Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 
 
 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3 
META 01 ............................................................................................................................................................ 5 
QUAL É O FOCO? ......................................................................................................................................................5 
1. CONSTITUCIONALISMO ....................................................................................................................................5 
1.1. Supremacia da Constituição: Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo ..............................5 
2. CONSTITUIÇÃO .................................................................................................................................................. 13 
2.1. Conceito ......................................................................................................................................................... 13 
2.2. Concepções do Conceito de Constituição ........................................................................................... 14 
2.3. Classificação das Constituições ............................................................................................................. 22 
2.4. Elementos da Constituição ...................................................................................................................... 27 
2.5. Histórico Das Constituições Brasileiras ............................................................................................... 27 
2.6. Interpretação das normas Constitucionais ......................................................................................... 38 
2.7. Teoria dos Poderes Implícitos ................................................................................................................ 51 
2.8. Estrutura Da Constituição ........................................................................................................................ 51 
QUESTÕES PROPOSTAS .................................................................................................................................... 53 
 
 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 5 
 
 
META 01 
 
TEMA DO DIA 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
CONSTITUCIONALISMO 
CONSTITUIÇÃO 
 
QUAL É O FOCO? 
 
✓ Supremacia da Constituição e força normativa. 
✓ Classificação das Constituições. Outorgada x Promulgada. Dogmática x Histórica. Constituição 
garantia x dirigente x balanço. Quanto à alterabilidade. 
 
1. CONSTITUCIONALISMO 
 
1.1. Supremacia da Constituição: Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo 
 
1.1.1 Constitucionalismo 
 
O constitucionalismo é o movimento a partir do qual emergem as Constituições. Parte da 
noção de que todo Estado deve possuir uma Constituição. A ideia é GARANTIR DIREITOS para 
LIMITAR O PODER ESTATAL. Contrapõe-se ao absolutismo. 
 
FASES DO CONSTITUCIONALISMO 
 
a) ANTIGO 
 
É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar o poder, evitar o 
arbítrio. 
 
Hebreus: estabelecimento no estado teocrático de limitações ao poder político através da 
legitimidade dos profetas para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites 
bíblicos. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 6 
 
 
Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direito individuais. 
 
b) CLÁSSICO (LIBERAL): século XVIII 
 
A) Surge a 1ª geração de direito fundamentais (liberdade): direitos civis e políticos. Exigem 
abstenção do Estado. 
B) Separação de Poderes. 
C) CF rígida e supremacia da CF 
D) O Poder Judiciário é o principal encarregado de garantir a supremacia da CF. Surgem as 
primeiras Constituições escritas. 
 
Quadro europeu: o reconhecimento do valor jurídico das Constituições tardou na Europa. Os 
movimentos liberais (século XVIII) enfatizam o princípio da supremacia da lei e do parlamento. A 
Constituição NÃO era norma vinculante, embora esse entendimento já começasse a ser 
desenvolvido nos EUA. 
 
Nessa fase, há uma diferença entre o quadro europeu e o americano: 
 
QUADRO EUROPEU QUADRO AMERICANO 
- Supremacia da lei e do parlamento - Supremacia da Constituição 
- O Judiciário NÃO pode controlar a 
legitimidade constitucional das leis, 
limitando-se a ser a “boca da lei” 
(Supremacia do parlamento) 
- Para garantir a efetiva supremacia da 
Constituição, cresceu o papel do controle 
judicial: ao Judiciário cabe fazer a 
interpretação final e aplicar a Constituição 
(judicial review). 
- A primazia da Constituição só ocorreu a 
partir do fim da 2ª guerra mundial 
(redemocratização). Supremacia do Poder 
Constituinte. 
- Para acentuar a supremacia do Poder 
Constituinte, adotou-se procedimento mais 
dificultoso e solene de mudança da 
Constituição. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 7 
 
 
 
c) MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda. 
 
• Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço 
público). 
• Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O abstencionismo 
estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade de competições. 
• Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor 
IGUALDADE, mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, 
econômicos e culturais). Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. 
Surgem garantias institucionais. 
• Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no 
âmbito social, econômico e laboral. 
 
d) CONTEMPORÂNEO: após fim da 2ª Guerra Mundial. 
 
• Surgem os direitos fundamentais de 3ª geração (fraternidade): direitos transindividuais, 
como meio ambiente, comunicação, consumidor. 
• Alguns o chamam de neoconstitucionalismo. Outros diferenciam: 
a) No constitucionalismo contemporâneo, a hierarquia entre Constituição e lei é apenas 
formal: o foco é a limitação do poder estatal. 
b) No neoconstitucionalismo, a hierarquia é de grau e também axiológica (tem que 
observar espírito e valores da CF): o foco é a concretização dos direitos 
fundamentais. 
 
Caracteriza-se pelas Constituições garantistas, que tem como pilar a defesa dos direitos 
fundamentais. 
 
Período marcado pelas CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES, que prescrevem programas a 
serem implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programáticas. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 8 
 
 
1.1.2. Neoconstitucionalismo 
 
A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva 
em relação ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, 
constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova 
realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder 
político, mas, buscar a eficácia da Constituição. 
 
CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO: 
 
• BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 
• PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, 
o pós-positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. 
Não basta apenas respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da 
finalidade pública). 
• NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição Federal era documento político. 
Com o neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante. 
• FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: As normas constitucionais têm 
 aplicabilidade direta (conforme sua densidade jurídica), os direitos irradiamda CF. 
• CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem 
supremacia formal e material. Consequências: 
 
o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na 
Constituição Federal e há releitura dos institutos previstos na legislação 
infraconstitucional à luz da Constituição. 
o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal. 
Segundo a interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu 
sentido constitucional. Para Luiz Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma 
interpretação constitucional. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 9 
 
 
• REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso 
rol de direitos fundamentais. 
• MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e 
passam a ser espécies de norma; 
• FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição 
Federal. É o ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos 
direitos. O Judiciário passa a atuar como legislador positivo. 
 
Marcos do Neoconstitucionalismo (Luís Roberto Barroso): 
 
(i) Marco histórico: A formação do Estado constitucional de direito, cuja 
consolidação se deu ao longo das décadas finais do século XX; 
(ii) Marco filosófico: O pós-positivismo, com a centralidade dos direitos 
fundamentais e a reaproximação entre Direito e ética; e 
(iii) Marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da 
Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de 
uma nova dogmática da interpretação constitucional. 
 
Para o professor Rafael Carvalho, indicado para a banca de direito administrativo, em 
suas palavras, o novo constitucionalismo (“neoconstitucionalismo”, “constitucionalismo 
contemporâneo” ou “constitucionalismo avançado”) é caracterizado pela crescente aproximação 
entre o Direito e a moral, especialmente a partir do reconhecimento da normatividade dos 
princípios constitucionais e da crescente valorização dos direitos fundamentais. A 
constitucionalização do Direito não pressupõe apenas colocação do texto constitucional no 
topo da hierarquia do ordenamento jurídico. Trata-se, em verdade, de processo dinâmico-
interpretativo de releitura (transformação) do ordenamento jurídico que passa a ser impregnado 
pelas normas constitucionais. Em consequência, a aplicação e a interpretação de todo o 
ordenamento jurídico devem passar necessariamente pelo filtro axiológico da Constituição 
(“filtragem constitucional”). Os princípios constitucionais e os direitos fundamentais, nesse 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 10 
 
 
contexto, passam a ter posição de destaque na ordem constitucional, pois as Constituições 
procuram valer-se cada vez mais dos princípios como forma de amoldar, nos seus textos, 
interesses conflitantes existentes em uma sociedade pluralista – 6ª edição do Curso de Direito 
Administrativo, pgs. 14/15. 
 
1.1.3. O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito 
 
Frequentemente se cogita qual seria o papel da Constituição em um Estado de Direito. 
Para a teoria procedimentalista, que tem como expoente o alemão Jürgen Habermas, a 
Constituição deve se limitar à regulação formal do processo democrático, sem estabelecer de 
antemão quais as metas ou valores substantivos a serem perseguidos por aquela sociedade. Para 
esta concepção, uma vez assegurado um procedimento democrático, caberá à própria sociedade 
compreender seus problemas e encontrar soluções, por meio de processos comunicacionais. De 
fato, para a “teoria do agir comunicativo” de Habermas, o direito deve ser construído a partir desta 
interação intersubjetiva entre os cidadãos na esfera pública, de modo que a legitimidade das 
normas repousaria no “princípio do discurso”, isto é, na possibilidade de que todos seus 
destinatários com elas consintam. 
Discordando desta visão, a teoria substancialista defende que a Constituição deve 
consagrar metas e valores a serem perseguidos por aquela sociedade, traduzindo-se em uma 
Constituição dirigente, na expressão de Canotilho. Tal vertente critica, ainda, a concepção liberal 
do Estado de Direito pregada pelo constitucionalismo clássico, que defendia que a Constituição 
deveria se restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas 
correspondem aos chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como 
os direitos civis e políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de 
abstenção e não intervenção na esfera particular. 
O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia juspositivista, que 
encontrou seu auge nos pensamentos de Hans Kelsen e a sua obra “Teoria Pura do Direito”. Para 
ele, a ciência do Direito deve ser pura, isto é, abdicar de reflexões metajurídicas, tais como as 
relativas à ética, à moral e à justiça, de modo que o objeto de estudo deve se limitar às normas 
estatais. A análise da validade de uma norma não passaria, portanto, pela aferição de sua justiça 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 11 
 
 
ou aderência social, mas pela constatação da legitimidade de seu processo criador e da sua 
conformidade com as normas hierarquicamente superiores. Isto porque o ordenamento seguiria 
um escalonamento na forma de uma pirâmide, no topo da qual estariam as normas constitucionais 
e, acima delas, uma norma fundamental hipotética, pressuposta. Seria um sistema fechado de 
normas, portanto, e com pretensão à completude. Nesta configuração reducionista do fenômeno 
jurídico, o juiz deveria se limitar a realizar um procedimento de formal de subsunção do fato à 
norma, colocando-se em posição de neutralidade axiológica. Ou seja, exerceria o papel de “boca 
da lei”, conforme expressão de Montesquieu. 
A História cuidou de mostrar as falhas conceituais do juspositivismo. Fenômenos como o 
nazismo e o apartheid, desenrolados sob o manto da estrita legalidade, evidenciaram que a 
pretensa neutralidade do discurso jurídico e seu divórcio de reflexões éticas criaram ambiente fértil 
para a barbárie, a injustiça e a intolerância. 
O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a 
necessidade de trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência 
jurídica. A este ideário difuso se convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no 
campo constitucional formam o assim denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a 
Constituição, longe de apenas limitar o poder político, deve ter como foco a concretização de 
direitos fundamentais (efeito expansivo dos direitos fundamentais). Não basta prevê-los, como 
meras aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a Constituição tem força normativa e deve 
ser implementada. Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e 
princípios, pois estes não são meras aspirações sem caráter vinculativo. 
As regras são, então, as normas com conteúdo menos abstrato, que já estabelecem, de 
antemão, soluções pré-definidas para cada situação. Sua aplicação se dá, portanto, pelo juízo de 
“tudo ou nada” (expressão de Ronald Dworkin): em um caso concreto, ou serão satisfeitas ou não 
serão. Por isso, Robert Alexy as reputa “mandados de definição”. Sua aplicação se dá por 
subsunção. 
Os princípios, por outro lado, são os vetores axiológicos que fundamentam o ordenamento 
jurídico, tendo, por isso, caráter nomogenético. Têm certa abstração e alta carga axiológica, não 
precisando estar positivados para terem força normativa, vinculativa. É por meio deles que a ética e 
a moral ingressam no ordenamento. Alexy os reputa “mandados de otimização”, porque, em caso 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 12 
 
 
de conflito entre eles, cada um deverá ser satisfeito no maior grau possível, pelatécnica da 
ponderação/sopesamento, fundada na proporcionalidade. 
Superando a antiga visão do discurso jurídico como uma racionalidade neutra, objetiva, 
imparcial, asséptica, visão esta que apenas se prestação à conformação ao “status quo” e à 
manutenção das desigualdades, cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma, 
que olhe para o futuro, e dela extrair seu potencial transformador. Uma interpretação, portanto, 
que concretize os valores consagrados pelo texto constitucional, para que não sejam “promessas 
constitucionais inconsequentes” (feliz expressão do Ministro do STF Celso de Mello), normas 
meramente programáticas, retóricas. 
Faz-se necessário, portanto, desenvolver uma compreensão crítica do direito e da realidade, 
desconstruindo a pretensa neutralidade do discurso jurídico, para reconstruí-lo como ferramenta 
de emancipação. Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização 
de seus vetores axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade tal qual 
prometida pelo Texto Maior: fraterna, justa, igualitária. Enfim, uma sociedade que realize a 
finalidade por excelência de um Estado de Direito: a dignidade da pessoa humana. 
Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo 
constitucional, questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na 
consecução de políticas públicas, já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos 
pela vontade da maioria. 
Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de 
poderes) e condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para 
legitimidade do ativismo judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário, 
defendendo que a atuação judicial, na espécie, é ilegítima, por: 
 
1) violar o postulado da Separação dos Poderes; 
2) não se sustentar em norma constitucional ou legal; 
3) ser casuística; ou 
4) descambar em problema ainda maior do que o veiculado na lide 
 
Consignadas tais limitações, vê-se, portanto, que o ativismo judicial não pode descambar 
para o arbítrio judicial, que, a pretexto de imprimir juridicidade às normas constitucionais, 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 13 
 
 
especialmente os princípios, finda por relegar a um segundo plano a segurança jurídica e 
a democracia. 
Segundo Daniel Sarmento, “no Brasil, uma crítica que tem sido feita à recepção do 
neoconstitucionalismo – eu mesmo a fiz em vários textos, bem como outros autores, como 
Humberto Ávila e Marcelo Neves – é a de que ele tem dado ensejo ao excessivo arbítrio judicial, 
através do que chamo de “carnavalização dos princípios constitucionais” (guarde essas 
expressões). 
 
2. CONSTITUIÇÃO 
 
2.1. Conceito 
 
Embora existam várias acepções, basicamente, os doutrinadores conceituam constituição 
como “a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à 
estruturação do Estado; à formação dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do 
poder de governar; distribuição de competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão”. 
(MORAES. Alexandre de. Direito Constitucional. 8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e (HOLTHER. 
Leo Van. Direito Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34). 
 
DICA: para não esquecer o conceito, lembrem-se dos objetivos das constituições, começando pela 
limitação de poderes e estruturação do Estado). 
 
J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis: ―.Este conceito 
ideal identifica-se fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como 
elementos materiais caracterizadores e distintivos os seguintes: 
 
(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta 
essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da 
participação dos cidadãos nos actos do poder legislativo através dos parlamentos); 
(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia 
orgânica contra os abusos dos poderes estaduais; 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 14 
 
 
(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim 
Gomes. Direito Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, 
páginas 62 e 63). 
 
2.2. Concepções do Conceito de Constituição 
 
Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por 
base um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”. 
 
a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): uma Constituição só seria legítima se 
representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, do 
contrário seria uma simples “folha de papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a 
somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade. 
 
b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental, 
emanada do titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais 
dispositivos que estão inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão 
política fundamental. Faz a distinção entre Constituição (decisão política fundamental) e lei 
constitucional (lei formalmente Constitucional). 
 
c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de 
qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra 
Constituição: 
 
• SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, 
responsável por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas 
as outras leis. 
• SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que 
regulam a criação de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais 
extraem seu fundamento de validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito 
positivo e encontra-se no topo da pirâmide normativa. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 15 
 
 
 
d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é 
produto de um FATO CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir. 
 
OUTROS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO (BULOS, 2014, p. 104): 
 
a) Constituição Jusnaturalista: Constituição concebida à luz dos princípios do direito natural, 
principalmente no que concerne aos direitos humanos fundamentais. 
 
b) Constituição Positivista: Constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do 
Estado. Para os seus defensores, basta recorrer ao Direito Constitucional posto pela ação do 
homem para sabermos o conceito de constituição. Assim, para a compreensão da constituição, 
não seriam necessários critérios metanormativos (fatores sociais, políticos, econômicos, 
culturais, religiosos. 
 
c) Constituição Marxista: Constituição é o produto da supraestrutura ideológica, condicionada 
pela infraestrutura econômica. É o caso da constituição-balanço, que, conforme a doutrina 
soviética, prescreve e registra a organização política estabelecida, ou seja, os estágios das 
relações de poder. A cada passo da evolução socialista, existiria uma nova constituição para 
auscultar as necessidades sociais. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
Constituição-balanço é o inverso da constituição-garantia ou constituição-quadro. Esta 
última é aquela que almeja garantir a liberdade limitando o poder. 
 
d) Constituição Institucionalista: Constituição é a expressão das ideias fortes e duradouras, 
dos fins políticos, com vistas a cumprir programas de ordem social. 
 
e) Constituição Estruturalista: Constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 16 
 
 
equilibrar as relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Assim, a 
constituição não seria apenas certo número de preceitos cristalizados em artigos e parágrafos,e 
sim uma unidade estrutural, um conjunto orgânico e sistemático de caráter normativo sob 
inspiração de um pensamento diretor. 
 
f) Constituição Biomédica/biológica (bioconstituição): É a constituição que consagra normas 
assecuratórias da identidade genética do ser humano, visando reger o processo de criação, 
desenvolvimento e utilização de novas tecnologias científicas. Visa assegurar a dignidade 
humana, salvaguardando biodireitos e biobens. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A quarta revisão constitucional da Carta portuguesa de 1976, realizada em 1997, 
consagrou o sentido biomédico de constituição. 
 
g) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas 
e sociais. Típica da sociedade plural e complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos 
profundos. O procedimento constituinte de elaboração das constituições compromissórias é 
tumultuado pelas correntes convergentes e divergentes de pensamento, mas que ao fim 
encontram o consenso (compromisso constitucional). 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A Constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são constituições 
compromissórias. 
 
h) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social, 
político e econômico da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A 
constituição suave não faz promessas baseadas na demagogia política. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 17 
 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A Carta dos Estados Unidos de 1787 é exemplo de constituição suave. 
 
i) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de 
reforma constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos 
órgãos revisores, que, por si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a 
propositura de emendas ou revisões constitucionais. 
 
j) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade, 
projetando a sua forçam normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado. 
Qualifica-se de plástica porquanto revela uma maleabilidade. Maleabilidade porque permite a 
adequação de suas normas às situações concretas do cotidiano. Tanto as cartas rígidas como as 
flexíveis podem ser plásticas. O que caracteriza a plasticidade é a adaptação das normas 
constitucionais às oscilações da opinião pública. Normalmente, as constituições plásticas 
consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo do legislador ordinário a 
complexa tarefa de preenchimento das normas constitucionais. 
- As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser” de seus preceitos com a 
realidade social. Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação constitucional. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e 
também plástica. 
 
k) Constituição Empresarial: É o conjunto de normas cujo conteúdo estabelece a organização 
jurídica de uma dada comunidade, num período histórico determinado. É uma espécie de 
constituição programática. Quando os franceses, holandeses e portugueses estiveram no 
Brasil-colônia, chegaram a vigorar constituições empresariais, elaboradas por empresas 
exploradoras da atividade comercial da época. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 18 
 
 
 
l) Constituição Oral: É aquela em que o chefe supremo de um povo proclama, de viva voz, o 
conjunto de normas que deverão reger a vida em sociedade. Exemplifica-a a Carta da Islândia 
do século IX, quando os vikings instituíram, solene e oralmente, o primeiro parlamento livre da 
Europa. 
 
m) Constituição Instrumental: É aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. 
Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
Grande parte dos constitucionalistas contemporâneos não aceitam essa ideia de 
constituição. 
 
n) Constituição como Estatuto do Poder: Constituição que equivale a um mecanismo para 
legitimar o poder soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade. O 
texto constitucional, enquanto estatuto do poder, seria o pressuposto lógico do próprio Estado 
de Direito, servindo para balizar a conduta de governantes, verdadeiros prepostos da sociedade 
política, e a conduta dos governados, os quais devem se submeter ao poder de direito, 
juridicizado e racionalizado por meio de normas constitucionais. 
 
SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS DE CONSTITUIÇÃO (BULOS, 2014, p. 109): 
 
a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação 
governamental do Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no 
sentido de estabelecer uma direção política permanente. Significa que o texto constitucional 
seria uma lei material, para preordenar programas a serem realizados, objetivos e princípios de 
transformação econômica e social. A ideia de constituição dirigente diverge daquela visão 
tradicional de constituição, que a concebe como lei processual ou instrumento de governo, 
definidora de competências e reguladora de processos. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 19 
 
 
 
- No sentido dirigente, a constituição é o “estatuto jurídico do político”, o plano global 
normativo de todo o Estado e de toda a sociedade, que estabelece programas, definindo fins 
de ação futura. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de constituições 
dirigentes. 
 
b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma 
ordenação global do Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de 
determinação de sua identidade. As constituições são ordens fundamentais que contêm, no 
âmbito da historicidade que as subjaz, programas de ação que as identificam com 
ordenamentos político-sociais tendentes a um processo de realização concreto. Esse 
pensamento nutre forte semelhança com a tese da constituição dirigente, pois propõe o 
estabelecimento de metas para dirigir a atividade estatal. 
 
c) Constituições subconstitucionais (subconstituições): Conjunto de normas que, mesmo 
elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são materialmente, pois que limitadas 
nos seus objetivos. Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios 
do tempo em que foram elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o futuro, 
pois já nascem divorciadas do sentido de estabilidade e perpetuidade que deve encampar o ato 
de feitura dos documentos supremos que pretendem ser duradouros. Revelam uma espécie de 
constituição de necessidade, algo contrário àqueles documentos normativos que consagram um 
poder geral em branco, responsável pela adaptação dos problemas concretos ao “dever ser” 
das prescrições supremas do Estado, sem a necessidade de se explicitarem as autorizações 
constitucionais. 
- As subconstituições decorrem da praxe de incluir uma gama infindável de matérias nas 
constituições (totalitarismo constitucional), a ponto de se falar em constituição econômica, 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 20 
 
 
constituição social etc. 
 
d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): A carta 
magna é um instrumento funcional que serve para reduzir a complexidade do sistema político. 
Nesse contexto, propicia a reflexão da funcionalidade do Direito, abandonando o exame isolado 
da relação de hierarquia das normas constitucionais. Conforme Luhmann, urge banir a mera 
visão negativa da análise dos problemas constitucionais. Não basta perquirir o vínculo de 
conformidade ou desconformidade das leis e atos normativos com a constituição. É imperioso 
que se busque a lógica do sistema político. As constituições não servem, somente, para emitir 
juízos de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade. Constituem algo maior, visto que 
estão inseridasno campo da contingência de autofixação do sistema político. 
 
e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional 
como documento de uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como 
uma ordem jurídica fundamental do Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições 
não são atos voluntarísticos do poder constituinte, porque dizem respeito à evolução social da 
comunidade. Assim, o texto constitucional é o reflexo de um processo interpretativo aberto e 
conduzido à luz da força normativa da publicidade. 
 
f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa 
constituição não é um meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual 
podemos eliminar conflitos. Isso porque as constituições consagram processos de decisão que 
não podem ser impostos, pois servem de parâmetro de resolução de casos concretos perante 
circunstâncias particulares, a fim de possibilitar soluções ótimas. 
 
g) Constituição como garantia do status econômico e social: É um sistema de artifícios 
técnico-jurídicos, com vistas à racionalização e garantia do status quo, consistindo num 
pecanismo formal de garantia, despojado de qualquer conteúdo social, material ou econômico. 
Objetiva, apenas, manter o coeficiente de juridicidade e de estadualidade do ordenamento 
jurídico. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 21 
 
 
 
h) Constituição.com (crowdsourcing): É aquela cujo projeto conta com a opinião maciça dos 
usuários da internet, que, por meio de sites de relacionamento, externam seus pensamentos a 
respeito dos temas a serem constitucionalizados. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
Foi a Islândia que, pioneiramente, fez, no ano de 2011, uma “constituição.com”. 
 
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA (Marcelo Neves) 
 
O doutrinador Marcelo Neves entende que a ideia de legislação ou de constituição 
simbólicas advém da hipertrofia da função simbólica da atividade legiferante e do seu 
produto, a lei, em detrimento da função jurídico-instrumental, ou seja, é valorizar mais uma 
construção legislativa sem efetividade do que dar possibilidade de a legislação se tornar 
efetiva. 
 
O simbolismo se verifica por três mecanismos: 
 
• A Constituição serve tão-somente para confirmar valores sociais: legislador assume 
uma posição em relação a determinado conflito social. Se posiciona de um lado, 
dando uma vitória legislativa para um determinado grupo social, em detrimento da 
eficácia normativa da lei; 
• A Constituição apenas demonstra a capacidade de ação do Estado (legislação álibi): 
busca-se aparente solução para problemas da sociedade, ainda que mascare a 
realidade. Só cria a imagem de um Estado que responde rapidamente aos anseios 
sociais. Introduz um sentimento de bem-estar na sociedade. 
 
Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios: transfere a 
solução de conflitos para um futuro indeterminado. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 22 
 
 
 
2.3. Classificação das Constituições 
 
2.3.1 Quanto à origem ou positivação: 
 
1. Outorgada, não democrática ou imposta: Impostas pelo detentor do poder de forma 
unilateral; 
2. Promulgada, democrática ou popular: nascem de debates políticos; 
3. Cesarista ou plebiscitárias: É Constituição imposta, mas que se pretende legitimar por 
meio da aprovação popular via plesbicito; 
4. Pactuada: É a Constituição elaborada em decorrência de pacto realizado entre os vários 
titulares do Poder Constituinte que, em conjunto, elaboram a Constituição. 
 
2.3.2. Quanto à forma 
 
• Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal; 
• Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras. 
 
2.3.3 Quanto à mutabilidade 
 
• Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo 
de formação das leis; 
• Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as 
leis ou até mais simples; 
Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas; 
• Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado 
por processo legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é 
possível a alteração pelo procedimento ordinário; 
 
 
No concurso da PGE-MS (CESPE - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 23 
 
 
 O art. 178 da Constituição brasileira de 1824, a Carta Imperial do Brasil, dispunha o 
seguinte: “É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas dos 
Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos Cidadãos (...)”. Considerando-
se essa disposição e os modos de classificar as constituições, é correto afirmar que a 
Constituição brasileira de 1824 era 
 
A) flexível. 
B) rígida. 
C) super-rígida. 
D) sintética. 
E) semirrígida. 
 
A alternativa considerada correta foi a letra E. 
 
• Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais 
dificultoso e solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis; 
• Imutáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto; 
• Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional. 
 
2.3.4. Quanto ao conteúdo 
 
1. Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder 
Constituinte, por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais 
solene do que o processo de formação das demais leis que compõem o ordenamento 
jurídico. Dessa forma, como não importa o conteúdo da norma, será constitucional tudo 
que constar do texto da Constituição, mesmo que não se trate de assunto relevante para o 
Estado e a sociedade; 
2. Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, 
que será toda aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus 
alicerces fundamentais. Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos, 
fora da Constituição. 
 
Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de 
ser escrita, exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 24 
 
 
Logo, é possível uma constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de 
processo legislativo especial para sua alteração). 
 
2.3.5. Quanto à sistemática (Pinto Ferreira) 
 
1. Reduzidas: Materializam-se em um único documento sistemático; 
2. Variadas: É a Constituição que está espalhada por vários documentos legislativos. 
 
2.3.6. Quanto à ideologia: 
 
A- Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica; 
B- Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88. 
 
2.3.7. Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) 
 
Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das Constituições, conforme 
adequação à realidade social e política: 
 
a) Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): São aquelas em 
que o poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do 
poder subordinam-se as determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. Se 
adequa à realidade, eis que pretende e consegue guiar o processo político. O texto se alinha 
com a realidade política; 
b) Nominalistas (nominal): Visa limitar a atuação dos detentores do poder econômico, político e 
social, mas essa limitação NÃO se efetiva. Não corresponde à realidade, já que, apesar de 
pretender regular o processo político, NÃO consegue fazê-lo. Não conseguem ser 
implementadas pois em descompasso com a realidade política; 
c) Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): A Constituição serve 
de manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterarcoisa alguma. Não 
tem por fim regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e manter o poder 
político vigente. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 25 
 
 
 
 
No concurso da PGE-AL (CESPE - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: 
 
 Karl Loewenstein, filósofo alemão, promoveu importantes estudos em direito 
constitucional, que influenciaram e ainda influenciam importantes correntes de 
pensamento. Loewenstein aduziu uma classificação própria das Constituições. A seguir é 
apresentado trecho adaptado da doutrina, acerca de uma das espécies de Constituição 
propostas pelo filósofo. 
 
São formalmente válidas, mas alguns dos seus preceitos ainda não foram ativados na 
prática real. Na visão de Loewenstein, nesses casos, a situação real não permite a 
transformação das normas constitucionais em realidade política, mas ainda se pode 
esperar que, com o tempo, elas sejam implementadas concretamente. 
 
(Gilmar F. Mendes e Paulo G. Gonet Branco. Curso de Direito Constitucional. Série IDP, 
16.ª ed., 2021) 
 
Esse trecho da doutrina se refere, na classificação de Loewenstein, à Constituição 
 
A) garantia. 
B) normativa. 
C) semântica. 
D) programática. 
E) nominal. 
 
A alternativa considerada correta foi a letra E. 
 
2.3.8. Quanto à extensão 
 
a) Constituição Sintética: É Constituição reduzida, sucinta, a exemplo da norteamericana; 
b) Constituição Analítica: É Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88. 
 
2.3.9. Quanto às opções políticas 
 
Outra classificação opõe as constituições-garantia (estatutárias ou liberais) às 
constituições programáticas (ou dirigentes), conforme a margem de opções políticas que deixam 
ao alvedrio dos Poderes Públicos que instituem. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 26 
 
 
As constituições-garantia, tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de 
estrutura do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto 
desempenho. Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica. 
As constituições dirigentes, não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas 
também traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos 
domínios social, cultural e econômico. 
De toda sorte, associa-se a constituição-garantia a uma concepção liberal da política, 
enquanto a constituição programática remete-se ao ideário do Estado social de direito. 
A Constituição brasileira de 1988 tem induvidosa propensão dirigente. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 
Origem Promulgada (Popular) 
Forma Escrita 
Extensão Analítica (Prolixa) 
Conteúdo Formal 
Modo de elaboração Dogmática (Codificada) 
Alterabilidade Rígida 
 
2.3.10. Outras terminologias 
 
Constituição moldura -> para Marcelo Novelino tal concepção é “utilizada metaforicamente 
para designar a constituição que serve apenas como limite à atuação legislativa. A lei 
fundamental atua como uma espécie de moldura dentro da qual o legislador pode atuar, 
preenchendo-a conforme a oportunidade política. À jurisdição constitucional caberia apenas 
controlar ‘se’ (não ‘como’) o legislador atuou dentro da moldura estabelecida”. 
As Constituições fixas foram exemplos de constituições em branco. Constituições fixas são 
aquelas que não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo, somente 
podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder 
constituinte originário. Ex.: Estatuto do Reino da Sardenha de 1848. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 27 
 
 
2.4. Elementos da Constituição 
 
Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem 
ser diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo: 
 
c) Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder; 
d) Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e garantias 
fundamentais; 
e) Elementos sócio ideológicos: Identificam a ideologia adotada pelo constituinte; 
f) Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas constitucionais 
em situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas; 
g) Elementos formais de aplicabilidade: Estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex: 
Preâmbulo, ADCT. 
 
2.5. Histórico Das Constituições Brasileiras 
 
2.5.1. Constituição de 1824 
 
A Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824 e foi, 
dentre todas, a que durou mais tempo, tendo sofrido considerável influência da francesa de 1814. 
Foi marcada por forte centralismo administrativo e político, tendo em vista a figura do Poder 
Moderador, constitucionalizado, e também por unitarismo e absolutismo. 
 
Características: 
 
• Governo: monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Tratava-se de forma 
unitária de Estado, com nítida centralização político-administrativa. 
• Organização dos “Poderes”: não se adotou a separação tripartida de Montesquieu, 
porque além as funções legislativa, executiva e judiciária, estabeleceu-se a função 
moderadora. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 28 
 
 
• Poder Legislativo: exercido pela Assembleia Geral, com a sanção do Imperador, que era 
composta de duas Câmaras: Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores, ou Senado. 
A Câmara dos Deputados era eletiva e temporária; a de Senadores, vitalícia, sendo os seus 
membros nomeados pelo Imperador dentre uma lista tríplice enviada pela Província. Ou 
seja, as eleições para o Legislativo eram indiretas. 
• Sufrágio: censitário (baseava-se em determinadas condições econômico-financeiras). 
• Poder Executivo: a função executiva era exercida pela Imperador, chefe do Poder 
Executivo, por intermédio de seus Ministros de Estado. Houve uma época de 
parlamentarismo monárquico no Brasil durante o Segundo Reinado. 
• Poder Judiciário: era independente e composto de juízes e jurados. Os juízes aplicam a lei 
e os jurados se pronunciavam sobre os fatos. Aos juízes era assegurada a vitaliciedade, 
mas não a inamovibilidade. O órgão de cúpula do Judiciário era o Supremo Tribunal de 
Justiça. 
• Poder Moderador: servia para assegurar a estabilidade do trono no Imperador durante o 
reinado no Brasil. O Imperador, que exercia o Poder Moderador, no âmbito do Legislativo, 
nomeava os Senadores, convocada a Assembleia Geral extraordinariamente, sancionava e 
vetava proposições do Legislativo, dissolvia a Câmara dos Deputados, convocando 
imediatamente outra. No âmbito do Executivo, nomeava e demitia livremente os Ministros. 
E, por fim, no âmbito do Judiciário, suspendia os Magistrados. 
• Constituição semirrígida. 
 
2.5.2. Constituição de 1891 
 
A Assembleia Constituinte foi eleita em 1890. Em 24 de fevereiro de 1891, a primeira 
Constituição da República do Brasil (a segunda do constitucionalismo pátrio) é promulgada, 
sofrendo pequena reforma em 1926. Sofreu forte influência da Constituição norte-americana de 
1787, consagrando o sistema de governo presidencialista, a forma de Estado federal, 
abandonando o unitarismo e a forma de governo republicana em substituição à monárquica. 
 
Características: 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 29 
 
 
• Forma de Governo e regime representativo: adotou, como forma de governo, sob o regime 
representativo, a República Federativa. Declarou a união perpétua e indissolúvel das 
antigas províncias, vedando, assim, a possibilidade de secessão. 
• O Brasil tornou-se um país laico ou não confessional. 
• Organização dos “Poderes”: o Poder Moderador foi extinto, adotando-se a teoria clássica 
de Montesquieu da tripartição dos Poderes. 
• Poder Legislativo: era exercido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da 
República, composto por duas Casas: Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Fixava-
se, assim, o “bicameralismo federativo”.A Câmara dos Deputados era composta de 
representantes do povo eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante sufrágio 
direto, garantida a representação da minoria. Cada Deputado exercia mandato de 3 anos. Já 
o Senado Federal representava os Estados e o Distrito Federal, sendo eleitos 3 Senadores 
por Estado e 3 pelo Distrito Federal, eleitos do mesmo modo que os Deputados, para 
mandato de 9 anos, renovando-se o Senado pelo terço trienalmente (ou seja, 1 a cada 3 
anos, já que o mandato era de 9 anos e junto com as eleições para Deputados, que tinham 
mandato de 3 anos). O Poder Legislativo também foi estabelecido em âmbito estadual. 
Alguns Estados, curiosamente, possuíam duas Casas, caracterizando-se, assim, a ideia de 
bicameralismo estadual. 
• Poder Executivo: exercido pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, 
como chefe eletivo da Nação, era eleito junto com o Vice-Presidente por sufrágio direto, 
para mandato de 4 anos, não podendo ser reeleito para um período subsequente. 
• Poder Judiciário: o órgão máximo do Judiciário passou a chamar-se Supremo Tribunal 
Federal, composto por 15 “juízes. Estabeleceu-se a hipótese dos crimes de 
responsabilidade. 
• Constituição rígida. 
• Expressa previsão, pela primeira vez, do remédio constitucional do HABEAS CORPUS. 
• Reforma de 1926: houve centralização do poder, restringindo a autonomia dos Estados. 
 
2.5.3. Constituição de 1934 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 30 
 
 
A crise econômica de 1929, bem como os diversos movimentos sociais por melhores 
condições de trabalho influenciaram a promulgação do texto de 1934, abalando, assim, os ideais 
do liberalismo econômico e da democracia liberal da Constituição de 1891. Por isso é que a 
doutrina afirma, com tranquilidade, que o texto de 1934 sofreu forte influência da Constituição de 
Weimar da Alemanha de 1919, evidenciando, portanto, os direitos humanos de 2.ª geração ou 
dimensão e a perspectiva de um Estado social de direito (democracia social). Há influência, 
também, do fascismo, já que o texto estabeleceu, o que se verá abaixo, além do voto direto para a 
escolha dos Deputados, a modalidade indireta, por intermédio da chamada “representação 
classista” do Parlamento. 
 
Características: 
 
• Forma de Governo e regime representativo: mantém a República Federativa, sob o regime 
representativo. Os poderes da União foram aumentados. 
• Poder Legislativo: Bicameralismo desigual ou unicameralismo imperfeito – era exercido 
pela Câmara dos Deputados com a colaboração do Senado Federal, ou seja, o Senado era 
mero colaborador da Câmara. O mandato dos Deputados era de 4 anos. A Câmara dos 
Deputados compunha-se de representantes do povo, eleitos mediante sistema 
proporcional e sufrágio universal, igual e direto, e de representantes eleitos pelas 
organizações profissionais na forma que a lei indicasse (representação corporativa de 
influência fascista). Já em relação ao Senado Federal, nos termos do art. 41, § 3.º, a 
competência legislativa se reduzia às matérias relacionadas à Federação, como a iniciativa 
das leis sobre a intervenção federal e, em geral, das que interessassem determinadamente 
a um ou mais Estados. Conforme o art. 89, o Senado Federal era composto de dois 
representantes de cada Estado e o do Distrito Federal, eleitos mediante sufrágio universal, 
igual e direto, por 8 anos, dentre brasileiros natos, alistados eleitores e maiores de 35 anos, 
sendo que a representação de cada Estado e do Distrito Federal, no Senado, renovava-se 
pela metade, conjuntamente com a eleição da Câmara dos Deputados. 
• Poder Judiciário: foram estabelecidos como órgãos do Poder Judiciário: a) a Corte Suprema; 
b) os Juízes e Tribunais federais; c) os Juízes e Tribunais militares; d) os Juízes e Tribunais 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 31 
 
 
eleitorais, estabelecendo-se aos juízes as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de “vencimentos”. 
• Constituição rígida. 
• Houve a constitucionalização do voto feminino e do voto secreto. 
• Previsão, pela primeira vez, do MANDADO DE SEGURANÇA e da AÇÃO POPULAR. 
 
2.5.4. Constituição de 1937 
 
Apelidada de “Polaca” em razão da influência sofrida pela Constituição polonesa fascista de 
1935. Além de fechar o Parlamento, o Governo manteve amplo domínio do Judiciário. Buscando 
atrair o apoio popular, a política desenvolvida foi denominada “populista”, consolidando as Leis 
do Trabalho (CLT) e importantes direitos sociais, como o salário mínimo. 
 
Características: 
 
• Forma de Governo: República. 
• Forma de Estado: Federação. As autonomias estaduais foram reduzidas. 
• Organização dos “Poderes”: a tripartição foi “formalmente” mantida. 
• Poder Legislativo: exercido pelo Parlamento Nacional com a colaboração do Conselho da 
Economia Nacional e do Presidente da República. O Parlamento Nacional era composto 
pela Câmara dos Deputados e pelo Conselho Federal (o Senado Federal deixou de existir 
durante o chamado Estado Novo). A Câmara dos Deputados seria composta por 
representantes do povo eleitos mediante sufrágio indireto para mandato de 4 anos, e o 
Conselho Federal seria composto de representantes dos Estados e 10 membros 
nomeados pelo Presidente da República, com duração do mandato de 6 anos. 
• Poder Executivo: o Presidente da República era autoridade suprema do Estado. A eleição 
INDIRETA foi estabelecida para a escolha do Presidente, que cumpriria mandato de 6 
anos. 
• Poder Judiciário: eram órgãos do Poder Judiciário (art. 90): a) o Supremo Tribunal Federal; 
b) os Juízes e Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; c) os Juízes e 
Tribunais militares. A Justiça Eleitoral foi extinta e, conforme já visto, também os partidos 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 32 
 
 
políticos. 
• Não houve previsão de MS ou ação popular. 
• O direito de manifestação do pensamento foi restringido – havia previsão de censura 
prévia da imprensa, do teatro etc. 
• A pena de morte poderia ser aplicada para crimes políticos e nas hipóteses de 
homicídio por motivo fútil e com extremos de perversidade. 
• A greve e o lock-out foram proibidos. 
 
2.5.5. Constituição de 1946 
 
Tratava-se da redemocratização do país, repudiando-se o Estado totalitário que vigia desde 
1930. O texto inspirou-se nas ideias liberais da CF de 1891 e nas ideias sociais da de 1934. 
 
Características: 
 
• Forma de Governo Republicana e Forma de Estado Federativa: prestigiam o 
municipalismo. 
• Organização dos “Poderes”: a teoria clássica da tripartição foi restabelecida. 
• Poder Legislativo: exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, reaparecendo o bicameralismo igual. A Câmara dos 
Deputados compunha-se de representantes do povo, eleitos, segundo o sistema de 
representação proporcional, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Territórios, para 
mandato de 4 anos. O Senado Federal, por sua vez, compunha-se de representantes dos 
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário e para mandato de 8 
anos. Cada Estado, e bem assim o Distrito Federal, elegia 3 Senadores, renovando-se a 
representação de cada Estado e a do Distrito Federal de 4 em 4 anos, alternadamente, 
por 1 e por 2/3. As funções de Presidente do Senado eram exercidas pelo Vice-
Presidente da República. 
• Poder Executivo: retomando a normalidade democrática, o Presidente da República 
deveria ser eleito de forma direta para mandato de 5 anos, junto com o vice. 
• Poder Judiciário: a situação de normalidade foi retomada. O Poder Judiciário era exercido 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 33 
 
 
pelos seguintes órgãos: a) Supremo Tribunal Federal; b) Tribunal Federal de Recursos; c) 
Juízes e Tribunais militares; d) Juízes e Tribunais eleitorais; e) Juízes e Tribunais do 
trabalho. 
• O MS e a Ação Popularforam restabelecidos. 
• Vedou-se a pena de morte, salvo em tempos de guerra; a de banimento; a de confisco; 
e da caráter perpétuo. 
• Foi reconhecido o direito de greve. 
• Instituição do Parlamentarismo: dualidade do Executivo, exercido pelo Presidente da 
República e pelo Conselho de Ministros. Feito o referendo, em 1963, o povo determinou o 
retorno imediato ao presidencialismo. 
 
2.5.6. Constituição de 1967 
 
Após o Golpe de 1964. Na mesma linha da Carta de 1937, a de 1967 concentrou, 
bruscamente, o poder no âmbito federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo amplos 
poderes ao Presidente da República. Houve forte preocupação com a segurança nacional. 
 
Características: 
 
• Forma de Governo: República. 
• Forma de Estado: República Federativa (na prática se aproximava de um Estado unitário 
centralizado). 
• Poder Legislativo: era exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal. Sistemática mantida, porém competência diminuída. 
• Poder Executivo: fortalecido, era eleito para mandato de 4 anos, de maneira indireta por 
sufrágio do Colégio Eleitoral, composto pelos membros do Congresso Nacional e de 
Delegados indicados pelas Assembleias Legislativas dos Estados, em sessão pública e 
mediante votação nominal. O Presidente da República legislava por decretos-leis. 
• Poder Judiciário: o Poder Judiciário da União era exercido pelos seguintes órgãos: 
Supremo Tribunal Federal; Tribunal Federal de Recursos e Juízes Federais; Tribunais e 
Juízes Militares; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes do Trabalho. Havia previsão 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 34 
 
 
da Justiça Estadual. Em razão do centralismo, o Judiciário também teve a sua competência 
diminuída. 
• Possibilidade de suspensão de direitos políticos por 10 anos. 
• Sistema tributário: ampliação da técnica do federalismo cooperativo. 
• AI-5, de 13.12.1968: 
 
a) formalmente, foram mantidas a Constituição de 24.01.1967 e a Constituições 
Estaduais, com as modificações constantes do AI-5; 
b) o Presidente da República poderia decretar o recesso do Congresso Nacional, das 
Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por ato complementar em 
estado de sítio ou fora dele, só voltando a funcionar quando convocados seus membros 
pelo Presidente da República; 
c) o Presidente da República, no interesse nacional, poderia decretar a intervenção nos 
Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição; 
d) os direitos políticos de quaisquer cidadãos poderiam ser suspensos pelo prazo de 10 
anos e cassados os mandatos eletivos federais, estaduais e municipais; 
e) ficaram suspensas as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade, 
inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo; 
f) o Presidente da República, em quaisquer dos casos previstos na Constituição, 
poderia decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo; 
g) o Presidente da República poderia, após investigação, decretar o confisco de bens de 
todos quantos tivessem enriquecido ilicitamente, no exercício do cargo ou função; 
h) suspendeu-se a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a 
segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular (art. 10 do AI-5); 
i) finalmente, a triste previsão do art. 11 do AI-5: “excluem-se de qualquer apreciação 
judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Institucional e seus Atos 
Complementares, bem como os respectivos efeitos”. 
 
2.5.7. “Constituição” de 1969 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 35 
 
 
Com base no AI 12, de 31.08.1969, consagrou-se no Brasil um governo de “Juntas Militares”, 
uma vez que referido ato permitia que, enquanto Costa e Silva estivesse afastado por motivos de 
saúde, governassem os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar. 
Nesse sentido, e com “suposto” fundamento, é que a EC n. 1/69 foi baixada pelos Militares, já que 
o Congresso Nacional estava fechado. 
Dado o seu caráter revolucionário, pode-se considerar a EC 1/69 como manifestação de um novo 
poder constituinte originário, outorgando uma nova Carta, que “constitucionalizava a utilização dos 
Atos Institucionais. O mandato do Presidente foi aumentado para 5 anos, continuando a eleição a 
ser indireta. 
 
Características: 
 
• “Milagre econômico”. 
• Pacote de Abril de 1977: dissolveu o Congresso Nacional. 
• Pacote de Junho de 1978: revogação total da AI-5. 
• Lei da Anistia: concedida anistia para todos que, no período compreendido entre 
02.09.1961 a 15.08.1979 cometerem crimes políticos ou conexos, crimes eleitorais, aos 
que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração, do 
Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais. 
• Reforma Partidária: pluripartidarismo partidário. 
• EC 15/80: eleições diretas em âmbito estadual. 
• “Diretas Já”: proposta de eleição direta para Presidente e Vice. 
 
2.5.8. Constituição de 1988 
 
O pluripartidarismo foi ampliado. Foi erradicada a censura à imprensa. O sindicalismo e 
as centrais sindicais consolidaram-se. Solidificação da transição entre o antigo regime a “Nova 
República”. 
 
Características: 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 36 
 
 
• Plebiscito: 07.09.93 – manutenção da república constitucional e do sistema 
presidencialista de governo. 
• Poder constituinte derivado revisor – 5 anos contados da promulgação. 
• Constituição DEMOCRÁTICA e LIBERAL. 
• Forma de governo: República. 
• Sistema de Governo: presidencialista. 
• Forma de Estado: Federação. 
• Capital Federal: Brasília. 
• Organização dos “Poderes”: foi retomada a teoria clássica da tripartição. 
• Poder Legislativo: bicameral, exercido pelo Congresso Nacional, composto da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, a primeira composta de representantes do povo, eleitos 
pelo voto direto, secreto e universal e pelo sistema proporcional para mandato de 4 anos, 
e a segunda composta de representantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal, 
para mandato de 8 anos (duas legislaturas), eleitos pelo sistema majoritário, sendo que a 
representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de 4 em 4 anos, 
alternadamente, por 1 e 2/3. 
• Poder Executivo: exercido pelo Presidente da República, eleito junto com o Vice e 
auxiliado pelos Ministros de Estado. Atualmente, após a EC n. 16/97, como visto, o 
mandato é de 4 anos, permitindo-se uma única reeleição subsequente. O decreto-lei foi 
substituído pela medida provisória. 
• Poder Judiciário: são órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho 
Nacional de Justiça (EC n. 45/2004); o Superior Tribunal de Justiça; o Tribunal Superior do 
Trabalho (EC n. 92/2016); os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; os Tribunais e 
Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes Militares; os 
Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Em relação ao controle 
de constitucionalidade das leis, tema que será estudado, houve ampliação dos legitimados 
para a propositura da ADI. A CF/88 criou o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Corte 
responsável pela uniformização da interpretação da lei federal em todo o Brasil, sendo 
órgão de convergência da Justiça comum. 
• Constituição rígida. 
• Direitos dos trabalhadores foram ampliados. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 37 
 
 
• Surgimento do Mandado de Injunção e ADI por omissão. 
• Previsão da ADPF. 
• Previsão pela primeira vez do Mandado de segurança coletivo e HABEAS DATA. 
• Separação da Ordem Econômica e da Ordem Social. 
 
 
No concurso da PGE-AL (CESPE - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: 
 
 A respeito da teoria da constituição, julgue os itens seguintes. 
 
I A Constituição Federal de 1988 é oriunda deprocedimento de poder constituinte 
indireto. 
II A recepção das normas pré-constitucionais pela Constituição Federal de 1988 foi 
realizada de maneira expressa pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
III A Constituição Federal de 1937 ficou conhecida como Constituição Polaca. 
 
Assinale a opção correta. 
 
A) Apenas o item I está certo. 
B) Apenas o item II está certo. 
C) Apenas o item III está certo. 
D) Apenas os itens I e II estão certos. 
E) Apenas os itens I e III estão certos. 
 
A alternativa considerada correta foi a letra E. 
 
 
No concurso da PGE-RS (FUNDATEC - 2021), o tema foi cobrado da seguinte forma: 
 
 Analise as assertivas abaixo: 
 
I. O federalismo brasileiro, dada a sua formação histórica, pode ser considerado um 
federalismo por desmembramento, com a criação de entes federados a partir de um 
estado unitário e a repartição de competências entre eles. 
II. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu instrumentos de cooperação federativa, 
de forma que as transferências – financeiras e técnicas, por exemplo – entre os entes 
federados auxiliam na consecução das finalidades e objetivos constitucionais. 
III. O Art. 60 da Constituição de 1988, ao prever os procedimentos de emenda e 
alteração constitucional, com a fixação de cláusulas pétreas, demonstra que a atual 
Constituição brasileira pode ser caracterizada como semirrígida. 
IV. Tanto o Supremo Tribunal Federal, em jurisprudência pacificada, quanto a doutrina, 
com poucas exceções, não admitem função normativa ou argumentativa para o 
Preâmbulo da Constituição de 1988. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 38 
 
 
Quais estão corretas? 
 
A) Apenas I e II. 
B) Apenas I e IV. 
C) Apenas I, II e III. 
D) Apenas I, III e IV. 
E) Apenas II, III e IV. 
 
A alternativa considerada correta foi a letra A. 
 
2.6. Interpretação das normas Constitucionais 
 
2.6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica 
 
• Hermenêutica: É o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os 
princípios que subsidiarão a interpretação; 
• Interpretação: Atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e alcance dos 
enunciados normativos. Cumpre à interpretação construir a norma. Envolve duas 
atividades: 
o Desvendar/ construir o sentido do enunciado normativo; 
o Concretizar o enunciado. 
 
2.6.2. Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional 
 
• A interpretação jurídica é gênero do qual a interpretação constitucional é espécie. 
• A interpretação constitucional tem por objeto a compreensão e aplicação das normas 
constitucionais, razão pela qual se serve de princípios próprios que lhe conferem 
especificidade e autonomia, sendo informada por métodos e princípios específicos e 
adequados ao seu objeto. 
• Enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado, as normas 
constitucionais apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado, circunstância 
que justifica e reivindica a existência de uma interpretação especificamente constitucional. 
• Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam conceitos abertos, 
vagos e indeterminados, que conferem ao intérprete um amplo espaço de conformação, 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 39 
 
 
não verificável entre as normas legais. 
• As normas constitucionais são ainda: 
o Normas de organização e estrutura; 
o Dotadas de forte carga política. 
 
2.6.3. Correntes Norte-americanas: 
 
a) Corrente interpretativista: Nega qualquer possibilidade de o juiz, na interpretação 
constitucional, criar Direito, indo além do que o texto lhe permitir. O juiz deve apenas captar e 
declarar o sentido dos preceitos expressos no texto constitucional, sem se valer de valores 
substantivos, sob pena de se substituir as decisões políticas pelas judiciais. 
 
b) Corrente não-interpretativista: Defende um ativismo judicial na interpretação da Constituição, 
proclamando a possibilidade, e até a necessidade, de os juízes invocarem e aplicarem valores 
substantivos, como justiça, igualdade e liberdade. Assim, o juiz torna-se coparticipante do 
processo de criação do Direito, completando o trabalho do legislador, ao fazer valorações para 
conceitos jurídicos indeterminados e realizar escolhas entre as soluções possíveis e adequadas. 
 
2.6.4. Métodos de interpretação 
 
Canotilho leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos 
problemas mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação 
constitucional, podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais 
obtém-se a partir de um conjunto de métodos distintos, porém complementares. 
 
a) Método jurídico ou hermenêutico cláSsico [SAVIGNY] 
 
Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da 
Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA 
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO LEGAL. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 40 
 
 
 Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos 
tradicionais ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny: 
 
• Elemento gramatical ou filológico: também chamado de literal ou semântico, a análise se 
realiza de modo textual e literal; 
• Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, 
pareceres, discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração 
da norma; 
• Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo; 
• Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma; 
• Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador. 
• Elemento popular: a análise se implementa partindo da participação da massa, dos 
“corpos intermediários”, dos partidos políticos, sindicatos, valendo-se de instrumentos 
como o plebiscito, o referendo, o recall, o veto popular etc.; 
• Elemento doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina; 
• Elemento evolutivo: segue a linha da mutação constitucional. 
 
A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por 
outro lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do 
método tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a 
interpretação constitucional. 
 
b) Método Tópico-problemático [THEODOR VIEHWEG] 
 
Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência”: Para o autor, a tópica seria uma técnica de 
pensar o problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O 
método segue as seguintes premissas: 
 
• Caráter Prático da interpretação: Toda a interpretação se destina a solucionar problemas 
práticos e concretos; 
• Caráter Aberto, Fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 41 
 
 
sua estrutura normativo-material; 
• Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas 
constitucionais que não permitem qualquer subsunção a partir delas próprias. 
 
Conclusão: 
 
A interpretação constitucional leva a um processo aberto de argumentação entre os vários 
partícipes ou intérpretes, para se adaptar a norma constitucional ao problema concreto para, só ao 
final, se identificar a norma adequada. 
 
Parte-se do problema para a norma. Para este método, deve a interpretação partir da 
discussão do problema concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a 
norma adequada. Parte-se do problema (caso concreto) para a norma, fazendo caminho inverso 
dos métodos tradicionais, que buscam a solução do caso a partir da norma. 
 
Canotilho critica esse método, ao fundamento de que a interpretação NÃO deve partir do 
problema para a norma, mas desta para os problemas. 
 
DICA: Para não esquecer o nome do criador dométodo na hora da prova, relacionar 
as iniciais: Theodor – Tópico. 
 
c) Método Hermenêutico-concretizador (Concretista) [HESSE] 
 
Parte da ideia de que a leitura de todo o texto e da Constituição deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. 
 
Admite o primado da norma constitucional sobre o problema. 
 
O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da 
Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da 
norma. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 42 
 
 
 
Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se 
inicia pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos 
através da pré-compreensão do intérprete. 
 
Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do 
método tópico-problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método 
concretista admite o primado da norma constitucional sobre o problema. 
 
Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira leitura do texto, extraia dele um 
determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente. Desse confronto, 
resulta a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito de harmonizar 
os conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na 
observação da realidade social 
 
Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo conteúdo obtido 
com a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais harmoniosa 
para o problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo e, deste, 
de volta para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino). 
 
DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico. 
 
d) Método científico-eSpiritual [Rudolf Smend] 
 
A interpretação constitucional deve levar em consideração a compreensão da Constituição 
como uma ordem de valores e como elemento do processo de integração. Deve o intérprete levar 
em consideração o sistema de valores que é subjacente ao texto constitucional e à realidade da 
vida. 
 
Idealizado por Rudolf Smend, este método dispõe que a interpretação constitucional deve 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 43 
 
 
levar em consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de valores e como 
elemento do processo de integração. Assim, a interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do 
conteúdo axiológico subjacente ao texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a 
uma captação espiritual desse conteúdo axiológico último da Constituição. 
 
e) Método normativo-estruturante [FRIEDERICH MULLER] 
 
Parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi 
idealizado por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não 
compreendendo a norma apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um 
método também concretista, diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser 
concretizada não está inteiramente no texto, sendo o resultado entre este e a realidade. 
 
Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete parte do 
direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto legal. 
Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas. 
 
2.6.5. Regras, princípios e postulados normativos 
 
 As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos. 
Normas e princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da 
unidade da Constituição. 
 
Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão 
na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função 
normogenética fundamentante. 
 
REGRAS PRINCÍPIOS 
Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado 
Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 44 
 
 
Podem ser normas vinculativas com 
conteúdo meramente funcional 
São standards juridicamente vinculantes 
radicados nas exigências de justiça ou na 
ideia de direito 
Relatos descritivos de condutas a partir dos 
quais, mediante subsunção, chega-se à 
conclusão. 
A previsão dos relatos dá-se de maneira 
mais abstrata, sem se determinar a conduta 
correta, já que cada caso concreto deverá ser 
analisado para que o intérprete dê o exato 
peso entre os princípios em choque 
São mandamentos ou mandados de 
definição: são sempre ou satisfeitas ou não 
satisfeitas (tudo ou nada) 
São mandados de otimização (Alexy): devem 
ser realizados na maior medida do possível. 
Podem ser satisfeitos em graus variados, a 
depender das possibilidades jurídicas. 
Uma das regras em conflito OU será 
afastada pelo princípio da especialidade, OU 
será declarada inválida. 
A colisão resolve-se pela ponderação ou 
balanceamento de princípios. 
 
Postulados normativos ou metanormas (normas de segundo grau): são normas sobre a 
aplicação de normas, ou seja, instituem critério de aplicação de outras normas situadas no plano 
do objeto da aplicação. Com o reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da 
jurisdição constitucional e o pós-positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os 
demais ramos do direito, dando origem a uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados 
são denominados pela maioria da doutrina, como princípios, mas não têm a mesma função dos 
princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se interpretar os princípios e regras 
constitucionais (normas de primeiro grau). 
 
Podem ser: 
 
• Inespecíficos: ponderação, concordância prática e proibição de excesso; ou 
• Específicos: igualdade, razoabilidade e proporcionalidade. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 45 
 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
DERROTABILIDADE (Superabilidade das regras/Defeasibility) – Humberto Ávila propõe 
algumas condições necessárias: 
 
• requisitos materiais (ou de conteúdo): a superação da regra pelo caso individual não 
pode prejudicar a concretização dos valores inerentes à regra. E explica o autor: “... há 
casos em que a decisão individualizada, ainda que incompatível com a hipótese da regra 
geral, não prejudica nem a promoção da finalidade subjacente à regra, nem a segurança 
jurídica que suporta as regras, em virtude da pouca probabilidade de reaparecimento 
frequente de situação similar, por dificuldade de ocorrência ou comprovação”; 
• requisitos procedimentais (ou de forma): a superação de uma regra deve ter a) 
justificativa condizente — devendo haver a “... demonstração de incompatibilidade entre 
a hipótese da regra e sua finalidade subjacente. 
 
2.6.6. Princípios de interpretação Constitucional 
 
a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO 
 
A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um todo, de modo a 
evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há hierarquia 
entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais. 
 
É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais. 
 
b) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO 
 
No caso de aparente conflito entre normas constitucionais, devem ser harmonizadas ao caso 
concreto, respeitando ambas. Não pode haver sacrifício total de um em relação ao outro, faz uma 
redução proporcional (sem supressão), para harmonizá-los. Há uma ponderação de interesses, já 
que não há diferença de hierarquia ou de valor entre os bens constitucionais. E sóNO CASO 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 46 
 
 
CONCRETO é que podemos dizer qual prevalece, já que não há hierarquia entre normas 
constitucionais (unidade da Constituição). 
 
c) EFEITO INTEGRADOR 
 
O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da unidade 
política, integração da sociedade (soluções pluralisticamente integradoras). 
 
d) MÁXIMA EFETIVIDADE 
 
Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos 
fundamentais, no sentido de ter a mais ampla efetividade social. 
 
e) FORÇA NORMATIVA 
 
Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras de suas 
normas, que as tornem mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido 
para afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes 
sobre a Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
O Princípio da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da 
Máxima Efetividade, serve especificamente para os direitos fundamentais. 
 
f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL (exatidão ou correção funcional): 
 
Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional 
cheguem a um resultado que subverta ou pertube o esquema organizatório-funcional estabelecido 
pela Constituição. É um princípio de competência constitucional. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 47 
 
 
 
No concurso da PGM São José do Rio Preto - SP (FUNDATEC - 2019), o tema foi 
cobrado da seguinte forma: 
 
 “O intérprete não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema 
organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte. Assim, a aplicação das normas 
constitucionais propostas pelo intérprete não pode implicar alteração na estrutura de 
repartição de poderes e exercício das competências constitucionais estabelecidas pelo 
constituinte originário”. 
 
Esse aspecto de interpretação das normas constitucionais diz respeito ao princípio 
 
A) da harmonização. 
B) da justeza. 
C) da força normativa da Constituição. 
D) do efeito integrador. 
E) do normativo-estruturante. 
 
A alternativa considerada correta foi a letra B. 
 
g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS 
 
Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou em 
interesses coletivos também consagrados na Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter 
absoluto o direito a não ser torturado e o direito a não ser escravizado. 
 
h) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF 
 
No caso de normas plurissignificativas (vários significados) ou polissêmicas, deve-se preferir 
aquela que mais se aproxime da Constituição. 
 
A interpretação conforme encontra limites no sentido inequívoco do dispositivo legal, não 
sendo permitido ao intérprete contrariá-lo, assim como no fim supostamente contemplado pelo 
legislador, cuja vontade não poderia ser substituída pela do juiz. No entanto, Marcelo Novelino 
(2017, p. 216) afirma que esses parâmetros não têm sido observados pelo STF, como ficou 
evidenciado na decisão que estendeu às uniões homoafetivas contínuas, públicas e duradouras os 
direitos e deveres referentes às uniões estáveis entre homens e mulheres (ADPF 132/RJ). 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 48 
 
 
 
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 216), a interpretação conforme a constituição tem sido 
empregada com dois sentidos distintos: 
 
I- Como princípio interpretativo: “O princípio da interpretação conforme a 
constituição é corolário da supremacia constitucional e da presunção de 
constitucionalidade. O reconhecimento definitivo de sua força normativa e o 
seu deslocamento para o centro do sistema jurídico, conferiram à 
constituição uma posição de destaque na interpretação dos demais ramos 
do direito, cujos dispositivos devem ser compreendidos à luz da 
constituição, de modo a realizar, através da chamada 'filtragem 
constitucional', os valores nela consagrados. Por outro lado, se as leis e 
atos normativos têm como fundamento de validade a constituição e se os 
poderes competentes para elaborá-los retiram sua competência desta, 
deve-se presumir que agiram em conformidade com os preceitos 
constitucionais. Esta presunção, indispensável para segurar a 
imperatividade das normas jurídicas, é reforçada pelo controle preventivo 
de constitucionalidade realizado pelo Legislativo e Executivo, poderes cujos 
membros foram democraticamente eleitos para concretizar os comandos 
constitucionais. Considerando que a dúvida milita a favor da manutenção da 
lei, quando da interpretação de dispositivos infraconstitucionais 
polissêmicos ou plurissignificativos, deve-se optar pelo sentido compatível, 
e não conflitante com a constituição” (NOVELINO, 2017, p. 216); 
 
II- Como técnica de decisão judicial: “A interpretação conforme, como 
técnica de decisão judicial, costuma ser utilizada em três sentidos diversos. 
No primeiro, o ato impugnado é considerado constitucional, desde que 
interpretado no sentido fixado pelo órgão jurisdicional. No segundo, exclui-
se uma das possíveis interpretações do dispositivo, por ser incompatível 
com a constituição. Nesse sentido, a interpretação conforme equivale à 
declaração parcial de nulidade sem redução de texto. Por fim, a 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 49 
 
 
interpretação conforme pode ser utilizada para afastar a aplicação de uma 
norma válida a determinada hipótese de incidência possível. Em vez de uma 
da da interpretação ser considerada inconstitucional, ocorre a declaração de 
não incidência da norma em relação a uma específica situação de fato. 
Nesse caso, embora a norma seja considerada constitucional, sua aplicação 
ao caso concreto é afastada (inconstitucionalidade em concreto) ante as 
circunstâncias fáticas específicas” (NOVELINO, 2017, p. 217). 
 
i) PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE 
 
Significa justiça, bom senso, moderação. É para evitar interpretações absurdas, podendo ser 
dividida em três subprincípios: 
 
• Adequação: os meios usados têm que ser aptos a atingir os fins. Aptidão entre meio e fim. 
• Necessidade: o meio deve ser o menos gravoso possível. Jellinek: não se pode abater 
pardais com canhões. 
• Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre o custo e o benefício da medida. 
Para ser proporcional, a medida tem que trazer mais benefícios do que custos. 
 
2.6.7. Técnicas de interpretação Constitucional 
 
O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a 
tarefa de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos 
fundamentais. Dentre essas modernas técnicas, estão previstas: 
 
a) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade 
 
O Tribunal reconhece a inconstitucionalidade da norma, porém NÃO a tira do ordenamento 
jurídico, com a justificativa de que a sua ausência geraria mais danos do que a presença da lei 
inconstitucional. É possível, também, que se opere a suspensão de aplicação da lei e dos processos 
em curso até que o legislador, dentro de prazo razoável, venha a se manifestar sobre a situação 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 50 
 
 
inconstitucional; 
 
b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador 
 
Nessa técnica de interpretação, "busca-se não declarar a inconstitucionalidade da norma sem 
antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter do legislador uma atividade subsequente 
que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior. Incumbe-se ao legislador a difícil 
tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a própria Constituição." 
 
A técnica possui relevância no caso da ação de inconstitucionalidade por omissão, em que o 
Tribunal limita-se a constatar a inconstitucionalidade da omissão, exortando o legislador a 
abandonaro seu estado de inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental. 
 
c) Interpretação conforme a Constituição 
 
O órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se mostra compatível com a 
Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e não simples 
regra de interpretação. 
 
INTERPRETAÇÃO CONFORME A 
CONSTITUIÇÃO 
DECLARAÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL 
SEM REDUÇÃO DE TEXTO 
ADI é julgada parcialmente procedente ADI é julgada parcialmente procedente 
Técnica de interpretação Técnica de aplicação (Lei “i” NÃO se 
aplica à hipótese “H”) 
É imprescindível que haja mais de uma 
interpretação possível 
(André Ramos Tavares: “O Tribunal NÃO 
declara que todas as demais 
Expressa exclusão, por 
inconstitucionalidade, de determinada 
hipótese de aplicação sem alteração do 
texto legal. É mais incisiva do que a 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 51 
 
 
interpretações são inconstitucionais”) interpretação conforme. 
 
2.7. Teoria dos Poderes Implícitos 
 
Conforme anotou o Ministro Celso de Mello, em interessante julgado, a teoria dos poderes 
implícitos decorre de doutrina que, tendo como precedente o célebre caso McCULLOCH v. 
MARYLAND (1819), da Suprema Corte dos Estados Unidos, estabelece: “... a outorga de 
competência expressa a determinado órgão estatal importa em deferimento implícito, a esse 
mesmo órgão, dos meios necessários à integral realização dos fins que lhe foram atribuídos” (MS 
26.547-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.05.2007, DJ de 29.05.2007). 
 
Em um primeiro caso, o STF reconhece o poder implícito de concessão de medidas cautelares 
pelo TCU no exercício de suas atribuições explicitamente fixadas no art. 71 da CF/88 (MS 26.547-
MC/DF). 
 
Em outro precedente, o STF admite a possibilidade de o TJ estadual conhecer e julgar 
reclamação para a preservação de sua competência e a autoridade de suas decisões. (ADI 2.212) 
 
2.8. Estrutura Da Constituição 
 
Estruturalmente, a CF/88 contém um preâmbulo, nove títulos (corpo) e o Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias (ADCT). 
 
2.8.1. Preâmbulo 
 
Natureza jurídica: Tese da irrelevância jurídica prevalece - o Ministro Carlos Velloso, 
Relator da ADI 2.076, após interessante estudo, conclui que “o preâmbulo ... não se situa no 
âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte (...). 
Não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central 
da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 52 
 
 
que o preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos 
na Carta (...). Esses princípios sim, inscritos na Constituição, constituem normas centrais de 
reprodução obrigatória, ou que não pode a Constituição do Estado-membro dispor de forma 
contrária, dado que, reproduzidos, ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local...”. 
Assim, NÃO é norma de reprodução obrigatória nos Estados, nem pode servir como parâmetro 
para o controle de constitucionalidade. 
A invocação de Deus no preâmbulo não é norma de reprodução obrigatória nas 
Constituições Estaduais e leis orgânicas do DF e Municípios. Referida previsão não enfraquece 
a laicidade do Estado Brasileiro (STF) - Estado laico não significa Estado ateu. O preâmbulo 
NÃO tem relevância jurídica, NÃO tem força normativa, NÃO cria direitos ou obrigações, NÃO 
tem força obrigatória, servindo apenas como norte interpretativo das normas constitucionais. 
 
2.8.2. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
 
Finalidade: estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o novo, instituído 
pela manifestação do poder constituinte originário, providenciando a acomodação e a transição do 
antigo e do novo direito edificado. 
 
O ADCT possui normas exauridas (arts. 1º, 4º, §4º, 15), normas dependentes de legislação e de 
execução (arts. 10, § 1º, 12, § 1º etc.), normas dotadas de duração temporária expressa (art. 40, por 
ex.), dentre outras. 
 
Natureza jurídica das disposições do ADCT: natureza jurídica de norma constitucional – a 
alteração das normas do ADCT ou o acréscimo de novas regras dependerão da manifestação do 
poder constituinte derivado reformador, ou seja, necessariamente por meio de emendas 
constitucionais. Em razão de sua natureza, servirão de parâmetro ou paradigma de confronto para 
a análise da constitucionalidade dos demais atos normativos. 
 
Referências Bibliográficas: 
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado. 
Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 53 
 
 
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional. 
 
 
QUESTÕES PROPOSTAS 
 
01 – 2017 – FCC - DPE-SC - Defensor Público 
No âmbito da interpretação constitucional, considere: 
I. Os postulados normativos não se confundem com os princípios e as regras, sendo qualificados 
como metanormas ou normas de segundo grau voltadas a estabelecer critérios para a aplicação de 
outras normas. 
II. A mutação constitucional caracteriza-se, entre outros aspectos, pela alteração do significado de 
determinada norma da Constituição sem que tenha ocorrido qualquer modificação do seu texto. 
III. O princípio da concordância prática objetiva, diante da hipótese de colisão entre direitos 
fundamentais, impedir o sacrifício total de um em relação ao outro, estabelecendo limites à 
restrição imposta ao direito fundamental subjugado, por meio, por exemplo, da proteção do núcleo 
essencial. 
IV. O princípio da unidade da Constituição determina que a norma constitucional deva ser 
interpretada à luz de todo o sistema constitucional vigente, ou seja, na sua globalidade e de forma 
sistemática. 
 
Está correto o que se afirma em 
a) III e IV, apenas. 
b) I, II, III e IV. 
c) I, II e III, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) II e IV, apenas. 
 
COMENTÁRIOS 
I – Segundo Ávila, a interpretação e a aplicação de princípios e regras dar-se-ão com base 
nos postulados normativos inespecíficos, quais sejam, a ponderação (atribuindo-se pesos), a 
concordância prática e a proibição de excesso (garantindo a manutenção de um mínimo de 
eficácia dos direitos fundamentais), e específicos, destacando-se o postulado da igualdade, o 
da razoabilidade e o da proporcionalidade. 
 
II – Barroso, por sua vez, afirma que “... a mutação constitucional consiste em uma alteração 
do significado de determinada norma da Constituição, sem observância do mecanismo 
constitucionalmente previsto para as emendas e, além disso, sem que tenha havido qualquer 
modificação de seu texto. Esse novo sentido ou alcance do mandamento constitucional pode 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 54 
 
 
decorrer de uma mudança na realidade fática ou de uma nova percepção do Direito, uma 
releitura do que deve ser considerado ético ou justo. Para que seja legítima, a mutação 
precisa ter lastro democrático, isto é, deve corresponder a uma demanda social efetiva por 
parte da coletividade, estando respaldada, portanto, pela soberania popular”. 
 
III – Princípio da concordância prática ou harmonização - Partindo da ideia de unidade da 
Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma harmônica na 
hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim, evitar o sacrifício 
(total) de um princípio em relação a outro em choque. O fundamento da ideia de 
concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios. 
 
IV – Princípio da unidade da Constituição - A Constituição deve ser sempre interpretada em 
sua globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas. 
As normas deverão ser vistas como preceitos integrados em um sistema unitário de regras e 
princípios. 
 
Fonte: Pedro Lenza 
 
LETRA B 
 
02 – 2017 – FCC- DPE-SC - Defensor Público 
No julgamento histórico da ADI 4.277 e da ADPF 132, o Supremo Tribunal Federal reconheceu 
como constitucional a união está- vel entre pessoas do mesmo sexo. A respeito do tema, 
considere: 
I. O Supremo Tribunal Federal conferiu interpretação conforme à Constituição para excluir 
qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impossibilite o reconhecimento da união 
entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. 
II. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, na decisão em questão, a eficácia contramajoritária 
inerente aos direitos fundamentais. 
III. O fundamento jurídico central que conduziu o julgamento diz respeito à adoção de ações 
estatais de natureza afirmativa. 
IV. Além do princípio da dignidade da pessoa humana, também serviram de fundamento jurídico 
para a decisão adotada o direito à intimidade, o direito à igualdade e o direito a não discriminação. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) III e IV. 
b) IV. 
c) I, II e III. 
d) I, II e IV. 
e) II e IV. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 55 
 
 
 
COMENTÁRIOS 
I – No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo Min. Ayres Britto, relator, que dava 
interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir qualquer 
significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre 
pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de 
família. Asseverou que esse reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas regras e 
com idênticas consequências da união estável heteroafetiva. De início, enfatizou que a 
Constituição proibiria, de modo expresso, o preconceito em razão do sexo ou da natural 
diferença entre a mulher e o homem. 
 
II – No mais, ressalto o caráter tipicamente contramajoritário dos direitos fundamentais. De 
nada serviria a positivação de direitos na Constituição, se eles fossem lidos em conformidade 
com a opinião pública dominante. (...) A função contramajoritária do Supremo Tribunal 
Federal no Estado democrático de direito: a proteção das minorias analisada na perspectiva 
de uma concepção material de democracia constitucional (...) pôs-se em relevo a função 
contramajoritária do Poder Judiciário no Estado Democrático de Direito, considerada a 
circunstância de que as pessoas que mantêm relações homoafetivas representam “parcela 
minoritária (...) da população”, como esclarecem dados que a Fundação IBGE coligiu no 
Censo/2010 e que registram a existência declarada, em nosso país, de 60.000 casais 
homossexuais. 
 
III – “...O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto 
mediante inércia governamental. A situação de inconstitucionalidade pode derivar de um 
comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com o que 
dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se acham 
consignados. Essa conduta estatal, que importa em um ‘facere’ (atuação positiva), gera a 
inconstitucionalidade por ação. Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à 
realização concreta dos preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes 
e exequíveis, abstendo-se, em consequência, de cumprir o dever de prestação que a 
Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse ‘non 
facere’ ou ‘non praestare’, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, 
quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial, quando é insuficiente a medida 
efetivada pelo Poder Público. (...)” 
 
IV – “…tomando em consideração outros princípios da Constituição, como o princípio da 
dignidade, o princípio da igualdade, o princípio específico da não discriminação e outros, é 
lícito conceber, na interpretação de todas essas normas constitucionais, que, além daquelas 
explicitamente catalogadas na Constituição, haja outras entidades que podem ser tidas 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 56 
 
 
normativamente como familiares, tal como se dá no caso…” 
 
Fonte: ADI 4.277 e ADPF 132 
 
LETRA D 
 
03 – 2017 – VUNESP - TJ-SP - Juiz de Direito 
Leia o texto a seguir. 
“(…) arranca da ideia de que a leitura de um texto normativo se inicia pela pré-compreensão do seu 
sentido através do intérprete. A interpretação da constituição também não foge a esse processo: é 
uma compreensão de sentido, um preenchimento de sentido juridicamente criador, em que o 
intérprete efectua uma atividade prático normativa, concretizando a norma a partir de uma situação 
histórica concreta. No fundo esse método vem realçar e iluminar vários pressupostos da atividade 
interpretativa: (1) os pressupostos subjetivos, dado que o intérprete desempenha um papel criador 
(pré-compreensão) na tarefa de obtenção de sentido do texto constitucional: (2) os pressupostos 
objectivos, isto é, o contexto, actuando o intérprete como operador de mediações entre o texto e a 
situação a que se aplica: (3) relação entre o texto e o contexto com a mediação criadora do 
intérprete, transformando a interpretação em ‘movimento de ir e vir’ (círculo hermenêutico). (…) se 
orienta não por um pensamento axiomático mas para um pensamento problematicamente 
orientado.” 
Da leitura do texto do constitucionalista J.J. Gomes Canotilho, conclui-se que o autor se refere a 
que método de interpretação constitucional? 
a) Método tópico-problemático-concretizador. 
b) Método científico-espiritual. 
c) Método tópico-problemático. 
d) Método hermenêutico-concretizador. 
 
COMENTÁRIOS 
Método científico-espiritual - A análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da 
norma, mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto da Constituição. 
Assim, a Constituição deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova 
constantemente, no compasso das modificações da vida em sociedade. 
Sustenta Inocêncio Mártires Coelho que, segundo o método científico-espiritual, “... tanto o 
direito quanto o Estado e a Constituição são vistos como fenômenos culturais ou fatos 
referidos a valores, a cuja realização eles servem de instrumento”. 
 
Método tópico-problemático (ou método da tópica) - Por meio desse método, parte-se de um 
problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca 
da solução dos problemas concretizados. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 57 
 
 
A Constituição é, assim, um sistema aberto de regras e princípios. 
 
Método hermenêutico-concretizador - Diferentemente do método tópico-problemático, que 
parte do caso concreto para a norma, o método hermenêutico-concretizador parte da 
Constituição para o problema, destacando-se os seguintes pressupostos interpretativos: 
■ pressupostos subjetivos: o intérprete vale-se de suas pré-compreensões sobre o tema para 
obter o sentido da norma; 
■ pressupostos objetivos: o intérprete atua como mediador entre a norma e a situação 
concreta, tendo como “pano de fundo” a 
realidade social; 
■ círculo hermenêutico: é o “movimento de ir e vir” do subjetivo para o objetivo, até que o 
intérprete chegue a uma compreensão 
da norma. 
 
Fonte: Pedro Lenza 
 
LETRA D 
 
04 – 2017 – CESPE - Prefeitura de Belo Horizonte – MG - Procurador Municipal 
O STF declarou a inconstitucionalidade da interpretação da norma que proíbe a realização de 
aborto na hipótese de gravidez de feto anencefálico, diante da omissão de dispositivos penais 
quanto àquela situação. Essa decisão visou garantir a compatibilidade da lei com os princípios e 
direitos fundamentais previstos na CF. 
De acordo com a doutrina pertinente, nesse caso, o julgamento do STF constituiu sentença ou 
decisão 
a) interpretativa de aceitação. 
b) aditiva. 
c) substitutiva. 
d) interpretativa de rechaço. 
 
COMENTÁRIOS 
A – Por sua vez, nas sentenças interpretativas de aceitação, a Corte Constitucional anula 
decisão tomada pela magistratura comum (instâncias ordinárias), que adotou interpretações 
ofensivas à Constituição. 
Não se “... anula o dispositivo malinterpretado, mas apenas uma das suas interpretações, 
dizendo que esse preceito é inconstitucional se interpretado de modo contrário à 
Constituição ou na parte em que expressa uma norma inconstitucional. Também nesse caso, 
prossegue Guastini, o preceito questionado continua válido, mas a norma extraída da sua 
interpretação inconstitucional é anulada em caráter definitivo e com eficácia erga omnes”. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 58 
 
 
 
B – Sentenças aditivas (ou sentenças manipulativas de efeito aditivo). Declaração de 
inconstitucionalidade com efeito acumulativo ou aditivo - No entendimento de Mendes, pela 
sentença aditiva (ou “manipulativa de efeito aditivo”), “... a Corte Constitucional declara 
inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que expressa, mas pelo que omite, 
alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência”. 
A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do 
princípio da isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou 
tratamento a determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma 
situação. 
Nessas hipóteses, o Tribunal Constitucional declara inconstitucional a norma na parte em 
que trata desigualmente os iguais, sem qualquer razoabilidade e/ou nexo de causalidade. 
Assim, a decisão se mostra aditiva, já que a Corte, ao decidir, “cria uma norma autônoma”, 
estendendo aos excluídos o benefício. 
Estamos em face daquilo que Canotilho denominou declaração de inconstitucionalidade com 
efeito acumulativo (aditivo), na medida em que a sentença do Tribunal “alarga o âmbito 
normativo de um preceito, declarando inconstitucional a disposição na ‘parte em que não 
prevê’, contempla uma ‘exceção’ ou impõe uma ‘condição’ a certas situações que deveria 
prever (sentenças aditivas)”. 
As sentenças aditivas já são realidades na Suprema Corte brasileira, destacando-se os 
seguintes julgados, conforme anotou Mendes: 
■ ADPF 54 — antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico: 
como destacamos no item 14.10.1.3, o STF, em 12.04.2012, por maioria, ao julgar a ação 
ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde — CNTS, produziu decisão 
manipulativa com eficácia aditiva, atuando como legislador positivo, já que, ao dar 
interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 128 do CP, acrescentou mais uma 
excludente de punibilidade ao crime de aborto. 
 
C – Sentenças substitutivas (declaração de inconstitucionalidade com efeito substitutivo) - 
Na lição de Branco, ao editar sentenças substitutivas, “... a Corte declara a 
inconstitucionalidade de um preceito na parte em que expressa certa norma em lugar de 
outras, substancialmente distinta, que dele deveria constar para que fosse compatível com a 
Constituição. Atuando dessa forma, a Corte não apenas anula a norma impugnada, como 
também a substitui por outra, essencialmente diferente, criada pelo próprio tribunal, o que 
implica a produção heterônoma de atos legislativos ou de um direito judicial, como o 
denomina Prieto Sanchís, para quem tais normas já nascem enfermas porque desprovidas de 
fundamento democrático. Apesar dessa ressalva, esse mesmo jurista pondera que, embora 
os juízes não ostentem uma legitimidade de origem, de que desfruta o Parlamento por força 
de eleições periódicas, é de se reconhecer à magistratura uma legitimidade de exercício, de 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 59 
 
 
resto passível de controle pela crítica do seu comportamento”. 
 
D – Sentença interpretativa de rechaço - Diante de duas possíveis interpretações que 
determinado ato normativo possa ter, por meio das sentenças interpretativas de rechaço, a 
Corte Constitucional adota aquela que se conforma à Constituição, repudiando qualquer 
outra que contrarie o texto constitucional. 
Assim, o enunciado “permanece válido, mas só poderá ser interpretado de maneira conforme 
à Constituição, o que significa dizer que, implicitamente, e sob pena de vir a considerá-la 
nula, a Corte proíbe que se dê ao citado dispositivo interpretação contrária à Constituição”. 
 
Fonte: Pedro Lenza 
 
LETRA D 
 
05 - 2014 - CESPE - TJ-DFT - Juiz de direito 
No que se refere à aplicabilidade e à interpretação das normas constitucionais, assinale a opção 
correta. 
a) Conforme o método de interpretação denominado científico- espiritual, a análise da norma 
constitucional deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair seu sentido sem que se 
leve em consideração a realidade social. 
b) As denominadas normas constitucionais de eficácia plena não necessitam de providência 
ulterior para sua aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que prevê o acesso a cargos, 
empregos e funções públicas a brasileiros e estrangeiros. 
c) O dispositivo constitucional que assegura a gratuidade nos transportes coletivos urbanos aos 
maiores de sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, 
pois demanda uma lei integrativa infraconstitucional para produzir efeitos. 
d) A norma constitucional de eficácia contida é aquela que, embora tenha aplicabilidade direta e 
imediata, pode ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucional, como ocorre com o 
artigo da CF que confere aos estados a competência para a instituição de regiões metropolitanas. 
e) Conforme o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser considerada como 
uma lei e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de hermenêutica devem ser utilizados na 
atividade interpretativa, mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais como o 
filológico, o histórico, o lógico e o teleológico. 
 
COMENTÁRIOS 
A – O método científico-espiritual 
Este método baseia-se na premissa de que o intérprete deve levar em conta os valores 
subjacentes ao texto constitucional, integrando o sentido de suas normas a partir da "captação 
espiritual" da realidade da comunidade. Adota-se a ideia de que a interpretação visa não tanto a 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 60 
 
 
dar resposta ao sentido dos conceitos do texto constitucional, mas fundamentalmente a 
compreender o sentido e a realidade da Constituição, em sua articulação com a integração 
espiritual real da comunidade. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
B – CF/88 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os 
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
 
Estabelece a Constituição Federal que "os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, 
na forma da lei" (art. 37, 1). Portanto, para os brasileiros, natos ou naturalizados, poderem ter 
acesso aos cargos, empregos e funções públicas, basta atenderem os requisitos previstos em lei. 
Se for um cargo efetivo ou um emprego público, será ainda necessária a prévia aprovação em 
concurso público. Não há essa exigência para o preenchimento de cargos em comissão e de 
funções de confiança. Na contratação temporária, prevista no inciso IX do art. 37 da Constituição, 
há, em regra, um processo seletivo simplificado entre os interessados que satisfaçam as 
condições legais. A situação dos estrangeiros é diferente. O acesso deles aos cargos, em- 
pregos e funções públicas deve ocorrer "na forma da lei'', significa dizer, os estrangeiros 
somente poderão ter acesso aos cargos, empregos e funções públicas se houver prévia lei que 
autorize e estabeleça a forma de ingresso.Temos, portanto, uma norma constitucional de 
eficácia limitada (na tradicional classificação do Prof. José Afonso da Silva). 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
C - Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, 
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e 
garantindo-lhes o direito à vida. 
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. 
§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos 
urbanos. 
 
Normas de eficácia plena: são as que não necessitam de complementação para que possam 
produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 61 
 
 
ADI 3768/DF 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 39 DA LEI N. 10.741, DE 1º DE 
OUTUBRO DE 2003 (ESTATUTO DO IDOSO), QUE ASSEGURA GRATUIDADE DOS 
TRANSPORTES PÚBLICOS URBANOS E SEMI-URBANOS AOS QUE TÊM MAIS DE 65 
(SESSENTA E CINCO) ANOS. DIREITO CONSTITUCIONAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE 
EFICÁCIA PLENA E APLICABILIDADE IMEDIATO. NORMA LEGAL QUE REPETE A NORMA 
CONSTITUCIONAL GARANTIDORA DO DIREITO. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 
1. O art. 39 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) apenas repete o que dispõe o § 2º do art. 
230 da Constituição do Brasil. A norma constitucional é de eficácia plena e aplicabilidade 
imediata, pelo que não há eiva de invalidade jurídica na norma legal que repete os seus termos e 
determina que se concretize o quanto constitucionalmente disposto. 
2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. 
 
D – CF/88 - Art.25, § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de 
municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções 
públicas de interesse comum. 
 
O Professor José Afonso da Silva ainda classifica as normas de eficácia limitada em dois grupos 
distintos: 
a) as definidoras de princípio institutivo ou organizativo; 
b) as definidoras de princípio programático. 
Por sua vez, essas normas constitucionais definidoras de princípio institutivo ou organizativo 
podem ser impositivas ou facultativas. 
São impositivas aquelas que determinam ao legislador, em termos peremptórios, a emissão de 
uma legislação integrativa (e.g., art. 20, § 2.º; art. 32, § 4.º; art. 33; art. 88; art. 91, § 2º). 
São facultativas ou permissivas quando não impõem uma obrigação, mas se limitam a dar ao 
legislador ordinário a possibilidade de instituir ou regular a situação nelas delineada (e.g., art. 
22, parágrafo único; art. 125, § 3.º; art. 195, § 4.º; art. 25, § 3.º; art. 154, I). 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
E - Método jurídico ou hermenêutico clássico [SAVIGNY] 
Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da 
Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA 
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO LEGAL. 
 Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos 
tradicionais ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de 
Savigny: 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 62 
 
 
• Elemento gramatical: também chamado de literal ou semântico, a análise se realiza de 
modo textual e literal; 
• Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, 
pareceres, discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da 
norma; 
• Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo; 
• Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma; 
• Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador. 
A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por 
outro lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego 
do método tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a 
interpretação constitucional. 
 
LETRA E 
 
06 - 2013 - CESPE - TJ-RN - Juiz de direito 
Com relação ao conceito, à classificação e ao conteúdo das constituições e às disposições 
transitórias da CF, assinale a opção correta. 
a) Fruto do neoconstitucionalismo, a constitucionalização do direito consiste na irradiação dos 
valores abrigados nos princípios e regras da constituição para todo o ordenamento jurídico, 
notadamente por via da jurisdição constitucional, em seus diferentes níveis. 
b) As normas constitucionais, caracterizadas por especificidades no que se refere aos meios de 
tutela e às sanções jurídicas, denominam-se normas perfeitas, já que, em caso de violação, há 
sanção jurídica suficiente para repor sua força normativa. 
c) As disposições transitórias da CF preveem a possibilidade de concessão de anistia aos que, no 
período da ditadura militar, foram atingidos, em decorrência de motivação de caráter político ou 
discricionário, por atos de exceção, institucionais ou complementares. 
d) Define-se constituição, no sentido jurídico, como decisão política fundamental. 
e) Adotando-se o critério da observância realista das normas constitucionais por governantes e 
governados, as constituições normativas são definidas como aquelas que logram ser lealmente 
cumpridas por todos os interessados, limitando, efetivamente, o poder, e as constituições 
semânticas como aquelas formalmente válidas, mas que contêm preceitos ainda não ativados na 
prática real. 
 
COMENTÁRIOS 
A - NEOCONSTITUCIONALISMO: A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra 
Mundial, uma nova perspectiva em relação ao constitucionalismo, denominada 
neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-
positivismo. Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 63 
 
 
ideia de limitação do poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição. 
 
CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO: 
BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 
PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o pós-
positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não basta 
apenas respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade pública). 
NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição Federal era documento político. Com o 
neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante 
FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: as normas constitucionais têm aplicabilidade 
 direta (conforme sua densidade jurídica), os direitos irradiam da CF. 
CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem 
supremacia formal e material. Consequências: 
Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na Constituição Federal e 
há releitura dos institutos previstos na legislação infraconstitucional à luz da Constituição. 
Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal. Segundo a 
interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu sentido constitucional. Para 
Luiz Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma interpretação constitucional. 
REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso rol de 
direitos fundamentais. 
MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizese passam 
a ser espécies de norma; 
FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição Federal. 
É o ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos. O Judiciário 
passa a atuar como legislador positivo. 
 
B – Quanto à sanção: podem ser: 
- Perfeitas quando a sanção para o descumprimento da norma é a nulidade do ato, ou seja, age 
como se o ato nunca tivesse existido. 
- Mais que perfeita: além de considerar nulo o ato na hipótese de descumprimento, a norma prevê 
sanção para aquele que violou a norma. 
- Menos do que perfeita: quando o descumprimento da norma é combatido apenas com a sanção 
(penalidade). 
- Imperfeita: quando não prevê nem a possibilidade de sanção ou nulidade do ato como 
conseqüência do descumprimento da norma. 
https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=6343 
 
C –ADCT, Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data 
da promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente 
https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=6343
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 64 
 
 
política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foram abrangidos pelo 
Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 
12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou 
graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos de 
permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as 
características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados 
os respectivos regimes jurídicos. 
 
D – A concepção política de Constituição foi desenvolvida por Carl Schmitt, para o qual a 
Constituição é uma decisão política fundamental, qual seja, a decisão política do titular do poder 
constituinte. 
Em sentido jurídico, a Constituição é compreendida de uma perspectiva estritamente formal, 
apresentando-se como pura norma jurídica, como norma fundamental do Estado e da vida jurídica 
de um país, paradigma 
de validade de todo o ordenamento jurídico e instituidora da estrutura primacial desse Estado. A 
Constituição consiste, pois, num sistema de normas jurídicas. 
O pensador mais associado à visão jurídica de Constituição é o austríaco Hans Kelsen, que 
desenvolveu a denominada Teoria Pura do Direito. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e 
ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
E - As Constituições normativas são as que efetivamente conseguem, por estarem em plena 
consonância com a realidade social, regular a vida política do Estado. Em um regime de 
Constituição normativa, os agentes do poder e as relações políticas obedecem ao conteúdo, às 
diretrizes e às limitações impostos pelo texto constitucional. São como uma roupa que assenta 
bem e realmente veste bem. 
As Constituições nominativas (nominalistas ou nominais) são aquelas que, embora tenham sido 
elaboradas com o intuito de regular a vida política do Estado, ainda não conseguem efetivamente 
cumprir esse papel, por estarem em descompasso com o processo real de poder e com insuficiente 
concretização constitucional. São prospectivas, isto é, voltadas para um dia serem realizadas na 
prática, como uma roupa guardada no armário que será vestida futuramente, quando o corpo 
nacional tiver crescido. 
As Constituições semânticas, desde sua elaboração, não têm o fim de regular a vida política do 
Estado, de orientar e limitar o exercício do poder, mas sim o de beneficiar os detentores do poder 
de fato, que dispõem de meios para coagir os governados. Nas palavras de Karl Loewenstein, seria 
"uma constituição que não é mais que uma formalização da situação existente do poder político, 
em beneficio único de seus detentores". São como uma roupa que não veste bem, mas dissimula, 
esconde, disfarça os seus defeitos. 
Em síntese, enquanto as constituições normativas limitam efetivamente o poder e asseguram 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0864.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0864.htm
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 65 
 
 
direitos e as nominativas, embora não o façam, hoje, ainda têm esse propósito, para concretização 
futura, as constituições ditas semânticas são submetidas ao poder político prevalecente, servindo 
apenas para estabilizar e eternizar a intervenção dos dominadores de fato. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e 
ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
LETRA A 
 
07 - 2013 - CESPE - BACEN – Procurador 
A respeito do conceito, dos elementos e das classificações das constituições, assinale a opção 
correta. 
a) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e 
princípios fundamentais adotados pelo Estado e não será escrita. 
b) Quanto à estabilidade, a constituição flexível não se compatibiliza com a forma escrita, ainda 
que seu eventual texto admitisse livre alteração do conteúdo por meio de processo legislativo 
ordinário. 
c) Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são considerados elementos 
socioideológicos 
d) No sentido político, segundo Carl Schmitt, a constituição é a soma dos fatores reais do poder 
que formam e regem determinado Estado. 
e) Quanto aos elementos, o ADCT configura exemplo de elemento formal de aplicabilidade da CF. 
 
COMENTÁRIOS 
A – Quanto ao modo de elaboração, as Constituições podem ser dogmáticas ou históricas. 
As Constituições dogmáticas, sempre escritas, são elaboradas em um dado momento, por um 
órgão constituinte, segundo os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito 
então imperantes. Poderão ser ortodoxas ou simples (fundadas em uma só ideologia) ou 
ecléticas ou compromissórias (formadas pela síntese de diferentes ideologias, que se conciliam 
no texto constitucional). 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
B – A Constituição flexível é aquela que permite sua modificação pelo mesmo processo 
legislativo de elaboração e alteração das demais leis do ordenamento, como ocorre na 
Inglaterra, em que as partes escritas de sua Constituição podem ser juridicamente alteradas pelo 
Parlamento com a mesma facilidade com que se altera a lei ordinária. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 66 
 
 
C e E– Apresentaremos, a seguir, sinteticamente, a classificação elaborada pelo Professor José 
Afonso da Silva, que divide os elementos da Constituição Federal de 1988 em cinco categorias, 
a saber: 
a) elementos orgânicos - que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do 
poder, que se concentram, predominantemente, nos Títulos III (Da Organização do Estado), IV 
(Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V (Das Forças 
Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento); 
b) elementos limitativos - que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos e 
garantias fundamentais (Título II da Constituição - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, 
excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria seguinte); 
c) elementos socioideológicos - consubstanciados nas normas que revelam o caráter de 
compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado social, 
intervencionista, como as do Capítulo II do Título II (Direitos Sociais) e as dos Títulos VII (Da 
Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social); 
d) elementos de estabilização constitucional - consagradosnas normas destinadas a assegurar 
a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas, como os encontrados nos_ arts. 34 a 36 (Da Intervenção), 59, I, 60 (processo de 
emendas à Constituição), 102, I, "a" (ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de 
constitucionalidade), 102 e 103 (jurisdição constitucional) e no Título V (Da Defesa do Estado e 
das Instituições Democráticas, especialmente o Capítulo I, pois os Capítulos II e III, conforme 
vimos, integram os elementos orgânicos); 
e) elementos formais de aplicabilidade - são os que se acham consubstanciados nas normas 
que estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais, assim, o preâmbulo, o 
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação, as disposições constitucionais transitórias 
e o § 1.º do art. 5.º, que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
D – Representante típico da visão sociológica de Constituição foi Ferdinand Lassalle, segundo o 
qual a Constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que nele 
atuam, vale dizer, as forças reais que mandam no país. Para Lassalle, constituem os fatores reais 
do poder as forças que atuam, política e legitimamente, para conservar as instituições jurídicas 
vigentes. Dentre essas forças, ele destacava a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, os 
banqueiros e, com específicas conotações, a pequena burguesia e a classe operária. 
 
A concepção política de Constituição foi desenvolvida por Carl Schmitt, para o qual a 
Constituição é uma decisão política fundamental, qual seja, a decisão política do titular do poder 
constituinte. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 67 
 
 
 Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
LETRA E 
 
08 - 2013 - CESPE - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz federal 
Acerca do conceito, dos elementos e da classificação das Constituições, assinale a opção correta. 
a) As Constituições classificadas, quanto ao modo de elaboração, como Constituições históricas, 
apesar de serem juridicamente flexíveis, são, normalmente, politicamente rígidas. 
b) De acordo com a concepção que a define como um processo público, a Constituição consiste em 
uma ordem jurídica fundamental do Estado e da sociedade, não se caracterizando, portanto, como 
Constituição aberta, ou seja, como obra de um processo de interpretação. 
c) Entendida como um programa de integração e representação nacionais, a Constituição deve 
conter apenas matérias referentes a grupos particularizados e temas passíveis de alterações 
frequentes, de modo a propiciar a durabilidade e a estabilidade do próprio texto constitucional. 
d) Conforme a concepção política, a Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem o 
país. 
e) São denominados elementos limitativos das Constituições aqueles que visam assegurar a 
defesa da Constituição e do estado democrático de direito. 
 
COMENTÁRIOS 
A - Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo de 
formação das leis. 
Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal. 
Segundo José Afonso da Silva: “Cumpre, finalmente, não confundir o conceito de constituição 
rígida com o de constituição escrita, nem o de constituição flexível com o de constituição 
histórica. Tem havido exemplos de constituições escritas flexíveis, embora o mais comum é que 
sejam rígidas. As constituições históricas são juridicamente flexíveis, pois podem ser modificadas 
pelo legislador ordinário, mas, normalmente, são política e socialmente rígidas. Raramente são 
modificadas”. 
 
B – Nesse sentido, Canotilho afirma que “ poder constituinte significa, assim, poder 
constituinte do povo”, e que deve ser concebido “como uma ‘grandeza pluralística’ (Peter 
Häberle), ou seja, como uma pluralidade de forças culturais, sociais e políticas tais como 
partidos, grupos, igrejas, associações, personalidades, decisivamente influenciadoras da 
formação de ‘opiniões’, ‘vontades’, ‘correntes’ou ‘sensibilidades’ políticas nos momentos 
preconstituintes e nos procedimentos constituintes” (op. ci t., p. 75). Lenza, Pedro. Direito 
constitucional esquematizado® /Pedro Lenza. – 20. ed. rev . , atual. e ampl. – São Paulo: 
Saraiva, 2016. (Coleção esquematizado®) 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 68 
 
 
 
Conceito de constituição de Peter Häberle: "a lei constitucional e a interpretação constitucional 
republicana aconteceriam numa sociedade pluralista e aberta, como obra de todos os 
participantes, em momentos de diálogo e de conflito, de continuidade e descontinuidade, de tese 
e antítese." (Gilmar Mendes, Curso de Direito Constitucional). 
 
C - Conceito de constituição de Krüger: "Vista como programa de integração e de representação 
nacionais, a Constituição é entendida, aqui, apenas como Constituição do Estado (...) só deve 
conter a chamada matéria constitucional (...). Essa opção, é evidente, advém da compreensão de 
que a Constituição, para ter estabilidade e duração, não pode constitucionalizar matérias sujeitas 
a oscilações quotidianas, nem cristalizar interesses, relevantes embora, que digam respeito 
apenas a grupos particularizados e não à nação como um todo." (Gilmar Mendes, Curso de 
Direito Constitucional) 
 
D – A concepção política de Constituição foi desenvolvida por Carl Schmitt, para o qual a 
Constituição é uma decisão política fundamental, qual seja, a decisão política do titular do poder 
constituinte. 
 
Representante típico da visão sociológica de Constituição foi Ferdinand Lassalle, segundo o qual 
a Constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que nele atuam, 
vale dizer, as forças reais que mandam no país. Para Lassalle, constituem os fatores reais do 
poder as forças que atuam, política e legitimamente, para conservar as instituições jurídicas 
vigentes. Dentre essas forças, ele destacava a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, os 
banqueiros e, com específicas conotações, a pequena burguesia e a classe operária. 
 Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
E – Apresentaremos, a seguir, sinteticamente, a classificação elaborada pelo Professor José 
Afonso da Silva, que divide os elementos da Constituição Federal de 1988 em cinco categorias, 
a saber: 
a) elementos orgânicos - que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do 
poder, que se concentram, predominantemente, nos Títulos III (Da Organização do Estado), IV 
(Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V (Das Forças 
Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento); 
b) elementos limitativos - que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos e 
garantias fundamentais (Título II da Constituição - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, 
excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria seguinte); 
c) elementos socioideológicos - consubstanciados nas normas que revelam o caráter de 
compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado social, 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 69 
 
 
intervencionista, como as do Capítulo II do Título II (Direitos Sociais) e as dos Títulos VII (Da 
Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social); 
d) elementos de estabilização constitucional - consagrados nas normas destinadas a assegurar 
a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas, como os encontrados nos_ arts. 34 a 36 (Da Intervenção),59, I, 60 (processo de 
emendas à Constituição), 102, I, "a" (ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de 
constitucionalidade), 102 e 103 (jurisdição constitucional) e no Título V (Da Defesa do Estado e 
das Instituições Democráticas, especialmente o Capítulo I, pois os Capítulos II e III, conforme 
vimos, integram os elementos orgânicos); 
e) elementos formais de aplicabilidade - são os que se acham consubstanciados nas normas 
que estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais, assim, o preâmbulo, o 
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação, as disposições constitucionais transitórias 
e o § 1.º do art. 5.º, que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
Direito Constitucional descomplicado I Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. 
e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. 
 
LETRA A 
 
09 – 2013 – FCC – MPC-MS – Analista 
As Constituições codificadas ou orgânicas caracterizam-se por 
a) não contemplarem em seu texto normas de eficácia limitada, de forma que todo o corpo 
normativo-constitucional seja dotado de aplicabilidade imediata. 
b) disporem minudentemente sobre toda a atividade política, de modo a oferecer disciplina 
casuística e exauriente a todos os casos de natureza constitucional. 
c) tornarem dispensável a disciplina legislativa da ordem política, econômica e social. 
d) estarem contidas num único texto normativo, contemplando ordenação sistemática de suas 
disposições mediante articulação em títulos, capítulos e seções. 
e) guardarem identidade com a noção de bloco de constitucionalidade. 
 
COMENTÁRIOS 
A, C e E – Não há classificação doutrinária nesse sentido. 
 
B – “No tocante à extensão, as Constituições são classificadas em analíticas e sintéticas. 
Constituição analítica (longa, larga, prolixa, extensa, ampla ou desenvolvida) é aquela de 
conteúdo extenso, que versa sobre matérias outras que não a organização básica do Estado, isto 
é, sobre assuntos alheios ao Direito Constitucional propriamente dito. Ora cuida de minúcias de 
regulamentação, que melhor caberiam na legislação infraconstitucional, ora de regras ou 
preceitos pertencentes ao campo da legislação ordinária, e não do Direito Constitucional. (Direito 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 70 
 
 
Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev.,atual. e ampl. - 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
D – As Constituições escritas podem se apresentar sob duas formas: Constituições codificadas 
(quando se acham contidas e sistematizadas em um só texto formando um único documento) 
e Constituições legais (quando se apresentam esparsas ou fragmentadas, porque integradas por 
documentos diversos, fisicamente distintos, como foi o caso da Terceira República Francesa, de 
1875, formada por inúmeras leis constitucionais, redigidas em momentos distintos). (Direito 
Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev.,atual. e ampl. - 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
LETRA D 
 
10 – 2016 – CESPE - TCE-PR - Analista de Controle 
Assinale a opção correta acerca da interpretação constitucional. 
a) Como as Constituições regulam direitos e garantias fundamentais e o exercício do poder, deve-
se priorizar o emprego de linguagem técnica em seu texto, restringindo-se a sofisticada atividade 
interpretativa às instâncias oficiais. 
b) A interpretação constitucional deve priorizar o espírito da norma interpretada em detrimento de 
expressões supérfluas ou vazias; por isso, a atividade do intérprete consiste em extrair o núcleo 
essencial do comando constitucional, ainda que isso implique desconsiderar palavras, dispositivos 
ou expressões literais. 
c) Sendo a Constituição impregnada de valores, sua interpretação é norteada essencialmente por 
diretrizes políticas, em detrimento de cânones jurídicos. 
d) Na interpretação da Constituição, prepondera a teleologia, de modo que a atividade do 
hermeneuta deve priorizar a finalidade ambicionada pela norma; o texto da lei, nesse caso, não 
limita a interpretação nem lhe serve de parâmetro. 
e) O caráter aberto e vago de muitas das disposições constitucionais favorece uma interpretação 
atualizadora e evolutiva, capaz de produzir, por vezes, uma mutação constitucional informal ou não 
textual. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “Dado o possível déficit de legitimidade democrática inerente a esse monopólio judiciatista 
de interpretação autêntica da Constituição — uma carência congênita que, evidentemente, não é 
suprida nem pelas melhores criações judiciais do direito—, diante de tudo isso ganham relevo 
esforços compensadores, como os de Peter Haberle, de quem já falamos, a propugnar por uma 
visão republicaria e democrática da interpretação constitucional, por uma fórmula jurídico-
política centrada na tese de que uma sociedade aberta exige uma interpretação igualmente 
aberta da sua Lei Fundamental, até porque — ele acentua —, no processo de interpretação 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 71 
 
 
constitucional estão potencialmente vinculados todos os órgãos estatais, todas as potências 
públicas, todos os grupos e cidadãos, sem que se possa estabelecei em numerus clausus o 
elenco de intérpretes da Constituição.” (Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira 
Mendes, Inocêncio Mártires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. - 4. ed. rev. e atual. - São 
Paulo: Saraiva, 2009.) 
 
B – “Igualmente é típico das constituições atuais a incorporação de valores morais ao domínio 
jurídico, não se limitando as Cartas a simplesmente discriminar competências e limitar a ação do 
Estado – indo -se além, para injetar índole jurídica a aspirações filosóficas e princípios ético-
doutrinários. As constituições contemporâneas absorvem noções de conteúdo axiológico e, com 
isso, trazem para a realidade do aplicador do direito debates políticos e morais. As pré-
compreensões dos intérpretes sobre esses temas, tantas vezes melindrosos, não têm como ser 
descartadas, mas devem ser reconhecidas como tais pelos próprios aplicadores, a fim de serem 
medidas com o juízo mais amplo, surgido da detida apreciação dos vários ângulos do problema 
proposto, descobertos a partir da abertura da interpretação da Constituição a toda a comunidade 
por ela afetada. Decerto, porém, que esse exercício não pode conduzir à dissolução da 
Constituição no voluntarismo do juiz ou das opiniões das maiorias de cada instante. A força 
da Constituição acha -se também na segurança que ela gera – segurança inclusive quanto ao 
seu significado e ao seu poder de conformação de comportamentos futuros. A interpretação 
casuística da Constituição é esterilizante, como é também insensata a interpretação que queira 
compelir o novo, submetendo a sociedade a algo que ela própria, por seus processos 
democráticos, não decidiu. (...) Para a compreensão do texto normativo, faz -se uso da 
interpretação gramatical, buscando -se o sentido das palavras; da interpretação sistemática, 
visando à sua com preensão no contexto amplo do ordenamento constitucional; e da 
interpretação teleológica, com que se intenta desvendar o sentido do preceito, tomando em 
conta a sua finalidade determinante e os seus princípios de valor.” (Curso de direito 
constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 12. ed. rev. e atual. – 
São Paulo: Saraiva, 2017.) 
 
C – “Os Tribunais devem proferir suas decisões respeitando a integridade a partir de 
argumentos de principio e não de argumentos de política. Um princípio prescreve um direito, 
já uma diretriz politica estabelece um objetivo ou meta a ser alcançada em termos 
econômicos, políticos ou sociais. Para Dworkin os princípios são trunfos frente as diretrizes 
políticas e devem prevalecer (perspectiva antiutilitarista). Assim: “os tribunais devem decidir 
sobre que direitos as pessoas têm em nosso sistema constitucional e não como faz o legislador, 
sobrecomo se promove melhor o bem-estar geral.” BAHIA, Alexandre. Recursos Extraordinários 
no STF e STJ, p.274, 2009. PEDRON, Flávio. Mutação Constitucional na crise do positivismo 
jurídico. 2012.” (Curso de Direito Constitucional/ Bernardo Gonçalves Fernandes - 9. ed. rev. 
ampl. e atual. - Salvador. JusPODIVM, 2017.) 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 72 
 
 
 
D – “A interpretação conforme a Constituição possui, evidentemente, limites. Não pode forçar o 
significado aceitável das palavras dispostasno texto nem pode desnaturar o sentido objetivo que 
inequivocamente o legislador quis adotar.”(Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira 
Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 12. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2017.) 
 
E – “A "interpretação", como forma mais simples de "mutação informal" da Constituição, opera 
sob as bases da abertura textual e da polissemia da Constituição, revelando o que Bonavides 
chamou de paradoxo: se, por um lado, contribui para a evolução do Direito, supostamente 
impedindo eventos revolucionários, por outro, revelou-se uma abertura para insegurança 
jurídica, correndo o risco de diluir a Constituição em uma total fluidez.” (Curso de Direito 
Constitucional/ Bernardo Gonçalves Fernandes - 9. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador. 
JusPODIVM, 2017.) 
 
LETRA E 
 
11 – 2016 – CESPE - TCE-PR - Analista de Controle 
Assinale a opção correta no que concerne às classificações das constituições. 
a) As Constituições cesaristas são elaboradas com base em determinados princípios e ideais 
dominantes em período determinado da história. 
b) Constituição escrita é aquela cujas normas estão efetivamente positivadas pelo legislador em 
documento solene, sejam leis esparsas contendo normas materialmente constitucionais, seja uma 
compilação que consolide, em um só diploma, os dispositivos alusivos à separação de poderes e 
aos direitos e garantias fundamentais. 
c) A classificação ontológica das Constituições põe em confronto as pretensões normativas da 
Carta e a realidade do processo de poder, sendo classificada como nominativa, nesse contexto, a 
Constituição que, embora pretenda dirigir o processo político, não o faça efetivamente. 
d) As Constituições classificadas como populares ou democráticas são materializadas com o 
tempo, com o arranjo e a harmonização de ideais e teorias outrora contrastantes. 
e) As Constituições semânticas possuem força normativa efetiva, regendo os processos políticos e 
limitando o exercício do poder. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “As Constituições cesaristas (bonapartistas) são unilateralmente elaboradas pelo detentor 
do poder, mas dependem de ratificação popular por meio de referendo. Essa participação 
popular não é democrática, pois cabe ao povo somente referendar a vontade do agente 
revolucionário, detentor do poder. Por isso, não são, propriamente, nem outorgadas, nem 
democráticas.” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. 
ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 73 
 
 
 
B – “Constituição escrita é o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único 
documento, para fixar-se a organização fundamental. Canotilho denomina-a de constituição 
instrumental, apontando seu efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de 
calculabilidade e publicidade” (Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 33. ed. rev. e 
atual. até a EC nº 95, de 15 de dezembro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2017.) 
 
C e E – “O constitucionalista alemão Karl Loewenstein desenvolveu uma classificação para as 
Constituições que leva em conta a correspondência existente entre o texto constitucional e a 
realidade política do respectivo Estado (critério ontológico). As Constituições normativas são as 
que efetivamente conseguem, por estarem em plena consonância com a realidade social, regular 
a vida política do Estado. Em um regime de Constituição normativa, os agentes do poder e as 
relações políticas obedecem ao conteúdo, às diretrizes e às limitações impostos pelo texto 
constitucional. São como uma roupa que assenta bem e realmente veste bem. As Constituições 
nominativas (nominalistas ou nominais) são aquelas que, embora tenham sido elaboradas 
com o intuito de regular a vida política do Estado, ainda não conseguem efetivamente 
cumprir esse papel, por estarem em descompasso com o processo real de poder e com 
insuficiente concretização constitucional. São prospectivas, isto é, voltadas para um dia serem 
realizadas na prática, como uma roupa guardada no armário que será vestida futuramente, 
quando o corpo nacional tiver crescido. As Constituições semânticas, desde sua elaboração, 
não têm o fim de regular a vida política do Estado, de orientar e limitar o exercício do poder, 
mas sim o de beneficiar os detentores do poder de fato, que dispõem de meios para coagir os 
governados. Nas palavras de Karl Loewenstein, seria "uma constituição que não é mais que 
uma formalização da situação existente do poder político, em beneficio único de seus 
detentores". São como uma roupa que não veste bem, mas dissimula, esconde, disfarça os seus 
defeitos.” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. 
rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
D – “As Constituições democráticas (populares, votadas ou promulgadas) são produzidas com a 
participação popular, em regime de democracia direta (plebiscito ou referendo), ou de 
democracia representativa, neste caso, mediante a escolha, pelo povo, de representantes que 
integrarão uma "assembleia constituinte" incumbida de elaborar a Constituição. (Direito 
Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. 
- Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
LETRA C 
 
12 – 2016 – CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário 
Acerca do direito constitucional, assinale a opção correta. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 74 
 
 
a) As várias reformas já sofridas pela CF, por meio de emendas constitucionais, são expressão do 
poder constituinte derivado decorrente. 
b) De acordo com a doutrina dominante, a CF, ao se materializar em um só código básico, afasta os 
usos e costumes como fonte do direito constitucional. 
c) O neoconstitucionalismo, ao promover a força normativa da Constituição, acarretou a diminuição 
da atividade judicial, dado o alto grau de vinculação das decisões judiciais aos dispositivos 
constitucionais. 
d) A derrotabilidade de uma norma constitucional ocorrerá caso uma norma jurídica deixe de ser 
aplicada em determinado caso concreto, permanecendo, contudo, no ordenamento jurídico para 
regular outras relações jurídicas. 
e) A interpretação da Constituição sob o método teleológico busca investigar as origens dos 
conceitos e institutos pelo próprio legislador constituinte. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “O poder constituinte derivado decorrente é o poder que a Constituição Federal de 1988 
atribui aos estados-membros para se auto-organizarem, por meio da elaboração de suas 
próprias Constituições (CF, art. 25 c/c ADCT, art. 11 ). (Direito Constitucional descomplicado / 
Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
B – “1.7. Fontes do direito constitucional. A luz desse conceito, quatro são as fontes do direito, 
porque quatro são as formas de poder: o processo legislativo, expressão do Poder Legislativo; a 
jurisdição, que corresponde ao Poder Judiciário; os usos e costumes jurídicos, que exprimem o 
poder social, ou seja, o poder decisório anônimo do povo; e, finalmente, a fonte negocial, 
expressão do poder negocial ou da autonomia da vontade.” (Curso de direito constitucional / 
Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 12. ed. rev. e atual. – São Paulo : 
Saraiva, 2017.) 
 
C – “3. NEOCONSTITUCIONALISMO. O atual estádio do constitucionalismo se peculiarizatambém pela mais aguda tensão entre constitucionalismo e democracia. É intuitivo que o giro de 
materialização da Constituição limita o âmbito de deliberação política aberto às maiorias 
democráticas. Como cabe à jurisdição constitucional a última palavra na interpretação da 
Constituição, que se apresenta agora repleta de valores impositivos para todos os órgãos 
estatais, não surpreende que o juiz constitucional assuma parcela de mais considerável poder 
sobre as deliberações políticas de órgãos de cunho representativo. Com a materialização da 
Constituição, postulados ético -morais ganham vinculatividade jurídica e passam a ser objeto de 
definição pelos juízes constitucionais, que nem sempre dispõem, para essa tarefa, de critérios de 
fundamentação objetivos, preestabelecidos no próprio sistema jurídico.” (Curso de direito 
constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 12. ed. rev. e atual. – 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 75 
 
 
São Paulo : Saraiva, 2017.) 
 
D – “Nos casos de conflito entre princípios e regras situados em planos distintos, o afastamento 
da regra legal somente deve ocorrer nos casos de inconstitucionalidade, de manifesta injustiça 
ou em situações excepcionalíssimas que, por escaparem da normalidade, não poderiam ter sido 
ordinariamente previstas pelo legislador. O afastamento da aplicação de regras válidas ante as 
circunstâncias específicas do caso concreto é conhecido como derrotabilidade (ou 
superabilidade). Em tais hipóteses, o intérprete confere ao princípio da justiça e aos princípios 
que justificam o afastamento da regra um peso maior do que ao princípio da segurança jurídica e 
àqueles subjacentes à regra. A ponderação, portanto, não é feita entre a regra e o princípio, mas 
entre princípios que fornecem razões favoráveis e contrárias à aplicação da regra naquele caso 
específico. Não há nisso, qualquer desobediência ao direito, pois a decisão é pautada por normas 
estabelecidas pelo próprio ordenamento jurídico.” (Curso de direito constitucional/ Marcelo 
Novelino. - 11. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.) 
 
E – “elemento teleológico ou sociológico: busca a finalidade da norma”. (Direito constitucional 
esquematizado* / Pedro Lenza. - 21 ed. - São Paulo. Saraiva, 2017.) 
 
LETRA D 
 
13 – 2016 – CESPE - TCE-PR - Auditor 
Acerca da interpretação e da aplicação das normas constitucionais, assinale a opção correta. 
a) Dado o princípio da interpretação adequadora, o ato normativo impugnado declarado 
inconstitucional é sempre nulo. 
b) De acordo com a norma que rege o controle concentrado de constitucionalidade, uma vez 
declarada a inconstitucionalidade da norma, esta será nula ab initio, não sendo possível, por 
exemplo, decidir que ela só tenha eficácia a partir de outro momento. 
c) Em decorrência do princípio interpretativo da unidade da Constituição, existindo duas normas 
constitucionais incompatíveis entre si, deverá o intérprete escolher entre uma e outra, não sendo 
possível uma interpretação que as integre. 
d) Dado o princípio da máxima efetividade ou da eficiência, o intérprete deve coordenar a 
combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos 
outros. 
e) A norma constitucional que assegura o livre exercício de qualquer atividade, ofício ou profissão é 
exemplo de norma de eficácia contida. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “III — O princípio da interpretação adequadora. 
Estritamente conexionado com o princípio da interpretação conforme a Constituição, mas com 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 76 
 
 
um sentido mais conformador, o princípio da interpretação adequadora é hoje invocado para 
justificar soluções como as seguintes: — simples declaração de inconstitucionalidade sem 
fixação de nulidade 'ipso jure' (ex.: casos em que o Tribunal considera uma nova norma 
constitucional por violação do princípio da igualdade sem pôr em causa a bondade das soluções 
legais). (...) — acolhimento parcial da inconstitucionalidade, ou seja, a sentença do Tribunal opta 
pela declaração da nulidade parcial das leis, evitando a destruição do acto legislativo in totó. 
(JOSÉ JOAQUIM GOMES CANOTILHO, DIREITO CONSTITUCIONAL. 6ª edição revista. 
LIVRARIA ALMEDINA COIMBRA, 1993)” 
 
B – Lei 9.868/99. Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em 
vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal 
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou 
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que 
venha a ser fixado. 
 
C – “Segundo este princípio, o texto de uma Constituição deve ser interpretado de forma a evitar 
contradições (antinomias) entre suas normas e, sobretudo, entre os princípios 
constitucionalmente estabelecidos. O princípio da unidade obriga o intérprete a considerar a 
Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre 
as normas constitucionais a concretizar. Enfim, o intérprete, os juízes e as demais autoridades 
encarregadas de aplicar os comandos constitucionais devem considerar a Constituição na sua 
globalidade, procurando harmonizar suas aparentes contradições. Deverão sempre tratar as 
normas constitucionais não como normas isoladas e dispersas, mas como preceitos integrados 
num sistema interno unitário de normas e princípios, compreendendo-os, na medida do possível, 
como se fossem obra de um só autor, expressão de uma unidade harmônica e sem 
contradições.” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. 
ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
D – “O princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou princípio da interpretação 
efetiva) reza que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê_ maior 
eficácia, mais ampla efetividade social. Embora sua origem esteja ligada à eficácia das normas 
programáticas, é hoje princípio operativo em relação a todas e quaisquer normas constitucionais, 
sendo, sobretudo, invocado no âmbito dos direitos fundamentais (em caso de dúvida, deve-se 
preferir a interpretação que lhes reconheça maior eficácia).” (Direito Constitucional 
descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de 
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
E – “Em regra, as normas de eficácia contida exigem a atuação do legislador ordinário, fazendo 
expressa remissão a uma legislação futura. Entretanto, a atuação do legislador ordinário não 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 77 
 
 
será para tornar exercitável o direito nelas previsto (este já é exercitável desde a promulgação 
do texto constitucional), tampouco para ampliar o âmbito de sua eficácia (que já é plena, desde 
sua entrada em vigor), mas sim para restringir, para impor limitações ao exercício desse direito. 
Um bom exemplo de norma constitucional de eficácia contida é o art. 5.º, XIII: XIII - é livre o 
exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a 
lei estabelecer;” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 
16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
LETRA E 
 
14 – 2009 - CESPE - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz Federal 
Assinale a opção correta acerca do conceito, da classificação e dos elementos da constituição. 
a) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles que limitam a ação dos 
poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de direito e consubstanciam o rol dos direitos 
fundamentais. 
b) No sentido sociológico, a constituição seria distinta da lei constitucional, pois refletiria a decisão 
política fundamental do titular do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, 
aos direitos individuais e à atuação democrática,enquanto leis constitucionais seriam todos os 
demais preceitos inseridos no documento, destituídos de decisão política fundamental. 
c) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido introduzida na lei maior 
por meio de procedimento mais dificultoso do que o estabelecido para as normas 
infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se refira a regras estruturais do Estado e seus 
fundamentos. 
d) Considerando o conteúdo ideológico das constituições, a vigente Constituição brasileira é 
classificada como liberal ou negativa. 
e) Quanto à correspondência com a realidade, ou critério ontológico, o processo de poder, nas 
constituições normativas, encontra-se de tal modo disciplinado que as relações políticas e os 
agentes do poder se subordinam às determinações de seu conteúdo e do seu controle 
procedimental. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “a) elementos orgânicos - que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e 
do poder, que se concentram, predominantemente, nos Títulos III (Da Organização do Estado), IV 
(Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), Capítulos II e III do Título V (Das Forças 
Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento); b) elementos limitativos 
- que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos e garantias fundamentais 
(Título II da Constituição - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, excetuando-se os Direitos 
Sociais, que entram na categoria seguinte).” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente 
Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 78 
 
 
MÉTODO, 2017.) 
 
B – “Na visão sociológica, a Constituição é concebida como fato social, e não propriamente como 
norma. O texto positivo da Constituição seria resultado da realidade social do País, das forças 
sociais que imperam na sociedade, em determinada conjuntura histórica. Caberia à Constituição 
escrita, tão somente, reunir e sistematizar esses valores sociais num documento formal, 
documento este que· só teria eficácia se correspondesse aos valores presentes na sociedade. (...) 
A concepção política de Constituição foi desenvolvida por Carl Schmitt, para o qual a 
Constituição é uma decisão política fundamental, qual seja, 
a decisão política do titular do poder constituinte.” (Direito Constitucional descomplicado / 
Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
C – “O conceito formal de Constituição diz respeito à existência, em um determinado Estado, de 
um documento único, escrito por um órgão soberano instituído com essa específica: finalidade, 
que contém, entre outras, as normas de organização política da comunidade e, sobretudo, que 
só pode ser alterado mediante um procedimento legislativo mais árduo, e com muito maiores 
restrições, do que o necessário à aprovação das normas não constitucionais pelos órgãos 
legislativos constituídos. Na acepção formal, portanto, o que define urna norma como 
constitucional é a forma pela qual ela foi introduzida no ordenamento jurídico, e não o seu 
conteúdo. Por isso - diferentemente da concepção material, pela qual todo Estado possui 
Constituição -, somente faz sentido falar em Constituição formal nos Estados dotados de 
Constituição escrita e rígida.” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo 
Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
D – “As constituições sociais correspondem a um momento posterior na evolução do 
constitucionalismo. Em seu texto estão consagrados não apenas direitos ligados à Liberdade, 
mas também direitos sociais, econômicos e culturais, ligados à igualdade material, cuja 
implementação exige uma atuação positiva do Estado (Estado do Bem Comum). Parte-se da 
premissa de que a liberdade tem como pressuposto a existência de uma igualdade real entre os 
cidadãos. De um modo geral, como esses direitos vêm muitas vezes consagrados em normas 
que estabelecem objetivos a serem alcançados, essa espécie corresponde às constituições 
dirigentes. (...) A partir de algumas das classificações supramencionadas, a atual Constituição 
brasileira se caracteriza por ser: dirigente; (Curso de direito constitucional/ Marcelo Novelino. - 
11. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.) 
 
E – “As Constituições normativas são as que efetivamente conseguem, por estarem em plena 
consonância com a realidade social, regular a vida política do Estado. Em um regime de 
Constituição normativa, os agentes do poder e as relações políticas obedecem ao conteúdo, às 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 79 
 
 
diretrizes e às limitações impostos pelo texto constitucional. São como uma roupa que assenta 
bem e realmente veste bem.” (Direito Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo 
Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.) 
 
LETRA E 
 
15 – 2011 – CESPE - TJ-PB - Juiz 
Com relação ao objeto, aos elementos e aos tipos de constituição, assinale a opção correta. 
a) Quanto ao modo de elaboração, a vigente CF pode ser classificada como uma constituição 
histórica, em oposição à dita dogmática. 
b) O objeto da CF é a estrutura fundamental do Estado e da sociedade, razão por que somente as 
normas relativas aos limites e às atribuições dos poderes estatais, aos direitos políticos e 
individuais dos cidadãos compõem a Constituição em sentido formal. 
c) Por limitarem a atuação dos poderes estatais, as normas que regulam a ação direta de 
inconstitucionalidade e o processo de intervenção nos estados e municípios integram os elementos 
ditos limitativos. 
d) Os elementos formais de aplicabilidade são exteriorizados nas normas constitucionais que 
prescrevem as técnicas de aplicação delas próprias, como, por exemplo, as normas inseridas no 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
e) Distintamente da constituição analítica, a constituição dirigente tem caráter sintético e negativo, 
pois impõe a omissão ou negativa de ação ao Estado e preserva, assim, as liberdades públicas. 
 
COMENTÁRIOS 
A – “As Constituições dogmáticas, sempre escritas, são elaboradas em um dado momento, por 
um órgão constituinte, segundo os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito 
então imperantes. Poderão ser ortodoxas ou simples (fundadas em uma só ideologia) ou 
ecléticas ou compromissórias (formadas pela síntese de diferentes ideologias, que se conciliam 
no texto constitucional). As Constituições históricas (ou costumeiras), não escritas, resultam da 
lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sociopolíticos, representando 
uma síntese histórica dos valores consolidados pela própria sociedade, como é o caso da 
Constituição inglesa. A Constituição brasileira de 1988 é tipicamente dogmática, porquanto foi 
elaborada por um órgão constituinte em um instante determinado, segundo as ideias então 
reinantes. “ 
 
B – “Na concepção formal de Constituição, são constitucionais todas as normas que integram 
uma Constituição escrita, elaborada por um processo especial (rígida), independentemente do 
seu conteúdo. Nessa visão, leva-se em conta, exclusivamente, o processo de elaboração da 
norma: todas as normas integrantes de uma Constituição escrita, solenemente elaborada, serão 
constitucionais. Não importa, em absoluto, o conteúdo da norma. (...) As normas apenas 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 80 
 
 
formalmente constitucionais são aquelas que integram o texto da Constituição escrita, mas 
tratam de matérias sem relevância para o estabelecimento da organização básica do Estado. É o 
caso, por exemplo, do art. 242, § 2º , da Constituição Federal, que estabelece que o Colégio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. A Constituição 
Federal de 1988 é do tipo formal, porque foi solenemente elaborada,por um órgão 
especialmente incumbido desse mister, e somente pode ser modificada por um processo 
especial, distinto daquele exigido para a elaboração ou alteração das demais leis (rígida).” 
 
C – “elementos limitativos - que se manifestam nas normas que consagram o elenco dos direitos 
e garantias fundamentais (Título II da Constituição - Dos Direitos e Garantias Fundamentais, 
excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria seguinte).” 
 
D – “elementos formais de aplicabilidade - são os que se acham consubstanciados nas normas 
que estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais, assim, o preâmbulo, o 
dispositivo que contém as cláusulas de promulgação, as disposições constitucionais transitórias 
e o § 1.º do art. 5.º, que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata.” 
 
E – “Constituição dirigente, de texto extenso (analítica), é aquela que define fins, programas, 
planos e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais. É a Constituição que estabelece, 
ela própria, um programa para dirigir a evolução política do Estado, um ideal social a ser 
futuramente concretizado pelos órgãos estatais. O termo "dirigente" significa que o legislador 
constituinte "dirige" a atuação futura dos órgãos governamentais, por meio do estabelecimento 
de programas e metas a serem perseguidos por estes.” 
 
Todas as citações contidas nos comentários desta questão foram extraídas da obra “Direito 
Constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. - 16. ed. rev., atual. e ampl. 
- Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.” 
 
LETRA D 
 
16- FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 01 
 
Em um período no qual a região norte do País estava sendo atingida por uma calamidade de 
grandes proporções da natureza, um grupo de vinte Senadores subscreveu uma proposta de 
emenda constitucional, visando a alterar a sistemática afeta à estruturação dos órgãos de 
segurança pública. Acresça-se que proposta idêntica fora apresentada e rejeitada pelo Senado 
Federal na mesma legislatura, mais especificamente no ano anterior. 
 
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que essa proposta afronta 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 81 
 
 
 
A) os limites formais, materiais, circunstanciais e temporais de reforma constitucional. 
B) apenas os limites formais, circunstanciais e temporais de reforma constitucional. 
C) apenas os limites circunstancias e temporais de reforma constitucional. 
D) apenas os limites formais e materiais de reforma constitucional. 
E) apenas os limites formais de reforma constitucional. 
 
COMENTÁRIOS 
 
Limites Formais: A proposta deveria ser apresentada por 27 senadores e não 20. 1/3 de 81. (Art. 
60, I, CF) 
 
Limites Materiais: Estruturação dos órgãos da Segurança pública não é cláusula pétrea (Art. 60, 
§4, CF) 
 
Limites Circunstanciais: Trata da vedação de alteração da CF em algumas circunstâncias (Estado 
de Sítio, Estado de Defesa e Intervenção Federal). Art. 60, §1, CF 
 
Limites Temporais: Não existe limitações temporais na atual CF sobre as emendas. 
 
LETRA E 
 
17- FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 01 
 
Após uma revolução que culminou com a derrubada do regime anterior, o grupo político dominante 
do País Alfa resolveu solicitar que uma comissão de notáveis elaborasse um projeto de 
Constituição, submetendo-o, ato contínuo, a referendo popular. A Constituição assim elaborada 
buscou conciliar inúmeras correntes políticas aparentemente opostas entre si e direcionar as 
políticas públicas a serem adotadas para a implementação dos direitos sociais, além de ter exigido 
um procedimento qualificado para a reforma de parte de seus comandos, considerados 
materialmente constitucionais, enquanto a outra parte poderia ser alterada com observância do 
mesmo procedimento afeto à lei ordinária. Por fim, observa-se que essa Constituição era 
demasiado extensa. 
 
A Constituição assim descrita é classificada como 
 
A) bonapartista, compromissória, de garantia, rígida e sintética. 
B) cesarista, compromissória, dirigente, semirrígida e analítica. 
C) bonapartista, ortodoxa, dirigente, semirrígida e analítica. 
D) cesarista, pragmática, dirigente, semirrígida e sintética. 
 DIREITO CONSTITUCIONAL 
META 01 
 
 82 
 
 
E) outorgada, eclética, de garantia, flexível e analítica. 
 
COMENTÁRIOS 
 
Cesarista ou Bonapartista: Embora seja outorgada, nela há participação popular por meio de 
referendo. 
Compromissória: aquelas que possuem normas inspiradas em ideologias diversas. Diferente da 
Ortodoxa que reflete apenas um pensamento ideológico, como, por exemplo, a Constituição 
Chinesa. 
Social/Dirigente: Incorpora também os direitos de 2 dimensão, direciona as ações governamentais. 
Semirrígida: Para algumas matérias se exige processo legislativo mais complexo; para outras, não. 
Analítica: É extensa, prolixa. 
 
LETRA B

Mais conteúdos dessa disciplina