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METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 Diferenciação: didática, metodologia e método Este tópico concentra-se no conceito e na diferenciação dos termos didática, metodologia e método que deve estar no cerne da profissão docente de maneira clara e precisa. O entendimento desse conceito contribui para a seleção de práticas docentes específicas, capazes de auxiliar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Consoante a isso, Zoppo (2020), afirma que didática é um conceito fundamental, na prática, educacional, destacando-se como uma prática social e dinâmica. É importante compreender que a educação não ocorre de forma estática e única, mas sim por meio de um constante movimento de saberes, conceitos, métodos e orientações que são reinterpretados ao longo do tempo. Nesse contexto, é relevante esclarecer alguns termos amplamente utilizados no campo educacional, que continuam em evolução. A palavra “didática” teve seu primeiro registro no mundo grego e originalmente significava facilitar o ensino e a aprendizagem dos modos de conduta. A partir desse ponto, seu uso se expandiu e a didática passou a ser aplicada tanto na transmissão de conteúdos morais quanto cognitivos. Portanto, atualmente, a didática abrange ambos os aspectos (LUCKESI, 2014). A didática refere-se à maneira pela qual o professor utiliza metodologias e estratégias para conduzir diferentes etapas do processo de ensino. E desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma aula, possibilitando um diálogo crítico entre todos os elementos envolvidos no processo pedagógico, incluindo o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. É por meio da aplicação adequada da didática que se promoverá uma aprendizagem significativa e eficaz, estimulando a participação ativa dos alunos e favorecendo a compreensão e assimilação dos conteúdos abordados. Corretamente observado, nenhuma prática pedagógica é neutra, ao estar intrinsecamente relacionada a concepções filosóficas de educação que influenciam como o ensino é conduzido em uma determinada instituição educacional. Zoppo (2020), define o conceito de didática como a mediação realizada pelo professor, que transforma a teoria pedagógica em prática pedagógica. Nesse sentido, a didática desempenha um papel fundamental ao traduzir os princípios teóricos em ações concretas de ensino, considerando as características dos alunos, os objetivos educacionais e o contexto em que ocorre o processo de ensino-aprendizagem. Através dessa mediação, a didática possibilita a aplicação efetiva das teorias pedagógicas no cotidiano escolar, promovendo uma educação mais significativa e enriquecedora. A didática vai além do ensino de técnicas e estratégias para o desenvolvimento da aprendizagem; ela desempenha um papel mais relevante: o de fomentar uma ação-reflexão crítica por parte do professor na condução da prática educativa. Ela estabelece uma conexão entre as opções filosóficas e políticas da educação, considerando a complexidade técnica, humana e política envolvida. Não se limita apenas à transmissão de conhecimentos e habilidades, mas engajará o professor em uma abordagem reflexiva, onde suas escolhas pedagógicas são conscientemente fundamentadas e direcionadas pelos princípios filosóficos e políticos subjacentes à educação. Além disso, a didática reconhece a natureza multidimensional da prática educativa, envolvendo aspectos técnicos, humanos e políticos, e incentiva uma análise crítica dessas dimensões para promover uma educação mais abrangente e impactante (ZOPPO, 2020). Em se tratando a método, consoante a referida autora, o termo tem origem no latim, derivado da palavra “methodus”, que significa o caminho ou a via para alcançar algo. Dessa forma, o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Os métodos de ensino consistem nas estratégias planejadas e implementadas pelo professor, de modo a organizar e estruturar as atividades visando promover a aprendizagem em relação a um conteúdo específico. Dentro desse contexto, existem diferentes classificações dos métodos de ensino consoante o que Libâneo (1994) citado por Zoppo (2020) apresenta, incluindo o método de exposição pelo professor, método de trabalho independente, método de elaboração conjunta ou conversação, método de trabalho em grupo e método de atividades especiais. Cada um desses métodos tem características e abordagens distintas, adequados para diferentes contextos e objetivos educacionais. Método de exposição: envolve o professor transmitindo informações como atividade principal. Esse método é valioso quando utilizado para motivar e estimular os estudantes a aprender, mediante relatos, curiosidades ou experiências que despertem seu interesse. Método de autonomia na aprendizagem: tem como propósito apresentar cenários de aprendizagem direcionados e orientados pelo professor de maneira indireta, seja por intermédio da leitura de um texto, seja por uma atividade de estudo direcionada ou pela elaboração de um esboço cartográfico. Método de colaboração mútua ou diálogo: neste método, o propósito é incentivar os alunos a manifestarem suas perspectivas, compartilhando experiências, debatendo e permitindo que se expressem, resultando na construção de novos conhecimentos. Método de colaboração em equipe: enfatiza a cooperação no desenvolvimento de uma atividade específica. As equipes são normalmente formadas por três a cinco alunos, de preferência com competências e aptidões diversas, de modo a promover a assistência mútua entre os membros da equipe. Método de práticas diferenciadas: apresentará práticas diferenciadas, como encontros de estudantes, excursões a museus, instituições de caridade, indústrias, mercados, universidades, usinas de energia, entre outras. De forma que essas práticas complementem os demais métodos de ensino e também ampliar o conhecimento dos alunos. Em uma única aula é possível abranger diversos métodos, no entanto, a seleção do método dependerá da finalidade que o professor alcançará nessa atividade educacional. No que tange a metodologia é a exploração de múltiplos caminhos refere- se ao ensino que os professores observam, planejam e vivenciam em sala de aula, ou seja, orienta o ensino-aprendizagem de acordo com determinados objetivos ou metas educacionais. Com base na definição anterior, entende-se que a metodologia refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados. Um professor deve ser um bom estrategista e saber claramente o que planeja alcançar com o processo de ensino. Assim, pode-se concluir que as estratégias de ensinopodem auxiliar os alunos na aquisição de novos conhecimentos e são necessárias para a aprendizagem (ZOPPO, 2020). 1.1 As atribuições dos recursos e materiais pedagógicos Para Zoppo (2020), os recursos e materiais didáticos desempenham um papel fundamental nos procedimentos de ensino e aprendizagem, quando forem empregados adequadamente e com a participação ativa dos alunos durante as aulas. Nesse contexto, é responsabilidade do professor monitorar atentamente as reações dos estudantes, a fim de determinar se há um envolvimento genuíno de toda a turma nas atividades propostas e se o material selecionado atende às necessidades individuais de cada aluno. Entende-se que o material didático desempenha um papel auxiliar essencial nos processos de ensino e aprendizagem, e uma variedade de materiais é aprimorada e redesenhada para melhor atender aos interesses tanto do professor quanto do aluno. Existem alguns materiais didáticos levados para a sala de aula pelo professor, mas que não foram originalmente desenvolvidos com finalidade pedagógica específica. Um exemplo disso é o ábaco, que foi criado e projetado para auxiliar as pessoas nos cálculos. Atualmente, esse recurso é utilizado na sala de aula como um material didático para auxiliar os alunos a compreender o sistema de numeração e as operações fundamentais. Em contrapartida, podemos mencionar o material dourado, que foi criado e desenvolvido com propósitos pedagógicos. Sua invenção surgiu devido às dificuldades enfrentadas por estudantes com necessidades especiais em relação às relações numéricas abstratas. A educadora e médica Maria Montessori, ao perceber que seus alunos aprendiam mais através da ação do que apenas do pensamento abstrato, desenvolveu o material dourado para disponibilizá-lo para uso de todos. Ela constatou que as crianças aprendem por meio de experiências concretas, dispensando a necessidade de repetir várias listas de exercícios, o que se torna um trabalho exaustivo e desprovido de significado. De acordo com Montessori (1965), quando as crianças interagem com o material, elas se dedicam a uma atividade concentrada e séria, que aparenta emergir do âmago de sua consciência. É possível afirmar, de fato, que as crianças se situam em circunstâncias propícias para alcançar a mais alta realização de que sua mente é capaz. Outrossim, Zoppo (2020), esclarece que assim como a utilização dos tradicionais quadro-negro, giz e apagador quanto o aproveitamento de outras tecnologias, como computadores, televisões e softwares, os materiais didáticos desempenham um papel significativo na prática docente em sala de aula e devem estar alinhados ao plano de ensino. Contudo, o sucesso de sua eficácia não se limita apenas às características do recurso, mas também à maneira como o professor o emprega. É incontestável que alguns recursos didáticos podem contribuir para os alunos refletirem e se apropriarem dos conteúdos abordados em uma aula, porém é responsabilidade do educador fazer uso oportuno e criativo dos inúmeros materiais disponíveis. Lopes (2019) leciona que, embora os recursos didáticos apresentem vantagens evidentes, nem todos os educadores os exploram e utilizam adequadamente. A maioria dos professores tende a adotar abordagens de ensino tradicionais, como aulas expositivas, em que prevalece a transmissão dos conteúdos e das ideias pelo docente, demonstrando certa relutância em buscar inovações, muitas vezes impulsionados pelo receio ou pela comodidade. Os conteúdos transmitidos aos alunos por meio de aulas expositivas não interativas podem ser mais facilmente esquecidos, uma vez que esse método de aprendizagem se mostra menos eficiente, podendo comprometer o potencial de aquisição de conhecimento. O professor eficaz é aquele que demonstra flexibilidade em relação ao seu estilo e prática pedagógica, adaptando-se conforme as necessidades de aprendizagem de seus alunos. Os recursos didáticos desempenham um papel crucial ao auxiliar e facilitar o desenvolvimento de diversas atividades em sala de aula. É imprescindível que o docente esteja familiarizado com os recursos disponíveis e consiga selecionar e utilizar o material adequadamente, considerando o conteúdo a ser abordado, o perfil do público-alvo e os objetivos educacionais a serem alcançados. Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros. 1.2 Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais didáticos na educação básica Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020), consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos. As interações sociais desempenham um papel primordial na construção do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da cognição humana. Ao selecionar recursos didáticos, o professor pode embasar sua escolha nos estágios de desenvolvimento da inteligência humana propostos por Piaget, conforme a epistemologia genética: 1. Estágio sensório-motor — crianças de 0 a 2 anos; 2. Estágio pré-operatório — crianças de 2 a 7 anos; 3. Estágio operacional concreto — de 7 a 11 anos; 4. Estágio operacional formal — de 11 anos até a fase adulta. O estágio sensório-motor, caracterizado por crianças de até cerca de 2 anos, é um período em que a descoberta do mundo ocorre principalmente por meio dos sentidos e da manipulação. Nessa etapa, é recomendável utilizar materiais didáticos adequados, como objetos com diversas características, como tamanho, forma, textura, cor e consistência; brinquedos com tampas e elementos atrativos; brinquedos de encaixe; livros com imagens grandes, entre outros exemplos. O estágio pré-operatório é identificado como uma fase em que as crianças apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis, uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos. O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra- cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem (como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para agrupamentos, filmes variados,livros literários e didáticos, mapas, obras de arte e material dourado, entre outros recursos. O estágio das operações formais é o período em que os estudantes conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos. Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino, considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente. 1.3 Resumindo Nesta aula aprendemos, que diante das reflexões e ao considerar as discussões realizadas, constata-se que durante o planejamento de uma aula, o professor é responsável por tomar decisões que abrangem desde a seleção dos métodos de ensino até a definição da metodologia e a escolha dos recursos a serem utilizados em sala. Essas escolhas desempenham um papel crucial no momento da elaboração da aula, ao procurarem facilitar, mediar e estimular a aprendizagem dos estudantes. Todo esse processo de preparação e condução da aula está inserido no âmbito da didática do professor. Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas. Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico ou obter um conhecimento desejado. Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos métodos utilizados. Portanto, a fim de investigar os princípios que orientam a escolha, o uso e a criação de recursos e materiais didáticos para educação básica, é essencial realizar uma análise detalhada do desenvolvimento cognitivo. 2 Concepções epistemológicas do material didático O uso de recursos, como modelos e materiais didáticos, para ilustrar aulas não é algo novo. Desde a Didática Magna de Comenius, publicada em 1657, já se enfatizava a significância da utilização de diversos recursos materiais para promover uma aprendizagem mais efetiva. Educadores renomados, como Pestalozzi e Froebel nos séculos XVII e XIX, também defendiam a utilização de uma abordagem ampla e interativa com discentes, acreditando que isso resultaria em uma "educação ativa". Nesse sentido, Justino (2013), apresenta que a pedagogia ativa ganhou força no Brasil doravante ao movimento da Escola Nova, estabelecido com o manifesto de 1932, sendo pioneiro nesse movimento John Dewey. Essa abordagem pedagógica valorizava a autoinstrução do aluno, permitindo que ele se tornasse autor de suas próprias experiências mediante atividades e métodos ativos e criativos. Em outras palavras, essa pedagogia tinha como foco central o interesse do aluno. Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos didáticos com essa finalidade. Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais escolanovistas e suas contribuições nesse campo. Kilpatrick (1871-1965), foi discípulo de Dewey, desempenhou um papel significativo na disseminação dos princípios da Escola Nova. Um dos métodos desenvolvidos por ele foi o método de projetos, que se baseia na realização de atividades intencionais em que os alunos participam ativamente em um ambiente natural, integrando e globalizando o processo de ensino. Por exemplo, a construção de uma casinha de coelhos pode envolver diversos ensinamentos, como geometria, desenho, cálculo e história natural. Os projetos são divididos em quatro etapas: estabelecer o objetivo final, preparar o plano, executá-lo e avaliá-lo. Eles podem se enquadrar em diferentes categorias, como projetos de produção, nos quais os alunos criam algo; projetos de consumo, nos quais eles exploram e analisam algo existente; projetos de resolução de problemas, nos quais buscam soluções para desafios específicos; e projetos de aperfeiçoamento de técnicas, nos quais procuram melhorar habilidades ou conhecimentos prévios. Decroly (1871-1931), desempenhou um papel importante como precursor dos métodos ativos, que se baseiam na ideia de permitir que os alunos conduzam seu próprio processo de aprendizagem e, assim, aprendam a aprender. Ele desenvolveu o método dos Centros de Interesse, que abordam temas como a família, o universo, o mundo animal e vegetal, entre outros. Esses centros de interesse são projetados para promover a observação, a associação e a expressão dos alunos. Diferentemente dos projetos, o método dos Centros de Interesse não pretende a construção de algo físico ou a conclusão de um projeto específico. Em vez disso, ele se concentra na exploração e no aprofundamento dos temas de interesse, incentivando os alunos a observar, fazer conexões e se expressar de diferentes maneiras. O foco está na participação ativa dos alunos e no desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais através da imersão em assuntos relevantes e significativos. Maria Montessori (1870-1952), foi uma das pioneiras na criação e implementação de métodos ativos na educação. O método Montessoriano possui um enfoque principal nas atividades motoras e sensoriais, especialmente na educação pré-escolar, e também é aplicado durante a segunda infância. Esse método valoriza o trabalho individual das crianças, embora também tenha um caráter social, pois incentiva a colaboração entre os alunos para criar um ambiente escolar positivo. O material utilizado no método Montessoriano é cuidadosamente projetado para estimular tanto o desenvolvimento sensorial quanto intelectual das crianças. O objetivo é proporcionar experiências enriquecedoras que promovam o aprendizado por meio da exploração, da experimentação e do envolvimento ativo dos alunos. Claparéde (1873-1940), utilizou o termo "educação funcional" para descrever a abordagem educacional que busca desenvolver os processos mentais, não apenas por si, mas em relação à sua utilidade para a ação presente ou futura, ou seja, para a vida na totalidade. A educação funcional busca atender às necessidades e interesses da criança, tornando-se um processo interno e não imposto externamente. Essa abordagem enfatiza a magnitude da atividade vital para o ser humano, sendo ao mesmo tempo, individualizada e social, promovendo a interação e socialização entre os alunos. O objetivo é proporcionar umaeducação que seja significativa, relevante e que esteja em sintonia com as dificuldades e interesses da criança, permitindo assim o desenvolvimento pleno de suas capacidades mentais e sociais. Piaget (1896-1980), renomado teórico da epistemologia, dedicou-se a explicar a evolução da inteligência humana. Seu foco principal foi o estudo da natureza do desenvolvimento intelectual em crianças. Ele advogou pelo uso do método da observação, por intermédio da pedagogia experimental, para compreender como a criança organiza mentalmente a realidade; enfatizou a importância de estimular o pensamento da criança, colocando-a em situações que a desafiem intelectualmente, e também defendeu que os professores devem respeitar as diferentes etapas do desenvolvimento da criança, adaptando suas abordagens apoiando as habilidades e necessidades individuais de cada estudante. Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento. Cousinet (1881-1973), foi responsável pelo desenvolvimento do método de trabalho em equipe, o qual consiste em diversas etapas: a) Acumulação de informações por intermédio de pesquisas; b) Exposição e elaboração das informações; c) Correção dos erros; d) Cópia individual dos resultados; e) Realização de desenhos individuais; f) Seleção do desenho mais significativo para ser arquivado na sala; g) Leitura do trabalho em grupo; h) Elaboração de uma ficha resumo. Ele era defensor da liberdade no ensino e do trabalho coletivo, acreditando que o trabalho em grupo possui valor pedagógico ao desenvolver virtudes sociais, tais como cooperação, auxílio mútuo, espírito de sacrifício, camaradagem e lealdade. Além disso, ele acreditava que essa abordagem fortalece o senso de grupo e colaboração entre os alunos. 2.1 O emprego dos materiais didáticos na educação básica É fundamental que o professor saiba como utilizar de forma efetiva um material didático em sala de aula, para que esse recurso exerça seu papel como mediador da aprendizagem. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), esclarece sobre a importância em compreender que o material didático nunca deve ultrapassar a categoria de meio, ou seja, auxiliar de ensino, sendo uma alternativa metodológica tanto para o professor quanto para o aluno. É essencial compreender que o material didático por si só não garante um bom ensino nem uma aprendizagem significativa, e ele não substitui a presença do professor. Todo material utilizado na sala de aula deve ser cuidadosamente selecionado e avaliado, pois, independentemente de quão estimulante possa parecer, o aspecto mais importante é a experiência significativa que o material proporcionará aos estudantes na compreensão dos conteúdos. O professor desempenha um papel fundamental ao guiar e contextualizar o uso do material didático, garantindo que ele seja integrado de maneira adequada ao processo de ensino-aprendizagem, enriquecendo a experiência educacional dos alunos. Corroborando, Justino (2013, p. 108 e 109): No contexto educacional, o material didático é a ligação entre a teoria (palavra) e a prática (realidade). Quando a aprendizagem não pode ocorrer a partir das experiências de vida, isto é, a partir do meio onde o aluno está inserido, o uso do material didático pode possibilitar esse aprendizado, representando, da melhor forma possível, saudações que favoreçam a compreensão do aluno. O material didático pode tornar concreto o que é estudado por meio de palavras, compapel importante no trabalho docente de todas as disciplinas. É preciso lembrar que o material didático por si só não contempla o que é necessário para uma boa aula. É preciso que o professor, além do conhecimento que adquiriu e adquire constantemente, saiba utilizá-lo de forma criativa para tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. Nesse sentido, a referida autora reafirma que a incorporação dos materiais didáticos nas escolas ocorreu gradualmente, influenciada por diversos educadores como Rousseau (1712-1758), Pestalozzi (1746-1827), Herbart (1776-1841), Froebel (1782-1852), Decroly (1871-1932) e Montessori (1879- 1952). Esses educadores desempenharam um papel importante ao estabelecer as bases teórico-metodológicas para a utilização desses recursos no processo educacional. Eles compreenderam a importância fundamental de aprender a aprender e, portanto, sentiram a necessidade de criar modelos de ensino que atendessem às demandas educacionais reais, levando em consideração o avanço científico e tecnológico. Durante muito tempo, educadores e demais envolvidos com a educação dedicaram-se a criar, desenvolver e aprimorar materiais didáticos pedagógicos, visando facilitar a aprendizagem e promover a melhoria da qualidade do processo educativo. O interesse em explorar e utilizar esses recursos visava oferecer suporte e enriquecer a experiência educacional, buscando estratégias mais eficientes para engajar os alunos e tornar o ensino mais eficaz. Ao produzir recursos e materiais didáticos para educação básica, Zoppo (2020), esclarece que o trabalho realizado pelo professor em sala de aula é estruturado de maneira organizada, intencional e sistemática, para promover a formação integral do aluno. Nesse sentido, é responsabilidade do professor planejar cuidadosamente as atividades de ensino, levando em consideração as necessidades individuais de cada estudante, além de selecionar os recursos adequados e definir as formas de avaliação. Ao selecionar os materiais, é preciso considerar os elementos que fazem parte do processo educacional: os sujeitos envolvidos (professor e aluno), os objetivos visados (as metas de ensino e aprendizagem a serem atingidas) e a situação de aplicação (tempo, espaço, equipamentos, tipos de materiais) (JUSTINO, 2013, p. 112, grifos do autor). Antes de entrar em sala de aula, o professor deve ter previamente selecionado ou produzido um material didático que seja capaz de auxiliar no processo de mediação entre o estudante e os objetos de conhecimento. Esse material tem o propósito de facilitar a compreensão, a aprendizagem e a interação do aluno com os conteúdos abordados, sendo uma ferramenta essencial para promover um ensino eficaz. O professor desempenha um papel crucial ao escolher e utilizar esses recursos, garantindo que sejam adequados ao contexto educacional e capazes de promover uma experiência de aprendizagem significativa para os estudantes. Cabe ressaltar que o recurso pedagógico em si não abrange o conjunto de elementos indispensáveis a uma aula de qualidade. É imprescindível que o docente, além de possuir e aprimorar constantemente seu conhecimento, seja capaz de empregá-lo de maneira inventiva, a fim de conferir dinamismo e atratividade às suas aulas. A finalidade do material didático em sala de aula é propiciar o aprendizado ao aluno, oferecendo a ele um ensino de qualidade, em que associe o conhecimento já adquirido aos novos. Para tanto, o professor deve atender aos critérios de qualidade na escolha dos materiais a serem utilizados, tendo em mente a importância deles à bem como sua influência na aprendizagem (JUSTINO, 2013, p. 112). Deste modo, consoante a Nérici (1971) citado por Zoppo (2020) as atribuições do material didático são as seguintes: 1. Aproximar o discente da realidade do conteúdo a ser ensinado, proporcionando-lhe uma compreensão mais precisa dos eventos ou fenômenos investigados; 2. Estimular o interesse pela aula; 3. Favorecer a percepção e a compreensão dos eventos e conceitos; 4. Concretizar e exemplificar o que está sendo verbalmente apresentado; 5. Minimizar os esforços necessários para conduzir os alunos à compreensão dos eventos e conceitos; 6. Contribuir para a consolidação da aprendizagem por meio de uma impressão mais vívida e sugestivaque o material pode suscitar; 7. Proporcionar oportunidades para a expressão de habilidades e o desenvolvimento de competências específicas por parte dos alunos, seja através da manipulação de dispositivos ou da sua própria construção. Outrossim, conforme Justino (2013), os recursos pedagógicos apresentam diversas características que podem ser combinadas para apoiar a elaboração de um planejamento de atividades que estimulem a motivação, despertando o interesse e a participação dos estudantes. Quando viável, é recomendável que o professor ofereça oportunidades aos alunos para que eles próprios confeccionem os materiais a serem utilizados. Dessa maneira, será possível despertar o interesse e a curiosidade em relação ao tema a ser abordado em sala de aula, além de proporcionar satisfação através da realização da atividade. Podemos conceber qualquer recurso utilizado no processo educativo como material didático, uma vez que seu propósito é facilitar a aprendizagem. Existem diversos tipos de materiais empregados para facilitar a compreensão dos alunos, variando desde os mais especializados até os menos especializados. Por exemplo, jornais e revistas podem ser excelentes recursos tanto para os estudantes quanto para os professores, quando utilizados para pesquisa de notícias e assuntos relacionados à sociedade, entre outros temas que ofereçam informações relevantes sobre a atualidade. No entanto, quando seu uso não é direcionado para ser um recurso didático, esses materiais tornam-se menos especializados em comparação, por exemplo, com vídeos preparados pelas Secretarias de Educação, que servem como auxílio no trabalho com temas transversais. Dessa maneira, os recursos pedagógicos são ferramentas utilizadas pelos profissionais envolvidos no processo educativo - educadores e investigadores - com o propósito de realizar a prática pedagógica, com o intuito de promover a construção do saber por meio da interpretação e utilização das tecnologias educacionais presentes nesse contexto (JUSTINO, 2013). 2.2 Resumindo Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente, vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente relacionada à efetividade do material. Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que, independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor. Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros 3 Material didático, definição e atribuição As ferramentas de ensino devem obedecer ao princípio de atender às exigências do aprendizado, com efetividade e desempenho, e não com o propósito de diminuir o esforço do educador. Do ponto de vista de Justino (2013), a efetividade do processo de ensino-aprendizagem está associada à qualidade e quantidade dos conhecimentos construídos e compartilhados, por meio da interação com indivíduos e o ambiente, de forma autônoma e com o auxílio do professor. A maneira e as estratégias pelas quais o educador utiliza os recursos pedagógicos o auxiliarão a alcançar os objetivos estabelecidos por ele, relacionados ao tópico em questão. Portanto, é necessário adquirir conhecimento sobre os diferentes tipos de recursos pedagógicos disponíveis para auxiliar no desenvolvimento do processo educativo. No passado, o material didático tinha como função principal ilustrar as aulas e era apresentado aos alunos para reforçar o conteúdo explicado pelo professor. Atualmente, a finalidade dos materiais vai além de ilustrar, eles auxiliam os alunos no trabalho a ser desenvolvido, incentivando-os a investigar, descobrir e construir conhecimento. Dessa maneira, tornam o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, proporcionando oportunidades para enriquecer as experiências dos alunos e aproximá-los da realidade. Com o contínuo avanço das tecnologias, muitos materiais foram aprimorados e modernizados. Portanto, é crucial que as escolas incorporem essas tecnologias, pois elas desempenham um papel importante na melhoria da qualidade do ensino, em conjunto com as inovações na prática pedagógica. No entanto, é importante destacar que não basta apenas utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de prática pedagógica. Do mesmo modo, segundo Bandeira (2017), a informatização das sociedades é resultado dos esforços científicos, tecnológicos e políticos, fruto de um rápido avanço decorrente da colaboração entre governos e organizações: desde a origem e desenvolvimento da internet, no período entre os anos de 1960 e 1980, até a consolidação dos usos da rede e a proliferação de dispositivos de comunicação, como os telefones celulares, na década de 1990, e o surgimento das redes sociais e diversas outras ferramentas digitais, como blogs e repositórios digitais, que se popularizaram por volta dos anos 2000. Dessa forma, dentre as várias transformações ocorridas nesse intervalo, que culminaram na caracterização da chamada sociedade da informação, destaca-se a implementação de um conjunto de tecnologias que contribuíram para a expansão do trabalho colaborativo on-line. Nesse contexto, muitas pessoas já possuíam os recursos materiais e cognitivos para acessar a internet, e uma ampla gama de serviços foi viabilizada pelo uso das redes eletrônicas, tais como transações bancárias e comunicação por e-mail ou chat entre entidades públicas e cidadãos. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) desempenham um papel crucial na redução das barreiras de tempo e espaço na sociedade, facilitando a circulação de textos, imagens, áudios e vídeos por meio das redes de informação. Nesse sentido, a educação desempenha um papel fundamental, pois é necessário aprender a produzir, distribuir e compartilhar informações para expandir significativamente o conhecimento. Nesta perspectiva, Karling (1991) introduz uma nova taxonomia em que as tecnologias ganham destaque em relação ao paradigma anterior. Conforme mencionado por esse autor, os recursos instrucionais podem ser categorizados em: 1. Recursos perceptivos: Esses recursos pretendem apoiar o processo de educação e aprendizagem, uma vez que a visualização do material desperta a atenção do estudante para o conteúdo em questão. São elementos que exibem ícones, os quais, por meio da percepção visual, fornecem a exposição da mensagem pretendida. Entre os recursos perceptivos estão o álbum seriado, cartazes, diafilmes, diagramas, espécimes e exposições. 2. Recursos acústicos: Esses recursos visam promover a aprendizagem por meio da audição. Incluem elementos sonoros, como gravações de áudio, podcasts, palestras gravadas, entrevistas em formato de áudio e narrativas auditivas. 3. Recursos audiovisuais: Esses recursos combinam elementos visuais e acústicos para enriquecer a experiência de aprendizagem. Abrangem materiais como vídeos educacionais, animações, documentários, apresentações multimídia e aulas em vídeo. 4. Recursos multimodais: Essa categoria engloba materiais queutilizam múltiplos recursos, como texto, imagens, áudio e vídeo, de forma integrada. Proporcionam uma abordagem ampla e diversificada para a aprendizagem, podendo incluir recursos como livros interativos, aplicativos educacionais, jogos educativos e ambientes virtuais de aprendizagem. O quadro a seguir apresenta um resumo dos recursos mais utilizados na educação básica, consoante a Justino (2013): Quadro 1 – Recursos pedagógicos mais utilizados Recursos visuais Quadro de giz, flanelógrafo, imantógrafo, cartazes, mapas, flip-chart (bloco de papel), álbum seriado, dispositivos, diafilmes, retroprojetor (transparências), fotografias, mural didático, objetos, holografia. Recursos auditivos Rádio, discos, fita magnética, CD, DVD. Recursos audiovisuais tradicionais Dispositivos com som, diafilmes com som, cinema sonoro, televisão, videocassete, aparelho DVD. Recursos audiovisuais integrados ao computador CD-ROM, bases de dados, pacotes estatísticos, softwares, projetor de multimídia. Recursos audiovisuais baseados na internet Bases de dados, e-mail, áudio e videoconferências. Fonte: Justino (2013, p. 116) Essa classificação, proposta por Karling (1991), ressalta a importância das tecnologias como ferramentas de apoio ao processo educativo, oferecendo uma variedade de recursos para aprimorar a experiência de ensino e aprendizagem. Segundo Bandeira (2017), é importante ressaltar que muitas das decisões tomadas pelas editoras nesse ramo específico também são influenciadas pelas exigências do mercado e do público-alvo. Por exemplo, produzir materiais didáticos consoante os critérios de avaliação dos programas governamentais de distribuição para o ensino médio. Consequentemente, uma definição de material didático é amplamente difundida e influenciada pelos documentos das políticas públicas para a leitura no Brasil, ações estabelecidas a partir da década de 1990, especialmente pelo Ministério da Educação (MEC), visando implementar programas para o livro escolar. Entre os programas implementados pelo MEC na educação básica, destacam-se as políticas educacionais nas áreas de alfabetização, leitura e capacitação dos profissionais da educação. Essas ações abrangem a aprendizagem dos alunos, visam valorizar os educadores e têm como meta melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas, sendo a maioria delas executadas como apoio aos órgãos estaduais e municipais. Um aspecto importante das políticas educacionais do MEC são os programas direcionados à alfabetização. Em 2007, por exemplo, pesquisadores envolvidos na produção de uma série sobre alfabetização para o Ministério levantaram diversas questões com base nas perguntas feitas por professores da educação básica sobre o uso do livro didático em suas práticas de ensino. As várias edições do PNLD desempenharam um papel fundamental na ampliação do uso do livro didático nas escolas, além de contribuírem para a atualização das concepções relacionadas ao ensino da língua portuguesa e da alfabetização. 3.1 O livro didático como ferramenta pedagógica O livro didático é um dos meios empregados com maior regularidade nas instituições educacionais do Brasil. Outrossim, Zoppo (2020), afirma que isso ocorre em virtude de diversos elementos, tais como a sua acessibilidade facilitada, capaz de contribuir para a estruturação do material didático e para o arranjo da sessão de ensino, frequentemente poupando o tempo do educador na criação de tarefas. Ademais, é importante ressaltar que o livro didático constitui uma fonte de pesquisa variada acerca dos temas a serem abordados. E ainda, a referida autora discorre que no território brasileiro, o livro didático emergiu aproximadamente no século XIX, período em que o acesso à educação deixou de ser exclusividade da elite. Nessa conjuntura, esse instrumento educativo congregava todos os conhecimentos que deveriam ser transmitidos aos discentes. À medida que o ensino foi desmembrado em matérias distintas ao longo desse mesmo século, o livro começou a ser concebido por docentes especializados, assumindo, nesse momento, o papel primordial de estruturar e orientar as aulas. A partir do ano de 1938, mediante a promulgação do Decreto-lei 1.006, o manual pedagógico adquiriu a condição de recurso educativo, adotando uma perspectiva político-ideológica. Os docentes selecionavam os livros de uma lista previamente estabelecida pelo Estado, conforme as regulamentações dispostas no artigo 208, inciso VII, da Constituição Federal do Brasil de 1937. Nesse dispositivo, estabeleceu-se a responsabilidade estatal com a educação por meio de programas complementares e de material didático escolar. No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico, conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas. Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais, como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos, entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados para enriquecer as aulas. 3.2 Parâmetros de avaliação: elementos das diretrizes governamentais para a alocação do livro didático A preocupação constante de todo educador é: como escolher o material didático apropriado para cada contexto de ensino-aprendizagem no trabalho pedagógico? Quais são as opções disponíveis de materiais didáticos e como utilizá-los na sala de aula? Bandeira (2017), retrata que o processo de seleção e avaliação do material didático é uma tarefa demorada e complexa, envolvendo professores, gestores e, por vezes, até mesmo alunos e a comunidade escolar. No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão responsável por estabelecer critérios de avaliação para os livros didáticos. A maioria dos guias de avaliação concentra-se em duas etapas: a primeira aborda aspectos relacionados à sua materialidade (suporte, design e layout), enquanto a segunda está relacionada à garantia dos indicadores de qualidade estabelecidos para o conteúdo. Durante um longo período, entre as décadas de 1960 e 1970, o livro didático era concebido como um modelo vinculado aos manuais escolares, cujo objetivo principal era apresentar o desenvolvimento do conteúdo curricular, em detrimento de uma abordagem mais sintética que pudesse apoiar o processo de ensino e aprendizagem. Em relação a essa perspectiva, Zoppo (2020, p. 56) afirma que: O Programa Nacional do livro didático (PNLD) é um programa cujo objetivo é destinar obras didáticas e literárias de forma gratuita às escolas públicas e instituições filantrópicas que tenham o apoio do governo, visando contribuir com a prática pedagógica do professor. Com mais de 80 anos, esse programa vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo. A primeira iniciativa do projeto ocorreu em 1937 com a criação da Instituto Nacional do Livro, mas foi em 1985 que o governo federal criou o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio do decreto 91.542, de 19 de agosto de 1985, para distribuir livros escolares a todos os alunos matriculados nas escolas públicas de ensino fundamental do país. Atualmente, o Programa Nacional do LivroDidático (PNLD) é executado pelo governo em etapas sucessivas, abrangendo os quatro níveis da educação básica: educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental e ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) é responsável pela seleção inicial, elaboração do guia PNLD, aquisição e distribuição dos materiais. As obras são distribuídas para todas as escolas públicas cadastradas no censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP). A entrega é realizada pelos Correios mediante um contrato estabelecido com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), onde a empresa contratada recolhe diretamente o material das editoras e efetua a entrega nas escolas. Os livros submetidos ao PNLD passam por uma avaliação técnica e pedagógica coordenada pelo MEC. Após essa avaliação, os livros são aprovados e incluídos na lista disponibilizada no guia do PNLD, para que a escolha dos livros seja feita por todos os segmentos da escola. É possível considerar que esse programa governamental desempenha um papel importante no processo de ensino em todas as escolas brasileiras (ZOPPO, 2020). Deste modo, para Luz (2016), o livro didático como material pedagógico desempenha um papel valioso no acesso à cultura e no desenvolvimento da educação. Em muitos lares brasileiros, ele assume a posição de primeiro livro, estabelecendo as bases para o hábito da leitura e o processo de aprendizagem. Ao longo de dois séculos, desde os primeiros manuais didáticos produzidos no Brasil, os livros passaram por inúmeras transformações, para acompanhar as novas dinâmicas presentes nas salas de aula e contribuir para uma aprendizagem significativa. Esses avanços refletem o compromisso da indústria editorial em incorporar novas tecnologias, avanços metodológicos, recursos visuais, diretrizes governamentais e atender à demanda dos educadores por materiais de qualidade que promovam valores de cidadania. 3.3 Resumindo Nesta aula, tivemos a oportunidade de refletir sobre a importância das ferramentas de ensino em atender às necessidades de aprendizagem com eficácia e desempenho, em vez de apenas buscar facilitar o trabalho do educador. Ao contrário do passado, quando sua função principal era ilustrar as aulas e reforçar o conteúdo apresentado aos alunos, os materiais educacionais têm passado por constantes melhorias e modernizações com o avanço das tecnologias. No entanto, é importante ressaltar que não basta simplesmente utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de práticas pedagógicas. Durante a aula, foram apresentados os critérios utilizados para avaliar a qualidade do livro didático, considerado, pela maioria dos especialistas, como o recurso educacional mais aceito, democrático e abrangente. Além de fornecer uma breve contextualização sobre a utilização do livro didático no Brasil, foram mencionados alguns critérios a serem considerados na seleção do material. Também foi abordado o conceito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e seu objetivo dentro do contexto do governo federal. Em conclusão, é importante ressaltar que o livro didático é apenas um dos recursos disponíveis para os professores, devendo ser utilizado em conjunto com outras ferramentas trazidas para a sala de aula. Exatamente por isso, tem sido considerado um fio condutor na educação. 4 Desenvolvimento de materiais didáticos alinhados ao planejamento O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto, para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação coerentes. É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado, incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das atividades em geral. Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais no trabalho educacional. Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria desafios que incentivam os alunos a aprender. Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não pode ser considerado uma atividade aleatória, por estabelecer métodos, recursos e objetivos a serem alcançados em um dia de aula. Evidente a esta colocação, Justino (2013, p. 82) esclarece: O sujeito pode ser considerado em atividade quando o objetivo da ação é o motivo de sua atividade. Diferenciando as atividades teóricas das práticas, é o objeto, o motivo, que sempre responde à necessidade criada pelo sujeito, direcionando-o para a realização da atividade. Para promover uma prática docente eficaz, um plano de aula deve ser elaborado seguindo uma estrutura organizada, na qual todas as ações sejam intencionalmente pedagógicas. É a partir dos objetivos que os conteúdos de um componente curricular são estabelecidos. Se almejo que meus alunos sejam participativos e críticos, não posso considerar os objetivos apenas como um fim em si; o componente curricular deve ser utilizado como um meio para alcançar projetos mais amplos. Os objetivos educacionais são essenciais para o trabalho docente, exigindo que o professor os expresse ativamente, tanto no planejamento escolar quanto no desenvolvimento das aulas. Os conteúdos e os objetivos devem estar interligados, pois os conteúdos são os recursos utilizados para atingir um objetivo maior. Com objetivos e conteúdo definidos, o professor seleciona os procedimentos didáticos a serem utilizados para alcançar esses objetivos, ou seja, define a metodologia de ensino. Esses procedimentos compreendem atividades, métodos, técnicas e modalidades de ensino escolhidos com o propósito de facilitar a aprendizagem. São diversas formas de organizar as condições externas mais adequadas para promover a aprendizagem. A avaliação é a estratégia que o professor utiliza em sala de aula para avaliar a assimilação pelos alunos de um determinado conteúdo. A avaliação deve estar relacionada aos objetivos da aula. Por meio dela, o professor pode refletir sobre suas práticas, o desempenho dos estudantes e, assim, rever algo que não tenha ficado claro para eles (ZOPPO, 2020). Nesta perspectiva, Justino (2013), define que durante a prática pedagógica, o professor tem a oportunidade de observar e avaliar a eficácia de seus métodos e abordagens de ensino, buscando soluções práticas por meio da pesquisa para os problemas identificados. Além de elaborar e planejar as atividades, e ter um domínio do conteúdo a ser trabalhado, o professor também precisaselecionar e determinar quais materiais ou recursos didáticos serão utilizados. Nesse processo, é importante considerar critérios que permitam utilizar e avaliar como esses materiais didáticos podem contribuir para a ocorrência de uma aprendizagem significativa. 4.1 A relação entre o processo de ensino-aprendizagem e os materiais didáticos Os materiais didáticos desempenham um papel importante como ferramentas e recursos de apoio para a prática docente. Justino (2013), retrata que, para sua elaboração e utilização, é crucial considerar a busca por uma aprendizagem significativa, pois isso promove a conexão com as questões do cotidiano do aprendiz. É interessante que o aluno participe ativamente da construção dos materiais utilizados, a fim de facilitar esse processo de aprendizagem. Existem diversas opções de materiais a serem utilizados em sala de aula, desde aqueles feitos com materiais reciclados até o quadro negro, televisão e os recursos mais modernos que envolvem novas tecnologias. A seguir, serão apresentados alguns materiais didáticos necessários e essenciais para o processo de ensino-aprendizagem. Sucatas Sucatas são materiais considerados inúteis que podem ser reciclados, reaproveitados e transformados em objetos com diversas finalidades, como artesanato, decoração, recreação, educação, entre outros. Na escola, o uso de sucatas como material didático oferece benefícios significativos. Quando os alunos participam da criação desses materiais, sentem-se motivados e estimulados criativamente, despertando o interesse nas atividades propostas. Ao utilizar sucatas na confecção de materiais, o professor proporciona aos alunos o desenvolvimento de estruturas cognitivas essenciais para a autonomia e a construção do conhecimento. Quando as sucatas são utilizadas para criar novos sentidos e significados, elas possibilitam aplicar ações pedagógicas que estimulam a criatividade na confecção de materiais diferenciados, motivando e facilitando a aprendizagem. Quando transformadas em materiais pedagógicos, se tornam recursos motivadores e enriquecedores do processo educativo. O objetivo da construção desses materiais é proporcionar aos alunos a oportunidade de estimular e desenvolver sua percepção visual e tátil, coordenação motora e habilidades de linguagem oral. Existem diversos exemplos de sucatas que podem ser utilizados na criação de materiais educativos, como garrafas PET, tampas plásticas, caixas de leite, papelão, revistas, jornais e outros materiais recicláveis. Essas sucatas são excelentes para a confecção de materiais didáticos, atendendo a dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, possuem baixo custo, tornando viável o seu uso nas escolas. Em segundo lugar, contribuem para o desenvolvimento da consciência ecológica dos alunos, atendendo a uma necessidade da sociedade atual (JUSTINO, 2013). Massinha ou massa de modelar No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013). Quadro de giz ou quadro branco No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações. O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho. No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que está sendo escrito. Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético, feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal. O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais como: a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro; b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de ensino possuem quadros de giz; c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos; d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos (JUSTINO, 2013). Quadro expositor É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola, ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo: Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a eles. Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam crachás com seus nomes. Expor os trabalhos realizados em sala de aula. Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013). Cartazes São recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública, campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos. Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo, desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013). Mural O mural didático é um recurso muito interessante utilizado para expor textos e ilustrações na sala de aula. Sua finalidade é despertar o interesse dos alunos, introduzir novos conteúdos, complementar as aulas e também servir como uma forma de avaliação dos temas estudados. Diferente do cartaz, o mural didático requer explicações e comparações, sendo mantido na sala de aula para auxiliar na compreensão e aprendizagem dos alunos sobre o conteúdo abordado. Esse material pode ser fixo ou móvel, sendo retangular e tendo sua base feita de isopor, cortiça, madeira, papelão, forrada com feltro, flanela, plástico, entre outros materiais. Geralmente, possui 1 metro de largura e o comprimento varia consoante o tamanho da sala, podendo ocupar uma parede inteira ou não. Ao utilizar o mural didático, o professor deve considerar alguns detalhes que influenciam sua utilização na sala de aula: A mensagemtransmitida precisa ser clara e simples; O título deve ser conciso e chamativo, apenas para chamar a atenção; Na ilustração da mensagem, podem ser utilizados objetos, fotografias, ilustrações, tabelas, gráficos, entre outros recursos visuais; No texto, devem ser apresentados detalhes e explicações mais aprofundados. Esse tipo de mural desperta a atenção e o interesse dos estudantes, transmitindo informações e conhecimentos, além de motivar e estimular o trabalho em grupo. Também auxilia os estudantes na formação de opiniões, proporcionando diversas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem (JUSTINO, 2013). Varal Uma opção bastante interessante para ser utilizada em sala de aula é o varal didático. Essa ferramenta consiste em fixar fios em um quadro de giz, parede ou qualquer outra superfície adequada. Esses fios têm a finalidade de sustentar trabalhos feitos em cartolina, papel sulfite ou outros materiais similares. Os trabalhos são pendurados no varal seguindo uma ordem lógica conforme o desenvolvimento da aula. A confecção do varal é bastante simples: basta fixar os fios e preparar os materiais, como cartolinas, papel sulfite, papel cartaz, entre outros, com conteúdo relacionado ao tema de estudo. As folhas podem ser presas no varal mediante dobraduras, ganchos ou grampinhos de roupa, sendo a dobradura a opção mais prática (NÉRICI, 1971). Imagens As imagens, como gravuras, fotografias, pinturas e ilustrações, são exemplos de linguagem visual. A arte dos ícones é considerada uma das formas de mídia mais antigas do mundo. As imagens impressas são recursos visuais amplamente utilizados no ambiente escolar. Além de enriquecerem as aulas expositivas, elas proporcionam uma maior proximidade do aluno com a realidade dos acontecimentos e fatos estudados. Isso estimula a curiosidade do aluno, facilita a assimilação do conteúdo e auxilia no desenvolvimento de sua criatividade. Esses materiais são simples, acessíveis, com um custo baixo. Dependendo do contexto da atividade realizada em sala de aula, as imagens podem se tornar objetos de pesquisa pelos alunos e servir como apoio para o trabalho do professor. Elas podem ser utilizadas para diversos propósitos, como motivação, exercícios de observação, exercícios orais, exercícios de interpretação, exercícios de apreciação e ilustração (NÉRICI, 1971). Ao utilizar imagens impressas, o professor deve observar algumas diretrizes. É importante selecionar imagens alinhadas com as ideias predominantes, evitando, detalhes excessivos. É recomendado utilizar um número limitado de imagens de cada vez, seguindo uma ordem específica, para evitar dispersão durante a apresentação. Durante a exploração das imagens, o professor deve orientar os alunos a observar os detalhes e descrevê-los, promovendo a interpretação deles (JUSTINO, 2013). A ilustração é um recurso valioso que permite transformar pensamentos e discursos em materiais visuais. O desenho pedagógico é especialmente útil para criar ilustrações que auxiliam no desenvolvimento das aulas. Para utilizar esse recurso, pode-se fazer uso de um quadro de giz ou cartazes, ambos adequados para transmitir a mensagem aos alunos de forma mais eficiente (NÉRICI, 1971). As imagens usadas como materiais didáticos devem ter um tamanho apropriado para que todos os alunos da sala possam visualizá-las adequadamente. História em quadrinhos As histórias em quadrinhos fazem parte da produção cultural, assim como pinturas, esculturas, poemas e cinema. As histórias em quadrinhos são amplamente utilizadas no processo de alfabetização, por proporcionarem uma leitura agradável, e os desenhos despertam a atenção e o interesse dos aprendizes. As imagens presentes nas histórias em quadrinhos estimulam o interesse dos alunos, possibilitando uma alfabetização visual. Além de serem consideradas um meio de comunicação e uma forma de literatura, as histórias em quadrinhos oferecem várias vantagens quando utilizadas na educação (JUSTINO, 2013). Retroprojetor É um dispositivo utilizado para projetar imagens ampliadas de textos, desenhos e outros elementos em uma tela ou parede. Essas imagens são impressas em lâminas de plástico transparentes, conhecidas como transparências. O professor pode aproveitar as transparências para ilustrar suas aulas, iniciar uma disciplina, realizar revisões e verificar conteúdos previamente abordados. Esse material é de grande auxílio tanto para o processo de ensino quanto para a aprendizagem, ao conseguir despertar o interesse e a concentração dos alunos. O retroprojetor é um recurso didático amplamente utilizado em salas de aula, auditórios e salas de conferência. Sua utilização apresenta várias vantagens: as transparências são leves e fáceis de transportar, substituem o quadro negro de forma eficiente, são de fácil manuseio e permitem que a pessoa que utiliza o retroprojetor mantenha o contato visual com a plateia. No entanto, atualmente, seu uso diminuiu porque os projetores modernos permitem a conexão direta com computadores e dispositivos de vídeo (JUSTINO, 2013). Datashow O datashow é um dispositivo conectado ao computador e permite a projeção de conteúdos de diversas mídias, como som e vídeo. É um recurso amplamente utilizado para apresentações em sala de aula, palestras e exposições de trabalhos variados (JUSTINO, 2013). Computador e o acesso à internet A presença do computador e da internet torna as aulas interessantes e estimulantes, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem. O professor pode utilizá-los de maneira a proporcionar aos alunos a construção do conhecimento de forma agradável e instigante. A utilização do computador permite ao professor ilustrar a aula através da visualização de conteúdo, como textos, slides, filmes, vídeos, notícias, entre outros recursos. Na atualidade, as tecnologias estão presentes em diversas atividades humanas. Na área da educação, as novas tecnologias oferecem diferentes ferramentas que podem auxiliar. O surgimento do computador pessoal e o uso de recursos como TV, rádio e DVD resultaram no rápido desenvolvimento dessas ferramentas educacionais e, consequentemente, no uso frequente de representações audiovisuais no contexto escolar. A integração das novas tecnologias, como informática e computador, com os recursos didáticos cogita facilitar o processo educacional. Isso levou ao surgimento de uma nova tecnologia conhecida como multimídia, que utiliza diferentes meios para transmitir informações e conteúdos educacionais. Os multimeios, ou multimídias, possibilitam uma abordagem mais abrangente e interativa no ambiente educacional (JUSTINO, 2013). Multimídias A utilização dos multimeios no contexto educacional integra diversas tecnologias, como DVD, datashow, notebook, home theater, pendrive, MP3 player, MP4 player, celulares e outros dispositivos eletrônicos menores, em benefício da aprendizagem. Ao utilizar os multimeios como material didático, os professores devem fazê-lo adequadamente, considerando as necessidades de aprendizagem dos alunos, a fim de obter resultados significativos na produção do conhecimento. Quando utilizados corretamente, os multimeios promovem o desenvolvimento da criatividade dos alunos, facilitando a compreensão do conteúdo apresentado no ambiente escolar e permitindo uma maior interação entre professor e aluno. No entanto, é necessário que o professor não apenas saiba manusear essas ferramentas, mas também as aproveite adequadamente em sala de aula para estimular a aprendizagem dos alunos. A introdução do computador na área educacional possibilitou o uso de textos, imagens e sons em sala de aula, proporcionando o acesso a materiais interativos. Ele pode ser considerado um recurso dinâmico de mediação entre o professor e o aluno. A utilização dos multimeios e multimídiasna educação nos proporciona a oportunidade de conhecer e utilizar as linguagens presentes nos diversos meios de comunicação. Isso leva os alunos a se envolverem em um processo interativo, reflexivo e socializador, preparando-os para a sociedade contemporânea. Além dos materiais didáticos mencionados anteriormente, existem ainda uma variedade de recursos disponíveis, tais como filmes, vídeos, gravador, folders, jornais, revistas, mapas, museus, rádio, slides, televisão, livros didáticos e paradidáticos, CDs, DVDs, entre outros. A escolha dos materiais didáticos a serem utilizados desempenha um papel crucial. Como o professor é o autor de sua prática e um profissional reflexivo, é importante que ele tenha o cuidado de identificar e selecionar recursos que possam motivar e estimular os alunos, contribuindo para o desenvolvimento da reflexão sobre os conteúdos abordados. É fundamental lembrar que os materiais didáticos precisam ser adequados aos objetivos de aprendizagem. E que o professor faça um planejamento adequado, estabelecendo os objetivos a serem alcançados e como os materiais didáticos poderão auxiliar nesse processo. Dessa forma, as atividades educativas se tornarão eficazes para o aprendizado. 4.2 Resumindo Nesta aula, foi evidente a importância do planejamento na prática, docente. Não é concebível uma instituição educacional sem um plano educacional estruturado e um plano de ensino bem organizado para orientar o professor na elaboração do plano de aula. O planejamento é essencial em todas as ações humanas e indispensável, na prática de ensino, ao ser por meio dele que se verifica se os objetivos educacionais foram alcançados, permitindo a revisão de estratégias caso os resultados não sejam satisfatórios. Um bom planejamento, no contexto educacional como o plano de aula, possibilita a seleção adequada dos materiais didáticos e como eles podem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. Discutimos também a utilização do material didático, sua classificação e importância. No entanto, é importante ressaltar que o material didático por si só não é suficiente para garantir uma boa aula. O professor, além de possuir conhecimento sólido e estar em constante aprendizado, precisa utilizá-lo de maneira criativa, a fim de tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. É a combinação do material didático adequado com a habilidade pedagógica do professor que promove uma experiência de aprendizagem enriquecedora para os alunos. 5 Legislação relevante para a elaboração e avaliação de materiais didáticos A criação de materiais didáticos envolve uma sequência de atividades cujo objetivo é estabelecer mecanismos eficazes de aprendizagem. Inicialmente, é realizado um processo de análise das necessidades dos alunos, seguido pela definição de objetivos e desenvolvimento dos materiais a serem implementados e avaliados. Nesse sentido, Castro et al. (2021), estabelece que é essencial buscar a integração entre os diferentes formatos de materiais didáticos, como impressos, digitais e audiovisuais, de forma que eles se complementem. É importante considerar também as potencialidades e limitações de cada linguagem utilizada, visando a troca de conhecimento, socialização e interação conforme as diferentes abordagens pedagógicas. Considerando a diversidade dos alunos em termos de condições físicas, intelectuais, emocionais, origens socioeconômicas, crenças, etnias, gêneros e contextos socioculturais, é fundamental que a escola seja acolhedora e inclusiva, oferecendo materiais didáticos adequados que abranjam as diversas áreas do conhecimento. Para atender a essas necessidades, é recomendável desenvolver materiais que englobem as diversas demandas, ampliando assim a oferta de recursos didático-pedagógicos. Nesse processo, é significativo utilizar e combinar diferentes meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC). No entanto, é imprescindível que a produção desses materiais esteja conforme as orientações estabelecidas pela legislação educacional, a fim de garantir o desenvolvimento adequado dos processos educacionais. Visando aprimorar a qualidade dos livros didáticos, o Ministério da Educação (MEC) promoveu, em 1994, uma avaliação abrangendo os conteúdos programáticos, assim como os aspectos pedagógicos e metodológicos, dos dez títulos mais utilizados em cada área de ensino fundamental. Os critérios estabelecidos para essa avaliação foram divulgados no livro intitulado “Definição de critérios para avaliação dos livros didáticos”. A Resolução n.º 38 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE n.º 38), datada de 15 de outubro de 2003, estabeleceu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino Médio (BRASIL, 2003c). Em 2009 e 2012, foram publicados os primeiros e segundos guias dos livros didáticos para o ensino médio, os quais continham critérios de avaliação específicos para livros de Física nessa etapa. Inicialmente, os critérios para análise dos materiais didáticos impressos eram definidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Posteriormente, foram incorporados à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), à Legislação em Educação a Distância (EAD), ao Parecer e à Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de professores da educação básica, bem como aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte de normas gerais para a organização do sistema educacional em níveis federal, estadual e municipal. Cada um desses níveis é responsável por estruturar seu próprio sistema de ensino, enquanto a coordenação da política nacional de educação é competência da União. A Lei n.º 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases (LDB), e suas subsequentes alterações foram derivadas da Constituição Federal (artigos 205 a 214). Sua função primordial é regular e organizar a estrutura da educação brasileira, estabelecendo concepções, valores e finalidades para a educação. Ela estabelece referências de qualidade e orientações para a elaboração de materiais didáticos na modalidade de Educação a Distância (EAD) no ensino profissional e tecnológico (BRASIL, 1996). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) também estabelece a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que serve como referência para os currículos dos sistemas de ensino e redes de educação nas diferentes Unidades Federativas do Brasil. Além disso, a BNCC orienta as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas que oferecem educação infantil, ensino fundamental e ensino médio em todo o país. Conforme o artigo 26 da LDB, os currículos do ensino fundamental e médio devem possuir uma base nacional comum, a qual deve ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada que considere as características regionais e locais da sociedade, cultura e economia dos estudantes. A referida Lei estabelece ainda a existência de órgãos com funções normativas nos diferentes sistemas de ensino. No âmbito Federal, temos o Conselho Nacional de Educação (CNE), criado pela Lei Federal n.º 9.131/1995 e vinculado ao Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1995). Nos estados, existem os Conselhos Estaduais de Educação (CEE), e nos municípios há a possibilidade de organização dos Conselhos Municipais de Educação (CME). O CNE é responsável por emitir pareceres e resoluções sobre atos normativos, que serão analisados pelo MEC e posteriormente homologados ou não. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são normas obrigatórias para a educação básica. Elas orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Mesmo após a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as diretrizescontinuam em vigor, uma vez que os dois documentos se complementam. Enquanto as DCN estabelecem metas e objetivos para a educação básica, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) funcionam como referência para a elaboração e atualização das propostas curriculares das escolas. Os PCN, que foram criados antes das DCN, não possuem obrigatoriedade legal, uma vez que as DCN e a BNCC são complementares e abrangem todos os níveis da educação básica. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que regulamenta as aprendizagens fundamentais que todos os alunos, tanto em escolas públicas quanto particulares, devem desenvolver. A BNCC assegura os mesmos direitos a todas as crianças e jovens, orientando os currículos em todo o país e promovendo qualidade e equidade na educação. Juntamente com outras leis e regulamentos, o Decreto n.º 9.099, datado de 18 de julho de 2017, que trata do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), estabelece em seu artigo 10 que a avaliação pedagógica dos materiais didáticos no âmbito do programa será coordenada pelo Ministério da Educação (MEC). Essa avaliação será realizada com base em critérios específicos, conforme aplicáveis, sem excluir a possibilidade de inclusão de outros critérios por meio de edital (BRASIL, 2017, documento online) a saber: I — o respeito à legislação, às diretrizes e às normas gerais da educação; II — a observância aos princípios éticos necessários à construção da cidadania e o convívio social republicano; III — a coerência e a adequação da abordagem teórico-metodológica; IV — a correção e a atualização de conceitos, informações e procedimentos; V — a adequação e a pertinência das orientações prestadas ao professor; VI — a observância às regras ortográficas e gramaticais da língua na qual a obra tenha sido escrita; VII — a adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico; VIII — a qualidade do texto e a adequação temática (BRASIL, 2017, documento online). No contexto mencionado, é evidente a existência de regulamentações e critérios que devem ser considerados na elaboração de materiais didáticos, bem como em sua função no processo pedagógico de cada modalidade. Além das normas já mencionadas, destaca-se a Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Direito Autoral (LDA), cujo objetivo é proteger os direitos dos autores, reconhecendo aqueles que criam obras literárias, artísticas e científicas com originalidade. Existem também as normas técnicas regulamentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Conforme as diretrizes da ABNT, toda mídia impressa deve estar conforme as normas e padrões estabelecidos por ela. Essas normas são baseadas em padrões internacionais, buscando padronizar as obras. Elas definem aspectos estruturais, orientando a composição dos elementos, formatação, citações, uso de tabelas, gráficos, imagens, entre outros. 5.1 Consequências da inobservância das regulamentações legais na qualificação dos materiais Castro et al. (2021), esclarece que todo recurso pedagógico deve atender aos propósitos e às necessidades da instituição de ensino, promovendo-se, assim, o estímulo à elaboração de materiais cada vez mais adequados às exigências do sistema educacional brasileiro, segundo o planejamento pedagógico estabelecido e os dispositivos legais vigentes na área da educação. Segundo o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), os recursos didáticos não devem disseminar ideias preconceituosas, devem manter-se atualizados em relação aos avanços teóricos e práticos na pedagogia, evitar a reprodução de estereótipos e evitar o uso de informações incorretas ou desatualizadas em cada campo de conhecimento. As obras que apresentam equívocos conceituais, conduzem a erros, estão desatualizadas, promovem preconceito ou discriminação de qualquer natureza são excluídas do Guia do Livro Didático. A avaliação pedagógica realizada em obras de todos os níveis educacionais requer a análise da excelência do texto verbal e visual, a adequação da categoria, tema e gênero literário, o cuidado com o projeto gráfico- editorial e a qualidade dos recursos de apoio. Obras que não atendam a esses critérios serão desconsideradas. O propósito de seguir tais critérios é garantir que os materiais promovam a aprendizagem e o progresso educacional, bem como desenvolvam habilidades e competências essenciais durante a educação básica. Conforme o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2019, para atingir os padrões de qualidade e estar conforme a legislação, a obra didática deve: […] — veicular informação correta, precisa, adequada e atualizada; — proporcionar, como mediador pedagógico e ao lado de outros materiais educativos, condições propícias à busca pela formação cidadã, favorecendo que os estudantes possam estabelecer julgamentos, tomar decisões e atuar criticamente frente às questões colocadas pela sociedade, ciência, tecnologia, cultura e economia. — contribuir, como parte integrante de suas propostas pedagógicas, efetivamente para a construção de conceitos, posturas frente ao mundo e à realidade, favorecendo, em todos os sentidos, a compreensão de processos sociais, científicos, culturais e ambientais (BRASIL, 2018, p. 22). Todos os parâmetros de avaliação das obras didáticas, especialmente aquelas voltadas para o ensino da língua portuguesa, encontram-se estabelecidos no Edital de Convocação, no Decreto n.º 9.099/2017 e em total consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa forma, é imprescindível o respeito a esse conjunto de especificações e critérios específicos para as obras destinadas à educação básica, resultando na desclassificação das obras que não atendam a tais exigências. No que tange à avaliação pedagógica das obras direcionadas ao ensino da língua portuguesa, os critérios adotados são ainda mais abrangentes, uma vez que esses materiais devem estar consoantes com as especificidades didáticas e metodológicas próprias dessa área do conhecimento, assegurando que os conceitos, informações e procedimentos estejam atualizados, corretos e adequados. Além disso, são avaliados critérios particulares relacionados à área e alinhados com cada nível de ensino contemplado pela BNCC. Dessa forma, o ensino da língua portuguesa se organiza em eixos estruturais, que abrangem oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e gramaticais, bem como educação literária. Portanto, os critérios de avaliação das obras disciplinares destinadas à educação básica devem observar rigorosamente: a) adequação, de maneira geral, aos critérios universais e específicos estabelecidos nos editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); b) congruência e consistência entre os conteúdos e as atividades propostas, em relação aos objetos de conhecimento e habilidades constantes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); c) abrangência de todos os objetos de conhecimento e habilidades contemplados na BNCC. É fundamental que, nas escolas públicas, sejam observadas a abordagem adequada dos objetos de conhecimento segundo as habilidades correspondentes a cada componente curricular, considerando a clareza, coerência e progressão no desenvolvimento dos conteúdos, alinhados aos objetivos propostos e à sequência de aprendizagem. Além disso, é importante destacar a importância do respeito ao projeto gráfico, incluindo a utilização adequada de imagens e a organização adequada de capítulos, seções, tópicos, entre outros elementos. No que diz respeito aos materiais utilizados por escolas particulares e materiais não escolares, não existe uma legislação específica para sua produção, podendo ou não ser considerados os critérios aplicados às escolas públicas. No entanto, é importante observar as orientações do Ministério da Educação (MEC) por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa forma,cada escola tem a autonomia para adaptar o material didático de acordo com sua filosofia de ensino e projeto pedagógico. No contexto das escolas públicas, caso seja constatado o descumprimento de qualquer critério, as obras são eliminadas de qualquer processo de seleção. Entretanto, se as não conformidades forem identificadas posteriormente, durante o processo, a editora responsável sofrerá sanções. A multa aplicada é calculada com base em um percentual determinado pelo valor por página estabelecido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC. Além disso, é necessário que os relatórios, amostras e obras analisadas estejam disponíveis para consulta. Transgressões, atos ilícitos e envolvimento indevido de indivíduos externos à comunidade escolar durante o processo de seleção das obras ou no registro da escolha no sistema constituem violações das diretrizes éticas do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e afetam negativamente, principalmente, a autonomia dos professores e das escolas. Diante de irregularidades e fraudes, é instaurada uma investigação para apurar a veracidade dos acontecimentos, uma vez que, de maneira geral, tais informações chegam ao Ministério da Educação (MEC) por meio de denúncias. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) conta com a Comissão Especial de Apuração de Conduta (CEAC), responsável por investigar as denúncias relacionadas ao programa. A secretaria executiva do Ministério da Educação (MEC) deve prestar apoio às atividades da CEAC, fornecer informações nos prazos estabelecidos, encaminhar denúncias à comissão e acompanhar o andamento do processo. A função principal dessa comissão é analisar, tomar decisões e investigar casos de descumprimento das normas de execução do PNLD, podendo impor sanções administrativas aos envolvidos em irregularidades em todo o país. Além disso, o PNLD, conforme a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/2015), determina que obras acessíveis devem ser adquiridas. O não cumprimento, atraso no fornecimento ou não conformidade com os critérios estabelecidos no contrato de aquisição dessas obras digitais acessíveis resultará na aplicação de multas, conforme estabelecido pela legislação (BRASIL, 2015). Assim como o PNLD, a Lei de Direitos Autorais (LDA) garante a proteção dos direitos da propriedade intelectual, estabelecendo punições para o descumprimento. Consoante o artigo 184 do Código Penal Brasileiro (BRASIL, 2003a), aqueles que violarem os direitos autorais e conexos podem ser condenados à detenção de três meses a um ano ou multa. Caso a violação envolva a reprodução total ou parcial com intenção de lucro, a pena pode ser de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. Na atualidade, a utilização da tecnologia é empregada para a reprodução de cópias não autorizadas. Essa prática tem levado ao surgimento de uma problemática significativa para os autores: o plágio. O ato de copiar textos sem a devida autorização do autor constitui uma conduta ilícita. A apropriação indevida do conteúdo textual alheio, fazendo-o passar como obra original, configura-se como crime de plágio (CASTRO et al., 2021). 5.2 Promovendo a construção de um ambiente de aprendizagem democrático Estamos abordando o tema dos recursos e materiais didáticos, explorando sua natureza, finalidade e as normatizações que os estabelecem. A partir deste entendimento e com foco nos conhecimentos discutiremos a importância de criar um ambiente propício para utilizá-los e como podemos estabelecer ambientes adequados para sua aplicação. O objetivo é transformar a sala de aula em um ambiente agradável e propício para a aprendizagem dos alunos, facilitando aos professores a utilização desses recursos e aprimorando o processo de ensino e aprendizagem. Para compreender melhor o que constitui um ambiente de aprendizagem adequado, vale recorrer à teoria das inteligências múltiplas (IM). Essa teoria oferece suporte ao processo de aprendizagem humana e orienta sobre como criar um ambiente didático fundamentado nas inteligências múltiplas. Para tanto, Luz (2016), explora o conceito de ambientes de aprendizagem com base na teoria das inteligências múltiplas. Nesse sentido, é importante compreender o significado da educação no século XXI. Consoante as reflexões da referida autora, a educação é uma ação intencional que ocorre em um contexto histórico e está inserida em uma realidade social. Essa ação pode ser progressista e libertadora, ou conservadora, dependendo do objetivo e da abordagem metodológica adotada. O método utilizado na educação é o que irá caracterizá-la, não apenas o conteúdo do conhecimento em si. É como a educação é realizada que a torna libertadora e progressista. Portanto, compreende-se que a transformação na educação ocorrerá de maneira única para cada professor, pois sua prática é construída e reconstruída a cada aula. Cada aula diferirá se o método adotado refletir uma realidade dinâmica e se afastar da monotonia que muitas vezes ocorre nas salas de aula. O uso exclusivo do método expositivo, onde apenas o professor transmite conhecimento e os alunos são meros receptores, não é mais suficiente ou adequado para as demandas educacionais atuais. É necessário adotar abordagens mais interativas e participativas, que estimulem a criatividade, a colaboração e o envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem. Portanto, construir um ambiente de aprendizagem efetivo e engajador requer uma reflexão sobre os objetivos educacionais, a seleção adequada de metodologias e a promoção de práticas pedagógicas inovadoras. Isso permitirá que a educação no século XXI seja verdadeiramente transformadora, preparando os alunos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. O método expositivo, no qual o professor monopoliza a fala e o aluno é apenas um ouvinte passivo, já não é mais eficiente. Ele precisa estar alinhado com as necessidades da sociedade na totalidade. Nesse sentido, Luz (2021) reflete da seguinte maneira: O método de ensino deve permitir alcançar o objetivo educacional, o qual é capacitar o aluno a analisar criticamente a prática social em que está inserido. Esse processo não ocorre isoladamente, nem mesmo em uma relação individual entre professor e aluno. É um processo coletivo no qual um grupo de pessoas se envolve com o conhecimento, mantendo suas perspectivas individuais. 5.3 Resumindo Nesta aula, tivemos em vista compreender que o processo de elaboração de materiais didáticos é composto por uma série de etapas que visam estabelecer mecanismos eficientes de aprendizagem, inicialmente, é realizada uma análise das necessidades dos alunos, seguida pela definição de objetivos e pelo desenvolvimento dos materiais a serem criados, implementados e avaliados. A fim de suprir tais necessidades, é aconselhável elaborar materiais que abarquem as diferentes demandas, ampliando, desse modo, a disponibilidade de recursos didático-pedagógicos. Deste modo, perpassamos pelas legislações relevantes para o processo de elaboração e avaliação de materiais didáticos. É incontestável a presença de regulamentações e critérios que devem ser considerados na elaboração de materiais didáticos, assim como em sua relevância no processo pedagógico de cada modalidade. E ainda as consequências que a inobservância destas legislações podem ocasionar. E por fim, entendemos que a educação é uma ação propositada que se desenvolve em um contexto histórico e está inserida em uma realidade social. Nesse sentido, estabelecer um ambiente de aprendizagem eficaz e envolvente requer uma cuidadosa reflexão sobre os objetivos educacionais, a escolha apropriada de metodologias e a promoção de práticas pedagógicas inovadoras com vistas as inteligências múltiplas. 6 Adequação dos recursos e materiais didáticos aos conteúdosda aprendizagem Visando à formação integral dos alunos, é necessário abranger todas as capacidades humanas. Para alcançar esse objetivo, é fundamental incluir nos currículos escolares uma variedade de conteúdos com características diversas, proporcionando uma formação básica e abrangente. Dessa forma, Luz (2016), esclarece que o processo de ensino e aprendizagem abarca uma ampla gama de conhecimentos, habilidades, técnicas e estratégias de ensino, bem como determinados comportamentos esperados dos alunos. Para realizar as atividades educacionais relacionadas ao cotidiano da sala de aula, é necessário contar com ferramentas que nos permitam ter um conhecimento aprofundado do processo de ensino e aprendizagem. Um dos instrumentos que pode auxiliar nesse entendimento é a análise e categorização dos diferentes conteúdos de aprendizagem, considerando suas características comuns. Esses conteúdos englobam tudo o que é objeto de aprendizado em um contexto educacional, possibilitando uma melhor compreensão de como são ensinados e assimilados. Um recurso pedagógico valioso é a classificação dos conteúdos de aprendizagem com base em sua utilização. Portanto, em nossa prática educacional, utilizamos a classificação dos conteúdos em três grupos: conceituais, procedimentais e atitudinais. Essas categorias nos indicam que existem conteúdos que precisamos conhecer (conceituais), conteúdos que precisamos saber fazer (procedimentais) e conteúdos que precisamos ser (atitudinais). Dessa forma, considera-se como conteúdos de aprendizagem não apenas aquilo que precisa conhecer ou saber, mas também tudo o que faz parte da formação educacional e engloba uma variedade de elementos, como habilidades, eventos, modelos interpretativos do mundo real e da sociedade, entre outros. Luz (2016), adota essa abordagem porque entende que a tarefa educativa deve ser realizada de maneira consciente e requer a disponibilidade de instrumentos interpretativos que permita compreender os processos de ensino e aprendizagem em sua totalidade. Aprendemos de maneiras distintas aquilo que sabemos, o que sabemos fazer e o que nos leva a agir de determinadas maneiras. Para ocorrer uma aprendizagem autêntica, os conteúdos de aprendizagem devem estar sempre interligados e não podem ser abordados fragmentadamente em propostas compartimentadas, pelas razões que Zabala et al. (2007) aponta a seguir: Razão 1 – está relacionada à relevância das aprendizagens: se desejamos que o que é aprendido tenha significado para o aluno, deve estar bem conectado a todos os componentes que o tornam compreensível e funcional. Portanto, dominar uma técnica ou algoritmo não será útil se desconhecemos o propósito de sua utilização, ou seja, se não estivermos familiarizados com seus componentes conceituais. Por exemplo, ter habilidade em adição não terá valor se não soubermos aplicá-la como meio para resolver situações de soma (compreensão conceitual da adição). Além disso, esses dois conteúdos — o procedimental (adição) e o conceitual (soma) — serão mais ou menos eficazes ou serão adquiridos pelo aluno de maneiras diferentes, dependendo do quadro atitudinal em que foram aprendidos. Razão 2 – baseia-se em uma constatação: quando aprendemos algo, sempre há componentes conceituais, procedimentais e atitudinais envolvidos. Podemos estar mais ou menos conscientes disso, seu ensino pode ser intencional ou não, mas, de qualquer forma, no momento da aprendizagem estamos simultaneamente utilizando ou reforçando conteúdos de natureza conceitual, procedimental e atitudinal. Isso ocorre, é claro, desde que as aprendizagens não sejam puramente mecânicas. Nas diferentes disciplinas ou unidades didáticas, são abordados e reforçados simultaneamente conteúdos de natureza diversa, que devem ser aprendidos. Portanto, para Luz (2016), é importante compreender as particularidades da aprendizagem de cada tipo de conteúdo trabalhado, a fim de analisar as características das várias atividades envolvidas no processo e os efeitos que cada uma delas têm. Cada conjunto de conteúdos de aprendizagem apresenta características distintas, o que pode levar o professor a adotar uma abordagem de ensino de cunho antropológico. Essa abordagem antropológica proporcionará oportunidades para o aluno construir seu conhecimento com base em suas necessidades reais como ser social. Com base nisso, os conteúdos conceituais podem ser subdivididos em três grupos: fatos, conceitos e sistemas conceituais ou princípios. Eles abrangem conhecimentos teóricos específicos, como nomes de personalidades, datas de eventos históricos, compreensão do sistema de classificação dos seres vivos ou até mesmo o sistema respiratório humano. Esses conhecimentos podem ser considerados complexos. Já no grupo dos conteúdos atitudinais, destaca-se o conhecimento sobre o mundo e a sociedade, envolvendo questões sociais presentes em diferentes contextos históricos. Esses conteúdos também podem ser divididos em três subgrupos: valores, normas e atitudes (LUZ, 2016). O grupo dos conteúdos procedimentais, consoante a concepção de Zabala et al. (2007), engloba os conteúdos didáticos que consistem em um conjunto de ações organizadas e direcionadas a um fim ou objetivo. Um conteúdo procedimental abrange regras, técnicas, métodos, habilidades, estratégias e procedimentos. Ele envolve desde ações simples, como abrir uma porta, até ações mais complexas, como ler, escrever, deduzir, desenhar, traduzir ou realizar cálculos estruturais e construir objetos. Essas habilidades podem ser aprendidas de maneira simples, a partir de situações significativas e funcionais. Como se realizam essas ações? A resposta é simples: realizando-as, na prática. Outrossim, os conteúdos procedimentais, que se referem ao “saber fazer”, são o objetivo final do processo de aprendizagem e serão aprendidos pelos alunos por meio da execução de ações correspondentes a esses conteúdos. Para Luz (2016), é essencial que os alunos pratiquem repetidamente essas ações, garantindo que cada um domine o conhecimento necessário. Essa consciência da necessidade de prática permite também analisar os diferentes ritmos de aprendizagem e adaptar as atividades segundo as características individuais de cada aluno e dos conteúdos a serem aprendidos. Embora não aprofundemos a definição e compreensão dos tipos de conteúdo de aprendizagem, é importante destacar alguns parâmetros que nos ajudam a entender sua natureza e como são aprendidos, o que nos orienta na forma de ensiná-los. Um aspecto fundamental no trabalho educacional é a apresentação de modelos para a realização dos conteúdos de aprendizagem. Os próprios alunos podem e devem participar desse processo, trazendo modelos para a sala de aula e apoiando as diferentes ações iniciadas pelo professor. Isso permite aos estudantes realizar conquistas independentes que contribuem para a construção do conhecimento individual e coletivo. Essa possibilidade se torna viável porque o ser humano só consegue aprender quando se torna o sujeito de sua própria educação. Ao criar sua própria história e se esforçar para reconstruir-se pessoalmente, o indivíduo desenvolve um pensamento autônomo em relação a uma determinada situação. Esse esforço de reconstrução pessoal é o que muitos autores chamam de aprendizagem autêntica, caracterizada por uma abordagem crítica e criativa na manipulação do conhecimento e na compreensão de como e onde aplicá-lo. Ainda, consoante a referida autora, ao reconhecermos a capacidade interpretativa e participativa dos alunos em relação à utilização e aplicação do conhecimento, estaremos colocando os conteúdos atitudinais (ser) como o primeiro passo do processo educacional. Isso ocorre porque não é suficiente apenas realizar exercícios ou práticas, é necessário refletir sobre como estamos utilizando ambose quais são as condições ideais para seu uso. Essas reflexões nos permitirão valorizar os conhecimentos teóricos envolvidos no processo (conteúdos conceituais — saber), o que, por sua vez, levará ao aprendizado dos conteúdos procedimentais (saber fazer). O processo de construção do conhecimento individual e coletivo inicia-se a partir da fase de síncrese, em que os alunos têm uma visão caótica do todo, sem uma compreensão clara dos conteúdos da aprendizagem. No entanto, à medida que avançam, através da análise da realidade que os cerca, eles gradualmente alcançam a síntese, a qual é uma releitura da prática social. Nesse estágio, os alunos conseguem aplicar os conteúdos da aprendizagem de forma autônoma, sem depender constantemente das orientações e explicações do professor. Eles transformam esses conteúdos em uma totalidade rica de determinações e relações múltiplas, contribuindo assim para uma nova práxis revolucionária. No entanto, não basta apenas ter conhecimento teórico e capacidade reflexiva. É fundamental que essa reflexão seja aplicada à nossa própria atuação. Todo exercício e prática requer um suporte reflexivo que nos permita analisar nossas ações e aprimorá-las. Ao utilizarmos os conjuntos de conteúdos da aprendizagem como ferramentas de ensino, proporcionamos aos alunos a oportunidade de participar de um verdadeiro processo de ensino e aprendizagem. Todos os envolvidos na educação, tanto professores quanto alunos, interagem para a construção do conhecimento em grupo. Este trabalho é contínuo e em constante evolução. A cada turma, novas contribuições são adicionadas, visando fortalecer a relação entre teoria e prática construída com base no conhecimento acumulado. Reconhecemos a importância desse trabalho, seu impacto na sociedade e seu papel na formação de alunos engajados na transformação social. Com base em todas as considerações apresentadas, fica claro que esse trabalho reflete o que muitos educadores deste século consideram como a essência da educação: estimular vivências no processo de conhecimento, resultando em experiências de aprendizagem significativas, estimulando a criatividade para a construção de novos conhecimentos e desenvolvendo habilidades para pensar sobre uma variedade de assuntos (LUZ, 2016). 6.1 A seleção de recursos e materiais de ensino com base nas características dos conteúdos Consoante a Luz (2016), ao adquirir conhecimento sobre a classificação da aprendizagem e a seleção de recursos e materiais didáticos conforme as características dos conteúdos é necessário considerar o planejamento da aula, o grupo e a classe, que definem o escopo da intervenção educacional. Isso envolve orientar, exemplificar e ilustrar, ou seja, ter a intenção de guiar o aprendizado. Além disso, é importante pensar nos conteúdos e na maneira como eles são organizados, buscando ações integradoras e abrangentes para os conteúdos procedimentais e conceituais. Quanto aos recursos, eles são fundamentais e podem incluir o uso de quadro-negro, papel, cadernos, fichas, livros didáticos e vários outros recursos disponíveis. No caso dos conteúdos atitudinais, as opções de recursos são mais limitadas, sendo os vídeos e textos as principais alternativas. A utilização dos recursos apresentados, com base nas classificações dos conteúdos, fornece aos professores referências e critérios para orientar suas decisões e guiar suas atividades em sala de aula. Esses recursos são úteis no planejamento, nas intervenções de ensino e no processo de avaliação. Seu objetivo é contribuir para a criação e desenvolvimento do percurso didático de cada professor, tornando as diversas possibilidades de recursos e materiais didáticos mais claras. Por isso, essas ferramentas de produção didática são apresentadas, para que professores e alunos possam construir seus conhecimentos. Destacamos a importância da especialidade do professor, que domina os conteúdos pedagógicos e os conhecimentos historicamente construídos relacionados aos recursos didáticos, nessa relação. Por outro lado, a referida autora argumenta que, considerando a necessidade de incorporar recursos para abordar os conteúdos de aprendizagem no cotidiano escolar, uma vez que esses recursos também estão presentes na vida em geral, devemos considerar o seguinte: É importante diversificar as formas de produzir e adquirir conhecimento. Devemos estudar os recursos como objeto e meio para alcançar o conhecimento, ao deverem transmitir uma mensagem e desempenhar um papel social. Devemos permitir que os alunos se familiarizem com a diversidade de recursos disponíveis na sociedade, os quais podem e devem ser utilizados em sala de aula. Os recursos devem: Ser acessíveis a todos. Dinamizar o trabalho pedagógico. Desenvolver a capacidade do aluno de analisar criticamente os conteúdos de aprendizagem. Ser parte integrante do processo de ensino e aprendizagem, possibilitando a expressão e a troca de diferentes conhecimentos. Todos os envolvidos na educação devem se apropriar desses recursos, por desempenharem um papel crucial na interpretação e produção do conhecimento, que está em constante evolução e construção, assim como a própria realidade: dinâmica, diversa e mutável. Abaixo, apresentamos uma nova classificação dos recursos didáticos com base nas características tipológicas dos conteúdos de aprendizagem. Eles são divididos em dois grupos: recursos didáticos independentes e recursos didáticos dependentes. Recursos didáticos independentes são aqueles que podem ser utilizados para abordar individualmente ou em conjunto os três conjuntos de conteúdos da aprendizagem: atitudinais, conceituais e procedimentais. Esses recursos são mais facilmente encontrados e trabalhados nas escolas. A exemplo destacamos: álbum seriado, cartão relâmpago, cartaz, ensino por fichas, estudo dirigido, gráfico, jogo, livro didático, mapa, globo, entre outros. Recursos didáticos dependentes são aqueles utilizados para trabalhar os conteúdos procedimentais, ou seja, aqueles relacionados ao saber fazer. A seguir, apresentamos alguns exemplos desses recursos, que estão relacionados às tecnologias educacionais emergentes: AVA — Ambiente Virtual de Aprendizagem, audioconferências, blogs, chats, correio eletrônico, FAQ — Frequently Asked Questions ou perguntas mais frequentes, fórum de discussão, homepage, internet e suas ferramentas, palmtops, site, software, videoconferência, webquest, entre outros. Os recursos didáticos mencionados anteriormente são amplamente conhecidos por todos nós e já fazem parte de nosso cotidiano, assim como da educação. Muitas vezes, nem nos damos conta de que eles são ferramentas fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem. Seria difícil imaginar nossa vida sem esses recursos, como celulares, tablets, internet, redes sociais, e-mails, fóruns e até mesmo sites como a Wikipédia, pois eles facilitaram e se tornaram indispensáveis em nossas vidas. Agora, imaginem como seria se todos os professores utilizassem esses recursos na construção do processo de ensino e aprendizagem. Certamente, isso traria benefícios significativos, pois permitiria explorar todo o potencial dessas ferramentas no contexto educacional, proporcionando experiências de aprendizagem mais dinâmicas, interativas e enriquecedoras. Inicialmente, pode-se pensar que esse grupo de recursos está inteiramente voltado para as inovações tecnológicas que estão emergindo rapidamente em nossa sociedade. Afinal, estamos vivendo na era das tecnologias emergentes. No entanto, esse grupo inclui também outras tecnologias que existem há décadas e estão profundamente enraizadas em nossos processos educacionais, às vezes passando despercebidas. Entre elas, destacam-se: computador, DVD, mídia sonora, rádio, slides, televisão, transparências para retroprojetor,vídeo, entre outros. Em suma, devemos começar a pensar em quais outros recursos podem ser utilizados e nos surpreender com as possibilidades. Existem diversas opções que podem enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando variedade e interatividade. É importante explorar novas ideias e estar aberto a recursos que tornem as aulas mais envolventes e efetivas. Com a evolução constante da tecnologia e a diversidade de recursos disponíveis, há sempre novas ferramentas e abordagens a serem consideradas (LUZ, 2016). 6.2 Resumindo Durante esta aula, exploramos a importância de adaptar os recursos e materiais didáticos aos conteúdos da aprendizagem. Os conceitos de saber, saber fazer e ser desempenharam um papel fundamental nesse processo. Analisamos os conteúdos da aprendizagem com base em suas características tipológicas, assim como os conteúdos pedagógicos e os conhecimentos historicamente construídos relacionados aos recursos didáticos. Ao considerar esses elementos, visamos criar uma conexão significativa entre os recursos utilizados e os conteúdos a serem aprendidos. Reconhecemos que os recursos didáticos desempenham um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem, e sua escolha e adaptação adequadas podem enriquecer a experiência educacional, promovendo o desenvolvimento dos alunos de forma abrangente. Ao relacionar os conteúdos pedagógicos aos conhecimentos historicamente construídos com os recursos didáticos, visamos utilizar os recursos de maneira efetiva, permitindo que os alunos construam conhecimentos sólidos e relevantes. O objetivo é proporcionar uma experiência de aprendizagem significativa e enriquecedora, que considere tanto os conteúdos a serem aprendidos quanto as características individuais dos alunos. No geral, ao adaptar os recursos e materiais didáticos aos conteúdos da aprendizagem, estamos buscando criar um ambiente de ensino e aprendizagem que seja relevante, envolvente e efetivo, contribuindo para o desenvolvimento integral dos alunos. 7 a estruturação dos materiais didáticos A elaboração de um planejamento para um curso, disciplina, livro ou qualquer material de ensino requer criar um pré-projeto. Esse processo envolve a análise das necessidades, a definição do público-alvo, dos objetivos de aprendizagem, dos conteúdos a serem abordados e do ambiente de ensino, seja físico ou virtual. Para tanto, Castro et al. (2021), retrata que é necessário planejar as metodologias, os recursos e as formas de avaliação adequadas. Além disso, é importante considerar a infraestrutura necessária para dar suporte ao processo, bem como o processo de seleção e treinamento dos autores dos materiais. É recomendável montar uma equipe multidisciplinar, composta por autores, revisores, designers instrucionais, designers gráficos e web designers, para a produção do material. A gestão do desenvolvimento do material e das questões de direitos autorais, assim como os processos de avaliação contínua e atualizações, também devem ser planejados. Um pré-projeto bem estruturado facilita significativamente a gestão do desenvolvimento e a distribuição dos materiais didáticos. Após a conclusão do pré-projeto e considerando os recursos financeiros disponíveis, é necessário contratar os professores-autores e fornecer-lhes treinamento, juntamente com a equipe multidisciplinar. Os autores devem elaborar o material, seguindo uma abordagem que vai do geral ao específico e fornecendo um detalhamento completo do conteúdo. Além do livro-texto, é possível criar materiais complementares, como vídeos, a fim de facilitar a aprendizagem. Após a criação do material, é necessário que os coordenadores de conteúdo realizem uma revisão completa, incluindo aprovações editoriais e uma análise minuciosa. Todo o conteúdo deve ser examinado e corrigido, abrangendo tanto a parte teórica quanto a metodologia e a redação do texto. Além disso, é verificado se os autores seguiram os padrões institucionais, se o conteúdo proposto na ementa e no cronograma foi devidamente abordado e se possui a qualidade e profundidade adequadas. Caso haja necessidade de ajustes, o material é devolvido aos autores, estabelecendo um prazo para as correções serem realizadas e submetidas novamente ao coordenador de conteúdo. Após a validação final, o material é encaminhado à equipe multidisciplinar. Inicialmente, os designers instrucionais avaliam se o material é suficiente e adequado para os alunos poderem compreender e aprender o conteúdo. Posteriormente, podem ser propostas atividades complementares para aprimorar ainda mais a qualidade do material. Em seguida, entra em cena a etapa de projeto gráfico e diagramação, envio à gráfica, quando se trata de materiais físicos, e a organização logística da distribuição. É fundamental realizar avaliações regulares dos materiais, garantindo que estejam sempre atualizados e adequados. É importante desenvolver indicadores que permitam avaliar o nível de satisfação e realizar ajustes no conteúdo ao longo do uso dos materiais. É essencial que essas etapas sejam cuidadosamente planejadas, a fim de evitar retrabalho e desperdício de recursos. Da mesma forma, os materiais didáticos utilizados como recursos nas aulas devem ser planejados para auxiliar estudantes e professores a alcançarem seus objetivos de ensino e aprendizagem. Tanto a forma quanto o conteúdo dos materiais devem ser projetados para facilitar a construção do conhecimento, desenvolvendo habilidades e competências específicas. Nesta abordagem Bento (2016, p. 21/22), retrata que: É importante ressaltar que é necessário ter muito cuidado no momento da produção do material didático para evitar fragilidades oriundas de conceitos abordados incoerentemente, atividades que não estão relacionadas com os objetivos da aprendizagem, avaliações que priorizam a memorização ao invés de valorizar questões reflexivas que levam à construção do conhecimento, entre outros. Afinal, a repetição do discurso do outro (como ocorre no ensino tradicional) não estimula a aprendizagem. O material didático deve ser concebido considerando os princípios epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto pedagógico. Tanto a abordagem do conteúdo quanto a sua forma deve facilitar a construção do conhecimento e promover a interação entre estudante e professor. É essencial que o material passe por um processo rigoroso de avaliação prévia, por meio de pré-testes, a fim de identificar necessidades de ajustes e aperfeiçoamento. Conforme o projeto pedagógico do curso, o material didático deve desenvolver habilidades e competências específicas, utilizando um conjunto de mídias adequado à proposta e ao contexto socioeconômico do público-alvo (BRASIL, 2007). Outrossim, consoante a Castro et al. (2021), a elaboração dos materiais didáticos requer uma estruturação cuidadosa, considerando o conhecimento prévio do aluno. É fundamental apresentar o novo conteúdo a partir desse conhecimento, estimular a curiosidade e a interação, incentivar a realização de pesquisas, desenvolver diversas competências e possibilitar a avaliação da aprendizagem. Para alcançar esses objetivos, um bom planejamento é essencial. A forma dos materiais pode variar em diferentes tipos de coleções, como cadernos de atividades, livros-texto, livros do professor, livros de exercícios, coletâneas e objetos de aprendizagem, entre outros, a fim de atender às necessidades do público-alvo e seguir as diretrizes da legislação educacional. Essa diversidade de formatos permite oferecer produtos personalizados para atender às diversas demandas. O planejamento adequado dos materiais otimiza o uso dos recursos, tornando-os mais eficientes, e racionaliza os custos envolvidos na produção. Dessa forma, é possível garantir a qualidade e a efetividade dos materiais, proporcionandoum ambiente propício para o processo de ensino e aprendizagem. Durante o planejamento, uma das etapas cruciais é o desenvolvimento, onde o material é efetivamente criado, considerando a interação entre diferentes tipos de recursos didáticos e mídias. Especial atenção deve ser dada aos produtos destinados ao ambiente virtual, os quais devem passar por testes e, se necessário, ser reformulados após essa etapa. Nessa fase, emprega-se um conjunto de técnicas, métodos e recursos visando aprimorar os processos de ensino e melhorar a experiência de aprendizagem dos alunos. O design instrucional é uma das técnicas amplamente utilizadas nesse contexto. Design instrucional Para Menezes (2017), o design instrucional é uma abordagem que pode ser aplicada em diferentes modalidades de ensino, incluindo o ensino à distância (EaD). No entanto, neste contexto específico, o foco será a educação a distância. Diante disso, surge a questão de como o designer instrucional, que se dedica ao planejamento e orientação do processo educacional, irá funcionar em um ambiente virtual? Inicialmente, é importante diferenciar a educação online do EaD. Nem sempre a educação a distância ocorre exclusivamente pela internet, podendo ser realizado também por meio de correspondência. Além disso, é comum ocorrer confusão entre esta modalidade de ensino e e-learning. O e-learning é uma modalidade de ensino que utiliza mídias eletrônicas, podendo ou não recorrer ao suporte web (ambiente virtual de aprendizagem — AVA). A aplicação do design instrucional no EaD auxilia tanto os alunos quanto os educadores a compreenderem que a instrução, resultante de um planejamento cuidadoso para a implementação do projeto, é apenas uma ferramenta utilizada das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) com o propósito de disseminar os conhecimentos a serem transmitidos. Conforme Filatro e Piconez (2004) citado por Castro et al. (2021), o design instrucional, quando utilizado em conjunto com tecnologias, oferece mecanismos que promovem uma contextualização efetiva. Esses mecanismos se caracterizam pela adaptação às particularidades regionais e institucionais, personalização do conteúdo ensinado para atender aos estilos e ritmos individuais de aprendizagem, e monitoramento automático da construção de conhecimento tanto individual quanto coletiva, permitindo assim a atualização com base no feedback dos alunos. Além disso, o designer instrucional apoiado por tecnologias possibilita o acesso a informações e experiências externas à instituição de ensino, facilitando a comunicação entre os participantes do processo educacional, como professores, alunos, equipe técnica e comunidade. A autora enfatiza o uso do termo “design instrucional contextualizado” para descrever a ação de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas que recorram às potencialidades da internet, incorporando mecanismos que favoreçam a contextualização e a flexibilização. Esses mecanismos podem ser integrados também nas fases de concepção e implementação. As fases são: 1. Estruturação do design instrucional: Nessa fase, ocorre a análise e identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos objetivos instrucionais e o levantamento das restrições relacionadas ao processo educacional. 2. Designer e desenvolvimento: Nessa etapa, são planejadas a instrução em si e a criação dos materiais e produtos instrucionais. Isso inclui a seleção das estratégias de ensino, o desenvolvimento dos recursos de aprendizagem e a organização do conteúdo. 3. Implementação: Essa fase é o momento em que ocorre a aplicação da situação de ensino e aprendizagem planejada. Os materiais e recursos instrucionais são utilizados pelos alunos, e a interação entre alunos, professores e demais agentes do processo educativo acontece. 4. Avaliação: Na etapa de avaliação, são realizados o acompanhamento, a revisão e a manutenção do sistema instrucional proposto. Isso envolve a coleta de feedback dos alunos, a análise dos resultados, a identificação de pontos fortes e fracos, e a realização de ajustes e melhorias necessárias. Castro et al. (2021), utiliza como exemplo a criação de uma unidade de conteúdo sobre o Romantismo na disciplina de Inglês para alunos do Ensino Médio. Durante a fase de análise, são definidas as necessidades de aprendizagem, ou seja, o que será ensinado, para quem e em qual período. Nesse caso específico, o público-alvo são os alunos do 3º ano do Ensino Médio, que irão aprender sobre o movimento romântico na Inglaterra e suas influências na poesia, ao longo de três aulas. Nessa fase também são estabelecidos os objetivos de aprendizagem, como, por exemplo: (1) reconhecer as condições que permitiram o surgimento do movimento romântico na Inglaterra no período de 1800 a 1832, aproximadamente; (2) comparar a estética da poesia romântica com a da poesia neoclássica que a precedeu; e (3) identificar os poetas românticos de primeira e segunda geração. Quanto às restrições, são considerados a densidade do conteúdo a ser abordado, considerando o conhecimento prévio dos estudantes, e o tempo disponível para o assunto. Durante as fases de designer do material e desenvolvimento, são realizados o planejamento dos materiais a serem utilizados e da metodologia em si. Nessa etapa, pode-se criar novos materiais ou modificar os já existentes. São selecionados textos, atividades, objetos de aprendizagem e meios, incluindo plataformas digitais, se necessário, e define-se como será a instrução em termos de apresentação de conteúdo, atividades para reforço e fixação e métodos de avaliação. Na fase de implementação, as aulas são ministradas seguindo os recursos e planos previamente elaborados. Por fim, na fase de avaliação, que ocorre ao longo da implementação, o processo é acompanhado de perto, realizando-se adaptações e atualizações conforme necessário, a fim de assegurar que, o que foi planejado seja executado da melhor forma possível. Conforme observado, o planejamento do material didático desempenha um papel fundamental na facilitação da aprendizagem. Somente por meio desse planejamento é possível garantir que os materiais sejam adequados às estratégias e metodologias de ensino concebidas para o curso, além de permitir a avaliação da eficácia desses recursos e a possibilidade de adaptação e atualização, sempre que necessário. Nesta perspectiva, Menezes (2017, p. 315), retrata: A aplicação do design instrucional no EaD também deve respeitar as condições cognitivas dos alunos. Se, por exemplo, necessita-se de se desenvolver um material para um sistema de ensino à distância para atender os andragogos, nota-se, que se o mesmo sistema fosse aplicado aos discentes de pedagogos, o resultado seria uma grande falta de planejamento e ordem. Por isso que o EaD é um sistema buscado. Cada aluno aprende em sua velocidade e, com o designer instrucional, por mais que o discente queira seguir seus caminhos diferentes, o designer instrucional acaba por dar um norte ao discente. 7.1 Promovendo a escrita dialógica na produção do material didático A aprendizagem na modalidade de ensino à distância (EaD) pode ser mais eficaz quando os textos presentes no material didático são redigidos em uma linguagem dialógica, característica fundamental desse tipo de recurso. Para Bento (2016), a utilização de uma linguagem dialógica é uma estratégia recomendada para os autores de conteúdo, por facilitar a compreensão por parte dos alunos durante a leitura. Ao considerar a natureza dialógica da linguagem, os textos são elaborados de maneira a evitar construções confusas, ambíguas ou de difícil compreensão para os estudantes. O princípio dialógico da linguagem humana se baseia nas trocas e negociações constantes entre os indivíduos. Nesse contexto, o discurso formal do professor não é adequado. Portanto,é essencial dar ênfase ao caráter dialógico da linguagem. Reconhecer esse caráter é o primeiro passo para estabelecer uma relação próxima em um contexto de ensino à distância, como o professor e dos alunos em um curso online. Quanto a relação e as negociações, Menezes (2017, p.310) destaca: […] o aluno constrói seu conhecimento em seu próprio ritmo. Não existe aquele condicionamento como há na educação convencional, aonde o aluno tem que seguir uma linearidade traçada pelo professor. No EaD, geralmente, todo o conteúdo da disciplina é disponibilizado ao aluno. Este, por sua vez, seguirá a ordem que desejar. Sem contar que o mesmo pode estudar a qualquer momento e em qualquer lugar, caso disponha de acesso aos recursos que transportam a informação, flexibilizando à sua maneira de aprender. Além disso, o aluno pode interagir com o professor ou tutor na hora que bem desejar, bastando recorrer ao canal de contato ao docente e, por sua vez, registrar a sua dúvida que será atendida o mais breve possível (MENEZES, 2017, p.310). Em suma, quando estabelecemos uma relação dialógica no contexto educacional, a interação ocorre de maneira igualitária entre todos os envolvidos. Nesse sentido, Bento (2016), esclarece que é fundamental o emissor elaborar uma mensagem, que seja compreendida pelo interlocutor. Por sua vez, o interlocutor participa ativamente desse diálogo, contribuindo para sua construção conjunta. A utilização de uma linguagem dialógica no material didático proporciona ao aluno uma experiência de leitura agradável e contribui para que ele sinta proximidade do professor (ou tutor), percebendo que ambos estão colaborando na construção do conhecimento. É importante ressaltar que, ao enfatizar a expressividade da linguagem, não estamos defendendo a banalização do conteúdo nem a falta de desenvolvimento e aprofundamento dos conceitos. Ao ponderar e estabelecer essa dialogicidade no material, o autor do conteúdo deve ter em mente que professor e aluno não estão em uma relação presencial. Portanto, por meio da perspectiva da escrita dialógica, o autor organizará o material didático para estimular a aprendizagem. Em outras palavras, quanto mais o autor conhecer seu interlocutor (o aluno) e seu contexto, mais fácil será estabelecer o diálogo efetivamente. Estabelecer um diálogo com o aluno por meio de um texto didático implica considerar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema abordado, apresentar desafios e exemplos relacionados ao contexto de vida deles. Além disso, é importante propor questões reflexivas, estimular a apreciação das imagens presentes no texto e utilizar um vocabulário de fácil compreensão. Destacamos, que o diálogo deve ser construído a partir dos conceitos contidos no texto. No entanto, ao tratar da produção de materiais didáticos para EaD, o diálogo não ocorrerá diretamente entre o autor do conteúdo e os alunos, mas entre o tutor e os alunos. Esses materiais devem ser organizados de maneira que o diálogo ocorra entre esses sujeitos. Nesse sentido, o papel do autor do conteúdo é provocar o diálogo, por ser desencadeado a partir do texto, por meio de questionamentos, exemplos, ilustrações e outros recursos. 7.2 Resumindo O recurso didático desempenha um papel crucial no apoio ao processo de ensino e aprendizagem, tanto em aulas presenciais como a distância. Ele contribui para a aprendizagem significativa dos estudantes e auxilia os educadores na organização de suas aulas. A qualidade do conteúdo disponibilizado aos alunos é fundamental, devendo ser claro, conciso e bem organizado. Para o recurso didático ser efetivo, é imprescindível um planejamento cuidadoso em todas as etapas de sua criação. Isso inclui a avaliação das necessidades educacionais, a identificação do público-alvo, o estabelecimento de metas de aprendizado e o planejamento do designer do curso, objetivos, conteúdo, metodologias de ensino, estratégias de aprendizagem, métodos de avaliação e recursos de apoio para alunos e professores. A produção de material didático é um processo complexo, abrangendo diversas etapas, desde o pré- projeto até a logística final. É fundamental que cada uma dessas etapas seja executada adequadamente, pois problemas em qualquer uma delas podem impactar todo o processo de produção, exigindo ajustes e correções. A aula proposta oferece uma oportunidade valiosa para compreender a importância do planejamento no desenvolvimento de recursos didáticos. Além disso, permite conhecer as diferentes fases envolvidas nesse processo, identificando aquelas de maior relevância. Refletir sobre os possíveis impactos e desafios na viabilização desses recursos é fundamental para garantir sua eficácia e melhorar continuamente a experiência educacional. Portanto, essa aula ofereceu uma base sólida para compreender a importância do planejamento na criação de recursos didáticos, a promoção de uma linguagem dialógica e reflexão sobre os aspectos críticos desse processo, contribuindo para o aprimoramento da educação a distância na sua totalidade. 8 Entendendo o material didático na Educação a Distância: definição e elementos constituintes O sucesso de um curso a distância depende de diversos fatores, e a produção de um material didático de qualidade é um dos principais. No entanto, essa tarefa requer muita atenção por parte das instituições que oferecem cursos nessa modalidade de educação, devido à sua complexidade. Nesta perspectiva, Bento (2016), retrata que o material didático está intrinsecamente ligado a diversos elementos, como os alunos, tutores e a gestão pedagógica e administrativa do curso. Portanto, a elaboração do texto didático desse material deve começar pela definição coerente dos objetivos, pela consistência conceitual e pela organização dinâmica do texto e das atividades propostas. É importante evitar redundâncias, priorizando a clareza, criatividade, criticidade e problematização. Para compreender a concepção do material didático na EaD, é necessário considerar diferentes perspectivas, por exemplo, a abordagem de forma ampla, como um recurso pedagógico, e de forma específica, como um material educacional instrucional e com finalidade de ensino. E ainda, pode ser classificado conforme as características específicas das diferentes mídias utilizadas: impresso, audiovisual e eletrônico (para ambientes virtuais de aprendizagem). Entre essas três categorias de materiais, o formato impresso ainda é amplamente empregado pelas instituições de ensino que oferecem estes cursos, apesar do surgimento de novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) que possibilitam outras formas, como exemplo os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Um dos principais motivos para essa situação é que, em muitas regiões do Brasil, os estudantes da EaD enfrentam dificuldades de acesso à internet ou, quando o acesso é possível, ocorre de forma precária e com baixa qualidade. Nesses casos, tarefas simples, mas essenciais em um curso, como baixar ou enviar arquivos, muitas vezes não podem ser realizadas devido à conexão de má qualidade. No entanto, o material didático impresso, dependendo das condições das instituições de ensino, pode ser usado em conjunto com diferentes mídias, como vídeos e AVA. O material didático audiovisual abrange qualquer recurso tecnológico que envolve ação auditiva e visual. Nesta perspectiva, Souza, Fiorentini e Rodrigues (2010, p. 128), afirma: “a diversificação dos meios, a convergência e a fusão entre vários deles continuarão a ocorrer de forma cada vez maior em direções já anunciadas e previsíveis, mas podendo trazer também inovações inesperadas”. Exemplos desse tipo de material são vídeos e videoconferências. A produção desse tipo de material didático é mais complexa, pois requer profissionais com conhecimentos específicos, como produção de roteiro, gravação de vídeo,edição, entre outros. Em outras palavras, a responsabilidade pela produção não recai apenas sobre um professor de conteúdo. Normalmente, o material didático audiovisual na EaD é utilizado como complemento aos materiais impressos e eletrônicos. Por outro lado, o material didático eletrônico, desenvolvido para Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), tem ganhado destaque nos últimos anos. A principal característica desse tipo de material é a capacidade de digitalizar diferentes tipos de informações, permitindo o tratamento e armazenamento interativo de textos, recursos sonoros e imagens estáticas e em movimento em um mesmo suporte. É importante ressaltar a importância da digitalização, uma vez que ela possibilita o suporte de diversos meios que antes eram considerados incompatíveis, como computadores, rádios, televisões e telefones. Não podemos deixar de mencionar que muitas instituições de ensino têm adotado a utilização de materiais didáticos em diferentes formatos, de forma combinada. No entanto, é mais comum o aluno fazer uso do material impresso, o que demonstra uma influência dos anos de escolaridade habituados a esse formato (BENTO, 2016). Consoante a Preti (2010), além de oferecer uma seleção cuidadosa e organização de conteúdo com rigor científico, clareza, profundidade, atualização e relevância, segundo os objetivos propostos, o texto didático desempenha diversas funções essenciais para o estudante, destacando-se: - Favorecer o desenvolvimento de habilidades, competências e atitudes; - Antecipar possíveis dificuldades, dúvidas, equívocos e erros; - Relacionar conhecimentos novos com os anteriores; - Integrar a teoria com a prática; - Provocar questionamento reconstrutivo e a capacidade de estudo autônomo; - Indicar pistas para novas fontes e ulteriores informações; - Proporcionar conexão com outros meios didáticos para ampliar e aprofundar o conteúdo; - Exemplificar diversas aplicações do conhecimento; - Propor analogias, problemas, questões; - Propor experiências e apresentar atividades de aprendizagem, questões ou problemas de autoavaliação; - Possibilitar ao estudante, avaliação de sua aprendizagem; - Estabelecer recomendações oportunas para conduzir a leitura do texto e as atividades de aprendizagem; - Orientar o estudante; - Propiciar leitura agradável e compreensiva; - Manter diálogo com o estudante; - Motivar; - Servir de material de consulta permanente (PRETI, 2010, p. 21/22). É evidente que o material didático desempenha várias funções, e o produtor de conteúdo precisa ter conhecimento prévio delas antes de iniciar a elaboração do material. O tratamento pedagógico dado aos conteúdos dependerá desse conhecimento. No entanto, frequentemente, esse tratamento se torna um dos principais desafios na produção de material didático para a EaD, pois muitos conteúdos se distanciam do contexto do aluno. Quando isso ocorre, o aluno enfrenta dificuldades para atribuir significado aos conteúdos em relação à sua vida, resultando em uma aprendizagem pouco significativa (BENTO, 2016). E ainda, consoante a referida autora, outro elemento crucial a ser considerado na produção de material didático para a EaD é o suporte midiático no qual esse material será veiculado. Em quais suportes midiáticos é possível organizar o material didático de um curso a distância? A escolha do suporte depende do tipo de material. Por exemplo, o material impresso pode ser organizado em apostilas, fascículos, cadernos, livros, guias e roteiros de estudos, entre outros. No entanto, se o material for digital, ele será publicado na internet, mais especificamente em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). É essencial considerar como esses ambientes estão estruturados, quais ferramentas tecnológicas estão disponíveis para a distribuição de conteúdo e atividades, e como melhor dinamizá-los para favorecer a aprendizagem dos alunos. O produtor do material didático deve questionar os recursos tecnológicos utilizados para explorar o conteúdo, garantindo que não sejam subutilizados. Quanto mais dinâmica for a utilização desses recursos tecnológicos na EaD, maior será a contribuição para que os alunos compreendam o conteúdo temático abordado. Essa dinamicidade também se refletirá na interação esperada dos alunos. Além disso, o autor do material didático deve definir a organização das atividades de aprendizagem, os procedimentos de avaliação a serem adotados no curso e a forma de motivar os alunos nos ambientes de aprendizagem, entre outros aspectos, antes mesmo de iniciar a produção do material. Outrossim, Filatro (2018), corrobora esclarecendo que na produção do material didático para o ensino remoto é necessário entender também sobre a análise contextual, que é um método que visa compreender os fatores que podem restringir ou favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Essa abordagem considera não apenas o que ocorre durante a situação de ensino, mas também tudo o que acontece antes e o que impulsiona para o futuro. Isso abrange diferentes níveis contextuais, como o aluno individual, o grupo de alunos em turmas, comunidades virtuais ou grupos de estudo e o ambiente institucional. A análise do contexto é importante porque as experiências, conhecimentos e crenças anteriores dos alunos têm influência sobre a maneira como eles interagem com os conteúdos. Da mesma forma, as ações dos alunos em relação a esses conteúdos também afetam sua aprendizagem. Ao conhecer o contexto no qual os conteúdos serão produzidos e/ou utilizados, é possível torná-los mais efetivos, atendendo às características e necessidades desse contexto. Portanto, quanto maior for o conhecimento sobre o contexto, melhor será sua adequação (FILATRO, 2018). 8.1 Diretrizes Orientadoras para o Material Didático Consoante a Bento, (2016), produzir material didático para a Educação a Distância (EaD) é uma tarefa desafiadora, pois requer que o responsável pelo conteúdo leve em consideração elementos essenciais que irão guiar todo o processo. A seguir, apresentaremos algumas sugestões que podem orientar a produção de material didático para a EaD. No ano de 2007, o Ministério da Educação publicou os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior à Distância, um documento que estabelece princípios, diretrizes e critérios para a educação superior à distância no Brasil. Identifica-se quatro critérios fundamentais que as instituições devem considerar ao produzir seus materiais: a formação de uma equipe multidisciplinar, a promoção da comunicação e interação entre os participantes, a utilização de recursos educacionais adequados e a disponibilidade de infraestrutura de apoio. A equipe responsável pela produção do material didático para a EaD é composta por profissionais de diversas áreas, como especialistas em tecnologia educacional e informática, profissionais de gestão e o conteudista. Essa diversidade visa garantir que o material seja produzido, disponibilizado e utilizado de forma eficaz pelos alunos. A composição da equipe de produção pode variar segundo a complexidade do projeto. Algumas instituições já possuem uma equipe interna de produção, enquanto outras contratam profissionais para atender às demandas. Para organizar uma equipe de produção desse tipo, é necessário levar em consideração a linguagem das mídias e as tecnologias que serão utilizadas como suporte para o material didático, além da formação acadêmica dos envolvidos na produção e as estratégias de gestão da equipe, entre outros aspectos. O segundo critério está relacionado à comunicação/interação, o qual é crucial para o bom desenvolvimento dos cursos. Nos cursos oferecidos em ambientes virtuais de aprendizagem, existem ferramentas disponíveis, como e- mail, chat e fórum, que possibilitam a comunicação/interação entre os participantes. É essencial que o conteudista estejafamiliarizado com o funcionamento dessas ferramentas, a fim de considerar todas as possibilidades de comunicação/interação que elas oferecem ao elaborar o material didático. O terceiro critério aborda os recursos educacionais que são considerados indispensáveis na produção de material didático para a EaD. Quanto mais variados forem os recursos disponíveis em diferentes mídias, mais eles atenderão às necessidades específicas dos diversos perfis de alunos da EaD. Por exemplo, o material didático de um curso a distância pode ser disponibilizado em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), mas também pode ser organizado no formato impresso, distribuído em um tablet ou em um pen drive. É importante ressaltar que, ao ser disponibilizado em diferentes mídias, o material didático deve estar adaptado à linguagem de cada uma delas. O quarto critério destacado diz respeito à infraestrutura de apoio, que deve ser definida e disponibilizada pela instituição para que o material possa ser produzido conforme a mídia (ou mídias) a ser utilizada no curso. Por exemplo, se o curso for oferecido em um ambiente virtual, é necessário que a instituição de ensino possua uma infraestrutura tecnológica para hospedar o curso em uma plataforma online. Se o material didático for disponibilizado em um tablet ou pen drive, é importante que a instituição possua esses recursos tecnológicos. Da mesma forma, se o material for organizado e distribuído em formato de livro, caderno, apostilas ou guia, é necessário contar com equipamentos tecnológicos adequados para atender à demanda (BENTO, 2016). Portanto, como o conteudista deve proceder ao iniciar a produção do material didático? O início da produção é um momento crucial e pode definir a qualidade do material. Para começar o planejamento da produção do material didático, é necessário que o produtor de conteúdo tenha clareza sobre qual teoria da aprendizagem ou paradigma predominante irá fundamentar o material. Qualquer curso que busque qualidade precisa deixar evidente a teoria de aprendizagem que o orientará. Ao mesmo tempo, é importante obter informações sobre o perfil do público-alvo do curso e suas experiências com a EaD. Também é relevante identificar o nível de conhecimento em informática dos alunos. Esse dado é importante, considerando que a maioria dos cursos a distância são oferecidos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) pela internet, e nem todos os alunos possuem conhecimentos básicos necessários para navegar pelo curso sem dificuldades. Essas informações são relevantes porque contribuem para que o material didático esteja em sintonia com o contexto de vida dos alunos, além de ajudar as instituições de ensino que oferecem cursos a distância a identificar possíveis problemas antes do início do curso. É importante destacar que, embora o material didático dos cursos a distância seja indispensável para o processo de ensino-aprendizagem, outros fatores podem influenciar a aprendizagem dos alunos, mesmo que o material seja de excelente qualidade. Portanto, a preparação de material didático para a EaD pode ocorrer por diferentes métodos, porém, entre suas várias características que podem ser examinadas, a autora destaca três: a concepção de educação que configura o material, os critérios de validação nos quais o material se baseia e o modelo de comunicação que sustenta a abordagem do conteúdo do material. Assim, se o conteudista defende que a educação é simplesmente a transmissão de informações, ele produzirá um material repleto de informações e comentários, com pouco espaço para reflexão. No entanto, se ele considerar que o conhecimento deve ser construído pelo aluno, produzirá um material com uma linguagem dialógica, aberto a diferentes interpretações e que permita ao aluno atribuir significado com base em suas experiências de vida (BENTO, 2016). Quanto aos critérios de validação do material, quando a abordagem do conteúdo prioriza uma visão de ensino, ele parte de questões mais simples para as mais complexas. No entanto, quando o conteudista direciona seu foco para a aprendizagem, o material didático enfatiza o conteúdo a partir do contexto do aluno - que nem sempre são os conteúdos mais simples. Como podemos ver, as escolhas feitas inicialmente pelo produtor de conteúdo da EaD se refletirão na elaboração e organização do material didático, e devem ser feitas com cuidado. O material didático para EaD deve considerar a comunicação como um diálogo, favorecendo a interação entre conteudista e aluno. É importante escolher uma abordagem pedagógica que desenvolva a capacidade reflexiva do aluno e esteja em sintonia com seu contexto. Os materiais devem ser flexíveis, estimular a reflexão crítica e valorizar os conhecimentos prévios dos alunos. No ambiente virtual, é fundamental simplificar a organização do conteúdo e utilizar ferramentas de comunicação adequadas. Parcerias com profissionais de web roteirismo podem enriquecer a produção do material online. O objetivo principal é promover a aprendizagem dos alunos e incentivá-los a buscar conhecimento de forma ativa e constante. 8.2 Sujeito da aprendizagem: identificando os alunos da educação a distância Cada indivíduo é único e complexo em si, tornando-se desafiador conhecer uma pessoa mesmo quando há convivência presencial. Para Filatro (2018), no contexto da educação a distância, em que a distância física e temporal é ampliada, estabelecer uma comunicação efetiva com os alunos se torna uma tarefa ainda mais desafiadora. No entanto, é possível recorrer a teorias e estratégias que ajudam a compreender melhor quem são esses alunos e, assim, preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e necessidades. Por outro lado, segundo Souza, Fiorentini e Rodrigues (2010), é comum que a Educação a Distância (EaD) concentre sua atenção nas tecnologias, nos meios e nos processos, muitas vezes deixando os alunos em segundo plano. No entanto, ao tratar dos estudantes na EaD, não devemos idealizá-los como um grupo homogêneo, presumindo que todos possuam os mesmos estilos de aprendizagem e formas de pensar, e que, portanto, irão explorar facilmente as linguagens utilizadas em um curso a distância. É essencial sempre formular a pergunta: "Quem é o aprendiz neste curso a distância?". Ao examinar os perfis dos estudantes ingressantes em cursos de graduação pela internet, é possível observar algumas particularidades distintas. Existem aqueles estudantes que: a) não possuem conhecimento prévio sobre o conteúdo e as linguagens utilizadas no curso, mas têm grande interesse em aprender; b) não possuem conhecimento prévio e demonstram resistência em aprender; c) possuem algum conhecimento prévio e desejam expandir seu aprendizado; d) possuem algum conhecimento prévio, mas resistem a adquirir mais conhecimento. É nessa variedade de situações que nos lançamos como educadores, assumindo nossas intenções e investimentos no processo educativo. Outro aspecto a ser considerado é o perfil demográfico dos alunos da educação a distância, Filatro (2018), esclarece que o perfil demográfico abrange informações sobre idade, gênero, etnia, nacionalidade, localização geográfica, estado civil, renda familiar e ocupação, entre outros aspectos. Esses dados auxiliam na caracterização do público que terá acesso ao conteúdo desenvolvido. É possível obter essas informações por meio de questionários e pesquisas internas ou por meio de institutos especializados. No entanto, existem dados disponíveis que fornecem uma visão geral dos alunos a distância. Conforme o Censo da Educação Superior, entre 2010 e 2020, o número de ingressos variou negativamente 13,9% nos cursos de graduação presencial e nos cursos a distância aumentou 428,2%; enquanto a participação percentual dos ingressantes em cursos de graduação a distância em 2010era de 17,4%, essa participação em 2020 é de 53,4%. O gráfico abaixo mostra o número de ingressos em curso de graduação por modalidade de ensino entre 2010 e 2020. Gráfico 1 – Percentual de matrículas nos cursos presenciais e à distância Fonte: https://curtlink.com/hXynGQ Vivemos em uma realidade cada vez mais influenciada por mídias e tecnologias, portanto, é importante conhecer o perfil digital dos alunos em termos de acesso, interesse e envolvimento com essas mídias e tecnologias. Sendo assim, Filatro (2018), entende que alguns autores relacionam o perfil digital às faixas etárias, devido à capacidade de diferentes gerações de acessar o mundo analógico ou digital. Por exemplo, a chamada "geração Net" (ou geração digital) já chegou às universidades e ao mercado de trabalho, enquanto a "iGeração" ocupa os bancos escolares da educação básica compulsória. Essas gerações, compostas por nativos digitais, aprenderão de maneira mais relacionada à heutagogia do que à pedagogia clássica, embora participem de ambientes formais de ensino ainda dominados pela mentalidade das gerações mais antigas. Na educação corporativa, onde a andragogia tem seu foco, o perfil dos alunos é mais heterogêneo, abrangendo as gerações digitais, os imigrantes digitais e os representantes das gerações analógicas, que convivem em espaços de trabalho e aprendizagem com maior ou menor presença de tecnologias e mídias. 8.3 Resumindo Chegamos ao final de mais um semestre, espero ter contribuído para o seu aprendizado enquanto discente. Nesta aula apresentamos as definições sobre o material didático, além de estudos que abordam os parâmetros que orientam sua produção, visando promover a compreensão do processo de organização do material e ressaltar a importância de sua produção, especialmente para o aluno da modalidade de educação a distância. Destacamos que vivemos em um contexto onde há uma diversidade de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o que possibilita que o material didático seja apresentado em diferentes formatos, como impressos, audiovisuais ou em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Em suma, apresentamos os sujeitos da aprendizagem assim como suas características, além de compreender melhor quem são esses alunos e, assim, preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e necessidades. . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDEIRA, Denise. Material Didático: criação, mediação e ação educativa. Curitiba: InterSaberes, 2017. BENTO, Dalvaci. A produção de material didático para educação a distância. São Paulo: Cengage, 2016. BRASIL, Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Sistema de Distribuição de Livros. Disponível em: https://www.gov.br/fnde/pt-br/assuntos/sistemas/sistema-de-distribuicao-de- livros. Acesso em: 27 jun. 2023. BRASIL, Ministério da Educação. 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