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HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE (2021BIM1.2) Aula 1.1 - Processo saúde e doença A saúde é definida como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Dizer que há saúde não é o mesmo que dizer que não há doença e vice-versa. Esses termos tratam de coisas diferentes e ao mesmo tempo indissociáveis. O conceito de doença também é mais amplo e pode nos ajudar a aprender sobre questões epidemiológicas que permeiam o processo saúde e doença. A presença ou ausência de doença é um problema pessoal e social. A capacidade individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está relacionada com a saúde física e mental da pessoa. É, também, social, pois a doença de uma pessoa pode afetar outras pessoas de forma significativa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre esses conceitos e relacioná-los com a história e a epidemiologia. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Descrever o conceito de saúde. · Definir o conceito de doença. · Identificar historicamente os conceitos de saúde e doença e relacionar esses conceitos com a epidemiologia. DESAFIO: Antigamente, as pessoas entendiam a saúde como algo estático e formal, mas esse conceito foi alterado e, atualmente, a Organização mundial de Saúde (OMS) define como completo bem-estar físico, social e mental e não apenas a ausência de doenças. De que forma você explicaria esse novo conceito incluindo as novas dimensões (bem-estar físico, social e mental)? Apresente uma pequena definição de cada uma. RESPOSTA : Saúde é o completo estado de bem-estar entre as três dimensões (físico, mental e social), passando a ser mais um valor da comunidade do que do indivíduo, portanto não se trata somente da ausência de enfermidade, conforme a OMS. Para compreender melhor o conceito de saúde, a explicação das três dimensões contribuirá para isso, segundo a OMS: Bem-estar físico: significa que não há apenas a saúde de um órgão, mas sim do todo, completa. Bem-estar social: é o ajuste às exigências do meio, fundamentalmente das condições socioeconômicas, do local onde vivemos, da distribuição de riquezas e das oportunidades oferecidas ao indivíduo. Bem-estar mental: o ser humano precisa estar bem ajustado às condições de vida, dentro do ambiente em que vive; com entendimento, equilíbrio, tolerância, compreensão dos indivíduos. A saúde mental é a resposta psíquica ajustada com a boa adaptação. INFOGRÁFICO: aspectos gerais e a importância da Classificação Internacional de Doenças (CID). Quando estudamos saúde e doença precisamos relacioná-las com a epidemiologia para compreender as causas, os efeitos e os desfechos. Com a epidemiologia, conseguimos acompanhar a história dos estudos sobre saúde e doença, e a evolução das pesquisas dos tratamentos. Além disso, é possível entender sobre riscos, chances e outros conceitos importantes que permeiam a saúde e a doença nas populações. Acompanhe o capítulo Processo saúde e doença, do livro Saúde Coletiva, o qual demonstrará historicamente de que forma os conceitos evoluíram, tornando mais fácil entender os processos na saúde. O conceito de doença também é mais amplo e pode nos ajudar a aprender sobre questões epidemiológicas que permeiam o processo de saúde e doença. A presença ou ausência de doença é uma questão pessoal e social. Pessoal, porque a capacidade individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está relacionada com a saúde física e mental da pessoa. Social, porque a doença de uma pessoa pode afetar outras pessoas significativas. O conceito de saúde Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como completo bem- -estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de doenças. Define também que se trata de um direito fundamental, e que a consecução do mais alto nível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor de saúde. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. Dentro desse conceito, são encontradas 3 dimensões: · Bem-estar físico: significa que não há apenas a saúde de um órgão, mas sim do todo, completa; · Bem-estar social: é o ajuste às exigências do meio, fundamentalmente das condições socioeconômicas, do local onde se vive, da distribuição de riquezas e das oportunidades oferecidas ao indivíduo; · Bem-estar mental: o ser humano precisa estar bem ajustado às condições de vida, dentro do ambiente em que vive; com entendimento, equilíbrio, tolerância e compreensão dos indivíduos; a saúde mental são as respostas psíquicas ajustadas com boa adaptação. A saúde torna-se a capacidade que o ser humano tem de gastar, consumir a própria vida. Entretanto, é importante destacar que a vida não admite a reversibilidade, ela aceita apenas reparações. Cada vez que o indivíduo fica doente, está reduzindo o poder que tem de enfrentar outros agravos. Ainda de acordo com a OMS, existem determinantes sociais de saúde que são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Definições mais flexíveis quer de saúde quer de doença consideram múltiplos aspectos causais da doença e da manutenção da saúde, tais como fatores psicológicos, sociais e biológicos (ALBUQUERQUE et al., 2002). No passado, a saúde significava “mente sã em corpo são” e só podia ser mantida se a pessoa seguisse um estilo de vida consonante com as leis naturais. Só assim seria possível assegurar um equilíbrio entre as forças do organismo e as do seu ambiente. Depois surgiu o modelo biomédico, que conduziu ao desenvolvimento das modernas medidas de saúde pública. Tais medidas foram essenciais para as mudanças dos padrões de saúde e doença do mundo desenvolvido (ALBUQUERQUE et al., 2002). Outra parte importante da saúde é a promoção da saúde, que é um conceito multidisciplinar e tem como definição o processo de “capacitar” as pessoas para aumentarem o controle sobre a sua saúde e para melhorá-la. Qualidade de vida e saúde : A qualidade de vida é um método utilizado para avaliar as condições de vida dos indivíduos. Envolve o bem espiritual, físico, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, saúde, educação, poder de compra, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida. A Saúde está incluída nessa medida, que auxilia os pesquisadores a melhorarem a vida das populações, pois consegue avaliar domínios da vida das pessoas. Dentro das avaliações de qualidade de vida é possível também avaliar os anos de vida ajustados pela qualidade de vida (do inglês, Quality Adjusted Life Years, QALY), que é um índice simples que combina a mortalidade e a morbidade. A qualidade de vida foi definida como sensação íntima de conforto, bem-estar ou felicidade no desempenho de funções físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade da sua família, do seu trabalho e dos valores da comunidade à qual pertence. Saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a constante avaliação e mudança. A doença é considerada como ausência de Saúde, um estado que, ao atingir um indivíduo, provoca distúrbios das funções físicas e mentais. Pode ser causada por fatores exógenos (externos, do ambiente) ou endógenos (internos, do próprio organismo). O modelo biomédico, aplicado à saúde pública, reconheceu que: · as doenças infecciosas eram difíceis senão impossíveis de curar e, uma vez instaladas no adulto, o seu tratamento e a sua cura eram dispendiosos; · os indivíduos contraíam doenças infecciosas em contato com o meio ambiente físico e social que continha o agente patogénico; · as doenças infecciosas nãose contraíam a não ser que o organismo hospedeiro fornecesse um meio favorável ao desenvolvimento do agente infeccioso. A medicina curativa que, a partir de meados do século XX, encontrou nos antibióticos um auxiliar eficaz na destruição desses microorganismos. A partir dos sinais das doenças, o desenvolvimento da anatomia patológica tornou-se um dos principais alicerces da medicina moderna e a doença passou a ser considerada uma patologia (BATISTELLA, 2007). Para facilitar a classificação das doenças, a OMS criou uma lista conhecida como Classificação Internacional de Doenças (CID), que é uma ferramenta epidemiológica que fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. Essa classificação foi criada a partir de uma necessidade de classificar as doenças, e a partir de outras tentativas de organizar o conhecimento sobre as doenças. A CID é formada por uma letra, seguida por três números. O código formado permite a identificação de todas as doenças conhecidas, bem como de sintomas, queixas de pacientes, aspectos fisiológicos anormais, dentre outros. Em 1855, Willian Far estabeleceu uma classificação que estava dividida em 5 grupos: doenças epidêmicas, generalizadas e localizadas, de acordo com a classificação anatômica, do desenvolvimento e consequentes de traumatismo. A partir da classificação de Far e de muitas revisões, chegou-se ao CID utilizado atualmente. Dentro das questões de doenças, faz-se necessário compreender o processo saúde-doença que surge a partir de diferentes dimensões: · Microestrutural – molecular ou celular; · Microsistêmica – metabolismo ou tecido; · Subindividual (órgão ou sistema) – processos fisiopatológicos; · Clínica individual – casos; · Epidemiológica – população sob risco; · Interfaces ambientais – ecossistemas; · Simbólica – semiológica e cultural. No nível individual, a expressão do processo pode ser, simultaneamente, alteração fisiopatológica, sofrimento e representação (mediada por valores culturais). No nível coletivo, o processo saúde-doença possui uma expressão populacional (demográfica, ecológica), cultural (conjunto de regras) e espacial (organização e disposição). Nas sociedades, esse mesmo processo aparece como problema de saúde pública, entre o particular e o público e entre o individual e o coletivo (BATISTELA, 2007). Entre as epidemias mais importantes que assolaram o Brasil desde o final do século XIX, estão a da febre amarela nos anos 1850 e 1870, a da varíola de 1834 a 1839, a da gripe espanhola entre os anos de 1918 e 1919, a da sífilis em 1920 e a dengue nos anos 1930. A Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde em populações, bem como a aplicação desses estudos no controle dos eventos relacionados com saúde. Para os estudos epidemiológicos é necessário conhecimento detalhado das condições de vida e de trabalho das pessoas para que se possa planejar e programar o desenvolvimento de ações em Saúde. Esses determinantes mais amplos do processo Saúde-doença são as condições de materiais necessários à sobrevivência, relacionados à nutrição, habitação, saneamento básico e ás condições de meio ambiente. Dentro da epidemiologia é possível estudar os indicadores de Saúde, que são medidas que refletem características e têm como propósito elucidar situações de saúde. Os indicadores possuem muitas especifidades e são divididos em três categorias: 1) Indicadores que traduzem diretamente a Saúde: razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil e coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis; 2) Indicadores que referem às condições do meio: índice de abastecimento de água, rede de esgotos, contaminações ambientais por poluentes; e 3) Indicadores que medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de Saúde: índices relativos à rede de unidades de saúde de atenção básica, profissionais de saúde e leitos hospitalares. Dentro da epidemiologia temos conceitos muito importantes que precisam ser destacados para compreensão do processo saúde e doença: 1)Mortalidade: dados provenientes de declarações de dados de morte; 2) Morbidade: a comunicação de uma doença ou agravo à saúde feita a autoridade sanitária; 3) Razão de chances: medida de associação, significa quantas vezes maior é a chance de um indivíduo estar doente entre aqueles expostos a algum fator e aos não expostos (exemplo: qual a chance de ter câncer de pulmão entre os fumantes e não fumantes); 4) Risco relativo: responde a quantas vezes é maior o risco de desenvolver uma doença entre indivíduos expostos e não expostos (por exemplo: risco de bebês que não são amamentados exclusivamente com leite materno de terem diarreia com comparação com bebês que são amamentados apenas com leite materno), e também é uma medida de de associação; 5) Causalidade: explica a ocorrência da doença ou de outros eventos ligados à saúde. Indicadores auxiliam a medir simultaneamente o impacto da mortalidade e dos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida dos indivíduos: 1) O DALY que mede os anos de vida perdidos por morte prematura; 2) O YLL –Years of Life Lost – Anos de vida perdidos por morte prematura ou incapacidade; 3) E o YLD – Years Lived with Disability – Anos de vida vividos com incapacidade. A OMS sugere pesos segundo sexo, faixa etária e tratamento ou não da doença. Basicamente os cálculos da DALY são a soma do YLL com YLD. ( DALY = YLL + YLD) E o YLL é igual ao número de mortes multiplicado pela expectativa de vida e a idade da morte em anos (YLL = M x E). · Entender sobre o conceito de epidemiologia é importante para entender as questões sobre saúde e doença na saúde coletiva. · Epidemiologia: É o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde da população, bem como, aplicação no controle dos eventos. · Para controlar/ prevenir/ tratar doença Dados epidemiológicos coletados nos locais de interesse (país, estados, etc) · Epidemiologia: · auxilia a reduzir os problemas de saúde na população porque estuda a ausência de saúde na forma de doenças e agravos · informar a situação de saúde da população · investigar os fatores da situação de saúde · avaliar os impactos das ações para alterar a situação encontrada · Epidemiologia social: distingue pela insistência em investigar explicitamente os determinantes sociais do processo saúde e doença EXERCÍCIOS 1) A epidemiologia possui conceitos determinantes. Esses conceitos são aplicados através de informações adquiridas na coleta de informações do histórico do paciente, podendo a partir daí compreender o processo da doença. Considere um paciente que apresentou IAM (infarto agudo do miocárdio), porem este paciente é obeso, diabético e sedentário, com mal hábito alimentar. Neste qual dos conceitos relacionados abaixo se encaixa para compreender o processo saúde e dença deste paciente? a) prevalência RESPOSTA INCORRETA b) risco relativo RESPOSTA CORRETA conceitos epidemiológicos para compreensão do processo saúde e doença: Mortalidade: dados provenientes de declarações de dados de morte; Morbidade: a comunicação de uma doença ou agravo à saúde feita a autoridade sanitária; Razão de chances: medida de associação, significa quantas vezes maior é a chance de um indivíduo estar doente entre aqueles expostos a algum fator e aos não expostos; Risco relativo: responde a quantas vezes é maior o risco de desenvolver uma doença entre indivíduos expostos e não expostos; Causalidade: explica a ocorrência da doença ou de outros eventos ligados à saúde Prevalência (o número de casos existentes de uma doença, em um dado momento) Incidência (a frequência com que surgem casos novos da doença num intervalo de tempo) c) Incidência RESPOSTA INCORRETA d) razão de chances RESPOSTA INCORRETA e) causalidade RESPOSTA INCORRETA 2) Quando estudamosas condições de saúde e doença em epidemiologia, é necessário planejar e programar o desenvolvimento de ações em saúde. Esse conhecimento exige um detalhamento das condições de vida e de trabalho das pessoas. Assinale a resposta CORRETA com esses determinantes mais amplos do processo saúde e doença. a) Condições de materiais necessários à sobrevivência, relacionados à nutrição, habitação, saneamento básico e às condições de meio ambiente. RESPOSTA CORRETA Esses são os determinantes mais amplos para compreender as ações relacionadas à saúde e à doença. b) Formas sociais e culturais do estilo de vida no padrão de se alimentar, no dispêndio de energia no cotidiano, no trabalho e nos esportes, hábitos como consumo de fumo, álcool e lazer. RESPOSTA INCORRETA Esses são fatores condicionantes utilizados para realizar as ações de saúde e doença. c) Características genéticas e imunológicas, renda, acesso a serviços de saúde, escolaridade e educação, posição na sociedade, personalidade , hábitos, entre outros. RESPOSTA INCORRETA Esses são os microdeterminantes para os estudos de saúde e doença. d) Políticas públicas, desenvolvimento sustentável, produto nacional bruto, desigualdade de rendas, ambiente social, iniquidades sociais e posições hierárquicas. RESPOSTA INCORRETA Esses são os macrodeterminantes para os estudos de saúde e doença. e) Sociedade, família, indivíduo, órgão e célula. RESPOSTA INCORRETA Essa é a representação de um modelo sistêmico que explica o adoecimento de uma forma orgânica com as dimensões do indivíduo, desde as biológicas até as mais gerais vinculadas à sociedade. 3) Os indicadores de saúde refletem situações que interferem na saúde de algum modo e tem 3 caracteristicas definidoras: as que traduzem diretamente a saúde, as que se referem as condições de meio, as que medem recursos humanos e materiais relacionados a saúde. Pensando nisso qual das alternativas abaixo refletem as características de condições do meio que refletem na saúde? a) Razão de mortalidade proporcional RESPOSTA INCORRETA b) Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis RESPOSTA INCORRETA c) Índice de unidades de saúde de atenção básica RESPOSTA INCORRETA d) Profissionais de saúde e leitos hospitalares. RESPOSTA INCORRETA e) Rede de esgotos RESPOSTA CORRETA Dentro da epidemiologia é possível estudar os indicadores de Saúde, que são medidas que refletem características e têm como propósito elucidar situações que interferem na saúde. Esses indicadores são divididos em 3 categorias: Indicadores que traduzem diretamente a Saúde: razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil e coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis; Indicadores que referem às condições do meio: índice de abastecimento de água, rede de esgotos, contaminações ambientais por poluentes; e Indicadores que medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de Saúde: índices relativos à rede de unidades de saúde de atenção básica, profissionais de saúde e leitos hospitalares. 4) Sobre a Classificação Internacional de doenças, marque a alternativa CORRETA. a) É um entendimento do estado patológico e avança nas relações entre os diversos estados patológicos da população em um determinado momento. RESPOSTA INCORRETA Esse é o conceito de patocenose utilizado pelo autor Grmek na compreensão dos processos de saúde e doença e que auxiliaria na classificação das doenças, não tem relação com o CID. b) Ocorrência de doenças e o estabelecimento de condições de transmissão associadas a biogeocenoses ou ecossistemas. RESPOSTA INCORRETA Conceito central da Teoria das doenças de foco natural estabelecida por Pavlovsky, em 1939. c) Está dividida em cinco grupos: doenças epidêmicas, generalizadas, localizadas devido à classificação anatômica, do desenvolvimento e consequentes de traumatismo. RESPOSTA INCORRETA Essa é a classificação de Farr, criada em 1855, que após revisões foi adotada para classificar as doenças. d) Fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. RESPOSTA CORRETA Esse é o objetivo principal do CID e o conceito utilizado para a classificação das doenças. e) Classificação segundo a natureza das doenças em: gotosa, herpética, hemática, entre outras. RESPOSTA INCORRETA Classificação de D`Espine apresentada para auxiliar na classificação das doenças, em 1855. 5) Sobre os determinantes sociais da saúde, assinale o que está CORRETO. a) Considera como fator único de surgimento de doenças um agente etiológico - vírus, bactérias ou protozoários. RESPOSTA INCORRETA Esse é o pressuposto da teoria da uni causalidade, muito aceita no início do século XX, para explicar as doenças. b) É o método utilizado para avaliar as condições de vida dos indivíduos, envolve o bem espiritual, físico, psicológico e emocional; além de relacionamentos sociais, saúde, educação, poder de compra, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida. RESPOSTA INCORRETA Esse é o conceito de qualidade de vida, no qual um dos itens avaliados é a saúde, mas não os determinantes sociais. c) São os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. RESPOSTA CORRETA Esse é o conceito principal dos determinantes de saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) agrega ainda que são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. d) É um agente externo causador da doença que deve ser combatido como um inimigo da saúde. RESPOSTA INCORRETA Esse é o modelo exógeno do adoecimento, segundo Laplantine. Por exemplo: se é o cigarro que causa o câncer, ele é o agente diretamente responsável por essa doença. e) É uma medida genérica da carga de doenças incluindo tanto a qualidade de vida quanto o tempo que se vive. RESPOSTA INCORRETA Esse é o conceito de QALY que são os anos de vida ajustados pela qualidade da vida dos indivíduos. Essa medida combina em um simples índice numérico a quantidade de vida (mortalidade) e a qualidade de vida (morbidade). Aula 1.2 - Relação saúde, sociedade e cultura Você sabia que quando conversamos sobre saúde devemos incluir e conhecer a realidade demográfica, epidemiológica, social, política e cultural? Dentro desse contexto há uma estreita relação entre saúde e sociedade, onde devemos refletir desde o sujeito até a família e as relações sociais mais amplas. A cultura é um conjunto de valores, costumes, regras e leis que interferem em vários aspectos da vida; e a saúde é vista como um traço cultural. A saúde geralmente era vista como a perspectiva da sobrevivência, de anos de vida ganhos a defender a vida, mas considerando a cultura, a saúde é também ligada à intensidade e à qualidade de vida. Antigamente, a única cultura envolvida na saúde era a cultura científica. Esse tipo de cultura não se preocupava com a cultura nacional, importava-se apenas com campanhas de vacinação, controle de epidemias, internações hospitalares e sanitização urbana, sem olhar para a cultura da sociedade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar essa relação entre saúde, sociedade e cultura, que considera outro modelo onde a cultura aparece de forma muito mais dialética e interativa, considerando o interesse de sobreviver, mas também o desejo, o prazer, a realização, o sujeito e o contexto. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer, dentro do conceito de saúde e doença, os determinantes que levam ao processo de adoecimento e cura. · Relacionar conceitualmente saúde, sociedade e cultura. · Definir os sistemas de saúde cultural e social. DESAFIO: Há uma relação entre desejo, cultura, prazer, realização, sujeito e seu contexto. No Brasil, essa relação fica clara pelo programa de controle de AIDS, que leva em consideração questõesculturais importantes. As técnicas de promoção e prevenção têm que variar conforme o sujeito com quem se está trabalhando: se é religioso, se é jovem, se é idoso, se é dependente de droga, etc. É necessário compreender o conceito de redução de dano, não só na distribuição de seringas, mas pensar nesse conceito como uma combinação da cultura e da técnica, tanto da clínica quanto da cultura epidemiológica e sanitária. INFOGRÁFICO: É comum afirmar que um bom paciente é aquele com cultura suficiente para compreender e seguir as orientações e cuidados transmitidos pelos profissionais da saúde. No entanto, sabe-se que no processo de adoecimento, a pessoa quando se vê diante de uma doença, busca todos os recursos possíveis para manter sua vida. Isso independentemente do nível intelectual e do esquema de transmissão de informações, o que reforça a influência das crenças nas condições de adoecimento e cura. Desta forma, estuda-se um modelo conceitual de saúde que leva em consideração a determinação social. Confira o Infográfico a seguir. Quando estudamos as relações entre saúde, sociedade e cultura conseguimos estabelecer as relações entre adoecimento e cura. Ainda, é possível compreender historicamente os modelos conceituais de saúde que levam às estratégias de prevenção e promoção de saúde, considerando as informações culturais da sociedade. O processo saúde-doença é determinado pela forma como o homem se apropria da natureza em seus processos de trabalho em cada momento histórico e em determinadas relações sociais de produção (CAMPOS, 2002). A saúde é um traço cultural: pensamos em saúde na perspectiva da sobrevivência, dos anos de vida ganhos, de defender a vida. Mas, do ponto de vista cultural, a vida é também ligada ao prazer, ou seja, à intensidade da vida, à qualidade de vida (CAMPOS, 2002) e a tudo relacionado com a saúde. · Saúde: determinada pela própria biologia humana, pelo ambiente físico, social e econômico ao qual o indivíduo está exposto e pelo seu estilo de vida, isto é, pelos hábitos de alimentação e outros comportamentos que podem ser benéficos ou prejudiciais. A boa saúde está associada ao aumento da qualidade de vida. · Sociedade: o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes e que interagem entre si, constituindo uma comunidade. · Cultura: é um conjunto de valores, costumes, regras e leis que interferem em vários aspectos da vida. Quando queremos estudar saúde, sociedade e cultura, devemos compreender que temos dois modelos assistenciais: um modelo biomédico e um modelo de determinação social. O modelo biomédico veio através da valorização do complexo industrial, da célula e da química, do poder do médico e sua onipotência, do conhecimento fragmentado e da rigidez. Nesse modelo, o conhecimento e a prática de saúde são centralizados no profissional médico. O modelo de determinação social valoriza a psicologia e o cultural, a atuação interdisciplinar e multiprofissional, a pessoa como um todo, a permeabilidade e a humildade, a flexibilidade e o pensamento crítico político. Com a compreensão desses modelos, fica mais fácil a discussão da relação entre sociedade, cultura e saúde. A partir desses modelos podemos incluir o conceito de promoção da saúde que, implica em ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e fatores de risco e, depois de instalada a doença, no tratamento adequado dos doentes. A promoção da saúde se refere a ações sobre os determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar favoravelmente a qualidade de vida das pessoas na sociedade. A promoção da saúde está dividida entre duas questões importantes: o comportamento dos indivíduos e seus estilos de vida (que se aproxima muito do modelo preventivo das doenças); e o enfoque mais amplo das políticas públicas e das condições favoráveis à saúde. A promoção de saúde é baseada em dois pilares: um diz respeito aos comportamentos cotidianos e, o outro, às circunstâncias em que vivemos. Existem fatores que determinam a promoção da saúde e que vão além das características das doenças: são os chamados determinantes sociais de saúde ( conjunto das condições em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu ações para melhorar a situação da saúde e reduzir iniquidades. Essas ações são baseadas em 3 princípios: 1. Melhorar as condições de vida cotidianas — as circunstâncias em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem. 2. Abordar a distribuição desigual de poder, dinheiro e recursos — os motores estruturais das condições de vida referidas — nos níveis global, nacionais e locais. 3. Quantificar o problema, avaliar a ação, alargar a base de conhecimento, desenvolver um corpo de recursos humanos formado sobre os determinantes sociais da saúde e promover a consciência pública sobre o tema. · A abordagem dos determinantes sociais reflete o fato de que as iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais sejam combatidas junto. Para que a economia permaneça forte e a estabilidade social e a segurança global sejam mantidas, é essencial que ações coordenadas em prol da saúde sejam implementadas. Trabalhar sobre os determinantes sociais também ajuda a melhorar as condições de saúde como um todo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2011). · Existe no Brasil a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), criada em 2006 com o objetivo de promover uma tomada de consciência sobre a importância dos determinantes sociais na situação de saúde e sobre a necessidade do combate às iniquidades de saúde por eles geradas. · Fatores culturais devem ser considerados nas intervenções preventivas e terapêuticas · Políticas públicas de promoção da saúde têm por objetivo promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes (modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais) (BRASIL, 2010). Algumas ações específicas ganham destaque promoção de saúde: alimentação saudável, prática corporal e atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura de paz e promoção do desenvolvimento sustentável. Os sistemas de saúde não podem ser estudados isolados da sociedade; ao contrário, devem ser inseridos nela. · O sistema de saúde tem 2 tópicos importantes, que estão relacionados: · cultural: conceitual e prático; social: organizacional e normativo. · O sistema de saúde possui as seguintes características: 1. Individualismo. 2. Saúde/doença como mercadoria. 3. Ênfase no biologismo. 4. A historicidade da prática médica. 5. Medicalização dos problemas. 6. Privilégio da medicina curativa. 7. Estímulo ao consumismo médico. 8. Participação passiva e subordinada dos consumidores · Dentro do sistema cultural de saúde existem formas diferentes de cuidado: a popular, a informal e a profissional: · Informal: inclui a automedicação e consulta com leigos que tiveram o mesmo problema. Crenças sobre saúde e doença são incluídas aqui. · Popular: envolve curas milenares ou sagradas, grande variabilidade de cenários e abordagens, inclui os curandeiros, a abordagem holística, as facetas espirituais e a medicina alternativa: as medicinas originais não ocidentais (alternativas e complementares) incluem homeopatia, acupuntura, quiropraxia, etc. · Formal (Profissional) : medicina tradicional. · Exemplo: Muitas vezes, as pessoas buscam tratamentos tradicionais (como chás, ervas e cura espiritual) tão amplamente utilizados na comunidade, mesmo quando podem pagar por um tratamento médico. · Quando estudamos a influência da cultura na saúde, temos que ficar atentos à questão da religiosidade. Respeitar as crenças, as diferenças e os hábitos de cada indivíduo auxilia na forma como as pessoas encaram a doençae como aderem aos tratamentos. · Sistemas de saúde: · 1) Hegemônico: Modelo Biomédico (tradicional); solução pontual aplicada à doença; consulta em posto/hospital/consultório · 2) Alternativo: Outros modelos assistenciais; cuidado com a família; cuidado com cada indivíduo; visita domiciliar; leva em conta os hábitos culturais; respeito à diversidade religiosa; respeito a curandeiros, benzedeiras, etc. · EXERCÍCIOS: 1) As condições econômicas e sociais influenciam decisivamente as condições de saúde de pessoas e populações. A maior parte da carga das doenças, assim como as iniquidades em saúde, que existem em todos os países, acontecem por conta das condições em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem. Esse conjunto é denominado Determinantes Sociais da Saúde. Para melhorar a situação da saúde e reduzir iniquidades, foram propostas ações pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assinale a alternativa CORRETA sobre elas: a) Disponibilidade de habitação de custo suportável; Investimento na requalificação de bairros degradados, incluindo como prioridade o abastecimento de água e condições de saneamento, eletricidade e pavimentação; Comunicação para todos os lares, independentemente da sua capacidade financeira. RESPOSTA INCORRETA Estes são investimentos essenciais para assegurar que o planejamento urbano promova comportamentos equitativos saudáveis e seguros. b) Melhorar as condições de vida cotidiana: as circunstâncias em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem; Abordar a distribuição desigual de poder, dinheiro e recursos: os motores estruturais das condições de vida referidas nos níveis global, nacional e local; Quantificar o problema, avaliar a ação, alargar a base de conhecimento, desenvolver um corpo de recursos humanos formado sobre os determinantes sociais da saúde e promover a consciência pública sobre o tema. RESPOSTA CORRETA Estes são os três princípios das ações organizadas no relatório da OMS na Conferência Mundial sobre Determinantes da Saúde, ocorrida no Rio de Janeiro. c) Inclusão, Atuação e Controle. RESPOSTA INCORRETA Estes são três itens importantíssimos para o desenvolvimento social, saúde e de bem-estar. d) Erradicar a extrema pobreza; Acelerar a redução da desigualdade na distribuição de renda; Garantir a segurança alimentar e o acesso à água a todos os brasileiros. RESPOSTA INCORRETA Estas são metas que visam, manter o crescimento em direção à redução de iniquidades. e) Igualdade de gênero, inclusão social e desenvolvimento humano para todos. RESPOSTA INCORRETA Estes são desafios prioritários que contribuem para o desenvolvimento sustentável 2) Existem duas maneiras de conceber o processo saúde-doença, uma definida por determinação biomédica e outra como modo de determinação social da doença. Esses dois modelos são conceituais em saúde. Marque a resposta CORRETA sobre o modelo de determinação social: a) Valoriza a psicologia e o cultural, a atuação interdisciplinar e multiprofissional, a pessoa como um todo, permeabilidade e humildade, flexibilidade e pensamento crítico político. RESPOSTA CORRETA Este é o modelo de determinação social das doenças e os itens que são levados em consideração nesse processo. O modelo não nega a atenção individual quando necessária, mas contextualiza na relação entre os cidadãos. b) Valorização do complexo industrial, da célula e da química, todo poder do médico, onipotência, conhecimento e rigidez. RESPOSTA INCORRETA Estes itens pertencem ao modelo biomédico, onde o conhecimento e a prática de saúde são centralizados no profissional médico. c) O marco teórico no modelo capitalista norte americano é chamado modelo flexneriano por causa do educador Flexner, que provocou uma reforma na educação médica nos EUA. RESPOSTA INCORRETA Marco do modelo biomédico do processo saúde-doença. d) Focaliza no indivíduo, negando os grupos sociais e a comunidade. RESPOSTA INCORRETA Característica do modelo biomédico relacionanda ao individualismo. e) Dá ênfase à cura das doenças, em detrimento da promoção de saúde e da prevenção das doenças. RESPOSTA INCORRETA Característica do modelo biomédico relacionanda ao curativismo. 3) Sobre a promoção de saúde, assinale a alternativa CORRETA: a) Não afeta a população em seu conjunto no contexto da vida diária, mas prioriza pessoas com determinadas enfermidades. RESPOSTA INCORRETA A promoção de saúde influencia a população na vida diária, não priorizando o seu cuidado a pessoas que correm o risco de sofrer determinadas doenças. b) Dedica-se a informar as pessoas sobre, por exemplo, a importância de uma correta alimentação, da higiene pessoal, da prática do exercício físico, da prevenção de comportamentos de risco, etc. RESPOSTA INCORRETA Estas são característica da medicina preventiva que também faz parte da promoção de saúde mas, não deve ser considerada como uma única forma de promoção. c) É baseada em dois pilares, sendo que um diz respeito aos comportamentos cotidianos e o outro, às circunstâncias em que vivemos. Ambos têm um grande impacto na vida e na saúde, ou seja, a saúde do homem é fortemente influenciada por esses dois fatores. Oferece uma visão holística, ou seja, olhar para as pessoas como um todo, de uma forma abrangente, pois ser saudável é muito mais do que a inexistência de doença. RESPOSTA CORRETA Definição correta de promoção de saúde. d) Não está relacionada aos profissionais da atenção primária, deve ser especificamente utilizada para níveis de maior complexidade na saúde RESPOSTA INCORRETA Os profissionai de saúde primária estão diretamente relacionados à promoção de saúde, pois é nesse momento que deve existir uma facilitação do cuidado em saúde. e) Tem restrições de participação da comunidade. RESPOSTA INCORRETA A promoção de saúde permite a inteira participação da comunidade, auxiliando na criação de políticas públicas e até mesmo reorganizando serviços de saúde para serem mais efetivos. 4) Em relação às políticas públicas de promoção da saúde no Brasil é CORRETO afirmar: a) Não apresentam relação com a Reforma Sanitária ocorrida a partir de 1970. RESPOSTA INCORRETA Ao contrário, todas as políticas públicas tiveram início a partir da Reforma Sanitária. b) É dirigida a doenças e grupos de riscos. RESPOSTA INCORRETA As políticas públicas são dirigidas a toda população, não somente a grupos de riscos ou doenças específicas. c) São ações violentas, que submetem a todos e os obrigam a assumir certos comportamentos. RESPOSTA INCORRETA Este conceito é errado, pois as políticas de promoção à saúde são ações que dão possibilidade de escolher fazer ou não, são ações possíveis que caracterizam certa forma de governo . d) Supõe medidas que são implementadas unicamente após o agravo das doenças. RESPOSTA INCORRETA Supõe medidas antecipadas para evitar adoecimentos ou agravos, ocorre por meio de ações que controlam e modificam o comportamento da população em relação a determinadas possibilidades de adoecimento. e) Entre as principais estão: Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, Prevenção de Impacto da Violência na Saúde das Crianças e Adolescentes e a Política Nacional de Promoção da Saúde. RESPOSTA CORRETA Estas são importantes políticas públicas de promoção à Saúde estabelecidas no Brasil. 5) A equidade relaciona-se à justiça na distribuição de bens sociais e materiais em uma sociedade. Políticas de redução dessas desigualdades devem minimizar as diferenças. Na saúde as políticas devem basear-se na igualdade de oportunidade, igualdade ao acesso e ao tratamento. Com relação a equidade, aponte a alternativa CORRETA: a) Refere-se ao resultado correto de uma intervenção sob condições ideais. RESPOSTA INCORRETA Este é o conceito de eficácia que diz sobre a adequada intervenção, todos os indivíduos devem receber tratamento com eficácia independente das diferenças sociais b) Implica em uma análise entre custos e consequências. RESPOSTA INCORRETA Refere-se ao conceito de eficiência , ou seja, aos efeitos alcançados em relação aos custos, recursos e tempo gastos para o tratamentodas doenças. c) Representa características mais estáveis dos serviços, incluindo recursos humanos, financeiros e físicos. RESPOSTA INCORRETA Este é o conceito de estrutura em saúde que é fundamental para garantir a qualidade dos serviços de saúde com ênfase no processo e nos resultados de melhora dos pacientes sem diferenças. d) Existe a horizontal situação em que indivíduos com mesmo problema de saúde tenham a mesma oportunidade de serviços de saúde e recebam cuidados adequados. A vertical é focada nas necessidades diferentes que devem receber cuidados diferenciados. RESPOSTA CORRETA Essas são duas abordagens da operacionalização do conceito de equidade. e) Sua ocorrência deve desencadear uma investigação no sentido de detectar causas e medidas para corrigi-las. RESPOSTA INCORRETA Este é o conhecido evento sentinela que pode acontecer quando se avalia a qualidade da assistência prestada aos pacientes, é um evento que não deve ocorrer quando há um bom funcionamento do serviço, por exemplo, óbitos infantis em filas de espera, mortalidade cirúrgica elevada, entre outros. Aula 2.1 - Conceituação e contextualização da Saúde O conceito de saúde foi se modificando ao longo do tempo. Ter saúde não significa apenas não ter enfermidades. A organização do sistema de saúde também se modificou ao longo dos anos. Atualmente, não basta tratar doenças, é preciso promover e proteger a saúde, além de prevenir doenças. O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei n.° 8.080/90, tem essas premissas como eixo norteador. É importante ressaltar que as instituições privadas também estão investindo em promoção de saúde e prevenção de doenças. Assim como no setor público, os investimentos na atenção primária têm sido cada vez maiores. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer os conceitos básicos de saúde assistencial. · Identificar a complexidade dos serviços em saúde. · Analisar a expectativa do cliente com os serviços da saúde. DESAFIO: Atender às expectativas dos clientes em um serviço de saúde é uma tarefa complexa. Nesse sentido, os gestores das unidades de saúde precisam estar atentos a múltiplos fatores que podem determinar o nível de satisfação do cliente. Sendo assim, responda: Ao realizar o levantamento das demandas da unidade, você precisa realizar o planejamento de ações que melhorem a satisfação dos clientes em relação ao serviço prestado pela sua unidade. Que fatores você deve considerar ao realizar esse planejamento? Quais ações emergenciais poderiam ser tomadas para atender às necessidades da comunidade atendida pela sua unidade? RESPOSTA: Inicialmente, deve ser realizado um levantamento dos recursos disponíveis na unidade, assim como uma revisão nas agendas médicas, de modo a estabelecer um fluxo de atendimento que diminua o tempo de espera. O acolhimento da demanda espontânea deve ser implementado, evitando a distribuição de fichas para atendimento. O ambiente deverá ser reorganizado, mantendo a sala de espera iluminada e ventilada, com bancos ou cadeiras suficientes para os clientes que estiverem aguardando. Deverá ser recomendada a higienização da unidade, no início e no fim de cada turno, de modo que o ambiente se mantenha limpo. Deve ser realizado um treinamento com toda a equipe, focando nos aspectos de acolhimento do paciente, como a atenção, a cordialidade no tratamento e a abordagem resolutiva. O cliente deve ter sua demanda atendida na unidade; caso isso não seja possível, deve ser feito o encaminhamento responsável, assim como o acompanhamento até o desfecho do caso. As consultas médicas, de enfermagem e odontológicas devem ser feitas sem pressa, considerando a integralidade no cuidado preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). INFOGRÁFICO: A Lei n.° 8.080/90 determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser organizado em uma rede de atenção com diferentes níveis de complexidade. Cada nível é responsável por determinados tipos de atendimentos, proporcionando, assim, a integralidade no cuidado, princípio fundamental do SUS. Neste Infográfico, você vai ver como é estruturada a rede de atenção do SUS. - O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei n.° 8.080/90, contempla todos os aspectos ligados à saúde da população. O sistema é público, de responsabilidade do Estado, podendo, sempre que necessário, ser complementado pela iniciativa privada. Define ainda os determinantes e condicionantes em saúde, citando saneamento básico, alimentação, educação, moradia, meio ambiente, emprego, transporte e lazer como fatores que devem ser amparados na adoção de políticas públicas voltadas à promoção de saúde e à prevenção e ao tratamento de doenças. - Saúde assistencial: O modelo assistencial configura-se na forma em que as ações de saúde são organizadas em um determinado local. Contempla ações relacionadas ao mapeamento de necessidades, planejamento e distribuição de recursos, monitoramento do funcionamento das ações implementadas e avaliação contínua do funcionamento do sistema de saúde em cada região. - A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”, é preciso ter qualidade de vida. Nesse sentido, a saúde constitui-se em direito social, intrínseco à cidadania, devendo ser assegurada a todos, sem nenhum tipo de discriminação ou distinção (SEGRE; FERRAZ, 1997). - Nesse sentido, para que o indivíduo seja considerado saudável, ele precisa ter qualidade de vida, com meios que lhe proporcionem sua saúde física, mental e social, como: saneamento básico; água potável; coleta de lixo; alimentação adequada; acesso à educação; habitação; emprego; lazer. - A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) veio de encontro às prerrogativas constitucionais. A assistência em saúde passou a ser oferecida de forma gratuita à população, podendo, ainda, ser ofertada pela iniciativa privada, sendo o SUS um sistema nacional e público. Nesse contexto, os serviços de atenção primária e o atendimento de urgências são oferecidos pelo SUS, enquanto que os serviços de maior complexidade são comprados de entidades privadas. - A Constituição Federal do Brasil, de 1988, assegura, em seus artigos 196 e 197, a saúde como direito de todos e dever do Estado. · Art. 196.” A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. · Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (BRASIL, 1988, documento on-line). - Nesse sentido, instituíram-se os três níveis de atenção que compõem a rede assistencial do SUS: · Atenção Primária: deve disponibilizar consultas com médico generalista e algumas especialidades (sempre que possível), acolhimento e consultas de enfermagem, consultas de odontologia e a realização de pequenos procedimentos médicos, de enfermagem e odontológicos, além de vacinação. Cada equipe de saúde da família deve ter, no mínimo: um médico, de preferência com especialização em medicina de família e comunidade, um enfermeiro, de preferência especialista em saúde da família, um auxiliar e/ou técnico de enfermagem e um Agente Comunitário de Saúde (ACS) · Atenção Secundária: serviços de média complexidade, tais como consultas em especialidades médicas clínicas e cirúrgicas, apoio diagnóstico (exames de imagem, biópsias, etc.) e terapêutico. Além disso, contempla o atendimento de urgência e emergência oferecido em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou hospitais gerais. Procedimentos e cirurgias também podem estar inseridos. Ex.: Cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos traumato-ortopédicos;ações especializadas em odontologia; patologia clínica; anatomopatologia e citopatologia; radiodiagnóstico; exames ultrassonográficos; diagnose; fisioterapia; terapias especializadas; próteses e órteses; anestesia · Atenção Terciária: terapias e procedimentos de alta complexidade e tecnologia de densidade tecnológica alta, que exigem um alto grau de especialização. Ex.: Procedimentos e cirurgias em cardiologia, oftalmologia e oncologia; neurocirurgia; partos de alto risco; traumatologia e ortopedia; hemodiálise; cirurgias reparadoras; reprodução assistida e genética clínica; cirurgia bariátrica; quimioterapia e radioterapia; hemoterapia; ressonância magnética; medicina nuclear e outros - Fatores determinantes para que sejam atendidas as expectativas dos clientes: Velocidade no atendimento; Tratamento humanizado; Ambiente; Disponibilidade dos profissionais. - Rodrigues et al. (2011), as expectativas dos clientes em relação ao serviço passam por 3 níveis distintos: · 1. Serviço desejado: o tipo de serviço que o cliente almeja receber, que vai de encontro com suas melhores expectativas. 2. Serviço adequado: o tipo de serviço que o cliente considera aceitável. 3. Zona de tolerância: o intervalo existente entre o que o paciente ainda reconhece e tem a tendência de aceitar e o real desempenho do serviço oferecido - Para que se possa melhorar a gestão de qualidade dos serviços de saúde e ir de encontro às expectativas dos clientes, faz-se necessário: · reconhecer que as pessoas têm expectativas diferentes em relação ao desempenho de cada tipo de serviço; · saber diferenciar as expectativas gerais do paciente das expectativas em relação ao serviço que está sendo utilizado; · observar e informar o paciente sobre os fatores controláveis e não controláveis do serviço prestado; · concordar que diferentes pacientes podem ter expectativas semelhantes em relação aos serviços ofertados; · planejar e implementar ações que estejam em consonância com as expectativas dos clientes. -Para isso, os três níveis administração, estratégico, tático e operacional devem trabalhar articulados e em consonância com os interesses da sua clientela. - Atualmente, a definição de saúde contempla aspectos físicos, sociais e mentais. Nesse sentido, somente a ausência de enfermidade não caracteriza uma pessoa como saudável. - A saúde de um indivíduo é influenciada diretamente pelas condições do ambiente em que mora, como saneamento, condições de moradia e qualidade da água, e condições sociais: emprego, trabalho, condições financeiras, etc. - Essas condições formam os determinantes e condicionantes da saúde, fatores que podem alterar a saúde de uma pessoa, de uma família e da coletividade. - Fatores individuais: influenciados por condições de vida e trabalho; condições socioeconômicas; condições ambientais; condições culturais. - SUS Saúde como direito fundamental ; Responsabilidade do Estado - ESTADO formulação e execução de políticas econômicas e sociais redução de riscos de doenças e de outros agravos ACESSO UNIVERSAL E IGUALITÁRIO - Lei n.° 8.080/90 Artigo 3 Determinantes e condicionantes em saúde Fatores que podem influenciar ou determinar as condições de Saúde de um indivíduo ou coletividade. EXERCÍCIOS: 1)“A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) tem na saúde da família a sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção básica.” (PNAB, 2017). Ao regular a atenção básica no Brasil, a PNAB estabeleceu, na Portaria n.° 2.436/2017, que a equipe de saúde da família (ESF) deve ter uma composição mínima. Assinale a composição mínima da equipe de saúde da (ESF). a) A ESF deve ser composta, no mínimo, por médico, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). RESPOSTA INCORRETA b) A ESF deve ser composta, no mínimo, por médico, enfermeiro e auxiliar e/ou técnico de enfermagem. RESPOSTA INCORRETA c) A ESF deve ser composta, no mínimo, por médico, enfermeiro, odontologista e agente comunitário de saúde (ACS). RESPOSTA INCORRETA d) A ESF deve ser composta, no mínimo, por médico, enfermeiro, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). RESPOSTA CORRETA De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a equipe de saúde da família (ESF) deve ser composta, no mínimo, por médico, enfermeiro, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). É fundamental que essa composição esteja completa. e) A ESF deve ser composta, no mínimo, por médico, enfermeiro, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e odontologista. RESPOSTA INCORRETA 2) Durante a campanha sanitarista, coordenada pelo médico Oswaldo Cruz, o qual determinou a vacinação obrigatória da população do Rio de Janeiro em 1904, ocorreu um conflito que ficou conhecido como Revolta da Vacina. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as causas desse conflito. a) A população ficou revoltada contra os altos custos das vacinas oferecidas pelo governo. RESPOSTA INCORRETA b) A população revoltou-se contra a intervenção do governo nas campanhas de vacinação. RESPOSTA INCORRETA c) A população ficou revoltada com o projeto que determinava a obrigatoriedade da vacinação à população. RESPOSTA CORRETA A Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1904, foi uma rebelião motivada pela revolta da população com a publicação de um projeto de lei, liderado pelo médico Oswaldo Cruz, o qual determinava a obrigatoriedade da vacinação à população. d) A população revoltou-se com o projeto que determinava a suspensão da vacinação à população. RESPOSTA INCORRETA e) A população revoltou-se com a suspensão das campanhas e da distribuição de vacinas à população. RESPOSTA INCORRETA. 3) Com a finalidade de garantir a integralidade na assistência, nos moldes da Lei n.° 8080/90, a assistência em saúde no Brasil foi organizada em diferentes níveis de complexidade, capaz de oferecer desde o atendimento inicial até os serviços de alta complexidade. Assinale a alternativa que relaciona corretamente o nível de atenção com o serviço por ele prestado. a) A atenção primária oferece serviços de média complexidade, como consultas de urgência e emergência, além de serviços de especialidades clínicas e cirúrgicas. RESPOSTA INCORRETA b) Atenção secundária é a atenção básica destinada às populações de área de abrangência preestabelecida. RESPOSTA INCORRETA c) A atenção terciária configura-se nos serviços de média complexidade, tais como consultas em especialidades médicas, clínicas e cirúrgicas e apoio diagnóstico (exames de imagem, biópsias, etc.) e terapêutico. RESPOSTA INCORRETA d) A atenção secundária compreende os serviços prestados pelos hospitais terciários e quaternários. É possível citar como exemplo de atenção secundária os exames de ressonância magnética, assim como a quimioterapia. RESPOSTA INCORRETA e) A atenção primária é a atenção básica que constitui-se em um conjunto de ações, no campo individual ou coletivo, que compreendem a promoção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, o diagnóstico, o tratamento adequado, a reabilitação do doente e a manutenção da saúde. RESPOSTA CORRETA Conforme a Política Nacional de Atenção Básica e as redes de atenção à saúde (RAS), a atenção primária configura-se na atenção básica, composta por um conjunto de ações, no campo individual ou coletivo, que compreendem a promoção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, o diagnóstico, o tratamento adequado, a reabilitação do doente e a manutenção da saúde. Serviços de especialidades médicas, urgência e emergência, assim como apoio diagnóstico, são competências da atenção secundária. A atenção terciária, por sua vez, contempla serviços de alta complexidade, tais como grandes cirurgias, transplantes, quimioterapia, etc. 4) A Constituição Federal do Brasil de 1988 assegura, em seus artigos 196 e 197, o direito à saúde aos cidadãos brasileiros. Assinale a alternativa correta, a qual apresenta o conteúdo expresso no Artigo 196 da Constituição Federal de 1988. a) “A saúde é um direito fundamental do serhumano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.” INCORRETA b) “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doenças ou enfermidades” RESPOSTA INCORRETA c) “A saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde.” RESPOSTA INCORRETA d) “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. CORRETA De acordo com o artigo 196 da Constituição Federal de 1988, “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. As definições apresentadas nas outras alternativas não correspondem ao texto da Constituição Federal de 1988, portanto, não estão corretas. e) “A saúde é uma necessidade humana, cuja satisfação associa-se imediatamente a um conjunto de condições, bens e serviços que permitem o desenvolvimento individual e coletivo de capacidades e potencialidades.” RESPOSTA INCORRETA 5) De acordo com Rodrigues (2011) as expectativas dos clientes em relação ao serviço passam por três níveis distintos: o serviço desejado, o serviço adequado e a zona de tolerância. Assinale a alternativa que descreve corretamente a zona de tolerância. a) Refere-se ao tipo de serviço que o cliente considera como aceitável. RESPOSTA INCORRETA b) Refere-se ao ambiente e à agilidade no atendimento ou na realização do serviço. RESPOSTA INCORRETA c) Refere-se ao tipo de serviço que o cliente almeja receber, de acordo com suas melhores expectativas. RESPOSTA INCORRETA d) Refere-se ao tratamento humanizado, à atenção e à cordialidade com que o paciente é tratado. RESPOSTA INCORRETA e) Refere-se ao intervalo entre o que o paciente ainda reconhece e aceita e o real desempenho do serviço. RESPOSTA CORRETA Na avaliação dos usuários em relação ao serviço de saúde utilizado, a zona de tolerância refere-se ao intervalo entre o que o paciente ainda reconhece e aceita e o real desempenho do serviço, ou seja, não correspondem às suas melhores expectativas (serviço desejado), tampouco se refere ao serviço adequado (aceitável). Aula 2.2 - Humanização da Assistência em Saúde no Brasil Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos a temática de Humanização da Assistência em Saúde a partir, principalmente, da Política Nacional de Humanização, lançada em 2003 pelo Ministério da Saúde e republicada 10 anos depois. Assim, abordaremos os princípios e as diretrizes da política, além da aplicação na prática e da importância da humanização na atenção e gestão dos serviços. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Analisar a Política Nacional de Humanização. · Reconhecer seus princípios e diretrizes. · Identificar a importância da Humanização na constituição dos serviços de saúde. DESAFIO: Joana, 64 anos, mora sozinha e tem três filhos. Logo pela manhã, foi à Unidade Básica de Saúde (UBS) Cataventos com queixa de muita dor no corpo, dizendo estar assim há dois dias. Quando atendida, logo no primeiro momento, Joana chorava muito, com medo de ser algo grave, e teria vergonha se precisasse tirar a roupa para ser examinada. Joana saiu do consultório mais aliviada e retornou com a enfermeira para ser medicada e escutar as demais orientações, como a mudança de hábito e o controle da pressão. A enfermeira chamou a nutricionista para o atendimento, e Joana sentiu-se importante, pois mais uma pessoa estava preocupada com a sua saúde. 1. Cite e descreva quais diretrizes da Política Nacional de Humanização estão claras neste caso. 2. Quais mudanças no comportamento de Joana, com este atendimento, você consegue identificar? RESPOSTA: 1. Cite e descreva quais diretrizes da Política Nacional de Humanização estão claras neste caso. Acolhimento: o profissional que a acolheu escutou suas queixas e levou em consideração suas angústias. Após a avaliação, identificou a necessidade de atendimento médico, a partir da classificação de risco. A escuta qualificada foi importante, pois, se o profissional não tivesse parado para escutar a paciente, não entenderia que também seria difícil para ela tirar a blusa para ser examinada, por exemplo. Ambiência: se não fosse um local saudável e confortável, Joana certamente não conseguiria conversar tranquilamente com sua vizinha. Neste momento, ela pode conversar, trocar experiências e ter um momento com mais pessoas. Clínica ampliada e compartilhada: foi identificada a necessidade de uma consulta compartilhada com a nutricionista para que Joana entendesse de outra forma a necessidade de mudar sua alimentação. Além disso, outras orientações foram dadas neste momento de encontro entre as duas categorias profissionais e a usuária. 2. Quais mudanças no comportamento de Joana, com este atendimento, você consegue identificar? Joana saiu da consulta empoderada. A dor no corpo já não era mais problema. Ela entendeu que precisava mudar e partiu dela passar no mercado e até fazer uma caminhada. Além disso, ela entendeu que três profissionais cuidando dela era um estímulo para sua mudança, questão que pode ser classificada como vínculo com a equipe. Por fim, Joana demonstrou que é a principal atriz e responsável pela sua mudança - corresponsabilidade. INFOGRÁFICO: O infográfico exemplifica a Influência da Humanização e alguns dos seus resultados direcionados aos usuários e trabalhadores dos serviços de saúde, tendo como base a Política Nacional de Humanização. - Política de Humanização da Assistência à Saúde (PHAS) tem como princípios fundamentais o respeito às especificidades de cada instituição, estimula a cooperação entre as mesmas pela troca de experiências produzidas, que visam a qualificação do serviço público de saúde - Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), criado em 2000 pelo Ministério da Saúde, estimulava a disseminação das ideias da humanização, os diagnósticos situacionais e a promoção de ações humanizadoras - Política nacional de humanização (PNH), lançada em 2003 pelo Ministério da Saúde: Os princípios da PNH são totalmente de inspiração humanista: universalidade, integralidade, equidade e participação social. Foco principalmente nos processos de gestão e de trabalho. O resultado esperado é a valorização das pessoas em todas as práticas de atenção e gestão, a integração, o compromisso e a responsabilidade de todos com o bem comum. - Política de Humanização da assistência à Saúde PHAS aponta diferentes parâmetros para a humanização da assistência hospitalar em três grandes áreas: acolhimento e atendimento dos usuários; trabalho dos profissionais; e lógicas de gestão e gerência. Esses parâmetros podem servir para o trabalho de análise, reflexão e elaboração de ações, campanhas, programas e políticas assistenciais que orientem um plano de humanização - Humanização pode ser compreendida como: princípio de conduta de base humanista e ética; movimento contra a violência institucional na área da saúde; política pública para a atenção e gestão no SUS; metodologia auxiliar para a gestão participativa; tecnologia do cuidado na assistência à saúde. -Com a implementação da política nacional de humanização (PNH), trabalhamos para consolidar quatro marcas específicas: serão reduzidas as filas e o tempo de espera com ampliação do acesso e atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco; todo usuário do SUS saberá quem são os profissionais que cuidam de sua saúde e os serviços de saúde se responsabilizarão por sua referência territorial; as unidades de saúde garantirão as informações ao usuário, o acompanhamento de pessoas de sua redesocial (de livre escolha) e os direitos do código dos usuários do SUS; as unidades de saúde garantirão gestão participativa aos seus trabalhadores e usuários assim como educação permanente aos trabalhadores. - A partir da Política Nacional de Humanização, criada em 2003, a Humanização passar a ter estratégias de efetivação da humanização do SUS. - PNH : é um conjunto de estratégias que visa por em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde; alcançar a qualificação do cuidado e da gestão em saúde · Transversalidade – a PNH deve estar inserida em todas as políticas do SUS · Indissociabilidade entre atenção e Gestão – é a fusão das práticas de Atenção e Gestão, que proporciona a corresponsabilidade do usuário nas práticas de tratamentos e ações a serem tomadas · Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletividade – empoderar o usuário das suas condutas · Trabalho multiprofissional · Atuação em Rede – educação, segurança, obras, etc · Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão - Diretrizes do PNH: · Acolhimento: emergência; muito urgente; urgente; pouco urgente; não urgente · Organizar a porta de entrada do serviço · Redução de filas e tempo de espera · Ampliação do acesso · Gestão participativa e Cogestão · Rodas de conversas · Ambiência: criar ambientes estruturados · Clínica ampliada e compartilhada · Valorização do trabalho · Defesa dos direitos dos usuários - A humanização da saúde é mais do que melhorar a qualidade do atendimento, é mais do que torná-lo "humano" ou "sensível". Entende-se que é um modo de garantir efetivamente os princípios do SUS de equidade, universalidade e integralidade. É uma forma de aproximar essa realidade antes distante dos trabalhadores, gestores e usuários do sistema. Essa aproximação objetiva mudanças no modo de administrar o serviço e do cuidar, pois, uma vez que esses princípios são colocados em prática efetivamente, temos um serviço com maior acesso, levando em consideração o empoderamento dos usuários e suas necessidades reais, visando ao atendimento integral destas. -Aproximar os usuários, os trabalhadores e gestores entre si, além de fazer sua inclusão nas decisões dos processos de trabalho, requer esforços de todas as partes. EXERCÍCIOS: 1) Assinale a alternativa CORRETA que completa a afirmação a seguir: A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada em 2003 e é definida como: a) Conjunto de métodos para tornar o atendimento mais humano. RESPOSTA INCORRETA Esses métodos podem ser de qualquer origem, não garantindo as estratégias previstas na PNH. b) Estratégias humanizadas de assistir a população. RESPOSTA INCORRETA As estratégias humanizadas fazem parte da PNH, mas não somente elas. c) Estratégias para aproximar os princípios dos SUS da realidade dos serviços de saúde. RESPOSTA INCORRETA Somente aproximar não faz sentido, tendo em vista que o trabalho em saúde é prático. d) Uma releitura dos princípios do SUS. RESPOSTA INCORRETA Os princípios são definidos pela Lei Orgânica da Saúde e não podem ser mudados ou relidos. e) Estratégias para colocar em prática os princípios dos SUS à realidade dos serviços de saúde. RESPOSTA CORRETA A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada em 2003 e é definida como estratégias para colocar em prática os princípios dos SUS à realidade dos serviços de saúde. 2) Uma das diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica é a ambiência. Assinale a alternativa INCORRETA. a) A ambiência é o tratamento dado à estrutura física dos serviços de saúde, de modo a serem ambientes saudáveis e confortáveis. RESPOSTA INCORRETA É importante que as pessoas que utilizam os serviços sintam-se bem e estejam confortáveis neles. b) Ambiência é o modo como é organizado o serviço quanto aos ambientes, exclusivamente as salas de procedimento e os consultórios. RESPOSTA CORRETA A ambiência permeia todos os serviços, em todos os ambientes, desde a fachada até os consultórios e ambientes privativos aos funcionários. c) Faz parte da ambiência que os espaços mantenham a privacidade dos usuários. RESPOSTA INCORRETA Os ambientes devem ser planejados, e os processos, adequados a manter a privacidade dos usuários. d) A ambiência é uma diretriz da PNH que prevê que os serviços de saúde sejam também espaços de "estar", ou seja, pontos referenciais para encontros reflexivos. RESPOSTA INCORRETA O ambiente também deve ser adequado para receber pessoas e que estas troquem experiências e façam reflexões. Um local desconfortável não é propício para isso. e)Nesta diretriz, faz parte a diferenciação de espaços de espera para atendimentos especiais e movimentação de usuários e profissionais. RESPOSTA INCORRETA É importante que o fluxo de atendimento (que inicia com a espera) seja pensado, bem como onde as pessoas que por lei têm preferência, podem esperar, de modo a agilizar o atendimento também. 3) Um dos princípios da Política Nacional de Humanização é a transversalidade. Tal princípio trata-se de: a) Reflexões e práticas que permeiam todos os programas do sistema, que propiciam a melhor da comunicação entre pessoas do grupo e demais grupos. RESPOSTA CORRETA A PNH visa a aumentar o grau de relação e comunicação, empoderando os atores dos serviços, tirando-os do isolamento da hierarquização do processo. b) Cogestão dos serviços (usuários, trabalhadores e gestores), levando a gestão a interferir diretamente na atenção. RESPOSTA INCORRETA Esse princípio é a indissociabilidade entre atenção e gestão. c) Empoderamento das pessoas envolvidas na implementação das mudanças. RESPOSTA INCORRETA Princípio do protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e do coletivo. d) Participação das três esferas de governo nas decisões do SUS. RESPOSTA INCORRETA Não faz parte dos princípios da PNH. e) Momento de reconhecer as necessidades do usuário, classificando o risco e qualificando o acesso. RESPOSTA INCORRETA Esta é a diretriz do acolhimento, disposta na PNH. 4) Os serviços devem estar em consonância com a PNH. Além de princípios e diretrizes, algumas marcas efetivam a humanização do sistema. Assinale a alternativa INCORRETA sobre as marcas da PNH. a) Redução de tempo de espera e das filas. RESPOSTA INCORRETA Essas marcas da PNH estão intimamente ligadas ao acolhimento. b) O usuário do SUS poderá ter livre acesso a todas as reuniões da unidade. RESPOSTA CORRETA Por mais que exista o estímulo da gestão participativa e cogestão, há espaços específicos para os trabalhadores e gestores alinharem o processo. c) Atendimento acolhedor com acesso ampliado e qualificado, baseado em classificação de risco. RESPOSTA INCORRETA O acolhimento é uma diretriz e, como marca, deve ser acolhedor, ampliado, de forma a qualificar o acesso. d) Todo usuário do sistema saberá quem é a equipe que lhe assiste e os serviços de referência da sua região/unidade. RESPOSTA INCORRETA É direito do usuário saber quem cuida dele, bem como os serviços de referência para seu cuidado, entendendo os processos e compreendendo que estes lugares já estão preparados para atendê-lo, não sobrecarregando outros serviços. e) Os usuários e trabalhadores terão participação ativa nas decisões de planejamento e gestão. RESPOSTA INCORRETA Cogestão e gestão participativa fazem parte das marcas da PNH. 5) Pedro é fisioterapeuta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família da UBS Jardim das Camélias. Durante o ano, ele participou de dois cursos de qualificação, sendo um sobre prevenção e enfrentamento das violências e o outro sobre grupos educativos. Além disso, sempre participa das reuniões de planejamento da unidade e é responsável pela ginástica laboral da equipe. Qual diretriz da PNH pode-se identificar nessas ações? a) Cogestão e gestão participativa. RESPOSTA INCORRETA Inclusão de novos sujeitos nos processos administrativos, de gestão, não somente trabalhadores, mas também usuários b) Clínica ampliada e compartilhada. RESPOSTA INCORRETA Ferramenta prática e teórica de compreensão do processo saúde-doença, que contribui parauma abordagem ampliada e multiprofissional, diretamente ligada à conduta da equipe com relação a cada usuário/coletividade. c) Ambiência. RESPOSTA INCORRETA A ambiência tem relação com a criação de espaços saudáveis e confortáveis, mudança do processo para proteger a privacidade dos usuários também. d) Valorização do trabalhador. RESPOSTA CORRETA Acontece através de formação e educação permanente, espaços coletivos de gestão e diálogo, fortalecimento do grupo. e) Acolhimento. RESPOSTA INCORRETA É o contato inicial, momento no qual o usuário tem suas necessidades e queixas ouvidas e são dados os encaminhamentos. Aula 3.1 - Processos e fundamentos históricos da educação em saúde A educação em saúde apresenta diversos conceitos, modificados ao longo do tempo e em consonância com o período histórico em que foram desenvolvidos. O enfermeiro tem papel fundamental para o desenvolvimento de ações de educação em saúde que buscam, primordialmente, a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, de forma que possam ser sujeitos ativos das suas transformações. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as conceituações de educação em saúde correlacionadas com períodos históricos e as influências governamentais e econômicas envolvidas nesses conceitos. Além disso, verá como o enfermeiro pode agir para desenvolver ações de educação em saúde, associando conhecimentos técnicos aos conhecimentos populares dos indivíduos que assiste. DESAFIO: A educação em saúde tem por objetivo realizar a integração entre os saberes populares e científicos para tornar o indivíduo um sujeito ativo e responsável sobre seus cuidados de saúde. Partindo do pressuposto de que a população deverá ter espaço para a reflexão crítica que valorize coletivamente as formas de aprendizado, os grupos de educação em saúde são um importante instrumento para que o profissional de enfermagem consiga realizar essas práticas. O Ministério da Saúde preconiza as ações em alguns tipos de programas previamente instalados, como o HiperDia. Esse sistema foi criado para o cadastramento e acompanhamento dos hipertensos e diabéticos, visando a uma melhor qualidade de vida. Sendo assim, questiona-se: 1) Qual é o enfoque, o objetivo e as intervenções que poderão ser executadas em conjunto pelo enfermeiro e pelos participantes nas ações desse grupo? 2) Quais tipos de atividades poderão ser efetuadas para que as propostas abordadas sejam melhor fixadas pelos pacientes? 3) Quais contribuições para a vida dos pacientes essas ações poderão trazer? RESPOSTA : A hipertensão e o diabetes mellitus são doenças crônicas que podem gerar complicações se não tratadas adequadamente, como vasculopatias, infartos encefálicos e do miocárdio. 1) A realização de grupos do Programa HiperDia para atendimento aos pacientes que tenham essas patologias tem como enfoque a prevenção de complicações por meio da promoção, por parte do enfermeiro, de melhorias da qualidade de vida, com acompanhamento e planejamento de intervenções que busquem esse objetivo. 2) As atividades que poderão ser realizadas promovendo a difusão do conhecimento técnico e a troca de relatos de experiências são: palestras educativas, uso de panfletos, imagens em murais, realização de discussões em grupo, dinâmicas de grupo. Por meio dessas atividades é possível promover a troca de relatos e experiências entre todos, de forma a promover a confiança dos usuários na equipe de enfermagem atuante. 3) As ações realizadas por meio de palestras educativas, grupos ou orientações individuais geram maior adesão ao tratamento, pois explicam e esclarecem para os pacientes questões sobre a importância da prevenção e do controle dessas doenças com a manutenção correta dos tratamentos e mudança de hábitos nocivos à saúde. Além disso, essas atividades contribuem para, em conjunto com a adesão ao tratamento, melhor autonomia do paciente com seus cuidados a partir do momento em que se gera um espaço para que ele possa se expressar e tenha suas dúvidas e queixas ouvidas. Com isso, tem-se uma interferência positiva nas condições de saúde do indivíduo e uma melhoria da qualidade de vida dessa população. INFOGRÁFICO: A conceituação da educação em saúde passou por mudanças, principalmente relacionadas aos processos políticos e econômicos de cada época, indo de uma educação impositiva até chegar ao compartilhamento de saberes entre profissionais e população a partir da implementação do Programa Saúde da Família. Veja os marcos históricos da educação em saúde entre a metade do século XIX até a década de 90, com a criação do Programa Saúde da Família. · EUROPA – 2 Metade do século XIX · Modelo tradicional de educação – as informações eram passadas aos indivíduos de forma unilateral, na qual o detentor do conhecimento repassa o que sabe, o que considera verdadeiro, aos educandos. · BRASIL – Século XIX e parte do Século XX · Ações higienistas – as normas de prevenção às doenças e intervenções eram normatizadoras e impostas por meio de regras · BRASIL – início do século XX · Ações do médico Oswaldo Cruz – controle da proliferação de doenças por meio de vigilância sobre as atitudes populacionais e da vacinação compulsória. Uso de ações da polícia sanitária. · BRASIL – década de 40 · Criação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (SESP) – convênio entre o governo brasileiro e o americano. Início do desenvolvimento para a participação comunitária e em grupo, por meio de ações de medicina preventiva, gerenciamento institucional e novas técnicas educacionais na área da saúde. Porém, a doença ainda era percebida de maneira individualizada e a população considerada como passiva e incapaz de iniciativas próprias. · BRASIL – década de 50 · A educação em saúde passou a ser voltada para o interesse das elites – a partir da necessidade de relacionar o conceito de saúde ao homem produtivo, de forma a garantir a produção das indústrias · BRASIL – década de 60 · Medicina comunitária- discurso participativo, trazendo a população para a participação nas soluções de culpabilidade, iniciando no indivíduo e seguindo para o coletivo · BRASIL – década de 70 e 80 · Movimento da Educação Popular em Saúde – ações educativas e participativas, com interação de saberes técnicos e populares, por meio do diálogo. Influência das concepções de educação de Paulo Freire, com um maior diálogo sobre a educação em saúde por meio da participação popular. Criação do Sistema Único de Saúde a partir da Constituição Federal de 1988. · BRASIL – década de 90 · Programa de Saúde da Família – a reorientação de práticas diretamente dentro das comunidades, com uma mudança significativa na atenção em saúde, pois integrava o enfermeiro, o paciente, a família e a comunidade em que este se inseria. - Com a implantação do SUS e a criação do Programa Saúde da Família, o enfermeiro passou a ter maior destaque na atuação do ensino em saúde. Isso ocorre porque esse profissional tem, historicamente, um olhar diferenciado ao cuidado e, se utilizando dos conhecimentos agregados sobre a comunidade e os indivíduos que assiste, passa a ter um papel ímpar para as ações interdisciplinares necessárias à educação em saúde. - Para o desenvolvimento da educação em saúde, Falkenberg et al. (2014) demonstra que existem três eixos que devem ser observados na busca dessas práticas, conforme descritos a seguir. · Os profissionais de saúde: ■ valorização da prevenção de doenças; ■ valorização da promoção da saúde. · Os gestores em saúde: ■ apoio às equipes de profissionais que atuam junto à população. · A população: ■ agregar seus conhecimentos prévios aos novos; ■ aumentar a autonomia dos cuidados individuais e coletivos. - Aspectos integrativos ao conceito de saúde ampliado (SCHALL; STRUCHINER, 1999): · físicos e mentais — por meio da ausência de doenças nesses campos; · ambientais — por meio do ajustamento do ambiente de forma a ser, também, provedor de bem-estar saudável; · pessoais e emocionais — por meio de situações que promovam a autorrealização do indivíduo nos campos pessoaise afetivos; · socioecológicos — por meio do comprometimento individual com a igualdade social e a preservação do meio ambiente como forma de prover boa saúde e bons hábitos. - Objetivos gerais da educação em saúde são: · de encorajamento da população pela busca e a manutenção de padrões de vida sadios; · de utilização assertiva e cuidadosa dos serviços de saúde que são colocados à disposição da população; · de capacitação populacional para as tomadas de decisão, individuais e coletivas, visando à melhoria das próprias condições de saúde e das condições de saúde ambientais -A educação sanitarista aparece no Brasil em meados da década de 20, quando o Estado se viu em necessidade de maior atuação, em decorrência do aumento das populações urbanas. Nesse modelo, as ações direcionadas por Osvaldo Cruz no início do século, que buscava controlar a proliferação de doenças por meio de vigilância sobre as atitudes populacionais, principalmente das populações pobres, e da vacinação compulsória, fez se mantarem as ações da “polícia sanitária” (REIS et al., 2013). - Com a imposição das ações, sem que a população entendesse os porquês, surgiram movimentos de resistência, como a Revolta da Vacina, em que as pessoas, negadas ao direito de informação, sendo apenas obrigadas à realizar a vacinação, se negaram à aplicação das vacinas. Em consequência, houve uma redefinição do papel da educação em saúde (SOUSA et al., 2010). - criação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (SESP), a partir da década de 40, desenvolvimento para a participação comunitária e em grupos, por meio de 6 Processos e fundamentos históricos da educação em saúde ações de medicina preventiva e gerenciamento institucional trazidos pelos norte-americanos, além de novas técnicas educacionais na área da saúde. - A Carta de Ottawa (1986) é a Carta de Intenções, criada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que visava a contribuir com estratégias para que se atingisse a saúde de todos no ano 2000 e nos anos subsequentes. Tais concepções serviram para a organização dos princípios do Sistema Único de Saúde, que foi criado a partir da Constituição Federal de 1988, e regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde, Lei nº 8080, de 1990 (REIS et al., 2013; SOUSA et al., 2010). - Conforme dito por Reis et al. (2013), temos que a participação da população nas ações de políticas de educação permanente em saúde são importantes, pois: contribuem com uma atenção à saúde de qualidade; estimulam a autonomia em relação à própria saúde; exercem a participação popular consciente; realizam o controle social das políticas públicas. - em 2003, por meio da Portaria nº 2.761, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS-SUS), momento no qual a educação em saúde passa a ser uma política pública, voltada ao SUS, que designa, a partir do diálogo, a valorização dos saberes populares como forma de produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS (BRASIL, 2013, 2017) - a ação do enfermeiro na educação em saúde, tanto na prática da educação como na promoção à saúde, deve ser reforçar o encorajamento, para que as pessoas que atendem consigam chegar ao melhor nível de bem-estar, por meio de uma vida saudável e da prevenção de doenças e agravos(JESUS; RIBEIRO, 2013). - São formas de ação da educação em saúde pelo enfermeiro (JESUS; RIBEIRO, 2013): atendimento em consulta individual (de rotina ou direcionada); visitas domiciliares; grupos de discussão direcionados à melhoria das condições de saúde de uma doença específica ou de prevenção. - São objetivos das ações de educação em saúde: prevenção de doenças; promoção de hábitos saudáveis; ações de melhoria da qualidade de vida; troca de informações técnicas e conhecimentos populares sobre doença e/ou prevenção. - Na atenção primária, o enfermeiro tem um papel importante, junto aos demais profissionais, para que tais ações de implementação e desenvolvimento de estratégias educativas possam ser feitas, utilizando-se dos recursos e dos saberes comunitários. - A promoção da saúde é um processo ativo, no qual o indivíduo é o principal responsável por suas mudanças de hábitos, porém o enfermeiro tem destaque nesse processo por ser o principal profissional designado para a atuação do cuidar por meio das práticas de educação em saúde. Para que o trabalho de educação em saúde seja efetivo por parte do enfermeiro, é importante compreender que suas ações não são praticadas de forma individual, mas por meio de movimentos interdisciplinares. - Diretrizes do SUS integralidade (compreensão de todos os fatores) interação entre as áreas (médico, nutricionista e comunidade (através dos agentes de saúde)) - Ensino de saúde união de saberes populares e técnicos EXERCÍCIOS: 1) A realização de grupos para a discussão de temas que gerem troca de conhecimento entre os profissionais e a população é uma das muitas formas de realizar ações para a educação em saúde. Das características citadas nas alternativas a seguir, qual se refere ao grupo desenvolvido de forma fechada? a) Ter os mesmos participantes do início ao término do processo grupal, ou ter novos participantes com indicação, continuidade e frequência de participação. RESPOSTA CORRETA Ter os mesmos participantes, do início ao término do processo grupal, ou ter novos participantes com indicação, continuidade e frequência de participação é uma das características do grupo fechado. Esse tipo de grupo se direciona para temas específicos com previsão exata de início e término. O grupo aberto tem como características: ter uma temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral na unidade de saúde; permitir que os usuários convidem seus conhecidos e familiares a participarem; não ter obrigatoriedade de comparecimento, pois os usuários são convidados a participar e, portanto, também não ter a exigência de uma frequência de participação. b) Ter temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral e abrangente na unidade de saúde. RESPOSTA INCORRETA c) Ser possível que os usuários convidem seus conhecidos e familiares a participarem e a frequência ou continuidade de presenças não ser levado em conta. RESPOSTA INCORRETA d) Ter variação nos participantes, não sendo o mesmo grupo de pessoas em cada um dos encontros. RESPOSTA INCORRETA e) Não exigir uma frequência de participação, já que cada encontro trata de um assunto diferente e pontual. RESPOSTA INCORRETA 2) Em função dos problemas de saúde serem muito complexos e envolverem diversos fatores além das causas biológicas, a interdisciplinaridade nas ações de educação em saúde é fundamental. Das afirmações abaixo, qual explicita melhor a importância da interdisciplinaridade na educação em saúde? a) É uma das diretrizes do SUS. RESPOSTA INCORRETA b) Promove o isolamento das disciplinas. RESPOSTA INCORRETA c) Promove a atuação individualizada de enfermeiros, médicos e nutricionistas. RESPOSTA INCORRETA d) Promove a conjunção de informações de diversas áreas de conhecimento. RESPOSTA CORRETA Os problemas de saúde de um indivíduo são complexos e precisam ter informações advindas de diversas áreas para um ensino em saúde mais eficaz, necessitando da complementação dos conhecimentos entre as disciplinas e não da conceituação de cada uma de forma isolada. Dessa forma, ocorre a promoção do reagrupamento das disciplinas, integrando os conhecimentos de diversas áreas e de diversos profissionais. Apesar da interdisciplinaridade na educação em saúde não ser uma das diretrizes do SUS, no Capitulo II, artigo 7° da Lei 8.080/90, tem-se que a integralidade da assistência é um dos princípios a serem obedecidos e que deve ser “entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos (..) exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema”. e) Enfatiza os avanços tecnológicos. RESPOSTA INCORRETA 3) Para o desenvolvimento da educação em saúde, Falkenberg et al (2014) demonstram que “as práticasde educação em saúde envolvem três segmentos de atores prioritários: os profissionais de saúde (...); os gestores (...); e a população (...)”. Cabe aos gestores de saúde atuarem no ensino em saúde por meio de qual ação? a) Valorização da prevenção de doenças RESPOSTA INCORRETA b) Valorização da promoção da saúde RESPOSTA INCORRETA c) Apoio às equipes de profissionais que atuam junto à população. RESPOSTA CORRETA Cabe aos gestores de saúde atuarem no ensino em saúde por meio da promoção de apoio às equipes de profissionais que atuam junto à população. A valorização da prevenção de doenças e da promoção de saúde são atuações dos profissionais de saúde. A construção de conhecimentos próprios e o aumento da autonomia dos cuidados individuais e coletivos são ações que cabem à população. d) Construção de conhecimentos próprios RESPOSTA INCORRETA e) Aumento da autonomia dos cuidados individuais e coletivos RESPOSTA INCORRETA 4) Muitos foram os modelos de educação em saúde ao longo dos anos. Em suas ações no Brasil, o modelo desenvolvido para ação por Oswaldo Cruz foi baseado no modelo alemão, criado com base em modelos estruturais de operações militares. Qual é esse modelo? a) educação sanitarista RESPOSTA INCORRETA b) saúde ao homem produtivo RESPOSTA INCORRETA c) medicina comunitária RESPOSTA INCORRETA d) Estratégia Saúde da Família RESPOSTA INCORRETA e) campanhista RESPOSTA CORRETA Em suas ações no Brasil, o modelo desenvolvido para ação por Oswaldo Cruz foi baseado no modelo campanhista, desenvolvido na Alemanha, cujo pressuposto era de que o Estado deveria assegurar o bem-estar do povo, mesmo que contrariasse os interesses individuais, de forma a justificar a coerção das ações aplicadas, criadas com base em modelos estruturais de operações militares. O modelo de educação sanitarista buscava controlar a proliferação de doenças por meio de vigilância sobre as atitudes populacionais e da vacinação compulsória. O conceito de saúde ao homem produtivo visa a garantir a produção das indústrias, no qual as pessoas são objetos de intervenção do Estado e a saúde é considerada um dever, pois sua finalidade é de manter a produtividade econômica. O modelo da medicina comunitária trouxe um discurso mais participativo, porém, na prática, ainda mantinha de fundo um discurso de culpabilidade, iniciado no indivíduo e seguindo para o coletivo. O Programa de Saúde da Família surgiu como uma ferramenta para a reorientação de práticas diretamente dentro das comunidades assistidas pelas unidades de saúde, pois integrava o enfermeiro, o paciente, a família e a comunidade. 5) Schall e Struchiner (1999) afirmaram que “ao conceito de educação em saúde se sobrepõe o conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob risco de adoecer”, o qual baseia o conceito de saúde ampliado, descrito por um “estado positivo e dinâmico de busca de bem-estar”. Quais dos aspectos citados a seguir integram o conceito de saúde ampliado e representam os campos pessoais e afetivos? a) ausência de doenças específicas relacionadas à saúde física RESPOSTA INCORRETA b) ausência de doenças específicas relacionadas à saúde mental RESPOSTA INCORRETA c) Desenvolvimento das situações que promovam a autorrealização do indivíduo. RESPOSTA CORRETA Os aspectos integrativos ao conceito de saúde ampliado pessoal e emocional são definidos por meio do desenvolvimento das situações que promovam a autorrealização do indivíduo nos campos pessoais e afetivos. Os aspectos físicos e mentais são definidos por meio da ausência de doenças nesses campos. O aspecto ambiental é definido por meio do ajustamento do ambiente de forma a ser, também, provedor de bem-estar saudável. Já o aspecto socioecológico é definido por meio do comprometimento individual com a igualdade social e a preservação do meio ambiente, como forma de prover boa saúde e bons hábitos. d) Ajustamento do ambiente de forma a ser, também, provedor de bem-estar saudável. RESPOSTA INCORRETA e) comprometimento individual com a igualdade social e a preservação do meio ambiente RESPOSTA INCORRETA Aula 3.2 - Teorias e bases da educação em saúde A educação em saúde é considerada elemento fundamental no cotidiano dos serviços de saúde, uma vez que representa relação dialética para integralidade da atenção. Além dos aspectos clínicos, é necessário que os profissionais de saúde agreguem saberes para enfrentar problemas complexos que envolvem a produção de saúde, considerando todos os atores sociais envolvidos, valorizando os saberes e planejando ações efetivas para atuar nas necessidades apresentadas pelos usuários. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer algumas abordagens pedagógicas para subsidiar o processo educativo nas práticas de saúde, conceitos sobre essa temática e situações comuns ao trabalho do profissional de saúde que exerce o papel de educador. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer as teorias e bases da educação em saúde no Brasil. · Descrever a aplicabilidade das teorias da educação em saúde. · Identificar quais são as bases teóricas mais utilizadas na elaboração e implementação de ações educativas em saúde. DESAFIO: A prática educativa em saúde tem como eixo principal o compartilhamento de informações individuais e/ou coletivas, visando à melhoria da qualidade de vida e da saúde da comunidade. Essa prática é considerada elemento fundamental no processo de trabalho dos profissionais da saúde. Para tanto, deve ser devidamente planejada e coerente com as necessidades do público-alvo. Considerando a situação descrita, responda às perguntas a seguir: 1. Quais informações são necessárias para organizar a ação de educação em saúde nessa comunidade? 2. Quem deve participar dessa ação? 3. Quais estratégias são necessárias para conduzir o planejamento e a execução dessa ação? Como obter adesão dos usuários para participarem de atividades educativas em saúde? 4. Como identificar a efetividade dessa ação? RESPOSTA : 1) Considerando a educação em saúde como importante ferramenta para promoção da saúde, é fundamental conhecer as condições de vida das pessoas, as características ambientais, sociais, políticas, religiosas e culturais e o processo saúde-doença. Portanto, para organizar a ação de educação em saúde sugerida nesta questão, é necessário que os estudantes busquem conhecer o diagnóstico situacional. Assim, precisarão obter informações durante a reunião com os profissionais de saúde desse território, mas também é importante conversar com usuários para conhecer suas necessidades e, entre elas, escolher uma ação para desenvolver. Os estudantes poderão fazer diversas perguntas aos profissionais de saúde, especialmente aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e aos usuários, para nortear a escolha da temática da ação que será realizada. Também é importante conversar com os professores e os ACS sobre os reais hábitos alimentares das crianças, pois, em virtude das diversas situações socioeconômicas, pode haver crianças que se envergonham de expressar como de fato ocorre a alimentação em casa. · A seguir, algumas dicas de perguntas que podem ser feitas pelos estudantes: · Quais são as doenças mais prevalentes neste território? · Como estão os dados epidemiológicos de mortalidade e morbidade neste território? · Quais atividades de educação em saúde são realizadas pela equipe de saúde e com que frequência? · Como as pessoas definem saúde e doença neste território? · O que elas fazem para cuidar da saúde? 2) Considerando que a ação será realizada em território adscrito a uma Equipe de Saúde da Família, além dos estudantes, é importante o envolvimento dos profissionais de saúde dessa equipe. Nesse contexto, pode ser trabalhado o conceito de interprofissionalidade, que visa a reduzir a fragmentação das práticas profissionais, inclusive nas ações de educação em saúde. Nas ações de educação em saúde, é importantebuscar a prática de cuidados integrados entre os profissionais com formações acadêmicas distintas, o que resulta na integração de saberes e na construção de um campo comum de intervenção e compartilhamento entre os profissionais indistintamente. 3) Após a reunião com a equipe e diálogos com os usuários, as estratégias envolvem a definição da população-alvo, da metodologia, das temáticas de interesse dos usuários, da data, do horário, do local e da duração da ação, enfim, recursos e logística para concretizar a atividade educativa. No dia da ação, recomenda-se que os executores expliquem à população-alvo o que será realizado e como as atividades serão conduzidas e que enfatizem que a proposta primordial é a troca de saberes entre os participantes. Considerando o desafio de obter a adesão dos usuários às ações de educação em saúde, dependendo do contexto em que ocorre, é fundamental que os profissionais busquem conhecer previamente os conteúdos que interessam a população, no que tange aos cuidados com a saúde. Por isso, não é recomendado levar conteúdos prontos sem identificar previamente as necessidades da população. A criatividade também é necessária; portanto, deve ser singularizada ao público-alvo, às suas características culturais e sociais, de modo a estimular a participação da comunidade, utilizando-se metodologias ativas, imagens, filmes, jogos educativos, tarjetas, entre outras ferramentas/dispositivos que forem possíveis. É essencial valorizar as pessoas e os saberes populares e desenvolver atividades mediadas por diálogos, incentivando-se o autocuidado por meio do reconhecimento dos hábitos que promovam a saúde e interfiram positivamente nos determinantes do processo saúde-doença. A divulgação também é estratégica para obter melhor adesão. 4) Há diversas formas de identificar a efetividade das ações de educação em saúde. O primeiro passo é verificar se o objetivo previsto foi alcançado. Dependendo do objetivo da ação, é importante acompanhar os indicadores de cobertura e qualidade e estimular que a ação seja inserida na rotina da equipe. No contexto da Equipe de Saúde da Família, o monitoramento contínuo poderá ser feito por meio das visitas domiciliares realizadas pelos ACS. INFOGRÁFICO: Os profissionais de saúde estão continuamente participando de um ciclo permanente de ensinar e aprender, mediante os diálogos estabelecidos com os pacientes. Para tanto, observa-se, nesse contexto, que saúde e educação estão inter-relacionadas no cotidiano do processo de trabalho, visto que são estabelecidas relações sociais entre os profissionais e os usuários nos atendimentos, especialmente mediante as orientações sobre os cuidados para prevenir agravos e a adoção de hábitos saudáveis. A forma de interagir com o usuário pode interferir diretamente na mudança de hábitos; por isso, quando o paciente sente confiança no profissional de saúde e obtém informações seguras para o tratamento e a prevenção, tem maior possibilidade de alcançar resultados satisfatórios no seu estado de saúde. No cotidiano dos serviços de saúde, há diversas necessidades de ações educativas com o objetivo de promover saúde e prevenir agravos. Neste Infográfico, você vai conhecer algumas dicas para esclarecer a população sobre os riscos do uso indiscriminado de antibióticos. -A educação em saúde consiste em realizar práticas de educação para indivíduos e comunidade cujo objetivo é proporcionar autonomia no cuidado de saúde, adoção de hábitos saudáveis de vida, além de orientações que reconhecem os conhecimentos populares e que agregam os saberes científicos. -A educação em saúde busca a qualificação das práticas de saúde de modo a se aproximar cada vez mais da realidade dos usuários, disponibilizando informações seguras para promoção da saúde e prevenção de agravos. - Na saúde coletiva, há diferenças entre os conceitos de educação em saúde e educação na saúde: · educação em saúde: envolve a educação sanitária, educação para a saúde e educação popular em saúde, com foco na população. Abrange as dimensões política, filosófica, social, religiosa e cultural no contexto das pessoas/do indivíduo e grupos sociais/sociedade, alinhada ao processo saúde-doença para fomentar ações de promoção da saúde e/ou prevenção de doenças/agravos. - definida como “[...] um conjunto de práticas pedagógicas de caráter participativo e emancipatório, que perpassa vários campos de atuação e tem como objetivo sensibilizar, conscientizar e mobilizar para o enfrentamento de situações individuais e coletivas que interferem na qualidade de vida [...]” · educação na saúde: está respaldado na educação permanente em saúde dos trabalhadores, a fim de manter a qualificação profissional - A escolha da abordagem/teoria pedagógica deve corresponder ao objetivo da atividade de educação em saúde. Por isso, é possível que seja necessário utilizar, em algum momento, a abordagem tradicional, porém sempre considerando o usuário/a população como protagonista, estimulando a participação, a fim de concretizar aspectos da promoção da saúde e prevenção de agravos. - Concepções ou abordagens pedagógicas da educação que podem ser utilizadas no desenvolvimento de atividades de educação em saúde: - A Educação Permanente em Saúde (EPS) apresenta-se como um dispositivo capaz de estimular melhorias no processo de trabalho por meio da disponibilização de evidências científicas, metodologias, tecnologias e saberes no âmbito da Rede de Assistência à Saúde. - A EPS é considerada estratégica para potencializar o trabalho em equipe e qualificar a atenção à saúde em todos os níveis da Rede de Atenção, desde a Atenção Primária, os serviços especializados de Atenção Secundária até os serviços de alta complexidade da Atenção Terciária. - EPS: atualização contínua dos profissionais com base em: evidências científicas, protocolos clínicos, dispositivos legais - Escopo da EPS: formação em serviço; qualificação dos trabalhadores, gestores e usuários; busca o trabalho como fundamento educativo e transformador da realidade - A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: · identificar as necessidades, considerando as especificidades regionais · controle social da população · promoção da saúde · colaboração para o processo de trabalho dos profissionais - Metodologias Ativas: os trabalhadores identificam os problemas vivenciados no cotidiano do serviço em que atuam e propõem soluções, respaldadas em evidências científicas e aspectos da realidade. - Potencialidade do uso de recursos tecnológicos para ampliar o acesso à informação, permitindo um processo educacional interativo que pode ser encorajado por meio da integração de múltiplas mídias, linguagens e recursos. - Plataformas online do Ministério da Saúde: UNASUS, AVASUS, Telessaúde, Comunidade de práticas - Diferente do método tradicional, a Metodologia da Educação Permanente em Saúde propõe um modelo de ensinar e aprender, participativo. O objetivo é se aproximar da realidade do trabalhador buscando melhorias. - A modalidade de educação em saúde inovadora valoriza o desenvolvimento de ações dialogadas, a participação ativa dos usuários e a aproximação da realidade por parte dos profissionais de saúde. Ex: uma experiência de educação em saúde na escola, a partir dos objetivos do Programa Crescer Saudável, envolve os cuidados com a alimentação e o incentivo à atividade física para prevenir e controlar a obesidade infantil. EXERCÍCIOS: 1) Antes de executar uma ação de educação em saúde na escola, o profissional deve planejar, além de compreender a realidade e conhecer os principais problemas e necessidades da população. E, a partir da realidade, é importante elaborar propostas capazes de intervir em algum problema, resultando em um plano de ação. Portanto, para subsidiar o planejamento de ações estratégicas, metas, monitoramento e avaliação, o profissional deverá inicialmente: a) realizar o contato com a direção da escola. RESPOSTA INCORRETA b) solicitar a lista de alunos à direção da escola. RESPOSTA INCORRETA c) solicitar autorizaçãoda escola para a realização da ação. RESPOSTA INCORRETA d) solicitar autorização dos pais para realização de exame clínico de saúde bucal, por exemplo. RESPOSTA INCORRETA e) todas as alternativas estão corretas. RESPOSTA CORRETA Todas as alternativas estão corretas, visto que é necessário realizar o contato com a direção da escola, solicitar a lista de alunos, a fim de adequar as atividades à faixa etária e à quantidade de alunos, além de solicitar formalmente a autorização da escola para a realização da ação. Caso a equipe necessite realizar exame clínico de saúde bucal, por exemplo, deverá obter a autorização dos pais dos alunos. 2) Considerando as bases teóricas dos processos educativos, assinale a alternativa que apresenta exemplos de concepções ou abordagens pedagógicas tradicionais: a) Humanista e condicionamento. RESPOSTA INCORRETA b) Cognitivista e transmissão. RESPOSTA INCORRETA c) Educação Popular em Saúde. RESPOSTA INCORRETA d) Metodologias ativas. RESPOSTA INCORRETA e) Transmissão e condicionamento. RESPOSTA CORRETA No modelo de transmissão, o processo educativo está centrado em alguém que sabe e que ensina alguém que não sabe. O condicionamento envolve os resultados comportamentais e a troca de conhecimentos, atitudes e destrezas. 3) Você está estagiando em uma Unidade de Saúde da Família. No primeiro dia de estágio, participou de um encontro com pessoas idosas, organizado pela equipe de saúde para tratar de temas sobre diabetes e hipertensão. Durante a atividade, você percebeu que o diálogo estava focado na condição de adoecimento e na imposição de medidas de controle e prevenção das complicações. Com base nas teorias e bases da educação, como você define a ação vivenciada nessa Unidade de Saúde? a) Verticalizada e centrada na pessoa. RESPOSTA INCORRETA b) Verticalizada e centrada na doença. Respost.CORRETA Trata-se de um exemplo de ação verticalizada e pragmática focada na doença. c) Participativa e democrática. RESPOSTA INCORRETA d) Dialogada e centrada na pessoa. RESPOSTA INCORRETA e) Dialogada e centrada na doença. RESPOSTA INCORRETA 4) Assinale a alternativa que melhor define a diferença entre as expressões educação em saúde e educação na saúde. a)Educação em saúde refere-se ao diálogo entre profissional de saúde e paciente, enquanto educação na saúde refere-se ao diálogo com a família InCORRETA b) Educação em saúde está relacionada às capacitações para os profissionais da saúde, enquanto educação na saúde refere-se às orientações que visam à autonomia das pessoas no cuidado de sua saúde. RESPOSTA INCORRETA c) Educação na saúde refere-se às formações contínuas para os profissionais da saúde, enquanto que educação em saúde está relacionada às práticas que visam à autonomia das pessoas no cuidado de sua saúde. RESPOSTA CORRETA Educação em saúde consiste no conjunto de práticas de educação para indivíduos e comunidade, a fim de aumentar a autonomia das pessoas e da comunidade para que possam fazer escolhas e adotar hábitos saudáveis de vida. Educação na saúde se refere à educação permanente em saúde cujo objetivo é aprimorar o conhecimento dos profissionais quanto aos procedimentos e à atenção dispensados à população. d) São expressões diferentes, mas com mesmo significado. RESPOSTA INCORRETA e) Exemplo de Educação na saúde, seria o de atualização sobre novo protocolo de atendimento para Infecções sexualmente transmissíveis para profissionais médicos e enfermeiras, enquanto educação em saúde, seria uma oficina realizada pela equipe de saúde, com a população diabética, sobre o autocuidado e esclarecimento de dúvidas. RESPOSTA INCORRETA 5) Desenvolver o papel de educador em saúde é um desafio. Entre os princípios da educação em saúde estão a articulação entre saberes populares e científicos e a valorização da cultura popular como fonte de identidade. As ações de educação em saúde podem ocorrer de forma individual ou em grupos (crianças, adolescentes, mulheres, gestantes, homens, idosos, etc.). Seu José é um idoso em quadro de osteoartrose que não sai de casa há três meses por causa de dores intensas em membros inferiores. Considerando esse contexto, assinale a alternativa que melhor define uma conduta diante dessa situação: a) Orientar repouso em casa. RESPOSTA INCORRETA b) Orientar repouso e indicar procedimento cirúrgico. RESPOSTA INCORRETA c) Orientar repouso e medicações para aliviar a dor. RESPOSTA INCORRETA d) Orientar medicações para aliviar a dor. RESPOSTA INCORRETA e) Orientar cuidados ao idoso e que familiares/cuidadores estimulem as atividades funcionais. RESPOSTA CORRETA As ações de educação em saúde podem ser desenvolvidas em ambientes diversos, desde que as pessoas concordem em participar. Na situação descrita, é importante estimular atividades que resgatem a funcionalidade do idoso em suas atividades diárias, por exemplo, fazendo pequenas tarefas e estimulando o autocuidado. O diálogo entre os profissionais de saúde, a pessoa idosa e familiares/cuidadores será primordial na adesão aos cuidados sugeridos. Aula 4.1 - Conceitos de saúde e de doença como reflexão para as práticas de educação em saúde -A concepção de doença caracteriza-se por um processo subjetivo e se guia por categorias cognitivas socialmente construídas. Desse modo, a dor pode variar conforme localização e duração. Por exemplo: a "dor no peito" é considerada de tipo grave, pois pode envolver o coração; a "dor na barriga" tem a possibilidade de representar apendicite, etc. Há também a "dor normal", como a que ocorre durante a menstruação. A dor "anormal" é, geralmente, percebida como fenômeno violento: tipo "pontada", "facada", "agulhada", "ferroada", "choque", "dor rasgada", entre outras. -Assim, a identificação da concepção que a população tem sobre saúde e doença tem extrema importância, tendo em vista o desenvolvimento de práticas de educação em saúde focadas em ações e práticas efetivas e de qualidade. -Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá :os conceitos de saúde e de doença atuais, comparando-os com conceitos antigos, de modo a reconhecer a influência deles para a reflexão das práticas de educação em saúde. · Analisar os conceitos de saúde e de doença atuais. · Comparar os conceitos atuais de saúde e de doença com conceitos antigos. · Reconhecer a influência dos conceitos de saúde e doença para a reflexão de práticas de educação em saúde. DESAFIO: Os conceitos de saúde e doença foram concebidos de diferentes formas no passar dos séculos. Por isso, quando confrontados, podem ter distintos significados. A grande maioria das pessoas costuma relatar que "está bem" quando não apresenta sintomas de doença, quando não precisou tomar medicações e não fez uso dos serviços de saúde. Por outro lado, quando faz uso desses recursos, costuma dizer que "não está bem". Saúde, para elas, é o oposto de doença, como se a saúde só fosse percebida quando há ausência de doença. Contudo, esquecem que a saúde engloba a capacidade de enfrentar adoecimentos, buscar ajuda e compreender o que está ocorrendo com o organismo, além da responsividade em pensar, agir e assumir atos e decisões sobre si mesmo. É por isso que muitas delas acabam sendo surpreendidas por situações que expõem sua saúde e revelam problemas que, até então, pela ausência de sintomas, elas não tinham conhecimento de que existiam. Neste Desafio, reflita e responda às questões a seguir: 1. Quais ações, tanto de cuidado quanto de educação em saúde, você poderia realizar para auxiliar o casal? 2. Como você faria para explicar sobre o processo de saúde-doença, uma vez que a mulher grávida é HIV positivo? RESPOSTA: 1. Questionaria sobre as dúvidas do casal sobre o HIV e sobre ter HIV durante a gestação. Agendaria a próxima consulta de pré-natal, pois, como se trata de paciente de alto risco, além de fazer acompanhamento em hospital de referência, mantém vínculo na ESF. 2. Ressaltaria a importância da realização da terapia antirretroviral (TARV), para a mãe e para o bebê. Para orientação sobre esse processo saúde-doença, primeiramentequestionaria se eles sabem o que é o HIV. A partir da resposta deles, continuaria as orientações, por exemplo: quais são as complicações para o bebê se não realizar o tratamento, se ela está (e como está) usando a TARV e onde está retirando os medicamentos. Também orientaria sobre Nota Informativa nº 5, de 14 de maio de 2019, a qual esclarece sobre o conceito do termo indetectável (= intransmissível) para Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV). O termo é válido desde que as PVHIV estejam com carga viral do HIV indetectável há, pelo menos, 6 meses. A justificativa para o uso do conceito está apoiada nas evidências científicas de que as PVHIV em TARV e carga viral indetectável não transmite o vírus por via sexual. INFOGRÁFICO: Os conceitos de saúde e de doença tiveram alterações durante o passar dos anos, e atualmente "o processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde-doença de uma população, que varia em diversos momentos históricos do desenvolvimento científico da humanidade" (VIANNA, 2012, p. 9). Definição de processo saúde-doença, as influências sofridas por ele e alguns modelos utilizados para a representação desse processo: - Diversos são os conceitos para saúde e doença, mas eles são considerados subjetivos e particulares, sendo relativos, isto é, variam de pessoa para pessoa. Dessa forma, "apesar de todos os conceitos estabelecidos sobre saúde e doença, sabe-se que eles, ao longo dos anos, têm sido compreendidos ou enfrentados de acordo com as diversas formas de existir das sociedades, expressas nas diferentes culturas e formas de organização. Eles dependem do entendimento que se tem do ser e de sua relação com o meio em que está inserido. Esse entendimento varia de acordo com a cultura de cada lugar e o momento histórico. Por tudo isso, a conceituação de saúde se faz tão difícil de ser fixada, uma vez que está condicionada ao momento histórico e às condições concretas e peculiares de existência" (CÂMARA et al., 2012, p. 42). - A saúde foi determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, por meio da Carta de Declaração de Princípios, em que se definiu que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de distúrbios ou doenças”. - “A saúde não é um bem definitivo. Ela é conquista diária, muitas vezes obtida por meio de mudanças de valores, de hábitos, de costumes individuais e coletivos [...]”. É importante ressaltar que: Existe uma relação de reciprocidade entre a saúde e a doença, entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, ar, clima, habitação, trabalho, técnica, relações familiares e sociais, etc.) podem causar doença se agem com determinada intensidade, se pesam em excesso ou falta, se agem sem controle. Essa forma é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à reflexão de o processo saúde-doença-adoecimento ocorrer de maneira desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do local que os seres ocupam, na sociedade (BRÊTAS; GAMBA, 2006, p. 34). - Duas concepções têm marcado o percurso da medicina. · A concepção ontológica: [...] dirige os seus esforços na classificação dos processos de doença, na elaboração de um diagnóstico exato, procurando identificar os órgãos corporais que estão perturbados e que provocam os sintomas. É uma concepção redutora que explica os processos de doença na base de órgãos específicos perturbados. Assume que a doença é uma coisa em si própria, sem relação com a personalidade, a constituição física ou o modo de vida do paciente (VIANNA, 2015, p. 79). · Já a concepção fisiológica: [...] iniciada por Hipócrates, explica as origens das doenças a partir de um desequilíbrio entre as forças da natureza que estão dentro e fora da pessoa. [...] centra-se no paciente como um todo, e no seu ambiente, evitando ligar a doença a perturbações de órgãos corporais particulares. [...] defende que as doenças são “entidades” exteriores ao organismo, que o invadem para se localizarem em várias das suas partes (VIANNA, 2015, p. 79). - Na atualidade, há o predomínio da multicausalidade, a qual tem ênfase nos condicionantes individuais, isto é, no próprio indivíduo. Como alternativa para a sua superação, propõe-se a articulação das dimensões individual e coletiva do processo saúde–doença, acabando, desse modo, com o foco único no indivíduo. Assim, surge o movimento da medicina preventiva, que define o modelo 4 Conceitos de saúde e de doença como reflexão para as práticas de educação em saúde de causalidade das doenças a partir das relações entre agente, hospedeiro e meio-ambiente. Nesse sentido, atualmente, o conceito de história natural da doença é caracterizado como sendo: [...] todas as interrelações do agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (patogênese) (VIANNA, 2015, p. 80). - No Brasil, em 1986, ocorreu a VIII Conferência Nacional de Saúde, que adotou o seguinte conceito de saúde: saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde (BRASIL, 1986). - Percebe-se que diversos são os conceitos de saúde e doença criados durante o passar dos séculos, mas destaca-se que, por mais que se pense a saúde na dimensão da sociedade coletiva, é o ser humano que possui saúde e que pode desenvolver alguma doença; então, pode-se afirmar que experiências individuais e subjetivas, conhecidas de maneira intuitiva, dificilmente podem ser quantificáveis ou descritas (BRÊTAS; GAMBA, 2006). - O atendimento e o acompanhamento de saúde nem sempre foi direito e dever do Estado no Brasil. Diversas foram as mudanças com o passar dos anos. - A saúde é: um conceito positivo; com Recursos Pessoais e Sociais; e Capacidade Física. - 3 Princípios de saúde: 1. Reconceituar a saúde como mudança de ideologia e ampliar suas melhorias 2. Potencializar a saúde como processo de ação sobre suas vidas e seu meio 3. Participar da comunidade, pois a saúde é determinada pela equidade e justiça social Fatores Determinantes: Sociais, Econômicos, Culturais, Étnico-raciais, Psicológicos e Comportamentais - Garantia do empoderamento para o controle social com: gestão de conhecimentos, técnicas, poder, recursos físicos, humanos e financeiros. - São considerados Determinantes sociais em saúde: o estilo de vida, as redes sociais e comunitárias, a educação, a produção agrícola, ambiente de trabalho, desemprego, saneamento básico, serviços sociais e habitação. - As necessidades de saúde trazidas pelos usuário contrinuem para a conformação das práticas de saúde - O processo de adoecer, de ter uma doença ou patologia, diferencia-se de paciente para paciente. Segundo Bretas e Gamba (2006, p. 34), "o conceito de doença é diferente da experiência do adoecimento. O processo saúde-doença concebido na lógica formal – cartesiana – não deixa espaço para a compreensão dos sofrimentos individuais. É na lógica racional que visualizamos o cuidado de enfermagem, ou seja, acreditamos que esse se concretiza de forma abrangente quando o enfermeiro alia aos conhecimentos técnicos, científicos e políticos, capazes de sustentar as bases do cuidado profissional, a sensibilidade humana para compreender a subjetividade expressa pelo ser que está sendo cuidado" . EXERCÍCIOS: 1) O processo saúde-doença é considerado dinâmico, multicausal e depende, principalmente, do conceito de saúde e de doença. Assim, pode-se dizer que o processo saúde-doença sofre influência de: a) Condições geográficas, ambientais e físicas do território. RESPOSTA INCORRETAb) Condições socioeconômicas individuais e coletivas. RESPOSTA INCORRETA c) Agente etiológico. RESPOSTA INCORRETA d) Fatores genéticos e hereditários. RESPOSTA INCORRETA e) Todas as alternativas estão corretas. RESPOSTA CORRETA Pode-se dizer que o processo saúde-doença sofre influência de: condições geográficas, ambientais e físicas do território; condições socioeconômicas individuais e coletivas; agente etiológico; fatores genéticos e hereditários. 2) Com o passar do tempo, foram criados diversos conceitos para o termo "saúde" nas diversas sociedades e povos. Assim sendo, sobre o conceito de saúde, analise as assertivas a seguir: I - Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, por meio da Carta de Declaração de Princípios, “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de distúrbios ou doenças”. Esse significado prevalece até os dias atuais. No entanto, recebeu, desde sua publicação, diversas reflexões e críticas de muitos estudiosos da saúde, profissionais e pesquisadores, que denominam essa definição como sendo utópica. II - A saúde não pode ser alcançada como um fenômeno abstrato ou algo concreto atingível. A saúde, em seu significado, envolve o subjetivo da pessoa; está ligada com os objetivos de vida da pessoa. III - Saúde é um processo que envolve o universo social, mental e físico do ser humano sem regatear um só esforço para modificar, transformar e recriar aquilo que deve ser mudado. Atribui uma dimensão dinâmica, valorizando o ser humano a partir das transformações em saúde em uma visão coletiva e humana, colocando o cidadão como protagonista da sua própria vida Qual(is) está(ão) correta(s)? b) Todas as assertivas estão corretas. RESPOSTA CORRETA Todas as assertivas estão corretas. É possível atingir o completo bem-estar físico, mental e social? Diversos autores e instituições afirmam que não o é; por isso, o conceito é determinado como utópico. O significado de saúde diferencia-se de pessoa para pessoa, pois “ter” saúde está diretamente ligado aos objetivos de vida das pessoas. Por exemplo, uma pessoa pode ter hipertensão arterial sistêmica, mas realiza o controle e não se sente doente. Ou seja, considera-se com saúde, porque não está apresentando nenhum sintoma e sente-se bem nessa condição. A saúde envolve o universo social, mental e físico do ser humano, em seu contexto social, familiar e coletivo. Assim, a saúde de cada ser humano é considerada sempre em transformação, modificando-se e recriando-se. a) Apenas I e II RESP. INCORRETA c) Apenas I. RESP. INCORRETA d) Apenas III. RESP. INCORRETA e ) Apenas II e III. RESPOSTA INCORRETA 3) Garantida pela Constituição Federal de 1988, a saúde é considerada um direito de todos e dever do Estado. Assim sendo, promover a saúde e interferir no processo saúde-doença da população: a) É papel exclusivo dos gestores de saúde, cabendo aos profissionais o atendimento clínico objetivo da população. RESPOSTA INCORRETA b) São ideias abstratas que dependem da imunidade do indivíduo. RESPOSTA INCORRETA c) Requer uma abordagem multiprofissional visando a ações simultâneas de várias áreas. RESPOSTA CORRETA Para promover a saúde e interferir no processo saúde-doença da população, é necessária uma abordagem multiprofissional, tendo em vista a articulação dos diversos segmentos envolvidos: gestores (secretário de saúde, prefeito), profissionais da saúde (enfermeiro, médico, fisioterapeuta, nutricionista) e, principalmente, a população, para que esta possa expressar suas necessidades de saúde e, assim, possam ser proporcionadas ações de saúde direcionadas aos processos de saúde-doença específicos. d) É papel exclusivo dos profissionais de saúde. RESPOSTA INCORRETA. e) Exigem ações e práticas curativistas, tendo em vista a educação em saúde focada no tratamento de doenças. RESPOSTA INCORRETA 4) Os conceitos de saúde e de doença são considerados subjetivos e diferenciam-se de pessoa para pessoa, e o processo de adoecimento é singular e específico. Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) A assistência à doença deve ser o único eixo do sistema público de saúde, já que a demanda para ela é muito grande. RESPOSTA INCORRETA b) As políticas públicas de educação, meio ambiente e assistência social não interferem no processo saúde-doença da população. RESPOSTA INCORRETA c) O processo saúde-doença é determinado pela herança genética de cada um e sua suscetibilidade às enfermidades. RESPOSTA INCORRETA d) O processo saúde-doença é dinâmico e, portanto, requer uma constante análise por parte dos profissionais que atuam no setor. RESPOSTA CORRETA O processo saúde-doença pode ser influenciado pelos determinantes da saúde, pelo contexto em que o paciente está inserido, pelo modo de vida, enfim, por todos os elementos de vida dos cidadãos e, consequentemente, está em contínua modificação devido a esses fatores. Os profissionais da saúde necessitam estar preparados para essas alterações, tendo em vista a qualidade da assistência prestada. e) Os conceitos de saúde e doença não precisam estar bem definidos por parte dos profissionais da saúde para que possam identificar a percepção da comunidade ou paciente (coletivo ou individual) perante ao processo saúde-doença para a eficiência das práticas de educação em saúde. RESPOSTA INCORRETA 5) As doenças/patologias foram, e ainda são, descobertas por cientistas, pesquisadores, mas, com o passar dos séculos, houve grande mudança na sua definição. Com relação ao conceito de doença, pode-se afirmar que: a) Na antiguidade, acreditava-se que a doença era um castigo dos deuses e a saúde era considerada uma dádiva. Com o passar dos séculos e o advento das religiões monoteístas, o castigo da doença e a dádiva da saúde passou a ser de responsabilidade de um único deus. Todavia, 400 anos a. C., Hipócrates desenvolve o tratado “Os Ares e os Lugares”, no qual relaciona a água, os locais de moradia e os ventos com a saúde e a doença. RESPOSTA CORRETA Antigamente, a doença era definida por um castigo dos deuses e quem “tinha” saúde era como uma dádiva. Todavia, um marco para a Ciência foi em 400 a. C. quando Hipócrates desenvolveu “Os ares e os lugares”, no qual relaciona aspectos pessoais, subjetivos com o estado de saúde e de doença; a água, moradia, ventos com saúde e doença. b) No final do século XIX, houve uma predominância da teoria dos deuses, a qual afirma que diversas doenças podem ser causadas por microrganismos. Primeiramente, essa teoria apresentou algumas controvérsias, mas, atualmente, é pauta de disciplinas, como microbiologia e microbiologia clínica, dos cursos da área da saúde. RESPOSTA INCORRETA c) Percebe-se que diversos são os conceitos de doença criados durante o passar dos séculos, mas destaca-se que, por mais que se pense a saúde na dimensão da sociedade coletiva, é o ser humano que tem saúde e que pode desenvolver alguma doença; então, pode-se afirmar que são experiências coletivas e quantificáveis. RESPOSTA INCORRETA d) Atualmente, os cidadãos acreditam e confiam nos diversos estudos, pesquisas, comprovações científicas do que causa ‘doenças’; a população acredita no que parece ser mais coerente, não levando em consideração as suas crenças. RESPOSTA INCORRETA e) O entendimento de doença por parte dos profissionais da saúde não é tão fundamental, pois ele não influenciará na organização e na efetivação das práticas de educação em saúde à população. RESPOSTA INCORRETA Aula 4.2 - Educação em saúde como estratégia para promoção da saúde do adulto A educação em saúde é de grande relevância, estando inserida em todo o processo de trabalho em saúde, sejam nas ações desenvolvidas para promoção da saúde, prevenção de agravos e doenças ou no tratamento, na cura e na reabilitação. A rotina do trabalho em saúde é reconhecida como uma situação oportuna para sua prática, e toda ação em saúde é provida de uma ação educativa, estando presente em todo contato entre o profissional de saúde e o usuário, ocorrendo também troca de experiênciase aprendizado mútuo, ou seja, tanto o profissional quanto o usuário ensinam e aprendem. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá a importância da educação em saúde para a promoção e prevenção de doenças e agravos, bem como as estratégias para melhorar a aderência do paciente na gestão de sua saúde. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Relacionar educação em saúde à promoção de saúde. · Demonstrar as estratégias para educação em saúde na prevenção de doenças. · Relacionar as estratégias para educação em saúde com a necessidade de melhorar a aderência do paciente ao tratamento clínico. DESAFIO: Educação em saúde estimula a prevenção de doenças, a promoção da saúde e o engajamento da população, assim como a sua participação em assuntos relacionados à saúde por meio de ações educativas. Imagine que você trabalha em uma Unidade Básica de Saúde e se depara com a seguinte situação: Relacionamento sexual sem preservativo. Perante essa situação, responda: a) Como profissional de saúde que tem papel educador, quais problemas você identifica nesse caso? b) Quais estratégias educativas você usaria para desenvolver a reflexão sobre sexualidade para jovens na sua Unidade Básica? RESPOSTA: a) Comportamento sexual de risco, falta do uso de métodos contraceptivos, relação sexual sem preservativo e múltiplos parceiros. b) Realizar grupos de jovens adultos para discussão sobre sexualidade e gênero; incentivar a participação de jovens em atividades educativas desenvolvidas na escola, na comunidade e/ou na Unidade Básica de Saúde; conversar sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), formas de transmissão, sinais e sintomas; orientar sobre comportamentos de risco e formas de prevenção, enfatizando o uso de camisinha; fornecer materiais educativos sobre ISTs; esclarecer quanto ao uso correto do preservativo, tanto masculino quanto feminino e estimular a discussão sobre sexualidade. INFOGRÁFICO: A educação em saúde tem como proposta reorientar os serviços de saúde para além dos tratamentos clínicos e curativos, comprometida com o desenvolvimento da promoção da saúde e da autonomia do cuidado, por meio de ações cuja essência está na melhoria da qualidade de vida. Neste Infográfico, você vai ver práticas educativas para a prevenção e a promoção da saúde. - Promover a saúde é capacitar o usuário para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, o que é feito por meio da educação em saúde, a qual é baseada em uma junção de saberes entre profissionais e usuários sobre os problemas de saúde, levando o usuário a desenvolver a capacidade de mudar sua saúde e promover qualidade de vida. A prática de promoção de saúde envolve abordagens diversas e complementares, considerando as diferenças sociais, culturais e econômicas. - A educação em saúde é definida pelo Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2009) como um processo de construção de conhecimentos que visa apropriar o cuidado com a saúde pela população, - Segundo as Diretrizes de Educação em Saúde visando à Promoção da Saúde, a educação em saúde é constituída por um “[...] conjunto de práticas pedagógicas e sociais, técnicas, políticas e científicas que, no âmbito das práticas de atenção à saúde, devem ser vivenciadas e compartilhadas pelos trabalhadores, população e usuários dos serviços de saúde” (BRASIL, 2007) - a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) (BRASIL, 2002), tem como objetivo a promoção da qualidade de vida por meio da intervenção nos fatores condicionantes de saúde, como trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. - Sendo assim, pode-se dizer que a promoção da saúde consiste em: · pensar no indivíduo e no coletivo; · buscar qualidade de vida, autonomia e estímulo ao autocuidado. - A educação em saúde, engloba: · transmitir conhecimento à comunidade; · desenvolver consciência crítica no usuário; · estabelecer vínculos entre usuários e profissionais; · promover a participação da comunidade e controle social; · avaliar o conhecimento adquirido; · detectar possíveis falhas para a elaboração de estratégias de reversão · interação entre 3 atores: os profissionais da saúde; os gestores que apoiem esses profissionais; e a população, que necessita aumentar sua autonomia nos cuidados tanto individual quanto coletivamente. · As propostas para educação em saúde são colocadas em prática na Atenção Básica por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e da Estratégia Saúde da Família (ESF) - Para desenvolver uma atividade educativa, o profissional da saúde pode definir estratégias, como: · análise da necessidade da ação educativa em uma população específica; · definição do tema a ser abordado; · definição da forma a partir da qual o tema será abordado; · organização de material necessário; · divulgação da prática definida de forma a atrair o usuário. - Algumas ações e programas do Ministério da Saúde que favorecem a educação em saúde são: Novembro azul, Outubro rosa, Setembro amarelo, Dezembro vermelho, Agosto dourado, Combate ao Aedes Aegypti - O plano para Educação Popular em Saúde propõe ações e troca de saberes entre gestão, trabalhadores e usuários, práticas de diálogo, problematizando e mediando conflitos, trocas de saberes e reconhecimento das vulnerabilidades, estimulando o debate intersetorial junto. Para a Educação Popular em Saúde, foram propostos quatro eixos estratégicos: · participação, controle social e gestão participativa; · formação, comunicação e produção de conhecimento; · cuidado em saúde; · intersetorialidade e diálogos multiculturais. - As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) podem ser controladas, sendo assim, necessitam de tratamento por toda a vida. Para realizar a adesão ao tratamento é necessário que o comportamento do paciente esteja de acordo com as orientações estabelecidas pelos profissionais de saúde. - As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam a principal causa de morte no Brasil - Tratamento Medicamentoso da DCNT: · uma das principais estratégias para o controle de doenças crônicas não transmissíveis · nem sempre somente o medicamento representa o controle da doença - Oficinas de Educação em Saúde: · troca de vivência e experiências entre os membros do grupo · conhecimento necessário sobre doenças crônicas não transmissíveis - Fatores para aumento de DCNT: idade avançada, etnia negra, obesidade, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, dislipidemias, sódio na alimentação. - Atualmente procura-se a Valorização de medidas preventivas, vigilância em saúde, atendimento humanizado - Educação em Saúde abordagem em etapas pacientes recebem assistência ampla e continuada - Aumento das DCNT falta de conhecimento dos pacientes sobre sua patologia, mais o modo adequado de trata-la; ações da equipe de saúde da família de forma insuficiente - Um dos principais desafios da equipe multidisciplinar melhor adesão ao tratamento não medicamentoso. - Educação em Saúde estratégia adequada para ensinar os usuários sobre sua doença conseguir recursos e meios para se manter em tratamento - Atividades Educativas Preventivas: · Melhor controle e acompanhamento das doenças crônicas não transmissíveis · Desenvolvimento da autonomia para o autocuidado - É necessário compreender que a educação em saúde acontece de forma efetiva nas práticas de saúde, podendo ocorrer de diversas formas. Nessa perspectiva, sabe-se que a educação em saúde se baseia nas realidades e nas características de cada população, com a finalidade de estabelecer projetos de cuidados com a saúde de forma transformadora, individual e coletiva. A compreensão do processo saúde-doença por parte dos usuários desenvolve conhecimento e autonomia nas decisões. EXERCÍCIOS: 1) A educação em saúde no Brasil passou por um processo de construção juntamente com as mudanças no SUS ao longo dos anos. Considerando esse processo de construção sobre a educação em saúde, é correto afirmar que:a) até os dias de hoje, a educação em saúde no Brasil é basicamente uma iniciativa das elites políticas e econômicas e, portanto, subordinada aos seus interesses. RESPOSTA INCORRETA b) apesar da participação de profissionais de saúde nas experiências de educação popular, manteve-se no setor de saúde uma tradição autoritária e normatizadora da educação em saúde. RESPOSTA INCORRETA c) a educação em saúde é o campo de prática e conhecimento do setor de saúde, o qual tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação de saúde, o pensar e o fazer cotidiano da população. RESPOSTA CORRETA Diferentes concepções e práticas têm marcado a história da educação em saúde no Brasil. Até a década de 1970, a educação em saúde no Brasil foi basicamente uma iniciativa das elites políticas e econômicas e, portanto, subordinada aos seus interesses. Voltava-se para a imposição de normas e comportamentos considerados adequados, diferente ao que ocorre atualmente, em que existe a participação popular garantida mediante lei. A população tem acesso aos serviços de saúde com garantia de informações livremente. A educação em saúde é constituída por um conjunto de práticas pedagógicas e sociais, técnicas, políticas e científicas que, no âmbito das práticas de atenção à saúde, devem ser vivenciadas e compartilhadas pelos trabalhadores, pela população e pelos usuários dos serviços de saúde. Logo, não é uma atitude autoritária nem com normas preestabelecidas. Tem como objetivo a promoção da qualidade de vida por meio da intervenção nos fatores condicionantes de saúde, como trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais, promovendo consciência crítica e autonomia nas decisões. As propostas para a educação em saúde se colocam em prática na Atenção Básica por meio das UBS e ESF, que vêm trazendo uma estrutura organizada com objetivo de ampliação do acesso e da qualificação das práticas de saúde para promoção da saúde, a fim de fortalecer a capacidade de escolha dos indivíduos e da autonomia, sendo condição indispensável para a efetiva promoção da saúde. Portanto, envolve a equipe, e não somente um profissional. d) a educação em saúde visa a criação de sujeitos subalternos educados: sujeitos limpos, alfabetizados, bebendo água fervida, comendo farinha de soja e usando fossas sépticas, independentemente da conquista de sua liberdade e de seus direitos. RESPOSTA INCORRETA e) as práticas de educação em saúde têm como objetivo principal a inserção de um técnico nas pequenas comunidades periféricas, identificando lideranças e problemas mobilizadores. RESPOSTA INCORRETA 2) A prática de educação em saúde é uma troca de saberes, e tem o objetivo de promover a saúde, contribuindo para evitar agravos e internações. Qual alternativa corresponde às práticas de educação em saúde? a) Ações desenvolvidas pelos movimentos sociais e populares para a qualificação da participação social e reconhecimento do saber popular em saúde. RESPOSTA INCORRETA b) Relações entre pessoas com diferentes saberes que realizam práticas dialógicas, estratégicas, participativas, mediadas pela ação comunicativa entre os participantes. RESPOSTA CORRETA As práticas de educação em saúde no SUS compreendem relações entre sujeitos sociais que portam diferentes saberes e ocupam diferentes espaços. São práticas dialógicas, estratégicas, participativas, mediadas pela ação comunicativa entre os participantes, podendo ser mais ou menos formalizadas. Ações realizadas por movimentos sociais correspondem a uma luta por melhorias na saúde e pelos direitos, não diretamente uma prática de educação em si. As práticas de educação em saúde não estão somente vinculadas à doença e à prescrição de normas, sendo um processo de construção de conhecimentos que visa a apropriação do cuidado com a saúde pela população, aumentando a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores, a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. c) Dimensões vinculadas à doença e à prescrição de normas, sendo consideradas estratégias básicas para a promoção da saúde. RESPOSTA INCORRETA d) Como um processo de construção de conhecimentos que visa a apropriação do cuidado com a saúde pela população, aumentando a autonomia das pessoas no seu cuidado. RESPOSTA INCORRETA e) Eventos e ações de conscientização e luta pelo direito universal à saúde: a educação em saúde é realizada somente nesses eventos. INCORRETA 3) A educação em saúde é definida pelo Ministério da saúde (MS) como um processo de construção de conhecimentos que visa a apropriação do cuidado com a saúde pela população. Pensando nisso, é correto afirmar que: a) as ações de promoção da saúde agregam às de educação em saúde, de forma complementar. RESPOSTA CORRETA A educação em saúde é definida pelo Ministério da saúde (MS) como um processo de construção de conhecimentos que visa a apropriação do cuidado com a saúde pela população, aumentando a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores, a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Logo, envolve todo profissional de saúde, e não somente a enfermagem. A educação em saúde é uma das ações da prevenção primária, no que tange à promoção da saúde. Faz o indivíduo desenvolver autonomia e conhecimento para realizar melhores escolhas, além de compreender sua saúde. A educação em saúde permite troca de experiência entre profissional de saúde e usuário. A educação em saúde não abrange somente as pessoas doentes ou com risco de adoecer, ela consiste em pensar no indivíduo e no coletivo, na busca de qualidade de vida, autonomia e estímulo ao autocuidado. b) há maior preocupação em envolver mais diretamente as pessoas que estão sob risco de adoecer, ao contrário daquelas que apresentam bom estado de saúde. RESPOSTA INCORRETA c) por meio da educação, busca-se alcançar o estado de saúde plena, isto é, a mais completa ausência de doença. INCORRETA d) o público-alvo do enfermeiro educador é constituído, prioritariamente, pelos outros profissionais da equipe de enfermagem. INCORRETA e) a educação em saúde é o ramo da atuação da enfermagem voltada exclusivamente para a formação de mão de obra nessa área. RESPOSTA INCORRETA 4) A educação em saúde pretende melhorar a qualidade de vida do indivíduo e da coletividade. Assinale a alternativa que corresponde aos objetivos da educação em saúde. a) Conscientizar o indivíduo para que considere a saúde como uma responsabilidade do governo unicamente. RESPOSTA INCORRETA b) Estimular a utilização dos serviços de saúde somente quando adoecer. RESPOSTA INCORRETA c) Orientar o indivíduo que procure o hospital para sanar dúvidas sobre a saúde, pois as atividades na Unidade Básica são somente mediante agendamento prévio. RESPOSTA INCORRETA d) Incentivar o indivíduo a cuidar de sua saúde somente por meio dos próprios esforços e ações, exercendo a cidadania. RESPOSTA INCORRETA e) Fornecer conhecimento com a finalidade de estimular pacientes para efetivar mudanças em seu comportamento. RESPOSTA CORRETA A saúde não depende só do Estado, e as ações de educação em saúde reforçam a ideia de participação popular, controle social e autocuidado, estimulando o usuário a efetivar mudanças de comportamento que levam à melhoria das condições de saúde. As propostas para educação em saúde se colocam em prática na Atenção Básica, trazendo uma estrutura organizada com objetivo de ampliação do acesso e qualificação das práticas de saúde para promoção da saúde, e não somente quando o indivíduo adoecer. O indivíduo deve sempre procurar a Atenção Básica, principalmente se tiver dúvidas sobre a sua saúde. Logo, a Atenção Básica tem todas as condições para prevenção, promoção e recuperação da saúde com livre acesso, pois para cuidar da sua saúde, além do esforço próprio do paciente é preciso apoio dos serviços, os quais vão trabalhar estimulando o usuário a efetivar mudanças de comportamento que levam à melhoriadas condições de saúde. 5) A não adesão ao tratamento é um problema comum nos pacientes com doenças crônicas, no entanto, é preciso conscientizar o usuário para promover mudanças comportamentais para uma participação ativa em seu tratamento. No que se refere à adesão ao tratamento, qual das alternativas a seguir está correta? a) Participação do usuário na decisão do seu tratamento e participação de grupos de apoio. RESPOSTA CORRETA Para efetivar o paciente com seu tratamento alguns fatores são importantes, como o bom relacionamento e a comunicação entre equipe e usuário, a participação do usuário na decisão do seu tratamento, a confiança na equipe de saúde, etc. A frequência de tomada de medicações, com muitos horários ou medicações fracionadas com instruções complexas, é um motivo para não adesão ao tratamento, bem como esquecer de tomar o medicamento, efeitos colaterais não compreendidos ou não orientados ao paciente, insegurança quanto ao vício e função do medicamento e seus efeitos colaterais, assim como a falta de conhecimento de um modo geral do paciente, queixas referentes ao gosto ou cheiro ruim, não compreender a doença, não confiar no medicamento, custo do medicamento e também encontrar obstáculos (por exemplo, ter dificuldade para engolir o medicamento, de abrir frascos, etc.) são todos motivos para não adesão ao tratamento. b) Frequência de tomada das medicações ou instruções complicadas. RESPOSTA INCORRETA c) Insegurança quanto ao vício e ao funcionamento do medicamento. RESPOSTA INCORRETA d) Preocupação com custos e efeitos colaterais dos medicamentos. RESPOSTA INCORRETA e) Encontrar obstáculos na forma de tratamento (horários e engolir o medicamento). RESPOSTA INCORRETA Aula 5.1 Estratégia de Saúde da Família A Estratégia Saúde da Família (ESF) é considerada uma estratégia primordial para a organização e o fortalecimento da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS). A Atenção Básica (AB) é conhecida como a "porta de entrada" dos usuários nos sistemas de saúde e tem por objetivo orientar sobre a promoção, a prevenção de doenças e o tratamento de agravos e direcionar os pacientes mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os aspectos conceituais e as normativas da Estratégia Saúde da Família (ESF), além de aspectos práticos como território de abrangência, estrutura, composição e processo de trabalho das equipes e sua inserção na rede de serviços de saúde dos municípios. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer a importância da Estratégia Saúde da Família na organização e no fortalecimento da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS). · Identificar os profissionais que compõem uma equipe mínima da Estratégia Saúde da Família. · Especificar os principais atributos das Equipes de Estratégia Saúde da Família. DESAFIO: Estratégia Saúde da Família (ESF) é a estratégia que busca reorientação do modelo assistencial através da implementação de equipes multiprofissionais em unidades de saúde. As ESFs são responsáveis pelo cuidado de um número definido de famílias em uma área geográfica limitada. Considerando que as equipes de ESF têm em sua estrutura um número determinado de profissionais para uma dada população adscrito, quantos e quais profissionais de saúde seriam necessários para que você consiga implementar cobertura de ESF para a população? Quantas equipes de ESF seriam necessárias? RESPOSTA : Segundo orientações do Ministério da Saúde (MS), cada equipe deve ser responsável por uma população entre 3 a 4,5 mil pessoas com área geográfica delimitada. Logo seriam necessárias 3 equipes de ESF-AB para atender a 100% da população residente (12.000 hab.). Todas as equipes de ESF contam com cuidados de Saúde Bucal (SB), sendo a carga horária preconizada de 40 horas para cada profissional. Segue o quadro com os profissionais, bem como o número necessário de cada um deles. Acompanhe a equipe de saúde da família: Profissional Prof. por equipe Total de prof. por categoria Médico 1 3 Enfermeiro(a) 1 3 Auxiliar de enfermagem 2 6 Agentes comunitários de saúde 4 12 Cirurgião-dentista 1 3 Auxiliar de consultório dentário 1 3 Técnico de consultório dentário 1 3 - A Estratégia Saúde da Família nasceu com uma tradição de utilização de equipes multiprofissionais, envolvendo médico, enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de enfermagem e agente comunitário de saúde e ampliando para equipe de saúde bucal. Contudo, a situação brasileira de tripla carga de doenças com forte predomínio de condições crônicas, exige um novo modelo de atenção o que convoca a utilização de outros profissionais. Acompanhe no infográfico. - A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da Atenção Básica (AB) no país de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS). É tida pelo Ministério da Saúde e gestores, como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, as diretrizes e os fundamentos da AB, de ampliar a resolutividade e o impacto na situação de saúde das pessoas e das coletividades, além de propiciar importante relação custo-efetividade. - A histórica Conferência de Alma Ata, que em 1978 reuniu delegações de 134 países sob a liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS), consagrou a Atenção Primária à Saúde (APS) como estratégia para que os países alcançassem a meta Saúde Para Todos no ano 2000. - No Brasil, a implementação do SUS o definiu na Constituição Federal de 1988 como sendo um direito de todos e dever do estado, regulamentado pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, conhecidas como Leis Orgânicas da Saúde. - O SUS foi concebido como um conjunto de ações e serviços de saúde e é chamado de sistema único porque segue os mesmos princípios e as mesmas diretrizes em todo o território nacional, determinando que as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) são responsáveis por sua consolidação. - o SUS, que deve garantir a universalidade do acesso, equidade e integralidade na assistência, resolubilidade dos principais problemas de saúde através de uma gestão municipalizada da saúde visando atender a descentralização, regionalização com o objetivo prestar uma assistência de saúde voltada para o perfil epidemiológico de cada território, e hierarquização com foco na atenção primária. - O Ministério da Saúde (MS) aprovou o Programa Saúde da Família (PSF) que teve a sua implantação gradativa a partir de 1994, para que nenhum sistema de saúde pode prescindir dos outros níveis de atenção. - A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu como um programa: O Programa Saúde da Família (PSF), que teve início com a implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, em 1991, com as finalidades de servir como elo entre os serviços de saúde e a comunidade e diminuir as mortalidades infantil e materna. - Em 2006, o PSF deixou de ser um programa e habilitou-se como ESF através da Portaria Nº 648, de 28 de março de 2006. A ideia foi transformar o PSF numa estratégia permanente e contínua, uma vez que os programas possuem tempo determinado. - Para o atendimento das populações ribeirinhas, Os municípios podem optar entre dois arranjos organizacionais para equipes de Saúde da Família, além dos existentes para o restante do País: · ESFRs (Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas) : desempenham a maior parte de suas funções em UBSs construídas/localizadas nas comunidades pertencentes a regiões à beira de rios e lagos cujo acesso se dá por meio fluvial; · ESFFs (Equipes de Saúde da Família Fluviais) : desempenham suas funções em UBSFs · A implantação das ESFRs e ESFFs segue os mesmos critérios das equipes e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). - A ESF é tida pelo MS e pelos gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificaçãoe consolidação da AB por favorecer uma reorientação do processo de trabalho. - A ESF é a equipe multiprofissional, composta por, no mínimo: (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal (ASB ou TSB). - A Política Nacional de AB definiu que cada equipe de ESF deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição. Sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas atendidas por equipe. - Ao considerar a família como objeto de atenção, a ESF está contemplando dois atributos derivados da APS (atenção primária da saúde): a orientação familiar/comunitária e a competência cultural, que pressupõem o reconhecimento das necessidades familiares em função do contexto físico, econômico e cultural. - Segundo Barbara Starfield, aponta os princípios gerais da APS como sendo: a oferta de ações de atenção à saúde integradas e acessíveis segundo as necessidades locais, desenvolvidas por equipes multiprofissionais responsáveis por abordar uma ampla maioria das necessidades individuais e coletivas em saúde, desenvolvendo uma parceria sustentada com as pessoas e comunidades (STARFIELD, 1998 apud FIGUEIREDO; DEMARZO, [2011]). - O ACS também é responsável por cobrir toda a população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família (BRASIL, 2011) - A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. - Estratégia de Saúde da Família (ESF): humanização, acolhimento e vínculo; integralidade; prevenção, promoção, recuperação e manutenção da saúde; território (conhecer as condições dos indivíduos) e comunidade adstrita (relações de compromisso); atender e resolver 80% das demandas. EXERCÍCIOS: 1) A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização daAtenção Básica no País, orientada pelos preceitos do SUS. Deve ampliar a resolutividade e o impacto na situação de saúde das pessoas e de coletividades. Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional composta por no mínimo: médico generalista, enfermeiro generalista, auxiliar ou técnico de enfermagem, agentes comunitários de saúde (ACS). Podem se adicionar profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista e auxiliar e/ou técnico em saúde bucal. Diante do enunciado e o que foi estudado no decorrer da disciplina, é correto afirmar que: a) Cadastramento de cada profissional de saúde em apenas uma ESF, inclusive ao profissional médico, com carga horária total de 40 horas semanais. RESPOSTA INCORRETA Cadastramento de cada profissional de saúde em apenas uma ESF, exceção feita somente ao profissional médico, que poderá atuar em, no máximo, duas ESF e com carga horária total de 40 horas semanais. b) O número de Agentes Comunitários de Saúde deve ser suficientes para cobrir 100% da população cadastrada, com no máximo uma população de 750 pessoas sob responsabilidade do ACS e de 12 ACS por equipe de saúde da família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe. RESPOSTA CORRETA O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois é um membro da equipe que faz parte da comunidade, o que ajuda a criar confiança e vínculo, facilitando o contato direto com a equipe. c) Cada equipe de saúde da família deve ser responsável por, no máximo, 6.000 pessoas, sendo a média recomendada de 5.000, respeitando critérios de equidade para essa definição. RESPOSTA INCORRETA Cada equipe de saúde da família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000, respeitando critérios de equidade para essa definição. d) Uma ESF composta por uma equipe multiprofissional (equipe de saúde da famíli tem no mínimo médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e de comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família e técnico de enfermagem. RESPOSTA INCORRETA Uma ESF composta por uma equipe multiprofissional (equipe de saúde da família) tem no mínimo médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e de comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família e técnico de enfermagem, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. e) A equipe de ESF pode acrescentar a sua composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, tornando-se assim uma ESF-SB. RESPOSTA INCORRETA A equipe de ESF pode acrescentar a sua composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família e auxiliar e/ou técnico em saúde bucal, tornando-se assim uma ESF-SB. 2) Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) devem buscar instituir a plena integralidade das ações do cuidado físico e mental aos usuários do Sistema Único de Saúde por intermédio da qualificação e da complementaridade do trabalho das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF). Analise as seguintes afirmativas e assinale a que estiver correta: a) Os profissionais que atuam em equipes de NASF não possuem determinação mínima de carga horária semanal na sua contratação. RESPOSTA INCORRETA Nenhum profissional de equipes do NASF poderá ter carga horária semanal menor que 20 horas. b) A atuação dos NASF permite realizar discussões de casos clínicos, contudo, sem participação nas ações de prevenção e de promoção da saúde a qual fica a cargo da equipe de ESF. INCORRETA A atuação dos NASF permite realizar discussões de casos clínicos, inclusive, com foco prioritário nas ações de prevenção e de promoção da saúde. c) Os NASF configuram-se como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as Equipes de Saúde da Família (ESF), mas ainda não está habilitada sua atuação com as equipes deAtenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde. RESPOSTA INCORRETA Os NASF configuram-se como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as Equipes de Saúde da Família (ESF), as equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde. d) A composição de cada um dos NASF será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais e das equipes de saúde que serão apoiadas. CORRETA NASF é uma estratégia inovadora que tem por objetivo apoiar, ampliar, aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da Família. e) Segundo o Ministério da Saúde, apenas municípios com mais de 7.000 habitantes podem implantar em seus serviços de saúde equipes NASF. RESPOSTA INCORRETA O Ministério da Saúde criou uma terceira modalidade deconformação de equipe: o NASF 3, abriu a possibilidade para qualquer município do Brasil fazer implantação de equipes NASF, desde que tenha ao menos uma equipe de saúde da família. 3) No Estratégia Saúde da Família (ESF), o trabalho em equipe é a base para fortalecimento das ações efetivas em saúde. Nesse contexto, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional significativo para otimizar o processo do trabalho. Assinale a alternativa que corresponde as atividades do ACS: a) Faz parte das atribuições dos ACS, acompanhar por meio de visita domiciliar, todas as famílias e os indivíduos sob sua responsabilidade e cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados. RESPOSTA CORRETA O Agente Comunitário de Saúde tem papel fundamental nas ESF sendo estes o elo de ligação entre a comunidade e a equipe de saúde. b) Realizar ações de média e de baixa complexidade, por exemplo, aferição de sinais vitais, realização de curativos. RESPOSTA INCORRETA Não faz parte do trabalho do ACS procedimentos como, por exemplo, aferição de sinais vitais e realização de curativos. c) Trabalhar com adscrição de famílias sem base geográfica definida. RESPOSTA INCORRETA O ACS deve trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a microárea. d) Não faz parte das atribuições do ACS estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas de promoção à saúde. RESPOSTA INCORRETA Faz parte das atribuições do ACS estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas de promoção à saúde. e) Não faz parte das atribuições dos ACS o trabalho de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais, por exemplo, combate à dengue, malária, leishmaniose, entre outras. RESPOSTA INCORRETA Faz parte das atribuições dos ACS o trabalho de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais por exemplo, combate à dengue, à malária, à leishmaniose entre outras. 4) Acerca da Estratégia da Saúde da Família (ESF) do Ministério da Saúde, julgue os itens que se seguem e assinale a resposta correta. a) As ESF são responsáveis por oferecer serviços de saúde por meio de ações de recuperação e de reabilitação na comunidade. RESPOSTA INCORRETA As ESF são responsáveis por oferecer serviços de saúde por meio de ações de promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e manutenção da saúde da comunidade. b) A estratégia de saúde da família prevê a implantação de equipes multiprofissionais em serviços de saúde de baixa, média e alta complexidade. RESPOSTA INCORRETA A estratégia de saúde da família prevê a implantação de equipes multiprofissionais em serviços de saúde de baixa complexidade. c) A saúde da família, considerada um conjunto de ações vinculadas à atenção terciária, direcionadas para distintos grupos populacionais, constitui a principal estratégia de atenção à saúde no país. RESPOSTA INCORRETA A saúde da família, considerada um conjunto de ações vinculadas à atenção básica, direcionadas para distintos grupos populacionais, constitui a principal estratégia de atenção à saúde no país. d) Na estratégia de saúde da família, uma das atividades do Agente Comunitário de Saúde é o cadastramento das famílias, a identificação de microáreas e os grupos de risco. Essa atividade caracteriza hierarquização da população adstrita. RESPOSTA INCORRETA Na estratégia de saúde da família, uma das atividades do Agente Comunitário de Saúde é o cadastramento das famílias, a identificação de microáreas e os grupos de risco. Essa atividade caracteriza territorialização. e) Entre as metas da ESF estão a educação em saúde com ênfase na educação permanente das equipes, coordenações e gestores, além da institucionalização de processos de acompanhamento, monitoramento e avaliação da atenção básica. RESPOSTA CORRETA O Ministério da Saúde definiu algumas metas para a ESF e entre elas estão a educação em saúde com ênfase na educação permanente das equipes, coordenações e gestores, a institucionalização de processos de acompanhamento, monitoramento e avaliação da Atenção Básica. 5) Em relação aos princípios da Estratégia Saúde da Família (ESF), assinale a alternativa CORRETA. a) As ações de saúde realizadas pelas equipes de saúde da família devem ser resultado de programações pactuadas com a comunidade e devem ser baseadas no diagnóstico situacional do território. RESPOSTA CORRETA Em relação aos princípios da Estratégia Saúde da Família (ESF) é importante que as ações de saúde sejam resultado de programações pactuadas com a comunidade e devem ser baseadas no diagnóstico situacional do território. b) A Atenção básica está contida na Estratégia da Saúde da Família e tem o objetivo de reorganizá-la. RESPOSTA INCORRETA E de competência da ESF reorganizar a AB. c) Prevê a implantação de equipes multiprofissionais em serviços de saúde de baixa, média e alta complexidade. RESPOSTA INCORRETA Prevê a implantação de equipes multiprofissionais em serviços de saúde de baixa complexidade de Atenção Básica. d) A atuação das equipes de saúde da família deve ser planejada, visando ao alcance de resultados mais eficazes, de acordo com as especialidades dos profissionais disponíveis no município. RESPOSTA INCORRETA A atuação das equipes de saúde da família deve ser planejada, visando ao alcance de resultados mais eficazes, de acordo com as necessidades da população adscrita. e) As equipes de ESF atendem toda a população que necessita de cuidados de saúde. Não há determinação de adscrição de clientela nem território definido. RESPOSTA INCORRETA As equipes de ESF atendem a população do território. Adscrição de clientela atende território definido. Aula 5.2 O luto e a humanização no contexto hospitalar A implementação de políticas de humanização na saúde pública, em pleno século XXI, vem sendo um dos maiores desafios para os atuais modelos de gestão hospitalar. Com base no paradigma do poder medicalizado preconizado desde o século XVIII, hospitais enfatizaram o modelo curativo e, consequentemente, enalteceram a competência técnica em detrimento da competência pessoal. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre esse assunto e compreender os impactos gerados pela exacerbação do modelobiomédico, em se tratando de questões relacionadas ao processo de finitude, luto e morte, instaurando a busca da reumanização na abordagem assistencial. DESAFIO: O desafio de trabalhar a humanização do luto no contexto hospitalar contempla várias etapas, desde o momento da internação do paciente junto à sua família até o momento pós-óbito. Você vai compreender um pouco esse cenário, bem como verificar de quais modos o profissional da saúde pode atuar em situações do processo de morrer. Perante essa situação, responda: a) Se você estivesse compondo a equipe, como teria agido? b) Face ao processo de pesar pós-óbito da família, como você classifica esse tipo de luto e por quê? RESPOSTA : a) Cabe à equipe multiprofissional, em abordagem de cuidados paliativos, realizar o acolhimento e a escuta da família mediante o contexto de adoecimento, sem perder o foco na realidade da situação. É importante que cada profissional possa colocar, de forma respeitosa, o cenário prognóstico de modo compartilhado, respeitando-se a decisão da família. Situações como essa requerem abordagem da psicologia para com a preparação de luto antecipatório, tanto para familiares quanto para a própria equipe, devido às dificuldades em relação à aceitação de determinadas decisões familiares que possam divergir daquelas esperadas pela equipe multiprofissional. b) Diante de um cenário em que a família não aceita estar dialogando abertamente entre si, há um caso de luto complicado, no qual se detecta a dificuldade de os familiares seguirem com suas próprias vidas, além dos quadros de adoecimento mencionados pela filha. INFOGRÁFICO: A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde 2003, para efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúdepública no Brasil. No Infográfico a seguir, você vai compreender como é esse conceito de humanização e qual o príncípio norteador dessa política. - Falar sobre luto é algo delicado, principalmente em um contexto social onde prevalece a ideia da dor silenciosa. Quando o lugar da morte é o hospital, torna-se muito comum o desenvolvimento de formas de enfrentamento, na intenção de evitar contato dos familiares com as últimas lembranças, na tentativa de adiar o sofrimento da perda - Minayo (2006 apud DESLANDES, 2006) afirma que uma das contribuições do período renascentista diz respeito ao resgate do humanismo preconizado na Antiguidade, aliado à busca de uma nova atitude em relação à humanidade, pois a época precedente fora demarcada pelo obscurantismo, caracterizada, por sua vez, pelo domínio da religião sobre o poder e a consciência humana. Surgiu, então, o antropocentrismo, que instaurou um novo paradigma calcado na racionalidade humana, de acordo com Oliveira, Collet e Vieira (2006). - A medicalização pode ser compreendida como um processo pelo qual a continuada evolução tecnológica modifica as práticas da medicina por meio de inovações em várias áreas, como métodos diagnósticos e terapêuticos, indústria farmacêutica e equipamentos médicos (CORRÊA, 2001, p. 24 apud MENEZES, 2003, p. 368). - Sob a perspectiva de cuidados paliativos, cuja abordagem de assistência visa aliviar a dor e o sofrimento, preconizando a importância de um trabalho integrado, surge a necessidade de despertar para a sensibilização profissional, quesito indiscutível para a dimensão psicológica nos fatores de humanização. - De acordo com Deslandes (2004), a preocupação com o atendimento à saúde e a inserção da humanização no setor público foram legitimadas, inicialmente, por meio do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), apresentando aperfeiçoamentos ao longo dos anos e visando melhorias no sistema de saúde até então oferecidos pelo Estado. - Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a humanização é a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, sendo eles usuários, trabalhadores e gestores; o estímulo da autonomia como o agente das próprias escolhas; o exercício da corresponsabilidade na produção de saúde; o estabelecimento de vínculos e participação coletiva no processo de gestão; a identificação das necessidades sociais de saúde; a mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho focados nas necessidades dos cidadãos e na produção de saúde; o compromisso com a ambiência; e a melhoria das condições de trabalho e de atendimento, sendo estas suas diretrizes básicas. - Visando ao aperfeiçoamento do sistema de saúde, surge uma nova Política Nacional de Humanização (PNH), conhecida como HumanizaSUS, que apresenta objetivos e princípios que intencionam articular a implementação das práticas de atenção, gestão e qualificação da saúde pública no Brasil, promovendo inovações e trocas entre gestores, usuários e trabalhadores. - segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), os objetivos a serem alcançados são: · redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso; atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critério de risco; implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo; garantia dos direitos aos usuários; valorização do trabalho na saúde; gestão participativa nos serviços. - Com base nos parâmetros de implementação da PNH, existem vários campos de atuação para a operacionalização das políticas até então estabelecidas pelo Estado, entre eles, o setor de atenção básica, os emergenciais (urgência e emergência, pronto-socorro, pronto-atendimento, assistência pré-hospitalar, etc.), atenção especializada e atenção hospitalar, sendo este o objetivo deste capítulo. - Na proposta do HumanizaSUS, os padrões para sua adesão apresentam dois níveis distintos e crescentes denominados B e A (ver Quadro 1), em que se constatam diferenciações relacionadas à efetividade do grupo de trabalho de humanização (GTH), modalidades de escuta oferecidas pela instituição hospitalar, processo de acolhimento em situações limítrofes, educação continuada e existência de conselhos comunitários. - A comunicação em cuidados paliativos requer a presença constante de uma escuta ativa. Quando se trata de um diagnóstico sem possibilidades de cura, seja por meio da linguagem verbal ou não verbal, o processo comunicativo deflagrado nessa condição sempre demandará disponibilidade, estratégias de ação e cuidados continuados para que se viabilize a construção do vínculo. - segundo Bowlby (1990 apud BRAZ; FRANCO, 2017), o luto implica na ruptura de um vínculo significativo, com sua dimensão proporcional ao grau de apego estabelecido. Trata-se de uma experiência essencialmente subjetiva, com repertório de significações e dimensionalidades, permitindo formas de manifestação diferenciadas. - Na área da saúde, utiliza-se as designações luto normal e luto complicado, atentando-se às questões de desorganização psíquicas, cognitivas e sociais que impliquem em alteração prolongada para retomada de vida do enlutado. Quanto ao profissional de saúde, as implicações de um luto complicado estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento de estresse prolongado, podendo desencadear a síndrome de burnout e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão. - a síndrome de burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse no trabalho. Para seu diagnóstico, as questões relacionadas aos aspectos sociopsicológicos, ambientais e de relacionamento interpessoal do indivíduo são cruciais para o aparecimento dos seus fatores multidimensionais, como exaustão emocional, distanciamento afetivo e baixa realização profissional. - De acordo com Sebastiany et al. (2017), o profissional da área da saúde em sua realidade cotidiana lida com a negação da morte em tempo integral. Ao longo de sua formação, o modelo de aprendizagem se baseia no padrão de repetição de condutas e atitudes que objetivem o alcance de resultados técnicos desejáveis, o que propicia um distanciamento emocional da dor e do sofrimento, dificultando os modos de enfrentamento por parte do profissional em situações de perda e finitude. No cenário de uma doença potencialmente fatal, as perdas são gradativas para todos os envolvidos, lida-se cotidianamente com sentimentos de frustração, impotência e resiliência. - O aprendizado adquirido nesse contexto se configura por meio de vários estágios de sofrimento, que permitem uma contínua reflexão sobre si mesmo e o outro, denominados por Kübler-Ross (2005) como negação, raiva, barganha, depressão e aceitação - O processo de luto no ambiente hospitalar se configura de diversos modos. Todos os envolvidos no processo — pacientes, famílias, cuidadores ou equipe de saúde — experimentam perdas, sejam elas de natureza real ou imaginária. EXERCÍCIOS: 1) O processo de humanização na rede pública se inicia pelo Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, a partir do ano de 2000, e vem adquirindo aperfeiçoamentos ao longo de seu processo de implementação. Dentre seus objetivos, constam: a) Implantação de um modelo de atenção com responsabilização e vínculo. RESPOSTA CORRETA Dentre os objetivos a serem alcançados nesse processo, estão: a implantação de um modelo de atenção com responsabilização e vínculo; a redução de filas e do tempo de espera (e não a redução de número de atendimentos na rede hospitalar); o atendimento acolhedor e resolutivo; a garantia de direitos aos usuários, de modo que o processo decisório da equipe multiprofissional considere tais questões face ao processo de tomada de decisão compartilhado; e a valorização do trabalho na saúde e gestão participativa nos serviços, em decorrência de sua atuação ser pautada na transversalidade, ou seja, a ampliação do contato e da comunicação entre todos os envolvidos, não considerando, portanto, a manutenção de hierarquização organizacional. b) Redução de número de atendimentosna rede hospitalar. RESPOSTA INCORRETA c) Agilização no processo decisório das equipes multiprofissionais. RESPOSTA INCORRETA d) Manutenção do processo de hierarquização organizacional. RESPOSTA INCORRETA e) Detecção do paciente em final de vida para encaminhamento aos cuidados paliativos. RESPOSTA INCORRETA 2) Dentre os parâmetros de implementação da política nacional de humanização, avaliados em níveis distintos e crescentes, denominados A e B, pode-se ver a existência de alguns diferenciais. Um deles vem a ser: a) a existência de equipe multiprofissional composta por um número mínimo de profissionais para realização do suporte e da assistência. RESPOSTA INCORRETA b) a presença da desospitalização visando à continuidade de cuidados em domicílio. RESPOSTA INCORRETA c) a garantia de visita aberta, pela presença de um acompanhante ou de alguma pessoa de sua rede social. RESPOSTA INCORRETA d) o plano de educação permanente para os colaboradores, com temas relacionados à humanização. RESPOSTA CORRETA Os níveis A e B existentes nos parâmetros de implementação da política nacional de humanização contemplam um diferencial relacionado ao plano de educação permanente para trabalhadores, com temas de humanização em implementação, devido ao fato de que um nível já se encontra com plano de trabalho implantado e o outro nível, com plano de trabalho definido. Os níveis A e B contemplam a existência de equipe multiprofissional composta por um número mínimo de profissionais para realização de suporte e assistência, não consistindo, portanto, em diferenciação. Contemplam, também, a existência de mecanismos de desospitalização, visando alternativas às práticas hospitalares como as de cuidados domiciliares, não resultando em diferenciação. Contemplam a garantia de visita aberta, podendo o usuário ter um acompanhante ou uma pessoa de sua rede social, não compreendendo, portanto, diferenciação. E contemplam a existência de grupos de trabalho humanizado, o que, assim como os demais parâmetros, não consiste em diferenciação. e) a existência de grupo de trabalho humanizado. RESPOSTA INCORRETA 3) O processo de luto é constituído de vários estágios de sofrimento. De acordo com a Dra. Kübler-Ross, cada fase apresenta traços comportamentais característicos, refletindo na interação com a equipe. Marque a melhor alternativa que expresse a barganha. a) Momento em que o paciente questiona os motivos que o fazem ser o portador da doença, negando sua realidade e demandando explicações constantes para a equipe. RESPOSTA INCORRETA b) Fase que se caracteriza pela expressão de sentimentos e emoções intensas, como forma de culpabilizar as pessoas que estão no entorno do paciente, seja família ou equipe de saúde. RESPOSTA INCORRETA c) É quando o paciente passa a fazer contato com sua realidade adoecida e busca outras formas de enfrentamento destas, estando mais receptivo ao trabalho oferecido pela equipe. RESPOSTA INCORRETA d) Ocorre quando o paciente recorre a promessas em prol de melhorias de seu estado adoecido, tentando "negociar" com a equipe possíveis situações de cura. RESPOSTA CORRETA A fase da barganha se caracteriza por uma tentativa de adiamento do confronto de sua realidade adoecida, recorrendo a promessas a serem cumpridas posteriormente, mediante possibilidade de reversão de seu estado de saúde. Difere: da fase da negação (em que, comumente, se questiona sobre sua condição de estar doente), da fase da raiva (em que se projeta suas emoções e/ou agressividade àqueles que estão próximos), da fase da depressão (quando se começa a fazer contato com sua realidade adoecida) e da fase da aceitação (que se caracteriza pela concessão em vivenciar a transição vida/morte). e) Percepção de todas as perdas implicadas pelo adoecimento e pela constatação da irreversibilidade da doença, aceitando aquilo que a equipe tem a oferecer. INCORRETA 4) Quais os fatores de proteção na prevenção do luto complicado que podem ser utilizados pela equipe multiprofissional? Marque a correta: a) Comunicação adequada, decisões compartilhadas, estabelecimento de vínculos, vivência de grupo, formas de enfrentamento e medidas de prevenção. RESPOSTA CORRETA São fatores de proteção para a prevenção de luto complicado: a comunicação adequada, decisões compartilhadas, estabelecimento de vínculos, vivência de grupo, formas de enfrentamento e medidas de prevenção. Isolamento social, decisões médicas, omissão de informações e preservação de exposição social são situações que não auxiliam o indivíduo no processo de enfrentamento de qualquer tipo de luto. b) Comunicação adequada, decisões compartilhadas, isolamento social, vivência do luto, formas de enfrentamento e medidas de prevenção. INCORRETA c) Comunicação adequada, decisões médicas, estabelecimento de vínculos, vivência do luto, formas de enfrentamento e medidas de prevenção. INCORRETA d) Omissão de informações sobre ao paciente, decisões compartilhadas, estabelecimento de vínculos, vivência do luto, formas de enfrentamento e medidas de prevenção.INCo e) Comunicação adequada, decisões compartilhadas, estabelecimento de vínculos, vivência do luto, preservação de exposições sociais e medidas de prevenção. INCORRETA 5) O luto do profissional de saúde, normalmente, se caracteriza pela negação da morte. Evidentemente, traz consequências para o seu processo de produção de saúde, por meio do desenvolvimento de algumas doenças, sejam elas de ordem mental ou laboral. Marque a alternativa correta. a) O profissional da equipe de saúde lida de forma saudável com seu luto, na medida em que aprende a manejar suas emoções e sentimentos diante dessas situações, de modo a não necessitar de maiores envolvimentos com o paciente e familiares. RESPOSTA INCORRETA b) De modo geral, os hospitais oferecem espaços de escuta para profissionais de equipe de saúde, por meio de atendimentos psicológicos e/ou psiquiátricos, não havendo necessidade de dar atenção a essa questão ao longo dos cuidados oferecidos. RESPOSTA INCORRETA c) Devido ao despreparo que os profissionais de saúde encontram para lidar com o processo de morrer e a morte, comumente, tendem a ocultar emoções e sentimentos, podendo incorrer em somatizações, transtornos psiquiátricos ou, em casos mais graves, Síndrome de Burnout. RESPOSTA CORRETA O profissional de saúde, ao concluir sua graduação, ainda se encontra despreparado para lidar com situações de morte e com o processo de morrer, devido ao fato de existirem poucas disciplinas que abordam tal questão. Como, de modo geral, aprendem competências técnicas, tendem a ocultar emoções e sentimentos quando expostos às situações de perdas e, justamente por essa razão, não conseguem lidar com seu próprio luto e manejar essas situações, optando pelo distanciamento afetivo. Muitas vezes, devido à sobrecarga de trabalho, associada aos fatores estressores, a equipe de saúde adoece, podendo vir a desenvolver a Síndrome de Burnout. Um problema delicado, que inclusive faz com que a política de humanização treine seu pessoal para lidar com essas questões. Tal situação ocorre devido à inexistência de espaços de escuta dentro da instituição hospitalar para a equipe. d) A questão do luto complicado se refere apenas ao paciente, devido às fases do luto não vivenciadas adequadamente e, por essa razão, o profissional da saúde apresenta dificuldade de manejo. RESPOSTA INCORRETA e) A política de humanização prevê que os profissionais de saúde não apresentam esse problema relacionado ao luto complicado, pois os hospitais oferecem um trabalho de suporte ao luto para todos os envolvidos no processo. RESPOSTA INCORRETA Aula 6.1 A presença da família na terminalidade A participação da família na terminalidade requer atenção constante. Historicamente, em meados do século XVIII, sabe-se que a presença da família no leito de morte era algo comum. Atualmente, com a inserção dos cuidados paliativos na prática médica esse cenário inicia um processo de resgate no que concerne às atitudes sociais, reinserindo a família no contexto da terminalidade,esteja ela ocorrendo no ambiente doméstico ou hospitalar. DESAFIO: A internação de pacientes que já não respondem mais de forma autônoma ou que se encontram em situação de morte iminente, requer um responsável ou representante legal para a condução dos cuidados junto à equipe multiprofissional. Trata-se da abordagem da terminalidade, cuja participação da família ocorre por meio da tomada de decisões e na manutenção do conforto e bem-estar do paciente até o momento da morte. Diante do desgaste físico e emocional decorrente, muitas vezes a família também demanda ser assistida, de forma a contemplar aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais, minimizando medos, angústia, ansiedade, luto antecipatório e luto pós-óbito. Denis tem 45 anos, é advogado e casado com Elisa. Reside em Niterói desde seu casamento com Elisa (37 anos); eles não têm filhos. Elisa é dona de casa e desde o diagnóstico da doença de seu marido acompanha o processo de adoecimento do esposo. Perante essa situação, responda: a) Em sua avaliação, quais são as possibilidades da equipe em ajudar Elisa? b) Dentro desse contexto, como seria viável a ocorrência do desejo de Denis? RESPOSTA: a) O suporte concedido para Elisa diante desse cenário seria de acolhimento e escuta. A situação apresentada mostra um momento totalmente inesperado pelo familiar em relação ao agravamento de sintomas, o qual implica no sofrimento do paciente, gerando angústia intensa na esposa. A intervenção do psicólogo da equipe, juntamente com a orientação médica, podem minimizar a dor e o sofrimento provocados pela angústia de separação, ou seja, a iminência da morte do paciente. b) A abordagem do cuidado paliativo em domicílio requer um acompanhamento sistemático, tanto para o paciente quanto para a sua família. Orientação sobre o prognóstico e as situações a serem esperadas são alguns dos pontos necessários para a conscientização e preparação do familiar sobre o agravamento e manejo da doença. No caso de Denis, além da orientação médica, se faz necessário, por parte da equipe de cuidados domiciliares, o reconhecimento de uma estruturação mínima, seja de ordem material e psicológica ou por parte da família, de forma a poder assistir ao paciente em seus momentos finais. INFOGRÁFICO: Ao longo do tratamento paliativo, a família participa de forma ativa, acompanhando todo o percurso do adoecimento do paciente, juntamente com a equipe multiprofissional, passando por transições que demandam acompanhamento nas dimensões físicas, psicológicas e espirituais. Neste Inforgráfico, você vai ver como fica a representação de suporte à família no processo de morrer. - O cuidado paliativo é uma proposta de abordagem diferenciada sobre o modo de cuidar, delineada por Cicely Saunders, na década de 1960. Essa proposta foi legitimada no Brasil em 2009, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Medicina Paliativa. Questões pertinentes ao controle da dor, ao manejo de sintomas e aos cuidados no fim da vida ainda prevalecem como pontos cruciais para o encaminhamento do paciente para o cuidado paliativo. - A família caracteriza-se pelo primeiro sustentáculo de interação e sociabilização do indivíduo. De acordo com Encarnação e Farinasso (2014), é por meio dessa experiência primária que se estabelece a formação do vínculo afetivo, delineando relações que comumente perduram por longos anos. - Segundo Nunes e Rodrigues (2012), por definição, família abrange um conjunto de valores, crenças, conhecimentos e práticas que direcionam suas ações na promoção da saúde, na prevenção e no tratamento da doença, funcionando como um sistema norteador de saúde para seus membros. - Em casos de adoecimento de um dos integrantes de uma família, ocorre a desestabilização desse sistema de representações, gerando sofrimento e alterações psicossociais entre todo núcleo familiar, acionando mecanismos de ação, reação e interação por parte da família, mobilizando todos seus integrantes para a manutenção do mecanismo de proteção familiar. - Monteiro, Magalhães e Machado (2017) mencionam que, durante a hospitalização, familiares apresentam sintomas como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e do apetite, isolamento social e afetivo. Muitas vezes, dependendo do tempo de internação, é muito comum os familiares abdicarem de sua vida pessoal em detrimento do cuidado a ser ofertado ao paciente, o que gera uma sobrecarga de cuidados, muitas vezes culminando no adoecimento do próprio familiar. - Em situações em que se evidencia a proximidade da terminalidade, os familiares são tomados por uma dor profunda, geradora de angústia e altos níveis de estresse, suscitando uma diversidade de emoções e sentimentos, como raiva, medo, solidão, dor e tristeza. Nesses momentos, segundo Souza, Barilli e Azeredo (2014), o significado da terminalidade para uma família pode vir a acionar entre seus membros inseguranças, culpas, memórias, crises existenciais, reflexões de modos de vida e contato com a religiosidade, incitando momentos de resgate ou despedida para com o ente que se despede da vida. - Cuidado paliativo trata-se de uma proposta de abordagem diferenciada sobre o modo de cuidar, delineada por Cecily Saunders, na década de 1960. Essa proposta foi legitimada no Brasil em 2009, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por meio da Medicina Paliativa, e vem sendo implementada gradativamente no sistema de saúde. Questões pertinentes ao controle da dor, ao manejo de sintomas e aos cuidados no fim da vida ainda prevalecem como pontos cruciais para o encaminhamento do paciente para o cuidado paliativo. - A filosofia dos cuidados paliativos contempla a possibilidade de uma concomitância entre cura e cuidado sob o ponto de vista da progressão da doença. - Na abordagem paliativa, a família exerce um papel estruturante na assistência, podendo ser desempenhado de forma ativa ou passiva. Matos e Borges (2018) explicam que a forma ativa consiste na inclusão da família na equipe de cuidados; e na forma passiva é objeto de cuidado da equipe. - Os cuidados dispensados pelo familiar ao paciente incluem o curso evolutivo da doença, abrangendo sintomas, performance funcional, impacto familiar e social, questões financeiras e espirituais. Diante do desgaste físico e emocional decorrentes de ambos os processos, muitas vezes, a família também demanda ser assistida, de forma a contemplar aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais, minimizando medos, angústia, ansiedade, luto antecipatório e luto pós-óbito. - A morte contemporânea, instaurada na década de 1970, traz os cuidados paliativos como uma nova modalidade de assistência, priorizando a relação dialógica entre paciente fora de possibilidade terapêutica, família e equipe de saúde, integrando aspectos de natureza biopsicossocial e espiritual. - A assistência à família na abordagem de cuidados paliativos é multifacetada. Ao longo do processo de adoecimento e morte, é exigida a necessidade do preparo da equipe quanto ao conhecimento intelectual e emocional sobre o convívio entre o paciente e a sua família, podendo incidir princípios éticos e crenças pessoais em relação à qualidade de vida, divergindo sensivelmente aos olhos de quem assiste e daquele que é assistido. A orientação da equipe multiprofissional se fundamenta na prática da ortotanásia, a qual consiste na aceitação da morte como desfecho natural da vida, respeitando as decisões do paciente sobre o seu momento final, juntamente com seus familiares. - Nos cuidados paliativos, o familiar acompanha o processo de morrer, seguindo cada etapa da progressão de doença, vivenciando o seu luto antecipatório. Após a morte, a equipe multiprofissional realiza o suporte pós-óbito da família, na intenção de realizar um trabalho de acompanhamento e prevenção ao luto complicado. EXERCÍCIOS: 1) Marque a alternativa que melhor explica a participação da família no processo do adoecimento. a) É algo inovador implementado na morte contemporânea pelos cuidados paliativos, já que a família precisa participar. INCORRETAb) A participação da família acontece mediante solicitação da equipe médica. RESPOSTA INCORRETA c) Tem sido resgatada na morte contemporânea pelos cuidados paliativos, já que essa participação familiar existia na morte domesticada, sendo sua atitude transformada ao longo dos séculos. RESPOSTA CORRETA A morte domesticada se caracteriza pela participação da família no percurso do adoecimento até o momento da morte de uma forma mais ativa. Com o advento da institucionalização hospitalar, o lugar da morte se altera, promovendo um distanciamento familiar em relação às situações de terminalidade. Sendo assim, a atenção da equipe médica se restringe à cura, e não ao cuidado. Com a morte na contemporaneidade, surgem os cuidados paliativos, os quais consideram a participação da família nos cuidados. Deste modo, ocorre um resgate da participação familiar no processo de acompanhamento ao paciente, desde o diagnóstico de uma doença incurável até a morte. d) Para a equipe multiprofissional a participação da família não é valorizada, pois o foco do cuidado é o paciente. RESPOSTA INCORRETA e) A família só participa em casos de terminalidade do paciente. RESPOSTA INCORRETA 2) Na abordagem paliativa, a participação da família poderá ser de forma ativa e passiva. A forma passiva vem a ser: a) a capacidade que o familiar apresenta em estar acompanhando o paciente e não realizar nenhuma atividade no período da visita. INCORRETA b) a compreensão de que a família poderá demandar atenção, sendo alvo de cuidados. RESPOSTA CORRETA Na abordagem paliativa, a família exerce um papel estruturante na assistência, podendo ser desempenhado de forma ativa, que vem a ser sua participação nos cuidados; ou de forma passiva, que vem a ser o objeto de cuidados da equipe. c) a colaboração da família nos cuidados com o paciente. RESPOSTA INCORRETA d) o modo do familiar de compreender a doença. RESPOSTA INCORRETA e) a reação da família diante da terminalidade. RESPOSTA INCORRETA 3) Os cuidados paliativos podem ser ministrados no domicílio do paciente ou na instituição hospitalar. Na internação hospitalar, a participação familiar é considerada como: a) um problema a ser evitado, pois a internação é do paciente, independentemente de quem o acompanha. RESPOSTA INCORRETA b) elemento dispensável, já que não irá contribuir para o tratamento paliativo. RESPOSTA INCORRETA c) elemento de identificação e referência do paciente, já que ele está passando por um processo de transição. RESPOSTA CORRETA Nos cuidados paliativos, a participação da família acontece desde o momento da internação até a fase final do ente querido internado. Toda a equipe multiprofissional reconhece sua importância no processo de adaptação do paciente no ambiente hospitalar, além de se preocupar em prestar assistência aos familiares durante todo o percurso do cuidado. d) algo da responsabilidade da assistente social, não necessitando de muita atenção por parte dos outros profissionais. RESPOSTA INCORRETA e) um fator dificultador, devido a ações e reações possíveis diante da terminalidade. RESPOSTA INCORRETA 4) O processo de comunicação entre paciente, família e equipe é de fundamental importância no tratamento paliativo. Em algumas situações, é possível encontrar a conspiração do silêncio, que vem a ser: a) a combinação entre dois ou mais participantes da família, os quais intencionam em dificultar o planejamento de cuidados da equipe, não se posicionando em nenhum momento ao longo da internação do paciente. RESPOSTA INCORRETA b) a omissão ao paciente sobre informações reais do quadro clínico, solicitando aos integrantes da equipe a manutenção de tal conduta. RESPOSTA CORRETA A conspiração do silêncio consiste na tentativa de a família omitir do paciente informações reais, solicitando da equipe de saúde a legitimação para tal comportamento. c)comunicação adequada das informações clínicas para alguns membros da família, mantendo sigilo para outros laços familiares. RESPOSTA INCORRETA d) a absoluta falta de informação por parte da equipe para com o paciente e sua família. RESPOSTA INCORRETA e) uma solicitação do paciente em relação a sua doença. RESPOSTA INCORRETA 5) As diretivas antecipadas de vontade consistem em um documento no qual o paciente registra o modo de tratamento médico pelo qual deseja em seu final de vida. Tal situação ocorre: a) quando o paciente é hospitalizado, sendo uma exigência para o cuidado paliativo. RESPOSTA INCORRETA b) em situações que o paciente está em coma e a família precisa decidir com a equipe sobre quais medidas tomar. RESPOSTA INCORRETA c) quando a equipe multiprofissional pressiona a família na tomada de decisão, sem a participação do paciente. RESPOSTA INCORRETA d) quando o paciente, mesmo em progressão da doença, encontra-se apto cognitivamente em escolher como deseja que seu tratamento médico no final de vida aconteça, caso não possa mais se manifestar. RESPOSTA CORRETA A diretiva antecipada de vontade é uma manifestação de vontade para o tratamento médico, realizada pelo paciente que apresenta capacidade de responder por si. No Brasil, esse documento ainda se encontra em processo de regulamentação. Logo, trata-se de um registro pessoal do paciente, podendo ser validado pelo médico por meio do registro no prontuário ou por meio de registro em cartório. Até o momento não demanda obrigatoriedade em cuidados paliativos, tratando-se de um ato opcional. e) em se tratando de cuidados paliativos, as diretivas antecipadas de vontade passam a ser um documento obrigatório a ser apresentado na internação hospitalar. RESPOSTA INCORRETA Aula 6.2 - Desafios dos cuidados paliativos aos moradores de rua A abordagem dos cuidados paliativos vem adquirindo cada vez mais espaços de atuação e desempenhando um papel de suma relevância no atendimento a pacientes hospitalizados ou não. Tal prática, comumente adotada em situações clínicas cujo prognóstico não responde ao tratamento curativo, integra aspectos de naturezas física, psicológica, familiar, social e espiritual, promovendo um cuidar diferenciado e humanizado. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a aplicar os pressupostos aos quais se fundamentam o cuidado paliativo. Além disso, identificará como ele se insere dentro do contexto de políticas públicas e como o morador de rua pode usufruir de seu direito na área da saúde. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Descrever no que consiste e quais são os objetivos da rede de cuidados paliativos. · Discutir a situação do Brasil em relação aos moradores de rua e ao seu acesso à saúde. · Identificar como o morador de rua pode ter acesso ao direito ao cuidado paliativo. DESAFIO: O acesso à saúde para a população em situação de rua aos serviços de saúde ocorre por meio da equipe Consultório de Rua (eCR), instituída pela portaria de n.º 2.488, de 21 de outubro de 2011. Muito embora não esteja assegurado a esse grupo populacional a abordagem de cuidados paliativos, o seu programa se fundamenta na atenção integral à saúde por intermédio de uma equipe multiprofissional. Entre os problemas clínicos mais comuns junto à população em situação de rua, encontram-se as doenças crônicas. O trabalho multiprofissional também deve ser conduzido em pacientes moradores de rua diagnosticados com doenças crônicas, visto que, muitas vezes, não há ninguém para acompanhá-los além dos próprios profissionais da saúde. A partir desse contexto, imagine que você integra uma equipe de Consultório de Rua em sua cidade. Ao iniciar o plano de cuidados, a assistente social, a qual está em sua primeira semana de trabalho, lhe pergunta sobre as possibilidades de ação de cada área envolvida para a estruturação do plano de cuidados. Explique essa questão à sua colega de trabalho, de modo que os objetivos de todos do grupo estejam alinhados. RESPOSTA: Considerando a integralidade de cuidados, cabe ao médico a realização de uma anamnese com base na realidade de vida dessepaciente, assim como a orientação sobre a doença e a sua forma de tratamento, concedendo ao Sr. Hugo a prescrição da medicação adequada e o acompanhamento via prontuário. O enfermeiro poderá contribuir com a orientação sobre formas de uso da medicação, adequando à possibilidade de compreensão do paciente, além de auxiliar na busca de recursos de melhoria do modo de vida do paciente. O psicólogo poderá auxiliar por meio de uma escuta sobre a dimensão emocional que compõe a história de vida do paciente, identificando questões que possam colaborar com a equipe na estruturação do plano de cuidados. Por fim, a assistente social poderá auxiliar, por meio de encaminhamentos aos órgãos competentes, de modo a buscar melhorias assistenciais para que o paciente possa desfrutar do exercício da cidadania. INFOGRÁFICO: Embora a rede de cuidados, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), procure garantir a integralidade e a coordenação do cuidado como diretrizes importantes para a atual Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde, ainda são encontradas várias barreiras na assistência à população em situação de rua. - Os cuidados paliativos foram legitimados no Brasil em 2009 pelo Conselho Federal de Medicina por meio da medicina paliativa e vêm sendo implementados gradativamente no sistema de saúde. Com base na Constituição Brasileira de 1988, está assegurado ao cidadão o direito à saúde, sendo dever do Estado oferecer os recursos necessários para a viabilização de bens e serviços. Ocorre que, em se tratando de população em situação de rua, questões pertinentes a acessibilidade às políticas de saúde e aos cuidados paliativos requerem uma atenção redobrada, tornando essa questão um verdadeiro desafio ao cenário do Serviço Único de Saúde (SUS). - A mudança de paradigma do modelo biomédico para o biopsicossocial, viabilizando a atuação da equipe multiprofissional dentro de uma perspectiva do cuidar mais humanizado, é de grande importância para os cuidados paliativos (CP). - O conceito inicial de CP apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) baseou-se em uma estatística mundial da alta incidência de doenças oncológicas. Em sua primeira definição, [...] os cuidados paliativos são uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias que enfrentam o problema associado com a doença com risco de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce e avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Dentre seus pressupostos, proporciona alívio da dor e outros sintomas angustiantes; afirma a vida e considera a morte como um processo normal; não pretende apressar ou adiar a morte; integra os aspectos psicológicos e espirituais da assistência ao paciente; oferece um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viver tão ativamente quanto possível até a morte; oferece um sistema de apoio para ajudar a família a lidar durante a doença e os pacientes em seu próprio luto; usa uma abordagem de equipe para atender às necessidades dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento de luto, se indicado; irá melhorar a qualidade de vida, e pode também influenciar positivamente o curso da doença; é aplicável no início do curso da doença, em conjunto com outras terapias que visam prolongar a vida, como a quimioterapia ou radioterapia, e incluem as investigações necessárias para melhor compreender e gerir complicações clínicas angustiantes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990, p. 11, tradução nossa). - No ano de 2002, foi realizada uma redefinição dos CP em razão da necessidade de maior expansão dessa abordagem, sendo enfatizadas a melhora na qualidade de vida e a extensão de cuidados em doenças crônicas-degenerativas, sendo designados como: [...] uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares no enfrentamento do problema associado com um adoecimento potencialmente fatal, através da prevenção e do alívio do sofrimento, por meio de uma identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e de outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais (WORLD PALLIATIVE CARE ALLIANCE, 2014, p. 5, tradução nossa). - Atualmente, a gestão de saúde oferecida pelo sistema público, relacionada à acessibilidade e aos CP, se classifica em três níveis de atenção. · Rede de atenção básica (ou primária): conhecida como porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) por categorias determinadas pela OMS. Nela, concentram-se as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que visam a promoção, a prevenção, o diagnóstico precoce e o acompanhamento (reabilitação, medicamentos, estética, nutrição e CP), sendo que os seus profissionais se articulam para atuar também em diversos espaços da comunidade e visitas domiciliares às famílias · Rede de atenção de média complexidade (ou secundária): composta pelas Unidades de Pronto-atendimento (UPA), hospitais e unidades de atendimento especializadas, urgência e emergência. Ela visa o direito à especialidade, ao tratamento, diagnóstico precoce e acompanhamento (reabilitação, medicamentos, estética, nutrição e CP). · Rede de atenção de alta complexidade (ou terciária): composta por hospitais gerais de grande porte, com inclusão de tecnologias médicas e profissionais que garantam a manutenção da vida. Ela visa o direito à especialidade, ao prognóstico, tratamento, acompanhamento (reabilitação, medicamentos, estética, nutrição e CP) e suporte (transporte, medicamentos e nutrição). - A proposta apresenta por Frossard (2016), quando o assunto é a implementação de uma rede nacional de CP, consiste em integrar as políticas públicas e sociais que assegurem a todos o direito ao acesso à saúde. Apresentando três níveis de complexidade. · Proteção social básica: visa à prevenção de situações de risco por meio de ações voltadas às famílias com vulnerabilidade social, resgatando questões relacionadas aos vínculos afetivos e sociais. · Proteção social especial: visa aos atendimentos de setores específicos com serviços que viabilizem a inclusão social, envolvendo os níveis de média e alta complexidade e a rede socioassistencial conveniada, a fim de garantir e defender o direito aos indivíduos e às famílias em situações especiais, por exemplo, atendimento à população em situação de rua (PSR), pessoas com liberdade assistida ou em prestação de serviços à comunidade. · Parte integrante da proteção especial: atende ao nível de média complexidade, abrangendo serviços de apoio, orientação e acompanhamento de famílias minimamente organizadas em situações de ameaça ou violação de direitos, resgate de vínculos familiares, comunitários e de funções, bem como ao nível de alta complexidade, oferecendo apoio às famílias e aos indivíduos em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos, que necessitam de acolhimento provisório em casos de ausência de um representante familiar. - Em documento divulgado em 2011 (LYNCH; CONNOR; CLARK, 2013), o estudo elaborado pelo International Observatory on End of Life Care (IOELC), da Universidade de Lancaster, realizado em 234 países, revela que 136 possuem um serviço de CP. Entre eles, o Brasil figura na categoria dos países que apresentam provisão de CP isolados, apresentando um acréscimo de oito serviços em relação a 2006 (WRIGHT et al., 2008), cujo registro apontava para a existência de 14 serviços naquela época. Esse crescimento de 1,57%, ocorrido em um intervalo de 5 anos, demonstra que, muito embora ainda existam inúmeros desafios relacionados à escassa penetração da filosofia paliativa na grade curricular dos cursos de saúde, à precária formação de recursos humanos, ao acesso restrito às medicações opioides, às barreiras institucionais acerca de uma gestão focada no cuidado e à ausência de uma política nacional de CP, a ascensão do movimento hospice no Brasil evidencia uma necessidade emergente de reavaliação do paradigma hospitalar, que ainda está focado na cura por meio do modelo intervencionista. - Já no ano de 1997, foi fundadaa Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) e, em 2005, criou-se a Academia Nacional dos Cuidados Paliativos (ANCP), as quais são instituições destinadas à divulgação, à implementação e ao acompanhamento da prática dos CP no Brasil. - De acordo a ANCP (CARVALHO; PARSONS, 2012), o modelo de atenção à saúde em CP foca na desospitalização desses cuidados, na prevenção e no alívio do sofrimento, exigindo condições favoráveis de estruturação de trabalho para o suporte adequado. Em relação aos moradores de rua, as questões de políticas públicas e assistenciais estão envolvidas nesse processo - A organização do trabalho no modelo de atenção paliativa apresenta uma abordagem interdisciplinar, contando com médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, farmacêutico, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e capelão — evidentemente, a equipe dependerá da demanda de cada caso. Cabe a ela, ainda, o acompanhamento do paciente com suporte aos seus familiares e cuidadores, desde o momento do diagnóstico até a finitude. Geralmente, esse trabalho acontece fora do contexto de internação hospitalar, podendo ocorrer em domicílio, ambulatórios, hospedarias, etc. Trata-se, portanto, de cuidados baseados em um planejamento constante, demandando ações integradas, com objetivos, metas e indicadores de qualidade mensurados sistematicamente. - É importante considerar os aspectos éticos e bioéticos nos modos de atuação da equipe de saúde envolvidos no cuidar durante o processo de morrer. Afinal, você já refletiu sobre como, em situações como essa, é possível que os princípios éticos e as crenças pessoais referentes ao valor da vida podem ser diferentes para quem assiste e quem é assistido? Nesses casos, lembre-se de agir segundo os princípios bioéticos da beneficência, por meio do agir em benefício do paciente para não causar dano. Como você pode ver, os cuidados paliativos apresentam características específicas em seu modelo de atenção à saúde. EXERCÍCIOS: 1) O paciente recebe o diagnóstico de um câncer em estágio avançado, não havendo mais possibilidade de reversão de sua doença. Muito embora esteja debilitado fisicamente pela doença, mantém suas funções cognitivas preservadas, podendo realizar suas tomadas de decisão juntamente com a equipe que o acompanha. Esse princípio bioético é chamado de: a) universalidade. RESPOSTA INCORRETA b) autonomia. RESPOSTA CORRETA O princípio da autonomia assegura ao paciente o seu direito de ser tratado como outra pessoa, dotado de capacidade de decisão a respeito de seu tratamento, cabendo ao profissional respeitar essa decisão, salvo em casos de colocar a vida em risco. O princípio da universalidade é uma das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e consiste em garantir acesso à saúde pública a todos, sendo dever do Estado disponibilizar esse recurso. O princípio da beneficência e da não-maleficência consistem, respectivamente, em princípios da bioética que se fundamentam na obrigação de não causar dano, considerando a questão dos benefícios e riscos para o paciente, além de envolverem questões relativas à preservação do paciente ao manejo de condutas que impliquem em danos ou medidas terapêuticas inúteis. Por último, o princípio da equidade, também chamado de princípio de justiça, incide em questões sociais e políticas, as quais asseguram o direito de todo cidadão a receber apoio assistencial. c) beneficência. RESPOSTA INCORRETA d) equidade. RESPOSTA INCORRETA e) não-maleficência. RESPOSTA INCORRETA 2) A estruturação do consultório de rua atua em áreas que privilegiam o cuidado na saúde mental, a estratégia da saúde da família sem domicílio e a atenção básica. As quais apresentam como objetivo comum: a) Atuação de equipe constituída por médico e enfermeiro, os quais prescrevem e orientam as medicações. RESPOSTA INCORRETA b) De modo geral, a equipe se dispersa e cada profissional faz sua intervenção de acordo com as possibilidades do morador de rua. RESPOSTA INCORRETA c) A equipe auxilia no tratamento curativo e, consequentemente, reduz a procura pela intervenção paliativa. RESPOSTA INCORRETA . d) Atuação de equipe multiprofissional, as quais variam conforme modalidade de constituição, e que buscam dar assistência à saúde mental e atenção integral à saúde. RESPOSTA CORRETA A estratégia de consultório de rua se caracteriza pela atuação em pacientes em situação de rua por meio de equipe multiprofissional, a qual busca um plano de cuidado, visando a orientação e o acompanhamento sistemático a essa população, por meio de soluções dentro da realidade do paciente e das diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Atenção Básica. e) As estratégias de consultório de rua foram utilizadas até bem pouco tempo, não existindo mais necessidade desse modelo no SUS. RESPOSTA INCORRETA 3) A população, de modo geral, apresenta algumas dificuldades em relação ao acesso à saúde pública no Brasil. No caso da população em situação de rua, há alguns fatores que agravam essa possibilidade de acesso. Marque a alternativa correta. a) Retirada da senha para atendimento. RESPOSTA INCORRETA b) Ausência no trabalho. RESPOSTA INCORRETA c) Falta de documento de identificação. RESPOSTA CORRETA Um dos grandes problemas de perda do exercício da cidadania, ou do direito social, vem a ser a ausência de documento de identificação. Sem esse registro, o indivíduo torna-se invisível perante à sociedade. Face à dificuldade de acesso à saúde, muitas vezes, devido à questão da invisibilidade social (falta de documentação), essa população, muitas vezes não tem informação sobre o diagnóstico de doenças. Dentro desse universo, existe uma ordem de prioridades vitais que diferem do senso comum, sendo o fator de espera contraproducente quando se trata de sobrevivência. Devido ao fato de estar permanentemente lutando pela sua sobrevivência e encontrar-se em constante vulnerabilidade, muitas vezes abdicam do tempo de espera em filas priorizando outras questões, como, por exemplo, a busca por alimento. Para esse perfil de pessoas, o trabalho está associado à produtividade do corpo, e não a aspectos de ordem legal, não existindo rotinas específicas de trabalho. d) Desconhecimento do diagnóstico. RESPOSTA INCORRETA e) Pouca disponibilidade de tempo para esperar na fila. RESPOSTA INCORRETA 4) Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de cuidados paliativos foi redefinido com o objetivo de ampliar seu campo de atuação de cuidados, além de continuar a promover a qualidade de vida de seus usuários, inserindo pacientes oncológicos e portadores de doenças crônico-degenerativas. Sendo assim, os objetivos dos cuidados paliativos vem a ser: a) alívio de sintomas, controle da dor, integração de diversas áreas de conhecimento em saúde, cuidado com paciente e familiares, qualidade de vida e inserção de uma perspectiva multidimensional. RESPOSTA CORRETA Por definição, cuidados paliativos são uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares no enfrentamento do problema associado com um adoecimento potencialmente fatal, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, por meio de uma identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e de outros problemas — físicos, psicossociais e espirituais. Insere o universo familiar como uma das modalidades de cuidados a serem desenvolvidas, juntamente com o paciente. Caracteriza-se por aliviar sintomas, minimizando dor e sofrimento, além de compreender que não há mais possibilidade de tratamento terapêutico. Dentro da perspectiva paliativa atua-se com controle de sintomas e alívio da dor. É importante considerar que a doença apresenta sempre estado de progressão e, em decorrência disso, vai exigir da equipe atenção integral em todos os seus estágios. Essa abordagem prima pelo controle de sintomas, alívio da dor, atenção ao paciente e sua família, dentro de uma perspectiva de atuação multiprofissional. b) alívio de sintomas, controle da dor, atenção exclusiva ao paciente, acompanhamentode uma equipe multiprofissional e inserção de uma perspectiva multidimensional. RESPOSTA INCORRETA c) tratar sintomas, controle da dor, atenção aos familiares, acompanhamento de um especialista e inserção de uma perspectiva multidimensional. INCORRETA . d) tratar sintomas, sanar a dor, atenção ao paciente e familiares, acompanhamento de uma equipe multiprofissional e a inserção de uma perspectiva espiritual. RESPOSTA INCORRETA e) alívio de sintomas, sanar a dor, atenção exclusiva ao paciente por meio de um profissional especializado, com foco na redução de sofrimento. INCORRETA 5) A população em situação de rua, face às adversidades a que estão suscetíveis, apresentam um modo peculiar de compreensão na relação saúde-doença, o qual se diferencia do contexto apresentado pelas políticas de saúde. Assinale a alternativa correta. a) Devido ao fato de lutarem pela sobrevivência, não apresentam tempo disponível para cuidar da saúde. RESPOSTA INCORRETA b) Compreendem a doença na medida em que não conseguem mais utilizar o próprio corpo como instrumento de trabalho. RESPOSTA CORRETA Os significados da saúde estão circunscritos no corpo, instrumento que mantém sua sobrevivência e manutenção do modo de vida. Enquanto esse corpo produz e se locomove, problemas de adoecimento são relativizados. Para a população em situação de rua, a relação saúde-doença apresenta um foco diferenciado do senso comum, não havendo nenhuma relação com as políticas de saúde vigentes na atualidade. A dificuldade pelo acesso está diretamente relacionada à falta de reconhecimento de ser um cidadão do Estado, devido à falta de registro de identificação. Essa condição de invisibilidade social é imposta pela sociedade, além do descaso governamental. O olhar da população em situação de rua apresenta distorções em relação ao estado de liberdade. Embora não estejam submetidos às regras sociais, sendo colocados à deriva da sociedade, a população em situação de rua adquire, por meio da luta pela sobrevivência, um estado de aprisionamento, sendo destituídos da sensação de bem-estar. c) Atribuem à saúde a sua permanente sensação de bem-estar, já que se sentem livres para escolher seus próprios caminhos de sobrevivência. INCORRETA d) Não procuram ajuda do sistema de saúde por serem estigmatizados pela sociedade. RESPOSTA INCORRETA e) Por estarem acostumados a privações, preferem manter-se dentro do contexto de invisibilidade social. RESPOSTA INCORRETA