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COMUNICAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL Prof. Esp. JULIANA SPADOTO 004 Aula 01: 013 Aula 02: 025 Aula 03: 042 Aula 04: 057 Aula 05: 066 Aula 06: 077 Aula 07: 085 Aula 08: 101 Aula 09: 111 Aula 10: 121 Aula 11: 133 Aula 12: 139 Aula 13: 147 Aula 14: 159 Aula 15: 170 Aula 16: Nossa língua Portuguesa Por que nos comunicamos? Formas de linguagem e Variações linguísticas A era da Informação Texto e Contexto Redação técnica Estratégias de Escrita Coesão e Coerência Comunicação Interpessoal Inadequações entre fala e escrita Homônimos e parônimos Formas de porquês Verbos problemáticos Vícios de linguagem: você tem? Erros comuns da língua portuguesa O novo acordo ortográfico 002 Introdução Olá, estimado (a)! Vamos iniciar a disciplina de Comunicação e Produção Textual, e espero que você se surpreenda com como é bom rever língua portuguesa, comunicação e gramática com outro olhar! Muitos graduandos me perguntam: “Por que tenho que estudar comuni- cação ou língua portuguesa se não vou utilizar o texto como ferramenta principal do meu ofício?” - será que não vai? Pois esse questionamento é justamente nosso ponto de partida nesta disciplina. Na Aula 1, você vai refletir sobre a necessidade de ter consciência de que a boa comunicação, além de ser nosso cartão de visitas, é prova de que tivemos estudo em nível superior e somos indivíduos que necessitam de uma boa comunicação para o sucesso tanto pessoal quanto acadêmico e profissional. O tratamento dado à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas diferentes for- mas de interagir. O jeito que você usa as modalidades oral e escrita, formal e informal é o que dá status a cada uma delas, conferindo-lhes poder de expressão e de convencimento em dada circunstância. Quanto à presente disciplina, vamos pensá-la em duas partes: primeiro, aulas mais conceituais para que você tenha uma base e referências sobre os estudos da linguagem. Falaremos de linguagem e sociedade, comunicação na Era Digital, variações da língua e estilos formais e informais, além de um panorama sobre comunicação interpessoal no âmbito profissional. A outra parte conterá aulas com assuntos gramaticais tais como escrita técnica, problemas de concordância, vícios de linguagem e erros comuns da língua portuguesa. Espero que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento para refletir sobre o jeito como você se comunica e para se conscientizar da im- portância da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acumuladas ao longo do tempo. Bons estudos, e conte com a gente! 003 01 Nossa língua Portuguesa 004 Olá, estimados (as)! Vamos agora dar início à disciplina de Comunicação e Produção Textual e, para tanto, começaremos com uma re�exão: por que você, como pessoa adulta e alfabetizada, ainda deve estudar língua portuguesa? Para ajudar na re�exão, vamos recorrer a uma autora da área. Em tópicos sucintos, Brasileiro (2016) diz que: – Ter boa comunicação escrita e falada é exigência das empresas. – Ainda na graduação, as disciplinas “menos importantes” são as que mais fazem diferenças nos detalhes Já o gestor e escritor Max Gehringer diz que: “O português ruim elimina muitos candidatos a emprego. Empresas não querem contratar funcionários que não saibam redigir um relatório ou um memorando.” (maxcomvoce.com.br). As ideias começaram a clarear? Agora, leia o que Ghiraldelo tem a dizer sobre o assunto: A necessidade do conhecimento sobre a língua materna é constantemente retroalimentado pela sociedade. Basta que olhemos os anúncios de empregos publicados em jornais do país para notarmos que, independente da carreira, quanto mais altos os cargos na pirâmide hierárquica de uma empresa, mais exigido é dos candidatos o domínio da comunicação oral e escrita em língua materna. Há também a mídia retroalimentando a necessidade de tal conhecimento da língua materna. (GHIRALDELO, s/d, p. 01). Percebe que são vários os motivos, tanto técnicos quantos sociais? Além disso, há o fato de que se espera que quem passou por um curso superior cometa menos erros de gramática porque teve mais contato com leitura, informações de variadas áreas, opiniões e pontos de vistas. Você cria um repertório próprio ao estudar e �ca mais preparado para enfrentar o mercado de trabalho e usar o português – falado e escrito – como ferramenta para atingir seus objetivos pro�ssionais e pessoais. 005 Você já deve ter ouvido que “quem é da área de exatas ou não é de Letras não sabe escrever bem”. Tal fala é proferida por empregadores, pelos próprios estudantes de dessas áreas e até mesmo por alguns professores, o que nos leva a crer que o aluno incorpora uma avaliação que vem de outras pessoas, não dele mesmo ou de uma autoavaliação. Trata-se de um estereótipo socialmente criado que deve ser combatido com interesse pela língua portuguesa e estudo contínuo. Mas o que é se comunicar bem? Quando falamos em dominar a escrita e a oralidade formal na língua materna, pensamos que “escrever bem” é escrever como os grandes escritores da língua portuguesa, é “escrever rebuscado”; e “falar bem” traz à nossa memória imagens de pessoas que usam palavras pouco empregadas no dia a dia e que falam sem nenhum erro gramatical. Mas não é bem assim! Falar bem é entendido como falar para persuadir, convencer o ouvinte a fazer alguma coisa que desejamos que ele faça. Além disso, devemos levar em conta que é com a língua e pela língua que nos constituímos como seres humanos: nossa identidade cultural e nacional dá-se por meio da língua materna. Assim, é importante aproveitar este momento em que você faz um curso de graduação para se conscientizar da importância de tirar suas dúvidas e se aprimorar na escrita e na fala. Sei que se atualizar na língua portuguesa é um trabalho que exige dedicação e que não existem fórmulas mágicas: a prática contínua e a re�exão, aliada à leitura de bons autores, são indispensáveis para a boa comunicação nos vários meios pelos quais a gente transita. 006 Breve História da Língua Portuguesa Há quem diga que uma pessoa inteligente não é aquela que sabe tudo sobre um assunto, e sim aquela que sabe um pouco de cada assunto. Você concorda? Seja qual for sua opinião, não podemos negar que um aluno ou pro�ssional que se expressa bem – ou pelo menos não comete erros crassos na hora de falar e escrever – causa uma boa impressão, além de ser uma pessoa muito mais agradável e articulada nos meios sociais. E se expressar bem implicar saber ler, pensar e buscar informações variadas. Por isso, que tal saber um pouco mais sobre a história da língua portuguesa, chamada pelo poeta Olavo Bilac (1865-1918) de “a última �or do Lácio, inculta e bela?” Lácio é uma região na Itália onde se falava latim. Muitas línguas derivaram do latim, como o francês, o espanhol e o italiano. A última delas foi o português, por isso a língua portuguesa foi denominada pelo poeta brasileiro Olavo Bilac de “última �or do Lácio”, ou seja, o último idioma que nasceu do latim. E é “inculta” porque é uma variação do latim vulgar – não clássico – falado na época. O português é resultado do latim vulgar (uma língua não clássica, variante da língua romana) e do galego (falado na província da Galícia – hoje, território espanhol). Essas línguas sofreram muitas transformações ao longo do tempo, e só no século XIII foi publicado o primeiro texto mais próximo do que hoje consideramos hoje a língua portuguesa. 007 Na história da humanidade, os colonizadores geralmente utilizavam a própria língua como instrumento de dominação. Segundo Terciotti, Os romanos, por exemplo, sempre que dominavam uma nova região, impunham sua língua — o latim vulgar, falado pelo povo e pelos soldados — e, por meio das academias militares e escolas, procuravam fazer que o povo dominado adotasse o latim vulgar como língua o�cial. No entanto, com esse contato, as duas línguas sofriam modi�cações (...). Isso levou à formação de uma terceira língua que, com o �m do Império Romano, acabou por tornar-seautônoma e independente. (TERCIOTTI, 2016, p. 10). Mas por que, apesar de derivarem do latim, as línguas neolatinas (português, espanhol, galego, italiano, francês e romeno) são tão diferentes entre si? Foi porque latim se modi�cou durante o período de dominação do Império Romano, e o latim vulgar foi imposto aos povos da primeira região colonizada – e com o português no Brasil não foi diferente. Ao longo dos séculos, o idioma falado no Brasil depois da colonização sofreu várias in�uências, como as dos povos indígenas que aqui estavam e dos africanos, trazidos como escravos. Mas imagine que quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses, havia mais de MIL línguas no país, faladas por índios de diversas etnias. Para estabelecer uma comunicação com os nativos, os portugueses foram aprendendo os dialetos e idiomas indígenas. (TERSARIOL, 1970). A partir da segunda metade do século XVIII, a língua portuguesa começou a predominar em relação à língua dos indígenas e dos africanos, e o crescente número de falantes do português tornou o bilinguismo das famílias portuguesas no país cada vez menor. Em 17 de agosto de 1758, a língua portuguesa se tornou idioma o�cial do Brasil por meio de um decreto do Marquês de Pombal, e no ano seguinte, os jesuítas, que haviam catequizado os índios e produzido literatura em língua indígena, foram expulsos do país por Pombal. 008 O diplomata Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, ditando o decreto da expulsão dos jesuítas do Brasil. Nessa época, o português já havia passado pela evolução natural que toda língua passa no decorrer do tempo e apresentava peculiaridades em sua fala, como a generalização do uso da forma de tratamento que até hoje se mantém no Brasil, mas que em Portugal era empregada apenas familiarmente: o "você", redução de "vosmecê", que por sua vez vem de "vossa mercê". Sobre a in�uência de várias culturas responsáveis pelas transformações no português, Câmara Jr. diz: Após a independência do Brasil, o trá�co de escravos diminui até cessar por volta de 1850. Novos imigrantes europeus tais como alemães e italianos chegaram ao país. O novo contato do português brasileiro com outras línguas foi um dos fatores que gerou as diversas variedades regionais existentes hoje no Brasil. A discussão sobre as distinções entre a fala de Portugal e a do Brasil se mantêm até hoje. O brasileiro incorporou empréstimos de termos não só das línguas indígenas e africanas, mas do francês, do espanhol, do italiano e mais recentemente do inglês, devido ao avanço das tecnologias, computação e cultura. (CÂMARA JR., 1979, grifo meu). 009 A Língua Portuguesa hoje no mundo Sabia que aqueles que falam a língua portuguesa são chamados de “lusófonos” (luso = de Portugal; fono = fala)? E que 250 milhões de pessoas falam o idioma português hoje no mundo? Segundo dados do Governo do Brasil (2012), o português é a oitava língua mais falada no mundo e a terceira entre os países ocidentais, atrás apenas do inglês. e do espanhol, e adotado o�cialmente em oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – além de Macau, região autônoma na costa sul da China. Além disso, o português é uma das línguas o�ciais da União Europeia desde que Portugal passou a integrar o grupo em 1986. Acesse: Disponível aqui Assista a uma videoaula sobre a in�uência da língua portuguesa sobre outros idiomas e sua importância no mundo: Apesar de ser predominante no Brasil, o português falado varia conforme a região e a localidade, e prova disso são os diferentes sotaques encontrados no nosso país. Outro aspecto é que, embora a língua portuguesa seja a o�cial, ela não é a única: pesquisadores calculam que, além dela, ainda existam pelo menos 180 línguas indígenas no Brasil. A elas, somam-se as línguas alóctones (de descendentes de 010 https://www.youtube.com/watch?v=o9RotGIEvXk imigrantes), línguas crioulas, práticas linguísticas diferenciadas dos quilombos e a língua brasileira de sinais (Libras). Ou seja, vendo por essa perspectiva, o Brasil pode ser considerado um país multilíngue! Mas uma medida visando à preservação e uni�cação do português que causou e ainda causa polêmica foi o Acordo Ortográ�co da Língua Portuguesa, �rmado em 2009 cujo �m do seu período de adaptação foi em 2014, que prevê a padronização da escrita entre os oito países que têm a língua portuguesa como o�cial e integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o objetivo de ampliar o intercâmbio cultural e cientí�co. Você já a estudou? Está por dentro das novas regras? Fonte: Disponível aqui A USP disponibiliza um arquivo em PDF com uma guia prático sobre as mudanças depois do novo acordo ortográ�co. Vá em: 011 https://www.ime.usp.br/~yw/guia_reforma_ortografica_melhoramentos.pdf Fonte: Disponível aqui Sabia que existe o Dia Internacional da Língua Portuguesa? É dia 5 de maio, comemorado anualmente entre os países lusófonos. A data celebra a importância cultural e histórica da língua portuguesa para toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e em 2018, a �m de celebrar o dia, o diretor Miguel Gonçalves Mendes produziu o vídeo “Sotaques” a partir da leitura do livro infantil de Valter Hugo Mãe “O paraíso são os outros”. Nele, percebemos a beleza dos vários sotaques da língua portuguesa, lembrando que não existe um jeito certo de se falar o português mesmo dentro do Brasil. Con�ra: 012 https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/05/videos/1494013953_142270.html 02 Por que nos comunicamos? 013 “Quem não se comunica se trumbica” - Chacrinha, comunicador Nas nossas duas primeiras aulas, creio que �cou claro a importância de estudar a língua portuguesa no âmbito da comunicação e da expressão, certo? Ter uma boa comunicação escrita e falada pode ampliar as oportunidades no mercado de trabalho, pois demonstra que você tem um nível a mais de educação e que está preparado para se comunicar em situações diversas, sejam elas com seus colegas de trabalho, clientes ou fornecedores. Falar e escrever bem é importante tanto ao participar de um processo seletivo, por exemplo, como para atuar ativamente bem no seu trabalho, a�nal, do que adianta ser um pro�ssional com grande experiência e boa formação se você não tiver uma comunicação clara, que transmita todo o seu conhecimento? Acredite: um português bem falado e bem escrito faz a diferença. Comunicação e sociedade Então, estimado (a) aluno (a), pense nas seguintes questões: Por que precisamos nos comunicar? Comunicar-se é essencial para a vida ou é possível “existir” sem ter contato com a escrita, a fala e o contato social? Agora pense na sua casa, seu bairro, sua escola, sua turma. Esses certamente foram os primeiros meios sociais em que você viveu, e a comunicação foi o canal pelo qual sua cultura foi transmitida a você. Foi usando a linguagem, falando e ouvindo, escrevendo e lendo, que você aprendeu a ser membro de sociedade (DÍAZ BORDENAVE apud INFANTE, 1991), que adotou seu modo de pensar e de agir, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Não foram os professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com pais, irmãos e amigos, na rua, no ônibus, no jogo, no bar e na igreja que lhe transmitiu, ainda criança, as qualidades essenciais para viver em sociedade e ser cidadão. 014 Utilizar bem a linguagem vai muito além do que apenas falar ou escrever: é fazer parte de grupos sociais, crescer pessoal e pro�ssionalmente, adquirir e compartilhar conhecimento. A comunicação confunde-se com nossa própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos. Somente percebemos sua importância quando, por um acidente ou doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. Você sabia que pessoas que foram impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou �caram perto da loucura? Assim, vale ressaltar a importância de estar atento ao modo como nos comunicamos em diferentes meios que convivemos.Misturá-los é perigoso, causa uma impressão errada e pode até lhe retirar de algum meio de convívio social. Acesse: Disponível aqui No �lme “O Náufrago”, de Robert Zemeckis, Chuck Noland (Tom Hanks) �ca sozinho em uma ilha deserta depois de um desastre de avião. A certa altura da trama, ele “faz amizade” com uma bola de vôlei, à qual ele chama de Wilson – a marca da bola. À primeira impressão, o espectador pode achar que Chuck �cou louco por conversar e dedicar sentimentos a uma bola, mas o que se percebe é o contrário: ele sabe que �cará louco se não socializar com alguém na ilha. Logo, conversa com um objeto e a ele atribui características humanas para evitar ir à loucura enquanto está sozinho. Leia um artigo sobre as teorias da comunicação do �lme a seguir. 015 https://www.sosestudante.com/biblioteca/diversos/o-naufrago-e-as-terorias-da-comunicacao.html Fonte: Harari, 2018. Breve História da Comunicação A marca de uma mão humana de cerca de 30 mil anos atrás, na parede de uma caverna em Chauvet-Pont-d’Arc, na França, indica que alguém tentou dizer: “Passei por aqui!” A comunicação, segundo Bordenave (1996), é um dos fenômenos mais importantes da espécie humana e, para compreendê-lo, é preciso voltar no tempo, buscar as origens da fala e das linguagens. Você consegue imaginar como era a comunicação nos tempos dos homens da caverna, nos primórdios da existência do homo sapiens? Até hoje os estudiosos buscam chegar a uma conclusão de�nitiva sobre como os homens primitivos começaram a se comunicar entre si: se foi por gritos ou grunhidos, por gestos ou pela combinação dos dois. À medida que o homem foi combinando um som e um gesto ou um desenho para designar alguma coisa, surgiu a necessidade de organizar essas combinações, pois se usadas de forma desordenada, transmitir alguma mensagem seria uma tarefa muito difícil – e foi essa situação que deu origem à comunicação. 016 Peça de argila com escrita pictográ�ca dos sumérios, a mais antiga conhecida pela humanidade. Com o passar do tempo, a comunicação foi evoluindo e �cando mais clara. Os sumérios foram os primeiros a usar a escrita, conhecida como sistema pictográ�co, que data de aproximadamente 8 mil anos antes da era cristã – ou seja, mais de 10 mil anos atrás! No começo, o homem contava os acontecimentos na mesma ordem em que eles aconteciam: um caçador descrevia sua rotina na mesma sequência dos fatos. Quando pegava um instrumento usado como arma, enfrentava um animal, matava-o e comia- o, ele desenhava os pictogramas nessa ordem. 017 Acesse: Disponível aqui Disponibilizados na Plataforma do Letramento, dois minidocumentários do MEC abordam a construção da escrita ao longo da história, desde os sistemas de escrita pictográ�cos egípcio, sumério e cretense, passando pelos ideogramas chineses e japoneses, até o primeiro alfabeto, desenvolvido pelos gregos por volta de 800 a.C. Vale a pena assistir! Da Pré-história à História Tenho certeza de que ao longo de suas experiências escolares e pessoais em algum momento você precisou traçar mentalmente uma linha cronológica do que foi a pré- história e o que veio depois dela até os dias atuais. Todas as datas conhecidas sobre a evolução da comunicação são datas presumidas, sem muita exatidão, mas é necessário a�rmar que ela acompanhou a evolução biológica da humanidade. 018 http://www.plataformadoletramento.org.br/acervo-para-aprofundar/348/a-construcao-da-escrita.html Fonte: Pixabay. Acesse: Disponível aqui A história da escrita sempre despertou o fascínio dos homens. Antes que a tecnologia ocidental de impressão surgisse para disseminar os textos, as cópias manuscritas circulavam entre os poucos que decifravam seus códigos. Nas expedições que fazia, Alexandre, o Grande, carregava consigo a “Ilíada”, de Homero, um dos dois principais livros da Grécia Antiga, e uma biblioteca com cerca de meio milhão de manuscritos foi erguida na cidade que levou seu nome, Alexandria. PERLES, J.B. Comunicação: conceitos, fundamentos e história. Disponível em a seguir. 019 http://www.bocc.ubi.pt/pag/perles-joao-comunicacao-conceitos-fundamentos-historia.pdf Papiro egípcio. Para �car mais fácil a nossa compreensão, fez-se a divisão da evolução em Pré- História e História. Inclusive, pré-história é considerada toda forma de civilização anterior à invenção da escrita e data aproximadamente de 500.000 a.C. Segundo Harari (2018), foi nessa época que surgiram os neandertais onde hoje seriam a Europa e o Oriente Médio. A transição da Pré-história para a História aconteceu no �nal da Idade dos Metais, que foi por volta de 4.000 a.C. e assim denominada porque foi quando o homem começou a utilizar cobre, ferro e bronze no seu dia a dia. Nessa época, os egípcios criaram a escrita hieroglí�ca. 020 Papiro egípcio. Junto com a evolução da linguagem, desenvolveram-se também os meios de comunicação. Hoje, na História Moderna – também chamada de Era Atual –, temos arquivos que registram os acontecimentos. Mas no passado, a invenção da técnica de imprimir ilustrações, símbolos e a própria escrita foi a possibilidade de tornar a informação acessível a um número cada vez maior de pessoas, mudando assim o modo de viver e de pensar das sociedades existentes. Em 1455, a invenção da imprensa foi um dos maiores avanços e contribuições para a comunicação no mundo moderno. A tipogra�a permitiu que os textos, antes escritos à mão, fossem impressos com letras móveis produzidas em cobre e colocadas em uma base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel, como um carimbo, uma a uma. Dessa maneira, a imprensa, como �cou conhecida a invenção do alemão Johannes Gutenberg, passou a in�uenciar a produção e divulgação de conhecimento e a contribuir para um maior desenvolvimento da produção literária e de informações em geral na Europa e no mundo. 021 Réplica da prensa de Gutenberg. Os tipos - letras da prensa de Gutenberg. Depois da prensa, veja as principais invenções a favor da comunicação: 022 Fonte: Elaborado pela autora. JORNAL - o primeiro exemplar data de 59 a.C., em Roma, quando Julio César queria informar o povo sobre os mais importantes acontecimentos sociais e políticos do império. Até hoje, o jornal tem praticamente a mesma função. RÁDIO - sua primeira transmissão foi em 1900, Trata-se de um marco na história da comunicação, pois ao contrário do jornal, as ondas do rádio tinham um alcance de pessoas e uma velocidade de informação muito superiores. TELEVISÃO - em 1924, era a junção dos componentes grá�cos (imagens e �guras) de um jornal com os componentes de áudio do rádio (a fala), o que tornou possível ver imagens em movimento juntamente com o áudio. INTERNET - desenvolvida em 1969 nos EUA para �ns de comunicação militar, tinha o nome de ArpaNet. Com o �m da Guerra Fria, o sistema tornou-se praticamente desnecessário para �ns militares e o Exército decidiu levá-lo a público por meio das universidades. Fazendo um resumo, vemos que houve um processo crescente em que o homem desenvolveu a linguagem depois dos desenhos nas cavernas, com a escrita, o papel, as impressões manuais e as mecânicas, e assim a informação passou cruzar grandes distâncias geográ�cas, culturais e cronológicas. Passamos pelos meios de comunicação como jornais e revistas, rádio e televisão, e chegamos à nossa época, que podemos chamar de Era da Tecnologia e da Informação. Na era da tecnologia, o computador é o carro-chefe. Quando foi desenvolvido em 1943, era uma máquina gigantesca que ocupava uma sala inteira e só servia para fazer cálculos, até 1971, quando surgiu nos EUA o primeiro microcomputador. Andando lado a lado com a evolução dos computadores, está a Internet, que nem sempre foi da maneira que a conhecemos: na verdade, ela foi desenvolvida para �ns militares e não passava de um sistema de comunicação entre as bases militares dos EUA. Em 1971, a até então chamada ArpaNet passou a ser usada por acadêmicos e professores universitários, principalmente nos EUA, por meio da qual trocavam ideiase mensagens, e então recebeu o nome de Internet. A disseminação e a popularização da rede no Brasil aconteceram no �nal da década de 1990 e início dos 2000, e aos 023 poucos foi se tornando aquilo que conhecemos hoje: indispensável para a nossa vida, pois estar conectado à rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade, diversão e, acima de tudo, de comunicação. 024 03 Formas de linguagem e Variações linguísticas 025 Nos diferentes espaços sociais em que vivemos, temos a oportunidade de encontrar diversas formas de linguagem escolhidas dependendo da intenção de quem transmite a mensagem – ou emissor. Vejamos algumas informações sobre as características e os aspectos mais relevantes que marcam as formas de linguagem, sejam elas no plano verbal ou no plano não verbal. No instante em que você põe os olhos em um texto, você o lê. E por que você o leu? Porque, a partir do momento em que você se alfabetizou, ler se torna um ato instintivo, automático. Placas, sinais, canções, �lmes, livros, bilhetes, posts de internet, todas essas manifestações só existem porque existe a linguagem aprendida. Quando falamos em linguagem, não estamos falando apenas da linguagem escrita e do português padrão, correto e formal. A comunicação utiliza vários tipos de linguagens tais como a linguagem corporal, o tom de voz, os símbolos, as cores, etc. Além dos diferentes tipos de linguagens, devemos considerar a diversidade de contextos sociais e indivíduos culturais diferentes entre si. O diálogo realizado entre amigos no �nal da tarde em um happy hour não é o mesmo diálogo realizado pelos colegas dentro da empresa ou em uma reunião com a diretoria. Todos os lugares possuem suas regras próprias, inclusive os locais considerados informais. Ninguém chega à casa de um amigo e vai entrando no quarto sem pedir licença. Assim, acontece com a linguagem. Vamos aos tipos de linguagem. 026 CUIDADO! TRÂNSITO DE EMPILHADEIRA Linguagem verbal Quando conversamos com alguém ou lemos um texto, estamos utilizando a palavra como código. Quando alguém escreve um e-mail ou uma mensagem no WhatsApp, por exemplo, está usando a linguagem verbal, ou seja, está transmitindo informações através das palavras. Esse tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, pois a palavra – escrita ou falada. É certamente a forma mais comum no nosso dia a dia e devemos usar corretamente nas diferentes situações exigidas. Linguagem não verbal Ao contrário da linguagem verbal, a linguagem não verbal não utiliza palavras, pois o código utilizado é um símbolo. Nessa forma de comunicação, o objetivo é utilizar outros meios comunicativos tais como �guras, placas, gestos, objetos, cores, etc. para transmitir a mensagem pretendida. 027 Empilhadeira. Por exemplo: um jogo de futebol só acaba quando o juiz apita, e um motorista só para no sinal quando ele está vermelho. Ninguém deu ordem para parar, mas, como se conhece a simbologia utilizada, apenas o apito e o sinal da luz vermelha já são su�cientes para compreender a mensagem. Portanto, a linguagem não verbal é construída a partir de símbolos não verbais como imagens e cores. Linguagem mista ou híbrida Como o próprio nome diz, a linguagem mista (ou híbrida) é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal – ou seja, palavras escritas e �guras ao mesmo tempo. As histórias em quadrinhos, as charges e os outdoors são um exemplo deste tipo de linguagem, já que possuem imagens, símbolos e diálogos ao mesmo tempo. 028 Acesse: Disponível aqui¹ Disponível aqui² Sabia que a Libras, a Língua Brasileira de sinais, não é uma linguagem, mas uma língua; um idioma o�cial do nosso país? Leia o decreto que regulamenta a Libras e sua inserção como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério¹. Conheça a origem da Libras no Brasil.² 029 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm http://blog.handtalk.me/historia-lingua-de-sinais/ Linguagem Formal e Informal A linguagem formal é baseada na norma culta, que é o modelo de padrões linguísticos que determinam seu uso correto. Em outras palavras, é aquela linguagem sem erros e gírias, utilizada em livros, revistas, documentos o�ciais, etc. Como podemos ver, a linguagem formal é voltada principalmente para a comunicação escrita e vai de acordo com a gramática vigente. Por outro lado, quando conversamos espontaneamente e fazemos o uso de gírias e formas reduzidas tais como “cê” (você), “tai” (está aí), “pra” (para), por exemplo, temos a linguagem informal. Neste caso, nos comunicamos principalmente por meio da fala e de maneira coloquial. Um famoso exemplo da diferença existente entre tais é o poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade. Veja: PRONOMINAIS Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. O primeiro verso foi escrito de acordo com a norma culta, logo, em uma linguagem formal, pois o verbo (dar) vem antes do pronome (me) = Dê-me. A gramática diz que o pronome (no caso “me”) nunca deve vir antes do verbo em começo de frase. No último verso, já ocorre o contrário: o pronome (me) vem antes do verbo (dar), representando assim a forma como falamos e também a linguagem informal = Me dá. Mas não podemos dizer que se trata de uma forma errada: é somente inadequada em ocasiões e discursos formais. Resumindo : LINGUAGEM FORMAL = NORMA CULTA Preserva as convenções gramaticais sempre respeitando a norma culta da língua portuguesa. É utilizada para comunicação com autoridades e superiores em organizações, em conferências, palestras e seminários, documentos o�ciais e discursos 030 públicos. Envolve a comunicação entre pessoas que não se conhecem ou possuem pouca ou quase nenhuma a�nidade. Também chamada de norma culta ou padrão. LINGUAGEM INFORMAL = COLOQUIAL Preza pela descontração e pelo relaxamento quanto às regras gramaticais. Permite o uso de palavras mais simples, abreviadas e até gírias. É muito utilizada na comunicação entre amigos, colegas, familiares e pessoas com alto grau de envolvimento e relacionamento. Também chamada de linguagem coloquial. Existem diferentes situações de comunicação. Uma mesma pessoa pode escolher uma forma de linguagem mais conservadora numa situação formal ou um linguajar mais informal, em situação mais descontraída. Quantas vezes isso não acontece conosco no dia a dia? Na família e com amigos falamos de uma forma, mas em uma entrevista para procurar emprego, é muito diferente. O sucesso da comunicação não depende apenas de saber utilizar os elementos do processo comunicativo. É preciso que o emissor considere, antes de qualquer coisa, quem é o seu público-alvo. Após estar ciente de quem receberá sua mensagem, você deve, então, adequar sua mensagem utilizando uma linguagem que atinja seu receptor da melhor forma. Para isso, é imprescindível levar em conta o contexto de comunicação, ou seja, se é um ambiente formal ou informal. Além disso, é importante compreender as expressões, gírias ou jargões especí�cos do público-alvo para que a comunicação �ua da forma mais natural possível. Exercício prático Façamos agora um exercício de substituição da linguagem informal para a formal, pois expressões coloquiais e gírias não devem aparecer em seus textos acadêmicos ou pro�ssionais. Imagine que você precisa reescrever as ideias abaixo em um relatório, e-mail, etc. Assim, procure transformar as frases na linguagem padrão escrita, mais formal. E ATENÇÃO: NÃO EXISTE UMA ÚNICA FORMA CERTA OU ERRADA! 031 Faça a sua anotação e, depois, clique na frase para comparar com as sugestões dadas. a) Vê se tu bota a cuca para funcionar e não dê mais mancada. Sugestão: Por favor, tenha mais atenção para que isso não aconteça novamente. b) Aquele picareta entregou um cheque frio pra gente! Dá pra ver isso pra mim? Sugestão: Gostaria de avisar que xxxx nos emitiu um chequesem fundos. Por gentileza, veri�que a situação e me dê um retorno. c) Estou mais perdido que cego em tiroteio com essa matéria. Sugestão: Você poderia passar alguma instrução sobre a matéria? d) Estou cru em matemática, mas não vou colar de ninguém. Sugestão: Embora eu ainda não dominasse matemática, vou fazer o trabalho sozinho. e) Se der ruim, dá um toque. Sugestão: Caso tenha algum problema, avise-me. f) Não vá nessa: quando você estiver por fora da jogada, cara, o melhor é pedir orientação para o mandachuva do trampo. Sugestão: Eu sugiro que você analise a situação com cuidado e peça orientação ao gestor/coordenador/diretor do projeto. g) Os caras atrasaram a entrega. Fala com o cliente, porque eu não to a �m de treta. Sugestão: Houve um atraso na entrega. Por favor, entre em contato com o cliente e deixe-o a par da situação. h) Valeu, mano! Já estou �cando joia em português, e o negócio agora é curtir matemática, que é o meu forte. Sugestão: Obrigado(a)! Agora que estou melhor em português, vou estudar matemática, que é o meu forte. 032 Adaptado de Telles, 2009. i) Corta essa, não sei bulhufas desse lance de ser dedo-duro de colega de trabalho. Sugestão: Desculpe-me, não é do meu feitio entregar as ações de colegas de trabalho. Em escritas mais formais, acrescentar “por favor” ou “por gentileza”, “grato(a)”, “gostaria de” ou “gostaríamos de”, “veri�que se”, “seria interessante se você..,” “eu sugiro que…” nas mensagens sempre passa uma boa impressão de cuidado com o texto e consequentemente com o destinatário da sua mensagem – alguém de cargo hierárquico superior, cliente, parceiro de negócios, gestores, etc. Na fala, esse recurso também sempre causa boa impressão! Variações linguísticas Além do português padrão, há outras variedades que são usadas em situações informais diversas e diferentes de acordo com o contexto e sujeitos do processo comunicativo. Fatores tais como escolaridade, nível social, idade, região, etc. são responsáveis por determinado tipo de linguajar que pode ser discriminado inclusive dentro de situações informais. Infelizmente, a língua é vista como um status social e há muito preconceito em relação às pessoas que não sabem utilizar a norma-padrão e culta da língua portuguesa, mas conhecer as variações linguísticas é importante justamente para combater esse preconceito. Leia o seguinte trecho: 033 Em escritas mais formais, acrescentar “por favor” ou “por gentileza”, “grato(a)”, “gostaria de” ou “gostaríamos de”, “veri�que se”, “seria interessante se você..,” “eu sugiro que…” nas mensagens sempre passa uma boa impressão de cuidado com o texto e consequentemente com o destinatário da sua mensagem – alguém de cargo hierárquico superior, cliente, parceiro de negócios, gestores, etc. Na fala, esse recurso também sempre causa boa impressão! Carlos Drummond de Andrade, in: Quadrante (1962), obra coletiva. Reproduzida em Caminhos de João Brandão, José Olympio, 1970. É perceptível que nele existem expressões que já não usamos mais, tais como mademoiselles, janotas, pé-de-alferes, balaio, botica, ceroulas, outrora. O texto de Drummond fala exatamente disso: de como se falava antigamente. Caso fôssemos adequá-las ao vocabulário atual, como �caria? Os termos em destaque seriam substituídos por “mina”, “gatinha”, “cantadas”, “da hora”, “os caras”, “a galera,” “farmácia”, “cuecas” e assim por diante. Perceberam que a língua é dinâmica? Ela sofre transformações com o passar do tempo em virtude de vários fatores advindos da própria sociedade, que também é totalmente mutável. Ou seja: todo mundo tem seu jeito de falar, seja por história pessoal ou coletiva. O que vale lembrar é que não existe certo ou um errado quando a questão é sotaque, por exemplo, ou vocabulário diferente de uma geração ou região para outra. Errado é o que não está de acordo com a gramática vigente. As diferentes formas de falar a língua portuguesa são chamadas de variações linguísticas. Segundo Moysés (2014), “[...] o português, como qualquer outra língua, não é estático e imutável. Assim sendo, podemos dizer que uma língua não é uma unidade homogênea e uniforme. Ela poderia ser de�nida como um conjunto de variedades. É esta 034 diversidade que faz surgir os níveis de linguagem que variam de acordo com o nível social, econômico, cultural e geográ�co. No Brasil há uma grande variedade de pronúncia e vocabulário: há diferentes sotaques: o sotaque mineiro, o gaúcho, o nordestino, etc. Também no vocabulário observam-se diferenças entre regiões e também na fala de quem mora na capital e de quem vive na zona rural” (MOYSÉS, 2014). Assim, essas variações são dividas em: VARIAÇÃO HISTÓRICA - a língua sofre variações devido ao tempo que passou: conforme o tempo transcorre, o modo que as pessoas falam, o vocabulário e as estruturas vão mudando. VARIAÇÃO REGIONAL - a língua sofre variações devido ao lugar em que o falante vive. VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL - a língua sofre variações devido à condição social, econômica e educacional e ao meio cultural em que o falante vive. Variação Histórica É aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Por exemplo, a palavra “você”, que no tempo do Brasil colônia era “vossa mercê” e depois virou “vosmecê”. O mesmo acontece com as palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia. 035 Variação Regional São as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região como, por exemplo, a palavra mandioca, que em certas regiões é tratada por macaxeira e aipim; e abóbora, que também é conhecida como jerimum dependendo do estado brasileiro. O sotaque também é uma variação regional, como em regiões que puxam o “r” ou ainda falam “tu” mesmo que não conjugue o verbo corretamente (tu é, tu vai, etc.). 036 Diga aí: como a fruta abaixo é chamada onde você mora? ( ) bergamota ( ) mexerica ( ) mimosa ( ) poncã ( ) laranja-cravo ( ) clementina ( ) fuxiqueira ( ) vergamota ( ) mandarina ( ) bitter Orange - se você vive no exterior! Pois saiba que todas as opções são diferentes nomes dados à fruta, dependendo da região encontrada. Assim, quando se fala em variação regional, não há certo ou errado! 037 É aquela pertencente a um grupo especí�co. Neste caso, podemos destacar as gírias, a linguagem coloquial usada no dia a dia das pessoas e a linguagem formal, que é aquela utilizada por pessoas com maior grau de instrução. Também fazem parte deste grupo as gírias e os jargões, que pertencem a uma classe pro�ssional mais especí�ca, como é o caso dos médicos, pro�ssionais da informática e policias, dentre outros. Fonte: adaptado de: Disponível aqui GÍRIA X JARGÃO A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados que não queriam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo. Hoje, entende-se a gíria como uma linguagem especí�ca de grupos especí�cos, como os jovens. Já o jargão é o modo de falar especí�co de um grupo, geralmente ligado à pro�ssão. Existe, por exemplo, o jargão dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, os jargões dos jogadores de futebol, etc. Variação Sociocultural 038 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudaconforme-situacao.htm VERSUS alinhar as agendas x combinar “Olá, como vai?” x “E aí, beleza?” passear x dar um rolê trabalho x trampo paquera x crush aventar x sugerir cefaleia x dor de cabeça incrível, sensacional x top “Por obséquio, qual é a sua graça?” x “Por favor, qual é o seu nome?” caranga x possante Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta. Resposta: não existe uma opção correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada a cada contexto. Dessa maneira, falar bem signi�ca se mostrar capaz de escolher a variante adequada a cada situação e conseguir o máximo de e�ciência dentro da variante escolhida. Usar o português próprio da língua escrita formal em uma situação descontraída da comunicação oral é falar de modoinadequado. Soa como pretensioso, pedante, arti�cial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, desrespeitosos, fugindo das normas típicas dessa situação. 039 Dessa forma, todos os falantes são capazes de adaptar seu jeito de falar às diferentes circunstâncias sociais escolher quais formas são as mais apropriadas para o momento. Quanto à escola, seja qual for a etapa de estudo, deve proporcionar re�exões acerca dos variados usos da língua, sem apresentar a norma-padrão como a única aceita. É com esse ensino plural que os estudantes poderão desenvolver suas competências linguísticas, lembrando que o ensino da língua padrão continua a ser dever da escola e um direito do aluno, mas não precisa ser substitutivo e, por isso, não implica a erradicação das variedades não padrões. 040 Acesse: Disponível aqui Sotaques são fascinantes. É curioso perceber como uma entonação ou palavra são tão diferentes em lugares distintos do mesmo país, e com um país tão grande e diverso como o Brasil. Então escolha sabiamente, pois a chave para o sucesso está em alguma pronuncia entre o Oiapoque ao Chuí! Assista a uma sketch bem-humorada do grupo Porta dos Fundos sobre um inusitado candidato com diversos sotaques em uma entrevista de emprego. EXERCÍCIOS ! Teste seus conhecimentos sobre o signi�cado de algumas variações linguísticas: Expressões típicas da região norte e nordeste: o que signi�ca...? cambito - perna �na / caxaprego - lugar muito longe / fastiado - sem fome / gaia - chifre, corno / égua de largura - muita sorte / Levar o farelo - morrer / liso - sem dinheiro / mangar - ridicularizar, tirar sarro / varapau - pessoa alta / xanha - coceira na pele / Vigie bem - preste atenção / Zé ruela - besta, abestado Expressões típicas da região sul: o que signi�ca... ? alçar a perna - montar a cavalo / campo santo - cemitério / maleva - bandido, pessoa perversa / niqueleira - porta-moedas / cacetinho - pão francês / pandorga - pipa, papagaio / solito - sozinho Gírias antigas: o que signi�ca... ? tinindo - ter vigor, energia / esbórnia - bagunça, farra / supimpa - muito bom / chorumelas - bobeira, conversa �ada / andar nos trinques - andar bem vestido, ser elegante / �m da picada - situação fora do comum e ruim / peita - camiseta 041 https://www.youtube.com/watch?v=GVTQO9czBsI 04 A era da Informação 042 “Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.” - Zygmunt Bauman. Era da Informação e Era Digital são os termos utilizados para designar os avanços tecnológicos resultantes da Terceira Revolução Industrial em um espaço virtual que se tornou possível por meio da informática e da internet. A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Informacional, teve início em meados do século XX, quando a eletrônica surgiu como meio de modernizar a indústria. Isso se deu após a II Guerra Mundial (1939-1945) e abrange o período que vai de 1950 e até os dias atuais. As principais características da Terceira Revolução Industrial são: o uso de tecnologia e do sistema de informação na produção industrial; o desenvolvimento da robótica, da engenharia genética e da biotecnologia; a aceleração da economia capitalista e geração de emprego; a utilização de várias fontes de energia, inclusive as menos poluentes, e a conscientização ambiental; o amento da consciência ambiental e a expansão das empresas multinacionais. A obtenção ágil da informação – e principalmente da informação de qualidade – é o grande desa�o destes nossos tempos. De um microcomputador doméstico, um notebook ou um smartphone podemos ter acesso ao resultado de uma pesquisa eleitoral ou de mercado, acontecimentos registrados em forma impressa, áudio e vídeo, depoimentos de celebridades e chefes de Estado, resultados esportivos, 043 anúncios de acordos, fusões e novos produtos, entretenimento sem �m e relacionamentos pessoais por meio de uma simples conexão à Internet (adaptado de JAMIL E NEVES, 2000). Assim, �ca claro que a exposição a essa enxurrada de informações causa algum impacto, positivo ou negativo, nas nossas relações, no modo como enxergamos o mundo e como interpretamos aquilo que lemos. Mas será que apenas ler a informação que nos é apresentada na Internet é o su�ciente para adquirir conhecimento? Para esclarecer essa dúvida, vamos primeiro discutir o conceito de analfabetismo, em especial o funcional. 044 O analfabetismo funcional Sempre ouvimos que analfabeto era aquele cidadão que não sabe ler e escrever, logo, por extensão, analfabetismo é a condição daqueles que não sabem ler e escrever. Hoje, porém, acrescenta-se a essa terminologia o “analfabetismo funcional”, cujo estudo nos será útil para entender algumas falhas e acertos na interpretação de informação advinda de meios digitais (Internet, Facebook, WhatsApp, Twitter, etc.) Segundo Soares (apud Balem, 2009), “o conceito de alfabetização tem variado ao longo da história; houve épocas em que saber assinar o nome era prova de que se estava alfabetizado. (...) Até a década de 40, o formulário do Censo de�niu o indivíduo como analfabeto ou alfabetizado, perguntando-lhe se sabia assinar o nome: as condições culturais, sociais e políticas do país, até então, não exigiam muito mais do que isso da população. As pessoas aprendiam a desenhar o nome apenas para poder votar ou assinar um contrato de trabalho. A partir dos anos 40, o formulário do censo passou a usar uma outra pergunta: sabe ler e escrever um bilhete simples?” (Soares apud Balem, 2002). O termo “alfabetismo funcional”, apesar de parecer recente, foi de�nido nos Estados Unidos na década de 1930 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra para indicar a capacidade de entender instruções escritas necessárias para a realização de tarefas militares (Castell, Luke & MacLennan apud Balem, 2002). A partir de então, o termo passou a ser utilizado para designar a capacidade de utilizar a leitura em contextos cotidianos, domésticos ou de trabalho. Pense nesse tipo de fenômeno relacionado ao termo analfabetismo funcional como grupos que mesmo tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, não usam dessas habilidades e voltam à condição de analfabetos: apesar de terem aprendido a ler e a escrever na escola, não conseguem aplicar essas habilidades na sua vida diária. E é esse tipo que mais encontramos hoje quando se fala de analfabetismo funcional em meios digitais. 045 Adaptado de: Disponível aqui Quais seriam as causas do analfabetismo funcional no Brasil? Esse fenômeno está ligado a algumas causas pontuais, entre as quais: Ensino Básico de baixa qualidade Ine�ciência no sistema de alfabetização atual Prezar somente pelo signi�cado das palavras e não pelo contexto Ausência de campanhas de incentivo à leitura Descaso do governo com a educação Falta de políticas públicas para o oferecimento de o�cinas, cursos ou minicursos de leitura e interpretação. E quais as soluções? As medidas são sutis, e a evolução é gradual, mas o investimento na educação básica deveria ser prioridade. Dentro do que já é aplicado nas escolas brasileiras, por ora, segundo Paulo Freire, a real solução para a extinção do analfabetismo funcional é ensinar o contexto de uma palavra, jamais apenas seu signi�cado, pois limitar uma sentença ao seu signi�cado é limitar a capacidade de interpretação de quem a aprende ou a lê. 046 http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/as-causas-do-analfabetismo-funcional/ O analfabetismo funcional e as redes sociais Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional, o INAF, três em cada dez brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identi�car ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana. Por isso, são considerados analfabetos funcionais. Entretanto, mesmo apresentando di�culdades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais: 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram. O problema é que essas pessoas não tiram o máximo proveitodas redes sociais para conseguir informações, conhecimento e garantir direitos justamente porque não conseguem “peneirar” os conteúdos ou �ltrar informações segundo credibilidade e fontes con�áveis. É fato que a Internet criou novos hábitos de comunicação entre as pessoas. Nós nos adaptamos às facilidades da nova tecnologia, e isso vale tanto para a leitura, em vista da enorme quantidade de textos veiculados na rede, quanto para a escrita, principal meio de expressão do internauta – bem, apesar de até as conversas “via áudio” já estão se tornando mais corriqueiras… logo, as gerações vindouras nem mais saberão como é sua caligra�a! Podemos concluir então que cada vez mais o acesso às redes sociais é irrestrito, porém, as pessoas não sabem separar as informações mais valiosas para a aquisição do conhecimento daquelas meramente de entretenimento, super�ciais ou falsas. Veja o exemplo a seguir: INTERPRETAÇÃO NAS REDES SOCIAIS Você posta: “Oi, meu nome é Lilian e vendo bolo de cenoura. Estarei hoje das 14h às 17h em frente à facul. Cada fatia é cinco reais, Interessados podem aparecer por lá ou encomendar pelo whats 9999-6666” E as pessoas perguntam: 047 “Tem bolo de quê?” “Quanto custa?” “Posso buscar às 18h?” “Como faço pra comprar?” O exemplo foi inspirado em um meme, uma mensagem que viralizou nas redes como inúmeras que você já deve ter visto por aí. Na verdade, ele não traduz o analfabetismo funcional como conceito, mas re�ete um tipo de falta de interesse comum entre os usuários de redes sociais: a preguiça. Sim, preguiça de ler. Você certamente já deixou de ler um post ou comentário por considerá-lo “muito longo” - e já existe neologismo para isso: o “textão”. Somam-se a isso a falta de leitura fora dos meios digitais (livro, jornal, revista, etc.) e o próprio caráter de leitura rápida (o “passar os olhos”) das tecnologias e temos o resultado: a falta de prática em leitura longa e desinteresse do usuário em dispor de um tempo maior para ler um enunciado mesmo que consideravelmente curto. Quando ele se depara com textos e enunciados grandes em provas e testes, a primeira sensação é de estar perdido quanto ao que fazer e por onde começar a ler (dica: pelo começo!). Algumas re�exões pertinentes sobre o assunto: 048 Fonte: adaptado de: Disponível aqui Disponível aqui Estamos vivendo a era da instantaneidade, em que o mais importante parece ser a velocidade da publicação e não mais a qualidade e a riqueza do conteúdo. Virou tendência apenas copiar e replicar o que lemos, sem questionar se aquilo é de fato o que acreditamos ou discordamos. Nos habituamos ao ctrl+c e ctrl+v e nos esquecemos da nossa opinião. Geramos informações, mas não geramos conteúdo. Geramos textos , mas não geramos conhecimento. Somos autores de blogs e redes sociais, mas como disse o jornalista André Petry: Qualquer escrita �oresce no mundo digital, mas a boa leitura murcha. Saber ler e escrever há décadas não é mais um diferencial, porém, ler e escrever bem certamente é um seletor natural. É só pensar nos processos seletivos e provas que fazemos ao longo da vida, com suas redações e longos enunciados. A leitura na internet é apenas uma extensão da leitura em qualquer outro meio (livro, jornal, revista, etc.) Se na internet as pessoas não leem, é possível que não leiam também em outros meios, e se não sabem interpretar texto na internet, não saberão interpretar em lugar nenhum. 049 https://anapdealmeida.com/2012/12/24/ler-pensar-e-escrever-na-era-digital/ https://www.luis.blog.br/leitura-na-internet-eles-nao-leem-ou-nao-sabem-interpretar-texto/ O fenômeno das fake news O acesso praticamente irrestrito aos meios de comunicação permite que qualquer pessoa produza conteúdo e o publique nas redes sociais, mas grande parte da informação que consumimos não corresponde totalmente à verdade. As chamadas fake news são um fenômeno da Era Digital, mas que podem ter consequências nefastas na vida de alguém ou de um grupo. Algumas fontes que criam notícias falsas têm objetivos ideológicos e querem promover ou criticar �guras públicas, como candidatos políticos ou personalidades famosas, mas a situação é tão séria que foi preciso criar agências especializadas em conferir a procedência dos fatos, as chamadas fact-checking agencies. 050 Fonte: ENGLISH OXFORD LIVING DICTIONARIES, 2016. Em tradução literal para o português, fake news signi�ca “notícias falsas”. Segundo a editora inglesa Collins, seriam “informações falsas e eventualmente sensacionalistas divulgadas sob o disfarce de notícias”. A expressão também foi escolhida como a “palavra do ano” em 2017, período em que as menções ao termo na mídia aumentaram em 365% (dados da BBC Brasil). No ano anterior, 2016, o termo eleito pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano foi pós-verdade, conceito da Sociologia que já abria caminho para o que viria a ser o fenômeno das fake news: “circunstâncias em que fatos objetivos são menos in�uentes na formação da opinião pública do que emoções e crenças pessoais". A pós-verdade A pós-verdade encaixa-se em um mundo virtual em que mentiras e fofocas se espalham rapidamente em redes de pessoas que acreditam mais uma nas outras do que em um órgão tradicional da imprensa, nas instituições de pesquisa e até mesmo na ciência. E isso é grave. Tal fenômeno social diz que uma pessoa está mais condicionada a acreditar em uma informação quando ela está alinhada às suas crenças pessoais – ou seja, é um tipo de “seleção afetiva” de identidade. Muitas vezes, a pessoa recebe aquela foto em grupos de WhatsApp, por exemplo, e passa adiante inocentemente, mas há vezes em que o compartilhamento está cheio de más intenções, pois querem difamar alguém ou promover alguma ideologia. Assim, se você concorda com a mensagem, a chance de você conferir se as fontes são con�áveis é mínima. 051 As fake news são uma ferramenta da pós-verdade, pois divulgar uma informação falsa porque é sabido que um grupo de pessoas vai acreditar e se envolver com o assunto mesmo que não seja verdadeiro é uma forma de manipulação, e isso pode acontecer tanto no mundo dos esportes e das celebridades quanto em assuntos bem mais sérios, como política, religião e relações externas. De acordo com Paganotti (2019), [...] vale pensar que fake news não se trata de qualquer boato espalhado por rede social, visto que são um fenômeno mais especí�co: são sites que pretendem enganar seus leitores publicando propositadamente informações incorretas como se fossem verdade. As fake news se espalham porque foram criadas justamente para isso: para atrair público e tornarem-se virais. Isso signi�ca que são sites criados propositadamente para divulgar informações incorretas, mas que soem plausíveis para seu público-alvo, enganando-os a ponto de atrair visitantes e potencialmente transformar parte de seu público em novos propagadores de seu conteúdo. Mas por que as pessoas acreditam e espalham notícias falsas que podem ser prejudiciais para uma pessoa, um grupo e até mesmo parte da população? No geral, como qualquer boato, as fake news apelam para temas polêmicos, que chamam a atenção do público a ponto de ele interagir e compartilhar. 052 O termo fake news teve alcance global por causa do presidente norte- americano Donald Trump. Durante sua campanha eleitoral, o político usava o termo frequentemente para desmentir possíveis boatos que estavam rolando para prejudicar sua imagem. Porém, provou-se que eram suas equipes de assessores quem disseminavam informações e estatísticas não fundamentadas para fortalecer sua campanha e atingir seus adversários. Essas a�rmações, relacionadas à segurança nacional e ao terrorismo, apelavam diretamente aos sentimentos de revolta e insegurança da população, que se sentiu representada pelo discurso sem se preocupar se os dados eram verdadeiros ou não. Entre as principais declarações dele, estão que Hillary Clinton criou o Estado Islâmico; o desemprego nos EUA chegava a 42%; Barack Obama é muçulmano; o Papa Francisco apoiava sua campanha.Motivada por valores pessoais, parte da população americana acreditou nessas a�rmações e Trump foi eleito presidente. O combate às notícias falsas A �m de combater a divulgação de notícias falsas no Facebook, a própria rede social criou uma espécie de manual com dez dicas para o usuário virtual. Vale citar que o conteúdo tem apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) (abraji.org.br) e do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro (itsrio.org). 053 1. Seja cético com as manchetes: notícias falsas geralmente trazem manchetes apelativas e com pontos de exclamação. 2. Olhe atentamente para a URL (o endereço na web): muitos sites de notícias falsas imitam veículos de imprensa autênticos fazendo pequenas mudanças na URL. 3. Investigue a fonte: se a história for contada por uma organização não muito conhecida, veri�que a seção “sobre” do sitepara saber mais sobre ela. 4. Fique atento a formatações incomuns: muitos sites de notícias falsas contêm erros ortográ�cos ou apresentam layouts 5. Considere as fotos: notícias falsas geralmente contêm imagens ou vídeos que pode até ser autênticos, mas foi retirada do contexto. Tente procurar a foto ou imagem para veri�car de onde ela veio, se é antiga ou recente, etc. 6. Busque outras reportagens: se nenhum outro veículo na imprensa tiver publicado uma reportagem sobre o mesmo assunto, isso pode ser um indicativo de que a história é falsa. 7. A história é uma farsa ou uma brincadeira?: algumas vezes, as notícias falsas podem ser difíceis de distinguir de um conteúdo de humor ou sátira. Veri�que se a fonte é conhecida por paródias e se os detalhes da história e o tom sugerem que pode ser apenas uma brincadeira irônica. Fonte: adaptado de Disponível aqui 054 http://www.revista.pucminas.br/materia/fenomeno-noticias-falsas/ Fonte: adaptado de Disponível aqui e Disponível aqui Notícias reais sobre notícias falsas A agência de fact- checkingAos Fatos divulgou uma pesquisa que a�rma que 43% dos entrevistados descon�am das informações que recebem em aplicativos de mensagem. Por outro lado, metade dos entrevistados a�rmou que já tomou alguma decisão errada baseada em Fake News. Segundo o laboratório de segurança PSafe, os brasileiros acessaram cerca de 2.9 milhões de Fake News entre janeiro a março de 2018, e o principal meio de disseminação dessas informações é o aplicativo WhatsApp. No Brasil, o Senado tem se mobilizado em torno do assunto: em 21 de março de 2018 o Plenário foi transformado em sessão temática para tratar de notícias falsas, por iniciativa de Telmário Mota (PTB- RR). O senador sugeriu a criação de delegacias especializadas para dar celeridade na investigação das notícias falsas propagadas na internet tanto sobre o autor como sobre quem reproduz o conteúdo. Por que as fake news viralizam? Porque segundo o conceito da pós- verdade, uma pessoa está condicionada a acreditar em algo alinhado com as suas crenças. Quando recebemos o link de uma matéria sobre algo com o qual nos simpatizamos por questões políticas ou morais, temos mais chances de ignorar evidências de que essa notícia seja falsa e acreditamos cegamente. Mas viver na Era Digital é tão ruim assim para a nossa formação como leitor? De jeito nenhum! Pelo contrário: deveríamos nos sentir privilegiados por, ao alcance de um clique, no tempo que leva acessar um link, ter à disposição uma profusão de textos, vídeos e áudios sobre todos os assuntos, de todas as épocas, sob todos os pontos de vista – e ainda poder debater com gente do mundo todo por um custo mínimo. Nossa re�exão deve ser justamente acerca de como fazer do nosso notebook ou smartphone um �ltro de tanta informação que nos ajudará a ler mais e a compreender melhor. 055 https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/manipulacao-de-dados-e-noticias-falsas-poem-internet-em-xeque https://www.significados.com.br/pos-verdade/ Acesse: Disponível aqui¹ Disponível aqui² A educação virtual é uma arma importante para detectar informações falsas no noticiário, segundo especialistas. Para evitar que as fake news tumultuem o debate público, essa “alfabetização” deve contar com esforços de vários setores da sociedade, como prestar atenção a dicas para identi�car fake news e conhecer as agências de fact-checking¹. Con�ra também a primeira agência brasileira de fact-checking,a Agência Lupa² e no Twitter: @agencialupa. 056 http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-em-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-combater-fake-news https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/ 05 Texto e Contexto 057 Estimado (a) aluno (a), perceba que texto e contexto são duas palavras familiares a qualquer pessoa que participa ou participou de alguma prática escolar, mesmo que não tenha necessariamente feito um estudo linguístico especí�co. Não são estranhas expressões tais como “redija um texto”, “isso está fora de contexto”, “o texto está bem elaborado”, “no contexto histórico...“, “melhore seu texto”, etc., e justamente por conta dessa frequência na utilização dos termos, todo leitor tem uma noção sobre o que é um texto e contexto, e isso é importante principalmente quando falamos em comunicação. Texto Comecemos pela consideração básica sobre texto: “texto não é um aglomerado de frases” (FIORIN & SAVIOLI, 2007). Ao contrário: ele é um bloco organizado que contém um sentido. Já Kobs (2012) explica que “texto é um conjunto de ideias acerca de um tema e deve desenvolver e aprofundar um assunto, a partir do encadeamento e da progressão de informações”. Imagina abrir uma revista ou uma página de internet e se deparar com o seguinte: Fonte: adaptado de: Disponível aqui Vem aí um novo Titanic, 110 anos após naufrágio Mas, talvez, nada disso aconteça. Quem conhece bem o controverso político duvida que ele consiga recriar o lendário navio, embora seja milionário. “A primeira réplica, anunciada em 2012, nem chegou a ser iniciada, depois mudou para 2016 e 2018, e agora para 2022”. Tudo indica que se o Titanic I era inafundável, o Titanic II vai afundar mesmo antes de existir. 058 https://historiasdomar.blogosfera.uol.com.br/2018/10/30/vem-ai-um-novo-titanic-110-anos-apos-naufragio-sera-mesmo/ No exemplo, �ca claro que algo está errado na composição do “texto”. O bloco acima tem palavras, orações, períodos e parágrafos, mas nem por isso podemos chamá-lo de texto. Isso se con�rma logo no início, na primeira frase: no geral, um texto informativo ou jornalístico não pode começar com uma conjunção, principalmente adversativa (“mas”), exatamente porque o “mas” serve para ligar duas orações com sentidos adversos, contrários – e no exemplo acima não há nenhuma oração antes daquela iniciada com a conjunção. As mensagens são parciais, não há começo, meio e �m, logo, não há coesão ou coerência. A palavra “texto” vem de uma das formas do verbo em latim “texo”, que signi�ca “tecer”. Logo, o texto é um tecido, não um aglomerado desconexo de �os. O signi�cado de uma frase do texto será compreendido dentro de uma totalidade. Assim, a mesma frase colocada em contextos diferentes pode apresentar sentidos diferentes. E por falar em mensagem, considere o seguinte: 059 Podemos dizer que a imagem acima é um texto? Sim, podemos. Texto não são só palavras, frases e parágrafos, mas tudo aquilo que transmite mensagem. A imagem do exemplo não contém nenhuma palavra escrita, mas entendemos sua mensagem, logo, �zemos uma interpretação dela a partir dos símbolos apresentados (o sinal de wi-�, a natureza ao redor, a inferência de que é preciso equilibrar conectividade liberdade, etc.). Segundo Martins e Zilberknop (2010), mensagem é o que se deseja transmitir. Ela pode ser visual, auditiva ou audiovisual e deve ter conteúdo e objetivos. Assim, em um e-mail, a mensagem é o texto. Em um quadro, a mensagem é a imagem retratada, e em uma canção, a mensagem é a letra mais a melodia. Em uma entrevista à Revista Letra Magna, o professor linguista José Luiz Fiorin (2007) diz que [...] texto não é apenas manifestadoverbalmente, isto é, por meio de uma língua natural, como o inglês, o francês, o árabe, o português. Na verdade, ele pode manifestar-se visualmente, como uma pintura, por meio da linguagem verbal, visual e musical, como o cinema, por meio da linguagem verbal e visual como nos quadrinhos. Assim, um romance é um texto; um trecho de um romance é um texto; uma poesia é um texto; uma escultura é um texto; uma ópera é um texto. 060 Assim, vale frisar que independentemente da sua forma, o texto é algo produzido por um emissor para transmitir alguma ideia e produzir interações sociais. Sendo assim, sua funcionalidade é bem diversa. O texto serve para: informar desinformar formar opiniões emocionar manipular motivar persuadir re�etir esclarecer descrever instruir, etc. O texto é o motor do conhecimento É possível explicitar uma ideia por meio de uma única palavra? Depende da situação e do contexto. Uma palavra isolada pode não signi�car nada se não estiver relacionada a um contexto e, sendo assim, ela não serve para nada. Por exemplo, a palavra “ABERTO”, na porta de um estabelecimento comercial, serve para indicar que apesar de a porta estar fechada, o estabelecimento está aberto. Entretanto, a mesma palavra escrita em uma placa perdida no chão de uma calçada não tem função social nenhuma, simplesmente indica uma informação deslocada de seu contexto original. Podemos concluir, assim, que o texto é uma mensagem que consegue transmitir um sentido completo, ainda que este sentido seja compreendido por uma única palavra. Cabe aqui, então, estudar o que é contexto. Contexto Quanto ao contexto, para o linguista russo Roman Jakobson (2005), a ideia de contexto está ligada ao ambiente em que a mensagem foi elaborada, à situação social em que ela ocorre e a experiência do autor e do leitor em relação a determinado assunto. 061 Fotos: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson, 1986), p.39. Fonte: arquivo pessoal. Façamos um teste mental com as imagens a seguir: imagine quem são essas pessoas, onde elas estão, como seria o estilo de vida delas e o que estavam sentindo no momento em que as fotos foram tiradas. Agora, veja a fotogra�a original: 062 Fotos: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson, 1986), p.39. Fonte: arquivo pessoal. Isoladas, as duas fotogra�as podem parecer imagens comuns retratando um momento do cotidiano de algum vilarejo. Porém, elas fazem parte de uma única fotogra�a, e o contexto em que ela se insere é o período de intenso preconceito e segregação racial no sul dos Estados Unidos na década de 1940. De posse dessa informação, nossa interpretação das imagens em separado é diferente. Ou seja: só apreendemos a real mensagem da imagem quando conhecemos seu contexto. Para �ns ilustrativos, vamos analisar as imagens a seguir : 063 CVV. Há 35 anos ajudando as pessoas a verem a vida por um ângulo diferente. Fonte: adaptado de Koch e Elias, 2009. Acordei às oito da manhã de hoje. Escovei os dentes. Coloquei o terno. Tomei o café de sempre. Fui para o trabalho. Papéis. Assinaturas. Comprovantes. Carimbo. Dois telefonemas. Almoço. Voltei às 13h30min. Reunião. Cafezinho. Fax. Problema. Solução. Cliente. E-mail. Fim do expediente. Aula de inglês. Presente perfeito. Cheguei em casa. Meu �lho ainda não tinha dormido. Faltou luz. Tivemos que acender a lareira. Jantei com minha esposa. Só fui dormir às três da manhã. QUE DIA HORRÍVEL. Acordei às oito da manhã de hoje. Escovei os dentes. Coloquei o terno. Tomei o café de sempre. Fui para o trabalho. Papéis. Assinaturas. Comprovantes. Carimbo. Dois telefonemas. Almoço. Voltei às 13h30min. Reunião. Cafezinho. Fax. Problema. Solução. Cliente. E-mail. Fim do expediente. Aula de inglês. Presente perfeito. Cheguei em casa. Meu �lho ainda não tinha dormido. Faltou luz. Tivemos que acender a lareira. Jantei com minha esposa. Só fui dormir às três da manhã. QUE DIA INCRÍVEL. Trata-se de um anúncio do CVV – o Centro de Valorização à Vida, serviço voluntário de apoio emocional gratuito e atua na preservação do suicídio. O anúncio é composto por um texto para ser lido como “Um dia horrível” e outro para ser lido como “Um dia maravilhoso” dependendo do estado e do ânimo do leitor. 064 Perceba, aluno(a), que o texto em si é o mesmo para os dois títulos e, além do recurso de mudança de cor como contextualizador, se nós não lêssemos o título, a narrativa não ia fazer sentido. E o que nos transmitiu esse sentido para que entendêssemos a mensagem do anúncio da CVV? Justamente o contexto explicitado pelo título. Ou seja: o contexto de um texto é negativo, e o emissor da mensagem encara as atividades vividas no dia como algo ruim. No segundo texto, o contexto é positivo, pois o emissor vê o dia vivido como um dia muito bom. É comum, principalmente em discussões e comentários de redes sociais, alguém dizer que o outro está interpretando um texto ou mesmo uma fala “fora de contexto”. Isso acontece geralmente em campos políticos, religiosos e históricos. Dentre tantos outros, um exemplo que podemos usar como re�exão – e não como julgamento – é o caso do youtuber Júlio Cocielo que, em julho de 2018, fez uma piada considerada racista em relação ao jogador francês Mbappé. Depois da repercussão negativa, em sua defesa, Cocielo gravou um vídeo em que, entre outros argumentos, disse que “a frase havia sido interpretada fora do contexto”. A re�exão que �ca é: será que o youtuber sabia o que signi�ca contexto? O contexto pode justi�car uma fala preconceituosa e ofensiva? Por isso, há que se ter cuidado, tanto como emissor quanto receptor de uma mensagem, ao usar a expressão “fora de contexto” em uma argumentação! 065 06 Redação técnica 066 Tenho certeza de que quando você leu a palavra “redação”, sentiu aquele calafrio se lembrando das aulas do ensino médio, certo? Mas não se trata exatamente da mesma coisa agora que estamos em um curso superior. Em algum momento da nossa vida, somos cobrados a escrever um texto técnico. Pode ser um relatório, um abaixo-assinado, um e-mail que �cará registrado como documento, um atestado, declaração, memorando, ofício, procuração, recibo, relatório, requerimento, etc. Conceituando, segundo Medeiros (apud França, 2013), Redação Técnica “é qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou assuntos técnicos ou cientí�cos”. Os princípios básicos da redação técnica são os mesmos de qualquer tipo de redação: clareza, correção, coerência, e ordenação lógica, embora sua estrutura e seu estilo apresentem algumas características próprias. Assim, a Redação Técnica é necessariamente objetiva quanto ao ponto de vista, logo, opiniões pessoais, experiência pessoal, crenças, �loso�a de vida e deduções são necessariamente subjetivas. Objetividade e subjetividade textual Ser objetivo em um texto é basicamente ser imparcial, característica essencial em textos técnicos. É ter um ponto de vista neutro sobre o assunto ou o objeto descrito, sem dar opiniões pessoais. Para isso, o texto deve ser uma constatação, uma comprovação, algo concreto que pode ser observável de forma igual por todos. Já a subjetividade tem a ver com as impressões pessoais do emissor da mensagem. É um texto cheio de adjetivos de valor, que varia de acordo com o julgamento de cada pessoa, e que cada um pode interpretar da sua maneira. Qual conceito combina mais com a área de exatas? - a objetividade, claro! Veja os dois enunciados seguintes : 067 Adaptado de: Disponível aqui Percebe, estimado(a) aluno(a), como os adjetivos (barulhento, negligente, assustadoras, etc.) transformam um relato objetivo em subjetivo? Pois quanto mais direto for o texto, mais objetivo ele é. Vamos fazer um teste? Imagine que você precisa descrever uma sala qualquer. Você tem dois caminhos: ser objetivo (descrever o cenário de forma que não permite que ninguém discorde do que você relatou) ou ser subjetivo (descrevê-lo com palavras, principalmente adjetivos, que demonstre a sua opinião). Como EXERCÍCIO , pegue uma folha de papel ou abra o bloco denotas do Word e descreva o ambiente abaixo, com o máximo de elementos possíveis, das duas formas: 068 https://www.srzd.com/brasil/moradores-de-predios-da-rua-dos-invalidos-organizam-manifestacao/ ATENÇÃO: NÃO EXISTE UMA ÚNICA FORMA CERTA OU ERRADA! Faça a sua anotação e, depois, clique para comparar com as sugestões dadas. Sugestão de descrição objetiva: A sala tem paredes brancas, com três janelas grandes e piso de taco (madeira). Ao centro, uma mesa branca, provavelmente de laca, com oito cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura. Em cima da mesa, há três enfeites, dois com um tipo de planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das paredes tem um relógio pendurado entre duas janelas. O teto tem estruturas de metal ou aço. Sugestão de descrição subjetiva: A sala é linda/não é tão bonita, tem paredes brancas, com três janelas grandes sem cortina, o que causa certo desconforto/o que a deixa mais moderna, e um elegante piso de taco (madeira)/ e piso de taco, que é meio cafona. Ao centro, uma mesa branca, provavelmente de laca – material muito versátil/muito ruim de limpar. A mesa tem oito cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura que não combinam/que combinam. Em cima da mesa, há três enfeites, dois com um tipo de planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das paredes tem um discreto/ superchique relógio, que poderia ser maior, pendurado entre duas janelas. O teto tem estruturas de metal ou aço, o que deixa o ambiente mais arrojado/o que desvaloriza a sala. 069 Relatório Em algum momento da sua vida pro�ssional, vou vai ter que escrever um relatório. Trata-se de uma descrição objetiva de fatos, acontecimentos ou atividades, seguida de uma análise com o objetivo de tirar conclusões ou tomar decisões (ALMEIDA E ALMEIDA, 2008). Por isso, o relatório deve ser claro e �el aos acontecimentos. Podemos encontrar várias espécies de relatório, depende do que é pedido que se faça, mas os principais são: 1. Relatórios administrativos: de gestão, sociais, de rotina, de inspeção, informativos, etc. Esses relatórios podem ser anuais, mensais, semanais, provisórios, progressivos, gerais e parciais. 2. Relatórios técnicos ou cientí�cos: relatório de estágio, trabalhos de pesquisa, resumos de livros, comunicados cientí�cos, etc. Características do relatório 1. Um relatório deve responder primeiro a uma pergunta: O que acontece/aconteceu (o fato ou fatos)? No relatório, devemos de�ni-los e descrevê-los, trabalho que exige uma observação cuidadosa. Mas a descrição deve se limitar ao essencial e ao útil, tendo em vista o objetivo de selecionar as melhores informações. 2. Depois, deve responder: Qual é a conclusão sobre o acontecido? Aqui pode haver a interferência do autor do relatório, pois ele vai contribuir com sua experiência e conhecimento para analisar os fatos, classi�car seus elementos de forma imparcial e apresentar conclusões e soluções possíveis. 3. Ao �m, deve-se responder: O que fazer? São sugestões para a solução dos problemas (se esse for o caso), com suas devidas justi�cativas. Divisão do relatório 1. O relatório deve ter uma introdução com: local e data, título (assunto) 070 vocativo (para quem é destinado) motivo 2. Desenvolvimento data e local do fato relatado (quando for relatório de ocorrência, por exemplo) método utilizado para o levantamento das informações (quando for o caso) discussão do assunto ou exposição dos fatos pela ordem apropriada 3. Conclusão considerações e recomendações de medidas ou providências necessárias a serem tomadas assinatura Vamos ver um exemplo de relatório? 071 MODELO DE RELATÓRIO Itatiba, 20 de outubro de 1998 Assunto: Distribuição das novas máquinas. Sr. Marcos, Sou encarregado de efetuar um planejamento para a melhor distribuição das novas máquinas de �ação. Assim, envio par o seu conhecimento o relatório das providências que, nesse sentido, tomei: Em 10 de setembro de 1998, contratei a �rma FACCINA – Assessoria Empresarial, especializada no assunto, que nos enviou dois de seus técnicos para o planejamento. Os trabalhos começaram em seguida sob a minha supervisão direta. A área estudada para a distribuição das máquinas é de 300 m² (trezentos metros quadrados) e a área a ser ocupada pelas máquinas é de 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados). De acordo com os estudos e levantamentos feitos pelos técnicos, conseguimos o melhor aproveitamento do espaço físico, conforme os mapas em anexo com uma perfeita visão da área. Do exposto, concluo que é viável a distribuição das novas máquinas no Galpão B. Aproveito a oportunidade para agradecer pela con�ança depositada nesta tarefa. Atenciosamente, José Comune Gerente Regional 072 Em relatórios e outras redações técnicas, não chame o destinatário de “vossa senhoria” (V. Sª.) ou “digníssimo”, pois se trata de vocativos arcaicos, antigos. Pre�ra “senhor(es)”, “senhora(s)” e, no máximo, “ilustríssimo” (Ilmo.) Cuidados na hora do envio Pense na seguinte situação: você precisa redigir algo importante. Esmera-se no conteúdo, consulta gramáticas, faz a revisão do texto. Como é comum hoje em dia, o envio deve ser feito por e-mail. Mas na hora de escrever o e-mail, você descuida da linguagem, usa vocativos errados e apresenta uma comunicação ruim. É grande a probabilidade de o destinatário colocar em dúvida a credibilidade do conteúdo do texto enviado. Assim, é importante que haja cuidado em todas as etapas do processo de troca de informações, do começo ao �m. E falando especi�camente do e-mail, que é o meio de envio mais comum tanto na esfera acadêmica quanto pro�ssional, veja algumas dicas valiosas para a elaboração de seu e-mail, listadas por Brasileiro (2016): Independentemente de quem seja o seu interlocutor, seja sempre cordial. A apresentação inicial de seu e-mail colaborará para o interesse por parte do destinatário, bem como para a dedicação de retorno. Os e-mails corporativos devem sempre ser mais formais e, muitas vezes, são considerados documentos. Nada impede que você seja mais informal com quem tenha a�nidades, porém dentro dos limites pro�ssionais. É importante evitar a linguagem utilizada na internet, ou seja, usar abreviaturas, símbolos e emojis que demonstram falta de pro�ssionalismo. Atente para o conteúdo que você vai desenvolver. Na maioria das vezes, o texto do e-mail deve ser claro e objetivo. No entanto, em algumas eventualidades, você poderá vir a ser mais abrangente, detalhando as informações para que 073 �quem mais claras ao destinatário. Tudo dependerá do assunto a ser tratado e da facilidade de entendimento do destinatário. Evite escrever com todas as letras em caixa alta (maiúscula). Elas representam que você está sendo indelicado e/ou gritando. Demonstre no campo “assunto” a informação que conterá no e-mail de forma clara e objetiva. Não deixe o título do assunto em branco. Sempre avise no corpo do e-mail quando estiver enviando documentos anexados. Para �nalizar um e-mail, utilize termos formais como “atenciosamente” e, caso haja contexto, pode padronizar com “um abraço”, “abraço” etc.; Não se esqueça de “assinar” seu e-mail com seu nome, cargo, empresa e telefone, se julgar adequado. Evite, porém, excesso de informações após a assinatura. Elas poluem o texto e ainda podem confundir o leitor. 074 Adaptado de França, 2013. Como NÃO escrever um e-mail: Olá, Bom dia! Escrevo para lembrar sobre o e-mail que passei no outro dia, assunto de seu interesse. Espero que já tenha resolvido aquilo e já esteja resolvendo outro sobre o qual conversamos pessoalmente. Nesse exemplo, �ca impossível saber do que se trata e quem enviou. Assim, não use palavras inde�nidas e demonstrativas sem referências: “no outro dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra Informação interessante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e Boa noite”. Se o e-mail é uma correspondência digital, não se pode prever quando e em que horário o receptor irá ler. Por isso, pre�ra o horário em que você, emissor,está escrevendo, independentemente do período em que o receptor vai ler. O “Olá” é totalmente aceito nesse tipo de correspondência, bem como desfechos tais como “Abraços” e “Saudações”. Formalidades que vão além dessas formas (“Estimas de consideração”, “Meus votos de respeito e felicidades”, etc.) podem parecer arrogante demais - ou no mínimo mostra que a pessoa ainda vive em uma variação histórica antiga” E é importante destacar que responder mensagens muito tempo depois demonstra ine�ciência. 075 Fonte: elaborado pela autora. NÃO USE! PREFIRA: Venho/viemos através deste e- mail ou Venho/viemos por meio do presente e-mail Vá direto à intenção do e-mail: solicito/envio/peço/compartilho/convido, etc. Acusamos o recebimento do e- mail Recebi/recebemos o seu e-mail. Sem mais para o momento. Só use em comunicações que não exige resposta do destinatário, tais como em cartas de cobrança ou similares. Fico no aguardo/No aguardo/Estou no aguardo. Aguardo. ou Fico à espera de respostas/retorno. 076 07 Estratégias de Escrita 077 “A linguagem existe para que nos sirvamos dela, não para que sirvamos a ela” - Fernando Pessoa, poeta. É inegável que hoje, na atualidade, com os avanços tecnológicos, nós escrevemos à mão muito menos do que a geração anterior, que cresceu sem computador, internet, Word ou corretor de textos. Por outro lado, vivemos uma geração que nunca recebeu e transmitiu tanta informação ao mesmo tempo. E onde �ca o cuidado com a gramática, a gra�a e a língua portuguesa em si? Como alunos e pro�ssionais, precisamos de algumas estratégias para escrever melhor ou ao menos não cometer erros considerados bobos, crassos. Aprender a se autocorrigir é uma atividade constante, pois quem relaxa de sua comunicação, relaxa do modo como aprende. Para começar, sabia que ser organizado (ou desorganizado!) re�ete muito na maneira como você escreve, aprende, recebe e passa informações? Seguem algumas dicas de como melhorar a comunicação verbal escrita por meio da organização prática: Fonte: Brasileiro, 2016. Enquanto anota algum recado, tenha atenção e organização. Evite papéis soltos: números de telefones anotados em qualquer papel branco ou em beiradas de cadernos signi�cam desorganização e atrapalham o andamento do trabalho. Organização é um hábito: tenha um caderno, além de uma agenda com horários, para que seja seu diário. Anote tudo o que precisar somente nesse caderno, com data sempre atualizada. Assim, você terá um amigo �el que lhe ajudará a lembra-se de situações que, muitas vezes, não são registradas nas agendas ou no computador. Anotações nas mãos, nem pensar! Não existe coisa mais deselegante, pois seu interlocutor sabe que aquele lembrete irá apagar. Ao redigir um recado, e-mail ou solicitação, tenha cuidado com as normas de escritas. Lembre-se de que a obrigação de se fazer entender é de quem inicia a interação! 078 Correção gramatical “A nível de, menas, concerteza”? Você já notou esses erros ou será que é você quem os comete? Erros grosseiros e muitos outros são cometidos no cotidiano com clientes e parceiros de negócio, por isso, é preciso saber eliminá-los e ter uma boa redação, pois isso re�ete até mesmo no resultado pro�ssional. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para con�ar, certo? Então aprimore sua escrita. É necessário cuidado, pois o cenário no mercado atual é assustador. Já que escrever é um ato que a maioria dos pro�ssionais exerce diariamente, e com a necessidade de agilidade exigida pelo mercado, cada vez mais se observa erros de escritas nas mensagens, e-mails e até mesmo orçamentos, relatórios e contratos. Vamos a algumas expressões comuns que levam ao erro na escrita (ou na fala) cotidiana. Comece a notar como você os escreve ou fala! 1. Viemos solicitar à sua empresa – o correto é VIMOS 2. Haviam dez pessoas na reunião – o correto é HAVIA 3. Espero evoluir a nível pro�ssional – o correto é EM NÍVEL. 4. Eles pediram para mim entrar em contato – para EU 5. Moro à rua João da Silva 23 – Moro NA RUA. (verbos que indicam localização – residir, morar, situar, localizar etc. são regidos por EM, nunca A) 6. Assistimos o vídeo com atenção – ASSISTIMOS AO vídeo 7. Viso o cargo de gerente – VISO AO cargo 8. Passou por nós desapercebido – DESPERCEBIDO. 9. Vou na empresa hoje – VOU À 10. É proibido a permanência sem uso de EPIs - PROIBIDA A PERMANÊNCIA 11. Contrata-se eletricistas - CONTRATAM-SE / Vende-se materiais de reuso - VENDEM-SE materiais. 12. Ele já devia ter chego - TER CHEGADO 13. Essa tarefa é meia complicada - MEIO COMPLICADA 14. Não é difícil, ainda sim, vou explicar - ainda assim 15. Parabéns à todos pelo sucesso do projeto. - Parabéns A TODOS. 16. Não nos falamos a uma semana - HÁ uma semana Adaptado de: França, 2013. 079 Estimados (as), veremos muitos outros tópicos de correção gramatical ao longo desta disciplina, inclusive com aulas dedicadas especialmente aos erros comuns, certo? Duas notas: uma mulher ou alguém que se identi�ca como mulher sempre fala “obrigada”, e um homem ou alguém que se identi�ca como homem sempre fala “obrigado”. Assim, é errado um homem falar “obrigada” quando estiver falando com uma mulher e vice-versa. É o mesmo que acontece com “grata” e “grato”. Ruídos na comunicação Toda situação de comunicação está sujeita a falhas devido a ruídos ou interferência – todo e qualquer fator que inter�ra no processo de comunicação, como por exemplo, distrações físicas, erros gramaticais, diferenças culturais, etc. Cada um de nós processa informações de maneiras diferentes, assim, falhas na comunicação podem gerar con�itos, improdutividade, prejuízos e até ressentimentos. Os ruídos na comunicação são erros bastante comuns no dia a dia pro�ssional, porém, muito prejudiciais para o bem-estar no ambiente corporativo e a credibilidade do prestador de serviço. E embora cada pessoa tenha uma maneira própria de se comunicar, existem práticas simples que podem ser adotadas para reduzir ao máximo a possibilidade de ruídos. Vejamos algumas: 1 – Documente os acordos – registre sempre por e-mail decisões acordadas em reuniões presenciais, on-line ou por telefone. Não se esqueça de deixar claro quem �cou responsável por cada tarefa, datas de novas reuniões ou eventos e prazos estipulados. 080 2 – Mantenha os envolvidos informados – certi�que-se de que todos os envolvidos em determinado projeto ou processo estão a par de todas as informações necessárias copiando todos eles nos e-mails enviados, por exemplo. 3 – Seja didático – é melhor pecar pelo excesso do que pela falta de explicações. Quando for instruir alguém, repasse até as informações que lhe parecerem mais óbvias, pois para o interlocutor, podem não ser. 4 – Estipule prioridades e esclareça prazos – sempre que designar tarefas, deixe claro qual é a prioridade de cada uma e estipule prazos exatos, ou seja, nunca utilize termos como “o quanto antes”, por exemplo. Dê a data e, se necessário, o horário em que você precisa receber o material desejado. 5 – Envie lembretes – nas vésperas de entregas importantes, veri�que se está tudo certo com o andamento das tarefas e se o prazo acordado está mantido, assim, você tem tempo hábil para partir para um plano B, se necessário. O mesmo vale para reuniões agendadas, a con�rmação evita deslocamentos e janelas desnecessárias na agenda. Fonte:http://www.redatoria.com/6-atitudes-para-evitar-falhas-na-comunicacao- empresarial/ Orientações de escrita Erros na escrita são comuns. Às vezes, pode se tratar de um erro de digitação, mas outras vezes, talvez você apenas não conheça a gra�a correta de alguma palavra. Pode parecer algo bobo, mas em um mercado competitivo, até um erro como esse pode reduzir sua credibilidade diante da concorrência. E mais: todos nós sabemos que o português não é dos idiomas mais fáceis, mas com as ferramentas de correção automática de texto disponíveis em softwares, não existe desculpa para não dar aquela revisada antes de enviar o seu e-mail. Veja: 081Repetir palavras Quem trabalha com projetos de engenharia, por exemplo, está acostumado a ter a rotina interrompida inúmeras vezes ao longo do dia. Por isso, nem sempre é fácil sentar para escrever um e-mail, um relatório ou outro texto com calma sem receber uma ligação no meio do processo. Como consequência, na hora de retomar a mensagem, você pode acabar repetindo palavras que já havia escrito sem nem perceber. Nada que uma rápida releitura não resolva. Errar a grafia do nome ou da empresa do cliente É o tipo de erro que pode dar a entender que o emissor não está interessado no seu próprio cliente. Enquanto algumas pessoas podem não ligar, outras podem até mesmo se ofender. Mais uma vez, nada que uma rápida revisão não resolva. Se você está conversando com um cliente ou empresa de gra�a complexa, é melhor manter atenção redobrada! Na dúvida, copie e cole o nome a partir de alguma fonte segura, como o site da empresa ou algum e-mail anterior do cliente. Utilizar parágrafos longos O parágrafo funciona como um pedaço do discurso que expressa um mesmo pensamento, e quebrar o texto em parágrafos ajuda bastante na leitura. Se você já precisou ler um longo bloco de texto, vai concordar que a experiência não é das melhores. Utilizar discurso vago Vamos ser honestos: ninguém gosta quando a caixa de mensagens está cheia de ofertas ou propostas de produtos e serviços. Você até pode acabar adquirindo aquilo que foi oferecido no e-mail, mas a reação inicial não costuma ser positiva. Talvez por isso que tantos prestadores de serviço tenham receio de escrever mensagens tipo mala direta. É como se o vendedor estivesse com vergonha de demandar a atenção do seu possível cliente. Ao invés de escrever “Você, por um 082 acaso, estaria interessado em agendar uma conversa para debatermos melhor a questão?”, busque ser objetivo e honesto em relação às suas intenções, optando por algo como “Podemos agendar uma conversa de 15 minutos para eu te apresentar meus serviços?” Ah: e apresente o objetivo da mensagem logo no início, deixando tudo claro e facilitando o entendimento! Fonte: adaptado de https://blog.staging.agendor.com.br/blog/os-10-erros-mais- comuns-na-redacao-de-um-email-de-vendas/ Cuidados complementares Vejamos seis orientações iniciais para uma boa mensagem comercial: 1. É importante ter em mente que na redação empresarial a escrita é coletiva, ou seja, você está falando em nome da organização que trabalha. Assim, normalmente pense em escrever frases com o sujeito “nós”, e não mais em primeira pessoa (eu). 2. Preocupe-se com o destinatário da sua mensagem, busque entender a forma que ele pensa. Re�ita como ele vai reagir ao conteúdo do texto produzido por você e enviado pela sua empresa. 3. Reforçando, no seu texto você está representando toda a empresa, logo, a apresentação visual é primordial. Cuidado com uma mensagem mal formatada e sem correção, o que demonstra uma imagem pouco con�ável ou de desleixo. Além disso, adapte a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são mais infantis, outras é difícil de ler em smartphones, etc. 5. Procure usar palavras simples, que são facilmente compreendidas. Utilize também uma diagramação arejada, com fontes clássicas, sem recursos tais como sublinhar, negritar ou por em itálico. Também evite letras coloridas, gifs e memes para que seu texto não se torne cansativo ou �que “infantilizado”. 083 https://blog.staging.agendor.com.br/blog/os-10-erros-mais-comuns-na-redacao-de-um-email-de-vendas/ 6. Antes de escrever, se tiver di�culdade, pontue todos os temas que deseja abordar, e se forem muito distantes um dos outros, estabeleça subtítulos. Por �m, leia tudo o que escreveu e revise em busca de possíveis erros e expressões incorretas. Lembre-se: quanto mais você lê, mais você escreve e mais se aprimora! Fonte: BARBOSA, R.M. Catho, 2018: Disponível aqui Exercícios ! Teste seus conhecimentos gramaticais e identi�que o erro de cada oração - pode ser de gra�a, acentuação, concordância, vírgula, crase... As respostas se encontram logo em seguida! Adaptado de: França, 2013. 084 https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/dicas-emprego/6-orientacoes-para-uma-boa-redacao-empresarial/ 08 Coesão e Coerência 085 Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento conectivo para estabelecer uma ligação entre elas. O ponto �nal faz uma separação entre as duas orações. Vamos acrescentar um elemento coesivo para que o texto �que articulado. Temos duas opções: a. portanto b. entretanto Qual é o conectivo correto? Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto” indica uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém, todavia”. Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto. Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um signi�cado, ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que con�ram coesão ao discurso. Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de coerência. Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar a coerência textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas separadamente: 1. Ontem fez sol. 2. Fui à praia. 1. Ontem fez sol, portanto fui à praia - há coerência. 2. Ontem fez sol, entretanto, fui à praia - não há coerência. E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria que alterar a oração, assim: Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência. Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra. 086 Os elementos conectivos TEXTO 1: Sem conectivos TEXTO 2: Com conectivos Fui à padaria comprar pão, mas fui assaltado na esquina, por isso voltei para casa sem dinheiro e sem pão. Fui à escola comprar pão, mas fui assaltado na esquina, por isso voltei para casa sem dinheiro e sem pão. Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos de um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as conjunções e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas funções fundamentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os conectivos são elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam uma relação de sentido e de orientação argumentativa. Vamos estudar essas relações de sentido: Relações lógico-discursivas (coesão) Relação de causalidade É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc. NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO. CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA. 087 Relação de condicionalidade A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condição para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, caso, contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc. SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA. CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA Relação de temporalidade Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando, assim que, logo que, enquanto, cada vez que, etc. QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA. CONDIÇÃO: TER DINHEIRO CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA Relação de finalidade A �nalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, �nalidade, propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a �m de, a �m de que, etc. QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA OBJETIVO: TER DINHEIRO FINALIDADE: IR AO CINEMA 088 Relação de oposição ou de adversidade É quando um conteúdo expressoem um segmento se opõe ao conteúdo do outro segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções adversativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de, etc. QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO. CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRO Relação de adição Na relação de adição, ocorre a inclusão de mais um elemento - um item ou argumento. Contém conjunções aditivas, do grupo do “e”, que inclui o também, ainda, além de, além disso, nem, etc. EU TENHO DINHEIRO E VOU AO CINEMA! ELEMENTO 1: TENHO DINHEIRO ELEMENTO 2: E TAMBÉM VOU AO CINEMA Relação de conclusão Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de um algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É o grupo do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc. EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA. PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER 089 O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os concursos públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com o nome de “Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser estudo quando exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos podem aparecer tanto em questões de gramática quanto serem cobrados na escrita das questões dissertativas - as temidas redações. Quer um exemplo? Nunca se deve começar o último parágrafo da redação com uma conjunção adversativa, por exemplo. Esse parágrafo é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser iniciado com uma conjunção conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a coerência por não ter um elemento de coesão correto e o candidato perde pontos na prova. Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A maioria já foi explicada neste presente tópico; o restante, deixo com vocês, estimados! 090 Fonte: Silva, 2017 Tipo de relação Alguns conectivos Casualidade porque, uma vez que, visto que, já que, desde que, como Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que , a menos que, sem que, salvo que, exceto que Temporalidade quando, enquanto, apenas, mal, antes que, depois que , logo que, assim que, sempre que, até que, desde que, todas as vezes que, cada vez que Alternância ou Conformidade de acordo, conforme, consoante, segundo, como Complementação que, se , como Delimitação ou restrição pronomes relativos Adição e, ainda, também, não só... mas também, além de, nem Oposição mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, se bem que, apesar de Justi�cativa ou explicação isto é, quer dizer, ou seja, pois Conclusão logo, portanto, pois, por conseguinte, então, assim como Comparação como, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto 091 Acesse: Disponível aqui O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e adultos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência textual está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e adultos, em processo de alfabetização, em uma situação de produção de texto. Coerência Como já falamos, coerência é relação lógica entre as ideias de um texto. Vamos a uma breve de�nição dos linguistas Platão e Fiorin (2007): A palavra coerência, da mesma família de aderência e aderente, provém do latim cohaerentia (formada pelo pre�xo co = junto com, mais o verbo haerere = estar preso). Signi�ca, pois, conexão, união estreita entre várias partes, relação entre ideias que se harmonizam, ausência de contradição. É a coerência que distingue um texto de um aglomerado de frases. Ou seja: quando você transmite uma mensagem, certamente leva em consideração quem vai recebê-la. Provavelmente você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o receptor compreenda a mensagem. Nessa tentativa de se fazer compreendido, você deve estabelecer alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo? 092 http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16796.pdf Intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa escrita, chamado de coerência textual. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, é aquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. “Frase assim escreve uma coerência sintática, mas ninguém ainda que conheça não”. Não entendeu nada, certo? Pois é, ninguém escreve uma oração assim... Esse é o princípio básico da sintaxe: construir frases nas quais os elementos da oração estejam dispostos na ordem correta. Além disso, a coerência sintática evita a ambiguidade e garante o uso adequado dos conectivos. Duas placas que viralizaram nas redes sociais e que exempli�cam a falta de coerência são aquelas em que se lia PINTAMOS CASA A DOMICÍLIO e CORTAMOS CABELO AO VIVO. Alguém aí consegue explicar? Sintaxe (pronuncia-se “sintásse”) é a parte da gramática que estuda a relação das palavras dentro das frases e das orações. Estuda, também, a oração dentro do período, permitindo que a frase tenha sentido e que as palavras estejam na ordem certa dentro da oração. No Carnaval de 2014, a prefeitura de Porto Nacional, em Tocantins, lançou uma inusitada campanha cuja faixa viralizou nas redes sociais. Ela dizia: 093 Nesse caso claro de falta de coerência, percebe-se que a prefeitura queria passar duas informações distintas: 1) que os foliões da cidade usassem camisinha para se prevenir da dengue, 2) que os foliões combatessem o mosquito da dengue. Porém, o uso do conectivo “e” dá a ideia lógica-discursiva de adição, de acréscimo de ideias que se complementam, e não cabe no caso de duas ideias que não têm nada a ver. A faixa, obviamente, virou piada. Coerência Temática É quando o texto discorrido - seja escrito ou falado - está de acordo com a proposta. Esse é o princípio da coerência temática, que privilegia apenas ideias que sejam relevantes para o bom desenvolvimento do tema. Lembra-se do candidato do Enem que, na redação cujo tema era “Imigração Legal”, escreveu uma receita de macarrão instantâneo do desenvolvimento? É um exemplo - mesmo que exagerado e sem noção da parte do “engraçadinho” - de falta de coerência temática. Coerência Estilística A coerência estilística diz respeito à variedade linguística adotada em um texto. Se o emissor escolhe uma linguagem formal, é coerente que ele a use no texto inteiro. Não faz o menor sentido começar uma redação utilizando uma linguagem culta e de repente alterar o estilo e empregar a linguagem coloquial (ou informal). 094 Coerência Genérica A palavra “genérica”, aqui, quer dizer “de gênero”; de gênero textual, ou seja, dos estilos que existem (narrativo, informativo, descritivo, etc.) Tem a ver com a escolha adequada do gênero textual. Existe um gênero para cada ato de fala e escrita: por exemplo, se a intenção de quem escreve é anunciar algum produto para a venda, provavelmente ele optará pela linguagem informativa, e não um poema. Se a intenção é contar uma história, o conto ou a crônica são opções possíveis. No exemplo abaixo, temos a transcrição de uma placa real de estrada com duas informações coerentes e uma incoerente com o gênero informativo “placa de sinalização”. Fica óbvio qual está fora de contexto, não é? CRUZAMENTO PERIGOSO REDUZA AVELOCIDADE DOE LEITEMATERNO Cabe aqui fazer uma observação: há casos em que o emissor da mensagem faz uso da falta de coerência propositalmente para causar algum efeito poético ou de humor. Leia o trecho abaixo: Subi a porta e fechei a escada. Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a cama e deitei-me na luz Tudo porque Ele me deu um beijo de boa noite... (Anônimo) Fonte: Antunes, 2005. Neste texto anônimo, a desordem das palavras é proposital, pois o “sentido” do poema está justamente na desorganização da forma como as coisas foram ditas. A intenção do autor era transmitir que as pessoas perdem o sentido; perdem a lógica das coisas quando se apaixonam e subvertema ordem natural dos eventos. As pessoas �cam bobas, incoerentes de uma forma poética quando estão apaixonadas. 095 Acesse: Disponível aqui Assista a um bem-humorado vídeo da galera do Porta dos Fundos sobre problemas de falhas na comunicação, inclusive com o uso incorreto dos conectivos e a falta de coerência gerada na fala. Exercícios! Complete com conjunções e locuções conjuntivas: Você (aditiva) ______ eu temos muito em comum. Você E eu temos muito em comum. _______ (aditiva) de original, é interessante o que você diz. ALÉM DE de original, é interessante o que você diz. Uma coisa é certa: (aditiva) ________ os professores (aditiva) _______ os alunos estudaram matemática. Uma coisa é certa: NEM os professores NEM os alunos estudaram matemática. 096 https://www.youtube.com/watch?v=jPSnhvG5fQ Eu acho o seguinte: (alternativa) _________ �ca calado, (alternativa) _____ enfrenta o problema de uma vez. Eu acho o seguinte: OU �ca calado OU enfrenta o problema de uma vez. Só nos resta reclamar (alternativa) __________ obedecer. Só nos resta reclamar OU obedecer. Ora compremos, (alternativa) ______ vendamos, nunca teremos o bastante. Ora compremos, ORA vendamos, nunca teremos o bastante. Trabalhei muito, (adversativa) ___________, aguento um pouco mais. Trabalhei muito, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, aguento um pouco mais. Os alunos se queixam das tarefas, (adversativa) __________, fazem-nas. Os alunos se queixam das tarefas, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, fazem- nas. Penso, (conclusiva) _________ existo. Penso, logo/portanto, assim, dessa forma existo. Ele disse com bastante convicção, (conclusiva) _______ é verdade. Ele disse com bastante convicção, logo/portanto, assim, dessa forma é verdade. 097 Errei, (conclusiva) ______________ estou disposto a pagar as consequências. Errei, logo/portanto, assim, dessa forma estou disposto a pagar as consequências. Obedecerei as suas ordens, (adversativa) _________, antes direi o que penso. Obedecerei as suas ordens, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, antes direi o que penso. Escolha uma possibilidade (alternativa) ________ outra, não faço restrições. Escolha uma possibilidade OU outra, não faço restrições. Os juízes têm que ser objetivos. (aditiva) ___________ eles têm que ser imparciais. Os juízes têm que ser objetivos. ADEMAIS, ALÉM DISSO eles têm que ser imparciais. Plantas (aditiva) ________ ervas são muito úteis quando usadas com critério. Plantas E ervas são muito úteis quando usadas com critério. É inadmissível que tenha fugido; (adversativa) ___________ não ouso censurá-lo. É inadmissível que tenha fugido; mas/porém/contudo/todavia, entretanto, não ouso censurá-lo. Complete com conjunções e locuções conjuntivas subordinativas: Levantei-me (temporal) _________ o prefeito terminou o discurso. Levantei-me QUANDO/LOGO QUE/ASSIM QUE o prefeito terminou o discurso. 098 Escrevi um carta (temporal) __________ meu �lho jantava. Escrevi um carta ENQUANTO meu �lho jantava. Deitei-me (temporal) _____________ terminou o jornal das dez. Deitei-me QUANDO/LOGO QUE/ASSIM QUE terminou o jornal das dez. Fiquei na sala de jantar (temporal) ____________ meu �lho terminou a sobremesa. Fiquei na sala de jantar ENQUANTO meu �lho terminou a sobremesa. Só quero saber (temporal) ___________ meu pai vai chegar. Só quero saber QUANDO meu pai vai chegar. Vou terminar o relatório (temporal) _____________ André me chame para o jantar. Vou terminar o relatório ANTES QUE André me chame para o jantar. Insistirei na petição (temporal) __________ a de�ram. Insistirei na petição ATÉ QUE a de�ram. Impediram a minha inscrição no concurso (causal) ________ sabiam que eu passaria em primeiro. Impediram a minha inscrição no concurso PORQUE sabiam que eu passaria em primeiro. Você é muito mais esforçada (comparativa) ___________ a sua irmã. Você é muito mais esforçada QUE / DO QUE a sua irmã. 099 Impediam que ela depusesse perante o tribunal, (causal) ______ era uma �gura pública e notória. Impediam que ela depusesse perante o tribunal, POIS/ PORQUE era uma �gura pública e notória. Descreveu o aparelho nos seus mínimos detalhes (�nal) __________ ninguém duvidasse da sua paternidade. Descreveu o aparelho nos seus mínimos detalhes PARA QUE/A FIM DE QUE ninguém duvidasse da sua paternidade. Arrumou-se (consecutiva) __________ que chamou a atenção de todo mundo. Arrumou-se tanto/de tal modo que chamou a atenção de todo mundo. Farei o que você quiser (condicional) _____ primeiro me relatar o que aconteceu naquela noite. Farei o que você quiser SE primeiro me relatar o que aconteceu naquela noite. Vou ler o manuscrito inteiro, (concessiva) ________ prejudique a visão. Vou ler o manuscrito inteiro, MESMO QUE prejudique a visão. Tal atitude é intolerável, (concessiva) _________ fosse compreensível. Tal atitude é intolerável, se bem que/embora fosse compreensível. 100 09 Comunicação Interpessoal 101 “Não se pode �car parado, sobretudo num mundo cujos pontos de referência estão sobre rodas.” Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo e �lósofo polonês. Não somos seres isolados. Vivemos em comunidade em todos os estágios da nossa vida, e no âmbito pro�ssional não seria diferente. Mesmo em pro�ssões que exigem menos contato humano, ter habilidades de comunicação interpessoal é uma qualidade que as empresas têm buscado cada vez mais nos pro�ssionais, pois se trata de pessoas que têm mais facilidade em passar ideias de uma maneira que todos possam entender sem gerar desentendimentos causados por falhas na comunicação. O que é comunicação interpessoal? Comunicação interpessoal é a troca de informação que existe entre dois ou mais indivíduos. Basicamente, trata-se de passar e receber mensagens por meio da fala, da escrita, da mímica e dos meios tecnológicos (e-mails, intranet, WhatsApp, etc.) Se você passou pelo porteiro hoje, acenou para ele e ele retribuiu, automaticamente vocês realizaram uma interação de comunicação interpessoal. No ambiente de trabalho, devemos ter cuidado com a maneira como passamos as mensagens para outras pessoas. Aliás, quantos casos você conhece de gente que entrou em con�ito simplesmente por causa de desentendimento na comunicação? A mensagem desejada não é passada, o emissor é mal interpretado e isso causa um desconforto entre duas (ou mais) partes. Uma comunicação interpessoal clara evita con�itos, pois faz com que as mensagens sejam passadas de uma maneira que os dois lados possam compreender, resultando assim no sucesso da troca de informações. 102 Fonte: Disponível aqui Uma pesquisa realizada por Albert Mehrabian, psicólogo americano e professor da Universidade da Califórnia – UCLA, constatou que as formas de comunicação não verbais, aquelas feitas por meio de gestos, postura corporal e contato visual, são 55% mais impactantes do que outras formas de comunicação por ser uma forma universal de relacionamento entre as pessoas. Ainda segundo Mehrabian, 38% do impacto da comunicação estão no nosso tom de voz, e apenas 7% nas palavras propriamente ditas. Desenvolver as habilidades de comunicação não verbal e verbal, portanto, é essencial para potencializar os resultados e construir harmonia nas relações interpessoais. Comunicação no ambiente profissional Bom, vamos manter algo em mente durante esta aula: comunicar-se não envolve apenas o que falamos, mas também a maneira que passamos essas informações às outras pessoas, e isso faz muita diferença quando você está no meio de um grupo tanto como empregado quanto como empregador. A linguagem corporal e o tom de voz in�uenciam na maneira como o outro recebe a sua mensagem. Por isso, é preciso prestar atenção em como você se porta perto das pessoas com quem interage, como fala com elas e como gesticula. 103 https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-carreira/comunicacao-interpessoal-nas-organizacoes/ Enquanto exercemos nossas atividades diárias, é natural estar semprecomunicando algo, e claro que existem pessoas que demonstram mais facilidade em estabelecer a comunicação interpessoal com outros; da mesma forma que há quem considere tal prática irrelevante. Curiosamente, porém, quem não presta atenção ao jeito como ele fala com seus colegas são os mesmos que costumam reclamar que são “eternos incompreendidos”, não é? Daquele tipo que diz: “Ninguém gosta de mim...”! Aprimorar práticas de comunicação interpessoal pode impulsionar sua vida pessoal pro�ssional. Segundo a Endeavor, maior organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores de alto impacto no mundo, há meios de sempre melhorar as relações pro�ssionais por meio da comunicação. Vamos aos mais importantes: Utilize a comunicação interpessoal para resolver con�itos – ter uma boa comunicação interpessoal ajuda na resolução e na prevenção de con�itos. Não são raros os casos de pro�ssionais que criam situações con�ituosas porque se negam a dedicar dez minutos do dia para trocar ideias, desfazer equívocos e chegar a um consenso. Por isso, procure estimular o diálogo entre aqueles que trabalham com você. Atue como mediador, ouça as partes envolvidas e procure aproximá-las para que tudo se resolva com serenidade. Procure trocar algo mais que palavras – o ideal é que, quando você inicie a troca de informações com alguém, procure ser empático, ou seja, exerça a capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa. Assim, você conseguirá conhecer fatos culturais que talvez você jamais chegue a vivenciar. Aprenda com seus interlocutores – a partir do momento em que você está aberto para se comunicar, está também aberto para aprender. Lembre-se que o processo de aprendizagem é bilateral: a troca de ideias e experiências é bastante relevante para o crescimento pessoal e pro�ssional. Combata a inibição – a inibição é uma característica normal de muitas pessoas, mas quando se trata de compartilhar ideias ou conhecimento em um ambiente de trabalho, ela pode ser prejudicial, pois muitos pro�ssionais deixam de apresentar suas ideias e mostrar o quanto podem ser valiosos à empresa por conta da timidez. Por isso, é muito importante exercitar esse lado para ganhar mais con�ança, pois falar faz parte do contexto social em que você está inserido. Fique atento ao gestual – a comunicação interpessoal não se dá apenas por meio das palavras, mas principalmente pela entonação da voz e pelos gestos que você faz enquanto conversa com alguém. Para quem é atento, a postura e o gestual demonstram todo tipo de sentimento: euforia, contrariedade, desânimo, etc., e isso pode causar falhas de comunicação e desentendimentos. Melhore o desempenho de sua equipe – seja você gestor ou gerido, quando a comunicação interpessoal é praticada no ambiente de trabalho, as pessoas melhoram o desempenho porque passam a conviver melhor na busca de 104 Fonte: adaptado de ENDEAVOR BRASIL. Disponível aqui resultados coletivos. A ideia de uma equipe que sempre está em silêncio não combina com crescimento. Promova o autoconhecimento – a comunicação interpessoal também serve de termômetro para que um pro�ssional saiba como os outros o percebem. Ao promover as práticas de comunicação interpessoal, você abrirá caminhos para não apenas conhecer a si próprio, mas para entender como os outros te veem. Fonte: Disponível aqui Já ouviu falar que toda empresa tem um “rádio corredor”? Qual o limite entre comunicação informal e fofoca? Neste artigo, Alessandra Becker, sócia-fundadora da FALE Consultoras, alerta para o perigo de boatos e fofocas se tornarem a comunicação o�cial de uma organização. Imagem pessoal No mundo pro�ssional, falam-se coisas do tipo: “Você é a sua melhor marca”, "Sua imagem pessoal é seu cartão de visita” ou “Nos negócios, menos é mais.” Você já ouviu alguma delas? E concorda? No mercado de trabalho, a imagem pessoal tem muito valor. A construção da imagem pessoal no ambiente pro�ssional é algo que se dá ao longo da carreira, mas é inegável que a marca que deixamos nas pessoas e como seremos lembrados pode ser positiva ou negativa. E aqui entra outro ditado: “A primeira impressão é a que 105 https://endeavor.org.br/desenvolvimento-pessoal/comunicacao-interpessoal/ https://endomarketing.tv/comunicacao-informal-nas-organizacoes-alessandra-becker/#.XObKGIhKjIU �ca”. Na modernidade, os pro�ssionais bem-sucedidos obviamente mantêm uma imagem pessoal positiva. Para tanto, usam seu poder pessoal para conquistar objetivos, in�uenciar pessoas e assim construir uma base de valor pessoal sólida. Mas como usar a imagem pessoal como estratégia pro�ssional? Para ser e�ciente, o marketing pessoal deve ser sutil e inteligente, a começar pela aparência. Exibir roupas de marca, por exemplo, não faz de você um pro�ssional respeitado. Pior: o resultado pode até ser o contrário e revelar que, na falta do que falar, você exagera na aparência. Logo, perceba que não se pode negar que o primeiro julgamento é o visual. É a partir dele que podemos perceber a que grupo uma pessoa pertence, se é cuidadosa ou não pelo seu penteado, se é calma ou agitada pelo modo de andar, sentar e falar, ou seja, fazemos uma avaliação de alguém que nem conhecemos. E certo ou errado, justo ou injusto, é que cada vez mais importante cuidar da imagem porque, querendo ou não, o candidato é julgado pelo inconsciente do recrutador, e depois de contratado, ele será julgado pelo inconsciente dos clientes e parceiros de negócio. Mas, então, trata-se de uma “ditadura da imagem perfeita”? Não. Trata-se de ser �exível e se adequar aos diferentes contextos e grupos sociais que vivemos. Ninguém veste as mesmas roupas, faz os mesmos gestos ou fala com a mesma linguagem quando está com os familiares e com os clientes, por exemplo. Sua imagem pessoal não é única, e o bom pro�ssional é capaz de se adaptar a diferentes ocasiões sem se esquecer de quem é ele, do seu estilo, da sua personalidade e dos seus gostos. No ramo pro�ssional é preciso unir conhecimento técnico com aquisição de aspectos culturais e sociais. Quer dizer que o pro�ssional tem de desenvolver um per�l que explore suas habilidades sem mudar suas características pessoais, ao mesmo tempo em que cria uma imagem sempre coerente com a sua pro�ssão. Nesse sentido, não importa a função que se esteja exercendo em qualquer área da organização ou na sociedade: o fundamental é estar incluso (RIZZO, 2017). 106 Boas práticas e imagem pessoal BOA COMUNICAÇÃO BOA POSTURA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL – A expressão tanto escrita quanto falada in�uencia muito nossa imagem pessoal, por isso deve ser mantida sempre em um nível adequado. – Utilize palavras adequadas e pertinentes ao momento e cuide da língua portuguesa: fuja dos vícios de linguagem, erros de pronúncia, gírias, expressões que demonstrem intimidade ou tom de piada. Deixe a graça para os amigos e familiares! – Procure falar em um tom de voz e velocidade de fala agradável, de preferência parecido com o da pessoa com quem você está conversando, o que dá mais harmonia à conversa. – No ambiente de trabalho, é fundamental manter uma postura pro�ssional e que esteja de acordo com os valores e normas da empresa, respeitando os códigos de trabalho, os horários, o código de vestimenta e as diretrizes. - Não tente assumir uma postura do que você não é, pois assim você não conseguirá transmitir credibilidade sobre a sua imagem pessoal aos outros. Tenha uma postura natural e condizente com o que você realmente é. – Preste atenção à sua linguagem corporal. O aperto de mão deve ser �rme para transmitir segurança. Lembre-se de olhar sempre nos olhos das pessoas quando conversar com elas, o que demonstra con�ança e dá mais credibilidade ao que dizemos. – Evite uma postura de superioridade, com cabeça muito erguida e “nariz em pé”. Evite também andar curvado ou sentar-se jogado na cadeira denotando certo desleixo. Ombros bem alinhados e coluna ereta já são o su�ciente para criar uma boa imagem. 107 Fonte: adaptado de Disponível aqui CUIDADO COM A APARÊNCIA IMAGEMNAS REDES SOCIAIS CÓDIGO DE ÉTICA Procure manter uma aparência condizente com o seu ambiente de trabalho, o que envolve o modo de se vestir e de se arrumar em geral. Os homens devem manter a barba bem feita, e as mulheres devem usar uma maquiagem mais leve. Ambos devem usar vestimentas adequadas seguindo o código de vestimenta da empresa. Postou é para sempre. O que você lança no ciberespaço revela crenças, valores, preconceitos e pode criar muita saia justa. Quando publicar fotos, evite divulgar imagens com pouca roupa ou consumindo bebidas alcoólicas, não escreva palavrões, não exponha suas opiniões sobre colegas de trabalho ou sobre a empresa, cuidado com os erros grosseiros de português e selecione bem os vídeos postados. Eles podem dar uma ideia errada de você e dos seus gostos. A ética é um valor fundamental em todas as esferas da vida para boa convivência com as outras pessoas. Não adianta ter uma boa postura dentro da empresa, ser supercomunicativo e habilidoso no que faz, mas não seguir códigos de ética. Fique longe de mentiras, fofocas, corrupção e de tudo que possa ser classi�cado como um desvio de conduta. Seja o tipo de pessoa que você gostaria de conhecer. 108 https://blog.racheljordan.com.br/imagem-pessoal-no-ambiente-de-trabalho/ No início de 2016, um case corporativo �cou famoso nas redes sociais quando um estagiário da Cantareira Construtora e Imobiliária foi demitido após fazer posts machistas em suas redes pessoais. Nas fotos em que tirou ao visitar uma obra, escreveu na legenda algo como "procurando uma feminista para ajudar a descarregar a carga de cimento". A empresa se manifestou na página do Facebook e a�rmou que as opiniões do estagiário não re�etiam a visão da construtora. Via assessoria de imprensa, a Cantareira disse que ele seria demitido e não manteriam alguém que disseminasse opiniões sexistas. Nunca se esqueça de que seusconhecimentos, habilidades, técnicas e outras qualidades que você possui formamo seu produto. A sua embalagem é a sua aparência, o seu visual, e é a primeirainformação que o seu cliente ou contratante tem de você. Falhas na comunicação interpessoal Talvez nem seja necessário pontuar, mas é sempre bom validar conceitos com dados: segundo um estudo feito em 2014 pelo Sebrae, 60% dos problemas nas empresas causados se devem à falta de comunicação entre os colaboradores. Veja algumas das falhas mais recorrentes nesse âmbito: 1 – Não pedir ajuda - quem tem vergonha de tirar alguma dúvida em algum momento vai fazer algo de errado. Lembre-se: pergunta boba é aquela que nunca foi feita! 109 Fonte: adaptado de Disponível aqui 2 – Não explicar quando necessário - às vezes deixamos de explicar qual nossa expectativa ao designar uma tarefa acreditando que elas já compreenderam. Procure explicar sem receio o que você deseja dos outros. 3 – Esconder-se atrás do e-mail - mensagens de texto como o WhatsApp também são válidas nesse caso. Com o advento tecnológico, preferimos enviar um e-mail ou mensagem a resolver pessoalmente ou fazer uma ligação que levaria menos tempo. Quando sentir que pode resolver mais rapidamente por meio de uma ação ou conversa, vá e faça pessoalmente. 4 – Não ir direto ao ponto - existem pessoas que começam um assunto, vão fazer alguma outra coisa no meio e não conseguem �nalizá-lo. Re�ita se você é essa pessoa. Nunca se esqueça de que todo assunto que tem um início deve ter um �m! 5 – Falar demais, escutar de menos - já ouviu falar que não é à toa que temos dois ouvidos e uma boca, certo? Procure ouvir mais e fala menos, e tenha menos impulsividade no momento de defender alguma ideia. 6 – Sempre concordar com tudo - nunca seja o tipo de pessoa que concorda com tudo, até com opiniões e fatos que, na verdade, você não concorda. Procure questionar aquilo que está sendo transmitido a você e não concordar de primeira em tudo quanto é assunto - sempre respeitando o ponto de vista do outro, claro. 7 – Não revisar textos - em um e-mail ou mensagem de texto, revise antes de enviar. Veja se o que foi escrito está correto, se não tem problemas de gramática e se tem coerência. Revisar informações é muito importante para amadurecer a comunicação escrita e consequentemente a verbal. Nós temos o poder de mudança positiva no local em que vivemos e que trabalhamos. Por meio da comunicação, é possível consolidar essa positividade, e com os tópicos abordados nesta aula, você certamente terá uma comunicação de sucesso com seus pares. 110 https://www.eusemfronteiras.com.br/7-erros-fatais-na-comunicacao-interpessoal/ 10 Inadequações entre fala e escrita 111 Existem várias ferramentas às quais podemos recorrer em caso de dúvida gramatical tais como dicionários, gramáticas ou uma simples busca no Google. Mas sabemos que a maioria dos estudantes e pro�ssionais não consultam o dicionário quando se deparam com uma palavra desconhecida ou não buscam uma gramática para sanar dúvidas de gra�a. Por isso, é muito comum o indivíduo aprender uma a palavra ou expressão e depois repeti-la sem conferir como é a escrita, causando uma inadequação entre o que se ouve - ou o que se fala - e como se escreve. Vamos a um exemplo: a expressão “por ora”, muito usada em correspondências, artigos cientí�cos e relatórios, que signi�ca “agora”, “no momento”. Não existe “h” no termo: “Por ora, nossa pesquisa teve resultados parciais”, ou seja, por enquanto, até agora, nossa pesquisa teve resultados parciais. Já “por hora” também existe, mas quer dizer “por um período de 60 minutos”: “O estacionamento cobra por hora.” A questão, então, é que essa expressão (e outras que são foco desta aula) são idênticas ou parecidas na fala, mas diferentes na forma escrita. Veja a seguinte placa: Muitos acham exagero corrigir quem confunde “um simples ‘há’, ou ‘a’, ou ainda ‘à’... é tudo igual!”. Mas certamente deixam de achar besteira quando esse tipo de problema cai em concursos, processos seletivos ou avaliações das quais você depende para dar um passo importante na vida, além de ser um erro grave de gramática nas redações cotidianas. 112 No exemplo acima, a placa está incorreta; e o certo seria: “HOMENS TRABALHANDO A 300m”. “A” indica avanço para frente no tempo ou no espaço. Por exemplo: “Moro a dois quarteirões daqui”, “Vamos nos ver daqui a dois dias”. O “há” refere-se ao passado: “Falei com ela HÁ duas semanas”. Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são iguais ou quase iguais na fala, mas diferentes na forma de escrever. MAU é um adjetivo, o oposto de bom: Exemplo: Estou de bom humor./ Estou de mau humor. Logo, temos: mau hálito, mau caráter, mau caminho, lobo mau, que podem ser todos substituídos por “bom” para fazer o antônimo. MAL é um advérbio, o oposto de bem: Exemplo: Todos falaram mal do �lme. / Todos falaram bem do �lme. Logo, temos: mal estar, passar mal, mal amado, mal visto, que podem ser todos substituídos por “bem” para fazer o antônimo. PERDA é um substantivo: a perda, as perdas, uma perda, sua perda, minha perda... Exemplo 1: Falar desse assunto é perda de tempo. Exemplo 2: Sinto muito pela sua perda. Confusões entre fala e escrita Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são iguais ou quase iguais na fala, mas diferentes na forma de escrever. 113 PERCA é verbo no imperativo (o modo domando, do pedido) ou no subjuntivo: Exemplo 1: Não perca a promoção de sábado! Exemplo 2: Mesmo que eu perca, não vou desistir! TAMPOUCO signi�ca “nem”, “também não”. Exemplo 1: Ele fez o jantar, tampouco varreu a casa! Exemplo 2: Você não trabalha, tampouco estuda. ( ATENÇÃO: “nem tampouco” é redundância). TÃO POUCO quer dizer muito pouco, pouquíssimo. Exemplo 1: Havia tão pouco entusiasmo naquele grupo que eu me desanimei. Exemplo 2: Eu como tão pouco e mesmo assim não perco peso! SENÃO signi�ca “caso contrário" ou “exceto”. Exemplo 1: O contrato precisa estar assinado, senão será inválido. Exemplo 2: Trabalhamos todos os dias, senão aos domingos. SE NÃO introduzuma condição, usado quando o "se" é uma conjunção condicional (substituível por "caso"). Exemplo 1: Se não receber a ata por e-mail, avise-me. Exemplo 2: Amanhã começam as obras se não chover. MAS é uma conjunção adversativa, substituível por “porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto”. Exemplo 1: É preciso trabalhar, mas é preciso se divertir também. Exemplo 2: Liguei várias vezes, mas ninguém atendeu. MAIS indica intensidade (em oposição a “menos”), soma ou aumento de quantidade. Exemplo 1: Pretendo ir mais vezes à Bahia. Exemplo 2: Quanto mais estudo, mais aprendo. 114 ONDE é usado quando se fala de um lugar estático, parado, e pode ser substituído por “em que” ou “em que lugar”. Exemplo 1: O local onde a nova escola será construída é agradável. Exemplo 2: Você sabe onde ela está? AONDE deve ser usado em frases com verbos de movimento tais como “ir” e “encaminhar-se” e pode ser substituído por “para onde”, “para qual lugar”. Exemplo 1: Aonde João foi com tanta pressa? Exemplo 2: Ninguém viu aonde se encaminhou o estagiário. Aonde x Onde “Aonde” é usado quando a frase tem algum verbo de deslocamento, como é o caso de “ir” e outros que pedem a preposição “a”: ir a, dirigir- se a, encaminhar-se a, etc. Corresponde a “para onde você foi?”. Com outros verbos, é apenas “onde”, no sentido de “em que lugar”. Assim, o correto é “Onde você colocou as chaves?” e não “Aonde você colocou as chaves?”, “Onde você trabalha?” e não “Aonde você trabalha?”. Mas é correto “Eu sei aonde ele foi.”, por exemplo. Certo ou errado? Além das inadequações causadas porque existem palavras parecidas (como vimos no tópico anterior), há também o equívoco em si: palavras e expressões que comumente as pessoas ou aprenderam errado e repassaram adiante ao longo da vida. Vale 115 lembrar que mesmo que na linguagem coloquial as pessoas dizem o que é “considerado” certo, se não estiver de acordo com a gramática ou com o dicionário, está errado. Então pegue uma caneta ou um lápis, puxe uma folha em branco e vá anotando o que você sempre falou e escreveu certo e o que você deve se autocorrigir a partir de agora! COMO É FALADO / COMO É O CERTO às custas / à custa: Falado: Ele vive às custas do irmão. Certo: Ele vive à custa do irmão. a nível / em nível Falado: É a melhor escola a nível estadual. Certo: É a melhor escola em nível estadual. ao par / a par Falado: Joana estava ao par de tudo. Certo: Joana estava a par de tudo. rúbrica / rubrica Falado: Faça uma rúbrica no contrato. Certo: Faça uma rubrica no contato (sem acento, sílaba tônica “bri”). todo país / todo o país A instituição atua em todo país. A instituição atua em todo o país. 116 *A frase quer dizer que a instituição atua no país inteiro. Assim, o artigo depois de todo, toda (Ele comeu toda a comida), todos (Preciso de todos os relatórios), todas (Todas as alunas estão convidadas) é obrigatório. Sem o artigo, todo passa a ser sinônimo de "qualquer", como na frase "todo homem é igual perante à Lei.” consigo / com você Falado: Vou consigo até a cidade. Certo: Vou com você até acidade. *Inverta a forma para conferir: de todas as que menos falaram, ela foi uma. renite / rinite Falado: Tenho renite. Certo: Tenho rinite. �orescentes / �uorescentes Falado: Lâmpadas �orescentes. Certo: Lâmpadas �uorescentes. quites / quite Falado: Eu estou quites com você. Certo: Eu estou quite com você. *QUITE é adjetivo e, portanto, deve concordar com a palavra a que se refere: Eu estou quite. Eles estão quites. vende-se / vendem-se Falado: Vende-se duas casas na praia. Certo: Vendem-se duas casas na praia. 117 interviu / interveio Falado: O professor interviu na briga. Certo: O professor interveio na briga. germinada / geminada Falado: Casa germinada. Certo: Casa geminada. *A casa não germina como planta. “Geminado” vem de gêmeas, unidas, iguais. descriminação / discriminação Falado: Diga não à descriminição! Certo: Diga não à discriminação! calabreza e portugueza / calabresa e portuguesa Falado: Pizza calabreza e portugueza. Certo: Pizza de calabresa e portuguesa. hipocresia / hipocrisia Falado: Pare com essa hipocresia. Certo: Pare com essa hipocrisia. bene�ciente / bene�cente Falado: Faremos um bazar bene�ciente. Certo: Faremos um bazar bene�cente. 118 Acesse: Disponível aqui Está on-line e pintou uma dúvida de como escrever uma palavra ou veri�car se ela existe na língua portuguesa? Pesquise no VOLP, o Vocabulário Ortográ�co o�cial da Língua Portuguesa. Exercícios Práticos O gabarito está no exercício. Mas não se autossabote! Não espie a resposta certa para fazer, ok? Vamos lá: 1. Escolha a forma correta: a) Estou cansado, (mas/mais) sairei com vocês. b) A equipe falou muito (mal/mau) do último gestor. c) Sou bem saudável: não fumo, (tampouco/tão pouco) bebo. d) Espero que você nunca (perda/perca) a vontade de se atualizar! e) Você não vai perder seus medos (se não/senão) tentar superá-los. f) (Onde/aonde) Lilian colocou os �chários? g) É preciso acabar com o (mal/mau) habito do sedentarismo. h) Foi uma (perda/perca) irreparável a saída dele. 119 http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario i) Não nos satisfaremos com (tampouco/tão pouco) na vida. j) Alguém sabe (onde/aonde) ela foi ontem à noite? k) A entrada para a cidade �ca (a/há) 1km daqui. l) Comece a fazer o relatório agora, (se não/senão) você vai atrasar. 2. Assinale C (certo) ou E (errado) para a gra�a da palavra em destaque: a) O projeto foi levado a todo o pais, de norte a sul. ( ) b) A conta foi paga e estamos quite. ( ) c) A hipocresia é uma das piores atitudes do ser humano. ( ) d) Sabemos que sucesso vem à custa de esforço. ( ) e) Em nível acadêmico, esta instituição é a melhor! ( ) f) Descriminação racial é crime. ( ) g) A polícia fez certo quando interveio na contenda dentro da escola? ( ) h) A �lial �ca a 200km daqui. ( ) i) Algumas substâncias provocam renite. ( ) j) A coroa portugueza foi símbolo de poder até o �m da monarquia. ( ) h) Estou na correria, mas, por ora, consigo um horário para atendê-lo. ( ) Gabarito 1: a) - mas; b) - mal; c) - tampouco;d) - perca; e) - se não; f) - onde; g) - mau; h- perda; i) - tão pouco); j) - aonde; k) - a); l) - senão; m) Gabarito 2: a) - C; b) - E; c) - E); d) - C; e)- C); f) - E); g) - C; h) - C; i) - E; j - E; k - C. 120 11 Homônimos e parônimos 121 Fonte: elaborado pela autora Quantas vezes você parou para pensar qual a gra�a correta de alguns termos e expressões da língua portuguesa? Se foram muitas vezes, não se preocupe: nosso idioma é cheio de pegadinhas na gra�a, mesmo. Mas chegou a hora de estudar em um nível conceitual, mais aprofundado, para que, da próxima vez que a dúvida surgir, você saiba onde procurar reposta e se corrigir. A diferença entre eminente e iminente é um exemplo clássico da confusão entre algumas palavras que são quase idênticas e têm signi�cados diferentes, e não é raro vermos pessoas consideradas estudadas - jornalistas, repórteres, professores, etc. - usarem-nas de forma trocada. Mas por que isso acontece? Porque vai de cada indivíduo descobrir um jeito de guardar qual é um e qual é outro, pois não há uma regra gramatical que justi�que tal semelhança. No caso, EMINENTE, segundo o dicionário on-line Priberam, signi�ca “ilustre, excelente, que excede os outros”. Já IMINENTE quer dizer “imediato, próximo, que está para acontecer”. Logo, são comuns expressões do tipo: perigo iminente risco iminente partida iminente morte iminente derrota iminente guerra iminente personalidade eminente posição eminente deputado eminente região eminente eminente diretora eminente obra 122 Homônimos Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia - às vezes, a mesma gra�a - , mas que possuem signi�cados diferentes. Exemplo 1: Acender (colocar fogo) / ascender (subir) Exemplo 2: Acento (sinal grá�co) / assento (lugar em que se senta) Veja alguns exemplos no quadro a seguir: 123 acender (colocar fogo)ascender (subir) acento (sinal grá�co) assento (local onde se senta) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) 124 Fonte: Disponível aqui espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) tachar (atribuir defeito a) taxar (�xar taxa) 125 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php Você já deve ter ouvido essa expressão, certo? Mas o correto é que alguém foi o bode ESPIATÓRIO ou o bode EXPIATÓRIO? O correto é “expiatório”, do verbo “expiar”, que quer dizer pagar por um erro, remir-se de uma culpa; e não “espiatório”, de quem está espiando. “Bode expiatório” é uma expressão usada para de�nir uma pessoa sobre a qual recaem as culpas alheias, quando alguém é acusado de um delito que não fez. É quando alguém leva sozinho a culpa de algo errado. Parônimos Parônimos são palavras com gra�as ou pronúncias parecidas, mas com signi�cados diferentes e por isso facilmente confundidas: Exemplo 1: Absolver (perdoar, inocentar) / absorver (sorver, aspirar). Exemplo 2: Cavaleiro (que cavalga) / cavalheiro (homem cortês, educado). EMIGRAR: Deixar um país, sair da sua pátria. Fonte: Disponível aqui IMIGRAR: Estabelecer-se em um país estrangeiro, geralmente em de�nitivo. Fonte: Disponível aqui Veja alguns exemplos no quadro a seguir: 126 absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver) apóstrofe (�gura de linguagem) apóstrofo (sinal grá�co) aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar) arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo) bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe) cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir) delatar (denunciar) dilatar (alargar) descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir) despensa (onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar) docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos) emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente) eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado) estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar) 127 Fonte: Disponível aqui �agrante (evidente) fragrante (perfumado) �uir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar) fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo) imergir (afundar) emergir (vir à tona) in�ação (alta dos preços) infração (violação) in�igir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) mandado (ordem judicial) mandato (procuração) peão (domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo) precedente (que vem antes) procedente (que tem fundamento) rati�car (con�rmar) reti�car (corrigir) recrear (divertir) recriar (criar novamente) soar (produzir som) suar (transpirar) sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito) sustar (suspender) suster (sustentar) tráfego (trânsito) trá�co (comércio ilegal) 128 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php Ao encontro de tem sentido positivo, signi�ca “em busca de”, “em direção a”, “para junto de”: Ele foi ao encontro do sucesso. De encontro a tem sentido negativo, signi�ca “em oposição a”, “para chocar- se com”: O motorista foi de encontro ao muro. Acerca de signi�ca “sobre”, “a respeito de”: Falei acerca de política. A cerca de: indica aproximação: Estava a cerca de 3 km daqui. E ainda temos Há cerca de: indica tempo decorrido: Brigamos há cerca de um mês. A princípio signi�ca no começo, para começar: A princípio, pensei em desistir. Em princípio signi�ca de maneira geral, sem entrar em detalhes, de forma geral: Em princípio, todos deveriam ter acesso à educação. Assistir ao signi�ca ver, olhar: Hoje vou assistir ao jogo/ à novela. Assistir signi�ca tomar conta, cuidar, dar assistência: O médico assistiu a paciente/ o paciente. Cessão: ato de ceder; A cessão do local pelo município tornou possível a realização da obra. Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, divisão: Em qual seção do ministério ele trabalha? E ainda temos Sessão: espaço de tempo que dura uma reunião, um congresso; reunião; espaço de tempo durante o qual se realiza uma tarefa: A próxima sessão legislativa será iniciada em 1º de agosto. Expressões parônimas Além de palavras, existem também expressões incluídas no conceito do que é parônimo: escritas ou pronunciadas de forma parecidas, mas com signi�cados diferentes. Vamos às mais problemáticas: 129 Conjectura: suspeita, hipótese, opinião. Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, circunstância. Despercebido: que não se percebeu, não observado, não notado. Meu aniversário passou despercebido, que triste. Desapercebido: desprevenido, que não está preparado, sem provisões: Quando viu que ela estava desapercebida, ele lhe roubou a bolsa. Traz: do verbo “trazer”. Todo dia ele traz um livro novo para casa. Trás: atrás, na parte posterior, detrás. Falar por trás das costas é fácil. Tente cara a cara! Fonte: adaptado de "Parônimos" em Só Português. Disponível aqui Exercícios Práticos Hora de pegar folha e papel! 1. Escolha o termo correto para o contexto: a) O político foi (caçado/cassado) por irregularidades parlamentares. b) É preciso ter (censo/senso) de coletividade para viver em sociedade. c) A idoneidade do diretor foi colocada em (cheque/xeque). d) A impressora precisa de (concerto/conserto) urgentemente. e) O (estrato/extrato) bancário pode ser adquirido via internet. f) Julia foi (tachada/taxada) de inconsequente. g) Luis sabe (coser/cozer) muito bem, mas ainda não sabe cozinhar. 130 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php h) Todos querem (acender/ascender) social e pro�ssionalmente na vida. i) Os (estratos/extratos) sociais mais baixos são sempre os mais afetados durante crises econômicas. 2. Veja os parônimos do quadro e coloque-os nas orações corretas: PRECEDENTES PROCEDENTES EM PRINCÍPIO A PRINCÍPIO DE ENCONTRO AOS AO ENCONTRO DOS DISCRIÇÃO DESCRIÇÃO ASSISTIU O ASSISTIU AO EMINENTE IMINENTE SEÇÕES SESSÕES a) _____________ , segundo a Constituição, todos somos iguais. b) A enfermeira ___________ jovem enfermo durante a tarde toda. c) Jacques Chirac era um ____________ político, ex-presidente da França. d) Peço a sua total __________ sobre esta entrevista de emprego. e) Todos os ________ dele indicam que se trata de uma ótima pessoa. f) Nós não concordamos politicamente: suas convicções vão _____________ meus ideais. g) Existem tantas _________ eleitoraisque nem sei em qual eu voto. h) Seus argumentos têm ____________ sólidos. Parabéns! i) Pensei em desistir ____________, mas logo recobrei a vontade de fazer exercícios físicos. 131 j) Nunca pensei que fôssemos tão parecidos! Meus planos vão _______________ seus! k) A __________ das mercadorias deve vir na nota �scal. l) Você ______________ curso exibido via internet? m) É _________ tomar uma decisão acertada: não temos mais margem para equívocos. n) Quantas ____________ de terapia serão necessárias para me darem um diagnóstico? Gabarito exercício 1: a) - cassado; b) - senso; c) - xeque; d) - conserto; e) - extrato; f) - tachada), g) - coser; h) - ascender; i) - estratos. Gabarito exercício 2: a) Em princípio b) assistiu o c) eminente d) discrição e) precedentes f) de encontro aos g) seções h) procedentes i) a princípio j) ao encontro dos k) descrição l) assistiu ao m) iminente n) sessões 132 12 Formas de porquês 133 PORQUE Segundo Martins e Zilberknop (2019), escreve-se porque, em uma só palavra, quando se trata de uma conjunção causal ou explicativa. Signi�ca por causa de, pois: Exemplo 1: Vamos nos apressar, porque o ônibus vem vindo. Exemplo 2: Sou feliz porque tenho quem cuide de mim.m sentido positivo, signi�ca “em busca de”, “em direção a”, “para junto de”: Ele foi ao encontro do sucesso. POR QUE Usa-se quando for "o motivo pelo qual" (geralmente usado junto dos verbos do tipo “saber, entender, descon�ar, imaginar, supor”) e no começo ou meio de perguntas. Exemplo 1: Agora eu sei por que você sempre vai embora mais cedo. Exemplo 2: Por que a gente nunca vai jantar no restaurante japonês? Exemplo 3: Não entendo por que ele saiu e nem deu tchau. PORQUÊ É um substantivo que pode ser substituído pela palavra “motivo”. Vem junto de artigo (O/UM PORQUÊ = O/UM MOTIVO), de um pronome possessivo (MEU PORQUÊ = MEU MOTIVO) e tem plural (OS PORQUÊS). Exemplo 1: Você só arruma desculpa para não sair, é um porquê atrás do outro! Olá, estimados(as)! Já que estamos na aula passada falamos de palavras e expressões fáceis de confundir, vamos dar continuidade ao conteúdo com as quatro formas de porquês. Na língua portuguesa, existem quatro formas de usar o porquê: PORQUE (junto e sem acento) POR QUE (separado e sem acento) PORQUÊ (junto e com acento) POR QUÊ (separado e com acento) 134 Exemplo 2: A infância é a fase dos porquês. POR QUÊ Quando o "que" estiver em �nal de sentença ou interrogação, ou seja, ao lado da pontuação (seja ponto �nal ou vírgula), precisa sempre ter o acento, em todos os casos. Exemplo 1: Ele está triste por quê? Por quê? Exemplo 2: Ninguém me explicou por quê, mas não vamos receber aumento. Fonte: arquivo pessoal Veja esta capa: O livro acima era uma famosa enciclopédia de perguntas e respostas dos anos de 1960 e 70; uma espécie de “minigoogle” da era pré-internet. Mas talvez não fosse bom fazer a esse oráculo perguntas sobre gramática ou uso dos porquês – a própria capa estampa o uso errado. Qual seria a gra�a certa? É “por quê” separado, por se tratar de uma interrogativa isolada, sozinha e sem complemento (�nal da pergunta). Enquanto isso, na internet... 135 A cantada pode até ser boa (será?), mas o “por que” deveria ser separado: mesmo estando no meio da frase, trata-se de uma interrogativa. 136 Exercícios Complete com POR QUE, POR QUÊ, PORQUE, PORQUÊ: a) ....................................... você não �ca mais um pouco? b) Ele não faz os exercícios ........................... não quer. c) Não entendo o ............................ dessas atitudes rudes. d) Gostaria de saber o motivo ........................... você não veio ontem. e) Não sei ........................... ele não gosta dela. f) Você não mandou a fatura.....................? g) Nem sempre chegamos a saber o ................. das coisas. h) Sua atitude era elogiável ....................... era sincera. i) Estes são os direitos ...................estamos lutando. j) Falta saber............ estamos sem luz elétrica. k) Eles estão revoltados ............? l) Não fui ............ não tive tempo. 137 Fonte: Adaptado de Martins e Zilberknop, 2019. Gabarito a) POR QUE você não �ca mais um pouco? b) Ele não faz os exercícios PORQUE não quer. c) Não entendo o PORQUÊ dessas atitudes rudes. d) Gostaria de saber o motivo POR QUE você não veio ontem. e) Não sei POR QUE ele não gosta dela. f) Você não mandou a fatura POR QUÊ? g) Nem sempre chegamos a saber o PORQUÊ das coisas. h) Sua atitude era elogiável PORQUE era sincera. i) Estes são os direitos POR QUE estamos lutando. j) Falta saber POR QUE estamos sem luz elétrica. k) Eles estão revoltados POR QUÊ? l) Não fui PORQUE não tive tempo. 138 13 Verbos problemáticos 139 Olá a todos! Nesta aula, vamos falar sobre alguns verbos problemáticos quando se trata de conjugação. Um exemplo: o verbo “caber”, no presente, na primeira pessoa do singular (“eu”), �ca “caibo”. O verbo medir �ca “meço”. São formas irregulares, mas mesmo assim, pela frequência do uso, é mais fácil de responder. Mas e o verbo “explodir”? “Eu explodo, eu expludo?” E “abolir?” “Eu abulo?” Antes de irmos à matéria, adianto que esses dois verbos (explodir e abolir) não têm forma de presente na primeira pessoa do singular (eu). Verbos defectivos Defectivo vem de “defeituoso”. Assim, verbos defectivos são aqueles que possuem uma conjugação incompleta, ou seja, não se conjugam em todos os modos, tempos e pessoas. Os motivos pelos quais esse fato ocorre são variados: alguns verbos se fossem conjugados iriam se confundir com outros, como é o caso de “falar” e “falir”, que na 1ª pessoa do indicativo (eu) �cariam do mesmo modo (“falo”). Assim, somente o verbo “falar” tem conjugação na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Para expressar o verbo “falir”, é preciso usar outra expressão, como “Estou indo à falência” ou “Vou falir”. Além do problema de equívoco que os verbos defectivos poderiam causar, há ainda outras causas: algumas formas são repudiadas porque causam sons desagradáveis, por não serem comuns no cotidiano ou por terem conotações pejorativas. Porém, vale destacar que o fato de um verbo ser caracterizado como defectivo hoje não quer dizer que será assim para sempre. A língua é viva, e nós, como falantes nativos, podemos adaptar a escrita à fala de acordo com a necessidade da época em que estamos. 140 Defectivos inexistentes com o pronome “eu” no presente Vejamos uma lista de verbos defectivos inexistentes no presente, na 1ª pessoa do singular (eu): abolir compelir �orir* adir demolir ganir banir discernir imergir bramir esbaforir latir* brandir exaurir munir carpir explodir retorquir colorir extorquir ruir comedir-se falir submergir *verbos unipessoais, ou seja, que não são atribuídos a pessoas (chover, ventar, nevar, miar, rugir, mugir...) são usados apenas em linguagem �gurada ou poética por razões óbvias. Defectivos existentes com o pronome “eu” no presente Agora, vamos a uma lista de verbos que existem na 1ª pessoa do presente do indicativo, mas que podem causar dúvidas quanto à sua forma por soarem estranhos: 141 Fonte: Adaptado de Almeida, 1985. ACUDIR – EU ACUDO RESSARCIR - EU RESSARÇO ADERIR – EU ADIRO COMPUTAR - EU COMPUTO CABER – EU CAIBO EXPRIMIR - EU EXPRIMO COMPETIR - EU COMPITO COIBIR - EU COÍBO AGUAR – EU ÁGUO DIVERGIR - EU DIVIRJO MEDIR – EU MEÇO VALER - EU VALHO ADEQUAR – EU ADÉQUO AQUECER - EU AQUEÇO MEDIAR – EU MEDEIO PERDER - EU PERCO INTERMEDIAR – EU INTERMEDEIO POLIR - EU PULO ANSIAR – EU ANSEIO JAZER - EU JAZO REQUERIR – EU REQUEIRO ROER - EU ROO FREAR – EU FREIO (RE)ERGUER – EU (RE)ERGO RIR – EU RIO ABRANGER - EU ABRANJO SACAR – EU SACO PENTEAR - EU PENTEIO MAQUIAR - EU MAQUIO 142 Você viu na lista anterior que “intermediar” é “eu intermedeio”? Embora estranho, isso acontece com alguns verbos com a mesma terminação, e para você memorizar, pense na regra do MÁRIO, que reúne as iniciais dosprincipais verbos com esse padrão de conjugação: Mediar Ansiar Remediar Incendiar Odiar Ter, pôr, vir e ver (e derivados) A maior di�culdade em relação aos verbos TER, PÔR, VIR E VER é a conjugação deles em certos tempos e modos. O certo é "quando eu pôr" ou "quando eu puser"? "Se eu vir ao colégio" ou "Se eu vier ao colégio?". 143 ter – deter, reter, conter, entreter . pôr – propor, supor, depor, opor, expor, compor, antepor, contrapor, recompor, transpor . vir – intervir, sobrevir, convir, desavir . ver – prever, antever, rever, prover . Errado: Se mantermos contato, será legal. Certo: Se mantivermos contato, será legal. Errado: Esperava que você se oponhasse ao cargo. Certo: Esperava que você se que você se opusesse ao cargo. Lembra-se do modo subjuntivo? O tempo verbal denominado pretérito do subjuntivo indica hipótese e condição, e é iniciado pela conjunção "se" ou pela conjunção "caso". São aqueles que terminam na desinência "-sse": "Se eu estudasse”, "Caso estudássemos mais". O tempo verbal denominado futuro do subjuntivo indica possibilidade futura. É iniciado pela conjunção "quando" ou pela conjunção "se" e caracterizado pela desinência "ar", "er" ou "ir" e geralmente acompanhado de outro verbo no futuro do presente do indicativo: "Se eu estudar mais, conseguirei melhores notas"; "Quando estudarmos mais, conseguiremos melhores notas". Agora analisemos os verbos apresentados como problemáticos - ter, pôr, vir e ver e derivados: 144 Errado: Se a empresa o mantesse , seria um desastre. Certo: Se a empresa o mantivesse , seria um desastre. Errado: Quando pormos dinheiro na conta, nós avisamos. Certo: Quando pusermos dinheiro na conta, nós avisamos. Errado: Se o IR reter minha declaração, terei que refazê-la. Certo: Se o IR retiver minha declaração, terei que refazê-la. Errado: Se você ver a professora, mande um abraço. Certo: Se você vir a professora, mande um abraço. Errado: Ela iria embora se suposse o que aconteceria. Certo: Ela iria embora se supusesse o que aconteceria. Errado: Embora eu prevesse minha nota, foi pior ainda! Certo: Embora eu previsse minha nota, foi pior ainda! Errado: Se ele composse algo bom, eu escutaria. Certo: Se ele compusesse algo bom, eu escutaria. Errado: Vou devolver a caixa se ela conter nove unidades. Certo: Vou devolver a caixa se ela contiver nove unidades. Errado: Quando ela vir , peça que traga um casaco. Certo: Quando ela vier , peça que traga um casaco. 145 Acesse: Disponível aqui Um recurso bastante prático é o conjugador online. É só digitar o verbo sobre o qual você tem dúvida e aparece a conjugação completa, em todos os tempos, modos e pessoas. 146 http://www.conjugador.com.br/ 14 Vícios de linguagem: você tem? 147 Algumas incorreções acontecem com mais frequência na escrita; outras, mais na fala. O fato é que é necessário cuidado constante para evitar vícios de linguagem em qualquer situação comunicativa, pois em algum momento você será testado. Um exemplo são as redações e respostas dissertativas que muitas entrevistas de emprego e processos seletivos exigem. Nessas situações, mais do que testar seu nível de conhecimento, o que se analisa é a sua capacidade de se expressar na linguagem escrita com menor número possível de erros gramaticais e vícios de linguagem. Assim, vamos abordar aqui os principais vícios de linguagem com o propósito de fornecer suporte para que você, aluno(a), identi�que se possui algum desses hábitos ruins na fala ou na escrita. Vamos lá? Pleonasmo ou redundância Pleonasmo é uma �gura de linguagem que signi�ca usar as palavras de forma redundante, por isso é também chamado de redundância. Fugindo um pouco do “subir pra cima”, “descer pra baixo”, “sair pra fora” e “entrar pra dentro”, note que as pessoas falam coisas do tipo “encarar os fatos de frente” (tem como encarar de lado ou de costas?), “dar ré para trás” (tente dar ré para o lado!), ter “hemorragia de sangue” – sem comentários – e “repetir de novo” (seriam três vezes então?). 148 PUXE PARA FORA Veja e marque quais dessas redundâncias você já falou ou já viu por aí: Abismo sem fundo Abusar demais Acabamento �nal Adega de bebida Adiar para depois Amanhecer o dia Anexar junto Arvore oca por dentro Avançar para frente Batom na boca Canja de galinha Comparecer em pessoa Hemorragia de sangue Hepatite do fígado Individual de cada um Introduzir dentro Labaredas de fogo Lágrimas nos olhos Lançamento novo Manter o mesmo Massa polar fria Minha opinião pessoal Monopólio exclusivo Negociata suja 149 Consenso geral Conviver juntos Criar novos Crise caótica Decapitar a cabeça Dé�cit negativo Descoberta de novos Devolvido de volta Duas metades iguais Elo de ligação Empréstimo temporário Encarar de frente Engolir pela boca Exportar para fora Exultar com alegria Fato verídico Ganhe grátis Novidade inédita Orbitar ao redor Perpetuar-se para o futuro Planejar antecipadamente Plebiscito popular Pomar de frutas Preconceito intolerante Principal protagonista Recuar para trás Reincidir de novo Repetir outra vez Safra agrícola Sorriso nos lábios Surpresa inesperada Útero materno Vereador municipal Voar pelos ares 150 Errado: SE CASO você quiser, podemos marcar uma aula. Certo: SE você quiser , podemos marcar uma aula. Ou: CASO você queria, podemos marcar uma aula. Errado: HÁ um ano ATRÁS , mudei-me para cá. Certo: HÁ um ano, mudei-me para cá. Ou: Um ano ATRÁS , mudei-me pra cá! Errado: Ela NEM SEQUER me deu tchau ao sair. Certo: Ela NEM me deu tchau ao sair. Ou: Ela SEQUER me deu tchau ao sair. Errado: Nós NUNCA JAMAIS enfrentamos um processo judicial. Acesse: Disponível aqui Para complementar a leitura, veja um vídeo clássico do “Nós na Fita” - a dupla Marcius Melhem e Leandro Hassum - abordando alguns pleonasmos com muito humor. Redundância sintática A redundância não acontece apenas em nível de sentido, mas também de estrutura. Veja: 151 https://www.youtube.com/watch?v=Qbm2w_T4laY Certo: Nós NUNCA enfrentamos um processo judicial. Ou: Nós JAMAIS enfrentamos um processo judicial. Errado: O assunto AINDA vai CONTINUAR em discussão por muito tempo. Certo: O assunto AINDA vai �car em discussão por muito tempo. Ou: O assunto vai CONTINUAR em discussão por muito tempo. Errado: AMBOS OS DOIS candidatos foram bem na prova. Certo: AMBOS OS candidatos foram bem na prova. Ou: OS DOIS candidatos foram bem na prova. Errado: TODOS da classe foram UNÂNIMES na escolha do representante. Certo: TODOS da classe escolheram o representante. Ou: A classe foi UNÂNIME na escolha do representante. 152 Certamente você já deve ter visto a placa acima em algum elevador, certo? E por que ela está em um material sobre erros da língua portuguesa? Por causa do pronome “mesmo”. Há uma tendência equivocada principalmente na linguagem escrita de se utilizar esse termo para substituir um substantivo. Por exemplo: “Consultei vários autores, e os mesmos indicaram a solução da questão” está errado. O correto é: “Consultei vários autores, e eles indicaram a solução da questão.” “Li a crônica e tirei conclusões da mesma” (Errado). “Li a crônica e tirei conclusões dela” (Correto). Assim, antes de escrever o termo “o mesmo” ou “a mesma”, pare e analise se há outro jeito de escrever a frase. No caso da placa do elevador, uma opção seria a frase “ANTES DE ENTRAR, VERIFIQUE SE O ELEVADOR ENCONTRA-SE PARADO NESTE ANDAR”. Ah: e se você tem idade para lembrar do extinto Orkut, você talvez se lembre de que lá havia uma comunidade chamada “Eu tenho medo do mesmo” satirizando esse aviso do elevador. 153 Ambiguidade A transcrição acima é da embalagem de um produto e ilustra bem o que é ambiguidade: quando uma mensagem está escrita de tal maneira que causa certa estranheza quanto ao signi�cado, geralmente relacionado à ordem das palavras. Nesse caso, a expressão “em pó” está no lugar errado na frase, causandoa sensação imediata de que os atletas são em pó. Obviamente, sabemos que tal coisa não existe, mas demonstra um despreparo linguístico e leva a um problema de coesão e coerência. O adequado seria “suplemento energético em pó para atletas”. Outros exemplos de ambiguidade: O garoto está sentado perto do banco. (banco, aqui, é um assento ou uma agência bancária?) Uma construção como "O garoto está sentado perto do banco da praça" não deixaria esta dúvida. O sargento estava precisando do cabo. (este cabo é relativo à patente de um militar ou ao cabo de uma vassoura, por exemplo?) 154 Tomei o isqueiro de João. (tomei o isqueiro que estava com João ou o isqueiro que pertencia a João?) Preciso da chave do armário que estava na cozinha. (quem estava na cozinha, a chave ou o armário?) Pedro disse a Jorge que seus argumentos convenceriam seu pai. (os argumentos de quem convenceriam: de Pedro ou de Jorge?) Crianças que comem doces frequentemente têm cáries. (crianças que frequentemente comem doces ou crianças têm cáries frequentemente?) A ambiguidade também pode acontecer por uso incorreto dos pronomes possessivos. Hoje, estabeleceu-se na mídia (jornalismo, legendagem, etc.) que é melhor utilizar o os pronomes dele e dela no lugar de “seu” quando se refere a uma terceira pessoa. Veja: O enunciado diz “seu cão”, ou seja, do dono do cão (ou tutor, como as associações de proteção a animais sugerem), o que está correto. Mas o erro foi usar “suas fezes” no lugar de “as fezes dele”, ou simplesmente “recolha as fezes” – obviamente as fezes do cachorro. 155 Bom, se é para cumprir a lei, então ninguém mais anda no Trianon em São Paulo, parque em que se encontra a placa de onde a transcrição acima foi tirada: nem bicicleta, nem adulto, nem criança. Gerundismo Quando se fala em gerundismo - e se fala bastante! -, é comum as pessoas apresentarem muitas dúvidas sobre esse conceito gramatical. Há até quem pergunte se a forma verbal do gerúndio não é mais usada ou se é errado usá-la. Mas é muito importante salientar que gerúndio e gerundismo são coisas distintas! Então, antes que se comece a tomar o certo pelo duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas regras: GERÚNDIO é o nome dado à forma verbal que termina em “-NDO”: estudando, escrevendo, sorrido, propondo, etc. Essa forma expressa uma ação em curso no presente ou no passado, e pode ser usado sozinho ou com outro verbo (composto): 1. Vi as crianças brincando na pracinha. 2. Os alunos estavam conversando enquanto a professora explicava a matéria. 3. Ela chegou alegrando o escritório. 4. Este ano, estou estudando com a�nco. 156 O problema, contudo, é que o gerúndio passou a ser utilizado para conferir ao verbo uma ideia de progressividade no futuro e, conforme a norma culta, isso caracteriza erro ou vício de linguagem: 1. Eu vou estar fazendo um bolo para o seu aniversário. 2. Eu estarei telefonando para a escola para conversar com a professora. 3. Você pode estar depositando o valor amanhã. 4. Nós vamos estar resolvendo o problema assim que possível. O segredo é ter cuidado dobrado quando você usar verbos no gerúndio. 157 Fonte: elaborado pela autora Exercícios 1) Leia este aviso, comumente encontrado em locais público: Como vimos, criou-se recentemente a palavra “gerundismo” para designar o uso abusivo do gerúndio. Na sua opinião, esse tipo de desvio ocorre no aviso acima? Explique. Resposta: No aviso em questão, não há desvio de gerundismo, pois a forma verbal de gerúndio foi empregada de forma correta. A construção “está sendo �lmado” dá a ideia correta de continuidade. Errado seria “você pode estar sendo �lmado”, com ideia no futuro. 158 15 Erros comuns da língua portuguesa 159 “Um bom professor de português quer formar bons usuários da língua escrita e falada, e não prováveis candidatos ao Prêmio Nobel de literatura!” - Marcos Bagno, professor, sociolinguista e �lólogo brasileiro. Não é novidade nenhuma que o nosso idioma é complexo por natureza, e que é exatamente a essa complexidade que devemos prestar atenção e começar a nos corrigir, a nos acostumar com o correto. É o que chamamos de “pegadinhas” nas avaliações, mas que na verdade é um ponto que os avaliadores têm para medir o grau de contato do candidato com o idioma. Ninguém, nem mesmo pro�ssionais da área de Letras, é obrigado a saber de tudo – para isso existe o auxílio de livros, dicionários e gramáticas. Mas o que se espera é que o aluno, em algum momento da sua vida, estude português em um nível tal que seja capaz de se destacar de outros que nunca buscaram saber como falar e escrever corretamente. Uma pequena informação a mais que o concorrente e você já está um passo à frente dele. Assim, a intenção é oferecer um panorama dos problemas mais comuns observados na população média e tentar saná-las. Preparado? Acesse: Disponível aqui Antes de iniciarmos esta discussão, assista a uma reportagem que revela um número surpreendente: em cada dez pessoas que passam por uma entrevista de emprego, sete são reprovadas porque falam e escrevem errado. Vá lá: 160 https://www.youtube.com/watch?v=ygNTfjFScjg Errado: Fazem 12 anos que não viajo ao exterior. Certo: Faz 12 anos que não viajo ao exterior. Errado: Aquele foi o tempo onde mais fomos felizes. Certo: Aquele foi o tempo em que/quando mais fomos felizes. Errado: Acusamos o recebimento do email. Certo: Con�rmamos o recebimento do email. Errado: Este livro é para mim ler , não é? Certo: Este livro é para eu ler , não é? Errado: Ela devia ter chego antes, mais está atrasada. Certo: Ela devia ter chegado antes, mas está atrasada. Errado: Diga que volto daqui há pouco. Certo: Diga que volto daqui a pouco. Errado: Ele comprou trezentas gramas de mussarela . Certo: Ele comprou trezentos gramas de muçarela . Errado: Quando nós vamos se ver denovo ? Certo: Quando nós vamos nos ver de novo ? Erros genéricos A comparação abaixo é uma coletânea de erros comumente encontrados em escritos de diferentes gêneros: pro�ssionais, acadêmicos, empresariais e pessoais. Con�ra e corrija-se! 161 Errado: Houveram vários acidentes ontem. Certo: Houve vários acidentes ontem. Errado: Haviam dez alunos na sala. Certo: Havia dez alunos na sala. Errado: Ela mesmo arrumou a sala. Certo: Ela mesma arrumou a sala. Errado: Agente não vamos faltar amanhã. Certo: A gente não vai faltar amanhã. Errado: Entre eu e ele não há conversa nem acordo. Certo: Entre mim e ele não há conversa nem acordo. Errado: A energia falhou derrepente, porisso perdemos o trabalho. Certo: A energia falhou de repente, por isso perdemos o trabalho digitado. Fonte: elaborado pela autora. 162 MENAS E MEIA É o seguinte: “menas” NÃO EXISTE. Nunca. Em contexto nenhum. O advérbio é sempre masculino, logo, “Hoje eu tenho MENOS MATÉRIA para estudar”, ou “Ela está MENOS CANSADA que ontem.” Quanto à palavra “meia”, o termo não tem feminino quando dá uma quantidade; um nível para o adjetivo que o acompanha: “A bebê está MEIO SONOLENTA.” Porém, tem feminino quando quer dizer metade: “Comi apenas MEIA MAÇÔ, “Agora são meio dia e MEIA (hora)”. Outro caso é quando “meia” se refere ao substantivo “pedaço de pano costurado que se põe nos pés para aquecê-los”. O particípio O particípio é uma das chamadas formas nominais do verbo (Lembra-se? São aqueles que, na maioria, terminam em -ado e -ido: amado, comprado, pagado, aliado, completado, falido, partido...). É assim chamado por não apresentar modo e tempo ou número e pessoa, parecendo mais um adjetivo do que uma forma verbal. Por isso, a principal função do particípio é expressar uma ação concluída, terminada, mas há muitos casos em que ele faz a função de adjetivo: O rapaz chegou em casa todo molhado. Os sapatos estavam jogados no canto da sala. 163 Exemplos: falar - falado: O senador não deveria ter falado besteira no discurso. caminhar - caminhado: Nós já tínhamos caminhado pela manhã. morrer - morrido: A mãe dele haviamorrido fazia três meses. comer - comido: Se você tivesse comido mais, passaria mal! chegar - chegado: Ela já deveria ter chegado. Aquelas mulheres não eram amadas, mas maltratadas pelos maridos Nas suas formas regulares, o particípio termina em –ADO ou –IDO, e é usado junto com os verbos TER e HAVER em qualquer tempo, modo ou pessoa, formando uma locução: Particípio irregular Alguns particípios apresentam duas formas de particípio: a REGULAR, terminada em - ADO ou -IDO, e a IRREGULAR, que é uma forma reduzida. Veja: 164 INFINITIVO REGULAR IRREGULAR Aceitar Aceitado Aceito Entregar Entregado Entregue Expressar Expressado Expresso Expulsar Expulsado Expulso Matar Matado Morto Salvar Salvado Salvo Acender Acendido Aceso Benzer Benzido Bento Eleger Elegido Eleito Morrer Morrido Morto Prender Prendido Preso Suspender Suspendido Suspenso Exprimir Exprimido Expresso Extinguir Extinguido Extinto Imprimir Imprimido Impresso Tingir Tingido Tinto 165 Alguns particípios não têm as duas formas (regular e irregular), mas apenas a irregular: Abrir – aberto Cobrir – coberto Descobrir - descoberto Dizer – dito Escrever – escrito Fazer – feito Pôr – posto Ver – visto Vir – vindo Voltando à regra, com os verbos TER e HAVER usa-se os regulares (primeira coluna), e com os verbos SER e ESTAR, os irregulares (segunda coluna). Exemplos: A professora HAVIA IMPRIMIDO as provas. As provas ESTÃO IMPRESSAS. Você deveria TER SALVADO os arquivos. Nenhum FOI SALVO. Assim sendo, estão erradas frases do tipo: A professora havia chego fazia muito tempo. O 13º foi empregue na reforma da casa. Ela podia ter trago o bolo. Você podia ter impresso a matéria antes! 166 O correto é: A professora havia chegado fazia muito tempo. O 13º foi empregado na reforma da casa. Ela podia ter trazido o bolo. Você podia ter imprimido a matéria antes! COM OS VERBOS TER E HAVER COM OS VERBOS SER OU ESTAR pagado pago entregado entregue gastado gasto aceitado aceito salvado salvo prendido preso morrido morto matado morto fritado frito elegido eleito 167 Há uma grande discussão sobre algumas formas, principalmente GANHADO/GANHO, PAGADO/PAGO e PEGAR/PEGO com ter e haver. Já se nota nas ruas, na tevê e na imprensa em geral o uso de estruturas tais como: “Ela devia ter pego o ônibus” e “Eu tinha ganho um dinheiro”, o que pode vir, no futuro, a se tornar regra. Porém, algumas referências consagradas como o Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo e obras de gramáticos in�uentes garantem que na norma culta, aquela que nos é exigida em provas e concursos, ainda vale as formas “ter pagado”, “ter pegado”, etc. “Chego” não existe como particípio! O correto é “tinha chegado”. A PLANILHA SEGUE ANEXA. – singular e feminino. AS PLANILHAS SEGUEM ANEXAS. – plural e feminino. O ARQUIVO SEGUE ANEXO. – singular e masculino. OS ARQUIVOS SEGUEM ANEXOS. – plural e masculino. Porém, a expressão adverbial “em anexo” não faz a concordância: A PLANINHA SEGUE EM ANEXO / AS PLANILHAS SEGUEM EM ANEXO. A concordância de “anexo” Vamos pensar na palavra “anexo”. “Anexo” é adjetivo, logo, deve concordar emgênero e número com os substantivos: 168 SEGUE ANEXA A PLANILHA / SEGUEM ANEXAS AS PLANILHAS. SEGUE ANEXO O ARQUIVO / SEGUEM ANEXOS OS ARQUIVOS. Em emails, no caso da expressão “segue anexo”, geralmente iniciamos a frase com o verbo “segue” e esquecemos de concordá-lo com o sujeito, ou seja, a coisa anexada. Logo, as frases do exemplo acima �cam: “Fui eu que �z” ou “Fui eu quem �z”? Quem nunca teve essa dúvida de concordância, não é? Qualquer que seja o verbo, são duas as formas corretas, mas a diferença está no uso dos pronomes QUE e QUEM. Veja: 1 – Fui eu QUE ENVIEI o relatório. = eu enviei. 2 – Fui eu QUEM ENVIOU o relatório. = quem enviou? Eu. 169 16 O novo acordo ortográfico 170 "En�m consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os mesmos nomes delas. Atordoamento, preguiça, desespero, vontade de acabar-me. Veio terceiro alfabeto, veio quarto, e a confusão se estabeleceu, um horror de quiproquós.” - Graciliano Ramos. Nossa aula de hoje trata de um tópico que tem causado polêmica e dor de cabeça em alunos e professores: o acordo ortográ�co da Língua Portuguesa, ou simplesmente a nova ortogra�a. Polêmica porque muitos não veem sentido prático para as alterações e simplesmente as ignoram, preferindo escrever ainda da forma como aprenderam tempos atrás; e dor de cabeça porque, no geral, a população reclama que em muitos casos nem sabia a forma correta de usar o hífen, por exemplo, e agora precisam estudar regras que as confundem ainda mais. Mas não há motivo para preocupação! Basta ter a consciência de que o acordo tem caráter o�cial e deve ser respeitado. Assim, não podemos ignorá-lo ou achar que são mudanças pequenas; que só um hífen ou um acento agudo não faz diferença na escrita. Pois faz, e são essas diferenças que podem excluir ou aprovar um candidato em um processo seletivo ou concurso. 171 Fonte: Disponível aqui Em resumo, o Acordo Ortográ�co está em vigor no Brasil desde 1º de janeiro de 2009, mas foi proposto inicialmente em 1990, quando assinado em Lisboa (Portugal) e só aprovado em 1995. A rati�cação de Portugal ocorreu em 2008 e no ano seguinte o acordo foi decretado no Brasil. A princípio, havia sido determinado um prazo até 2013 para que as editoras e os brasileiros em geral absorvessem todas as mudanças que, en�m, tornar-se-iam normas obrigatórias. Mas esse prazo foi estendido pelo governo brasileiro até 2016, o que não nos desobriga de estudá-lo e usá-lo. O Portal da Língua Portuguesa traz uma explicação das questões diplomáticas do acordo, que envolve os sete países de língua o�cial portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). Traz também o link para que você conheça as reformas que o português sofreu desde 1911. É puro conhecimento, aproveite! Acesse: Disponível aqui Como preparatório para o material que aqui estudaremos, deixo um vídeo em que o Profº Sérgio Nogueira faz um “resumão” e relembra as regras de acentuação (monossílabos, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas). Isso vai nos ajudar imensamente a entender a nova ortogra�a: 172 http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php http://www.youtube.com/watch?v=4v0YnGCrruA%E2%80%8D Para facilitar nossos estudos e principalmente para que você tenha um material de consulta, vamos separar as mudanças quanto aos acentos e outros sinais (trema e hífen). Comecemos pelo ACENTO AGUDO. Como era alcalóide alcatéia andróide apóia apóio asteróide bóia celulóide clarabóia colméia Coréia debilóide epopéia estóico estréia estréio (verbo estrear) geléia heróico idéia jibóia jóia odisséia paranóia paranóico platéia tramóia Como �ca alcaloide alcateia androide apoia (verbo apoiar) apoio (verbo apoiar) asteroide boia celuloide claraboia colmeia Coreia debiloide epopeia estoico Acento Agudo O acento agudo deixa de existir em alguns poucos casos, vejamos: Paroxítonas: CAI O ACENTO DE “EI” E “OI” E DE HIATOS COM “I” E “U” 1. Nas palavras paroxítonas, ou seja, naquelas cuja sílaba tônica recai na penúltima sílaba, os ditongos abertos ei e oi que eram acentuados, não são mais. Assim, alguns termos que hoje se escreve de um jeito, tomam novos formatos ortográ�cos, como: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, etc. Já outros, continuam como sempre foram: cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc. 173 estreia estreio geleia heroico ideia jiboia joia odisseia paranoia paranoico plateia tramoia Porém, o acento agudo permanece nas oxítonas (palavras cuja sílaba tônica incide na última sílaba) e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos -éi, -éu ou -ói, seguidos ou não de –s: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc. = todos continuam igual 2. Nas palavras paroxítonas com hiatos formados com i e u, sendo que a vogal anterior a estasfaz parte de um ditongo, ou seja, quando são precedidas de ditongo. Dessa forma, feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca. Como era abençôo crêem (verbo crer) dêem (verbo dar) dôo (verbo doar) enjôo lêem (verbo ler) magôo (verbo magoar) perdôo (verbo perdoar) povôo (verbo povoar) vêem (verbo ver) vôos zôo Como �ca abençoo creem deem doo enjoo leem magoo perdoo povoo veem voos zoo Acento Circunflexo Não existe mais circun�exo nos pares dobrado de “e” e “o”. Assim, antes era: crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem e agora �ca: creem, deem, leem, veem, releem, preveem. De igual modo, o acento circun�exo deixa de existir na vogal tônica “o” de palavras paroxítonas, assim como: enjoo, voo, abençoo, perdoo. 174 Como era Ele pára o carro. Ele foi ao pólo Norte. Ele gosta de jogar pólo. Esse gato tem pêlos brancos. Comi uma pêra. Como �ca Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára (verbo)/para (preposição), pêlo(s)(substantivo)/pelo(s)(preposição), pólo(s)/polo(s) Atenção: permanece o acento diferencial em pôde/pode.Pôde é a forma do passado do verbo poder. Pode é a forma do presente do indicativo. Veja : Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. Exemplo 1: Vocês têm muito o que aprender! Exemplo 2: Os pais sempre intervêm nas escolhas dos �lhos. Exemplo 3: Será que eles vêm de carro ou de ônibus? Exemplo 4: As caixas contêm dez unidades cada. 175 O acento diferencial de número (plural) permanece na terceira pessoa do plural dos verbos TER e VIR e dos respectivos derivados. Nesse aspecto, não houve alteração, ou seja, a regra foi mantida: TER - Ele tem / Eles têm VIR- Ele vem / Eles vêm Trema Sim, podemos dizer adeus ao trema (¨)! Assim sendo, palavras que normalmente eram grafadas com o trema, como lingüiça, tranqüilo, lingüística, bilíngüe, freqüentar, cinqüenta, agüenta, etc., não possuem mais o trema. Essa nova regra justi�cou-se no fato de que há ditongos na língua que não precisam do trema para indicar a quem lê o fato do “u” ter que ser pronunciado ou não, como em: língua e quente. No primeiro caso, sabe-se que o “u” deve ser pronunciado e no segundo não. Este fato não tem a ver com gra�a e sim com fonética, ou seja, com o modo de dizer e não com o de escrever, tornando o trema desnecessário. 176 Hífen Usa-se hífen com substantivos compostos cujas palavras quando separadas continuam fazendo sentido isoladamente: guarda-chuva (guarda e chuva), boa-fé (boa e fé), segunda-feira (segunda e feira), mesa-redonda (mesa e redonda), porta-malas (porta e malas), etc. Esses substantivos continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu- glu, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre. Esses substantivos também continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen. Não se usa o hífen – e nunca se usou – em compostos como pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, cara a cara, �m de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra. O acordo também se refere a palavras formadas por pre�xos (anti, super, ultra, sub, etc.) ou por elementos que podem funcionar como pre�xos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo, etc.). Casos Gerais do Hífen 1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico anti-histamínico macro-história mini-hotel proto-história sobre-humano super-homem ultra-humano 2. Usa-se o hífen se o pre�xo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Exemplos: micro-ondas micro-ônibus 177 anti-in�amatório sub-bibliotecário inter-racial 3. Não se usa o hífen se o pre�xo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos: autoescola autoestima antiaéreo superinteressante intermunicipal agroindustrial supersônico aeroespacial geopolítica anticoncepcional semicírculo Atenção: segundo a nova ortogra�a, se o pre�xo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, essas letras dobram: minissaia / autorretrato / antirracismo / ultrassensível / ultrassom / antisséptico / semirreta 4. Usa-se o hífen com os pre�xos ex, sem, além aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Exemplos: além-mar além-túmulo aquém-mar ex-aluno ex-diretor ex-presidente pré-história pré-vestibular pró-europeu recém-casado recém-nascido sem-terra 178 pós-graduação vice-reitor 5. O “não” usado como pre�xo. De acordo com a reforma ortográ�ca vigente, o pre�xo “não” passou a ser grafado sem hífen. Assim, temos: ANTES não-fumante não-verbal não-autorizado não-concluído não-regulamentado DEPOIS não fumante não verbal não autorizado não concluído não regulamentado Exemplo: Foi criada um ala de não fumantes naquele restaurante. Mudanças no Alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras, já que foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações, como: na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. 179 Acesse: Disponível aqui A Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados disponibilizou um guia de bolso do acordo ortográ�co em PDF. Exercícios Leia as frases a seguir e analise se a palavra destacada está certa ou errada, de acordo com a nova ortogra�a. Quando terminar, con�ra o seu desempenho, consultando o gabarito. 1) As idéias revolucionárias deixaram os estudantes irritados. ( ) certo ( ) errado 2) O equipamento de ultrassonogra�a do hospital se encontra inativo. ( ) certo ( ) errado 3) Iniciaram-se os jogos interregionais na cidade de Marília. ( ) certo ( ) errado 4) Preciso tomar um remédio anti-in�amatório com urgência. ( ) certo ( ) errado 5) Os manifestantes não agüentaram a pressão dos policiais. ( ) certo ( ) errado 180 http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2912/reforma_ortografica.pdf?sequence=2 6) Será que os pais não vêem que os jovens estão viciados na internet? ( ) certo ( ) errado 7) Atitudes anti-higiênicas não devem ser praticadas diante de crianças. ( ) certo ( ) errado 8) As garotas de minissaia foram impedidas de entrar na igreja. ( ) certo ( ) errado 9) Os jovens que assistem a �lmes de �cção têm tendências paranóicas? ( ) certo ( ) errado 10) O preço do micro-ondas despencou naquele magazine. ( ) certo ( ) errado 11) No contexto da globalização, o que são órgãos não-governamentais? ( ) certo ( ) errado 12) Os bombeiros de Brumadinho praticaram gestos heroicos no resgate às vítimas. ( ) certo ( ) errado 13) O presidenteda empresa não pôde ir ao coquetel devido à agenda cheia. ( ) certo ( ) errado 14) A empresa terá mudanças na sua infraestrutura a partir de hoje. ( ) certo ( ) errado 15) O jovem ator apresentou conduta anti-social perante o juiz. ( ) certo ( ) errado 16) Atente para as indicações e contra-indicações para evitar riscos à saúde. ( ) certo ( ) errado 181 17) Os professores tiveram uma microcapacitação antes da reunião com os pais. ( ) certo ( ) errado 18) Nossa universidade apresenta variados cursos de graduação e pós-graduação. ( ) certo ( ) errado 19) Existem muitos povos que vivem em condições sub-humanas no ( ) certo ( ) errado 20) As mini-bibliotecas dos bairros receberam centenas de livros das ONGs. ( ) certo ( ) errado GABARITO 1) Ideias 2) Ultrassonogra�a 3) Inter-regionais 4) Anti-in�amatório 5) Aguentaram 6) Veem 7) Anti-higiênicas 8) Minissaia 9) Paranoicas 10) Micro-ondas 11) Não governamentais 12) Heroicos 13) Pôde 182 14) Infraestrutura 15) Antissocial 16) Contraindicações 17) Microcapacitação 18) Pós-graduação 19) Sub-humanas 20) Minibibliotecas 183 Material Complementar Preconceito Linguístico Autor: Marcos Bagno Editora: Parábola Sinopse: O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais elegante, mais rude do que outro. No entanto, quando essa postura se trans- forma em atitude, ela se torna discriminação e esta tem de ser alvo de denúncia e de combate. No caso da língua, é imprescindível que toda cidadã e todo cidadão que frequenta a escola (pública ou privada) receba uma educação linguística crítica e bem informada, na qual se mostre que todos os seres humanos são dotados das mesmíssimas capacidades cognitivas e que todas as línguas e variedades linguísticas são instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir a experiência humana neste mundo. Este livro já é um clássico brasileiro sobre esse assunto tão delicado de se abordar. Vale a pena ler. LIVRO Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo Autor: Eduardo Martins Editora: Moderna Sinopse: Consagrado conjunto de normas da imprensa brasileira, que ultrapassa a fronteira do papel para o mundo online, o Manual de re- dação e Estilo do Estado cumpriu essa trajetória exatamente porque sua utilidade não é restrita às redações de jornais e revistas. De autoria do jornalista Eduardo Martins, com 40 anos dedicados ao ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à terceira edição impressa. Cada um dos seus verbetes traz a experiência de quem chefiou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle de qualidade dos textos publicados. Indispensável para que quer apri- morar sua escrita, pois funciona como um tira-dúvidas rápido e eficaz. LIVRO 184 Gramática da Língua Portuguesa para Leigos Autor: Magda Bahia Schlee Editora: Alta Books Sinopse: É muito comum ouvirmos dizer por aí que o português é uma língua difícil. Curioso é que muitas das pessoas que dizem isso usam o português no seu dia a dia para interagirem umas com as outras sem maiores problemas. Mas então que portu- guês é esse tão difícil assim? Na verdade, a grande dificuldade que muitos falantes têm em relação à língua portuguesa se concen- tra em uma de suas variedades, a chamada variedade padrão. Este livro aqui trata justamente dessa variedade, que costuma nos dar uma certa dor de cabeça. Isso ocorre porque esse é o padrão de lingua- gem usado em situações formais, mais distantes do uso coloquial que fazemos da nossa língua. Essa variedade se deduz fundamentalmente dos usos da língua em textos escritos e dos usos de grupos sociais com alto grau de escolarização, e também das situações de interação em que há maior formalidade entre os interlocutores. Em linguagem acessível, este manual apresenta os mecanismos básicos que constituem a língua portuguesa. LIVRO A Chegada Ano: 2016 Sinopse: Em “A Chegada”, Amy Adams interpreta Louise Banks, uma lin- guista brilhante convocada pelo governo americano para se comunicar com os alienígenas que estacionaram suas naves em diversos pontos do mundo. A Dra. Banks lidera a equipe que tenta desvendar o que eles querem. “Seria maravilhoso ter uma língua universal. Mas estamos bem longe disso”, diz Adams. “O que temos em comum são as emoções e nossa experiência humana. Somos todos iguais. Todos temos medos, compaixão, amor, raiva. Mas não sabemos nos comunicar.” FILME Material Complementar 185 Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da língua portuguesa também serve como gramática e conjugador verbal. Veja na página do link abaixo 5 dicionários online gratuito, entre eles o Michaellis, o Aurélio e o Priberam: http://portuguesonline.net/5-dicionarios-de-portugues-online-gratis/ WEB Você gosta de filmes e séries? Veja aqui 14 filmes que o Guia de Estu- dantes listou para quem gosta ou quer entender um pouco mais dos mecanismos de comunicação nas áreas sociais, políticas, empresariais, virtuais e jornalísticas. https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/14-fil- mes-e-series-para-quem-gosta-da-area-de-comunicacao/ WEB Material Complementar Língua: Vidas em Português Ano: 2002 Sinopse: Todos os dias, mais de duzentos milhões de pessoas levam suas vidas em português. Fazem negócios e escrevem poemas. Brigam no trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia a língua portu- guesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas, angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses. Novas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os continentes, habitadas por deuses muito mais antigos e que ela acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados se apropriaram e que devolvem agora, reinven- tada. Língua que novos e velhos imigrantes levam consigo para dizer certas coisas que nas outras não cabe. Comentário: As filmagens ocorreram no ano de 2001 em seis países: Brasil, Moçambique, Índia, Portugal, Japão e França. O longa conta a respeito da língua portuguesa pelo mundo e na sua permanência entre culturas variadas, falada por mais de 240 milhões de pessoas (2013), das quais 211 milhões são brasileiros. Participação dos escritores José Saramago e João Ubaldo Ribeiro, entre outros. FILME 186 Conclusão Chegamos ao final da disciplina, e espero que você tenha aproveitado o máximo. Ao longo dela, estudamos assuntos que ampliaram o seu conhe- cimento e sua formação no terceiro grau, e certamente lhe serão úteis em várias etapas do seu crescimento pessoal e profissional. Todo conhecimento é válido; nada que se aprende é em vão. Mais do que corrigir erros de português, e saber as formas de porquês, é preciso ter consciência de que se comunicar de forma simples e direta, tanto na escrita quanto na fala, garante seu sucesso no caminho que você preten- de percorrer. Uma comunicação mal apresentada significa muito mais do que a falha em si. Ela pode ser um fator que altera a percepção das pessoas sobre você, o cuidado que você toma ao divulgar informações, a sua atenção aos detalhes... Escrever um email mal redigido ou falar um erro grosseiro de português, por exemplo, pode levantar todas essas questões na mente de quem vai receber sua mensagem. Assim, fica aqui meu desejo de contínuo estudo e crescimento pessoal - e sucesso sempre! 187 Referências ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 33ª ed., São Paulo, Editora Saraiva, 1985. ALMEIDA, Antonio Fernando Almeida, ALMEIDA, Valéria Silva de. Português básico: gramática, redação, texto. 5ª edição, 2008. [Minha Biblioteca]. ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras:coesão e coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Comunicação e Expressão. Porto Alegre: SAGAH, 2016. CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: Leitura e redação. 18 ed. São Paulo: Ática, 2007. FRANÇA, Ana Shirley. Comunicação Escrita nas Empresas: teorias e práticas. São Paulo: Editora Atlas, 2013. GHIRALDELO, Claudete Moreno. O trabalho com língua portuguesa em cursos de Engenharia: produção e divulgação de conhecimentos. Disponível em: <http://www. abenge.org.br/cobenge/arquivos/20/st/t/t176.pdf>. Acesso em 05 set. 2019. GOVERNO DO BRASIL. O Português é um dos idiomas mais falados no mundo. 2012. 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