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Desenvolvimento dos olhos e das estruturas relacionadas Os olhos são derivados de quatro fontes: •Da neuroectoderme do encéfalo •Da ectoderme superficial da cabeça •Da mesoderme entre a neuroectorme e ectorme superficial da cabeça •Das células da crista neural do prosencéfalo e mesencéfalo O desenvolvimento inicial do olho resulta de uma de sinais indutivos no início da quarta semana, quando as fendas ópticas (sulcos) surgem nas pregas neurais encefálicas Conforme as pregas neurais se fusionam, os sulcos ópticos invaginam para formar divertículos ocos – as vesículas ópticas – que se projetam da parede do prosencéfalo para o interior do mesênquima adjacente A formação das vesículas ópticas é induzida pelo mesênquima adjacente para o encéfalo em desenvolvimento. À medida que as vesículas ópticas crescem, suas conexões com o prosencéfalo se estreitam para formar os pedículos ópticos Um sinal indutivo passa das vesículas ópticas e estimula a ectoderme superficial a se espessar e formar os placoides dos cristalinos, os primórdios dos cristalinos Os placoides dos cristalinos invaginam e penetram profundamente na ectoderme superficial, formando as fossetas dos cristalinos As bordas das fossetas se aproximam e se fusionam para formar as vesículas do cristalino esféricas, que logo perdem suas conexões com a ectoderme superficial. À medida que as vesículas dos cristalinos se desenvolvem, as vesículas ópticas invaginam-se para formar os cálices ópticos de parede dupla, com os cristalinos sendo englobados pela borda dos cálices ópticos As vesículas dos cristalinos penetraram nas cavidades dos cálices ópticos Sulcos lineares – fissuras retinianas (fissuras ópticas) – se desenvolvem na superfície ventral dos cálices ópticos e ao longo dos pedículos ópticos As fissuras retinianas contêm o mesênquima vascular a partir do qual os vasos sanguíneos hialóideos se desenvolvem. A artéria hialóidea, ramo da artéria oftálmica, irriga a camada interna do cálice óptico, a vesícula do cristalino e o mesênquima do cálice óptico. Conforme as bordas da fissura retiniana se fusionam, os vasos hialóideos são inseridos no nervo óptico primitivo As partes distais dos vasos hialóideos eventualmente se degeneram, porém as partes proximais persistem, como a artéria central e a veia da retina Desenvolvimento da retina A retina se desenvolve a partir das paredes dos cálices ópticos, uma evaginação do prosencéfalo As paredes do cálice se desenvolvem em duas camadas da retina: a camada delgada externa, que se transforma na camada pigmentada da retina, e a camada espessa, que se diferencia em retina neural. As duas camadas da retina estão separadas por um espaço intrarretiniano, derivado da cavidade do cálice óptico. Esse espaço desaparece gradualmente à medida que as duas camadas da retina se fusionam. Como o cálice óptico é uma evaginação do prosencéfalo, suas camadas são contínuas com a parede do encéfalo Sob a influência do cristalino em desenvolvimento, a camada interna do cálice óptico prolifera e forma um neuroepitélio espesso. As células dessa camada se diferenciam em retina neural, a região sensível à luz da retina Essa região contém fotorreceptores (bastonetes e cones) e corpos celulares de neurônios (células bipolares e ganglionares). Como a vesícula óptica invagina à medida que se forma o cálice óptico, a retina neural fica “invertida”, as partes sensíveis à luz das células fotorreceptoras ficam adjacentes ao epitélio pigmentado da retina. A luz deve atravessar a parte mais espessa da retina antes de alcançar os fotorreceptores, como a retina, em geral, é fina e transparente, não forma uma barreira à luz. Os axônios das células ganglionares da camada superficial da retina neural crescem na região proximal à parede do pedículo óptico do encéfalo A cavidade do pedículo é gradualmente obliterada à medida que os axônios das células ganglionares formam o nervo óptico A mielinização das fibras do nervo óptico começa no final do período fetal e é concluída na 10ª semana após o nascimento. Desenvolvimento da coroide e da esclera O mesênquima que reveste o cálice óptico se diferencia em uma camada vascular interna – a coroide – e em uma camada fibrosa externa – a esclera. Na borda do cálice óptico, a coroide forma os núcleos dos processos ciliares, constituídos principalmente de capilares sustentados por um tecido conjuntivo delicado. Desenvolvimento do corpo ciliar O corpo ciliar é uma extensão cuneiforme da coroide. Sua superfície medial se projeta em direção ao cristalino, formando os processos ciliares. A porção pigmentada do epitélio ciliar é derivada da camada externa do cálice óptico, que está contínua com o epitélio pigmentado da retina. A retina não visual é o epitélio ciliar não pigmentado, que representa um prolongamento anterior da retina neural, no qual nenhum elemento neural se desenvolve. O músculo ciliar liso é responsável pelo foco do cristalino e pelo tecido conjuntivo no corpo ciliar. Desenvolve-se a partir do mesênquima da borda do cálice óptico, entre a condensação escleral anterior e o epitélio pigmentado ciliar. Desenvolvimento da íris A íris se desenvolve a partir da borda do cálice óptico, que cresce para dentro e cobre parcialmente o cristalino. O epitélio da íris representa ambas as camadas do cálice óptico; está contínuo com o epitélio de camada dupla do corpo ciliar, com o epitélio pigmentado retiniano e com a retina neural. O arcabouço (estroma) do tecido conjuntivo da íris é derivado das células da crista neural que migram para a íris. Os músculos dilatador da pupila e esfíncter da pupila da íris são derivados da neuroectoderme do cálice óptico. Esses músculos lisos resultam da transformação das células epiteliais em células musculares lisas. Desenvolvimento do cristalino O cristalino desenvolve-se a partir da vesícula do cristalino, um derivado da ectoderme superficial. A parede anterior da vesícula do cristalino se torna o epitélio subcapsular do cristalino. Os núcleos das células colunares altas que formam a parede posterior da vesícula do cristalino sofrem dissolução. Essas células se alongam consideravelmente para formar células epiteliais altamente transparentes, as fibras primárias do cristalino. À medida que essas fibras crescem, obliteram gradualmente a cavidade da vesícula do cristalino A borda do cristalino – zona equatorial – está localizada a meio caminho entre os polos anterior e posterior do cristalino. As células da zona equatorial são cuboides; conforme se alongam, perdem os núcleos e tornam-se as fibras secundárias do cristalino. Essas fibras são acrescentadas do lado externo das fibras primárias do cristalino. Embora as fibras secundárias continuem a se formar durante a vida adulta e o cristalino aumente em diâmetro, as fibras primárias precisam durar a vida toda. O cristalino em desenvolvimento é irrigado pela parte distal da artéria hialóidea; entretanto, torna-se avascular no período fetal, quando essa parte da artéria hialóidea se degenera. O cristalino passa a depender da difusão do humor aquoso na câmara anterior do olho, que banha sua superfície anterior, e do humor vítreo nas outras partes. A cápsula do cristalino é produzida por seu epitélio anterior e representa uma membrana basal bastante espessa de estrutura lamelar. O local original da artéria hialóidea é indicado pelo canal hialóideo no corpo vítreo; esse canal é geralmente imperceptível no olho vivo. O corpo vítreo se forma dentro da cavidade do cálice óptico e é constituído pelo humor vítreo, uma massa avascular de substância intercelular e transparente, semelhante a um gel. Desenvolvimento das câmaras aquosas A câmara anterior do olhose desenvolve a partir de um espaço semelhante a uma fenda que se forma no mesênquima localizado entre o cristalino em desenvolvimento e a córnea A câmara posterior do olho se desenvolve a partir de um espaço que se forma no mesênquima posterior à íris em desenvolvimento e anterior ao cristalino em desenvolvimento Depois que o cristalino é estabelecido, ele induz a ectoderme superficial a se desenvolver no epitélio da córnea e conjuntiva. Quando a membrana pupilar desaparece e a pupila se forma, as câmaras anterior e posterior do olho se comunicam uma com a outra por meio do seio venoso da esclera. Essa estrutura vascular circunda a câmara anterior e permite que o humor aquoso flua da câmara anterior para o sistema venoso. Desenvolvimento da córnea A córnea, induzida pela vesícula do cristalino, é formada a partir de três fontes: O epitélio externo da córnea, derivado da ectoderme superficial O mesênquima, derivado da mesoderme, que é contínuo com a esclera em desenvolvimento As células da crista neural que migram da borda do cálice óptico e formam o epitélio da córnea, além da camada média do estroma de matriz extracelular rica em colágeno. Desenvolvimento das pálpebras As pálpebras se desenvolvem durante a sexta semana a partir do mesênquima derivado das células da crista neural e de duas pregas cutâneas que crescem sobre a córnea. As pálpebras aderem uma à outra durante a oitava semana e permanecem aderidas até a 26ª ou 28ª semana. A conjuntiva palpebral reveste a superfície interna das pálpebras. Os cílios e as glândulas nas pálpebras são derivados da ectoderme superficial. O tecido conjuntivo e as placas tarsais (placas fibrosas) se desenvolvem a partir do mesênquima nas pálpebras em desenvolvimento. O músculo orbicular dos olhos é derivado do mesênquima do segundo arco faríngeo e é inervado pelo nervo facial (VII). Desenvolvimento das glândulas lacrimais As glândulas lacrimais são derivadas de vários brotos sólidos que se formam a partir da ectoderme superficial. Os brotos se ramificam e canalizam para formar os ductos excretores lacrimais e os alvéolos das glândulas. As glândulas lacrimais são pequenas ao nascimento e não funcionam completamente até aproximadamente 6 semanas; portanto, os recém-nascidos não produzem lágrimas quando choram até o período de 1 a 3 meses. O olho e a visão O olho é um órgão sensorial que funciona como uma câmera. Ele foca a luz sobre uma superfície sensível à luz (retina) utilizando uma lente e uma abertura (pupila), cujo tamanho pode ser ajustado para modificar a quantidade de luz que entra. A visão é o processo pelo qual a luz refletida pelos objetos em nosso meio externo é traduzida em uma imagem mental. Esse processo pode ser dividido em três etapas: 1. A luz entra no olho e a lente (cristalino) a focaliza na retina. 2. Os fotorreceptores da retina transduzem a energia luminosa em um sinal elétrico. 3. As vias neurais da retina para o cérebro processam os sinais elétricos em imagens visuais. Pálpebras As pálpebras superiores e inferiores cobrem os olhos durante o sono, protegem os olhos da luz excessiva e de objetos estranhos e espalham as secreções lubrificantes pelos bulbos dos olhos A pálpebra superior é mais móvel do que a inferior e contém em sua região superior o músculo levantador da pálpebra superior. O espaço entre as pálpebras superior e inferior e que expõe o bulbo do olho é a fissura palpebral. Seus ângulos são a comissura lateral, que é mais estreita e próxima ao temporal, e comissura medial, que é mais larga e mais próxima ao osso nasal. Na comissura medial encontra-se uma elevação pequena e avermelhada, a carúncula lacrimal, que contém glândulas sebáceas e sudoríferas. Desde sua parte mais superficial até a mais profunda, cada pálpebra consiste em epiderme, derme, tela subcutânea, fibras do músculo orbicular do olho, tarso, glândulas tarsais e túnica conjuntiva. O tarso é uma prega espessa de tecido conjuntivo que dá forma e sustentação às pálpebras. Em cada tarso encontra-se uma fileira de glândulas sebáceas alongadas modificadas, conhecidas como glândulas tarsais ou glândulas de Meibomio, que secretam um líquido que ajuda a manter as pálpebras aderidas uma à outra. A túnica conjuntiva é uma túnica mucosa protetora fina composta por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado sustentada por tecido conjuntivo areolar e com numerosas células caliciformes. A túnica conjuntiva da pálpebra reveste a face interna das pálpebras e a túnica conjuntiva do bulbo passa das pálpebras para a superfície do bulbo do olho, onde ela cobre a esclera (a “parte branca”), mas não a córnea, que é uma região transparente que forma a face anterior externa do bulbo do olho. Acima da esclera, a túnica conjuntiva é vascularizada. Cílios e sobrancelhas Os cílios, que se projetam a partir da margem de cada pálpebra, e as sobrancelhas, que atravessam transversamente e em formato de arco a parte superior das pálpebras, ajudam a proteger o bulbo do olho de objetos estranhos, da transpiração e da incidência direta dos raios solares. Glândulas sebáceas na base dos folículos pilosos dos cílios, chamadas de glândulas ciliares sebáceas, liberam um líquido lubrificante para os folículos. Aparelho lacrimal O aparelho lacrimal é um grupo de estruturas que produzem e drenam o líquido lacrimal ou as lágrimas em um processo chamado de lacrimação. As glândulas lacrimais, secretam o líquido lacrimal, que é drenado em 6 a 12 dúctulos excretores, que removem as lágrimas para a superfície da conjuntiva da pálpebra superior A partir dali, as lágrimas passam medialmente sobre a face anterior do bulbo do olho e entram em duas aberturas pequenas chamadas de pontos lacrimais. As lágrimas passam então em dois ductos, os canalículos lacrimais superior e inferior, que levam para o saco lacrimal (dentro da fossa lacrimal) e, então, para o ducto lacrimonasal. Esse ducto conduz o líquido lacrimal para a cavidade nasal inferiormente à concha nasal inferior, onde ele se mistura com o muco. As glândulas lacrimais são inervadas por fibras parassimpáticas dos nervos faciais (VII). O líquido lacrimal produzido por essas glândulas é uma solução aquosa contendo sais, um pouco de muco e a lisozima, uma enzima bactericida protetora. O líquido protege, limpa, lubrifica e umedece o bulbo do olho. Após ser secretado pela glândula lacrimal, o líquido lacrimal é espalhado medialmente pela superfície do bulbo do olho pelo piscamento das pálpebras Em resposta a um estímulo parassimpático, as glândulas lacrimais produzem líquido lacrimal excessivo que pode transbordar pelos limites das pálpebras e, até mesmo, preencher a cavidade nasal com líquido. É assim que o choro produz a coriza. Músculos extrínsecos do bulbo do olho Os olhos se encontram em depressões ósseas do crânio chamadas de órbitas. As órbitas ajudam a proteger os olhos, estabilizam-nos no espaço tridimensional, ancorando-os aos músculos que produzem seus movimentos essenciais. Os músculos extrínsecos do bulbo do olho se estendem das paredes da órbita até a esclera ocular e são circundados na órbita por volume significativo de gordura do corpo adiposo da órbita. Esses músculos são capazes de mover os olhos em quase todas as direções. Seis músculos extrínsecos do bulbo do olho movem cada olho: o reto superior, o reto inferior, o reto lateral, o reto medial, o oblíquo superior e o oblíquo inferior Eles são inervados pelos nervos oculomotor (NC III), troclear (NC IV) ou abducente (NC VI). Em geral, as unidades motoras desses músculos são pequenas. Alguns neurônios motores inervam apenas duas ou três fibras musculares – menos do que em qualquer outra parte do corpo, exceto a laringe. Essas unidades motoras tão pequenaspermitem o movimento suave, preciso e rápido dos olhos. Os músculos extrínsecos do bulbo do olho movem o bulbo do olho lateralmente, medialmente, superiormente e inferiormente. Olhar para a direita requer a contração simultânea do músculo reto lateral direito e do músculo reto medial esquerdo do bulbo do olho e o relaxamento dos músculos reto lateral esquerdo e reto medial direito. Os músculos oblíquos preservam a estabilidade rotacional do bulbo do olho. Circuitos neurais no tronco encefálico e no cerebelo coordenam e sincronizam os movimentos dos olhos. Anatomia do bulbo do olho O bulbo do olho adulto mede cerca de 2,5 cm de diâmetro. De sua área superficial total, apenas o sexto anterior encontra-se exposto; o restante está coberto e protegido pela órbita, onde ele se encaixa. Anatomicamente, a parede do bulbo do olho consiste em três camadas: (1) túnica fibrosa, (2) túnica vascular e (3) retina (túnica interna) Túnica fibrosa Camada superficial do bulbo do olho e consiste na córnea anterior e na esclera posterior A córnea é um revestimento transparente que cobre a íris colorida. Como ela é curva, ajuda a focar a luz na retina. Sua face externa é formada por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. O revestimento médio da córnea é formado por fibras colágenas e fibroblastos e sua face interna é um epitélio pavimentoso simples. A esclera é uma camada de tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas e fibroblastos. A esclera cobre todo o bulbo do olho, exceto a córnea; ela dá formato ao bulbo do olho, torna- o mais rígido, protege suas partes internas e age como um local de fixação para os músculos extrínsecos do bulbo do olho. Na junção entre a esclera e a córnea encontra-se uma abertura conhecida como seio venoso da esclera (ou canal de Schlemm). Um líquido humor aquoso é drenado para este seio Túnica vascular A túnica vascular ou úvea é a camada média do bulbo do olho. Ela é composta por três partes: a corioide, o corpo ciliar e a íris. A corioide altamente vascularizada, parte posterior da túnica vascular, reveste a maior parte da face interna da esclera. Seus vasos sanguíneos numerosos fornecem nutrientes para a face posterior da retina. Contém melanócitos que produzem o pigmento melanina. Isso faz com que essa camada tenha uma cor marrom-escura. A melanina absorve os raios solares dispersos, evitando a reflexão e a dispersão de luz dentro do bulbo do olho. Como resultado, a imagem que chega à retina pela córnea e pela lente permanece nítida e clara. Na parte anterior da túnica vascular, a corioide se torna o corpo ciliar. Ele se estende desde a ora serrata, a margem anterior denteada da retina, até um ponto imediatamente posterior à junção da esclera com a córnea. O corpo ciliar tem aparência marrom-escura por conter melanócitos que produzem melanina. É formado pelos processos ciliares e pelos músculos ciliares. Os processos ciliares são protrusões ou pregas na face interna do corpo ciliar. Eles contêm capilares sanguíneos que secretam o humor aquoso. Estendendo-se a partir dos processos ciliares encontram-se as fibras zonulares, ou ligamentos suspensores, que se ligam à lente. As fibras consistem em fibrilas finas e ocas que lembram fibras do tecido conjuntivo elástico. O músculo ciliar é uma banda circular de músculo liso. A contração ou o relaxamento do músculo ciliar modifica a tensão das fibras zonulares, alterando o formato da lente e adaptando-a para a visão de perto ou de longe. A íris, a parte colorida do bulbo do olho, está suspensa entre a córnea e a lente e se liga em sua margem externa aos processos ciliares. Ela é formada por melanócitos e por fibras musculares lisas circulares e radiais. A quantidade de melanina na íris determina a cor do olho. Os olhos são entre marrom e preto quando a íris contém grandes quantidades de melanina, azuis quando sua concentração de melanina é muito baixa e verdes quando a concentração de melanina é moderada. Uma função principal da íris é a regulação da quantidade de luz que entra no bulbo do olho através da pupila, a abertura no centro da íris. A pupila parece preta porque, quando através da lente, vemos o fundo do olho altamente pigmentado (corioide e retina). Entretanto, se uma luz brilhante for direcionada para a pupila, a luz refletida é vermelha por causa dos vasos sanguíneos existentes na superfície da retina. É por esse motivo que os olhos podem parecer vermelhos em uma fotografia, quando o flash está direcionado para a pupila. Reflexos autônomos regulam o diâmetro da pupila em resposta aos níveis de luminosidade. Quando uma luz brilhante estimula os olhos, as fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (NC III) estimulam a contração das fibras circulares do músculo esfíncter da pupila da íris, promovendo diminuição no tamanho da pupila (constrição). Na luz fraca, neurônios simpáticos estimulam as fibras radiais do músculo dilatador da pupila da íris a se contraírem, promovendo um aumento no tamanho da pupila (dilatação). Retina A camada mais interna, a retina, reveste os três quartos posteriores do bulbo do olho e é o início da via visual Vários pontos de referência são visíveis através de um oftalmoscópio. O disco óptico é o local em que o nervo óptico (II) deixa o bulbo do olho. Acompanhando o nervo óptico encontram-se a artéria central da retina, um ramo da artéria oftálmica, e a veia central da retina. Ramos da artéria central da retina se espalham para nutrir a face anterior da retina; a veia central da retina drena o sangue da retina através do disco do nervo óptico. Também são visíveis a mácula lútea e a fóvea central A retina é formada por um estrato pigmentoso e por um estrato nervoso. O estrato pigmentoso é uma lâmina de células epiteliais contendo melanina localizadas entre a corioide e a parte neural da retina. A melanina no estrato pigmentoso da retina, assim como na corioide, também absorve os raios de luz dispersos. O estrato nervoso (sensorial) da retina é uma parte do encéfalo com múltiplas camadas que processa substancialmente os dados visuais antes de enviar impulsos nervosos para os axônios que formam o nervo óptico. Três camadas distintas de neurônios retinais – a camada fotorreceptora, a camada celular bipolar e a camada celular ganglionar – são separadas por duas zonas, as camadas sinápticas interna e externa, onde os contatos sinápticos são realizados. A luz passa através das camadas ganglionar e celular bipolar e ambas as camadas sinápticas antes de chegar à camada fotorreceptora. Dois outros tipos celulares presentes na camada celular bipolar da retina são as células horizontais e as células amácrinas. Essas células formam circuitos neurais direcionados lateralmente que modificam os sinais transmitidos ao longo da via a partir dos fotorreceptores até as células bipolares e as células ganglionares. Os fotorreceptores são células especializadas na camada fotorreceptora que começam o processo pelo qual os raios de luz são convertidos em impulsos nervosos. Existem dois tipos de fotorreceptores: os bastonetes e os cones. Cada retina possui cerca de 6 milhões de cones e de 120 milhões de bastonetes. Os bastonetes nos permitem enxergar em ambientes de pouca luz, não fornecem visão colorida, em ambientes com pouca luz nós podemos enxergar apenas preto, branco e todos os tons de cinza intermediários. A luz mais forte estimula os cones, que produzem a visão colorida. Três tipos de cones estão presentes na retina: (1) cones azuis (2) cones verdes e (3) cones vermelhos. A visão colorida é resultado do estímulo de várias combinações desses três tipos de cones A partir dos fotorreceptores, a informação flui através da camada sináptica externa até as célulasbipolares e dali para a camada sináptica interna e para as células ganglionares. Os axônios das células ganglionares se estendem posteriormente ao disco do nervo óptico e deixam o bulbo do olho como nervo óptico (II). O disco do nervo óptico também é chamado de ponto cego. Como ele não contém cones ou bastonetes, não é possível ver imagens que alcancem o ponto cego. A mácula lútea é o centro exato da parte posterior da retina, no eixo visual do olho. A fóvea central, uma pequena depressão no centro da mácula lútea, contém apenas cones. Além disso, as camadas de células bipolares e ganglionares, que espalham uma certa quantidade de luz, não recobrem os cones ali; essas camadas são deslocadas para a periferia da fóvea central. A fóvea central é a área de maior acuidade visual ou resolução. O principal motivo pelo qual move a cabeça e solhos enquanto vê algo é para colocar as imagens de interesse na fóvea central Os bastonetes estão ausentes da fóvea central e são mais abundantes na periferia da retina. Como a visão dos bastonetes é mais sensível do que a visão dos cones, é possível observar um objeto com pouca luminosidade melhor se você virar levemente para um lado do que olhando diretamente para ele. Lente (cristalino) Atrás da pupila e da íris, dentro da cavidade do bulbo do olho, encontra-se a lente. Nas células da lente, proteínas chamadas de cristalinas, organizadas em camadas compõem o meio refrativo da lente, que normalmente é transparente e não possui vasos sanguíneos. Ele é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo e mantido em posição pelas fibras zonulares que o cercam, que se ligam aos processos ciliares. A lente ajuda a focar imagens na retina para facilitar a formação de uma visão nítida. Interior do bulbo do olho A lente divide o bulbo do olho em duas cavidades: a cavidade do segmento anterior e a câmara vítrea. A cavidade do segmento anterior – o espaço anterior a lente – é formada por duas câmaras. A câmara anterior se encontra entre a córnea e à íris. A câmara posterior se encontra posteriormente à íris e anteriormente às fibras zonulares e a lente. Ambas as câmaras da cavidade do segmento anterior são preenchidas por humor aquoso, um líquido aquoso transparente que nutre a lente e a córnea. O humor aquoso é filtrado continuamente para fora dos capilares sanguíneos nos processos ciliares do corpo ciliar e entra na câmara posterior. Então, ele flui para frente entre a íris e a lente, através da pupila e para a câmara anterior. A partir da câmara anterior, o humor aquoso é drenado para o seio venoso da esclera (canal de Schlemm) e, então, para o sangue. A cavidade posterior do bulbo do olho é a câmara postrema, que é maior e se encontra entre a lente e a retina. Dentro da câmara vítrea, encontra-se o humor vítreo, uma substância transparente semelhante a uma geleia que mantém a retina pressionada contra a corioide, dando à retina uma superfície nivelada para a recepção de imagens claras. Ela ocupa cerca de quatro quintos do bulbo do olho. Ao contrário do humor aquoso, o humor vítreo não é constantemente reposto. Ele é formado durante a vida embrionária e consiste principalmente em água, além de fibras colágenas e ácido hialurônico. O humor vítreo também contém células fagocíticas que removem fragmentos, mantendo essa parte do olho límpida para uma visão sem obstruções. O canal hialóideo é um canal estreito, imperceptível em adultos, que passa através do corpo vítreo desde o disco óptico até a face posterior da lente. Nos fetos, ele é ocupado pela artéria hialóidea A pressão no olho, chamada de pressão intraocular, é produzida principalmente pelo humor aquoso e parcialmente pelo humor vítreo; A pressão intraocular mantém o formato do bulbo do olho e evita que ele colapse. Formação de imagens O olho é como uma câmera: seus elementos ópticos focam uma imagem de algum objeto em um “filme” sensível à luz – a retina – enquanto garante que a quantidade correta de luz faça a “exposição” adequada. três processos: (1) a refração ou desvio de luz pela lente e pela córnea; (2) a acomodação, a mudança no formato da lente; e (3) a constrição ou estreitamento da pupila. Refração dos raios de luz Quando os raios de luz passando através de uma substância transparente (como o ar) passam para uma segunda substância transparente com uma densidade diferente (como a água), sofrem um desvio na junção entre as duas substâncias. Esse desvio é chamado de refração. Conforme os raios de luz entram no olho, eles são refratados nas faces anterior e posterior da córnea. Ambas as faces da lente refratam ainda mais os raios de luz de modo que eles cheguem com o foco exato na retina. As imagens focadas na retina são invertidas. Elas também sofrem uma inversão da direita para a esquerda; a luz proveniente do lado direito de um objeto alcança o lado esquerdo da retina e vice-versa. O encéfalo “aprendeu” no início da vida a coordenar as imagens visuais com as orientações dos objetos. O encéfalo armazena as imagens invertidas e revertidas que são adquiridas quando, pela primeira vez, tocamos e alcançamos os objetos, e interpreta essas imagens visuais corrigidas pela sua orientação espacial. Cerca de 75% da refração total da luz ocorre na córnea. A lente fornece os 25% restantes de capacidade de foco e também modula o foco para a observação de objetos próximos ou distantes. Quando um objeto está a 6 metros ou mais do observador, os raios de luz refletidos pelo objeto são praticamente paralelos uns aos outros. A lente deve curvar esses raios paralelos apenas o bastante para que eles sejam focados exatamente sobre a fóvea central, onde a visão é mais nítida. Como os raios de luz que são refletidos a partir de distâncias menores do que 6 metros são divergentes, os raios devem ser refratados para que sejam focados na retina. Essa refração adicional é realizada através de um processo chamado de acomodação. Acomodação e o ponto próximo de visão Uma superfície que forma uma curva para fora, é chamada de convexa. Quando a superfície de uma lente é convexa, aquela lente refratará os raios de luz que chegam um em direção ao outro, de modo que, eventualmente, eles sofram uma interseção. Se a superfície de uma lente forma uma curva para dentro, a lente é chamada de côncava e faz com que os raios de luz sejam refratados um para longe do outro. A lente é convexa em ambas as suas faces, a anterior e a posterior, e a sua capacidade de foco aumenta conforme sua curvatura aumenta. Quando o olho está focando um objeto próximo, a lente fica mais curva, causando uma refração maior dos raios de luz. Esse aumento na curvatura da lente para a visão próxima é chamado de acomodação. O ponto próximo de visão é a distância mínima do olho a partir da qual um objeto pode ser focalizado, com nitidez, com acomodação máxima. Essa distância é de cerca de 10 cm em um adulto jovem. Quando observa objetos distantes, o músculo ciliar do corpo ciliar está relaxado e a lente se encontra mais achatada porque ela é alongada em todas as direções pelas fibras zonulares. Quando observa um objeto próximo, o músculo ciliar se contrai, o que puxa o processo ciliar e a corioide na direção da lente. Essa ação libera a tensão sobre a lente e as fibras zonulares. Como é elástica, a lente fica mais esférica (mais convexa), aumentando sua capacidade de foco e causando maior convergência dos raios de luz. As fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III) inervam o músculo ciliar do corpo ciliar e, portanto, controlam o processo de acomodação. Anomalias da refração O olho normal, conhecido como olho emétrope, pode refratar suficientemente raios de luz provenientes de um objeto a 6 m de distância de modo que uma imagemclara seja focada na retina. Miopia, ocorre quando o bulbo do olho é muito longo em relação à capacidade de foco da córnea e da lente ou quando a lente é mais espessa do que o normal, de modo que a imagem converge na frente da retina. Indivíduos míopes podem enxergar objetos próximos adequadamente, mas não os objetos distantes. Na hipermetropia, também conhecida como hiperopia, o comprimento do bulbo do olho é curto em relação à capacidade de foco da córnea e da lente ou a lente é mais fina do que o normal, de modo que a imagem converge atrás da retina. Indivíduos hipermetropes podem observar objetos distantes com clareza, mas não os objetos próximos. No astigmatismo a córnea ou a lente possuem uma curvatura irregular. Como resultado, partes da imagem ficam fora de foco e a visão se apresenta distorcida ou “borrada”. Constrição da pupila As fibras musculares circulares da íris também desempenham um papel na formação de imagens claras na retina. A constrição da pupila é uma diminuição no diâmetro da circunferência através da qual a luz entra no olho e que é causada pela contração dos músculos circulares da íris. Esse reflexo autônomo ocorre simultaneamente com a acomodação e evita que os raios de luz entrem no olho através da periferia da lente. Os raios de luz que entrariam pela periferia não seriam focados na retina, o que poderia resultar em uma visão borrada. A pupila também sofre constrição em uma luz forte Convergência Por causa da posição dos olhos na cabeça, muitos animais, como cavalos e cabras, enxergam um conjunto de objetos à esquerda de um olho e um conjunto completamente diferente de objetos à direita do outro olho. Nos seres humanos, ambos os olhos focam em apenas um conjunto de objetos –visão binocular que permite a percepção de profundidade e tridimensional dos objetos. A visão binocular ocorre quando os raios de luz provenientes de um objeto alcançam pontos correspondentes em ambas as retinas. Os raios de luz que chegam são direcionados diretamente em ambas as pupilas e são refratados para pontos comparáveis nas retinas de ambos os olhos. Entretanto, conforme nos aproximamos de um objeto, os olhos devem girar medialmente para que os raios de luz do objeto alcancem os mesmos pontos em ambas as retinas. A convergência se refere a esse movimento medial de ambos os bulbos dos olhos de modo que eles sejam direcionados para o objeto que está sendo observado. As ações coordenadas dos músculos extrínsecos do bulbo do olho permitem a convergência. Fisiologia da visão A fototransdução ocorre na retina Os fotorreceptores da retina convertem a energia luminosa em sinais elétricos. A energia luminosa é parte do espectro eletromagnético. A energia eletromagnética é mensurada em unidades chamadas de fótons. Nossos olhos podem ver a luz visível sem ajuda, mas não respondem à luz ultravioleta e à infravermelha, cujos comprimentos de onda delimitam as extremidades do nosso espectro de luz visível. A fototransdução ocorre quando a luz incide na retina Há cinco tipos de neurônios nas camadas da retina: fotorreceptores, células bipolares, células ganglionares, células amácrinas e células horizontais Atrás da porção fotossensível da retina humana há uma camada escura de epitélio pigmentado (estrato pigmentoso). Sua função é absorver qualquer raio de luz que não chegue aos fotorreceptores, evitando que essa luz seja refletida no interior do olho e provoque distorção na imagem. A cor escura das células epiteliais é devida aos grânulos do pigmento melanina. Os fotorreceptores são os neurônios que convertem a energia luminosa em sinais elétricos. Há dois tipos principais de fotorreceptores, cones e bastonetes, bem como um fotorreceptor descoberto recentemente, que é uma célula ganglionar modificada. As camadas da retina estão em ordem inversa. Os fotorreceptores estão na última camada, com suas extremidades fotossensíveis em contato com o epitélio pigmentado. A maior parte da luz que entra no olho deve passar através das várias camadas relativamente transparentes de neurônios antes de chegarem aos fotorreceptores. Uma exceção a esse padrão ocorre na fóvea. Essa área é livre de neurônios e vasos sanguíneos que poderiam interferir na recepção da luz, de modo que os fotorreceptores recebem a luz diretamente, com o mínimo de distorção. A fóvea central e a mácula lútea circundante são as áreas de maior acuidade visual, e constituem o centro do campo visual. A informação sensorial sobre a luz passa dos fotorreceptores para os neurônios bipolares, e, então, para a camada de células ganglionares. Os axônios das células ganglionares formam o nervo óptico, o qual deixa o olho no disco do nervo óptico. Como o disco do nervo óptico não tem fotorreceptores, as imagens projetadas nessa região não podem ser vistas, gerando o que é conhecido como ponto cego do olho. Os fotorreceptores transduzem a luz em sinais elétricos Existem dois tipos principais de fotorreceptores no olho: bastonetes e cones. Os dois tipos de fotorreceptores possuem a mesma estrutura básica: (1) um segmento externo, cuja extremidade está em contato com o epitélio pigmentado da retina, (2) um segmento interno, onde se encontra o núcleo da célula e as organelas responsáveis pela formação de ATP e pela síntese proteica, e (3) um segmento basal, com um terminal sináptico que libera glutamato para as células bipolares. No segmento externo, a membrana celular tem dobras profundas, as quais formam camadas semelhantes a discos. Nos bastonetes, próximo à extremidade dos segmentos externos, essas camadas estão separadas da membrana celular e formam discos de membrana livres. Nos cones, os discos permanecem fixos. Os pigmentos visuais sensíveis à luz estão nas membranas celulares dos discos dos segmentos externos dos fotorreceptores. Esses pigmentos visuais são transdutores que convertem a energia luminosa em uma mudança no potencial de membrana. Os bastonetes possuem um tipo de pigmento visual, a rodopsina. Os cones possuem três diferentes pigmentos, os quais são intimamente relacionados à rodopsina. Os pigmentos visuais dos cones são excitados por diferentes comprimentos de onda da luz, o que nos permite a visão colorida. A luz branca é uma combinação de cores, como você pode observar quando separa a luz branca passando-a através de um prisma. O olho contém cones para as luzes vermelha, verde e azul. Cada tipo de cone é estimulado por uma faixa de comprimentos de onda, porém, é mais sensível a um comprimento de onda específico A distância entre dois picos de uma onda eletromagnética é o comprimento de onda que variam de curtos a longos; Os olhos são responsáveis pela detecção da luz visível, a parte do espectro eletromagnético com comprimentos de onda variando entre 400 e 700 nm. A cor da luz visível depende de seu comprimento de onda. A luz com o comprimento de onda de 400 nm é violeta e a luz com comprimento de onda de 700 nm é vermelha. Se um objeto consegue absorver determinados comprimentos de onda da luz visível e refletir outros, esse objeto parecerá ter a cor do comprimento de onda refletido. Uma maçã verde parece verde porque ela reflete principalmente a luz verde e absorve a maior parte dos outros comprimentos de onda da luz visível. Um objeto parece branco porque ele reflete todos os comprimentos de onda da luz visível. Um objeto parece preto porque ele absorve todos os comprimentos de onda da luz visível. O vermelho, o verde e o azul são as três cores primárias que formam as cores da luz visível. O cérebro reconhece a cor de um objeto interpretando a combinação de sinais provenientes dos três diferentes tipos de cones. Os detalhes da visão colorida ainda não estão completamente compreendidos, eexistem algumas controvérsias sobre como a cor é processada no córtex cerebral. Fototransdução O processo de fototransdução é similar para a rodopsina (nos bastonetes) e para os três pigmentos coloridos (nos cones). A rodopsina é composta por duas moléculas: a opsina, uma proteína inserida na membrana dos discos do bastonete, e o retinal, uma molécula derivada da vitamina A, que é a porção do pigmento que absorve luz Na ausência de luz, o retinal está ligado ao sítio de ligação na opsina. Quando ativado, mesmo que por apenas um único fóton de luz, o retinal muda sua conformação para uma nova configuração. O retinal ativado não mais se liga à opsina e, então, é liberado do pigmento em um processo denominado descoramento Como o descoramento da rodopsina gera potenciais de ação que seguem pela via óptica Os sinais elétricos nas células ocorrem como resultado do movimento de íons entre os compartimentos intracelular e extracelular. Os bastonetes possuem três tipos principais de canais catiônicos: canais dependentes de nucleotídeo cíclico (CNG) que permitem que Na+ e Ca2+ entrem no bastonete; canais de K+, que permitem que o K+ saia do bastonete; e canais de Ca2+ dependentes de voltagem no terminal sináptico, que participam na regulação da exocitose do neurotransmissor. Quando um bastonete está no escuro e a rodopsina não está ativa, a concentração de GMP cíclico no bastonete é alta e ambos os canais CNG e de K+. O influxo de íons sódio e de Ca2+ é maior do que o efluxo de K+, de modo que o bastonete permanece despolarizado com uma média de potencial de membrana de − 40 mV (em vez do mais frequente − 70 mV). Neste potencial de membrana levemente despolarizado, os canais de Ca2+ dependentes de voltagem estão abertos e há liberação contínua do neurotransmissor glutamato da porção sináptica do bastonete para a célula bipolar vizinha Quando a luz ativa a rodopsina, uma cascata de segundo mensageiro é iniciada a partir da proteína G transducina A cascata de segundo mensageiro da transducina diminui a concentração de GMPc, o que fecha os canais CNG. Consequentemente, o influxo de cátions diminui ou cessa. Com o menor influxo de cátions e o efluxo sustentado de K+ o interior do bastonete se hiperpolariza, e a liberação de glutamato para os neurônios bipolares diminui. A luz intensa fecha todos os canais CNG e bloqueia a liberação de neurotransmissor. A luz fraca provoca uma resposta graduada proporcional à intensidade da luz. Após a ativação, o retinal difunde-se para fora do bastonete e é transportado para o epitélio pigmentado. Neste local, ele é convertido a sua forma inativa antes de voltar para o bastonete e se recombinar à opsina. A recuperação da rodopsina do descoramento pode levar algum tempo, sendo o principal motivo da adaptação lenta dos olhos quando saímos de um ambiente com luz intensa para o escuro. O processamento do sinal começa na retina O processamento do sinal na retina é um exemplo de convergência, na qual vários neurônios fazem sinapse com uma única célula pós-sináptica Dependendo da localização na retina, até 15 a 45 fotorreceptores podem convergir para um neurônio bipolar. Vários neurônios bipolares, por sua vez, inervam uma única célula ganglionar, de modo que a informação de centenas de milhões de fotorreceptores da retina é condensada em apenas um milhão de axônios que deixam o olho em cada nervo óptico. A convergência é mínima na fóvea, onde alguns fotorreceptores têm uma relação 1:1 com os neurônios bipolares, e máxima nas porções externas da retina. O processamento do sinal na retina é modulado por sinais provenientes de dois conjuntos de células. As células horizontais fazem sinapse com os fotorreceptores e com as células bipolares. As células amácrinas modulam a informação que flui entre as células bipolares e as células ganglionares Células bipolares O glutamato liberado de fotorreceptores para os neurônios bipolares inicia o processamento do sinal. Há dois tipos de células bipolares, luz-ligada (células bipolares ON) e luz-desligada (células bipolares OFF). As células bipo-lares ON são ativadas na luz quando a secreção de glutamato pelos fotorreceptores diminui. No escuro, as células bipolares ON estão inibidas pela liberação de glutamato. As células bipolares OFF são excitadas pela liberação de glutamato no escuro. Na luz, com menos glutamato, as células bipolares OFF são inibidas. Por usar dois receptores diferentes para o glutamato, um estímulo (luz) gera duas respostas diferentes com um único neurotransmissor. Se o glutamato é excitatório ou inibitório depende do tipo de receptor de glutamato presente no neurônio bipolar. As células bipolares ON possuem receptor de glutamato do tipo metabotrópico, que hiperpolariza a célula quando o glutamato se liga ao receptor no escuro. Quando o mGluR6 não está ativado, a célula bipolar ON despolariza. As células bipolares OFF possuem receptor de glutamato do tipo ionotrópico, que abre canais iônicos e despolariza a célula bipolar OFF no escuro. O processamento do sinal na célula bipolar também é modificado por aferências das células horizontais e das células amácrinas Células ganglionares As células bipolares fazem sinapse com as células ganglionares, os próximos neurônios na via. Cada célula ganglionar recebe informação de uma área particular da retina- campos visuais O campo visual de uma célula ganglionar próxima à fóvea é muito pequeno. Somente alguns fotorreceptores estão associados a cada célula ganglionar, e, assim, a acuidade visual é maior nessas áreas. Na periferia da retina, muitos fotorreceptores convergem para uma única célula ganglionar, e a visão não é tão nítida Os campos visuais das células ganglionares são aproximadamente circulares e estão divididos em duas porções: um centro circular e uma periferia. Essa organização permite que cada célula ganglionar use o contraste entre o centro e a sua periferia para interpretar a informação visual. Um contraste forte entre o centro e a periferia produz uma resposta excitatória intensa (uma série de potenciais de ação) ou uma resposta inibidora intensa (sem potenciais de ação) na célula ganglionar. Um contraste fraco entre o centro e a periferia gera uma resposta intermediária. Existem dois tipos de campo visual na célula ganglionar. No campo centro on/periferia off, a célula ganglionar responde de forma mais intensa quando a luz incide no centro do campo. Se a luz incidir na região periférica off do campo, a célula ganglionar centro on/periferia off é fortemente inibida e para de disparar potenciais de ação. O inverso ocorre com campos centro off/periferia on. Se a luz é uniforme no campo visual a célula ganglionar responde fracamente. Assim, a retina utiliza o contraste, e não a intensidade absoluta de luz, para reconhecer objetos do ambiente. A vantagem de usar o contraste é a melhor detecção de estímulos fracos Existem vários tipos de células ganglionares na retina. Os dois tipos predominantes, que correspondem a 80% das células ganglionares da retina, são as células M e as células P. As células ganglionares magnocelulares, ou células M, são grandes e respondem à informação de movimento. As células ganglionares parvocelulares menores, ou células P, são responsivas a sinais relativos à forma e a detalhes finos, como a textura de objetos que estão no campo visual. Recentemente, foi descoberto um subtipo de célula ganglionar, a célula ganglionar da retina que contém melanopsina, que aparentemente também atua como um fotorreceptor que transmite informação acerca de ciclos de luz para o núcleo supraquiasmático, o qual controla ritmos circadianos Processamento além da retina Assim que os potenciais de ação emergem do corpo das célulasganglionares, eles percorrem os nervos ópticos até o SNC, onde são processados. O nervo óptico penetra no encéfalo no quiasma óptico. Neste ponto, algumas fibras nervosas provenientes de cada olho cruzam para o outro lado para serem processadas no encéfalo. A informação proveniente do lado direito do campo visual de cada olho é processada no lado esquerdo do cérebro, e a informação do lado esquerdo do campo é processada no lado direito do cérebro. A porção central do campo visual, onde os lados esquerdo e direito do campo visual de cada olho se sobrepõem, é a zona binocular. Os dois olhos têm visões ligeiramente diferentes dos objetos nessa região, e o cérebro processa e integra estas duas visões para criar representações tridimensionais dos objetos. Nossa percepção de profundidade –depende da visão binocular. Os objetos situados no campo visual de apenas um olho estão na zona monocular e são vistos em duas dimensões. Assim que os axônios deixam o quiasma óptico, algumas fibras projetam-se para o mesencéfalo, onde elas participam do controle do movimento dos olhos ou, juntamente com informações somatossensoriais e auditivas, da coordenação do equilíbrio e do movimento. A maioria dos axônios se projeta para o corpo geniculado lateral do tálamo, onde as fibras visuais fazem sinapses com neurônios que vão para o córtex visual no lobo occipital. O corpo (núcleo) geniculado lateral é organizado em camadas que correspondem às diferentes partes do campo visual, de modo que a informação de objetos adjacentes é processada junto. Esta organização topográfica é mantida no córtex visual, com as seis camadas de neurônios agrupadas em colunas verticais. Dentro de cada porção do campo visual, a informação é classificada adicionalmente por cor, forma e movimento. As informações monoculares dos dois olhos se juntam no córtex para nos dar uma visão binocular do meio. As informações das combinações de células ganglionares on/ off são traduzidas em sensibilidade à orientação de barras nas vias mais simples, ou em cor, movimento e estrutura detalhada nas vias mais complexas. Cada um desses atributos do estímulo visual é processado em uma via separada, criando uma rede cuja complexidade se está apenas começando a esclarecer. histologia ►Camada externa ou túnica fibrosa Apresenta-se opaca e esbranquiçada nos seus cinco sextos posteriores, denominada esclera. É formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas que se entrecruzam e seguem, de modo geral, direções paralelas à superfície do olho. A superfície externa da esclera apresenta-se envolta por uma camada de tecido conjuntivo denso, a cápsula de Tenon. Esta se prende à esclera por um sistema muito frouxo de finas fibras colágenas que correm dentro de um espaço chamado espaço de Tenon. Graças a essa disposição, o globo ocular pode sofrer movimentos de rotação em todas as direções. Internamente, entre a esclera e a coroide, encontra-se a lâmina supracoróidea, uma camada de tecido conjuntivo frouxo rica em células que contêm melanina, em fibroblastos e em fibras elásticas. No seu sexto anterior, a túnica fibrosa é transparente e recebe o nome de córnea. Em um corte transversal da córnea, distinguem-se cinco regiões: epitélio anterior, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet e epitélio posterior ou endotélio. O epitélio corneano anterior é estratificado pavimentoso não queratinizado, constituído por cinco a seis camadas celulares. Ele contém numerosas terminações nervosas livres, o que explica a grande sensibilidade da córnea. São observadas mitoses na camada basal do epitélio, que é dotado de elevada capacidade de regeneração - em 7 dias, todas as células do epitélio anterior da córnea são renovadas. As células mais superficiais desse epitélio apresentam microvilos e micropregas mergulhados em um fluido protetor Abaixo do epitélio e de sua membrana basal, observa-se uma camada homogênea e relativamente espessa, constituída por delgadas fibras colágenas cruzadas em todas as direções, a membrana de Bowman. Este é um componente de grande resistência, que contribui para reforçar a estrutura da córnea. O estroma da córnea situa-se no interior dessa estrutura; é avascular e apresenta-se constituído por múltiplas camadas de fibras colágenas, cada uma com fibras orientadas paralelamente entre si. De uma camada para outra, porém, a direção das fibras é diferente, formando vários ângulos. Frequentemente, algumas fibras passam de uma camada para outra, mantendo-as firmemente unidas. Entre as várias camadas de fibras colágenas, encontram-se fibroblastos. O conjunto de células e fibras encontra-se imerso em uma substância fundamental gelatinosa, constituída por um complexo que contém glicoproteínas e condroitim sulfato, e que, após certas colorações, apresenta-se metacromático. Observam-se também, com frequência, leucócitos, principalmente linfócitos, migrando no estroma corneano. A membrana de Descemet, que delimita internamente o estroma, é constituída de fibrilas colágenas organizadas como uma rede tridimensional. O epitélio posterior, também chamado de endotélio da córnea, é pavimentoso simples. ►Limbo O limbo, ou transição esclerocorneal, é uma faixa em forma de um anel, que representa a transição da córnea transparente para a esclera, que é opaca. Nesta zona altamente vascularizada existem vasos sanguíneos que assumem papel importante nos processos inflamatórios da córnea. Existe no estroma do limbo um canal de Schlemm, onde humor aquoso produzido nos processos ciliares do corpo ciliar é drenado para o sistema venoso. Isso é possível em razão de um sistema de espaços em labirinto, os espaços de Fontana, que vão do endotélio da córnea ao canal de Schlemm. O epitélio corneano, nessa região, transforma- se gradualmente no epitélio da conjuntiva ►Camada média ou túnica vascular A túnica média ou túnica vascular é constituída por três regiões, que, vistas da parte posterior do globo ocular para a sua parte anterior, são: a coroide, o corpo ciliar e a íris A coroide é uma camada rica em vasos sanguíneos (túnica vascular). Entre os vasos há um tecido conjuntivo frouxo, que é rico em células e fibras colágenas e elásticas. É frequente a presença de células contendo o pigmento melanina, que confere cor escura A porção mais interna da coroide é muito rica em capilares sanguíneo, nome de coriocapilar. Desempenha papel importante na nutrição da retina; Separando essa subcamada da retina, observa-se uma fina membrana de aspecto hialino, chamada de membrana de Bruch. O corpo ciliar é uma dilatação da coroide na altura do cristalino. Tem o aspecto de um anel espesso, contínuo, revestindo a superfície interna da esclera. Em um corte transversal, é visto como um triângulo, em que uma das faces está voltada para o corpo vítreo; a outra, para a esclera; e a terceira, para o cristalino e para a câmara posterior do olho. Esta última face apresenta contornos irregulares com pregas salientes, que recebem o nome de processos ciliares O componente básico dessa região é tecido conjuntivo (rico em fibras elásticas, células pigmentares e capilares fenestrados), no interior do qual se encontra o músculo ciliar. Esse músculo é constituído por três feixes de fibras musculares lisas. Um desses feixes tem a função de distender a coroide, enquanto o outro, quando contraído, relaxa a tensão do cristalino. Essas contrações musculares são importantes no mecanismo de acomodação visual para focalizar objetos situados em diferentes distâncias, pela alteração da curvatura do cristalino. As duas faces do corpo ciliar são revestidas por um prolongamento da retina, o qual é constituído por duas camadas celulares, uma que se liga ao corpo ciliar e outra que cobre a primeiracamada. A camada diretamente aderente ao corpo ciliar é formada por células colunares ricas em melanina e corresponde à projeção anterior da camada pigmentar da retina. A segunda camada, que cobre a primeira, é derivada da camada sensorial da retina e é formada por epitélio simples colunar. Os processos ciliares são extensões de uma das faces do corpo ciliar. São formados por um eixo conjuntivo recoberto por camada dupla de células epitelial. A camada externa, sem pigmento, recebe o nome de epitélio ciliar, e a camada interna é constituída por células com melanina. A camada extern, epitélio ciliar, apresenta, ao microscópio eletrônico, grande número de invaginações, característica de epitélios que transportam íons e água. O humor aquoso é produzido nos processos ciliares com a participação do epitélio ciliar. Esse humor flui para a câmara posterior do olho em direção ao cristalino, passa entre o cristalino e a íris, e chega à câmara anterior, onde a direção do seu fluxo muda 180°, dirigindo-se ao ângulo formado pela íris com a zona de transição esclerocorneal, ou limbo. Nesse ângulo, o humor aquoso penetra os espaços labirínticos (espaços de Fontana) e finalmente alcança o canal de Schlemm, revestido por células endoteliais. Esse canal se comunica com pequenas veias da esclera, para as quais o humor aquoso é drenado. O processo é contínuo. A íris é um prolongamento da coroide que cobre parte do cristalino e tem um orifício circular central, a pupila. Sua superfície anterior é irregular, com fendas e elevações, ao contrário da superfície posterior, que é lisa. A face anterior da íris é revestida por epitélio pavimentoso simples, continuação do endotélio da córnea. Segue-se um tecido conjuntivo pouco vascularizado, com poucas fibras e grande quantidade de fibroblastos e células pigmentares, seguido, por sua vez, de uma camada rica em vasos sanguíneos, imersos em um tecido conjuntivo frouxo. A íris é coberta, na sua superfície posterior, pela mesma camada epitelial dupla que recobre o corpo ciliar e seus processos. Nessa região, entretanto, a camada com melanina é mais rica. A abundância de células com melanina em várias porções do olho tem como função principal impedir a entrada de raios luminosos, exceto os que atravessam a íris e formam a imagem na retina. Dessa maneira, o globo ocular se comporta como uma câmara escura. Os melanócitos da íris influenciam a cor dos olhos. Quando a pessoa tem poucas células pigmentares na íris, a luz refletida aparece como azul, devido à absorção do seu componente vermelho durante o trajeto iridiano. À medida que maiores quantidades de melanina se acumulam no trajeto, a cor da íris vai passando a cinza, a verde e a castanho. Em albinos não há melanina, e a cor rósea é devida à reflexão da luz pelos vasos sanguíneos da íris. Na sua espessura, a íris tem feixes de fibras musculares lisas que se originam do músculo ciliar e prosseguem em direção radial para as bordas da pupila. Um pouco antes de alcançá-la, esses feixes se bifurcam, formando um Y de haste alongada. Os ramos dessa bifurcação se entrelaçam, formando um anel muscular com fibras circulares, ao qual se deu o nome de esfíncter da pupila. As hastes alongadas do Y formam o músculo dilatador da pupila, que tem uma ação oposta à do esfíncter. Este tem inervação parassimpática, e o dilatador da pupila é inervado pelo simpático. ►Cristalino O cristalino tem a forma de uma lente biconvexa e apresenta grande elasticidade, que diminui progressivamente com a idade. É constituído por três partes: ■Fibras do cristalino: são elementos prismáticos finos e longos. Células altamente diferenciadas, derivadas das células originais do cristalino embrionário. As células acabam perdendo seus núcleos e alongam-se. O citoplasma tem poucas organelas e cora-se fracamente. As fibras do cristalino são unidas por desmossomos e geralmente se orientam em direção paralela à superfície do cristalino ■Cápsula do cristalino: apresenta-se como um revestimento acelular homogêneo, hialino e mais espesso na face anterior do cristalino. É uma formação muito elástica. ■Epitélio subcapsular: é formado por uma camada única de células epiteliais cuboides, encontradas apenas na porção anterior do cristalino. É a partir desse epitélio que se originam as fibras responsáveis pelo aumento gradual do cristalino durante o processo de crescimento do globo ocular. O cristalino é mantido em posição por um sistema de fibras orientadas radialmente, chamado de zônula ciliar. As fibras da zônula se inserem, de um lado, na cápsula do cristalino e, do outro, no corpo ciliar. Esse sistema de fibras é importante no processo de acomodação, que possibilita focalizar objetos próximos e distantes, o que se faz por mudança na curvatura do cristalino, graças à ação dos músculos ciliares, transmitida pela zônula ciliar ao cristalino. Assim, quando o olho está em repouso ou focalizando objetos distantes, o cristalino é mantido tracionado pela zônula ciliar. Quando, entretanto, se focaliza um objeto próximo, o músculo ciliar se contrai, promovendo um deslocamento da coroide e do corpo ciliar na direção da região anterior do olho. A tensão exercida pela zônula é relaxada, e o cristalino torna-se mais espesso, colocando o objeto em foco. ►Corpo vítreo O corpo vítreo ocupa a cavidade do olho situada atrás do cristalino. É um gel claro, transparente, com raras fibrilas de colágeno. Seu componente principal é a água (99%), além de glicosaminoglicanos altamente hidrófilos, em especial o ácido hialurônico. O corpo vítreo contém poucas células, que participam da síntese do material extracelular. ►Retina A retina origina-se de uma evaginação do diencéfalo que, à medida que evolui, aprofunda-se no centro, formando uma estrutura de paredes duplas, o cálice óptico. Os fotorreceptores e todo o restante da retina têm origem na parede interna do cálice óptico, enquanto a parede mais externa dá origem a uma delgada camada constituída por epitélio cúbico simples, com células carregadas de pigmento, o epitélio pigmentar da retina. A camada pigmentar da retina adere fortemente à coroide, mas prende-se fracamente à camada fotossensível (interna). O epitélio pigmentar é constituído por células cúbicas com núcleo em posição basal. A região basal dessas células se prende fortemente à membrana de Bruch e apresenta invaginações da membrana plasmática e muitas mitocôndrias, o que sugere forte atividade de transporte iônico. O ápice das células do epitélio pigmentar celular apresenta dois tipos de prolongamentos: microvilos delgados e abundantes e bainhas cilíndricas que envolvem a extremidade dos fotorreceptores O citoplasma das células pigmentares contém abundante retículo endoplasmático liso, o que tem sido relacionado com os processos de transporte e esterificação da vitamina A usada pelos fotorreceptores. As células pigmentares sintetizam melanina, que se acumula sob a forma de grânulos, principalmente nas extensões citoplasmáticas, com a função de absorver a luz que estimulou os fotorreceptores. A célula pigmentar apresenta no seu ápice lisossomos secundários resultantes do processo de fagocitose e digestão dos fragmentos das extremidades dos bastonetes. A porção da retina situada na região posterior do globo ocular apresenta, do exterior para o interior, as seguintes camadas de células responsáveis pela recepção de radiação luminosa e transmissão de potenciais de ação para o cérebro: ■Camada das células fotossensitivas, os cones e os bastonetes ■Camada dos neurônios bipolares, que unem funcionalmente, por sinapses, as células dos cones e dos bastonetes às células ganglionares ■Camada das células ganglionares, que recebem sinapses de axônios dos neurôniosbipolares e enviam axônios que formam o nervo óptico. Entre a camada das células dos cones e bastonetes e a dos neurônios bipolares, há uma região com as sinapses entre esses dois tipos de células, denominada camada sináptica externa ou plexiforme externa, é o local de sinapses entre as células bipolares e ganglionares. É importante ressaltar que os raios luminosos atravessam as células ganglionares e as bipolares para alcançar os elementos fotossensíveis. Os cones e bastonetes são células com dois polos, cujo dendrito único é fotossensível, enquanto o outro polo forma sinapse com as células bipolares Os prolongamentos fotossensíveis (dendritos) assumem a forma de cone ou de bastonete, daí os nomes dados a essas células, os cones e os bastonetes atravessam uma linha homogênea chamada de membrana limitante externa formada por complexos juncionais entre as células fotorreceptoras e um tipo de células da retina, denominado células de Müller. Os núcleos das células dos cones geralmente se dispõem em uma só altura e próximo à membrana limitante, o que não ocorre com os núcleos das células dos bastonetes. As porções fotorreceptoras dos cones e dos bastonetes apresentam uma estrutura bastante complexa. Os bastonetes são células finas, alongadas e formadas por duas porções distintas. A região mais próxima da base da retina, perto das células pigmentares, é constituída por microvesículas achatadas, semelhantes a discos empilhados como se fossem moedas. Essa região, também chamada de segmento externo, está ligada ao restante da célula por uma constrição. A região da célula unida ao segmento externo é chamada de segmento interno. Nele, junto à constrição, há um corpúsculo basal, do qual se origina um cílio que se projeta no segmento externo. Esse segmento é rico em glicogênio, e há muitas mitocôndrias localizadas perto da constrição As proteínas dos bastonetes são sintetizadas no segmento interno e migram para o segmento externo, no qual participam da constituição da membrana dos discos. Estes migram gradualmente para a extremidade dos bastonetes, onde pequenas porções do citoplasma se despregam, sendo fagocitadas e digeridas pelas células do epitélio pigmentar. Nos cones, a formação de novos discos se restringe ao período de crescimento. Os bastonetes, que são extremamente sensíveis à luz, são os principais receptores para baixos níveis de luminosidade. Os cones também são células alongadas que contêm segmentos interno e externo, corpo basal com cílio e acúmulo de mitocôndria. No segmento externo, também são observados discos empilhados, mas estes são invaginações da membrana celular. A camada dos neurônios bipolares é constituída por células de morfologia variável, as quais, de modo geral, dividem-se em dois grupos: ■Células bipolares difusas, que estabelecem sinapse com dois ou mais fotorreceptores, alcançando até seis ■Células bipolares monossinápticas, que estabelecem contato apenas com o axônio de uma célula cone. Essa célula bipolar estabelece contato, pela sua outra extremidade, apenas com uma célula ganglionar. Dessa maneira, alguns cones enviam seus impulsos por um trajeto simplificado. Os neurônios da camada das células ganglionares estabelecem sinapse com as células bipolares. Os outros polos dessas células enviam axônios em direção a uma região da retina para onde convergem todos os axônios das células ganglionares, chamada de papila do nervo óptico. Neste local, os axônios se agrupam e formam o nervo óptico. A região da papila é também chamada de ponto cego da retina, não apresenta fotorreceptores. As células ganglionares são células nervosas, com núcleo grande rico em RNA. As células ganglionares também existem em um tipo difuso, que estabelece contato com várias células bipolares, e um tipo monossináptico. Outros tipos de células estão presentes nas camadas da retina, além dos cones e bastonetes. Os principais são: ■Células horizontais, cujos prolongamentos se dispõem horizontalmente e estabelecem sinapses entre vários fotorreceptores ■Células amácrinas, que estabelecem sinapses com as células ganglionares ■Células de sustentação do grupo de células da neuróglia, dos tipos astrócito e da micróglia ■Células de Müller, que são muito frequentes, grandes e muito ramificadas. Elas têm funções equivalentes às da neuróglia, servindo para sustentar, nutrir e isolar os neurônios da retina. ►Estruturas acessórias do olho Conjuntiva Membrana mucosa que reveste a parte anterior da esclerótica e a superfície interna das pálpebras. Seu epitélio é estratificado prismático, e sua lâmina própria é de tecido conjuntivo frouxo. Pálpebras São dobras flexíveis de tecidos, que protegem o globo ocular. As pálpebras são constituídas, do exterior para o interior por ■Pele com epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e derme de conjuntivo frouxo ■Feixes de músculos estriados que formam o músculo orbicular do olho ■Uma camada de tecido conjuntivo que apresenta um espessamento de tecido conjuntivo denso na extremidade das pálpebras – a placa palpebral ou tarso –, em cujo interior se encontram glândulas sebáceas alongadas e dispostas verticalmente, as chamadas glândulas de Meibomius ou tarsais ■Camada mucosa, constituída pela conjuntiva anteriormente descrita (epitélio prismático estratificado e tecido conjuntivo frouxo). Glândulas lacrimais Localizadas na borda superoexterna da órbita, são glândulas serosas. Desembocam por 8 a 10 canais no fundo de saco superior, formado pela confluência da conjuntiva que reveste o olho com a conjuntiva que cobre internamente a pálpebra. As glândulas lacrimais são constituídas por células serosas, que contêm no seu ápice grânulos de secreção. Sua porção secretora é envolvida por células mioepiteliais, que produzem uma secreção salina com a mesma concentração de cloreto de sódio que a do sangue. É um fluido pobre em proteínas e contém uma única enzima, a lisozima, que digere a cápsula de certas bactérias. A secreção lacrimal, continuamente produzida por essas glândulas, dirige-se para as carúnculas lacrimais, que são elevações situadas no canto interno dos olhos. Nessa região, ela penetra em um sistema de ductos lacrimais revestidos por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, que desembocam no meato nasal inferior.