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1. DIREITO CONSTITUCIONAL: CONCEITO, OBJETO, ORIGEM, FORMAÇÃO, 
CONTEÚDO, FONTES E MÉTODOS DE TRABALHO. A FORÇA NORMATIVA DA 
CONSTITUIÇÃO. DO SISTEMA CONSTITUCIONAL: A CONSTITUIÇÃO COMO UM 
SISTEMA DE NORMAS. OS VALORES NA CONSTITUIÇÃO. OS PRECEITOS 
FUNDAMENTAIS. FINS E FUNÇÕES DO ESTADO. OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DE 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. OS PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. OS PRINCÍPIOS 
FUNDAMENTAIS. 
AUTORA: GABRIELA BAZANELLA DE OLIVEIRA 
MATERIAL DE CONSULTA: DIRLEY DA CUNHA JR. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, JUSPODVIM (2012). 
KILDARE GONÇALVES CARVALHO. DIREITO CONSTITUCIONAL (2008). 
CADERNO LFG - MARCELO NOVELINO (2011). 
 
1.1. Acerca do Direito Constitucional, responda: 
1.1.1. Qual é seu conceito? 
Ramo fundamental do Direito que investiga, estuda e sistematiza as normas e instituições que 
dispõem sobre as bases e elementos fundamentais do Estado, determinando sua estrutura, 
organização e seus fins, a composição e o funcionamento de seus órgãos superiores, disciplinando o 
modo de aquisição e ascensão ao poder e os limites de sua atuação, assim como os direitos e as 
garantias fundamentais do indivíduo e da coletividade. 
Direito Constitucional: Superdireito, não só porque provém, como direito positivo, do Poder 
Constituinte, mas também porque domina todos os ramos do Direito submetendo-os a seus 
princípios, estabelecendo os seus fundamentos e condicionando a sua interpretação, aplicação e 
validade. Pedra angular de toda a ordem jurídica. 
 
1.1.2. Qual seu objeto? 
Conhecimento científico e sistematizado da organização fundamental do Estado. 
 
1.1.3. Qual sua origem e formação? 
Ligado ao triunfo político das revoluções liberais do séc. XVIII (americana e francesa), cujo 
propósito maior que as animou era a limitação do poder mediante a consagração de um sistema de 
separação das funções estatais. 
 
1.1.4. Qual é o seu conteúdo? 
A doutrina costuma distinguir ou dividir o Direito Constitucional, relativamente ao conteúdo 
científico, em três partes: 
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1. Direito Constitucional Especial, Positivo ou Particular: Direito Constitucional de um determinado 
Estado, que tem por objetivo o estudo e conhecimento de sua constituição em vigor. 
2. Direito Constitucional Comparado: Estudo teórico das normas constitucionais positivas, mas não 
obrigatoriamente vigentes, de vários estados, ou do mesmo Estado em épocas diferentes, 
objetivando realçar as peculiaridades, os contrastes e as semelhanças entre elas. 
² Comparação no TEMPO das Constituições de um mesmo Estado. 
² Comparação no ESPAÇO das Constituições de diferentes Estados. 
 
è É possível afirmar que um dos objetos do Direito Constitucional Comparado é o estudo das 
normas jurídicas positivadas nos textos das Constituições de um mesmo Estado, em diferentes 
momentos histórico-temporais? SIM. 
 
3 – Direito Constitucional Geral: Teoria geral do Direito Constitucional, que tem por objeto a 
identificação e sistematização, numa perspectiva unitária, dos princípios, conceitos e instituições 
comuns a diversos ordenamentos constitucionais e que se acham presentes em várias constituições 
de Estados diferentes, que revelam características equivalentes ou similares. 
 
1.1.5. Quais são suas fontes e métodos de trabalho? 
Métodos de trabalho (Kildare Carvalho): Metódica tridimensional. 
A. Teoria da norma Constitucional: Saber como se estruturam as regras e princípios da 
constituição positivamente vigente. 
B. Captar todo o ciclo de realização das normas constitucionais desde o estabelecimento do texto da 
norma (teoria do poder constituinte) até sua concretização pelo legislador ordinários e pelos 
órgãos de aplicação do direito – administração e juízes – o que pressupõe uma teoria da legislação, 
uma teoria da decisão administrativa e uma teoria da decisão judicial. 
C. Teoria da interpretação, teoria da argumentação, hermenêutica: oferecer princípios 
hermenêuticos e de argumentação de forma a possibilitar um procedimento concretizador racional e 
objetivamente controlável. 
A metódica constitucional, diferentemente da metodologia tradicional, não se concentra na 
realização judicial do direito. Assume-se como metódica estruturante. Essa metódica assenta, desde 
logo, a na ideia de que o trabalho de aplicação das normas constitucionais implica, 
simultaneamente, o manejo de uma teoria da norma, teoria da Constituição e de uma Dogmática 
Jurídica. 
Fontes do Direito Constitucional: Modos de formação e revelação das normas jurídicas. 
Fontes Formais: São os modos de manifestação do direito mediante os quais os juristas conhecem e 
descrevem o fenômeno jurídico. 
Fontes Materiais: São os elementos que emergem da própria realidade social e dos valores que 
inspiram o ordenamento jurídico, como fatores naturais, demográficos, políticos, econômicos, 
morais e outros. 
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Lei à Triunfou. 
Costume à Somente Inglaterra. 
Os costumes podem vir a completar, integrar ou desenvolver as normas escritas da Constituição. Na 
Constituição formal, o exame dos costumes não se situa no momento de sua elaboração originária, 
mas quando da criação superveniente das normas constitucionais, como o processo de revisão, 
emenda ou reforma da Constituição. 
² Costumes secundum legem: É fonte. Respeita as práticas anteriores à CRFB. 
² Praeter legem: Caráter supletivo. Possui papel interpretativo e integrativo. 
² Contra legem: Seria inconstitucional essa modalidade de costume. 
Jurisprudência 
 
1.2. O que é “Supremacia da norma Constitucional”? É possível afirmar que a Supremacia 
advém da ideia de rigidez constitucional? É possível falar em Supremacia em Constituições 
não escritas? 
Todas as normas constitucionais das Constituições Rígidas, independentemente de seu conteúdo, 
têm estrutura e natureza de normas jurídicas, ou seja, são normas providas de juridicidade, que 
encerram um imperativo [=obrigatoriedade de comportamento]. 
TODAS as normas constitucionais, SEM EXCEÇÃO, mesmo as permissivas, são dotadas de 
imperatividade, por determinarem uma conduta positiva ou uma omissão, de cuja realização são 
obrigadas todas as pessoas e órgãos às quais elas se dirigem. 
NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. 
Todas as normas jurídicas são imperativas, mas as normas constitucionais têm a particularidade de 
serem superiores às demais normas do ordenamento jurídico. 
Demais normas devem se conformar: 
è Material [Conteúdo] 
è Formalmente [Maneira de elaboração] 
 
Supremacia Constitucional advém da soberania da fonte que a produziu: PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO. 
Lembrar da teoria clássica do escalonamento de Kelsen. 
A Constituição é a base da ordem jurídica e o fundamento de sua validade. 
Lei Suprema [Canotilho]: 
Fonte de produção normativa [norma normarum]; 
à Superlegalidade formal justifica a tendencial rigidez das normas 
constitucionais, pois as leis de revisão há exigências reforçadas. 
Reconhecimento de valor normativo hierarquicamente superior 
à Superlegalidade material 
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A Superioridade da Constituição conduz à sua superioridade hierárquico-normativa relativamente 
às outras normas do ordenamento jurídico. Isso ainda implica em que: 
a) As normas constitucionais constituem uma lex superior que lhe recolhe o fundamento de 
validade em si própria (autoprimazia normativa);atender a 
TODAS as necessidades básicas. 
 
3.3. Quais são os métodos específicos da interpretação constitucional? 
A) método científico espiritual - leva em conta a realidade social e os valores subjacentes ao texto 
da constituição. Referido na obra de Smend busca potencializar a concretização de soluções 
hermenêuticas conciliatórias, sugere, incentiva a busca de soluções que possam promover a coesão 
político-social. 
Mas às vezes esses métodos podem ser utilizados para promover soluções conciliatórias na 
sociedade, para impedir “convulsões” entre grupos de nossa sociedade, ex: a delimitação contínua 
das reservas indígenas, com a permissão para as forças armadas adentrarem a reserva para fins de 
segurança nacional; 
B) método normativo-estruturante - conjuga o elemento literal com os demais elementos dos 
métodos clássicos de interpretação. 
Criado por Müller, a ideia aqui é que o conceito de norma constitucional é um conceito muito mais 
amplo, podendo ser visualizada sobre uma dúplice perspectiva: i) norma constitucional como texto 
normativo (ou programa normativo – concretizando a Carta Magna como um produto da 
interpretação, que é uma atividade mediadora e concretizadora de finalidades – pensamento de 
Hesse = o texto da norma constitucional é a apenas a ponta do iceberg) e ii) norma constitucional 
com âmbito normativo. Conceber a ideia de que o cidadão tem o direito de não aceitar atos abusivos 
do poder público. 
C) método hermenêutico conretizador - Parte da constituição para chegar até o problema, valendo-
se de pré-compreensões sobre o tema subjacente. Nos foi legado por Hesse o papel do intérprete da 
Constituição seria um papel construtivo, ativo no desenvolvimento do processo hermenêutico. 
Para HESSE, a norma é um produto da interpretação constitucional. Esse processo hermenêutico 
seria conduzido pelo que ele denomina de pré-compreensão – conjunto de valores, visões de 
mundo, crenças que o intérprete incorpora na sua própria consciência dentro de seu espaço 
interpretador, mergulhado numa cultura, num conjunto de valores num dado contexto histórico-
cultural. Exemplo: o tema sobre O DIREITO À MORTE DIGNA – a doutrina e a jurisprudência 
mesmo diante da proibição da eutanásia, estão diante de uma realidade histórico-social, que talvez 
permita a realização da morte digna, reconhecendo que um paciente em estado terminal retire sua 
própria vida em nome da dignidade, e como argumento a favor, poderia se utilizar da ideia de que 
assim estaria realizando um direito mais justo; 
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D) método tópico-problemático - Percorre o caminho inverso, ou seja, parte do problema, do caso 
concreto, para chegar até a norma constitucional aplicável. nos foi legado pelo autor Viehweg 
(século XX). 
A Tópica é um estilo de pensamento voltado para a busca priorizada do exame do caso concreto, 
para a partir daí, escolher uma das opções interpretativas, e posteriormente buscar fundamentar a 
sua decisão. Visão totalmente contrária ao positivismo, pois segundo este método a conclusão seria 
lógico-dedutiva, sendo que primeiro devemos observamos o caso concreto e depois buscar a norma 
que se adequasse a ele; 
E) Método concretista da Constituição aberta de Peter Haberle: prega uma interpretação da 
Constituição não apenas por juristas, mas por todos e em qualquer lugar. A interpretação 
constitucional não pode ser atribuída apenas a um círculo fechado de intérpretes. Todos que vivem 
na realidade constitucional podem interpretar. A interpretação deve, portanto, ser democrática, 
aberta. 
 
3.4. Quais são os princípios específicos da interpretação constitucional? 
A) Supremacia da constituição - O Estado de Direito é criado e regulado por uma constituição. 
Assim, a constituição rígida está no topo do ordenamento jurídico, de modo que serve de 
fundamento de validade, direta ou indiretamente, a todas as normas do sistema; 
B) Presunção de constitucionalidade das leis - decorre do processo legislativo formalmente 
concluído a presunção de que o legislador observou os mandamentos constitucionais na feitura da 
lei. Tal presunção persiste até a declaração de inconstitucionalidade da lei pelo Judiciário. 
Este princípio atribui um ônus argumentativo àquele que sustenta a inconstitucionalidade da lei 
perante o Judiciário; 
C) Máxima efetividade das normas constitucionais (força normativa da constituição) - a 
constituição é vista, na contemporaneidade, como dotada de eficácia normativa, não se trata de 
mero conselho ao legislador; 
D) Unidade da constituição - a constituição deve ser compreendida como um todo uno, não se deve 
interpretar as suas normas ou capítulos como se fossem estanques, de maneira isolada ou 
desconectada das demais partes; 
E) Proporcionalidade - para solucionar casos que envolvam restrição a direitos fundamentais, deve-
se sopesar os princípios constitucionais envolvidos no conflito por meio de uma análise que parte da 
necessidade, verifica a adequação e pondera a proporcionalidade estrita da restrição; 
F) Princípio da concordância prática/ harmonização - coordenação e combinação dos bens jurídicos 
em conflito para evitar o sacrifício total de uns em relação a outros. 
É um pressuposto da proporcionalidade e trabalha com a ideia de que inexiste hierarquia entre os 
princípios constitucionais; 
G) Princípio da correção funcional/ justeza - fiel observância à repartição constitucional de 
competências e funções entre os Poderes; 
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H) Princípio do efeito integrador - primazia dos critérios que favoreçam a integração política e 
social e o reforcem a unidade política; 
I) Princípio da interpretação conforme - diante de uma norma infraconstitucional que seja 
plurissignificativa, deve-se privilegiar o sentido que mais se aproxima da constituição. 
 
3.5. O que é a sociedade aberta dos intérpretes da constituição? Há institutos relacionados no 
ordenamento jurídico brasileiro? 
É a ideia, formulada por Peter Haberle, segundo a qual a interpretação constitucional não deve ser 
monopólio do Poder Judiciário ou, ao menos, não deve ser monopólio de um único órgão público. 
Pode-se admitir que o Judiciário (ou o tribunal constitucional) tenha a última palavra, mas não que 
monopolize a discussão. Os cidadãos devem participar, órgãos públicos diversos também. 
São institutos de direito positivo que exprimem tal abertura: o controle difuso, a ampliação da 
legitimidade ativa para o controle concentrado, o amicus curiae, as audiências públicas. 
 
3.6. O que se entende por criação judicial do Direito? 
É o fenômeno do Direito contemporâneo, bastante aprofundado pela jurisdição constitucional, que 
se manifesta pela transformação do papel atribuído aos juízes e tribunais na sociedade, de modo que 
estes deixam de ser meros aplicadores das leis e assumem postura mais ativa com a função de criar 
Direito, seja preenchendo os espaços deixados pela omissão legislativa, seja delimitando a 
amplitude de direitos fundamentais. 
 
3.7. Quais são as formas mais adotadas pela doutrina para classificar as constituições? 
Quanto ao conteúdo – divide as constituições em (i) materiais e (ii) formais: 
A constituição material é concebida em sentido amplo e em sentido estrito. No primeiro, identifica-
se com a organização total do Estado, com regime político. No segundo, designa as normas 
constitucionais escritas e costumeiras que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus 
órgãos e os direitos fundamentais. 
A constituição formal é o documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente 
modificado por processos e formalidades previamente estabelecidos. 
Quantoà forma – (i) constituição escrita, quando codificada e sistematizada num texto único, 
elaborado por um órgão constituinte, encerrando todas as normas tidas como fundamentais sobre a 
estrutura do Estado; (ii) não escrita, quando as normas não constam em um documento único e 
solene, mas que se baseia essencialmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em 
textos constitucionais esparsos. 
Quanto ao modo de elaboração – (i) constituição dogmática, escrita, é a elaborada por um órgão 
constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito 
dominantes no momento. (ii) constituição histórica ou costumeira, não escrita, é resultante de lenta 
transformação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam 
como normas fundamentais de organização de determinado Estado. 
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Quanto à origem: (i) constituições populares, ou democráticas, são aquelas que se originam de um 
órgão constituinte composto por representantes do povo, eleitos para o fim de elaborar a 
constituição. (ii) outorgadas, são aquelas elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, ou 
seja, impostas unilateralmente pelo governante. (iii) constituição cesarista é aquela formada por 
plebiscito popular sobre um projeto elaborado pelo governador ou por um ditador. A participação 
popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade daquele de detém o 
poder. 
Quanto à estabilidade: (i) constituições rígidas somente são alteradas por processos formais 
especiais e mais difíceis que os de formação das leis ordinárias e complementares. (ii) a constituição 
flexível permite ser livremente modificada pelo legislador pelo mesmo processo de criação das leis 
ordinárias. (iii) semi-rígida é a constituição que contém uma parte rígida e outra flexível. 
Quanto à extensão: (i) sintética, aquele que veicula apenas os princípios fundamentais e estruturais 
do Estado; (ii) analítica é aquela que aborda todos os assuntos que os constituintes entenderem por 
fundamentais. 
 
3.8. As constituições contemporâneas são compostas por quais elementos? 
As constituições contemporâneas reúnem matérias diversas, entendidas como fundamentais para 
coletividades. José Afonso da Silva divide tais elementos em cinco categorias: 
(i) elemento orgânico: normas que regulam a estrutura e funcionamento do Estado; 
(ii) elemento limitativo: normas que preveem os direitos e garantis fundamentais: direitos 
individuais e suas garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos. São 
limitativos porque limitam a ação dos poderes estatais. 
(iii) elementos sócio-ideológicos: revelam o caráter de compromisso das constituições modernas 
entre o Estado individualista e o Estado social. 
(iv) elementos de estabilização constitucional: destinados a assegurar a solução de conflitos 
constitucionais, a defesa da constituição e das instituições democráticas. 
(v) elementos formais de aplicabilidade: são as regras de aplicação da constituição, como o 
preâmbulo e as disposições constitucionais transitórias. 
 
3.9. Como as normas constitucionais podem ser classificadas em relação à sua eficácia e 
aplicabilidade? 
Segundo José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser divididas, quanto a sua 
capacidade de produzir efeitos jurídicos, em três categorias: 
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas cuja aplicabilidade é direta, imediata e 
integral, não dependendo de norma infraconstitucional. 
Normas de eficácia contida possuem aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter sua 
abrangência restringida por norma infraconstitucional. Enquanto não editada a lei restritiva, a norma 
constitucional de eficácia contida produzirá todos os seus efeitos. 
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Normas de eficácia limitada têm aplicação mediata e diferida. Necessitam de norma integrativa 
infraconstitucional para produzir efeitos. 
As normas de eficácia limitada ainda se dividem em: 
(i) normas de princípio institutivo ou organizativo: traçam esquemas de estruturação de órgãos, 
instituições ou entidades; 
(ii) normas de princípios programáticos: estabelecem princípios e metas a serem cumpridos pelo 
Estado. 
 
3.10. Como se classifica a nossa atual Constituição? 
A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como sendo promulgada, pois é fruto de 
debates políticos entre os representantes do povo. 
É escrita, devendo ser alterada por meio de emendas constitucionais. 
É analítica, pois aborda todos os temas considerados fundamentais pelos representantes do povo. 
Trata-se de uma Constituição formal quanto ao conteúdo, elegendo como critério o processo de 
formação e não o conteúdo das normas para defini-las como constitucional ou não. 
É dogmática e também super-rígida, já que além de um processo de modificação mais dificultoso e 
solene do que o processo de formação das leis possui cláusulas pétreas que são imutáveis. 
É reduzida, já que se materializa em um único documento legislativo, apesar de alguns a intitularem 
de variada, vez que também fazem parte da Constituição as Emendas Constitucionais que não 
integraram o texto da Constituição e os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com 
quorum de 3/5, em dois turnos, pelas duas casas do Congresso Nacional. 
É também eclética, pois é formada por diversas ideologias e pretende ser normativa. 
 
3.11. O que se entende por “Constituição Plástica”? 
Pinto Ferreira versa que o termo “Constituição Plástica” é sinônimo de Constituição flexível, que 
pode, portanto, ser alterada pelo mesmo processo de formação das leis, ou até mesmo por um 
processo ainda mais facilitado. 
Já Raul Machado Horta entende que Constituição Plástica é aquela que tem capacidade de se 
adaptar ao futuro sem a necessidade de emenda constitucional. Nesse sentido, a constituição deve 
ser principiológica, não podendo ser muito detalhista. Um exemplo de Constituição Plástica nesse 
sentido seria a Constituição dos EUA. 
 
3.12. Qual a origem filosófica do direito ao mínimo existencial? 
Na antiguidade, o mínimo existencial relacionava-se, especialmente nas sociedades grega e romana, 
à ideia de vida própria, corpo, alimentação, roupas e ferramentas básicas de trabalho. 
Quanto às sociedades de cunho escravocrata, houve um retrocesso, pois o mínimo existencial era 
relacionado à propriedade privada( corpo do escravo pertencia ao seu dono). 
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O movimento jusnaturalista trouxe a primeira geração de direitos humanos, as liberdades públicas 
alavancavam o direito ao mínimo existencial. Com a constituição mexicana de 1917 e a alemã de 
1919 houve um avanço do caráter do mínimo existencial aos direitos sociais. 
 
3.13. Qual a origem jurídica do direito ao mínimo existencial? 
Seria o mínimo necessário que o indivíduo precisa para não morrer. Porém, a defensoria sustenta 
que na verdade seria o mínimo necessário para se viver com dignidade. Haveria assim, uma 
diferença fundamental entre o mínimo vital e o mínimo existencial. 
O primeiro reconhecimento jurídico do que seria o mínimo existencial veio da Alemanha, em seu 
Tribunal Federal Administrativo, em 24 de junho de 1954. 
Ainda na Alemanha, o tribunal constitucional federal reconheceu status constitucional ao mínimo 
existencial. 
 
3.14. Qual a natureza jurídica e o conceito do mínimo existencial? 
O mínimo existencial é o núcleo duro do princípioda dignidade da pessoa humana. Tudo o que é 
mínimo existencial é dignidade, mas nem tudo que é dignidade é mínimo existencial. 
O mínimo existencial é norma-regra (os outros efeitos que se irradiam da dignidade seriam normas-
princípio). Assim, por ser consenso (regra), o mínimo existencial está amplamente sujeito à 
fiscalização judicial, enquanto que as questões periféricas da dignidade humana (princípio) estariam 
sujeitas à deliberação de políticas públicas. 
A norma, como sabemos, ou é regra (submete-se aos critérios de validade/aplicação) ou é princípio 
(admite-se a colisão e a aplicação de um não exclui a aplicação de outro). 
Destarte, podemos dizer quero mínimo existencial está para a regra assim como a dignidade está 
para princípio. Não há nenhuma hipótese de ponderação do mínimo existencial, podendo o 
judiciário tutela-lo. 
 
3.15. Qual o objeto do mínimo existencial? 
O mínimo existencial tem caráter universal (universalíssimo de confluência ou de chegada) e é 
absoluto (não admite relativizações, até porque tem a natureza de regra). Há uma concepção 
absoluto-dinâmica (embora o mínimo existencial não admita restrições –absoluto - o seu conteúdo 
pode variar no tempo espaço-dinâmico). 
Abrange direitos de primeira e segunda geração. Como não admite relativizações, só permite que as 
condições mínimas sejam aumentas, nuca reduzidas (proibição do retrocesso). 
 
3.16. Quem são os titulares do mínimo existencial? 
As pessoas físicas, mas também se pode falar de mínimo existencial para a pessoa jurídica (ex: 
acesso a justiça, direito fundamental baseado na dignidade, por se tratar de um elemento 
instrumental do mínimo existencial, as pessoas jurídicas podem se valer da justiça gratuita, em 
alguns casos). 
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3.17. Quem são os destinatários do mínimo existencial? 
O destinatário principal é o Estado, como destinatários secundários, estão as pessoas físicas e as 
jurídicas (ex: alimentos, crédito consignado). 
 
3.18. O que é “Reserva do Possível”? 
Alegada a partir da década de 1970 e criada pelo Tribunal Constitucional Federal Alemão – não 
obsta, de maneira genérica, a concretização do direito fundamental. 
De acordo com teoria alemã, a efetivação dos direitos sociais estaria limitada às possibilidades 
orçamentárias do Estado, na medida em que os direitos prestacionais representam custos aos cofres 
públicos. O STF em decisões reiteradas afirmou que a reserva do possível não pdoe ser oposta ao 
mínimo existencial. 
 
3.19. No que consiste o grau mínimo de eficácia de direitos sociais? 
Com base no neoconstitucionalismo e no ativismo judicial, alguns tribunais pátrios, incluindo o 
STF, vêm relativizando a teoria da aplicabilidade das normas constitucionais, defendendo a 
aplicabilidade imediata (eficácia plena) de normas programáticas que digam respeito ao mínimo 
existencial (grau mínimo de eficácia de direitos sociais) atrelado à dignidade da pessoa humana com 
base no princípio da proporcionalidade. 
Com isso, direitos como educação e saúde estão sendo aplicados de forma imediata com base no 
mínimo existencial e o judiciário, nesses casos, vem relativizando a reserva do possível (limitações 
orçamentárias) e suprindo omissões dos poderes públicos no que tange a direitos sociais. 
 
3.20. (MPF CONCURSO 26) Fale sobre jurisdição constitucional e instância 
contramajoritária. Nossa democracia é substantiva, não vale a mera regra por maioria. 
A democracia (decisão tomada pela maioria) e o constitucionalismo (proteção de direitos e 
limitação de poder) convivem. Vontade da maioria cede em razão do constitucionalismo, a vontade 
da maioria não pode ferir direito fundamental. 
No Estado Democrático de Direito deve ser preservado o direito das minorias: a vontade da maioria 
não pode ferir direitos da minoria constitucionalmente assegurados. Assim, Judiciário (imparcial) 
vai proteger o direito das minorias. Democracia exige o governo do povo (maioria), mas com 
respeito aos direitos fundamentais. 
A função contramajoritária que o STF desempenha no Estado Democrático de Direito, de modo a 
conferir efetiva proteção às minorias, é exemplificado com a política de quotas e o reconhecimento 
de união homoafetiva, por constituírem proteção ao direito das minorias. 
 
 
 
 
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3.21. (MPF CONCURSO 26): Falar sobre ativismo judicial. 
É uma postura mais ativa do Judiciário na implementação de direitos. O PJ deve ter uma postura 
mais ativa quando os demais Poderes se omitem. Exemplo: direito de greve dos servidores públicos. 
Em regra, quando a CF determina a implementação de políticas públicas, isso é dirigido ao 
Legislativo e ao Executivo, poderes de natureza política, pois são eles que têm o controle do 
orçamento e farão isso na medida do possível (reserva do possível). Porém, diante da inércia deles, 
surge o ativismo judicial (possibilidade de concretização destes direito pelo Judiciário). 
Ativismo judicial: ocorre quando Judiciário pode interpretar com mais liberdade, e não com apego 
exacerbado ao texto. Por isso, o Judiciário atua em áreas que seriam ocupadas por órgãos políticos. 
Ex: políticas públicas. 
O oposto de ativismo judicial é o Self restraint (ou auto-contenção). 
 
3.22. Qual a diferença entre ativismo judicial e self restraint (auto-contenção)? 
Ativismo judicial: Judiciário faz aplicação direta da CF (exceto normas de eficácia limitada), 
independente de intermediação de lei. É a filtragem constitucional: é a lei que deve estar em 
conformidade com a CF e não o contrário. 
Judiciário atua nos campos tradicionalmente reservados aos órgãos políticos. Ex: políticas públicas. 
Controle de constitucionalidade com critérios menos rígidos: Judiciário declara quando 
inconstitucionalidade for aparente. Ex: violou razoabilidade, proporcionalidade. 
Self restraint: Não aplica CF em situações que não estejam expressamente em seu âmbito de 
incidência. Redução do âmbito de aplicação da CF. 
O Judiciário se autolimita e não interfere em matérias da competência de órgão político. Isso reduz 
a aplicação da CF pelo Judiciário. Executivo e Legislativo é que concretizam a CF, são eles que 
atuam nas políticas públicas. 
Controle de constitucionalidade mais rígido: Judiciário só declara norma inconstitucional quando 
tiver clara inconstitucionalidade. É o weak judicial review. 
 
3.23. (Oral AGU 2009) Definir interpretavismo e não-interpretativismo; qual dos dois acima 
"seria mais útil" para o ativismo judicial. 
São correntes do direito americano. 
Interpretativismo: a interpretação tem que seguir legislador constitucional originário, pois isso 
respeita a vontade popular. Está mais ligado ao positivismo e Constitucionalismo liberal ou 
clássico. Há um respeito absoluto ao texto da CF. Segue a vontade original de quem elaborou a CF. 
Não interpretativismo: O Judiciário tem o dever de evoluir o texto constitucional (ativismo judicial), 
cada geração interpreta a CF de uma forma, não pode ficar preso ao constituinte originário. Vai 
além do que está expresso no texto. 
Ativismo judicial: postura mais ativa do Judiciário na concretização dos direitos. Ex: greve dos 
servidores públicos. 
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3.24. Fale sobre as teorias dialógicas no contexto da interpretação constitucional: 
As teorias dialógicas são um conjunto de teorias que se baseiam na ideia de que a proteção dos 
Direitos Fundamentais não é monopólio do Judiciário. 
A melhor maneira de proteger direitos fundamentaisnão é por decisão judicial, mas por meio de 
dialogo entre Judiciário, Executivo, Legislativo e sociedade civil. Esta comunicação vai fortalecer 
proteção dos direitos fundamentais, pois vai propiciar melhor debate. 
Disso surge o diálogo institucional (acho que esta é uma das teorias dialógicas). O diálogo 
institucional prega o diálogo entre as diversas instituições do Estado. Provoca a COMUNICAÇÃO 
entre os Poderes; as decisões SÃO CONSTRUÍDAS por decisão comum e não impostas; não 
importa quem tem a última palavra, pois sempre será possível uma reação a esta última palavra, 
desde que nos limites da CF. Ex: decisão em ADI vincula Judiciário e Administração, mas não o 
Legislativo, que pode reagir e elaborar norma de igual conteúdo. Isso provoca diálogo, pois STF irá 
reapreciar a lei; audiências públicas. Tudo isso promove o debate entre os Poderes. 
Críticas a ela: 
a) CF dá pouca abertura ao diálogo, pois há um rígido sistema de controle de constitucionalidade. 
As possibilidades são remotas. Ex: decisão em ADI não vincula Legislativo; o Senado pode ampliar 
efeitos da decisão do STF, suspendendo a norma impugnada (art. 52, X). 
b) O Legislativo está desacreditado devido à sua omissão. Então, como promover o diálogo? 
 
3.25. O que se entende por eficácia vertical e eficácia horizontal dos direitos fundamentais? 
A distinção diz respeito aos sujeitos que figuram nas relações jurídicas envolvendo direitos 
fundamentais. 
Assim, por eficácia vertical, entende-se o tipo de produção de efeitos da clássica relação entre 
Estado e pessoas, em geral com o primeiro no pólo passivo. 
Por eficácia horizontal temos a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, entre 
particulares. Esta, por sua vez, subdivide-se em: 
(i) eficácia horizontal mediata ou indireta, que abrange as situações em que os direitos 
fundamentais se aplicam às relações privadas por meio de lei infraconstitucional. (Ex: 
Código Civil, Código Penal, Consolidação das Leis Trabalhistas); e 
(ii) eficácia horizontal imediata ou direta, pertinente às relações em que os direitos se aplicam 
imediatamente nas relações privadas sem a necessidade lei infraconstitucional. Ex: 
entendimento do STF de que para se excluir um associado de uma associação, deve-se 
respeitar o contraditório e a ampla defesa (considerando assim princípios tipicamente de 
relação vertical com o Estado em relações horizontais). 
 
 
 
 
 40 
 
 
3.27. Qual a definição de lacuna constitucional e como estas podem ser sistematizadas? 
Na definição elementar de Jorge Miranda, uma lacuna constitucional ocorre quando há uma 
situação constitucionalmente relevante não prevista. A definição requer algumas observações. 
Conforme Gilmar Mendes e Paulo Branco, primeiro, há que se discernir se não houve omissão 
proposital, se o constituinte não deixou de disciplinar a matéria intencionalmente para que o fosse 
em movimento oportuno, sem a rigidez constitucional. Gilmar Mendes denomina tais situações 
como de “silêncio eloquente” do constituinte. Seria o exemplo da não menção a leis e atos 
normativos municipais no artigo 102, I, a, da CFB. 
Na hipótese em que há apenas um lapso do constintuinte, uma omissão não pretendida, tem-se uma 
lacuna de formulação. Um exemplo seria a omissão do Governador do DF como legitimado a a 
propor ADIN perante o STF até a EC 45/2004, muito embora o Governador de Estado tivesse essa 
prerrogativa desde o início. A analogia é um método integrativo de grande valia nessas casos. 
Pode ocorrer ainda que o constituinte não tenha se atentado à necessidade de disposição transitória, 
de período de adaptação no plano da realidade, para que a norma que redigiu produza os fins 
desejados. Assim, o intérprete entende pertinente que sejam incluídos, suprimidos ou modificados 
alguns elementos estruturais da norma constitucional de modo que o caso concreto seja 
pertinentemente regulado. Este tipo de lacuna recebe a designação de lacuna axiológica. 
Note-se, que no caso da lacuna axiológica, há o pressuposto de um legislador racional e um 
ordenamento ótimo, ambos ideais e coerentes, que servem ao menos de ponto de partida 
hermenêutico. Desta premissa empodera-se o intérprete para lançar mão de recursos como a 
descoberta de lacunas axiológicas para manter a integridade e unidade do sistema jurídico. 
J. J. Gomes Canotilho aborda o assunto partindo da afirmação de que uma lacuna normativo-
constitucional só existe quando se verifica uma incompletude contrária à ordenação constitucional. 
Assim, tem-se uma lacuna constitucional autônoma quando, a despeito da ausência de disciplina 
jurídica no complexo normativo-constitucional, a solução par ao caso pode ser extraída a partir do 
plano regulativo da constituição, bem como da teleologia da regulamentação constitucional. Esta 
espécie de lacuna se diferencia, assim, das lacunas constitucionais heterônomas, que advém do não 
cumprimento de ordens de legislar e das imposições constitucionais constitucionalmente expressas; 
e das integrações corretivas, que se fundamentam na ideia de que a normatização constitucional, sob 
o ponto de vista político, é incompleta, errada ou necessita de aprimoramento (à semelhança na 
definição de lacuna axiológica de Gilmar Mendes e Paulo Branco).b) As normas da constituição são normas de normas (normae normarum), afirmando-se como 
uma fonte de produção jurídica de outras normas; 
c) Superioridade normativa das normas constitucionais gera o princípio da conformidade de 
todos os atos dos poderes públicos com a Constituição. 
 
A Superioridade jurídica da Constituição implica, na prática brasileira, a revogação de todas as 
normas anteriores com ela materialmente contrastantes e a nulidade de todas as normas editadas 
posteriormente à sua vigência. 
A superioridade hierárquico-normativa da Constituição SÓ se coaduna com as CONSTITUIÇÕES 
RÍGIDAS que se caracterizam por demandar um processo especial para alteração de suas normas, 
ao contrário das flexíveis (processo igual às normas ordinárias). 
Nestas, inexistem qualquer diferença formal entre norma constitucional e norma infraconstitucional. 
Em face da Supremacia das Constituições rígidas, que pressupõe um escalonamento entre as 
entidades normativas. 
Uma das principais consequências da rigidez constitucional é a de reforçar, elevando-se ao máximo, 
a ideia de supremacia constitucional, de modo que ao conteúdo político das Constituições escritas, a 
rigidez acrescenta conteúdo jurídico. Assim, a Constituição passa a ser fonte primária e parâmetro 
obrigatório do ordenamento jurídico. 
Para José Afonso da Silva, o reconhecimento de uma supremacia material nas Constituições 
Flexíveis e nas costumeiras só tem sentido do ponto de vista sociológico, assim como se pode 
reconhecer a esta Constituições uma rigidez sócio-política. Porém, do ponto de vista jurídico, só é 
concebível a supremacia formal, que se apoia na regra da rigidez, de que é o primeiro e principal 
corolário. 
A Supremacia Constitucional não só impõe que toda atuação do poder público se conforme, 
material e formalmente, com os preceitos e diretrizes por ela estabelecidas, como também 
determina – em face da hodierna categoria jurídico-constitucional da inconstitucionalidade por 
omissão, o que só reforça mais ainda sua imperatividade – que o poder público obrigatoriamente 
atue quanto para tanto foi exigido. 
A supremacia constitucional ficaria comprometida – e, de resto, toda ordem jurídica – se as 
imposições constitucionais não fossem realizadas. Em consequência disso, todos os órgãos do 
Poder Político [PL, PE, PJ] acham-se vinculados e obrigados a satisfazer os fins e tarefas impostas 
pela CF. 
 
 
 
 8 
 
 
1.3. O que é força normativa da Constituição? 
Para explicar o conceito de força normativa da Constituição é necessário discorrer rapidamente 
sobre as Concepções de Constituição: 
 
1.3.1. Concepção Sociológica (Ferdinand Lassalle) 
Foi defendida na Prússia em 1862 numa conferência para operários. A Constituição não era vista 
como um documento jurídico, mas político. Não tinha a força normativa que tem hoje. 
Para melhor entender essa concepção devemos fazer a seguinte distinção: 
1) Constituição Escrita 
2) Constituição Efetiva ou Real 
Ao lado da Constituição Escrita [jurídica], existe a Constituição Real ou Efetiva, que é aquela 
formada pela soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada Nação (detentores do 
Poder à são aqueles que efetivamente detêm o poder). 
O documento constitucional é a constituição escrita. 
Se a Constituição Escrita não corresponder à realidade, prevalecerá a Constituição Efetiva. Se 
houver conflito entre as duas espécies de Constituição, prevalece a Constituição Efetiva ou real. 
Se a Constituição Escrita não corresponder à realidade, ela não passará de uma folha de papel, ou 
seja, ela não terá nenhum significado real para mudar os destinos daquele Estado. 
Essa concepção hoje está ultrapassada. 
 
1.3.2. Concepção Política (Carl Schmitt - 1928) 
O fundamento da Constituição se encontra na decisão política fundamental que a antecede. 
Ele fará a seguinte distinção: 
A) Constituição Propriamente dita: São as normas que decorrem de uma decisão política 
fundamental. Exemplo: Direitos Fundamentais, Estrutura do Estado e organização dos Poderes. São 
as matérias propriamente ditas da Constituição. 
Jamais podem ser reformadas, uma vez que correspondem à própria substância e essência da 
Constituição. São imutáveis. 
Não podem ser suspensas nas situações constitucionais de crises [E. de Sítio.] 
 
B) Leis Constitucionais: tudo mais que está na Constituição que não decorre de uma decisão 
política fundamental. 
² Podem ser reformadas. 
² Podem ser suspensas. 
 9 
 
 
As normas constitucionais propriamente ditas e as leis constitucionais são formalmente iguais 
(ambas estão na Constituição), mas são materialmente distintas. 
A Constituição é entendida como modo e forma de ser de uma unidade política, isto é de uma 
Nação. A Constituição significa, essencialmente, decisão política fundamental, decisão concreta de 
conjunto sobre o modo e a forma de existência da unidade política. 
Para Schmitt, não é a Constituição que produz unidade política, mas, inversamente, é a unidade 
política, ou seja, a Nação que gera a Constituição. 
A Constituição só existe porque antes dela já existia uma unidade política, e somente a decisão 
conjunta de um povo sobre o modo e a forma de sua existência é que confere a um conjunto de 
normas o caráter de Constituição. 
 
1.3.3. Concepção Jurídica (Hans Kelsen) 
A Constituição é formada por um conjunto de normas e, portanto, é uma lei como todas as demais, 
cujo fundamento se encontra no plano jurídico. O filósofo do direito não precisa recorrer a 
sociologia, política para buscar o fundamento da Constituição. A constituição é uma lei e seu 
fundamento deve ser no plano jurídico. 
Kelsen faz a seguinte distinção: 
a) Constituição em Sentido Lógico-Jurídico: 
Onde está o fundamento da Constituição? 
Devemos obedecer a Constituição, pois acima dela está a norma fundamental hipotética (que é a 
Constituição em sentido Lógico-Jurídico). Por isso que ela é fundamental, pois a norma que é 
fundamento da Constituição. 
É uma norma hipotética porque não é uma norma posta, mas sim pressuposta. Pressuposta é aquela 
que a sociedade pressupõe que existe, mas que não está escrita. 
O conteúdo da norma fundamental hipotética é de que todos devem obedecer a Constituição. Se a 
sociedade não partir do pressuposto que não existe essa norma, ninguém precisa seguir a 
Constituição. 
b) Constituição em Sentido Jurídico-Positivo: 
É aquela feita pelo Poder Constituinte originário (CF/88). 
 
1.3.4. Concepção Normativa (ou Culturalista ou Jurídica) (Konrad Hesse) 
Sua obra foi publicada em 1959. A Constituição, após a 2ª Guerra Mundial, deixou de ser vista 
como um documento político, mas como um documento normativo (conjunto de normas). Um dos 
marcos para a mudança de concepção foi a obra de Konrad Hesse (Força Normativa da 
Constituição). 
Essa concepção foi desenvolvida para combater a tese do Ferdinand Lassalle. 
 10 
 
 
A ideia de Konrad Hesse pode ser resumida da seguinte forma: Ainda que seja inegável que muitas 
vezes uma Constituição Jurídica possa sucumbir a realidade, deve-se atribuir a essa Constituição 
uma força normativa capaz de modificar esta mesma realidade. Para isso, é necessário que exista 
uma “vontade de Constituição” e não apenas uma “vontade de Poder”. 
Se a Constituição não possuir uma força normativa, a Constituição, ao invés de modificar a 
realidade, apenas descreverá o que acontece na prática. A força normativa pode modificara 
realidade. 
 
1.4. O que significa dizer que a Constituição é um sistema de normas que possui unidade 
normativa? 
Um ordenamento jurídico só pode ser concebido com um conjunto de normas, pois é condição de 
sua existência. Além disso, o ordenamento constitui uma UNIDADE, quer porque as normas 
nascem da mesma fonte (ordenamento simples), quer porque suas normas, ainda que nascidas de 
fontes distintas, têm o mesmo fundamento de validade (ordenamento complexo). 
Toda Constituição deve ser compreendida como uma unidade e como um sistema que privilegia 
determinados valores. Essa unidade normativa pressupõe inexistência de hierarquia normativa ou 
formal entre as normas constitucionais. 
A Constituição é formada por regras e princípios de diferentes graus de densidade normativa. 
Postulados Normativos são normas que estabelecem um dever de segundo grau consistente em 
estabelecer a estrutura de aplicação, prescrever modos de raciocínio em relação a outras normas. 
Um dever de segundo grau significa que não se aplica o postulado para resolver o caso concreto, 
mas sim para interpretar outra norma (como um princípio ou uma norma será aplicado). Vou 
resolver um caso concreto com base na liberdade de expressão do pensamento (norma de 1° grau), 
mas utilizarei o postulado normativo para explicar/aplicar essa norma. 
A proporcionalidade é postulado normativo porque utilizaremos para definir como outros 
princípios serão aplicados (segundo a teoria de Humberto Ávila). 
 
▪ Distinção entre Princípios e Regras 
Regras são mandamentos de definição, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na 
medida exata de suas prescrições. A regra prevê uma hipótese de incidência; se ocorrer faticamente 
essa hipótese, a regra deve ser aplicada de forma integral, na medida exata da prescrição. 
A regra não permite extensão ou restrição. A regra, segundo Dworkin, obedece a lógica do “tudo 
ou nada”. Se a regra for válida e a hipótese ocorrer, deve aplicar a regra àquela hipótese. 
Em geral, as regras são aplicadas através da subsunção. H. Ávila diz que é possível ponderar regras, 
mas na teoria de Alexy isso não é possível. Se A, então B; premissa maior, premissa menor. 
Segundo Robert Alexy, princípios são mandamentos de otimização, ou seja, normas que ordenam 
que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades jurídicas e 
fáticas existentes. A medida de cumprimento do princípio não é exata, depende das circunstâncias 
fáticas e jurídicas. 
 11 
 
 
1.5. Quais são os fins e as funções do Estado? 
O Estado, como forma de organização política, existe para satisfazer as necessidades humanas. A 
investigação dos fins do Estado deve ser tratada não só no domínio dos valores e da realidade, como 
também no campo da normatividade jurídica. 
 
FINS DO ESTADO: 
Jellinek foi o grande sistematizador das teorias dos fins do Estado, que assim os classificou: 
a) fins objetivos: nesta teoria, o fim o Estado surge da própria natureza das coisas; não é a vontade 
política que determina o fim do Estado. A natureza da ordem política é que dá objetivamente o fim 
do Estado, o qual surge de uma ordem natural, sendo, portanto, transcendente e independente da 
vontade humana. Investiga-se aqui o fim que cabe ao Estado em geral, abstrato e universal, e não a 
cada um em particular. 
Pode-se falar também na existência de fins particulares objetivos. Para os autores que defendem 
esta teoria, cada Estado tem seus fins particulares, que resultam das circunstâncias em que eles 
surgiram e se desenvolveram e que são condicionantes de sua história. Confundem-se nesta teoria 
os fins do Estado com os interesses dos Estados e até de seus governos. 
b) fins subjetivos: o fim do Estado não é um dado natural de ordem política, mas independe de 
toda objetividade. Não há, assim, nenhum dado, mas um artifício. Os indivíduos que vivem em 
comunidade política se propõem a um fim próprio, independente de toda objetividade. 
c) fins particulares: são os que cabem a um Estado em um momento determinado, para os homens 
que o constituem. Com os fins particulares, os Estados se vocações históricas a cumprir no mundo. 
d) fins absolutos: consideram-se absolutos os fins do Estado que são determinados por uma 
valoração axiológica. O Estado não pode, de nenhum modo, desviar-se do seu fim, que é ideal e 
válido para todos os tempos e lugares. 
e) fins relativos: esta teoria considera que o fim do Estado é limitado pela própria natureza. O 
peculiar e próprio do Estado são as manifestações sistemáticas da vida solidária do homem. As três 
grandes categorias a que se reduz a vida do Estado são: conservação, ordenação e ajuda. 
g) fins universais: são os que correspondem ao Estado em abstrato, a qualquer Estado em todos os 
tempos. 
f) fins exclusivos e concorrentes: os fins exclusivos são aqueles privativos do Estado (segurança 
externa e interna) e os concorrentes admitem participação ou colaboração de outras sociedades, com 
as quais se identificam. 
 
SÍNTESE: Pode-se dizer que o Estado, como sociedade política, existe para realizar a segurança, a 
justiça e o bem-estar econômico e social, os quais constituem os seus fins. 
A segurança, como fim do Estado, pode ser individual e coletiva. 
A justiça possibilita que, nas relações entre os homens, seja substituído o arbítrio da violência 
individual por um complexo de regras capazes de satisfazer o instinto natural da própria justiça. 
 
 12 
 
 
O conceito de justiça compreende: 
a) justiça comutativa, cuja regra é a igualdade, nas relações entre os indivíduos, da equivalência 
dos valores permutados (cada um deve receber, nas relações recíprocas, de acordo com a prestação 
que efetuou aos indivíduos); 
b) justiça distributiva, cuja regra é a desigualdade para remunerar cada qual segundo os seus 
méritos, de acordo com o tipo de atividade produtiva que permanentemente presta à coletividade, ou 
a situação social de carência em que se encontra. Projeta-se, assim, a justiça distributiva nas 
políticas econômicas e socais do Estado. 
O bem-estar econômico e social é outra finalidade do Estado. O que se objetiva é a promoção de 
condições de vida dos indivíduos, garantindo-lhes o acesso aos bens econômicos que permitam a 
elevação de camadas sociais mais pobres, contemplando-as com educação, habitação, entre outros 
serviços. 
No âmbito social, uma das tarefas essenciais do Estado consiste em salvaguardar a liberdade, a 
possibilidade de desenvolvimento pessoal e a esfera privada do ser humano, apesar da amplidão das 
intervenções sociais. 
O bem comum consiste na finalidade legítima do Estado. 
 
FUNÇÕES DO ESTADO 
Pode-se definir a função do Estado como a atividade desenvolvida, no todo ou em parte, por um 
ou vários órgãos do poder político, de modo duradouro, independentemente de outras atividades, 
em particular na sua forma, e que visa à prossecução dos fins do Estado. 
A determinação das funções do Estado resulta de três critérios: material, formal e orgânico. 
a) Material: parte da análise do conteúdo dos diversos tipos de atos ou dos resultados em se traduz 
a atividade do Estado, para chegar ao conceito de função. 
b) Formal: atende às circunstâncias exteriores das atividades do Estado, distinguindo as funções 
segundo a forma externa revestida para o exercício de cada uma delas. 
c) Orgânico: relaciona intimamente as funções do Estado com os órgãos que as exercitam, e das 
diversas características desses órgãos ou da sua posição na estrutura do poder político infere a 
especialidade de suas atividades. 
As funções jurídicas são as de criação e execução do Direitoe compreendem a função legislativa, 
cujo objeto direto e imediato é o de estatuir normas de caráter geral e impessoal inovadoras da 
ordem jurídica, e a executiva, exercitável por meio do processo jurisdicional, caracterizado pela 
imparcialidade e passividade, e pelo processo administrativo, com as características de 
parcialidade e iniciativa. 
Já as funções não jurídicas compreendem: 
a) a função política, cuja característica é a liberdade de opção entre várias soluções possíveis, com 
vistas à conservação da sociedade política e a definição e prossecução do interesse geral, por meio 
da livre escolha de rumos e soluções consideradas preferíveis; 
 13 
 
 
b) a função técnica, cujo objeto direto e imediato consiste na produção de bens ou na prestação de 
serviços destinados à satisfação das necessidades coletivas de caráter material ou cultural, de 
harmonia com preceitos práticos tendentes a obter a máxima eficiência dos meios empregados. 
O fim jurídico do Estado refere-se à criação e execução do Direito. 
O fim cultural do Estado corresponde ao desenvolvimento das condições materiais para a vida dos 
cidadãos, consoante a ideologia do Estado considerado. 
Para atingir tais fins, o Estado atuaria através de dois tipos de meios: a criação de normas jurídicas 
gerais e abstratas e a realização de atos concretos. 
No primeiro caso, a função do Estado seria legislativa, e no segundo, a função seria administrativa 
quando visasse a um fim cultural, ou jurisdicional, quando objetivasse um fim jurídico. 
O ato jurídico, considerado como manifestação de vontade dirigida a modificação da ordem 
jurídica, presente ou próxima futura, toma uma das seguintes formas: 
a) ato-regra, o que é realizado com a intenção de modificar as normas jurídicas abstratas 
constitutivas do direito objetivo; 
b) ato-condição, o que torna aplicáveis a um sujeito determinadas regras abstratas, que, antes de 
sua prática, lhe eram inaplicáveis; 
c) ato-subjetivo, o que cria para alguém uma obrigação especial, concreta, individual e 
momentânea, que nenhuma regra abstrata lhe impunha. 
 
Definidos os atos jurídicos, as funções do Estado podem ser caracterizadas: 
a) a função legislativa consiste na prática de atos-regra; 
b) a função administrativa consiste na prática de atos-condição, dos atos subjetivos e das 
denominadas operações materiais, sem caráter jurídico, realizadas pelos órgãos da Administração 
Pública, destinadas a assegurar o funcionamento dos serviços; 
c) a função jurisdicional conste na prática de atos jurisdicionais, que tanto podem ser atos-
condição como atos subjetivos. O que dos define não é o seu conteúdo, mas a circunstância de 
provirem de um órgão dotado de imparcialidade, independência (Tribunal ou Juiz singular). 
Para Kelsen, o Estado se reduz à unidade personificada de uma ordem jurídica e se confunde com a 
própria ordem jurídica. As funções do Estado consistem, desta forma, na criação e na aplicação do 
Direito. 
Assinale-se que, embora sejam as funções do Estado abstratamente distintas umas das outras, os 
atos que manifestam podem ter caráter misto. 
Desta forma, pode haver atos que, embora tidos como legislativos, simultaneamente são 
manifestações do Poder Executivo, e mesmo certos atos jurisdicionais que contêm elementos do 
Poder Legislativo. 
 
 
 14 
 
 
Às funções clássicas do Estado, quais sejam, legislativa, executiva e jurisdicional, deve-se acrescer 
outras necessárias para a garantia do processo democrático, e que são: 
a) função de fiscalização ou de controle, a cargo do Ministério Público e dos Tribunais de Contas; 
b) função legislativa constitucional de emendar e revisar a Constituição; 
c) função simbólica, típica do chefe de Estado, voltada para a representação do Estado e dos 
valores nacionais. 
 
1.6. No que consistiriam os Princípios Fundamentais dispostos no título I de nossa CRFB? 
Conceitue e discorra rapidamente sobre cada um deles. 
Conceito: são princípios constitucionais politicamente conformadores do Estado, que explicitam as 
valorações políticas fundamentais do legislador constituinte, revelando as concepções políticas 
triunfantes numa Assembleia Constituinte, constituindo-se, assim, no cerne político da constituição 
política. 
São princípios fundamentais: 
1 - Federação 
Vem de foedus, foederis que significa aliança, pacto, união, visto que nasce da aliança entre os 
Estados. 
Seu cerne está na autonomia das entidades que compõem o Estado Federal, pois somente este detém 
o poder soberano, que é um poder supremo e independente. As entidades integrantes não tem 
soberania (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Nasceu com a Constituição 
norte-americana de 1787, em razão do fracasso do modelo de Confederação anteriormente aplicado. 
CRFB: Adotou modelo tricotômico ou de segundo grau, pois incluiu os Municípios na organização 
federal, ao lado da União e dos Estados. 
 
2 - República 
O Princípio Republicano define a forma de Governo, ou seja, a forma como os governantes 
ascendem ao Governo e como se dá a relação entre governantes e governados. É uma forma de 
governo, fundada na igualdade formal entre as pessoas, na qual os detentores do poder político 
exercem-no em caráter eletivo, de regra representativo, temporário e com responsabilidade. 
Elementos: 
a) É uma forma de Governo, que se contrapõe à Monarquia; 
b) Fundada na igualdade formal entre as partes; 
c) Em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo; 
d) É Governo em regra representativo; 
e) É Governo temporário; 
f) É Governo exercido com responsabilidade; 
 15 
 
 
3 - Estado Democrático de Direito 
Reúne os princípios do Estado de Direito e do Estado Democrático, não como simples reunião 
formal de seus respectivos elementos, tendo em vista que revela um novo que os supera, mas como 
providência de transformação do status quo e garantia de uma sociedade pluralista, livre, justa e 
solidária, em que todo o poder emane do povo e seja exercido em benefício do povo, com o 
reconhecimento e a afirmação dos direitos humanos fundamentais que possam realizar, na sua 
plenitude, a dignidade da pessoa humana. 
 
4 - Soberania Popular 
Art. 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Representantes eleitos = Democracia representativa 
Povo exerce o poder diretamente = Democracia direta 
Democracia representativa + direta = Democracia semidireta 
 
5 - Separação de Poderes, com Independência e Harmonia entre eles 
A separação de poderes, na verdade, é a distribuição e divisão de determinadas funções estatais a 
diferentes órgãos do Estado. 
 
6 - Princípios definidores dos fundamentos do Estado 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
Soberania: Estado supremo (em relação aos indivíduos e grupos que formam a população do 
Estado) e independente (relativamente ao poder de outros Estados). 
Aspecto interno: É o poder mais elevado do Estado. 
Aspecto externo: nas relações recíprocas entre os Estados, não há subordinação nem dependência 
entre eles, massim igualdade. 
 
 16 
 
 
Cidadania: Não é apenas gozo de direitos políticos. Visa qualificar todas as pessoas como titulares 
de direitos frente ao Estado, reconhecendo o indivíduo como parte integrante e indissociável da 
sociedade. 
Dignidade da pessoa humana: É uma qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o 
faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, 
neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra 
todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições 
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e 
co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres 
humanos. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: Também é fundamento da ordem econômica. 
Visa a assegurar a importância do trabalho humano, como valor social, e a liberdade de iniciativa 
econômica, como valor de produção e desenvolvimento. 
Pluralismo político: Fundamento que assegura a realização dos postulados democráticos, 
garantindo a multiplicidade de opiniões, de crenças, de convicções e ideias, que se manifestam 
normalmente por instituições como as associações, as entidades sindicais e, em especial, os partidos 
políticos. 
 
7 - Princípios definidores dos objetos fundamentais do Estado e os princípios regentes das 
relações internacionais. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
 
Independência nacional = Soberania 
Prevalência dos direitos humanos: Compromisso do BR com a sua proteção e efetividade. 
Autodeterminação dos povos: repele a ideia de colonização ou tutela internacional dos povos de 
uma nação livre. 
 17 
 
 
Não intervenção: rejeita qualquer intenção de o Estado brasileiro interferir nos negócios atinentes e 
particulares de outro Estado, sem a permissão deste. 
Igualdade entre os Estados: em razão do respeito recíproca que a noção de soberania impõe. 
Defesa da Paz 
Solução pacífica dos conflitos: Conexo com o princípio anterior. Destina-se a garantir o prévio 
exaurimento das vias diplomáticas na tentativa de compor os conflitos internacionais sem o recurso 
à guerra. 
Repúdio ao terrorismo e ao racismo 
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade 
Concessão de asilo político: Proteção oferecida pelo Estado a estrangeiro perseguido por crime 
político no país em que se encontra. 
 
 18 
 
 
2. NEOCONSTITUCIONALISMO. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA: A CONSTITUCIONALIZAÇÃO, TEXTO 
CONSTITUCIONAL E REALIDADE CONSTITUCIONAL. EFETIVIDADE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DAS 
CONSTITUIÇÕES. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES. HISTÓRICO DAS 
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS. 
AUTORA: RENATA DAPPER SANTOS 
MATERIAL DE CONSULTA: LUÍS ROBERTO BARROSO, “NEOCONSTITUCIONALISMO: O TRIUNFO TARDIO DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL NO BRASIL”; PEDRO LENZA, “DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO/2014” 
 
2.1. O que é neoconstitucionalismo e quais as suas inovações em relação ao constitucionalismo 
moderno? 
Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo – também chamado de 
constitucionalismo pós-moderno ou de pós-positivismo – é uma perspectiva doutrinária que busca a 
eficácia da constituição com a concretização dos direitos fundamentais. 
O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o 
constitucionalismo apenas à ideia de limitação do poder político. 
As principais diferenças entre o constitucionalismo moderno e o posterior neoconstitucionalismo 
podem ser percebidas na seguinte tabela: 
Constitucionalismo Moderno Neoconstitucionalismo 
Constituição serve somente para limitar o 
poder político. 
Constituição serve para concretizar 
prestações materiais (direitos 
fundamentais) e implantar um Estado 
Democrático Social de Direito. 
Hierarquia apenas formal entre normas 
constitucionais e normas 
infraconstitucionais, pois o modelo 
normativo é o descritivo (ou 
deontológico) 
Hierarquia não apenas formal, mas 
também axiológica (de valor) entre 
normas constitucionais e normas 
infraconstitucionais, pois o modelo 
normativo é o axiológico (constituição 
como valor em si). 
Estado Legislativo de Direito Estado Constitucional de Direito 
(Constituição adquire o caráter de 
“norma jurídica”, dotada, portanto, de 
imperatividade. Constituição é o centro 
do sistema e tudo deve ser interpretado a 
partir dela). 
 
Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo Desenvolvido a partir do século XXI, o neoconstitucionalismo – também chamado de também chamado de também chamado de 
constitucionalismo pós-moderno ou de pós-positivismo – é uma perspectiva doutrinária que busca a 
eficácia da constituição com a concretização dos direitos fundamentais. 
O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o O neoconstitucionalismo se contrapõe ao constitucionalismo moderno, que atrelava o 
constitucionalismo apenas à ideia de limitação do poder político.
Constituição serve somente para limitar o 
poder político.
Constituição serve para concretizar Constituição serve para concretizar Constituição serve para concretizar 
prestações materiais (direitos prestações materiais (direitos prestações materiais (direitos 
fundamentais) e implantar um Estado mentais) e implantar um Estado mentais) e implantar um Estado mentais) e implantar um Estado mentais) e implantar um Estado 
Democrático Social de Direito.
Hierarquia não apenas formal, mas 
ativo é o descritiativo é o descritiativo é o descritivo vo (ou 
deontológico)
Hierarquia não apenas formal, mas Hierarquia não apenas formal, mas Hierarquia não apenas formal, masHierarquia não apenas formal, mas 
também axiológica (de valor) entre também axiológica (de valor) entre também axiológica (de valor) entre também axiológica (de valor) entre também axiológica (de valor) entre 
normas constitucionais e normas normas constitucionais e normas as constitucionais e normas as constitucionais e normas 
Estado Legislativo de Direito Estado CoEstado Constitucional de Direito nstitucional de Direito nstitucional de Direito 
(Constituição adquire o caráter de (Constituição adquire o caráter de (Constituição adquire o caráter de (Constituição adquire o caráter de (Constituição adquire o caráter de 
“norma jurídica”, dotada, portanto, de 
imperatividade. Constituição é o centro 
do sistema e tudo deve ser interpretado a 
partir dela).
 19 
 
 
Por fim, a partir do neoconstitucionalismo ocorre a incorporação explícita de valores (especialmente 
após a Segunda Guerra Mundial) e de opções política ao texto constitucional, seja de forma geral 
(ex.: redução das desigualdades sociais – art. 3, III), seja de forma específica (ex.: prestação, por 
parte do Estado, de serviços de educação – art. 23, V e 205). 
 
2.2. Para Luís Roberto Barroso, quais os marcos que levaram ao “novo direito constitucional” 
ou “neoconstitucionalismo”? 
São 3 os marcos: histórico, filosófico e teórico. 
 
a) Marco Histórico: foi o pós guerra, em que as constituições enfocam a redemocratização e o 
surgimento do Estado Democrático de Direito. Ex.: Alemanha de 1949, Itália de 1947, Portugal de 
1976, Espanha de 1978 e Brasil de 1988. 
 
b) Marco Filosófico: é o pós-positivismo. 
Veja-se: a partir do século XVI se desenvolve o “jusnaturalismo moderno”, o qual se funda na 
crença em princípios de justiça universalmente válidos, serve de sustentáculo às revoluções liberais 
e se consagra nas constituições escritas e codificações. 
Posteriormente, no final do século XIX, o crescente “positivismo jurídico” equipara o “Direito” à 
“Lei”, afastando-o da filosofia e de discussões sobre justiça, em busca de objetividade científica. 
Ocorre que o fascismo da Itália e o Nazismo da Alemanha promoveram barbáries sob a proteção da 
LEGALIDADE, de modo que a derrocada desses regimes autoritários foi emblematicamente 
associada à decadência do positivismo jurídico. 
Assim, ao fim da segunda guerra, a ética e os valores começam a retornar ao Direito e surge o “pós-
positivismo”, que busca ir além da legalidade estrita, sem desprezar, contudo, o direito posto. 
Acontece a reaproximação entre direito e filosofia e o surgimento de uma nova hermenêutica 
constitucional, pois é atribuída normatividade aos princípios e é desenvolvida uma teoria dos 
direitos fundamentais, edificada sobre o fundamento da dignidade humana. 
 
c) Marco Teórico: é a ideia de força NORMATIVA da constituição. 
Isso porque, se a constituição tem força NORMATIVA (Konrad Hesse), consequentemente ela tem 
status de NORMA jurídica, sendo dotada de imperatividade, o que permite o seu cumprimento 
forçado em caso de descumprimento (assim como acontece com as demais normas jurídicas). 
Além disso, com a constitucionalização dos direitos fundamentais, estes passaram a ficar 
imunizados em relação ao processo político majoritário, e a sua proteção passou a caber ao 
JUDICIÁRIO (o que pôs fim à Supremacia do Legislativo, substituída pela Supremacia da 
Constituição). 
Ademais, em razão das novas especificidades das normas constitucionais (dotadas de FORÇA 
NORMATIVA), a doutrina e a jurisprudência tiveram de desenvolver uma nova dogmática de 
interpretação constitucional, pois a interpretação jurídica tradicional não se mostrou suficiente para 
 20 
 
 
confrontar REGRAS (enunciados descritivos, aplicados com regras de subsunção – enquadramento 
do fato à norma) e PRINCÍPIOS (normas que consagram valores). 
De referir que, com a constitucionalização de valores, aumentou a possibilidade de conflitos entre 
normas constantes do próprio sistema constitucional, de modo que o neoconstitucionalismo trouxe 
consigo um novo desafio: devem ser resguardadas as condições de dignidade ao menos em 
patamares mínimos diante do choque dos valores constitucionalizados. 
Daí que surgem os princípios de interpretação constitucional, que são princípios instrumentais (não 
materiais) e metodológicos para a aplicação das normas constitucionais, quais sejam: supremacia da 
constituição; presunção de constitucionalidade das normas e atos do poder público; interpretação 
conforme a constituição; unidade; razoabilidade; efetividade. 
 
2.3. Quais são as possíveis concepções (ou sentidos) a serem tomadas para conceituar o termo 
“Constituição”? 
a) Sentido Sociológico – Ferdinand Lassale: para esta acepção, a constituição somente é legítima se 
representar o efetivo poder social. Do contrário, a constituição é ilegítima, caracterizando-se como 
uma simples “folha de papel”. A constituição é, portanto, “a somatória dos fatores reais do poder 
dentro de uma sociedade”. 
 
b) Sentido Político – Carl Schmitt: ele distingue “constituição” de “leis constitucionais”. 
“Constituição” é a decisão política do titular do poder constituinte, e abarca tão somente a decisão 
política fundamental (estrutura do Estado, direitos individuais, vida democrática). 
Os demais dispositivos inseridos na CF, mas que não tenham matéria de decisão política 
fundamental, não são “constituição”, mas apenas “leis constitucionais”. 
 
c) Sentido Material X Sentido Formal: 
c1) Material: o que define se uma norma é constitucional, ou não, é o seu conteúdo, pouco 
importando a forma pela qual essa norma ingressou no ordenamento jurídico. Constituição é, 
portanto, a norma que define as estruturas da sociedade, mesmo que esta norma esteja fora do texto 
constitucional. Se aproxima, de certa forma, do que Schmitt conceituou de “constituição” 
c2) Formal: o que define se uma norma é constitucional ou não é a forma (em regra mais dificultosa, 
pelo poder soberano) que a norma ingressou no ordenamento jurídico, pouco importando seu 
conteúdo. Se aproxima, de certa forma, do que Schmitt conceituou de “leis constitucionais”. 
OBS.: no direito brasileiro há uma tendência a se adotar um critério misto, em razão do art. 5º, § 3º, 
da CF. 
 
d) Sentido Jurídico – Hans Kelsen: Kelsen afasta totalmente a constituição do “ser”, alocando-a 
totalmente no mundo do “dever ser”. Isso porque a constituição é fruto da vontade RACIONAL do 
homem, e NÃO das leis naturais. 
uma simples “folha de papel”. A constituição é, portanto, “a somatória dos fatores reais do poder 
dentro de uma sociedade”.
b) Sentido Político
 21 
 
 
Assim, estando fora do mundo do “ser”, a constituição NÃO tem pretensão de fundamentação 
sociológica, política ou filosófica, pois é fruto da RAZÃO, sendo “puro dever ser”, “norma pura”. 
A constituição, para Kelsen, tem 2 sentidos: 
(i) sentido “lógico-jurídico” – a constituição tem o seu fundamento de validade na norma hipotética 
fundamental, a qual se situa no plano lógico (não no jurídico) e é o fundamento de validade de todo 
o sistema. A NHF é uma norma “suposta”, pois não é uma norma posta. 
(ii) sentido “jurídico-positivo” – a constituição é o fundamento de validade de todo o sistema 
infraconstitucional. Há, portanto, um escalonamento de normas em verticalidade hierárquica. A 
norma de hierarquia inferior busca sua validade na superior, até chegar na constituição que é o 
fundamento de validade de todo o sistema infraconstitucional.e) Sentido Culturalista: a constituição é um produto de um fato cultural, produzido pela sociedade 
e que nela pode influir. A constituição é uma formação objetiva de cultura, que engloba elementos 
históricos, sociais e racionais. Nela intervêm fatores reais (costume, tradição, etc.), espirituais 
(sentimentos, moral, etc.), racionais (técnicas jurídicas, formas políticas, etc.) e voluntaristas 
(vontade humana na adoção de alguma forma de convivência). 
Assim, as constituições positivas são normas fundamentais condicionadas pela CULTURA TOTAL 
e, ao mesmo tempo, condicionantes da CULTURA TOTAL. 
 
f) Constituição Aberta – J. J. Gomes Canotilho: a ideia da constituição aberta serve para que a 
constituição possa permanecer dentro de seu tempo, evitando-se o desmoronamento da sua FORÇA 
NORMATIVA. 
 
2.4. Qual a ideia central do estudo sobre a “legislação simbólica” e a “constitucionalização 
simbólica”? 
Este estudo discute a função simbólica de textos constitucionais ou legais que carecem de 
concretização normativo-jurídica. 
A “legislação/constitucionalização simbólica” aponta um predomínio (hipertrofia) da função 
simbólica da atividade legiferante e da lei/constituição em detrimento da sua função jurídico-
instrumental. 
Nota-se que o desenvolvimento doutrinário acerca da “legislação simbólica” também se aplica à 
“constitucionalização simbólica”, razão pela qual a explanação pode ser conjunta 
(“legislação/constitucionalização simbólica”). 
Obs.: a introdução da ideia de “constitucionalização simbólica” se deve a MARCELO NEVES em 
trabalho apresentado para a obtenção do cargo de Professor Titular da Universidade Federal de 
Pernambuco, em 1992. 
 
 
 22 
 
 
2.5. Quais os tipos de conteúdo que a legislação/constituição simbólica pode apresentar? 
Pode ser de 3 tipos: 
a) Confirmação de valores sociais: um certo grupo da sociedade procura influenciar a atividade 
legiferante para obter uma “vitória legislativa”, fazendo prevalecer os seus valores contra os do 
grupo “adversário”. 
Serve para caracterizar a prevalência dos valores daquele grupo sobre os demais, sendo secundária a 
eficácia normativa da lei. Ex.: lei seca, nos EUA, caso em que os defensores da proibição do 
consumo de álcool não estavam interessados na eficácia instrumental da lei, mas sobretudo em 
adquirir maior respeito social, de modo que a lei se constitui em símbolo de status. 
b) Legislação-álibi OU demonstração da capacidade do Estado de solucionar problemas sociais: a 
lei/constituição simbólica, nesse caso, tem o objetivo de assegurar confiança nos sistemas jurídico e 
político, pois é uma resposta pronta e rápida do governo e do Estado, que mascara a realidade. 
A “legislação-álibi” é uma forma de manipulação que imuniza o sistema político contra outras 
alternativas, desempenhando uma função ideológica que tem o poder de introduzir um sentimento 
de bem-estar na sociedade, solucionando tensões, servindo à lealdade das massas. 
Nota-se, contudo, que o uso exagerado da “legislação/constituição-álibi” leva à descrença no 
sistema jurídico, pois o público se sente enganado e os atores políticos se tornam cínicos. 
c) Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios: nesse caso, as 
divergências entre grupos políticos não são resolvidas por meio do ato legislativo, o qual será, 
contudo, aprovado consensualmente. 
Isso porque as partes envolvidas já têm a perspectiva de que a lei/emenda constitucional será 
ineficaz, de modo que o “acordo” não se funda no conteúdo do diploma normativo, mas na 
transferência da solução do conflito para um futuro indeterminado. A lei/EC é aparentemente 
progressista e aparentemente satisfaz a ambos os partidos, mas apenas adia a solução do conflito 
social subjacente. 
 
2.6. Quais são os efeitos indiretos (ou latentes, ou colaterais) da legislação/constituição 
simbólica? 
A legislação/constituição simbólica apresenta efeitos latentes que, muitas vezes, são mais relevantes 
do que seriam os “efeitos manifestos” que lhe faltam. Isso porque, em que pese seu sentido negativo 
(ineficácia normativa e ausência de efeitos jurídicos), ela apresenta um sentido positivo, que é a 
produção de efeitos políticos. 
 
2.7. O fenômeno da constitucionalização simbólica acontece igualmente nos países centrais e 
nos periféricos? 
Não. Nos países periféricos há uma preponderância do sistema político sobre o jurídico, havendo 
uma hipertrofia da função político-simbólica. Assim, ante o bloqueio do sistema jurídico e a falta de 
concretização normativo-jurídica do texto constitucional, a constituição é utilizada de acordo com 
os interesses políticos. 
 23 
 
 
2.8. Quais as possíveis classificações das constituições, quanto: 
2.8.1. Quanto à origem: 
a) Promulgada: fruto de assembleia constituinte eleita diretamente pelo povo; 
b) Outorgada: imposta (chamada de “Carta”); 
c) Cesarista/Bonapartista: formulada por meio de plebiscito ou referendo acerca do projeto de um 
imperador ou ditador. 
d) Pactuada: poder constituinte originário nas mãos de mais de um titular. Remete ao poder 
repartido entre monarquia absoluta + nobreza + burguesia, na Idade Média 
 
2.8.2. Quanto à forma: 
a) Escrita/Instrumental: totalmente escrita e geralmente em um único código. (No Brasil, fala-se em 
mais de um código em razão do art. 5º, § 3º, da CF, razão pela qual se fala em “constituição legal”). 
b) Costumeira/consuetudinária: além dos costumes, há textos escritos, mas esparsos, reconhecidos 
pela sociedade como fundamentais. Ex: Inglaterra. 
 
2.8.3. Quanto à extensão: 
a) Sintética: veiculam apenas os princípios estruturais do Estado. Ex.: EUA. 
b) Analítica: abordam todos os assuntos fundamentais. Ex.: Brasil. 
 
2.8.4. Quanto ao conteúdo: 
a) Material: é constitucional aquele texto que se refere ao fundamento e à estrutura do Estado. 
b) Formal: é constitucional toda a regra que passar pelo processo de criação constitucional. (A CF 
do Brasil é “formal”, mas tende a “mista”, pelo art. 5º, § 3º, da CF). 
 
2.8.5. Quanto ao Modo de Elaboração: 
a) Dogmática: partem de teorias pré-concebidas, de planos e sistemas prévios, de ideologias bem 
declaradas, de dogmas políticos. São sempre escritas, elaboradas “de um só jato”, por assembleia 
constituinte. Ex.: Brasil, 1988. 
b) Histórica: reúnem a história e a tradição de um povo, com lento e contínuo processo de 
formação. Aproximam-se da costumeira. 
 
 
 
 
 
 24 
 
 
2.8.6. Quanto à alterabilidade: 
a) Rígida: para sua alteração, exige processo legislativo mais árduo, solene e dificultoso do que o 
processo de alteração das normas não constitucionais. (art. 60, CF). 
b) Flexível: mesma dificuldade para alterar a constituição e as outras leis. Lei posterior altera norma 
constitucional anterior. 
c) Semirrígida / Semiflexível: algumas matérias exigem processos legislativos mais dificultosos, 
enquanto que outras matérias, não. Ex.: Constituição Imperial Brasileira de 1824. 
d) Fixa: somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou. São 
chamadas de silenciosas, pois não estabelecem procedimento para sua reforma. Ex. Carta Espanhola 
de 1876. 
e) Transitoriamente Flexíveis (para Uadi Lammêgo Bulos): são flexíveis por certo tempo. Depois, 
passam a ser rígidas. O binômio rigidez/flexibilidade não coexiste simultaneamente. 
f) Imutáveis: permanentes, graníticas, intocáveis. 
g) Super-rígida: algumas matérias são imutáveis(cláusulas pétreas) e outras matérias exigem 
processo legislativo diferenciado (rígida). Para Alexandre de Moraes, é a CF/88. 
 
2.8.7. Quanto à sistemática: 
a) Para Pinto Ferreira: 
- reduzidas/unitárias: se materializam em um só código. Ex.: CF/88. 
- variadas: materializam-se por meio de diversos textos. Ex.: Bélgica/1830; França/1875. 
 
b) Para Paulo Bonavides: 
-codificadas: se materializam em um só código. 
-legais: materializam-se por meio de diversos textos. 
 
2.8.8. Quanto à dogmática: 
a) Ortodoxa: apresenta uma só ideologia. Ex.: Soviética de 1977. 
b) Eclética: apresenta ideologias conciliatórias. Ex. CF/88; Índia/1949. 
Obs.: Canotilho aproxima a eclética da compromissária (CF/88). Para ele, constituição é produto de 
um pacto político e social. É barganha, argumentação, convergência de diferenças. 
 
 
 
 
 25 
 
 
2.8.9. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico – essência) – critério de 
Karl Loewenstein: 
a) Releitura de Pinto Ferreira: 
a’) Normativa: o processo de poder disciplinado na CF (limitação ao poder) se efetiva na prática, 
pois, de fato, os agentes do poder se subordinam a ele. Representa a democracia. 
a’’) Nominalista: há disposições de limitação de poder na CF, que, entretanto, não se implementam 
na prática. 
a’’’) Semântica: não há disposições de limitação de poder na CF, a qual se trata de mero 
instrumento dos donos do poder. Ou seja, a CF confere legitimidade (formal) aos donos do poder. 
Representa o autoritarismo. 
 
b) Releitura de Guilherme Peña de Moraes: para o autor, a CF/88 “pretende ser normativa”. 
 
c) Releitura de Marcelo Neves: para o autor, a CF/88 “é nominalista”. Ele denomina a “semântica” 
de “instrumentalista”. 
 
2.8.10. Quanto ao Sistema: 
a) Principiológica: predominam os princípios. Ex. CF/88. 
b) Preceitual: predominam as regras. 
 
2.8.11. Quanto à Função: 
a) Provisória: define o regime de elaboração/aprovação da CF futura e define a estruturação do 
poder neste interregno. Erradica os resquícios do antigo regime. 
b) Definitiva: é o produto final. 
 
2.8.12. Critério de Manoel Gonçalves Ferreira Filho: 
a) Constituição Garantia: garante a liberdade limitando o poder (clássica). 
b) Constituição Balanço: é a soviética. Cada constituição da URSS reflete (faz um balanço) um 
novo estágio na “marcha para o socialismo”. 
c) Constituição Dirigente: traça um plano para a evolução política, pois contém normas 
programáticas. Ex.: Constituição Portuguesa. 
 
2.8.13. Critério de André Ramos Tavares: 
a) Liberais/Negativas: protege as liberdades e a não intervenção, com absenteísmo estatal. 
b) Sociais/Dirigentes: garante atuação positiva do Estado. 
 26 
 
 
2.8.14. Critério de Raul Machado Horta: 
Diz que a CF de 1988 é expansiva por três razões: 
a) em conteúdo anatômico estrutural: títulos, capítulos, seções, subseções, artigos, etc. 
b) em comparação interna: as constituições brasileiras foram dilatando, se comparadas umas com as 
outras. 
c) em comparação externa: relaciona a CF de 1988 com as estrangeiras mais extensas. 
 
Obs.: Então, a CF de 1988 é: promulgada; escrita (instrumental); analítica; formal (tende à mista); 
dogmática; rígida (para Alexandre de Moraes é super-rígida); reduzida (unitária); eclética 
(compromissária); pretende ser normativa; principiológica; definitiva; garantia e dirigente; social; 
expansiva. 
 
2.9. Para José Afonso da Silva, quais os elementos das Constituições? 
a) elementos orgânicos: regulam a estrutura do Estado e do poder. Ex.: “Da Organização do 
Estado”. 
b) elementos limitativos: limitam os poderes estatais, manifestando-se nos direitos e garantias 
fundamentais (a exceção dos direitos sociais que são socioideológicos). 
c) elementos socioideológicos: revelam o compromisso da Constituição entre o Estado 
individualista e o Estado social intervencionista. E.: “Dos Direitos Sociais”. 
d) elementos de estabilização constitucional: asseguram a defesa da Constituição, do Estado, da 
democracia. Ex.: ADI. 
e) elementos formais de aplicabilidade: estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex.: 
ADCT; Preâmbulo; art. 5º, §1º, CF. 
 
2.10. Quais foram as constituições brasileiras, e quais os seus respectivos traços marcantes? 
a) Constituição de 1824: 
O “Conselho de Estado” elaborou o projeto desta constituição, que foi outorgada, pois vigorava o 
absolutismo, que se revelou no quarto poder: o poder moderador. 
A forma de governo era a monarquia hereditária; o território era unitário, com as províncias 
subordinadas ao poder central; a religião oficial era a católica apostólica romana (outras religiões 
eram permitidas, desde que dentro de seus respectivos templos); a capital do Império Brasileiro era 
o Rio de Janeiro. 
Poder executivo: exercido pelo imperador; poder legislativo: exercido pela “Assembleia Geral”, 
(com a sanção do Imperador), composta pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, com eleições 
indiretas e voto censitário; poder judiciário: composto por juízes (aplicavam a lei) e por jurados 
(apreciavam os fatos), tinha como órgão de cúpula o “Supremo Tribunal de Justiça”; poder 
 27 
 
 
moderador: criado por Benjamin Constant, era a chave de toda a organização política, e permitia ao 
Imperador controlar, de certa forma, os outros 3 poderes. 
Era semirrígida, continha rol de direitos Civis e Políticos (por influência da americana de 1776 e da 
Francesa de 1789), mas manteve a escravidão até 1888. 
Não tinha habeas corpus (que surgiu com o Código Criminal de 1830), mas tutelava, de certa forma, 
a locomoção. 
 
b) Constituição de 1981: 
Foi a primeira constituição da República do Brasil. Foi promulgada e teve por relator o senador Rui 
Barbosa. 
Seus traços marcantes eram: presidencialismo; república (dos Estados Unidos do Brasil); federação, 
sendo vedada a secessão; 3 poderes (fim do poder moderador); estado laico SEM a invocação de 
Deus no preâmbulo e SEM religião oficial; prevê a construção da futura Capital Federal no planalto 
central da república, mas a capital continua sendo o Rio de Janeiro. 
 Era rígida (com cláusulas pétreas); previu expressamente o habeas corpus; aboliu as penas de galés, 
de banimento e de morte (salvo militar). 
Obs.: em 1932, Getúlio Vargas decretou o Código Eleitoral, que instituiu a Justiça Eleitoral, e 
passou a garantir o direito de sufrágio universal, direto e secreto, bem como o direito ao voto 
feminino. 
 
c) Constituição de 1934: 
Sob a influência da constituição de Weimar, da Alemanha/1919, previu os Direitos Humanos de 2º 
geração (estado social). 
Seus traços marcantes eram: república; federação; 3 poderes; presidencialismo; os ministros 
passaram a ter responsabilidade pessoal e solidária com o presidente; o estado é laico, mas COM a 
previsão de Deus no preâmbulo, facultado o ensino religioso nas escolas e o casamento religioso 
passou a gerar efeitos civis. 
O legislativo deixa de ser bicamerado rígido (ou paritário) e passa a apresentar um “bicameralismo 
desigual” ou “unicameralismo imperfeito”, pois o senado é colaborador da câmara. 
Era “rígida” e previu expressamente o Mandado de Segurança e a Ação Popular. 
 
d) Constituição de 1937: 
A constituição “Polaca”, como ficou conhecida pela influência da constituição Polonesa fascista de 
1953, foi elaborada por Francisco Campos e deveria ter sido submetida a um plebiscito, mas nunca 
o foi. 
O parlamento foi fechado e o legislativo, na prática,nunca chegou a se instalar; o executivo cabia 
ao presidente da república, que era a “autoridade suprema do Estado”, eleito indiretamente; o 
judiciário foi “esvaziado”, pois o presidente da república podia exercer seu juízo de valor sobre 
 28 
 
 
certas decisões judiciais que, se decidido pelo parlamento, ficariam sem efeito. Além disso, a justiça 
eleitoral foi extinta, bem como os partidos políticos. 
Não foi previsto o mandado de segurança, nem a ação popular; foi ampliada a pena de morte, 
podendo ser aplicada para crimes políticos, bem como em casos de homicídio praticado por motivo 
fútil com extremos de perversidade. Ademais, foi proibida a greve e o lock-out. 
Esta foi uma constituição “semântica”, pois não desempenhou papel algum. 
 
e) Constituição de 1946: 
Foi um texto promulgado por Assembleia Constituinte, que representou a redemocratização do 
Brasil. 
Foi restabelecido o mandado de segurança, a ação popular e o direito de greve. Além disso, foram 
vedadas as penas de morte, banimento, confisco e perpétua. 
Em 1960 foi transferida para Brasília a Capital Federal; em 1961 o congresso aprova o 
parlamentarismo, após a renúncia de Jânio Quadros; em 1963, volta o presidencialismo, por 
intermédio de referendo popular; em 1964, a constituição foi suplantada pelo golpe militar. 
 
f) Constituição de 1967: 
Na mesma linha da constituição de 1937, o poder foi concentrado no âmbito federal, esvaziando 
estados e municípios, o que aproximou o estado do conceito de unitário (golpe no federalismo). 
Teoricamente, permaneceu a tripartição de poderes, mas, na realidade, o executivo detinha todo o 
poder. 
Embora tenha trazido maior eficácia aos direitos dos trabalhadores, previa exageradas 
possibilidades de suspensão dos direitos políticos por 10 anos, em seu art. 151. 
Em 1968, com o AI-5, o habeas corpus foi suspenso para crimes políticos OU contra a segurança 
nacional, ordem econômica e social e economia popular. Além disso, foi excluída da apreciação 
judicial aquilo que estivesse de acordo com o AI-5, e o Congresso Nacional foi fechado por 10 
meses. 
 
1969: uma emenda constitucional constitucionalizou o AI-5. Época de milagre econômico (Médice) 
que se sucedeu por inflação e crise (Geisel). Após, veio a “Lei Falcão”, que reduziu a propaganda 
política, prejudicando a oposição, e o “Pacote de Abril de 1977”, quando Geisel dissolveu o 
Congresso Nacional. 
Foi flexibilizada a rigidez constitucional para aprovação de Emendas Constitucionais e estabelecida 
a “avocatória”, que podia suspender os efeitos de decisões de quaisquer tribunais, pela avocação 
pelo PGR, em causas relativas à ordem, saúde, segurança e finanças públicas. Além disso, um terço 
dos senadores passou a ser eleito pelas Assembleias Legislativas (“Senadores Biônicos”). 
“Pacote de Junho de 1978”: revogado o AI-5. Consequentemente, veio a Lei da Anistia 
(6.683/1979) e o pluripartidarismo. 
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Apesar da pressão popular com as “Diretas já”, a PEC Dante de Oliveira foi rejeitada e a eleição de 
Tancredo Neves foi indireta. Com a morte de Tancredo, assumiu Sarney que instituiu a “Comissão 
Afonso Arinos”, que elaborou um anteprojeto de constituição, o qual foi rejeitado, dentre outros 
motivos, por prever o parlamentarismo (o que diminuiria os poderes do presidente). Por esta razão, 
foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, presidida por Ulysses Guimarães. 
 
g) Constituição de 1988: 
A “constituição cidadã” criou o STJ (órgão de convergência da justiça comum), o mandado de 
injunção, a ADI por omissão, o mandado de segurança coletivo e o habeas data. Pela primeira vez 
aparece um capítulo dedicado ao Meio Ambiente e a Defensoria Pública é alçada à condição de 
função essencial à justiça. 
 
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3. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL. APLICABILIDADE E INTERPRETAÇÃO DAS 
NORMAS CONSTITUCIONAIS. MÉTODOS, CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE 
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL. NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS. LACUNAS NA CONSTITUIÇÃO, ESPÉCIES E CARACTERÍSTICAS, 
PRINCÍPIOS JURÍDICOS E REGRAS DE DIREITO. EFICÁCIA DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS E TUTELA DAS SITUAÇÕES SUBJETIVAS. ORÇAMENTO E RESERVA 
DO POSSÍVEL. 
AUTOR: GABRIELA LOPES PINTO 
MATERIAL DE CONSULTA: DIREITO CONSTITUCIONAL ESQUEMATIZADO-PEDRO LENZA (2014) E ANOTAÇÕES PESSOAIS 
 
3.1. Que razões são apontadas para justificar a tese da especialidade da interpretação 
constitucional? 
As razões estão ligadas às seguintes características peculiares da constituição: superioridade no 
âmbito da hierarquia normativa; fortíssima carga (e relevância) política de seus preceitos; caráter 
programático (baixa ou baixíssima densidade normativa de muitos dispositivos constitucionais). 
 
3.2. Quais são os métodos tradicionais de interpretação das normas? 
A) Método gramatical – valoriza o sentido vocabular das palavras, a vontade expressa do legislador. 
É o início, a primeira etapa da interpretação. O texto é o ponto de partida e o limite colocado ao 
intérprete. 
Esse método hoje na hermenêutica jurídica e constitucional deve ser apenas o ponto de partida no 
momento da interpretação de uma norma, porque muitas vezes interpretando ao pé da letra, 
podemos chegar a soluções hermenêuticas injustas (dura lex, sed lex); 
B) Método sistemático – valoriza a coerência, a lógica e visa à harmonização e integração das 
diversas normas consideradas em conjunto. É aquele método que busca correlacionar todos os 
dispositivos normativos de uma Constituição, pois só conseguiremos elucidar a interpretação a 
partir do conhecimento integrado 
C) Método Histórico – também denominada teleológica subjetiva, tem como meta desvendar qual 
foi a intenção do legislador em seu contexto histórico. Consiste na busca dos antecedentes remotos 
e imediatos que interferiram no processo de interpretação constitucional. Para entendermos o 
sentido atual precisamos entender o “passado” desses institutos, isto é a conjuntura na qual foram 
pensados e editados. 
D) Interpretação teleológica objetiva – Busca compreender a finalidade social da norma nas 
circunstâncias atuais, a vontade abstrata da lei, realizar a finalidade das normas constitucionais, 
muitas vezes superando a realidade descrita na norma. 
A interpretação teleológica se desenvolve sobretudo sobre os princípios constitucionais Ex: no 
sentido da expressão “casa” para a inviolabilidade do domicílio, pode ser estendida a qualquer 
domicílio, inclusive profissional, ex: escritório de advocacia. 
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E) Método Sociológico – interpreta a Constituição de acordo com a realidade social. Desenvolveu-
se no final do século XIX com o surgimento da Sociologia. No campo da interpretação 
constitucional o método sociológico busca a efetividade, a eficácia social para que não se abra um 
abismo entre a norma e conjunto dos fatos sociais. 
O conceito de KELSEN passa a ser revisto, pois as mudanças na sociedade passam a ser 
observadas. Um exemplo disso é a norma que fala que o salário mínimo deve prover as 
necessidades básicas; essa norma poderia ser considerada inconstitucional no âmbito da 
interpretação sociológica, pois não disse quanto é o valor desse salário, e evidentemente que hoje 
temos normas regulando o valor do salário, o qual não consegue cumprir esse preceito de

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