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APOSTILA-METODOLOGIA-E-DESENVOLVIMENTO-DE-MATERIAIS-DIDÁTICOS-PARA-A-EDUCAÇÃO-BÁSICA (1)

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RENATA GAMA

em

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros. Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais didáticos na educação básica. Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020), consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos. As interações sociais desempenham um papel primordial na construção do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da cognição humana. Apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis, uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos. O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra-cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem (como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para agrupamentos, filmes variados, livros literários e didáticos, mapas, obras de arte e material dourado, entre outros recursos. O estágio das operações formais é o período em que os estudantes conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos. Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino, considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente.


Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados.


Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos didáticos com essa finalidade.


Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais escolanovistas e suas contribuições nesse campo.


Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento.


Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente, vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente relacionada à efetividade do material. Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que, independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor. Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros


Quais são as categorias de recursos instrucionais mencionadas por Karling (1991)?


a) Recursos perceptivos, recursos acústicos, recursos audiovisuais e recursos multimodais.
b) Recursos visuais, recursos sonoros, recursos audiovisuais e recursos multimodais.
c) Recursos pedagógicos, recursos tecnológicos, recursos audiovisuais e recursos multimodais.

No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico, conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas. Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais, como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos, entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados para enriquecer as aulas.


O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto, para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação coerentes. É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado, incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das atividades em geral. Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais no trabalho educacional. Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria desafios que incentivam os alunos a aprender. Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não


No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013).


No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações. O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho. No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que está sendo escrito. Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético, feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal. O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais como:
a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro;
b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de ensino possuem quadros de giz;
c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos;
d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos (JUSTINO, 2013).


É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola, ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo:
Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a eles.


Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam crachás com seus nomes. Expor os trabalhos realizados em sala de aula. Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013).


Cartazes são recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública, campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos. Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo, desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013).


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Questões resolvidas

Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros. Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais didáticos na educação básica. Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020), consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos. As interações sociais desempenham um papel primordial na construção do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da cognição humana. Apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis, uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos. O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra-cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem (como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para agrupamentos, filmes variados, livros literários e didáticos, mapas, obras de arte e material dourado, entre outros recursos. O estágio das operações formais é o período em que os estudantes conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos. Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino, considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente.


Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados.


Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos didáticos com essa finalidade.


Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais escolanovistas e suas contribuições nesse campo.


Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento.


Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente, vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente relacionada à efetividade do material. Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que, independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor. Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros


Quais são as categorias de recursos instrucionais mencionadas por Karling (1991)?


a) Recursos perceptivos, recursos acústicos, recursos audiovisuais e recursos multimodais.
b) Recursos visuais, recursos sonoros, recursos audiovisuais e recursos multimodais.
c) Recursos pedagógicos, recursos tecnológicos, recursos audiovisuais e recursos multimodais.

No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico, conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas. Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais, como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos, entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados para enriquecer as aulas.


O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto, para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação coerentes. É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado, incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das atividades em geral. Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais no trabalho educacional. Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria desafios que incentivam os alunos a aprender. Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não


No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013).


No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações. O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho. No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que está sendo escrito. Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético, feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal. O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais como:
a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro;
b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de ensino possuem quadros de giz;
c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos;
d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos (JUSTINO, 2013).


É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola, ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo:
Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a eles.


Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam crachás com seus nomes. Expor os trabalhos realizados em sala de aula. Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013).


Cartazes são recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública, campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos. Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo, desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013).


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METODOLOGIA E 
DESENVOLVIMENTO DE 
MATERIAIS DIDÁTICOS PARA A 
EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre 
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para 
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. 
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo 
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
1 Diferenciação: didática, metodologia e método 
Este tópico concentra-se no conceito e na diferenciação dos termos 
didática, metodologia e método que deve estar no cerne da profissão docente de 
maneira clara e precisa. O entendimento desse conceito contribui para a seleção 
de práticas docentes específicas, capazes de auxiliar o desenvolvimento 
cognitivo dos estudantes. Consoante a isso, Zoppo (2020), afirma que didática é 
um conceito fundamental, na prática, educacional, destacando-se como uma 
prática social e dinâmica. É importante compreender que a educação não ocorre 
de forma estática e única, mas sim por meio de um constante movimento de 
saberes, conceitos, métodos e orientações que são reinterpretados ao longo do 
tempo. Nesse contexto, é relevante esclarecer alguns termos amplamente 
utilizados no campo educacional, que continuam em evolução. 
A palavra “didática” teve seu primeiro registro no mundo grego e 
originalmente significava facilitar o ensino e a aprendizagem dos modos de 
conduta. A partir desse ponto, seu uso se expandiu e a didática passou a ser 
aplicada tanto na transmissão de conteúdos morais quanto cognitivos. Portanto, 
atualmente, a didática abrange ambos os aspectos (LUCKESI, 2014). 
A didática refere-se à maneira pela qual o professor utiliza metodologias 
e estratégias para conduzir diferentes etapas do processo de ensino. E 
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma aula, 
possibilitando um diálogo crítico entre todos os elementos envolvidos no 
processo pedagógico, incluindo o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, 
o contexto e as estratégias metodológicas. É por meio da aplicação adequada 
da didática que se promoverá uma aprendizagem significativa e eficaz, 
estimulando a participação ativa dos alunos e favorecendo a compreensão e 
assimilação dos conteúdos abordados. 
Corretamente observado, nenhuma prática pedagógica é neutra, ao estar 
intrinsecamente relacionada a concepções filosóficas de educação que 
influenciam como o ensino é conduzido em uma determinada instituição 
educacional. Zoppo (2020), define o conceito de didática como a mediação 
realizada pelo professor, que transforma a teoria pedagógica em prática 
pedagógica. Nesse sentido, a didática desempenha um papel fundamental ao 
traduzir os princípios teóricos em ações concretas de ensino, considerando as 
características dos alunos, os objetivos educacionais e o contexto em que ocorre 
o processo de ensino-aprendizagem. Através dessa mediação, a didática 
possibilita a aplicação efetiva das teorias pedagógicas no cotidiano escolar, 
promovendo uma educação mais significativa e enriquecedora. 
A didática vai além do ensino de técnicas e estratégias para o 
desenvolvimento da aprendizagem; ela desempenha um papel mais relevante: 
o de fomentar uma ação-reflexão crítica por parte do professor na condução da 
prática educativa. Ela estabelece uma conexão entre as opções filosóficas e 
políticas da educação, considerando a complexidade técnica, humana e política 
envolvida. Não se limita apenas à transmissão de conhecimentos e habilidades, 
mas engajará o professor em uma abordagem reflexiva, onde suas escolhas 
pedagógicas são conscientemente fundamentadas e direcionadas pelos 
princípios filosóficos e políticos subjacentes à educação. 
Além disso, a didática reconhece a natureza multidimensional da prática 
educativa, envolvendo aspectos técnicos, humanos e políticos, e incentiva uma 
análise crítica dessas dimensões para promover uma educação mais abrangente 
e impactante (ZOPPO, 2020). 
Em se tratando a método, consoante a referida autora, o termo tem origem 
no latim, derivado da palavra “methodus”, que significa o caminho ou a via para 
alcançar algo. Dessa forma, o método é o processo utilizado para alcançar um 
objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. 
Os métodos de ensino consistem nas estratégias planejadas e 
implementadas pelo professor, de modo a organizar e estruturar as atividades 
visando promover a aprendizagem em relação a um conteúdo específico. Dentro 
desse contexto, existem diferentes classificações dos métodos de ensino 
consoante o que Libâneo (1994) citado por Zoppo (2020) apresenta, incluindo o 
método de exposição pelo professor, método de trabalho independente, método 
de elaboração conjunta ou conversação, método de trabalho em grupo e método 
de atividades especiais. Cada um desses métodos tem características e 
abordagens distintas, adequados para diferentes contextos e objetivos 
educacionais. 
Método de exposição: envolve o professor transmitindo informações 
como atividade principal. Esse método é valioso quando utilizado para motivar e 
estimular os estudantes a aprender, mediante relatos, curiosidades ou 
experiências que despertem seu interesse. 
Método de autonomia na aprendizagem: tem como propósito 
apresentar cenários de aprendizagem direcionados e orientados pelo professor 
de maneira indireta, seja por intermédio da leitura de um texto, seja por uma 
atividade de estudo direcionada ou pela elaboração de um esboço cartográfico. 
Método de colaboração mútua ou diálogo: neste método, o propósito 
é incentivar os alunos a manifestarem suas perspectivas, compartilhando 
experiências, debatendo e permitindo que se expressem, resultando na 
construção de novos conhecimentos. 
Método de colaboração em equipe: enfatiza a cooperação no 
desenvolvimento de uma atividade específica. As equipes são normalmente 
formadas por três a cinco alunos, de preferência com competências e aptidões 
diversas, de modo a promover a assistência mútua entre os membros da equipe. 
Método de práticas diferenciadas: apresentará práticas diferenciadas, 
como encontros de estudantes, excursões a museus, instituições de caridade, 
indústrias, mercados, universidades, usinas de energia, entre outras. De forma 
que essas práticas complementem os demais métodos de ensino e também 
ampliar o conhecimento dos alunos. 
Em uma única aula é possível abranger diversos métodos, no entanto, a 
seleção do método dependerá da finalidade que o professor alcançará nessa 
atividade educacional. 
No que tange a metodologia é a exploração de múltiplos caminhos refere-
se ao ensino que os professores observam, planejam e vivenciam em sala de 
aula, ou seja, orienta o ensino-aprendizagem de acordo com determinados 
objetivos ou metas educacionais. Com base na definição anterior, entende-se 
que a metodologia refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu 
papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos 
métodos utilizados. 
Um professor deve ser um bom estrategista e saber claramente o que 
planeja alcançar com o processo de ensino. Assim, pode-se concluir que as 
estratégias de ensinopodem auxiliar os alunos na aquisição de novos 
conhecimentos e são necessárias para a aprendizagem (ZOPPO, 2020). 
 
1.1 As atribuições dos recursos e materiais pedagógicos 
Para Zoppo (2020), os recursos e materiais didáticos desempenham um 
papel fundamental nos procedimentos de ensino e aprendizagem, quando forem 
empregados adequadamente e com a participação ativa dos alunos durante as 
aulas. Nesse contexto, é responsabilidade do professor monitorar atentamente 
as reações dos estudantes, a fim de determinar se há um envolvimento genuíno 
de toda a turma nas atividades propostas e se o material selecionado atende às 
necessidades individuais de cada aluno. 
Entende-se que o material didático desempenha um papel auxiliar 
essencial nos processos de ensino e aprendizagem, e uma variedade de 
materiais é aprimorada e redesenhada para melhor atender aos interesses tanto 
do professor quanto do aluno. 
Existem alguns materiais didáticos levados para a sala de aula pelo 
professor, mas que não foram originalmente desenvolvidos com finalidade 
pedagógica específica. Um exemplo disso é o ábaco, que foi criado e projetado 
para auxiliar as pessoas nos cálculos. Atualmente, esse recurso é utilizado na 
sala de aula como um material didático para auxiliar os alunos a compreender o 
sistema de numeração e as operações fundamentais. Em contrapartida, 
podemos mencionar o material dourado, que foi criado e desenvolvido com 
propósitos pedagógicos. Sua invenção surgiu devido às dificuldades enfrentadas 
por estudantes com necessidades especiais em relação às relações numéricas 
abstratas. 
A educadora e médica Maria Montessori, ao perceber que seus alunos 
aprendiam mais através da ação do que apenas do pensamento abstrato, 
desenvolveu o material dourado para disponibilizá-lo para uso de todos. Ela 
constatou que as crianças aprendem por meio de experiências concretas, 
dispensando a necessidade de repetir várias listas de exercícios, o que se torna 
um trabalho exaustivo e desprovido de significado. 
De acordo com Montessori (1965), quando as crianças interagem com o 
material, elas se dedicam a uma atividade concentrada e séria, que aparenta 
emergir do âmago de sua consciência. É possível afirmar, de fato, que as 
crianças se situam em circunstâncias propícias para alcançar a mais alta 
realização de que sua mente é capaz. 
Outrossim, Zoppo (2020), esclarece que assim como a utilização dos 
tradicionais quadro-negro, giz e apagador quanto o aproveitamento de outras 
tecnologias, como computadores, televisões e softwares, os materiais didáticos 
desempenham um papel significativo na prática docente em sala de aula e 
devem estar alinhados ao plano de ensino. Contudo, o sucesso de sua eficácia 
não se limita apenas às características do recurso, mas também à maneira como 
o professor o emprega. É incontestável que alguns recursos didáticos podem 
contribuir para os alunos refletirem e se apropriarem dos conteúdos abordados 
em uma aula, porém é responsabilidade do educador fazer uso oportuno e 
criativo dos inúmeros materiais disponíveis. 
Lopes (2019) leciona que, embora os recursos didáticos apresentem 
vantagens evidentes, nem todos os educadores os exploram e utilizam 
adequadamente. A maioria dos professores tende a adotar abordagens de 
ensino tradicionais, como aulas expositivas, em que prevalece a transmissão dos 
conteúdos e das ideias pelo docente, demonstrando certa relutância em buscar 
inovações, muitas vezes impulsionados pelo receio ou pela comodidade. Os 
conteúdos transmitidos aos alunos por meio de aulas expositivas não interativas 
podem ser mais facilmente esquecidos, uma vez que esse método de 
aprendizagem se mostra menos eficiente, podendo comprometer o potencial de 
aquisição de conhecimento. 
O professor eficaz é aquele que demonstra flexibilidade em relação ao 
seu estilo e prática pedagógica, adaptando-se conforme as necessidades de 
aprendizagem de seus alunos. Os recursos didáticos desempenham um papel 
crucial ao auxiliar e facilitar o desenvolvimento de diversas atividades em sala 
de aula. É imprescindível que o docente esteja familiarizado com os recursos 
disponíveis e consiga selecionar e utilizar o material adequadamente, 
considerando o conteúdo a ser abordado, o perfil do público-alvo e os objetivos 
educacionais a serem alcançados. 
Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de 
materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles 
mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores 
assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas 
alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências 
práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros. 
1.2 Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais 
didáticos na educação básica 
Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração 
de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar 
uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020), 
consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso 
cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases 
determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de 
desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo 
como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com 
outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos. 
As interações sociais desempenham um papel primordial na construção 
do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o 
desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos 
essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e 
até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da 
cognição humana. 
 Ao selecionar recursos didáticos, o professor pode embasar sua escolha 
nos estágios de desenvolvimento da inteligência humana propostos por Piaget, 
conforme a epistemologia genética: 
1. Estágio sensório-motor — crianças de 0 a 2 anos; 
2. Estágio pré-operatório — crianças de 2 a 7 anos; 
3. Estágio operacional concreto — de 7 a 11 anos; 
4. Estágio operacional formal — de 11 anos até a fase adulta. 
O estágio sensório-motor, caracterizado por crianças de até cerca de 2 
anos, é um período em que a descoberta do mundo ocorre principalmente por 
meio dos sentidos e da manipulação. Nessa etapa, é recomendável utilizar 
materiais didáticos adequados, como objetos com diversas características, como 
tamanho, forma, textura, cor e consistência; brinquedos com tampas e 
elementos atrativos; brinquedos de encaixe; livros com imagens grandes, entre 
outros exemplos. 
O estágio pré-operatório é identificado como uma fase em que as 
crianças apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e 
memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa 
etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como 
blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis, 
uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos. 
O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que 
traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças 
começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com 
números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa, 
existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de 
futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras 
estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra-
cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem 
(como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para 
agrupamentos, filmes variados,livros literários e didáticos, mapas, obras de arte 
e material dourado, entre outros recursos. 
O estágio das operações formais é o período em que os estudantes 
conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver 
situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar 
com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a 
resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa 
fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares 
educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos. 
Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento 
cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses 
estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma 
das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser 
realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino, 
considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos 
e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação 
esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente. 
1.3 Resumindo 
Nesta aula aprendemos, que diante das reflexões e ao considerar as 
discussões realizadas, constata-se que durante o planejamento de uma aula, o 
professor é responsável por tomar decisões que abrangem desde a seleção dos 
métodos de ensino até a definição da metodologia e a escolha dos recursos a 
serem utilizados em sala. Essas escolhas desempenham um papel crucial no 
momento da elaboração da aula, ao procurarem facilitar, mediar e estimular a 
aprendizagem dos estudantes. Todo esse processo de preparação e condução 
da aula está inserido no âmbito da didática do professor. 
Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que 
a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para 
guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel 
crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico 
entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor, 
os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. 
Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico 
ou obter um conhecimento desejado. 
Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras 
palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em 
função dos métodos utilizados. 
Portanto, a fim de investigar os princípios que orientam a escolha, o uso 
e a criação de recursos e materiais didáticos para educação básica, é essencial 
realizar uma análise detalhada do desenvolvimento cognitivo. 
2 Concepções epistemológicas do material didático 
O uso de recursos, como modelos e materiais didáticos, para ilustrar aulas 
não é algo novo. Desde a Didática Magna de Comenius, publicada em 1657, já 
se enfatizava a significância da utilização de diversos recursos materiais para 
promover uma aprendizagem mais efetiva. Educadores renomados, como 
Pestalozzi e Froebel nos séculos XVII e XIX, também defendiam a utilização de 
uma abordagem ampla e interativa com discentes, acreditando que isso 
resultaria em uma "educação ativa". Nesse sentido, Justino (2013), apresenta 
que a pedagogia ativa ganhou força no Brasil doravante ao movimento da Escola 
Nova, estabelecido com o manifesto de 1932, sendo pioneiro nesse movimento 
John Dewey. 
Essa abordagem pedagógica valorizava a autoinstrução do aluno, 
permitindo que ele se tornasse autor de suas próprias experiências mediante 
atividades e métodos ativos e criativos. Em outras palavras, essa pedagogia 
tinha como foco central o interesse do aluno. 
Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre 
os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores 
renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas 
ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de 
aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos 
didáticos com essa finalidade. 
Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido 
como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que 
desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A 
seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais 
escolanovistas e suas contribuições nesse campo. 
Kilpatrick (1871-1965), foi discípulo de Dewey, desempenhou um papel 
significativo na disseminação dos princípios da Escola Nova. Um dos métodos 
desenvolvidos por ele foi o método de projetos, que se baseia na realização de 
atividades intencionais em que os alunos participam ativamente em um ambiente 
natural, integrando e globalizando o processo de ensino. Por exemplo, a 
construção de uma casinha de coelhos pode envolver diversos ensinamentos, 
como geometria, desenho, cálculo e história natural. 
Os projetos são divididos em quatro etapas: estabelecer o objetivo final, 
preparar o plano, executá-lo e avaliá-lo. Eles podem se enquadrar em diferentes 
categorias, como projetos de produção, nos quais os alunos criam algo; projetos 
de consumo, nos quais eles exploram e analisam algo existente; projetos de 
resolução de problemas, nos quais buscam soluções para desafios específicos; 
e projetos de aperfeiçoamento de técnicas, nos quais procuram melhorar 
habilidades ou conhecimentos prévios. 
Decroly (1871-1931), desempenhou um papel importante como precursor 
dos métodos ativos, que se baseiam na ideia de permitir que os alunos 
conduzam seu próprio processo de aprendizagem e, assim, aprendam a 
aprender. Ele desenvolveu o método dos Centros de Interesse, que abordam 
temas como a família, o universo, o mundo animal e vegetal, entre outros. Esses 
centros de interesse são projetados para promover a observação, a associação 
e a expressão dos alunos. 
Diferentemente dos projetos, o método dos Centros de Interesse não 
pretende a construção de algo físico ou a conclusão de um projeto específico. 
Em vez disso, ele se concentra na exploração e no aprofundamento dos temas 
de interesse, incentivando os alunos a observar, fazer conexões e se expressar 
de diferentes maneiras. O foco está na participação ativa dos alunos e no 
desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais através da imersão em 
assuntos relevantes e significativos. 
Maria Montessori (1870-1952), foi uma das pioneiras na criação e 
implementação de métodos ativos na educação. O método Montessoriano 
possui um enfoque principal nas atividades motoras e sensoriais, especialmente 
na educação pré-escolar, e também é aplicado durante a segunda infância. 
Esse método valoriza o trabalho individual das crianças, embora também 
tenha um caráter social, pois incentiva a colaboração entre os alunos para criar 
um ambiente escolar positivo. O material utilizado no método Montessoriano é 
cuidadosamente projetado para estimular tanto o desenvolvimento sensorial 
quanto intelectual das crianças. O objetivo é proporcionar experiências 
enriquecedoras que promovam o aprendizado por meio da exploração, da 
experimentação e do envolvimento ativo dos alunos. 
Claparéde (1873-1940), utilizou o termo "educação funcional" para 
descrever a abordagem educacional que busca desenvolver os processos 
mentais, não apenas por si, mas em relação à sua utilidade para a ação presente 
ou futura, ou seja, para a vida na totalidade. A educação funcional busca atender 
às necessidades e interesses da criança, tornando-se um processo interno e não 
imposto externamente. 
Essa abordagem enfatiza a magnitude da atividade vital para o ser 
humano, sendo ao mesmo tempo, individualizada e social, promovendo a 
interação e socialização entre os alunos. O objetivo é proporcionar umaeducação que seja significativa, relevante e que esteja em sintonia com as 
dificuldades e interesses da criança, permitindo assim o desenvolvimento pleno 
de suas capacidades mentais e sociais. 
Piaget (1896-1980), renomado teórico da epistemologia, dedicou-se a 
explicar a evolução da inteligência humana. Seu foco principal foi o estudo da 
natureza do desenvolvimento intelectual em crianças. Ele advogou pelo uso do 
método da observação, por intermédio da pedagogia experimental, para 
compreender como a criança organiza mentalmente a realidade; enfatizou a 
importância de estimular o pensamento da criança, colocando-a em situações 
que a desafiem intelectualmente, e também defendeu que os professores devem 
respeitar as diferentes etapas do desenvolvimento da criança, adaptando suas 
abordagens apoiando as habilidades e necessidades individuais de cada 
estudante. 
Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de 
desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais 
eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento. 
Cousinet (1881-1973), foi responsável pelo desenvolvimento do método 
de trabalho em equipe, o qual consiste em diversas etapas: 
a) Acumulação de informações por intermédio de pesquisas; 
b) Exposição e elaboração das informações; 
c) Correção dos erros; 
d) Cópia individual dos resultados; 
e) Realização de desenhos individuais; 
f) Seleção do desenho mais significativo para ser arquivado na sala; 
g) Leitura do trabalho em grupo; 
h) Elaboração de uma ficha resumo. 
Ele era defensor da liberdade no ensino e do trabalho coletivo, 
acreditando que o trabalho em grupo possui valor pedagógico ao desenvolver 
virtudes sociais, tais como cooperação, auxílio mútuo, espírito de sacrifício, 
camaradagem e lealdade. Além disso, ele acreditava que essa abordagem 
fortalece o senso de grupo e colaboração entre os alunos. 
2.1 O emprego dos materiais didáticos na educação básica 
É fundamental que o professor saiba como utilizar de forma efetiva um 
material didático em sala de aula, para que esse recurso exerça seu papel como 
mediador da aprendizagem. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), esclarece sobre 
a importância em compreender que o material didático nunca deve ultrapassar a 
categoria de meio, ou seja, auxiliar de ensino, sendo uma alternativa 
metodológica tanto para o professor quanto para o aluno. É essencial 
compreender que o material didático por si só não garante um bom ensino nem 
uma aprendizagem significativa, e ele não substitui a presença do professor. 
Todo material utilizado na sala de aula deve ser cuidadosamente 
selecionado e avaliado, pois, independentemente de quão estimulante possa 
parecer, o aspecto mais importante é a experiência significativa que o material 
proporcionará aos estudantes na compreensão dos conteúdos. O professor 
desempenha um papel fundamental ao guiar e contextualizar o uso do material 
didático, garantindo que ele seja integrado de maneira adequada ao processo 
de ensino-aprendizagem, enriquecendo a experiência educacional dos alunos. 
Corroborando, Justino (2013, p. 108 e 109): 
No contexto educacional, o material didático é a ligação entre a teoria 
(palavra) e a prática (realidade). Quando a aprendizagem não pode 
ocorrer a partir das experiências de vida, isto é, a partir do meio onde 
o aluno está inserido, o uso do material didático pode possibilitar esse 
aprendizado, representando, da melhor forma possível, saudações que 
favoreçam a compreensão do aluno. O material didático pode tornar 
concreto o que é estudado por meio de palavras, compapel importante 
no trabalho docente de todas as disciplinas. É preciso lembrar que o 
material didático por si só não contempla o que é necessário para uma 
boa aula. É preciso que o professor, além do conhecimento que 
adquiriu e adquire constantemente, saiba utilizá-lo de forma criativa 
para tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. 
Nesse sentido, a referida autora reafirma que a incorporação dos 
materiais didáticos nas escolas ocorreu gradualmente, influenciada por diversos 
educadores como Rousseau (1712-1758), Pestalozzi (1746-1827), Herbart 
(1776-1841), Froebel (1782-1852), Decroly (1871-1932) e Montessori (1879-
1952). Esses educadores desempenharam um papel importante ao estabelecer 
as bases teórico-metodológicas para a utilização desses recursos no processo 
educacional. Eles compreenderam a importância fundamental de aprender a 
aprender e, portanto, sentiram a necessidade de criar modelos de ensino que 
atendessem às demandas educacionais reais, levando em consideração o 
avanço científico e tecnológico. 
Durante muito tempo, educadores e demais envolvidos com a educação 
dedicaram-se a criar, desenvolver e aprimorar materiais didáticos pedagógicos, 
visando facilitar a aprendizagem e promover a melhoria da qualidade do 
processo educativo. O interesse em explorar e utilizar esses recursos visava 
oferecer suporte e enriquecer a experiência educacional, buscando estratégias 
mais eficientes para engajar os alunos e tornar o ensino mais eficaz. 
Ao produzir recursos e materiais didáticos para educação básica, Zoppo 
(2020), esclarece que o trabalho realizado pelo professor em sala de aula é 
estruturado de maneira organizada, intencional e sistemática, para promover a 
formação integral do aluno. Nesse sentido, é responsabilidade do professor 
planejar cuidadosamente as atividades de ensino, levando em consideração as 
necessidades individuais de cada estudante, além de selecionar os recursos 
adequados e definir as formas de avaliação. 
Ao selecionar os materiais, é preciso considerar os elementos que 
fazem parte do processo educacional: os sujeitos envolvidos 
(professor e aluno), os objetivos visados (as metas de ensino e 
aprendizagem a serem atingidas) e a situação de aplicação (tempo, 
espaço, equipamentos, tipos de materiais) (JUSTINO, 2013, p. 112, 
grifos do autor). 
Antes de entrar em sala de aula, o professor deve ter previamente 
selecionado ou produzido um material didático que seja capaz de auxiliar no 
processo de mediação entre o estudante e os objetos de conhecimento. Esse 
material tem o propósito de facilitar a compreensão, a aprendizagem e a 
interação do aluno com os conteúdos abordados, sendo uma ferramenta 
essencial para promover um ensino eficaz. O professor desempenha um papel 
crucial ao escolher e utilizar esses recursos, garantindo que sejam adequados 
ao contexto educacional e capazes de promover uma experiência de 
aprendizagem significativa para os estudantes. 
Cabe ressaltar que o recurso pedagógico em si não abrange o conjunto 
de elementos indispensáveis a uma aula de qualidade. É imprescindível que o 
docente, além de possuir e aprimorar constantemente seu conhecimento, seja 
capaz de empregá-lo de maneira inventiva, a fim de conferir dinamismo e 
atratividade às suas aulas. 
A finalidade do material didático em sala de aula é propiciar o 
aprendizado ao aluno, oferecendo a ele um ensino de qualidade, em 
que associe o conhecimento já adquirido aos novos. Para tanto, o 
professor deve atender aos critérios de qualidade na escolha dos 
materiais a serem utilizados, tendo em mente a importância deles à 
bem como sua influência na aprendizagem (JUSTINO, 2013, p. 112). 
Deste modo, consoante a Nérici (1971) citado por Zoppo (2020) as 
atribuições do material didático são as seguintes: 
1. Aproximar o discente da realidade do conteúdo a ser ensinado, 
proporcionando-lhe uma compreensão mais precisa dos eventos ou 
fenômenos investigados; 
2. Estimular o interesse pela aula; 
3. Favorecer a percepção e a compreensão dos eventos e conceitos; 
4. Concretizar e exemplificar o que está sendo verbalmente apresentado; 
5. Minimizar os esforços necessários para conduzir os alunos à 
compreensão dos eventos e conceitos; 
6. Contribuir para a consolidação da aprendizagem por meio de uma 
impressão mais vívida e sugestivaque o material pode suscitar; 
7. Proporcionar oportunidades para a expressão de habilidades e o 
desenvolvimento de competências específicas por parte dos alunos, 
seja através da manipulação de dispositivos ou da sua própria 
construção. 
Outrossim, conforme Justino (2013), os recursos pedagógicos 
apresentam diversas características que podem ser combinadas para apoiar a 
elaboração de um planejamento de atividades que estimulem a motivação, 
despertando o interesse e a participação dos estudantes. 
Quando viável, é recomendável que o professor ofereça oportunidades 
aos alunos para que eles próprios confeccionem os materiais a serem utilizados. 
Dessa maneira, será possível despertar o interesse e a curiosidade em relação 
ao tema a ser abordado em sala de aula, além de proporcionar satisfação através 
da realização da atividade. 
Podemos conceber qualquer recurso utilizado no processo educativo 
como material didático, uma vez que seu propósito é facilitar a aprendizagem. 
Existem diversos tipos de materiais empregados para facilitar a compreensão 
dos alunos, variando desde os mais especializados até os menos 
especializados. Por exemplo, jornais e revistas podem ser excelentes recursos 
tanto para os estudantes quanto para os professores, quando utilizados para 
pesquisa de notícias e assuntos relacionados à sociedade, entre outros temas 
que ofereçam informações relevantes sobre a atualidade. 
No entanto, quando seu uso não é direcionado para ser um recurso 
didático, esses materiais tornam-se menos especializados em comparação, por 
exemplo, com vídeos preparados pelas Secretarias de Educação, que servem 
como auxílio no trabalho com temas transversais. 
Dessa maneira, os recursos pedagógicos são ferramentas utilizadas pelos 
profissionais envolvidos no processo educativo - educadores e investigadores - 
com o propósito de realizar a prática pedagógica, com o intuito de promover a 
construção do saber por meio da interpretação e utilização das tecnologias 
educacionais presentes nesse contexto (JUSTINO, 2013). 
2.2 Resumindo 
Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares 
e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente, 
vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora 
não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial 
ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente 
relacionada à efetividade do material. 
Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser 
criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que, 
independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico 
em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento 
complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto 
para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso 
pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma 
aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor. 
Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é 
viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre 
estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na 
forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros 
3 Material didático, definição e atribuição 
As ferramentas de ensino devem obedecer ao princípio de atender às 
exigências do aprendizado, com efetividade e desempenho, e não com o 
propósito de diminuir o esforço do educador. Do ponto de vista de Justino (2013), 
a efetividade do processo de ensino-aprendizagem está associada à qualidade 
e quantidade dos conhecimentos construídos e compartilhados, por meio da 
interação com indivíduos e o ambiente, de forma autônoma e com o auxílio do 
professor. A maneira e as estratégias pelas quais o educador utiliza os recursos 
pedagógicos o auxiliarão a alcançar os objetivos estabelecidos por ele, 
relacionados ao tópico em questão. Portanto, é necessário adquirir 
conhecimento sobre os diferentes tipos de recursos pedagógicos disponíveis 
para auxiliar no desenvolvimento do processo educativo. 
No passado, o material didático tinha como função principal ilustrar as 
aulas e era apresentado aos alunos para reforçar o conteúdo explicado pelo 
professor. Atualmente, a finalidade dos materiais vai além de ilustrar, eles 
auxiliam os alunos no trabalho a ser desenvolvido, incentivando-os a investigar, 
descobrir e construir conhecimento. Dessa maneira, tornam o processo de 
ensino-aprendizagem mais dinâmico, proporcionando oportunidades para 
enriquecer as experiências dos alunos e aproximá-los da realidade. 
Com o contínuo avanço das tecnologias, muitos materiais foram 
aprimorados e modernizados. Portanto, é crucial que as escolas incorporem 
essas tecnologias, pois elas desempenham um papel importante na melhoria da 
qualidade do ensino, em conjunto com as inovações na prática pedagógica. No 
entanto, é importante destacar que não basta apenas utilizar a tecnologia, é 
necessário também inovar em termos de prática pedagógica. 
Do mesmo modo, segundo Bandeira (2017), a informatização das 
sociedades é resultado dos esforços científicos, tecnológicos e políticos, fruto de 
um rápido avanço decorrente da colaboração entre governos e organizações: 
desde a origem e desenvolvimento da internet, no período entre os anos de 1960 
e 1980, até a consolidação dos usos da rede e a proliferação de dispositivos de 
comunicação, como os telefones celulares, na década de 1990, e o surgimento 
das redes sociais e diversas outras ferramentas digitais, como blogs e 
repositórios digitais, que se popularizaram por volta dos anos 2000. 
Dessa forma, dentre as várias transformações ocorridas nesse intervalo, 
que culminaram na caracterização da chamada sociedade da informação, 
destaca-se a implementação de um conjunto de tecnologias que contribuíram 
para a expansão do trabalho colaborativo on-line. 
Nesse contexto, muitas pessoas já possuíam os recursos materiais e 
cognitivos para acessar a internet, e uma ampla gama de serviços foi viabilizada 
pelo uso das redes eletrônicas, tais como transações bancárias e comunicação 
por e-mail ou chat entre entidades públicas e cidadãos. 
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) desempenham um 
papel crucial na redução das barreiras de tempo e espaço na sociedade, 
facilitando a circulação de textos, imagens, áudios e vídeos por meio das redes 
de informação. Nesse sentido, a educação desempenha um papel fundamental, 
pois é necessário aprender a produzir, distribuir e compartilhar informações para 
expandir significativamente o conhecimento. 
Nesta perspectiva, Karling (1991) introduz uma nova taxonomia em que 
as tecnologias ganham destaque em relação ao paradigma anterior. Conforme 
mencionado por esse autor, os recursos instrucionais podem ser categorizados 
em: 
1. Recursos perceptivos: Esses recursos pretendem apoiar o processo 
de educação e aprendizagem, uma vez que a visualização do material 
desperta a atenção do estudante para o conteúdo em questão. São 
elementos que exibem ícones, os quais, por meio da percepção visual, 
fornecem a exposição da mensagem pretendida. Entre os recursos 
perceptivos estão o álbum seriado, cartazes, diafilmes, diagramas, 
espécimes e exposições. 
2. Recursos acústicos: Esses recursos visam promover a 
aprendizagem por meio da audição. Incluem elementos sonoros, 
como gravações de áudio, podcasts, palestras gravadas, entrevistas 
em formato de áudio e narrativas auditivas. 
3. Recursos audiovisuais: Esses recursos combinam elementos 
visuais e acústicos para enriquecer a experiência de aprendizagem. 
Abrangem materiais como vídeos educacionais, animações, 
documentários, apresentações multimídia e aulas em vídeo. 
4. Recursos multimodais: Essa categoria engloba materiais queutilizam múltiplos recursos, como texto, imagens, áudio e vídeo, de 
forma integrada. Proporcionam uma abordagem ampla e diversificada 
para a aprendizagem, podendo incluir recursos como livros interativos, 
aplicativos educacionais, jogos educativos e ambientes virtuais de 
aprendizagem. 
O quadro a seguir apresenta um resumo dos recursos mais utilizados na 
educação básica, consoante a Justino (2013): 
Quadro 1 – Recursos pedagógicos mais utilizados 
 
 
 
Recursos visuais 
Quadro de giz, flanelógrafo, imantógrafo, 
cartazes, mapas, flip-chart (bloco de 
papel), álbum seriado, dispositivos, 
diafilmes, retroprojetor (transparências), 
fotografias, mural didático, objetos, 
holografia. 
Recursos auditivos Rádio, discos, fita magnética, CD, DVD. 
Recursos 
audiovisuais 
tradicionais 
 
Dispositivos com som, diafilmes com 
som, cinema sonoro, televisão, 
videocassete, aparelho DVD. 
Recursos 
audiovisuais 
integrados ao 
computador 
CD-ROM, bases de dados, pacotes 
estatísticos, softwares, projetor de 
multimídia. 
Recursos 
audiovisuais 
baseados na internet 
Bases de dados, e-mail, áudio e 
videoconferências. 
Fonte: Justino (2013, p. 116) 
Essa classificação, proposta por Karling (1991), ressalta a importância 
das tecnologias como ferramentas de apoio ao processo educativo, oferecendo 
uma variedade de recursos para aprimorar a experiência de ensino e 
aprendizagem. 
Segundo Bandeira (2017), é importante ressaltar que muitas das decisões 
tomadas pelas editoras nesse ramo específico também são influenciadas pelas 
exigências do mercado e do público-alvo. Por exemplo, produzir materiais 
didáticos consoante os critérios de avaliação dos programas governamentais de 
distribuição para o ensino médio. 
Consequentemente, uma definição de material didático é amplamente 
difundida e influenciada pelos documentos das políticas públicas para a leitura 
no Brasil, ações estabelecidas a partir da década de 1990, especialmente pelo 
Ministério da Educação (MEC), visando implementar programas para o livro 
escolar. 
Entre os programas implementados pelo MEC na educação básica, 
destacam-se as políticas educacionais nas áreas de alfabetização, leitura e 
capacitação dos profissionais da educação. Essas ações abrangem a 
aprendizagem dos alunos, visam valorizar os educadores e têm como meta 
melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas, sendo a maioria delas 
executadas como apoio aos órgãos estaduais e municipais. 
Um aspecto importante das políticas educacionais do MEC são os 
programas direcionados à alfabetização. Em 2007, por exemplo, pesquisadores 
envolvidos na produção de uma série sobre alfabetização para o Ministério 
levantaram diversas questões com base nas perguntas feitas por professores da 
educação básica sobre o uso do livro didático em suas práticas de ensino. 
As várias edições do PNLD desempenharam um papel fundamental na 
ampliação do uso do livro didático nas escolas, além de contribuírem para a 
atualização das concepções relacionadas ao ensino da língua portuguesa e da 
alfabetização. 
3.1 O livro didático como ferramenta pedagógica 
O livro didático é um dos meios empregados com maior regularidade nas 
instituições educacionais do Brasil. Outrossim, Zoppo (2020), afirma que isso 
ocorre em virtude de diversos elementos, tais como a sua acessibilidade 
facilitada, capaz de contribuir para a estruturação do material didático e para o 
arranjo da sessão de ensino, frequentemente poupando o tempo do educador 
na criação de tarefas. Ademais, é importante ressaltar que o livro didático 
constitui uma fonte de pesquisa variada acerca dos temas a serem abordados. 
E ainda, a referida autora discorre que no território brasileiro, o livro 
didático emergiu aproximadamente no século XIX, período em que o acesso à 
educação deixou de ser exclusividade da elite. Nessa conjuntura, esse 
instrumento educativo congregava todos os conhecimentos que deveriam ser 
transmitidos aos discentes. À medida que o ensino foi desmembrado em 
matérias distintas ao longo desse mesmo século, o livro começou a ser 
concebido por docentes especializados, assumindo, nesse momento, o papel 
primordial de estruturar e orientar as aulas. 
A partir do ano de 1938, mediante a promulgação do Decreto-lei 1.006, o 
manual pedagógico adquiriu a condição de recurso educativo, adotando uma 
perspectiva político-ideológica. Os docentes selecionavam os livros de uma lista 
previamente estabelecida pelo Estado, conforme as regulamentações dispostas 
no artigo 208, inciso VII, da Constituição Federal do Brasil de 1937. Nesse 
dispositivo, estabeleceu-se a responsabilidade estatal com a educação por meio 
de programas complementares e de material didático escolar. 
No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico, 
conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças 
tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua 
relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de 
certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das 
atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir 
sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo 
diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas. 
Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma 
ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para 
produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais, 
como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos, 
entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao 
uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados 
para enriquecer as aulas. 
3.2 Parâmetros de avaliação: elementos das diretrizes governamentais 
para a alocação do livro didático 
A preocupação constante de todo educador é: como escolher o material 
didático apropriado para cada contexto de ensino-aprendizagem no trabalho 
pedagógico? Quais são as opções disponíveis de materiais didáticos e como 
utilizá-los na sala de aula? 
Bandeira (2017), retrata que o processo de seleção e avaliação do 
material didático é uma tarefa demorada e complexa, envolvendo professores, 
gestores e, por vezes, até mesmo alunos e a comunidade escolar. 
No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão responsável por 
estabelecer critérios de avaliação para os livros didáticos. A maioria dos guias 
de avaliação concentra-se em duas etapas: a primeira aborda aspectos 
relacionados à sua materialidade (suporte, design e layout), enquanto a segunda 
está relacionada à garantia dos indicadores de qualidade estabelecidos para o 
conteúdo. 
Durante um longo período, entre as décadas de 1960 e 1970, o livro 
didático era concebido como um modelo vinculado aos manuais escolares, cujo 
objetivo principal era apresentar o desenvolvimento do conteúdo curricular, em 
detrimento de uma abordagem mais sintética que pudesse apoiar o processo de 
ensino e aprendizagem. 
Em relação a essa perspectiva, Zoppo (2020, p. 56) afirma que: 
O Programa Nacional do livro didático (PNLD) é um programa cujo 
objetivo é destinar obras didáticas e literárias de forma gratuita às 
escolas públicas e instituições filantrópicas que tenham o apoio do 
governo, visando contribuir com a prática pedagógica do professor. 
Com mais de 80 anos, esse programa vem sendo aperfeiçoado ao 
longo do tempo. A primeira iniciativa do projeto ocorreu em 1937 com 
a criação da Instituto Nacional do Livro, mas foi em 1985 que o governo 
federal criou o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio 
do decreto 91.542, de 19 de agosto de 1985, para distribuir livros 
escolares a todos os alunos matriculados nas escolas públicas de 
ensino fundamental do país. 
Atualmente, o Programa Nacional do LivroDidático (PNLD) é executado 
pelo governo em etapas sucessivas, abrangendo os quatro níveis da educação 
básica: educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do 
ensino fundamental e ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) é 
responsável pela seleção inicial, elaboração do guia PNLD, aquisição e 
distribuição dos materiais. 
As obras são distribuídas para todas as escolas públicas cadastradas no 
censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP). A entrega é 
realizada pelos Correios mediante um contrato estabelecido com o Fundo 
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), onde a empresa contratada 
recolhe diretamente o material das editoras e efetua a entrega nas escolas. 
Os livros submetidos ao PNLD passam por uma avaliação técnica e 
pedagógica coordenada pelo MEC. Após essa avaliação, os livros são 
aprovados e incluídos na lista disponibilizada no guia do PNLD, para que a 
escolha dos livros seja feita por todos os segmentos da escola. É possível 
considerar que esse programa governamental desempenha um papel importante 
no processo de ensino em todas as escolas brasileiras (ZOPPO, 2020). 
Deste modo, para Luz (2016), o livro didático como material pedagógico 
desempenha um papel valioso no acesso à cultura e no desenvolvimento da 
educação. Em muitos lares brasileiros, ele assume a posição de primeiro livro, 
estabelecendo as bases para o hábito da leitura e o processo de aprendizagem. 
Ao longo de dois séculos, desde os primeiros manuais didáticos produzidos no 
Brasil, os livros passaram por inúmeras transformações, para acompanhar as 
novas dinâmicas presentes nas salas de aula e contribuir para uma 
aprendizagem significativa. 
Esses avanços refletem o compromisso da indústria editorial em 
incorporar novas tecnologias, avanços metodológicos, recursos visuais, 
diretrizes governamentais e atender à demanda dos educadores por materiais 
de qualidade que promovam valores de cidadania. 
3.3 Resumindo 
Nesta aula, tivemos a oportunidade de refletir sobre a importância das 
ferramentas de ensino em atender às necessidades de aprendizagem com 
eficácia e desempenho, em vez de apenas buscar facilitar o trabalho do 
educador. Ao contrário do passado, quando sua função principal era ilustrar as 
aulas e reforçar o conteúdo apresentado aos alunos, os materiais educacionais 
têm passado por constantes melhorias e modernizações com o avanço das 
tecnologias. No entanto, é importante ressaltar que não basta simplesmente 
utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de práticas 
pedagógicas. 
Durante a aula, foram apresentados os critérios utilizados para avaliar a 
qualidade do livro didático, considerado, pela maioria dos especialistas, como o 
recurso educacional mais aceito, democrático e abrangente. 
Além de fornecer uma breve contextualização sobre a utilização do livro 
didático no Brasil, foram mencionados alguns critérios a serem considerados na 
seleção do material. Também foi abordado o conceito do Programa Nacional do 
Livro Didático (PNLD) e seu objetivo dentro do contexto do governo federal. 
Em conclusão, é importante ressaltar que o livro didático é apenas um dos 
recursos disponíveis para os professores, devendo ser utilizado em conjunto 
com outras ferramentas trazidas para a sala de aula. Exatamente por isso, tem 
sido considerado um fio condutor na educação. 
4 Desenvolvimento de materiais didáticos alinhados ao planejamento 
O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos 
gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de 
desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem 
alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), 
afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois 
improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto, 
para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos 
professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação 
coerentes. 
É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será 
realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado, 
incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a 
ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem 
realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de 
ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das 
atividades em geral. 
Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor 
entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na 
qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades 
mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais 
no trabalho educacional. 
Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa 
tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos 
compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor 
estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria 
desafios que incentivam os alunos a aprender. 
Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa 
e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e 
estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do 
processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não pode ser considerado 
uma atividade aleatória, por estabelecer métodos, recursos e objetivos a serem 
alcançados em um dia de aula. Evidente a esta colocação, Justino (2013, p. 82) 
esclarece: 
O sujeito pode ser considerado em atividade quando o objetivo da ação 
é o motivo de sua atividade. Diferenciando as atividades teóricas das 
práticas, é o objeto, o motivo, que sempre responde à necessidade 
criada pelo sujeito, direcionando-o para a realização da atividade. 
Para promover uma prática docente eficaz, um plano de aula deve ser 
elaborado seguindo uma estrutura organizada, na qual todas as ações sejam 
intencionalmente pedagógicas. 
É a partir dos objetivos que os conteúdos de um componente curricular 
são estabelecidos. Se almejo que meus alunos sejam participativos e críticos, 
não posso considerar os objetivos apenas como um fim em si; o componente 
curricular deve ser utilizado como um meio para alcançar projetos mais amplos. 
Os objetivos educacionais são essenciais para o trabalho docente, exigindo que 
o professor os expresse ativamente, tanto no planejamento escolar quanto no 
desenvolvimento das aulas. 
Os conteúdos e os objetivos devem estar interligados, pois os conteúdos 
são os recursos utilizados para atingir um objetivo maior. Com objetivos e 
conteúdo definidos, o professor seleciona os procedimentos didáticos a serem 
utilizados para alcançar esses objetivos, ou seja, define a metodologia de ensino. 
Esses procedimentos compreendem atividades, métodos, técnicas e 
modalidades de ensino escolhidos com o propósito de facilitar a aprendizagem. 
São diversas formas de organizar as condições externas mais adequadas para 
promover a aprendizagem. 
A avaliação é a estratégia que o professor utiliza em sala de aula para 
avaliar a assimilação pelos alunos de um determinado conteúdo. A avaliação 
deve estar relacionada aos objetivos da aula. Por meio dela, o professor pode 
refletir sobre suas práticas, o desempenho dos estudantes e, assim, rever algo 
que não tenha ficado claro para eles (ZOPPO, 2020). 
Nesta perspectiva, Justino (2013), define que durante a prática 
pedagógica, o professor tem a oportunidade de observar e avaliar a eficácia de 
seus métodos e abordagens de ensino, buscando soluções práticas por meio da 
pesquisa para os problemas identificados. 
Além de elaborar e planejar as atividades, e ter um domínio do conteúdo 
a ser trabalhado, o professor também precisaselecionar e determinar quais 
materiais ou recursos didáticos serão utilizados. Nesse processo, é importante 
considerar critérios que permitam utilizar e avaliar como esses materiais 
didáticos podem contribuir para a ocorrência de uma aprendizagem significativa. 
4.1 A relação entre o processo de ensino-aprendizagem e os materiais 
didáticos 
Os materiais didáticos desempenham um papel importante como 
ferramentas e recursos de apoio para a prática docente. Justino (2013), retrata 
que, para sua elaboração e utilização, é crucial considerar a busca por uma 
aprendizagem significativa, pois isso promove a conexão com as questões do 
cotidiano do aprendiz. 
É interessante que o aluno participe ativamente da construção dos 
materiais utilizados, a fim de facilitar esse processo de aprendizagem. Existem 
diversas opções de materiais a serem utilizados em sala de aula, desde aqueles 
feitos com materiais reciclados até o quadro negro, televisão e os recursos mais 
modernos que envolvem novas tecnologias. 
A seguir, serão apresentados alguns materiais didáticos necessários e 
essenciais para o processo de ensino-aprendizagem. 
 Sucatas 
Sucatas são materiais considerados inúteis que podem ser reciclados, 
reaproveitados e transformados em objetos com diversas finalidades, como 
artesanato, decoração, recreação, educação, entre outros. 
Na escola, o uso de sucatas como material didático oferece benefícios 
significativos. Quando os alunos participam da criação desses materiais, 
sentem-se motivados e estimulados criativamente, despertando o interesse nas 
atividades propostas. 
Ao utilizar sucatas na confecção de materiais, o professor proporciona aos 
alunos o desenvolvimento de estruturas cognitivas essenciais para a autonomia 
e a construção do conhecimento. Quando as sucatas são utilizadas para criar 
novos sentidos e significados, elas possibilitam aplicar ações pedagógicas que 
estimulam a criatividade na confecção de materiais diferenciados, motivando e 
facilitando a aprendizagem. 
Quando transformadas em materiais pedagógicos, se tornam recursos 
motivadores e enriquecedores do processo educativo. O objetivo da construção 
desses materiais é proporcionar aos alunos a oportunidade de estimular e 
desenvolver sua percepção visual e tátil, coordenação motora e habilidades de 
linguagem oral. 
Existem diversos exemplos de sucatas que podem ser utilizados na 
criação de materiais educativos, como garrafas PET, tampas plásticas, caixas 
de leite, papelão, revistas, jornais e outros materiais recicláveis. Essas sucatas 
são excelentes para a confecção de materiais didáticos, atendendo a dois 
aspectos importantes. Em primeiro lugar, possuem baixo custo, tornando viável 
o seu uso nas escolas. Em segundo lugar, contribuem para o desenvolvimento 
da consciência ecológica dos alunos, atendendo a uma necessidade da 
sociedade atual (JUSTINO, 2013). 
 Massinha ou massa de modelar 
No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha 
de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se 
torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A 
massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de 
uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre 
outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para 
crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013). 
 Quadro de giz ou quadro branco 
No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era 
amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso 
limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo 
do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos 
professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam 
apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações. 
O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o 
assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros 
materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem 
o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja 
dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho. 
No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o 
professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que 
está sendo escrito. 
Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético, 
feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para 
canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações 
feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode 
ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal. 
O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar 
na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais 
como: 
a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro; 
b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de 
ensino possuem quadros de giz; 
c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos; 
d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos 
(JUSTINO, 2013). 
 Quadro expositor 
É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode 
ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola, 
ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo: 
 Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a 
eles. 
 Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam 
crachás com seus nomes. 
 Expor os trabalhos realizados em sala de aula. 
Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse 
recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser 
aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013). 
 Cartazes 
São recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens 
amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são 
considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas 
religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública, 
campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A 
composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando 
fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos. 
Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados 
visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os 
cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um 
cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o 
tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras 
desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo, 
desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013). 
 Mural 
O mural didático é um recurso muito interessante utilizado para expor 
textos e ilustrações na sala de aula. Sua finalidade é despertar o interesse dos 
alunos, introduzir novos conteúdos, complementar as aulas e também servir 
como uma forma de avaliação dos temas estudados. 
Diferente do cartaz, o mural didático requer explicações e comparações, 
sendo mantido na sala de aula para auxiliar na compreensão e aprendizagem 
dos alunos sobre o conteúdo abordado. Esse material pode ser fixo ou móvel, 
sendo retangular e tendo sua base feita de isopor, cortiça, madeira, papelão, 
forrada com feltro, flanela, plástico, entre outros materiais. Geralmente, possui 1 
metro de largura e o comprimento varia consoante o tamanho da sala, podendo 
ocupar uma parede inteira ou não. 
Ao utilizar o mural didático, o professor deve considerar alguns detalhes 
que influenciam sua utilização na sala de aula: 
 A mensagemtransmitida precisa ser clara e simples; 
 O título deve ser conciso e chamativo, apenas para chamar a atenção; 
 Na ilustração da mensagem, podem ser utilizados objetos, fotografias, 
ilustrações, tabelas, gráficos, entre outros recursos visuais; 
 No texto, devem ser apresentados detalhes e explicações mais 
aprofundados. 
Esse tipo de mural desperta a atenção e o interesse dos estudantes, 
transmitindo informações e conhecimentos, além de motivar e estimular o 
trabalho em grupo. Também auxilia os estudantes na formação de opiniões, 
proporcionando diversas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem 
(JUSTINO, 2013). 
 Varal 
Uma opção bastante interessante para ser utilizada em sala de aula é o 
varal didático. Essa ferramenta consiste em fixar fios em um quadro de giz, 
parede ou qualquer outra superfície adequada. Esses fios têm a finalidade de 
sustentar trabalhos feitos em cartolina, papel sulfite ou outros materiais similares. 
Os trabalhos são pendurados no varal seguindo uma ordem lógica conforme o 
desenvolvimento da aula. A confecção do varal é bastante simples: basta fixar 
os fios e preparar os materiais, como cartolinas, papel sulfite, papel cartaz, entre 
outros, com conteúdo relacionado ao tema de estudo. As folhas podem ser 
presas no varal mediante dobraduras, ganchos ou grampinhos de roupa, sendo 
a dobradura a opção mais prática (NÉRICI, 1971). 
 Imagens 
As imagens, como gravuras, fotografias, pinturas e ilustrações, são 
exemplos de linguagem visual. A arte dos ícones é considerada uma das formas 
de mídia mais antigas do mundo. 
As imagens impressas são recursos visuais amplamente utilizados no 
ambiente escolar. Além de enriquecerem as aulas expositivas, elas 
proporcionam uma maior proximidade do aluno com a realidade dos 
acontecimentos e fatos estudados. Isso estimula a curiosidade do aluno, facilita 
a assimilação do conteúdo e auxilia no desenvolvimento de sua criatividade. 
Esses materiais são simples, acessíveis, com um custo baixo. 
Dependendo do contexto da atividade realizada em sala de aula, as 
imagens podem se tornar objetos de pesquisa pelos alunos e servir como apoio 
para o trabalho do professor. Elas podem ser utilizadas para diversos propósitos, 
como motivação, exercícios de observação, exercícios orais, exercícios de 
interpretação, exercícios de apreciação e ilustração (NÉRICI, 1971). 
Ao utilizar imagens impressas, o professor deve observar algumas 
diretrizes. É importante selecionar imagens alinhadas com as ideias 
predominantes, evitando, detalhes excessivos. É recomendado utilizar um 
número limitado de imagens de cada vez, seguindo uma ordem específica, para 
evitar dispersão durante a apresentação. Durante a exploração das imagens, o 
professor deve orientar os alunos a observar os detalhes e descrevê-los, 
promovendo a interpretação deles (JUSTINO, 2013). 
A ilustração é um recurso valioso que permite transformar pensamentos 
e discursos em materiais visuais. O desenho pedagógico é especialmente útil 
para criar ilustrações que auxiliam no desenvolvimento das aulas. Para utilizar 
esse recurso, pode-se fazer uso de um quadro de giz ou cartazes, ambos 
adequados para transmitir a mensagem aos alunos de forma mais eficiente 
(NÉRICI, 1971). 
As imagens usadas como materiais didáticos devem ter um tamanho 
apropriado para que todos os alunos da sala possam visualizá-las 
adequadamente. 
 História em quadrinhos 
As histórias em quadrinhos fazem parte da produção cultural, assim como 
pinturas, esculturas, poemas e cinema. 
As histórias em quadrinhos são amplamente utilizadas no processo de 
alfabetização, por proporcionarem uma leitura agradável, e os desenhos 
despertam a atenção e o interesse dos aprendizes. As imagens presentes nas 
histórias em quadrinhos estimulam o interesse dos alunos, possibilitando uma 
alfabetização visual. Além de serem consideradas um meio de comunicação e 
uma forma de literatura, as histórias em quadrinhos oferecem várias vantagens 
quando utilizadas na educação (JUSTINO, 2013). 
 Retroprojetor 
É um dispositivo utilizado para projetar imagens ampliadas de textos, 
desenhos e outros elementos em uma tela ou parede. Essas imagens são 
impressas em lâminas de plástico transparentes, conhecidas como 
transparências. 
O professor pode aproveitar as transparências para ilustrar suas aulas, 
iniciar uma disciplina, realizar revisões e verificar conteúdos previamente 
abordados. Esse material é de grande auxílio tanto para o processo de ensino 
quanto para a aprendizagem, ao conseguir despertar o interesse e a 
concentração dos alunos. 
O retroprojetor é um recurso didático amplamente utilizado em salas de 
aula, auditórios e salas de conferência. Sua utilização apresenta várias 
vantagens: as transparências são leves e fáceis de transportar, substituem o 
quadro negro de forma eficiente, são de fácil manuseio e permitem que a pessoa 
que utiliza o retroprojetor mantenha o contato visual com a plateia. No entanto, 
atualmente, seu uso diminuiu porque os projetores modernos permitem a 
conexão direta com computadores e dispositivos de vídeo (JUSTINO, 2013). 
 Datashow 
O datashow é um dispositivo conectado ao computador e permite a 
projeção de conteúdos de diversas mídias, como som e vídeo. É um recurso 
amplamente utilizado para apresentações em sala de aula, palestras e 
exposições de trabalhos variados (JUSTINO, 2013). 
 Computador e o acesso à internet 
A presença do computador e da internet torna as aulas interessantes e 
estimulantes, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem. O professor pode 
utilizá-los de maneira a proporcionar aos alunos a construção do conhecimento 
de forma agradável e instigante. A utilização do computador permite ao professor 
ilustrar a aula através da visualização de conteúdo, como textos, slides, filmes, 
vídeos, notícias, entre outros recursos. 
Na atualidade, as tecnologias estão presentes em diversas atividades 
humanas. Na área da educação, as novas tecnologias oferecem diferentes 
ferramentas que podem auxiliar. O surgimento do computador pessoal e o uso 
de recursos como TV, rádio e DVD resultaram no rápido desenvolvimento dessas 
ferramentas educacionais e, consequentemente, no uso frequente de 
representações audiovisuais no contexto escolar. 
A integração das novas tecnologias, como informática e computador, com 
os recursos didáticos cogita facilitar o processo educacional. Isso levou ao 
surgimento de uma nova tecnologia conhecida como multimídia, que utiliza 
diferentes meios para transmitir informações e conteúdos educacionais. Os 
multimeios, ou multimídias, possibilitam uma abordagem mais abrangente e 
interativa no ambiente educacional (JUSTINO, 2013). 
 Multimídias 
A utilização dos multimeios no contexto educacional integra diversas 
tecnologias, como DVD, datashow, notebook, home theater, pendrive, MP3 
player, MP4 player, celulares e outros dispositivos eletrônicos menores, em 
benefício da aprendizagem. Ao utilizar os multimeios como material didático, os 
professores devem fazê-lo adequadamente, considerando as necessidades de 
aprendizagem dos alunos, a fim de obter resultados significativos na produção 
do conhecimento. 
Quando utilizados corretamente, os multimeios promovem o 
desenvolvimento da criatividade dos alunos, facilitando a compreensão do 
conteúdo apresentado no ambiente escolar e permitindo uma maior interação 
entre professor e aluno. No entanto, é necessário que o professor não apenas 
saiba manusear essas ferramentas, mas também as aproveite adequadamente 
em sala de aula para estimular a aprendizagem dos alunos. 
A introdução do computador na área educacional possibilitou o uso de 
textos, imagens e sons em sala de aula, proporcionando o acesso a materiais 
interativos. Ele pode ser considerado um recurso dinâmico de mediação entre o 
professor e o aluno. 
A utilização dos multimeios e multimídiasna educação nos proporciona a 
oportunidade de conhecer e utilizar as linguagens presentes nos diversos meios 
de comunicação. Isso leva os alunos a se envolverem em um processo interativo, 
reflexivo e socializador, preparando-os para a sociedade contemporânea. 
Além dos materiais didáticos mencionados anteriormente, existem ainda 
uma variedade de recursos disponíveis, tais como filmes, vídeos, gravador, 
folders, jornais, revistas, mapas, museus, rádio, slides, televisão, livros didáticos 
e paradidáticos, CDs, DVDs, entre outros. 
A escolha dos materiais didáticos a serem utilizados desempenha um 
papel crucial. Como o professor é o autor de sua prática e um profissional 
reflexivo, é importante que ele tenha o cuidado de identificar e selecionar 
recursos que possam motivar e estimular os alunos, contribuindo para o 
desenvolvimento da reflexão sobre os conteúdos abordados. É fundamental 
lembrar que os materiais didáticos precisam ser adequados aos objetivos de 
aprendizagem. E que o professor faça um planejamento adequado, 
estabelecendo os objetivos a serem alcançados e como os materiais didáticos 
poderão auxiliar nesse processo. Dessa forma, as atividades educativas se 
tornarão eficazes para o aprendizado. 
4.2 Resumindo 
Nesta aula, foi evidente a importância do planejamento na prática, 
docente. Não é concebível uma instituição educacional sem um plano 
educacional estruturado e um plano de ensino bem organizado para orientar o 
professor na elaboração do plano de aula. O planejamento é essencial em todas 
as ações humanas e indispensável, na prática de ensino, ao ser por meio dele 
que se verifica se os objetivos educacionais foram alcançados, permitindo a 
revisão de estratégias caso os resultados não sejam satisfatórios. 
Um bom planejamento, no contexto educacional como o plano de aula, 
possibilita a seleção adequada dos materiais didáticos e como eles podem 
contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. 
Discutimos também a utilização do material didático, sua classificação e 
importância. No entanto, é importante ressaltar que o material didático por si só 
não é suficiente para garantir uma boa aula. O professor, além de possuir 
conhecimento sólido e estar em constante aprendizado, precisa utilizá-lo de 
maneira criativa, a fim de tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. É a 
combinação do material didático adequado com a habilidade pedagógica do 
professor que promove uma experiência de aprendizagem enriquecedora para 
os alunos. 
5 Legislação relevante para a elaboração e avaliação de materiais 
didáticos 
A criação de materiais didáticos envolve uma sequência de atividades 
cujo objetivo é estabelecer mecanismos eficazes de aprendizagem. Inicialmente, 
é realizado um processo de análise das necessidades dos alunos, seguido pela 
definição de objetivos e desenvolvimento dos materiais a serem implementados 
e avaliados. 
Nesse sentido, Castro et al. (2021), estabelece que é essencial buscar a 
integração entre os diferentes formatos de materiais didáticos, como impressos, 
digitais e audiovisuais, de forma que eles se complementem. É importante 
considerar também as potencialidades e limitações de cada linguagem utilizada, 
visando a troca de conhecimento, socialização e interação conforme as 
diferentes abordagens pedagógicas. 
Considerando a diversidade dos alunos em termos de condições físicas, 
intelectuais, emocionais, origens socioeconômicas, crenças, etnias, gêneros e 
contextos socioculturais, é fundamental que a escola seja acolhedora e inclusiva, 
oferecendo materiais didáticos adequados que abranjam as diversas áreas do 
conhecimento. 
Para atender a essas necessidades, é recomendável desenvolver 
materiais que englobem as diversas demandas, ampliando assim a oferta de 
recursos didático-pedagógicos. Nesse processo, é significativo utilizar e 
combinar diferentes meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC). No 
entanto, é imprescindível que a produção desses materiais esteja conforme as 
orientações estabelecidas pela legislação educacional, a fim de garantir o 
desenvolvimento adequado dos processos educacionais. 
Visando aprimorar a qualidade dos livros didáticos, o Ministério da 
Educação (MEC) promoveu, em 1994, uma avaliação abrangendo os conteúdos 
programáticos, assim como os aspectos pedagógicos e metodológicos, dos dez 
títulos mais utilizados em cada área de ensino fundamental. Os critérios 
estabelecidos para essa avaliação foram divulgados no livro intitulado “Definição 
de critérios para avaliação dos livros didáticos”. 
A Resolução n.º 38 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE n.º 38), datada de 15 de outubro de 
2003, estabeleceu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino 
Médio (BRASIL, 2003c). Em 2009 e 2012, foram publicados os primeiros e 
segundos guias dos livros didáticos para o ensino médio, os quais continham 
critérios de avaliação específicos para livros de Física nessa etapa. 
Inicialmente, os critérios para análise dos materiais didáticos impressos 
eram definidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). 
Posteriormente, foram incorporados à Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), à Legislação em Educação a Distância (EAD), ao Parecer e à 
Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) que instituem as 
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de professores da 
educação básica, bem como aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). 
A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte de normas gerais para 
a organização do sistema educacional em níveis federal, estadual e municipal. 
Cada um desses níveis é responsável por estruturar seu próprio sistema de 
ensino, enquanto a coordenação da política nacional de educação é 
competência da União. 
A Lei n.º 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases (LDB), e 
suas subsequentes alterações foram derivadas da Constituição Federal (artigos 
205 a 214). Sua função primordial é regular e organizar a estrutura da educação 
brasileira, estabelecendo concepções, valores e finalidades para a educação. 
Ela estabelece referências de qualidade e orientações para a elaboração de 
materiais didáticos na modalidade de Educação a Distância (EAD) no ensino 
profissional e tecnológico (BRASIL, 1996). 
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) também estabelece a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), que serve como referência para os currículos dos 
sistemas de ensino e redes de educação nas diferentes Unidades Federativas 
do Brasil. Além disso, a BNCC orienta as propostas pedagógicas de todas as 
escolas públicas e privadas que oferecem educação infantil, ensino fundamental 
e ensino médio em todo o país. 
Conforme o artigo 26 da LDB, os currículos do ensino fundamental e 
médio devem possuir uma base nacional comum, a qual deve ser 
complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma 
parte diversificada que considere as características regionais e locais da 
sociedade, cultura e economia dos estudantes. 
A referida Lei estabelece ainda a existência de órgãos com funções 
normativas nos diferentes sistemas de ensino. No âmbito Federal, temos o 
Conselho Nacional de Educação (CNE), criado pela Lei Federal n.º 9.131/1995 
e vinculado ao Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1995). Nos estados, 
existem os Conselhos Estaduais de Educação (CEE), e nos municípios há a 
possibilidade de organização dos Conselhos Municipais de Educação (CME). O 
CNE é responsável por emitir pareceres e resoluções sobre atos normativos, que 
serão analisados pelo MEC e posteriormente homologados ou não. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são normas obrigatórias para 
a educação básica. Elas orientam o planejamento curricular das escolas e dos 
sistemas de ensino. Mesmo após a implementação da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC), as diretrizescontinuam em vigor, uma vez que os dois 
documentos se complementam. Enquanto as DCN estabelecem metas e 
objetivos para a educação básica, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 
funcionam como referência para a elaboração e atualização das propostas 
curriculares das escolas. Os PCN, que foram criados antes das DCN, não 
possuem obrigatoriedade legal, uma vez que as DCN e a BNCC são 
complementares e abrangem todos os níveis da educação básica. 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que 
regulamenta as aprendizagens fundamentais que todos os alunos, tanto em 
escolas públicas quanto particulares, devem desenvolver. A BNCC assegura os 
mesmos direitos a todas as crianças e jovens, orientando os currículos em todo 
o país e promovendo qualidade e equidade na educação. 
Juntamente com outras leis e regulamentos, o Decreto n.º 9.099, datado 
de 18 de julho de 2017, que trata do Programa Nacional do Livro Didático 
(PNLD), estabelece em seu artigo 10 que a avaliação pedagógica dos materiais 
didáticos no âmbito do programa será coordenada pelo Ministério da Educação 
(MEC). Essa avaliação será realizada com base em critérios específicos, 
conforme aplicáveis, sem excluir a possibilidade de inclusão de outros critérios 
por meio de edital (BRASIL, 2017, documento online) a saber: 
I — o respeito à legislação, às diretrizes e às normas gerais da 
educação; 
 
II — a observância aos princípios éticos necessários à construção da 
cidadania e o convívio social republicano; 
III — a coerência e a adequação da abordagem teórico-metodológica; 
IV — a correção e a atualização de conceitos, informações e 
procedimentos; 
V — a adequação e a pertinência das orientações prestadas ao 
professor; 
VI — a observância às regras ortográficas e gramaticais da língua na 
qual a obra tenha sido escrita; 
VII — a adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico; 
VIII — a qualidade do texto e a adequação temática (BRASIL, 2017, 
documento online). 
No contexto mencionado, é evidente a existência de regulamentações e 
critérios que devem ser considerados na elaboração de materiais didáticos, bem 
como em sua função no processo pedagógico de cada modalidade. Além das 
normas já mencionadas, destaca-se a Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, 
conhecida como Lei de Direito Autoral (LDA), cujo objetivo é proteger os direitos 
dos autores, reconhecendo aqueles que criam obras literárias, artísticas e 
científicas com originalidade. 
Existem também as normas técnicas regulamentadas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Conforme as diretrizes da ABNT, toda 
mídia impressa deve estar conforme as normas e padrões estabelecidos por ela. 
Essas normas são baseadas em padrões internacionais, buscando padronizar 
as obras. Elas definem aspectos estruturais, orientando a composição dos 
elementos, formatação, citações, uso de tabelas, gráficos, imagens, entre outros. 
5.1 Consequências da inobservância das regulamentações legais na 
qualificação dos materiais 
Castro et al. (2021), esclarece que todo recurso pedagógico deve atender 
aos propósitos e às necessidades da instituição de ensino, promovendo-se, 
assim, o estímulo à elaboração de materiais cada vez mais adequados às 
exigências do sistema educacional brasileiro, segundo o planejamento 
pedagógico estabelecido e os dispositivos legais vigentes na área da educação. 
Segundo o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), os recursos 
didáticos não devem disseminar ideias preconceituosas, devem manter-se 
atualizados em relação aos avanços teóricos e práticos na pedagogia, evitar a 
reprodução de estereótipos e evitar o uso de informações incorretas ou 
desatualizadas em cada campo de conhecimento. As obras que apresentam 
equívocos conceituais, conduzem a erros, estão desatualizadas, promovem 
preconceito ou discriminação de qualquer natureza são excluídas do Guia do 
Livro Didático. 
A avaliação pedagógica realizada em obras de todos os níveis 
educacionais requer a análise da excelência do texto verbal e visual, a 
adequação da categoria, tema e gênero literário, o cuidado com o projeto gráfico-
editorial e a qualidade dos recursos de apoio. Obras que não atendam a esses 
critérios serão desconsideradas. O propósito de seguir tais critérios é garantir 
que os materiais promovam a aprendizagem e o progresso educacional, bem 
como desenvolvam habilidades e competências essenciais durante a educação 
básica. Conforme o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2019, para 
atingir os padrões de qualidade e estar conforme a legislação, a obra didática 
deve: 
[…] — veicular informação correta, precisa, adequada e atualizada; 
— proporcionar, como mediador pedagógico e ao lado de outros 
materiais educativos, condições propícias à busca pela formação 
cidadã, favorecendo que os estudantes possam estabelecer 
julgamentos, tomar decisões e atuar criticamente frente às questões 
colocadas pela sociedade, ciência, tecnologia, cultura e economia. 
 — contribuir, como parte integrante de suas propostas pedagógicas, 
efetivamente para a construção de conceitos, posturas frente ao 
mundo e à realidade, favorecendo, em todos os sentidos, a 
compreensão de processos sociais, científicos, culturais e ambientais 
(BRASIL, 2018, p. 22). 
Todos os parâmetros de avaliação das obras didáticas, especialmente 
aquelas voltadas para o ensino da língua portuguesa, encontram-se 
estabelecidos no Edital de Convocação, no Decreto n.º 9.099/2017 e em total 
consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa forma, é 
imprescindível o respeito a esse conjunto de especificações e critérios 
específicos para as obras destinadas à educação básica, resultando na 
desclassificação das obras que não atendam a tais exigências. 
No que tange à avaliação pedagógica das obras direcionadas ao ensino 
da língua portuguesa, os critérios adotados são ainda mais abrangentes, uma 
vez que esses materiais devem estar consoantes com as especificidades 
didáticas e metodológicas próprias dessa área do conhecimento, assegurando 
que os conceitos, informações e procedimentos estejam atualizados, corretos e 
adequados. Além disso, são avaliados critérios particulares relacionados à área 
e alinhados com cada nível de ensino contemplado pela BNCC. 
Dessa forma, o ensino da língua portuguesa se organiza em eixos 
estruturais, que abrangem oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos 
e gramaticais, bem como educação literária. Portanto, os critérios de avaliação 
das obras disciplinares destinadas à educação básica devem observar 
rigorosamente: 
a) adequação, de maneira geral, aos critérios universais e específicos 
estabelecidos nos editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); 
b) congruência e consistência entre os conteúdos e as atividades 
propostas, em relação aos objetos de conhecimento e habilidades constantes na 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC); 
c) abrangência de todos os objetos de conhecimento e habilidades 
contemplados na BNCC. 
É fundamental que, nas escolas públicas, sejam observadas a abordagem 
adequada dos objetos de conhecimento segundo as habilidades 
correspondentes a cada componente curricular, considerando a clareza, 
coerência e progressão no desenvolvimento dos conteúdos, alinhados aos 
objetivos propostos e à sequência de aprendizagem. Além disso, é importante 
destacar a importância do respeito ao projeto gráfico, incluindo a utilização 
adequada de imagens e a organização adequada de capítulos, seções, tópicos, 
entre outros elementos. 
No que diz respeito aos materiais utilizados por escolas particulares e 
materiais não escolares, não existe uma legislação específica para sua 
produção, podendo ou não ser considerados os critérios aplicados às escolas 
públicas. No entanto, é importante observar as orientações do Ministério da 
Educação (MEC) por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa 
forma,cada escola tem a autonomia para adaptar o material didático de acordo 
com sua filosofia de ensino e projeto pedagógico. 
No contexto das escolas públicas, caso seja constatado o 
descumprimento de qualquer critério, as obras são eliminadas de qualquer 
processo de seleção. Entretanto, se as não conformidades forem identificadas 
posteriormente, durante o processo, a editora responsável sofrerá sanções. A 
multa aplicada é calculada com base em um percentual determinado pelo valor 
por página estabelecido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 
(FNDE) do MEC. Além disso, é necessário que os relatórios, amostras e obras 
analisadas estejam disponíveis para consulta. 
Transgressões, atos ilícitos e envolvimento indevido de indivíduos 
externos à comunidade escolar durante o processo de seleção das obras ou no 
registro da escolha no sistema constituem violações das diretrizes éticas do 
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e afetam negativamente, 
principalmente, a autonomia dos professores e das escolas. Diante de 
irregularidades e fraudes, é instaurada uma investigação para apurar a 
veracidade dos acontecimentos, uma vez que, de maneira geral, tais 
informações chegam ao Ministério da Educação (MEC) por meio de denúncias. 
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) conta com a Comissão 
Especial de Apuração de Conduta (CEAC), responsável por investigar as 
denúncias relacionadas ao programa. A secretaria executiva do Ministério da 
Educação (MEC) deve prestar apoio às atividades da CEAC, fornecer 
informações nos prazos estabelecidos, encaminhar denúncias à comissão e 
acompanhar o andamento do processo. A função principal dessa comissão é 
analisar, tomar decisões e investigar casos de descumprimento das normas de 
execução do PNLD, podendo impor sanções administrativas aos envolvidos em 
irregularidades em todo o país. 
Além disso, o PNLD, conforme a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (Lei n.º 13.146/2015), determina que obras acessíveis devem ser 
adquiridas. O não cumprimento, atraso no fornecimento ou não conformidade 
com os critérios estabelecidos no contrato de aquisição dessas obras digitais 
acessíveis resultará na aplicação de multas, conforme estabelecido pela 
legislação (BRASIL, 2015). 
Assim como o PNLD, a Lei de Direitos Autorais (LDA) garante a proteção 
dos direitos da propriedade intelectual, estabelecendo punições para o 
descumprimento. Consoante o artigo 184 do Código Penal Brasileiro (BRASIL, 
2003a), aqueles que violarem os direitos autorais e conexos podem ser 
condenados à detenção de três meses a um ano ou multa. Caso a violação 
envolva a reprodução total ou parcial com intenção de lucro, a pena pode ser de 
reclusão de dois a quatro anos, além de multa. 
Na atualidade, a utilização da tecnologia é empregada para a reprodução 
de cópias não autorizadas. Essa prática tem levado ao surgimento de uma 
problemática significativa para os autores: o plágio. O ato de copiar textos sem 
a devida autorização do autor constitui uma conduta ilícita. A apropriação 
indevida do conteúdo textual alheio, fazendo-o passar como obra original, 
configura-se como crime de plágio (CASTRO et al., 2021). 
5.2 Promovendo a construção de um ambiente de aprendizagem 
democrático 
Estamos abordando o tema dos recursos e materiais didáticos, 
explorando sua natureza, finalidade e as normatizações que os estabelecem. A 
partir deste entendimento e com foco nos conhecimentos discutiremos a 
importância de criar um ambiente propício para utilizá-los e como podemos 
estabelecer ambientes adequados para sua aplicação. O objetivo é transformar 
a sala de aula em um ambiente agradável e propício para a aprendizagem dos 
alunos, facilitando aos professores a utilização desses recursos e aprimorando 
o processo de ensino e aprendizagem. 
Para compreender melhor o que constitui um ambiente de aprendizagem 
adequado, vale recorrer à teoria das inteligências múltiplas (IM). Essa teoria 
oferece suporte ao processo de aprendizagem humana e orienta sobre como 
criar um ambiente didático fundamentado nas inteligências múltiplas. 
Para tanto, Luz (2016), explora o conceito de ambientes de aprendizagem 
com base na teoria das inteligências múltiplas. Nesse sentido, é importante 
compreender o significado da educação no século XXI. 
Consoante as reflexões da referida autora, a educação é uma ação 
intencional que ocorre em um contexto histórico e está inserida em uma 
realidade social. Essa ação pode ser progressista e libertadora, ou 
conservadora, dependendo do objetivo e da abordagem metodológica adotada. 
O método utilizado na educação é o que irá caracterizá-la, não apenas o 
conteúdo do conhecimento em si. É como a educação é realizada que a torna 
libertadora e progressista. 
Portanto, compreende-se que a transformação na educação ocorrerá de 
maneira única para cada professor, pois sua prática é construída e reconstruída 
a cada aula. Cada aula diferirá se o método adotado refletir uma realidade 
dinâmica e se afastar da monotonia que muitas vezes ocorre nas salas de aula. 
O uso exclusivo do método expositivo, onde apenas o professor transmite 
conhecimento e os alunos são meros receptores, não é mais suficiente ou 
adequado para as demandas educacionais atuais. É necessário adotar 
abordagens mais interativas e participativas, que estimulem a criatividade, a 
colaboração e o envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem. 
Portanto, construir um ambiente de aprendizagem efetivo e engajador 
requer uma reflexão sobre os objetivos educacionais, a seleção adequada de 
metodologias e a promoção de práticas pedagógicas inovadoras. Isso permitirá 
que a educação no século XXI seja verdadeiramente transformadora, 
preparando os alunos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. 
O método expositivo, no qual o professor monopoliza a fala e o aluno é 
apenas um ouvinte passivo, já não é mais eficiente. Ele precisa estar alinhado 
com as necessidades da sociedade na totalidade. 
Nesse sentido, Luz (2021) reflete da seguinte maneira: O método de 
ensino deve permitir alcançar o objetivo educacional, o qual é capacitar o aluno 
a analisar criticamente a prática social em que está inserido. Esse processo não 
ocorre isoladamente, nem mesmo em uma relação individual entre professor e 
aluno. É um processo coletivo no qual um grupo de pessoas se envolve com o 
conhecimento, mantendo suas perspectivas individuais. 
5.3 Resumindo 
Nesta aula, tivemos em vista compreender que o processo de elaboração 
de materiais didáticos é composto por uma série de etapas que visam 
estabelecer mecanismos eficientes de aprendizagem, inicialmente, é realizada 
uma análise das necessidades dos alunos, seguida pela definição de objetivos 
e pelo desenvolvimento dos materiais a serem criados, implementados e 
avaliados. 
A fim de suprir tais necessidades, é aconselhável elaborar materiais que 
abarquem as diferentes demandas, ampliando, desse modo, a disponibilidade 
de recursos didático-pedagógicos. 
Deste modo, perpassamos pelas legislações relevantes para o processo 
de elaboração e avaliação de materiais didáticos. É incontestável a presença de 
regulamentações e critérios que devem ser considerados na elaboração de 
materiais didáticos, assim como em sua relevância no processo pedagógico de 
cada modalidade. E ainda as consequências que a inobservância destas 
legislações podem ocasionar. E por fim, entendemos que a educação é uma 
ação propositada que se desenvolve em um contexto histórico e está inserida 
em uma realidade social. Nesse sentido, estabelecer um ambiente de 
aprendizagem eficaz e envolvente requer uma cuidadosa reflexão sobre os 
objetivos educacionais, a escolha apropriada de metodologias e a promoção de 
práticas pedagógicas inovadoras com vistas as inteligências múltiplas. 
6 Adequação dos recursos e materiais didáticos aos conteúdosda 
aprendizagem 
Visando à formação integral dos alunos, é necessário abranger todas as 
capacidades humanas. Para alcançar esse objetivo, é fundamental incluir nos 
currículos escolares uma variedade de conteúdos com características diversas, 
proporcionando uma formação básica e abrangente. Dessa forma, Luz (2016), 
esclarece que o processo de ensino e aprendizagem abarca uma ampla gama 
de conhecimentos, habilidades, técnicas e estratégias de ensino, bem como 
determinados comportamentos esperados dos alunos. 
Para realizar as atividades educacionais relacionadas ao cotidiano da sala 
de aula, é necessário contar com ferramentas que nos permitam ter um 
conhecimento aprofundado do processo de ensino e aprendizagem. Um dos 
instrumentos que pode auxiliar nesse entendimento é a análise e categorização 
dos diferentes conteúdos de aprendizagem, considerando suas características 
comuns. Esses conteúdos englobam tudo o que é objeto de aprendizado em um 
contexto educacional, possibilitando uma melhor compreensão de como são 
ensinados e assimilados. 
Um recurso pedagógico valioso é a classificação dos conteúdos de 
aprendizagem com base em sua utilização. Portanto, em nossa prática 
educacional, utilizamos a classificação dos conteúdos em três grupos: 
conceituais, procedimentais e atitudinais. Essas categorias nos indicam que 
existem conteúdos que precisamos conhecer (conceituais), conteúdos que 
precisamos saber fazer (procedimentais) e conteúdos que precisamos ser 
(atitudinais). 
Dessa forma, considera-se como conteúdos de aprendizagem não 
apenas aquilo que precisa conhecer ou saber, mas também tudo o que faz parte 
da formação educacional e engloba uma variedade de elementos, como 
habilidades, eventos, modelos interpretativos do mundo real e da sociedade, 
entre outros. 
Luz (2016), adota essa abordagem porque entende que a tarefa educativa 
deve ser realizada de maneira consciente e requer a disponibilidade de 
instrumentos interpretativos que permita compreender os processos de ensino e 
aprendizagem em sua totalidade. 
Aprendemos de maneiras distintas aquilo que sabemos, o que sabemos 
fazer e o que nos leva a agir de determinadas maneiras. Para ocorrer uma 
aprendizagem autêntica, os conteúdos de aprendizagem devem estar sempre 
interligados e não podem ser abordados fragmentadamente em propostas 
compartimentadas, pelas razões que Zabala et al. (2007) aponta a seguir: 
Razão 1 – está relacionada à relevância das aprendizagens: se 
desejamos que o que é aprendido tenha significado para o aluno, deve estar bem 
conectado a todos os componentes que o tornam compreensível e funcional. 
Portanto, dominar uma técnica ou algoritmo não será útil se desconhecemos o 
propósito de sua utilização, ou seja, se não estivermos familiarizados com seus 
componentes conceituais. Por exemplo, ter habilidade em adição não terá valor 
se não soubermos aplicá-la como meio para resolver situações de soma 
(compreensão conceitual da adição). Além disso, esses dois conteúdos — o 
procedimental (adição) e o conceitual (soma) — serão mais ou menos eficazes 
ou serão adquiridos pelo aluno de maneiras diferentes, dependendo do quadro 
atitudinal em que foram aprendidos. 
Razão 2 – baseia-se em uma constatação: quando aprendemos algo, 
sempre há componentes conceituais, procedimentais e atitudinais envolvidos. 
Podemos estar mais ou menos conscientes disso, seu ensino pode ser 
intencional ou não, mas, de qualquer forma, no momento da aprendizagem 
estamos simultaneamente utilizando ou reforçando conteúdos de natureza 
conceitual, procedimental e atitudinal. Isso ocorre, é claro, desde que as 
aprendizagens não sejam puramente mecânicas. 
Nas diferentes disciplinas ou unidades didáticas, são abordados e 
reforçados simultaneamente conteúdos de natureza diversa, que devem ser 
aprendidos. Portanto, para Luz (2016), é importante compreender as 
particularidades da aprendizagem de cada tipo de conteúdo trabalhado, a fim de 
analisar as características das várias atividades envolvidas no processo e os 
efeitos que cada uma delas têm. 
Cada conjunto de conteúdos de aprendizagem apresenta características 
distintas, o que pode levar o professor a adotar uma abordagem de ensino de 
cunho antropológico. Essa abordagem antropológica proporcionará 
oportunidades para o aluno construir seu conhecimento com base em suas 
necessidades reais como ser social. 
Com base nisso, os conteúdos conceituais podem ser subdivididos em 
três grupos: fatos, conceitos e sistemas conceituais ou princípios. Eles abrangem 
conhecimentos teóricos específicos, como nomes de personalidades, datas de 
eventos históricos, compreensão do sistema de classificação dos seres vivos ou 
até mesmo o sistema respiratório humano. Esses conhecimentos podem ser 
considerados complexos. 
Já no grupo dos conteúdos atitudinais, destaca-se o conhecimento sobre 
o mundo e a sociedade, envolvendo questões sociais presentes em diferentes 
contextos históricos. Esses conteúdos também podem ser divididos em três 
subgrupos: valores, normas e atitudes (LUZ, 2016). 
O grupo dos conteúdos procedimentais, consoante a concepção de 
Zabala et al. (2007), engloba os conteúdos didáticos que consistem em um 
conjunto de ações organizadas e direcionadas a um fim ou objetivo. Um 
conteúdo procedimental abrange regras, técnicas, métodos, habilidades, 
estratégias e procedimentos. Ele envolve desde ações simples, como abrir uma 
porta, até ações mais complexas, como ler, escrever, deduzir, desenhar, traduzir 
ou realizar cálculos estruturais e construir objetos. Essas habilidades podem ser 
aprendidas de maneira simples, a partir de situações significativas e funcionais. 
Como se realizam essas ações? A resposta é simples: realizando-as, na prática. 
Outrossim, os conteúdos procedimentais, que se referem ao “saber fazer”, 
são o objetivo final do processo de aprendizagem e serão aprendidos pelos 
alunos por meio da execução de ações correspondentes a esses conteúdos. 
Para Luz (2016), é essencial que os alunos pratiquem repetidamente essas 
ações, garantindo que cada um domine o conhecimento necessário. Essa 
consciência da necessidade de prática permite também analisar os diferentes 
ritmos de aprendizagem e adaptar as atividades segundo as características 
individuais de cada aluno e dos conteúdos a serem aprendidos. 
Embora não aprofundemos a definição e compreensão dos tipos de 
conteúdo de aprendizagem, é importante destacar alguns parâmetros que nos 
ajudam a entender sua natureza e como são aprendidos, o que nos orienta na 
forma de ensiná-los. 
Um aspecto fundamental no trabalho educacional é a apresentação de 
modelos para a realização dos conteúdos de aprendizagem. Os próprios alunos 
podem e devem participar desse processo, trazendo modelos para a sala de aula 
e apoiando as diferentes ações iniciadas pelo professor. Isso permite aos 
estudantes realizar conquistas independentes que contribuem para a construção 
do conhecimento individual e coletivo. 
Essa possibilidade se torna viável porque o ser humano só consegue 
aprender quando se torna o sujeito de sua própria educação. Ao criar sua própria 
história e se esforçar para reconstruir-se pessoalmente, o indivíduo desenvolve 
um pensamento autônomo em relação a uma determinada situação. Esse 
esforço de reconstrução pessoal é o que muitos autores chamam de 
aprendizagem autêntica, caracterizada por uma abordagem crítica e criativa na 
manipulação do conhecimento e na compreensão de como e onde aplicá-lo. 
Ainda, consoante a referida autora, ao reconhecermos a capacidade 
interpretativa e participativa dos alunos em relação à utilização e aplicação do 
conhecimento, estaremos colocando os conteúdos atitudinais (ser) como o 
primeiro passo do processo educacional. Isso ocorre porque não é suficiente 
apenas realizar exercícios ou práticas, é necessário refletir sobre como estamos 
utilizando ambose quais são as condições ideais para seu uso. Essas reflexões 
nos permitirão valorizar os conhecimentos teóricos envolvidos no processo 
(conteúdos conceituais — saber), o que, por sua vez, levará ao aprendizado dos 
conteúdos procedimentais (saber fazer). 
O processo de construção do conhecimento individual e coletivo inicia-se 
a partir da fase de síncrese, em que os alunos têm uma visão caótica do todo, 
sem uma compreensão clara dos conteúdos da aprendizagem. No entanto, à 
medida que avançam, através da análise da realidade que os cerca, eles 
gradualmente alcançam a síntese, a qual é uma releitura da prática social. Nesse 
estágio, os alunos conseguem aplicar os conteúdos da aprendizagem de forma 
autônoma, sem depender constantemente das orientações e explicações do 
professor. Eles transformam esses conteúdos em uma totalidade rica de 
determinações e relações múltiplas, contribuindo assim para uma nova práxis 
revolucionária. 
No entanto, não basta apenas ter conhecimento teórico e capacidade 
reflexiva. É fundamental que essa reflexão seja aplicada à nossa própria 
atuação. Todo exercício e prática requer um suporte reflexivo que nos permita 
analisar nossas ações e aprimorá-las. Ao utilizarmos os conjuntos de conteúdos 
da aprendizagem como ferramentas de ensino, proporcionamos aos alunos a 
oportunidade de participar de um verdadeiro processo de ensino e 
aprendizagem. Todos os envolvidos na educação, tanto professores quanto 
alunos, interagem para a construção do conhecimento em grupo. 
Este trabalho é contínuo e em constante evolução. A cada turma, novas 
contribuições são adicionadas, visando fortalecer a relação entre teoria e prática 
construída com base no conhecimento acumulado. Reconhecemos a 
importância desse trabalho, seu impacto na sociedade e seu papel na formação 
de alunos engajados na transformação social. 
Com base em todas as considerações apresentadas, fica claro que esse 
trabalho reflete o que muitos educadores deste século consideram como a 
essência da educação: estimular vivências no processo de conhecimento, 
resultando em experiências de aprendizagem significativas, estimulando a 
criatividade para a construção de novos conhecimentos e desenvolvendo 
habilidades para pensar sobre uma variedade de assuntos (LUZ, 2016). 
6.1 A seleção de recursos e materiais de ensino com base nas 
características dos conteúdos 
Consoante a Luz (2016), ao adquirir conhecimento sobre a classificação 
da aprendizagem e a seleção de recursos e materiais didáticos conforme as 
características dos conteúdos é necessário considerar o planejamento da aula, 
o grupo e a classe, que definem o escopo da intervenção educacional. Isso 
envolve orientar, exemplificar e ilustrar, ou seja, ter a intenção de guiar o 
aprendizado. Além disso, é importante pensar nos conteúdos e na maneira como 
eles são organizados, buscando ações integradoras e abrangentes para os 
conteúdos procedimentais e conceituais. Quanto aos recursos, eles são 
fundamentais e podem incluir o uso de quadro-negro, papel, cadernos, fichas, 
livros didáticos e vários outros recursos disponíveis. 
No caso dos conteúdos atitudinais, as opções de recursos são mais 
limitadas, sendo os vídeos e textos as principais alternativas. A utilização dos 
recursos apresentados, com base nas classificações dos conteúdos, fornece aos 
professores referências e critérios para orientar suas decisões e guiar suas 
atividades em sala de aula. Esses recursos são úteis no planejamento, nas 
intervenções de ensino e no processo de avaliação. 
Seu objetivo é contribuir para a criação e desenvolvimento do percurso 
didático de cada professor, tornando as diversas possibilidades de recursos e 
materiais didáticos mais claras. Por isso, essas ferramentas de produção didática 
são apresentadas, para que professores e alunos possam construir seus 
conhecimentos. 
Destacamos a importância da especialidade do professor, que domina os 
conteúdos pedagógicos e os conhecimentos historicamente construídos 
relacionados aos recursos didáticos, nessa relação. 
Por outro lado, a referida autora argumenta que, considerando a 
necessidade de incorporar recursos para abordar os conteúdos de 
aprendizagem no cotidiano escolar, uma vez que esses recursos também estão 
presentes na vida em geral, devemos considerar o seguinte: 
 É importante diversificar as formas de produzir e adquirir 
conhecimento. 
 Devemos estudar os recursos como objeto e meio para alcançar o 
conhecimento, ao deverem transmitir uma mensagem e desempenhar 
um papel social. 
 Devemos permitir que os alunos se familiarizem com a diversidade de 
recursos disponíveis na sociedade, os quais podem e devem ser 
utilizados em sala de aula. 
Os recursos devem: 
 Ser acessíveis a todos. 
 Dinamizar o trabalho pedagógico. 
 Desenvolver a capacidade do aluno de analisar criticamente os 
conteúdos de aprendizagem. 
 Ser parte integrante do processo de ensino e aprendizagem, 
possibilitando a expressão e a troca de diferentes conhecimentos. 
Todos os envolvidos na educação devem se apropriar desses recursos, 
por desempenharem um papel crucial na interpretação e produção do 
conhecimento, que está em constante evolução e construção, assim como a 
própria realidade: dinâmica, diversa e mutável. 
Abaixo, apresentamos uma nova classificação dos recursos didáticos com 
base nas características tipológicas dos conteúdos de aprendizagem. Eles são 
divididos em dois grupos: recursos didáticos independentes e recursos didáticos 
dependentes. 
Recursos didáticos independentes são aqueles que podem ser utilizados 
para abordar individualmente ou em conjunto os três conjuntos de conteúdos da 
aprendizagem: atitudinais, conceituais e procedimentais. Esses recursos são 
mais facilmente encontrados e trabalhados nas escolas. A exemplo destacamos: 
álbum seriado, cartão relâmpago, cartaz, ensino por fichas, estudo dirigido, 
gráfico, jogo, livro didático, mapa, globo, entre outros. 
Recursos didáticos dependentes são aqueles utilizados para trabalhar os 
conteúdos procedimentais, ou seja, aqueles relacionados ao saber fazer. A 
seguir, apresentamos alguns exemplos desses recursos, que estão relacionados 
às tecnologias educacionais emergentes: AVA — Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, audioconferências, blogs, chats, correio eletrônico, FAQ — 
Frequently Asked Questions ou perguntas mais frequentes, fórum de discussão, 
homepage, internet e suas ferramentas, palmtops, site, software, 
videoconferência, webquest, entre outros. 
Os recursos didáticos mencionados anteriormente são amplamente 
conhecidos por todos nós e já fazem parte de nosso cotidiano, assim como da 
educação. Muitas vezes, nem nos damos conta de que eles são ferramentas 
fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem. Seria difícil imaginar 
nossa vida sem esses recursos, como celulares, tablets, internet, redes sociais, 
e-mails, fóruns e até mesmo sites como a Wikipédia, pois eles facilitaram e se 
tornaram indispensáveis em nossas vidas. 
Agora, imaginem como seria se todos os professores utilizassem esses 
recursos na construção do processo de ensino e aprendizagem. Certamente, 
isso traria benefícios significativos, pois permitiria explorar todo o potencial 
dessas ferramentas no contexto educacional, proporcionando experiências de 
aprendizagem mais dinâmicas, interativas e enriquecedoras. 
Inicialmente, pode-se pensar que esse grupo de recursos está 
inteiramente voltado para as inovações tecnológicas que estão emergindo 
rapidamente em nossa sociedade. Afinal, estamos vivendo na era das 
tecnologias emergentes. No entanto, esse grupo inclui também outras 
tecnologias que existem há décadas e estão profundamente enraizadas em 
nossos processos educacionais, às vezes passando despercebidas. Entre elas, 
destacam-se: computador, DVD, mídia sonora, rádio, slides, televisão, 
transparências para retroprojetor,vídeo, entre outros. 
Em suma, devemos começar a pensar em quais outros recursos podem 
ser utilizados e nos surpreender com as possibilidades. Existem diversas opções 
que podem enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando 
variedade e interatividade. É importante explorar novas ideias e estar aberto a 
recursos que tornem as aulas mais envolventes e efetivas. Com a evolução 
constante da tecnologia e a diversidade de recursos disponíveis, há sempre 
novas ferramentas e abordagens a serem consideradas (LUZ, 2016). 
6.2 Resumindo 
Durante esta aula, exploramos a importância de adaptar os recursos e 
materiais didáticos aos conteúdos da aprendizagem. Os conceitos de saber, 
saber fazer e ser desempenharam um papel fundamental nesse processo. 
Analisamos os conteúdos da aprendizagem com base em suas características 
tipológicas, assim como os conteúdos pedagógicos e os conhecimentos 
historicamente construídos relacionados aos recursos didáticos. 
Ao considerar esses elementos, visamos criar uma conexão significativa 
entre os recursos utilizados e os conteúdos a serem aprendidos. Reconhecemos 
que os recursos didáticos desempenham um papel fundamental no processo de 
ensino e aprendizagem, e sua escolha e adaptação adequadas podem 
enriquecer a experiência educacional, promovendo o desenvolvimento dos 
alunos de forma abrangente. 
Ao relacionar os conteúdos pedagógicos aos conhecimentos 
historicamente construídos com os recursos didáticos, visamos utilizar os 
recursos de maneira efetiva, permitindo que os alunos construam conhecimentos 
sólidos e relevantes. O objetivo é proporcionar uma experiência de 
aprendizagem significativa e enriquecedora, que considere tanto os conteúdos a 
serem aprendidos quanto as características individuais dos alunos. 
No geral, ao adaptar os recursos e materiais didáticos aos conteúdos da 
aprendizagem, estamos buscando criar um ambiente de ensino e aprendizagem 
que seja relevante, envolvente e efetivo, contribuindo para o desenvolvimento 
integral dos alunos. 
7 a estruturação dos materiais didáticos 
A elaboração de um planejamento para um curso, disciplina, livro ou 
qualquer material de ensino requer criar um pré-projeto. Esse processo envolve 
a análise das necessidades, a definição do público-alvo, dos objetivos de 
aprendizagem, dos conteúdos a serem abordados e do ambiente de ensino, seja 
físico ou virtual. Para tanto, Castro et al. (2021), retrata que é necessário planejar 
as metodologias, os recursos e as formas de avaliação adequadas. Além disso, 
é importante considerar a infraestrutura necessária para dar suporte ao 
processo, bem como o processo de seleção e treinamento dos autores dos 
materiais. É recomendável montar uma equipe multidisciplinar, composta por 
autores, revisores, designers instrucionais, designers gráficos e web designers, 
para a produção do material. 
A gestão do desenvolvimento do material e das questões de direitos 
autorais, assim como os processos de avaliação contínua e atualizações, 
também devem ser planejados. Um pré-projeto bem estruturado facilita 
significativamente a gestão do desenvolvimento e a distribuição dos materiais 
didáticos. 
Após a conclusão do pré-projeto e considerando os recursos financeiros 
disponíveis, é necessário contratar os professores-autores e fornecer-lhes 
treinamento, juntamente com a equipe multidisciplinar. Os autores devem 
elaborar o material, seguindo uma abordagem que vai do geral ao específico e 
fornecendo um detalhamento completo do conteúdo. Além do livro-texto, é 
possível criar materiais complementares, como vídeos, a fim de facilitar a 
aprendizagem. 
Após a criação do material, é necessário que os coordenadores de 
conteúdo realizem uma revisão completa, incluindo aprovações editoriais e uma 
análise minuciosa. Todo o conteúdo deve ser examinado e corrigido, 
abrangendo tanto a parte teórica quanto a metodologia e a redação do texto. 
Além disso, é verificado se os autores seguiram os padrões institucionais, se o 
conteúdo proposto na ementa e no cronograma foi devidamente abordado e se 
possui a qualidade e profundidade adequadas. Caso haja necessidade de 
ajustes, o material é devolvido aos autores, estabelecendo um prazo para as 
correções serem realizadas e submetidas novamente ao coordenador de 
conteúdo. Após a validação final, o material é encaminhado à equipe 
multidisciplinar. Inicialmente, os designers instrucionais avaliam se o material é 
suficiente e adequado para os alunos poderem compreender e aprender o 
conteúdo. Posteriormente, podem ser propostas atividades complementares 
para aprimorar ainda mais a qualidade do material. 
Em seguida, entra em cena a etapa de projeto gráfico e diagramação, 
envio à gráfica, quando se trata de materiais físicos, e a organização logística da 
distribuição. É fundamental realizar avaliações regulares dos materiais, 
garantindo que estejam sempre atualizados e adequados. É importante 
desenvolver indicadores que permitam avaliar o nível de satisfação e realizar 
ajustes no conteúdo ao longo do uso dos materiais. 
É essencial que essas etapas sejam cuidadosamente planejadas, a fim 
de evitar retrabalho e desperdício de recursos. Da mesma forma, os materiais 
didáticos utilizados como recursos nas aulas devem ser planejados para auxiliar 
estudantes e professores a alcançarem seus objetivos de ensino e 
aprendizagem. Tanto a forma quanto o conteúdo dos materiais devem ser 
projetados para facilitar a construção do conhecimento, desenvolvendo 
habilidades e competências específicas. Nesta abordagem Bento (2016, p. 
21/22), retrata que: 
É importante ressaltar que é necessário ter muito cuidado no momento 
da produção do material didático para evitar fragilidades oriundas de 
conceitos abordados incoerentemente, atividades que não estão 
relacionadas com os objetivos da aprendizagem, avaliações que 
priorizam a memorização ao invés de valorizar questões reflexivas que 
levam à construção do conhecimento, entre outros. Afinal, a repetição 
do discurso do outro (como ocorre no ensino tradicional) não estimula 
a aprendizagem. 
O material didático deve ser concebido considerando os princípios 
epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto pedagógico. 
Tanto a abordagem do conteúdo quanto a sua forma deve facilitar a construção 
do conhecimento e promover a interação entre estudante e professor. É 
essencial que o material passe por um processo rigoroso de avaliação prévia, 
por meio de pré-testes, a fim de identificar necessidades de ajustes e 
aperfeiçoamento. Conforme o projeto pedagógico do curso, o material didático 
deve desenvolver habilidades e competências específicas, utilizando um 
conjunto de mídias adequado à proposta e ao contexto socioeconômico do 
público-alvo (BRASIL, 2007). 
Outrossim, consoante a Castro et al. (2021), a elaboração dos materiais 
didáticos requer uma estruturação cuidadosa, considerando o conhecimento 
prévio do aluno. É fundamental apresentar o novo conteúdo a partir desse 
conhecimento, estimular a curiosidade e a interação, incentivar a realização de 
pesquisas, desenvolver diversas competências e possibilitar a avaliação da 
aprendizagem. Para alcançar esses objetivos, um bom planejamento é 
essencial. 
A forma dos materiais pode variar em diferentes tipos de coleções, como 
cadernos de atividades, livros-texto, livros do professor, livros de exercícios, 
coletâneas e objetos de aprendizagem, entre outros, a fim de atender às 
necessidades do público-alvo e seguir as diretrizes da legislação educacional. 
Essa diversidade de formatos permite oferecer produtos personalizados para 
atender às diversas demandas. 
O planejamento adequado dos materiais otimiza o uso dos recursos, 
tornando-os mais eficientes, e racionaliza os custos envolvidos na produção. 
Dessa forma, é possível garantir a qualidade e a efetividade dos materiais, 
proporcionandoum ambiente propício para o processo de ensino e 
aprendizagem. 
Durante o planejamento, uma das etapas cruciais é o desenvolvimento, 
onde o material é efetivamente criado, considerando a interação entre diferentes 
tipos de recursos didáticos e mídias. Especial atenção deve ser dada aos 
produtos destinados ao ambiente virtual, os quais devem passar por testes e, se 
necessário, ser reformulados após essa etapa. Nessa fase, emprega-se um 
conjunto de técnicas, métodos e recursos visando aprimorar os processos de 
ensino e melhorar a experiência de aprendizagem dos alunos. O design 
instrucional é uma das técnicas amplamente utilizadas nesse contexto. 
Design instrucional 
Para Menezes (2017), o design instrucional é uma abordagem que pode 
ser aplicada em diferentes modalidades de ensino, incluindo o ensino à distância 
(EaD). No entanto, neste contexto específico, o foco será a educação a distância. 
Diante disso, surge a questão de como o designer instrucional, que se dedica ao 
planejamento e orientação do processo educacional, irá funcionar em um 
ambiente virtual? 
Inicialmente, é importante diferenciar a educação online do EaD. Nem 
sempre a educação a distância ocorre exclusivamente pela internet, podendo ser 
realizado também por meio de correspondência. Além disso, é comum ocorrer 
confusão entre esta modalidade de ensino e e-learning. O e-learning é uma 
modalidade de ensino que utiliza mídias eletrônicas, podendo ou não recorrer ao 
suporte web (ambiente virtual de aprendizagem — AVA). 
A aplicação do design instrucional no EaD auxilia tanto os alunos quanto 
os educadores a compreenderem que a instrução, resultante de um 
planejamento cuidadoso para a implementação do projeto, é apenas uma 
ferramenta utilizada das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) com 
o propósito de disseminar os conhecimentos a serem transmitidos. 
Conforme Filatro e Piconez (2004) citado por Castro et al. (2021), o design 
instrucional, quando utilizado em conjunto com tecnologias, oferece mecanismos 
que promovem uma contextualização efetiva. Esses mecanismos se 
caracterizam pela adaptação às particularidades regionais e institucionais, 
personalização do conteúdo ensinado para atender aos estilos e ritmos 
individuais de aprendizagem, e monitoramento automático da construção de 
conhecimento tanto individual quanto coletiva, permitindo assim a atualização 
com base no feedback dos alunos. Além disso, o designer instrucional apoiado 
por tecnologias possibilita o acesso a informações e experiências externas à 
instituição de ensino, facilitando a comunicação entre os participantes do 
processo educacional, como professores, alunos, equipe técnica e comunidade. 
A autora enfatiza o uso do termo “design instrucional contextualizado” 
para descrever a ação de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas que 
recorram às potencialidades da internet, incorporando mecanismos que 
favoreçam a contextualização e a flexibilização. Esses mecanismos podem ser 
integrados também nas fases de concepção e implementação. 
As fases são: 
1. Estruturação do design instrucional: Nessa fase, ocorre a análise e 
identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos 
objetivos instrucionais e o levantamento das restrições relacionadas 
ao processo educacional. 
2. Designer e desenvolvimento: Nessa etapa, são planejadas a instrução 
em si e a criação dos materiais e produtos instrucionais. Isso inclui a 
seleção das estratégias de ensino, o desenvolvimento dos recursos 
de aprendizagem e a organização do conteúdo. 
3. Implementação: Essa fase é o momento em que ocorre a aplicação da 
situação de ensino e aprendizagem planejada. Os materiais e 
recursos instrucionais são utilizados pelos alunos, e a interação entre 
alunos, professores e demais agentes do processo educativo 
acontece. 
4. Avaliação: Na etapa de avaliação, são realizados o acompanhamento, 
a revisão e a manutenção do sistema instrucional proposto. Isso 
envolve a coleta de feedback dos alunos, a análise dos resultados, a 
identificação de pontos fortes e fracos, e a realização de ajustes e 
melhorias necessárias. 
Castro et al. (2021), utiliza como exemplo a criação de uma unidade de 
conteúdo sobre o Romantismo na disciplina de Inglês para alunos do Ensino 
Médio. Durante a fase de análise, são definidas as necessidades de 
aprendizagem, ou seja, o que será ensinado, para quem e em qual período. 
Nesse caso específico, o público-alvo são os alunos do 3º ano do Ensino Médio, 
que irão aprender sobre o movimento romântico na Inglaterra e suas influências 
na poesia, ao longo de três aulas. 
Nessa fase também são estabelecidos os objetivos de aprendizagem, 
como, por exemplo: 
(1) reconhecer as condições que permitiram o surgimento do movimento 
romântico na Inglaterra no período de 1800 a 1832, aproximadamente; 
(2) comparar a estética da poesia romântica com a da poesia neoclássica 
que a precedeu; e 
(3) identificar os poetas românticos de primeira e segunda geração. 
Quanto às restrições, são considerados a densidade do conteúdo a ser 
abordado, considerando o conhecimento prévio dos estudantes, e o tempo 
disponível para o assunto. 
Durante as fases de designer do material e desenvolvimento, são 
realizados o planejamento dos materiais a serem utilizados e da metodologia em 
si. Nessa etapa, pode-se criar novos materiais ou modificar os já existentes. São 
selecionados textos, atividades, objetos de aprendizagem e meios, incluindo 
plataformas digitais, se necessário, e define-se como será a instrução em termos 
de apresentação de conteúdo, atividades para reforço e fixação e métodos de 
avaliação. 
Na fase de implementação, as aulas são ministradas seguindo os 
recursos e planos previamente elaborados. Por fim, na fase de avaliação, que 
ocorre ao longo da implementação, o processo é acompanhado de perto, 
realizando-se adaptações e atualizações conforme necessário, a fim de 
assegurar que, o que foi planejado seja executado da melhor forma possível. 
Conforme observado, o planejamento do material didático desempenha 
um papel fundamental na facilitação da aprendizagem. Somente por meio desse 
planejamento é possível garantir que os materiais sejam adequados às 
estratégias e metodologias de ensino concebidas para o curso, além de permitir 
a avaliação da eficácia desses recursos e a possibilidade de adaptação e 
atualização, sempre que necessário. 
Nesta perspectiva, Menezes (2017, p. 315), retrata: 
A aplicação do design instrucional no EaD também deve respeitar as 
condições cognitivas dos alunos. Se, por exemplo, necessita-se de se 
desenvolver um material para um sistema de ensino à distância para 
atender os andragogos, nota-se, que se o mesmo sistema fosse 
aplicado aos discentes de pedagogos, o resultado seria uma grande 
falta de planejamento e ordem. Por isso que o EaD é um sistema 
buscado. Cada aluno aprende em sua velocidade e, com o designer 
instrucional, por mais que o discente queira seguir seus caminhos 
diferentes, o designer instrucional acaba por dar um norte ao discente. 
7.1 Promovendo a escrita dialógica na produção do material didático 
A aprendizagem na modalidade de ensino à distância (EaD) pode ser mais 
eficaz quando os textos presentes no material didático são redigidos em uma 
linguagem dialógica, característica fundamental desse tipo de recurso. Para 
Bento (2016), a utilização de uma linguagem dialógica é uma estratégia 
recomendada para os autores de conteúdo, por facilitar a compreensão por parte 
dos alunos durante a leitura. Ao considerar a natureza dialógica da linguagem, 
os textos são elaborados de maneira a evitar construções confusas, ambíguas 
ou de difícil compreensão para os estudantes. 
O princípio dialógico da linguagem humana se baseia nas trocas e 
negociações constantes entre os indivíduos. Nesse contexto, o discurso formal 
do professor não é adequado. Portanto,é essencial dar ênfase ao caráter 
dialógico da linguagem. Reconhecer esse caráter é o primeiro passo para 
estabelecer uma relação próxima em um contexto de ensino à distância, como o 
professor e dos alunos em um curso online. Quanto a relação e as negociações, 
Menezes (2017, p.310) destaca: 
[…] o aluno constrói seu conhecimento em seu próprio ritmo. Não 
existe aquele condicionamento como há na educação convencional, 
aonde o aluno tem que seguir uma linearidade traçada pelo professor. 
No EaD, geralmente, todo o conteúdo da disciplina é disponibilizado ao 
aluno. Este, por sua vez, seguirá a ordem que desejar. Sem contar que 
o mesmo pode estudar a qualquer momento e em qualquer lugar, caso 
disponha de acesso aos recursos que transportam a informação, 
flexibilizando à sua maneira de aprender. Além disso, o aluno pode 
interagir com o professor ou tutor na hora que bem desejar, bastando 
recorrer ao canal de contato ao docente e, por sua vez, registrar a sua 
dúvida que será atendida o mais breve possível (MENEZES, 2017, 
p.310). 
Em suma, quando estabelecemos uma relação dialógica no contexto 
educacional, a interação ocorre de maneira igualitária entre todos os envolvidos. 
Nesse sentido, Bento (2016), esclarece que é fundamental o emissor elaborar 
uma mensagem, que seja compreendida pelo interlocutor. Por sua vez, o 
interlocutor participa ativamente desse diálogo, contribuindo para sua construção 
conjunta. 
A utilização de uma linguagem dialógica no material didático proporciona 
ao aluno uma experiência de leitura agradável e contribui para que ele sinta 
proximidade do professor (ou tutor), percebendo que ambos estão colaborando 
na construção do conhecimento. É importante ressaltar que, ao enfatizar a 
expressividade da linguagem, não estamos defendendo a banalização do 
conteúdo nem a falta de desenvolvimento e aprofundamento dos conceitos. Ao 
ponderar e estabelecer essa dialogicidade no material, o autor do conteúdo deve 
ter em mente que professor e aluno não estão em uma relação presencial. 
Portanto, por meio da perspectiva da escrita dialógica, o autor organizará o 
material didático para estimular a aprendizagem. Em outras palavras, quanto 
mais o autor conhecer seu interlocutor (o aluno) e seu contexto, mais fácil será 
estabelecer o diálogo efetivamente. 
Estabelecer um diálogo com o aluno por meio de um texto didático implica 
considerar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema abordado, 
apresentar desafios e exemplos relacionados ao contexto de vida deles. Além 
disso, é importante propor questões reflexivas, estimular a apreciação das 
imagens presentes no texto e utilizar um vocabulário de fácil compreensão. 
Destacamos, que o diálogo deve ser construído a partir dos conceitos 
contidos no texto. No entanto, ao tratar da produção de materiais didáticos para 
EaD, o diálogo não ocorrerá diretamente entre o autor do conteúdo e os alunos, 
mas entre o tutor e os alunos. Esses materiais devem ser organizados de 
maneira que o diálogo ocorra entre esses sujeitos. Nesse sentido, o papel do 
autor do conteúdo é provocar o diálogo, por ser desencadeado a partir do texto, 
por meio de questionamentos, exemplos, ilustrações e outros recursos. 
7.2 Resumindo 
O recurso didático desempenha um papel crucial no apoio ao processo de 
ensino e aprendizagem, tanto em aulas presenciais como a distância. Ele 
contribui para a aprendizagem significativa dos estudantes e auxilia os 
educadores na organização de suas aulas. A qualidade do conteúdo 
disponibilizado aos alunos é fundamental, devendo ser claro, conciso e bem 
organizado. 
Para o recurso didático ser efetivo, é imprescindível um planejamento 
cuidadoso em todas as etapas de sua criação. Isso inclui a avaliação das 
necessidades educacionais, a identificação do público-alvo, o estabelecimento 
de metas de aprendizado e o planejamento do designer do curso, objetivos, 
conteúdo, metodologias de ensino, estratégias de aprendizagem, métodos de 
avaliação e recursos de apoio para alunos e professores. A produção de material 
didático é um processo complexo, abrangendo diversas etapas, desde o pré-
projeto até a logística final. É fundamental que cada uma dessas etapas seja 
executada adequadamente, pois problemas em qualquer uma delas podem 
impactar todo o processo de produção, exigindo ajustes e correções. 
A aula proposta oferece uma oportunidade valiosa para compreender a 
importância do planejamento no desenvolvimento de recursos didáticos. Além 
disso, permite conhecer as diferentes fases envolvidas nesse processo, 
identificando aquelas de maior relevância. Refletir sobre os possíveis impactos 
e desafios na viabilização desses recursos é fundamental para garantir sua 
eficácia e melhorar continuamente a experiência educacional. 
Portanto, essa aula ofereceu uma base sólida para compreender a 
importância do planejamento na criação de recursos didáticos, a promoção de 
uma linguagem dialógica e reflexão sobre os aspectos críticos desse processo, 
contribuindo para o aprimoramento da educação a distância na sua totalidade. 
8 Entendendo o material didático na Educação a Distância: definição e 
elementos constituintes 
O sucesso de um curso a distância depende de diversos fatores, e a 
produção de um material didático de qualidade é um dos principais. No entanto, 
essa tarefa requer muita atenção por parte das instituições que oferecem cursos 
nessa modalidade de educação, devido à sua complexidade. Nesta perspectiva, 
Bento (2016), retrata que o material didático está intrinsecamente ligado a 
diversos elementos, como os alunos, tutores e a gestão pedagógica e 
administrativa do curso. Portanto, a elaboração do texto didático desse material 
deve começar pela definição coerente dos objetivos, pela consistência conceitual 
e pela organização dinâmica do texto e das atividades propostas. É importante 
evitar redundâncias, priorizando a clareza, criatividade, criticidade e 
problematização. 
Para compreender a concepção do material didático na EaD, é necessário 
considerar diferentes perspectivas, por exemplo, a abordagem de forma ampla, 
como um recurso pedagógico, e de forma específica, como um material 
educacional instrucional e com finalidade de ensino. E ainda, pode ser 
classificado conforme as características específicas das diferentes mídias 
utilizadas: impresso, audiovisual e eletrônico (para ambientes virtuais de 
aprendizagem). 
Entre essas três categorias de materiais, o formato impresso ainda é 
amplamente empregado pelas instituições de ensino que oferecem estes cursos, 
apesar do surgimento de novas Tecnologias da Informação e Comunicação 
(TIC) que possibilitam outras formas, como exemplo os ambientes virtuais de 
aprendizagem (AVA). Um dos principais motivos para essa situação é que, em 
muitas regiões do Brasil, os estudantes da EaD enfrentam dificuldades de 
acesso à internet ou, quando o acesso é possível, ocorre de forma precária e 
com baixa qualidade. Nesses casos, tarefas simples, mas essenciais em um 
curso, como baixar ou enviar arquivos, muitas vezes não podem ser realizadas 
devido à conexão de má qualidade. No entanto, o material didático impresso, 
dependendo das condições das instituições de ensino, pode ser usado em 
conjunto com diferentes mídias, como vídeos e AVA. 
O material didático audiovisual abrange qualquer recurso tecnológico que 
envolve ação auditiva e visual. Nesta perspectiva, Souza, Fiorentini e Rodrigues 
(2010, p. 128), afirma: “a diversificação dos meios, a convergência e a fusão 
entre vários deles continuarão a ocorrer de forma cada vez maior em direções já 
anunciadas e previsíveis, mas podendo trazer também inovações inesperadas”. 
Exemplos desse tipo de material são vídeos e videoconferências. A produção 
desse tipo de material didático é mais complexa, pois requer profissionais com 
conhecimentos específicos, como produção de roteiro, gravação de vídeo,edição, entre outros. Em outras palavras, a responsabilidade pela produção não 
recai apenas sobre um professor de conteúdo. Normalmente, o material didático 
audiovisual na EaD é utilizado como complemento aos materiais impressos e 
eletrônicos. 
Por outro lado, o material didático eletrônico, desenvolvido para 
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), tem ganhado destaque nos últimos 
anos. A principal característica desse tipo de material é a capacidade de 
digitalizar diferentes tipos de informações, permitindo o tratamento e 
armazenamento interativo de textos, recursos sonoros e imagens estáticas e em 
movimento em um mesmo suporte. É importante ressaltar a importância da 
digitalização, uma vez que ela possibilita o suporte de diversos meios que antes 
eram considerados incompatíveis, como computadores, rádios, televisões e 
telefones. 
Não podemos deixar de mencionar que muitas instituições de ensino têm 
adotado a utilização de materiais didáticos em diferentes formatos, de forma 
combinada. No entanto, é mais comum o aluno fazer uso do material impresso, 
o que demonstra uma influência dos anos de escolaridade habituados a esse 
formato (BENTO, 2016). 
Consoante a Preti (2010), além de oferecer uma seleção cuidadosa e 
organização de conteúdo com rigor científico, clareza, profundidade, atualização 
e relevância, segundo os objetivos propostos, o texto didático desempenha 
diversas funções essenciais para o estudante, destacando-se: 
- Favorecer o desenvolvimento de habilidades, competências e 
atitudes; 
- Antecipar possíveis dificuldades, dúvidas, equívocos e erros; 
- Relacionar conhecimentos novos com os anteriores; 
- Integrar a teoria com a prática; 
- Provocar questionamento reconstrutivo e a capacidade de estudo 
autônomo; 
- Indicar pistas para novas fontes e ulteriores informações; 
- Proporcionar conexão com outros meios didáticos para ampliar e 
aprofundar o conteúdo; 
- Exemplificar diversas aplicações do conhecimento; 
- Propor analogias, problemas, questões; 
- Propor experiências e apresentar atividades de aprendizagem, 
questões ou problemas de autoavaliação; 
- Possibilitar ao estudante, avaliação de sua aprendizagem; 
- Estabelecer recomendações oportunas para conduzir a leitura do 
texto e as atividades de aprendizagem; 
- Orientar o estudante; 
- Propiciar leitura agradável e compreensiva; 
- Manter diálogo com o estudante; 
- Motivar; 
- Servir de material de consulta permanente (PRETI, 2010, p. 21/22). 
É evidente que o material didático desempenha várias funções, e o 
produtor de conteúdo precisa ter conhecimento prévio delas antes de iniciar a 
elaboração do material. O tratamento pedagógico dado aos conteúdos 
dependerá desse conhecimento. No entanto, frequentemente, esse tratamento 
se torna um dos principais desafios na produção de material didático para a EaD, 
pois muitos conteúdos se distanciam do contexto do aluno. Quando isso ocorre, 
o aluno enfrenta dificuldades para atribuir significado aos conteúdos em relação 
à sua vida, resultando em uma aprendizagem pouco significativa (BENTO, 
2016). 
E ainda, consoante a referida autora, outro elemento crucial a ser 
considerado na produção de material didático para a EaD é o suporte midiático 
no qual esse material será veiculado. 
Em quais suportes midiáticos é possível organizar o material didático de 
um curso a distância? A escolha do suporte depende do tipo de material. Por 
exemplo, o material impresso pode ser organizado em apostilas, fascículos, 
cadernos, livros, guias e roteiros de estudos, entre outros. No entanto, se o 
material for digital, ele será publicado na internet, mais especificamente em 
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). É essencial considerar como esses 
ambientes estão estruturados, quais ferramentas tecnológicas estão disponíveis 
para a distribuição de conteúdo e atividades, e como melhor dinamizá-los para 
favorecer a aprendizagem dos alunos. 
O produtor do material didático deve questionar os recursos tecnológicos 
utilizados para explorar o conteúdo, garantindo que não sejam subutilizados. 
Quanto mais dinâmica for a utilização desses recursos tecnológicos na EaD, 
maior será a contribuição para que os alunos compreendam o conteúdo temático 
abordado. Essa dinamicidade também se refletirá na interação esperada dos 
alunos. Além disso, o autor do material didático deve definir a organização das 
atividades de aprendizagem, os procedimentos de avaliação a serem adotados 
no curso e a forma de motivar os alunos nos ambientes de aprendizagem, entre 
outros aspectos, antes mesmo de iniciar a produção do material. 
Outrossim, Filatro (2018), corrobora esclarecendo que na produção do 
material didático para o ensino remoto é necessário entender também sobre a 
análise contextual, que é um método que visa compreender os fatores que 
podem restringir ou favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Essa 
abordagem considera não apenas o que ocorre durante a situação de ensino, 
mas também tudo o que acontece antes e o que impulsiona para o futuro. Isso 
abrange diferentes níveis contextuais, como o aluno individual, o grupo de alunos 
em turmas, comunidades virtuais ou grupos de estudo e o ambiente institucional. 
A análise do contexto é importante porque as experiências, 
conhecimentos e crenças anteriores dos alunos têm influência sobre a maneira 
como eles interagem com os conteúdos. Da mesma forma, as ações dos alunos 
em relação a esses conteúdos também afetam sua aprendizagem. Ao conhecer 
o contexto no qual os conteúdos serão produzidos e/ou utilizados, é possível 
torná-los mais efetivos, atendendo às características e necessidades desse 
contexto. Portanto, quanto maior for o conhecimento sobre o contexto, melhor 
será sua adequação (FILATRO, 2018). 
8.1 Diretrizes Orientadoras para o Material Didático 
Consoante a Bento, (2016), produzir material didático para a Educação a 
Distância (EaD) é uma tarefa desafiadora, pois requer que o responsável pelo 
conteúdo leve em consideração elementos essenciais que irão guiar todo o 
processo. A seguir, apresentaremos algumas sugestões que podem orientar a 
produção de material didático para a EaD. 
No ano de 2007, o Ministério da Educação publicou os Referenciais de 
Qualidade para a Educação Superior à Distância, um documento que estabelece 
princípios, diretrizes e critérios para a educação superior à distância no Brasil. 
Identifica-se quatro critérios fundamentais que as instituições devem considerar 
ao produzir seus materiais: a formação de uma equipe multidisciplinar, a 
promoção da comunicação e interação entre os participantes, a utilização de 
recursos educacionais adequados e a disponibilidade de infraestrutura de apoio. 
A equipe responsável pela produção do material didático para a EaD é 
composta por profissionais de diversas áreas, como especialistas em tecnologia 
educacional e informática, profissionais de gestão e o conteudista. Essa 
diversidade visa garantir que o material seja produzido, disponibilizado e 
utilizado de forma eficaz pelos alunos. A composição da equipe de produção 
pode variar segundo a complexidade do projeto. Algumas instituições já 
possuem uma equipe interna de produção, enquanto outras contratam 
profissionais para atender às demandas. Para organizar uma equipe de 
produção desse tipo, é necessário levar em consideração a linguagem das 
mídias e as tecnologias que serão utilizadas como suporte para o material 
didático, além da formação acadêmica dos envolvidos na produção e as 
estratégias de gestão da equipe, entre outros aspectos. 
O segundo critério está relacionado à comunicação/interação, o qual é 
crucial para o bom desenvolvimento dos cursos. Nos cursos oferecidos em 
ambientes virtuais de aprendizagem, existem ferramentas disponíveis, como e-
mail, chat e fórum, que possibilitam a comunicação/interação entre os 
participantes. É essencial que o conteudista estejafamiliarizado com o 
funcionamento dessas ferramentas, a fim de considerar todas as possibilidades 
de comunicação/interação que elas oferecem ao elaborar o material didático. 
O terceiro critério aborda os recursos educacionais que são considerados 
indispensáveis na produção de material didático para a EaD. Quanto mais 
variados forem os recursos disponíveis em diferentes mídias, mais eles 
atenderão às necessidades específicas dos diversos perfis de alunos da EaD. 
Por exemplo, o material didático de um curso a distância pode ser disponibilizado 
em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), mas também pode ser 
organizado no formato impresso, distribuído em um tablet ou em um pen drive. 
É importante ressaltar que, ao ser disponibilizado em diferentes mídias, o 
material didático deve estar adaptado à linguagem de cada uma delas. 
O quarto critério destacado diz respeito à infraestrutura de apoio, que deve 
ser definida e disponibilizada pela instituição para que o material possa ser 
produzido conforme a mídia (ou mídias) a ser utilizada no curso. Por exemplo, 
se o curso for oferecido em um ambiente virtual, é necessário que a instituição 
de ensino possua uma infraestrutura tecnológica para hospedar o curso em uma 
plataforma online. Se o material didático for disponibilizado em um tablet ou pen 
drive, é importante que a instituição possua esses recursos tecnológicos. Da 
mesma forma, se o material for organizado e distribuído em formato de livro, 
caderno, apostilas ou guia, é necessário contar com equipamentos tecnológicos 
adequados para atender à demanda (BENTO, 2016). 
Portanto, como o conteudista deve proceder ao iniciar a produção do 
material didático? O início da produção é um momento crucial e pode definir a 
qualidade do material. Para começar o planejamento da produção do material 
didático, é necessário que o produtor de conteúdo tenha clareza sobre qual teoria 
da aprendizagem ou paradigma predominante irá fundamentar o material. 
Qualquer curso que busque qualidade precisa deixar evidente a teoria de 
aprendizagem que o orientará. Ao mesmo tempo, é importante obter 
informações sobre o perfil do público-alvo do curso e suas experiências com a 
EaD. Também é relevante identificar o nível de conhecimento em informática dos 
alunos. Esse dado é importante, considerando que a maioria dos cursos a 
distância são oferecidos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) pela 
internet, e nem todos os alunos possuem conhecimentos básicos necessários 
para navegar pelo curso sem dificuldades. 
Essas informações são relevantes porque contribuem para que o material 
didático esteja em sintonia com o contexto de vida dos alunos, além de ajudar 
as instituições de ensino que oferecem cursos a distância a identificar possíveis 
problemas antes do início do curso. É importante destacar que, embora o 
material didático dos cursos a distância seja indispensável para o processo de 
ensino-aprendizagem, outros fatores podem influenciar a aprendizagem dos 
alunos, mesmo que o material seja de excelente qualidade. 
Portanto, a preparação de material didático para a EaD pode ocorrer por 
diferentes métodos, porém, entre suas várias características que podem ser 
examinadas, a autora destaca três: a concepção de educação que configura o 
material, os critérios de validação nos quais o material se baseia e o modelo de 
comunicação que sustenta a abordagem do conteúdo do material. Assim, se o 
conteudista defende que a educação é simplesmente a transmissão de 
informações, ele produzirá um material repleto de informações e comentários, 
com pouco espaço para reflexão. No entanto, se ele considerar que o 
conhecimento deve ser construído pelo aluno, produzirá um material com uma 
linguagem dialógica, aberto a diferentes interpretações e que permita ao aluno 
atribuir significado com base em suas experiências de vida (BENTO, 2016). 
Quanto aos critérios de validação do material, quando a abordagem do 
conteúdo prioriza uma visão de ensino, ele parte de questões mais simples para 
as mais complexas. No entanto, quando o conteudista direciona seu foco para a 
aprendizagem, o material didático enfatiza o conteúdo a partir do contexto do 
aluno - que nem sempre são os conteúdos mais simples. Como podemos ver, 
as escolhas feitas inicialmente pelo produtor de conteúdo da EaD se refletirão 
na elaboração e organização do material didático, e devem ser feitas com 
cuidado. 
O material didático para EaD deve considerar a comunicação como um 
diálogo, favorecendo a interação entre conteudista e aluno. É importante 
escolher uma abordagem pedagógica que desenvolva a capacidade reflexiva do 
aluno e esteja em sintonia com seu contexto. Os materiais devem ser flexíveis, 
estimular a reflexão crítica e valorizar os conhecimentos prévios dos alunos. No 
ambiente virtual, é fundamental simplificar a organização do conteúdo e utilizar 
ferramentas de comunicação adequadas. Parcerias com profissionais de web 
roteirismo podem enriquecer a produção do material online. O objetivo principal 
é promover a aprendizagem dos alunos e incentivá-los a buscar conhecimento 
de forma ativa e constante. 
8.2 Sujeito da aprendizagem: identificando os alunos da educação a 
distância 
Cada indivíduo é único e complexo em si, tornando-se desafiador 
conhecer uma pessoa mesmo quando há convivência presencial. Para Filatro 
(2018), no contexto da educação a distância, em que a distância física e temporal 
é ampliada, estabelecer uma comunicação efetiva com os alunos se torna uma 
tarefa ainda mais desafiadora. No entanto, é possível recorrer a teorias e 
estratégias que ajudam a compreender melhor quem são esses alunos e, assim, 
preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e 
necessidades. 
Por outro lado, segundo Souza, Fiorentini e Rodrigues (2010), é comum 
que a Educação a Distância (EaD) concentre sua atenção nas tecnologias, nos 
meios e nos processos, muitas vezes deixando os alunos em segundo plano. No 
entanto, ao tratar dos estudantes na EaD, não devemos idealizá-los como um 
grupo homogêneo, presumindo que todos possuam os mesmos estilos de 
aprendizagem e formas de pensar, e que, portanto, irão explorar facilmente as 
linguagens utilizadas em um curso a distância. É essencial sempre formular a 
pergunta: "Quem é o aprendiz neste curso a distância?". 
Ao examinar os perfis dos estudantes ingressantes em cursos de 
graduação pela internet, é possível observar algumas particularidades distintas. 
Existem aqueles estudantes que: 
a) não possuem conhecimento prévio sobre o conteúdo e as linguagens 
utilizadas no curso, mas têm grande interesse em aprender; 
b) não possuem conhecimento prévio e demonstram resistência em 
aprender; 
c) possuem algum conhecimento prévio e desejam expandir seu 
aprendizado; 
d) possuem algum conhecimento prévio, mas resistem a adquirir mais 
conhecimento. É nessa variedade de situações que nos lançamos como 
educadores, assumindo nossas intenções e investimentos no processo 
educativo. 
Outro aspecto a ser considerado é o perfil demográfico dos alunos da 
educação a distância, Filatro (2018), esclarece que o perfil demográfico abrange 
informações sobre idade, gênero, etnia, nacionalidade, localização geográfica, 
estado civil, renda familiar e ocupação, entre outros aspectos. Esses dados 
auxiliam na caracterização do público que terá acesso ao conteúdo 
desenvolvido. É possível obter essas informações por meio de questionários e 
pesquisas internas ou por meio de institutos especializados. No entanto, existem 
dados disponíveis que fornecem uma visão geral dos alunos a distância. 
Conforme o Censo da Educação Superior, entre 2010 e 2020, o número 
de ingressos variou negativamente 13,9% nos cursos de graduação presencial 
e nos cursos a distância aumentou 428,2%; enquanto a participação percentual 
dos ingressantes em cursos de graduação a distância em 2010era de 17,4%, 
essa participação em 2020 é de 53,4%. 
O gráfico abaixo mostra o número de ingressos em curso de graduação 
por modalidade de ensino entre 2010 e 2020. 
Gráfico 1 – Percentual de matrículas nos cursos presenciais e à distância 
Fonte: https://curtlink.com/hXynGQ 
Vivemos em uma realidade cada vez mais influenciada por mídias e 
tecnologias, portanto, é importante conhecer o perfil digital dos alunos em termos 
de acesso, interesse e envolvimento com essas mídias e tecnologias. Sendo 
assim, Filatro (2018), entende que alguns autores relacionam o perfil digital às 
faixas etárias, devido à capacidade de diferentes gerações de acessar o mundo 
analógico ou digital. Por exemplo, a chamada "geração Net" (ou geração digital) 
já chegou às universidades e ao mercado de trabalho, enquanto a "iGeração" 
ocupa os bancos escolares da educação básica compulsória. Essas gerações, 
compostas por nativos digitais, aprenderão de maneira mais relacionada à 
heutagogia do que à pedagogia clássica, embora participem de ambientes 
formais de ensino ainda dominados pela mentalidade das gerações mais 
antigas. 
Na educação corporativa, onde a andragogia tem seu foco, o perfil dos 
alunos é mais heterogêneo, abrangendo as gerações digitais, os imigrantes 
digitais e os representantes das gerações analógicas, que convivem em espaços 
de trabalho e aprendizagem com maior ou menor presença de tecnologias e 
mídias. 
8.3 Resumindo 
Chegamos ao final de mais um semestre, espero ter contribuído para o 
seu aprendizado enquanto discente. Nesta aula apresentamos as definições 
sobre o material didático, além de estudos que abordam os parâmetros que 
orientam sua produção, visando promover a compreensão do processo de 
organização do material e ressaltar a importância de sua produção, 
especialmente para o aluno da modalidade de educação a distância. 
Destacamos que vivemos em um contexto onde há uma diversidade de 
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o que possibilita que o material 
didático seja apresentado em diferentes formatos, como impressos, audiovisuais 
ou em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). 
Em suma, apresentamos os sujeitos da aprendizagem assim como suas 
características, além de compreender melhor quem são esses alunos e, assim, 
preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e 
necessidades. 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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