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Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 1 Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO INTRODUÇÃO REMIT Reação adaptativa do hospedeiro na tentativa de manter a homeostase HOMEOSTASE Conjunto de situações adotadas pelo organismo, visando a manutenção do equilíbrio e constância do seu meio interno, bem como a relação com o meio ambiente OBJETIVO PRINCIPAL Restauração do tecido lesado, ou seja, manter a homeostasia corpórea OUTROS OBJETIVOS Restaurar a estabilidade cardiovascular Criar fontes alternativas de energia Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos Preservar substratos calóricos Preservar órgãos nobres com redistribuição do fluxo sanguíneo REMIT A NÍVEL CIRÚRGICO LESÃO TECIDUAL PORÇÃO AFERENTE PORÇÃO EFERENTE Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 2 Lesão tecidual > nociceptores > envio do estímulo ao SNC > hipotálamo Hipotálamo > estímulo à liberação de hormônios contrarreguladores VIA EFERENTE EIXO AUTONÔMICO-ADRENAL Fase de choque Mantém o fluxo sanguíneo adequado ao local lesado, ou seja, todo paciente submetido à cirurgia terá sangramentos que serão contidos pelo eixo EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO Fase de fluxo Alterações metabólicas para maior fornecimento energético, ou seja, todo o metabolismo mudará para se voltar a área lesada e oferecer substratos para que ocorra a cicatrização adequada Substratos objetivam fornecer glicose (glicogenólise e gliconeogênese) GLICOGENÓLISE Glicogênio > quebra > glicose GLICONEOGÊNESE Proteólise = quebra de proteínas Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 3 Primeiro processo metabólico que irá ocorrer nas primeiras 12 horas pós trauma Demanda aumento de glicemia para fornecer glicose Ocorre principalmente no fígado Lipólise = quebra de lipídeos > glicerol e ácidos graxos A glicogenólise, proteólise e lipólise são processos catabólicos, por isso a primeira etapa do REMIT é uma resposta catabólica ao trauma, à lesão FASE CATABÓLICA OBJETIVO Fornecer o máximo de glicose e AA possível para o tecido lesado TEMPO Cerca de 2 a 3 dias pós trauma, sendo o terceiro dia o pico da resposta metabólica SUPRARRENAL Produção de catecolaminas (NA e adrenalina) através da resposta hipotalâmica Liberação de Glucagon > glicogenólise e gliconeogênese hepática > lipólise > cetogênese hepática Pacientes pós cirúrgicos, principalmente de grandes cirurgias, apresentam alta susceptibilidade de desenvolver TVP Paciente irá se apresentar com taquicardia, hipertensão, taquipneia, atonia intestinal, oligúria e estado de hipercoagulabilidade Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 4 Aumento da FC, PA, ventilação, relaxamento da musculatura lisa, contração esfincteriana e atividade plaquetária HIPÓFISE Cortisol Objetiva promover catabolismo proteico e lipídico Aumento da resistência insulínica Efeitos: redução da massa magra (consumindo proteínas), estado de hiperglicemia, formação de corpos cetônicos (acumulo de ácidos graxos, que culminam na entrada em outra via oxidativa, formando os corpos cetônicos), balanço nitrogenado negativo (proteólise aumentada, com um aumento da liberação de grupo amina na urina – urina concentrada), proteínas de fase aguda – TNF, Inter leucina 01 e 06. Glicogênese hepática A insulina objetiva colocar glicose para dentro da célula, e a REMIT objetiva o oposto. Por isso, devemos diminuir a secreção insulínica Fica em atividade por 5 a 7 dias ACTH Atua em função do cortisol e ativa o sistema renina-angiotensina- aldosterona Aldosterona: promove reabsorção de sódio e água, às custas de potássio e hidrogênio Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 5 Retenção hídrica = paciente + propenso à formação de edemas, EAP, congestão Hipocalemia irrelevante até perdurar o quadro Estado de hipernatremia Estado de alcalose pelas perdas de íons H+ no rim ADH (neurohipófise) Pico de atividade de 3 a 5 dias Reduz a filtração glomerular > oligúria GH Propicia gliconeogênese e glicogenólise Efeitos: hiperglicemia, retenção hídrica e concentração de urina Pico durante a cirurgia Atua na lipólise e na hiperglicemia Normalização em 7 dias Efeitos: hiperglicemia e formação de corpos cetônicos CONSEQUÊNCIAS DA FASE CATABÓLICA 1. Hiperglicemia a. Provocada para fornecer + glicose para tecidos lesados 2. Proteínas de Fase Aguda (TNF ALFA, IL1 e IL6) a. Utilizadas na resposta inflamatória b. Repercutem gerando uma redução de massa muscular Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 6 c. Atraso na circulação por desencadear resposta inflamatória aguda na região d. Aumento de proteínas i. PCR (parâmetro inflamatório inespecífico) ii. Fibrinogênio iii. Macroglobulina 3. Estado de cetose e hipocalemia 4. Retenção hídrica FASE ANABÓLICA OBJETIVO PRINCIPAL Recuperar todo tecido desgastado para realizar reparo naquela região, ou seja, restituição dos tecidos lesados OBJETIVOS GERAIS Redução de corticoides Retorno da diurese e do apetite RECUPERAÇÃO DE RESERVAS Ganho de massa muscular perdida Normalização das reservas de glicogênio (glicogênese) RETORNO DA HOMEOSTASE Equilíbrio hemodinâmico Temperatura normal Queda de marcadores inflamatórios FASE DO ANABOLISMO PROTEICO (3-12 semanas) Paciente ganha força muscular devido a síntese proteica exagerada FASE ANABÓLICA TARDIA (meses a anos) Paciente ganha peso e gordura corporal devido ao maior anabolismo lipídico FATORES ASSOCIADOS JEJUM OU ALTERAÇÕES DO RITMO ALIMENTAR HIPOGLICEMIA Gera estímulo do GH, cortisol, Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 7 glucagon e catecolaminas Glicogenólise > gliconeogênese JEJUM PROLONGADO Intensificação da lipólise Atrofia intestinal e de tecido linfoide Ácido Graxo satura via da b- oxidação, indo para a via da produção de corpos cetônicos Aumento de permeabilidade APLICAÇÃO PRÁTICA CASO CLÍNICO Um paciente do sexo masculino de 50 anos acaba de ser submetido a retossigmoidectomia, com reconstrução por anastomose colorretal. O motivo da cirurgia é um carcinoma colorretal causando semi-obstrução intestinal. A cirurgia foi por via convencional, trabalhosa, durando 5 horas no total. História patológica pregressa: Hipertensão controlada com losartana 50mg BID. Nega alergias. Peso do paciente: 70kg. Durante o procedimento cirúrgico você foi notificado pelo anestesista, aproximando ao término da cirurgia, que o seu paciente se encontra instável hemodinamicamente, hipotenso e com diminuição da perfusão periférica. Realizada reposição volêmica sem resposta satisfatória. Prontamente o paciente é levado para a Unidade de Terapia Intensiva, iniciada a estabilização hemodinâmica com drogas. Mesmo com todas as medidas o paciente evolui muito lentamente sendo notada no terceiro dia uma grande dificuldade de controle da glicemia com medidas de controle da dieta. Resposta Endócrino, Metabólica e Imunológica ao Trauma Operatório - REMIT - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 8 Hormônios diminuídos na remit: hormônios sexuais, insulina e T4 1ª alteração: acidose 2ª alteração: hipercalemia 3ª alteração hiponatremia 4ª alteração hiperglicemia 5ª intolerância à glicose 6ª aumento dos aa circulantes 7ª aumento dos ácidos graxos circulantes