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ANTEPROJETO DE UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA VENTILADA PARA NATAL/RN LAYS MEDEIROS SILVA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO UFRN CT DARQ NATAL 2018.2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO LAYS MEDEIROS SILVA ANTEPROJETO DE UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA VENTILADA PARA NATAL/RN Natal - RN 2018.2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBICatalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT Silva, Lays Medeiros. Anteprojeto de uma academia de ginástica ventilada para Natal/RN / Lays Medeiros Silva. - Natal, 2018. 79f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque. 1. Academia de ginástica - Monografia. 2. Arquitetura esportiva - Monografia. 3. Arquitetura bioclimática - Monografia. 4. Eficiência energética - Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE15 CDU 725.85 Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344 LAYS MEDEIROS SILVA ANTEPROJETO DE UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA VENTILADA PARA NATAL/RN Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque Natal - RN 2018.2 LAYS MEDEIROS SILVA ANTEPROJETO DE UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA VENTILADA PARA NATAL/RN Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque BANCA EXAMINADORA: _______________________________________ Prof. Dra. Glauce Lilian Alves de Albuquerque Orientadora (Orientadora) _______________________________________ Prof. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega (Avaliador Interno) _______________________________________ Arq. Luciano Luiz Paiva de Barros (Avaliador Externo) Aprovação em ___ de dezembro de 2018 AGRADECIMENTOS Passei os cinco anos do curso de arquitetura questionando a minha escolha. Hoje, prestes a me formar, sei que o meu real “problema” não era com a arquitetura, e sim com o fato de ter interesse em muitas outras áreas para ter que escolher apenas uma. Apesar disso, ela me conquistou com a sua diversidade, me permitindo vivenciar um pouco de tudo aquilo que desperta a minha curiosidade. Daí veio a decisão de projetar uma academia de ginástica, tipo de ambiente que considero como se fosse minha segunda casa por já fazer parte da minha vida há cerca de dez anos. Inclusive, agradeço inicialmente pela existência da minha academia. Sem ela eu não teria superado os momentos de tensão durante a fase de elaboração deste trabalho e tido condições mentais de reorganizar as ideias na cabeça para então poder seguir em frente. Segundamente, não posso deixar de expressar gratidão pela maior experiência que a universidade me proporcionou, que foi ter estudado um ano fora do país. Foi um período de muito amadurecimento, amizades e aprendizados. Sem essa oportunidade eu não seria nem metade do que sou hoje. O intercâmbio me ensinou a ser menos exigente e deixar a vida fluir mais naturalmente, reduzindo as expectativas e tirando proveito das situações que de alguma forma não aconteceram como era esperado ou desejado. Ensinamentos que sem dúvida levarei para sempre comigo. Por fim, seguindo a famosa sequência, não posso deixar de agradecer a Deus, meus pais, meus amigos (de dentro e fora do curso) e a todos os professores que fizeram parte desses anos de graduação. “ Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.” Fernando Pessoa - “Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro. RESUMO SILVA, Lays Medeiros. Anteprojeto de uma academia de ginástica ventilada para Natal/RN. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018, 79p. Frente à notória ascensão do mercado fitness na economia do país e do município de Natal (RN), junto à necessidade de explorar o conforto térmico em ambientes destinados à prática de atividades físicas e promover a redução de gastos energéticos em edifícios comerciais, despertou-se o interesse em desenvolver o anteprojeto de uma academia de ginástica para a cidade com ênfase no uso de sistemas passivos de climatização. Para atingir esse desígnio, foi necessário definir o que é considerado uma situação de conforto térmico em um ambiente voltado para a prática de exercícios, estudar o que são sistemas passivos de climatização e suas vantagens e compreender o que define o porte de uma academia de ginástica. O equipamento foi locado em Ponta Negra, bairro com alto potencial paisagístico, infraestrutura consolidada e uma legislação mais restritiva quanto à verticalização na região próxima à praia, favorecendo o aproveitamento da ventilação natural. Para embasar a proposta, foram realizadas sobretudo pesquisas teóricas e estudos de referência diretos e indiretos. O resultado geral compilou em uma edificação modular de 2.109,58 m², com traços contemporâneos, uso de materiais arrojados como a madeira e vegetação abundante. Palavras-Chave: arquitetura esportiva; academia de ginástica; arquitetura bioclimática; eficiência energética. ABSTRACT SILVA, Lays Medeiros. Anteprojeto de uma academia de ginástica ventilada para Natal/RN. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018, 79p. Faced with the notorious rise of the fitness market in the country's economy and in the city of Natal (RN), associated with the need of exploring thermal comfort in physical activities environments and reducing the energy demand in commercial buildings, the idea of creating a fitness center with an emphasis on the use of passive air conditioning systems emerged. To accomplish this goal it was necessary to define what is considered a thermal comfort situation in an environment focused on exercises practice, to study what are passive systems of climatization and its advantages and to understand what defines the size/capacity of a fitness center. In a study level, the equipment has been placed in Ponta Negra, a neighborhood with high landscaping potential, consolidated infrastructure and restrictive verticalization laws near the beach area, favouring the use of natural ventilation. To support this project, theoretical researches, direct and indirect reference studies were need. The overall result compiled into a 2.109,58 m² modular building, with contemporaryfeatures, daring materials such as wood and abundant vegetation. Keywords: sports architecture; fitness center; bioclimatic architecture; energy efficiency. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Desempenho térmico dos iglus………….………..…………………………...18 Figura 2: Casa de Taipa no sertão do Ceará……….………..………………………….19 Figura 3: Zoneamento bioclimático brasileiro……….……...…………………………...21 Figura 4: Carta bioclimática de Natal…………...….………..…………………………...23 Figura 5: Configuração da malha urbana influenciando no fluxo de ar……….……...24 Figura 6: Trocas térmicas entre o corpo e o ambiente…………….…………………...26 Figura 7: Mulher suada após prática de atividade física……….………..………….....29 Figura 8: Entrada principal da Academia Pulse Health & Fitness……….…….……..31 Figura 9: Vista da recepção…………………………………………….…….…….……..32 Figura 10: Salão de musculação…………………...………………….…….…….……..32 Figura 11: Vista do átrio central……………………………..…………….....…….……..33 Figura 12: Iluminação natural no átrio central……………………………....…….…….33 Figura 13: Perspectiva da Academia Hi-fit……………………………….....…….……..34 Figura 14: Salão de Musculação…………………....…………………….....…….……..35 Figura 15: Vista superior do complexo WM Fitness…………...……….....…….…….36 Figura 16: Salão de Musculação………….…………..…..…………….....…….……….36 Figura 17: Sala de aula multiuso………………………..…..…………….....…….……..36 Figura 18: Pista de caminhada………………………..…..………...…….....…….…….37 Figura 19: Elementos de paisagismo………………………..…..……….....…….……..37 Figura 20: Vista da fachada principal………………………..…..……….....…….……..38 Figura 21: Painel vazado visto do interior………………………..…...….....…….…….38 Figura 22: Integração com a natureza……………………...…...…….........…….……..38 Figura 23: Perspectiva da Casa Brise……………………...…...…….........…….……..39 Figura 24: Átrio da Casa Brise……………………...…...……………..........…….……..40 Figura 25: Cobertura verde……………………..…...…...…………….........…….……..40 Figura 26: Traços contemporâneos da Casa Brise……………………..…….….…….40 Figura 27: Carta solar de Natal…...………………………...………….........…….……..42 Figura 28: Rosa dos ventos de Natal……………...……………………..…….….…….42 Figura 29: Zona Especial de Interesse Turístico 01 (ZET-1)................…….….……..42 Figura 30: Localização do terreno…………………………………..........…….….…….46 Figura 31: Características físicas do terreno……………….……..........…….….……..47 Figura 32: Insolação e ventilação no terreno………............................…….….……..47 Figura 33: Registro de barreiras no entorno do terreno….……………………......…..48 Figura 34: Fluxograma geral………………………………...……………………...…….53 Figura 35: Fluxograma específico dos ambientes…………………….…………...…...53 Figura 36: As características de uma janela……..…………………………..…...…….55 Figura 37: Evolução da proposta em vista de topo....……..………………..…......…..55 Figura 38: Zoneamento horizontal da proposta três.………………………..…...…….57 Figura 39: Zoneamento da proposta três a partir da volumetria……….…..…...…….58 Figura 40: Zoneamento horizontal final da edificação.………………………..…....….59 Figura 41: Zoneamento geral final do terreno.………………………..…...……………60 Figura 42: Zoneamento da proposta final a partir da volumetria.…………….……….60 Figura 43: Vista da entrada do bloco 1……………………..…………..……….……….62 Figura 44: Vista da entrada do bloco 2.……………………………….……..….……….63 Figura 45: Castelo D'água modelo TBL 15004 da Faz Forte.…………….……..…….64 Figura 46: Gráfico comparativo entre lajes em concreto armado e protendido.…….65 Figura 47: Detalhamento de telhado verde com sistema Alveolar……………..……..66 Figura 48: Forro de Pinus.…………….……..……………………………………………67 Figura 49: Piso Intertravado 16 faces Oterprem……………………..…………..……..67 Figura 50: Aplicação de placas de concreto em calçadas……………..………..…….68 Figura 51: Piso laminado Durafloor cor Carvalho Gante da linha Sense…………….68 Figura 52: Camadas do sistema hidropônico de Jardim Vertical………...……….…..69 Figura 53: Modelo de ventilador Elefant usado em ambientes esportivos………......71 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Variáveis de conforto térmico……….…………...…………………………...26 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tabela 1: Número de trocas de ar e suas funções…………………….…...29 Tabela 2: Prescrições urbanísticas para a ZET-1……………………..….……….…...44 Tabela 3: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor funcional...49 Tabela 4: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor administrativo……………………………………………………………………………….50 Tabela 5: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do apoio técnico......50 Tabela 6: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor de serviços………………………………………………………………………………………51 Tabela 7: Programa de necessidades e pré-dimensionamento da área externa.......51 Tabela 8: Resumo das áreas……...………………………………………………………52 SUMÁRIO INTRODUÇÃO………….…………………………………………………...13 1. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ARQUITETURA………………….17 1.1. O pioneirismo da Arquitetura Vernacular no bioclimatismo……….....18 1.2. Conceitos da Arquitetura Bioclimática………………………………..20 2. CONFORTO TÉRMICO EM ACADEMIAS DE GINÁSTICA............. 25 3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS………………………………….....…..30 3.1. Academia Pulse Health & Fitness.....………… ………….…………..31 3.2. Academia Hi-Fit……………………………………………………....33 3.3. Academia Wm Fitness...…………………………………………...….35 3.4. Fábrica e Escritório DESINO Eco….…………………………………37 3.5. Casa Brise………......…...…………………………………………….38 4. CONDICIONANTES PROJETUAIS…………………………………...41 4.1. Universo de Estudo e Recortes Espaciais...............................………...41 4.2. Condicionantes Legais………………..…….........................................43 4.3. Análise do terreno………...………..……....………………………….45 5. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ DIMENSIONAMENTO...49 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA.………….….……………....54 6.1. Conceito………………………………………..……………………...54 6.2. Estudos volumétricos e zoneamento..…….…………………………..55 6.3. Partido arquitetônico..…..…………..………………………………...61 7. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO ……….………..….. 62 7.1. Dados gerais do edifício..……………………………. ……………… 62 7.2. Reservatório de água...………………………………………………...63 7.3. Sistema de proteção e combate a incêndio……………….…………….65 7.4. Sistema construtivo e cobertura………………………………………...65 7.5. Escolhas materiais……………………………………………………...67 7.6 Taxa de renovação de ar e soluções alternativas de conforto…......……..70 CONSIDERAÇÕES FINAIS.…...……………………………………………. 72 REFERÊNCIAS.…...………………………………...…….…………………. 73 APÊNDICES.…...………………………………...………..….……………… 77 Apêndice A - Resultados do cálculo da taxa de renovação de ar…….………...77 13 INTRODUÇÃO No ano de 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o excesso de peso atingia 56,9%, ou 82 milhões de pessoas no Brasil (SALES, 2015). O IBGE divulgou ainda que no ano de 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 62,1% dos brasileiros com 15 anos ou mais não praticaram qualquer esporte ou atividade física em 2015 (SALES, 2015). Apesar destes resultados terem apontado a pouca prática de exercícios físicos e os descuidos com a saúde física, essa realidade se apresenta hoje de uma maneira diferente com o sucesso das academias de ginástica no país. O Brasil foi, em 2017, o segundo maior mercado de academias em número de estabelecimentos, contando com 34.509 unidades e ficando atrás apenas dos Estados Unidos, sendo também o quarto maior contingente de praticantes de atividade física de forma orientada em uma academia com 9,6 milhões de usuários (crescimento de 21,5% em relação à 2016)e o décimo em faturamento com 2,1 bilhões de dólares (MUNAIER, 2017). Os dados mostram que mesmo diante de uma crise econômica que assola a economia do país, o mercado fitness tem potencial e continua em crescimento com cada vez mais adeptos. Em Natal, Rio Grande do Norte, essa tendência também se confirma. Os três maiores shoppings da cidade (Midway Mall, Natal Shopping e Norte Shopping) contemplam franquias de academias de ginástica em seu interior que foram abertas em não mais do que três anos e apresentam um intenso fluxo de alunos nos horários de pico. Quanto às academias de bairro, são em sua maioria empreendimentos locais de pequeno e médio porte. Só no bairro de Capim Macio funcionam hoje o total de sete estabelecimentos. Em relação às de grande porte, existem atualmente a BodyTech, famosa rede nacional, e a Pulse, montadas na região central da cidade visando classes mais altas e com a proposta de serem mais que um simples espaço com aparelhos para musculação. Para a arquiteta Patrícia Totaro, especialista em projetos esportivos, os clientes enxergam a academia como um local de lazer e para isso é preciso transformá-la em um local atraente, que vai concorrer com a praia, o parque, o cinema, o bar...Segundo arquiteta, “...a arquitetura da academia é peça fundamental para encantar e proporcionar conforto ao aluno” (TOTARO, 2007, p.1). Infelizmente, com o mercado 14 fitness a todo vapor e a abertura de tantos estabelecimentos em Natal nos últimos anos, critérios relacionados a promoção do conforto ao aluno não têm sido levados em consideração. A partir de uma observação pessoal feita pela autora em seis academias da cidade, sendo duas delas localizadas em shoppings, constatou-se um problema. Notou-se como é comum a utilização de sistemas de ar-condicionado split para resfriar os ambientes, assim como encontrar janelas fechadas (quando existentes) durante os horários de funcionamento do local, resultando em espaços com temperaturas altamente contrastantes com o exterior, sem renovação do ar e que reúnem aglomerações de pessoas suando o dia inteiro. Sem contar que, nos horários de maior insolação, os aparelhos dificilmente dão conta de resfriar um ambiente onde as usuais fachadas de vidro encontram-se desprotegidas. É uma sensação de extrema dependência do sistema, que caso precise ser desligado ou quebre afetará diretamente no conforto térmico dos usuários por não haverem alternativas eficientes previstas. Mas, mesmo enquanto ligados, podem trazer uma série de malefícios também. Diante da ascensão do setor fitness na economia e com base nas observações feitas, esse trabalho parte do seguinte questionamento: Como tornar as academias de ginástica em ambientes menos insalubres? O fato da autora ser frequentadora de academias de ginástica há dez anos, conduziu à escolha do tema, que foi motivada pelo contato direto com a problemática identificada. Quem pratica atividades físicas está sujeito à uma série de alterações no organismo como o aquecimento corporal e a variação da frequência cardíaca e respiratória. Dessa forma, o uso da refrigeração artificial, apesar de tornar ambientes quentes mais suportáveis, pode prejudicar a saúde dos usuários de academia ou não ser confortável para eles. Por isso, surge a necessidade de explorar o conforto ambiental de outra perspectiva, levando em consideração essas condições específicas de quem encontra-se em atividade intensa. Fora a preocupação com a salubridade dos ambientes e com o conforto das pessoas, o arquiteto deve ter em mente também o seu papel social de respeitar a saúde do planeta, preocupando-se com o esgotamento dos recursos naturais e minimizando impactos ambientais sempre que possível. “No quesito consumo de energia em Edifícios Comerciais, estima-se que o uso do ar-condicionado represente 15 de 30% a 40% do consumo total de energia” (LOPES, S/D). Dessa forma, acredita-se que adotar sistemas passivos de climatização em academias de ginástica, ou seja, aquelas estratégias “obtidas fundamentalmente a partir das potencialidades do clima do local e de características da envoltória e da massa construtiva das edificações…” (GODINI,2018), além de ser vantajoso para o usuário, podendo garantir a qualidade do ar e a temperatura ideal para a prática de atividades físicas, é interessante também do ponto de vista do consumo energético, permitindo a redução da carga térmica interna sem gastos de energia. Visto isso, o objetivo geral deste trabalho consiste em elaborar o anteprojeto de uma academia de ginástica utilizando sistemas passivos de climatização para a promoção do conforto térmico. Para atingir esse objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos específicos: i) definir o que é considerado uma situação de conforto térmico em um ambiente voltado para a prática de exercícios; ii) estudar o que são sistemas passivos de climatização e suas vantagens; e iii) compreender o que define o porte de uma academia de ginástica. A nível de estudo, o equipamento foi locado em Ponta Negra, bairro de Natal com alto potencial paisagístico, infraestrutura consolidada e uma legislação mais restritiva quanto à verticalização na região próxima à praia, favorecendo o aproveitamento da ventilação natural. Além disso, para alcançar as metas estabelecidas foi preciso buscar uma metodologia que fundamentasse o processo investigativo e projetual, auxiliando na definição das etapas a serem seguidas durante a elaboração do trabalho. Para isso, fez-se um paralelo entre a versão 6.1 do sistema de “solução criativa de problemas” (em inglês, CPS - CREATIVE PROBLEM SOLVING), desenvolvida por Isaksen, Treffinger e Dorval (2010), e Silva (1998). Como resultado, tem-se uma estruturação textual em duas partes: uma teórica, voltada principalmente para a investigação da problemática e construção de repertório, e outra operacional, contemplando o processo projetual em si. A primeira parte contém todo o embasamento teórico necessário para o desenvolvimento da proposta de projeto, onde é possível compreender o que são sistemas passivos de climatização e suas vantagens, explorar as condições de conforto térmico em ambientes destinados à prática de atividades físicas e ver as 16 obras de relevância nacional e/ou internacional que serviram como referência para o projeto, seja no aspecto funcional, formal ou estrutural. A segunda parte inicia-se com a preparação da ação projetual, onde são apresentadas as informações a respeito do universo de estudo e das limitantes que influenciaram no desenvolvimento da proposta, e finaliza com a apresentação do anteprojeto em si, onde encontra-se todo o processo de concepção até o memorial descritivo, que engloba a descrição geral do equipamento e suas principais especificações técnicas. 17 1. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ARQUITETURA Nas últimas décadas do século XX, fatores como a crise do petróleo, o crescimento populacional, as preocupações com o clima global e o esgotamento dos recursos naturais fizeram com que a eficiência energética ganhasse importância e entrasse em pauta na agenda mundial. No Brasil, após a crise energética de 2001, a eficiência energética se estabeleceu como meta no país, resultando na publicação de leis e normas referentes ao desempenho térmico e iluminação natural em edificações, uma vez que elas são responsáveis por 42% de toda energia consumida no país (LAMBERTS; DUTRA e PEREIRA, 2014). Em relação ao consumo total de energia elétrica em edificações no país, o setor comercial ocupou em 2011 o segundo lugar, ficando atrás apenas do setor residencial (EPE, 2012), tendo o ar condicionado (47%) e a iluminação artificial (22%) como as maiores fontes de gastos (ELETROBRÁS, 2007). Como esses gastos estãointimamente ligados à promoção do conforto de um ambiente, se previstos corretamente durante a fase projetual é possível reduzi-los, sendo este atualmente um dos grandes desafios dos arquitetos. Diante desse quadro, os conceitos da bioclimatologia aplicada à arquitetura tiveram sua importância resgatada, pois além de buscarem o conforto térmico dos usuários, atuam diretamente na redução do consumo energético por priorizarem o uso dos sistemas passivos de climatização, que são aqueles capazes de promover o aquecimento ou resfriamento de ambientes a partir do aproveitamento das potencialidades do clima e de características da envoltória e da massa construtiva das edificações. Apesar da relevância desses conceitos na atualidade, em razão da ausência de energia elétrica e de tecnologias mais avançadas que pudessem suprir as necessidades de conforto ambiental, as civilizações mais antigas já demonstravam ter essa preocupação de adequar suas construções às características climáticas locais, tendo sido alguns de seus conhecimentos transmitidos de geração para geração e caracterizando aquilo que hoje recebe o nome de Arquitetura Vernacular. 18 1.1. O pioneirismo da Arquitetura Vernacular no bioclimatismo O termo “vernacular” representa para a arquitetura aquela construção com técnicas e materiais originários de uma região específica, refletindo as singularidades de um povo e de um lugar (FERREIRA, 1999). Ela é considerada simples e isenta de estrangeirismos, cujos conhecimentos tradicionais foram sendo transmitidos ao longo dos anos Segundo Teixeira (2017), a Arquitetura Vernacular responde satisfatoriamente às exigências climáticas do meio onde se situa. É por isso que geralmente as casas construídas em climas frios são compactas, com pouquíssimas aberturas para o exterior, enquanto casas situadas em regiões desérticas com alta variação de temperatura entre os dias e as noites possuem paredes espessas. Em climas tropicais, o uso da varanda e telhados com grandes beirais é recorrente. O uso de matérias-primas disponíveis no local também é uma forte característica desse tipo de arquitetura. Os iglus (Figura 1), por exemplo, são abrigos feitos de gelo em zonas extremamente frias, com o único material encontrado em abundância em um clima tão hostil. Fora a abundância, outro fator que justifica seu emprego são suas propriedades térmicas, atuando como um bom isolante térmico ao conservar o calor no interior. Figura 1: Desempenho térmico dos iglus Fonte: #Refúgio Mental, 2017. No Brasil, devido a grande extensão territorial, surgiram tipologias diferenciadas, cada qual carregando as particularidades de sua região. Para Agnol e Almeida (2016), os materiais e técnicas utilizados na Arquitetura Vernacular brasileira 19 são variados, sendo a madeira e o barro os mais frequentes. As autoras destacam ainda a casa de taipa (Figura 2), modelo popular em várias regiões, sobretudo no interior do Nordeste. Esta técnica carrega consigo o estigma de ser anti-higiênica, mas, quando utilizada corretamente, ela demonstra ser bastante resistente e econômica, de qualidade social e ambiental, adequando-se às necessidades dos lugares de clima árido (ALMEIDA, 2007). Figura 2: Casa de Taipa no sertão do Ceará Fonte: Natural Fotografias, 2008. Por utilizar materiais encontrados no próprio local e se adequar às condições climáticas, as construções vernaculares são consideradas sustentáveis, apresentando baixo impacto ambiental. Em consequência do seu caráter primitivo, não fazendo uso de tecnologias avançadas, demonstram ser também economicamente viáveis. Apesar de suas vantagens, esse modelo hoje é criticado por ser repetitivo, informal e pouco inovador. Acontece que a Arquitetura Vernacular é normalmente produzida por povos que dispõem de um nível tecnológico bem menos avançado, nível este que inclui não só os aspectos especificamente construtivos, mas também os referentes aos transportes, comunicação, etc (TEIXEIRA, 2017). Por isso, existe uma certa resistência quanto ao seu uso. Em consequência, os exemplos tradicionais dessa arquitetura ainda vivos são mais comumente encontrados nos interiores. 20 Com o avanço da tecnologia, apareceram novos materiais como o aço, o concreto e o vidro, assim como novas soluções de iluminação e condicionamento artificial, fazendo com que os métodos mais antigos entrassem em desuso principalmente nos centros urbanos, onde a tradição acabou perdendo o lugar para edifícios mais novos, mais caros e não necessariamente mais eficientes. A arquitetura se internacionalizou, deixando de lado as especificidades que cada lugar apresenta. Com a retomada dos conceitos bioclimáticos diante da problemática energética vivenciada, a Arquitetura Bioclimática passou a atuar nos centros urbanos com traços semelhantes aos da Arquitetura vernacular, oferecendo diretrizes projetuais que respeitam as exigências climáticas do meio, porém sem ser primitiva, adequando-se às tecnologias avançadas e orientando a maneira mais eficiente de usá-las. 1.2. Conceitos da Arquitetura Bioclimática Entende-se por BIOCLIMATOLOGIA ou BIOCLIMATISMO o estudo dos climas (climatologia) para a utilização de elementos e fatores climáticos que promovam o bem-estar dos seres vivos. O bioclimatismo aplicado à Arquitetura iniciou-se oficialmente na década de sessenta com os irmãos Olgyay, considerados os primeiros a adotar a expressão “Projeto Bioclimático” (BOGO et al., 1994). A chamada Arquitetura Bioclimática busca associar a bioclimatologia a elementos construtivos, fornecendo orientações de como estruturar o projeto arquitetônico de acordo com as características do clima de cada local, otimizando a utilização dos sistemas passivos e promovendo assim condições de conforto ambiental com gastos energéticos mínimos. A partir desta compreensão, antes de dar início à proposta arquitetônica propriamente dita, é importante que o arquiteto conheça inicialmente o comportamento do clima em seu universo de estudo, para então poder identificar quais estratégias projetuais são mais apropriadas. A fim de orientar nesse processo, a NBR 15220-3 (ABNT, 2005) estabeleceu um zoneamento bioclimático (Figura 3), subdividindo o Brasil em oito zonas diferenciadas, definindo as características principais de cada uma e indicando suas respectivas diretrizes construtivas, como o dimensionamento de janelas, o sombreamento necessário e o tipo ideal de paredes e coberturas. 21 Figura 3: Zoneamento bioclimático brasileiro Fonte: ABNT, 2005. A cidade de Natal/RN, por exemplo, universo de estudo deste trabalho, pertence a Zona Bioclimática 8 juntamente com outras cidades, tendo como principais diretrizes construtivas o uso de aberturas grandes e sombreadas, o uso de paredes e coberturas leves e refletoras e o uso de ventilação cruzada permanente durante todo o ano, sendo esta última apontada como a estratégia de condicionamento térmico passivo de maior potencial (ABNT, 2005). Apesar da norma ser bem informativa e orientativa, suas diretrizes são destinadas às habitações unifamiliares e de interesse social. Lamberts, Dutra e Pereira (2014) justificam que isso se deve ao maior potencial de utilização de sistemas passivos do setor residencial. Nos setores comerciais, considerando suas 22 especificidades e necessidades de agradar o público, é mais recomendável a integração entre sistemas passivos e ativos (de preferência os mais econômicos) a fim de aumentar a eficiência energética sem comprometer o conforto dos usuários. Assim, as diretrizes da norma podem sim servir de base para o projeto de uma edificação comercial, desde que se atente para as exigências de cada tipo de uso. Holanda (1976), baseado em sua atuação como arquiteto durante oito anos no Nordeste, também fornece em formade roteiro uma série de soluções arquitetônicas consideradas por ele como primordiais para se construir no clima quente e úmido dessa região. As orientações dele coincidem com as da NBR 15220-3, ressaltando a importância da ventilação cruzada e da proteção da edificação da radiação solar direta a partir do sombreamento. Fazer uso do pé-direito alto, vazar os muros, criar espaços contínuos e trazer o verde para dentro são algumas de suas recomendações. Outra ferramenta útil na compreensão do comportamento climático de cidades são as cartas bioclimáticas. Elas permitem a visualização das condições térmicas ao longo do ano em determinado local e a aplicação de estratégias de acordo com as zonas estabelecidas. A carta bioclimática de Natal (Figura 4), por exemplo, indica que uma arquitetura com boa ventilação natural pode resolver os problemas de desconforto causado por calor em 83,5% das horas do ano (LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA, 2014). Em pesquisa realizada por Pedrini e Trindade (2010), foi possível confirmar também por meio de simulações termo-energéticas que as soluções de sombreamento e orientação adequados de edifícios no clima quente e úmido de Natal refletem diretamente na diminuição do consumo de energia com ar-condicionado, tendo sido o sombreamento responsável pela maior parcela da economia gerada. 23 Figura 4: Carta bioclimática de Natal Fonte: Produzido pela autora, com base em Lamberts (S/D). Para que sejam obtidos resultados satisfatórios, os conceitos da Arquitetura Bioclimática devem ser considerados durante todo o processo projetual, abrangendo desde o estabelecimento do partido arquitetônico e a análise do terreno até as escolhas formais e materiais. Além dos estudos macroclimáticos, que são os relacionados ao comportamento do clima na região onde o edifício será construído, Grigoletti (2005) defende que a abordagem de um projeto bioclimático deva considerar também a escala mesoclimática e a microclimática. A escala mesoclimática corresponde ao entorno da edificação, como o bairro e construções vizinhas, por exemplo. Em relação a essa escala, a autora indica a verificação das condicionantes legais, que limitam questões como o gabarito e recuos, e o registro de possíveis barreiras próximas que possam interferir na ventilação e insolação direta da edificação a ser projetada (Figura 5). Já a escala microclimática corresponde ao lote e a edificação, onde Lamberts, Dutra e Pereira (2014) atentam para a análise das características físicas do terreno (dimensões, orientação, topografia e vegetação existente) e da função da edificação. Segundo eles, a análise da função é importante pois define parâmetros como a vestimenta mais provável que os usuários utilizarão nos ambientes, suas atividades e os horários críticos de uso, sendo primordial na escolha de estratégias bioclimáticas. Edificações de uso residencial, comercial e público são distintos do ponto de vista da 24 dependência do clima. Em museus, por exemplo, mesmo quando situados em climas frios, a radiação solar é indesejável pois pode danificar as obras de arte, enquanto em residências no mesmo local o aproveitamento da radiação pode ser interessante para tornar o ambiente termicamente confortável no período de inverno. Após estudadas todas as escalas, é possível começar a pensar na orientação solar adequada dos compartimentos, nas escolhas materiais, decisões formais, na localização das aberturas e proteções solares, no sentido das águas da cobertura nos elementos a serem explorados ou evitados, entre outras soluções. No final de cada proposta projetual, o ideal é que sempre sejam feitas simulações para avaliar o desempenho do edifício, verificando a eficácia das decisões tomadas durante o processo e realizando alterações caso necessário. Mas, a falta de ferramentas de simulação acessíveis à grande maioria dos arquitetos ainda inviabiliza o sucesso da arquitetura bioclimática (TRINDADE, 2006). Os programas que oferecem a análise completa do desempenho energético em edificações, por exemplo, são escassos e de alta complexidade, requerendo normalmente uma pessoa treinada para sua operação. Figura 5: Configuração da malha urbana influenciando no fluxo de ar Fonte: Bittencourt e Cândido, 2010. 25 2. CONFORTO TÉRMICO EM ACADEMIAS DE GINÁSTICA Na Arquitetura, quando se trata em proporcionar o máximo de satisfação possível ao usuário de uma edificação, prevendo espaços com condições ambientais satisfatórias que o permitam sentir-se confortável, e ao mesmo tempo economizar energia, o conforto térmico é sem dúvidas um dos principais critérios a ser considerado na hora de projetar. A sensação de conforto ou desconforto proporcionada pelo corpo humano ainda é considerada a melhor solução para avaliar o desempenho térmico de edificações (LABCON, S/D), embora não seja um processo tão simples por envolver uma série de fatores de natureza não apenas física e fisiológica, mas como também psicológica. A Organização Americana dos Engenheiros da área de Aquecimento, Refrigeração e Ar-condicionado (ASHRAE do inglês American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) define o conforto térmico como uma condição mental que expressa satisfação com o ambiente. O homem é um ser homeotérmico, ou seja, sua temperatura interna tende a se manter constante independente das condições climáticas. Entretanto, sempre existem trocas térmicas entre o ser humano e o meio (Figura 6). Quando esse balanço não é estável, isto é, quando há diferenças entre o calor produzido pelo corpo e o calor perdido para o ambiente, tem-se o desconforto térmico. Essas trocas de calor entre o corpo e o meio são influenciadas pelas variáveis de conforto térmico, que podem ter natureza ambiental, pessoal ou outras (Quadro 1). A nível de estudo, as disciplinas de conforto ambiental consideram apenas seis dessas variáveis como as principais: as quatro variáveis ambientais, que são a temperatura do ar, movimento do ar, umidade relativa do ar e a radiação térmica, e a vestimenta e a atividade metabólica, que são chamadas de variáveis pessoais por não depender do meio. Tem-se a neutralidade térmica quando o calor produzido pelo corpo é igual ao calor perdido para o ambiente, e apesar dela ser uma condição para se obter conforto térmico, não garante a sensação de conforto em si. É possível encontrar pessoas reclamando do desconforto térmico mesmo quando as condições ambientais são 26 favoráveis se estiverem estressadas, por exemplo. Por outro lado, pessoas podem estar satisfeitas em condições desfavoráveis se estiverem muito motivadas ou já habituadas. Figura 6: Trocas térmicas entre o corpo e o ambiente Fonte: Lamberts, S/D. Quadro 1: Variáveis de conforto térmico Fonte: Produzido pela autora, com base em LABCON (S/D). Além disso, devido às especificidades biológicas de cada pessoa é improvável que todos os ocupantes de um mesmo ambiente se sintam confortáveis termicamente. Por isso, a arquitetura busca criar condições de conforto para o grupo, ou seja, condições nas quais a maioria sinta-se confortável. 27 Em meio a tantos fatores e variáveis que podem influenciar no conforto térmico, alguns pesquisadores fizeram tentativas de estabelecer índices para predizer situações de conforto ou desconforto de um grupo. Dentre eles, destaca-se Fanger (1972). Através de um trabalho experimental, Fanger criou um banco de dados com avaliações de pessoas de diferentes nacionalidade, idades e sexos, onde o Voto Médio Predito (PMV do inglês Predicted Mean Vote) consiste em um valor numérico que traduz a sensibilidade humana ao frio e ao calor (negativo para frio, positivo para calor e zero para conforto térmico). Embora este índice continue sendo o maisutilizado mundialmente entre pesquisadores e projetistas e adotado em normas internacionais de conforto térmico como a ISO 7730 (1994) e a norte-americana ASHRAE 55 (2010), seu uso tem sido questionado por não se aplicar adequadamente a regiões de clima tropical e a edificações naturalmente ventiladas. A análise de cartas psicrométricas ainda é o método mais utilizado no Brasil por considerar a ventilação natural e permitir ajustes em função de diferentes estratégias projetuais, tendo como desvantagem apenas o fato de desconsiderar a influência das variáveis pessoais. Estudos que buscam otimizar o conforto e a eficiência energética em ambientes destinados a prática esportiva encontram dificuldades para estabelecer uma situação de conforto térmico. Até o momento, não há normas direcionadas a centros fitness (ZHAI et al., 2015). A ASHRAE 55 e ISO 7730, além de apresentarem as limitações vistas acima, foram desenvolvidas com foco nas atividades sedentárias, sendo útil apenas para ambientes como escritórios, por exemplo. Na ausência de normas que estabeleçam padrões de conforto para instalações esportivas, o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) recomenda manter a temperatura do ar em todos os espaços voltados para a prática de atividades físicas entre 20 e 22 ºC, com umidade relativa em níveis inferiores a 60%. Já a Associação Internacional Fitness (IFA) recomenda que as academias que oferecem atividades aeróbicas, treinamento com pesos, cardio e pilates tenham temperaturas entre 18 e 20 °C. 28 Trazendo esses dados para a realidade do Brasil, nota-se que essas temperaturas são consideradas baixas aqui, principalmente para cidades de clima quente e úmido como Natal, onde a temperatura média nos meses de verão é de 27°C e de 24°C no inverno¹. Possivelmente, as condições recomendadas por essas normas só seriam atingidas no Nordeste em espaços climatizados artificialmente. Diante da inexistência de dados que comprovem a coerência dessas recomendações, alguns pesquisadores (JONES, HSIEH e HASHINAGA, 1986; REVEL e ARNESANO, 2014; GUÉRITÉE e TIPTON, 2014; ZHAI et al., 2015) buscaram verificar como se dá a influência das variáveis ambientais durante a prática de exercícios físicos, e conseguiram comprovar que o movimento de ar é essencial para a satisfação térmica, enquanto a radiação e a umidade podem ser indesejáveis. Acontece que durante a prática de exercícios é gerado calor pelo metabolismo. Diante da situação de stress térmico, o organismo ativa mecanismos termoreguladores para manter a temperatura interna do corpo constante. Nesse caso, ocorre a vasodilatação, provocando o aumento da temperatura da pele devido às perdas de calor por convecção e radiação. O suor produzido pelos poros é outro mecanismo ativado, que se acumula na pele quando não consegue ser completamente evaporado (Figura 7). O vento quando em velocidade e em contato com a pele acelera as perdas de calor por convecção e a evaporação do suor, compensando o ganho térmico causado pelo exercício e promovendo a sensação de conforto. Já a radiação térmica aumenta ainda mais a temperatura da pele, enquanto a umidade do ar dificulta o processo de perda de calor por evaporação. Apesar disso, o ar muito seco também pode gerar desconforto de outras naturezas, como ressecamento das mucosas, irritação da pele e dos olhos e geração de eletricidade estática. Deve-se atentar também para quando o ar tiver temperaturas superiores a 34°C, tornando a ventilação ineficiente na promoção do resfriamento da pele (BOWEN, 1981 apud BITTENCOURT e CÂNDIDO, 2010). __________________________________________________________________ ¹ Disponível em: https://pt.climate-data.org/location/2030/ https://pt.climate-data.org/location/2030/ 29 Figura 7: Mulher suada após prática de atividade física Fonte: Saboridades, 2013. Lamberts, Dutra e Pereira (2014) destacam ainda que o uso abundante do movimento de ar em academias de ginástica além de ser vantajoso (do ponto de vista do resfriamento), também é importante para a higiene do local. Para garantir a qualidade do ar de um ambiente, é necessário que existam trocas de ar. A ASHRAE (2005) indica para ginásios esportivos a média de cinco a trinta trocas por hora, enquanto Garde et al (2001 apud LABCON, S/D) correlacionam essa taxa com três funções diferentes da ventilação: Tabela 1: Número de trocas de ar e suas funções Fonte: GARDE et al, 2001 apud LABCON, S/D. 30 3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS Conforme apresentado, um projeto que busca gastos energéticos mínimos e ao mesmo tempo o conforto de seus usuários deve levar em conta tanto as especificidades do clima quanto as do uso proposto. Tanto para academias de ginásticas quanto para o clima de Natal, a ventilação natural demonstra ser a estratégia passiva de maior potencial, sendo importante para garantir a qualidade do ar do ambiente e o resfriamento da edificação e do usuário. No entanto, é importante prever equipamentos de baixo consumo para suprir ou potencializar essa condição quando necessário, pois a velocidade do vento pode oscilar em determinadas horas do dia e épocas do ano. Já a radiação térmica e a radiação solar direta, devem ser evitadas sempre que possível, pois comprometem o conforto do praticante de atividade física e aumentam a carga térmica da edificação, gerando mais calor para o ambiente. As diretrizes projetuais apontadas em tópicos anteriores, como as da NBR 15220-3 (ABNT, 2005) e de Holanda (1976), são adequadas à essas condições e deverão ser consideradas na hora de projetar. Porém, a fim de expandir o repertório, serão apresentados a seguir os estudos de referência considerados relevantes para o desenvolvimento da proposta no ponto de vista funcional, formal, material e estrutural, mantendo sempre como foco os conceitos bioclimáticos. Foram ao todo escolhidos cinco projetos, sendo três deles referentes a academias de ginástica situadas em Natal/RN e outros dois de diferentes usos localizados no Vietnã, país de clima tropical úmido semelhante ao Brasil cujas estratégias bioclimáticas adotadas podem servir de base para o projeto. Para os três primeiros foi possível realizar a análise in loco (estudo direto), quanto aos demais as informações foram obtidas unicamente através de pesquisas online (estudos indiretos). 31 3.1. Academia Pulse Health & Fitness A Pulse Health & Fitness é uma das maiores e mais conceituadas academias de ginástica de Natal (RN), contando com aproximadamente dois mil alunos ativos. Ela se localiza no bairro de Lagoa Nova, região central da cidade, em um lote em declive, situada no cruzamento entre as ruas Aloísio Bezerra e Dr. José Gonçalves. A edificação projetada no ano de 2014 pelo escritório RoccoVidal Perkins+Will possui quatro andares e aproximadamente 4.200 metros quadrados de área construída, tendo como diferencial no setor o fato de contemplar espaços de convivência como restaurante, brinquedoteca, loja de suplementos e salão de beleza, além de oferecer uma extensa e diversificada grade de aulas com atividades voltadas a todas as idades e perfis de alunos. Musculação, ergometria, spinning, ginástica, dança, lutas, treinamento funcional, cross training e yoga são algumas das modalidades oferecidas. A entrada da principal da academia acontece pela rua Aloísio Bezerra, onde situa-se a chamativa fachada com o painel de brise-soleil de madeira e uma marquise de concreto que se abre para a rua (Figura 8). O usuário tem acesso à recepção por um deque de madeira, para onde voltam-se também as entradas de dois espaços comerciais: um salão de beleza e uma lanchonete de comida saudável. Figura 8: Entrada principal da Academia Pulse Health & Fitness Fonte: Pulse Health & Fitness, 2017. 32 Ao entrar, tem-se logo de caraum balcão de recepção e uma parede de vidro ao fundo (Figura 9), apresentando um pouco do que está por vir. Ainda neste nível da recepção, encontra-se o salão da musculação (Figura 10), dividido em áreas de equipamentos e de pesos livres, identificados pela diferença de pisos (piso amadeirado e borracha de 15mm, respectivamente). O pé-direito duplo, a parede espelhada também dupla e as lajes em concreto aparente são elementos que chamam atenção e dão identidade ao ambiente. Figura 9: Vista da recepção Figura 10: Salão de musculação Fonte: Daniel Ducci. Fonte: Pulse Health & Fitness, 2017. No pavimento superior está localizada a sala de spinning, o setor administrativo (diretoria, avaliação física, reunião e administração) e o mezanino do salão de musculação, onde ficam os equipamentos destinados às atividades cardiovasculares e alongamento. No quarto e último pavimento superior encontram-se mais três salas de aula (sala de ginástica e dança, sala de lutas e sala de cross training) e um terraço, pensado para ser um espaço multiuso e permitir a prática de atividades ao ar livre. A sala de lutas é forrada de tatames, enquanto a sala de ginástica e dança possui piso vinílico e espelhos. No andar abaixo do nível da recepção encontram-se os vestiários masculino e feminino, um pátio central com jardim, loja de suplementos, brinquedoteca, estacionamento, bicicletário e toda a parte técnica e restrita da academia, como a oficina de reparo de equipamentos e a área destinada aos funcionários (copa e vestiários). 33 O átrio é o grande organizador e integrador do projeto, conectando visualmente os quatro níveis da academia. É neste átrio onde também estão localizados os sanitários individuais, a escada cascata em concreto aparente e os elevadores. Além disso, é o espaço melhor iluminado naturalmente. Figura 11: Vista do átrio central Figura 12: Iluminação natural no átrio central Fonte: Daniel Ducci, 2014. Fonte: Pulse Health & Fitness, 2017. Considerando os aspectos bioclimáticos, apesar dos ambientes serem todos climatizados a partir do uso de ar condicionados tipo split, não fazendo uso da ventilação natural, percebe-se a intenção do projetista em diminuir a carga térmica da edificação e aproveitar a iluminação natural, com soluções de sombreamento, uso de cores claras e vidros reflexivos nas fachadas. As contribuições deste projeto para este trabalho incluem os aspectos estruturais, funcionais, que servirão de base para a elaboração do programa de necessidades e estabelecimento dos fluxos, e as escolhas materiais. 3.2. Academia Hi-Fit A Hi-fit é uma academia de ginástica de médio porte localizada na Av. Odilon Gomes de Lima, no bairro de Capim Macio. Ela conta com aproximadamente 900 alunos matriculados e oferece além da musculação as modalidades de dança, funcional, lutas e spinning. A edificação encontra-se dividida em três pavimentos: subsolo, térreo e pavimento elevado. No térreo, por onde é dado o acesso principal, tem-se o balcão de recepção, uma pequena sala administrativa, escada de acesso ao pavimento superior, dois vestiários (um feminino e um masculino) e duas salas de aulas: a de 34 spinning, com capacidade para 12 alunos, e outra maior de multiuso, onde ocorrem as aulas de funcional e dança. No pavimento superior, é onde está situado o salão de musculação e mais duas pequenas salas que dão apoio à ele: a sala de avaliação física e outra sala administrativa. Por fim, no subsolo, cujo acesso é dado pela escada localizada externamente à academia ou pelo elevador, tem-se um grande tatame, onde são ministradas as aulas de luta, uma lanchonete, dois banheiros (um feminino e um masculino), uma sala de pilates e espaços comerciais (uma loja de roupas e uma clínica odontológica). O que chamou atenção na visita à Hi-fit é que ela se situa em uma região extremamente ventilada e o projeto soube aproveitar essa potencialidade, como é possível perceber com as suas grandes aberturas dispostas na fachada principal e nas duas laterais (Figura 13). Para complementar a ventilação cruzada, é feito o uso de ventiladores, principalmente no salão de musculação (Figura 14), onde as atividades são intensas e com uma maior aglomeração de pessoas. A marquise, destacada pela cor azul, atua como o único elemento de sombreamento dessas aberturas, protegendo-as nas horas de sol a pino. Figura 13: Perspectiva da Academia Hi-fit Fonte: HI-FIT Academia, 2014. 35 Figura 14: Salão de Musculação Fonte: Registrado pela autora. 3.3. Academia WM Fitness A WM Fitness é um complexo horizontal composto por quatro blocos localizado no bairro de Candelária, no cruzamento da Av. Sen. Salgado Filho e a Rua Militão Chaves. A academia de ginástica, situada no bloco identificado pelo numeral um (Figura 15), tem aproximadamente 1000 alunos matriculados e oferece além da musculação as modalidades de dança, funcional, lutas e spinning. Seus espaços encontram-se divididos em recepção, salão de musculação (Figura 16), área de vestiários (com armários e banheiros), sala administrativa e duas salas de aula, sendo uma de spinning e outra de uso multifuncional (Figura 17), onde ocorrem as demais aulas. Externamente, tem-se uma varanda com mesas e lanchonete. Os outros três blocos, apesar de não serem administrativamente ligados à academia de ginástica, oferecem atividades consideradas complementares. O bloco número dois, por exemplo, contempla lojas de roupa e clínicas de estética. Já o terceiro, trata-se de um galpão onde são ministrados treinos de luta por outra academia especializada na modalidade. 36 Figura 15: Vista superior do complexo WM Fitness Fonte: GOOGLE MAPS, 2018. Figura 16: Salão de Musculação Figura 17: Sala de aula multiuso Fonte: wmfitnessrn, 2018. Fonte: wmfitnessrn, 2018. Durante a visita, notou-se uma ventilação natural extremamente agradável na área externa aos blocos. Mesmo com essa potencialidade, todos os ambientes da academia são resfriados por ar condicionados modelo split. Quanto à iluminação, apesar das janelas serem bem horizontais e de peitoril elevado, permitindo a entrada da iluminação natural, às quatro horas da tarde as luzes já se encontravam acesas. 37 A pista de caminhada que rodeia o lote, o uso abundante de vegetação e os espaços de convivência estabelecidos na área externa foi o grande diferencial identificado nesse local, permitindo uma maior interação dos usuários com o exterior (Figura 18 e 19). Figura 18: Pista de caminhada Figura 19: Elementos de paisagismo Fonte: wmfitnessrn, 2018. Fonte: wmfitnessrn, 2017. 3.4. Fábrica e Escritório DESINO Eco O escritório Ho Khue Architects foi o responsável pelo projeto da fábrica da Desino Garmet and Accessory no Vietnã, país de clima semelhante ao Brasil. O principal objetivo dos arquitetos era promover um espaço de trabalho confortável e de qualidade para os funcionários em um edifício com baixo custo de refrigeração, contando com o uso da iluminação e ventilação natural e a criação de espaços verdes para gerar temperaturas interiores agradáveis (MARTINO, 2018). As paredes que compõem as fachadas (Figura 20) foram revestidas por painéis vazados que permitem a ventilação natural em todo o edifício, além de terem sido envoltas por plantas trepadeiras, que reduzem tanto a incidência de luz do sol quanto de calor na edificação, atuando como um sistema de resfriamento passivo. O uso de jardins no interior da edificação, o pé direito duplo e a permeabilidadedos painéis vazados garantem espaços aconchegantes e sombreados fortemente integrados com natureza (Figura 21 e 22), aspectos marcantes que contribuíram para a escolha deste projeto como referência formal deste trabalho. 38 Figura 20: Vista da fachada principal Fonte: ArchDaily, 2018. Figura 21: Painel vazado visto do interior Figura 22: Integração com a natureza Fonte: Hiroyuki Oki. Fonte: Hiroyuki Oki. 3.5. Casa Brise A Casa Brise (Figura 23) é um projeto residencial desenvolvido pelo escritório MIA Design Studio no ano de 2018 (CAVALCANTE, 2018) e ela reflete não apenas a cultura de uma família vietnamita moderna, mas também a adaptação ao clima tropical úmido da região, protegendo os moradores das altas temperaturas. 39 Pensando em conectar o estilo de vida dos clientes com a natureza, os arquitetos decidiram começar a projetar o edifício a partir de um grande vazio no meio (Figura 24). Este átrio, com água, iluminação zenital e plantas nativas, cria uma ligação entre os espaços da casa e promove a ventilação natural, mantendo os ambientes frescos. A casa encontra-se voltada para o nascer do sol, recebendo a luz suave e direta do início da manhã, mas também a luz forte e agressiva do meio do dia (CAVALCANTE, 2018). Para resolver esse problema, foi criada uma cobertura verde (Figura 25), que reduz o calor proveniente da luz solar em seu maior ângulo de incidência, e brises verticais, para deixar a luz do sol da manhã entrar na casa sem comprometer a ventilação. O jogo de sombras foi uma característica incluída no projeto, aceitando a regra da natureza e brincando com ela. Os traços contemporâneos esteticamente agradáveis presentes nas formas retas, simples e limpas da edificação (Figura 26), alinhados às estratégias de adequação ao clima, são características marcantes a serem aproveitadas. Figura 23: Perspectiva da Casa Brise Fonte: Hiroyuki Oki. 40 Figura 24: Átrio da Casa Brise Figura 25: Cobertura verde Fonte: Hiroyuki Oki. Fonte: Hiroyuki Oki. Figura 26: Traços contemporâneos da Casa Brise Fonte: Hiroyuki Oki. 41 4. CONDICIONANTES PROJETUAIS Respeitando as considerações de Grigoletti (2005), que defende a abordagem do projeto bioclimático em três escalas, a macroclimática, mesoclimática e microclimática, o presente capítulo tem como objetivo tratar das principais diretrizes norteadoras para o desenvolvimento do anteprojeto e encontra-se subdividido em três tópicos, apresentando primeiramente o universo de estudo onde o lote está inserido e seu entorno imediato (escala macroclimática), depois fazendo uma revisão da legislação atuante sobre o recorte espacial escolhido e o tipo de uso estabelecido (escala mesoclimática), e, por fim, apresentando as características físicas do terreno, a partir principalmente da análise da topografia, da ventilação, da insolação e do registro de barreiras próximas (escala mesoclimática e microclimática). 4.1. Universo de Estudo e Recortes Espaciais O universo de estudo deste trabalho compreende a cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, de clima tropical quente-úmido e com temperaturas médias de 27°C nos meses de verão e 24°C no inverno, conforme já mencionado. Para adotar estratégias de projeto compatíveis com o clima da cidade, é preciso considerar também a geometria solar e a predominância dos ventos (Figura 27 e 28). A incidência solar diária nas testadas Norte/Sul revela ser constante e indireta, enquanto é parcial e direta em Leste, no turno da manhã, e Oeste, no turno da tarde. Quanto aos ventos, a ventilação vinda do Sudeste predomina com maiores velocidades ao longo do ano. Apesar disso, regiões mais próximas do mar sofrem ainda influência das brisas marítima e terrestre, constituindo-se normalmente em áreas mais potencialmente ventiladas. Segundo ainda observações feitas entre outubro de 2002 e julho de 2018 pela estação meteorológica do aeroporto de Natal, a velocidade média do vento é maior de agosto a novembro, porém não difere muito dos demais meses (máxima registrada de 7.2 m/s e mínima de 5.14 m/s). Quanto à variação ao longo do dia, os ventos demonstram ser sempre mais fortes no período da tarde, o que é interessante já que também é o turno onde a temperatura do ar costuma ser maior. 42 Visto isso, o recorte espacial escolhido para ser trabalhado é a ZET-1 (Figura 29), no bairro de Ponta Negra, Região Administrativa Sul da cidade. O potencial paisagístico e ambiental do local, em razão da proximidade com o mar, aliado ao gabarito limitado das edificações foram aspectos que contribuíram para essa decisão, visto que influenciarão positivamente nas questões de conforto térmico. O fato de possuir infraestrutura consolidada, fácil acesso e área disponível compatível com o provável tamanho do projeto também agregou na escolha. Figura 27 - Carta solar de Natal Figura 28- Rosa dos ventos de Natal Fonte: Ricardo Marques. Fonte: INPE/CRN, 2009. Figura 29 - Zona Especial de Interesse Turístico 01 (ZET-1) Fonte: Produzido pela autora com base em SEMURB (2016). 43 Apesar do bairro ser reconhecido principalmente pelo seu potencial turístico, marcado sobretudo pela presença da praia e da zona hoteleira, também apresenta caráter residencial, contando com um total de 26.406 habitantes (SEMURB, 2012), além de ser frequentado pela população da cidade, atraída principalmente pelas inúmeras opções de comércio e lazer oferecidas. 4.2. Condicionantes Legais Definido o universo de estudo e o recorte espacial a ser trabalhado, faz-se necessário estudar as prescrições referentes a eles e ao uso da edificação a ser projetada. Os instrumentos legais que servirão de base para esse estudo serão o Plano Diretor (NATAL, 2007), a Lei n°3.607 (NATAL, 1987), o Código de Obras e Edificações (NATAL, 2004) e o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico estadual (CBM/RN, 2002). Outro instrumento normativo importante para o desenvolvimento do projeto é a NBR 9050 (ABNT, 2015), que trata da acessibilidade em edifícios. O Plano Diretor de Natal (2007) trata-se, no âmbito urbano, de um instrumento básico na política de desenvolvimento sustentável da cidade, fornecendo diretrizes para que a relação das edificações a serem projetadas sejam harmoniosas com o entorno em termos sociais e ambientais. Ele propõe um macrozoneamento que divide o município em zona adensável, de adensamento básico e de proteção ambiental, cada qual com suas respectivas prescrições de uso e ocupação do solo, definidos a partir do cálculo das taxas de ocupação e permeabilidade, do coeficiente de aproveitamento, recuos e gabarito. Apesar do macrozoneamento considerar o bairro de Ponta Negra como uma zona de adensamento básico, o recorte espacial no qual deseja-se trabalhar é definido pelo plano como uma área especial de controle de gabarito, com normas próprias de uso e ocupação do solo. Visando à proteção cênico-paisagística da enseada de Ponta Negra e Morro do Careca, a Lei n° 3.607 (NATAL, 1987) regulamenta o uso do solo e prescrições urbanísticas da ZET-1. O gabarito máximo permitido nessa zona é de 2 (dois) pavimentos ou 7,50m (sete metros e meio) medidos em qualquer ponto do terreno. As demais prescrições urbanísticas estão contidas na tabela abaixo, tendo sido a categoria “comércio varejista” definida pela norma a que demonstrou ser mais 44 adequada ao uso proposto por abranger empreendimentos do tipo casas de banho e fisioterapia. Considerando que a edificação proposta será uma academia de ginástica, o Código de Obras e Edificações (NATAL,2004), responsável por estabelecer normas que disciplinam a elaboração de projetos bem como toda e qualquer obra de construção, ampliação, reforma ou demolição a fim de garantir a segurança, conforto e saúde dos usuários, faz algumas indicações para esse uso. Tabela 2 - Prescrições urbanísticas para a ZET-1. Fonte: Produzido pela autora com base em SEMURB (2009). Em conformidade com os Anexos I e III desta Lei, a quantidade de vagas de estacionamento necessárias para esse tipo de empreendimento é de 1 (uma) a cada 60m² de área de edificação, onde desse total 2% deve ser reservado às pessoas portadoras de deficiência física (com mínimo de 1 vaga) e 5% aos idosos, conforme determinado pela NBR 9050 (ABNT, 2015). Área de embarque, desembarque e lixo também são exigidos. Vale ressaltar ainda o comprometimento do código com a arquitetura bioclimática ao impor que toda edificação deve ser projetada para atender aos critérios mais favoráveis de insolação, ventilação natural e iluminação, devendo os ambientes de uso prolongado disporem de aberturas com superfícies não inferiores a 1/6 da área do compartimento e a 1/8 para aqueles de uso transitório. No caso de corredores e halls com área inferior a 5m², depósitos, despensa e compartimentos de uso justificável essas exigências são dispensáveis. Para o Código de Segurança e Prevenção contra incêndio e pânico estadual (CBM/RN, 2002), as academias de ginástica se enquadram na categoria de ocupação tipo “reunião pública”. Nessa categoria, considerando que a edificação terá altura máxima de 7,5m e área construída superior a 750m², indica-se a 45 instalação de dispositivos de prevenção fixa (hidrantes) e móvel (extintores de incêndio), chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e área comuns, Iluminação de emergência, sinalização, escada convencional e instalação de hidrante público. O documento enfatiza ainda para edificações nessa categoria a necessidade de ventilação natural, para que haja renovação de ar, saídas de emergência com largura mínima de dois metros e vinte centímetros (2,20m) em ambientes com mais de 100 lugares e escadas com largura mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60m) caso haja mais de um pavimento, sendo obrigatória a utilização de guarda- corpo. No que diz respeito ao cálculo da lotação máxima, considera-se uma pessoa em pé para cada 0,50m² e uma sentada para cada 0,70 m². Sobre os parâmetros técnicos da NBR 9050 (ABNT, 2015) de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos serão consideradas no projeto principalmente as indicações gerais de circulação horizontal, vertical e o dimensionamento de vestiários e equipamentos sanitários. Os demais critérios presentes na norma serão consultados mediante a necessidade. Com base nisso, adota-se a largura mínima de 0,90m para corredores, variando conforme a extensão deste, portas de rota acessível com vão livre de 0,80m, um banheiro acessível masculino e um feminino com entrada independente dos sanitários coletivos e com dimensões mínimas de 1.50m x 1.70m, uma cabine de vestiário para Pessoa em Cadeira de Rodas (PCR) integrada ao banheiro coletivo de cada gênero, e piso tátil de alerta orientando as entradas e patamares para pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Em relação a circulação vertical, deve existir além da escada outra alternativa para vencer desníveis, como rampa, elevador ou plataforma elevatória. No caso de rampas, deve-se utilizar a inclinação entre 5% e 8,33%. 4.3 Análise do Terreno O terreno escolhido para o projeto, atualmente desocupado, encontra-se próximo à praia de Ponta Negra, estando uma de suas testadas voltada para a Rua Coronel Inácio Vale e outra para o oceano Atlântico (Figura 30). Seu entorno é predominado por hotéis, pousadas, restaurantes e algumas edificações de uso residencial, como casas e apartamentos. 46 Figura 30 - Localização do terreno Fonte: Produzido pela autora com base em Google maps (2018). Com uma área total de 4.411,93m², sua geometria é irregular e a soma de das dimensões do lote resulta em um perímetro de 222m. A topografia é acidentada e se caracteriza por um desnível de 15 metros, que vai do ponto mais elevado, na R. Cel. Inácio Vale, ao ponto mais baixo, próximo a extensão de areia da praia (Figura 31). Quanto às questões de insolação e ventilação, faz-se necessário analisar a trajetória do sol, a influência dos ventos predominantes e o registro de barreiras próximas a fim de identificar as potencialidades do terreno, o que influenciará na definição dos primeiros zoneamentos, aberturas e soluções de envoltória (Figura 32). Com base na carta solar de Natal, foi visto que o trajeto em que o sol se apresenta de maneira mais intensa é no sentido Leste-Oeste (nascente-poente), valendo ressaltar a existência de pequenas variações na angulação deste percurso de acordo com a estação do ano, sendo elas máximas no verão e no inverno. Quanto ao vento, através de uma visita ao local realizada às 10h da manhã, constatou-se que, a partir da observação do movimento de uma fita (levada para o experimento) e da vegetação do entorno, o vento predominante era realmente proveniente do Sudeste. Além do mais, na parte mais elevada do terreno, essa ventilação era mais perceptível, por sofrer menos influência das barreiras do entorno imediato. 47 Figura 31 - Características físicas do terreno Fonte: Produzido pela autora. Figura 32 - Insolação e ventilação no terreno Fonte: Produzido pela autora. 48 Em relação à existência de barreiras físicas que possam comprometer ventilação e a iluminação natural, a restrição de gabarito aliado às características topográficas da região favorecem o aproveitamento desses fatores e não causam grandes interferências (Figura 33). Quanto à vegetação, existem no terreno atualmente apenas as de pequeno porte (gramíneas e arbustos), não interferindo no comportamento dos ventos ou formando áreas sombreadas. Por fim, como academias de ginástica apresentam horários de funcionamento extensos, abrindo geralmente nas primeiras horas da manhã e fechando no fim da noite (5h às 23h, por exemplo), as questões de conforto térmico devem ser pensadas para todos os turnos. Em razão do desalinhamento do terreno em relação ao norte, é provável que todas as fachadas da edificação fiquem expostas a radiação solar. Sendo assim, para melhor aproveitamento dos ventos e das brisas sem comprometer a temperatura interna, é importante que existam aberturas devidamente sombreadas. Figura 33 - Registro de barreiras no entorno do terreno Fonte: Produzido pela autora. 49 5. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ - DIMENSIONAMENTO A fim de preparar a ação projetual, o programa de necessidades da academia de ginástica e o pré-dimensionamento das áreas foram construídos com base nos estudos de referência realizados diretamente e nas condicionantes legais, estando representado abaixo em forma de tabela e fluxograma, conforme é indicado na literatura de Silva (1998). Para melhor organizar esse processo, optou-se ainda por dividir o projeto em 5 setores principais, a partir dos quais foi feita a distribuição dos ambientes, sendo eles: funcional, serviços, administrativo, apoio técnico e área externa. Além disso, procurou-se trabalhar os valores das áreas internas em módulos de três, a fim de facilitar o lançamento da estrutura. Tabela 3: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor funcional Funcional Ambiente Quantidade Área (m²) Área total (m²) Salão de musculação 1 216 216 Cardio 1 72 72 Alongamento 1 36 36 Sala de aula 1 (multiuso) 1 72 72 Sala de aula 2 (multiuso) 1 72 72 Sala de spinning (20 pessoas) 1 36 36 Total (m²) = - - 504 Fonte: Produzido pela autora.50 Tabela 4: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor administrativo Administrativo Ambiente Quantidade Área (m²) Área total (m²) Recepção 1 36 36 Avaliação física 1 18 18 Administração 1 18 18 Reunião 1 27 27 Diretoria 1 27 27 Sala funcionários 1 18 18 Sala de controle 1 9 9 Total (m²) = - - 153 Fonte: Produzido pela autora. Tabela 5: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do apoio técnico Apoio técnico Ambiente Quantidade Área (m²) Área total (m²) Depósitos 3 9 27 Oficina 1 18 18 Total (m²) = - - 45 Fonte: Produzido pela autora. 51 Tabela 6: Programa de necessidades e pré-dimensionamento do setor de serviços Serviços Ambiente Quantidade Área (m²) Área total (m²) Vestiários 2 36 72 WC PNE 2 4,5 9 Lanchonete 1 36 36 Nutricionista 1 9 9 Brinquedoteca (Espaço kids) 1 36 36 Loja 1 36 36 Casa de gás 1 6 6 Casa de lixo 1 6 6 Gerador 1 6 6 Total (m²) = - - 216 Fonte: Produzido pela autora. Tabela 7: Programa de necessidades e pré-dimensionamento da área externa Área externa Ambiente Quantidade Área (m²) Área total (m²) Terraço 1 108 108 Total (m²) = - - 108 Fonte: Produzido pela autora. 52 Tabela 8: Resumo das áreas Setor Área Funcional 504 Administrativo 153 Serviços 216 Apoio técnico 45 Área externa 108 Total = 1026 Fonte: Produzido pela autora. A partir da análise das tabelas acima, observa-se que, a área útil prevista para o projeto é de 1.026m². Somando a esse valor 15% (153,90m²) de área destinada à circulação (horizontal e vertical) e mais 20% de área de parede (205,20m²), obtém-se uma estimativa de 1385,10m² de área construída. Visto isso, com base no cálculo da quantidade de vagas para este uso estabelecido no Código de Obras do município, o estacionamento deverá ter no mínimo 23 vagas, das quais uma será exclusivamente destinada a portadores de deficiência e outra a idosos. Com o objetivo de facilitar o entendimento de como os diferentes ambientes da academia estão relacionados entre si foram feitos dois fluxogramas. O primeiro consiste em um zoneamento mais geral, mostrando a relação que cada setor tem com os acessos e os demais setores (Figura 34). Enquanto que o segundo é mais específico, considerando também os ambientes (Figura 35). A área funcional se caracteriza como a principal zona do projeto por contemplar os espaços considerados primordiais em uma academia de ginástica, se relacionando assim de maneira direta com os demais setores, que dão apoio a ela. A área externa, em forma de terraço, foi pensada para atuar como um espaço de convivência, podendo englobar usos relacionados a prática de atividade física ou simplesmente como um espaço destinado a reunião de alunos. 53 Figura 34: Fluxograma geral Fonte: Produzido pela autora Figura 35: Fluxograma específico dos ambientes Fonte: Produzido pela autora 54 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA Concluída a fase da programação arquitetônica, a ação projetual em si tem seu início com os estudos preliminares, a partir da adoção do conceito e da realização de estudos de planta baixa e de volumetria será construído o partido arquitetônico. Tomando como base a literatura de Silva (1998), é nesse momento onde ocorrerá o ajuste entre a forma e o seu contexto. O objetivo principal agora é demonstrar a viabilidade do programa de necessidades frente às características do terreno e demais condicionantes, que podem ser entendidas como legislações e outras exigências que limitam o trabalho do arquiteto. 6.1. Conceito A ideia central do projeto gira em torno da promoção do conforto térmico dos usuários de uma academia de ginástica de maneira passiva, tendo a ventilação natural como principal estratégia. Para cumprir com esse objetivo, busca-se a permeabilidade entre os ambientes e o contato com o exterior, não podendo desconsiderar a segurança e privacidade do espaço. O controle do conforto nos ambientes também é uma característica desejável, a fim ajustar as condições de acordo com a necessidade. A partir desse pensamento, decidiu-se fazer uma analogia com janelas. Há muito simbolismo por detrás das janelas e do elo que elas permitem entre a privacidade de um local reservado e a imensidão do mundo. Ela pode ser robusta, principalmente quando fechada, mas ao mesmo tempo transmitir a ideia de transparência e permeabilidade quando aberta, permitindo o contato visual com o exterior. Além disso, ela é geralmente controlável, possibilitando ajustes de acordo com as preferências do usuário. Resumindo, ela carrega consigo as características que se deseja ver no projeto (Figura 36): Robustez, permeabilidade, transparência, aproveitamento do potencial cênico, segurança, controle, conforto e privacidade. 55 Figura 36: As características de uma janela Fonte: Produzido pela autora 6.2. Estudos volumétricos e zoneamento A topografia do terreno escolhido é acidentada, com desníveis consideráveis em duas direções. Para que o movimento de terra e as dificuldades com as questões de acessibilidade fossem as menores possíveis, decidiu-se trabalhar nas áreas mais planas. Sendo assim, a partir da elaboração de três diferentes planos de massa (Figura 37) buscou-se distribuir o programa em dois blocos principais dispostos em níveis diferentes, fazendo proveito da natureza do terreno. A intenção é que exista um terceiro volume que atue como um elemento de conexão entre esses blocos e que ao mesmo tempo esteja voltado para a praia, assumindo também a função de principal ponto de contemplação da paisagem. Figura 37: Evolução da proposta em vista de topo Fonte: Produzido pela autora 56 Desde o início do processo projetivo, a maior preocupação foi dispor os ambientes de maneira em que aqueles mais vulneráveis e de maior permanência fizessem um melhor proveito da ventilação natural. Os vestiários e a parte de apoio técnico (depósitos e oficina) foram considerados os de menor vulnerabilidade. Em todas as três propostas o bloco 2 foi situado na parte mais elevada do terreno e o bloco 1 localizado em um nível inferior, de modo que o setor funcional, principal área onde ficam as salas de aula e o salão de musculação, ficasse o mais próximo possível da área mais plana do terreno, onde se pretende colocar o estacionamento. Além disso, esse setor é considerado o mais vulnerável em termos de conforto térmico por contemplar ambientes destinados à prática de atividades metabólicas intensas, sendo por isso interessante dispor de aberturas em diferentes faces que permitam a circulação cruzada dos ventos e brisas. Durante a concepção, a primeira ideia foi descartada por não oferecer uma solução formal interessante, sobretudo no bloco 2, e por impossibilitar a entrada de ventilação natural em boa parte do setor administrativo. Na segunda, decidiu-se alongar os blocos, deixando a forma menos compacta e liberando mais as faces da parte administrativa. A terceira proposta foi um aperfeiçoamento da segunda, gerando um resultado esteticamente mais interessante que o anterior e mais eficiente no quesito conforto ambiental. A consequência dessas alterações foi o distanciamento do setor administrativo em relação ao setor funcional. Nesse caso, ambos setores terão acessos independentes situados em níveis diferentes do terreno (Figura 38 e 39). Apesar disso, o terceiro volume, que corresponde ao terraço, interligará esses espaços internamente. Essa solução foi apresentada à pré-banca no mês de setembro, onde foram indicadas alterações no zoneamento e na forma. 57 Figura 38: Zoneamento horizontal da proposta três Fonte: Produzido pela autora58 Figura 39: Zoneamento da proposta três a partir da volumetria Fonte: Produzido pela autora Para um melhor desempenho acústico, as salas de aula deveriam se encontrar distanciadas umas das outras. Para um melhor aproveitamento do potencial cênico e da ventilação, seria interessante que todos os ambientes destinados à prática de atividades físicas intensas tenham ao menos uma fachada voltada para o mar, devendo se atentar para a criação de áreas de sombra de vento na definição da nova forma. Com base nessas observações, foi desenvolvida a quarta e última proposta (Figura 40, 41 e 42). A ideia de se trabalhar com dois blocos em diferentes níveis do terreno interligados por um terceiro volume foi mantida. Porém, por questões de limite de gabarito e adaptação da forma o máximo possível às características naturais do terreno, eles agora se encontram escalonados entre si, gerando a necessidade de criar uma escada/rampa no terraço (elemento responsável por interligá-los internamente). Outra mudança relevante é a criação de um segundo terraço, que diferente do primeiro, não tem como principal função conectar os blocos e sim servir como área de convivência e extensão da lanchonete. Com a nova redistribuição dos ambientes deixou de existir um acesso exclusivo para funcionários. Agora, os dois acessos, localizados em diferentes níveis do terreno, são destinados ao público e contarão com vagas de estacionamento próximas. 59 Figura 40: Zoneamento horizontal final da edificação Fonte: Produzido pela autora 60 Figura 41: Zoneamento geral final do terreno Fonte: Produzido pela autora Figura 42: Zoneamento da proposta final a partir da volumetria Fonte: Produzido pela autora 61 6.3. Partido arquitetônico O partido arquitetônico é um produto do estudo preliminar, sendo considerado a “síntese das características principais do projeto” (SILVA, 1998, p. 100). Ele é a descrição dos traços elementares da proposta desenvolvida pelo arquiteto, contemplando suas escolhas funcionais, tecnológicas e estéticas. Com base nesse caráter de união de informações, o partido se desenvolveu fundamentado nos conceitos de robustez, permeabilidade, transparência, aproveitamento do potencial cênico, segurança, controle, conforto e privacidade. A limitação de gabarito no recorte espacial aliada à necessidade de aproveitar a ventilação natural influenciou na forma, que tendeu a ser mais horizontal e alongada. Daí surgiu também a necessidade de vencer grandes vãos com lajes pouco espessas que pouco impactassem na altura total da edificação, sobretudo no salão de musculação, levando à escolha da laje lisa protendida, que atuando juntamente ao conjunto de pilares em concreto armado garantem a robustez e segurança desejada ao projeto. A adoção do pé-direito duplo no salão de musculação e a criação do mezanino tornam o ambiente visualmente permeável, além de favorecer a circulação dos ventos. Da mesma forma acontece com a criação dos terraços e a ideia de fazer um teto jardim com pista de caminhada, que além de maximizar o contato do usuário com o exterior, valorizando a vista para o mar e proporcionando um maior conforto térmico, permite uma maior integração entre os diferentes setores da academia. A transparência, conforto, privacidade e controle das condições ambientais são também conseguidos a partir da definição de grandes aberturas protegidas por brises móveis nas fachadas. 62 7. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO A função do memorial é descrever a proposta arquitetônica, fazendo uso da linguagem textual e de imagens, justificando assim as escolhas funcionais, técnicas e estéticas. Esses aspectos serão abordados nos tópicos a seguir como forma de complemento às pranchas gráficas, que compõem o segundo volume do trabalho. 7.1. Dados gerais do edifício A academia de ginástica desenvolvida em forma de anteprojeto é composta por dois volumes gerais situados em níveis diferentes do terreno (Figura 43 e 44). O primeiro reúne duas salas de aula e um amplo salão destinado às atividades cardiovasculares e alongamento. Já o segundo encontra-se dividido em dois pavimentos, contemplando o salão de musculação, com pé-direito duplo, sala de spinning, vestiários, área administrativa, depósitos e a parte de serviços (lanchonete, loja e nutricionista). Esse último apresenta ainda um teto jardim utilizável com pista de caminhada na cobertura e ambos blocos se encontram interligados por meio de um terraço. O edifício possui uma área total construída de 2.109,58 m², com coeficiente de aproveitamento de 0,32. Foram destinadas ao todo 28 vagas para carros, 15 vagas para motocicletas e 10 vagas para bicicletas. Figura 43 - Vista da entrada do bloco 1 Fonte: Produzido pela autora. 63 Figura 44 - Vista da entrada do bloco 2 Fonte: Produzido pela autora. 7.2. Reservatório de água Para o calcular o volume do reservatório foi importante conhecer primeiramente a capacidade máxima de pessoas na edificação, para que assim fosse possível estipular o consumo médio diário e, por fim, aplicando-se as margens de segurança do abastecimento, chegar ao volume total e as dimensões necessárias. Apesar do Código de Segurança e Prevenção contra incêndio e pânico estadual (CBM/RN, 2002) considerar uma pessoa em pé para cada 0,50m² e uma sentada para cada 0,70m² no cálculo da lotação máxima de uma edificação do tipo reunião pública, o Relatório de Inteligência do setor Fitness elaborado pelo SEBRAE (2017) aponta que para calcular a capacidade máxima operacional em academias de ginástica o mercado trabalha normalmente com uma razão que pode variar entre 1 - 1,7 clientes por metro quadrado. Sabendo que o setor funcional da academia (Salas de aula, Salão de musculação, área de alongamento e cardio) tem um total de 576m², utilizando a razão de 1,7 clientes por metro quadrado estima-se um público geral de aproximadamente 1000 pessoas (clientes e funcionários). Dessa forma, conforme ensinado na disciplina de instalações hidráulicas, para calcular o consumo diário de água em edificações de uso público ou comercial considera-se o valor de 50 litros por pessoa, chegando-se assim ao total de 50.000 litros por dia. 64 A NBR 5626 (ABNT,1998) recomenda ainda que o reservatório seja dimensionado levando-se em consideração uma possível interrupção no abastecimento de água. Portanto, para cobrir dois dias sem esse abastecimento, dobrou-se o valor anteriormente calculado, resultando em 100.000 litros. Os reservatórios devem conter também uma reserva de incêndio, tendo sido esta estabelecida para dois hidrantes com consumo de 180l/min (litros por minuto) durante um período de 30 minutos ininterruptos, conforme exigido pelo Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do estado do Rio Grande do Norte. Dessa forma, acresceu-se o valor equivalente a 10.800 litros de água, totalizando o volume final em 110.800 m³. O castelo d’água foi a melhor opção de reservatório a ser adotada por conta das grandes dimensões necessárias para atingir o volume calculado e das características do edifício: horizontal e com áreas molhadas distantes uma das outras. Sendo assim, o fornecimento de água deverá ser feito a partir da distribuição da rede pública de água pelos ramais prediais que abastecem o castelo d’água, locado na parte frontal do lote. Recomenda-se ainda que este seja fabricado em aço carbono e revestido por uma pintura que garanta a sua impermeabilidade e acentue sua resistência contra oxidação. O modelo considerado no projeto foi o TBL 15004 da Faz Forte, com capacidade para 150.000 litros e 13,30 m de altura (Figura 45). Figura 45 - Castelo D'água modelo TBL 15004 da Faz Forte Fonte: Faz Forte Caixas D’água de Grande Porte, 2017. 657.3. Sistema de proteção e combate a incêndio O edifício contará com um sistema de prevenção fixa (dois hidrantes), prevenção móvel (extintores de incêndio), chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e área comuns, iluminação de emergência, sinalização, escada convencional e instalação de hidrante público, conforme estabelece o Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e pânico do Rio Grande do Norte para edificações do tipo reunião pública com altura entre seis e quinze metros e área construída superior a 750m². 7.4. Sistema construtivo e cobertura Em razão da natureza do projeto, que exige grandes vãos livres, e das especificidades do recorte espacial, que apresenta restrição de gabarito, o sistema estrutural adotado foi o de laje plana lisa em concreto protendido. Esse sistema apresenta como principal vantagem a ausência de vigas e a redução no número de pilares acarretando em um melhor aproveitamento dos vãos e do pé-direito, menores gastos com fôrmas e armaduras, significativa diminuição na altura total do prédio e consequentemente um menor peso total da estrutura, minimizando custos com as fundações. A espessura de laje exigida para os vãos de seis metros existentes no projeto é de 15 centímetros (figura 46). Figura 46 - Gráfico comparativo entre lajes em concreto armado e protendido Fonte: SCHIMID, 2009. 66 Os pontos negativos desse sistema é que ele requer mão de obra qualificada para a sua execução. Além disso, considerando a natureza do projeto, é importante que sejam realizados cálculos que prevejam as vibrações nas lajes, para que assim sejam feitas as adaptações necessárias. O edifício também segue a modulação estrutural de 6m por 6m, com paredes em alvenaria simples e tijolos cerâmicos de 8 furos com função apenas de vedação. Os pilares serão executados em concreto armado, em sua maioria retangulares e pré-dimensionados em 40x20cm. Algumas exceções se deram por questões estéticas, como os das fachadas (40x60cm). Em relação ao tipo de cobertura, para proporcionar um maior conforto térmico ao usuário e respeitar a restrição de gabarito decidiu-se trabalhar com o teto jardim (ou telhado verde). Além do benefício estético, o telhado verde funciona como isolante térmico nas coberturas das edificações, melhoraram a qualidade do ar e minimizam o efeito das ilhas de calor nas cidades. Eles podem ser de três tipos: extensivo, intensivo e semi- intensivo. O escolhido para o projeto foi o extensivo, que é o mais simples, comportando plantas rasteiras de pequeno porte. Independentemente do tipo escolhido, os sistemas empregados em coberturas verdes variam bastante. Caso a montagem seja feita diretamente sobre a laje, como é o caso neste projeto, é necessário aplicar todas as camadas representadas no detalhamento abaixo (Figura 47). Vale salientar que no projeto a laje da cobertura foi representada com 30 cm de espessura, que correspondem aos 15 cm da laje estrutural mais as cinco camadas componentes do sistema alveolar (desconsiderando a altura a vegetação). Figura 47 - Detalhamento de telhado verde com sistema Alveolar Fonte: Estúdio Concreto, 2018. 67 Para o extenso terraço responsável pela conexão entre os dois blocos componentes da edificação, por questões estéticas e de gabarito foi escolhida a laje impermeável, devendo ela ter uma leve inclinação de 1% que permita o escoamento da água. 7.5. Escolhas materiais Em todas as três salas de aula deverá ser utilizado forro do tipo lambri em Pinus maciço (Figura 48), com aplicação de verniz. Os forros de madeira apresentam no geral boa durabilidade, estética agradável e bom desempenho quanto ao conforto térmico e acústico. A Pinus apresenta como vantagem o fato de ser uma madeira de reflorestamento e ter menor custo em relação às outras. Para os demais ambientes deverá ser utilizado o forro de gesso acartonado pintado com tinta látex branca, por ser um material que oferece resistência, durabilidade, versatilidade, fácil instalação e um menor custo em relação aos demais. Em relação a pavimentação e pisos, para a da área de circulação de veículos indica-se o intertravado, que consiste em conjunto de blocos pré-fabricados de concreto, apresentando como principais vantagens o baixo custo, alta durabilidade, propriedades antiderrapantes e a capacidade de permitir que parte da água da chuva infiltre por suas juntas, evitando o acúmulo de água (Figura 49). Figura 48 - Forro de Pinus Figura 49: Piso Intertravado 16 faces Oterprem Fonte: habitissimo, 2018. Fonte: Leroy Merlin, 2018. Especifica-se para as calçadas e passeios, incluindo a pista de caminhada localizada na cobertura, o sistema de placas de concreto retangulares pré-fabricadas por ser um material de superfície lisa e antiderrapante, com juntas mais espaçadas, de rápida instalação e fácil manutenção (Figura 50). 68 Figura 50: Aplicação de placas de concreto em calçadas Fonte: Votorantim Cimentos, 2017. Para a área funcional da academia, adota-se o cimento queimado polido nas salas de aula e o piso tipo laminado da marca Durafloor cor Carvalho Gante da linha Sense (Figura 51) nos demais ambientes (incluindo as recepções), indicando-se ainda a instalação de borracha preta de 15mm na área de pesos livres. Figura 51: Piso laminado Durafloor cor Carvalho Gante da linha Sense Fonte: Ferraz Pisos, 2017. Nos banheiros, vestiários, área administrativa e área de serviços propõe-se o uso do porcelanato interno Cimento Esmaltado Acetinado (60x60cm) na cor Munari Marfim da marca Eliane. Já o porcelanato natural externo modelo Portland Stone Ash (60x60cm) da Portobello é o mais indicado para o terraço localizado no bloco 2 por 69 ser um ambiente mais exposto às intempéries em razão da cobertura em pergolado. Para o outro terraço, que se encontra mais protegido por ser lajeado, adota-se o piso laminado mencionado anteriormente. Para os depósitos, indica-se o cimento queimado em função alta durabilidade e baixo custo. Quanto às escolhas materiais para as paredes, externamente optou-se por fazer uso do sistema do jardim vertical em algumas daquelas consideradas mais expostas à radiação solar devido ao seu ótimo desempenho como isolante térmico e acústico, além da vantagem de purificar o ar e embelezar o projeto com vegetação. Esse jardim deverá ser instalado no modelo hidropônico, com irrigação automática, pois apesar do alto custo inicial ele evita problemas de infiltração ou danificação do edifício por permitir o crescimento das plantas sem que essas encostem diretamente na parede, facilitando também o processo de manutenção. Esse sistema é composto ao todo por quatro camadas: ripas de metal, painéis impermeáveis, painéis duplos de tecido sintético e a camada de vegetação (Figura 52). Figura 52: Camadas do sistema hidropônico de Jardim Vertical Fonte: VERTICAL GARDEN, 2018. Nos muros laterais que delimitam o terreno, foi proposta a pedra rachinha por também ser um material que isola bem o calor e mantém sua superfície com temperaturas amenas. Internamente, adota-se para as áreas molhadas o mesmo porcelanato aplicado no piso e tinta acrílica cor branco gelo nos demais ambiente. 70 7.6 Taxa de renovação de ar e soluções alternativas de conforto Para o cálculo da taxa de renovação de ar nos ambientes onde são praticadas atividades metabólicas intensas na academia foi utilizada uma planilha em excel fornecida pelo Laboratório de Conforto Ambiental (LABCON) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde foram inseridos dados relacionados ao azimute das fachadas, dimensões das aberturas, peitoril e o volume das salas. No geral, os resultados obtidos foram satisfatórios, com taxas de renovação acima de 100 TAH (trocas dear por hora) ou próximos a esse valor na maioria dos meses e nos períodos de maior insolação (manhã e tarde). A sala de aula 2 foi a que demonstrou ser a mais ventilada, enquanto o salão de musculação surpreendeu negativamente. Porém, por esse último ser um ambiente com pé direito duplo e janelas de peitoril diferenciado, os resultados foram fruto de uma adaptação, pois a planilha não permite inserir tais informações. Nesse caso, foi considerada a altura total de dois metros e peitoril de 1,10 m para uma abertura ao invés de duas aberturas diferenciadas de 1 m de altura cada e com peitoril de 1,10 m uma e 4,10 m a outra. Os gráficos detalhados gerados para cada ambiente encontram-se disponíveis no Apêndice A. Foi possível perceber ainda com base nos resultados que projetar uma edificação cujo o conforto térmico dos usuários dependa exclusivamente de um fator natural como o vento é um desafio, pois o mesmo sofre muitas oscilações de direção e intensidade ao longo do dia e do ano. Por isso, é interessante que o arquiteto preveja soluções alternativas/complementares, e que de preferência essas causem pouco impacto no consumo energético. Pensando nisso, indica-se a instalação de ventiladores da marca Elefant nas áreas funcionais do projeto (salas de aula, salão de musculação e área de atividades cardiovasculares). Esses equipamentos apresentam como diferencial a inovadora tecnologia de grande vazão e baixa velocidade (HVLS), deslocando um volume de ar maior e garantindo a melhoria da sensação térmica nos ambientes devido ao diâmetro diferenciado das pás (Figura 53). O baixo consumo elétrico também é outra vantagem. As dimensões desses ventiladores não são informadas previamente pelo fabricante, devendo o projeto arquitetônico ser analisado pela empresa. Porém, o maior ventilador Elefant pode ventilar uma área de até 1.600 m². 71 Nos demais ambientes da academia cujo pé-direito baixo não contribuiu para a instalação de um modelo como esse, indica-se os convencionais ventiladores de parede. Figura 53: Modelo de ventilador Elefant usado em ambientes esportivos Fonte: Elefant, 2018. 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi projetar uma academia de ginástica que fizesse proveito da ventilação natural, uma potencialidade do clima de Natal, proporcionando maior conforto térmico aos usuários com menores gastos energéticos. A grande dificuldade enfrentada durante a fase de elaboração da proposta foram as exigências impostas pela legislação local e físicas do sítio, que limitaram o processo criativo, refletindo fortemente nas decisões formais. Apesar disso, o programa de necessidades inicial foi mantido e o resultado final atingido foi satisfatório do ponto de vista plástico e funcional. Outro grande desafio encontrado para quem trabalha com ventilação natural é conseguir conciliar a questão do conforto acústico, pois na medida em que se busca o máximo de integração com o exterior e permeabilidade entre os ambientes internos, o isolamento do som é comprometido. Por fim, ao trabalhar com essa temática, foi percebido um preconceito existente com a ideia de academias naturalmente ventiladas, que inclusive são raridades não apenas na cidade como em todo o país. Os empreendimentos mais reconhecidos fazem uso do conceito de climatização artificial para atrair seus clientes, atrelando isso ao fator de maior promoção de conforto. Dessa forma, se espera que os estudos aqui realizados contribuam positivamente para o ramo da arquitetura comercial e esportiva, mostrando a relevância de considerar em projetos as necessidades de conforto térmico ideais para cada tipo de ambiente e as questões bioclimáticas, despertando a atenção para a eficiência energética, assunto tão em pauta na atualidade. 73 REFERÊNCIAS AGNOL, Bruna; ALMEIDA, Caliane. Patrimônio Vernáculo: Contribuições para uma arquitetura mais sustentável. 5º Seminário Internacional de Construções Sustentáveis. IMED, 2016. ALMEIDA, Caliane Christie Oliveira de. Habitação Social: origens e produção (Natal, 1889 – 1964). Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). ACM`S Health/ Fitness Facility Standards and Guidelines. 4th ed. James A Peterson and Stephen J. Tharrett: USA, 2012. ASHRAE. Handbook of fundamentals. 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