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Aquisição da língua de sinais para surdo como L1 02 1. Sintaxe 5 1.1 Semântica 6 1.2 Pragmática 6 1.3 Estudos da Sintaxe da Libras 7 1.4 Teoria Gerativa 8 2. Linguagem e Gramática Universal 14 2.1 A Organização Sintática da Libras 16 2.2 Componente Verbal da Libras 17 2.3 O Arranjo das Sentenças na Libras 19 2.3 Concordância e Marcas não Manuais 21 2.4 Posição do Objeto 21 2.5 Posição dos Advérbios de Tempo e Frequência 21 3. Foco e Verbos sem Concordância 24 3.1 Priorização do Objeto 24 3.2 Omissão de Sujeito e Objeto 24 3.3 As Traduções e a Questão da Ordem das Sentenças 24 3.4 Português Sinalizado X Libras 25 3.5 Referencialidade Espacial 26 4. Uso dos Pronomes no Espaço 29 4.1 Ambiguidade Estrutural na Libras 30 4.2 Mudança Referencial 30 4.3 Concordância Verbal 30 4.4 Estruturas Sintagmáticas em Libras 31 4.5 Sintagma Nominal 32 5 Sintagma Preposicional 33 1 Sintagma Adverbial 34 5.2 Sintagma Adjetival 34 5.3 Sintagma Verbal 34 5.4 Efeitos Estruturais dos Verbos e Classificadores 34 3 5.5 Verbos sem Concordância 35 5.6 Verbos com Concordância (Direcionais) 36 5. Marcações Obrigatórias dos Verbos com Concordância 38 6.1 Verbos “Manuais” 38 6.2 Estruturação das Sentenças em Libras 39 6.3 Estruturas com Tópico 39 6.4 Estruturas com Foco 40 6.5 Estruturas Negativas 40 6.6 Estruturas Interrogativas 41 6. Referências Bibliográficas 44 04 5 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 1. Sintaxe Fonte: www.colegioweb.com.br1 s estudos sintáticos são defini- dos por DUBOIS et al. (1973, p. 559) da seguinte maneira: 1. Chama-se sintaxe a parte da gramática que descreve as regras pelas quais se combi- nam as unidades significati- vas em frases; a sintaxe, que trata das funções, distingue- se, tradicionalmente, das da morfologia [...]. A sintaxe, às vezes, tem sido confun- dida com a própria gramá- tica. 2. Em gramática gerativa, a sintaxe comporta vários componentes: a base (componente categorial e le- xical) e o componente trans- formacional. 1 Retirado em www.colegioweb.com.br Sintaxe são os estudos linguís- ticos de como as sentenças são com- postas, ou seja, as regras que os usu- ários da língua utilizam para formar sentenças. Segundo Ferrarezi Junior (2018, p. 15), “analisar sintatica- mente uma frase não vai muito além de compreender como as coisas fun- cionam ali dentro e dar nomes às di- ferentes partes analisadas. Algumas frases em português pode não ter correspondência em Libras. Observe o exemplo: (4) João disse que Maria está ado- entada. (5) Adoentada disse Maria João. O 6 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 A frase (5) é agramatical por- que a organização dos elementos que a compõem não corresponde a uma possibilidade em Língua Portu- guesa. Do mesmo modo, se pensar- mos no sinal e no uso do verbo “DI- ZER”, em Libras, teríamos uma for- mação agramatical se utilizássemos a estrutura de Língua Portuguesa. Isso porque o verbo “DIZER” é um verbo direcional e precisa ter seu su- jeito e seu objeto marcados no es- paço de articulação através do movi- mento de início e fim do movimento de sinalização. 1.1 Semântica Os estudos semânticos priori- zam o estudo do significado das pa- lavras e das sentenças. De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 21-22): A semântica trata da natureza e da função e do uso dos signifi- cados determinados ou pressu- postos. É a parte da linguística que estuda a natureza do signi- ficado individual das palavras e do agrupamento das palavras nas sentenças, que pode apre- sentar variações regionais e so- ciais nos diferentes dialetos de uma língua. Para além desse tipo de significado, há aquele do utente da língua que pode in- cluir o literal e o não literal das expressões (casos de ironia e metáforas, por exemplo). Ape- sar dessas variações, existem li- mites nos significados de cada expressão, ou seja, os utentes não podem usar expressões para significar o que bem en- tendem. Assim, a semântica prioriza o sentido da palavras e expressão tanto de forma separada quanto dentro das sentenças, como destas entre si. Na frase que estamos usando para análise, o significado dela é que Maria tem uma doença e João é quem nos comunica sobre esta doença ao nos dar esta informa- ção. 1.2 Pragmática De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004, p. 22-23): A pragmática envolve as rela- ções entre a linguagem e o con- texto. É uma área que inclui os estudos da dêixis (utilização de elementos da linguagem atra- vés de demonstração -indica- ção-, que envolve basicamente os pronomes), das pressuposi- ções (inferências e antecipações com base no que foi dito), dos atos de fala (como se organizam os atos de fala e quais as condi- ções que observam, das impli- caturas (as coisas que estão su- bentendidas nas entrelinhas, incluindo o significado que não foi dito explicitamente e dos as- pectos da estrutura conversaci- onal (a estrutura das conversas entre duas ou mais pessoas e a organização da tomada de tur- nos durante a conversação). 7 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Ao analisarmos a sentença que estamos usando como exemplo, po- demos entender os seguintes pres- supostos e implicaturas:  João conhece Maria.  João tem um grau de intimi- dade com Maria que nos per- mite saber que ela está adoen- tada.  João sabe que Maria está do- ente.  João está informando alguém que não sabe da doença de Ma- ria.  A doença de Maria está acon- tecendo no momento em que João falou sobre sua doença.  A pessoa para quem João falou sobre a doença de Maria co- nhece tanto João quanto Ma- ria. De acordo com Mioto (2009, p. 9, grifo do original), “a sintaxe es- tuda como é que nós combinamos palavras para formar constituintes maiores, que chamamos de sintag- mas” Mioto (2009, p. 9) também co- loca que “a Sintaxe estuda como é que nós combinamos sintagmas para formar sentenças”. Mioto (2009, p. 10, grifo da autora) coloca que a sintaxe estuda como as palavras se juntam em sin- tagmas, os sintagmas se juntam em sentenças, e as sentenças se juntam para formar sentenças complexas, e: Ao estudar isso, a sintaxe pro- cura saber como é que os sin- tagmas e as sentenças se estru- turam. Apesar de sintagmas e sentenças serem pronunciados (ou escritos) [ou sinalizados] de forma que uma palavra venha depois da outra, a sintaxe busca estabelecer como é que as pala- vras se organizam, quais pala- vras se juntam com quais ou- tras para formar os constituin- tes maiores. Assim, duas pala- vras que estão uma do lado da outra podem pertencer a cons- tituintes diferentes. 1.3 Estudos da Sintaxe da Li- bras Lucinda Ferreira Brito, é um dos nomes importantes na história dos estudos da Libras. Desde o início dos anos 1980 se dedicado aos estu- dos dessa língua. Em 1995 publicou a obra Por uma gramática de línguas de sinais. Namura (1982), orientada por Ferreira-Brito, desenvolve uma dis- sertação de mestrado com a temá- tica A Ordem Sintática e a Repetição na Língua de Sinais em São Paulo, trabalho que se configura como um marco no estudo da estrutura sintá- tica da Libras. As discussões seguem com Brito (1984; 1995; 2005), Quadros (1994; 1999;2000), Quadros e Kar- nopp (2004), Felipe (1989; 2001; 2007), Strobel (1998) e Leite 8 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 (2008). Esses trabalhos não se dedi- cam exclusivamente ao tópico sin- taxe, eles tratam de obras que abor- dam as questões gramaticais da Li- bras e nelas o componente sintático é explorado. Existe uma grande carência em relação aos estudos linguísticos da LIBRAS, isso se explica pela his- tória minoritária da Língua.Em to- das as áreas da LIBRAS ainda há muito a ser estudado. Alguns nomes de destaque: Brito (1995), Quadros (1999) e Quadros e Karnopp (2004). Esses nomes formam uma base teó- rica bastante respeitada na área. 1.4 Teoria Gerativa Existem vários sinais e pala- vras em nosso vocabulário. Pala- vras/ sinais estão sempre sendo cri- ados, modificados, emprestados de outras línguas, desenvolvidos para um campo específico de estudos, in- ventados para um determinado ob- jeto ou ressignificados por uma co- munidade. A Teoria Gerativa é uma percepção inatista da aquisição da linguagem, ou seja, vê a linguagem como um componente da mente hu- mana, por isso aproxima os estudos linguísticos dos estudos da Biologia. De acordo com Berlick, Au- gusto e Scher (2011, p. 211): O programa de investigação da Gramática Gerativa, represen- tado na figura de Noam Cho- msky, tem seu início no final da década de cinquenta [1950] e, constituindo-se de um exemplo de proposta de análise linguís- tica voltada para as questões formais da língua. Partindo do princípio de que a língua é um sistema de conhecimentos inte- riorizados na mente humana, Chomsky (1986) define tal pro- grama [da Teoria Gerativa] como a exploração de quatro questões principais: a) No que consiste o sistema de conhecimentos do falante de uma determinada língua parti- cular? b) Como se dá o desenvolvi- mento de tal sistema de conhe- cimentos na mente do falante? c) De que forma o falante uti- liza tal sistema em situações discursivas concretas? d) Que mecanismos físicos do cérebro do falante servem de base a tal sistema de conheci- mentos? Para responder a estas per- guntas a partir dos dados dos quais se ocupa, o método de investigação da Teoria Gerativa adota a perspec- tiva formalista, tenta “[...] pelo es- tudo da língua em termos de suas partes, determinar os princípios de sua organização, para então estabe- lecer as relações entre elas [partes da língua] e seu uso” (BERLICK; AUGUSTO; SCHER, 2011, p. 211). Contudo, não devemos confundir aqui a utilização da palavra “uso”. No contexto da Teoria Gera- tiva, ela remete aos contextos de uso 9 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 nas sentenças em que os termos apa- recem, ou seja, não deve ser confun- dida com o uso que os falantes fazem da língua. Além disso, para delimitar a maneira como observará as senten- ças, a Teoria Gerativa coloca, de acordo com Petter (2010, p. 15), que a tarefa do linguista, nesta perspec- tiva, é a de descrever a competência linguística que está subjacente ao desempenho, ou, dito de outro modo, o pesquisador que escolher esta visão teórica procurará obser- var “a porção do conhecimento do sistema linguístico do falante que lhe permite produzir o conjunto de sentenças de sua língua”. Esta parte do conhecimento interno é observável a partir das sen- tenças e deve ser depreendida a par- tir das realizações observáveis, ou seja, as sentenças propriamente di- tas são a maneira como o linguista pode compreender a estrutura sub- jacente ou profunda da língua. Por isso, o método de pesquisa gerativa da linha desenvolvida por Chomsky é dedutivo, baseado na in- trospecção do linguista e, conforme Berlick, Augusto e Scher (2011, p. 211), “argumenta em favor de uma base inatista para o processo de aquisição da linguagem e trata os fa- tores linguísticos de forma modular – todas as características de uma abordagem formal de análise lin- guística”. No Dicionário de Linguística, Dubois et al. (1973, p. 384) afirmam que: A descrição chomskyana da lín- gua apresenta [...] duas partes: (1) uma parte gerativa, descrição sintática das frases de base da estrutura profunda; (2) uma parte transfor- macional, descrição das opera- ções que permitem passar da estrutura de base à estrutura de superfície. Desta forma, a descrição pro- posta por Chomsky é estruturada em níveis construídos de modo hierár- quico, ou seja, nível superior, inter- mediário e de base. Estes níveis são representados em formato de árvore para melhor organizar os elementos. Para demonstrar a base de como as árvores são montadas, utilizaremos a explicação presente no material de Sintaxe da Língua Portuguesa, es- crito por Mioto (2009). Nele, o autor explica que é necessário projetar o núcleo X em dois níveis, além da projeção máxima (sintagma): X = projeção mínima X' = projeção intermediária XP = projeção máxima (= sintagma) Ao ser montada na estrutura de árvore utilizada pela teoria, ela fi- caria assim, com o nível X’ sendo 10 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 utilizado “para pendurar um com- plemento [Compl] de X” (MIOTO, 2009, p. 24): As línguas artificiais pode nos ajudar a entender as características das línguas naturais, pois ao com- preendermos as suas características, podemos depreender as característi- cas básicas das línguas naturais. As línguas artificiais teriam as seguin- tes características:  são criadas por pessoas especí- ficas para situações determi- nadas; em contraponto, as lín- guas naturais não são criadas, elas existem com um fato lin- guístico a ser estudado;  A elaboração delas é feita a partir de línguas naturais, ou seja, precisam se apoiar nos elementos preexistentes para definirem sua pronúncia e es- trutura. Embora as línguas na- turais se desenvolvam tam- bém a partir da interação entre as línguas, esta interação não é tão ordenada ou organizada, ela se dá de forma mais caó- tica, menos ordenada;  Tem sua origem facilmente rastreada e um objetivo espe- cífico para criação, as línguas naturais são muito mais difí- ceis de se determinar um mo- mento de criação, pois nas- cem do caos decorrente do contato humano, ou seja, as pesquisas em linguística estão, de alguma forma, tentando perceber quais são as regras e princípios que regem as lín- guas naturais. Algumas definições mais vin- culadas ao viés teórico estudado. De acordo com Petter (2010, p. 14-15), nos estudos de Chomsky: [...] todas as línguas naturais são, seja na forma falada, seja na es- crita, linguagens, no sentido de sua teoria, visto que:  Toda língua natural possui um número infinito de sons (e um número finito de sinais gráfi- cos que os representam, se for escrita);  Mesmo que as sentenças dis- tintas da língua sejam em nú- mero infinito, cada sentença só pode ser representada como uma sequência finita desses sons (ou letras). Dentro desse contexto infinito de sons, numa sentença finita em ex- tensão, segundo Petter (2010, p. 14- 15) Cabe ao linguista, que descreve qualquer uma das línguas natu- rais, determinar quais dessas sequências finitas de elementos são sentenças e quais não são, isto é, reconhecer o que se diz e o que não se diz naquela língua. A análise das línguas naturais deve permitir determinar as propriedades estruturais que distinguem as línguas naturais das outras linguagens. 11 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Ainda sobre o modo como o linguista lida com o estudo das lín- guas naturais, as análises determi- nam as características estruturais que particularizam as línguas natu- rais das demais linguagens. De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 24): O linguista, a princípio, lida com as línguas naturais, [...] o que o linguista quer saber é se as línguas naturais, todas, pos- suem em comum algo que não pertença a outros sistemas de comunicação, humano ou não, de tal forma que seja correto aplicar a cada uma delas a pala- vra ‘língua’, negando-se a apli- cação deste termo a outros sis- temas de comunicação. Quadros e Karnopp (2004) to- mam por base os estudos de Hockett (1992, p. 11-20), Lyons (1981, p. 30- 35) e Lobato (1986, p. 41-47), lista- dos a seguir, para nos apresentar os traçosque caracterizam as línguas naturais: Flexibilidade e versatili- dade: apenas a língua apresenta um grau tão grande destas característi- cas, pois: [...] pode-se usar a língua para dar vazão às emoções e senti- mentos, para solicitar a coope- ração de companheiros; para ameaçar ou prometer; para dar ordens, fazer perguntas ou afir- mações. É possível fazer refe- rência ao passado, presente e futuro; a realidades remotas em relação à situação de enuncia- ção – até mesmo a coisas que não existem (QUADROS; KAR- NOPP, 2004, p. 25). Arbitrariedade: refere-se à im- possibilidade de prever a forma a partir do significado, nem vice- versa, não existindo uma ligação es- pecífica entre eles; também as ques- tões estruturais, na maioria das ve- zes, funcionam da mesma forma. “Na opinião de Chomsky, os seres humanos são geneticamente dota- dos de um conhecimento dos princí- pios gerais ditos arbitrários, que de- terminam a estrutura gramatical de todas as línguas” (QUADROS; KAR- NOPP, 2004, p. 25). Pensando em Libras, alguns sinais até são icônicos e lembram as formas a que se refe- rem, como o sinal de TARTARUGA, mas mesmo ele apenas remete a al- gumas características do nosso ani- mal de exemplo, ou seja, a forma não garante a compreensão do signifi- cado apenas pela forma. Descontinuidade: palavras que se parecem na forma, por exem- plo, “vaca” e “maca”, são bastante parecidas na forma, mas apresen- tam uma grande diferença de signi- ficado, assim demonstrando a carac- terística de que as palavras/sinais não têm continuidade entre forma e significado, ou seja, não é porque as palavras/sinais têm articulações pa- recidas que seus significados serão 12 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 também semelhantes (QUADROS; KARNOPP, 2004). Um exemplo em Libras seriam os sinais de AMA- RELO e PERIGO, embora sejam pa- recidos na forma de realização, os seus significados são bastante dife- rentes: Criatividade/produtividade: a partir de seus conhecimentos linguísticos, os usuários podem criar e entender “[...] um nú- mero indefinido de enunciados que jamais ouviram ou viram antes”. As autoras também afir- mam que “Chomsky coloca que esta complexidade e heteroge- neidade, entretanto, é regida por regras, dentro dos limites estabelecidos pelas regras da gramática, que são em parte universais e em parte específi- cos de determinadas línguas” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 26). Dupla articulação: os diferen- tes fonemas da língua não têm um significado isoladamente, somente quando combinados com outros fo- nemas é que adquirem significado. Por exemplo, as letras f, g, o, a não têm significado sozinhas, mas se combinadas, como em fogo, gado e fado, elas ganham significado. Tra- zendo um exemplo em Libras, pen- samos na seguinte configuração de mão: Separadamente, a configura- ção não tem significado, porém, ao juntarmos a ela os elementos de Mo- vimento e Ponto de Articulação es- pecíficos, teremos o sinal de BA- NHEIRO, ou seja, a composição de elementos passará a ter significado. Padrão: os fonemas, as pala- vras/sinais e sentenças, dentro das línguas naturais, têm maneiras pos- síveis de se organizar que seguem um padrão para a formação de cons- tituintes maiores. Dependência estrutural: “[...] uma língua contém estruturas de- pendentes que possibilitam um en- tendimento da estrutura interna de uma sentença, indepen- dente[mente] do número de ele- mentos linguísticos [que fazem parte desta sentença]” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 28). Observe as seguintes sentenças formadas por um sintagma nominal e um sin- tagma verbal: as línguas naturais são compostas de uma mistura in- trincada de padrões e regras que apresentam um grau de criatividade e que possibilita elaborações livres dentro de certos padrões. 14 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 2. Linguagem e Gramática Universal Fonte: casadaptada.com.br2 omo já destacamos anterior- mente, a Teoria Gerativa tem uma visão inatista da linguagem, quer dizer, essa teoria enxerga a lin- guagem como uma capacidade ine- rente aos seres humanos desde o seu nascimento. Segundo vários estu- dos, apenas os seres humanos são dotados da capacidade de "[...] com- binar um certo número de elemen- tos de acordo com determinados 2 Retirado em casadaptada.com.br princípios para formar sentenças. Essa capacidade que nasce conosco e tem a ver com o tipo específico de estrutura e organização da mente humana é denominada Faculdade da Linguagem" (COELHO; MON- GUILHOTT; MARTINS, 2009, p. 6- 7, grifo do original). Dessa forma, a Faculdade da Linguagem é a capacidade que nós, seres humanos, temos de organizar C 15 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 diferentes recursos linguísticos con- forme bases específicas para formar sentenças. A seguir, organizamos e expli- camos as características da Facul- dade da Linguagem que Coelho, Monguilhott e Martins (2009, p. 6- 8) apontam:  Possibilita a aquisição de vá- rias línguas: a Faculdade da Linguagem não está vinculada a uma língua apenas, mas à ca- pacidade de aprender toda e qualquer língua, pois é ine- rente ao ser humano e se de- senvolve de acordo com os princípios universais e parâ- metros específicos a que o in- divíduo for exposto. Dito de outro modo, é a experiência linguística individual.  É dedicada especificamente à língua: é uma capacidade es- pecializada da mente humana, ou seja, a Faculdade da Lin- guagem é uma competência da nossa mente que é especial- mente dedicada ao desenvolvi- mento da língua.  A Gramática Universal é o es- tágio inicial da Faculdade da Linguagem: a Gramática Uni- versal se desenvolve a partir das experiências do ambiente linguístico a que o indivíduo é exposto na interação com os membros da comunidade da qual faz parte. A Gramática Universal é composta de prin- cípios universais a qualquer língua e parâmetros específi- cos.  Inicialmente a Faculdade da Linguagem, ou seja, a Gramá- tica Universal, é igual para to- dos os seres humanos: a Gra- mática Universal é a capaci- dade da mente de aprender qualquer língua, ou seja, não é ligada a nenhuma língua espe- cífica, ou seja, não é uma gra- mática de regras prontas, mas a capacidade para desenvolver estas regras.  É modificada pelos estímulos externos de acordo com as ex- periências individuais (ambi- ente linguístico): se pensar- mos em uma criança pequena, ela adquire os princípios uni- versais e parâmetros da língua sem que seja ensinada sobre eles de maneira específica. Por exemplo, ao testar uma gene- ralização como em "Eu fazia", ela está testando uma regulari- dade percebida através das sentenças com as quais teve contato na sua experiência, pois os verbos regulares de 2ª conjugação utilizam esta desi- nência final para formação do Pretérito Perfeito, assim como em "Eu comi", "Eu vivi" e "Eu bebi". De mesmo modo, quando aprendem uma nova língua, adultos também "carregam" os parâmetros aprendidos em sua experiência para a língua que estão aprendendo, por 16 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 exemplo, quando utilizamos as re- gras de Língua Portuguesa (LP) para a construção de sentenças em Li- bras, criando assim as sentenças no chamado Português Sinalizado, ou na mistura de LP com espanhol, for- mando o Portunhol. 2.1 A Organização Sintática da Libras Após os estudos de Willian Stokoe na década de 1960, as línguas de sinais ganharam maior visibili- dade. Stokoe foi professor na Uni- versidade de Gaullaudet e desenvol- veu um importante trabalho que contribuiu para o reconhecimento das línguas de sinais como língua natural dos surdos. A pesquisa cen- tral de Stokoefoi desenvolvida com base na American Sing Language (ASL), e os resultados comprovaram que as línguas de sinais apresentam todas as características das línguas orais. Os achados de Stokoe (1960) vieram de encontro a muitas con- cep5ées falsas que pairavam sobre as línguas de sinais, principalmente no que diz respeito ao aspecto estru- tural dessas línguas. Acreditava-se que as línguas de sinais não possu- íam uma estrutura ordenada capaz de propiciar uma comunica5âo efe- tiva. Como aponta Capovilla (2004, p. 224): [...] a arbitrariedade das rela- ções entre o signo e seu refe- rente, e a iconicidade de certos sinais era visto como prova de sua inferioridade. À época con- cebia-se a língua de sinais como uma forma inferior de comuni- cação composta de um vocabu- lário limitado de sinais equiva- lentes à mera gesticulação mí- mica e pantomímica, sem es- trutura hierárquica, gramática ou abstração, limitada a uma representação holística de cer- tos aspectos concretos da reali- dade. No tocante à Libras, Quadros e Karnopp (2004) postulam que essa língua possui uma gramática pró- pria e não é derivada das línguas orais. O primeiro aspecto impor- tante a se considerar sobre a Libras é o fato de esta ser uma língua de modalidade visual-espacial, dife- rente das línguas orais que são orais- auditivas. Segundo Brito (1995): A libras tem sua estrutura gra- matical organizada a partir de alguns parâmetros que estrutu- ram sua formação nos diferen- tes níveis linguísticos. Três são seus parâmetros principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s) – (CM), o Movimento – (M) e o Ponto de Articulação – (PA); e outros três constituem seus parâmetros menores: Re- gião de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Disposição da(s) mão(s). 17 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Tais parâmetros, associados com o uso de marcadores não manu- ais (MNM), que envolvem movi- mentos da face, olhos, sobrancelha, cabeça e tronco (STREIECHEN, 2013), permitem que toda e qual- quer ideia seja transmitida e/ou re- cebida por meio da Libras – tanto conceitos concretos quanto abstra- tos. Segundo Leite (2008), os estu- dos sobre a sintaxe da ASL e das de- mais línguas de sinais tiveram um maior impulso a partir da década de 1970. Até então se acreditava que a ordem das estruturas era livre, pelo fato de que em contextos comunica- tivos diferentes a ordem sujeita– verbo–argumentos se alternava. Algumas características que podem ser observadas na estrutura da Libras: ausência de preposição, de conjunções e de verbos de liga- ção; ocorre a incorporação de verbos direcionais ou com concordância ou flexão, típico de línguas espaço-visu- ais (BRITO, 1995). A estruturação das sentenças na Libras, assim como nas demais línguas de sinais, ocorre por meio da manipulação dos sinais no espaço. O espaço de sinalização compreende uma área delimitada na frente do corpo da pessoa, os MNM são de es- trema importância no desenvolvi- mento de uma conversação em li- bras, visto que a ênfase atribuída por determinado MNM pode mudar o significado dos sinais estende do topo da cabe5a até os quadris. O ar- ranjo dos constituintes de uma sen- tença da Libras se dá na abrangência desse espaço, e o final de uma sen- ten5a é indicado por uma pausa (QUADROS, 1995). O espaço é bastante impor- tante na sintaxe da Libras, visto que é o local onde ocorre a organização dos objetos e referentes que estão presentes e também não presentes no momento da enunciação. Outras características também são observa- das na Libras, como: Marcação de concordância du- rante o uso de verbos com con- cordância; uso dos elementos necessários para marcação de concordância com verbos sem concordância (auxiliar, ordem linear, topicaliza5âo e loco); uso de estruturas complexas (interrogativo, relativas e con- dicionais); uso de topicalização; uso de estruturas com foco e uso de marcação não-manual gramatical para realiza5âo de concordância; perguntas QU e sim/não; negação (STUMPPF, 2005 p. 25). 2.2 Componente Verbal da Li- bras Para entender como se dá o ar- ranjo sintático da Libras é necessá- rio conhecer um pouco sobre o com- ponente verbal dessa língua, visto 18 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 que, o sintagma verbal tem um papel bastante importante na “atribuição de caso gramatical e de papel temá- tico a um dos termos da sentença” (CASTILHO, 2010, p.688). Quadros e Karnopp (2004) dividem os verbos da Libras em três classes principais: verbos simples ou sem concordân- cia, verbos com concordância e ver- bos espaciais. Os verbos simples ou sem con- cordância, também chamados de não- direcionais, são caracterizados por não serem marcados pela con- cordância, ou seja, estes verbos não apresentam informações impregna- das acerca da pessoa, número ou as- pecto. Assim, seus argumentos de- vem ser expressos na construção da sentença, visto que a ausência im- plica na sua agramaticalidade. Brito (1995) divide os verbos simples em três classes: 1. Os ancorados ao corpo (ou realizados muito próximo a ele): são verbos não- flexiona- dos, portanto sujeito e objeto são marcados na construção da sentença. O sintagma é uma unidade sintática composta por um núcleo uma margem es- querda e uma margem direita (CASTILHO, 2010). No caso da Libras o sintagma pode ser ver- bal, nominal, adjetival e adver- bial. 2. Os que incorporam o objeto: são verbos que articulam simul- taneamente verbo e objeto; um mesmo sinal traz as informa- ções do verbo e do objeto que são referentes da sentença. 3. Os que apresentam flexão com o sujeito ou objeto: são verbos que não apresentam um movimento linear e assim flexi- onam com o sujeito ou objeto da sentença. Morais (2013) pontua que, de- vido a característica de não-concor- dância, a articulação dos verbos sim- ples costuma se dar ancorada ao corpo ou bem próximo a ele, com pouco uso do espaço de sinalização que é característico nas demais clas- ses de verbos. Alguns exemplos de verbos sem concordância são: co- mer, amar, gostar, sentir, quebrar, conhecer. Observe abaixo algumas sentenças afirmativas com o uso de verbos sem concordância: a. Daniel COMER maça. b. Daniel GOSTAR livro. c. Daniel QUEBRAR. d. Daniel SENTIR frio. Streiechen (2013) ressalta que o sinal dos verbos simples nunca va- ria, sendo realizado com a mesma configuração de mão, locação e mo- vimento, independentemente da pessoa do discurso. Verbos não direcionais não trazem informações de concordân- cia. Em outras palavras, há a neces- sidade de que os argumentos desse verbo sejam marcados na sentença, pois a sua ausência culmina em sen- ten5as agramaticais. Os verbos com 19 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 concordância, ou verbos direcionais, são caracterizados pela marca de concordância. Segundo Quadros e Karnopp (2004), essa classe de ver- bos flexiona em pessoa, número e aspecto por meio da orientação da mão, que indica o ponto de partida e chegada do verbo. Brito (1995) pontua que os verbos direcionais apresentam a fle- xão, de modo que, por meio do mo- vimento de partida, marcam o su- jeito, ao passo que o ponto de che- gada do verbo define o objeto da sentença. São alguns dos exemplos dessa classe de verbos: ajudar, avi- sar, responder, provocar. Morais (2013) ressalta que os verbos direcionais permitem cons- truções com argumentos nulos, pelo fato dessa classe de verbos portar in- formações a respeito de seus argu- mentos. Entretanto, é importante observar que esses verbos são mar- cados por um ponto de partida e ou- tro de chegada. Com isso, a marca- ção dos argumentos se dá no ponto que inicia o movimento (sujeito) até o ponto de chegada (objeto) ou vice- versa (BRITO, 1995).Os verbos espaciais, por sua vez, são aqueles que possuem afixos locativos associados a eles. Neste caso, a direção do movimento e o lo- cativo são primordiais para a con- cordância da sentença (QUADROS; KARNOPP, 2004). Exemplos dessa classe são: colocar, ir, chegar. Cada tipo de verbo implica e/ou possibi- lita arranjos sintáticos diferentes na Libras. 2.3 O Arranjo das Sentenças na Libras A variação nas formas de orga- nizar os componentes dentro de uma sentença são características ob- servadas, de forma geral, nas línguas naturais. Cada língua escolhe uma ordem dominante de organização das sentenças, o que pode ser obser- vado também na Libras. De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004), os primeiros estudos sobre a organização dos componen- tes da sentença foram baseados na ASL (American Sing Language). Fis- her (1973 apud QUADROS; KAR- NOPP, 2004), ao analisar a ASL, aponta que ordem básica da sen- tença dessa língua é SVO (sujeito, verbo e objeto) Filipe (1989) e Brito (1995) pontuam que há a possibilidade de várias ordenações sintáticas na Li- bras, mas que SVO seria a ordem bá- sica dessa língua. Quadros (1999) afirma que a ordem básica da Libras é SVO, ao passo que as demais combinações, como OSV e SOV, seriam ordena- 20 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 ções derivadas da ordem básica. Com relação aos verbos com flexão, ou direcionais, a ordem SVO será uma consequência da própria morfologia do sinal do verbo em questão; ou seja, o verbo carrega as marcas do sujeito no ponto que ini- cia a sinalização e do objeto no ponto que encerra sua direcionalidade. Os constituintes não aparecem separa- dos dos verbos (QUADROS; KAR- NOPP, 2004). Os verbos sem flexão, ou não- direcionais, são verbos que os argu- mentos precisam ser explicitados por meio de outros sinais, visto que, diferentemente dos verbos com fle- xão, esta classe verbal não carrega, em sua forma, as marcas de concor- dância (QUADROS; KARNOPP, 2004). Outra diferença entre os ver- bos com flexão e os sem flexão está no fato que estes permitem uma maior mobilidade no arranjo sintá- tico dos constituintes, ao passo que aqueles, como descrito anterior- mente, são verbos que os argumen- tos se realizam incorporados ao verbo, portanto a ordem SVO é res- trita. Para Quadros (1999), as cons- truções sintáticas com verbos sem flexão são mais livres. Com estes verbos, há a possibilidade de topica- lização do objeto da sentença. Com a topicalização, o objeto é movido para a periferia esquerda da sen- tença e assim funciona como um pré-anuncio daquilo que a sentença vai expor (IGNACIO, 2007). Os MNM são se extrema impo- tância para o entendimento das sen- tenças na Libras. Outra possibili- dade de contrução na Libras é a or- dem SOV. Nesse arranjo sintático ocorre a focalização de constituintes através da atribuição de ênfase. De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p.153), as construções com foco são aquelas que duplicam ver- bos, advérbios modais e quantifica- dores. Por outro lado, construções sintáticas OSV, SOV e VOS são total- mente ancoradas em MNM. Por- tanto, a ausência ou má realização de um MNM pode implicar na agra- maticalidade de uma sentença. O elemento movido da posição canô- nica (SVO) deverá receber um com- ponente extra em sua sinalização para que o efeito pretendido se faça eficiente. Outro dado importante a se destacar sobre a sintaxe da Libras é o mecanismo de apontação. Em sua sintaxe espacial, a Libras se vale do mecanismo de apontação para marcar e/ou retomar constituintes das sentenças que estejam sendo construídas. A apontação realiza-se tanto para referentes presentes quanto ausentes no momento do discurso (CAMPELO, 2011). 21 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Discutir a sintaxe é ter em mente que a possibilidade de articu- lação é um instrumento de criativi- dade linguística na medida em que permite às unidades, uma vez inde- pendentes, se recomporem em no- vas combinatórias, o que não deixa também de constituir economia já que cada unidade pode ser reapro- veitada num grande número de combinações (BORBA, 1998, p. 12). Essa criatividade linguística faz com que o usuário organize os componentes gramaticais de sua lín- gua e com isso se faça entender, per- suada e interaja no meio linguístico, valendo-se de todas as possibilida- des do seu sistema de comunicação. 2.3 Concordância e Marcas não Manuais De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004, p. 140), a partir dos es- tudos de Quadros (1999) observa-se “[...] que a concordância não manual associada à marcação não manual é importante para determinar mu- danças na ordem básica das frases na língua de sinais brasileira”. Isso acontece porque a marca não ma- nual parece dar mais peso à sen- tença e força mudanças na ordem estrutural da sentença. As estruturas OSV e SOV po- dem ocorrer quando existem ele- mentos como a concordância e as marcas não manuais. 2.4 Posição do Objeto Mesmo que as ordens SOV e OSV possam ocorrer junto com mar- cações não manuais e de concordân- cia, quando existir uma estrutura complexa (oração subordinada) na posição de objeto não será possível modificar a estrutura básica SVO das sentenças (QUADROS; KAR- NOPP, 2004). As estruturas complexas, ou sentenças que apresentam orações subordinadas (na nomenclatura normalmente utilizada pela GT), são aquelas em que um dos constituin- tes nominais da sentença original é substituído por um sintagma com núcleo lexical verbal, sendo que este sintagma verbal assume a função sintática e o papel temático que o constituinte substituído ocupava. Ou seja, é quando ocorre uma subs- tituição em que o elemento nominal é substituído por um constituinte verbal, ficando, assim, uma sentença encaixada na função sintática da sentença original. 2.5 Posição dos Advérbios de Tempo e Frequência Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 143), “[...] os advérbios temporais e de frequência não po- dem interromper uma relação entre o verbo e o objeto”. Os autores tam- bém colocam que, de acordo com os 22 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 estudos de Quadros (1999), a posi- ção destes tipos de advérbios varia na sentença, pois os advérbios de tempo podem ser colocados antes ou depois da sentença e os advérbios de frequência podem estar antes ou de- pois do complemento verbal. Em ou- tras palavras, os advérbios de tempo estarão no início ou final da sen- tença como um todo e os advérbios de frequência antes ou depois do sintagma verbal. A topicalização de elementos nas sentenças causa alterações na ordem das construções e as topicali- zações em Libras estão associadas a mecanismos não manuais com a ele- vação da sobrancelha. Fonte: meucinemainventado.word- press.com Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 146), “a marca de tópico associada ao sinal topicalizado é se- guida por outras marcas não manu- ais, de acordo com o tipo de constru- ção. Ou seja, pode ser seguida por uma marca não manual de foco (se a sentença for focalizada), de negação (se for negativa), interrogativa (se for interrogativa)”. Para Costa (2015, s.p.), “[A to- picalização é] Mudar um elemento para uma posição na frente da sen- tença para enfatizar um elemento, nesse caso vai mexer na ordem da sentença porque tem alguma coisa na sentença que vai permitir esse deslocamento dos elementos”. 24 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 3. Foco e Verbos sem Concordância Fonte: www.al.es.gov.br3 foco trata dos elementos du- plicados dentro das sentenças, mas não em posição de tópico, sendoconstruções duplicadas que dão ori- gem a estruturações diferentes da ordem básica. “O foco é gerado quando há uma informação inter- pretada com entonação mais mar- cada, ou seja, focalizada. Gramati- calmente, essa informação está as- sociada a um traço de foco que licen- cia o apagamento de sua cópia [du- plicada]” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 153). 3.1 Priorização do Objeto Segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 153), em verbos com con- cordância é possível a elevação do 3 Retirado em www.al.es.gov.br objeto para uma posição anterior (mais alta) na sentença, podendo fi- car junto ao sujeito, na posição SOV (sujeito-objeto-verbo). 3.2 Omissão de Sujeito e Ob- jeto Nas sentenças feitas a partir de verbos direcionais com concordân- cia, ou seja, aqueles em que podem ser omitidos o sujeito e o verbo, a de- limitação do sujeito e do objeto é feita através do uso de pontos deli- mitados no espaço. 3.3 As Traduções e a Questão da Ordem das Sentenças “Há como se traduzir simulta- neamente qualquer texto em outra O 25 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 língua, sem sobrepor estruturas, desde que se conheça o código lin- guístico do texto e o contexto no qual o código está empregado e desde que sejam utilizadas técnicas adequadas à tradução” (FARIA, 2006, p. 263). Dentre os elementos, o conhe- cimento sintático das estruturas e das equivalências semânticas e mor- fossintáticas possíveis entre as duas línguas que entram em contato no processo de tradução é imprescindí- vel para que a tradução seja efetiva- mente realizada com qualidade e efi- ciência. Dubois et al. (1973, p. 594) de- finem o ato de traduzir como: “[...] é enunciar numa outra língua (ou lín- gua de chegada) o que foi enunciado numa língua- fonte, conservando as equivalências semânticas e estilísti- cas”. 3.4 Português Sinalizado X Li- bras O português sinalizado é resul- tante de uma compreensão equivo- cada da relação entre LP e Libras que decorre de um entendimento que coloca as duas línguas em con- tato, ignorando as peculiaridades e parâmetros específicos. De acordo com Moraes (2013): É importante salientar que o sistema gramatical das línguas de sinais é independente do sis- tema gramatical das línguas orais dos países em que elas são utilizadas. Por exemplo, a Lín- gua de Sinais Brasileira não é um conjunto de sinais que se sobrepõe à gramática do portu- guês usado pelos ouvintes; este é chamado de português sinali- zado, cuja gramática nada tem a ver com a gramática da LSB [LIBRAS]; esta, por sua vez, possui regras, palavras, ordem de constituintes etc., próprios, independentes da língua portu- guesa (MORAES, 2013, p. 14- 15). Para nossos estudos, é impor- tante termos em mente que a LP e a Libras têm diferenças morfossintáti- cas muito importantes. De acordo com Quadros (2004, p. 84,) Pode- mos observar as diferenças entre as produções na língua portuguesa e na língua brasileira de sinais. A seguir serão listadas algumas delas: (1) A língua de sinais é viso espacial e a língua portu- guesa é oral e auditiva. (2) A língua de sinais é baseada nas experiências visu- ais das comunidades surdas mediante as interações cultu- rais surdas, enquanto a língua portuguesa constitui-se base- ada nos sons. (3) A língua de sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classifi- cadores. A língua portuguesa usa uma sintaxe linear utili- zando a descrição para captar o uso de classificadores. (4) A língua de sinais uti- liza a estrutura tópico-comen- tário, enquanto a língua portu- guesa evita determinado tipo de construção. 26 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 (5) A língua de sinais uti- liza a estrutura de foco através de repetições sistemáticas. Este processo não é comum na lín- gua portuguesa. (6) A língua de sinais uti- liza as referências anafóricas através de pontos estabelecidos no espaço. São excluídas ambi- guidades que são possíveis na língua portuguesa. (7) A língua de sinais não tem marcação de gênero, en- quanto que na língua portu- guesa o gênero é marcado a ponto de ser redundante. (8) A língua de sinais atri- bui um valor gramatical às ex- pressões faciais [marcações não manuais]. Esse fator não é con- siderado como relevante na lín- gua portuguesa, apesar de po- der ser substituído pela prosó- dia. (9) Coisas que são ditas na língua de sinais não são ditas usando o mesmo tipo de cons- trução gramatical na língua portuguesa. Assim, existem ve- zes que uma grande frase é ne- cessária para dizer poucas pala- vras em uma ou outra língua. (10) A escrita da Língua de sinais não é alfabética. Os itens apontados por Qua- dros (2004) colocam em evidência as diferenças morfológicas e sintáti- cas perceptíveis entre a LP e a Li- bras. 3.5 Referencialidade Espacial Segundo Pizzio (2006), a sin- taxe especial possibilita o estabeleci- mento de relações gramaticais no es- paço de diferentes maneiras, pois: No espaço em que são realiza- dos os sinais, o estabelecimento no- minal e o uso do sistema pronominal são fundamentais para tais relações sintáticas. Qualquer referência usada no discurso requer a especifi- cação de um local no espaço de sina- lização (espaço definido na frente do corpo do sinalizador) (PIZZIO, 2006, p. 6). Quadros e Karnopp (2004) co- locam que o estabelecimento nomi- nal e o sistema de referência prono- minal são imprescindíveis para o es- tabelecimento das relações sintáti- cas espacialmente. Assim, os pontos de referência no espaço de sinaliza- ção devem ser marcados e retoma- dos. Segundo Quadros (s.d., p. 44), o espaço de enunciação, ou seja, de re- alização linguística/sinalização das línguas de sinais é restringido por- que “os sinalizantes usam o espaço para compor o discurso, estabelecer os referentes, retomar os referentes e estabelecer relações gramaticais entre eles de forma específica e res- tringida pelo sistema linguístico viso espacial”. Destacamos que o espaço pode se alargar ou se restringir de acordo com o contexto discursivo mais ou menos formal e também com o tipo de texto que está sendo produzido pelo sinalizante, por exemplo, nar- 27 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 rativas costumam ser mais abran- gentes e textos informativos mais restritos aos espaços de enunciação. Embora o espaço de sinaliza- ção possa ser representado de ma- neira bidimensional, é necessário termos em mente que o espaço de realização das sentenças em Libras é tridimensional e estabelece suas re- lações morfossintáticas a partir da exploração dos movimentos em três eixos. A compreensão sobre o espaço de sinalização é muito importante para o entendimento do relaciona- mento sintático entre os referentes. As informações nas relações entre os constituintes das sentenças em Li- bras estabelecem-se a partir do posi- cionamento referencial dos elemen- tos manuais e não manuais que com- põem as sentenças.Quanto à ma- neira como as referências podem ser marcadas no espaço de sinalização nas línguas de sinais, Quadros e Kar- nopp (2004, p. 127) Destacam que “[...] o local [de enunciação] pode ser referido através de vários meca- nismos espaciais", apresentados a seguir: • Realizar o sinal em um ponto espe- cífico do espaço, caso a forma do si- nal permita. • Direcionar a cabeça, os olhos e/ou o corpo para um ponto específico ao mesmo tempo em que realiza o sinal de um substantivo ou aponta para o substantivo. Assim, a direcionalidade marca a localização onde o substan- tivo está posicionado, seja com a si- nalização para posicionamento no espaço ou para referência a um subs- tantivo já posicionado no espaço de enunciação anteriormente. • Fazer a apontação ostensivaantes da realização de um sinal para deter- minar que aquele ponto será refe- rente ao sinal realizado após a apon- tação.  Quando o referente é claramente definível. Por exemplo, estamos pró- ximos a uma casa ou de uma pessoa a qual queremos fazer referência. Po- demos realizar apenas a apontação pronominal, como no exemplo dado por Quadros e Karnopp (2004, p. 129): • Também pode ser feito o uso de um classificador, representando o refe- rente específico em uma localização particular. Um exemplo colocado por Quadros e Karnopp (2004, p. 129) se refere ao sinal de CARRO através das mãos abertas que se cruzam ao reali- zar a ação de PASSAR-UM-PELO- OUTRO. As formas de realizar a refe- rência espacial estão de acordo com o processo de coindexação em Li- bras. Se marcamos João no espaço específico, sempre que fizermos re- ferência a ele deveremos apontar para o mesmo espaço. Se colocar- mos outro espaço para João, usando a apontação para um espaço não re- ferente a ele, a sentença não terá o sentido pretendido. Logo, a referên- cia não estará de acordo com o prin- cípio de coindexação pronominal das línguas naturais e, assim, será agramatical. 28 29 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 4. Uso dos Pronomes no Espaço Fonte: www.correio24horas.com.br4 ara a compreensão da maneira como as relações sintá- ticas/estruturais das sentenças se estabelecem em Libras, é necessário saber como se organiza a relação pronominal no espaço de sinalização, como afirmado por Pizzio (2006) e Quadros e Karnopp (2004). As sentenças dependem da forma como os pronomes são utilizados para a delimitação das situações. É preciso ter em vista que a gramaticalidade da sentença, a 4 Retirado em www.correio24horas.com.br coesão e a coerência do discurso dependem, nas línguas de sinais, do processo de organização nominal e pronominal no espaço. Sobre a marcação dos pronomes em Libras, o sistema pronominal de referências apresenta peculiaridades específicas de acordo com a presença ou ausência do referente no momento da sinalização. É importante, para o estabelecimento das relações de anáfora, “[...] um processo sintático pelo qual uma palavra [...] remete a P 30 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 outra (s) anteriormente referida (s)” (PIZZIO; REZENDE; QUADROS, 2009, p. 12). 4.1 Ambiguidade Estrutural na Libras De acordo com Mioto (2009), a ambiguidade estrutural ocorre quando uma única sentença apresenta mais de um sentido. Acontece devido à combinação dos constituintes dela permitir mais de uma forma de organização estrutural. A sintaxe não estuda apenas a forma linear de organização das palavras, pois uma mesma sequência de palavras pode ser compreendida semanticamente de mais de uma maneira. Entretanto, devido à estrutura de organização da modalidade visuoespacial das línguas de sinais, a ocorrência de sentenças em que aparecem ambiguidades estruturais é muito mais rara na Libras. O estabelecimento dos pontos de referência no espaço de enunciação acaba por sanar a maior parte das dificuldades de compreensão do referente especifico, caso sejam respeitados os referentes na elaboração das sentenças. Segundo Quadros (1997, p. 57), “o uso dos indicativos espaciais, incluindo os pronomes, permite a correferência explícita e reduz a possibilidade de ambiguidade [...]. Conforme Ferreira Brito (em elaboração), o uso do espaço é sistemático, favorecendo a identificação clara e correta do referente [...]”. 4.2 Mudança Referencial O sistema de referência pronominal em Libras está vinculado à posição do sinalizante em relação aos referentes que serão utilizados para a elaboração das sentenças. Logo, o estabelecimento e a manutenção dos locais atribuídos aos referentes são de extrema importância para sintaxe espacial das sentenças. A direcionalidade dos movimentos é um elemento imprescindível para a elaboração das sentenças e para a maneira que os diferentes constituintes das sentenças em Libras irão se organizar. 4.3 Concordância Verbal A concordância verbal estuda as maneiras como os verbos selecionam os seus argumentos. Procura perceber de que modo os núcleos lexicais verbais atribuem as funções sintáticas e os papéis temáticos aos argumentos selecio- nados. Segundo Quadros e Karnopp 31 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 (2004, p. 199), “concordância é um fenômeno linguístico no qual a presença de um elemento em uma sentença requer uma forma particular de outro elemento que é gramaticalmente ligado a ele”. Os estudos sobre verbos são importantes para a compreensão das relações que estruturam as sentenças (morfossintáticas) nas línguas naturais porque são a base da formação das sentenças de línguas como a LP e a Libras. Assim, para a estruturação das sentenças, é imprescindível o estudo de como os verbos selecionam seus argumentos e quais as características estruturais que são envolvidas a partir do uso dos diferentes tipos de verbos. De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 199): Em muitas línguas, a forma particular do segundo elemento, normalmente um verbo, depende de traços-ϕ do primeiro elemento, tipicamente o sujeito da sentença. Uma característica comum entre as línguas com concordância marcada é que todas apresentam concordância com o sujeito. Em alguns casos, há marcação de concordância com o objeto. Nas línguas de sinais, a concordância é obrigatória com o objeto, podendo ou não ser feita com o sujeito, dependendo da seleção do verbo. A grande questão em relação às línguas de sinais é a seguinte: a marcação chamada de concordância nas línguas de sinais são de fato concordância? Para a compreensão da ques- tão sobre as línguas de sinais, pri- meiro precisamos relembrar que em LP o estabelecimento da concordân- cia verbal é feito em relação ao su- jeito através das desinências (afixos) de número-pessoa que são morfolo- gicamente inseridas na palavra. A concordância dos verbos em LP é sempre estabelecida com o sujeito. Já nas línguas de sinais, o modo de marcação das relações sin- táticas dá-se através de diferentes processos das relações estabelecidas no espaço de sinalização que podem ou não acarretar alterações morfoló- gicas na forma como o verbo é sina- lizado. De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004, p. 199), mesmo que se tenha “[...] assumido que a concor- dância nas línguas de sinais é aber- tamente marcada em verbos do tipo DAR, PERGUNTAR, AJUDAR [...]”, há diferentes análises dos linguistas sobre como os verbos estabelecem as relações sintáticas nas línguas de sinais. 4.4 Estruturas Sintagmáticas em Libras Sintagmas são organizados hi- erarquicamente, os constituintes se 32 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 movem nas sentenças de acordo com requisitos sintáticos que res- tringem a sua movimentação porque precisam respeitar as relações sin- tagmáticas do interior dos sintag- mas. Então, as sentenças têm uma estrutura de formação básica SVO, em LP e Libras. 4.5 Sintagma Nominal O sintagma nominal é for- mado pelas relações estabelecidas em torno dos núcleos lexicais nomi- nais, compostos por palavras/sinais referentes aos nomes e pronomes. Assim, a posição de núcleo lexical dos sintagmas nominais será ocu- pada por um sinal pertencente a uma das classes de palavras. Os nomes sempre estarão no papel de núcleo lexical nas senten- ças, tendo em vista que fazem parte das palavras/sinais lexicais. Já o pronome será núcleo lexical quando estiver no lugar de um nome e o sin- tagma se estabelecerá a partir dele. Quando estiveremem posição de acompanhar um nome, os pronomes estarão em uma categoria funcional de determinante. Por exemplo: o pronome será um núcleo funcional quando utilizado na referência espa- cial para estabelecimento de sujeito de um verbo e será um determinante quando acompanhar um nome esta- belecendo uma noção de posse, como no sinal do pronome posses- sivo “MEU (mão aberta encostando no peito do emissor)” (MORAES, 2013, p. 67). A função sintática dos sintag- mas nominais é a de ser argumento dos verbos, pois ocuparão os papéis temáticos e as funções sintáticas projetadas pelos núcleos lexicais verbais. É interessante lembrarmos que a elaboração das sentenças se dá a partir das relações hierarquica- mente construídas pelas projeções de cada sintagma. Para que os sin- tagmas nominais sejam formados de modo adequado é necessário que se realizem os processos de concordân- cia nominal, ou seja, os processos de ajuste funcional entre as palavras e sinais. De acordo com Moraes (2013), as flexões de gênero e número dos nomes em Libras se darão do se- guinte modo: Em Libras, os nomes não apre- sentam a flexão de gênero e, de acordo com Moraes (2013), os no- mes podem apresentar sinais dife- rentes para gêneros diferentes de modo não flexional, como em PAI e MÃE, no uso do dialeto gaúcho da Libras. Ainda, podem ser formadas composições de sinais para a flexão de gênero com a utilização dos sinais HOMEM ou MULHER junto aos no- mes. 33 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Ainda, as movimentações não manuais de direcionamento do olhar, da cabeça e do corpo são im- portantes para o estabelecimento com os referentes, sejam presentes ou ausentes. Sobre os pronomes de- monstrativos, Moraes (2013) coloca que eles têm sinal semelhante aos advérbios de lugar e que o contexto de uso irá delimitar as diferenças en- tre EST@/AQUI, ESS@/AÍ e AQUELE/LÁ e são realizados atra- vés de apontação. Strobel e Fernandes (1998) de- limitam, através da distância do emissor, a apontação e o olhar para a diferença de uso entre os três pa- res de pronomes/advérbios. Na rela- ção de concordância nominal com os pronomes possessivos, são destaca- dos os sinais específicos como “SEU/DELE (mão em “P” direcio- nada para uma terceira pessoa)” (MORAES, 2013, p. 68). Segundo Moraes (2013), os determinantes seriam, em LP, os ar- tigos definidos (a, o, as, os), os arti- gos indefinidos (uma, umas, um, uns), os demonstrativos e os indefi- nidos. Ela apresenta que alguns au- tores não reconhecem os determi- nantes nas línguas de sinais porque não existiriam sinais específicos nem seriam inseridos manualmente. Contudo, a autora coloca que, em Li- bras, os determinantes não serão ne- cessariamente utilizados nas sen- tenças. Mesmo assim, os nomes pró- prios sempre poderão ser compre- endidos como tendo determinantes definidos. 5 Sintagma Preposicional As preposições (prep.) em Li- bras são em menor número do que em LP. Somente algumas têm sinal correspondente e várias são incor- poradas pelas informações dos ver- bos com concordância. A preposição de, por exemplo, indicando posse, não tem sinal correspondente, e a preposição para tem sinal corres- pondente, mas é pouco utilizada (MORAES, 2013). Os sintagmas preposicionais são aqueles em que as preposições são necessárias para a concordância nominal ou verbal. Em Libras po- dem ser projetados por alguns ver- bos, por classificadores ou pelo sinal correspondente a preposições, quando estas são sinalizadas (MO- RAES, 2013). Assim, as relações que as preposições estabelecem nem sempre são sinalizadas, ou seja, fi- cam subentendidas. Em (16), Moraes (2013) ana- lisa que a direção do movimento do verbo seleciona os argumentos, pois o verbo AVISAR é um verbo direcio- nal em que o movimento do verbo 34 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 estabelece as relações sintáticas en- tre os pontos do espaço de sinaliza- ção. “[...] O elemento de significado correspondente a uma preposição em português e aparece “incorpo- rado” ao lexema verbal, sendo ex- presso por meio do movimento do sinal verbal” (MORAES, 2013, p. 83). 1 Sintagma Adverbial Em Libras, a morfologia dos verbos permanece sem alteração de acordo com os tempos verbais, como acontece em LP. Assim, a noção ad- verbial é essencial em LIBRAS para a marcação do tempo nas sentenças. As informações adverbiais podem ser inseridas através de sinais espe- cíficos ou alterações na intensidade do sinal. Os advérbios de intensidade alteram morfologicamente o modo como o sinal é realizado pelo sina- lizante. Por exemplo, ao fazer TRA- BALHAR, o sinalizante pode realizar a movimentação do sinal de modo rápido para indicar que a intensi- dade foi realizada. 5.2 Sintagma Adjetival Os sintagmas adjetivais (AP/PP) qualificam os nomes que acompanham e normalmente reme- tem à imagem que querem atribuir ao nome através da iconicidade do sinal. Quanto ao uso nas sentenças em Libras, primeiro são estabeleci- dos os substantivos e, após, é feita a qualificação através do adjetivo. 5.3 Sintagma Verbal Os sintagmas verbais são for- mados a partir dos verbos e suas se- leções argumentais, logo, partem da quantidade e modo de seleção dos argumentos no espaço de sinaliza- ção. Os verbos em Libras podem ser sem concordância, verbos com con- cordância e verbos espaciais ou “ma- nuais”. Assim, os sintagmas verbais serão formados a partir de determi- nados verbos. 5.4 Efeitos Estruturais dos Ver- bos e Classificadores A proposta de Liddel (1990; 1995) que: [...] sugere que os pontos no es- paço devem ser descritos como entidades mentais (pictóricas). Segundo sua análise [Lidell], tais entidades [pontos no es- paço] não podem fazer parte do sistema linguístico, pois envol- vem espaços reais contendo uma representação mental do objeto/referência em si. Assim não há necessidade de definir o lócus [espaço, lugar] fonológica e morfologicamente. Além disso, a concordância verbal 35 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 deixa de existir como concor- dância do ponto de vista lin- guístico (QUADROS; KAR- NOPP, 2004, p. 200). Assim, a proposta coloca que a representação imagética mental dos pontos no espaço de sinalização não faria parte do sistema linguístico das línguas de sinais porque faz referên- cia nos espaços reais em que estão referidos objetos/ representações mentais. Para a análise, as relações es- tabelecidas são pictóricas (de ima- gem) e não linguísticas, porque as relações linguísticas se estabelecem através de relações sintáticas e não de imagens alocadas em um local es- pecífico. Sobre a proposta, Quadro e Karnopp (2004, p. 200) afirmam que ela “[...] não dá conta das pro- priedades linguísticas da concor- dância verbal [...]” nas línguas de si- nais porque a concordância estabe- lecida a partir dos verbos deve ser compreendida como um elemento de estruturação das sentenças, tendo natureza linguística e sendo um elemento de ordem gramatical, ou seja, um elemento que está rela- cionado às relações sintáticas esta- belecidas. Assim, a concordância verbal na Libras faz parte dos elementos sintáticos que se realizam através de diferentes mecanismos decorrentes da modalidade viso espacial. 5.5 Verbos sem Concordância De acordo com Moraes (2013, p. 17), “os verbos sem concordância exigirão que seus argumentos sejam expressos na sentença porque em si mesmos não há evidência de argu- mentos. São conhecidos também como verbos não flexionados pois não se flexionam em pessoa e nú- mero [...]”. Assim, as sentenças construí- das com verbos sem concordância não podem apresentar argumentos nulos, ou seja,aqueles em que a re- ferência pronominal é feita a partir do movimento entre os pontos esta- belecidos no espaço de sinalização. A sentença (8) apresenta uma estru- tura construída com o verbo GA- NHAR, em que os dois argumentos estão expressos na sinalização da sentença. As sentenças com verbos sem concordância apresentam uma es- trutura com menos liberdade de mo- vimentação entre os constituintes (QUADROS; KARNOPP, 2004). As movimentações estruturais dos constituintes, na sentença, precisam se manter em uma ordem constitu- ída. A delimitação de suas funções sintáticas vincula-se ao posiciona- 36 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 mento do sinal em relação aos de- mais sinais feitos de maneira mais li- nearmente constituída do que quando o verbo for com concordân- cia. Na sequência de imagens anteri- ores, a ordem de sinalização dos constituintes da frase é importante para a compreensão das funções que cada constituinte recebe porque não estão associadas marcações não ma- nuais ou movimentações no espaço de sinalização obrigatórias que de- monstrem a relação entre os ele- mentos que compõem a sentença. A utilização de marcas não manuais não é obrigatória nas sen- tenças formadas com verbos sem concordância. Elas não são sintati- camente exigidas pelo verbo. Logo, poderão ser utilizadas de forma op- cional pelo sinalizante (QUADROS; KARNOPP, 2004). De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004), na formação das sen- tenças negativas, a distribuição da negação dentro da sentença não po- derá preceder o verbo principal e será necessário o uso de um verbo auxiliar entre o verbo principal e a negação. 5.6 Verbos com Concordância (Direcionais) De acordo com Moraes (2013), os verbos com concordância são também chamados de verbos flexio- nais ou verbos direcionais porque estabelecem suas relações sintáticas a partir da direcionalidade dos mo- vimentos e de marcas não manuais em sua estrutura. Sua concordância apresenta variação em relação à fle- xão de número (quantidade de pes- soas envolvidas para a sinalização). A estruturação das sentenças com verbos com concordância é mais livre em relação à organização, apagamento e reestruturação da sentença. Acontece porque a concor- dância é feita a partir de elementos direcionais e marcas não manuais que mantêm as relações sintáticas estabelecidas mesmo que a ordem de sinalização seja alterada. Assim, as marcações não manuais e ele- mentos direcionais são obrigatórios em relação aos verbos com concor- dância. Como exemplificado por Moraes (2013, p. 17): Nos verbos com concordância a marcação não manual é necessá- ria. 37 38 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 5. Marcações Obrigatórias dos Verbos com Concor- dância Fonte: www.youtube.com5 s sentenças em Libras com verbos com concordância po- dem apresentar apagamentos dos argumentos tanto com o parâmetro de sujeito nulo quanto em relação ao parâmetro pro-drop. A direcionalidade das movi- mentações manuais e não manuais estabelece as relações sintáticas a partir da direcionalidade do movi- mento no espaço de sinalização. Com o uso de verbos com concor- dância, a negação poderá ser utili- zada antes do verbo principal nas 5 Retirado em www.youtube.com frases negativas, sem a obrigatorie- dade do uso de um auxiliar omitido com o uso do auxiliar na segunda sentença, sendo possível a omissão apenas com o uso do verbo auxiliar: 6.1 Verbos “Manuais” De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004, p. 204), os verbos “ma- nuais” são aqueles em que é utili- zada uma configuração de mão que demonstra como se o sinalizador es- tivesse segurando o objeto na mão. A https://loremipsum.io/ https://loremipsum.io/ 39 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 São verbos que se localizam no final da sentença, e seu uso acontece após a definição do objeto que será incor- porado ao verbo. Podemos incluir os classificadores que incluem o sen- tido e as características do verbo da sentença. 6.2 Estruturação das Senten- ças em Libras A ordem básica das sentenças em Libras é a ordem S-V-O, ou seja, sujeito – verbo – objeto. Também vi- mos as condições para que a ordem básica pudesse ser alterada em cons- truções de uso restringido por con- dições específicas, as ordens OSV (objeto-sujeito-verbo), SOV (su- jeito-objeto-verbo) e VOS (verbo- objeto-sujeito). As marcações não manuais de afetividade e aquelas que são marcas não manuais com implicação nas re- lações gramaticais das sentenças. As marcas não manuais gramaticais são aquelas que estabelecem relações sintáticas (a direção do olhar), des- taque/duplicação de constituintes (foco e tópico) e elaboração de dife- rentes tipos de sentenças (negativas e interrogativas). De acordo com Arrotéia (2005), apenas as sentenças decla- rativas simples aparecem na estru- tura básica SOV. As demais organi- zações ocasionam mudanças na or- dem básica e precisam ser evidenci- adas através de marcas não manuais gramaticais. 6.3 Estruturas com Tópico As estruturas com tópico apre- sentam as marcações não manuais de e podem ser utilizadas em frases com marcas não manuais de foco, negação ou interrogação, de acordo com a sentença. Quando a ideia de tópico é colocada nas sentenças, ela faz com que as estruturas sejam al- teradas, tendo em vista que “puxam” o sinal topicalizado para o início da sentença. De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004, p.148), a alteração es- trutural ocorre porque “o tópico é o tema do discurso que apresenta uma ênfase especial posicionado no iní- cio da frase e seguido de comentário a respeito do tema. O recurso gra- matical é muito utilizado na língua de sinais brasileira”. Os tópicos enfatizam o sinal que a sentença será estruturada. Pode ocorrer alteração na estrutura- ção da sentença incidindo no sinal topicalizado e não na sentença. Deslocar o uso da topicaliza- ção muda a posição do tópico para o nível mais alto da estrutura sintag- mática da sentença. 40 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 Segundo Quadros e Karnopp (2004, p.149), “na língua de sinais brasileira, os tópicos estão associa- dos com posições argumentais. Por exemplo: é possível topicalizar o ob- jeto e/ou o sujeito de uma oração e gerar um tópico sem este estar li- gado a qualquer posição argumen- tal”. 6.4 Estruturas com Foco De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004), as sentenças que apre- sentam construções de foco dão uma ênfase diferente àquela dada pelas construções topicalizadas, tendo em vista que o foco não desloca argu- mentos para o início da sinalização, mas duplica um elemento que terá uma “entonação” mais marcada. [...] a língua de sinais brasileira apresenta construções duplas com modais, quantificadores e verbos. Além desses casos, são muito comuns as construções duplas com interrogativas, ne- gação e advérbios [...] (QUA- DROS; KARNOPP, 2004, p. 170). Segundo Quadros e Karnopp (2004), as construções com foco apresentam as seguintes caracterís- ticas:  Construção dupla em que o elemento duplicado está em po- sição final.  O foco envolve apenas nú- cleos. A posição de sujeito não pode ser duplicada porque é formada pelo determinante mais o nome (NP= DP+NP). Assim, a duplicação só será pos- sível com o núcleo dos sintag- mas.  O uso do foco permite que o núcleo duplicado seja apagado do seu local original (QUA- DROS; KARNOPP, 2004). Acontece porque a informação focalizada irá preencher o nú- cleo nulo existente a partir do apagamento do núcleo dupli- cado, não necessitando que a duplicação do núcleo continue acontecendo. A possibilidade estáde acordo com o princípio de economia das línguas natu- rais. De acordo com o princípio, as línguas naturais priorizarão as formas que mantiverem as informações prioritárias para a comunicação e que demanda- rem menos esforço para o utente. 6.5 Estruturas Negativas As estruturas negativas são formadas a partir de processos mor- fossintáticos em que a marcação da negação pode acontecer através da incorporação da negativa ao sinal do verbo e em conjunto com a marca não manual, por exemplo, TER / NÃO TER, ou pelo conjunto de SI- NAL específico de negação + marca não manual de negação. Para a formação das sentenças negativas, Quadros e Karnopp (2004) colocam que o local de uso 41 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 dos marcadores negativos apresenta diferença de acordo com o tipo de verbo envolvido na formação da sen- tença, ou seja, o processo para for- mação da sentença negativa depen- derá da estrutura de concordância do verbo envolvido. Em relação ao processo para formação de sentenças negativas com os verbos sem concordância, Quadros e Karnopp (2004, p. 162, grifo do original) colocam que “os verbos principais [sem concordân- cia] não podem vir antes da negação [...]” e “[...] nem podem ser seguidos da negação sem a presença de um do-support [verbo auxiliar]” para que as sentenças formadas sejam gramaticais. Assim, a negação ficará antes do verbo na sentença, mas a si- nalização precisará ser antecedida de um verbo auxiliar. Assim, podemos perceber que, para o uso da negação na posição an- terior ao verbo, é necessária a mar- cação de concordância. Assim, com o uso dos verbos sem concordância, o auxiliar faz-se necessário para o uso da negação e, com o uso dos ver- bos com concordância, o auxiliar não é necessário. 6.6 Estruturas Interrogativas De acordo com Quadros e Kar- nopp (2004), as sentenças interro- gativas em Libras apresentam as se- guintes propriedades:  Os elementos de interroga- ção podem se movimentar na sentença ou permanecerem na posição inicial, mais comum para pronomes interrogativos na posição de sujeito, ou final, mais comum para aqueles na posição de objeto.  Quando os elementos de in- terrogação estiverem no final da sentença, eles sempre serão focalizados, relembrando que a presença e foco permitem o apagamento do elemento na posição original.  As marcas de tópico e inter- rogação nunca acontecem ao mesmo tempo, mas podem ocorrer na mesma sentença.  As estruturas interrogativas, nas orações principais de uma construção com mais de uma oração (processo de subordina- ção), apresentam sinais dife- rentes em Libras. Assim, fica mais fácil distinguir a oração principal da oração encaixada: 1. São relacionadas às palavras interrogativas que perguntam sobre algo específico: O QUE, COMO, ONDE, POR QUE, QUE. 2. Fazem a expressão das dúvi- das e desconfianças. São associadas às orações su- bordinadas com expressão facial di- ferenciada. Com o uso de verbos com concordância, a negação poderá ser utilizada antes do verbo princi- pal nas frases negativas, sem a obri- gatoriedade do uso de um auxiliar. Os classificadores são elemen- tos tanto da morfologia quanto da sintaxe. Eles modificam a maneira 42 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 como o sinal é feito, são compreen- didos como morfológicos, pois alte- ram a forma do sinal. Ainda, podem ser entendidos como sintáticos quando acrescentam argumentos (funções sintáticas) aos sintagmas da língua. Preenchem e agregam funções sintáticas, estão no papel de argumentos e compõem os predica- dos complexos. Assim, “[...] o classificador não parece constituir-se como um mero recurso da gramática da língua de Sinais, mas inserido no uso e no fun- cionamento dessa língua, fazendo parte das operações que o sujeito re- aliza com a linguagem (GESUELI, 2008, p. 113)”. Por isso, se justificam como elementos morfossintáticos aos estarem relacionados à forma de realização do sinal e às regras sintá- ticas envolvidas. De acordo com Fer- reira Brito: Um classificador (Cl) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma lín- gua. Na LIBRAS, os classifica- dores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto de verbos de movimento e de loca- lização para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores na LIBRAS são marcadores de concor- dância de gênero para pessoas, ani- mais ou coisas. São muito importan- tes, pois ajudam a construir sua es- trutura sintática através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas. Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou tamanho do ob- jeto a ser referido. Às vezes, o Cl re- fere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma parte ou característica do ser (FERREIRA BRITO, 1995 apud STROBEL; FERNANDES, 2008, p. 27). Os classificadores são elemen- tos que podem interferir na elabora- ção das diferentes sentenças em Li- bras através de sua contribuição morfossintática para a sentença. Também são elementos que susten- tam a referencialidade das relações sintáticas entre diferentes elemen- tos, fazendo parte dos elementos que evitam a ambiguidade das sen- tenças em Libras. Os classificadores fazem parte do grupo de elementos característi- cos das modalidades das línguas de sinais que evitam a ambiguidade es- trutural, assim como as referenciali- dades pronominais, a alocação espa- cial e a direção do corpo e do olhar. 43 44 AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO L1 6. Referências Bibliográficas ANATER, Gisele; PASSOS, Gabriela. Me- canismos de coesão textual visual em uma narrativa sinalizada: língua de sinais bra- sileira em foco. In: QUADROS, R. M.; STUMPF, M. R. Estudos surdos IV. Petró- polis: Editora Arara Azul, 2008. Disponível em: <https://editora-arara- azul.com.br/site/e-books>. 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