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FONOLOGIA E MORFOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................................... 2 
1.1 Origem das línguas de sinais e da Libras ............................................ 4 
2. A LINGUA DE SINAIS ........................................................................................... 6 
3.FONOLOGIA DA LÍNGUA DE SINAIS ................................................................... 9 
3.1 O sinal .................................................................................................. 11 
a. Língua Oral .............................................................................................. 11 
3.2 Fonologia da LIBRAS ........................................................................... 12 
3.3 Configuração de Mão (CM)................................................................... 14 
3.4 Movimento (M) .................................................................................................. 15 
3.5 Locação (L) ou Pontos de Articulação (PA) .......................................... 17 
3.6 Orientação da Mão (Or) ........................................................................ 18 
3.7 Expressões Não-manuais: expressões faciais e corporais ................... 20 
3.8 Restrições na formação de sinais ......................................................... 21 
4. MORFOLOGIA EM LIBRAS ................................................................................ 23 
4.1 Conceitos básicos de morfologia .......................................................... 24 
4.2 Sintaxe .................................................................................................. 27 
Ordem das palavras ......................................................................................... 29 
4.3 Semântica e Pragmática ................................................................................... 30 
Tipos de Verbos em Libras .............................................................................. 30 
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 34 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em 
nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável 
e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.INTRODUÇÃO À LIBRAS E SUAS CONCEPÇÕES 
HISTÓRICAS E CULTURAIS 
As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Libras 
é a sigla da Língua Brasileira de Sinais. As Línguas de Sinais Brasileira (LSB) é a língua 
natural da comunidade surda brasileira. As línguas de sinais são denominadas línguas de 
modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), pois a informação linguística é recebida pelos 
olhos e produzida pelas mãos. 
A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS) define a 
Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna dos surdos brasileiros e, como 
tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta 
comunidade. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas 
orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, 
assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e 
força. Possui todos elementos classificatórios identificáveis numa língua e demanda 
prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. (...) É uma língua viva e 
autônoma, reconhecida pela linguística. 
Sánchez (1990:17) afirma a comunicação humana “é essencialmente diferente e 
superior a toda outra forma de comunicação conhecida. Todos os seres humanos nascem 
com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, e todos os desenvolvem 
normalmente, independentes de qualquer fator racial, social ou cultural”. Uma 
demonstração desta afirmação se evidencia nas línguas oral-auditivas (usadas pelos 
ouvintes) e nas línguas visoespacial (usadas pelos surdos). As duas modalidades de 
línguas são sistemas abstratos com regras gramaticais. 
Porém, da mesma maneira que as línguas oral-auditivas não são iguais, variando de 
lugar para lugar, de comunidade para comunidade a língua de sinais também varia. Dito de 
outra forma: existe a língua de sinais americana, inglesa, francesa e várias outras línguas 
de sinais em vários países, bem como a brasileira. 
É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística. Pesquisas com filhos 
surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do 
lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como 
Segunda língua para os surdos. Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a 
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Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que 
esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. 
A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para 
sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual 
o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido 
diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade. 
 
1.1 Origem das línguas de sinais e da Libras 
 
 O que se sabe sobre a língua de sinais? Conforme Felipe (2009, p. 130), uma 
fonte de registro antigo remonta a 368 a.C., na obra Crátilo, de Platão: “Suponha que nós, 
seres humanos, quando não falávamos e queríamos indicar objetos, uns para os outros, 
nós o fazíamos, como fazem os surdos-mudos, sinais com as mãos, cabeça e demais 
membros do corpo?”. Compreendemos que esse questionamento acaba por registrar a 
existência de comunicação entre surdos já nessa época. É uma maneira de sobrevivência. 
De acordo com outros registros, uma língua de sinais era utilizada por monges beneditinos 
da Itália, em 530 d.C., para manter o voto de silêncio (FELIPE, 2009, p. 130). Segundo 
Moura (2000, p. 18), há registros de línguas de sinais iniciadas pelo filólogo e soldado a 
serviço secreto do rei da Castela, atual Espanha, Juan Pablo Bonet (1579 – 1629), sobre 
os métodos de ensino para os surdos através do uso do alfabeto digital, para alfabetizar e 
transmitir conhecimentos gramaticais. Ainda seguindo Moura (2000, p.19), os moldes 
manuais do alfabeto digital foram escritos pelo monge franciscano Melchior Yebra (1524 – 
1586) e divulgados em livros publicados na época. 
Para Moura (2000, p. 22), o professor Charles-Michel L’Epée (1712 – 1789) é 
considerado por muitos como inventor da Língua de Sinais Francesa, apesar de saber que 
a língua já existia antes mesmo de iniciar seu trabalho. L’Epée defendia a ideia de que os 
surdos tinham uma língua, o que os colocou na categoriahumana. Foi fundador do Instituto 
Nacional para Surdos-Mudos em Paris (MOURA, 2000, p. 22 e 23). Um dos destaques de 
suas pesquisas foi ter reconhecido que esta língua existia, desenvolvia-se e servia como 
base comunicativa essencial entre os surdos. Segundo Berthier (1984, p.179 apud 
NASCIMENTO, 2006, p. 261): “(...) L’Epée foi o primeiro a vislumbrar, na linguagem mímica 
ainda imperfeita deles, meios mais seguros e simples de comunicação e uma mais direta e 
5 
 
 
clara tradução de pensamento”. Em relação à Libras, sabe-se que está relacionada com a 
vinda, para o Brasil, do professor francês Eduard Huet em 1855, a convite do imperador 
Dom Pedro II, com o objetivo de criar uma escola de surdos. Com a presença do professor, 
foi fundada a primeira escola para surdos no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto de Surdos-
Mudos, onde funciona atualmente o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Na 
escola, os alunos surdos aprenderam uma mistura de língua de sinais francesa com os 
sistemas já usados pelos surdos de várias regiões do Brasil, a Libras (FELIPE, 2009, 
p.131). Ainda segundo Felipe, o primeiro livro publicado no Brasil, de autoria do ex-aluno 
do INES Flausino José da Gama, foi escrito em 1875. Essa foi a primeira pesquisa sobre 
os sinais mais usados pela comunidade surda do Rio de Janeiro. 
 
 
Contudo, é fato que existiram sinais utilizados por surdos nas diversas regiões do 
nosso país, como afirma o historiador surdo Antônio Campos em vídeo gravado em Libras 
e postado no blog “Brasil – Língua Brasileira de Sinais – Libras – Libraslândia”. Para ele, a 
Libras teria surgido originalmente em Pernambuco. 
 
 
 
 
 
 
 
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2. A LINGUA DE SINAIS 
 
O termo linguagem remete a um sistema de comunicação qualquer que pode ser a 
linguagem de programação, matemática, corporal ou outra. Contudo, a língua se refere à 
materialização dessas formas de expressão por indivíduos que apresentam determinados 
traços culturais restritos a um espaço geográfico (BAGGIO; NOVA, 2017). 
O autor Chauí (2000) descreve as questões relacionadas à linguagem natural 
quando infere a linguagem como uma capacidade de expressão dos seres humanos de 
forma orgânica a partir do nascimento, em que os indivíduos dispõem do aparelho físico, 
anatômico, nervoso e cerebral que permite expressar a palavra. A língua seria algo 
convencional, surgido em meio às condições históricas, geográficas, econômicas e políticas 
de uma determinada cultura. 
A partir desse pressuposto, a linguagem humana ou natural seria “[...] aquela que 
pode ser desenvolvida espontaneamente pelo instrumental biológico e sensorial de que os 
seres são dotados, traduzindo-os em uma capacidade de expressão e reflexão por meio de 
signos” (BAGGIO; NOVA, 2017, p. 17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
A área da linguística consiste no estudo científico das línguas naturais e humanas, 
com a língua natural como algo que inicia com o homem. Ambas se relacionam com os 
pensamentos dos filósofos, mais precisamente com Platão e Aristóteles (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). Aristóteles era naturalista em relação às proposições e convencionalista 
quanto à formação das palavras, afirmava que as coisas eram infinitas e as palavras finitas, 
determinadas pelo homem, desenvolvendo a linguística estruturalista. Platão era naturalista 
em relação à constituição das palavras, concebia que a linguagem nascia com o homem 
(QUADROS; KARNOPP, 2004). Para entender os princípios que organizam a linguagem 
humana, seria necessário conhecer a faculdade da linguagem como um componente 
advindo da mente humana. A teoria que se ocupa desses estudos, denominada Gramática 
Universal (GU), busca descobrir os princípios e os elementos comuns das línguas humanas 
(QUADROS; KARNOPP, 2004). A regularização de uma língua depende de sua efetiva 
utilização em nível nacional ou mundial. Sobretudo, quanto maior o índice de uso de uma 
determinada língua, mais ela é considerada viva, assim como ao contrário, seu uso 
reduzido a ameaça de extinção (SALLES et al., 2004). A vivência nas instituições sociais 
revela as necessidades de um coletivo, formando territórios sociais que regularizam seu 
funcionamento. Assim, a internacionalização das relações políticas e econômicas é 
organizada por meio das línguas oficiais no âmbito dos Estados (SALLES et al., 2004). 
Conforme Salles (2004), as línguas naturais apresentam uma imensa diversidade, 
em média 20.000 termos que designam línguas, dialetos e tribos, sendo de 5.000 a 6.000 
as línguas consideradas vivas. Assim, a definição de língua se associa a “[...] uma língua 
nacional, expressão do conjunto de manifestações culturais e artísticas de um povo e de 
uma geopolítica, a que se pode associar o papel de língua oficial e quadro de referência” 
(SALLES et al., 2004, p. 79). 
Assim, a língua oficial apresenta um sentido de união e identificação cultural com 
funções institucionais e políticas. Aborda um quadro de referência que aponta 
[...] a um conjunto de formas linguísticas prestigiadas no contexto social, também 
referido como norma padrão. A norma padrão pode favorecer a manutenção de 
valores que promovem a situação de prestígio de certas formas linguísticas em 
detrimento de outras, como práticas de exclusão social (SALLES et al., 2004, p. 79). 
 
 
Nesse sentido, às vezes, duas ou mais línguas são consideradas como oficiais, o 
que justifica a convivência de povos e etnias dividindo o mesmo território sob um mesmo 
8 
 
 
sistema político. Em meio a essa condição, emergem as condições psicossociais 
específicas, ocasionando o surgimento do bilinguismo ou multilinguismo (SALLES et al., 
2004). 
Conforme Cristal (1996), o bilinguismo seria um fenômeno com aspectos 
complexos que envolvem questões de proficiência, regularidade e frequência de uso, 
juntamente com a função de uso referente às pressões sociais ou interesse pessoal. De 
modo geral, a língua se encontra intimamente conectada às relações sociais de um 
determinado povo. Na interação verbal, a língua seria o instrumento da ação social, como 
reguladora do comportamento verbal, que indicaria a cooperação, relevância, operações 
cognitivas de raciocínio e inferência. 
Já Salles (2004) afirma que na dinâmica social o fenômeno das línguas e 
variedades em contato inclui as comunidades minoritárias. Ou seja, as comunidades de 
surdos apresentam referenciais culturais e linguísticos próprios ao mesmo tempo que 
compartilham com os ouvintes os referenciais da cultura nacional e da cidadania. O estudo 
da linguística parte de alguns pressupostos que restringem a linguagem em determinados 
princípios, ou regras, que fazem parte do conhecimento humano. Nesse sentido, atuam 
ainda na produção oral ou visuoespacial, segundo a modalidade das línguas, falada ou 
sinalizada, na formação de palavras, construção de sentenças ou de textos (QUADROS; 
KARNOPP, 2004). 
As línguas apresentam algumas diferenças, contudo não interferem nas estruturas 
que demonstram aspectos comuns na linguagem humana. Assim, as áreas de estudo da 
linguagem humana se ocupam da fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática. 
Inclui ainda as áreas interdisciplinares, como a sociolinguística, a psicolinguística, a 
linguística textual e a análise do discurso (QUADROS; KARNOPP, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
3.FONOLOGIA DA LÍNGUA DE SINAIS 
 
 
Fonologia das línguas de sinais é uma área da linguística que tem como objetivo 
identificar a estrutura e a organização dos constituintes fonológicos, propondo descrições 
e explicações. Este capítulo tem como objetivo oferecer uma abordagem teórica e uma 
revisão da literatura na área da fonologia dos sinais. Aqui estão relacionados ao tema da 
presente disciplina, apresentando conceitos e exemplos na área da fonologia dos sinais, 
em especial, das unidades formacionais do sinal - locação, configuração de mãoe 
movimento. As línguas de sinais são denominadas línguas de modalidade gestual-visual 
(ou espaço-visual), pois a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas 
mãos. Apesar da diferença existente entre línguas de sinais e línguas orais, no que 
concerne à modalidade de percepção e produção, o uso do termo ‘fonologia’ tem sido usado 
para referir-se também ao estudo dos elementos básicos das línguas de sinais. 
Historicamente, entretanto, para evitar subestimar a diferença entre esses dois tipos de 
sistemas linguísticos, Stokoe (1960) propôs o termo ‘Quirema’ às unidades formacionais 
dos sinais (configuração de mão, locação e movimento) e, ao estudo de suas combinações, 
propôs o termo ‘Quirologia’ (do grego ‘mão’).1 
 Outros pesquisadores, incluindo Stokoe em edição posterior (1978), têm utilizado 
os termos ‘Fonema’ e ‘Fonologia’. O argumento para a utilização desses termos é o de que 
as línguas de sinais são línguas naturais que compartilham princípios linguísticos 
subjacentes com as línguas orais, apesar das diferenças de superfície entre fala e sinal 
(Klima e Bellugi,1979; Wilbur, 1987; Hulst, 1993). Os articuladores primários das línguas de 
sinais são as mãos, que se movimentam no espaço em frente ao corpo e articulam sinais 
em determinados pontos (locações) neste espaço. 
 
 
 
 
10 
 
 
Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. 
 
Exemplos: 
Pai (sinal articulado com uma mão)2 
Televisão (sinal articulado com as duas mãos – condição de simetria) 
 Votar (sinal articulado com as duas mãos – condição de dominância) 
Um mesmo sinal pode ser articulado tanto com a mão direita quanto com a mão 
esquerda; tal mudança, portanto, não é distintiva. Sinais articulados com uma mão são 
produzidos pela mão dominante (tipicamente a direita para destros e a esquerda para 
canhotos), sendo que sinais articulados com as duas mãos também ocorrem e apresentam 
restrições em relação ao tipo de interação entre ambas as mãos. 
Exemplo do sinal mãe (pode ser articulado com a mão esquerda ou com a mão 
direita) 
 
 
 
 
 
11 
 
 
3.1 O sinal 
As línguas de sinais, conforme um considerável número de pesquisas, contêm os 
mesmos princípios linguísticos que as línguas orais, pois têm um léxico (palavras) e uma 
gramática. 
A divergência básica entre línguas de sinais e línguas orais, segundo Stokoe e o 
grupo de pesquisadores que se dedicou à investigação das línguas de sinais durante os 
anos de 1960 e 1970, diz respeito à estrutura simultânea de organização dos elementos 
das línguas de sinais. Stokoe (1960) realizou uma primeira descrição estrutural da ASL, 
demonstrando que os sinais poderiam ser vistos como partes de um todo (fonemas que 
compõem morfemas e palavras). Stokoe descreve um modelo lingüístico estrutural para 
analisar a formação dos sinais e propôs a divisão de sinais na ASL em três aspectos ou 
parâmetros que não carregam significados isoladamente, a saber: 
 a. Configuração de mão (CM) 
b. Locação da mão (L) 
c. Movimento da mão (M) 
A idéia de que CM, L e M são unidades que constituem morfemas nas línguas de 
sinais começou a prevalecer. Hulst (1993, p.210) ilustra essa diferença conforme o 
esquema abaixo (μ = morfema, [ ] = um fonema ou conjunto de especificações 
representando uma determinada CM, M ou L): 
a. Língua Oral 
 
Análises dos sinais, posteriores à de Stokoe, incluíram a orientação da mão (Or) e 
os aspectos não-manuais dos sinais: expressões faciais e corporais (Battison, 1974, 1978). 
Esses dois parâmetros foram, então, adicionados aos estudos da fonologia de sinais. 
Durante os últimos 30 anos, fonologistas procuraram estabelecer as unidades (parâmetros) 
dos sinais. A seguir serão apresentadas, detalhadamente, as propriedades de cada 
parâmetro em LIBRAS, isto é, propriedades de configurações de mão, movimentos, 
locações, orientação de mão, bem como dos aspectos não-manuais dessa língua, conforme 
descrição feita por Ferreira Brito (1990, 1995). 
12 
 
 
3.2 Fonologia da LIBRAS 
 
A LIBRAS, assim como as outras línguas de sinais, é basicamente produzida pelas 
mãos, embora movimentos do corpo e da face também desempenhem funções. Seus 
principais parâmetros fonológicos são locação, movimento e configuração de mão, 
exemplificados na figura abaixo. 
 
 
 
Uma das tarefas de um investigador de uma língua de sinais particular é identificar 
as configurações de mão, as locações e os movimentos que têm um caráter distintivo. Isso 
pode ser feito comparando-se pares de sinais que são minimamente diferentes. 
 
 
 
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Para considerarmos esses processos na LIBRAS, é necessário refletirmos o que 
equivaleria à “integridade fônica” e o que seriam os fonemas nas línguas de sinais. O que 
forma um sinal na LIBRAS ou em outras línguas de sinais de forma mais geral? Em outras 
palavras, se decompusermos um sinal, quais são as partes menores, destituídas de 
significado que encontraremos? Stokoe (1960) é o primeiro pesquisador a analisar uma 
língua de sinais, olhando para a comunicação no que veio a ser chamado de Língua de 
Sinais Americana (ASL; do inglês, American Sign Languages). Ele descreve as unidades 
mínimas da ASL como quiremas ou queremas, que vem do grego, khéir, “mãos”. Mais tarde, 
essa terminologia é deixada de lado e o termo fonema é usado mesmo quando se tratando 
de línguas de sinais. Esse autor aponta três tipos de fonemas: configuração de mãos (o 
formato que a mão toma), locação (ou ponto de articulação, localização em relação ao 
corpo do sinalizador/falante) e movimento. Outros estudos que seguiram consideraram 
também: direcionalidade (ou orientação da palma da mão) e expressões não manuais (ou 
expressões faciais e corporais), como tipos de fonemas nas línguas de sinais. Esses 
compõem os cinco parâmetros da LIBRAS, ou seja, cinco tipos de fonemas, cinco grupos 
de partes menores, destituídas de significado por si só que, juntas, formam um sinal com 
significado. 
Assim, uma hipótese que se levanta é que podemos pensar que um processo de 
justaposição na língua de sinais seria um caso no qual os dois sinais que formam o 
composto são realizados em sua totalidade, ou seja, os dois sinais são completamente 
sinalizados. Já em um processo de aglutinação, algum ou alguns dos parâmetros de um ou 
ambos o sinal seria modificado ou não seria realizado. 
Como se dá a formação dos compostos na LIBRAS? Buscamos responder essa 
pergunta com base na literatura sobre composição nas línguas de sinais principalmente 
como em Klima e Bellugi (1979), Liddell (1984) e Del Giudice (2007), para a ASL, e Quadros 
e Karnopp (2004), Felipe (2006) e Figueiredo Silva e Sell (2009), para a LIBRAS. Ainda, na 
literatura de compostos no português brasileiro (PB), observa-se que os nomes compostos 
mostram uma série de peculiaridades, já relatadas em vários trabalhos,4 entre elas 
i) Podem carregar dois acentos; 
ii) Podem ter flexões entre os elementos que o constituem; 
iii) Os compostos, diferentemente dos vocábulos derivados, caracterizam-se 
somente como categorias lexicais [+N]: N, A, Adv, *V, *P; 
14 
 
 
iv) E permitem a formação do diminutivo através do acréscimo de sufixo entre 
constituintes; e 
v) Podem flexionar mais de uma vez. Considerando essas peculiaridades, 
outros pontos que ressaltamos para a análise dos compostos na LIBRAS têm 
relação com o que é, de fato, um morfema na LIBRAS? E um sufixo? Há 
flexão na LIBRAS? De que tipo? Brito (2010 [1995]), Quadros e Karnopp 
(2004), Felipe (2006), entre outros, passam por questões desse tipo, mas 
mostraremos no decorrer deste trabalho que alguns pontos ainda não são 
muito claros. 
 
3.3 Configuração de Mão (CM) 
 
Conforme Ferreira Brito, a LIBRAS apresenta 46 CMs (ver Quadro abaixo), um 
sistema bastante similar àquele da ASL, embora nem todas as línguas de sinais partilhem 
o mesmo inventário de CMs. 
As CMs da LIBRAS foram descritasa partir de dados coletados nas principais 
capitais brasileiras, sendo agrupadas verticalmente segundo a semelhança entre elas, mas 
ainda sem uma identificação enquanto CMs básicas ou CMs variantes. Dessa forma, o 
conjunto de CMs da página seguinte refere-se apenas às manifestações de superfície, isto 
é, de nível fonético, encontrada na LIBRAS. 
 
15 
 
 
 
A CM pode permanecer a mesma durante a articulação de um sinal, ou pode passar 
de uma configuração para outra. Quando há mudança na configuração de mão, ocorre 
movimento interno da mão – essencialmente mudança na configuração dos dedos 
selecionados. 
3.4 Movimento (M) 
Para que haja 
movimento, é preciso haver 
objeto e espaço. Nas 
línguas de sinais, a(s) 
mão(s) do enunciador 
representa(m) o objeto, 
enquanto o espaço em que 
o movimento se realiza (o 
espaço de enunciação) é a 
área em torno do corpo do 
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enunciador (Ferreira Brito e Langevin, 1995). O movimento é definido como um parâmetro 
complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos 
internos da mão, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço (Klima e 
Bellugi 1979). Em relação ao tipo de movimento, Ferreira Brito (1990) menciona que o 
movimento pode estar nas mãos, pulsos e antebraço. Os movimentos direcionais podem 
ser unidirecionais, bidirecionais ou multidirecionais. A maneira é a categoria que descreve 
a qualidade, a tensão e a velocidade do movimento. A frequência refere-se ao número de 
repetições de um movimento. O quadro abaixo mostra as categorias do movimento. 
Wilbur (1987), ao analisar o parâmetro movimento, argumentou que deveria ser 
dividido em dois tipos, movimento de direção (‘path movement’) e movimento local, 
conhecido também como movimento interno da mão. A razão para esta divisão é que um 
sinal pode apresentar somente um movimento de direção (path), somente um movimento 
local ou a combinação simultânea entre ambos. 
 
 
 
 
 
 
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3.5 Locação (L) ou Pontos de Articulação (PA) 
 
Stokoe define locação como um dos três principais aspectos formacionais da ASL. 
Friedman (1977, p. 4) afirma que ponto de articulação é aquela área no corpo, ou no espaço 
de articulação definido pelo corpo, em que ou perto da qual o sinal é articulado. Klima e 
Bellugi (1979, p. 50) utilizam a definição de Stokoe para o aspecto locação: "(...) o segundo 
dos principais parâmetros de sinais lexicais da ASL é o locus de movimento do sinal, seu 
ponto de articulação (PA)". Na LIBRAS, assim como em outras línguas de sinais até o 
momento investigadas, o espaço de enunciação é uma área que contém todos os pontos 
dentro do raio de alcance das mãos em que os sinais são articulados. 
 
 
 
 
Dentro desse espaço de enunciação, pode-se determinar um número finito (limitado) 
de pontos, que são denominados ‘pontos de articulação’. Alguns pontos são mais precisos, 
tais como a ponta do nariz, e outros são mais abrangentes, como a frente do tórax (Ferreira 
Brito e Langevin, 1995). O espaço de enunciação é um espaço ideal, no sentido de que se 
considera que os interlocutores estejam face a face. Pode haver situações em que o espaço 
de enunciação seja totalmente reposicionado e/ou reduzido; por exemplo, se um 
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enunciador A faz sinal para B, que está à janela de um edifício, o espaço de enunciação 
será alterado. O importante é que, nessas situações, os pontos de articulação têm posições 
relativas àquelas da enunciação ideal. 
 
 
3.6 Orientação da Mão (Or) 
 
A orientação da palma da mão não foi considerada como um parâmetro distinto no 
trabalho inicial de Stokoe. Entretanto, Battison (1974) e posteriormente outros 
pesquisadores argumentaram em favor da inclusão de tal parâmetro na fonologia das 
línguas de sinais com base na existência de pares mínimos em sinais que apresentam 
mudança de significado apenas na produção de distintas orientações da palma da mão 
(Battison, 1974; Bellugi, Klima e Siple, 1975). Por definição, orientação é a direção para a 
qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ferreira Brito (1995, p. 41) enumera seis 
tipos de orientações da palma da mão na LIBRAS: para cima, para baixo, para o corpo, 
para a frente, para a direita ou para a esquerda. 
 
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3.7 Expressões Não-manuais: expressões faciais e corporais 
 
As expressões não-manuais (movimento da face, dos olhos, da cabeça ou do tronco) 
prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: marcação de construções sintáticas e de 
sinais específicos. As expressões não-manuais que têm função sintática marcam 
sentenças interrogativas sim-não, interrogativas QU-, orações relativas, topicalizações. As 
expressões não-manuais que constituem componentes lexicais marcam referência 
específica, referência pronominal, partícula negativa, advérbio ou aspecto. Com base em 
Baker (1983), Ferreira Brito e Langevin (1995) identificam as expressões não-manuais da 
LIBRAS, as quais são encontradas no rosto, na cabeça e no tronco. Deve-se salientar que 
duas expressões não manuais podem ocorrer simultaneamente, por exemplo, as marcas 
de interrogação e negação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
3.8 Restrições na formação de sinais 
 
Restrições físicas e linguísticas especificam possíveis combinações entre as 
unidades configuração de mão, movimento, locação e orientação de mão na formação de 
sinais. Algumas dessas restrições são impostas pelo sistema perceptual (visual) e outras 
pelo sistema articulatório (fisiologia das mãos). Siple (1978) mostrou que propriedades do 
sistema de percepção visual restringem a produção de sinais. A acuidade visual é maior na 
área da face, pois é em tal região que o interlocutor fixa o olhar. Nessa área de alta acuidade 
é mais fácil detectar pequenas diferenças em CM, L, ou M. Fora dessa área de 
proeminência perceptual, discriminações visuais não são tão precisas, dependendo mais 
da visão periférica do que da visão central. Battison (1978) demonstra que na região facial 
há um grande número de diferentes locações, comparada à região do tronco. 
Além disso, CM marcadas ocorrem com maior frequência na região da face do que 
na região do tronco. Essas observações relacionam-se perfeitamente com as colocações 
de Siple (1978) relatadas no parágrafo anterior. As restrições fonológicas de boa-formação 
de sinais podem ser exemplificadas pelas restrições em sinais produzidos pelas duas mãos. 
De um modo geral, pode-se fazer a seguinte classificação: (a) sinais produzidos com uma 
mão, (b) sinais produzidos com as duas mãos em que ambas são ativas e (c) sinais de 
duas mãos em que a mão dominante é ativa e a mão não-dominante serve como locação.3 
Na classificação proposta por Battison (1978) há duas restrições fonológicas na produção 
de diferentes tipos de sinais envolvendo as duas mãos. A primeira restrição, denominada , 
estabelece que, caso as mãos se movam na produção de um sinal, então determinadas 
restrições aparecem, a saber: a CM deve ser a mesma para as duas mãos, a locação deve 
ser a mesma ou simétrica, e o movimento deve ser simultâneo ou alternado. 
 
22 
 
 
 
 
 
A segunda restrição, denominada Condição de Dominância, estabelece que, se as 
mãos não dividem a mesma CM, então a mão ativa produz o movimento, e a mão passiva 
serve de apoio e apresenta uma das CM não-marcadas do seguinte conjunto: 
 
A adição da mão passiva na articulação dos sinais serve para aumentar a gama de 
informação redundante apresentada para o interlocutor. 
 
 
As restrições na formação de sinais, derivadas do sistema de percepção visual e da 
capacidade de produção manual, restringem a complexidade dos sinais para que eles 
sejam mais facilmente produzidos e percebidos. O resultado disso é uma maior 
previsibilidade na formação de sinais e um sistemacom complexidade controlada. 
23 
 
 
4. MORFOLOGIA EM LIBRAS 
 
Seguindo os pontos apresentados e as questões levantadas até aqui, vale lembrar 
que a LIBRAS é uma língua de uma modalidade diferente das línguas orais, sendo essas 
já bastante estudadas enquanto seus processos de composição. Ou seja, a LIBRAS, e as 
línguas de sinais de forma mais geral, são línguas visuo-espaciais, “pois a informação 
linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos” (QUADROS; KARNOPP, 2004). 
Assim, no decorrer deste artigo, procuramos olhar para o que a literatura de línguas visuo-
espaciais explica sobre os compostos e a morfologia, contrapondo com alguns pontos para 
esses estudos nas línguas orais. Discutimos a literatura da LIBRAS e da ASL, pois a 
segunda é uma língua de sinais mais estudada, desde Stokoe (1960), enquanto que a 
primeira só passa a ser mais estudada enquanto seus aspectos linguísticos a partir do fim 
da década de 80. Para tanto, este trabalho se divide da seguinte forma: na seção 
“Compostos na LIBRAS”, discutimos as possíveis formações de compostos na LIBRAS por 
meio do trabalho de Figueiredo Silva e Sell (2009); na seção “Felipe (2006) – processos de 
composição”, trazemos uma análise das formações dos compostos na LIBRAS 
apresentada por Felipe (2006) e discutimos alguns pontos dessa análise; na seção 
“Compostos nas línguas de sinais – análises da ASL”, trazemos duas análises sobre 
compostos na ASL, Klima e Bellugi (1979) e Lidell (1984); na seção “Morfologia”, discutimos 
alguns trabalhos sobre morfologia na LIBRAS, Brito (2010 [1995]), Quadros e Karnopp 
(2004), e Felipe (2006); e, na última seção, encontram-se as considerações e instigações 
para pesquisa futura. 
Como as línguas orais, as línguas de sinais exibem a dupla articulação, isto é, 
unidades significativas ou morfemas,10 constituídas a partir de unidades arbitrárias e sem 
significado ou fonemas (Klima e Bellugi, 1979). Nas línguas orais, os fonemas são 
produzidos pela passagem de ar pela laringe, nariz e boca, e nas línguas de sinais, a 
estrutura fonológica se organiza a partir de parâmetros visuais. (BRITO, 2010 [1995], p. 35) 
Ela fala, então, sobre os parâmetros da LIBRAS, ou seja, discute a parte concernente à 
fonologia. Na sequência, ela traz uma seção intitulada “Aspectos Morfológicos”, na qual 
trata de temas como gênero, número e quantificação, grau, pessoa, tempo e aspecto, 
passando depois para aspectos sintáticos. Ou seja, alguns aspectos morfológicos são 
discutidos, mas em nenhum momento explica-se o que é um morfema, um sufixo ou uma 
raiz. 
24 
 
 
A primeira dificuldade ao se tentar descrever e explicar a morfologia da língua de 
sinais brasileira é o peso da tradição, que dificulta a revisão e a adoção de novas posições. 
A questão é: realizar um estudo da morfologia a partir da análise da morfologia das línguas 
orais ou reduzir-se ao estudo da morfologia das línguas de sinais? Ao optar-se pela 
primeira, pode-se desconsiderar as especificidades das línguas de sinais, quanto à sua 
modalidade de percepção e produção. Ao optar-se pela segunda, depara-se com uma 
bibliografia reduzida e limitada, principalmente ao estudo da língua de sinais americana. 
Além disso, na língua de sinais brasileira, raros são os estudos lingüísticos realizados nesta 
área. (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 84) Ainda, sobre os processos combinatórios, 
apontam que: As línguas de sinais têm um léxico e um sistema de criação de novos sinais 
em que as unidades mínimas com significado (morfemas) são combinadas. Entretanto, as 
línguas de sinais diferem das línguas orais no tipo de processos combinatórios que 
frequentemente cria palavras morfologicamente complexas. Para as línguas orais, palavras 
complexas são muitas vezes formadas pela adição de um prefixo ou sufixo a uma raiz. Nas 
línguas de sinais, essas formas resultam frequentemente de processos não-concatenativos 
em que uma raiz11 é enriquecida com vários movimentos e contornos no espaço de 
sinalização (Klima e Bellugi, 1979). (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 87) 
 
4.1 Conceitos básicos de morfologia 
 
Para Leite (2008), Mesquita (2008) e Quadros & Karnopp (2004), a maioria dos sinais 
em Libras são monomorfêmicos. Ou seja, um sinal apresenta apenas uma forma, um 
morfema, que é composto de todos os parâmetros da língua de sinais proposto por Stokoe. 
Vejamos isso nos exemplos abaixo, em que um único item lexical é utilizado para executar 
o sinal: 
 
25 
 
 
 
 
Conforme Leite (2008), haveria 3 tipos de sinais complexos, todos formados por 
composição: 
1 – Sinais compostos: são executados dois sinais com apenas um significado. 
 
2 – Sinais com incorporação de números: 
26 
 
 
 
Aqui o sinal apresenta configurações de mão distintas, para expressar a quantidade 
de dias. 
 
3 – Sinais modificados aspectualmente: 
 
 
 
 
Com relação a esse último exemplo, o autor destaca que: Um processo bastante 
produtivo de modificação de aspecto nas LSs é a reduplicação, também documentada 
principalmente nas línguas indígenas e asiáticas. Por exemplo, na Libras, a reduplicação 
das sequências de movimento e suspensão acompanhada de sinais não-manuais pode 
expressar a ideia de iteratividade (ESTUDAR e ESTUDAR-MUITO). Além disso, a 
expressão de diferentes aspectos parece ser diferenciada formalmente por mudanças na 
qualidade dos movimentos reduplicados, e pelo possível acompanhamento de sinais não-
manuais específicos. (LEITE, 2008 p.27) 1.5.3. 
 
27 
 
 
4.2 Sintaxe 
 
Segundo Leite (2008, p. 28), Os estudos de sintaxe da ASL e das demais LSs do 
mundo ganharam um novo impulso a partir da década de 70. Até então, a maior parte dos 
pesquisadores acreditava que a ordem das sentenças na ASL era basicamente livre, sem 
restrições, tendo em vista que, em diferentes contextos discursivos, os sinais 
correspondentes a sujeito e objeto apareciam posicionados de diferentes maneiras em 
relação ao verbo. Essa visão começou a mudar a partir dos estudos que vieram destacar o 
importante papel dos sinais não-manuais, principalmente relativos ao rosto e à cabeça, na 
identificação de fenômenos sintáticos. (LEITE, 2008 p. 28). 
E a sintaxe da Libras, no Brasil, começou a ser estudada a partir da década 1980. 
Namura (1982) fez uma dissertaçao com o tema A ordem sintática e a repetição em Mogi 
das Cruzes. Na sequência, vieram os estudos de Brito (1984) com pesquisas que tomaram 
como parâmetro o que se pesquisava em ASL. Reservamos o capítulo 2 desta dissertação 
para abordar melhor a sintaxe em Libras, sobretudo com relação aos temas sintáticos que 
nos interessam pesquisar aqui. 
Ao se discutir estrutura gramatical da Libras com foco na sintaxe, é preciso 
inicialmente conhecer o que pode estar constituindo essa estrutura em outros domínios 
linguísticos, como a fonologia e a morfologia. De acordo com Stokoe (1960), a partir de 
seus estudos sobre a American Sign Language (ASL), as línguas de sinais apresentam um 
nível linguístico sublexical que se assemelha à fonologia das línguas orais. O autor destaca 
que as línguas de sinais apresentam pares mínimos: há itens lexicais distintos e 
diferenciados por um único elemento discreto e sem significado. Nos sinais APRENDER e 
SÁBADO em Libras, é possível perceber a diferença de um único parâmetro que é o da 
localização, portanto, esses sinais têm a mesma configuração de mão que é uma 
representação do sinal da mão, mesmo movimento, mesma orientação quando a palma 
dos dois sinais estão orientadas para o lado e não têm expressão não-manual: 
 
 
28 
 
 
 
 
Stokoe (1965) propõe ainda que os sinais são compostos por três elementos 
fonológicos básicos: configuração de mão (CM); localização (L) e movimento (M). Em 
estudos posteriores, Battison (1974), Liddel e Johnson (1989) apud Crato (2010) 
acrescentam a orientação da palma da mão (OR) e as expressões não manuais (ENM) 
como doisoutros elementos que possuem um importante papel no que poderia ser 
chamado de estrutura fonológica dos sinais. Nas línguas de sinais, a unidade que unifica 
forma e significado é o sinal. Os sinais podem ser formados por mais de um componente 
que denota sentido e/ou função gramatical. Segundo Oliveira e Cunha (2011), os 
componentes dos sinais são simultâneos, o que, a nosso ver, dificulta a identificação de 
morfemas. Para Meir (2012) uma característica marcante das línguas sinalizadas é o fato 
de o léxico apresentar um número maior de elementos icônicos do que as línguas orais. 
Para Souza (2014), outro ponto de estudo sobre a morfologia são os estudos de processos 
sobre a formação e a modificação dos sinais. Há os processos de criação de novas 
palavras, conhecida como morfologia derivacional, e os processos de criação de novas 
formas da mesma palavra, morfologia flexional. A sintaxe, segundo Quadros & Karnopp 
(2004, p.20), é: “a parte da linguística que estuda a estrutura interna das sentenças e a 
relação interna entre suas partes”. Ao analisar as estruturas internas das sentenças na 
Libras, podem-se perceber as seguintes características: ausência de preposição, de 
conjunções e de verbos de ligação, a incorporação de verbos direcionais ou com 
concordância ou flexão, típico de línguas espaço-visuais. (FERNANDES, 1994). Os 
principais aspectos linguísticos da sintaxe de Libras, conforme Stumppf (2005 p. 25), são: 
exploração do uso do espaço (organização de objetos e referentes e não-presentes); uso 
da marcação de concordância nos verbos com concordância; uso dos elementos 
necessários para marcação de concordância com verbos sem concordância (auxiliar, 
29 
 
 
ordem linear, topicalização e foco); uso de estruturas complexas (interrogativo, relativas e 
condicionais); uso de topicalização; uso de estruturas com foco e uso de marcação não-
manual gramatical para realização de concordância; perguntas QU e sim/não; negação. 
Todos esses aspectos são abordados por diversos autores, mas não foram ainda 
aprofundados. Para exemplificar essa sintaxe da Libras com suas regras específicas, a 
seguir abordamos o conceito de ordem de palavras na língua de sinais e a chamada 
concordância na língua a partir dos tipos verbais em Libras. 
 
Ordem das palavras 
 
Segundo Souza (2014), um dos temas mais discutidos na área da Sintaxe é a ordem 
básica dos constituintes na frase em diferentes línguas de sinais e em diferentes tipos de 
sentenças, principalmente as sentenças interrogativas e as construções de tópico e foco. 
Quadros (1999) afirma que a Libras tem uma estrutura da ordem dos constituintes 
semelhante à da ASL: (S) sujeito, (V) verbo e (O) objeto – SVO. Para Fisher (1973), a ordem 
básica em ASL também é SVO, porém “Se o verbo for transitivo e o sujeito e o objeto forem 
reversíveis, ou seja, há uma mudança na orientação da mão e da direção do sinal, a 
flexibilidade nas ordenações será mais restrita” (Fisher, 1973, p. 15 apud Quadros & 
Karnopp, 2004, p. 135). Fisher também constatou que as estruturas não-reversíveis, ou 
seja, flexíveis, apresentam quatro combinações SVO, OSV, VOS, e SOV, sendo que a OSV 
produz uma possível topicalização do objeto, que será analisada no capítulo da análise de 
dados. Quadros & Karnopp (2004, p.135), em consonância com Fischer (1973), confirmam 
que há diferentes padrões de ordenação em virtude da flexibilidade na ordenação dos 
constituintes, porém afirmam que essas ordens são arranjos existentes na língua derivados 
da ordem subjacente. Souza (2014) destaca que todas as sentenças com ordem SVO são 
gramaticais. 
 
 
 
30 
 
 
4.3 Semântica e Pragmática 
 
Atualmente, há poucas pesquisas sobre Semântica e Pragmática da Libras. Para 
Quadros & Karnopp (2004), o estudo da semântica averigua a natureza do significado 
individual das palavras e do agrupamento das palavras nas sentenças. Para McCleary e 
Viotti (2009, p. 6): “o estudo do significado linguístico com base apenas no sistema da língua 
– fora do contexto de uso – é o objeto específico de estudo da Semântica”. A Pragmática 
também é uma área da linguística muito importante para os estudos linguísticos. Segundo 
Fiorin (2008, p. 161): é a ciência do uso linguístico, que estuda as condições que governam 
a utilização da linguagem, a prática linguística. Um dos domínios de fatos linguísticos que 
exigem a introdução de uma dimensão pragmática nos estudos linguísticos é a enunciação, 
ou seja, o ato de produzir enunciados. McCleary e Viotti (2009, p. 6) definem pragmática 
como “o estudo do significado das expressões linguísticas em contextos de fala”. No 
capítulo teórico, voltaremos a falar de Semântica e Pragmática ao abordar os papéis 
semânticos (Agente, Paciente, sobretudo) e os papéis pragmáticos (Tópico e Foco), além 
do tema Topicalização, todos estes muito importantes para esta dissertação. 
 
Tipos de Verbos em Libras 
 
Ferreira-Brito (1995) dividiu os verbos em duas categorias: direcionais e não-
direcionais. Crato (2010) afirma que os verbos direcionais são caracterizados por 
manifestar as flexões para pessoa e número e apresentar um movimento no qual o ponto 
de partida é o sujeito e o ponto final o objeto do enunciado ou vice-versa. Segundo Ferreira-
Brito (1995), esta presença7 do sujeito e do objeto no verbo equivaleria às flexões verbais 
da Língua Portuguesa. Diferentemente, os verbos não direcionais não apresentam essa 
marcação em que o ponto de partida é o sujeito, e o ponto final é o objeto. Para Quadros 
(1999), os verbos flexionados, também chamados de verbos com concordância, utilizam os 
planos espaciais e pontos de articulação, considerados morfemas. Quadros e Karnopp 
(2004) dividem os verbos da Libras em duas classes: verbos com concordância e verbos 
sem concordância. 
 
31 
 
 
Verbos sem concordância 
Os verbos sem concordância, ou verbos simples, são aqueles que não apresentam 
nenhuma marca de concordância e são também conhecidos, na literatura, como verbos 
nãodirecionais. 
O vovô se sente triste. Crato (2010) divide os verbos simples (sem concordância ou 
não-direcionais) em três tipos: 
a) Ancorados no corpo – são verbos nos quais os sinais são feitos em contato com 
ou muito próximos ao corpo. Nesses verbos, em virtude da não flexibilidade do verbo e de 
ser próximo ao corpo, não há forma de marcar o sujeito e o verbo a não ser pelo sistema 
pronominal, ou seja, não há incorporação de indicadores, é necessário apresentar sujeito 
e objeto. 
b) Incorporam o objeto – nesta categoria ocorre a articulação simultânea do verbo e 
do objeto, ou seja, um único sinal traz informações a respeito do verbo e do objeto a que a 
ação se refere. É preciso destacar que os verbos possuem um sinal específico, porém 
mudam um dos parâmetros de constituição do sinal em virtude da especificidade do objeto 
incorporado. 
c) Apresenta flexão com o sujeito ou com o objeto – os verbos não possuem um 
movimento linear e concordam com o sujeito ou com o objeto da oração. 
 
Verbos com concordância 
O segundo grupo de verbos são os direcionais, aqueles que apresentam 
concordância. Quadros & Karnopp (2004) destacam que os verbos se flexionam em 
pessoa, número e aspecto, por meio da orientação das mãos, que indica o ponto de partida 
e o ponto de chegada do verbo. 
Alguns verbos incorporam somente o objeto. Outra classificação sobre os verbos 
com concordância é a apresentada por Souza (2014). 
Para Lillo-Martin e Meier (2011), esse fenômeno é denominado primazia do objeto, 
em que a concordância com o objeto é sempre obrigatória, enquanto a concordância com 
o sujeito é opcional, podendo ser omitida. Souza (2014) apresenta também os verbos com 
concordância dupla regular, que apresentam dois argumentos em uma sentença. 
32 
 
 
E uma última classificação denominada por Quadros & Karnopp (2004) de backward 
verbs, em que iniciam a trajetória do sinalna posição do objeto e concluem na posição de 
sujeito, ao contrário dos demais verbos que começam a trajetória na posição de sujeito e 
vão em direção à posição do objeto (QUADROS & KARNOPP 2004, p. 203). 
 
 
Pessoa (referência) 
Quadros, Pizzio e Rezende (2009, pag. 34) afirmam que a flexão é utilizada para 
marcar as referências pessoais nos verbos com concordância. O referente é realizado por 
meio da apontação para diferentes locais no espaço, estabelecidos para identificá-los, 
quando estes não estão presentes no discurso. No caso de referentes presentes, a 
apontação é direcionada para a posição real do referente. Se isso é ou não efetivamente 
um caso de flexão não será aqui discutido por nós. Segundo Castro (2010), essa apontação 
não ocorre de forma caótica. A primeira distinção refere-se à pessoa do discurso. A autora 
apresenta uma distinção entre 1ª pessoa e não-1ª pessoa: ao se fazer referência à 1ª 
pessoa, aponta-se diretamente para o peito do sinalizador. Para referência a outras 
pessoas do discurso, há uma associação com um ponto distinto do espaço. O ponto será 
estabelecido de acordo com o referente. E este ponto pode ser estabelecido de forma 
diferenciada se o referente estiver presente ou ausente no momento da enunciação. Se o 
referente estiver presente, aponta-se diretamente para o local, ou seja para sua posição 
real. No caso da 2ª pessoa, ela é identificada imediatamente à frente do falante. Para 
Berenz (2002) apud Souza (2014) essa regularidade constatada de sempre a segunda 
pessoa estar à frente do falante levou alguns autores a discutirem se as línguas de sinais 
fazem ou não distinção entre 1ª pessoa, 2ª pessoa e 3ª pessoa. Porém, os estudos ainda 
são novos e não iremos detalhar nesta pesquisa. A 3ª pessoa é marcada ao se fazer 
referência à localização real do referente, se este estiver presente na discussão, ou ainda, 
ao se atribuir um ponto abstrato específico no espaço de sinalização. Para Meir (2002): “(...) 
devido a modalidade visual, cada nominal do discurso pode receber uma localização 
distinta e, portanto, cada localização contém informações suficientes para identificar 
unicamente seu referente”. Para se determinar a pessoa, em todos os casos, a 
configuração usada é a mão em G. Na primeira pessoa, o dedo indicador aponta para o 
peito do locutor e, na segunda pessoa, o indicador aponta para o interlocutor. Pontos no 
33 
 
 
espaço estabelecidos durante o discurso representam as terceiras pessoas. Uma das 
formas de expressar o plural é por meio do movimento semicircular para a segunda pessoa 
e do movimento circular para a primeira pessoa. 
 
 
Tempo/Modo/Aspecto 
Para Ferreira-Brito (2010), o tempo é expresso através de locativos temporais 
relacionando-se entre si dentro do espaço, como os sinais HOJE e/ou AGORA. O plano 
vertical em frente ao corpo do locutor representa o presente, já o futuro é indicado por um 
movimento curto que se direciona para frente do locutor e representa o sinal AMANHÃ. O 
passado é indicado por um movimento sobre o ombro até atingir o espaço imediatamente 
anterior ao ouvido, como ONTEM, e já o passado distante é obtido por um movimento amplo 
que se estende além das costas como o sinal HÁ MUITO TEMPO. 
As realizações desses sinais podem ser descritas como se estivessem se valendo 
de linhas temporais imaginárias situadas no espaço de sinalização: futuro bem à frente do 
tronco, passado atrás e presente próximo. Na Libras, como não parece haver flexão 
gramatical para tempo, a noção de temporalidade pode ser explicada por essa 
composicionalidade do sistema de referência temporal e aspectual. Ou seja, há marcas 
específicas que estabelecem relações dêiticas com o momento de fala e expressam os 
tempos futuro, passado ou presente. Porém, quando essas marcas não são empregadas, 
é possível ter leitura de presente ou passado dada pela interação entre tempo e aspecto, 
isto é, pela lexicalidade do verbo e seus argumentos, é possível interpretar sentenças como 
estando no presente quando a lexicalidade dos verbos e de seus complementos não estiver 
denotando um evento pontual, cujo tempo de referência pode ser interpretado como um 
todo ocorrido antes do momento de fala, pois, nesse caso, o tempo que se coloca é de 
passado. 
 
 
 
34 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Vimos os principais conceitos existentes nos estudos morfológicos da libras, como 
unidade mínima, morfologia e composição. Vimos como se comportam os compostos em 
libras e os parâmetros dessa língua são compreendidos como unidades mínimas. Porém, 
como observado, várias questões ainda estão em aberto sobre a morfologia da libras, por 
isso tal estudo carece de mais aprofundamento. 
A maneira pela qual a libras é realizada, através do canal visual-gestual, permite a 
ocorrência de eventos que não ocorrem nas línguas orais, pois ambas são línguas com 
realizações e realidades distintas. Por isso é observa-se a necessidade de que estudos 
específicos sobre a morfologia da libras sejam realizados, pois do contrário muitos 
perguntas podem continuar sem respostas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
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