porque, desde o primeiro momento, rebelou-se contra as
regras que todo número precisa seguir. O zero viabilizou a subtração de um número natural por ele
mesmo (1 – 1 = 0). Multiplicado por um algarismo à escolha do freguês, não deixa de ser zero (0 x 4 =
0). Pode ser dividido por qualquer um dos colegas (0 ÷ 3 = 0), que não muda seu jeitão. Mas não deixa
nenhum número – por mais pomposo que se julgue – ser dividido por ele, zero. Tem ainda outros
truques. Você pensa que ele é inútil? “Experimente colocar alguns gêmeos meus à direita no valor de um
cheque para você ver a diferença”, diz o zero. No entanto, mesmo que todos os zeros do universo se
acomodem no lado esquerdo de um outro algarismo nada muda. Daí a expressão “zero à esquerda”, que
provém da matemática e indica nulidade ou insignificância.
Mas o zero – como você pôde ver – decididamente não é um zero à esquerda. “Foi uma surpresa
constatar como é central a ideia de zero: o nada que gera tudo”, diz Kaplan. E mais: há quem diga que o
zero é parente do infinito, outra abstração que mudou as bases do pensamento científico, religioso e
filosófico. “Eles são equivalentes e opostos, yin e yang”, escreve o jornalista americano Charles Seife,
autor de Zero: The Biography of a Dangerous Idea (Zero: A Biografia de uma Ideia Perigosa), lançado no
ano passado nos Estados Unidos. O epíteto atribuído ao zero no título – ideia perigosa – não está ali por
acaso. “Apesar da rejeição e do exílio, o zero sempre derrotou aqueles que se opuseram a ele”, afirma
Seife. “A humanidade nunca conseguiu encaixar o zero em suas filosofias. Em vez disso, o zero moldou a
nossa visão sobre o universo – e também sobre Deus.” E influenciou, sorrateiramente, a própria filosofia.
De fato, trata-se de um perigo.
Disponível em <http://super.abril.com.br/
ciencia/importancia-numero-zero-442058.shtml>.Acesso em 14 mar. 2012. (ADAPTADO)
Texto II
CERTAS COISAS (Lulu Santos)
Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Disponível em <http://letras.terra.com.br/lulu-santos/35063/>. Acesso em 15 mar. 2012.
A opção que exige o mesmo uso e grafia da expressão “se não” em “Se não houvesse o silêncio” (Verso
2, texto II) é
a) Este exemplo esclarecerá tudo, qualquer .
b) Tudo teria terminado bem, fosse notada a sua ausência.
c) Não víamos, na época, outra opção, utilizar ruas estreitas.
d) Percebo um : o orçamento alto.
e) Há um a suas considerações.
53)
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IME - CFG (IME)/IME/2008
Língua Portuguesa (Português) - Questões Mescladas de Ortografia
Texto I
Imigração Japonesa no Brasil
A abolição da escravatura no Brasil em 1888 dá novo impulso à vinda de imigrantes europeus, cujo início
se deu com os alemães em 1824. Em 1895 é assinado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação
entre o Brasil e o Japão.
Com 781 japoneses a bordo, o navio Kasato-maru aporta em Santos. De lá eles são transportados para a
hospedaria dos imigrantes, em São Paulo.
Na cafeicultura, a imigração começa com péssimos resultados. Um ano após a chegada ao Brasil, dos
781 imigrantes, apenas 191 permaneceram nos locais de trabalho. A maioria estava em São Paulo,
Santos e Argentina. Apesar disso, a imigração continua com a chegada da segunda leva de imigrantes
em 1910.
Em 1952 é assinado o Tratado de Paz entre o Brasil e o Japão. Nova leva de imigrantes chega ao Brasil
para trabalhar nas fazendas administradas pelos japoneses. Grupo de jovens que imigra através da
Cooperativa de Cotia recebe o nome de Cotia Seinen. O primeiro grupo chega em 1955.
O crescimento industrial no Japão e o período que foi chamado de “milagre econômico brasileiro” dão
origem a grandes investimentos japoneses no Brasil. Os nisseis acabam sendo uma ponte entre os novos
japoneses e os brasileiros.
As famílias agrícolas estabelecidas no Brasil passaram a procurar novas oportunidades e buscavam novos
espaços para seus filhos. O grande esforço familiar para o estudo de seus filhos faz com que grande
número de nisseis ocupe vagas nas melhores universidades do país.
Mais tarde, com o rápido crescimento econômico no Japão, as indústrias japonesas foram obrigadas a
contratar mão-de-obra estrangeira para os trabalhos mais pesados ou repetitivos. Disso, resultou o
movimento “dekassegui” por volta de 1985, que foi aumentando, no Brasil, à medida que os planos
econômicos fracassavam. Parte da família, cujos ascendentes eram japoneses, deixava o Brasil como
“dekassegui”, enquanto a outra permanecia para prosseguir os estudos ou administrar os negócios. Isso
ocasionou problemas sociais, tanto por parte daqueles que não se adaptaram à nova realidade, como
daqueles que foram abandonados pelos seus entes e até perderam contato.
Com o passar dos anos, surgiram muitas empresas especializadas em agenciar os “dekasseguis”, como
também firmas comerciais no Japão que visaram especificamente o público brasileiro. Em algumas
cidades japonesas formaram-se verdadeiras colônias de brasileiros.
Disponível em: www.culturajaponesa.com.br ( texto adaptado). Acesso em: 29 ago 2008.
Texto II
Rio: uma cidade plural já em 1808
As mulheres se sentavam no chão, com as pernas cruzadas. Nas ruas o dinheiro corria no maior
entreposto de escravos da colônia.
SANDRA MOREYRA Jornal O Globo- 28/11/2007 (adaptado)
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54)
Uma cidade que era um grande porto, com gente de todas as colônias e feitorias portuguesas da África e
da Ásia. O Rio era uma cidade quase oriental em 1808. As mulheres se sentavam no chão, com as
pernas cruzadas. À mesa, os homens usavam a mesma faca que traziam presa à cintura, para se
defender de um inimigo, para descascar frutas ou partir a carne. Nas ruas o dinheiro corria no maior
entreposto de escravos da colônia. Corriam também dejetos nas ruas e valas. Negros escravos ou libertos
eram dois terços da população e se vestiam ainda de acordo com sua nação de origem. Não só pelo tipo
físico bem diferente, como pelas roupas, era possível saber quem vinha do Congo, de Angola ou do Mali;
quem era muçulmano, quem vinha da nobreza africana.
Nesta cidade, que já era plural, mas que não tinha infra-estrutura, onde havia assaltos e comércio ilegal
nas ruas, chegou um aviso em janeiro de 1808. A corte estava em pleno mar, escapara de Napoleão e
estava a caminho do Brasil.
O vice-rei começou a fazer os preparativos e saiu desalojando os maiores comerciantes locais de suas
casas, para cedê-las aos novos moradores. Eram pintadas nas portas das casas requisitadas para a Corte
as iniciais “PR”, de Príncipe Regente, que viraram “prédio roubado” ou “ponha-se na rua”. Era o jeito que
herdamos do sangue lusitano de rir de nossas próprias mazelas.
Quando as naus com a família real chegaram por aqui, em março de 1808, já haviam passado pela Bahia
e permanecido por um mês em Salvador.
Aqui a festa foi imensa e o relato mais divertido e detalhado é o do Padre Luis Gonçalves dos Santos, o
Padre Perereca. O padre que vivia no Brasil era um admirador incondicional da monarquia, dos ritos da
corte, da etiqueta. Quando descobre que a Corte está chegando, fica assanhadíssimo porque vai ver de
perto “Sua Alteza Real D. João Nosso Senhor”, como chamava o regente.
É ele quem conta que a chegada dos Bragança por aqui foi acompanhada de luzes, fogos de artifício,
badalar de sinos, aplausos e cânticos. Perereca diz que parecia que o sol não havia se posto, tamanha a
quantidade de tochas e velas que iluminavam as casas, o largo do Paço e as ruas do centro.
O Rio tinha 46 ruas naquela época. D João se dirigiu à Sé – provisoriamente instalada na Igreja do
Rosário dos Homens Pretos, porque a Igreja do Carmo, a Sé oficial, estava em obras. Houve uma
determinação de que os homens pretos e também os mestiços não deveriam comparecer à cerimônia, na
Igreja deles, porque o Príncipe poderia ficar assustado com a quantidade de negros na cidade. Eles se
esconderam numa esquina e quando o cortejo chegou à Igreja, entraram batucando e cantando e todos
se misturaram. Assim era o Rio. Assim era o Brasil.
Marque a assertiva INCORRETA.
a) Custas só se usa na linguagem jurídica para designar despesas feitas no processo. Portanto, não
devemos dizer: "As filhas vivem às custas do pai".
b) A princípio significa inicialmente, antes de mais nada: Ex.: A princípio, precisamos resolver as
questões dos jogos olímpicos. Em princípio quer dizer em tese. Ex.: Em princípio, todos concordaram
com minha proposta.
c) Megafone; porta-voz, amplificador do som nos aparelhos radiofônicos são sinônimos de auto-
falante, e não alto-falante.
d) Alface é substantivo feminino. Então dizemos “a alface”.
e) A palavra “ancião” tem três plurais: anciãos, anciães, anciões.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2022
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
Texto
O velho Sarina
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55)
Não se sabe da história dos antigos de como era a vida naqueletempo. Algumas foram sendo
repassadas de forma oral a cada geração. Tudo o que a geração vigente conhece não chega a ser um
percentual significativo para o entendimento do processo desses períodos remotos.
Como foi o tempo em que Makunaimî e seus netos viveram?
Apenas há algumas histórias que falam desses personagens que se tornaram mitos e, ou lendas.
Lembremo-nos de que podemos encontrar urnas funerárias nas serras da maloca Raposa.
Conforme Damiana, uma das que viveu na época da fundação da Raposa I, que antes da sua família
chegar naquele lugar já se encontrava os vestígios antigos e não se sabe as histórias a respeito deles.
Porém, as histórias de Makunaimî, Ani‟ke e Insikiran contam que, além dessas que foram citadas havia
outras pessoas que viviam nessa região nos tempos imemoriais.
[...]
RAPOSO, C. A. Lendas e mitos da tribo Makuxi. In: Leitura e textos indígenas – Fábio Almeida de Carvalho;
Isabel Maria Fonseca; Celino Alexandre Raposo (Orgs). Boa Vista/RR: Editora da UFRR, 2019.
Segundo o estudo dos fonemas, todas as palavras destacadas no fragmento de “O velho Sarina”
apresentam:
a) 4 fonemas.
b) 1 fonema.
c) 2 fonemas.
d) 3 fonemas.
e) 5 fonemas.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2019
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
Após ler o fragmento do livro O cão e o Curumim, de Cristino Wapichana, responda à questão.
“Hum... Será que os velhos vão ganhando mais olhos com o passar do tempo? É melhor eu ir antes que
ela me chame novamente, pois, quanto mais eu demorar pra responder, pior vai ser a bronca”, pensei.
Com coragem caminhei em sua direção, mesmo sem saber o que fazer ou dizer. Mas, para minha
surpresa, vovó virou-se devagar e, com o olhar afetuoso de avó, estendeu sua mão, afagou minha
cabeça e foi dizendo mansamente:
- Sabe, meu neto, não estamos sozinhos no mundo. Olhe para esta árvore e para o chão que você pisa.
Somos feitos de uma pequena parte de tudo o que nos cerca. Não podemos nos esconder. Tudo nos vê.
Estamos ligados com todos os seres pela terra, pela água e pelo ar... Dependemos deles para
continuarmos no mundo, e eles dependem da gente. Não somos mais importantes que eles nem eles
mais importantes que nós.
Quanto à acentuação, as palavras vovó, água e nós classificam-se respectivamente como:
a) Monossílaba tônica, paroxítona terminada em ditongo oral, oxítona terminada em o, seguida de s.
b) Oxítona terminada em o, paroxítona terminada em ditongo oral, monossílaba tônica.
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56)
57)
c) Oxítona terminada em o, proparoxítona, monossílaba tônica.
d) Oxítona terminada em o, paroxítona terminada em a, monossílaba tônica.
e) Oxítona terminada em o, proparoxítona, oxítona terminada em o, seguida de s.
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Instituto AOCP - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2017
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
Rato de rua
Irrequieta criatura
Tribo em frenética proliferação
Lúbrico, libidinoso transeunte
Boca de estômago
Atrás do seu quinhão
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/chico-buarque/129836/>. Acesso em: 23 out.2017.
Considerando o excerto de “Ode aos Ratos”, assinale a alternativa cujas informações acerca das palavras
do texto estejam corretas.
a) Em “transeunte”, há mais letras do que fonemas, devido à presença de dígrafos vocálicos.
b) Em “transeunte” e “quinhão”, ocorrem dígrafo consonantal e dígr afo vocálico, respectivamente.
c) Em “transeunte”, há mais fonemas que letras; em “proliferação”, o número de letras e fonemas é
equivalente; e, em “irrequieta”, há mais letras do que fonemas.
d) “Atrás” e “proliferação” são palavras acentuadas por se tratarem de paroxítonas.
e) No termo “quinhão”, ocorre um ditongo crescente, o qual justifica a acentuação da palavra, pois
sua sílaba tônica a faz ser classificada como uma palavra oxítona.
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/PPL (Pessoa Privada de Liberdade)/2010
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque
geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que
todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala
musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais
variantes do que se imagina.
E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um
praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri,
então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos,
fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu...
Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).
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58)
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de
pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se
a) na fonologia.
b) no uso do léxico.
c) no grau de formalidade.
d) na organização sintática.
e) na estruturação morfológica.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2004
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
O PORTUGUÊS DE PORTUGAL
(BAHIA,1964 - LÍNGUA PORTUGUESA )
Em Lisboa disseram a Luiz Forjaz Trigueiros que na Bahia o calor, além de tórrido, é constante, jamais faz
frio. Luiz viaja ao Brasil em missão cultural, pede a Maria Helena que coloque na mala apenas roupas
leves, as 5 mais leves. Assim desembarcou desvestido com elegância para o verão feroz.
Ora, em lugar de calor senegalês, uma onda abateu-se sobre a cidade, frio ainda mais difícil de suportar
devido à umidade, o escritor sentiu-se enregelar. Dado 10 que o inverno se manteve, não lhe coube
opção senão ir à compra de agasalho. Luiz se informou, rumou para a rua Chile, a de comércio fino e
caro de prendas de vestir cavalheiros e senhoras. Deteve-se ante uma loja: ali se 15 exibia a peça exata
que buscava para com ela resguardar o peito, evitar o resfriado, a gripe, a pneumonia: Luiz Forjaz
pretende-se chegado a enfermidades nos brônquios e pulmões, o perigo de gripe o horroriza. De lã,
chique, discreta, na cor preferida, estava à sua espera. Luiz 20 adentrou o estabelecimento, o vendedor
acorreu solícito, colocou-se a seu serviço.
- Desejo comprar uma camisola - informou o literato luso, sorrindo com a delicadeza que o caracteriza.
Não menos delicado o balconista:
- O cavalheiro se enganou, aqui só vendemos artigos masculinos, mas na loja em frente, de artigos para
senhoras, o senhor encontrará variado estoque de camisolas ...
Não tenho entendido, algum engano havia, Luiz insistiu:
Eu disse camisola ...
- Já lhe disse que não temos. - O caixeiro elevou a voz desconfiado que o simpático freguês fosse surdo
de nascença.
- Como não tem, se acabo de ver na montra uma camisola castanha na medida própria.
- Onde disse ter visto camisola?
O balconista sentiu-se perdido, além de surdo o freguês falava língua desconhecida, nem espanhol, nem
francês, 40 menos ainda inglês, dialetos que o rapaz identificava, familiar de sotaques e pronúncias. Não
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sabendo o que dizer, riu e coçou a cabeça. Um parvo, persuadiu-se Luiz Trigueiros, e, sem mais
delongas, tomando-o gentilmente.
pelo braço - aos parvosdeve-se tratar com firmeza sem no entanto abandonar a cortesia -, levou-o até a
porta de onde, triunfante, mostrou-lhe na montra a camisola castanha:
- Ali está ela,a camisola, quanto vale?
A risada do rapaz não era mal-educada, mas continha uma ponta de deboche:
- Ilustre cavalheiro, fique sabendo que em bom português o senhor quer comprar um pulôver marrom
igual ao que está na vitrine, não é isso? Por que não disse logo? Um suéter porreta e o preço é de
arrasar ...
Encontrei Luiz no hotel envergando a camisola castanha, ou seja, o pulôver marrom, não sendo ainda o
brasileiro competente que viria a ser anos depois devido aos azares da política, o escritor estava
indignado:
- O gajo diz-me duas palavras em francês, uma em inglês e afirma estar falando em português, em bom
português.
Em nosso bom português, Luiz, o do Brasil.
Hoje Luiz Forjaz Trigueiros traça na maciota nosso misturado português de mestiços, mas para escrever
sua prosa escorreita, forte, tenra e colorida, conserva-se fiel ao português de Portugal, à língua de
Camões.
(Navegação de cabotagem)
Assinale a opção correta em relação ao número de letras e fonemas apresentados respectivamente para
as palavras abaixo.
a) disseram/sorrindo - oito letras e sete fonemas oito letras e sete fonemas.
b) estoque/entendido - sete letras e seis fonemas nove letras e oito fonemas.
c) identificava/igual - doze letras e onze fonemas cinco letras e quatro fonemas.
d) nascença/desconhecida - oito letras e seis fonemas doze letras e onze fonemas.
e) identificava/entendido - doze letras e treze fonemas nove letras e sete fonemas.
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/Regular/1999
Língua Portuguesa (Português) - Fonética (fonemas, dígrafos, encontros
consonantais, vocálicos). Separação silábica
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59)
60)
Diante da visão de um prédio com uma placa indicando SAPATARIA PAPALIA, um jovem deparou com a
dúvida: como pronunciar a palavra PAPALIA?
Levado o problema à sala de aula, a discussão girou em torno da utilidade de conhecer as regras de
acentuação e, especialmente, do auxílio que elas podem dar à correta pronúncia de palavras.
Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escrita, três alunos apresentaram as seguintes
conclusões a respeito da palavra PAPALIA:
I. Se a sílaba tônica for o segundo PA, a escrita deveria ser PAPÁLIA, pois a palavra seria paroxítona
terminada em ditongo crescente.
II. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALÍA, pois “i” e “a” estariam formando hiato.
III. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALIA, pois não haveria razão para o uso de
acento gráfico.
A conclusão está correta apenas em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III
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CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Texto
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os seres humanos compartilham essa
experiência com os animais. Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de modo altamente
detalhado, o rico repertório de reações dos animais à presença imediata de uma ameaça que ponha em
risco suas vidas. Os humanos, porém, conhecem algo mais além disso: uma espécie de medo de
“segundo grau”, um medo, por assim dizer, social e culturalmente “reciclado”, um “medo derivado” que
orienta seu comportamento, haja ou não uma ameaça imediatamente presente. O medo secundário pode
ser visto como um rastro de uma experiência passada de enfrentamento de uma ameaça direta — um
resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana
mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade.
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61)
Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9
(com adaptações).
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto anterior, faça o que se pede.
Assinale a opção que apresenta uma palavra formada pelo mesmo processo de formação da palavra
“ameaça” (terceiro período).
a) “conduta” (último período)
b) “encontro” (último período)
c) “presença” (terceiro período)
d) “rastro” (último período)
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2022
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Atenção: Leia o texto do escritor Moacyr Scliar para responder à questão.
“Se um médico abriu um tumor ou tratou com faca uma ferida grave e isso curou o doente, ele receberá
dez siclos [unidade de peso usado no antigo Oriente] de prata se o paciente for um homem livre; cinco
siclos se for um descendente de plebeus; dois siclos se for um escravo. Se um médico abriu um tumor ou
tratou com faca uma ferida grave e isso causou a morte da pessoa, então suas mãos serão cortadas, se
se tratar de um homem livre, ou deverá fornecer outro escravo, se se tratar do escravo de um plebeu.”
Trechos do código de Hamurabi, escrito na Mesopotâmia por volta de 1.700 a.C. Várias civilizações
desenvolveram-se na região entre o Tigre e o Eufrates, e muitas delas chegaram a um alto grau de
sofisticação em termos de arquitetura e arte. Ali surgiram conceitos básicos de matemática; ali foram
feitas importantes colaborações à astronomia e à metalurgia. Em termos de saúde e doença, contudo,
esses povos compartilhavam a crença geral do mundo antigo, segundo a qual a enfermidade era um
castigo imposto pelos deuses aos pecadores. Demônios encarregavam-se de proporcionar males
específicos: Nergal trazia a febre, Namtaru, dor de garganta, Tiu, dor de cabeça. Havia divindades da
cura, Ningishzida, cujo símbolo era uma cobra de duas cabeças – a serpente viria a se tornar depois o
emblema da medicina.
Os médicos da Mesopotâmia recorriam aos métodos divinatórios para descobrir o pecado cometido pelo
doente; para isso, inspecionavam as entranhas de animais abatidos para apaziguar os deuses. Os
médicos se dividiam em três categorias: o baru encarregava-se dos procedimentos divinatórios, o ashipu
realizava o exorcismo e o asu fazia as curas propriamente ditas, nas quais, além de preces e rituais,
várias substâncias eram usadas. O código de Hamurabi mostra que vários tipos de operações eram
feitas. Que o resultado nem sempre era satisfatório, mostram as punições prescritas para o caso de
fracasso. Cortar as mãos é uma pena até hoje aplicada no Oriente Médio (para ladrões); no caso,
destinava-se obviamente a evitar que um doutor desastrado repetisse o erro. Mas o pagamento também
era compensador, quando se considera que um artesão ganhava um décimo de siclo por dia, segundo os
documentos da época.
(Adaptado de: SCLIAR, Moacyr. A paixão transformada: história da medicina na literatura. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996)
Verifica-se o emprego de palavra formada com prefixo que exprime ideia de negação no seguinte trecho:
a) o resultado nem sempre era satisfatório.
b) então suas mãos serão cortadas.
c) esses povos compartilhavam a crença geral.
d) para descobrir o pecado cometido.
e) evitar que um doutor desastrado repetisse o erro.
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62)
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IME - CFG (IME)/IME/2022
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Texto 1
Erico Verissimo (1905 – 1975), nascido em Cruz Alta (RS), foi um dos escritores mais populares da
chamada segunda fase modernista, que começou na década de 1930. Sua obra mais conhecida é o
“Tempo e o Vento”, uma trilogia de romances, na qual ele narra a história de um clã familiar, os Terra
Cambarás, de 1745 até 1945, tendo como contexto a formação da fronteira nacional na região sul. O
espaço central desses romances é a cidade fictícia de Santa Fé, situada no noroeste do Rio Grande do
Sul. O texto “O Sobrado”, que integra o romance “O Continente”, versa sobre o chefedo clã, Licurgo
Cambará, que resiste em casa ao cerco dos inimigos pertencentes ao clã oposto, dos Amaral. Na obra, é
abordado um episódio da Revolução Federalista (1893 – 1895), uma guerra civil entre dois grupos de
ideias opostas: um que desejava aumentar os poderes do presidente da República e outro que desejava
uma maior autonomia aos estados.
O SOBRADO
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé , que de tão quieta e
deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve o ar, que se alguém aguçasse o
ouvido talvez pudesse até escutar o sereno na solidão.
Agachado atrás dum muro, José Lírio preparava-se para a última corrida. Quantos passos dali até a
igreja? Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera ordens para revezar o companheiro que estava
de vigia no alto duma das torres da Matriz. “Tenente Liroca”, dissera-lhe o coronel, havia poucos minutos,
“suba pro alto do campanário e fique de olho firme no quintal do Sobrado. Se alguém aparecer pra tirar
´agua do poço, faça fogo sem piedade.”
José Lírio olhava a rua. Dez passos até a igreja. Mas quantos passos até a morte? Talvez cinco... ou dois.
Havia um atirador infernal na água-furtada do Sobrado, à espreita dos imprudentes que se aventurassem
a cruzar a praça ou alguma rua a descoberto.
Os segundos passavam. Era preciso cumprir a ordem. Liroca não queria que ninguém percebesse que ele
hesitava, que era um covarde. Sim, covarde. Podia enganar os outros, mas não conseguia iludir-se a si
mesmo. Estava metido naquela revolução porque era federalista e tinha vergonha na cara. Mas não se
habituava nunca ao perigo. Sentira medo desde o primeiro dia, desde a primeira hora — um medo que
lhe vinha de baixo, das tripas, e lhe subia pelo estômago até a goela, como uma geada, amolecendo-lhe
as pernas, os braços, a vontade. Medo é doença; medo é febre.
Engraçado. A noite estava fria mas o suor escorria-lhe pela cara barbuda e entrava-lhe na boca, com
gosto de salmoura.
O tiroteio cessara ao entardecer. Talvez a munição da gente do Sobrado tivesse acabado. Ele podia
atravessar a rua devagarinho, assobiando e acendendo um cigarro. Seria até uma provocação bonita.
Vamos, Liroca, honra o lenço encarnado. Mas qual! Lá estava aquela sensação fria de vazio e enjoo na
boca do estômago, o minuano gelado nos miúdos.
Donde lhe vinha tanto medo? Decerto do sangue da mãe, pois as gentes do lado paterno eram
corajosas.
O avô de Liroca fora um bravo em 35. O pai lhe morrera naquela mesma revolução, havia pouco mais
dum ano tombara estripado numa carga de lança, mas lutando até o último momento.
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“Lírio é macho”, murmurou Liroca para si mesmo. “Lírio é macho.” Sempre que ia entrar num combate,
repetia estas palavras: “Lírio é macho”.
Levantou-se devagarinho, apertando a carabina com ambas as mãos. Sentia o corpo dorido, a garganta
seca. Tornou a olhar para a igreja. Dez passos. 30 Podia percorrê-los nuns cinco segundos, quando
muito. Era só um upa e estava tudo terminado. Fez avançar cautelosamente a cabeça e, com a quina do
muro a tocar-lhe o meio da testa e a ponta do nariz, fechou o olho direito e com o esquerdo ficou
espiando o Sobrado que lá estava, do outro lado da praça, com sua fachada branca, a dupla fileira de
janelas, a sacada de ferro e os altos muros de fortaleza. Havia no casarão algo de terrivelmente humano
que fez o coração de José Lírio pulsar com mais força.
Os federalistas tinham tomado a cidade havia quase uma semana, mas Licurgo Cambará, o intendente e
chefe político republicano do município, encastelara-se em sua casa com toda a família e um grupo de
correligionários, e de lá ainda oferecia resistência. Enquanto o Sobrado não capitulasse, os
revolucionários não poderiam considerar-se senhores de Santa Fé, pois os atiradores da água-furtada
praticamente dominavam a praça e as ruas em derredor.
Por alguns instantes José Lírio ficou a mirar a fachada do casarão, e de repente a lembrança de que
Maria Valéria estava lá dentro lhe varou o peito como um pontaço de lança. Soltou um suspiro fundo e
entrecortado, que foi quase um soluço. De novo se encolheu atrás do muro e tornou a olhar para a
igreja. Se conseguisse chegar a salvo até a parede lateral, ficaria fora do alcance do atirador do Sobrado,
e poderia entrar no campanário pela porta da sacristia.
Vamos, Liroca, só uma corrida. Que te pode acontecer? O homem te enxerga, faz pontaria, atira e
acerta. Uma bala na cabeça. Pronto! Cais de cara no chão e está tudo liquidado. Acaba-se a agonia.
Dizem que quando a bala entra no corpo da gente, no primeiro momento não dói. Depois é que vem a
ardência, como se ela fosse de ferro em brasa. Mas quando o ferimento é mortal não se sente nada. O
pior é arma branca. Vamos, Liroca. Dez passos. Cinco segundos. Lírio é macho, Lírio é macho.
José Lírio continuava imóvel, olhando a rua. Ainda ontem um companheiro seu ousara atravessar aquele
trecho à luz do dia, num momento em que o tiroteio cessara. Ia cantando e fanfarronando. Viu-se de
repente na água-furtada do sobrado um clarão acompanhado dum estampido, e o homem tombou. O
sangue começou a borbotar-lhe do peito e a empapar a terra.
“Vamos, menino!” Quem falava agora nos pensamentos de Liroca era seu pai, o velho Maneco Lírio. Sua
voz áspera como lixa vinha de longe, de um certo dia da infância em que Liroca faltara à escola e ao
chegar a casa encontrara o pai atrás da porta com um rebenque na mão. “Agora tu me pagas,
salafrário!” Liroca saíra a correr como um doido na direção do fundo do quintal. “Espera, poltrão!” E de
repente o que o velho Maneco tinha nas mãos não era mais o chicote, e sim as próprias vísceras, que lhe
escorriam moles e visguentas da ferida do ventre. “Vamos, covarde!”
De súbito, como tomado dum demônio, Liroca ergueu-se, apertou a carabina contra o peito e deitou a
correr na direção da igreja. Seus passos soaram fofos na terra. Deu cinco passadas e a meio caminho,
sem olhar para o Sobrado, numa voz frenética de quem pede socorro, gritou: “Pica-paus do inferno! Sou
homem!”. Continuou a correr e, ao chegar ao ponto morto atrás da parede lateral da igreja, rojou-se ao
solo e ali ficou, arquejante, com o peito colado à terra, o coração a bater acelerado, e sentindo entrar-lhe
na boca e nas narinas talos de grama úmida de sereno. “A la fresca!”, murmurou ele. “A la fresca!”
Estava inteiro, estava salvo. Fechou os olhos e deixou-se quedar onde estava, babujando a terra com sua
saliva grossa, a garganta a arder, e o corpo todo amolentado por uma fraqueza que lhe dava um trêmulo
desejo de chorar.
VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento, parte I: O Continente. 4ª ed. S˜ao Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.
17- 19 (texto adaptado).
Texto 2
A ideia de ciberguerra tem sido questionada por alguns estudiosos, tanto militares quanto civis. Para
Thomas Rid, por exemplo, não houve até o momento qualquer ciberataque que possa enquadrar na
clássica definição de Clausewitz1 para o “ato de guerra”. Para o pensador prussiano, basicamente se
pode classificar como ato de guerra algo relacionado a ações violentas. Além disso, o ato de guerra é
sempre “instrumental”, isto é, através da violência física ou da ameaça do uso da força é possível impelir
o inimigo a realizar aquilo que o atacante deseja. E ainda não se deve esquecer uma terceira
característica do ato de guerra: o ataque deve ser algum tipo de ideia-noção ou intenção de meta
política. Um dos problemas apresentados aqui é pensar aquilo que se entende por “violência”. Nesse
caso, conforme Jarno Limnéll, estamos lidando com um conceito ambíguo, que agrega mais do que
causas físicas ou a morte.
A ciberguerra compõe parte daquilo que alguns chamam de “guerra não convencional”. A ocorrência de
um incidente envolvendo ataques à rede de um determinado país logo desperta comparações com a
vasta filmografia sobre “revoltas de computadores”, sobre os indomáveis hackers. Mas, ao contrário,
talvez fosse interessantediminuir os excessos sobre o assunto e trazê-lo cuidadosamente para o lugar da
história.
O texto “Cyberwar is coming!”, de John Arquilla e David Ronfeldt, foi um dos primeiros a apontar a
singularidade de novos modos de conflito. Publicado pela Rand Corporation, agência reconhecida por
subsidiar o Departamento de Defesa norte-americano, o trabalho da dupla repercutiu ao apresentar a
necessidade de pensar as tecnologias da informação como aspecto central nas novas estratégias
militares. Arquilla e Ronfeldt destacam a necessidade de conhecer o campo inimigo, revelam inspiração
nos mongóis do século XIII, afirmam a importância de considerar a relação histórica entre mudanças
tecnológicas e novas formulações para as doutrinas militares.
Anos depois, a mesma dupla de pesquisadores publicaria outro trabalho, procurando delimitar aquilo a
que chamaram de netwar, a guerra em rede. Para eles, esse modo de conflito ganharia preponderância,
haja vista que, para levar adiante uma ciberguerra, seria necessária uma quantidade maior de recursos
financeiros e um repertório menor de artefatos a serem utilizados. A netwar seria típica de conflitos de
baixa intensidade, sendo perceptível com maior nitidez nas ações de grupos como o Hamas e os
zapatistas.
Provavelmente, a diferença mais visível entre os dois tipos de conflito, ciberguerra e guerra em rede,
possa ser observada no fato de que o primeiro exige o uso de ambientes cibernéticos, enquanto o
segundo não. Sendo assim, as ciberguerras apresentam um maior potencial para serem empreendidas
por agentes estatais, embora isso não seja uma regra. Os formatos em torno da ciberguerra também
evidenciam a necessidade do uso das redes de computadores para que os resultados esperados sejam
atingidos.
Nye Jr. chama a atenção para a força que os conflitos cibernéticos ganharam neste século. O fato de
possibilitarem a participação de agentes não estatais e a inserção cada vez mais profunda dos
computadores e softwares na vida cotidiana somente reforça a necessidade de considerarmos os influxos
desse tipo de ação. Evidentemente, acompanhar a ideia de que existe ciberguerra envolve a
compreensão das semelhanças e diferenças em relação ao que classicamente consideramos uma guerra.
Numa guerra do tipo clássico, o aspecto físico exerce papel fundamental. Deve-se levar em conta o
preparo de tropas fisicamente saudáveis, habilidosas no manejo de armamentos e com a possibilidade de
movimentação em diferentes terrenos. Em tal modalidade de guerra, os combates tendem a cessar a
partir da exaustão das tropas ou por seu desgaste. Por um lado, os governos dispõem de um quase
monopólio do uso da força em larga escala, e os defensores precisam conhecer muito bem o terreno de
movimentação. Além disso, é preciso considerar que um combate desse tipo requer consideráveis
recursos de manutenção, mobilidade e investimentos financeiros. Afinal de contas, deslocar tropas do
Atlântico Norte para o Pacífico ou da América do Sul para a África exige tempo e considerável gasto com
combustíveis, entre outros.
63)
Toda essa situação ganha contornos diferentes na ciberguerra. Nela podem atuar diversos atores,
estatais e não estatais, identificados e anônimos. A distância física é quase irrelevante, o ataque se
sobrepõe à defesa, já que a rede mundial de computadores não foi pensada como algo a ser
necessariamente defendido. Outra característica está no fato de que a parte maior, e oficialmente mais
poderosa, tem capacidade limitada para desarmar ou destruir o inimigo, ocupar o território ou usar
efetivamente estratégias de força contrária.
Em 2014, por exemplo, nos confrontos entre a Rússia e a Ucrânia, o sistema de comunicações via
telefone 50 celular ucraniano foi atacado. A companhia Ukrtelecom teve suas instalações invadidas por
homens armados que danificaram cabos de fibra ótica, comprometendo seriamente o fornecimento do
serviço. Por outro lado, grupos de hackers ucranianos, a exemplo do Cyber-Berkut, atacaram as páginas
russas. O site da agência de comunicação estatal Russia Today foi invadido e nele a palavra “russos” foi
substituída por “nazistas”.
Justamente por suas características, trata-se de um conflito que mais frequentemente se desenvolve nas
sombras, com certa discrição. Se há cibercomandos, eles são anunciados sempre como unidades de
função defensiva, n˜ao de ataque. Ao mesmo tempo, ´e importante pensar que as intervenções
cibernéticas podem servir como ato de abertura de uma guerra mais convencional. Dito de outro modo,
um ataque cibernético pode ser o primeiro passo em uma ação maior.
LEÃO, Kari; SILVA, Francisco. Por que a guerra?: Das batalhas gregas à ciberguerra - uma história da violência
entre os homens. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018, p. 469 - 472 (texto adaptado).
1 Carl Von Clausewitz (1790 – 1831) – foi um experiente militar prussiano, especialista em estratégias de batalhas e
considerado um grande teórico devido `as suas definições amplamente difundidas sobre a guerra.
Assinale a alternativa em que o processo de formação de palavras dos vocábulos destacados está
corretamente indicado:
a) “[...] cessara ao entardecer.” - Derivação prefixal e sufixal.
b) “[...] era um covarde.” - Derivação regressiva.
c) “[...] atiradores da água-furtada [...].” - Composição por justaposição.
d) “[...] o ataque deve ser algum [...]” - Derivação imprópria.
e) “[...] embora isso não seja uma regra” - Hibridismo.
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Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
'Leia a crônica “Caso de justiceiro”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
Mercadinho é imagem de confusão organizada. Todos comprando tudo ao mesmo tempo em corredores
estreitos, carrinhos e pirâmides de coisas se comprimindo, apalpamento, cheiração e análise visual de
gêneros pelas madamas, e, a dominar o vozerio, o metralhar contínuo das registradoras. Um olho
invisível, múltiplo e implacável, controla os menores movimentos da freguesia, devassa o mistério de
bolsas e bolsos, quem sabe se até o pensamento. Parece o caos; contudo nada escapa à fiscalização.
Aquela velhinha estrangeira, por exemplo, foi desmascarada.
— A senhora não pagou a dúzia de ovos quebrados.
— Paguei.
Antes que o leitor suponha ter a velhinha quebrado uma dúzia de ovos, explico que eles estão à venda
assim mesmo, trincados. Por isso são mais baratos, e muita gente os prefere; casca é embalagem. A
senhora ia pagar a dúzia de ovos perfeitos, comprada depois; mas e os quebrados, que ela comprara
antes?
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A velhinha se zanga e xinga em ótimo português-carioca o rapaz da caixa. O qual lhe responde boas, no
mesmo idioma, frisando que gringo nenhum viria lá de sua terra da peste para dar prejuízo no Brasil, que
ele estava ali para defender nosso torrão contra piratas da estranja. A mulher, fula de indignação, foi
perdendo a voz. Caixeiros acorreram, tomando posição em defesa da pátria ultrajada na pessoa do
colega; entre eles, alguns portugueses. A freguesia fez bolo. O mercadinho parou.
Eis que irrompe o tarzã de calção de banho ainda rorejante e berra para o caixa:
— Para com isso, que eu não conheço essa dona mas vê-se pela cara que é distinta.
— Distinta? Roubou cem cruzeiros à casa e insultou a gente feito uma danada.
— Roubou coisa nenhuma, e o que ela disse de você eu não ouvi mas subscrevo. O que você é, é um
calhorda e quer fazer média com o patrão à custa de uma pobre mulher.
O outro ia revidar à altura, mas o tarzã não era de cinema, era de verdade, o que aliás não escapou à
percepção de nenhum dos presentes. De modo que enquanto uns socorriam a velhinha, que desmaiava,
outros passavam a apoiá-la moralmente, querendo arrebentar aquela joça. O partido nacionalista
acoelhou-se. Foram tratando de cerrar as portas, para evitar a repetição de Caxias. Quem estava lá
dentro que morresse de calor; enquanto não viessem a radiopatrulhae a ambulância, a questão dos
ovos ficava em suspenso.
— Ah, é? — disse o vingador. — Pois eu pago os cem cruzeiros pelos ovos mas você tem de engolir a
nota.
Tirou-a do bolso do calção, fez uma bolinha, puxou para baixo, com dedos de ferro, o queixo do caixa, e
meteu-lhe o dinheiro na boca.
Assistência deslumbrada, em silêncio admiracional. Não é todos os dias que se vê engolir dinheiro. O
caixa começou a mastigar, branco, nauseado, engasgado.
Uma voz veio do setor de ovos:
— Ela não roubou mesmo não! Olha o dinheiro embaixo do pacote!
Outras vozes se altearam: “Engole mais os outros cem!” “Os ovos também!” “Salafra” “Isso!” “Aquilo!”.
A onda era tamanha que o tarzã, instrumento da justiça divina, teve de restabelecer o equilíbrio.
— Espera aí. Este aqui já pagou. Agora vocês é que vão engolir tudo, se maltratarem este rapaz.
(Carlos Drummond de Andrade. Cadeira de balanço, 2020.)
A derivação regressiva ocorre quando, a partir de um vocábulo com sufixo real ou suposto, formamos um
novo vocábulo por meio da eliminação do referido sufixo. Verifica-se um exemplo de derivação regressiva
no seguinte trecho:
a) “Por isso são mais baratos, e muita gente os prefere”
b) “Não é todos os dias que se vê engolir dinheiro”
c) “ele estava ali para defender nosso torrão contra piratas da estranja”
d) “Todos comprando tudo ao mesmo tempo em corredores estreitos”
e) “eu pago os cem cruzeiros pelos ovos mas você tem de engolir a nota”
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Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Leia o poema “Ausência”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder a questão.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Corpo, 2015.)
As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer modificação na forma. A este processo de
enriquecimento vocabular pela mudança de classe das palavras dá-se o nome de “derivação imprópria”.
(Celso Cunha. Gramática do português contemporâneo, 2013. Adaptado.)
No contexto do poema “Ausência”, observa-se um exemplo de derivação imprópria no verso
a) “Hoje não a lastimo.”
b) “A ausência é um estar em mim.”
c) “que rio e danço e invento exclamações alegres,”
d) “ninguém a rouba mais de mim.”
e) “Por muito tempo achei que a ausência é falta.”
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Prova Integral (PI)/2021
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Texto
Queimadas no Pantanal em 2020 superaram recorde histórico
Número de focos de queimadas registrados em 2020 superaram o total de três anos anteriores, segundo
o Inpe. (Dândara Genelhú em 08h52 - 02/01/2021)
Marcado com cenário de fogo e fumaça, causados pelas queimadas, o Pantanal foi o bioma mais afetado
em 2020. O índice de queimadas registrado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) foi o
maior da história.
Assim, desde 1998, quando começaram a monitorar a situação, não havia sido registrada tamanha
destruição por queimadas. Apenas em 2020, foram 22.116 focos de incêndio contabilizados pelo Inpe. O
bioma faz parte do território de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Além de ser o maior registro histórico de queimadas, esta foi a primeira vez em que o Pantanal registrou
mais de 12,5 mil focos de incêndio. Antes, o recorde de queimadas era de 12.536 focos, em 2005. Então,
se comparado o mesmo período dos anos com maiores índices de queimadas, o aumento do último ano
foi de 76.41%.
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Indo mais além, 2020 teve mais focos de incêndio no Pantanal do que os três anos anteriores juntos. Em
2019 foram 10.025 focos, em 2018 foram 1.691 e 2017 registrou 5.773. Com isso, somam 17.489 focos
de queimadas.
Pantanal sul-mato-grossense
No MS foram registrados 12.080 focos de queimadas em 2020. De acordo com a CNN, o último número
expressivo no Estado aconteceu em 2005, quando houveram 12.904 focos de incêndio.
Então, segundo levantamento do INPE, a semana com mais focos registrados foi de 28 de setembro até
04 de outubro de 2020. Neste período foram contabilizados 1.276 focos de queimadas.
Assim, mais de 40 mil km2 do Pantanal inteiro foram devastados até novembro. Ou seja, cerca de 30%
do bioma já foi devastado. O apontamento foi realizado pelo LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites
Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e divulgado pela CNN. [...]
Texto reproduzido fielmente conforme publicado em https://www.midiamax.com.br/cotidiano/2021/queimadas-no-
pantanal-em-2020-superaram-recorde-historico (acesso em 02/01/2021)
No texto, a frase “O bioma faz parte do território de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.” nos traz o
conceito de “bioma” (de bios=vida e oma=grupo ou massa). Ao refletir sobre os processos de formação
das palavras, observamos outras palavras que também utilizam o prefixo “bio” de origem grega, a
exemplo de biólogo ou biografia.
Analise as opções abaixo e marque a que apresenta um processo de formação de palavras por prefixação
com o mesmo significado do prefixo em todas as palavras:
a) Binário, bípede, biomassa; bissexto.
b) Finalmente, felizmente, atualmente, mente.
c) Embrião, embondeiro, emprestado, embutido.
d) Regressar, revolver, revirar, revisar.
e) Amava, amasse, amora, amido.
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FUVEST - Vest (USP)/USP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu festival anual, cuja 77º edição começa no dia 2 de
setembro, com a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até 12/9, com 50 produções
internacionais e uma expectativa (extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg, na
ribalta.
Rodrigo Fonseca. “À
espera dos rugidos de Veneza”. O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado.
Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o cruzamento vocabular, em que são
misturadas pelo menos duas palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa nova
palavra resulta da síntese de significados e do inesperado da combinação, como é o caso de “dramédia”
no texto. Ocorre esse mesmo tipo de formação em
a) “deleitura” e “namorido”.
b) “passatempo” e “microvestido”.
c) “hidrelétrica” e “sabiamente”.
d) “arenista” e “girassol”.
e) “planalto” e “multicor”.
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Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Leia o texto da orelha do livro Mutações: o futuro não é mais o que era para responder à questão.
Em Confissões, Santo Agostinho revela que os fatos vislumbrados para o futuro são, na verdade, visões
de causas e sinais que já existem. Assim, as indicações do porvir seriam realizadas no momento
presente. Mas o que esse presente tem nos revelado diante de tantas transformações produzidas pela
revolução tecnocientífica? Quando Paul Valéry declarou “o futuro não é mais o que era”, ele afirmava a
dificuldade de reconstruir o passado, construir o futuro e estava intrigado com o tempo presente. Em um
mundo acelerado, com tempo escasso para reflexões, o presente é substituído pelo imediato, pelo
provisório, pelo fim das grandes narrativas e da ideia de estilo nas artes. Assim, inspirado na célebre
frase de Paul Valéry, Adauto Novaes conclui que não se pode pensar o futuro da mesma maneira como
ele era imaginado até há pouco.
De que maneira a ideia de futuro é traduzida hoje no mundo dominado pela técnica?O que se conserva
ainda hoje nos fatos e nas ideias propostas no passado? Qual imagem temos do futuro? Essas e outras
questões permeiam este que é o sexto livro da série Mutações. A convite de Adauto Novaes, vinte e dois
ensaístas discorrem sobre o futuro, o tempo, a política, tendo como base as perspectivas histórica, social
e cultural: a ideia de futuro como uma construção imaginária que limita as potencialidades do presente;
a novidade que rapidamente se transforma em rotina; reflexões filosóficas e científicas sobre o tempo; a
intersecção entre passado e acontecimento; a responsabilidade dos atos de hoje sobre as catástrofes
futuras; as mudanças profundas que vivemos cotidianamente.
O futuro, então, já não existe como abertura e promessa. Ele é incessantemente reinventado pelo
presente. Assim, observando nosso presente e analisando as consequências sociais da recusa em
entender/resgatar o passado, esta obra pretende, ainda, chamar a atenção para a crença na ciência
“infalível” que preside a era da técnica.
(Adauto Novaes (org.). Mutações: o futuro não é mais o que era, 2013.)
Exprimem ideia de mudança e ideia de repetição, respectivamente, os prefixos das seguintes palavras:
a) “imediato” (1º parágrafo) e “discorrem” (2º parágrafo).
b) “reconstruir” (1º parágrafo) e “incessantemente” (3º parágrafo).
c) “transforma” (2º parágrafo) e “reinventado” (3º parágrafo).
d) “intersecção” (2º parágrafo) e “infalível” (3º parágrafo).
e) “profundas” (2º parágrafo) e “reflexões” (1º parágrafo).
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Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
Para responder à questão, leia a cena inicial da comédia O noviço, de Martins Pena.
AMBRÓSIO: No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego
é aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar. Todo homem pode ser rico, se atinar com o
verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos auxiliares. Qual o
homem que, resolvido a empregar todos os meios, não consegue enriquecer-se? Em mim se vê o
exemplo. Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda serei. O como não
importa; no bom resultado está o mérito... Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu? Se em algum
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69)
tempo tiver de responder pelos meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. As leis criminais
fizeram-se para os pobres...
(Martins Pena. Comédias (1844-1845), 2007.)
Um vocábulo também pode ser formado quando passa de uma classe gramatical a outra, sem a
modificação de sua forma. É o que se denomina derivação imprópria. Na fala de Ambrósio, constitui
exemplo de derivação imprópria o vocábulo sublinhado em
a) “O como não importa”.
b) “Mas um dia pode tudo mudar”.
c) “No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la”.
d) “Pintam-na cega”.
e) “Em mim se vê o exemplo”.
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IME - CFG (IME)/IME/2020
Língua Portuguesa (Português) - Formação e Estrutura das palavras
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA À QUESTÃO.
Publicada em 1902, a partir de um trabalho de correspondente de guerra encomendado pelo jornal “A
Província de São Paulo” ao engenheiro militar Euclides da Cunha, oriundo da Escola Militar da Praia
Vermelha (atualmente, Instituto Militar de Engenharia), a obra “Os Sertões” aborda os acontecimentos
da chamada guerra de Canudos, que foi o confronto entre um movimento popular messiânico e o
Exército Nacional, de 1896 a 1897, no interior do estado da Bahia. Uma leitura obrigatória para a
compreensão da sociedade e da cultura brasileira, a obra reflete a descoberta pelo autor de um “Brasil
profundo”, desconhecido pela elite intelectual e política do litoral, e se tornou obra canônica de expressão
dos problemas e temas da nacionalidade. Em tom erudito, “Os Sertões” se caracteriza pelo encontro do
estilo com os conceitos científicos, que são estetizados e transfigurados, para estabelecer um novo plano
de realidade humana, por meio de uma escrita tortuosa, gramaticalmente rebuscada, marcada pela rica
adjetivação e reinvenção lexical.
Texto 1
CAPÍTULO 3
A GUERRA DAS CAATINGAS
Os doutores na arte de matar que hoje, na Europa, invadem escandalosamente a ciência, perturbando-
lhe o remanso com um retinir de esporas insolentes — e formulam leis para a guerra, pondo em equação
as batalhas, têm definido bem o papel das florestas como agente tático precioso, de ofensiva ou
defensiva. E ririam os sábios feldmarechais — guerreiros de cujas mãos caiu o franquisque heroico
trocado pelo lápis calculista — se ouvissem a alguém que às caatingas pobres cabe função mais definida
e grave que às grandes matas virgens. Porque estas, malgrado a sua importância para a defesa do
território — orlando as fronteiras e quebrando o embate às invasões, impedindo mobilizações rápidas e
impossibilitando a translação das artilharias —, se tornam de algum modo neutras no curso das
campanhas. Podem favorecer, indiferentemente, aos dois beligerantes oferecendo a ambos a mesma
penumbra às emboscadas, dificultando-lhes por igual as manobras ou todos os desdobramentos em que
a estratégia desencadeia os exércitos. São uma variável nas fórmulas do problema tenebroso da guerra,
capaz dos mais opostos valores.
Ao passo que as caatingas são um aliado incorruptível do sertanejo em revolta. Entram também de certo
modo na luta. Armam-se para o combate; agridem. Trançam-se, impenetráveis, ante o forasteiro, mas
abrem-se em trilhas multívias, para o matuto que ali nasceu e cresceu.
E o jagunço faz-se o guerrilheiro-tugue, intangível...
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As caatingas não o escondem apenas, amparam-no.
Ao avistá-las, no verão, uma coluna em marcha não se surpreende. Segue pelos caminhos em torcicolos,
aforradamente. E os soldados, devassando com as vistas o matagal sem folhas, nem pensam no inimigo.
Reagindo à canícula e com o desalinho natural às marchas, prosseguem envoltos no vozear confuso das
conversas travadas em toda a linha, virguladas de tinidos de armas, cindidas de risos joviais mal
sofreados.
É que nada pode assustá-los. Certo, se os adversários imprudentes com eles se afrontarem, serão
varridos em momentos. Aqueles esgalhos far-se-ão em estilhas a um breve choque de espadas e não é
crível que os gravetos finos quebrem o arranco das manobras prontas. E lá se vão, marchando,
tranquilamente heroicos...
De repente, pelos seus flancos, estoura, perto, um tiro...
A bala passa, rechinante, ou estende, morto, em terra, um homem. Sucedem-se, pausadas, outras,
passando sobre as tropas, em sibilos longos. Cem, duzentos olhos, mil olhos perscrutadores, volvem-se,
impacientes, em roda. Nada veem.
Há a primeira surpresa. Um fluxo de espanto corre de uma a outra ponta das fileiras.
E os tiros continuam raros, mas insistentes e compassados, pela esquerda, pela direita, pela frente
agora, irrompendo de toda a banda...
Então estranha ansiedade invade os mais provados valentes, ante o antagonista que vê e não é visto.
Forma-se celeremente em atiradores uma companhia, mal destacada da massa de batalhões constritos
na vereda estreita. Distende-se pela orla da caatinga. Ouve-se uma voz de comando; e um turbilhão de
balas rola estrugidoramente dentro das galhadas...
Mas constantes, longamente intervalados sempre, Zunem os projéteis dos atiradores invisíveis batendo
em cheio nas fileiras.
A situação rapidamente engravesce, exigindo resoluções enérgicas. Destacam-se outras unidades
combatentes, escalonando-se por toda a extensão do caminho, prontas à primeira voz; -— e o
comandante resolve carregar contra o desconhecido. Carrega-se contra os duendes. A força, de
baionetas caladas, rompe, impetuosa, o matagal numa expansão irradiante de cargas. Avança com
rapidez. Os adversários parecem recuar apenas. Nesse momentosurge o antagonismo formidável da
caatinga.
As seções precipitam-se para os pontos onde estalam os estampidos e estacam ante uma barreira
flexível, mas impenetrável, de juremas. Enredam-se no cipoal que as agrilhoa, que lhes arrebata das
mãos as armas, e não vingam transpô-lo. Contornam-no. Volvem aos lados. Vê-se um como rastilho de
queimada: uma linha de baionetas enfiando pelos gravetos secos. Lampeja por momentos entre os raios
do sol joeirados pelas árvores sem folhas; e parte-se, faiscando, adiante, dispersa, batendo contra
espessos renques de xiquexiques, unidos como quadrados cheios, de falanges, intransponíveis,
fervilhando espinhos...
Circuitam-nos, estonteadamente, os soldados. Espalham-se, correm à toa, num labirinto de galhos.
Caem, presos pelos laços corredios dos quipás reptantes; ou estacam, pernas imobilzadas por fortíssimos
tentáculos. Debatem-se desesperadamente até deixarem em pedaços as fardas, entre as garras felinas
de acúleos recurvos das macambiras...
Impotentes estadeiam, imprecando, o desapontamento e a raiva, agitando-se furiosos e inúteis. Por fim a
ordem dispersa do combate faz-se a dispersão do tumulto. Atiram a esmo, sem pontaria, numa
indisciplina de fogo que vitima os próprios companheiros. Seguem reforços. Os mesmos transes
reproduzem-se maiores, acrescidas a confusão e a desordem; — enquanto em torno, circulando-os,
rítmicos, fulminantes, seguros, terríveis, bem apontados, caem inflexivelmente os projetis do adversário.
De repente cessam. Desaparece o inimigo que ninguém viu.
As seções voltam desfalcadas para a coluna, depois de inúteis pesquisas nas macegas. E voltam como se
saíssem de recontro braço a braço, com selvagens: vestes em tiras; armas estrondadas ou perdidas;
golpeados de gilvazes; claudicando, estropiados; mal reprimindo o doer infernal das folhas urticantes;
frechados de espinhos...
(...)
A luta é desigual. A força militar decai a um plano inferior. Batem-na o homem e a terra. E quando o
sertão estua nos bochornos dos estios longos não é difícil prever a quem cabe a vitória. Enquanto o
minotauro, impotente e possante, inerme com a sua envergadura de aço e grifos de baionetas, sente a
garganta exsicar-se-lhe de sede e, aos primeiros sintomas da fome, reflui à retaguarda, fugindo ante o
deserto ameaçador e estéril, aquela flora agressiva abre ao sertanejo um seio carinhoso e amigo.
(...)
A natureza toda protege o sertanejo. Talha-o como Anteu, indomável. É um titã bronzeado fazendo
vacilar a marcha dos exércitos.
CUNHA, Euclides da. Os Sertões (Campanha de Canudos). 2º ed. São Paulo: Editora Ciranda Cultural, 2018. p. 181-
186.
Texto 2
ESTADOS DE VIOLÊNCIA
A guerra, na longa história dos homens, terá tido seus atores e suas cenas, seus heróis e seus espaços,
seus personagens e seus teatros. Diversidade incrível das fardas, dos costumes, enfeites, armaduras,
equipamentos. Multiplicidade dos terrenos: barro espesso ou poeira asfixiante, brejos viscosos,
desfiladeiros rochosos, prados gordurentos ou planícies sombrias, colinas acidentadas, montanhas
dentadas, muros grossos das cidades fortificadas, portões e fossos profundos. Sem mesmo falar das
táticas de combate, da evolução técnica das armas. Mas o que malgrado tudo ficaria e basearia a
distinção entre guerras maiores e menores, grandes e pequenas, verdadeiras e degradadas, era essa
forma pura de dois exércitos engajando forças representando entidades políticas identificáveis,
afrontando-se em batalhas decisivas, terrestres ou marítimas, que os colocavam em contato com seu
princípio de encerramento: vitória ou derrota. É ainda possível essa forma pura de guerra, depois que as
grandes e principais potências dispõem da arma absoluta (o fogo nuclear), depois ainda que um só
possui uma superioridade arrasadora das forças clássicas de destruição, tecnologias de reconhecimento,
técnicas de fundição de precisão, depois enfim que as democracias desenvolveram uma cultura de
negociação, de arbitragem em que o recurso à força nua é dado como inadequado, selvagem,
contraproducente? Imagina-se que no futuro ainda grandes potências mobilizem o conjunto de suas
forças vivas para se medirem?
Na trama visível, dilacerada das grandes guerras contemporâneas, reconhecem-se apenas a paisagem
cultural da guerra, as nervuras de sua representação dominante. Não se veem mais, e tanto melhor,
colunas de soldados em centenas de milhares chegando ao futuro campo de batalha, dispondo-se em
ordem para a batalha decisiva. Não se espera mais com um entusiasmo ansioso a sanção das armas:
duração da batalha, data da vitória ou da derrota (...) Os estados de violência fazem aparecer uma
multiplicidade de figuras novas: o terrorista, o chefe de facções, o mercenário, o soldado profissional, o
engenheiro de informática, o responsável da segurança etc. Não exército disciplinado, mas redes
dispersas, concorrentes, profissionais da violência. Mudanças ainda no nível do teatro dos conflitos. Para
a guerra: uma planície, espaços largos, às vezes colinas ou rios, em todo caso campanhas (para não
levar em conta aqui guerras de cerco). E depois vem o espetáculo desolador após a batalha: os inimigos
como que abraçados na morte, corpos juncando o solo, fardas rasgadas, manchas de sangue. Um grande
70)
silêncio depois de tantos gritos e de vaias. O novo teatro é hoje a cidade. Não a cidade fortificada, em
torno da qual se entrincheira, mas a cidade viva dos transeuntes. A dos espaços públicos: mercados,
garagens, terraços de café, metrôs... A das ruas que francos atiradores isolados transformam em teatro
de feira para divertimentos atrozes (...)
Tempos e espaços, personagens e cadáveres. Aqui se trata apenas do regime de imagens de violência
armada que se acha transformado. A aposta filosófica seria dizer que acontece outra coisa, e não a
guerra, que se poderia chamar provisoriamente de “estados de violência”, porque eles se oporiam ao que
os clássicos tinham definido como “estado de guerra” e também como “estado de natureza” (...)
Diante da inquietante extravagância desses conflitos dificilmente identificáveis ou codificáveis nos
quadros da análise estratégica clássica, ouve-se mesmo: o pior estaria por vir. É preciso dizer que a
polemologia (estudo da guerra) não reconhece mais seus filhos: nem seus chefes responsáveis, nem
seus soldados dóceis, nem seus heróis esplêndidos, nem seus mortos no campo de honra. Chega-se
mesmo a se queixar. Neste ponto, contudo, a nostalgia é dificilmente suportável. Sobretudo para lastimar
guerras que às vezes nem mesmo foram vividas pessoalmente. Estas boas velhas guerras, com bons
velhos inimigos, fomentadas por Estados, alegando “razões”, deve-se recordar que foram também o
instrumento das mais baixas ambições, das mais loucas pretensões, dos mais sórdidos cálculos? Que elas
acarretaram sem falhar o sacrifício de milhões de homens que não pediam senão para viver, que elas
esgotaram precocemente civilizações desenvolvidas, conduziram culturas prestigiosas ao suicídio?
Resta, além de um pensamento nostálgico, compreender o que causa os estados atuais de violência.
Então, antes que falar da “nova guerra”, de “guerra selvagem”, “guerra sem a guerra”, de “guerra sem
fim”, de “guerra assimétrica”, de “guerra civil generalizada”, de “guerra ruiva”, é preciso elucidar, em lugar
do jogo antigo da guerra e da paz, as estruturações destes estados de violência (...) Como a filosofia
clássica tinha conceituado o estado de guerra e de natureza, seria preciso esboçar a análise filosófica dos
estados de violência, como distribuição contemporânea das forças de destruição.
GROS, Frédéric. Estados de violência: ensaio sobre o fim da guerra. Tradução de José Augusto da Silva.
Aparecida, SP: Editora Ideias & Letras, 2009. p. 227-232 (texto adaptado).
Considere os vocábulos dos Textos 1 e 2 destacados nos trechos a seguir:
“Armam-se para o combate (...)"
“(...) aquela flora agressiva abre ao sertanejo um seio carinhoso e amigo.”
“A dos espaços públicos: mercados, garagens, terraçosde café, metrôs...
Tais vocábulos são formados, respectivamente, a partir de processos de
a) derivação regressiva, derivação imprópria, abreviação.
b) neologismo, derivação imprópria, abreviação.
c) abreviação, derivação regressiva, hibridismo.
d) redução, neologismo, combinação.
e) hibridismo, derivação regressiva, neologismo.
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2022
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
Para responder à questão, leia um trecho do prefácio “Um gênero tipicamente brasileiro”, do escritor
Humberto Werneck, publicado na antologia Boa companhia: crônicas.
Fernando Sabino e Rubem Braga, por longos anos obrigados a desovar crônicas diárias, não se
limitavam, nas horas de aperto, a requentar seus requintados escritos — chegaram a permutar, na moita,
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velhos recortes, na suposição de que os textos, de tão antigos, já se houvessem apagado da memória do
leitor de jornal, recuperando assim a virgindade tipográfica. O troca-troca, contado por Fernando Sabino
na crônica “O estranho ofício de escrever”, merece ser aqui reproduzido:
Éramos três condenados à crônica diária: Rubem no Diário de Notícias, Paulo no Diário Carioca e eu no O
Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do bar, servia de tema para mais de um de
nós. Às vezes para os três. Quando caiu um edifício no bairro Peixoto, por exemplo, três crônicas foram
por coincidência publicadas no dia seguinte, intituladas respectivamente: “Mas não cai?”, “Vai cair” e
“Caiu”.
Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia:
— Será que você teria aí uma crônica pequenininha para me emprestar?
Procurei nos meus guardados e encontrei uma que talvez servisse: sobre um menino que me pediu um
cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até uma miserável casa de pasto da Lapa: a sopa
existia mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O preço da sopa”. Rubem deu uma melhorada na
história, trocou “casa de pasto” por “restaurante”, elevou o preço para cinco cruzeiros, pôs o título mais
simples de “A sopa”.
Tempos mais tarde chegou a minha vez — nada como se valer de um amigo nas horas difíceis:
— Uma crônica usada, de que você não precisa mais, qualquer uma serve.
— Vou ver o que posso fazer — prometeu ele.
Acabou me dando de volta a da sopa.
— Logo esta? — protestei.
— As outras estão muito gastas.
Sou pobre mas não sou soberbo. Ajeitei a crônica como pude, toquei-lhe uns remendos, atualizei o preço
para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o título: “Esta sopa vai acabar”.
Eternamente deleitável ou imediatamente deletável — depende menos do tema do que das artes do
autor —, a crônica pode não ser um “gênero de primeira necessidade, a não ser talvez para os escritores
que a praticam”, como sustentava Luís Martins — um dos recordistas brasileiros nesse ramo de
escreveção. Um subgênero, há quem desdenhe. “Literatura em mangas de camisa”, diz-se em Portugal.
Mas, para o crítico Wilson Martins, trata-se de uma “espécie literária” que de jornalístico “só tem o fato
todo circunstancial de aparecer em periódicos.”
(Humberto Werneck (org.). Boa companhia: crônicas, 2005. Adaptado.)
Para evitar sua repetição, omite-se um substantivo que pode ser facilmente identificado pelo contexto
linguístico em:
a) “Sou pobre mas não sou soberbo.”
b) “Um subgênero, há quem desdenhe.”
c) “‘Literatura em mangas de camisa’, diz-se em Portugal.”
d) “Acabou me dando de volta a da sopa.”
e) “Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do bar, servia de tema para mais de um de
nós.”
71)
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Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
Para responder à questão, leia a crônica “A bela e a fera”, de Paulo Mendes Campos, publicada
originalmente em 1981.
Quando eu era soldado, o terror do quartel era o vice-comandante, o Major Eufrásio. Era um homem de
meia-altura, atarracado, braços curtos, cara quadrada, de nariz e óculos enormes. Não sorria nunca. Mais
que isso, estava sempre de cara amarrada, como se temesse punhalada pelas costas. Não perdoava
nada, vivia vasculhando as nossas faltas, mandava prender os subordinados por causa de um botão na
túnica ou de uma perneira mal engraxada. Nós lhe votávamos todos um santo ódio, sobretudo porque o
próprio comandante era a mais civil das criaturas e poderia dirigir sem irrisão um colégio de meninas. O
contraste entre os dois chefes supremos serviria para levar-nos ao eterno pensamento sobre a
diversidade dos seres humanos — mas não pensávamos naquela época. Reagíamos, condicionados
pouco a pouco, ao estímulo de ordinário marche, à esquerda, à direita, alto, fórmulas que nos poupam o
incômodo exercício do pensamento. E cultivávamos o medo e a raiva: sobretudo quando o Major
Eufrásio, de cima de um cavalo, virava o próprio monumento equestre do inimigo da humanidade. [...]
Agora o leitor faça transcorrer vinte anos. Estou na companhia de amigos em um bar na cidade quando
sinto, não propriamente medo, mas uma vaga sensação de mal-estar, ao ver na mesa ao lado o terrível
do Eufrásio. Tinha cabelos escassos e brancos, mas era o mesmo homem robusto, feio e atarracado. O
major bebia sozinho o seu uísque. Estava entre nós alguém que o conhecia dos tempos da Escola Militar:
palavra vai, palavra vem, o antigo colega e eu fomos convidados para beber um rápido com o major. A
situação me empolgava. Afinal, vinte anos depois ia eu conhecer de perto o fero e intransponível major.
O ódio antigo se transformou instantaneamente em curiosidade humana: como seria a fera por dentro? A
ideia de que o major fosse a favor da bomba atômica causou-me alvoroço. Seria um fim de carreira em
harmonia com o princípio.
Contou-me que se reformara há pouco tempo no posto de general e gozava o ócio depois de tantos anos
de trabalho. Puxando a conversa para onde me interessava, disse-lhe do terror que ele me inspirava no
meu tempo de soldado. O general pôs-se a sorrir e me falou que, no fundo, sempre fora um sentimental.
Cinco minutos depois, estava a narrar-nos uma história de amor. Ainda o coronel, pouco antes de
reformar-se, tivera em Porto Alegre a grande paixão de sua existência. Era a mulher mais bela do
mundo, de incomparáveis olhos azuis e francesa. E que voz suave! que delicadeza de gestos! que
educação! que finura!
Era casada e muito bem casada. Não, jamais pudéssemos pensar que ele fosse perturbar a felicidade do
casal. Frequentou-lhes a casa durante quatro anos em devoção ardente mas coberta pela máscara
serena de uma vontade de ferro. Nunca deixou transparecer o que lhe ia no coração! Nunca! A não ser
uma vez. Foi quando o casal lhe ofereceu uma grande festa de despedida. Os olhos da fera estavam
umedecidos. Ela estava mais deslumbrante do que nunca. Ele, o homenageado, à véspera da partida, às
vezes tinha de esconder-se pelos cantos para enxugar com o lenço a emoção. Foi uma coisa indescritível,
que só não o levou ao desespero porque de há muito decidira pela resignação.
Houve só um momento de fraqueza. Um só! Foi quando os dois se encontraram sozinhos na sacada, sob
um céu maravilhosamente estrelado. Ela confessou a saudade que ele deixava.
– Aí, meu caro amigo, este velho coração não suportou mais. Segurei de leve as mãos dela e disse, em
francês: Madame, je vous aime.1
O general tirou o lenço, levantou os óculos, limpou os olhos.
– Ela me apertou a mão com força e me disse... Que coisa linda ela me disse! que simplicidade! que
dignidade!... Ela me disse: Merci, mon colonel! 2
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72)
73)
1 Madame, je vous aime.: Senhora, eu a amo.
2 Merci, mon colonel!: Obrigada, meu coronel!
(Paulo Mendes Campos. Balé do pato, 2012.)
O termo que qualifica o substantivo na expressão “devoção ardente” (5o parágrafo) tem sentido oposto
ao termo que qualifica o substantivo em:
a) “eterno pensamento” (1o parágrafo).
b) “incômodo exercício” (1oparágrafo).
c) “santo ódio” (1o parágrafo).
d) “máscara serena” (5o parágrafo).
e) “coisa indescritível” (5o parágrafo).
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Marinha - Alun (CN)/CN/2020
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
Assinale a opção na qual o substantivo destacado tem plural metafônico.
a) Você providenciou os trocos que lhe pedimos, Gabriel?
b) A costureira esqueceu no táxi os bolsos de todos os jalecos.
c) Quantos polvos devemos comprar para fazer a caldeirada?
d) Merecidamente, seus sogros estão de férias em Recife, não é?
e) Pelo que eu soube, alguns almoços ainda não foram entregues.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2018
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
TEXTO 4
[...]
Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida
nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons
não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares
revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.
Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não
sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil no barreiro
ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.
Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá
Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo
ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E,
findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.
A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do outro peito para trás era tudo
insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam
na carne meio comida pela doença.
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74)
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha
deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um
Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro
enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro: Record. 2001. p. 85-91.
Do ponto de vista estilístico, o uso da forma no diminutivo das palavras criaturinha e cabecinha
expressa o sentido de
a) afetuosidade.
b) pequenez.
c) ironia.
d) desprezo.
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha,
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
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pequeno para ser homem,
forte para ser criança.
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava.
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada,
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico - era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentino comparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
75)
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
“Amo e canto com ternura / todo o errado da minha terra” (texto 1, versos 29 e 30).
A substantivação do adjetivo “errado”, antecedido pelo determinante “o”, que aparece no trecho acima
destacado do poema de Cora Coralina
a) fala do desdém relativo à maneira como vivem os habitantes dos becos.
b) mostra que a voz poética é avessa a tudo o que acontece nos becos.
c) salienta uma proximidade e cumplicidade entre quem ama e quem recebe o amor.
d) revela apatia em relação aos becos de Goiás e a seus frequentadores.
e) trata unicamente da exclusão social dos moradores dos becos.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2016
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando
sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
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76)
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,
nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são
potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do
"sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que
guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e,
até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma
o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são
esquecidos. Eles são desnecessários corno "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de
um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se
opõe à que nos deforma por estagnação. A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.
[ ... ]
Para aprender a perguntar, porque o pensamento dependa formal, mas porque ler é um precisamos
aprender a ler. Não da gramática ou da língua tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a
entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de
nós mesmos.
Pensar, esse muitas vezes em simples e ao lamentável que cultura em que ato que está faltando entre
nós, começa aí, silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto mesmo tempo complexo que é ler um livro.
É as pessoas sucumbam ao clima programado da ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca
prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos
que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha
descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e
diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela
mesma - é algo bem diferente.
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
https://resvitacultural.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)
Assinale a opção INCORRETA com relação ao emprego do gênero do substantivo em destaque.
a) Se meus filhos desejarem, farei a musse de maracujá para a sobremesa desta noite.
b) Assim que o veterinário examinou o pobre cão, sentiu muito dó, comovendo-se bastante.
c) A próxima eclipse ocorrerá no final deste mês, à noitinha, mas somente no Sudeste.
d) Como todos sabem, o plasma é fundamental na cura de certas doenças graves.
e) Trouxeram o champanhe que eu encomendei, há dias, para o jantar de hoje?
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2015
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
Para formar o grau diminutivo é preciso que seja acrescentada à palavra o sufixo (– inho). Assim,
assinale a alternativa cuja consoante de ligação NÃO foi corretamente empregada no momento de
formar o grau diminutivo:
a) Casa – casinha;
b) Pai – paisinho;
c) Xícara – xicarazinha;
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77)
78)
d) Nariz – narizinho;
e) Animal – animalzinho.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2014
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
A questão a seguir aborda um fragmento de um artigo de Mônica Fantin sobre o uso dos tablets no
ensino, postado na seção de blogues do jornal Gazeta do Povo em 16.05.2013:
Tablets nas escolas
Ou seja, não é suficiente entregar equipamentos tecnológicos cada vez mais modernos sem uma
perspectiva de formação de qualidade e significativa, e sem avaliar os programas anteriores. O risco é de
cometer os mesmos equívocos e não potencializar as boas práticas, pois muda a tecnologia, mas as
práticas continuam quase as mesmas.
Com isso, podemos nos perguntar pelos desafios da didática diante da cultura digital: o tablet na sala de
aula modifica a prática dos professores e o cotidiano escolar? Em que medida ele modifica as condições
de aprendizagem dos estudantes? Evidentemente isso pode se desdobrar em inúmeras outras questões
sobre a convergência de tecnologias e linguagens, sobre o acesso às redes na sala de aula e sobre a
necessidade de mediações na perspectiva dos novos letramentos e alfabetismos nas múltiplas
linguagens.
Outra questão que é preciso pensar diz respeito aos conteúdos digitais. Os conteúdos que estão sendo
produzidos para os tablets realmente oferecem a potencialidade do meio e sua arquitetura multimídia ou
apenas estão servindo como leitores de textos com os mesmos conteúdos dos livros didáticos? Quem
está produzindo tais conteúdos digitais? De que forma são escolhidos e compartilhados?
Ou seja, pensar na potencialidade que o tablet oferece na escola — acessar e produzir imagens, vídeos,
textos na diversidade de formas e conteúdos digitais — implica em repensar a didática e as
possibilidades de experiências e práticas educativas, midiáticas e culturais na escola ao lado de questões
econômicas e sociais mais amplas. E isso necessariamente envolve a reflexão crítica sobre os saberes e
fazeres que estamos produzindo e compartilhando na cultura digital.
(Tablets nas escolas. www.gazetadopovo.com.br. Adaptado.)
No último período do texto, os termos saberes e fazeres são
a) adjetivos.
b) pronomes.
c) substantivos.
d) advérbios.
e) verbos.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2012
Língua Portuguesa (Português) - Substantivo
TEXTO I
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Felicidade suprema
Às vezes vale a pena pensar sobre a vida. Não sobre o que temos ou não consumido, tampouco a
respeito do que fizemos ou deixamos de fazer. São aspectos factuais que, mais do que ajudar em uma
reflexão mais profunda, tornam-se barreiras ao pensamento abstrato, aquele em que vamos encontraras
verdadeiras significações. Chegamos quase à ideia de Platão, mas aí já o terreno é extremamente
perigoso e podemos nos enredar.
Tentar entender o que é a felicidade talvez seja um dos caminhos para se chegar ao sentido da vida. É
um assunto para o qual não há dona de álbum de pensamentos que não tenha uma resposta pronta: a
felicidade não existe. Existem momentos felizes. Essa é uma verdade chocantemente inofensiva, pois não
chega a pensar o que seja a felicidade como também não esclarece o que são tais momentos felizes.
Pois bem, o assunto me ocorre ao me lembrar de que vivemos em uma sociedade excessivamente
consumista, sociedade em que a maioria considera-se feliz se pode comprar. Assim é o capitalismo:
entranha-se em nossa consciência essa aparência de verdade fazendo parecer que os interesses de
alguns sejam verdades inquestionáveis. O que é bom para mim tem de ser bom para todos. Isso tem o
nome de ideologia, palavra tão surrada quão pouco entendida. E haja propaganda para que a máquina
continue girando. Não sou contra o consumo, declaro desde já, mas contra o consumismo. Elevar o
consumo de bens materiais (principalmente) como o bem supremo de um ser humano é tirar-lhe toda a
humanidade.
[ ... ]
Schopenhauer, filósofo do século XIX, já vislumbrava nossa época, a sociedade do consumismo
desenfreado. Ele afirmava que o desejo é a regência do mundo. E que desejamos o que não temos.
Portanto, somos infelizes. E se o desejo é satisfeito com a obtenção de seu objeto, novos objetos surgem
em seu caminho. Esta insaciabilidade do ser humano é que o vai manter preso à infelicidade.
Bem, e a que chegamos? Enquanto alguém que circule melhor do que eu pela filosofia, que mal
tangencio como curioso, vou continuar pensando que a vida não tem sentido, apenas existência. E isso,
um pouco à maneira do Alberto Caeiro, para quem pensar é estar doente.
Menalton Braff, em www.cartacapital.com.br - acesso em 22
fev. 2012. (adaptado)
TEXTO II
Assinale a opção correta sobre o texto I ou texto II.
a) Os termos destacados em " [ ... ] depois come salsicha e aí compra uma máquina de lavar [ ... ] ."
(texto II)apresentam classificações sintáticas diferentes.
b) Em "A felicidade não existe. Existem momentos felizes." (2°§ - texto I), os dois termos destacados
desempenham o mesmo papel sintático, tanto na primeira quanto na segunda oração.
79)
c) No período " [ ... ] só não é feliz se for muito idiota." (texto II), o termo destacado modifica um
substantivo, determinando-o.
d) Em "Schopenhauer, filósofo do século XIX, já vislumbrava [ ... ]." (4°§ - texto I), o termo em
destaque remete à situação comunicacional, servindo para indicar atributos permanentes dos seres.
e) Os termos destacados em " [ ... ] novos objetos surgem em seu caminho." (4°§ - texto
I)caracterizam um mesmo substantivo, qualificando-o.
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FUNCERN - CTNM (IF RN)/IF RN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
TEXTO 1
SÓ 10 ESTADOS MANTÊM OBRIGATORIEDADE TOTAL DE MÁSCARAS
Malu Mões 17.mar.2022 (quinta-feira) - 13h14 atualizado:
17.mar.2022 (quinta-feira) - 17h47
Todos os locais que não flexibilizaram a
proteção estão no Norte e Nordeste
Levantamento do Poder360 mostra que só 10 Estados ainda não flexibilizaram o uso de máscaras até
esta 5ª feira (17.mar.2022). Bahia, Pernambuco, Roraima, Pará, Sergipe, Amapá, Tocantins, Paraíba, Piauí
e Ceará mantêm a proteção contra a covid-19 em locais abertos e fechados. Todos os Estados estão nas
regiões Norte e Nordeste. Os 16 Estados restantes e o Distrito Federal já retiraram ao menos
parcialmente a proteção. Contudo, pessoas que estiverem com covid-19 ou sintomas gripais devem
continuar usando.
Sete unidades da Federação já tornaram as máscaras opcionais em todos os locais: Rio de Janeiro,
Distrito Federal, Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Alagoas. O uso segue
necessário nos ambientes internos de outros 5 Estados (Paraná, Rio Grande do Sul, Amazonas, Rio
Grande do Norte e Acre).
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Maranhão determinaram critérios para permitir que os municípios
desobriguem a proteção.
Espírito Santo:
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Só espaços abertos – cidades que forem classificadas como de risco baixo à covid-19 no levantamento
semanal do Estado. Nesta semana, 65 municípios obtiveram esse rótulo; Espaços abertos e fechados
– o município deve ter 80% dos adultos com o 1º ciclo vacinal completo (duas doses ou dose única);
90% da população de 12 a 17 anos com a 1ª dose; e 90% dos idosos aptos com a dose de reforço. Só
12 cidades atenderam a esse critério nesta semana.
Minas Gerais:
Só espaços abertos – máscaras deixaram de ser obrigatórias; Espaços abertos e fechados – o
município deve ter ao menos 80% da população com 5 anos ou mais com o 1º ciclo vacinal completo e
40% dos adultos com a dose de reforço.
Goiás:
Só espaços abertos – municípios precisam ter ao menos 75% da população com 5 anos ou mais com o
1º ciclo vacinal completo; Espaços fechados – uso permanece necessário.
Maranhão:
Só espaços abertos – uso dispensado para todos. Espaços fechados – municípios precisam ter ao
menos 70% da população com o 1º ciclo vacinal completo. Nas outras cidades, o uso é dispensado em
estabelecimentos internos desde que seja obrigatório apresentar comprovante de vacinação com duas
doses ou a dose única para entrar.
O uso de máscara ainda é obrigatório nacionalmente, conforme a Lei nº 14.019, de 2 de julho de 2020
(íntegra - 294 KB). Mas, Estados e municípios têm prerrogativa para decidir sobre quais serão suas
orientações de combate à pandemia. Nos Estados em que a proteção foi flexibilizada, prefeitos têm a
opção de manter a obrigatoriedade. A Fiocruz divulgou na semana passada boletim em que afirma ser
prematuro o relaxamento de medidas protetivas contra a covid-19. Segundo os pesquisadores da
fundação, é necessário ter prudência na adoção de qualquer medida de flexibilização. Dizem que ainda
haverá um impacto do Carnaval, aumentando os casos e internações. Também afirmam que a cobertura
vacinal precisa aumentar.
Disponível em: https://www.poder360.com.br/coronavirus/so
-10-estados-mantem-obrigatoriedade-total-de-mascaras/. Acesso em: 30 mar. 2022. Texto adaptado para uso nesta
avaliação.
TEXTO 2
PNEUMOTÓRAX
Manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
– Respire.
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e
o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
BANDEIRA, M. Poesia Completa e Prosa, Ed. Nova Aguilar, Rio de Janeiro.
80)
81)
TEXTO 3
Hemoptise: subst. fem. Expectoração de sangue proveniente dos pulmões, traqueia e brônquios, mais
comumente observável na tuberculose pulmonar.
Dispneia: subst. fem. Sensação de falta de ar que normalmente surge quando se está praticando
alguma atividade física. Também pode ser causada por doenças cardíacas ou que afetam diretamente os
pulmões.
No trecho, a palavra cujo valor morfológico é igual ao de OBRIGATÓRIAS é
a) vacinal.
b) município.
c) população.
d) adultos.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2022
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Texto
O velho Tamarai
Essa história é baseada nos acontecimentos reais e muito contada e recontada nos momentos de lazer e
nos mutirões que faziam na Raposa I.
Tamarai era um homem bom, pacato quando estava no meio de seus parentes, seja na igreja, nos
trabalhos coletivos, porém, estando só, numa pescaria ou numa viagem ele se tornava um homem
arisco.
[...]
RAPOSO, C. A. Lendas e mitos da tribo Makuxi. In: Leitura e textos indígenas – Fábio Almeida de Carvalho;
Isabel Maria Fonseca; Celino AlexandreRaposo (Orgs). Boa Vista/RR: Editora da UFRR, 2019.
No fragmento de texto acima, há adjetivos. Alguns deles são:
a) Homem, muito, trabalhos, porém;
b) Reais, pacato, arisco, coletivos;
c) História, pescaria, lazer, momentos;
d) Igreja, acontecimentos, só, estando;
e) Tamarai, um, no, um.
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FGV - Vest (FEMPAR)/FEMPAR/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
TEXTO II
A pandemia do novo Coronavírus e o isolamento social trouxeram um novo problema de saúde pública: a
miopia precoce (dificuldade em enxergar para longe). Estudo realizado na China com mais de 120 mil
crianças mostrou que os casos de miopia entre crianças de 6 anos aumentaram 400% nos cinco
primeiros meses de lockdown de 2020, em comparação aos anos anteriores. A pesquisa foi publicada
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2243047
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1969199
82)
este mês na JAMA Ophthalmology, revista científica com maior fator de impacto dentro do campo da
oftalmologia.
O estudo é coordenado pelo professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade dos Estados
Unidos, Jiaxing Wang, e vem sendo realizado desde 2015 com crianças entre 6 e 13 anos de idade. Os
dados revelam ainda que entre os participantes com 7 anos o aumento foi de 200% nos casos de miopia,
e aos 8 anos a alta foi de 40%.
Bem Paraná, 29/01/2021.
“A pandemia do novo Coronavírus e o isolamento social trouxeram um novo problema de saúde pública:
a miopia precoce (dificuldade em enxergar para longe).”
Nesse segmento do Texto II aparecem duas ocorrências do adjetivo novo; sobre essas ocorrências é
correto afirmar que
a) só a segunda ocorrência mostra caráter opinativo.
b) as duas ocorrências indicam características negativas.
c) as duas ocorrências manifestam a opinião do enunciador.
d) as duas ocorrências identificam algo diferente do existente anteriormente.
e) as duas ocorrências poderiam aparecer após os substantivos determinados, sem alteração de
sentido.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Imigrantes e Refugiados/2019
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
PUBLICIDADE, CONSUMO E MEIO AMBIENTE
Em 50 anos, a população mundial passou de aproximadamente 2,5 bilhões (1950) para cerca de 6
bilhões (2000). A industrialização crescente permitiu um aumento excepcional no consumo de produtos e
teve como consequência o aumento também do lixo e da poluição. Para conter os danos ao meio
ambiente de uma produção não sustentável e garantir a sobrevivência das futuras gerações, a sociedade
moderna terá de reformular alguns hábitos de consumo.
Vivemos numa sociedade de consumo, onde comprar e vender faz parte do cotidiano e toma muito
tempo, recurso e energia. O problema é que geralmente não percebemos que esse simples ato pode ter
reflexos negativos sobre o meio ambiente.
Ao comprar uma roupa nova, por exemplo, não nos damos conta de que, para produzir aquele tecido, foi
preciso cultivar o algodão, e que isso implicou no uso de grandes quantidades de fertilizantes químicos e
pesticidas, que contaminam o solo, a água e o ar. Atualmente, imensas áreas de terra são destinadas à
monocultura do algodão, que, com o passar dos anos, vai deteriorando o solo. Mais ainda, o processo de
tingimento na indústria têxtil emprega grandes volumes de água e produtos químicos, que contaminam
os cursos de água.
Hoje disseminado em praticamente todo o mundo, o fenômeno do consumismo não teria sido possível
sem o bombardeio incessante da publicidade.
A publicidade nos persegue em toda a parte, e muitas vezes não nos damos conta disso. Está nas ruas,
nas fachadas dos prédios, nos ônibus e nas vitrines. Também chama a nossa atenção em bancos,
escritórios, hospitais, restaurantes, cinema e outros lugares públicos. Em casa, basta abrir o jornal, ligar
o rádio ou a televisão. Muitas vezes, ela vem pelo correio: são as ofertas e propagandas.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2231252
Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos, bolsas e outros objetos com
etiquetas visíveis. É realmente muito difícil não ser afetado por essa publicidade massiva, que se
incorporou a todos os aspectos de nossa vida e nos emite mensagens o tempo todo, de forma direta ou
velada.
A publicidade é um meio eficiente para tornar o produto conhecido e prestar informações para ajudar o
consumidor a fazer uma escolha e até aprender a consumir melhor. O problema é que, em vez de
fornecer informações para um consumo racional e consciente, as mensagens publicitárias exploram
pontos vulneráveis do público para convencê-lo de que o produto é realmente necessário. Assim, ela
apela para os desejos, gostos, ideias, necessidades, vaidades e outros aspectos da nossa personalidade.
Você já reparou como são as pessoas que aparecem nos anúncios publicitários? Geralmente são de
classe média ou alta, bonitas, saudáveis, felizes e bem-sucedidas.
A publicidade utiliza vários tipos de estratégias para atingir o seu público-alvo, aquele a que o produto se
destina. Para vender produtos higiênicos, cosméticos e alimentos, por exemplo, elaboram-se anúncios
dirigidos para as mulheres. Neles, o que aparece não é uma mulher comum, mas um estereótipo de
mulher, criado pela nossa cultura. Assim, as mulheres que anunciam cosméticos devem ser jovens, belas,
magras e atraentes. Já para anunciar um produto de limpeza, a mulher deve ser perfeita e estar numa
casa esplêndida e mais limpa do que um laboratório clínico.
A publicidade dirigida ao homem geralmente explora seu desejo de obter êxito e de ser atraente e viril. O
homem típico da publicidade é bonito, tem conta no banco, um bom carro, uma bela casa, uma mulher
bonita e fala ao telefone celular. Na propaganda, quase tudo é permitido, pelo menos em muitos países
onde a legislação é frágil. Frequentemente explora-se a imagem da mulher seminua para fazer todo o
tipo de propaganda, desde um simples refrigerante até um sofisticado e caro automóvel esportivo.
Como no jogo publicitário existe muita competição comercial, as empresas de publicidade vivem em
busca de formas cada vez mais sensacionais e novas para atingir o público com suas mensagens. São
muitos os apelos, vão desde colecionar pequenos brindes que vêm com os produtos até juntar tampas
de garrafas, embalagens, entre outras coisas, para concorrer a prêmios.
Quase sempre o anúncio ou peça publicitária se vale da síndrome do “todos têm e por isso eu devo ter”.
Isso faz com que as pessoas ajam pelo impulso, seguindo a ordem ditada pelo anúncio, sem questionar
as reais necessidades ou mesmo a qualidade ou preço dos produtos. Além de fazer mal ao nosso bolso,
essa atitude acaba por prejudicar o meio ambiente, com o acúmulo do lixo e de poluição gerado por uma
produção não sustentável.
https://supertarefas.blogspot.com/2014/01/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
”Ao comprar uma roupa nova, por exemplo, não nos damos conta de que, para produzir aquele tecido,
foi preciso cultivar o algodão, e que isso implicou no uso de grandes quantidades de fertilizantes
químicos e pesticidas, que contaminam o solo, a água e o ar.”
No contexto do fragmento, as palavras destacadas pertencem à classe dos:
a) Substantivos.
b) Verbos.
c) Adjetivos.
d) Pronomes.
e) Preposições.
83)
84)
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2018
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Qual das palavras destacadas a seguir não é um adjetivo?
a) A corneta eliminou PARTE da folga
b) Os BONS escravos nem sempre são escolhidos
c) Na chegada da embarcação há comoção NACIONAL
d) As GRANDES fazendas contratam muita força escrava.
e) Aportarão no dia SEGUINTE.
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
São Jerônimo foi um homem de grande cultura, era doutor nas Sagradas Escrituras, teólogo, escritor,
filósofo, historiador. Foi ele quem traduziu aBíblia pela primeira vez, do hebraico e grego para o latim, a
língua falada pelo povo. Sua tradução foi chamada de Vulgata, ou seja, popular.
História de São Jerônimo.
São Jerônimo nasceu da Dalmácia, hoje Croácia, no ano de 340. Sua família era rica, culta e de raiz
cristã. Ele era filho único e herdou uma pequena fortuna de seus pais. Após a morte deles, Jerônimo foi
morar em Roa. Lá, estudou retórica, que é a arte de falar bem, oratória com os melhores mestres da
época. Com isso, adquiriu mais cultura ainda.
Os textos de informação são, normalmente objetivos e têm as palavras postas na ordem direta. Algumas
vezes, ocorre a inversão de termos para destacar os fatos, enfatizar um dado da mensagem.
Em que item, por duas vezes, o adjetivo foi antecipado ao substantivo com essa intenção enfática?
a) foi um homem de grande cultura, - doutor nas Sagradas Escrituras
b) teólogo, escritor, filósofo, historiador. - Foi ele quem traduziu a Bíblia
c) a língua falada pelo povo - foi chamada de Vulgata
d) São Jerônimo nasceu na Dalmácia - no ano de 340.
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1012451
85)
e) Após a morte deles, - Jerônimo foi morar em Roma.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Prova Integral (PI)/2017
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Leia o texto abaixo e responda a questão.
TEXTO II
UM APÓLOGO
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa
neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que
sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o
meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás
obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o
caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em
casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira,
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e
outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da
costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se
importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa,
como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava
resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais
que o plic-plic-plicplic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia
seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha
espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama,
e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para
mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da
elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da
costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência,
murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí
ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2261582
86)
87)
ASSIS, Machado de. Para Gostar de Ler - Volume 9 – Contos. São Paulo: Ática, 1984
No trecho: "Esta agora é melhor.", e no trecho "... um alfinete, de cabeça grande e não menor
experiência...", as palavras destacadas são adjetivos expressos na gradação ou grau:
a) superlativo absoluto sintético e superlativo absoluto analítico, respectivamente.
b) comparativo de inferioridade.
c) comparativo de superioridade e comparativo de inferioridade, respectivamente.
d) superlativo relativo de superioridade.
e) comparativo de superioridade.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Leia o texto para responder a questão:
Participação do agronegócio no PIB é a maior em 13 anos, estima CNA
Contribuição do setor para a economia brasileira chegou a 23,5% em 2017, segundo entidade.
A agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país
em 2017, a maior participação em 13 anos, estimou nesta terça-feira a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA).
Safra recorde reanima a economia e salva o PIB do 1º trimestre
A CNA disse também que a criação de empregos foi a mais alta em 5 anos nos setores de agricultura e
produção de carne, os únicos segmentos da economia que aumentaram o emprego.
A CNA acrescentou em sua coletiva anual, em Brasília (DF), que a agricultura foi o principal contribuidor
para reduzir a inflação no Brasil.
No título da notícia: “Participação do agronegócio no PIB é a maior em 13 anos, estima CNA”, o grau do
adjetivo destacado é:
a) comparativo de superioridade
b) superlativo absoluto sintético
c) superlativo absoluto analítico
d) comparativo de inferioridade
e) superlativo relativo de superioridade
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2016
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Leia o texto abaixo para responder a questão:
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2246692
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2248278
88)
89)
(Níquel Náusea — Nem tudo que balança cai. São Paulo: Devir, 2003. p. 12.)
A palavra “incrível” na frase do segundo quadrinho constitui um
a) adjetivo
b) advérbio
c) substantivo
d) pronome
e) verbo
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2016
Língua Portuguesa (Português) - Adjetivo
Nas frases “Este computador é mais potente que aquele” e “Aquele vestido é mais lindo que este”,
os graus comparativos do adjetivo são de:
a) superioridade.
b) inferioridade.
c) igualdade.
d) relatividade.
e) superlatividade.
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COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Indígena (VI)/2022
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Txai Suruí, da etnia paiter-suruí, discursou na aberturaoficial da Conferência do Clima das Nações
Unidas (COP26). Ela estuda Direito na Universidade Federal de Rondônia e foi a única brasileira a falar na
COP26. Leia, a seguir, a transcrição de partes do discurso dela, proferido em português:
“Meu nome é Txai Suruí. Tenho apenas 24 anos, mas o meu povo tem vivido na Amazônia por pelo
menos 6 mil anos. Meu pai, o grande chefe Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a
lua, o vento, os animais e as árvores. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.
Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora! Os
povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das
decisões que acontecem aqui. Temos ideias para adiar o fim do mundo. Vamos frear as emissões de
promessas mentirosas e irresponsáveis; vamos acabar com a poluição das palavras vazias. E vamos lutar
por um futuro e um presente habitáveis. É necessário sempre acreditar que o sonho é possível.”
(Disponível em https://www.instagram.com/p/CVvDniglYCW/. Acessa do em 10/12/2021.)
As afirmativas a seguir foram retiradas do texto do discurso de Txai Suruí. Assinale aquela cujo verbo
está na primeira pessoa do plural.
a) “Meu pai, o grande chefe Almir Suruí, me ensinou”.
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2192115
90)
b) “Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática”.
c) “Temos ideias para adiar o fim do mundo”.
d) “A Terra está falando”.
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SUCONS UEMA - Vest (UEMA)/UEMA/Educação a Distância (EAD)/2022
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Leia o texto para responder à questão.
A Raça Superior
A espécie humana acredita ser a única inteligente. Puro engano. Há tempos imemoriais nós, os humanos,
fomos derrotados por uma raça superior, muito mais esperta. Mais que derrotados, fomos domesticados.
Pelos cachorros.
De fato, sob qualquer índice de avaliação, a raça canina se mostra superior. Quem convive com um cão
gosta de dizer que é “dono”. Como acreditar, se tudo prova que o cachorro é dono do homem? Na
questão da alimentação, por exemplo.
Qualquer pessoa gasta dinheiro e tempo para comprar ração. Analisa os vários tipos e até experimenta
uns pedacinhos para avaliar o sabor. Corre atrás de ossos para proporcionar tardes de degustação ao
cachorro. Compra imitações de borracha. Indústrias pesquisam novas rações nutritivas.
[...]
Toca a procurar terapeuta. Horas e horas dedicadas a analisar a pura vontade de buscar amor! Revistas
dedicam quilômetros de papel a práticas de sedução. Como olhar de lado, como sorrir, como se oferecer
sem dar na vista.
Mais: como ter coragem de expressar os sentimentos. Cachorro, não. Abana o rabo e pronto. Muitas
vezes, com ciúme, já tive vontade de morder alguém. Ao contrário, sorri simpaticamente enquanto o
sangue fervia. Cães não possuem esse tipo de constrangimento. Atiram-se em cima do rival. Mordem a
mão de quem acaricia. Até conseguirem seu quinhão de afeto. Mas também não guardam raiva.
Depois de rosnarem um para o outro, dois cães saem pulando e brincando juntos.
Sento-me na varanda e meu cachorro se aproxima: Sem nenhuma preocupação na vida. Deita-se aos
meus pés e prepara-se para receber sua dose cotidiana de carinho. Eu me submeto. Raça superior é isso
aí.
https://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-do-walcyr-carrasco
O verbo tocar pode assumir uma grande variedade de sentidos. No parágrafo em destaque, a oração
“Toca a procurar terapeuta.“ apresenta esse verbo empregado num sentido bem popular, também
observado na seguinte assertiva:
a) "Pedro, toca a minha pessoa decidir sobre a venda da casa."
b) "O caminhão do lixo quase toca no carro do meu vizinho."
c) "Assim que chego em casa, João toca pra casa dos amigos."
d) "Ana não se toca com as reais exigências do trabalho."
e) "A situação dos refugiados da Ucrânia nos toca profundamente."
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2506877
91)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Texto
Atalhos
Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos
inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde .demora pra
entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos.
Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo
amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo,
demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48.
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar
sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo
empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas
desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho
do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma
certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se nos momentos de afeto, pra todo o resto é melhor
atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e
voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um
cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência
para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.
MEDEIROS, Martha. Atalhos, 2004.{adaptado)
Observe a conjugação dos verbos destacados no trecho a seguir:
"[ ... ] é como se a gente estivesse com o jogo empalado no segundo tempo e ainda se desse ao
luxo de atrasar a bola pro goleiro [ ... ]" (1º§)
Assinale a opção em que o verbo destacado também foi conjugado corretamente.
a) Se eles revissem o relatório, entenderiam a alteração proposta.
b) Era preciso que os alunos se entretessem com a atividade extraclasse.
c) Solicitei que minha irmã intervisse na discussão dos nossos pais.
d) Se ela reavesse seu gato perdido, ficaria muito feliz.
e) Embora não cabesse a ele a decisão, agiu como o juiz da relação.
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92)
93)
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modos e tempos verbais
TEXTO PARA A QUESTÃO
Romance Lill ou Das Palavras Aéreas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova! (...)
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
— sois um homem que se enforca!
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência.
Ao substituir a pessoa verbal utilizada para se referir ao substantivo "palavras" pela 3º pessoa do plural,
os verbos dos versos “sois de vento, ides no vento,”/ “Perdãopodíeis ter sido!”/ “Éreis um sopro na
aragem...” seriam conjugados conforme apresentado na alternativa:
a) são, vão, podiam, eram.
b) seriam, iriam, podiam, serão.
c) eram, foram, poderiam, seriam.
d) são, vão, poderiam, eram.
e) eram, iriam, podiam, seriam.
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Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
TEXTO PARA A QUESTÃO
Uma última gargalhada estrondosa. E depois, o silêncio. O palhaço jazia imóvel no chão. Mas seu rosto
continua sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar apenas 30 páginas.
O tempo de envenenar Gotham, sequestrar Robin, enfiar um par de sopapos no Homem-Morcego e
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94)
disparar o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº 1, o “horripilante bufão”
sofria um final digno de sua desumana ironia: ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito. Assim
decidiram e desenharam seus pais, os artistas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o
criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para se rebelar contra a ordem
estabelecida. Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E então um médico sentenciava:
“Continua vivo. E vai sobreviver!”.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha
ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a liberdade”. El País. Junho/2020.
No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito.”, a oração em negrito abrange,
simultaneamente, as noções de
a) proporção e explicação.
b) causa e proporção.
c) tempo e consequência.
d) explicação e consequência.
e) tempo e causa.
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Considere o texto abaixo para responder a questão.
De origem operária, o escritor D.H. Lawrence (1885-1930) foi vilipendiado por obscenidade. O Amante
de Lady Chatterley, seu romance mais conhecido, escrito em 1928 e proscrito como pornografia, só foi
publicado na Inglaterra em 1960.
Sua reputação teve altos e baixos. O escritor irlandês James Joyce o considerava um péssimo escritor,
talvez em retribuição às palavras que Lawrence reservara à “total falta de espontaneidade” de sua obra.
Para Lawrence, o romance genuíno é o que contradiz o autor, suas ideias e vontades, estabelecendo uma
relação nova com o mundo. Uma ideia de difícil compreensão, ainda mais hoje, e não só para o
academicista ou o moralista de plantão, agarrados a normas, que são a antítese da liberdade e, portanto,
segundo Lawrence, também do romance.
Escaldado pela sanha moralista, Lawrence revida com o exemplo do romance Anna Kariênina, do escritor
russo Liev Tolstói: o personagem “Vrónsky peca, mas a consumação do pecado é desejada com devoção.
O romance torna isso óbvio, apesar das ideias conservadoras do velho Tolstói”.
O que seria dos romances de Tolstói sem o pecado? “Nada que o homem tenha pensado ou sentido ou
conhecido é fixo. Tudo se move. Aí está a grandeza do romance. Ele não deixará ninguém contar
mentiras didáticas.”
O romance é, assim, a expressão de uma dinâmica que contradiz tanto a autoimagem do autor como a
do leitor. Por isso ele incomoda. Da mesma forma, os girassóis do pintor Van Gogh não são nem o retrato
de girassóis nem o do pintor, mas o resultado de uma relação intangível entre os dois.
No romance “tudo é verdadeiro no seu tempo, lugar e circunstância; e tudo é falso fora do seu lugar,
tempo e circunstância. Faz parte da enganação de praxe dizer que a arte é imoral”.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo de. Folha de S.Paulo, 31/10/2020.)
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95)
96)
O tempo verbal sublinhado indica uma hipótese em:
a) Nada que o homem tenha pensado (5º parágrafo)
b) James Joyce o considerava um péssimo escritor (2º parágrafo)
c) O que seria dos romances de Tolstói sem o pecado? (5º parágrafo)
d) Ele não deixará ninguém contar mentiras didáticas (5º parágrafo)
e) em retribuição às palavras que Lawrence reservara (2º parágrafo)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2021
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Assinale a opção em que todas as formas verbais destacadas foram empregadas corretamente.
a) O sertanejo preveu a seca e proveu a casa de mantimentos.
b) Todos os citados requiseram os pedidos e ativeram-se aos detalhes.
c) O juiz queria que reouvéssemos todos os processos trazidos ontem.
d) Credes em Deus e apiedai-vos dos irmãos.
e) Eu me precavenho todas as vezes que saio de casa.
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Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Para responder à questão, leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano
Ramos, publicada originalmente em 1943.
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, tinha gravidade
imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Vestia-se
ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar
retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e
fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto.
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se,
mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros, exatos, apesar de barrocas1
e degraus. A espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os
movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam.
Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra
semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o
alinhamento rigoroso.
Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-
dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel
da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas
sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses
hábitos salutares.
Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime,
infeliz consequência da paixão.
Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava.
Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o
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97)
pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos
enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda
mais isto, considerando porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era
impossível qualquer desvio.
Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos,
títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o
comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação.
(Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.)
1barroca: monte de terra ou de barro.
Expressa sentido hipotético a forma verbal sublinhada em:
a) “Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em
capítulos, títulos,artigos e parágrafos.” (7º parágrafo)
b) “Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros,
exatos, apesar de barrocas e degraus.” (2º parágrafo)
c) “Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência.” (6º
parágrafo)
d) “Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio.” (6º parágrafo)
e) “Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares.” (4º parágrafo)
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Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Para responder a questão, leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada na revista Careta
em 25.09.1915.
Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento e senhor de um sólido saber, resolveu certa vez
escrever uma obra sobre filologia.
Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e que daria ao espírito inculto dos brasileiros as
noções exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três anos, com esforço e sabiamente. Tinha
preparado o seu livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o saber de amanhã. Era uma
obra-prima pelas generalizações e pelos exemplos.
A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?
E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual tempo havia resolvido o difícil problema.
A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de “duas palavras ao leitor” e levaria, como
demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.
Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as que escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas
palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto
da página “duzentas e uma palavras ao leitor”.
E a dedicatória? A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento
ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…
Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão
comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua grave meditação, de seu profundo pensamento,
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98)
saiu a frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da expressão e, num gesto, sulcou o alto da
página de oferta com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…
Está aí como um grande gramático faz uma obra-prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.
(Sátiras e outras subversões, 2016.)
O cronista narra uma série de fatos ocorridos no passado. Um fato anterior a esse tempo passado está
indicado pela forma verbal sublinhada em
a) “Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página
‘duzentas e uma palavras ao leitor’.” (6º parágrafo)
b) “A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de ‘duas palavras ao leitor’ e levaria, como
demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.” (5º parágrafo)
c) “A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a ‘pálida homenagem’ de seu talento ao espírito
amigo que lhe ensinara a pensar...” (7º parágrafo)
d) “E Marco Aurélio resolve meditar.” (4º parágrafo)
e) “Leiam-na e verão como a coisa é bela.” (9º parágrafo)
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Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Para responder à questão, leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente
em 1902.
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito
tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural
[...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas,
ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas
guardam ainda um pouco dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico
recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando
o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro — como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 passava o seu vulto
na treva, tão sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas — que as primeiras pessoas que o
viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não
falava — naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas...
Também, ninguém lhe falava — não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter
nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da
Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo — e, apesar disso, sentir a voz presa
na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi — quando começaram de
aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não
vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou
que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou
que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria
alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as
galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para
perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os
pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia.
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99)
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e
de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o
delegado achou dentro da casa sinistra — um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme
— alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou:
“alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os sitiantes7
empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem
pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os
frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo
passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
1 esbatido: de tom pálido.
2 a desoras: muito tarde.
3 avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4 folha: periódico diário, jornal.
5 bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6 pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7 sitiante: policial.
Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos” (5º parágrafo), o termo sublinhado
está empregado na mesma acepção do termo sublinhado em
a) “ela correu um risco desnecessário”.
b) “a notícia corria por toda a cidade”.
c) “a manhã corria especialmente tranquila”.
d) “segundo corria, ela seria facilmente eleita”.
e) “um arrepio correu-lhe pela espinha”.
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Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Para responder a questão, leia a crônica de Machado de Assis, publicada em 19.05.1888.
Eu pertenço a uma família de profetas après coup1, post facto 2, depois do gato morto, ou como melhor
nome tenhaem holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de
maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar
um molecote que tinha, pessoa dos seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que,
perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que os meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas
cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um
aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu 3, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de
champanha e declarei que, acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a
liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas
ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não
podiam roubar sem pecado.
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Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio a abraçar- me os pés. Um dos
meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que
correspondesse ao ato que eu acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo;
fiz outro discurso agradecendo, e entreguei
a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e
não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho
que a óleo.
No dia seguinte, chamei Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
— Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado,
um ordenado que…
— Oh! meu senhô! fico.
— … Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste
imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa
ver; olha, és mais alto quatro dedos…
— Artura não qué dizê nada, não, senhô…
— Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo.
Tu vales muito mais que uma galinha.
— Eu vaio um galo, sim, senhô.
— Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as
botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia
anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram
dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou
outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; coisas todas que ele
recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.
O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que,
antes, muito antes de abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato
que comoveu a toda a gente que dele teve notícia; que esse escravo tendo aprendido a ler, escrever e
contar (simples suposição) é então professor de Filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros,
grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela,
dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e
incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.)
1après coup: a posteriori.
2post facto: após o fato.
3coup du milieu: bebida, às vezes acompanhada de brindes, que se tomava no meio de um banquete.
Para evitar a repetição de um verbo já mencionado, o narrador recorre à elipse de um verbo na frase
a) “Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio a abraçar- me os pés.”
(4º parágrafo)
b) “Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote.” (4º parágrafo)
100)
c) “Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu.” (8º parágrafo)
d) “Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar
bem as botas; efeitos da liberdade.” (13º parágrafo)
e) “Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.” (13º
parágrafo)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2020
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Texto referente a questão.
Texto I
Precisamos falar sobre fake news
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com ele
que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos netos e netas.
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o celular pode ser também uma fonte de
engano. De vez em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me envia
uma ou outra mensagem contendo uma fake news. A última foi sobre um suposto problema com a
vacina da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os
chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida.
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas mudanças que revolucionaram a
comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado ano passado na
revista “Science”, foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês),
dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque para
notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo
atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias, E os fatos obedeciam a
critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais
não identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de
compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que mostram que notícias e seus enquadramentos
influenciam opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas tem criado
versões alternativas do mundo, da História, das Ciências “ao gosto do cliente”, como dizem por aí.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que
deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de impacto mundial.
E passa por jovens vítimas de violência virtual e física.
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham portas, profissionais perdem suas
reputações e produtos são desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada, uma imagem
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101)
alterada ou uma legenda falsa.
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade
afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas
fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, queprecisam ser amplamente
debatidas, com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
O problema das fake news certamente passa pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos de
combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o antidoto que usaremos contra a disseminação
de notícias falsas em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a utilização de
qualquer tipo de controle que não seja democrático.
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
Em “Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias. E os
fatos obedeciam a critérios de apuração e checagem.” (6º§), a forma verbal destacada indica:
a) ação na atualidade, que é incerta ou duvidosa, e que pode se prolongar,
b) ação ocorrida no passado, completamente terminada.
c) processo iniciado no passado e que não se prolonga até o momento atual.
d) processo iniciado no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
e) ação ocorrida no passado, a qual foi completamente terminada.
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Nucvest PUC SP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2020
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Leia a crônica “O pistolão”, de Lima Barreto, para responder à questão.
Quando o dr. Café foi nomeado diretor do Serviço de Construção de Albergues e Hospedarias, anunciou
aos quatro ventos que não atenderia a pistolões.
Sabe toda a gente em que consiste o pistolão ou o cartucho. É uma carta ou cartão de pessoa influente,
de amigo ou amiga, de chefão político que faz as altas autoridades torcerem a justiça e o direito.
Café tinha anunciado que não atenderia absolutamente aos tais “cartuchos”; que ia decidir por si todos
os casos e questões.
Firme em tal propósito, ele se trancara no gabinete e lia os regulamentos que inteiramente desconhecia,
sobretudo os da sua repartição.
Naquele dia, o doutor teve notícia de que um moço o procurava.
Deu ordem a um contínuo que o fizesse entrar.
— Que deseja?
— Vossa excelência há de perdoar-me o incômodo. Eu desejava ser nomeado porteiro do albergue da
ilha do Governador.
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— Há albergue lá?
— Há sim, senhor.
Café pensou um tempo e disse com rapidez:
— Não conheço bem o senhor. Quem me garante a sua idoneidade para o cargo?
— Vossa excelência disse que não admitia empenhos...
— É verdade...
— Mas saberá vossa excelência que eu...
— É, é... O senhor deve fazer-se recomendar.
— Tenho mesmo já a recomendação.
— De quem é?
— Do senador Xisto.
— Deixe-me ver.
Café leu a carta e lembrou-se de que esse senador tinha concorrido muito para a nomeação dele.
Leu e respondeu:
— Pode ir. Amanhã estará nomeado.
(Sátiras e outras subversões, 2016.)
“Deu ordem a um contínuo que o fizesse entrar.” Considerando que o dr. Café trata o contínuo por “você”,
ao se transpor esse trecho para o discurso direto, o verbo “fizesse” assume a seguinte forma:
a) fizera.
b) faria.
c) faz.
d) faça.
e) fazei.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Saúde/2020
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
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102)
103)
As formas verbais “é” e “Vacine-se”, nesse anúncio publicitário, encontram-se, respectivamente, no modo
indicativo e imperativo e, assim, expressam um fato
a) durativo e uma recomendação.
b) momentâneo e uma súplica.
c) descontínuo e um pedido.
d) incoativo e uma ordem.
e) habitual e um convite.
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FUNDATEC - Vest (ESE)/ESE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Instrução: A questão pode referir-se ao texto abaixo; consulte-o, quando necessário. Os
destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Empreendedores e suas bolinhas de gude
Por Romero Rodrigues
Outro dia me perguntaram se as startups iriam matar as grandes corporações, os incumbentes. Não sou
grande fã de profecias radicais e apocalípticas. A provocação ia ainda mais longe: será que as
corporações, ao se tornarem cada vez mais ágeis, vão competir de igual para igual com as startups?
O que vai, de fato, acontecer? Como será o futuro? Quem morre e quem predomina?
Quando olho para trás e faço uma retrospectiva, racionalizando sobre o que aconteceu até hoje, fica
claro para mim que a dinâmica não vai mudar. A grande vantagem competitiva da startup em relação
grande corporação é como numa referência à Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin: a sua
adaptabilidade. A corporação é mais forte (do ponto de vista econômico) e mais inteligente (quando
consideramos todo o seu capital humano); portanto, a startup deve se adaptar mais rápido. Não importa
quão rápida e grande a corporação se torne, sempre existirá espaço para a inovação se manifestar no
ecossistema de startups.
Como não nego meu passado de engenheiro, vou me permitir fazer uma analogia para descrever essa
dinâmica entre startups e corporações: visualize uma sala quadrada e com pé direito alto. Imagine
quatro esferas grandes ocupam toda sala, sendo que cada uma delas encosta na outra e todas
encostam no chão, no teto e nas paredes, ocupando todo espaço. Repare que as esferas se encostam
umas nas outras, num único ponto. É também num único ponto que as esferas tocam as paredes, o teto
e o chão.
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104)
Digamos que essa sala seja um grande mercado, um mercado qualquer que você queira escolher, o
mercado financeiro ou de comércio eletrônico, por exemplo. As esferas são as grandes empresas desse
mercado, as corporações, os incumbentes, os big players.
Você diria que nesse mercado existe espaço para crescer? Sob o olhar dos céticos, com certeza não. Os
céticos têm seus olhos exatamente na metade da altura da sala. A única coisa que eles enxergam é uma
esfera tocando a outra e não há um vão sequer entre elas. O mercado está quase todo tomado.
Já os empreendedores estão deitados no chão da sala, brincando com suas bolinhas de gude. Da
perspectiva deles, é possível visualizar as quatro esferas, só tocam o chão em quatro pequeninos
pontos. Para eles, o mercado é completamente inexplorado, virgem, um oceano azul.
As empresas que estão montando são, por enquanto, pequenas bolas de gude, soltas no chão dessa
sala. Elas têm muito espaço para rolar, experimentar e descobrir. A corporação, já grande e disputando
market share com outras corporações, dispõe de muito menos liberdade. Além de mais liberdade para
experimentar, a startup também tem muita oportunidade gerada pela sombra das quatro grandes esferas
que estão lá no alto.
A startup ainda vai ter muito espaço para crescer antes de começar a incomodar as esferas que estão
acima dela. Num determinado momento, já grande o suficiente, a esfera da startup finalmente toca a
esfera da corporação. A startup começa, então, a empurrar as demais esferas. Nesse momento, há
alguns caminhos alternativos: a sala (mercado) cresce para acomodar o crescimento da nova esfera;
alguma das outras esferas diminui de tamanho, perdendo espaço, ou uma das esferas grandes adquire a
esfera que a está incomodando.
A verdade é que não importa quão grande seja o mercado ou quão grande sejam as grandes empresas.
As startups sempre estarão mais próximas do problema, em contato mais próximo com o cliente e com
maior velocidade para se adaptar. A startup é desenhada para continuar experimentando, para ter uma
estrutura organizacional rasa, para testar hipóteses de forma despretensiosa e repetitiva.
(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)
Caso as formas verbais “será” e “queira” fossem passadas para o pretérito imperfeito do modo indicativo,
elas assumiriam, respectivamente, as formas:
a) seria – quisesse.
b) foi – quereria.c) fora – quisera.
d) era – queria.
e) será – quererá.
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VUNESP - Vest (FAMERP)/FAMERP/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Leia o texto de Luiz Eduardo Soares para responder à questão.
Logo depois que assumi a Secretaria Nacional de Segurança, em 2003, recebi, por vias transversas, uma
mensagem de Luciano, da Rocinha. Ele desejava deixar a vida de traficante e viajar para longe. Tinha
chegado à conclusão de que seu caminho era a perdição: morreria cedo, de modo cruel, em mãos
inimigas. Queria começar de novo e pedia uma chance. Tratara com respeito a comunidade, que era,
afinal de contas, sua família. A violência, ele a usara apenas na medida necessária à proteção de seus
negócios. Esse era seu ponto de vista, sem dúvida demasiado edulcorado. Não obstante a possível
autoidealização, o fato é que explicitá-la, naquele contexto, não deixava de ser significativo, indicando a
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1408128
105)
valorização positiva do lado certo da vida. Era um negociante clandestino, dizia, não um criminoso
selvagem: alguns traziam uísque do Paraguai; ele vendia outras drogas. Reivindicava uma diferença
importante, no mundo do crime carioca.
(Cabeça de porco, 2005.)
A forma verbal no pretérito mais-que-perfeito, que indica uma ação, anterior a outra, ambas ocorridas no
passado, está sublinhada em:
a) “morreria cedo, de modo cruel, em mãos inimigas”.
b) “Ele desejava deixar a vida de traficante”.
c) “Esse era seu ponto de vista”.
d) “recebi, por vias transversas, uma mensagem de Luciano, da Rocinha”.
e) “Tratara com respeito a comunidade”.
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FAUSCS - Vest (USCS)/USCS/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Separei e mudei
A coleção do Eça é minha. Você me deu. Lembrei-me do Neruda, que você nunca leu. Separação é assim
mesmo. A gente divide o passado, relembra os presentes e acha que o futuro vai ser uma festa. Deve ter
sido a tal crise dos cinco anos. Já que a outra parte não saía, tomei eu a iniciativa. Mudei. Comprei o
apartamento da frente, atravessei o corredor sem entrar no elevador da vida, arrastando minhas toalhas,
meus cobertores, meus projetos, minhas cuecas. Nos anos 60, o sonho de todo jovem era se mandar.
Woodstock era ali mesmo, bem mais perto que Trancoso. A gente queria distância dos pais. Para ficar
sozinho e fazer coisas que perto deles não podia. Hoje a gente deixa tudo. Pra que ir embora se a
namorada vem e dá um tapinha na nossa cara?
Mas a sabedoria da separação está em cometê-la antes que a situação se deteriore de vez. A gente sabe
quando está na hora certa. Sabe quando você vai com ele no restaurante e parece que não tem mais
nada para conversar? Sabe quando um fica no quarto e o outro na sala? Sabe quando aquele chinelo
esquecido na sala é motivo pra cara feia? Sabe como é? Entro em obras. Além das do Eça, no
apartamento novo. Ele pouco vai olhar as evoluções. Faz cara feia para o piso. Pergunta que cor é
aquela, meu Deus. Sente que o pai está saindo de casa. Um dia isso tinha de acontecer. Os pais crescem
e um dia têm que ir embora. Tentar a vida sozinhos. Dizem que é assim desde que o mundo é mundo. –
O quê? A coleção completa do Caetano? Não vem, não. A mamãe que me deu. Até que ele foi
compreensivo. Ajudou-me a carregar os quadros, a geladeira e a cama com o colchão novo. Colchão
novo que, pasmem!, ele quem inaugurou meses atrás. Deixo ele sentado no chão vendo o Boris Casoy, já
que os sofás eu levei. Tranco a porta do meu (dele) apartamento, atravesso o corredor. Entro no meu.
Fecho a porta. Enfim sós. Eu comigo. Enfim livre. Sento-me na cadeira de balanço. Balanço a cabeça e a
vida. Quando percebo, já voltei umas cinco vezes para o apartamento dele que, a essa altura, já está a
bagunça que ele sempre sonhou. Tinha esquecido o chinelo. Tinha esquecido a pasta de dentes. Tinha
esquecido um endereço. Tinha esquecido um pouco (muito) de mim lá dentro. Numa das voltas, já está
a Fefa com ele, rolando pelo velho colchão na sala que virou improvisado sofá. Peço licença, desculpas,
pego o pequeno abajur para ler o meu Neruda. Volto para meu ninho. Estou estranho ali. Aquela
sensação do que é que eu vou fazer agora? Uma sensação mais ou menos igual a quando cheguei em
São Paulo e fui morar sozinho, aos 20 anos, lá perto do campo do Corinthians. Livre dos meus pais e
preso ao futuro. Presente para mim mesmo. Estou ali, na cadeira de balanço, olhando pela janela. Vejo
as torres da Paulista, penso no Natal, no ano-novo. E agora, o que é que eu vou fazer? Jingle Bell. Não tá
legal aqui, sozinho. Chamo a Lucila que sempre me anestesia nessas horas. Ligo para os amigos, todos
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1484130
106)
eles cuidando dos filhos pequenos. Eles não podem abandonar o Lucas, o Vicente, a Dorinha, a Clara, o
Joaquim. Não podem, por enquanto. Mas o dia deles vai chegar, eu sei. O Lucas, o Vicente, a Dorinha, a
Clara e o Joaquim também não vão sair de casa. Eles é que vão. E não vai demorar muito, não. Duas da
manhã, volto para o apartamento velho. Ver se ele está dormindo, se está coberto. Estava acordado,
lendo Eça, como se nada estivesse acontecendo. Como se fosse a coisa mais normal do mundo um pai,
depois de crescidinho, sair de casa, ir tentar a vida-solo. – Você fica com a Folha e eu com o Estadão.
Você fica com a Istoé, eu com a Época. Você fica com a Net e eu com a TVA. Você fica com a Uol e eu
com o Terra. Você fica com o 486, eu com o Pentium. Você fica com o amor e eu com a saudade. Posso
levar o papel higiênico? E o cortador de unhas, aquele bom? São cinco da manhã e a gente ainda está
ali, na sala, dividindo as nossas vidas. Ele me deseja sorte, faz recomendações. Levou o Lexotan?
Cuidado com a gastrite. Combino de ir ao jogo, logo mais, com ele. Você fica com o Corinthians, que eu
fico com o meu mineiro Cruzeiro. – E, por falar em cruzeiro, você tem aí uns reais? É duro cara, cair na
real, separar e mudar. Principalmente quando a gente ama, e como ama, a pessoa separada.
Disponível em: https://marioprata.net/cronicas/separei-e-mudei/. Acesso em 15/10/19. Texto
adaptado.
Considere o trecho: “Volto para meu ninho. Estou estranho ali. Aquela sensação do que é que eu vou
fazer agora? Uma sensação mais ou menos igual a quando cheguei em São Paulo e fui morar sozinho,
aos 20 anos, lá perto do campo do Corinthians. Livre dos meus pais e preso ao futuro. Presente para
mim mesmo”. Os verbos grifados encontram-se conjugados, respectivamente, no:
a) Gerúndio, Pretérito Perfeito do Indicativo e Pretérito Perfeito Composto.
b) Presente do Subjuntivo, Pretérito Imperfeito do Indicativo e Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
c) Presente do Indicativo, Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo e Pretérito Perfeito do Indicativo.
d) Presente do Indicativo, Pretérito Perfeito do Indicativo e Infinitivo.
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Leia o texto a seguir, Se eu tivesse dedos de fada, da poetisa, cronista, compositora e tradutora
Flora Figueiredo, em seguida, responda o que se pede:
Se eu tivesse dedos de fada,
Bordaria estrelas no jardim...
Que fossem macias e estofadas,
Para que, descalço, você andasse sobre elas,
Como quem pisa em canteiros de cetim.
Se eu tivesse dedos de fada,
Desenharia flores pelo teto,
Que fossem azuis e perfumadas,
Para que os anjos, devidamente seduzidos,
Dissessem Amém aos seus sonhos preferidos.
Se eu tivesse dedos de fada,
Rabiscaria acordes nos espaços,
Que fossem quentes e excitantes,
Para que você desdenhasse do cansaço,
A cada vacilo no seu chão de caminhante.
Mas, por eu não ter dedos de fada,
Vou tentar modelar como um poeta,
A palavra correta e o peito ardente.
Para que você descubra finalmente
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Que sou sua poesia predileta.
O texto de Flora Figueiredo se caracteriza por apresentar uma anáfora nas três primeiras estrofes, a
flexão verbal existente em tal figura é:
a) Pretérito mais que perfeito do indicativo;
b) Pretérito imperfeito do subjuntivo;
c) Futuro de pretérito do indicativo;
d) Infinitivo pessoal;
e) Imperativo afirmativo
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DSEA UERJ - Vest (UERJ)/UERJ/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
TEXTO BASE
SOBREVIVEREMOS NA TERRA?
Tenho interesse pessoal no tempo. Primeiro, meu best-seller chama-se Uma breve história do tempo.
Segundo, por ser alguém que, aos 21 anos, foi informado pelos médicos de que teria apenas mais cinco
anos de vida e que completou 76 anos em 2018. Tenho uma aguda e desconfortável consciência da
passagem do tempo. Durante a maior parte da minha vida, convivi com a sensação de que estava
fazendo hora extra.
Parece que nosso mundo enfrenta uma instabilidade política maior do que em qualquer outro momento.
Uma grande quantidade de pessoas sente ter ficado para trás. Como resultado, temos nos voltado para
políticos populistas, com experiência de governo limitada e cuja capacidade para tomar decisões
ponderadas em uma crise ainda está para ser testada. A Terra sofre ameaças em tantas frentes que é
difícil permanecer otimista. Os perigos são grandes e numerosos demais. O planeta está ficando pequeno
para nós. Nossos recursos físicos estão se esgotando a uma velocidade alarmante. A mudança climática
foi uma trágica dádiva humana ao planeta. Temperaturas cada vez mais elevadas, redução da calota
polar, desmatamento, superpopulação, doenças, guerras, fome, escassez de água e extermínio de
espécies; todos esses problemas poderiam ser resolvidos, mas até hoje não foram. O aquecimento global
está sendo causado por todos nós. Queremos andar de carro, viajar e desfrutar um padrão de vida
melhor. Mas quando as pessoas se derem conta do que está acontecendo, pode ser tarde demais.
Estamos no limiar de um período de mudança climática sem precedentes. No entanto, muitos políticos
negam a mudança climática provocada pelo homem, ou a capacidade do homem de revertê-la. O
derretimento das calotas polares ártica e antártica reduz a fração de energia solar refletida de volta no
espaço e aumenta ainda mais a temperatura. A mudança climática pode destruir a Amazônia e outras
florestas tropicais, eliminando uma das principais ferramentas para a remoção do dióxido de carbono da
atmosfera. A elevação da temperatura dos oceanos pode provocar a liberação de grandes quantidades de
dióxido de carbono. Ambos os fenômenos aumentariam o efeito estufa e exacerbariam o aquecimento
global, tornando o clima em nosso planeta parecido com o de Vênus: atmosfera escaldante e chuva ácida
a uma temperatura de 250 ºC. A vida humana seria impossível. Precisamos ir além do Protocolo de Kyoto
– o acordo internacional adotado em 1997 – e cortar imediatamente as emissões de carbono. Temos a
tecnologia. Só precisamos de vontade política.
Quando enfrentamos crises parecidas no passado, havia algum outro lugar para colonizar. Estamos
ficando sem espaço, e o único lugar para ir são outros mundos. Tenho esperança e fé de que nossa
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108)
engenhosa raça encontrará uma maneira de escapar dos sombrios grilhões do planeta e, deste modo,
sobreviver ao desastre. A mesma providência talvez não seja possível para os milhões de outras espécies
que vivem na Terra, e isso pesará em nossa consciência.
Mas somos, por natureza, exploradores. Somos motivados pela curiosidade, essa qualidade humana
única. Foi a curiosidade obstinada que levou os exploradores a provar que a Terra não era plana, e é esse
mesmo impulso que nos leva a viajar para as estrelas na velocidade do pensamento, instigando-nos a
realmente chegar lá. E sempre que realizamos um grande salto, como nos pousos lunares, exaltamos a
humanidade, unimos povos e nações, introduzimos novas descobertas e novas tecnologias. Deixar a
Terra exige uma abordagem global combinada – todos devem participar.
STEPHEN HAWKING (1942-2018)
Adaptado de Breves respostas para grandes questões. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.
TEXTO BASE
SOBRE A FORMA DA TERRA
Nesses últimos tempos, tem-se difundido na internet uma concepção sobre a forma da Terra: a Terra
Plana. Na verdade, essa concepção está associada com outras ideias em conflito com o conhecimento
científico atual. Afirma-se, por exemplo, que a gravidade inexiste; a Lua é autoiluminada; o Sol e os
demais astros se encontram a não mais de alguns milhares de quilômetros de nós; o Sol e a Lua
descrevem órbitas paralelas à superfície da Terra; as viagens espaciais são impossíveis. Negam-se, assim,
a ida do homem à Lua e a existência de satélites artificiais, ao mesmo tempo que se afirmam o
geocentrismo antropocêntrico e o criacionismo fixista dos 6 mil anos, segundo o qual tudo teria sido
criado como é hoje há cerca de 6 mil anos.
FERNANDO LANG DA SILVEIRA
Adaptado de researchgate.net, maio/2017.
Segundo, por ser alguém que, aos 21 anos, foi informado pelos médicos de que teria apenas mais cinco
anos de vida e que completou 76 anos em 2018.
Os verbos sublinhados descrevem dois fatos que podem ser caracterizados, respectivamente, como:
a) hipotético – realizado
b) inconcluso – eventual
c) contínuo – momentâneo
d) repetitivo – retrospectivo
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
TEXTO 1
Sons que confortam
Martha Medeiros
Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os três na casa: o pai, a
mãe e ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E
aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: Nunca na vida
ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de
outono empilhadas junto ao meio-fio.
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Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximandoA), o homem que
salvaria seu pai. Na mesma hora em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos
confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para pais que
possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou.
E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim:
ouvindo pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.
Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do
aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos
minutos.
O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.
O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que
antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém
distante.
O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama.
Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está
viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu
idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto
assim.
O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namoradoB). Ou mesmo a chegada
da pizza.
O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalhoC).
O sinal da hora do recreio.
A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.
O aplauso depois que você, nervoso,falou em público para dezenas de desconhecidos.
O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.
E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, 2011.
Considerando as relações sintáticas e semânticas no uso das orações com gerúndio na crônica, é
INCORRETO dizer que
a) no enunciado “Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando”,
a forma gerundial se aproximando pode desempenhar tanto a função oracional de advérbio como de
adjetivo em relação à oração principal.
b) o verbo da estrutura oracional “quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado” não
pode ser transformado na forma de gerúndio na oração “O toque do interfone quando se aguarda
ansiosamente a chegada do namorado” .
c) a estrutura oracional “anunciando o fim de mais um dia de trabalho” em “A sirene da fábrica
anunciando o fim de mais um dia de trabalho” funciona como um atributo dado à sirene da fábrica.
d) a forma gerundial “avisando que as luzes serão apagadas” no enunciado “O sinal, dentro do
teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar” cumpre oracionalmente a
109)
função de adjetivo, sendo empregada para indicar um processo verbal em curso.
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Nucvest PUC SP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjugação. Reconhecimento e emprego dos
modos e tempos verbais
Leia a crônica “Da lei”, de Ferreira Gullar, para responder à questão.
Aquele acreditava na lei. Funcionário do IAPC [Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários],
sabia de cor a Lei Orgânica da Previdência. Chegava mesmo a ser consultado pelos colegas sempre que
surgia alguma dúvida quanto à aplicação desse ou daquele princípio. Eis que um dia nasce-lhe um filho e
ele, cônscio de seus direitos, requer da Previdência o auxílio-natalidade. Prepara o requerimento, junta
uma cópia da certidão de nascimento da criança e dá entrada no processo. Estava dentro da lei, mas já
na entrada a coisa enguiçou.
– Não podemos receber o requerimento sem o atestado do médico que assistiu a parturiente.
– A lei não exige isso – replicou ele.
– Mas o chefe exige. Tem havido abusos.
Estava montado o angu. O rapaz foi até o chefe, que se negou a receber o requerimento.
– Vou aos jornais – disse-me o crédulo. – Eles têm de receber o requerimento, como manda a lei.
Tentei aconselhá-lo: a justiça é cega e tarda, juntasse o tal atestado médico, era mais simples.
– Não junto. A lei não me obriga a isso. Vou aos jornais.
Foi aos jornais. Aliás, foi a um só, que deu a notícia num canto de página, minúscula. Ninguém leu, mas
ele fez a notícia chegar até o chefe que, enfurecido, resolveu processá-lo: a lei proíbe que os funcionários
levem para os jornais assuntos internos da repartição.
– Agora a lei está contra você, não?
– Não. A lei está comigo.
Estava ou não estava, o certo é que o processo foi até a Procuradoria e saiu dali com o seguinte
despacho: suspenda- -se o indisciplinado.
Era de ver-se a cara de meu amigo em face dessa decisão. Estava pálido e abatido, comentando a sua
perplexidade. Mas não desistiu:
– Vou recorrer.
Deve ter recorrido. Ainda o vi várias vezes contando aos colegas o andamento do processo, meses
depois. Parece que já nem se lembra do auxílio-natalidade – a origem de tudo – e brigará até o fim da
vida, alheio a um aforismo que, por ser brasileiro, inventei: “Quem acredita na lei, esta lhe cai em cima.”
(O melhor da crônica brasileira, 2013.)
Ao se transpor para o discurso indireto o trecho “– A lei não exige isso – replicou ele” (3º parágrafo), o
verbo sublinhado assume a forma:
a) exigia.
b) exigiu.
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110)
c) exigira.
d) exigiria.
e) exigisse.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2015
Língua Portuguesa (Português) - Correlação verbal
Texto 01
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema
fundamental dos Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de
textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de
física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de
destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com
poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta
aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam
transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a
brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das
autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar essa
responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida
de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando
disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão
social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a
sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até
noturnos, parece estar aumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em
alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O
mercado observa a carência de pessoa qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a
sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da população seja
sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita, também, o
aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa
educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas a educação no Brasil. Em http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-
da-educacao-no-brasil-657.html-Com adaptações)
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111)
Em que opção todas as formas verbais destacadas estão de acordo com a norma padrão da língua?
a) Quando vimos o acidente, freiamos imediatamente. Outros, contudo, não se precaviram, e mais
batidas aconteceram.
b) Ainda que eles compossem com afinco, não obteriam as músicas necessárias para o espetáculo.
c) Muitas empresas mantém serviço de atendimento ao consumidor, mas quando nós propusemos
alterações nos contratos, não fomos ouvidos.
d) Quando eu intermedeio as discussões, não aceiro que imponham determinadas ideias.
e) Embora ele não me mantivesse informa sobre o contrato, eu intervi na negociação e obtive
sucesso.
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2021
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
'Leia a crônica “Caso de justiceiro”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
Mercadinho é imagemde confusão organizada. Todos comprando tudo ao mesmo tempo em corredores
estreitos, carrinhos e pirâmides de coisas se comprimindo, apalpamento, cheiração e análise visual de
gêneros pelas madamas, e, a dominar o vozerio, o metralhar contínuo das registradoras. Um olho
invisível, múltiplo e implacável, controla os menores movimentos da freguesia, devassa o mistério de
bolsas e bolsos, quem sabe se até o pensamento. Parece o caos; contudo nada escapa à fiscalização.
Aquela velhinha estrangeira, por exemplo, foi desmascarada.
— A senhora não pagou a dúzia de ovos quebrados.
— Paguei.
Antes que o leitor suponha ter a velhinha quebrado uma dúzia de ovos, explico que eles estão à venda
assim mesmo, trincados. Por isso são mais baratos, e muita gente os prefere; casca é embalagem. A
senhora ia pagar a dúzia de ovos perfeitos, comprada depois; mas e os quebrados, que ela comprara
antes?
A velhinha se zanga e xinga em ótimo português-carioca o rapaz da caixa. O qual lhe responde boas, no
mesmo idioma, frisando que gringo nenhum viria lá de sua terra da peste para dar prejuízo no Brasil, que
ele estava ali para defender nosso torrão contra piratas da estranja. A mulher, fula de indignação, foi
perdendo a voz. Caixeiros acorreram, tomando posição em defesa da pátria ultrajada na pessoa do
colega; entre eles, alguns portugueses. A freguesia fez bolo. O mercadinho parou.
Eis que irrompe o tarzã de calção de banho ainda rorejante e berra para o caixa:
— Para com isso, que eu não conheço essa dona mas vê-se pela cara que é distinta.
— Distinta? Roubou cem cruzeiros à casa e insultou a gente feito uma danada.
— Roubou coisa nenhuma, e o que ela disse de você eu não ouvi mas subscrevo. O que você é, é um
calhorda e quer fazer média com o patrão à custa de uma pobre mulher.
O outro ia revidar à altura, mas o tarzã não era de cinema, era de verdade, o que aliás não escapou à
percepção de nenhum dos presentes. De modo que enquanto uns socorriam a velhinha, que desmaiava,
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112)
outros passavam a apoiá-la moralmente, querendo arrebentar aquela joça. O partido nacionalista
acoelhou-se. Foram tratando de cerrar as portas, para evitar a repetição de Caxias. Quem estava lá
dentro que morresse de calor; enquanto não viessem a radiopatrulha e a ambulância, a questão dos
ovos ficava em suspenso.
— Ah, é? — disse o vingador. — Pois eu pago os cem cruzeiros pelos ovos mas você tem de engolir a
nota.
Tirou-a do bolso do calção, fez uma bolinha, puxou para baixo, com dedos de ferro, o queixo do caixa, e
meteu-lhe o dinheiro na boca.
Assistência deslumbrada, em silêncio admiracional. Não é todos os dias que se vê engolir dinheiro. O
caixa começou a mastigar, branco, nauseado, engasgado.
Uma voz veio do setor de ovos:
— Ela não roubou mesmo não! Olha o dinheiro embaixo do pacote!
Outras vozes se altearam: “Engole mais os outros cem!” “Os ovos também!” “Salafra” “Isso!” “Aquilo!”.
A onda era tamanha que o tarzã, instrumento da justiça divina, teve de restabelecer o equilíbrio.
— Espera aí. Este aqui já pagou. Agora vocês é que vão engolir tudo, se maltratarem este rapaz.
(Carlos Drummond de Andrade. Cadeira de balanço, 2020.)
“Agora vocês é que vão engolir tudo, se maltratarem este rapaz.”
A forma verbal resultante da transposição do trecho sublinhado para a voz passiva é:
a) maltratariam.
b) fosse maltratado.
c) maltratassem.
d) for maltratado.
e) seria maltratado.
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Nucvest PUC SP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
Leia o trecho inicial do conto “O cobrador”, de Rubem Fonseca, para responder à questão.
Na porta da rua uma dentadura grande, embaixo escrito Dr. Carvalho, Dentista. Na sala de espera vazia
uma placa, Espere o Doutor, ele está atendendo um cliente. Esperei meia hora, o dente doendo, a porta
abriu e surgiu uma mulher acompanhada de um sujeito grande, uns quarenta anos, de jaleco branco.
Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista botou um guardanapo de papel no meu pescoço. Abri a
boca e disse que o meu dente de trás estava doendo muito. Ele olhou com um espelhinho e perguntou
como é que eu tinha deixado os meus dentes ficarem naquele estado.
Só rindo. Esses caras são engraçados.
Vou ter que arrancar, ele disse, o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai
perder todos os outros, inclusive estes aqui — e deu uma pancada estridente nos meus dentes da frente.
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113)
Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na ponta do boticão: A raiz está podre, vê?, disse
com pouco caso. São quatrocentos cruzeiros.
Só rindo. Não tem não, meu chapa, eu disse.
Não tem não o quê?
Não tem quatrocentos cruzeiros. Fui andando em direção à porta.
Ele bloqueou a porta com o corpo. É melhor pagar, disse. Era um homem grande […]. E meu físico
franzino encoraja as pessoas. Odeio dentistas, comerciantes, advogados, industriais, funcionários,
médicos, executivos, essa canalha inteira. Todos eles estão me devendo muito. Abri o blusão, tirei o 38
[...]. Ele ficou branco, recuou. Apontando o revólver para o peito dele comecei a aliviar o meu coração:
tirei as gavetas dos armários, joguei tudo no chão, chutei os vidrinhos todos como se fossem balas, eles
pipocavam e explodiam na parede. Arrebentar os cuspidores e motores foi mais difícil, cheguei a
machucar as mãos e os pés. O dentista me olhava, várias vezes deve ter pensado em pular em cima de
mim, eu queria muito que ele fizesse isso para dar um tiro naquela barriga grande […].
Eu não pago mais nada, cansei de pagar!, gritei para ele, agora eu só cobro!
(O melhor de Rubem Fonseca, 2015.)
O primeiro verbo atribui ideia de futuro ao segundo na locução verbal sublinhada em:
a) “Fui andando em direção à porta”.
b) “Apontando o revólver para o peito dele comecei a aliviar o meu coração”.
c) “Todos eles estão me devendo muito”.
d) “Na sala de espera vazia uma placa, Espere o Doutor, ele está atendendo um cliente”.
e) “o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os outros”.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2017
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
TEXTO I
Envelhecer
Arnaldo Antunes
A coisa mais moderna que existe nessa vida
é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão
caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai
dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente
aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pra o que vai acontecer
Eu quero que o tapete voe
No meio da sala de estar
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114)
Eu quero que a panela de pressão pressione
E que a pia comece a pingar
Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Eu quero pôr Rita Pavone
No ringtone do meu celular
Eu quero estar no meio do ciclone
Pra poder aproveitar
E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá
Pois ser eternamente adolescente nada é
mais démodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa
que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro
presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o
tempo vai correr
Disponível em
https://www.vagalume.com.br/arnaldo-
antunes/ envelhecer.html. Acesso: 22/9/17.
Sobre as locuções verbais presentes na primeira estrofe da canção (“vai descendo”, “vão caindo”, “vão
crescendo”, “vai dizendo”, “vão morrendo”), NÃO é lícito afirmar que
a) nestas locuções verbais formadas com o verbo “ir”, é comum que elas expressem algo que
ocorrerá antes do momento da fala.
b) são locuções formadas pelo verbo auxiliar “ir” somado a um verbo principal no gerúndio.
c) o último verbo destas locuções representa a ação que se quer expressar, enquanto o primeiro
verbo exprime o modo eo tempo em que ela se realiza.
d) o verbo auxiliar, além de expressar o modo e o tempo em que a ação se realiza, faz também
referência à duração da ação verbal.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2017
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
TEXTO 3
Velhice
Vinícius de Moraes
ViráA) o dia em que eu hei de ser um velho experiente
Olhando as coisas através de uma filosofia sensata
E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite.
Nesse dia Deus talvez tenha entrado
definitivamente em meu espírito
Ou talvez tenha saído definitivamente dele.
Então todos os meus atos serão
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115)
encaminhados no sentido do túmulo
E todas as ideias autobiográficas da mocidade terão desaparecido:
Ficará talvez somente a ideia do testamento bem escrito.
Serei um velho, não terei mocidade, nem
sexo, nem vida
Só terei uma experiência extraordinária.
Fecharei minha alma a todos e a tudo
Passará por mim muito longe o ruído da
vida e do mundo
Só o ruído do coração doente me avisará de
uns restos de vida em mim.
Nem o cigarro da mocidade restará.
Será um cigarro forte que satisfará os
pulmões viciados E que dará a tudo um ar saturado de velhice.
Não escreverei mais a lápis
E só usarei pergaminhos compridos.
Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos.
Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio
Cheio de irritação para com a vida
Cheio de irritação para comigo mesmo.
O eterno velho que nada é, nada vale, nada vive
O velho cujo único valor é ser o cadáver de
uma mocidade criadora.
MORAES, Vinícius. Velhice. Disponível
em:http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-
br/ poesia/poesias-avulsas/velhice. Acesso: 23/9/17.
Sobre o uso da expressão verbal composta “eu hei de ser” no poema, é correto afirmar que
a) não mantém, com a forma “virá”, paralelismo de tempo verbal de indicação de futuro.
b) poderia ser perfeitamente substituída pela forma simples “serei”, em razão de esta forma manter
equivalência de mesmo tempo verbal com a expressão “hei de ser”.
c) marca uma atitude de plena certeza do sujeito enunciador frente ao que ele pretende ser quando
se tornar velho.
d) entra em desarmonia com o uso predominante do futuro como tempo verbal no poema para
indicar que as ações e os estados do enunciador ainda irão acontecer quando chegar a sua velhice.
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FAUEL - Vest (IF PR)/IF PR/Nível Superior/2014
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
FACULTATIVO
Carlos Drummond de Andrade
Estatuto dos Funcionários, artigo 249: “O dia 28 de outubro será consagrado ao Servidor Público (com
maiúsculas).
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Então é feriado, raciona o escriturário, que, justamente, tem um “programa” na pauta para essas
emergências. Não, responde-lhe o governo, que tem o programa de trabalhar; é consagrado, mas não é
feriado.
É, não é, e o dia se passou na dureza, sem ponto facultativo. Saberão os groelandeses o que seja ponto
facultativo? (Os brasileiros sabem.) É descanso obrigatório, no duro. João Brandão, o de alma virginal,
não entendia assim, e lá um dia em que o Departamento Meteorológico anunciava: “céu azul, praia,
ponto facultativo”, não lhe apetecendo a casa nem as atividades lúdicas, deliberou usar de sua
“faculdade” de assinar o ponto no Instituto Nacional da Goiaba, que, como é do domínio público, estuda
as causas da inexistência dessa matéria-prima na composição das goiabadas.
Hoje deve haver menos gente por lá, conjecturou; ótimo, porque assim trabalho à vontade.
Nossas repartições atingiram tal grau de dinamismo e fragor, que chega a ser desejável o não
comparecimento de 90 por cento dos funcionários, para que os restante possam, na calma, produzir um
bocadinho. E o inocente João via no ponto facultativo essa virtude de afastar os menos diligentes, ou os
mais futebolísticos, que cediam lugar à turma dos “caxias”.
Encontrou cerradas as grandes portas de bronze, ouro e pórtico, e nenhum sinal de vida nos arredores.
Nenhum – a não ser aquele gato que se lambia à sombra de um tinhorão. Era, pela naturalidade da
pose, dono do jardim que orna a fachada do Instituto, mas – sentia-se pela ágata dos olhos – não
possuía as chaves do prédio.
João Brandão tentou forçar as portas, mas as portas mantiveram-se surdas e nada facultativas.
Correu a telefonar de uma confeitaria para a residência do chefe, mas o chefe pescava em Mangaratiba,
jogava pingue-pongue em Correias, estudava holandês com uma nativa, na Barra da Tijuca; é certo que
o telefone não respondeu. João decidiu-se a penetrar no edifício galgando-lhe a fachada e utilizando
vidraça que os serventes sempre deixam aberta, na previsão de casos como esse, talvez. E começava a
fazê-lo, com a teimosia calma dos Brandões, quando em vigia brotou na grama e puxou-o pela perna.
– Desce daí, moço. Então não está vendo que é dia de descansar.
– Perdão, é dia em que se pode ou não descansar, e eu estou com o expediente atrasado.
– Desce – repetiu o outro com tédio. – Olha que te encanam se você começa a virar macaco pela parede
acima.
– Mas, e o senhor porque então está vigiando, se é dia de descanso?
– Estou aqui porque a patroa me escaramuçou, dizendo que não quer vagabundo em casa. Não tenho
para onde ir, tá bem?
João Brandão aquiesceu, porque o outro parecia disposto a tudo, inclusive a trabalhar de braço, a fim
de impedir que ele trabalhasse de pena. Era como se o vigia lhe dissesse: “Veja bem, está estragando
meu dia. Então não sabe o que quer dizer facultativo?” João pensava saber, mas nesse momento teve a
intuição de que o verdadeiro sentido das palavras não está no dicionário; está na vida, no uso que delas
fazemos. Pensou na Constituição e nos milhares de leis que declaram obrigatórias milhares de coisas, e
essas coisas, na prática, são facultativas ou inexistentes. Retirou-se, digno, e foi decifrar palavras
cruzadas.
Analise as afirmativas referentes à “deve haver” e “está estragando”:
I - Os verbos “deve” e “está” são verbos auxiliares.
II - O verbo “haver” apresenta duas formas de igual valor e função “havemos” e “hemos”.
116)
III - A expressão “deve haver” confere uma ideia de hipótese ou suposição.
IV - A expressão “está estragando” admite voz passiva.
Quais afirmativas estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e IV.
c) Apenas I e III.
d) Apenas III e IV.
e) I, II, III e IV.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2008
Língua Portuguesa (Português) - Locução verbal
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender
a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de
nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem diante dos problemas.
Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques
do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação ultrapassada,
que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que,
gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importante que sejam. Se já se tem um
gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queria escrever romances de fundo social. Leiam-
se, então livros do gênero que se pretende explorar, verificando nele o que funciona e o não funciona.
Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolvea ação, constrói os
personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [ ... ] O enfrentamento e
a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar
determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para
nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe
à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por
esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia
se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro
indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico:
começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que
nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo. [ ...
]
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117)
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou
trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para
realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como
artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum;
queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que
surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira 60 impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço.
Leia-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão discutidas. Perceber-
se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou
confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem
tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o
primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está
encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como
se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico
um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores -
também terão.
Geraldo Galvão 111, N°28, 2008 Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano - com adaptações.
Assinale a opção em que, pelo contexto, a locução verbal destacada denota uma ideia diferente da que
ocorre em "A primeira pergunta que se faz é: deve-se ler, mas o quê?"(4 ° §)
a) "Todo mundo precisa ler ... " (5° §)
b) " ... mas os escritores devem ler." (5° §)
c) "Como escritor em processo, tem-se de ler ... " (6° §)
d) " ... Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar ... " (6 ° §)
e) "Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler ... " (8º §)
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IBGP - Vest (UNIPAC)/UNIPAC/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
A gramática normativa tradicional prescreve o emprego do verbo haver em diferentes situações.
Assinale a alternativa em que esse verbo NÃO foi empregado de acordo com as normas gramaticais que
regem a língua padrão.
a) Podem haver melhores soluções para diminuir o sinistro de automóveis.
b) Há mais de 10 anos não havia nenhum registro de roubo de veículos.
c) Os motoristas não haviam deixado pertences no interior dos veículos.
d) Havia dezenas de automóveis estacionados em torno da praça central.
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VUNESP - Vest (FAMEMA)/FAMEMA/2019
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
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118)
119)
O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se(c) em alfabetização. Um dos motivos do êxito é
a parceria com os municípios, os principais encarregados dos primeiros anos de escolarização.
Além de medidas que incluem formação de professores e material didático estruturado, o governo
cearense acionou(b) um incentivo financeiro: as cidades com resultados melhores recebem fatia maior do
ICMS, com liberdade para destinação dos recursos.
O modelo já foi adotado em Pernambuco e está sendo implantado(a) ou avaliado por Alagoas, Amapá,
Espírito Santo e São Paulo.
Replicam-se(d) igualmente as boas iniciativas do ensino médio em Pernambuco, baseado em tempo
integral, que permite ao estudante escolher disciplinas optativas, projeto acolhido em São Paulo.
Auspiciosa, essa rede multilateral e multipartidária pela educação é exemplo de como a sociedade pode
se mobilizar(e) em torno de propostas palpáveis.
(“Unidos pelo Ensino”. Folha de S.Paulo, 27.08.2019. Adaptado.)
A forma verbal sublinhada expressa ideia de ação em processo no trecho:
a) “e está sendo implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá, Espírito Santo e São Paulo” .
b) “o governo cearense acionou um incentivo financeiro” .
c) “O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em alfabetização” .
d) “Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio em Pernambuco”.
e) “essa rede multilateral e multipartidária pela educação é exemplo de como a sociedade pode se
mobilizar” .
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2018
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
Exigências da vida moderna
Luís Fernando Veríssimo
Dizem que todos os dias você deve comer
uma maçã por causa do ferro(c). E uma banana
pelo potássio. E também uma laranja pela
vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para
prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois
litros de água(c). E uriná-los, o que consome o
dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos
lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é,
mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
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Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também. Uma de
vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para… não lembro bem
para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar
tudo isso ao mesmo tempo e tiver um
derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra(a). Muita,
muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer
um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições
leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos
cem vezes cada garfada. Só para comer,
serão cerca de cinco horas do dia… E não
esqueça de escovar os dentes depois de
comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes
depois da maçã, da banana(d), da laranja, das
seis refeições e enquanto tiver dentes,
passar fio dental, massagear a gengiva,
escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e
aproveitar para colocar um equipamento de
som, porque entre a água, a fibra e os
dentes, você vai passar ali várias horas por
dia.
Há que se dormir oito horas por noite e
trabalhar outras oito por dia(b), mais as cinco
comendo são vinte e uma. Sobram três,
desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos
três horas de TV por dia. Menos você, porque
todos os dias você vai caminhar ao menos
meia hora (por experiência própria, após
quinze minutos dê meia volta e comece a
voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são
como uma planta: devem ser regadas
diariamente, o que me faz pensar em quem
vai cuidardelas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo
dois ou três jornais por dia para comparar as
informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o
cuidado de não se cair na rotina. Há que ser
criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo – e nem estou falando de
sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer,
passar, lavar roupa, pratos e espero que
você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia. A única
solução que me ocorre é fazer várias dessas
coisas ao mesmo tempo!
Por exemplo, tomar banho frio com a boca
aberta, assim você toma água e escova os
dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto
com a sua mulher… na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão
ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5
minutos, uma colherada de leite de
magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do
vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E
já que vou, levo um jornal… Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Exigências da vida
moderna. Disponível em:
http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicasde-
luis-fernando-verissimo. Acesso: 22.06.2018.
A modalidade é a forma como o enunciador marca sua relação com o conteúdo do que enuncia por meio
de alguma categoria gramatical. Na crônica de Veríssimo, aparecem diversas expressões verbais como
recurso linguístico para indicar a modalidade. A este respeito, é correto afirmar que
a) em “Todos os dias deve-se comer fibra”, o verbo ‘dever’ traz o sentido de necessidade e, ao
mesmo tempo, de possibilidade.
b) no enunciado “Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia”, há uma
construção com o verbo ‘haver’ como auxiliar, seguido da preposição ‘de’ e de um verbo no infinitivo,
para significar necessidade ou obrigatoriedade.
c) o uso do verbo ‘dever’ nos enunciados “Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por
causa do ferro e “Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água” tem sentido diferente
para expressar a ideia de obrigação.
d) no trecho “Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana”, a locução
verbal indica a possiblidade que o sujeito tem de realizar ou não a ação de escovar os dentes depois
das refeições.
120)
121)
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COPEVE (UFAL) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2016
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
Disponível em: <http://www.brasilpost.com.br/2016/04/10/tirinhas-saude-mentalhumor_
n_9384970.html?utm_hp_ref=livros>. Acesso em: 20 nov. 2016.
Dadas as afirmativas relativas aos aspectos de formação e classificação dos verbos,
I. A locução verbal, presente no primeiro quadrinho, estrutura-se na voz ativa. Forma-se com a
junção de um verbo auxiliar flexionado mais um verbo principal no particípio.
II. Em: “Deve haver algo...” (2º quadrinho), a locução verbal poderia ser flexionada caso o sujeito
determinado estivesse no plural.
III. O verbo “ser” (3º quadrinho), por apresentar mais de um radical quando conjugado, é
considerado anômalo.
verifica-se que está(ão) correta(s)
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) III, apenas.
e) II, apenas.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2015
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
Pessoas habitadas
Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não
conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. "Só tem um probleminha: não é
habitada". Rimos. Uma expressão coloquial na França - habité‚ - mas nunca tinha escutado por estas
paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma
dizer "aquela ali tem gente em casa" quando se refere a pessoas que fazem diferença.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas, se não é habitada, rapidinho
coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo
demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma
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carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de
fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma
pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas por si mesmas, em diversas versões.
Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por
causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam
diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para
facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem
nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal
que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo,
gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento
de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam.
Interessam, mas causam dano. Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal
Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony
Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só
tem gente em casa porque está grávida. Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao
mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer seja nos fascinar e nos manter acordados
uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras.
Objetiva, 324-325.
Considere o excerto “Estava conversando com uma amiga, dia desses”, e o que se diz sobre ele.
I. Tem-se uma locução verbal de gerúndio – estava conversando –, em que estava é o verbo auxiliar e
conversando é o verbo principal.
II. O verbo auxiliar, no presente exemplo, empresta um matiz semântico novo ao verbo principal.
III. Do ponto de vista aspectual, estava conversando não é o mesmo que conversava. Em estava
conversando, a ideia de ação verbal em curso é mais forte do que em conversava.
Essa constatação é importante principalmente na leitura de um texto literário, que pode ter em cada
elemento uma carga expressiva a mais.
Está correto o que se diz em
a) I e II apenas.
b) II e III apenas.
c) I e III apenas.
d) I, II e III.
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IME - CFG (IME)/IME/2009
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Verbo
Texto 1
Entre a lembrança e a realidade: registros de viagem.
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NEVES, Auricléa Oliveira das. Entre a lembrança e a realidade: registros de viagem. Amazonas: Universidade
do Estado do Amazonas, 2008.
As viagens têm um profundo significado na história da humanidade. Inicialmente, no período da coleta,
as migrações se faziam pela necessidade de buscar alimentos, posteriormente elas foram realizadas para
conquistar espaços mais apropriados para o bem estar da comunidade. Outros objetivos também
suscitaram o deslocamento do homem: a posse de espaços territoriais, a exploração de riquezas, o
conhecimento de novas terras, o estudo de locais específicos, ou simplesmente a viagem como forma de
lazer.
(…)
No plano ficcional, vários autores no Ocidente, a partir de Homero, com a Odisséia, se dedicaram a usar
as viagens como tema. Na literatura