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NUTRIÇÃO CLÍNICANUTRIÇÃO CLÍNICA
Nutrição Clínica Tais Moala Tais Moala 
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
A nutrição clínica é extremamente importante para a formação pro� ssional do nutricio-
nista, um vez que envolve o estudo do indivíduo como um todo. Assim, após o término 
da disciplina, o aluno possuirá conhecimento su� ciente para realizar o atendimento de 
um paciente. 
Entretanto, vale ressaltar que toda a teoria aqui abordada deve respeitar as caracterís-
ticas individuais de cada um. A área de nutrição clínica precisa de constante atualização, 
visto que há mudanças contínuas nos protocolos, diretrizes e consensos, entre outros. 
Neste livro, especi� camente, o assunto abordado é relativo a patologias do trato gas-
trointestinal (TGI) e suas dietoterapias. Isso posto, o objetivo desta disciplina é apre-
sentar, com base em cada doença relacionada ao TGI, as formas e propostas de terapia 
nutricional indicadas para cada caso. Estudaremos patologias como esofagite, gastrite, 
câncer de estômago, constipação intestinal e diarreia, entre outras, além de seus trata-
mentos nutricionais. 
O aluno irá observar, tanto no estágio como na prática pro� ssional, que essas doenças 
são relatadas por diversos pacientes. Portanto, é imprescindível que você saiba detec-
tar as patologias e sintomas associados aqui discutidos. No ambiente hospitalar e am-
bulatorial, o nutricionista precisa atuar junto à uma equipe multidisciplinar composta 
por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fonoaudiólogos, entre outros. 
Portanto, o aluno precisa compreender que os casos precisam ser discutidos entre a 
equipe, visto que só assim o paciente será atendido de forma integrada. 
Capa_SER_NUTRI_NUCLI.indd 1,3 28/09/2020 18:24:29
© Ser Educacional 2020
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Tais Moala 
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_NUTRI_NUCLI_UNID1.indd 2 28/09/2020 16:28:16
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - Distúrbios do trato gastrointestinal 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do aparelho digestório 13
Aspectos fisiológicos do aparelho digestório ........................................................... 13
Esofagite, hérnia de hiato, câncer da cavidade oral, faringe e esôfago ................... 16
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 19
Estômago: indigestão/dispepsia, gastrite, úlcera péptica/câncer ............................. 22
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 24
Sintomas comuns da disfunção intestinal: diarreia, gases intestinais, flatulência, 
constipação.............................................................................................................................26
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 27
Sintetizando ........................................................................................................................... 30
Referências bibliográficas ................................................................................................. 31
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - Distúrbios do trato gastrointestinal inferior 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 34
Doenças inflamatórias intestinais: doença de Crohn e retocolite ulcerativa inespecífica .. 35
Tratamento dietoterápico .............................................................................................. 36
Doença celíaca ..................................................................................................................... 37
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 39
Espru tropical ........................................................................................................................ 41
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 42
Deficiência de lactase (intolerância à lactose) ............................................................. 42
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 43
Síndrome do intestino irritável .......................................................................................... 45
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 47
Câncer de cólon e pólipos .................................................................................................. 49
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 50
Doença diverticular (diverticulose/diverticulite) .......................................................... 52
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 53
Sintetizando ........................................................................................................................... 55
Referências bibliográficas ................................................................................................. 56
SER_NUTRI_NUCLI_UNID1.indd 5 28/09/2020 16:28:16
Sumário
Unidade 3 - Distúrbios do trato gastrointestinal inferior
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 60
Patologia da nutrição e dietoterapia no pré e pós-operatório ............................................... 61
Pré-operatório .................................................................................................................. 63
Jejum pré-operatório ...................................................................................................... 65
Pós-operatório .................................................................................................................66
Síndrome do intestino curto ............................................................................................... 68
Dietoterapia ...................................................................................................................... 69
Fístulas ................................................................................................................................... 70
Dietoterapia ...................................................................................................................... 71
Pâncreas exócrino (pancreatite aguda, crônica e cirurgia pancreática) 72
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 74
Fígado, vesícula biliar, transplante hepático, cirurgia da vesícula biliar 78
Tratamento dietoterápico ............................................................................................... 81
Sintetizando ........................................................................................................................... 84
Referências bibliográficas ................................................................................................. 85
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Sumário
Unidade 4 - Terapia nutricional
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 89
Suporte nutricional enteral e parenteral ......................................................................... 90
Terapia nutricional enteral ............................................................................................. 90
Terapia nutricional parenteral ....................................................................................... 96
Obesidade .............................................................................................................................. 99
Diagnóstico ..................................................................................................................... 100
Etiologia ........................................................................................................................... 101
Tratamento ...................................................................................................................... 104
Cirurgia de redução do estômago e distúrbios nutricionais ..................................... 106
Tratamento nutricional.................................................................................................. 109
Magreza, anorexia, bulimia ............................................................................................. 110
Tratamento nutricional.................................................................................................. 112
Sintetizando ......................................................................................................................... 115
Referências bibliográficas ............................................................................................... 116
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A nutrição clínica é extremamente importante para a formação profi ssional 
do nutricionista, um vez que envolve o estudo do indivíduo como um todo. 
Assim, após o término da disciplina, o aluno possuirá conhecimento sufi ciente 
para realizar o atendimento de um paciente. 
Entretanto, vale ressaltar que toda a teoria aqui abordada deve respeitar 
as características individuais de cada um. A área de nutrição clínica precisa de 
constante atualização, visto que há mudanças contínuas nos protocolos, dire-
trizes e consensos, entre outros. 
Neste livro, especifi camente, o assunto abordado é relativo a patologias do 
trato gastrointestinal (TGI) e suas dietoterapias. Isso posto, o objetivo desta 
disciplina é apresentar, com base em cada doença relacionada ao TGI, as for-
mas e propostas de terapia nutricional indicadas para cada caso. Estudaremos 
patologias como esofagite, gastrite, câncer de estômago, constipação intestinal 
e diarreia, entre outras, além de seus tratamentos nutricionais. 
O aluno irá observar, tanto no estágio como na prática profi ssional, que 
essas doenças são relatadas por diversos pacientes. Portanto, é imprescindível 
que você saiba detectar as patologias e sintomas associados aqui discutidos. 
No ambiente hospitalar e ambulatorial, o nutricionista precisa atuar junto à 
uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos de 
enfermagem e fonoaudiólogos, entre outros. Portanto, o aluno precisa com-
preender que os casos precisam ser discutidos entre a equipe, visto que só 
assim o paciente será atendido de forma integrada. 
preender que os casos precisam ser discutidos entre a equipe, visto que só 
assim o paciente será atendido de forma integrada. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 9
Apresentação
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Dedico primeiramente aos meus pais, Waldomiro e Ivete, que 
proporcionaram-me a chance de poder me dedicar aos estudos e que 
tiveram muita paciência com todas as fases do meu processo. 
Dedico também à minha colega de profi ssão, a nutricionista Aline Roquetto, 
que esteve comigo desde a faculdade até o doutorado, me dando força e 
me ajudando em todo o meu caminho. 
A professora Tais Moala é graduada 
(2011) em Nutrição pela Universidade 
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), 
especialista (2013) em alimentos fun-
cionais, suplementos e fi toterápicos 
pela Faculdade de Medicina de São José 
do Rio Preto (FAMERP), com aprimo-
ramento profi ssional (2014) em nutri-
ção em oncologia e hematologia pela 
Universidade de Campinas (Unicamp). 
Também é mestre (2016) em Alimentos 
e Nutrição pela Universidade de Cam-
pinas (Unicamp) na Faculdade de Enge-
nharia de Alimentos (FEA).
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7955350159525757
NUTRIÇÃO CLÍNICA 10
A autora
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DISTÚRBIOS 
DO TRATO 
GASTROINTESTINAL 
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Apresentar ao aluno os aspectos fisiológicos do funcionamento do trato 
gastrointestinal e as diversas patologias que podem surgir no sistema digestivo;
 Fornecer ao aluno bases do tratamento dietoterápico nas patologias do 
sistema digestório.
 Patologia da nutrição e dietotera-
pia nas enfermidades do aparelho 
digestório
 Aspectos fisiológicos do aparelho 
digestório 
 Esofagite, hérnia de hiato, câncer 
da cavidade oral, faringe e esôfago
 Tratamento dietoterápico
 Estômago: indigestão/dispepsia, 
gastrite, úlcera péptica/câncer
 Tratamento dietoterápico
 Sintomas comuns da disfunção in-
testinal: diarreia, gases intestinais, 
flatulência, constipação
 Tratamento dietoterápico
NUTRIÇÃO CLÍNICA 12
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Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades 
do aparelho digestório
As doenças do trato gastrointestinal estão entre os problemas mais comuns 
que aparecem nos pacientes. A alimentação possui um papel importantíssimo 
nesse cenário, seja no surgimento, tratamento ou prevenção destas doenças. 
Para exemplifi car, a o Quadro 1 evidencia um resumo de algumas doenças 
do trato gastrointestinal e suas principais intervenções nutricionais. 
Condição 
gastrointestinal Intervenções nutricionais
Esofagite Evitar alimentos gordurosos, aumentar o fracionamento para 6 a 8 refeições e reduzir o volume das mesmas.
Câncer de cavidade 
oral, esôfago ou 
estômago
Modifi car a consistência dos alimentos, preferir alimentos mais 
umedecidos e averiguar a necessidade de suplementação e/ou 
terapia nutricional enteral. 
Diarreia Preferir frutas e alimentos obstipantes e verifi car a ingestão hídrica, posto que pode ocorrer desidratação. 
Constipação 
intestinal
Preferir frutas e alimentos laxativos eaumentar a ingestão hídrica 
e a ingestão de fi bras, além de avaliar a prescrição de probiótico, 
prebióticos e simbióticos. 
QUADRO 1. DOENÇAS DO TRATO GASTROINTESTINAL E SUAS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES
Aspectos fisiológicos do aparelho digestório
O trato gastrointestinal é composto pela boca, faringe, esôfago, estôma-
go, intestino delgado e intestino grosso. O processo digestivo inicia-se na boca 
com a ajuda dos dentes, que degradam os alimentos em pequenas partes, e a 
língua, que auxilia na deglutição do alimento. 
Na região bucal existem três glândulas responsáveis pela produção da sali-
va, a saber: glândula parótida, glândula submandibular e glândula sublingual. A 
saliva umidifi ca o alimento, tornando-o mais fácil de ser deglutido. Além disso, 
a saliva possui uma enzima chamada de amilase salivar, que inicia a digestão 
parcial do carboidrato do tipo amido.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 13
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O alimento após ser deglutido passa pela faringe, ou mais especificamente 
orofaringe e laringofaringe, para depois chegar ao esôfago. O esôfago é respon-
sável por levar o alimento da faringe para o estômago, o que ocorre através do 
movimento peristáltico. Ao chegar no estômago, o esfíncter esofágico inferior se 
contrai para impedir que o alimento volte para o esôfago (GUYTON & HALL, 2011).
O estômago secreta o suco gástrico responsável por auxiliar na digestão do ali-
mento. Neste existem algumas células importantes para o processo de digestão, 
a saber: as células da superfície, que secretam um muco que protege as células do 
próprio estômago de serem agredidas pelo suco gástrico, as células principais, que 
secretam a enzima inativa pepsinogênio, as células parietais, que secretam o ácido 
clorídrico, e as células pilóricas, que secretam o hormônio gastrina. 
Esta última estimula a secreção do ácido clorídrico, responsável por converter 
o pepsinogênio em pepsina, de forma que a enzima se torne ativa. Assim, a pepsi-
na inicia no estômago a digestão das proteínas, conforme afirma Fry em seu artigo 
“Secretions of the salivary glands and stomach”, de 2009.
O alimento ingerido, ao atingir o intestino delgado, é chamado então de quimo. 
O intestino delgado divide-se em duodeno, jejuno e íleo, e sua superfície interna é 
recoberta por estruturas chamadas de vilosidades, que têm a função de aumentar 
a área para a absorção de nutrientes. 
Todas as secreções produzidas no intestino delgado são denominadas de suco 
entérico, o qual é constituído por enzimas como peptidases, maltase, sacarase e 
lactase que auxiliam na degradação e absorção de nutrientes. Além disso, alguns 
hormônios são secretados no duodeno, como a secretina e a colecistoquinina. 
Hormônio Local de produção Local de ação Ação
Gastrina Estômago
Esôfago Aumenta a pressão do EEI
Estômago Libera o ácido clorídrico
Secretina Intestino
Esôfago Reduz a pressão do EEI
Estômago Inibe a liberação do ácido clorídrico
Pâncreas e fígado Estimula a liberação do suco pancreático e da bile
QUADRO 2. HORMÔNIOS LIBERADOS DURANTE O PROCESSO DE DIGESTÃO 
NO TRATO GASTROINTESTINAL
NUTRIÇÃO CLÍNICA 14
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Colecistoquinina Intestino
Esôfago Reduz a pressão do EEI
Pâncreas Relaciona-se à secreção do suco pancreático
Vesícula biliar Relaciona-se à expulsão da bile
Após a passagem pelo intestino delgado, o quimo atinge o intestino grosso, 
que é dividido em ceco, cólon, reto e canal anal. No intestino grosso não são 
secretadas enzimas, e sua principal função é a absorção de água e sais minerais, 
que ocorre principalmente na região do cólon. A mucosa do intestino grosso é 
rica em células caliciformes, responsáveis pela produção de muco e facilitando a 
passagem do bolo fecal e a formação das fezes. 
Microbiota intestinal
Nos últimos anos, a microbiota intestinal tem ganhado grande destaque 
no estudo de nutrição e saúde. O trato gastrointestinal é colonizado por uma 
grande variedade de bactérias no que se acreditava se tratar de uma relação 
de comensalismo, uma vez que as bactérias se beneficiavam de um ambiente 
(intestino) adequado para seu crescimento e aquisição de nutrientes. Entretanto, 
novas evidências indicam que essa relação é mutualística, uma vez que as bacté-
rias intestinais exercem diversas funções indispensáveis para o hospedeiro. As-
sim, as duas espécies, hospedeiro e bactérias, são beneficiadas pela colonização 
(BACKHED et al.; 2005). 
Uma importante função que as bactérias intestinais desempenham é o es-
tímulo do sistema imunológico. O intestino funciona como uma barreira física 
que impede a saída das bactérias intestinais para o meio externo, mantendo-as 
contidas no lúmen intestinal. 
Entretanto, alguns componentes bacterianos conseguem ultrapassar a bar-
reira intestinal, estimulando os sistemas de defesa. Nesse sentido, a passagem 
controlada de constituintes microbianos auxilia na tolerância imune do hospe-
deiro. Por outro lado, o aumento da passagem desses componentes pode desen-
cadear um processo inflamatório no hospedeiro (BELKAID, HAND, 2014).
A microbiota também é capaz de realizar processos de fermentação, uma 
função muito importante, uma vez que o intestino humano não consegue pro-
duzir enzimas capazes de digerir alguns componentes da dieta, como as fibras. 
O produto final da fermentação bacteriana são os ácidos graxos de cadeia curta. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 15
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Esses compostos conseguem reduzir o pH intestinal, impedindo 
o crescimento de bactérias patogênicas. Além disso, a 
microbiota intestinal também possui relação com a 
produção de hormônios de saciedade e de neuro-
transmissores, indicando a importante participação 
das bactérias intestinais nos processos fi siológicos 
do hospedeiro.
CURIOSIDADE
A composição da microbiota intestinal está relacionada com o mecanismo 
de ganho de peso e com o surgimento de comorbidades como diabetes e 
doenças cardiovasculares. A microbiota alterada pode modifi car a mobi-
lidade intestinal; aumentar a captação de energia; aumentar a deposição 
de triglicerídeos nos adipócitos e no fígado; aumentar a lipogênese; reduzir 
a oxidação de ácidos graxos e aumentar a resposta imune infl amatória. 
Sabe-se também que uma dieta rica em gordura aumenta a permeabilidade 
da barreira intestinal, permitindo a passagem de bactérias gram-negativas. 
Esofagite, hérnia de hiato, câncer da cavidade oral, 
faringe e esôfago
Esofagite
Como dito anteriormente, o esôfago é responsável por encaminhar o ali-
mento da faringe para o estômago e possui dois esfíncteres: o esfíncter eso-
fagiano superior (EES), que relaxa para que o alimento chegue ao esôfago; e o 
esfíncter esofagiano inferior (EEI), que relaxa no momento em que o alimento 
sai do esôfago e chega ao estômago. A esofagite acontece quando existe um 
relaxamento constante do EEI, permitindo o retorno do conteúdo gástrico 
para o esôfago. 
Portanto, a esofagite consiste na infl amação 
da mucosa esofágica resultante do refl uxo gás-
trico para o esôfago. A gestação e a obesidade 
aumentam a chance de incidência de esofagite 
no indivíduo, visto que ambos elevam a pressão 
intra-abdominal, contribuindo para o aumento do 
refl uxo gastroesofágico.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 16
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O controle do relaxamento ou pressão do EEI é feito pelo sistema nervoso 
central e humoral. A gastrina (secretada no estômago), a colecistocinina (CCK) e 
a secretina (secretada na fase intestinal da digestão) participam do mecanismo 
de relaxamento e pressão do EEI; sendo que a gastrina aumenta a pressão e a 
CCK e a secretina promovem o relaxamento do EEI, conforme afirma Cuppari 
em seu livro Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto, de 2005.
O tratamento da esofagite consiste em mudanças de hábitos alimentares e 
de estilo de vida, objetivando eliminar os sintomase corrigir os fatores propi-
ciadores. Porém, caso essas medidas não sejam eficazes, será necessário se-
guir terapia medicamentosa. 
Esfíncter esofágico inferior
Retorno do conteúdo 
gástrico e ácido para o 
esôfago
Contração estomacal
Esôfago
Figura 1. Esfíncter esofágico inferior. Fonte: Nucleus Medical Media, 2020a. (Adaptado).
Hérnia de hiato (HH)
A hérnia de hiato (HH) ocorre quando existe uma protusão do estômago 
para dentro do tórax através do hiato esofágico. A HH tem forte associação 
com a esofagite, e a correção cirúrgica pode ser a melhor forma de tratamento. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 17
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Esófago
Hérnia 
de hiato
Hiato
Diafragma
Estômago
Figura 2. Hérnia de hiato. Fonte: Universo Saúde, 2016.
Câncer da cavidade oral, faringe e esôfago
Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o 
crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, poden-
do espalhar-se para outras regiões do organismo. Em um ciclo celular normal, 
células que crescem desordenadamente sofrem o processo de apoptose celu-
lar, ou seja, a própria célula causa sua morte celular. Em um ciclo celular anor-
mal, a célula com mutação não consegue realizar a sua morte celular e conti-
nua a sua proliferação, desenvolvendo os tumores.
O câncer da cavidade oral, faringe e esôfago também podem 
ser denominados de câncer de cabeça e pescoço, cujas principais 
causas são: cigarro, bebida alcóolica, má alimentação 
e genética. 
De acordo com o Inca (2020), é possível obser-
var na Figura 3 a distribuição dos tipos de câncer 
mais incidentes em 2020. Nota-se que os tumores 
de cavidade oral, faringe e esôfago estão entre eles. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 18
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Localização primária Casos %
Próstata 65.840 29,2%
Cólon e reto 20.520 9,1%
Traqueia, brônquio e pulmão 17.760 7,9%
Estômago 13.360 5,9%
Cavidade oral 11.180 5,0%
Esôfago 8.690 3,9%
Bexiga 7.590 3,4%
Linfoma não Hodgkin 6.580 2,9%
Laringe 6.470 2,9%
Leucemias 5.920 2,6%
*Números arredondados para múltiplos de 10.
Localização primária Casos %
Mama feminina 66.280 29,7%
Cólon e reto 20.470 9,2%
Colo do útero 16.590 7,4%
Traqueia, brônquio e pulmão 12.440 5,6%
Glândula tireoide 11.950 5,4%
Estômago 7.870 3,5%
Ovário 6.650 3,0%
Corpo do útero 6.540 2,9%
Linfoma não Hodgkin 5.450 2,4%
Sistema nervoso central 5.220 2,3%
Homens Mulheres
Figura 3. Distribuição dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados em 2020 por sexo, exceto melanoma. 
Fonte: INCA, 2020, p. 52.
O câncer relativo à cavidade oral, faringe e esôfago pode interferir e muito 
na alimentação do indivíduo, podendo ocasionar perda de peso grave e até 
desnutrição. O tratamento determinado pelo médico pode envolver quimiote-
rapia, radioterapia e/ou ressecção cirúrgica. 
 Tratamento dietoterápico
Esofagite
O tratamento dietoterápico da esofagite visa aumentar a pressão do esfínc-
ter esofágico inferior, visando evitar o retorno do conteúdo gástrico para o esô-
fago. O consumo de lipídios deve ser reduzido, uma vez que a colescistoquinina 
diminui a pressão do EEI. Portanto, a recomendação é uma dieta hipolipídica 
(<20% das calorias totais).
Características Recomendação
Valor energético 
total (VET) Normocalórica, caso seja necessário programar perda de peso.
Consistência da 
dieta Fase aguda: líquida ou semilíquida com evolução gradual até geral.
Fracionamento Aumentar o fracionamento para 6 a 8 refeições e reduzir o volume das mesmas.
Líquidos Preferencialmente entre as refeições, evitando a ingestão junto com o almoço e jantar, com o objetivo de reduzir o volume ingerido.
QUADRO 3. OUTRAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ESOFAGITE
Fonte: CUPPARI, 2005, n.p. (Adaptado).
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É importante também que o paciente exclua alimentos que irritam a muco-
sa, como café, chá preto, sucos e frutas ácidas, tomate ou extrato de tomate, 
bebidas alcóolicas, chocolate e refrigerantes. 
Câncer da cavidade oral, faringe e esôfago 
O tratamento do câncer da cavidade oral, faringe e esôfago pode ocasionar 
alguns sintomas para o paciente, além de piorar a ingestão alimentar. A disfa-
gia é um sintoma que pode surgir antes, durante ou após o tratamento, é ca-
racterizada pela dificuldade de deglutição de alimentos pelo indivíduo e pode 
ocorrer por alimentos líquidos ou sólidos. Outro 
sintoma é a odinofagia, que se caracteriza por 
dor ao engolir. 
Caso o paciente venha a apresentar dis-
fagia à alimentos líquidos ou semilíquidos, 
a recomendação nutricional é a de utilizar es-
pessantes no momento em que este for ingerir lí-
quidos ou semilíquidos. Caso o paciente apresente 
disfagia à alimentos sólidos e/ou odinofagia, as recomendações 
nutricionais são:
EXEMPLIFICANDO
Paciente (P.J.) do sexo masculino, portador de câncer de esôfago, está 
fazendo quimioterapia há 3 meses e relata inapetência persistente, 
disfagia e odinofagia à alimentos sólidos. Em relação à disfagia, o nutri-
cionista precisa estar atento para modificar a consistência da sua dieta 
para alimentos pastosos, a fim de que o paciente consiga se alimentar 
sem dificuldade e dor. Alguns alimentos sugeridos neste caso: purê de 
batata, purê de legumes, sopas, vitaminas e mingau, caso o paciente 
aceite bem estes alimentos. Lembre-se sempre que devemos respeitar a 
individualidade de cada caso. 
• Preferir alimentos umedecidos como purês, sopas, mingau e vitaminas;
• Evitar alimentos muito quentes;
• Evitar alimentos que irritam a mucosa como café, bebidas alcóolicas, refri-
gerantes, sucos e frutas ácidas, tomate e/ou extrato de tomate;
• Evitar alimentos secos e duros como torradas e bolachas cream cracker. 
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Características Recomendação
Perda de apetite 
-Fazer refeições pequenas e frequentes e com intervalo de 2 horas 
durante todo dia, ao invés de realizar grandes refeições;
-Orientar o consumo de alimentos ricos em calorias e fáceis de 
ingerir, como iogurte e vitamina de leite com frutas, mesmo que não 
haja vontade de ingerir alimentos sólidos;
-Evitar alimentos gordurosos;
-Preferir alimentos frios ou em temperatura ambiente para atenuar 
seu aroma e sabor.
Anorexia
-Aumentar o fracionamento das refeições e diminuir o volume;
-Utilizar bebidas nutritivas;
-Preferir consumir os alimentos em temperatura ambiente;
-Preferir lugares tranquilos para fazer as refeições;
-Melhorar a apresentação dos pratos.
Saciedade precoce
-Evitar alimentos com casca e bagaço;
-Evitar alimentos gordurosos;
-Orientar o consumo de alimentos ricos em calorias e fáceis de ingerir, 
como iogurte e vitamina de leite com frutas, mesmo que não haja vontade 
de ingerir alimentos sólidos.
Xerostomia (falta de 
saliva)
-Ingerir líquidos durante as refeições para auxiliar na ingestão dos 
alimentos;
-Mastigar e chupar gelo feito de água filtrada, água de coco ou de 
suco de frutas natural;
-Evitar o consumo de alimentos secos;
-Introduzir mais molhos e caldos na dieta.
Disgeusia (alteração 
do paladar)
-Enxaguar a boca antes das refeições;
- Substituir os alimentos pouco tolerados por aqueles 
nutricionalmente similares e mais bem aceitos.
Náuseas e vômitos
-Aumentar o fracionamento e reduzir o volume das refeições;
-Evitar ingerir líquidos durante as refeições;
-Evitar ingerir alimentos gordurosos e muito condimentados;
-Ficar afastado do local onde se prepara as refeições; 
-Preferir ingerir alimentos em temperatura ambiente.
QUADRO 4. OUTRAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO CÂNCER DA 
CAVIDADE ORAL, FARINGE E ESÔFAGO
Fonte: COTRIM, 2003, n.p. (Adaptado).
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Estômago: indigestão/dispepsia, gastrite, úlcera 
péptica/ câncer
Indigestão/dispepsia
A dispepsia consiste no desconforto ou dor na região do estômago. O des-
conforto pode estar ligadoa causas orgânicas como refl uxo gastresofágico, 
gastrite ou úlceras pépticas, refl uxo gastresofágico ou outras patologias gas-
trointestinais. A dispepsia funcional é um termo que descreve dores e des-
conforto do trato gastrointestinal inexplicáveis e recorrentes. Ela é caracte-
rizada segundo os critérios de Roma IV pela presença de um ou mais dos 
seguintes sinais e sintomas: 
• Presença incômoda de sensação de plenitude pós-prandial;
• Saciedade precoce;
• Dor epigástrica;
• Sensação de queimação estomacal.
Além disso, não deve haver qualquer evidência de doença gástrica ou duo-
denal identifi cável.
Gastrite e úlceras pépticas
Gastrite corresponde a uma infl amação na mucosa gástrica que pode 
aparecer e desaparecer em um tempo curto sem deixar sequelas, ou então 
manifestar-se como uma infl amação crônica, que dura por um longo período 
de tempo. A gastrite crônica é defi nida histologicamente pela atrofi a crônica 
progressiva da mucosa gástrica.
Tanto na gastrite como na úlcera, o que ocorre é um desequilíbrio entre os 
fatores que agridem a mucosa (ácido clorídrico) e os que a protegem (barreira 
da mucosa). Esse desequilíbrio resulta em uma lesão nesta mucosa.
A úlcera péptica ocorre quando existe, então, uma lesão na mucosa gástri-
ca e ainda a presença de uma bactéria gram-negativa denominada 
de Helicobacter pylori na região, conforme afi rma Cuppari em seu 
livro Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto, de 2005.
Caso não seja tratada, a úlcera pode evoluir para a con-
dição de câncer de estômago; portanto, pode-se afi rmar 
que a infecção por Helicobacter pylori é uma das princi-
pais causas do surgimento deste tipo de câncer. 
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Câncer de estômago
As principais causas deste tipo de câncer estão relacionadas à dieta, uso 
de tabaco, exposição a agentes químicos e infecções por vírus. Por ser uma 
doença muitas vezes silenciosa, o câncer de estômago se desenvolve sem a 
percepção do paciente e, no momento em que é notado, pode já estar em 
estágio avançado. 
O tratamento médico consiste na maioria das vezes em ressecção cirúr-
gica, que pode ser parcial ou total. A ressecção total do estômago, também 
chamada de gastrectomia total, é um procedimento em que o estomago é 
totalmente retirado e ocorre a anastomose entre o esôfago e o jejuno. A 
ressecção parcial do estômago é também chamada de gastrectomia parcial, 
na qual retira-se apenas uma porção do estômago. 
Após a ressecção gástrica, o paciente deve permanecer em jejum por 3 a 
5 dias. O processo de reintrodução alimentar deve ser conduzido de forma 
individual e gradativo, de acordo com a evolução clínica do paciente e se-
guindo determinadas características das dietas de evolução. 
Na ressecção gástrica, há a perda total ou parcial do espaço para a diges-
tão do alimento no estômago, ocasionando uma passagem dos alimentos 
para o intestino delgado muito rápida, o qual não está acostumado a rece-
ber essa grande quantidade de nutrientes tão rapidamente. 
Por isso, alguns pacientes podem apresentar síndrome de Dumping após 
a cirurgia, além de algumas outras complicações, como saciedade precoce, 
perda de peso e diversas deficiências nutricionais. A síndrome de Dumping 
pode ocorrer quando o paciente ingere alimentos com alto teor de gordu-
ra e açúcar, e seus sintomas são taquicardia, 
náusea, diarreia e sudorese.
Se na ressecção a porção do antro do 
estômago for retirada, ocorre atrofia 
das células parietais, as quais produ-
zem o fator intrínseco, responsável pela 
absorção da vitamina B12. Devido a este 
fato, o paciente necessita de suplementação 
de vitamina B12 endovenosa, visando evitar uma deficiência 
desta vitamina. 
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Tratamento dietoterápico
Em relação à dietoterapia na gastrite e úlceras pépticas, observe o Quadro 5:
Valor energético total Sufi ciente para manter ou recuperar o estado nutricional
Distribuição calórica Normal (Carboidratos: 50 a 60%, proteínas: 10 a 15% e lipídios: 25 a 30%)
Consistência Geral ou adaptada às condições da cavidade oral
Alimentos a serem 
evitados
Bebidas alcoólicas: o álcool é um potente irritante da mucosa;
Café: Irrita a mucosa;
Pimenta: Irrita a mucosa;
Refrigerantes: Aumentam a produção de ácido gástrico, resultando na 
irritação da mucosa;
Mostarda em grão, chili e chocolates: Irritam a mucosa;
Frutas ácidas e cítricas: Irritam a mucosa.
Ambiente durante a 
alimentação
Procurar fazer as refeições em ambiente tranquilo, comendo 
devagar e mastigando bem os alimentos
QUADRO 5. DIETOTERAPIA NA GASTRITE E ÚLCERAS PÉPTICAS
Fonte: CUPPARI, 2005, n.p.
Dietoterapia no câncer gástrico
Algumas orientações nutricionais que devem ser seguidas após a ressecção 
gástrica e alta hospitalar, se o paciente estiver com alimentação via oral, são 
(ASSAF, 2003):
• Evitar o consumo de líquidos durantes as refeições;
• Evitar a ingestão de alimentos gordurosos, muito açucarados e defumados;
• Aumentar o fracionamento das refeições para 6 a 8 refeições diárias e 
reduzir o volume das mesmas;
• Realizar as refeições em ambientes tranquilos.
Na presença de Dumping:
• Preferir leites e derivados sem lactose;
• Evitar sacarose;
• Evitar alimentos gordurosos.
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O uso de fibras alimentares na dieta pode ser benéfico para evitar a 
síndrome de Dumping, uma vez que a fibra reduz o tempo de trânsito no 
trato gastrointestinal superior e diminui a taxa de absorção de glicose. 
Assim, pectina e fibras presentes em frutas e vegetais devem ser incluídas 
na dieta. 
Características das dietas de evolução após a ressecção gástrica
As dietas a seguir devem evoluir seguindo a ordem escrita e de acordo 
com a adaptação individual do paciente.
1º dieta líquida de prova
• Apenas água, chá e gelatina de 
cor clara e isenta de sacarose.
2º dieta líquida 
• Dietas de consistência líquida 
que devem ser coadas e de fácil di-
gestão;
• Alimentos permitidos: água, 
chás, café, sucos coados, bebidas 
isotônicas, água de coco, caldos de legumes coados, gelatinas de cor clara 
e vitaminas líquidas. Tudo deve ser coado.
3º dieta pastosa
• Dieta de consistência pastosa com alimentos que sofrem ação mecâ-
nica, visando facilitar a mastigação, deglutição e digestão;
• Os alimentos são líquidos ou cremosos, cozidos e/ou liquidificados; 
• Alimentos permitidos: purês, sopas espessadas, liquidificadas ou 
sopa-creme, arroz pastoso, frutas cozidas picadas ou em forma de purê, 
frutas cruas macias (mamão, banana, abacate, melancia), picadas ou ras-
padas em forma de papa. Todos os alimentos devem ser cozidos, liquidifi-
cados ou pastosos. 
3º dieta leve
• Dieta de consistência semissólida, com alimentos que devem ser cozi-
dos ou sofrer ação mecânica para serem oferecidos moídos ou desfiados;
• Alimentos permitidos: leites e derivados, sucos e vitaminas de fru-
ta, legumes sem casca e sem semente cozidos e amassados em forma de 
purê, frutas sem casca, sem semente e cozidas.
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4º dieta branda 
• Dieta de transição para dieta geral, em que as fi bras e o tecido conectivo 
das carnes estão abrandados pela cocção. Evita-se frituras e con-
dimentos, a fi m de facilitar a digestão;
•Alimentos permitidos: carnes bem cozidas, sem 
pele e sem gordura, verduras de folhas cozidas 
ou refogadas, frutas cozidas e sem casca, bolo 
simples, pão de leite, arroz, macarrão e batata 
bem cozidos. 
Sintomas comuns da disfunção intestinal: diarreia, 
gases intestinais, flatulência, constipação
Diarreia 
Conforme afi rma Cuppari em seu livro Guia de nutrição: nutrição clínica 
no adulto, de 2005, o aumento da frequência de evacuações, normalmente 
acima de 3 vezes ao dia, com fezes semi pastosas e/ou líquidas é classifi cado 
comodiarreia. 
Gases intestinais/fl atulência 
Os gases podem ser formados de determinadas maneiras, como engolir 
alimentos muito rapidamente, ingerir alimentos formadores de gases, ingerir 
antiácidos ou antibióticos e/ou ausência da prática de exercícios físicos. 
Constipação intestinal
A constipação intestinal é uma alteração do funcionamento intestinal ca-
racterizada pela redução do número de evacuações, formando fezes endu-
recidas e esforço no momento de eliminá-las. Os sintomas mais comumente 
relatados são: difi culdade e redução do número de evacuações, fezes resse-
cadas e sensação de evacuação incompleta.
As causas da constipação são amplas e comple-
xas, englobando: hábitos alimentares inadequados, 
falta de exercícios, doenças do intestino grosso 
(obstrução mecânica ou insufi ciência na propulsão 
do bolo fecal), neuropatia (diabetes), hemorroidas e 
neoplasias intestinais. 
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 Tratamento dietoterápico
Diarreia 
No tratamento dietoterápico da diarreia, segundo Cuppari (2005), as prin-
cipais recomendações são:
EXEMPLIFICANDO
Paciente (A.S.), portadora de câncer de pulmão, está fazendo radiote-
rapia e quimioterapia há 2 meses. A paciente refere saciedade precoce 
e diarreia, apresentando episódios de 5 evacuações líquidas por dia. 
Assim, o nutricionista deve estar atento à hidratação do paciente, pois 
com este sintoma perde-se muitos líquidos e eletrólitos. Para este caso, 
o profi ssional pode orientar o mesmo a ingerir líquidos, realizando o 
cálculo da necessidade hídrica do paciente, que é de 35mL/kg dia. Exem-
plos de alimentos sugeridos neste caso são purê de batata, mingau de 
maisena e frutas obstipantes. 
• Aumento da oferta de líquidos e eletrólitos sufi ciente para repor as per-
das. Podem ser utilizados para repor os eletrólitos água de coco e bebidas iso-
tônicas (avaliar se o paciente é hipertenso);
• Normalmente leite e seus derivados são evitados, visto que pode haver 
intolerância;
• Evitar frutas laxativas como mamão, abacate, ameixa, laranja, kiwi, caqui 
e manga;
• Preferir maçã, banana maçã, goiaba e suco de limão;
• Evitar os grãos de feijão, preferir somente o caldo;
• Consumir legumes sem casca e sementes.
Gases intestinais/fl atulência 
Para eliminar ou reduzir a quantidade de gases intestinais deve-se evitar 
alimentos formadores de gases, como:
• Brócolis, couve-fl or, couve e repolho;
• Nabo, cebola crua, pimentão verde, rabanete, pepino e batata;
• Grão de leguminosas: feijão, ervilha, grão de bico e lentilha;
• Ovo cozido ou frito;
• Leites e derivados com lactose;
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• Bebidas gasosas como refrigerantes;
• Excesso de açúcar.
Constipação intestinal
As fibras possuem um papel extremamente importante no tratamento nu-
tricional da constipação intestinal. Isso posto, cabe ressaltar que a definição 
de fibras é a seguinte: são carboidratos não digeríveis pelo nosso sistema gas-
trointestinal.
Farelo de trigo e farelo de aveia, bem como cereais e grãos integrais, são 
indicados como fontes de fibras, as quais auxiliam no tratamento nutricional da 
constipação. A ameixa (preta) e seu suco também melhora, o funcionamento 
intestinal. 
A American Dietic Association recomenda a quantidade do consumo de fi-
bras por dia como sendo 20 a 35 g/dia, e a ingestão hídrica deve ser aumentada 
no tratamento dietoterápico da constipação intestinal. Segundo Commane et 
al. (2009), a recomendação de ingestão hídrica deve ser de 35 ml/kg de peso 
atual/dia. O uso de probióticos, prebióticos e simbióticos também é recomen-
dado na dietoterapia da constipação intestinal.
Probióticos são microrganismos vivos que chegam intactos ao intestino e 
que, quando administrados em quantidades adequadas, contribuem para o 
desenvolvimento da microbiota intestinal saudável, além de trazerem bene-
fícios para a saúde. São exemplos deste grupo os gêneros Bifidobacterium e 
Lactobacillus, a exemplo da espécie Lactobacillus acidophilus. 
Os alimentos que contém probióticos são os iogurtes e leites fermentados. 
Entretanto, eles podem ser prescritos para serem manipulados, seguindo a 
recomendação de dosagem indicada. Pode-se observar alteração benéfica da 
microbiota intestinal com doses contendo a partir de 109 unidades formadoras 
de colônias (UFC) de microrganismos probióticos.
Já prebióticos são fibras não digeríveis, mas que fermentam em nossos 
intestinos e estimulam o crescimento das bactérias probióticas. Prebióticos 
como inulina, presente em alimentos como yacon, chicória, alcachofra, alho e 
aspargos, entre outros, e frutooligossacarídeos (FOS), presentes em alimentos 
como farinha de banana verde, centeio, açúcar mascavo, mel e tomate, entre 
outros, atuam como fatores bifidogênicos e colaboram com os mecanismos de 
ação dos probióticos.
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Estímulos
Bifidobactérias
Lactobacilos
Prebióticos
•Inulina
•Oligofrutose
Probióticos
provenientes
da dieta
Intestino delgado
•Não digeridos
•Não absorvidos
Cólon
•Bifidobactérias endógenas
•Bifidobactérias da dieta
Intestino delgado
•Lactobacilos endógenos
•Lactobacilos da dieta
Cólon
Efeito
bifidogênico
Efeitos probióticos
•Modulação da microbiota intestinal
Competição por sítios de adesão
Competição por nutrientes
•Alteração do metabolismo microbiano
Aumento ou diminuição da atividade enzimática
•Estímulo da imunidade do hospedeiro
Aumento dos níveis de anticorpos
Aumento da atividade dos macrófagos
•Estímulo na absorção de determinados nutrientes como cálcio
•Outros possíveis efeitos probióticos
Figura 4. Mecanismo de ação dos probióticos e prebióticos. Fonte: OLIVEIRA, 2014, p. 8.
Já simbióticos são uma associação de probióticos com prebióticos. Os sim-
bióticos são recomendados quando há necessidade de ofertar tanto a fibra 
alimentar quanto o microrganismo. 
Geralmente, são muito utilizados quando o indivíduo faz uso de certos me-
dicamentos, como os antibióticos, em condições pré-operatórias, objetivando 
evitar infecções no pós-operatório.
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Sintetizando
Iniciamos nosso estudo abordando as doenças do trato gastrointestinal, mui-
to comuns em diversos pacientes. Algumas dessas doenças são a esofagite, o 
câncer de cavidade oral, esôfago ou estômago, a diarreia e a constipação intes-
tinal. Vimos também quais são os aspectos fisiológicos do aparelho digestório, 
que inclui boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. 
Estudamos a esofagite e seu tratamento, além da hérnia de hiato e o câncer 
da cavidade oral, faringe e esôfago, que pode ser definido como um conjunto 
de doenças que se assemelham pelo crescimento desordenado de células, que 
invadem os tecidos e órgãos.
Vimos as características da indigestão/dispepsia, gastrite e úlceras pépticas 
e o câncer de estômago, além de quais são os tratamentos dietoterápicos para 
gastrite e úlceras pépticas. Por fim, vimos sintomas comuns da disfunção intesti-
nal, como diarreia, gases intestinais, flatulência e constipação.
Em síntese, aprendemos sobre a fisiologia e patologia do sistema gastroin-
testinal e suas intervenções nutricionais. O aluno deve então, a partir daqui, 
conseguir diagnosticar e realizar intervenções nutricionais com pacientes com 
disfunções do trato gastrointestinal. É necessário ressaltar que que cada caso é 
um caso e que sempre deve-se respeitar a aceitação do paciente, uma vez que 
cada organismo é único. 
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NUTRIÇÃO CLÍNICA 32
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DISTÚRBIOS 
DO TRATO 
GASTROINTESTINAL 
INFERIORL 
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Fornecer bases para definição e identificação de patologias que acometem o 
trato digestivo;
 Descrever processos fisiopatológicos de doenças do trato digestivo;
 Fornecer estratégias nutricionais que podem ser utilizadas nos tratamentos 
de patologias.
 Doenças inflamatórias intesti-
nais: doença de Crohn e retocoli-
te ulcerativa inespecífica
 Tratamento dietoterápico
 Doença celíaca
 Tratamento dietoterápico
 Espru tropical
 Tratamento dietoterápico
 Deficiência de lactase (intole-
rância à lactose)
 Tratamento dietoterápico
 Síndrome do intestino irritável
 Tratamento dietoterápico
 Câncer de cólon e pólipos
 Tratamento dietoterápico
 Doença diverticular (diverticu-
lose/diverticulite)
 Tratamento dietoterápico
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Doenças inflamatórias intestinais: doença de Crohn e 
retocolite ulcerativa inespecífica
As doenças infl amatórias intestinais mais comuns são representadas pela 
doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. As causas para o desenvolvimento 
destas doenças são multifatoriais, incluindo fatores ambientais e genéticos, e o 
diagnóstico pode ser difícil, principalmente em seus estágios iniciais. 
Embora essas doenças sejam reconhecidas por processo infl amatório, elas 
apresentam algumas características distintas. A retocolite ulcerativa por exem-
plo é determinada por uma infl amação não transmural, ou seja, limitada ao 
cólon e reto, e apresenta lesão contínua. Já na doença de Crohn, a infl amação 
é transmural e pode atingir qualquer porção do trato gastrointestinal de forma 
descontínua (CAZARIN, 2014). 
Estreitamento
Íleo
terminal
Infl amação
cólon descendente
Locais de manifestação das doenças infl amatórias intestinais
Áreas
infl amadas
Colite ulcerativa Doença de Crohn
Figura 1. Diferenças entre os locais de manifestação entre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa inespecífi ca. Fonte: 
Apbiocorpohumano, 2009.
A etiologia da doença ainda não foi totalmente esclarecida, embora se sai-
ba que as doenças infl amatórias intestinais têm infl uência genética. Ademais, 
a microbiota intestinal e a dieta praticada também interferem no desenvolvi-
mento das patologias, uma vez que a dieta consegue modular a comunidade 
microbiana intestinal. O aparecimento dessas doenças também está relaciona-
do à alta ingestão de sacarose, desequilíbrio na ingestão de carne vermelha, ál-
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cool, proporção de ácidos graxos ômega 3/ômega 6 e baixo consumo de frutas, 
hortaliças e fi bras alimentares.
O intestino funciona como uma barreira física seletiva que tanto permite a 
absorção de água e nutrientes quanto impede o contato direto das bactérias 
intestinais com o sistema imunológico. Assim, a passagem controlada de com-
ponentes bacterianos permite que o organismo adquira tolerância imune. En-
tretanto, portadores de doenças infl amatórias intestinais apresentam altera-
ções na microbiota intestinal, redução da tolerância imune e dos mecanismos 
de defesa e elevação de marcadores infl amatórios, levando à lesão tecidual.
Os principais sinais e sintomas das doenças infl amatórias intestinais in-
cluem dor abdominal, diarreia, sangramento retal, febre, perda de peso, ane-
mia, intolerâncias alimentares, e desnutrição.
O tratamento médico é estabelecido com base no alívio dos sintomas e na 
melhora da qualidade de vida do paciente e utiliza corticoides, anti-infl amató-
rios e imunomoduladores. O tratamento cirúrgico também pode ser recomen-
dado dependendo do tipo de doença infl amatória intestinal, severidade e local 
da lesão. Na doença de Crohn, pode ser necessária a retirada de segmentos 
importantes do intestino, o que poderá difi cultar a absorção de nutrientes. 
O tratamento nutricional tem como objetivo restaurar ou manter o estado 
nutricional do paciente, uma vez que a presença de desnutrição pode compro-
meter ainda mais seu sistema imunológico e a função absortiva do intestino. 
Nesse sentido, pode-se indicar a utilização de terapia nutricional enteral, visan-
do o estímulo do trato digestivo, e a nutrição parenteral, em casos que houver 
grandes ressecções, fístulas, obstrução intestinal e síndrome do intestino cur-
to (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
Tratamento dietoterápico
Recomendações nutricionais:
• Proteínas: 1,3 – 1,5 g / kg / dia;
• Lipídeos: hipolipídica (20% das calorias totais);
• Carboidratos: na fase aguda deve-se evitar a ingestão de lactose, visto que 
esta pode provocar cólicas abdominais. A dieta deve ser rica em fi bras solúveis, 
a fi mde estimular a fermentação bacteriana e aumentar a produção de ácidos 
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graxos de cadeia curta, e pobre em fi bras insolúveis. Em caso de estenose ou 
obstrução parcial do intestino, deve-se diminuir a ingestão de fi bras alimen-
tares. Por fi m, na fase de remissão, devem-se aumentar progressivamente as 
fi bras insolúveis.
Outras estratégias: 
• Aumentar o fracionamento das refeições;
• Em casos de má absorção de gordura, a utilização de triglicerídeos de ca-
deia média pode contribuir para o estado nutricional do paciente, pois além de 
terem absorção facilitada, podem aumentar o valor calórico da refeição;
• Modulação da microbiota intestinal através do consumo de probióticos 
(bactérias vivas);
• Aumentar a ingestão de alimentos prebióticos (oligossacarídeos, fi bras 
fermentáveis e amido resistente), posto que estes auxiliam na produção de 
ácidos graxos de cadeia curta;
• Evitar alimentos que produzem gases, como repolho, couve-fl or, brócolis, 
ovos, leguminosas, refrigerantes e excesso de açúcar. 
Pontos importantes no tratamento de doenças infl amatórias intestinais:
• Realizar reposição de fl uídos e eletrólitos em caso de vômitos e diarreia;
• Monitorar o possível surgimento de intolerâncias alimentares, e reduzir o 
consumo de lactose ou glúten se necessário;
• Controlar o processo infl amatório através da ingestão de óleos de peixe;
• Monitorar defi ciências nutricionais, suplementando vitaminas e minerais 
quando necessário;
• Aumentar a ingestão de frutas e fi bras dietéticas quando possível.
Doença celíaca
A doença celíaca é uma doença infl amatória autoimune causada pela sensi-
bilidade ao glúten. O glúten é uma proteína presente em alimentos como trigo, 
cevada e centeio, os quais provocam a atrofi a do epitélio intestinal, diminuindo 
o processo de absorção. Como consequência, a doença celíaca pode levar ao 
desenvolvimento de defi ciências nutricionais e perda de peso. 
Em condições normais, o intestino delgado é constituído por células deno-
minadas enterócitos, que secretam enzimas específi cas para a digestão de dis-
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sacarídeos. Para que a atividade de absorção ocorra de maneira eficiente, os 
enterócitos formam uma estrutura chamada de borda em escova, ou projeções 
das microvilosidades intestinais, que permite o aumento da área superficial em 
pelo menos 20 vezes.
Vilosidades
Veia porta hepática
MicrovilosidadesLúmen
Vaso
linfático
Rede de
capilares
Para o
fígado
Intestino
Vilosidades
Vilosidade normal
Atrofia de vilosidade e hiperplasia de criptas
Figura 2. Estruturas das vilosidades intestinais. Fonte: Só Biologia, [s.d.].
Figura 3. Fotomicrografia de intestino saudável e de intestino com atrofia de vilosidades. Fonte: TORRES, 2019. 
No paciente celíaco, o consumo de glúten gera uma reação inflamatória e au-
toimune, levando a atrofia das vilosidades e má absorção de nutrientes. A Figura 3 
demonstra as diferenças histológicas do intestino saudável e daquele portador de 
doença celíaca. Observe que a segunda fotomicrografia apresenta achatamento das 
vilosidades: esse quadro diminui a superfície de absorção dos nutrientes.
Vilosidades
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As causas para o desenvolvimento de doença celíaca parecem estar rela-
cionadas à predisposição genética juntamente com determinados fatores de-
sencadeantes, que estimulam resposta imunitária aumentada quando ocorre 
a ingestão de glúten.
O glúten representa uma fração proteica presente em alguns cereais como 
trigo, cevada e centeio. Os agressores presentes no trigo são as gluteninas e 
gliadinas, no centeio a secalina e, por fi m, a hordeína na cevada. A presença 
dessas moléculas no intestino delgado desencadeia uma reação imunológica e 
promove sintomas como náuseas, cólicas abdominais, diarreia, perda de peso, 
anemia, dermatite e osteomalacia (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
O diagnóstico para a doença celíaca envolve testes sorológicos como a de-
tecção de antitransglutaminase tecidual (TTG), antiendomísio e antigliadina. 
Para o correto diagnóstico, a avaliação deve ocorrer antes do paciente retirar o 
glúten da dieta, uma vez que a alimentação pode afetar o resultado. O padrão 
ouro para o diagnóstico é a biópsia do intestino delgado, para avaliação da 
mucosa intestinal. 
 Tratamento dietoterápico
O tratamento dietético na doença celíaca é essencial para o paciente e consiste na 
retirada do glúten da dieta, que é o fator agressor da mucosa intestinal. O tratamento 
permite que o paciente melhore e amenize os sintomas gastrointestinais dentro de 
alguns dias, mas a melhora histológica do intestino pode levar anos dependendo do 
caso. A Associação de Celíacos do Brasil (ACELBRA, [s.d.]) dispõe uma lista de alimen-
tos que podem ser consumidos e que devem ser evitados pelos celíacos:
Grupo: farinhas e féculas, cereais, tubérculos e seus subprodutos, que en-
contramos em forma de pó.
Permitidos: os mais indicados são arroz, batata, milho e mandioca.
Arroz: farinha de arroz, creme de arroz, arrozina, arroz integral em pó e seus 
derivados. Lembrando que o creme de arroz não é creme ou pasta, e sim um pó. 
Milho: fubá, farinha, amido de milho, fl ocos, canjica e pipoca. Batata: fécula ou 
farinha. Mandioca ou aipim: fécula ou farinha, como tapioca, polvilho doce ou 
azedo. Macarrão de cereais: arroz, milho e mandioca. Cará, inhame, araruta, sagu 
e trigo sarraceno.
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Não recomendáveis: 
Trigo: farinha, semolina, germe e farelo. Aveia: flocos e farinha. Centeio. Cevada: 
farinha. Malte. Todos os produtos elaborados com os cereais citados.
Grupo: bebidas
Permitidos: sucos de frutas e vegetais naturais, refrigerantes e chás. Vinhos, 
champagnes, aguardentes e saquê. Cafés com selo ABIC.
Não recomendáveis: cerveja, whisky, vodca, gin e ginger-ale. Ovomaltine, bebi-
das contendo malte, cafés misturados com cevada. Outras bebidas cuja composição 
não esteja clara no rótulo.
Grupo: Leites e derivados
Permitidos: leite em pó e esterilizados, leites integrais, desnatados e semi-
desnatados. Leite condensado e cremes de leite. Queijos frescos, tipo minas, 
ricota e parmesão. Pães de queijo. Para iogurte e requeijão, verificar observa-
ções nas embalagens.
Não recomendáveis: leites achocolatados que contenham malte ou ex-
trato de malte, queijos fundidos e queijos preparados com cereais proibi-
dos. Na dúvida ou ausência das informações corretas nas embalagens, não 
adquira o produto.
Grupo: açúcares, doces e achocolatados
Permitidos: açúcar de cana, mel, melado, rapadura, glucose de milho, maltodex-
trina, dextrose e glicose. Geleias de fruta e de mocotó, doces e sorvetes caseiros 
preparados com alimentos permitidos. Achocolatados de cacau, balas e caramelos.
Não recomendáveis: para todos os casos, verifique as embalagens.
Grupo: carnes (boi, aves, porco, cabrito, rãs, etc.), peixes e produtos do mar, 
ovos e vísceras (fígado, coração)
Permitidos: todas, incluindo presunto e linguiça caseira.
Não recomendáveis: Patês enlatados, embutidos (salame, salaminho e algumas 
salsichas). Carnes à milanesa. 
Grupo: gorduras e óleos
Permitidos: manteiga, margarina, banha de porco, gordura vegetal hidrogenada, 
óleos vegetais e azeite.
Grupo: grãos
Permitidos: feijão, broto de feijão, ervilha seca, lentilha, amendoim e grão de 
bico, soja (extrato proteico de soja, extrato hidrossolúvel de soja).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 40
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Não permitidos: extrato proteico vegetal e proteína vegetal hidrolisada.
Grupo: hortaliças
Permitidos: Todos os legumes e verduras são permitidos
Grupo: condimentos
Permitidos: sal, pimenta, cheiro-verde, erva, temperos caseiros, maionese ca-
seira, vinagre fermentado de vinhostinto e de arroz e glutamato monossódico. 
Não permitidos: maionese industrializada, ketchup, mostarda e temperos 
industrializados podem conter glúten. Leia o rótulo com muita atenção.
Grupo: quaisquer alimentos
Permitidos: Leia atentamente os rótulos.
Não permitidos: Os proibidos devem ter a expressão “contém glúten” 
no rótulo. 
CURIOSIDADE
Com a fi nalidade de facilitar as escolhas alimentares de indivíduos com 
doença celíaca, a Anvisa, através da determinação da Lei nº 10.674/2003, 
prevê que todos os alimentos industrializados devem obrigatoriamente 
trazer em seu rótulo as inscrições “contém glúten” ou “não contém glú-
ten”, conforme cada caso.
Espru tropical
O termo espru refere-se às doenças que ocasionam redu-
ção da absorção pela mucosa intestinal. O espru tropical di-
fere do espru não tropical por ocorrer nos trópicos e estar 
relacionado à infecção bacteriana (HALL, 2017). 
Assim, a inflamação da mucosa intestinal reduz a absorção de nu-
trientes, ocasionando diarreia e com possibilidade de evoluir para ano-
rexia, distensão abdominal e deficiências nutricionais variadas.
O espru tropical parece ter origem bacteriana, mas sua causa exata 
ainda precisa ser elucidada. As características da doença incluem alte-
rações celulares do trato gastrointestinal, da população bacteriana e na 
motilidade intestinal. Aqui, também se pode encontrar mucosa gástrica 
atrofiada, inflamada e com redução dos níveis de ácido clorídrico e fator 
intrínseco.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 41
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Tratamento dietoterápico
O tratamento para espru tropical pode incluir o uso de antibióticos, garantia 
de reposição hidroeletrolítica e fornecimento de macronutrientes e micronu-
trientes, podendo ser necessária suplementação em caso de defi ciência nutri-
cional. O tratamento nutricional pode englobar abordagens semelhantes ao 
tratamento de diarreia, como:
• Garantir hidratação com reposição de eletrólitos;
• Evitar o consumo de leite, uma vez que a diarreia pode provocar intolerân-
cia à lactose;
• Incluir alimentos como banana e maçã devido à presença de pectina;
• Moderar o consumo de gordura;
• Ingerir probióticos, que podem auxiliar na reconstituição da fl ora intestinal.
Deficiência de lactase (intolerância à lactose)
Os enterócitos presentes no intestino delgado são células especializadas 
que permitem o processo de absorção intestinal. Algumas enzimas podem ser 
encontradas nas células epiteliais e auxiliam na digestão de dissacarídeos, que-
brando ligações moleculares. As enzimas secretadas incluem sacarase, lactase, 
maltase e isomaltase. 
Isso posto, a intolerância à lactose 
é considerada uma intolerância ali-
mentar, ou seja, é decorrente de uma 
reação adversa a um alimento devido 
à forma com que o organismo o pro-
cessa, sem ativar o sistema imunoló-
gico. Neste caso, a intolerância ocorre 
pela ingestão de alimentos que conte-
nham lactose e que o organismo não é 
capaz de digerir corretamente, graças 
à defi ciência da enzima lactase. Quan-
do a lactose atinge o intestino grosso, as bactérias intestinais fermentam o 
açúcar, causando desconforto abdominal e diarreia. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 42
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A defi ciência de lactase, em sua maioria, está relacionada a causas ge-
néticas. A intolerância à lactose poda ocasionar fl atulências, distensão ab-
dominal, cólicas e diarreia algumas horas após a ingestão de produtos ou 
alimentos contendo lactose. 
A presença de lactose no intestino que tenha defi ciência de lactase pre-
judica a absorção do açúcar e, como consequência, as bactérias intestinais 
fermentam o substrato, liberando ácidos graxos de cadeia curta, dióxido de 
carbono e gás hidrogênio, o que resulta em fl atulências e cólicas. A lactose 
também pode aumentar a osmolaridade intestinal, contribuindo para a re-
tenção de água e causando inchaço. 
Tratamento dietoterápico
O tratamento da intolerância à lactose envolve a ingestão controlada 
de alimentos que possuam o dissacarídeo, segundo afirmam Nelson e 
Cox em seu livro Princípios de bioquímica de Lehninger, de 2014. É impor-
tante ressaltar que os indivíduos que optarem pela redução de lácteos 
podem necessitar de suplementação de cálcio e vitamina D. No entanto, 
a maioria dos intolerantes à lactose admitem seu consumo em pequenas 
quantidades (até 12 g/dia), o que torna desnecessária a retirada total da 
lactose da dieta.
Uma das estratégias que podem ser 
utilizadas para o tratamento de intole-
rância à lactose é a introdução gradual 
do dissacarídeo, de forma que a ex-
posição controlada possa aumentar a 
tolerância pela modulação da fl ora bac-
teriana. Assim, produtos como quei-
jos curados e iogurtes costumam ser 
bem tolerados, devido ao baixo teor 
de lactose desses produtos (MAHAN & 
ESCOTT-STUMP, 2010). A Tabela 1 apre-
senta os níveis de alguns alimentos que 
contém lactose. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 43
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TABELA 1. CONTEÚDO DE LACTOSE NO LEITE, PRODUTOS LÁCTEOS E ALGUNS
PRODUTOS MANUFATURADOS
Alimento Tipo % por peso
Leite
Desnatado* 4,8
Semi-desnatado* 4,7
Integral* 4,6
Condensado, integral, adoçado* 12,3
Pó desnatado* 52,9
Evaporado, integral* 8,5
Cabra 4,4
Humano 7,2
Ovelha 5,1
Creme
Único 2,2
Duplo 1,7
Amargo 2,7
Crème fraîche 2,1
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping 2,3-6,8
Queijo
Brie / camembert Traços
Cheddar 0,1
Requeijão 4,4
Requeijão, reduzido de gordura 7,3
Queijo cottage 3,1
Queijo cottage, reduzido de gordura 3,3
Queijo cremoso Traços
Dinamarquês azul Traços
Stilton 0,1
Edam / gouda Traços
Feta 1,4
Queijo de cabra 0,9
Muçarela Traços
Parmesão 0,9
Fatias de queijo processado 5,0
LeiteLeite
Desnatado*
Semi-desnatado*
Desnatado*
Semi-desnatado*
Condensado, integral, adoçado*
Desnatado*
Semi-desnatado*
Condensado, integral, adoçado*
Desnatado*
Semi-desnatado*
Integral*
Condensado, integral, adoçado*
Semi-desnatado*
Integral*
Condensado, integral, adoçado*
Semi-desnatado*
Integral*
Condensado, integral, adoçado*
Pó desnatado*
Evaporado, integral*
Condensado, integral, adoçado*
Pó desnatado*
Evaporado, integral*
Condensado, integral, adoçado*
Pó desnatado*
Evaporado, integral*
Condensado, integral, adoçado*
Pó desnatado*
Evaporado, integral*
Cabra
Condensado, integral, adoçado*
Evaporado, integral*
Cabra
Humano
Condensado, integral, adoçado*
Evaporado, integral*
Humano
Ovelha
4,8
Humano
Ovelha
4,8
4,7
Ovelha
4,7
4,6
12,3
52,952,9
8,58,5
4,44,4
7,2
5,1
CremeCreme
Único
Imitação de creme como, por exemplo, 
Único
Duplo
Imitação de creme como, por exemplo, 
Duplo
Amargo
Crème fraîche
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Amargo
Crème fraîche
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Amargo
Crème fraîche
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Crème fraîche
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Brie / camembert
Crème fraîche
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Brie / camembert
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Brie / camembert
Cheddar
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Brie / camembert
Cheddar
Requeijão
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Brie / camembert
Cheddar
Requeijão
2,2
Imitação de creme como, por exemplo, 
Elmlea, Tip Top, Dream Topping
Requeijão
1,7
Imitação de creme como, por exemplo, 
Requeijão
1,7
2,7
2,1
2,3-6,82,3-6,8
TraçosTraçosTraços
0,1
4,44,4
QueijoQueijoQueijo
Requeijão, reduzido de gorduraRequeijão, reduzido de gorduraRequeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage, reduzido de gordura
Requeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage
Queijo cottage, reduzido de gordura
Requeijão,reduzido de gordura
Queijo cottage
Queijo cottage, reduzido de gordura
Requeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage
Queijo cottage, reduzido de gordura
Requeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage
Queijo cottage, reduzido de gordura
Queijo cremoso
Requeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage
Queijo cottage, reduzido de gordura
Queijo cremoso
Dinamarquês azul
Requeijão, reduzido de gordura
Queijo cottage, reduzido de gordura
Queijo cremoso
Dinamarquês azul
Queijo cottage, reduzido de gordura
Queijo cremoso
Dinamarquês azul
Queijo cottage, reduzido de gordura
Queijo cremoso
Dinamarquês azul
Stilton
Queijo cottage, reduzido de gordura
Dinamarquês azul
Stilton
Edam / gouda
Queijo cottage, reduzido de gordura
Dinamarquês azul
Stilton
Edam / gouda
7,3
Edam / gouda
7,3
Edam / gouda
Feta
3,1
3,33,3
TraçosTraçosTraços
TraçosTraços
0,1
TraçosTraços
1,4
Queijo de cabraQueijo de cabraQueijo de cabra
Muçarela
Fatias de queijo processado
Queijo de cabra
Muçarela
Parmesão
Fatias de queijo processado
Queijo de cabra
Muçarela
Parmesão
Fatias de queijo processado
Parmesão
Fatias de queijo processadoFatias de queijo processadoFatias de queijo processadoFatias de queijo processadoFatias de queijo processado
1,4
0,90,9
TraçosTraçosTraços
0,9
5,05,0
NUTRIÇÃO CLÍNICA 44
SER_NUTRI_NUCLI_UNID2.indd 44 28/09/2020 17:08:29
Iogurte
Natural 4,7
Fruta 4,0
Iogurte de beber 4,0
Fromage frais natural 4,0
Fromage frais de fruta 3,0
Tzatziki (com pepinos) 0,3
Pudins
Milkshake comum 4,5
Sorvete de baunilha não lácteo 4,8
Sorvete de baunilha lácteo 5,2
Sorvete de chocolate 4,7
Arroz doce 3,9
Creme feito com leite integral 5,2
Mousse de chocolate 3,8
*Leite de vaca
IogurteIogurte
NaturalNatural
Iogurte de beber
Natural
Fruta
Iogurte de beber
Fromage frais 
Fruta
Iogurte de beber
Fromage frais 
Fromage frais
Iogurte de beber
Fromage frais 
Fromage frais
Tzatziki
Iogurte de beber
Fromage frais 
Fromage frais
Tzatziki
Iogurte de beber
natural
Fromage frais
Tzatziki (com pepinos)Tzatziki (com pepinos)Tzatziki
natural
 de fruta
 (com pepinos)
 de fruta
 (com pepinos)
 de fruta
 (com pepinos) (com pepinos)
4,7
4,0
4,04,0
4,04,0
3,0
0,3
PudinsPudins
*Leite de vaca*Leite de vaca
Sorvete de baunilha não lácteo
*Leite de vaca
Milkshake comum
Sorvete de baunilha não lácteo
*Leite de vaca
Milkshake comum
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
*Leite de vaca
Milkshake comum
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Milkshake comum
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Milkshake comum
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Creme feito com leite integral
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Arroz doce
Creme feito com leite integral
Sorvete de baunilha não lácteo
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Arroz doce
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
Sorvete de baunilha lácteo
Sorvete de chocolate
Arroz doce
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
Sorvete de chocolate
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
4,5
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
4,8
Creme feito com leite integral
Mousse de chocolate
5,25,2
4,7
3,9
5,25,2
3,8
Fonte: MATAR; MAZZO, 2010, p. 233.
Objetivos e estratégias no tratamento dietoterápico da defi ciência 
de lactase
• Gerenciar a dor e desconforto abdominal controlando a ingestão de lactose;
• Monitorar a defi ciência de cálcio. Podem ser indicados alimentos que conte-
nham cálcio, mas sem lactose;
• Monitorar a tolerância à lactose, ingerindo gradualmente o dissacarídeo; 
• Fornecer suplementos da enzima lactase, ingerindo-os minutos antes de 
consumir algum produto contendo lactose. 
Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio carac-
terizado por alterações da motilidade intestinal, mas em que 
não há evidências de modificações metabólicas, bioquími-
cas ou estruturais.
Como o sistema nervoso entérico responde às influências do sistema 
nervoso central, os indivíduos que já possuem alterações na motilidade 
intestinal são mais propensos a desenvolver os sintomas da SII, majorita-
riamente desencadeados por problemas emocionais. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 45
SER_NUTRI_NUCLI_UNID2.indd 45 28/09/2020 17:08:30
O stress do cotidiano, mudanças de emprego, viagens, reuniões ou situa-
ções sociais desconfortáveis podem ser alguns dos fatores causais do surgi-
mento ou agravamento dos sintomas. Além de fatores psicológicos, antibióti-
cos, cafeína e falta de regularidade no sono também interferem no surgimento 
ou agravamento da síndrome. 
Essa síndrome apresenta como sintomas dor/desconforto abdominal asso-
ciados a mudanças do hábito intestinal, como constipação e/ou diarreia. A pre-
sença de muco nas fezes, flatulência e distensão abdominal também ocorrem 
na maioria dos casos.
O Consenso Roma II estabeleceu os critérios mais utilizados para o diagnós-
tico da SII. Isso posto, caracteriza-se como SII quando houver dor e/ou descon-
forto abdominal, com a presença de pelo menos duas das três características 
seguintes: alterações da consistência das fezes, alterações na frequência das 
evacuações e alívio ao evacuar, por no mínimo 12 semanas de evolução, nos 
últimos 12 meses (TALLEY et al., 2000). 
Fonte: PASSOS, 2006, n.p.
O tratamento medicamentoso como ilustrado na figura apresentada é pres-
crito pelo médico de acordo com os sintomas relatados, incluindo desde anti-
diarreicos até antidepressivos.
Síndrome do intestino irritável
Dor predominante
Antiespasmódicos
Antidepressivos
Alosetron* (se 
diarreia associada)
Tegaserode (se 
constipação 
associada)
Antidiarreicos
Alosetron*
Cilansetron*
Laxativos (fibras ou 
osmóticos)
Tegaserode 
Antidepressivos
Alosetron* (se 
predomina diarreia)
Tegaserode 
(se predomina 
constipação)
Psicoterapia
Diarreia 
predominante
Constipação 
predominante
Forma grave 
ou refratária
DIAGRAMA 1. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NA SII
NUTRIÇÃO CLÍNICA 46
SER_NUTRI_NUCLI_UNID2.indd 46 28/09/2020 17:08:30
Tratamento dietoterápico
A dietoterapia para os pacientes com síndrome do intestino irritável deve 
ser pobre em FODMAPs. Este termo vem de uma sigla em inglês que signifi ca: 
F (Fermentable), O (Oligosaccharides), D (Disaccharides), M (Monosaccharide), 
A (And), P (Polyols).
A sigla F vem do inglês Fermentable, que traduzido para o português sig-
nifi ca fermentação, um processo no qual as bactérias intestinais degradam 
carboidratos e produzem gases (hidrogênio, metano e dióxido de carbono). O 
restante das siglas estão exemplifi cadas em português no Quadro 1, além de 
seu subgrupo alimentar e exemplos de alimentos. 
Letra na sigla FODMAPs Subgrupo que é o FODMAPs Alimentos
Oligossacarídeos Frutanos Trigo, aveia, centeio, cevada, alho poró, alho e cebola.
Dissacarídeos Apenas a lactose Leite e seus derivados.
Monossacarídeos Apenas a frutose Maçã, manga, sucos de frutas, frutas secas e mel.
Polióis 
Sorbitol
Manitol
Xilitol
Maltitol
Adoçantes derivados de álcoois.
QUADRO 1. FODMAPS, SUBGRUPOS E ALIMENTOS
OligossacarídeosOligossacarídeosOligossacarídeos
Dissacarídeos 
Oligossacarídeos
Dissacarídeos 
Monossacarídeos
Oligossacarídeos
Dissacarídeos 
Monossacarídeos
Dissacarídeos 
MonossacarídeosMonossacarídeosMonossacarídeosMonossacarídeos
Polióis Polióis 
FrutanosFrutanos
Apenas a lactose
Frutanos
Apenas a lactose
Apenas a frutose
Apenas a lactose
Apenas a frutose
Apenas a lactose
Apenas a frutose
Apenas a lactose
Apenas a frutoseApenas a frutose
Sorbitol
Manitol
Trigo, aveia, centeio, cevada,Apenas a frutose
Sorbitol
Manitol
Xilitol
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Manitol
Xilitol
Maltitol
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Maltitol
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
frutas secas e mel.
Adoçantes derivados de álcoois.
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
frutas secas e mel.
Adoçantes derivados de álcoois.
Trigo, aveia, centeio, cevada, 
alho poró, alho e cebola.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
frutas secas e mel.
Adoçantes derivados de álcoois.
Leite e seus derivados.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
frutas secas e mel.
Adoçantes derivados de álcoois.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
frutas secas e mel.
Adoçantes derivados de álcoois.
Maçã, manga, sucos de frutas, 
Adoçantes derivados de álcoois.Adoçantes derivados de álcoois.Adoçantes derivados de álcoois.Adoçantes derivados de álcoois.Adoçantes derivados de álcoois.
O que estes grupos de alimentos e adoçantes têm em comum é que todos 
são substratos rapidamente fermentados por bactérias. Entretanto, cabe res-
saltar que nem todos os membros de cada grupo são realmente problemáticos, 
apenas os açúcares fermentáveis. Por exemplo, monossacarídeos são açúcares 
simples, entretanto, apenas um deles é considerado um FODMAP, a frutose.
Estes alimentos ricos em FODMAPs devem ser evitados pelos indivíduos que 
possuem síndrome do intestino irritável, uma vez que, por serem substratos fer-
mentáveis pelo intestino, pioram o quadro da SII. 
Em relação aos monossacarídeos, como já dito, a frutose é o subgrupo dos 
FODMAP. Assim, o Quadro 2 ilustra os alimentos ricos em frutose, um monossa-
carídeo considerado FODMAP. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 47
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QUADRO 2. EXEMPLOS DE FRUTAS RICAS E POBRES EM FODMAP
Frutas
 FODMAP
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
 FODMAP
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
 FODMAPFODMAPFODMAP
 FODMAPFODMAPFODMAP
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
 frutas enlatadas.
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Maçã, pera, pêssego, manga, melancia, nec-
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
tarina, cereja, manga; sucos naturais, frutas 
secas, mel, frutose, xarope de milho
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
Banana, amora, carambola, uva, abacaxi, 
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
morango, maracujá, abacaxi .
melão, kiwi, limão, lima, laranja, tangerina, 
As frutas secas, por passarem pelo processo de desidratação, concentram a 
quantidade de frutose presente nas frutas in natura. Por isso, seu consumo por 
portadores de SII é desaconselhado, e o mesmo ocorre com os sucos. 
Em relação aos dissacarídeos, a lactose é o subgrupo dos FODMAP. Leite de 
vaca, cabra ou ovelha e iogurte (mesmo os desnatados) contêm lactose, e, por-
tanto seu consumo para estes pacientes é desaconselhado. Queijos como quei-
jo fresco e cremoso (ricota, cottage e cream cheese) também possuem alto teor 
de lactose e devem ser evitados. 
CURIOSIDADE
No processo de produção dos queijos, parte da lactose é extraída. Então, 
quanto mais processado o queijo, menor o teor de lactose. Na composição 
de queijos frescos, por serem menos processados, a lactose é encontrada 
em maior concentração. Já ao longo do processo de maturação, a lactose 
remanescente é, em grande parte, fermentada, gerando ácido láctico e 
outros metabólitos, o que faz com que queijos maturados apresentem te-
ores reduzidos ou até nulos da lactose. Por isso, queijos maturados como 
cheddar, parmesão, brie ou camembert possuem menor teor de lactose. 
QUADRO 3. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA DIETOTERAPIA DA SII
Alimentos Preferir Evitar
Leites Leite sem lactose, leite de soja, arroz ou amêndoas.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
lactose.
Iogurtes Iogurte sem lactose. Iogurte com lactose.
Queijos Queijos curados como par-mesão, brie e camembert.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leites Leites Leites 
Iogurtes Iogurtes Iogurtes 
Queijos Queijos 
Leite sem lactose, leite de Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite sem lactose, leite de 
soja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite sem lactose, leite desoja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
soja, arroz ou amêndoas.
Iogurte sem lactose.
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Queijos curados como par-
mesão, brie e camembert.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Queijos frescos e cremosos como 
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
lactose.
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
lactose.
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
lactose.
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Leite de vaca, cabra e ovelha com 
Iogurte com lactose.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
Queijos frescos e cremosos como 
ricota, cottage e cream cheese.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 48
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Portanto, uma dieta com restrição de FODMAPs é recomendada para os 
pacientes que possuam síndrome do intestino irritável, principalmente no pe-
ríodo de crises.
Câncer de cólon e pólipos
O câncer de cólon (CC) é o quarto tipo de neoplasia mais frequente no 
mundo todo. No Brasil, é a quarta causa de morte por câncer e a quinta 
mais diagnosticada, conforme afirma Fang em seu artigo “Rastreamento 
para câncer colorretal”, de 2002.
Assim, o rastreamento precoce é uma medida eficaz para reduzir a 
mortalidade deste câncer, posto que quanto mais cedo o diagnóstico, 
maior a chance de cura. As características que auxiliam no rastreamento 
precoce do câncer de cólon são: histórico da doença na família, idade 
acima de 50 anos e presença de alguma outra doença inflamatória intes-
tinal. Alguns sinais e sintomas do câncer de intestino são:
• Presença de sangue nas fezes;
• Dor abdominal;
• Mudança do hábito intestinal (diarreia e/ou obstipação);
• Presença de hemorroidas;
• Fraqueza e/ou anemia;
• Perda de peso sem diagnóstico de outra causa.
O pólipo é uma saliência projetada na mucosa do intestino, podendo 
variar em tamanho e morfologia. Os pólipos são precursores do CC e 
podem ser detectados em exames de rastreio, como a colonoscopia. Por-
tanto, este exame é eficaz para diagnosticar precocemente um possível 
surgimento do câncer de cólon.
A alimentação inadequada é uma das responsáveis pelo surgimento e 
desenvolvimento do CC. O consumo elevado de carnes, gorduras, álcool e 
calorias no geral associado ao baixo consumo de frutas e verduras pode 
desencadear o surgimento deste tipo de câncer. 
O consumo de embutidos, como salame, mortadela e presunto, au-
menta o risco de desenvolvimento de neoplasia de intestino, posto que 
estes alimentos passam pelo processo de cura, em que são adicionados 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 49
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nitritos, potentes bactericidas que aumentam a validade dessas carnes. 
No organismo, os nitritos são transformados em nitrosaminas, compos-
tos associados ao desenvolvimento do câncer. 
O tratamento médico principal do CC é a cirurgia, principalmente 
quando o câncer está em estágio inicial. A cirurgia é chamada de colecto-
mia, podendo ser parcial (remoção de parte do cólon) ou total (remoção 
total do cólon) e linfonodos adjacentes.
Em alguns casos, torna-se necessária a realização de uma colostomia 
permanente ou temporária. Lembrando que colostomia é um procedi-
mento cirúrgico no qual o cólon é exposto na parede abdominal (estoma) 
e conectado a uma bolsa especial, que coleta material fecal.
O tratamento também pode envolver quimioterapia e/ou radiotera-
pia, e é o médico quem irá avaliar a forma de tratamento mais adequada. 
Caso necessite de quimio e/ou radio, o paciente pode apresentar alguns 
efeitos colaterais como diarreia e/ou constipação, dependendo do tipo 
da quimio e da realização ou não de radioterapia. 
Tratamento dietoterápico
O consumo de probióticos protege o intestino contra o câncer de cólon. 
Segundo Orrhage et al. (1994), os microrganismos são capazes de atuar na 
prevenção de atividades carcinogênicas graças à sua ação por determina-
dos mecanismos.
Os probióticos, no geral, inibem a conversão de substâncias pré-carcinogê-
nicas (como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e nitrosaminas) em car-
cinogênicas, e determinados probióticos são efi cazes na inibição da formação 
de células tumorais. 
Portanto, para proteger o intestino do câncer de cólon, o consumo de pro-
bióticos é recomendado. Algumas orientações nutricionais recomendadas na 
prevenção do câncer de cólon são:
• Preferir o consumo de alimentos de origem vegetal como legumes, verdu-
ras, frutas, cereais integrais, feijões e temperos naturais;
• Evitar alimentos industrializados e refrigerantes;
• Evitar alimentos e bebidas com adoçantes artifi ciais;
NUTRIÇÃO CLÍNICA 50
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• Adoçantes à base de ciclamato não devem ser consumidos;
• Aumentar o consumo de prebióticos, probióticos e simbióticos;
• Aumentar a ingestão hídrica.
É importante também que o 
consumo de embutidos como sa-
lame, mortadela, e presunto seja 
evitado. Ademais, o consumo ex-
cessivo de carnes está associado à 
ingestão elevada de gorduras satu-
radas, colesterol e substâncias po-
tencialmente cancerígenas, como 
aminas heterocíclicas e hidrocarbo-
netos aromáticos policíclicos, for-
mados durante o processo de cozi-
mento. Importante ressaltar que os 
hidrocarbonetos policíclicos e aro-
máticos são considerados agentes 
causadores de câncer de cólon em 
seres humanos. 
O World Cancer Research Fund (WCRF) recomenda que, para a prevenção 
do câncer, o consumo máximo de carnes vermelhas e processadas seja limita-
do a 500 g/semana. No Brasil, orienta-se que para uma dieta saudável a porção 
diária de carne seja de 100 g/dia, embora existam poucos estudos enfatizando 
o consumo de carne no Brasil.
Caso o paciente precise realizar a ressecção intestinal é importante que sua 
dieta seja:
• Equilibrada em proteínas, gorduras e carboidratos;
• Baixa no teor de lactose;
• Fracionada em 6 a 8 refeições e com redução do volume das mesmas.
A presença de ostomias provoca mudanças significativas na alimentação, 
podendo influenciar de forma positiva ou negativa o processo de adaptação à 
nova condição de vida do paciente.
O controle das funções intestinais pode contribuir para melhorar a qua-
lidade de vida dos ostomizados, que passam a adquirir certos hábitos para 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 51
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Doença diverticular (diverticulose/diverticulite)
Diverticulose é uma situação na qual ocorre a formação de divertí-
culos, que são pequenos saquinhos, bolsas ou orifícios que 
se formam em uma região do intestino grosso. Isto acon-
tece graças à pressão excessiva do intestino 
ao empurrar as fezes em episódios de cons-
tipação intestinal. É possível que ocorra 
o acúmulo de fezes nestes divertículos, 
ocasionando uma inflamação grave e de-
nominada de diverticulite.
amenizar problemas desagradáveis encontrados em sua nova condição, como 
diarreia, constipação, odor e fl atulência.
Os alimentos devem ser reintroduzidos gradativamente de 
acordo com a tolerância dos pacientes.Para a 
United Ostomy Association of America (2004), a 
adaptação à condição de portador do estoma 
e da bolsa coletora é um processo longo e con-
tínuo. Ainda segundo a associação, as recomen-
dações para estes pacientes são:
• Alimentos que podem obstruir a estoma devem ser evitados, como: cas-
ca de maçã, repolho, aipo, milho, coco, frutas secas, cogumelos, laranja, no-
zes, pipoca, sementes no geral e vegetais muito fi brosos;
• Alimentos que produzem gases devem ser evitados, como: feijão, soja, 
repolho, couve-fl or, pepino, produtos lácteos, leite, nozes, cebola e rabanete. 
Além disso, deve-se evitar mascar chiclete.
Caso o paciente apresente diarreia, ou seja, episódios que enchem a bolsa 
coletora várias vezes durante o dia, ele deve:
• Evitar alimentos que aumentam o volume fecal, como: cereais integrais, 
farelo de cereais, repolho cozido, frutas frescas, frutas secas, vegetais crus e 
temperos naturais;
• Preferir alimentos que controlam a diarreia, como: suco de maçã, bana-
na, arroz cozido, suplemento de pectina (fi bra) e tapioca.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 52
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Divertículos
Figura 4. Divertículos presentes no intestino grosso. Fonte: FRAZÃO, 2017. 
O tratamento médico da diverticulite engloba o uso de antibióticos, 
embora em alguns casos seja necessária a intervenção cirúrgica.
Tratamento dietoterápico
O consumo de fi bras faz parte do tratamento nutricional da diverticulite, 
uma vez que as fi bras formam fezes mais macias e que requerem menos esfor-
ço para serem eliminadas. Com isso, os sintomas da diverticulite são aliviados.
Uma dieta pobre em fi bras durante a vida pode resultar em uma constipa-
ção intestinal, situação agravante para o surgimento da diverticulite. A Ame-
rican Dietic Association – ou ADA - recomenda uma quantidade de consumo 
de fi bras por dia, que neste caso, é de 20 a 35 g/dia. Caso o paciente tenha 
difi culdade em ingerir essa quantidade de fi bras, recomenda-se a ingestão de 
suplementos como metilcelulose e psyllium. 
O aumento da ingestão hídrica também é recomendado. Segundo Comma-
ne et al. (2009) a recomendação de ingestão hídrica é de 35 ml/kg de peso 
atual/dia. Em crises agudas de diverticulite deve-se optar por uma dieta hipo-
lipídica, posto que as gorduras intensifi cam as contrações da musculatura do 
cólon, piorando os sintomas. Em casos graves, a nutrição parenteral total é 
recomendada inicialmente, com retomada gradual à dieta rica em fi bras. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 53
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Algumas orientações nutricionais recomendadas na dietoterapia da diver-
ticulite são:
• Evitar o consumo de castanhas, cascas de pipoca, sementes de girassol, de 
abóbora, de alcarávia e de gergelim;
• Mastigar muito bem os alimentos antes de engolir;
• Evitar o consumo de sementes de tomate, abobrinha e pepino.
EXEMPLIFICANDO
Paciente (A.J.), do sexo feminino, chegou ao ambulatório de nutrição com 
o diagnóstico médico de constipação intestinal e diverticulite. Ela refere 
que durante a sua vida toda nunca consumiu muita água, com consumo de 
700 mL/por dia no máximo. Seu peso é 70 kg e sua altura 1,60m. Qual é sua 
recomendação hídrica? Como a recomendação de ingestão hídrica é de 
35 ml/kg de peso atual/dia, e seu peso é 70 kg, então 35 x 70 = 2,450 mL ou 
2,5 Litros. A recomendação hídrica para esta paciente é de 2,5 L/dia. Além 
disso, a paciente deve aumentar o consumo de fibras. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 54
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Sintetizando
Nesta unidade foi possível compreender aspectos fisiopatológicos que ocor-
rem no sistema digestivo, como nos processos que envolvem a doença de Crohn 
e a retocolite ulcerativa, em que existe um intenso processo inflamatório que 
leva à lesão tecidual. O tratamento dietoterápico deve englobar ações que pre-
vinam a perda de peso do paciente, atingindo as demandas energéticas e reco-
mendações nutricionais. 
Na doença celíaca, o paciente deve prestar atenção nos produtos consumi-
dos, garantindo que não haverá ingestão do agente agressor da mucosa intesti-
nal: o glúten. A manutenção de dieta livre de glúten para o doente celíaco é es-
sencial para manutenção das vilosidades intestinais. Vimos que o espru tropical 
também é uma patologia que acomete o trato digestório, apresentando quadros 
de diarreia. Assim, devemos garantir que não ocorra desidratação do paciente.
Aprendemos que a deficiência de lactase pode ocasionar cólica e diarreia 
após a ingestão de lactose. Baixos níveis de lactose costumam ser bem tolera-
dos, mas pode-se optar por uma introdução gradual e controlada de alimentos 
que contenham o dissacarídeo. Vimos que essas são algumas das medidas que 
auxiliam no tratamento de patologias que acometem o sistema digestório. 
Por fim, para o tratamento da síndrome do intestino irritável recomenda-se 
uma dieta com restrição de FODMAPs, principalmente no período de crises. Lem-
brando que alimentos ricos em FODMAPs são aqueles facilmente fermentados 
pelas bactérias do intestino, prejudicando ainda mais os sintomas da síndrome. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 55
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Referências bibliográficas
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DISTÚRBIOS 
DO TRATO 
GASTROINTESTINAL 
INFERIOR
3
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Estudar os aspectos fisiológicos do período cirúrgico que afetam o pós-
operatório;
 Compreender as implicações nutricionais decorrentes de intervenções 
cirúrgicas que acarretam em síndrome do intestino curto e fístulas; 
 Examinar as implicações nutricionais decorrentes da pancreatite, doenças 
hepáticas e da vesícula biliar.
 Patologia da nutrição e dietote-
rapia no pré e pós-operatório
 Pré-operatório
 Jejum pré-operatório
 Pós-operatório
 Síndrome do intestino curto
 Dietoterapia
 Fístulas
 Dietoterapia
 Pâncreas exócrino (pancreatite 
aguda, crônica e cirurgia pancreá-
tica)
 Tratamento dietoterápico
 Fígado, vesícula biliar, trans-
plante hepático, cirurgia da vesí-
cula biliar
 Tratamento dietoterápico
NUTRIÇÃO CLÍNICA 60
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Patologia da nutrição e dietoterapia no pré e pós-ope-
ratório
Desnutrição hospitalar
Um dos grandes desafi os no âmbito hospitalar é a presença de desnutrição 
nos pacientes, uma vez que o estado nutricional tem forte infl uência no pós-
-operatório, infl uenciando nas taxas de complicações e de mortalidade hospi-
talar (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012). A desnutrição tem impacto 
direto na melhora do paciente, afetando a imunidade, cicatrização e aumento 
do tempo de internação. O uso de estratégias como a terapia nutricional pos-
sibilitam a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente ga-
rantido menor tempo de internação hospitalar. 
O IBRANUTRI determinou prevalência de desnutrição hospitalar em mais 
de 48% dos pacientes internados, em um estudo envolvendo quatro mil pes-
soas (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001). O cuidado diante do pré-operató-
rio objetiva evitar o desenvolvimento de desnutrição e intercorrências durante 
o período pós-operatório. 
A desnutrição no ambiente hospitalar está relacionada à redução da inges-
tão calórica, alteração do apetite, bem como presença de disfagia, vômitos, 
diarreia, fístulas, utilização de medicamentos, realização de procedimentos 
cirúrgicos e jejum prolongado. Todos esses fatores contribuem para perda de 
peso e, consequentemente, afetam o sistema imunológico, e elevam o risco de 
complicações cirúrgicas e infecciosas – aumentando o tempo de internação e 
risco de mortalidade (TOLEDO et al., 2018).
Nesse sentido, a identifi cações precoce da desnutrição possibilita 
determinar objetivos nutricionais que visam a melhoria dos parâ-
metros de saúde dos pacientes e desfecho clínico. Recen-
temente, a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral 
e Enteral (BRASPEN) lançou uma campanha com o 
objetivo de diminuir as taxas de desnutrição hospi-
talar utilizando a técnica mnemônica com a palavra 
desnutrição. O método propõe procedimentos para 
triagem, diagnóstico, manejo e tratamento da desnu-
trição pelos profi ssionais de saúde. 
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Figura 1. Campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN). Fonte: BRAS-
PEN. Acesso em: 25/07/2020. (Adaptado).
Determine o risco e realize a avaliação nutricional
Estabeleça as necessidades calóricas e proteica
Saiba a perda de peso e acompanhe o peso a cada sete dias 
Tente avaliar a massa e a função muscular
Implemente pelo menos dois indicadores de qualidade
Continuidade no cuidado intra-hospitalar e registro dos dados em prontuário
Acolha e engaje o paciente e/ou familiares no tratamento
Oriente a alta hospitalar
Reabilite e mobilize precocemente
Não negligencie o jejum
Utilize métodos para avaliar e acompanhar a adequação nutricional ingerida vs estimada
Diga não à 
desnutrição 
(BRASPEN) 
D
E
S
R
N
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Ç
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Ã
O
NUTRIÇÃO CLÍNICA 62
SER_NUTRI_NUCLI_UNID3.indd 62 28/09/2020 17:25:51
Pré-operatório 
Pacientes que apresentam comprometimento do estado nutricional e que 
são submetidos a procedimentos cirúrgicos podem não apresentar recupe-
ração desejada. É reconhecido que o trauma ocasionado pela intervenção ci-
rúrgica desencadeia a liberação de proteínas com potencial infl amatório e de 
hormônios contrarreguladores (glucagon e cortisol). Os principais marcadores 
infl uenciados pelo processo incluem o aumento da proteína C-reativa (PCR) e 
redução de proteínas como albumina, prealbumina e transferrina (FRAGA; AN-
DREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012). 
Diante do potencial agravamento após o estresse cirúrgico foram preconi-
zadas algumas medidas para minimizar o risco de desnutrição hospitalar. An-
tes que o paciente seja submetido à intervenção cirúrgica deve-se identifi car 
o risco nutricional e tratar para melhorar desfecho clínico. A triagem do risco 
nutricional é uma ferramenta utilizada para identifi car os pacientes que são 
desnutridos ou que apresentam risco nutricional. É recomendado que essa 
avaliação inicial seja realizada dentro das primeiras 24 horas de hospitalização 
(FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012).
A avaliação nutricional dos indivíduos hospitalizados pode incluir dados de 
peso corporal, hábitos alimentares (questionário de frequência alimentar e re-
cordatório de 24 horas), magnitude da doença de base, exame físico, composição 
corporal e parâmetros bioquímicos (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012). 
A escolha da ferramenta de triagem nutricional deve considerar a população 
alvo, a objetividade e a rapidez de aplicação do protocolo (TOLEDO et al., 2018). 
DICA
O protocolo de triagem nutricional deve ser aplicado nas primeiras 24 
horas da admissão hospitalar e registrado no prontuário. Os pacientes que 
não apresentam risco nutricionaldevem ser reavaliados semanalmente.
Dietoterapia
A recomendação para pacientes desnutridos ou em risco nutricional é a ins-
talação de terapia nutricional, uma vez que esses pacientes são benefi ciados por 
intervenções com duração de sete a 14 dias. Para esses pacientes que serão sub-
metidos a procedimentos cirúrgicos, a terapia nutricional peri-operatória podem 
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prevenir o desenvolvimento de desnutrição ou minimizar seus efeitos negativos 
como infecções e aumento do tempo de internação (SBNPE, 2011a). 
A via preferencial de terapia nutricional deve ser a via oral ou enteral. A via 
oral deve ser a escolha para pacientes que conseguem ingerir mais de 70% das 
necessidades nutricionais (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012). A nutri-
ção enteral poderá ser indicada mesmo na ausência de desnutrição, quando o 
paciente não se alimenta por mais de sete dias ou quando não atinge as necessi-
dades nutricionais em 60% por mais de 10 dias (WEIMANNA et al., 2006). Quando 
a alimentação não puder ser direcionada pelo tubo digestivo, a via parenteral 
deverá ser considerada.
Indivíduos que passarem por procedimentos cirúrgicos complexos são can-
didatos à implementação de terapia nutricional, podendo fazer uso de fórmulas 
com imunonutrientes (SBNPE, 2011a), como arginina, nucleotídeos, ácidos gra-
xos ω-3 e antioxidantes (FRAGA, ANDREOLLO & SEVÁ-PEREIRA, 2012). 
Recomendações gerais
• É recomendada a terapia nutricional com duração de sete a 14 dias para pa-
cientes que apresentarem risco nutricional. Os marcadores de risco nutricional 
são: perda de peso > 10% em seis meses ou 5% em 30 dias; IMC < 18,5 kg/m²; 
Avaliação Global Subjetiva = C; ou albumina sérica < 3 mg/dL (sem evidência de 
disfunção hepática e renal). 
• A terapia nutricional deve ser mantida por pelo menos cinco dias no pós-
-operatório. 
Suplementos ou fórmulas contendo imunonutrientes podem trazer benefí-
cios aos pacientes (SBNPE, 2011a; WEIMANNA et al., 2006).
Necessidades nutricionais
• As necessidades nutricionais podem ser determinadas através de fórmulas 
que avaliem o gasto energético como Harris & Benedict juntamente com os fato-
res de atividade e lesão.
Gasto energético basal (Equação de Harris & Benedict)
Homem: 66,47 + (13,57 .peso) + (5,00 · altura) - (6,75 · idade) 
Mulher: 655,09 + (9,56 · peso) + (1,84 · altura) - (4,67 · idade)
Peso = kg; altura = cm; idade = anos.
• Fórmulas de bolso também podem ser utilizadas para predizerem as neces-
sidades energéticas do paciente (Tabela 1 e Tabela 2).
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TABELA 1. META ENERGÉTICA BASEADA EM FÓRMULAS DE BOLSO
Pacientes na enfer-
maria
Fase inicial 25 a 30 kcal/kg
Fase de recuperação 30 a 40 kcal/kg
Pacientes na UTI
Fase inicial 20 a 25 kcal/kg
Fase de recuperação 25 a 30 kcal/kg
Fonte: TOLEDO et al., 2018. (Adaptado).
Observação: Risco de Síndrome de Realimentação – iniciar com 15 kcal/kg. 
TABELA 2. META PROTEICA BASEADA EM FÓRMULAS DE BOLSO.
Pacientes na enfer-
maria
Baixo catabolismo 1,0 a 1,2 g/kg
Moderado catabolismo 1,2 a 1,5 g/kg
Alto catabolismo 1,5 a 2,0 g/kg
Doença renal crônica sem evento 
catabólico agudo 0,8 a 1,2 g/kg
Pacientes na UTI
Sem terapia renal substitutiva 
contínua 1,2 a 2,0 g/kg
Em terapia renal substitutiva con-
tínua 2,0 a 2,5 g/kg
Obeso grau 1 e 2 2 g/kg peso ideal
Obeso grau 3 2,5 g/kg peso ideal
Fonte: TOLEDO et al., 2018. (Adaptado).
Jejum pré-operatório
O jejum também é um fator que deve ser considerado na prevenção de des-
nutrição hospitalar. Frequentemente, o jejum é requerido para a realização de 
procedimentos cirúrgicos para evitar complicações pulmonares decorrentes da 
anestesia, uma vez que a utilização de anestesia geral aumenta o risco de as-
piração pulmonar (SBNPE, 2011a). Para alguns grupos, deve ser considerado o 
risco de complicação como gastroparesia diabética, insufi ciência renal crônica, 
etilismo, hérnia hiatal, refl uxo gastroesofágico, obesidade mórbida, e uso de fár-
macos (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 65
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Para evitar o risco de alguma complicação durante a anestesia, foram criados 
protocolos de jejum pré-operatório. Entretanto, a instalação de períodos pro-
longados de jejum tem mostrado impactos negativos para o paciente. A respos-
ta do jejum somado ao estresse cirúrgico aumenta a presença de hormônios 
contrarreguladores e de mediadores infl amatórios, acarretando em resistência 
insulínica, proteólise muscular e lipólise (SBNPE, 2011a).
Alguns fatores que integram a rotina hospitalar como atraso do procedimen-
to cirúrgico, ou adiamento do dia da cirurgia podem contribuir para a extensão 
do jejum pré-operatório (SBNPE, 2011a). Dessa forma, a redução de tempo de je-
jum tem sido recomendada no sentido de atenuar os impactos negativos para o 
paciente. Essas recomendações visam diminuir a resposta metabólica, abreviar 
o quadro de resistência insulínica, e evitar a perda de massa magra. 
Recomendações gerais
• Para cirurgias eletivas recomenda-se jejum de oito horas para refeição con-
tendo gordura, seis horas para alimentos sólidos leves, duas horas para líquidos 
contendo carboidratos.
• Líquidos sem resíduos como água, chá, café, sucos podem ser oferecidos 
até duas horas antes da cirurgia.
• Seis horas antes do procedimento cirúrgico, pode-se utilizar solução de mal-
todextrina 12,5% em volume de 200-400 mL. Essa indicação não é válida para 
casos de obesidade mórbida, gastroparesia, mau esvaziamento gástrico, subo-
clusão ou obstrução intestinal e doença do refl uxo gastroesofágico.
• Evitar o jejum desnecessário (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012). 
Pós-operatório
Patologia
As lesões ocasionadas em decorrência de diversos acidentes podem indu-
zir resposta diferenciada no metabolismo. De modo geral, e dependendo da 
gravidade do acidente, é ativada resposta infl amatória sistêmica, implicando 
de forma prejudicial na recuperação do paciente. A resposta fi siológica diante 
casos graves envolve muitas vias metabólicas. Usualmente, o catabolismo é 
uma das vias ativadas, havendo impacto sobre a massa magra (MAHAN, ES-
COTT-STUMP, 2010). 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 66
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A resposta orgânica frente ao grave acometimento pode ser dividida em duas 
fases (Figura 2):
• Fase de choque (ou fase ebb): ocorre imediatamente após a lesão física e 
pode ter duração de um a três dias. É caracterizada por hipovolemia (diminuição 
do volume de sangue), retenção hídrica, choque, hipóxia, queda da temperatura 
corporal, normo ou hipometabolismo.
• Fase de fluxo: é uma fase mais tardia e duradoura. É caracterizada pela 
predominância de catabolismo sobre anabolismo, aumento do débito cardíaco, 
temperatura corporal, consumo de oxigênio e perda de massa magra. (SBNPE, 
2011a; MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
O organismo responde ao trauma acidental ou cirúrgico através da elevação 
de mediadores inflamatórios como TNF-α e IL-6 e de hormônios contrarregula-
dores como glucagon, cortisol e catecolaminas. Além disso, observa-se aumenta 
de proteínas de fase aguda positiva (proteína C-reativa) e redução dos níveis de 
albumina, pré-albumina e transferrina (SBNPE, 2011a). 
Os hormônios contrarregulatórios participam ativamente do processo de 
proteólise no organismo (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010). Durante a resposta 
também são observados aumentos significativos dos valores de glicemia em de-
corrência da resistência insulínica. A presença de sepse pode ser um fator agra-
vante para a recuperação do paciente, uma vez que a infecção por bactérias e 
toxinas pode produzir a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (MAHAN; 
ESCOTT-STUMP, 2010). 
Figura 2. Resposta metabólica após a lesão ou trauma. Fonte: DELSOGLIO et al., 2019. (Adaptado). 
Fase
EBBFase de fluxo
180
160
140
120
100
%
 G
as
to
 e
m
 e
ne
rg
ét
ico
 d
e 
re
po
us
o
80
60
Dia 1 Dia 2 Dia 3-7 Semana a semanas Tempo após a lesão
Início da fase de fluxo Fase de fluxo tardia
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Dietoterapia
A nutrição no pós-operatório deve ser retomada o mais precocemente pos-
sível. Anteriormente, a alimentação era prescrita apenas no momento do retor-
no do peristaltismo, caracterizado clinicamente pelo aparecimento dos ruídos 
hidroaéreos e eliminação de fl atos. Em consequência, o jejum pós-operatório 
se estenderia para um período de dois a cinco dias, em um intervalo em que as 
necessidades estão aumentadas, não ocorre oferta de proteínas (AGUILAR-NAS-
CIMENTO et al., 2006). 
Atualmente, a dieta pode ser reintroduzida no primeiro dia do pós-operató-
rio, para diminuir o risco de complicações durante o período de recuperação, 
auxiliar na melhora do estado nutricional (FRAGA; ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 
2012), e diminuir o tempo de internação (SBNPE, 2011a). 
Recomendações gerais 
• Há indicação de terapia nutricional no momento em que o profi ssional pre-
ver que o paciente permanecerá por mais de sete dias sem conseguir se alimen-
tar ou não atingir 60% das necessidades energéticas por sete a 10 dias. 
• A dieta deve ser reintroduzida o mais precocemente possível, de preferência 
nas primeiras 24 horas após o procedimento cirúrgico.
• Pacientes que foram submetidos a operações de ressecções de neoplasias 
de cabeça e pescoço, ressecções esofágicas ou gastrectomia total devem rece-
ber terapia nutricional por sonda ou jejunostoma até 24 horas após o procedi-
mento cirúrgico. 
• A terapia nutricional enteral deve ser iniciada com infusão con-
trolada e observar sinais de intolerância intestinal.
• A terapia nutricional parenteral é indicada para pacientes 
que não toleram ou não podem receber por via enteral (FRAGA, 
ANDREOLLO; SEVÁ-PEREIRA, 2012; SBNPE, 2011a).
Síndrome do intestino curto
A síndrome do intestino curto (SIC) é uma condição que acarreta em má 
absorção intestinal, podendo ser resultante de ressecção cirúrgica (doença 
de Crohn), derivações do trânsito intestinal (fístulas e cirurgia bariátrica), ou 
perda de células da mucosa intestinal (enterócitos) em decorrência de infec-
NUTRIÇÃO CLÍNICA 68
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ções, isquemia, e tratamentos como quimioterapia e radioterapia (SBNPE, 
2011b). Em geral, estima-se que uma perda de 70-75% do intestino delgado 
leva ao desenvolvimento da SIC (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
O paciente portador de SIC acaba se tornando incapaz de manter as ne-
cessidades nutricionais e de hidratação através de uma alimentação normal. 
Os principais prejuízos da SIC são a má absorção de nutrientes, diarreia, 
esteatorréia, desidratação e perda de peso (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
O comprimento remanescente do intestino vai determinar a conduta 
médica e nutricional. Diante das diferentes porções que compõe o intestino, 
o paciente está sujeito a carências nutricionais pela redução da absorção e 
supercrescimento bacteriano (SBNPE, 2011b). A ressecção do íleo é um pro-
cedimento que acarreta em grandes prejuízos, dado que é o sítio de reab-
sorção intestinal dos sais biliares, gordura e de vitamina B12 (SBNPE, 2011b). 
É interessante destacar que a presença de SIC não caracteriza um esta-
do hipermetabólico, mas que requer cuidados nutricionais e aumento da 
necessidade de água livre (SBNPE, 2011b). O portado de SIC necessita de 
avaliação constante da atividade intestinal por meio de marcadores de ca-
pacidade funcional do enterócito, medido principalmente pelas concentra-
ções de citrulina (SBNPE, 2011b).
Dietoterapia
Inicialmente, o tratamento consiste na identifi cação do estado nutricional. 
Informações como comprimento do intestino remanescente, ingestão dieté-
tica, e hábitos intestinais devem ser levadas em consideração. Para o trata-
mento médico, podem ser utilizados medicamentos com o objetivo de dimi-
nuir a motilidade intestinal. Pacientes submetidos a ressecções intestinais 
importantes podem necessitar de terapia nutricional parenteral inicialmente, 
mas é importante ressaltar que, em alguns casos, a nutrição parenteral pode 
ser indicada em outros estágios da vida para garantir a manutenção hídrica e 
nutricional (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
A terapia nutricional é indicada no momento que o paciente atingir a estabilida-
de hemodinâmica, após a ressecção intestinal, e pode ser dividida em duas fases: 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 69
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• Fase precoce – hipersecreção gástrica: apresenta distúrbios hidroele-
trolíticos, diarreia e danos na digestão de lipídeos. Os micronutrientes (sódio, 
potássio e magnésio) devem ser repostos por via venosa. 
• Recomendação nutricional:
Proteínas: 1,0 a 1,5 g/kg peso atual/ dia. 
• Fase de adaptação: tem início após 24-48 horas da ressecção intestinal. 
Esta fase apresenta hipertrofi a dos vilos e alteração da motilidade digestiva, 
favorecendo a absorção de nutrientes. A terapia nutricional enteral ou oral 
pode ser iniciada assim que as perdas fecais estiverem controladas. 
• Recomendação nutricional:
Energia: 60 kcal/ kg de peso atual/ dia.
Proteínas: 1,5 a 3,0 g/kg peso atual/ dia.
• Durante essa fase podem ser utilizadas fi bras para estímulo da fermen-
tação colônica induzindo a produção de ácidos graxos de cadeia curta.
• Também é recomendado o consumo de triglicerídeos de cadeia média, 
que são lipídeos de rápida absorção diminuindo o quadro de esteatorreia. 
• A alimentação oral deve ser fracionada e observar a tolerância do pa-
ciente. 
• Há indicação de dietas hipogordurosas, ricas em carboidratos e fi bras 
solúveis (SBNPE, 2011b) 
(SBNPE, 2011b)
Fístulas
As fístulas digestivas são defi nidas pelas comunicações anormais entre 
superfícies epiteliais, podendo envolver dois órgãos, ou, mais comumente, o 
tubo digestivo e a pele (SBNPE, 2011c). As fístulas podem surgir em decorrên-
cia de traumas, cirurgias e doenças infl amatórias, como a doença de Crohn 
(MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010), mas a principal causa para fístulas intesti-
nais é a deiscência de anastomoses (SBNPE, 2011c).
As fístulas gastrointestinais permitem desvios anormais do conteúdo 
gastrointestinal, sucos digestivos, água, eletrólitos e nutrientes de uma ca-
vidade viscosa para a pele, causando impactos fi siopatológicos negativos 
para o paciente (FALCONI; PEDERZOLI, 2002). A desnutrição nesses pacien-
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tes pode decorrer das perdas aumentadas e pelo aumento do catabolismo 
(SBNPE, 2011c), além do risco de infecção por sepse. 
DICA
Quando identifi cado o diagnóstico de fístula, os profi ssionais de saúde 
devem fazer controle diário do volume de débito da fístula. 
Dietoterapia
Os objetivos da terapia nutricional incluem reduzir o trânsito pela região 
da fístula, para acelerar a cicatrização e promover o fechamento espontâ-
neo da fístula e controlar o processo infl amatório (SBNPE, 2011c). Assim que 
identifi cado a fístula, a terapia nutricional parenteral pode ser implementada. 
Dessa forma, pode-se conhecer o débito diário da fístula e evoluir a dieta para 
terapia enteral ou oral (SBNPE, 2011c). Os Quadros 1 e 2 resumem a indicação 
de terapia nutricional de acordo com a localização da fístula e as necessida-
des energéticas e de nutrientes. 
QUADRO 1. NECESSIDADES NUTRICIONAIS E TIPO DE TERAPIA NUTRICIONAL, DE 
ACORDO COM O DÉBITO DA FÍSTULA
Terapia nutricional Baixo débito (<500 mL/dia) Alto débito (>500 mL/dia)
Via Geralmente enteral Geralmente parenteral
Calorias
Com sepse: 20-25 kcal/kg/dia Com sepse: 20-25 kcal/kg/dia
Sem sepse: 25-30 kcal/kg/dia Sem sepse: 30-35 kcal/kg/dia
Proteínas 1,2 a 1,5 g/kg/dia 1,5 a 1,8 g/kg/dia
Lipídeos 20 a 30% do total de calorias 20 a 30%do total de calorias
Vitaminas
RDA
Duas vezes as RDA
Duas vezes a RDA para a vitamina C
Minerais
Geralmente rotina
Doses maiores que as RDA para 
zinco e selênioControlar Magnésio, potássio e 
fósforo
Fonte: SBNPE, 2011c.
RDA: Recommended Daily Allowance.
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QUADRO 2. INDICAÇÃO DE TERAPIA NUTRICIONAL DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO 
ANATÔMICA DA FÍSTULA
Local TNE TNP
Esôfago
1ª opção: Sonda gástrica ou 
pós-pilórica, gastrostomia, jejunos-
tomia
2ª opção
Estômago 1ª opção: Sonda nasojejunal, jeju-nostomia 2ª opção
Jejuno 2ª opção 1ª opção
Íleo 2ª opção (1ª opção se for de baixo débito) 1ª opção
Colón 1ª opção (É possível dieta oral de alta absorção) 2ª opção
Minerais
Geralmente rotina
Doses maiores que as RDA para 
zinco e selênioControlar Magnésio, potássio e 
fósforo
Fonte: SBNPE, 2011c. (Adaptado).
TNE: terapia nutricional enteral; TNP: terapia nutricional parenteral. 
O fechamento espontâneo da fístula pode ocorrer dentro de qua-
tro a seis semanas, caso não ocorra, é indicada a correção 
cirúrgica (SBNPE, 2011c). A alimentação via oral pode ser 
retornada quando a fístula estiver fechada ou com débito 
muito baixo (<100 mL/dia), entretanto, se houver aumento 
débito diário, a ingestão oral deve ser proscrita (SBNPE, 2011c).
Pâncreas exócrino (pancreatite aguda, crônica e ci-
rurgia pancreática)
O pâncreas é um órgão glandular localizado no abdômen superior, atrás 
do estômago. Ele possui funções exócrinas e endócrinas. Em sua função 
exócrina, o pâncreas produz o suco pancreático, que auxilia o duodeno no 
processo digestivo. Em sua função endócrina, o pâncreas produz os hormô-
nios insulina e glucagon. 
A pancreatite é caracterizada como uma infl amação no pâncreas e, pode 
ocorrer de forma aguda ou crônica. Durante a digestão normal, enzimas 
produzidas no pâncreas são liberadas na forma inativa, que seguem para 
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o intestino delgado, onde são ativadas e ajudam na digestão, como descri-
to acima. Entretanto, na pancreatite aguda (PA), as enzimas produzidas no 
pâncreas são ativadas dentro do próprio órgão. Então, na PA ocorre uma 
digestão interna pelas próprias enzimas pancreáticas, acarretando uma in-
flamação no órgão. O excesso de ingestão de bebida alcoólica também é 
uma das causas da pancreatite aguda. 
Os sintomas podem variar de dor contínua ou intermitente de várias in-
tensidades a dor abdominal que pode irradiar para as costas. A apresenta-
ção clínica também pode incluir náuseas, vômitos e distensão abdominal. 
Ranson (1974) elaborarou uma relação de critérios que poderiam ser ava-
liados durante as primeiras 48 horas de internação para classificar a gravi-
dade da pancreatite aguda. Os critérios estão estabelecidos na Tabela 3. 
TABELA 3. CRITÉRIOS DE RANSON PARA CLASSIFICAR A GRAVIDADE DA PANCREATITE
Admissão P.A. alcoólica e outras P.A. biliar
Idade > 55 anos > 70 anos
Leucócitos > 16.000/mm2 > 18.000/mm3
Glicemia > 200mg/100ml > 220mg/100ml
DHL > 35OU/I > 25OU/I
TGO > 25OU/I > 25OU/I
48 horas
Hematócrito ↓ 10 % ↓ 10 %
Nitrogênio uréico ↑ 5mg/100ml ↑ 2mg/100ml
Cálcio < 8mg/100ml < 8mg/100ml
PO2 < 60mmHg
BE < -4mEq/L < -5mEq/L
Sequestro líquido > 6.000ml > 4.000ml
Fonte: TRIVIÑO; LOPEZ; TORRES, 2002.
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A presença de um ou dois critérios caracteriza a pancreatite aguda como 
leve; se o paciente apresentar de três a seis critérios, possui a forma aguda 
grave; acima de seis critérios o paciente possui a forma aguda gravíssima 
(TRIVIÑO, LOPEZ; TORRES, 2002). 
A pancreatite crônica é a infl amação persistente do pâncreas, normal-
mente associada ao consumo de álcool. Este quadro está relacionado com a 
disfunção pancreática, que resulta na insufi ciência da produção de insulina, 
podendo acarretar o surgimento do diabetes (CUPPARI, 2005).
Um dos sintomas mais presentes é a esteatorréia, caracterizada pela eli-
minação de gordura nas fezes na presença de diarreia. Com a eliminação 
constante da gordura, existe uma inefi ciência de absorção das vitaminas 
lipossolúveis (A, D, E, K). Portanto, quando há baixos valores dessas vitami-
nas comparados aos valores de referências nos exames de sangue, deve-se 
investigar as funções pancreáticas. 
O paciente com pancreatite crônica apresenta dores epigástricas crôni-
cas, as quais podem ser precipitadas pelas refeições, náuseas, vômitos ou 
diarreia. O paciente com pancreatite crônica pode apresentar desnutrição 
pela baixa ingesta alimentar devido à dor epigástrica pós-prandial. Por isso, 
deve ser monitorado diariamente pelo nutricionista.
O tratamento cirúrgico para a patologia pancreática pode envolver a 
remoção total ou parcial do pâncreas e a pancreaticoduodenectomia (re-
moção do pâncreas e duodeno). As complicações pós-cirúrgicas podem 
englobar: saciedade precoce, retardo do esvaziamento gástrico, diarreia, 
esteatorreia e síndrome de dumping, caso o paciente tenha realizado gas-
trectomia (WAITZBE; MAZZA; ALVES, 2004).
 
Tratamento dietoterápico
O tratamento dietoterápico deve ser prescrito de acordo com a gra-
vidade da pancreatite. 
No caso da pancreatite aguda leve, o tratamento nutricio-
nal deve seguir as seguintes etapas: 
• Jejum por dois a cinco dias, realizando somente hidra-
tação volêmica e analgesia. 
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EXPLICANDO
As dietas oligoméricas ou monoméricas também podem ser chamadas 
de elementares ou semi-elementares. Essas dietas possuem proteínas 
hidrolisadas parcialmente e carboidratos pré-digeridos, ou seja, são mais 
fáceis de serem digeridas. A maioria das fórmulas oligoméricas/mono-
méricas são ricas em triglicerídeos de cadeia média (TCM), os quais são 
absorvidos rapidamente pelo organismo. As indicações para a prescrição 
desta fórmula são: pacientes com disfunção do trato gastrointestinal com 
limitada capacidade de digestão de nutrientes intactos. Ex: pancreatite 
aguda grave, doença celíaca, doença inflamatória intestinal e trauma. 
• Após redução das concentrações das enzimas amilase e lipase, pode-se 
iniciar a dieta via oral, líquida e sem resíduos. 
• Se não houver aceitação da dieta pelo paciente, entre cinco a sete dias, é 
recomendada a administração de terapia nutricional enteral, com posiciona-
mento pós-pilórico, infusão contínua e fórmula hipolipídica. (SCALZER; SILVA; 
RAMOS, 2017).
No caso da pancreatite aguda grave, o pâncreas precisa ficar em repouso, 
ou seja, o paciente deve ser mantido em jejum a fim de evitar a estimulação 
pancreática. Após o equilíbrio hemodinâmico do paciente e 24 a 48 horas 
após o início do tratamento médico, deve-se iniciar a terapia nutricional ente-
ral (TNE), com fórmula oligomérica. 
A infusão da dieta na pancreatite aguda grave deve ser bem devagar, de 
acordo com a tolerância do paciente. O nutricionista deve sempre monitorar 
a tolerância do paciente com a dieta enteral, verificando sempre se ele não 
apresenta episódios de diarreia, vômitos e estufamento abdominal. Caso o 
paciente não apresente nenhum destes sintomas, ele está tolerando bem a 
dieta, podendo progredir para a prescrição da dieta polimérica. A fórmula 
polimérica possui seus principais nutrientes (carboidrato, proteína e gordura) 
intactos. 
A posição da sonda deve ser pós-pilórica (jejunal), a fim de 
evitar o estímulo da atividade exócrina pancreática (CUPPA-
RI, 2005). 
No caso da pancreatite aguda grave, o tratamento nutri-
cional deve seguir as recomendações do Quadro 3.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 75
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QUADRO 3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PACIENTE COM PANCREATITE 
AGUDA GRAVE
Características Recomendação
Valor energético total (VET) 25 a 35 kcal/kg peso ideal/dia
Proteínas
1,2 a 1,5g/kg peso ideal/dia
É indicada a suplementaçãode glutamina devido ao hip-
ermetabolismo.
Enteral
Quando optar por esta via, a posição da sonda deve ser 
jejunal e a fórmula deve ser oligomérica com o objetivo 
de reduzir a estimulação pancreática. 
Características Recomendação
Valor energético total (VET)
30 a 35 Kcal/Kg de peso corporal/dia ou 20 Kcal/ Kg de 
peso atual/dia, com progressão gradativa: quando houver 
subnutrição grave (IMC < 16 Kg/m2 pelo risco de sín-
drome de realimentação).
Carboidratos
Normoglicídica – necessário o acompanhamento da 
glicemia. Se houver hiperglicemia persistente, adotar as 
recomendações nutricionais para diabetes.
QUADRO 4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PACIENTE COM PANCREATITE 
CRÔNICA
Fonte: CUPPARI, 2005. (Adaptado).
Na pancreatite crônica os objetivos da terapia nutricional são:
• Prevenir mais dano ao pâncreas;
• Reduzir o número de crises de inflamação aguda;
• Aliviar a dor;
• Reduzir a esteatorreia;
• Corrigir a desnutrição. 
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Proteínas 1,0 a 1,5g/kg de peso por dia 
Lipídios 
30% do valor energético total, se bem tolerado. Se não 
houver ganho de peso e a esteatorreia for persistente, 
deve se restringir a 20%, utilizando TCM.
Fonte: CARUSO, 2014. (Adaptado). 
A substituição de lipídios dietéticos por TCM pode reduzir a esteator-
reia e ajudar no ganho de peso. 
As concentrações séricas das vitaminas devem ser monitoradas cons-
tantemente. Pode haver necessidade de suplementação das vitaminas 
lipossolúveis, principalmente se o paciente apresentar esteatorréia. Em 
casos de etilismo, pode ser necessária a suplementação com vitaminas B1, 
B2, B3 e B9.
A reposição enzimática também pode ser implementada com a suple-
mentação oral ou terapia nutricional enteral, caso o paciente necessite. As 
enzimas pancreáticas devem ser fornecidas, inicialmente, com 10.000 UI 
de lipase e posteriormente, 30.000 UI por refeição (SBPNE, 2018). 
No pós-operatório da cirurgia pancreática, pode ocorrer o surgimen-
to dos seguintes sintomas: retardo do esvaziamento gástrico e saciedade 
precoce, ambos reduzem a ingestão de alimentos pelos pacientes, acarre-
tando perda de peso. Caso o paciente apresente alguns destes sintomas, 
a recomendação nutricional é a de aumentar o fracionamento 
das refeições e reduzir o volume das mesmas (WAITZBERG, 
MAZZA; ALVES, 2004).
O paciente também pode apresentar estea-
torreia no pós-operatório. Neste caso, deve-
-se monitorar as concentrações de vitami-
nas lipossolúveis, pois com a eliminação de 
gordura nas fezes pode existir déficit destes 
micronutrientes. As enzimas pancreáticas tam-
bém devem ser repostas na mesma quantidade 
da pancreatite crônica. 
Em síntese, o tratamento nutricional do pós-operatório da cirurgia pan-
creática é similar ao da pancreatite crônica. 
NUTRIÇÃO CLÍNICA 77
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Fígado, vesícula biliar, transplante hepático, cirurgia 
da vesícula biliar
O fígado participa da maioria das funções do organismo, está presente 
em cerca de 500 tarefas. As funções principais do fígado incluem metabo-
lismo de carboidratos, proteínas e lipídios, armazenamento e ativação de 
vitaminas e minerais, metabolismo de esteroides, formação e excreção da 
bile, detoxifi cação de drogas e toxinas, síntese de ureia e de proteínas plas-
máticas (WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004).
No metabolismo de carboidratos, o fígado converte a galactose e a fruto-
se em glicose, armazenando-a na forma de glicogênio (glicogênese) nas cé-
lulas hepáticas. O fígado também produz glicose “nova” (gliconeogênese) a 
partir de aminoácidos e lipídios. O fígado participa também da transamina-
ção e desaminação dos aminoácidos, duas vias metabólicas das proteínas. 
As doenças hepáticas podem surgir como consequências a lesões provo-
cadas por agentes químicos, virais, farmacológicos ou outros componentes 
tóxicos (CUPPARI, 2005). 
A hepatite crônica ocorre quando há evidências bioquímicas e clínicas 
de doença hepática com achados confirmatórios de inflamação hepática 
não resolvida por pelo menos seis meses. As causas mais frequentes de 
hepatite crônica são hepatite B, C e autoimunes (WAITZBERG; MAZZA; AL-
VES, 2004). 
Os exames bioquímicos mais utilizados que indicam lesões no fígado são 
realizados em amostras de sangue e medem os níveis de enzimas e de ou-
tras substâncias produzidas pelo fígado. Esses exames medem:
• Alanina aminotransferase (ALT);
• Albumina;
• Fosfatase alcalina (FAL);
• Alfafetoproteína (AFP);
• Aspartato aminotransferase (AST);
• Bilirrubina;
• Gama-glutamil transpeptidase (GGT);
• Desidrogenase láctica (LDH);
• 5’-nucleotidase.
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A hepatite viral é uma inflamação ocasionada pelas hepatites A, B, C, D 
e E, as quais a A e E surgem através da transmissão via fecal-oral e as hepa-
tites B, C e D são transmitidas pelo sangue e fluídos do corpo (WAITZBERG; 
MAZZA; ALVES, 2004).
A esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) ocorre quando existe o acúmulo 
de gordura nos hepatócitos. Na EHNA ocorre também aumento da produ-
ção de glicose, da concentração do VLDL e da proteína C reativa (PCR). As 
causas desta esteatose englobam: drogas, anomalias e distúrbios metabó-
licos adquiridos (diabetes tipo 2, obesidade e lipodistrofia). Pacientes com 
EHNA podem progredir para a cirrose, caso não realizem o tratamento. A 
progressão para a cirrose depende da idade e da presença de outras comor-
bidades, como a obesidade e a diabetes tipo 2, que prejudicam o prognósti-
co do paciente (DIEHL, 2004). 
O fígado é o órgão responsável por metabolizar o álcool ingerido. O Dia-
grama 1 a seguir ilustra como o álcool é metabolizado no organismo e quais 
são os seus principais metabólitos. 
Fonte: WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004. (Adaptado).
Álcool 
desidrogenase
Acetaldeído 
desidrogenase
ETANOL
ACETALDEÍDO
ACETATO
NAD
NAD
NADH
NADH
DIAGRAMA 1. METABOLISMO DO ÁLCOOL NO ORGANISMO.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 79
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EXPLICANDO
O fígado é responsável pela metabolização do etanol através da enzima 
álcool desidrogenase, resultando em acetaldeído. Esse processo ocorre 
com a transferência de hidrogênio para a nicotinamida adenina dinu-
cleotídeo (NAD). O acetaldeído é transformado em acetato pela enzima 
acetaldeído desidrogenase, com a transferência também de hidrogênio 
para a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD), reduzindo-se em NADH. 
O excesso de NADH causa um desequilíbrio metabólico. As mitocôndrias 
usam o hidrogênio do etanol para produzir energia em vez daquele da 
oxidação de ácidos graxos, promovendo a redução da oxidação de ácidos 
graxos e acúmulo de triglicerídeos. Além disso, o NADH promove a síntese 
de ácidos graxos. 
 A doença hepática alcoólica surge como consequência do uso abusivo 
do álcool. O composto produzido no metabolismo do álcool chamado ace-
taldeído é tóxico para o organismo, causa dano à estrutura e à membrana-
celular do fígado. A patogênese da doença hepática alcoólica progride em 
três estágios: esteatose hepática, hepatite alcoólica e, finalmente, a cirrose. 
A esteatose hepática (EH) ocorre quando existe um distúrbio do meta-
bolismo causado pelo álcool, produzindo maior concentração de ácidos gra-
xos. Portanto, a principal causa de acumulação de mobilização e acumula-
ção de ácidos graxos é o consumo abusivo do álcool. 
Primeiramente, ocorre aumento na mobilização de ácidos graxos, au-
mento da síntese hepática de ácidos graxos, aumento da produção de tri-
glicerídeos e depósitos de triglicerídeos no fígado. A esteatose é reversível, 
caso haja abstinência do consumo do álcool (WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 
2004).
A hepatite alcoólica é o estágio mais avançado da esteatose hepática. 
Nesse quadro ocorre hepatomegalia, elevação da transaminase e redução 
das concentrações da albumina. Existe também o aumentoda concentração 
de bilirrubina sérica que causa a icterícia (pigmentação amarela na pele ou 
na parte branca dos olhos). Pacientes com hepatite alcoólica podem apre-
sentar também dor abdominal, náusea, vômito, diarreia, fraqueza, perda 
de massa corporal e febre. Esta condição frequentemente progride para o 
terceiro estágio (WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004).
A cirrose hepática é o último estágio da doença hepática não alcoólica 
e é considerado o mais grave. Neste estágio o paciente pode apresentar 
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sangramento gastrointestinal, encefalopatia hepática ou hipertensão por-
tal. Na cirrose pode ocorrer também ascite, edema e produção reduzida de 
albumina sérica. A ascite é caracterizada como o acúmulo anormal de líqui-
dos dentro da cavidade peritoneal e o edema é o acúmulo de líquidos nos 
outros tecidos do corpo (WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004).
O transplante hepático é indicado para os pacientes quando não for pos-
sível controlar a insufi ciência hepática com tratamentos convencionais. 
A encefalopatia hepática é uma das manifestações da insufi ciência hepá-
tica, que ocorre pela passagem de substâncias tóxicas para o cérebro. Em 
pacientes normais, essa passagem não acontece, pois, essas substâncias 
seriam metabolizadas pelo fígado. Os sinais e sintomas da encefalopatia 
hepática são:
• Tremores, redução da coordenação motora e escrita alterada;
• Confusão mental, comportamento inadequado e oscilação do humor; 
• Letargia, redução da memória e desorientação;
• Delírio e sonolência;
• Coma e perda da consciência. 
A principal função da vesícula biliar é armazenar e excretar a bile que 
é produzida pelo fígado. A colelitíase é a formação de cálculos biliares na 
ausência de infecção da vesícula. Os cálculos biliares, em sua maioria, são 
assintomáticos. Entretanto, a doença do cálculo biliar pode gerar um des-
conforto grande no paciente e reduzir a sua qualidade de vida. 
O tratamento clínico mais indicado para essa patologia é a remoção ci-
rúrgica da vesícula biliar, principalmente se os cálculos forem numerosos, 
grandes e calcifi cados. Essa cirurgia chama-se colecistectomia (WAITZBERG; 
MAZZA; ALVES, 2004).
Tratamento dietoterápico
Antes de ocorrer a implementação de uma terapia nutricional para doen-
ças hepáticas, uma avaliação nutricional deve ser feita. Vários marcadores 
nutricionais são afetados nas hepatopatias, difi cultando a avaliação nutricio-
nal. A melhor maneira de realizar essa avalição nestes pacientes é utilizar a 
avaliação global subjetiva (ASG). 
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A Avaliação Subjetiva Global (ASG) é um instrumento que avalia o estado 
nutricional a partir de fatores como perda de peso, alterações na ingestão 
alimentar, sintomas gastrointestinais, alterações funcionais e exame físico 
do paciente. Com base nestes parâmetros o paciente será classificado como 
bem nutrido, com desnutrição suspeita, moderada ou gravemente desnutri-
do (DESTKY, 1987). 
QUADRO 4. PARÂMETROS DA AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG) PARA AVALIAÇÃO 
NUTRICIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA
História
Alteração da massa corporal (considerar as flutuações 
resultantes de ascite e edema)
Apetite
Alterações no paladar
Registro alimentar
Problemas gastrointestinais como náuseas, vômito, diar-
reia e constipação. 
Físico
Perda muscular
Depósitos de gordura
Ascite ou edema
Condições existentes
Estado de doença e outros problemas que poderiam in-
fluenciar o estado nutricional como encefalopatia hepáti-
ca, sangramento gastrointestinal, insuficiência renal.
Classificação nutricional
(Baseada nos resultados dos 
parâmetros)
Bem nutrido
Moderadamente desnutrido ou risco nutricional
Gravemente desnutrido
Fonte: WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004. (Adaptado).
As necessidades nutricionais na terapia nutricional das doenças hepáticas 
são de 25 a 35 Kcal/Kg de peso corporal/dia, de acordo com o objetivo do 
paciente. O peso utilizado para esse cálculo deve ser o peso atual. Na presen-
ça de ascite indica-se o uso de peso adequado do paciente. Vale considerar 
que a ascite, eleva 10% o gasto energético em repouso (GER), portanto, no 
momento da programação das necessidades energéticas este fato deve ser 
levado em consideração. 
A distribuição dos macronutrientes deve ofertar, no máximo, 30% de lipí-
dios e 50% a 60% de carboidratos. 
A recomendação de proteínas para pacientes com doença hepática com-
pensada deve ser:
- 0,8 a 1,0 g/Kg de peso atual ou ideal/dia, a fim de promover balanço ni-
trogenado positivo. 
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- 1,2 a 1,8g/Kg de peso atual ou ideal/dia, para melhorar a retenção nitro-
genada.
Em pacientes com indicação cirúrgica de transplante hepático recomenda-
-se a ingestão de 1 a 1,5 g/kg de peso/dia de proteínas. 
Nos estudos científicos atuais, a restrição proteica não é mais indicada 
como profilaxia para encefalopatia hepática, visto que a maioria dos pacien-
tes aceitam bem a proteína dietética até valores próximos de 1,75g/kg de 
peso/dia (CUPPARI, 2005). 
Para a profilaxia da encefalopatia hepática, indica-se que exista um maior 
consumo de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e um menor consumo 
de aminoácidos aromáticos (AACAs), pelo fato de: 
• Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) competem com os aminoáci-
dos aromáticos (AACAs) pela passagem na barreira hematoencefálica, preve-
nindo a entrada de aminas tóxicas no sistema nervoso central (SNC)
Os aminoácidos ramificados são: isoleucina, leucina e valina e os aromáti-
cos são: fenilalanina, tirosina e triptofano. 
Por isso, suplementos como o BCAAs (Brain Chain Amino Acids) podem ser 
utilizados como profilaxia da encefalopatia hepática, pois possuem os ami-
noácidos isoleucina, leucina e valina em sua composição. 
Em relação à colelitíase, não existe um tratamento nutricional específico 
para prevenir a formação de cálculos biliares em indivíduos susceptíveis. En-
tretanto, após a remoção cirúrgica da vesícula biliar a alimentação deve ser 
hipolipídica, para prevenir diarreia e dores abdominais, visto que o principal 
órgão que armazena e excreta a bile (responsável pela digestão de gorduras) 
foi retirado. 
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Sintetizando
Nesta unidade, foram apresentadas patologias que ocorrem dentro do am-
biente hospitalar. A desnutrição hospitalar é um estado nutricional que requer 
atenção dos profissionais de saúde, sendo que esta condição reflete considera-
velmente na recuperação do paciente. Em caso de cirurgias agendadas, os pa-
cientes devem ser avaliados quanto ao risco nutricional, para que as medidas 
que garantem a recuperação do estado nutricional sejam tomadas, além disso, 
a utilização de jejum pré-operatório prolongado deve ser evitada. No pós-opera-
tório a nutrição deve ser retomada o mais precocemente possível para impedir o 
agravamento da desnutrição. 
Procedimentos cirúrgicos podem levar ao surgimento de fístulas, e no caso 
de grandes ressecções do intestino, ao desenvolvimento de síndrome do intes-
tino curto. Embora essas duas condições exijam cuidados especiais, a nutrição 
evoluiu, e com a utilização da terapia nutricional parenteral, o tratamento dos 
pacientes tem levado à bons resultados dentro da clínica médica. Em geral, po-
demos destacar que a avaliação nutricional e acompanhamento da ingestão 
energética são ferramentas de grande importância para adequação da terapia 
nutricional nos pacientes hospitalares. 
A pancreatite é uma inflamação no pâncreas que pode ser aguda ou crônica. 
Caso a pancreatite seja aguda, deve-se optar por deixar o paciente de jejum por 
dois a cinco dias, realizando somente hidratação volêmica e analgesia. Após re-
dução das concentrações das enzimas amilase e lipase, pode-se iniciar a dietavia 
oral, líquida e sem resíduos. No caso da pancreatite crônica, deve-se observar os 
sinais e sintomas como a presença de esteatorreia, a qual pode ocasionar uma 
redução das concentrações de vitaminas lipossolúveis. 
O fígado é o órgão que participa de várias vias metabólicas e de várias fun-
ções no organismo. Por isso, a doença hepática interfere tanto no estado nutri-
cional e na dietoterapia do paciente. 
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NUTRIÇÃO CLÍNICA 87
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TERAPIA 
NUTRICIONAL
4
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Indicar a via de acesso para o tratamento utilizando a terapia nutricional, 
assim como conhecer as formulações que podem ser utilizadas;
 Compreender as bases fisiopatológicas envolvidas no desenvolvimento da 
obesidade, bem como o impacto da dietoterapia no controle do peso corporal;
 Compreender as indicações para o tratamento cirúrgico da obesidade 
(cirurgia bariátrica) e suas implicações nutricionais para o indivíduo;
 Identificar os sinais que podem estar associados ao desenvolvimento de 
transtornos alimentares e estabelecer o tratamento dietoterápico.
 Suporte nutricional enteral e 
parenteral
 Terapia nutricional enteral
 Terapia nutricional parenteral
 Obesidade
 Diagnóstico
 Etiologia
 Tratamento
 Cirurgia de redução do estôma-
go e distúrbios nutricionais
 Tratamento nutricional
 Magreza, anorexia, bulimia
 Tratamento nutricional
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Suporte nutricional enteral e parenteral
Segundo Waitzberg (2017), a nutrição parenteral é aquela indicada aos pa-
cientes que não podem ser nutridos via trato gastrointestinal, enquanto a nutri-
ção enteral se trata dos métodos de fornecimento de nutrientes via tubo para 
dentro do trato intestinal.
Terapia nutricional enteral
Terapia nutricional enteral (TNE) é um conjunto de ações terapêuticas 
empregadas para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do 
indivíduo (WAITZBERG; MAZZA; ALVES, 2004).
Havendo a impossibilidade de ingestão alimentar via oral, a terapia nu-
tricional enteral deve ser sempre a primeira indicação a ser feita, visto 
que deve ser priorizada a utilização do trato digestório. Nos casos em que 
existe uma contraindicação dessa terapia nutricional, a alternativa será o 
uso da terapia nutricional parenteral.
Os objetivos de utilizar a terapia nutricional enteral são:
• Corrigir desnutrição crônica e aguda;
• Corrigir hipoproteinemia;
• Melhorar qualidade de vida;
• Reduzir infecções e melhorar a cicatrização;
• Evitar a atrofia da mucosa do trato gastrointestinal;
• Reduzir o tempo de internação e mortalidade em algumas situações.
A nutrição enteral consiste em introduzir os nutrientes no trato diges-
tivo por meio de sondas nasogástricas ou nasoentéricas, ou acessos per-
cutâneos diretos ao trato gastrointestinal superior (gastrostomia ou jeju-
nostomia).
As indicações de terapia nutricionalenteral devem ser realizadas se o 
paciente possuir o trato gastrointestinal íntegro e funcionando. Essa te-
rapia deve ser sempre indicada, pois é mais fisiológica, ou seja, é mais 
parecida com a fisiologia do organismo. Caso o trato gastrointestinal não 
esteja funcionando ou não esteja íntegro, deve-se optar pela indicação da 
terapia nutricional parenteral (TNP).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 90
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A TNE deve ser sempre indicada também se a ingestão oral do paciente 
estiver inadequada (menos de 65% do seu valor energético total), com desnu-
trição e/ou com perda de peso grave.
É importante lembrar que os pacientes devem ser avaliados e analisados 
individualmente, pois podem apresentar apenas um sintoma e, mesmo assim, 
ter indicação de terapia nutricional enteral. O nutricionista deve estar sempre 
atento aos sinais e sintomas de cada paciente. O Fluxograma 1 apresenta as 
principais indicações das terapias nutricionais.
O trato gastrointestinal 
funciona?
Nutrição enteral
Longa duração: 
gastrostomia ou 
jejunostomia. 
Funções gastrointestinais 
Fórmulas padrão Fórmulas especiais Retorno das funções intestinais
Não
PN periférica PN central
Curta duração: 
nasogástrica,
nasoduodenal
ou nasojejunal.
Curta duração
Longa duração
ou restrição
de fluidos
Nutrição
parenteral
Sim
Normal
Não
Sim
Comprometida
Tolerância
Adequada:
Progressão para 
alimentação por 
via oral.
Adequada:
Progressão para 
dietas mais
complexas e
alimentação via 
oral (caso seja
tolerada).
Inadequada:
Suplementação 
com nutrição
parenteral;
Progresso para 
nutrição enteral 
total.
FLUXOGRAMA 1. INDICAÇÕES DAS TERAPIAS NUTRICIONAIS
Fonte: Associação Brasileira de Nutrologia, 2008. p. 6. (Adaptado).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 91
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Outras indicações de terapia nutricional enteral estão apresentadas no 
Quadro 1.
QUADRO 1. OUTRAS INDICAÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE)
Pacientes que não conseguem
se alimentar
Inconsciência;
Lesões orais;
Acidentes vasculares cerebrais;
Neoplasias.
Pacientes com ingestão oral insuficiente
Anorexia nervosa;
Trauma;
Depressão grave;
Desnutrição;
Queimaduras;
Neoplasias.
Pacientes nos quais a alimentação
comum produz dor e/ou desconforto
Doença de Crohn;
Colite ulcerativa;
Pancreatite;
Quimioterapia;
Radioterapia.
Pacientes com disfunção do
trato gastrointestinal
Síndrome de má-absorção;
Fístula;
Síndrome do intestino curto.
Fonte: CUPPARI, 2014. p. 530. (Adaptado).
As contraindicações da terapia nutricional enteral são:
• Obstrução mecânica do trato gastrointestinal;
• Refluxo gastresofágico intenso;
• Íleo paralítico;
• Vômitos ou diarreia severa;
• Fístula no trato gastrointestinal (TGI) de alto débito (> 500 mL);
• Enterocolite severa;
• Doença terminal.
Destaca-se que, no caso de vômitos severos, a terapia nutricional enteral 
é contraindicada, pois dificultam a manutenção da sonda nasoenteral. Com re-
lação à doença terminal, uma vez que nesta situação a terapia nutricional é 
mais paliativa, caso o paciente não aceite a terapia nutricional, não deve haver 
sua indicação, visto que a vontade do paciente deve ser respeitada.
Vias de acesso
As vias de acesso da nutrição enteral podem estar dispostas no estômago, 
duodeno e jejuno, de acordo com as facilidades técnicas, rotinas de administra-
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ção, duração da permanência da sonda e alterações funcionais do organismo 
(Figura 1). Com relação à duração do tempo com a sonda, pacientes que irão per-
manecer com a sonda por um curto período de tempo (inferior a seis semanas), 
as sondas nasogástricas ou nasoentéricas são as mais utilizadas, graças a seu 
baixo custo e fácil colocação. Entretanto, pacientes que necessitam ficar com a 
sonda por um período mais longo (superior a seis semanas), é indicado que a via 
de acesso seja por uma gastrostomia ou jejunostomia (CUPPARI, 2014).
Nasogástrica
Nasoduodenal
Nasojejunal
Faringostomia
Gastrostomia
Jejunostomia
Figura 1. Vias de acesso da terapia nutricional enteral. Fonte: CUPPARI, 2014. p. 532. (Adaptado).
Sobre os tipos de vias de acesso, é possível destacar:
• Sonda nasogástrica (SNG): introduzida na narina e fica posicionada no 
estômago. Normalmente esse processo é realizado à beira do leito;
• Sonda nasoenteral (SNE): introduzida na narina e fica posicionada no duo-
deno (no caso de gastroparesia, risco de aspiração etc.) ou jejuno (no caso de 
pancreatite, alguns tipos de fístulas, entre outros); 
• Gastrostomia: é realizada com sedação e anestesia local. A gastrostomia 
endoscópica percutânea (GEP) é a primeira opção para gastrostomia. É indicada 
para pacientes com o trato gastrointestinal funcionando, impedidos de usar a 
via oral (VO) e que necessitam de TNE por um tempo maior que seis semanas;
• Jejunostomia: é realizada com sedação e anestesia local. Indicada para pa-
cientes com alto risco de aspiração, com funções gástricas prejudicadas e que 
necessitem de TNE por um tempo maior que seis semanas.
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A sonda nasoenteral por períodos prolongados pode levar a complicações 
tardias como:
• Migração da sonda (especialmente para o esôfago);
• Aspiração pulmonar;
• Lesão na mucosa intestinal pela ponta da sonda;
• Paralisia das cordas vocais.
As estomias funcionam bem por um período mais longo, sem complicações 
significativas. A maioria das complicações associadas às estomias estão rela-
cionadas com as técnicas de inserção e não com seu uso por longos períodos.
A dieta enteral pode ser administrada, no estômago, chamada de posição 
gástrica ou pré-pilórica, ou no intestino, chamada de duodenal ou jejunal ou 
pós-pilórica.
O risco de aspiração da dieta é levado em conta no momento da decisão 
da posição da sonda. Pacientes inconscientes, com distúrbios de deglutição, 
refluxo gastroesofágico e com idade maior que 60 anos possuem esse risco de 
aspiração da dieta. Portanto, para esses pacientes a posição mais adequada 
da sonda é a pós-pilórica, pois nesta posição não ocorre aspiração da dieta 
(CUPPARI, 2014).
Nos Quadros 2 e 3, são listadas as vantagens e desvantagens das localiza-
ções da sonda.
QUADRO 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA LOCALIZAÇÃO GÁSTRICA OU PRÉ-PILÓRICA
Vantagens Desvantagens
Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas. Maior risco de aspiração da dieta.
Fácil posicionamento da sonda.
A ocorrência de tosse, náuseas e vômitos 
favorece a saída acidental da sonda 
nasoenteral.
Maior tolerância de fórmulas variadas 
(proteínas intactas, proteínas isoladas, 
aminoácidos cristalinos).
Permite a progressão mais rápida para 
atingir o valor calórico total.
Fonte: CUPPARI, 2014. p. 534. (Adaptado).
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QUADRO 3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA LOCALIZAÇÃO
DUODENAL/JEJUNAL OU PÓS-PILÓRICA
Vantagens Desvantagens
Menor risco de aspiração da dieta. Requer dieta normo ou hiposmolares.
Menor chance de saída acidental da sonda 
nasoenteral.
Desalojamento acidental, podendo causar 
refluxo gástrico.
Uma alternativa de nutrição enteral quando a 
alimentação gástrica não é possível.
Fonte: CUPPARI, 2014. p. 534. (Adaptado).
Técnicas de administração
A técnica de administração da dieta por sonda pode ser em bólus, intermi-
tente ou contínua. A intermitente ocorre quando a dieta é colocada em um 
frasco e a administração é feita por meio da força da gravidade, por gotejamen-
to. A técnica em bólus é realizada por meio da injeção da dieta na sonda com 
uma seringa, e o modo contínuo é realizado pela bomba de infusão.
Quando a administração da dieta é realizada no estômago, a dose, a velo-
cidade e a tonicidade da infusão passam a ter importância secundária. Caso a 
administração da dieta seja realizada no intestino ou posicionamento pós-pi-
lórico, o gotejamentodeve ser observado com maior atenção, pois o intestino 
não tolera grandes volumes de dieta de uma vez.
Seleção de fórmulas
A seleção das fórmulas deve ser baseada na avaliação da capacidade diges-
tiva e absortiva do paciente. São classificadas como:
• Polimérica: seus principais nutrientes (carboidrato, proteína e gordura) 
estão intactos. Indicada para pacientes com a função gastrointestinal normal e 
deve ser a primeira opção para a maioria dos pacientes em TNE;
• Monoméricas/oligoméricas: indicadas para pacientes com disfunção do 
trato gastrointestinal com limitada capacidade de digestão e absorção de nu-
trientes intactos, como doença celíaca, doença inflamatória intestinal, trauma, 
cirurgia e pancreatite;
• Especializadas: pacientes com disfunções orgânicas importantes (hepa-
topatas, nefropatas, pneumopatas) podem se beneficiar de fórmulas especial-
mente desenhadas para essas situações.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 95
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Condutas em casos de distúrbios gastrointestinais
Existem alguns distúrbios gastrointestinais que podem surgir durante a te-
rapia nutricional enteral, como vômitos e diarreia. 
Episódios de diarreia são defi nidos como a ocorrência de três ou mais eva-
cuações líquidas ou semilíquidas em 24 horas. Como principais causas, é pos-
sível apontar:
• Infusão rápida;
• Medicamentos (antibióticos);
• Desnutrição;
• Inadequação da fórmula;
• Posição da sonda no intestino.
Nesse caso, orienta-se:
• A NE não deve ser suspensa, diminuir o gotejamento, de preferência utili-
zando a bomba de infusão (40 a 50 mL/h em caso de posicionamento gástrico, 
e 20 a 25 mL/h em posição intestinal);
• Substituir a fórmula prescrita da nutrição enteral;
• Monitorar atentamente a hidratação do paciente.
Com relação ao surgimento dos vômitos, deve ser feita uma pausa na ad-
ministração da NE e devem ser pesquisadas as possíveis causas dos vômitos. 
Nesse caso, orienta-se:
• Verifi car as condições de administração da NE e da água de hidratação, 
pois volumes muito grandes, administrados rapidamente, podem provocar es-
ses problemas;
• Verifi car a temperatura da dieta que está sendo passada pela sonda. A NE 
deve ser administrada à temperatura ambiente.
Terapia nutricional parenteral
Na terapia nutricional parenteral ocorre a infusão de uma solução estéril via 
intravenosa, por meio de acesso venoso periférico ou central, de modo que o 
trato digestivo é completamente excluído do processo (CUPPARI, 2014).
A nutrição parenteral é indicada se o trato gastrointestinal não funciona, 
está obstruído ou inacessível e se persistir por até sete dias pelo menos. O 
Quadro 4 apresenta as principais indicações de terapia nutricional parenteral.
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QUADRO 4. INDICAÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL
Indicação Comentários
Fístulas digestivas de alto débito Ineficácia da terapia nutricional enteral por causa da perda de água, eletrólitos e nutrientes.
Síndrome do intestino curto Oferta insuficiente de nutrientes por via enteral por causa da má absorção ocasionada pela própria doença.
Doenças inflamatórias intestinais Intolerância à terapia nutricional enteral.
Íleo paralítico Quando não houver previsão de retorno ao funcionamen-to normal em até cinco dias.
Obstrução intestinal Quando não houver indicação imediata de cirurgia.
Vômitos persistentes Caso não passe com antiemético.
Pancreatite grave Na intolerância à nutrição enteral.
Queimados Quando a necessidade energética é superior à capacidade de ingestão.
Fonte: KAWAMURA; CASTRO, 2015. p. 138. (Adaptado).
As contraindicações na nutrição enteral são:
• Pacientes hemodinamicamente instáveis;
• Hipovolemia;
• Edema agudo de pulmão;
• Pacientes com graves distúrbios metabólicos.
Tipos
Nutrição parenteral periférica (NPP) ocorre quando a solução estéril é 
administrada diretamente em uma veia periférica. Por não atingir a necessi-
dade nutricional total do paciente, é indicada por períodos curtos (sete a dez 
dias). Normalmente, a NPP costuma alcançar 1.000 a 1.500 kcal/dia. A osmola-
lidade deve ser menor que 900 mOmsm/L para evitar flebite (CUPPARI, 2014).
Nutrição parenteral total (NPT) ocorre quando a solução estéril é admi-
nistrada em uma veia central, em geral a veia cava superior. É indicada por um 
período superior ao período de sete a dez dias, pois supre as necessidades 
nutricionais totais dos pacientes. A osmolalidade é geralmente superior a 1.000 
mOmsm/L (CUPPARI, 2014).
De acordo com por Mirtallo et al. (2005), as formulações seguem as seguin-
tes orientações:
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• Carboidratos: a fonte primária de carboidrato utilizada na NP é a glicose 
(dextrose). Cada grama desse carboidrato fornece 3,4 kcal, a taxa máxima de 
dextrose oxidada pelo corpo é de 5 mg/kg/minuto (≥ 25 kcal/kg/dia), e doses 
maiores que estas podem causar hiperglicemia;
• Lipídeos: as emulsões lipídicas são utilizadas como fonte de energia, e 
cada grama dos lipídeos fornece 9 kcal. As emulsões encontradas no mercado 
variam, normalmente, entre 10% (1,1 kcal/mL) e 20% (2 kcal/mL). A taxa de infu-
são deve ser de até 100 mL/h para emulsões a 10%, e 50 mL/h para emulsões a 
20% para prevenir sobrecarga retículo-endotelial;
• Aminoácidos: fornecem 4 kcal/g de energia quando oxidados, e a relação 
calorias/g de nitrogênio suficiente para otimizar a utilização dos aminoácidos 
pelo organismo, para indivíduos em estado grave e em alto nível de estresse, 
é de 80 a 90:1.
Como calcular kcal não proteica/g de nitrogênio:
kcal não proteica/g de N =
kcal não proteica
Total de N da dieta (1)
O total de nitrogênio é obtido por meio da divisão do total de proteínas da 
dieta por 6,25. Depois, as calorias não proteicas (calorias advindas dos lipídeos e 
carboidratos) são divididas pelo total de nitrogênio, lembrando sempre do valor 
calórico do nutriente da NP, por exemplo, 1 g de glicose fornece 3,4 kcal/g em NP.
Como exemplo, podemos calcular a relação kcal não proteica/g de N da se-
guinte composição dietética: 40 g de proteína, 60 g de carboidrato e 40 g de 
lipídeo, considerando um paciente em UTI. Deve-se considerar: glicose: 1 g = 
3,4 kcal/g; lipídeo: 1 g = 9 kcal/g; e proteína: 1 g = 4 kcal/g.
Então:
kcal não proteica/g de N =
60 · 3,4 + 40 · 9
40 ÷ 6,25
kcal não proteica/g de N =
204 + 360
6,4
kcal não proteica/g de N = 88
Com isso, conclui-se que, nesse caso, a relação kcal não proteica/g de nitro-
gênio (88:1) está adequada ao paciente em UTI, uma vez que a recomendação 
dessa relação para pacientes nessas condições é de 80 a 90:1.
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Composição
Sistema glicídico, binário ou “dois em um”. Esse sistema é composto por 
duas soluções de grande volume:
• Solução de aminoácidos, fonte de nitrogênio;
• Solução de glicose como fonte de energia;
Sistema lipídico, ternário ou “três em um”. Esse sistema é composto por três 
soluções de grande volume:
• Solução de aminoácidos, fonte de nitrogênio;
• Solução de glicose como fonte de energia;
• Solução de lipídeos como fonte energética e de ácidos graxos essenciais.
As complicações da terapia nutricional parenteral (TNE) são:
• Trombofl ebite;
• Pneumotórax;
• Infecções;
• Reações alérgicas (normalmente associadas ao uso de lipídeos);
• Hiper ou hipoglicemia
• Hiper ou hipocalemia;
• Hipomagnesemia;
• Síndrome de realimentação.
Obesidade
A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, pois 
está associada ao desenvolvimento de outras comorbidades, como diabetes, 
hipertensão, doenças hepáticas e cardiovasculares e alguns tipos de câncer. 
Essas doenças possuem um grande impacto socioeconômico, uma vez que, no 
Brasil, seus tratamentos foram estimados em R$ 3,45 bilhões ao Sistema Pú-
blico de Saúde (SUS) (NILSON et al., 2020). Desse modo, o desenvolvimentode 
estratégias que auxiliam na redução das taxas de sobrepeso e obesidade pode 
acarretar melhor qualidade de vida e contribuir para redução de despesas pú-
blicas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade quase tri-
plicou desde 1975. Estima-se que a prevalência de sobrepeso corresponde 
a 39% da população, e 13% dos indivíduos adultos apresentavam obesida-
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de em 2016. No Brasil, o excesso de peso corresponde cerca de 55,4% da 
população adulta, e a frequência de obesidade é de 20,3% em adultos.
Diagnóstico
A obesidade pode ser defi nida como excesso de tecido adiposo. Segundo a 
ABESO, quando identifi cada a obesidade, pode-se estabelecer os critérios para os 
pacientes que necessitem perder peso. Neste contexto, alguns indicadores podem 
servir como forma de avaliação e identifi cação de sobrepeso ou obesidade, como 
medidas antropométricas, índice de massa corporal (IMC) e bioimpedância.
Por se tratar de uma medida de fácil aquisição e com boa correlação com 
a adiposidade, o IMC é extensivamente utilizado, mas esse parâmetro deve 
ser usado com outros indicadores para o diagnóstico. Uma das limitações do 
IMC é que essa medida não distingue tecido adiposo de massa magra (tecido 
muscular). Essa diferenciação é importante para discriminar indivíduos mus-
culosos, como atletas, de portadores de excesso de peso, ou até mesmo dife-
renciar pessoas idosas que aparentam ter um IMC saudável, mas apresentam 
aumento de tecido adiposo associado à redução de massa muscular (RACETTE; 
DEUSINGER; DEUSINGER, 2003).
A OMS classifi ca a obesidade por meio do valor de IMC e do risco para a 
saúde. Pelo Quadro 5 é possível verifi car que, com o aumento de adiposidade, 
o risco para o desenvolvimento de comorbidades também se eleva. A designa-
ção de excesso de peso é considerada a partir do valor de IMC de 25 kg/m2 , e 
obesidade, com IMC igual ou maior que 30 kg/m2.
QUADRO 5. CLASSIFICAÇÃO DE OBESIDADE PELO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
Classifi cação IMC (kg/m2) Risco de comorbidades
Baixo peso < 18,5 Normal ou elevado
Eutrófi co 18,5 – 24,9 Normal
Sobrepeso 25 – 29,9 Pouco elevado
Obesidade grau I 30 – 34,9 Elevado
Obesidade grau II 35 – 39,9 Muito elevado
Obesidade grau III ≥ 40 Muitíssimo elevado
Fonte: ABESO, 2016. p. 16. (Adaptado).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 100
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Outra medida tomada como fator de risco é a avaliação da circunferência 
abdominal, pois a gordura visceral está relacionada com o desenvolvimento de 
outras doenças metabólicas. A utilização do IMC com a medida de circunferên-
cia abdominal, pode auxiliar no diagnóstico nutricional, uma vez que a circunfe-
rência pode ser um indicativo de distribuição de gordura (ABESO, 2016). Dados 
da OMS (2008) indicam que homens que apresentam valores de circunferência 
abdominal maior que 94 cm e mulheres com valores superiores a 80 cm pos-
suem risco metabólico aumentado (Quadro 6).
QUADRO 6. PONTOS DE CORTE DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)
E RISCO DE COMPLICAÇÕES METABÓLICAS
Indicador Ponto de corte Risco metabólicode complicações
Circunferência 
abdominal
Homens: > 94 cm
Mulheres: > 80 cm Aumentado
Circunferência 
abdominal
Homens: > 102 cm
Mulheres: > 88 cm
Aumentado 
substancialmente
Relação circunferência 
abdominal/quadril
Homens: ≥ 0,90 cm
Mulheres: ≥ 0,85 cm
Aumentado 
substancialmente
Fonte: OMS, 2008. p. 27. (Adaptado).
Etiologia
A etiologia da obesidade está associada com fatores genéticos e ambien-
tais. Grande atenção tem sido dada à participação genética no desenvolvimen-
to da obesidade após a descoberta que fi lhos de pais obesos tem até 80% de 
chance de se tornarem obesos (RAMOS; BARROS FILHO, 2003). Além disso, ou-
tra infl uência parental com impacto na obesidade infantil são as preferências 
alimentares que moldam as escolhas das crianças. Apesar da forte infl uência 
genética, fatores ambientais, como dieta e nível de atividade física, também 
podem interferir no ganho de peso (Fluxograma 2).
NUTRIÇÃO CLÍNICA 101
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FLUXOGRAMA 2. FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DE OBESIDADE
Hormônios 
Valor calórico 
Índice metabólico 
Termogênese 
Atividade física
Imprinting 
metabólico 
Aspectos 
psicológicos 
Aspectos 
socioeconômicos 
culturais 
Composição 
da dieta 
Neurotransmissores 
Enzimas 
Receptores 
Fatores genéticos Fatores ambientais 
Regulação 
neuroendócrina 
Ingestão 
energética 
Gasto 
energético 
Obesidade
Fonte: BALABAN; SILVA, 2004. p. 9. (Adaptado).
Para o correto funcionamento do nosso organismo, alguns mecanismos 
regulatórios são capazes de controlar funções orgânicas por meio de hormô-
nios e proteínas com potencial de sinalização. No momento em que ocorre a 
ingestão de alimentos, no estado de jejum, os níveis de insulina e leptina estão 
reduzidos e os níveis de grelina estão aumentados (VELLOSO; ARAÚJO; SOUZA, 
2008). Esses hormônios conseguem atuar na região hipotalâmica do cérebro, 
coordenando controle energético por meio da sensação de fome e saciedade. 
Surpreendentemente, indivíduos obesos apresentam alterações na regulação 
hormonal, dificultando o controle do apetite.
A alimentação também é um ponto crítico para a progressão da obesida-
de. O desequilíbrio no balanço energético é caracterizado pelo aumento da 
ingestão de alimentos de alta densidade energética e redução da atividade fí-
sica. O balanço energético positivo contribui para que o excesso de calorias 
ingeridas seja armazenado. Nas últimas décadas, ocorreram mudanças no pa-
drão da alimentação da população, que passaram a consumir mais alimentos 
industrializados, com quantidades elevadas de sódio, açúcares e corantes, em 
detrimentos da ingestão de alimentos como frutas e hortaliças, ricos em vita-
minas, minerais, compostos fenólicos e fibras.
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ASSISTA
O documentário WHAT THE HEALTH aborda como a alimentação pode in-
terferir sobre a saúde e o impacto negativo no estilo de vida. Com entrevis-
tas com médicos e outros especialistas, o documentário explora o padrão 
alimentar atual e sua relação com doenças como diabetes e câncer.
O desenvolvimento de obesidade também está relacionado com a quali-
dade e o tipo de nutriente ingerido, que podem atuar na sinalização celular. 
Uma das causas mais estudadas é que componentes da nossa alimentação, 
como a gordura saturada, por exemplo, apresentam potencial inflamató-
rio. Essas moléculas possuem alta afinidade por receptores expressos em 
células do sistema imune denominada TLR4. A ativação desse receptor pos-
sibilita a sinalização da cascata inflamatória com a produção de citocinas 
inflamatórias.
Outro fator relacionado à obesidade e que também promove inflamação 
é a alteração da microbiota intestinal. Diversos estudos apontam que, na 
obesidade, ocorre diminuição da diversidade microbiana, aumento das ta-
xas do filo Firmicutes e redução de Bacteriodetes. Esta condição atinge a 
barreira intestinal que atua regulando da função imunológica, o que impede 
a translocação de detritos bacterianos. Alterações nas comunidades micro-
bianas contribuem para a passagem de componentes bacterianos para o 
meio externo, reconhecidos pelo sistema imunológico e induzindo a respos-
ta inflamatória.
O aumento de citocinas inflamatórias na circulação sanguínea pode 
agravar ainda mais o quadro associado à obesidade. As proteínas com po-
tencial inflamatório conseguem atuar no processo de sinalização 
celular, impedindo, por exemplo, o efeito do hormônio insulina. 
Por isso, muitos indivíduos obesos apresentam quadro chama-
do de resistência insulínica, pois o organismo 
ao detectar a elevação da glicemia, no estado 
alimentado, inicia a liberação do hormônio 
insulina pelo pâncreas. Entretanto, as cito-
cinasinflamatórias impedem a adequada 
sinalização necessária para a captação de 
glicose nas células.
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Tratamento
O tratamento para a obesidade consiste em alterações na alimentação, au-
mento da atividade física e utilização de fármacos que auxiliem na perda de peso, 
quando houver indicação. Durante o tratamento, o paciente pode ser acompa-
nhado por equipe multidisciplinar para adequação dos hábitos alimentares, indi-
cação de exercícios físicos e acompanhamento do uso medicamentoso.
O tratamento medicamentoso é indicado em duas situações (ABESO, 2016):
• IMC ≥ 30 kg/m2;
• IMC ≥ 25 ou 27 kg/m2 na presença de comorbidades (dependendo do me-
dicamento);
• Falha em perder peso com o tratamento não farmacológico.
DICA
Para saber mais sobre o tratamento medicamentoso da 
obesidade e do sobrepeso, vale considerar a leitura do 
posicionamento ofi cial da ABESO/SBEM, publicado em 
2010, que visa atualizar médicos generalistas e especia-
listas sobre as opções terapêuticas disponíveis, des-
tacando suas indicações, efeitos adversos e posologia 
baseados em evidências científi cas.
Tratamento dietoterápico
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Meta-
bólica (ABESO) possui diretrizes para o tratamento de obesidade, as quais des-
tacam-se:
• O tratamento dietético para obesidade consiste na redução da ingestão de 
calorias, mantendo preferencialmente alimentação balanceada, que respeite 
as preferências alimentares, perfi l socioeconômico, estilo de vida e necessida-
des energéticas para manutenção da saúde;
• Embora dietas hipocalóricas também sejam consideradas uma boa estra-
tégia para perda de peso, há recomendação de distribuição dos macronutrien-
tes, considerando o valor energético total (VET) do seguinte modo:
• Lipídeos: 20 a 30% do VET;
• Carboidratos: 55 a 60% do VET;
• Proteínas: 15 a 20% do VET;
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• Os micronutrientes também devem ser preconizados, podendo ser utiliza-
dos suplementos para atingir as necessidades;
• É importante destacar que os objetivos de perda de peso devem ser indi-
vidualizados e com metas reais;
• Dietas muito restritivas não conseguem ser mantidas por longos perío-
dos, dificultando a adesão dos pacientes. Esse tipo de dieta pode ser utilizado 
por um curto período de tempo, mas deve ser acompanhada de supervisão 
profissional;
• As necessidades energéticas podem ser calculadas a partir da equação de 
Harris-Benedict, associada ao nível de atividade física, considerando os seguin-
tes fatores:
• Sedentário: 1,0 – 1,4;
• Pouco ativo: 1,4 – 1,6;
• Ativo: 1,6 – 1,9;
• Muito ativo: 1,9 – 2,5.
Considerando que:
• Sedentário é o indivíduo que não pratica atividade física regular;
• Pouco ativo é o indivíduo que pratica atividades como passeios a pé e 
que elevam a frequência cardíaca e os movimentos respiratórios;
• Ativo é o indivíduo que participa de corridas, por exemplo;
• Muito ativo são os indivíduos que participam de corridas com duração 
prolongada.
O objetivo da dieta deve prever um déficit de 500 a 1.000 kcal para promo-
ver a perda de peso acarretando a redução de 0,5 a 1 kg por semana. Em geral, 
dietas contendo de 1.200 a 1.500 kcal para mulheres, e 1.500 a 1.800 kcal para 
homens acarretam perda de peso.
Algumas dietas devem ser avaliadas com cautela – frequentemente são vis-
tas celebridades alegando perda de peso “milagrosa”. Nesse sentido, os pacien-
tes devem ser alertados e conscientizados sobre a perda de peso sau-
dável, realizando acompanhamento com profissional de saúde.
Suplementos nutricionais também devem ser utili-
zados sob supervisão, uma vez que a alguns desses 
compostos podem desencadear prejuízos para a saú-
de do paciente.
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Na Europa, foram propostas diretrizes para auxiliar no manejo do paciente 
com obesidade (TSIGOS et al., 2008). São elas:
• Realizar avaliação qualitativa da dieta com auxílio de registros alimenta-
res. Além disso, esses documentos podem ajudar o paciente a identifi car com-
portamentos alimentares que impedem a perda de peso;
• Incentivar o consumo de frutas e vegetais e alimentos ricos em fi bras como 
grãos e cereais;
• Reduzir o consumo de alimentos com alto teor de gordura;
• Consumir alimentos preferencialmente de baixa densidade energética;
• Diminuir o tamanho das porções de alimentos;
• Evitar lanches entre as refeições;
• Identifi car e reduzir episódios de perda de controle ou ansiedade.
Cirurgia de redução do estômago e distúrbios nutricionais
A cirurgia de redução do estômago, também conhecida como cirurgia ba-
riátrica é um conjunto de procedimentos cirúrgicos que tem por objetivo 
auxiliar na perda de peso do paciente. A utilização desse procedimento é indi-
cada no momento em que outras estratégias para redução de peso corporal 
não forem bem-sucedidas. A indicação para esse procedimento cirúrgico deve 
obedecer a alguns critérios como (SBCBM, 2017):
• Idade mínima de 16 anos; 
• IMC ≥ 40 ou IMC 35 associado a comorbidades comprovadas por laudo 
médico.
CURIOSIDADE
Na área médica, são encontradas outras abordagens terapêuticas no tra-
tamento da obesidade. A cirurgia metabólica é um procedimento cirúrgico 
com o objetivo de mitigar doenças associadas à obesidade, como a dia-
betes tipo 2 e a hipertensão arterial. A realização da cirurgia metabólica é 
indicada para o paciente que se enquadrar nos seguintes critérios:
• Diagnóstico de diabetes tipo 2;
• IMC > 30 kg/m2;
• Idade entre 30 e 70 anos;
• Paciente não apresentar melhora com o tratamento clínico;
• Ter acompanhamento de endocrinologista por pelo menos dois anos.
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As técnicas cirúrgicas são distinguidas pelos mecanismos de funcionamen-
to e são classificadas em três tipos (SBCBM, 2017):
• Restritivos: procedimento que reduz a capacidade do estômago de rece-
ber alimentos, diminuindo a quantidade de alimentos e estimulando a sensa-
ção de saciedade precoce;
• Disabsortivas: procedimento que altera pouco a capacidade do estômago 
de receber alimentos, mas afeta o potencial absortivo do intestino delgado – 
conhecidas como cirurgias de bypass intestinal ou cirurgias de desvio intestinal;
• Técnicas mistas: procedimentos que associam técnicas restritivas e di-
sabsortivas, ou seja, diminuem a capacidade do estômago em conjunto com 
desvio do intestino delgado.
O Quadro 7 apresenta as técnicas cirúrgicas e suas respectivas e classificações.
QUADRO 7. TÉCNICAS CIRÚRGICAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Classificação Técnica
Restritiva
Bandagem gástrica.
Gastrectomia vertical.
Gastrectomia vertical com bandagem.
Balão intragástrico.
Predominantemente 
restritiva Derivações gástricas em Y de Roux com ou sem anel de contenção.
Predominantemente 
mal absortiva
Derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal com ou sem 
preservação gástrica distal.
Derivação biliopancreática com gastrectomia vertical e preservação 
pilórica.
Fonte: ZEVE; NOVAIS; OLIVEIRA JÚNIOR, 2012. p. 133.
A Figura 2 apresenta as ilustrações das cirurgias com objetivo de perda de 
peso. Antes de qualquer procedimento cirúrgico, o paciente deve ser avaliado 
cuidadosamente por equipe multidisciplinar para identificação de complica-
ções médicas e psicológicas (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
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Esôfago
Estômago
Estômago
Duodeno
Dispositivo
subcutâneo para
insufl ação
Estômago
removido
Duodeno
Duodeno Duodeno
Íleo
Jejuno
Banda
ajustável
Reservatório
Estômago
removido
Estômago
restante
Esôfago
Esôfago
Duodeno
Balão
intragástrico
Esôfago
Reservatório
Vesícula biliar Vesícula biliar
Pequeno
reservatório
Banda gástrica ajustável 
Duodenal switch Gastroplastia com
derivaçãogastrojejunal 
em Y de Roux
Gastrectomia vertical Balão intragástrico 
Figura 2. Procedimentos cirúrgicos para perda de peso. Fonte: ZEVE; NOVAIS; OLIVEIRA JÚNIOR, 2012. p. 134-138. 
(Adaptado).
A anamnese deve contemplar (ABESO, 2016):
• Medicações;
• Comorbidades;
• Antecedentes patológicos e cirúrgicos;
• Análise familiar de obesidade;
• Avaliação de doenças mentais e alteração comportamental;
• Modifi cações na alimentação;
• Prática de atividade física.
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As principais complicações decorrentes da cirurgia podem incluir trom-
boembolismo pulmonar, deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e 
hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia interna e obstru-
ção intestinal (mais comuns no pós-operatório tardio) (ABESO, 2016).
Tratamento nutricional
Após o procedimento cirúrgico, deve ser realizada a introdução da dieta com 
aumento gradual das calorias e evolução da consistência da dieta. No aspecto nu-
tricional, as principais complicações decorrentes das técnicas disabsortivas são o 
desenvolvimento de diarreia com fl atulência excessiva e desnutrição proteica, sen-
do que a DGYR (derivação gástrica em Y-de-Roux) apresenta menor risco dessas 
complicações. Entretanto, anemia ferropriva, defi ciência de vitaminas e doenças os-
teometabólicas podem surgir após os dois procedimentos cirúrgicos (ABESO, 2016).
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) disponi-
biliza em seu site indicações para a evolução da consistência alimentar após a 
cirurgia bariátrica:
• Fase 1 – Dieta líquida:
• É indicada para as duas primeiras semanas após a cirurgia;
• Deve ser ofertada em pequenos volumes (50 mL por refeição a cada 
30 minutos);
• O objetivo é o repouso gástrico e garantir a hidratação do paciente;
• Podem ser utilizados suplementos nutricionais para atingir a recomen-
dação de vitaminas e minerais;
• A intolerância à lactose pode acontecer em alguns pacientes, podendo 
gerar náuseas, vômitos e diarreia. Nesses casos, a lactose deve ser ex-
cluída da dieta líquida.
• Fase 2 – Dieta pastosa:
• Ocorre a introdução de alimentos com consistência de purês;
• A duração dessa fase pode ser de sete a dez dias;
• O objetivo é manter o repouso gástrico e iniciar a transição para dieta 
branda;
• O paciente deve iniciar a refeição pela fonte proteica;
• Deve-se fi car atento ao surgimento de intolerâncias alimentares.
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• Fase 3 – Dieta branda:
• Ocorre a introdução de alimentos cozidos;
• A duração dessa fase é de 15 dias;
• São indicados alimentos com altos valor nutritivo, ricos em proteínas, 
ferro, vitaminas e minerais;
• A orientação é que o paciente mastigue exaustivamente os alimentos 
antes de ingerir.
• Fase 4 – Dieta geral:
• Devem ser ingeridos alimentos com bom valor nutricional e em peque-
nas porções;
• A evolução nutricional deve ser lenta e progressiva.
Para garantir as necessidades nutricionais, os indivíduos que passaram por 
cirurgia bariátrica devem fazer uso de suplementos vitamínicos e minerais, 
segundo a SBCBM. As principais defi ciências nutricionais são proteína, ferro, 
zinco, cálcio, vitamina D e vitaminas do complexo B. Além disso, deve-se fi car 
atento aos sinais de carência nutricional como:
• Queda de cabelo;
• Unhas quebradiças;
• Anemia;
• Fraqueza;
• Cansaço;
• Pele ressecada;
• Formigamento das extremidades (braço/mãos e pernas/pés);
• Défi cit de memória.
Magreza, anorexia, bulimia
Transtornos alimentares (TA) são distúrbios psiquiátricos caracterizados 
por preocupação excessiva com o peso, com a presença de atitudes e padrões 
alimentares desordenados (APA, 2000).
A anorexia nervosa (AN) é um tipo de TA que consiste na 
redução excessiva e intencional de peso que leva a um ema-
grecimento intenso, abaixo do peso ideal para altura, idade 
e sexo (OMS, 1993).
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Os critérios diagnósticos da anorexia nervosa são (APA, 2000):
• Recusa em manter massa corporal adequada ou um pouco acima do míni-
mo adequado para idade e sexo;
• Medo intenso de ganhar massa corporal e se tornar obeso ou mesmo com 
sobrepeso;
• Distorção da imagem ou tamanho corporal, ou não aceitação da gravidade 
da baixa massa corporal atual;
• Presença de amenorreia em mulheres pós-menarca, o que caracteriza a 
ausência de três ciclos menstruais consecutivos.
A AN pode ser dividida em dois subtipos: restritivo e compulsão alimen-
tar/purgativo. O restritivo consiste na restrição alimentar sem a presença de 
episódios de compulsão e/ou purgação (vômitos induzidos e/ou uso impró-
prios de laxantes). O tipo compulsão alimentar/purgação se caracteriza pela 
presença de compulsão alimentar ou comportamentos purgativos (APA, 2000).
Pacientes com AN possuem as seguintes características psicológicas: per-
feccionismo, pensamento inflexível, compulsividade e expressão emocional re-
primida. Algumas condições psiquiátricas também podem existir na AN como 
depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e distúrbio de 
personalidade (YAGER et al., 2006).
Algumas características clínicas são observadas na AN, tais como: lanugo 
(pelos curtos, finos, macios e sem pigmentação), cabelos finos e sem brilho, hi-
percarotenemia (coloração alaranjada de extremidades como mãos, pés, nariz 
e orelhas) e intolerância ao frio. Existem também as complicações gastrointes-
tinais como: esvaziamento gástrico lento, redução da motilidade intestinal e 
constipação (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010).
A bulimia nervosa (BN) é um distúrbio alimentar mais difícil de ser diagnosti-
cado, pois os pacientes apresentam massa corporal adequada para altura, idade e 
sexo, com comportamentos reservados. Apresentam episódios de purgação como 
vômitos, que podem ser identificados, segundo Mahan e Escott-stump (2010), por:
• Presença de feridas no dorso da mão que surgem como consequência da 
estimulação do reflexo da ânsia. Feridas conhecidas como sinal de Russel;
• Glândula parótida aumentada;
• Erosão dentária que surge por meio da passagem do ácido clorídrico pela 
boca, podendo aumentar a incidência de cáries.
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Tratamento nutricional
Os pacientes com anorexia nervosa precisam restaurar a massa corporal 
para a sua recuperação. Entretanto, em sua maioria, são infl exíveis em rela-
ção às alterações no comportamento alimentar. Podem também ser hostis e 
desafi antes no início, por isso, uma estratégia que deve ser utilizada pelo nu-
tricionista com esses pacientes é a entrevista motivacional. Os princípios da 
entrevista motivacional estão apresentados no Quadro 8.
QUADRO 8. PRINCÍPIOS DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL
1. Expressar empatia:
• Aceitação facilita a mudança;
• A ponderação e a destreza ao ouvir são fundamentais;
• A ambivalência por parte do paciente é normal.
2. Desenvolver discrepância:
• O paciente deve apresentar argumentos para a mudança, não o conselheiro;
• A mudança é motivada pela discrepância observada no comportamento atual e a 
importância do objetivo pessoal do paciente.
3. Lidar com a resistência do paciente:
• Evitar argumentar com o paciente sobre mudanças;
• Não impor novas perspectivas, mas sugeri-las.
4. Apoiar a autoefi cácia:
• A crença do indivíduo na mudança é um importante motivador;
• O paciente é responsável pela escolha dessa mudança, não o conselheiro.
Fonte: MILLER; ROLLNICK, 2002. n.p. (Adaptado).
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Diretrizes para terapia nutricional da anorexia nervosa, segundo Luder 
e Schebendach (1993):
• Prescrição calórica:
• Iniciar com 30 a 40 kcal/kg de peso por dia e avaliar sempre o risco de 
síndrome de realimentação.
• Fase de ganho de massa corporal:
• Tratamentoposterior: 70 a 100 kcal/kg/dia;
• Mulheres: 3.000 a 4.000 kcal/dia;
• Homens: 4.000 a 4.500 kcal/dia.
• Fase de manutenção de massa corporal:
• Adultos: 40 a 60 kcal/kg/dia;
• Crescimento e desenvolvimento em andamento de crianças e adoles-
centes: 40 a 60 kcal/kg/dia.
• Macronutrientes:
• Proteínas: 15 a 20% das calorias totais;
• Carboidratos: 40 a 55% das calorias totais;
• Lipídeos: 25 a 30% das calorias totais.
• Micronutrientes:
• 100% da RDA (ingestão dietética recomendada) de suplemento multivi-
tamínico com minerais;
• Notar que o teor de ferro contido nas preparações pode agravar a 
constipação.
Diretrizes para terapia nutricional da bulimia nervosa, segundo Luder 
e Schebendach (1993):
• Prescrição calórica:
• Iniciar com 1.500 a 1.600 kcal/dia se o paciente estiver hipometabólico;
• Fornecer a DRI (ingestão dietética de referência) para energia se 
a taxa metabólica estiver normal;
• Monitorar o estado antropométrico e ajustar as 
calorias prescritas para a manutenção da massa 
corporal;
• Evitar dieta para a manutenção da massa 
corporal até que os padrões alimentares e 
massa corporal estejam estabilizados.
NUTRIÇÃO CLÍNICA 113
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• Macronutrientes:
• Proteínas: 15 a 20% das calorias totais;
• Carboidratos: 40 a 55% das calorias totais;
• Lipídeos: 25 a 30% das calorias totais.
• Micronutrientes:
• 100% da RDA (ingestão dietética recomendada) de suplemento multivi-
tamínico com minerais;
• Notar que o teor de ferro contido nas preparações pode agravar a 
constipação.
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Sintetizando
Nesta unidade, compreendemos as indicações da terapia nutricional enteral, 
assim como vias de acesso, técnicas de administração e tipos de dietas. Também 
foi possível estudar a terapia nutricional parenteral, a qual pode ser administra-
da tanto como nutrição parenteral periférica como nutrição parenteral total. É 
importante sempre lembrar que a nutrição enteral é um tipo de terapia nutricio-
nal mais fisiológica, portanto, é mais parecida com a nutrição via oral.
Avaliando os processos fisiopatológicos, foi destacada a influência de fato-
res genéticos e ambientais no desenvolvimento da obesidade. O excesso de te-
cido adiposo pode impactar negativamente a saúde do indivíduo, com o desen-
volvimento de outras comorbidades, como diabetes e hipertensão arterial. O 
tratamento envolve modificações no estilo de vida, como hábitos alimentares 
e prática de atividade física e, quando houver indicação, podem ser utilizados 
fármacos para auxiliar a perda de peso.
Entretanto, quando o tratamento convencional não ofertar resposta satis-
fatória, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados dependendo do grau de 
obesidade e associação com outras doenças metabólicas. A cirurgia bariátrica 
é uma medida efetiva para redução de massa corporal, mas esses indivíduos 
podem desenvolver carências nutricionais, sendo indicado o acompanhamen-
to por profissionais de saúde durante toda a vida.
Além disso, falamos sobre a anorexia nervosa, um tipo de transtorno ali-
mentar que consiste na redução excessiva e intencional de peso que leva a um 
emagrecimento intenso, abaixo do peso ideal para altura, idade e sexo. A buli-
mia nervosa também é um tipo de distúrbio alimentar, entretanto, mais difícil 
de ser diagnosticado, pois os pacientes apresentam massa corporal adequada 
para altura, idade e sexo, com comportamentos reservados.
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