Prévia do material em texto
U.3 T.4 BALANÇO SOCIAL O balanço social é uma demonstração que visa divulgar a responsabilidade social das organizações. É um instrumento que vem sendo discutido no mundo e proporciona aos seus usuários informações sobre a gestão social relacionada as politicas internas voltadas aos empregados; a distribuição da riqueza, que é apresentada por meio da demonstração do valor adicionado – DVA; as contribuições a sociedade; e da divulgação da postura das organizações em relação ao meio ambiente. 2 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA O balanço social surgiu com a crescente demanda, por parte da sociedade, de informações a respeito dos impactos que as atividades empresariais exerciam sobre os trabalhadores, a sociedade, a comunidade e o meio ambiente. 3 BALANÇO SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO No mundo a primeira empresa a elaborar um relatório de suas atividades sociais foi a empresa alemã STEAG, porem o primeiro balanço social a ser publicado foi o da empresa Singer na França em 1972. Cinco anos depois desta primeira publicação, o Balanço social passa a ser exigido das empresas, que possuem mais de 750 funcionários através da Lei nº 77.769, de 12 de julho de 1977. Por isso a França tornou-se o primeiro pais do mundo a possuir lei sobre o assunto. A lei nº 141, de 14 de nov./85, aprovou a implantação do balanço social em Portugual, com evidencia a partir de 1986. No Brasil, conforme Trevisan (2002), o primeiro balanço social a ser publicado foi da empresa Nitrofertil, em 1984, na Bahia. Na década de 80, também foi publicado o balanço de Sistema Telebras. De Luca (1998) ressalta que o Brasil a ideia de elaboração do balanço social foi defendida em 1997, pelas deputadas federais, Marta Suplicy, Maria da Conceição Tavares e Sandra Starling, que apresentaram um projeto de Lei, que obrigaria as empresas privadas com mais de 100 funcionários e também as empresas publicas, a publicarem o balanço social, porem o mesmo nem chegou a ser votado. O conselho regional de contabilidade (CFC) aprovou, em 2004, a resolução CFC nº 1.003/04 que trata da NBC T 15 – informações de natureza social e ambiental. Tal norma conceitua e enumera as informações que devem ser divulgadas com relação a responsabilidade social e ambiental das entidades. Tabela 1 - Balanço Social – Panorama Internacional País Balanço Social – enfoque Estados Unidos - Ênfase nas informações sobre a qualidade dos produtos, controle da poluição, contribuição da empresa às obras culturais, transportes coletivos e outros benefícios à coletividade; abordagem de caráter ambiental. Porém, contém pouca informação a seus trabalhadores – valor adicionado. Holanda - Enfoque em informações sobre as condições de trabalho. Suécia - Ênfase nas informações para os empregados. Alemanha - Enfoque nas condições de trabalho e nos aspectos ambientais. Não há legislação específica. Inglaterra - Ênfase no conceito de stakeholders, relatórios abrangentes. França - Enfoque nas informações aos empregados: remuneração, condições de trabalho e formação profissional. Não possui informações de ordem econômica ou de gestão financeira. 4 BALANÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO DA QUALIDADE ÉTICA E TRANSPARENCIA Carvalho (1990, p. 62) apud Tinoco (2008) menciona que o balanço social pode auxiliar para modificar a imagem de uma empresa perante o seu publico, tanto interno quanto externo. Portanto, são informações relevantes e que contribuem para que a sociedade conheça as atitudes da empresa, demonstrando ética e transparência. Uma empresa ética é socialmente responsável deve tratar todos os seus stakeholders de maneira igual e justa. 4.1 USUÁRIOS DO BALANÇO SOCIAL Conforme o IBASE (2011), o balanço social é direcionado aos fornecedores e investidores da organização no sentido de afirmar a sua capacidade de assumir as suas responsabilidades, aos clientes leva em conta a qualidade dos produtos e/ou serviços fornecidos, e também se direciona ao estado, pois contribui na formulação de politicas publicas. Principais usuários do balanço social e as respectivas informações direcionadas a cada um deles, conforme Kroetz (2000). Trabalhadores – Acionistas – Diretores e Administradores – Fornecedores – Clientes – Sociedade – Governo – Concorrentes – Sindicatos. 4.2 ELABORAÇÃO DO BALANÇP SOCIAL Alguns objetivos apresentados por kroetz (2000) para que o balanço social seja elaborado: Demonstrar as contribuições da empresa a qualidade de vida das comunidades, por meio de indicadores econômicos e sociais; Abrange as relações dom os usuários das informações do balanço social, melhorando o grau de confiança da sociedade na entidade; Medir os impactos das informações, perante a comunidade dos negócios, sobre o futuro da entidade, marca e imagem, evidenciando juntamente com as demais demonstrações contábeis, a estratégia de sobrevivência e crescimento da organização; e Servir de instrumento para negociações trabalhistas entre a direção da organização e sindicatos. De acordo com o Kroetz (2000), esses objetivos devem ser facilmente visualizados no balanço social, porem existem alguns limites essenciais na escolha das informações a serem divulgadas. É também importante relembrar que permanece o grande desafio de saber diferenciar as informações relevantes daquelas que não o são. (TINOCO, 2008). 4.3INDICADORES CONSTANTES NO BALANÇO SOCIAL Segundo Tinoco (2008), o balanço social procura utilizar o máximo dos indicadores disponíveis nos diversos departamentos das organizações, e destaca que é possível extrair uma quantidade significativa de indicadores no balanço social. Quanto aos indicadores de caráter econômico, Tinoco (2008) menciona que podem ser: Valor adicionado por trabalhador; Relação entre salários pagos ao trabalhador em relação ao valor adicionado; Relação entre salários e a receita bruta da empresa; Contribuição do valor adicionado da empresa par ao bruto interno bruto; Produtividade social da empresa; carga tributaria da empresa em relação a seu valor adicionado etc. (TINOCO, 2008, p. 41). São indicadores que traduzem a geração e distribuição de riqueza na empresa. Quanto aos indicadores de caráter social, podem ser; Evolução do emprego na empresa; Promoção dos trabalhadores da escala salarial da empresa; Relação entre a remuneração do pessoal em nível de gerencia e os operários ; Participação e evolução do pessoal em nível de gerencia e os operários; Participação e evolução do pessoal por seco e instrução; Classificação do pessoal por faixa etária; Classificação do pessoal por antiguidade na empresa; Nível de absenteísmo; Beneficio sociais concedidos (medico, odontológico, moradia, educação); Politica de higiene e segurança do trabalho; Politica de proteção a meio ambiente etc. (TINOCO, 2008, p.41). Esses indicadores fornecem informações relativas ao corpo funcional em relação aos benefícios concedidos e também a participação da empresa em projetos ambientais. TINOCO (2008), destaca ainda dentro ainda dentro das classificações do pessoal podem ser elaboradas, as seguintes: Volume total de empregados no fim de cada exercício; Pessoas ocupadas, segundo a categoria profissional e sexo; Pessoas ocupadas, segundo sexo e instrução; Pessoas ocupadas, segundo a idade ; Pessoas ocupadas, segundo o tempo de trabalho na empresa; Pessoas ocupadas, segundo o estado civil e raça; Pessoas ocupadas, segundo a nacionalidade; Pessoas ocupadas, por tipo de contrato de trabalho, tempo integral, temporário, parcial, optantes ou não do FGTS; Pessoas ocupadas por estabelecimento e distribuição especial. ( TINOCO, 2008, p.45) Para Costa e Souza (2004), os indicadores mais utilizados, nos últimos anos para elaboração do balanço social, são que são propostas pelo IBASE. Destacam-se: indicadores sociais internos: são os investimentos da empresa na melhoria da qualidade de vida de seus funcionários com alimentação, previdência privada, saúde, educação, cultura, treinamento, creches, participação nos lucros e outros benefícios; indicadores sociais externos:são os investimentos da empresa para a comunidade como habilitação, educação, lazer e cultura, bem como os valores correspondentes aos tributos gerados na esfera federal, estadual e municipal; indicadores ambientais: são os investimentos no monitoramento de qualidade dos resíduos de despoluição e conservação dos recursos ambientais, campanhas ecológicas e de educação sócio ambiental para a sociedade; indicadores do corpo funcional: são informações sobre a quantidade de funcionários efetivos, terceirizados, mulheres, com mais de 45 anos, estagiários, portadores de deficiência ou necessidades especiais e negros que trabalham na empresa; informações relevantes quanto aos exercício da cidadania empresarial: são informações não contidas nos indicadores anteriores como relação entre a maior e menos remuneração, numero de acidentes de trabalho durante o ano, normas de trabalho observadas pela empresa e o valor adicionado. (ETHOS, 2005 apud COSTA, SOUZA, 2004, p. 9). Portanto, o IBASE propõe a elaboração do balanço social a partir desses indicadores, ou seja, são demonstrados os investimentos da empresa para os funcionários, a comunidade, meio ambiente, além de outras informações relevantes. 5 MODELOS DE BALANÇO SOCIAL Para a divulgação do balanço social, os modelos mais conhecidos são o modelo do Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas (IBASE), o modelo do instituto Ethos e existem um modelo internacional que é o Global Reporting Iniciative (GRI). 5.1 MODELO IBASE O modelo apresenta uma planilha que compõe os indicadores quantitativos que destacam os gastos das empresas para investimentos em projetos sociais e ambientais. Também contam os indicadores qualitativos que apresentam as informações mais abrangentes sobre a maneira com a empresa gera as suas ações de responsabilidades social. Quadro 19 – DEMONSTRATIVO DO BALANÇO SOCIAL MODELO IBASE base de calculo - receita liquida - resultado operacional - folha de pagamento bruta Dados apresentados em valores monetários, relativos aos ano em questão e ao ano anterior. Indicadores sociais internos Valores monetários, comparados individualmente com a folha de pagamento bruta e com a receita liquida. As informações são relativas a dois anos. Indicadores sociais externos Valores monetários, comparados individualmente com a receita operacional e com a receita liquida. As informações são relativas a dois anos. Indicadores ambientais Valores monetários, comparados individualmente com a receita operacional e com a receita liquida as informações são relativas a dois anos. Indicadores do corpo funcional Dados numerários relativos a dois anos. Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial. Composto por opções de múltipla escolha, também relativo a dois anos. Outras informações Espaço destinado para avaliação qualitativa. 5.2 MODELO DO INSTITUTO ETHOS O instituto Ethos (2011) apresenta um guia para elaboração do balanço social e relatórios de sustentabilidade, com o objetivo de indicar os principais elementos na elaboração do balanço social, além de apresentar diretrizes gerais quem podem auxiliar as empresas a organizar e a comunicar as informações relacionadas aos desafios da estratégia socioambiental, assim como a questão ética das operações. O guia está divido em quatro partes, conforme instituto Ethos (2001): Apresentação – consta a mensagem do presidente, o perfil do empreendimento e o setor da economia. Empresa – apresenta-se a missão, visão, princípios e valores da empresa e a governança corporativa. Atividade empresarial – contem um dialogo com as partes interessadas e a governança corporativa. Anexos – apresenta-se o balanço. Cabe ressaltar que não é um modelo fixo, mas um guia de alaboração. Existe ainda um modelo internacional, que é o Global Reporting Iniciative (GRI, iniciative global para apresentação de relatório), que foi lançado em 1997 pela CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies). Conforme o instituto Ethos (2011): A global Reporting Iniciative (GRI) é uma organização não governamental internacional, com sede em Amsterdã, na Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo. Desde seu inicio, em 1997, a GRI tem focado suas atividades no desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os aspectos relacionados a sustentabilidade econômico, social e ambiental das organizações. (INSTITUTI ETHOS, 2011, p. 1) Para alcançar esse objetivo, o GRI criou diretrizes para elaboração do relatório de sustentabilidade. As orientações também devem seguir os principios da GRI. Estes principios são: Materialidade, diz respeito a relevância das informações para se tornar um indicador que reflita os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos da organização. Inclusão dos stakeholders consiste na identificação de seus stakeholders, explicando no relatório as medis que foram tomadas em respostas a seus interesses. Contexto sustentabilidade em que o relatório deverá apresentar o desempenho da organização em um contexto mais amplo, envolvendo a sustentabilidade. Abrangência deve apresentar indicadores relevantes, refletindo os impactos econômicos, ambientais e sociais, possibilitando que os stakeholders verifiquem o desempenho da organização.