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1 
 
Sumário: 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3 
1 - A MEDIAÇÁO COMO POSTURA PEDAGÓGICA E EDUCATIVA: DO LITIGIO AO 
ACORDO ....................................................................................................................................... 16 
2 - O CONFLITO ........................................................................................................................ 28 
2.1 Tudo começa com a existência do conflito ...................................................................... 28 
2.2 Teoria do conflito proposta por Remo Entelman ............................................................. 32 
2.3 Estratégias Autocompositivas de solução de conflitos interpessoais. ......................... 35 
3 - TIPOS DE CONFLITOS ........................................................................................................... 40 
3.1 O Conflito intrapsíquico ................................................................................................. 40 
3.2 Tipos de Conflitos e Sua Resolução ............................................................................. 42 
4 – AS CARACTERÍSTICAS DO CONFLITO ............................................................................... 51 
4.1 A Escalada e Desescalada ............................................................................................. 54 
4.2 A Gestão do Conflito ...................................................................................................... 56 
4.3 O Tema central da Teoria do Conflito ........................................................................... 56 
4.4 Os Critérios na Avaliação ou Mediação do Poder ....................................................... 57 
4.5 No Ciclo Vital, fases da sua evolução ........................................................................... 58 
5. A MEDIAÇÃO ENQUANTO RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITO OU DISPUTA .... 60 
5.1 Um pouco da trajetória histórica antes da promulgação da Lei de Mediação: ......... 61 
6 - A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO .......................................................................................... 67 
7 – A FUNÇÃO DO MEDIAÇÃO ................................................................................................... 71 
7.1 A Participação de um Terceiro Elemento ..................................................................... 76 
7.2 Características do mediador .......................................................................................... 78 
8 - OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO ................................................................................................... 79 
9 - APLICAÇÃO: QUANDO E COMO DEVE SER UTILIZADA .................................................... 81 
9.1 Vantagens De Se Utilizar a Mediação ............................................................................ 82 
9.2 Etapas de um encontro de mediação ............................................................................ 83 
10 – FORMAS DE ATUAÇÃO DOS MODELOS DE MEDIAÇÃO ................................................ 86 
10.1 Principais Características da Atuação do Mediador ................................................ 89 
2 
 
10.2 Vantagens da utilização da mediação ....................................................................... 90 
10.3 Aspectos que a favorecem e não favorecem ............................................................ 91 
10.4 A Figura do Mediador .................................................................................................. 92 
11 - MODELOS DE MEDIAÇÃO ................................................................................................... 95 
11.1 Modelo Mais Utilizado para Questões Humanas: “Mediação Transformativa” ... 100 
12 - ASPECTOS COMUNS NA FORMA DE ATUAÇÃO DOS MODELOS ................................ 105 
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 108 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 112 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-
conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
Esta disciplina é oportuna tendo em vista a relevância do tema enquanto atividade 
especializada e tática estratégica de manuseio com situações e contextos difíceis onde haja a 
necessidade de implementar ações profissionais e dirigidas à sua solução. Marco importante é a 
criação da Lei de Mediação 13.140 no Brasil (Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm acessado em 29 de 
maio de 2017), sancionada em 26 junho de 2015, assim como já foi regulamentada nos EUA e 
alguns países da Europa há pelo menos 35 anos. A Argentina, país vizinho, pertencente ao bloco 
da América do Sul, já conta com lei especifica há mais de 17 anos, apenas como parâmetro, a 
fim de medir a sua urgência. Sendo assim o Brasil se via atrasado neste quesito gerando 
emperramento da funcionalidade pública e também dos segmentos privados de negócios que 
envolvem interesses e a interação das pessoas envolvidas. E, não foram por falta de esforços de 
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm
4 
 
muitos juristas, profissionais da área social, política, psicológica, de constatarem os benefícios já 
conscientes do quanto esta ferramenta traria de benefícios, principalmente na agilidade e na 
capacidade de resolução, diminuindo pendências e litígios e proporcionando qualidade nos 
ambientes profissionais. 
Destacaremos pontos da história da mediação no Brasil, diante da necessidade de dar 
novos entendimentos às questões jurídicas a fim de dar encaminhamento ágil para as questões 
que sobrecarregam o Poder Judiciário. Tamanha a necessidade de resolução de conflitos e 
acordos frente aos inúmeros conflitos. Surgindo portanto como resposta a Lei 13. 140 de 26 de 
junho de 2015 que dispõe de forma definitiva sobre a matéria. 
Foi percorrido um longo caminho, inúmeras modificações e sugestões foram incorporadas 
ao que antes foi um anteprojeto significante para o cidadão brasileiro, pelo seu impulso sócio 
educacional e pela mudança cultural, no que tange, ao tratamento dos conflitos interpessoais. A 
sociedade brasileira, historicamente, vê na sentença judicial uma saída na decisão de conflitos. E 
com a Lei de Mediação há uma disposição para uma mudança de mentalidade. O presente plano 
tem como objetivo divulgar que existe outra forma mais apropriada de se lidar com conflitos, e 
que pode ser intentada pelo próprio cidadão. 
A Mediação foi se difundindo progressivamente e uma Lei que a fundamentasse sempre foi 
esperada a fim de que todos os setores pudessem incorporar tal prática como procedimento legal 
e legitimo que contribui ao que será definido no âmbito jurídico. Com isso modificando o 
paradigma apresentado de que tudo o que vai para o âmbito tem ares de maior seriedade, sem 
considerar que as próprias partes possam participar disso, auxiliando inclusive a que as 
sentenças sejam mais propícias a cada caso e não tratadas meramente no plano genérico. E 
sendo adotada em diversos ambitos inclusive na Administração Pública, a torna propicia a fim de 
diminuir o volume de processos que o Poder Judiciário concentra e emperra as tantas soluções 
que ficaram a adiadas e distantes de um tempo necessário para por fim naquela adversidade. O 
fato tempo é importante,até mesmo em se tratando de ser pontual e resoluto em muitos casos. 
Trata-se de um avanço, a promulgação da Lei de mediação brasileira, após tantos anos no 
aguardo de sua regulamentação. 
 Muitas ações ocorreram na sequencia de anos para que a regulamentação dessa prática e 
a remuneração dos seus profissionais fossem definidas. O Tribunal de Justiça criou as Câmaras 
de Conciliação em diversas cidades brasileiras, cujo apelo foi dar uma dimensão mais humana no 
trato das questões e celeridade no tocante a solução dos inúmeros processos judiciais, face a 
dificuldade de se entrar em Acordo. 
5 
 
A crença na validade da ferramenta reside na forma de estabelecer o respeito entre as 
pessoas, buscar a compreensão e melhorar significativamente a qualidade do trato humano. Bem 
como no trabalho como psicóloga dedicada a aperfeiçoar profissionais a fim de garantir 
excelência nas suas atividades e aos dramas pessoais tão presentes na vida de qualquer pessoa, 
seja da ordem que for, observa-se o quanto a capacidade de mediar é necessária. Fundamental 
por exemplo para uma família funcionar melhor quando encontra pela frente um empecilho, crise 
ou dificuldade. O número de mediadores psicólogos, médicos, educadores extremamente 
capazes tem se elevado. Todos aguardavam a publicação da Lei, pois, deixa-se de utilizar de 
forma amadora tal recurso, podendo-se exigir inclusive formação especifica para aqueles que 
forem assumir tal papel diante da importante responsabilidade que é acompanhar pessoas e ser 
facilitador do seu processo de decisão frente a um problema. Auxiliando na decisão de que 
caminho tomar. 
E foi a partir desta realidade, do acumulo de litígios em diversas esferas de temas 
humanos, que nos fizeram perceber quão esta ferramenta nos possibilita o instrumental 
necessário para colocar-nos em contato com algo melhor que persistir e manter o problema: - a 
sua solução. Seja esta da ordem interpessoal, familiar, educacional, social, coletiva, empresarial, 
policial e judiciária. 
 Mencionar os benefícios que a Lei da mediação propicia ao Brasil, sem dúvida alguma, 
está no aprendizado e estimulo a uma consciência da negociação, da busca de soluções ainda 
que se pense que não há resolução a vista. Primeiro é a mudança para uma consciência de que 
problemas existem para Todos, dificuldades e divergências de toda ordem. Isso é o comum e não 
o contrário. As pessoas se chocam entre argumentos, ações, ideias, diálogos, debates, posturas, 
posicionamentos, e também quando se associam a grupos, entidades e instituições, pois deste 
modo se identificam e distinguem-se das outras. O que mais precisamos é aprender a conviver 
com tais diferenças de opiniões e posições, o que não representa acreditar que seja pessoal; e 
muito menos que você tenha que aceitar tudo. E a outra consciência é a de que pode encontrar 
uma nova maneira de convivência que atribua a tais divergências o entendimento democrático, 
onde todas as diferenças se apresentam. É preciso percorrer toda a travessia que ela propicia até 
o novo resultado – que representará a saída, a descoberta. A inovação e a convivência 
democrática. Somos diferentes, pensamos de formas variadas, lidamos com problemas de 
maneira diferente e estamos sendo impelidos à uma transformação de cultura cujo resultado é a 
interação. De que o acordo, uma nova alternativa, que não contemple unicamente A ou B, mas 
que busque uma posição melhor que a do emperramento e a consequente não resolução. 
6 
 
O uso da inteligência favorece o fluxo da vida e a sua continuidade. A estagnação dos 
casos que ficam pendentes é um atraso. E isso contraria o princípio da mudança, pois sendo 
humanos somos capazes de evoluir. E a mudança de posição representa isso, quando bem 
aplicada. O que não precisa ser mudado, não entra em conflito. Apenas as estruturas vencidas, 
desgastadas e mal compreendidas é que carecem desse cuidado: - de promover um novo olhar e 
consequentemente uma nova postura. Também é necessário ressalvar que a Lei permite refletir 
aqui um reposicionamento da figura do Juiz, que não perde o poder e autoridade, como alguns 
poderiam pensar. É uma adequação necessária frente a casos que através de uma triagem 
podem ser conduzidos a uma justiça mais rápida e, portanto eficiente, atendendo a demanda no 
uso e beneficio do tempo. Cabendo aqui a citação do nobre Ruy Barbosa: “A justiça atrasada não 
é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”. 
A mediação é um potencial na vida do profissional e de todo aquele que está se formando 
seja em que área do conhecimento for, pois como vimos sendo uma ferramenta multidisciplinar é 
aplicada a varias áreas pelo seu potencial alcance transformador. Conhecer o assunto 
“mediação” representa aplicar esses conhecimentos que inicialmente são modificados pela forma 
de pensar. E o que é necessário se modificar inicialmente é sua forma de pensar, para que suas 
atitudes possam ser diferentes. Ter à disposição este conhecimento no corpo das disciplinas de 
cursos de graduação e pós-graduação é tornar viável que essa transformação de mentes possa 
se reverter numa cultura de pacificação da sociedade e de consciência da capacidade de elevar 
sua resolução. 
Precisamos falar que todo esse movimento no Brasil partiu do acumulo de processos e o 
emperramento da fluidez dos trabalhos, dada a essa mentalidade de incentivar que todos os 
conflitos não superados ou pouco administrados, fossem direcionados a uma estância maior, e 
que alguém com a autoridade de juiz fossem decidir o que não conseguimos. Naturalmente que 
pessoas são falíveis e o contexto não é exatamente ir contra a autoridade judiciária como forma 
de resolver problemas entre pessoas no entendimento da Lei. Muitos casos precisam realmente 
dessa condução. O que inicialmente propomos é compreender o fato de que tenha chegado ao 
limite o número de casos à espera de soluções. E é por conta disso que nossa análise precisa ir 
além de modo a indagar, que forma de pensar e condução dos ofícios, das áreas diversas 
profissionais que em não tendo obtendo uma solução razoável buscam o poder judiciário como 
forma de atender suas necessidades e que estas por suas vezes ficam retidas por anos e anos, 
tornando a vida das pessoas marcada e enfatizada sobre um fato que proporciona uma série de 
sentimentos negativos, raivosos e de desentendimento. 
7 
 
 
Disponível em: http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost-
predprinimatelskoy-deyatelnosti.php. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
Apostar numa atitude conciliatória é tornar possível que profissionais de diversas áreas se 
interessem pelo segmento, principalmente aqueles que se identificam com a estratégia de 
trabalho e sentem ter habilidade ou queiram desenvolver na negociação, conciliação e mediação. 
E que possam explorar essa área munida de conhecimentos e desenvolvimento da prática, que 
lhes proporcionem formas de solução que as melhor atendam. Este propósito tem muito a ver 
com uma pedagogia da tolerância, paciência e diversidade. Aprendemos com essa prática a 
desenvolver cidadania, os valores sociais que são cultivados a medida que nos propomos a 
facilitar as possíveis soluções que surgiram por intermédio de uma ação com conhecimento e 
treino da habilidade de negociar, mediar, conciliar. 
 Natural abordar o que ocorreu no Poder Judiciário, pois esta área é representativa pelo 
numero de casos pendentes. Sabemos que a morosidade do judiciário é um dos graves 
problemas que resultam em pilhas e pilhas de casos cujas histórias envolvem vidas de pessoas 
humanas que buscam reparação de algum tipo de dano que passaram e buscam essa instancia 
máxima de resolução. Essa foi nossa mentalidade, e que na atualidade estamos procurando 
modificar através do conhecimento como forma de consciência do diálogo e restauro da 
comunicação bem como da percepção do interesse do outro, que semprefoi algo muito distante 
da concepção das pessoas, a ultima coisa que vão observar e ponderar, é perceber como o outro 
se sente em relação ao fato que os interliga e lhes trouxe uma problemática a resolver. Digo isso, 
pois a mediação é uma ferramenta também pedagógica, que tem como propósito fazer com que 
as pessoas cresçam e melhorem seu padrão de consciência e resolução pessoal. Ao invés de 
incentivarmos o litígio, ganha espaço o entendimento e a tentativa de compreensão mutua ainda 
que não haja um acordo, mas que tenha a cultura da busca de compreender as motivações pelas 
quais as pessoas agem como tal e reagem a isso dentro de seu padrão de consciência. E que 
http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost-predprinimatelskoy-deyatelnosti.php
http://center-yf.ru/data/ip/konkurenciya-i-konkurentosposobnost-predprinimatelskoy-deyatelnosti.php
8 
 
quando muito dispares, tendem a se chocar pela ação de fatores específicos que alteram a 
realidade, deixando confusas as pessoas e permanecendo na mesma condição de conflito. 
Leia o artigo disponível em https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura-
brasileira-de-litigio-15012016 acessado em 29 de maio de 2017. 
A necessidade de resolver e mediar conflitos são extremamente importantes, dado o 
enorme volume de processos sem solução, distantes em atender com agilidade e em outros 
casos com urgência, para por fim a disputas e ao acirramento do conflito, que geralmente tem 
desdobramentos mais graves, quando não administrados. Distanciam-se das necessidades 
humanas, o que interfere na vida das pessoas diretamente e das que estejam ligadas a estas de 
algum modo. Permanecem em condições nada humanizadas, pois não foram atendidas, e com 
isso o ressentimento se eleva pela negligencia do Estado e outras instancias, que deveriam 
promover eficiência neste atendimento, seja do ponto de vista do individuo como da sociedade. 
Historicamente, a “judicialização” dos litígios já veio sendo combatida pelos projetos de Lei, 
tanto na linha da arbitragem (PL 406/2013) como da mediação (PL/405/2013) e 
consequentemente com a Lei de Mediação em junho de 2015, como forma de diminuir o volume 
de processos, meta esta proposta pela Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ) em convenio 
com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O fato de essas ações 
estarem interligadas entre tais instituições, representam que as ações são acompanhadas de um 
movimento global de desenvolvimento dos países, das sociedades, da convivência e qualidade 
de vida e bem estar de uma sociedade. O Brasil não poderia ficar defasado e nem pode viver 
essa problemática pautada na ineficiência que ainda não está totalmente resolvida por faltarem 
profissionais mediadores trabalhando em prol disso. Com isso todos os setores podem ser 
estimulados a negociar, mediar, pois essas são as metas de um desenvolvimento sustentável 
para as sociedades do mundo. 
Para Saber Mais: PL significa “Projeto de Lei”. 
PL/405/2013 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114637 
PL 406/2013 Disponível em http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641 
Lei de Mediação 13.140 sancionada em 26/06/2015 no Brasil (Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm acessado em 29 de 
maio de 2017) 
https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura-brasileira-de-litigio-15012016
https://jota.info/justica/lei-de-mediacao-e-necessario-mudar-a-cultura-brasileira-de-litigio-15012016
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114637
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm
9 
 
 
Disponivel em: http://www.itamaraty.gov.br/es/component/tags/tag/7-onu. Acesso em 10 de novembro de 
2017 
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Brasil - PNUD tem o objetivo de 
contribuir no desenvolvimento humano, em programas de erradicação da fome e crescimento 
sustentável em áreas de relevância e prioridade para o desenvolvimento do país numa rede 
interativa de informação, apoio técnico e parâmetros globais. Seus projetos são desenvolvidos 
por meio de parcerias com instituições internacionais do setor privado e sociedade civil. É 
parceiro da Secretaria de Reforma do Judiciário – SRJ, desde a sua criação, em 2003 quando foi 
constituído o Programa de Modernização da Gestão do Sistema Judiciário, projeto fundamental à 
fase de estruturação da Secretaria. Desde então, a parceria com o órgão tem se fortalecido, por 
meio de quatro diferentes projetos: 
 Promovendo Equidade no Sistema de Justiça Brasileiro; 
 Justiça Restaurativa; 
 Justiça Comunitária; 
 Fortalecimento da Justiça Brasileira. 
Abaixo para a dimensão do trabalho do PNUD como parceiro de parâmetro global é 
relevante apontar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos de atuação. O 
Brasil busca esse alinhamento com as diretrizes internacionais de desenvolvimento e propostas 
globais de desenvolvimento da sociedade. E uma de suas ações mais representativas para 
colocar em ação as diretrizes internacionais e globais da cultura da sustentabilidade da sociedade 
brasileira, está em promover tais ações como as identificadas na imagem bem como o incentivo à 
compreensão humana, da aceitação das diferenças, da cultura do acordo, pacificação e 
negociação em diversos segmentos, onde a mediação possa atuar de forma profissional. 
http://www.itamaraty.gov.br/es/component/tags/tag/7-onu
10 
 
 
Disponível em: https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-
amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
Francisco José Cahali & Thiago Rodovalho (2015) corroboram com tal necessidade da 
ação da Secretaria da Reforma do Judiciário – SRJ, que já vem ocorrendo a alguns anos e segue 
pós a Lei de Mediação (2015) , apontando que: 
“a cultura da litigiosidade se encontra arraigada em nosso país, que conta 
com cerca de 90 milhões de demandas judiciais em andamento – uma média 
de 1 processo para cada 2 habitantes. Apenas para efeitos de comparação, 
na Austrália, há 1 processo para cada 6,4 mil cidadãos. O II Pacto 
Republicado de Estado por um sistema de justiça mais acessível, ágil e 
efetivo, firmado entre os 3 Poderes da República (Diário Oficial da União de 
26/6/2009), destacou a necessidade de “fortalecer a mediação e a 
conciliação, estimulando a resolução de conflitos por meios autocompositivos, 
voltados à maior pacificação social e menor judicialização (...) 
Continuam ainda os autores no destaque, que: 
(...) “De igual forma, propõe que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o 
Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP incentivem a inclusão nos 
conteúdos programáticos de concursos públicos para o ingresso nas carreiras 
https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml
https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-amanha/noticia/definicao-dos-ods.ghtml
11 
 
do Poder Judiciário e do Ministério Público, respectivamente, de matérias 
relacionadas à mediação, como método alternativo consensual de prevenção 
e resolução de conflitos”. 
As ações integradas tem sido realizadas em diversos segmentos bem como a criação de 
cursos de formação de mediadores, para atuação em Camara de mediação privada e cursos 
credenciados pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, para mediadores trabalharem no poder 
judiciário. Sendo que a profissionalização desta carreira nos tribunais é o ponto em questão, pela 
não remuneração, ainda não aprovada em muitos dos núcleos criados pelo país. O que é uma 
questão de tempo até a inclusão dos mediadores no quadro de profissionais efetivo e contratado 
para essa atribuição. As demandas existem em diversasfrentes e a contribuição social e 
pedagógica é valiosa. Apontando para uma política social que investe na pacificação e na cultura 
do entendimento, do dialogo; seja de âmbito privado e público. 
Na esteira da formação de profissionais mediadores, é natural que o desdobramento das 
práticas conciliatórias envolva a formação dos profissionais em cursos de graduação e pós-
graduação. É a partir da formação universitária que se constrói a consciência critica e princípios 
que os preparem desde então a tornarem-se agentes multiplicadores dessa visão e facilitadores 
dessa estratégia de resolução de conflitos entre pessoas envolvidas no trabalho, família, contexto 
social, corporativo, político e outros. 
 Com o trabalho do mediador, há validade o acordo extrajudicial selado - um contrato, em 
que as partes reestabelecem e dialogam, chegando a uma conclusão do caso que as aflige. 
Sendo feito previamente sem a presença do juiz, mas com total validade quando acordado pelas 
partes, pois expressam a vontade das partes, a partir do conhecimento do que fundamenta a 
motivação por determinada posição. Muito benéfica será esta parte para a sociedade como um 
Todo, incentivando-nos a dialogar sobre as dificuldades e problemas que surjam e 
necessariamente desenvolver um aspecto cidadão importante de gerar menos problema possível. 
A expressão de seus ódios, mágoas e ressentimentos nem sempre é resolvida na esfera judicial, 
pois elas continuam vivas na intimidade e necessariamente não se encerram quando há uma 
sentença/decisão do tribunal. Certas pessoas, conforme a distorção dos fatos e de sua 
personalidade procuram meios legais como forma de expressar força, poder e temeridade. E 
deságuam suas problemáticas, fazendo mal uso da justiça para fins que jamais serão cumpridos, 
pois, não há acordo que venha a satisfazer se não houver da parte de ambos o sentido maior do 
beneficio de não permanecer numa posição acirrada, rígida. Buscando na justiça uma forma de 
perpetuação do problema e sua não resolução, daquilo que é de ordem intima. 
12 
 
Como modelo dessa mudança de paradigma no Brasil – de uma cultura que incentiva o 
litígio para uma que adota a pacificação e os meios extrajudiciais como suporte para as decisões 
e com isso a resolução , o surgimento da Lei especifica veio contribuir com uma nova 
mentalidade que passou a ser adotada, tendo como pontos de partida a data de 02 de junho de 
2015 quando o Senado aprovou o Projeto que regulamenta a Mediação para a solução de 
conflitos, e em caráter de urgência no dia 26 de junho a Lei 13.140/2015 (com link disponível 
acima) sancionada pela Presidência da Republica. Que trata do uso da mediação para solução de 
conflitos, inclusive em questões que envolvam a administração pública. O objetivo é que por meio 
de acordos possam ser reduzidos o volume de processos no Poder Judiciário. E também 
regulamentando a mediação judicial e extrajudicial como forma de solução de conflitos, cujo 
acordo tem legitimidade, em vista da expressão da vontade das partes e devendo ser cumprido 
pela tomada de decisão. O aspecto pedagógico também é relevante, no incentivo a tomada de 
decisão, menor violência, aprendizado de que posições distintas são comuns e passiveis de 
ocorrer e que podem ser observados pontos em comuns, respeitando-se os princípios e valores 
humanos bem como a importância do dialogo. 
 
 
Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-
conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017 
Este instrumento (acordo entre as partes na linha extrajudicial) tem como objetivo 
desafogar não só a Justiça, antes mesmo de uma decisão nos tribunais; como da qualidade de 
vida resultante de uma mentalidade que lida e desobstrui os impedimentos e dificuldades 
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
13 
 
encontradas em qualquer área ou atividade. O que não impede a decisão judicial e nem mesmo 
deixa de dar-lhe credibilidade, ao contrário, oferecendo subsídios pelo fato das partes estarem 
sensibilizadas e poderem elas mesmas chegar a uma proposta comum, pois tiveram a 
oportunidade de dialogar a respeito do problema. Com isso a mentalidade de pacificação, 
compreensão mútua, tolerância e adversidade são exercidas. A mediação retoma o seu caráter 
num contexto humanizado, perdido pelo distanciamento exercido quando creditam à justiça a 
forma de resolver algo que não conseguiram e envoltos em sentimentos e emoções que não 
cabem ao judiciário dominar. Pois os conflitos ali são tratados numa ótica mais objetiva e da 
aplicação da Lei como regra de manter a ordem da sociedade. No entanto muitos casos 
solucionados judicialmente não contemplam na sua expressão maior, a da pessoa. Pois não dão 
conta de solucionar determinadas perdas, mágoas e ressentimentos onde não existem 
compensações indenizatórias que venham suprir. A mediação na sua porção humana 
proporciona o maior ganho: - enxergar o ponto de vista do outro além do seu, fazendo as pessoas 
saírem da posição de vítima e defenderem cada qual seu ponto de vista, mas numa concepção 
de uma mentalidade que une, integra, auxilia, fortalece e conclui. Portanto define e liberta. Assim 
faz a sociedade olhar para frente. Diferente de posições que desagregam, estimulam a violência, 
são parciais e não representam a pessoa e sua dignidade, a coletividade. Talvez o maior ganho 
da medição enquanto recurso estratégico seja este de trazer de volta a condição humana às 
pessoas envolvidas em conflitos, diminuindo a ignorância, a brutalidade, agressividade e violência 
crescente na constante escalada. 
Para Saber Mais: 
Aqui um modelo das bases de um contrato de mediação extrajudicial Disponível em 
http://www.conima.org.br/regula_modmed acessado em 3 de maio de 2017. 
É positivo que a partir do segundo semestre de 2015 no Brasil, o prazo para adaptarmos e 
prever todos os serviços para a aplicação da mediação como atividade técnica exercida por 
pessoa imparcial que não tem poder de decisão, mas, que auxiliará as partes envolvidas a 
encontrarem soluções consensuais, e encaminharem ao juiz a formalização do acordo, e em 
demais situações que não jurídicas, o ganho de uma compreensão diferente de antes, a fim de 
por fim ao problema comum. Ao invés de investir na agressividade e violência, educarmos a 
pessoas para uma convivência democrática, em que as diferenças existem, sendo possível 
compreende-las e buscar meios de solução. 
A aprovação do Novo Código de Processo Civil (NCPC) em 16 de março de 2015 através 
da Lei 13.105 substituiu o CPC do ano de 1973, quando entrou em vigor em 16 de março de 
2016, conforme informado pela Presidência da República. Tem base democrática, foi elaborado 
http://www.conima.org.br/regula_modmed
14 
 
por um grupo de juristas e tramitou pelo menos por quatro anos até sua aprovação. Obteve a 
participação de sugestões por parte de cidadãos e tendo diversas audiências publicas para a sua 
formulação. Contém avanços quanto a agilidade processual com fins de desafogar os trabalhos 
do judiciário, a diminuição de qualquer atos protelatórios e a uma uniformidade jurisprudencial em 
casos repetitivos. Para contribuir com o paradigma da “justiça rápida” aplicada a seu tempo a fim 
de não perder validade. 
Para Saber Mais: 
Disponível em http://www.conima.org.br acessado em 29 de maio de2017 
Foi criado em 24 de novembro de 1997, o Conselho Nacional das Instituições de Mediação e 
Arbitragem – CONIMA, cujo objetivo é reunir associados como pessoa física bem como 
instituições e entidade de mediação e arbitragem de todo o país. Destina-se ao cumprimento das 
normas técnicas, da ética dos profissionais, do incentivo a cursos e criação de novas entidades 
que tenhamcomo atividade a mediação e arbitragem. Além de congregar profissionais envolvidos 
com a excelência desta atividade e poder criar meios de interação entre estes. Disponível em 
http://www.conima.org.br acessado em 29 de maio de2017 
É um marco importante para a sociedade e muito aguardado a fim de dar prosseguimento 
às diversas matérias envolvidas de âmbito civil. E promoveu a base para a aprovação da Lei 
9.307/96 de Arbitragem cujas alterações foram sancionadas em 26 de Maio de 2015, havendo 
também alguns dispositivos no NCPC versando sobre o tema. Na arbitragem em especifico as 
partes conflitantes aceitam que haja a existência de um terceiro elemento de sua confiança que 
decidirá o caso visando solução. Sendo esta uma característica da heterocomposição. A Justiça 
Trabalhista, não se favorece do recurso da mediação, e deverá criar mecanismos próprios para a 
celeridade no julgamento das suas causas.Havendo ainda adaptação em qual abrangência será 
utilizada. 
Sendo assim, entendemos ser extremamente útil a elaboração desta disciplina de forma 
prática e de fácil compreensão, considerando a abrangência de todos os profissionais que podem 
fazer uso desta ferramenta. Com linguagem acessível a todas as classes profissionais. Tornando-
se um recurso didático para os estudantes de graduação, estagiários, gestores, escolas, 
empresas, delegacias, profissionais de cartórios cíveis, advogados, profissionais do judiciário, 
centros de mediação, médicos, educadores, pais. Todos aqueles que visam aprender a utilizar o 
recurso da mediação como forma de solução de conflitos de forma fácil, como são os casos do 
segmento da educação, famílias, condomínios, associações e clubes onde muitas pessoas 
http://www.conima.org.br/
http://www.conima.org.br/
15 
 
convivem e fatalmente se veem em torno de conflitos. Também vale acrescentar mais uma vez, a 
implantação de camaras de mediação privadas, que crescem a fim de contribuir para essa 
mentalidade de menos incentivo à problemática e mais estímulo ao entendimento e acordo. 
 Para Saber Mais: 
Lei 13.105 Disponível em http://vamosconciliar.com/docs/Lei_n_13.105_2015.pdf Acessado em 
29 de maio de 2017 (aborda a legislação pelo Novo Código de Processo Civil relativo a 
Arbitragem, Conciliação e Mediação. 
Lei 9.307/96 de Arbitragem Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm 
Acessado em 29 de maio de 2017, a título de interesse para conhecimento da legislação 
especifica de arbitragem. 
http://vamosconciliar.com/docs/Lei_n_13.105_2015.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm
16 
 
 
1 - A MEDIAÇÁO COMO POSTURA PEDAGÓGICA E EDUCATIVA: DO LITIGIO AO 
ACORDO 
 
 
Disponível em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-
conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
A natureza da mediação não é essencialmente jurídica, chegou até ela pelo movimento da 
Reforma do Judiciário havido no Brasil face ao acumulo de processos, a demora em tratar dos 
conflitos e a perspectiva de se modificar a mentalidade das pessoas envolvidas nestes conflitos. 
O que vemos ser chamado de “Cultura da Pacificação”. Trabalhando também a mentalidade das 
pessoas ao compreender que elas podem chegar a um termo comum e o quanto isso pode ser 
proveitoso ao evitar conflitos perpetuados no tempo em face de dificuldade de se estabelecer um 
acordo. O incentivo da cultura da pacificação existe para mobilizar profissionais e pessoas da 
sociedade civil a compreender que vale muito a tentativa de acordo e o quanto isso é didático no 
sentido de investir em uma pedagogia de vida que faz a vida fluir e seguir com a capacidade de 
enfrentamento, dialogo e o restauro das posições de antes. Dando fim ao conflito mediante a 
compreensão das partes e a tentativa de uma solução que seja favorável a ambos. 
 Se existem litígios com diferentes intensidades é possível compreender que haja alguns 
que possam ser resolvidos pelas próprias pessoas envolvidas desde que instrumentalizadas e 
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
17 
 
tendo a facilitação de um profissional. Esse pensamento de mudança de um Estado Jurídico que 
é a instancia máxima de decisão, porém direcionado a casos de maior complexidade é que se 
transformou no sentido de fazer as pessoas compreenderem que milhares dos casos que atolam 
o poder judiciário podem ser resolvidos com celeridade (agilidade) e mais próximos das intenções 
de cada qual envolvido na situação. Disso surgem subdivisões de trabalhos que dão fronteiras ao 
que cada uma irá tratar: a conciliação e a mediação, que é relativa a temas humanos, que 
envolvem em boa parte uma questão de compreensão das partes, percepção do outro e das suas 
motivações para tal conflito ocorrer. Lembrando sempre que os choques são inevitáveis. 
Conforme artigo de minha autoria, Ricotta (2017), publicado em 16 de março de 2017 no 
portal https://focados.com.br no seguinte link https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-
negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-
demandam-tempo/ extraio alguns trechos que considero interessantes para o entendimento da 
mediação e negociação como ferramenta de trabalho útil para destravar problemas e encurtar ou 
abreviar o tempo na sua solução. 
A mediação de conflitos é uma importante ferramenta para o profissional especializado, 
que tem em sua realidade a necessidade de resolução das dificuldades do trato das questões 
humanas. Sua utilização enquanto prática de resolução alternativa de conflitos (que não judicial) 
visa uma solução pacificadora, além de ser pedagógica no sentido de propiciar uma espécie de 
aprendizado na diminuição das arestas, de uma melhor aceitação de opiniões ainda que 
diferentes, apontando ser possível a compreensão. É fato que essa ferramenta não pertence 
unicamente ao mundo jurídico, é aplicada em diversas áreas onde exista a necessidade de um 
acordo a fim de termos a necessária continuidade e fluidez para que a vida possa seguir para 
ambos os envolvido. Até porque a sua existência reside na criação de um impasse, de forças de 
interesses antagônicas que não encontram uma saída comum por alguma razão, seja porque 
uma das partes não se sinta contemplada, seja porque entrar em acordo representa a resolução e 
para aqueles cujo objetivo é perturbar o outro ou até mesmo incomodar e fazer-se presente de 
algum modo, o problema é uma forma de ligação que ainda as partes possuem uma com a outra, 
ainda que haja o desprazer. Não é agradável para ninguém ter um problema crônico, que não se 
resolve. Mas se o seu propósito intimo for “ter o controle e o poder sobre as pessoas envolvidas 
ou sobre seus interesses”, está criado o impasse e a necessidade de perder tempo com isso. Nas 
relações de trabalho a mediação é muito útil, pois ao nos encontrarmos em crises que emperram 
determinado objetivo, esta surge como promotora de um novo equilíbrio, extremamente 
necessário para que os trabalhos prossigam e não se distancie do objetivo maior. Se o enfoque 
permanece na obtenção de poder, o propósito é o ego das pessoas envolvidas e não a produção 
de trabalhos. E nenhuma empresa sobrevive disso por isso até que precisa ter regras claras que 
https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/
https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/
https://focados.com.br/2017/03/16/mediacao-e-negociacao-ferramenta-profissional-de-solucao-de-conflitos-para-destravar-obstaculos-que-demandam-tempo/18 
 
venham gerir todos os seus processos e produção. E solucionar conflitos é uma prioridade como 
forma de evitar situações emperradas que impedem a evolução do tramite dos trabalhos sem 
contar a qualidade do clima organizacional, muito importante e um direito aos profissionais, o de 
ter ambiente profissional salutar. 
Dependendo do conflito é possível lançar-se da conciliação, arbitragem e mediação – 
recursos distintos e aplicados em situações de resolução de conflitos diferentes. Não são a 
mesma coisa apesar de todos eles objetivarem a solução de conflitos. A conciliação é indicada 
quando há uma divergência clara e esta é a promotora do conflito, sendo possível recuperar o 
dialogo a fim de uma solução favorável a ambos. A arbitragem é quando as partes envolvidas não 
entram em acordo, e não resolvem de forma amigável, necessitando de um árbitro que venha 
decidir por elas. A mediação tem como propósito recuperar o dialogo frente ao conflito existente, 
onde a figura do mediador é fazer com que as partes cheguem a uma conclusão. E a solução 
alternativa de conflitos, assim chamada é o que auxilia a desobstruir a justiça, promovendo o 
entendimento mutuo e direcionando para a sua solução. Portanto como viram a abrangência da 
mediação é extensa. Podendo ser empregada em diversos setores e necessidades. E para isso 
conta-se com modalidades distintas na sua aplicação, daí a diferença entre elas apresentadas. 
Para cada caso utilizaremos uma ferramenta. Interessante diferenciarmos aqui no inicio deste 
livro para que o leitor desde então possa verificar as nuances distantes de cada tipo, ainda que 
possam estar todas as características reunidas numa só. 
 
O caráter democrático da mediação é também um fator muito interessante. Sendo utilizada 
por diversos tipos de profissionais e locais de trabalho: - universidades, corporações, fórum de 
justiça, escolas, famílias, delegacias de policias. 
 
Este recurso permite tornar as relações humanizadas, pois as falhas existem e as pessoas 
são humanas. Cometem erros, fazem julgamentos apressados, abrem concorrência e competição 
com outra pessoa, divergem em opiniões, fazem disputa de poder e outras atitudes. E em 
cometendo equívocos ainda que seja difícil admitir, são geradoras de problemas. Por isso 
pessoas não envolvidas com o caso em si, são apropriadas para lidar com a questão, e quando 
instrumentalizadas pela ferramenta Mediação e com a neutralidade no caso, é possível ir de 
encontro a uma saída positiva para ambos, sem que haja algum tipo de desvantagem. 
 
Pensamos de determinada forma e quando nos deparamos com as razoes que estimulam 
uma pessoa a agir desta ou daquela forma frente ao impasse, é possível apostar na mudança de 
posição – o que promoveria outra interação. E com isso a proposta de uma solução diferente. A 
de poder ver o outro diferente de si, se colocando-se no lugar dele, enxergando 
19 
 
suas motivações frente a posição adotada. Onde até então se desconhecia. Indo para outra 
esfera e dimensão onde não tão somente habitam os interesses particulares e estritamente de 
interesses pessoais. 
 
Quando falamos da integração profissional necessária como garantia de um clima positivo, 
da participação dos profissionais em determinado contexto, não podemos abrir mão de que o que 
mais interessa, é o trabalho. E muitos costumam se esquecer de que em função das suas 
questões pessoais, fazem desaguar aspectos emocionais, dificuldades pessoais que de algum 
modo veem interferir na qualidade e fluxo da comunicação e da postura das pessoas que 
partilham um mesmo ambiente, como pode ser o caso de uma família, de um grupo, de uma 
instituição ou empresa. 
Investir na qualidade das relações humanas e na capacidade das pessoas mediarem seus 
conflitos é tornar os contextos mais próximos da boa comunicação, da busca pela compreensão, 
do uso da inteligência. Mediar conflitos representa a aquisição de uma terceira posição diante das 
partes envolvidas, possibilitando uma nova solução, antes não pensada. 
Aprender e desenvolver o recurso da mediação tende a facilitar o clima e o ambiente do 
contexto em que está inserido, como dissemos acima (podendo ser na família, no grupo de 
trabalho, entre amigos), bem como propiciar uma cultura da negociação - que aceita a 
diversidade e aposta na conciliação dos interesses. Onde necessariamente não será 
contemplado A nem B e sim uma terceira posição que os distancia dos radicalismos, das visões 
preconcebidas da situação vivida, buscando contemplar os interesses de ambos. 
Pensar na mediação como forma de viabilizar acordos, é tratar os problemas na 
perspectiva da sua resolução, compreendendo que diante das adversidades e diferenças, existe 
uma didática implícita, que te propicia o aprendizado em lidar com situações difíceis sem 
considerá-las extremamente difíceis ou sem saída. Mas havendo alguma antes não identificada 
ou pensada. 
A ONU (Organização das Nações Unidas) indica e posiciona a mediação como estratégia 
de pacificação e busca de equanimidade na sociedade. Com essa afirmativa, temos mais uma 
aval, que nos aponta estarmos trilhando o caminho certo. Ban ki – Moon, Secretário Geral da 
ONU em Junho de 2012 divulga o documento “Diretrizes para Uma Mediação Eficaz” a todas as 
nações de modo que estas façam cumprir tais diretrizes; escrevendo no prefácio o seguinte: “A 
mediação é um dos métodos mais eficazes para prevenir, gerenciar e resolver conflitos. Para que 
seja eficaz, entretanto, um processo de mediação exige mais do que a nomeação de uma 
20 
 
personalidade eminente para atuar como terceira parte. Com frequência, as partes em conflito 
precisam ser convencidas sobre os méritos da mediação, e os processos de paz devem contar 
com um amplo apoio político, técnico e financeiro. Esforços de mediação ad hoc e mal 
coordenados – mesmo quando empreendidos com a melhor das intenções – não ajudam a atingir 
o objetivo de alcançar uma paz durável”. 
 
Ban-Ki Moon. Disponível em: http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in-
guyana/. Acesso em 10 de novembro de 2017. 
Ressalta-se aqui que a ferramenta mediação é utilizada em ambitos e contextos diversos, 
e tendo repercussões globais. O ponto a refletir é que a promulgação da Lei no Brasil está na 
esteira dos acontecimentos internacionais, inserida neste contexto de desenvolvimento dos 
povos, sociedades e nações. Não tendo como premissa de que a área da mediação seja 
essencialmente jurídica ou criada para dar conta dessa demanda. A mediação é mais ampla e 
abrangente na sua aplicação e o lançamento deste documento aponta para isso: - a evolução dos 
países e as diretrizes para que as sociedades possam se desenvolver e criar mecanismos cada 
vez mais estratégicos de solução para todos os problemas, observando-se nas palavras de Ban 
Ki Moon que é na consciência e trabalho efetivo das pessoas que devemos investir, tendo que 
haver vontade política, econômica e técnica. Se não mobilizamos os profissionais a pensarem 
dessa forma conciliatória que inspira o acordo, estaremos diante do que sempre ouvimos das 
pessoas em sociedade: - da agressividade e violência, da ausência de humanidade na sociedade, 
nos interesses econômicos que essencialmente fixam-se nesse propósito desconsiderando as 
demandas das pessoas, na ausência de políticas públicas que acabam gerando exclusão, 
http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in-guyana/
http://newssourcegy.com/news/ban-ki-moon-for-one-hour-stop-in-guyana/
21 
 
extermínio, conflitos raciais, e enfim como muitos temas sociais são tratados. Havendo, pois a 
necessidade de intervenção. 
Para Saber Mais: Aqui apresentamos o documento “Diretrizes para Uma Mediação Eficaz” criado 
em junho de 2015 pela ONU a todas as nações de modo que estas façam cumprir tais diretrizes. 
Disponível em: 
http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf acessado em 5 de janeiro de 2017. 
A ONU registrou também a mediação como instrumento eficaz para tratar de conflitos tanto 
interestatais como intraestatais, com a criação do Manual das Nações Unidas sobre resolução 
pacífica de disputas entre Estados, publicado em 1992. Outro ponto relevante de análise para 
dimensionarmos a abrangência da mediação no cenário mundial e global. 
 
Disponivel em: http://www.un.org/spanish/News/story.asp?NewsID=34863#.WjLHi1WnGCg. Acesso 
em: 10 de novembro de 2017. 
Na Administração Pública a Lei 13.140 de 26 de junho de 2015 (disponível acima) dispõe 
sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a 
autocomposição de conflitos. O objetivo é diminuir o volume de processos por meio de acordos 
no Judiciário. O que resulta num benefício enorme à sociedade, no aceleramento das resoluções 
das disputas que poderão ter uma solução mais ágil. 
http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf
http://peacemaker.un.org/sites/peacemaker.un.org/files/GuidanceEffectiveMediation_UNDPA2012_pt_Jun2015correction_0.pdf
http://www.un.org/spanish/News/story.asp?NewsID=34863#.WjLHi1WnGCg
22 
 
Compreender que a Mediação é uma resposta aos impasses que a sociedade vivencia 
tanto no plano das suas interações interpessoais como de ampla abrangência, institucional, 
corporativa, privada, publica, familiar, escolar, social. Enfim, entender que geramos problemas 
cotidianamente, pois ao sermos e pensarmos de forma diferentes estes geram atritos e 
afinidades. Se a convivência é boa, as pessoas buscam meios para solucionar, pois não é 
interesse manter o problema, pois não há disputa de poder envolvida e sim necessidade de 
compreensão para se dar prosseguimento na interação ou vinculo. Quando há disputa de poder o 
laço da proximidade, desaparece, pois a parte necessita fazer da sua ação um modo de 
demonstrar que está superior a isso. Todo conflito tem em si uma carga contida que envolve a 
distribuição deste poder entre as pessoas envolvidas e quem terá a habilidade de circular a 
tensão para que se evite a explosão que nutre o impasse. Quando menciono “explosão” refiro-me 
a essa tensão interna que explode dentro da pessoa e faz com que ela busque compensações 
para demonstrar campos de forças. A ignorância leva a disputa, quanto mais há falta de alcance, 
mais há discrepâncias que contribuam para a integração e união das vontades. 
O homem na sua supremacia, para não dizer arrogância e intolerância, de acreditar que 
pode dar conta de tudo, procura em suas ações uma maneira de impor suas posições, crendo 
que o que quer que ocorra, é o que deve ocorrer. E ao viver contrariedades e permanecer 
irredutível, irá se sentir convidado ao desafio, respondendo às situações de maneira rígida e 
endurecido. E procurará manter-se assim diante da própria vida e causando novos outros 
conflitos com as demais pessoas a sua volta, que porventura venha interagir. Pelo simples fato de 
acreditar que deste modo, tem o poder. Buscando resolver seus conflitos na base da imposição 
do poder e controle total para não perder, como se isso fosse símbolo de fraqueza ou 
rebaixamento de sua pessoa diante do outro. Admitindo que tudo o que o contraria é uma forma 
de atacá-lo. Tornando tudo muito pessoal. Forçando a outra parte a aceitar suas condições como 
sinônimo de subjulgo. Impõe sua vontade e entendimento da realidade como se a sua visão fosse 
a única, e, como se não houvessem outros pontos de vista. Desconhece por completo que 
haveria o entendimento caso se dispusesse a adotar uma posição conciliatória e intermediária 
entre o querer de um e de outro. Tudo aquilo que um acordo pode oferecer. 
O que faltaria perceber ao perfil dominador é que, o que lhe falta é dar-se conta de seus 
próprios conflitos, daqueles criados em sua própria intimidade, ligados a sua percepção particular 
e aos sentimentos que conspiram em sua órbita. Fazendo eclodir esta realidade interna para 
outras esferas da sua vida e gerando novos conflitos para si e para demais pessoas. E quando se 
derem conta de que os conflitos são constantes na vida, e que aqueles de motivação afetiva 
devem ser tratados neste âmbito: - do plano emocional e psicológico, muitos estragos já terão 
23 
 
sido feitos. E sua humanidade perdida. Naturalmente que pode ser retomada a partir de ações 
geradoras de integração e participação e da busca de novas alternativas que expressem a fusão 
ou comunhão entre as partes, possibilitando harmonia e equilíbrio. 
 No plano das decisões e negociação diante de interesses objetivos, por exemplo, em 
situações profissionais, é possível ser mais definido o afastamento das motivações pessoais, 
emocionais que fatalmente viriam a interferir na análise e respectiva decisão. Sendo assim a 
percepção do ponto em questão sem a interferência dessas questões pessoais que não 
representam o interesse maior, no caso o interesse de uma empresa em jogo. A busca de 
solução se torna mais eficiente, pois os critérios envolvidos são claros e nítidos. Determinadas 
atividades e obras tem claro que o principio maior está no trabalho em si e não nas questões 
particulares que venham promover alguma ruptura. O mesmo se dá quando temos algo muito 
importante a perder, podendo-se negociar com mais facilidade tendo em vista o prejuízo da sua 
perda. É mais fácil aceitar determinadas condições que perder algo valioso seja do ponto de vista 
pessoal, emocional, afetivo. Portanto algumas situações de conflitos se resolvem por si só, a 
medida que é conhecida a relevância do que está em jogo. E com isso o manejo dessas variáveis 
pode ser estabelecido e com isso o seu equilíbrio. 
Muitas situações ficam travadas em torno de uma contabilidade pessoal, motivada pelo 
sentimento de vingança, raiva, despeito e inveja. Nestes casos qualquer conflito de interesses 
precipita aspectos que estão submersos, trazendo a tona com uma atitude de não colaboração, 
de resistência passiva (o não fazer que agride e que é para incomodar, atitude de ignorar e tornar 
o tema indiferente, quando na verdade não é. Atua-se com máscara, sem exposição clara do que 
sente. Escolhe uma outra forma de agredir que não a explicita, daí a alusão de “passiva”). Essa 
forma de calcular o ganho e perda é descrita por Remo Entelman de “cálculo affectio” (que 
poderão ter mais clareza, nos capítulos a seguir), onde o agente do conflito não busca o acordo 
como forma de permanecer incomodando a outra parte e até mesmo de não colaborar para a 
solução efetiva. Trata-se de uma armadilha dos humanos, na sua porção destrutiva, pelo bel 
prazer de não permitir que o outro ganhe ainda que tenha se chegado a uma solução favorável. É 
caracterizada pela intransigência desta parte, que mesmo chegando a um acordo irá buscar outra 
via para retomar como forma de não livrar a outra parte. É mais comum do que se imagina. 
Exemplo: casos de separação conjugal, divórcio, disputa de guarda. 
Outra visão do conflito de proporção coletiva, que podemos dizer que é a maior expressão 
da carga de conflito que se pode conceber na humanidade, e marcam desde o inicio dos tempos, 
que são as guerras, as disputas territoriais e interesses financeiros. Ficaram marcadas na história 
da humanidade até os dias atuais e representam o maior poder de destruição entre os povos já 
24 
 
vistos. Dada as proporções existem outras “guerras” no sentido metafórico, com poder de 
destruição e danos na vida das pessoas, seja de esfera individual, familiar e na sociedade como 
um Todo. Cujas consequências emocionais são de difíceis de reparação. 
As guerras são dimensionadas nos seus interesses territoriais, econômicos e outros; 
havendo distanciamento do quão destruidor será para as pessoas no seu sentido individual, 
familiar e social. É devastadora. E os países em guerra só se reconstroemem vista da ação das 
pessoas que buscam na integração e vontade humana o desejo de transformar aquela realidade 
e acabam por reconstruir a realidade destruidora que a guerra lhes proporcionou. Somente por 
isso. Se existir o empenho e sentimento das pessoas em prol da reconstrução isso será feito, de 
outro modo se o sentido for de desistência, vingança ou outro que não contribua para a 
permanência do que é mais importante, no caso a vida, a sobrevivência, é possível que a dor 
humana seja transformada em coragem para mudar. 
Paradoxo extremo, enquanto uns decidem pela guerra de forma fria e distanciada de 
qualquer sentido emocional, é o povo no seu clamor pela vida que ressurge e busca a nova 
organização. Neste caso o envolvimento existe. Em detrimento do poder que disputam a 
necessidade da vida torna-se maior. E assim o Homem na sua expressão mais ampla, acaba 
gerando problemas de toda ordem, social, política, familiar, pessoal e intima; pois quer a 
retomada do poder, teoricamente perdido ou tomar para si aquilo que julga ter para si e para isso 
se utiliza da força do poder. 
 
 
25 
 
Disponível em: https://pt.slideshare.net/mcelloto/a-onu-42689972. Acesso em: 10 de novembro de 
2017. 
E por fim, na sua finalidade pedagógica, vemos avançar o seu entendimento como a 
aplicação deste conhecimento sendo direcionada às faculdades, na forma de aprendizagem que 
venha a ocorrer tanto nos espaços acadêmicos como institucionais. Seja em cursos de Direito, 
em disciplina especifica, nem como em cursos da Ordem dos Advogados OAB – licença para 
atuar profissionalmente e pertencer a categoria profissional. Em concursos para várias carreiras 
jurídicas, policiais e administrativas, como recursos práticos que devem fazer parte dos recursos 
práticos de atuação profissional como melhoria na execução da função. Naturalmente que temos 
outros conhecimentos que dão suporte e maturidade ao profissional, como gestão de pessoas, 
considerando que muitas funções estão alinhadas com o perfil de liderança, mas nunca se viu tão 
útil o ensino da mediação, seja em cursos de aprimoramento, aperfeiçoamento e especialização. 
CAHALI, Francisco José & RODOVALHO, Thiago (2015) em artigo para a OAB – A 
Necessidade de Inclusão das Alternativas Adequadas de Solução de Conflitos (Conciliação, 
Mediação, Arbitragem e Outras), Como Disciplina Obrigatória nos Cursos de Direito apontam o 
seguinte: (...) “uma das medidas mais necessárias para essa conscientização a respeito de outras 
formas de resolução dos conflitos e arrefecimento da cultura do litígio é, sem dúvida, a mudança 
nas grades curriculares das faculdades de direito, para promover o ensino jurídico, além dos 
métodos tradicionais de resolução de controvérsias, também dos ADRs, modernamente 
concebidos como Adequate Dispute Resolution (= Métodos Adequados de Solução de 
Controvérsias): arbitragem, negociação, conciliação e mediação, entre outros (tais como neutral 
evaluation, dispute review board etc.)”. Continuam: “Essa mudança na grade curricular das 
faculdades de Direito foi inclusive objeto de preocupação tanto do recente Projeto de 
Modernização da Lei de Arbitragem (PL n. 406/2013) Disponível em 
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641/pdf, acessado em 12 de abril 
de 2017 quanto do Projeto de Lei de Mediação (PL 405/2013) que menciona nos artigos 26 e 27 
os seguintes pontos abaixo: 
Capítulo VIII 
Das Disposições Finais 
Art. 26. O Ministério da Educação – MEC deverá incentivar as instituições de ensino superior a 
incluírem em seus currículos a disciplina de mediação como método extrajudicial consensual 
de prevenção e resolução de conflitos. 
https://pt.slideshare.net/mcelloto/a-onu-42689972
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/114641/pdf
26 
 
Art. 27. O Conselho Nacional de Justiça – CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público – 
CNMP promoverão preferencialmente a inclusão, nos conteúdos programáticos de concursos 
públicos para o ingresso nas carreiras do Poder Judiciário e do Ministério Público, 
respectivamente, de matérias relacionadas à mediação como método alternativo consensual 
de prevenção e resolução de conflitos”. 
O artigo em referencia acima pode ser lido na íntegra. Disponível em 
http://www.esaoabsp.edu.br/Artigo?Art=136 acessado em 12 de abril de 2017 
Acesse o link sobre um texto que aborda a repercussão da alteração do Projeto de Lei 406/2013 
Disponível em https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei-
4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/, acessado em 12 de abril de 2017 
Houve um reforço à criação e inclusão das disciplinas “arbitragem” e “mediação” em 
graduação, pós-graduação e concursos. Inicialmente antes mesmo dos cursos de Direito, ela 
surge na Administração, no modelo de interesses de negócios, sendo conhecida por “negociação” 
e difundida nos cursos de Gestão há muitos anos. Em cursos de Direito, esta transformação veio 
da reforma do poder judiciário sendo natural a aprovação da Lei mediante uma necessidade 
urgente de vitalizar o poder judiciário, promover acesso à justiça a Todos, bem como torná-la ágil. 
Com a delimitação da ação da arbitragem de conflitos com discussões jurídicas envolvendo 
valores financeiros e interesses corporativos, imobiliários por exemplo; e a mediação, conciliação 
ou a chamada justiça restaurativa, voltada para conflitos humanos. 
 
http://www.esaoabsp.edu.br/Artigo?Art=136
https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei-4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/
https://www.rolimvlc.com/noticias-para-informe/sancionado-o-projeto-de-lei-4062013-que-estabelece-alteracoes-na-lei-de-arbitragem/
27 
 
Disponivel em: https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014-
2020/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
A mediação é uma atividade especializada de caráter multidisciplinar e surgiu inicialmente 
da Economia e Política ao tratar dos assuntos internacionais entre países, conflitos de alta 
intensidade como as guerras. A mediação passou pela administração muito antes de chegar ao 
judiciário e nestas transposições de conhecimento sua aplicação vai obtendo um delineamento 
diferente e especifico à sua atuação. Até entendermos que o conhecimento da mediação e 
conciliação na atualidade é tema da universidade – local que prepara para a atividade e oferece 
instrumental estratégico a fim de lidar com as diversas situações. O que inclusive justifica esse 
trabalho que ora realizamos; ou seja, estamos fazendo a aplicação de levar os conhecimentos de 
Mediação à Universidade – local este de pensar e formar pessoas e profissionais: 
Consideramos relevante a função que tal Lei especifica propiciará nos amplos campos da 
sociedade civil, jurídica, acadêmica, administrativa, corporativa, para citar alguns. Pois sendo um 
conhecimento de abrangência multidisciplinar tem ampla utilidade nos diversos setores, bem 
como seu papel na evolução da sociedade – na qualidade de tornar os indivíduos dotados de 
ferramentas e estratégias para atuarem como facilitadores de soluções. Para tanto torna-se 
relevante conhecer como o processo de mediação se dá a partir do entendimento das bases de 
um conflito, suas características, as abordagens de mediação e forma de atuar. Os demais 
capítulos têm esse propósito de versar sobre o trabalho em si, de oferecer conhecimento 
necessário relativo à sua aplicação e suprir as demandas desta disciplina para quais áreas forem: 
- da Psicologia, Direito e Exame da Ordem (OAB), para profissionais da Administração Pública, 
Cartórios, Escolas, Pais e familiares, Hospitais, policiais, negociadores, empresários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014-2020/
https://epthinktank.eu/2015/02/11/partnership-agreements-within-cohesion-policy-2014-2020/28 
 
2 - O CONFLITO 
2.1 Tudo começa com a existência do conflito 
 
Disponível em: http://trabajaconveintemil.blogspot.com.br/2015/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
 Vamos poder apresentar de forma didática, o que é o conflito, como eles surgem, 
tipos e características. Os modelos de atuação e aplicação da mediação conforme as 
necessidades que foram surgindo no decorrer da humanidade. Onde os conflitos surgiam em 
torno de disputas internacionais que resultaram em muitas das guerras. Daí o entendimento de 
que o conflito entre nações, entre interesses comerciais que veio acompanhando a História da 
Humanidade, até se verificar a existência desta mesma reprodução nas relações interpessoais, 
que é por assim se dizer, de onde parte a origem de tudo – as motivações endógenas e 
exógenas, intrínsecas e extrínsecas que veremos esclarecidas aqui nos capítulos que se seguem 
ao assumirem o protagonismo como forma de expressar o antagonismo em suas posições. 
Com isso acreditamos poder contribuir na formação de uma mentalidade critica e 
necessária aos profissionais de várias áreas, que favorece e investe na diminuição do problema a 
fim de dinamizar os ambientes e proporcionar melhor clima para se compartilhar e conviver. 
Há a inexistência de uma linguagem específica aplicada à compreensão do conflito, dos 
seus fatores geradores e formas de atuação. A formulação de conceitos relacionados ao tema 
http://trabajaconveintemil.blogspot.com.br/2015/
29 
 
estabelecem pontes com outras áreas do conhecimento, a fim de possibilitar sua compreensão, 
sendo de enfoque multidisciplinar, numa abordagem abrangente cujas contribuições surgem das 
Ciências Políticas, da Sociologia, Psicologia, Filosofia, Administração, Direito e Teoria Sistêmica. 
Trata-se de um fenômeno que suscita novas maneiras de entendimento, tendo em vista a 
complexidade das relações humanas, ao que se refere aos processos subjetivos e até pouco 
racionais a que estão direcionados a sua evidencia e constatação do conflito. 
Ele é em si uma expressão da interação humana com amplas dimensões, sejam entre 
pessoas, grupos, organizações, instituições e coletividades. E causa a falência de tentativas de 
possíveis soluções. Representando o choque, o embate de posições distintas, configurando-se a 
necessidade da ocorrência de transformações. 
Para que o direito das pessoas seja preservado bem como os da coletividade é comum 
surgirem os choques relativos às diferenças existentes, advindas de posições específicas em 
relação a algo comum, seja enquanto indivíduo, ou como parte integrante de uma estrutura 
coletiva, um grupo por exemplo. O conflito é inerente à vida, fazendo parte das mais variadas 
etapas da vida, e sendo uma estrutura dinâmica, que se modifica de acordo com as interferências 
que se realiza e as influencias e estímulos recebidos, tem em si mesmo, a função de recriar, 
resignificar e buscar novas saídas para estruturas que se encontram emperradas numa posição 
radical. 
Vivenciarmos conflitos é natural, pois se temos interesses distintos e agimos em razão 
destes, teremos critérios que embasam nossa posição, gerando diferenças de toda ordem. Não 
estamos nos referindo ao fato de que tudo precisa ser de acordo, coincidente, comum. E sim 
reforçando o modelo de negociação, onde é possível aliar interesses distintos e tornar possível o 
encontro de uma saída para aquelas situações onde não se via alternativa enquanto as posições 
permanecem radicais. Quando todas estas tentativas falham, é aí que se tem uma dimensão do 
problema, da sua carga e intensidade e a possibilidade de dissolver tal carga será na medida da 
capacidade de flexibilizar e encontrar uma nova posição que esteja em acordo para as partes 
envolvidas. Do contrário há o distanciamento, o rompimento. 
30 
 
 
Depositphotos 
 
É extremamente necessário e vital para as relações haver a coexistência de interesses 
diversos, onde as diferenças convivem sem resultar em dificuldades. Alimentando a colaboração, 
o compromisso, a união. Muitos valores humanos são reforçados e praticados quando se utiliza o 
modelo de mediação negocial como forma de restaurar os elementos díspares. A busca do 
equilíbrio das forças antagônicas comumente presentes numa disputa, problema ou conflito 
surgem como forma de solucionar o conflito. Equalizando as diferenças para que surja o ponto 
comum. Considerando que estas, são parte de um sistema fechado, que contém determinada 
carga de tensão envolvendo inclusive certa pressão para a sua solução pois, do modo como 
opera não tem sustentação, entrando em ponto de saturação. 
As chamadas estratégias autocompositivas referem-se à composição de um sistema sob 
um novo paradigma, estabelecendo a homeostase – funcionamento que visa a busca de um 
equilíbrio ainda que o sistema esteja desorganizado ou disfuncional. Lidando com os 
impedimentos, bloqueios de toda ordem a que venham apontar que a estrutura vigente teve em si 
a sua falência das tentativas de equilibrar. Quando alteramos a ordem das coisas, de algum modo 
elas reagem, na tentativa de retomar o funcionamento de antes. A homeostase, é um termo 
também encontrado na medicina, ao fazer menção ao sistema integrado do sistema biológico. E é 
nessa visão holística, integrada, que a forma de pensar o conflito e a sua resolução precisa ser 
vista. 
31 
 
Bastante interessante pensarmos o quão os sistemas atuam de forma integrada, 
relacionando a tudo o que venha fazer parte deste. Pense num conflito, em como se originou. 
Certamente que a estrutura do problema é identificada pelas pessoas que atuam na situação, 
mas considere o ponto que está em questão, qual campo de forças está em ação para que haja a 
competição, a disputa pelo poder, o tender para seu próprio interesse. Com frequência assistimos 
as pessoas se frustrarem, seja porque seus interesses não se encaixam de algum modo ou não 
coincidem. Além da frustração e de sentimentos outros, temos a materialização do problema 
conforme a nossa ótica - o modo com que captamos tal realidade marcada pelo percurso do 
histórico de vida. 
Decorre a necessidade de evoluirmos do patamar de um sistema emperrado, rígido em 
determinada posição que aponta a adversidade e o conflito de interesses, para um novo onde as 
novas alternativas são maneiras de buscar um reequilíbrio do sistema, que certamente não será 
mais o mesmo de antes. Na tentativa de conciliar interesses para que as tentativas anteriormente 
frustradas possam encontrar uma maneira de fluir e propiciar continuidade e manter a integridade 
das pessoas. 
A carga explosiva do conflito encerra em si o detonador da crise maior. Que é quando o 
sistema trava e não vai para lado algum. Com isso muitas tentativas são frustradas a não ser se 
contarmos com a valorosa participação de um terceiro elemento mediador. Que favorece o 
clareamento da situação. Uma nova visão da situação. 
Portanto somente novas alternativas são capazes de estabelecer um novo ordenamento do 
sistema. E é buscando um novo ordenamento é que são possíveis novas respostas e saídas. 
O conflito em si é um fenômeno natural apontando as divergências e posicionamentos 
distintos entre as partes ou atores do problema, como veremos alguns autores citarem. 
A visão primeira do conflito reside na ótica do “problema” - algo não está funcionando bem. 
No entanto a sua presença aponta para um dinamismo existente, isto é, não permanecendo do 
mesmo modo, apresentando ciclos de mudança. Configurando-se como um estado que busca 
naturalmente o seu equilíbrio e um novo padrão de normalidade. 
O indivíduo em si é uma estrutura particular, única, diferenciada e coexistindo 
simultaneamente numa estrutura coletiva, grupal, social. Desenvolvendo no decorrer de sua 
evolução seus papéis sociais, configurando a sua cidadania – a aprendizagem da ética, da 
convivência e do compartilhamento, da cooperação e participação coletiva.Podemos 
compreender que todo agrupamento de pessoas tenha uma finalidade, um propósito. E para a 
realização deste, passe a existir um funcionamento especifico que caracterize o grupo do modo 
32 
 
como deseja ser reconhecido. Adotando uma configuração específica, um contorno que lhe 
caracteriza tanto para os seus membros como para o mundo externo. 
O conflito está presente na esfera das interações humanas, expresso pelas divergências 
entre o pensar e o agir. Envolvendo a passionalidade, os pensamentos irracionais e descargas 
emocionais de perda de equilíbrio, exaltação dos humores. Pela sua natureza adversarial, coloca 
as partes em posições opostas e contrárias. Apontando diferenças marcantes, seja pela disputa 
de interesses e de poder. E consequentemente, as tomadas de decisões que decorrerem desse 
ponto evidenciarão ainda mais a carga tensional do problema na fase de escalada, por exemplo - 
quando as atitudes se mostram como respostas a um ataque e aguçam ainda mais a tensão 
existente. Servindo de novos detonadores para novas ações conflituosas. 
 
2.2 Teoria do conflito proposta por Remo Entelman 
Remo Entelman elaborou uma teoria geral de conflitos em que este é uma relação social 
baseada na qualidade da interação entre duas ou mais pessoas. Qualidade pelo modo com que 
orientam sua conduta e atitudes. As relações de conflito surgem em decorrência de 
incompatibilidades e o tema central desta teoria é o uso do poder e sua distribuição. 
O conflito não está configurado somente pelos seus autores ou partes envolvidas, como 
também pelos terceiros que podem interatuar ou não, sendo eles, obrigatórios ou não. O 
profissional do Direito, o magistrado, o advogado, bem como o psicólogo, o mediador, assumem 
uma importância central na resolução deste. Sua presença na mediação se torna tão mais efetiva 
quando “imita” ou faz o papel de um terceiro colaborador que tem como propósito facilitar e 
estabelecer uma ponte de comunicação. 
A origem da Teoria dos Conflitos parte de modelos de prevenção a fim de evitar o caos 
apontado pelas demais ciências como a matemática e a Economia no pós 2ª guerra mundial, no 
séc. XX. Nos círculos acadêmicos destas ciências, muitas pesquisas surgiram com temas 
relacionados à paz, guerra, ciência da paz, estudos sobre a paz. Por ser multidisciplinar tanto na 
sua origem como em sua aplicação, essa Teoria se ressente de uma linguagem própria para a 
formulação de conceitos adequados destinados ao Direito unicamente ou exclusivamente. É um 
conceito aberto à recepção de influências dos mais variados ramos do conhecimento. Não busca 
explicar nenhuma espécie de conflito em particular, mas a de uma abordagem abrangente, 
tratando do que é essencial a todos eles. Não estando sistematizada em bases concretas que 
distinguem os conceitos de gênero e espécie. 
33 
 
Remo Entelman (2002) no livro Teoría de Conflictos: hacia um nuevo paradigma. Barcelona: 
Gedisa, 2002 223p., apresenta o conflito como uma “espécie de relação social” e explica os 
termos dizendo que isto ocorre quando se observa a interação entre as pessoas representada 
pelos movimentos que duas ou mais pessoas realizam para orientar-se em suas condutas de 
acordo com os atos praticados por eles. 
Max Weber (1964) no livro Economía y Sociedad: esbozo de sociologia comprisiva. México: 
Fondo de cultura Económica, 1964 1245p. lança o questionamento: - “Com que critérios 
distinguimos as relações de conflito ou conflitivas de outras que não o são? 
E naturalmente que em sendo uma reflexão interessante, podemos pensar acerca do que está 
em voga para que o conflito exista e se seria possível a não existência deste. Podemos ter um 
nível de compreensão tal a ponto de não gerarmos ou diminuirmos os conflitos humanos ao 
menos¿ estariam por sua vez cumprindo alguma necessidade¿ pois temos que pensar que o 
conflito adia muitas decisões, enquanto existir. Muitas pessoas ganham tempo criando 
impedimentos e obstáculos a fim de não se verem perdendo determinada posição. Somente pelo 
fato de não permitirem outra posição que não a sua vigorar. 
Para ENTELMAN (2002), as relações de conflitos existem quando seus objetivos são 
incompatíveis. Relações de acordo ou cooperação existem quando seus objetivos não forem total 
ou parcialmente incompatíveis, comuns ou coincidentes. Podendo ser aplicada tanto a temas 
relacionados a conflitos conjugais, como aos societários, raciais, nos enfrentamentos entre 
Estados, nos casos de guerra internacional; ou seja, em diferentes tipos de conflitos, modificando-
se unicamente a destinação e o gênero deste. 
A discriminação é um exemplo de conflito social que é criado pela intolerância das diferenças 
existentes entre pessoas. Simplesmente por demarcar algum ponto específico que destoa do 
grupo. Inclusive o belo, a inteligência, a força, a coragem são também alvos da incompreensão 
humana, considerando que se não forem originárias daquele que discrimina, pelo simples fato de 
existir a qualidade, esta é posta abaixo como demonstração de poder sobre aquele que tem 
determinadas competência em certa área de conhecimento. 
Isso para demarcar que não tão somente o que é problema, o que envolve disputa iria 
requerer a presença de um conflito. Pois mesmo quando se trata de comportamento antiético, por 
exemplo, se houver interesse das partes, ambas se aliam em torno de uma prática abusiva e 
desleal, ainda que moralmente sua atitude não seja digna. O conflito então somente passa a 
existir quando as incompatibilidades surgem. Os interesses destoam e de certo modo o outro 
parecer ganhar algo enquanto o outro perde. O simples fato de pensar que o outro estaria 
34 
 
ganhando algo ainda que não esteja perdendo nada com isso, poderá colocar este em posição de 
competição, pelo simples fato de não permitir que o outro ganhe. Considerando novamente, ainda 
que não esteja perdendo nada. Tudo isso por questões envolvendo a competição entre as partes 
interessadas, do pretender se “dar bem”, o que envolve uma dinâmica de pensamento muito 
particular, difícil de um senso de compreensão – que penderia a concluir pela não necessidade de 
existência deste conflito. 
Veremos mais adiante o que o autor fala sobre questões emocionais imperando sobre ações, 
comportamentos e atitudes, tornando-os irracionais, incompreensíveis, ilógicos. 
No entanto, a gênese da Teoria de Conflitos em Remo Entelman estudada originalmente nos 
enfrentamentos entre Estados com fundamentação lógica em ciências como a matemática e a 
Economia pode ser convertida para os demais temas do cotidiano; ampliando as possibilidades 
de estudo do Direito. Ele (o autor) procura abordar a administração dos conflitos, bem como sua 
prevenção. A Teoria dos Conflitos têm no Direito sua abordagem preventiva. (Direito preventivo). 
Sua tese está fundada em mecanismos de resolução de conflitos, posicionando dentro de um 
sistema jurídico concebido de maneira ampliada. 
O conflito pela natureza é dinâmico, segue uma sequencia, modificando-se a ponto de 
precisarmos conhecer os detalhes para poder compreender o Todo. Os conflitos seguem de 
forma processual, em uma sequencia de condutas. 
Para Saber Mais: Possível acessar o livro Teoría de Conflictos: hacia um nuevo paradigma de 
Remo Entelman que é uma referencia no assunto, dando-nos subsídios para compreender o 
tema, observando aqui o aspecto multidisciplinar que o autor dá, numa dimensão ampla do 
conflito. Disponível em: 
http://www.academia.edu/10398623/TEORIA_DE_CONFLICTO_HACIA_UN_NUEVO_PARADIGMA 
Acesso em maio de 2017 
http://www.academia.edu/10398623/TEORIA_DE_CONFLICTO_HACIA_UN_NUEVO_PARADIGMA
35 
 
2.3 Estratégias Autocompositivas de solução de conflitos interpessoais. 
 
 
Diponivel em: http://brandalliance.in/. Acesso em: 10 de novembro 2017. 
O poder judiciário tem um sistema de atuação contenciosa e adversarial, que visa na 
verificação e soluçãodas dificuldades enfrentadas na eficiente prestação de serviços à 
sociedade, nas mudanças de paradigma das interações humanas conflituosas, onde necessitam 
ser aplicados mecanismos de gestão e solução de conflitos bem estruturados que favorecem o 
acesso à justiça. Adotando - se estratégias e técnicas preventivas, a gestão e solução de conflitos 
interpessoais que venham estimular soluções autocompositivas não adversarial. Portanto 
bastante apropriadas para este cenário jurídico como forma de resolução dos processos judiciais. 
Sendo um instrumento de democratização e efetivação de um Estado de Direito, o conflito 
é contextualizado, diagnosticado e por fim resultando na adoção de estratégias autocompositivas. 
Um fenômeno que suscita novas maneiras de entendimento, tendo em vista a complexidade das 
relações humanas, ao que se refere aos processos subjetivos e até pouco racionais a que estão 
direcionados a evidencia e constatação do conflito. 
 O tema dos conflitos aplicado ao Direito tem sua relevância no tratamento dos problemas 
relacionados ao chamado Acesso à justiça, previsto na Emenda Constitucional de nº 45/2004 
propostas na Reforma do Judiciário. 
http://brandalliance.in/
36 
 
 VALCANOVER, Fabiano Haselof (2014) em um de seus artigos aponta que num primeiro 
momento, é possível indicar que o princípio do acesso à justiça possui relação com a faculdade 
de obter do Estado-Juiz a guarida para a satisfação ou respeito a determinado direito. Neste 
entendimento limitado, falar em acesso à justiça estaria relacionado com a existência de um 
Poder Judiciário devidamente constituído. Este seria o conteúdo formal do princípio, que pode ser 
considerado como expresso no inciso XXXV do art. 5º da CF/88. (Constituição Federal de 1988) 
 Em um Estado Democrático de Direito seria incumbência do Poder Judiciário apontar aos 
jurisdicionados o direito aplicável para a solução de determinado litígio, conferindo às partes a 
prestação jurisdicional, que é a essência de seu papel institucional, como terceiro imparcial. 
Neste sentido é que, embrionariamente, estaria contextualizado o princípio do acesso à 
justiça. No exercício da atividade jurisdicional, o Estado engendraria meios para a solução dos 
conflitos de interesses havidos em decorrência das relações jurídicas firmadas, conferindo 
resposta de cunho imperativo, substitutivo e com intenção de ser definitiva para aquele caso 
concreto que alcançou determinado órgão do Poder Judiciário. 
Corroborando ao que se expõe, outro autor aponta a função do Acesso à justiça, 
enfatizando o aspecto de estabelecer equilíbrio, equanimidade nas decisões judiciais onde o juiz 
ocupa a função de terceiro elemento neutro, capaz de compreender a questão com abrangência e 
imparcialidade. Colaborando para a identificação e clareamento de que condução seria possível 
ser aplicada naquele contexto. O que implica em não julgar todos os casos de mesma forma e 
sim observar o contexto ao qual está inserida e perceber os campos de força que interatuam 
sobre o impasse. Propondo-se a aproximar do que as partes entendem como melhor solução 
para o caso em si. 
 
“(...) De fato, o direito ao acesso efetivo tem sido 
progressivamente reconhecido como sendo de importância 
capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que 
a titularidade de direitos é destituída de sentido, na ausência de 
mecanismos para sua efetiva reivindicação. O acesso à justiça 
pode, portanto, ser encarado como o requisito fundamental – o 
mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico 
moderno e igualitário que pretende garantir, e não apenas 
proclamar os direitos de todos.” (CAPPELLETTI, Mauro e 
GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução Ellen Gracie 
37 
 
Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor. 1988. p. 
11/12) 
 
Diversas outras reformas surgiram com o intuito de simplificar as regras do processo civil a 
fim de disciplinar os métodos de prevenção consensual de conflitos. A teoria do Conflito 
ultrapassa as relações exclusivas com o Direito, e vincula-se a diversas ciências em perspectiva 
de bases universais, portanto, como ressaltamos no inicio, é multidisciplinar. 
Para que o direito das pessoas seja preservado bem como os da coletividade, surgem os 
choques relativos às diferenças existentes advindas de posições específicas em relação à algo 
comum, seja enquanto indivíduo, ou como parte integrante de uma estrutura coletiva. 
 
Disponivel em: http://www.mediar.pro.br/o-que-e-mediacao-de-conflitos/. Acesso em: 14 de 
novembro de 2017. 
As estratégias autocompositivas se referem à composição de um sistema sob um novo 
paradigma, estabelecendo-se a homeostase – sistema integrado funcional lidando com os 
impedimentos, bloqueios de toda ordem a que venham apontar que a estrutura vigente teve em si 
a sua falência das tentativas de equilibrar.Portanto somente novas alternativas são capazes de 
estabelecer um novo ordenamento do sistema. Busca constante de um novo ordenamento 
visando novas respostas e saídas. 
O conceito conflito por PUGLISI, Márcio - por uma Teoria de Direito - aspecto micro - 
sistêmicos SP-RCS Ed. ( 2005) P.84 “O conflito é uma condição inerente ao ser humano e as 
http://www.mediar.pro.br/o-que-e-mediacao-de-conflitos/
38 
 
diferenças decorrentes dos distintos estados de conhecimento dos sujeitos em comunicação 
mantém um permanente estado conflito” 
Para MALHADAS Junior, Marco Júlio Olivé (2004) – Psicologia na mediação: inovando a 
gestão de conflitos interpessoais e organizacionais: - “Todos os organismos vivos buscam o que 
se denomina “homeostase humana”: uma tendência a manter um estado e, simultaneamente, 
cumprir um ciclo vital” (p. 14) 
“... o conflito constitui a fonte que alimenta a energia transformadora, 
que eu seja a mudança. O conflito é a antítese da estagnação e 
permite que a humanidade enfrente o desafio de continuar explorando 
a terra pra alimentar uma população que não dá sinais de 
estabilização...” (p.15) 
 
O conflito tem em si mesmo a ação divisora, adversarial, estabelecendo uma fronteira entre 
campos de força que apontam para recursos escassos, que não são distribuídos de forma 
igualitária, pelos recursos naturais que não estão disponíveis; Posicionando-se como 
antagonismos, diferenças de autoridade, de poder, riqueza e etc... 
É a busca de primeira posição que torna possível o choque, o embate para assumir uma 
posição de alcançar em detrimento de um não alcançar. O que muitas vezes está em jogo são 
estruturas relacionadas à: patrimônio, valores, crenças, poder, relacionamentos interpessoais que 
atuarão sobre comportamentos cristalizados ou rígidos e padrões de pensar e agir. 
A tradicional premissa de que o conflito tenha que ser eliminado, combatido e dominado é 
presente no Direito enquanto ciência se embasa na preservação de certos princípios e na 
concepção de uma sociedade harmônica, estável, aonde a presença de conflitos venha contribuir 
para o que o Direito entende-se por litígio, que é propriedade a visão institucionalizada do conflito, 
no sentido da disputa, no seu distanciamento quanto à solução do conflito, demarcando o seu 
retorno agravado no futuro. 
De acordo com WARATTI, no livro “O ofício do mediador” – (P.81) “Apresentar o conflito 
como litígio implica não levar em conta a necessidade de trabalhá-lo em seu devir temporal”. 
 
 
 
39 
 
 Papel do magistrado diante do conflito – 
 
 
Disponivel em: http://www.assescrip.com.br/capa.asp?infoid=4859. Acesso em: 10 
de novembro de 2007. 
 
O magistrado tem um papel na solução de conflitos, sendo um facilitador, colaborador da 
compreensão do problema. Ocupando a posição de terceiro elemento na solução destes conflitos 
e na compreensão do cenário adversarial a fim de um acordo entre as partes que permita 
estabelecer uma relação de equanimidade e equilíbrio entre as forças representadas pelaspartes. É no papel do juiz, na formulação de uma sentença que contenha os elementos jurídicos 
necessários e pertinentes ao caso e atento ao aspecto humano. Demarcando as controvérsias a 
fim de controlar as variáveis com as quais organizam suas decisões. Onde o “conceito jurídico de 
conflito aparece como litígio, portanto representando uma visão negativa do mesmo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.assescrip.com.br/capa.asp?infoid=4859
40 
 
3 - TIPOS DE CONFLITOS 
 
Há abordagens teóricas explicando o que é conflito e como este se dá: - suas formas de 
expressão, modalidades, origem, tipos, características. 
É preciso ter claro: 
 Que há a necessidade de duas ou mais pessoas para um conflito ocorrer. Principalmente 
se o considerarmos como sendo um fato – o acontecimento. 
 
 Difere de um conflito da esfera interpessoal onde ele próprio, enquanto indivíduo tem seus 
questionamentos que lhe direcionam a um conflito interno, consigo mesmo. Seja da ordem 
existencial ou resultante das pressões sociais, do cotidiano e da vida como um Todo. As 
condições de encaminhamento para uma solução, não dependem de outra pessoa para 
sentir-se melhor. E sim exclusivamente dele mesmo. 
 
Para ficar claro, explicitaremos como se dá o conflito intrapsíquico para que sejam 
observadas as diferenças entre as modalidades de conflito que abordamos neste conteúdo do 
Curso de Mediação de Conflitos, que envolvem duas ou mais pessoas, sendo, portanto 
interpessoal – existe entre as pessoas envolvidas no fato. 
 
3.1 O Conflito intrapsíquico 
 
Podemos dizer que é um conflito originariamente íntimo e pessoal. Sendo a própria 
pessoa fonte geradora de conflitos para ela própria.Isto ocorre de acordo com seu estado 
emocional ou de seus recursos pessoais escassos, não oferecendo condições dela mesma ter 
um espectro maior de respostas possíveis diante de uma situação. 
Suas condições pessoais são determinantes, pela forma em lidar com as situações e 
circunstancias. Chamamos a isso de conflitos intrapsíquicos que tem origem na personalidade do 
indivíduo e se manifestam nas situações de desequilíbrio, irritabilidade extrema, perda de controle 
psicológico, falta de tolerância, expressões exageradas de humor e emoções. Com isso são 
verdadeiras bombas relógios prontas a explodir, gerando conflitos no contexto social, familiar, 
41 
 
profissional ao qual está inserida. Fazendo uma espécie de comparação, é como se a pessoa 
estivesse contaminada com sua própria falta de recursos emocionais em oferecer uma melhor 
resposta para as situações de confronto, embate, competição, discussões, problemas e desafios. 
Ao lidar com obstáculos e dificuldades de qualquer ordem, sua tendência em agir estará 
diretamente ligada à sua dinâmica de personalidade, ao seu modo de funcionar no mundo. Este 
tipo de conflito interpessoal, com base na sua própria história de vida e personalidade ocorre 
quando há uma divisão psíquica interna (sua forma de pensar), expressas em dúvidas 
constantes. Enfraquecendo-se, pois, seu campo de força pessoal fica reduzido frente ao enorme 
desgaste que vivencia. Tudo isso identificado pelas suas ações. Pessoas em estado conflituoso 
tendem a identificar mais problemas e torná-los maiores do que verdadeiramente são, 
exagerando na dose e na maneira de identificá-lo, mais do que eles mesmos venham a existir; 
por exemplo, seja por uma visão pessimista e negativa dos fatos e situações, portanto 
tendenciosa. O campo perceptual deste indivíduo passa a ser impregnado pela sua ótica pessoal. 
Na verdade, este indivíduo não vê a realidade como ela de fato é se envolvendo numa percepção 
particular que o coloca sempre em contato com aquela determinada tendência que está marcada 
e registrada dentro de si. Com isso tende a ter dificuldade em fluir nas suas decisões. 
O estado emocional do indivíduo influencia diretamente em suas decisões, na qualidade 
das suas ações. Se sua carga explosiva é tamanha, a probabilidade de vivenciar choques, como 
dissemos, será maior. Se o seu grau de resolução pessoal for maior, mais condições em 
apresentar tomadas de decisões e formas criativas de solução de problemas. 
Abordamos especificamente os conflitos entre pessoas distintas e que configurem uma 
disputa por algo, seja pelo poder, afeto, dinheiro, reconhecimento, seja um pedido de desculpas, 
a de que seja feita justiça, busca da equanimidade, equilíbrio e ponderação dos argumentos. 
Sendo assim a presença do conflito é identificada pelas dimensões que ele envolve, 
podendo ser percebidos, sentidos e realizados (no plano da ação). Desta forma somos capazes 
de identificar o seu surgimento, podendo compreender a sua origem – aspectos que promoverão 
as condições para a sua existência. 
Portanto o que aponta inicialmente a modalidade do tipo de conflito que pressupõe a 
utilização da mediação, é o conflito interpessoal. 
Entendemos que sua origem pode apresentar três dimensões distintas no modo como 
podem ser identificados. Sendo que tais dimensões são formas de constatarmos a sua 
ocorrência. Uma poderá prevalecer, destacando-se sobre outra, bem como ocorrerem 
simultaneamente, dependendo do momento ou do processo em que se envolve o conflito 
42 
 
interpessoal. Eles podem ter uma tônica subjetiva, no entanto ainda que sejam vivenciados são 
concretizados e materializados pelas ações que o configuram, o que os tornam ainda mais 
explícitos, reais. Acabam transitando entre subjetividade e objetividade, sendo simultâneos neste 
processo. 
 
a) Percepção - quando se percebe que suas necessidades, desejos ou interesses são 
incompatíveis pela presença ou atitude de primeira outra pessoa. 
 
b) Sensação - quando se tem uma reação emocional frente a uma situação ou interação, 
portanto reativa que desencadeia medo, raiva, tristeza. 
 
c) Ação - quando seus interesses e suas atitudes interferem na satisfação de 
necessidades de outras pessoas. 
 
Há a necessidade de uma ou mais pessoas envolvidas, ainda que seja constatado, ou 
melhor, percebido individualmente. Sua origem parte da interação humana, portanto, relacional. 
Não há conflito criado unicamente por um indivíduo e sim através de suas formas de expressão. 
Um ponto central da teoria dos conflitos está na comunicação, que é um elemento chave. O modo 
como os membros de um grupo ou de um vínculo abordam e expressam suas emoções, 
percepções e ações. Havendo sempre a necessidade de duas ou mais pessoas para a sua 
existência. O conflito parte da interação humana do modo como as pessoas expressam suas 
vontades, opiniões, ideias, divergências e oposições. Estamos, portanto falando de um fenômeno 
sociológico com abrangência nas áreas jurídica, psicológica e interacional (comunicação). 
3.2 Tipos de Conflitos e Sua Resolução 
Muitos dos conflitos podem ser percebidos e outros não. Se considerarmos a comunicação 
não verbal que também aponta a existência de uma oposição, uma divergência. O conflito poderá 
ser percebido, sentido e verificado na ação concreta, na conduta e no comportamento. 
Há quatro tipos possíveis de conflitos e consequentemente o tipo de solução para cada um 
deles: 
 
1. Evitação de Conflito – 
 
43 
 
É fechado, não declarado. Caracterizado pela passividade e percebido na atitude da 
resistência passiva. Que representa que aquele que resiste está em confronto, 
porém sem alarde e confronto direto. Um lado constata a existência do conflito 
enquanto a outra parte nada percebe. O lado que conhece o conflito não deixa 
aflorar por medo, insegurança ou por valores pessoais, enquanto o outro lado nada 
constata ou percebe, porém não responde por não haver confronto direto. Não há 
estímulo para o choque. Não há embate, nem confronto mas há um estado 
conflituoso.Ex: manter um tipo de segredo. Não gostar de determinadas coisas e 
não entrar em choque por envolver algum tipo de perda. 
A passividade apresentadano comportamento da parte consciente no conflito, atua 
de forma estratégica como quem “não sei o que está acontecendo”, uma forma de 
“negação” da situação. Enquanto isso a outra parte, percebe, porém não tem 
elementos para atuar frente ao conflito. Seja por medo, por valores pessoais e pela 
resignação como também para manter algum segredo que colocaria em risco a 
permanência de algo. Há a presença de um risco eminente, no entanto a solução 
para este tipo de conflito é: “não existe o problema”. 
 
2. Acomodação do Conflito – 
 
É aberto, expresso. É percebido nitidamente pela atitude de acomodamento e 
resignação. Porém também há o surgimento de uma raiva latente, incoerente com a 
apresentação externa. Enquanto a outra parte mostra-se bem. 
 
É um tipo de conflito adiado. É expresso e conhecido, porém havendo um 
acomodamento, resignando-se, mas que com o tempo gerará frequentemente, uma 
revolta interna latente. 
 
O estabelecimento do equilíbrio se dá pelo acomodamento de uma das partes. Há 
uma espécie de adiamento do conflito, isto porque como existe algo em jogo, adia-
se para que não se perca o que está em jogo. 
 
44 
 
A parte que se resigna à situação, se compromete com a baixa autoestima, num tipo 
de acordo tácito em “não abordar a situação”. A facilidade existe de uma forma 
diferente. E a raiva sempre existirá. 
Este tipo de conflito vai promover a reação da escalada, oou seja de 
comportamentos que levam a uma agressão, vingança como resposta. 
 
O equilíbrio é pautado de forma que uma pessoa está em uma posição e a outra em 
posição mais abaixo, rebaixada por temor de perder algo, por isso subjulgando - se 
em tal situação, configurando um em posição superior e outro em inferioridade. 
 
A própria comunicação fica comprometida porque deixa de ser na condição de “igual 
para igual”. Apresentando uma diferença, por isto terá até um discurso de pessoa 
acomodada. Aqui nós temos o tipo de modelo ganha – perde. 
 
Características da acomodação: 
 
 
 Existe a perda de algo valoroso, portanto o comportamento é de resignação 
para uma das partes. 
 
 Há o domínio de um sobre o outro. 
 
 Parece que há um acordo, uma mutualidade, porém ela não é real. 
 
 Sentimento interno não corresponde ao externo. 
 
 O conflito virá, mas há a tentativa de adiar para não perder o que está em 
jogo. 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Conflito por Competição 
 
 
Disponivel em: https://www.conciliaresaopaulo.com.br/single-post/2017/04/26/A-
atividade-t%C3%A9cnica-da-Media%C3%A7%C3%A3o-de-conflitos-no-Novo-
C%C3%B3digo-de-Processo-Civil-%E2%80%93-Por-J%C3%A9ssica-
Gon%C3%A7alves. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
É aberto, expresso e conhecido. Ambas as partes estão posicionadas, são 
autocentradas, há briga pelos próprios interesses. Aqui também temos o modelo 
ganha-perde, exatamente como no tipo acomodação. 
Nesta estrutura uma parte ganha a outra perde. Sendo chamada de Modelo 
Gangorra, alternando-se entre si a posição antes ocupada. Na competição ambos 
dominam, alternando a posição de superioridade e inferioridade. 
 
Características: 
 
 A gangorra em função de: - ora uma parte que domina a situação, ora outra. 
 
 
 Ambas as partes são autocentradas com base no seu querer, no seu interesse 
porque quer ganhar, portanto há algo valoroso em jogo. 
 
 
 No poder judiciário, sempre há a vigência de um valor que necessariamente seja 
financeiro, mas o valor que representa o resgate de algo emocional, psíquico, 
por exemplo: ação de danos morais, reparação, retratação. Os conflitos vão 
https://www.conciliaresaopaulo.com.br/single-post/2017/04/26/A-atividade-t%C3%A9cnica-da-Media%C3%A7%C3%A3o-de-conflitos-no-Novo-C%C3%B3digo-de-Processo-Civil-%E2%80%93-Por-J%C3%A9ssica-Gon%C3%A7alves
https://www.conciliaresaopaulo.com.br/single-post/2017/04/26/A-atividade-t%C3%A9cnica-da-Media%C3%A7%C3%A3o-de-conflitos-no-Novo-C%C3%B3digo-de-Processo-Civil-%E2%80%93-Por-J%C3%A9ssica-Gon%C3%A7alves
https://www.conciliaresaopaulo.com.br/single-post/2017/04/26/A-atividade-t%C3%A9cnica-da-Media%C3%A7%C3%A3o-de-conflitos-no-Novo-C%C3%B3digo-de-Processo-Civil-%E2%80%93-Por-J%C3%A9ssica-Gon%C3%A7alves
https://www.conciliaresaopaulo.com.br/single-post/2017/04/26/A-atividade-t%C3%A9cnica-da-Media%C3%A7%C3%A3o-de-conflitos-no-Novo-C%C3%B3digo-de-Processo-Civil-%E2%80%93-Por-J%C3%A9ssica-Gon%C3%A7alves
46 
 
envolver o resgate ou a obtenção de algo valoroso, que necessariamente não 
seja de valor financeiro e sim de valor moral, de status, de ganhos emocionais, 
de reconhecimento e prestígio. 
 
Acordo 
 
Disponivel em: http://saulomarketing.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 de novembro de 
2017. 
 
É aberto, expresso e declarado. É a conjunção das partes numa solução comum 
conciliatória. Este tipo de conflito é solução tem modelo ganha- ganha. Neste tipo há a 
necessidade da empatia, fundamental para que as partes consigam compreender o lado do outro 
e não tão somente a sua posição. 
 
Características: 
 
 A empatia é importante para que haja a compreensão do ponto de vista do outro. 
 
 Os indivíduos não estão autocentrados. 
 
 
http://saulomarketing.blogspot.com.br/
47 
 
 Resumo dos tipos de conflito 
 Tipo Modelo_________________ 
 
 1. evitação não existe o conflito 
 2. acomodação ganha-perde 
 3. competição ganha-perde 
 4. acordo ganha-ganha 
 
 
Quando entendemos o tipo de conflito, temos elementos para identificar as prováveis 
soluções para uma resolução de problema e para um acordo. São passos distintos: resolução de 
problemas e acordo. Manobras distintas com repercussões diferentes para o indivíduo. Podemos 
resolver um problema ainda que não seja a expressão de nossa vontade e dar o seu término 
como que convencido que esta seria a melhor opção. Acordo pressupõe que as partes se 
convenceram de algum modo e compreendendo melhor a questão que os envolve no conflito e 
com isso foi modificando a sua ótica a ponto de gerar o acordo (terceira visão). 
As possíveis soluções para um conflito são as maneiras pelas quais as pessoas buscam 
resolver o que se apresenta como dificuldade, impedimento, ou barreiras. Sendo as seguintes 
modalidades: 
A discriminação é um exemplo de conflito social que é criado pela intolerância das 
diferenças existentes entre pessoas. Simplesmente por demarcar algum ponto específico que 
destoa do grupo. Inclusive o belo, a inteligência, a força, a coragem são também alvos da 
incompreensão humana, considerando que se não forem originárias daquele que discrimina, pelo 
simples fato de existir a qualidade, esta é posta abaixo como demonstração de poder sobre 
aquele que tem determinadas competência em certa área de conhecimento. 
Isso para demarcar que não tão somente o que é problema, o que envolve disputa iria 
requerer a presença de um conflito. Pois mesmo quando se trata de comportamento antiético, por 
exemplo, se houver interesse das partes, ambas se aliam em torno de uma prática abusiva e 
desleal, ainda que moralmente sua atitude não seja digna. O conflito então somente passa a 
existir quando as incompatibilidades surgem. Os interesses destoam e de certo modo o outro 
48 
 
parecer ganhar algo enquanto o outro perde. O simples fato de pensar que o outro estaria 
ganhando algo ainda que não esteja perdendo nada com isso, poderá colocar este em posição de 
competição, pelo simples fato de não permitir que o outro ganhe. 
Considerando novamente, ainda que não esteja perdendo nada. Tudo isso por questõesenvolvendo a competição entre as partes interessadas, do pretender se dar “bem”, o que envolve 
uma dinâmica de pensamento muito particular, difícil de um senso de compreensão – que 
penderia a concluir pela não necessidade de existência deste conflito. 
Os conflitos são inerentes à sociedade. Fazendo parte da natureza humana como um 
fenômeno da sociedade, conduzindo-nos inclusive à uma evolução social. Pois é desta forma que 
aprendemos a superar as dificuldades e obstáculos. Com isso aprendemos que outras 
necessidades são urgentes em serem atendidas, do contrário viveríamos em condição estática, 
imutável. O que não vai de encontro à própria natureza do Homem, quanto a sua inquietude e 
insatisfação atávicas. Com as mudanças o Homem se organiza e se estrutura de nova forma 
podendo Ser contemporâneo no uso das suas liberdades e novas configurações de organização. 
E os conflitos não cessam em ocorrer, pois a dinâmica de relação das pessoas aponta para isso, 
para a continuidade dos contrastes, das diferenças que geram a necessidade das mudanças 
como forma de resolvê-las. 
“O conflito é uma condição inerente ao ser humano e as 
diferenças decorrentes dos distintos estados de conhecimento 
dos sujeitos em comunicação mantém um permanente estado 
conflito” (PUGLISI, Márcio. 2005) 
 
Por se tratar de um estado conflituoso, pressupõe evoluir para um processo de resolução. 
Como é uma estrutura dinâmica, é mutável, modificando-se, alterando para outros estados com 
nuances e intensidades distintas em suas formas de expressão. Podendo se apresentar de 
formas diferentes, como o autor Márcio Puglisi (2005) propõe as seguintes modalidades: 
 
a) Grave, destrutivo e violento; 
 
 
b) Conciliatório ou amistoso; 
 
 
49 
 
c) Pode evidenciar uma estrutura de poder 
 
 
 
Disponivel em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2015/02/capacidade-
empatica-e-caminho-de-reducao-de-conflitos-nas-relacoes-pessoais-e-nas-empresas-
4704198.html. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
 
A alta e baixa intensidade estará envolvida quanto maior for o desejo, a vontade de 
satisfazer as necessidades que originaram o conflito, tornando-os mais acirrado caso a 
intensidade seja alta, por exemplo em situações de disputa, competição e confronto. O mesmo se 
dá inversamente proporcional quando em intensidade baixa, para o apaziguamento das 
interações, cujo poder conciliatório ou amistoso passa a ser a tônica, evoluindo para a sua 
solução. O conflito sempre tem a intenção de expor as suas razões e ter suas necessidades 
atendidas. Visando de algum modo valer a sua posição. 
Certamente que o problema surge em decorrência da “falta” de algo que gere algum 
desequilíbrio. O que não representa estar sempre em deficiência. Porém a baixa qualidade das 
interações humanas surge em vista de uma comunicação truncada e cheia de equívocos. Seja 
pela forma, conduta, padrão de relação. Com isso um modo de funcionar característico. 
Estão subdivididos em modalidades distintas de acordo com a influência ou interferência 
na pessoa: 
 
a) Conflitos endógenos - Fatores internos são os geradores. Quando as motivações que 
levaram a ocorrência de conflitos são intrínsecas às pessoas, íntimas, emocionais e 
psicológicas. 
 
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2015/02/capacidade-empatica-e-caminho-de-reducao-de-conflitos-nas-relacoes-pessoais-e-nas-empresas-4704198.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2015/02/capacidade-empatica-e-caminho-de-reducao-de-conflitos-nas-relacoes-pessoais-e-nas-empresas-4704198.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2015/02/capacidade-empatica-e-caminho-de-reducao-de-conflitos-nas-relacoes-pessoais-e-nas-empresas-4704198.html
50 
 
b) Conflitos exógenos - Fatores externos são os geradores. Quando motivos alheios e 
externos às pessoas envolvidas acabam trazendo as tais disputas. Favorecendo as 
situações conflituosas que as colocam em desigualdade de algum modo. 
 
Outra classificação proposta por Remo Entelman (2002) quanto ao período de duração do 
conflito são denominados da seguinte forma: 
a) “conflitos causais ou acidentais”, os quais não voltarão a se repetir com facilidade. 
 
b) “resolução de conflitos” mais apropriados às situações em que se supõe algum tipo de 
relação continuada entre as partes envolvidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 4 – AS CARACTERÍSTICAS DO CONFLITO 
 
Apresentaremos características da ocorrência de um conflito, sendo que alguns já 
foram descritos nos capítulos anteriores, mas cabe aqui elencá-los não como repetição e 
sim aspectos que o configuram: 
 
 Apresenta uma dinâmica especifica. Um funcionamento que o caracteriza, seja 
diante de duas ou mais pessoas e até um grupo de pessoas, num contexto 
especifico. É dinâmico, devendo ser visto a partir de uma situação conflituosa rumo 
a outro estado, de sua dissolução e resolução. Tem movimento, modificando a cada 
estímulo ou contexto que demarque algum tipo de mudança, mobilizando por meio 
das ações das pessoas envolvidas. 
 
 É um fenômeno social envolvendo tanto indivíduo quanto sociedade. Havendo uma 
estreita relação entre ambos, onde o indivíduo está para a sociedade assim como a 
sociedade para o indivíduo. É, portanto um fenômeno em transição. 
 
 O conflito é analisado partindo do contexto do indivíduo enquanto núcleo e partindo 
para uma camada de maior abrangência: - a sociedade. Observamos também a 
intima relação existente entre os conflitos presentes na sociedade que interferem na 
vida pessoal, gerando complexidade. O conflito pessoal por sua vez tem 
consequências em micro estruturas sociais da qual fazem parte no contexto 
profissional, familiar, social, etc... 
 
 É adversarial, apontando diferenças distintas, sejam através de pontos de vista, 
crenças, culturas, valores, padrões de relação, atitudes e comportamentos. 
 
Todo indivíduo é um sistema ao interagir com o outro, passando a comunicar-se com outro 
sistema, diferente do seu, podendo compor um novo sistema que considere a ambos, 
constituindo-se, portanto com uma identidade especifica. Há a existência de um novo sistema a 
52 
 
partir de um critério de escolha específico, ou seja, escolha para um parceiro afetivo, amoroso. A 
escolha por um colega caracteriza-se pela formação de um grupo de profissionais que venham a 
compartilhar um cotidiano tendo em vista, um objetivo. Este grande trabalho é constituído por 
diversos sistemas individuais que através da necessidade da interação proposta irão se 
comunicar através do padrão transacional (PT) que cada pessoa herdou da sua família e que ao 
interagir com demais pessoas do seu grupo social como o do trabalho, envolverá a fusão destes 
padrões transacionais. Alguns são coincidentes, outros não. Aí se juntam valores comuns ou não, 
cultura da família, suas crenças e modo de viver. Neste padrão está inserido também o padrão 
relacional – a forma de expressão dos seus afetos e de interação. Com culturas distintas, as 
pessoas interagem produzindo choques em algumas situações dado os contrastes e diferenças 
existentes. 
“O como se produz um conflito” é um importante questionamento. Compreendendo como 
ele se dá, torna-se possível dimensionar o que lhe constitui. Sendo assim podemos ter uma 
melhor compreensão de como destravar o sistema que dá contorno ao problema. Os chamados 
“nós”, “embrólios”, “problemas” são maneiras de configurarmos as dificuldades relacionais 
existentes, que serão detonadas em circunstancias diferentes, seja nas relações comerciais, 
familiares, que as envolvem em disputas judiciais e de outras ordens, como condomínios em que 
há o convívio de muitas pessoas. 
O que há de comum entre todos eles, é que o conflito aparece onde há convivência de 
pessoas. E sendo assim o choque, a disputa pelo poder e pelos campos de forças opostos são 
detonadores deste processode acirramento da posição ocupada. Viver um conflito não é 
confortável para ambos, pois promovem sensações, sentimentos desastrosos que colocam as 
pessoas em contato com o conflito quando do surgimento das disputas, oposições e situações 
adversariais ( de oposição, antagonismo e disputa), que se apresentam como adversários ou 
opositores. 
Uma importante característica é o papel que a comunicação tem na resolução do conflito 
sendo a mediação uma das ferramentas além da arbitragem e da negociação. Buscando no 
dialogo a retomada de uma compreensão sobre a situação. É o elemento essencial e central, 
capaz de expressar e dar vida aos pensamentos, ideias, concepções, preconceitos e 
especificidades de cada indivíduo que se propõe à uma interação. É possível através do modo 
como cada um se expressa, observando-se a qualidade da transmissão, emissão e recepção da 
mensagem. 
Sendo significativo considerar: 
53 
 
Que a comunicação é o elemento essencial e central, capaz de expressar e dar vida aos 
pensamentos, ideias, concepções, preconceitos e especificidades de cada indivíduo que se 
propõe à uma interação. É possível através do modo como cada um se expressa verificar 
inclusive a qualidade da transmissão, emissão e recepção da mensagem. 
 
 - O que é falado 
 - Como é compreendido 
 - O que o outro pensa a respeito do que foi dito 
 - O que se pensa que o outro irá assimilar e compreender (expectativa) 
 
Frequentemente existem estruturas que apontam para esta não clareza da comunicação, o 
que se poderia compreender enquanto barreiras na comunicação, portanto, obstáculos na 
interação humana, que proporão dificuldades no entendimento mútuo, distanciamento e 
consequentemente, a necessidade de se estabelecer de forma dinâmica, uma nova ordem de 
entendimento interpessoal. Portanto permanência no conflito seria um modo de cristalizar a 
conduta interpessoal num único padrão de resposta, oferecendo pouco ou quase nenhuma 
possibilidade de se estabelecer um parâmetro funcional de equilíbrio. 
O homem é um ser em relação desde o seu nascimento passa a estabelecer uma 
interação com os componentes familiares, que irá consolidando pela sua trajetória pessoal um 
universo rico de constelações relacionais íntimas, pessoais, familiares, sociais, profissionais, de 
amizade e outras. 
Somos concebidos enquanto Ser Humano num contexto das relações humanas e iremos 
determinar o grau de evolução pessoal de acordo com o desenvolvimento de novas expressões 
surgidas a partir do nascimento, da primeira etapa do Ciclo Vital, segundo para a infância, 
adolescência, fase adulta e velhice. O que irá determinar a evolução de um indivíduo será o modo 
pelo qual seguiu a linha histórica do seu desenvolvimento, o modo como solucionou seus 
conflitos, determinando uma conduta, cujo padrão de comportamentos tenha oferecido o 
desenvolvimento de suas outras expressões na vida (suas interações, vínculos, relações 
interpessoais). 
A tradicional premissa de que o conflito tenha que ser eliminado, combatido e dominado é 
presente no Direito. Embasando-se na preservação de certos princípios e na concepção de uma 
sociedade harmônica, estável e pacificada. Com isso a conscientização e critica social se 
ampliam, onde a presença do conflito no sentido da sua manutenção e perpetuação é entendida 
54 
 
por litígio - a visão institucionalizada do conflito, da disputa, do seu distanciamento quanto à 
solução, demarcando o seu retorno agravado no futuro. De acordo com o professor Luis Alberto 
Warat (2001), no livro “O ofício do mediador” – (P.81) “Apresentar o conflito como litígio implica 
não levar em conta a necessidade de trabalhá-lo em seu devir temporal”. 
 
4.1 A Escalada e Desescalada 
 
São termos utilizados para definir práticas relacionadas à dinâmica do conflito – 
necessárias para a ocorrência da técnica de mediação. E como o próprio nome diz, a escalada 
faz menção a uma subida em degrau a degrau, demonstrando o aquecimento das emoções, 
humores, tensões. 
É na escalada que em especial as ações comunicam de algum modo uma com a outra 
como contrapartida para determinada ação. Sendo assim os atores da ação, atuam entre si, 
elevando o nível tensional bem como a intensidade das suas ações, configurando o teor do 
conflito. Podemos visualizar essa condição na figura de uma escada, em que cada degrau venha 
a corresponder a uma ação ou conduta que acentua a permanência do conflito e não a sua 
resolução. Portanto, contribuem para a sua continuidade e não a sua dissolução. Ao se utilizar a 
técnica da identificação da escalada é que se observam os comportamentos até então atuantes e 
presentes no conflito. Sendo identificadas as modalidades de ações realizadas por ambas as 
partes. Ao mesmo tempo é possível verificar as tendências de atitudes e poder prever de que 
forma será possível estancar ou parar a “escalada” que mantém a carga tensional. Sendo assim é 
possível para o conhecedor da técnica da mediação, analisar as tais ações e identificar o foco do 
problema, onde especificamente as partes se sentem prejudicadas. E com isso poder refletir, 
sendo sensível a estas, para intervenções precisas no tocante à sua resolução. 
55 
 
 
 A Intensidade - (carga explosiva do conflito) - 
Refere-se à carga emocional, explosiva que dá força ao conflito eclodir de algum modo. 
Está relacionada à conduta conflituosa e não ao sentimento. Podendo ser alta ou baixa em 
termos de intensidade, de impacto na vida das pessoas. Determinadas circunstâncias acarretam 
mais danos e dificuldades. 
Que as situações de vida venham a gerar obstáculos, isso é natural. Pois eles precisam 
ser superados, com isso a evolução ocorre, seja do indivíduo bem como da sociedade em que ele 
está inserido. Para todo tipo de confronto é preciso vontade para tal e saber pelo que está 
lutando. Para conquistar o que? 
O potencial das partes para o confronto e disposição para lutar pelo que se disputa é a 
marca que se refere à intensidade. Onde o nível de tensão e o tipo de sentimento são 
característicos. Podendo ser da seguinte forma quanto ao sentimento e tensões: 
 
 Sentimentos hostis em grau Elevado 
 
 Sentimentos conciliadores em grau Baixo 
 
Há um desequilíbrio do nível de sentimentos e da carga tensional que explosiva. E como 
os sentimentos de conciliação estão baixos, o conflito surge. 
Quando ocorre o contrário, havendo a disposição para a conciliação, não há a presença do 
conflito de forma explosiva, com maiores danos. Vale lembrar que o confronto pressupõe 
mudanças na estrutura, que poderão trazer contribuições importantes desde que bem manejadas 
quanto ao sentimento conciliador e pacificador ainda que os interesses possam ser díspares. E 
consequentemente com menor nível de tensão. 
 
 
 
 
 
56 
 
4.2 A Gestão do Conflito 
 
Disponivel em: http://excemp.com.br/noticia/6/o-conflito-nosso-de-cada-dia. Acesso 
em: 10 de novembro de 2017. 
Um aspecto fundamental é a compreensão de que conflito pode ser administrado, 
gerenciado. Saber manejá-lo é compreender o foco central das motivações envolvidas em torno 
do problema. Saber gerenciá-lo é tarefa de habilidade e visão ampla da realidade. Melhor que 
investir na perpetuação e cronificação do problema, é tornar possível o reconhecimento pelas 
partes envolvidas da tomada de consciência dos objetivos incompatíveis. E havendo a aceitação 
dos fatos, tal condição propiciar a convivência e não o seu impedimento. 
 
4.3 O Tema central da Teoria do Conflito 
Uso e distribuição do poder. De onde se faz o “calculo do uso do poder”. Todo recurso gera 
um custo econômico e emocional, sendo estes avaliados pelo adversário. Sendo assim veremos 
abaixo os critérios utilizados para a medição do poder. 
 
 
 
 
http://excemp.com.br/noticia/6/o-conflito-nosso-de-cada-dia
57 
 
4.4 Os Critérios na Avaliação ou Mediação do Poder 
 
 
Disponivel em:http://marcelohgui.wixsite.com/conflito/single-post/2015/11/30/Conflitos-nas-
Organiza%C3%A7%C3%B5es-Contempor%C3%A2neas. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
 
1º critério - probabilidade de produzir o efeito que se espera obter com os recursos do 
poder. Quanto maior for a probabilidade de que o indivíduo B reaja positivamente às questões 
propostas por A, maior será o poder de “A” sobre “B”. 
 
2º critério - número de destinatários a que está dirigido o poder. Poderes que se referem à 
relação de quem o possuem com uma só pessoa ou com várias, em outros casos o poder poderá 
estar dirigido a milhares ou milhões de pessoas como o de um governante. 
 
No contexto jurídico-custo financeiro poderá ter valor secundário. Outras circunstâncias 
representarão uma força predominante nas disputas jurídicas, dando-se referência aos aspectos 
emocionais e psicológicos envolvidos. 
O conflito está configurado tanto pelas partes como pelos terceiros que interatuam 
obrigatórios ou não (juízes e árbitros quando convocados) por uma das partes. (*Árbitros: não tem 
poder de forca para executar suas decisões. Sendo possível somente através do juiz). 
 
http://marcelohgui.wixsite.com/conflito/single-post/2015/11/30/Conflitos-nas-Organiza%C3%A7%C3%B5es-Contempor%C3%A2neas
http://marcelohgui.wixsite.com/conflito/single-post/2015/11/30/Conflitos-nas-Organiza%C3%A7%C3%B5es-Contempor%C3%A2neas
58 
 
4.5 No Ciclo Vital, fases da sua evolução 
 
Etapas e ciclos previsíveis e imprevisíveis. Algo funciona como detonador da situação 
conflituosa, partindo para as posições antagônicas, de onde poderemos observar o chamado 
“protagonismo” – onde cada pessoa em sua posição determinada, apenas considera suas 
argumentações e visões acerca do problema, não conseguindo avaliar, refletir e considerar a 
situação de forma ampla. O protagonismo reflete o acirramento do posicionamento, o que 
podemos entender como posição radical frente à situação. De onde defende seu ponto de vista 
com veemência e determinação. Certamente que tal configuração da situação não é diluída, 
democrática. Apenas existindo o seu ponto de vista. 
O Conflito não está configurado somente pelas partes envolvidas como também pelos 
terceiros que interatuam obrigatórios ou não. Entre os obrigatórios estão os juízes e os árbitros 
quando convocados. O juiz é o convocado a sentenciar no sentido de promover a resolução do 
conflito e propor a execução de uma decisão. O árbitro não possui a delegação do poder do 
sistema social e depende de uma solicitação de um juiz estatal cuja petição está a cargo daquele 
que tem interesse em obter o cumprimento do laudo e sentença arbitral. O Papel do magistrado 
diante do conflito é o de demarcar as controvérsias a fim de controlar as variáveis com as quais 
organizam suas decisões. O conceito jurídico de conflito como litígio representa uma visão 
negativa do mesmo. Os juristas pensam o conflito como algo que tem que ser evitado, pensando-
o como litígio, como controvérsia. 
A figura do advogado tem importância central no conflito, sua presença se torna mais 
efetiva quando se coloca na posição de um terceiro elemento colaborador que restaura ou 
possibilita as comunicações, ainda que esteja representando uma das partes possibilita ganhos 
mútuos em razão de sua posição estratégica de onde pode dialogar com a parte adversária 
diminuindo o grau de ameaça e tensão geralmente presentes; facilitando o manejo de propostas 
por meio de uma comunicação intermediária (visão geral e ampla e não restrita e autocentrada 
como a de quem ocupa a posição adversarial, ou seja, de oposição e contrariedade a um 
objetivo). 
O mediador é um terceiro que colabora com as partes e trabalha com o pressuposto do 
princípio da autonomia, a ideia de que a resolução depende das partes. Havendo duas 
dimensões de observação do mediador (Entelman, 2002): 
 
59 
 
1. “Dimensões do Conflito” direcionadas para o seu foco: 
 
a) Estão presentes nos atores do conflito 
 
b) Estão presentes no objetivo ou meta do conflito 
 
 
2. “Dimensão Atoral”: 
 
a) Centrada nos atores: o benefício que um obtém com a perda experimentada 
pelo oponente, O custo próprio não é um elemento a considerar o que está em jogo e que 
envolve a ambos. 
 
b) Centrada nos objetivos: o foco é a temática do conflito, os objetivos, as metas, pretensões 
e propostas das partes. Ambas as dimensões podem ocorrer, no entanto sempre uma 
prevalecerá sobre outra. 
 
60 
 
 5. A MEDIAÇÃO ENQUANTO RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITO OU DISPUTA 
 
 
 
 “Definições de caminhos são situações precisas de ordem 
com harmonização. De nada adiantaria algo perfeitamente adequado 
sem a unidade da força das pessoas envolvidas, que é o que 
proporciona felicidade: - serem contempladas e respeitadas, 
consideradas e amadas. Não é a linha reta que dá o bem estar e sim a 
criatividade de novas respostas e alternativas para a própria vida”. 
(Luiza Ricotta, 2013) 
 
A mediação é uma prática conciliatória que valoriza a humanização das relações, 
reintegrando as pessoas, para que possam restabelecer um convívio ainda que mínimo, 
amenizando os ânimos, diminuindo o teor de agressividade e grau de violência, que gerariam a 
conhecida “escalada”, ao nos referimos na elevação da temperatura emocional, em explosões e 
atos que vão ocorrendo de forma irracional, sendo uma resposta a uma agressão feita 
anteriormente. As partes envolvidas se posicionam de forma disfuncional, desorganizada, 
61 
 
acalorada, sem qualquer entendimento. A margem de entendimento é reduzida, pois todas as 
ações são vistas como agressões. A mediação é pacificadora na medida em que visa à 
integração das pessoas na linha do entendimento e compreensão das partes. É a falta de 
compreender o ponto de vista do outro que possibilitam tantos desencontros de percepções 
distintas acerca de uma mesma realidade – que geram desacordos caso não haja aceitação das 
diferenças. 
É uma alternativa de solução, um recurso não adversarial (que é oposto às práticas que 
estimulam a adversidade, a oposição), que não evolui a escalada da tensão. Contrário a isso, 
harmoniza e busca o equilíbrio. Busca equanimidade na relação “ganho e perda”. 
Ora se é possível utilizar uma ferramenta apropriada para dirimir tais pendengas, cabe 
difundi-las ao máximo, afim de gerar consciência para o acordo, aprendizado voltado para o 
entendimento e compreensão humana, de seus limites e de que nenhum acordo é expressão 
única da vontade de uma das partes. Tanto que neste segmento há o entendimento de que: - 
“todo bom acordo é aquele que não contempla nem a um e nem ao outro e sim surge como algo 
novo advindo das vontades e demandas de todos os envolvidos”. Portanto é sempre uma nova 
ideia, uma nova condição e proposta. 
Para que cada vez mais profissionais possam fazer uso dessa estratégia de habilidade e 
gestão, para que um terceiro possa intervir e buscar junto às partes uma solução, que no contexto 
do judiciário acaba se tornando distanciada da realidade das pessoas envolvidas, tornando-se um 
documento frio diante de questões que carecem de uma direção mais atuante e pontual. De que 
adiantaria uma sentença que não faz mais sentido com relação ao tempo empregado até que 
uma conclusão fosse possível. É certo que um grande número de pessoas se sente insatisfeita 
em razão disso, pelo fato da demora de tempo não contemplar as necessidades das pessoas 
envolvidas e sendo a Justiça, um recurso a favor do Homem, o que a faria manter-se distante e 
lenta com o crescente aumento de processos. 
5.1 Um pouco da trajetória histórica antes da promulgação da Lei de Mediação: 
 
 O Projeto de Lei que tramitou no Congresso Nacional: o Substitutivo (PLC 94/02), de 
autoria do Senador Pedro Simon (PMDB-RS), que institui a Mediação como método 
de prevenção e solução consensual de conflitos na esfera civil.O Substitutivo PLC 
94/02 é fruto da fusão de duas propostas já existentes: o Projeto de Lei 4.827/98, de 
autoria da deputada Zulaiê Cobra e o Projeto do Instituto Brasileiro de Direito 
62 
 
Processual, presidido pelos juristas Kazuo Watanabe e Ada Pelegrini Grinover. O 
primeiro Projeto procura oficializar e instituir a Mediação no Brasil de forma 
genérica, ao passo que o outro pretende instituir e disponibilizar a Mediação nos 
Tribunais, prévia ou incidentalmente. (SCRIPILLITI e CAETANO, 2004). A 
propagação da criação do Instituto da Mediação, como já ocorria com muito sucesso 
em outros países, tramitou no Congresso Nacional. 
 
 No texto do Substitutivo, falou-se em Mediação prévia e incidental. Vale a pena frisar 
que a Mediação prévia se dá antes do processo e a incidental, logo após da entrada 
da petição inicial ao juízo. Neste raciocínio, à luz do projeto de lei, a Mediação 
incidental ficará da seguinte forma: - quando o advogado propuser a ação, 
peticionando ao juízo, a documentação passa pela distribuição, vai para o juiz e em 
seguida para o mediador que é incumbido de chamar as partes, de forma 
obrigatória, fazendo com que este chamamento seja considerado um ato 
processual, sob pena de revelia. 
 
 Pela proposição em debate, os mediadores deverão ser apenas advogados com no 
mínimo três anos de experiência, conforme art. 11 do Substitutivo PLC 94/02 e 
devem estar devidamente cadastrados no Registro de Mediadores. E eis a polêmica 
que surgiu, a Mediação poderá ser exercida apenas por advogados? Inversamente 
à posição dos legisladores, Scripilliti e Caetano (2004) discordam e comenta que a 
Mediação requer vários conhecimentos em diferentes áreas afins: 
 
“Há uma complexidade de ciências que importam ao estudo e 
prática da Mediação. [...] São necessários conhecimentos de 
psicologia. O mediador tem de entender e administrar os conflitos 
subjetivos, as emoções, interesses das partes, etc. Na área de Direito 
de Família, os conhecimentos de psicologia e terapia são de tal ordem 
que os psicólogos e terapeutas com vivência na área, e os advogados 
com grande experiência, deveriam ser designados para mediadores 
nos conflitos familiares. Não se devem olvidar os aspectos da 
sociologia. O mediador tem por dever conhecer o meio ambiente em 
que vivem e trabalham seus mediados, isto é, sua realidade 
63 
 
socioeconômica para a perfeita compreensão e extensão do conflito. 
Há de se conhecer a teoria das decisões, fazendo-se uso da 
eqüidade, em como ter boas noções ou mesmo formação em Direito, 
por sua indissolubilidade com os fatos da vida em sociedade. Onde há 
vida, está o Direito [...].” 
 
Do ponto de vista geral, a Mediação é uma função interdisciplinar e demanda um 
conhecimento não apenas jurídico, mas psicológico, sociológico, terapêutico, comunicativo, 
afetivo e negocial. Não há como ocultar as demais ciências, pois o conflito será um tanto melhor 
resolvido por mediadores, que tenham vivência, competência e conhecimento acerca da matéria 
a ser debatida, não importando se é psicólogo, médico ou advogado. 
 
 Dois Projetos de Lei no Congresso Nacional, para regulamentar a Mediação: 
 O primeiro de autoria da Deputada Zulaiê Cobra, o Projeto de Lei nº 4.827, de 1998 
(BRASIL, 2007), “que institucionaliza e disciplina a Mediação como Método de 
Prevenção e Solução Consensual de Conflitos”. Com apenas sete artigos, de forma 
concisa e clara, o Projeto de Lei 4.827/98, asseverava o que é a Mediação (art. 1º), 
quem pode ser mediador (art. 2º), Mediação judicial ou extrajudicial (art. 3º), 
Mediação endoprocessual (art. 4º), acordo como título executivo judicial (art. 5º), 
Audiência de Tentativa de Conciliação (art. 6º) e a publicação da lei (art. 7º). 
O segundo projeto proposto em 2001 (BRASIL, 2007), do Instituto Brasileiro de 
Direito Processual, presidido pelos juristas Kazuo Watanabe e Ada Pelegrini 
Grinover e aclamado como adequado pela Ordem dos Advogados do Brasil, “institui 
e disciplina a Mediação paraprocessual como mecanismo complementar de solução 
de conflitos no Processo Civil”. Previa o projeto de lei em questão que os 
mediadores serão obrigatoriamente advogados, com pelo menos dois anos de 
experiência, formados e selecionados pela Ordem dos Advogados do Brasil. Tais 
profissionais receberão honorários fixados segundo o valor atribuído à causa e 
pagos pelo autor. (TARGA, 2004). 
 
64 
 
 O Projeto original proposto pela Deputada Zulaiê Cobra, ao longo de sua tramitação, 
foi sendo modificado por interesse de diversas instituições. A seguir, o caminho 
percorrido do Projeto de Lei até o momento segundo Braga Neto (2010): 
“Em 1998, criado o projeto pela deputada Zulaiê Cobra, 
com sete artigos. Isso tramitou na Comissão de Justiça da 
Câmara. De 98 a 2002 ele não andou. Em 2002 ele foi aprovado 
pela Comissão de Justiça e foi aprovado também em Plenário 
da Câmara. Ele subiu para o Senado, onde ficou sob a relatoria 
do Senador Pedro Simon. Paralelamente a isso, em 2000, 
alguns advogados e processualistas se entusiasmaram pela 
Mediação a partir da experiência Argentina. [...] Em 2000, 
elaboraram um texto que era um Projeto de Lei de Mediação no 
Brasil. Neste texto estava prevista a Mediação Paraprocessual. 
Queriam dizer com isto que a Mediação iria ser feita também no 
âmbito do Judiciário. Aí nasceu a idéia de, como era 
paraprocessual, isto é, dentro do processo, que somente 
advogados poderiam ser mediadores. Não havia nenhuma 
regulamentação para o mediador extrajudicial. Este texto foi 
tornado público num evento da OAB em dezembro de 2000. [...] 
Na Comissão de Justiça ficou de 2003 a 2006. [...] Em 2003, o 
Ministério da Justiça, fez uma Audiência Pública, pois tinha-se 
dúvidas a cerca de implementação da lei. [...]. Naquela 
oportunidade os autores daquele projeto inicial de 2000, 
juntamente com membros que participaram da redação do 
projeto da deputada Zulaiê, fizeram um texto comum. [...] Uniram 
os sete artigos da deputada e mais os deles e permaneceu a 
idéia de se criar a Mediação Paraprocessual no âmbito do 
processo. [...] Depois de 2003, uma série de pareceres do 
Senador mostravam que estava se fazendo modificações no 
texto.[...] Em 21 de junho de 2006 esse projeto foi para a 
Comissão de Justiça e no dia 12 de julho foi aprovado no 
Plenário do Senado. “Como houve alteração substancial do 
texto, esse projeto teve que voltar para a Câmara para poder ser 
aprovado e implementado.” 
65 
 
 
 A implantação do Sistema Multiportas que ocorre com bons resultados nos Estados 
Unidos, na Argentina e na Europa. Segundo Braga Neto (2010): 
“Quando se der entrada na petição inicial e ela for distribuída 
para o mediador e não for solucionada a questão, o mediador 
vai encaminhar ao juiz. Caberá ao juiz, como ainda não está 
totalmente formatado o processo, indicar mais duas opções: a 
Arbitragem e a Avaliação Neutra. No caso da Arbitragem, é um 
terceiro que vai decidir e no caso da Avaliação Neutra, que é 
outro método, é uma pessoa, normalmente um especialista na 
matéria, que faz uma avaliação, um tipo de laudo. Esse laudo 
fica com o avaliador. Instaura-se o procedimento de Mediação, 
de comunicação entre as partes. Se chegarem a um acordo, a 
questão fica encerrada. Porém, se não chegarem a um acordo, 
a avaliação torna-se a decisão da questão. Esse procedimento é 
muito utilizado nos Estados Unidos e que está começando a ser 
implementado no Brasil”. 
 
 A criação das Câmaras de Conciliação do Poder Judiciário (Tribunal de Justiça). 
Sendo alvo da máxima atenção a fim de diminuir a tensão que os casos judiciais 
geralmente apontam e promovem a celeridade dos casos estagnados pela 
sobrecarga de trabalhos. São realizadas em outro local, que não o Fórum, nas 
proximidades deste, até como forma de diminuir o temor e trazer mais acolhimento 
para os cidadãos. Sendo assim o clima e ambientedas tais Câmaras de Conciliação 
procuram gerar um contato mais aproximado com o elemento humano. 
 
“A Conciliação está prevista na legislação, com a possibilidade desse 
diálogo entre as partes ao longo do processo, tanto em segunda como 
em primeira instância. Mas isto é feito por iniciativa dos Estados, de 
forma independente. Em termos de Brasil, isto é uma inovação, 
porque traz a obrigatoriedade da Mediação dentro do processo 
judicial. A Mediação passa a ser então um ato processual, mesmo 
66 
 
antes de chegar ao juiz da questão. É uma mudança do nosso Código 
de Processo Civil e de todo o processo judicial. Independente de ser 
interposta a tentativa de Mediação no início, pode-se encaminhar para 
a possibilidade de ser sugerida pelo juiz ou pelas partes ao longo do 
processo, mesmo em segunda instância.” NETO, Braga (2010), 
Conselho Administrativo do IMAB (Instituto de Mediação e Arbitragem 
do Brasil) 
67 
 
 
 6 - A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO 
 
 
 
Disponivel em: https://www.lumiun.com/blog/2015/07/3-metodos-para-avaliar-o-desempenho-dos-
colaboradores/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
“A natureza jurídica da mediação de conflitos é contratual, posto ser 
duas ou mais vontades orientadas para um fim comum de contratar 
uma terceira pessoa para que esta promova o diálogo entre ela 
conforme descreve NETO, Adolfo Braga. E como contrato, pode ser 
classificada como plurilateral, por estarem ajustadas no mínimo duas 
pessoas físicas ou jurídicas na forma mencionada no parágrafo 
anterior e mais o mediador. Consensual, uma vez que nasce do 
consenso entre as partes envolvidas no conflito na contratação de um 
terceiro. Informal, visto pressupor regras flexíveis de acordo com as 
vontades. Oneroso, posto ser objeto de remuneração ao profissional 
que colaborará com os mediados. Não deixa de constituir-se, também, 
em um contrato de prestação de serviços, no qual de comum acordo 
as pessoas celebram com um mediador a possibilidade de este 
https://www.lumiun.com/blog/2015/07/3-metodos-para-avaliar-o-desempenho-dos-colaboradores/
https://www.lumiun.com/blog/2015/07/3-metodos-para-avaliar-o-desempenho-dos-colaboradores/
68 
 
prestar o serviço de auxilio a elas para que busquem por si soluções 
para o conflito que estão enfrentando”. (NETO, Adolfo Braga, 2010) 
 
E, como contrato, há que se atentar para os requisitos mínimos e obrigatórios, abaixo 
elencados: 
 
a) Menção expressa de que o mediador pautará sua conduta nos princípios da 
imparcialidade, independência, diligência, competência, confidencialidade e 
credibilidade; 
 
 
b) Referência de que os mediados participarão do processo baseados em suas 
próprias vontades, boa fé e real compromisso de se esforçarem para a resolução 
dos conflitos que os trouxeram para a mediação; 
 
c) Qualificação completa dos mediados e dos seus advogados devendo estes 
apresentar os documentos legais que lhes conferem poderes de representação 
legal, nos termos da lei; 
 
d) Qualificação completa do mediador e do co mediador e outros da equipe se for o 
caso de co mediação com observadores ou não; 
 
e) Normas e procedimentos, ainda que sujeitos a redefinições, estabelecidos para o 
processo; 
 
 
f) Número indicativo de reuniões para bom andamento do processo de mediação; 
 
69 
 
g) Honorários, bem como as despesas incorridas durante a mediação e formas de 
pagamento, os quais, na ausência de estipulação expressa em contrário, serão 
suportadas na mesma proporção pelos mediados; 
 
h) Dispositivo de que qualquer dos mediados, assim como o mediador pode, a 
qualquer momento, retirar-se do processo, comprometendo-se a dar um pré-aviso 
desse fato ao mediador e vice-versa; 
 
i) Disposição de cláusula de confidencialidade absoluta referente a todo o processo e 
de conteúdo da mediação, nos termos da qual os mediados e o mediador, 
comediador e todos os pertencentes à equipe de mediação, se existir, se 
comprometem a manter em total sigilo a realização da mediação e não utilizar 
qualquer informação documental ou não, oral, escrita ou informática, trazida ou 
produzida durante ou em resultado da mediação, para efeitos de utilização posterior 
em processo arbitral ou judicial; 
 
j) O lugar e o idioma da mediação. 
 
Convém lembrar, também, que a mediação, ao proporcionar a intervenção do mediador, 
oferece informações fundamentais sobre os limites e o alcance do método e deve manter abertas 
as portas para a participação dos advogados, que desempenham papel fundamental em todos os 
momentos da realização da atividade. Os advogados poderão indicar para seus clientes a 
mediação de conflitos, para tanto imprescindível que o conheçam. Facilitarão e muito no preparo 
das pessoas para a mediação, auxiliarão e muito no seu marco contratual, onde se estruturam os 
compromissos assumidos para sua realização, as tomadas de decisões relativas aos aspectos 
legais, levantadas por eventuais dúvidas que surjam durante o mesmo, bem como o 
encaminhamento legal dos compromissos nela assumidos. Da mesma maneira, caso não 
participem de maneira presencial ao longo do processo, se faz imprescindível que acompanhem a 
evolução de seus clientes durante todo o mesmo, a fim de conhecer passo a passo as evoluções 
alcançadas pelos seus clientes. 
 
70 
 
 
A mediação é uma estratégia de promoção do dialogo entre as partes, antes de tudo. 
Antes mesmo da sua resolução. Com isso, o resgate dessa comunicação perdida é que 
possibilitaria a sensibilização das partes para que possam se ouvir e conhecer os motivos que as 
levam a pensar e agir como tal. Por isso entendemos ser um nó – representação simbólica para 
configurar quando um conflito passa a existir. Com posições radicais e determinadas, a figura do 
terceiro elemento torna-se extremamente importante. Podendo este ser alguém do seu círculo 
íntimo de relações, o juiz em casos judiciais, um psicoterapeuta, o advogado ao propor uma linha 
de resolução e negociação muito antes do problema tornar-se um litígio. Mas há de se pensar a 
respeito do preparo e condições que tais pessoas venham a desempenhar na vida das pessoas. 
Daí que o conhecimento da mediação se torna fundamental a fim de garantir uma boa condução 
do entendimento. Pois um terceiro elemento que venha aguçar ainda mais o problema, acaba 
sendo um fator de mais um problema a ser contabilizado. Quando dizemos que qualquer pessoa 
pode funcionar como elemento de facilitação dessa comunicação perdida, estamos nos referindo 
a pessoas cujo resultado tenha sido de contribuição e não de criação de novos obstáculos. 
Devido a esse cuidado e contando com a necessidade do preparo da pessoa que se coloca como 
terceiro elemento. É no papel de mediador que se vê institucionalizado tal função. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
 7 – A FUNÇÃO DO MEDIAÇÃO 
 
 
 
 
Disponível em: https://ampacpjovellanos.wordpress.com/2017/02/07/celebrando-del-dia-de-la-
paz/paz/. Acesso em: 14 de novembro de 2017. 
A Mediação é uma prática extrajudicial de solução de conflitos, que envolve determinado 
manejo e gestão das partes envolvidas. Buscando saídas novas através da reflexão e do diálogo. 
Torna-se necessária no Poder Judiciário em decorrência de uma mudança de paradigma: - de 
uma metodologia de confronto para o uso de métodos cooperativos. Onde os recursos 
tradicionais cederam aos métodos negociais, onde há a consciência da necessidade do 
consentimento da outra parte como forma de resolução de conflito. 
 
https://ampacpjovellanos.wordpress.com/2017/02/07/celebrando-del-dia-de-la-paz/paz/
https://ampacpjovellanos.wordpress.com/2017/02/07/celebrando-del-dia-de-la-paz/paz/
72 
 
Pode ser utilizada nas seguintes situações: 
 
 Quando a cooperação deixa de existir. 
 
 Quando existem competição e posições rígidas (ganha – perde). 
 
 
 Quando há diferenças que impedem uma negociação. 
 
 Quando todas as tentativasde solução foram frustradas. 
 
 
 Quando há perda do entendimento pela comunicação mútua. 
 
 Quando se acredita que as pessoas possam chegar a um acordo pela 
transformação que a mediação poderá promover. 
 
A mediação é uma prática formalizada e extrajudicial de solução de conflitos, dando 
condição de administrá-lo e manejá-lo a partir de saídas novas e criativas. Obtidas através do 
diálogo e da reflexão - visando estimular o pensamento e a adoção de novas ações advindas 
desta nova forma de enxergar e pensar os fatos que estão envolvidos no conflito. 
 
Torna-se necessária quando a cooperação deixa de existir, dando lugar a competição 
(modelo ganha – perde), onde as diferenças são impeditivas de uma negociação. De onde se faz 
necessário a busca de terceiros ou uma terceira pessoa para o encontro de uma solução. 
 
O uso de tais ferramentas para tal contexto é conhecido como: 
 
 Resolução Alternativa de Disputa; 
 
73 
 
 Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos. 
 
A expressão “Mediação de Conflitos” é tão antiga e abrangente quanto os conflitos 
humanos, e vem sendo aplicada, de forma genérica, como sinônimo de heterocomposição, ou 
seja: toda vez que terceiro estranho ao conflito, é chamado a pacificar as partes envolvidas. Há 
também um método específico de resolução de conflitos que se convencionou chamar “mediação 
de conflitos”. Assim, devemos primeiramente distinguir o “gênero mediação” da “espécie 
mediação”. 
 
O “gênero mediação”, ou heterocomposição, envolve desde métodos impositivos de 
resolução de conflitos (como a via judicial e a arbitragem), até métodos “amigáveis” (como a 
conciliação e a mediação propriamente dita). 
 
Para melhor compreensão dos diferentes níveis de influência externa deste terceiro na 
relação das partes, cabe a seguinte escala comparativa (do mais até o menos intrusivo) dos 
métodos básicos de resolução de conflitos: 
 
 
 Via judicial: o juiz aplica a lei à lide. Ele decide e impõe sua decisão às partes. Uma 
vez acionado o poder judiciário, as partes não têm qualquer controle sobre a solução; 
 
 Arbitragem: o árbitro decide e impõe sua decisão às partes, dentro do escopo da 
questão que lhe foi submetida. O processo é mais flexível (adaptável ao caso) que no 
judiciário, e são as partes que escolhem o árbitro de comum acordo. Uma vez 
delimitado o escopo da arbitragem e delegada a jurisdição, as partes não têm 
qualquer controle sobre a decisão; 
 
 Conciliação: o conciliador conduz as partes na analise de seus direitos e deveres 
legais, buscando um acordo. As partes é que decidem os termos do acordo, mas o 
conciliador pode fazer sugestões e opinar quanto ao mérito da questão. O objetivo da 
conciliação é o acordo; 
 
 Mediação: o mediador facilita o dialogo entre as partes, em ambiente de 
confidencialidade. O mediador busca o entendimento das partes, pelas próprias 
partes. Ele não deverá opinar sobre o mérito da questão, e mesmo quando faça 
74 
 
sugestões (a pedido das partes) deverá fazê-lo de forma não tendenciosa. As partes 
devem perceber-se como co-autoras da solução. O objetivo da mediação é a 
pacificação das partes (tanto para resolver os conflitos atuais quanto para evitar 
futuros conflitos, buscando preservar as relações e a autoria das soluções); e 
 
 Negociação: as partes conversam diretamente, sem a presença de terceiros, 
buscando um acordo. 
 
 
Disponivel em: https://twitter.com/semedopuscas. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
 
Para Saber mais: 
Artigo que mostra a ação da arbitragem em acordo extrajudicial em uma Camara privada. 
Disponível em 
http://www.dcomercio.com.br/categoria/leis_e_tributos/empresas_podem_resolver_conflitos_extra
judicialmente_na_acsp 
O Movimento pela Conciliação da Secretaria da Reforma do Judiciário, da Comissão 
Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal incluiu o recurso da mediação como parte de 
um conjunto de métodos que permitirão a democratização e desburocratização da justiça, bem 
como o desenvolvimento de uma infraestrutura de pacificação social. 
Para Malhadas Junior e Marco Júlio Olivé – (2004): 
https://twitter.com/semedopuscas
75 
 
 
“Todos os organismos vivos buscam o que se denomina “homeostase 
humana”: uma tendência a manter um estado e, simultaneamente, 
cumprir um ciclo vital” (p. 14) 
 
“... o conflito constitui a fonte que alimenta a energia transformadora, 
que eu seja a mudança. O conflito é a antítese da estagnação e 
permite que a humanidade enfrente o desafio de continuar explorando 
a terra pra alimentar uma população que não dá sinais de 
estabilização...” (p.15) 
 
O conflito tem em si mesmo a ação divisora, adversarial, estabelecendo uma fronteira entre 
campos de força que apontam para os recursos escassos, que não são distribuídos de forma 
igualitária, pelos recursos naturais que não estão disponíveis; Posicionando-se como 
antagonismos, diferenças de autoridade, de poder, riqueza e etc... 
É a busca de primeira posição que torna possível o choque, o embate para assumir uma 
posição de alcançar em detrimento de um não alcançar. O que muitas vezes está em jogo são 
estruturas relacionadas à: patrimônio, valores, crenças, poder, relacionamentos interpessoais que 
atuarão sobre comportamentos cristalizados ou rígidos e padrões de pensar e agir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
7.1 A Participação de um Terceiro Elemento 
 
 
Disponivel em: https://tomazsolberg.com.br/brigas-entre-socios/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
 
A figura do mediador reside na tentativa de acordo e antes disso uma visão conciliada da 
situação-problema. É o mentor da comunicação (podendo comunicar-se com a parte adversária, 
tentando diminuir o nível de tensão e ameaça, sentimento comum entre as pessoas que estão 
vivendo um confronto. Fantasiam mais que a proporção da realidade. E exatamente por isso 
aumentam ainda mais a proporção do problema, o que em nada contribui para a sua conciliação. 
Acirram-se os sentimentos de raiva, ódio e disputa. E onde poderia haver inteligência há total 
ignorância por falta de alternativas que proporcionem a compreensão mútua, o acordo e a 
conciliação. 
Portanto o mediador é um facilitador no manejo das propostas que as partes não 
conseguem visualizar e identificar. Não tendo a visão distorcida e tendenciosa como é comum 
nos casos de disputa e confronto. Daí a importância do terceiro elemento na diminuição da carga 
tensional, fazendo o trabalho que os próprios envolvidos não conseguem. Disso decorre o que 
nós profissionais da área dizemos, de que houve a falência de tentativas de solução devido ao 
envolvimento das partes no problema. 
https://tomazsolberg.com.br/brigas-entre-socios/
77 
 
Estabelecimento de primeira comunicação intermediaria que as partes não podem suprir 
pelo diálogo direto. 
O fato do mediador necessariamente não gerar uma condição de acordo ou conciliação 
não representará a sua falta de habilidade e eficiência. Lembrando que sua participação é 
promover a conciliação por meio do dialogo e de uma nova visão sobre o problema, e quando não 
atendida, representa a falência de entendimento das partes envolvidas, que não conseguiram 
chegar a um ponto comum. Sua função reside estritamente a colaborar com a solução. Obedece 
ao princípio da autonomia (de que a resolução depende das partes) 
A legislação fixa o trabalho do mediador como atividade de cooperação. A atuação do 
mediador depende deste princípio. 
A comunicação: elemento importante. É a expressão da qualidade das interações junto 
com o comportamento. Sendo um facilitador da comunicação, pode dialogar com as partes e 
entender o tema do conflito, abrindo para negociação (evolução do trabalho do facilitador). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
78 
 
7.2 Características do mediador 
 
 
Disponivel em: http://www.thomascreekconcepts.com/adwords-services/account-
management-for-agencies/.Acesso em: 10 de novembro de 2017 
 
1. Uso do vocabulário compatível com as pessoas, onde partes serão iguais a mediados e a 
sentença ou acordo, serão chamados de “resultados” e as reuniões de mediações são 
chamadas de encontros formais excluindo-se o termo audiência, reunião. 
3. Sigilo absoluto, a ética de guardar sigilo de tudo que for tratado. 
4. O cliente: o cliente do mediador é o processo. 
5. Guardião: ele é guardião do processo, tem compromisso com o andamento. 
6. É um agente da realidade; traz a concepção da realidade. 
7. Propicia a conversação. 
8. Possibilita a negociação ou parâmetros de negociação. 
9. É um coconstrutor de negociações e não de impasses. 
10. Drena o conflito, drena a carga explosiva. 
11. É uma ação voltada para o futuro e abandono do passado, uma visão de movimento, de 
andamento, de prosseguimento da vida e das situações. 
12. Atento ao equilíbrio do poder entre as pessoas envolvidas. 
13. O compromisso ético. 
 
http://www.thomascreekconcepts.com/adwords-services/account-management-for-agencies/
http://www.thomascreekconcepts.com/adwords-services/account-management-for-agencies/
79 
 
 8 - OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO 
 
 
Disponivel em: https://www.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-
conflitos-75989289. Acesso em 10 de novembro de 2017. 
 
Na aplicação do sistema judiciário encontramos os termos envolvendo a mediação como 
fazendo parte dos “Mecanismos Autocompositivos”, diretamente associada com a solução 
conciliada de conflitos. Sua finalidade é viabilizar o processo judicial por meio da comprovação de 
uma hipótese fática que resultará em uma determinada ação jurídica. O objetivo é pacificador, 
conciliador. Apostando no consenso, “ideal” de justiça entre as partes. 
Ainda que estejamos ressaltando a importância da Mediação, vamos destacar seus 
objetivos 
Em face da utilização da mediação como importante ferramenta na resolução alternativa de 
disputa ou conflito, esta tem como objetivo acelerar os trabalhos do judiciário. Com tal propósito 
foi oficializada a atividade pelo Projeto de Lei da Mediação (2010) conforme consta no módulo 
“Anexo” ao final. Certamente aí reside um de seus mais expressivos documentos. 
Outro objetivo está na múltipla aplicação face seu caráter de multidisciplinaridade que o 
próprio método promoveu, gerando uma importante interface entre a Psicologia Jurídica e a 
Mediação. Destacando-se os seguintes pontos: 
 
https://www.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
https://www.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
80 
 
 Intenção de desburocratização da máquina pública. 
 
 Não há mediadores efetivos dos tribunais e não há até o momento concursos 
públicos para mediadores (advogados, psicólogos, assistentes sociais). 
 
 A mediação é transdisciplinar, comunicando com outras áreas da ciência. 
 
 Os psicólogos concursados que atuam no judiciário poderão atuar como mediadores 
extrajudiciais. 
 
 Importância pela celeridade dos trabalhos a fim de dar conta dos inúmeros 
processos do poder judiciário. 
 
 O enfoque multidisciplinar formaliza a contribuição de outras áreas para a ciência do 
Direito, aperfeiçoando os trabalhos jurídicos, de forma a não atuar de forma isolada, 
unicamente legalista. Resgata o aspecto humano envolvido nas temáticas que 
envolvem as disputas entre as partes. 
 
 Aí está mais um objetivo da mediação: aspecto didático e pedagógico de treino da 
cidadania. Fazendo com que as partes evoluam para um modo de pensar diferente 
do que até então tinham. O aprendizado é marcante na esfera da mediação. 
 
 O dialogo com demais disciplinas, oferecendo o aspecto multidisciplinar, com isso 
uma melhor adequação às causas e problemáticas humanas. De um ponto de vista 
mais completo e não unicamente unilateral. 
 
 
 
 
 
 
81 
 
 
9 - APLICAÇÃO: QUANDO E COMO DEVE SER UTILIZADA 
 
 
Disponível em: http://www.ydyle.fr/e-reputation-soignez-notoriete-web/. Acesso em: 10 de novembro de 
2017. 
 
A fundamentação teórica da Mediação como vimos em módulos anteriores é 
multidisciplinar, ou seja, tem base em diversas disciplinas tais como a sociologia, a 
administração de empresas, as técnicas de negociação, o direito, a psicologia, a teoria 
sistêmica. Enfim, todas elas reunidas a fim de dar a compreensão necessária para as 
múltiplas aplicações que envolvem os conflitos humanos que geram pendências de toda 
ordem. Quando utilizada para a formação de profissionais, se propõem a treiná-los e 
desenvolver habilidades para que possam intervir como mediadores. 
 
A sua aplicação tem os seguintes objetivos: 
 
 Necessidade de dar respostas diferentes aos conflitos (sair da posição crônica) 
 
 Ampliar a consciência 
http://www.ydyle.fr/e-reputation-soignez-notoriete-web/
82 
 
 
 Oferecer poder de escolha e de decisão 
 
 Favorecer o pensar 
 
 
 Atuar de forma efetiva – que de fato se proponha a resolver. 
 
Sintetizando, quando há necessidade de ser criar respostas diferentes aos conflitos 
existentes, gerando ampliação de consciência e oferecendo ou incrementando a capacidade de 
decidir, pensar, criar, exigir e atuar na vida. Quando conseguimos visualizar novas possibilidades 
diante de uma situação acirrada, cuja posição é rígida, mostrando-se imutável. 
 
9.1 Vantagens De Se Utilizar a Mediação 
 
 Agilidade. Mais rápida, e mais econômica. 
 Transforma as pessoas e as relações existentes entre elas, melhorando a qualidade da 
interação. 
 É pedagógica no sentido de aprender uma postura colaborativa e de não violência, e 
consequentemente não escalada. 
 É pedagógica como recurso, como modelo para as partes, no sentido de estancar, fazer 
com que as pessoas aprendam a ter educação, a tratar bem o outro. O mediador usa da 
autoridade não do abuso. 
 É o aprendizado da escuta, saber ouvir o outro e aprender a discriminar a diferença do 
pensamento entre um e outro. 
 Possibilitar a aceitação da diversidade e da complexidade e de mecanismos de manejo e 
administração dos conflitos futuros. 
 Também é pedagógica como padrão de qualidade no trato da relação, fazendo com que 
as pessoas ali envolvidas passem a ter uma forma de saber que podem flexibilizar; ganhar 
tempo; gerenciar um processo de negociação; aprender mecanismos de convivência e 
superação de problemas, se fortalecendo e aprendendo a lidar com os conflitos futuros. 
 Ser confidencial, garantindo a privacidade, não sendo divulgado. 
 Dá noção de responsabilidades à cada uma dos mediados e das consequências que dali 
83 
 
tiveram. Não perda de controle dos mediados em relação ao que decidem, não se 
tratando de um terceiro que irá decidir sobre aquela situação. 
 Há a condução e o encaminhamento do processo de mediação, sem o enquadre legal, 
porque será pautado nas relações e na qualidade das interações. 
 Desenvolve a flexibilidade. 
 
 
 
A mediação pode vir a favorecer para alguns casos e em outros não. Se a mediação existe 
como uma forma de ser um braço do poder judiciário, no sentido de otimizar os trabalhos, de 
acessibilidade, de acesso à justiça, de celeridade, de agilidade, ou seja, quando um juiz decide, a 
decisão judicial é aquela, então, para os casos mediados, ainda existirá a tentativa de através do 
diálogo e da reflexão, um enquadre que está pautado na relação dessas pessoas. Elas ainda 
passam a ser detentoras do poder pessoal que elas tem de decidir. 
Surgiram novas modalidades de aplicação desta ferramenta, algumas mais próximas do 
modelo tradicional e outras aproximadas do modelo de mediação transformativa dos autores 
Bush e Folger. 
 
 
 
9.2 Etapas de um encontro de mediação 
 
a. A fala de abertura. 
b. A apresentação pessoal de cada um dos presentes. 
c. A apresentação do processo. 
d. A função do mediador.e. Confidencialidade (privacidade para as pessoas). 
f. Regras de funcionamento (contrato). 
g. Reuniões privadas. 
h. Esclarecimentos. 
i. Provável não acordo. 
 
9.3 Pontos em destaque: 
84 
 
 Toda intervenção por mediação como dissemos anteriormente tem um contrato de trabalho. 
Assim, quando as regras são apresentadas é dito como irá funcionar o trabalho, para que 
não hajam surpresas. O critério de confidencialidade informado significa uma garantia de 
privacidade e compromisso ético com ambas as partes, para que sintam-se asseguradas de 
que sua tratativa será contrária a qualquer banalização. Se for necessário, em algumas 
situações é necessário haver reuniões privadas com um e com o outro, onde as partes se 
separam para que depois retomem em conjunto. Trata-se de estratégia para manejar as 
motivações que envolvem a situação problema. 
 Todas as regras são explicadas, é função de o mediador explicá-las. 
 Resulta num documento por escrito, que não pode ser usado nos tribunais, só podendo ser 
utilizada a conclusão. Um instrumento assinado pelos interessados, e o registro do que for 
acordado (conclusão) para uso legal. 
 Pode ser que com a mediação chega-se a um não acordo, ou seja, conversaram, mas não 
chegaram a um consenso, as partes decidem continuar o litígio. O que não representa falta 
de habilidade do mediador. 
 Se o mediador não é responsável por construir uma nova saída, ele é coparticipante, por 
isso que no item característica do mediador, do que cabe ao seu papel é ser um co 
construtor das prováveis saídas, auxiliando tanto “A” e “B” a encontrarem uma solução, 
indagando as partes para que elas possam ir ‘tecendo” uma alternativa propícia a ambos. 
 As pessoas em conflito estão rígidas, e sempre há uma tendência dessas pessoas tensas, 
com diálogo enrijecido, se reportarem ao passado constantemente, e com isso perdem a 
perspectiva de futuro. O mediador procura recuperar todos os mecanismos que foram 
perdidos, trazendo a visão do processo, saber que em uma negociação há um 
encaminhamento, há um encadeamento de compreensão que vai sendo feito até que as 
partes partam para uma negociação. 
 O mediador estabelece uma relação de equilíbrio e de poder, e vem com a função de 
modificar essa idéia de litígio, que existe quando se quer uma solução imediata. Se um dos 
elementos abusa do poder, ou tem uma forma de argumentação melhor que a do outro, o 
mediador busca restaurar esse equilíbrio. 
 O mediador vai restaurando o diálogo a comunicação de forma a confluir para um ponto 
comum de entendimento e compreensão das partes. O intuito é fazer com que cada um 
possa ao menos compreender as motivações e interesses do outro. 
 Uma mediação bem sucedida ocorre quando o mediador vai criando um terceiro campo, que 
seria o campo de negociação (vide gráfico acima), com a ação do profissional, ou seja, o 
mediador não fala de “A” nem de “B”, mas fala sobre o problema que os envolve. 
 O mediador traz de volta a percepção de cada um sobre si mesmo com relação ao 
problema. 
 O ponto principal da mediação é restaurar e restabelecer as figuras com a sua própria 
identidade, que continuam sendo quem são ainda que negociem uma forma de solução, 
85 
 
prevalecendo de seus valores e critérios. O encaminhamento de uma mediação levaria ao 
encontro do ponto comum (vide gráfico acima), ou seja, o encontro de um comum acordo, 
onde o mediador não terá mais ação, ou seja, as pessoas retomam, até porque o trabalho 
do mediador é encontrar os pontos comuns relacionados ao tipo de conflito que as pessoas 
apresentam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
86 
 
10 – FORMAS DE ATUAÇÃO DOS MODELOS DE MEDIAÇÃO 
 
Disponivel em: https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-
conflitos-75989289. Acesso em: 10 de novemvbro de 2017. 
A evolução de um conflito quando a passa a ser jurisdicionalizado, transfere os 
sentimentos de raiva, descontentamento e contrariedades para os atos processuais. Sendo este 
uma forma de exteriorizar tais sentimentos e emoções mal resolvidas e mal direcionadas – 
condutas litigiosas. 
 
A jurisdição enquanto atividade substitutiva se propõe a resolver do ponto de vista jurídico, 
mas não resolvendo o conflito interno dos envolvidos. Ocorre uma frustração no encerramento do 
processo, em que uma das partes é vencida, não sendo raro novas lides (obstáculos, 
impedimentos, entraves) para frustrar a execução da sentença, que resultam nos Métodos 
Extrajudiciais ou Alternativos. 
 
A mudança de paradigma envolve uma metodologia de confronto para o uso de métodos 
cooperativos (busca da compreensão por parte das pessoas envolvidas). Os recursos tradicionais 
cederam aos métodos negociais - consciência da necessidade do consentimento da outra parte 
como forma de resolução e percebendo a importância de se conhecer o que a outra parte tem 
como demanda e não tão somente envolvido com a sua própria posição. 
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
https://pt.slideshare.net/iGovExplica/a-mediao-como-mtodo-alternativo-de-soluo-de-conflitos-75989289
87 
 
 
De onde é mais representativa a expressão das dificuldades de entendimento entre 
pessoas e falência de acordos entre as partes (como é costuma nomear as pessoas envolvidas) é 
no poder judiciário, apontando o quão difícil é para a sociedade dar conta das diferenças, 
contrastes existentes e posições distintas. E pela dificuldade de entendimento mútuo pela 
compreensão humana, há uma sobrecarga de recursos legais a fim de discutir os direitos, 
promovendo inúmeros litígios – processos que se arrastam sem uma definição e conclusão, por 
acreditarem que ainda não foram contemplados. Ou que a outra parte estaria em vantagem e por 
este fato, induzidos a não fecharem questão e colocarem fim na pendenga judicial. O método de 
RAC (Resolução Alternativa de Conflito) termo também encontrado nesta esfera das soluções 
conciliadas no poder judiciário se mostra eficiente, pois dá a porção humana necessária, 
colocando mediadores se não hábeis ao menos interessados em pacificar e harmonizar os 
interesses para lidarem com as questões e motivações pessoais de cada parte que os fizeram se 
posicionar de forma radical e única. Investindo na mudança na mentalidade e formação de uma 
crítica. 
 
A abordagem transformativa como veremos abaixo em estilos e modelos de mediação, é 
específica para tratar questões envolvendo pessoas e suas relações. Ela aposta na força 
transformadora do diálogo e da reflexão. Valorizando o pensar sobre o problema com uma 
finalidade de resolução e não de sua manutenção. Principalmente quando se trata de relações 
que terão uma continuidade no tempo, ou seja, que tenham tido um histórico pregresso e que 
estarão envolvidos de algum modo no pós-solução do conflito. Sejam membros de determinado 
grupo profissional ou família, numa organização e instituição ou em um vínculo conjugal, para 
exemplificar. 
 
Oferece o recurso de criar e recriar o diálogo (restabelecendo-o) como uma forma positiva 
de uma nova solução para o problema. Como um antídoto para a ocorrência de violência em suas 
mais variadas expressões, e que se dão em comportamentos e atitudes em escalada. Promovem 
o resignificado do conflito promovendo mudanças, melhoria nas relações sociais e pessoais, bem 
como consigo mesmo. 
 
88 
 
Oferece também ganhos pessoais, com um bom grau de resolução pessoal mediante a 
nova visão acerca do problema até então vivido. Fazendo com que o indivíduo abandone a 
posição de eterna vítima de uma situação e busque na superação o significado e considerações 
distintas acerca do mesmo fato. São na verdade novas versões que se viabilizam diante do 
mesmo fato. 
 
Do ponto de vista profissional a mediação se faz necessária quando todas as 
possibilidades de solução paraum impasse não são resolvidas, onde o problema ganha uma 
expressão maior, de onde se recorre ao poder judiciário para a sua solução. Portanto se muitos 
dos conflitos pudessem ser mediados, certamente que os indivíduos se disporiam a resolvê-los 
de algum modo, diminuindo assim a ação litigiosa- situação esta caracterizada pela falha na 
negociação (impasse). 
 
A mediação nesses casos se propõe a oferecer subsídios para que as pessoas envolvidas 
sejam respeitadas em sua autonomia, vontade e decisão com relação ao próprio posicionamento 
frente a questão. Incentiva-se a competência dos indivíduos para administrar as próprias 
questões, buscando as possíveis novas soluções. Aposta na capacidade criativa do mediador e 
das partes. Promovendo uma elevação da consciência e percepção diante do fato. Incentivando o 
pensar para a adoção de novas práticas. Todas as vezes que as pessoas se sentem estressadas, 
com alta carga emocional envolvida, diminuem drasticamente sua capacidade perceptiva. 
Originando ações e atitudes que nem sempre representam a pessoa caso esta estivesse em 
situações normais, ou seja, sem o alto nível de tensão, pois, em suma, é a força mobilizadora da 
existência do conflito, além da ignorância representada pela falta de conhecimento, pelo 
radicalismo de posicionamento frente às questões. 
 
 
 
 
 
 
89 
 
10.1 Principais Características da Atuação do Mediador 
 
 
Veremos algumas das características da mediação em relação à função do mediador – 
daquele que trabalha com esta ferramenta. Do ponto de vista daquele que irá destravar os 
conflitos e promover outro patamar de compreensão e entendimento das questões adversas. 
 
A mediação envolve poder escolher uma nova alternativa, diferente da até então vigente. 
Partindo da vontade das pessoas envolvidas. Consistindo na entrada de uma terceira pessoa por 
meio de um processo voluntário e confidencial, onde a presença deste é neutra e imparcial. Cujo 
propósito será: 
 
 Facilitar e promover a negociação 
 
 
 Identificar os interesses comuns 
 
 
 Chegar a um acordo mútuo 
 
Existem Formas de intervenção por parte do mediador e que são utilizadas na condução 
do processo de mediação, observando-se e testando os possíveis manejos que contribuirão para 
um desfecho do caso. Como já dissemos é uma importante ferramenta. São: 
90 
 
 Escalada - 
 
Sua compreensão possibilita -> Análise das tendências e formas de manejar o conflito 
 
 Desescalada – 
 
Ferramentas para juízes, advogados, negociadores, conciliadores, facilitadores de 
comunicação. Com a análise do que promove a escalada, identificando o cerne do problema é 
possível adotar ações e práticas que proporcionem a desescalada, com fins de diminuição da 
carga tensional e apaziguamento da problemática mediante uma melhor distribuição do poder e 
equilíbrio mediante uma compreensão das partes. Onde cada um poderá ter um melhor 
entendimento das razões e motivações que o fazem pensar e agir de determinada forma. 
Estratégia que envolve o “desaquecimento” da intensidade do conflito, da tensão, de uma melhor 
comunicação e de uma nova configuração da realidade. Tal prática tende a expandir a 
consciência e com isso a elevação do nível de compreensão humana, tornando-se um 
aprendizado para a tolerância e melhor administração dos conflitos. 
“Escalada e Desescalada” analisada por Entelman (2002) aponta que através da 
compreensão do comportamento das partes envolvidas, será possível verificar as tendências e 
prever algumas maneiras de manejar a situação-problema, possibilitando a “escalada” (evolução 
crescente e ascendente) ou “desescalada” (evolução decrescente e descendente) de acordo com 
o interesse vigente na relação e de quem o pratica. 
10.2 Vantagens da utilização da mediação 
 
1. Intervenção rápida e mais econômica que manter o conflito em litígio. 
 
2. Capacidade de transformar as pessoas envolvidas bem como sua a relação destas num 
contexto colaborativo. 
 
3. Capacitar as pessoas envolvidas a manejar conflitos futuros, desenvolvendo 
habilidades para tal. 
 
91 
 
4. Dá importância à relação e à qualidade desta interação no sentido de aprender a ouvir, 
escutar o outro e sua posição diante da situação conflituosa. 
 
5. É uma intervenção confidencial. 
 
6. Dá noção das responsabilidades e consequências das decisões a serem tomadas. 
 
 
7. O uso desta ferramenta não representa perda de controle da própria vida e das 
decisões. 
 
8. Conduz assuntos de significativa importância para os envolvidos sem o enquadre legal, 
sendo pois anterior a uma decisão judicial. Trata-se de uma preparação para o que será 
determinado judicialmente. Havendo a possibilidade de dialogar previamente a fim de 
oportunizar possibilidades. Dando mais condições desta atingir muito mais as 
necessidades das pessoas envolvidas. 
 
9. Tende a estimular a flexibilidade e a criatividade da partes, abrindo ao invés de obstruir 
a visão estanque e rígida. 
 
10.3 Aspectos que a favorecem e não favorecem 
 
 O QUE FAVORECE: 
 
a. Não recorre a lei enquanto está sendo, sendo anterior a ela. 
 
b. Há privacidade, seu conflito é tratado num contexto protegido. 
 
 
c. Economia de tempo e custos financeiros. 
 
92 
 
 
 O QUE NÃO FAVORECE: 
 
a. Em delitos graves não é apropriada. 
 
b. Quando há falta de vontade de negociar, as posições estão muito rígidas 
entre as partes. 
 
c. Incompetência do mediador e de uma das partes em compreender tal 
intervenção bem como na ausência de uma das partes do processo de 
mediação. 
 
 
 
10.4 A Figura do Mediador 
 
É um terceiro elemento em uma situação conflituosa, sem poder de decisão e sujeito à 
vontade e escolha das partes envolvidas. 
 
É um facilitador do processo, verificando e destacando os pontos em comum, visando o 
entendimento, sem coerção das partes envolvidas (uso da força de qualquer espécie, chantagem, 
acordos desvantajosos, etc..... 
 
 Características da sua função: 
 
 Ética deve estar presente sempre. 
 
 É um agente da realidade. 
 Elemento que propicia as bases de uma conversação. 
 
93 
 
 Tem uma ação voltada para o futuro e abandono do passado. Promovendo a 
mobilização. 
 
 Coconstrutor de uma negociação e não de impasses. 
 
 Visa manter a estrutura e o equilíbrio do poder. 
 
 Drena a carga tensional e explosiva do conflito. 
 
 Tem uma ação voltada para resultados (acordo). 
 
 Possibilita parâmetros de negociação. 
 
 
 Tem total compromisso com o seu andamento sendo uma espécie de guardião. 
 
 Sua visão está destinada a ambas as partes. 
 
 
 
Sequência das etapas de uma sessão de Mediação – 
 
Segue o seguinte roteiro de condutas: 
 
A- Fala de abertura. 
 
B- Apresentação pessoal. 
 
C- Apresentação do processo. 
 
94 
 
D- Função do mediador. 
 
E- Confiabilidade e contrato 
 
F- Regras de funcionamento. 
 
G- Reuniões privadas. 
 
H- Esclarecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
95 
 
11 - MODELOS DE MEDIAÇÃO 
 
Estão baseados nos seguintes aspectos (dois eixos): 
 
a) Natureza do conflito 
 
b) Capacitação do mediador 
 
 
 
 Modelo Tradicional - 
 
O modelo tradicional tem sua origem na estrutura da organização corporativa, empresarial, 
visando o acordo pautado na satisfação individual das partes, na busca de uma posição boa para 
ambos. Utiliza-se dos quatro princípios de negociação da Escola de Negócios de Harvard, sendo 
eles: 
1. Separa as pessoas do problema. Delimitando o que é o problema e as pessoas 
envolvidas. 
 
 
2. Focaliza os interesses de cada parte e aqueles comumente possíveis. 
 
 
3. Cria opções para o benefício mútuo (modelo ganha - ganha). 
 
4. Critérios objetivos. 
 
 
 
 
 Modelo Transformativo – 
96 
 
 
A mediação transformadora tem raízes que remontam à década de 1970, no entantoo 
termo e abordagem foram trazidos à tona pela publicação de Baruch Bush e livro de Joe Folger, A 
Promessa de Mediação em 1994. Este livro contrasta duas abordagens diferentes para a 
mediação: a resolução de problemas e transformação. 
 
Os autores que deram origem a este modelo Joseph P. Folger & Robert A. Baruch Bush 
(1994) destacam dois objetivos principais para de mediação transformativa: 
 
a) Capacitar as partes em disputa. 
 
b) Melhorar o reconhecimento de cada parte do outro. 
 
Portanto o reconhecimento (recognicion) e o empoderamento (empowerment) são os 
conceitos - chave da Teoria da Mediação Transformadora. 
Para os autores, capacitar as partes em disputa, representa o mediador "fortalecer a 
capacidade das pessoas para analisar situações e tomar decisões eficazes por si mesmos. E que 
a mediação bem-sucedida deve aumentar a capacidade das partes para a autodeterminação. Ao 
apoiar o reconhecimento, o mediador procura "fortalecer a capacidade das pessoas para ver e 
considerar as perspectivas dos outros." “Tentando aumentar a capacidade de resposta de cada 
partido para os outros”. 
Esses objetivos refletem duas premissas básicas da Teoria da Mediação Transformadora 
de acordo com os autores: 
 
 A mediação é mais do que apenas uma ferramenta de resolução de litígios. Tem o 
potencial de produzir transformações importantes no caráter dos participantes. Ou 
97 
 
seja, a participação no processo de mediação tem o potencial de tornar os 
indivíduos mais capacitados e sensíveis aos outros. 
 
 Que este potencial transformador pode ser mais bem realizado por mediadores que 
usam certas atitudes e práticas para orientar o processo de mediação. Os autores 
referem-se a essas atitudes e práticas como "marcas" da abordagem transformativa 
de mediação. 
 
 
 
 Modelos 
 
 
 
 
 
 
 Tradicional Transformativa * 
 (Escola de Harvard) (Bush e Folger) 
 4 princípios modelo utilizado no Poder Judiciário 
 
 
 
O poder judiciário se alinha com o modelo de mediação transformativo, pelo fato de pautar-
se na transformação das pessoas envolvidas, possibilitando a revalorização pessoal e do 
reconhecimento do outro no processo de saídas e alternativas. 
 
Entre o modelo tradicional e transformativo surgiram três novas abordagens, com 
estratégias de ação específicas e mais comumente usadas por cada uma: 
98 
 
 
1. Facilitativa – 
2. Avaliativa – 
3. Transformativa – 
 
Veremos a diferenciação entre cada um deles: 
 
 
 Modelo de Mediação Facilitativa – 
 
 Pauta-se num modelo de Acordo (conciliatório). 
 
 Surge nos EUA na década de 60 e 70. 
 
 
 Utiliza-se de perguntas, ressaltando o ponto de vista das partes ou mediados. 
 
 Busca de soluções centradas na identificação de interesses comuns que possam ser 
comungados de alguma forma. 
 
 
 Figura do mediador é neutra, não precisando ter conhecimentos específicos na área de 
disputa ou contrariedade dos interesses envolvidos. 
 
 Mediador restabelece o dialogo e auxilia na estruturação de um acordo, não interfere na 
negociação e direcionamento da decisão. 
 
 Enfoque na comunicação verbal, O mediador é visto como facilitador da comunicação dos 
mediados, em busca de pontos comuns ou interesses comuns. 
 
99 
 
 Mediador não interfere na negociação e nem mesmo no direcionamento da decisão. 
 
 
 
 Modelo de Mediação Avaliativa – 
 
 Surge nos anos 80. 
 
 Desenvolvido para atender a sobrecarga do judiciário, que envolve a complexidade dos 
processos pendentes o que gerou a baixa celeridade (agilidade) e a questão envolvida 
na distribuição do poder – que é uma tônica nesta modalidade de trabalho. 
 
 Indicado para casos de disputa por bens materiais, sendo este o seu foco. 
 
 
 Não há temas de relacionamento pessoal envolvidos, que envolvam pessoas. 
 
 Mediador é especializado no assunto da disputa. 
 Mediador tem conhecimento jurídico e contextualiza a posição de cada mediado no 
enquadre jurídico. 
 
 Mediador colabora para as soluções podendo opinar e dar sugestões para a sua 
solução. 
Pontos em Destaque: 
 
O mediador opina especificamente quando há disputa por bens materiais, se posiciona e 
quando tem esse enfoque jurídico; 
Isso veio agilizar muitas das causas relacionadas a esse tema. É evidente que o 
profissional, o advogado, também tem o princípio da neutralidade. 
Existem os princípios da neutralidade, da imparcialidade, enfim, vários outros princípios 
que são respeitados, mas estamos avaliando em termos da ação do profissional. Neste modelo 
da mediação avaliativa ele (mediador) opina, dá sugestões, e pode fazer isso porque está 
respaldado no cunho jurídico. Diferente da abordagem de mediação transformativa que está 
100 
 
voltada para restabelecer o diálogo, e a percepção dos envolvidos. É capaz de gerar uma saída, 
partindo do entendimento dos mediados, sendo possível fluir a comunicação entre as 
pessoas:contrário ao conflito, que se mantém pelo enrijecimento do posicionamento de cada um 
e de uma comunicação que não avança, sendo esta a dinâmica dessas interações. 
 
 
11.1 Modelo Mais Utilizado para Questões Humanas: “Mediação Transformativa” 
 
 É o estilo mais recente, contemporâneo, a fundamentação teórica é 
sistêmica, da teoria dos sistemas, baseia-se na capacitação (“impowerment”) 
e encorajamento dos mediados em buscado reconhecimento do outro 
(“recognition”),visa, portanto, a conciliação, a uma visão mais ampla. 
 
 
 O mediador está centrado no interesse dos mediados e não nas suas 
posições de disputa (visa restabelecer o interesse comum). 
 
 Trata-se de um novo estilo de mediação, considerando-se os anteriores já 
existentes. Seu enfoque é sistêmico, baseado na teoria dos sistemas, que 
abordaremos mais adiante. 
 
 Baseia-se na capacitação (empowerment) e encorajamento dos mediados 
visando o reconhecimento (recognition) do ponto de vista do outro, na busca 
da conciliação, tendendo a promover uma visão mais ampla que não seja 
aquela acirrada em seu próprio ponto de vista. A busca pelo ponto em 
comum ou comunhão de interesses entre as partes. 
 
 O mediador centra-se nos interesses dos mediados e não nas suas posições 
de disputa. Tendo como objetivo a transformação da relação entre os 
disputantes, visando o surgimento de uma nova compreensão do “outro” e da 
“situação”. Temos que considerar que mesmo o conflito é uma interação 
ainda que traga dificuldades e adversidades de interesses. Portanto a 
situação poderá deflagrar esse aspecto das diferenças existentes. O papel do 
101 
 
mediador que atua neste estilo é propiciar um contexto colaborativo e 
flexibilizar as disputas e diminuir os pontos adversariais. 
 
 O acordo é uma possibilidade é não uma finalidade. Baseando –se na 
comunicação verbal e não verbal. Considera as expressões faciais, o 
inconsciente, a postura física e demais sinais importantes que apontam 
informações sobre como determinada parte percebe, sente e expressa o 
conflito que vivencia. 
 
 Neste estilo de mediação é relevante identificar os sentimentos presentes, 
através da sensibilidade, percepção apurada para que possa melhor conduzir 
e direcionar para as possíveis saídas que estão em torno do conflito ou 
problema. A solução representa muito para as partes, a liberação de 
angustia, drama, sentimentos negativos, tensões e outros mais. Sendo 
inclusive contexto de satisfação e bem estar na busca de resolver um 
problema que muitas das vezes é algo incomodo em sua vida, uma espécie 
de pendência. E quando é solucionada, ainda que, de uma forma diferente 
do que poderia ter imaginado resolver, a dissolução do problema proporciona 
alívio. O mediador neste modelo de mediação centra-se nos interesses dos 
mediados e não nas suas posições de disputa. Não incentivando o conflito e 
sim investindo no interesse comum, em qual saída possibilitará ganhos a 
ambos, seja pela própria resolução e por uma nova alternativa e saída, o que 
chamamos de uma terceira posição – não pensada antes nem por uma parte 
envolvida e nem pela outra. Ele tem como matéria prima de seu trabalho o 
impasse e a não negociação, e somente a partir daí é que inicia seu trabalho. 
 
 O método é por meio de perguntas reflexivas cujo objetivo é gerar diferenças, 
contrastes, novas informações e dados novos que serão úteis para uma nova 
tomada de decisão em prol do encaminhamento de uma solução. O 
reconhecimento do protagonismo (autor) em vista de um coprotagonismo e 
102 
 
das corresponsabilidades, de forma a abandonar a postura rígida e 
antagônica são aspectos que com a mediação são dissolvidos e dando 
espaço para a solução conciliada de conflitos. 
 
 O impasse perdura enquanto se mantiver na condição de não promover 
saídas. É na busca das possibilidades de possíveis soluções, é que se torna 
possível, flexibilizar as bases até então envolvidas no conflito, sendo esta 
uma das formas de encontrar meios para a solução mediada, que contempla 
sugestões de um e de outro, mas que não necessariamente vão considerar 
as necessidades de um e do outro. Sendo esta portando uma nova 
alternativa com bases nas ideias lançadas por ambas as partes. 
 
 A abordagem transformativa é conciliatória, pois busca na solução o encontro 
de posições comuns, num estilo de negociação ganha – ganha. Que visa 
atender a ambos e não unicamente a uma das partes. 
A classificação da Câmara de Comércio Internacional em Paris (“CCI”) distinguiu o uso da 
sigla “ADR” entre “Alternative Dispute Resolution”, reunindo todas as formas de resolução de 
disputas alternativas à via judicial (Negociação, Mediação, Arbitragem e suas inúmeras mesclas), 
e “Amicable Dispute Resolution”, que exclui a arbitragem do primeiro elenco, por ser esta 
impositiva e não amigável. 
 
Veremos abaixo a distinção entre os métodos impositivos e amigáveis. 
 
 Métodos impositivos X métodos amigáveis de resolução de conflitos: 
 
 
Nos métodos impositivos é atribuída autoridade decisória ao terceiro “mediador” (juiz, 
árbitro, chefe familiar, religioso ou político local, etc). Ele é chamado a examinar os fatos e 
argumentos das partes e decidir conforme as regras processuais e/ou materiais aplicáveis. O 
grau de discricionariedade delegada ao “mediador”, para a confecção da solução à lide, pode 
variar muito, mas, em qualquer das hipóteses, isto significa que as partes perdem, total ou 
103 
 
parcialmente, o controle das decisões que afetarão suas vidas. E como o “mediador”, na maioria 
das vezes, não presenciou os fatos que levaram ao conflito, ainda que busque a imparcialidade, 
ele terá como subsídios para a formação de seu convencimento as interpretações dos fatos que 
lhe forem apresentadas. 
 
A partir daí, algumas conclusões saltam aos olhos: 
 
(1) Na apresentação de seus argumentos ao “mediador com poder decisório”, cada 
parte terá a preocupação de ressaltar apenas os pontos que lhe beneficiem; 
 
(2) A outra parte passará do papel de coadjuvante, que tinha no momento em que o 
conflito se originou (seja qual for a natureza do conflito), ao papel de adversária; 
 
(3) Se o conflito se originou pela divergência de visões e/ou dificuldade de 
compreensão mútua (o que ocorre na maioria dos casos), o processo de 
resolução tende a distanciar ainda mais os pontos de vista das partes, gerar 
mágoas e desconfianças e aumentar a probabilidade de novos conflitos; 
 
(4) Os relacionamentos pessoais envolvidos no conflito sairão dele ainda mais 
abalados; 
 
(5) Mesmo a parte “vencedora” na decisão imposta, perde os potenciais frutos de um 
relacionamento sadio com a outra parte; 
 
(6) Todos perdem a chance de se comunicar diretamente, aprender sobre o outro e 
usar estas novas informações para amadurecer suas percepções ao longo do 
processo. 
 
 
Os métodos “amigáveis” podem ser assim qualificados por pressuporem a voluntariedade 
(o processo só dura enquanto ambas assim desejarem), a boa fé e o animus transacional das 
partes. Sendo estes processos voluntários, qualquer das partes poderá, a qualquer momento, 
optar por recorrer a outro método de resolução de conflitos que julgue mais apropriado. Assim, 
nenhuma das partes pode ser forçada a continuar negociando, e, logicamente, só permanecerá 
enquanto julgar que um acordo lhe trará melhores resultados que as vias impositivas. Somente ao 
104 
 
final do processo, após a celebração de acordo, se houver, as partes estarão vinculadas a ele. Ao 
acordo se aplicarão as regras de direito contratual. 
 
Nestes métodos, o “mediador” não tem poder decisório quanto ao mérito da solução a ser 
adotada. Ele é chamado a facilitar as comunicações, conduzindo o fluxo de informações, para 
que as partes se convençam mutuamente e decidam conjuntamente a melhor solução para o 
caso. O “mediador” poderá, ou não, ser chamado a apresentar sugestões e opiniões, e terá assim 
maior ou menor influência sobre o convencimento das partes. 
 
O único tipo de decisão “finalista” que inevitavelmente recai sobre o “mediador” é quanto 
aos pressupostos processuais. Caso o “mediador” constate que qualquer das partes está 
presente não por vontade própria, mas por ter sofrido algum tipo de coação, ou que está ali 
apenas para protelar uma decisão efetiva, ou ainda com o fito de obter informações e usá-las 
contra a outra parte em outra oportunidade, será dever ético do “mediador” zelar pela integridade 
do processo e das partes, e, assim, encerrar o processo aconselhando as partes a buscarem um 
procedimento mais apropriado. Obviamente os limites deste convencimento são muito sutis. E 
cada entidade especializada em mediação, conciliação ou nos tipos híbridos de 
heterocomposição amigável, deverá submeter seus afiliados a um código de ética pertinente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
12 - ASPECTOS COMUNS NA FORMA DE ATUAÇÃO DOS MODELOS 
 
Disponível em: http://www.garibaldi.rs.gov.br/informacoes/noticias/acao-busca-incentivar-o-
empreendedorismo-local/. Acesso em: 10 de novembro de 2017. 
Importante verificarmos o alinhamento entre os três modelos de mediação, podendo com 
isso observar o estilo de cada qual, sua finalidade e forma de atuação. Com isso é possível 
adaptar para realidades distintas, onde a mediação cada vez mais encontra espaço em razão de 
seu poder de negociação. 
 
O processo de comunicação existente nestes modelos é uma marca relevante, 
restabelecendo o diálogo geralmente perdido entre as pessoas envolvidas em conflito. O aspecto 
discursivo é uma característica deste trabalho, pois busca por meio do entendimento relacional, 
pela racionalidade, uso do bom senso e discernimento; a identificação das emoções e 
sentimentos envolvidos, que costumam ser o desencadeador de tais conflitos e disputas. 
 
Outro fato importante nos modelos de mediação apresentados é a recuperação da própria 
negociação, pondo fim em posições rígidas e radicais. Com isso as pessoas se beneficiam e 
desenvolvem na prática a importância e a necessidade de se perceber o outro, suas razões e 
motivações pelas quais lhe direcionam para determinada posição e não outra. Com a prática 
negocial, desenvolve-se a coconstrução de uma nova história, diferente da até então vista pelas 
partes. O que geralmente são rígidas e determinadas, distintas pelas partes envolvidas mas que 
no entanto com a busca de novas alternativas de solução lhe coloca em contato com outra visão. 
Gerando a ampliação não só da visão mas da percepção dos fatos que muitas das vezes ocorrem 
de determinada forma em função da circunstancia e não necessariamente pelo querer de umadas partes. Em muitas situações este aspecto surge. Com uma nova participação das pessoas e 
novas ações assim como um novo contexto relacional, propício para o entendimento. Pois é 
exatamente neste aspecto que houve uma espécie de falência dos pontos de vista implicados na 
http://www.garibaldi.rs.gov.br/informacoes/noticias/acao-busca-incentivar-o-empreendedorismo-local/
http://www.garibaldi.rs.gov.br/informacoes/noticias/acao-busca-incentivar-o-empreendedorismo-local/
106 
 
história do fato, que envolve o contexto que gerou o conflito ou problema – que é quando se 
emperram não se sabe mais como agir, como abordar a situação, seja verbalmente como no trato 
da relação e da própria negociação dos interesses. As pessoas envolvidas sempre estarão as 
voltas com negociar o que se tornou difícil ou quase impossível ajustar face as posições rígidas 
de cada um, no sentido de valorizar a sua posição e menos a do outro. Com isso a perda do foco 
passa a existir, a tensão se eleva e a percepção que se teria das situações deixa de existir para 
dar lugar a outra promovida pelo desentendimento, disputa de poder e de interesses. Deixa de 
existir o interesse comum, dando lugar à divisão de posições, ao seu acirramento e a uma 
espécie de luta de forças. O caráter negocial é preponderante, pois reconstrói sua história além 
de buscar novas alternativas, novas saídas para uma situação que parecia até então não existir. 
Com isso o surgimento de um “resignificado”, que envolve um novo sentido para a questão. 
Geralmente a dor simbólica, o dano moral, o dolo (que envolvem como consequência algum tipo 
de perda ou prejuízo material ou emocional) sentimentos de raiva, competição, humilhação, 
exploração são presentes nas histórias que envolvem o litígio – razão da lide jurídica e naqueles 
casos em que não envolvem o universo jurídico, a existência de todo tipo de conflito gerado no 
ambiente profissional, familiar, social. Outro ponto relevante da mediação que são comuns nos 
modelos existentes de atuação está na “desconstrução” das bases de conflitos para o encontro 
de interesses. 
 
 O mediador sempre é um elemento neutro? 
 
 
O mediador poderá ser visto como um facilitador, semelhante à função de manejar um 
grupo, e como um agente. Poderá ser também aquele que propõe sugestões. Por exemplo: 
sugerir às partes que escrevam tudo que entendem que seria bom para um acordo. Interage e 
precisa disso para se comunicar e fazer com que as partes expressem o que pretendem. Sem 
isso não haveria negociação. Mas como trabalho pelo interesse comum, a condição de 
neutralidade existe neste aspecto de necessariamente não favorecer a um ou a outro e sim a que 
ambos cheguem numa terceira posição comum. Portanto poderá utilizar recursos para sensibilizar 
as partes e estratégias para que cheguem a uma resolução por meio da negociação. É um 
terceiro elemento que pela sua condição acaba fazendo parte daquele sistema em conflito. 
 
Veremos que na Mediação Avaliativa e na Mediação Transformativa que existe uma ação 
na relação, uma interação, ou seja, há um benefício dos mediados com as vantagens 
pedagógicas. Existe a transformação das pessoas, o indivíduo cresce em padrão de resposta, ou 
107 
 
seja, ele melhora a amplitude de prováveis saídas para o problema, e eleva a consciência e a 
mentalidade crítica, etc. Aprende que as dificuldades são superadas, que os problemas podem 
ser resolvidos. Com isso melhora em qualidade de viver em grupo e em sociedade, diminuindo 
tensões desnecessárias e valorizando outros aspectos. 
 
A neutralidade pressupõe o não envolvimento por parte daquele que é mediador, e com um 
contrato proposto, tem um foco determinado e passos para seguir até o final, que poderá chegar 
a uma resolução ou não permanência da situação conflituosa ou de disputa. O fundamental é que 
na relação entre as partes exista essa neutralidade, de não favorecimentos. Estão a serviço de 
ambas as partes, como já mencionado e não se envolverá emocionalmente com a questão. 
Partindo dos pontos que forem apresentados por cada um e explorando alternativas de solução. 
O que traria para eles uma posição confortável e não para si. Como dissemos não está a serviço 
de agradar seus intentos e sim às partes, ao que é bom para ambos. Age como um terceiro 
elemento cuja função é restaurar o poder de negociação perdido com a situação em foco. Tanto 
que não está comprometido com o tipo de resultado que as partes chegaram ao final. Não sendo 
de sua responsabilidade ou mesmo modo de avaliar seu trabalho, caso as pessoas envolvidas 
optem por não fazer acordo. A neutralidade está garantida também quando a figura e função do 
mediador não estão comprometidas com a solução do problema. O termo a que as partes 
chegarão fará menção ao que eles entenderem como solução. 
 
 
Disponivel em: http://www.luangranero.com/Luan%2BGranero+a2189. Acesso em: 10 de novembro 
de 2017. 
Somente com conscientização iremos ter claro que o uso da inteligência tem menos custo 
financeiro, emocional, relacional e ético. 
 
 
http://www.luangranero.com/Luan%2BGranero+a2189
108 
 
CONCLUSÃO 
Pensar a Mediação como um instrumento facilitador de promoção da solução de problemas 
é posicionar-se na esfera do entendimento, da compreensão mútua que resulta no aprendizado 
cidadão e de uma cultura pacificadora assim como preconiza a ONU quanto às ações 
necessárias para a evolução das sociedades como um Todo. Dando conta de resolver suas 
questões estabelecendo parâmetros pertinentes a uma vida com qualidade, a taxa de felicidade 
em índices expressivos, permitindo aos cidadãos explorarem o seu arsenal de tornar a vida viável 
e não impeditiva. O primeiro ganho com a mediação é a conscientização que ela promove nas 
pessoas, seu caráter educativo e pedagógico. Promovendo a busca de novas soluções e 
percebendo que a conciliação e o acordo são expressivamente melhores que a ruptura, a quebra, 
o desacordo, a polarização de forças que se colocam antagônicas. 
 Sem o caráter humano que é um de nossos princípios de subsistência da vida em 
sociedade, não teríamos condições de relacionar com outros humanos, pois os altos índices de 
violência apontam também a dificuldade do Homem em negociar e escolher para si, soluções que 
não resultem em estragos, danos, desentendimentos e acirramentos de confrontos como a visão 
sectária, o preconceito e a discriminação, a agressão física. Todas elas expressões máximas da 
incompetência de mediar tais conflitos e situações que poderiam ser conduzidas de outra forma. 
 Sem uma visão humana, o colocar-se no lugar do outro bem como a adoção de valores 
humanos universais – haveria a falência da sociedade pela dificuldade de conviver, conciliar 
interesses bem como encaminhar-se para uma terceira posição, aquela antes não vista por parte 
daqueles que figuram como protagonistas e atores das questões conflituosas. Mediar é apostar 
no nova posição, no inusitado que surge a partir da disposição entre as partes, revelando o grau 
de maturidade e conscientização da pessoa. 
Acreditar na Mediação representa tornar-se veículo de uma conduta moderna, que faz a 
gestão dos seus conflitos, e que, simplesmente não aguarda de forma ingênua que a vida não lhe 
reserve obstáculos de percurso. Daí a importância da resolução, da superação e do 
aprimoramento pessoal que vai ocorrendo a medida que as pessoas envolvidas saem da posição 
crônica de uma ótica muito peculiar e passam a escolher o melhor, pois a melhor saída é aquela 
cujo aprendizado representa acréscimo para a vida, que agrega valor e dá um sentido evolutivo. 
Todo conhecimento quando não aplicado na melhoria da sua qualidade de viver e conviver, 
ferem princípios essenciais que garantem o progresso das sociedades, a diversidade e o 
encaminhamento da vida de forma sustentável e menos violenta. 
109 
 
Certamente que investir na formação de mediadores é umaação urgente a fim de garantir 
que tais trabalhos sejam feitos por profissionais habilitados e não de forma amadora. A prova 
disso está na utilização de estudantes em formação e profissionais sem formação especializada 
em mediação a cumprirem esse trabalho como horas de estágio e sem remuneração alguma por 
parte do judiciário. É hora realmente de nos sensibilizar para o projeto que tramita entre 
legisladores com vontade política a fim de garantir que tal condução dos trabalhos seja feita por 
profissionais altamente especializados, garantindo eficiência. A história da mediação no Brasil 
não para por aqui, e aos que se interessam pelo tema inclusive como caminho profissional, que 
vão precisar acompanhar. 
A urgência de profissionalizar a função, dispondo de vagas para atuar nos diversos 
segmentos em que a mediação ser aplicada, dispondo de cargos a serem ocupados por 
profissionais especializados que desempenhem o trabalho com o conhecimento necessário. 
E por fim a inclusão da disciplina nos cursos de graduação, onde desde a formação 
universitária já possa se investir na consciência de uma política de pacificação, entendimento e 
compreensão que promova a solução e não o acirramento de posições que chegam a lugar 
algum. 
 
 
A mediação é uma prática formalizada e extrajudicial de solução de conflitos, dando 
condições de manejo e administração, possibilitando novas saídas ou novas respostas. 
 
Tem os seguintes focos: 
- restabelecimento do diálogo perdido entre as partes; 
- reflexão, o incentivo ao pensar e a busca de práticas pacíficas; 
- restabelecimento da capacidade de interação humana. Propondo-se a um pensar e 
práticas nada violentas. 
 Prática e metodologia de solução que corrobora com a política humanizada e pacificada 
da qual o poder judiciário vem se ocupando a ter como frente, pós reforma. Saindo de uma 
posição tradicionalista, distante das necessidades das pessoas, para outra que é resolvida como 
as pessoas pretendem de fato. 
 
Um dos questionamentos importantes a se fazer é: 
 
110 
 
- Por que a mediação é necessária? 
 
Se o conflito é o enrijecimento de posições, representa que cada parte assume um lado, 
sendo antagônicos. E é nisso que a mediação promove o relaxamento dessas bases rígidas que 
compõem a estrutura no conflito. 
 
A mediação é utilizada em situações de acirramento de posicionamentos caracterizados 
por um conflito, portanto, a de que a solução faz parte de uma situação estanque e de uma única 
visão de provável solução. 
 
As pessoas envolvidas num impasse (com posicionamentos diferentes) não enxergam 
outras prováveis saídas e resoluções para a situação-problema, gerando impedimentos para uma 
negociação. Assim, o uso da mediação está para aqueles casos onde foram esgotadas todas as 
possíveis formas de soluções entre as pessoas envolvidas, considerando-se aí a percepção de 
cada um sobre o problema. 
 
Pontos em Destaque: 
 
O diálogo e a reflexão vão trabalhar as situações que envolvem o impasse, que também 
poderia ser chamado de obstáculo - uma pessoa tem um posicionamento e a outra tem outro 
posicionamento, com relação a algo, que geralmente tem implicações comuns. 
 
 A visão que cada um tem de uma provável solução é particular, e vai depender da 
percepção, do modo como é capaz de enxergar, primeiro o ponto de vista da situação e como 
você poderia conciliar para um acordo, favorecer a ambos, em contrapartida a outra pessoa 
também vivencia aquela situação de um modo particular, ou seja, ela parte de um mundo 
perceptual dela, a forma que ela pensa, pois é a forma que ela quer que seja. Ocorre que, às 
vezes, essas tentativas esgotam, a não ser quando a pessoa tenha uma capacidade excelente de 
negociação. 
 
- Mas o que é ser um bom negociador? 
 
Um bom negociador é aquele que flexibiliza, em razão de poder enxergar várias 
alternativas de solução. Tanto é que nesta área da mediação usam-se muitos recursos e técnicas 
de negociação, inclusive empresariais, podendo utilizá-la na área de gestão; seja gestão de 
pessoas, situações na organização, nos negócios. 
111 
 
 
- O que faz uma pessoa ter uma melhor capacidade para resolver problemas? 
 
Seria o grau de flexibilidade, conhecimento, disposição interna? Certamente não é aquela 
que se afugenta de uma situação complexa. 
 
Há pessoas que não tem aparato, segurança pessoal e capacidade para compreender o 
outro, por exemplo: se estamos numa esfera da sociedade onde temos indivíduos com visões de 
mundo distintas e posturas totalmente diferentes. Aqueles que enxergam tão somente a como 
podem considerar que o outro tenha uma posição diferente? O universo da percepção é 
particular, da capacidade de dialogar e compreender pontos de vista diferentes do mesmo cenário 
apresentado. No entanto podem ser comungadas e encontradas posições de entendimento como 
forma de estabelecer contato, relacionamento e negociação. 
 
O uso da ferramenta mediação pode ser indicado pelo advogado, psicólogo, professor, 
profissional de saúde, psiquiatra, médico, juiz, para citar alguns. Reiterando que tendo uma 
abordagem multidisciplinar, pode ser compreendida pelas mais variadas ciências. 
 
Ela está no campo da multidisciplinaridade, sofrendo influências de diversas ciências. A 
fundamentação teórica da ferramenta da mediação tem como base a sociologia, o direito, a 
psicologia, as estratégias de negociações empresariais e gestão (da administração). Ela recebe a 
influência forte da teoria dos sistemas, ou visão sistêmica, que vem dando um contorno bem 
evidente na fundamentação da prática da mediação, nos recursos e estratégias, através da física 
quântica. 
 
Esta ferramenta tem se mostrado útil no judiciário, em escolas, empresas, organizações 
sociais como um condomínio por exemplo. Sendo que a solução se dará em torno da expressão 
das vontades das pessoas envolvidas e não especificamente do mediador, no entendimento do 
que este considera como um bom termo. Acaba por ampliar a capacidade dos mediados; de 
pensar; agir; refletir; perceber a si próprio e ao outro. 
 
Sabemos que o conflito caracteriza-se pelo enrijecimento de posicionamentos onde não há 
flexibilidade, havendo “protagonismo” das pessoas envolvidas, um posicionamento radical, muito 
evidente e acirrado. Podendo ser entendido por vezes como exagerado e com a perda da 
percepção que se teria caso não houvesse a desestabilidade pela força do posicionamento. 
 
112 
 
A grande aplicação da mediação é tornar possível, através, também, da reflexão, fazer 
com que as pessoas possam refletir e sair de visões estanques que elas têm em relação à 
situação que as aflige. O posicionamento de protagonismo é tão forte, tão acirrado que não 
possibilita negociação,ficando a sua solução prejudicada. E como tornar possível a sua 
compreensão diante de seu posicionamento e do outro, a de sair dessa posição enrijecida para 
outra, diferente desta tão acirrada. Isso só é possível se ela for capaz de ampliar a própria visão 
diante do problema. Assim, uma pessoa em crise de vida pessoal ou em conflito dificilmente terá 
um campo de percepção amplo a ponto de poder observar a sua situação de outras maneiras: - 
visão diferente diante do mesmo fato, que é o que vai diminuindo a tensão interna e a pressão 
decorrente de ações exageradas e contundentes. Sendo assim, torna-se necessária a presença 
de uma terceira pessoa, como facilitador e organizador da situação. O que tem muito a contribuir 
para o crescimento pessoal de ambos, e até com uma função didática de que é possível caminhar 
para a solução ao invés de ficar estagnado no problema. O mediador é a representação oficial do 
terceiro elemento. Poderá ser compreendida também como a terceira pessoa a ser incluída no 
sistema conflituoso, para fins de solução, sendo o agente facilitadore transformador das posições 
que as pessoas envolvidas adotaram. Ele será o grande facilitador, possibilitando alternativas e 
encaminhamento para uma nova condição diferente desta e que necessariamente não 
contemplará unicamente a um ou a outro, mas uma condição equilibrada entre as ideias de 
solução entre ambos. 
 
O mediador precisa ser uma terceira pessoa autorizada por ambas as partes. Basta uma 
das pessoas envolvidas não aceitar a mediação, o trabalho se torna inviabilizado, devendo 
respeitar o critério de consenso entre os envolvidos. Seu trabalho é criar um campo de 
negociação, conduzindo a um ponto comum, de forma a diminuir a carga explosiva entre ambos, 
drenando essa carga tensional entre as pessoas envolvidas no problema. Proporcionando uma 
posição de mais conforto, de relaxamento e mais asseguradas de que é possível através do 
diálogo encontrar alguma solução. De algum modo as partes envolvidas ou pessoas, passam a 
restabelecer a crença de que é possível encontrar uma solução. Apostando no que foi perdido – o 
dialogo, a compreensão de suas motivações, e a crença de que suas chances de resolução 
haviam se expirado. 
 
 
 
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