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Dayane Araújo 
Gabriela Vieira de Araújo 
Natália Nogueira 
Thais de Almeida Guelssi 
 
 
 
 
“Ambiente sócio-moral: O construtivismo e a educação” 
 
 
 
 
Trabalho final apresentado na disciplina 
Psicologia da Educação III, ministrada pela 
Prof. Dr. Luciene Regina Paulino 
Tognetta. 
 
 
 
 
 
Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” 
Faculdade de Ciências e Letras 
Campus de Araraquara 
Curso de Pedagogia 
Junho – 2015 
 
 
 
O grupo compreendeu no inicio dos estudos que para saber uma parte do que 
seria o ambiente sócio-moral precisaríamos entender qual o significado de cada palavra. 
Sócio diz respeito às convenções sociais, regras de boa educação que regem o 
comportamento dos indivíduos de uma sociedade. Moral é o respeito às ideias e desejos 
do outro. 
Referimos-nos a ambiente sócio-moral como uma completa rede de relações 
interpessoais em uma sala de aula. Isto inclui o relacionamento das crianças com o 
professor, com outras crianças, com outros professores e com as regras. 
 A proposta construtivista baseada na teoria de Piaget presa o respeito mútuo 
como principal característica do ambiente sócio-moral. O que geralmente ocorre é que 
esse respeito é esperado apenas por parte do aluno para com o seu professor. 
No conceito que estudamos, vimos que a educação construtivista é uma 
proposta apropriada para educação infantil inspirada na teoria de Piaget. A criança 
constrói seu conhecimento, inteligência, personalidade, valores morais e sociais. É uma 
proposta tanto moral como intelectual. Ela tem sido definida em termos de atividades 
que apelam para o interesse das crianças, encorajando-as em direção a experimentos no 
mundo físico, e promovendo uma perspectiva de cooperação no mundo social. O 
princípio de educação construtivista é que um ambiente sócio-moral deve ser cultivado 
no qual o respeito pelo outro é continuamente praticado. 
Contudo, para ter tal educação construtivista em um ambiente sócio-moral 
entendemos que para isso ocorrer, é preciso cooperar, que tem como base trabalhar em 
comum, colaborar, ajudar. São as explicações que nos trazem dicionários de nossa 
língua. Trabalhar em comum implica não estar sozinho, individualizado. No ambiente 
sócio-moral é muito importante saber que, para ajudar a superação de conflitos entre as 
crianças, para a adequação aos deveres e direitos da vida em comum, é para de fato, 
transformar a sala de aula em um ambiente de solidariedade e respeito entre os alunos. 
A cooperação também cria na escola um ambiente em que as relações 
aconteçam de maneira que garante a autonomia moral, que para Piaget só é construída 
quando o individuo entra em contato com diversos ambientes sociais, e na criança, 
promove um desenvolvimento cognitivo, que é onde a criança adquire conhecimento, 
assim adaptando-se ao meio. 
O dia num ambiente cooperativo é composto por atividades independentes. As 
crianças têm um tempo livre, um local livre para que possam brincar como queiram com 
o que queiram e com quem queiram. 
Segundo Jean Piaget, a cooperação supõe então a autonomia dos indivíduos, 
isto é a liberdade de pensamento, a liberdade moral e a liberdade política. Mas é preciso 
compreender que a liberdade, que surgiu da cooperação, não é a anomia ou a anarquia; 
ela é a autonomia; isto é a submissão do indivíduo a uma disciplina que ele próprio 
escolhe e à constituição da qual ele colabora com sua personalidade. Portanto, 
concluímos que a educação da liberdade supõe primeira a educação da inteligência, 
mais especialmente da razão. 
Retha de Vries e Betth Zan (1998), classificam três ambientes sócio-morais, 
encontrados em escolas: o campo de recrutas, a fábrica e a comunidade. 
 Os dois primeiros, ambientes autoritários, enfatizam a centralização das 
decisões, uma caracterizada pelas punições, coerções, e a outra disfarçada pelos elogios, 
recompensas e exercícios mascarados. Nesses dois ambientes existe consequência 
explícita da ausência da cooperação. Individualismo e competições são característicos: 
são resultados de duas concepções epistemológicas que pensam o conhecimento de 
maneiras distintas. O primeiro acredita que o conhecimento seja aprendido, e que 
castigos e punições são necessários para a formação de valores morais aos que nada 
sabem. Assim, o poder e o autoritarismo estão centralizados nas mãos do professor. 
 O segundo é uma concepção apriorista (raciocina a priori), que acredita ser a 
educação uma forma de o indivíduo aflorar o que ele já carrega desde o seu nascimento, 
deixa explícita a ideia de liberdade, mas uma liberdade sem limites e responsabilidades. 
Seus efeitos são em longo prazo. 
O terceiro que se dizem respeito à comunidade, as regras é feitas pelo aluno e 
pelo professor, a disciplina é orientada com respeito e não pela obediência cega. O 
professor não deixa de ser autoridade mais deixa as crianças crescerem em suas 
responsabilidades e deveres. As crianças podem planejar as ações. Como afirma 
Tognetta (2004): 
Planejar significa antecipar ações, e, à medida que o próprio sujeito 
planeja suas ações, mais próximo se chega à exigência de sue 
cumprimento aluno e professor combinam uma rotina, todos são 
participantes do processo e dividir responsabilidades significa também 
dividir as tomadas de decisões. 
 
A organização da sala é feita pelos alunos também, como será feita a aula, 
como irão sentar, quem começará os trabalhos em grupo, entre outras. Em um ambiente 
cooperativo não precisa que todos estejam fazendo a mesma coisa, como por exemplo: o 
professor escolhe, o aluno escolhe, o professor sugere e o aluno sugere. A mudança de 
atividades pode ser mudada individualmente ou em grupo, essa é a diferença das escolas 
tradicionais. O modelo construtivista também tem sua avaliação do dia. Como foi a aula 
hoje? O ajudante de sala escolhe quem irá falar, e começa a falar dos erros, conflitos 
entre outras coisas sem serem apontados pelos adultos e assim tomar consciência dos 
seus atos. Em um ambiente construtivista sócio-moral também se dá adeus às carteiras 
enfileiradas, onde sua visão mais próxima é o colega da frente. 
 O professor construtivista cria um ambiente cooperativo sócio-moral conduzindo 
o trabalho de grupo, usando alternativas cooperativas de disciplina, lidando com 
conflitos, proporcionando a hora da atividade, atraindo as crianças para a questão da 
limpeza, o relacionamento professor-criança, fazendo regras e tomando decisões, 
conteúdos, votação, criando situações ativas, discussões sobre o dilema moral e social, 
promovendo a interação social, enfatizando autorregulação e reflexão, entre outros. 
 
Na escola, segundo Piaget, a professora não tem por função transmitir 
à criança um conhecimento todo pronto, mas de ajudá-la, orientando 
suas experiências no sentido de possibilitar-lhe a oportunidade de 
construir seu próprio conhecimento. (KAMII, 1998, p.112). 
 
 É preciso que seja dada a criança momentos livres de tensões, e permitir que a 
criança participe nas decisões dentro da sala de aula, assim ela tem a oportunidade de 
manifestar seus sentimentos e emoções. Infelizmente, essas atitudes não são encontradas 
na maioria das escolas de educação infantil. 
 
Investigando a realidade 
 Na pesquisa de campo em que fizemos encontramos escolas com um bom 
espaço para que essas atitudes pudessem ser realizadas. A primeira escola particular está 
situada na cidade de Araraquara. O Projeto Pedagógico da escola privilegia as 
atividades voltadas ao desenvolvimento do raciocínio, autonomia, solidariedade. 
Implica na condição da criança como um ser ativo, histórico e social, cuja ação deixa 
marcas na natureza. O ensino eficiente e com significado forma um ser com convicção 
de seu poder transformador. 
 Porém todo esse plano está apenas no papel, pois a pratica não é desenvolvida. 
Embora a proposta escolar seja com teorconstrutivista, nos deparamos com professores 
não preparados para transformar aquele ambiente em um ambiente construtivista. No 
lugar disso, ensinam coisas sem sentido para as crianças, por exemplo, nessa primeira 
escola particular pesquisamos os professores ensinam sobre um país (Portugal) e uma 
classe de animais (anfíbios) em cada mês, sem entender que isso não faz o menor 
sentido para as crianças. Se ao menos ensinassem sobre um país e o tipo de animal que 
predomina naquele país, talvez fizesse mais sentido. 
 Também nos deparamos com escolas públicas (creches) na qual as professoras 
tem um plano escolar construtivista para as crianças, porém elas não seguem, ou fazem 
pela metade, prejudicando e limitando o desenvolvimento das crianças. Essa creche esta 
localizada na cidade de Matão. Nesta primeira etapa as crianças que tem entre um e 
dois anos de idade, passam o dia seguindo o planejamento da professora, que realiza 
poucas atividades diferentes que possam ter total interesse das crianças. 
 No ambiente escolar da segunda escola pública, situada também na cidade de 
Matão, as educadoras ensinam às crianças a terem mais autonomia física e moral. 
Elaboram atividades para o desenvolvimento intelectual, ajudam a resolverem conflitos, 
gostam de dar trabalhos em grupos para a interação das crianças, aprendizado e para que 
aprendam a respeitar regras. Assim, parecem atentas ao desenvolvimento moral dessas 
crianças. 
 A outra escola particular na qual foi realizada a pesquisa, ela está situada 
também na cidade de Araraquara e diz ser construtivista. No plano de ensino mostra que 
visa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma 
integrada, contribuindo para o desenvolvimento da relação interpessoal, de ser e estar 
com os outros em uma atitude de respeito, afeto e confiança; é enriquecido por 
diferentes linguagens expressivas: gráfica, oral, plástica, corporal e musical. Porém, há 
um equivoco com o modelo construtivista, pois, só esta no papel. O que eles fazem é 
que pareça que esse modelo é a parte em que as crianças sentam em roda e fazem suas 
próprias atividades sem serem atividades impressas, como por exemplo, a lembrancinha 
do dia das mães, geralmente se dá um desenho impresso onde elas pintam e pronto. Já 
no modelo construtivista real, eles conseguem desenhar o que se esta pedindo do 
próprio jeito, com as cores que querem, entre outros. Na realidade falta muita coisa, 
muitos conceitos, para se colocar em pratica na verdade. A opinião dos alunos nas 
atividades, o brincar bastante e não ter preocupação de se manter limpo e arrumado não 
são comuns nesta escola. 
Infelizmente, estamos ainda distantes de ter espaços em que a cooperação seja presente. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
TOGNETTA, L. R. P. A dinâmica de um ambiente cooperativo. Anais do XVIII 
Encontro Nacional de Professores do PROEPRE: “Transformar a educação: 
Nosso Desafio”. Campinas, SP: Faculdade de Educação, Unicamp, 2001, p. 165-173. 
 
TOGNETTA, L. R. P. Psicologia e Educação. A educação e liberdade (Jean Piaget). 
 
TOGNETTA, L. R. P. A construção da solidariedade na escola: as virtudes, a razão 
e a afetividade. 
 
MANTOVANI DE ASSIS, O.Z.; CAMARGO DE ASSIS, M. Fundamentos teóricos 
para o Proepre. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. 
 
KAMII, Constance. Os princípios pedagógicos extraídos da teoria de Jean Piaget. In: 
ASSIS, Mucio Camargo de; ASSIS, Orly Mantovani de (Orgs). Anais da VII Semana 
da Educação de São João da Boa Vista. São João da Boa Vista, 2003, p. 101-113.

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