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LP
Leitura e
Interpretação
Sequência Didática do Professor
Ensino Médio
Habilidades
FOCO
 EM13LP01 Relacionar o texto, tanto na 
produção como na leitura/escuta, com 
suas condições de produção e seu contex-
to sócio-histórico de circulação, de forma 
a ampliar as possibilidades de construção 
de sentidos e de análise crítica e produzir 
textos adequados a diferentes situações.
 EM13LP49 Perceber as peculiaridades 
estruturais e estilísticas de diferentes 
gêneros literários para experimentar os 
diferentes ângulos de apreensão do indiví-
duo e do mundo pela literatura.
Habilidades
RELACIONADAS
 EM13LP03, EM13LP06 e EM13LP46.
Campo artístico-literário
Conto fantástico
EM.11.LP.3.31.8.P-2321
HABILIDADES RELACIONADAS/
BNCC:
• EM13LP03 Analisar relações de 
intertextualidade e interdiscursivi-
dade que permitam a explicitação 
de relações dialógicas, a identifi -
cação de posicionamentos ou de 
perspectivas, a compreensão de 
paráfrases, paródias e estilizações, 
entre outras possibilidades.
• EM13LP06 Analisar efeitos de sen-
tido decorrentes de usos expres-
sivos da linguagem, da escolha de 
determinadas palavras ou expres-
sões e da ordenação, combinação 
e contraposição de palavras, dentre 
outros, para ampliar as possibilida-
des de construção de sentidos e de 
uso crítico da língua.
• EM13LP46 Compartilhar sentidos 
construídos na leitura/escuta de 
textos literários, percebendo dife-
renças e eventuais tensões entre 
as formas pessoais e as coletivas 
de apreensão desses textos, para 
exercitar o diálogo cultural e agu-
çar a perspectiva crítica.
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 3
Ponto de
PARTIDA
1ª parte 
Certamente, ao longo da sua vida, dentro ou fora da escola, você se deparou 
com diversos gêneros literários, como poemas, romances, textos dramáticos e 
contos. Dentre esses, deve se lembrar dos contos de fada, de aventura, de sus-
pense, de terror e contos fantásticos. Qual deles é seu preferido?
Você tem o hábito/gosta de ler contos? Quem são os autores desse gênero 
que você conhece? Em que lugar podemos encontrar textos assim? Como são 
essas histórias? O que esse gênero tem de diferente dos outros? Em geral, que 
tipo de histórias são narradas nos contos? Comente
Vamos fazer algo diferente! Por alguns minutos, tente se lembrar do último 
conto que você leu. Feito isso, preencha a fi cha a seguir em relação ao conto e, 
depois, compartilhe as informações com a turma. 
Título: 
Autor: 
• Sobre o que era a história?
• Qual era o enredo?
• Onde e em que tempo se passava?
• Quem eram os personagens?
DE OLHO NA BNCC
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO Neste 
campo, trata-se, principalmente, de 
levar os estudantes a ampliar seu 
repertório de leituras e selecionar obras 
signifi cativas para si, conseguindo 
apreender os níveis de leitura presentes 
nos textos e os discursos subjacen-
tes de seus autores. [...] A prática da 
leitura literária, assim como de outras 
linguagens, deve ser capaz também 
de resgatar a historicidade dos textos: 
produção, circulação e recepção das 
obras literárias, em um entrecruzamen-
to de diálogos (entre obras, leitores, 
tempos históricos) e em seus movi-
mentos de manutenção da tradição e 
de ruptura, suas tensões entre códigos 
estéticos e seus modos de apreensão 
da realidade. Espera-se que os leitores/
fruidores possam também reconhecer 
na arte formas de crítica cultural e po-
lítica, uma vez que toda obra expressa, 
inevitavelmente, uma visão de mundo e 
uma forma de conhecimento, por meio 
de sua construção estética. (BRASIL, 
2017, p. 523)
LP
Leitura e
Interpretação
Ensino Médio
Campo artístico-literário | Conto fantástico
Orientação ao
PROFESSOR
4
• E como era o narrador?
• Como terminava o conto?
 Agora defi na com suas palavras
• O que é um conto?
• Para que um conto é escrito?
2ª parte
Vamos discutir outra questão: o que é algo “fantástico” para você? Pense em 
outras palavras e expressões que podem servir de sinônimo. Cite um exemplo de 
alguma situação “fantástica” que você presenciou. O que aconteceu para você 
chamá-la de “fantástico”?
No site www.sinonimos.com.br, entre as acepções para “fantástico” estão as 
seguintes palavras:
Surpreendente, extraordinário, impressionante, incomum, 
espantoso, assombroso, fantasioso, irreal.
Disponível em: https://www.sinonimos.com.br/fantastico/ 
Acesso em março de 2019.
Já aconteceu alguma coisa estranha na sua vida? Algo que o surpreendeu 
muito e você não conseguiu explicar?
• Pensando em tudo o que discutimos, defi na: o que é para você um “conto 
fantástico"?
Ponto de
PARTIDA
Professor, o propósito do ponto de 
partida é encaminhar um debate 
com a turma, a fi m de levantar 
os conhecimentos prévios dos 
estudantes (de mundo, textuais, 
linguísticos), que envolvem o gênero 
tema desta sequência didática: 
o conto fantástico. Sendo assim, 
as questões propostas, a fi cha de 
recordação do conto e as defi nições 
servem para mobilizar os conheci-
mentos construídos até o momento 
e formular hipóteses que poderão 
ou não serem confi rmadas ao longo 
dos estudos propostos nesta SD. 
É muito importante, nesse momen-
to, ouvir os estudantes, deixá-los 
expressarem o que já sabem sobre 
o tema, formularem suas hipóteses, 
realizando uma “chuva de ideias". 
Tudo isso lhe dará subsídio para 
orientá-los nas demais atividades 
do material. Sendo assim, começa-
mos a trabalhar alguns elementos 
da Habilidade Foco EM13LP01. 
Caso sinta necessidade, você pode 
aprofundar o conceito do “fantásti-
co” ao explorar suas representações 
na mídia e cultura de massa, como 
séries, fi lmes, desenhos, HQs, apro-
ximando-se do contexto dos alunos.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 5
Atividade 1
Vamos analisar a seguir uma lista de contos extraídos de dois livros bem conhecidos: Contos fantásticos do século XIX
e Os cem melhores contos brasileiros do século [XX].
O Homem de Areia
 E.T.A Hoffmann
O elixir da longa vida
 Honoré de Balzac
A caçada
 Lygia Fagundes Telles 
A mão encantada
 Gérard de Nerval
O gato preto
 Edgar Allan Poe
O fantasma e o consertador 
de ossos
 Joseph Sheridan Le Fanu
A sombra
 Hans Christian Andersen
O espelho
 Machado de Assis
Os buracos da máscara
 Jean Lorrain
O demônio da garrafa
 Robert Louis Stevenson
Você conhece ou já leu um desses contos, ou um dos auto-
res? Qual dos títulos dos contos chamou mais a sua aten-
ção? Por quê? Qual texto deixou você com vontade de ler?
O que esses títulos sugerem de misterioso, fantástico ou sobrenatural? 
Comente
Quem sabe diz
Agora, em grupo, escolham um desses contos e desenvolvam oralmente uma 
história que seja possível a partir do título. Imaginem como seria esse conto. 
Então, contem a seus colegas e professor. Para ajudar a desenvolver sua história, 
tente garantir os seguintes aspectos:
• Situação inicial (personagens, tempo e espaço)
• Confl ito (algo que rompe a tranquilidade do início)
• Desenvolvimento do confl ito (a situação vai se agravando)
• Clímax (revelação, ponto de maior tensão da história)
• Desfecho (solução ou término do confl ito, que pode ser bom ou ruim)
Atividade 1
Professor, a atividade propõe a 
produção oral de um conto fantásti-
co para mobilizar os conhecimentos 
que os alunos já possuem sobre a 
composição do gênero e, ao mesmo 
tempo, preparar a leitura do conto 
na atividade seguinte, envolvendo 
essencialmente aspectos das ha-
bilidades EM13LP01 e EM13LP49. 
A intenção aqui é que os grupos 
explorem, por meio dos títulos 
de contos fantásticos de outros 
autores, as sensações de mistério e 
o ambiente sobrenatural, conteúdos 
temáticos próprios ao gênero conto 
Orientação ao
PROFESSOR
6
fantástico. Dessa forma, desperta-
-se a curiosidade deles para a leitura 
de outros contos do mesmo gênero 
e o engajamento nas atividades 
seguintes. As questõesem Quem 
sabe diz visam orientar a discussão 
e a análise dos títulos. 
Enquanto os grupos estiverem ela-
borando o roteiro para o conto oral, 
é importante que você caminhe pela 
sala para orientá-los no sentido de 
garantir alguns aspectos básicos do 
gênero (dispostos em tópicos), além 
do elemento sobrenatural.
Terminada essa etapa, separe 
alguns minutos para a apresentação 
oral dos contos escolhidos pelos 
grupos.
Atividade 2
Professor, o objetivo da atividade é 
iniciar o processo de leitura do conto 
“A caçada”, de Lygia Fagundes Telles, 
de modo a trabalhar aspectos das 
habilidades EM13LP03, EM13LP06, 
EM13LP46 e EM13LP49. Para isso, 
é apresentada inicialmente uma 
resenha em vídeo no YouTube, subsi-
diando a turma com informações so-
bre a vida, a obra e o estilo da autora, 
de modo a despertar o interesse dos 
alunos e motivá-los para a leitura. 
É importante que você planeje com 
antecedência a exibição do vídeo, 
recorrendo à melhor estratégia pos-
sível: projetor, sala de multimídia ou 
informática, ou até os celulares dos 
próprios alunos se houver internet 
(envolvendo o uso pedagógico do 
aparelho). Em seguida, as perguntas 
propostas antes do texto visam ante-
cipar e auxiliar a compreensão, além 
de começar a engajá-los na história, 
prendendo-lhes a atenção.
Orientação ao
PROFESSOR
Os contos são textos literários de curta extensão escri-
tos com a fi nalidade de narrar uma história de fi cção para 
divertir, emocionar e envolver o leitor apreciador de histó-
rias como essa. Assim como os outros gêneros pertencentes ao campo 
artístico-literário, esse gênero pode ser publicado/circular em livros 
e coletâneas de contos, suplementos literários de jornais e revistas, 
sites e blogs especializados, ou até nas redes sociais. No Brasil, alguns 
dos contistas mais consagrados pelo cânone são Machado de Assis, 
Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Lygia 
Fagundes Telles, Luiz Fernando Veríssimo, Dalton Trevisan, entre outros.
?
Você
SABIA?
Você está gostando de aprender mais sobre o gênero conto? 
Conhece ou já leu algum dos autores citados? Tem preferên-
cia por algum deles? Qual? Por quê? Comente
Quem sabe diz
Atividade 2
Com certeza, você já ouviu falar na escritora brasileira Lygia Fagundes Telles. Já 
leu um de seus contos? Do que tratava a história? Gostou ou não gostou? Por quê?
Para conhecermos um pouco mais de sua obra, vamos assistir a uma rese-
nha de um de seus livros de contos, chamado Antes do baile verde. O vídeo foi 
publicado por Isabella Lubrano, em seu canal sobre livros no YouTube “Ler antes 
de morrer".
Disponível em https://youtu.be/HFyQn-mYaOs 
Acesso em março de 2019 
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 7
• O que vocês entendem pela palavra “caçada? Quem são os principais personagens de uma caçada? Em que ambiente 
ela acontece?
• Imaginem como seria uma caçada representada em uma pintura bem grande.
• Agora, pensem que essa pintura foi feita em uma tapeçaria antiga, muito envelhecida.
• Isso parece misterioso para você? Por quê?
TEXTO 1
Parte 1
A CAÇADA
Lygia Fagundes Telles
A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus anos embolorados e livros comidos 
de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros. Uma mariposa levantou voo e foi 
chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas.
— Bonita imagem — disse ele.
A velha tirou um grampo do coque, e limpou a unha do polegar. Tornou a enfi ar o grampo no cabelo.
— É um São Francisco.
Ele então voltou-se lentamente para a tapeçaria que tomava toda a parede no fundo da loja. Aproximou-se 
mais. A velha aproximou-se também.
— Já vi que o senhor se interessa mesmo é por isso… Pena que esteja nesse estado.
O homem estendeu a mão até a tapeçaria, mas não chegou a tocá-la.
— Parece que hoje está mais nítida…
— Nítida? — repetiu a velha, pondo os óculos. Deslizou a mão pela superfície puída. — Nítida, como?
— As cores estão mais vivas. A senhora passou alguma coisa nela?
A velha encarou-o. E baixou o olhar para a imagem de mãos decepadas. O homem estava tão pálido e perple-
xo quanto a imagem.
— Não passei nada, imagine… Por que o senhor pergunta?
— Notei uma diferença.
— Não, não passei nada, essa tapeçaria não aguenta a mais leve escova, o senhor não vê? Acho que é a poei-
ra que está sustentando o tecido acrescentou, tirando novamente o grampo da cabeça. Rodou-o entre os dedos 
com ar pensativo. Teve um muxoxo: — Foi um desconhecido que trouxe, precisava muito de dinheiro. Eu disse 
que o pano estava por demais estragado, que era difícil encontrar um comprador, mas ele insistiu tanto… Preguei 
aí na parede e aí fi cou. Mas já faz anos isso. E o tal moço nunca mais me apareceu.
— Extraordinário…
A velha não sabia agora se o homem se referia à tapeçaria ou ao caso que acabara de lhe contar. Encolheu os 
ombros. Voltou a limpar as unhas com o grampo.
— Eu poderia vendê-la, mas quero ser franca, acho que não vale mesmo a pena. Na hora que se despregar, é 
capaz de cair em pedaços.
O homem acendeu um cigarro. Sua mão tremia. Em que tempo, meu Deus! em que tempo teria assistido a 
essa mesma cena. E onde?…
8
Agora, vamos discutir juntos e, junto com seu colega, responder a algumas questões:
1. No vídeo da atividade anterior, Isabella afi rma que o estilo de Lygia Fagundes Telles é minucioso e detalhista. Encontre 
um exemplo disso nessa parte do texto.
2. O espaço onde se passa a história sugere algo misterioso? Justifi que.
3. Há algo no início do texto que anuncia um acontecimento trágico? O quê?
4. O texto apresenta referências religiosas? Quais? Que sentido elas acrescentam à história?
5. O que o narrador quer dizer com “anos embolorados", no 1º parágrafo? Como se chama essa fi gura de linguagem?
6. Qual é a reação do homem e da velha diante da tapeçaria? Eles têm a mesma percepção?
7. Há algo de misterioso na origem da tapeçaria? O quê?
8. A) Qual tempo verbal que mais aparece no discurso do narrador? Cite um exemplo.
B) E nas falas das personagens? Justifi que com um trecho.
9. No último parágrafo, por que a mão do homem tremia? O que estava acontecendo com ele?
10. A quem pertence a seguinte fala no último parágrafo: Em que tempo, meu Deus! em que tempo teria assistido a essa 
mesma cena. E onde?…? Está mais próxima do narrador ou do estado emocional do personagem? Como se chama esse 
tipo de discurso? Justifi que.
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 9
Como estratégia nesse primeiro momento, você pode realizar a leitura do texto sozinho, de forma bem expressiva, ressaltando os 
aspectos que conferem mistério e suspense à narrativa, a fi m de criar uma tensão proposital e atenção nos alunos-ouvintes. Outras 
estratégias também são possíveis nesse sentido, por exemplo, fechar as cortinas, apagar a luz da sala, colocar uma música de 
suspense no fundo etc.
Após a leitura coletiva, ajude os alunos a se organizarem em duplas produtivas de trabalho para analisarem e responderem às 
questões propostas, para as quais são esperadas as seguintes respostas:
1. Exemplos possíveis: “Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros.”; “A mariposa levantou voo e foi chocar-
-se contra uma imagem de mãos decepadas.”; “A velha tirou um grampo do coque, e limpou a unha do polegar.”
2. Sim. A loja de antiguidades remete ao passado; e a descrição do espaço, a algo sombrio, oculto, abandonado, empoeirado, corroído: 
...tinha cheiro de uma arca de sacristia com seus anos embolorados e livros comidos de traça.
3. Sim. A mariposa que se choca com a imagem de São Francisco com as mãos “decepadas" prenuncia algo trágico, sangrento, 
doloroso. 
4. Sim, a arca da sacristia e a imagem de São Francisco. Professor, aproveite o momento para explorar com os alunos a relação de 
intertextualidade com a tradição da cultura cristã.A arca da sacristia é o móvel onde são guardados os objetos sagrados para 
realizar a missa, o que potencializa o sentido de enclausuramento do ambiente. Além disso, é importante também lembrar a 
história de São Francisco, santo católico popularmente conhecido como o protetor dos animais.
5. O autor quis reforçar a ideia de ambiente consumido pela passagem do tempo. Trata-se de uma sinestesia.
6. Não. A velha não dá nenhum valor à tapeçaria e a vê envelhecida e estragada (como ela é no plano do mundo real); já o homem 
fi ca admirado, enxergando-a nítida e viva (plano irreal, fantástico). 
7. Sim. A forma como ela surgiu na loja: um desconhecido que precisava de dinheiro a deixou lá para ser vendida e nunca mais 
apareceu. 
8. Professor, oriente os alunos a reconhecer as formas no pretérito como o tempo verbal predominante no discurso do narrador, 
bem como o presente no discurso dos personagens, retirando exemplos do texto. 
9. A mão do homem tremia, provavelmente, porque ele estava nervoso. Ele tinha a sensação de já ter visto aquela cena antes.
10. Apesar de estar no discurso do narrador, a fala pertence ao personagem “homem" que “invade" a do narrador. Trata-se do discur-
so indireto livre, indicado pelos pontos de exclamação e interrogação e pelo conteúdo da fala, próximo à realidade do persona-
gem. Professor, chame atenção também para a ambiguidade do sujeito oculto na forma verbal “teria assistido”, que pode tanto 
estar na 1ª como na 3ª pessoa.
Orientação ao
PROFESSOR
10
Atividade 3
Você está gostando do conto? O que você acha que vai acontecer agora? Está curioso? Vamos continuar a leitura e conferir!
Parte 2
Era uma caçada. No primeiro plano, estava o caçador de arco retesado, apontando para uma touceira es-
pessa. Num plano mais profundo, o segundo caçador espreitava por entre as árvores do bosque, mas esta era 
apenas uma vaga silhueta, cujo rosto se reduzira a um esmaecido contorno. Poderoso, absoluto era o primeiro 
caçador, a barba violenta como um bolo de serpentes, os músculos tensos, à espera de que a caça levantasse 
para desferir-lhe a seta.
O homem respirava com esforço. Vagou o olhar pela tapeçaria que tinha a cor esverdeada de um céu de 
tempestade. Envenenando o tom verde-musgo do tecido, destacavam-se manchas de um negro-violáceo e que 
pareciam escorrer da folhagem, deslizar pelas botas do caçador e espalhar-se no chão como um líquido malig-
no. A touceira na qual a caça estava escondida também tinha as mesmas manchas e que tanto podiam fazer 
parte do desenho como ser simples efeito do tempo devorando o pano.
— Parece que hoje tudo está mais próximo — disse o homem em voz baixa. — É como se…Mas não está 
diferente?
A velha fi rmou mais o olhar. Tirou os óculos e voltou a pô-los.
— Não vejo diferença nenhuma.
— Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta…
— Que seta? O senhor está vendo alguma seta?
— Aquele pontinho ali no arco… A velha suspirou.— Não vejo diferença nenhuma.
— Mas esse não é um buraco de traça? Olha aí, a parede já está aparecendo, essas traças dão cabo de tudo — 
lamentou, disfarçando um bocejo. Afastou-se sem ruído, com suas chinelas de lã. Esboçou um gesto distraído: 
— Fique aí à vontade, vou fazer meu chá.
O homem deixou cair o cigarro. Amassou-o devagarinho na sola do sapato. Apertou os maxilares numa con-
tração dolorosa. Conhecia esse bosque, esse caçador, esse céu — conhecia tudo tão bem, mas tão bem! Quase 
sentia nas narinas o perfume dos eucaliptos, quase sentia morder-lhe a pele o frio úmido da madrugada, ah, essa 
madrugada! Quando? Percorrera aquela mesma vereda aspirara aquele mesmo vapor que baixava denso do céu 
verde…Ou subia do chão? O caçador de barba encaracolada parecia sorrir perversamente embuçado. Teria sido 
esse caçador? Ou o companheiro lá adiante, o homem sem cara espiando por entre as árvores? Uma perso-
nagem de tapeçaria. Mas qual? Fixou a touceira onde a caça estava escondida. Só folhas, só silêncio e folhas 
empastadas na sombra. Mas, detrás das folhas, através das manchas pressentia o vulto arquejante da caça. 
Compadeceu-se daquele ser em pânico, à espera de uma oportunidade para prosseguir fugindo. Tão próxima a 
morte! O mais leve movimento que fi zesse, e a seta… A velha não a distinguira, ninguém poderia percebê-la, redu-
zida como estava a um pontinho carcomido, mais pálido do que um grão de pó em suspensão no arco.
Enxugando o suor das mãos, o homem recuou alguns passos. Vinha-lhe agora uma certa paz, agora que sa-
bia ter feito parte da caçada. Mas essa era uma paz sem vida, impregnada dos mesmos coágulos traiçoeiros da 
folhagem. Cerrou os olhos. E se tivesse sido o pintor que fez o quadro? Quase todas as antigas tapeçarias eram 
reproduções de quadros, pois não eram? Pintara o quadro original e por isso podia reproduzir, de olhos fechados, 
toda a cena nas suas minúcias: o contorno das árvores, o céu sombrio, o caçador de barba esgrouvinhada, só 
músculos e nervos apontando para a touceira…“Mas se detesto caçadas! Por que tenho que estar aí dentro?”
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 11
Agora vamos pensar juntos e responder a algumas questões oralmente e 
outras por escrito
1. A) Qual parágrafo descreve a pintura da tapeçaria? Qual é o tempo verbal 
predominante nessa descrição?
B) O narrador usa outras expressões para detalhar a descrição?
2. Que palavras no texto sugerem imagens fortes, de sofrimento, dor? Qual é a 
relação disso com o tema do conto?
3. No 1º parágrafo, há alguma referência implícita a uma fi gura mitológica? 
Qual? Em qual trecho?
4. No 2º parágrafo, o que é possível entender pelas “manchas de um negro-vio-
láceo"? Onde elas aparecem e o que devem representar?
5. No segundo dia, o que mudou na percepção do homem sobre a pintura? 
Quais palavras expressam essa passagem de tempo? Justifi que.
6. A) Em que parte do texto, o homem parece entrar na pintura? O que no 
texto indica isso?
B) E em que momento ele parece sair dela? Por quê?
7. No penúltimo parágrafo, o homem se coloca várias perguntas. O que ele está 
procurando saber? A que conclusão ele chega? Em que trecho isso aparece?
8. Que verbos são usados para indicar a fala dos personagens em discurso 
direto?
9. No discurso indireto livre, a fala e emoção do personagem surge dentro do 
discurso do narrador, como se vê no trecho
A — Parece que hoje tudo está mais próximo — disse o homem em voz 
baixa.
B — “Mas se detesto caçadas! Por que tenho que estar aí dentro?”
C — essas traças dão cabo de tudo — lamentou, disfarçando um bocejo.
D — quase sentia morder-lhe a pele o frio úmido da madrugada, ah, essa 
madrugada!
E — Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta…
10. No último parágrafo, há algum exemplo do estilo detalhista da autora? Qual?
Atividade 3
Professor, a atividade busca dar 
continuidade à leitura e compreen-
são do conto. Portanto, tratam-se 
dos mesmos encaminhamentos e 
habilidades envolvidas na atividade 
anterior. A ideia é que as questões 
de 1 a 5 possam ser respondidas 
oralmente, de modo a evitar que 
a atividade fi que cansativa para 
os alunos, que deverão registrar 
apenas as questões de 6 a 10. Eis 
as respostas esperadas:
1. O 1º parágrafo descreve com 
minúcias a pintura da tapeçaria, 
sendo uma das marcas o predo-
mínio do verbo no pretérito im-
perfeito. Além disso, expressões 
como “No primeiro plano” e “Num 
plano mais profundo” ajudam a 
detalhar essa descrição.
2. Termos como “barba violenta”, 
“céu de tempestade”, “Envenenan-
do”, “maxilares numa contração 
dolorosa” antecipam a violência 
que a caça vai sofrer, além de re-
produzir e potencializar a tensão 
vivida pelo personagem.
3. Sim, um dos caçadores tem a 
“barba violenta como um bolo de 
serpentes”, o que remete à fi gura 
de Medusa, ser da mitologia 
grega que tinha os cabelos de 
serpente e petrifi cava as pessoas 
que olhassem para ela. Profes-
sor, aproveite esse momento 
paraexplorar com a turma a 
relação de intertextualidade 
mitológica sugerida pelo conto, 
explicando a história de Medusa 
e perguntando aos alunos qual é 
a relação dela com o texto lido.
4. Tudo indica se tratar do sangue 
do animal escondido atrás da 
touceira, cuja coloração se tor-
nou negro-violáceo (violeta escu-
recido) pelo aspecto envelhecido 
e desbotado da pintura.
Orientação ao
PROFESSOR
12
Atividade 4
Está gostando? Pelo andar da história, o que você acha que vai acontecer no fi nal? Encontrou alguma pista nos parágra-
fos anteriores? Vamos logo ver como termina o conto!
Parte 3
Apertou o lenço contra a boca. A náusea. Ah, se pudesse explicar toda essa familiaridade medonha, se pudes-
se ao menos… E se fosse um simples espectador casual, desses que olham e passam? Não era uma hipótese? 
Podia ainda ter visto o quadro no original, a caçada não passava de uma fi cção. “Antes do aproveitamento da 
tapeçaria…” — murmurou, enxugando os vãos dos dedos no lenço.
Atirou a cabeça para trás como se o puxassem pelos cabelos, não, não fi cara do lado de fora, mas lá dentro, 
encravado no cenário! E por que tudo parecia mais nítido do que na véspera, por que as cores estavam mais 
fortes apesar da penumbra? Por que o fascínio que se desprendia da paisagem vinha agora assim vigoroso, 
rejuvenescido?…
Saiu de cabeça baixa, as mãos cerradas no fundo dos bolsos. Parou meio ofegante na esquina. Sentiu o cor-
po moído, as pálpebras pesadas. E se fosse dormir? Mas sabia que não poderia dormir, desde já sentia a insônia 
a segui-lo na mesma marcação da sua sombra. Levantou a gola do paletó. Era real esse frio? Ou a lembrança 
do frio da tapeçaria? “Que loucura!… E não estou louco”, concluiu num sorriso desamparado. Seria uma solução 
fácil. “Mas não estou louco.”.
Vagou pelas ruas, entrou num cinema, saiu em seguida e quando deu acordo de si, estava diante da loja de 
antiguidades, o nariz achatado na vitrina, tentando vislumbrar a tapeçaria lá no fundo.
Quando chegou em casa, atirou-se de bruços na cama e fi cou de olhos escancarados, fundidos na escuridão. 
A voz tremida da velha parecia vir de dentro do travesseiro, uma voz sem corpo, metida em chinelas de lã: “Que 
seta? Não estou vendo nenhuma seta…” Misturando-se à voz, veio vindo o murmurejo das traças em meio de 
risadinhas. O algodão abafava as risadas que se entrelaçaram numa rede esverdinhada, compacta, apertando-se 
num tecido com manchas que escorreram até o limite da tarja. Viu-se enredado nos fi os e quis fugir, mas a tarja 
o aprisionou nos seus braços. No fundo, lá no fundo do fosso, podia distinguir as serpentes enleadas num nó 
verde-negro. Apalpou o queixo. “Sou o caçador?” Mas ao invés da barba encontrou a viscosidade do sangue.
5. O homem enxerga a pintura mais nítida: “— Parece que hoje tudo está mais próximo”/ “Ontem não se podia ver se ele tinha ou 
não disparado a seta…” A passagem de tempo é marcada pelos advérbios hoje e ontem.
6. No penúltimo parágrafo, após o homem deixar cair o cigarro e tensionar o maxilar. A partir da frase: “Conhecia esse bosque, esse 
caçador, esse céu...” predominam os verbos no pretérito imperfeito, o que indica a perspectiva do homem imersa na pintura. 
Quando o ponto de vista dele sai da pintura, os verbos voltam a fi car no pretérito perfeito: “Compadeceu-se daquele ser em 
pânico [...] Enxugando o suor das mãos, o homem recuou alguns passos.”
7. Com as perguntas, o homem procura saber quem ele foi na cena. A única conclusão é de que ele foi um dos personagens da 
cena representada: “Uma personagem de tapeçaria”.
8. Os verbos de elocução disse e lamentou.
9. Alternativa D, principalmente devido ao trecho ah, essa madrugada!
10. Sim, a possível lembrança do homem quando teria pintado a cena “podia reproduzir, de olhos fechados, toda a cena nas suas 
minúcias: o contorno das árvores, o céu sombrio, o caçador de barba esgrouvinhada...”
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 13
Acordou com o próprio grito que se estendeu dentro da madrugada. Enxugou o rosto molhado de suor. Ah, 
aquele calor e aquele frio! Enrolou-se nos lençóis. E se fosse o artesão que trabalhou na tapeçaria? Podia revê-la, 
tão nítida, tão próxima que, se estendesse a mão, despertaria a folhagem. Fechou os punhos. Haveria de des-
truí-la, não era verdade que além daquele trapo detestável havia alguma coisa mais, tudo não passava de um 
retângulo de pano sustentado pela poeira. Bastava soprá-la, soprá-la!
Encontrou a velha na porta da loja. Sorriu irônica:
— Hoje o senhor madrugou.
— A senhora deve estar estranhando, mas…
— Já não estranho mais nada, moço. Pode entrar, pode entrar, o senhor conhece o caminho…
“Conheço o caminho” — murmurou, seguindo lívido por entre os móveis. Parou. Dilatou as narinas. E aquele 
cheiro de folhagem e terra, de onde vinha aquele cheiro? E por que a loja foi fi cando embaçada, lá longe? Imen-
sa, real só a tapeçaria a se alastrar sorrateiramente pelo chão, pelo teto, engolindo tudo com suas manchas 
esverdinhadas. Quis retroceder, agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e estendeu os braços até 
a coluna. Seus dedos afundaram por entre galhos e resvalaram pelo tronco de uma árvore, não era uma coluna, 
era uma árvore! Lançou em volta um olhar esgazeado: penetrara na tapeçaria, estava dentro do bosque, os pés 
pesados de lama, os cabelos empastados de orvalho. Em redor, tudo parado. Estático. No silêncio da madruga-
da, nem o piar de um pássaro, nem o farfalhar de uma folha. Inclinou-se arquejante. Era o caçador? Ou a caça? 
Não importava, não importava, sabia apenas que tinha que prosseguir correndo sem parar por entre as árvores, 
caçando ou sendo caçado. Ou sendo caçado?… Comprimiu as palmas das mãos contra a cara esbraseada, enxu-
gou no punho da camisa o suor que lhe escorria pelo pescoço. Vertia sangue o lábio gretado.
Abriu a boca. E lembrou-se. Gritou e mergulhou numa touceira. Ouviu o assobio da seta varando a folhagem, a dor!
“Não…” – gemeu, de joelhos. Tentou ainda agarrar-se à tapeçaria. E rolou encolhido, as mãos apertando o coração.
Publicado no livro “Antes do baile verde”, José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1979, foi incluído entre “Os cem melhores contos brasileiros do século”, seleção de Ítalo 
Moriconi, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 265.
Agora, vamos discutir algumas questões oralmente e responder a outras por escrito.
1. No início do texto, o homem questiona se aquela sensação com a pintura é ou não real. Que trechos indicam isso?
2. No 2º parágrafo, o homem se pergunta por que sente a pintura cada vez mais nítida. Qual é sua hipótese? O que isso 
sugere?
3. Em algum momento o personagem sonha? Em qual parágrafo? Como é possível saber que ele sonhou?
4. No 5º parágrafo, há alguma referência ao caçador? Como o homem descobre que ele não é o caçador na pintura?
Releia os trechos
— Já não estranho mais nada, moço. Pode entrar, pode entrar, o senhor conhece o caminho…
“Conheço o caminho” — murmurou, seguindo lívido por entre os móveis. Parou. Dilatou as narinas. E 
aquele cheiro de folhagem e terra, de onde vinha aquele cheiro? E por que a loja foi ficando embaçada, lá 
longe? Imensa, real só a tapeçaria a se alastrar sorrateiramente pelo chão, pelo teto, engolindo tudo com 
suas manchas esverdinhadas.
14
5. O homem repete a frase da velha com o mesmo sentido? A que “caminho” ele 
se refere? 
6. Que palavras no trecho indicam que o homem entrou na cena da tapeçaria? 
Como esse movimento é narrado? 
7. Que trecho marca a imersão completa do homem na tapeçaria? Que tempo 
verbal indica isso? Justifi que. 
8. Afi nal, quem era o homem na pintura? O caçador ou a caça? Qual trecho do 
texto dá essa certeza? 
Na composição do conto, uma das características é apre-
sentar já no primeiro parágrafo uma chave de leitura sobre 
seu desfecho, indicando uma pista para o leitor decifrar.
?
Você
SABIA?
Agora, vamoscomparar o início (I) com o fi nal (II) do conto A caçada:
I A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com 
seus anos embolorados e livros comidos de traça. Com as pontas 
dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros. Uma mariposa 
levantou voo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepa-
das.
II Abriu a boca. E lembrou-se. Gritou e mergulhou numa touceira. 
Ouviu o assobio da seta varando a folhagem, a dor!
[...]
 “Não…” – gemeu, de joelhos. Tentou ainda agarrar-se à tapeçaria. E 
rolou encolhido, as mãos apertando o coração.
9. Há algum elemento do início que se repete no fi m do conto? O quê? Qual é a 
relação de sentido entre eles? O que mudou de um para o outro? 
Atividade 4
Continuação da leitura e com-
preensão do conto, envolvendo as 
mesmas habilidades das atividades 
anteriores. Optou-se mais uma vez 
por propor parte das questões a 
serem discutidas e respondidas 
oralmente e outras por escrito. Eis 
as respostas esperadas:
1. Sim, no 1º e 2º parágrafo, nos 
trechos: a caçada não passava 
de uma fi cção. Antes do aprovei-
tamento da tapeçaria… — mur-
murou [...] Era real esse frio? Ou 
a lembrança do frio da tapeçaria? 
“Que loucura!… E não estou louco”, 
concluiu num sorriso desampara-
do. Seria uma solução fácil. “Mas 
não estou louco.”.
2. Resposta pessoal, porém, nesse 
momento da leitura é esperado 
que os alunos percebam que o 
homem é atraído e vai “entrando” 
cada vez mais na pintura, que vai 
ganhando vida.
3. Sim, no 5º parágrafo. Professor, 
chame a atenção para trechos 
que misturam ações de den-
tro e de fora do sonho, como 
“atirou-se de bruços na cama”, 
“A voz tremida da velha parecia 
vir de dentro do travesseiro...” e 
“O algodão abafava as risadas 
que se entrelaçaram”. É possível 
perceber que se tratava de um 
sonho no começo do 6º pará-
grafo: “Acordou com o próprio 
grito que se estendeu dentro da 
madrugada. Enxugou o rosto 
molhado de suor.”
4. No 5º parágrafo há uma referên-
cia ao caçador por meio da barba 
com “as serpentes enleadas”. O 
homem percebe não ser o ca-
çador no sonho, pois apalpou o 
queixo e não encontrou a barba, 
mas a “viscosidade do sangue”, 
antecipando uma pista de que 
ele será a caça no fi nal.
Orientação ao
PROFESSOR
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10. No início do conto, quem era representado na imagem com “as mãos dece-
padas”. Isso ajuda a explicar o fi nal trágico? Por quê? 
O conto fantástico vigorou nos países latino-america-
nos a partir do século XX, como forma de denunciar a 
realidade opressiva vivida pelos anos de ditadura militar. 
Nesse gênero, vemos um mundo irreal, situações improváveis, ações que 
transpassam a realidade e que vão além do humano. Há presença de 
magia que dá margem para que fatos absurdos aconteçam ao longo da 
narrativa. Logo, situações contrárias à vida comum acontecem como se 
fossem normais.
De acordo com o teórico da literatura Tzvetan Todorov, em seu livro 
Introdução à literatura fantástica no conto fantástico: “Há um fenômeno 
estranho que se pode explicar de duas maneiras, por meio de causas 
naturais e sobrenaturais. A possibilidade de se hesitar entre os dois criou 
o efeito fantástico.”
Dentre algumas das características do conto fantástico estão:
• Narrativa que alia o elemento fantástico e o real ou a fi cção à realida-
de, contrapondo dois planos: real e irreal.
• Realidade ilógica distante da realidade humana, composta de elementos ma-
ravilhosos, inverossímeis, imaginários, extraordinário, bem como a presença 
de magias e poderes sobrenaturais.
• Enredo não linear ou ziguezagueante (mescla de presente, passado e 
futuro) com utilização de recursos como o flashback (voltar ao pas-
sado) e o tempo psicológico (tempo das emoções e das recordações 
vividas pelos personagens).
• Sensações de “estranhamento” provocadas no leitor, por meio da 
ruptura realidade-fi cção.
?
Você
SABIA?
Texto adaptado dos sites: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/conto-fantastico.htm Acesso em 
março de 2019.
https://www.todamateria.com.br/conto-fantastico/ Acesso em março de 2019.
11. Explique oralmente por que é possível considerar A caçada, de Lygia Fagun-
des Telles, um “conto fantástico”. Que características do conto fantástico 
estão presentes no texto lido?
12. Quais são os dois planos (natural e sobrenatural) presentes na história? Há 
presença de fl ashbacks ou tempo psicológico, em que passagem?
13. O conto causou estranhamento para você? Por quê?
5. Não. A velha se refere a conhecer 
o caminho da loja de antigui-
dades; já o homem, ao repetir 
a frase dela, dá a entender que 
conhece o caminho da cena 
representada na pintura: a caça.
6. No início do antepenúltimo 
parágrafo, após o verbo “Parou”, 
quando o homem “Dilatou as 
narinas” e sentiu o cheiro da 
folhagem, ele já estava dentro 
da tapeçaria. Professor, chame a 
atenção para as formas verbais 
no gerúndio que indicam o movi-
mento da tapeçaria a tomar con-
ta do homem e do espaço, no tre-
cho: “Parou. Dilatou as narinas. E 
aquele cheiro de folhagem e terra 
[...] E por que a loja foi fi cando 
embaçada, lá longe? Imensa, 
real só a tapeçaria a se alastrar 
sorrateiramente pelo chão, pelo 
teto, engolindo tudo...”
7. O trecho do antepenúltimo 
parágrafo: “não era uma coluna, 
era uma árvore! Lançou em volta 
um olhar esgazeado: penetrara 
na tapeçaria, estava dentro do 
bosque...” O verbo que indica isso 
está no pretérito mais-que-perfei-
to, logo após os dois pontos.
8. No penúltimo parágrafo, no tre-
cho: “Era o caçador? Ou a caça? 
[...] caçando ou sendo caçado. Ou 
sendo caçado?…” A repetição em 
destaque reforça a pista do sonho 
(de que o homem seria a caça), 
confi rmando-se no fi nal quando 
o homem sente “a dor” da flecha: 
“Não…” – gemeu, de joelhos.
9. e 10 Professor, essas duas 
questões exigem maior atenção 
por se tratar de um nível mais 
complexo de interpretação, 
exigindo inferência de implíci-
tos. O quadro Você sabia? visa 
subsidiar aos alunos um dos 
elementos composicionais muito 
importantes do gênero conto, 
segundo a tradição da teoria 
Orientação ao
PROFESSOR
16
Atividade 5
Vamos conhecer um pouco mais da vida e obra de Lygia Fagundes Telles?
Lygia Fagundes Telles (1923) é uma escritora brasileira. Romancista e contista, nasceu e vive em São Paulo. 
Considerada pela crítica uma das mais importantes escritoras brasileiras, publicou ainda na adolescência o 
seu primeiro livro de contos, Porão e sobrado (1938). Estudou direito e educação física antes de se dedi-
car exclusivamente à literatura. Foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985 e em 2005 recebeu o Prêmio 
Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa. O conto “A caçada” foi publicado na coletânea de contos 
Antes do Baile Verde, em 1970.
?
Você
SABIA?
Texto adaptado de: https://www.ebiografi a.com/lygia_fagundes_telles/ e https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02644 Acesso em março de 2019.
Pensando nessas informações, vamos pensar sobre o contexto de produção do conto “A caçada”, preenchendo a 
tabela a seguir:
literária: o fato de o primeiro parágrafo apresentar uma pista/chave de leitura do conto, antecipando o desfecho. Para isso, releia 
os trechos com os alunos com o cuidado de não lhes antecipar a resposta. É importante que eles identifi quem que as “mãos 
decepadas” na imagem de São Francisco, no 1º parágrafo, reaparecem simbolicamente na cena fi nal, com o destaque para as 
mãos do próprio homem “apertando o coração” após levar a flechada. Além disso, é possível dizer que uma pista para esse fi nal 
é justamente o fato de a imagem desse santo específi co ter as mãos decepadas no começo, uma vez que ele é o santo protetor 
dos animais (alvos das caçadas). Porém, sua imagem com as “mãos decepadas” no início sugere que ele estava impossibilitado 
de proteger a caça de seu destino trágico.
Professor, o quadro Você sabia? apresentainformações teóricas sobre o gênero conto fantástico, a serem estudadas conjuntamen-
te com a turma a fi m de subsidiar as respostas às questões de 11 a 13.
11. É esperado que os alunos reconheçam o elemento fantástico, sobrenatural, impossível no mundo real, como o fato de uma 
pintura “ganhar vida”, ou um homem literalmente entrar em uma pintura e participar da cena representada nela: no caso, tomar o 
lugar da caça e ser atingido pela flecha. 
12. Professor, o principal elemento que permite tratar o conto A caçada como fantástico é a hesitação entre o mundo natural/real 
(a loja de antiguidades) e o sobrenatural/irreal (a tapeçaria ganhando vida), predominando este último. O tempo psicológico no 
conto se manifesta em algumas lembranças vagas do homem, como a sensação de já ter visto ou participado da cena represen-
tada na pintura, além do sonho narrado no 5º parágrafo.
13. Resposta pessoal.
Orientação ao
PROFESSOR
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1.
a) Quem é a auto-
ra? Que imagem ela 
transmite por meio de 
sua obra?
b) Quem pode ser seu 
público leitor?
c) Em que contexto 
histórico esse conto 
foi escrito? Como 
isso se relaciona 
com o tema?
d) Com que fi nalidade 
a autora escreveu o 
conto?
Tradicionalmente, o gênero conto é tido como uma narrativa fi ccional breve, de curta extensão, menor do 
que a novela e o romance. Sua estrutura é mais fechada, concisa, desenvolvendo-se a partir de apenas 
um conflito, poucos personagens e espaço e tempo mais delimitado no enredo. Isso tem a fi nalidade de 
envolver o leitor de forma rápida e direta, “numa tacada só".
Esse gênero literário se popularizou sobretudo a partir do século XIX, acompanhando o ritmo acelerado e as novas neces-
sidades de tempo do homem moderno, surgidas no contexto de industrialização, crescimento dos centros urbanos e de-
senvolvimento da imprensa, com destaque para o jornal, suporte em que esses textos eram publicados. Um dos grandes 
nomes do gênero na época foi o escritor americano Edgar Allan Poe, teórico e autor do gênero.
?
Você
SABIA?
2. Lendo o conto, foi possível você perceber sua forma breve, concisa e direta? Você foi “pego” “numa tacada só”? Explique.
3. Vamos relembrar cada momento que compõe o enredo da narrativa. Em linhas gerais, preencha a tabela a seguir, con-
forme cada parte do conto A caçada.
Situação inicial
Confl ito
Complicação (de-
senvolvimento do 
conflito)
Clímax
Desfecho
Atividade 5
Professor, o objetivo da ativida-
de é, após a leitura integral do 
conto, apresentar informações 
adicionais sobre a vida e obra 
da autora, bem como elementos 
da composição do gênero conto, 
segundo a tradição da teoria lite-
rária. Portanto, as questões pro-
postas visam trabalhar as habili-
dades EM13LP01 e EM13LP49. 
Orientação ao
PROFESSOR
18
Eis as respostas esperadas:
 1.
a) Quem é a autora? Que 
imagem ela transmite 
por meio de sua obra?
A premiada escritora brasileira Lygia Fagundes Telles. 
Pelo estilo de seu texto, ela passa a imagem de uma 
escritora que domina a arte da literatura, narrando uma 
história rica em detalhes, envolvente, além de conhecer 
mitologia, psicologia, pintura e referências da cultura 
católica, temas que aparecem em seu conto.
b) Quem pode ser seu 
público leitor?
Qualquer pessoa que goste de ler obras literárias como 
os contos e se interessa pelos temas abordados pela 
autora.
c) Em que contexto 
histórico esse conto foi 
escrito? Como isso se 
relaciona com o tema?
O conto foi escrito nos anos 1970, período da ditadura 
militar no Brasil. Professor, ajude os alunos a relacionar 
esse contexto ao conto lido, por exemplo, reconhecendo 
as imagens de violência. Além disso, muitos escritores 
na época usavam a literatura fantástica como forma de 
camuflar as críticas ao regime, escapando da censura.
d) Com que fi nalidade a 
autora escreveu o conto?
Por ser um conto, a autora o escreveu com a fi nalidade 
de narrar uma história de fi cção, despertando emoções 
no leitor.
2. Reposta pessoal. Professor, esse é o momento de escutar os alunos compartilharem suas impressões pes-
soais sobre a obra literária lida e, ao mesmo tempo, confrontá-las com as impressões coletivas do grupo, 
ampliando a construção de sentido sobre o texto.
3. 
Situação inicial A apresentação do cenário (a loja de antiguidades) no 1º parágrafo e a conversa inicial entre o 
homem e a velha, explicando como a tapeçaria chegou na loja. (Parte 1)
Confl ito O fascínio/atração do homem pela pintura da tapeçaria, a sensação de já ter visto ou participa-
do daquela cena: “O homem acendeu um cigarro. Sua mão tremia. Em que tempo, meu Deus! 
em que tempo teria assistido a essa mesma cena. E onde?…” (fi nal da Parte 1)
Complicação (de-
senvolvimento do 
conflito)
A descrição detalhada da pintura, as idas e vindas do homem à loja para ver a tapeçaria, que ia 
parecendo cada vez mais nítida, o sonho, a dúvida sobre quem ele teria sido na cena: o caçador 
ou a caça. (parte 2 e início da parte 3)
Clímax No antepenúltimo parágrafo da parte 3: quando o homem entra de vez na pintura da tapeçaria, e 
sabemos que ele na verdade é a caça.
Desfecho Dois últimos parágrafos da parte 3, quando o homem-caça é atingido pela flecha e sente a dor, 
caindo com as mãos no coração.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Campo artístico-literário | Conto fantástico 19
SINTETIZANDO APRENDIZAGENS
Professor, chegando ao fi nal da 
Sequência Didática, propomos uma 
conversa com os alunos, para eles 
mesmos avaliarem seu desempe-
nho durante os estudos, levando-
-os, ainda, a retomar a defi nição 
do gênero formulada por eles no 
Ponto de Partida. Isso permite que 
enxerguem, no processo, o desen-
volvimento, ou crescimento, entre o 
que já sabiam e o que aprenderam 
de novo sobre o tema abordado. O 
quadro no fi nal propõe uma síntese 
do contexto de produção, da cons-
trução composicional e do estilo 
que tipifi cam o conto fantástico.
Orientação ao
PROFESSOR
Sistematizando
APRENDIZAGENS
Afi nal, como foi para você estudar o gênero conto fantástico? O que mais 
chamou sua atenção? O que você desenvolveu até aqui será importante na conti-
nuação dos seus estudos? O que você sente que precisa retomar ou aprofundar? 
Em linhas gerais, como você avalia seu desempenho nesta Sequência Didática?
Volte agora à defi nição que você formulou para o gênero “conto fantástico” no 
Ponto de Partida (começo da SD) e repense:
• Alguma coisa mudou? O que aprendeu de novo? Acrescentaria algo?
Conto fantástico
Contexto de Produção
• Gênero textual produzido com a fi nalidade de narrar uma história de fi cção, mis-
turando o mundo real com elementos sobrenaturais/extraordinários. Em geral, é 
publicado em livros, coletâneas de contos, mas pode ser encontrado na internet, em 
sites e blogs dedicados ao tema.
Composição
• Narrativa breve, concisa e direta;
• Narrador em 1ª ou 3ª pessoa;
• Personagens, enredo, tempo e espaço;
• Situação inicial, confl ito, desenvolvimento, clímax e desfecho.
Estilo e linguagem
• Predomina o tempo verbal no pretérito no discurso do narrador e no presente nas 
falas das personagens;
• As falas dos personagens podem aparecer em discurso direto, indireto ou indireto livre;
• No discurso direto, as falas podem ser marcadas por travessão, aspas e verbos de elocução;
• No discurso indireto livre, as falas e emoções dos personagens “invadem” o discur-
so do narrador, sem marcas.
• Presença de fi guras de linguagem, como a metáfora e a sinestesia.