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LP
Leitura e
Interpretação
Sequência Didática do Professor
Ensino Médio
Campo artístico-literário
Conto e Romance
Habilidades
FOCO
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades 
estruturais e estilísticas de diferentes 
gêneros literários (a apreensão pessoal do 
cotidiano nas crônicas, a manifestação livre 
e subjetiva do eu lírico diante do mundo 
nos poemas, a múltipla perspectiva da vida 
humana e social dos romances, a dimen-
são política e social de textos da literatura 
marginal e da periferia etc.) para experi-
mentar os diferentes ângulos de apreensão 
do indivíduo e do mundo pela literatura.
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na 
produção como na recepção, com suas 
condições de produção e seu contexto só-
cio-histórico de circulação (leitor previsto, 
objetivos, pontos de vista e perspectivas, 
papel social do autor, época, gênero do 
discurso etc.).
Habilidades
RELACIONADAS
• (EM13LP06) Analisar efeitos de sentido 
decorrentes de usos expressivos da 
linguagem, da escolha de determinadas 
palavras ou expressões e da ordenação, 
combinação e contraposição de palavras,-
dentre outros, para ampliar as possibilida-
des de construção de sentidos e de uso 
crítico da língua.
• (EM13LP10) Analisar o fenômeno da 
variação linguística, em seus diferentes 
níveis (variações fonético-fonológica, lexi-
cal, sintática, semântica e estilístico-prag-
mática) e em suas diferentes dimensões 
(regional, histórica, social, situacional, ocu-
pacional, etária etc.), de forma a ampliar 
a compreensão sobre a natureza viva e 
dinâmica da língua e sobre o fenômeno da 
constituição de variedades linguísticas de 
prestígio e estigmatizadas, e a fundamen-
tar o respeito às variedades linguísticas e 
o combate a preconceitos linguísticos.
• (EM13LP52) Analisar obras signifi cativas 
das literaturas brasileiras e de outros países 
e povos, em especial a portuguesa, a indí-
gena, a africana e a latino-americana, com 
base em ferramentas da crítica literária (es-
trutura da composição, estilo, aspectos dis-
cursivos) ou outros critérios relacionados a 
diferentes matrizes culturais, considerando 
o contexto de produção (visões de mundo, 
diálogos com outros textos, inserções em 
movimentos estéticos e culturais etc.) e o 
modo como dialogam com o presente.
EM.11.LP.3.6.13.P-1221
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 3
Ponto de
PARTIDA
Ao longo da sua vida de estudante, você provavelmente já deve ter conhecido 
diferentes textos literários. De quais você se lembra?
...Fábulas, poemas, peças de teatro, contos e romances. Você se lembra de 
alguns deles? Quais?
Nesta sequência didática, você vai estudar textos pertencentes a dois gê-
neros literários muito importantes: o conto e o romance. Você pode até não se 
lembrar, mas, com certeza já leu contos e romances durante sua trajetória na 
Educação Básica. Lembra-se de alguns títulos? Quais? De quais autores?
Como eram essas histórias? A leitura do texto foi fácil ou difícil? Você se sentiu 
desafi ado? Entendeu o texto? Gostou, não gostou? Por quê?
Que tal, então, relembrar alguns desses gêneros, por meio de um Quiz, 
centrado apenas em títulos?
Títulos
Assinale a alternativa
A B C
1 - A lebre a tartaruga FÁBULA LENDA CONTO
2 - A droga da obediência CONTO ROMANCE CRÔNICA
3 - A assembleia dos ratos LENDA FÁBULA ROMANCE
4 - A cartomante ROMANCE CONTO CRÔNICA
5 - Jogos vorazes CONTO LENDA ROMANCE
6 - Venha ver o pôr do sol CONTO CRÔNICA LENDA
7 - Dom Casmurro ROMANCE CONTO CRÔNICA
8 - Frankenstein LENDA ROMANCE CONTO
9 - A raposa e as uvas CONTO FÁBULA LENDA
LP
Leitura e
Interpretação
Ensino Médio
Campo artístico-literário | 
Conto e Romance
Ponto de
PARTIDA
O Ponto de Partida tenciona apenas 
a mobilização de conhecimentos 
prévios sobre narrativas, as quais, 
em tese, já são conhecidas pelos 
alunos (BNCC e currículos estaduais 
e municipais).
O Quiz traz títulos muito conhecidos, 
mas é importante que você esteja 
preparado para recapitular o enredo 
das histórias presentes na lista. Os 
títulos são bastante recorrentes 
em materiais didáticos e planos de 
aulas dos professores, também por 
estarem disponíveis na Internet. 
Na lista, não há opção apenas por 
cânones da literatura (nacional ou 
mundial), mas por uma mescla, 
oportunizando a discussão sobre 
obras que despertaram (e ainda 
despertam) o interesse do leitor 
em formação. É importante dar voz 
e, principalmente, oportunizar a 
reflexão sobre mitos e verdades em 
relação a alguns gêneros textuais. 
Em Jogos vorazes, por exemplo, di-
fi cilmente o aluno classifi cará como 
romance, pois ainda há a crença de 
que romance são histórias de amor. 
Aqui, vale recorrer ao dicionário! 
Para os alunos que leram o romance 
(e até aos que apenas assistiram 
ao fi lme), é bom conversar sobre 
a “fórmula” de sucesso da obra, 
que está muito próxima à fase do 
Romantismo: herói (destemido, 
cavalheiro, forte ...), heroína (bela, 
aparentemente necessitada de pro-
teção...); conflito que gira em torno 
da resolução de um problema que 
permitirá a aproximação do casal.
Orientação ao
PROFESSOR
4
O mais importante no Ponto de Partida, portanto, não é verifi car o número de acertos/erros, mas oportunizar a retomada de apren-
dizagens anteriores que permitirá o passo seguinte, ou seja, leitura/análise dos gêneros conto e romance, que serão trabalhados 
mais detidamente.
Por fi m, o Ponto de Partida permitirá a retomada dos elementos composicionais das narrativas, na especifi cidade de dois de seus 
gêneros textuais.
Títulos Autor
Assinale a alternativa
A B C
1 - A lebre a tartaruga Versão de Millôr Fernandes FÁBULA LENDA CONTO
2 - A droga da obediência Pedro Bandeira CONTO ROMANCE CRÔNICA
3 - A assembleia dos ratos Versão Monteiro Lobato LENDA FÁBULA ROMANCE
4 - A cartomante Machado de Assis ROMANCE CONTO CRÔNICA
5 - Jogos vorazes Suzanne Collins CONTO LENDA ROMANCE
6 - Venha ver o pôr do sol Ligia F. Telles CONTO CRÔNICA LENDA
7 - Dom Casmurro Machado de Assis ROMANCE CONTO CRÔNICA
8 - Frankenstein Mary Shelley LENDA ROMANCE CONTO
9 - A raposa e as uvas Versão Millôr Fernandes CONTO FÁBULA LENDA
Retomando as habilidades foco e relacionadas previstas para a SD, temos: Ponto de Partida: EM13LP49. Atividade 1: EM13LP01, 
EM13LP49 e EM13LP52. Você já sabe: EM13LP01 e EM13LP10. Atividade 2: EM13LP49. Você sabia?: EM13LP06. Atividade 3: 
EM13LP10 e EM13LP52.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 5
Atividade 1
Você vai ler um trecho de Sarapalha, conto que integra o livro Sagarana 
(1946), de João Guimarães Rosa. 
 O título Sagarana é um hibridismo (união de dois radicais 
de línguas distintas): “saga”, de origem germânica, signifi ca 
“canto heroico”; e “rana”, de origem indígena, quer dizer “à 
maneira de” ou “espécie de”.
Sagarana inicia-se com uma epígrafe, extraída de uma quadra de desafi o, 
que sintetiza os elementos centrais dessa obra: o bem e o mal, Minas Ge-
rais, sertão, vaqueiros e bois: “Lá em cima daquela serra, passa boi, passa 
boiada, passa gente ruim e boa, passa a minha namorada.”
Os nove contos de Sagarana são: O Burrinho Pedrês, A volta do marido 
pródigo, Sarapalha, O duelo, Minha gente, São Marcos, Corpo fechado, Con-
versa de bois, A hora e a vez de Augusto Matraga. 
?
Você
SABIA?
O conto Sarapalha narra a história dos primos Ribeiro e Argemiro, que, 
mesmo contagiados pela malária, permanecem no vau de Sarapalha, lugar 
abandonado pelos seus moradores, inclusive por Luísa, a bela mulher de 
Ribeiro. Ambos esperam a morte, evocando suas lembranças em meio a se-
veros ataques de febre. Argemiro, que deseja morrer de consciência tranquila, 
confessa a Ribeiro sua atração por Luísa. Ribeiro, enciumado e implacável, 
manda Argemiro embora, apesar da sua agonia.
Texto 1
Atividade 1
Para bem realizar o trabalho de 
leitura do conto Sarapalha, a seguir, 
recomenda-se que o professor e 
seus alunos façam a leituraintegral 
do conto para permitir a melhor 
compreensão de aspectos carac-
terísticos de sua composição (um 
só lugar, uma única situação/con-
flito, um curto período de tempo), 
relativos ao local/ambiente em que 
ocorrem as ações, ao conflito entre 
os personagens protagonistas e seu 
desdobramento. 
As atividades de leitura propostas 
restringem-se ao texto 1, parte do 
conto, mas devem ser enriqueci-
das, complementadas pela leitura 
integral do conto. 
Para responder à questão 3, deve-se 
Primo Ribeiro se deixa cair no lajedo, todo encolhido e sacudido de tremor. Primo Argemiro fi ca bem quieto. Não 
adianta fazer nada. E ele tem muita coisa sua para imaginar. Depressa, enquanto Primo Ribeiro entrega o corpo ao 
acesso e parece ter partido para muito longe d’ali, não podendo adivinhar o que a gente está pensando.
E Primo Argemiro sabe aproveitar, sabe correr ligeiro pelos bons caminhos da lembrança. Como era mes-
mo que ela era?! ... Morena, os olhos muito pretos... Tão bonita! ... Os cabelos muito pretos... Mas não paga a 
pena querer pensar onde é que ela pode estar a uma hora destas ... Quando fugiu, que baque! Que tristeza... 
Não esperava aquilo, não esperava... Parecia combinar bem com o marido... Primo Ribeiro naquele tempo era 
alegre... E ele sentira até ciúmes de Primo Ribeiro, ciúme bobo, porque Primo Ribeiro era quem tinha direito a 
ela e ao seu amor... Esquisita, sim que ela era... De riso alegrinho, mas de olhar duro... Que bonita! ... O boiadeiro 
tinha fi cado três dias na fazenda, com desculpa de esperar outra ponta de gado... Não era a primeira vez que ele 
se arranchava ali.
Mas nunca ninguém tinha visto os dois conversando sozinhos... Ele, Primo Argemiro, não tinha feito nenhu-
ma máidéia...
— Sai, Jiló! ... Bota abaixo, diabo! ... Assim! Assim, cachorrinho bom...
Bem que havia de ser razoável ter podido ao menos dizer à prima que ela era o seu amor... Porque, assim, tinha 
fugido sem saber, sem desconfi ar de nada... Mas ele nunca pensara em fazer um malfeito daqueles, ainda mais 
Orientação ao
PROFESSOR
6
morando na casa do marido, que era seu parente... Isso não! Queria só viver perto dela... Poder vê-Ia a todo instante...
E Primo Ribeiro nunca tinha posto maldade... Também, que é que havia, para ele poder maldar? ... Nada... Só, 
uma vez, debaixo das jabuticabeiras ... Nesse dia, quase que perdera a força de ser correto. Viu-a de vestido azul-
-domar... Os braços cor de jenipapo... As mãos deviam de ser macias... Mas Deus ajudou, tirando-lhe a coragem...
Também, se tivesse faltado com o respeito à mulher do Primo Ribeiro, teria sumido no mundo, na mesma da 
hora, com remorso...
Aquilo tinha sido três meses antes de ela fugir. Mas, antes, bem em-antes disso, teve uma vez em que ela des-
confi ou. Foi logo que ele chegara à fazenda, uns dias depois. Estava olhando, assim esquecido, para os olhos ...olhos 
grandes, escuros e meio de-quina, como os de uma suassuapara ... para a boquinha vermelha, como fl or de suinã...
—“Você parece que nunca viu a gente, Primo!... Você precisa mais é de campear noiva e caçar jeito de se 
casar...” — dissera ela, rindo.
Ele tinha fi cado meio palerma, sem ter nada para responder... Teria ela adivinhado o seu querer-bem? ... Não, 
falara aquilo por brincadeira, decerto. Mas, quem sabe...?
Mulher é mulher... E que bom que seria, se ela tivesse fi cado sabendo! Ao menos, agora, de vez em quando se 
lembraria dele, dizendo: “Primo Argemiro também gostou de mim...”
As palmas do coqueiro estão agora paradas de todo. As galinhas foram pastar as folhas baixas do melão-de-
-são-caetano. Nem resto de brumas na baixada. O sol caminhou muito. Primo Argemiro já se acostumou com o 
trincar de dentes e com os gemidos de Primo Ribeiro. Não pode dar-lhe ajuda nenhuma. O que pode é pensar. E 
pensa mais, quase cochilando, gemendo também, com as ferroadas no baço.
Pensa à toa, como os tico-ticos, que debicam na terra ciscada pelas galinhas, e dão carreirinhas tão engraça-
das, que a gente nem sabe se eles estão cruzando aos pulinhos ou se é voo rasteiro só.
... Não adiantou ter sido tão direito... Se ele, Primo Argemiro, tivesse tido coragem... Se tivesse sido mais 
esperto... Talvez ela gostasse... Podia ter querido fugir com ele; o boiadeiro ainda não tinha aparecido... Agora, 
ela havia de se lembrar, achando que era um pamonha, um homem sem decisão... E, no entanto, viera para a 
fazenda só por causa dela... Primo Ribeiro não punha malícia em coisa nenhuma... Sim, os dois tinham sido bem 
tolos, só o homem de fora era quem sabia lidar com mulher!... Não! Fez bem. Era a mesma coisa que crime! ... 
Nem é bom pensar nisso... Amanhã ele vai ao capoeirão, tirar mel de irussu para o Primo Ribeiro... Deus que livre 
a gente desses maus pensamentos!... Primo Ribeiro vai fi car satisfeito: ele gosta de mel do mato, com farinha... 
Primo Ribeiro vai ter sua alegriazinha... - P’ra que é que há-de haver mulher no mundo, meu Deus?! ...
— Hein? ! ...
Primo Argemiro estremece. Tinha pensado alto. E agora Primo Ribeiro está espiando para ele, meio espanta-
do, com o branco dos olhos riscadinho de vermelho, no lugar das manchas amarelas de sempre. Há muito que 
jogou para um lado o cobertor e voltou a sentar-se no cocho. Passado o frio, passada a tremura, vem a hora de 
Primo Ribeiro variar. Primo Argemiro não gosta. Não se habitua àquilo. Ele, nos seus acessos, não varia nunca: 
não tem licença: se delirar, pode revelar o seu segredo. Tem de ter tento na cabeça e de subjugar a doideira, e so-
fre o demônio, por via disso. Mas, mesmo assim, ainda é melhor do que ter de ouvir as coisas que Primo Ribeiro 
desanda a falar entre o tremor e o suor.
Até a cara de Primo Ribeiro faz medo, de tão vermelha que está. Parece que ele engordou, de repente. Incha-
ço. E está pegando fogo...
- O calorão, Primo! ... E que dor de cabeça excomungada! 
ROSA, J. G. Sarapalha. In: ROSA, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 2015, p.133-153.
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 7
1. As epígrafes, que encabeçam cada conto de Sagarana, são típicas da tradi-
ção mineira, dos provérbios e cantigas do sertão. Explique como a epígrafe 
de Sarapalha, a seguir, condensa essa narrativa: 
“Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai ...
Não cantes fora de hora, ai, ai, ai ...
A barra do dia aí vem, ai, ai, ai ...
Coitado de quem namora!...”
2. O texto 1, de Sarapalha, corresponde ao
A) clímax, o ponto de maior tensão dramática da narrativa.
B) enredo, a história contada pelo narrador.
C) confl ito, ou seja, o problema explorado no conto.
D) tema, isto é, o ciúme entre as personagens.
3. No quadro a seguir, comente as características observadas nesse trecho do 
compreender que o tema do conto 
Sarapalha é o sofrimento causado 
pelo amor, que provoca ciúme, daí 
sua relação com a repetição da 
queixa “ai, ai, ai ...” e com a frase 
“coitado de quem namora”, em que 
“coitado” retoma um termo típico 
das cantigas de amor (= coita).
O texto 1 corresponde ao conflito, ou 
seja, o problema explorado no conto, 
pois a partir daí a narrativa caminha 
para o clímax, com a confi ssão de 
Primo Argemiro e, para o desfecho, 
com expulsão do Primo Argemiro por 
Primo Ribeiro (questão 4).
Orientação ao
PROFESSOR
conto lido.
Características composicionais do conto Sarapalha
a) Narrador
b) Confl ito narrativo
c) Personagens
d) Espaço
e) Tempo
8
4. Quais as marcas textuais que identifi cam o narrador e o foco narrativo no conto? Justifi que.
5. As personagens são referidas apenas pelo grau de parentesco e respectivos prenomes – Primo Argemiro, Primo 
Ribeiro. Que efeito de sentido isso provoca? 
A questão 5 propõe a análise dos elementos composicionais do conto lido.
Características composicionais do conto Sarapalha
a) Narrador Foco narrativo em terceira pessoa.
b) Confl ito narrativo O drama de consciência do Primo Argermiro que cobiçara a mulher de Primo Ribei-ro.
c) Personagens
Protagonistas:Primo Ribeiro e Primo Argemiro. 
Secundários: Luísa (a mulher de Primo Ribeiro), o cachorro Jiló, a cozinheira (que não 
aparece nesse trecho)
d) Espaço
A leitura integral do conto informa que as ações ocorrem na zona rural de Minas 
Gerais, no “vau de Sarapalha”, ou seja, em um local raso de um rio, por onde se pode 
passar a pé ou a cavalo. Isso se confi rma no trecho: “As palmas do coqueiro estão 
agora paradas de todo. As galinhas foram pastar as folhas baixas do melão-de-são-
-caetano. Nem resto de brumas na baixada”
e) Tempo
O tempo da narrativa, nesse conto, refere-se ao período em que os protagonista 
fi cam maleitosos até o momento da expulsão de Primo Argemiro por Primo Ribeiro. 
As ações narradas no texto 1 se referem tanto a um tempo anterior , recuperado 
pelas reminiscências do passado, como ao momento presente, em que narra-se o 
drama de consciência vivido por Primo Argemiro, que escondera de Primo Ribeiro 
sua atração por Luísa, com sua expulsão.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 9
O narrador e o foco narrativo em terceira pessoa (questão 6) podem ser observa-
dos, por exemplo, na seguinte passagem do texto 1: “Primo Ribeiro se deixa cair no lajedo, todo encolhido e sacudido 
de tremor. Primo Argemiro fi ca bem quieto. Não adianta fazer nada. E ele tem muita coisa sua para imaginar”. Como 
se percebe nas expressões grifadas, quem narra o faz externamente ao enredo, ou seja, não participa dele como 
personagem, daí nomear os protagonistas e relatar suas ações. No entanto, trata-se de um narrador que tudo sabe 
sobre o que pensam os protagonistas e divide isso com seu leitor. Veja-se o emprego de “a gente” no trecho que 
segue: “Depressa, enquanto Primo Ribeiro entrega o corpo ao acesso e parece ter partido para muito longe d’ali, não 
podendo adivinhar o que a gente está pensando. E Primo Argemiro sabe aproveitar, sabe correr ligeiro pelos bons 
caminhos da lembrança”.
Ao nomear os protagonistas pelo prenome, antecedido do grau de parentesco (questão 7), aumenta-se a percepção 
do grau de cumplicidade, de intimidade, de vínculo familiar entre eles, ampliando-se a sensação de dissolução da 
amizade, quando, ao fi nal, Ribeiro expulsa Argemiro da propriedade, mesmo muito doente.
Orientação ao
PROFESSOR
Discurso Conceito Marcas textuais
Direto Reproduz o diálogo entre persona-
gens por meio das suas próprias 
palavras.
Introduzido por um verbo de dizer (perguntar, 
dizer, repetir, falar etc.); nítida separação da 
fala do narrador da fala das personagens 
(dois pontos, travessão, aspas).
Indireto A fala das personagens é selecio-
nada, resumida, interpretada pelo 
narrador.
Introduzido por um verbo de dizer (perguntar, 
dizer, repetir, falar etc.); a fala da personagem 
constitui uma oração subordinada subs-
tantiva objetiva indireta do verbo de dizer 
introduzida por uma partícula (conjunção, um 
advérbio, ou um pronome interrogativo).
Indireto livre Mesclam-se as falas do narrador 
e personagens.
Espécie de discurso indireto sem verbos de di-
zer, nem partícula introdutória. Conservam-se 
as formas interrogativas, imperativas, pergun-
tas, súplicas, sendo a pontuação expressiva 
(exclamações, interrogações, reticências etc.) 
com a presença de interjeições.
!
Você já
 SABE
10
6. Leia os fragmentos do conto no quadro abaixo, identifi que-os na coluna à 
esquerda, utilizando a legenda: 
DN – discurso do 
narrador
DD – discurso 
direto
DI – discurso 
indireto
DIL – discurso 
indireto livre
Na coluna à direita, justifi que sua opção.
Discurso Fragmentos do conto Justificativa
E Primo Argemiro sabe aproveitar, sabe correr ligeiro pelos 
bons caminhos da lembrança. Como era mesmo que ela 
era?! ... Morena, os olhos muito pretos... Tão bonita! ... Os 
cabelos muito pretos...
Ao menos, agora, de vez em quando se lembraria dele, 
dizendo: “Primo Argemiro também gostou de mim...”
Primo Argemiro já se acostumou com o trincar de dentes 
e com os gemidos de Primo Ribeiro. Não pode dar-lhe 
ajuda nenhuma. O que pode é pensar. E pensa mais, 
quase cochilando, gemendo também, com as ferroadas 
no baço.
— O calorão, Primo! ... E que dor de cabeça excomungada!
— “Você parece que nunca viu a gente, Primo!... Você 
precisa mais é de campear noiva e caçar jeito de se 
casar...” - dissera ela, rindo.
Ele tinha ficado meio palerma, sem ter nada para re-
sponder... Teria ela adivinhado o seu querer-bem? ... 
Não, falara aquilo por brincadeira, decerto. Mas, quem 
sabe...?
A questão 8 trata da manifes-
tação de diferentes vozes no 
conto, em que se observa tanto 
o DN – discurso do narrador; DD 
– discurso direto; DIL – discurso 
indireto livre.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 11
7. Releia o seguinte trecho do conto.
Pensa à toa, como os tico-ticos, que debicam na terra ciscada pelas galinhas, e dão carreirinhas tão engraça-
das, que a gente nem sabe se eles estão cruzando aos pulinhos ou se é voo rasteiro só.
... Não adiantou ter sido tão direito... Se ele, Primo Argemiro, tivesse tido coragem... Se tivesse sido mais 
esperto... Talvez ela gostasse... Podia ter querido fugir com ele; o boiadeiro ainda não tinha aparecido... Agora, 
ela havia de se lembrar, achando que era um pamonha, um homem sem decisão... E, no entanto, viera para a 
fazenda só por causa dela... Primo Ribeiro não punha malícia em coisa nenhuma... Sim, os dois tinham sido bem 
tolos, só o homem de fora era quem sabia lidar com mulher!... Não! Fez bem. Era a mesma coisa que crime! ... 
Nem é bom pensar nisso... Amanhã ele vai ao capoeirão, tirar mel de irussu para o Primo Ribeiro... Deus que livre 
a gente desses maus pensamentos!... Primo Ribeiro vai fi car satisfeito: ele gosta de mel do mato, com farinha... 
Primo Ribeiro vai ter sua alegriazinha... - P’ra que é que há-de haver mulher no mundo, meu Deus?! ...
— Hein? ! ...
Primo Argemiro estremece. Tinha pensado alto.
Discurso Fragmentos do conto Justificativa
DIL
E Primo Argemiro sabe aproveitar, sabe correr ligeiro 
pelos bons caminhos da lembrança. Como era mes-
mo que ela era?! ... Morena, os olhos muito pretos... 
Tão bonita! ... Os cabelos muito pretos...
Não há verbos de dizer que separe a 
fala do narrador (“E Primo Argemiro... 
lembrança”.), nem partícula intro-
dutória do discurso da personagem, 
que apresenta frases interrogati-
vas, exclamativas, com pontuação 
expressiva.
DD
Ao menos, agora, de vez em quando se lembraria 
dele, dizendo: “Primo Argemiro também gostou de 
mim...”
Introduzido por verbo de dizer 
(dizendo), com separação da fala do 
narrador da fala das personagens 
(dois pontos, aspas).
DN
Primo Argemiro já se acostumou com o trincar de 
dentes e com os gemidos de Primo Ribeiro. Não pode 
dar-lhe ajuda nenhuma. O que pode é pensar. E pensa 
mais, quase cochilando, gemendo também, com as 
ferroadas no baço.
O narrador narra em 3ª pessoa as 
ações da personagem.
DD — O calorão, Primo! ... E que dor de cabeça exco-mungada!
Travessão para marcar a introdução 
do discurso da personagem.
DD
— “Você parece que nunca viu a gente, Primo!... 
Você precisa mais é de campear noiva e caçar 
jeito de se casar...” - dissera ela, rindo.
Travessão e aspas para marcar a 
introdução do discurso da person-
agem; verbo de dizer (dissera).
DIL
Ele tinha ficado meio palerma, sem ter nada para 
responder... Teria ela adivinhado o seu querer-bem? 
... Não, falara aquilo por brincadeira, decerto. 
Mas, quem sabe...?
Não há verbos de dizer que separe 
a fala do narrador (“Ele tinha... 
responder’.), nem partícula intro-
dutória do discurso da personagem, 
que apresenta frases interrogati-
vas, exclamativas, com pontuação 
expressiva.
Orientação ao
PROFESSOR
12
O emprego do verbo pensar na introdução e ao fi nal desse trecho, o foco narrati-
vo em terceira pessoa e o uso expressivo de pontuação indicam que se trata de 
discurso indireto livre? Justifi que.A expressão monólogo vem do grego monos, no sentido de 
um, somado a logos, que tem o sentido de conhecimento 
ou ideia, contrapondo-se assim a diálogo: dia, que signifi ca 
dois. Assim, monólogo seria o diálogo de uma pessoa consigo mesma, 
enquanto diálogo indica a troca entre duas pessoas. 
 Os estudos literários, especialmente os relacionados aos textos dramáti-
cos, explicitam haver monólogo exterior quando, por exemplo, um ator fala 
se dirigindo implicitamente para a plateia (em teatro, fi lme, novela etc.); 
já o monólogo interior consiste na reflexão da personagem como se ela 
falasse consigo mesma.
 O monólogo interior é uma técnica literária com a qual se reproduz, em ter-
ceira pessoa, os pensamentos de uma personagem, tal como brotariam de 
sua consciência. O narrador escreve em terceira pessoa, mas não interfere 
no monólogo interior da personagem. Ele assume a função narrativa de 
revelar pensamentos, recordações, emoções, contribuindo indiretamente 
para a caracterização da personagem. 
O emprego da terceira pessoa sugere a presença da voz do narrador, enquan-
to os pensamentos expressos - pela forma como são apresentados - revelam 
reflexões da personagem. Desse modo, é como se o narrador penetrasse 
na cabeça da personagem, para desvendar seus pensamentos. Por vezes, a 
pista para o leitor vem da presença de expressões de dúvidas, interrogações, 
apresentadas de modo desorganizado, sem muita lógica, pois o narrador 
reproduz os pensamentos tal como chegam à mente da personagem.
?
Você
SABIA?
8. Quais tempos verbais predominam no conto Sarapalha? Destaque exemplos 
de cada um e justifi que o emprego desses tempos.
A questão 9 trata de um mesmo fe-
nômeno que recebe nomenclaturas 
distintas nos estudos do texto e nos 
estudos literários, especialmente 
em relação aos textos dramáticos, 
teatrais. Nesse caso, trata-se de 
um DIL que é antecedido e sucedi-
do pelo discurso do narrador que 
explicita tratar-se de pensamentos 
da personagem, mas que não 
interfere no que pensa a persona-
gem. Observe-se, no entanto, que 
há lógica, na transcrição desses 
pensamentos que chegam à mente 
da personagem. 
No conto Sarapalha, são observados 
dois tempos narrativos (questão 
10): (i) um relacionado à época dos 
acontecimentos narrados, naquele 
momento vivido pelos primos malei-
tosos, em que predominam formas 
verbais do presente do indicativo: 
“Primo Ribeiro se deixa cair no 
lajedo, todo encolhido e sacudido 
de tremor. Primo Argemiro fi ca bem 
quieto. Não adianta fazer nada. 
E ele tem muita coisa sua para 
imaginar. Depressa, enquanto Primo 
Ribeiro entrega o corpo ao acesso 
e parece ter partido para muito 
longe d’ali, não podendo adivinhar 
o que a gente está pensando”; “Não 
pode dar-lhe ajuda nenhuma. O que 
pode é pensar. E pensa mais, quase 
cochilando, gemendo também, com 
as ferroadas no baço”.
(ii) outro tempo, relacionado às 
lembranças de uma época anterior, 
em que predominam formas verbais 
simples do pretérito imperfeito do 
indicativo: “Como era mesmo que 
ela era?! ...”; “Queria só viver perto 
dela... “; ou compostas: “O boiadeiro 
tinha fi cado três dias na fazenda, 
com desculpa de esperar outra pon-
ta de gado...”; “Mas nunca ninguém 
tinha visto os dois conversando 
sozinhos...”; E Primo Ribeiro nunca 
tinha posto maldade...”.
Há também, em menor número, 
formas verbais no pretérito perfeito 
do indicativo, para referir um tempo 
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 13
ainda mais distante: “Mas, antes, bem 
em-antes disso, teve uma vez em que 
ela desconfi ou”. As conjecturas de 
Argemiro sobre o passado apresen-
tam-se no pretérito imperfeito do 
subjuntivo: “Se ele, Primo Argemiro, 
tivesse tido coragem... Se tivesse sido 
mais esperto... Talvez ela gostasse...”.
No conto, há marcas de variação 
linguística (questão 11), no que diz 
respeito aos fatores geográfi cos em 
alguns termos e expressões típicos 
da zona rural de Minas Gerais. 
Alguns são relacionados à fala das 
personagens (fonética) que o narra-
dor transcreve (“máideia”, “P’ra que 
é que há-de haver mulher no mundo, 
meu Deus?!”); outros são relativos 
ao léxico (“maldar”; “meio de-quina”; 
“suassuapara”; “flor de suinã”; “bem 
em-antes disso”; “Bota abaixo”; 
“campear noiva”; “caçar jeito”; “um 
pamonha”; “irussu”). 
Atividade 2
Professor, essa atividade (questão 
1) destina-se a averiguar quais são 
os conhecimentos prévios que os 
alunos têm a respeito do gênero 
romance. É preciso, inicialmente, 
que preencham o quadro livremente, 
sem que para isso sejam orientados, 
conduzidos. 
Posteriormente, deverão ter comen-
tadas e complementadas suas ano-
tações no quadro que preencheram, 
atentando para aspectos de que, pro-
vavelmente, podem não ter lembrado 
ou não ter, ainda, conhecido. De todo 
modo, o quadro abaixo poderá voltar 
a ser comentado e complementado, 
oportunamente, durante a realização 
da leitura integral do romance Vidas 
Secas, a ser feita, se possível, con-
comitantemente com as atividades 
propostas nesta SD. 
9. Há no conto marcas de variação linguística, no que diz respeito aos fatores 
geográfi cos, principalmente. Escolha três exemplos para comentar se estão 
situados na fonética, no léxico, na morfologia ou na sintaxe.
Atividade 2
1. Com base em seus conhecimentos prévios, no seu repertório de leitura, 
preencha o quadro comparativo a seguir para relembrar e explicitar quais 
características lhe parecem típicas de um romance.
Características composicionais do romance
a) Narrador / foco narrativo
b) Enredo
c) Confl ito narrativo/clímax
d) Personagens
e) Espaço
f) Tempo
g) Organização/partes do texto
Orientação ao
PROFESSOR
14
 Na Idade Média, a palavra romance aplicava-se às narrativas populares ou folclóricas, de autoria descon-
hecida, escritas tanto em prosa como em verso, que tinham caráter fantasioso, fi ccional. Apenas no século 
XVII essa palavra adquiriu o sentido de prosa de fi cção, produzida por autor conhecido.
A defi nição atual para romance é que se trata de uma obra de fi cção escrita em linguagem literária; no entanto, o leitor de 
um romance, mesmo sabendo que se trata de uma história inventada, acredita que ela representa uma situação possível 
de acontecer verdadeiramente, ou seja que tem verossimilhança com a realidade.
O caráter extenso e a maior complexidade da trama narrativa do romance fazem com que, geralmente, seja subdividido em 
capítulos: neles, várias personagens envolvem-se em muitas intrigas, sendo que existe sempre um conflito principal, mais impor-
tante, relativo às personagens protagonistas da história, responsável por manter o fi o narrativo, o desenvolvimento do enredo.
?
Você
SABIA?
Você vai ler, a seguir, alguns trechos de capítulos do romance Vidas Secas (1938), escrito por Graciliano Ramos, em que 
o autor tematiza os problemas sociais decorrentes da seca nordestina, denunciando a condição miserável em que viviam 
seus retirantes.
Características composicionais do romance
a) Narrador / foco narrativo
É o ser integrante do texto (distinto do autor, ser do mundo), responsável 
pela condução da narrativa. Pode ser um narrador-personagem, partici-
pante dos fatos narrados (foco narrativo em 1ª pessoa) ou observador 
dos fatos (foco narrativo em 3ª pessoa).
b) Enredo Conjunto de acontecimentos envolvendo diversos personagens e que constituem a história propriamente dita.
c) Confl ito narrativo/clímax
O confl ito narrativo caracteriza-se como um problema, uma complicação 
narrativa relativa aos protagonistas. O clímax é o momento de maior tensão 
dramática da narrativa.
d) Personagens
Protagonistas: em geral, dois ou três, são aqueles sobre os quais se 
conta a história. Antagonistas: opõem-se aos protagonistas. Secundá-
rias: são fi gurantes, compõem o restante do contexto fi ccional.
e) Espaço Lugar, ou lugares, ambientes onde a história se passa. Pode assumir importância na caracterização das personagens,ou ser apenas cenário.
f) Tempo
Tempo em que ocorre a narrativa: pode ser cronológico, linear, quando 
os fatos são narrados em sequência; ou psicológico, que se desenvolve 
de acordo com o fl uxo de lembranças da personagem, fundindo pre-
sente, passado e futuro.
g) Organização/partes do texto
Texto longo, geralmente dividido em capítulos. Sua organização pode 
ser representada por: situação inicial/ confl ito/ clímax/ desfecho. Mas 
há romances modernos que rompem com essa organização.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 15
Graciliano Ramos nasceu em 1892, em Quebrângulo, Alagoas. Morou com a família no sertão de Pernambu-
co e também em Maceió. Em 1914, foi ao Rio de Janeiro, onde intensifi cou sua carreira jornalística. Retor-
nou a Palmeira dos Índios, Alagoas, onde se tornou comerciante, deu continuidade à carreira de jornalista e ingressou na 
política. Tornou-se prefeito e exerceu mandato por dois anos (1928-1930).
Em 1936, sob a acusação de ser subversivo, foi preso pela ditadura Vargas, experiência revelada em sua obra autobiográ-
fi ca “Memórias do Cárcere”. Em 1945, depois de libertado, fi xou-se no Rio de Janeiro e não mais voltou ao Nordeste.
Sua produção literária pode ser dividida em, pelo menos, três grupos: (i) romances dedicados a prospectar a psicologia 
humana e o íntimo das suas personagens – Caetés (1933), São Bernardo (1934) e Angústia (1936); (ii) narrativas preocupa-
das com a denúncia e a visão da realidade brasileira Vidas Secas (1938) e Insônia (contos, 1947); (iii) obras autobiográfi cas 
- Infância (1945) e Memórias do Cárcere (póstuma, 1953).
Escreveu também livros infanto-juvenis – A Terra dos Meninos Pelados (1939), Histórias de Alexandre (1944), Alexandre e Out-
ros Heróis (1962), entre outros. Além disso, suas obras incluem cartas, contos e traduções. 
Para mais informações sobre Graciliano Ramos, consulte o site ofi cial do escritor:
Grupo Editorial Record. Graciliano Ramos. Rio de Janeiro, RJ: Record, c2020. Disponível em: 
http://graciliano.com.br/site/vida/biografi a/. Acesso em: 10 mar. 2020.
?
Você
SABIA?
Vidas Secas possui 13 capítulos em que se narra a história de uma família de retirantes nordestinos – Fabiano, Sinhá 
Vitória, dois meninos e a cachorra Baleia – que fogem das agruras causadas pela seca: os anseios e sonhos frustrados, o 
sofrimento causado pela vida miserável. O texto a seguir introduz o romance.
Texto 2
MUDANÇA
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia 
inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante 
na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem 
dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala. 
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o fi lho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na 
cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingar-
da de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximavam-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. 
— Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois 
sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. 
Como isso não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. 
A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo 
negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. 
— Anda, excomungado.
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém 
pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Cer-
16
O tema de Vidas Secas é a seca 
nordestina e seus desdobramen-
tos sociais: a vida dura, miserável 
do sertanejo, a imigração interna 
em busca de vida melhor. O título, 
portanto, traduz esse tema por meio 
de uma metáfora, em que a vida 
miserável do homem nordestino 
tem similaridade com a secura do 
lugar. Esse primeiro capítulo narra 
a mudança da família para outras 
terras, buscando livrar-se, justamen-
te, da seca e de suas consequências 
(questão 2). 
Na perspectiva de um narrador em 
3ª pessoa, observador dos acon-
tecimentos, essa cena inicial do 
romance narra a viagem da família 
de retirantes – Fabiano, o pai; Sinhá 
Vitória, a mãe; dois meninos e a 
cachorra Baleia - pela caatinga nor-
destina, em um período estimado 
em um dia (questão 3).
A resposta à questão 4 é (A): já no 
1º parágrafo, o narrador os nomeia 
como “infelizes”.
tamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas difi cultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não 
sabia onde. 
Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama 
seca e rachada que escaldava os pés.
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o fi lho naquele descampado. Pensou nos 
urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço 
indicando vagamente uma direção e afi rmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a 
faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos 
encostados ao estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível 
abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o fi lho no cangote, levantou-
-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, fi nos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse 
arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. 
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande. 
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2008, p.9-11. 
2. Qual a relação do título e desse primeiro capítulo do romance com o tema 
da obra? 
3. Essa é a cena inicial de Vidas Secas. Qual é o foco narrativo? O que narra? 
Quem dela participa? Qual o período de tempo e o lugar em que ocorrem as 
ações narradas? 
4. Para expressar a miserabilidade das personagens, o narrador nomeia-os 
como 
A) infelizes.
B) famintos.
C) cansados.
D) moribundos.
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 17
Fabiano (questão 5) caracteriza-se 
como (B) “rude, um típico vaqueiro 
nordestino, mas capaz de comover-se”. 
Um dos problemas abordados no 
romance é justamente a difi culdade 
de uso da linguagem, a falta de 
comunicação também como índice 
de sua condição miserável: Sinhá 
Vitória não fala, apenas produz 
“sons guturais”; os meninos não têm 
nome, são seres sem identidade. 
Por outro lado, Fabiano, ao falar, dá 
ordens rudes; a cachorra tem um 
nome. Esse conjunto de aspectos 
desumaniza-os aos olhos do leitor 
(questão 6).
Há muitas expressões lexicais no 
texto que servem para demonstrar a 
difi culdade da marcha das persona-
gens pela caatinga (questão 7), re-
presentando um obstáculo hostil a 
transpor: “areia do rio seco”; “galhos 
pelados da caatinga rala”; “manchas 
brancas que eram ossadas”; “voo 
negro dos urubus”; “bichos moribun-
dos”; “caminhos, cheios de espinho 
e seixos”; “lama seca e rachada que 
escaldava os pés”. 
5. A caracterização de Fabiano por meio de seus pensamentos e de suas 
ações no texto indicam que se trata de um homem
A) insensível, acostumado a maltratar os fi lhos e a mulher.
B) rude, um típico vaqueiro nordestino, mas capaz de comover-se. 
C) ameaçador, grosseiro e autoritário com os fi lhos indefesos.
D) sofrido, preocupado com a segurança dos filhos e da mulher na caatinga. 
6. O que sugere a ausência de falas em discurso direto de Sinhá Vitória e dos 
meninos no texto? 
7. Em relação ao lugar, ambiente da narrativa, quais as expressões lexicais 
que servem para demonstrar a difi culdade da marcha das personagens? 
As principais fi guras de linguagem que encontramos em textos literários são:
(A) Metáfora - emprego de uma palavra com o signifi cado de outra por haver 
alguma relação de similaridade entre elas. 
(B) Comparação - diminuição atribuição de características de um ser a outro, 
em virtude de uma determinada semelhança. 
(C) Metonímia - troca de uma palavra por outra, permitida pela relação de 
proximidade de sentidos entre elas (o autor pela obra; o continente pelo 
conteúdo; a parte pelo todo; o efeito pela causa). 
(D) Sinestesia - fusão de impressões sensoriais diferentes. 
(E) Eufemismo - substituição de um termo rude, desagradável, por outro mais 
suave, ou agradável. 
(F) Prosopopeia ou personificação - atribuição de características humanas a 
seres inanimados. 
(G) Antítese - uso de palavras de sentidos opostos. 
(H) Hipérbole - exagero com fi nalidade expressiva. 
(I) Ironia - inversão dos sentidos, ou seja, diz-se o contrário do que se pensa. 
(J) Onomatopeia - reprodução ou imitação de sons diversos. 
Você
 SABIA?
Orientação ao
PROFESSOR
18
8. Reconheça as fi guras de linguagem presentes nos trechos do texto a seguir:
 (.....) A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados 
da caatinga rala. 
 (.....) O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos mori-
bundos. 
 (.....) Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, 
pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estô-
mago, frio como um defunto.
 (.....) Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato.
No 3º capítulo do romance (Cadeia), Fabiano é preso injustamente e espan-
cado por um “soldado amarelo”, que reencontra sozinho e perdido no meio da 
caatinga em outra ocasião futura (11º capítulo), possibilitando a Fabiano vingar-
-se. O trecho a seguir é parte desse capítulo denominado O soldado amarelo. 
Texto 3
O SOLDADO AMARELO
O soldado, magrinho, enfezadinho, tremia. E Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, 
mas os músculos afrouxavam. Realmente não quisera matar um cristão: procedera como quando, a montar brabo, 
evitava galhos e espinhos. Ignorava os movimentos que fazia na sela. Alguma coisa o empurrava para a direita ou 
para a esquerda. Era essa coisa que ia partindo a cabeça do amarelo. Se ela tivesse demorado um minuto, Fabia-
no seria um cabra valente. Não demorava. A certeza do perigo surgira – e ele estava indeciso, de olho arregalado, 
respirando com difi culdade, um espanto verdadeiro no rosto barbudo coberto de suor, o cabo do facão mal seguro 
entre os dois dedos úmidos.
Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca 
vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? Não pisava os pés dos matutos, na feira? Não 
botava gente na cadeia? Sem-vergonha, mofi no.
[...]
Fabiano pregou nele os olhos ensanguentados, meteu o facão na bainha. Podia matá-lo com as unhas. Lembrou-se da 
surra que levara e da noite passada na cadeia. Sim senhor. Aquilo ganhava dinheiro para maltratar as criaturas inofensivas. 
Estava certo? O rosto de Fabiano contraía-se, medonho, mais feio que um focinho. Hem? Estava certo? Bulir com as pes-
soas que não fazem mal a ninguém. Por quê? Sufocava-se, as rugas da testa aprofundavam-se, os pequenos olhos azuis 
abriam-se demais, numa interrogação dolorosa. 
 [...]
Virou a cara, enxergou o facão de rasto. Aquilo nem era facão, não servia para nada. 
Ora não servia!
— Quem disse que não servia?
Era um facão verdadeiro, sim senhor, movera-se como um raio cortando palmas de quipá. E estivera a pique de rachar 
o quengo de um sem-vergonha. Agora dormia na bainha rota, era um troço inútil, mas tinha sido uma arma. Se aquela 
coisa tivesse durado mais um segundo, o polícia estaria morto. Imaginou-o assim, caído, as pernas abertas, os bugalhos 
apavorados, um fi o de sangue empastando-lhe os cabelos, formando um riacho entre os seixos da vereda. Muito bem! Ia 
arrastá-lo para dentro da caatinga, entregá-lo aos urubus. E não sentiria remorso. Dormiria com a mulher, sossegado, na 
cama de varas. Depois gritaria aos meninos que precisavam criação. Era um homem, evidentemente. 
Aprumou-se, fi xou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. Um homem. Besteira pensar que ia fi car 
murcho o resto da vida. Estava acabado? Não estava. Mas para que suprimir aquele doente que bambeava e só 
Na questão 8, espera-se que o aluno 
reconheça as fi guras de linguagem 
destacadas em trechos, comprovan-
do o uso de linguagem literária no 
romance: 
“galhos pelados” constitui uma metá-
fora (= galhos sem folhas); há meto-
nímia em “voo negro dos urubus fazia 
círculos”; há comparação explícita 
em (menino) “frio como um defunto”; 
metáfora em “anjinho” para nomear o 
menino frágil e desfalecido. 
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 19
queria ir para baixo? Inutilizar-se por causa de uma fraqueza fardada 
que vadiava na feira e insultava os pobres! Não se inutilizava, não valia 
a pena inutilizar-se. Guardava a sua força. 
Vacilou e coçou a testa. Havia muitos bichinhos assim ruins, havia 
um horror de bichinhos assim fracos e ruins. 
 Afastou-se, inquieto. Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ga-
nhou coragem, avançou, pisou fi rme, perguntou o caminho. E Fabiano 
tirou o chapéu de couro.
— Governo é governo.
Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao solda-
do amarelo.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2008, p.107-114.
Uma das características do gênero romance é a narratividade, em que o texto 
apresenta transformação das ações praticadas pelas personagens no tempo 
(anterioridade e posterioridade) e em diferentes espaços. Tais ações ocorrem em 
uma sequência lógica, temporal, mas a inventividade do narrador pode contá-las 
sem obedecer à linearidade, tal como ocorre em Vidas Secas. 
9. Enumere em sequência as ações de Fabiano narradas no capítulo O soldado 
amarelo, observando a relação de anterioridade e posterioridade entre elas:
 (.....) E Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, 
mas os músculos afrouxavam.
 (.....) E estivera a pique de rachar o quengo de um sem-vergonha.
 (.....) Lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia.
 (.....) E Fabiano tirou o chapéu de couro.
 (.....) Aprumou-se, fi xou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. 
Um homem.
 (.....) Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ganhou coragem, avan-
çou, pisou fi rme, perguntou o caminho.
10. Explique o emprego das formas verbais marcadas nos trechos a seguir 
para indicar a relação temporal dos acontecimentos narrados.
a) “Realmente não quisera matar um cristão: procedera como quando, a 
montar brabo, evitava galhos e espinhos”.
b) “Era essa coisa que ia partindo a cabeça do amarelo”.
A numeração, em sequência dos 
tópicos destacados na questão 9, 
deve considerar a relação de ante-
rioridade e posterioridade entre eles, 
ou seja, deve começar com o fato 
que, no tempo cronológico, constitui 
o fato inicial vivido pela persona-
gem, prosseguindo a numeração 
com as demais ações realizadas no 
texto 3. Sendo assim: 
(3) E Fabiano tinha vontade de 
levantar o facão do novo. Tinha 
vontade, mas os músculos afrou-
xavam.
(2) E estivera a pique de cortar, de 
rachar o quengo de um sem-ver-
gonha.
(1) ... a surra que levara e da noite 
passada na cadeia.
(6) E Fabiano tirou o chapéu de 
couro.
(4) Aprumou-se, fi xou os olhos nos 
olhos do polícia, que se desvia-
ram. Um homem.
(5) Vendo-o acanalhado e ordeiro, 
o soldado ganhou coragem, 
avançou,pisou fi rme, perguntou 
o caminho
A questão 10 versa sobre o empre-
go das formas verbais para indicar 
a relação temporal dos aconteci-
mentos narrados no texto 3, ou 
seja, tomando-se como referência o 
momento em que se situa Fabiano, 
o protagonista, e o que ele pensa 
e fala na cena, é possível precisar 
diversos tempos referidos aos fatos 
narrados. 
a) Quisera e matara, no pretérito 
mais-que-perfeito do indicativo, 
indicam ações ocorridas em um 
tempo anterior a um fato tam-
bém ocorrido. 
b) A forma verbal “ia partindo” 
indica continuidade de um fato 
situado no passado. 
Orientação ao
PROFESSOR
20
c) “Se ela tivesse demorado um minuto, Fabiano seria um cabra 
valente”.
d) “Sufocava-se, as rugas da testa aprofundavam-se, os pequenos 
olhos azuis abriam-se demais, numa interrogação dolorosa”. 
e) “E não sentiria remorso. Dormiria com a mulher, sossegado, na 
cama de varas”.
f) “— Governo é governo”.
11. Destaque do texto dois trechos em discurso indireto livre, justifi cando-os.
 12. A nomeação de facão ora como “troço inútil” ora como “arma”, no 7º 
§, deve-se 
A) ao medo que Fabiano tinha de que o soldado o desarmasse.
B) à indecisão vivida por Fabiano em matar o soldado.
C) à preocupação de Fabiano em não ser morto pelo soldado.
D) ao respeito que Fabiano tinha pela autoridade do soldado. 
13. Ao fi nal do texto, a frase “— Governo é governo” — demonstra que a 
raiva que Fabiano tinha do soldado transformou-se em 
A) reconhecimento.
B) gratidão. 
C) subserviência.
D) medo.
c) A forma subjuntiva (pretérito imperfeito 
do subjuntivo) indica possibilidade: 
“tivesse” e “seria” (futuro do pretérito do 
indicativo) indica futuro. 
d) “Sufocava”, “aprofundavam” e “abriam” 
são formas do pretérito imperfeito do 
indicativo, portanto referem-se a um 
momento anterior ao momento da cena 
presente. 
e) As formas verbais “sentiria” e “dormiria”, 
pertencentes ao futuro do pretérito do 
indicativo, indicam possibilidade poste-
rior em relação a um fato do passado 
(matar o soldado). 
f) A forma verbal “é” está no presente do 
indicativo, expressa a atualidade do con-
ceito (governo). 
A questão 11 solicita a identifi cação de 
discurso indireto livre no texto 3, que se ma-
nifesta pela mistura das falas do narrador e 
do personagem, ou seja, não há verbos de 
dizer que separem a fala do narrador da fala 
da personagem, nem partícula introdutória 
do discurso da personagem, que é percebi-
do pela presença de frases interrogativas, 
exclamativas, e pelo uso de pontuação 
expressiva e interjeições. Seguem dois 
exemplos: “Tinha medo e repetia que estava 
em perigo, mas isto lhe pareceu tão absur-
do que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca 
vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. 
Ele não era dunga na cidade? Não pisava 
os pés dos matutos, na feira? Não botava 
gente na cadeia? Sem-vergonha, mofi no”; 
“Fabiano pregou nele os olhos ensanguen-
tados, meteu o facão na bainha. Podia 
matá-lo com as unhas. Lembrou-se da surra 
que levara e da noite passada na cadeia. 
Sim senhor. Aquilo ganhava dinheiro para 
maltratar as criaturas inofensivas. Estava 
certo? O rosto de Fabiano contraía-se, 
medonho, mais feio que um focinho. Hem? 
Estava certo? Bulir com as pessoas que não 
fazem mal a ninguém. Por quê? Sufocava-
-se, as rugas da testa aprofundavam-se, os 
pequenos olhos azuis abriam-se demais, 
numa interrogação dolorosa”. 
A nomeação de facão ora como “troço 
inútil” ora como “arma”, no 7º §, deve-se 
“à indecisão vivida por Fabiano em 
matar o soldado” (questão 12).
Orientação ao
PROFESSOR
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Conto e Romance 21
14. Em “Governo é governo”, o sentido do termo “governo” é
A) idêntico, os dois querem dizer “instituição administrativa”.
B) diferente: respectivamente, “instituição que dirige” e “poder executivo”.
C) igual, pois ambos signifi cam “poder executivo”.
D) diferente: “instituição administrativa” e “órgão a ser respeitado”, res-
pectivamente.
15. Reconheça as fi guras de linguagem presentes nos trechos destacados 
a seguir: 
A) Fabiano pregou nele os olhos ensanguentados, meteu o facão na bainha.
B) O rosto de Fabiano contraía-se, medonho, mais feio que um focinho.
C) Era um facão verdadeiro, sim senhor, movera-se como um raio cor-
tando palmas de quipá.
D) Agora dormia na bainha rota, era um troço inútil, mas tinha sido uma arma.
E) Imaginou-o assim, caído, as pernas abertas, os bugalhos apavorados, 
um fi o de sangue empastando-lhe os cabelos, formando um riacho 
entre os seixos da vereda.
F) Havia muitos bichinhos assim ruins, havia um horror de bichinhos 
assim fracos e ruins. 
Atividade 3
Nos textos 2 e 3, se pode observar a presença de variedade linguística? 
Justifi que com exemplos dos textos. 
Atividade 4
Com base nos três textos lidos, e apoiados em uma pesquisa sobre os 
autores, em relação à época e ao contexto sociocultural em que viveram e 
escreveram suas obras, seus temas de interesse, a especifi cidade no empre-
go da linguagem literária etc., estabeleça um paralelo entre eles em relação à 
periodização literária e diferenciação estilística. 
A frase “Governo é governo” demonstra 
que a raiva que Fabiano tinha do solda-
do transformou-se em (C) “subserviên-
cia” (questão 13).
Em “Governo é governo”, o sentido do ter-
mo “governo” é (D) “diferente: “instituição 
administrativa” e “órgão a ser respeitado”, 
respectivamente” (questão 14).
A questão 15 versa sobre o reconheci-
mento de linguagem literária no texto 
3, isto é, identifi cação de fi guras de 
linguagem: 
a) “olhos ensanguentados”, metáfora, 
pois se refere à fúria de Fabiano; 
b) “mais feio que um focinho”- a compa-
ração entre rosto e focinho animaliza 
Fabiano;
c) “como um raio cortando palmas de 
quipá”: comparação da rapidez do 
corte do facão com um raio;
d) “dormia na bainha rota”: a atribuição 
da ação de dormir ao facão caracteri-
za a personifi cação ou prosopopeia. 
e) um fi o de sangue ... formando um 
riacho entre os seixos da vereda”: metá-
fora, pela relação de similaridade entre 
“fi o de sangue” e “riacho”;
f) “bichinhos”: metáfora, estabelece relação 
de similaridade entre o soldado acovar-
dado e “bichinhos fracos e ruins”. 
Atividade 3
O texto foi escrito em norma-padrão, 
formal, com poucas expressões indica-
tivas da variação nordestina. No entan-
to, é possível perceber a regionalidade 
da linguagem (variação geográfi ca) no 
emprego de algumas expressões lexi-
cais típicas do sertão: “aió”; “cangote”; 
“um cabra valente”; “Não botava gente 
na cadeia”; “Bulir com as pessoas”; 
“quengo”; “cama de varas”.
Atividade 4
Sugerimos a consulta a obras de 
referência, entre outros materiais 
publicados na internet, para que o aluno 
Orientação ao
PROFESSOR
22
possa ter acesso a bons textos sobre 
periodização literária e diferenças 
estilísticas entre os dois autores, 
que escreveram obras chamadas de 
“regionalistas”, mas que apresentam 
muitas diferenças entre si.
A leitura dos textos integrais do 
conto Sarapalha e do romance Vidas 
Secas, assim, deverá ser posterior-
mente compatibilizada com análises 
produzidas por estudiosos desses 
autores brasileiros para que os alunos 
possam formar juízo sobre sua 
importância para a literatura brasileira 
regionalista produzida no século XX. 
Sobre Guimarães Rosa (p. 482), 
Bosi afi rma que era um mestre da 
prosa moderna, em que “a palavra 
é sempre um feixe de signifi cações, 
mas ela o é em um grau eminente 
de intensidade se comparada aos 
códigos convencionais de prosa. 
Além de referente semântico, o 
signo estético é portador de sons e 
de formas que desvendam as rela-
ções íntimas entre o signifi cante e o 
signifi cado. [...] Imerso na musicali-
dade da fala sertaneja, ele procurou, 
em um primeiro tempo (tempo de 
Sagarana), fi xá-la na melopeia de 
um fraseio no qual soam cadências 
populares e medievais”. 
Segundo BOSI (p.452), Vidas Secas 
é “precariamente” uma obra regiona-lista pois, “ a paisagem capta-se me-
nos por descrições miúdas que por 
uma série de ‘tomadas’ cortantes; e 
a natureza interessa ao romancista 
só enquanto propõe o momento da 
realidade hostil a que a personagem 
responderá como lutadora”. 
(BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura 
Brasileira. São Paulo: Editora Cultrix, 1970.)
Sistematizando
APRENDIZAGENS
Gêneros narrativos - conto e romance
Co
nt
ex
to
Autoria Defi nida (um escritor) que se manifesta como o narrador.
Suportes Conto: livro, revista, site, jornal. Romance: livro e outros suportes.
Leitor provável Apreciador de histórias, de narrativas de fi cção.
Temas Muito variados.
Finalidade Conta uma experiência humana, fi ctícia, mas verossimilhante.
Co
m
po
si
çã
o
Título O título em geral anuncia o tema da narrativa.
Partes do texto
a) apresentação da situação inicial, do 
cenário e das personagens.
b) desenvolvimento da ação e surgimento 
de um confl ito;
c) clímax do conto /romance
d) resolução do confl ito
e) desfecho ou conclusão.
Características
1.O narrador e o foco narrativo correspon-
dente - de primeira ou de terceira pessoa; 
2.Conto: curta extensão; romance: em 
capítulos;
3. Sequência temporal dos fatos narrados: 
linear ou não;
4. Conto: poucas personagens; romance: 
muitas;
5. Conto: em geral, um só cenário; romance 
há mudanças de lugar e ambientes.
Li
ng
ua
ge
m
Marcas textuais 
e variações
1. Presença de diálogos e/ ou monólogos;
2. Uso de discurso direto, indireto e/ou 
indireto livre;
3. Linguagem elaborada;
4. Verbos no pretérito perfeito e imperfeito 
do indicativo, nos trechos narrativos; e no 
presente do indicativo, nos diálogos.
5. Presença de variação linguística relacio-
nada à caracterização de personagens.
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