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Gestão de Tesouraria Atividades da Tesouraria CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx / xxxxxxxxxxx. – Duque de Caxias, RJ: Editora Unigranrio, 2016. xxx p.: il. ; 23 cm ISBN: xxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxx Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Atividades da Tesouraria Para início de conversa... ................................................................................ 4 Objetivo ......................................................................................................... 4 1. Administração do Capital de Giro ........................................................... 5 2. Ciclo Econômico, Financeiro e Operacional ........................................ 6 Referências ......................................................................................................... 9 Gestão de Tesouraria 3 Para início de conversa... Para que possamos iniciar os estudos sobre as atividades da tesouraria, é fundamental o entendimento da gestão de tesouraria que são as atividades de gestão responsáveis pelas entradas e saídas de recursos nas organizações. Tal contexto obriga a necessidade de se fazer planejamento das ações gerenciais relacionadas às captações de recursos financeiros (Figura 1) de curto, médio e longo prazo, como também dos investimentos (RITTA; SILVA; CITADIN, 2016). O responsável pelas atividades da tesouraria é o tesoureiro, profissional que deve manter relacionamento com a administração financeira da organização, com a contabilidade e a área administrativa. As atividades de tesouraria são as informações dos lançamentos contábeis e conciliações bancárias, emissão de notas fiscais, das despesas oriundas das operações da organização, dos pagamentos dos tributos incidentes nas operações, da conferência e lançamentos dos boletos relativos às compras, dos recebimentos de receitas, fechamento diário do caixa, entre outras atividades desse setor. A administração do capital de giro está no contexto das decisões financeiras da organização, portanto, da administração financeira, com o entendimento de como ela gera e aplica seus recursos financeiros por meio de regras específicas e de forma planejada, com a finalidade de preservação da saúde financeira da organização (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Para os autores, o ciclo operacional sofre variações em virtude do setor de atividade e características da organização. O ciclo financeiro contempla as movimentações de caixa, em dado período, do desembolso inicial de caixa e o recebimento da venda do produto, mercadoria ou serviço. O ciclo econômico considera somente as ocorrências de natureza econômica, compreendendo a aquisição de matérias primas e insumos até́ a finalização por meio da venda. Objetivo Empregar os conceitos da administração do capital de giro utilizando o ciclo econômico, financeiro e operacional. Gestão de Tesouraria 4 1. Administração do Capital de Giro Devemos entender que o capital de giro de uma organização está diretamente relacionado ao seu desempenho operacional tem e participação relevante no desempenho operacional das organizações, cobrindo parte dos ativos totais investidos. Por outro lado, uma administração ineficiente do capital de giro ocasiona sérios problemas financeiros (Figura 2), podendo levar a organização a uma situação de insolvência. Portanto, deve ser considerado que a administração do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes como decisões interdependentes. Pode-se afirmar que a presença de ativos correntes na estrutura financeira das empresas, torna- se estratégico para o sucesso financeiro do negócio, contribuindo para o retorno econômico do investimento realizado nas operações (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Trindade, Nunes e Linhares (2010) citando Gitman (1987), Braga (1989) e Brom e Baliam (2007) enfatizam que a administração do capital de giro é estratégica para a gestão financeira da organização, uma vez que os ativos circulantes devem ter a capacidade para fazer frente e cobrindo os passivos circulantes. Definindo que a administração do capital de giro é fazer a gestão dos ativos circulantes e passivos circulantes da organização, para que ocorra um ponto aceitável e de manutenção de capital circulante. Em tal contexto, é fundamental que, para cada um dos ativos, tenha- se uma gestão eficiente, de forma a ter-se a liquidez da empresa. Deve ser entendido que a administração do capital de giro é um processo contínuo de tomada de decisões, que visa a manutenção da liquidez da organização. Assim, pode-se afirmar que a administração do capital de giro da organização é importante uma vez que o caixa reflete o que ocorre na organização, no seu dia a dia, por ações como capacidade de pagar obrigações e de gerar retorno aos acionistas. A relevância do volume do capital de giro para uma organização vem de forma acentuada pelo volume de vendas, que é sustentado pelos estoques, valores a receber e valores em caixa; as sazonalidades dos negócios influenciam as necessidades de recursos da organização ao longo do tempo. Como também, os fatores cíclicos da economia – variáveis incontroláveis do macroambiente, com impacto nos custos e cronograma de produção e políticas de negócios, em ambiente incerto e turbulento (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Figura 1: Problemas financeiros. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 5 2. Ciclo Econômico, Financeiro e Operacional No contexto do ciclo econômico, financeiro e operacional, devemos compreender que a globalização, as rápidas transformações no ambiente de negócios cada vez mais incertos, a agressiva concorrência, as novas tecnologias, a inteligência artificial entre outras variáveis, obriga as empresas a buscarem vantagem competitiva para fazerem frente aos concorrentes, por meio de criatividade, inovação e competitividade, como também, políticas de vendas e estratégias arrojadas, que incluem em outras ações, prazos alongados de recebimento. Como também, processos produtivos mais eficientes e, desenvolvimento de uma logística eficaz. São ações que impactam fortemente no capital de giro (Figura 3) da organização, situação que pode acarretar o sucesso e insucesso da organização. Nem todas as organizações estão preparadas e sofrem por deficiência de capital de giro e outras, ao contrário, por terem fluxo de caixa equilibrado nos prazos necessários para fazerem frente aos seus compromissos. É importante saber que eventual falta de capital de giro não possui relação direta com a viabilidade econômica da organização, mas está condicionada à continuidade do negócio da organização. Portanto, a análise do ciclo econômico, financeiro e operacional é condição para que uma organização possa ter uma visão clara e objetiva dos fatores que podem levar ao aumento ou diminuição do capital de giro (PASCOAL; ZAMBONI; FRANCO, 2014). No que se refere ao ciclo econômico, considera-se de forma única os eventos de natureza econômica, contemplando as aquisições de matérias- primas e insumo até́ o momento da respectiva venda dos produtos. Não considerando os reflexos de caixa pertinentesa cada etapa do processo operacional, que são os itens do fluxo de caixa relativos aos valores oriundos das receitas de vendas no contexto dos prazos que foram definidos, como também, todos os pagamentos dos gastos que foram incorridos nos processos. No que tange ao ciclo financeiro, contempla- se as movimentações de caixa, que se refere ao período de tempo em que se faz o desembolso para pagamentos dos fornecedores e a entrada dos valores oriundos das vendas dos produtos. De forma objetiva, é o intervalo de tempo definido no fluxo de caixa que a organização necessita de financiamento para suas atividades operacionais. Figura 2: Capital de giro. Fonte: Dreamstime: Gestão de Tesouraria 6 Vários são os fatores que podem intervir em tal contexto, que pode envolver, por exemplo, descontos de títulos oriundos das vendas feitas a prazo, ocorrendo, assim, a redução de necessidade de caixa. Quanto ao ciclo operacional, ele pode variar de acordo com a atividade e característica operacional de cada organização. Se o ciclo operacional for menor que um ano, ocorrerá a repetição dele por várias vezes, o que significa, maior giro para os investimentos operacionais (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Para Pascoal, Zamboni e Franco (2014), no que se refere ao ciclo econômico é fundamental para a saúde financeira da organização uma vez que o aumento dele ocasionará a ampliação de capital de giro e no caso, da falta de recursos próprios, haverá a necessidade de recorrer ao mercado financeiro para manter as obrigações em dia, mas com aumento das despesas financeiras e comprometimento da margem de contribuição. Ao se estudar a questão do ciclo econômico, pode-se notar que não só os prazos de pagamentos e recebimentos afetam o caixa da empresa, mas também o processo de fabricação. Com relação ao ciclo financeiro, ele tem início quando a empresa quitar suas obrigações com seus fornecedores e tem sua finalização quando do recebimento das receitas provenientes das vendas feitas. Por retratar a movimentação de caixa, é também denominado ciclo de caixa. Os autores citando Gitman (2002) ensinam que o ciclo financeiro engloba o período de tempo do pagamento para adquirir matéria-prima e insumos, até o momento do recebimento do produto vendido. O ciclo operacional se insere em um contexto da previsão e identificação das necessidade de caixa e, previsão do giro do ativo líquido da organização, não sendo uma tarefa gerencial fácil, face à necessidade de dados e informações em um contexto de sistema de informações gerencial, situação nem sempre adotada nas organizações, por diversos motivos, inclusive, capacidade gerencial. Contudo, torna-se fundamental conhecer o ciclo operacional do negócio, de forma que se consiga entender a operacionalidade do caixa e do impacto ocasionado no capital de giro. Portanto, o ciclo operacional contempla o tempo usado para a realização dos processos operacionais da organização. Figura 3: Pagamento dos fornecedores. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 7 Vimos, neste estudo, que as atividades da tesouraria são estratégicas para a gestão de tesouraria, pois trata, de forma planejada, das ações que incluem às captações de recursos financeiros de curto, médio e longo prazo, assim como dos investimentos, para a sobrevivência da organização, em ambiente de negócios em rápidas transformações, incerto e turbulento. O responsável pelas atividades da tesouraria, é o tesoureiro. Durante esse processo, dois tópicos revelam-se importantes nas atividades da tesouraria, administração do capital de giro e os ciclos, econômico, financeiro e operacional. Aprendemos que o capital de giro de uma organização está diretamente relacionado ao seu desempenho operacional. A administração do capital de giro revela-se estratégica para a gestão financeira da organização uma vez os ativos circulantes devem ter a capacidade para fazer frente e cobrindo os passivos circulantes. No contexto do ciclo, econômico, financeiro e operacional, as organizações buscam a vantagem competitiva para fazerem frente ao ambiente concorrencial cada vez mais competitivo, por meio de políticas e estratégias de vendas arrojadas, que incluem em outras ações, prazos alongados de recebimento. Afinal no que tange ao ciclo econômico, considera-se de forma única os eventos de natureza econômica, contemplando as aquisições de matérias- primas e insumo até́ o momento da respectiva venda, dos produtos. Já no ciclo financeiro, são consideradas as movimentações de caixa relacionadas ao período que se faz o desembolso para pagamento dos fornecedores e a entrada dos valores oriundos das vendas dos produtos. Podemos concluir que, em relação ao ciclo operacional, ele pode variar de acordo com a atividade e característica operacional de cada organização. Gestão de Tesouraria 8 Referências ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. [Minha Biblioteca] PASCOAL, F. F.; ZANIBONI, R.; FRANCO, A. L. Capital de giro e disponível de caixa: um estudo dos ciclos operacional, econômico e financeiro. Temas em Administração – Diversos Olhares, v.6, n.1, p.24-31, jan./dez, 2014. Disponível em: http://www.fipa.com.br/site/documentos/revistas/ administracao/adm_2014_vol6_n1.pdf#page=25. Acesso em: 21 mar. 2020. RITTA, C. O.; SILVA, C. R.; CITADIN, A. As características da gestão de tesouraria nas organizações da região carbonífera de Santa Catarina. R. Eletr. do Alto Vale do Itajaí – REAVI, v.5, n.8, p.1-13, dez., 2016. Disponível em: file:///C:/Users/fast/Downloads/8592-28876-1-PB.pdf. Acesso em: 21 mar. 2020. TRINDADE, M. A. B.; NUNES, M. B. P.; LINHARES, T. S. Gestão do capital de giro em micro e pequenas empresas. RACE, Unoesc, v.9, n.1-2, p.231-250, jan./dez. 2010. Disponível em: https://www.researchgate. net/publication/277239405_Gestao_do_Capital_de_Giro_em_Micro_e_ Pequenas_Empresas. Acesso em: 21 mar. 2020. Gestão de Tesouraria 9 https://www.researchgate.net/publication/277239405_Gestao_do_Capital_de_Giro_em_Micro_e_Pequenas_Empresas https://www.researchgate.net/publication/277239405_Gestao_do_Capital_de_Giro_em_Micro_e_Pequenas_Empresas https://www.researchgate.net/publication/277239405_Gestao_do_Capital_de_Giro_em_Micro_e_Pequenas_Empresas Gestão de Tesouraria Administração do Ciclo Financeiro Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Administração do Ciclo Financeiro Para Início de Conversa... .................................................................... 4 Objetivo ........................................................................................... 5 1. Regime de Caixa e Competência .................................................... 6 2. Controle de Saldo de Caixa ............................................................. 7 Referências ........................................................................................... 11 Gestão de Tesouraria 3 Gestão de Tesouraria 4 Para Início de Conversa... Para que possamos iniciar nossos estudos sobre a administração do ciclo financeiro, é importante recordarmos que o ciclo financeiro, segundo Assaf Neto e Silva (2012), representa de forma única as movimentações de caixa em um contexto de tempoque abrange o momento do desembolso inicial de caixa para pagamentos de matérias-primas, insumos e fornecedores, bem como o recebimento da venda do produto ou serviço comercializado. Em resumo, significa o intervalo de tempo que a organização necessitará para o financiamento das suas atividades de negócio. O contexto da administração do ciclo financeiro engloba as ações de planejamento, organização, coordenação e controle para a movimentação de caixa no período referente aos desembolsos iniciais de caixa para pagamentos de matérias-primas e insumos e fornecedores, bem como o recebimento da venda do produto ou do serviço comercializado. Figura 1: Administração do ciclo financeiro. Fonte: Dreamstime A organização necessita alcançar um nível ideal de capital de giro para o alcance da sustentação de sua atividade operacional, isto é, para sua sustentabilidade financeira. O conceito de equilíbrio financeiro de uma organização é observado quando suas obrigações financeiras estão lastreadas em ativos com prazos de conversão em caixa equivalentes aos dos passivos (ASSAF NETO; SILVA, 2012). No âmbito da administração do ciclo financeiro, temos dois subtemas importantes: o regime de caixa e competência e o controle de saldo de caixa. O regime de competência é importante para que se possa obter o resultado econômico e a métrica da rentabilidade das operações. Tal regime é adotado pela contabilidade da organização. Assim, no contexto do regime de competência, as receitas oriundas das vendas são reconhecidas no momento da venda, e as despesas; quando são incorridas. É importante frisar que o regime de competência coincide com o ciclo econômico da organização. Entretanto, a gestão financeira adota o regime de caixa para planejar e controlar as necessidades e sobras de caixa e apurar o resultado financeiro do negócio, isto é, superávit ou déficit de caixa. O que significa considerar as receitas no momento do efetivo recebimento, e as despesas no momento do seu pagamento (HOJI, 2017). Para o autor, a gestão financeira, no contexto do regime de caixa, adota o mesmo para controlar o saldo de caixa. Gestão de Tesouraria 5 No que tange ao controle do saldo de caixa, é importante considerar que as entradas de caixa, ou seja, os recebimentos da organização e as saídas de caixa – os pagamentos realizados – , em tese, são sincronizados. Isso obriga a existência de um determinado nível de saldo de caixa para compensar as diferenças entre elas. Outro ponto relacionado a ter-se saldo de caixa e, portanto, ao seu controle, se refere à necessidade de a organização ter saldos médios, para o pagamento, por exemplo, de tarifas de serviços bancários prestados à organização (MATSUMOTO; LIMA, 2006). Objetivo Operacionalizar o controle de saldo de caixa. Gestão de Tesouraria 6 1. Regime de Caixa e Competência O regime de caixa é adotado pela gestão financeira da organização, de forma que se possa fazer o planejamento, organização, coordenação e controle das necessidades de seu caixa, das sobras de caixa e, também, do resultado financeiro da operação do negócio. É importante considerar que, pelo regime de caixa, as receitas oriundas das vendas são reconhecidas no momento do efetivo recebimento e as despesas oriundas do processo produtivo, aquelas do momento do efetivo pagamento. O controller contemporâneo sabe da importância do regime de caixa (HOJI, 2017). Para Santos, Mendonça, Almeida e Gonçalves (2018) citando Pigatto et al. (2010) e Neto e Lima (2014), o regime de caixa contempla o reconhecimento de fatos somente em dois contextos, o recebimento em caixa – no caso de receitas – e os pagamentos das despesas. Esse regime demonstra, por meio da diferença entre o valor recebido e o valor pago, o resultado financeiro da organização em um dado período. O regime de caixa é usado nos relatórios gerenciais da organização, sendo, portanto, um poderoso instrumento de decisão da gestão financeira por meio de informações que complementam, em muitas situações, as informações oriundas dos demonstrativos gerados no regime de competência. Figura 2: Relatórios gerenciais. Fonte: Dreamstime. Borges, Mario, Cardoso e Aquino (2010) contemplam que, no âmbito da contabilidade, o termo competência tem uma conotação muito específica, sendo associado à constatação de uma transação ou evento em um dado período, daí é chamado de regime de competência. Para Hoji, (2017, p.10, grifo nosso) o “[...] tesoureiro moderno compreende a importância do regime de competência [...]”. Gestão de Tesouraria 7Gestão de Tesouraria É importante entender o aspecto de convergência entre a contabilidade brasileira às normas internacionais no âmbito International Accounting Standards Board – IASB, oriunda da Lei nº 11.638/07, que trouxe, por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, o Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, características da informação contábil. Sendo que uma delas, proveniente do Princípio da Competência, referente ao regime de competência, que reconhece e contempla eventos no momento em que os seus efeitos são realizados, isto é, na data do fato gerador, independentemente se o pagamento ou recebimento ocorrerá em outro momento. Assim sendo, a contabilização por meio do regime de competência busca o atendimento das exigências legais e também a uniformização das demonstrações contábeis, permitindo o que se chama de comparabilidade, uma característica tipicamente qualitativa que permite aos usuários identificar semelhanças e mesmo divergências entre os eventos analisados. Tal situação permite saber que uma informação é útil quando comparada a outra informação similar, tanto de outras organizações e até mesmo, da mesma entidade em momentos diferenciados. Contabilizar, por meio do regime de competência, é importante para que as informações possam ser tanto relevantes, como fidedignas, de forma que se permita sua comparação entre diversas informações, como também sua veracidade, por parte daqueles profissionais qualificados para as análises pertinentes, com a finalidade de compreensão (SANTOS, MENDONÇA, ALMEIDA, GONÇALVES, 2018). 2. Controle de Saldo de Caixa Em gestão financeira, existe um entendimento de que se a organização consegue fazer uma permanente manutenção de saldo de caixa, irá ocorrer de forma positiva, gerando uma folga financeira, proporcionando uma melhor capacidade dos pagamentos de suas obrigações. Assim sendo, torna-se de vital importância o controle de saldo de caixa como uma eficaz ação de gestão. Mas é importante entender, também, que não se deve manter reservas de caixa em nível elevado com objetivo de ampliar a liquidez. Porém, a melhor ação de gestão, é a busca de um volume mais adequado, de forma que não se incorra em custos de Uma curiosidade terminológica: Em contabilidade, o termo “competência” é associado ao reconhecimento de uma transação ou outro evento em determinado período. Por isso, também costuma ser chamado de “regime de competência de períodos”. Em inglês, a contabilidade pelo regime de competência é conhecida por accrual basis accounting. Gestão de Tesouraria 8 oportunidades crescentes. Para tanto, é fundamental que a organização avalie, de forma criteriosa, seu ciclo operacional, para que consiga sincronizar as características de sua atividade com o desempenho do caixa (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Os autores complementam que: “A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações”. (p.34) Os autores, revelando atenção ao controle do saldo de caixa, ponderam sobre a importância de uma avaliação das limitações de caixa, que não é uma exclusividade de organizações que convivem com prejuízos em suas operações, mas também de organizaçõeslucrativas, como resultante do comportamento de seu ciclo operacional e, enfatizam que “[...] problemas de caixa costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de novos produtos, fases de expansão da atividade, modernização produtiva [...]”. (p. 34) Matsumoto e Lima (2006), citando Iudícibus et al. (1995), afirmam que o saldo de caixa, ou sua disponibilidade, serve para definir o dinheiro em caixa, nos Figura 3: Organizações lucrativas. Fonte: Dreamstime. bancos, e demais valores equivalentes que podem ser definidos como de livre movimentação para uso nas operações da organização, sem restrições para uso imediato, caso necessário. Existe a consideração que contempla dinheiro e cheques que foram recebidos e não depositados, com pagamento imediato à apresentação. Os autores, citando Andrade (2004) e Eid Júnior (1997), ponderam que é importante a harmonia entre o volume de disponibilidades ao tempo de realização das despesas e receitas, ocorrendo com controle eficaz, o saldo de caixa, isto é, disponibilidades para a realização dos compromissos da organização, o que é, em tese, a gestão eficaz do fluxo de caixa. Porém, o contrário pode ser classificado como desajuste financeiro. Por outro lado, muitas organizações mantêm elevados saldos de caixa por pura conveniência e estratégia de gestão. É importante, em época de incertezas e ambiente concorrencial turbulento, que se preste atenção às oportunidades que passam, muitas vezes, despercebidas pelas organizações, o que demonstra a necessidade de uma gestão eficaz e eficiente no controle de saldo de caixa. Importante ponderar que a falta de sincronização entre os pagamentos de matérias-primas e insumos e de fornecedores, bem como os recebimentos de produtos e serviços comercializados tendem a comprometer o caixa (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Gestão de Tesouraria 9 Para os autores, a falta de sincronia, pode ser ocasionada por ”[...] sazonalidades em pagamentos e recebimentos e das características operacionais de atuação da empresa [...]”, complementam informando “[...] que o fluxo de caixa projetado pode ser um importante instrumento para reduzir as diferenças temporais de entrada e saída de recursos na empresa [...]”. (p.101) O controle de saldo de caixa torna-se estratégico para as organizações em um contexto de sobrevivência do negócio por conta do ambiente concorrencial acirrado, turbulento e incerto, no qual as ações de vendas sofrem variações diárias, com alongamentos de prazos, parcelamentos e reduções de preços que impactam no caixa da empresa. É importante entender que o equilíbrio financeiro “[...] exige vinculação entre a liquidez dos ativos e os desembolsos demandados pelos passivos”. (ASSAF NETO, 2012, p.24) Sem contar com os custos e alterações dos processos produtivos, por conta da produtividade, inovação e novas tecnologias em um contexto de “Indústria 4.0” , também definida como a “Quarta Revolução Industrial” pelo uso de tecnologias para automação, armazenagem e troca de dados, utilizando conceitos de sistemas ciberfísicos, Internet das Coisas e computação em nuvem, que inclui a inteligência artificial, cujos reflexos ainda não temos todos os conhecimentos. Figura 4: Indústria 4.0. Fonte: Dreamstime: Portanto, o controle de saldo de caixa deve ser inserido na estratégia de negócio da organização, que, segundo Thompson (2011), se refere às etapas ou passos competitivos dados e às ações de administração que os gestores aplicam visando à ampliação do market-share do negócio, isto é, seu crescimento, por meio das ações para atrair e reter clientes, atendendo às suas necessidades, desejos e expectativas, que propiciam o alcance excelente da performance organizacional e a busca de vantagem competitiva. Indústria 4.0 Gestão de Tesouraria 10 Em pesquisa feita no âmbito do controle de saldo de caixa, foram aplicados os modelos Baumol e de Miller-Orr, e os resultados são assim expostos: “[...] o modelo Baumol pode ser aplicado em algumas empresas, geralmente de pequeno porte, não havendo este tipo de restrição quanto ao modelo de Miller-Orr”. (MATSUMOTO; LIMA 2006, p.1). Vimos, em nossos estudos, que, segundo os ensinamentos de Hoji (2017), todos os ciclos financeiros têm seu início quando ocorre o primeiro desembolso, isto é, o primeiro pagamento de matérias primas ou insumos ou de outros fornecedores e finaliza, com o recebimento da venda de produto ou serviço. O autor complementa, com o ensinamento: “Caso haja pagamento de custos ou despesas após o recebimento da venda, é nesse momento que se encerra o ciclo financeiro”. (p.8) Descobrimos que, por meio da administração do ciclo financeiro, pode- se compreender que são as ações da gestão financeira que englobam o planejamento, organização, coordenação e controle para a movimentação de caixa, no período de tempo referente aos desembolsos iniciais de caixa para pagamentos e o recebimento da venda do produto ou serviço comercializado. Aprendemos que, nos cenários econômicos atuais, incertos e turbulentos, a concorrência acirrada obriga eficácia e eficiência na gestão financeira dos recursos, não comportando demora e indecisões sobre as ações que deverão ser tomadas. Uma vez que a excelente gestão financeira minimiza a necessidade de capital de giro e, como consequência, ocorre o aumento de lucros pela redução das despesas financeiras (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Vimos que, em relação ao regime de caixa pelo exposto por Hoji (2017), ocorre o entendimento de que a gestão financeira adota o regime de caixa para o planejamento e controle, tanto das necessidades como das sobras de caixa, mas com um evento importante no âmbito da gestão financeira, a apuração do resultado financeiro. Aprendemos, também, pelos ensinamentos do autor, que o regime de competência é usado pela contabilidade para apurar o resultado econômico e ter métrica da rentabilidade das operações, em dado período de tempo. Entendemos que, Gestão de Tesouraria 11 pelo regime de competência, as receitas são identificadas no momento da venda, e as despesas; quando incorridas. Afinal, podemos concluir que é importante considerar no controle de saldo de caixa, pela exposição de Matsumoto e Lima (2006), que as organizações, no âmbito de sua gestão financeira, devem prestar a gestão do seu disponível. Isso se deve ao fato de que a diminuição de grandes volumes de recursos, obrigatoriamente, reduz a rentabilidade das operações, sendo que a falta de recursos obriga a organização a procurar fontes de capital de giro, quase sempre muito onerosas, comprometendo os resultados do negócio. Também é importante que o controle de saldo de caixa tenha atenção à estratégia do negócio da organização, em tempos incertos e turbulentos, de concorrência acirrada. Referências ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. [Minha Biblioteca]. BORGES, T. B.; MARIO, P. C.; CARDOSO, R. L.; AQUINO, A. C. B. Desmistificação do regime contábil de competência. RAP – Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro 44(4):877-901, jul./ago. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rap/v44n4/v44n4a06.pdf. Acesso em: 31 mar. 2020. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca]. MATSUMOTO, A. S. LIMA, J. P. O saldo ótimo de caixa por meio dos modelos Baumol e de Miller-Orr. Rev. Cent. Ciênc. Admin., Fortaleza, v.12, n.2, p. 243-252, dez., 2006. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/ rca/article/view/394/pdf. Acesso em: 16 jul. 2020. MATSUMOTO, A S. LIMA, J. P. O saldo ótimo de caixa por meio dos modelos Baumol e de Miller-Orr. Rev. Cent. Ciênc. Admin., Fortaleza, v.12, n.2, p. 243-252, dez./2006. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/ rca/article/view/394. Acesso em: 31 mar. 2020. http://www.scielo.br/pdf/rap/v44n4/v44n4a06.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/rap/v44n4/v44n4a06.pdf https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/394/pdf https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/394/pdf https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/394 https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/394 Gestão de Tesouraria 12 SANTOS, R. A. M.; MENDONÇA, F. M.; ALMEIDA, M. S.; GONÇALVES, G. V. Impactos do uso do regime de caixa e competência na elaboração dos demonstrativos contábeis: um estudo de caso. XV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – Indústria 4.0 e o uso de tecnologias digitais. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/ artigos18/20126226.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020. THOMPSON, A. A. et al. Administração estratégica. 15 ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2011. [Minha Biblioteca] https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos18/20126226.pdf https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos18/20126226.pdf Gestão de Tesouraria Administração do Contas a Pagar/ Receber Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Administração do Contas a Pagar/Receber Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivo ......................................................................................................... 5 1. Administração do Contas a Pagar e Receber ...................................... 6 2. Administração do Contas a Receber ....................................................... 7 3. Administração do Contas a Pagar ........................................................... 10 Referências: ......................................................................................................... 13 Gestão de Tesouraria 3 Para Início de Conversa... Para que possamos iniciar os estudos sobre administração das contas a pagar e a receber, é importante entender que, para a sobrevivência de um negócio, deve-se ajustar as contas a pagar e a receber, de forma que não ocorra desequilíbrio do orçamento empresarial quanto ao que for projetado, previsto e realizado no fluxo de caixa. Assim sendo, devem ser estudadas as necessidades do seu público-alvo no que tange a produtos e serviços. Além disso, é fundamental realizar a previsão de receita por meio das vendas, como também a previsão das despesas e custos do processo de produção e manutenção da operação do negócio. Logo, as operações de pagamentos e recebimentos devem demonstrar agilidade operacional, confiabilidade e economia para propiciar a geração de valor. (ASSIS; NUNES; SALES, 2019). A administração do contas a pagar e receber abrange o planejamento, organização, coordenação e controle de ações que envolvem pagamentos de matérias-primas e insumos, como também títulos referentes às vendas de produtos e serviços em diversas fases de um determinado período que servem como indicadores para mensurar a real saúde financeira. Explicando de forma simples, o contas a pagar diz respeito às obrigações financeiras a serem cumpridas para que se tenha matéria- prima e insumos, a fim de que o processo produtivo funcione de forma eficiente e eficaz, com a qualidade desejada e no tempo certo. Porém, é importante frisar que não basta ter verba suficiente para arcar com os compromissos assumidos, é preciso que a administração do contas a pagar dê conta do planejamento, da organização e do controle do processo, pois tal contexto impacta a observância do fluxo de caixa e a previsão do orçamento empresarial. Além disso, é necessário elevar o crédito e o conceito junto aos fornecedores, tornando-se privilegiado em termos de prazo, descontos e condições de pagamento. O contas a receber designa o setor, área ou atividade em que se registram as entradas e baixas relacionadas às vendas de produtos e serviços feitos, bem como os títulos de crédito pertinentes a elas. Insere-se, nesse cenário, o planejamento, a organização, a coordenação e o controle do contas a receber, para que se tenha, no momento certo, recursos financeiros capazes de fazer frente às obrigações contempladas no contas a pagar. Assim, pode-se afirmar que a administração tanto do contas a pagar como do contas receber necessita de pessoas qualificadas com expertise nas atividades em que irão atuar, por meio de processos bem definidos e alinhados com as necessidades do negócio desenvolvidos com o apoio de ferramentas de gestão adequadas. Isso ajuda na criação de vantagem competitiva do negócio em meio a um ambiente concorrencial agressivo. É importante destacar que possíveis riscos nas operações de vendas Gestão de Tesouraria 4 relacionadas à administração do contas a receber podem prejudicar a saúde financeira. Diante disso, é recomendável estabelecer um controle de valores a receber que desenvolva mecanismos capazes de evitar ou reduzir as perdas com a venda a prazo. A não existência desse controle demonstra que o processo de concessão de crédito foi falho no sentido de inibir vendas para clientes considerados problemáticos – devedores duvidosos com relação aos pagamentos. A dinâmica de procedimentos referentes ao processo usado na decisão da concessão de crédito permite minimizar o volume de créditos com liquidação duvidosa. No entanto, deve-se considerar que a melhoria no controle de concessão de crédito não impede a existência de risco de crédito, que pode ser minimizado com o uso de metodologias de gestão, nas quais a cronologia de valores a receber é uma etapa preliminar. Uma forma clássica para a verificação do risco da carteira deriva do estudo da chance de um cliente de boa performance se transformar em um cliente irregular com seus pagamentos (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Objetivo Apresentar as experiências que envolvem as rotinas do contas a pagar e do contas a receber. Gestão de Tesouraria 5 1. Administração do Contas a Pagar e Receber No setor financeiro, o contas a pagar representa as obrigações assumidas de curto, médio ou longo prazo. Nesse contexto, as informações documentadas e registradas precisam estar corretas, uma vez que indicam a saída de pagamento de maneira a quitar de forma total ou parcial os compromissos importantes para as operações e o funcionamento do negócio. O contas a receber compreende a entrada de recursos resultante da venda de produtos e ou serviços. É certo afirmar que as entradas são responsáveis por um fluxo de caixa satisfatório. Um eficiente e eficaz controle interno, tanto no contas a pagar como no contas a receber, proporciona segurança para a organização e, portanto, para o negócio. Pode-se concluir que o controle interno desenvolvido pela gestão financeira permite a consecução dos objetivos e metas definidos no planejamento, eliminando erros ou fraudes e gerando a manutenção da saúde financeira e segurança das operações (SILVA, 2013). A administração, no nosso contexto de abordagem, está relacionada a ações de planejamento, organização, coordenação e controle envolvendo os setores observados pela gestão de tesouraria. Logo, pressupõe o uso de recursos humanos especializados, isto é, com expertise nas tarefas a serem desempenhadas, processos bem definidos e uso de instrumentos de gestão adequados. Para que a saúde financeira da empresa seja mantida, é fundamental que suas operações sejameficientes e eficazes, com crédito e conceito organizacional reconhecidos, pois isso pode garantir a obtenção de vantagem competitiva sustentada em ambientes de negócios incertos e turbulentos. Figura 1: Gestão da tesouraria. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 6 Diante da diversidade de aspectos relevantes relacionados à administração das contas a pagar e a receber, um tópico merece destaque: o controle, pois evita erros e fraudes que possam prejudicar os negócios. Silva (2013), citando Mattos e Mariano (1999), afirma que existem várias formas de entender esse conceito, mas sua aplicabilidade objetiva manter seus processos internos bem estruturados e em pleno funcionamento. Tal condição visa à manutenção do lucro nas suas operações, mas para que isso ocorra, é fundamental a verificação de processos bem projetados, com relatórios financeiros eficazes. Dessa forma será possível evitar erros, omissões e fraudes, a fim de que o crescimento aconteça de forma ordenada e planejada. Portanto, a gestão do controle interno deve ser entendida como um processo de adequação contínuo inteiramente ligado à estrutura orgânica e à sua permanente capacitação, para manutenção e ampliação de suas competências. Assis, Nunes e Sales (2018) corroboram a visão do Instituto de Estudos Financeiros (IEF) de que as operações de pagamento e recebimento precisam observar três princípios básicos: agilidade operacional, confiabilidade e economia. Assim, pode-se definir que controle interno é o conjunto de medidas que a empresa implementa com o objetivo de proteger seu patrimônio, fornecendo relatórios gerenciais para tomadas de decisões. A área financeira é estrategicamente relevante para a sobrevivência do negócio; sem ela, a empresa fica impedida de tomar boas decisões. O controle interno da área financeira, especialmente quanto direcionado às contas a pagar e a receber, deve produzir relatórios que sejam exatos. Assim, os lançamentos serão fidedignos, proporcionando confiança nos registros apresentados, tornando seguro o rumo da organização em um ambiente competitivo, sem que haja surpresas desfavoráveis. 2. Administração do Contas a Receber De acordo com Assis, Nunes e Sales (2019), citando SEBRAE (2018), o controle das contas a receber deverá proporcionar informações para a tomada de decisões de gestão com relação a um dos ativos de acentuada importância do qual a organização dispõe, que são os créditos a receber oriundos das vendas a prazo de mercadorias, produtos ou serviços. Essa recomendação obriga a observância das considerações vitais, que devem ser bem contempladas e estruturadas na composição do processo do controle de contas a receber. São elas: Gestão de Tesouraria 7 Figura 2: Processo do controle de contas a receber. Fonte: Dreamstime. Datas dos eventos e total dos valores a receber, descontos concedidos e juros recebidos, no caso de atrasos. Relação dos clientes que pagam em dia. O total dos créditos já vencidos e os períodos de atraso. As providências tomadas para a cobrança e o recebimento dos valores em atraso. Identificação dos principais clientes, pela Curva ABC, do grau de concentração das vendas e da qualidade e regularidade dos clientes. Acompanhamento da regularidade dos pagamentos e programação das ações para cobrança administrativa ou judicial. Conciliação contábil. Assis, Nunes e Sales (2019), citando Attie (2011), atestam que para verificar a necessidade ou não de implementar esse processo de controle, é importante a análise do crescimento e expansão, isso porque, ao avaliar os estágios iniciais do ciclo de vida, pode-se verificar que o dono é o ponto referencial do controle. É ele quem analisa e controla atividades como: 1. Verificação da pontualidade dos colaboradores. 2. A produção e o padrão de qualidade dos produtos. 3. A logística. 4. Os pedidos. 5. O contas a pagar e o contas a receber. Com o crescimento de um negócio, o contas a receber se torna estratégico para a saúde financeira da empresa e, portanto, exige uma administração que planeja, organiza, coordena e controla as atividades e tarefas por meio de uma equipe com expertise para tal, processos bem definidos e uso de ferramentas de gestão adequadas. É vital preservar a perfeita sintonia na comunicação entre a administração do contas a receber, a administração de vendas, a administração financeira e de faturamento, a logística e a contabilidade, uma vez que é preciso ter atenção com os títulos emitidos, a fim de que eles sejam pagos nos prazos e condições de pagamento pactuados quando das vendas. Gestão de Tesouraria 8 Wernke, Junges e Herberle (2010), citando Assef (1999), Assaf Neto (2003) e Santos (2001), atestam que o contas a receber relaciona- se aos direitos que a organização possui, oriundos das vendas de mercadorias, produtos ou serviços, como também às vendas de bens do ativo permanente, dentre eles imóveis, veículos e máquinas. De Acordo com Wernke, Junges e Herberle (2010, p.2316), é importante entender que a cobrança “[...] é a principal função operacional da área de contas a receber e que a formulação da política de crédito e o acompanhamento de seus resultados são as funções típicas de planejamento e controle da carteira de contas a receber”. A preocupação com o contas a receber tem relação com parte significativa dos ativos circulante que o compõem, o que influencia a rentabilidade da operação. Logo, o nível dos investimentos depende do comportamento das vendas e da existência de uma política de crédito. Figura 3: Contas a receber. Fonte: Dreamstime. Pode se concluir, assim, a ideia de que uma eficiente e eficaz administração de contas a receber deve contemplar, além de sua operacionalização rotineira, as funções de planejamento e controle, de forma que as vendas por meio dos créditos concedidos proporcionem resultados favoráveis quanto à sua margem de contribuição e rentabilidade esperada. Gestão de Tesouraria 9 3. Administração do Contas a Pagar Para Assis, Nunes e Sales (2019), citando SEBRAE (2018), o controle do contas a pagar deve ser considerado uma tarefa de rotina, pois aponta os compromissos que deverão ser cumpridos no dia a dia do negócio. Os compromissos são assim detalhados: Figura 4: Tarefas de rotina no controle de contas a pagar. Fonte: Dreamstime. Identificar todas as obrigações a pagar. Após criteriosa análise, priorizar os pagamentos, quando ocorrer dificuldade financeira, isto é, fluxo de caixa comprometido. Atenção para não permitir a perda de prazo de pagamento, pois isso gera perda de descontos e pagamento de multa e juros. Conciliação com os saldos contábeis. Rigorosa verificação das obrigações contratadas, porém não pagas. Fornecer informações confiáveis e previamente conferidas para elaboração do fluxo de caixa. Um controle de contas a pagar, quando feito com qualidade, concede ao responsável pela administração uma visão simplificada, mas detalhada, da gestão financeira, além de servir de fonte de informações para tomadas de decisão estratégicas em um negócio bem-sucedido. De acordo com Wernke, Junges e Herberle (2010), citando Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), Calderelli (2002) e Wernke (2008), no contas a pagar são cabíveis as obrigações decorrentes do fornecimento de utilidades e da prestação de serviços. Dentre elas, destacam-se as despesas com energia elétrica, água, telefone e outras contas que geralmente são pagas a fornecedores de matérias-primas e insumos. Figura 5: Obrigações decorrentes do fornecimento de utilidades e da prestação de serviços. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 10 Entende-se, assim, que contas a pagar é uma conta constante do passivo exigível destinada ao registro de compromissos financeiros representados por títulos devidamente aceitos pela organização. Na administração do contas a pagar, é importante que sejam evitadas quitações de títulos em duplicidade e que ocorra um rigorosocontrole dos vencimentos estipulados pelos credores. Além disso, todos os pagamentos devem ser efetuados somente com a comprovação documental e de assinaturas dos responsáveis que testifiquem a existência de uma dívida, promovendo apenas o pagamento do valor que corresponda exatamente ao que foi pactuado por documentos hábeis. Diante de uma agressiva competitividade no ambiente concorrencial, ter produtos de qualidade que atendam às necessidades, satisfação e expectativas dos clientes, em condições melhores que as dos concorrentes, exige que as organizações realizem compras, em termos qualitativos e quantitativos, no tempo certo e sob o melhor custo. Para tanto, devem honrar seus compromissos de forma positiva. Isso requer que a administração do contas a pagar seja altamente eficiente e eficaz. Diante disso, sua administração deve planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades e tarefas com o apoio de uma equipe especializada, por meio de processos bem desenhados e do uso de ferramentas de gestão adequadas. Potrich et al. (2012) citam a posição de Braga (1995), que enfatiza que conceder crédito aos clientes representa assumir custos e riscos não existentes nas vendas à vista. Como a administração do contas a pagar se relaciona diretamente como o setor responsável pelos diversos tipos de compras necessárias ao processo produtivo e à manutenção do negócio, é preciso ter sintonia e comunicação com todas as áreas e/ou setores e/ou divisões, pois é fundamental entender sobre a qualidade desejada, os prazos e condições de pagamentos. A falha em um dado pagamento pode acarretar prejuízos operacionais, perda de crédito, assim como prejuízo à sua reputação, o que pode comprometer o seu futuro nos negócios. Nessa unidade, pudemos entender a relevância da administração das contas a receber e a pagar. Esse processo compreende ações de planejamento, organização, coordenação e controle específicas que propiciem, de forma eficiente e eficaz, o sucesso do contas a pagar e do contas a receber. É uma administração que está inserida no escopo da gestão da tesouraria. Para sua operação, é necessário que a equipe de recursos humanos seja especialista nas tarefas a serem realizadas, que os processos sejam bem definidos e que se adote o uso de instrumentos de gestão adequados. Gestão de Tesouraria 11 Como resultado da administração das contas a pagar e a receber, espera- se a manutenção da saúde financeira e operações eficientes e eficazes, com crédito e conceito organizacional reconhecidos. Tal condição, sem dúvida alguma, irá proporcionar bases para a obtenção de vantagem competitiva sustentada em um ambiente concorrencial agressivo. Vimos, nessa unidade, que, segundo Potrich et al. (2012), citando Gitman (2002), a administração das contas a pagar e receber é de vital importância dentro das organizações, já que uma expressiva porcentagem dos investimentos das empresas está contemplada nas contas a receber. Os autores ressaltam, ainda, que nos países sem uma base de financiamento consistente e um mercado de capitais estruturado, o crédito se torna escasso e, também, mais caro, restando aos clientes alternativas de compra a prazo. Descobrimos que o contas a receber de uma organização, independentemente de seu porte, está relacionado à concessão de crédito e cobrança. Portanto, a empresa deve estabelecer uma política de crédito com base em sólidos princípios financeiros e de risco, os quais sejam capazes de definir a aprovação ou não de crédito para um cliente. Vimos que a área financeira demonstra as obrigações assumidas de curto, médio ou longo prazo. Nesse contexto, as informações documentadas e registradas precisam estar corretas, uma vez que respondem pela saída de valores (SILVA, 2013). Aprendemos, também, que o contas a pagar contempla tarefas rotineiras, pois são os compromissos que devem ser cumpridos no dia a dia do negócio, mas exigem atenção e devem ser elaboradas por pessoas com expertise profissional para tal, de forma que sejam evitadas quitações de títulos em duplicidade e que ocorra um rigoroso controle dos vencimentos estipulados pelos credores. Além disso, todos os pagamentos devem ser efetuados somente com a comprovação documental e de assinaturas dos responsáveis que testifiquem a existência de uma dívida. Assim, diante de uma agressiva competitividade no ambiente concorrencial, ter produtos de qualidade que atendam às necessidades, satisfação e expectativas dos clientes, em condições melhores que as dos concorrentes, exige que as organizações realizem compras, em termos qualitativos e quantitativos, no tempo certo e sob o melhor custo. Para tanto, devem honrar seus compromissos de forma positiva, a fim de que a imagem, a reputação e a credibilidade da organização não sejam prejudicadas. Agindo dessa forma, sua administração do contas a pagar será altamente eficiente e eficaz. Gestão de Tesouraria 12 Referências: ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. ASSIS, D. M.; NUNES, R. V.; SALES, G. A. W. Controle das contas a pagar e receber de um pequeno negócio: estudo de caso de uma escola de idiomas. Cafi, v. 2, n. 1, p. 112-128, 2019. Disponível em: https://revistas. pucsp.br/CAFI/article/view/40933/27938. Acesso em: 11 abr. 2020. POTRICH, A. C. G. et al. Política de cobrança de contas a receber: um estudo de caso no comércio varejista de materiais de construção. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, v. 7, n. 3, p. 392-401, 2012. Disponível em: http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/download/V7N3A8/ V7N3A8. Acesso em: 11 abr. 2020. SILVA, K. F. M. Análise de controle interno: estudo de caso no contas a pagar e receber das empresas Visaluz e Escola Shekinah. 2013. 43 f. Dissertação (Especialização em Gestão Contábil e Financeira) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato-PR. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1007/1/PB_EGCF_ VIII_2013_13.pdf. Acesso em: 13 abr. 2020. WERNKE, R.; JUNGES, I.; HEBERLE, E. L. Gestão de contas a receber e a pagar: utilização e importância atribuída por 207 empresas do sul de Santa Catarina. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 5, 2017, Salvador. Anais… Salvador: SIMEP, 2017. Disponível em: https://even3. azureedge.net/anais/43058.pdf. Acesso em: 11 abr. 2020. Gestão de Tesouraria 13 https://revistas.pucsp.br/CAFI/article/view/40933/27938 https://revistas.pucsp.br/CAFI/article/view/40933/27938 http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/download/V7N3A8/V7N3A8 http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/download/V7N3A8/V7N3A8 http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1007/1/PB_EGCF_VIII_2013_13.pdf http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1007/1/PB_EGCF_VIII_2013_13.pdf https://even3.azureedge.net/anais/43058.pdf https://even3.azureedge.net/anais/43058.pdf Gestão de Tesouraria Política de Crédito e Cobrança Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Política de Crédito e Cobrança Para Início de Conversa: ....................................................................... 4 Objetivo ........................................................................................... 5 1. Políticade Crédito e Cobrança ......................................................... 6 2. Análise de Crédito ............................................................................. 7 3. Política de Crédito ............................................................................. 9 4. Política de Cobrança ......................................................................... 11 Referências: .......................................................................................... 14 Gestão de Tesouraria 3 Gestão de Tesouraria 4 Para Início de Conversa: Neste estudo, vamos entender que, para a boa performance do contas a receber da organização e, portanto, de ações que impactam na sobrevivência do negócio, é preciso que se tenha uma consistente política de crédito, análise eficiente e eficaz de crédito e uma sólida política de cobrança. A sequência de estudos e pesquisas da política de crédito e cobrança, compreenderá, a análise de crédito, a política de crédito e, a política de cobrança. De uma forma simples, podemos entender que uma política de crédito contempla a concessão de crédito para as operações de vendas da organização, envolvendo prazos, mas procurando, após uma análise feita por métodos consagrados, minimizar os riscos de forma que ocorra uma tomada de decisão correta para o contexto do crédito referente à venda. É, portanto, um conjunto de normas formalmente adotado, possível de ser auditado; ou critérios estabelecidos pelo responsável da gestão da área e/ou gestor financeiro, adotados para a organização, para que se possa financiar as operações de vendas aos clientes. Não existe uma forma única para que se adote uma política de crédito, depende do tamanho e tipo de negócio e, do corpo e capacidade gerencial existente. Mas deve, em qualquer situação, ser uma política de crédito com eficaz gestão, de forma a ter-se uma situação ideal entre a necessidade de vendas e do mercado de atuação, com a solidez de um contas a receber, portanto com uma carteira de clientes que permita a solidez do negócio no que se refere à sua saúde financeira. A política de cobrança é formada pelos procedimentos adotados formalmente na área de atuação, que visam à segurança nas cobranças em consonância com as datas dos vencimentos, como também, ter- se a garantia de que as cobranças de clientes, por meio de duplicatas, ocorram, isto é, cliente que atrase, efetue o pagamento, na sua totalidade ou de forma parcial, sem maiores comprometimentos para o caixa da organização. Assim sendo, a política de cobrança deve estabelecer datas limites para atrasos que ocorreram quanto aos não pagamentos, como também, as ações necessárias para recuperação de valores não pagos. No contexto econômico atual, com concorrência acirrada e ambientes de negócios incertos e turbulentos, é importante a venda de produtos e serviços, mas também ter-se o recebimento das vendas que foram realizadas. Assim, para a garantia da saúde financeira do negócio, surge a necessidade de uma política de crédito e cobrança, para que ocorra o equilíbrio financeiro da organização, evitando-se os riscos de perdas com inadimplência. Ela é muito importante e garante a solidez do negócio da organização, minimizando a inadimplência. Lamentavelmente, muitas organizações querendo aumentar as suas vendas, não adotam ou negligenciam os critérios técnicos para a concessão de crédito, propiciando incluir clientes com crédito duvidoso, em sua carteira de Gestão de Tesouraria 5 clientes. Entretanto, se a organização tem uma política de crédito e cobrança, robusta, quando a procedimentos eficientes e eficazes, com o rigor necessário, consegue evitar ou minimizar risco no seu contas a receber. (BONETTI; SCHLICKMANN; BUSSOLO, 2017) Objetivo Analisar as políticas de crédito e cobrança. Gestão de Tesouraria 6 1. Política de Crédito e Cobrança De acordo com Bonetti, Schlickmann e Bussolo (2017), citando Hoji (2004), Sanvicente (2008), Souza e Chaia (2000), devemos compreender que a gestão da política de crédito e cobrança implementada na organização se dá por meio de regras bem-definidas e objetivas, possibilitando a concessão de crédito que não ocasione risco para a mesma. Além disso, o recebimento dos créditos concedidos aos clientes nos prazos pactuados não podem comprometer o fluxo de caixa. Assim sendo, no que tange à venda a prazo para um novo cliente, torna-se necessária uma análise minuciosa e criteriosa (Figura 1) do mesmo, evitando-se que o crédito concedido se torne um valor que não se possa receber. A análise que deverá ser feita para a concessão do crédito tem base no cadastro do cliente potencial, sendo que tal análise permite estabelecer as formas de concessão do crédito e para os métodos de cobrança dos créditos concedidos para realização da venda. É primordial entender, que a adoção de uma política de crédito, rigoroso e restritiva em demasia, reduz a inadimplência, mas em contrapartida, pode provocar redução de vendas. Toda política de crédito deve ser definida de forma objetiva, o padrão de concessão adotado pela organização, que deve representar condições mínimas que deverão ser atendidas, no processo de vendas, pelos clientes para a venda a prazo. Deve-se entender que padrões de créditos que facilitem as vendas sem critério geram, sem dúvida alguma, um aumento de vendas, mas, consequentemente, devedores duvidosos. Em contrapartida, padrões mais criteriosos reduzem os problemas de cobrança, mas, também, diminuem as vendas. A organização deve estabelecer uma política de crédito que objetive manter a saúde financeira da organização, com o menor risco possível, mas que mantenha o volume de venda ideal para o sucesso e manutenção do negócio da organização. Figura 1: Análise minuciosa e criteriosa. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 7 Bonetti, Schlickmann e Bussolo (2017), citando Assaf Neto (2002), informam que a política de crédito envolve quatro elementos: 1) Padrões de crédito; 2) Prazo de crédito; 3) Concessão de desconto e 4) Política de cobrança. Para Ferla e Braido citando Assaf Neto (2003), a política de cobrança compreende os métodos adotados e utilizados pela organização para receber os créditos oriundos das vendas efetuadas pela organização. Assim, uma boa política de crédito se alinha a uma boa política de cobrança, isto é, a boa venda, boa cobrança. Portanto, uma boa política de crédito, bem-definida com padrões adequados, evita problemas futuros para uma organização em relação à cobrança. 2. Análise de Crédito Antes de abordarmos sobre a análise de crédito, é importante entendermos o significado da palavra crédito, que, de acordo com Bonetti, Schlickmann e Bussolo (2017), citando Santos (2000), Braga (2008) e Schrickel (1997), possui sua origem no latim creditum – que significa confiança, empréstimos, dívidas, mas hoje, a expressão possui um significado mais amplo. Crédito se refere à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso futuro. As organizações fazem vendas a prazo de seus produtos e, em tal contexto, surge a necessidade de se conceder crédito aos clientes por tais vendas, portanto, assume-se a obrigação do pagamento em data futura e predeterminada. Dessa forma, crédito é todo ato de ceder, temporariamente, uma parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa depois de prazo estipulado pelas partes quando da venda, que essa parcela volte à sua posse integralmente. É certo afirmar que as organizações concedem crédito para ampliar seu nível de operações, como também ganhos de escala, absorvendo-se os custos fixos e obtendo-se a melhora na rentabilidade. A concessão de crédito aos clientes estimula as negociações no âmbito das vendas, proporcionado aumento do fluxo de caixa da organização. É necessário entender se um cliente pode ou não honrar seus compromissos, tornando-se, essa questão, uma informação estratégica na hora de tomar uma decisão no âmbitoda concessão de crédito. (SELAU; RIBEIRO, 2009). A análise de crédito pode ser definida como um processo organizado para analisar dados e informações, de forma a propiciar o levantamento das questões pertinentes do tomador do crédito e auxiliar a tomada de decisão que implica, ou não, na concretização de venda. Gestão de Tesouraria 8 Para Ferla e Braido (2015), citando Silva (1997), Blatt (1999), Silva (2008), Hoji (2004), Assaf Neto, Silva (2002), Silva (1988) e Assaf Neto (2003), é relevante que a concessão de crédito seja definida como um dos principais motivos de crescimento e sucesso de uma organização. Toda decisão de conceder crédito está relacionada ao volume de vendas que se pretende ter por meio de determinados produtos ou serviços para o atingimento das metas estipuladas para determinado período. Qualquer concessão de crédito deve estar respaldada em dados e informações creditícias íntegras e seguras, no histórico de pagamentos feitos pelo cliente, na sólida identificação do cliente, na análise das demonstrações contábeis recentes do cliente, na qualidade e eficácia da cobrança, que resultem na agilidade e fortalecimento da venda a crédito. A decisão de conceder crédito é, portanto, uma escolha baseada em sólidos critérios, entre diversas alternativas existentes. Um gestor com a responsabilidade da análise de crédito, necessita por meio de suas competências de gestão, de ter boa visão em relação aos clientes, ao lucro adicional por meio do aumento das vendas, ao risco, com base no limite dos incobráveis e da elevação do investimento em contas a receber e estoque. Além do comportamento do mercado – manutenção da fatia de mercado, potencial de mercado, sazonalidade, entre outras variáveis, a fim de que, diante da possibilidade de negócio por meio das vendas, possa comparar o custo de conceder ou negar a operação. As contas a receber são resultantes das vendas a prazo, ocasião que são concretizadas após a concessão de crédito (Figura 2), tomando- se atenção que essa concessão implica nos riscos de inadimplência, além de que, devem ser computadas as despesas com a análise de crédito, com a cobrança e o seu recebimento. Por tal situação, o gestor responsável deve controlar suas contas por meio do estabelecimento e gerenciamento de uma política de crédito, com eficiente e eficaz análise de crédito. No que tange à análise de crédito, entende-se como a capacidade, o resultado do desempenho econômico, assim como, da geração de recursos financeiros para efetuar o pagamento de um título referente a uma compra feita, isto é, se refere à capacidade do cliente em honrar com os seus compromissos, pelas compras feitas. (FERLA; BRAIDO, 2015) Gestão de Tesouraria 9 Figura 2: Concessão de crédito. Fonte: Dreamstime. É relevante uma política de crédito, pois ela determina os parâmetros da organização, onde constarão os elementos fundamentais para a concessão do crédito para as vendas a prazo após análise do crédito, como também, o monitoramento e a cobrança do crédito, aspecto relevante que contribui na tentativa da maximização da riqueza dos sócios e acionistas do negócio (FERLA; BRAIDO, 2015). 3. Política de Crédito Lamentavelmente, muitas organizações, para aumentar suas vendas, não adotam critérios nem padrões para a concessão de crédito, isto é, uma política de crédito, ocasionando, problemas no contas a receber, com o aparecimento de contas incobráveis. Mas deve ser considerada, também, a consequência de uma organização que adota rígida política de crédito, que terá menos risco de não receber, mas diminuirá suas receitas provenientes de vendas. A experiência empresarial contempla pelo bom senso em gestão, um equilíbrio entre a rigidez e a flexibilidade na concessão de crédito, para ter um bom volume de vendas no âmbito da meta estabelecida para o negócio e, um baixo risco de inadimplência. O gestor responsável pela análise de crédito da organização e, portanto, responsável por essas decisões, deve ter expertise em análise e decisão de crédito, por meio dos dados e informações a ele passadas, de forma que possa fazer uma rigorosa avaliação do cliente. Gestão de Tesouraria 10 Figura 3: Política de crédito. Fonte: Dreamstime. Para tanto, se faz necessário que a organização no contexto de sua política de crédito, defina padrões de crédito condizentes com o cenário econômico, criando regras bem definidas e objetivas, como também, critérios padronizados para que ocorra facilidade na tomada de decisões fazendo com que a organização, de forma continuada, aperfeiçoe esse processo, visando à análise de crédito (BONETTI; SCHLICKMANN; BUSSOLO, 2017). No âmbito da política de crédito, deve se ter atenção ao prazo de crédito, que deve ser conceituado como o período de tempo em que a organização, por meio das vendas realizadas, financiará seu cliente. Tempo expresso, normalmente, em número de dias, com variações de tempo, em consonância com o ambiente concorrencial, isto é, conforme a política adotada pela concorrência, considerando também, os riscos do mercado consumidor em alinhamento com o cenário econômico da época da análise e concessão do crédito. Como também, a natureza do produto ou serviço, a política interna da organização, entre outras variáveis possíveis. Deve ser considerado que concessão de desconto se refere à redução no preço de venda no momento de sua realização de vendas à vista ou em prazos reduzidos, assim sendo, é uma situação que deve ser considerada instrumento de política de crédito, pois é um indutor das vendas, contribuindo para o bom desempenho do caixa da organização (FERLA; BRAIDO, 2015). -Deve-se considerar que um controle de valores a receber provenientes das vendas feitas pela organização contempla a criação de mecanismos Gestão de Tesouraria 11 de redução das perdas potenciais da organização com a venda a prazo. Tal necessidade, de controle, revela uma situação preocupante do processo de concessão de crédito não ter sido suficiente para impedir vendas a clientes problemáticos. O risco pode ser minimizado com o uso de metodologias de gestão do risco de crédito (ASSAF NETO; SILVA, 2012). 4. Política de Cobrança Potrich et al. (2017), citando Silva (2006), abordam que uma política de cobrança compreende procedimentos adotados pela organização para cobrar as duplicatas a receber quando elas vencem, ou já estão vencidas. Uma avaliação parcial da eficiência e eficácia de uma política de cobrança de uma organização ocorre quando da observação do nível de inadimplentes ou clientes considerados incobráveis. As organizações, em função de suas particularidades, adotam roteiros de cobrança diferentes entre si, mas que têm o mesmo objetivo, incluindo, no seu âmbito interno, ações diversas de cobrança até caso seja necessário o uso de organizações de cobranças e, por fim, protesto judicial. Importante considerar que cobrança é um fator muito vital do ciclo operacional e financeiro da organização, com um papel relevante para o negócio das organizações. Toda gestão de cobrança deve estar centrada em melhorar o fluxo de caixa (Figura 4) e na minimização das perdas de vendas não cobráveis. Temos, assim, que política de crédito e política de cobrança devem ser harmônicas com as atividades, mercados e negócios da organização. São políticas relevantes determinadas de forma abrangente e clara, com gestão feita por meio de recursos humanos com expertise para tal, além de recursos físicos e tecnológicos para as operações, pois deve ser, sempre, considerada a perspectiva do risco. Figura 4: Fluxo de caixa. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 12 Para Ferla e Braido (2015), citando Silva (2011) e Berni (1999), Leoni e Leoni, (1998), a função da cobrança é, essencialmente, recuperar os créditos em atraso, mas que não cause prejuízos financeiros aos credores e, também, que não afete a idoneidade dos clientes no mercado. Em tal contexto, a carteira de crédito precisaser bem gerida, tendo como orientação uma eficiente política de cobrança. Para evitar exposição ao risco, é importante que o crédito para efetivação da venda seja concedido e após a realização de análises criteriosas da situação financeira do cliente e, a partir da concessão do crédito para formalização da venda, monitorar os pagamentos. Não se deve deixar de considerar que ocorrências inesperadas podem acontecer afetando a capacidade de pagamento do cliente. Existem diversas maneiras de efetuar a cobrança de acordo com o atraso, contempladas em uma eficiente política de cobrança, que não reduz a inadimplência entre os clientes de uma empresa, mas pode minimizar as perdas que eventualmente ocorram. Neste capítulo, aprendemos que a política de crédito e cobrança é viabilizada por meio de uma gestão implementada na organização e, para ser eficiente, deve ser operacionalizada por meio de regras bem- definidas, formalizadas e objetivas, que possa permitir a concessão de crédito que não ocasione risco para organização. E o recebimento dos créditos concedidos aos clientes nos prazos pactuados e que não comprometa o fluxo de caixa, de forma que o negócio seja bem-sucedido em ambiente concorrencial acirrado e ambiente de negócio incerto e turbulento, mas com a manutenção da rentabilidade das operações e, portanto, a saúde financeira do negócio. Aprendemos, ainda, que ela deve ser implementada e operacionalizada por meio de recursos humanos com expertise para tal, com recursos físicos e tecnológicos que visem a agilidade, confiabilidade e segurança das operações. Descobrimos que existe o entendimento de que a análise de crédito, é conceituada como um processo organizado para analisar dados e informações, de forma a propiciar o levantamento e análise das questões pertinentes do tomador do crédito, gerando a tomada de decisão que implica, ou não, na concretização de venda. Assim, a concessão de crédito deve ocorrer de maneira respaldada em dados e informações creditícias íntegras e seguras, no histórico de pagamentos feitos pelo cliente, na sólida identificação do cliente, na análise das demonstrações contábeis recentes do cliente, na qualidade e eficácia da cobrança, que resultem na agilidade e fortalecimento da venda a crédito. Portanto, conceder crédito após análise de crédito, é uma escolha baseada em sólidos critérios, entre diversas alternativas existentes. O que nos leva a concluir que um gestor responsável pela Gestão de Tesouraria 13 análise de crédito, deve possuir competências gerenciais específicas para tal. Compreendemos, também, que uma organização que adota rígida política de crédito, terá menos risco de não receber, mas diminuirá suas receitas provenientes de vendas. A experiência empresarial, guiada pelo bom senso nos negócios e na gestão, contempla um equilíbrio entre a rigidez e a flexibilidade na concessão de crédito, para ter-se um bom volume de vendas no âmbito da meta estabelecida para o negócio e, um baixo risco de inadimplência. Afinal, concluímos que a gestão responsável pela análise de crédito da organização deve ter expertise, por meio dos dados e informações a ela passadas, para fazer rigorosa avaliação do cliente. Portanto, é fundamental que se defina padrões de crédito condizentes com o cenário econômico, criando regras bem-definidas e objetivas, como também critérios padronizados para que ocorra facilidade na tomada de decisões fazendo com que a organização, de forma continuada, aperfeiçoe esse processo, visando à análise de crédito. Vimos, também, que, no âmbito da política de crédito, devemos ter atenção ao prazo de crédito concedido, que se refere ao período de tempo em que a organização, por meio das vendas realizadas, financiará seu cliente. Tempo em sintonia com o ambiente concorrencial, isto é, conforme a política adotada pela concorrência, considerando também, os riscos do mercado consumidor em alinhamento com o cenário econômico da época da análise e concessão do crédito, considerando também, a natureza do produto ou serviço, a política interna da organização, entre outras variáveis possíveis. Devemos observar, ainda, que a política de cobrança se refere aos procedimentos que são adotados pela organização para cobrar as duplicatas a receber quando elas vencem, ou já estão vencidas. Pode-se, por meio de avaliação parcial da eficiência e eficácia de uma política de cobrança ocorre quando da observação do nível de inadimplentes. Existem roteiros de cobrança, diferente entre si, adotadas pelos diversos tipos de organizações, mas que objetivam o mesmo, que inclui no âmbito interno com ações diversas de cobrança, até o caso com o uso de organizações de cobranças e, por fim, protesto judicial. Importante considerar que cobrança é um fator vital do ciclo operacional e financeiro da organização, com um papel relevante para o negócio das organizações. Assim, é importante que toda gestão de cobrança deve estar centrada em melhorar o fluxo de caixa e na minimização das perdas de vendas não cobráveis. Gestão de Tesouraria 14 Referências: ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. [Minha Biblioteca]. BONETTI, G.; SCHLICKMANN, F.; BUSSOLO, R. Política de crédito e cobrança de uma empresa Catarinense do ramo alumínios. I CONGRESSO SUL CATARINENSE DE ADMINISTRAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR – DESENVOLVIMENTO DO SUL CATARINENSE: O FUTURO JÁ. Criciúma, jun., 2017. Anais… Disponível em: http://periodicos.unesc.net/admcomex/ article/view/3682/3418. Acesso em: 21 abr. 2020. FERLA, M.; BRAIDO, G. M. Política de crédito e cobrança da empresa x: proposição de melhorias visando ao seu aprimoramento. Destaques Acadêmicos, v. 7, n. 1, 2015 - CGO/UNIVATES. Disponível em: http://www. univates.com.br/revistas/index.php/destaques/article/viewFile/448/440. Acesso em: 21 abr. 2020. POTRICH, et al. Política de cobrança de contas a receber: um estudo de caso no comércio varejista de materiais de construção. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, v. 7, n. 3, 2012, p.392-401. Disponível em: file:///C:/ Users/fast/Downloads/171-1297-1-PB.pdf. Acesso em: 11 abr. 2020. SELAU, L. P.; RIBEIRO, J. L. D. Uma sistemática para construção e escolha de modelos de previsão de risco de crédito. Gestão & Produção, v. 16, n. 3 São Carlos, jul./set.,2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/gp/ v16n3/v16n3a07.pdf. Acesso em: 21 abr. /2020. http://periodicos.unesc.net/admcomex/article/view/3682/3418 http://periodicos.unesc.net/admcomex/article/view/3682/3418 http://www.univates.com.br/revistas/index.php/destaques/article/viewFile/448/440 http://www.univates.com.br/revistas/index.php/destaques/article/viewFile/448/440 http://www.univates.com.br/revistas/index.php/destaques/article/viewFile/448/440 http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n3/v16n3a07.pdf http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n3/v16n3a07.pdf http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n3/v16n3a07.pdf Gestão de Tesouraria Instrumentos de controle Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Instrumentos de controle Para Início de Conversa: ................................................................................... 4 Objetivos .........................................................................................................5 1. Controles internos ......................................................................................... 6 2. Boletim de caixa ............................................................................................ 8 3. Segurança em atividades de tesouraria ................................................ 10 Referências: ......................................................................................................... 14 Gestão de Tesouraria 3 Gestão de Tesouraria 4 Para Início de Conversa: Para que possamos iniciar os estudos sobre os instrumentos de controle, é importante entender que eles existem para apoiar a performance da organização e o seu sucesso nos negócios, uma vez que garantem, por meio de controles internos, a saúde financeira e a regularidade operacional. Os controles internos propiciam, portanto, que a organização atinja seus objetivos e metas previstos em seus planejamentos estratégico, operacional e tático, de forma correta, evitando-se, assim, perdas financeiras desnecessárias e manutenção e/ou equilíbrio entre o previsto versus o realizado. A sequência de estudos e pesquisas sobre instrumentos de controle compreenderá o entendimento sobre controles internos, boletim de caixa e segurança em atividades de tesouraria. O ideal de todo empreendedor ao idealizar a criação de uma organização é que ocorra, ao longo do tempo, sua continuidade; entretanto, para que tal situação possa ocorrer, obrigatoriamente, além das ações de planejamento, organização e direção, é necessária a criação de instrumentos de controle interno que contemplem toda a gestão organizacional, com ênfase em finanças, que inclui o contexto das atividades de tesouraria, assim como toda a sua administração. Desse modo, é importante que exista o entendimento de que os instrumentos de controle interno devem ser implementados e monitorados de forma contínua dentro da organização, em razão de terem efeito preventivo sobre os procedimentos adotados no âmbito do negócio. A existência de instrumentos de controle interno eficientes e eficazes é um pré- requisito que visa a minimizar a ocorrência de fatos indesejáveis na gestão dos negócios da organização. Tais instrumentos devem ser idealizados e implementados após diagnóstico que identifique riscos no âmbito do negócio. As implementações dos instrumentos devem ter como finalidade auxiliar os gestores na busca pela eficiência e eficácia nos processos operacionais, objetivando fazer cumprir as diretrizes e as estratégias da gestão do negócio. Os instrumentos de controle interno encontram-se nos diversos níveis da estrutura organizacional, como as operações produtivas e a administração do negócio. A adequada aplicação no dia a dia do negócio, nas áreas em que esses instrumentos foram implementados, é de suma importância para que se atinjam os resultados planejados para a organização, evitando-se prejuízos, redução de margem de contribuição e perda de lucratividade. (FLORIANO; LOZECKYI, 2008). Figura 1: Instrumentos de controle interno. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 5 Uma questão importante no estudo desta unidade é a segurança dos processos relativos às atividades de tesouraria, isto é, segurança em atividades de tesouraria. Sabemos que a palavra segurança tem vários significados, mas, no contexto de atividades de tesouraria, tem o sentido de proteção de riscos, perigos ou perdas que eventualmente podem ocorrer no âmbito dos processos das atividades de tesouraria, deixando a organização vulnerável quanto à saúde financeira. Em tal contexto, tais processos devem ser concebidos por meio de projetos que permitam que sejam controlados, monitorados e auditados, além de serem de fácil gestão diante da dinâmica que envolve a gestão financeira de um negócio. Um processo bem-concebido e estruturado pode gerar um diferencial competitivo diante dos concorrentes, se alcançar eficiência e eficácia desejadas, proporcionando rápida e consistente fonte de decisão gerencial. Objetivos Examinar os controles internos das atividades de tesouraria, bem como a segurança dos processos. Gestão de Tesouraria 6 1. Controles internos Guimarães (2010) citando Porto (2009) contempla que, na tesouraria de uma organização, o uso de controles internos eficientes está intimamente relacionado aos agentes externos da organização. Assim, esse uso é fundamental para que o gestor da tesouraria e os profissionais envolvidos possam equacionar e dimensionar suas operações em números que correspondam a sua capacidade de geração de caixa. Isso ocorre para que possam planejar com segurança a capacidade de pagamento de seus compromissos e, ainda, gerar lucratividade ao negócio. Figura 2: Importância dos agentes externos da organização. Fonte: Dreamstime. Em tal contexto, a tesouraria desempenha o importante controle das informações e das movimentações financeiras, tendo como fonte geradora os setores e departamentos da organização, com a certeza de que as informações são fidedignas e corretas. Portanto, ela faz a ligação direta entre todas as áreas decisórias da organização. Podemos entender, dessa forma, que a função do controle está intimamente ligada às funções do processo administrativo e, portanto, da gestão do negócio. Sabemos que o planejamento, a organização e a gestão impactam intensamente as atividades de controle das ações no âmbito da organização, ocasionando a mensuração e a avaliação dos resultados organizacionais, alcançadas por meio das funções administrativas, do planejamento, da organização e da gestão. Controle pode ser definido como a função administrativa que faz parte do processo administrativo e um meio de regulação utilizado pela organização. Corresponde a determinadas tarefas que um controller aplica em uma organização para acompanhar e ter a métrica de seu desempenho. Também pode orientar decisões como a função restritiva de um sistema para manter os envolvidos dentro dos padrões desejados, evitando-se desvios. Essa etapa tem várias funções, como: conferir ou verificar, regular, comparar com um padrão, exercer atividade sobre alguém. (FLORIANO; LOZECKYI, 2008). Gestão de Tesouraria 7 Guimarães (2010) citando Hoji (2000) aborda que, tanto direta ou indiretamente, todas as áreas da organização mantêm vínculo, com maior ou menor intensidade, com a área da tesouraria. Em uma organização, as separações por áreas como produtiva, marketing, logística, administrativa fornecem informações para a elaboração da provisão do fluxo de caixa. Assim, pode-se afirmar que os atos praticados por outras áreas da organização acabam transformando-se em contas a pagar ou receber. Portanto, tais valores transitam pela tesouraria. É fácil concluir que ela é uma das áreas mais importantes da organização, pois assegura os recursos e instrumentos financeiros necessários para a manutenção e a viabilização dos negócios da empresa e sua saúde financeira. Contudo, o sucesso de uma tesouraria necessita de instrumentos de controles eficientes e eficazes para sua gestão. De forma concreta, os controles internos são instrumentos que as organizações usam, uma vez que eles permitem que os objetivos e as metas organizacionais, planejados e implementados, sejam alcançados. Tudo isso nas condições idealizadas, com a utilização de recursos financeiros, humanos, físicos e tecnológicos previstos, evitando-se, assim, o uso adicional e inadequado de recursos. Figura 3: Controle interno. Fonte: Dreamstime. Em resumo, podemos concluir que o controle interno no âmbito das atividades de tesouraria integrada à gestão financeira (obedecendo o âmbito das políticas de cada setor ou divisão ou área) é um procedimento adotado em razão da necessidade e desenvolvido por profissionais com expertise para tal. Ele deve ser implementado nos contextos operacionais e/ou dos processos existentes, podendo e devendo ser auditado. No âmbito dos inúmeros controles que devem seradotados nas organizações, independentemente do porte e do tipo de atividade econômica, destaca-se a conciliação, que tem como finalidade constatar Gestão de Tesouraria 8 e realizar o batimento do que foi provisionado/estimado com aquilo que de fato ocorreu. A falta de uma conciliação compromete os controles da organização, pois, em se tratando de um negócio com recebimentos provenientes de vendas diárias, constata-se a possibilidade de erro em número maior. Dessa forma, um bom controle interno propicia segurança à organização, aos recebimentos e aos pagamentos de valores. (ASSIS; NUNES; SALES, 2019). É possível, a partir daí, garantir que as demonstrações financeiras e os processos correlatos tenham a correta apresentação das demonstrações financeiras e/ou dados contábeis. Assim, garante-se que tudo foi preparado de acordo com os princípios de contabilidade aceitos e as práticas financeiras consagradas, com respaldo legal e ético, incluindo procedimentos no contexto de políticas definidas, para manutenção dos registros contábeis e financeiros. Tais registros estão referendados pelos níveis organizacionais competentes, inclusive aqueles que exigem assinaturas por força de profissão amparada por meio de registro profissional, garantindo a saúde financeira da organização e a prática de negócio, com a transparência necessária. 2. Boletim de caixa O boletim de caixa é um controle interno, feito diariamente na conta caixa. Floriano e Lozecky (2008), citando Attie (1998) e Chiavenato (1997), ensinam que o controle interno se enquadra como plano no âmbito da organização, sendo um conjunto organizado e coordenado dos métodos, das regras e das medidas contemplados na organização. Esse conjunto visa à proteção do patrimônio por meio da verificação da exatidão e da fidedignidade de seus dados contábeis e financeiros, promovendo a eficiência, a eficácia dos processos operacionais e a manutenção da saúde financeira do negócio. No contexto das políticas adotadas pela organização por meio da gestão, é importante considerar que o controle tem por finalidade assegurar que os resultados previstos no seu planejamento, organização e gestão estejam em equilíbrio, a fim de que ocorra o atingimento dos objetivos e das metas organizacionais planejadas. Portanto, a existência e a essência do controle está na verificação de que as atividades ou tarefas controladas estão atingindo os objetivos e as metas previstos. O controle é um processo que guia a atividade ou a tarefa executada com uma finalidade determinada previamente. Assim, é certo ponderar que o processo do controle tem como objetivo regular as operações da organização a padrões pré-definidos; sua ação está atrelada às informações recebidas, que possam permitir eventual ação corretiva, quando detectado desvio. Dessa forma, revela-se a importância do controle, pois é um instrumento fundamental quando se pretende que objetivos e as metas, por meio de https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpios_cont%C3%A1beis Gestão de Tesouraria 9 planos, sejam concretizados. Isso envolve uma comparação com padrões previamente estabelecidos para permitir a tomada de ação corretiva quando um desvio inaceitável ocorrer. Diante de todo o exposto, entende- se que se trata de um importante instrumento de uso pela gestão, em especial a gestão de tesouraria no âmbito da gestão financeira. O boletim de caixa como controle interno é um instrumento simples, de fácil interpretação, onde são registrados todos os recebimentos, que são lançados de forma cronológica (dia, mês e ano). Ele pode ter vários formatos ou layout, mas deve ser considerado o sequenciamento: Figura 4: Formato de boletim de caixa como controle interno. Fonte: Dreamstime. Receitas Entradas Despesas Saídas Fechamento – Total de receitas Saldo anterior Subtotal Total de despesas Saldo a ser transportado para o mês seguinte No boletim de caixa, no âmbito da gestão de contas a pagar e a receber, é uma parde da gestão da tesouraria onde são feitos os controles das entradas e saídas de valores, dando suporte ao fluxo de caixa. Gonçalves (2000) citando Gonçalves e Dreyfuss (1995) observa, no âmbito de processos, que as estruturas orgânicas se mantiveram, com raras exceções, com a mesma formatação durante várias décadas ao longo do século XX. É necessário entender que elas são herança da Revolução Industrial inglesa, com reforma durante a expansão industrial americana no começo do século. Mas esse desenho de organização assenta-se sobre vários pressupostos de que estão obsoletos e que deram base ao surgimento de empresas voltadas para o âmbito interno, ou seja, para suas próprias atividades, com estruturas hierárquicas pesadas e rígidas. O boletim de caixa não deve ser considerado o principal instrumento de controle financeiro, mas é importante no dia a dia da gestão financeira, pois proporciona rápida visualização das entradas e saídas, assim como do saldo do caixa. Gestão de Tesouraria 10 3. Segurança em atividades de tesouraria A segurança em atividade de tesouraria engloba a segurança dos processos relativos às atividades de tesouraria. Contudo, a palavra segurança apresenta múltiplos significados. No contexto de atividade de tesouraria, tem o significado de proteção de riscos, perigos ou perdas que eventualmente podem ocorrer no âmbito dos processos das atividades de tesouraria. Fatores que podem deixar a organização: vulnerável quanto à saúde financeira, exposta a fraudes, desvios, perda do controle de suas atividades e de informações para decisão gerencial. Dessa forma, os processos devem ser bem concebidos por profissionais com sólida expertise, por meio da realização de projetos que proporcionem condições efetivas para que sejam controlados, monitorados e auditados, proporcionando eficiência eficácia e transparente gestão, diante da dinâmica que envolve a área financeira de um negócio bem-sucedido. Processos bem concebidos, estruturados e implementados em atividades de tesouraria podem gerar um diferencial competitivo no ambiente concorrencial da organização, mas devem sempre proporcionar rápidas e consistentes fontes de decisão gerencial. Figura 5: Segurança. Fonte: Dreamstime. Os processos em atividades de tesouraria devem ser entendidos como um conjunto de atividades inerentes ao setor, que engloba: recursos humanos com expertise para atuação específica; recursos físicos e tecnológicos, mediante políticas e procedimentos adotados; dados e informações. Assim, nas operacionalizações, eles transformam as entradas em saídas, serviços que atendem às necessidades de clientes internos, representados por setores, divisões, áreas e cargos de gestão, que agregam valor e produzem informações estratégicas, confiáveis e seguras para a gestão financeira do negócio. São inúmeras as organizações que desejam se organizar por processos, entretanto, por diversos motivos, entre eles falta de pessoal qualificado Gestão de Tesouraria 11 ou consultoria especializada para apoio, não sabem quais são as etapas a seguir nem quais providências devem ser tomadas. Outras, por ineficiência de gestão, não estão certas de qual decisão seguir em relação a uma estruturação por processos. Dessa forma, não há condições para se beneficiar de uma lógica de gestão que as ajude a decidir. Também encontramos empresas que não sabem o que significa a organização por meio de processos, assim como instituições que efetivamente não têm certeza se a sua estrutura organizacional é adequada para a gestão por processos. Além dessas, há lugares que necessitam de base maior de informações sobre o tema, para que possam analisar as vantagens da gestão por processos (Gonçalves, 2000). Figura 6: Estruturação por processos. Fonte: Dreamstime. Gonçalves (2000) complementa que processo é um conceito importante, além de um meio pelo qual uma organização pretende produzir e distribuir seus produtos e/ou serviços aos seus clientes, quesão a razão de sua existência. Nas organizações de serviços, o conceito de processo é relevante, uma vez que a sequência de etapas referentes às atividades nem sempre é visível, nem pelo cliente externo nem pelos profissionais que realizam essas etapas do processo. Gonçalves (2000) citando Ramaswamy (1996) observa que, para os recursos humanos das organizações de serviços, os processos são um sequenciamento de atividades necessárias para concretizar as transações e prestar o serviço. Gonçalves (2000) citando Quinn (1992) ensina que a relevância dos processos de trabalho aumenta à medida que as organizações são contempladas com conteúdo cada vez mais intelectual, ou, ainda, que as organizações são movidas por conteúdo puramente intelectual. Podemos identificar inúmeros processos no âmbito da gestão financeira, entres eles cabe destacar os processos: Gestão de contas a pagar e a receber; Controle do fluxo de caixa; Captação de recursos; Gestão orçamentária; Faturamento; Administração de estoque; Aplicação de recursos financeiros; Gestão de crédito e cobrança; Demonstração de resultados; Controle patrimonial, entre outros, dependendo da estrutura e do tamanho da organização. Gestão de Tesouraria 12 Bons controles nos processos dimensionados podem evitar risco no crédito a ser concedido. Tal contexto indica que a existência de controle de valores a resolver deve propiciar a criação de mecanismos que impactam a redução de perdas potenciais da organização em suas vendas a prazo. Contudo, é importante considerar que tais controles revelam a falta de segurança na tesouraria, pois o processo de concessão de crédito não foi eficiente no sentido de impedir a venda para clientes problemáticos. Eficiência e eficácia no processo decisório da concessão de crédito, bem dimensionado para tal necessidade, permitem um volume reduzido de créditos com liquidação duvidosa. Deve-se reconhecer que mesmo uma melhoria no controle não impede a existência de risco de crédito. Porém, o risco pode ser reduzido por meio de melhoria nos processos usados e, também, pelo uso de metodologias de gestão do risco de crédito. (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Guimarães (2010) citando Zdanowicz (1998, p. 33) ensina que “[. . .] a administração financeira tem por finalidade não somente manter a empresa em permanente situação de liquidez como também propiciar condições para a obtenção do lucro que compense os riscos de investimento e a capacidade empresarial”. Em tal contexto, torna- se indispensável a aplicação de controles em todas as atividades na esfera da administração financeira, de forma que haja confiabilidade e respostas corretas para os gestores, que se utilizam das informações financeiras da tesouraria. Assis, Nunes e Sales (2019), citando Oliveira (2010), entendem que controle e avaliação são funções usadas no processo aplicado. Mediante a comparação a padrões determinados previamente na política implementada, há condições de medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações feitas. O controle tem a finalidade de retroalimentação dos gestores, que tomam decisões corrigindo, reforçando determinado desempenho ou interferindo em função do processo estabelecido, para que os resultados satisfaçam os objetivos e as metas planejadas. Neste estudo sobre os instrumentos de controle, foi possível entender que é na tesouraria que se desempenham os controles das informações e das movimentações financeiras, tendo como fonte geradora os setores e os departamentos da organização, com a certeza de que as informações sejam fidedignas. Portanto, seria elo direto entre todas as áreas decisórias da organização. Assim em tal situação, os controles internos são um instrumento que as organizações usam porque eles permitirem que os objetivos e as metas organizacionais planejados e implementados sejam alcançados, Gestão de Tesouraria 13 nas condições previstas, a partir da utilização de recursos financeiros, humanos, físicos e tecnológicos. Vimos, também, que o boletim de caixa é um controle interno, feito diariamente na conta caixa. O controle interno se enquadra como plano no âmbito da organização, sendo um conjunto organizado e coordenado dos métodos, das regras e das medidas contemplados na organização. Eles visam à proteção do patrimônio por meio da verificação da exatidão e da fidedignidade de dados contábeis e financeiros. Por meio do boletim de caixa, são feitos os controles das entradas e saídas de valores, que dão suporte ao fluxo de caixa. Aprendemos que, por segurança, em atividade de tesouraria, entende-se a segurança dos processos relativos às atividades de tesouraria. Segurança em tal contexto, tem o significado de proteção de riscos, perigos ou perdas que eventualmente podem ocorrer no âmbito dos processos das atividades de tesouraria, deixando a organização vulnerável quanto à saúde financeira, exposta a fraudes, desvios, perda do controle de suas atividades e de informações para decisão gerencial. Diante de tal situação, os processos devem ser concebidos por profissionais com sólida expertise, por meio da realização de projetos que proporcionem condições para que sejam efetivamente controlados, monitorados e auditados, resultando em uma eficiente, eficaz e transparente gestão na dinâmica que envolve a área financeira de um negócio bem-sucedido. Concluímos, assim, que processos estruturados e implementados em atividades de tesouraria geram um diferencial competitivo no ambiente concorrencial da organização, mas devem sempre, proporcionar rápidas e consistentes fontes de decisão gerencial. Gestão de Tesouraria 14 Referências: ASSAF NETO, A.; SILVA, César A. T. Administração do capital de giro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. (Minha Biblioteca). ASSIS, D. M.; NUNES, R. V.; SALES, G. A. W. Controle das contas a pagar e receber de um pequeno negócio: estudo de caso de uma escola de idiomas. Cafi, v. 2, n. 1, p. 112-128, 2019. Disponível em: file:///C:/Users/ fast/Downloads/40933-116915-1-PB.pdf. Acesso em: 11 abr. 2020. FLORIANO, J. C.; LOZECKYI, J. A importância dos instrumentos de controle interno para gestão empresarial. Revista Eletrônica Lato Sensu, n. 5, 2008. Disponível em: http://moodle.fgv.br/Uploads/GRADMGEAD_ T0015_0712/517_importancia_instrumentos_controle_interno.pdf. Acesso em: 4 mai. 2020. GONÇALVES, J. E. Processo, que processo? RAE Revista de Administração de Empresas, v. 40, n. 4, out./dez. 2000. Disponível em: https://www. scielo.br/pdf/rae/v40n4/v40n4a02.pdf. Acesso em: 19 mai. 2020. GUIMARÃES, T. T. P. Controles internos na tesouraria de uma empresa do setor elétrico. 2010, fls. 71. Monografia (Curso de Ciências Contábeis) - Universidade Federal de Santa Catarina, 2010. Disponível em: http://tcc. bu.ufsc.br/Contabeis294132.pdf. Acesso em: 16 mai. 2020. http://moodle.fgv.br/Uploads/GRADMGEAD_T0015_0712/517_importancia_instrumentos_controle_interno.pdf http://moodle.fgv.br/Uploads/GRADMGEAD_T0015_0712/517_importancia_instrumentos_controle_interno.pdf https://www.scielo.br/pdf/rae/v40n4/v40n4a02.pdf https://www.scielo.br/pdf/rae/v40n4/v40n4a02.pdf https://www.scielo.br/pdf/rae/v40n4/v40n4a02.pdf http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis294132.pdf http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis294132.pdf http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis294132.pdf Gestão de Tesouraria Relacionamento Bancário Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativae Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Relacionamento Bancário Para Início de Conversa... ................................................................................. 4 Objetivo ......................................................................................................... 5 1. Reciprocidade Bancária ............................................................................... 6 2. Relacionamento Bancário ......................................................................... 8 3. Conciliação Bancária ................................................................................... 11 Referências: ......................................................................................................... 15 Gestão de Tesouraria 3 Para Início de Conversa... O relacionamento bancário pode apresentar variações em sua definição e escopo dependendo do enfoque que é dado a ele. Uma das vertentes mais conhecidas é a que dá em ênfase ao avanço tecnológico contemporâneo. Sena (2020) afirma que ocorreu um forte impacto tecnológico nas operações do segmento de atividade bancária, fato que tem influência, ainda hoje, sobre o relacionamento do setor com seus clientes, quer seja pessoa jurídica, quer seja pessoa física. Isso pode ser entendido como um novo conceito de relacionamento. Dentre as principais mudanças apresentadas, destacam-se o crescente uso do Mobile e Internet Banking como canais de atendimento, a contratação de serviços bancários por meio de chat e a orientação da diversificação de serviços financeiros por algoritmos. Sobre o relacionamento bancário, Matias (2008) afirma que confiança no processo de relacionamento é um exercício de aprendizagem marcado pelas experiências vivenciadas pelas partes durante um contrato de crédito que ocasiona a redução de clima de incerteza, permitindo recompensar a organização, que receberá o financiamento com condições de crédito mais favoráveis. Isso pressupõe que as as partes envolvidas comecem com acordos por meio de pequenos contratos de prazos curtos, de forma que se possa, de período em período, avaliar os riscos para, depois, ampliar ações apropriadas e consistentes, de médio e longo prazo. A ampliação sólida do relacionamento pode gerar redução gradual das assimetrias de informação. Esse resultado é fruto da reciprocidade, seguida do seu enriquecimento gradual. Como consequência, o relacionamento bancário começou a receber explicações e análises do ponto de vista sociológico. É importante entender que o estudo do relacionamento bancário integra três subtemas: reciprocidade bancária, relacionamento bancário e conciliação bancária. Pode-se entender a reciprocidade bancária como uma forma de estabelecer preferências por meio de um estímulo oferecido por um banco, como tarifas atraentes e taxas de juros menores, a um cliente que tenha um saldo e forte movimentação financeira em sua conta corrente, isto é, que utilize vários serviços do banco frequentemente. Quanto à reciprocidade bancária, Melo (2017) ensina que em cenários econômicos desfavoráveis, quando o crédito está mais restritivo, uma das formas adotadas pelos bancos para evitar resultados desfavoráveis é a obtenção de maior rentabilidade em suas operações. Isso se torna possível por meio da reciprocidade bancária. Dentre as principais práticas inseridas nesse contexto estão a venda de serviços de seguros, títulos de capitalização, folha de pagamento e a retenção de valores concedidos mediante de uma linha de crédito, gerando saldo médio. Com relação à conciliação bancária, veremos como a comparação dos Gestão de Tesouraria 4 registros de operações diárias com os valores informados nos extratos das contas bancárias, que é um procedimento adotado no dia a dia de uma organização, auxilia a elaboração de estratégias de gestão financeira e contribui para o bom desempenho das instituições. Objetivo Sistematizar a conciliação bancária. Gestão de Tesouraria 5 1. Reciprocidade Bancária Na dinâmica dos negócios de uma organização, o equilíbrio econômico- financeiro depende, entre outras situações, de um excelente relacionamento bancário. Tal contexto também ocorre por meio de uma reciprocidade bancária, que nada mais é do que a concessão e liberação de crédito e empréstimos às organizações que preferenciam as instituições bancárias quanto aos serviços ofertados, que incluem taxas de serviços mais reduzidas (ou a isenção delas), depósitos bancários oriundos de suas operações, cobranças, ordens de pagamento, pagamento da folha de pagamento, entre outras possibilidades. Assim, a reciprocidade bancária pode ser entendida como um tratamento preferencial diferenciado por parte da instituição bancária para aquela organização, que é sua cliente, por conta de saldo representativo em sua conta corrente, ou como um procedimento operacional de uso intensivo dos serviços ofertados pela referida instituição. Figura 1: Reciprocidade bancária. Fonte: Dreamstime. O mundo dos negócios é repleto de incertezas, mudanças frequentes e quebras constantes de paradigmas. Com o mercado financeiro não é diferente. Ele passa por transformações constantes, por vezes radicais, em suas operações, cabendo aos gestores se adaptarem aos novos contextos com agilidade, buscando sempre alternativas inovadoras em um contexto de procura de vantagem competitiva e redução de custos. Gestão de Tesouraria 6 Temos, assim, a transformação do sistema bancário brasileiro, que no modelo tradicional era representado pelos depósitos e empréstimos, sem oferecer outros serviços, passou a adotar novos tipos de abordagem, nos quais prevalece a automação, a tecnologia da informação e a inteligência artificial. Essas transformações, correspondem, na linha do tempo, ao período em que se formulou o modelo de banco que conhecemos hoje, iniciado com a Reforma Bancária de 1964 (Lei n° 4.595, de 31/12/1964) e com a Reforma do Mercado de Capitais (Lei n° 4.728, de 14/07/1965). Uma mudança importante remonta aos primórdios do Plano Real, que teve impacto direto sobre as receitas dos bancos, os quais estavam habituados a ganhos fáceis por meio do floating, oriundo das aplicações de depósito à vista dos correntistas. Melo (2017) atesta que o processo de globalização no qual estamos inseridos permitiu a entrada de competidores estrangeiros no mercado brasileiro, o que levou os bancos nacionais a adotarem novas estratégias de negócios, visando à sua sobrevivência por meio de novas fontes de receitas. Isso deu margem para a diversificação de serviços bancários. As atividades bancárias passaram por uma transformação expressiva no início do século XXI. Vários foram os fatores que motivaram essa alteração, dentre eles a globalização, o Plano Real, privatizações, fusões, a adesão do Brasil aos Acordos de Basileia, assim como aos novos entrantes no mercado brasileiro, os bancos estrangeiros, fato que obrigou o reposicionamento do setor bancário. Alves (2016 apud MELO, 2017) destaca que os bancos procuram, agora, novos meios de ampliar suas receitas frente à retração de crédito. Em tal condição, a venda de serviços financeiros (serviços bancários) se tornou uma sólida alternativa de diversificação e expansão de resultados. Um estudo do Dieese (2015 apud MELO 2017) referente ao desempenho dos bancos no ano de 2015 informa que, em média, a receita com a prestação de serviços e tarifas aumentou 8% de dezembro de 2014 para dezembro de 2015. Tornou-se, portanto, uma receita crescente, cobrindo, segundo o estudo, entre 99% e 165% das despesas de pessoal dos maiores bancos. Segundo Braga (2010), a reciprocidade bancária auxilia a operacionalização dos negócios de uma organização, constituindo- se como uma prática capaz de gerar resultados bastante positivos. Para implementá-la, é fundamental entender a prática adotada pelos bancos, que inclui os elevadoscustos operacionais e administrativos, pois existem regras para a aplicação dos recursos que são captados no mercado financeiro. Gestão de Tesouraria 7 É correto afirmar que existem vantagens na negociação de uma reciprocidade bancária. Vamos tomar como exemplo um cliente que, para a aquisição de um automóvel, precisa de um financiamento bancário. Ao se dirigir a um banco e informar sua necessidade de financiamento, após as tratativas iniciais, receberá uma proposta na qual serão apresentadas as condições para contratação do financiamento e informações como prazo de pagamento, percentual de financiamento e taxa de juros. Por fim, será mostrada ao cliente uma proposta de seguro para o automóvel que será adquirido, uma vez que, quando o carro é financiado, o banco exige a contratação do seguro total do bem, pois o veículo ficará sob garantia da operação de concessão de crédito. O banco pode ofertar diferentes condições no processo de negociação, como uma proposta considerando apenas o financiamento com as tarifas de contratação e taxas de juros, ou outra proposta com uma taxa de juros menor para o financiamento do automóvel, mas que inclua a contratação do seguro do automóvel por parte do próprio banco (MELO, 2017). 2. Relacionamento Bancário É fundamental entender a abrangência do relacionamento bancário. Ele não engloba apenas o bom relacionamento entre o gerente da conta e o cliente, seja ele pessoa física ou pessoa jurídica, mas contempla, de forma enfática, o contexto da relação comercial que desperta o interesse das partes, com vantagens que sejam relevantes tanto para um lado como para o outro. Figura 2: Relacionamento bancário. Fonte: Dreamstime. Nesse relacionamento, os envolvidos procuram obter vantagens enfatizando suas necessidades. Diante disso, o gerente de uma conta, seja de pessoa física ou jurídica, deve possuir as competências requeridas para que as necessidades, desejos e expectativas do cliente sejam atendidos, Gestão de Tesouraria 8 gerando boa lucratividade para o banco. Portanto, deve ser um profissional capaz de atuar como consultor, orientando e intermediando a melhor prestação de serviços bancários, com o objetivo de proporcionar soluções para os diversos problemas ou dúvidas que possam surgir nesse processo. Ele deve adotar estratégias que ajudem a cultivar uma boa e duradoura relação comercial entre o cliente e o banco. Figura 3: Boa relação comercial. Fonte: Dreamstime. No que se refere ao relacionamento bancário com ênfase no cliente (pessoa física ou jurídica), Pires (2016) desenvolveu uma série de dicas que podem ser seguidas para dar início a um bom relacionamento: Figura 4: Dicas do Sebrae sobre relacionamento bancário com ênfase no cliente (pessoa física ou jurídica). Fonte: Adaptado de Pires (2016). DICA 1: diz respeito ao conhecimento prévio sobre as instituições financeiras localizadas na região onde a organização está situada. Essa é uma medida importante porque os bancos públicos, os bancos privados, as cooperativas de crédito e as instituições de microcrédito possuem formas de atuação diferenciadas para atender organizações com portes econômico-financeiros distintos. DICA 2: refere-se ao acesso à agência da instituição financeira, quando deverá ser levada em consideração a forma de atendimento, tanto presencial como a distância. Caso exista a necessidade de tratar dos assuntos bancários pessoalmente, é importante que a agência seja de fácil acesso e que o gerente da conta esteja disponível. Isso evita que o cliente desperdice tempo e dinheiro com custos de locomoção desnecessários. DICA 3: enquadra-se em uma situação de disponibilidades, como a possibilidade de realizar transações a distância, ou seja, por meio da tecnologia, a fim de facilitar o dia a dia das operações financeiras na organização. DICA 4: refere-se à condição do sócio ou do principal gestor do negócio que já seja correntista da instituição financeira. Como pessoa física da instituição, devem ser verificadas as condições que o banco oferecerá a ele (ou à empresa que ele irá abrir) como pessoa jurídica. DICA 5: diz respeito à comparação de custos entre uma instituição e outra. Deve-se analisar os serviços oferecidos pelos bancos para identificar qual oferece a melhor relação custo-benefício. Somente devem ser contratados serviços bancários que sejam adequados ao perfil do negócio. Gestão de Tesouraria 9 O avanço da tecnologia impactou significativamente os princípios de relacionamento bancário. Assim, pode-se afirmar que o desenvolvimento crescente em tecnologia, nos últimos tempos, promoveu mudanças no relacionamento entre instituições financeiras e sociedade. Entende-se, portanto, que mercado financeiro deve ser considerado uma organização estratégica para o desenvolvimento da economia brasileira, na qual esse sistema tem vital importância para o financiamento de investimentos. Sena (2020), aborda que o mercado financeiro é um elemento que cria dinamismo no processo do crescimento econômico. Esse mercado, com especificidades importantes, também é influenciado por vários agentes que impactam diretamente o seu funcionamento e, consequentemente, o relacionamento entre os atores envolvidos nessa dinâmica. Alguns fatores merecem especial atenção, como: globalização; regulação do mercado; desenvolvimento crescente em tecnologia – nesse caso, podemos destacar a inteligência artificial –; tendência de redução de juros; pressão por baixos spreads; ambientes de menor crescimento econômico; busca constante por eficiência; e novas demandas de pessoas físicas e jurídicas. Os investimentos em tecnologia motivaram evoluções significativas na automação bancária. Hoje, podemos observar que não há qualquer necessidade de espaços físicos ou humanos para o processo de relacionamento bancário. É importante ressaltar, também, o valor dos novos clientes das gerações “Y” e “Z” no contexto das novas tecnologias. Figura 5: Novos clientes e as novas tecnologias. Fonte: Dreamstime. O comportamento dessas gerações vem revolucionando as formas de distribuição e consumo dos serviços bancários. É o caminho do futuro, pois são consumidores de serviços bancários familiarizados com as redes sociais e com as novas tecnologias se recusando a aceitar que as Gestão de Tesouraria 10 tarefas bancárias sejam complicadas, criando, então, novos paradigmas ao relacionamento bancário (SENA, 2020). O conceito de relacionamento bancário não está definido de forma clara e objetiva na literatura existente sobre intermediação bancária. O relacionamento bancário deve ser entendido como um processo personalizado, com impacto a longo prazo, que envolve a transferência de informação privada do cliente para o banco (geralmente para o gerente da conta), devendo trazer benefícios para ambas as partes por meio da redução de problemas que são inerentes a uma negociação. Esse processo deve resultar em melhores condições de concessão de crédito e de outros benefícios. Entretanto, essa relação costuma ser assimétrica, visto que, na maioria das vezes, o banco, ou seja, aquele que financia a operação, tende a ser parte que detém um melhor aproveitamento dos resultados do relacionamento (MATIAS, 2008). Para Vieira et al. (2012 apud SENA, 2020, p.10), ‘‘ Em 1964, com o surgimento do Banco Central do Brasil e do Conselho Monetário Nacional, o governo permite que o Brasil viva um sistema financeiro segmentado e supervisionado pelo Banco Central. A SUMOC muda de nome e passa a ser o Banco Central do Brasil (BCB); Banco Central como uma entidade federal que regulamenta e controla o setor bancário, além de executar as políticas monetárias e cambiais do país. Essa mudança ocorre por meio da Reforma Bancária, que faz com que o Conselho Monetário Nacional (CMN) tenha o poder máximo do Sistema Financeiro Nacional, com a responsabilidade de fazer as regras e decidir o melhor caminho para que o sistemafinanceiro conseguisse o melhor desempenho possível. Por meio da Reforma Bancária, foi decidida a composição original do Sistema Financeiro Nacional (SFN): Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central do Brasil (BCB), Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições financeiras tanto privadas quanto públicas.’’ 3. Conciliação Bancária Em um cenário de incertezas econômicas, acirrada concorrência, novos paradigmas que impactam os processos produtivos por meio da tecnologia, inovação e produtividade, torna-se fundamental prestar atenção às margens de contribuição e rentabilidade mais reduzidas e às finanças da organização. Em tal contexto, uma das melhores formas de se evitar surpresas desagradáveis que possam afetar a saúde financeira do negócio é por meio da conciliação bancária, um recurso estratégico que contribui para a boa performance da organização. Essa medida tem o objetivo de fazer com que, ao final do processo, o saldo bancário das operações realizadas pelo relacionamento bancário da organização seja exato. Portanto, é essencial para o controle do fluxo de caixa, isto é, para garantir a precisão das movimentações efetuadas que envolvem os recursos financeiros do negócio. Gestão de Tesouraria 11 Figura 6: Conciliação bancária. Fonte: Dreamstime. A conciliação bancária é um processo relativamente simples, porém exige que a equipe de recursos humanos tenha expertise para tal. Também demanda investimento em recursos tecnológicos para promover agilidade e confiabilidade do processo, apesar de ainda poder funcionar da forma tradicional. É um procedimento que toma como ponto de partida as informações das operações relacionadas aos pagamentos e recebimentos e a verificação dos lançamentos e saldos das contas bancárias. Assim, a partir desses dados e dos extratos bancários, torna-se possível identificar todas as entradas e saídas do caixa da organização. Portanto, pode-se afirmar que a conciliação bancária representa uma simples conferência dos extratos bancários e dos saldos de caixa com os controles internos financeiros da organização. Logo, por meio desse processo, é possível verificar se os lançamentos feitos estão corretos e se não há inconsistências. A conferência adequada do saldo bancário é importante para a análise do fluxo de caixa, isto é, para a verificação consistente das despesas e receitas projetadas, bem como das possíveis diferenças que o saldo bancário pode apontar. É uma medida que pode agilizar uma eventual revisão das necessidades de caixa num futuro próximo, frente à constante influência dos fatores externos sobre os processos produtivos. Apesar de sua simplicidade, a conciliação bancária carrega uma importância estratégica para as operações do negócio, já que envolve o controle rigoroso das entradas financeiras e saídas para pagamentos necessários à manutenção do negócio. Mesmo assim, lamentavelmente muitos gestores não fazem desse processo, o que pode comprometer as atividades da organização. Gestão de Tesouraria 12 Esse modo de controle administrativo está inserido em um contexto que, engloba, obrigatoriamente, as verificações regulares dos impactos no fluxo de caixa registrados nos extratos bancários. Como consequência, é possível conferir as informações e controles internos com os registros dos recebimentos e pagamentos realizados pela organização, bem como revisar quaisquer erros e/ou adições de informações não planejadas no fluxo de caixa. As eventuais inconsistências observadas devem ser registradas em um relatório específico, pois será por meio dele que erros e ocorrências não previstas poderão ser corrigidos, ou mesmo, em caráter emergencial, investigados pelo setor ou área de auditoria. Para Corazza (2000), uma crise no sistema bancário é resultante de um problema de liquidez gerado pela incapacidade de o sistema bancário atender à retirada de dinheiro representada pelos depósitos dos seus clientes. Caso ocorram com frequência, essas crises podem caracterizar um problema de solvência do sistema bancário. Tais instabilidades acontecem pela conjugação de fatores macroeconômicos, como ambientes de instabilidade ou planos de estabilização, e microeconômicos, como a fragilidade intrínseca dos próprios bancos. Toda gestão financeira de uma organização deve compreender que a conciliação bancária se insere no processo de um fluxo de caixa e, portanto, precisa ser integrada aos processos, procedimentos e políticas adotadas pela gestão financeira, devendo ser, obrigatoriamente, uma atividade diária. Logo, é necessário fazer um dimensionamento dos recursos necessários para tal tarefa: recursos humanos, físicos e tecnológicos. Figura 7: Atenção ao fluxo de caixa. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 13 A organização que possui conciliação bancária eficiente terá melhor relacionamento bancário. Matias (2008) observa que eventuais problemas que comprometem o acesso de um cliente ao crédito de uma instituição bancária são provenientes de suas dificuldades financeiras e da incapacidade de fornecer informações confiáveis aos bancos. Essas inconsistências são percebidas, muitas vezes, quando as organizações que necessitam de financiamento são questionadas sobre a relação entre a informação contábil e a performance econômico-financeira do negócio. Em nossos estudos, entendemos que relacionamento bancário é um processo de aprendizagem marcado por experiências vivenciadas pelas partes num relacionamento permanente entre o banco e cliente (seja ele pessoa física ou jurídica). Esse acordo que propicia a redução de clima de incerteza, permitindo recompensar a organização, que receberá o financiamento em questão com condições de crédito mais favoráveis ou com outros benefícios concedidos pelos serviços financeiros. Vimos, ainda, que uma ampliação sólida do relacionamento pode gerar redução gradual das assimetrias de informação. Esse resultado é fruto da reciprocidade, seguida do seu enriquecimento gradual. Descobrimos que o relacionamento bancário integra três subtemas: reciprocidade bancária, relacionamento bancário e conciliação bancária. No que se refere à reciprocidade bancária, estudamos que as atividades bancárias passaram por uma transformação expressiva no início do século XXI. Vários foram os fatores que motivaram essa alteração, dentre eles a globalização, o Plano Real, privatizações, fusões, a adesão do Brasil aos Acordos de Basileia, assim como aos novos entrantes no mercado brasileiro, os bancos estrangeiros. Nesse período, houve uma redução de receitas, fato que obrigou o reposicionamento do setor bancário. Dentro desse contexto, a reciprocidade bancária se fez presente como forma de ampliação das receitas bancárias, isto é, como uma nova possibilidade de ampliar receitas frente à retração de crédito. Portanto, a venda de serviços financeiros se tornou uma sólida alternativa de diversificação e ampliação de seus ganhos. Demos destaque, ainda, à importância do relacionamento bancário. Diante disso, é importante que o gerente de uma conta, seja de pessoa física ou jurídica, possua as competências requeridas para que as necessidades, desejos e expectativas do cliente sejam atendidos, gerando boa lucratividade para o banco. Portanto, deve ser um profissional capaz de atuar como consultor, orientando e intermediando a melhor prestação de serviços bancários, com o objetivo de proporcionar soluções para os diversos problemas ou dúvidas que possam surgir nesse processo. Ele deve adotar estratégias que ajudem a cultivar uma boa e duradoura relação comercial entre o cliente e o banco. Aprendemos, também, que em tempos de constantes avanços tecnológicos, para garantir uma maior eficácia no relacionamento e Gestão de Tesouraria 14 a redução de custos operacionais, os investimentos em tecnologia motivaram evoluções significativas na automação bancária. Hoje, podemos observar que não há qualquernecessidade de espaços físicos ou humanos para o processo de relacionamento bancário. É importante ressaltar, também, o valor dos novos clientes das gerações “Y” e “Z” no contexto das novas tecnologias, visto que o comportamento dessas gerações vem revolucionando as formas de distribuição e consumo dos serviços bancários. Por fim, pudemos observar que a conciliação bancária está inserida num contexto que, engloba, obrigatoriamente, as verificações regulares dos impactos no fluxo de caixa registrados nos extratos bancários. Como consequência, é possível conferir as informações e controles internos com os registros dos recebimentos e pagamentos realizados, bem como revisar quaisquer erros e/ou adições de informações não planejadas no fluxo de caixa, gerando, assim, muitos benefícios para a organização. Referências: BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2010. CORAZZA, G. Crise e reestruturação bancária do Brasil. 2000. Disponível em: https://www.ufrgs.br/ppge/wp-content/themes/PPGE/page/textos- para-discussao/pcientifica/2000_08.pdf. Acesso em: 29 maio 2020. MATIAS, M. N. O relacionamento bancário e o financiamento das PME: uma revisão da literatura. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, out./dez. 2008. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpbg/v8n1/ v8n1a04.pdf. Acesso em: 29 maio 2020. MELO, M. C. Reciprocidades bancárias, negociação entre empresas e instituições financeiras. 2017. 54 f. Trabalho de Conclusão de Curso (MBA em Controladoria e Finanças) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Porto Alegre - RS. Disponível em: http://www.repositorio. jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6793. Acesso em: 29 maio 2020. PIRES, L. Iniciando o relacionamento bancário. Sebrae Respostas, 2016. Disponível em: https://respostas.sebrae.com.br/iniciando-o- relacionamento-bancario/. Acesso em: 29 maio 2020. SENA, T. H. R. As instituições na era da tecnologia da informação e comunicação: um novo modelo de relacionamento com a sociedade. Gestão de Tesouraria 15 http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpbg/v8n1/v8n1a04.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpbg/v8n1/v8n1a04.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpbg/v8n1/v8n1a04.pdf http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6793 http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6793 http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6793 https://respostas.sebrae.com.br/iniciando-o-relacionamento-bancario/ https://respostas.sebrae.com.br/iniciando-o-relacionamento-bancario/ https://respostas.sebrae.com.br/iniciando-o-relacionamento-bancario/ Ponta Grossa: Atena, 2020. Disponível em: https://www.finersistemas. com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookPDF/3102. Acesso em: 29 maio 2020. Gestão de Tesouraria 16 https://www.finersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookPDF/3102 https://www.finersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookPDF/3102 https://www.finersistemas.com/atenaeditora/index.php/admin/api/ebookPDF/3102 Gestão de Tesouraria Operações Financeiras Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Miguel Arantes Normanha Filho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Operações Financeiras Para Início de Conversa: ................................................................................... 4 Objetivo ......................................................................................................... 5 1. Aplicações e Investimentos ........................................................................ 6 2. Empréstimos, Financiamento e Leasing ................................................ 9 3. Utilização de Gráficos ................................................................................... 12 Referências: ......................................................................................................... 16 Gestão de Tesouraria 3 Para Início de Conversa: Como operações financeiras podemos definir aquelas operações realizadas pela organização para manutenção e/ou ampliação de suas operações em um ambiente concorrencial cada vez mais competitivo. Ocorrem no âmbito da gestão financeira do negócio que têm a finalidade de obter recursos financeiros para garantir a saúde financeira no dia a dia do negócio e nas operações e/ou investimentos de médio e longo prazo, normalmente em contextos de planejamentos organizacionais: estratégico, operacional e tático. Pressupõe-se, portanto, que essas operações necessitam, obrigatoriedade, de análise, pois estão ligadas à previsão de recursos financeiros para o negócio. São articuladas em diversas modalidades, levando em consideração o tipo e tamanho do negócio, bem como a competência da gestão financeira, mas também podemos categorizá-las de acordo com as aplicações, investimentos, emprestimos e financiamentos. Boas operações financeiras inserem-se, obrigatoriamente, em um sólido contexto de relacionamento bancário e reciprocidade bancária, com uma gestão financeira eficiente e uma conciliação bancária eficaz. São atividades fundamentais diante da necessidade que a organização tem de progredir com atenção à sua rentabilidade real. Esse cuidado contribui para a obtenção de vantagem competitiva no ambiente concorrencial, exigindo do gestor financeiro a resolução do problema, isto é, uma opção ideal de fontes de recursos para o financiamento de seu capital de giro. Não é fácil definir qual será a instituição bancária responsável por proporcionar o financiamento ideal sob os menores custos, uma vez que a organização terá à sua disposição, dependendo do seu relacionamento e reciprocidade bancária, várias fontes de recursos de acordo com o porte, política de crédito e flexibilidade dos bancos dispostos a oferecer o financiamento. Cada solução tem condições específicas quanto à taxa, prazo e correção monetária (CANDIOTA, 1972). É importante destacar que, no escopo de nossos estudos, as operações financeiras serão divididas em três subtemas: (1) Aplicações e investimentos, (2) Empréstimos, financiamentos e leasing, e (3) Utilização de gráficos. Entende-se que uma aplicação financeira é a aquisição de ativo financeiro considerando que esse, em um período contratado e desejado, produza um retorno financeiro, melhorando a performance financeira do negócio. Logo, sob essa condição, a instituição que for a fonte do financiamento espera obter o retorno do capital investido e, também, um adicional de valores por conta de juros ou dividendos. Uma boa aplicação financeira possui relação direta com a competência de um gestor financeiro. A avaliação de investimentos se refere às decisões da gestão financeira Gestão de Tesouraria 4 relacionadas a aplicações de capital em projetos da organização, os quais garantem retornos financeiros por um longo período. É um tema no âmbito da gestão financeira em longo prazo, responsável por gerar repercussões importantes sobre o futuro desempenho da organização, exercendo um importante impacto sobre o crescimento da economia (ASSAF NETO, 1992). Quando falamos sobre empréstimo, existe a compreensão de que se esse termo se refere a um contrato entre o cliente (pessoa física ou jurídica) e uma instituição bancária. O cliente, nesse caso, recebe valores em dinheiro, com o compromisso de devolvê-los ao banco em prazo determinado ou em parcelas mensaisdurante o período acordado, acrescentando-se os juros pactuados no contrato de empréstimo. Os valores recebidos pelo cliente, não têm destinação específica, mas, via de regra, são usados para as operações do negócio da organização. O financiamento é um crédito concedido a uma organização por meio de um contrato assinado pelas partes (cliente e banco) com a finalidade de adquirir algo perfeitamente especificado nos documentos do acordo, obrigando, por cláusula contratual, a comprovação do item a ser comprado e do objetivo da aquisição. Por sua vez, o leasing, também denominado arrendamento mercantil, é uma modalidade de concessão de crédito pela qual o banco ou instituição financeira com expertise para tal adquire e aluga um bem escolhido por seu cliente, o qual, ao final do contrato, tem a opção de comprá-lo ou devolvê-lo. Temos, na utilização de gráficos, um recurso importante para uso dos gestores, especialmente para o gestor financeiro, pois esses instrumentos visuais ajudam na interpretação de resultados e outros dados importantes em um negócio. Nesse caso, os gráficos trabalham com a disposição e ordenação de números, principalmente em dados estatísticos, com o objetivo de evitar quaisquer dificuldades de entendimento por parte do público, como também facilitar a comunicação no ambiente de negócios. Podemos afirmar que os números e gráficos constituem a linguagem dos gestores. Objetivo Analisar as operações bancárias que as empresas podem utilizar junto às instituições financeiras. Gestão de Tesouraria 5 1. Aplicações e Investimentos O contexto das decisões financeiras de organizações inseridas em economias em desenvolvimento, como a brasileira, nos leva, obrigatoriamente, a uma reflexão crítica de seus aspectos e variáveis até mesmo conflitantes, demandando, para cada caso, uma adaptação à realidade dos negócios, considerando o porte, a localização e o ramo de atividade de cada área do mercado. Toda tomada de decisão está integrada ao contexto da ciência da Administração, isto é, o conceito de tomada de decisão encontra suporte nessa área de estudos. Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar. Assim, a decisão de um gestor deve passar por essa etapa, pois ela é fundamental para a continuidade do negócio. O sucesso da organização depende de escolhas eficientes e eficazes que são feitas pelos gestores nos diversos níveis da estrutura organizacional. As decisões são tomadas com base em dados e informações de qualidade coletados em várias áreas estratégicas da organização, dentre elas a de contabilidade, de marketing e de planejamento estratégico. A partir desses dados, é possível fazer um levantamento sobre o ambiente concorrencial por meio de análise do comportamento do mercado, dos clientes, do macroambiente e, também, por informações internas prestadas pelas diversas áreas da organização. Entretanto, é importante considerar que esse processo decisório efetuado pelos gestores, fundamental para o sucesso de toda organização, vem assumindo complexidades e riscos cada vez maiores no âmbito da economia brasileira por causa das incertezas e turbulências das forças do macroambiente: questões políticas, econômicas, legais, sociais, culturais e tecnológicas. É preciso considerar, portanto, os desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes de mercado, ausência de poupança a longo prazo, intervenções frequentes nas regras da economia por consequência de políticas sem consistência, entre outros fatores, o que exige dos gestores competência técnica para realizar análises que sustentem decisões corretas (ASSAF NETO, 1997). Portanto, as decisões sobre aplicações financeiras e investimentos exigem do gestor financeiro preparo técnico e emocional, além de habilidade e atitude no relacionamento com o sistema bancário, a fim de que a saúde financeira da organização não seja comprometida. Gestão de Tesouraria 6 Figura 1: Aplicações financeiras e investimentos Fonte: Dreamstime. Na aplicação financeira, o interessado compra um ativo financeiro, com período de vencimento estipulado em um contrato, esperando produzir um retorno financeiro que impacte a performance da organização. O que se planeja com a aplicação financeira é o retorno do capital investido, com o acréscimo de valores adicionais por conta de juros ou dividendos. Uma boa aplicação financeira só pode ser garantida a partir de um desempenho adequado do gestor financeiro. Para articular aplicações financeiras que sejam mais rentáveis e seguras para a organização, faz-se necessário entender o grau de influência de alguns fatores, como a taxa Selic, o risco envolvido na operação e a atenção ao retorno desejado na aplicação. Não existe uma fórmula única a ser aplicada em todas as organizações. A maneira de entender e fazer uma aplicação financeira dependerá da experiência do gestor financeiro, da cultura de risco que cada organização possui, da base de dados e informações disponível e de sua capacidade de análise diante dos cenários que irão se apresentar. A decisão não deve ser tomada apenas com base na taxa de rentabilidade da operação. Alguns critérios que também podem ser considerados durante a análise em aplicações são: Figura 2: Critérios importantes na escolha de aplicações financeiras. Fonte: Dreamstime. Liquidez Facilidade de resgate Prazo de aplicação Volume de recursos que serão aplicados Rentabilidade líquida. Tributos e custos operacionais descontados. Gestão de Tesouraria 7 Existem várias aplicações financeiras disponíveis no mercado brasileiro, dentre as quais podemos destacar: Letras de Crédito Imobiliário (LCI); Letras de Crédito Agronegócio (LCA); Certificado de Depósito Bancário (CDB); Títulos Públicos (Tesouro Selic); Fundos de investimento imobiliário; Ações de empresas; Debêntures. A avaliação de investimentos se refere às decisões da gestão financeira relacionadas a aplicações de capital em projetos da organização. Elas garantem retornos financeiros durante um longo período. É um tema no âmbito da gestão financeira em longo prazo, responsável por gerar repercussões importantes sobre o futuro desempenho da organização, exercendo um importante impacto sobre o crescimento da economia (ASSAF NETO, 1992). O investimento em capital fixo é entendido como um elemento importante para a determinação do produto, emprego e renda da economia de um país, uma vez que incrementa a capacidade produtiva e a expansão do nível de atividade. Deve-se ressaltar que, no Brasil, o setor privado foi responsável por cerca de 89% da formação bruta de capital fixo nos últimos dez anos, o que equivale a aproximadamente 15% do PIB no período informado. Os modos de se concretizar o padrão dos investimentos em capital fixo são aspectos fundamentais para o entendimento da atividade econômica. É importante considerar, nesse contexto, que os modelos teóricos desenvolvidos e os resultados empíricos relacionados ao investimento são fatores motivadores e propiciam dados e informações que dão margem para discussões sobre políticas econômicas (LUPORINI; ALVES, 2010). Uma organização, em determinado contexto e num dado período de tempo, deve ser considerada um conjunto de projetos de investimentos. Assim, entende-se que o seu objetivo financeiro, ao contemplar oportunidades de investimentos, é o de maximizar a contribuição marginal desses recursos de capital, proporcionando a agregação em sua riqueza líquida. Diante disso, é preciso considerar que o investimento de capital é caracterizado como uma parte do processo de tomada de decisões dentro dos negócios. Vale observar, também, que objetivos estratégicos se apresentam como fatores para decisões relevantes na seleção de projetos de investimentos por parte da organização. A realidade de tais decisões por vezes é contrária a diversas posições teóricas de identificação das melhores possibilidades que se baseiam unicamente nos métodos quantitativos de avaliaçãode investimentos. Existem vários fatores importantes de serem considerados durante a avaliação, o que dá margem, portanto, para a incorporação de um estudo Gestão de Tesouraria 8 de natureza qualitativa. A abordagem sobre o segmento de investimento de capital é muito complexo e abrangente, abrindo espaço para a inserção de inúmeros critérios e métodos de análise de investimentos para a organização (ASSAF NETO, 1992). As inúmeras teorias que se tornam determinantes para o andamento do investimento são enfáticas ao relacionar os custos e benefícios da aquisição de unidades adicionais de capital fixo. No campo da teoria keynesiana, o gestor financeiro toma a decisão de investir a partir da comparação entre a taxa de retorno esperada do investimento e o custo de oportunidade do capital a ser investido, relacionado à taxa para obtenção de fundos ou de aplicação de recursos no mercado financeiro – taxa de juros. Temos, assim, que as flutuações do investimento são resultantes da escolha intertemporal do gestor financeiro entre a retenção de ativos de liquidez, que é a moeda, e a de empreender a criação de ativos de liquidez específica – investimento, decisão que é obtida pela comparação entre a taxa de juros e o retorno esperado para o investimento, considerando as incertezas no mercado (LUPORINI; ALVES, 2010). Luporini e Alves (2010, p. 455) dão destaque aos estudos e às publicações de vários autores sobre investimentos no Brasil: ‘‘ O estudo de Dailami (1987), um dos primeiros a investigar empiricamente os determinantes do investimento no Brasil, utilizou dados macroeconômicos anuais para a variação do produto interno bruto – uma medida de preço dos fatores, notadamente variações no custo de utilização do capital e no salário real, e uma medida de instabilidade econômica medida pela volatilidade da bolsa de valores. O período estudado compreendeu os anos de 1958 a 1984 e o autor encontra efeitos positivos da demanda agregada e da variação do salário real, e efeitos negativos do custo de utilização do capital e da instabilidade econômica sobre o investimento privado. Studart (1992), Jacinto e Ribeiro (1998) e Ribeiro e Teixeira (2001) incluem variáveis financeiras, como a disponibilidade de crédito nos estudos empíricos, encontrando impactos positivos sobre diversas medidas de investimento. Existe, no entanto, a possibilidade de causalidade reversa, isto é, as decisões de investimento terem determinado a expansão do crédito (RAMA, 1993).’’ 2. Empréstimos, Financiamento e Leasing Uma organização que preza por uma excelente saúde financeira para suas operações em um ambiente concorrencial agressivo deve contar com a ajuda de um bom gestor financeiro com competência para lidar com empréstimos, financiamentos e leasing. Portanto, esse profissional deve cultivar um ótimo relacionamento bancário, com especial atenção às reciprocidades bancárias. Torna-se essencial, portanto, o entendimento das atividades operacionais de uma organização, isto é, elas devem ser avaliadas levando em consideração as seguintes decisões estratégicas: decisão Gestão de Tesouraria 9 de investimento, tendo a clareza e certeza na aplicação de recursos, e decisão de financiamento, quando se deve prever com objetividade a captação de recursos. Uma outra decisão contempla a alocação do resultado líquido da organização e faz parte da área de financiamento por indicar a alternativa de financiar suas atividades para a sustentabilidade do negócio. São determinações comuns à esfera da gestão financeira de uma organização, efetuadas de forma contínua e inevitável (ASSAF NETO, 1997). Figura 3: Decisão de investimento. Fonte: Dreamstime. Empréstimos e financiamentos, para um bom gestor financeiro, não devem ser tratados nas operações da organização como sinônimos. Quase todos os bancos operam tanto com os empréstimos quanto com os financiamentos. Assim, devemos entender que o empréstimo concedido pelo banco para uma organização, feito por meio do relacionamento bancário ou pela reciprocidade bancária, é firmado em um contrato entre o cliente (pessoa física ou jurídica) e a instituição bancária. O cliente recebe valores em dinheiro, com o compromisso de devolvê-los ao banco em determinado prazo ou em parcelas mensais durante o período acordado, acrescentando-se os juros pactuados no contrato de empréstimo. Os valores recebidos pelo cliente são aplicados nas operações do negócio da organização, portanto são de uso livre, sendo administrados pela gestão financeira da empresa. Contudo, ao solicitar um empréstimo, é preciso entender que planejamento, organização, gestão e controle são ações que permitem à empresa estabelecer um direcionamento planejado dos usos de recursos, a fim de que possam, também, ser auditados. No relacionamento entre a organização e o banco que concede o empréstimo, geralmente os juros cobrados são maiores do que os aplicados em um financiamento. Já o financiamento operado por um banco se refere a um crédito concedido para uma organização que mantém relacionamento Gestão de Tesouraria 10 e reciprocidade bancária. É efetivado por meio de um contrato assinado pelas partes que prevê a compra de um bem especificado no contrato, geralmente para uso da organização. Torna-se obrigatória a comprovação da compra a partir de uma documentação válida. Portanto, o financiamento pode ser entendido como a concessão de um crédito com finalidade definida. Toda solicitação de financiamento feita por uma organização deve ser minuciosamente planejada, prestando atenção à saúde financeira do negócio e à sua sustentabilidade. Dentre os bens que podem ser financiados, podemos destacar aparelhos para os processos produtivos, frotas de veículos, imóveis, entre outros itens. Assim, o financiamento se apresenta como uma operação com juros menores, uma vez que ocorre garantia do valor financiado. Leasing, também conhecido como arrendamento mercantil, é uma modalidade de concessão de crédito pela qual o banco ou instituição financeira com expertise para tal adquire e aluga um bem escolhido por seu cliente, o qual, ao final do contrato, tem a opção de comprá-lo ou devolvê-lo. No leasing, durante a vigência do contrato, a propriedade é do banco que concedeu o crédito, sendo que o cliente paga normalmente as parcelas, assim como ocorre no financiamento. Pode-se afirmar que as parcelas pagas pelo cliente são equivalentes a um aluguel para utilização do bem adquirido. Contudo, ao quitar o contrato, o cliente tem a opção de transferir a propriedade do bem ou renovar o contrato para aquisição de outro. É uma operação que exige planejamento e visão estratégica por parte da organização, pois o leasing, na relação custo x benefício, pode ser substituído por um financiamento ao se considerar outros fatores, como os juros do financiamento. Para a legislação brasileira, o leasing é definido como um contrato de arrendamento mercantil no qual as partes são denominadas arrendador (banco) e arrendatário (cliente). Segundo os ensinamento de Hoji (2017) é importante considerar que planejar as despesas e receitas financeiras, isto é, o contexto do planejamento de operações financeiras, onde inclui- se as fontes e as ofertas de recursos, com as condições de financiamento, somente se torna possível com o conhecimento profundo da economia, tanto brasileira como internacional e portanto, do funcionamento do mercado financeiro. Cabendo ao gestor financeiro ao iniciar o orçamento de despesas financeiras saber o volume de geração de caixa antes das despesas financeiras, considerando os possíveis cenários econômicos do período do orçamento. Em tal situação, a decisão sobre leasing, deve ser considerada, ou não, no planejamento. Gestão de Tesouraria 11 De acordo com o Sebrae (2014), uma das vantagens de se trabalhar com o leasing nas operações de uma organização é a liberação do capital de giro para as operações do negócio, pois não ocorrea aquisição do bem arrendado como ativo. Os tipos de leasing são: ▪ Leasing Operacional: a empresa de leasing fica responsável pela manutenção e perfeito funcionamento do bem arrendado. A contratante pode rescindir o contrato a qualquer tempo, mediante um aviso prévio combinado com antecedência. ▪ Leasing Financeiro: é um arrendamento, sob a forma de locação. Essa operação se assemelha, no sentido financeiro, com um empréstimo que utilize o bem como garantia. ▪ Sale and leaseback: é uma operação variante do leasing financeiro, na qual a empresa vende bens do seu ativo fixo a uma empresa de leasing e, ao mesmo tempo, os arrenda com opção de compra. Então, é importante conhecer os tipos de leasing para garantir uma tomada de decisão assertiva. Outra questão importante se refere à utilização dos gráficos em suas análises, a qual será estudada de forma detalhada no tópico a seguir. 3. Utilização de Gráficos A utilização de gráficos é de fundamental importância para os gestores e deve-se adotar o uso diário pelos gestores financeiros. Isso porque os gráficos e outras formas visuais, como os números, oriundos da matemática financeira e de forma enfática pela estatística, contribuem de forma eficiente e eficaz para as demonstrações financeiras e os resultados de um negócio. Os números, com ênfase na estatística transferidos para forma visual de um gráfico, superam desafios de entendimento de diversos públicos, como também, facilitam a comunicação no ambiente de negócios. Podemos afirmar, que os números, com especial ênfase na estatística e, gráficos, são a linguagem diária dos gestores. Portanto, os gestores, em especial os da área financeira, devem ter competências para uso na formulação dos gráficos e, para sua leitura e interpretação, uma vez que, dados econômicos e financeiros do mercado, são, de forma geral, apresentados por meio de gráficos e da estatística. Figura 4: Utilização de gráficos. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 12 No âmbito da gestão de tesouraria, integrante da gestão financeira, os gráficos são importantes de serem usados, entre outras abrangências: ▪ no escopo da administração do capital de giro; ▪ nas demonstrações e explicações do ciclo econômico, financeiro e operacional; ▪ para demonstração do regime de caixa e competência; ▪ no controle do saldo de caixa; ▪ no âmbito da administração de contas a receber e pagar; ▪ na análise de crédito e cobrança; ▪ na esfera dos controles internos; ▪ no boletim de caixa; ▪ para as ações da reciprocidade bancária; ▪ na conciliação bancária; nas aplicações financeiras; ▪ no âmbito dos empréstimos, financiamentos e leasing; ▪ para o fluxo de caixa e na análise sobre e necessidades de caixa. Portanto, o uso de gráficos pelo gestor financeiro se configura em um instrumento que sintetiza os cálculos e as estatística feitas, sendo de fácil entendimento para os diversos públicos interno (várias áreas do negócio da organização) e externo, instituições financeiras, fornecedores e clientes, como para outros grupos de interesse. Todas as áreas de uma organização de negócio usam os gráficos para explicar suas necessidades e resultados, como: Figura 5: Contribuições importantes dos gráficos na organização de negócio. Fonte: Dreamstime. As influências do macroambiente por meio das forças: 1. econômica; 2. política legal; 3. tecnológica; 4. social e cultural; 5. participação de mercado (market share); as variações dos cenários econômicos; comportamento e tendências do mercado de atuação; posicionamento dos concorrentes; preços de vendas praticados no ambiente concorrencial; Gestão de Tesouraria 13 6. projeções e resultados de vendas; 7. margem de contribuição das operações; 8. produtividade; 9. perdas nos processos produtivos; 10. flutuações dos preços de matérias primas e insumos; 11. relação de custos e benefícios; 12. performance da logística, entre tantas outras aplicações. No Excel podemos desenvolver várias apresentações por meio de gráficos, entre elas podemos destacar: ▪ gráfico estilo coluna; ▪ gráficos estilo pizza; ▪ gráfico estilo barra; ▪ gráficos estilo dispersão; ▪ gráficos estilo linha; ▪ gráficos estilo rosca; ▪ gráficos estilo área; ▪ gráficos estilo superfície. No que tange às ferramentas de estatística usadas pelos diversos setores de uma organização, torna-se condição essencial no planejamento estratégico, face às necessidades que transcendem as análises qualitativas, onde as quantitativas nos remetem as decisões mais assertivas. Tais demonstrações de meios e métodos estatísticos, devem ser utilizadas para solucionar problemas, como também, base de análises para encontrar a melhor escolha (SANTOS; LEMES; PORTUGAL JÚNIOR; SILVA; ALVES, 2014). Santos et al. (2014), citando Vieira (2013) e Andrade (2014), contemplam que, por meio dos números, consegue-se obter informações os locais em que os riscos nas organizações serão reduzidos e, por tal contexto, a estatística é aplicada como ferramenta vital dentro da organização, para a sobrevivência do negócio. Existe a compreensão de que a estatística fornece a metodologia para coleta, organização, apresentação, resumo, análise e interpretação de dados. Figura 6: Uso correto dos dados estáticos. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 14 Por meio desse instrumento, pode-se verificar o lucro da organização, saber se ocorreu o aumento da qualidade dos processos produtivos, o impacto na redução dos custos, como também, conhecer a base, para que se tome decisões de valor econômico e, assim, propiciar, entre outras situações, a análise crítica que permeia as decisões mais assertivas. Na análise de uma organização por meio das suas quatro principais áreas: finanças, produção, marketing e recursos humanos, constata-se que os métodos estatísticos influenciam diretamente ou indiretamente cada um desses elementos. Nas finanças e na produção, as análises apontam valores quantitativos, que impactam diretamente as áreas de marketing e recursos humanos. A estatística permite entender o crescimento do negócio de uma organização, ou seja, possibilita, por meio de seus conceitos e de suas fórmulas, a criação de indicadores de decisão para o negócio da organização e solução de problemas que se apresentam. É importante frisar que a estatística faz parte da área de estudo da pesquisa operacional que proporciona condições para que sejam identificados problemas por meio de seus sintomas e, por tal condição, equacionar soluções para as melhores decisões de gestão. Neste estudo sobre as operações financeiras, tivemos o entendimento das possíveis alternativas de operações que uma organização pode contar, com especial ênfase por meio das instituições bancárias. Aprendemos que tais operações somente serão eficazes quando a organização, por meio de seu gestor financeiro, mantiver um excelente relacionamento e reciprocidade bancária. Descobrimos que essas operações podem ser identificadas como de aplicações e investimentos, assim como de empréstimos, financiamentos e leasing, importantes para a boa performance dos negócios da organização, em ambiente competitivo, com agressiva concorrência. Não são operações feitas por acaso, mas devem ser operações que obrigam o gestor financeiro a deter competências, para o planejamento, organização, gestão e controle das mesmas. Vimos ainda que uma aplicação financeira é uma aquisição de ativo financeiro, contratado por um período de tempo, e espera-se que se obtenha um retorno financeiro que propicie a melhora financeira do negócio, ou seja, significa retorno do capital investido, com adicional de valores. Uma excelente aplicação financeira pressupõe-se que seja feita por um bom gestor financeiro. Na avaliação de investimentos, compreendeu-se que esse processo se refere às decisões da organização, por meio de seu gestor financeiro ou pelo responsável pelas finanças, em aplicações de capital emprojetos da organização, que contemplam retornos financeiros por vários períodos de tempo. Gestão de Tesouraria 15 Entendemos que o empréstimo se refere a um contrato entre o cliente (pessoa física ou jurídica) e uma instituição bancária, sendo que o valor não possui destinação específica definida contratualmente. O cliente, por tal condição, recebe valores em dinheiro, que se compromete a devolver ao banco em prazo determinado ou em parcelas mensais por determinado tempo, acrescidas dos juros pactuados no contrato de empréstimo. Estudamos ainda que o financiamento é um crédito que é concedido, mediante contrato com o banco, com a finalidade de aquisição de algo, perfeitamente especificado em contrato, assinado pelas partes (cliente e banco), com a comprovação do bem financiado, possuindo, portanto, finalidade definida. Compreendemos que na operação de leasing, por ser uma modalidade de concessão de crédito, o banco ou a instituição financeira com expertise para tal adquire o bem especificado e de interesse do cliente e, ao final do contrato, este tem a oportunidade de adquiri-lo ou não. Ao final, concluímos que os gráficos são importantes para o uso dos gestores, devendo ser utilizados diariamente, pois contribuem de forma eficiente e eficaz nas demonstrações financeiras e na apresentação dos resultados do negócio. Outra contribuição importante que destacamos foi o uso da estatística, que contribui de forma eficiente e eficaz, oferecendo oportunidade de utilização nas apresentações e demonstrações. Referências: ASSAF NETO, A. A dinâmica das decisões financeiras. Caderno de Estudos, v. 16, São Paulo, p. 9-25, jul./dez. 1997. Disponível em: https://www.scielo. br/pdf/cest/n16/n16a01.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. ______. Os métodos quantitativos de análise de investimentos. Caderno de Estudos, n. 6, São Paulo, out. 1992. Disponível em: https://www.scielo. br/pdf/cest/n6/n6a01.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. CANDIOTA, L. R. O uso de recursos do sistema financeiro para capital de giro. Revista de Administração de Empresas, v. 12, n. 3, São Paulo, jul./set. 1972. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rae/v12n3/v12n3a02. pdf. Acesso em: 15 jun. 2020. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2017. LUPORINI, V.; ALVES, J. Investimento privado: uma análise empírica para o Brasil. Economia e Sociedade, v. 19, n. 3, Campinas, p. 449-475, dez. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ecos/v19n3/02.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. SANTOS, B. M. et al. A importância e o uso da estatística na área empresarial: uma pesquisa de campo com empresas do município de Elói Gestão de Tesouraria 16 https://www.scielo.br/pdf/cest/n16/n16a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/cest/n16/n16a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/cest/n16/n16a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/cest/n6/n6a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/cest/n6/n6a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/cest/n6/n6a01.pdf https://www.scielo.br/pdf/rae/v12n3/v12n3a02.pdf https://www.scielo.br/pdf/rae/v12n3/v12n3a02.pdf https://www.scielo.br/pdf/ecos/v19n3/02.pdf https://www.scielo.br/pdf/ecos/v19n3/02.pdf Mendes - MG. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA NA GESTÃO E TECNOLOGIA, 13, 2014, Resende, RJ. Anais... Resende, RJ: SEGeT, 2014. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos16/5024102.pdf. Acesso em: 17 jun. 2020. SEBRAE FINANÇAS. Como utilizar as operações de leasing. 2014. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ como-utilizar-as-operacoes-de-leasing,ef0837b644134410VgnVCM200 0003c74010aRCRD. Acesso em: 17 jun. 2020. 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Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Gestão de Tesouraria 2 Sumário Administração do fluxo de caixa Para Início de Conversa .................................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 5 1. Elaboração do fluxo de caixa .................................................................... 5 2. Análise de sobra e necessidade de caixa .............................................. 9 Referências ........................................................................................................ 13 Gestão de Tesouraria 3 Para Início de Conversa Para que uma organização tenha uma excelente performance do seu negócio em ambiente competitivo agressivo, com o intuito de ter vantagem competitiva, a administração do fluxo de caixa é necessária. Tal administração contempla de forma eficiente e eficaz o controle rigoroso dos fluxos financeiros do negócio, o que exige recursos humanos com expertise em finanças, além de recurso físicos e tecnológicos para a operacionalização e o controle. Trata, essencialmente, de forma constante e rigorosa, das entradas e saídas de dinheiro no âmbito das operações do negócio, que nem sempre têm a lógica prevista pela administração financeira. Essa administração é feita por meio de um instrumento de controle das finanças definido com fluxo de caixa, que propicia ao gestor financeiro acompanhar as movimentações financeiras do negócio. Isso pode ser realizado pela relação das entradas de recursos por meio das receitas oriundas das vendas, e as saídas, por meio dos pagamentos de matérias-primas, insumos e demais fornecedores, além das obrigações fiscais e tributárias, despesas fixas e custos variáveis, como a mão de obra usada na produção de bens e serviços. É um instrumento de concepção simples mas que proporciona efetivo controle dos fluxos de recebimentos e pagamentos. Toledo Filho, Oliveira e Spessatto (2010), citando Matarazzo (2003), contemplam que o fluxo de caixa é um dos mais importantes instrumentos de controle gerencial, tornando-se imprescindível nos negócios da organização. Por meio de tal controle gerencial, é possível avaliar a saúde financeira e a sustentabilidade do negócio, como também planejar a capacidade, com recursos próprios, da ampliação da organização. Eid Júnior (2009) aborda, ainda, que, na sobra de caixa, o planejamento também é necessário, uma vez que pode impactar as aplicações financeiras feitas pelo gestor financeiro. Somente com um planejamento, é possível conhecer o volume e a duração das sobras de caixa, podendo, assim, aplicá-las de forma segura, analisando-se previamente as taxas que propiciem as melhores aplicações para a organização. De acordo com Machado, Machado e Callado (2006), a necessidade de caixa de uma organização, isto é, o capital de giro, é definida como o valor mínimo que uma organizaçãonecessita para garantir suas operações, em caixa, proporcionado recursos para pagar seus fornecedores, taxas e tributos e fazer frente às despesas fixas e aos custos variáveis. Os recursos oriundos das receitas de vendas de produtos e serviços são formas de garantias de suas operações e de que não tenha as mesmas paralisadas por falta de tais recursos. Tal necessidade é considerada uma função do ciclo de caixa da organização. Tomando-se atenção ao fato Gestão de Tesouraria 4 de que, quando o ciclo de caixa é longo, necessita-se de mais de capital de giro, e o inverso também é verdadeiro. Portanto, é importante saber que a redução do ciclo de caixa significa receber mais cedo e pagar mais tarde, devendo ser um objetivo da gestão financeira. Objetivos Elaborar fluxos de caixa simulando sobra e necessidades de caixa. 1. Elaboração do fluxo de caixa Devemos entender o fluxo de caixa como um esquema que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Essas entradas podem ser relativas às vendas feitas pela organização ou em razão de valores de empréstimos e aplicações. As saídas são relativas aos pagamentos de fornecedores (bancos), no que se refere a empréstimos, despesas fixas e custos variáveis, por exemplo, representados por salários de pessoal com horas trabalhadas aplicadas no processo produtivo, como também taxas e tributos. Considera-se, no cenário do caixa, pelo menos uma saída (pagamento) e pelo menos uma entrada (recebimento). Em se tratando de negócio, é importante considerar que, em uma operação financeira, ocorrem entradas e saídas de valores, o que representa a dinâmica financeira da organização. Figura 1: Elaboração do fluxo de caixa Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 5 O empréstimo é o recebimento de valor que entra no caixa em determinada data e sua devolução posterior, ocorrendo a ampliação desse valor em face do acréscimo de juros da operação. Nesse caso, a saída será maior que a entrada. Já em uma aplicação financeira, significa o desembolso de um valor (saída de caixa) e posterior recebimento (entrada de caixa), após determinado tempo pactuado em contrato, de valor a maior que a saída, que se refere ao acréscimo de juros. Todas essas operações devem constar do controle da organização (HOJI, 2017). Toledo Filho, Oliveira e Spessatto (2010), citando Matias (2007) e Barbieri (1995), explicam que, no setor de atuação de uma organização, a competitividade é um fator crucial para a sobrevivência das microempresas, com especial destaque aos aspectos financeiros. Assim, vamos encontrar gestores financeiros despreparados para a gestão das finanças da organização, desconhecendo os melhores processos, técnicas e instrumentos de gestão, o que compromete a existência do negócio e a saúde financeira do empreendimento. O melhor instrumento com o qual se pode trabalhar para o controle é o fluxo de caixa, que controla as entradas e as saídas de moeda corrente em determinado período de tempo na organização, para que ela tenha um bom controle de seu desempenho financeiro, fornecendo dados e informações para os gestores responsáveis pelo negócio. O fluxo de caixa (Figura 1) fornece informações estratégicas sobre recebimento e pagamentos do caixa da organização, durante o período dimensionado para ele. Figura 2: Fluxo de caixa. Fonte: Dreamstime. Gestão de Tesouraria 6 Sabemos da importância que as pequenas e médias organizações representam para a economia de países como o Brasil, em razão: da quantidade de pessoas que empregam; do potencial econômico que, no conjunto, forma e impacta o PIB (Produto Interno Bruto); da diversidade dos negócios da nação; e da possibilidade de adaptação das novas realidades de negócios por causa da dinâmica das alterações na realidade econômica e dos avanços tecnológicos que se apresentam. Assim, podemos concluir que as pequenas e médias organizações se constituem na possibilidade de estabilidade econômica, dando a dinâmica necessária aos mercados, por meio da demanda e, também, do fornecimento de produtos e serviços. Lamentavelmente, muitas empresas de diversos segmentos de atividades, industrial, serviço e comércio, ainda dispõem de poucos especialistas com expertise em finanças e, portanto, não fazem uso de processos e instrumentos adequados no âmbito da gestão financeira. Nesse processo, não ocorre o uso de estrutura orgânica que contemple áreas ou setores com ênfase: na administração do contas a receber; na administração do contas a pagar; e nos recursos humanos para gestão, que incluem competências para o planejamento, a organização, a coordenação e o controle das finanças. Assim, as organizações em tal contexto ficam sem base para decisões das transações vitais e das sobras ou da falta de recursos em caixa. Não fazer uso do fluxo de caixa como mecanismo de acompanhamento dos números (valores monetários) da organização significa deixar de ter informações valiosas na gestão dos recursos financeiros, colocando em risco a saúde financeira do negócio. (SILVA; FERREIRA, 2007). Toledo Filho, Oliveira e Spessatto (2010), citando Yoshitake e Hoji (1997), Mayo (2006) e Braga e Marques (2001), observam que não é relevante para uma organização saber se ocorreu lucro ou prejuízo em dado exercício fiscal. O resultado alterado com artifício contábil em contexto legal é permitido pela legislação vigente; sem que se tenha ciência do fluxo de caixa, não é possível ter conhecimento se a organização tem capacidade de gerar receita para fazer frente às obrigações do contas a pagar. Por isso, é importante saber que muitos fatores alteram o lucro da organização, sem que ocasione a alteração do fluxo de caixa operacional da organização, como utilizar a depreciação normal ou acelerada dos ativos. Destacamos, também, que um fluxo de caixa é um instrumento utilizado para avaliação da liquidez da organização, isto é, da sua capacidade de fazer frente aos pagamentos das dívidas, nas datas de vencimento. Gestão de Tesouraria 7 O processo atua no âmbito da organização e não deve ser preocupação única e exclusiva na área financeira, mas, sim, de todos os departamentos, setores e áreas da organização, que devem ter atenção e gestão sobre os resultados líquidos de caixa. Como exemplo, podemos destacar a área dos processos produtivos, uma vez que eventual atraso na produção de bens que serão comercializados impactarão, obrigatoriamente, os prazos de recebimentos, exigindo revisões das necessidades de caixa. Também os custos variáveis de produção têm impacto no fluxo de caixa, uma vez que a diferença entre o previsto e o realizado, no caso para mais, compromete o fluxo de caixa, pois exige que os recebimentos podem ou não fazer frente aos pagamentos. Portanto, o controle rigoroso do fluxo de caixa deve existir, no que tange à sincronização das receitas e despesas. Uma política de cobrança deve ser usada para a eficácia dos recebimentos e, portanto, no reforço de caixa. Assim como ocorre com a área de vendas, que, por meio de uma eficaz política de crédito, deve conceder prazos para que não haja descompasso entre os recebimentos e os pagamentos previstos, de forma que não ocasione, de forma negativa, qualquer pressão. (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Revela-se, assim, a importância que têm o planejamento, a organização do registro e o controle de caixa de uma organização. Isto é, o registro das receitas e despesas em dado período de tempo, de forma que ocorra a manutenção das organizações, sua saúde financeira e sustentabilidade do negócio. Verifica-se, portanto, em dado período de tempo, as entradas e saídas dos recursos financeiros, sendo estratégico um instrumento de gestão usado no planejamento financeiro do negócio. Em face dessa dinâmica, esse registro deve ser, de forma constante, revisado e atualizado para as tomadas de decisões no âmbito gerencial. Assim, não deve ser entendido como um instrumento de gestão usado somenteem dado período de tempo, sem maiores consequências, mas, sim, considerado no âmbito de um planejamento no contexto das operações continuadas da organização. Os gestores financeiros poderão, no tempo adequado, planejar com antecedência eventuais problemas que poderão surgir em razão, eventualmente: das reduções das receitas de vendas, por fatores diversos e, também, do aumento do volume dos pagamentos por conta das obrigações assumidas. (SILVA; FERREIRA, 2007). Segundo as pesquisas de Toledo Filho, Oliveira e Spessatto (2010, p.77) sobre fluxo de caixa, é considerado um controle gerencial importante: Gestão de Tesouraria 8 ‘‘O controle gerencial é um dos elementos do processo de estratégia das empresas, mais especificamente, representa um dos mecanismos administrativos que contribuem para a implementação de estratégias (MINTZBERG et al., 2006). Assim, pode ser entendido como o processo de guiar as empresas em direção a padrões viáveis de atividade em um ambiente caracterizado por mudanças. A partir dessa concepção, o controle gerencial cumpre um papel empresarial de possibilitar que gestores influenciam o comportamento de outros membros da empresa na direção de estratégias adotadas. (BERRY; BROADBENT; OTLEY, 2005; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2002).’’ Dessa forma, o fluxo de caixa apresenta-se como um dos instrumentos mais eficazes na gestão financeira das empresas, permitindo ao administrador planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros para um determinado período, influenciando o processo de tomada de decisão. Nesse contexto, o fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as entradas e as saídas de recursos financeiros, de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas, a curto e a longo prazos. 2. Análise de sobra e necessidade de caixa Ao abordarmos a análise de sobra e a necessidade de caixa, faz-se necessário entendermos algumas questões, entre elas que o fluxo de caixa, no âmbito da montagem, baseia-se em algumas situações, como informações que são previstas mas que podem não acontecer, por vários motivos. Entre esses motivos estão: ▪ falta de expertise do gestor financeiro em usar o instrumento e na solicitação de informações por meio da estrutura orgânica da organização para subsidiar o fluxo; ▪ falta de hábito dos gerentes em prever gastos com despesas, custos e receitas oriundos de vendas, muitas vezes subdimensionando ou superestimando os valores que serão contemplados; ▪ ausência de um sistema de informações gerenciais que opere com precisão os dados e as informações internas das operações do negócio; ▪ ambiente externo que considere dados e informações do ambiente concorrencial, dos fornecedores, do relacionamento empresarial da organização, do macroambiente por meio das forças: política, econômica, legal, social e cultural e tecnológica. Além de todos esses aspectos, há os consumidores que propiciem uma boa previsão de vendas para atendimento das necessidades, dos desejos e das expectativas deles. Também não se pode deixar de considerar os lançamentos de produtos, no âmbito do ciclo de vida do produto, por meio das fases: crescimento, maturidade e declínio. Em tal situação, por mais experiência que uma organização tenha no uso do fluxo, nem Gestão de Tesouraria 9 sempre as fases do ciclo de vida são fáceis de se prever. Temos, assim, vários fatores que podem impactar a sobra ou a necessidade de caixa. Figura 3: Necessidade de caixa. Fonte: Dreamstime. A sobra de caixa pode propiciar aplicação financeira e render juros ao negócio, assim como ampliar os investimentos em novos negócios, a capacidade produtiva e a melhoria do processo produtivo, que pode ocasionar a vantagem competitiva da organização. A necessidade de caixa pode aumentar os resultados do negócio, se for feito uso de empréstimos para cobrir a diferença do caixa, assim como prejudicar o processo produtivo, a perda de cliente e negativar a imagem da organização, por atraso nas entregas e diminuição da qualidade de produtos e serviços ofertados. O gestor financeiro não deve esquecer, ao fazer suas análises, que as limitações de caixa não são características de organizações que convivem, em alguns períodos, com prejuízo. Muitas organizações lucrativas também podem apresentar problemas de caixa em face do comportamento de seu ciclo operacional. Problemas de caixa podem ocorrer em situações como: lançamentos de produtos, fase de expansão das atividades do negócio, modernização produtiva para acompanhar a dinâmica concorrencial na esfera da produtividade, entre tantas outras situações. A gestão financeira é guiada, na maioria das vezes, por informações de relatórios contábeis. Assim, sabemos que a qualidade do controle e a complexidade das operações do negócio, os dados financeiros para a construção do fluxo de Gestão de Tesouraria 10 caixa podem ser obtidos por meio de relatórios dos analistas internos e, também, de sistemas de informações on-line. (ASSAF NETO; SILVA, 2012). No que tange à administração da disponibilidade de caixa, que pode ou não ocasionar sobra ou necessidade de caixa, sabe-se que um grande volume de pequenos negócios, que incluem os novos e pequenos empreendimentos, sofre com a falta de recursos financeiros, tendo capital insuficiente. Por meio de pesquisa, constatou-se que um terço dos sócios gerentes consultados informaram que a descapitalização foi, no início de suas atividades de negócio, o maior problema que enfrentaram, sem contar que muitos pequenos negócios continuam a ter problemas, mesmo depois de alguns anos do início da atividade de negócio do empreendimento, o que significa que continuam a ter problemas de caixa. Portanto, o desequilíbrio de caixa pode ser sintoma de um problema maior, que contempla a gestão financeira pelo não uso do fluxo de caixa. Tal conceito de gestão financeira do caixa da organização significa controlar sua disponibilidade, com o propósito de compreensão e planejamento das necessidades financeiras, para a operação do negócio. (SILVA; FERREIRA, 2007). Quando estudamos a sobra e a necessidade de caixa, precisamos entender a necessidade de capital de giro, que é definido como o valor mínimo em dinheiro que uma organização deve ter em seu caixa para garantir a operação dos negócios, isto é, para fazer suas compras, pagar as obrigações assumidas, garantir a performance do processo produtivo e garantir a logística para entrega dos produtos e serviços comercializados; em resumo, para que o negócio tenha continuidade. Assim, pode-se entender que a necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da organização. Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, reduzir o ciclo de caixa contempla receber os valores em menor tempo e pagar as obrigações mais tarde. O capital de giro necessita de acompanhamento e controle de forma permanente pela gestão financeira, pois está sofrendo impacto de diversas mudanças do macroambiente, com especial ênfase na força econômica, em ambiente incerto e turbulento. Algumas dificuldades relativas ao capital de giro da organização podem ser exemplificadas: redução de vendas; crescimento da inadimplência; aumento das despesas financeiras, operacionais e de custos. (MACHADO; MACHADO; CALLADO, 2006). Uma situação importante no que se refere ao fluxo de caixa (com especial destaque para a sobra e necessidade de caixa) é sabermos distinguir o que é lucro e o que é caixa. Lucro deve ser considerado o resultado das vendas de produtos e serviços, subtraindo-se os valores que foram Gestão de Tesouraria 11 desembolsados para fazer frente a todas as obrigações, fornecedores, empréstimos, pagamento de despesas fixas e custos variáveis. Em resumo, é a sobra de recursos entre o que foi comercializado, pela venda de produtos e serviços, com o que se pagou. Já a sobra de caixa,em período analisado, é o que sobrou; por exemplo, se no período a organização recebeu valores antes de pagar seus fornecedores, encontraremos o caixa positivo, mas que não deve ser considerado lucro. (COSTA, 2015). De acordo com Silva e Ferreira (2007, p.2), no processo de construção de um fluxo de caixa: ‘‘ [...] deverão ser utilizadas técnicas gerenciais para se projetar as vendas e os custos da empresa, de forma que não existiam desperdícios para seus caixas. O fluxo de caixa constitui em instrumento essencial para que a empresa possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeiras. Logo, fluxo de caixa deverá refletir com precisão a situação econômica da empresa, em termos financeiros de futuro [...] Muitos são os trabalhos que abordam o fluxo de caixa como instrumento de avaliação de investimento e projetos, no entanto, principalmente no Brasil, é escassa a literatura que se trata de fluxo de caixa como instrumentos de gestão de liquidez. O assunto é especialmente relevante e atual, pois, no momento, entre as alterações na Lei 6.404/1976 [...] Consta a substituição do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos pelo Demonstrativo de Fluxo de Caixa, a exemplo do que vem ocorrendo em diversos outros países. A Demonstração de Fluxo de Caixa propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, pois numa economia tipicamente inflacionária não é aconselhável excesso de caixa, mas o estritamente necessário para fazer face aos seus compromissos.’’ Aprendemos, nesta unidade, que o sucesso de uma organização em ambientes de negócio competitivo e na busca da vantagem competitiva, é necessária uma eficiente e eficaz administração do fluxo de caixa, com o objetivo de controle rigoroso dos fluxos financeiros do negócio. Para tanto, deverão ser utilizados também os recursos humanos com expertise em finanças, além de recursos físicos e tecnológicos para essa operacionalização. Vimos, ainda, que essas ações devem ser realizadas de forma constante e rigorosa, por meio do controle das entradas e saídas de dinheiro no âmbito das suas operações. Também foi possível entender que essa administração proporciona o acompanhamento das movimentações financeiras do negócio: a relação das entradas de recursos é realizada por meio das contas das receitas oriundas das vendas; e, as saídas, por meio dos pagamentos de matérias- primas, de insumos e dos fornecedores, além das obrigações fiscais e tributárias, despesas fixas e variáveis, como a mão de obra usada na produção de bens e serviços. Descobrimos que, com a análise de sobra e necessidade de caixa, as decisões devem se basear em informações que previstas. Apesar disso, aprendemos que, para a maioria dos gestores, falta a expertise em usar o instrumento e em solicitar informações. Além disso, verifica-se a falta de hábito dos gerentes em prever gastos com despesas, custos e receitas oriundas de vendas, muitas vezes subdimensionando ou superestimando os valores. Todos esses são fatores cruciais em nosso tema de estudo. Gestão de Tesouraria 12 Referências ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012 (Minha Biblioteca). COSTA, A. P. P. da. Como manter o fluxo de caixa da sua empresa sob controle. Exame.com. 2015. Disponível em: https://exame.com/pme/ como-manter-o-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa-sob-controle/. Acesso em: 30 jun. 2020. EID JUNIOR, W. Planejamento e fluxo de caixa. Pequenas empresas & grandes negócios, jul. 2009. Disponível em: http://revistapegn.globo. com/Empresasenegocios/0,19125,ERA596317-2490,00.html. Acesso em: 30 jun. 2020. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2017 (Minha Biblioteca). MACHADO, M. A. V. et al. Análise dinâmica e o financiamento das necessidades de capital de giro das pequenas e médias empresas localizadas na cidade de João Pessoa, PB: um estudo exploratório. Base – Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, v. 3, n. 2, p. 139-149, mai./ago. 2006. 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Gestão de Tesouraria 13 https://exame.com/pme/como-manter-o-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa-sob-controle/ https://exame.com/pme/como-manter-o-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa-sob-controle/ https://exame.com/pme/como-manter-o-fluxo-de-caixa-da-sua-empresa-sob-controle/ http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA596317-2490,00.html http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA596317-2490,00.html http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA596317-2490,00.html https://www.redalyc.org/pdf/3372/337228629006.pdf https://www.redalyc.org/pdf/3372/337228629006.pdf https://www.redalyc.org/pdf/3372/337228629006.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4-29-16-28-38.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4-29-16-28-38.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/2BbFGJ6GucodWhr_2013-4-29-16-28-38.pdf http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/UERJ/article/view/896/856 http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/UERJ/article/view/896/856 http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/UERJ/article/view/896/856 Atividades da Tesouraria Para início de conversa... Objetivo 1. Administração do Capital de Giro 2. Ciclo Econômico, Financeiro e Operacional Referências Administração do Ciclo Financeiro Para Início de Conversa... Objetivo 1. Regime de Caixa e Competência 2. Controle de Saldo de Caixa Referências Administração do Contas a Pagar/Receber Para Início de Conversa... Objetivo 1. Administração do Contas a Pagar e Receber 2. Administração do Contas a Receber 3. Administração do Contas a Pagar Referências: Política de Crédito e Cobrança Para Início de Conversa: Objetivo 1. Política de Crédito e Cobrança 2. Análise de Crédito 3. Política de Crédito 4. Política de Cobrança Referências: Instrumentos de controle Para Início de Conversa: Objetivos 1. Controles internos 2. Boletim de caixa 3. Segurança em atividades de tesouraria Referências: Relacionamento Bancário Para Início de Conversa: Objetivo 1. Reciprocidade Bancária 2. Relacionamento Bancário 3. Conciliação Bancária Referências: Operações Financeiras Para Início de Conversa: Objetivo 1. Aplicações e Investimentos 2. Empréstimos, Financiamento e Leasing 3. Utilização de Gráficos Referências: Administração do fluxo de caixa Para Início de Conversa: Objetivos 1. Elaboração do fluxo de caixa 2. Análise de sobra e necessidade de caixa Referências: