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AULA 1 GESTÃO DE PESSOAS Profª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL As relações comerciais e as estruturas organizacionais estão passando por momentos de grandes mudanças em nível mundial e, consequentemente, os modelos de gestão de pessoas estão seguindo as mesmas tendências, a fim de garantir a vantagem competitiva das organizações. E é justamente este o tema desta disciplina, a gestão de pessoas e os seus novos rumos, reponsabilidades, necessidades, entre tantos outros assuntos relevantes. E, ao tratar de gestão de pessoas, a primeira questão a ser considerada é a descentralização da responsabilidade por gerir o capital humano e intelectual nas equipes e organizações. Nos antigos paradigmas organizacionais, a responsabilidade pela gestão dos recursos humanos era de exclusividade da área de recursos humanos; hoje, os profissionais dessa área estão se colocando no papel de consultores internos e a responsabilidade por gerir as pessoas e suas interações no grupo está sendo descentralizada, passando a ser de responsabilidade dos gestores de pessoas. É por isso que alguns temas que eram de interesse exclusivo dos profissionais que atuavam na área de recursos humanos, tais como recrutamento e seleção, gestão de carreiras, qualidade de vida no trabalho, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento passaram a ser foco de estudo dos gestores que atuam em todas as áreas da organização. Portanto, nesta disciplina, trataremos dos subsistemas de recursos humanos com a lente da liderança, ou seja, dos gestores responsáveis por gerir os talentos humanos de suas equipes, e garantir que as políticas e práticas de RH estejam alinhadas à cultura organizacional, bem como sejam coerentes com o planejamento estratégico da organização. Afinal, segundo Chiavenato (2015, p. 5): “[...] o antigo RH tradicional era centralizador e monopolizador: selecionava, treinava, avaliava e remunerava as pessoas de acordo com os seus cargos e suas políticas e processos internos. Agora, quem cuida disso são os executivos: os atuais gestores de pessoas”. Se vocês concordam com esses argumentos e com os novos papéis dos líderes e da área de RH no que tange à gestão das pessoas, estão convidados a participar dessa jornada, em que trataremos dos principais temas que interferem na qualidade de atuação dos gestores e das pessoas que atuam na empresa, e 3 no alcance de patamares superiores de performance individual, dos grupos e da organização. TEMA 1 – GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES “Você pode sonhar, projetar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas é preciso pessoas para tornar o sonho realidade.” (Walt Disney) Para iniciar os nossos conteúdos, vamos tratar dos conceitos fundamentais que envolvem a gestão de pessoas. Segundo Chiavenato (2015, p. 11), gestão de pessoas é o “conjunto integrado de atividades de especialistas e gestores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas – no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização”. Já Romero (2013, p. 17) defende que “gestão de pessoas é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos colaboradores/servidores e das organizações”. Um dos principais pontos de convergência entre os profissionais que atuam como gestores de pessoas é a importância dessas pessoas, que compõe a parte “viva” da organização, na garantia da manutenção de sua vantagem competitiva no mercado. Portanto, é vital dedicar especial atenção ao capital humano, a fim de garantir estágios superiores de comprometimento com os resultados organizacionais e o sucesso do negócio. Porém, essa visão da importância dos recursos humanos para as organizações é bastante recente. Se analisarmos a evolução dos modelos de gestão, podemos perceber que, recentemente, as pessoas eram consideradas como materiais, quase como máquinas, e o seu potencial intelectual era pouco valorizado; em muitos casos, até desencorajado. No entanto, essa realidade está se modificando. O avanço tecnológico tem mudado esse cenário, uma vez que as funções operacionais têm sido absorvidas pelos processos automatizados, impulsionando a adaptação da forma de gerir pessoas com foco em competências muito ligadas à adaptação às mudanças, flexibilidade, inovação, alterando, dessa forma, o papel das pessoas nas equipes e organizações. Falando em evolução, é importante conhecer algumas das mudanças estruturais que ocorreram ao longo do desenvolvimento dos sistemas de gestão nas organizações. Uma das teorias utilizadas para evidenciar essa evolução é 4 defendida por Chiavenato (2015) e apresenta a diferença entre os modelos mecanicistas e orgânicos, conforme figura a seguir. Quadro 1 – Modelos tecnicista e orgânico Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2015, p. 29. Crédito: rudall30/Jirsak/Shutterstock No Quadro 1, é possível constatar a evolução do papel dos indivíduos no processo de tomada de decisão, tornando os processos muito mais participativos, integradores, descentralizados e horizontais. E por que é tão importante conhecer as teorias que tratam da evolução dos paradigmas que se referem à gestão organizacional? Existem algumas razões que motivam essa análise, dentre elas: (1) entender qual o nível de maturidade dos sistemas de gestão da organização em que atuamos, a fim de auxiliar na definição de políticas, processos, práticas e ferramentas de gestão adequadas à organização; (2) garantir o alinhamento entre os objetivos estratégicos, táticos e operacionais e a coerência entre eles; (3) permitir a análise do nível de conhecimento adquirido ao longo do tempo e a melhoria das estratégias de gestão desse conhecimento; (4) esclarecer os aspectos que estão gerando gargalos e atrapalhando o desenvolvimento do MODELO MECANICISTA - A estrutura vertical é dominante - Tarefas especializadas e rotineiras - Comunicação vertical - Ênfase em regras e regulamentos - Departamentalização - Poucos processos de integração - Decisões centralizadas - Controles rígidos MODELO ORGÂNICO - A estrutura horizontal é dominante - Tarefas compartilhadas e inovadoras - Comunicação horizontal e face a face - Ênfase nas pessoas - Equipes e forças-tarefa - Muitos processos integradores - Decisões descentralizadas - Ênfase em metas e resultados 5 negócio e das pessoas; (5) ajudar a direcionar os esforços para os processos e áreas com maior potencial de crescimento de performance. Após a realização do diagnóstico do nível de maturidade da organização e de suas características culturais, é importante que o gestor conheça o seu papel diante das pessoas que atuam em sua equipe e utilizar os subsistemas de RH como base, garantindo o seu envolvimento como gestor em todos os elementos que influenciam a qualidade, a retenção e a motivação dos talentos de sua equipe. Segundo Chiavenato (2016, p. 3), existem cinco subsistemas na área de RH, conforme quadro a seguir. Quadro 2 – Subsistemas na área de RH Fonte: Chiavenato, 2016, p. 3. Durante a disciplina, vamos nos aprofundar em alguns desses subsistemas no sentido de compreender quais processos e políticas de gestão de pessoas garantem que os melhores profissionais ocupem os cargos mais adequados e se mantenham motivados em contribuir para o alcance das metas sob sua responsabilidade. Provisão de Recursos Humanos Pesquisa de mercado Recrutamento Seleção Integração Aplicação de Recursos Humanos Análise e descrição de cargos Planejamento e alocação de recursos humanos Plano de carreira Avaliação de desempenho Manutenção de Recursos Humanos Administração de salários Benefícios sociais Higiene e segurança do trabalho Relações trabalhistas Desenvolvimento de Recursos HumanosTreinamento Desenvolvimento de recursos humanos Desenvolvimento organizacional Monitoração de Recursos Humanos Banco de dados Sistema de informação Auditoria de recursos humanos 6 Leitura complementar Leia a seção 1.7 do livro Gestão de Pessoas e Talentos, de Janete Knapik, disponível na Biblioteca Virtual. (KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: IBPEX, 2008). TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES “Uma organização só se mantém viva porque é gerida por pessoas, com pessoas e para pessoas.” (Autor desconhecido). Como já introduzimos no tema 1, a evolução da gestão de pessoas é uma realidade na maioria das organizações que estão mantendo sua vantagem competitiva no mercado. Mas o que tem mudado nas relações pessoais por conta dessa evolução? Figura 1 – Evolução da gestão de pessoas Crédito: Sdecoret/Shutterstock. A primeira mudança que deve ser considerada, em se tratando de gestão de pessoas, é a análise do avanço da visão sobre os recursos humanos, mudando a lente de visão acerca das pessoas de energia muscular e custo para a organização para diferenciais competitivos e investimento para organização. Segundo Chiavenato (2015), as principais transformações que estão ocorrendo na gestão das organizações e das pessoas podem ser analisadas utilizando os parâmetros a seguir. Trabalho físico versus trabalho mental, em que as atividades estão deixando de apresentar características repetitivas e imitativas, passando a apresentar características criativas e inovadoras. Padronização versus diversidade, em que as diferenças entre os indivíduos são valorizadas como fonte de ideias inovadoras e ampliação de mercados. 7 Trabalho individual versus trabalho em equipe, em que conceitos da nova economia, como colaboração, interação e comunicação, se tornaram impulsionadores de resultados positivos. Reter talentos versus aplicar talentos, em que o principal motivador para a retenção dos talentos está na adequação entre desafios, aptidões, fatores motivadores e constate desenvolvimento. Gerentes versus líderes e coaches, alterando consideravelmente o perfil dos gestores, que estão se tornando democráticos, incentivadores e renovadores. T&D versus aprendizagem organizacional, em que a responsabilidade pelo desenvolvimento das pessoas está mais descentralizada, envolvendo a área de RH, mas também os gestores e o colaborador como responsável pelo seu autodesenvolvimento. Gestão do capital humano, em que “cada executivo passou a ser inserido no esforço conjunto de cultivar e desenvolver continuamente o talento humano” (p. 6). Percebe-se que, nos argumentos utilizados pelo autor, o papel dos líderes, a aprendizagem, a interação e a colaboração estão em evidência, caracterizando o novo paradigma da gestão de pessoas. Outra teoria da evolução da visão e foco da gestão de pessoas é apresentada por Knapik (2008) conforme o Quadro 3. Quadro 3 – Teoria da visão e foco da gestão de pessoas Fonte: Knapik, 2008, p. 52. DEPARTAMENTO PESSOAL Gestão focada na burocracia e no controle das pessoas. A empresa é mais centralizadora, e o RH é visto como órgão fiscalizador. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Gestão mais dinâmica e focada no desenvolvimento da motivação das pessoas. Preocupa-se com o interesse dos colaboradores. GESTÃO DE PESSOAS Gestão focada no geren- ciamento com e para as pessoas. Considera os colaboradores como talentos dotados de capacidades, habilidades e intenção de levar a empresa ao sucesso. 8 Outra perspectiva bastante atual é a defendida por Quinn (2017). Nela, os autores analisam a evolução dos modelos de gestão e podemos, claramente, perceber como cada um desses modelos direciona a forma com que as pessoas são lideradas e motivadas. Vamos destacar os modelos e as características que se relacionam com a gestão de pessoas, propriamente dita. Modelo de Meta Racional: critérios definitivos para a eficácia da organização são a produtividade e o lucro, e direção clara leva a resultados produtivos. Os colaboradores são selecionados de modo sistemático para que se ajustem ao trabalho, sendo incentivados a cumprir as metas de produtividade definidas pela organização. As operações são planejadas cuidadosamente afim de evitar desperdício de recursos e aumentar a produtividade. Modelo do Processo Interno: complementar ao modelo de meta racional, os critérios vigentes são a estabilidade e continuidade com ênfase em processos, como a definição de responsabilidades, medição e documentação. Espera-se que os gestores monitorem os fluxos de trabalho para garantir eficiência e efetividade. A atuação dos colaboradores é direcionada por regras e padrões rígidos, aplicados a todos de maneira uniforme, sem qualquer tipo de questionamento. Foco na hierarquia de autoridade vertical. Modelo de Relações Humanas: esse modelo emergiu da necessidade de prestar atenção não apenas à eficiência e produção, mas também às necessidades das pessoas que atuavam nas empresas, com ênfase nos relacionamentos e processos informais e sua influência no desempenho dos grupos humanos. Nesse modelo, espera-se que os gerentes sejam empáticos e abertos às opiniões dos funcionários, tendo como atividades principais orientar pessoas e facilitar os processos das equipes. Modelo de Sistema Aberto: marcada pela mudança da economia de produtos para a economia de serviços, com ênfase no questionamento sobre como gerenciar em um mundo de rápida transformação, ambíguo e competitivo, que faz uso intenso do conhecimento. Os principais critérios são adaptabilidade e suporte externo. Nesse modelo, os gestores vivem em ambientes imprevisíveis e tem pouco tempo para organizar e planejar, sendo obrigados a tomar decisões rápidas. Além de ser criativo e inovador, espera-se que o gerente use poder e influência para iniciar e sustentar a 9 mudança na organização. Os colaboradores são convidados a participar dos processos de criação e tomada de decisão. Nesta teoria acerca da evolução dos modelos de gestão e das relações entre colaboradores, gestores e organização, é possível perceber um crescente de valorização das pessoas como determinantes na condução e melhoria dos processos, na tomada de decisões, na sugestão de inovações e ideias, na construção do conhecimento etc. Leitura complementar A Involves, desenvolvedora do software para gestão de trade marketing Agile Promoter, é destaque em gestão de pessoas. Em 2017, foi eleita como a melhor empresa para trabalhar em Santa Catarina pelo Great Place to Work (GPTW), além de ocupar a terceira posição no ranking nacional de tecnologia. A conquista é consequência de políticas inovadoras voltadas à qualidade de vida, motivação e integração de toda a equipe. Algumas das práticas adotadas pela empresa em gestão de pessoas é o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR); a avaliação semestral de desempenho, chamada de Metamorfose Ambulante (em referência à música de Raul Seixas, já que Música é um dos valores da Involves); e as Cíclicas, que são reuniões trimestrais para conectar todo o time emocionalmente, desenvolvendo o espírito dos “involvidos” – como os colaboradores se chamam internamente – e alinhar os objetivos. “Nós oferecemos uma série de atividades para reter talentos com foco na qualidade de vida, que vão desde horários flexíveis até o incentivo do consumo de frutas e momentos de relaxamento com instrumentos musicais, jogos de tabuleiro e video game no ambiente de trabalho”, conta Ana Paula Panichi, psicóloga da Involves. Disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes- inovadoras-em-rh/>. Acesso em: 28 maio 2019. TEMA 3 – PARTICULARIDADES DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ATUAL “O certo, o errado e o absoluto fazem com que as pessoas tenham dificuldadeem enxergar essa conexão do trabalho com o propósito.” (Pallaes, 2018, p. 20) Uma vez que a gestão de pessoas está em evolução constante em direção a um modelo mais orgânico, participativo, colaborativo, que valoriza a autonomia, 10 a proatividade, o engajamento e a criatividade, os gestores de pessoas têm assumido alguns desafios diários, dentre eles (Marques, 2018): Garantir que todas as necessidades dos membros de sua equipe sejam atendidas – gerenciando por meio de valores e necessidades; Gerir todo o time da empresa com eficiência para administrar os conflitos – gestão de conflitos; Construir e gerir a cultura organizacional – alinhamento cultural; Aperfeiçoar os processos internos de forma constante – gestão da diversidade organizacional; Treinar e desenvolver os colaboradores – metodologias ativas nas ações de treinamento e desenvolvimento; Incentivar os planos de carreira e de desenvolvimento pessoal dos funcionários – processos de autoconhecimento e autonomia; Prezar pela comunicação clara, ágil e eficiente aos colaboradores – comunicação assertiva e empática. Figura 2 – Alavancar os resultados individuais Crédito: Olivier Le Moal/Shutterstock. Baseado nesses desafios, vamos tratar de cada uma das ferramentas propostas no sentido de alavancar os resultados individuais e garantir um maior senso de pertencimento no grupo. O gerenciamento por meio dos valores e necessidades tem sido tratado por vários autores contemporâneos que defendem a necessidade de trabalhar o conceito de ampliação da consciência, a fim de humanizar as relações por meio do uso da empatia e aumentar o desempenho por meio do alinhamento entre valores e comportamentos individuais e organizacionais. A gestão de conflitos é uma necessidade em se tratando de gestão de pessoas já que é praticamente impossível evitar conflitos dentro das equipes. É da natureza humana discordar, e discordâncias são de fato saudáveis quando 11 abordadas corretamente. Eliminar totalmente o conflito causaria seus próprios problemas, ou seja, não haveria diversidade de opinião e não haveria como capturar e corrigir planos e políticas imperfeitos. Já o alinhamento cultural refere-se ao quanto os colaboradores e a liderança “estão na mesma página” em relação ao objetivo e aos valores centrais de uma organização. O alinhamento entre a cultura organizacional e a cultura pessoal amplia a motivação para atingir as metas organizacionais e garantir que a missão seja implementada. A gestão da diversidade organizacional também é elencada como um dos pontos nevrálgicos da gestão de pessoas. A globalização impulsionou a criação orgânica de equipes e organizações imersas em um contexto de diversidade e, consequentemente, conflitos dentro dos times, os quais passaram a ter uma configuração muito mais heterogênea. Tal realidade tem exigido dos gestores o desenvolvimento de estratégias de gestão dessa diversidade, a fim de garantir que o conflito seja transformado em instrumento de inovação e criatividade. Nas políticas de treinamento e desenvolvimento, as recentes descobertas sobre a efetividade das metodologias ativas nos processos de aprendizagem têm elevado o nível das ações de T&D. Os gestores de pessoas têm utilizado jogos, experiências vivenciais, discussões direcionadas, construção coletiva de conhecimento para garantir o acesso a comportamentos instalados e direcionar os processos no sentido de reforçar comportamentos positivos e reduzir ou alterar comportamentos negativos. Ainda, processos de autoconhecimento e autonomia estão nas principais pautas de processos de desenvolvimento, bem como a comunicação assertiva e empática. Ambos trabalham com sentimentos, valores, necessidades individuais e como todos esses elementos estão alinhados com a organização. Concluindo, “as pessoas querem igualdade, justiça, abertura e transparência; elas querem ser responsáveis e arcar com todas as consequências de suas vidas; querem confiar e querem que confiem nelas. Elas também querem trabalhar em organizações que sejam vistas como éticas e que façam a coisa certa aos olhos da sociedade. Elas querem se sentir orgulhosas da organização para a qual trabalham” (Barrett, 2018, p. 15). 12 Saiba mais Para conhecer mais sobre as particularidades da gestão de pessoas, leia o artigo “Bird Box: para o que você tem fechado os olhos na gestão de pessoas?”, de Isabel Holanda. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/bird-box-para-o- que-voce-tem-fechado-os-olhos-na-gestao-de-pessoas/>. TEMA 4 – TENDÊNCIAS FUTURAS DA GESTÃO DE PESSOAS “A falta de colaboração é fator crítico para as organizações brasileiras porque afeta muito a eficácia e a eficiência da organização.” (Abreu, 2018, p. 14) O aumento do investimento por parte das organizações na gestão das pessoas é a grande tendência futura, uma vez que essas organizações estão percebendo que o seu grande diferencial competitivo são as pessoas que atuam em seu quadro de colaboradores. A transformação digital, ou seja, a tecnologia, está facilitando e permitindo o acesso à automatização de rotinas e processos, permitindo às pessoas o acesso a papéis mais estratégicos dentro da estrutura organizacional. Segundo Carvalho (2016, p. 24), existem 10 tendências globais de capital humano de acordo com o estudo da Deloitte. Estrutura organizacional: os negócios têm se reinventado para operar como “redes de equipes”, como resposta aos novos desafios. A prontidão da liderança: os líderes de todas as gerações, gêneros e culturas têm sido bem empoderados para conduzir organizações ao redor do mundo? Cultura organizacional: o impacto da cultura nos negócios é incontestável, e novas ferramentas podem auxiliar líderes a mensurar e gerir o alinhamento da cultura em direção aos objetivos do negócio. Engajamento: na construção da relação entre empregador e empregado, os profissionais tornam-se, de certa maneira, voluntários, a serem “reengajados” e “rerrecrutados” diariamente. Aprendizado: as áreas de aprendizagem corporativa estão deixando o papel de provedoras de treinamentos para tornarem-se gestoras de conteúdo e facilitadoras de experiências. 13 Design thinking: o design thinking se contrapõe à complexidade desnecessária do ambiente de trabalho, colocando a experiência do profissional em primeiro plano. RH: conforme as empresas se transformam, as respectivas mudanças em curso precisam ser consideradas no papel exercido pelas áreas de RH. Analytics: o RH tem a chance de demonstrar o retorno sobre o investimento (ROI) em seus esforços de analytics, construindo o business case para maiores investimentos. RH digital: dispositivos portáteis e outras tecnologias possibilitam que o RH revolucione a experiência dos profissionais por meio de novas plataformas digitais. Força de trabalho: redes de profissionais que trabalham sem qualquer vínculo empregatício – assim como o crescente uso de tecnologias – estão remodelando a equação da gestão de talentos. A Consultoria Santo Caos, que trabalha o engajamento interno nas organizações, sugere quatro ideias inovadoras para a gestão das pessoas. Use a tecnologia a seu favor: use canais digitais na busca de talentos, promoção de relacionamento entre funcionários e destes com a empresa. Inove com foco em talentos: por meio da descentralização dos processos de seleção e foco no perfil inovador dos candidatos. Não fique preso aos concorrentes: além de ações de benchmarking, os profissionais de gestão de pessoas devem estar abertos e buscar várias fontes de ideias e inovações. Aposte na diversidade: a gestão da diversidade está sendo considerada uma das maiores tendências em gestão de pessoas. Portanto, segundo as tendências futuras da Gestão de Pessoas, percebe- se que o ambiente organizacional,caracterizado pelo dinamismo, tem motivado os gestores de pessoas a buscar soluções inovadoras no sentido de aproveitar o avanço tecnológico disponível e conciliar o aumento do desempenho com a satisfação pessoal de cada componente da sua equipe. 14 Leitura complementar No sentido de ampliar seu conhecimento sobre as tendências futuras ao gerir pessoas, leia a seção 6.1 e 6.2 (p. 96-105) do livro Gestão de pessoas: conceitos e estratégias, disponível na Biblioteca Virtual. (ROMERO, S. M. T.; COSTA E SILVA, S.; KOPS, L. M. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013.) TEMA 5 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS “Estratégia sem tática é o caminho mais lento à vitória. Tática sem estratégia é o barulho antes da derrota.” (Sun Tzŭ) A partir dos conteúdos já trabalhados, é possível concluir que o papel de gestão de pessoas está cada vez mais estratégico para as áreas e as organizações. Mas, afinal, a que se refere exatamente o termo “gestão estratégica de pessoas”? Para Albuquerque (2003, p. 35), “a administração estratégica de pessoas serve como pano de fundo para promover mudanças organizacionais e é o instrumento adequado para dar respostas aos desafios do ambiente empresarial”. Já para Wittmann et al. (2011), a gestão estratégica de pessoas é o trabalho desempenhado pelos gestores de negócios da empresa (profissional que tem o controle total das ações e recursos da empresa, tais como área comercial, financeira, estatística, marketing, contabilidade, além de ser uma referência como liderança para todos na própria organização), tendo um auxílio e sendo alicerçado pelo setor de Recursos Humanos com o propósito de melhorar desempenhos e atingir metas no qual estejam inseridas tanto as necessidades individuais dos colaboradores quanto as necessidades da organização e sociedade. E, por fim, Mascarenhas (2008) define gestão estratégica de pessoas como toda e qualquer mobilização, orientação, direcionamento e administração do fator humano ao elaborar uma estratégia para a organização envolvendo o setor de Recursos Humanos e garantindo que todos na organização tenham percepção das estratégias e caminhem com a empresa. Percebe-se que os conceitos apresentados evidenciam a necessidade de uma gestão estratégia de pessoas a fim de promover mudanças, dar resposta aos desafios, melhorar desempenhos, alinhar necessidades individuais e 15 organizacionais e comunicar, de maneira clara, as estratégias organizacionais no sentido de todos os colaboradores caminharem na mesma direção. Para garantir resultados extraordinários, é necessário que as estratégias de gestão de pessoas estejam alinhadas com as demais estratégias da organização. Ao tratar de gestão estratégica de pessoas, a responsável por “orquestrar” o processo junto dos gestores é a área de gestão de pessoas, uma vez que é a área responsável por planejar essas políticas e processos. Segundo Chiavenato (2016), para garantir um planejamento de gestão de pessoas coerente e alinhado com as estratégias da área e da organização, é necessário que os gestores e os profissionais da área de gestão de pessoas trabalhem juntos. As etapas sugeridas pelo autor para a elaboração de um planejamento estratégico baseado em competências são: Definir as competências organizacionais básicas, ou seja, as competências requeridas para executar a estratégia de negócios da organização; Definir o conjunto de práticas de RH para cada competência, ou seja, a definição das práticas de RH que podem desenvolver as competências individuais, dos grupos e organizacionais; Integrar as competências organizacionais básicas, ou seja, priorizar as competências e práticas de RH e garantir seu alinhamento; Desenhar os planos de implementação das competências, ou seja, estabelecer os planos de ação e a estratégia de implantação das práticas de RH. A nova formatação da área de recursos humanos, com características mais estratégicas para a organização, é definida como gestão estratégica de pessoas e tem como funções: 1. Ajudar a organização a atingir sua missão; 2. Propiciar meios para a realização dos objetivos da empresa; 3. Atribuir equilíbrio entre as expectativas das empresas e dos colaboradores; 4. Gerir a produtividade e a qualidade; 5. Criar métodos para melhorar o desempenho individual e organizacional; 6. Desenvolver e reter talentos; 7. Garantir a motivação e o comprometimento dos colaboradores; 8. Garantir um ambiente de trabalho saudável; 9. Gerir mudanças organizacionais. https://www.ibccoaching.com.br/portal/importancia-dos-indicadores-de-produtividade-nos-processos-de-uma-empresa/ 16 São muitos os desafios, tanto dos profissionais da área de gestão de pessoas quanto dos próprios gestores nas áreas, para garantir o alinhamento estratégico na gestão de pessoas. Segundo estudo da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH), o nível de comprometimento da liderança com a gestão de pessoas é crucial para 70% dos 1.160 executivos consultados. Em tempos de digitalização e de uma nova geração entrando no mercado de trabalho, é preciso levar em consideração questões como humanização do ambiente, novas formas de produtividade, constante aprendizado, adaptação às tecnologias que surgem, uma cultura interna que evite conflitos e que valorize o ser humano, além de um plano de carreira motivador. E que tudo isso, é claro, influencie na boa performance das empresas (Mundo RH, 2018). 17 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G. A gestão estratégica de pessoas. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. ABREU, V. Por mais líderes com mindset digital e colaborativo. Revista Melhor, ano 25, n. 362, p. 14, 2018. BARRETT, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. São Paulo: Alta Books, 2018. CARVALHO, G. Cuidar (bem) do que é seu. Revista Melhor, ano 24, n. 349, 2016. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2016. _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2015. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: IBPEX, 2008. MARQUES, J. R. A importância da gestão de pessoas nas organizações. Portal IBC, 14 set. 2018. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh- gestao-pessoas/importancia-gestao-pessoas-organizacoes/>. Acesso em: 29 maio 2019. MASCARENHAS, A. O. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São Paulo: Cengage Learning, 2008. EMPRESAS destacam suas ações inovadoras em RH. Mundo RH, 1 jun. 2018. Disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes- inovadoras-em-rh/>. Acesso em: 29 maio 2019. PALLAES, A. Uma nova conexão com o trabalho. Revista Melhor, ano 26, n. 363, 2018. QUINN, R. Competências gerenciais: a abordagem de valores concorrentes na gestão. São Paulo: Elsevier Brasil, 2017. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. 18 WITTMANN, M. L.; LUBECK, R. M.; SILVA, M. S.; XAVIER, N. R. Uma visão não linear pelo prisma da complexidade sabre o ambiente da estratégia empresarial. Anpad 3Es, 2011. AULA 2 GESTÃO DE PESSOAS Profª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL Na aula anterior, tratamos dos conceitos que envolvem a gestão de pessoas no cenário organizacional em que atuamos, bem como algumas particularidades e tendências futuras. Tivemos, ainda, a oportunidade de conhecer os subsistemas da área de gestão de pessoas e entender o papel do gestor de pessoas, no sentido de implementar as políticas e programas e garantir a qualidade de todos os processos. Nesta aula, iremos nos aprofundar em algumas dasfunções tanto da área de Gestão de Pessoas quanto do próprio gestor e entender o papel de cada um dentro desses processos. Destacamos para esta aula os processos de atração e seleção de pessoas; gestão de carreiras, remuneração e benefícios; qualidade de vida e saúde ocupacional; treinamento e desenvolvimento de pessoas; e aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Espero que você aproveite muito os conteúdos que serão explorados em cada tema. TEMA 1 – ATRAÇÃO E SELEÇÃO DE PESSOAS “O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe vence campeonatos”. (Michael Jordan) Para iniciar nossa discussão sobre atração e seleção de pessoas, vamos analisar alguns dados interessantes. De acordo com uma pesquisa da Talenses, consultoria de recrutamento e seleção, realizada com mais de 2.500 profissionais de diferentes níveis hierárquicos (de analistas a presidentes), sobre os fatores que os atrairiam para uma nova oportunidade profissional, a combinação entre salário e bônus é apontada por 84% dos analistas e 82% de coordenadores e gerentes respondentes como o ponto mais importante para uma mudança profissional. Para os diretores, VPs e presidentes entrevistados, apenas 57% a consideram relevante para a decisão de uma mudança. Mais relevantes do que a remuneração, esse grupo de profissionais valoriza o ambiente de trabalho e o clima organizacional (67%), os desafios (62%), a cultura organizacional (62%) e a perspectiva atual do negócio (58%). (Remuneração..., 2018). Portanto, ao recrutar e selecionar candidatos para determinado cargo, é importante analisar os fatores motivadores de cada um e adequar os processos neste sentido. 3 Créditos: Andrey_Popov/ Shutterstock As técnicas utilizadas nos processos de recrutamento estão em constante inovação, algumas delas são técnicas antigas e agora estão sendo implementadas por diferentes mídias. Alguns dos métodos mais populares e inovadores demonstrados para alcançar potenciais candidatos e talentos são: • Desafios criativos na identificação de candidatos improváveis – Quando os recrutadores contratam pessoas, uma coisa a ter em mente é que as habilidades podem ser ensinadas, mas as atitudes não podem. • Tecnologia de vídeo – O vídeo fornece um toque pessoal e permite que um relacionamento comece em um nível face a face em vez de uma voz em um telefone ou um nome em uma pilha de currículos. • Plataforma móvel – Devido à mobilidade ser realizada à mão, a taxa de resposta é alta e permite mais flexibilidade nas maneiras de alcançar esses candidatos qualificados. • Mídias sociais e redes profissionais – Esses canais online alteraram a forma como os recrutadores encontram as habilidades e o talento que estão procurando. • Big Data – Recrutadores estão usando software especializado para analisar milhares de aplicativos e currículos. Essas ferramentas ajudam a filtrar todas as informações por habilidades e qualificações. • Técnicas estranhas e bem-sucedidas – Em recentes tentativas de alcançar candidatos, os recrutadores estão começando a aplicar formas não convencionais de encontrar os candidatos ideais. E, para concluir a discussão sobre recrutamento, seguem mais algumas dicas para um recrutamento eficaz: 4 • Divulgar as vagas de sua empresa de forma eficiente; • Oferecer um local de trabalho atraente; • Filtrar bem o perfil dos candidatos antes das entrevistas pessoais; • Estimular o senso de responsabilidade; • Valorizar a sua rede de funcionários. A próxima etapa, após recrutar os candidatos à vaga, é a seleção. Para conseguir selecionar os melhores talentos, as organizações estão deixando de dar aos gerentes de área e profissionais de RH a responsabilidade direta e muitas vezes exclusiva pelas decisões de contratação. A seleção está sendo conduzida por grupos funcionais cruzados e focada em competências de liderança, tanto quanto em habilidades profissionais. Isso pode ajudar a garantir uma abordagem mais diversificada à seleção e diminuir a subjetividade do processo. Outras ações são fundamentais na garantia da qualidade e assertividade nos processos de seleção. Dentre elas, podemos destacar: • Defina as atribuições do cargo e o perfil da vaga; • Planeje o recrutamento e seleção de pessoas; • Tenha cuidados especiais na entrevista – Questione sobre metas, desempenhos e opinião sobre outros empregos. Tenha atenção também à postura, ao modo de falar e à expressão corporal; • Realize dinâmicas – Quando estrategicamente elaborada, a dinâmica em grupo é uma ferramenta muito eficiente para a contratação de excelentes colaboradores; • Tenha uma comunicação clara com os candidatos; • Dialoguem sobre práticas e experiências anteriores. Saiba mais Na prática organizacional Um exemplo de sucesso é o Grupo Votorantim — multinacional brasileira —, que desenvolveu um sistema de mapeamento capaz de cruzar dados reais de pessoas que se enquadram nos requisitos exigidos pela empresa. A partir daí, acontece uma abordagem dos profissionais apontados pela ferramenta de recrutamento e seleção. Para isso, a empresa envia uma comunicação para o escolhido, perguntando se desejaria participar do processo seletivo da instituição. 5 Segundo a empresa, normalmente a maioria dos contatados aceita o convite e, visto que já haviam passado por uma triagem rigorosa, a possibilidade de estarem aptos para serem contratados pela empresa é bem alta. Saiba mais em: 17 DICAS para acertar no recrutamento e seleção de pessoas. Gupy, 2018. Disponível em: <https://www.gupy.io/blog/acertar-selecao-de-pessoas>. Acesso em: 31 jul. 2019. A indústria de recrutamento e seleção está evoluindo, mas para se diferenciar e obter vantagens competitivas é necessário melhorar continuamente o desenvolvimento de novas formas de alcançar e engajar o talento que a organização está procurando. Encontrar a contratação certa é uma tarefa multifacetada que exige que os recrutadores descartem as técnicas tradicionais que estão se tornando obsoletas. TEMA 2 – GESTÃO DE CARREIRAS, REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” (Peter Drucker) A gestão de carreira, no passado, era definida como promoção para o próximo nível gerencial. Os “planos” de carreira de quinze anos eram comuns. Porém, o cenário atual está diferente em dois sentidos. Primeiro, poucos são os profissionais que se mantêm em uma organização por tanto tempo para poder se beneficiar de planos de carreira definitivos e longos. Segundo, a responsabilidade pela gestão de carreira passou a ser do próprio profissional, com o apoio do seu gestor e de profissionais da área de gestão de pessoas. Em nível organizacional, podemos definir a gestão de carreira como um processo que impulsiona os funcionários a entenderem e desenvolverem melhor as suas habilidades e interesses profissionais, usando essas habilidades e interesses de forma mais eficaz, tanto dentro da empresa quanto depois de saírem dela. 6 Atividades específicas de gerenciamento de carreira podem incluir o fornecimento de avaliações realistas orientadas para a carreira, a publicação de vagas abertas e a oferta de atividades formais de desenvolvimento de carreira. O desenvolvimento de carreira engloba uma série de atividades ao longo da vida que contribuem para a exploração, estabelecimento, sucesso e realização da carreira de uma pessoa. O Planejamento de carreira é o processo deliberado por meio do qual o profissional se torna consciente de suas habilidades pessoais, interesses, conhecimentos, motivações e outras características; adquire informações sobre oportunidades e escolhas; identifica objetivos relacionados à carreira; e estabelece planos de ação para atingir metas específicas. Resumindo, a gestão de carreira é um planejamento consciente das etapas, planos, metas e ações que um profissional deve tomarno sentido de garantir sua realização profissional e financeira. Créditos: Hyejin Kang/ Shutterstock E como a realização financeira é parte fundamental de uma carreira de sucesso e atua como fator motivador para o alcance de melhores resultados, vamos tratar de remuneração e seus componentes. Quando tratamos de remuneração, o primeiro argumento a ser considerado é que o indivíduo “está disposto a investir o seu melhor à medida que obtém retornos justos e adequados ao seu investimento pessoal. Por isso, a forma de gerenciar a remuneração e as recompensas é fator primordial de atração, captação, retenção e manutenção das pessoas” (Stadler et al., 2014, p. 31). E quais os componentes da remuneração? Analise o quadro a seguir: 7 Quadro 2 – Componentes da remuneração Fonte: Stadler et al., 2014, p. 33 Vale lembrar que os fatores que motivam a busca por melhores resultados por parte dos colaboradores não englobam somente a remuneração financeira, ou seja, envolve fatores como: oportunidades de desenvolvimento, estabilidade no emprego, orgulho de pertencer a determinada empresa, reconhecimento e autoestima, qualidade de vida, oportunidades de encarreiramento, bom relacionamento, autonomia, cultura e clima organizacional. Assim, baseado neste argumento, é importante conhecer o que é e a diferença entre o sistema de remuneração tradicional e o sistema de remuneração estratégica. O sistema de remuneração tradicional tem como base para a remuneração a contribuição do cargo para os objetivos organizacionais e não como o indivíduo o desempenha. Este tipo de remuneração é viável em um ambiente estável, sem mudanças tecnológicas e de mercado. Porém, esta não é uma realidade comum no cenário organizacional atual. Portanto, as organizações estão privilegiando o sistema de remuneração estratégica, no qual a remuneração é vinculada ao desempenho individual do profissional e as compensações adicionais ao salário são feitas por meio de adicionais, bonificações, recompensas financeiras etc. O que é importante destacar neste tipo de remuneração é que um dos seus princípios é remunerar de forma distinta os profissionais que mais contribuem para o sucesso da organização. Saiba mais Para conhecer mais sobre a remuneração estratégica, leia o artigo SISTEMAS de Remuneração Tradicionais e a Remuneração Estratégica. Carreiras, S.d. Disponível em: <https://carreiras.empregos.com.br/seu- emprego/sistemas-de-remuneracao-tradicionais-e-a-remuneracao-estrategica/> Remuneração Fixa • Salário mensal • Salário por obra (empreitada, projeto) Remuneração Variável • Participação nos lucros e resultados (PLR) • Bônus e Ações Benefícios e Serviços • Seguro de vida e seguro saúde • Vale transporte 8 Acesso em: 16 jul. 2019. Assista também ao vídeo sobre esta temática acessando o material on-line. TEMA 3 – QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE OCUPACIONAL Um colaborador competente, mas deprimido e com baixa autoestima se torna improdutivo. (Chiavenato, 2008) Quando falamos de gestão de pessoas, os líderes buscam ampliar o comprometimento dos integrantes de sua equipe, a fim de melhorar os resultados individuais, do grupo e da organização. E uma das formas de aumentar este comprometimento é por meio da Qualidade de Vida do Trabalho – QVT. A área de gestão de pessoas é responsável por desenvolver procedimentos que estimulem os colaboradores a trabalharem motivados por meio da satisfação pessoal. Mas, para garantir a assertividade destes procedimentos, é fundamental identificar as necessidades dos colaboradores e os fatores que estão prejudicando a sua qualidade de vida no ambiente profissional. Mas, afinal, qual a definição de qualidade de vida no trabalho? Segundo definição de Albuquerque (2003, p. 2), QVT é “um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho”. De acordo com França (1997, p. 80), “QVT é o conjunto de ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho”. Já está claro que garantir a QVT dos colaboradores impulsiona os fatores motivacionais no sentido de garantir melhores resultados. Vamos, então, conhecer mais detalhadamente os benefícios de se investir em QVT, sendo eles: • Aumento da produtividade, devido ao engajamento dos colaboradores; • Maior satisfação dos clientes, aumentando a clientela; • Mais reconhecimento e confiança, conquistando bons fornecedores e parceiros; • Redução da rotatividade e do absenteísmo, o que evita prejuízo na economia; • Retenção de talentos, isto é, com QVT na empresa, o capital humano de qualidade permanece; • Redução de gastos com saúde e afastamento dos colaboradores; 9 • Clima organizacional mais favorável, o que permite mais produtividade, menos conflitos, melhora na imagem da empresa. (A importância..., 2019). Quando analisamos os fatores que promovem a qualidade de vida no trabalho, a saúde ocupacional é um dos principais. E o que é saúde ocupacional? A saúde ocupacional trata, basicamente, da redução ou extinção de riscos para a saúde do colaborador em seu ambiente de trabalho. Dentre estes riscos, devem ser considerados os riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, bem como condições estressantes que podem prejudicar a integridade física e mental dos indivíduos. Portanto, o desafio dos gestores e profissionais da área de gestão de pessoas é promover condições que atendam às necessidades físicas e emocionais dos colaboradores. Segundo Knapik (2012, p. 280), “as empresas estão sentindo os efeitos do estresse e despertando o interesse dos gestores por programas de QVT, pensando na satisfação do empregado e no aumento da produtividade”. Concluindo, os colaboradores de uma organização desempenham suas atividades por vários motivos, ou seja, para suprir suas necessidades – retorno financeiro, necessidade de crescimento, realização pessoal. Portanto, o desafio dos gestores de pessoas está em observar as necessidades pessoais dos membros de suas equipes e direcionar suas estratégias de gestão na busca da satisfação destas necessidades, mantendo a QVT e sua saúde física e mental. Saiba mais Para conhecer mais sobre qualidade de vida no trabalho, leia o Capítulo 5, páginas 85 a 88, do livro Gestão de pessoas: conceitos e estratégias, de Sonia Mara Romero, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo sobre esta temática, acessando o material on- line. TEMA 4 – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS “As pessoas são diversas e têm diferentes formas de aprender e de se engajar, de interpretar as informações, de se comunicar e de gerar sentido pessoal.” (Larissa, 2019) Para iniciar nosso estudo sobre treinamento e desenvolvimento – T&D, vamos analisar a evolução da visão e importância dada ao T&D pelos gestores e organizações. 10 Chiavenato (2015) explora a mudança de paradigma em relação ao treinamento e desenvolvimento de pessoas elencando a diferença de foco entre organizações tradicionais com uma cultura de obediência e organizações contemporâneas com uma cultura de compromisso, conforme quadro a seguir: Figura 3 – Cultura de obediência e cultura de compromisso Fonte: Chiavenato, 2015, p. 53 Levando em consideração esta evolução, é possível perceber que, na cultura do compromisso, existe uma mudança de foco de responsabilidade no que tange aos processos de aprendizado, trazendo a responsabilidade para o próprio profissional, com apoio da área de gestão de pessoas e dos líderes de equipe. Segundo Knapik (2012, p. 297), “as mudanças nos programas de T&D são incrementais, buscando atender às necessidades de novas competências exigidas pelos novosmodelos de gestão”. Assim, falando em competências e papel dos líderes, uma das principais competências exigidas do gestor de pessoas é o “treinamento da equipe, ou seja, o contínuo treinamento e desenvolvimento dos participantes da equipe, reduzindo suas dissonâncias, incrementando as comunicações e enriquecendo o conhecimento, habilidades e competências” (Chiavenato, 2015, p. 120). Treinamento e desenvolvimento são os processos utilizados para incrementar o desenvolvimento profissional e pessoas, mas existem diferenças entre ações de treinamento e ações de desenvolvimento. O treinamento tem por objetivo preparar o profissional para realizar uma atividade específica, com resultados a curto prazo. Já o desenvolvimento tem por objetivo preparar o profissional para desafios futuros, a médio e longo prazos. 11 Os processos de treinamento e desenvolvimento podem ter diversos objetivos envolvidos, dentre eles a transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades, comportamentos e atitudes e desenvolvimento de conceitos. O importante para o gestor de pessoas é se envolver na elaboração do plano de T&D de sua equipe e garantir a qualidade dos processos e o incremento dos resultados individuais e da equipe após a realização dos processos de treinamento e desenvolvimento. Um dos fatores de sucesso no T&D é o seu planejamento minucioso. Romero (2013) sugere as seguintes etapas de elaboração de um plano de treinamento: • Identificação das necessidades de T&D (diagnóstico); • Planejamento e programação das ações de T&D; • Execução da ação de T&D; • Avaliação dos Resultados. Este último item, a avaliação dos resultados de T&D, tem estado no foco de inúmeras discussões acerca da efetividade das ações, ou seja, o quanto as intervenções para treinar e desenvolver os profissionais e equipes estão surtindo o resultado esperado no dia a dia da equipe. Um dos métodos utilizados para garantir a eficácia das ações de T&D é o Modelo 6D’s, desenvolvido por Wick et al. (2011), no qual são apresentadas 6 disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio, por meio de etapas no processo de T&D, sendo eles: • D1 – Determinar os resultados para o negócio; • D2 – Desenhar uma experiência completa; • D3 – Direcionar a aplicação para a prática; • D4 – Definir a transferência do aprendizado para o dia a dia; • D5 – Dar apoio à performance; • D6 – Documentar os resultados. Os processos que utilizam o modelo 6D’s ampliam a experiência dos treinamentos e ações de desenvolvimento para além das “salas de aula”, tendo como foco a aplicabilidade do conteúdo para a melhoria da performance e dos resultados, ou seja, preocupa-se com uma experiência expandida. 12 Ademais, ao tratar da questão da experiência expandida, outro modelo bastante atual determina as etapas de uma experiência de aprendizagem completa, conforme figura a seguir: Figura 4 – Experiência de Aprendizagem Completa Fonte: Orlean, 2018, p. 17 Saiba mais Para um maior aprofundamento nos modelos e métodos de T&D, leia as páginas 201 a 203 do livro Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas, de Idalberto Chiavenato, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo sobre esta temática, acessando o material on- line. TEMA 5 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO “Gerenciamento é substituir músculo por pensamentos, folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação.” (Peter Drucker) Em vários dos temas tratados até o momento, o processo de constantes mudanças pelas quais as organizações estão passando ficou evidente. Assim, a aprendizagem organizacional tem relação direta com estas mudanças no cenário que impulsionam as mudanças nas organizações. Mas, antes de iniciar o estudo da relação entre a aprendizagem organizacional e as mudanças que ocorrem nas organizações, é importante ressaltar que as organizações aprendem. Segundo Takahashi (2015), esta é uma forma ilustrativa de tratar o tema, pois são os indivíduos que aprendem, e o que Ouvir falar sobre o programa Convocação ou inscrição Preparação Intervenção, aplicação Transferência do aprendizado e prática com apoio Resultados alcançados Experiência de Aprendizagem Completa Foco tradicional de T&D 13 ocorre nas organizações é um processo de aprendizado. Este processo ocorre por conta das mudanças e dos fluxos de conhecimento que permeiam o ambiente organizacional. Portanto, aprendizagem organizacional “refere-se a como a aprendizagem acontece na organização, isto é, às habilidades e processos de construção e utilização do conhecimento” (Bitencourt, 2001, p. 70). Complementando, Fisher e White (2000, p. 245) argumentam que “a aprendizagem organizacional é um processo reflexivo, desempenhado por membros em todos os níveis da organização que envolve a coleta de informações dos ambientes externo e interno, [nos quais] essas informações são filtradas através de um o processo de sensemaking coletivo, que resulta em interpretações compartilhadas que podem ser usadas para instigar ações, resultando em mudanças duradouras no comportamento da organização e nas teorias em uso”. Além disso, como todo o processo de aprendizagem organizacional envolve algum processo de mudança, existem, segundo Simart (2017), quatro estágios, os quais compreendem: 1. aprendizagem individual; 2. validação da aprendizagem; 3. estruturação da aprendizagem; 4. aprovação da aprendizagem. Ademais, é importante conhecer os processos de aprendizagem organizacional e a própria cultura da organização e equipe em que atuamos. Segundo Takahashi (2015), a cultura e a postura organizacional perante os momentos de mudança podem facilitar ou inibir os processos de aprendizagem e em que medida a organização absorve e utiliza o conhecimento. Assim, neste momento, que tal conhecer um pouco mais sobre a relação de aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento? Para Prange (2001), toda aprendizagem organizacional envolve algum tipo de conhecimento, ou seja, a aprendizagem só pode ser analisada no ambiente organizacional considerando a noção de conhecimento e sua institucionalização. Vamos iniciar conceituando o que é o conhecimento organizacional. Para Probst et al. (2002, p. 29), conhecimento “inclui tanto a teoria quanto a prática, as regras do dia a dia e as instruções de como agir. O conhecimento baseia-se em dados e informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado a pessoas”. 14 O conhecimento é dividido em conhecimento tácito e conhecimento explícito. O conhecimento tácito envolve o conhecimento adquirido por meio das experiências vividas, sendo, portanto, mais subjetivo, e tendo seu desenvolvimento vinculado à observação e à prática. Já o conhecimento explícito está associado ao conhecimento adquirido por meio de metodologias, gráficos, livros, treinamentos etc. Trata-se do conhecimento baseado na racionalidade e em processos formais de aprendizado. Independentemente do tipo de conhecimento, ele é de extrema importância para a consolidação das melhores práticas. Portanto, as organizações precisam geri-lo para garantir suas vantagens competitivas, ou seja, precisam desenvolver uma gestão do conhecimento. Segundo Falcão e Bresciani Filho (1999), a gestão do conhecimento é o processo organizacional consciente e sistemático de coleta, organização, compartilhamento e análise do acervo de conhecimento usado para atingir objetivos. Segundo Takahashi (2015), existem inúmeros modelos de gestão do conhecimento. Um dos mais difundidos é o modelo de Block (1998, p. 188), sendo que “este modelo está baseado em quatro dimensões: conteúdo (conhecimento estratégico relevante), cultura (modelos mentais e padrões de regras), processo (sequênciade atividades) e infraestrutura (sistemas de informações)”. O modelo de Block (1998) apresenta as etapas do processo de gestão do conhecimento, sendo elas: • Definir o objetivo do conhecimento; • Identificar o conhecimento disponível; • Registrar o conhecimento; • Disseminar o conhecimento; • Utilizar o conhecimento. Enfim, a aprendizagem organizacional e a gestão do conhecimento têm estado nas pautas de discussão nas organizações, a fim de impulsionar os processos de inovação e adaptação às mudanças de tecnologia e do mercado, e com o objetivo de garantir a manutenção de sua vantagem competitiva. 15 Saiba mais Para um maior aprofundamento sobre o tema, leia o Capítulo 7, páginas 173 a 190 do livro Competências, Aprendizagem Organizacional e Gestão do Conhecimento, de Adriane Roseli Wunsch, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo do tema no material on-line. 16 REFERÊNCIAS ALBURQUERQUE, L.-F. Estratégia de Recursos Humanos e Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. São Paulo: Curso avançado de Gestão empresarial em qualidade de vida: FEA/USP, 2003. A IMPORTÂNCIA da qualidade de vida no trabalho. Blog Segurança do Trabalho, 2019. Disponível em: <https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2017/02/aimportanciadaqualidade -de-vida-no-trabalho.html>. Acesso em: 5 ago. 2019. BITENCOURT, C. C. A gestão de competências gerenciais: a contribuição da aprendizagem organizacional. RAE, v. 44, n. 1, 2001. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2015. _____. Gestão de pessoas. 3. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2008. 17 DICAS para acertar no recrutamento e seleção de pessoas. GUPY, 2018. Disponível em: <https://www.gupy.io/blog/acertar-selecao-de-pessoas>. Acesso em: 5 ago. 2019. FALCÃO, S. D.; BRESCIANI FILHO, E. Gestão do conhecimento. Revista da III Jornada de Produção Científica das Universidades Católicas do Centro- Oeste, Goiânia, v. 2, 1999. FISHER, S. R.; WHITE, M. A. Downsizing in a learning organization: Are there hidden costs? Academy of Management Review, 2000, v. 25, n. 1, p. 244-251. FRANÇA, A. C. L. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista Brasileira de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 79-83, abr./mai./jun., 1997. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. LARISSA, A. Precisamos falar sobre humanização da gestão de pessoas. Blueprintt, 2019. Disponível em: <https://blueprintt.co/blog/humanizacao-do-rh>. Acesso em: 5 ago. 2019. 17 ORLEAN, D. Avaliando Ações de treinamento e desenvolvimento. Disponível em: <https://docplayer.com.br/9901996-Avaliando-acoes-de-treinamento-e- desenvolvimento-daniel-orlean.html>. Acesso em: 31 jul. 2019. PRANGE, C. Aprendizagem organizacional: desesperadamente em busca de teorias. São Paulo: Atlas, 2001, p. 41-63. PROBST, G.; RAUB, S. R. Gestão do conhecimento: os elementos constitutivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002. REMUNERAÇÃO é o principal fator de atração de profissionais. Revista Melhor, 24 maio 2018. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/remuneracao-e-o- principal-fator-de-atracao-de-profissionais-de-diversos-niveis-hierarquicos>. Acesso em: 30 jul. 2019. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. SIMARD, A. Organizational Learning: From individual learning to organizational change. In: JAZIRI-BOUAGINA, D.; JAMIL, G. L. (Ed.). Handbook of Research on Tacit Knowledge Management for Organizational Success. IGI Global, 2017. STADLER, A.; PAMPOLINI, C. P. G. Gestão de pessoas: estratégias de competitividade. Curitiba: InterSaberes, 2014. TAKAHACHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: InterSaberes, 2015. WICK, C.; POLLOCK, R.; JEFFERSON, A. 6Ds: as seis disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio. São Paulo: Évora, 2011. AULA 3 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 CONTEXTUALIZANDO No universo organizacional atual, dois tópicos são considerados de grande relevância para a manutenção da competitividade organizacional: a gestão do desempenho e a gestão por competências. Esses tópicos, que serão o assunto desta aula, envolvem diretamente a gestão de pessoas e a performance individual e organizacional. Quando tratamos de gestão e avaliação do desempenho, é preciso fazer um diagnóstico prévio na organização do nível de maturidade gerencial, definir os objetivos esperados da avaliação e estimar o tamanho e os recursos disponíveis para conduzir o processo. Só após esse diagnóstico é possível definir o método e o tipo de avaliação adequado à estrutura organizacional a fim de gerar os melhores resultados. Ao analisar a possibilidade de implementar a gestão por competências, além dos quesitos mencionados, é necessária uma mudança cultural na organização para que a espinha dorsal de todos os processos e políticas sejam as competências essenciais e organizacionais das áreas e individuais. Consequentemente, todos os processos e políticas de gestão de pessoas também devem ser balizados por essa espinha dorsal, este pilar de competências. TEMA 1 – GESTÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “Toda a avaliação é um processo para julgar ou estimular o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa.” Idalberto Chiavenato Um dos comportamentos naturais ao ser humano e à sociedade é a análise e o acompanhamento do desempenho humano. Quem de nós nunca teceu um julgamento sobre o desempenho de um amigo, de um colega de trabalho, de um gestor ou de um subordinado? Dentro das organizações não é diferente: esse é um comportamento natural e necessário para a garantia de resultados satisfatórios do indivíduo e da equipe. As organizações de alto desempenho consideram as pessoas suas maiores fontes de vantagem competitiva, por isso buscam, em suas estratégias internas, ampliar o comprometimento de seus recursos humanos com os resultados organizacionais por meio de sistemas de gestão que avaliem, 3 desenvolvam e motivem os funcionários a buscarem os melhores resultados pessoais, do grupo e da organização. Segundo Macedo (2015), a avaliação de desempenho é o processo que tem por objetivo medir o desempenho do funcionário a fim de avaliar a contribuição de cada um para o alcance dos objetivos da instituição. Chiavenato (2016, p. 113) define que a “avaliação de desempenho pode colaborar na determinação e no desenvolvimento de uma política adequada de RH às necessidades da organização”, ou seja, além de avaliar o desempenho individual, as ferramentas de avaliação de desempenho auxiliam os gestores e a área de gestão de pessoas a melhorarem os processos e as políticas internas de gestão. Além dos dois objetivos já citados, Pontes (2014) complementa com outros, que devem ser considerados ao definir pela implantação de um modelo de avaliação de desempenho. Entre eles estão os seguintes: tornar dinâmico o planejamento da empresa; conseguir melhorias na empresa voltadas à produtividade, à qualidade e à satisfação dos clientes, bem como em relação aos aspectos econômicos e financeiros; melhorar as competências das pessoas e da empresa; desenvolver pessoas; estabelecer os resultados esperados das pessoas na organização; melhorar a comunicação entre os níveis hierárquicos da organização, criando um clima de diálogo construtivo e eliminando dissonâncias, ansiedades e incertezas; dar orientação constante sobre o desempenho das pessoas, buscando melhorias; tornar claro queos resultados são conseguidos por intermédio da atuação de todo o corpo empresarial; estabelecer um clima de confiança, motivação e cooperação entre os membros das equipes de trabalho; servir como instrumento propagador de programas de qualidade e, conforme o método adotado, do próprio instrumento de gestão da qualidade; 4 servir como importante instrumento coadjuvante em decisões de carreira, salários e participação nos resultados da empresa; servir como instrumento para o levantamento de necessidades de treinamento e desenvolvimento; identificar talentos, como processo conjunto com o instrumento avaliação de potencial. Com base nesses objetivos e no potencial de ganhos que a avaliação de desempenho pode proporcionar aos gestores e demais áreas, é fundamental que a organizações tenham um processo de gestão do desempenho bem estruturado e disseminado em todas as áreas. Mas qual é a diferença entre avaliação de desempenho e gestão do desempenho? A avaliação é uma das etapas da gestão do desempenho, a qual engloba também a análise e a definição das expectativas dos clientes, as competências, os valores, a cultura da organização e os diferenciais dos seus produtos e serviços. Já a gestão do desempenho trata de todas as ações e iniciativas dentro das organizações no sentido de garantir e gerenciar o desempenho profissional, dentre as quais podemos elencar: a definição de funções, a fixação dos objetivos individuais, o apoio aos indivíduos e respectivo acompanhamento, a avaliação de desempenho, a formação para diversas competências, a remuneração em função do desempenho e a formação e o desenvolvimento das pessoas (Ghermandi, 2018). Concluindo, a gestão do desempenho, bem como a avaliação propriamente dita, deve ser uma das principais pautas no que tange à gestão de pessoas no ambiente organizacional, uma vez que garante a avaliação do curso que está sendo tomado, bem como permite a correção ou alteração da rota. TEMA 2 – MODELOS E TIPOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Quando você avalia o desempenho profissional, procure as causas. Reconheça e recompense aqueles que dão resultados. Ache as causas por que o desempenho é bom e por que o desempenho não é bom. Ram Charan 5 Para iniciar as discussões deste tema, vamos utilizar um argumento de Chiavenato (2016, p. 115), o qual apresenta que a avaliação do desempenho não pode restringir-se ao simples julgamento superficial e unilateral do chefe a respeito do comportamento funcional do subordinado no passado. É preciso descer a um nível maior de profundidade, localizar causas e estabelecer perspectivas de comum acordo com o avaliado. No trecho, o autor defende a atenção a alguns cuidados ao avaliar o desempenho de um colaborador, reforçando a necessidade de uma análise profunda sobre as causas e estratégias de melhoria do desempenho. Porém, muitas organizações ainda utilizam a ferramenta como instrumento de julgamento superficial, focando apenas no desempenho passado. A avaliação de desempenho, como as demais ferramentas de gestão de pessoas, também tem passado por evoluções nos últimos tempos. Na visão mecanicista, o funcionário era avaliado, controlado e punido, já na visão mais estratégica e orgânica, os resultados individuais são analisados com base: na adequação do funcionário ao cargo; na atuação da liderança; no investimento da organização em treinamento e desenvolvimento; na efetividade do feedback; na definição conjunta e clara dos objetivos pessoais, entre outros. É importante ressaltar que cada organização tem uma maturidade diferente em seus sistemas de gestão, e esse nível de maturidade deve ser considerado ao definir como gerir o desempenho na organização em que atuamos. Outros elementos que devem ser considerados são os objetivos a serem alcançados, o tamanho da organização, a sua cultura, a política de gestão de pessoas e as características dos cargos envolvidos. Ou seja, existe um modelo de avaliação de desempenho ideal para cada organização. A primeira análise que faremos, nesse sentido, aborda a ênfase dada a cada um dos métodos de avaliação de desempenho, conforme quadro a seguir: 6 Quadro 1 – Classificação dos métodos de avaliação de desempenho Métodos clássicos Métodos contemporâneos Ênfase da avaliação: passado Ênfase da avaliação: futuro Ênfase da avaliação: passado e futuro Ênfase da avaliação: futuro Pesquisa de campo; Incidentes críticos; Frases descritivas; Escala gráfica; Escolha forçada; Comparação binária; Atribuição de graus. Avaliação por objetivos; Avaliação por atividades. Avaliação por competências. Acompanhamento e avaliação de resultados. Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 46). Outra análise, também desenvolvida por Pontes (2014), avalia a objetividade de cada um dos métodos existentes no mercado, conforme a Figura 1. Figura 1 – Escala de objetividade dos métodos de avaliação Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 47). Outra questão a ser considerada ao optar por um modelo de avaliação de desempenho é o tipo de avaliação, o que é definido por quem é o responsável direto por avaliar o profissional. Segundo Chiavenato (2016, p. 119), “modernamente, a tendência é deslocar gradativamente a responsabilidade pela avaliação de desempenho para o próprio indivíduo com a participação gerencial na negociação consensual de objetivos a serem perseguidos pelo indivíduo com a ajuda e apoio do gerente”. No entanto, como não atuamos em uma realidade organizacional tão madura, caracterizada pela total autonomia e responsabilidade do profissional pelo seu desempenho e desenvolvimento, algumas questões devem nortear a 7 decisão pelo tipo de avaliação de desempenho e, mais especificamente, a decisão de quem será ou serão os avaliadores. Gil (2000, p. 150) elenca os possíveis responsáveis pela avaliação de desempenho de maneira geral, sendo eles: o gerente que, de certa forma, é o responsável pelo desempenho do seu subordinado; o próprio empregado, desde que a empresa determine parâmetros objetivos para que não haja subjetivismos e distorções pessoais; a equipe de trabalho, que define as metas e os objetivos a alcançar e avalia os membros; a comissão de avaliação, composta de membros escolhidos de diferentes órgãos; os subordinados em uma “avaliação invertida”, em que são eles quem avaliam os seus chefes, dando a possibilidade de ele saber o que seus subordinados pensam a seu respeito; o órgão de Recursos Humanos, onde somente o órgão avalia os empregados; o entorno do avaliado, por meio da avaliação 360°, a qual é feita por todos que têm algum tipo de interação profissional com o avaliado. Saiba mais Para conhecer os métodos e os tipos de avaliação, leia o capítulo 3 (p. 67- 84) do livro Técnicas e métodos de avaliação de desempenho, de Cley Jonir Foster Jardeweski e Gustavo Luiz Jardeweski, disponível na Biblioteca Virtual. TEMA 3 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A eficiência do líder é comprovada quando enxergamos os reflexos de suas virtudes e competências multiplicando-se em meio à sua equipe. Alison Aparecido Ferreira A gestão por competências é um gerenciamento baseado no equilíbrio das qualificações reais dos profissionais e nos requisitos de qualificação exigidos pelos cargos e funções, ou seja, trata-se de uma abordagem por meio da qual as organizações gerenciam as competências existentes e as exigidas para a garantia do alto desempenho, tanto a nível individual, grupal ou ao nível da organização (Melgar-Sasieta; Beppler; Pacheco, 2011). Outra definição de gestão por competências relaciona essa estratégia com a própria gestão de pessoas nas áreas e na organização, apresentando que a gestão por competências pode ser definida como um processo contínuo baseado naestratégia da empresa e que apresenta em sua estrutura a necessidade de um redirecionamento das políticas e dos processos de gestão de pessoas e um foco https://www.pensador.com/autor/alison_aparecido_ferreira/ 8 nos processos de treinamento e desenvolvimento dos profissionais (Ruano, 2003). A base desse modelo de gestão é o modelo por competências, que descreve os requisitos para o trabalho e permite compará-los com o conhecimento, a habilidade e as atitudes reais do indivíduo. Porém, antes de tratar da gestão por competências, vamos relembrar os conceitos básicos sobre competências individuais. Segundo Fleury e Fleury (2000), competência é saber agir de maneira responsável, implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. De acordo com Chiavenato (2015, p. 10), a competência individual é formada por quatro elementos, que são os seguintes: Conhecimento – é o saber e depende da aprendizagem. Para este conhecimento ser útil, ele precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. Habilidade – é o saber fazer, ou seja, é a capacidade de utilizar de maneira eficiente e eficaz o conhecimento para agregar valor; Julgamento – saber analisar e decidir, ou seja, trata do julgamento do profissional de onde, como e quando os conhecimentos e habilidades serão aplicados; Atitude – saber fazer acontecer, ou seja, “conhecimentos, habilidade e julgamento requerem atitudes das pessoas para que possam ser colocados em prática”. Existem vários modelos de gestão por competências, cada qual com suas singularidades. Dentre eles, um dos mais utilizados é o Modelo de Gestão por Competência de Brandão (2012), que apresenta as seguintes fases de implantação: 1. Formulação da estratégia organizacional definir missão, visão de futuro e objetivos estratégicos; estabelecer indicadores de desempenho e metas. 2. Mapeamento de competências identificar as competências necessárias; inventariar as competências existentes; mapear o gap de competências e planejar a captação e/ou o desenvolvimento. 3. Captação de competências selecionar competências externas; 9 admitir, alocar e integrar. 4. Desenvolvimento de competências definir mecanismo de desenvolvimento; disponibilizar e orientar aproveitamento. 5. Acompanhamento e avaliação acompanhar e apurar os resultados alcançados; comparar resultados alcançados com resultados esperados. 6. Retribuição reconhecer e premiar o bom desempenho; remunerar por competências. Outro modelo que apresenta as fases para a gestão por competências destaca cinco etapas para a implantação do modelo, conforme Quadro 2: Quadro 2 – Gestão por competências Fonte: Chiavenato (2015, p. 13) O importante a verificar nos dois modelos mostrados é a necessidade de mapear as competências necessárias e existentes e de formular uma estratégia para reduzir o gap entre elas, afinal, “saber alcançar a competitividade não depende apenas de conquistar, reter, aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos, mas, principalmente, de gerir competências e alcançar resultados significativos por meio delas.” (Chiavenato, 2015, p. 8). •Avaliação daquilo que a empresa sabe fazer melhor que a concorrência e que lhe assegura competitividade em um mundo em constante transformação Diagnóstico das competências essenciais (core competence) •Avaliação daquilo que cada área da empresa sabe fazer melhor e que lhe assegura vantagens competitivas Elaboração da matriz de competências para cada área da empresa •Definição apurada do significado de cada competência, a fim de assegurar compreensão e consonância por parte de todos Descrição das competências da empresa e de cada área •Definição de objetivos a alcançar e métricas a respeito da construção e aplicação e do desempenho das competências Definição de objetivos e indicadores de desempenho • Como incluir as competências em todas as atividades internas e externas da empresa para assegurar a competitividade do negócio Formulação dos planos operacionais 10 Saiba mais Para um melhor entendimento sobre gestão por competências, leia o artigo “5 motivos para gerenciar as competências de sua empresa”, disponível no link: https://blogdaqualidade.com.br/5-motivos-para-gerenciar-as-competencias-da- sua-empresa/. TEMA 4 – GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS É necessária a profissionalização, é necessária uma competência profissional em nós para atingirmos nosso objetivo, cumprir bem nossa missão. Ronaldo Pereira A propagação da gestão por competências tem impulsionado inúmeras mudanças na área de gestão de pessoas, principalmente no que tange à mudança de foco, tanto da própria área quanto dos gestores, para os processos de gerenciamento das competências que impulsiona, consequentemente, o desempenho profissional. Portanto, os modelos de gestão por competência tornaram-se a base para funções de gestão de pessoas, tais como: recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, gerenciamento de desempenho, remuneração etc. Os modelos de competência incluem especificamente os seguintes elementos: nomes das competências e definições detalhadas; descrições das atividades e dos comportamentos associados a cada competência; diagrama de apresentação do modelo de gestão por competências. No modelo de gestão por competências, ficam descritos todas as práticas, os processos e as políticas existentes na organização, inclusive as que envolvem a gestão de pessoas. Para Knapik (2012, p. 164), a adoção de um modelo de gestão por competências passa a ser um recurso estratégico nas empresas e, se bem conduzida, facilita o gerenciamento dos negócios. É importante que a área de gestão de pessoas tenha clareza sobre sua visão empresarial e sobre os resultados que pretende alcançar, para que defina as competências que agregam valor aos negócios. 11 Por isso, é preciso haver uma coerência entre os processos de todas as áreas da organização e, principalmente, nos processos e nas ferramentas da área de gestão de pessoas. Nesse sentido, Knapik (2012, p. 183) cita algumas das ferramentas de gestão de pessoas baseada em competências, sendo elas: roteiro de entrevista comportamental (indicador de competências) de seleção, para identificar os candidatos que possuem as capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes) valorizados pela empresa; identificação das competências a serem desenvolvidas nos colaboradores e criação de um plano de treinamento e desenvolvimento; elaboração de uma ferramenta de avaliação de desempenho dos colaboradores com foco em competências; criação de um programa de recompensas, remuneração e carreira por competências. Outros pesquisadores dos modelos de gestão por competências, Carbone et al. (2009), enumeram as aplicações do mapeamento de competências na gestão organizacional e de pessoas, sendo eles (p. 75-76): orientação estratégica das ações de gestão de pessoas; diagnóstico setorial ou individual; identificação de lacunas, ou gaps, de competências; identificação das necessidades de aprendizagem; sistematização da capacitação profissional; formulação de objetivos instrucionais; orientação profissional e de carreira; subsídio a ações de alocação, recrutamento e seleção; reconhecimento, promoção e premiação; remuneração por competências; endomarketing para estimular o autodesenvolvimento; orientação aos sistemas de compartilhamento de competências. Na organização, nas áreas e para os gestores, os modelos gestão por competência ajudam a melhorar o direcionamento nos processos de recrutamento e seleção, desenvolver conhecimentos e habilidades que levem a melhorar a eficácia e produtividade, fornecer uma estrutura consistentepara o desenvolvimento de políticas e processos de gestão de pessoas, construir um alinhamento das competências com os valores e as estratégias organizacionais, entre outros. Saiba mais Leia o capítulo 4 (p. 85-90) do livro Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento, de Adriana Roseli Wünsch Takahashi, disponível na Biblioteca Virtual. 12 TEMA 5 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PRÁTICA O importante não é qual ferramenta você vai utilizar, mas sim que essa ferramenta garanta que as competências estejam adequadas aos objetivos que se quer alcançar. Davidson Ramos Os modelos de competência são desenvolvidos mediante um processo de esclarecimento da estratégia do negócio e a determinação de como as ferramentas e processos “conversam” com a gestão por competências. Existem algumas etapas a serem respeitadas no modelo por competências, e dentre elas se incluem: 1. critérios de desempenho: definindo os critérios para um desempenho superior na função; 2. amostra de critério: escolhendo uma amostra de pessoas que desempenham o papel para a coleta de dados; 3. coleta de dados: coletando os dados da amostra sobre o seu desempenho; 4. análise de dados: desenvolvendo hipóteses sobre as competências e como essas competências podem produzir os resultados desejados. 5. validação: validando os resultados dos dados e análises 6. aplicação: aplicando o modelo de competência em atividades de gestão de pessoas e demais áreas. Os elementos de um modelo de competência são identificados pela realização de diagnósticos internos, que permitem colher informações detalhadas sobre o desempenho desejado e perceber como se relacionam com o cenário estratégico da organização. Quando se fala em gestão por competências na prática, um dos pontos mais importantes está no mapeamento das competências e elaboração da matriz de competências. Para Ramos (2017), essa matriz tem por objetivo: obtenção de uma visão geral da empresa, pois apresenta as características de todos os setores e colaboradores; ampliação do conhecimento das necessidades de uma área, pois evidencia os gaps de competências presentes em cada indivíduo; 13 descrição das competências necessárias para o exercício de um cargo. O próprio autor descreve as etapas de elaboração da matriz de competências, ou seja, a definição de quais são as competências necessárias para a realização das atividades, que são as seguintes: 1. Observe os profissionais em ação e veja o que eles precisam fazer/saber para realizar as tarefas diárias. 2. Entreviste os colaboradores, pergunte a eles quais são as habilidades necessárias no setor/cargo/projeto em que trabalham. 3. Realize uma reunião com todos os colaboradores e discuta com eles as habilidades que você listou. 4. Leve em conta o que já foi analisado, ou seja, os procedimentos já descritos. Além de considerar as etapas a serem utilizadas na prática da gestão por competências, é interessante conhecer as principais competências do líder no cenário organizacional atual. Para Giles (2016), são 10 as competências de liderança, conforme o Quadro 3. 14 Quadro 3 – As 10 principais competências da liderança Fonte: Adaptado de Giles, 2016. E, para concluir, vamos conhecer um exemplo prático da utilização da Gestão por Competências em processos de recrutamento e seleção. De forma resumida, o recrutador faz uma série de perguntas comportamentais, as quais conduzem o candidato a exemplificar como, quando e por que ele usou suas habilidades em resoluções dentro do trabalho, em tarefas que deram resultados efetivos para a empresa e que o fizeram crescer profissionalmente. Dessa forma, é possível trazer para a empresa os talentos que detêm as habilidades requeridas para aquele ramo de negócio e que estejam alinhadas com os objetivos organizacionais. Saiba mais Para conhecer a visão prática da gestão por competências, leia o artigo “Gestão por Competências, disponível no link: https://endeavor.org.br/pessoas/gestao-por-competencias/. 15 REFERÊNCIAS CARBONE, P. P. et al. (org.). Gestão por competências e gestão do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7. ed. Barueri: Manole, 2016. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GHERMANDI, F. Avaliação de Desempenho e Gestão do Desempenho: qual é a diferença? 2018. Luz Planilhas Empresariais. Disponível em: <https://blog.luz.vc/o-que-e/avaliacao-de-desempenho-e-gestao-de-desempenho />. Acesso em: 19 ago. 2019. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2000. GILES, S. The Most Important Leadership Competencies, According to Leaders Around the World. 2016. Harvard Business Review. Disponível em: <https://hbr.org/2016/03/the-most-important-leadership-competencies-according- to-leaders-around-the-world>. Acesso em: 19 ago. 2019. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. MACEDO, E. Avaliação de Desempenho. 2015. Mundo RH. Disponível em: http://mundorh.com/blog/2015/06/15/avaliacao-de-desempenho/>. Acesso em: 19 ago. 2019. MELGAR-SASIETA, H. A.; BEPPLER, F. D.; PACHECO, R. C. D. S. A memória organizacional no contexto da engenharia do conhecimento. DataGramaZero- Revista de Informação, v. 12, n. 3, 2011. PONTES, B. R. Avaliação de desempenho: métodos clássicos e contemporâneos, avaliação por objetivos, competências e equipes. São Paulo: LTr, 2014. 16 RAMOS, D. Como montar uma Matriz de Competências que facilite a criação de times mais fortes. 2017. Blog da Qualidade. Disponível em: <https://blogdaqualidade.com.br/como-montar-uma-matriz-de-competencias- que-facilite-a-criacao-de-times-mais-fortes-parte-1/>. Acesso em: 19 ago. 2019. RUANO, A. M. Gestão por competências: uma perspectiva para a consolidação da gestão estratégica de recursos humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. AULA 4 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 Muitos são os aspectos a serem considerados no ambiente organizacional para evoluir como gestor de pessoas e otimizar os resultados do grupo. Entre eles, precisamos levar em conta que atuamos em um ambiente caracterizado pela diversidade, no qual a liderança assume um papel muito importante na gestão dos talentos, na motivação dos indivíduos, na comunicação e no relacionamento interpessoal, bem como na gestão dos conflitos existentes na equipe. Desconsiderar esses aspectos reduz consideravelmente a possibilidade de manter e aumentar as vantagens competitivas da organização em um contexto de muitas mudanças tecnológicas e de mercado, de globalização, de crise e de pressões por resultados. Nesta aula, abordaremos esses temas a fim de instrumentalizar o gestor de pessoas para atuar nesse ambiente VUCA, ou seja, caracterizado por volatility (volatilidade), uncertainty (incerteza), complexity (complexidade) e ambiguity (ambiguidade). TEMA 1 – GESTÃO DA DIVERSIDADE ORGANIZACIONAL Não deixe a diversidade se transformar em adversidade. (Jadson Ferreira) Muito tem se falado sobre a necessidade de tratar a diversidade existente na sociedade e, consequentemente, no ambiente organizacional de maneira mais efetiva a fim de gerar resultados práticos, no sentido tanto de garantir uma das funções das empresas, a função social, como de aproveitar os conflitos geradospela diversidade para proporcionar um ambiente heterogêneo de ideias e pontos de vista, aumentando, assim, a produtividade nas organizações. A diversidade trata de diferenças e é conceituada como a qualidade do que é diverso, diferente, variado, portanto, como a diversidade trata de variedade, cabe neste momento listarmos os tipos de diversidade mais comuns no cenário atual. Ao analisar os artigos, estudos e estratégias organizacionais no Brasil e no mundo, podemos elencar como principais tipos de diversidade: • Diversidade geracional. • Diversidade de gênero. • Diversidade racial. • Diversidade das pessoas com deficiência. 3 • Diversidade de orientação sexual. • Diversidade cultural. Dentro do cenário da diversidade nas organizações, o desempenho e a sobrevivência dependem de mudar a perspectiva da heterogeneidade como fonte de conflitos na equipe para a perspectiva da heterogeneidade como fonte de ideias e inovações. Portanto, a estratégia organizacional deve focar na implantação de uma gestão da diversidade focada em potencializar a força das equipes por meio de diferentes pontos de vista, experiências e cultura, inserindo discussões acerca de soluções, ideias e inovações fazendo uso dessa potencialidade. Existem várias estratégias para tal, entre elas o modelo desenvolvido por Ely e Thomas (1996). Para esses autores, existem algumas condições prévias para a mudança de paradigma no sentido de permitir que a diversidade seja instrumento de aprendizagem, crescimento e inovação, sendo eles: • A liderança deve entender que uma força de trabalho diversificada vai incorporar diferentes perspectivas e abordagens para o trabalho e deve realmente valorizar a variedade de opiniões e insights. • A liderança deve reconhecer tanto as oportunidades de aprendizado quanto os desafios que a expressão de diferentes perspectivas apresenta para uma organização. • A cultura organizacional deve estimular o desenvolvimento pessoal. • A cultura organizacional deve incentivar a abertura. • A cultura deve fazer com que os trabalhadores se sintam valorizados. • A organização deve ter uma missão bem articulada e amplamente compreendida. • A organização deve ter uma estrutura não burocrática, relativamente igualitária. Um estudo realizado pela McKinsey & Company (consultoria americana que há vários anos a desenvolve pesquisas e iniciativas sobre o tema da diversidade) constatou o aumento em alguns índices, levando em consideração o olhar cuidadoso das organizações para o investimento em gestão da diversidade (Hunt et al., 2015), entre eles: 4 • Empresas que investem em diversidade racial e étnica são 35% mais propensas a ter retornos financeiros. • As empresas que se preocupam com a diversidade de gênero são 15% mais propensas a ter retornos financeiros. • Nos Estados Unidos, há uma relação linear entre diversidade racial e étnica e melhor desempenho financeiro: para cada 10% de aumento na diversidade racial e étnica na equipe executiva sênior, os lucros antes de juros e impostos (EBIT) aumentam 0,8%. • No Reino Unido, a maior diversidade de gêneros na equipe executiva sênior correspondeu ao aumento de desempenho em níveis mais elevados – para cada 10% de aumento na diversidade de gêneros, o EBIT aumentou 3,5%. No sentido de auxiliar na estruturação de um programa de gestão da diversidade, Gonçalves (2016) sugere que sejam seguidos alguns passos, conforme figura a seguir: Figura 1 – Etapas de um programa de gestão da diversidade Fonte: Gonçalves, 2016, p. 63. A importância do líder na gestão da diversidade é clara, e um professor de disciplinas que envolvem liderança, Jim Morris, apresenta algumas dicas para que o gestor se torne um líder inclusivo (Half, 2017), dentre elas: • Reconheça seu viés inconsciente e seja humilde sobre isso, ou seja, busque perceber os gatilhos que levam a julgamentos preconceituosos acerca de comportamentos diversos na equipe. • Deixe claras as regras não escritas, ou seja, melhore a comunicação sobre as regras e os valores vigentes no grupo e na organização. • Não negligencie as coisas pequenas, ou seja, oriente a sua equipe ao perceber comportamentos que prejudicam a prática da inclusão. 5 • Entenda as vantagens com as quais você nasceu, ou seja, reconheça que cada indivíduo possui a sua história e as suas experiências e, com base nisso, podem abordar a mesma situação de forma diferente. • Acredite que as pessoas são criadas iguais, mas não da mesma forma, ou seja, considere as características únicas de cada indivíduo como um diferencial agregador para o grupo. Saiba mais Para conhecer mais sobre gestão da diversidade e seus benefícios, leia o artigo Futuro do trabalho – diversidade e inclusão, disponível em: <https://revistamelhor.com.br/futuro-do-trabalho-diversidade-e-inclusao/>. TEMA 2 – GESTÃO DE TALENTOS “Trabalhar com relações de confiança, garante liberdade, responsabilidade e autonomia para todos – empresa e equipe – sendo o caminho mais eficaz de retenção de talentos” (Caroline Schmitz) Existe uma relação comprovada entre possuir os melhores talentos e obter melhores resultados do negócio. Portanto, no processo de gestão de pessoas, dar atenção aos talentos internos e externos tem se tornado uma das prioridades dos líderes das equipes de trabalho. Mas, afinal, o que é gestão de talentos? Trata-se da arte de captar, selecionar e reter profissionais com habilidades em obter resultados excelentes para a organização, por meio de ações de valorização e desenvolvimento pessoal e profissional. Ou seja, é a soma das políticas e dos programas que visam ao desenvolvimento das potencialidades individuais em prol do alcance dos resultados das equipes e organizações. Muitas são as práticas e políticas de gestão de pessoas utilizadas na gestão de talentos. Segundo a Consultoria DeBernt (2019), as principais são: • Ofereça um plano de carreira – como seres humanos, buscamos evoluir constantemente. • Estimule a autonomia entre os profissionais – a cultura organizacional precisa ser revista e oferecer mais autonomia. 6 • Envolva os funcionários nos processos de decisão –os gestores devem ser orientados para fornecer feedbacks constantemente e precisam ficar atentos a o que os colaboradores têm a dizer. • Reconheça os verdadeiros talentos – o colaborador que dá o seu melhor não está simplesmente fazendo uma obrigação. Trata-se de um esforço que precisa ser reconhecido. • Melhore o clima organizacional – invista na melhoria constante do clima organizacional. Estimule a prática de atividades em conjunto, promova a troca de conhecimentos e disponibilize áreas de lazer. • Crie um plano de incentivos – estabeleça uma meta alinhada com os objetivos da empresa para premiar aqueles colaboradores que consigam atingi-la. • Diferencie-se por meio dos benefícios – faça um levantamento dos principais benefícios oferecidos no mercado e diferencie-se por meio deles, oferecendo aqueles que são desejados pelos profissionais. Enfim, são muitas as estratégias organizacionais utilizadas na garantia de uma gestão de talentos eficiente, o importante é ter claro o que são talentos para a organização, como atrair, selecionar e, principalmente, reter esses profissionais e qual é o papel do gestor de pessoas nesse processo. Leitura complementar Na prática organizacional A Cheesecake Labs, empresa que atua no setor de desenvolvimento de aplicativos, mantém práticas inovadoras de RH a fim de tornar a empresa um lugar agradável de se trabalhar. Caroline, líder da área de gestão de pessoas, exemplifica com uma prática adotada na startup: “Aqui, o organograma ganhou um novo formato com menos estruturas de hierarquia e passou a se chamar florganograma – uma representação gráfica com canais de comunicação diretos e report fluido entre times,com apenas dois níveis hierárquicos de gestão que se comunicam com todas as equipes.” Outra mudança feita na empresa que aposta em uma gestão de pessoas moderna foi no plano de cargos. Chamado de árvore de carreira, ele é desenhado em conjunto com cada funcionário para atender os seus anseios dentro da empresa e torná-lo protagonista na jornada. Ele graficamente representa as trilhas de carreiras que os colaboradores podem 7 seguir, sendo que cada trilha se divide em “galhos/ramos” de gestão ou carreira especialista. Fonte: Adaptado de Mundo RH. Saiba mais E agora, para ampliar seus argumentos sobre a importância da gestão de talentos na organização, leia a Unidade 1 (páginas 19 a 23) do livro Gestão de talentos, disponível na Biblioteca Virtual (ADAMI, E. Gestão de talentos. São Paulo: Person Education do Brasil, 2014). TEMA 3 – LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO “Você precisa construir um time tão talentoso que faça com que você se sinta quase desconfortável ao redor deles.” (Brian Chesky) O papel dos gestores tem sofrido grandes mudanças com a evolução dos sistemas de gestão rumo a uma estrutura mais orgânica nas organizações. Para Chiavenato (2015), “os executivos estão se transformando em líderes democráticos, incentivadores e renovadores”. Ainda segundo o autor, os líderes assumiram, em parceria com a área de gestão de pessoas, o papel fundamental de selecionar, treinar, avaliar e remunerar os trabalhadores. Ainda acerca do papel dos líderes, Knapik (2012, p. 79) afirma que “as lideranças devem buscar estrategicamente o desenvolvimento de seus grupos de trabalho, transformando-os em equipes de alto desempenho, capazes de assumir uma tarefa importante e ter competências para realizá-la.”. Só neste trecho, ficam evidentes algumas das responsabilidades de um líder, ou seja, certificar que o profissional ocupe o cargo certo para o seu perfil e assegurar o desenvolvimento das competências individuais, a fim de garantir os melhores resultados dos profissionais e do grupo. Knapik (2012) complementa que o principal papel do líder é garantir o “senso de equipe” do seu grupo de trabalho. Para tal, é necessário que sejam considerados alguns fatores, dentre eles a maturidade emocional nos relacionamentos, a clareza e a transparência dos objetivos, a comunicação, o conhecimento dos prazos e recursos disponíveis, a disposição para aprender e mudar, o respeito mútuo e a confiança. 8 O desenvolvimento das competências da liderança é tão valioso que, segundo Stephen Covey, [...] quem não der mais poder a seus funcionários e não os preparar melhor vai ter dificuldades para enfrentar a competição global. O novo paradigma deixa de ser de comando e controle autoritário e passa a ser o empowerment das pessoas e das equipes. Isso significa alta confiança nas pessoas para que elas alcancem níveis elevados de criatividade, inovação, qualidade, flexibilidade e velocidade. (Chiavenato, 2015, p. 15) O líder, no seu papel maior de mentor e educador, pode seguir algumas recomendações sobre como gerir as pessoas de sua equipe. A autora Gramigna (2007, p. 210, adaptado) sugere 12 mandamentos, ou dicas, a serem incentivados e seguidos pelo líder para garantir que a equipe obtenha os melhores resultados. Vamos conhecê-los? 1. Se você for tímido(a), não cuide de você. Cuide do outro tímido. 2. O dominador desculpa-se da dominação alegando que ninguém quer assumir. O tímido desculpa-se da timidez alegando que o dominador não o deixa participar. Como resolver o impasse? 3. Imaturidade nos leva a buscar alguém que dirija as atividades. A maturidade nos leva a propor regras de cooperação. 4. Reivindique seu lugar no grupo ocupando espaços, dê autonomia. 5. Você pode se comprometer falando demais ou falando de menos. 6. Participar é ser responsável e desempenhar bem seu papel no grupo. 7. Abra espaços para ideias novas. 8. O homem tem objetivos. O animal é programado. Não ser programado é ser capaz de mudar. 9. Ser maduro é ser crítico e criativo. Use e abuse! 10. Seja empático, ou seja, tente se colocar no ponto de vista do outro; 11. A consciência crítica é conquistada a partir do momento em que estamos abertos a receber e dar feedback. 12. Todos são responsáveis pelo êxito do grupo. O último item da lista reforça a importância de “estimular cada um a cooperar”, mas como o gestor de pessoas pode provocar esse estímulo? Por meio da motivação. Motivação pode ser definida como a “capacidade de demonstrar interesse pelas atividades que vai executar, tomando iniciativas e mantendo atitude de 9 disponibilidade. Apresentar posturas de aceitação e tônus muscular que indica energia para o trabalho” (Gramigna, 2007, p. 116). Os processos de motivação envolvem alguns aspectos relevantes. Segundo Chiavenato (2015), os principais são: • Trata-se de um impulso que é provocado por estímulos que podem ser extrínsecos ou intrínsecos ao indivíduo. • As motivações variam de pessoa para pessoa e mudam de acordo com o tempo, conduzindo a diferentes comportamentos. • As motivações dependem de fatores como a percepção do estímulo, a cognição e as necessidades do indivíduo. Portanto, a maneira como as estratégias de motivação são definidas e aplicadas, bem como o resultado das ações motivacionais, depende de vários fatores internos ao indivíduo, à equipe e à organização. Dentre esses fatores, podemos citar: a cultura organizacional, as crenças e valores individuais, o estilo de administração, o nível de maturidade em gestão da organização, o alinhamento de propósito etc. Porém, independentemente de tais fatores, algumas atitudes do gestor de pessoas têm se mostrado bastante eficientes no sentido de garantir ou melhorar a motivação nas equipes. Para Bortotto (2016), as principais atitudes são: • Observar com mais atenção a sua equipe. • Demonstrar que seu funcionário está no caminho certo e fez um bom trabalho. • Agradecer pelo que ele fez além do esperado. Este é o tipo de reconhecimento mais formal, o qual funcionários que desempenharam acima e além das suas atribuições merecem. • Reconhecer pontos fracos e fortes. • Criar um ambiente favorável ao desenvolvimento pessoal e profissional de seu colaborador. • Investir em programas de treinamento técnico, propiciando desenvolvimento profissional, que aborde também assuntos que envolvam relações pessoais e gerenciamento de tempo, por exemplo. Não existe uma fórmula mágica para chegar aos resultados esperados, mas a motivação deve ser praticada diariamente pelo gestor de pessoas, pois 10 somente assim é possível manter índices de desempenho elevados para a maioria dos indicadores de desempenho. Saiba mais Para conhecer algumas importantes teorias que tratam da motivação, leia o Capítulo 5 (páginas 135 a 148) do livro Gestão de pessoas e talentos, disponível na Biblioteca Virtual (KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: IBPEX, 2012). TEMA 4 – COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO INTERPESSOAL “Não é possível não comunicar... não existe comportamento que não seja comunicação” (Paul Watzalawick) Uma comunicação ampla, em todos os sentidos, é imprescindível, tanto de cima para baixo e de baixo para cima quanto lateralmente. Para que isso seja viável, os superiores devem estar genuinamente interessados em ouvir o ponto de vista dos indivíduos de sua equipe (Stadler; Pampolini, 2014). Para entender o impacto que a comunicação tem sobre as organizações, é importante entender os tipos que ocorrem nas empresas: • Comunicação informal (não depende de canais predefinidos) e formal (ocorre por meio de canais predefinidos). • Comunicação vertical (gestores e colaboradores) e horizontal (entre indivíduos do mesmo nível hierárquico). Todos os grupos de comunicação abordam interações, porém cada interação tem as suas especificidades, e o entendimentodessas especificidades é relevante para quem quer aumentar o fluxo de comunicação nas equipes e na organização. A comunicação e a colaboração estão intimamente ligadas nas organizações, ou seja, comunicação é sinônimo de colaboração eficiente. A maneira como os indivíduos se comunicam é influenciada pela formação cultural e familiar e pelas experiências pessoais, o que pode dificultar o desenvolvimento de habilidades de comunicação. Porém, devido à relevância do tema, existem algumas correntes que destacam práticas de desenvolvimento de uma comunicação mais assertiva e eficiente. Dentre elas, uma das práticas mais difundidas atualmente é a comunicação não violenta (CNV), de Marshall 11 Rosemberg, segundo a qual a análise dos fatos, sentimentos e necessidades envolvidos no conflito desenvolvem a capacidade de “sair do piloto automático” por meio de uma visão empática dos conflitos e de suas motivações. Outra questão a ser analisada são os componentes da comunicação que interferem em como a mensagem está sendo comunicada e entendida. Vamos conhecê-los? • Emissor: aquele que envia a mensagem. • Receptor: aquele que recebe a mensagem. • Linguagem: são códigos utilizados para a transmissão das informações. • Mensagem: o conjunto de informações a serem transmitidas. Uma comunicação ineficaz tende a gerar conflitos nas equipes, o que interfere diretamente no clima e nos resultados gerados pelo grupo. Muitas são as dicas disponíveis sobre como melhorar a comunicação interpessoal, dentre elas: • Usar corretamente as palavras e sua pronúncia, principalmente em equipes multiculturais. • Desenvolver seus argumentos baseados em fatos e dados, não em suposições. • Saber assumir uma postura de ouvinte atento, principalmente em situações de discordância de perspectivas. • Buscar desenvolver uma escuta empática, ou seja, buscar o entendimento dos motivadores (sentimentos e necessidades) por trás dos comportamentos e das mensagens. • Desenvolver uma postura receptiva ao feedback, baseada na premissa de que ele se refere a uma situação ou a um comportamento, não ao indivíduo. Portanto, como afirma Mussak (2019), [...] a simples prática do diálogo, da disposição para expor seu ponto de vista, sem desmerecer o dos demais, é trivial, ou, como já foi dito, deveria ser. O problema do exercício do diálogo é que ele pressupõe ouvir o outro além do falar, e, mais que ouvir, respeitar, ponderar, compreender, aproveitar. E isso requer boa dose de disposição e de humildade. Falando em comunicação, outro tema merece atenção, o relacionamento interpessoal, uma vez que os processos de comunicação ocorrem na interação, e os dois temas estão intimamente relacionados. Sobre o relacionamento interpessoal, além de influenciar e ser influenciado pela comunicação, a sua qualidade afeta a motivação individual e do grupo. Bresser (2009) argumenta que 12 [...] as relações interpessoais dependem, sobretudo, de pessoas. Se existe um bom relacionamento interpessoal dentro de uma empresa, é porque as pessoas que nela trabalham se sentem confortáveis e possuem um bom clima organizacional, que incentiva o relacionamento saudável entre os colaboradores dentro e fora da empresa. Relacionamento pessoal é, portanto, uma das competências mais valorizadas no ambiente profissional e pode ser definido como “habilidade para interagir com pessoas de forma empática, inclusive em situações conflitantes, demonstrando atitudes assertivas, comportamentos maduros e não combativos” (Gramigna, 2007, p. 83). Ainda segundo a autora, essa competência pode ser decomposta em habilidades, conhecimentos e atitudes que contribuem para relacionamentos interpessoais saudáveis e motivadores, sendo eles: • Habilidades: o Argumenta com propriedade e respeito aos outros. o Consegue a atenção e a colaboração das pessoas de sua equipe. o É agradável nos contatos e angaria a simpatia do grupo. o Contorna situações conflitivas com propriedade e flexibilidade. • Conhecimentos: o Conhecimento da dinâmica e funcionamento dos grupos. o Princípios da inteligência emocional. • Atitudes: o Mantém bom relacionamento com usuários e fornecedores. o Possui atitude ética, profissional e cortês. o Demonstra comportamentos não combativos. o Busca aproximação e contatos com as pessoas. Concluindo, buscar formas de melhorar os relacionamentos interpessoais por meio do desenvolvimento dessa competência afeta sobremaneira o clima organizacional, a motivação, a confiança no grupo e, consequentemente, os resultados organizacionais. Saiba mais Para entender mais sobre como desenvolver o relacionamento interpessoal, leia o artigo Dificuldades e soluções dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho, disponível em: <https://administradores.com.br/artigos/dificuldades-e-solucoes-dos- relacionamentos-interpessoais-no-ambiente-de-trabalho>. 13 TEMA 5 – GERENCIAMENTO DE CONFLITOS “O conflito é algo criativo, o que é negativo é o confronto. O conflito é a divergência de postura, o confronto é uma tentativa de anular outra pessoa” (Mario Sérgio Cortella) O cenário de mercado, caracterizado pela globalização e pela inserção de grupos diversos nas organizações, somado às rápidas mudanças tecnológicas e de gestão, está impulsionando o surgimento de conflitos interpessoais nas equipes e organizações. “Um problema que costuma se agravar em tempos de crise. Saber administrar esses atritos pode gerar uma série de vantagens às corporações e trazer resultados que vão desde maior estímulo à colaboração e à participação até ganhos de produtividade” (Estúdio ABC, 2015). As visões acerca da existência de conflitos nos grupos sofreram um processo de evolução, juntamente com os modelos de sistema de gestão. Lotz e Burda (2015) apresentam essa evolução com base nos estudos de Robbins, comparando três visões – a tradicional, a das relações humanas e a interacionista –, conforme Quadro 1. Tabela 1 – Visões de conflitos Visão Características Visão tradicional Todo conflito é ruim; considerado contraproducente, é sinônimo de violência, destruição e irracionalidade; o conflito é, por definição, prejudicial para a organização e deve ser evitado. Visão das relações humanas O conflito é uma ocorrência natural nos grupos, e há ocasiões em que pode até ser benéfico. Visão interacionista Acredita que um grupo demasiadamente harmonioso, pacífico e cooperativo está em iminência de tornar-se apático e sem condições de responder às necessidades de mudança e de inovação; encoraja os líderes a manter um nível mínimo constante de conflitos. Fonte: Lotz; Burda, 2015, p. 80. Um conflito pode resultar em forças construtivas, que levam à inovação e à mudança, ou em forças destrutivas, que levam ao desgaste e à oposição. Lotz e Burda reforçam o argumento apresentando os tipos de conflitos – funcionais e disfuncionais – e suas implicações, conforme Figura 1. 14 Figura 2 – Tipos de conflitos e suas implicações Fonte: Lotz; Burda, 2015, p. 81. Há muito pouco tempo, os gestores formavam suas equipes com indivíduos de perfis muito semelhantes para evitar os conflitos advindos da diferença de estilos de trabalho e perspectivas, resultando nas chamadas equipes homogêneas. Porém, estudos comprovam que a ausência de conflitos nessas equipes gerava estagnação e apatia e limitava a geração de ideias, inovações e uma maior assertividade na resolução de problemas. Atualmente, as equipes mais valorizadas são as heterogêneas, ou seja, as equipes com componentes diferentes em experiências, estilos de trabalho, relação com o poder, características baseadas em gênero e idade, culturas, entre outros. Porém, para garantir as vantagens dos conflitos, ou seja, que se tornem funcionais, é necessário eles sejam geridos. Segundo Martinelli et al. (2004),existem quatro estilos de gerenciamento de conflitos: • Acomodação – utiliza a manipulação para encobrir e evitar os conflitos. • Dominação – utiliza as relações de poder para dirimir os conflitos. • Compromisso – foca no acordo pacífico baseado na barganha de posições. • Solução integradora dos problemas – também conhecida como abordagem colaborativa, busca uma alternativa que atenda às necessidades de todas as partes envolvidas. É a mais eficiente, porém não é possível adotar essa abordagem em todos os tipos de conflitos. 15 REFERÊNCIAS BORTOTTO. C. Motivação da equipe é essencial no ambiente corporativo. Revista Melhor. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/motivacao-da- equipe-e-essencial-no-ambiente-corporativo/>. Acesso em: 18 ago. 2019. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. DEBERNT. Gestão de talentos: entenda a importância que ela tem para a empresa. Disponível em: <http://www.debernt.com.br/gestao-de-talentos- entenda-importancia-que-ela-tem-para-empresa/>. Acesso em: 18 ago. 2019. ESTÚDIO ABC. Como resolver conflitos no trabalho. Exame. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/como-resolver-conflitos-no-trabalho/>. Acesso em: 18 ago. 2019. GONÇALVES, B. S. (Ed.). Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas. Disponível em: <https://www.ethos.org.br/wp- content/uploads/2016/05/Perfil_Social_Tacial_Genero_500empresas.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2019. GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e gestão dos talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007. HALF, R. Diversidade: como ser um líder inclusivo. Disponível em: <https://www.roberthalf.com.br/blog/gestao-de-talentos/diversidade-como-ser- um-lider-inclusivo>. Acesso em: 18 ago. 2019. HUNT, V.; LAYTON, D.; PRINCE, S. Why diversity matters. McKinsey & Company. Disponível em: <https://www.mckinsey.com/business- functions/organization/our-insights/why-diversity-matters>. Acesso em: 18 ago. 2019. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: Ibpex, 2012. LOTZ, E. G.; BURDA, J. A. Recrutamento e seleção de talentos. Curitiba: InterSaberes, 2015. MARTINELLI, D. P.; VENTURA, C. A. A.; MACHADO, J. R. Negociação internacional. São Paulo: Atlas, 2004. MUNDO RH. Disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam- suas-acoes-inovadoras-em-rh>. http://www.debernt.com.br/gestao-de-talentos-entenda-importancia-que-ela-tem-para-empresa/ http://www.debernt.com.br/gestao-de-talentos-entenda-importancia-que-ela-tem-para-empresa/ 16 MUSSAK, E. O trivial e o especial. Revista Melhor. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/o-trivial-e-o-especial/>. Acesso em: 18 ago. 2019. STADLER, A.; PAMPOLINI, C. P. G. Gestão de pessoas: estratégias de competitividade. Curitiba: InterSaberes, 2014. AULA 5 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL Nos novos modelos de gestão de pessoas, os quais estamos analisando profundamente nesta disciplina, algumas ferramentas têm se mostrado bastante efetivas no desenvolvimento de uma cultura voltada a tornar os colaboradores e equipes mais adaptáveis e receptivos às mudanças. Entre essas possibilidades, temos o desenvolvimento das habilidades dos líderes como coaches e mentores, no sentido de auxiliarem no desenvolvimento de seus liderados; a gestão das mudanças, por meio de ferramentas que criam um ambiente mais adaptável e potencializam os processos de aprendizagem organizacional; a mudança de paradigma, ao considerar o capital cultural da organização, da equipe e individual como elemento direcionador e engajador dos colaboradores em direção ao alcance de melhores resultados; a relevância do reforço da ética como um valor primordial na organização e nos processos de gestão de pessoas; e a necessidade da criação e acompanhamento de indicadores de desempenho de gestão de pessoas, a fim de garantir que haja alinhamento das políticas e processos de RH com as estratégias organizacionais, a atuação da liderança e as necessidades do ambiente interno e externo. E são esses os temas que estudaremos nesta aula. Aproveite os conteúdos! TEMA 1 – COACHING E MENTORING Oportunidades não surgem. É você que as cria. Chris Grosser Uma das principais habilidades demandadas dos líderes, nas organizações, está relacionada com sua atuação como coachings e mentorings dos seus liderados, a fim de desenvolverem as pessoas da sua equipe para que sejam mais eficientes e eficazes. Mas, existe diferença entre os dois conceitos? Segundo Erlich (2016), as diferenças podem ser elencadas com base nas principais características de ambos, conforme o Quadro 1. 3 Quadro 1 – Diferenças entre coaching e mentoring Fonte: Erlich, 2016. Ademais, o coaching tem como foco as pessoas e equipes e o desenvolvimento de suas potencialidades e a mudança de seus comportamentos, quando necessário. Já o mentoring tem como foco o profissional que pretende se desenvolver em uma profissão já definida, atuando como inspiração e fonte de experiência em determinada função ou área, no âmbito de uma organização. Mas, vamos focar em cada um deles, nesse momento. O coaching pode ser definido como “um processo que visa o desenvolvimento de qualidades e competências, para acelerar o alcance do coachee à sua meta” (Santos, 2017). Ainda segundo o autor, utiliza como base um conjunto de técnicas, ferramentas e recursos no sentido de auxiliar o indivíduo a definir e atingir os seus objetivos. Para Lotz e Gramms (2014), esse processo estimula reflexões, promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo. Entre os conceitos do processo de coaching, podemos destacar dois que representam as pessoas envolvidas nesse processo: o coach e o coachee. O coach tem o papel de fazer perguntas e aplicar ferramentas com o propósito de estimular o coachee. Já este último tem o papel de observar a situação sob um novo prisma, abrindo a possibilidade para a escolha de novos comportamentos, favorecendo o alcance de novos patamares de resultados (Lotz; Gramms, 2014). Ou seja, o coach é o profissional que realiza o processo de coaching e o coachee é o indivíduo que se submete ao processo, buscando autoconhecimento e direcionamento. 4 O coaching, como um processo de desenvolvimento, trabalha por meio de diversas ferramentas, no gap entre um estado atual e um estado desejado, conforme a Figura 1. Figura 1 – Processo de coaching Fonte: Lotz; Gramms, 2014, p. 21. No que tange aos benefícios do coaching para as organizações, Lotz e Gramms (2014, p. 52) destacam: Existência de uma liderança: o coaching é uma forma de potencializar o desempenho e o desenvolvimento de habilidades técnicas de gestão de conflitos, de planos sucessórios, entre outros efeitos. Desempenho superior: o coach atua como orientador e facilitador no desenvolvimento de indivíduos e times de alta performance. Cultura organizacional: a ação promove um clima organizacional favorável ao desempenho das pessoas e da organização, à flexibilidade e ao estímulo à mudança. Aprendizagem organizacional: estimula-se o aprendizado contínuo por meio das ferramentas do coaching e da criação e manutenção da cultura de feedback. Carreira: há o desenvolvimento da carreira, por meio do alinhamento do profissional com a visão, a missão e os valores organizacionais, bem como da identificação do gap de competências. Empreendedorismo: identificam-se os colaboradores com características empreendedoras e estimulam-se o intraempreendedorismo e a proatividade. Desenvolvimento organizacional: atua-se nas estratégicas e nos planos, ao se formular objetivos alinhados à visão de futuroda organização e contribuir para o estabelecimento das suas metas. Já o mentoring pode ser definido como Estado atual Desafio, estímulo, apoio Ampliação dos modelos mentais Mudança de comporta- mento Alteração do padrão de resultado Estado desejado 5 [...] um processo de tutoria. Profissionais mais experientes, e com mais bagagem no mercado de trabalho, passam suas experiências para profissionais ainda não tão desenvolvidos. É uma forma de orientação baseada nas experiências do mentor. O foco do mentoring é agregar valor, difundir conhecimento e passar experiências para que o aluno, não só evolua profissionalmente, mas tenha uma visão macro dos problemas comuns no mercado de trabalho de ambos (mentor e aluno). [...] Sintetizando: O mentoring é uma orientação focada na passagem de experiências e habilidades de um profissional com mais bagagem no mercado, para um sem tanta bagagem. (Santos, 2017, grifos do original). Os programas de mentoring contemplam etapas específicas, segundo Lotz e Gramms (2014), sendo elas: sensibilização da organização para a sua implantação; estabelecimento dos critérios de funcionamento do programa; mapeamento dos possíveis mentores; mapeamento dos possíveis mentorados; treinamento dos mentores na condução do processo; orientação dos mentorados; avaliação, feedback e ajustes. O mentoring, assim como o coaching, tem como principais benefícios: a retenção de talentos na organização; a preservação do conhecimento acumulado na organização, por meio de um processo estruturado; a promoção da integração de novos talentos na organização; a disseminação das crenças e valores organizacionais; o desenvolvimento dos colaboradores para potencializarem seus resultados na organização, por meio do desenvolvimento de suas capacidades; a sua contribuição para a percepção de reconhecimento e valorização. E, para ampliar seus conhecimentos sobre coaching e mentoring, leia o artigo Saiba quais as diferenças entre coaching, counseling e mentoring, disponível no link: <https://etalent.com.br/artigos/coaching-mentoring-counseling- diferencas/>. (Bloch, 2018). E acesse nosso material on-line para assistir ao vídeo com a explanação sobre esse tema. 6 TEMA 2 – GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS A única coisa constante é a mudança. Heráclito O gerenciamento de mudança organizacional é um processo estruturado em torno das necessidades e capacidades de mudança de uma organização, ou seja, que tem por objetivo preparar, adotar e implementar mudanças organizacionais fundamentais e radicais na cultura, em políticas, procedimentos e no ambiente físico de uma empresa, bem como em funções, habilidades e responsabilidades dos seus colaboradores. Quando a organização realiza projetos ou iniciativas para melhorar seu desempenho ou aproveitar oportunidades, eles geralmente exigem mudanças: mudanças nos processos, em funções de trabalho, em estruturas organizacionais e em tipos e usos da tecnologia. Segundo Marques dos Santos (2019), “o gerenciamento de mudanças fornece uma abordagem estruturada para apoiar os indivíduos em sua organização a migrar de seus próprios estados atuais para seus próprios estados futuros”. Programas de gerenciamento de mudanças organizacionais requerem algumas estratégias para serem bem-sucedidos, entre elas que o responsável pela mudança receba o apoio da alta gerência, para deixar claro que o esforço é importante, dominando os detalhes da mudança com clareza suficiente para ter uma discussão detalhada sobre os desafios que criaram a necessidade de operar de uma maneira diferente. O patrocinador precisa entender o impacto da mudança na equipe, ou seja, estar preocupado com as pessoas que serão afetadas pela mudança e comunicar-lhes, claramente, essa mudança e suas consequências. Já em relação aos envolvidos nas mudanças, é necessária uma disposição cultural para se adaptar e mudar. Todas as organizações tendem a resistir à mudança, em algum grau. Como a maioria das pessoas prefere o status quo, mudar pode ser difícil. Segundo Chiavenato (2015), a mudança pode ocorrer em qualquer uma das variáveis de uma organização, conforme a Figura 2. 7 Figura 2 – As variáveis de tarefa, estrutura, tecnologia e pessoas, em uma organização Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2015, p. 41. Outro ponto que merece destaque é a aprendizagem ocorrida na mudança, ou seja: em qualquer processo de mudança, ocorre necessariamente uma aprendizagem organizacional. Os dois conceitos estão tão atrelados que alguns autores defendem que a “aprendizagem pode ser pensada como um processo de mudança, provocado por estímulos diversos, mediado por emoções e que pode se manifestar ou não em modificações no comportamento de uma pessoa” (Fleury; Fleury, 2001, p. 191). Ainda segundo Fleury e Fleury (2001, p. 192), em uma organização, o processo de aprendizagem ocorre em três níveis, conforme segue: No nível do indivíduo: o processo de aprendizagem acontece primeiro no indivíduo, carregado de emoções positivas ou negativas, e se dá por meio de caminhos diversos. No nível do grupo: a aprendizagem pode ser um processo social partilhado pelas pessoas do grupo. No nível da organização: o processo de aprendizagem individual, de compreensão e de interpretação partilhado pelo grupo institucionaliza-se e expressa-se em diversos artefatos organizacionais: estrutura, regras, procedimentos e elementos simbólicos; as organizações desenvolvem memórias que retêm e recuperam informações. Ou seja, o gerenciamento das mudanças e a aprendizagem organizacional são processos imprescindíveis para a sobrevivência das organizações, porém demandam uma atenção e uma energia muito grandes, por parte dos gestores de pessoas. As maiores dificuldades encontradas no gerenciamento das mudanças são: Estrutura Tarefa Tecnologia Pessoas 8 morosidade em mudar atitudes e comportamentos; as pessoas podem ser imprevisíveis e ilógicas; a equipe responsável pela mudança precisa interagir individualmente com aqueles que precisarão mudar; o nível médio e a equipe da linha de frente devem ser envolvidos; obstáculos de visão cultural podem dificultar o processo de mudança. A mudança é sempre um desafio e a gestão da mudança, por meio do seu processo estruturado, busca a redução dos riscos, da resistência e a otimização do aprendizado e dos seus resultados operacionais, táticos e estratégicos. Por tratar-se de um processo estruturado, a mudança deve ser dividida em etapas: a. planeje-a com cuidado; b. seja o mais transparente possível; c. diga a verdade; d. comunique-se; e. crie um roteiro; f. forneça treinamento; g. convide à participação; h. não espere implementá-la da noite para o dia; i. monitore-a e meça-a; j. demonstre uma liderança forte. A atenção dispendida ao processo e às suas etapas busca garantir uma mudança efetiva e a redução da resistência a ela, por meio de uso da comunicação, do engajamento e do monitoramento. É preciso “[...] compreender a natureza dos processos de crescimento (forças que apoiam nossos esforços) e saber catalisá-los” (Senge, 1999, p. 21). E, para compreender melhor uma das metodologias utilizadas para gerenciar mudanças, leia a seção 1 do livro Metodologia para gestão de mudanças organizacionais: guia prático de conhecimentos da Strategy Consulting, de Jorge Bassalo (2017), disponível na Biblioteca Virtual, no link: <https://bv4.digitalpages.com.br/#/legacy/epub/160060>. E assista ao vídeo do material on-line. 9 TEMA 3 – GESTÃO DO CAPITAL CULTURAL Uma cultura organizacional eficiente e alinhada transforma o ambiente de uma empresa, trazendo mais resultados, produtividade e sintonia entre todos os envolvidos. Luciano Torrens O tema cultura organizacional tendea causar, nos gestores de pessoas, um certo desconforto, talvez por envolver muitas correntes, que conceituam e analisam o tema sob lentes bastante divergentes; talvez por representar um dos maiores desafios, no que tange à gestão do capital humano. Muitos são os elementos que compõem a cultura organizacional, o capital cultural e a sua gestão; então, vamos iniciar com a revisão de alguns conceitos fundamentais sobre a temática. A cultura, em sua visão contemporânea, pode ser conceituada como “[...] um sistema de concepções expressas herdadas em formas simbólicas por meio das quais o homem comunica, perpetua e desenvolve seu conhecimento sobre atitudes para a vida” (Geertz, 2001, p. 5). Porém, apesar de a cultura ser algo muito individual, ela é influenciada pelo aspecto social, ou seja, a cultura tem um caráter relacional. Como tais, as práticas sociais e organizacionais podem ser analisadas sob o ponto de vista cultural (Marchiori, 2006). E, com base nessa perspectiva, a cultura organizacional e a sua gestão passam a ser fator primordial na gestão das pessoas e equipes, na direção de resultados mais efetivos. A cultura organizacional é definida pelos valores que são demonstrados e vivenciados na interação entre gestores, colaboradores, clientes e fornecedores. E esses valores que integram a cultura não são, necessariamente, os valores declarados (Barrett, 2018). Ainda segundo Barret (2018, p. 31), “a cultura impulsiona a performance através da liberação do potencial humano”. Complementando essa definição, Chiavenato (2015, p. 17) defende que a [...] cultura organizacional é a mentalidade que predomina no comportamento da organização e seus participantes. A cultura focaliza a maneira como a organização e seus participantes se comportam e se relacionam entre si. Envolve hábitos, maneiras de pensar, de agir, de se comportar, expectativas, relacionamentos interpessoais, etc. Chiavenato (2015) chama atenção ainda para o fato de que a cultura organizacional pode ser dividida em aspectos de fácil e de difícil percepção. Dentre os aspectos de fácil percepção, podemos citar as políticas e diretrizes, métodos e procedimentos, objetos, estrutura organizacional e tecnologia adotada. 10 Já como aspectos de difícil percepção, podemos elencar as percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais, normas grupais, entre outros (Chiavenato, 2015). Já ao tratar do capital cultural, podemos defini-lo como o acúmulo de conhecimentos, comportamentos e habilidades que podem ser usados para demonstrar a competência cultural de uma pessoa e, portanto, seu status social ou posição na sociedade. Aquele termo é bastante novo tanto na literatura, quanto nas estratégias organizacionais, uma vez que está incorporado aos modelos organizacionais mais orgânicos. Um dos maiores desafios atuais em gestão de pessoas é a gestão do capital cultural presente nas organizações. Gerir o capital cultural em direção a uma cultura de engajamento pressupõe a prática de “cultivar” essa cultura, em um processo orgânico. Para tal, é necessário que haja intenção, planejamento, tempo e ajustes com base nas condições existentes no grupo e na organização. Pressupondo que a gestão do capital cultural é um processo orgânico, influenciado pelas condições do ambiente organizacional, pelas interações individuais, pela soma de conhecimentos, comportamentos e habilidades e pelo conjunto e alinhamento dos valores individuais, da equipe e organizacionais, não existe uma forma única de gerir esse capital. Porém, é possível elencar cinco áreas fundamentais para o desenvolvimento da cultura desejada, sendo elas: 1. o compromisso da liderança; 2. os papéis de suporte à cultura; 3. a definição e o desenvolvimento dessa cultura; 4. o seu alinhamento estrutural; 5. o seu acompanhamento e a aprendizagem. Muitas organizações resistem a adotar a gestão do capital cultural por acreditarem ela se tratar de algo intangível e de difícil mensuração. Porém, já existem ferramentas que auxiliam nesse gerenciamento, entre as quais podemos citar o método BVC de transformação cultural, desenvolvido pelo Barrett Values Centre ([S.d.]) e disponível em: <https://www.valuescentre.com/cultural- transformation/>. Segundo o método, os valores são os principais motivadores da cultura pessoal e organizacional e, concentrando-se no entendimento desses valores, é possível desenvolver planos de ação e metas coerentes com a cultura organizacional, garantindo o seu alinhamento e o engajamento dos colaboradores e stakeholders. https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/ https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/ 11 O método BVC foi estruturado com base em ferramentas de desenvolvimento cultural como: diagnóstico de cultura; gerenciamento de progresso cultural; alinhamento de liderança; antecipação diante das mudanças culturais; fornecimento de feedbacks para os stakeholders. Portanto, com base nos argumentos apresentados nesta seção, é possível concluir que “[...] a cultura não é como uma máquina que você constrói e gerencia. É mais como uma planta viva que você precisa nutrir. Para cultivar essa ‘entidade viva’, é crucial engajar e envolver pessoas, porque são a expressão de sua cultura” (Eneroth; Munday, 2018, p. 27). E, para conhecer mais elementos envolvendo a gestão do capital cultural, leia o capítulo 3 – “Reajustando a cultura corporativa” do livro Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas, disponível na Biblioteca Virtual (Chiavenato, 2015, p. 45-53). E assista ao vídeo on-line, com a participação de um especialista no tema. TEMA 4 – ÉTICA NA GESTÃO DE PESSOAS A ética das pequenas coisas é o que constrói a ética das grandes, e a falta de ética das grandes, destrói a das pequenas. Lia Cassole A ética tem sido protagonista em muitas das discussões sobre gestão e relações interpessoais. Por conta dessa realidade e da emergência de se garantir que os colaboradores e organizações sejam éticos em suas ações, faz-se fundamental tratarmos desse assunto. Muitas organizações adotaram a ética como um dos seus valores, em seus planejamentos estratégicos. Mas, afinal, o que é ser ético? A palavra ética vem da origem grega ethos, que significa o caráter, a personalidade do indivíduo em sua vida. Ela permite a realização dos valores morais e princípios que norteiam a conduta do ser, em uma sociedade (Ferreira, 2018). Para Chiavenato (2010), ética é o conjunto de princípios morais ou valores que definem o que é certo ou errado para uma pessoa ou grupo. Já Macedo (2007, p. 58) ensina que “a ética está voltada para a atuação do homem, tal como é ou 12 deveria ser, podendo-se dizer que ela gera normas e regras com o intuito de orientar as condutas humanas em suas relações sociais e organizacionais”. Relacionando os conceitos de ética à gestão de pessoas, podemos afirmar que os talentos e profissionais que atuam nas organizações têm valorizado o comportamento ético por parte dos líderes e seus pares e os clientes e mercados têm considerado, em sua escolha, produtos e serviços, empresas que apresentam um comportamento ético em todas as suas relações, tanto internas – com colaboradores –; quanto externas – com clientes, fornecedores e a sociedade. Além desses argumentos, Martins e Gabriel (2013) destacam que a ética na gestão de pessoas deve ser desenvolvida desde o momento da contratação até o desligamento de um colaborador, permanecendo como pilar de sustentação de todos os subsistemas de gestão de pessoas. Podemos citar inúmeras vantagens obtidas por organizações que valorizam a ética em todos os seus processos e interações, entre elas (Ferreira, 2018): o desenvolvimento e o fortalecimento das relações de confiança, tornando- as mais estáveis, produtivas e lucrativas; a criação de um ambiente de trabalho saudável e, consequentemente, mais produtivo, que atraia e retenha seus talentos; o aumento da confiança e da reciprocidade; a melhoria da disposição para o trabalho de equipe, aumentando o diálogo, a integridade e a sensação de comunidade e de valores compartilhados; a maximização do comprometimento e da lealdade dos empregados; uma contribuição para a obtenção de legitimidade perante o Estado e a sociedade; a minimização de riscos de escândalos que destroem carreiras e companhias. Por outro lado, a falta de ética na gestão das pessoas pode provocar impacto na reputação da organização e das pessoas que nela atuam, e uma empresa com problemas de reputação tende a afastar os talentos e inviabilizar futuras negociações com clientes (Ferreira, 2018). E, para concluir, que tal esclarecer o conceito e a importância do código de ética? Para Chiavenato (2010, p. 45), o [...] Código de Ética funciona como uma declaração formal que serve como guia para tomar decisões e agir dentro de uma organização. Todavia, duas coisas devem acontecer para que o código de ética 13 encoraje decisões e comportamentos éticos das pessoas. Primeiro, as companhias devem comunicar o seu código de ética a todos os seus parceiros, isto é, às pessoas dentro e fora da organização. Segundo, as companhias devem cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros, seja por meio do respeito aos seus valores básicos, seja por meio de práticas específicas de negócios. Finalmente, para se aprofundar em seu conhecimento, leia o artigo Ética na empresa ou ética da empresa? (2016), disponível no link: <https://administradores.com.br/noticias/etica-na-empresa-ou-etica-da- empresa>. E acompanhe a explanação a respeito do tema, no material on-line. TEMA 5 – INDICADORES DE GESTÃO DE PESSOAS O que não é medido não é gerenciado. Robert Kaplan e David Norton Atualmente, é indispensável conhecer e saber aplicar alguns indicadores de desempenho em gestão de pessoas, uma vez que não é possível realizar diagnósticos de desempenho, em busca da melhoria contínua, sem a criação e o acompanhamento de indicadores. Outro cenário que reforça a necessidade de acompanhamento do desempenho dos gestores em relação aos seus subordinados é a descentralização das responsabilidades pelas políticas e processos de gestão de pessoas para as áreas e os seus respectivos líderes. Os indicadores são importantes tanto para os gestores, quanto para a área de gestão de pessoas, uma vez que ela continua como responsável estratégica pelos produtos de gestão de pessoas, cabendo aos líderes sua operacionalização e sugestões de melhoria. Os indicadores de desempenho em gestão de pessoas funcionam como um termômetro que define o grau de produtividade de uma pessoa, equipe ou área. Ao se acompanhar periodicamente os principais indicadores, é possível construir uma base consistente para o aprimoramento dos processos, sem depender unicamente do feeling ou do achismo do gestor. A construção de indicadores de desempenho demanda algumas etapas a fim de garantir que os indicadores sejam factíveis e importantes no processo de construção de melhores resultados na gestão de pessoas. Existem diferentes tipos de indicadores de desempenho. Uma das abordagens apresenta três tipos básicos de indicadores de desempenho: os indicadores de efetividade, de eficácia e de eficiência, conforme a Figura 3. 14 Figura 3 – Tipos de indicadores Além desses três tipos básicos, podemos distribuir os indicadores em algumas categorias. A Endeavor (2018) distribui os tipos de indicadores em quatro categorias, sendo elas: Indicadores de produtividade: estão ligados ao uso dos recursos da empresa com relação às entregas. Indicadores de qualidade: ajudam a entender qualquer desvio ou não conformidade que ocorreu durante o processo produtivo. Indicadores de capacidade: medem a capacidade de resposta de um processo. Indicadores estratégicos: auxiliam na orientação de como a empresa se encontra com relação aos objetivos estratégicos. Dentre os indicadores de gestão de pessoas utilizados nas equipes e organizações, podemos citar: taxas de absenteísmo; investimentos em treinamento e desenvolvimento; índices de entrada, saída e rotatividade; clima organizacional; índices de satisfação com o trabalho; lucro por colaborador; gastos com rescisões etc. Os indicadores de recursos humanos terão um uso eficaz na organização se eles forem úteis na identificação de problemas organizacionais, receberem um acompanhamento sistemático e forem utilizados como base para uma intervenção que melhore seus índices (Oliveira, 2015). Agora, para conhecer as etapas de construção de indicadores de desempenho, leia o capítulo 6 do livro Gestão de pessoas: ferramentas Efetividade Fazer certo as coisas certas Para a organização ser efetiva, ela precisa ser, também, eficiente e eficaz Pressupõe permanência Eficácia Fazer a coisa certa Focar no resultado Obter resultados Aumentar o lucro Eficiência Fazer certo a coisa certa Focar no processo É ligada a recursos aplicados Reduzir os custos 15 estratégicas de competitividade (Stadler; Pampolini, 2014, p. 168-175), disponível na Biblioteca Virtual. E assista ao vídeo com a exposição sobre o tema. 16 REFERÊNCIAS BARRETT, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2018. BVC – Barret Values Centre. Cultural transformation. Waynesville; Cowpe, [S.d.]. Disponível em: <https://www.valuescentre.com/cultural-transformation/>. Acesso em: 20 ago. 2019. BASSALO, J. 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AULA 6 GESTÃO DE PESSOAS Profª Janete Schmidmeier 2 TEMA 1 – CONSULTORIA E AUDITORIA EM GESTÃO DE PESSOAS Nesta aula, vamos tratar dos temas consultoria e auditoria em gestão de pessoas, abordando os conceitos fundamentais, a diferença entre ambos e os principais benefícios de sua realização. Trataremos, também, da gestão de equipes multiculturais, uma realidade bastante comum em organizações multinacionais, e de como construir vantagens competitivas por meio dos conflitos culturais presentes neste tipo de grupo. Concluiremos nossa conversa revisando os novos paradigmas de gestão de pessoas e analisando práticas inovadoras, tanto de gestão de pessoas, explorando o método do RH Ágil, quanto de gestão de equipes, abordando estratégias de gestão em equipes de alto desempenho. Bons estudos e lembre-se: “Se você não sabe para onde vai, todos os caminhos o levam a lugar nenhum” (Henry Kissinger). Dois outros recursos que contribuem para a melhoria dos resultados de gestão de pessoas e, consequentemente, de outros resultados das áreas, é a consultoria e auditoria em gestão de pessoas. Muitas vezes, eles são tratados em conjunto nas organizações, porém são bastante diferentes em suas definições e objetivos, conforme apresentado na Figura 1. Figura 1 – Diferença entre consultoria e auditoria Com base na Figura 1, é possível constatar que consultoria trata do processo de análise e soluções sobre uma questão específica, já a auditoria aborda ferramentas de avaliação da situação presente. Mas que tal tratar cada um desses conceitos deles separadamente, começando pela consultoria? 3 A consultoria pode ser definida, segundo Schein (1972), como um conjunto de atividades que buscam auxiliar o cliente na percepção, no entendimento e no planejamento de ações no sentido de sanar problemas no ambiente organizacional. Como o foco nesta disciplina é a gestão de pessoas, vamos direcionar nossa atenção a este tipo de consultoria, ou seja, na consultoria em gestão de pessoas. A consultoria em gestão de pessoas é uma ferramenta, um recurso, que facilita a adaptação dos processos às mudanças constantes, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e de trabalho das equipes e funcionários (Teixeira, 2015). Essa definição é bem genérica e engloba dois tipos de consultoria: a interna e a externa. A consultoria externa é caracterizada pela contratação de um especialista externo à organização, acionado para realizar sua função de consultor por período definido, com o objetivo de contribuir em algum processo de mudança, sanar algum problema, melhorar algum processo específico ou garantir o atendimento às regulamentações que envolvem a gestão de pessoas na organização. Já a consultoria interna em gestão de pessoas é caracterizada pela atuação de um profissional da área de gestão de pessoas como consultor nas demais áreas da organização, no sentido de atuar como um parceiro estratégico junto às lideranças das áreas. Esta é uma tendência bastante moderna da atuação dos profissionais da área de RH, uma vez que as funções de gestão de pessoas têm sido descentralizadas para os líderes de áreas e cabe ao profissional de RH garantir que as políticas e os processos de gestão de pessoas sejam bem aplicados por todos na organização. Os profissionais da área de gestão de pessoas que atuam como consultores internos são chamados de Business Partner (BP) da área de gestão de pessoas. Para a implantação de um processo de consultoria interna, Orlickas (2013) apresenta nove passos que a área de RH deve seguir, sendo eles: (1) execução do benchmark; (2) conscientização; (3) desburocratização e racionalização; (4) políticas de RH bem definidas; (5) aplicação de job rotation; (6) sustentação administrativa e funcional; (7) capacitação de cada profissional de RH; (8) definição do papel do consultor interno; e (9) revisões e avaliações. 4 Já a auditoria em Gestão de Pessoas é uma ferramenta abrangente que tem por objetivo revisar atuais políticas, procedimentos, documentação e sistemas de gestão de pessoas, a fim de identificar necessidades de melhoria, bem como avaliar a conformidade com mudanças constantes, regras, regulamentos, cultura, entre outros. Auditorias de recursos humanos não são práticas de rotina voltadas para a solução de problemas. Em vez de resolverem diretamente os problemas, as auditorias de RH, assim como as auditorias financeiras, ajudam a fornecer insights sobre as possíveis causas dos problemas atuais e futuros. Uma auditoria envolve a revisão sistemática de todos os aspectos da gestão de pessoas de maneira padronizada, tanto na própria área de gestão de pessoas como nas demais áreas da organização. O objetivo geral de uma auditoria em gestão de pessoas é reconhecer os pontos fortes e identificar quaisquer necessidades de melhoria na função de recursos humanos. Uma auditoria devidamente executada revelará áreas problemáticas e fornecerá recomendações e sugestões para a solução desses problemas. Que tal conhecer mais alguns objetivos deste tipo de auditoria? Garantir a utilização efetiva dos recursos humanos da organização; Revisar a conformidade em relação à administração da organização e à descentralização de algumas funções de gestão de pessoas; Estabelecer planos de melhoria futura para os processos de gestão de pessoas. Como na consultoria, a auditoria é dividida em auditoria interna e auditoria externa, apresentando as mesmas características dos elementos analisados para a consultoria. Saiba mais Para garantir um melhor entendimento sobre o tema, leia o cap. 2.1 (págs. 50 – 60) do livro Auditoria de Recursos Humanos, disponível na Biblioteca Virtual (BUSSE, A. M. F.; MANZOKI, S. L. Auditoria de Recursos Humanos [livro eletrônico]. 2014.). E assista à explicação da professora no vídeo online. TEMA 2 – GESTÃO DE EQUIPES MULTICULTURAIS “Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa.” (André Dias) 5 A globalização e a redução das fronteiras mundiais têm criado um ambiente de troca de produtos, know-how, mão de obra e conhecimentos em uma esfera nunca vista antes. No cenário atual, é crescente o número de equipes chamadas demulticulturais por serem caracterizadas por indivíduos de diversas culturas. Já tratamos da cultura individual e organizacional anteriormente, portanto, nesta temática, focaremos na interculturalidade entre integrantes de equipes multiculturais. O primeiro elemento envolvendo a gestão de equipes multiculturais de que trataremos são as dimensões culturais presentes em cada cultura e seu impacto na gestão de grupos heterogêneos. Hofstede (1980) desenvolveu uma pesquisa junto aos 116 mil funcionários da IBM em 40 países e, com base no resultado, definiu cinco dimensões culturais que identificam valores relativos ao trabalho de cada cultura (Robbins, 2014, p. 19 - 20), sendo eles: Distância do poder; Individualismo X coletivismo; Quantidade de vida X qualidade de vida; Aversão à incerteza; Orientação de longo prazo X orientação de curto prazo. O autor utiliza estas dimensões na análise das diferenças culturais no ambiente organizacional. Ou seja, como o indivíduo, por meio de sua base cultural, se comporta e se expressa em situações cotidianas diversas nas organizações. Apesar de a pesquisa de Hofstede ser antiga, é considerada um dos pilares de análise da diversidade cultural até os dias de hoje. O interculturalidade tende a causar choques culturais que criam um clima desconfortável no grupo, o que pode ser bastante nocivo ao desempenho organizacional se não for bem gerenciado, evidenciando a relevância de uma gestão efetiva. Mas como gerenciar esta interculturalidade e seu impacto no dia a dia da equipe? Dois autores, Friedman e Antal (2005), listam, em suas pesquisas sobre interculturalidade, as habilidades que compõem o conjunto da competência intercultural, sendo elas: saber reconhecer e otimizar as diferenças culturais como recursos para o aprendizado e para a criação de ações efetivas em contextos específicos; 6 pensar e agir com base nas premissas de adaptação e na empatia com o outro, bem como na consciência de que compartilhamos, a todo tempo e espaço, um complexo cultural; engajar o outro (equipes de trabalho, parceiros, comunidades, governos, entre outros stakeholders) a explorar demandas tácitas que permeiam comportamentos e necessidades da organização e da sociedade. Somada à importância da competência intercultural na gestão de equipes multiculturais, o líder tem um papel importante na criação de um ambiente de respeito e confiança no grupo, propício para os processos de aprendizagem e desenvolvimento. Para Adler (2008), existem diferenças entre uma gestão eficiente e ineficiente das equipes multiculturais, conforme pode ser percebido na Tabela 1: Tabela 1 – Diferença entre gestão eficiente e ineficiente Gestão Eficiente Gestão Ineficiente Inovadora Divergente (antes) - Diferenças reconhecidas; - Membros selecionados por habilidades relacionadas às tarefas; - Respeito mútuo; - Equilíbrio de poder; - Objetivo bem coordenado; - Feedback externo. Rotineira Convergente (depois) - Diferenças ignoradas; - Membros selecionados com base na etnia; - Etnocentrismo; - Domínio cultural; - Objetivos individuais; - Falta de feedback (autonomia) Fonte: Adler (2008). O tema é extenso e não temos a pretensão de esgotar o assunto, mas com estas visões acerca das estratégias de gestão da interculturalidade já é possível realizar um diagnóstico organizacional e implantar ações para garantir a expansão dos benefícios de uma gestão eficiente das equipes multiculturais. Para concluir, Bueno (2010) defende que [as] equipes de alta e de baixa performance diferem no modo como tratam a diversidade e não pela presença da diversidade na equipe. Quando ela é bem gerenciada, torna-se um ativo que impulsiona a 7 produtividade da equipe e quando é ignorada, ela causa problemas e conflitos que diminuem a eficiência (p. 65). Saiba mais E que tal conhecer mais sobre o tema? Leia o artigo “Competência Intercultural Grupal: Uma Proposição de Conceito”, disponível no link: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cadernosebape/article/view/59430>. TEMA 3 – NOVOS PARADIGMAS NA GESTÃO DE PESSOAS “Quase sempre a mudança traz quebras de paradigmas antigos e sua substituição por paradigmas novos.” (Idalberto Chiavenato) Um paradigma é “um conjunto de regras que define fronteiras entre o que é certo e errado, entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre o que se deve fazer e o que não se deve fazer” (Chiavenato, 2008, p. 8). Isto é, um paradigma influencia poderosamente as pessoas quanto ao seu comportamento e às suas atitudes (Chiavenato, 2008). Segundo os novos paradigmas, a organização “é um sistema dinâmico e orgânico, a cooperação a impulsiona e a move, toda a equipe-chave deve conhecer as estratégias e metas organizacionais e delegar é ganhar poder” (Knapik, 2012, p. 39). Neste novo paradigma, alguns aspetos são vitais para a sobrevivência da organização, dentre eles, motivação, transparência e clareza, engajamento, cooperação e alinhamento de valores. O papel do gestor, para Knapik (2012), também sofreu alteração por meio dos novos paradigmas. Segundo a autora, o papel do líder passou a ser o de orientador, estrategista, sempre com uma visão de futuro e novos negócios, conforme apresentado na Tabela 2. Tabela 2 – Diferenças entre a visão mecanicista e a holística VISÃO MECANICISTA VISÃO HOLÍSTICA A competição é a chave para o sucesso A cooperação é a chave para o sucesso Sigilo nas estratégias Transparência nas estratégias Linha de produção Células de trabalho Foco na produção Foco no cliente 8 Eficiência em primeiro lugar Flexibilidade em primeiro lugar A empresa é como uma máquina e as pessoas são as peças que compõem esta máquina A empresa é um sistema dinâmico e vivo A abertura e transparência são secundárias A abertura e a transparência são ferramentas de sucesso Delegar representa perder poder Delegar representa ganhar poder Impessoal e burocrática Organização baseada em pessoas Muitos níveis hierárquicos Poucos níveis hierárquicos O melhor vencerá O grupo vencerá Paternalismo Profissionalismo Fonte: Knapik (2012, p. 40). Somado aos argumentos apresentados, Dutra (2002, p. 43) defende a existência de quatro premissas que apoiam os novos paradigmas de gestão de pessoas: Foco no desenvolvimento, e não no controle; Foco nos processos, e não nos instrumentos; Foco nos interesses conciliados, e não nos interesses da empresa; Foco no modelo integrado e estratégico, e não no modelo constituído por partes desarticuladas entre si. Em uma visão complementar, Chiavenato (2008, p. 81) apresenta os novos paradigmas coerentes com o modelo orgânico de organizações, sendo eles: Estrutura organizacional flexível e adaptável; Cargos continuamente modificados e redefinidos; Descentralização das decisões; Hierarquia flexível; Maior confiabilidade nas comunicações informais; Ênfase no relacionamento humano; Predomínio da interação lateral e horizontal sobre a vertical; Sistemas genéricos e amplos de controle; Ênfase nas pessoas; Sistema orgânico, aberto e extrovertido. 9 Assim, “as empresas inovadoras devem ser desenhadas como sistemas humanos de contínua aprendizagem e de acumulação gradativa de experiência” (Chiavenato, 2008, p. 113). Saiba mais Para conhecer mais sobre os novos paradigmas de gestão de pessoas, assista ao vídeo “As Pessoas Fazem a Diferença”, disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=tVVipZT1cZU>, e assista ao vídeo online com maiores esclarecimentos sobre o tema. TEMA 4 – PRÁTICAS INOVADORAS DE GESTÃO DE PESSOAS “Ser ágil não é ser rápido e sim adaptável.” (Andre Bocater Szeneszi) Devemos criar e/ou adaptar a organização diante de um ambiente em mudança e poucas são aquelas que podem ignorar esta realidade.As opções disponíveis neste cenário variam entre ser um beneficiário ou uma vítima de mudança. Para se tornar um beneficiário, como apontado anteriormente, é necessário que sejam implantados sistemas inovadores de gestão de pessoas que resultem em eficácia organizacional. As organizações estão reconhecendo a importância dos seus recursos humanos como diferencial competitivo em um ambiente de constantes transformações e coerente com este cenário, os RHs estão se transformando, a fim de garantir soluções inovadoras em gestão de pessoas advindas de novas demandas das mudanças tecnológicas e do mercado. E uma das principais inovações é o RH Ágil. O RH Ágil é apoiado por um manifesto chamado de Manifesto para o Desenvolvimento de um RH Ágil. Neste documento, são apresentados os valores e princípios que devem nortear o desenvolvimento deste novo modelo de gerir pessoas, conforme Tabela 3. Tabela 3 – Manifesto para o desenvolvimento de um RH ágil VALORES Estamos descobrindo melhores maneiras de desenvolver uma cultura envolvente no local de trabalho, fazendo nós mesmos e ajudando outros a fazerem o mesmo. Por meio deste trabalho, valorizamos: 10 REDES COLABORATIVAS mais que estruturas hierárquicas TRANSPARÊNCIA mais que segredo ADAPTABILIDADE mais que prescrição INSPIRAÇÃO E ENGAJAMENTO mais que gerenciamento e retenção MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA mais que recompensas extrínsecas ASPIRAÇÃO mais que obrigação Ou seja, mesmo havendo valor nos itens da direita, valorizamos mais os itens da esquerda. PRINCÍPIOS Apoiar as pessoas a se engajarem, crescerem e serem felizes em seu local de trabalho. Incentivar as pessoas a receberem as mudanças e adaptarem- se quando necessário. Ajudar a construir e apoiar redes de capacitação, equipes colaborativas e auto-organizadas. Nutrir e apoiar a motivação e as capacidades das pessoas e da equipe, ajudando-as a construir o ambiente que elas precisam, e confiar nelas para fazerem o trabalho. Facilitar e nutrir o crescimento pessoal para aproveitar as diferentes forças e talentos de cada um. Fonte: Adaptado de Reis, 2019. A metodologia Agile teve origem nas áreas de tecnologia e foi adaptada para a área de gestão de pessoas, tendo como primeiro foco a avaliação de desempenho. “É um modelo que não exatamente utiliza a ampla variedade de ferramentas tecnológicas (embora se aproprie de muitas delas), mas que encontrou um norte dentro da troca de feedbacks objetivos e instantâneos e na gestão de desempenho” (Orofino, 2018, s.p.). Dentre as mudanças alavancadas neste momento de transição para um RH Ágil, os autores Cappelli e Tavis (2018) elencam os seguintes: Avaliações de desempenho mais frequentes: Como as pessoas trabalhavam em projetos de prazo mais curto, com diferenças de amplitude, conduzidos por diferentes líderes e organizados em torno de equipes, a noção de que o feedback de desempenho deve ser fornecido uma vez por ano, pelo chefe, é praticamente inconcebível. É preciso haver mais avaliações, mais frequentes e realizadas por mais pessoas. Depois de aprenderem essa difícil lição, muitas organizações adotam avaliações frequentes de desempenho, muitas vezes realizadas projeto por projeto. 11 Líderes com perfil de coaching: As empresas que adotam com mais eficácia as práticas de talento ágil investem no aprimoramento das habilidades de coaching dos seus gestores. Foco nas equipes: O RH tradicional focava nas pessoas – metas, desempenho e necessidades. No entanto, agora que tantas empresas estão organizando seu trabalho projeto a projeto, seus gestores e sistemas de talento estão se tornando mais focados nas equipes. Os grupos também estão assumindo o encargo de acompanhar seu próprio progresso, identificar obstáculos, avaliar sua liderança e gerar insights para melhorar o desempenho. Remuneração atrativa: A forma de pagamento está mudando igualmente. Pesquisas e experiências mostram que a remuneração tem mais eficácia como motivador quando oferecida logo depois que o intento esperado se concretiza. Recompensas imediatas reforçam feedback instantâneo de forma vigorosa. Os aumentos anuais de salário baseados no mérito são menos eficientes porque o intervalo decorrido é muito longo. Recrutamento assertivo e rápido: Nenhuma requisição começa se a discussão sobre as qualidades desejáveis do candidato ainda não estiver concluída na equipe de trabalho. As vagas são classificadas e a equipe se concentra nas contratações de prioridade máxima até completá-las. A equipe trabalha em várias contratações de uma vez, e isso permite que seus membros partilhem informações sobre os candidatos que melhor se encaixam nos cargos. Aprendizado e desenvolvimento contínuo: Muitas organizações ágeis já dispõem de um conjunto de módulos de aprendizagem on-line que os funcionários podem acessar on demand. Abordagens mais recentes utilizam, ainda, análises de dados para identificar as habilidades exigidas para determinadas tarefas e seus progressos, e depois sugerem aos funcionários individualmente o tipo mais adequado de treinamento segundo suas experiências e interesses. São muitas as mudanças de visão acerca dos produtos de gestão de pessoas vinculadas à implantação de um RH Ágil, porém as apresentadas anteriormente são consideradas as principais e mais impactantes no processo. 12 Saiba mais Gostou de conhecer esta prática inovadora de gestão de pessoas? Então, para ampliar seu conhecimento, leia o artigo “O RH torna-se ágil”, disponível no link: <https://hbrbr.com.br/rh-agil- feedback/#:~:text=Voc%C3%AA%20poderia%20dizer%20que%20o,baseado%2 0no%20feedback%20dos%20participantes.>. E assista ao vídeo no material online. TEMA 5 – PRÁTICAS INOVADORAS DE GESTÃO DE EQUIPES “Com talento, ganhamos partidas. Com trabalho de equipe, paixão e inteligência, ganhamos campeonatos.” (Michael Jordan) Antes de iniciar a discussão sobre as práticas inovadoras de gestão de equipes, vale relembrar os principais atributos de equipes de alto desempenho, segundo Chiavenato (2016, p. 59): Participação: todos os membros da equipe estão fortemente comprometidos com o empowerment e autoajuda mútua; Responsabilidade solidária: todos os membros sentem-se responsáveis pelos resultados do desempenho da equipe; Clareza: todos os membros compreendem e apoiam os objetivos da equipe; Interação: todos os membros se comunicam entre si dentro de um clima aberto e confiável; Flexibilidade: todos os membros querem mudar e melhorar continuamente o desempenho da equipe; Focalização: todos os membros são dedicados a alcançar as expectativas do trabalho e os objetivos da equipe; Criatividade: todos os talentos e ideias são usados para ajudar a equipe a encontrar sempre novas soluções e inovação no trabalho; Rapidez: todos os membros atuam prontamente sobre os problemas e aproveitam as oportunidades que surgem. Algumas condições são fundamentais para garantir os resultados extraordinários das equipes. Para Mussak (2013), a equipe precisa, em primeiro lugar, de um objetivo bem definido e uma missão grandiosa, acompanhados de uma estratégia inteligente. Em segundo lugar, a equipe deve ser composta de 13 pessoas que gostem de desafios, além de ter como característica a complementariedade, o entrosamento e a confiança. E, por fim, o líder desta equipe deve ser inspirador, “aquele tipo de líder que, além de defender a causa e ter apreço pelo desafio e pelo risco, transpira uma insatisfação pessoal permanente” (Mussak, 2013, s.p.). Segundo o site Mundorh (2018, s.p.): [...] os desafios vividos pelos profissionais de Recursos Humanos são diários. Segundo estudo da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH), o nível de comprometimento da liderança com a gestão de pessoas é crucial para 70% dos 1.160 executivos consultados. Emtempos de digitalização e de uma nova geração entrando no mercado de trabalho, é preciso levar em conta questões como humanização do ambiente, novas formas de produtividade, constante aprendizado, adaptação às tecnologias que surgem, uma cultura interna que evite conflitos e que valorize o ser humano, além de um plano de carreira motivador. E que tudo isso, é claro, influencie na boa performance das empresas. O trecho evidencia as tendências na gestão de pessoas e equipes e nos inspira a buscar, como gestores de pessoas, o autodesenvolvimento e a prática de ferramentas de gestão inovadoras, conectadas aos novos paradigmas de gestão de pessoas. Saiba mais Para buscar mais conhecimento sobre as práticas aplicadas no mercado, leia o artigo “Empresas destacam suas ações inovadoras em RH”, disponível no link: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes-inovadoras- em-rh/>. E acesse o material online para assistir ao vídeo desta temática. Esperamos que você tenha gostado desta disciplina e aplique os princípios e as práticas de gestão de pessoas alinhados com os modelos mais orgânicos de gestão. Aproveite o crescimento no desempenho individual, da equipe e da organização. Até a próxima! 14 REFERÊNCIAS ADLER, N. J.; GUNDERSEN, A. International dimensions of organizational behavior. Cengage Learning, 2008. BARRETT, P. Innovative People Management and Systems in the Australian Public Sector, 2003. BUENO, J. M. Brasileiros e estrangeiros na construção de um cotidiano organizacional intercultural. 300 f. Tese (Doutorado em Administração) – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2010. CAPPELLI, P.; TAVIS, A. O RH torna-se ágil, 1 abr. 2018. Disponível em: <https://hbrbr.uol.com.br/rh-agil-feedback/>. Acesso em: 21 ago. 2019. CHIAVENATO, I. Paradigmas, os novos. Como as mudanças estão mexendo com as empresas. Barueri, SP: Manole, 2008. DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. p. 41-60, 2002. 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