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Gestão Estratégica de Competências Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos a Gestão Estratégica de Competências. Um tema moderno que pertence ao conjunto de estudos da gestão do conhecimento. Uma empresa precisa de profissionais qualificados em determinadas áreas para cumprir funções e maximizar o retorno. Ou seja, pessoas que tenham competência para atuar de acordo com a necessidade da organização. Baseado nessa premissa, a gestão por competência vem crescendo na área de recursos humanos. Organizar estrategicamente esse tipo de profissional qualificado é um dos desafios da gestão contemporânea. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o conceito de competência.• Identificar as principais técnicas para gerir competências nas empresas.• Refletir sobre os desafios da gestão por competências nas organizações.• Infográfico A Gestão Estratégica de Competências trata de um princípio taylorista revisitado: a pessoa certa no lugar certo. Revisitado porque as empresas são essencialmente diferentes e, por consequência, precisam de pessoas diferentes. A gestão da competência organizacional assume, portanto, caráter estratégico dentro das organizações. Afinal, a partir da competência instalada, forma-se a base para uma gestão mais eficaz de todo o conhecimento organizacional. Conteúdo do livro Os trechos selecionados do livro gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais tratam do conceito de competência e gestão por competências, bem como algumas reflexões e críticas sobre o tema. É importante lembrar que o tema não é recente, mas que o interesse por estratégias com este perfil vem ganhando espaço e destaque nos meios acadêmico e empresarial. Boa leitura! c l a u d i a b i t e n c o u r t e colaboradores gestão contemporânea de pessoas n o v a s p r á t i c a s , c o n c e i t o s t r a d i c i o n a i s 2 ª ed ição C A P ÍT U LO S E E STUDOS D E C A S O G393 Gestão contemporânea de pessoas [recurso eletrônico]: novas práticas, conceitos tradicionais / Claudia Bitencourt e colaboradores. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-7780-622-5 1. Organização do trabalho – Administração de recursos humanos. I. Bitencourt, Claudia. CDU 331.101.262 Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 10 GestÃo De competÊNciAs: ArticuLANDo iNDiVÍDuos, orGANiZAÇÕes e socieDADe Claudia Cristina Bitencourt Allan Claudius Queiroz Barbosa OOOObjetivos deaprendizagem compreender a noção de competência sob diferentes perspectivas. conhecer a lógica da gestão de competências reconhecendo sua importância. reconhecer as difi culdades de implementação e manutenção de um programa que visa a identifi car e desenvolver competências. refl etir sobre a gestão de competências em sua interface com aspectos de natureza social e organizacional. inTrOdUÇãO Este capítulo apresenta a discussão sobre o tema “competências” e procu- ra esclarecer seus principais conceitos e abordagens, permitindo uma reflexão crítica acerca da sua importância, aplicabilidade, dificuldades e necessidades no cotidiano do gestor contemporâneo. É importante lembrar que o tema não é recente, mas que o interesse por estratégias com este perfil vem ganhando espaço e destaque nos meios acadêmico e empresarial. Uma das explicações possíveis para esta relevância encontra respaldo na constatação de que o treinamento tradicional já não responde mais às neces- sidades de formação das pessoas, às expectativas das empresas em termos de novas habilidades e atitudes mais condizentes com a realidade organizacional e às exigências de um mercado mais competitivo. O que se observa nos dias de hoje é que as organizações contemporâneas têm sido levadas à modernização e/ou adequação ao novo contexto produtivo por diferentes caminhos. Seja pela via tecnológica, seja pela via gerencial, múltiplos mecanismos e/ou ferramentas são utilizados, em um esforço vol- tado à eficácia na utilização dos recursos produtivos visando, em última ins- tância, à melhor adequação das pessoas ao trabalho. Por meio da construção Ver mAteriAL No cD 176 parte iii – competências e liderança de modelos que reconhecem a definição de competências como possibilidade concreta de proporcionar ganhos organizacionais, é possível, dentro desta ló- gica, recompensar o esforço dos indivíduos. Nesse sentido, a gestão de competências visa aproximar os objetivos or- ganizacionais e pessoais (profissionais). Esta diferenciação facilita a compre- ensão dos principais tipos de competências: o organizacional e o pessoal. Uma outra ênfase para este “ganho” é a busca do autodesenvolvimento como estratégia de aprendizagem contínua baseada em um perfil proativo. Neste caso, a vantagem não é monetária, mas não deixa de envolver o reco- nhecimento. As core competences, ou competências essenciais da organização, são res- ponsáveis pela atuação da empresa no mercado, estimulando a construção de um diferencial competitivo baseado na(s) especialidade(s) e especificidade(s) de cada organização. As competências pessoais conduzem à necessidade cres- cente de formar e valorizar o profissional para oferecer respostas mais rápidas às demandas do mercado e da empresa por meio de uma postura aberta à inovação, baseada em um perfil criativo e flexível, e do preparo para trabalhar e estimular o desenvolvimento das pessoas com quem se trabalha. HiSTóriCO: SUrgiMEnTO E EVOLUÇãO dO dEBaTE SOBrE O COnCEiTO No fim da Idade Média, a expressão competência era associada basica- mente à linguagem jurídica. Dizia respeito à faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar certas questões. Conforme Isambert- Jamati (apud Brandão; Guimarães, 1999), [...] os juristas declaravam que determinada corte ou indivíduo era com- petente para um dado julgamento ou para realizar certo ato. Por exten- são, o termo veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de alguém pronunciar-se a respeito de determinado assunto. Mais tarde, o conceito de competência passou a ser utilizado de forma mais genérica para qualificar o indivíduo capaz de realizar determinado trabalho. No contexto gerencial, o conceito de competência começou a ser construí- do com Richard Boyatizis. Segundo Wood e Payne (1998, p. 23), “Boyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competência. Seu livro The Competent Manager: a Model for Effective Performance iniciou o debate acerca do tema competências”. Entretanto, é a partir do entendimento das transformações de natureza produtiva e social que atingiram as economias industrializadas na década de 1980 que se pode compreender a relevância dos estudos sobre competências para as organizações. Em termos históricos, pensar o surgimento da lógica das competências encontra eco no que Rodrigues e Barbosa (2004) observam como resposta à redefinição nos parâmetros de competitividade, onde a esfera empresarial es- timulou o desenvolvimento, sendo recompensada com a oferta de concepções e modelos “inovadores” de gerenciamento. 177Gestão de competências O “discurso” das competências surgiu como uma prática gerencial de im- portância significativa e com diferentes perspectivas teóricas. Uma perspectiva de análise presente na argumentação de inúmeros teóricos (Chandler, 1987, 1997; Penrose, 1962; Selznick, 1962) trabalha a noção de competências em uma lógica que valoriza os recursos e as capacidades – considerando-os determi- nantes para o desenvolvimento organizacional. Essa discussão encontra respaldo nas obras de Andrews (2001), Barney (1991, 1997) e Wernerfelt (1997). Outra dimensão presente no campo das competências amplia a ideia de recurso por meio da incorporação da dinâmica dos processos de sua criação e utilização.1 A demonstração mais visível destas transformações pode serobserva- da no redimensionamento do Estado. Se o período pós-guerra demonstrou a força de políticas keynesianas e “um aparente ciclo virtuoso de crescimento inesgotável” (Drache, 1996, p. 47), o modelo de inspiração “thatcheriano” de fins dos anos 19702 trouxe consigo um formidável esforço de reconstrução e reaparelhamento do aparato público, conforme preconiza Barbosa (2000). Este autor observa que a inspiração na prestação de serviços com ênfase no cliente/cidadão levou ao questionamento da eficiência do Estado, de seu su- perdimensionamento e inserção em setores produtivos tidos como de interes- se privado. Isso fez com que, em meio a uma crescente onda de privatizações de empresas públicas e a um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, o Estado também discutisse suas atribuições no âmbito da regulamentação e do monitoramento das relações de trabalho. Em meio a esta autêntica transformação, as organizações empresariais foram submetidas a uma pressão ambiental até então nunca vista. Se a marca que acompanhou o período posterior a 1945 foi o ambiente estável e a redu- zida necessidade de transformações de natureza estrutural e administrativa, a explosão contingencial3 nos anos 1970 evidenciou a necessidade de ajustes. Esses ajustes encontraram respaldo na reformulação das empresas frente ao novo arranjo produtivo e econômico, trazendo mudanças profundas: que- bra do modelo clássico de relacionamento, pela terceirização de atividades e downsizing gerencial; melhoria na qualidade e produtividade, por meio de abordagens de qualidade; ênfase em processos que privilegiam o cliente, via reengenharia; valorização do indivíduo e de sua capacidade, investindo em programas de remuneração variável e em mecanismos antecipatórios na ges- tão de recursos humanos. Em todas as dimensões mencionadas, a equação que balanceia redução de custos e busca de alternativas de receita passou a ser efe- tivamente ser o ponto central de qualquer ação e/ou prática organizacional. Este quadro de grandes transformações veio acompanhado de impactos significativos na manutenção de empregos formais. Soma-se a isso a redução de empregos intermediários devida aos avanços tecnológicos e a tendência de polarização dos postos de trabalho restantes, divididos entre empregos quali- ficados com alto grau de intelectualização e empregos precários e parciais. Nesse ponto insere-se a discussão sobre os efeitos da contemporaneidade sobre os indivíduos. Este aspecto pode ser observado, por exemplo, no discurso sobre empregabilidade4 e sua ligação à busca de capacitação que enfatiza o indiví- duo, principalmente pelo desenvolvimento de competências.5 Com o foco direcio- nado para o indivíduo, até mesmo a remuneração passa a ser tratada de maneira específica, isto é, em conformidade com os resultados alcançados por ele. 178 parte iii – competências e liderança Isso acaba por impor novas exigências de conhecimentos, ou seja, uma formação mais ampla, com mais conhecimento, alta capacidade de raciocínio e comunicação e reconhecidas habilidades para resolução de problemas. Mesmo que esta discussão possa trilhar a clássica dicotomia qualificação versus desqualificação6, é indiscutível que as atuais tendências forcem uma modificação em múltiplas direções, mas que mantêm uma forte interligação: de um lado, as exigências organizacionais, de maximização do resultado e aumento de sua capacidade competitiva; de outro, a pressão sobre o trabalho e, consequentemente, sobre o empregado, obrigado a buscar um reposiciona- mento acerca de seu papel. Por causa disso, a adoção do conceito de competência ganhou força e pode ser vista à luz de diferentes concepções e abordagens. Panorama conceitual sobre competências7 Le Boterf (2003) observa que a noção de competência, que se desenvol- veu em um contexto de alto desemprego e de busca crescente de competitivi- dade nos anos 1980, refere-se à capacidade de combinar recursos incorporados à pessoa (conhecimentos, habilidades, qualidade, experiências, capacidades cognitivas, recursos emocionais, etc.) e recursos presentes no meio (bancos de dados, redes de especialistas, redes documentares, etc.). Em uma linha mais preocupada com os resultados efetivos da competên- cia, Boyatizis (1982) afirma que as competências são características subjacen- tes ao indivíduo que o levam a resultados efetivos e/ou a uma performance superior no trabalho. O modelo de Boyatizis baseia-se na explicitação de 21 atributos que norteiam a construção de um perfil ideal de gestor. O Quadro 10.1 sintetiza esse construto. Boyatizis centralizou seu trabalho em “compor- tamentos observáveis”, baseados numa concepção behaviorista. Seu mode- lo prevê, ainda, aspectos psicológicos relacionados a três fatores: motivação; auto-imagem e papel social; e habilidades. Em outra abordagem, Sanchez (2001) afirma que competência é a ha- bilidade de uma organização de sustentar uma coordenação de recursos e ca- pacidades de forma a alcançar suas metas. O autor ressalta os três elementos essenciais desse conceito: A coordenação de recursos e capacidades. A intenção de direcionar recursos e capacidades para propósitos específi cos. o direcionamento da organização para o alcance das metas. Barbosa (2003), por sua vez, considera que o modelo de competência esta ria afeito à busca de respostas para problemas ligados à remuneração ten- do em vista sua aproximação com a gestão da produção. A noção de compe- tência surgiria da necessidade de reformulação do conceito de qualificação. Essa linha argumenta que as competências técnicas não seriam suficientes 179Gestão de competências para um novo desenho produtivo, resgatando a ideia de que seriam neces- sárias atitudes críticas e reflexivas voltadas para o trabalho em geral, e não, somente para uma única ocupação. É possível também observar as competências a partir do desenvolvimen- to de conceitos, habilidades e atitudes;8 como indicativo de capacitação, se- gundo apregoa Zarifian (2001); enquanto práticas de trabalho e capacidade de mobilizar recursos, desenvolvido também por Zarifian (2001); como busca de resultados, conforme apregoa Boyatizis (1982); e enquanto interação e/ ou relacionamento com outras pessoas, na linha argumentativa de Sandberg (1996). Esta construção inicial permite o surgimento de muitas abordagens. O quadro 10.2 apresenta uma breve sistematização dos diversos conceitos liga- dos à questão das competências e suas respectivas ênfases. É possível observar ainda, pelo trabalho de alguns autores, que a noção de competência surge como parte de um discurso empresarial, com ausência da ideia de relação social, sendo uma espécie de contraponto ao conceito de qualificação presente na sociologia do trabalho francesa, conforme preconiza- do por Hirata (1994). A competência ganha força no espaço educacional na medida em que surge a necessidade de reformulação do conceito de qualificação. De um modo geral, esta linha, mais próxima da formação profissional, argumenta QUadrO 10.1 aS 21 COMPETênCiaS dE BOYaTiziS 1. Metas e gestão pela ação 1. orientação eficiente 2. produtividade 3. Diagnóstico e uso de conceitos 4. preocupação com impactos (proativo) 2. Liderança 5. Autoconfiança 6. uso de apresentações orais 7. pensamento lógico 8. conceitualização 3. recursos Humanos 9. uso de poder socializado 10. otimismo 11. Gestão de grupo 12. Autoavaliação e senso crítico 4. direção de Subordinados 13. Desenvolvimento de outras pessoas 14. uso de poder unilateral 15. espontaneidade 5. Foco em outros clusters 16. Autocontrole 17. objetividade perceptual 18. Adaptabilidade 19. preocupação com relacionamentos próximos 6. Conhecimento especializado 20. memória 21. conhecimento especializado fonte: Adaptado de Wood e payne (1998). 180 parte iii – competências e liderança QUadrO 10.2 COnCEiTOS dE COMPETênCiaS autor Conceito ênfase* 1. Boyatizis “competências são aspectos verdadeiros ligados à naturezaformação, (1982, p. 23) humana. são comportamentos observáveis que determinam, comportamento, em grande parte, o retorno da organização.” resultado. 2. Boog “competência é a qualidade de quem é capaz de apreciar e Aptidão, valores e (1991, p. 16) resolver certo assunto, fazer determinada coisa; significa formação. capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade.” 3. spencer “A competência refere-se a características intrínsecas ao formação e Junior e spencer indivíduo que influencia e serve de referencial para seu resultado. (1993, p. 9) desempenho no ambiente de trabalho.” 4. sparrow “competências representam atitudes identificadas como estratégias, ação e e Bognanno relevantes para a obtenção de alto desempenho em um trabalho resultado. (1994, p. 3) específico, ao longo de uma carreira profissional ou no contexto de uma estratégia corporativa.” 5. moscovici “o desenvolvimento de competências compreende os aspectos Aptidão e ação. (1994, p. 26) intelectuais inatos e adquiridos, conhecimentos, capacidades, experiência, maturidade. uma pessoa competente executa ações adequadas e hábeis em seus afazeres, em sua área de atividade.” 6. cravino “As competências se definem mediante padrões de Ação e resultado. (1997, p. 161) comportamento observáveis. são as causas dos comportamentos, e estes, por sua vez, são a causa dos resultados. É um fator fundamental para o desempenho.” 7. parry “um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes resultado, (1996, p. 48) correlacionados que afeta parte considerável da atividade de formação. alguém, que se relaciona com o desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento.” 8. sandberg “A noção de competência é construída a partir do significado formação e (1996, p. 411) do trabalho. portanto, não implica exclusivamente a aquisição interação. de atributos.” 9. Bruce “competência é o resultado final da aprendizagem.” Aprendizagem (1996, p. 6) individual e autodesenvolvi- mento. 10. Boterf “competência é assumir responsabilidades frente a situações mobilização e ação. (1997a, p. 267) de trabalho complexas buscando lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza singular.” 11. magalhães e “conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que Aptidão e rocha (1997, p. 14) credenciam um profissional a exercer determinada função.” formação. 12. perrenoud “A noção de competência refere-se a práticas do quotidiano que formação e ação. (1998, p. 1) se mobilizam através do saber baseado no senso comum e do saber a partir de experiências.” 13. Durand “conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes formação e (1998, p. 3) interdependentes e necessárias à consecução de determinado resultado propósito.”** (Continua) 181Gestão de competências QUadrO 10.2 COnCEiTOS dE COMPETênCiaS (continuação) autor Conceito ênfase 14. Dutra e “capacidade da pessoa gerar resultados dentro dos objetivos Aptidão, resultado, silva (1998, estratégicos e organizacionais da empresa, traduzindo-se pelo formação. p. 3) mapeamento do resultado esperado (output) e do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o seu alcance (input).” 15. ruas “É a capacidade de mobilizar, integrar e colocar em ação Ação e resultado. (1999, p. 10) conhecimentos, habilidades e formas de atuar (recursos de competências) a fim de atingir/superar desempenhos configurados na missão da empresa e da área.” 16. fleury e “competência: um saber agir responsável e reconhecido, que Ação e resultado. fleury implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, (2000, p. 21) habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.” 17. Hipólito “o conceito de competência sintetiza a mobilização, a integração e formação, (2000, p. 7) a transferência de conhecimentos e capacidades em estoque, deve resultado, adicionar valor ao negócio, estimular um contínuo questionamento perspectiva do trabalho e a aquisição de responsabilidades por parte dos dinâmica. profissionais e agregar valor em duas dimensões: valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo.” 18. Davis “As competências descrevem de forma holística a aplicação de Ação e resultado. (2000, p. 1 e 15) habilidades, conhecimentos, habilidades de comunicação no ambiente de trabalho [...]. são essenciais para uma participação mais efetiva e para incrementar padrões competitivos. focaliza-se na capacitação e aplicação de conhecimentos e habilidades de forma integrada no ambiente de trabalho.” 19. Zarifian “A competência profissional é uma combinação de conhecimentos, Aptidão, ação, (2001, p. 66) de saber-fazer, de experiências e comportamentos que se exerce resultado. em um contexto preciso. ela é constatada quando de sua utilização em situação profissional a partir da qual é passível de avaliação. compete, então, à empresa identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir.” 20. Becker, “competências referem-se a conhecimentos individuais, formação e Huselid e ulrich habilidades ou características de personalidade que influenciam desempenho. (2001, p. 156) diretamente o desempenho das pessoas.” fonte: Bitencourt, 2001. * esta coluna foi elaborada visando a auxiliar a possibilidade de complementar os conceitos apresentados pelos diferentes autores. ** Durand teve como base o trabalho de pestalozzi, que considerava como chave para o aprendizado os “três Hs” – head, hand, heart (apud Brandão; Guimarães, 1999). que as competências técnicas não seriam suficientes para o novo contexto produtivo. Isso recupera a ideia de que seriam necessárias atitudes críticas e reflexi- vas, uma vez que a preparação deveria estar voltada para o trabalho em geral, e não, somente para uma única ocupação, ou seja, essa perspectiva procura 182 parte iii – competências e liderança integrar educação e trabalho. Isso significa dizer que há um desenvolvimento de competências gerais dos trabalhadores em detrimento de suas habilidades manuais.9 Por esta via, competência pode ser definida como “[...] capacidade pessoal de articular saberes com fazeres característicos de situações concretas de trabalho” (Barato, 1998, p. 13). Brandão e Aquino (2001) consideram que a gestão de competência pode ser visualizada como instrumento que faz parte de um mesmo movimento, quan- do a ênfase se recai sobre as pessoas como recursos determinantes do sucesso organizacional. Ela faz parte de um sistema maior de gestão organizacional que direciona recrutamento, seleção, treinamento, dentre outros, para capacitação e desenvolvimento das competências necessárias para atingir objetivos de uma organização. Ainda, deve ser vista como um processo circular e também deve estar em perfeita sintonia com a estratégia organizacional. Gallart e Jacinto (1995) definem competências como o conjunto de sa- beres postos em jogo pelos trabalhadores para resolver situações concretas de trabalho, configurando uma não dissociação entre competência e ação, com uma exigência de determinado conhecimento que oriente esta ação. Leiba-O’Sullivan (1999) faz uma distinção entre cross-cultural competen- cies dinâmicas e estáveis, discutindo a questão em torno da taxonomia tridi- mensional de Black e Mendenhall (1990). Essa taxonomia distingue as dimen- sões de automanutenção, relacionamentos e perceptiva. Todas as dimensões são importantes para o ajuste intercultural. Experiências organizacionais, por sua vez, trabalham a ideia de compe- tência naturalmente, considerando suas particularidades. Baladi (1999), por exemplo, ao descrever um novo gerenciamento de conhecimento e competên- cia na iniciativa da Ericsson Business Consulting, afirma que gerenciamento de conhecimento significa crescimento sistemático individual e da organização,na perseguição de negócios importantes. Nessa empresa, foi criada uma pla- taforma global, com práticas globais de gerenciamento de capital intelec tual, mudança de cultura, liderança, processos comuns, gestão de competência e gestão do conhecimento. Almada (2000) aborda o tema de novos requisitos em matéria de formação profissional da mão de obra, que surge como resultado da inovação tecnológica e das novas formas de organização do trabalho. Observa que a transformação pro- dutiva coloca a necessidade de que os países da América Latina construam uma nova cultura trabalhista e empresarial de competitividade, por meio da formação e do desenvolvimento de recursos humanos. Ao analisar o caso mexicano, afirma que governo e sociedade deram impulso à formação e à capacitação dos recursos humanos baseado no enfoque de competência. Considera que se constitui uma via eficaz para apoiar a formação e o desenvolvimento dos indivíduos e a produ- tividade e a competitividade das empresas. Afirma, ainda, que este enfoque base- ado na competência permite a definição de programas de capacitação flexíveis e modulares, e não somente com carreira em especialidades ou disciplinas. Isto é, permite a integração de competências de distintas naturezas. Kubr e Abell (1998) trabalham o conceito de competências identificando inicialmente o tipo de competência e o nível requerido para cada uma delas. Barra (s.r.) afirma que o conceito de competências tem um parênteses antro- 183Gestão de competências pológico que explica o homem como um ser incompleto, e que por isto mesmo deve transformar a natureza em meio de vida. Pujol (1999), por sua vez, define competência como a capacidade de uma pessoa para realizar uma atividade, aplicando de maneira integral e per- tinente os conhecimentos, destrezas e atitudes requeridas em uma determina- da gama de funções, em situações e contextos definidos. Esse mesmo autor faz uma diferenciação entre competências laborais e sociais, sendo a de primeiro tipo aquelas que mais se aproximam do espaço organizacional. Uma análise de algumas das várias correntes de estudos expressas aqui (americana, latino-americana, francesa, australiana) sobre a questão de compe- tências permite relacionar o conceito de competência aos aspectos apresentados no Quadro 10.3. O OLHar daS diFErEnTES aBOrdagEnS O amplo leque de conceitos que procuram definir as competências per- mite sua abordagem e tratamento por diferentes perspectivas. Conforme Velde (1996), existem concepções diferenciadas, por vezes contraditórias, sobre a noção de competências. Nesse contexto, nota-se um esforço generalizado no QUadrO 10.3 autores aspectos Boyatizis Junior (1982), parry (1996), Boog (1991), Becker (2001), spencer e spencer (1993), magalhães e rocha (1997), Hipólito (2000), Dutra e silva (1998), sandberg (1996) moscovici (1994), magalhães e rocha (1997), Dutra e silva (1998), Zarifian (2001) sparrow e Bognanno (1994), Durand (1998), cravino (1997), ruas (1999), moscovici (1994), Le Boterf (1997), perrenoud (1998), fleury e fleury (2000), Davis (2000), Zarifian (2001) Le Boterf (1997b) Boyatizis (1982), sparrow e Bognanno (1994), parry (1996), Becker, Huselid e ulrich (2001), spencer Junior e spencer (1993), cravino (1997), ruas (1999), fleury e fleury (2000), Hipólito (2000), Dutra e silva (1998), Davis (2000), Zarifian (2001) Hipólito (2000) Bruce (1996) sandberg (1996). Desenvolvimento de conceitos, habilidades e atitudes (formação) capacitação (aptidão) práticas de trabalho, capacidade de mobilizar recursos, fato que a diferencia do conceito de potencial (ação) Articulação de recursos (mobilização) Busca de melhores desempenhos (resultados) Questionamento constante (perspectiva dinâmica) processo de aprendizagem individual cuja responsabilidade maior deve ser atribuída ao próprio indivíduo (autodesenvolvimento) relacionamento com outras pessoas (interação) 184 parte iii – competências e liderança que se refere à formação de competências a partir de treinamento e educação, por vezes estimulados pelo governo (competence-based training), como é o caso das empresas inglesas e australianas. Contudo, essas iniciativas vêm provocando um debate sobre a sua efeti- vidade e mesmo importância no contexto competitivo e educacional, ou seja, a base desse esforço centraliza-se em um treinamento behaviorista que pri- vilegia a formação de atributos genéricos de competência reconhecidos por alguns como “[...] atomização do conhecimento e habilidades” (Velde, 1996) e que não fazem sentido para as pessoas. Pouca atenção tem sido conferida a abordagens mais abrangentes, que privilegiam a formação integral baseada no significado do trabalho ou em situações específicas vivenciadas pelas orga- nizações. Assim, o esforço tem sido conferido à predefinição de competência, que serve para confirmar o modelo de competência do pesquisador em vez das competências dos trabalhadores. A crítica que se faz a esse tipo de abordagem behaviorista centraliza-se no fato de que ela mais inibe do que contribui para o processo de formação e desen volvimento das pessoas e da organização. Há tendência à ênfase na rotina, nos aspectos visíveis e mais facilmente mensuráveis do trabalho, na repetição de práticas que foram bem-sucedidas no passado. Essas situações tendem a “engessar” os processos organizacionais e a inibir a criatividade das pessoas e das empresas. Destaca-se, neste sentido, a importância da articulação entre a estratégia da empresa e a formação e capacitação dos gestores, permitindo, dessa forma, não apenas um melhor desempenho, mas também a geração de novas perspec- tivas para ambos. Conforme LeBoterf (1997a, p. 22), [...] o que de fato irá diferenciar a competência de uma empresa ou de uma unidade (divisão, departamento, serviço) não é a competência de seus membros. O diferencial não depende tanto de seus elementos, mas da qualidade da combinação ou articulação entre seus elementos. Quinn (1996) refere-se, ainda, à combinação dessas competências (orga- nizacional e gerencial) como o meio de promover the knowledge-based service activities, que é “o coração de uma empresa inteligente”, ou seja, as atividades não podem simplesmente ser duplicadas pelos competidores. Por essa razão, a real vantagem competitiva sustentável deriva-se, normalmente, de um con- junto de habilidades, fatores ligados à experiência da empresa, capacidade de inovação, know-how, compreensão do mercado, dados e informações distribu- ídas e acessíveis. No que se refere à gestão de competências (voltadas às pessoas), a di- ferença entre competence e competency parece ser relevante (Quadro 10.4). Esse esclarecimento identifica não somente a diferença entre terminologia e conceitos, mas também aborda noções e concepções específicas que orientam as práticas e os processos de trabalho. A diferença básica refere-se à ênfase na pessoa (processo intrínseco) ou no cargo (processo extrínseco). 185Gestão de competências Observa-se que as competências são entendidas e/ou construídas a partir de atributos (aplicação das competências). Assim, existem diversas classifica- ções, sendo que as mais divulgadas e conhecidas são as abordagens de Katz (1974), Parry (1996), Durand (1998) e Zarifian (1996). No primeiro caso, as competências são compreendidas tomando-se como base a análise de compe- tências técnicas, humanas e conceituais. Para Parry (1996) e Durand (1998), a análise dos conhecimentos, habilidades e atitudes apresenta-se como foco. Para Zarifian (1996), as competências são compreendidas fundando-se em competências sobre processos, competências técnicas, competências sobre a organização, competências de serviço e competências sociais. Moscovici (1994) e Swieringa e Wierdsma (1992) sugerem “[...] mode- los orientadores simplificados”. Assim, acredita-se que a noção de competên- cia deva ser uma construção individual das empresas baseada em alguns con- ceitos genéricos simplificados.A complexidade na elaboração de construtos voltados à gestão de competências pode dificultar a compreensão do processo e desviar o foco da atenção, isto é, o construto é uma abstração utilizada para estimular e estruturar a gestão de competências (meio), e não, o produto des- sa análise (fim). Conforme Moscovici (1994), a competência pode ser analisada sob o prisma da competência técnica e da competência interpessoal, ambas funda- mentais para o desenvolvimento do ser humano. Entretanto, destaca-se que, em relação à primeira, os conhecimentos e as técnicas não asseguram um desempenho adequado e de qualidade. As características pessoais determi- nam o comportamento humano dando-lhe cunho altamente diferenciado do funcionamento da máquina, por exemplo. Quanto ao segundo, refere-se à ha- bilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação. QUadrO 10.4 COMParaÇãO EnTrE CompEtEnCy E CompEtEnCE Competency Competence origem estados unidos inglaterra Noção conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes resultados, produtos Abordagem Soft Hard propósito identificar desempenhos superiores identificar padrões mínimos (processo educacional) (desempenho no trabalho) foco A pessoa (características pessoais) o cargo (expectativas ligadas à função) Ênfase características pessoais (input, learning e tarefas e resultados (output, workplace development of competency) performance) público-alvo Gerentes Nível operacional fonte: Bitencourt, 2001. 186 parte iii – competências e liderança Neste contexto, dois componentes da competência interpessoal assumem importância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. A primeira refere-se a uma visão acurada da situação interpessoal, enquanto a segunda engloba várias habilidades, entre as quais, flexibilidade perceptiva e compor- tamental que “[...] significa procurar ver vários ângulos ou aspectos da mesma situação e atuar de forma diferenciada, não rotineira, experimentando no- vas condutas percebidas como alternativas de ação” (Moscovici, 1994, p. 37). Desenvolve-se, concomitantemente, a capacidade criativa para soluções ou propostas menos convencionais, com resultados duplamente compensadores: da resolução dos problemas e da autorrealização pelo próprio ato de criação, altamente gratificante para as necessidades do ego (estima) na hierarquia de Maslow. A competência interpessoal é, portanto, resultante de percepção acura- da realista de situações interpessoais e de habilidades específicas comporta- mentais (Moscovici, 1994). Referindo-se à questão do desenvolvimento de competências, Swieringa e Wierdsma (1992) contribuem para essa reflexão destacando as três dimensões principais que consideram o saber, saber fazer e o saber agir: a) O saber – Refere-se ao conhecimento. Implica questionamentos e esforços voltados à informação que possa agregar valor ao trabalho. O conhecimen- to é o que se deve saber para desenvolver com qualidade aquilo que lhe é atribuído (conhecimento acerca das ferramentas de qualidade, de sistemas de custos, de segmentação de mercados, de atendimento aos clientes, de sistematização e organização das informações, etc) (Ruas, 1998). b) O saber fazer – Refere-se a habilidades. Centraliza-se no desenvolvimento de práticas e na consciência da ação tomada. As habilidades são o que se deve saber para obter um bom desempenho (habilidade para motivar, orientar e liderar uma equipe em torno de metas e objetivos; habilidade para negociar com clientes, com fornecedores e clientes internos; habilida- de para planejar, para avaliar desempenhos, etc.). c) O saber agir – Refere-se a atitudes. Busca um comportamento mais condi- zente com a realidade desejada. Neste momento realiza-se a união entre discurso e ação. Deve-se saber agir para se poder empregar adequadamen- te os conhecimentos e habilidades (iniciativa e empreendedorismo, confia- bilidade, espírito inovador, flexibilidade para considerar opiniões diferen- tes das suas, flexibilidade para reconhecer erros, disposição para aprender, persistência, etc.) (Ruas, 1998). Na realidade, as dimensões saber, saber fazer e saber agir estão inter-rela- cionadas e por vezes se confundem. Trata-se de uma análise múltipla de dimen- sões que se referem ao indivíduo, ao grupo e à organização, uma vez que estes conceitos podem ser amplamente analisados sob os diferentes prismas citados. Um aspecto fundamental para o desenvolvimento de competências re- fere-se à apropriação do conhecimento (saber) em ações no trabalho (saber agir). Destaca-se que é neste momento que o desenvolvimento de competên- cias agrega valor às atividades e à organização, isto é, o conhecimento, se não 187Gestão de competências for incorporado às atitudes e manifestar-se por meio de ações ou práticas no trabalho, não trará benefícios à organização nem estimulará o desenvolvi- mento das pessoas. Esta ideia básica de relacionar o conhecimento às práticas organizacionais refere-se ao aprender a aprender.10 O trabalho apresentado por Sandberg (1996, p. 20) critica o conceito tra- dicional de competências enquanto um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, ou seja, como aquisição de atributos (abordagem racionalista): Através da análise de competências, eu estou cada vez mais convencido de que os aspectos essenciais da competência humana não podem ser re- duzidos a uma lista externa de atributos relacionados ao trabalho. Para o autor, o desenvolvimento de competências deve ser compreendido com base nas práticas organizacionais, focalizando sua análise no enriquecimen- to de experiências e vivências (abordagem interpretativa). “Mais especificamen- te, nós destacamos que o desenvolvimento de competências envolve a mudança na estrutura e no significado das práticas de trabalho” (Sandberg; Dall’Alba, 1996, p. 411). A questão, então, refere-se não apenas a o que constitui compe- tências (what), mas também a como as competências são desenvolvidas (how). Em suma, Sandberg (2000) propõe a “[...] compreensão do significado do tra- balho” como a primeira fase para a definição de competências. Para o autor, [...] o desenvolvimento desse conjunto de conhecimentos e habilidades envolve a mudança na compreensão do trabalho. Então, para a definição da visão de competência parte-se da compreensão ou da forma como os gestores enxergam competências (way of seeing).11 Pode-se pensar em tratar a questão em nível de “visão compartilhada de competências” como uma etapa posterior de análise e construção, o que sugere um trabalho mais unificado. Nesse contexto, as competências se desen- volvem por meio da interação entre as pessoas no ambiente de trabalho. LeBoterf (1997a), por sua vez, situa a competência valendo-se de três eixos principais que consideram a formação pessoal (biografia, socialização), a formação educacional e a experiência profissional. Ressalta, ainda, os as- pectos referentes à responsabilidade e à legitimidade na construção da noção de competências. A responsabilidade implica o domínio do metier e o engaja- mento responsável na atividade, enquanto a legitimidade associa-se ao reco- nhecimento por parte de superiores, pares e subordinados em relação a sua capacidade de agir e de responder às situações que surgem (Ruas, 2000). Ruas (2000) trata a questão de competências em termos de recursos de competên- cias, destacando a importância da articulação. As propostas de Sandberg (1996) e de Boterf (1997a) resgatam aspectos importantes que contribuem para a reflexão do tema, que são destacados na Figura 10.1. Conforme a Figura 10.1, os aspectos voltados à interação entre as pes- soas, ao significado da competência e à experiência são o foco da abordagem apresentada por Sandberg (1996). Paralelamente, a ênfase atribuída por Le Boterf (1997) centraliza-se na questão da articulação, da legitimação e da for- mação. Assim sendo, as abordagens se complementamda seguinte forma: 188 parte iii – competências e liderança A interação entre as pessoas propicia uma melhor articulação referente às diretri- zes e aos níveis organizacionais. A identifi cação do signifi cado da competência permite a sua legitimação. A experiência relaciona-se diretamente à formação, no sentido de capacitação, o que implica visão pessoal, educacional e profi ssional. Portanto, a competência pode ser explicada com base em sua concepção, em redes de trabalho e em recursos de competência. CrÍTiCaS E rEFLExõES aCErCa da gESTãO dE COMPETênCiaS Alguns pontos observados pelos autores, seja por reflexões conceituais, seja pela aplicabilidade de modelos de competências nas empresas, evidenciam a necessidade de se observar com muito cuidado as práticas existentes. FigUra 10.1 análise de competências. fonte: elaborado a partir de sandberg (1996) e Boterf (1997a). 189Gestão de competências Uma primeira constatação é a dificuldade em articular de maneira con- sensual competências e escopo remuneratório. Some-se a isso a possibilidade de direcionamento dos modelos desenvolvidos aos quadros gerenciais e supe- riores das empresas. Este aspecto traz à tona reflexões acerca da lógica das competências: ora, se ela se volta ao indivíduo reconhecendo sua efetiva contribuição aos resultados organizacionais, como isto não se traduz em salários e/ou benefí- cios pecuniários? Por outro lado, se existe a contrapartida monetária, esta não poderia desviar o foco do desenvolvimento de competências para a questão da remuneração? (“visão mercenária”) Alguns aspectos considerados relevantes para a reflexão crítica e o de- bate do tema das competências gerenciais podem ser listados para balizar o que foi dito anteriormente. As principais críticas são apontadas por Beardwell e Holden (1994), Fletcher (1997), Jubb e Robotham (1997), Wood e Payne (1998), Kohn (1993), conforme a síntese a seguir: a) A maneira como as competências são definidas – o conceito de competência possui diferentes significados e contradições. Prevalece a ênfase na construção de atributos (visão estática) e falta a visão processual (perspectiva dinâmica). b) A tendência a “viver no passado” – o mapeamento de competências é ba- seado na necessidade do momento, não existindo uma preocupação com a construção de competências necessárias no futuro. c) A qualidade dos atributos de competências – os desenhos de competência são geralmente superficiais e pobres. Representam muitos atributos (quan- tidade) e não questionam a sua qualidade. d) A identificação da efetividade gerencial e a falta de atenção para as “quali- dades soft”– a finalidade dos construtos de competência volta-se para defi- nir atributos de comportamentos gerenciais que sejam efetivos. Mas o que é um padrão gerencial efetivo? Tendo em vista a dificuldade de aferir as- pectos ligados a atitudes, muitos modelos simplificam a questão ignorando essa dificuldade e privilegiando atributos que sejam menos significativos mas fáceis de mensurar. e) A natureza genérica das competências – o predomínio de listas de compe- tências genéricas ilustra essa questão. Essas listas são desprovidas de um contexto (context independent) e/ou não refletem a necessidade da diversi- dade no próprio contexto organizacional. f) Burocracia e custo – existe a predominância de formalismo voltado à con- firmação de competências, e não, ao seu desenvolvimento. g) Falta de orientação futura – retrata a falta de questionamento sobre a im- portância e a articulação de competências com a visão estratégica de RH, ou seja, a falta de uma visão integrada em que as competências relacionam-se aos processos de novos padrões de seleção, treinamento e desenvolvimen- to, planejamento e sucessão de carreira, recompensa e reconhecimento, acompanhamento e avaliação. h) O “sentir-se competente” – as pessoas buscam o sucesso, ou seja, precisam sentir-se competentes. A crítica refere-se à falta de espaço para a aprendi- zagem a partir do erro ou experiências de insucesso. 190 parte iii – competências e liderança i) A questão de fazer a diferença – refere-se à falta de sentido ou significado atribuído ao link entre competências e trabalho. Quando se percebe o sig- nificado do trabalho (meaningfully), desperta-se o sentimento intrínseco de motivação que faz com que as pessoas pensem no seu trabalho como algo único e que faz a diferença. j) “Cenário skinneriano” – representado pela equação estímulo/resposta, ou melhor, “faça isso e tenha aquilo”. Essa situação retrata a visão limitada de competências enquanto um processo manipulador e pouco construtivo, desprovido de características que promovam o desenvolvimento ge rencial. k) A questão do feedback – existe a tendência a se avaliar padrões pessoais, e não, as atividades propriamente ditas. “Não elogie as pessoas somente pelo que elas fazem. Faça elogios o mais específicos possíveis”, aconselha Kohn (1993, p. 108). Observa-se uma tendência em oferecer feedback positivo e poucas críticas construtivas. No intuito de minimizar ou evitar essas dificuldades, torna-se necessário uma revisão sobre o que é realmente importante para as pessoas e para as organizações no intuito de se (re)estabelecer um processo mais reflexivo e crí- tico em que se busca respostas para algumas questões cruciais (ver Questões para Reflexão). Considerando-se essas questões, destaca-se a importância de se estabele- cer um link entre estratégias, processos e desenvolvimento de pessoas quando se pensa em gestão de competências. Bitencourt (2000, p. 230), nesse sentido, destaca que a gestão de competências refere-se ao processo contínuo e articulado de formação e desenvolvimento de conheci- mentos, habilidades e atitudes onde o indivíduo é responsável pela constru- ção e consolidação de suas competências (autodesenvolvimento) a partir da interação com outras pessoas no ambiente de trabalho, familiar e/ou em outros grupos sociais (escopo ampliado), tendo em vista o aprimoramento de sua capacitação, podendo, dessa forma, adicionar valor às atividades da organização, da sociedade e a si próprio (autorrea lização). Assim, é possível acreditar que o gerenciamento de competências pode ser feito de uma forma mais autêntica e consciente, privilegiando-se uma vi- são mais dinâmica e estratégica voltada à qualidade de recursos e aos atribu- QUESTõES Para rEFLExãO 1 o que é competência? 2 Quais são os resultados esperados com o desenvolvimento de competências? 3 como esses resultados podem ser aferidos? 4 Quais são as práticas formais e informais que podem estimular o desenvolvimento de competências? essas práticas são restritas a treinamento e desenvolvimento? 5 como se articula a visão estratégica da organização (core competence) com a aplica- ção das competências gerenciais? Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor A gestão estratégica de competências não é algo novo, mas ultimamente vem ganhando força nos debates sobre administração. Neste vídeo, daremos dicas sobre o conceito de competência e como fazer uma eficaz gestão das competências organizacionais. Além disso, trataremos dos novos desafios na área. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/47173e00cf3607b5efd4185d0172cfe5 Na prática A gestão estratégica por competências vem ganhando terreno nas organizações. Muitas, ainda que empiricamente, vem investindo nessa área do conhecimento para contar com profissionais cada vez mais qualificados e aptos para enfrentar os desafios da competitividade. Veja alguns exemplos que coadunam com essa ideia e nos fazem ter certeza que essa ferramenta chegou para ficar. Treinamentos e concessões por parte da empresa, de estímulos para o estudo e formação profissional. Valorizaçãodas pessoas, oportunidades de crescimento profissional. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Alinhando estratégia e competências Este artigo procura responder às seguintes questões: qual a relação entre competências organizacionais e estratégias competitivas nas empresas? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conheça o modelo de gestão por competências Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão por competências em organizações de governo Essa publicação consiste numa das várias iniciativas da ENAP que visam disponibilizar instrumentos para o aumento da capacidade de governo na formulação e implementação de políticas públicas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.scielo.br/pdf/rae/v44n1/v44n1a12.pdf https://blog.solides.com.br/conheca-o-modelo-de-gestao-por-competencias/ http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/383/1/livro_gestao_competencias.pdf Gestão estratégica Apresentação Em um mercado complexo e em constante evolução, as organizações precisam que todos os setores estejam envolvidos na formulação e implementação de estratégias, para, assim, garantirem sua sobrevivência. A gestão estratégica surge para auxiliar nesse processo através da definição de objetivos, do estudo do ambiente competitivo e da própria empresa, da avaliação de estratégias, da implantação e do acompanhamento. Em busca de um maior monitoramento e controle, a empresa poderá, também, aliar a gestão estratégica à governança corporativa, a fim de obter melhores resultados. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a gestão estratégica, analisando suas principais características. Ainda, você verá os benefícios proporcionados pela relação entre a gestão estratégica e a governança corporativa. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir gestão estratégica.• Identificar as principais características da gestão estratégica.• Relacionar gestão estratégica e governança corporativa.• Infográfico Você sabia que a gestão estratégica tem como objetivo garantir o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da empresa, podendo ser ainda mais eficaz quando combinada com a governança corporativa? A governança corporativa contribui para que os investidores tenham acesso às informações e ao conhecimento da organização por meio de seus relatórios, rotinas e práticas, para que tomem suas decisões e invistam conscientemente nas empresas. No Infográfico a seguir, você vai conhecer os princípios básicos da governança corporativa que contribuem para uma gestão estratégica eficaz. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6403a6d0-5918-411f-808b-2b7aed057d57/c787cff9-c932-4db9-90d0-4fef6f93bc6f.png Conteúdo do livro Você sabia que a gestão estratégica auxilia as organizações na busca pelo sucesso? Orientar a empresa por meio de uma gestão estratégica é uma das melhores ações táticas para conduzi-la a bons resultados. Diante das inúmeras opções que os consumidores têm diariamente, é necessário desenvolver um posicionamento estratégico para a criação de valor ao invés de centralizar-se somente em minimizar custos finais para os clientes. No capítulo Gestão estratégica, da obra Planejamento estratégico, você vai estudar a gestão estratégica, analisando suas características e relacionando-a à governança corporativa. Boa leitura. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Arianne Guazzelli Gestão estratégica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir gestão estratégica. Identificar as principais características da gestão estratégica. Relacionar gestão estratégica e governança corporativa. Introdução O mercado está cada vez mais competitivo e dinâmico. Assim, a gestão estratégica é uma premissa para que as empresas consigam lidar com as adversidades do ambiente, uma vez que visa administrar os recursos no intuito de atingir os objetivos previamente definidos pela organização, traçando planos estratégicos que passam toda a estrutura organizacional. Outra maneira de sobreviver às adversidades do mercado e, além disso, al- cançar o sucesso é aliar a gestão estratégica à governança corporativa por meio de um sistema de controle que promova relacionamentos e com- promisso entre todos os interessados, incluindo líderes e colaboradores. Neste capítulo, estudaremos o conceito de gestão estratégica, apon- taremos as suas características fundamentais e, por fim, consideraremos a sua relação com a governança corporativa. Evolução histórica da gestão estratégica A gestão estratégica surgiu como disciplina infl uenciada pela economia e pela sociologia, sendo considerada uma evolução da Teoria das Organizações, de Max Weber (1864–1920). Conquistou notoriedade nos âmbitos empresarial e acadêmico a partir da década de 1950, embora o seu progresso tenha ocorrido somente nos anos seguintes, entre 1960 e 1970. O propósito central dessa ação tática que auxilia as organizações na busca pelo sucesso é integrar ambiente, empresa e estratégia de maneira sinérgica, ou seja, de forma que conversem entre si (BHALLA et al., 2009). A gestão estratégica é um modelo sistemático para a administração de mudanças e inclui: posicionamento da empresa por intermédio de planejamento e estratégias organizacionais; resposta estratégica rápida para administrar problemas; gestão sistemática da resistência durante a implementação da estratégia. Stead e Stead (2008) afirma que a gestão estratégica nasceu com a definição de políticas empresariais. Nesse contexto, a empresa era percebida como um sistema que empregava recursos econômicos com eficiência e governava as ações funcionais com o propósito de gerar lucro. Por outro lado, Porth (2011) defende que a gestão estratégica surgiu como um fragmento presente no pla- nejamento estratégico, atualmente conhecido como uma das suas principais ferramentas. Segundo o autor, o planejamento foi assimilado pela gestão, que unificou os dois procedimentos no mesmo processo. Na gestão estratégica, é necessário relacionar diversos aspectos em um planejamento estratégico adequado para não apenas minimizar os custos finais, mas também para criar valores e cumprir com os objetivos da organização. Por meio dela, desenvolve-se um posi- cionamento para a criação de valores em vez de focar-se somente em minimizar os custos finais para os clientes. Para que isso ocorra, uma série de aspectos devem ser analisados e relacionados com vistas a atingir os objetivos previamente definidos pela organização. Ainda, a gestão estratégica pode ser definida como um procedimento cruzado de elaboração, implementação e avaliação das deliberações quali- ficadoras das empresas cujo objetivo é determinar a missão da organização, atingi-la e, também, criar valor para os produtos ou serviços oferecidos aos clientes. Esse processo enfatiza diversas indagações indispensáveis sobre o caráter da empresa: Qual é o negócio da empresa? Em que a empresa deseja transformar-se? Qual é o público-alvo da empresa? O que cria valor para os seus clientes atuais e em potencial? Gestão estratégica2 Fundamentado nas respostas a essas questões, o processo de gestão estratégica auxilia a determinar a direção futura da organização com o intuito de gerar valor para os clientes e, por conseguinte, para a empresa como um todo (PORTH, 2011). Segundo Grant (2002), a gestão estratégica abrange um profundo relacionamento entre o intuito da empresa, os resul- tados que ela alcança e as demais variáveis relativas aos seus ambientes interno e externo. Assim, para realizar um bom desenvolvimento da gestão, é necessárioidentificar as relações entre sistema de gestão, estratégia ele- gida, estruturas do momento, capacidades e recursos disponíveis. Ademais, a gestão estratégica também poder ser entendida a partir do seu foco em assuntos que envolvem sustentabilidade nas vantagens competitivas ou a procura por essa espécie de vantagem (BOWMAN; SINGH; THOMAS, 2006). A gestão estratégica também pode ser conceituada como um processo contínuo que abrange os esforços dos líderes para harmonizar a totalidade da empresa em relação aos seus ambientes interno e externo a fim de criar vantagens competitivas. Tais vantagens oferecem à organização a oportu- nidade de usufruir das oportunidades que se apresentam e minimizar as ameaças já presentes no ambiente. Todavia, para a criação dessas vantagens competitivas, a gestão deve iniciar-se com base nas perspectivas sobre o que a organização é e o que ela pretende tornar-se, pois somente com o conhecimento das suas competências distintivas é que as estratégias, em todos os níveis, podem ser constituídas com vistas a cumprir com os objetivos corporativos em harmonia com o ambiente externo. Assim, a gestão estratégica exige a determinação da missão e dos propósitos da empresa nos âmbitos tanto do ambiente interno quanto do externo (STEAD; STEAD, 2008). Formada por análises, definições, atividades empreendidas para con- ceber e sustentar vantagens competitivas, Dess, Lumpkin e Eisner (2007) explicam que a gestão estratégica deve tornar-se um processo e a orien- tação para todas as atividades executadas pela empresa. De acordo com o entendimento desses autores, há dois princípios que residem no cerne dessa espécie de gestão: A execução contínua de três processos — análise, decisão e ação. A natureza de investigar por que algumas empresas possuem um me- lhor desempenho do que as demais, o que reporta às já comentadas vantagens competitivas. 3Gestão estratégica Além disso, os teóricos também indicam quatro atributos fundamentais para a gestão estratégica: desenvolver-se com vistas a atingir as metas globais da empresa; englobar diversos stakeholders no processo de tomada de decisão; incorporar concepções de longo e curto prazos; abranger o reconhecimento de trade-offs entre eficiência e efetividade. A gestão estratégica desenvolve as percepções de estratégia empresarial presentes no dia a dia das organizações, uma vez que incorpora as análises dos ambientes interno e externo para aumentar a utilização de recursos com o intuito de alcançar os objetivos definidos. Dessa maneira, a gestão estra- tégica proporciona um modelo de desenvolvimento de habilidades para que as empresas se precipitem às mudanças em vez se serem surpreendidas por imprevistos. Além disso, auxilia a desenvolver capacidades específicas para tratar incertezas futuras por meio da determinação de atividades para efetivar as metas da empresa (BRACKER, 1980). Fundamentados no que aprendemos até aqui, percebemos que há muitas definições possíveis para o conceito de gestão estratégica, visto que o planeja- mento estratégico é um campo de estudos em expansão, de modo que existem divergências e níveis relativamente baixos de produção acadêmica ainda hoje (BOYD; FINKELSTEIN; GOVE, 2005). Nos dias atuais, a gestão estratégica é uma das áreas mais ágeis no que tange a desenvolvimento teórico e prático, tendo em vista a criação de vários modelos de análise de mercado a partir da década de 1960, como o modelo SWOT (do inglês strengths, weaknesses, opportunities e threats), a matriz BCG, a curva de experiência e a análise de portfólio, além de relevantes conceitos, como os de análise de conduta, desem- penho, estrutura econômica, competências essenciais, distintivas e sistemas de planejamento estratégico (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Dess, Lumpkin e Eisner (2007) corroboram ao afirmar que essa área é uma das mais relevantes atualmente, pois é capaz de criar um conjunto de atividades gerenciais que garantam aos líderes da organização conservá-la integrada ao seu meio e no caminho mais adequado para o seu progressivo desenvolvimento, proporcionando que os objetivos e a missão empresariais sejam alcançados. Gestão estratégica4 É importante recordarmos que gestão estratégica e planejamento estratégico não são sinônimos, isto é, não compartilham o mesmo conceito, já que são distintos um do outro. Entretanto, a gestão deve estar em total harmonia com o planejamento, pois é preciso pensar nele, que é o pilar de sustentação de toda e qualquer organização, antes de implantar-se o processo de gestão estratégica. Principais características da gestão estratégica De acordo com Hunger e Wheelen (2002), a gestão estratégica apresenta três elementos indispensáveis ao seu desenvolvimento: análise sistemática do ambiente, formulação e implementação da estratégia. Os líderes da empresa devem realizar um estudo sistemático do ambiente externo, examinando a existência de forças e fraquezas, com o objetivo de mapear oportunidades e ameaças que possam recair sobre o ambiente interno. Esses elementos, que correspondem às mencionadas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, são analisados com o auxílio da matriz SWOT, sendo reconhecidos como fatores estratégicos, indispensáveis para o futuro da empresa. A gestão estratégica organiza os atributos que os vários setores têm a dar para a organização, de modo a guiar a integração dos esforços exprimidos pelos diversos especialistas distribuídos pela empresa. Essa gestão impossibilita o individualismo de cada setor, pois entende que os objetivos são de todos para todos. Contudo, ainda podemos constatar tal individualismo em certos setores quando simplesmente ignoram as necessidades e os interesses do coletivo, que inclui clientes, acionistas, fornecedores, entre outros, pois se preocupam apenas com o conjunto de interessados que lideram, denominados stakeholders. Além de integrar esforços para criar vantagens competitivas, a gestão estratégica possibilita uma visão temporal mais propícia à sobrevivência corporativa, tanto a curto quanto a longo prazo (MILLER; DESS, 2011). Em síntese, essa forma de gestão caracteriza-se por analisar o que foi pla- nejado pela organização e o que de fato é implementado para, assim, assegurar que os propósitos definidos sejam conquistados da maneira mais coerente possível. Para isso, é necessário que a organização realize a análise, a formu- lação e a implementação da estratégia. Posto isso, nos próximos parágrafos comentaremos com maiores detalhes cada uma dessas três etapas e os diversos níveis que integram o processo de formulação da estratégia. 5Gestão estratégica Análise estratégica Indispensável à criação de uma estratégia que esteja em concordância com todo o processo, a análise estratégica ocorre em três partes: objetivos estratégicos; ameaças e oportunidades; fraquezas e forças. Nesse contexto, o desenvolvimento da missão, da visão e dos valores guia os esforços dos líderes e colaboradores em uma mesma direção. Os objetivos estratégicos, por sua vez, possuem dois focos distintos nas empresas: o alvo a atingir e o elemento concentrador que permite que a empresa chegue a esse alvo. Lembremos que as finalidades sempre devem ser consideradas de acordo com as circunstâncias enfrentadas pela empresa no momento. O estudo das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, que se concentra na matriz SWOT, é composto pela relação das forças e fraquezas internas em função das oportunidades e ameaças do ambiente externo. Dessa reflexão, resulta o sucesso da gestão estratégica. Por exemplo, novos clientes são recursos externos que podem colaborar com o crescimento da organização, motivo pelo qual são interpretados como oportunidades. Entretanto, esse mesmo ambiente que oferece oportunidades para a empresa pode apresentar ameaças, como no caso de concorrência. Assim, para desenvolver estratégias atrativas, os líderes precisam conheceros limites e as capacidades da organização. Ademais, é durante a análise estratégica que nascem forças, como mão de obra extremamente qualificada, mas também fraquezas, como sistemas de informação ultrapassados (MILLER; DESS, 2011). Formulação da estratégia Uma análise estratégica apropriada serve como base para a formulação da estratégia, que acontece em quatro níveis: de negócios, funcional, empresarial e internacional. Esses níveis partem do pressuposto de que as organizações se compõem de negócios e os negócios, de funções. Na hipótese de uma empresa que possui negócios em dois países ou mais, desenvolve-se o nível internacional (MILLER; DESS, 2011). Gestão estratégica6 Nível de negócios É considerado o nível mais relevante, pois é o momento em que a organização intenta elevar a sua presença no mercado e ultrapassar as concorrentes. Uma organização com diversos itens no mercado deve estudar em qual setor de negócios cada um dos seus bens ou serviços se situará. Assim, se a estratégia abranger mais do que um dos itens ou mercados, esses bens ou serviços po- dem estar presentes nas mesmas unidades estratégicas de negócios (strategic business unit [SBU]). Caso ela não ampare, as ações sobre esses itens devem ser distribuídas em diferentes unidades estratégicas de negócios. O caso dos negócios individuais é um dos exemplos mais simples, pois esse tipo de negócio concentra a gestão estratégica em um só ponto (MILLER; DESS, 2011). Nível funcional As vantagens competitivas que tornam a ascensão do negócio ou da área de negócios provável dependem da imagem e do valor que a empresa entrega ao seu público-alvo. Esse valor precisará ser expandido em funções conhecidas como primárias. Já as secundárias, como a administração de sistemas de informação e recursos humanos, também geram valor aos consumidores, contudo de maneira indireta se comparadas às funções primárias (MILLER; DESS, 2011). Nível empresarial Uma organização cresce por meio da inserção de áreas de negócios, ou seja, em função da multiplicidade de negócios. Dessa forma, as estratégias mais atraentes com vistas a diversifi car os setores de atuação são aquelas nas quais a organização focaliza os seus conhecimentos nas áreas problemáticas ou restritas. Trata-se de setores onde o conhecimento está presente apenas em um pequeno grupo e geralmente não é transmitido, o que origina a denominação competências fechadas. Em uma organização cujas forças são competências fechadas, pode haver uma excelente oportunidade de diversifi cação de negócios. As estratégias presentes no nível empresarial, com apoio na diversificação, são desenvolvidas de forma mais adequada quando contam com a análise dos requisitos para sucesso a nível dos negócios, que se encontra na criação de valor para o consumidor no nível funcional. Assim, a formulação da estratégia deve conjugar-se de maneira restrita com os três níveis descritos para, desse modo, aumentar a própria eficácia (MILLER; DESS, 2011). 7Gestão estratégica Nível internacional No desenvolvimento da estratégia, as empresas mais complexas não apresentam desafi os apenas nos níveis de negócios, funcional e empresarial. Para atuar em outros países, cujas características socioculturais e político-econômicas são diferentes das do seu país de origem, as multinacionais encaram desafi os que ultrapassam o nível nacional. Nesse contexto, para alcançar certa fl exibilidade nos mercados locais, algumas organizações concedem autonomia completa às suas unidades de negócio espalhadas pelo mundo, estratégia conhecida como multinacional, segundo a qual cada unidade é a única incumbida pelo mercado que integra. Por outro lado, há a estratégia global, que objetiva aproveitar ao máximo as forças da organização por meio da centralização das operações. Ademais, existem também as estratégias híbridas, criadas com o intuito de aproveitar o melhor de ambas as estratégias, sejam elas globais ou multinacionais (MILLER; DESS, 2011). Implementação da estratégia A implementação da estratégia remete ao modo de converter as estratégias pretendidas em estratégias realizadas e é composta por integração, estrutura organizacional, controle e liderança. Para a concepção integral de uma estratégia, são indispensáveis diversas formas de integração, sendo que uma delas é a união dos elementos presentes no âmbito interno da empresa, ação indispensável à implementação da estratégia pretendida. Outra expressão de integração consiste em unir funções a negócios, negócios a organizações e operações internacionais a multinacionais. Entretanto, o mais difícil é unir as metas de curto prazo às de longo prazo, presentes na missão e na visão da empresa. Para a implementação de uma estratégia na organização, alguns pontos são fundamentais, tais como a delegação de responsabilidades e a presença de canais de comunicação, pois apoiam os líderes no desenvolvimento da estrutura organizativa. É necessário controlar esse processo por causa de dois motivos basilares: para conservar os esforços focados nas mesmas metas e para proceder com as modificações sempre que necessário, isto é, quando surgirem imprevistos. Os instrumentos utilizados pelos líderes para efetivar esse controle e estimular ou reprimir determinadas atitudes dos funcionários podem ser prêmios ou compensações, regras explícitas ou a própria cultura da empresa. Nesse contexto, os gestores são os arquitetos da estrutura organizativa e os engenheiros dos sistemas de controle da empresa são, em síntese, a principal força de implementação da estratégia. Gestão estratégica8 A cultura da organização é utilizada para transportar as visões e ajustar as ideias, de maneira a motivar os comportamentos e os pensamentos dentro da empresa. Assim, a ética é um elemento indispensável e cuja responsabili- dade recai sobre os líderes, já que é um dos elementos mais importantes da cultura da organização, sendo imprescindível à sua sobrevivência no mercado (MILLER; DESS, 2011). A gestão estratégica é bastante eficiente na conscientização dos colaboradores da organização no que tange às suas responsabilidades enquanto funcionários e pode interferir de modo positivo na elevação da produtividade e da competitividade do negócio. Além disso, a gestão é capaz de auxiliar os líderes na destinação correta de recursos, no aumento da rentabilidade e na minimização de desperdícios. Portanto, é na gestão estratégica que a empresa deve basear-se para melhorar de forma contínua o seu negócio e, assim, garantir sobrevivência no mercado, tanto a curto quanto a longo prazo. Gestão estratégica e governança corporativa Como já mencionamos, a gestão estratégica organiza as características presen- tes em inúmeras áreas da empresa a fi m de aproveitá-las para gerar vantagem competitiva, de modo a confi gurar-se como a base para a integração dos esforços desenvolvidos pelos diversos especialistas presentes na empresa. Mas, afi nal, o que é a governança corporativa? A governança corporativa é definida como o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, abrangendo os relacionamentos entre donos, conselho de administração, diretoria e órgão de controle. Essas condutas fazem com que as informações perpassem a organização e transfor- mem as suas concepções, bem como as recomendações práticas e objetivas de acordo com os interesses de preservação e otimização do valor da empresa, o que colabora com a sua sustentabilidade e longevidade (INSTITUTO BRA- SILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2015). Silva (2006) afirma que a governança cuida dos interesses dos acionistas em conexão com os relacionamentos com a direção executiva e os conselhos de administração, mas também pode influenciar outras partes interessadas, seja elas externas, tais como fornecedores, clientes, governo, sociedade, ou internas, como no 9Gestão estratégica caso de colaboradores e terceirizados. Lameira (2007), por seu turno, tece aressalva de que a governança corporativa gera uma maior dificuldade decisória, pois a pessoa ou o grupo enfrenta dificuldades na escolha de uma alternativa de ação ao defrontar-se com um motivo. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), a governança corporativa se forma com base nos seguintes atributos: Transparência — visa expor às partes interessadas as informações que sejam do seu proveito, não somente por determinação legal. Equidade — o apoio é constituído pelo tratamento pautado em princí- pios de justiça e isonomia por parte de todos os stakeholders, sejam eles sócios, diretores ou outros. Logo, é preciso atentar aos seus direitos, deveres, desejos e expectativas. Prestação de contas — aqueles que ocupam o lugar da governança cor- porativa (sócios, diretores, conselho de administração, etc.) necessitam efetivar a prestação de contas de forma clara, precisa, compreensível e apropriada. A importância dessa prática reside no fato de que, assim, a governança pode responder pelas suas ações ou omissões frente aos interessados, além de ser solicitada a agir com precaução, diligência, cautela e responsabilidade. Responsabilidade corporativa — os encarregados pela governança de- vem cuidar da efetividade, da exequibilidade e dos aspectos econômico- -financeiros da empresa com foco em reduzir externalidades negativas dos negócios e operações, além de aumentar as impressões positivas, atentando ao modelo de negócios, aos diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) a curto, médio e longo prazo. Assim, a governança corporativa atua como ferramenta da gestão es- tratégica, tendo em vista que entre os seus principais atributos estão a transparência, a responsabilidade corporativa, a prestação de contas e a equidade, além de possuir a excelência como uma das suas diretrizes. A transparência possibilita que os acionistas conquistem mais confiabilidade nos relatórios exibidos pelos líderes no mercado. A prestação de contas, por sua vez, minimiza a propensão do uso incorreto de recursos e esti- mula a boa administração deles. Já a equidade assegura que os acionistas Gestão estratégica10 possuam direitos iguais. Por fim, a responsabilidade corporativa visa impedir a administração incorreta, posto que responsabiliza os líderes que procedem de má fé pelos seus atos administrativos. Fundamentada nesses atributos, a governança propõe-se a apresentar informações com qualidade e confiabilidade superiores. As organizações podem equiparar a governança corporativa à gestão es- tratégica e averiguar os resultados positivos no tangente à administração de recursos e na conquista de investidores. Por meio dessa forma de governança, é possível negociar com investidores, pois a organização compromete-se a prestar contas e a ser transparente, o que torna o negócio atrativo aos investidores. Contudo, a organização que introduz a governança corporativa assume os custos da sua implantação, embora possa procurar investidores que aceitem uma taxa de retorno de investimento mais baixo. Afinal, a empresa enfatiza as suas boas condutas e defende os acionistas publicamente. Com isso, obtém um rendimento maior, dada a economia no custo de captação de recursos e no endividamento menor, uma vez que o valor empreendido para procurar investidores no mercado é mais baixo do que a busca por financiamentos ou empréstimos em instituições financeiras. A gestão empresarial corresponde ao processo geral de tomada de decisões em uma organização, ao passo que a governança corporativa é o conjunto de regras e práticas que garantem que a organização cumpre, de fato, com os seus deveres frente aos stakeholders. Na negociação competitiva, tanto a empresa quanto o investidor pos- suem interesses: a organização no sentido de ter um acionista com custo menor e o investidor ao realizar um investimento de menor risco. Assim, o modelo de gestão que emprega a governança corporativa protege o direito dos acionistas, de forma que as organizações a utilizam como uma das suas estratégias para captar e manter investidores por um custo mais baixo (ROMANA, 2014). 11Gestão estratégica Uma organização que emprega a governança corporativa dispõe de mais credibilidade perante investidores. Para iniciar essa forma de governança, alguns dispositivos possíveis são a criação de diretorias temáticas (finanças, comercial, fiscal, etc.), a instauração de um conselho administrativo ou consultivo, entregas de relatórios periódicos, ferramentas de gestão, auditorias independentes, entre outros. Para saber mais sobre essas práticas, sugerimos a leitura de “3 práticas de governança corporativa essenciais às empresas”, da revista Exame, disponível no link a seguir. https://goo.gl/z7UjYW BHALLA, A. et al. Exploring alternative strategic management paradigms in high-growth ethnic and non-ethnic family firms. Small Business Economics, v. 32, n. 1, p. 77-79, 2009. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s11187-007-9064-z>. Acesso em: 16 out. 2018. BOWMAN, E. H.; SINGH, H.; THOMAS, H. The domain of strategic management: history and evolution. In: PETTIGREW, A.; THOMAS, H.; WHITTINGTON, R. (Org.). Handbook of strategy and management. Londres: Sage, 2006. BOYD, B. 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Gestão estratégica12 INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das melhores práticas de governança corporativa. São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/ userfiles/files/Publicacoes/Publicacao-IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC- -5aEdicao.pdf>. Acesso em: 16 out. 2018. LAMEIRA, V. J. Governança corporativa. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 2007. MILLER, D.; DESS, G. Strategic management. New York: McGraw Hill, 2011. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safari da estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2010. PORTH, S. J. Strategic management: a cross-functional approach. New Jersey: Prentice Hall, 2011. ROMANA, T. Gestão estratégica e Governança corporativa. Lopes Machado, Rio de Janeiro, 25 out. 2014. Disponível em: <http://lopesmachado.com/gestao-estrategica- -e-governanca-corporativa/>. Acesso em: 16 out. 2018. SILVA, A. L. C. Governança corporativa e sucesso empresarial: melhores práticas para aumentar o valor da firma. 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WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. A administração estratégica: conceitos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 13Gestão estratégica Conteúdo: Dica do professor Sabendo que a empresa poderá se basear na gestão estratégica para promover a melhoria contínua do negócio e garantir a sua sobrevivência no mercado a curto e a longo prazo, esta Dica do Professor mostrará a você algumas orientações para implantá-la. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/55f638673a14ec1fd05bc4393203e08c Na prática Como forma de apoiar as lideranças, uma das ferramentas que pode ser muito empregada é a análise estratégica oriunda da matriz SWOT. Ela permite explorar cenários hipotéticos, ou seja, facilita a simulação de situações antes que ocorram a fim de se elaborarem planos de ação mais assertivos. Confira a seguir estratégias utilizadas para determinadas leituras da matriz SWOT. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Você sabia que uma boa gestão estratégica é indispensável para a saúde de qualquer empresa? Independentemente do tamanho ou segmento da organização, todas precisam rever seus procedimentos, realizar ajustes, correções e mudanças em processos já consolidados. A gestão estratégica prepara a empresa para mudanças de cenário de mercado ou macroeconômico, gerando condições para que ela possa responder rapidamente às novas exigências; também, auxilia na análise do presente e na projeção da atuação futura, fazendo com que a organização pense além do tempo. Na Prática, você verá o caso de uma grande empresa que, por meio de sua gestão estratégica, obteve sucesso. https://grupoa-edtech.grupoa.education/object/dOWV_kJLSBK7y2fjkZl_Rw Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/33bd0008-52ce-46ba-9109-90361fdd854b/5103a6f2-0d16-4265-b2f9-59db60bd3ee2.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão estratégica: a visão sistêmica da organização No vídeo sugerido, você verá as considerações de Maria Torres em relação à gestão estratégica. Ela traz uma visão sistêmica que a organização deverá ter para realizar uma gestão estratégica de sucesso. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Governança corporativa Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão estratégica: entenda a importância para a sua empresa Acesse o site indicado e entenda um pouco mais sobre como a gestão estratégica busca gerenciar as ações e os objetivos definidos anteriormente no planejamento estratégico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/VeIgOBa_LBQ https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa#:~:text=Governan%C3%A7a%20corporativa%20%C3%A9%20o%20sistema,controle%20e%20demais%20partes%20interessadas. https://ucj.com.br/blog/gestao-estrategica-para-empresas/ Treinamento e desenvolvimento: elementos chave para a aprendizagem organizacional Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, veremos por que o treinamento e o desenvolvimento são importantes para a aprendizagem organizacional, contribuindo assim para a competitividade das empresas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir os aspectos envolvidos em uma organização que aprende.• Relacionar as características da aprendizagem organizacional.• Identificar como iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento geram aprendizagem organizacional. • Infográfico Conheça as iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento que podem ser implantadas em uma empresa. Conteúdo do livro Tradicionalmente, o treinamento e o desenvolvimento não eram vistos como atividades que pudessem ajudar as empresas a enfrentarem desafios competitivos. Hoje essa visão mudou. As empresas que utilizam práticas inovadoras de treinamento e desenvolvimento têm mais chances de apresentar melhor desempenho financeiro do que os seus concorrentes que não o fazem. O cenário econômico atual acarretou cortes nos orçamentos das áreas de treinamento e desenvolvimento. Contudo, diversas empresas reconhecem que a aprendizagem através de treinamento, desenvolvimento e gestão do conhecimento ajuda os funcionários a fortalecerem ou aumentarem as suas habilidades para aprimorar ou produzir novos produtos, gerar ideias inovadoras e oferecer serviços de alta qualidade ao consumidor. Além disso, as atividades de desenvolvimento e a gestão de carreira são necessárias à preparação dos funcionários para posições de gerência e liderança e para atrair, motivar e reter talentos em todos os níveis e cargos. Aprofunde seus conhecimentos com a leitura de um trecho do capítulo 2 do livro Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas de NOE, Raymond A. Noe. O capítulo intitulado “Treinamento estratégico” discute como as práticas de treinamento e desenvolvimento apoiam as empresas a alcançar suas metas de negócio e geram aprendizagem organizacional. Inicie sua leitura no tópico "Introdução". Boa leitura. N763t Noe, Raymond A. Treinamento e desenvolvimento de pessoas : teoria e prática [recurso eletrônico] / Raymond A. Noe ; tradução: Amanda Alice Weber Schmitt ; revisão técnica: Ana Carolina de Aguiar Rodrigues. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2015. e-PUB. ISBN 978-85-8055-485-4 Editado como livro impresso em 2015. 1. Administração – Desenvolvimento de pessoas. 2. Administração – Treinamento de pessoas. I. Título. CDU 005.963 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 abertura_noe.indd 2 15/12/2014 10:57:12 56 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto colaboradores para que eles valorizassem a empresa e seus objetivos. O CEO também acredi- tava que para que a Campbell fosse bem-sucedida, era preciso uma cultura que valorizasse o aprendizado. A agenda de aprendizagem de Conant envolvia a reconstrução do treinamento e do desenvolvimento através da criação de um modelo de desenvolvimento de liderança, que engloba inspirar confiança, criar uma direção, conduzir o alinhamento organizacional, cons- truir vitalidade organizacional, executar com excelência e produzir resultados extraordiná- rios. O desenvolvimento de líderes é estrategicamente importante porque a construção de uma empresa de alimentos excepcional demanda líderes excepcionais. O CEO Institute foi criado com o intuito de desenvolver habilidades de liderança de um corte transversal de gerentes novos, experientes e de alto desempenho. A Campbell’s University foi criada para o treinamento e o desenvolvimento de todos os funcionários, desde colaboradores indivi- duais até líderes seniores, incentivando-os a aprender e crescer pessoal e profissionalmente. A Campbell’s University possui salas de aula e salas de apoio para as atividades de treina- mento e desenvolvimento, bem como a oportunidade de realizar treinamentos virtuais na maioria das localizações da empresa pelo mundo. As aulas abordam finanças, marketing e outros assuntos funcionais, além dos benefícios da diversidade e inclusão para o negócio. Os programas e iniciativas contam com mentoring, ferramentas de feedback 360º e progra- mas de desenvolvimento de lideranças para supervisores de produção, gerentes gerais e lí- deres seniores. Todos os funcionários possuem uma agenda de treinamento. Issose encaixa na sua missão de construir a empresa de alimentos mais extraordinária do mundo e nutrir a vida das pessoas todos os dias, incluindo a vida de seus funcionários. A Campbell acredita que quanto mais oportunidades de treinamento e desenvolvimento forem oferecidas aos funcionários, mais eles ficarão engajados no trabalho, levando ao melhor desempenho de suas funções e ao melhor desempenho da empresa no mercado. Entretanto, Conant acredita que o treinamento e o desenvolvimento envolvem muito mais do que simples cursos. Também é preciso haver planejamento. Como resultado, os funcionários criaram um plano de desenvolvimento com os seus gerentes, com uma ou duas questões de desenvolvimento que eles gostariam de trabalhar. O próprio Conant in- vestiu seu tempo nos planos de desenvolvimento dos gerentes de níveis mais altos na em- presa. Este grau de envolvimento por parte do CEO da empresa passou aos funcionários a mensagem de que o desenvolvimento é importante. O CEO aposentou-se de seu cargo na Campbell em julho de 2011. Ainda assim, como resul- tado da ênfase que ele depositou na aprendizagem para todos os funcionários da empresa ao longo de oito anos, as vendas aumentaram e os níveis de engajamento dos funcionários manti- veram-se altos. Conant colocou a Campbell no caminho certo para alcançar a sua missão. Fontes: T. Bingham and P. Galagan, “M’m M’m Good,” T+D, March 2011, 36-43; N. Reardon, “Making Leadership Personal,” T+D, March 2011, 44-48; www.campbellsoupcompany.com, website for Campbell Soup Company; A. Brown, “How Campbell’s Soup went from stale to innovative,” Inc., September 14, 2011, accessed from www.inc.com, September 30, 2011. INTRODUÇÃO Como mostra a abertura deste capítulo, o treinamento e o desenvolvimento da Camp bell Soup Company apoiam a estratégia de negócio. Reconhecendose que o aprendi zado é de responsabilidade de todos os funcionários, tanto os gerentes como seus pares, juntamente dos profissionais de treinamento, precisam estar ativamente envol vidos em ajudar os outros funcionários a conquistarem novas habilidades e perspecti vas. Isso reforça o valor do aprendizado e a sua importância para o negócio. A Cam pbell reconhece que o aprendizado através de treinamento e desenvolvimento é vital para vencer no mercado. cap2_noe.indd 56 08/12/2014 17:44:46 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 57 Por que a ênfase no treinamento estratégico é tão importante? As empresas objetivam ganhar dinheiro, e todos os setores de um negócio estão sob pressão, devendo mostrar de que forma contribuem para o seu sucesso, para que não sofram cortes no orçamento ou até mesmo a terceirização. Para tanto, as atividades de treinamento devem ajudar a em presa a alcançar a sua estratégia de negócio, que é um plano que engloba metas, políticas e ações.1 A estratégia age na forma como a empresa utiliza os capitais físico (p. ex., fábri cas, tecnologia e equipamento), financeiro (p. ex., espólio e reserva de caixa) e humano (funcioná rios). A estratégia de negócio ajuda a direcionar as atividades da empresa (pro dução, finanças, marketing e recursos humanos) a atingir metas específicas, que se espe ra alcançar a médio e longo prazo. A maioria das metas de empresas incluem metas financei ras, como maximizar o retorno dos acionistas, mas existem também metas rela cionadas à satisfação do funcionário, posição na indústria e serviço à comunidade. Há relações diretas e indiretas entre o treinamento e a estratégia e metas de negócio. O treinamento que ajuda os funcionários a desenvolverem as habilidades necessárias à realização do trabalho afeta diretamente o negócio. Dar aos colaboradores oportunidades de aprendizado e desenvolvimento cria um ambiente de trabalho positivo, que apoia a estratégia de negócio atraindo novos talentos e motivando e retendo funcionários atuais. A IBM é uma empresa que se reinventou em 2002.2 Sua estratégia de negócio remo delou a força de trabalho para atender melhor às necessidades e expectativas dos clien tes à medida que se transformava de uma empresa de alta tecnologia da era industrial em uma empresa voltada à informação e ao conhecimento. Essa estratégia exigiu uma mudança enorme na cultura organizacional: os funcionários tiveram de acatar a estraté gia e fazêla funcionar. Para atender às necessidades do cliente, os funcionários devem ter capacidade de adaptação e de se ajustarem constantemente. Em consequência disso, o treinamento da IBM mudou para que os funcionários aprendessem através do trabalho, no próprio local e tendo como base as necessidades do cliente, em vez de viajarem para outro lugar para receberem um treinamento (embora os treinamentos formais ainda sejam utilizados para orientar gerentes, executivos e vendedores em momentos críticos das suas carreiras so bre novas habilidades e linhas de produtos). O Aprendizado Sob Demanda (On-Demand Learning), como a IBM chamou esse tipo de aprendizado, exige que as equipes respon sáveis pela elaboração do programa entendam o trabalho específico que é desempenha do por funcionários em diferentes funções. Foram definidas mais de 500 funções espe cíficas na empresa e as especialidades exigidas para cada uma delas. Depois, a equipe de aprendizagem embutiu oportunidades de aprendizado no próprio trabalho, em um con ceito conhecido como “aprendizado integrado à empresa” (work-embedded learning). Os funcionários trabalham via computador ou acessam a intranet da empresa em seus telefones para se conectarem a especialistas, participarem de comunidades on-line sobre um determinado assunto ou realizar um módulo de aprendizado on-line. O tempo gasto em aprendizado e treinamento na IBM cresceu 32% com a expansão do aprendizado integrado à empresa. Já que a IBM acredita que as iniciativas de aprendizagem são vitais para atingir a sua estratégia de negócio, ela investiu nisso mais de $ 700 milhões. A estratégia de negócio tem um grande impacto no tipo e na quantidade de treina mento realizado e ao decidir se os recursos (dinheiro, tempo dos instrutores e desenvol vimento do programa) devem ser voltados para o treinamento. Além disso, a estratégia influi no tipo, nível e conjunto de habilidades necessárias à empresa determinando os seguintes fatores: cap2_noe.indd 57 08/12/2014 17:44:47 58 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto 1. A quantidade de treinamento dedicado às habilidades de trabalho atuais ou futuras. 2. Até que ponto o treinamento é personalizado para as necessidades específicas de um funcionário ou desenvolvido com base nas necessidades de uma equipe, unidade ou divisão. 3. Se o treinamento é restrito a grupos específicos de funcionários (pessoas identifica das como detentoras de talento gerencial) ou aberto para todos. 4. Se o treinamento é planejado e administrado sistematicamente, oferecido somente quando surgem problemas ou desenvolvido como reação espontânea ao que os con correntes estão fazendo. 5. A importância que se dá ao treinamento, comparada às outras práticas de gestão de recursos humanos como seleção e compensação.3 Este capítulo inicia com uma discussão sobre como o treinamento está evoluindo. Tradicionalmente, ele era visto como um evento ou programa elaborado para desenvol ver conhecimento explícito e habilidades específicas, mas os gerentes, instrutores e pro fissionais de recursos humanos começaram a reconhecer a contribuição potencial do treinamento para as metas de conhecimento do negócio que são baseadas na experiên cia, algo impossível de ensinar em um treinamento. Assim, ampliouse o papel do trei namento para englobar o aprendizado e pensar em formas de criar e compartilhar co nhecimento. O capítulo segue tratando do processo de treinamento e desenvolvimento estratégicos, incluindo como identificar uma estratégia de negócio, escolher iniciativas que a apoiem, oferecer atividades que incentivam iniciativas estratégicas e definir e co letar indicadores que demonstrem o valordo treinamento. Depois, descrevemse os fato res organizacionais que influem na forma como o treinamento relacionase com a estra tégia de negócio. Entre estes fatores, estão o papel de funcionários e gerentes, o apoio da alta gerência ao treinamento, a integração de unidades de negócio, a estratégia de plane jamento de recursos humanos e de pessoal, os graus de sindicalização e o envolvimento de gerentes, instrutores e funcionários. O capítulo aborda tipos estratégicos específicos e as suas implicações nesse processo. Em seguida, destacase que para que o aprendiza do, treinamento e desenvolvimento estratégicos sejam adotados, aceitos e utilizados por gerentes e funcionários, é importante considerálos a partir de um modelo de mudança e de uma perspectiva de marketing. O capítulo termina com a descrição de várias formas diferentes de organizar o setor de treinamento, enfatizando que o modelo integrado ao negócio e o modelo de universidade corporativa vêm ganhando popularidade conforme as empresas alinham as atividades de treinamento às metas do negócio. Evolução do treinamento: mudando de evento para aprendizado À medida que mais empresas como a Campbell Soup Company reconhecem a impor tância do aprendizado para enfrentar os desafios do negócio e obter uma vantagem competitiva, o setor de treinamento nas empresas está passando por mudanças. Relembre o que foi falado no Capítulo 1, “Introdução ao treinamento e desenvolvi mento de funcionários”, sobre as diferentes formas em que o aprendizado em uma em presa pode ocorrer. E isso é possível através de treinamento, desenvolvimento, aprendi zado informal e gestão do conhecimento. Os programas de treinamento organizados e criados pela empresa, ou seja, programas formais, são uma das maneiras de garantir o aprendizado dos funcionários. Em abordagens menos estratégicas, o treinamento costu cap2_noe.indd 58 08/12/2014 17:44:47 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 59 ma envolver uma série de programas ou eventos nos quais os funcionários precisam comparecer. Após participar, eles são responsáveis por aplicar o que foi aprendido em seus trabalhos, sendo que qualquer tipo de apoio que possam receber tem como base os caprichos do gerente. Além disso, esse tipo de treinamento não oferece nenhuma infor mação que ajude o funcionário a entender a relação entre o conteúdo do treinamento e o desempenho do seu trabalho, os objetivos de desenvolvimento ou as metas de negócio. Esse formato de como um programa ou evento de treinamento, continuará existindo porque os funcionários sempre precisarão aprender conhecimentos ou habilidades espe cíficas. Essa abordagem supõe que as condições de negócio são previsíveis, que podem ser controladas pela empresa e que ela é capaz de determinar e prever o conhecimento e as habilidades que os funcionários precisarão no futuro. Essas suposições são válidas para algumas habilidades, como comunicação ou solução de conflitos. Entretanto, será preciso que esses eventos ou programas de treinamento estejam mais fortemente ligados à melhoria do desempenho e às necessidades do negócio para que recebam o apoio da alta gerência. O modelo de elaboração do treinamento (apresentado no Capítulo 1) e os diferentes aspectos do modelo (discutidos nos Capítulos 3 a 8) ajudarão a entender como elaborar programas de treinamento capazes de melhorar o desempenho dos funcioná rios e atender às necessidades do negócio. APRENDIZADO COMO FOCO ESTRATÉGICO Organização que aprende Ao perceberem a importância estratégica do aprendizado, muitas empresas têm se es forçado para se tornarem organizações que aprendem. Uma organização que aprende é aquela que possui uma capacidade aprimorada de aprendizado, adaptação e mudança,4 sendo que os processos de treinamento são examinados minuciosamente e alinhados às suas metas. Nela, o treinamento é visto como parte de um sistema projetado para criar capital humano. A King Arthur Flour Company, uma empresa do ramo alimentício es pecializada em farinhas, incentiva os seus 160 funcionários a aprenderem sobre culiná ria para motiválos a trabalhar e ajudar os clientes a conhecer melhor o produto.5 É preciso participar de mais ou menos 15 aulas anuais de Alimento para o Cérebro (Brain Food). Nelas, os seus pares ensinam desde como assar pães integrais até como interpre tar os demonstrativos financeiros da empresa e gerenciar as suas próprias finanças. Todos são incentivados a participar das aulas, que são voluntárias e oferecidas durante o horário de trabalho. Também é possível assistir aulas oferecidas pela empresa para padeiros profissionais ou amadores. A Tabela 2.1 mostra as características essenciais de uma organização que aprende. Observe que é destacada a ocorrência de aprendizado não apenas no nível do funcio nário individual (como enxergamos o aprendizado tradicionalmente), mas também no nível do grupo e da organização. A organização que aprende enfatiza a gestão do conhecimento. Um dos aspectos mais importantes de uma organização que aprende é a capacidade de os funcionários compreenderem tanto a partir do fracasso quanto do sucesso. Ou seja, o aprendizado inclui o entendimento de por que as coisas acontecem e por que certas escolhas levam a certos resultados.6 Tanto o sucesso quanto o fracasso desenca deiam investigações, o que ajuda os funcionários a revisarem hipóteses, modelos e teo rias. O tablet Apple’s Newton, por exemplo, foi um fracasso quando lançado em 1990. cap2_noe.indd 59 08/12/2014 17:44:50 60 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto Porém o ocorrido levou a Apple a reexaminar as suas teorias sobre o que faz um produ to de sucesso. Como resultado, a empresa reconheceu que um telefone de toque seria mais facilmente aceito pelos consumidores, visto que já existia um mercado de smart- phones. Posteriormente, o uso do que foi aprendido com o iPhone ajudou no desenvol vimento de um tablet mais bemsucedido: o iPad. A Pixar, que já criou diversos filmes de animação aclamados e bemsucedidos, ainda realiza análises do processo utilizado para fazer cada um dos seus filmes. A empresa pergunta aos funcionários quais são as cinco coisas que eles fariam e as que não fariam novamente. Isso é importante para adquirir um melhor entendimento das razões por trás do bom desempenho, para que este conhecimento possa ser compartilhado. Para aprender a partir do fracasso e do sucesso é preciso dar aos funcionários a oportunidade de fazer experiências com produ tos e serviços, semelhante ao que se faz em engenharia e pesquisa científica. Algumas das condições necessárias para experiências bemsucedidas são a existência de incerte za genuína, o custo pequeno e contido do fracasso, os riscos claros e eliminados se possível, o entendimento de que o fracasso também provê informações importantes, a definição do sucesso e o nível de significância da oportunidade. O treinamento na Walt Disney Company evoluiu nos últimos dez anos para ter ofer ta flexível de aprendizado, experiências de aprendizado personalizadas e desenvolvi mento colaborativo com clientes de treinamento internos.7 A Disney passou de uma abordagem de treinamento dado por um instrutor para uma que utiliza o ensino presen cial (seja em sala de aula ou no trabalho) combinada ao ensino on-line (jogos de simu lação, e-learning). Isso combina com a estratégia de negócio da Disney, que sempre enfatizou encontrar a tecnologia e os métodos apropriados para o público, independen temente do público em questão ser um visitante ou um funcionário (membro do elenco). É provável que um evento ou programa de treinamento isolado não traga vantagem competitiva para a empresa porque o conhecimento explícito é bem disseminado e os programas projetados para ensinálo podem ser desenvolvidos e copiados com facilida de. O conhecimento tácito desenvolvido pela experiência e compartilhado através de interações entre funcionários, entretanto, é impossível de copiar epode dar à empresa TAbElA 2.1 Características-chave de uma organização que aprende Ambiente de aprendizado que dá apoio ■ Os funcionários sentem-se seguros para expressar o que pensam sobre o trabalho, fazer perguntas, discordar dos gerentes e admitir erros. ■ Perspectivas funcionais e culturais diferentes são bem-vindas. ■ Os funcionários são incentivados a correrem riscos, inovarem e explorarem o desconhecido e o que não foi testado, como experimentar novos processos e desenvolver novos produtos e serviços. ■ Estimulam-se análises construtivas dos processos da empresa. Processos e práticas de aprendizado ■ Pratica-se criação, disseminação, compartilhamento e aplicação de conhecimento. ■ Os sistemas são desenvolvidos para criar, apreender e compartilhar conhecimento. Reforço do aprendizado pelos gerentes ■ Os gerentes escutam e questionam ativamente os funcionários, estimulando o diálogo e o debate. ■ Os gerentes estão abertos a pontos de vista diferentes. ■ Dedica-se tempo à identificação de problemas, processos e práticas de aprendizado e auditorias de desempenho. ■ O aprendizado é recompensado, promovido e apoiado. Fontes: F. Gino and G. Pisano, “Why Leaders Don’t Learn From Success,” Harvard Business Review (April 2011): 6874. Based on D. Garvin, A. Edmondson, and F. Gino, “Is Yours a Learning Organization?” Harvard Business Review (March 2008): 109116; M. Gephart, V. Marsick, M. Van Buren, and M Spiro, “Learning Organizations Come Alive,” Training and Development 50 (1996): 3445. cap2_noe.indd 60 08/12/2014 17:44:50 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 61 uma vantagem competitiva. O desenvolvimento de filmes de animação digital da Pixar, como WALL-E (uma história de amor de robôs que se passa em um mundo de lixo pós apocalíptico) e Ratatouille (sobre um ratinho francês que sonha em ser um chef de cozinha), exigiu a cooperação de uma equipe formada por diretores, roteiristas, produ tores e artistas tecnológicos talentosos que estavam em prédios diferentes, possuíam prioridades diferentes e falavam linguagens técnicas diferentes.8 A Pixar segue três princípios: (1) todos os funcionários devem ter liberdade de comunicação entre si, seja qual for a sua posição ou departamento; (2) todos devem sentirse seguros para dar ideias; e (3) a empresa deve estar ciente das inovações acontecendo na comunidade acadêmica. A Pixar University oferece uma variedade de cursos internos e treinamento cruzado de funcionários dentro de suas áreas de especialidade. Ela também oferece aulas opcionais que oportunizam o encontro e o aprendizado integrado entre funcioná rios de diferentes disciplinas. Roteirização, desenho e escultura estão diretamente rela cionados ao negócio, diferentemente de cursos de Pilates e Ioga. Os cursos são frequen tados por funcionários de todos os níveis (desde novatos até especialistas), o que reforça a ideia de que todos estão aprendendo e que isso é divertido. Implicações do aprendizado para o desenvolvimento do capital humano A ênfase no aprendizado possui diversas implicações. Em primeiro lugar, sabese que para ele ser eficaz é preciso estar relacionado à melhoria do desempenho do funcionário e ao alcance das metas de negócio da empresa. Essa conexão garante que os funcioná rios estejam motivados a saber mais e que os recursos limitados para o aprendizado (tempo e dinheiro) sejam focados em áreas que contribuirão diretamente para o sucesso do negócio. Em segundo lugar, continuará imperando a imprevisibilidade do ambiente de negócio em que as empresas operam. Visto que os problemas não podem ser previs tos com antecedência, o aprendizado precisa acontecer quando a necessidade surgir. As empresas devem ir além da sala de aula e usar experiências de trabalho, aprendizado on-line e aprendizado móvel para ajudar os funcionários a adquirirem conhecimento e habilidades ao mesmo tempo em que focam nas questões do negócio. Em terceiro lugar, sabendose que o conhecimento tácito dificilmente é adquirido pelos programas de trei namento, as empresas precisam apoiar o aprendizado informal através de mentoring, redes sociais e experiências de trabalho. Em quarto lugar, o aprendizado deve receber apoio não apenas de recursos físicos e técnicos, mas também psicológico. O ambiente de trabalho da empresa precisa apoiar o aprendizado, e os gerentes e colegas precisam incentiválo, ajudando o funcionário a encontrar maneiras de aprender no trabalho. Além disso, é fundamental que os gerentes entendam os interesses e as metas profissio nais dos funcionários para ajudálos a encontrar atividades de desenvolvimento adequa das, que os preparem para assumirem outras posições dentro da empresa ou lidarem com a expansão de seus cargos atuais. O Capítulo 5, “Elaboração do programa”, fala sobre como criar um ambiente de trabalho que apoie o treinamento e o aprendizado. A criação e o compartilhamento de conhecimento abordam o desenvolvimento do capital humano da empresa. Como vimos no Capítulo 1, o capital humano engloba co nhecimento cognitivo (saber o quê), habilidades avançadas (saber como), entendimento do sistema e criatividade (saber por quê) e criatividade automotivada (importarse por quê).9 Tradicionalmente, o treinamento tem como foco as habilidades cognitivas e cap2_noe.indd 61 08/12/2014 17:44:50 62 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto avançadas. Mas o maior valor para o negócio pode ser criado ao fazer os funcionários entenderem o processo de manufatura ou serviço e as interrelações entre os departa mentos e as divisões (compreensão do sistema), bem como motiválos a oferecer produ tos e serviços de alta qualidade (importarse por quê). Para criar e compartilhar conhe cimento, as empresas devem oferecer o espaço físico e a tecnologia (email, sites, redes sociais) para incentivar a colaboração dos funcionários e o compartilhamento do co nhecimento. A Ford Motor Company possui comunidades de prática organizadas por funções.10 Todos os pintores de todas as montadoras da Ford no mundo pertencem à mesma comunidade, por exemplo. Em cada fábrica um dos pintores serve de “ponto focal”. Se um pintor local descobre uma maneira de melhorar um dos 60 passos envol vidos no processo de pintura, a pessoa que atua como ponto focal preenche um modelo descrevendo a melhoria e os seus benefícios. Depois, o modelo é enviado em formato eletrônico para um especialista no assunto que se encontra na sede da Ford. Ele então analisa a prática e decide se é válido que ela seja compartilhada com outras montado ras. Se for o caso, a prática é aprovada e enviada para as outras montadoras. A partir de suas comunidades de prática, a Ford acumulou $ 1,3 bilhão em valor estimado para a empresa e já converteu mais de $ 800 milhões em valor real. À medida que as empresas reconhecem o valor do treinamento e do desenvolvimen to e os enxergam como parte de uma estratégia de aprendizado mais ampla, são neces sários sete itens, de acordo com uma pesquisa realizada pela Accenture Learning:11 1. Alinhamento de metas de aprendizado e metas de negócio. 2. Medição do impacto geral do aprendizado no negócio. 3. Movimento de aprendizado fora da empresa para incluir consumidores, vendedores e fornecedores. 4. Foco no desenvolvimento de competências para os cargos mais críticos. 5. Integração do aprendizado com outras funções de recursos humanos, como gestão do conhecimento, apoio ao desempenho e gestão de talentos. 6. Abordagens para a oferta que incluam treinamento em sala de aula e e-learning. 7. Elaboração e oferta de cursos de desenvolvimento de liderança. Estes itens são parte do processo estratégico de treinamento e desenvolvimento, que será discutido a seguir. PROCESSO ESTRATÉGICO DE TREINAMENTO E DESENvOlvIMENTO Agora que você entende como o treinamento empresarial está evoluindo e já foi apre sentado aos conceitos de estratégia de negócio e ao modo como o treinamento pode apoiar essa estratégia, você estápreparado para estudar esse processo estratégico. A Figura 2.1 ilustra um modelo de processo com exemplos de iniciativas estratégicas, atividades de treinamento e indicadores. O modelo mostra que o processo inicia pela identificação da estratégia de negócio. Em seguida, escolhemse as iniciativas de treinamento e desenvolvimento que apoiam a estratégia. O próximo passo, é traduzir essas iniciativas em atividades concretas. A úl tima etapa, envolve a identificação de medições e indicadores, sendo estes utilizados para verificar se o treinamento contribuiu para as metas relacionadas à estratégia de negócio. As próximas seções detalham cada um dos passos do processo. cap2_noe.indd 62 08/12/2014 17:44:51 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 63 Elaboração e identificação da estratégia de negócio Existem cinco elementos principais no desenvolvimento de uma nova estratégia de ne gócio ou na alteração de uma estratégia já existente.12 A Figura 2.2 apresenta esses fato res. O primeiro elemento é a missão da empresa, que declara a razão pela qual ela existe. A missão varia, mas normalmente inclui informações sobre consumidores aten didos, o que ela faz, o valor recebido pelos clientes e a tecnologia utilizada. A declara ção da missão é frequentemente acompanhada de uma declaração da visão ou dos valo res da empresa. A visão é a imagem do que a empresa almeja alcançar no futuro, enquanto os valores são o que a empresa defende e em que acredita. O segundo elemen to são as metas da empresa, aquilo que ela deseja atingir a médio e longo prazo, e nor malmente refletem como a missão será realizada. O treinamento pode contribuir para várias metas de negócio diferentes, como mostra a Tabela 2.2. Tanto as organizações com fins lucrativos quanto as sem fins lucrativos costumam incluir metas relacionadas FIGURA 2.1 Processo estratégico de treinamento e desenvolvimento ▪ Diversi�car o portfólio de aprendizagem ▪ Melhorar o serviço ao consumidor ▪ Acelerar o ritmo de aprendizado dos funcionários ▪ Apreender e compartilhar conhecimento Estratégia de negócio Iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento Atividades de treinamento e desenvolvimento Indicadores que mostram o valor do treinamento ▪ Utilizar treinamento web ▪ Tornar compulsório o planejamento de desenvolvimento ▪ Desenvolver sites para o compartilhamento de conhecimento ▪ Aumentar a quantidade de treinamento em serviço ao consumidor ▪ Aprendizado ▪ Melhoria do desempenho ▪ Redução das reclamações dos clientes ▪ Redução da rotatividade ▪ Engajamento dos funcionários FIGURA 2.2 Como elaborar a estratégia de negócio Análise externa Oportunidades Ameaças Análise interna Forças Fraquezas Metas Objetivos da empresa Missão Por que a empresa existe? Escolha estratégica Como competiremos? cap2_noe.indd 63 08/12/2014 17:44:53 64 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto à satisfação das partes interessadas. O termo partes interessadas (stakeholders) engloba acionistas (se a empresa é de capital aberto e com fins lucrativos), comunidade, consu midores, funcionários e todas as outras partes que têm algum interesse no sucesso da empresa. O terceiro e o quarto elementos, análise externa e interna, são combinados para formar o que chamamos de análise SWOT (ou análise FOFA: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), que abrange uma análise interna das forças e fraquezas e uma análise externa das oportunidades e ameaças que existem atualmente ou que são previs tas para a empresa. A análise externa envolve o estudo do ambiente para identificar oportunidades e ameaças. Como exemplos de oportunidades, podese citar consumido res e clientes globais que não estão sendo atendidos, tecnologias que podem ajudar a empresa e fontes potenciais de funcionários talentosos pouco ou nada utilizadas. Entre as ameaças, incluemse mudanças na economia, escassez de talentos ou de liderança, novos competidores e mudanças na legislação que possam afetar negativamente a em presa. A análise interna busca identificar as forças e fraquezas da própria empresa, tendo como foco examinar a quantidade e a qualidade do capital financeiro, físico e humano disponível. O último elemento é a escolha estratégica. Após realizar a análise SWOT, a empresa (normalmente os gerentes envolvidos com o planejamento estratégi co) possui todas as informações necessárias para pensar sobre como competir, criar várias estratégias de negócio alternativas e fazer uma escolha estratégica. As decisões que precisam ser feitas sobre como competir estão na Tabela 2.3. As possíveis estraté gias alternativas têm como base de comparação a capacidade de atingir as metas da empresa. A escolha estratégica representa a estratégia que se acredita ser a melhor para alcançar as metas. Observe o papel da análise SWOT na CarMax, lojas de carros seminovos espalhada pelos Estados Unidos com preços baixos sem pechinchar, e na DPR Construction.13 TAbElA 2.2 Possíveis metas de negócio influenciadas pelo treinamento ■ Produtividade ■ Menos desperdício e retrabalho ■ Maior satisfação do consumidor ■ Menos riscos e acidentes operacionais por descaso de funcionários ■ Maior satisfação e retenção de funcionários ■ Mais bens produtores de tempo e de valor, como um aumento em horários faturáveis de projeto por hora ■ Melhores decisões de gestão ■ Maior desenvolvimento de capital humano ■ Necessidade de planejamento sucessório para vantagem competitiva e crescimento Fontes: Baseado em R. Rivera, “How to Demonstrate Value: Key Measures Every Learning Professional Should Know.” In WLP Scorecard: Why Learning Matters (pp. 1724). Alexandria: VA: ASTD Press. TAbElA 2.3 Decisões que precisam ser tomadas sobre como competir para alcançar as metas da empresa 1. Onde competir? Em quais mercados (indústrias, produtos etc.) competiremos? 2. Como competir? Em qual resultado ou característica diferencial competiremos? Custo? Qualidade? Confiabilidade? Oferta? Inovação? 3. Com o que competiremos? Que recursos possibilitarão superar a concorrência? Como os recursos para competir serão adquiridos, desenvolvidos e implantados? Fonte: “Strategy–Decisions About Competition.” In R. Noe, J. Hollenbeck, B. Gerhart, and P. Wright, Human Resource Management: Gaining a Competitive Advantage, 8th ed. (Burr Ridge, IL: Irwin/McGrawHill, 2011): 77. cap2_noe.indd 64 08/12/2014 17:44:54 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 65 Entender quais as habilidades necessárias aos funcionários para que tenham êxito é uma parte importante da estratégia de longo prazo da CarMax. A empresa reflete sobre ha bilidades de que eles precisam, tanto para apoiar o seu princípio de negócio fundamen tal, que é a integridade, quanto para o desempenho da empresa. Ela enfatiza a importân cia de competências que guiam o comportamento e influenciam no desempenho do funcionário. Os programas de treinamento da CarMax têm como base avaliações inter nas e externas. As avaliações internas compreendem as contribuições dos gerentes sobre necessidades e lacunas nas competências, bem como pesquisas com os funcionários que questionam o que eles precisam para melhorar o desempenho. A análise externa inclui o monitoramento de tendências e de novas práticas em gestão de talentos, recursos hu manos e sociedade em geral. O surgimento do uso de tecnologias de rede social, por exemplo, convenceu a CarMax a incorporálas em seus programas de treinamento. A missão geral de aprendizagem da DPR Construction é “Nós criamos e oferece mos oportunidades de aprendizado para aprimorar o potencial de nossos funcionários em apoio aos nossos objetivos de negócio”. Nas sessões de planejamento para o ano seguinte, que acontecem no outono, o grupo de aprendizagem global da DPR reúnese. Este grupo é formado por indivíduos de diferentes escritórios e funções que focam em iniciativas de treinamento, além de líderes da empresa. Nele, é falado sobremelhores práticas, dados de diagnóstico de necessidades e estratégia de negócio. Um resumo da reunião é apresentado ao Comitê Administrativo, responsável pelas operações em toda a DPR. Solicitase a ajuda de especialistas no assunto para colaborarem com a elabo ração e a oferta de novas iniciativas de treinamento para atender às necessidades diag nosticadas. O feedback dos funcionários também é levado em consideração ao se pen sar em novas iniciativas de treinamento. Quando a DPR se interessou sobre como as novas tecnologias (e-learning) podiam ser usadas em programas de treinamento, de senvolveu e aplicou uma pesquisa com os funcionários, na forma de uma lista de cur sos, pedindo que escolhessem quais prefeririam receber em sala de aula e quais através do e-learning. Ainda que essas decisões sejam igualmente importantes, é comum que as empresas deem menos atenção à questão “Com o que competiremos?”, resultando em insucesso no atingimento das metas. Faz parte dessa decisão descobrir como os capitais humano, físico e financeiro podem ser utilizados. A utilização do capital humano para obter uma vantagem competitiva exige uma ligação entre as práticas de recursos humanos (como treinamento e desenvolvimento) e a estratégia de negócio da empresa. Como identificar as iniciativas de treinamento e desenvolvimento que apoiam a estratégia As iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento são ações relacionadas ao aprendizado que uma empresa deve realizar para atingir a sua estratégia de negócio.14 Elas variam de uma empresa para outra, dependendo da indústria, metas, recursos e capacidade. As iniciativas baseiamse no ambiente de negócio, na compreensão das metas e recursos da empresa e perspicácia quanto às opções de treinamento e desenvol vimento potenciais. Elas criam um mapa para guiar atividades de treinamento específi cas. Além disso, mostram como o setor de treinamento ajudará a empresa a atingir suas metas (e, assim, mostram como o setor agregará valor). A tendência é existir uma separação entre a estratégia e a sua execução. Para evitar que isso ocorra, os profissionais de aprendizado devem buscar os gerentes para garantir cap2_noe.indd 65 08/12/2014 17:44:54 66 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto que as iniciativas e as atividades estratégicas de treinamento estejam alinhadas à estra tégia de negócio e que os recursos e o suporte financeiro para a realização das ativida des sejam providenciados.15 Para contribuir para a estratégia de negócio, é importante que o setor de treinamento entenda e apoie a estratégia e agregue valor para os consumidores. Vincular os planos de treinamento aos de negócio é importante porque os planos do negócio descrevem as prioridades de uma empresa (planos ou iniciativas) e incluem descrições de quem estará envolvido, qual é o contexto e como isso pode afetar o plano, como ele será realizado (operações) e quais decisões precisam ser tomadas, incluindo as relacionadas ao treina mento e desenvolvimento, para aumentar as chances de sucesso do plano. Para garantir que as suas iniciativas apoiem a estratégia de negócio, a CA, uma empresa de software, constrói planos de treinamento e estabelece prioridades para planos de negócio separa dos por cargos (não gerencias, gerencias e executivos) durante o processo de planejamen to orçamentário a cada ano fiscal.16 Os planos de treinamento incluem as habilidades técnicas e interpessoais exigidas para cada grupo, e de que forma elas serão desenvolvi das. Para garantir que os planos de treinamento ajudem a atingir as necessidades do ne gócio, eles são atualizados trimestralmente. Também são feitas reuniões mensais com o pessoal de treinamento e os líderes do negócio, que revisam as necessidades e discutem planos futuros. O pessoal de treinamento tem foco na identificação de três a cinco inicia tivas consideradas as mais importantes para apoiar a estratégia de negócio. A Tabela 2.4 mostra iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento e as suas implicações para as práticas de treinamento. Diversificar o portfólio de aprendiza- do significa que a empresa pode oferecer outras oportunidades além dos programas de treinamento tradicionais. Estas oportunidades englobam o aprendizado informal que ocorre no trabalho por meio de interações com os pares, novas experiências de trabalho, oportunidades de aprendizado personalizadas usando mentores, coaches e feedbacks personalizados de acordo com as necessidades do funcionário, além do uso de tecnolo gia (como o treinamento web). Esse tipo de treinamento tem o ritmo ditado pela própria pessoa e está disponível fora do ambiente formal de sala de aula (isso será discutido nos Capítulos 7 e 8). A Reliance Industries Ltd., uma empresa indiana com negócios em energia e petro química e produtos de poliéster, utiliza uma ampla variedade de iniciativas de aprendi zado, com diferentes métodos.17 Para aumentar as oportunidades de treinamento em emergências e defeitos, por exemplo, a Reliance investiu em treinamentos de simulação com os funcionários das fábricas em mais de 185 instalações. Para apreender o conhe cimento especializado e disponibilizálo para todos os funcionários em qualquer traba lho dentro da empresa, utilizouse uma nova solução com base na tecnologia. Os espe cialistas podem compartilhar conhecimento e experiência através de palestras em vídeo, disponíveis aos outros funcionários pela intranet da empresa, a qualquer horário. Para ajudar a atender à sua demanda por engenheiros, a Reliance formou uma parceria com instituições de ensino para criar um currículo que seja adequado às atribuições especí ficas da empresa. A iniciativa de ampliar os grupos que recebem o treinamento referese ao reconhe cimento de que, como os funcionários muitas vezes são o primeiro ponto de contato entre a empresa e os consumidores, eles necessitam de treinamento igual ou maior ao que é realizado com os gerentes. A University Health System conta com um hospital e 17 clínicas espalhadas pelo Condado de Bexar, no Texas.18 Ela foi desafiada a oferecer cap2_noe.indd 66 08/12/2014 17:44:54 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 67 oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades aos seus 1.500 funcio nários remotos. Para isso, o departamento de aprendizado ampliou as oportunidades, visitando as clínicas para desenvolver o currículo e implantar o treinamento. Salões de educação agora trazem até a empresa provedores de educação continuada para que os funcionários possam ver todas as oportunidades existentes de uma só vez, e um site possibilita que os funcionários acessem informações sobre faculdades, universidades, ajudas de custo e bolsas. O programa Escola no Trabalho (School at Work) ajuda funcio nários em cargos inicias a obterem as habilidades e o conhecimento necessários para ocuparem outras posições. São abordados tópicos como matemática, leitura e habilida des de comunicação necessários para atender aos requisitos do programa de diplomação e certificação. Os funcionários seguem o seu próprio ritmo para trabalhar no programa, usando DVDs e treinamento on-line. O departamento de aprendizado também criou a Academia de Profissionais Administrativos (Administrative Professionals Academy), projetada para equipar profissionais especializados de alto desempenho com conheci mento e habilidades para avançarem na carreira. TAbElA 2.4 Iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento e suas implicações Iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento Implicações Diversificar o portfólio de aprendizado ■ Usar tecnologias para o treinamento, como a Internet ■ Facilitar o aprendizado informal ■ Oferecer oportunidades de aprendizado mais personalizadas Ampliar os grupos que recebem treinamento ■ Treinar clientes, fornecedores e funcionários ■ Oferecer mais oportunidades de aprendizado para cargos não gerenciais Acelerar o ritmo do aprendizadodo funcionário ■ Identificar rapidamente as necessidades e oferecer uma solução de aprendizado de alta qualidade ■ Reduzir o tempo de desenvolvimento de programas de treinamento ■ Facilitar o acesso aos recursos de aprendizado quando a necessidade surgir Melhorar o serviço ao consumidor ■ Garantir que os funcionários detenham conhecimento do produto e do serviço ■ Garantir que os funcionários possuam habilidades para interagirem com os clientes ■ Garantir que os funcionários compreendam suas funções e autoridade na tomada de decisões Promover oportunidades de desenvolvimento e comunicação com os empregados ■ Garantir que os funcionários tenham oportunidades de se desenvolverem ■ Garantir que os funcionários entendam oportunidades de crescimento profissional e pessoal ■ Garantir que o treinamento e o desenvolvimento tratem das necessidades dos funcionários no cargo atual bem como das oportunidades de crescimento Apreender e compartilhar o conhecimento ■ Apreender a perspicácia e as informações dos funcionários conhecedores do assunto ■ Organizar e armazenar logicamente as informações ■ Criar métodos para disponibilizar as informações (p. ex., guias de recursos, sites) Alinhar treinamento e desenvolvimento à direção da empresa ■ Identificar conhecimentos, habilidades, capacidades ou competências necessários ■ Garantir que os programas atuais apoiem as necessidades estratégicas da empresa Garantir que o ambiente de trabalho apoie o aprendizado e a sua transferência ■ Eliminar restrições ao treinamento, como falta de tempo, de recursos ou de equipamentos ■ Dedicar espaço físico para incentivar trabalho em equipe, colaboração, criatividade e compartilhamento de conhecimento ■ Garantir que os funcionários entendam a importância do aprendizado ■ Garantir que gerentes e pares apoiem treinamento, desenvolvimento e aprendizado Fonte: Baseado em S. Tannenbaum, “A Strategic View of Organizational Training and Learning.” In Creating, Implementing, and Managing Effective Training and Development, ed. K. Kraiger (San Francisco: JosseyBass, 2002): 1052. cap2_noe.indd 67 08/12/2014 17:44:54 68 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto Além disso, para dar um melhor atendimento ao cliente, para fornecedores, vende dores e consumidores, as empresas precisam distribuir informações sobre como usar os produtos e serviços oferecidos. Por esse motivo, elas estão começando a treinar os for necedores para garantir que os componentes que eles fornecem atendem aos padrões de qualidade dos seus consumidores. Para serem bemsucedidas, é preciso que as empresas consigam lidar com mudanças em tecnologia, necessidades do cliente e mercados glo bais. As necessidades de treinamento precisam ser identificadas com rapidez e seguidas por um treinamento eficaz. Ou seja, é preciso que as empresas acelerem o ritmo do aprendizado do funcionário. Elas também estão dependendo de sistemas eletrônicos de suporte ao desempenho (electronic performance support systems, EPSSs) para oferecer acesso imediato a informações, aconselhamento e orientação (os EPSSs serão trabalha dos no Capítulo 5). O EPSS pode ser acessado através de computadores pessoais, tablets ou telefones celulares sempre que for necessário. Os funcionários precisam estar prepa rados para melhorar o serviço ao consumidor. Eles devem estar bem informados quan to ao produto ou serviço, ter habilidade no serviço ao consumidor e entender os tipos de decisão que podem tomar (p. ex., se estão autorizados a abrir uma exceção à política de não fazer reembolso em dinheiro). É importante proporcionar oportunidades de desenvolvimento e informar isso aos funcionários, para que eles acreditem que há possibilidade de crescimento e aprendiza do de novas habilidades. Essas oportunidades são essenciais para atrair e reter funcio nários talentosos. Apreender e compartilhar conhecimento é uma forma de assegurar que conhecimentos relevantes sobre clientes, produtos ou processos não se percam caso funcionários deixem a empresa. Além disso, dar aos funcionários acesso ao conheci mento de seus pares pode diminuir o tempo de resposta ao cliente e melhorar a qualida de do produto e do serviço. Em vez de “reinventar a roda”, o pessoal de serviço acessa um banco de dados que permite que se encontre problemas e soluções que outros repre sentantes de serviços já desenvolveram. A AT&T utiliza as redes sociais de três formas. O “Você faz a diferença” (You Matter) permite que funcionários compartilhem ideias e blogs sobre diversos assuntos, como gestão de finanças e bemestar.19 Através da “tSpace”, uma plataforma interna para blogs e wikis, podese criar um perfil pessoal e entrar em comunidades de prática organizadas por tópicos específicos, o que oportuniza compartilhar ideias e fazer perguntas. Com a “Otimização de talentos” (Talent Optimization, TOP), os gerentes procuram em toda a empresa por funcionários que tenham as habilidades que eles estão precisando, cor respondendo os talentos dos funcionários às vagas abertas. Alinhar o treinamento e o desenvolvimento à direção estratégica da empresa é im portante para garantir que o treinamento contribua para as necessidades do negócio. As empresas precisam identificar quais as aptidões (p. ex., conhecimento, habilidades) ne cessárias e julgar se os programas de treinamento e serviços estão contribuindo para aprimorálas. Por último, é preciso um ambiente de trabalho que dê apoio para que os funcionários sintamse motivados a participar das atividades, aplicar no trabalho o que foi aprendido e compartilhar o conhecimento com os outros. A parte tangível do apoio inclui tempo e verba para treinamento e desenvolvimento, além de áreas de trabalho que incentivem os funcionários a se encontrarem e trocarem ideias. Receber o apoio psico lógico da parte dos gerentes e pares também é importante. Os tipos de apoio tangível e psicológico serão discutidos no Capítulo 5. Como uma empresa pode se certificar de que as iniciativas de treinamento e desen volvimento estão vinculadas à estratégia de negócio? A Tabela 2.5 mostra as questões cap2_noe.indd 68 08/12/2014 17:44:55 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 69 que precisam ser respondidas pela empresa para identificar e desenvolver as iniciativas estratégicas. Para ajudar com estas perguntas, é preciso que os instrutores leiam os re latórios anuais, planejamentos estratégicos, demonstrativos de resultado e relatórios de analistas. Para entender a estratégia de negócio e as suas implicações para o treinamen to, pode ser útil convidar os gerentes para participarem das reuniões da equipe. Em empresas com várias divisões, é imprescindível entender como cada negócio mede a eficácia, monitora e relata o desempenho e quais os desafios que enfrenta, como gestão da cadeia de suprimentos, desenvolvimento de novos produtos, pressões da concorrên cia ou questões de garantia de serviço. Como oferecer atividades de treinamento e desenvolvimento ligadas às iniciativas estratégicas Após a escolha das iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento relaciona das à estratégia de negócio da empresa, o próximo passo é identificar atividades especí ficas que possibilitarão a realização das iniciativas. Isso inclui o desenvolvimento de iniciativas relacionadas ao uso de novas tecnologias em treinamentos, o aumento do acesso aos programas para determinados grupos de funcionários, a redução do tempo de desenvolvimento e a expansão ou elaboração de novos cursos. É preciso que os repre sentantes de serviço ao consumidor saibam falar sobre o conteúdo dos produtos finan ceiros e lidar com as transações desses produtos pelo telefone com clientes e especialis tas financeiros. Os representantes trabalham na indústria de mercado de valores mobiliários, que é altamente regulamentada nos Estados Unidos, e alguns precisam ter uma licença para que possam vendêlos. A ênfase da American Expressno treinamento está relacionada não apenas às necessidades da empresa, mas também ao princípio bá sico de negócios de que custa menos servir bem os clientes e mantêlos do que substituí los por outros depois que se forem. Oferecer um bom serviço e preservar a lealdade do consumidor depende do bom atendimento dos representantes ao trabalhar ao telefone, tirar pedidos, oferecer assistência e desenvolver relações com os clientes. Quando novos funcionários chegam para trabalhar no setor de serviço ao consumi dor da American Express, eles iniciam um programa de treinamento de oito semanas projetado para ajudálos a construírem e solidificarem a clientela da empresa. Inicial mente, eles dividem os seus dias entre aprender sobre os produtos de investimento da American Express e praticar como trabalharão com os conselheiros financeiros e os clientes. Depois de concluir o treinamento inicial e começar a trabalhar ao telefone com clientes reais, ainda é preciso receber pelo menos mais duas semanas de treinamento por ano. O treinamento permanente é uma combinação entre sala de aula e treinamento web em tópicos como novos produtos financeiros e mudanças nas regulamentações de TAbElA 2.5 Perguntas a serem feitas para desenvolver iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento 1. Qual é a visão e a missão da empresa? Identificar os guias estratégicos do negócio. 2. Quais as capacidades que a empresa precisa obter como resultado da estratégia de negócio e dos desafios do ambiente do negócio? 3. Que tipos de treinamento e desenvolvimento atrairão, reterão e desenvolverão melhor o talento necessário para o sucesso? 4. Quais as competências vitais para o sucesso da empresa e estratégia de negócio? 5. A empresa tem um plano para a ligação entre o treinamento e a estratégia de negócio ser compreendida por executivos, gerentes e funcionários ou clientes? 6. A equipe de gestão sênior apoiará e patrocinará publicamente o treinamento e o desenvolvimento? 7. A empresa oferece oportunidades de treinamento para equipes e não apenas para indivíduos? Fonte: Baseado em R. Hughes and K. Beatty, “Five Steps to Leading Strategically,” T+D (December 2005): 4648. cap2_noe.indd 69 08/12/2014 17:44:55 70 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto segurança. Os módulos de treinamento on-line são utilizados para ensinar habilidades no computador, do tipo como usar um novo software ou como reduzir o número de telas que um representante precisa olhar para encontrar determinada informação. Os funcio nários de serviço ao consumidor têm tempo para revisar o material, fazer perguntas e praticar nos sistemas de computador que utilizarão posteriormente. Como identificar e coletar indicadores para comprovar o sucesso do treinamento Como uma empresa determina se as atividades de treinamento e desenvolvimento con tribuem efetivamente para a estratégia e para as metas de um negócio? Esta determina ção envolve a identificação e a coleta de indicadores, que são resultados do negócio escolhido para medir o valor geral das iniciativas de treinamento e aprendizado. Os in dicadores podem ser a retenção de funcionários, o engajamento, o serviço ao consumi dor, a produtividade e a qualidade. É importante reconhecer a diferença entre os resul tados do programa de treinamento e os indicadores de negócio. Normalmente, a avaliação do programa de treinamento está relacionada à medição da satisfação do par ticipante com o programa, avaliando melhorias no conhecimento, habilidades e capaci dades, ou identificando se o programa influenciou resultados de negócio, como a produ tividade. A avaliação do treinamento, utilizada para determinar a eficácia dos cursos e programas, será discutida no Capítulo 6, “Avaliação do treinamento”. Comparados aos resultados de avaliação do treinamento, os indicadores focam mais nos resultados objetivos do que em outras consequências. São medições relacionadas ao negócio estratégico, isto é, não são ligadas a um curso ou programa e sim escolhidas para representar o valor esperado de várias iniciativas. Vejamos um exemplo: uma empresa de fast-food queria determinar o valor estratégico geral do treinamento. Isso quer dizer que o foco era o tempo e a verba investidos em treinamento em várias lojas de fast-food e não em um ou dois programas dentro de uma só loja. A empresa descobriu que o treinamento melhorou o serviço ao consumidor, a retenção de funcionários e os lucros.20 Os resultados relacionados ao negócio devem ser diretamente ligados à estratégia e às metas do negócio, podendo avaliar o serviço ao consumidor, a satisfação ou engaja mento dos funcionários, a rotatividade de funcionários, o número de defeitos com os produtos, o tempo gasto em desenvolvimento de produtos, o número de patentes ou o tempo gasto para preencher posições gerenciais. Algumas empresas utilizam o balan- ced scorecard como forma de avaliar todos os aspectos de um negócio. O balanced scorecard é uma metodologia de medição de desempenho que permite que os gerentes olhem para o desempenho geral da empresa ou para o desempenho de departamentos ou setores (como o de treinamento) da perspectiva de clientes internos e externos, funcio nários e partes interessadas.21 Também considera quatro perspectivas diferentes: do cliente, interna, inovação e aprendizado e financeiro. A ênfase e o tipo de indicadores usados na medição de cada perspectiva são baseados na estratégia e metas de negócio da empresa. As quatro perspectivas e exemplos de indicadores para medilas são: ■ Cliente (tempo, qualidade, desempenho, serviço, preço). ■ Interno (processos que influem na satisfação do cliente). ■ Inovação e aprendizado (eficiência operacional, satisfação dos funcionários, melho ria contínua). ■ Financeiro (rentabilidade, crescimento, retorno acionário). cap2_noe.indd 70 08/12/2014 17:44:55 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 71 Os indicadores que podem ser usados para avaliar a contribuição do treinamento para o balanced scorecard incluem funcionários treinados (número de funcionários treinados dividido pelo total de funcionários), custos do treinamento (custo total do treinamento dividido pelo número de funcionários treinados) e custo do treinamento por hora (custo total do treinamento dividido pelo total de horas de treinamento). A EMC Corporation, uma empresa no ramo da tecnologia, utiliza o balanced scorecard para acompanhar e medir o aprendizado.22 É feito o acompanhamento trimestral do desem penho da empresa com indicadores medindo alinhamento do negócio, prontidão da for ça de trabalho, tempo de colocação do produto no mercado, globalização e eficácia. A empresa também implantou indicadores de desempenho que são diretamente relaciona dos às necessidades de negócio atuais e futuras. Os funcionários recebem planos de desenvolvimento individuais que têm como base uma análise de seus empregos. Já a Ingersoll Rand exige que as suas unidades apresentem argumentos de negócio convin centes para novos gastos.23 Seguindo este modelo, a Ingersoll Rand University (IRU) mostra que o aprendizado faz a diferença e contribui para a estratégia de negócio através de indicadores como benefícios esperados, custos únicos contra custos permanentes, prazo de validade dos produtos de aprendizado e taxas de participação dos funcionários nos programas. A cada ano, a IRU apresenta um relatório para comunicar feitos, dire ções estratégicas e eficácia operacional. São oferecidos workshops sobre melhoria de processos relacionados ao Lean Seis Sigma (uma iniciativa de qualidade), que é uma prioridade do negócio. A IRU conseguiu mostrar que esses workshops economizaram centenas de milhares de dólares para a empresa, com redução de 76% nos custos de entrega aos vendedores. O processo de identificação e coleta de indicadores está relacio nado à avaliação do treinamento, o último passo na Figura 1.2 no Capítulo 1. O Capítu lo 6 falará sobre os diferentes tipos de resultadosutilizados para avaliar os indicadores de um programa de treinamento. É claro que mostrar que o treinamento está diretamen te relacionado ao “resultado final” (p. ex., aumento em serviços, vendas ou qualidade do produto) é a forma mais convincente de comprovar o valor que ele tem. Exemplos do processo estratégico de treinamento e desenvolvimento Veja o processo estratégico de treinamento e desenvolvimento de duas empresas bem diferentes: Barilla Group e Mike’s Carwash. O Barilla Group é o líder no ramo de mas sas em todo o mundo, no ramo de molho para massas na Europa continental, no ramo de panificadoras na Itália e no ramo de pão crocante na Escandinávia.24 A missão, a visão e os valores da Barilla estão na Tabela 2.6. A cultura com base no desempenho da empresa salienta a competitividade, o engajamento e a liderança. A Barilla conta com 15 mil funcionários em todo o mundo e 420 fábricas de massas em Ames, Iowa e Avon, Nova Iorque. Nas operações norteamericanas da Barilla, o crescimento nas duas fábricas está levando à expansão e à ênfase no aprendizado. A importância do treinamento e desen volvimento para o negócio é ressaltada pelas metas organizacionais, que incluem “for talecer a vantagem competitiva através do talento, do desempenho e da cultura”, bem como atingir metas financeiras e de vendas. A organização de aprendizado da divisão projeta, desenvolve e propicia a sessão de planejamento estratégico anual. As metas corporativas estratégicas influeciam nos planos estratégicos de recursos humanos da empresa, que por sua vez afetam as prioridades de aprendizado. O processo conta com entrevistas individuais entre o diretor de aprendizado e desenvolvimento de talentos e cap2_noe.indd 71 08/12/2014 17:44:55 72 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto executivos que trabalham juntos para determinar os objetivos da sessão de planejamen to estratégico. Recentemente, a pauta da sessão de planejamento estratégico teve foco em como ampliar o negócio através da identificação de indicadoreschave para as equi pes, discussão do desempenho geral das equipes e alocação de pessoas, processos e tecnologias. Existem diversas iniciativas e atividades estratégicas de treinamento e desenvolvi mento nas operações das empresas norteamericanas. Primeiro, para acelerar o ritmo do aprendizado e desenvolvimento do funcionário os planos individuais são combinados a pontos fortes e paixões do funcionário, usando a opinião dos gerentes para saber se es tão alinhados. No nível da diretoria, cada membro da equipe de liderança contribui com opiniões para o plano de desenvolvimento. A organização que aprende desempenha um papel central na gestão de mudanças. Ela foi responsável pela implantação bemsucedi da do novo sistema de planejamento de recursos da empresa. Os membros de uma pe quena equipe de gestão de mudanças foram encarregados de se comunicarem direta mente com os funcionários, podendo assim observar o processo de conversão. Foram realizadas reuniões periódicas para pedir a opinião de funcionários afetados pela con versão e explicar detalhes da mudança. Uma linha do tempo apresentada mensalmente mostrava a transição para o novo sistema, bem como atualizações sobre o progresso e metas atingidas. Essa linha do tempo destacava as conexões entre a estratégia de negó cio e o trabalho diário, incluindo a mudança do processo e o desempenho da equipe desde os líderes e gerentes até funcionários da linha de produção. Para diversificar as oportunidades de aprendizado e garantir que o treinamento necessário estava sendo oferecido, a organização que aprende formou uma parceria com pares da sede italiana da empresa para conduzir um diagnóstico de necessidades. Isso ajudou a identificar as necessidades de desempenho e quais as habilidades a serem desenvolvidas em cada departamento, tendo como base as metas organizacionais, as metas do departamento e as lacunas em habilidades. Os dados do diagnóstico também foram usados para deter minar os métodos e prioridades de aprendizado da Barilla University. A Mike’s Carwash, de Indianapolis, é uma rede privada de lavagens de carros com 37 lojas e 650 funcionários em Indiana e Ohio.25 Aberta em 1948, a primeira Mike’s chamavase “Mike’s Minit Man Carwash”, uma referência ao tipo de equipamento usa do na época. A Figura 2.3 mostra como a Mike’s Carwash vincula a sua estratégia de negócio ao treinamento e ao desenvolvimento. TAbElA 2.6 Visão, missão e valores da Barilla visão “Ajudamos as pessoas a viverem melhor, levando o bem-estar e a alegria de comer para o seu dia a dia.” Missão ■ Desde 1877, a Barrila é a empresa da família italiana que acredita que a comida é uma experiência feliz de convívio, é sabor, é uma forma de compartilhar e demonstrar carinho. ■ A Barilla oferece produtos deliciosos e seguros a um ótimo preço. ■ A Barilla acredita no modelo nutricional italiano que reúne ingredientes de qualidade superior e receitas simples para criar experiências sensoriais únicas. ■ O sentimento de pertencimento, a coragem e a curiosidade intelectual inspiram nossos comportamentos e caracterizam o nosso pessoal. ■ A Barilla sempre teve o seu desenvolvimento ligado ao bem-estar das pessoas e às comunidades em que trabalha. valores Paixão, confiança, curiosidade intelectual, integridade e coragem. Fonte: www.barillaus.com, site oficial do Barilla Group. cap2_noe.indd 72 08/12/2014 17:44:55 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 73 A estratégia de negócio da Mike’s tem como base a reputação pela qual a empresa é conhecida: serviço consistente e rápido, clientes recorrentes e crescimento do negócio com quatro ou cinco novas localidades a cada ano. As lavagens da Mike’s Carwashes são automatizadas e contam com equipamentos, sistemas e tecnologias desenvolvidas por funcionários da Mike’s. A empresa atribui uma parcela do seu sucesso à perspicácia para negócios da família Dahm, mas acredita que a maior parte do sucesso vem dos seus fun cionários e das práticas de seleção e treinamento. Os fundadores da empresa, Joe e Ed Dahm, eram conhecidos por falar para seus funcionários que a empresa era na verda de um negócio que lidava com o público, só que por acaso lavava carros. A sua missão é oferecer um serviço rápido e amigável à chefia (ou seja, aos clientes) com um bom preço. A satisfação do cliente é muito importante, sendo que o foco é replicar o negócio, servindo os clientes para que eles desejem voltar novamente. O maior desafio enfrenta do pela Mike’s é oferecer uma experiência consistentemente agradável para o cliente. A empresa está sempre buscando melhorar a experiência do cliente através de novas ideias. Se uma ideia nova funcionar, ela será implantada em todas as localidades. A Mike’s acredita que não basta encontrar ótimos funcionários, é preciso treinálos e desenvolvê los. O site da empresa explica que ela tem “fama de seletiva” quando o assunto é con tratação: para cada 50 pessoas em processo de seleção, apenas uma é de fato contratada. A Mike’s utiliza treinamento e desenvolvimento para reter e engajar os seus funcioná rios. Cada um possui um plano de desenvolvimento e recebe avaliações de desempenho duas vezes ao ano. O treinamento dos novos funcionários engloba a familiarização com as boas práti cas e como ajudar clientes nas diferentes situações que encontrarão na lavagem. Antes de atender o seu primeiro cliente, o novato recebe dois dias de orientação e participa de workshops que focam em serviço ao consumidor, qual o tratamento que deve ser dado aos clientes, como recuperarse de erros e falhas no serviço e como lidar com clientes difíceis. Também é oferecido treinamento para ajudar os funcionários a crescerem den tro da empresa. O percurso da carreira é bem definido, partindo de trabalhador por hora, passando por supervisor e gerente de turno até chegar a gerente adjunto. É possível alterar o plano de carreira através de bom desempenho e realizaçãode certificações internas que incluem até 12 semanas de treinamento e três exames que exigem aprova ção com aproveitamento superior a 80%. O engajamento e a satisfação dos funcionários FIGURA 2.3 Como a Mike’s Carwash vincula treinamento e desenvolvimento à estratégia de negócio Atividades de treinamento e desenvolvimento Indicadores que mostram o valor do treinamento Estratégia de negócio Iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento ▪ Encantar o cliente ▪ Repetir os negócios ▪ Oferecer serviço consistente ▪ Crescer ▪ Diversi�car o portfólio de aprendizagem ▪ Ampliar os grupos que recebem treinamento ▪ Melhorar o serviço ao consumidor ▪ Oferecer oportunidades de desenvolvimento ▪ Orientação ▪ Plano de desenvolvimento ▪ Certi�cação interna ▪ Treinamento on-line ▪ Gerentes responsáveis pelo treinamento e oferta de coaching para melhorar outras habilidades ▪ Clientes recorrentes ▪ Receitas ▪ Satisfação do cliente ▪ Informações de clientes ocultos ▪ Garantia de ambientes de trabalho que apoiem a limpeza e a transferência cap2_noe.indd 73 08/12/2014 17:44:57 74 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto são medidos através de pesquisas semestrais, além da coleta de informações fornecidas por colaboradores que estão deixando a empresa. Os funcionários têm um papel impor tante na escolha e elaboração de atividades de treinamento e desenvolvimento. Uma equipe de 15 a 20 membros indicados pelos gerentes das lojas trabalham pelo período de um ano como especialistas no assunto para ajudar no desenvolvimento de novos programas de treinamento e na modificação de programas existentes. Os membros da equipe também são os primeiros participantes a integrar os novos programas e oferecer feedback sobre mudanças necessárias e sobre a eficácia do programa. Além dos programas de treinamento habituais para novos funcionários e programas de certificação para avançar na empresa, a Mike’s também desenvolveu programas para atender às necessidades de negócio que estão surgindo. Assim, a empresa percebeu uma necessidade de aumentar o gasto dos seus clientes, certificandose de que os funcioná rios falassem sobre serviços agregadores de valor, como lavagem do veículo por baixo, tratamentos de pneus e aplicação de verniz. Para isso, desenvolveuse um módulo de treinamento on-line, orientando os gerentes a incentivar os funcionários a realizar o treinamento e a praticar suas táticas de venda nas reuniões mensais de equipe. A Mike’s reconhece que os gerentes têm o importante papel de ajudar os funcioná rios a aprender, portanto eles devem apoiar e ajudar ativamente na oferta de treinamen to. Neste programa, os gerentes eram ensinados a identificar as fraquezas das técnicas de serviço recomendadas pelos funcionários e a utilizarem sessões de coaching para aprimorálas. Eles também eram orientados a observar e registrar as recomendações de serviços ao consumidor feitas pelos funcionários, oferecendo um feedback depois. Os resultados foram positivos: os dados de receita geral, receita por cliente, satisfação do cliente e cliente oculto melhoraram. CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS QUE INFlUENCIAM O TREINAMENTO A quantidade e o tipo de treinamento, bem como a organização do setor de treinamento de uma empresa, sofrem a influência de fatores como: papel de funcionários e gerentes, apoio da alta gestão ao treinamento, grau de integração das unidades do negócio, presença glo bal, condições de negócio, outras práticas de gestão de recursos humanos (incluindo estra tégias de pessoal e planejamento de recursos humanos), nível de sindicalização da empre sa e nível de envolvimento de gerentes, funcionários e equipe de recursos humanos.26 Papel de funcionários e gerentes O papel de funcionários e gerentes em uma empresa influi no foco das atividades de treinamento, desenvolvimento e aprendizado. Tradicionalmente, o papel dos funcioná rios era realizar o trabalho seguindo as orientações dos gerentes, sem estarem envolvi dos na melhoria da qualidade de produtos ou serviços. Porém, com a ênfase na criação de capital intelectual e o movimento em direção a sistemas de trabalho de alto desem penho que utilizem equipes, os funcionários dos dias de hoje desempenham vários pa péis que costumavam ser exclusivos da gerência (p. ex., seleção, organização de horários de trabalho e interação com consumidores, vendedores e fornecedores).27 Tendo em vista que as empresas estão utilizando equipes para produzir bens e prover serviços, os membros destas equipes precisam de treinamento em solução de problemas interpes soais e habilidades de trabalho em equipe (p. ex., como resolver conflitos e oferecer feed back). Se os funcionários são responsáveis pela qualidade de produtos e serviços, é cap2_noe.indd 74 08/12/2014 17:44:58 Capítulo 2 ▪ Treinamento estratégico 75 preciso que sejam treinados no uso de dados para a tomada de decisões, o que envolve treinamento em técnicas de controle estatístico de processos. Como foi visto no Capítulo 1, os membros da equipe também podem receber treinamento nas habilidades necessá rias para outras funções existentes na equipe (treinamento cruzado) e não apenas para o cargo específico que estão ocupando. Para incentivar o treinamento cruzado, as empre sas adotam sistemas de pagamento com base em habilidades, nos quais os honorários dos funcionários incluem competência e não apenas habilidades em seus trabalhos atuais. As pesquisas sugerem que é esperado que os gerentes dos dias de hoje sejam capazes de:28 ■ Gerenciar o desempenho individual e da equipe. Motivar funcionários a mudar o desempenho, oferecer feedback de desempenho e monitorar atividades de treina mento; esclarecer as metas individuais e coletivas e garantir o alinhamento com as metas da empresa. ■ Desenvolver os funcionários e incentivar o aprendizado contínuo. Explicar atribui ções e oferecer a especialidade técnica necessária; criar um ambiente que estimule o aprendizado. ■ Planejar e alocar recursos. Traduzir planejamentos estratégicos em atribuições e estabelecer prazos para os projetos. ■ Coordenar atividades e equipes interdependentes. Convencer outras unidades a ofe recer ao grupo de trabalho os produtos ou recursos de que precisam, e entender as metas e planos das outras unidades; certificarse de que a equipe está atendendo às necessidades de clientes internos e externos. ■ Gerenciar o desempenho do grupo. Delimitar áreas de responsabilidade; reunirse com outros gerentes para discutir os efeitos de mudanças na unidade de trabalho em seus grupos; facilitar mudanças; implantar a estratégia de negócio. ■ Facilitar o processo de tomada de decisões. Facilitar a tomada de decisões indivi duais e coletivas; estimular o uso de processos eficazes de tomada de decisões (ge renciar conflitos, controle estatístico de processos). ■ Criar e preservar a confiança. Garantir que cada membro da equipe seja responsá vel pela sua carga de trabalho e clientes; tratar todos os membros da equipe com respeito; escutar e responder as ideias da equipe honestamente. ■ Representar a unidade de trabalho. Desenvolver relações com os outros gerentes, comunicar as necessidades do grupo de trabalho para as outras unidades e oferecer informações sobre a situação do grupo de trabalho para outros grupos. Seja qual for o seu nível dentro da empresa (p. ex., gerência sênior), é esperado que todos os gerentes atuem como portavozes para outras unidades de trabalho, gerentes e vendedores (ou seja, representem a unidade de trabalho). É claro que o tempo que os gerentes dedicam a algumas destas funções depende do nível em que estão. Os gerentes de linha gastam mais tempo com a gestão de desempenho individual e desenvolvimento de funcionários do que os gerentes de nível intermediário ou os executivos. As funções mais importantes para gerentes de nível intermediário e executivos são: planejamento e alocação derecursos, coordenação de grupos interdependentes e gestão do desempenho do grupo (especialmente a gestão de mudanças). Os executivos também gastam algum tempo com o monitoramento do ambiente de negócio, analisando tendências de merca do, desenvolvendo relacionamentos com os clientes e supervisionando as atividades de vendas e marketing. cap2_noe.indd 75 08/12/2014 17:44:58 76 Parte 1 ▪ Treinamento e desenvolvimento em contexto Para ser bemsucedido no gerenciamento de um ambiente com grupos, os gerentes pre cisam ser treinados em “habilidades para lidar com pessoas”, como negociação, sensibilida de, coaching, resolução de conflitos e habilidades comunicativas. A falta destas habilidades mostrou estar relacionada ao insucesso de gerentes em avançar nas suas carreiras.29 Apoio da alta gerência O CEO, que é o cargo de gerência mais alto dentro de uma organização, desempenha um papel fundamental na importância que o treinamento e o desenvolvimento têm na empresa. Ele é responsável por:30 ■ Estabelecer uma direção clara para o aprendizado (visão). ■ Oferecer incentivo, recursos e comprometimento com o aprendizado estratégico (patrocinador). ■ Assumir um papel ativo na administração do aprendizado, incluindo revisar metas, e objetivos e oferecer ideias sobre como medir a eficácia do treinamento (gestor). ■ Desenvolver novos programas de aprendizado para a empresa (especialista no assunto). ■ Lecionar nos programas e oferecer recursos on-line (corpo docente). ■ Servir como modelo de aprendizado para toda a empresa e demonstrar vontade de aprender constantemente (aprendiz). ■ Promover o comprometimento da empresa com o aprendizado, posicionandose ao seu favor em discursos, relatórios anuais, entrevistas e outras ferramentas de rela ções públicas (agente de marketing). James Hackett, CEO da Steelcase, empresa que atua na indústria de móveis para escritório, declarou publicamente que o aprendizado é o núcleo da estratégia da empre sa. O pontochave, disse Hackett, é que a Steelcase estude o espaço e ajude as empresas a utilizaremno de maneira eficaz e eficiente.31 Por sua vez, para garantir que a alta ge rência entendesse e apoiasse o programa de treinamento e desenvolvimento, a Ingersoll Rand criou um modelo conhecido como “escada de engajamento”.32 A alta gerência está envolvida de várias formas, incluindo oferecer contribuições para o desenvolvimento de programas de aprendizado, trabalhar como instrutores e coinstrutores, visitar os cursos como palestrantes executivos ou trabalhar como membros do conselho da universidade corporativa da Ingersoll Rand. Integração das unidades de negócio O nível de integração das unidades ou negócios de uma empresa afeta o tipo de treina mento que acontece. Em negócios altamente integrados os funcionários precisam enten der as outras unidades, serviços e produtos da empresa. Nestes casos, é provável que o treinamento inclua a rotação de funcionários por cargos em negócios diferentes para que obtenham um entendimento abrangente do negócio. Presença global Como observamos no Capítulo 1, o desenvolvimento de mercados globais de produtos e serviços é um grande desafio para empresas norteamericanas. Como os funcionários estão geograficamente fora dos Estados Unidos, as empresas precisam decidir se o trei namento será conduzido e coordenado a partir de uma central norteamericana ou de instalaçõessatélite próximas. cap2_noe.indd 76 08/12/2014 17:44:58 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor No vídeo a seguir apresenta-se uma contextualização das mudanças ocorridas nas organizações no cenário atual, as características de uma organização que possui uma capacidade aprimorada de aprendizado e adaptação à mudança e quais iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento uma empresa deve realizar para atingir a sua estratégia de negócio. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a536c6c2c1b69e3f895d8206ef603086 Na prática A ênfase da American Express no treinamento está relacionada não apenas às necessidades da empresa, mas também ao princípio básico de negócios de que custa menos servir bem os clientes e mantê-los do que substituí-los por outros depois que se forem. Oferecer um bom serviço e preservar a lealdade do consumidor depende do bom atendimento dos representantes ao trabalhar ao telefone, tirar pedidos, oferecer assistência e desenvolver relações com os clientes. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: RH nem tão estratégico Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://folpag.com/novosite/index.php?c=welcome&m=noticia&id=RH_nem_t%C3%A3o_estrat%C3%A9gico_-_04/08/2015 Livro Didático Digital Estratégias de Gestão e Organização Empresarial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria LUCILIANE RIBEIRO AUTORIA Luciliane Ribeiro Sou formada em Letras Inglês, pós-graduada em gerenciamento de projetos, gestão negócios internacionais e administração. Experiência intensiva em empresas de médio e grande porte com mais de 15 anos. Hoje, atuo em mapeamento de processos, controles internos em empresas. Possuo flexibilidade e habilidade facilitadora para transitar em diferentes segmentos e compartilhar minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Definindo o Negócio e Análise de Viabilidade ................................ 10 Definindo o Negócio .................................................................................................................... 10 O Plano de Negócios .................................................................................................................. 15 Explorando a Estrutura do Plano de Negócios Conforme o Segmento .......................................................................................................................... 18 Estruturando a Organização ...................................................................23 Buscando Financiamento e Assessoria para o Negócio ..................................23 Questões Legais de Criação da Organização ...........................................................28 Elaboração deCampanha para o Lançamento do Produto no Mercado .......................................................................................................... 35 Avaliação e Posição do Produto em Relação ao Mercado, Concorrência e Lucratividade ...............................................................48 Mercado ............................................................................................................................................... 48 Atratividade e Lucratividade ..................................................................................................53 Concorrência .................................................................................................................................... 56 7 UNIDADE 04 Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos fazer um planejamento estratégico para a criação de um produto. Para tal, vamos utilizar todas as ferramentas, análises e técnicas de administração. A identificação de ameaças, oportunidades, pontos fracos e pontos fortes serão avaliadas para a definição dos rumos e ações. Vamos também criar um produto e lançar no mercado após o mapeamento das necessidades e também das infraestruturas necessárias. Vamos criar os departamentos e estruturar de acordo com a missão, visão e valores estabelecidos pela administração. Então, vamos lá? Ao final desta unidade letiva, você entenderá e estará apto a desenvolver estratégias de gestão dentro de uma organização. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar como definir o produto e elaborar o Plano de Negócios. 2. Compreender como estruturar a organização. 3. Elaboração de campanha para lançamento do produto ao mercado. 4. Avaliação e posição do produto em relação do mercado, concorrência e lucratividade. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 10 Definindo o Negócio e Análise de Viabilidade OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como definir e analisar a viabilidade do negócio. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram seguir essas orientações, sem dúvida, alcançaram sucesso na administração de organizações. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Definindo o Negócio Depois de processar um conjunto de dados e informações sobre a organização, a definição da missão consiste no primeiro esboço da definição do negócio (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Você sabe o que é missão no contexto organizacional? Vamos refletir sobre o conceito? Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) a missão é a razão da existência de uma organização. Mostra a finalidade ou o motivo pelos quais a organização foi constituída. Ela deve responder três questionamentos básicos: • Quem são? • O que fazem? • Por que fazem? Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 11 Figura 1- Equipe diversificada de negócios empilhando as mãos Fonte: Freepik. Chiavenato e Sapiro (2020) a declaração da missão é importante, pois: • Ajuda a reunir esforços dos indivíduos para uma direção específica, ao mostrar os compromissos da organização. • Reduz os riscos na busca objetivos conflitantes, evitando desgastes e ausência de foco na execução do plano estratégico. • Fornece bases para a distribuição dos recursos. • Define uma atitude de responsabilidades para a operacionalização do plano estratégico. • Conecta as políticas à definição dos objetivos da organização. Em outras palavras, a missão evidencia a razão de ser da organização, o papel da organização na sociedade, a natureza do negócio, o valor criado para os stakeholders, os tipos de atividades, etc (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Ela permite comunicar de forma clara os objetivos, os valores e a estratégia da organização (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Vamos entender esses conceitos? Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 12 Primeiro você precisa compreender que valor é uma crença básica sobre o que é importante ou relevante para a organização, aquilo que ela espera que se deva ou não fazer (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Figura 2– Espiritualidade e religião Fonte: Freepik. Em relação aos objetivos organizacionais, objetivos e estratégias podemos afirmar que são conceitos reconhecidos por você, não é mesmo? Você recorda quais as características de cada conceito? Vamos explorar um pouco mais esses construtos? Figura 3 – Alvo no monitor do computador Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 13 O objetivo é um resultado que se pretende alcançar em determinado período, correto? E, por sua vez, o objetivo organizacional, como o próprio nome indica é um resultado no qual uma organização deseja alcançar. Está lembrado (a)? Explorando um pouco mais os objetivos organizacionais, você precisa entender que eles possuem diferentes funções, conforme descreve Chiavenato e Sapiro (2020), a seguir: • Orientações básicas - mostram um cenário futuro, uma orientação que a organização busca seguir e estabelece a atividade dos indivíduos. • Fonte de legitimidade - justificam as operações e a existência da organização. • Padrões de avaliação - servem como parâmetros usados para avaliar o êxito, a eficiência e o rendimento das pessoas. Figura 4 – Verificação Fonte: Pixabay. • Unidade de medida - comparam a produtividade da organização, de departamentos ou de seus integrantes. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 14 De acordo com Chiavenato e Sapiro (2020), os objetivos precisam atender de forma simultânea aos seguintes critérios: • Ser focalizados em um resultado. • Ser consistentes, isto é, estar amarrados a outros objetivos e metas organizacionais. • Ser específicos. • Ser mensuráveis. • Ser vinculados com determinado período. • Ser alcançáveis, isto é, possíveis de serem alcançados. Em relação à Estratégia organizacional, mostramos que, de forma genérica, ela indica o caminho ou curso de ação escolhido pela organização para alcançar os objetivos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Outro conceito importante nesse processo diz respeito à visão organizacional, que proporciona o foco no futuro e oferece os fundamentos para a estabelecer objetivos organizacionais a serem atingidos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Diz respeito a imagem que a organização tem a respeito de si e do seu futuro. No geral, ela é mais direcionada para aquilo que a organização almeja ser do que para aquilo que ela é fazer (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Figura 5 – Ilustração do conceito de visão de negócios Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 15 Desse modo, podemos entender que a missão e a visão oferecem os elementos básicos para definir os objetivos e as estratégias da organização (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). E a compreensão desses elementos é essencial para definir o negócio. A literatura especializada aponta que a definição do negócio da organização inclui três componentes básicos, a saber: (a) necessidades do cliente, o que se está pretendendo satisfazer; (b) os grupos de pessoas a quem se está buscando satisfazer; e (c) como as atividades, tecnologias e as competências da organização entregam valor aos clientes e os satisfazem (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). O Plano de Negócios O plano de negócios é um documento desenvolvido para descrever um empreendimento e o modelo de negócio de uma organização. Sua criação inclui um processo de aprendizagem e autoconhecimento e ainda permite ao empreendedor situar-se no seu ambiente de negócios (DORNELAS,2021). Segundo Dornelas (2021) uma organização precisa desenvolver um Plano de Negócios, pois ele possibilita: • Compreender e estabelecer diretrizes para a organização. • Gerenciar e decidir de forma mais eficaz. • Monitorar o dia a dia da organização e tomar ações corretivas. • Obter financiamentos e recursos junto a bancos, governo, incubadoras, investidores etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 16 Figura 6 – Finanças Fonte: Pixabay. • Encontrar oportunidades e transformá-las em vantagem competitiva. • Definir uma comunicação interna eficaz na organização e convencer diferentes parceiros (fornecedores, clientes, investidores, associações etc.). Para Dornelas (2021) Plano de Negócios busca atender os seguintes objetivos básicos: • Avaliar a viabilidade de um negócio. • Guiar o desenvolvimento de estratégias e operações. • Atrair recursos junto a diferentes parceiros. • Compartilhar credibilidade. • Desenvolver a equipe responsável pela gestão. De acordo com Dornelas (2021) o Plano de negócios é destinado a: • Mantenedores das incubadoras (Sebrae, Universidades, Governo, Associações, etc.) • Parceiros - para estabelecer estratégias e discutir o relacionamento entre as partes. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 17 • Bancos - para oferecer financiamentos para equipamentos, capital de giro, imóveis, etc. • Investidores - organizações de capital de risco, instituições de investimento, investidores-anjo, entre outros. • Fornecedores - para negociar a aquisição de mercadorias, materiais, etc. • Organização internamente - para comunicação de gestores com o Conselho de Administração e com outros colaboradores. Figura 7 – Grupo de executivos em reunião Fonte: Freepik. • Clientes - para comercialização de produto e/ou serviço e publicidade da organização. • Sócios - para convencer em participar da organização e da formalização do negócio. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 18 Agora vamos falar sobre estrutura do plano de negócios. Para começar, você precisa ter em mente que não há uma estrutura rígida para desenvolver um plano de negócios, uma vez que cada negócio possui particularidades e similaridades, sendo impossível estabelecer um modelo de plano de negócios universal e aplicável aos negócios de forma geral (DORNELAS, 2021). Recomenda-se introduzir tópicos que proporcionarão uma compreensão geral da organização, tais como objetivos, especificação de produtos e serviços, mercado, estratégia de marketing, etc (DORNELAS, 2021). O tamanho do plano de negócios é outro aspecto importante para ser definido. Você precisa ter em mente que não existe um tamanho ideal ou um número exato de páginas. O recomendado é desenvolvê-lo segundo as necessidades do público-alvo (DORNELAS, 2021). Explorando a Estrutura do Plano de Negócios Conforme o Segmento Embora não exista um tamanho padrão direcionado ao plano de negócios, (DORNELAS, 2021) destaca algumas recomendações da literatura: • Plano de negócios completo - é usado utilizado quando se trabalha um uma quantia de grande valor ou quando se faz necessário mostrar uma visão completa da organização. Varia de 15 a 40 páginas, com material anexo. • Plano de negócios resumido - é usado quando se necessita apresentar informações resumidas a um investidor. Deve incluir objetivos macros do negócio, investimentos, informações de mercado etc. • Plano de negócios operacional - é usado no ambiente interno pelos diretores, gestores e funcionários. É recomendado para conectar os esforços da organização em direção aos objetivos da organização. Seu tamanho é variável e depende das necessidades de cada organização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 19 Por sua vez, você precisa entender quais são os elementos que devem compor o plano de negócios. Segundo Dornelas (2021) o plano de negócios explora os seguintes aspectos: i. Capa - essa parte é uma das mais importantes do plano de negócios, pois é a primeira parte observada. Ele deve ser enxuta, contendo informações necessárias. ii. Sumário - o sumário precisa conter o título das seções do plano de negócios e a página na qual se encontra, e os principais conteúdos associados em cada seção. Isso permite que o leitor identifique de forma rápida o que realmente interessa. Figura 8 – Infográfico de sumário plano Fonte: Freepik. iii. Sumario executivo - é a principal seção do plano de negócios, pois nela o leitor poderá decidir se continuará ou não a ler o documento. Ele deve resumir as principais informações do plano de negócios. Nele devem estar explícitos os objetivos em relação ao leitor, tais como: solicitação de financiamento junto a bancos, capital de risco, etc. Ele deve ser a última seção a ser desenvolvida, uma vez que depende de das outras seções que foram elaboradas. iv. Analise estratégica - mostra os rumos da organização, a exemplo visão e missão, situação atual, as potencialidades e ameaças externas, Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 20 forças e fraquezas, objetivos e metas de negócio. Esta seção é a base para a criação e a execução das outras ações do plano. Figura 9 – Equipe de análise SWOT Fonte: Freepik. v. Descrição da empresa - inclui a descrição da organização, o histórico, a razão social, os impostos, a estrutura organizacional e jurídica, certificações de qualidade, entre outras. vi. Produtos e serviços - é direcionada aos produtos e serviços da organização, como informações sobre produção, recursos, o processo de pesquisa e desenvolvimento, etc. Figura 10 – Comércio eletrônico conjunto de ícones Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 21 vii. Plano operacional - apresenta as ações executadas no sistema produtivo e no processo de produção, indicando o impacto das ações em suas avaliações de produção. viii. Plano de recursos humanos - mostra os planos de desenvolvimento e de treinamento de colaboradores. Considera informações diretamente associadas à capacidade de expansão da organização, principalmente quando ela atua em um mercado no qual a detenção de tecnologia é um fator estratégico de competitividade. Figura 11 – Treinamento e desenvolvimento de pessoal Fonte: Freepik. ix. Análise de mercado - esta seção deve mostrar de forma clara a compreensão do mercado consumidor de seu produto/serviço por meio de pesquisas de mercado. Elas normalmente evidenciam como o mercado está segmentado, as características do consumidor, a presença de sazonalidade, etc. x. Estratégia de marketing - evidencia como a empresa pretende comercializar os produtos ou os serviços, aumentar a demanda e fidelizar os clientes. Esta parte deve conter métodos de comercialização, política de preços, canais de distribuição, estratégias de promoção/comunicação e publicidade, bem como projeções de vendas. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 22 xi. Plano financeiro - esta seção mostra em números as ações planejadas para a organização. Inclui, por exemplo, demonstrativo de fluxo de caixa, balanço patrimonial, etc. xii. Anexos - contém informações adicionais, consideradas relevantes para viabilizar melhor compreensão do plano de negócios. Nessa parte é indispensável a relação dos currículo vitae dos sócios e gestores da organização. Podem ser introduzidos como anexos fotos de produtos, roteiros e resultados completos das pesquisas de mercado, folders, catálogos, estatutos, etc. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os elementos básicos usados na definição de negócios, tais como: missão (razão da existência da organização), visão (foco no futuro), valores (identificao que é importante para a organização), objetivos (resultado que se pretende alcançar), estratégias (curso de ação), etc. Também tratamos sobre Plano de Negócios que é um documento elaborador para descrever o modelo de negócio de uma organização. Mostramos que não existe um tamanho padrão para o plano de negócios, mas a literatura identifica basicamente três tipos: plano de negócios completo, o plano de negócios resumido e o plano de negócios operacional. Do mesmo modo, tratamos sobre os elementos básicos que integram o plano de negócios, a saber: capa, sumário, sumario executivo, analise estratégica, descrição da empresa, produtos e serviços, plano operacional, plano de recursos humanos, Análise de mercado, Estratégia de marketing, Plano financeiro, Anexos. Esse documento tem como objetivos: avaliar a viabilidade de um negócio, guiar o desenvolvimento Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 23 de estratégias e operações, etc. Ele é destinado a: Mantenedores das incubadoras, Bancos, Fornecedores e outros parceiros. Estruturando a Organização OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como estruturar uma empresa, desde a busca por consultoria e recursos à legalização de uma organização. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Compreender esses aspectos é essencial para definir os passos iniciais relativos à constituição de uma organização. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Buscando Financiamento e Assessoria para o Negócio No cenário brasileiro, diferentes fontes de financiamentos e recursos podem ser levadas em consideração pelas empresas. • Economia pessoal, família, amigos: corresponde ao tipo de financiamento mais comum, normalmente obtido em razão de fatores individuais e ambientais. A conceção do empréstimo não depende de fatores associados a rendimento do dinheiro, mas do auxílio de um conhecido. O financiamento pode ser expressado por meio de empréstimo ou equidade. Algumas alternativas de Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 24 recursos pessoais são: venda de imóvel (casa, sítio etc.), venda de automóvel, uso do cartão de crédito para financiar recursos no curto prazo. (DORNELAS, 2021). Figura 12 – Poupança Fonte: Pixabay. • Angel investor: O investidor-anjo possui dinheiro e busca opções para alcançar melhor rentabilidade para o dinheiro. Esse ator social, geralmente, aplica o seed money que é o dinheiro necessário para a criação de muitas organizações. (DORNELAS, 2021). Figura 13 – Conceito abstrato de investidor anjo Fonte: Freepik. • Fornecedores, parceiros estratégicos, clientes e funcionários: neste caso podemos considerar, por exemplo, uma boa negociação Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 25 com fornecedores, os clientes podem antecipar o pagamento de mercadores, entre outras iniciativas similares que podem ajudar os negócios em fase embrionárias. (DORNELAS, 2021). Figura 14 – Ilustração do conceito de parceria Fonte: Freepik. • Capital de risco: empresas que aplicam em capital de risco são grandes bancos de investimento, compostas por profissionais experientes no mercado financeiro, etc. A função dessas empresas é identificar negócios com alto potencial de desenvolvimento em curto prazo. (DORNELAS, 2021). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 26 Figura 15 – Recursos Fonte: Pixabay. • Aceleradoras ou incubadoras de empresas ponto.com (baseadas na Internet): proporcionam suporte de infraestrutura, auxilio na gestão, e apostam o capital necessário para iniciar o negócio. Em troca, o empreendimento precisa ceder uma parte das ações à aceleradora. • O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): diz respeito a principal instituição que proporcionar suporte aos empreendedores no Brasil. Essa instituição é fruto de uma decisão política, que atende a interesses empresários e do Estado, que cooperam para criá-la e desenvolve-la. Entre os serviços ofertados pela instituição, destacam-se: • Consultorias básicas e pontuais; • Cursos sobre: fluxo de caixa, marketing, finanças, etc; • Rodas de negócios; • Outros. • Assessoria jurídica e contábil: os empreendedores precisam ser bem assessorados quanto às questões jurídicas e contábeis. Assim, devem consultar advogados e contadores que entendam Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 27 do assunto e que transmitem confiança, de forma que auxilie na gestão do empreendimento. Figura 16– Consultor de consultoria financeira contador Fonte: Freepik. • Universidades e institutos de pesquisa: são instituições que podem encontrar caminhos para solucionar problemas ou para promover inovação tecnológica. Figura 17 – Cientistas asiáticos trabalhando na criação de vacinas Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 28 Questões Legais de Criação da Organização O Código Civil brasileiro possui diferentes definições e tipos de sociedades para a formação de empresas (DORNELAS, 2021). Para proporcionar melhor compreensão, essas alternativas serão descritas a seguir: • Sociedade simples - é a sociedade formada por indivíduos que de forma recíproca se obrigam a contribuir com bens ou serviços para a execução da atividade econômica e da partilha dos ganhos. Inclui pessoas que atuam em profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo se conte com colaboradores. Exemplos: advogados que criam um escritório de advocacia (DORNELAS, 2021). Figura 18 – Advogado Fonte: Pixabay. • Sociedade empresária - exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção de bens ou de serviços, formando elemento de empresa. Essa sociedade também é considerada pessoa jurídica: pelos menos dois indivíduos que Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 29 foram uma empresa de comércio e prestação de serviços na área de tecnologia. (DORNELAS, 2021). Figura 19 – Desenvolvedor de software Fonte: Pixabay. • Sociedade limitada - a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, e todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. • Sociedade por ações - é o tipo de sociedade aplicada a grandes organizações. O capital social é compartilhado em ações, e os sócios ou acionistas se responsabilizam apenas pelo preço de emissão das ações que comprou. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 30 Figura 20 – Mercado de ações Fonte: Pixabay. • Sociedade estrangeira - é caracterizada quando organização está em. conformidade com a legislação do país de origem, no qual possui fixado a sede de administração. • Sociedades cooperativas - é definida por um número mínimo de sócios, sem limite de número máximo. • Associações - é uma entidade de direito privado, que possui personalidade jurídica e configura-se pelo agrupamento de indivíduos para a busca de objetivos comuns, sem objetivo econômica. • Fundações - em sua fundação, o instituidor precisa fazer uma dotação de bens livres, por escritura pública ou testamento, expressando a finalidade a que se destina e, caso queira, a forma de administrar. Deve servir a objetivos de utilidade pública, tais como: religiosos, culturais, assistências, etc. • Empreendedor individual - é o indivíduo que atua por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 31 • Marcas e patentes - uma forma de proteger uma ideia é depositar uma patente de seu invento e registrar a marca da organização ou produto. Patente diz respeito a um título de propriedade temporária a respeito de uma invenção ou modelo de utilidade, concedido pelo Estado a: inventores, autores, pessoas físicas ou jurídicas proprietário de direitos sobre a criação. Porsua vez, o inventor tem de revelar todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente (DORNELAS, 2021). Segundo Dornelas (2021) para registrar uma patente são necessários os seguintes procedimentos: a. Busca prévia - sugere-se realizar uma pesquisa antes de realizar o depósito de um pedido de patente. b. Depósito e conteúdo do pedido de patente - a solicitação do pedido de patente pode ser realiza junto ao INPI, as delegacias e representações regionais, ou por meio de carta postal. c. Sigilo do pedido depositado - o pedido é mantido em sigilo até a publicação, realizada após 18 meses, contando da data do exame ou da prioridade mais antiga, podendo ser antecipada mediante a solicitação do depositante. No final do período, o pedido será publicado e notificado na RPI (Revista da Propriedade Industrial. d. Exame do pedido - se refere ao estudo realizado por um examinador de patentes. e. Carta-patente - caso o pedido seja deferido pelo INPI, existirá uma publicação na RPI, e precisa-se aguardar o prazo de 60 dias, contando do deferimento do pedido, para pagar a retribuição e respectiva comprovação, equivalente à expedição da carta- patente. f. Recurso/nulidade - existe a possibilidade de recorrer das decisões do INPI. • Caso a decisão seja pelo indeferimento do pedido, caberá a interposição de recurso em 60 dias. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 32 • Caso a patente seja concedida em desacordo com os dispositivos legais da Lei nº 9.279/97, poderá ser considerada nula. O objetivo do INPI, baseado na Lei nº 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), é executar, no âmbito nacional, as normas sobre a propriedade industrial, tendo em vista sua função social, econômica, jurídica e técnica. É também sua atribuição pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial (DORNELAS, 2021). Marca corresponde ao sinal distintivo e visualmente perceptível, capaz de identificar e distinguir produtos e serviços, e certificar a conformidade dos mesmos com normas ou especificações técnicas (DORNELAS, 2021). No que diz respeito à classificação da marca, quanto à origem, Dornelas (2021), aponta: • Brasileira - está regularmente depositada no Brasil, por cidadão que reside no país. • Estrangeira - está regularmente depositada no Brasil, por pessoa que não reside no país. Em relação ao uso, a marca pode ser classificada da seguinte forma, conforme descreve Dornelas (2021): • Produtos ou serviços - usadas para diferenciá-los de outros. • Coletivas - usadas para caracterizar produtos ou serviços vindos de pessoas de determinada organização. • Certificação - atestam a conformidade de um produto ou serviço com normas ou especificações técnicas, em relação à qualidade, natureza, material etc. Quanto à apresentação, a marca pode ser, conforme descreve Dornelas (2021): • Nominativa - possui uma ou mais palavras do alfabeto romano, incluindo neologismos e combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 33 • Figurativa - formada por desenho, imagem, figura ou outras formas estilizadas de letra e número, etc. • Mista - combina elementos nominativos e elementos figurativos ou nominativos, cuja grafia seja apresentada de forma estilizada. • Tridimensional - inclui a forma plástica de produto ou de embalagem, que deve ter capacidade diferenciada em si e estar dissociada de efeitos técnicos. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 34 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido os passos iniciais para conduzir uma empresa ao funcionamento no mercado. Mostramos alternativas de financiamento e assessoria para os negócios, bem como aspectos importantes para a legalização de empresas. Começando pelas fontes de financiamentos e recursos, identificamos as seguintes alternativas: economia pessoal, família, amigos; investidor-anjo; fornecedores, parceiros estratégicos, clientes e funcionários; etc. Como alternativa para obter consultoria e compreender a respeito dos negócios, temos: as aceleradoras ou incubadoras de empresas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae, as assessorias jurídicas e contábeis, as Universidades e institutos de pesquisa, etc. No que diz respeito às questões legais referentes a criação da organização, mostramos que o Código Civil brasileiro possui diferentes tipos de sociedades para a formar empresas: Sociedade simples, Sociedade empresária, Sociedade estrangeira, Sociedades cooperativas, etc. Também falamos sobre Marcas e Patentes e outros aspectos relevantes para a formação de uma organização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 35 Elaboração de Campanha para o Lançamento do Produto no Mercado OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como lançar um produto no mercado. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que desconsideraram essas instruções tiveram problemas para ofertar produtos e serviços no mercado. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! . Para tratarmos do lançamento do produto no mercado, precisamos falar sobre desenvolvimento do produto que inclui procedimentos necessários para avaliar se o produto projetado será viável. Segundo kotler e keller (2012) a tradução das exigências dos clientes em um protótipo exitoso está fundamentada em um conjunto de métodos denominados de desdobramento da função de qualidade (ou QFD, do inglês Quality Function Deployment). Essa metodologia consulta a lista dos desejados atributos do cliente identificadas por meio de pesquisa de mercado, e os converte em uma lista de atributos de engenharia. EXEMPLO Caso os clientes de um caminhão almejam determinada aceleração (um atributo do cliente), os engenheiros podem considerar essa informação em termos da potência exigida e de outros equivalentes de engenharia (atributos de engenharia). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 36 Figura 21– Caminhão Fonte: Pixabay. kotler e keller (2012) destacam que, diante desse contexto, o departamento de P&D é responsável por: • Desenvolver um protótipo que reúne os principais atributos descritos na declaração de conceito de produto, mostre um desempenho seguro em condições normais de uso e seja fabricado dentro dos custos orçados. • Decidir de que maneira os consumidores reagirão a diferentes cores, tamanhos e pesos. Depois de prontos, os protótipos precisam passar por testes funcionais e por testes com consumidores (KOTLER E KELLER, 2012). Segundo kotler e keller (2012) esses testes são chamados de: • Teste alfa - é o teste realizado na empresa, para avaliar como o produto se comporta em distintas aplicações. Depois do refinamento do protótipo, a produto passa para o teste beta. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 37 Figura 22– Cientistas da biologia pesquisando frutos Fonte: Freepik. • Teste beta - é o teste realizado com consumidores. Nesse teste, os consumidores podem ser conduzidos a laboratórios ou receber amostras do produto para utilizá-lo. Figura 23– Cérebro Fonte: Freepik. Caso os gestores estejam satisfeitos com os desempenhos funcional e psicológico do produto, ele estará pronto para: ganhar uma marca comercial e uma embalagem, bem como ser testado pelo mercado (KOTLER E KELLER, 2012). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 38 kotler e keller (2012) o teste de mercado pode fornecer valiosas informações sobre: • Compradores. • Vendedores. • Programas de marketing. • Potencial de mercado.kotler e keller (2012) os principais caminhos para testar produtos de consumo no mercado são: • Pesquisa de onda de vendas - consiste na oferta do produto de forma gratuita a consumidores e, em seguida, o produto de um concorrente também é oferecido por um preço mais baixo do que o comum. Depois algumas repetições dessa prática, faz necessário observar qual a preferência dos clientes, bem como seu nível de satisfação. Figura 24 – Pessoas assistindo à publicidade Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 39 • Mercado-teste simulado - compradores qualificados são questionados a respeito da familiaridade com a marca, de suas preferências em determinada categoria de produtos, bem como avaliar a uma rápida exibição de comerciais familiares e novos. Entre essas propagandas, está a propaganda do novo item (não é destacado dos outros). Na sequência, os consumidores são convidados a ir a uma loja onde podem selecionar quaisquer produtos com uma quantia de dinheiro. Por sua vez, a organização observa os itens comprados pelos consumidores (nova marca ou marca concorrente?), em seguida, os consumidores têm de justificar o porquê adquiriram ou não os produtos. Figura 24- Carrinho Fonte: Freepik. IMPORTANTE: Os consumidores que não compraram a nova marca ganham uma amostra grátis. Dias depois, eles são entrevistados por telefone para que sejam compreendidas as opiniões em relação a produto, ao uso, a satisfação e a intenção de recompra (KOTLER E KELLER, 2012). • Mercado-teste controlado - após desenvolver o novo produto a organização deve estabelecer a quantidade de lojas e a localizações das lojas. Na sequência, o produto é enviado às lojas Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 40 e são controlados pelas empresas de pesquisas que também são responsáveis por sua posição na prateleira, pela definição de preço e pela quantidade de exibições, displays e promoções. Figura 25 – Mercado Fonte: Pixabay. • Mercados-teste padrão - a organização escolhe algumas cidades, realiza propagandas e promoções, tentando convencer o comércio local a estocar e vender o item. Ao optar por esse teste, os gestores precisam buscar responde as seguintes questões: a. Quantidade de cidades para realizar o teste - a maioria dos testes inclui de duas a seis cidades. b. Em quais cidades - entre os critérios de seleção destacam-se uma boa cobertura de mídia, a quantidade de lojas, bem como uma atividade competitiva mediana. c. Duração do teste - Os testes podem durar de meses até um ano. Quanto maior o período de recompra do produto, mais longa a duração do teste. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 41 d. Informações que precisam ser levantadas - podem ser considerados dados das remessas do depósito (indicam compra para estoque), auditorias de lojas (apontam vendas no varejo e as participações de mercado de concorrentes), painéis de consumidores (apontam quem são os indivíduos que adquirem à marca, o nível de fidelidade, etc.), entre outros. • Que atitudes tomar? Está relacionada à decisão que tem de ser realizada após os testes. Exemplo: caso os mercados-teste mostrem altas taxas de experimentação e de recompra, o produto deverá ser lançado em nível nacional. Figura 26 – Região Fonte: Pixabay. Comercialização kotler e keller (2012) a comercialização de produtos ou serviços está associada à realização de campanhas para promover novos produtos. Essas campanhas podem ser realizadas por diferentes instrumentos de comunicação de mercado: Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 42 a. Quando (Timing) - diz respeito a decisão do momento certo para comercializar o produto. Figura 27 – Calendário Fonte: Pixabay. b. Onde (Estratégia Geográfica) - diz respeito à seleção dos mercados de lançamento, onde são considerados critérios como: potencial de mercado, imagem local da organização, custo relacionados à comunicação, etc. c. Para Quem (Clientes Potenciais Nos Mercados-Alvo) - a organização precisa direcionar a distribuição e a promoção aos grupos com maior probabilidade de se tornarem clientes. Ela deve então classificar grupos potenciais e focar àquele que for considerado o melhor entre as opções. Figura 28 – Conceito abstrato de comportamento do consumidor Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 43 d. Como (Estratégia De Lançamento No Mercado) - é relevante distribuir tempo e recursos suficientes enquanto o novo produto ganha força no mercado. Para conduzir as atividades relacionadas ao lançamento do produto, os gestores podem aplicar técnicas de planejamento de redes, a exemplo da programação da trajetória crítica (CPS, do inglês critical path scheduling). VOCÊ SABIA? A técnica CPS gera um gráfico exibindo as atividades de forma simultânea e a sequenciais a ser seguida. Além disso, estima o tempo necessário para cada atividade, inclusive o prazo para o término do projeto. Qualquer atraso em atividades do caminho crítico (rota mais curta para a conclusão) pode gerar atrasos no projeto. Pesquisa de Mercado é o processo de identificação, coleta, análise, compartilhamento e uso da informação de forma sistemática e objetiva para apoiar a tomada de decisões vinculadas a identificação e a solução de problemas e oportunidades de marketing (MALHOTRA, 2012). Figura 29 – Análise de mercado Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 44 Considerando esta definição, Malhotra (2012) destaca três conceitos principais, a saber: • Sistemática - considera métodos estruturados, registrados e planejados de forma lógica. • Objetiva - Inclui informações precisas e verdadeiras, que permitem uma leitura coerente da realidade. • Identificação de problemas - Proporcionar constatações, implicações e sugestões para serem utilizadas na tomada de decisão ou em ações diretas. Malhotra (2012) afirma que as organizações realizam pesquisa de mercado pelos seguintes motivos: • Identificação de problemas - busca problemas que provavelmente não aparecem na superfície, e que talvez irão surgir no futuro. • Solução de problemas - faz uso de resultados para solucionar um problema de mercado específico. Para Malhotra (2012) o processo de pesquisa de mercado inclui as seguintes etapas: • Definição do problema - inclui a especificação do problema, do objetivo, de informações necessárias e como serão utilizadas para apoiar as decisões. • Desenvolvimento de uma abordagem - se refere ao estabelecimento de estrutura teórica, modelo analítico, pergunta de pesquisa, construção de hipóteses e levantamento de informações. • Concepção da pesquisa - consiste na estruturação ou esquematização realizadas para executar a pesquisa. Detalha, por exemplo, os procedimentos necessários para conseguir as informações necessárias. • Coleta de dados - Levantamento dos dados. • Análise de dados - Tratamento e interpretação dos dados. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 45 • Relatório - é um resumo da pesquisa que pode ser usado para auxiliar a tomada de decisão. No que diz respeito às atividades de marketing, kotler e keller (2012) comentam que a literatura especializada aponta que McCarthy organizou as atividades em instrumentos de mix de marketing de quatro tipos, denominados quatro Ps do marketing: • Produto - inclui aspectos como variedade, qualidade, design, características, nome da marca, embalagem, tamanhos, serviços, garantias, devoluções, etc. • Preço - considera aspectos como preço de lista, descontos, bonificações, prazo de pagamento, condições de financiamento. Figura 30 – Cifrão Fonte: Freepik. • Promoção - abrange aspectos como promoção de vendas, propaganda, força de vendas, relações públicas, marketing direto • Praça - envolve aspectos como canais, cobertura, sortimentos, locais,estoque, transporte. Entretanto, kotler e keller (2012) destaca que em função da abrangência e complexidade do marketing, os quatro Ps não representam Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 46 mais o cenário. Nesse sentido, o marketing moderno é representado pelas seguintes dimensões: • Pessoas - considera que o público interno que é essencial para o êxito do marketing, bem como busca compreender os consumidores como indivíduos e entender seu contexto, não enxergando-os somente como compradores e consumidores de produtos ou serviços. Figura 31 – Pessoas Fonte: Pixabay. • Processos - inclui a criatividade, a disciplina e a estrutura consideradas na administração de marketing. • Programas - diz respeito às atividades da organização direcionadas aos consumidores. Inclusive, as atividades relacionadas aos 4Ps. • Performance - envolve a seleção de indicadores para avaliar resultados de implicações financeiras e não financeiras. Exemplo: lucro, responsabilidade social, ética, etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 47 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido qual o processo necessário para lançar um produto no mercado. Para começar, você deve entender que existe uma intima relação entre o desenvolvimento do produto e o lançamento do produto no mercado. No geral, as necessidades e desejos do consumidor são levantados por meio de pesquisa de mercado e, na sequência, esses atributos são utilizados pelo departamento de engenharia do produto. Frequentemente as organizações podem realizar os seguintes testes de protótipos com os consumidores: teste alfa (avaliar o comportamento do produto) e teste beta (realizado com consumidores). Quando os produtos atendem são aprovados quanto aos critérios funcional e psicológico, ele estará pronto para teste de mercado. Onde os principais caminhos para testar produtos de consumo no mercado são: pesquisa de onda de vendas, mercado-teste simulado, mercado-teste controlado, mercados-teste padrão. Por sua vez, a comercialização de produtos ou serviços está associada às campanhas para promoção de novos produtos. Essas campanhas podem usar os seguintes instrumentos de comunicação de mercado: quando (timing), onde (estratégia geográfica), quem (clientes potenciais nos mercados-alvo), como (estratégia de lançamento no mercado). E também reforçamos características relevantes sobre a Pesquisa de Mercado que se refere ao processo (identificação, coleta, análise, uso de informação, etc.) aplicado para auxiliar a tomada de decisões vinculadas a identificação e a solução de problemas de marketing. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 48 Avaliação e Posição do Produto em Relação ao Mercado, Concorrência e Lucratividade OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a avaliação da organização em relação ao mercado, a concorrência e a lucratividade. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que desconsideram essas instruções tiveram problemas ao acompanhar o desempenho da organização em diferentes áreas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Segundo Philip Kotler, posicionamento de mercado é “a ação de projetar o produto e a imagem da organização com o fim de ocupar uma posição diferenciada na escolha de seu público-alvo”. Em termos práticos, o posicionamento pode ser obtido a partir da fórmula: segmentação + diferenciação = posicionamento. Logo, a análise do posicionamento é indispensável para avaliar o destaque da imagem da empresa. Baseado nessa premissa, vamos explorar os principais tópicos que a gestão organizacional analisa para a definição de estratégias ou readequação do seu plano estratégico. Mercado A análise de mercado está fundamentada na análise do cliente e do concorrente (AAKER, 2012). Ela possui os seguintes objetivos principais: • Definir a atratividade de um mercado para os integrantes atuais e potenciais, bem como a capacidade de lucro do mercado mensurado pelo retorno sobre investimento de longo prazo obtido por seus integrantes, irá criar subsídios relevantes para a decisão de investimento em produto-mercado. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 49 • Compreender a dinâmica do mercado. Inclui a identificação de submercados emergentes, fatores determinantes de sucesso, tendências, ameaças, oportunidades e outros aspectos capazes de guiar a coleta e a análise de informações. Figura 32 - Crescimento Fonte: Pixabay. Para Aaker (2012), a natureza e o conteúdo de análise de mercado dependem do contexto, mas sempre contará com as seguintes dimensões: • Submercados emergentes - busca entender como os submercados estão definidos. Eles podem ser formados por pontos de preço mais baixo, criação de nichos, solução de sistemas, novas práticas, tendência de consumidores etc. • Tamanho e crescimento - busca identificar os submercados relevantes. Avalia aspectos como tamanho e crescimento de um mercado e submercados, fatores determinantes das tendências, etc. • Lucratividade - explora quão atraentes são os mercados e submercados, considerando o lucro, poder de barganha, etc. • Estrutura de custo - avalia os principais elementos de custo e de valor agregado para os diferentes tipos de concorrentes. • Sistemas de distribuição - identifica os canais alternativos de distribuição, bem como suas possíveis mudanças. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 50 Figura 33– Edifícios de loja Fonte: Freepik. • Tendências de mercado - busca identificar tendências no mercado. • Fatores-chave de sucesso - explora os fatores determinantes para que a empresa possa competir de forma exitosa, quais as influencias desses fatores em cursos futuros, etc. Segundo Kotler e Keller (2012) o brand equity corresponde ao valor agregado atribuído a produtos e serviços. Com isso, podemos considerar que uma marca possui: • Brand equity positivo com base no cliente quando os consumidores reagem de forma favorável a um produto e ao modo como ele é divulgado quando a marca é identificada, do que quando ela não é reconhecida. • Brand equity negativo com base no cliente quando os consumidores reagem de forma menos favorável à atividade de marketing da marca sob as mesmas circunstâncias. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 51 Figura 34 – Prós e constras Fonte:Freepik. IMPORTANTE: Para Kotler e Keller (2012) O brand equity é formado por três componentes principais: • Ele surge de diferenças na resposta do consumidor. Caso não exista diferenças, o nome de marca do item pode ser considerado como uma commodity. • As diferenças de respostas do consumidor são fruto do conhecimento que o consumidor tem da marca (sensações, experiências e crenças etc.). • O brand equity é refletido em percepções, preferências e comportamentos associados aos aspectos do marketing de uma marca. Segundo Kotler e Keller (2012) existe diferentes modelos de brand equity que oferecem diferentes visões sobre o mercado, entre eles temos Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 52 o modelo Modelo de BrandAsset® Valuator (BAV) que está apoiado em quatro pilares: • Diferenciação potencial - mensura o grau em que a marca é percebida de forma diferente das outras, ou seja, inclui a percepção de sua tendência de valorização e de liderança. • Relevância - mensura a adequação e a abrangência do apelo da marca. • Estima - mensurar a qualidade e a fidelidade à marca. Figura 35– Qualidade Fonte: Pixabay. • Conhecimento - que mede o quanto os consumidores conhecem e se sentem familiarizados com a marca. A diferenciação potenciale a relevância constituem a força da marca, consiste em um indicador que prevê seu crescimento futuro e valor. Por sua vez, a estima e o conhecimento constituem a reputação da marca, que pode ser entendida como uma espécie de “boletim” do Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 53 desempenho (KOTLER; KELLER, 2012). Essa interação pode ser observada na figura 36. Figura 36 - Modelo de BrandAsset® Valuator (BAV) Fonte: Kotler e Keller (2012, p.262). Baseado nesta análise, podemos considerar que os consumidores concentram sua interesse e poder de compra em um portfólio cada vez reduzido. Essas marcas se relacionam melhor com os consumidores, desenvolvendo fidelidade de uso e poder de definir preço e gerando maior valor para o acionista (KOTLER; KELLER, 2012). Atratividade e Lucratividade O economista Michael Porter identificou que a atratividade de um segmento ou mercado, mensurara pelo retorno de longo prazo sobre o investimento de uma organização, depende, em grande parte, dos fatores que influenciam a lucratividade (figura 37). • A intensidade da competição entre os concorrentes existentes. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 54 • A existência de potenciais competidores que entrarão se os lucros forem altos. • Produtos substitutos que atrairão clientes se os preços se tornarem altos. • O poder de barganha dos clientes. • O poder de barganha dos fornecedores. Figura 37 – Modelo das cinco forças que afetam a lucratividade no mercado Lucratividade do segmento Ameaças dos potenciais entrantes Concorrência entre empresas existentes Ameaça de produtos substitutos Poder de barganha dos clientes Poder de barganha dos fornecedores Fonte: Aaker (2012). Entender esses fatores ajuda a compreender o porquê algumas organizações são mais lucrativas que outras, bem como identificar os fatores-chave de sucesso são necessários administrar a competividade da organização (Aaker, 2012). Explorando o desempenho financeiro sob a perspectiva do ambiente interno, podemos entender que o procedimento básico inclui a análise das medidas de vendas e de lucratividade (AAKER, 2012). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 55 • Vendas e participação de mercado são medidas sensíveis da forma como clientes aceitam um produto ou serviço. Uma alteração no valor, pode afetar as vendas e a participação de mercado (AAKER, 2012). Figura 38 – Crescimento de receita Fonte: Freepik. • Níveis de venda podem ser importantes do ponto de vista estratégico. Por exemplo: mais vendas pode expressar que a base de clientes cresceu. Com uma base de clientes maior, podemos assumir como verdadeiro que novos clientes podem desenvolver lealdade, o que poderá acarretar em vendas e lucros futuros (AAKER, 2012). IMPORTANTE: Entre as limitações de usar as vendas como medida destaca-se a possibilidade de elas serem afetadas por ações de curto prazo, a exemplo de promoções de concorrentes (AAKER, 2012). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 56 Lucratividade No que diz respeito a lucratividade, podemos entender que esta é a medida final do potencial de uma organização prosperar e sobreviver (AAKER, 2012). Segundo Aaker (2012), diferentes medidas e indices podem refletir a lucratividade, adicionando margens, custos e lucros. Com base nisso, podemos chegar à medida retorno sobre ativos (RSA), decomposta com a seguinte fórmula: Desse modo, Aaker (2012) afirma que o retorno sobre ativos possui dois fatores causais: • Margem de lucro, que considera o preço de venda, bem como a estrutura de custo. • Rotatividade de ativos, que considera o controle de estoque e uso de ativos. Concorrência De acordo com Aaker (2012), a concorrência é influenciada pelos seguintes elementos: 1. Tamanho, crescimento e lucratividade - inclui o grau e o crescimento de vendas, bem como a participação de mercado que apontam a vitalidade de uma estratégia empresarial. 2. Estratégia de imagem e posicionamento - informações sobre a imagem e o posicionamento de um concorrente pode ser entendida pelo estudo de produtos, propaganda, site, práticas de uma organização, pesquisa com cliente, etc. 3. Objetivos e comprometimento - possibilita prever se o desempenho atual é satisfatório e se existe probabilidade de ocorrerem alterações estratégicas. Objetivos financeiros, por Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 57 exemplo, podem apontar a disposição do concorrente em investir na empresa. 4. Estratégias atuais e passadas dos concorrentes precisam ser revistas. Em especial, se faz necessário observar estratégias que falharam, tendo em vista que mostram experiências que podem alertar o concorrente quanto à utilização de estratégias similares. 5. Organização e cultura - considera informações sobre o histórico e experiência da alta administração do concorrente, bem como a respeito da cultura de uma organização (inclui estrutura, pessoas, etc.) 6. Estrutura de custo - inclui informações como quantidade de funcionários, divisão da mão de obra, números de fábricas, etc. 7. Barreiras de saída - considera indicadores como ativos especializados, custos fixos, relações com outras unidades de negócios, barreiras governamentais, etc. 8. Avaliando pontos fortes e pontos fracos - inclui a identificação dos ativos e competências importantes para o segmento, etc. Figura 39 – Concorrência Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 58 IMPORTANTE: Para proporcionar melhor compreensão, Aaker (2012) trazem algumas questões que precisam ser respondidas neste tipo de análise: • Com quem competimos? • Quem são os maiores concorrentes? • Qual o nível de comprometimento dos concorrentes? • Eles possuem vantagem ou desvantagem de custo? • Qual é a estratégia de posicionamento? • Quais são as empresas mais exitosas ao longo do tempo? • Quais são as empresas menos exitosos ao longo do tempo? • Quais os pontos fortes dos concorrentes ou grupos estratégicos? Quais os pontos fracos dos concorrentes ou grupos estratégicos?. Segundo Kotler e Keller (2012) os gestores de marketing definir e comunicar semelhanças e diferenças entre sua marca e a marca de seus concorrentes. Esse procedimento é chamando definição do posicionamento e é formado pelas seguintes questões: a. Definir a estrutura de referência, reconhecendo o mercado-alvo e o principal concorrente. b. Identificar os pontos de paridade e de diferença baseado na estrutura de referência. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 59 c. Desenvolver uma mantra para a marca, sintetizando o posicionamento e a essência da estrutura de referência competitiva. No que diz respeito a estrutura de referência competitiva, podemos entender que envolve a definição das marcas concorrentes. Por sua vez, as decisões sobre a estrutura de referência competitiva estão associadas às decisões a respeito do mercado-alvo. Escolher alcançar determinado segmento de consumidor pode formar a natureza da concorrência, pois: • As outras organizações já selecionaram do segmento como alvo. • Os consumidores do segmento consideram certos produtos ou marcas em suas decisões de compra. Depois de desenvolver a estrutura de referência competitiva, os gestores precisam identificar os pontos de diferença, bem como os pontos de similaridade (KOTLER; KELLER, 2012) Figura 40 – Comparação Fonte: Pixabay. Por sua vez, a mantra da marca é desenvolvida para direcionar ainda mais a intenção do posicionamento da marca (KOTLER; KELLER, 2012). Sobre a mantra da marca, considere os seguintes aspectos: • O objetivo da definir a mantra da marca é que todos os parceiros da organização, especialmente os parceiros externos de marketing compreendam o que ela representa. • Podem ser usadas para orientar o desenvolvimento de produtos, de propagandasetc. • Deve comunicar de forma econômica o que ela é, bem como o que ela não é. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 60 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido quais aspectos básicos podem ser considerados para avaliar o desempenho da organização em relação ao mercado, a concorrência e a lucratividade. A análise de mercado está fundamentada na análise do cliente e do concorrente. A natureza e o conteúdo de análise de mercado dependem do contexto, mas sempre contará com as seguintes dimensões: Submercados emergentes, Tamanho e crescimento, Lucratividade, Estrutura de custo, Sistemas de distribuição, Tendências de mercado, Fatores-chave de sucesso. Também exploramos o conceito “brand equity” que é o valor agregado atribuído a produtos e serviços, bem como um dos principais modelos usados para explorar o mercado: o Modelo de BrandAsset® Valuator (BAV) que está apoiado em quatro pilares: Diferenciação potencial, Relevância, Estima e Conhecimento. Também mostramos alternativas para mensurar a atratividade e lucratividade dos negócios, bem como reforçamos a importância do Modelo das cinco forças que impactam a lucratividade no mercado. Por fim, identificamos os elementos que influenciam na concorrência das organizações, a saber: tamanho, crescimento e lucratividade; estratégia de imagem e posicionamento; objetivos e comprometimento; organização e cultura; estrutura de custo, etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 61 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2012. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: realidade atual e desafios futuros. São Paulo: Atlas, 2014. GRAMMS, L.C.; LOTZ, E.G. Gestão da qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Intersaberes, 2017. KOTLER, P; KELLER, K. L. Administração De Marketing. São Paulo: Pearson, 2012. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2012. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial A Corporação Sob uma Visão Estratégica Estratégias de Gestão e Organização Empresarial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria LUCILIANE RIBEIRO AUTORIA Luciliane Ribeiro Sou formada em Letras Inglês, pós-graduada em gerenciamento de projetos, gestão negócios internacionais e administração. Experiência intensiva em empresas de médio e grande porte com mais de 15 anos. Hoje, atuo em mapeamento de processos, controles internos em empresas. Possuo flexibilidade e habilidade facilitadora para transitar em diferentes segmentos e compartilhar minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO O que é uma Organização ....................................................................... 10 Organizações Segundo Morgan .......................................................................................... 11 Organização Como Entidade Social ............................................................................... 15 Como é Constituída uma Organização? ............................................23 O que é Gestão? ......................................................................................... 35 Como se Norteia a Gestão Corporativa ........................................... 47 7 UNIDADE 01 Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 8 INTRODUÇÃO O que mudou na postura dos executivos em relação aos dos séculos anteriores? Se pesquisarmos na história empresarial, veremos que a preocupação continua sendo a de um desejo de modelo empresarial flexível que se adapte às condições socioeconômicas e políticas. As empresas estão cada vez mais enxutas e terceirizando a mão de obra. Para tanto, os conceitos e ações estratégicas estão cada vez mais em evidência. O que veremos neste curso, além dos conceitos, serão os tipos de organizações e como elas adotam os modelos e técnicas de administração e gestão voltadas para os resultados e crescimento das organizações. A gestão corporativa é fundamental para que se alimente o plano estratégico e a adoção de novas ações, sejam elas de ordem tática ou operacional. Então, vamos lá? Ao final desta unidade letiva, você entenderá como as empresas necessitam estar alinhadas internamente e ter visibilidade no mercado global. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até término desta etapa de estudos: 1. Definir organização, entendendo suas peculiaridades e tipos. 2. Entender como é constituída uma organização. 3. Definir gestão no contexto organizacional. 4. Entender como é norteada a gestão corporativa. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 10 O que é uma Organização OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é uma organização. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que desconsideram essa instrução têm problemas ao administrar o gerenciar uma organização. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Para iniciar, você precisa compreender que a palavra organização pode ter dois significados diferentes, conforme descreve Chiavenato (2014): • Organização como uma entidade social: neste tipo de organização, as pessoas interagem entre si para atingir objetivos específicos. Assim, a organização significa um empreendimento humano conduzido intencionalmente para alcançar determinados objetivos. Podemos afirmar que as empresas são um exemplo de organização social. A figura 1 reforça a característica das organizações enquanto entidade social. Figura 1 – Redes sociais Fonte: Pixabay Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 11 • Organização como função administrativa: fundamenta-se no processo administrativo, assim, está relacionado à organização, estruturação e alocação de recursos, definição dos órgãos incumbidos de sua administração e estabelecimento das atribuições e relações entre eles. Neste capítulo vamos focar na organização como uma entidade social. Baseado nessa perspectiva, a organização pode possuir diferentes significados, a exemplo da descriçãode organização realizada por Morgan, como será introduzido no próximo tópico. Está preparado(a)? Vamos lá. Organizações Segundo Morgan Na obra “Imagens das Organizações”, Gareth Morgan postula que todas os indivíduos possuem imagens mentais das organizações em que trabalham. Ou seja, uma organização pode ser entendida de forma diferente por várias pessoas. Uma pessoa também pode vê-la de diferentes maneiras. Identificar essas imagens mentais possibilita entender e administrar de forma eficaz e eficientes as organizações. Com base nessa obra, uma organização pode ser vista como: máquina, organismo vivo, cérebro, cultura, sistema político, prisão psíquica, sistema em fluxo e transformação, bem como instrumentos e dominação (MAXIMIANO, 2018). Para proporcionar melhor compreensão, essas imagens serão descritas a seguir, conforme mostrado em Maximiano (2018): • Máquina - a organização entendida como máquina enfatiza a organização e a hierarquia, deixando bem claro quais as responsabilidades e relações de autoridade. O ponto forte desse tipo de organização é o funcionamento regular e o ponto fraco é a desumanização do trabalho. Exemplo: Redes de fast-food, etc. A figura 2 reforça uma das características dessas metáfora que é a padronização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 12 Figura 2 -Equipe Fonte: Freepik • Organismo vivo - é a metáfora biológica das organizações. Sua ênfase está voltada para a capacidade de adaptação e não no arranjo ordenado das coisas. Esses sistemas enfatizam o desenvolvimento das competências humanas, mas não são indefinidamente adaptativos em função da possibilidade de conflito interno que é característico destes sistemas e que pode levá-los à obsolescência e à extinção. Exemplo: Departamentos de criação das agências de propaganda. • Cérebro - essa metáfora aplica-se às organizações em que a inteligência e o conhecimento estão distribuídos em todos os lugares, Qualquer parte da organização pode reproduzir o papel do todo, muito embora o cérebro pode ser feito de partes que não aprendem com as outras ou não conseguem questionar seu modo de operar. Exemplo: Instituições de pesquisa e nas universidades. A figura 3 mostra um holograma, que é uma das comparações mais usadas para ilustra essa metáfora. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 13 Figura 3 – Holograma Fonte: Freepik • Cultura - os indivíduos compartilham uma cultura interpretam situações e eventos da mesma maneira. Exemplo: organizações religiosas, etc. Ela também possibilita enxergar outros aspectos além dos formais e racionais, evidenciando as possibilidades de mudança. Exemplo: uma empresa de transportes que enxerga seus passageiros como clientes, e não como carga, essa nova perspectiva possui impacto positivo sobre a estratégia e a competitividade. • Sistema político - entende-se que a organização reúne interesses de vários tipos: departamentais, grupais, individuais, etc. Além disso, pode ser democrática ou autocrática, ou ficar em algum ponto no meio desses dois extremos. Nesse sentido, é essencial para a administração das organizações reconhecer sua natureza política. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 14 • Prisão psíquica - essa metáfora se refere ao poder que as organizações têm sobre as pessoas. Nessa abordagem, os indivíduos ficam confinadas a seus papéis limitados e tornam- se incapazes de pensar de forma distinta da que acreditam ser a desejada pela organização. Diante disso, os gestores precisam derrubar as barreiras mentais e compreender de forma diferente suas tarefas e a organização. A figura 4 ilustra a hierarquia em grupo que é uma maneira de demonstrar os tipos de poder de uma organização. Figura 4 – Hierarquia Fonte: Pixabay • Sistema em fluxo e transformação: essa metáfora enxerga a necessidade de adaptação para a sobreviver, em que existe uma influência reciproca entre a organização e o ambiente. Quando uma organização é incapaz de mudar, ela pode ser considerada ineficaz e pode ser conduzida à extinção. • Instrumento de dominação: nessa abordagem, as organizações têm poder e o utilizam para se beneficiar, muitas vezes causando danos ao ambiente em sua volta. Exemplo: a construção da Muralha da China, é uma demonstração do triunfo da técnica e da habilidade, bem como do sacrifício de muitos para a glória de poucos. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 15 Reconhecido que as organizações podem ser interpretadas de diferentes formas pelos indivíduos, a partir de agora vamos explorar conceitos basilares associados ao tema. Está preparado(a)? Vamos continuar! Organização Como Entidade Social Segundo Maximiano (2018) organização consiste na união de esforços individuais que tem por objetivo alcançar propósitos coletivos. Por meio de uma organização torna-se possível buscar e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa de forma individual. Em outras palavras, uma organização é um agrupamento de profissionais com formações diversas e trabalhando para produzir bens de consumo e comercializar no mercado global. EXPLICANDO MELHOR: O que são bens de consumo? A Teoria Econômica diz que um bem é tudo aquilo que tem uma utilidade e pode satisfazer uma necessidade. “Bem” é um produto ou serviço que uma organização produz e comercializa no mercado. Esses produtos ou serviços podem ser classificados como: • Duráveis – são bens que duram muitos anos, como os automóveis. • Semiduráveis – são bens que vão se desgastando com a sua utilização, como roupas e calçados. • Não duráveis – são bens que devem ser consumidos imediatamente, como alimenta Segundo Coutinho (2020) para produzir bens e serviços são necessários recursos. Eles se dividem em: • Recursos materiais – é todo o ativo imobilizado da organização, tais como espaço físico, prédios e terrenos. Também é classificado como um recurso material o processo de produção e a tecnologia utilizada. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 16 • Recursos financeiros – são os investimentos, capital, fluxo de caixa, aplicações, empréstimos e financiamentos que a organização possui. • Recursos humanos – são as pessoas/profissionais que compõem as organizações independentes em todos os níveis hierárquicos. • Recursos mercadológicos – são os instrumentos utilizados para promover a análise do mercado e elaborar as estratégias para colocação de os produtos e serviços aos consumidores, bem como a sua divulgação. • Recursos administrativos – são os recursos de gestão (planejamento, organização, controle e direção). Importante destacar que, segundo Chiavenato (2014) as interações relacionamentos estabelecidos entre as pessoas estão condicionados a duas tipologias de organização, a saber: Formal (ou racional) e Informal (ou natural), descritas a seguir: • A organização informal é o agrupamento de profissionais com objetivos, ideias e costumes em comum que são compartilhados no ambiente de trabalho. EXPLICANDO MELHOR: A organização formal é uma empresa constituída de órgãos, cargos, relações funcionais, níveis hierárquicos etc. que são demonstradas através de organogramas. Já a organização formal é o agrupamento de profissionais numa estrutura organizada e formal, com áreas de decisão, no qual as atividades, responsabilidades e canais de comunicação são definidos. Segundo Chiavenato (2014) uma organização informal possui as seguintes características: • Relação de coesão ou de antagonismo - se refere à possibilidade de os indivíduos podem criar relações pessoais de identificação ou de antipatia. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 17 • Status - ao interagir em grupos, os indivíduos adquirem certa posição social ou status em função do seu papel e integração grupo. • Colaboração espontânea - a organização informalé um produto da colaboração espontânea de indivíduos. • Possibilidade de oposição da organização informal - a organização informal pode se desenvolver em oposição à organização formal quando a gestão não propiciar um clima adequado de bons relacionamentos. • Padrões de relações e atitudes - os indivíduos desenvolvem, de forma espontânea, padrões de relações e atitudes para traduzir os interesses do grupo. • Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais - os indivíduos participam de vários grupos informais em função dos relacionamentos funcionais que sustentam em outros níveis e setores da organização. • Organização informal transcende a organização formal - a organização informal é formada por interações e relações espontâneas, cuja duração e natureza transcendem as relações formais. • Padrões de desempenho - os padrões de desempenho definidos pelo grupo informal nem sempre equivalem aos padrões definidos pela administração. Nesse sentido, podem ser maiores ou menores, estar em harmonia ou em oposição, conforme o grau de motivação do grupo em relação aos objetivos da organização. Nesse tipo de organização, o indivíduo está preocupado com a aprovação social do grupo ao qual está associado. No que diz respeito à organização formal, Chiavenato (2014) destaca que a principal característica deste tipo de organização é o racionalismo. Baseado nessa abordagem, podemos compreender que a organização é um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas de comportamento os seus integrantes precisam se sujeitar. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 18 No que diz respeito à organização linear, podemos dizer que existem linhas diretas e únicas de autoridade e de responsabilidade entre gestores e subordinados. Ela possui formato piramidal. É o modo de organização típica de pequenas empresas ou de organizações em seus estágios iniciais (CHIAVENATO, 2014). Esse tipo de organização possui as seguintes características: • Autoridade linear -a autoridade linear está apoiada no nível hierárquico e se limita aos subordinados. Cada subordinado reporta-se e recebe ordem somente de seu superior. • Linhas formais de comunicação - as comunicações são lineares e formais, limitadas exclusivamente às relações formais do organograma. Todo órgão ou cargo possui dois terminais de comunicação: • Orientado para cima e que o liga somente ao órgão ou cargo superior. • Orientado para baixo e que o liga apenas aos órgãos ou cargos diretamente subordinados. • Centralização das decisões - a autoridade linear que coordena toda a organização está centralizada no topo do organograma, e os canais de responsabilidade são orientados por meio dos níveis hierárquicos. • Aspecto piramidal - devido a centralização da autoridade no topo da organização e da autoridade linear de cada superior quanto aos subordinados, a organização linear apresenta um formato piramidal. À medida que se sobe na escala hierárquica, o número de cargos ou de órgãos diminui. Para proporcionar melhor compreensão, a figura 5 mostra a estrutura da organização linear. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 19 Figura 5– Organização linear Gerência Gerência Execução Execução Diretor Fonte: Chiavenato (2014, p. 203) No tipo de organização funcional é o tipo de estrutura organizacional que aplica o princípio funcional ou princípio da especialização das funções. O princípio funcional separa, distingue e especializa. As características da organização funcional são: • Autoridade funcional - esse tipo de autoridade é relativo e apoiada na especialização. Não possui nada tem de linear, hierárquica ou de comando. Os subordinados reportam-se a muitos superiores, mas somente nos assuntos de sua especialidade. Os superiores possuem uma autoridade parcial e relativa relacionada à sua especialidade. • Linhas diretas de comunicação: as comunicações entre os órgãos ou cargos são realizadas de forma direta e não há necessidade de intermediação. • Descentralização das decisões - corresponde ao deslocamento e à distribuição das decisões para os órgãos ou cargos apropriados. • Ênfase na especialização - cada órgão ou cargo contribui para a organização conforme sua especialidade. Para proporcionar melhor compreensão, a figura 6 mostra a estrutura da organização funcional. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 20 Figura 6 – Organização funcional Gerência Gerência Execução Execução Diretor Fonte: Chiavenato (2014, p.203). Por sua vez, a organização linha-staff é o produto da combinação dos tipos de organização linear e funcional. Nesse tipo de organização coexistem órgãos de linha (órgãos de execução) e de assessoria (órgãos de apoio e de consultoria), sustentando relações entre si. As características desse tipo de organização são: • A organização linha-staff possui características mais complexas, pois existem características lineares e funcionais, simultaneamente. • Cada órgão se reporta apenas a um órgão superior e cada órgão recebe assessoria e serviços especializados de diversos órgãos de staff. • Coexistência entre as linhas formais de comunicação com as linhas diretas de comunicação. Ou seja: existem linhas formais de comunicação entre superiores e subordinados que expressam a hierarquia, bem como há linhas diretas de comunicação que conectam os órgãos e o staff e formam a oferta de assessoria e serviços especializados. • Separação entre órgãos operacionais e órgãos de apoio e suporte. Os membros do staff focam em atividades que requerem estudo e pesquisa, bem como em no planejamento e na solução de problemas da organização. Por sua vez, os chefes de linha focam Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 21 na execução do trabalho e nos regulamentos formulados pelo staff. • Hierarquia versus especialização: apesar da conexão entre organizações lineares e organizações funcionais, existe uma predominância dos aspectos lineares na organização linha- staff. Por exemplo, a organização linha-staff sustenta o princípio da hierarquia, mas sem abrir mão da especialização. Ou seja, a hierarquia (linha) mantém o comando e a disciplina, enquanto a especialização (staff) oferece serviços de consultoria e assessoria. Para proporcionar melhor compreensão, a figura 7 mostra a estrutura da organização linha-staff. Figura 7 – Organização linha-staff Staff Gerência Assessoria Execução Diretor Fonte: Chiavenato (2014, p. 203). RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a palavra organização pode ser compreendida como: (i) entidade social, na qual os indivíduos interagem entre si para alcançar objetivos; (ii) função administrativa, que trata sobre Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 22 o processo administrativo. Somado a esses aspectos, você deve ter conhecimento da abordagem dos conceitos centrais trabalhados na obra “Imagens das Organizações”, de Gareth Morgan que mostra diferentes pontos de vista de uma organização: máquina, organismo vivo, cérebro, cultura, sistema político, prisão psíquica, sistema em fluxo e transformação, bem como instrumentos e dominação. Além disso, você aprendeu que os constituídos entre as pessoas estão condicionados a duas tipologias de organização: Formal e Informal. As principais características de uma organização informal são: relação de coesão ou de antagonismo, status, colaboração espontânea, possibilidade de oposição da organização informal, padrões de relações e atitudes, mudanças de níveis e alterações dos grupos informais, organização informal transcende a organização formal, bem como padrões dedesempenho nos grupos informais. Quanto à organização formal, compreendemos que diz respeito a um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos, assim, foram explorados os três tipos de organizações formais: a organização linear, a organização funcional e a organização linha-staff. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 23 Como é Constituída uma Organização? OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como é constituída uma organização. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois uma organização pode envolver múltiplos recursos, bem como pode influenciar e receber influências de diferentes formas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! A sociedade atual possui problemas de natureza complexas, provocados pela relação de diferentes fatores. Vários problemas constituem a complexidade da situação contemporânea para os gestores das organizações públicas e privadas. Muitas delas não estão empenhadas em enfrentá-los, e esses problemas, em maior ou menor grau, interferem nos desempenhos e ampliam a quantidade número de variáveis que os administradores precisam considerar em suas decisões. São exemplos desses problemas: a crise econômica, o esgotamento de recursos naturais, etc. (MAXIMIANO, 2018). Para proporcionalizar melhor compreensão, a figura 8 traz um exemplo de um problema complexo que pode ser provocado por diferentes fatores. Figura 8 – Incêndio florestal Fonte: Pixabay Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 24 Segundo Maximiano (2018) o instrumento que lida com a complexidade é o pensamento sistêmico, que possibilita: • Visualizar a relação de componentes que se unem em totalidades ou conjuntos complexos. • Compreender a multiplicidade e a interdependência das causas e variáveis dos problemas complexos. • Planejar soluções para problemas complexos. Segundo Chiavenato (2014) sistema é um todo complexo ou organizado, inclui um conjunto de partes (elementos) que constituem um todo unitário. Seus componentes são: • Físicos/ concretos/ materiais, como - equipamentos, máquinas, instalações, etc. Exemplos de componentes físicos são mostrados na figura 9. Figura 9 – Ambiente de trabalho Fonte: Pixabay • Conceituais/ abstratos, como - conceitos, ideias, emocional, regras, etc. A figura 10 ilustra uma pessoa tendo uma ideia, para reforçar essa característica dos componentes abstratos. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 25 Figura 10 – Homem amigável tendo ideia Fonte: Freepik Baseado em Chiavenato (2014) os elementos básicos de um sistema são: • Entradas/ Inputs - recursos físicos e abstratos de que compõem o sistema. Inclui todas as influências e os recursos recebidos do meio ambiente. • Processo - todo sistema é dinâmico e possui processos que conectam os componentes e convertem os elementos de entrada em resultados. • Saídas/ resultados - são os produtos do sistema, os objetivos que o sistema pretende alcançar ou atinge. Segundo Silva (2008) as organizações são sistemas abertos, os quais tomam entradas do ambiente e por meio de uma série de processos, convertem essas entradas em saídas para atingir algum propósito, como exemplificado na figura 11. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 26 Figura 11- Organização como sistema aberto Matérias-primas. Informações. Recursos. Entrada Subsistemas inter-relacionados. Saída Processo Produtos Serviços Saída Fonte: Silva (2008, p. 44) De acordo com Silva (2008) qualquer tipo de organização possui a conversão de entradas em saídas. Dentro desse contexto, a organização é considerada como um sistema e suas atividades de transformação são compreendidas como um subsistema isolado, com seus processos de entradas saídas e de interação com outros subsistemas. No geral, as pessoas utilizam como exemplo a indústria para ilustrar essa abordagem, uma vez que elas recebem materiais e outros recursos, processam esses itens e entregam como forma de produtos. Selecionamos a figura 12 para fixar essa ilustração. Figura 12 – Entrada e saída Fonte: Freepik Compreender a perspectiva sistêmica ou enfoque sistêmico é um aspecto fundamental para explorar a estrutura das organizações. Você já Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 27 parou para pensar o que, de fato, constitui uma organização? Quais são os elementos básicos de sua estrutura? Esta é uma oportunidade para reflexão. Ao explorar as organizações sob a perspectiva da estrutura departamental (subsistemas), Silva (2008) afirma que diversos subsistemas podem ser determinados na organização, como setores de produção, de manutenção, de administração, entre outros. Além disso, o autor destaca alguns modelos compreendidos como referências na literatura, descritos a seguir: a. Modelo de Paul Hersey e Ken Blanchard que, segundo Silva (2008) identifica quatro subsistemas principais para as organizações: • Humano - foca nas necessidades e motivações dos indivíduos da organização, bem como seus estilos de liderança. • Administrativo - trata sobre a autoridade, a responsabilidade e estrutura dentro da organização. • Informacional - foca as decisões-chave e as necessidades de informação para assegurar a organização operacional. A figura 13 ilustra diferentes recursos que podem ser usados na troca de informações. Figura 13 – Comunicação de pessoas Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 28 • Tecnológico - foca centrado no trabalho executado e na relação custo-benefício de metas para as organizações. b. Modelo de F Kast e J. Rosenzweig, que observam a organização como um sistema sociotécnico aberto, constituído pelos seguintes subsistemas, conforme descreve Silva (2008): • Metas e valores - inclui o alcance de metas estabelecidas pelo ambiente externo e a conformidade com as questões sociais. • Técnicos - abrange o conhecimento necessário para executar tarefas, técnicas e tecnologias. • Psicossociais - envolve as interações dos indivíduos e grupos, considerando seus comportamentos na organização. • Estruturais - inclui a divisão e a coordenação de tarefas e a relação formal entre os departamentos técnicos e psicossociais. • Administrativos - inclui práticas de planejamento, organização, direção e controle do desempenho da organização como um todo, bem como a gestão de sua relação com o ambiente. c. Modelo de Harold J. Leavitt que, baseado em Silva (2008), considera que a organização é fruto da interação entre quatro elementos: • Tarefa - inclui a solução de problemas e a melhoria do desempenho da organização. A figura 14 ilustra de forma simplificada um processo de resolução de problemas. Figura 14- Problema Fonte: Pixabay Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 29 • Estrutura - está vinculado aos padrões de organização, autoridade, responsabilidade e comunicações. • Informação e controle - inclui técnicas para controle da informação, a exemplo dos instrumentos de contabilidade. • Pessoas - considera as atitudes e relacionamentos interpessoais. d. Modelo de Laurie Mullins’ que, baseado em Silva (2008), exploram subsistemas que asseguram as atividades das organizações conduzidas para o alcance das metas e dos objetivos: • Tarefa - inclui metas e objetivos da organização, bem como as atividades executadas no processo de transformação. A figura 15 traz um ícone para representar objetivos e metas. Figura 15– Metas com dardos alvo no dartboard Fonte: Freepik • Tecnologia - considera a forma pela qual as tarefas da organização são executadas e a natureza do trabalho. • Estrutura - envolve os padrões de organização, autoridade, relacionamentos formais e canais de comunicação que ligam os indivíduos. • Pessoas - inclui a natureza dos indivíduos que executam as atividades, a exemplo de atitudes, habilidades, necessidade,estilos de liderança, etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 30 • Administração - a gestão de tarefas, tecnologia, estrutura e pessoas, bem como as políticas e processo de trabalho, etc. Muitos fatores podem interferir no desempenho das organizações, essas forças normalmente resultam dos ambientes das organizações: o ambiente geral, o ambiente das tarefas e o ambiente interno (SILVA,2008) Segundo Chiavenato (2014) o ambiente geral é constituído por um conjunto de condições comuns para todos os tipos de organizações: a. Condições tecnológicas - o progresso de outras organizações influencia as organizações, especialmente quando se trata de tecnologia sujeita a inovações. Nesse sentido, as organizações precisam adaptar-se e introduzir tecnologia que provém do ambiente geral para não perderem em termos de competitividade. b. Condições legais - abrange a legislação que afeta as organizações, auxiliando-as ou impondo-lhes restrições às suas atividades, a exemplo de caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil, etc. Para proporcionar melhor compreensão, a figura 16 mostra ícones relacionados à justiça e a legislação. Figura 16– Lei e conceito de justiça Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 31 c. Condições políticas - são as decisões e políticas estabelecidas nos níveis federal, estadual e municipal que influenciam as organizações, bem como conduzem suas condições econômicas. d. Condições econômicas - condições que determinam o desenvolvimento econômico ou a retração econômica, interferindo fortemente as organizações. Exemplos: a inflação, a distribuição da renda interna, etc. Para reforçar essas condições, selecionamos a figura 17 que trata sobre economia. Figura 17 – Economia Fonte: Pixabay e. Condições demográficas - inclui aspectos como raça, religião, gênero, idade, etc. f. Condições ecológicas - existem condições associadas ao quadro demográfico que inclui a organização. Diante disso, o ecossistema pode ser entendido como o sistema de intercâmbio entre os seres vivos e seu ambiente. Para as organizações, existe uma ecologia social: as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos como clima, comunicações, etc. g. Condições culturais - a cultura de uma sociedade penetra as organizações por meio das expectativas de seus integrantes e dos consumidores. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 32 O ambiente de tarefa corresponde ao ambiente mais próximo e imediato de uma organização (CHIAVENATO, 2014). Ele é constituído pelos seguintes elementos: a. Fornecedores de entradas - inclui os provedores de todos os tipos de recursos (materiais, financeiros, humanos, etc.) usados em uma organização. A figura 18 traz representação da logística colaborativa que inclui fornecedores de diferentes segmentos. Figura 18 – Logística colaborativa Fonte: Freepik b. Clientes ou usuários - são os consumidores das saídas de uma organização. c. Concorrentes - corresponde a disputa entre organizações pelos recursos de entradas e pelos consumidores de suas saídas. A figura 19 foi selecionada para ilustra uma competição nos negócios. Figura 19 – Líder em competição de negócios Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 33 d. Entidades reguladoras - inclui os atores que regulam ou fiscalizam as atividades das organizações, a exemplo de sindicatos, associações de classe, órgãos regulamentadores do governo, etc No que diz respeito ao ambiente interno, Silva (2008) afirma que a organização é formada pelos seguintes elementos: • Proprietários - indivíduos ou grupos de pessoas que possuem direitos legais de propriedade da organização. • Empregados - inclui as pessoas que movem a organização. Um exemplo de profissional que executa atividades no nível operacional da empresa pode ser consultado na figura 20. Figura 20 – Construtor profissional Fonte: Freepik • Administradores - diz respeitos aos gestores escolhidos pelos acionistas da organização ou pelo proprietário para conduzir a administração geral da empresa. • Ambiente físico - diz respeito às instalações das organizações e ao trabalho que os indivíduos executam. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 34 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que uma organização pode ser constituída de diferentes elementos, conforme a perspectiva e o ambiente considerado. De forma específica você deve entender o enfoque sistêmico direcionado às organizações. Reconhecendo a organização como um sistema aberto, você deve saber que seus componentes são: físicos ou conceituais. Ao explorar as organizações sob a perspectiva da estrutura departamental, com ênfase nos subsistemas, exploramos os elementos de alguns modelos em destaque na literatura, como: O modelo de Paul Hersey e Ken Blanchard ( Humano, Administrativo, Informacional e Tecnológico), o modelo de F Kast e J. Rosenzweig ( Metas e valores, Técnicos, Psicossociais, Estruturais, Administrativos), o modelo de Harold J. Leavitt ( Tarefa, Estrutura, Informação e controle, Pessoas), o modelo de Laurie Mullins’ (Tarefa, Tecnologia, Estrutura, Pessoas, Administração). Além dos componentes abordados em cada modelo, você também foi orientado quanto aos fatores que podem interferir no desempenho das organizações, essas forças normalmente resultam dos ambientes das organizações: o ambiente geral(tecnologias, legislação, políticas, condições econômicas, condições demográficas: condições ecológicas condições culturais, etc.), o ambiente das tarefas (fornecedores, clientes ou usuários, concorrentes, entidades reguladoras) e o ambiente interno ( Proprietários, Empregados, Administradores, Ambiente físico). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 35 O que é Gestão? OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é gestão. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Vamos avançar nas definições e explicar como a gestão corporativa é importante para as organizações em crescimento, pois à medida em que se aumenta a penetração no mercado, aumenta o fluxo de atividades, expansões, logísticas e recursos humanos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Para começar, você precisa entender que gestão é um conceito amplo, tratado na literatura especializada como Administração. Existem vários conceitos de administração e obras sobre o assunto, mas a maioria das definições encontradas compartilham a seguinte ideia central: a administração está associada com o alcance de objetivos por meio dos esforços de outros indivíduos (SILVA, 2008). A figura 21 foi selecionada para reforçar a relação entre objetivos e pessoas no contexto de gestão. Figura 21 – Gestão de pessoal Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 36 Segundo Silva (2008) essas definições de administração podem ser classificadas em cinco categorias, a saber: • Escola funcional - inclui as visões de McFarland, Henri Fayol e George Terry, os quais consideram a administração como sendo um processo diferente, que envolve planejamento, organização, atuação e controle para definir e alcançar os objetivos da organização por meio de pessoas e diferentes recursos. A figura 22 traz alguns recursos que podem ser usados nessas etapas de administração. Figura 22 – Encontro de pessoas de negócios Fonte: Freepik • Escola das relações humanas - entende que a administração é um processo social, pois as ações administrativas são inerentes aos relacionamentos entre pessoas. A figura 23 foi escolhida para simbolizar o foco dessa abordagem: pessoas. Figura 23 – EquipeFonte: Pixabay Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 37 • Escola da tomada de decisão - está baseado na visão de Peter Drucker e Stanley Vance. Neste caso, a Administração é o processo de tomada de decisão e o controle sobre as ações das pessoas, para as metas e objetivos predefinidos. A figura 24 ilustra uma pessoa em um processo de decisão que envolve três alternativas de caminho. Figura 24 – Decisão Fonte: Pixabay • Escola de sistemas - compreende as organizações como sistemas orgânicos e abertos, formadas pela interação e interdependência de diferentes partes. A figura 25 foi selecionada para ilustrar a relação de interdependência entre diferentes partes. Figura 25 – Rede global Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 38 • Escola contingencial - a administração é situacional, não há uma” receita de bolo” para administrar as organizações, assim, os gestores têm de planejar conforme as condições ambientais prevalecentes. A figura 26 reforça as ideias dessa abordagem. Figura 26 – Mudança Fonte: Pixabay IMPORTANTE: Em sua essência, o termo administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que executa uma função sob o comando de outrem (CHIAVENTADO, 2014). Trazendo para o contexto das organizações, Chiavenato (2015) destaca que a Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar a utilização de recursos com o objetivo de atingir objetivos organizacionais. Baseado neste autor, as funções administrativas são: • Planejamento - função administrativa que determina antecipadamente os objetivos a alcançar e o que deve ser feito para alcançá-los. Modernamente, substitui a previsão no processo administrativo. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 39 Figura 27 – Plano Fonte: Pixabay • Organização - do ponto de vista de função administrativa, é aquela que constitui o duplo organismo material e social da empresa. Figura 28 – Organizar Fonte: Pixabay • Direção - função administrativa que interpreta os objetivos e os planos para alcançá-los, conduz e orienta as pessoas rumo a eles. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 40 Figura 29 – Seta de direção no chão Fonte: Freepik • Controle - função administrativa que cuida para que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Figura 30 – Lista de controle Fonte: Pixabay Reconhecido que a gestão diz respeito ao ato de administrar, podemos dizer que a gestão ou administração é essencial para todo tipo de organização. Vamos refletir um pouco sobre esse assunto? Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 41 Segundo Silva (2008) a administração é essencial quando as pessoas atuam juntas em uma organização. Nesse sentido, suas funções gerenciais precisam ser exercidas por qualquer indivíduo responsável por algum tipo de atividade organizada; suas principais características são: • A administração é propositada - inclui a complementação de atividades com outros indivíduos usando de forma adequada os recursos. Figura 31 – Flecha de dardo vermelha acertando no centro do alvo de dardos Fonte: Freepik • A administração envolve ideias, coisas e pessoas - inclui orientação de metas e foco na ação para obter resultados administrativos/ gerenciais. • A administração é um processo social - considera que as ações administrativas são inerentes às relações entre pessoas. • A administração é uma força coordenada - inclui a coordenação esforços de pessoas, considerando os diferentes valores e aspirações. • A administração envolve esforços de equipe - o alcance de objetivos se torna mais fácil somando esforços de uma equipe. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 42 Figura 32 – Parceiros segurando peças de quebra-cabeça Fonte: Freepik • A administração é uma atividade - necessita distinguir conhecimentos e habilidades requeridas para seu desempenho. • A administração é um processo formado pelas funções planejamento, organização, direção e controle. • A administração atua como força criativa e revigorante na organização: em algumas situações o resultado obtido é superior a soma total dos esforços de um grupo, envolve sinergia que traz vida para a organização. • A administração é uma disciplina dinâmica - as funções administrativas são orientadas para o avanço da organização, que pode incluir um comportamento ajustável e adaptável. • A administração é intangível - consiste em uma força invisível, cuja presença é mostrada pelos resultados de seus esforços, por exemplo: ordenação, satisfação dos funcionários, entre outras. Segundo Maximiano (2018) a maioria das organizações possuem três níveis principais de administração: • Alta administração - a constituição da alta administração está intimamente relacionada ao tamanho, à complexidade e ao nível de profissionalização da organização. Em empresas de grande porte, por exemplo, a alta administração inclui o executivo principal (presidente, diretor-geral ou Chief Executive Officer - CEO), bem como os diretores. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 43 • Gerência intermediária - esses profissionais estão entre os executivos e os supervisores de primeira linha. Eles gerenciam as funções especializadas, como: operações, marketing e vendas, finanças, entre outras. • Supervisores de primeira linha - esses profissionais ocupam o primeiro degrau da administração, considerando a escada de baixo para cima. Eles estão na base da pirâmide de diferentes tipos de organização, gerenciando especialistas, técnicos ou operadores, bem como os indivíduos que desempenham o trabalho operacional (pessoas que fabricam peças, que prestam serviços, atendem clientes, etc.). Na atualidade, o papel do supervisor é caracterizado pelas práticas de liderança e de orientação. Para proporcionar melhor compreensão, esses níveis de administração são ilustrados na figura 33. Figura 33– Níveis de Administração Gerência intermediária Alta administração Supervisores de primeira linha Fonte: Elaborado pela autora com base em Maximiano (2018) IMPORTANTE: Os primeiros capítulos exploramos a organização (entidade social) e neste capítulo estamos tratando sobre gestão. Certo? Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 44 Existe um aspecto a respeito desse assunto que você precisa conhecer, que são os conceitos de: Teoria das Organizações (TO) e Teoria Geral da Administração (TGA), descritas por Chiavenato(2014), conforme segue: • Teoria das Organizações (TO): é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. • Teoria Geral da Administração (TGA): é o campo do conhecimento que se ocupa do estudo da administração das organizações. O conteúdo do estudo da administração varia conforme a teoria ou a escola considerada, e cada autor aborda as variáveis típicas da orientação teórica de sua escola ou teoria. Cada teoria administrativa enfatiza uma ou mais das seguintes variáveis: tarefas, estrutura, pessoas, ambiente, tecnologia e competitividade (CHIAVENATO, 2014). Embora o foco da disciplina não esteja voltado para o estudo de cada uma dessas variáveis, a título de informação as principais teorias da administração são indicadas no Quadro 1. Quadro 1 – Teorias administrativas Variável Teorias Administrativas Tarefa Administração Científica Estrutura Teoria Clássica Teoria Neoclássica Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista Pessoas Teoria das Relações humanas Teoria do Comportamento organizacional Teoria do Desenvolvimento organizacional Ambiente Teoria Estruturalista Teoria da Contingência Tecnologia Teoria da Contingência Competitividade Novas abordagens na Administração Fonte: Chiavenato (2014) Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 45 Como outras áreasdo conhecimento, os paradigmas da administração mudam de forma constante. VOCÊ SABIA? Segundo Maximiano (2018) a Revolução Industrial provocou grandes transformações sociedade, a exemplo das formas de produção e consumo, urbanização, divisão dos cidadãos em classes, profissões, entre outras. E grande parte das teorias e técnicas da administração nasceu dessas mudanças. O Quadro 2 resume as principais mudanças de paradigmas que ocorreram na passagem para o terceiro milênio. Quadro 2 – Paradigmas tradicionais e paradigmas atuais Conceitos tradicionais Novos paradigmas Revolução industrial -substituição do trabalho do homem pelo trabalho das máquinas. Revolução digital -substituição de atividades de decisão por sistemas de informação. Empregados. Empregadores. Inclui trabalhadores especializados, chefia. Inclui operadores ecléticos, grupos autogeridos. Possui grandes hierarquias. Possuo estruturas enxutas. Foco na eficiência. Foco na competitividade Foco no interesse dos acionistas. Foco na ética, responsabilidade social, governança corporativa, ecoeficiência. Fonte: Maximiano (2018) Diante do exposto, considerando que a administração é essencial para qualquer tipo de organização, bem como sua compreensão pode ser modificada conforme a abordagem; e reconhecendo a evolução de paradigmas dos últimos anos, no próximo capítulo vamos explorar um pouco mais sobre as abordagens atuais no campo da gestão empresarial. Espero que esteja motivado (a) para a conclusão desta unidade. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 46 Baseado no exposto, Chiavenato (2014) a administração, pela sua complexidade, é considerada simultaneamente ciência, tecnologia e arte: • Como ciência - a administração está apoiada em fundamentos científicos, bem como metodologias e teorias sobre fatos e evidências analisadas, experimentadas e testadas. • Como tecnologia - a administração utiliza técnicas, modelos, práticas e instrumentos conceituais apoiados em teorias científicas que simplificam a vida do administrador. • Como arte - a administração exige do administrador a compreensão de cada situação em uma visão global, com intuição e abordagem criativa e inovadora para solucionar problemas, criar, mudar, inovar e transformar organizações. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a gestão ou administração tem como ideia central o alcance de objetivos por meio dos esforços de outras pessoas. A literatura registra várias definições para descreve esse construo e essas podem ser classificadas em nas seguintes categorias: escola funcional, escola das relações humanas, escola da tomada de decisão, escola de sistemas, e escola contingencial. Você também deve ter compreendido que as funções administrativas são: planejar, organizar, dirigir e controlar. As principais características da Administração são: a administração é concernente com idéias, coisas e pessoas; processo social; força coordenadas, etc. A maioria das organizações possuem três níveis principais de administração: alta administração, supervisores de linhas, bem como gerência intermediária. Também diferenciamos Organizações (TO) e Teoria Geral da Administração (TGA). Por fim, resumimos algumas características dos paradigmas tradicionais e do paradigmas atuais relacionados à Administração, entre os atuais destacam-se: revolução digital, estruturas enxutas, competitividades, etc.). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 47 Como se Norteia a Gestão Corporativa OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como se norteia a gestão corporativa. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As organizações que consideraram essas orientações, certamente alcançaram maiores resultados em termos de sustentabilidade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Nesta unidade não vamos explorar a estratégia empresarial. Esse assunto será tratado nas próximas unidades. Mas você precisa compreender neste momento o que é estratégia e que ela é responsável por nortear a organização para uma posição de destaque em relação às demais (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Você já ouviu falar sobre estratégia? Esta é uma oportunidade para reflexão. Para facilitar, acompanhe nosso raciocínio e entenda os seguintes conceitos: Primeiro você precisa saber que o objetivo organizacional é uma situação desejada que a organização queira alcançar (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Figura 34 – Grupo Alvo Fonte: Pixabay Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 48 • Objetivo é um resultado desejado que se pretende alcançar em determinado período. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Figura 35 – Conceito abstrato de foco Fonte: Freepik • Estratégia organizacional: representa o caminho selecionado pela organização para enfrentar as turbulências externas e utilizar os recursos e competências da melhor forma. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Figura 36 – O negócio Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 49 Provavelmente o papel essencial da estratégia é criar a individualidade da organização e dotá-la de personalidade. Para isso, ela precisa contar com governança corporativa adequada (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Diante disso, o foco deste capítulo está voltado para a governança corporativa. Você já ouviu falar desse conceito? Esta é uma oportunidade de reflexão e de aprendizado. Vamos lá? Segundo Di Miceli da Silveira (2021) a governança corporativa consiste no conjunto de princípios, práticas, regras que conduzem os relacionamentos entre os parceiros das organizações (acionistas, conselheiros, executivos e colaboradores, etc.), bem como definem propósitos, valores, cultura, estratégias, operações e estilos de liderança da organização. Figura 37 – Ética empresarial Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 50 Sobre esse modo de gestão, Di Miceli da Silveira (2021) faz as seguintes considerações: • No ambiente interno à organização, a governança tem como objetivo: criar um ambiente no qual gestores e colaboradores desejem cumprir as regras, agir eticamente e tomar decisões alinhadas ao propósito da organização de forma voluntária. • No ambiente externo à organização, a governança tem como objetivo: assegurar o exercício pleno dos direitos dos acionistas, fazendo com que as organizações sejam transparentes, justas, responsáveis para com seus parceiros, etc. Em outras palavras, o conceito de governança corporativa está associado a um conjunto de regras a respeito de como as organizações precisam ser administradas e controladas. Ele é produto de normas, tradições e padrões de comportamento de cada organização. Esse construto surgiu a partir da separação entre a propriedade e a gestão da empresa. Seu foco é definir uma estrutura de gestão que maximize a relação entre o retorno dos acionistas e os benefícios recebidos pelos executivos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Para Di Miceli da Silveira (2021) A gestão corporativa pode ser dividida em diversas áreas, de acordo com as suas funções e grau de especialização. Entre elas podemos citar: • Gestão de pessoas ou gestão de recursos humanos – responsável pela adoção de estratégias para o aprimoramento dos planos de carreira nas diversas funções. • Gestão financeira – é a metodologia de análise, controle e planejamento de todas as atividades financeiras de uma organização. • Gestão de projetos – engloba o planejamento, execução e controle dos projetos de uma organização. • Gestão de processos - mantém o nível de desempenho e os resultados previstos utilizando ferramentas tais como: manuais de Estratégias de Gestão e OrganizaçãoEmpresarial 51 procedimentos, relatórios de aferição dos resultados, sistemas de controle etc. • Gestão comercial – responsável pela colocação de um produto ou serviço no mercado de forma rentável e por garantir novas demandas para a continuidade da prestação de serviços nas organizações. • Gestão de qualidade – monitora os produtos e serviços das organizações para garantir a qualidade e satisfação dos clientes, bem como atentar para a melhoria constante dos processos internos, a fim de superar as expectativas de mercado. Figura 38 – Funcionários do armazém trabalhando juntos na contagem de produtos e verificação do estoque Fonte: Freepik Gestão de tecnologia da informação – responsável pela instalação e gerenciamento dos sistemas informatizados nas organizações, de forma a melhorar o desempenho dos seus setores. Define os parâmetros de utilização dos usuários para garantir a segurança dos sistemas. Gestão de estoque - organiza e controla os produtos que uma organização produz. Além disso, apresenta as demandas por produto e alimenta o setor de compras/produção sobre a necessidade de Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 52 reposições, bem como aqueles produtos que não possuem procura/ solicitações. A funcionalidade da governança corporativa pode ser avaliada baseado em nos seguintes elementos: (a) estrutura de propriedade; (b) princípios; (c) propósitos; (d) papéis; (e) poder; (f) práticas; (g) pessoas; e (h) perpetuidade. Esses elementos são capazes de resumir o ambiente, o sistema, os pontos fortes, as fragilidades e outras situações observadas nas organizações no que diz respeitos boas práticas de governança (GODOI, 2020). Diante do exposto, ficou curioso(a) para conhecer cada um desses elementos, não é mesmo? Está preparado(a) para compreendê- los? Eles serão explorados a partir de agora. • Estrutura de propriedade: o desenvolvimento da governança corporativa está relacionado à estrutura da propriedade da organização. Por exemplo, em empresas de sociedades anônimas de capital aberto, onde os proprietários não possuem visibilidade e alteram a cada dia em razão do cenário econômico, com a finalidade de reduzir os conflitos e custos de agência entre gestores e acionistas. Em organizações de capital fechado, a governança ajuda a promover a coesão societária e a transparência, mediante o monitoramento de conselhos e de outros órgãos corporativos. • Princípios: se referem aos elementos que constituem a estrutura ética da governança. Alguns princípios éticos são considerados inegociáveis e estão presentes, explícita ou implicitamente, no estabelecimento dos propósitos, nos processos e práticas do dia a dia, entre outros. Figura 39 – Ilustração de ética empresarial Fonte: Freepik Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 53 • Propósitos: o principal objetivo da governança corporativa é contribuir para o máximo retorno de longo prazo dos parceiros. Aos investidores interessam que demandas de diferentes partes sejam administradas de forma estratégica, considerando que a validação e a reputação da empresa ocorrem em função de posturas apoiadas no conceito do triple bottom line, o qual busca o a relação equilibrada entre os elementos econômicos, sociais e ambientais. IMPORTANTE: Triple Bottom Line (TBL) ou Tripé da Sustentabilidade foi criado por John Elkington. Ele propõe a busca por um padrão de desenvolvimento baseado no equilíbrio entre três pilares, a saber: econômico, o qual inclui o valor financeiro e a sua contribuição da organização para a economia local; social, que inclui a adoção de práticas benéficas para a sociedade; e ambiental, que inclui o uso otimizado de recursos naturais para não comprometer as gerações atuais e futuras (ELKINGTON, 1997). • Papéis: os agentes envolvidos no processo de governança dispõem de papéis distintos nas organizações. Por exemplo: (i) os proprietários são responsáveis pelas atribuições privativas, a exemplo da definição de estrutura e da escolha dos administradores; (ii) os conselheiros, são responsáveis pela proteção e pela valorização do patrimônio da organização, inclusive pela otimização do retorno do investimento e a avaliação dos gestores; (iii) os gestores são responsáveis pela gestão executiva da organização. • Poder: a compreensão da estrutura de poder nas organizações é dada baseado nas relações entre os órgãos de governança. Entende-se que a estrutura de poder legitimamente pelos proprietários define a separação de funções e de responsabilidades dos conselhos corporativos e da direção executiva na organização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 54 • Pessoas: um sistema de governança eficaz está baseado na construção de relações bem definidas entre os indivíduos que participam das organizações. Isso inclui considerar crenças e costumes, papéis e modelos de relacionamentos entre diferentes atores. • Perpetuidade: no geral, as organizações objetivam a perpetuidade de suas atividades, assegurando sua atuação e participação crescente em seus setores. A permanência das atividades de uma organização está intimamente relacionada às práticas de boa governança que buscam definir estratégias consistentes para as organizações, focam na gestão eficaz de riscos, bem como criam valor para os parceiros. a. No que diz respeito à composição da Governança Corporativa, Chiavenato e Sapiro (2020), destacam os seguintes envolvidos: • Conselho de administração - constituído por um presidente do conselho de administração, bem como conselheiros de administração representando acionistas ou proprietários. • Presidente executivo e a diretoria - se refere aos profissionais responsáveis por executar as decisões do Conselho de Administração. • Conselho fiscal - responsável por controlar as decisões do Conselho de Administração, bem como cuidar da gestão de riscos do negócio. • Auditoria externa - consiste na auditoria definida de forma independente para analisar, monitorar e controlar o desempenho da organização e avaliar os balanços contábeis. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é uma entidade referência que lista quatro preceitos basilares em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, a saber: transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa (DI MICELI DA SILVEIRA, 2021). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 55 Além dessa referência, Di Miceli da Silveira (2021) destaca que os gestores podem contar com os documentos internacionais desenvolvidos sobre governança. A propósito, eles foram usados para definir 10 grandes princípios de boa governança aplicáveis a qualquer tipo de organização. Para proporcionar melhor compreensão, eles são descritos conforme segue: 1. Transparência - Manter uma gestão transparente com as partes facilita o fluxo de informações e ações de todos os envolvidos no processo. 2. Equidade - Preservar os direitos, deveres, expectativas, necessidades e interesses dos integrantes de uma organização. 3. Prestação de contas - Prestar contas de modo compreensível e tempestivo e assumir integralmente as consequências de seus atos. 4. Atitude e comportamento ético das lideranças -inclui o compromisso dos conselheiros e executivos em atuar de forma integra, evidenciando elevados padrões éticos nas atitudes, decisões e comportamentos. 5. Sustentabilidade e perspectiva de longo prazo na administração da organização - Inclui considerar de um horizonte de longo prazo nas decisões com o objetivo de desenvolver relacionamentos benéficos com todos os parceiros. 6. Avaliação de desempenho, remuneração justa e meritocracia -considera a necessidade de monitorar o desempenho de todos os gestores e órgãos de governança de forma regular, definindo a remuneração adequado, alinhada ao desempenho, aos riscose aos valores da organização. 7. Contrapesos independentes no processo decisório - considera a necessidade de incentivar a manifestação de diferentes pontos de vista, bem como assegurar debates construtivos para melhorar a tomada de decisão. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 56 8. Respeito às regras, controles e supervisão independentes - envolve a necessidade de definir regras a serem cumpridas. 9. Cooperação entre os trabalhadores e promoção do interesse coletivo - Desenvolvimento de uma cultura organizacional saudável que incentiva a cooperação entre os membros da organização. 10. Diversidade, inclusão e direitos humanos - inclui a necessidade de desenvolver políticas para ampliar a diversidade nos órgãos de governança e dos cargos de liderança. Nesse sentindo, a pluralidade deve ser trabalhada em diferentes dimensões: gênero, idade, raça, etc. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) apud Andrade e Rossetti, destacam que a Governança Corporativa está apoiada em um sistema de valores constituído pelos seguintes elementos: • Fairness - abrange o senso de justiça, bem como a equidade no tratamento dos acionistas. • Disclosure - inclui a transparência das informações, principalmente aquelas que impactam os negócios e que incluem riscos. • Accountability - envolve a prestação responsável de contas, fundamentada em boas práticas contábeis e de auditoria. • Compliance - inclui a conformidade no cumprimento de normas expressas em estatutos sociais, regimentos internos e na legislação nacional. Di Miceli da Silveira (2021) um sistema de governança efetivo pode melhorar as decisões das organizações e a aumentar a possibilidade de cumprimento das regras internas e externas à organização. Entre os benefícios internos da governança corporativa, destacam-se: • Melhor funcionamento da alta gestão - inclui a melhoria dos papéis dos órgãos de governança e das interfaces entre eles, bem como a necessidade de clareza no processo decisório. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 57 Figura 40 – Corporativo Fonte: Pixabay • Relações mais estruturado entre acionistas, conselheiros e executivos, o que faz com que a organização seja menos dependente de determinadas pessoas. • Melhoria das práticas de seleção, de avaliação do desempenho e do sistema de incentivos dos executivos - inclui um ambiente de confiança, transparência, etc. • Redução da possibilidade de surpresas negativas, resultante de uma melhor cultura ética, gestão de riscos etc. Segundo Di Miceli da Silveira (2021) boas práticas de governança nas empresas podem proporcionar os seguintes benefícios considerando uma perspectiva macroeconômica, tais como: • Crescimento das fontes externas de capital disponíveis para as organizações, viabilizando maior investimento e crescimento econômico. • Redução do custo de capital das organizações, com aumento de seu valor de mercado. • Melhoria do desempenho das organizações, como produto do aperfeiçoamento de seu processo decisório na alta gestão. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 58 • Redução dos riscos vinculados à fraudes em grandes empresas e de crises financeiras. • Melhoria de relacionamento com os stakeholders, gerando impactos positivos em questões éticas, tributárias, ambientais, etc. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que uma organização é conduzida por sua estratégia (curso de ação). A governança possui vários significados, mas de forma geral podemos entender que a governança corporativa como um conjunto de princípios, práticas, regras que conduzem os relacionamentos entre os parceiros das organizações (conselheiros, executivos, colaboradores, etc.). A governança corporativa pode ser avaliada baseado nos seguintes elementos: estrutura de propriedade, princípios, propósitos, papéis, poder, práticas, pessoas e perpetuidade. A Governança Corporativa é composta por: Conselho de administração, Presidente executivo e a diretoria, Conselho fiscal, Auditoria externa, Dependendo do caso. Em relação aos princípios de boa governança aplicáveis a qualquer tipo de organização, podemos destacar: Transparência; Equidade; Prestação de contatos; Atitude e comportamento ético das lideranças; Sustentabilidade e perspectiva de longo prazo na gestão da organização; Avaliação de desempenho, remuneração justa e meritocracia; Contrapesos independentes no processo decisório; Respeito às regras, controles e supervisão independentes; Cooperação entre os colaboradores e promoção do interesse coletivo da organização; Diversidade, inclusão e direitos humanos. A GC está assentada em um sistema de valores: Fairness, Disclosure, Accountability, Compliance. Por sua vez, também destacamos benefícios proporcionados pela GC, a exemplo de maior transparência, melhor comunicação e credibilidade no mercado, etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 59 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2012. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Barueri: Manole, 2014. KOTLER, P; KELLER, K. L. Administração De Marketing. São Paulo: Pearson, 2012. MAXIMIANO, A.C.A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2018. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial A gestão do conhecimento organizacional Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, conheceremos a gestão do conhecimento organizacional. Imagine-se em uma empresa que oferece oportunidades aos seus colaboradores para se mostrarem ativamente produtivos. Agora pense em um cenário de liberdade, entusiasmo e interesse genuíno pelo trabalho. Seria algo surreal para você? Talvez não mais. O contexto corporativo agora deve ser (e em muitos casos já é) outro. Portanto, descobriremos o porquê da importância do conhecimento para as organizações da atualidade e a importância de seu controle e estímulo pelos gestores departamentais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Defender a importância da gestão do conhecimento organizacional.• Diferenciar dado, informação e conhecimento.• Classificar conhecimento tácito e conhecimento explícito.• Infográfico O infográfico a seguir representa, de forma esquemática, os aspectos fundamentais para a implantação da gestão do conhecimento organizacional. Conteúdo do livro Atualmente, diante das inúmeras mudanças que o cenário oferece, compreender que a organização é um sistema vivo que interage constantemente com o meio em que se insere, mostra-se uma estratégia bastante conveniente para a busca de vantagem competitiva. A organização que possui o conhecimento como referência é aquela que reconhece, promove e utiliza-o como fonte de vantagem competitiva. As inúmeras possibilidades existentes (dados, informações e conhecimento) implicam que haja a adoção da gestão do conhecimento como um caminho para um alinhamento mais condizente com o que a empresa deseja para seu futuro, pois não é mais possível ficar esperando, é necessária ação. Neste capítulo A gestão do conhecimento organizacional da obra Gestão de pessoas, você vai identificar como e porque a gestão do conhecimento é importante para o alcance de vantagem competitiva, identificando as diferenças entre conhecimento tácito e explícito diante da diferenciação entre dados, informação e conhecimento. Boa leitura. GESTÃO DE PESSOAS Fabiane Padilha da Silva Gestão do conhecimento organizacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar por que a gestão do conhecimento organizacional é impor-tante para o alcance de vantagem competitiva. Diferenciar dado, informação e conhecimento. Distinguir conhecimento tácito de conhecimento explícito. Introdução Atualmente, diante das inúmeras mudanças que o cenário oferece, compreender que a organização é um sistema vivo que interage cons- tantemente com o meio em que se insere é uma estratégia bastante conveniente para a busca de vantagem competitiva. A organização que possui o conhecimento como referência é aquela que reconhece, promove e utiliza-o como fonte de vantagem competitiva. As inúmeras possibilidades existentes (dados, informações e conhecimento) implicam que haja a adoção da gestão do conhecimento como um caminho para um alinhamento mais condizente com o que a empresa deseja para seu futuro, pois não é mais possível ficar esperando, é necessário agir. Neste capítulo, você vai identificar como e por que a gestão do co- nhecimento é importante para o alcance de vantagem competitiva, identificando as diferenças entre conhecimento tácito e explícito diante da diferenciação entre dados, informação e conhecimento. Gestão do conhecimento organizacional: importância para a vantagem competitiva É inquestionável que a contemporaneidade diferencia-se de outros momen- tos históricos, por exemplo, pela inserção da tecnologia em nossas vidas. A chamada era do conhecimento trouxe consigo o uso disseminado da tecnologia da informação e comunicação (TIC) e democratizou a utilização das mídias sociais. Assim, as organizações, da mesma forma que as pessoas, estão em constante adaptação diante das transformações que acontecem permanentemente, e o conhecimento passa a ser um dos insumos mais relevantes nesse cenário. A gestão do conhecimento oferece às instituições muitas possibilidades de se destacar no cenário competitivo. O conhecimento, atualmente, é visto como um dos principais ativos estratégicos das organizações. Portanto, cada vez mais, cabe à empresa administrá-lo, de forma a alavancar os resultados pretendidos (CAVALCANTI, 2011). Na esfera econômica, a competitividade pode ser estudada quando a estru- tura em que a organização se estabelece (por exemplo: monopólio, oligopólio ou concorrência perfeita) faz com que ela assuma determinada conduta, o que resultará em um desempenho proveniente das decisões tomadas pelos gesto- res. Isso significa que a interação entre concorrentes promoverá impactos na performance dos players desse mercado, fazendo com que a competitividade assuma um papel central nas relações que se estabelecem (LOPES, 2016). Deriva do panorama econômico, portanto, a competitividade, pois a forma como se apresentam organizadas as empresas, define as estratégias utilizadas, o que resultará em um determinado desempenho (LOPES, 2016). Entretanto, é na área da gestão que a competitividade, com mais destaque, revela-se como um fator decisivo para o sucesso das organizações. Porter (2004), a partir do Modelo das Cinco Forças, enfatiza que na relação com os concorrentes (diretos e indiretos) atuam cinco forças, sendo elas: ameaça à entrada de novos concorrentes; poder de barganha dos fornecedores; poder de barganha dos compradores; produtos substitutos; e intensidade da rivalidade entre os concorrentes. Essas forças refletem ameaças que são encontradas no ambiente no qual a empresa está inserida. É de Porter (2004), também, a ideia de que uma organização deve buscar liderança em custos, diferenciação ou enfoque — as chamadas estratégias competitivas. Assim, a competitividade resulta da formulação de estratégias coerentes com o ambiente em que a empresa se encontra, e, consequentemente, a escolha da estratégia definirá o caminho que a empresa decidirá tomar. Gestão do conhecimento organizacional2 A vantagem competitiva de uma empresa se dá quando ela “[...] implanta uma estratégia que os concorrentes não conseguem copiar ou consideram custosa demais para imitar” (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2011, p. 72). Para Possolli (2012, p. 96), a gestão do conhecimento é “[...] um conjunto de ações que sistematizam uma base de saberes, em operação por iniciativa de aprendizagem organizacional”. Pode-se abstrair, diante dessas duas afirma- ções, que as decisões dos gestores devem ter como base o conhecimento, e é essa sustentação que fará com que a empresa se mantenha em vantagem competitiva frente aos concorrentes. O conhecimento deriva do indivíduo, passando para o grupo e para a organização como um todo e tornando ativo esse processo, que é cíclico, pois o grupo também poderá gerar conhecimento para o indivíduo, da mesma forma que a empresa poderá ser a origem do conhecimento de um indivíduo. Pode-se concluir, dessa forma, que a gestão do conhecimento, dada como esse conjunto de saberes, afetará de forma direta a competitividade da organiza- ção, como aponta Bitencourt (2010, p. 57): “[...] a gestão sistematizada deste conhecimento como uma alternativa estratégica é que se apresenta como uma nova alternativa”. As transformações advindas do uso intensivo de tecnologias digitais fazem com que as empresas tenham que se adaptar e readaptar constan- temente. Não é mais possível que uma organização que queira manter-se competitiva fique parada diante de tantas e frequentes mudanças no meio que a rodeia. As mudanças dos últimos anos têm obrigado as instituições a buscar formas inovar constantemente e, nesse sentido, o conhecimento mostra-se como um ativo intangível gerador de vantagem competitiva e performance sustentável. Imagine um espaço onde há um videogame e uma mesa de ping-pong. No passado, provavelmente, essa seria uma área restrita ao lazer em, talvez, um condomínio ou um hotel para passar as férias. Hoje em dia, não se vê isso dessa maneira: muitas empresas estão entendendo que os colaboradores podem ser mais produtivos quando estão em um meio onde podem relaxar. Tempos atuais requerem medidas diferentes na busca de novas ideias e, assim, as organizações devem rever seus modelos, buscando conhecimento em locais nunca antes esperados. Não é apenas frente ao computador que se tem boas ideias: sair da caixa é uma forma de ver a caixa de maneira diferente. 3Gestão do conhecimento organizacional A vantagem competitiva é, portanto, fruto do conhecimento, que, con- temporaneamente falando, não é estático, pelo contrário, é dinâmico, muda a todo o momento e está em todos os lugares. A empresa que não entender isso estará parada no tempo, esperando que algo de extraordinário lhe aconteça sem ter feito nada para merecer. A origem do conhecimento em épocas de internet e mídias sociais é muito — e cada vez mais —, líquida, permeando, assim, diversos e diferentes espaços e meios. Desse modo, a sistematização desse conhecimento mostrará que ainda há muito que se percorrer no sentido de aproveitar todo esse ativo intangível que é o conhecimento. O que se pode perceber, quando se trata de alinhar a gestão do conhecimento à vantagem competitiva, é que existem diversos caminhos a serem percorridos. Carvalho (2012) cita alguns deles: comprometimento com uma trajetória; fecundi- dade; especificação do estilo; foco na reestruturação do sistema de conhecimento, foco na reestruturação do sistema de tarefas; comunicação de valores externos e comprometimento com o desenvolvimento da competitividade. O ideal é que se tenha uma interação entre esses elementos, de forma que se construa uma vantagem competitiva sustentável para a organização, conforme mostra a Figura 1. Figura 1. Finalidade estratégica da visão do conhecimento. Fonte: Adaptada de Carvalho (2012). Defender o conhecimento e a importância da gestão do conhecimento organizacional para o alcance de vantagem competitiva é permitir que a organização se mantenha no páreo com os concorrentes. Em tempos de era Gestão do conhecimento organizacional4 do conhecimento, é aceitar que as transformações pelas quais a sociedade passa são condicionadas ao meio organizacional da mesma maneira.É, além disso, elevar o nível de cada colaborador como o detentor de insumo para o sucesso da empresa, mostrando o quanto ele é imprescindível nesse processo. Diferenças entre dado, informação e conhecimento A sociedade vem passando por transformações que exigem das empresas a adoção de novas posturas e novos modelos de gestão como uma alternativa viável frente aos acontecimentos provocados pelo avanço na utilização de tecnologias da informação e comunicação (TICs) e mídias sociais. Ao longo dos anos, a humanidade passou por diferentes momentos, que trouxeram elementos que desencadearam novos arranjos tanto no cenário individual quanto no social e profi ssional. Esses acontecimentos marcaram mudanças de hábitos e trouxeram elementos que, hoje, podem ser considerados corriqueiros (por estarem tão introjetados no cotidiano das pessoas) ou mesmo obsoletos (por não mais apresentarem o desempenho esperado). Analisando essas transformações pelas quais a humanidade passou, Tofler (1980) sustenta que existem três ondas que refletem o desenvolvimento da humanidade: a primeira onda iniciou-se há 10 mil anos e era da terra, da força braçal e de recursos renováveis que a riqueza vinha. Na segunda onda, que teve início há 300 anos, a era agrícola é substituída pela era industrial, em que as fábricas dominam o contexto e promovem a riqueza, com a padronização de processos e o surgimento do carvão, petróleo e eletricidade como novas alternativas para fonte de energia. Por fim, a terceira onda — iniciada em torno de 1955 — vem denominada como a era da informação e do conhecimento, momento em que as mudanças nas TICs marcam sobremaneira a sociedade, fazendo com que as empresas se adaptem ou morram, pois novos modelos de gestão baseiam-se, agora, no valor agregado obtido por ativos intangíveis, como o conhecimento. Nessa era, a gestão que se faz possibilita às empresas a adoção de diversos processos que venham a permitir a criação e aquisição, a organização e a arma- zenagem, a distribuição e a aplicação do conhecimento (BITENCOURT, 2010). Portanto, sistematizar o conhecimento é, além de criar, explorá-lo para trazer resultados sustentáveis à organização. E, para que haja essa sistematização, é 5Gestão do conhecimento organizacional necessário que se tenha claro que dado é diferente de informação, informação é diferente de conhecimento e, por fim, dado não é sinônimo de conhecimento. O conhecimento é derivado da informação e, por sua vez, a informa- ção se origina em dados. Essa hierarquia (BITENCOURT, 2010) aponta que a combinação entre dados, informações e conhecimento leva à sabedoria organizacional, a qual se baseia na identificação do que leva a empresa a potencializar e utilizar o conhecimento em prol de atingir uma estratégia. Assim, não basta tornar evidente o conhecimento, é necessário sua aplicação efetiva, que será apresentada por meio de produtos e serviços inovadores. A Figura 2, a seguir, mostra essa relação. Figura 2. Relação entre dados, informação e conhecimento. Fonte: Bitencourt (2010, p. 59). Nessa escala, os dados são eventos que, isoladamente, não apresentam significado, o que eles têm apenas a partir do momento em que há uma inter- pretação sobre eles. Portanto, são imprescindíveis para que haja a informação, pois esta deriva dos dados. Atualmente, com o uso massivo de tecnologia nas empresas, os bancos de dados passaram a ser elementos estratégicos, pois, ao serem trabalhados de forma correta, podem gerar informações valiosas às organizações. Gestão do conhecimento organizacional6 A área de recursos humanos se utiliza muito dos bancos de dados, pois eles podem gerar informação de grande valor para a organização, melhorando a tomada de decisão, possibilitando um melhor planejamento da área e também fornecendo insumos estratégicos para uma gestão mais assertiva. Um exemplo de dado pode ser o nível escolar de um colaborador, que pode ser usado para descobrir quantos colaboradores possuem ensino superior. Com base nessa informação, a empresa pode optar por oferecer aos colaboradores um subsídio para aqueles que se dispuserem a cursar o ensino superior, já que se sabe que as empresas com colaboradores que apresentam maiores níveis de escolaridade apresentam melhores resultados. Dessa forma, o dado é um fato relativo a eventos sem significado, a infor- mação é um dado organizado para descrever uma situação e o conhecimento é a forma como o ser humano interpreta esses dados e informações e os repassa aos demais. O dado tem sentido quando o ser humano o interpreta, transforma em informação e o aplica (conhecimento) na tentativa de alcançar os objetivos da organização. Veja, no Quadro 1, um comparativo sobre os conceitos de dado, informação e conhecimento. Fonte: Adaptado de Possolli (2012). Conceito Definição Características Exemplo Dado Engloba simples observações sobre o estado do mundo. Facilmente estruturado, obtido por máquinas, transferível. É frequen- temente quantificável. Número de pessoas acima do peso na instituição. Informação Dado dotado de relevância e propósito. Exige consenso em relação ao significado, a medição humana. Requer unidade de análise. Gráfico contendo a função e o peso de cada colaborador. Conhecimento Informação valiosa da mente humana. Engloba reflexão, síntese e contexto. Dificilmente estru- turado, obtido por máquinas, transferível. É frequentemente tácito. Ações de reeduca- ção alimentar com a contratação de uma nutricionista. Quadro 1. Conceito, definição, características e exemplos de dados, informação e co- nhecimento 7Gestão do conhecimento organizacional Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que o conhecimento trata de crenças e compromissos, sendo, assim, a função de uma atitude, perspectiva ou in- tenção específica. O conhecimento está relacionado à ação e a um contexto relacional, mostrando que ele é sustentado pela informação, mas não é o mesmo que ela. O que se pode observar com as palavras anteriores é que a informação distingue-se do conhecimento por diversas características, mas o mais importante é compreender que não há conhecimento sem informação. A humanidade vivencia uma época em que é quase imperceptível a dife- rença entre virtual e real; dessa forma, onde dados e participantes se movem continuamente, existe uma busca contínua, que é a de reunir esses dados a fim de transformá-los em informação e, o mais importante, essa informação em conhecimento. São inúmeras as possibilidades de buscar dados e infor- mações, mas ainda cabe ao ser humano a tomada de decisão sobre a forma como eles serão usados, e essa é a característica principal do conhecimento, sua utilização com uma finalidade. Foram muitos os adventos históricos até a data de hoje, entretanto, vive-se uma era em que as informações são abundantes — em função da evolução tecnológica e das comunicações —, mas o uso que se faz delas, muitas vezes, fica aquém do desejado. Quando, antigamente, precisava-se de uma infor- mação específica, demorava-se horas e até dias para encontrá-la. Hoje, em segundos, conseguimos basicamente qualquer dado ou informação por meio dos buscadores. Vive-se em uma época sem precedentes, mas cabe a nós fazer bom uso dessa quantidade enorme de informações em prol de algo útil. Isso também deve acontecer dentro das instituições, pois de nada adianta termos um mundo de oportunidades sem que saibamos aproveitar as benesses que elas podem trazer. O colaborador é o detentor supremo do conhecimento — seja ele tácito ou explícito, como veremos adiante —, e as empresas devem buscar aproveitar isso da melhor maneira possível em busca de seus objetivos. Distinção entre conhecimento tácito e explícito O conhecimento, como já foi visto, parte da utilização de dados e informações. Ele é direcionado a algo, intencional e é próprio do ser humano. Foram os autores Nonaka e Takeuchi, no livro Criação do Conhecimento (primeira edição de 1935), que troxerama ideia da criação do conhecimento organizacional por meio da dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito. Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento possui sua origem no indi- víduo, mas expande-se para o meio organizacional e interorganizacional. Assim, Gestão do conhecimento organizacional8 é o indivíduo o principal agente do conhecimento que vem a ser tangibilizado na organização e que pode vir a extrapolar os muros da mesma. Essa dinâmica configura-se por meio de uma espiral, que é a espiral do conhecimento, conforme mostra a Figura 3. Figura 3. Espiral do conhecimento. Fonte: Carvalho (2012, p. 22). Conforme essa espiral, uma das dimensões mais amplas é representada pelo conhecimento interoganizacional, que deriva da troca entre as organizações. Ele é iniciado pelo indivíduo e por meio da interação entre os conhecimentos tácito e explícito desse indivíduo, dos grupos e das organizações, assumindo um nível mais completo, profundo e significativo. Dessa maneira, as relações entre as organizações estabelecem-se com base no conhecimento único de um colaborador, que vai se ressignificando pelas contribuições de outros parceiros, mas sustentado pela mesma base. O conhecimento individual é imprescindível para o conhecimento or- ganizacional. Entretanto, esse conhecimento, mais amplo, deriva de outros recursos (tecnológicos, rotinas, ambiente), que, mobilizados, constroem a cultura da organização, denominada por Nelson e Winter (2005, p. 153) rotina: “O conhecimento reside na memória de uma organização, ou seja, em suas rotinas. Essas rotinas são a forma de estocagem do conhecimento específico da organização”. É essa rotina, específica de cada empresa, que possui como base o conhecimento, o que significa que existe, dentro de cada organização, uma infindade de possibilidades a serem aproveitadas, pois cada pessoa vem com seu histórico de vida, suas experiências, e a junção dessas unidades formará a cultura empresarial. É por isso, então, que a gestão do conhecimento deve se preocupar com esses ativos intangíveis representados pelo conhecimento tácito e explícito. 9Gestão do conhecimento organizacional O conhecimento considerado tácito é aquele derivado de experiências, percepções próprias, modos de fazer únicos. Por ser mais pessoal, mostra-se difícil de ser processado ou transmitido por qualquer forma sistemática ou lógica, sendo um obstáculo sua transposição em palavras ou números. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que o conhecimento tácito é altamente pessoal, pautado em emoções, valores ou ideais e apresenta duas dimensões, como mostra o Quadro 2. Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997). Dimensão Características Técnica Abrange um tipo de capacidade informal e difícil de definir ou habilidades capturadas no termo know-how. Cognitiva Consiste em esquemas, modelos mentais, crenças e percepções. Reflete nossa imagem da realidade (o que é) e nossa visão de futuro (o que deveria ser) e, assim, molda o nosso mundo. Quadro 2. Dimensões do conhecimento tácito Já o conhecimento explícito pode ser processado por um computador, transmitido com facilidade, armazenado em um banco de dados. É formal e sistemático, pode ser representado por números e palavras, pois pode ser facilmente comunicado e compartilhado por meio de dados, informações e modelos. Baseia-se na racionalidade e facilmente é transcrito em livros, apostilas e manuais organizacionais. É benéfico para a organização manter registrado em algum tipo de manual todo o conhecimento organizacional, porém, as empresas passam por desafios quando buscam transformar o conhecimento tácito em explícito, e, mesmo que essa busca possa prejudicar a inovação, engessando o desenvolvimento de novas ideias com burocracias e documentação excessiva, ainda é interessante manter a memória da empresa, de alguma forma, registrada (CARVALHO, 2012). Nonaka e Takeuchi (1997, p. 8) revelam que: “[...] é exatamente durante o tempo em que essa conversão ocorre — de tácito em explícito e, conforme Gestão do conhecimento organizacional10 veremos, novamente em tácito — que o conhecimento organizacional é criado”. O modelo SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização) foi criado para evidenciar essa dinâmica, como mostra a Figura 4. Figura 4. Modelo SECI. Fonte: Adaptada de Bitencourt (2010). De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), o modo denominado socia- lização viabiliza o compartilhamento de experiências e modelos mentais, permitindo a interação produtiva. O modo externalização trata do conheci- mento conceitual e enquadra as analogias e metáforas que venham a facilitar o processo de externalizar o conhecimento tácito. O modo combinação é representado pela união do conhecimento recém-criado com o conhecimento preexistente, promovendo a criação de novos produtos e serviços. Por fim, o modo internalização aborda o aprender fazendo. O Quadro 3, a seguir, baseado em Carvalho (2012), apresenta outros elementos que revelam como o modelo SECI pode ser visualizado nas organizações. 11Gestão do conhecimento organizacional Fonte: Adaptado de Carvalho (2012). Modelo de conversão Socialização Externalização Combinação Internalização De/para Tácito/Tácito Tácito/Explícito Explícito/ Explícito Explícito/Tácito Fatores criativos Construção do campo de interação Diálogo e re- flexão coletiva significativos Associação dos conhecimentos explícitos Aprender fazendo Conteúdo criativo Conhecimento compartilhado Conhecimento conceitual Conhecimento sistêmico Conhecimento operacional Ferramentas criativas Diálogo, obser- vação, imitação e prática Metáfora, analo- gia e modelo Sistemas de comunicação e banco de dados Treinamentos, simulações, histó- rias de sucesso Resumo Experiência empírica Construção de conceito Decomposição e associação de conceitos Ampliação do conhecimento tácito Entidades criadoras Indivíduo/ Indivíduo Indivíduo/ Grupo Grupo/ Organização Organização/ Indivíduo Quadro 3. Modelo SECI O grande objetivo da gestão do conhecimento é criar, organizar e disseminar o conhecimento de modo que ele venha a agregar valor à competitividade da empresa em relação aos outros players do mercado. O que se observa é que, atualmente, embora haja inúmeros caminhos para encontrar informa- ções, o conhecimento e sua efetiva aplicabilidade ainda não são utilizados de forma estratégica. Muitas vezes, é o excesso de informação que impede um desempenho melhor, por isso, os gestores devem ater-se a esse detalhe, selecionando e fazendo triagens nos materiais que visem proporcionar aumento de conhecimento. É evidente que, nos dias de hoje, temos à disposição muita informação, entretanto, existem momentos em que é um grande desafio para os gestores transformar essa gama de informações em conhecimento. Esse ativo, tão im- Gestão do conhecimento organizacional12 portante para a vantagem competitiva das organizações, passa pela peneira da cultura da empresa, pois é nesse contexto que o conhecimento é efetivamente colocado em prática. Não adianta a empresa oferecer cursos e dar as ferramentas se o agente mais importante — que é o colaborador — não estiver disposto a refletir sobre o que aprendeu, compartilhar, colocar em prática e usar esse aprendizado como base para novos conhecimentos e aplicações. BITENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. CARVALHO, F. C. A. Gestão do conhecimento. São Paulo: Pearson, 2012. CAVALCANTI, M. (org.). Gestão estratégica de negócios: evolução, cenários, diagnóstico e ação. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. HITT, M.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. LOPES, H. C. O modelo estrutura-conduta-desempenho e a teoria evolucionária ne- oschumpeteriana: uma proposta de integração teórica. Revista Economia Contempo-rânea, v. 20, n. 2, ago. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-98482016000200336&lng=pt&nrm=iso. Acesso: 27 jun. 2019. NELSON, R.; WINTER, S. Uma teoria evolucionária da mudança econômica. Campinas: Unicamp, 2005. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para a análise da indústria e da concor- rência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. POSSOLLI, G. E. Gestão da inovação e conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2012. Leituras recomendadas MAGNANI, M. Identificação de fatores críticos de sucesso para formulação de estratégias que minimizem a perda de competência organizacional de um centro de P&D agropecu- ário. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2004. TOFFLER, A. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980. 13Gestão do conhecimento organizacional Dica do professor Esta videoaula apresenta a definição de gestão do conhecimento organizacional, dado, informação e conhecimento, além de conhecimento tácito e explícito. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/e07201baa239663e3baebc713bc39c0e Na prática Veja uma situação prática de gestão do conhecimento organizacional na Buckman Laboratories, empresa americana que fabrica produtos químicos para indústrias de papel, de tratamento de água, de couro e outros. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão do conhecimento por Tiemi Yamashita Sua paixão pelo trabalho pode ser descrito em três verbos: Aprender , criar e ensinar. Hoje, Tiemi disponibiliza seu talento para empresas e ONGs, apoiando projetos de voluntariado, responsabilidade social e desenvolvimento de pessoas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão do conhecimento Vídeo disponibilizado pelo canal Dalton Giovanni a respeito da Gestão do conhecimento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão do conhecimento - a evolução da sociedade do conhecimento Da invenção do fogo aos dedos nas telas; das inscrições nas cavernas aos dados na nuvem. Muita coisa aconteceu para que pudéssemos hoje nos comunicar com tanta facilidade e com um alcance jamais imaginado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/1O3VG7h1vGQ https://www.youtube.com/embed/Qsm4YrgnWUU https://www.youtube.com/embed/ZNEqk_u3twY Ambiente Organizacional e Planejamento Estratégico Estratégias de Gestão e Organização Empresarial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria LUCILIANE RIBEIRO AUTORIA Luciliane Ribeiro Sou formada em Letras Inglês, pós-graduada em gerenciamento de projetos, gestão negócios internacionais e administração. Experiência intensiva em empresas de médio e grande porte com mais de 15 anos. Hoje, atuo em mapeamento de processos, controles internos em empresas. Possuo flexibilidade e habilidade facilitadora para transitar em diferentes segmentos e compartilhar minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Como Aplicar os Conceitos nas Organizações ............................... 10 Organizações e Análise Ambiental .................................................................................. 10 Ambiente Interno.......................................................................................................... 12 Ambiente Externo ....................................................................................................... 13 Planejamento Estratégico ....................................................................................................... 16 Planejamento Estratégico Versus Gestão Estratégica ................22 Modelos de Planejamento Estratégico ............................................. 35 Modelo 1: Matriz SWOT ...............................................................................................................35 Modelo 2: 5 Forças de Porter ............................................................................................... 38 Modelo 3: Canvas ........................................................................................................................... 40 Modelo 3: Matriz GUT ...................................................................................................................42 Matriz Participação de Mercado/ Crescimento do Mercado - Matriz BCG ............................................................................................................................................................44 Estrutura das Áreas de Produção, Comercial, Recursos Humanos e Financeira ...................................................................................................46 7 UNIDADE 02 Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 8 INTRODUÇÃO Neste módulo, vamos efetuar algumas reflexões acerca de como aplicar os conceitos de estratégia e gestão nas organizações. Além de se preocupar com as questões internas, os administradores devem levar em conta as condições socioeconômicas e políticas do mercado em que uma organização está inserida. A identificação de ameaças, oportunidades, pontos fracos e pontos fortes auxiliam os empresários na definição dos rumos e ações voltadas aos clientes de forma precisa e real. Para isso, vamos conhecer um novo conceito que está atrelado aos resultados de uma organização, o sucesso. Também veremos as principais estratégias de formulação dos objetivos e metas, levando-se em conta as culturas de satisfação, otimização e adaptação internas. Então, vamos lá? Ao final desta unidade letiva, você entenderá como o planejamento deve ser conduzido e como a gestão deve orientar os seus administradores. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Como colocar em prática os conceitos e fundamentos da gestão nas organizações. 2. Entender como a estratégia atua em conjuntocom a gestão estratégica. 3. Apontar modelos de Planejamento Estratégico. 4. Definir a estrutura de Gestão Estratégica. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 10 Como Aplicar os Conceitos nas Organizações OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como desenvolver a análise ambiental e o planejamento estratégico nas organizações. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Compreender esses aspectos é essencial para conhecer a organização e o cenário no qual ela está inserida. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Organizações e Análise Ambiental As organizações operam constantemente em um ambiente que as envolve. Esse ambiente é dinâmico e mutável, de forma que qualquer modificação nos fatores ambientais podem impactar a organização. O intercâmbio entre a organização e o ambiente faz com que ela tenha de operar como um sistema aberto em constantes transações com esse ambiente (CHIAVENATO e SAPIRO, 2020). Para Chiavenato e Sapiro (2020) os administradores das organizações precisam escolher, dentro de uma diversidade quantidade de dados e informações, os fatores relevantes e entender como eles interferem nos negócios para tomar as decisões estratégicas adequadas a partir desse conhecimento estratégico. Esse conhecimento estratégico deve ser construído baseado em duas vertentes: • A organização deve olhar o mundo ao seu redor e compreender o contexto ambiental para realizar um diagnóstico estratégico externo e conhecer o ambiente dos negócios atuais da organização, além de explorar os cenários futuros desse contexto externo. • A tarefa é conduzir um diagnóstico estratégico interno. Inclui olhar para dentro da organização para analisar suas fortalezas e suas fragilidades. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 11 No ambiente organizacional interno são analisados os principais elementos que compõem um negócio, ou seja, as deficiências e qualidades, o que uma empresa necessita melhorar e o que ela tem de mais positivo. Ao listarmos essas deficiências e qualidades, distribuímos elas de acordo com os seguintes elementos: • Organizacional – TIC (comunicação e internet); estrutura; cases de sucesso; estrutura dos objetivos; política; procedimentos e normas; know-how de seus colaboradores. • Financeiro – capacidade de transformar um produto ou serviço em moeda corrente; aferição de lucros; aplicação dos ativos e capital de giro. • Recursos humanos – gestão de pessoal; sistemas de recrutamento e avaliação do desempenho; programas internos de premiações; aperfeiçoamento e turnover. • Marketing – estratégias de comunicação e publicidade; formação do custo final dos produtos e serviços de logística. • Produção – infraestrutura; tecnologia; material; estoque e terceirização. Figura 1 – Estrutura demonstrativa das áreas internas Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 12 Ambiente Interno Um diagnóstico estratégico interno da organização (análise organizacional ou auditoria interna da organização) se refere a uma avaliação de suas vantagens competitivas e capacidades (pontos fortes que necessitam ser aproveitados e pontos fracos que precisam ser corrigidos) (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Uma análise organizacional consiste em um processo de procurar ou criar vantagens competitivas por meio da identificação dos recursos capazes de criar valor) (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). O diagnóstico estratégico de uma organização deve iniciar pelos recursos organizacionais, que se referem a parte mais simples, concreta e visível (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Os recursos organizacionais consistem em ativos produtivos de propriedade da organização, bens que uma organização pode acumular como produto de investimento em escala, plantas, localização, etc; Eles também podem ser o know-how dos indivíduos, conjunto de aprendizado coletivo que sustenta a execução de atividades funcionais por meio dos processos organizacionais e de atividades gerenciais (planejamento, organização, etc.) (CHIAVENATO e SAPIRO, 2020). As competências organizacionais são o que a organização pode realizar com seus recursos. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) existem três tipos de recursos, a saber: tangíveis, intangíveis e humanos. • Recursos tangíveis: são recursos que podem ser vistos e quantificados, a exemplo equipamentos, instalações etc. Eles são fáceis de identificar, pois podem ser identificados no balanço da organização. • Recursos intangíveis: correspondem às competências produzidas ao longo da evolução da organização e que não são explícitas para os concorrentes, a exemplo do conhecimento corporativo, da cultura organizacional etc. Esses recursos estão principalmente associados à reputação ou a tecnologia. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 13 • Recursos humanos: estão relacionados às habilidades, a motivação, a atitudes, a valores e a colaboração. Os recursos organizacionais devem ser utilizados como fundamento para o desenvolvimento de habilidades. Essa dinâmica que possibilita a uma organização superar-se por meio de incremento no desempenho (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Ambiente Externo Para começar, você recorda que o ambiente contextual ou macroambiente diz respeito à situação que envolve a organização, não é mesmo? Além disso, como vimos na aula anterior, uma organização é um sistema aberto, que sustenta transações e intercâmbios com o ambiente que a rodeia. Com isso, tudo o que acontece externamente no ambiente impacta a organização (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). O ambiente contextual deve ser continuamente monitorado por meio de identificação, previsão e avaliação dos possíveis impactos ambientais, socioeconômicos, culturais e outros (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) essa avaliação inclui um processo contínuo que envolve as seguintes etapas: Rastreamento e Triagem; Monitoramento; Previsão; Avaliação e Mitigação; Gestão de Impactos e Implementação: • Rastreamento e triagem - aponta mudanças e tendências do ambiente contextual, bem como define os potenciais impactos positivos ou negativos. • Monitoramento - determina o escopo das análises sistemáticas, avaliações das observações baseado em diferentes indicadores, bem como descreve as alternativas do projeto e consulta os parceiros. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 14 • Previsão - inclui a avaliação dos cenários futuros, bem como o levantamento de medidas para promover ou mitigar impactos adversos. • Gestão de impactos - inclui o desenvolvimento de plano necessário para abordar medidas de promoção ou mitigação dos riscos. • Implementação - envolve a execução de ações planejadas, bem como a gestão dos impactos ao projeto. A análise demográfica corresponde ao estudo de uma população por meio de ferramentas estatísticas. Esse tipo de análise é essencial para as organizações tendo em vista que os mercados e as condições demográficas são de interesse estratégico para as organizações (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Exemplos de indicadores utilizados no processo informacional associado ao ambiente demográfico são: • Tamanho, densidade e distribuição da população. • Taxa de mobilidade populacional e processo migratório. • Taxa de crescimento e de envelhecimento. • Taxa de natalidade, de matrimônios e de mortalidade. • Estruturas etária, familiar e residencial. • Grau de escolaridade. • Constituição étnica e religiosa. Em relação à análise do ambiente econômico, podemos dizer que essa a análise explora tendências das variáveis econômicas que impactam a demanda e a oferta de produtos e serviços (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Alguns indicadores usados nessa análise são: • Renda realda população. • Taxa de compartilhamento da renda. • Taxa de aumento da renda. • Níveis de consumo e poupança. • Taxa de emprego. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 15 • Taxas de juros, de inflação e de câmbio. • Grau do Produto Interno Bruto (PIB). • Reservas cambiais. No que diz respeito à análise do ambiente político-legal, temos a exploração de tendências relativas a legislação, códigos, instituições públicas e privadas e ideologias (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Essa análise envolve os seguintes indicadores: • Política (monetária, tributária, fiscal, etc.). • Legislação (ambiental, tributária, comercial, trabalhista, etc.). • Estruturas de poder. Na análise do ambiente sociocultural, as organizações devem explora tendências associadas às crenças básicas, valores, normas e costumes da sociedade (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). No geral, os indicadores utilizados nesse processo são: • Crenças e anseios pessoais. • Relações interpessoais e estrutura social. • Mobilidade entre classes. • Constituição da força de trabalho. • Estrutura educacional. • Preocupação com o meio ambiente. • Preocupação com saúde das pessoas. Ao analisar o ambiente tecnológico, as empresas buscam tendências vinculadas ao conhecimento humano que influenciam a utilização das matérias-primas e dos insumos ou a aplicação de processos operacionais ou gerenciais (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Os principais indicadores utilizados nessa análise são: • Destruição criativa. • Aplicações em novos áreas da ciência. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 16 • Reações quanto aos avanços tecnológicos. • Adoção, desenvolvimento e transferência de tecnologia. • Rapidez das mudanças tecnológicas e de atualizações. • Acolhimento de marcas e patentes. • Grau de pesquisa e desenvolvimento da região. Quando a análise do ambiente que dispõe de recursos naturais, temos exploração da capacidade e dos limites da Terra em prover alimento, água e energia para a população (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Exemplos de indicadores usados nessa análise são: • Insuficiência das matérias-primas. • Custo da energia. • Aquecimento global. • Poluição. • Ameaças de doenças. • Desastres naturais. • Sustentabilidade. Planejamento Estratégico O processo de planejamento estratégico vem variando nos últimos anos em um continuum que vai desde o forte e rígido (prescritivo e normativo) até o maleável (caráter descritivo e explicativo) (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Para proporcionar melhor compreensão, Chiavenato e Sapiro (2020) descrevem diferentes escolas ou dimensões diferentes definidas por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, conforme segue: Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) as escolas de caráter prescritivo e normativo incluem três abordagens: • Escola do planejamento - a formulação da estratégia inclui um processo formalizado e documentado de dividir o planejamento Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 17 estratégico em planos táticos e em planos operacionais, formando uma hierarquia de planos entre si. Essa escola possui forte influência para a Administração que se sustenta até hoje, especialmente no que se refere a cascata ou hierarquia de objetivos. • Escola do design - a principal premissa dessa escola considera que o desenvolvimento da estratégia precisa ser um processo deliberado de forma consciente. Nesse sentido, a estratégia é um processo de adequação, ajustamento e compatibilização entre os aspectos internos e aspectos externos da organização. • Escola do posicionamento - segundo essa escola, o planejamento estratégico busca definir um posicionamento estratégico da organização frente ao ambiente externo que deve ser previamente explorado e reconhecido. • Em relação às escolas de caráter descritivo e explicativo, Chiavenato e Sapiro (2020) descrevem as seguintes escolas: • Escola do empreendedorismo - considera o processo estratégico como visionário. Ele é formado mais pela visão que constitui em uma imagem mental dos gestores, do que um plano articulado em palavras e em números. Essa escola foca em aspectos subjetivos dos líderes (intuição, julgamento, experiência e sabedoria dos líderes, etc.) e na criação de condições para execução de ideias. • Escola cognitiva - considera que o planejamento estratégico é um processo mental em função da forma como a realidade ambiental é observada e compreendida pelos indivíduos. • Escola da aprendizagem - considera que a formulação estratégica é um processo emergente de aprendizagem e de desenvolvimento incremental, tanto individual como coletivo. Seu foco está voltado para a gestão gradual das transformações e não da estratégia. Ela considera como premissa que a alta complexidade e competitividade do mercado tornam quase impossível planejar estratégias de forma controlada. Nesse caso, as estratégias emergem como padrões em um fluxo de decisões e, lentamente, se desenvolvem em planos futuros. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 18 • Escola do poder - o processo de planejamento estratégico possui natureza política, e o poder é disputado na organização, abrangendo persuasão, negociação e barganha. Cada organização cria diferentes estratégias de forma proativa para tentar mudar o ambiente de forma que este fique adequado às suas capacidades, mediante um processo político de interagir com o ambiente externo ao invés de simplesmente reagir. • Escola da cultura - nessa abordagem, a estratégia é um processo coletivo e social. Por sua vez, o planejamento estratégico é um processo que se fundamenta na cultura organizacional para tratar de interesses comuns. Para essa escola, a cultura é inibidora de mudanças estratégicas mais expressivas. Considera que a ideologia também é importante e que as organizações são dominadas por valores essenciais (atendimento ao cliente, qualidade e inovação, etc.). • Escola do ambiente - a estratégia é considerada como um processo reativo às circunstâncias do ambiente externo. O planejamento estratégico deixa de ser compreendido como um processo formal, rígido e sequencial que segue passos predefinidos. Ele tenta compatibilizar alternativas de comportamento da organização no sentido de tirar vantagens das situações e evitar possíveis ameaças. • Escola da configuração - considera a estratégia como um processo de mudança, onde o planejamento estratégico é um processo de arranjo da organização para cada tipo de situação ambiental no sentido de integrar suas diferentes partes. Dando sequência, precisamos falar sobre a abrangência do planejamento. Você recorda que a organização possui níveis hierárquicos, não é mesmo? Tratamos sobre isso na Unidade anterior. Vamos refletir sobre o assunto? Como mostramos, a organização possui níveis de poder e cada nível possui propósitos diferentes. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 19 Compreendido esses aspectos, podemos considerar que também existem níveis de planejamento, Chiavenato e Sapiro (2020) descrevem três níveis distintos de planejamento: estratégico, tático e operacional. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) o planejamento estratégico é amplo e envolve toda a organização. Suas principais características são: • Focado no longo prazo, possui efeitos e consequências estendidos a vários anos. • Envolve a empresa como uma totalidade, inclui seus recursos e áreas de atividade, buscando atingir os objetivos em nível organizacional. • Desenvolvido no nível institucional, diz respeito ao plano maior ao qual todos os demais estão sujeitos. No que diz respeito ao planejamento tático, Chiavenato e Sapiro (2020) apontam que ele está focado nos departamentos da organização. Suas características são: • Focado no médio prazo, normalmente é voltado para o exercício anual. • Abrange cada departamento, considerandoseus objetivos e recursos específicos. • Desenvolvido no nível intermediário, em cada unidade da organização. Por sua vez, Chiavenato e Sapiro (2020) afirmam que o planejamento operacional considera cada tarefa ou atividade da organização. Esse planejamento possui as seguintes características: • Focado no curto prazo (imediato). • Abrange cada tarefa ou atividade de forma isolada. • Desenvolvido no nível operacional para cada atividade. Para proporcionar melhor compreensão a respeito do exposto, o quadro 1 mostra as principais características segundo cada nível de planejamento. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 20 Quadro 1– Síntese dos três níveis de planejamento Nível/ Atributo Conteúdo Extensão de tempo Amplitude Estratégico Genérico sintético e abrangente Longo prazo Aborda a organização como um todo. Tático Menos genéricos e detalhado. Médio prazo Voltado para cada unidade da organização. Operacional Detalhado, específico e analítico. Curto prazo Voltado para cada tarefa ou operação. Fonte: Chiavenato (2014, p. 179) Chiavenato e Sapiro (2020) apontam que o planejamento estratégico gera os seguintes benefícios: • Torna explícito o sentido de visão estratégica para a organização. • Permite um entendimento do ambiente altamente mutável, dinâmico e competitivo. • Possibilita focar nos aspectos importantes para a organização no futuro, com propósitos de longo prazo. • Oferece suporte para uma atuação proativa em relação aos elementos do ambiente externo, de forma interdependente com os componentes do ambiente interno. • Viabilizar uma visão sistêmica e holística incluindo toda a organização. • Permite interdependência com o ambiente externo. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 21 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido os fundamentos e práticas de análise ambiental e de planejamento estratégico. A analise ambiental considera a necessidade de os gestores das organizações levantarem informações para tomarem decisões em um ambiente dinâmico e mutável. Esse conhecimento estratégico deve ser construído baseado em duas vertentes: (i) diagnóstico interno, se refere a uma avaliação de suas vantagens competitivas e capacidades; (ii) diagnóstico externo, que se refere ao monitoramento voltado para o ambiente externo da organização. Essa avaliação é um processo contínuo que inclui as etapas: Rastreamento e Triagem; Monitoramento; Previsão; Avaliação e Mitigação; Gestão de Impactos e Implementação. Também tratamos sobre o planejamento estratégico, bem como sobre as escolas da administração estratégica: Escola do planejamento, Escola do design, Escola do posicionamento, Escola do empreendedorismo, Escola cognitiva, Escola da aprendizagem, Escola do poder, Escola da cultura, Escola do ambiente e Escola da configuração. Por sua vez, mostramos que o planejamento pode ser realizado nos três níveis hierárquicos da organização, assim temos: o planejamento estratégico, planejamento tático e o planejamento operacional. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 22 Planejamento Estratégico Versus Gestão Estratégica OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como o planejamento estratégico atua em conjunto com a gestão estratégica. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois muitos profissionais costumam confundir esses dois construtos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Agora vamos discutir sobre um assunto que para alguns é simples e claro, mas para a maioria causa interpretações duvidosas. Já vimos anteriormente os conceitos de planejamento e gestão, mas agora vamos associar esses dois elementos de forma a esclarecer suas funções. Para começar, vamos apresentar algumas premissas que apoiam o processo de elaboração do planejamento estratégico que precisam ser consideradas pelos parceiros responsáveis pela gestão estratégica. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) o planejamento estratégico tem como objetivo formular estratégias e assegurar a sua implementação por meio de planos táticos e operacionais, baseado nas seguintes premissas: • Preparação - considera que a organização precisa estar preparada para todas as situações, quando elas se manifestarem. • Sistemático - o planejamento estratégico está relacionado com o comportamento sistêmico e holístico. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 23 Figura 2 – Pense fora da caixa Fonte: Pixabay. • Foco no futuro - o planejamento estratégico está orientado para o longo prazo. • Criação de valor - o planejamento estratégico está relacionado ao comportamento orientado para objetivos estratégicos que criam valor para todas as partes interessadas (acionistas, clientes, fornecedores, etc.). • Participação - o planejamento estratégico tem de ser formulado e compreendido por todos os membros da organização. Figura 3 – Equipe de negócios Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 24 • Continuidade - o planejamento estratégico não é descontínuo. Quanto maior a mudança ambiental, mais o planejamento tem de ser feito e refeito frequentemente. • Implementação - o planejamento estratégico tem de ser colocado em ação por todas os indivíduos da organização. • Monitoramento - faz necessário avaliar o planejamento estratégico quanto ao seu desempenho e resultados. Segundo Maximiano (2018) considerando a abordagem da administração estratégica, a estratégia é construída, implementada, executada, avaliada e reiniciada por meio de processos. Nesse contexto, podemos entender que: • De forma genérica, que a gestão estratégica é responsável pela implementação, monitoramento e o reinício do ciclo de decisões. • O planejamento estratégico inclui o modelo de negócios, os objetivos as vantagens competitivas, etc. Diz respeito ao processo maior do processo de administração estratégica. IMPORTANTE: De acordo com Souza(2020) o modelo de negócio diz respeito ao modo pelo qual uma organização cria valor seus parceiros (clientes, acionistas e outros parceiros). No geral, um modelo de negócio tem de explicar cinco elementos- chave, a saber: • O diferencial da organização em relação ao mercado. • O modo de interação com o consumidor, considerando marca, relacionamento etc. • O modo pelo qual a organização tem de funcionar e assegurar o suprimento dos seus consumidores. • A estratégia – curso de ação utilizado para que a organização alcance objetivos de longo prazo. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 25 • Como a organização faz para gerar resultados econômicos e assegurar sua viabilidade financeira. Dessa forma, podemos compreender que elas estão intimamente associadas. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) o planejamento estratégico inclui uma sequência de análises e decisões que compreende os seguintes componentes: a. Análise da missão ou modelo de negócios - busca identificar em que ponto está a organização. Figura 4 – Conceito abstrato de missão Fonte: Freepik. b. Análise do ambiente externo - a organização precisa identificar quais as ameaças e as oportunidades. c. Análise do ambiente interno - diz respeito a identificação dos pontos fortes e fracos do ambiente interno da organização. d. Definição do plano estratégico - no geral, inclui os objetivos estratégicos específicos da organização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 26 e. Implementação - corresponde a aplicação dos planos de ação. f. Execução e avaliação - consiste na avaliação dos resultados com os objetivos definidos. Como forma de integrar essas etapas, os responsáveis pela gestão estratégica vêmusando o Balanced Scorecard. Esta ferramenta permite desdobrar de objetivos estratégicos, desde a alta administração até o nível operacional. A Balanced Scorecard (BSC) foi criado por Kaplan e Norton (2001). Ela está apoiada em quatro perspectivas, a saber: i. Financeira - diz respeito ao juízo de valor de diferentes parceiros, sobretudo de acionistas, quanto ao desempenho econômico e financeiro das empresas (lucro, retorno sobre o investimento, etc.) ii. Cliente - trata sobre o modo no qual as organizações são compreendidas pelo consumidor. Figura 5 – Consumidor Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 27 iii. Processos internos - se refere à avaliação de processos organizacionais com o intuito de verificar se os resultados estão conforme o esperado pela organização. iv. Inovação e aprendizagem - considera a disposição das organizações a investirem em inovações de produtos e processos. Figura 6- Inovação Fonte: Pixabay. Podemos compreender que o BSC possui grande importância para a administração da organização, e também para a gestão e o gerenciamento de diferentes áreas estratégicas (operações, finanças, etc.) considerando suas respectivas responsabilidades e processos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Um exemplo do BSC é apresentado no Quadro 2. Quadro 2 – Exemplo de BSC Perspectiva Objetivo Meta Ações Indicador Financeira - - - - Cliente - - - - Processos internos - - - - Inovação e aprendizagem - - - - Fonte: Kaplan e Norton, 1997 Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 28 Para facilitar a compreensão dos objetivos, metas, ações e indicadores vinculados a cada uma das perspectivas do BSC, a administração pode desenvolver um mapa estratégico. O mapa estratégico é uma representação visual que relaciona as perspectivas do BSC e os desempenhos das organizações (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). A figura mostra um exemplo do mapa estratégico do BSC. Figura 7 – Mapa das perspectivas do BSC Perspectiva dos clientes (sistema de relacionamento com clientes). Lucro Perspectiva dos processos internos (otimizar processos). Perspectiva financeira (eficiência financeira). Perspectiva da inovação e aprendizado (assegurar o desenvolvimento dos colaboradores). Fonte: Kaplan e Norton, 1997. Dados os atributos do BSC, é relevante mostrar as fases necessárias para a sua aplicação. De acordo com Kaplan e Norton (1996) para conectar as estratégias organizacionais às ações estabelecidas para alcançar os objetivos e metas organizacionais, faz necessário a execução das seguintes etapas: Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 29 Figura 8 – Etapas de execução do BSC Detalhamento da estratégia. Disseminação da estratégia. Desenvolvimento da estratégia. Execução e controle da estratégia. Avaliação da estratégia. Planejamento das operações. Fonte: Kaplan e Norton, 1996. Como você pode observar, para começar a aplicação do BSC é necessário desenvolver a estratégia. Na sequência, faz necessário a construção de um planejamento baseado em instrumentos gerenciais. Quando elaborados, os gestores precisam alinhas objetivos, metas e estratégias com os integrantes da organização. Depois deste alinhamento, é necessário planejar e organizar as operações, bem como estabelecer métricas e instrumentos para acompanhar o processo e otimizar os recursos disponíveis. Depois disso, a empresa precisa monitorar a execução das estratégias e seus planos operacionais com o intuito de identificar os pontos fortes e as limitações. Por fim, é necessário realizar o levantamento de dados operacionais dos ambientes interno e externo para avaliar e adaptar estratégias (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Para alcançar competitividade e sustentabilidade durante suas atividades, os gestores precisam adotar uma visão estratégica, ou seja, usar uma visão abrangente que está apoiada em quatro formas de entender as organizações, conforme descreveram Chiavenato e Sapiro (2020): • Visão sistêmica - consiste em observar o todo, não somente uma parte dele. Observar a totalidade para entender o papel e os relacionamentos entre suas partes. Ou seja, ver a floresta e não cada uma de suas árvores. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 30 Figura 9 – Floresta Fonte: Pixabay. • Visão periférica - os gestores têm de compreender o ambiente externo no qual a organização está inserida. Ou seja: olhar fora da caixa. Figura 10 – Sucesso Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 31 • Visão antecipatória - está associado a percepção de tendências ou consequências de ações no presente. Figura 11 – Pesquisa de tendências de negócios Fonte: Freepik. • Insight e intuição - consiste em imaginar, intuir e entender o curso de ação do jogo para chegar ao objetivo antes dos outros. Para proporcionar melhor compreensão, a figura 12 resume os elementos básicos da visão estratégica. Figura 12 – Elementos da visão estratégica Visão estratégica Visão sistêmica Visão antecipatória Insight e intuição Visão periférica Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020) Muitas vezes falta ligação entre a visão de alto nível da administração e os objetivos dos colaboradores, nesse caso, o BSC pode ser considerado Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 32 como um instrumento de ligação, que traduz a visão em objetivos e usa indicadores mensuráveis que podem ser aplicados para avaliação de desempenho (SOUZA, 2020). Sobre esse instrumento, Souza (2020) faz as seguintes considerações: • Tradução da visão - os integrantes do corpo gerencial sênior precisam explorar a visão e o objetivo da organização para esclarecê-los. Por exemplo, suprir segmentos chaves. Possivelmente cada executivo possui uma percepção diferente sobre cada segmento atendido pela organização. Figura 13 – Balão de pensamento Fonte: Pixabay. • Comunicação e conexão - envolve o compartilhamento da visão da organização com os departamentos da organização, ou seja, inclui o desdobramento de objetivos e indicadores em níveis inferiores da organização. • Planejamento de negócios - inclui a conexão entre o plano de negócios e o plano financeiro. • Feedback e aprendizado - permite que os gestores avaliem de maneira contínua o progresso de seus indicadores. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 33 Figura 14 – Conceito de feedback Fonte: Freepik. Em resumo, Souza (2020) aponta que o BSC pode ser utilizado principalmente para: • Elucidar e atualizar a estratégia. • Comunicar a estratégia em toda a organização. • Conectar metas das unidades e das pessoas com a estratégia. • Vincular objetivos estratégicos com metas de longo prazo, bem como com orçamentos anuais. • Levantar e alinhar as ações estratégicas. • Avaliar o desempenho de forma periódica para melhorar a estratégia. Diante do exposto, você precisa entender que a gestão estratégica é a aplicada pelos executivos para “mover” a organização de um estado atual para um estado futuro melhor, no que diz respeito a participação de mercado, rentabilidade, valor da companhia, satisfação dos clientes etc. (SOUZA, 2020). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 34 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o planejamento estratégico atua em conjunto com a gestão estratégica. A gestão estratégica é responsável pela implementação, monitoramento e o reinício do ciclo de decisões. Por sua vez, o planejamento estratégico inclui o modelo de negócios, os objetivos as vantagens competitivas, etc. O planejamento estratégico inclui uma sequência de análises e decisões que compreende os seguintes componentes: análise da missão ou modelo de negócios, análisedo ambiente externo, análise do ambiente interno, definição do plano estratégico, implementação, execução e avaliação. Para integrar essas etapas, os responsáveis pela gestão estratégica vêm usando o Balanced Scorecard. Esse instrumento é usado para desdobrar objetivos estratégicos para os demais níveis hierárquicos, baseado em quatro perspectivas: Financeira, Cliente, Processos internos, Inovação e aprendizagem. Por fim, falamos sobre visão sistêmica que está associado a visualização da totalidade do contexto. A visão estratégica é formada pelas seguintes visões: sistêmica, antecipatória, insight e intuição e periférica. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 35 Modelos de Planejamento Estratégico OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender os principais modelos que usados para apoiar o planejamento estratégico. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram desenvolver um planejamento sem a devida instrução tiveram problemas para alcançar objetivos e metas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. No geral, o planejamento estratégico básico inclui: • Definir os objetivos. • Definir as formas de alcançar os objetivos. • Definir as metas para atingir os objetivos. • Acompanhar e requalificar as metas à medida em que os processos vão se desenvolvendo. Modelo 1: Matriz SWOT Para começar, você precisa entender que a Matriz SWOT vem do acrônimo em Inglês: Strengths (Forças), Weaknesses (Fragilidades), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças) (CIAVENATO; SAPIRO, 2020). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 36 Figura 15 – Análise SWOT Fonte: Freepilk. Segundo Chiavenato e Sapiro (2020) esse instrumento é um dos mais utilizados no processo de planejamento estratégico. Sua base de aplicação é o cruzamento de oportunidades e as ameaças externas à organização, considerando sua missão, visão, valores e objetivos estratégicos, bem como as forças (pontos fortes) e fragilidades (pontos fracos ou para melhoria). Para Chiavenato e Sapiro (2020) quando aplicamos a Matriz SWOT, precisamos realizar os seguintes procedimentos: • Realizar o levantamento de oportunidades e ameaças do ambiente externo, bem como de forças e fragilidades relativas ao ambiente interno da organização. • Interpretar a relação de forças e fragilidades internas, bem como de oportunidades e ameaças externas. Esse cruzamento inclui quatro células da Matriz SWOT, onde cada célula aponta um rumo a ser seguido. Sobre os Quadrantes da Matriz SWOT, considere o seguinte descrito por Chiavenato e Sapiro (2020): Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 37 • Quadrante 1 - indica políticas de ações ofensivas, isto é, o uso de forças e competências da organização para usufruir das oportunidades levantadas. • Quadrante 2 - aponta que as fragilidades da organização dificultam o aproveitamento de oportunidades ambientais e sugere uma política de manutenção do status quo. • Quadrante 3 - sugere que as forças da organização precisam criar barreiras às ameaças ambientais externas. • Quadrante 4 - expressa a fraqueza da organização em lidar com as ameaças, podendo apontar crise ou declínio. Essa Matriz possibilita identificar tendências nos ambientes (interno e externo). Na geral, as organizações lidam com todas as situações registradas na matriz SWOT de forma simultânea. Nesse sentido, os estrategistas planejam as políticas mais adequadas para cada situação, buscando fazer com que os fatores chave de sucesso sejam contemplados nelas (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). No que diz respeito à dificuldade na preparação da matriz SWOT, podemos destacar o processo de reconhecimento das ameaças ou oportunidades. Precisamos ter em mente que não é um procedimento simples e, por outro lado, análises superficiais podem gerar equívocos que podem ser fatais (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Diante do exposto, ao utilizarem esse modelo, os gestores precisam considerar as seguintes questões ou ações: • Análise SWOT – pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças. • Os administradores identificam as maiores questões e os objetivos. • Reavaliar a missão, visão e valores da empresa. • Desenvolver planos de metas (se possível anuais). • Identificar o capital necessário. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 38 • Acompanhar e requalificar as metas à medida em que os processos vão se desenvolvendo Modelo 2: 5 Forças de Porter Baseado no modelo das 5 Forças de Porter, compradores, produtos substitutivos, fornecedores, concorrentes e entrantes potenciais de um setor são forças que influencia no nível de competitividade setorial. Esse modelo possibilita ampliar a visão periférica de um negócio, bem como analisar de forma profunda a situação de cada segmento de atuação (AAKER, 2012). Para proporcionar melhor compreensão, essas forças serão descritas a seguir: No que se refere à ameaça de novos entrantes, entende-se que uma organização que ingressa em um setor de negócios traz ameaças às organizações que já atuam, por ter potencialidade de produção adicional, forçando as outras a serem mais eficazes e a concorrerem em novas dimensões (MAXIMIANO, 2018). Segundo Maximiano (2018) para impedir a entrada de novas organizações, as empresas utilizam barreiras de entradas: • Economias de escala - quando o volume de um produto produzido cresce e os custos unitário de fabricação reduzem. Dessa forma, o novo entrante encara o desafio frente às economias dos concorrentes. • Diferenciação de produto - as empresas atuantes em um segmento diferenciam o produto, tornando-o exclusivo e possivelmente mais valorizado pelo cliente. Nesse caso, o novo entrante tem de empregar muitos esforços para superar a fidelidade dos clientes. • Requisitos de capital - para ingressar no segmento, as organizações precisam dispor de capital e de outros recursos. • Custos de mudança - com custos de mudança elevados, o novo entrante encara desafios. Isso ocorre, quando, as empresas adquirem algo e precisam de custos adicionais para atualizar um item. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 39 No que diz respeito ao poder de barganha dos fornecedores, Maximiano (2018) entende-se que um grupo de fornecedores é considerado forte quando possui as seguintes características: • É formada por uma pequena quantidade de grandes fornecedoras concentradas. • Não existem produtos substitutos satisfatórios para o segmento. • Consideram as organizações como clientes importantes. • Seus itens são essenciais para o sucesso do comprador no mercado. • Representam uma ameaça de integrar-se para a frente no setor dos compradores. No tocante ao poder de barganha dos compradores, Maximiano (2018) afirma que o cliente possui poder, especialmente, quando: • Adquire grande parte da produção do setor. • O produto comprado representa uma parcela expressiva dos custos do comprador. • Os itens da indústria não são diferenciados ou padronizados. Em relação à ameaça de produtos substitutos, podemos entender que são os diferentes bens ou serviços vindos de fora do setor e que oferecem as mesmas funções de um item fabricado no setor (MAXIMIANO,2018). Quanto à intensidade da rivalidade entre os concorrentes, entende- se que em cada setor existem organizações que concorrem ativamente para obter competitividade estratégica (MAXIMIANO,2018). Entre os fatores que influenciam no grau de rivalidade entre as organizações, Maximiano (2018) destaca: • Quantidade expressiva de concorrentes ou igualmente equilibrados. • Expansão lenta do setor. • Custos fixos altos. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 40 • Capacidade ampliada em grandes incrementos. • Concorrência contrárias de metas e de estratégias. • Desafios estratégicos elevados.Modelo 3: Canvas O modelo Business Model Canvas (BMC) foi construído por Alexander Osterwalder. Diz respeito a um mapa visual que mostra o caminho para o administrador, proporcionando melhor compreensão do modelo de negócio de empresas embrionárias ou maduras (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). De acordo com Chiavenato e Sapiro (2020) esta ferramenta está organizada em nove blocos, a saber: • Segmentos de clientes - se refere a pessoas, grupos e organizações que a empresa pretende atender. Figura 16 – Segmentação Fonte: Pixabay. • Proposta de valor - diz respeito a proposta de valor criada por produtos e serviços para determinado grupo de clientes. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 41 • Relacionamento com clientes - envolve o tipo de relacionamento que se pretende desenvolver com os segmentos de clientes. • Canais - inclui comunicação, distribuição, venda e pós-venda. • Fluxo de receitas - trata sobre a renda gerada por cada grupo de cliente. • Recursos-chave - trata a respeito de itens tangíveis e intangíveis utilizados para entregar a proposta de valor. • Atividades-chave - se refere as atividades mais relevantes que uma organização deve executar para obter sucesso no mercado. • Parceiros-chave - considera fornecedores e parceiros que fazem o modelo de negócio da organização funcionar. • Estrutura de custos - considera a estrutura de custos mais importantes para a eficiência do modelo de negócio. Na prática, todas essas informações são colocadas em uma única folha para possibilitar uma visão objetiva do negócio, como mostrado a figura 17. Figura 17 – Canvas Fonte: Wikimedia commons. De acordo com o Sebrae (2019) entre as vantagens do Canvas estão: Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 42 • Simplicidade de comunicação e aplicação. • Demanda menor de tempo e outros recursos para a seu desenvolvimento e aplicação. • Visualização intuitiva e dinâmica de principais ideias. No que diz respeito às desvantagens, Sebrae (2019) destaca: • Falta de documentação. • Análise de risco simplória. • Escassez de detalhamento de custos. • Falta de gerenciamento de aquisições. • Cronograma macro, o que aponta a necessidade de instrumentos complementares. Modelo 3: Matriz GUT Esta seção trata sobre a Matriz GUT que é um instrumento usado para priorização de problemas. Na maioria das decisões os recursos tangíveis (dinheiro, máquina etc.) e intangíveis (tempo, motivação etc.) são limitados e para realizar uma boa escolha faz necessário a aplicação de um processo racional (SOUZA, 2019). Segundo Souza (2019) a Matriz tem como função priorizar os problemas segundo sua Gravidade, Urgência e Tendência. Esses termos são usados para observarmos os problemas com o propósito construir uma hierarquia. Observe os significados desses termos a seguir: a. Gravidade - problema que gera maiores consequências para um projeto. b. Urgência - problema que precisa de atenção imediata. c. Tendência - consiste na consequência da ausência de ação em relação a determinados problemas. EXEMPLO Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 43 Suponha que um processo de trabalho apresentou falhas. Na sequência, essas falhas devem ser listadas e avaliadas com o auxílio da Matriz “GUT” para que sejam priorizadas conforme a sua gravidade, urgência e tendenciosidade. Figura 18 – Problema Fonte: Pixabay. Sobre essa ferramenta, você precisa entender que: I. Ela aponta caminhos mais racionais que podem apoiar na tomada de decisão a respeito dos problemas precisam ser priorizados. II. Ela está intimamente associadas à percepção do indivíduo quanto à Gravidade, à Urgência e à Tendência dos problemas analisados. III. Para identificar a gravidade, a urgência e a tendenciosidade do problema, uma escala de 1 (um) a 5 (cinco) pontos. Deste modo, podemos considerar que a Matriz GUT (Gravidada, Urgência e Tendência) é um instrumento subjetivo que pode ser usada para classificar problemas segundo a sua prioridade. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 44 Matriz Participação de Mercado/ Crescimento do Mercado - Matriz BCG A matriz de participação de mercado/crescimento do mercado é uma técnica de análise da carteira de negócios usada para formular estratégias. Ela foi criada pela consultoria Boston Consulting Group (BCG). Sua proposta é classificar produtos ou linhas de produtos conforme dois fatores: sua parcela de mercado relativa à concorrência e a taxa de crescimento do mercado do produto. Esses dois fatores são divididos em categorias alta e baixa, como exposto no Quadro 3. Quadro 3 - BCG Alta Taxa de crescimento do mercado Estrelas Pontos de interrogações Vacas leiteiras Bichos de estimação Baixa Participação relativa no mercado Alta Baixa Fonte: Elaborado pela autora (2021). Na prática, Chiavenato e Sapiro (2020) afirmam que os produtos direcionados para cada quadrante recebem nomes sugestivos para denotar suas propriedades em função dos fatores explorados. A partir dessas classificações são elaboradas indicações de estratégias, que consideram a dinâmica dentre quatro diferentes situações de produtos: • Estrelas - os produtos possuem altas parcelas de mercado e as altas taxas de crescimento. • Vacas leiteiras - produtos que possuem grande participação em um mercado que cresce cada vez menos e provavelmente estão atravessando o estágio de maturidade de seu ciclo de vida. • Pontos de interrogação - conhecidas como crianças-problema, são produtos reconhecidos por baixas parcelas de mercado, mas com altas taxas de crescimento. • Bichos de estimação - se refere a produtos com baixas parcelas de mercado e atuam em setores com baixas taxas de crescimento. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 45 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido quais modelos podem ser usados para apoiar o processo de planejamento estratégico. Foram explorados os seguintes modelos: Matriz SWOT, modelo das 5 Forças de Porter, Business Model Canvas (BMC), Matriz GUT e Matriz BCG. A Matriz SWOT é um dos mais utilizados no processo de planejamento estratégico. Ela cruza oportunidades e ameaças externas à organização, considerando sua missão, visão, valores e objetivos estratégicos, bem como as forças e fragilidades. As 5 Forças de Porter são usadas para avaliar a competividade de segmentos e possui as seguintes dimensões: ameaça de novos entrantes, poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos compradores, ameaça de produtos substitutos e intensidade da rivalidade entre os concorrentes. O modelo Business Model Canvas (BMC) traz uma visão geral do modelo de negócio da empresa, considera aspectos como segmentos de clientes, proposta de valor, relacionamento com clientes, etc. A Matriz GUT é um instrumento usado para priorização de problemas conforme sua Gravidade, Urgência e Tendência. A Matriz participação de mercado/ crescimento do mercado (Matriz BCG) busca classificar produtos e considera quatro situações: Estrelas, Vacas leiteiras, Pontos de interrogação e Bichos de estimação. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 46 Estrutura das Áreas de Produção, Comercial, Recursos Humanos e Financeira OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender a estrutura da gestão estratégica. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram administrar organizações sem a devida instrução tiveram problemas para alcançar objetivos e metas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. A estrutura da organização inclui as linhas de autoridade e o modo como os indivíduos e os departamentos estão agrupados,pode estimular a cooperação, o compartilhamento e a comunicação (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Segundo Maximiano (2018) os cursos de ação que executam a estratégia corporativa definidas pela alta administração, em parceria com diferentes áreas funcionais, tais como: • Operações - se refere a estruturação e a mudança do sistema de operações e gerenciamento da cadela de suprimentos. Inclui, por exemplo, instalações para gerar novos produtos e serviços, montagem de instalações produtivas em outras regiões etc. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 47 Figura 19 – Trabalhador de armazém transportando mercadorias Fonte: Freepik. • Marketing - responsável por gerenciar Pesquisas de mercado e de satisfação de clientes. Inclui campanhas promocionais associadas aos produtos, à praça, etc. • Recursos Humanos - inclui o planejamento de mão de obra, atividades de recrutamento, seleção, desenvolvimento, entre outras. Figura 20– Pessoas Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 48 • Tecnologia - considera o desenvolvimento de materiais e produtos, o aperfeiçoamento do sistema de operações, gestão do conhecimento, etc. Figura 21 – Conhecimento Fonte: Freepik. • Finanças - considera o planejamento financeiro necessário para a implementação das estratégias. De acordo com Certo (2010) existe três principais funções identificadas associadas à administração estratégica de uma organização são: marketing, produção e finanças. • Marketing na administração estratégica - o Marketing na administração estratégica, expressa o relacionamento entre os princípios básicos do marketing e da administração estratégica, conexão que possibilita uma análise situacional exitosa para o processo de administração estratégica. De forma genérica, podemos entender que o processo de marketing estratégico inclui: análise de relacionamento consumidor/produto, escolha de estratégia de segmentação de mercado, projeto de estratégia de mix de marketing e execução e controle da estratégia de marketing. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 49 Figura 22 – Meios de comunicação Fonte: Pixabay. • Operações na administração estratégica - explora os princípios básicos das operações organizacionais conectando com o processo de administração estratégica. Caracteriza os processos como elemento determinante da estratégia, mostrando o projeto de produtos como uma questão relevante para a estratégia e explora a natureza da tomada de decisões dentro do departamento de operações. Figura 23 – Equipe discutindo sobre projeto industrial Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 50 • Finanças na administração estratégica - finanças consiste no processo de avaliação de ativos, passivos e lucro e de tomada de decisão. Esses conceitos são essenciais para as análises do processo de administração estratégica. Nesse contexto, as abordagens analíticas costumam incluir análises como: relação financeira, ponto de equilíbrio e valor líquido presente. Outra importante área que integra a administração estratégica é a gestão de pessoas. Segundo Chiavenato (2014) as pessoas são responsáveis pela execução das estratégias organizacionais, nesse sentido, ela deve ser compreendida por todos os membros da organização, de forma que todos saibam o sentido dos esforços e das contribuições geradas por todos os membros da organização. Diante desse contexto, é necessário traduzir objetivos e estratégias organizacionais em objetivos e estratégias de Gestão de Pessoas (CHIAVENTATO,2014). Provavelmente você estar se perguntando como realizar este procedimento, não é mesmo? Vamos lá. Essa conexão é realiza por meio do planejamento estratégico de GP. Segundo Chiavenato (2014), o planejamento estratégico de GP é a forma como a função de GP deve contribuir para alcançar objetivos organizacionais e, simultaneamente, favorecer e incentivar o alcance dos objetivos funcionais de suas áreas e dos objetivos individuais dos colaboradores. Consiste em alinhar talentos e competências com as necessidades e propósitos da organização. Para cada estratégia organizacional deve corresponder uma estratégia de GP, que deve integrar o planejamento estratégico da organização. Para facilitar a sua compreensão, a respeito desta relação observe a figura 24. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 51 Figura 24 – Relação entre o planejamento estratégico organizacional e o planejamento estratégico de gestão de pessoas PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE GP Fonte: Elaborado pela autora (2021). Importante destacar que o planejamento estratégico de gestão de pessoas não mais se restringe ao volume de pessoas necessárias às operações da organização, envolve muito mais do que isso. Ele se inicia com a missão e a visão organizacional, a definição dos objetivos e precisa lidar com competências disponíveis e aquelas necessárias para êxito organizacional (CHIAVENTATO, 2014). A literatura especializada aponta que a competência é a junção de três elementos: conhecimento, habilidade e atitude, conforme mostra a figura 25. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 52 Figura 25 – Elementos da competência Expressa a familiaridade ou compreensão de ganhos por meio de estudos e de experiências. Conhecimento Consiste na capacidade de transformar o conhecimento em ação para alcançar o desempenho esperado. Habilidade É o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a forma de liderar, de motivar, de comunicar, etc. Atitude Fonte: Chiavenato (2014) Segundo Chiavenato (2014), o planejamento da Gestão de Pessoas baseado em competências é executado por meio dos seguintes passos: 1. Definir a visão de futuro e os objetivos da organização a serem alcançados em função de determinado período. 2. Defini as competências organizacionais necessárias para alcançar os objetivos. Figura 26 – Lista de controle Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 53 3. Avaliar as competências presentes na organização. 4. Estimar a lacuna (gap) entre as competências necessárias e as competências da organização. 5. Desdobrar a lacuna em termos de competências organizacionais a serem criadas ou adquiridas. 6. Desdobrar a lacuna em termos de competências funcionais de cada departamento da organização (finanças, marketing, produção etc.). 7. Desdobrar a lacuna em termos de competências gerenciais ou administrativas que cada gestor deve possuir para lidar com sua equipe. 8. Desdobrar a lacuna em termos de competências que cada colaborador deve possuir. 9. Desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento (T&D) e promover o desenvolvimento organizacional (DO) para construir competências internas. 10. Desenvolver programas de recrutamento e seleção para agregar talentos na obtenção externa de competências. Figura 27 – Conceito de contratação e recrutamento Fonte: Freepik. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 54 11. Avaliar os resultados alcançados e retroação ao sistema de forma constante. A liderança estratégica é uma competência essencial para alcançar o desempenho estratégico da organização. Na atualidade ela possui as seguintes características: Empowerment e patrocinador, criativo e inovador, aprendiz, apoiador, generalista com expertise em várias áreas, perspectiva global e sistêmica, etc. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). A liderança apresenta diferenças dependendo do nível hierárquico considerado, ou seja, no nível institucional é realizada pela presidência ou diretoria, no nível tático é exercida pelos gerentes e executivos, e no nível operacional é conduzida pelos supervisores de primeira linha (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Para proporcionar melhor compreensão, as características da liderança em cada nível hierárquico são mostradas a seguir,conforme descrito por (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). a. Institucional (estratégico), o dirigente tem de ser: • Global thinker. • Estrategista. • Impulsionador de mudanças e renovação. • Missionário e visionário. • Advogado e mentor. • Empreendedor. • Guardião do negócio. b. Intermediário (tático), o gerente tem de: • Impulsionar na busca por metas e resultados. • Identificar e selecionar talentos. • Mobilizar os indivíduos para a mudança e inovação. • Treinar e desenvolve líderes. c. Operacional (operacional), o supervisor tem de: Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 55 • Conduzir colaboradores para a execução do trabalho. • Impulsionar o desempenho excelente. • Construir parcerias dentro e ao longo das equipes. • Gerenciar o trabalho cotidiano. • Influenciar pelo seu poder pessoal. • Inspirar lealdade e confiança. Figura 28 – Gerente de fábrica visitando a linha de produção Fonte: Freepik. Segundo Maximiano (2018) o princípio de que a estrutura é orientada pela estratégia foi popularizado por Alfred Chandler. Baseado nessa lógica, a estrutura organizacional esquematizada no organograma é o reflexo da estratégia, pois o processo de desenhar a estrutura organizacional é situacional. Nesse sentido, a relação entre estruturas organizacionais básicas e principais estratégias são mostradas a seguir: • Humanograma - diz respeito a estrutura usada por empresas familiares, em sua fase embrionária, onde não existe uma definição rígida de cargos ou divisão formal de trabalho. Está associado à estratégia de estabilidade, pela qual os proprietários querem manter o controle da organização. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 56 • Organização funcional - é uma estrutura simples, que basicamente reúne as seguintes funções: produção, vendas, finanças. Ela pode ser desenvolvida em organizações de diferentes tamanhos, que operam com pouca produção fazendo uso das mesmas tecnologias. • Organização por produto - organização que possui diferentes linhas de produtos ou diferentes serviços, cada um focado em um mercado. Exemplo: empresas do setor automobilístico. • Organização por clientes - produtos/serviços iguais são oferecidos para clientes diferente. Exemplo: agências de propaganda. Figura 29 – Marketing digital Fonte: Pixabay. • Organização geográfica - organizações que possuem a estratégia de se espalhar por muitas regiões. • Organização por projetos - vinculada a organizações que fabricam produtos ou prestam serviços por encomenda. Exemplo: empresas de consultoria. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 57 Figura 30 – Conceito de consultoria Fonte: Freepik. • Organização por processos - inclui equipes responsáveis pela administração de processos interligados. Está vinculada à gestão da cadeia de suprimentos. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido quais os elementos que formam a estrutura da gestão estratégica. De forma geral, mostramos que a estrutura da organização inclui as linhas de autoridade e a forma como os indivíduos e os departamentos estão organizados. A estratégia corporativa é definidas pela alta administração com o apoio das seguintes áreas funcionais: operações, marketing, recursos humanos, Tecnologia, Finanças. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 58 Reconhecido esses aspectos, exploramos as principais funções que se relacionam à administração estratégica: marketing, produção, finanças, gestão de pessoas. Também falamos sobre a liderança estratégica é uma competência fundamental para alcançar o desempenho estratégico da organização, assim, destacamos os atributos dos líderes atuais (Empowerment e patrocinador, criativo e inovador, aprendiz, apoiador, etc.). Por fim, mostramos a relação entre estruturas organizacionais básicas e principais estratégias adotadas pelas organizações, assim, falamos sobre: humanograma, Organização funcional, Organização por produto, Organização por clientes no contexto da gestão estratégica. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 59 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2012. KOTLER, P; KELLER, K. L. Administração De Marketing. São Paulo: Pearson, 2012. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia: como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Using the Balanced Scorecard as strategic management system. [s.l.] Harvard Business School Press, 1996. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2012. SOUZA, J. O. L. 50 Ferramentas de Gestão: Diagnosticar e resolver problemas. Natal: eBook Kindle, 2019. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial Estrutura Organizacional, Ferramentas e Sistemas Estratégias de Gestão e Organização Empresarial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria LUCILIANE RIBEIRO AUTORIA Luciliane Ribeiro Sou formada em Letras Inglês, pós-graduada em gerenciamento de projetos, gestão negócios internacionais e administração. Experiência intensiva em empresas de médio e grande porte com mais de 15 anos. Hoje, atuo em mapeamento de processos, controles internos em empresas. Possuo flexibilidade e habilidade facilitadora para transitar em diferentes segmentos e compartilhar minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Departamentalização ................................................................................ 10 Considerações Iniciais ................................................................................................................ 10 Departamentalização por Funções ................................................................. 10 Departamentalização por Produtos ou Serviços ................................... 11 Departamentalização Geográfica ..................................................................... 13 Departamentalização por Clientela ................................................................ 14 Departamentalização por Processo ...............................................................14 Departamentalização por Projetos .................................................................. 16 Explorando a Segmentação por Clientes ..................................................................... 17 Critérios para Segmentação de Mercado .................................................................... 20 Principais Ferramentas e Sistemas para a Gestão nas Organizações ................................................................................................22 Gestão de Pessoas .......................................................................................................................22 Gestão Financeira ...........................................................................................................................23 Gestão de Projetos .........................................................................................................................25 Gestão de Processos ....................................................................................................................26 Gestão da Qualidade .................................................................................................................27 Gestão Comercial ......................................................................................................................... 30 Como Melhorar a Produtividade e a Qualidade nas Organizações ................................................................................................ 33 Produtividade ....................................................................................................................................34 Qualidade .......................................................................................................................................... 40 Estrutura das Áreas de Produção, Comercial, Recursos Humanos e Financeira ...................................................................................................46 Gestão de Pessoas ou Gestão de Recursos Humanos .......................................47 Gestão Financeira ........................................................................................................................ 50 Gestão de Produção .....................................................................................................................53 Gestão Comercial ............................................................................................................................55 7 UNIDADE 03 Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos focar nas estruturas, no que é departamentalização e seus tipos e as principais ferramentas disponíveis no mercado para se fazer a gestão. O importante é começarmos a entender as competências e o relacionamento entre unidades/departamentos, bem como melhorar a produtividade e a qualidade em virtude do mercado e suas constantes variações. Por fim, vamos entender as principais áreas de uma organização (produção, comercial, recursos humanos e financeira). Então, vamos lá? Ao final desta unidade letiva, você entenderá como o planejamento deve ser conduzido e como a gestão deve orientar os seus administradores. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar a departamentalização. 2. Reconhecer as principais ferramentas e sistemas para a gestão nas organizações. 3. Interpretar como melhorar a produtividade e a qualidade. 4. Explicar a estrutura das áreas de produção, comercial, recursos humanos e financeira. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 10 Departamentalização OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como uma organização é estruturada e quais são os tipos de departamentalização aplicados de acordo com o mercado, tamanho da empresa e condições socioeconômicas e políticas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Considerações Iniciais É uma forma ordenada de estruturação de uma empresa. Consiste em agrupar as atividades afins e correlatas e ordenar em departamentos, divisões, seções etc. O importante nessa estruturação é tornar a organização suficiente e ágil, de forma a atender ao mercado e consequentemente neutralizar a ação da concorrência. Segundo Chiavenato (2014) a departamentalização pode ser por: Funções, Produtos ou serviços, Localização geográfica, Clientes, Fases do processo (ou processamento) e Projetos. A partir de agora vamos explorar cada uma delas. Preparado(a)? Departamentalização por Funções Departamentalização por funções ou departamentalização funcional diz respeito ao agrupamento das atividades e tarefas segundo as funções principais executadas dentro da organização (CHIAVENATO, 2014). Um exemplo desse tipo de departamentalização é demonstrado na figura 1. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 11 Figura 1 - Departamentalização por funções Departamento de produção Departamento de vendas Departamento de finanças Diretoria Fonte: Chiavenato (2014, p.211). Departamentalização por Produtos ou Serviços Inclui diferenciação e agrupamento de atividades segundo o resultado da organização, ou seja, conforme o produto ou serviço gerado. As atividades necessárias para suprir um produto ou serviço precisam estar agrupadas no mesmo departamento. Por exemplo: Supomos que o propósito da empresa Delta é produzir quatro produtos, as atividades (A, B, C e D) exigidas para cada produto, precisam estar reunidas em cada departamento por produto (CHIAVENATO, 2014). Essa forma de departamentalização facilita a aplicação de tecnologia, máquinas, equipamentos, conhecimento, etc; possibilitando otimização de esforços e concentração que ampliam muito a eficiência da organização. Ela é usada principalmente quando existe grande quantidade de produção, com o objetivo de obter vantagens econômicas na produção (CHIAVENATO, 2014). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 12 Figura 2- Departamentalização por produtos ou serviços A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4 Diretor Produto 1 Produto 2 Fonte: Chiavenato (2014). Exemplo de departamentalização por serviços são os hospitais costumam organizar suas atividades por serviços, a exemplo de: cirurgia, radiologia, pediatria etc. Figura 3 – Cirurgia Fonte: Pixabay. Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 13 Como exemplo da departamentalização por produtos, que divide a estrutura da organização em unidades na base de produtos, projetos ou programas executados pela organização que mostram um ciclo de vida longo, temos as indústrias automobilísticas. Figura 4 – Automóveis Fonte: Freepik. Departamentalização Geográfica Diz respeito ao tipo de departamentalização territorial, regional ou por localização geográfica. Exige diferenciação e agrupamento das atividades segundo a localização em que o trabalho será realizado ou uma área de mercado a ser atendida pela empresa (CHIAVENATO, 2014). Figura 5 - departamentalização territorial Agência Recife Agência Belém Agência São Paulo Divisão de operações Região Norte Região Sul Fonte: Chiavenato (2014). Estratégias de Gestão e Organização Empresarial 14 No geral, esse tipo de departamentalização é utilizada por organizações que atendem grandes áreas geográficas e cujos mercados são extensos. Ela é normalmente usada por empresas multinacionais e é recomendada para as áreas de produção e de vendas (CHIAVENATO, 2014). Departamentalização por Clientela A departamentalização por clientes inclui a diferenciação e o agrupamento das atividades conforme o tipo de pessoa ou pessoas para quem o organização atende. Considera