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Aquisição da língua de sinais para 
surdo como L1 
 
 
 02 
 
 
 
1. Sintaxe 5 
1.1 Semântica 6 
1.2 Pragmática 6 
1.3 Estudos da Sintaxe da Libras 7 
1.4 Teoria Gerativa 8 
 
2. Linguagem e Gramática Universal 14 
2.1 A Organização Sintática da Libras 16 
2.2 Componente Verbal da Libras 17 
2.3 O Arranjo das Sentenças na Libras 19 
2.3 Concordância e Marcas não Manuais 21 
2.4 Posição do Objeto 21 
2.5 Posição dos Advérbios de Tempo e Frequência 21 
 
3. Foco e Verbos sem Concordância 24 
3.1 Priorização do Objeto 24 
3.2 Omissão de Sujeito e Objeto 24 
3.3 As Traduções e a Questão da Ordem das Sentenças 24 
3.4 Português Sinalizado X Libras 25 
3.5 Referencialidade Espacial 26 
 
4. Uso dos Pronomes no Espaço 29 
4.1 Ambiguidade Estrutural na Libras 30 
4.2 Mudança Referencial 30 
4.3 Concordância Verbal 30 
4.4 Estruturas Sintagmáticas em Libras 31 
4.5 Sintagma Nominal 32 
5 Sintagma Preposicional 33 
1 Sintagma Adverbial 34 
5.2 Sintagma Adjetival 34 
5.3 Sintagma Verbal 34 
5.4 Efeitos Estruturais dos Verbos e Classificadores 34 
 
 
 
 3 
 
 
5.5 Verbos sem Concordância 35 
5.6 Verbos com Concordância (Direcionais) 36 
 
5. Marcações Obrigatórias dos Verbos com Concordância
 38 
6.1 Verbos “Manuais” 38 
6.2 Estruturação das Sentenças em Libras 39 
6.3 Estruturas com Tópico 39 
6.4 Estruturas com Foco 40 
6.5 Estruturas Negativas 40 
6.6 Estruturas Interrogativas 41 
 
6. Referências Bibliográficas 44 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
1. Sintaxe 
 
 
Fonte: www.colegioweb.com.br1 
 
s estudos sintáticos são defini-
dos por DUBOIS et al. (1973, p. 
559) da seguinte maneira: 
 
1. Chama-se sintaxe a parte da 
gramática que descreve as 
regras pelas quais se combi-
nam as unidades significati-
vas em frases; a sintaxe, que 
trata das funções, distingue-
se, tradicionalmente, das da 
morfologia [...]. A sintaxe, 
às vezes, tem sido confun-
dida com a própria gramá-
tica. 
2. Em gramática gerativa, a 
sintaxe comporta vários 
componentes: a base 
(componente categorial e le-
xical) e o componente trans-
formacional. 
 
 
1 Retirado em www.colegioweb.com.br 
Sintaxe são os estudos linguís-
ticos de como as sentenças são com-
postas, ou seja, as regras que os usu-
ários da língua utilizam para formar 
sentenças. 
Segundo Ferrarezi Junior 
(2018, p. 15), “analisar sintatica-
mente uma frase não vai muito além 
de compreender como as coisas fun-
cionam ali dentro e dar nomes às di-
ferentes partes analisadas. Algumas 
frases em português pode não ter 
correspondência em Libras. Observe 
o exemplo: 
(4) João disse que Maria está ado-
entada. 
(5) Adoentada disse Maria João. 
 
O 
 
 
6 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
A frase (5) é agramatical por-
que a organização dos elementos 
que a compõem não corresponde a 
uma possibilidade em Língua Portu-
guesa. Do mesmo modo, se pensar-
mos no sinal e no uso do verbo “DI-
ZER”, em Libras, teríamos uma for-
mação agramatical se utilizássemos 
a estrutura de Língua Portuguesa. 
Isso porque o verbo “DIZER” é um 
verbo direcional e precisa ter seu su-
jeito e seu objeto marcados no es-
paço de articulação através do movi-
mento de início e fim do movimento 
de sinalização. 
 
1.1 Semântica 
 
Os estudos semânticos priori-
zam o estudo do significado das pa-
lavras e das sentenças. De acordo 
com Quadros e Karnopp (2004, p. 
21-22): 
 
A semântica trata da natureza e 
da função e do uso dos signifi-
cados determinados ou pressu-
postos. É a parte da linguística 
que estuda a natureza do signi-
ficado individual das palavras e 
do agrupamento das palavras 
nas sentenças, que pode apre-
sentar variações regionais e so-
ciais nos diferentes dialetos de 
uma língua. Para além desse 
tipo de significado, há aquele do 
utente da língua que pode in-
cluir o literal e o não literal das 
expressões (casos de ironia e 
metáforas, por exemplo). Ape-
sar dessas variações, existem li-
mites nos significados de cada 
expressão, ou seja, os utentes 
não podem usar expressões 
para significar o que bem en-
tendem. 
 
Assim, a semântica prioriza o 
sentido da palavras e expressão 
tanto de forma separada quanto 
dentro das sentenças, como destas 
entre si. Na frase que estamos 
usando para análise, o significado 
dela é que Maria tem uma doença e 
João é quem nos comunica sobre 
esta doença ao nos dar esta informa-
ção. 
 
1.2 Pragmática 
 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004, p. 22-23): 
 
A pragmática envolve as rela-
ções entre a linguagem e o con-
texto. É uma área que inclui os 
estudos da dêixis (utilização de 
elementos da linguagem atra-
vés de demonstração -indica-
ção-, que envolve basicamente 
os pronomes), das pressuposi-
ções (inferências e antecipações 
com base no que foi dito), dos 
atos de fala (como se organizam 
os atos de fala e quais as condi-
ções que observam, das impli-
caturas (as coisas que estão su-
bentendidas nas entrelinhas, 
incluindo o significado que não 
foi dito explicitamente e dos as-
pectos da estrutura conversaci-
onal (a estrutura das conversas 
entre duas ou mais pessoas e a 
organização da tomada de tur-
nos durante a conversação). 
 
 
 
7 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Ao analisarmos a sentença que 
estamos usando como exemplo, po-
demos entender os seguintes pres-
supostos e implicaturas: 
 João conhece Maria. 
 João tem um grau de intimi-
dade com Maria que nos per-
mite saber que ela está adoen-
tada. 
 João sabe que Maria está do-
ente. 
 João está informando alguém 
que não sabe da doença de Ma-
ria. 
 A doença de Maria está acon-
tecendo no momento em que 
João falou sobre sua doença. 
 A pessoa para quem João falou 
sobre a doença de Maria co-
nhece tanto João quanto Ma-
ria. 
 
De acordo com Mioto (2009, 
p. 9, grifo do original), “a sintaxe es-
tuda como é que nós combinamos 
palavras para formar constituintes 
maiores, que chamamos de sintag-
mas” 
Mioto (2009, p. 9) também co-
loca que “a Sintaxe estuda como é 
que nós combinamos sintagmas 
para formar sentenças”. 
Mioto (2009, p. 10, grifo da 
autora) coloca que a sintaxe estuda 
como as palavras se juntam em sin-
tagmas, os sintagmas se juntam em 
sentenças, e as sentenças se juntam 
para formar sentenças complexas, e: 
 
Ao estudar isso, a sintaxe pro-
cura saber como é que os sin-
tagmas e as sentenças se estru-
turam. Apesar de sintagmas e 
sentenças serem pronunciados 
(ou escritos) [ou sinalizados] de 
forma que uma palavra venha 
depois da outra, a sintaxe busca 
estabelecer como é que as pala-
vras se organizam, quais pala-
vras se juntam com quais ou-
tras para formar os constituin-
tes maiores. Assim, duas pala-
vras que estão uma do lado da 
outra podem pertencer a cons-
tituintes diferentes. 
 
1.3 Estudos da Sintaxe da Li-
bras 
 
Lucinda Ferreira Brito, é um 
dos nomes importantes na história 
dos estudos da Libras. Desde o início 
dos anos 1980 se dedicado aos estu-
dos dessa língua. Em 1995 publicou 
a obra Por uma gramática de línguas 
de sinais. 
Namura (1982), orientada por 
Ferreira-Brito, desenvolve uma dis-
sertação de mestrado com a temá-
tica A Ordem Sintática e a Repetição 
na Língua de Sinais em São Paulo, 
trabalho que se configura como um 
marco no estudo da estrutura sintá-
tica da Libras. 
As discussões seguem com 
Brito (1984; 1995; 2005), Quadros 
(1994; 1999;2000), Quadros e Kar-
nopp (2004), Felipe (1989; 2001; 
2007), Strobel (1998) e Leite 
 
 
8 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
(2008). Esses trabalhos não se dedi-
cam exclusivamente ao tópico sin-
taxe, eles tratam de obras que abor-
dam as questões gramaticais da Li-
bras e nelas o componente sintático 
é explorado. 
Existe uma grande carência 
em relação aos estudos linguísticos 
da LIBRAS, isso se explica pela his-
tória minoritária da Língua.Em to-
das as áreas da LIBRAS ainda há 
muito a ser estudado. Alguns nomes 
de destaque: Brito (1995), Quadros 
(1999) e Quadros e Karnopp (2004). 
Esses nomes formam uma base teó-
rica bastante respeitada na área. 
 
1.4 Teoria Gerativa 
 
Existem vários sinais e pala-
vras em nosso vocabulário. Pala-
vras/ sinais estão sempre sendo cri-
ados, modificados, emprestados de 
outras línguas, desenvolvidos para 
um campo específico de estudos, in-
ventados para um determinado ob-
jeto ou ressignificados por uma co-
munidade. A Teoria Gerativa é uma 
percepção inatista da aquisição da 
linguagem, ou seja, vê a linguagem 
como um componente da mente hu-
mana, por isso aproxima os estudos 
linguísticos dos estudos da Biologia. 
De acordo com Berlick, Au-
gusto e Scher (2011, p. 211): 
O programa de investigação da 
Gramática Gerativa, represen-
tado na figura de Noam Cho-
msky, tem seu início no final da 
década de cinquenta [1950] e, 
constituindo-se de um exemplo 
de proposta de análise linguís-
tica voltada para as questões 
formais da língua. Partindo do 
princípio de que a língua é um 
sistema de conhecimentos inte-
riorizados na mente humana, 
Chomsky (1986) define tal pro-
grama [da Teoria Gerativa] 
como a exploração de quatro 
questões principais: 
a) No que consiste o sistema de 
conhecimentos do falante de 
uma determinada língua parti-
cular? 
b) Como se dá o desenvolvi-
mento de tal sistema de conhe-
cimentos na mente do falante? 
c) De que forma o falante uti-
liza tal sistema em situações 
discursivas concretas? 
d) Que mecanismos físicos do 
cérebro do falante servem de 
base a tal sistema de conheci-
mentos? 
 
Para responder a estas per-
guntas a partir dos dados dos quais 
se ocupa, o método de investigação 
da Teoria Gerativa adota a perspec-
tiva formalista, tenta “[...] pelo es-
tudo da língua em termos de suas 
partes, determinar os princípios de 
sua organização, para então estabe-
lecer as relações entre elas [partes 
da língua] e seu uso” (BERLICK; 
AUGUSTO; SCHER, 2011, p. 211). 
Contudo, não devemos confundir 
aqui a utilização da palavra “uso”. 
No contexto da Teoria Gera-
tiva, ela remete aos contextos de uso 
 
 
9 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
nas sentenças em que os termos apa-
recem, ou seja, não deve ser confun-
dida com o uso que os falantes fazem 
da língua. 
Além disso, para delimitar a 
maneira como observará as senten-
ças, a Teoria Gerativa coloca, de 
acordo com Petter (2010, p. 15), que 
a tarefa do linguista, nesta perspec-
tiva, é a de descrever a competência 
linguística que está subjacente ao 
desempenho, ou, dito de outro 
modo, o pesquisador que escolher 
esta visão teórica procurará obser-
var “a porção do conhecimento do 
sistema linguístico do falante que 
lhe permite produzir o conjunto de 
sentenças de sua língua”. 
Esta parte do conhecimento 
interno é observável a partir das sen-
tenças e deve ser depreendida a par-
tir das realizações observáveis, ou 
seja, as sentenças propriamente di-
tas são a maneira como o linguista 
pode compreender a estrutura sub-
jacente ou profunda da língua. 
Por isso, o método de pesquisa 
gerativa da linha desenvolvida por 
Chomsky é dedutivo, baseado na in-
trospecção do linguista e, conforme 
Berlick, Augusto e Scher (2011, p. 
211), “argumenta em favor de uma 
base inatista para o processo de 
aquisição da linguagem e trata os fa-
tores linguísticos de forma modular 
– todas as características de uma 
abordagem formal de análise lin-
guística”. 
No Dicionário de Linguística, 
Dubois et al. (1973, p. 384) afirmam 
que: 
 
A descrição chomskyana da lín-
gua apresenta [...] duas partes: 
(1) uma parte gerativa, 
descrição sintática das frases de 
base da estrutura profunda; 
(2) uma parte transfor-
macional, descrição das opera-
ções que permitem passar da 
estrutura de base à estrutura de 
superfície. 
 
Desta forma, a descrição pro-
posta por Chomsky é estruturada em 
níveis construídos de modo hierár-
quico, ou seja, nível superior, inter-
mediário e de base. Estes níveis são 
representados em formato de árvore 
para melhor organizar os elementos. 
Para demonstrar a base de como as 
árvores são montadas, utilizaremos 
a explicação presente no material de 
Sintaxe da Língua Portuguesa, es-
crito por Mioto (2009). Nele, o autor 
explica que é necessário projetar o 
núcleo X em dois níveis, além da 
projeção máxima (sintagma): 
X = projeção mínima 
X' = projeção intermediária 
XP = projeção máxima (= sintagma) 
 
Ao ser montada na estrutura 
de árvore utilizada pela teoria, ela fi-
caria assim, com o nível X’ sendo 
 
 
10 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
utilizado “para pendurar um com-
plemento [Compl] de X” (MIOTO, 
2009, p. 24): 
As línguas artificiais pode nos 
ajudar a entender as características 
das línguas naturais, pois ao com-
preendermos as suas características, 
podemos depreender as característi-
cas básicas das línguas naturais. As 
línguas artificiais teriam as seguin-
tes características: 
 são criadas por pessoas especí-
ficas para situações determi-
nadas; em contraponto, as lín-
guas naturais não são criadas, 
elas existem com um fato lin-
guístico a ser estudado; 
 A elaboração delas é feita a 
partir de línguas naturais, ou 
seja, precisam se apoiar nos 
elementos preexistentes para 
definirem sua pronúncia e es-
trutura. Embora as línguas na-
turais se desenvolvam tam-
bém a partir da interação entre 
as línguas, esta interação não é 
tão ordenada ou organizada, 
ela se dá de forma mais caó-
tica, menos ordenada; 
 Tem sua origem facilmente 
rastreada e um objetivo espe-
cífico para criação, as línguas 
naturais são muito mais difí-
ceis de se determinar um mo-
mento de criação, pois nas-
cem do caos decorrente do 
contato humano, ou seja, as 
pesquisas em linguística estão, 
de alguma forma, tentando 
perceber quais são as regras e 
princípios que regem as lín-
guas naturais. 
 
Algumas definições mais vin-
culadas ao viés teórico estudado. De 
acordo com Petter (2010, p. 14-15), 
nos estudos de Chomsky: 
 [...] todas as línguas naturais 
são, seja na forma falada, seja na es-
crita, linguagens, no sentido de sua 
teoria, visto que: 
 Toda língua natural possui um 
número infinito de sons (e um 
número finito de sinais gráfi-
cos que os representam, se for 
escrita); 
 Mesmo que as sentenças dis-
tintas da língua sejam em nú-
mero infinito, cada sentença 
só pode ser representada como 
uma sequência finita desses 
sons (ou letras). 
 
Dentro desse contexto infinito 
de sons, numa sentença finita em ex-
tensão, segundo Petter (2010, p. 14-
15) 
 
Cabe ao linguista, que descreve 
qualquer uma das línguas natu-
rais, determinar quais dessas 
sequências finitas de elementos 
são sentenças e quais não são, 
isto é, reconhecer o que se diz e 
o que não se diz naquela língua. 
A análise das línguas naturais 
deve permitir determinar as 
propriedades estruturais que 
distinguem as línguas naturais 
das outras linguagens. 
 
 
 
11 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Ainda sobre o modo como o 
linguista lida com o estudo das lín-
guas naturais, as análises determi-
nam as características estruturais 
que particularizam as línguas natu-
rais das demais linguagens. De 
acordo com Quadros e Karnopp 
(2004, p. 24): 
 
O linguista, a princípio, lida 
com as línguas naturais, [...] o 
que o linguista quer saber é se 
as línguas naturais, todas, pos-
suem em comum algo que não 
pertença a outros sistemas de 
comunicação, humano ou não, 
de tal forma que seja correto 
aplicar a cada uma delas a pala-
vra ‘língua’, negando-se a apli-
cação deste termo a outros sis-
temas de comunicação. 
 
Quadros e Karnopp (2004) to-
mam por base os estudos de Hockett 
(1992, p. 11-20), Lyons (1981, p. 30-
35) e Lobato (1986, p. 41-47), lista-
dos a seguir, para nos apresentar os 
traçosque caracterizam as línguas 
naturais: Flexibilidade e versatili-
dade: apenas a língua apresenta um 
grau tão grande destas característi-
cas, pois: 
 
[...] pode-se usar a língua para 
dar vazão às emoções e senti-
mentos, para solicitar a coope-
ração de companheiros; para 
ameaçar ou prometer; para dar 
ordens, fazer perguntas ou afir-
mações. É possível fazer refe-
rência ao passado, presente e 
futuro; a realidades remotas em 
relação à situação de enuncia-
ção – até mesmo a coisas que 
não existem (QUADROS; KAR-
NOPP, 2004, p. 25). 
 
Arbitrariedade: refere-se à im-
possibilidade de prever a forma a 
partir do significado, nem vice-
versa, não existindo uma ligação es-
pecífica entre eles; também as ques-
tões estruturais, na maioria das ve-
zes, funcionam da mesma forma. 
“Na opinião de Chomsky, os seres 
humanos são geneticamente dota-
dos de um conhecimento dos princí-
pios gerais ditos arbitrários, que de-
terminam a estrutura gramatical de 
todas as línguas” (QUADROS; KAR-
NOPP, 2004, p. 25). Pensando em 
Libras, alguns sinais até são icônicos 
e lembram as formas a que se refe-
rem, como o sinal de TARTARUGA, 
mas mesmo ele apenas remete a al-
gumas características do nosso ani-
mal de exemplo, ou seja, a forma não 
garante a compreensão do signifi-
cado apenas pela forma. 
Descontinuidade: palavras 
que se parecem na forma, por exem-
plo, “vaca” e “maca”, são bastante 
parecidas na forma, mas apresen-
tam uma grande diferença de signi-
ficado, assim demonstrando a carac-
terística de que as palavras/sinais 
não têm continuidade entre forma e 
significado, ou seja, não é porque as 
palavras/sinais têm articulações pa-
recidas que seus significados serão 
 
 
12 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
também semelhantes (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). Um exemplo em 
Libras seriam os sinais de AMA-
RELO e PERIGO, embora sejam pa-
recidos na forma de realização, os 
seus significados são bastante dife-
rentes: 
Criatividade/produtividade: a 
partir de seus conhecimentos 
linguísticos, os usuários podem 
criar e entender “[...] um nú-
mero indefinido de enunciados 
que jamais ouviram ou viram 
antes”. As autoras também afir-
mam que “Chomsky coloca que 
esta complexidade e heteroge-
neidade, entretanto, é regida 
por regras, dentro dos limites 
estabelecidos pelas regras da 
gramática, que são em parte 
universais e em parte específi-
cos de determinadas línguas” 
(QUADROS; KARNOPP, 2004, 
p. 26). 
Dupla articulação: os diferen-
tes fonemas da língua não têm um 
significado isoladamente, somente 
quando combinados com outros fo-
nemas é que adquirem significado. 
Por exemplo, as letras f, g, o, a não 
têm significado sozinhas, mas se 
combinadas, como em fogo, gado e 
fado, elas ganham significado. Tra-
zendo um exemplo em Libras, pen-
samos na seguinte configuração de 
mão: 
Separadamente, a configura-
ção não tem significado, porém, ao 
juntarmos a ela os elementos de Mo-
vimento e Ponto de Articulação es-
pecíficos, teremos o sinal de BA-
NHEIRO, ou seja, a composição de 
elementos passará a ter significado. 
Padrão: os fonemas, as pala-
vras/sinais e sentenças, dentro das 
línguas naturais, têm maneiras pos-
síveis de se organizar que seguem 
um padrão para a formação de cons-
tituintes maiores. 
Dependência estrutural: “[...] 
uma língua contém estruturas de-
pendentes que possibilitam um en-
tendimento da estrutura interna de 
uma sentença, indepen-
dente[mente] do número de ele-
mentos linguísticos [que fazem 
parte desta sentença]” (QUADROS; 
KARNOPP, 2004, p. 28). Observe as 
seguintes sentenças formadas por 
um sintagma nominal e um sin-
tagma verbal: as línguas naturais 
são compostas de uma mistura in-
trincada de padrões e regras que 
apresentam um grau de criatividade 
e que possibilita elaborações livres 
dentro de certos padrões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
2. Linguagem e Gramática Universal 
 
 
Fonte: casadaptada.com.br2 
 
omo já destacamos anterior-
mente, a Teoria Gerativa tem 
uma visão inatista da linguagem, 
quer dizer, essa teoria enxerga a lin-
guagem como uma capacidade ine-
rente aos seres humanos desde o seu 
nascimento. Segundo vários estu-
dos, apenas os seres humanos são 
dotados da capacidade de "[...] com-
binar um certo número de elemen-
tos de acordo com determinados 
 
2 Retirado em casadaptada.com.br 
princípios para formar sentenças. 
Essa capacidade que nasce conosco 
e tem a ver com o tipo específico de 
estrutura e organização da mente 
humana é denominada Faculdade 
da Linguagem" (COELHO; MON-
GUILHOTT; MARTINS, 2009, p. 6-
7, grifo do original). 
Dessa forma, a Faculdade da 
Linguagem é a capacidade que nós, 
seres humanos, temos de organizar 
C 
 
 15 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
diferentes recursos linguísticos con-
forme bases específicas para formar 
sentenças. 
A seguir, organizamos e expli-
camos as características da Facul-
dade da Linguagem que Coelho, 
Monguilhott e Martins (2009, p. 6-
8) apontam: 
 Possibilita a aquisição de vá-
rias línguas: a Faculdade da 
Linguagem não está vinculada 
a uma língua apenas, mas à ca-
pacidade de aprender toda e 
qualquer língua, pois é ine-
rente ao ser humano e se de-
senvolve de acordo com os 
princípios universais e parâ-
metros específicos a que o in-
divíduo for exposto. Dito de 
outro modo, é a experiência 
linguística individual. 
 É dedicada especificamente à 
língua: é uma capacidade es-
pecializada da mente humana, 
ou seja, a Faculdade da Lin-
guagem é uma competência da 
nossa mente que é especial-
mente dedicada ao desenvolvi-
mento da língua. 
 A Gramática Universal é o es-
tágio inicial da Faculdade da 
Linguagem: a Gramática Uni-
versal se desenvolve a partir 
das experiências do ambiente 
linguístico a que o indivíduo é 
exposto na interação com os 
membros da comunidade da 
qual faz parte. A Gramática 
Universal é composta de prin-
cípios universais a qualquer 
língua e parâmetros específi-
cos. 
 Inicialmente a Faculdade da 
Linguagem, ou seja, a Gramá-
tica Universal, é igual para to-
dos os seres humanos: a Gra-
mática Universal é a capaci-
dade da mente de aprender 
qualquer língua, ou seja, não é 
ligada a nenhuma língua espe-
cífica, ou seja, não é uma gra-
mática de regras prontas, mas 
a capacidade para desenvolver 
estas regras. 
 É modificada pelos estímulos 
externos de acordo com as ex-
periências individuais (ambi-
ente linguístico): se pensar-
mos em uma criança pequena, 
ela adquire os princípios uni-
versais e parâmetros da língua 
sem que seja ensinada sobre 
eles de maneira específica. Por 
exemplo, ao testar uma gene-
ralização como em "Eu fazia", 
ela está testando uma regulari-
dade percebida através das 
sentenças com as quais teve 
contato na sua experiência, 
pois os verbos regulares de 2ª 
conjugação utilizam esta desi-
nência final para formação do 
Pretérito Perfeito, assim como 
em "Eu comi", "Eu vivi" e "Eu 
bebi". 
 
De mesmo modo, quando 
aprendem uma nova língua, adultos 
também "carregam" os parâmetros 
aprendidos em sua experiência para 
a língua que estão aprendendo, por 
 
 16 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
exemplo, quando utilizamos as re-
gras de Língua Portuguesa (LP) para 
a construção de sentenças em Li-
bras, criando assim as sentenças no 
chamado Português Sinalizado, ou 
na mistura de LP com espanhol, for-
mando o Portunhol. 
 
2.1 A Organização Sintática 
da Libras 
 
Após os estudos de Willian 
Stokoe na década de 1960, as línguas 
de sinais ganharam maior visibili-
dade. Stokoe foi professor na Uni-
versidade de Gaullaudet e desenvol-
veu um importante trabalho que 
contribuiu para o reconhecimento 
das línguas de sinais como língua 
natural dos surdos. A pesquisa cen-
tral de Stokoefoi desenvolvida com 
base na American Sing Language 
(ASL), e os resultados comprovaram 
que as línguas de sinais apresentam 
todas as características das línguas 
orais. 
Os achados de Stokoe (1960) 
vieram de encontro a muitas con-
cep5ées falsas que pairavam sobre 
as línguas de sinais, principalmente 
no que diz respeito ao aspecto estru-
tural dessas línguas. Acreditava-se 
que as línguas de sinais não possu-
íam uma estrutura ordenada capaz 
de propiciar uma comunica5âo efe-
tiva. Como aponta Capovilla (2004, 
p. 224): 
 
[...] a arbitrariedade das rela-
ções entre o signo e seu refe-
rente, e a iconicidade de certos 
sinais era visto como prova de 
sua inferioridade. À época con-
cebia-se a língua de sinais como 
uma forma inferior de comuni-
cação composta de um vocabu-
lário limitado de sinais equiva-
lentes à mera gesticulação mí-
mica e pantomímica, sem es-
trutura hierárquica, gramática 
ou abstração, limitada a uma 
representação holística de cer-
tos aspectos concretos da reali-
dade. 
 
No tocante à Libras, Quadros e 
Karnopp (2004) postulam que essa 
língua possui uma gramática pró-
pria e não é derivada das línguas 
orais. 
O primeiro aspecto impor-
tante a se considerar sobre a Libras 
é o fato de esta ser uma língua de 
modalidade visual-espacial, dife-
rente das línguas orais que são orais-
auditivas. Segundo Brito (1995): 
 
A libras tem sua estrutura gra-
matical organizada a partir de 
alguns parâmetros que estrutu-
ram sua formação nos diferen-
tes níveis linguísticos. Três são 
seus parâmetros principais ou 
maiores: a Configuração da(s) 
mão(s) – (CM), o Movimento – 
(M) e o Ponto de Articulação – 
(PA); e outros três constituem 
seus parâmetros menores: Re-
gião de Contato, Orientação 
da(s) mão(s) e Disposição da(s) 
mão(s). 
 
 
 17 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Tais parâmetros, associados 
com o uso de marcadores não manu-
ais (MNM), que envolvem movi-
mentos da face, olhos, sobrancelha, 
cabeça e tronco (STREIECHEN, 
2013), permitem que toda e qual-
quer ideia seja transmitida e/ou re-
cebida por meio da Libras – tanto 
conceitos concretos quanto abstra-
tos. 
Segundo Leite (2008), os estu-
dos sobre a sintaxe da ASL e das de-
mais línguas de sinais tiveram um 
maior impulso a partir da década de 
1970. Até então se acreditava que a 
ordem das estruturas era livre, pelo 
fato de que em contextos comunica-
tivos diferentes a ordem sujeita–
verbo–argumentos se alternava. 
Algumas características que 
podem ser observadas na estrutura 
da Libras: ausência de preposição, 
de conjunções e de verbos de liga-
ção; ocorre a incorporação de verbos 
direcionais ou com concordância ou 
flexão, típico de línguas espaço-visu-
ais (BRITO, 1995). 
A estruturação das sentenças 
na Libras, assim como nas demais 
línguas de sinais, ocorre por meio da 
manipulação dos sinais no espaço. O 
espaço de sinalização compreende 
uma área delimitada na frente do 
corpo da pessoa, os MNM são de es-
trema importância no desenvolvi-
mento de uma conversação em li-
bras, visto que a ênfase atribuída por 
determinado MNM pode mudar o 
significado dos sinais estende do 
topo da cabe5a até os quadris. O ar-
ranjo dos constituintes de uma sen-
tença da Libras se dá na abrangência 
desse espaço, e o final de uma sen-
ten5a é indicado por uma pausa 
(QUADROS, 1995). 
O espaço é bastante impor-
tante na sintaxe da Libras, visto que 
é o local onde ocorre a organização 
dos objetos e referentes que estão 
presentes e também não presentes 
no momento da enunciação. Outras 
características também são observa-
das na Libras, como: 
 
Marcação de concordância du-
rante o uso de verbos com con-
cordância; uso dos elementos 
necessários para marcação de 
concordância com verbos sem 
concordância (auxiliar, ordem 
linear, topicaliza5âo e loco); 
uso de estruturas complexas 
(interrogativo, relativas e con-
dicionais); uso de topicalização; 
uso de estruturas com foco e 
uso de marcação não-manual 
gramatical para realiza5âo de 
concordância; perguntas QU e 
sim/não; negação (STUMPPF, 
2005 p. 25). 
 
2.2 Componente Verbal da Li-
bras 
 
Para entender como se dá o ar-
ranjo sintático da Libras é necessá-
rio conhecer um pouco sobre o com-
ponente verbal dessa língua, visto 
 
 18 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
que, o sintagma verbal tem um papel 
bastante importante na “atribuição 
de caso gramatical e de papel temá-
tico a um dos termos da sentença” 
(CASTILHO, 2010, p.688). Quadros 
e Karnopp (2004) dividem os verbos 
da Libras em três classes principais: 
verbos simples ou sem concordân-
cia, verbos com concordância e ver-
bos espaciais. 
Os verbos simples ou sem con-
cordância, também chamados de 
não- direcionais, são caracterizados 
por não serem marcados pela con-
cordância, ou seja, estes verbos não 
apresentam informações impregna-
das acerca da pessoa, número ou as-
pecto. Assim, seus argumentos de-
vem ser expressos na construção da 
sentença, visto que a ausência im-
plica na sua agramaticalidade. 
Brito (1995) divide os verbos 
simples em três classes: 
 
1. Os ancorados ao corpo (ou 
realizados muito próximo a 
ele): são verbos não- flexiona-
dos, portanto sujeito e objeto 
são marcados na construção da 
sentença. O sintagma é uma 
unidade sintática composta por 
um núcleo uma margem es-
querda e uma margem direita 
(CASTILHO, 2010). No caso da 
Libras o sintagma pode ser ver-
bal, nominal, adjetival e adver-
bial. 
2. Os que incorporam o objeto: 
são verbos que articulam simul-
taneamente verbo e objeto; um 
mesmo sinal traz as informa-
ções do verbo e do objeto que 
são referentes da sentença. 
3. Os que apresentam flexão 
com o sujeito ou objeto: são 
verbos que não apresentam um 
movimento linear e assim flexi-
onam com o sujeito ou objeto 
da sentença. 
 
Morais (2013) pontua que, de-
vido a característica de não-concor-
dância, a articulação dos verbos sim-
ples costuma se dar ancorada ao 
corpo ou bem próximo a ele, com 
pouco uso do espaço de sinalização 
que é característico nas demais clas-
ses de verbos. Alguns exemplos de 
verbos sem concordância são: co-
mer, amar, gostar, sentir, quebrar, 
conhecer. Observe abaixo algumas 
sentenças afirmativas com o uso de 
verbos sem concordância: 
a. Daniel COMER maça. 
b. Daniel GOSTAR livro. 
c. Daniel QUEBRAR. 
d. Daniel SENTIR frio. 
 
Streiechen (2013) ressalta que 
o sinal dos verbos simples nunca va-
ria, sendo realizado com a mesma 
configuração de mão, locação e mo-
vimento, independentemente da 
pessoa do discurso. 
Verbos não direcionais não 
trazem informações de concordân-
cia. Em outras palavras, há a neces-
sidade de que os argumentos desse 
verbo sejam marcados na sentença, 
pois a sua ausência culmina em sen-
ten5as agramaticais. Os verbos com 
 
 19 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
concordância, ou verbos direcionais, 
são caracterizados pela marca de 
concordância. Segundo Quadros e 
Karnopp (2004), essa classe de ver-
bos flexiona em pessoa, número e 
aspecto por meio da orientação da 
mão, que indica o ponto de partida e 
chegada do verbo. 
Brito (1995) pontua que os 
verbos direcionais apresentam a fle-
xão, de modo que, por meio do mo-
vimento de partida, marcam o su-
jeito, ao passo que o ponto de che-
gada do verbo define o objeto da 
sentença. São alguns dos exemplos 
dessa classe de verbos: ajudar, avi-
sar, responder, provocar. 
Morais (2013) ressalta que os 
verbos direcionais permitem cons-
truções com argumentos nulos, pelo 
fato dessa classe de verbos portar in-
formações a respeito de seus argu-
mentos. Entretanto, é importante 
observar que esses verbos são mar-
cados por um ponto de partida e ou-
tro de chegada. Com isso, a marca-
ção dos argumentos se dá no ponto 
que inicia o movimento (sujeito) até 
o ponto de chegada (objeto) ou vice-
versa (BRITO, 1995).Os verbos espaciais, por sua 
vez, são aqueles que possuem afixos 
locativos associados a eles. Neste 
caso, a direção do movimento e o lo-
cativo são primordiais para a con-
cordância da sentença (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). Exemplos dessa 
classe são: colocar, ir, chegar. Cada 
tipo de verbo implica e/ou possibi-
lita arranjos sintáticos diferentes na 
Libras. 
 
2.3 O Arranjo das Sentenças na 
Libras 
 
A variação nas formas de orga-
nizar os componentes dentro de 
uma sentença são características ob-
servadas, de forma geral, nas línguas 
naturais. Cada língua escolhe uma 
ordem dominante de organização 
das sentenças, o que pode ser obser-
vado também na Libras. 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004), os primeiros estudos 
sobre a organização dos componen-
tes da sentença foram baseados na 
ASL (American Sing Language). Fis-
her (1973 apud QUADROS; KAR-
NOPP, 2004), ao analisar a ASL, 
aponta que ordem básica da sen-
tença dessa língua é SVO (sujeito, 
verbo e objeto) 
Filipe (1989) e Brito (1995) 
pontuam que há a possibilidade de 
várias ordenações sintáticas na Li-
bras, mas que SVO seria a ordem bá-
sica dessa língua. 
Quadros (1999) afirma que a 
ordem básica da Libras é SVO, ao 
passo que as demais combinações, 
como OSV e SOV, seriam ordena- 
 
 
 20 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
ções derivadas da ordem básica. 
Com relação aos verbos com 
flexão, ou direcionais, a ordem SVO 
será uma consequência da própria 
morfologia do sinal do verbo em 
questão; ou seja, o verbo carrega as 
marcas do sujeito no ponto que ini-
cia a sinalização e do objeto no ponto 
que encerra sua direcionalidade. Os 
constituintes não aparecem separa-
dos dos verbos (QUADROS; KAR-
NOPP, 2004). 
Os verbos sem flexão, ou não-
direcionais, são verbos que os argu-
mentos precisam ser explicitados 
por meio de outros sinais, visto que, 
diferentemente dos verbos com fle-
xão, esta classe verbal não carrega, 
em sua forma, as marcas de concor-
dância (QUADROS; KARNOPP, 
2004). Outra diferença entre os ver-
bos com flexão e os sem flexão está 
no fato que estes permitem uma 
maior mobilidade no arranjo sintá-
tico dos constituintes, ao passo que 
aqueles, como descrito anterior-
mente, são verbos que os argumen-
tos se realizam incorporados ao 
verbo, portanto a ordem SVO é res-
trita. Para Quadros (1999), as cons-
truções sintáticas com verbos sem 
flexão são mais livres. Com estes 
verbos, há a possibilidade de topica-
lização do objeto da sentença. Com a 
topicalização, o objeto é movido 
para a periferia esquerda da sen- 
tença e assim funciona como um 
pré-anuncio daquilo que a sentença 
vai expor (IGNACIO, 2007). 
Os MNM são se extrema impo-
tância para o entendimento das sen-
tenças na Libras. Outra possibili-
dade de contrução na Libras é a or-
dem SOV. Nesse arranjo sintático 
ocorre a focalização de constituintes 
através da atribuição de ênfase. De 
acordo com Quadros e Karnopp 
(2004, p.153), as construções com 
foco são aquelas que duplicam ver-
bos, advérbios modais e quantifica-
dores. 
Por outro lado, construções 
sintáticas OSV, SOV e VOS são total-
mente ancoradas em MNM. Por-
tanto, a ausência ou má realização 
de um MNM pode implicar na agra-
maticalidade de uma sentença. O 
elemento movido da posição canô-
nica (SVO) deverá receber um com-
ponente extra em sua sinalização 
para que o efeito pretendido se faça 
eficiente. Outro dado importante a 
se destacar sobre a sintaxe da Libras 
é o mecanismo de apontação. Em 
sua sintaxe espacial, a Libras se vale 
do mecanismo de apontação para 
marcar e/ou retomar constituintes 
das sentenças que estejam sendo 
construídas. A apontação realiza-se 
tanto para referentes presentes 
quanto ausentes no momento do 
discurso (CAMPELO, 2011). 
 
 21 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Discutir a sintaxe é ter em 
mente que a possibilidade de articu-
lação é um instrumento de criativi-
dade linguística na medida em que 
permite às unidades, uma vez inde-
pendentes, se recomporem em no-
vas combinatórias, o que não deixa 
também de constituir economia já 
que cada unidade pode ser reapro-
veitada num grande número de 
combinações (BORBA, 1998, p. 12). 
Essa criatividade linguística 
faz com que o usuário organize os 
componentes gramaticais de sua lín-
gua e com isso se faça entender, per-
suada e interaja no meio linguístico, 
valendo-se de todas as possibilida-
des do seu sistema de comunicação. 
 
2.3 Concordância e Marcas 
não Manuais 
 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004, p. 140), a partir dos es-
tudos de Quadros (1999) observa-se 
“[...] que a concordância não manual 
associada à marcação não manual é 
importante para determinar mu-
danças na ordem básica das frases 
na língua de sinais brasileira”. Isso 
acontece porque a marca não ma-
nual parece dar mais peso à sen-
tença e força mudanças na ordem 
estrutural da sentença. 
As estruturas OSV e SOV po-
dem ocorrer quando existem ele-
mentos como a concordância e as 
marcas não manuais. 
2.4 Posição do Objeto 
 
Mesmo que as ordens SOV e 
OSV possam ocorrer junto com mar-
cações não manuais e de concordân-
cia, quando existir uma estrutura 
complexa (oração subordinada) na 
posição de objeto não será possível 
modificar a estrutura básica SVO 
das sentenças (QUADROS; KAR-
NOPP, 2004). 
As estruturas complexas, ou 
sentenças que apresentam orações 
subordinadas (na nomenclatura 
normalmente utilizada pela GT), são 
aquelas em que um dos constituin-
tes nominais da sentença original é 
substituído por um sintagma com 
núcleo lexical verbal, sendo que este 
sintagma verbal assume a função 
sintática e o papel temático que o 
constituinte substituído ocupava. 
Ou seja, é quando ocorre uma subs-
tituição em que o elemento nominal 
é substituído por um constituinte 
verbal, ficando, assim, uma sentença 
encaixada na função sintática da 
sentença original. 
 
2.5 Posição dos Advérbios de 
Tempo e Frequência 
 
Segundo Quadros e Karnopp 
(2004, p. 143), “[...] os advérbios 
temporais e de frequência não po-
dem interromper uma relação entre 
o verbo e o objeto”. Os autores tam-
bém colocam que, de acordo com os 
 
 22 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
estudos de Quadros (1999), a posi-
ção destes tipos de advérbios varia 
na sentença, pois os advérbios de 
tempo podem ser colocados antes ou 
depois da sentença e os advérbios de 
frequência podem estar antes ou de-
pois do complemento verbal. Em ou-
tras palavras, os advérbios de tempo 
estarão no início ou final da sen-
tença como um todo e os advérbios 
de frequência antes ou depois do 
sintagma verbal. 
A topicalização de elementos 
nas sentenças causa alterações na 
ordem das construções e as topicali-
zações em Libras estão associadas a 
mecanismos não manuais com a ele-
vação da sobrancelha. 
 
 
Fonte: meucinemainventado.word-
press.com 
 
Segundo Quadros e Karnopp 
(2004, p. 146), “a marca de tópico 
associada ao sinal topicalizado é se-
guida por outras marcas não manu-
ais, de acordo com o tipo de constru-
ção. Ou seja, pode ser seguida por 
uma marca não manual de foco (se a 
sentença for focalizada), de negação 
(se for negativa), interrogativa (se 
for interrogativa)”. 
Para Costa (2015, s.p.), “[A to-
picalização é] Mudar um elemento 
para uma posição na frente da sen-
tença para enfatizar um elemento, 
nesse caso vai mexer na ordem da 
sentença porque tem alguma coisa 
na sentença que vai permitir esse 
deslocamento dos elementos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
3. Foco e Verbos sem Concordância 
 
 
Fonte: www.al.es.gov.br3 
 
 foco trata dos elementos du-
plicados dentro das sentenças, 
mas não em posição de tópico, sendoconstruções duplicadas que dão ori-
gem a estruturações diferentes da 
ordem básica. “O foco é gerado 
quando há uma informação inter-
pretada com entonação mais mar-
cada, ou seja, focalizada. Gramati-
calmente, essa informação está as-
sociada a um traço de foco que licen-
cia o apagamento de sua cópia [du-
plicada]” (QUADROS; KARNOPP, 
2004, p. 153). 
 
3.1 Priorização do Objeto 
 
Segundo Quadros e Karnopp 
(2004, p. 153), em verbos com con-
cordância é possível a elevação do 
 
3 Retirado em www.al.es.gov.br 
objeto para uma posição anterior 
(mais alta) na sentença, podendo fi-
car junto ao sujeito, na posição SOV 
(sujeito-objeto-verbo). 
 
3.2 Omissão de Sujeito e Ob-
jeto 
 
Nas sentenças feitas a partir de 
verbos direcionais com concordân-
cia, ou seja, aqueles em que podem 
ser omitidos o sujeito e o verbo, a de-
limitação do sujeito e do objeto é 
feita através do uso de pontos deli-
mitados no espaço. 
 
3.3 As Traduções e a Questão 
da Ordem das Sentenças 
 
“Há como se traduzir simulta-
neamente qualquer texto em outra 
O 
 
 25 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
língua, sem sobrepor estruturas, 
desde que se conheça o código lin-
guístico do texto e o contexto no qual 
o código está empregado e desde que 
sejam utilizadas técnicas adequadas 
à tradução” (FARIA, 2006, p. 263). 
Dentre os elementos, o conhe-
cimento sintático das estruturas e 
das equivalências semânticas e mor-
fossintáticas possíveis entre as duas 
línguas que entram em contato no 
processo de tradução é imprescindí-
vel para que a tradução seja efetiva-
mente realizada com qualidade e efi-
ciência. 
Dubois et al. (1973, p. 594) de-
finem o ato de traduzir como: “[...] é 
enunciar numa outra língua (ou lín-
gua de chegada) o que foi enunciado 
numa língua- fonte, conservando as 
equivalências semânticas e estilísti-
cas”. 
 
3.4 Português Sinalizado X Li-
bras 
 
O português sinalizado é resul-
tante de uma compreensão equivo-
cada da relação entre LP e Libras 
que decorre de um entendimento 
que coloca as duas línguas em con-
tato, ignorando as peculiaridades e 
parâmetros específicos. De acordo 
com Moraes (2013): 
 
É importante salientar que o 
sistema gramatical das línguas 
de sinais é independente do sis-
tema gramatical das línguas 
orais dos países em que elas são 
utilizadas. Por exemplo, a Lín-
gua de Sinais Brasileira não é 
um conjunto de sinais que se 
sobrepõe à gramática do portu-
guês usado pelos ouvintes; este 
é chamado de português sinali-
zado, cuja gramática nada tem a 
ver com a gramática da LSB 
[LIBRAS]; esta, por sua vez, 
possui regras, palavras, ordem 
de constituintes etc., próprios, 
independentes da língua portu-
guesa (MORAES, 2013, p. 14-
15). 
 
Para nossos estudos, é impor-
tante termos em mente que a LP e a 
Libras têm diferenças morfossintáti-
cas muito importantes. De acordo 
com Quadros (2004, p. 84,) Pode-
mos observar as diferenças entre as 
produções na língua portuguesa e na 
língua brasileira de sinais. A seguir 
serão listadas algumas delas: 
 
(1) A língua de sinais é 
viso espacial e a língua portu-
guesa é oral e auditiva. 
(2) A língua de sinais é 
baseada nas experiências visu-
ais das comunidades surdas 
mediante as interações cultu-
rais surdas, enquanto a língua 
portuguesa constitui-se base-
ada nos sons. 
(3) A língua de sinais 
apresenta uma sintaxe espacial 
incluindo os chamados classifi-
cadores. A língua portuguesa 
usa uma sintaxe linear utili-
zando a descrição para captar o 
uso de classificadores. 
(4) A língua de sinais uti-
liza a estrutura tópico-comen-
tário, enquanto a língua portu-
guesa evita determinado tipo de 
construção. 
 
 26 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
(5) A língua de sinais uti-
liza a estrutura de foco através 
de repetições sistemáticas. Este 
processo não é comum na lín-
gua portuguesa. 
(6) A língua de sinais uti-
liza as referências anafóricas 
através de pontos estabelecidos 
no espaço. São excluídas ambi-
guidades que são possíveis na 
língua portuguesa. 
(7) A língua de sinais não 
tem marcação de gênero, en-
quanto que na língua portu-
guesa o gênero é marcado a 
ponto de ser redundante. 
(8) A língua de sinais atri-
bui um valor gramatical às ex-
pressões faciais [marcações não 
manuais]. Esse fator não é con-
siderado como relevante na lín-
gua portuguesa, apesar de po-
der ser substituído pela prosó-
dia. 
(9) Coisas que são ditas 
na língua de sinais não são ditas 
usando o mesmo tipo de cons-
trução gramatical na língua 
portuguesa. Assim, existem ve-
zes que uma grande frase é ne-
cessária para dizer poucas pala-
vras em uma ou outra língua. 
(10) A escrita da Língua de 
sinais não é alfabética. 
 
Os itens apontados por Qua-
dros (2004) colocam em evidência 
as diferenças morfológicas e sintáti-
cas perceptíveis entre a LP e a Li-
bras. 
 
3.5 Referencialidade Espacial 
 
Segundo Pizzio (2006), a sin-
taxe especial possibilita o estabeleci-
mento de relações gramaticais no es- 
 
paço de diferentes maneiras, pois: 
No espaço em que são realiza-
dos os sinais, o estabelecimento no-
minal e o uso do sistema pronominal 
são fundamentais para tais relações 
sintáticas. Qualquer referência 
usada no discurso requer a especifi-
cação de um local no espaço de sina- 
lização (espaço definido na frente do 
corpo do sinalizador) (PIZZIO, 
2006, p. 6). 
Quadros e Karnopp (2004) co-
locam que o estabelecimento nomi-
nal e o sistema de referência prono-
minal são imprescindíveis para o es-
tabelecimento das relações sintáti-
cas espacialmente. Assim, os pontos 
de referência no espaço de sinaliza-
ção devem ser marcados e retoma-
dos. Segundo Quadros (s.d., p. 44), o 
espaço de enunciação, ou seja, de re-
alização linguística/sinalização das 
línguas de sinais é restringido por-
que “os sinalizantes usam o espaço 
para compor o discurso, estabelecer 
os referentes, retomar os referentes 
e estabelecer relações gramaticais 
entre eles de forma específica e res-
tringida pelo sistema linguístico viso 
espacial”. 
Destacamos que o espaço pode 
se alargar ou se restringir de acordo 
com o contexto discursivo mais ou 
menos formal e também com o tipo 
de texto que está sendo produzido 
pelo sinalizante, por exemplo, nar-
 
 27 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
rativas costumam ser mais abran-
gentes e textos informativos mais 
restritos aos espaços de enunciação. 
Embora o espaço de sinaliza-
ção possa ser representado de ma-
neira bidimensional, é necessário 
termos em mente que o espaço de 
realização das sentenças em Libras é 
tridimensional e estabelece suas re-
lações morfossintáticas a partir da 
exploração dos movimentos em três 
eixos. A compreensão sobre o espaço 
de sinalização é muito importante 
para o entendimento do relaciona-
mento sintático entre os referentes. 
As informações nas relações entre os 
constituintes das sentenças em Li-
bras estabelecem-se a partir do posi-
cionamento referencial dos elemen-
tos manuais e não manuais que com-
põem as sentenças.Quanto à ma-
neira como as referências podem ser 
marcadas no espaço de sinalização 
nas línguas de sinais, Quadros e Kar-
nopp (2004, p. 127) Destacam que 
“[...] o local [de enunciação] pode 
ser referido através de vários meca-
nismos espaciais", apresentados a 
seguir: 
• Realizar o sinal em um ponto espe-
cífico do espaço, caso a forma do si-
nal permita. 
• Direcionar a cabeça, os olhos e/ou o 
corpo para um ponto específico ao 
mesmo tempo em que realiza o sinal 
de um substantivo ou aponta para o 
substantivo. Assim, a direcionalidade 
marca a localização onde o substan-
tivo está posicionado, seja com a si-
nalização para posicionamento no 
espaço ou para referência a um subs-
tantivo já posicionado no espaço de 
enunciação anteriormente. 
• Fazer a apontação ostensivaantes 
da realização de um sinal para deter-
minar que aquele ponto será refe-
rente ao sinal realizado após a apon-
tação. 
 Quando o referente é claramente 
definível. Por exemplo, estamos pró-
ximos a uma casa ou de uma pessoa 
a qual queremos fazer referência. Po-
demos realizar apenas a apontação 
pronominal, como no exemplo dado 
por Quadros e Karnopp (2004, p. 
129): 
• Também pode ser feito o uso de um 
classificador, representando o refe-
rente específico em uma localização 
particular. Um exemplo colocado por 
Quadros e Karnopp (2004, p. 129) se 
refere ao sinal de CARRO através das 
mãos abertas que se cruzam ao reali-
zar a ação de PASSAR-UM-PELO-
OUTRO. 
 
As formas de realizar a refe-
rência espacial estão de acordo com 
o processo de coindexação em Li-
bras. Se marcamos João no espaço 
específico, sempre que fizermos re-
ferência a ele deveremos apontar 
para o mesmo espaço. Se colocar-
mos outro espaço para João, usando 
a apontação para um espaço não re-
ferente a ele, a sentença não terá o 
sentido pretendido. Logo, a referên-
cia não estará de acordo com o prin-
cípio de coindexação pronominal 
das línguas naturais e, assim, será 
agramatical. 
 
28 
 
 
 
 29 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
4. Uso dos Pronomes no Espaço 
 
 
Fonte: www.correio24horas.com.br4 
 
ara a compreensão da maneira 
como as relações sintá-
ticas/estruturais das sentenças se 
estabelecem em Libras, é necessário 
saber como se organiza a relação 
pronominal no espaço de 
sinalização, como afirmado por 
Pizzio (2006) e Quadros e Karnopp 
(2004). 
As sentenças dependem da 
forma como os pronomes são 
utilizados para a delimitação das 
situações. É preciso ter em vista que 
a gramaticalidade da sentença, a 
 
4 Retirado em www.correio24horas.com.br 
coesão e a coerência do discurso 
dependem, nas línguas de sinais, do 
processo de organização nominal e 
pronominal no espaço. 
Sobre a marcação dos 
pronomes em Libras, o sistema 
pronominal de referências 
apresenta peculiaridades específicas 
de acordo com a presença ou 
ausência do referente no momento 
da sinalização. É importante, para o 
estabelecimento das relações de 
anáfora, “[...] um processo sintático 
pelo qual uma palavra [...] remete a 
P 
 
 30 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
outra (s) anteriormente referida (s)” 
(PIZZIO; REZENDE; QUADROS, 
2009, p. 12). 
 
4.1 Ambiguidade Estrutural 
na Libras 
 
De acordo com Mioto (2009), 
a ambiguidade estrutural ocorre 
quando uma única sentença 
apresenta mais de um sentido. 
Acontece devido à combinação dos 
constituintes dela permitir mais de 
uma forma de organização 
estrutural. A sintaxe não estuda 
apenas a forma linear de 
organização das palavras, pois uma 
mesma sequência de palavras pode 
ser compreendida semanticamente 
de mais de uma maneira. 
Entretanto, devido à estrutura 
de organização da modalidade 
visuoespacial das línguas de sinais, a 
ocorrência de sentenças em que 
aparecem ambiguidades estruturais 
é muito mais rara na Libras. O 
estabelecimento dos pontos de 
referência no espaço de enunciação 
acaba por sanar a maior parte das 
dificuldades de compreensão do 
referente especifico, caso sejam 
respeitados os referentes na 
elaboração das sentenças. 
Segundo Quadros (1997, p. 
57), “o uso dos indicativos espaciais, 
incluindo os pronomes, permite a 
correferência explícita e reduz a 
possibilidade de ambiguidade [...]. 
Conforme Ferreira Brito (em 
elaboração), o uso do espaço é 
sistemático, favorecendo a 
identificação clara e correta do 
referente [...]”. 
 
4.2 Mudança Referencial 
 
O sistema de referência 
pronominal em Libras está 
vinculado à posição do sinalizante 
em relação aos referentes que serão 
utilizados para a elaboração das 
sentenças. Logo, o estabelecimento 
e a manutenção dos locais atribuídos 
aos referentes são de extrema 
importância para sintaxe espacial 
das sentenças. 
A direcionalidade dos 
movimentos é um elemento 
imprescindível para a elaboração 
das sentenças e para a maneira que 
os diferentes constituintes das 
sentenças em Libras irão se 
organizar. 
 
4.3 Concordância Verbal 
 
A concordância verbal estuda 
as maneiras como os verbos 
selecionam os seus argumentos. 
Procura perceber de que modo os 
núcleos lexicais verbais atribuem as 
funções sintáticas e os papéis 
temáticos aos argumentos selecio-
nados. Segundo Quadros e Karnopp 
 
 31 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
(2004, p. 199), “concordância é um 
fenômeno linguístico no qual a 
presença de um elemento em uma 
sentença requer uma forma 
particular de outro elemento que é 
gramaticalmente ligado a ele”. 
Os estudos sobre verbos são 
importantes para a compreensão 
das relações que estruturam as 
sentenças (morfossintáticas) nas 
línguas naturais porque são a base 
da formação das sentenças de 
línguas como a LP e a Libras. Assim, 
para a estruturação das sentenças, é 
imprescindível o estudo de como os 
verbos selecionam seus argumentos 
e quais as características estruturais 
que são envolvidas a partir do uso 
dos diferentes tipos de verbos. 
 
De acordo com Quadros e 
Karnopp (2004, p. 199): Em 
muitas línguas, a forma 
particular do segundo 
elemento, normalmente um 
verbo, depende de traços-ϕ do 
primeiro elemento, tipicamente 
o sujeito da sentença. Uma 
característica comum entre as 
línguas com concordância 
marcada é que todas 
apresentam concordância com 
o sujeito. Em alguns casos, há 
marcação de concordância com 
o objeto. Nas línguas de sinais, 
a concordância é obrigatória 
com o objeto, podendo ou não 
ser feita com o sujeito, 
dependendo da seleção do 
verbo. 
A grande questão em relação às 
línguas de sinais é a seguinte: a 
marcação chamada de 
concordância nas línguas de 
sinais são de fato 
concordância? 
 
Para a compreensão da ques-
tão sobre as línguas de sinais, pri-
meiro precisamos relembrar que em 
LP o estabelecimento da concordân-
cia verbal é feito em relação ao su-
jeito através das desinências (afixos) 
de número-pessoa que são morfolo-
gicamente inseridas na palavra. A 
concordância dos verbos em LP é 
sempre estabelecida com o sujeito. 
Já nas línguas de sinais, o 
modo de marcação das relações sin-
táticas dá-se através de diferentes 
processos das relações estabelecidas 
no espaço de sinalização que podem 
ou não acarretar alterações morfoló-
gicas na forma como o verbo é sina-
lizado. 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004, p. 199), mesmo que se 
tenha “[...] assumido que a concor-
dância nas línguas de sinais é aber-
tamente marcada em verbos do tipo 
DAR, PERGUNTAR, AJUDAR [...]”, 
há diferentes análises dos linguistas 
sobre como os verbos estabelecem 
as relações sintáticas nas línguas de 
sinais. 
 
4.4 Estruturas Sintagmáticas 
em Libras 
 
Sintagmas são organizados hi-
erarquicamente, os constituintes se 
 
 32 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
movem nas sentenças de acordo 
com requisitos sintáticos que res-
tringem a sua movimentação porque 
precisam respeitar as relações sin-
tagmáticas do interior dos sintag-
mas. Então, as sentenças têm uma 
estrutura de formação básica SVO, 
em LP e Libras. 
 
4.5 Sintagma Nominal 
 
O sintagma nominal é for-
mado pelas relações estabelecidas 
em torno dos núcleos lexicais nomi-
nais, compostos por palavras/sinais 
referentes aos nomes e pronomes. 
Assim, a posição de núcleo lexical 
dos sintagmas nominais será ocu-
pada por um sinal pertencente a 
uma das classes de palavras. 
Os nomes sempre estarão no 
papel de núcleo lexical nas senten-
ças, tendo em vista que fazem parte 
das palavras/sinais lexicais. Já o 
pronome será núcleo lexical quando 
estiver no lugar de um nome e o sin-
tagma se estabelecerá a partir dele. 
Quando estiveremem posição de 
acompanhar um nome, os pronomes 
estarão em uma categoria funcional 
de determinante. Por exemplo: o 
pronome será um núcleo funcional 
quando utilizado na referência espa-
cial para estabelecimento de sujeito 
de um verbo e será um determinante 
quando acompanhar um nome esta-
belecendo uma noção de posse, 
como no sinal do pronome posses-
sivo “MEU (mão aberta encostando 
no peito do emissor)” (MORAES, 
2013, p. 67). 
A função sintática dos sintag-
mas nominais é a de ser argumento 
dos verbos, pois ocuparão os papéis 
temáticos e as funções sintáticas 
projetadas pelos núcleos lexicais 
verbais. 
É interessante lembrarmos 
que a elaboração das sentenças se dá 
a partir das relações hierarquica-
mente construídas pelas projeções 
de cada sintagma. Para que os sin-
tagmas nominais sejam formados de 
modo adequado é necessário que se 
realizem os processos de concordân-
cia nominal, ou seja, os processos de 
ajuste funcional entre as palavras e 
sinais. 
De acordo com Moraes (2013), 
as flexões de gênero e número dos 
nomes em Libras se darão do se-
guinte modo: 
Em Libras, os nomes não apre-
sentam a flexão de gênero e, de 
acordo com Moraes (2013), os no-
mes podem apresentar sinais dife-
rentes para gêneros diferentes de 
modo não flexional, como em PAI e 
MÃE, no uso do dialeto gaúcho da 
Libras. Ainda, podem ser formadas 
composições de sinais para a flexão 
de gênero com a utilização dos sinais 
HOMEM ou MULHER junto aos no-
mes. 
 
 33 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Ainda, as movimentações não 
manuais de direcionamento do 
olhar, da cabeça e do corpo são im-
portantes para o estabelecimento 
com os referentes, sejam presentes 
ou ausentes. Sobre os pronomes de-
monstrativos, Moraes (2013) coloca 
que eles têm sinal semelhante aos 
advérbios de lugar e que o contexto 
de uso irá delimitar as diferenças en-
tre EST@/AQUI, ESS@/AÍ e 
AQUELE/LÁ e são realizados atra-
vés de apontação. 
Strobel e Fernandes (1998) de-
limitam, através da distância do 
emissor, a apontação e o olhar para 
a diferença de uso entre os três pa-
res de pronomes/advérbios. Na rela-
ção de concordância nominal com os 
pronomes possessivos, são destaca-
dos os sinais específicos como 
“SEU/DELE (mão em “P” direcio-
nada para uma terceira pessoa)” 
(MORAES, 2013, p. 68). 
Segundo Moraes (2013), os 
determinantes seriam, em LP, os ar-
tigos definidos (a, o, as, os), os arti-
gos indefinidos (uma, umas, um, 
uns), os demonstrativos e os indefi-
nidos. Ela apresenta que alguns au-
tores não reconhecem os determi-
nantes nas línguas de sinais porque 
não existiriam sinais específicos 
nem seriam inseridos manualmente. 
Contudo, a autora coloca que, em Li-
bras, os determinantes não serão ne-
cessariamente utilizados nas sen-
tenças. Mesmo assim, os nomes pró-
prios sempre poderão ser compre-
endidos como tendo determinantes 
definidos. 
 
5 Sintagma Preposicional 
 
As preposições (prep.) em Li-
bras são em menor número do que 
em LP. Somente algumas têm sinal 
correspondente e várias são incor-
poradas pelas informações dos ver-
bos com concordância. A preposição 
de, por exemplo, indicando posse, 
não tem sinal correspondente, e a 
preposição para tem sinal corres-
pondente, mas é pouco utilizada 
(MORAES, 2013). 
Os sintagmas preposicionais 
são aqueles em que as preposições 
são necessárias para a concordância 
nominal ou verbal. Em Libras po-
dem ser projetados por alguns ver-
bos, por classificadores ou pelo sinal 
correspondente a preposições, 
quando estas são sinalizadas (MO-
RAES, 2013). Assim, as relações que 
as preposições estabelecem nem 
sempre são sinalizadas, ou seja, fi-
cam subentendidas. 
Em (16), Moraes (2013) ana-
lisa que a direção do movimento do 
verbo seleciona os argumentos, pois 
o verbo AVISAR é um verbo direcio-
nal em que o movimento do verbo 
 
 34 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
estabelece as relações sintáticas en-
tre os pontos do espaço de sinaliza-
ção. “[...] O elemento de significado 
correspondente a uma preposição 
em português e aparece “incorpo-
rado” ao lexema verbal, sendo ex-
presso por meio do movimento do 
sinal verbal” (MORAES, 2013, p. 
83). 
 
1 Sintagma Adverbial 
 
Em Libras, a morfologia dos 
verbos permanece sem alteração de 
acordo com os tempos verbais, como 
acontece em LP. Assim, a noção ad-
verbial é essencial em LIBRAS para 
a marcação do tempo nas sentenças. 
As informações adverbiais podem 
ser inseridas através de sinais espe-
cíficos ou alterações na intensidade 
do sinal. 
Os advérbios de intensidade 
alteram morfologicamente o modo 
como o sinal é realizado pelo sina-
lizante. Por exemplo, ao fazer TRA-
BALHAR, o sinalizante pode realizar 
a movimentação do sinal de modo 
rápido para indicar que a intensi-
dade foi realizada. 
 
5.2 Sintagma Adjetival 
 
Os sintagmas adjetivais 
(AP/PP) qualificam os nomes que 
acompanham e normalmente reme-
tem à imagem que querem atribuir 
ao nome através da iconicidade do 
sinal. Quanto ao uso nas sentenças 
em Libras, primeiro são estabeleci-
dos os substantivos e, após, é feita a 
qualificação através do adjetivo. 
 
5.3 Sintagma Verbal 
 
Os sintagmas verbais são for-
mados a partir dos verbos e suas se-
leções argumentais, logo, partem da 
quantidade e modo de seleção dos 
argumentos no espaço de sinaliza-
ção. Os verbos em Libras podem ser 
sem concordância, verbos com con-
cordância e verbos espaciais ou “ma-
nuais”. Assim, os sintagmas verbais 
serão formados a partir de determi-
nados verbos. 
 
5.4 Efeitos Estruturais dos Ver-
bos e Classificadores 
 
A proposta de Liddel (1990; 
1995) que: 
 
[...] sugere que os pontos no es-
paço devem ser descritos como 
entidades mentais (pictóricas). 
Segundo sua análise [Lidell], 
tais entidades [pontos no es-
paço] não podem fazer parte do 
sistema linguístico, pois envol-
vem espaços reais contendo 
uma representação mental do 
objeto/referência em si. Assim 
não há necessidade de definir o 
lócus [espaço, lugar] fonológica 
e morfologicamente. Além 
disso, a concordância verbal 
 
 35 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
deixa de existir como concor-
dância do ponto de vista lin-
guístico (QUADROS; KAR-
NOPP, 2004, p. 200). 
 
Assim, a proposta coloca que a 
representação imagética mental dos 
pontos no espaço de sinalização não 
faria parte do sistema linguístico das 
línguas de sinais porque faz referên-
cia nos espaços reais em que estão 
referidos objetos/ representações 
mentais. 
Para a análise, as relações es-
tabelecidas são pictóricas (de ima-
gem) e não linguísticas, porque as 
relações linguísticas se estabelecem 
através de relações sintáticas e não 
de imagens alocadas em um local es-
pecífico. 
Sobre a proposta, Quadro e 
Karnopp (2004, p. 200) afirmam 
que ela “[...] não dá conta das pro-
priedades linguísticas da concor-
dância verbal [...]” nas línguas de si-
nais porque a concordância estabe-
lecida a partir dos verbos deve ser 
compreendida como um elemento 
de estruturação das sentenças, 
tendo natureza linguística e sendo 
um elemento de ordem gramatical, 
ou seja, um elemento que está rela-
cionado às relações sintáticas esta-
belecidas. 
Assim, a concordância verbal 
na Libras faz parte dos elementos 
sintáticos que se realizam através de 
diferentes mecanismos decorrentes 
da modalidade viso espacial. 
 
5.5 Verbos sem Concordância 
 
De acordo com Moraes (2013, 
p. 17), “os verbos sem concordância 
exigirão que seus argumentos sejam 
expressos na sentença porque em si 
mesmos não há evidência de argu-
mentos. São conhecidos também 
como verbos não flexionados pois 
não se flexionam em pessoa e nú-
mero [...]”. 
Assim, as sentenças construí-
das com verbos sem concordância 
não podem apresentar argumentos 
nulos, ou seja,aqueles em que a re-
ferência pronominal é feita a partir 
do movimento entre os pontos esta-
belecidos no espaço de sinalização. 
A sentença (8) apresenta uma estru-
tura construída com o verbo GA-
NHAR, em que os dois argumentos 
estão expressos na sinalização da 
sentença. 
As sentenças com verbos sem 
concordância apresentam uma es-
trutura com menos liberdade de mo-
vimentação entre os constituintes 
(QUADROS; KARNOPP, 2004). As 
movimentações estruturais dos 
constituintes, na sentença, precisam 
se manter em uma ordem constitu-
ída. A delimitação de suas funções 
sintáticas vincula-se ao posiciona-
 
 36 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
mento do sinal em relação aos de-
mais sinais feitos de maneira mais li-
nearmente constituída do que 
quando o verbo for com concordân-
cia. Na sequência de imagens anteri-
ores, a ordem de sinalização dos 
constituintes da frase é importante 
para a compreensão das funções que 
cada constituinte recebe porque não 
estão associadas marcações não ma-
nuais ou movimentações no espaço 
de sinalização obrigatórias que de-
monstrem a relação entre os ele-
mentos que compõem a sentença. 
A utilização de marcas não 
manuais não é obrigatória nas sen-
tenças formadas com verbos sem 
concordância. Elas não são sintati-
camente exigidas pelo verbo. Logo, 
poderão ser utilizadas de forma op-
cional pelo sinalizante (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004), na formação das sen-
tenças negativas, a distribuição da 
negação dentro da sentença não po-
derá preceder o verbo principal e 
será necessário o uso de um verbo 
auxiliar entre o verbo principal e a 
negação. 
 
5.6 Verbos com Concordância 
(Direcionais) 
 
De acordo com Moraes (2013), 
os verbos com concordância são 
também chamados de verbos flexio-
nais ou verbos direcionais porque 
estabelecem suas relações sintáticas 
a partir da direcionalidade dos mo-
vimentos e de marcas não manuais 
em sua estrutura. Sua concordância 
apresenta variação em relação à fle-
xão de número (quantidade de pes-
soas envolvidas para a sinalização). 
A estruturação das sentenças 
com verbos com concordância é 
mais livre em relação à organização, 
apagamento e reestruturação da 
sentença. Acontece porque a concor-
dância é feita a partir de elementos 
direcionais e marcas não manuais 
que mantêm as relações sintáticas 
estabelecidas mesmo que a ordem 
de sinalização seja alterada. Assim, 
as marcações não manuais e ele-
mentos direcionais são obrigatórios 
em relação aos verbos com concor-
dância. Como exemplificado por 
Moraes (2013, p. 17): 
Nos verbos com concordância 
a marcação não manual é necessá-
ria. 
 
37 
 
 
 
 38 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
5. Marcações Obrigatórias dos Verbos com Concor-
dância 
 
 
Fonte: www.youtube.com5 
 
s sentenças em Libras com 
verbos com concordância po-
dem apresentar apagamentos dos 
argumentos tanto com o parâmetro 
de sujeito nulo quanto em relação ao 
parâmetro pro-drop. 
A direcionalidade das movi-
mentações manuais e não manuais 
estabelece as relações sintáticas a 
partir da direcionalidade do movi-
mento no espaço de sinalização. 
Com o uso de verbos com concor-
dância, a negação poderá ser utili-
zada antes do verbo principal nas 
 
5 Retirado em www.youtube.com 
frases negativas, sem a obrigatorie-
dade do uso de um auxiliar omitido 
com o uso do auxiliar na segunda 
sentença, sendo possível a omissão 
apenas com o uso do verbo auxiliar: 
 
6.1 Verbos “Manuais” 
 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004, p. 204), os verbos “ma-
nuais” são aqueles em que é utili-
zada uma configuração de mão que 
demonstra como se o sinalizador es-
tivesse segurando o objeto na mão. 
A 
https://loremipsum.io/
https://loremipsum.io/
 
 39 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
São verbos que se localizam no final 
da sentença, e seu uso acontece após 
a definição do objeto que será incor-
porado ao verbo. Podemos incluir os 
classificadores que incluem o sen-
tido e as características do verbo da 
sentença. 
 
6.2 Estruturação das Senten-
ças em Libras 
 
A ordem básica das sentenças 
em Libras é a ordem S-V-O, ou seja, 
sujeito – verbo – objeto. Também vi-
mos as condições para que a ordem 
básica pudesse ser alterada em cons-
truções de uso restringido por con-
dições específicas, as ordens OSV 
(objeto-sujeito-verbo), SOV (su-
jeito-objeto-verbo) e VOS (verbo-
objeto-sujeito). 
As marcações não manuais de 
afetividade e aquelas que são marcas 
não manuais com implicação nas re-
lações gramaticais das sentenças. As 
marcas não manuais gramaticais são 
aquelas que estabelecem relações 
sintáticas (a direção do olhar), des-
taque/duplicação de constituintes 
(foco e tópico) e elaboração de dife-
rentes tipos de sentenças (negativas 
e interrogativas). 
De acordo com Arrotéia 
(2005), apenas as sentenças decla-
rativas simples aparecem na estru-
tura básica SOV. As demais organi-
zações ocasionam mudanças na or-
dem básica e precisam ser evidenci-
adas através de marcas não manuais 
gramaticais. 
 
6.3 Estruturas com Tópico 
 
As estruturas com tópico apre-
sentam as marcações não manuais 
de e podem ser utilizadas em frases 
com marcas não manuais de foco, 
negação ou interrogação, de acordo 
com a sentença. Quando a ideia de 
tópico é colocada nas sentenças, ela 
faz com que as estruturas sejam al-
teradas, tendo em vista que “puxam” 
o sinal topicalizado para o início da 
sentença. 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004, p.148), a alteração es-
trutural ocorre porque “o tópico é o 
tema do discurso que apresenta uma 
ênfase especial posicionado no iní-
cio da frase e seguido de comentário 
a respeito do tema. O recurso gra-
matical é muito utilizado na língua 
de sinais brasileira”. 
Os tópicos enfatizam o sinal 
que a sentença será estruturada. 
Pode ocorrer alteração na estrutura-
ção da sentença incidindo no sinal 
topicalizado e não na sentença. 
Deslocar o uso da topicaliza-
ção muda a posição do tópico para o 
nível mais alto da estrutura sintag-
mática da sentença. 
 
 40 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
Segundo Quadros e Karnopp 
(2004, p.149), “na língua de sinais 
brasileira, os tópicos estão associa-
dos com posições argumentais. Por 
exemplo: é possível topicalizar o ob-
jeto e/ou o sujeito de uma oração e 
gerar um tópico sem este estar li-
gado a qualquer posição argumen-
tal”. 
 
6.4 Estruturas com Foco 
 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004), as sentenças que apre-
sentam construções de foco dão uma 
ênfase diferente àquela dada pelas 
construções topicalizadas, tendo em 
vista que o foco não desloca argu-
mentos para o início da sinalização, 
mas duplica um elemento que terá 
uma “entonação” mais marcada. 
 
[...] a língua de sinais brasileira 
apresenta construções duplas 
com modais, quantificadores e 
verbos. Além desses casos, são 
muito comuns as construções 
duplas com interrogativas, ne-
gação e advérbios [...] (QUA-
DROS; KARNOPP, 2004, p. 
170). 
 
Segundo Quadros e Karnopp 
(2004), as construções com foco 
apresentam as seguintes caracterís-
ticas: 
 
 Construção dupla em que o 
elemento duplicado está em po-
sição final. 
 O foco envolve apenas nú-
cleos. A posição de sujeito não 
pode ser duplicada porque é 
formada pelo determinante 
mais o nome (NP= DP+NP). 
Assim, a duplicação só será pos-
sível com o núcleo dos sintag-
mas. 
 O uso do foco permite que o 
núcleo duplicado seja apagado 
do seu local original (QUA-
DROS; KARNOPP, 2004). 
Acontece porque a informação 
focalizada irá preencher o nú-
cleo nulo existente a partir do 
apagamento do núcleo dupli-
cado, não necessitando que a 
duplicação do núcleo continue 
acontecendo. A possibilidade 
estáde acordo com o princípio 
de economia das línguas natu-
rais. De acordo com o princípio, 
as línguas naturais priorizarão 
as formas que mantiverem as 
informações prioritárias para a 
comunicação e que demanda-
rem menos esforço para o 
utente. 
 
6.5 Estruturas Negativas 
 
As estruturas negativas são 
formadas a partir de processos mor-
fossintáticos em que a marcação da 
negação pode acontecer através da 
incorporação da negativa ao sinal do 
verbo e em conjunto com a marca 
não manual, por exemplo, TER / 
NÃO TER, ou pelo conjunto de SI-
NAL específico de negação + marca 
não manual de negação. 
Para a formação das sentenças 
negativas, Quadros e Karnopp 
(2004) colocam que o local de uso 
 
 41 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
dos marcadores negativos apresenta 
diferença de acordo com o tipo de 
verbo envolvido na formação da sen-
tença, ou seja, o processo para for-
mação da sentença negativa depen-
derá da estrutura de concordância 
do verbo envolvido. 
Em relação ao processo para 
formação de sentenças negativas 
com os verbos sem concordância, 
Quadros e Karnopp (2004, p. 162, 
grifo do original) colocam que “os 
verbos principais [sem concordân-
cia] não podem vir antes da negação 
[...]” e “[...] nem podem ser seguidos 
da negação sem a presença de um 
do-support [verbo auxiliar]” para 
que as sentenças formadas sejam 
gramaticais. Assim, a negação ficará 
antes do verbo na sentença, mas a si-
nalização precisará ser antecedida 
de um verbo auxiliar. 
Assim, podemos perceber que, 
para o uso da negação na posição an-
terior ao verbo, é necessária a mar-
cação de concordância. Assim, com 
o uso dos verbos sem concordância, 
o auxiliar faz-se necessário para o 
uso da negação e, com o uso dos ver-
bos com concordância, o auxiliar 
não é necessário. 
 
6.6 Estruturas Interrogativas 
 
De acordo com Quadros e Kar-
nopp (2004), as sentenças interro-
gativas em Libras apresentam as se-
guintes propriedades: 
 Os elementos de interroga-
ção podem se movimentar na 
sentença ou permanecerem na 
posição inicial, mais comum 
para pronomes interrogativos 
na posição de sujeito, ou final, 
mais comum para aqueles na 
posição de objeto. 
 Quando os elementos de in-
terrogação estiverem no final 
da sentença, eles sempre serão 
focalizados, relembrando que a 
presença e foco permitem o 
apagamento do elemento na 
posição original. 
 As marcas de tópico e inter-
rogação nunca acontecem ao 
mesmo tempo, mas podem 
ocorrer na mesma sentença. 
 As estruturas interrogativas, 
nas orações principais de uma 
construção com mais de uma 
oração (processo de subordina-
ção), apresentam sinais dife-
rentes em Libras. Assim, fica 
mais fácil distinguir a oração 
principal da oração encaixada: 
1. São relacionadas às palavras 
interrogativas que perguntam 
sobre algo específico: O QUE, 
COMO, ONDE, POR QUE, 
QUE. 
2. Fazem a expressão das dúvi-
das e desconfianças. 
 
São associadas às orações su-
bordinadas com expressão facial di-
ferenciada. Com o uso de verbos 
com concordância, a negação poderá 
ser utilizada antes do verbo princi-
pal nas frases negativas, sem a obri-
gatoriedade do uso de um auxiliar. 
Os classificadores são elemen-
tos tanto da morfologia quanto da 
sintaxe. Eles modificam a maneira 
 
 42 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
L1 
como o sinal é feito, são compreen-
didos como morfológicos, pois alte-
ram a forma do sinal. Ainda, podem 
ser entendidos como sintáticos 
quando acrescentam argumentos 
(funções sintáticas) aos sintagmas 
da língua. Preenchem e agregam 
funções sintáticas, estão no papel de 
argumentos e compõem os predica-
dos complexos. 
Assim, “[...] o classificador não 
parece constituir-se como um mero 
recurso da gramática da língua de 
Sinais, mas inserido no uso e no fun-
cionamento dessa língua, fazendo 
parte das operações que o sujeito re-
aliza com a linguagem (GESUELI, 
2008, p. 113)”. Por isso, se justificam 
como elementos morfossintáticos 
aos estarem relacionados à forma de 
realização do sinal e às regras sintá-
ticas envolvidas. De acordo com Fer-
reira Brito: 
 
Um classificador (Cl) é uma 
forma que estabelece um tipo 
de concordância em uma lín-
gua. Na LIBRAS, os classifica-
dores são formas representadas 
por configurações de mão que, 
substituindo o nome que as 
precedem, podem vir junto de 
verbos de movimento e de loca-
lização para classificar o sujeito 
ou o objeto que está ligado à 
ação do verbo. 
 
Portanto, os classificadores na 
LIBRAS são marcadores de concor-
dância de gênero para pessoas, ani-
mais ou coisas. São muito importan-
tes, pois ajudam a construir sua es-
trutura sintática através de recursos 
corporais que possibilitam relações 
gramaticais altamente abstratas. 
Muitos classificadores são icônicos 
em seu significado pela semelhança 
entre a sua forma ou tamanho do ob-
jeto a ser referido. Às vezes, o Cl re-
fere-se ao objeto ou ser como um 
todo, outras refere-se apenas a 
uma parte ou característica do ser 
(FERREIRA BRITO, 1995 apud 
STROBEL; FERNANDES, 2008, p. 
27). 
Os classificadores são elemen-
tos que podem interferir na elabora-
ção das diferentes sentenças em Li-
bras através de sua contribuição 
morfossintática para a sentença. 
Também são elementos que susten-
tam a referencialidade das relações 
sintáticas entre diferentes elemen-
tos, fazendo parte dos elementos 
que evitam a ambiguidade das sen-
tenças em Libras. 
Os classificadores fazem parte 
do grupo de elementos característi-
cos das modalidades das línguas de 
sinais que evitam a ambiguidade es-
trutural, assim como as referenciali-
dades pronominais, a alocação espa-
cial e a direção do corpo e do olhar. 
 
 
 43 
 
 44 
AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS PARA SURDO COMO 
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