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APERFEIÇOAMENTO PEDAGÓGICO EM LÍNGUA PORTUGUESA Professor Doutor Luiz Fernando Martins de Lima Professora Especialista Juliana Spadoto Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Coordenação Pedagógica do Curso Fabiana Aparecida Arf Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia F385m sobrenome, nome nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília: Unimar, 2021. PDF (00p.) : il. color. ISBN xxxxxxxxxxxxx 1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título. CDD – 00000 2 BOAS-VINDAS Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – Universidade de Marília. Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino superior bem feito. A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e da solidariedade humanas. A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos sonhos, conquistas e desafios. A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR. Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa está ligada de forma indissociável à educação. Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja ofertada e esteja acessível a todos. Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos parceiros neste momento e não mediremos esforços para o seu sucesso! Não vamos parar, vamos continuar com investimentos importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! Bons estudos! Dr. Márcio Mesquita Serva Reitor da UNIMAR 3 Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado em um curso de ensino superior em uma Universidade de excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as oportunidades, faça amizades e viva as experiências que somente um ensino superior consegue proporcionar. Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede do campus universitário localizado na cidade de Marília, navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR! Muito obrigada por escolher esta Universidade para a realização do seu sonho profissional. Seguiremos, juntos, com nossa missão e com nossos valores, sempre com muita dedicação. Bem-vindo(a) à Família UNIMAR. Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam se estiverem capacitadas para isso. Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, que você possa desenvolver as competências e habilidades necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu presente, neste momento mágico em que vivemos. A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você tem a gente para seguir junto com você. Sucesso sempre! Profa. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária da UNIMAR Prof. Me. Paulo Pardo Coordenador do Núcleo EAD da UNIMAR 4 008 Aula 01: 014 Aula 02: 021 Aula 03: 028 Aula 04: 042 Aula 05: 052 Aula 06: 060 Aula 07: 076 Aula 08: 086 Aula 09: 098 Aula 10: 104 Aula 11: 112 Aula 12: 124 Aula 13: 135 Aula 14: Pré-Escrita Primeiro Rascunho Reescrita Revisão Redação técnica Estratégias de Escrita Coesão e Coerência Inadequações Entre Fala e Escrita Homônimose Parônimos Formas de Porquês Verbos Problemáticos Vícios de Linguagem: Você Tem? Erros Comuns da Língua Portuguesa O Novo Acordo Ortográfico 5 Introdução Olá, estudante! Iniciamos esta disciplina com o desejo de que você se surpreenda ao ver como é bom rever língua portuguesa, comunicação, produção de textos e gramática com outro olhar! Muitos graduandos se perguntam: “Por que tenho que estudar comunicação ou língua portuguesa se não vou utilizar o texto como ferramenta principal do meu ofício?” - será que não vai? Esse questionamento é justamente nosso ponto de partida nesta disciplina. Neste material você vai re�etir sobre a necessidade de ter consciência de que a boa comunicação, além de ser nosso cartão de visitas, é prova de que tivemos estudo em nível superior e somos indivíduos que necessitam de uma boa comunicação para o sucesso tanto pessoal quanto acadêmico e pro�ssional. O tratamento dado à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas diferentes formas de interagir. O jeito que você usa as modalidades oral e escrita, formal e informal, é o que dá status a cada uma delas, conferindo-lhes poder de expressão e de convencimento em dada circunstância. Além disso, escrever pode ser um desa�o para muitas pessoas, inclusive para você que está no Ensino Superior. Como começar aquele texto que o professor pediu ou o artigo que queremos submeter a uma revista? Se você, um dia, já se sentou diante da tela em branco do Word e se sentiu intimidado por aquele cursor piscando que parecia zombar de sua inabilidade de colocar palavras na tela, saiba que você não é o único. Mas saiba também que há modos de fazer aquele pequeno cursor simplesmente continuar se movendo, que há um jeito relativamente fácil de palavras acabarem encontrando seu lugar. Hesitar na hora de escrever qualquer texto é comum porque muitas pessoas �cam preocupadas demais com o resultado, já pensando no produto �nal da escrita antes mesmo de começarem. Contudo, escrever é uma jornada, é um processo, e você não precisa saber exatamente aonde esse caminho o levará antes mesmo de dar o primeiro passo, a�nal, enquanto escreve, você vai pensando sobreo assunto e testando ideias, formando o que será o produto �nal. 6 Quanto à presente disciplina, vamos pensá-la em duas partes: nas quatro primeiras aulas detalharemos o processo de escrita e mostraremos como esse processo acaba transformando qualquer produção textual em algo simples e que resulta em um bom texto. Na sequência abordaremos assuntos gramaticais tais como escrita técnica, problemas de concordância, vícios de linguagem e erros comuns da língua portuguesa. Esperamos que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento para re�etir sobre o jeito como você se comunica e para se conscientizar da importância da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acumuladas ao longo do tempo. Bons estudos! 7 01 Pré-Escrita 8 Escrever sempre esteve presente em nosso dia a dia, seja no ato de redigir um bilhete, uma mensagem para um amigo, um e-mail, um status nas redes sociais. Contudo, no contexto do ensino superior, escrever se reveste de uma nova importância, e, desse modo, essa atividade que nos é tão familiar e que fazemos sem nenhuma di�culdade pode se tornar uma fonte de preocupação e estresse. Muitas vezes, durante nossa vida acadêmica, precisaremos escrever sob uma certa pressão, pois não estamos escrevendo apenas por que queremos, mas por que precisamos entregar um trabalho para receber nota em alguma matéria, queremos escrever um artigo para uma certa revista ou até mesmo precisamos entregar nosso trabalho �nal para conseguirmos nossa titulação. Porém, há certos aspectos fundamentais no processo de escrita que facilitam a vida de todos que os conhecem, assim como também ajudam aqueles que têm di�culdade em começar a escrever ou se sentem desconfortáveis em apresentar um texto já pronto. E são esses aspectos que iremos abordar a seguir. Procurando um Tema É óbvio que você não pode simplesmente se sentar e começar sem ter ideia alguma sobre o que irá escrever. Contudo, você não precisa já saber exatamente como seu texto será no ponto de chegada, tudo o que você precisa nesse momento é saber qual é o seu ponto de partida. Em nossa carreira acadêmica, o mais comum é que, quando nos propomos a escrever, já sabemos, de modo geral, o assunto que deve ser tratado no texto. Os professores pedem trabalhos, as revistas acadêmicas abrem chamadas para publicação sobre um assunto especí�co, os trabalhos de conclusão seguem um tema já previamente escolhido. E apenas esse tema geral já é o su�ciente para ser nosso ponto de partida. Com base nessa proposta de texto, de�niremos o tema especí�co. Para tomar essa decisão, há várias coisas que você pode fazer. Por exemplo, pode conversar com colegas e professores sobre o assunto e, talvez, em meio à conversa, uma ideia para o tema do seu texto surja. Você também pode pesquisar em livros ou em sites con�áveis na internet, e, entre todas as informações que conseguir, provavelmente um ângulo que o agrade para abordar o assunto surgirá. 9 Contudo, há também um terceiro modo de se eleger um tema para seu texto, um método chamado de “escrita livre”. Escrita Livre Ideias constantemente passam em nossa mente, nós nunca estamos pensando em nada, e a escrita livre é um meio de colocar essas ideias, que podem parecer caóticas, no papel. Desse modo, �ca muito mais fácil organizá-las, analisá-las e desenvolvê-las. A escrita livre é muito simples. Consiste apenas em escrever tudo o que passa pela sua cabeça sobre certo assunto por alguns minutos. Escreva por mais ou menos dez minutos, sem parar para julgar, melhorar ou corrigir. A forma do texto não é importante nesse momento. Se obrigue a continuar escrevendo até o �m do tempo estipulado, mesmo se achar que já esgotou tudo o que podia dizer sobre o tema escolhido. Se for necessário, olhe-o por um novo ângulo e continue escrevendo. Quando estiver fazendo isso e encontrar uma ideia que lhe agrade, concentre-se nessa ideia, tentando colocar nela quantos detalhes conseguir. Depois, releia tudo e marque as ideias que gostou. Escolha uma ou mais entre elas para ser o tema especí�co do seu texto. Agora que você encontrou o verdadeiro objeto da sua escrita, está na hora de seguir em frente. Você está Realmente Pronto para Seguir em Frente? É possível julgar que, uma vez ciente do assunto especí�co do texto, já seja possível continuar o processo da escrita. Porém, antes de passar para a próxima fase, o melhor é fazer a si próprio as seguintes perguntas: 1 – A ideia me interessa pessoalmente? Lembre-se de que você terá de pesquisar bastante e escrever e reescrever várias vezes sobre o assunto escolhido. Todo o projeto será bastante tedioso, e provavelmente fadado a ser abandonado ou a ter um resultado inferior, se você se propuser a escrever sobre algo que não lhe interessa ou agrada. 10 O fato de o tema geral já ser pré-determinado, por um professor ou revista ou projeto previamente escolhido, não é motivo para que você decida que não irá gostar de escrever sobre ele e nem ao menos ir pesquisar para descobrir os diferentes pontos de vista sob os quais o tema pode ser abordado. Lembre-se que qualquer assunto que exista tem tantas rami�cações e pode ser estudado por tantos ângulos que é virtualmente impossível nenhum deles despertar sua curiosidade. Além disso, sua audiência provavelmente irá perceber sua falta de comprometimento com o assunto quando ler o produto �nal e �cará tão entediada ao ler seu texto quanto você estava ao redigi-lo. 2 – Tenho tempo su�ciente para escrever sobre esse tema como ele demanda? Algumas vezes, uma boa ideia, para ser desenvolvida de modo apropriado, precisa de mais tempo do que o prazo que temos. Nesse caso, volte ao início e encontre outra ideia, uma que você consiga tratar adequadamente no prazo estabelecido. 3 – Tenho tudo o que preciso? Certi�que-se que você tenha acesso aos livros necessários para realizar sua pesquisa. Você pode ter esses livros em sua casa, ou pegá-los de uma biblioteca ou emprestá- los de um amigo. No caso de o assunto que você irá abordar no texto necessitar de um componente prático ou experimental, veri�que se todo o material está à sua disposição. Você pode consultar o laboratório de sua faculdade para saber se ele possui tudo o que você precisa e perguntar como funciona o acesso de estudantes a ele. Claro que o único modo de você saber o que irá precisar é se pesquisar sobre o assunto. Então, nesse ponto, seu estudo do objeto sobre o qual irá escrever já está se aprofundando. Caso você descubra que não poderá reunir todo o material que precisa para sua pesquisa, retorne um passo e encontre outro tema. É melhor descartar um tema que não pode ser abordado de modo satisfatório agora, do que ter como resultado um texto com ideias ou argumentações fracas. 11 Antes de passar da fase de pré-escrita para a produção do primeiro rascunho, certi�que-se que está contente com o assunto sobre o qual irá escrever e que tem o tempo e material necessários para abordá-lo de modo satisfatório. Desenvolvendo um Plano de Escrita Agora que você já tem seu tema e sabe que tem acesso a todo o material necessário, tudo o que você precisa é de um plano. Organizar suas ideias é muito importante, principalmente se você estiver escrevendo um trabalho acadêmico ou artigo cientí�co. O primeiro passo é rever todos os detalhes que conseguiu juntar até agora (seu tema, suas ideias, o material necessário) e ver se consegue deslumbrar como o produto �nal pode ser. Se tudo ainda estiver muito vago, talvez seja melhor pesquisar um pouco mais sobre o assunto ou retornar à escrita livre e ver o que mais consegue com ela. Mas, se você já consegue ter uma ideia de como seu texto vai �car no �nal, signi�ca que já tem tudo o que precisa para seguir em frente. Depois, organize suas ideias. Você pode criar uma lista, apenas colocando as ideias em tópicos; um agrupamento, no qual as ideias se juntam umas às outras como galhos de uma árvore; ou já fazer um esboço, no qual você coloca seu tema principal e os subtemas que nasceram dele, com as ideias para apoiaremsuas a�rmações ou ponto de vista. Claro que você não pode organizar ideias e argumentos que ainda não tem. Nesse estágio, sua pesquisa sobre o tema escolhido estará bastante avançada e você precisa dominar o assunto sobre o qual irá escrever. 12 Fonte: Disponível aqui O Portal de Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção cientí�ca internacional. Ele conta com um acervo de mais de 45 mil títulos com texto completo, 130 bases referenciais, 12 bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual. Por �m, escreva um único parágrafo. Ele lhe dará uma ideia da direção para qual seu texto está indo, ajudará a clarear suas ideias e a julgar se você já se preparou o su�ciente para começar a escrever sobre o assunto ou se está com di�culdades e precisa retomar a pesquisa. Nele, tente ser claro em relação ao tema que será tratado no decorrer do texto. Se você chegou até aqui e já selecionou seu assunto principal, já sabe como irá tratá- lo, arrumou seu material de apoio e ainda por cima tem seu parágrafo escrito, isso signi�ca que você está pronto para começar a escrever seu primeiro rascunho. 13 http://www.periodicos.capes.gov.br/ 02 Primeiro Rascunho 14 Chegou o momento de efetivamente começar a escrever seu texto. Toda a sua pesquisa e ponderação sobre o assunto o trouxeram até aqui. Neste momento, você começará a ver como será seu produto �nal. Quando começar seu primeiro rascunho, tente escrever o máximo possível de uma vez só, enquanto toda a sua pesquisa e ideias geradas na pré-escrita ainda estão frescas em sua cabeça. Enquanto escreve, baseie-se no plano que traçou, mas lembre-se de que ele é apenas um guia. Se sentir que seu plano deve ser modi�cado, não tenha medo de fazer isso. Talvez uma ideia mais interessante surja enquanto estiver escrevendo, ou mesmo um ponto de vista novo. Não ignore isso apenas porque não fazia parte do seu plano original. Se você perceber que essa nova perspectiva pode melhorar seu texto, mude seu plano para acomodá-la; se sentir que apenas estará se perdendo no caminho, saindo pela tangente em um assunto que não necessariamente trará nada de importante para o seu texto, mantenha-se no seu plano. Agora que você está começando a escrever o que futuramente se tornará seu texto pronto, pode ser que tudo esteja indo bem. Você conhece o assunto, sabe como tratá- lo, sabe que caminho seguir e, desse modo, sua escrita está �uindo e você não está tendo di�culdades. Contudo, pode acontecer também de você não estar achando tão fácil assim colocar aquelas primeiras palavras no papel, por mais que já saiba sobre o que quer escrever e de que modo. Nesse caso, há algumas dicas para sair desse momento inicial de hesitação. Escreva Naturalmente Uma ótima dica para você começar e escrever é escrever como se ninguém estivesse lendo, pois, na verdade, ninguém está mesmo. Lembre-se que esse é apenas o primeiro rascunho, não o texto �nal que será lido por outras pessoas (e, também, provavelmente julgado). Se, nesse momento do processo da escrita, você se importar demais com as opiniões que seu futuro interlocutor terá sobre seu texto, você pode �car tão preocupado em achar a palavra perfeita, a cadência adequada da frase, cumprir todas as regras gramaticais, que provavelmente irá travar diante do papel em branco. 15 Então, se isso acontecer, pense que ninguém lerá o que você está escrevendo nesse momento. Depois do primeiro rascunho, o texto pode passar por quantas melhorias forem necessárias antes de que a primeira pessoa, além de você, o leia. Então, não se preocupe tanto. Isso já pode ser o su�ciente para soltá-lo e permitir que você comece a colocar as palavras no papel. Seja Honesto Não tente mentir para seu leitor. Se você não conhece algum assunto o su�ciente para escrever sobre ele, volte para a pesquisa e aprenda mais. Não tente �ngir saber algo que realmente não sabe, pois, desse modo, seus leitores irão perceber e sua escrita irá perder credibilidade. Além disso, é muito mais difícil escrever sobre algo que você não conhece. Nesse caso, você terá que parar de escrever a cada momento para conferir se sua informação está certa ou não, ou, pior ainda, irá apenas juntar um monte de palavras umas atrás das outras, sem muito signi�cado, pois estará tentando apenas colocar a quantidade de palavras na folha que sua tarefa pede, ao mesmo tempo que tenta transmitir o mínimo de informações possíveis, para diminuir a chance de escrever algo absurdo. 16 Acredite, enrolar é muito mais trabalhoso (tirando ser inútil e uma perda do seu tempo) do que simplesmente ir pesquisar para conhecer melhor o assunto. Além disso, não tente escrever com a linguagem de outra pessoa. Tentar imitar as construções de frase ou escolha vocabular de outra pessoa não irá ajudá-lo a escrever seu primeiro rascunho. Se você não acha que seu texto está formal o su�ciente para a tarefa pedida, não se preocupe. Não se importe com isso agora. Será possível adequar melhor o texto para seu público mais adiante. No primeiro rascunho, não se preocupe com a forma do seu texto, mas somente no conteúdo. Coloque suas ideias no papel e se preocupe com a linguagem adequada para expressá-las apenas na próxima etapa. Como Começar O primeiro parágrafo é muito importante, pois ele deve mostrar qual será o assunto tratado, despertar a curiosidade do leitor para que ele continue lendo, estabelecer a linguagem e o tom usados pelo resto do texto. Contudo, você não precisa se preocupar com tudo isso agora, pois ainda está escrevendo o primeiro rascunho. A linguagem, por exemplo, pode ser re�nada e ajustada na reescrita. Mas seria bom, nesse momento do processo, pensar em como apresentar o tema para seu leitor e como despertar o interesse para o resto do texto. Há algumas maneiras de compor esse parágrafo inicial que podem ajudá-lo a alcançar esses objetivos. 17 Citação Você pode começar seu texto com uma citação, desde que ela seja relevante para o assunto que será tratado. Mas tome cuidado com citações da internet. Muitas delas são simplesmente inventadas e atribuídas, quase aleatoriamente, a alguém conhecido. Você pode encontrar uma boa citação no próprio material que juntou para sua pesquisa. Mostre a Conclusão Dê a seu leitor uma pequena dose da sua conclusão, para que, desse modo, ele �que curioso para acompanhar seu raciocínio e ler sobre o seu processo. Faça uma Pergunta Você também pode provocar seu leitor com uma pergunta. Essa pergunta pode não ter resposta, desde que ela seja ornamental em relação ao assunto. Por exemplo, você poderia escrever: “Não é um prazer, uma vez que se aprendeu algo, colocá-lo em prática nas horas certas?” Contudo, não faça uma pergunta que pode ser respondida se não for respondê-la em seu texto. Simplesmente Comece Se você conhece seu assunto, sabe o que quer escrever, aonde quer chegar, mas, ainda assim, não parece conseguir sair da hesitação inicial e o papel em branco ainda o intimida demais, simplesmente comece. Você pode começar com a primeira coisa que lhe vem à cabeça, como: “Presta atenção, porque pelas próximas páginas eu vou te ensinar tudo que eu sei sobre o livro 1984, de George Orwell. Então, sente-se aí, �que quieto e aproveite a viagem”. Obviamente, essa não é uma frase que irá sair do 18 primeiro rascunho. Contudo, se você não tem a mínima ideia de como começar a escrever, talvez escrever algo informal pode lhe dar o empurrão inicial que precisa para ir em frente. Você está Realmente Pronto? Se você chegou até aqui e assim mesmo não está conseguindo escrever seu primeiro rascunho, eu tenho uma má notícia. Talvez não estivesse tão pronto como achava que estava para seguir em frente depois da pré-escrita. Pode ser que precise pesquisar e conhecer mais seu assunto, ou desenvolver melhor suasideias, ou delinear mais uma vez seu plano. Mas não se preocupe. Isso é normal. Algumas vezes nós só percebemos que temos de pesquisar melhor sobre algum tema quando já estamos escrevendo sobre ele e vemos o quão complexo ele pode ser. Ou simplesmente percebemos que nosso plano inicial não está dando tão certo quanto achávamos que daria. Nesse caso, apenas pesquise mais, aprenda mais, trace melhor seu plano, depois volte a escrever. Não tente ir em frente sem estar preparado. Você não apenas perderá seu tempo, �cando horas olhando para a tela do computador sem ter a mínima ideia do que digitar, como seu trabalho não �cará tão interessante quanto poderia ser. Sem contar o estresse e desgaste pela frustração de não estar conseguindo seguir em frente. É muito mais difícil, entediante e estressante lidar com um assunto desconhecido do que com algo que você entende e sobre o qual quer aprender mais. 19 Fonte: Disponível aqui A Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) integra e dissemina, em um só portal de busca, os textos completos das teses e dissertações defendidas nas instituições brasileiras de ensino e pesquisa. O acesso a essa produção cientí�ca é livre de quaisquer custos. No caso de ter sido bem-sucedido em escrever seu primeiro rascunho e se estiver satisfeito com o resultado, pode passar para a próxima etapa: a reescrita. 20 http://bdtd.ibict.br/vufind/ 03 Reescrita 21 Nesta etapa, você já tem todas as suas ideias no papel. Contudo, o texto não deve estar com um aspecto formal muito bom. Você escreveu mais preocupado em expressar o que sabia sobre o assunto e o que queria escrever sobre ele, e não em como seria a aparência estrutural do seu texto. O produto �nal, até agora, não era sua prioridade. Contudo, desta etapa em diante, começaremos a nos preocupar em como seu texto será apresentado ao leitor. Pense que você está criando algo e já tem a estrutura, só falta o acabamento externo. Seu primeiro rascunho era a sua matéria bruta, e agora vamos começar a lapidá-lo até seu texto se tornar algo que você possa ter orgulho de apresentar a um professor ou ao editor de alguma revista. A partir desta etapa, você precisa ser mais detalhista do que havia sido anteriormente. Na escrita livre e no primeiro rascunho, você pôde se dar ao luxo de escrever de um modo mais espontâneo (principalmente na escrita livre). Contudo, agora, chegamos a um ponto no qual você precisará pensar com mais cuidado em como será seu texto, em todos os seus aspectos, sejam eles relativos ao conteúdo ou à forma. Mas antes de passar para a reescrita propriamente dita, é necessário analisar o material bruto que tem em mãos. Avalie o Potencial do Primeiro Rascunho Releia o que escreveu. Não se preocupe com erros gramaticais, se aquela frase não soa como gostaria, ou se há palavras que não se encaixam muito bem no contexto. Tudo isso você poderá arrumar mais tarde. Nesta etapa, o que você precisa questionar é se o seu primeiro rascunho tem potencial para se transformar em um bom texto �nal ou não. Então, para avaliar seu rascunho faça a si mesmo as seguintes perguntas: 22 1 – Meu conteúdo é interessante? Pense se você tratou o assunto de modo a chamar a atenção do seu leitor, ou apenas escreveu mais do mesmo. Você não precisa ter uma ideia inédita para fazer seu conteúdo interessante. Algumas vezes, é necessário apenas um ponto de vista novo, mostrar o que somente você poderia ter visto sobre um determinado assunto. 2 – Eu cumpri o que era esperado? Muitas vezes, você irá criar um texto porque está realizando uma tarefa para alguma aula ou porque quer publicar em alguma revista. Nesses casos, con�ra os requisitos que seu professor ou a revista exigiram e certi�que-se de que os cumpriu. Veja se o texto precisa ter resumo ou descrever a metodologia, por exemplo; ou mesmo se o número de páginas ou de caracteres necessários foram cumpridos. 3 – Há lacunas? Veri�que se não deixou nenhuma ideia sem concluir, ou se pulou de um tópico para o outro sem a devida transição. Algumas vezes, as conclusões às quais chegamos, ou a defesa de nosso ponto de vista fazem completo sentido para nós mesmos, mas podem parecer um pouco confusas quando tentamos explicá-las para outras pessoas. Entenda que o seu leitor não saberá qual foi seu processo de raciocínio se você não demonstrar para ele o caminho que percorreu. Se possível, deixe seu primeiro rascunho descansando por um ou dois dias. Isso poderá lhe dar uma nova perspectiva quando o ler novamente. Desse modo, os pontos que precisam ser melhor explicados �carão mais explícitos. Para saber se seu primeiro rascunho �cou bom o su�ciente para ser reescrito, se pergunte se o seu conteúdo é interessante, se cumpriu tudo o que era exigido e se há lacunas ou trechos confusos. 23 Reescrevendo Agora é o momento de debruçar-se sobre sua matéria bruta, a qual você julgou ser boa o su�ciente, e começar a lapidá-la. É extremamente raro para qualquer um conseguir o texto que deseja como produto �nal na primeira reescrita. Você provavelmente terá de reescrever seu texto algumas vezes. O grande segredo da reescrita é fazer seu leitor acreditar que você sabia exatamente o que estava fazendo desde o início. Faça-o pensar que todas as transições de ideias, o modo como a introdução se encaixa perfeitamente com a conclusão e como tudo está explicado aconteceram naturalmente. Nesta fase, modi�que seu texto até ele se tornar o produto �nal que esperava. Você pode, por exemplo, perceber que há a necessidade de mudar a ordem de certos trechos. Talvez uma argumentação ou uma de�nição se encaixe melhor se vier um pouco antes ou um pouco depois. Também considere a possibilidade de tirar fragmentos ou acrescentar novo material. Se perceber que uma parte não contribui realmente para o assunto que está sendo expondo, considere eliminá-la. Reescreva e modi�que seu texto quantas vezes achar necessário. É nesse momento do processo da escrita que você está re�nando seu material. Avaliando seu Texto Antes de determinar que trabalhou o su�ciente no seu texto e ele está pronto para passar pela revisão �nal, avalie-o assim como fez com o primeiro rascunho. Para fazer isso, faça a si mesmo as seguintes perguntas: 1 – Eu escrevi tudo que queria? Certi�que-se de que tudo o que você pensou em escrever está no papel. Se perceber que certa ideia não está ali, tente achar o melhor lugar para ela e a inclua. Se isso acontecer, provavelmente você terá de reescrever seu texto mais uma vez, de maneira que essa nova ideia não pareça desconexa do resto. 24 2 – Meus argumentos são consistentes? Veri�que se suas ideias receberam bom tratamento argumentativo. Um bom modo de fazer isso é prever perguntas que um futuro leitor poderia fazer baseado no que você escreveu. Se a resposta para essa pergunta imaginária não estiver no texto, isso signi�ca, provavelmente, que há lacunas em seu raciocínio. Nesse caso, melhore a fundamentação de seus argumentos. 3 – Minhas ideias estão expostas em uma ordem lógica? Tome cuidado se você, durante o texto, avisou seu leitor que a explicação de certa ideia viria adiante ou que a de�nição de algo já foi dada anteriormente. Em um bom texto, as ideias irão se juntar umas às outras de modo que não deve ser necessário avisar seu leitor para qual trecho do texto ele deve se remeter para acompanhar seu raciocínio. 4 – Meu texto está chato? Se você ainda está escrevendo apenas para agradar um professor, para obter uma nota ou para conseguir uma publicação, é bem provável que seu texto não será nada além do que uma fonte de tédio para todos. Para você mesmo, para seu professor, para o parecerista da revista. Se esse for o caso, comece de novo, mas dessa vez, se esforce para aprender alguma coisa nova durante o processo. Escrever um texto apenas para cumprir um objetivo, sem se importar realmente com seu conteúdo ou com o produto �nal, no fundo, é apenas uma perda de tempo. Você perdeu tempo escrevendo algo que, a longo prazo, não lhe trará benefícioalgum, enquanto poderia ter aprendido alguma coisa no processo de escrita. Quando você se entusiasma com seu próprio texto, não apenas ele será muito mais fácil e agradável para você mesmo escrevê-lo, como também será mais interessante para seu leitor. Parágrafos Inicial e Final Depois de modi�car o corpo do seu texto até se contentar com o resultado, é bem provável que você terá também de mudar os parágrafos inicial e �nal. Esses parágrafos estão tão intimamente ligados ao restante do texto que você não pode mudar um sem ter de mudar os outros. Certi�que-se de chamar a atenção do seu leitor para o resto do seu texto com seu parágrafo inicial e, na conclusão, amarre qualquer ponta solta que possa existir. 25 Nível de Formalidade No primeiro rascunho, você escreveu do modo que o deixava mais à vontade, sem se preocupar muito com a linguagem. Contudo, na reescrita, você tem de ter consciência de que tudo é escrito com o propósito de ser lido. Logo, nesta etapa, busque adequar o nível de formalidade do texto segundo sua �nalidade, ou seja, é preciso ajustar a linguagem pensando em seu futuro leitor. Os principais níveis da linguagem são: 1 – Norma culta/padrão: segue as regras da gramática-normativa da língua e evita informalidades. 2 – Linguagem informal/coloquial: por ser mais espontânea, não se preocupa em seguir todas as regras da gramática-normativa, assim como lança mão de léxico informal 3 – Linguagem vulgar: não segue as regras da gramática normativa e recorre constantemente a informalidades. 26 Na sua carreira acadêmica, na maioria das vezes, você usará a norma padrão da língua. Isso não signi�ca que seu texto precisa ser extremamente rebuscado. Contudo, gírias e coloquialismos devem ser substituídos por palavras e estruturas escolhidas com mais cuidado. Um bom modo de conseguir elevar a formalidade do seu texto é com a escolha vocabular adequada. A melhor maneira de se adquirir vocabulário é lendo bons textos, pois assim você não apenas compreende o signi�cado de uma palavra nova, como também a vê em uso dentro do contexto. Entretanto, você também pode usar um dicionário de sinônimos para mudar uma palavra que julgue comum demais por outra que deixará sua frase mais requintada. Fonte: Disponível aqui O Dicionário de Sinônimos é o maior e mais completo dicionário on-line de sinônimos de português do Brasil. Com mais de 30 mil sinônimos de palavras e expressões disponíveis para consulta, é revisto e atualizado constantemente para disponibilizar a todos uma informação correta, precisa e atual. Agora seu texto deve estar quase pronto. Se o compararmos com uma joia, ela já está lapidada, mas precisa daquele polimento �nal para realmente brilhar. Estamos entrando na última fase do processo de escrita: a revisão. 27 https://www.sinonimos.com.br/ 04 Revisão 28 Agora, seu texto está quase pronto. Todas as ideias estão nele, na ordem em que têm de estar; tudo que é irrelevante foi retirado, tudo o que faltava foi acrescentado. Você também adequou a linguagem para o seu futuro leitor, levando em consideração a circunstância da produção do texto. Portanto, o que falta ser feito é reler e revisar atentamente tudo o que escreveu, prestando atenção em erros tanto de ortogra�a quanto de gramática. Se tiver tempo, este é o momento de deixar seu texto descansar mais uma vez. É normal nossa mente se acostumar com o texto que estamos redigindo e simplesmente começar a ignorar os erros que normalmente não teríamos di�culdade em perceber. Portanto, nesta etapa, se tiver tempo su�ciente para deixar seu texto descansando e se esquecer dele por alguns dias, faça isso, pois, quando voltar a ele, notará erros que não havia visto antes. Outra dica importante na fase de revisão é ler seu texto em voz alta. Desse modo, não apenas você terá uma ideia melhor da cadência da sua escrita, como certos erros que podem passar despercebidos em uma leitura silenciosa serão não apenas vistos como também escutados durante uma leitura em voz alta. Portanto, leia seu texto em voz alta, sem pressa, e tente perceber como ele soa e os pequenos erros que possa ter. Correção Gramatical Apesar de a gramática não ser o único ponto ao qual terá de prestar atenção durante a revisão, ele é um dos mais importantes. Serão muito raras as pessoas que conhecem todas as regras gramaticais da língua portuguesa de cabeça: provavelmente apenas aqueles que convivem com esse assunto em seu dia a dia, como os gramáticos. Para o resto de nós, é preciso ter em mãos uma boa gramática para podermos consultar sempre que precisarmos. Você pode consultar a internet também, mas, como com tudo que está na rede, não con�e na postagem do primeiro blog que encontrar. Tente achar sites con�áveis. 29 Fonte: Disponível aqui Ciberdúvidas da Língua Portuguesa é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspectiva de a�rmação dos valores culturais dos oito países de língua o�cial portuguesa, que completou 22 anos de existência em 15 de janeiro de 2019. A partir de maio de 2019, o site passou a ser propriedade do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. No início, é bem provável que várias construções do seu texto lhe causem dúvidas quanto a sua correção. Contudo, como o melhor modo de se aprender as regras gramaticais é usando-as, com o tempo, você terá de consultar cada vez menos certas regras, pois as terá internalizado por intermédio do uso. A seguir, listaremos algumas regras básicas que podem ajudá-lo na revisão do seu texto. Atenção para os exemplos sublinhados, pois eles sempre terão desvios gramaticais. Concordância Verbal Como regra geral, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito (que é o termo da frase sobre o qual se faz uma declaração). Ou seja, se o sujeito for a terceira pessoa do singular, por exemplo, o verbo estará na terceira pessoa do singular. A �or murchou. A �or = 3ª pessoa do singular (ele/ela) Murchou = verbo murchar na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito 30 https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/ Fonte: Disponível aqui O conjugacao.com.br é uma ferramenta online para conjugar os verbos regulares e irregulares da língua portuguesa. Contudo, há alguns casos particulares que serão expostos a seguir Com Coletivo Partitivo O verbo pode �car tanto no singular, concordando com o coletivo, quanto no plural, concordando com o termo determinante: A maioria dos adolescentes gosta de �lmes. A maioria dos adolescentes gostam de �lmes. Com a expressão “um dos que” ou “uma das que”: Normalmente, o verbo �ca no plural. Contudo, pode �car no singular se a intenção for destacar algum elemento: Ele foi um dos que mais falaram. Ele foi um dos que mais falou. Com a expressão que denota quantidade aproximada (“mais de...”, “menos de...”, “cerca de...” ou similares) O verbo concorda com o numeral: 31 https://www.conjugacao.com.br/ Mais de um aluno chegou atrasado. Menos de dez provas foram corrigidas. Contudo, o verbo �ca no plural quando a expressão vem repetida ou expressa a ideia de reciprocidade: Mais de um pai, mais de uma mãe se preocupam com seus �lhos. Mais de um político se criticaram no momento. Com pronome relativo “quem” O verbo pode �car na 3ª pessoa do singular, ou concordar com o pronome pessoal: Não fui eu quem o salvou? Não sou eu quem digo. Com os verbos impessoais “fazer/haver” com sentido de existir ou tempo decorrido O verbo �ca sempre no singular, mesmo nas frases formadas com verbo auxiliar: Haverá novas provas. Deverá haver novas provas. Faz dez anos que viajamos. Deve fazer sete dias que chegamos aqui. Concordância Nominal O artigo, o numeral, o pronome e o adjetivo concordam com o substantivo em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural). Contudo, assim como na regência verbal, há alguns casos particulares. 32 Com “obrigado”, “mesmo”, próprio” e “quite” Essas palavras têm valor de adjetivos e concordam com o substantivo a que se referem: Ele mesmo disse: “Obrigado” Elas própriasdisseram: “Obrigadas” Ele está quite com a escola Eles estão quites com a escola. Observação: quando a palavra “mesmo” tiver o sentido de “realmente” está funcionando como advérbio e, por isso, é invariável: Elas queriam mesmo estudar (=elas realmente queriam estudar) Com “anexo”, “incluso” Têm valor de adjetivos e concordam com o substantivo a que se referem: Seguem anexos os documentos Seguem inclusas as declarações Observação: a expressão “em anexo” é invariável. Seguem em anexo as declarações. Seguem em anexo os documentos. Com “bastante”, “muito”, “pouco” Quando essas palavras têm função de adjetivo, concordam com o substantivo a que se referem: Há bastantes crianças no parque. Há poucas crianças no parque. 33 Há muitas crianças no parque. Quando essas palavras têm função de advérbio, �cam invariáveis: Vocês falaram bastante Vocês falaram pouco Vocês falaram muito. Com “é proibido”, “é necessário”, “é bom”, “é permitido” São expressões variáveis quando há determinante: É proibida a entrada É bom o livro. São expressões invariáveis quando não há determinante: É proibido entrada Livro é bom Crase Crase, identi�cada pelo acento grave (`), é a fusão entre a preposição “a” e o artigo “a”: O trem chegou à estação. (O trem chegou a + a estação). A partir da própria de�nição de crase, podemos compreender que não ocorre crase antes de palavras masculinas nem de verbos, pois nenhum deles é usado juntamente com o artigo “a”. Portanto “à rigor”, “à respeito”, “à partir” e “à combinar” estão incorretos. Podemos também criar um truque para determinar se em dada frase há crase ou não. Já que não ocorre crase antes de palavras masculinas, um bom truque é alterar a frase usando uma palavra masculina. “Vou a escola” ou “Vou à escola”? 34 No exemplo, o que você precisa fazer é substituir a palavra “escola” por uma palavra masculina. Vou ao colégio. O “ao” da frase acima indica que há uma junção da preposição “a” e o artigo “o”, portanto, se no lugar de uma palavra masculina fosse uma feminina, teríamos a fusão da preposição “a” com o artigo “a”. Desse modo, podemos perceber que o correto é “Vou à escola”. A expressão “à moda de” Ocorre crase com a expressão “à moda de”, mesmo quando ela estiver subentendida: Filé à Osvaldo Aranha (Filé à moda de Osvaldo Aranha) Observação: a acentuação grave indicadora de crase pode mudar completamente o sentido de uma frase: “Cantou à Tim Maia” signi�ca “Cantou à moda de Tim Maia” “Cantou a Tim Maia” signi�ca “Cantou para Tim Maia”, uma vez que esse “a” é a preposição pedida pelo verbo “cantar”. Palavras femininas no plural A crase pode ou não ocorrer antes de palavras femininas no plural, dependendo se há ou não o artigo “a”. O trecho faz referência a cartilhas. O trecho faz referência às cartilhas. No primeiro exemplo há apenas a preposição “a” exigida pela palavra “referência”. Já no segundo ocorre a junção da preposição “a” com o artigo “as” que antecede as cartilhas e, portanto, é necessário usar a crase. Incorreto: O trecho faz referência à cartilhas. 35 Locuções adverbiais Ocorre a crase em locuções adverbiais prepositivas e conjuntivas formadas por palavras femininas. Exemplos: à direita, à esquerda, à noite, à risca, às pressas, à toa, à venda, à vista, à solta, às custas de, à espera de, à beira de, à medida, à mão, à mingua, etc. Palavras repetidas Não ocorre crase entre palavras repetidas ligadas pela preposição “a”. Exemplos: ponto a ponto, uma a uma, frente a frente, gota a gota, passo a passo, de mais a mais, cara a cara, face a face etc. Observação: contudo, tête-à-tête é escrita com o acento grave indicativo de crase, pois é uma expressão de origem francesa. Hífen A verdade é que a utilização do hífen para ligar elementos de palavras compostas é mais uma convenção do que uma ciência exata. Há várias regras, mas, algumas vezes, mesmo decorar todas não será de grande utilidade, pois elas podem apresentar confusão. Como exemplo, vejamos este trecho retirado do Novo Acordo Ortográ�co: Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso. (SENADO FEDERAL, 2014, p. 25) Como determinar quais são as expressões consagradas pelo uso? É difícil explicar por que “pé-de-moleque” não está consagrado pelo uso, o que faz com que sua gra�a correta seja “pé de moleque”, sem hifens, enquanto “cor-de-rosa” mantém os seus. 36 Portanto, o melhor a se fazer em relação ao hífen não é tentar decorar regras e sim consultar caso a caso até que as gra�as das palavras sejam internalizadas. Há várias gramáticas e sites con�áveis que ajudam a determinar se uma expressão ou palavra é escrita com hífen ou não. Um modo fácil de descobrir se uma palavra possuí hífen ou não é consultando o VOLP, o Vocabulário Ortográ�co da Língua Portuguesa, tanto na sua versão impressa quanto on-line. Fonte: Disponível aqui O sistema de busca do Vocabulário Ortográ�co da Língua Portuguesa, quinta edição, 2009, contém 381.000 verbetes, as respectivas classi�cações gramaticais e outras informações conforme descrito no Acordo Ortográ�co. O Uso do “Por que”, “Porque”, “Por quê” e “Porquê”. Uma boa dica para se determinar qual dos “porquês” usar em uma frase é substituí-lo por uma palavra ou locução. Dependendo da palavra ou locução que se encaixar na frase preservando seu sentido, você sabe qual dos “porquês” é o adequado para aquela situação. Por que = “por qual motivo” ou “por qual razão” Porque = “pois”, “já que” ou “uma vez que”. Por quê = “por qual motivo” (no �nal da frase) (O) porquê = “motivo”, “causa”, “razão” (sempre acompanhado de um determinante) 37 https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Exemplos: 1 – Desejo saber por que você veio aqui = Desejo saber por qual motivo você veio aqui. 2 – Vou ao supermercado porque preciso fazer compras = Vou ao supermercado pois/já que/uma vez que preciso fazer compras. 3 – Fiquei acordada até tarde ontem à noite. Sabe por quê? = Fiquei acordada até tarde ontem à noite. Sabe por qual motivo? 4 – Não consigo entender o porquê de você ter vindo até aqui = Não consigo entender o motivo/a causa/ a razão por você ter vindo até aqui. Onde/Aonde “Onde” é um advérbio de lugar (que também pode exercer a função de pronome relativo); enquanto “aonde” é a junção da preposição “a” com “onde”. Desse modo, “onde” só pode ser usado quando se referir a um lugar físico ou geográ�co. Onde aquele gato se meteu? Aquela foi a cidade onde nasci. Observação: é comum lermos e escutarmos “onde” ser usado de modo equivocado. Isso acontece porque “onde” equivale a “em que” e “no qual”, podendo ser substituído por tais locução. Contudo, o contrário nem sempre é permitido: No texto, há trechos onde �ca evidente quem o escreveu. No exemplo, “texto” não é um lugar físico, portanto, o uso de “onde” está errado. O correto seria: No texto, há trechos nos quais �ca evidente quem o escreveu. Também é possível ver “onde” ser usado em relação a tempo: Estava muito contente naquela manhã. Foi onde percebi que gostava dele. 38 Como “onde” está se referindo a “aquela manhã”, o correto seria usar “quando”, não “onde”: Estava muito contente naquela manhã. Foi quando percebi que gostava dele. Já “aonde”, uma vez que é formado pela junção da preposição “a” com “onde”, só pode ser usado quando vem acompanhado de outro termo que exige a preposição “a”. Aonde você quer chegar com isso tudo? Uma vez que o verbo “chegar” exige a preposição “a”, ocorre a união entre o “a” e o “onde”. Outros Casos A gramática normativa da língua portuguesa tem diversas regras, tantas que não é possível expor todas aqui. A boa notícia, contudo, é que consultá-las cada vez que uma dúvida surgir não é difícil. Há várias gramáticas ou sites que poderão sanar a maioria das questões que você possa ter. Além disso, a gramática acaba sendo internalizada por meio do uso.Você pode ter certeza de que só precisará consultar determinada regra duas ou três vezes antes de dominá-la. Portanto, não se preocupe muito quando chegar a hora de revisar seu texto. Se você se planejou bem durante a pré-escrita, terá tempo para pesquisar qualquer dúvida que tiver. Checklist Os quatro passos do processo de escrita se focam em diferentes etapas da composição de um texto. A pré-escrita é o momento da pesquisa, enquanto a confecção do primeiro rascunho é quando se faz possível deslumbrar todo o potencial do tema escolhido e do estudo realizado. Por �m, tanto a reescrita quanto a revisão irão polir o material bruto criado no primeiro rascunho. A seguir, há uma pequena checklist que o ajudará a se lembrar dos passos de cada etapa: Pré-escrita: 39 1 – Encontre uma ideia interessante sobre a qual escrever, uma que se adeque ao objetivo �nal do texto e que, ao mesmo tempo, proporcione uma experiência agradável de aprendizado 2 – Procure essa ideia em livros, em conversas ou na escrita livre. 3 – Aprenda o máximo que puder sobre o assunto escolhido. 4 – Pondere sobre tudo o que reuniu até o momento e avalie o potencial de sua ideia. 5 – Desenvolva um plano de escrita, que será seu guia para a próxima fase. Escrevendo o primeiro rascunho 1 – Escreva seu primeiro rascunho enquanto toda pesquisa que fez na pré-escrita ainda está fresca em sua mente. 2 – Siga seu plano, mas lembre-se que ele é apenas um guia, e que pode ser mudado 3 – Escreva naturalmente, se concentrando em ideias, não na forma do texto. Reescrevendo 1 – Avalie o primeiro rascunho e determine se ele tem potencial para se tornar um bom texto �nal 2 – Reescreva o primeiro rascunho e o modi�que da maneira que achar necessário. 3 – Reescreva os parágrafos inicial e �nal, de modo que eles se articulem bem com o resto do texto 4 – Re�ne seu estilo de escrita, adequando-o ao nível de formalidade requerido pela tarefa. Re�são 1 – Leia atentamente seu texto procurando por erros ortográ�cos, gramaticais ou inadequações no estilo. 40 2 – Certi�que-se de ter acesso a gramáticas, dicionários e sites con�áveis para a consulta. 3 – Releia tudo mais uma vez antes de entregar seu texto. Seguindo esses passos quando for produzir um texto, todos eles simples em si mesmos, no �nal, terá em mãos um bom produto �nal. Além disso, por compreender que escrever é um processo, você não se sentirá tão pressionado para conseguir o texto perfeito logo de início. O mais importante é continuar escrevendo, mesmo se não for tão fácil no começo, e, assim como com qualquer habilidade, você se tornará cada dia melhor. 41 05 Redação técnica 42 Tenho certeza de que quando você leu a palavra “redação”, sentiu aquele calafrio se lembrando das aulas do ensino médio, certo? Mas não se trata exatamente da mesma coisa agora que estamos em um curso superior. Em algum momento da nossa vida, somos cobrados a escrever um texto técnico. Pode ser um relatório, um abaixo-assinado, um e-mail que �cará registrado como documento, um atestado, declaração, memorando, ofício, procuração, recibo, relatório, requerimento, etc. Conceituando, segundo Medeiros (apud França, 2013), Redação Técnica “é qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou assuntos técnicos ou cientí�cos”. Os princípios básicos da redação técnica são os mesmos de qualquer tipo de redação: clareza, correção, coerência, e ordenação lógica, embora sua estrutura e seu estilo apresentem algumas características próprias. Assim, a Redação Técnica é necessariamente objetiva quanto ao ponto de vista, logo, opiniões pessoais, experiência pessoal, crenças, �loso�a de vida e deduções são necessariamente subjetivas. Objeti�dade e subjeti�dade textual Ser objetivo em um texto é basicamente ser imparcial, característica essencial em textos técnicos. É ter um ponto de vista neutro sobre o assunto ou o objeto descrito, sem dar opiniões pessoais. Para isso, o texto deve ser uma constatação, uma comprovação, algo concreto que pode ser observável de forma igual por todos. Já a subjetividade tem a ver com as impressões pessoais do emissor da mensagem. É um texto cheio de adjetivos de valor, que varia de acordo com o julgamento de cada pessoa, e que cada um pode interpretar da sua maneira. Qual conceito combina mais com a área de exatas? - a objetividade, claro! Veja os dois enunciados seguintes: 43 Adaptado de: Disponível aqui Percebe, estimado(a) aluno(a), como os adjetivos (barulhento, negligente, assustadoras, etc.) transformam um relato objetivo em subjetivo? Pois quanto mais direto for o texto, mais objetivo ele é. Vamos fazer um teste? Imagine que você precisa descrever uma sala qualquer. Você tem dois caminhos: ser objetivo (descrever o cenário de forma que não permite que ninguém discorde do que você relatou) ou ser subjetivo (descrevê-lo com palavras, principalmente adjetivos, que demonstre a sua opinião). Como EXERCÍCIO , pegue uma folha de papel ou abra o bloco de notas do Word e descreva o ambiente abaixo, com o máximo de elementos possíveis, das duas formas: 44 https://www.srzd.com/brasil/moradores-de-predios-da-rua-dos-invalidos-organizam-manifestacao/ ATENÇÃO: NÃO EXISTE UMA ÚNICA FORMA CERTA OU ERRADA! Faça a sua anotação e, depois, clique para comparar com as sugestões dadas. Sugestão de descrição objetiva: A sala tem paredes brancas, com três janelas grandes e piso de taco (madeira). Ao centro, uma mesa branca, provavelmente de laca, com oito cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura. Em cima da mesa, há três enfeites, dois com um tipo de planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das paredes tem um relógio pendurado entre duas janelas. O teto tem estruturas de metal ou aço. Sugestão de descrição subjetiva: A sala é linda/não é tão bonita, tem paredes brancas, com três janelas grandes sem cortina, o que causa certo desconforto/o que a deixa mais moderna, e um elegante piso de taco (madeira)/ e piso de taco, que é meio cafona. Ao centro, uma mesa branca, provavelmente de laca – material muito versátil/muito ruim de limpar. A mesa tem oito cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura que não combinam/que combinam. Em cima da mesa, há três enfeites, dois com um tipo de planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das paredes tem um discreto/ superchique relógio, que poderia ser maior, pendurado entre duas janelas. O teto tem estruturas de metal ou aço, o que deixa o ambiente mais arrojado/o que desvaloriza a sala. 45 Relatório Em algum momento da sua vida pro�ssional, vou vai ter que escrever um relatório. Trata-se de uma descrição objetiva de fatos, acontecimentos ou atividades, seguida de uma análise com o objetivo de tirar conclusões ou tomar decisões (ALMEIDA E ALMEIDA, 2008). Por isso, o relatório deve ser claro e �el aos acontecimentos. Podemos encontrar várias espécies de relatório, depende do que é pedido que se faça, mas os principais são: 1. Relatórios administrativos: de gestão, sociais, de rotina, de inspeção, informativos, etc. Esses relatórios podem ser anuais, mensais, semanais, provisórios, progressivos, gerais e parciais. 2. Relatórios técnicos ou cientí�cos: relatório de estágio, trabalhos de pesquisa, resumos de livros, comunicados cientí�cos, etc. Características do relatório 1. Um relatório deve responder primeiro a uma pergunta: O que acontece/aconteceu (o fato ou fatos)? No relatório, devemos de�ni-los e descrevê-los, trabalho que exige uma observação cuidadosa. Mas a descrição deve se limitar ao essencial e ao útil, tendo em vista o objetivo de selecionar as melhores informações. 2. Depois, deve responder: Qual é a conclusão sobre o acontecido? Aqui pode haver a interferência do autor do relatório, pois ele vai contribuir com sua experiência e conhecimento para analisar os fatos, classi�car seus elementos de forma imparcial e apresentar conclusões e soluções possíveis. 3. Ao �m, deve-se responder: O que fazer? São sugestões para a solução dos problemas (se esse for ocaso), com suas devidas justi�cativas. Di�são do relatório 1. O relatório deve ter uma introdução com: local e data, título (assunto) 46 vocativo (para quem é destinado) motivo 2. Desenvolvimento data e local do fato relatado (quando for relatório de ocorrência, por exemplo) método utilizado para o levantamento das informações (quando for o caso) discussão do assunto ou exposição dos fatos pela ordem apropriada 3. Conclusão considerações e recomendações de medidas ou providências necessárias a serem tomadas assinatura Em relatórios e outras redações técnicas, não chame o destinatário de “vossa senhoria” (V. Sª.) ou “digníssimo”, pois se trata de vocativos arcaicos, antigos. Pre�ra “senhor(es)”, “senhora(s)” e, no máximo, “ilustríssimo” (Ilmo.) Cuidados na hora do en�o Pense na seguinte situação: você precisa redigir algo importante. Esmera-se no conteúdo, consulta gramáticas, faz a revisão do texto. Como é comum hoje em dia, o envio deve ser feito por e-mail. Mas na hora de escrever o e-mail, você descuida da linguagem, usa vocativos errados e apresenta uma comunicação ruim. É grande a probabilidade de o destinatário colocar em dúvida a credibilidade do conteúdo do texto enviado. Assim, é importante que haja cuidado em todas as etapas do processo de troca de informações, do começo ao �m. E falando especi�camente do e-mail, que é o meio de envio mais comum tanto na esfera acadêmica quanto pro�ssional, veja algumas dicas valiosas para a elaboração de seu e-mail, listadas por Brasileiro (2016): 47 Independentemente de quem seja o seu interlocutor, seja sempre cordial. A apresentação inicial de seu e-mail colaborará para o interesse por parte do destinatário, bem como para a dedicação de retorno. Os e-mails corporativos devem sempre ser mais formais e, muitas vezes, são considerados documentos. Nada impede que você seja mais informal com quem tenha a�nidades, porém dentro dos limites pro�ssionais. É importante evitar a linguagem utilizada na internet, ou seja, usar abreviaturas, símbolos e emojis que demonstram falta de pro�ssionalismo. Atente para o conteúdo que você vai desenvolver. Na maioria das vezes, o texto do e-mail deve ser claro e objetivo. No entanto, em algumas eventualidades, você poderá vir a ser mais abrangente, detalhando as informações para que �quem mais claras ao destinatário. Tudo dependerá do assunto a ser tratado e da facilidade de entendimento do destinatário. Evite escrever com todas as letras em caixa alta (maiúscula). Elas representam que você está sendo indelicado e/ou gritando. Demonstre no campo “assunto” a informação que conterá no e-mail de forma clara e objetiva. Não deixe o título do assunto em branco. Sempre avise no corpo do e-mail quando estiver enviando documentos anexados. Para �nalizar um e-mail, utilize termos formais como “atenciosamente” e, caso haja contexto, pode padronizar com “um abraço”, “abraço” etc.; Não se esqueça de “assinar” seu e-mail com seu nome, cargo, empresa e telefone, se julgar adequado. Evite, porém, excesso de informações após a assinatura. Elas poluem o texto e ainda podem confundir o leitor. 48 Adaptado de França, 2013. Como NÃO escrever um e-mail: Olá, Bom dia! Escrevo para lembrar sobre o e-mail que passei no outro dia, assunto de seu interesse. Espero que já tenha resolvido aquilo e já esteja resolvendo outro sobre o qual conversamos pessoalmente. Nesse exemplo, �ca impossível saber do que se trata e quem enviou. Assim, não use palavras inde�nidas e demonstrativas sem referências: “no outro dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra Informação interessante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e Boa noite”. Se o e- mail é uma correspondência digital, não se pode prever quando e em que horário o receptor irá ler. Por isso, pre�ra o horário em que você, emissor, está escrevendo, independentemente do período em que o receptor vai ler. O “Olá” é totalmente aceito nesse tipo de correspondência, bem como desfechos tais como “Abraços” e “Saudações”. Formalidades que vão além dessas formas (“Estimas de consideração”, “Meus votos de respeito e felicidades”, etc.) podem parecer arrogante demais - ou no mínimo mostra que a pessoa ainda vive em uma variação histórica antiga” E é importante destacar que responder mensagens muito tempo depois demonstra ine�ciência. 49 50 Fonte: elaborado pela autora. NÃO USE! PREFIRA: Venho/viemos através deste e- mail ou Venho/viemos por meio do presente e-mail Vá direto à intenção do e-mail: solicito/envio/peço/compartilho/convido, etc. Acusamos o recebimento do e- mail Recebi/recebemos o seu e-mail. Sem mais para o momento. Só use em comunicações que não exige resposta do destinatário, tais como em cartas de cobrança ou similares. Fico no aguardo/No aguardo/Estou no aguardo. Aguardo. ou Fico à espera de respostas/retorno. 51 06 Estratégias de Escrita 52 “A linguagem existe para que nos sirvamos dela, não para que sirvamos a ela” - Fernando Pessoa, poeta. É inegável que hoje, na atualidade, com os avanços tecnológicos, nós escrevemos à mão muito menos do que a geração anterior, que cresceu sem computador, internet, Word ou corretor de textos. Por outro lado, vivemos uma geração que nunca recebeu e transmitiu tanta informação ao mesmo tempo. E onde �ca o cuidado com a gramática, a gra�a e a língua portuguesa em si? Como alunos e pro�ssionais, precisamos de algumas estratégias para escrever melhor ou ao menos não cometer erros considerados bobos, crassos. Aprender a se autocorrigir é uma atividade constante, pois quem relaxa de sua comunicação, relaxa do modo como aprende. Para começar, sabia que ser organizado (ou desorganizado!) re�ete muito na maneira como você escreve, aprende, recebe e passa informações? Seguem algumas dicas de como melhorar a comunicação verbal escrita por meio da organização prática: 53 Fonte: Brasileiro, 2016. Enquanto anota algum recado, tenha atenção e organização. Evite papéis soltos: números de telefones anotados em qualquer papel branco ou em beiradas de cadernos signi�cam desorganização e atrapalham o andamento do trabalho. Organização é um hábito: tenha um caderno, além de uma agenda com horários, para que seja seu diário. Anote tudo o que precisar somente nesse caderno, com data sempre atualizada. Assim, você terá um amigo �el que lhe ajudará a lembra- se de situações que, muitas vezes, não são registradas nas agendas ou no computador. Anotações nas mãos, nem pensar! Não existe coisa mais deselegante, pois seu interlocutor sabe que aquele lembrete irá apagar. Ao redigir um recado, e-mail ou solicitação, tenha cuidado com as normas de escritas. Lembre-se de que a obrigação de se fazer entender é de quem inicia a interação! Correção gramatical “A nível de, menas, concerteza”? Você já notou esses erros ou será que é você quem os comete? Erros grosseiros e muitos outros são cometidos no cotidiano com clientes e parceiros de negócio, por isso, é preciso saber eliminá-los e ter uma boa redação, pois isso re�ete até mesmo no resultado pro�ssional. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para con�ar, certo? Então aprimore sua escrita. 54 Vamos a algumas expressões comuns que levam ao erro na escrita (ou na fala) cotidiana. Comece a notar como você os escreve ou fala! 1. Viemos solicitar à sua empresa – o correto é SOLICITAMOS 2. Haviam dez pessoas na reunião – o correto é HAVIA 3. Espero evoluir a nível pro�ssional – o correto é EM NÍVEL. 4. Eles pediram para mim entrar em contato – para EU 5. Moro à rua João da Silva 23 – Moro NA RUA. (verbos que indicam localização – residir, morar, situar, localizar etc. são regidos por EM, nunca A) 6. Assistimos o vídeo com atenção – ASSISTIMOS AO vídeo 7. Viso o cargo de gerente – VISO AO cargo 8. Passou por nós desapercebido – DESPERCEBIDO. 9. Vou na empresa hoje – VOU À 10. É proibido a permanência sem uso de EPIs - PROIBIDA A PERMANÊNCIA 11. Contrata-se eletricistas - CONTRATAM-SE / Vende-se materiais de reuso - VENDEM-SEmateriais. 12. Ele já devia ter chego - TER CHEGADO 13. Essa tarefa é meia complicada - MEIO COMPLICADA 14. Não é difícil, ainda sim, vou explicar - ainda assim 15. Parabéns à todos pelo sucesso do projeto. - Parabéns A TODOS. 16. Não nos falamos a uma semana - HÁ uma semana Adaptado de: França, 2013. Estimados (as), veremos muitos outros tópicos de correção gramatical ao longo desta disciplina, inclusive com aulas dedicadas especialmente aos erros comuns, certo? 55 Duas notas: uma mulher ou alguém que se identi�ca como mulher sempre fala “obrigada”, e um homem ou alguém que se identi�ca como homem sempre fala “obrigado”. Assim, é errado um homem falar “obrigada” quando estiver falando com uma mulher e vice-versa. É o mesmo que acontece com “grata” e “grato”. Ruídos na comunicação Toda situação de comunicação está sujeita a falhas devido a ruídos ou interferência – todo e qualquer fator que inter�ra no processo de comunicação, como por exemplo, distrações físicas, erros gramaticais, diferenças culturais, etc. Cada um de nós processa informações de maneiras diferentes, assim, falhas na comunicação podem gerar con�itos, improdutividade, prejuízos e até ressentimentos. Os ruídos na comunicação são erros bastante comuns no dia a dia de qualquer pro�ssional, porém, muito prejudiciais para a credibilidade de que os comete. E embora cada pessoa tenha uma maneira própria de se comunicar, existem práticas simples que podem ser adotadas para reduzir ao máximo a possibilidade de ruídos. Vejamos algumas: 1 – Documente os acordos – registre sempre por e-mail decisões acordadas em reuniões presenciais, on-line ou por telefone. Não se esqueça de deixar claro quem �cou responsável por cada tarefa, datas de novas reuniões ou eventos e prazos estipulados. 2 – Mantenha os envolvidos informados – certi�que-se de que todos os envolvidos em determinado projeto ou processo estão a par de todas as informações necessárias copiando todos eles nos e-mails enviados, por exemplo. 56 3 – Seja didático – é melhor pecar pelo excesso do que pela falta de explicações. Quando for instruir alguém, repasse até as informações que lhe parecerem mais óbvias, pois para o interlocutor, podem não ser. 4 – Estipule prioridades e esclareça prazos – sempre que designar tarefas, deixe claro qual é a prioridade de cada uma e estipule prazos exatos, ou seja, nunca utilize termos como “o quanto antes”, por exemplo. Dê a data e, se necessário, o horário em que você precisa receber o material desejado. 5 – Envie lembretes – nas vésperas de entregas importantes, veri�que se está tudo certo com o andamento das tarefas e se o prazo acordado está mantido, assim, você tem tempo hábil para partir para um plano B, se necessário. O mesmo vale para reuniões agendadas, a con�rmação evita deslocamentos e janelas desnecessárias na agenda. Fonte:http://www.redatoria.com/6-atitudes-para-evitar-falhas-na-comunicacao- empresarial/ Orientações de escrita Erros na escrita são comuns. Às vezes, pode se tratar de um erro de digitação, mas outras vezes, talvez você apenas não conheça a gra�a correta de alguma palavra. E mais: todos nós sabemos que o português não é dos idiomas mais fáceis, mas com as ferramentas de correção automática de texto disponíveis em softwares, não existe desculpa para não dar aquela revisada antes de enviar o seu e-mail. Veja: Repetir palavras Quem trabalha com projetos de engenharia, por exemplo, está acostumado a ter a rotina interrompida inúmeras vezes ao longo do dia. Por isso, nem sempre é fácil sentar para escrever um e-mail, um relatório ou outro texto com calma sem receber uma ligação no meio do processo. Como consequência, na hora de retomar a mensagem, você pode acabar repetindo palavras que já havia escrito sem nem perceber. Nada que uma rápida releitura não resolva. 57 Utilizar parágrafos longos O parágrafo funciona como um pedaço do discurso que expressa um mesmo pensamento, e quebrar o texto em parágrafos ajuda bastante na leitura. Se você já precisou ler um longo bloco de texto, vai concordar que a experiência não é das melhores. Utilizar discurso vago Vamos ser honestos: ninguém gosta quando a caixa de mensagens está cheia de ofertas ou propostas de produtos e serviços. Você até pode acabar adquirindo aquilo que foi oferecido no e-mail, mas a reação inicial não costuma ser positiva. Talvez por isso que tantos prestadores de serviço tenham receio de escrever mensagens tipo mala direta. É como se o vendedor estivesse com vergonha de demandar a atenção do seu possível cliente. Ao invés de escrever “Você, por um acaso, estaria interessado em agendar uma conversa para debatermos melhor a questão?”, busque ser objetivo e honesto em relação às suas intenções, optando por algo como “Podemos agendar uma conversa de 15 minutos para eu te apresentar meus serviços?” Ah: e apresente o objetivo da mensagem logo no início, deixando tudo claro e facilitando o entendimento! Fonte: adaptado de https://blog.staging.agendor.com.br/blog/os-10-erros-mais- comuns-na-redacao-de-um-email-de-vendas/ Exercícios! Teste seus conhecimentos gramaticais e identi�que o erro de cada oração - pode ser de gra�a, acentuação, concordância, vírgula, crase... As respostas se encontram logo em seguida! 1. Quando eu ver o mestre de obras, perguntarei se ele está melhor da renite. 2. Vamos assistir o jogo pela televisão as 20 hs. 3. De 1968 à 1980, o modelo econômico Brasileiro mudou. 4. A obra está atrazada mas, devemos. 5. O problema da segurança no Rio está sendo discutido a nível federal, pois envolve iminentes autoridades. A uma semana, só lemos sobre violência na cidade maravilhosa. 6. O pro�ssional melhor preparado visa bons salários. 58 https://blog.staging.agendor.com.br/blog/os-10-erros-mais-comuns-na-redacao-de-um-email-de-vendas/ 7. Construíram a estrada, localizada à cidade de Bom Jesus. 8. Houveram muitos jornalistas que derão a notícia incompleta. 9. Se você ver o João, diga a verdade. 10. O Globo já atua no jornalismo fazem mais de 50 anos. 11. Comprei duzentas gramas de mussarela. Se você quizer, comprarei mais amanhã. 12. É um previlégio conhecer você.. 13. O Iraque foi arrazado pelos EUA. Análizes realizadas no país demostra que levarão muito tempo para reconstrui-lo. 14. Não diga-me que não avisei, aquela loja não vende à prazo, só à vista. 15. O mixto de sensações tomou conta dos homenageados. Pretenciosos, eles contavam seus feitos. 16. A descriminação, qualquer que seja, é malé�ca a sociedade. 17. Não �camos lisongeados com sua atenção, tão pouco com seus presentes. Adaptado de: França, 2013. GABARITO: 1. Quando eu vir o mestre de obras, perguntarei se ele está melhor da rinite. 2. Vamos assistir ao jogo pela televisão às 20h. 3. De 1968 a 1980, o modelo econômico brasileiro 4. A obra está atrasada, mas devemos esperar. 5. O problema da segurança no Rio está sendo discutido em nível federal, pois envolve eminentes Há uma semana, só lemos sobre violência na cidade maravilhosa. 6. O pro�ssional mais bem preparado visa a bons salários. 7. Construíram a estrada, localizada na cidade de Bom Jesus. 8. Houve muitos jornalistas que deram a notícia incompleta. 9. Se você vir o João, diga a verdade. 10. O Globo já atua no jornalismo faz mais de 50 anos. 11. Comprei duzentos gramas de muçarela. Se você quiser, comprarei mais amanhã. 12. É um privilégio conhecê-lo. 13. O Iraque foi arrasado pelos EUA. Análises realizadas no país demonstram que levará muito tempo para reconstruí-lo. 14. Não me diga que não avisei, aquela loja não vende a prazo, só à vista. 15. O misto de sensações tomou conta dos homenageados. Pretensiosos, eles contavam seus feitos. 16. A discriminação, qualquer que seja, é malé�ca à 17. Não �camos lisonjeados com sua atenção, tampouco com seus presentes. Adaptado de: França, 2013. 59 07 Coesão e Coerência 60 Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto. Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um signi�cado,ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que con�ram coesão ao discurso. Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de coerência. Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar a coerência textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas separadamente: 1. Ontem fez sol. 2. Fui à praia. Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento conectivo para estabelecer uma ligação entre elas. O ponto �nal faz uma separação entre as duas orações. Vamos acrescentar um elemento coesivo para que o texto �que articulado. Temos duas opções: 1. portanto 2. entretanto Qual é o conectivo correto? Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto” indica uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém, todavia”. 1. Ontem fez sol, portanto fui à praia - há coerência. 2. Ontem fez sol, entretanto, fui à praia - não há coerência. E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria que alterar a oração, assim: Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência. Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra. 61 TEXTO 1: Sem conectivos TEXTO 2: Com conectivos Fui à padaria comprar pão. Fui assaltado na esquina. Voltei para casa sem dinheiro. Voltei pra casa sem pão. Fui à padaria comprar pão, mas fui assaltado na esquina, por isso voltei para casa sem dinheiro e sem pão. Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos de um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as conjunções e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas funções fundamentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os conectivos são elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam uma relação de sentido e de orientação argumentativa. Vamos estudar essas relações de sentido: Relações lógico-discursivas (coesão) Relação de causalidade É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc. NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO. CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA. Os elementos conectivos 62 Relação de condicionalidade A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condição para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, caso, contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc. SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA. CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA Relação de temporalidade Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando, assim que, logo que, enquanto, cada vez que, etc. QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA. CONDIÇÃO: TER DINHEIRO CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA Relação de �nalidade A �nalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, �nalidade, propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a �m de, a �m de que, etc. QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA OBJETIVO: TER DINHEIRO FINALIDADE: IR AO CINEMA 63 Relação de oposição ou de adversidade É quando um conteúdo expresso em um segmento se opõe ao conteúdo do outro segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções adversativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de, etc. QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO. CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRO Relação de conclusão Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de um algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É o grupo do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc. EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA. PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER 64 O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os concursos públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com o nome de “Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser estudo quando exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos podem aparecer tanto em questões de gramática quanto serem cobrados na escrita das questões dissertativas - as temidas redações. Quer um exemplo? Nunca se deve começar o último parágrafo da redação com uma conjunção adversativa, por exemplo. Esse parágrafo é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser iniciado com uma conjunção conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a coerência por não ter um elemento de coesão correto e o candidato perde pontos na prova. Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A maioria já foi explicada neste presente tópico; o restante, deixo com vocês, estimados! 65 Fonte: Silva, 2017 Tipo de relação Alguns conectivos Casualidade porque, uma vez que, visto que, já que, desde que, como Condicionalidade se, caso, desde que, contanto que , a menos que, sem que, salvo que, exceto que Temporalidade quando, enquanto, apenas, mal, antes que, depois que , logo que, assim que, sempre que, até que, desde que, todas as vezes que, cada vez que Alternância ou Conformidade de acordo, conforme, consoante, segundo, como Complementação que, se , como Delimitação ou restrição pronomes relativos Adição e, ainda, também, não só... mas também, além de, nem Oposição mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, se bem que, apesar de Justi�cativa ou explicação isto é, quer dizer, ou seja, pois Conclusão logo, portanto, pois, por conseguinte, então, assim como Comparação como, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto 66 Acesse: Disponível aqui O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e adultos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência textual está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e adultos, em processo de alfabetização, em uma situação de produção de texto. Coerência Como já falamos, coerência é relação lógica entre as ideias de um texto. Vamos a uma breve de�nição dos linguistas Platão e Fiorin (2007): A palavra coerência, da mesma família de aderência e aderente, provém do latim cohaerentia (formada pelo pre�xo co = junto com, mais o verbo haerere = estar preso). Signi�ca, pois, conexão, união estreita entre várias partes, relação entre ideias que se harmonizam, ausência de contradição. É a coerência que distingue um texto de um aglomerado de frases. Ou seja: quando você transmite uma mensagem, certamente leva em consideração quem vai recebê-la. Provavelmente você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o receptor compreenda a mensagem. Nessa tentativa de se fazer compreendido, você deve estabelecer alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo? 67 http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16796.pdf Intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa escrita, chamado de coerência textual. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, é aquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. “Frase assim escreve uma coerência sintática, mas ninguém ainda que conheça não”. Não entendeu nada, certo? Pois é, ninguém escreve uma oração assim... Esse é o princípio básico da sintaxe: construir frases nas quais os elementos da oração estejam dispostos na ordem correta. Além disso, a coerência sintática evita a ambiguidade e garante o uso adequado dos conectivos. Duas placas que viralizaram nas redes sociais e que exempli�cama falta de coerência são aquelas em que se lia PINTAMOS CASA A DOMICÍLIO e CORTAMOS CABELO AO VIVO. Alguém aí consegue explicar? Sintaxe (pronuncia-se “sintásse”) é a parte da gramática que estuda a relação das palavras dentro das frases e das orações. Estuda, também, a oração dentro do período, permitindo que a frase tenha sentido e que as palavras estejam na ordem certa dentro da oração. No Carnaval de 2014, a prefeitura de Porto Nacional, em Tocantins, lançou uma inusitada campanha cuja faixa viralizou nas redes sociais. Ela dizia: 68 Nesse caso claro de falta de coerência, percebe-se que a prefeitura queria passar duas informações distintas: 1) que foliões da cidade usassem camisinha para se prevenir do vírus HIV, 2) que os foliões combatessem o mosquito da dengue. Porém, o uso do conectivo “e” dá a ideia lógica-discursiva de adição, de acréscimo de ideias que se complementam, e não cabe no caso de duas ideias que não têm nada a ver. A faixa, obviamente, virou piada. Coerência Temática É quando o texto discorrido - seja escrito ou falado - está de acordo com a proposta. Esse é o princípio da coerência temática, que privilegia apenas ideias que sejam relevantes para o bom desenvolvimento do tema. Lembra-se do candidato do Enem que, na redação cujo tema era “Imigração Legal”, escreveu uma receita de macarrão instantâneo do desenvolvimento? É um exemplo - mesmo que exagerado e sem noção da parte do “engraçadinho” - de falta de coerência temática. Coerência Estilística A coerência estilística diz respeito à variedade linguística adotada em um texto. Se o emissor escolhe uma linguagem formal, é coerente que ele a use no texto inteiro. Não faz o menor sentido começar uma redação utilizando uma linguagem culta e de repente alterar o estilo e empregar a linguagem coloquial (ou informal). 69 Coerência Genérica A palavra “genérica”, aqui, quer dizer “de gênero”; de gênero textual, ou seja, dos estilos que existem (narrativo, informativo, descritivo, etc.) Tem a ver com a escolha adequada do gênero textual. Existe um gênero para cada ato de fala e escrita: por exemplo, se a intenção de quem escreve é anunciar algum produto para a venda, provavelmente ele optará pela linguagem informativa, e não um poema. Se a intenção é contar uma história, o conto ou a crônica são opções possíveis. No exemplo abaixo, temos a transcrição de uma placa real de estrada com duas informações coerentes e uma incoerente com o gênero informativo “placa de sinalização”. Fica óbvio qual está fora de contexto, não é? CRUZAMENTO PERIGOSO REDUZA A VELOCIDADE DOE LEITE MATERNO Cabe aqui fazer uma observação: há casos em que o emissor da mensagem faz uso da falta de coerência propositalmente para causar algum efeito poético ou de humor. Leia o trecho abaixo: Subi a porta e fechei a escada. Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a cama e deitei-me na luz Tudo porque Ele me deu um beijo de boa noite... (Anônimo) Fonte: Antunes, 2005. Neste texto anônimo, a desordem das palavras é proposital, pois o “sentido” do poema está justamente na desorganização da forma como as coisas foram ditas. A intenção do autor era transmitir que as pessoas perdem o sentido; perdem a lógica das coisas quando se apaixonam e subvertem a ordem natural dos eventos. As pessoas �cam bobas, incoerentes de uma forma poética quando estão apaixonadas. 70 Acesse: Disponível aqui Assista a um bem-humorado vídeo da galera do Porta dos Fundos sobre problemas de falhas na comunicação, inclusive com o uso incorreto dos conectivos e a falta de coerência gerada na fala. Exercícios! Complete com conjunções e locuções conjuntivas: Você (aditiva) ______ eu temos muito em comum. Você E eu temos muito em comum. _______ (aditiva) de original, é interessante o que você diz. ALÉM DE de original, é interessante o que você diz. Uma coisa é certa: (aditiva) ________ os professores (aditiva) _______ os alunos estudaram matemática. Uma coisa é certa: NEM os professores NEM os alunos estudaram matemática. 71 https://www.youtube.com/watch?v=jPSnhvG5fQ Eu acho o seguinte: (alternativa) _________ �ca calado, (alternativa) _____ enfrenta o problema de uma vez. Eu acho o seguinte: OU �ca calado OU enfrenta o problema de uma vez. Só nos resta reclamar (alternativa) __________ obedecer. Só nos resta reclamar OU obedecer. Ora compremos, (alternativa) ______ vendamos, nunca teremos o bastante. Ora compremos, ORA vendamos, nunca teremos o bastante. Trabalhei muito, (adversativa) ___________, aguento um pouco mais. Trabalhei muito, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, aguento um pouco mais. Os alunos se queixam das tarefas, (adversativa) __________, fazem-nas. Os alunos se queixam das tarefas, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, fazem- nas. Penso, (conclusiva) _________ existo. Penso, logo/portanto, assim, dessa forma existo. Ele disse com bastante convicção, (conclusiva) _______ é verdade. Ele disse com bastante convicção, logo/portanto, assim, dessa forma é verdade. 72 Errei, (conclusiva) ______________ estou disposto a pagar as consequências. Errei, logo/portanto, assim, dessa forma estou disposto a pagar as consequências. Obedecerei as suas ordens, (adversativa) _________, antes direi o que penso. Obedecerei as suas ordens, mas/porém/contudo/todavia, entretanto, antes direi o que penso. Escolha uma possibilidade (alternativa) ________ outra, não faço restrições. Escolha uma possibilidade OU outra, não faço restrições. Os juízes têm que ser objetivos. (aditiva) ___________ eles têm que ser imparciais. Os juízes têm que ser objetivos. ADEMAIS, ALÉM DISSO eles têm que ser imparciais. Plantas (aditiva) ________ ervas são muito úteis quando usadas com critério. Plantas E ervas são muito úteis quando usadas com critério. É inadmissível que tenha fugido; (adversativa) ___________ não ouso censurá-lo. É inadmissível que tenha fugido; mas/porém/contudo/todavia, entretanto, não ouso censurá-lo. Complete com conjunções e locuções conjuntivas subordinativas: Levantei-me (temporal) _________ o prefeito terminou o discurso. Levantei-me QUANDO/LOGO QUE/ASSIM QUE o prefeito terminou o discurso. Escrevi um carta (temporal) __________ meu �lho jantava. 73 Escrevi um carta ENQUANTO meu �lho jantava. Deitei-me (temporal) _____________ terminou o jornal das dez. Deitei-me QUANDO/LOGO QUE/ASSIM QUE terminou o jornal das dez. Fiquei na sala de jantar (temporal) ____________ meu �lho terminou a sobremesa. Fiquei na sala de jantar ENQUANTO meu �lho terminou a sobremesa. Só quero saber (temporal) ___________ meu pai vai chegar. Só quero saber QUANDO meu pai vai chegar. Vou terminar o relatório (temporal) _____________ André me chame para o jantar. Vou terminar o relatório ANTES QUE André me chame para o jantar. Insistirei na petição (temporal) __________ a de�ram. Insistirei na petição ATÉ QUE a de�ram. Impediram a minha inscrição no concurso (causal) ________ sabiam que eu passaria em primeiro. Impediram a minha inscrição no concurso PORQUE sabiam que eu passaria em primeiro. Você é muito mais esforçada (comparativa) ___________ a sua irmã. Você é muito mais esforçada QUE / DO QUE a sua irmã. 74 Impediam que ela depusesse perante o tribunal, (causal) ______ era uma �gura pública e notória. Impediam que ela depusesse perante o tribunal, POIS/ PORQUE era uma �gura pública e notória. Descreveu o aparelho nos seus mínimos detalhes (�nal) __________ ninguém duvidasse da sua paternidade. Descreveu o aparelho nos seus mínimos detalhes PARA QUE/A FIM DE QUE ninguém duvidasse da sua paternidade. Arrumou-se (consecutiva) __________ que chamou a atenção de todo mundo. Arrumou-se tanto/de tal modo que chamou a atenção de todo mundo. Farei o que você quiser (condicional) _____ primeiro me relatar o que aconteceu naquela noite. Farei o que você quiser SE primeiro me relatar o que aconteceu naquela noite. Vou ler o manuscrito inteiro, (concessiva) ________ prejudique a visão. Vou ler o manuscritointeiro, MESMO QUE prejudique a visão. Tal atitude é intolerável, (concessiva) _________ fosse compreensível. Tal atitude é intolerável, se bem que/embora fosse compreensível. 75 08 Inadequações Entre Fala e Escrita 76 Existem várias ferramentas às quais podemos recorrer em caso de dúvida gramatical tais como dicionários, gramáticas ou uma simples busca no Google. Mas sabemos que a maioria dos estudantes e pro�ssionais não consultam o dicionário quando se deparam com uma palavra desconhecida ou não buscam uma gramática para sanar dúvidas de gra�a. Por isso, é muito comum o indivíduo aprender uma a palavra ou expressão e depois repeti-la sem conferir como é a escrita, causando uma inadequação entre o que se ouve - ou o que se fala - e como se escreve. Vamos a um exemplo: a expressão “por ora”, muito usada em correspondências, artigos cientí�cos e relatórios, que signi�ca “agora”, “no momento”. Não existe “h” no termo: “Por ora, nossa pesquisa teve resultados parciais”, ou seja, por enquanto, até agora, nossa pesquisa teve resultados parciais. Já “por hora” também existe, mas quer dizer “por um período de 60 minutos”: “O estacionamento cobra por hora.” A questão, então, é que essa expressão (e outras que são foco desta aula) são idênticas ou parecidas na fala, mas diferentes na forma escrita. Veja a seguinte placa: Muitos acham exagero corrigir quem confunde “um simples ‘há’, ou ‘a’, ou ainda ‘à’... é tudo igual!”. Mas certamente deixam de achar besteira quando esse tipo de problema cai em concursos, processos seletivos ou avaliações das quais você depende para dar 77 um passo importante na vida, além de ser um erro grave de gramática nas redações cotidianas. No exemplo acima, a placa está incorreta; e o certo seria: “HOMENS TRABALHANDO A 300m”. “A” indica avanço para frente no tempo ou no espaço. Por exemplo: “Moro a dois quarteirões daqui”, “Vamos nos ver daqui a dois dias”. O “há” refere-se ao passado: “Falei com ela HÁ duas semanas”. Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são iguais ou quase iguais na fala, mas diferentes na forma de escrever. MAU é um adjetivo, o oposto de bom: Exemplo: Estou de bom humor./ Estou de mau humor. Logo, temos: mau hálito, mau caráter, mau caminho, lobo mau, que podem ser todos substituídos por “bom” para fazer o antônimo. MAL é um advérbio, o oposto de bem: Exemplo: Todos falaram mal do �lme. / Todos falaram bem do �lme. Logo, temos: mal estar, passar mal, mal amado, mal visto, que podem ser todos substituídos por “bem” para fazer o antônimo. PERDA é um substantivo: a perda, as perdas, uma perda, sua perda, minha perda... Exemplo 1: Falar desse assunto é perda de tempo. Exemplo 2: Sinto muito pela sua perda. PERCA é verbo no imperativo (o modo domando, do pedido) ou no subjuntivo: Confusões entre fala e escrita Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são iguais ou quase iguais na fala, mas diferentes na forma de escrever. 78 Exemplo 1: Não perca a promoção de sábado! Exemplo 2: Mesmo que eu perca, não vou desistir! TAMPOUCO signi�ca “nem”, “também não”. Exemplo 1: Ele fez o jantar, tampouco varreu a casa! Exemplo 2: Você não trabalha, tampouco estuda. ( ATENÇÃO: “nem tampouco” é redundância). TÃO POUCO quer dizer muito pouco, pouquíssimo. Exemplo 1: Havia tão pouco entusiasmo naquele grupo que eu me desanimei. Exemplo 2: Eu como tão pouco e mesmo assim não perco peso! SENÃO signi�ca “caso contrário" ou “exceto”. Exemplo 1: O contrato precisa estar assinado, senão será inválido. Exemplo 2: Trabalhamos todos os dias, senão aos domingos. SE NÃO introduz uma condição, usado quando o "se" é uma conjunção condicional (substituível por "caso"). Exemplo 1: Se não receber a ata por e-mail, avise-me. Exemplo 2: Amanhã começam as obras se não chover. MAS é uma conjunção adversativa, substituível por “porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto”. Exemplo 1: É preciso trabalhar, mas é preciso se divertir também. Exemplo 2: Liguei várias vezes, mas ninguém atendeu. MAIS indica intensidade (em oposição a “menos”), soma ou aumento de quantidade. Exemplo 1: Pretendo ir mais vezes à Bahia. Exemplo 2: Quanto mais estudo, mais aprendo. ONDE é usado quando se fala de um lugar estático, parado, e pode ser substituído por “em que” ou “em que lugar”. 79 Exemplo 1: O local onde a nova escola será construída é agradável. Exemplo 2: Você sabe onde ela está? AONDE deve ser usado em frases com verbos de movimento tais como “ir” e “encaminhar-se” e pode ser substituído por “para onde”, “para qual lugar”. Exemplo 1: Aonde João foi com tanta pressa? Exemplo 2: Ninguém viu aonde se encaminhou o estagiário. Aonde x Onde “Aonde” é usado quando a frase tem algum verbo de deslocamento, como é o caso de “ir” e outros que pedem a preposição “a”: ir a, dirigir-se a, encaminhar-se a, etc. Corresponde a “para onde você foi?”. Com outros verbos, é apenas “onde”, no sentido de “em que lugar”. Assim, o correto é “Onde você colocou as chaves?” e não “Aonde você colocou as chaves?”, “Onde você trabalha?” e não “Aonde você trabalha?”. Mas é correto “Eu sei aonde ele foi.”, por exemplo. Certo ou errado? Além das inadequações causadas porque existem palavras parecidas (como vimos no tópico anterior), há também o equívoco em si: palavras e expressões que comumente as pessoas ou aprenderam errado e repassaram adiante ao longo da vida. Vale lembrar que mesmo que na linguagem coloquial as pessoas dizem o que é “considerado” certo, se não estiver de acordo com a gramática ou com o dicionário, está errado. 80 Então pegue uma caneta ou um lápis, puxe uma folha em branco e vá anotando o que você sempre falou e escreveu certo e o que você deve se autocorrigir a partir de agora! COMO É FALADO / COMO É O CERTO às custas / à custa: Falado: Ele vive às custas do irmão. Certo: Ele vive à custa do irmão. a nível / em nível Falado: É a melhor escola a nível estadual. Certo: É a melhor escola em nível estadual. ao par / a par Falado: Joana estava ao par de tudo. Certo: Joana estava a par de tudo. rúbrica / rubrica Falado: Faça uma rúbrica no contrato. Certo: Faça uma rubrica no contato (sem acento, sílaba tônica “bri”). todo país / todo o país A instituição atua em todo país. A instituição atua em todo o país. *A frase quer dizer que a instituição atua no país inteiro. Assim, o artigo depois de todo, toda (Ele comeu toda a comida), todos (Preciso de todos os relatórios), todas (Todas as alunas estão convidadas) é obrigatório. Sem o artigo, todo passa a ser sinônimo de "qualquer", como na frase "todo homem é igual perante à Lei.” 81 consigo / com você Falado: Vou consigo até a cidade. Certo: Vou com você até acidade. *Inverta a forma para conferir: de todas as que menos falaram, ela foi uma. renite / rinite Falado: Tenho renite. Certo: Tenho rinite. �orescentes / �uorescentes Falado: Lâmpadas �orescentes. Certo: Lâmpadas �uorescentes. quites / quite Falado: Eu estou quites com você. Certo: Eu estou quite com você. *QUITE é adjetivo e, portanto, deve concordar com a palavra a que se refere: Eu estou quite. Eles estão quites. vende-se / vendem-se Falado: Vende-se duas casas na praia. Certo: Vendem-se duas casas na praia. interviu / interveio Falado: O professor interviu na briga. 82 Certo: O professor interveio na briga. germinada / geminada Falado: Casa germinada. Certo: Casa geminada. *A casa não germina como planta. “Geminado” vem de gêmeas, unidas, iguais. descriminação / discriminação Falado: Diga não à descriminição! Certo: Diga não à discriminação! calabreza e portugueza / calabresa e portuguesa Falado: Pizza calabreza e portugueza. Certo: Pizza de calabresa e portuguesa. hipocresia / hipocrisia Falado: Pare com essa hipocresia. Certo: Pare com essa hipocrisia. bene�ciente / bene�cente Falado: Faremos um bazar bene�ciente. Certo: Faremos um bazar bene�cente. 83 Acesse: Disponível aqui Está on-line e pintou uma dúvida de como escrever umapalavra ou veri�car se ela existe na língua portuguesa? Pesquise no VOLP, o Vocabulário Ortográ�co o�cial da Língua Portuguesa. Exercícios Práticos O gabarito está no exercício. Mas não se autossabote! Não espie a resposta certa para fazer, ok? Vamos lá: 1. Escolha a forma correta: a) Estou cansado, (mas/mais) sairei com vocês. b) A equipe falou muito (mal/mau) do último gestor. c) Sou bem saudável: não fumo, (tampouco/tão pouco) bebo. d) Espero que você nunca (perda/perca) a vontade de se atualizar! e) Você não vai perder seus medos (se não/senão) tentar superá-los. f) (Onde/aonde) Lilian colocou os �chários? g) É preciso acabar com o (mal/mau) habito do sedentarismo. h) Foi uma (perda/perca) irreparável a saída dele. i) Não nos satisfaremos com (tampouco/tão pouco) na vida. 84 https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario j) Alguém sabe (onde/aonde) ela foi ontem à noite? k) A entrada para a cidade �ca (a/há) 1km daqui. l) Comece a fazer o relatório agora, (se não/senão) você vai atrasar. 2. Assinale C (certo) ou E (errado) para a gra�a da palavra em destaque: a) O projeto foi levado a todo o pais, de norte a sul. ( ) b) A conta foi paga e estamos quite. ( ) c) A hipocresia é uma das piores atitudes do ser humano. ( ) d) Sabemos que sucesso vem à custa de esforço. ( ) e) Em nível acadêmico, esta instituição é a melhor! ( ) f) Descriminação racial é crime. ( ) g) A polícia fez certo quando interveio na contenda dentro da escola? ( ) h) A �lial �ca a 200km daqui. ( ) i) Algumas substâncias provocam renite. ( ) j) A coroa portugueza foi símbolo de poder até o �m da monarquia. ( ) h) Estou na correria, mas, por ora, consigo um horário para atendê-lo. ( ) Gabarito 1: a) - mas; b) - mal; c) - tampouco; d) - perca; e) - se não; f) - onde; g) - mau; h- perda; i) - tão pouco; j) - aonde; k) - a; l) - senão. Gabarito 2: a) - C; b) - E; c) - E); d) - C; e)- C); f) - E); g) - C; h) - C; i) - E; j - E; k - C. 85 09 Homônimose Parônimos 86 Fonte: elaborado pela autora Quantas vezes você parou para pensar qual a gra�a correta de alguns termos e expressões da língua portuguesa? Se foram muitas vezes, não se preocupe: nosso idioma é cheio de pegadinhas na gra�a, mesmo. Mas chegou a hora de estudar em um nível conceitual, mais aprofundado, para que, da próxima vez que a dúvida surgir, você saiba onde procurar reposta e se corrigir. A diferença entre eminente e iminente é um exemplo clássico da confusão entre algumas palavras que são quase idênticas e têm signi�cados diferentes, e não é raro vermos pessoas consideradas estudadas - jornalistas, repórteres, professores, etc. - usarem-nas de forma trocada. Mas por que isso acontece? Porque vai de cada indivíduo descobrir um jeito de guardar qual é um e qual é outro, pois não há uma regra gramatical que justi�que tal semelhança. No caso, EMINENTE, segundo o dicionário on-line Priberam, signi�ca “ilustre, excelente, que excede os outros”. Já IMINENTE quer dizer “imediato, próximo, que está para acontecer”. Logo, são comuns expressões do tipo: perigo iminente risco iminente partida iminente morte iminente derrota iminente personalidade eminente posição eminente deputado eminente região eminente eminente diretora guerra iminente eminente obra 87 Homônimos Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia - às vezes, a mesma gra�a - , mas que possuem signi�cados diferentes. Exemplo 1: Acender (colocar fogo) / ascender (subir) Exemplo 2: Acento (sinal grá�co) / assento (lugar em que se senta) Veja alguns exemplos no quadro a seguir: 88 acender (colocar fogo) ascender (subir) acento (sinal grá�co) assento (local onde se senta) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) 89 Fonte: Disponível aqui coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) tachar (atribuir defeito a) taxar (�xar taxa) 90 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php Você já deve ter ouvido essa expressão, certo? Mas o correto é que alguém foi o bode ESPIATÓRIO ou o bode EXPIATÓRIO? O correto é “expiatório”, do verbo “expiar”, que quer dizer pagar por um erro, remir-se de uma culpa; e não “espiatório”, de quem está espiando. “Bode expiatório” é uma expressão usada para de�nir uma pessoa sobre a qual recaem as culpas alheias, quando alguém é acusado de um delito que não fez. É quando alguém leva sozinho a culpa de algo errado. Parônimos Parônimos são palavras com gra�as ou pronúncias parecidas, mas com signi�cados diferentes e por isso facilmente confundidas: Exemplo 1: Absolver (perdoar, inocentar) / absorver (sorver, aspirar). Exemplo 2: Cavaleiro (que cavalga) / cavalheiro (homem cortês, educado). EMIGRAR: Deixar um país, sair da sua pátria. Fonte: Disponível aqui IMIGRAR: Estabelecer-se em um país estrangeiro, geralmente em de�nitivo. Fonte: Disponível aqui 91 https://pixabay.com/pt/photos/adulto-avi%C3%A3o-aeroporto-casal-3974292/ https://pixabay.com/pt/photos/passaporte-visto-imigra%C3%A7%C3%A3o-2510290/ absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver) apóstrofe (�gura de linguagem) apóstrofo (sinal grá�co) aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar) arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo) bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe) cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir) delatar (denunciar) dilatar (alargar) descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir) despensa (onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar) docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos) emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente) eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) Veja alguns exemplos no quadro a seguir: 92 Fonte: Disponível aqui esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado) estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar) �agrante (evidente) fragrante (perfumado) �uir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar) fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo) imergir (afundar) emergir (vir à tona) in�ação (alta dos preços) infração (violação) in�igir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) mandado (ordem judicial) mandato (procuração) peão (domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo) precedente (que vem antes) procedente (que tem fundamento) rati�car (con�rmar) reti�car (corrigir) recrear(divertir) recriar (criar novamente) soar (produzir som) suar (transpirar) sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito) sustar (suspender) suster (sustentar) tráfego (trânsito) trá�co (comércio ilegal) 93 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php Ao encontro de tem sentido positivo, signi�ca “em busca de”, “em direção a”, “para junto de”: Ele foi ao encontro do sucesso. De encontro a tem sentido negativo, signi�ca “em oposição a”, “para chocar- se com”: O motorista foi de encontro ao muro. Acerca de signi�ca “sobre”, “a respeito de”: Falei acerca de política. A cerca de: indica aproximação: Estava a cerca de 3 km daqui. E ainda temos Há cerca de: indica tempo decorrido: Brigamos há cerca de um mês. A princípio signi�ca no começo, para começar: A princípio, pensei em desistir. Em princípio signi�ca de maneira geral, sem entrar em detalhes, de forma geral: Em princípio, todos deveriam ter acesso à educação. Assistir ao signi�ca ver, olhar: Hoje vou assistir ao jogo/ à novela. Assistir signi�ca tomar conta, cuidar, dar assistência: O médico assistiu a paciente/ o paciente. Cessão: ato de ceder; A cessão do local pelo município tornou possível a realização da obra. Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, divisão: Em qual seção do ministério ele trabalha? E ainda temos Sessão: espaço de tempo que dura uma reunião, um congresso; reunião; espaço de tempo durante o qual se realiza uma tarefa: A próxima sessão legislativa será iniciada em 1º de agosto. Expressões parônimas Além de palavras, existem também expressões incluídas no conceito do que é parônimo: escritas ou pronunciadas de forma parecidas, mas com signi�cados diferentes. Vamos às mais problemáticas: 94 Conjectura: suspeita, hipótese, opinião. Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, circunstância. Despercebido: que não se percebeu, não observado, não notado. Meu aniversário passou despercebido, que triste. Desapercebido: desprevenido, que não está preparado, sem provisões: Quando viu que ela estava desapercebida, ele lhe roubou a bolsa. Traz: do verbo “trazer”. Todo dia ele traz um livro novo para casa. Trás: atrás, na parte posterior, detrás. Falar por trás das costas é fácil. Tente cara a cara! Fonte: adaptado de "Parônimos" em Só Português. Disponível aqui Exercícios Práticos Hora de pegar folha e papel! 1. Escolha o termo correto para o contexto: a) O político foi (caçado/cassado) por irregularidades parlamentares. b) É preciso ter (censo/senso) de coletividade para viver em sociedade. c) A idoneidade do diretor foi colocada em (cheque/xeque). d) A impressora precisa de (concerto/conserto) urgentemente. e) O (estrato/extrato) bancário pode ser adquirido via internet. f) Julia foi (tachada/taxada) de inconsequente. g) Luis sabe (coser/cozer) muito bem, mas ainda não sabe cozinhar. h) Todos querem (acender/ascender) social e pro�ssionalmente na vida. 95 https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php i) Os (estratos/extratos) sociais mais baixos são sempre os mais afetados durante crises econômicas. 2. Veja os parônimos do quadro e coloque-os nas orações corretas: PRECEDENTES PROCEDENTES EM PRINCÍPIO A PRINCÍPIO DE ENCONTRO AOS AO ENCONTRO DOS DISCRIÇÃO DESCRIÇÃO ASSISTIU O ASSISTIU AO EMINENTE IMINENTE SEÇÕES SESSÕES a) _____________ , segundo a Constituição, todos somos iguais. b) A enfermeira ___________ o jovem enfermo durante a tarde toda. c) Jacques Chirac era um ____________ político, ex-presidente da França. d) Peço a sua total __________ sobre esta entrevista de emprego. e) Todos os ________ dele indicam que se trata de uma ótima pessoa. f) Nós não concordamos politicamente: suas convicções vão _____________ meus ideais. g) Existem tantas _________ eleitorais que nem sei em qual eu voto. h) Seus argumentos têm ____________ sólidos. Parabéns! i) Pensei em desistir ____________, mas logo recobrei a vontade de fazer exercícios físicos. j) Nunca pensei que fôssemos tão parecidos! Meus planos vão _______________ seus! 96 k) A __________ das mercadorias deve vir na nota �scal. l) Você ______________ curso exibido via internet? m) É _________ tomar uma decisão acertada: não temos mais margem para equívocos. n) Quantas ____________ de terapia serão necessárias para me darem um diagnóstico? Gabarito exercício 1: a) - cassado; b) - senso; c) - xeque; d) - conserto; e) - extrato; f) - tachada), g) - coser; h) - ascender; i) - estratos. Gabarito exercício 2: a) Em princípio b) assistiu o c) eminente d) discrição e) precedentes f) de encontro aos g) seções h) procedentes i) a princípio j) ao encontro dos k) descrição l) assistiu ao m) iminente n) sessões 97 10 Formas de Porquês 98 PORQUE Segundo Martins e Zilberknop (2019), escreve-se porque, em uma só palavra, quando se trata de uma conjunção causal ou explicativa. Signi�ca por causa de, pois: Exemplo 1: Vamos nos apressar, porque o ônibus vem vindo. Exemplo 2: Sou feliz porque tenho quem cuide de mim.m sentido positivo, signi�ca “em busca de”, “em direção a”, “para junto de”: Ele foi ao encontro do sucesso. POR QUE Usa-se quando for "o motivo pelo qual" (geralmente usado junto dos verbos do tipo “saber, entender, descon�ar, imaginar, supor”) e no começo ou meio de perguntas. Exemplo 1: Agora eu sei por que você sempre vai embora mais cedo. Exemplo 2: Por que a gente nunca vai jantar no restaurante japonês? Exemplo 3: Não entendo por que ele saiu e nem deu tchau. PORQUÊ É um substantivo que pode ser substituído pela palavra “motivo”. Vem junto de artigo (O/UM PORQUÊ = O/UM MOTIVO), de um pronome possessivo (MEU PORQUÊ = MEU MOTIVO) e tem plural (OS PORQUÊS). Olá, estimados(as)! Já que estamos na aula passada falamos de palavras e expressões fáceis de confundir, vamos dar continuidade ao conteúdo com as quatro formas de porquês. Na língua portuguesa, existem quatro formas de usar o porquê: PORQUE (junto e sem acento) POR QUE (separado e sem acento) PORQUÊ (junto e com acento) POR QUÊ (separado e com acento) 99 Exemplo 1: Você só arruma desculpa para não sair, é um porquê atrás do outro! Exemplo 2: A infância é a fase dos porquês. POR QUÊ Quando o "que" estiver em �nal de sentença ou interrogação, ou seja, ao lado da pontuação (seja ponto �nal ou vírgula), precisa sempre ter o acento, em todos os casos. Exemplo 1: Ele está triste por quê? Por quê? Exemplo 2: Ninguém me explicou por quê, mas não vamos receber aumento. Fonte: arquivo pessoal Veja esta capa: 100 O livro acima era uma famosa enciclopédia de perguntas e respostas dos anos de 1960 e 70; uma espécie de “minigoogle” da era pré-internet. Mas talvez não fosse bom fazer a esse oráculo perguntas sobre gramática ou uso dos porquês – a própria capa estampa o uso errado. Qual seria a gra�a certa? É “por quê” separado, por se tratar de uma interrogativa isolada, sozinha e sem complemento (�nal da pergunta). Enquanto isso, na internet... A cantada pode até ser boa (será?), mas o “por que” deveria ser separado: mesmo estando no meio da frase, trata-se de uma interrogativa. 101 Exercícios Complete com POR QUE, POR QUÊ, PORQUE, PORQUÊ: a) ....................................... você não �ca mais um pouco? b) Ele não faz os exercícios ........................... não quer. c) Não entendo o ............................ dessas atitudes rudes. d) Gostaria de saber o motivo ........................... você não veio ontem. e) Não sei ........................... ele não gosta dela. f) Você não mandou a fatura.....................? g) Nem sempre chegamos a saber o ................. das coisas. h) Sua atitude era elogiável ....................... era sincera. i) Estes são os direitos ...................estamos lutando. j) Falta saber............ estamos sem luz elétrica. k) Eles estão revoltados ............? l) Não fui ............ não tive tempo. Gabarito a) POR QUE você não �ca mais um pouco? b) Ele não faz os exercícios PORQUE não quer. c) Nãoentendo o PORQUÊ dessas atitudes rudes. d) Gostaria de saber o motivo POR QUE você não veio ontem. e) Não sei POR QUE ele não gosta dela. 102 f) Você não mandou a fatura POR QUÊ? g) Nem sempre chegamos a saber o PORQUÊ das coisas. h) Sua atitude era elogiável PORQUE era sincera. i) Estes são os direitos POR QUE estamos lutando. j) Falta saber POR QUE estamos sem luz elétrica. k) Eles estão revoltados POR QUÊ? l) Não fui PORQUE não tive tempo. 103 11 Verbos Problemáticos 104 Olá a todos! Nesta aula, vamos falar sobre alguns verbos problemáticos quando se trata de conjugação. Um exemplo: o verbo “caber”, no presente, na primeira pessoa do singular (“eu”), �ca “caibo”. O verbo medir �ca “meço”. São formas irregulares, mas mesmo assim, pela frequência do uso, é mais fácil de responder. Mas e o verbo “explodir”? “Eu explodo, eu expludo?” E “abolir?” “Eu abulo?” Antes de irmos à matéria, adianto que esses dois verbos (explodir e abolir) não têm forma de presente na primeira pessoa do singular (eu). Verbos defectivos Defectivo vem de “defeituoso”. Assim, verbos defectivos são aqueles que possuem uma conjugação incompleta, ou seja, não se conjugam em todos os modos, tempos e pessoas. Os motivos pelos quais esse fato ocorre são variados: alguns verbos se fossem conjugados iriam se confundir com outros, como é o caso de “falar” e “falir”, que na 1ª pessoa do indicativo (eu) �cariam do mesmo modo (“falo”). Assim, somente o verbo “falar” tem conjugação na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Para expressar o verbo “falir”, é preciso usar outra expressão, como “Estou indo à falência” ou “Vou falir”. Além do problema de equívoco que os verbos defectivos poderiam causar, há ainda outras causas: algumas formas são repudiadas porque causam sons desagradáveis, por não serem comuns no cotidiano ou por terem conotações pejorativas. Porém, vale destacar que o fato de um verbo ser caracterizado como defectivo hoje não quer dizer que será assim para sempre. A língua é viva, e nós, como falantes nativos, podemos adaptar a escrita à fala de acordo com a necessidade da época em que estamos. 105 Defectivos inexistentes com o pronome “eu” no presente Vejamos uma lista de verbos defectivos inexistentes no presente, na 1ª pessoa do singular (eu): abolir compelir �orir* adir demolir ganir banir discernir imergir bramir esbaforir latir* brandir exaurir munir carpir explodir retorquir colorir extorquir ruir comedir-se falir submergir *verbos unipessoais, ou seja, que não são atribuídos a pessoas (chover, ventar, nevar, miar, rugir, mugir...) são usados apenas em linguagem �gurada ou poética por razões óbvias. 106 Agora, vamos a uma lista de verbos que existem na 1ª pessoa do presente do indicativo, mas que podem causar dúvidas quanto à sua forma por soarem estranhos: Fonte: Adaptado de Almeida, 1985. ACUDIR – EU ACUDO RESSARCIR - EU RESSARÇO ADERIR – EU ADIRO COMPUTAR - EU COMPUTO CABER – EU CAIBO EXPRIMIR - EU EXPRIMO COMPETIR - EU COMPITO COIBIR - EU COÍBO AGUAR – EU ÁGUO DIVERGIR - EU DIVIRJO MEDIR – EU MEÇO VALER - EU VALHO ADEQUAR – EU ADÉQUO AQUECER - EU AQUEÇO MEDIAR – EU MEDEIO PERDER - EU PERCO INTERMEDIAR – EU INTERMEDEIO POLIR - EU PULO ANSIAR – EU ANSEIO JAZER - EU JAZO REQUERIR – EU REQUEIRO ROER - EU ROO FREAR – EU FREIO (RE)ERGUER – EU (RE)ERGO RIR – EU RIO ABRANGER - EU ABRANJO SACAR – EU SACO PENTEAR - EU PENTEIO MAQUIAR - EU MAQUIO Defectivos existentes com o pronome “eu” no presente 107 Você viu na lista anterior que “intermediar” é “eu intermedeio”? Embora estranho, isso acontece com alguns verbos com a mesma terminação, e para você memorizar, pense na regra do MÁRIO, que reúne as iniciais dos principais verbos com esse padrão de conjugação: Mediar Ansiar Remediar Incendiar Odiar Ter, pôr, �r e ver (e derivados) A maior di�culdade em relação aos verbos TER, PÔR, VIR E VER é a conjugação deles em certos tempos e modos. O certo é "quando eu pôr" ou "quando eu puser"? "Se eu vir ao colégio" ou "Se eu vier ao colégio?". 108 ter – deter, reter, conter, entreter . pôr – propor, supor, depor, opor, expor, compor, antepor, contrapor, recompor, transpor . vir – intervir, sobrevir, convir, desavir . ver – prever, antever, rever, prover . Errado: Se mantermos contato, será legal. Certo: Se mantivermos contato, será legal. Errado: Esperava que você se oponhasse ao cargo. Lembra-se do modo subjuntivo? O tempo verbal denominado pretérito do subjuntivo indica hipótese e condição, e é iniciado pela conjunção "se" ou pela conjunção "caso". São aqueles que terminam na desinência "-sse": "Se eu estudasse”, "Caso estudássemos mais". O tempo verbal denominado futuro do subjuntivo indica possibilidade futura. É iniciado pela conjunção "quando" ou pela conjunção "se" e caracterizado pela desinência "ar", "er" ou "ir" e geralmente acompanhado de outro verbo no futuro do presente do indicativo: "Se eu estudar mais, conseguirei melhores notas"; "Quando estudarmos mais, conseguiremos melhores notas". Agora analisemos os verbos apresentados como problemáticos - ter, pôr, vir e ver e derivados: Certo: Esperava que você se que você se opusesse ao cargo. 109 Errado: Se a empresa o mantesse , seria um desastre. Certo: Se a empresa o mantivesse , seria um desastre. Errado: Quando pormos dinheiro na conta, nós avisamos. Certo: Quando pusermos dinheiro na conta, nós avisamos. Errado: Se o IR reter minha declaração, terei que refazê-la. Certo: Se o IR retiver minha declaração, terei que refazê-la. Errado: Se você ver a professora, mande um abraço. Certo: Se você vir a professora, mande um abraço. Errado: Ela iria embora se suposse o que aconteceria. Certo: Ela iria embora se supusesse o que aconteceria. Errado: Embora eu prevesse minha nota, foi pior ainda! Certo: Embora eu previsse minha nota, foi pior ainda! Errado: Se ele composse algo bom, eu escutaria. Certo: Se ele compusesse algo bom, eu escutaria. Errado: Vou devolver a caixa se ela conter nove unidades. Certo: Vou devolver a caixa se ela contiver nove unidades. Errado: Quando ela vir , peça que traga um casaco. Certo: Quando ela vier , peça que traga um casaco. 110 Acesse: Disponível aqui Um recurso bastante prático é o conjugador online. É só digitar o verbo sobre o qual você tem dúvida e aparece a conjugação completa, em todos os tempos, modos e pessoas. 111 http://www.conjugador.com.br/ 12 Vícios de Linguagem: Você Tem? 112 Algumas incorreções acontecem com mais frequência na escrita; outras, mais na fala. O fato é que é necessário cuidado constante para evitar vícios de linguagem em qualquer situação comunicativa, pois em algum momento você será testado. Um exemplo são as redações e respostas dissertativas que muitas entrevistas de emprego e processos seletivos exigem. Nessas situações, mais do que testar seu nível de conhecimento, o que se analisa é a sua capacidade de se expressar na linguagem escrita com menor número possível de erros gramaticais e vícios de linguagem. Assim, vamos abordar aqui os principais vícios de linguagem com o propósito de fornecer suporte para que você, aluno(a), identi�que se possui algum desses hábitos ruins na fala ou na escrita. Vamos lá? Pleonasmo ou redundância Pleonasmo é uma �gura de linguagem que signi�ca usar as palavras de forma redundante, por isso é também chamado de redundância. Fugindo um pouco do “subir pra cima”, “descer pra baixo”, “sair pra fora” e “entrar pra dentro”, note que as pessoas falam coisas do tipo “encarar os fatos de frente” (tem como encarar de lado ou de costas?), “dar ré para trás” (tente dar ré para o lado!), ter “hemorragia de sangue” – sem comentários – e “repetir de novo” (seriam três vezes então?). 113 PUXE PARA FORA Veja e marque quais dessas redundâncias você já falou ou já viu por aí: Abismo sem fundo Abusar demais Acabamento �nal Adega de bebida Adiar para depois Amanhecer o dia Anexarjunto Arvore oca por dentro Avançar para frente Batom na boca Canja de galinha Comparecer em pessoa Hemorragia de sangue Hepatite do fígado Individual de cada um Introduzir dentro Labaredas de fogo Lágrimas nos olhos Lançamento novo Manter o mesmo Massa polar fria Minha opinião pessoal Monopólio exclusivo Negociata suja 114 Consenso geral Conviver juntos Criar novos Crise caótica Decapitar a cabeça Dé�cit negativo Descoberta de novos Devolvido de volta Duas metades iguais Elo de ligação Empréstimo temporário Encarar de frente Engolir pela boca Exportar para fora Exultar com alegria Fato verídico Ganhe grátis Novidade inédita Orbitar ao redor Perpetuar-se para o futuro Planejar antecipadamente Plebiscito popular Pomar de frutas Preconceito intolerante Principal protagonista Recuar para trás Reincidir de novo Repetir outra vez Safra agrícola Sorriso nos lábios Surpresa inesperada Útero materno Vereador municipal Voar pelos ares 115 Errado: SE CASO você quiser, podemos marcar uma aula. Certo: SE você quiser , podemos marcar uma aula. Ou: CASO você queria, podemos marcar uma aula. Errado: HÁ um ano ATRÁS , mudei-me para cá. Certo: HÁ um ano, mudei-me para cá. Ou: Um ano ATRÁS , mudei-me pra cá! Errado: Ela NEM SEQUER me deu tchau ao sair. Certo: Ela NEM me deu tchau ao sair. Ou: Ela SEQUER me deu tchau ao sair. Acesse: Disponível aqui Para complementar a leitura, veja um vídeo clássico do “Nós na Fita” - a dupla Marcius Melhem e Leandro Hassum - abordando alguns pleonasmos com muito humor. Redundância sintática A redundância não acontece apenas em nível de sentido, mas também de estrutura. Veja: 116 https://www.youtube.com/watch?v=Qbm2w_T4laY Errado: Nós NUNCA JAMAIS enfrentamos um processo judicial. Certo: Nós NUNCA enfrentamos um processo judicial. Ou: Nós JAMAIS enfrentamos um processo judicial. Errado: O assunto AINDA vai CONTINUAR em discussão por muito tempo. Certo: O assunto AINDA vai �car em discussão por muito tempo. Ou: O assunto vai CONTINUAR em discussão por muito tempo. Errado: AMBOS OS DOIS candidatos foram bem na prova. Certo: AMBOS OS candidatos foram bem na prova. Ou: OS DOIS candidatos foram bem na prova. Errado: TODOS da classe foram UNÂNIMES na escolha do representante. Certo: TODOS da classe escolheram o representante. Ou: A classe foi UNÂNIME na escolha do representante. 117 Certamente você já deve ter visto a placa acima em algum elevador, certo? E por que ela está em um material sobre erros da língua portuguesa? Por causa do pronome “mesmo”. Há uma tendência equivocada principalmente na linguagem escrita de se utilizar esse termo para substituir um substantivo. Por exemplo: “Consultei vários autores, e os mesmos indicaram a solução da questão” está errado. O correto é: “Consultei vários autores, e eles indicaram a solução da questão.” “Li a crônica e tirei conclusões da mesma” (Errado). “Li a crônica e tirei conclusões dela” (Correto). Assim, antes de escrever o termo “o mesmo” ou “a mesma”, pare e analise se há outro jeito de escrever a frase. No caso da placa do elevador, uma opção seria a frase “ANTES DE ENTRAR, VERIFIQUE SE O ELEVADOR ENCONTRA-SE PARADO NESTE ANDAR”. Ah: e se você tem idade para lembrar do extinto Orkut, você talvez se lembre de que lá havia uma comunidade chamada “Eu tenho medo do mesmo” satirizando esse aviso do elevador. 118 A transcrição acima é da embalagem de um produto e ilustra bem o que é ambiguidade: quando uma mensagem está escrita de tal maneira que causa certa estranheza quanto ao signi�cado, geralmente relacionado à ordem das palavras. Nesse caso, a expressão “em pó” está no lugar errado na frase, causando a sensação imediata de que os atletas são em pó. Obviamente, sabemos que tal coisa não existe, mas demonstra um despreparo linguístico e leva a um problema de coesão e coerência. O adequado seria “suplemento energético em pó para atletas”. Outros exemplos de ambiguidade: O garoto está sentado perto do banco. (banco, aqui, é um assento ou uma agência bancária?) Uma construção como "O garoto está sentado perto do banco da praça" não deixaria esta dúvida. O sargento estava precisando do cabo. (este cabo é relativo à patente de um militar ou ao cabo de uma vassoura, por exemplo?) Tomei o isqueiro de João. (tomei o isqueiro que estava com João ou o isqueiro que pertencia a João?) Preciso da chave do armário que estava na cozinha. (quem estava na cozinha, a chave ou o armário?) Ambiguidade 119 Pedro disse a Jorge que seus argumentos convenceriam seu pai. (os argumentos de quem convenceriam: de Pedro ou de Jorge?) Crianças que comem doces frequentemente têm cáries. (crianças que frequentemente comem doces ou crianças têm cáries frequentemente?) A ambiguidade também pode acontecer por uso incorreto dos pronomes possessivos. Hoje, estabeleceu-se na mídia (jornalismo, legendagem, etc.) que é melhor utilizar o os pronomes dele e dela no lugar de “seu” quando se refere a uma terceira pessoa. Veja: O enunciado diz “seu cão”, ou seja, do dono do cão (ou tutor, como as associações de proteção a animais sugerem), o que está correto. Mas o erro foi usar “suas fezes” no lugar de “as fezes dele”, ou simplesmente “recolha as fezes” – obviamente as fezes do cachorro. 120 Bom, se é para cumprir a lei, então ninguém mais anda no Trianon em São Paulo, parque em que se encontra a placa de onde a transcrição acima foi tirada: nem bicicleta, nem adulto, nem criança. Gerundismo Quando se fala em gerundismo - e se fala bastante! -, é comum as pessoas apresentarem muitas dúvidas sobre esse conceito gramatical. Há até quem pergunte se a forma verbal do gerúndio não é mais usada ou se é errado usá-la. Mas é muito importante salientar que gerúndio e gerundismo são coisas distintas! Então, antes que se comece a tomar o certo pelo duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas regras: GERÚNDIO é o nome dado à forma verbal que termina em “-NDO”: estudando, escrevendo, sorrido, propondo, etc. Essa forma expressa uma ação em curso no presente ou no passado, e pode ser usado sozinho ou com outro verbo (composto): 1. Vi as crianças brincando na pracinha. 2. Os alunos estavam conversando enquanto a professora explicava a matéria. 3. Ela chegou alegrando o escritório. 4. Este ano, estou estudando com a�nco. 121 O problema, contudo, é que o gerúndio passou a ser utilizado para conferir ao verbo uma ideia de progressividade no futuro e, conforme a norma culta, isso caracteriza erro ou vício de linguagem: 1. Eu vou estar fazendo um bolo para o seu aniversário. 2. Eu estarei telefonando para a escola para conversar com a professora. 3. Você pode estar depositando o valor amanhã. 4. Nós vamos estar resolvendo o problema assim que possível. O segredo é ter cuidado dobrado quando você usar verbos no gerúndio. Exercícios 1) Leia este aviso, comumente encontrado em locais público: O segredo é ter cuidado dobrado quando você usar verbos no gerúndio. 122 Fonte: elaborado pela autora Como vimos, criou-se recentemente a palavra “gerundismo” para designar o uso abusivo do gerúndio. Na sua opinião, esse tipo de desvio ocorre no aviso acima? Explique. Resposta: No aviso em questão, não há desvio de gerundismo, pois a forma verbal de gerúndio foi empregada de forma correta. A construção “está sendo �lmado” dá a ideia correta de continuidade. Errado seria “você pode estar sendo �lmado”, com ideia no futuro. 123 13 Erros Comuns da Língua Portuguesa 124 “Um bom professor de português quer formar bons usuários da língua escrita e falada, e não prováveis candidatos ao Prêmio Nobel de literatura!” - Marcos Bagno, professor, sociolinguista e �lólogo brasileiro. Não é novidade nenhuma que o nosso idioma é complexo por natureza, e que é exatamente a essa complexidade que devemos prestar atenção e começar a nos corrigir, a nos acostumar com o correto. É o que chamamos de “pegadinhas” nas avaliações, mas quena verdade é um ponto que os avaliadores têm para medir o grau de contato do candidato com o idioma. Ninguém, nem mesmo pro�ssionais da área de Letras, é obrigado a saber de tudo – para isso existe o auxílio de livros, dicionários e gramáticas. Mas o que se espera é que o aluno, em algum momento da sua vida, estude português em um nível tal que seja capaz de se destacar de outros que nunca buscaram saber como falar e escrever corretamente. Uma pequena informação a mais que o concorrente e você já está um passo à frente dele. Assim, a intenção é oferecer um panorama dos problemas mais comuns observados na população média e tentar saná-las. Preparado? Acesse: Disponível aqui Antes de iniciarmos esta discussão, assista a uma reportagem que revela um número surpreendente: em cada dez pessoas que passam por uma entrevista de emprego, sete são reprovadas porque falam e escrevem errado. Vá lá: 125 https://www.youtube.com/watch?v=ygNTfjFScjg Errado: Fazem 12 anos que não viajo ao exterior. Certo: Faz 12 anos que não viajo ao exterior. Errado: Aquele foi o tempo onde mais fomos felizes. Certo: Aquele foi o tempo em que/quando mais fomos felizes. Errado: Acusamos o recebimento do email. Certo: Con�rmamos o recebimento do email. Errado: Este livro é para mim ler , não é? Certo: Este livro é para eu ler , não é? Errado: Ela devia ter chego antes, mais está atrasada. Certo: Ela devia ter chegado antes, mas está atrasada. Errado: Diga que volto daqui há pouco. Certo: Diga que volto daqui a pouco. Errado: Ele comprou trezentas gramas de mussarela . Certo: Ele comprou trezentos gramas de muçarela . Errado: Quando nós vamos se ver denovo ? Certo: Quando nós vamos nos ver de novo ? Erros genéricos A comparação abaixo é uma coletânea de erros comumente encontrados em escritos de diferentes gêneros: pro�ssionais, acadêmicos, empresariais e pessoais. Con�ra e corrija-se! 126 Errado: Houveram vários acidentes ontem. Certo: Houve vários acidentes ontem. Errado: Haviam dez alunos na sala. Certo: Havia dez alunos na sala. Errado: Ela mesmo arrumou a sala. Certo: Ela mesma arrumou a sala. Errado: Agente não vamos faltar amanhã. Certo: A gente não vai faltar amanhã. Errado: Entre eu e ele não há conversa nem acordo. Certo: Entre mim e ele não há conversa nem acordo. Errado: A energia falhou derrepente, porisso perdemos o trabalho. Certo: A energia falhou de repente, por isso perdemos o trabalho digitado. Fonte: elaborado pela autora. 127 MENAS E MEIA É o seguinte: “menas” NÃO EXISTE. Nunca. Em contexto nenhum. O advérbio é sempre masculino, logo, “Hoje eu tenho MENOS MATÉRIA para estudar”, ou “Ela está MENOS CANSADA que ontem.” Quanto à palavra “meia”, o termo não tem feminino quando dá uma quantidade; um nível para o adjetivo que o acompanha: “A bebê está MEIO SONOLENTA.” Porém, tem feminino quando quer dizer metade: “Comi apenas MEIA MAÇÔ, “Agora são meio dia e MEIA (hora)”. Outro caso é quando “meia” se refere ao substantivo “pedaço de pano costurado que se põe nos pés para aquecê-los”. O particípio O particípio é uma das chamadas formas nominais do verbo (Lembra-se? São aqueles que, na maioria, terminam em -ado e -ido: amado, comprado, pagado, aliado, completado, falido, partido...). É assim chamado por não apresentar modo e tempo ou número e pessoa, parecendo mais um adjetivo do que uma forma verbal. Por isso, a principal função do particípio é expressar uma ação concluída, terminada, mas há muitos casos em que ele faz a função de adjetivo: O rapaz chegou em casa todo molhado. Os sapatos estavam jogados no canto da sala. 128 Exemplos: falar - falado: O senador não deveria ter falado besteira no discurso. caminhar - caminhado: Nós já tínhamos caminhado pela manhã. morrer - morrido: A mãe dele havia morrido fazia três meses. comer - comido: Se você tivesse comido mais, passaria mal! chegar - chegado: Ela já deveria ter chegado. Aquelas mulheres não eram amadas, mas maltratadas pelos maridos Nas suas formas regulares, o particípio termina em –ADO ou –IDO, e é usado junto com os verbos TER e HAVER em qualquer tempo, modo ou pessoa, formando uma locução: Particípio irregular Alguns particípios apresentam duas formas de particípio: a REGULAR, terminada em - ADO ou -IDO, e a IRREGULAR, que é uma forma reduzida. Veja: 129 INFINITIVO REGULAR IRREGULAR Aceitar Aceitado Aceito Entregar Entregado Entregue Expressar Expressado Expresso Expulsar Expulsado Expulso Matar Matado Morto Salvar Salvado Salvo Acender Acendido Aceso Benzer Benzido Bento Eleger Elegido Eleito Morrer Morrido Morto Prender Prendido Preso Suspender Suspendido Suspenso Exprimir Exprimido Expresso Extinguir Extinguido Extinto Imprimir Imprimido Impresso Tingir Tingido Tinto 130 Alguns particípios não têm as duas formas (regular e irregular), mas apenas a irregular: Abrir – aberto Cobrir – coberto Descobrir - descoberto Dizer – dito Escrever – escrito Fazer – feito Pôr – posto Ver – visto Vir – vindo Voltando à regra, com os verbos TER e HAVER usa-se os regulares (primeira coluna), e com os verbos SER e ESTAR, os irregulares (segunda coluna). Exemplos: A professora HAVIA IMPRIMIDO as provas. As provas ESTÃO IMPRESSAS. Você deveria TER SALVADO os arquivos. Nenhum FOI SALVO. Assim sendo, estão erradas frases do tipo: A professora havia chego fazia muito tempo. O 13º foi empregue na reforma da casa. Ela podia ter trago o bolo. Você podia ter impresso a matéria antes! 131 O correto é: A professora havia chegado fazia muito tempo. O 13º foi empregado na reforma da casa. Ela podia ter trazido o bolo. Você podia ter imprimido a matéria antes! COM OS VERBOS TER E HAVER COM OS VERBOS SER OU ESTAR pagado pago entregado entregue gastado gasto aceitado aceito salvado salvo prendido preso morrido morto matado morto fritado frito elegido eleito 132 Há uma grande discussão sobre algumas formas, principalmente GANHADO/GANHO, PAGADO/PAGO e PEGAR/PEGO com ter e haver. Já se nota nas ruas, na tevê e na imprensa em geral o uso de estruturas tais como: “Ela devia ter pego o ônibus” e “Eu tinha ganho um dinheiro”, o que pode vir, no futuro, a se tornar regra. Porém, algumas referências consagradas como o Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo e obras de gramáticos in�uentes garantem que na norma culta, aquela que nos é exigida em provas e concursos, ainda vale as formas “ter pagado”, “ter pegado”, etc. “Chego” não existe como particípio! O correto é “tinha chegado”. A PLANILHA SEGUE ANEXA. – singular e feminino. AS PLANILHAS SEGUEM ANEXAS. – plural e feminino. O ARQUIVO SEGUE ANEXO. – singular e masculino. OS ARQUIVOS SEGUEM ANEXOS. – plural e masculino. Porém, a expressão adverbial “em anexo” não faz a concordância: A PLANINHA SEGUE EM ANEXO / AS PLANILHAS SEGUEM EM ANEXO. A concordância de “anexo” Vamos pensar na palavra “anexo”. “Anexo” é adjetivo, logo, deve concordar emgênero e número com os substantivos: 133 SEGUE ANEXA A PLANILHA / SEGUEM ANEXAS AS PLANILHAS. SEGUE ANEXO O ARQUIVO / SEGUEM ANEXOS OS ARQUIVOS. Em emails, no caso da expressão “segue anexo”, geralmente iniciamos a frase com o verbo “segue” e esquecemos de concordá-lo com o sujeito, ou seja, a coisa anexada. Logo, as frases do exemplo acima �cam: “Fui eu que �z” ou “Fui eu quem �z”? Quem nunca teve essa dúvida de concordância, não é? Qualquer que seja o verbo, são duas as formas corretas, mas a diferença está no uso dos pronomes QUE e QUEM. Veja: 1 – Fui eu QUE ENVIEI o relatório. = eu enviei. 2 – Fui eu QUEM ENVIOU o relatório. = quem enviou? Eu. 134 14 O Novo Acordo Ortográfico 135 "En�m consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os mesmos nomes delas. Atordoamento, preguiça, desespero, vontade de acabar-me. Veio terceiro alfabeto, veio quarto, e a confusão se estabeleceu, um horror dequiproquós.” - Graciliano Ramos. Nossa aula de hoje trata de um tópico que tem causado polêmica e dor de cabeça em alunos e professores: o acordo ortográ�co da Língua Portuguesa, ou simplesmente a nova ortogra�a. Polêmica porque muitos não veem sentido prático para as alterações e simplesmente as ignoram, preferindo escrever ainda da forma como aprenderam tempos atrás; e dor de cabeça porque, no geral, a população reclama que em muitos casos nem sabia a forma correta de usar o hífen, por exemplo, e agora precisam estudar regras que as confundem ainda mais. Mas não há motivo para preocupação! Basta ter a consciência de que o acordo tem caráter o�cial e deve ser respeitado. Assim, não podemos ignorá-lo ou achar que são mudanças pequenas; que só um hífen ou um acento agudo não faz diferença na escrita. Pois faz, e são essas diferenças que podem excluir ou aprovar um candidato em um processo seletivo ou concurso. 136 Fonte: Disponível aqui Em resumo, o Acordo Ortográ�co está em vigor no Brasil desde 1º de janeiro de 2009, mas foi proposto inicialmente em 1990, quando assinado em Lisboa (Portugal) e só aprovado em 1995. A rati�cação de Portugal ocorreu em 2008 e no ano seguinte o acordo foi decretado no Brasil. A princípio, havia sido determinado um prazo até 2013 para que as editoras e os brasileiros em geral absorvessem todas as mudanças que, en�m, tornar-se-iam normas obrigatórias. Mas esse prazo foi estendido pelo governo brasileiro até 2016, o que não nos desobriga de estudá-lo e usá-lo. O Portal da Língua Portuguesa traz uma explicação das questões diplomáticas do acordo, que envolve os sete países de língua o�cial portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). Traz também o link para que você conheça as reformas que o português sofreu desde 1911. É puro conhecimento, aproveite! Acesse: Disponível aqui Como preparatório para o material que aqui estudaremos, deixo um vídeo em que o Profº Sérgio Nogueira faz um “resumão” e relembra as regras de acentuação (monossílabos, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas). Isso vai nos ajudar imensamente a entender a nova ortogra�a: 137 http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php http://www.youtube.com/watch?v=4v0YnGCrruA%E2%80%8D Para facilitar nossos estudos e principalmente para que você tenha um material de consulta, vamos separar as mudanças quanto aos acentos e outros sinais (trema e hífen). Comecemos pelo ACENTO AGUDO. Acento Agudo O acento agudo deixa de existir em alguns poucos casos, vejamos: Paroxítonas: CAI O ACENTO DE “EI” E “OI” E DE HIATOS COM “I” E “U” 1. Nas palavras paroxítonas, ou seja, naquelas cuja sílaba tônica recai na penúltima sílaba, os ditongos abertos ei e oi que eram acentuados, não são mais. Assim, alguns termos que hoje se escreve de um jeito, tomam novos formatos ortográ�cos, como: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, etc. Já outros, continuam como sempre foram: cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc. Como era alcalóide alcatéia andróide apóia apóio asteróide bóia celulóide clarabóia colméia Coréia debilóide epopéia estóico estréia estréio (verbo estrear) geléia heróico Como �ca alcaloide alcateia androide apoia (verbo apoiar) apoio (verbo apoiar) asteroide boia celuloide claraboia colmeia Coreia debiloide epopeia estoico estreia estreio geleia heroico 138 idéia jibóia jóia odisséia paranóia paranóico platéia tramóia ideia jiboia joia odisseia paranoia paranoico plateia tramoia Porém, o acento agudo permanece nas oxítonas (palavras cuja sílaba tônica incide na última sílaba) e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos -éi, -éu ou -ói, seguidos ou não de –s: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc. = todos continuam igual 2. Nas palavras paroxítonas com hiatos formados com i e u, sendo que a vogal anterior a estas faz parte de um ditongo, ou seja, quando são precedidas de ditongo. Dessa forma, feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca. Acento Circun�exo Não existe mais circun�exo nos pares dobrado de “e” e “o”. Assim, antes era: crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem e agora �ca: creem, deem, leem, veem, releem, preveem. De igual modo, o acento circun�exo deixa de existir na vogal tônica “o” de palavras paroxítonas, assim como: enjoo, voo, abençoo, perdoo. Como era abençôo crêem (verbo crer) dêem (verbo dar) dôo (verbo doar) enjôo lêem (verbo ler) magôo (verbo magoar) perdôo (verbo perdoar) povôo (verbo povoar) Como �ca abençoo creem deem doo enjoo leem magoo perdoo povoo 139 vêem (verbo ver) vôos zôo veem voos zoo Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára (verbo)/para (preposição), pêlo(s)(substantivo)/pelo(s)(preposição), pólo(s)/polo(s) Como era Ele pára o carro. Ele foi ao pólo Norte. Ele gosta de jogar pólo. Esse gato tem pêlos brancos. Comi uma pêra. Como �ca Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera. Atenção: permanece o acento diferencial em pôde/pode.Pôde é a forma do passado do verbo poder. Pode é a forma do presente do indicativo. Veja : Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. Exemplo 1: Vocês têm muito o que aprender! Exemplo 2: Os pais sempre intervêm nas escolhas dos �lhos. Exemplo 3: Será que eles vêm de carro ou de ônibus? Exemplo 4: As caixas contêm dez unidades cada. 140 O acento diferencial de número (plural) permanece na terceira pessoa do plural dos verbos TER e VIR e dos respectivos derivados. Nesse aspecto, não houve alteração, ou seja, a regra foi mantida: TER - Ele tem / Eles têm VIR- Ele vem / Eles vêm Trema Sim, podemos dizer adeus ao trema (¨)! Assim sendo, palavras que normalmente eram grafadas com o trema, como lingüiça, tranqüilo, lingüística, bilíngüe, freqüentar, cinqüenta, agüenta, etc., não possuem mais o trema. Essa nova regra justi�cou-se no fato de que há ditongos na língua que não precisam do trema para indicar a quem lê o fato do “u” ter que ser pronunciado ou não, como em: língua e quente. No primeiro caso, sabe-se que o “u” deve ser pronunciado e no segundo não. Este fato não tem a ver com gra�a e sim com fonética, ou seja, com o modo de dizer e não com o de escrever, tornando o trema desnecessário. Hífen Usa-se hífen com substantivos compostos cujas palavras quando separadas continuam fazendo sentido isoladamente: guarda-chuva (guarda e chuva), boa-fé (boa e fé), segunda-feira (segunda e feira), mesa-redonda (mesa e redonda), porta-malas (porta e 141 malas), etc. Esses substantivos continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu- glu, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre. Esses substantivos também continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen. Não se usa o hífen – e nunca se usou – em compostos como pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, cara a cara, �m de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra. O acordo também se refere a palavras formadas por pre�xos (anti, super, ultra, sub, etc.) ou por elementos que podem funcionarcomo pre�xos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo, etc.). Casos Gerais do Hífen 1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico anti-histamínico macro-história mini-hotel proto-história sobre-humano super-homem ultra-humano 2. Usa-se o hífen se o pre�xo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Exemplos: micro-ondas anti-in�amatório sub-bibliotecário micro-ônibus inter-racial 142 3. Não se usa o hífen se o pre�xo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos: autoescola autoestima antiaéreo superinteressante intermunicipal agroindustrial supersônico aeroespacial geopolítica anticoncepcional semicírculo Atenção: segundo a nova ortogra�a, se o pre�xo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, essas letras dobram: minissaia / autorretrato / antirracismo / ultrassensível / ultrassom / antisséptico / semirreta 4. Usa-se o hífen com os pre�xos ex, sem, além aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Exemplos: além-mar além-túmulo aquém-mar ex-aluno ex-diretor ex-presidente pós-graduação pré-história pré-vestibular pró-europeu recém-casado recém-nascido sem-terra vice-reitor 5. O “não” usado como pre�xo. 143 De acordo com a reforma ortográ�ca vigente, o pre�xo “não” passou a ser grafado sem hífen. Assim, temos: ANTES não-fumante não-verbal não-autorizado não-concluído não-regulamentado DEPOIS não fumante não verbal não autorizado não concluído não regulamentado Exemplo: Foi criada um ala de não fumantes naquele restaurante. Mudanças no Alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras, já que foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações, como: na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. 144 Acesse: Disponível aqui A Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados disponibilizou um guia de bolso do acordo ortográ�co em PDF. Exercícios Leia as frases a seguir e analise se a palavra destacada está certa ou errada, de acordo com a nova ortogra�a. Quando terminar, con�ra o seu desempenho, consultando o gabarito. 1) As idéias revolucionárias deixaram os estudantes irritados. ( ) certo ( ) errado 2) O equipamento de ultrassonogra�a do hospital se encontra inativo. ( ) certo ( ) errado 3) Iniciaram-se os jogos interregionais na cidade de Marília. ( ) certo ( ) errado 4) Preciso tomar um remédio anti-in�amatório com urgência. ( ) certo ( ) errado 5) Os manifestantes não agüentaram a pressão dos policiais. ( ) certo ( ) errado 145 http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2912/reforma_ortografica.pdf?sequence=2 6) Será que os pais não vêem que os jovens estão viciados na internet? ( ) certo ( ) errado 7) Atitudes anti-higiênicas não devem ser praticadas diante de crianças. ( ) certo ( ) errado 8) As garotas de minissaia foram impedidas de entrar na igreja. ( ) certo ( ) errado 9) Os jovens que assistem a �lmes de �cção têm tendências paranóicas? ( ) certo ( ) errado 10) O preço do micro-ondas despencou naquele magazine. ( ) certo ( ) errado 11) No contexto da globalização, o que são órgãos não-governamentais? ( ) certo ( ) errado 12) Os bombeiros de Brumadinho praticaram gestos heroicos no resgate às vítimas. ( ) certo ( ) errado 13) O presidente da empresa não pôde ir ao coquetel devido à agenda cheia. ( ) certo ( ) errado 14) A empresa terá mudanças na sua infraestrutura a partir de hoje. ( ) certo ( ) errado 15) O jovem ator apresentou conduta anti-social perante o juiz. ( ) certo ( ) errado 16) Atente para as indicações e contra-indicações para evitar riscos à saúde. ( ) certo ( ) errado 146 17) Os professores tiveram uma microcapacitação antes da reunião com os pais. ( ) certo ( ) errado 18) Nossa universidade apresenta variados cursos de graduação e pós-graduação. ( ) certo ( ) errado 19) Existem muitos povos que vivem em condições sub-humanas no ( ) certo ( ) errado 20) As mini-bibliotecas dos bairros receberam centenas de livros das ONGs. ( ) certo ( ) errado GABARITO 1) Ideias 2) Ultrassonogra�a 3) Inter-regionais 4) Anti-in�amatório 5) Aguentaram 6) Veem 7) Anti-higiênicas 8) Minissaia 9) Paranoicas 10) Micro-ondas 11) Não governamentais 12) Heroicos 13) Pôde 147 14) Infraestrutura 15) Antissocial 16) Contraindicações 17) Microcapacitação 18) Pós-graduação 19) Sub-humanas 20) Minibibliotecas 148 Conclusão Caro(a) estudante, Ao chegar ao �nal desta disciplina, esperamos que você tenha aproveitado o máximo. Ao longo dela, estudamos assuntos que ampliaram o seu conhecimento e que, certamente, lhe serão úteis em várias etapas do seu crescimento pessoal e pro�ssional. Todo conhecimento é válido; nada que se aprende é em vão. Mais do que corrigir erros de português, e saber as formas de porquês, é preciso ter consciência de que se comunicar de forma simples e direta, tanto na escrita quanto na fala, garante seu sucesso no caminho que você pretende percorrer. Uma comunicação mal apresentada signi�ca muito mais do que a falha em si. Ela pode ser um fator que altera a percepção das pessoas sobre você, o cuidado que você toma ao divulgar informações, a sua atenção aos detalhes... Escrever um e-mail mal redigido ou falar um erro grosseiro de português, por exemplo, pode levantar todas essas questões na mente de quem vai receber sua mensagem. Fica aqui nosso desejo de contínuo estudo e crescimento pessoal - e sucesso sempre! 149 Material Complementar Livro Comunicação em prosa moderna Autor: Othon M. Garcia Editora: FGV Editora Sinopse: Publicado em 1967, Comunicação em prosa moderna chega aos 50 anos como uma das principais referências para o ensino da escrita no Brasil. Mas se a língua está sempre em transformação, e se o mesmo pode ser dito dos modos de sentir, perceber e expressar de uma determinada cultura, como explicar que o livro de Othon Moacir Garcia permaneça atual decorrido tanto tempo de sua publicação? A resposta parece estar na abordagem única de Othon, ancorada sobretudo em sua convicção de que para aprender a escrever é preciso primeiro aprender a pensar. Esta obra é fruto do esforço obstinado de transformar essa crença em um método. Após meio século, ainda é o melhor guia em direção a um texto preciso e arguto como o de seu autor. Comentário: Livro que ensina não apenas a escrever com a clareza necessária para fazer da linguagem um veículo de comunicação, como também a pensar com e�cácia e objetividade. Livro Preconceito Linguístico Autor: Marcos Bagno Sinopse: O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais elegante, mais rude do que outro. No entanto, quando essa postura se transforma em atitude, ela se torna discriminação e esta tem de ser alvo de denúncia e de combate. No caso da língua, é imprescindível que toda cidadã e 150 todo cidadão que frequenta a escola (pública ou privada) receba uma educação linguística crítica e bem informada, na qual se mostre que todos os seres humanos são dotados das mesmíssimas capacidades cognitivas e que todasas línguas e variedades linguísticas são instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir a experiência humana neste mundo. Este livro já é um clássico brasileiro sobre esse assunto tão delicado de se abordar. Vale a pena ler. Livro Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo Autor: Eduardo Martins Sinopse: Consagrado conjunto de normas da imprensa brasileira, que ultrapassa a fronteira do papel para o mundo online, o Manual de redação e Estilo do Estado cumpriu essa trajetória exatamente porque sua utilidade não é restrita às redações de jornais e revistas. De autoria do jornalista Eduardo Martins, com 40 anos dedicados ao ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à terceira edição impressa. Cada um dos seus verbetes traz a experiência de quem che�ou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle de qualidade dos textos publicados. Indispensável para que quer aprimorar sua escrita, pois funciona como um tira-dúvidas rápido e e�caz. Livro Gramática da Língua Portuguesa para Leigos Autor: Magda Bahia Schlee Sinopse: É muito comum ouvirmos dizer por aí que o português é uma língua difícil. Curioso é que muitas das pessoas que dizem isso usam o português no seu dia a dia para interagirem umas com as outras sem maiores problemas. Mas então que português é esse tão difícil assim? Na verdade, a grande di�culdade que muitos falantes têm em relação à língua portuguesa se concentra em uma de suas variedades, a chamada variedade padrão. 151 Este livro aqui trata justamente dessa variedade, que costuma nos dar uma certa dor de cabeça. Isso ocorre porque esse é o padrão de linguagem usado em situações formais, mais distantes do uso coloquial que fazemos da nossa língua. Essa variedade se deduz fundamentalmente dos usos da língua em textos escritos e dos usos de grupos sociais com alto grau de escolarização, e também das situações de interação em que há maior formalidade entre os interlocutores. Em linguagem acessível, este manual apresenta os mecanismos básicos que constituem a língua portuguesa. Filme Língua - Vidas em Português Ano: 2003 Sinopse: Língua - Vidas em Português é um documentário de 105 minutos co-produzido por Brasil e Portugal e �lmado em seis países (Brasil, Moçambique, Índia, Portugal, França e Japão). Dirigido por Victor Lopes, o longa-metragem é um mergulho nas muitas histórias da língua portuguesa e na sua permanência entre culturas variadas do planeta. Em "Língua", a lusofonia é, sobretudo, fala, surpreendida do cotidiano de personagens ilustres e anônimos de quatro continentes. Em cada um deles, o português amalgamou deuses, melodias, climas, ritmos; misturou-se aos alimentos e às paisagens; foi reinventado centenas de vezes e alimentado sucessivas vezes por colonizadores, imigrantes e descendentes. O �lme é um documentário permanentemente em trânsito. Ao entrar e sair da vida dos personagens, o �lme desvia-se das suas rotas cotidianas para encontrar cerimônias, casais, locais de trabalho, esquinas e paisagens, traçando retratos reveladores da cultura de cada um dos países visitados Comentário: Documentário de�nitivo sobre a língua portuguesa, indispensável para aqueles que apreciam o idioma e buscam entender a natureza de sua grandeza. 152 Filme A Chegada Ano: 2016 Sinopse: Em “A Chegada”, Amy Adams interpreta Louise Banks, uma linguista brilhante convocada pelo governo americano para se comunicar com os alienígenas que estacionaram suas naves em diversos pontos do mundo. A Dra. Banks lidera a equipe que tenta desvendar o que eles querem. “Seria maravilhoso ter uma língua universal. Mas estamos bem longe disso”, diz Adams. “O que temos em comum são as emoções e nossa experiência humana. Somos todos iguais. Todos temos medos, compaixão, amor, raiva. Mas não sabemos nos comunicar.” Web A Academia Brasileira de Letras é uma instituição cultural inaugurada em 20 de julho de 1897 e sediada no Rio de Janeiro, cujo objetivo é o cultivo da língua e da literatura nacional. Seu website contém não apenas informações sobre grandes escritores, como normas gramaticais, informações sobre léxico, e um sem-número de outras informações relevantes sobre a Língua Portuguesa. Acesse o link Web Você gosta de �lmes e séries? Veja aqui 14 �lmes que o Guia de Estudantes listou para quem gosta ou quer entender um pouco mais dos mecanismos de comunicação nas áreas sociais, políticas, empresariais, virtuais e jornalísticas. Acesse o link 153 https://www.academia.org.br/ https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/14-filmes-e-series-para-quem-gosta-da-area-de-comunicacao/ Web Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da língua portuguesa também serve como gramática e conjugador verbal. Veja na página do link abaixo 5 dicionários online gratuito, entre eles o Michaellis, o Aurélio e o Priberam: Acesse o link 154 http://portuguesonline.net/5-dicionarios-de-portugues-online-gratis/ ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 1985. ALMEIDA, Antonio Fernando Almeida; ALMEIDA, Valéria Silva de. Português básico: gramática, redação, texto. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. [Minha Biblioteca]. ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 1996. BRASIL. Senado Federal. Acordo ortográ�co da língua portuguesa: atos internacionais e normas correlatas. 2. ed. Brasília, 2014. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/. Acesso em: 20 out. 2020. BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Comunicação e Expressão. Porto Alegre: SAGAH, 2016. CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: Leitura e redação. 18. ed. São Paulo: Ática, 2007. FRANÇA, Ana Shirley. Comunicação Escrita nas Empresas: teorias e práticas. São Paulo: Atlas, 2013. HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. L&PM. Porto Alegre, 2018. INFANTE, Ulisses. Do Texto ao Texto: Curso Prático de Leitura e Redação. 6. ed. São Paulo: Scipione, 1991. KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português Instrumental. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MASIP, Vicente. Gramática Sucinta de Português. Rio de Janeiro: LTC, 2018. [Minha Biblioteca]. MEDEIROS, João Bosco. Redação cientí�ca: a prática de �chamento, resumo e resenhas. São Paulo: Atlas, 2000. TELLES, Venícius. Redação e Gramática. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro Ltda, 2009. 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