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1 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Objetivos 1. Compreender a morfofisiologia do Sistema Óptico; 2. Entender a embriologia do olho; 3. Conhecer o que leva as más formações do Sistema Óptico; Sistema Óptico O olho é um órgão sensorial complexo responsável pela visão. Sua função principal é captar a luz do ambiente e transformá-la em sinais elétricos que são enviados ao cérebro para processamento e interpretação visual. Mais da metade dos receptores sensitivos do corpo humano está localizada nos olhos, e uma grande parte do córtex cerebral. Principais funções do olho: 1. Captura da Luz: O olho contém estruturas especializadas, como a córnea e o cristalino, que ajudam a focar a luz que entra no olho. 2. Refração da Luz: A córnea e o cristalino refratam a luz para focá-la na retina, na parte posterior do olho. 3. Formação de Imagem: Quando a luz é focada na retina, ela forma uma imagem invertida e reversa da cena visual. Isso ocorre na retina devido à ação de células fotorreceptoras chamadas cones e bastonetes. 4. Conversão em Sinais Elétricos: As células fotorreceptoras (cones e bastonetes) na retina convertem a luz em sinais elétricos através de um processo chamado transdução fototransdutora. Esses sinais elétricos são então transmitidos às células bipolares e ganglionares na retina. 5. Transmissão ao Cérebro: Os sinais elétricos são transmitidos ao longo do nervo óptico até o cérebro, onde são processados em regiões visuais específicas, como o córtex visual, para formar uma percepção consciente da imagem visual. 6. Percepção de Cores: Os cones na retina são sensíveis à luz e cores diferentes, permitindo que o olho humano perceba cores. Existem três tipos principais de cones sensíveis a diferentes comprimentos de onda de luz, contribuindo para a visão em cores. APG 10 – Sistema Óptico 2 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 7. Acomodação: O cristalino do olho pode alterar sua forma para focalizar objetos em diferentes distâncias. Esse processo é chamado de acomodação e permite que o olho mantenha uma imagem nítida de objetos a diferentes distâncias. 8. Regulação da Quantidade de Luz: A íris, a parte colorida do olho, controla a quantidade de luz que entra no olho, ajustando o tamanho da pupila em resposta à intensidade da luz ambiente. Estruturas acessórias do olho: As estruturas acessórias do olho incluem: pálpebras, cílios, sobrancelhas, aparelho lacrimal (produtor de lágrimas) e músculos extrínsecos do bulbo ocular. • Pálpebras: As pálpebras protegem os olhos da luz excessiva e de objetos estranhos, bem como espalham secreções lubrificantes sobre os bulbos ocular. A pálpebra superior é mais móvel que a inferior e contém em sua região superior o músculo levantador da pálpebra superior. O espaço entre as pálpebras superior e inferior que expõe o bulbo do olho é a fenda palpebral. Seus ângulos são conhecidos como comissura lateral, que é mais estreita e próxima do osso temporal, e comissura medial, que é mais larga e próxima ao osso nasal. Na comissura medial, há uma pequena elevação avermelhada, a carúncula lacrimal, que contém glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. O material esbranquiçado que às vezes acumula na comissura medial vem dessas glândulas. De superficial a profunda, cada pálpebra consiste em epiderme, derme, tela subcutânea, fibras do músculo orbicular do olho, tarso, glândulas tarsais e conjuntiva. ↠ O tarso é uma dobra espessa de tecido conjuntivo que dá forma e suporte às pálpebras. Inserida em cada tarso está uma fileira de glândulas sebáceas modificadas alongadas, conhecidas como glândulas tarsais ou glândulas de Meibomio, que secretam um líquido que ajuda a evitar que as pálpebras se colem. ↠ A túnica conjuntiva é uma fina membrana mucosa protetora, composta de epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado com numerosas células caliciformes sustentadas por tecido conjuntivo areolar. 3 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 ↠ A conjuntiva palpebral reveste a face interna das pálpebras, já a conjuntiva bulbar vai das pálpebras para a superfície do bulbo ocular, onde cobre a esclera (o “branco” do olho), mas não a córnea, que é uma região transparente que forma a superfície anterior externa do bulbo ocular. Sobre a esclera, a conjuntiva é vascularizada. A dilatação e a congestão dos vasos sanguíneos da conjuntiva bulbar em decorrência de irritação ou infecção local são a causa da vermelhidão (congestão sanguínea) nos olhos. • Cílios e supercílios: Os cílios, que se projetam da borda de cada pálpebra e os supercílios (sobrancelhas), que se erguem transversalmente acima das pálpebras superiores, ajudam a proteger o bulbo ocular de objetos estranhos, transpiração e dos raios diretos solares. As glândulas sebáceas na base dos folículos pilosos dos cílios, denominadas glândulas ciliares sebáceas, liberam um líquido lubrificante para os folículos. A infecção dessas glândulas, geralmente por bactérias, causa um inchaço dolorido e cheio de pus, chamado terçol. • Aparelho lacrimal: O aparelho lacrimal é um grupo de estruturas que produz e drena o líquido lacrimal ou lágrimas em um processo denominado lacrimejamento. As glândulas lacrimais, cada uma com o tamanho e a forma de uma amêndoa, secretam o líquido lacrimal, responsável por drenar para 6 a 12 dúctulos excretores que escoam as lágrimas na superfície da conjuntiva da pálpebra superior. • A partir de então, as lágrimas passam medialmente sobre a superfície anterior do bulbo ocular para entrar em duas pequenas aberturas, os pontos lacrimais. • Em seguida, as lágrimas passam por dois ductos, os canalículos lacrimais superiores e inferiores, os quais levam ao saco lacrimal (dentro da fossa lacrimal do osso lacrimal) e, na sequência, ao ducto lacrimonasal. Esse último ducto leva o líquido lacrimal para a cavidade nasal imediatamente inferior à concha nasal inferior, onde se mistura com o muco. As glândulas lacrimais são supridas por fibras parassimpáticas dos nervos faciais (VII). O líquido lacrimal é uma solução aquosa contendo sais, um pouco de muco e lisozima, uma enzima bactericida protetora. O fluido protege, limpa, lubrifica e umedece o bulbo ocular. Cada glândula produz cerca de 1 mℓ de líquido lacrimal por dia. O lacrimejamento é um mecanismo de proteção, pois as lágrimas diluem e lavam a substância irritante. Olhos lacrimejantes também ocorrem quando uma inflamação da mucosa nasal, como ocorre em um resfriado, obstrui os ductos lacrimonasais e bloqueia a drenagem das lágrimas. Além de proteger os olhos, as lágrimas têm outra “função”: expressam emoções. Em resposta à estimulação parassimpática, as glândulas lacrimais produzem líquido lacrimal excessivo que pode transbordar das pálpebras e até encher a cavidade nasal com líquido. Por esse motivo, o choro provoca a coriza. 4 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 • Músculos extrínsecos do bulbo ocular: Os olhos ficam nas depressões ósseas do crânio chamadas de órbitas, as quais ajudam a proteger os olhos, estabilizá-los no espaço tridimensional e ancorá-los nos músculos que produzem seus movimentos essenciais. Os músculos extrínsecos do bulbo ocular estendem-se das paredes da órbita óssea até a esclera (branca) do olho e são circundados na órbita por uma quantidade significativa de gordura do corpo adiposo da órbita. Esses músculos são capazes de mover o olho em quase todas as direções. Seis músculos extrínsecos do bulbo ocularmovem cada olho: reto superior, reto inferior, reto lateral, reto medial, oblíquo superior e oblíquo inferior. Eles são inervados pelos nervos oculomotor (III), troclear (IV) ou abducente (VI). Em geral, as unidades motoras desses músculos são pequenas. Alguns neurônios motores servem apenas a duas ou três fibras musculares. Essas pequenas unidades motoras permitem um movimento suave, preciso e rápido dos olhos. Por exemplo, olhar para a direita requer a contração simultânea dos músculos reto lateral direito e reto medial esquerdo e o relaxamento do reto lateral esquerdo e reto medial direito. Os músculos oblíquos preservam a estabilidade rotacional do bulbo ocular. Os circuitos neurais no tronco encefálico e no cerebelo coordenam e sincronizam os movimentos dos olhos. 5 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Anatomia do bulbo do olho: O bulbo do olho adulto mede cerca de 2,5 cm de diâmetro. Anatomicamente, a parede do bulbo do olho consiste em três camadas: (1) túnica fibrosa, (2) túnica vascular e (3) retina (túnica interna). Túnica fibrosa: A túnica fibrosa é a camada superficial do bulbo do olho e consiste na córnea anterior e na esclera posterior. A córnea é um revestimento transparente que cobre a íris colorida. Como ela é curva, a córnea ajuda a focar a luz na retina. • Sua face externa é formada por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. • O revestimento médio da córnea é formado por fibras colágenas e fibroblastos • Face interna é um epitélio pavimentoso simples. Uma vez que a parte central da córnea recebe oxigênio do ar atmosférico, as lentes de contato que são utilizadas por períodos longos devem ser permeáveis para que o oxigênio passe através delas. A esclera é uma camada de tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas e fibroblastos. A esclera cobre todo o bulbo do olho, exceto a córnea; ela dá formato ao bulbo do olho, tornam mais rígido, protege suas partes internas e age como um local de fixação para os músculos extrínsecos do bulbo do olho. Na junção entre a esclera e a córnea encontra-se uma abertura conhecida como seio venoso da esclera (ou canal de Schlemm). Um líquido chamado de humor aquoso, que será descrito adiante, é drenado para este seio. Túnica vascular: A túnica vascular ou úvea é a camada média do bulbo do olho. Ela é composta por três partes: a corioide, o corpo ciliar e a íris: • A corioide altamente vascularizada, que é a parte posterior da túnica vascular, reveste a maior parte da face interna da esclera. Seus vasos sanguíneos numerosos fornecem nutrientes para a face posterior da retina. A corioide contém melanócitos que produzem o pigmento melanina. Isso faz com que essa camada tenha uma cor marromescura. A melanina na corioide absorve os 6 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 raios solares dispersos, evitando a reflexão e a dispersão de luz dentro do bulbo do olho. Como resultado, a imagem que chega à retina pela córnea e pela lente permanece nítida e clara. Os albinos não possuem melanina em nenhuma parte do corpo, inclusive no olho. Eles frequentemente precisam usar óculos de sol, mesmo em ambientes fechados porque mesmo a luz moderadamente forte é percebida como ofuscante por causa da dispersão da luz. • Na parte anterior da túnica vascular, a corioide se torna o corpo ciliar. Ele se estende desde a ora serrata, a margem anterior denteada da retina, até um ponto imediatamente posterior à junção da esclera com a córnea. Assim como a corioide, o corpo ciliar tem aparência marromescura por conter melanócitos que produzem melanina. Além disso, é formado pelos processos ciliares e pelos músculos ciliares. Os processos ciliares são protrusões ou pregas na face interna do corpo ciliar. Eles contêm capilares sanguíneos que secretam o humor aquoso. Estendendose a partir dos processos ciliares encontramse as fibras zonulares, ou ligamentos suspensores, que se ligam à lente. As fibras consistem em fibrilas finas e ocas que lembram fibras do tecido conjuntivo elástico. O músculo ciliar é uma banda circular de músculo liso. A contração ou o relaxamento do músculo ciliar modifica a tensão das fibras zonulares, alterando o formato da lente e adaptandoa para a visão de perto ou de longe. • A íris, a parte colorida do bulbo do olho, tem um formato de rosca achatada. Ela está suspensa entre a córnea e a lente e se liga em sua margem externa aos processos ciliares. Ela é formada por melanócitos e por fibras musculares lisas circulares e radiais. A quantidade de melanina na íris determina a cor do olho. Os olhos são entre marrom e preto quando a íris contém grandes quantidades de melanina, azuis quando sua concentração de melanina é muito baixa e verdes quando a concentração de melanina é moderada. Uma função principal da íris é a regulação da quantidade de luz que entra no bulbo do olho através da pupila, a abertura no centro da íris. • A pupila parece preta porque, quando através da lente, vemos o fundo do olho altamente pigmentado (corioide e retina). Entretanto, se uma luz brilhante for direcionada para a pupila, a luz refletida é vermelha por causa dos vasos sanguíneos existentes na superfície da retina. É por esse motivo que os olhos podem parecer vermelhos em uma fotografia, quando o flash está direcionado para a pupila. Reflexos autônomos regulam o diâmetro da pupila em resposta aos níveis de luminosidade. Quando uma luz brilhante estimula os olhos, as fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (NC III) estimulam a contração das fibras circulares do músculo esfíncter da pupila da íris, promovendo diminuição no tamanho da pupila (constrição). Na luz fraca, neurônios simpáticos estimulam as fibras radiais do músculo dilatador da pupila da íris a se contraírem, promovendo um aumento no tamanho da pupila (dilatação). 7 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Retina: A terceira camada do bulbo do olho e a mais interna, a retina, reveste os três quartos posteriores do bulbo do olho e é o início da via visual. O disco óptico é o local em que o nervo óptico (II) deixa o bulbo do olho. Acompanhando o nervo óptico encontramse a artéria central da retina, um ramo da artéria oftálmica, e a veia central da retina. Ramos da artéria central da retina se espalham para nutrir a face anterior da retina; a veia central da retina drena o sangue da retina através do disco do nervo óptico. Também são visíveis a mácula lútea e a fóvea central. A retina é formada por um estrato pigmentoso e por um estrato nervoso. O estrato pigmentoso é uma lâmina de células epiteliais contendo melanina localizadas entre a corioide e a parte neural da retina. A melanina no estrato pigmentoso da retina, assim como na corioide, também absorve os raios de luz dispersos. O estrato nervoso (sensorial) da retina é uma parte do encéfalo com múltiplas camadas que processa substancialmente os dados visuais antes de enviar impulsos nervosos para os axônios que formam o nervo óptico. Três camadas distintas de neurônios retinais – a camada fotorreceptora, a camada celular bipolar e a camada celular ganglionar – são separadas por duas zonas, as camadas sinápticas interna e externa, onde os contatos sinápticos são realizados. Repare que a luz passa através das camadas ganglionar e celular bipolar e ambas as camadas sinápticas antes de chegar à camada fotorreceptora. Dois outros tipos celulares presentes na camada celular bipolar da retina são as células horizontais e as células amácrinas. Essas células formam circuitos neurais direcionados lateralmente que modificamos sinais transmitidos ao longo da via a partir dos fotorreceptores até as células bipolares e as células ganglionares. 8 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Os fotorreceptores são células especializadas na camada fotorreceptora que começam o processo pelo qual os raios de luz são convertidos em impulsos nervosos. Existem dois tipos de fotorreceptores: os bastonetes e os cones. Cada retina possui cerca de 6 milhões de cones e de 120 milhões de bastonetes. Os bastonetes nos permitem enxergar em ambientes de pouca luz, como à luz da lua. Como os bastonetes não fornecem visão colorida, em ambientes com pouca luz nós podemos enxergar apenas preto, branco e todos os tons de cinza intermediários. A luz mais forte estimula os cones, que produzem a visão colorida. Três tipos de cones estão presentes na retina: (1) cones azuis, que são sensíveis à luz azul, (2) cones verdes, que são sensíveis à luz verde e (3) cones vermelhos, que são sensíveis à luz vermelha. A visão colorida é resultado do estímulo de várias combinações desses três tipos de cones. A maior parte de nossas experiências visuais é mediada pelo sistema de cones, cuja perda produz a cegueira legal. Um indivíduo que perde a visão dos bastonetes apresenta principalmente uma dificuldade em enxergar em ambientes com pouca luz e, portanto, não deve dirigir à noite. A partir dos fotorreceptores, a informação flui através da camada sináptica externa até as células bipolares e dali para a camada sináptica interna e para as células ganglionares. Os axônios das células ganglionares se estendem posteriormente ao disco do nervo óptico e deixam o bulbo do olho como nervo óptico (II). O disco do nervo óptico também é chamado de ponto cego. Como ele não contém cones ou bastonetes, não é possível ver imagens que alcancem o ponto cego. Normalmente, você não percebe o ponto cego, mas é possível demonstrar facilmente a sua presença. A mácula lútea é o centro exato da parte posterior da retina, no eixo visual do olho. A fóvea central, uma pequena depressão no centro da mácula lútea, contém apenas cones. Além disso, as camadas de células bipolares e ganglionares, que espalham uma certa quantidade de luz, não recobrem os cones ali; essas camadas são deslocadas para a periferia da fóvea central. Como resultado, a fóvea central é a área de maior acuidade visual ou resolução. O principal motivo pelo qual você move sua cabeça e seu solhos enquanto vê algo é para colocar as imagens de interesse na fóvea central – é o que você está fazendo para ler as palavras nesta frase! Os bastonetes estão ausentes da fóvea central e são mais abundantes na periferia da retina. Como a visão dos bastonetes é mais sensível do que a visão dos cones, é possível observar um objeto com pouca luminosidade (como uma estrela distante) melhor se você virar levemente para um lado do que olhando diretamente para ele. 9 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Lente (cristalino): Atrás da pupila e da íris, dentro da cavidade do bulbo do olho, encontrasse a lente. Nas células da lente, proteínas chamadas de cristalinas, organizadas como camadas de uma cebola, compõem o meio refrativo da lente, que normalmente é perfeitamente transparente e não possui vasos sanguíneos. Ele é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo e mantido em posição pelas fibras zonulares que o cercam, que, por sua vez, se ligam aos processos ciliares. A lente ajuda a focar imagens na retina para facilitar a formação de uma visão nítida. Interior do bulbo do olho: A lente divide o bulbo do olho em duas cavidades: a cavidade do segmento anterior e a câmara vítrea. A cavidade do segmento anterior – o espaço anterior a lente – é formada por duas câmaras: a anterior que se encontra entre a córnea e à íris e a posterior se encontra posteriormente à íris e anteriormente às fibras zonulares e a lente. Ambas as câmaras da cavidade do segmento anterior são preenchidas por humor aquoso, um líquido aquoso transparente que nutre a lente e a córnea. • O humor aquoso é filtrado continuamente para fora dos capilares sanguíneos nos processos ciliares do corpo ciliar e entra na câmara posterior. Então, ele flui para frente entre a íris e a lente, através da pupila e para a câmara anterior. A partir da câmara anterior, o humor aquoso é drenado para o seio venoso da esclera (canal de Schlemm) e, então, para o sangue. Normalmente, o humor aquoso é completamente reposto a cada 90 min. A cavidade posterior do bulbo do olho é a câmara postrema, que é maior e se encontra entre a lente e a retina. Dentro da câmara vítrea, encontra-se o humor vítreo, uma substância transparente semelhante a uma geleia que mantém a retina pressionada contra a corioide, dando à retina uma superfície nivelada para a recepção de imagens claras. Ela ocupa cerca de quatro quintos do bulbo do olho. Ao contrário do humor aquoso, o humor vítreo não é constantemente reposto. 10 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 • O humor vítreo é formado durante a vida embrionária e consiste principalmente em água, além de fibras colágenas e ácido hialurônico. Contém células fagocíticas que removem fragmentos, mantendo essa parte do olho límpida para uma visão sem obstruções. • O canal hialóideo é um canal estreito, imperceptível em adultos, que passa através do corpo vítreo desde o disco óptico até a face posterior da lente. Nos fetos, ele é ocupado pela artéria hialóidea. A pressão no olho, chamada de pressão intraocular, é produzida principalmente pelo humor aquoso e, em parte, pelo humor vítreo; normalmente, a pressão é de cerca de 16 mmHg. A pressão intraocular mantém a forma do bulbo ocular e evita que ele entre em colapso. As perfurações no bulbo do olho podem levar à perda do humor aquoso e do humor vítreo. Isso, por sua vez, causa uma diminuição da pressão intraocular, um descolamento de retina e, em alguns casos, cegueira. 11 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Fisiologia da visão Formação de imagens: De certo modo o olho é como uma câmera: seus elementos ópticos focam uma imagem de algum objeto em um “filme” sensível à luz – a retina – enquanto garante que a quantidade correta de luz faça a “exposição” adequada. Para entender como o olho forma imagens claras de objetos na retina, é preciso avaliar três processos: (1) a refração ou desvio de luz pela lente e pela córnea; (2) a acomodação, a mudança no formato da lente; e (3) a constrição ou estreitamento da pupila. 1. Refração dos raios de luz: Quando os raios de luz passando através de uma substância transparente (como o ar) passam para uma segunda substância transparente com uma densidade diferente (como a água), sofrem um desvio na junção entre as duas substâncias. Esse desvio é chamado de refração. Conforme os raios de luz entram no olho, eles são refratados nas faces anterior e posterior da córnea. Ambas as faces da lente refratam ainda mais os raios de luz de modo que eles cheguem com o foco exato na retina. As imagens focadas na retina são invertidas (de cabeça para baixo). Elas também sofrem uma inversão da direita para a esquerda; ou seja, a luz proveniente do lado direito de um objeto alcança o lado esquerdo da retina e viceversa. Cerca de 75% da refração total da luz ocorre na córnea. A lente fornece os 25% restantes de capacidade de foco e modula o foco para a observação de objetos próximos ou distantes. A lente deve curvar esses raios paralelos apenas o bastantepara que eles sejam focados exatamente sobre a fóvea central, onde a visão é mais nítida. Como os raios de luz que são refletidos a partir de distâncias menores do que 6 metros são divergentes e não paralelos, os raios devem ser refratados para que sejam focados na retina. Essa refração adicional é realizada através de um processo chamado de acomodação. 2. Acomodação e o ponto próximo de visão: Uma superfície que forma uma curva para fora, como a superfície de uma bola, é chamada de convexa. Quando a superfície de uma lente é convexa, aquela lente refratará os raios de luz que chegam um em direção ao outro, de modo que, eventualmente, eles sofram uma interseção. Se a superfície de uma lente forma uma curva para dentro, como o interior de uma bola vazia, a lente é chamada de côncava e faz com que os raios de luz sejam refratados um para longe do outro. A lente é convexa em ambas as suas faces, a anterior e a posterior, e a sua capacidade de foco aumenta conforme sua curvatura aumenta. 12 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Como ocorre essa acomodação? Quando você observa objetos distantes, o músculo ciliar do corpo ciliar está relaxado e a lente se encontra mais achatada porque ela é alongada em todas as direções pelas fibras zonulares. Quando você observa um objeto próximo, o músculo ciliar se contrai, o que puxa o processo ciliar e a corioide na direção da lente. Essa ação libera a tensão sobre a lente e as fibras zonulares. Como é elástica, a lente fica mais esférica (mais convexa), aumentando sua capacidade de foco e causando maior convergência dos raios de luz. As fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III) inervam o músculo ciliar do corpo ciliar e, portanto, controlam o processo de acomodação. Anomalias da refração: O olho normal, conhecido como olho emétrope, pode refratar suficientemente raios de luz provenientes de um objeto a 6 m de distância de modo que uma imagem clara seja focada na retina. Entretanto, muitas pessoas não possuem essa capacidade por causa de anomalias de refração. • Entre essas anomalias encontra-se a miopia, que ocorre quando o bulbo do olho é muito longo em relação à capacidade de foco da córnea e da lente ou quando a lente é mais espessa do que o normal, de modo que a imagem converge na frente da retina. Indivíduos míopes podem enxergar objetos próximos adequadamente, mas não os objetos distantes. • Na hipermetropia, também conhecida como hiperopia, o comprimento do bulbo do olho é curto em relação à capacidade de foco da córnea e da lente ou a lente é mais fina do que o normal, de modo que a imagem converge atrás da retina. Indivíduos hipermetropes podem observar objetos distantes com clareza, mas não os objetos próximos. • Outra anomalia de refração é o astigmatismo, em que a córnea ou a lente possuem uma curvatura irregular. Como resultado, partes da imagem ficam fora de foco e a visão se apresenta distorcida ou “borrada”. A maior parte dos problemas de visão pode ser corrigida pelo uso de óculos, de lentes de contato ou por procedimentos cirúrgicos. Uma lente de contato flutua sobre um filme lacrimal acima da córnea. A superfície externa anterior da lente de contato corrige o defeito visual e sua superfície posterior se ajusta à curvatura da córnea. 13 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 3. Constrição da pupila: As fibras musculares circulares da íris também desempenham um papel na formação de imagens nítidas na retina. A constrição da pupila é uma diminuição no diâmetro da circunferência através da qual a luz entra no olho e que é causada pela contração dos músculos circulares da íris. Esse reflexo autônomo ocorre simultaneamente com a acomodação e evita que os raios de luz entrem no olho através da periferia da lente. Os raios de luz que entrariam pela periferia não seriam focados na retina, o que poderia resultar em uma visão borrada. A pupila, como dito anteriormente, também sofre constrição em uma luz forte. Convergência: Nos seres humanos, ambos os olhos focam em apenas um conjunto de objetos – uma característica chamada de visão binocular. Essa característica do nosso sistema visual permite a percepção de profundidade e a apreciação da natureza tridimensional dos objetos. A visão binocular ocorre quando os raios de luz provenientes de um objeto alcançam pontos correspondentes em ambas as retinas. Quando nós olhamos para a frente e vemos um objeto distante, os raios de luz que chegam são direcionados diretamente em ambas as pupilas e são refratados para pontos comparáveis nas retinas de ambos os olhos. Entretanto, conforme nós nos aproximamos de um objeto, os olhos devem girar medialmente para que os raios de luz do objeto alcancem os mesmos pontos em ambas as retinas. O termo convergência se refere a esse movimento medial de ambos os bulbos dos olhos de modo que eles sejam direcionados para o objeto que está sendo observado, como por exemplo quando observamos um lápis que se move na direção dos olhos. Quanto mais próximo o objeto estiver, maior será o grau de convergência necessário para manter a visão binocular. As ações coordenadas dos músculos extrínsecos do bulbo do olho permitem a convergência. Função do Fotorreceptor: Fotorreceptores e fotopigmentos: Os bastonetes e os cones foram nomeados por causa da aparência de seus segmentos externos – a extremidade distal próxima ao estrato pigmentoso – de cada tipo de fotorreceptor. Os segmentos externos dos bastonetes são cilíndricos ou com formato de bastão; os dos cones são achatados ou com formato de cone. A transdução da energia luminosa em um potencial receptor ocorre no segmento externo tanto de cones quanto de bastonetes. Os fotopigmentos são proteínas integrais na membrana plasmática do segmento externo. Nos cones, a membrana plasmática é dobrada para frente e para trás de modo plissado (pregueado); nos bastonetes, as pregas se destacam da membrana plasmática e formam discos. O segmento externo de cada bastonete contém uma pilha com cerca de mil discos, empilhados como moedas dentro de um invólucro. Os segmentos externos dos fotorreceptores são renovados em um ritmo impressionantemente rápido. Nos bastonetes, um a três discos novos são adicionados à base do segmento externo a cada hora, enquanto os discos antigos se soltam e são fagocitados pelas células epiteliais pigmentadas. 14 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 O segmento interno contém o núcleo celular, o complexo de Golgi e muitas mitocôndrias. Em sua parte proximal, o fotorreceptor se expande em terminações sinápticas semelhantes a botões repletos de vesículas sinápticas. O primeiro passo na transdução visual é a absorção da luz por um fotopigmento, uma proteína colorida que sofre mudanças estruturais quando absorve luz, localizada no segmento externo de um fotorreceptor. A absorção de luz inicia os eventos que levam à produção de um potencial receptor. O único tipo de fotopigmento nos bastonetes é a rodopsina. Três diferentes fotopigmentos dos cones estão presentes na retina, um em cada um dos três tipos de cones. A visão colorida é resultante das diferentes cores de luz que ativam seletivamente os diferentes tipos de fotopigmentos dos cones. Todos os fotopigmentos associados à visão possuem duas partes: uma glicoproteína conhecida como opsina e um derivado da vitamina A, chamado de retinal. • Os derivados de vitamina A são formados a partir do caroteno, um pigmento vegetal que dá às cenouras sua cor laranja. Uma boa visão depende da ingestão adequada de vegetaisricos em caroteno, como cenoura, espinafre e brócolis, ou de alimentos que contenham vitamina A, como o fígado. • O retinal é a parte que absorve luz de todos os fotopigmentos visuais. Na retina humana, existem quatro tipos diferentes de opsinas, três nos cones e uma nos bastonetes (rodopsina). Pequenas variações nas sequências de aminoácidos das opsinas diferentes permitem que bastonetes e cones absorvam cores diferentes (comprimentos de onda) da luz incidente. Os fotopigmentos respondem à luz no seguinte processo cíclico: 1. Isomerização: No escuro, o retinal apresenta um formato dobrado chamado de cisretinal, que se encaixa confortavelmente na parte opsina do fotopigmento. Quando o cisretinal absorve um fóton de luz, ele muda de conformação, ficando reto e passando para um estado chamado de transretinal. Essa conversão de cis para trans é chamada de isomerização e é o primeiro passo da transdução visual. Após a isomerização do retinal, vários intermediários químicos instáveis são formados e desaparecem. Essas mudanças químicas levam à produção de um potencial receptor. 2. Clareamento: Em cerca de um minuto, o transretinal se separa completamente da opsina. O produto final é incolor, de modo que essa parte do ciclo é chamada de clareamento do fotopigmento. 15 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 3. Conversão: Uma enzima chamada de isomerase retinal isomerase converte o transretinal em cisretinal. 4. Regeneração: O cisretinal então pode se ligar à opsina, restaurando o fotopigmento funcional. Essa parte do ciclo – a reposição de um fotopigmento – é chamada de regeneração. O estrato pigmentoso da retina, adjacente aos fotorreceptores, armazena muita vitamina A e contribui para o processo de regeneração dos bastonetes. O grau de regeneração da rodopsina diminui drasticamente se a retina se solta do estrato pigmentoso. Os fotopigmentos dos cones se regeneram muito mais rapidamente do que a rodopsina nos bastonetes e são menos dependentes do estrato pigmentoso. Após o clareamento completo, a regeneração de metade da rodopsina demora cerca de cinco minutos; metade dos fotopigmentos dos cones se regenera em apenas 90 s. A regeneração completa da rodopsina clareada leva de 30 a 40 min. 16 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Adaptações à luz e ao escuro: Quando você sai de um ambiente escuro para a luz do sol, ocorre uma adaptação à luz – o seu sistema visual é ajustado em segundos para o ambiente mais luminoso pela diminuição de sua sensibilidade. Por outro lado, quando você entra em uma sala escura como um teatro, o seu sistema visual sofre uma adaptação ao escuro – sua sensibilidade aumenta lentamente ao longo de muitos minutos. A diferença nas taxas de clareamento e de regeneração dos fotopigmentos nos bastonetes e nos cones contribuem para algumas (mas não todas) mudanças de sensibilidade que ocorrem nas adaptações à luz e ao escuro. Conforme os níveis de luz aumentam, mais e mais fotopigmentos são clareados. Enquanto a luz está clareando algumas moléculas de fotopigmento, outras estão sendo regeneradas. Na luz do dia, a regeneração da rodopsina não consegue acompanhar o processo de clareamento, de modo que os bastonetes contribuem muito pouco para a visão diurna. Ao contrário, os fotopigmentos dos cones se regeneram rápido o bastante para que alguma forma cis esteja sempre presente, mesmo em luzes muito fortes. Se os níveis de luz diminuem abruptamente, a sensibilidade aumenta rapidamente no início e, em seguida, mais lentamente. Na escuridão completa, a regeneração total dos fotopigmentos dos cones ocorre durante os oito primeiros minutos da adaptação ao escuro. Durante esse período, um clarão limiar (que mal pode ser percebido) é visto como colorido. A rodopsina se regenera mais lentamente e a nossa sensibilidade visual aumenta até que um único fóton (a menor unidade de luz) consegue ser detectado. Nessa situação, embora uma quantidade de luz muito menor consiga ser detectada, os clarões limiares parecem brancoacinzentados, independentemente de suas cores. Em níveis de luz muito baixos, como uma noite iluminada apenas pelas estrelas, os objetos parecem ter tons de cinza porque apenas os bastonetes estão funcionando. Fototransdução: A fototransdução é o processo pelo qual a energia da luz é convertida em um potencial receptor no segmento externo de um fotorreceptor. Na maioria dos sistemas sensitivos, a ativação de um receptor sensitivo por seu estímulo adequado desencadeia um potencial receptor despolarizante. No sistema visual, contudo, a ativação de um fotorreceptor por seu estímulo adequado (luz) causa um potencial receptor hiperpolarizante. Quando o fotorreceptor está em repouso – ou seja, no escuro –, a célula está relativamente despolarizada. Como ocorre a fototransdução na operação de um fotorreceptor na ausência de luz: 1. No escuro, o cis-retinal é a forma do retinal associada ao fotopigmento do fotorreceptor. As moléculas de fotopigmento estão presentes nas membranas do disco do segmento externo do fotorreceptor. 2. Outra ocorrência importante na escuridão é que há uma alta concentração de GMP cíclica (cyclic guanosine monophosphate) no citosol do segmento externo do fotorreceptor. Isso deve- se à produção contínua de GMPc pela enzima guanilato ciclase na membrana do disco. 3. Depois de produzido, a GMP liga-se à membrana do segmento externo e abre canais de cátions não seletivos nessa membrana. Esses canais dependentes de GMPc permitem principalmente a entrada de íons Na+ na célula. 4. O influxo de Na+, denominado corrente escura, despolariza o fotorreceptor. Como resultado, no escuro, o potencial de membrana de um fotorreceptor é de cerca de −40 mV. Isso é muito 17 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 mais próximo de zero do que o potencial de membrana de repouso de um neurônio típico de −70 mV. 5. A despolarização no escuro espalha-se do segmento externo para o terminal sináptico, que contém canais de Ca2+ dependentes de voltagem em sua membrana. A despolarização mantém esses canais abertos, permitindo a entrada de Ca2+ na célula. A entrada de Ca2+, por sua vez, desencadeia a exocitose das vesículas sinápticas, o que resulta na liberação tônica de grandes quantidades de neurotransmissor do terminal sináptico. O neurotransmissor em bastonetes e cones é o aminoácido glutamato (ácido glutâmico). Nas sinapses entre bastonetes e algumas células bipolares, o glutamato é um neurotransmissor inibitório: desencadeia potenciais pós-sinápticos inibitórios (PPSIs) que hiperpolarizam as células bipolares e as impedem de enviar sinais para as células ganglionares. A absorção de luz e a isomerização da retina iniciam mudanças químicas no segmento externo do fotorreceptor que permitem a fototransdução: 1. Quando a luz atinge a retina, o cis-retinal sofre isomerização em trans-retinal. 2. A isomerização do retinal causa a ativação de uma proteína G conhecida como transducina, que está localizada na membrana do disco. 3. A transducina, por sua vez, ativa uma enzima denominada GMPc fosfodiesterase, que também está presente na membrana do disco. 4. Uma vez ativada, a GMPc fosfodiesterase degrada a GMPc. A quebra de GMPc reduz a concentração de GMPc no citosol do segmento externo. 5. Como resultado, o número de canais abertos dependentes de GMPc na membrana do segmento externo é reduzido e o influxo de Na+ diminui. 18 UNIDEP- Camila Paese 2º Período14/03/2024 6. A diminuição do influxo de Na+ faz com que o potencial de membrana caia para cerca de −65 mV, produzindo assim um potencial receptor hiperpolarizante. 7. A hiperpolarização espalha-se do segmento externo para o terminal sináptico, causando uma diminuição no número de canais abertos de Ca2+ dependentes de voltagem. A entrada de Ca2+ na célula é reduzida, o que diminui a liberação do neurotransmissor do terminal sináptico. Luzes fracas causam potenciais receptores pequenos e breves que desligam parcialmente a liberação de neurotransmissores; luzes mais brilhantes provocam potenciais receptores maiores e mais longos que desligam a liberação de neurotransmissores mais amplamente. Portanto, a luz excita as células bipolares que fazem sinapse com os bastonetes, desligando a liberação de um neurotransmissor inibitório. As células bipolares excitadas subsequentemente estimulam as células ganglionares a formar potenciais de ação em seus axônios. Os discos de bastonetes formam-se por pinçamento da membrana plasmática do segmento externo; nos cones, os discos são contínuos com a membrana do segmento externo. Sendo assim, nos bastonetes, as moléculas de fotopigmento, a transducina, a GMPc fosfodiesterase e o guanilato ciclase estão localizados em uma membrana diferente dos canais dependentes de GMPc; nos cones, todas essas proteínas estão localizadas na mesma membrana. Processamento do estímulo visual na retina: Dentro do extrato neural da retina, determinadas características do estímulo visual são aprimoradas, ao passo que outras podem ser descartadas. O sinal de estímulo de várias células pode convergir para um número menor de neurônios pós-sinápticos (convergência) ou divergir para um grande número (divergência). No geral, a convergência predomina: existem apenas 1 milhão de células ganglionares, mas 126 milhões de fotorreceptores no olho humano. Quando os potenciais receptores surgem nos segmentos externos de bastonetes e cones, espalham-se pelos segmentos internos até os terminais sinápticos. Moléculas de neurotransmissores liberadas por bastonetes e cones induzem potenciais graduados locais em células bipolares e em células horizontais. Entre 6 e 600 bastonetes fazem sinapses com uma única célula bipolar na camada sináptica externa da retina; um cone faz mais sinapses com uma única célula bipolar. A convergência de muitos bastonetes em uma única célula bipolar aumenta a sensibilidade à luz da visão dos bastonetes, mas borra levemente a imagem percebida. A visão do cone, embora menos sensível, é mais nítida por causa das sinapses individuais entre os cones e suas células bipolares. A atividade sináptica entre fotorreceptores e células bipolares é influenciada por células horizontais. Tais células formam sinapses com fotorreceptores e têm apenas efeitos indiretos nas células bipolares. Em áreas adjacentes da retina, um fotorreceptor geralmente forma uma sinapse excitatória com uma célula horizontal, e a célula horizontal, por sua vez, forma uma sinapse inibitória com os terminais pré-sinápticos de outro fotorreceptor. Dessa forma, um fotorreceptor pode excitar a célula horizontal, que pode então inibir o outro fotorreceptor, diminuindo a quantidade de neurotransmissor liberada em uma célula bipolar. Portanto, as células horizontais podem transmitir 19 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 sinais inibitórios direcionados lateralmente para os fotorreceptores, o que ajuda a melhorar o contraste visual entre áreas adjacentes da retina. A atividade sináptica entre as células bipolares e as células ganglionares é influenciada pelas células amácrinas. As células amácrinas transmitem sinais inibitórios direcionados lateralmente (inibição lateral) em sinapses formadas com células bipolares e células ganglionares. Existem muitos tipos diferentes de células amácrinas, com uma variedade de funções. Dependendo de quais células amácrinas estão envolvidas, elas podem responder a uma mudança no nível de iluminação na retina, ao início ou deslocamento de um sinal visual ou ao movimento de um sinal visual em uma determinada direção. Via visual: A via visual é o caminho percorrido pela informação visual de bastonetes e cones para a parte do cérebro onde ocorre o processamento. Os axônios das células ganglionares da retina formam o nervo óptico (II), que fornece a resposta da retina para o encéfalo. Os nervos ópticos (II) passam pelo quiasma óptico (um cruzamento, como na letra X), um ponto de cruzamento dos nervos óptico. Alguns axônios cruzam para o lado oposto, mas outros permanecem não cruzados. Depois de atravessar o quiasma óptico, os axônios, agora parte do trato óptico, entram no encéfalo e a maioria deles termina no núcleo geniculado lateral do tálamo. Nesse lugar, eles fazem sinapse com neurônios cujos axônios formam as radiações ópticas, que se projetam para o córtex visual primário nos lobos occipitais do cérebro e a percepção visual começa. Algumas das fibras dos tratos ópticos terminam nos colículos superiores, os quais controlam os músculos extrínsecos do bulbo ocular, e nos núcleos pré-tectais, que controlam os reflexos pupilares e de acomodação. 20 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 Tudo o que pode ser visto por um olho é o campo visual desse olho. Como observado anteriormente, em humanos, os olhos estão localizados anteriormente na cabeça, assim, os campos visuais sobrepõem-se consideravelmente. Temos visão binocular em razão da grande região onde os campos visuais dos dois olhos se sobrepõem – o campo visual binocular. O campo visual de cada olho é dividido em duas regiões: a metade nasal (central) e a metade temporal (periférica). Para cada olho, os raios de luz de um objeto na metade nasal do campo visual caem na metade temporal da retina, já os raios de luz de um objeto na metade temporal caem na metade nasal da retina. A informação visual da metade direita de cada campo visual é transmitida para o lado esquerdo do encéfalo, por outro lado, a informação visual da metade esquerda de cada campo visual é transmitida para o lado direito, como: 1. Os axônios de todas as células ganglionares da retina em um olho saem do bulbo ocular no disco óptico e formam o nervo óptico desse lado. 2. No quiasma óptico, os axônios da metade temporal de cada retina não se cruzam, mas continuam diretamente para o núcleo geniculado lateral do tálamo do mesmo lado. 3. Em contraste, os axônios da metade nasal de cada retina cruzam o quiasma óptico e continuam até o tálamo oposto. 4. Cada trato óptico consiste em axônios cruzados e não cruzados que se projetam do quiasma óptico para o tálamo de um lado. 5. Axônios colaterais (ramos) das células ganglionares da retina projetam-se para o mesencéfalo, onde participam de circuitos neurais que controlam a constrição das pupilas em resposta à luz e à coordenação dos movimentos da cabeça e dos olhos. Os axônios colaterais também estendem- se ao núcleo supraquiasmático do hipotálamo, que estabelece padrões de sono e outras atividades que ocorrem em um ritmo circadiano ou diário em resposta a intervalos de luz e escuridão. 6. Os axônios dos neurônios talâmicos formam as radiações ópticas à medida que se projetam do tálamo para o córtex visual primário no lobo occipital do cérebro do mesmo lado. 21 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 A chegada de impulsos nervosos no córtex visual primário permite a percepção da luz. O córtex visual primário tem um mapa do espaço visual: cada região dentro do córtex recebe o estímulo de uma parte diferente da retina, que,por sua vez, recebe os sinais de uma parte específica do campo visual. Uma grande quantidade de área cortical é dedicada ao estímulo da porção do campo visual que atinge a mácula. Lembre-se de que a mácula contém a fóvea, a parte da retina com a maior acuidade visual. Quantidades relativamente menores de áreas corticais são dedicadas às porções do campo visual que atingem as partes periféricas da retina. O estímulo do córtex visual primário é transmitido para a área de associação visual no lobo occipital; há também áreas nos lobos parietal e temporal que recebem e processam os estímulos visuais; para simplificação, essas áreas serão consideradas como uma extensão da área de associação visual. Essa área de associação processa ainda o estímulo visual para fornecer padrões visuais mais complexos, como a posição tridimensional, a forma geral, o movimento e a cor. Além disso, a área de associação visual armazena memórias visuais e relaciona experiências visuais passadas e presentes, o que nos permite reconhecer o que estamos vendo. Por exemplo: a área de associação visual permite que você reconheça um objeto como um lápis apenas olhando para ele. 22 UNIDEP- Camila Paese 2º Período 14/03/2024 O que leva as más formações do Sistema Óptico As condições ou más formações do sistema óptico podem ter diversas causas, e muitas vezes são influenciadas por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Aqui estão algumas das principais causas associadas a cada condição: 1. Miopia: Genética: Pessoas com pais míopes têm maior probabilidade de desenvolver miopia. Fatores ambientais: Atividades de perto prolongadas, como leitura ou uso excessivo de dispositivos eletrônicos, podem contribuir para o desenvolvimento da miopia. Anatomia do olho: Um olho mais longo do que o normal ou uma córnea mais curvada podem predispor ao desenvolvimento de miopia. 2. Hipermetropia: Anatomia do olho: Um olho mais curto do que o normal ou uma córnea mais plana podem contribuir para a hipermetropia. Genética: Assim como na miopia, a hipermetropia também pode ter uma forte componente genética. 3. Astigmatismo: Irregularidades na forma da córnea ou do cristalino do olho podem causar astigmatismo. Lesões oculares ou traumas também podem levar ao astigmatismo. 4. Presbiopia: Envelhecimento: A presbiopia é uma condição relacionada à idade, resultante da perda gradual de flexibilidade do cristalino com o passar do tempo. 5. Catarata: Envelhecimento: A maioria das cataratas é causada pelo envelhecimento natural do cristalino. Lesões oculares, exposição excessiva à radiação ultravioleta e certos medicamentos também podem aumentar o risco de desenvolver catarata. 6. Degeneração macular: Envelhecimento: A degeneração macular relacionada à idade é a forma mais comum da doença e é causada pelo envelhecimento do tecido da retina. Fatores genéticos, tabagismo, exposição à luz ultravioleta e uma dieta pobre em antioxidantes também podem aumentar o risco de desenvolver degeneração macular.