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AUTORES ITAPEVI PROFESSOR AINSCOW, Mel. Tornar a educação inclusiva: como esta tarefa deve ser conceituada? AINSCOW, Mel. Tornar a educação inclusiva: como esta tarefa deve ser conceituada? A temática sobre educação inclusiva vem sendo discutido ao longo dos anos, desde 1990, na Conferência sobre Educação para todos em Jomtien em que essa abordagem passou a ter o “peso” devido em nossa sociedade, pois se percebeu a necessidade de garantir o direito a educação a todos. Apesar de ter sido bastante discutido e debatido, não há ainda unanimidade sobre a essência do conceito de educação inclusiva. Em alguns países, de acordo com Ainscow, o termo inclusão ainda é considerado como uma abordagem para atender crianças com deficiências dentro do contexto dos sistemas regulares de educação. Internacionalmente, porém, o conceito tem sido compreendido de uma forma mais ampla como uma reforma que apoia e acolhe a diversidade entre todos os sujeitos do processo educativo. Ainscow entende que o objetivo da educação inclusiva é de eliminar a exclusão social que resulta de atitudes e respostas à diversidade com relação à etnia, idade, classe social, religião, gênero e habilidades. Assim, parte do princípio que a educação constitui direito humano básico e alicerce de uma sociedade mais justa e solidária. Essa perspectiva teórica se desdobrou na recente moda dos estudos culturais. O texto traz seis pequenos ensaios que têm como assunto central a questão da inclusão nas relações sociais, estabelecendo finas interligações entre o universo do uso pessoal, da subjetividade, e o das complexas redes de sociabilidade, na tentativa de transformar as estruturas, a fim de se propagar os preceitos morais e valores na educação inclusiva. Para difundir as ideias foram reforçados os seis princípios da inclusão: 1.Inclusão referente à deficiência e à necessidade de educação especial, 2.Inclusão como resposta a exclusões disciplinares 3.Inclusão que diz respeito a todos os grupos vulneráveis à exclusão, 4.Inclusão como forma de promover a escola para todos, 5.Inclusão como Educação para Todos Na perspectiva da Inclusão referente à deficiência e à necessidade de educação especial Ainscow entende que há um grande perigo em tratar a educação inclusiva somente como um desvio e que as pessoas portadoras de necessidade especiais só serão inseridas na educação regular por preceitos legais, não somente como pessoas que possuem as necessidades educativas especiais, mas, que sejam garantidos os seus direitos pois, a educação é dever do estado e sociedade, não para minoria. Na inclusão como resposta a exclusão disciplinares, a abordagem central está nos preceitos normativos da escola, que trata os aspectos de indisciplina como os autores para exclusão. Tratando-se da inclusão que diz respeito a todos os grupos vulneráveis à exclusão, Ainscow aborda os termos de inclusão e exclusão social de forma mais ampla, referindo-se às minorias e grupos cujo acesso às escolas esteja sob ameaça por motivo de mau comportamento. No que tange a Inclusão como forma de promover a escola para todos, a inclusão refere-se ao desenvolvimento da escola regular de ensino comum para todos, denominado em alguns países “escola compreensiva”, a proposta era a criação de um modelo único de educação que atendesse toda a comunidade diversificada. Em linhas gerais, nos países em que a proposta foi implementada, o objetivo não foi atingido, pois não houve uma forte reforma direcionada a aceitar e valorizar a diferença e sim uma maior percepção daqueles estudantes percebidos como diferentes. A Inclusão como Educação para Todos iniciou-se através do movimento Educação para Todos (EPT) nos anos 90, ganhando força através das Conferências realizadas em Jomtien, em 1990, e Dacar, em 2000. Embora o movimento houvesse progredido e apontado possibilidades de um sistema educacional inclusivo para todas as crianças, incluindo as com deficiências, isso só aconteceria na Declaração de Salamanca. Na Inclusão como uma abordagem de princípios à educação, Ainscow revela que as cinco formas de pensar/abordar a inclusão traz diversas possibilidades e que não há como estabelecer uma única forma ou método de tratar a inclusão no contexto educacional e ressalta que a atenção ao tema inclusão precisa estar voltada à forma como deve ser desenvolvida na escola não somente no modo como se apresenta. O desenvolvimento da inclusão vai além da incorporação de valores morais, o autor destaca que necessário a busca do significado desses valores e suas implicações na prática, para que haja o reconhecimento, a valorização e a aceitação das pessoas. Segundo o autor, uma escola inclusiva é a que está em constante evolução, e não aquela que tenha atingido um estado perfeito. FERREIRA, Windyz; IRELAND, Timothy; BARREIROS, Débora (orgs.). Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009. p. 11-23. FERREIRA, Windyz; IRELAND, Timothy; BARREIROS, Débora (orgs.). Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009. p. 11-23. A partir da crença de que a educação é um direito humano básico e o fundamento para uma sociedade mais justa. No presente ensaio, faço uma revisão do pensamento nesse campo de conhecimento para determinar uma direção apropriada a ser adotada. Apresento, então, uma revisão sucinta de diferentes perspectivas sobre educação inclusiva e proponho um avanço com base na ideia de que inclusão é um conjunto de princípios. O desenvolvimento da educação especial Há 15 anos, a Conferência Mundial de Salamanca sobre Educação para Necessidades Especiais endossou a ideia da educação inclusiva (UNESCO, 1994). Sem dúvida, o documento internacional mais significativo que já apareceu na área de educação especial, a Declaração de Salamanca defende que escolas regulares com orientação inclusiva constituem “o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo educação para todos”. Além disso, sugere que tais escolas podem “proporcionar educação eficaz para a maioria das crianças, melhorar a eficiência e, consequentemente, o custo-benefício de todo o sistema educacional” (UNESCO, 1994). Durante os anos subsequentes à sua publicação, tem havido esforços consideráveis em muitos países para mudar a política e a prática educacional em direção à inclusão (MITTLER, 2000). O desenvolvimento da educação especial envolveu uma série de estágios durante os quais os sistemas de educação exploraram diferentes formas de responder a crianças com deficiências e a outras que têm dificuldades de aprendizagem. A educação especial foi oferecida, por vezes, como complemento à educação geral e em outros casos foi totalmente segregada. Uma análise da história da educação especial em muitos países sugere certos padrões. No início, frequentemente assumia a forma de escolas especiais separadas das escolas regulares, estabelecidas por organizações religiosas ou filantrópicas. Esse tipo de serviço foi adotado e ampliado como parte das medidas educacionais nacionais, muitas vezes levando a um sistema escolar separado e paralelo para esses alunos, considerados como necessitados de atenção especial Em anos recentes, no entanto, a conveniência de sistemas de educação separados foi questionada tanto do ponto de vista dos direitos humanos como da sua eficácia. Defende-se que perspectivas que supõem que a origem das dificuldades de aprendizagem está no aprendiz ignoram as influências do ambiente na aprendizagem. No entanto, há fortes indícios em pesquisa que sugerem que a influência do lar e da escola explica a qualidade da aprendizagem, e que as dificuldades educacionais podem ter outras origens além das deficiências Cada vez mais há a defesa de que a reorganização de escolas comuns dentro da comunidade (através de melhorias na escola) é a forma mais eficaz de garantir que todas as crianças possam aprender efetivamente, mesmo as classificadas como aquelas que têm necessidades especiais. A integração de crianças com deficiências nas escolas regularesenvolveu, em alguns casos, a “transplantação” de práticas especiais de educação para o ambiente escolar comum. Dessa maneira, programas integrados assumiram, por vezes, o caráter de aulas especiais dentro de escolas regulares. Como resultado, tal tendência à inserção desses alunos em escolas regulares não foi acompanhada por mudanças na organização da escola regular, em seu currículo e em suas estratégias de ensino e aprendizagem. A falta de mudança organizacional provou ser uma das maiores barreiras para a implementação das políticas de educação inclusiva. Um problema apontado em vários países é o de que, apesar das políticas nacionais enfatizando a integração, há indícios de um aumento significativo na proporção de alunos que são categorizados1 como especiais para que suas escolas possam ganhar recursos adicionais Por exemplo, uma análise das políticas na Austrália, na Inglaterra, na Escandinávia e nos Estados Unidos realizada por Fulcher (1989) sugeriu que a burocracia maior, normalmente associada à legislação da educação especial (e às inevitáveis lutas por recursos adicionais), resulta em uma proporção maior de crianças que passam a ser rotuladas como deficientes. Para ilustrar, ela descreveu que – em Victoria, Austrália, durante os anos 1980 – alguns alunos em escolas regulares passaram a ser descritos como “crianças de integração”. Ela aponta que mais de 3.000 crianças foram consideradas pertencentes a esta categoria (que não existia antes de 1984), e que frequentemente as escolas argumentavam que esses alunos não poderiam ser ensinados a não ser que dispusessem de recursos extras. É por causa de situações como esta que, natural- mente, mudanças repentinas no número de crianças “integradas” com necessidades especiais devem ser tratadas com cautela. A insatisfação com o progresso da integração resultou em exigências para mais mudanças radicais em muitos países. Uma das preocupações daqueles que adotam este ponto de vista é a forma com que os estudantes passam a ser designados como pessoas com necessidades especiais. Estes 1 Nota da revisora: Ex. Dificuldade de aprendizagem, deficiência intelectual (leve ou moderada), deficiência auditiva, distúrbios de comportamento etc. ALAVARSE, Ocimar Munhoz. A organização do ensino fundamental em ciclos: algumas questões. ALAVARSE, Ocimar Munhoz. A organização do ensino fundamental em ciclos: algumas questões. O artigo trata-se de uma problematizarão sobre a adoção do sistema de ciclos como forma de organização do ensino fundamental. São apresentados diversos estudos, argumentos e pesquisas em relação a este tema, evidenciando os pró s e contras de tal sistema e o contrapondo ao sistema de seriação do ensino, o qual também é analisado. O sistema de ciclos tem como lógica a tentativa de superar o fracasso escolar expressado pelas taxas de reprovação presente na seriação escolar, uma de suas tentativas para tal finalidade é atenuar os critérios de avaliação desse sistema, implantando a progressão continuada em algumas séries e mantendo a possibilidade de reprovação ao final de cada um dos ciclos. Ainda que historicamente se possa identificar o acesso de grupos populares à escolarização, não significa que houve um entrosamento pacifico e positivo entre as classes sociais, nem mesmo que esta educação se fez democrática ou eficaz. A escola atual não se situa na inclusão e o conhecimento para todos, mas sim em conhecimentos mínimos para todos e seleção dos mais competentes, mostrando-se eficaz para a tarefa de seleção. Os ciclos trouxeram consigo certas tensões à escola, devido a uma falta de modelo pré-estabelecido, defendendo uma proposta de escola obrigatória em que o aluno possa aproveitar o currículo plenamente. Em contrapartida está a seriação, que defende uma avaliação anual para a aprovação ou aprovação do aluno. Uma critica e argumento do sistema de ciclo é que a ameaça de reprovação não garante o sucesso escolar do aluno, assim, defende a possibilidade de eu a escola seja uma instituição promotora de aprendizagem sem finalidade profissional, assumindo uma posição política que promove a democratização do ensino. Deve se associar a forma de organização escolar ao posicionamento político de sua gestão, e à reflexão do “para quê escola”. Ainda que a escola não seja a única instituição responsável pela mudança social, exprime em si própria, em sua existência, sua importância no movimento histórico- social. A seriação se justifica pedagogicamente pela graduação dos objetos de ensino e pela organização dos conteúdos a fim de um melhor ensino, um de seus argumentos de defesa é que a reprovação não impede a aprendizagem, pois dá ao aluno mais tempo para que este atinja o considerado indispensável. Porém este modelo passa assumir uma estrutura vertical de ensino- aprendizagem, fato que atuou no fracasso escolar. Importante se atentar para o fato de que a repetência não se trata de um procedimento completamente confiável de recuperação ou desenvolvimento cognitivo do aluno. Outra questão, é que esta reprovação não ocorre exatamente no final da série, afinal, as dificuldades causadoras desta condição são cumulativas, e se a repetência se faz necessária é porque houve falhas nas estratégias de ensino, as quais não foram identificadas precocemente. O que se oferece ao repetente é mais do mesmo mais uma vez, pois é conduzido à uma série que já cursou, recebendo o mesmo ensino que outrora não produziu efeito. Este processo só dá certo se quando se usa meios e recursos que garantam novas estratégias, individualizando as dificuldades do aluno, não tratando a repetência como punição ou reflexo de baixo desempenho moral do aluno. Tais argumentos nos leva a crer que sustentar a seriação é abandonar pedagogicamente o aluno, sem caminhar para seu aproveitamento escolar. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Este artigo visa estabelecer a articulação entre os impasses na escolarização das crianças e as contribuições acerca das culturas de infâncias, das culturas familiares, das culturas escolares na atualidade. Propomos verificar as novas dimensões de ser criança e viver a infância neste momento histórico e repensar a socialização escolar a partir do entrecruzamento das culturas escolares, consideradas legítimas, e suas relações com algumas culturas familiares e infantis consideradas, até hoje, ilegítimas pela escola. Conhecer as culturas das infâncias e as culturas familiares possibilita ampliar a compreensão sobre as crianças brasileiras e possibilita a construção de um projeto de escolarização que entreteça as culturas escolares, as culturas da infância e as famílias na sociedade contemporânea. A formulação de uma “educação de qualidade” somente poderá acontecer por meio do estabelecimento de indicadores socialmente compartilhados entre estes três discursos BENEVIDES, Maria Victoria. Educação para a democracia. BENEVIDES, Maria Victoria. Educação para a democracia. O que entendo por educação para a democracia ? A educação para a democracia comporta duas dimensões: a formação para os valores republicanos e democráticos e a formação para a tomada de decisões políticas em todos os níveis, pois numa sociedade verdadeiramente democrática ninguém nasce governante ou governado, mas pode vir a ser, alternativamente - e mais de uma vez no curso da vida - um ou outro. Três elementos são indispensáveis e interdependentes para a compreensão da EPD: 1. A formação intelectual e a informação - da antiguidade clássica aos nossos dias trata-se do desenvolvimento da capacidade de conhecer para melhor escolher. Para formar o cidadão é preciso começar por informá-lo e introduzi-lo às diferentes áreas do conhecimento, inclusive através da literaturae das artes em geral. A falta, ou insuficiência de informações reforça as desigualdades, fomenta injustiças e pode levar a uma verdadeira segregação. No Brasil, aqueles que não têm acesso ao ensino, à informação e às diversas expressões da cultura lato sensu, são, justamente, os mais marginalizados e "excluídos". 2. A educação moral, vinculada a uma didática de valores que não se aprendem intelectualmente apenas, mas sobretudo pela consciência ética, que é formada tanto de sentimentos quanto de razão; é a conquista de corações e mentes. 3. A educação do comportamento, desde a escola primária, no sentido de enraizar hábitos de tolerância diante do diferente ou divergente, assim como o aprendizado da cooperação ativa e da subordinação do interesse pessoal ou de grupo ao interesse geral, ao bem comum. Sem participação dos interessados no estabelecimento de metas e em sua execução, como já afirmava Dewey, não existe possibilidade alguma de bem comum. É preciso tempo para sacudir a apatia e a inércia, para despertar o interesses positivo e a energia ativa (Dewey). Ora, é evidente que essa é uma tarefa para a educação para a democracia. A EPD consiste, portanto, em sua primeira dimensão, na formação do cidadão para viver os grandes valores democráticos que englobam as liberdades civis, os direitos sociais e os de solidariedade dita "planetária". A educação como formação e consolidação de tais valores torna o ser humano ao mesmo tempo mais consciente de sua dignidade e da de seus semelhantes - o que garante o valor da solidariedade - assim como mais apto para exercer a sua soberania enquanto cidadão. Em sua segunda dimensão, a EPD consiste na cidadania ativa, ou seja, a formação para a participação na vida pública. Isso significa participar como cidadão comum ou como governante. A educação não consiste apenas no processo social que permite ao indivíduo, enquanto governado, ter conhecimento de direitos e deveres e deles dar conta com escrúpulo e inteligência - mas sim capacitar a todos para a posição de governante em potencial Logo, a EPD é uma formação para a discussão, para a argumentação, com o pressuposto da tolerância. Nesta ordem de considerações, deve-se entender por valores republicanos, basicamente: a) o respeito às leis, acima da vontade dos homens, e entendidas como "educadoras", no sentido já visto na antigüidade clássica. "Todo verdadeiro republicano", ensinava Rousseau, " bebia no leite de sua mãe o amor da pátria, isto é, das leis e da liberdade"; b) o respeito ao bem público, acima do interesse privado e patriarcal. Em nosso país trata-se de romper a tradição doméstica, tendente ao despotismo, que moldou nossos costumes (vale a pena lembrar que despotes, em grego, é pai de família, e que a família antiga, como bem observou Benjamim Constant, representava a negação de direitos e liberdades individuais); c) o sentido de responsabilidade no exercício do poder, inclusive o poder implícito na ação dos educadores, sejam eles professores, orientadores ou demais profissionais do ensino. Em política, a responsabilidade tem dois significados, melhor compreensíveis na língua inglesa: accountabillity e responsibility. O primeiro termo significa o dever de prestar contas, englobando todos os mandatários, isto é, os que exercem o poder em nome de outrem; o segundo terno significa a sujeição de todos, governantes ou governados, ao rigor das sanções legalmente previstas. Em ambos os casos, a responsabilidade é da essência do regime democrático. E por valores democráticos, estreitamente ligados aos republicanos, entendem-se: a) a virtude do amor à igualdade, de que falava Montesquieu, e o conseqüente repúdio a qualquer forma de privilégio; b) o respeito integral aos direitos humanos, cuja essência consiste na vocação de todos - independentemente de diferenças de raça e etnia, sexo, instrução, credo religioso, julgamento moral, opção política ou posição social - a viver com dignidade, o que traz implícito o valor da solidariedade; c) o acatamento da vontade da maioria, legitimamente formada, porém com constante respeito pelos direitos das minorias, o que pressupõe a aceitação da diversidade e a prática da tolerância. Onde deve ser desenvolvida a educação para a democracia? A escola é o locus privilegiado, embora sofra, atualmente, a concorrência de outras instituições - como os meios de comunicação de massa. A escola continua sendo a única instituição cuja função oficial e exclusiva é a educação. Aliás, a Constituição Brasileira prevê um Plano Nacional de Educação, a ser estabelecido por lei e, portanto, como um programa de toda a comunidade nacional, e não de um determinado governo. É, pois, objetivo de um extenso programa de transformação da sociedade. Assim foi e ainda é nos países que já têm, minimamente consolidados, direitos, liberdades e práticas de cidadania ativa, pois o processo democrático é dinâmico e supõe a possibilidade, sempre em aberto, de criação de novos direitos e novos espaços para sua reivindicação e seu exercício. A pátria não subsiste sem liberdade, nem a liberdade sem a virtude, nem a virtude sem os cidadãos (...) Ora, formar cidadãos não é questão de dias, e para tê-los adultos é preciso educá-los desde crianças" BERBEL, Neusi Aparecida Navas. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. BERBEL, Neusi Aparecida Navas. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. O uso prático das informações trabalhadas em sala de aula no contexto social dos alunos. Não basta que os conteúdos sejam assimilados, devem ser utilizados de forma a desenvolver nos alunos a capacidade de intervir no meio em que estão, de refletir e agir; para legitimar seu pensamento. Destaca a ideia da autodeterminação como necessidade intrínseca, a ideia de que os indivíduos são estimulados a realizar uma atividade por acreditarem que o fazem por vontade própria, não porque são obrigados. Assim, os alunos seriam motivados a buscar o conhecimento e aplicá-lo. CARVALHO, Marília Pinto de. Sucesso e fracasso escolar: uma questão de gênero. CARVALHO, Marília Pinto de. Sucesso e fracasso escolar: uma questão de gênero. O sucesso e o fracasso na perspectiva de gênero são resultantes em grande parte das condições sócio econômicas em que se constata que as classes menos favorecidas estimulam muitos alunos do sexo masculino a desistir dos estudos para auxiliar a família financeiramente. CARVALHO (2003) destaca: “ No Brasil, quando vemos que os meninos têm maior atraso escolar, há mais rapazes analfabetos, a primeira tendência é atribuir isso ao trabalho infantil. Dados da OIT indicam que, num total de 2,9 milhões de crianças entre 5 e 14 anos trabalhando no país, dois terços são rapazes, concentrados na faixa acima de 14 anos e majoritariamente envolvidos no trabalho agrícola. A maioria desses trabalhadores são do sexo masculino, então deve ser por isso que os meninos vão mal na escola. Será ?’ Ao se discutir algumas problemáticas sociais, em específico o trabalho infantil e sua relação com o rendimento escolar, a autora ainda acrescenta que o esforço afim de se integrar aos conhecimentos educacionais, já que por sua vez independente delas se verem na obrigação de dar suporte as tarefas domiciliares, este auxílio não interfere em seu rendimento em sala de aula. Essa pesquisa não traz uma receita pronta para a problemática da reprodução de desigualdades de resultados educacionais a partir do sexo dos estudantes. Talvez possamos estimular ainda mais a promoção inclusão por meio de atividades, avaliação e critérios em sala de aula mais comprometidos com a aprendizagem do que com comportamentos e estigmas sociais (CARVALHO, 2009). Não podemos deixar de considerar que em diferentes situações o sucesso ou o fracasso escolar podem estar permeados pela questão de gênero. CAVALIERE, Ana Maria. Escola pública de tempo integral no Brasil: filantropia ou política de Estado? CAVALIERE, Ana Maria. Escola pública de tempo integral no brasil: filantropiaou política de estado? O que é Educação Integral? A Educação Integral é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais. Abrange: - uma proposta contemporânea porque, alinhada as demandas do século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo; - inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos, suas múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinência do projeto educativo para todos e todas; - uma proposta alinhada com a noção de sustentabilidade porque se compromete com processos educativos contextualizados e com a interação permanente entre o que se aprende e o que se pratica; - promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacionais. A necessidade da escola de tempo integral no Brasil tornou-se uma unanimidade, mas, seu sentido ainda não está suficientemente estabelecido. Vista como um direito de todos, estratégico para a cidadania, é tarefa de grande porte político e financeiro e requer tratamento de política de Estado assumida cooperativamente por todos os entes da federação. Vista como dispositivo compensatório, dirigido a alguns alunos, tende a assumir caráter provisório, instável, com base em trabalho voluntário ou em parcerias com organizações sociais de variados matizes. Este artigo analisa os elementos que compõem o atual debate sobre o tema. Entre um caminho que se realiza como política de Estado para a promoção do direito à educação e outro que se acomoda nas franjas da filantropia, seja ela uma filantropia independente ou a expressão do chamado “filantrocapitalismo” será preciso fazer escolhas e formular propostas coerentes. CAVALLEIRO, Eliane (org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. CAVALLEIRO, Eliane (org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. Como integrar a temática do racismo nas reflexões sobre o tipo de educação que se quer? Como o ambiente educacional organiza seu cotidiano diante da presença do preconceito e de discriminações raciais? O livro reúne o trabalho de vários autores, examinando desde os livros infanto-juvenis, presentes nesse universo, até algumas revistas especializadas em educação. Nas análises, referências à África, aos PCN´s, e às questões sobre letramento, dentre outros temas. Nota-se que pela pesquisa qualitativa, com pais, alunos e professores em escolas do Brasil é comum se negar que há diferença de desempenho escolar segundo a cor/raça dos alunos e quando se aceita, a tendência é culpar a família ou a falta de empenho individual, ou ao fato dos alunos negros estarem mais concentrados em escolas públicas, com qualidade de ensino inferior. Também é comum negar que há racismo nas escolas, em que pese se ter identificado formas pejorativas de apelidar negros, referências negativas a cabelos e outras características físicas de alunos negros e outras ocorrências que afetam a auto estima do aluno negro. De fato como vários pesquisadores têm alertado e constatamos na pesquisa de referência da segunda parte deste trabalho há formas de tratamento diferenciadas por professores e alunos no que se refere aos alunos brancos e negros em muitas escolas. Por outro lado vários estudos com dados do Saeb de fato indicam que as notas diferem segundo cor/raça em detrimento de negros. Constatamos neste trabalho que os diferenciais segundo raça/cor dos jovens são mais altos em relação a desempenho escolar que em muitas dimensões pesquisadas como próprias das vidas dos jovens, tais quais as que trabalhamos na primeira parte deste trabalho FRADE, Isabel; ARAÚJO, Mônica; GLÓRIA, Julianna. Multimodalidade na alfabetização: usos da leitura e da escrita digital por crianças em contexto escolar FRADE, Isabel; ARAÚJO, Mônica; GLÓRIA, Julianna. Multimodalidade na alfabetização: usos da leitura e da escrita digital por crianças em contexto escolar Este artigo traz reflexões de uma investigação, de caráter colaborativo, sobre como as crianças, em processo de alfabetização, atuam em ambientes digitais com a linguagem verbal e outros recursos multimodais em eventos de uso de jogos, de produção de quadrinhos e de leitura de literatura digital e digitalizada. Baseamo-nos em estudos sobre história da cultura escrita, do livro e da leitura sobre literatura digital, letramento e multimodalidade . MULTIMODALIDADE Duas ou mais modalidades de comunicação, envolvendo geralmente a fala, gestos, texto, processamento de imagem, etc. Concluí-se que as crianças, em período de apropriação do sistema de escrita alfabética, interagem com a escrita e a leitura de textos verbais e não-verbais, a partir de uma mediação adequada de professores e de colegas. Os recursos semióticos e multimodais presentes/acentuados em ambiente digital também ampliam a sua compreensão sobre os usos sociais da cultura escrita FRANCO, Maria Amélia Santoro; PIMENTA, Selma Garrido (orgs.). Didática: embates contemporâneos FRANCO, Maria Amélia Santoro; PIMENTA, Selma Garrido (orgs.). Didática: embates contemporâneos Qual é a responsabilidade da Didática, como campo de estudos e pesquisas, na possibilidade de ressignificar o papel do ensino, da aprendizagem, da escola e dos professores diante das demandas do mundo contemporâneo? Essa pergunta, indicada na apresentação da obra, tem a intenção de remeter o leitor à compreensão sobre Didática e sua relação com os desafios da contemporaneidade, sobre maneira, àqueles que se revelam nas condições desfavoráveis em que a escola se encontra. No primeiro artigo Epistemologia da Prática Ressignificando a Didática,sua autora, Selma Garrido Pimenta,identifica temas abordados em pesquisas e produções teóricas desenvolvidas ao longo de mais de uma década na busca de elementos que possam contribuir com o enfrentamento da questão epistemológica no campo da Educação e da Didática. Assinala, portanto, que “as novas possibilidades da Didática estão emergindo das investigações sobre o ensino como prática social viva” No segundo artigo, O Campo Teórico e Profissional da Didática hoje: entre Ítaca e o canto das sereias, o autor, José Carlos Libâneo, provoca o leitor, desde o título, a refletir sobre os caminhos de“sedução”indicados por outros campos do conhecimento, que têm levado pesquisadores e professores de Didática a apostarem na crença da fragilidade do seu objeto de estudo e no esgotamento do seu papel na formação de professores. O objetivo do autor é, precisamente, levantar os dilemas da Didática e, assim, argumentar a favor de sua inegável contribuição na formação de professores No terceiro artigo, Didática e Pedagogia: da teoria de ensino à teoria da formação, Maria Amélia Santoro Franco discute as relações conceituais que aproximam e distanciam a Didática da Pedagogia. A autora reporta-se às ideias de Houssaye e Saviani para provocar o leitor a pensar sobre como os desafios educativos do século XXI podem demandar a necessidade de se organizar um estatuto de cientificidade da Didática FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar FREIRE, Paulo.Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar Primeiras palavras: PROFESSORA-TIA: A ARMADILHA. Antes de iniciar as cartas Freire apresenta o contexto em que o livro está inserido, fazendo uma releitura das obras anteriores. Freire explica que quem ensina é também um aprendiz e que apesar de prazerosa a atividade docente requer seriedade, preparo científico, preparo físico, emocional e afetivo. Além de exigir ousadia, pois promove um envolvimento emocional.Mas este envolvimento deve ser esclarecido, o autor critica a forma comum e inocente de tratar a professora de tia, o que na verdade esconde a ideologia da passividade, pois resistir a uma política e uma realidade social do ensino não é para seres passíveis, amorosos e parentais como a maioria das tias. Segundo autor ensinar é uma tarefa que envolve militância e especificidade no seu cumprimento, portanto ser rotulada como tia é assumir uma relação de parentesco, e a partir deste discurso constitui-se a desvalorização, pois ser tia nunca poderia ser uma profissão. O autor não tem a intenção de desvalorizar a tia, mas valorizar a professora, explicitando a importância da formação política do professorado. Aparentemente o termo “tia” carrega uma ideologia de “boas moças”, que não brigam, não resistem, não se rebelam, não fazem greve. Primeira carta: ENSINAR – APRENDER LEITURA DO MUNDO – LEITURA DA PALAVRA. Segunda carta: NÃO DEIXE QUE O MEDO DO DIFÍCIL PARALISE VOCÊ. Terceira carta: “VIM FAZER O CURSO DO MAGISTÉRIO PORQUE NÃO TIVE OUTRA POSSIBILIDADE” Quarta carta: DAS QUALIDADES INDISPENSÁVEIS AO MELHOR DESEMPENHO DE PROFESSORAS E PROFESSORES PROGRESSISTAS = HUMILDADE (CORAGEM, CONFIANÇA E RESPEITO) Quinta carta: PRIMEIRO DIA DE AULA. Sexta carta: DAS RELAÇÕES ENTRE A EDUCADORA E OS EDUCANDOS.= DIÁLOGO, AUTORIDADE, LIBERDADE Sétima carta: DE FALAR AO EDUCANDO A FALAR A ELE E COM ELE; DE OUVIR O EDUCANDO A SER OUVIDO POR ELE. Oitava carta: IDENTIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO. Nona carta: CONTEXTO CONCRETO – CONTEXTO TEÓRICO Décima carta: MAIS UMA VER A QUESTÃO DA DISCIPLINA. Últimas palavras: SABER E CRESCER – TUDO A SER. As últimas palavras intitulada “Saber e crescer – tudo a ver” segundo Freire para saber é preciso crescer, este saber é um processo social e individual ao mesmo tempo. Mas para isso é preciso que o saber de minorias dominantes não proíba o crescer das imensas minorias dominadas. Este livro de Freire leva à reflexão profunda sobre vários temas tais como: analfabetismo, política educacional, estrutura social, papel profissional, condição da criança e do jovem em países pobres. HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos HISTÓRIA DA EJA - MOBRAL - SUPLETIVO - EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS O Brasil que ingressa no século XXI está integrado cultural, tecnológica e economicamente a essas sociedades pós industriais, e comporta dentro de si realidades tão desiguais que fazem com que as possibilidades e os desafios da educação permanente também estejam colocados para extensas parcelas de nossa população. O desafio maior, entretanto, será encontrar os caminhos para fazer convergir as metodologias e práticas da educação continuada em favor da superação de problemas do século XIX, como a universalização da alfabetização. LOPES, Claudivan; PONTUSCHKA, Nídia. Estudo do meio: teoria e prática. Geografia O Estudo do Meio pode ser compreendido como um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para alunos e professores o contato direto com determinada realidade, um meio qualquer, rural ou urbano, que se decida estudar. Esta atividade pedagógica se concretiza pela imersão orientada na complexidade de um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos. Entende se, e este é o objetivo deste trabalho, que a realização dos Estudos do Meio, em todos os níveis de ensino, mas particularmente na educação básica, pode tornar mais significativo o processo ensino-aprendizagem e proporcionar aos seus atores o desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social. Trata-se de verificar a pertinência e a relevância dos diversos conhecimentos selecionados para serem ensinados no currículo escolar e, ao mesmo tempo, lançar-se à possibilidade da produção de novos conhecimentos, a elaboração contínua do currículo escolar. Ancoradas em reflexões teóricas e em experiências recentes, na condição de participantes e na condição de organizadores e coordenadores dessas atividades, tenciona-se contribuir para a melhoria da formação do professor e, mais amplamente, para a melhoria da educação em nosso país no presente momento histórico. ETAPAS NA ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO DO MEIO - O ponto de partida: encontro dos sujeitos sociais; - A opção pelo espaço e tema a serem estudados; - A definição dos objetivos e o planejamento; - Elaboração do caderno de campo O caderno de campo é um instrumento tradicional no trabalho de pesquisa de geógrafos, antropólogos, geólogos, entre outros. Desempenha função didático-pedagógica fundamental em todas as etapas da realização; - A capa ; - O roteiro e o cronograma das atividades a serem desenvolvidas durante a pesquisa de campo ; - Textos e mapas de apoio; - Roteiro das entrevistas; - Espaços para anotação, desenhos e croquis; - O trabalho de campo; - A sistematização dos dados coletados na pesquisa/trabalho de campo; - Avaliação e divulgação dos resultados; MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Diferenciar para incluir ou para excluir? Por uma pedagogia da diferença As escolas das diferenças implicam rigor e qualidade das propostas educacionais. Em uma palavra, elas enfrentam a si mesmas, ao buscarem distinguir o modo como produzem as diferenças nas salas de aula: categorizando os alunos em bons e maus estudantes ou considerando cada aluno como sendo o resultado da multiplicação infinita das manifestações da natureza humana. Tais escolas atendem incondicionalmente a todos os alunos. Por se apoiarem no sentido da diferença entre, nossas políticas públicas de educação confirmam, em muitos momentos, o projeto igualitarista e universalista da modernidade, baseado na identidade idealizada e fixa do “aluno modelo”. Embora já tenhamos avançado muito, desconstruir o sentido da diferença entre em nossos cenários sociais é ainda uma gigantesca tarefa. Contrapondo-se à diferença entre, a inclusão é uma reação aos valores da sociedade dominante e ao pluralismo, entendido como uma aceitação do outro e incorporação da diferença, sem conflito, sem confronto. MORAN, José. Mudando a educação com metodologias ativas O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada vez mais misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos, mas também digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um. Essa mescla, entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir a escola para o mundo e para trazer o mundo para dentro da escola. Uma outra mescla é a de prever processos de comunicação mais planejados, organizados e formais com outros mais abertos, como os que acontecem nas redes sociais, onde há uma linguagem mais familiar, uma espontaneidade maior, uma fluência de imagens, ideias e vídeos constantes. As metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se queremos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias em que os alunos se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos que sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades de mostrar sua iniciativa. Desafios e atividades podem ser dosados, planejados e acompanhados e avaliados com apoio de tecnologias. Os desafios bem planejados contribuem para mobilizar as competências desejadas, intelectuais, emocionais, pessoais e comunicacionais. Exigem pesquisar, avaliar situações, pontosde vista diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta, caminhar do simples para o complexo. Nas etapas de formação, os alunos precisam de acompanhamento de profissionais mais experientes para ajudá-los a tornar conscientes alguns processos, a estabelecer conexões não percebidas, a superar etapas mais rapidamente, a confrontá-los com novas possibilidades. Quanto mais aprendamos próximos da vida, melhor. As metodologias ativas são pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas. É possível manter a “sala de aula” se o projeto educativo é inovador, - currículo, gestão competente, metodologias ativas, ambientes físicos e digitais atraentes - se a escola tem professores muito bem preparados para saber orientar alunos e onde estes se sentem protagonistas de uma aprendizagem rica e estimulante. Sabemos que, no Brasil, temos inúmeras deficiências históricas, estruturais, mas os desafios são muito maiores porque insistimos em atualizar-nos dentro de modelos previsíveis, industriais, em caixinhas. Poderemos ter melhores resultados, sem dúvida, e mesmo assim não estarmos preparados para este mundo que está exigindo pessoas e profissionais capazes de enfrentar escolhas complexas, situações diferentes, capazes de empreender, criar e conviver em cenários em rápida transformação. Na metodologia ativa, o aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. O objetivo desse modelo de ensino é incentivar que a comunidade acadêmica desenvolva a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Indagações sobre o currículo CURRÍCULO - existe distintas concepções, vai depender de como a educação é concebida historicamente. Diferentes fatores sócio-econômicos, políticos e culturais contribuem para que o currículo venha a ser entendido como: - conteúdos a serem ensinados e aprendidos - experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos; - planos pedagógicos elaborados pelos professores, escolas, sistemas educacionais; os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino; - os processos de avaliação que terminaram por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização. Discussões sobre currículos incorporam várias coisas. Então currículo é: experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais e que contribuem para a construção das identidades dos estudantes. Currículo - Conjunto de Práticas em que significados são construídos - propicia a produção, a circulação e o consumo no espaço social e que contribuem para a construção de identidades sociais e culturais. NÓVOA, António. Professores: imagens do futuro presente. O autor analisa os caminhos a serem trilhados pela profissão docente, baseando-se em estudos sobre a aprendizagem docente e seu desenvolvimento profissional. Seu foco é a formação e a capacitação dos professores Preocupação =novas tecnologias = professor O autor situa essa formação em cinco “P”. 1 -PRÁTICA 2- PROFISSÃO 3- PESSOA 4- PARTILHA (COLETIVO) 5- PÚBLICO (ESCOLAS) Concluí-se que o “bom professor” é aquele que possuí uma formação construída dentro da profissão, baseada numa combinação complexa de contributos científicos, pedagógicos e técnicos. Mas que tem como âncora os próprios professores, sobretudo os professores mais experientes e reconhecidos. As propostas dos cinco “P” procuram valorizar o componente da práxis, a cultura profissional, as dimensões pessoais, as lógicas coletivas e a presença pública dos professores PARO, Vitor. Escritos sobre educação. Destina-se a todas as pessoas ligadas ao ensino e ao encaminhamento de soluções para os problemas da educação básica: professores e alunos de graduação e de pós graduação na área da educação e afins, educadores e administradores escolares e todos que atuam no âmbito da concepção e da execução de políticas educacionais. Ele reúne ensaios sobre diferentes questões educacionais: - educação e trabalho; - educação para a democracia; - questões da política; - administração da educação (como as relacionadas aos conselhos de escola, à eleição de diretores, à autonomia escolar e à participação da comunidade na escola); - assuntos polêmicos como os relativos à reprovação escolar. É dedicado especialmente aos professores e demais educadores da escola básica, de cujo esforço e prática cotidiana depende nada menos que a dotação da infância e juventude brasileiras de um mínimo cultural necessário para a constituição de uma sociedade à qual vale a pena pertencer. SASSERON, Lúcia Helena; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica. Investigações em Ensino de Ciências Este trabalho tem o objetivo de investigar a Alfabetização Científica, identificando como este processo pode ser iniciado em sala de aula e quais os elementos que nos fornecem evidências de que ela esteja, de fato, em desenvolvimento. Contudo, o primeiro obstáculo no estudo da Alfabetização Científica está na própria definição do conceito: muito abordado e discutido na literatura sobre Ensino de Ciências, ainda mostra-se amplo e, por vezes, controverso e diversas são as opiniões sobre como defini-lo e caracterizá-lo. O termo “Alfabetização Científica” Ao estudar a literatura estrangeira relacionada à Didática das Ciências, percebemos uma variação no uso do termo que defina o ensino de Ciências preocupado com a formação cidadã dos alunos para ação e atuação em sociedade. Os autores de língua espanhola, por exemplo, costumam utilizar a expressão “Alfabetización Científica” para designar o ensino cujo objetivo seria a promoção de capacidades e competências entre os estudantes capazes de permitir-lhes a participação nos processos de decisões do dia a-dia SILVA, Janssen Felipe; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, Maria Teresa (orgs.). Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003. . Apontam princípios essenciais da prática avaliativa formativa e mediadora. Objetivaram discutirem, dentre outros temas, as concepções que regem o fazer avaliativo nas diferentes áreas do currículo, apontando para a especificidade da avaliação nessas áreas, o desafio da ética na avaliação e pedagogia de projetos versus avaliação. A obra em questão apresenta as inter-relações de vários estudiosos de diferentes áreas do currículo, para responderem as questões que veem sendo feitas por muitos professores, como avaliar na diferentes disciplinas? SILVA, Roberto Rafael Dias da. Currículo, conhecimento e transmissão cultural: contribuições para uma teorização pedagógica contemporânea. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 46, n. 159, p. 158-182, 2016 O artigo examina os estudos contemporâneos sobre a constituição dos currículos escolares, bem como os processos de seleção dos conhecimentos a serem ensinados, buscando ponderar a relevância e a urgência de produzirmos uma reflexão crítica sobre os modos de transmissão cultural mobilizados nas diferentes cenas pedagógicas. Para tanto, inscreve essa problematização no âmbito dos estudos curriculares, indicando as maneiras pelas quais se atribui centralidade ao conceito de conhecimento escolar. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Magda Soares defende que, embora sejam conceitos diferentes, letramento e alfabetização são dois processos que devem ser trabalhados simultaneamente na escola. Letramento aparece sempre ligado à compreensão de leitura e escrita como práticas sociais, que privilegia a visão de língua que usamos a todo instante quando nos comunicamos. Alfabetização está ligada à concepção de escrita como sistema ordenado pelas regras gramaticais, ou mesmo de escrita como código, que é preciso decifrar. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. ProjetoPolítico-Pedagógico e gestão democrática: Novos marcos para a educação de qualidade A compreensão do papel do Projeto Político-Pedagógico (PPP) na escola e do conceito de gestão democrática que baliza seu desempenho tem sido influenciada de forma significativa pelas políticas públicas, tanto nacionais quanto internacionais. O que se espera da escola hoje é uma educação de qualidade, tendo como sustentáculos o PPP e a gestão democrática. Projeto da escola e gestão trazem a articulação e o significado postulados para a construção dos marcos da educação de qualidade. A educação de qualidade é sustentada por dois eixos: o da igualdade e o da inclusão. Princípios O Projeto Político-Pedagógico é o documento norteador da escola. Ele evidencia a organização do trabalho pedagógico e o sentido para o compromisso estabelecido pela comunidade escolar para a organização geral da escola e da sala de aula. É o documento que expressa o compromisso e a responsabilidade da escola e da comunidade escolar com as ações que consideram a formação dos estudantes da escola pública. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tio de sociedade O Projeto Político- Pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e atividades diversas; O Projeto Político- Pedagógico não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas; Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.